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Edsun Manoel de Olivcira Filho
Produçâo sdímrial c projcto grújico
É Realizaçóes Editura
Prcpamçáa dc tcxm
DE UMA VIDA
SEM SENTIDO
Lucas Carmxo
Revisâo
Dyda Bessana
CIP-Bk^s¡L. CATALUGAÇÃO-N^-FON'I'E
SINDICATO NACIONAL nos EanoREs m LIVR()S. RI
F915$
Lm Ilvro rm xmpmssn pcln |'-.d|çucs' Loyoln m agnam de 2015. Os hpoA sãn da mnilu
(SOBRAL - .›\'s.50ciaç30 Brasilcira dc
Mnuon Pm c Frcvboolcr Scnpl chulan O papul du mwln é u uíÍ whne norbritc sbg. e u d4 cap.l. carlàu nmgbu mr ZSOg Logolcrapia c Análísc l'- islcnc1'.x-l Y-r.\'nl\'li.'1na)
FSUMÁRIO
A REUMANIZAÇÃO DA PSICOTERAPIA
2. A logoterapia .............................................................................................................. 43
4. A derreñexão .............................................................................................................. 59
5. A vontade de sentido
Jli '
7. O semido do sofrimento .......................................................................................... 73
' . ,.~1:
8. Pastoral médica .......................................................................................................... 79
ANEXO
Cada época tem suus ncuroscs c CdLLl lcmpo prccisa dc sua p'~.icotcrupia.
De falo, hojc não nus defmnlalnns mais, comn nm lcmpns dc Frcud. cnm
uma frustração sexuaL mas, sinL com unm fruslmçàu cx1's.lcncx'ul. li o paciemc
típico de nossos dias nào snfre talm›, como nm tcmpos dc Adlcn dc um scntimcn~
to de 1'nferioridadc, mus dc um svmimcmo abismnl dc fuha dc scnlidm quc cx.ta'
associado a um sentimcmo dc vnzio intcrior, mmo pclu quul lcndo u fdhr dc um
vazio existcnciaL
!
g 'lo'memus uma carla quc mc c.scrcvcu um csludunlc umcricuno c da qu.11 mc
( contentarci em cilar duas frascsz “líncnnlr07mc uquL nm lísladus Unld0s., ccrcadn
T
por jovens de minhzl 1'dadc, que buscum dcscspcmdumcnw um scmidn p.1m sun
emslêncim Um dc mcus mulhorcs amigm lhlucu rcucnlcmcnlc purquc nàu c011s:c-
guia cncomrur cste sentiddÍ li minhu c.\'pcriónci.1' cm univcrs.|'d.1'dcs. .'unerican.1'.s* -
' O le.\l0 quc sc scguc corrcspondc a confcrúlmias. Lleds cm \'.1rsu\id. .I mnvnc d.1 Suucdadc
Poloncsa du Psiqlualrim na Aula dJ Um'\'cr.sldadc dc /'.unquc. .\ cnnvilc d.\ l-und.|ç.|'n lilnnmh c
em Munlque, n cnnvnc dn líundaçam Carl |~ricdridrvun Slcmcnx l)cmm d rsLl inlroduçím n lilulu
de "0 sofrlmcnln Llc umu vlda scm scmuln" purquc h(›.1 purlc dclu rupmdul pmugcm LIC dum
cnnlLTéncias com cssc mcsmo lilulu DU lcxlu d.1 pruncmL pl'u|n1ml.\d.1 n.¡ Auld d.l Unlvcrudddc
dc /,'un'quc. u hmdaçàu I.Imm.¡l (Rnwl1bll|xl~kra›sc ÂL (III-X(I~H, /'.lllIL|llL') dixpàc dc xUPldh cm
Íorma dc vídco c a'udu›. Quanln à scgundm a l-'un(›lcc.1 Auslr¡'.n-.n (\'\'chL,›'.¡ssc 2'. ›.\ |U(~(). \'Icn.1) ~
um inslilutu dn \.1inislúrlodc('.i'-u)c'ms ~ utcrccc rcpruduçücs vm mn mssclu Adcxu.\ls. .I Pundaçàn
Limmal I.Inçou s.cpam(a.s dc um nmgn pubhudo nn Srlnv :crl\.(hm .-\kudvmíkcr› umi Snulmlvn
vamg cnm u lilulo “() sufrinwnlu dc uma v1d.1 scm xcnliduÍ lonmndu pur hnsu wm Inudlhkdçócsn
a gravaçâo cm ñlu magnéncm
'..
ãnvm
IU U \Ul RHH \,' IU l)I l'\.|.r\ \'1D.r\ SIÂ\| 51\I|¡)U |\ i KUlll( \(l I l
alé o momcmo devu lcr proferido 129 confbréncias somente nos Estados Unidos, o Emcrging Africa › Logothcrupy in 'I.¡"n/.'an|'n'2 pódc coníirmar quc n VMÍO cxislcn-
que me otbreceu ocasiãn pmpícia para entrar em comato com os estudantcs - corro- ciul sc fa'1.' moslrar clurnmcntc c sc infundc no 'l'crccir0 Mund0. sobrctudo - c pclo
bora que as partes da citadu carta sâo represemativa5, à medida que retlctem o estado menos ~ entre os jovcns univcrsitzirinsz Uma 1'ndic.1'ç.\"o análnga dcvemm a Io:~.cph
de ânimo e 0 semimemo dc vida predominames na juvemude acadêmica aluaL L. Phílbríck (“A Cmss-Cultural Study of I'<r.111kl's Thcory nf Mcaning-in-Lifc").
No emnnm, não someme entre os jovens. A respcito da geração dos adul- Quando mc perguntum como cxplicar 0 advenm dcssc vazio cxislemíaL
¡(›s. limitar-mc-eí a apontar o resultado das pesquisas levadas a cabo por Rolfvon cuido então de otbrcccr a seguimc tórmula abrcviada: cm conlrapoüçào an ani~
Ecknnsbcrg jumo aos alunos lbrmados da Universidade Harvardz vime anos após maL os instimos não dizem ao homcm 0 quc clc tcm dc thzcr c. ditbrcnlcnwntc do
a conclusãu de sua graduaçãq uma porcemagem considerável desscs estudantes - homcm do passada 0 homem dc huje nào lcm mais a tradição quc lhc diga u quc
que, cnlrcmentes, tinham feito carreira em suas respectivas árcas c, além disso, deve fazen Não sabendo 0 que tcm c lampuuco 0 que dcve tàzcn muilas vczcs já
aparcntemcnte lcvavam uma vida digna e feliz - queixavam-se de um sentimento nào sabe mais 0 que. no fund(›, qucn AssinL sú qucr 0 quc US outros fazcm - con~
abismal c dcñnitivo de auséncia de sentidcx formismo! Ou sÓ thz o quc os oulros qucrcm que fuçn - lotalilarisnmx2
E nmltipHcam-5e os indícios de que o scntimcnto de absurdo e falta de No cntant0, esses dois sinmmas não dcvcm induzir-nm: u omilir uu csquc-
sentido granjeia uma crescentc propagaçàa Sua presença é hoje constatada tam- cer um lerceir0, nomeadnmcntc um ncurolicismo c*s.pcciñco « a prcscnça daquilo
bém pclos colcgas de orientação puramentc p51'canalítica, bem como por aqueles que tenho designado como ncurosc naogôniaL Ao cnmrárin da neumse no seu
do campo marxism Assim, num reccnte cncnntro internacional de discípulos de sentido estrito. que constitui, pcr dtjfínitiwmm umn afetação psícogêln'ca. a ncum-
Frcud. lodos estiveram de acordo em .s'alientar que se confrontam cada vez mais se noogênica não se reportu a Complexos e cnnílilos nn scntido cl:1's.s'ico. mas de›
com paciemes cujos achaques consistem essencialmente em um sentimento dc riva de contlítos de consciênc1'a, de colisóes de valores c. Iust but not IeusL dc uma
completo vazio a afctar suas vidas. Mais aindaz CSSCS nossos colegas chegaram frustração existenciaL a quaL uma vez ou oulrm pndc c'›\pre~.;sar-sc e nmnitbstarse
inclusive a presumir que, em não poucos casos das chamadas análises incomple- sob a forma dc uma simomatologia llellrÓtÍCiL E é gmças a Jzunes C. CrumbauglL
tas, 0 lraiamcnlu pbicanalítico enquanto lal acabava por tornar-sc - por assim diretnr de um laboralório de psicologm cm Miss sipL que já dispnmos de um
dizer,_cfmte dc micux [na falla dc uma deñniçào mclhorJ -, o u'nico conteúdo na teste (0 PIL ou Purpose in LI_'/e'-7L'›sl). elaborado pelo própriu Crumbnugln com 0
vida dos pacienles. objetivo especíñco de difbrcnciur o diagnósüm da ncurose noogénica duquele da
No quc diz respeito ao Círculo marx1'sla, mencionaremos tão somcntc o p51'c0¡g,ênic.1'.I Após avaliar os dados com zl ajudu de um computadou clc chcgou à
nnmc VymetaL antigo diretor da Clínica Psiquiátrim da Universidade de Olmütz conclusão de que a neurose noogênica constitui uma nova patnlog¡.-1, que supem o
(Tchecoslováquia), o qual ~ em consonância com outros autores da Tchecoslo-
va'an'a, bem como da República Democrática Alemã - chamou expressamente a
" Como 1)iam Yuung. uma dnutorundd pcl.\ Ulúvcrsidddc dc liurkulcyg púdc dcnmmlmr cnm \c~tcs
atenção para a presença da frustraçâo cxistencial nos países comunistas e, a ñm c cstulíhticasz U scnlimcmo dc vuio sc cnconlm signitimummcmc nmix difundidu cnlrc os imcns dn
de lidar com esse fenómeno de maneíra adequada, salientou a exigéncia de novos quc enlrc os adullust Ancormsc nisso um nrgumcntu n lavnr de nossa lcuria du perdn da lmdiçào como
uma dus duas causas pam o udvcmo dn mmimcnlu dc \'.1¡in. l)c l'-.zln, scgundo casa lerL d scmeçào
princípios e novas formas de intervenções terapêuticas.
da lradl'çà1), lãn c.'1r.x'clcri.xlica cnlrc us jn\'cn_s. lrm mlcnsilimdo u scntuncnln dc Jusüncid dc bcnlth
Finalmente, dever-se-á aqui também mencinnar Klitzke, profeAssor ame-
\ Disponivcl cm Psyrlwnwlrir Ajfilíumx Pnsl Uliicc Hox 31(›7. Munslcn Indiann 4632L US.›\.
ricano visitante em uma universidade afr1'cana, que num estudo recentemente lDisponívcl on line cmz hltp://|hcuhyfurtlcwi.s'.cdu/burkc_h/|'cr~.'on'.1|¡l_\'/PlLpdíl .›\ccssn cm 18 de
publicado no Amerícan Iournal of Humanistic Psycholagy. chamado “Students in junho dc 2015.]
IJ U \7()|-1U.'\1L-\.'I(Y Dl l'\.l.n\ \'I[)A Sl.\.1\|\'l›ll)0 l\' HHHH (V \n l 1
v
v .
».w.,_.
Isso nos mostra, alia's, que é pcrfeilamentc possível provan de uma perspec- o leilciro no musical Um violinistu no tclhado). No cnlanlo. é incgávcl quc ambm
tiva mcramentc cmpír1'ca, 0 conceito de vontade dc sentid0. Limitar-me-ei aqui desejam conduzir a vida ao scu scnlid(›, para podcr rualizar o .w¡1tidode suas vidasl
a rcte'r1'r-me an trabulho de Crumbaugh e Maholick5 bem como ao de Elisabeth Bastante conhecidu é a distinção que Maslow tbz cmrc as neccszsidadcs inteW
?qu_m- r- rw
SA l.ukas. que desenvolveu testes cuidadosamente elaborados a Íim de quantiñcar riores e superioresz a sutisíílçào das ncccssidauies intkriores é n condiçào indispcn~
a vontade de scnt1'do. Ademaís, cxistem dezenas de dissertações, príncipalmente sável para sc poderem satíslhzer as supcriorcs. Enlre as ncccssidadcs supcriurcs clc
5°"W
com auxílio dcsses testes, que podem validar a teoria da motívação da logoterapia. inclui também a vontadc de sentid0. E não npenas íssm clc a qualiñca dc “molivaçàn
Nâo é possível aquí, dentro do tempo disponíveL uma análise de todos esses primária do homcnfÍ Isso equivale a dizcr que ao homem só é dado conhccer a
estudos. Nào posso, conludo, privar-me de trazer ao debale os 1'es_ultados de pes› exigência de um scntido dc \'ida quando elc está bcm (“primcir0 vcm u esto'nmg0,
quisas concluídas por aqueles que não são alunos meus. Quem podcría, portanto, depois a moral”). Entretanto, comrariamemc a issq tcmos - c não somcnte no's.
duvidar da vontadc de scntido - note~se bem: nada mais, nada menos do que a os psiquiatras - a oportunidade de ubservnn repclidas vc¡.'cs. que a nccussidadc c a
motivação especiñcamemc humana - ao ter em mãos 0 relalório do American questão de um sentido de vida irmmpcm justamcnte quando as coisas beiram 0 dc-
Council on Education, segundo o qual o intcresse primárío de 73,7% de 189.733 sespero. É o que podem testemunhan enlrc nossos pacicmcm os moribund0s, bcm
cstudantcs de 360 universidades rcsidc em “conseguir uma concepção de mundo como os sobreviventes dos campos dc concemmção e os prisioneirus dc gucrra!
. WMUTÍÁTVNW1&ÍÇ
n partír da qual a vída cncomra um sentido"? Ou considcremos 0 relatório do Na- Por outm lado, a questào do sentido da vida evoca nâo só a frustração das
tional Institute of Mental Healthz entrc 7.948 estudantes de escolas superiores, 0 necessídades inferíores, mas também. evidememcnle, a satistàção das ncccssi~
grupo dos mclhorcs (78%) qucria “encomrar um sentido cm suas vidas°Í dades ínferiores, no âmbito, por excmplo, da "a_[fluvnl x.*oa'cty" (\'cr p. 28). Claru
O mesmo se pode dizer de adultos. e não apcnas de jovens. O University que não estaremos em erro sc disscrmos que ncssa aparcntc contradíção avista~
of Michigan Survey Research Center te'z uma pesquisa entre 1.533 trabalhadores mos uma conñrmação de nossa hipo'tesc. segundo a quzll a vomadc de semido é
a respeito do valor que davam ao próprio trabalho. A pesquisa constatou que 0 uma motivaçào sui generi$, que não pode rcduzirse a outras neccs.~;idades nem
intercsse por uma boa remuneração ocupava 0 quinto lugar na escala de valores. pode deduzir-sc delas (conforme empirícamentc demonslmdo por Crumbuugh e
A comraprova, do citado exemplo, tbi conduzida pelo psiquiatra Robert Coles: os Maholick e também por Kratochvil e Plamova).
trabalhadores com os quais teve a oportunidade de conversar queixavam~se, aci- Deparamo-nos aqui com um tknómeno humano quc considero fundamem
ma de tudo, de um semímento de vazio. Assim, pode~se compreender aquilo que Ialdo ponto de vista anlropológícoz a '.1ul0lranscendénCia da cxisléncia humanal
Ioseph Katz, da State University of New York, profetizouz a próxima leva dc pesso- O que pretendo descrcver com isso é o futo de que o scr humano scmpre upunta
as que entrar na indústria só tem interesse por proñssões que não apenas rendam para algo além de si mesmo. para algn que não é cle mesmo - para algo (›u para
bom sala'rio. mas que também deem um sentido à vida. alguémz para um sentido que se deve cumpn'r, ou para um oulro ser hL1n1ano,
Ev1'dentememe, o que mais deseja 0 d()enle, em primeiro lugar e antes de a cujo encontro nos dirigimus com amur. Em scrvíço a umu causa ou no amor
tudo. é recuperar a saúde; e o pobre, ter um bom dínheiro (“se eu fosse rico',' canta a uma pessoa, realiza~se 0 homcm a sí mesm0. Quamo mais se absorvc em sua
tarefa, quamo mais se entrcga à pessoa que ama, tanto mais ele é humem c lanto
mais é si mesmo. Por conseguinte, só pode realizar a si mcsmo à mcdida que se
' Iamcs C. (Irumbaugh; I.conard T. Maholíckz “Eín psychometrischer Ansalz zu Viktor Franlds
csquece de si mesmo, que não rcpara em si mcsmo. Não é issu que acontcce com
Kumcpl dcr 'noogcncn Neurose".' lnz Nikolaus Pctrilowitsch, Die Simflmge in der Psychoterap1'e.
DarmsladL 1972. o 01ho, cuja capacidade ótica depcnde dc quc não veju u si mcsnm? Quando u
0 SOFRIMIÊNTO DE UMA VIDA SEM SFNTllJO IN l RODUÇÀO 2|
u
u
as tendéncias neurotizantes. A desintegração da sexualidade - o “seu romper“ da uma provisão de libido insat1'ste'ilaf.' Pessoalmcnla não posso acrcdilar nisso.
totalidade transexual pcssoal c interpcssoal - sígníñca uma regressão. Julgo que não só é algo espcciñcamcnle humanu pcrguntarsc pclo scmido da
No entantq por trás dessas tendências regressivas pressente a indústriu do vida, senão que é também próprio do homem colocar cssc scntido em qucslã0.
T'n,w._ (
prazcrsvxmzl sua chance u'm'ca, um negócio singulan Põe em jogo a dança ao redar É um privílégio partícularmente dos jovcns dar provas de scu amadurccimcnto
: v-,.
do porco de ouroA Visto, novamente, a partir de uma perspectiva da proñlaxia das ao considerar em primeim lugar o sentido da vida e. dcsle privi1égi0. fazcr bas-
neuroses sexuais, 0 grave nisso tudo é a waçüo uo consumo sexual que procede da tante uso (ver nota na p. ll).
indústria da ir_1fo'rmaça'o. No's, psiquíatras, conhecemos de nossos pacientes como Einstein añrmou uma vez que quem scnte quc sua vida não lcm .~;entid0.
zvcw uva
eles se scntem ao se verem coagidos, por uma opinião pública manipulada pela in- não apenas é infeliz senão também pouco capaz de viven Dc fato, pcrlencc à von-
dústria da íníbrmaçã0, a interessar-se pelo sexual em si mesmo. ou scja, no sentido tade de semido algo daquílo quc a psícologia amcricann qualiñca como "survival
de uma sexualidade despersonali1.'ada e desumanizadzL Mas sabemos igualmente value'Í Não tbí essa, añnal de contas, a lição que pude Icvar comigo dc Auschwitz c
< ,
quanlo ísso se preslou para enfraquecer a poténcia e 0 orgasmu E quem, por c0n- Dachau: que os quc se mostraram mais aptos u sobrcviven ainda maís em tais situ-
-.:~>-:-n:,.c
seguinte, pondera que sua salvação está no rcñnamentn de uma técnica do amor, ações limites, foram aqueles que, rcañrmo, estavnm orientadm pura o futuro, paru
.¡.,-.¡:,:_.
nâo faz mais do que matar 0 resto daquela cspontaneidade, daquilo que é direto, uma tarelh que os esperava maís ad1'.'111te. para um scmido quc dcsejuvam realizan
daquela naturalidade e duquela ingenuidadc que são a condíção e o pressuposto E os psiquiatras americanos puderam conñrmar muis tarde csta expcriência com
de um funcionamento sexual normal de que tanto precisam os neuróticos sexuais. os campos de prisioneiros de guerra japoneses, nortc-v¡'etn.1'mitas e norte~c0rea-
Isso não quer dizer dc modo algum que pretendemos manter qualquer tabu ou nos. Ag()ra. o que vale para os indivíduos não pode valcr iguulmente para a huma~
,¡.¡ w._,vmq:~.,w :.
que nos posicionamos contra a liberdade da vida sexuaL Mas a ll'berdade, defen- nidade imeira? E nào deveríamos tambénL no âmbito da denuminada investigação
dida por aqueles que a têm sempre na ponta da língua, é, em última instáncia, a da paz, colocar a questão de que talvez a única oportunidade de sobrcvivéncía da
P
liberdade de fazer bons negócios com ajuda da assim chamada informaçãa Na humanidade se encontre numa vontadc geral para com um scntido colclívo?
realidade, é nada mais do que alimentar os psícopatas sexuais e os voyeurs com Essa questão não pode ser resulvida someme por nós psiquiatras. Ela deve
v vyrhrv rz
material para suas fantasias. Informação, tudo bem. Mas devemos perguntar-nos1 manter-se aberta, ou ao menos prccísa ser lcvamadu. E ser lcvantada, cumo já
informação para quem? E temos de esclarecer, antes de tudo, a opiníão pública dissemos, no plano humano, o único no qual podemos encontrar a vomadc de
acerca do fato de que, não faz muito tempo, 0 proprietário de um cincma que pas- scntído e sua frustração. E isso valc também parn a patologia do cspírito du épom,
w(›N-¡
sava princípalmente os chamados ñlmes de ínformação declarou numa entrevista assim como a conhecemos pela teoria das neuroses c da p.s'icmerapia do indivíduo:
à televisàoz com raras exceço'es, 0 seu público sequioso compunha-se de pessoas prec1'samos, contra as tendéncias despcrsonalizantcs c dcsumanizuntes, quc por
AÍÇHVZ§~W
udkw.
com idade emre seus 50 e 80 anos... Contra a hípocrisia na vida sexual somos toda parte se amplíam, de uma psicolerapia reunuznizndLL
nm
uk
todos; mas é preciso também proceder contra aquela hipocrísia dos que dízem O que dissemos anteriormente? Cada época tcm suas neuroscs, e cada épo~
mr
i
ca precisa de sua psicolerap1'a. Agora sabemos maisz somcntc a psícotempia reu~
m
“liberdade" pensando, contudo, no lucro.
M
Retornemos ao vazio existenciaL ao sentímento de vazio. Certa vez, Freud manizada pode compreender os síntomas da época - e rcagir às neccssid.1'de.s* de
escreveu numa carta o seguintez “N0 momento em que alguém se pergunta pelo nosso temp0.
sentido e valor da vida, este alguém eslá doente, porque os dois problemas nâo No entant0, retomando agora o sentímcnlo de vazi0. perguntemos: pode-
exislem de forma objetíva; a única coisa que se pode reconhecer é que se tem mos por acaso dar um sentido ao homem de hoje, existencialmcnte frustrad0?
1\.'1RunUL,Au H
0 SOFRIMENTO IJF UMA VIDA SEM SENTIDO
Podcmos sentir-nos satisfcitos sc não já foi arrancado ao homem de hoje esse semido cada vcz mais difuso, crie arbitmriamcntc scnlidos subjclims ou conlras~
sentido em conscquéncia de uma doutrinação reducioni.'sta. Devcria 0 Scntidu sentidosz enquanto aqucle acomece num palco - tcnlro do ub~.urdo! -. cste se dá na
scr factívcl? embriaguey., no êxlase, cspecialmentc naquele cstímulado pclo LSI). No enlant0,
É possível reanimarmos as tradiçóes perdidas ou mesmo os instinlos per- nessa embriaguez corre-se U risco dc passar longc do vcrdadeiro sentido. da mi5-
,mw›sw-
5
didos? Ou ainda vigoram as palavras de Novalis segundo as quais não há volta à são autêmica que nos espera lá fora. no mundo (em conlraposiçãn às vivéncias de
ingenuidade e que a escada pela qual ascendemos veío abaixo?
Dar sentido implica uma ñnalidade moralizante. E a moraL no semído anli-
g sentido meramente subjetivas, em si mcsmas). lsso mc la'/,' lembrar os animais
de laburatório que tivcram elctmdos plantados em scu hipotálamo pur pesquisa-
i
go. ebgolar-se-á em breve. Mais dia menos dia. deixaremos de moralizar, passando, LJ dores c.1'lifornianos. Sempre quc a corrcmc era conectmla. os animais cxperimcn-
l
contrar1'a1n1entc, a ontologizar a moral ~ o bem e o mal não serão mais dcñnidos
no senlido dc algo que dcvemos ou não devemos fazer. AssinL 0 bem é aquilo que
g tavam um sensaçào de contentamenlo. quer dc impulso sexuaL qucr dc impulso
uo alimcnto. Por ñnL cles própríos aprenderam a conectar a correnle, ¡'gnornndo,
promove o cumprimento de um sentido aplicado e exigido a um ser, e o mal aquilo contudo, n parceiro sexual e o alimento verdadciro que lhes eram otbrecidos.
que ímpede esse Cumprimenla O sentido mio só dcvc, mas padu scr cnmntrudu, c a co¡1.sc¡'énc1'a conduz o
O smtido nâo pode ser dado; rmtes, tem de ser cncomrada E esse processo de homem em sua busca. Em .s*íntesc. a con.«:iéncia é um órgào do senlida Podemos
encontro do sentido tem como ñnalidadc a percepção dc uma Gestall, uma ñgura. deñm'-la, entâo, como u capacídade íntuítiva dc descobrir o rastro do sentido -
Os fundadorcs da psicologia da Gestalt, Lewin e Wertheímer, já falavam de um único e singular - escondido cm cadu situ.'\ç.1-'0. ¡ll
al
caráter de ex1'gência, que vem ao nosso encontro em cada uma das situações com A consciênciu é um dos fcnómcnos muis espcciñcamente humanos; mas
1
as quais confrontamos a realidade Wertheimer chcgou ao ponto de atribuir a cada nào apenas humano. É também dcmasiadamente humano. e de ml' maneira que
exigência (“reqzu'rcdncss"), ímplicada cm cada situação, uma qualidade objetiva participa na condition hunwinc, e portanto c' marcudn por sua ñnitudc. Só assim í
k
(“olj›'ective quulity"). A pmp0'51't0, diz também Adorno: “O conceito de sentido en- se compreende como a consciência pode, às ve/.'us, cng.'m.1'r-s›c. e lambém desvínr o 1.
volve a objctividade além dc lodo agir'Í homem. Mais do que issoz até o derradciro moment0, até o último suspiro, n ho~
O que distingue 0 encontro de semido, em comparaçâo com a percepção mem não sabe se realmeme cumpriu u senlido da vida ou nntcs somente acreditou
mwvacprw
gcstáltica, é, no meu entender, o seguintez o que se percebe nâo é simplesmen- té-lo cumprid0: ignommus ct ignombinms. Desde Peter WusL “incerte7._1 e risco"
vv.--
Ie uma figura, que nos salta ante os olhos a parlir de um “fundo).' Mas sim› na penencem ao mesmo grupo. Por muis que a coustiéncm possa deixur o homcm na
pcrcepção-de-sentido, a descoberta de uma possibilidade a partir do fundo da re- incerteza quamo à questão de sabcr se comprccndeu e capturou o scmido de sua
Mc
alidade. E essa possibilídade é sempre únic.1'. Efémera. Contud0, somente ela é vida, essa “incerteza” não o desmuiná do “risco" de obcdecer à sua constiéncia ou.
efêmera. Sc essa possibilidade de sentído se realiza, se 0 sentido é cumprido, então em prímeiro lugur, de escutar n sua vo7..
zwqurr
se cumprirá de uma vez por todas. Mas não só o “risco” pcrtcncc àquclu “inccrteza',' senão igualmcnte a hu-
O scntidv devc scr cncontrada mas náo pode ser produzido. O que se deixa mildade. O fato de que nem em nosso leito de morte chcgaremos a saher se 0
produzir ó um sentido subjctiv0, um mero sentimento de sentído, ou de absolu- Órgão-d0›sentido, nossu consciénc1'a, tbi ou nào subjugado a um cngano-du-
ta falta de sentído. E ísso é naturalmente compreensível se pensarmos que 0 h0- -sentido. signiñca igualmeme que é a consciéncm dm outros aquela que pode ter
¡› ›~ rsozxuausr
mcm, que não é mais capaz de encontrar um seutido em sua vida, ncm tampouco razão. Isso não quer dizer quc não existe ncnhuma verdadc Só pode cxístir uma
a
de inventá-lo, a ñm de -cvad1'r-se do sentimento de vazi0, de absurdo ou de falta de verdade; mas ninguém pode sabcr se é ele e não um outro que a lem. Humildade
lú O SOFRIMENTO DE UMA VIDA SEM SENTIDO IN |'R()|)UÇÀ()
s¡'gniñca, portant0, tolerância. Tolerância, contudo, não quer dizer indiferença. e não há nenhuma pessoa para qucm a vida não coloque à dísposição um dcven
porque respeítar a fé dos que pensam diferente não signiñca necessariameme A poswsibilidadc dc realízução dc um sentido é, em cada caso. u'm'ca, e a pcrsonah'-
identiñcar-se com esta. dade que pode realizar~sc é ígualmcnte .s*ingular em cada caso. Na Iitcralum Iogotc-
Vivemos numa era em que o scntimento de vazio se propaga ímensamente. rapêutica encontram-se os traballms publicados dc CnscíanL Crumbaugh, Dansart,
mm
Nesta nossa época, a educação tem de cuidar não só de transmitir o conhecimento, Durlak, KratochviL Lukas. Mason, Mc¡'er, Murphy, Planova, Popiclski. Richmond.
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mas também de reñnar a consciéncia, de modo que o homem aguce 0 ouvido a Ruch, Sallee, Smith, Yarnell e Young, dos quais sc conclui que a possibilidadc de sc
ñm de perceber as exigências e desaños ineremes a cada situaçãa Em um tempo encontrar um sentido na vida é independeme dn sex0, do coeticiente de ínteligén-
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no qual os Dez Mandamentos parecem perdcr 0 seu valor para tantos e muitos, cia, do nível de formaçãm é independente de scrmos religiosos ou não." e, se somos
o homem tcm de estar preparado para perceber os dez mü mandamemos cifra- religiosos, de que profcssemos esta ou aquela conñssão. Pur h'm, demonstrou-se
dos em dez mil situaçóes com as quais ele confronta sua vida. Porque isso não que a descoberla de um sentido é indcpcndcnle do carátcr e do ambieme.
Nenhum ps¡'qu1'atra, nenhum psicoterapeuta - também nenhum logotera~
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só faz com que sua vida se apreseme novamente plena de sentido, senâo que ele
próprio também se imunize contra o conformismo e o totalítarísmo - essas duas peuta - pode dizer a um paciente qual é o sentído; comudo, podc muito bem ah'r-
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consequências do vazio exislencial; pois somente uma consciência dcsperta 0 tor« mar que a vida tem um sent1'do. Sim, e maisz que cste sc conscnm sob quaisquer
na “resistentemenlewapazí de modo que ele nem se sujeile ao conformismo nem
n condições e circunstância5. graças à possibilídade de encontrar um sentido tam-
se curve ao totalitarisma bém no sofrimenm Uma análisc fenomen0lógica da vivéncia in1ediata, aute'ntíca,
De um modo ou de outroz mais do que nunca a educação é, hoje em dia, uma tal como podemos experimentar no despretcnsioso e simples “homcm da rua',' e
educação para a responsab1'lidade. E ser responsável signiñca ser seletívo, ser mai- que precisa apenas ser traduzida para uma tcrminologia cientíñcau propriamcnte
culoso. Vivemos no Ventre de uma ajluent sociery, vívemos inundados de estímulos revelaria que o homem não só - em virtudc de sua vontade de sentido - procuru
provenientes dos mass media e vivemos na era da pílulzL Se não quisermos at0'gar- um sentíd0, senão que igualmente 0 encontra, por três cam1'nlms. Em primeim
-nos numa torrente de estímulos, e nem perecer numa promiscuidade completa, lugar, vê um sentido no que faz ou crizL A par disso, descobre um senlido nas ex-
enlão devemos aprender a distinguir emre 0 que é essencial e 0 que não é, entre o períências que víve ou em amar alguém. Mas também descobrc, evcntu.'llmenle,
que tem sentido e o que não tem, entre 0 que é responsável e 0 que não é. um sentido em uma situação desesperadora com a quaL desampa1'ado, se defronta.
Sentido é, por consegu1'nte, o sentido concreto em uma situação concreta. O que realmente conta é a firmeza e a atitude com que ele vai ao encontro de um
É sempre “a exigência do momento'.' Esta, por seu turno, encontra~se sempre dire- destino inevitável e irrevogáveL Somente a ñrmeza e a atítudc pcrmitcm que o
cionada a uma pessoa concreta. E assim como cada sítuação tem sua singularídade, homem dê testemunho de algo daquilo que só ele é capazz transthrmar e rcmodc-
F'" 7r'."f, m "rí':"t~
de igual modo cada pessoa tem algo de singular. lar o sofrimento no nível humano para lomá-lo uma realização. Um estudanle de
Cada dia, cada hora, atende, pois, com um novo sentido, e a cada homem medicína dos Estados Unídos me escreveuz
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espera um semido distint0. Existe, portanto, um sentido para cada um, e para cada
um existe um sentído especiaL
' Algo de que nâo precisamus admirarmu~nos, visto que considcnunos que alguénn tcnhn consciéncia
De tudo isso resulta o fato de que o sentído, de que aqui se trata, deve mudar
religiosa ou nn'u, pode muíto bcm ser rcligioso dc mnncira incunsciente, ainda que 0 seja no scnlido
de situação para situação e de pessoa para pessoa. Ele é, contud0, onipresente. Não lato do tcrmo, tal como o fomm. por exemplo. Alhen Einstein, Paul Tillich c Ludwig ngcnhlcín
há nenhuma situação na qual a vida cesse de oferecer uma possíbilidade de sentido, (vcr p. 88-89).
ZE 0 SOFRIMENTO DE UMA VIDA SEM SENTIDO INTRODUCÃO 20
“qugbsñ
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Recentemente. ta'|eceu um de meus mclhores amigos porque não con- A técnica poupou-nus dc emprcgar lodas as nnssas cnpacidadcs cm
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scguia cnconlrar um scmida Hojc. contudo, eu sei que pudcria muilo bem prol da lula pela existência'. Criamos. purlamol um Estado dc hcm-csmr
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té-lu ajudado, graçns à lugoterap1'a, se ele cstivcsse Vivo. A sua mone. to- social quc garanle quc sc possu enfrcnmr a v1d.1 scm csfurço pcsan
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davia. me scrvirá para ajudnr aqueles que sofrcm Acrcdito não haver um Quando se chcgar ao ponm cm quv. grnças à lécnicn. 1590 da populaçáo
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molivo mais profundo. Apcsar da tristeza pela mortc de meu amigo. apesar americana scrá sulkicmc pura atcndcr .15 ncccxaidadcs dc Imla a naçâo.
dc minha corrcsponsabilidade pela sua morte, sua existência - c scu não- enlão se apresemarão n nós dois prohlcmag qucm furá parte dcsscs l5%
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-mais-acr - é algo excepcíonalmenlc carrcgado de scntidu Se algum dia eu que irão lrabalhar c o quc dcvcrâo fazcr 05 dcmm'.s com acu Icmpo Iwrc -
ou atuar livrcmente sobre cle, os três clássicos da sistemática psicoterapéutica, Compreendc-56 de igual modo que. para aquclcs pacicmcs pudicos da pnssagcm
Freud, Adlcr c lung. Considcrando que a psicoterapia atual jaz nas trés colunas da do sécula o quc primciro sc lcvava cm conm cra n rcprcssño da scxualidadc. Nào
psicanáll'se, da psicologia indivídual e da psicologia analíüca, parece aconselhável esqueçanws. porénL quc a c.\^tcnsào do cnnccitn dc ~.cxuahdadc na psicanállsc c'. dc
ponderar as duvidals ames mcncionadas e depois passá-las em rev1'sla. u1111ado. mais amplo do que 0 dc genimL c. de nutro. mms rcstritu dn quc 0 conccilu
É-nns cvideme quc Freud tbi “o” pionciro puro c simples no campo da psico- de libido cunhado por Frcud.
lerapia e "0" gónio no que diz respeito à sua própria pcrsonalidada Se de repcnte - Para a psicanálisc. n ncurose inc|I'n.1'-sc. nñnnL a um cnmpmmism a um
se assím possn cxpressarmc - me tbssc cxigido fazer um esboço dos ensínamcntos cmnpmmissu cmrc os inminlm connitivos entrc si ou cmãn cnlrc .1s¡,1rclcnsócs dc
de Frcud, eu diria que foi mérito scu haver colocudo a questâo do senüd0, conquan- divcrsas insmncias intrapsiquicahz cumn as quc âào dcnumindes pclal psicanálhc
to lhc dessc um signiñcado difercmc do nosso ou mesmo não lhe dcsse nenhuma dc id, ego u .s*upercgo. Um Compmnússu é tamhúm a nalurclxn duquiIu quc Frcud
resposla. À medida que o fez. essa queslão foi colocada no âmbilo do cspírito dc chamou de atos fhlhng c o mcsmo sc podc dizcn por ñnL dn nalurcla do sonho.
scu tempo, islo é, cm um duplo aspectoz primeiro no aspecto matcriaL uma vez que Assim, paru cilar um exenlplo, qunndo um n.-1cíonal-socialisla dizia quc. cm umn
Freud encontrava-se preso ao espíríto da chamada cullura de veludo vitoriana - pu- daquelas famigcradas 1'nstí1uiçóc.s' nndc sc praticmmm a cutanalsiag sc “.1's.s^asu'n.'1-
dica de um lado. ldsciva. dc outro -, c segundo, no aspccto tbrmaL uma vez que suas vam" - e não sc “intcmavam" - p.'|c1'cmCS, ou qu.1ndu um pnhtico socialllsta thlava -
concepçóes tinham como basc um modelo mecânico que não era de ncnhum modo c cu a isso prescnciei ~ nào dc “prcvcnç.\"u cnntm .1conccpçào". nma dc "prc\'cnç.io
o mais eñcaz só porque se chamara (eufemisticamente) “dinâmico'Í contra a famlidadél é claru quc em ambos ns cusos sc impós algo que furu vítimu
Em especiaL Freud se empenhou em interpretar 0 senlido dos sintomas da rcpressão ou que pclo menos fora condcnadn a cLL
ncuróticos, o que o levou a avançar sobre a vida inconscienle da alma, descobrindo Quanto ao sonho, 0 cnmpmmissu sc Llai por calusu du prctcnsa ccnsum do
assim, nem mais nem mcnos, toda uma dimensão dn ser p51'quico. Mais tarde, no sonho, e lbi Max Schelcr qucm primciro chumnu u alc¡1ç.1"n para cssc ponlu fraco
ámbito do "inc0nsciente“.' conscguimos ver e reconhecer nlgo maís do que meros da p51'cana'lise, a sabcr. a aporia dcssc cnnccílu. quc rcaidc m idciu dc quc a inst.in-
instimos e inconscicme inslint1'vo, tendo conseguido comprovar a ex1's.'tênc1'a de cia que rcprime, censura e sublima nún é algo quc sc pmsa dcdunr dns insh'ntos.
algo assim como um inconscienle espirituaL uma cspiritualidade inconsciente e os quais proporcionam o quc do rcprimido ~ c, conscqucnlcmcnm nào podcm acr
até uma te" inconscientc;' tudo isso tàz parte de uma outra página e nào reslrínge o por si mesmos o quom da rcpressàa Cuslunm axplicur cssc aspccto alus nuvimcs
mérim hístórico que observamos na obra c no pcns.1'mcnto de Frcud. de minhas conferéncias por mcio dc uma cnmparaçãm aindu nãu acontcceu dc um
Para Frcud, 0 sentido dos sintomas neurólicos era ínconsciente não apenas rio construir sua própriu rcprcsa.
na acepção de “esqucciddl mas também na accpção dc “reprimido”.' Qucr dizer, No enta1m›, a psicwálisc cumctcu u crm dc limilar u campo dc visào nãn sú
lratava-se de um sentido que fora empurrado para 0 inc0115c1'ente. Isso porque tudo em relação a uma “genc.1'login da mnral'.' qucr d¡/.cr, Cnmu um hllPUSlO apoiu u th~
que se lomara inconscienle ou sc ñzera inconscieme cra algo desagradáveL No en- vor da repressão do 1'nstinlo, mas taunbóm cm rcl.'1g.1"oà lclcologiu quc dominu o scr
tnnto. os conteúdos respectivos da conscPCnCía eram dcsagradáveis segundo 0 siste- psíquico, visto que prcssupõc U príncípiu -- dcduxido da hiologiu - du humwslusc.
ma de coordenadas daquela cultura vitoriana de veludo, de que se falou há pouco. o qual valeria, em primcim lugaln no âmbitu dn naturuum c. cm scgundo. no da
cultura. Em síntese, e em scnlido cstr1'lo, isso s.*igniñcaria mmn quanln admitir quc
\'iktor E. FranU', A Pwsvnça lgnomda de l)cus. de. Walter 0. Schlupp e Helga H. Rcinhoch Sáo
0 humem está deslinudo ou sc dcixa destinur "a duminar c a rcmuvcr (› ncúmulo
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Lcopoldo, Sinodal l Petrópoh's, \'ozes. 2008. de excilações e estímulos que recaem sobre elc dc dcmm c de Íbrafl c quc “para
0 SOFRIMENTO Dlí UMA VIDA SEM SFNTIDU l› FREUD. ADLER E IUNG
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isso serve 0 aparato anímicdÍ2 'A's tendências principais admitidas por Freud estão senão também como reação diante da doença, da fmqucm e da deforn1idade. iz
pcnsadas em termos hmneostáticos. Quer dizer, Freud explica toda açâo como O sentimento dc infcriorídadc cxigc por sua vcz a compensação; scja no ãmbilo H
colocada a serviço do rcstabelecimento do equilíbrio perturbado. Todavia. essa da comunidade. e eventuulmente na sua cxprcssão, o "scntimcnto dc solidaric-
3N O SOFRIMENTO DF UMA VlDA SLM SENTIDO l PRBUD. ADLER E IUNG 39
Amargas palavras dirigidas à psicologia junguiana também se encontram AppelL Lhamon, Myers e Harvey). E somentc em casos cxccpcionais. como na
em Schmid. quando estc diz - e a censura por isso - que aquela se lornou uma reli› clinica ambulatorial psicotcmpêulicu dc Eva Nicbauer, dirigida scgundo os prin-
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gião. Os novos dcuscs scriam os arquétipos. Só com rete~rência a eles se proporciona cípios da lugolerap1'a. rcgistra-se uma indice de alú 75%. Mnis do quc issoz B.
à vida seu scntido. O derradeiro apoio metafísico do homem enconlrar~se-ia. con- Stokis póde mostrar quc casos cxlmordinários de sua “união pcssonV dc pacicm
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sequentenaente, em si mesmo, e sua “psique” seria algo assim como um modemo tes tratadus com ajuda de métudos psicoterapéumos antagónicus tinham alcan~
Momc Olimpo povoado de dcuses arquctípic05. A psicotcrapia individual tornar- çado os mesmos rcsullados favorávci5. É também igualmenm conhccido quc a
-se-ia uma açãn sagrada, c a psicologl'a, uma concepção de mundo. “Perguntamo- porcentagem de curas permuncnlm é indcpcndentc do métodn psicoterapéulico
mwrz
-nos'l segundo as palavras de Hans Jórg Wtitbrechn “com cerla admiraça'0. como é empregado; a única coisa quc divcrgc é a duraçàn do lratamcnlo. Para além dis-
possível quc haja teólogos que não se dào conta dessa rcdução consequente de toda so, deve-se acrescentar quc numa clínicn eslrangcira se pódc comprovar quc os
lranscemíência à imanéncia psicológica e p(›dem. além d1'ssu, ser convictos discí~ pacíentes que se encnnlrawun na lista de cspcra. islo é, ainda nãn apreciadns
.
pulos dc lung'.' A transccndência é reduzida até mesmo a uma imanéncia biológi- pelo tratamento psícolcrapéutic0, aprescntaranh mediante tcstes, mclhoras ob~
caz "Herdam-se os arquétipos com a estrutura ccrebrah são inclusive seu aspecto jetivas cujas porcemagens revelanuwse signiñcativamente mais elcvadas do quc
psíquicoÍ" Mais do que issoz dois estudiosos americanos “parecem ter conseguid0',' aquelas de pacientes cm lratamcnm Quem nào se lcmbm aqui da indicação dc
dísse Jung com ar de triunfo, “provocar, através de cstímulos ao tronco encefálic0, Schaltenbrand, scgundo a qual as mcdídas tempêutims comm a csclcrose mu'l-
a visão alucínada de uma thrma arquetíp1'ca'.' isto é, “do chamado símbolo de man- tipla, quando não conduzem a mclhoras cm uma porccnmgem delerminada de
dala, cuja localizm;ão, neste tronco enccfálico',' C. G. Jung “há muito tempo presu~ casos - ou seja, em uma porccnlagem que corresmmda à tcndéncia cspontànca
mia. Sc tbr possível conñrmar essa idcia dc uma localização do arquétipo mediante de remissão da doença -, equivnlem já u uma Icsão do paciente?
experiências po.s'teríores, então se aumentaria consideravelmente a probabilidade
da hipótese da autodestruição do complexo patogénico por meío de uma toxina L Para entender ludo isso, é precíso distunciarse do prccunccito cliológico dc
que a psicoterapia, em especial a psicanálllm nào é cñcicnle no scnlido de uma tera-
especíñca, e então sc predisporia a possibílidade de entcnder o processo destrutivo pia inespecíñca, senão no scntido de uma 1erapia causaL Mus ncm todos os tão incri-
como uma espécie de reação de defesa biológica falida'.' Em toda essa questã0, não
minados complexos, conHitos e sonhos aqui mencionados ~ c u cujo dcscobrimcnto
podemos ignorar que Medard Boss, por excmplo, denominou “a noção do arqué-
atribuem os métodos psicolcrupéuticos seus possívcis êxitos - são tãu patogéni~
tipo como um produto abslrato, e hipostasiado, do isolamento mental'Í
cos como se pensa ou se sup›(e. Na vcrdadc, como mcus colaboradorcs thcilmcntc
Seria insistir no erro pretender veriñcar a leoria do psicologismo dinàmi-
puderam demonstrar ao longo de levuntumcntos CSldÍÍSliC()S. uma série não sele-
co a partir da terapia, ou seja, “cx iuvantíbusÍ Há muito tempo que descobrimos
cionada de pacientes de nossa clínica neurolúgica lraziam consígo muilo muis com~
quc. no àmbito da psioterapia, o respeito muilo difundido para com (f'acts” e
plexos de traumas e conflitos quc uma outra série de casos, lambém não selctivos,
"ejfíciency” encontra~se descolocado e obsolet0; já não é mais possível ater-se
da enfermaria ambulatorial de psícoler3pia. E é prccíso csclarccar quc lcvamos cm
ao mandamento: “Pelos seus frutos vós os conhecereis'.' Independentemente do
conta no cálculo a carga adicíonal de problemas dos docntes neumlógicos_ Seja dc
respectívo método psicoterapêutico empregado, a porcentagem de casos cura-
que modo for, não se pode falar quc os complcx<›S, os conflitos e os traumas scjnm
dos ou signiñcaüvamente melhorados oscila entre 45% e 65% (Caruso e Urban,
realmente patogênicos - pelo simples fato dc que sào ubíquos. O quc se toma gemL
mente como patogênico é, na rcah'dade, palognômicu quer dizcr, é mcnos a causa e
7 C. G. lung, Scclenprablcme dcr GcgcmvarL Zuriquc, Rascher Verlag, voL 3, l946, p. 179. muito maís 0 sinal de doença. Quando no quadro de um levanmmcmo anmnnésico
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0 SOIIRIMFÀWO IJF UMA VIDA SFM SFNTIDO
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orienlação existencial sc sublraia necessarhmente a todo método e a toda técnica;
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mas, como já se disse uquL o que menos importa no âmbito da psicoterapia é o
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métodn c a técnica empregados. O que conta muito mais é a relação humana en-
tre o médíco e 0 pacientc. Existem casos mais do que suñcientemente registrados,
A logoterapia
A. ~_ .! ,. «x-
nos quais se rcvela que aquilo que impressiona ao pacicnte de modo dccis1'vo, c
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que torna accssívcis as influências médicas é 0 ser desvestido do próprio papeL
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ou seja, o deixar de lado u atitudc díslamcn Parece~me que o sonho de meio século
chegou ao ñm, 0 sonho da eficiência de uma mecânica da alma ou de uma técnica
4 ,.-_
da psicoterapia ou ~ em outras palavms ~ 0 sonho da possibilidade de se explicar
a vida psíquica com base em mecanismos e de um tratamemo dos sofrimenlos
anímicos com ajuda de tecnicismos.
' Edith Joelsom "50me Commcnts on n Viennesc School of Psychiatry'.' Thc Ioumal _ofAbnornml nnd
Social Psychology. voL Sl, n. 3. l955.
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44 O SOFRIMENTO DE UMA VIDA SEM SENTIDO 1ALOGOTER^PIA 45 U
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enraiza profundamente. ponamo, na personal¡'dacle, e que todos os outros Contrariamente a ]. H. R. Vnnderpas. que ousou añrmar que “os logolera~ Í
.-'__-Í
Lrutamemos psicoterapéulicos não passam de um sucedânco de pouco valor, peutas podcm lambém trahalhar scm a ps.*ic.'lnálíse'.' F.. K. lxdermanm do Marlbu- y4(.
uma nbra incomplcm, um autocngano do lnédico, etc. Essc perigoso equívo~ rough Day HospitaL detbndc u conccpçào scgundo a quul uma análise dn cxisténcia
co só póde [...] nascer em círculns de trabalho nos quais a sensibilidade para não exclui a nccmsidadc de uma análíse du libido e que podc acomeccr que csm
a prálica gcral da medicina [...] dcsapareceuÊ última seja necessária para tàzcr com que a prinwira scja eñcaL Em contraposição
a ísso. añrma G. R. Heycrz
Uma psícotcrapia não psicanalítica também tem êxitos dignos de nota.
lsso vale, em especiaL para a escola behaviorista c retlexológica. Ev1'dentemente. É prcciso conlradizcr a hipótcsc. que sc lé com frequéncim dc que cm um
tais éxitos podem ser potencializados, lão logo se arrisque a ascender à dimen-
M ,_.:m
trutamcmo de psicoloW profunda n pnrtc dc descnnstrução "analílica" seria
sâo propriamentc humana. N. Petrilowitsch nos revela 0 que se pode conseguir complcludu mai› Iurdc por uma pnrlc dc cnnslruçào ".sintélic.x"Í Scmclham
com csse fator adicionaL quando añrma que, ao contrário das outras psicotera~ tcs concepçõcs são inopormms c pcnsam dc mndn mcuinicuz é cnmo sc a
pias, a logotcrapia nào permanece na csfera da neurosa scnão que a ultrapassa c psique ((› “apamto anímico" dc l-'rcud) se dcs'u›nlpu›c'.xsc primciru c dcpuis
encontra a dimensão dos fenômenos espccificamentc humanosf De fato, a psi- sc construn'.s".sc “sobrc U nnvdÍ Qucm nàn Icva cm considcmção u positívu. u
canálise, por exen1pl(›,vê na neurose o resultado de processos psicodinâmicos e todo c 0 sã0, 0 “hnmem concrcldl Com suu imagcm sccrclzL c nán sc dirigc a
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tenta, em conformidade cnm isso, lratá-la de modo que promova novos proces- elc internamultc. dcsdc 0 primciro mnmcnlo c igualmcnlc n.| thsc crílica - e
4:<
sos psicodinânúcos, como acontece com a transferência. A terapía do comp0r- f com ñrmcza -, perdu o quc rcsulta dc dccisivo cm todo lmtamcnm e orien~
L¡.
tumento - uma teoria fundamentada na .'1prendizagem -. por seu turno. vê na tação humanos. Descriçõcx~ cumo a refcrida › das duas lllses nitidamcmc sc-
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neurose o produto de processos de aprendizagem ou condirioningprocesscs e se paradas ~ revelnm quc csses aulurcs ainda sc nlnjam num profundn cncnnlo
esforça, consequcntementc, em iníluencíar a neurose de modo que a encaminhe peln frcudismo 0rloduxo.
* N. Petrilowilsch. “Ul›cr die Slellung der Logmherapie in der klinischen Pxçychuthcrapiéí DI'›:
medizimsche \'VL"Í,1"L 2. l9(›4. p.79()› * Franz Iachym, Kullwlik und Psichotherapin Vienn. l954.
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disso, que scria irremediáveL Na rcall'dade, Como a nós ñcou evidente em pouco med0. póe-se cm fuga do mcdo, cscnpa dn medo para pcrmancccn pamdoxalmcm
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tcmpo, tralava-se não dc uma neurosc psicogénica, mas de uma pseudoneurose. te, preso a ele: tcmus aqui, pois. dc rcmelcr-nus ao modclo da rcaçào agorafóbica.
Rcalrmnte. algumas poucas injcçóes de diidroergotamina tbmm suñcientes para Nesse senu'do, quer dizcn no scnlido dc quc cxislcm ditbrcnlcs lípos de rcaçâq
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a paciente se ver inteiramenle livre do problema, de modo que, depois de sua re- distinguimos pois, na logmcrapia clínica. divcrsos mudclos de rcaçào.
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cuperação médic-a, também cessou. sob todas as formas possíveis. o conflíto ma- Assim como o ncurótico fóbico rcagc aos acus alaqucs de mcdo com mcdo
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trimnniaL É incomestável que csse conflilo existia, mas não cra do tipo patogénico ao medo, tumbém o ncu rótico ubscssivo rcagc.-1 scus ataqUCS obwssivos com medo
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c. consequemenlente, tampouco era psicogênica a doença de nossa paciente. Se à 0bsessão, e apcnas a partir dcssa rcuçio é que surgc a neumsc pmpriamenlc 0b-
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todo conílito matrimonial toÂsse patogênico, cmão provavclmente 90% dos casados sessiva e clinícanwnle n1an¡'lc'stu. É prccisamentc por tcmcr scus alaqucs obscwl
seriam neuróticos. vos que os pacientes atklados vecm ncles indícius ou sínlomns de uma psicosm ou
nazurvnümwmmw
Mas não é como se toda hipofunção da glândula tírcoide conduzisse direta- cntão receiam convcrtcr cm am scus impulsos obsmssivmy Iíntrctanto. ao conlrário
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mente a uma agorafobia; pclo contrárío. o que se vcriñca é que a hipofunção traz do tipo neurótico tõbic0. que por rcceio ao mcdo sc póe a llugir do medo, o lípn
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consigo uma mera predisposição ao medo, da qual deve logo apodcrar~se uma neurótico obsessivo reage de modo que. por rcccio à obscssúm comcça uma lutn
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ansiedade amecípatória, cujo mecanismo é baslante conhecido por no's, psícotera- contra a obscssâu Enquanto 0 ncurólim tbbicu lbgc du mcd0. u ncurólicu obses-
peutasz um sintoma, em si inofensivo ep.-1.s'sagcir(›, provoca no paciente o rece1'oto"- sivo corre dc cncontro à obscssãn » c, cm numcrusos cusos de ncurosc obscssiva. é
bico de sua repetiçãa Em segu1'da, essa ansiedadc antccipaúwia reforça o síntoma, precisamente esse mecanismo o pauugénico pmpriumcnlc dim.
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e, ao ñm, cste, já reforçad0, conñrma aínda maís o paciente em sua fobia. Fecha-se Numa perspecliva dos fundanwnlos cnnsliluciomis. ó possívcl compmvar
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assim o círculo vicioso, no qual o paciente se vé pre50 e detido, como num casulo. a existência de uma disposíçãn psicopátimy (Ínm clbilm é ncssa psicopatin anan~
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De tais casos pode-se dizen sc o desejo, comn añrma o provérbi0, é o pai do pen~ cástica onde se cnxerta por si mcsmm scgundu 05 casos dislintos. csta ou aquela
samento, então a angústia é a màe do acontecimento, a saber, do processo pat0- característica do mcdo que afela o pacicnla A psicopalia nnnncástica - 0 subslmto
lógíca O propriameme patogênico é, em muitos casos, a ansiedade antec1'pat<›'ría, de sua neurose obscssiva - não é imputável à pcssoa (cspiritual) do p.au'cntc. senão
enquantn esta é aquela que, antes de mais nada, ñxa 0 sinlomzL Nossa terapia, que se cncontra ancorada em scu carátet (anímicu). Nesse sentida o pacicnte não
contudo, deve atuar ao mesmo tempo no polo psíquico e somárico desse círculo é nem livre ncm responsável - somcnte o é. ludav1'a.e1n vista dc suu alitude dianle
vicioso, dirigind0-se de um lado comra a predisposição ao medo - prccisamente do 'A'nankasmus" (ananquc). O quc rculmemc conta lcrapeulimmcmc é a amplim
pela medicação para csse ñm especíñco - e, de 0utr0. simultaneamente, contra a ção do cspaço dcssa liberdade a panir dn momcmo em que sc cria umu dislànakl
ansiedade antecipatória - no sentido daquilo que diremos ao falarmos em seguida entre 0 humano no doente e 0 docnlc no homan Tal lcrapia não é síntomáticm ao
do método da intenção paradoxaL Desse modo, 0 círculo neurótico permanece contrárioz não sc preocupa demasiudamcntc com os sintomasy scnào que sc dirigc
inserido numa pinça terapéutíca. à pessoa do pacienle - a sabcrz que ela se csforcc em mudar a nlitudc dcslc pcrante
No entant0, o que é que provoca a ansiedade antecipalóría? De maneira tí- o sintoma. Contamo que a logotcrapia nào sc voltc pam o sinlonm mus procurc
pica, o medo tão frequente do pacíente dianle do próprio med0, e precisamente ao levar a uma mudança de at|'tude. a uma novu oriemação para com 0 5inloma. ela é
recear as possíveis consequéncias para a saúde derivadas da sua excilação ansiosa, uma auténtica psicotcmpia pcrzsonallistau
uma vez que receia a possibilidade de que ele próprio colabore com um ataque Ao contrário dos modclos de ncurusc fóhicu e de neurosc ObSCSSiViL enc0n~
de coraçào ou com um derrame cerebral que possam vír a atingi-10. Por medo do tramo-nos, no modelo de rcação dos neuróticos sexuaisx dianlc dc um pacicntc
SLI O SOFRIMENTO DE UMA \'IDA SEM SENTIDO
Dois dias após lcr lido u scu livro, Em Busca de Scnlidof cncnnlrei-me
em uma sítuação quc me proporciunou n uporlunidadc dc pór à pr0va. pcla
prímeira vez, a logotcrapia. Participci na univcrsidudc dc um scminário so-
bre Martin Buber, e durante o primeiro cncontm não livc papas na língua
.:ar.
'^ ldem, A Psicotcmpiu mz Práticw Trad. Cláudid M. CnmL Cumpinas;, Pap1'rus. 199L
' ldcm. A Vonladc zlc Sentida Trad. Ivo Sludan Percim Sào Paulu, Pduluau 201 l.
' Idem, Psiwlcmpiu c Sculído da \'ida. de. Alipio Muia dc Custm S. cd. Sàu l'au10, Quadrnnlc. 2010.
5 ldcn1, Em Busca dc Scntido. TrmL Waller O. Schlupp e Carlos Avch'nc. São l,cupo|do. Sinodal /
Pctrópolis. Vozes, 2009.
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52 O SOFRIMENTO DE UMA VIDA SEM SENTIDO J. A INTENÇÁO PARÀDOXAl SJ
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quando acredilei ter de dizer mtameme 0 contrário do que os demais u- maís tempo'.' Elaz "Eu não sabia quc o senhor Iambém sufria dc lremnrcsLn
nham dilu Enlâo comecei sem mais nem menos a transpírar intensamente. Euz "Não. não - de modo alguml Mas sc eu quiscr. lambém posso lrcmcr'.'
Logu quc mc dci conta disso ñquci com medo dc que os outros pudessem (E comccei r c com quc intcnsidach E claz ^'Oh. o scnhnr cunscguc lrcmcr
percebcr u mutivo pelo qual comccei a transpiran De repcnte, lembrei-me mais rápido do que cu',' (E. sorrindm comcçnu a aprcasar 0 scu trcmurJ Euz
do caso de um médico quc consultou o senhor por causa do receio que lhe “Mais rápido. vamos. scnhorn N.! .›\ scnhom lcm dc lrcmcr mais ra'pldo,”
causava 0 prorromper dc suas transpiraço'es, e emão pensci que a situação Elaz “Mns cu não possu mais. parcl lú nàn cnnsigo mals cuntimmr'.' E usmva
era scmelhame à minha. Mas eu não dedicava uma grnnde estima à psicote- rcalmcnte cansada. chamou~sc. íhi mé .1 cozinha c vollou cum uma xícam
rapia. e mcnos ainda à logotcrapia. Por isso mesmo me pareceu que a minha dc café. ›]hmou 0 café wm dcrramar uma golu. Quandu. dcsdc cnlào, cu a
situação oferecia uma ocasião única para lestar o valor da intenção parado- surprccndia tremcndo. baslava dizcrz “P(›¡s bcm, scnhorn N., 1uc tal uma
xaL Qual' tbra mesmo o conselho quc 0 senhnr dera ao seu colega? Que ele compelição de trcmc-trcn1c?'.' Ií cla rcspnndi á ccrlo. cslá ccrm." E isso
podia, para varian desejar c pmpor-se mostrar às pcssoas qunnto cra capaz tcm ajudado todas as vczcs.
de transpirar - “atc' agora só linha ¡ranspirad0 um lilro. agora, contud0, vou
George PynummootiL dos Esmdns Unidos, rclnta o scguintez
transpirar dcz litrosÍ diz em scu livm. E enquanto eu contínuava a falan
dizia a mim mesmm “Moslra, dc uma vcz por lodas. aos teus colcgas, 0 que Um homem jovcm entrou no mcu consuhório médico padcccndo de um
é tmnspirnn Spencerl Exatamentc assim, mas ísso aindn não é suñc1'cntc, grave tiquc nervoso no olho quc sc nlanifcstavu scmprc que tinha dc falar
dcvcs transpirar muilo ma1's.".' Não sc tinham passado alguns scgund(›s. e com alguém Cmno as pessoas cuiduvam dc lhu pcrgunlar o quc clc tinha,
então pude observar que a pelc secava. Tíve de rir comigo mcsmo. O que isso 0 dcixava mais ncrvoso. <IZnCuminhci-o a um psicanalislm Mas. uo ñm de
não conseguia ainda compreender é que a intcnção paradoxal funciona e. mda uma séric de s ssõccm vollou a mc prucurur para informur quc o psicanm
a.|ém disso, imedíalamcnle. “C0m mil diabosFl disse a mim mesmo, deve lisla não tinha dcscobcrlo a causzL quamo mais podcr ujudáJa 1\c0nscHwi-0
haver algo nessa intenção paradoxaL pois rcalmeme dá cert0, e nesse ponto então que da próxima vcz cm quc tivcsae dc falar com alguénL piscassc os
eu mc sentia célico quamo à log(›lerapia. olhos lantn quanto possíveL a fim dc mostrar an scu inlcrloculor quanm em
capaz dissu PCIISOLL porénL quc cu dcvia lcr licado qucn parn lhc dar lul
De um relato de Mohammed Sadiq retiramos 0 seguínte casoz
com*elho, uma vez que cstc só pndiu piorur ›,cu cslud(›. li sc tkuÇ Nu cntamm
A senhora N., uma paciemc dc 48 anos, padecia dc trcmores, mas com voltolu um dia, para mc comar. complcmcnlc cntusmsmada o quc. cmremcn-
tul intensidadc que não conseguia sequer segurar uma xícara de café ou um tes, tinha acontccidoz como nào lcvnu a sério a minha proposta, não pcnsou
copu dligua sem verter 0 c0nteu'do. Tampoucu sc semia capaz de escrevcr cm colocá-la em prálica. O piscar de olhos pioranL alé quc uma nuite vcio-
ou de mamer um livro para ler cntre as mâos. Aconteccu que uma manhã, -lhe à mentc n que cu lhe tinha dim. Enlào disse a si mcsmnz “Alé agura tentei
quando nos encontrávamos semados um díantc do outr0, começou a tremer de tudo 0 que existc c nadu ajudou. 0 quc pnde acontcccr se eu lcnlan au
mais uma vcz. Resolví cntão recorrer à intenção parudoxaL mas, é claro, com mcnos uma vcz, aquílo quc mc foí rcc0111cndado?'Í E uss¡m, no dia scguinlm
certo humon Assim, disse-lhe: “Que tal. senhora N., promovermos uma propôs~sc. diantc da primcira pcssoa quc enconlrnsse. a piscnr os ons mmu
compctição de rreme-tremc?” Ela retrucouz “O quc ísso quer dizchÍÍ E euz quanto possích c, paru a sua grandc surprcsa, perccbcu que cra incupaz dc
“Vamos ver de uma vez por todas. quem de nós dois treme mais rápido e por um simples piscar. A partir dc entào n tique ncrvoso dcsaparcccu tol.1lmexm-.
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54 0 SOIIRIMINYU DE UMA \'ll)A SFM SLNHDO | A |N1I'N(,A0 I'ARI\DUX;\L 5 "u
Um assistente de universidade escreve-nos: É admirável conslatar cnmo as pcssoas leigas recorrcm com bons resulmdos
à intenção paradoxaL Tenhu aqui diame dc mim a carm dc uma pacicmc quc snfrc-
Devia aprcscnlaFmC a um poslo dc trabalhu que eu buscava e que me era
ra de agorafobia durante catorze anos c que, duranlc lrôs, sc submcteu scm succsso
cómod0, uma vcz quc podcria tmzcr à Califórnia a minlxa mulhcr e os meus
ao tmtamemo psicwalítico ortodoxo~ Ao longo dc dois anos rcccbcu o tratamento
h'lhos. Mas estnvu bnstame nervoso e me esforçando enormementc para cau-
de um hipnotizador. 0 que lhe proporcionou uma lcvc mclhora. Estcve inclusivc in-
sar uma boa impressão. O pmblema é que, ao mc semir nervoso, mínhas per-
ternada por seis semanas. Nada, de fato, a ajudava. Dc qualqucr mod0. escrcvc a pn-
nas comcçam a lremcr, mas a um punto quc as pcssoas presemes não deixam
ciente: “Nada mudou em catorzc anos. Cada dia era para mim um inferno". A coisa
de percebé-lo. E assim acomcccu clurantc a entrevislzL Desta vcz, contudo,
chegou ao extremo de um dia querer sair à rua, mas foi logn acomctida pcla agoru~
disse a mim mcsmo: “Vou agora obrigar estes músculos nojentos a tremer
fobia. Ocorreu-lhe então lembrar que tinha lido o meu livro Em Busca dc Sentidm e
com tal intensidade quc não conseguirei scquer ñcar sentado, senào que te-
dísse a si mesmaz “Agora vou mostrar a lodas estas pessoas que sc encomram aqui
rei dc mc lcvamar num pulo c comcçar a dançar pelo rccimo até as pessoas
ao meu redor, na rua. do que sou bcm capaz1 cair em pânico e sofrcr um desmaidÍ
acrcditarem que estou louco. Estcs músculos nojcmos vão tremer hoje como
E subitamente se sentiu calma. Cominuou 0 Caminho até o supermercado e fez as
nunca - hoje se vai bater o recorde de trcmer'.' Pois bem, os músculos das per-
compras. No entanto, quando chegou o momento de pagar. comcçou a lranspirar e
nas não lremeram uma ve1',sequer durante toda a entrev1'sta, consegui o posto
a tremeu Disse a si mesmaz “Vou mostrar ao caixa quamo sou verdadeirameme ca~
de trabalho e, cm brevc, minha família cstará aqui comigo na Califórnia.
paz de transpirar. Ele irá arregalar os olhos'.' Somentc no caminho dc volta percebeu
Sadiq, que já citamos aqui, tratou, certa vez, de uma paciente de 54 anos, o quanto estava calma. E assim continuou. Ao cabo de algumas poucas semnnaaç era
que caíra no vício em soníferos e fora internada em um hospitaL capaz de dominar a tal ponto a agorafob1'a, com a ajuda da imenção parado.\'al. que
às vezes não conseguia acreditar quc tivcsse estado doente.
Às dez da noitc, saiu de seu quano e me pediu um sonífero. Ela: “Pos-
No símpósio sobre a logoterap1'a, organizado no âmbito do Sexto Congres-
so pedir uma pílula para dormir?)Í Eu: “Sinto muito, acabaram por hoje e
so Internacional de Psicoterapia, o Dr. Gerz, diretor clínico do Cunnecticut State
a entêrmeíra se esqucccu de fazer a tempo um novo pediddÍ Ela: “C0mo
HospitaL referiu-se aos seguintes casos clínicos:
vou agora poder dormir?'.' E euz “Para esm noitc, terá de ser sem soníferos'.'
A.V., de 45 anos, casada, mãe dc um jovem de dezesseis anos, sofria hnvia
Duas homs mais tardc, reaparece. Ela: “Simplesmente não dáÍ Eu: “E que
24 anos (!)_ de uma doença. durante os quais padcceu de uma grave síndrome to"~
tal se a senhora voltasse a deitar›5e e, para variar, em vez de dormir, tentasse
bica, composta por claustrofob1'a, agorafob1'a, temor excesm'vo. medo de clevado-
passar a noite em claroTÍ E elaz "Eu sempre pensei que fosse louca, mas mc
res, passar por pontes, entre outras coisas. Por causa de todos esscs transtornos,
parece que o senhor é igualmente loucdÍ Eu: “Veja a senhora, às vezes me
foi tratada durante todos aqueles 24 anos por diversos psiquialras, que aplicaram
agrada ser um pouco louco, ou a senhora não é capaz de entender isso?'.'
repetidas vezes, entre outros remédios, chamadas anàlises de longa duração. Ti-
Elaz “O senhor fala séríoTí Eu: “Sobre 0 qué?›í Ela: “Que devo tentar não
veram de intemá-la nos últimos quatro anos numa clínica. Apesar dos calman-
dormir'.' Eu: “Claro que falo sérío. Tente uma vez so". Vamos ver se a senho-
tes que recebia, sentia-se num estado de permanenle e elevada excítaçào. Esteve
ra consegue passar a noíte acordada. Tudo bem?'.' Elaz “O.k.'.' E quando a en-
igualmente durante um ano e meio aos cuidados de um experiente analista, mas
fermeira, na manhã seguinte, entrou com 0 café da manhã em seu quarlo, sem nenhum êxíto. Em 1° de março de 1959, o Dr. Gerz assumiu o tralamento, a
encontrou a pacíente ainda dormínd0. saber, por meio da intenção paradoxaL Cinco mcses mais tarde, a paciente viu-se
56 O SOFRIMENTO DE UMA VIDA SEM SENTIDO 34 A INTENCÀO PARADOXAL
pela primeira vez, após 24 anos, livre de qualquer sintoma. Deram-lhe alta logo em por acaso deixci cscapar? Quc me prendnm então - lrês vczes ao dia! Ao mcnos
scguida. Dcsde cntão, passa1^an1«se vários anos, nos quais leva uma vida normal e recebo de volta o mcu dinheiro, meu belo dinhcirinh0. que arrcmcssei no focinho
fcliz no scio de sua família. daqueles senhorcs de Londres...'.' Começou então a dcscjan no sentido da imcnção
E agom o caso de um pacieme neurótico obsessivoz o senhor M. P. é um paradoxaL ter comctido 0 maior número possível de crros c fazer novns la'ltas.' um-
advogado, casado, de 56 anos dc idade, pai de um estudante colegial de dezoito baralhar o seu tmbalho com o íntuito de provar à sua sccrcláriu que cra “o maior
an0.s. Há de.7e.ssete anos acometewlhe “dc repente, como um raio vindo de um céu fraudador do munddÍ E 0 Dr. Gcrz não teve a menor dúvida dc que cstava em jogo
sercn0, a terrível alucinaçào 0bsessiva” de que o valor de 300 dólares de imposto a completa auséncia detodapreocup.1ç.1"o de sua purte - tal comn linha dc esmr por
pago à reccíta cra muito baixo e que, por conseguintc, enganara 0 Estad0, embora trás de suas inslruções -, quando 0 pacícnle se mostrou cupaz não só dc realizar
tívcsse feito a sua declaração de imposto de renda com conscíência e todo 0 cuida- a íntenção paradoxaL mas também de tb1'mul.1"-la pur meio dc um extraordínário
do. “Mas não conscguia, por mais que me esforçasse, livrar-me desta ideiafl contou senso de humor, o mesmo com que u Dr. Gcrz tinha, ev1'denlcmente. de conlribuir.
ao Dr. Gerz. Ele ja' se via a sofrer um processo por fraude ñscal e ser preso, via os Assim, por exemplo, quando 0 pàcicnlc entrava cm scu consullório médico, ele n
jomais chcios de artigos sobre ele e a perda de sua posiçâo proñssionaL Imemou- saudava do seguinte modoz “O quê? Pelo amor dc Dcusl O scnhor aindn andn por
-se entào num sanatório. onde se submeteu a um tratamcnto psicoterapêutico e, aí Iivre e solt0? E eu pensando que já estava há tempos por trás das grades. Estive
em segu1'da, a 25 sessóes de eletrochoque - sem melhora5. Enquanlo isso, 0 estado inclusive lendo os jornais e perguntand0-me quandu iam informur a rcspeito do
de saúde piorou de tal modo que foi obrigado a fcchar o seu escritório de adv0- grande escândalo que o senhor causarafÍ A isso reugia o pacicntc com uma sonora
cacia. Noites dc insônia fizerammo lutar contra a alucínação obsessiva que se in- gargalhada. E, cada vez maís. símpatizava com cssu aliludc 1'rónica, ironizando
tensiñcava dia após dia. “Eu mal conseguia I1'vrar-me de uma dessas obsessões e já também contra si mesmo c contra a própria ncumsc quand0, por cxemplo, diziaz
dcsenvolvia uma 0utra',' relatava ao Dr. Gerz. Em especiaL queixava-se da obsessâo “Nã0 me interessa a mínima que me prendmm 0 máximo que podc ucnmccer é a
que o ac<>n1et1'a. de que seus diversos contratos dc seguros tinham expirado sem companhia de seguros ta']¡r).' Agora. já tàz um ano que o tratamento chcgou ao ñm.
que se desse ContcL Repetidas vezes. tinha de revé-los para logo em seguida trancá~
Estas fórmulas - o quu 0 scnhnr chama dc inlcnção pumdoxaL doutor -
›los num cofre especial de aço; cada contrato era selado c atado inúmeras vezes.
acenaram~me em chci0; atuam quase cumu um milagm Possu então dizcr
Por ñm, acertou com o Lloyds, de Londres, um seguro especialmente redigido
ao senhorz em quatro mcscs, u scnhor conbeguiu lhzcr dc mim um uutro
para ele, que 0 preservava das consequências de qualquer erro que, inconsciente e hómenL completamcntc difercnlc. Scm dúvida. aqui e ali mc vém à mcn›
invuluntariamente, viesse a cometer no âmbito de sua prálica jurídica. No entam tc os velhos lcmores. No entant0. saíba o senhun sou cnpaz aguru de lidur
to, logo teve de deLx'ar igualmente essas atividades proñssionais, pois a alucinação imcdialamcntc com is*so;.1'gora sci muilo bcm comu tmtar dc mim mesmo!
obsessiva tornowse tão grave que foi preciso imernar-se na Clínica Psíquiátrica de
Míddlctown, onde então começou 0 tratamento com a intenção paradoxaL pelas Pratico a intenção paradoxal desde l92'~)," mas somcnte cm 1947 publiquei-
mãos do Dr. Gerz. Ao longo de quatro meses, trés vezes por semana, esteve sob -a com esse nomeÍ É evidenIe a semelhança dcla com os métodos de tratumento
cuidados da logoterapia. Foi instruído, diversas e repetidas vezes, a empregar as da terapia comportamental quc surgiram mais tarde no mercado - algo que não
-me. Quanto mais ced0, melhonl Ter medo das consequências de algum err0, que ' Viklor E. FrankL Dic Psytlwfherapic in dcr Prax¡s. Vicna. Franz Dcutickc. l947.
60 0 SOFRIMENTO DE UMA VIDA SEM SENTIDO 4 A DERREFLEXÀO 61
É claro que do mesmo modo que a intenção forçada patogênica deve ser subs- humanamente compreensíveL Mais do que isso, porémz Konrad Lorenz referiu-
tiluída na terapia pela intenção paradoxaL de maneira análoga a híperreflexão palo- -se certa vez a uma fêmea de peixe-beta adestrada por elc a tal ponto que não se
gênica precisa, cumo corretivo, de uma derreflexãa Muitas vezes temos comprovado afastava coquete, como de costume, do nmch0. senão que nadava energeticamente
que, a ñm de solucionar um sintoma, a única coisa necessária é a dissolução da aten~ ao seu encontro. O macho “reag¡a humannmenleÍ scgundo o rclato do etólogo
ção localizada centralmente no dito simoma. E foi o que aconteceu no caso da pa- austríaco, quer dizer, tornara-se completamente impotente.
ciente S. Disse a ela que, naquele 1noment0, nâo dispunha de tempo para dar ínícío Às três instâncias menc1'0nadas, as quais os paciemes se sentem pressionados
ao tratan1ento, mandando que retomasse dois meses mais tarde. Até lá› rccomendeL à sexualidade, acrescentam-se por u'ltimo dnis novos fatores. Em primcíro lugnr. o
não devia preocupar-se nem com a capacidadc nem com a incapacidade de obter o valor de não somenos ímportan^cia que a sociedade do dcscmpenho impula à capací-
orgasmo - a respeito do qual voltaríamos a ocupar-nos quando iniciássemos 0 tra- dade de desempenho sexuaL É a pcer prcssure, islo é, a dependecm que 0 indivíduo
tamento -, senão que, durante a relação sexuaL deveria voltar a atenção ao parceim isolado tem de seus semelhantes e dos outros. daquílo que o grupo a que pertencc
E a evolução do caso deu~me inteira razão. Aquílo que esperava secretamente, de fato considera como “in” - essa peer pressurc conduz, de modo tkwçudm à poténcia e ao
aconteceu. A pacíente não retornou ao consultório ao ñm de dois meses. senâo ao ñm orgasmo. E o resíduo de espontancídade, que a pucr prcssure deixara ainda intacto.
de dois dias - curada! Bastou dcixar de'voltar a atenção a si mesma, à sua capacidade é arrancado do homem de hoje pelos prcssurc graups. Pensemos aqui, por exemplo,
ou à sua incapacidade ao orgasmo - em resumoz uma derreflexão -, e entregar-se nas indústrias do prazer e da informação sexuaL A coerção ao consumo sexuaL que
despreocupadamente ao parceíro para, pela primeira vez, atingír o 0rgasmo. elas tém em míra, é apresemada às pessoas pelos hiddcn perstuzders, enquanto os
O que acontcceu? A paciente fora vítima de uma íntenção forçada ao 0r- meios de comunicação de massa tàzcm 0 resto. O único paradoxo é que n jovem
gasmo. Na logoterapia, denominamos a isso hiperintençào. A ela se junta, em de hoje também se presta a seguir os dítames dessa índu'stría, sem percebcr quem 0
geraL aquilo que na logoterapia qualiñcamos de híperretlexão, ou seja, a direçào e manipula, e se deixa levar igualmente por essa onda sexuaL Quem se apresema como
a dedicação da atenção ao ato sexual em si mesmo. A hiperintenção contraída e a inimigo da hipocrísia, deve também atuar ali, onde a pornograña, para não ler seus
hiperretlexão paralisante encadeiam-se, por C()nseguinte, num círculo vicioso no negócios perturbados, se faz passar por arte ou por intbrmaçâa
qual a paciente se viu presa. E como foi possível libertá-Ia dele? Tudo isso se deu Recentemente, apresentaram-se na literatura mais vozes (Ginsberg, Frosch.
pelo que, na logoterapía, se chama derreflexão. Shapiro e Stewart) a chamar a atcnção para o aumcnlo de fcnômenos de impotên-
Voltemo-nos agora à impotência masculina. E aqui devemos perguntar-nos, cia entre os jovens e a referir-se, nesse contexto ~ em total concordância cum o há
em primeiro lugar, o que, nesses casos.', leva 0 paciente a “hiperintentar” sua po- pouco discutido “caráter de exigéncia” -, ao fato de que primeiro a pílula e logo
têncía a ponto de resultar em uma perturbação dela. Nossos estudos aportaram ao também a “w0men,s liberation” jogaram nas mãos das mulheres a iniciativa scxuaL
resultado de que o homem cuja potêncía se encontra prejudicada expcrimenta o Defrontamos logoterapeuticamente a hiperreflexâo com u derreflexão, en~
coito como ulgo que dele se exige e se reclama. Em uma palavra, o coito adquire quamo, a ñm de combater os casos de impotência provenientes da híperínten-
um “cara'ter obrigatóridÍ Quer seja pela obrigação de “prestar-se" ao coit0, que ção patogênica, dispomos de uma técnica logolerapéutica que remonta ao ano
parte da situação dada, quer seja pelo próprio paciente, que programa, por as- de l947.l Quanto a isso, aconselhamos 0 pacienle a não “se ocupar do ato sexuul
de modo programát1'co. senâo a dar-se por satllsthilo com 05 carinhos prelinu'na- Fiz-mc dc irn'lndo, insislíndo quc uo Incnus nu acmnnn scguinlc ubscrvasu
res, no sentido de múluo prelúdio sexual'.' Também sugerimos “ao paciente que sem minhas inhlruçüc"\.. Parssaranbsc um poucus dms c mc chamam ao lclc-
explique à suu parccira quc tcríamos rigorosnmenlc dc proibir, por enquant0, 0 am fonc para mc comunicar quc mais uma vcz nãu cnnwguirum alcrsc au mcu
sexuaFÍ E o pacientc tem de comunicar igualmeme a ela a dispensa dessa proibi- pedid0. Pelo cuntrari0. mnnlinham agnm rcluçôcs scxuaLs nlé mms dc uma
ção. Em scu próprio intcresse, cla deve cvitar de agora em diame exercer quaisquer vcz ao dia. Um anu maís lurdc soubc quc n éxito cnminuava a vingnn
prcssócs dc ordcm sexual sobre ele. Assim que tem lugar essa descarga subjetiva, u Q
Um sexólogo da Califórn1'a. Claude Farris, fcz chcgar até mim um relalo do 1
pacicntc podc *c.xercilar-sc em Íbrmas dc prclúdio sexual cada vez mcnos prelimi-
qual se deprecnde que a intenção pumdoxal é igualmcnlc aplicávcl cm casos dc
narcs, protclando, contudo, 0 quamo possa, o ato sexual propriamenle dito, até o
vaginísmo. Para um.1'p-.1c1'cntc. quc rbra cducudu num convcnm católico. a scxuali-
dia no qual se cncontre frentc ao "1a'il accomplfÍ
dade cra tabu sevcro. Veio em busca dc tratamcnlo por cnusa das forlca dorcs quc
William S. Sahakían e Barbara Jacquelyn Sahakian2 defendem a opinião de
semia duranlc o alo sexuaL Farris a ínslruiu u nàn rclaxur a rcgião gcnilaL scnão a
que os resultados das invcsligaçóes de W. Masters c V. Iolmson conñrmaram ín-
enervnr a musculatura da vngina na medida do posxsích dc modu que scu cspusu
»:p.v:<
leimmeme as nossas. De thta o método de tratamcnto desenvolvido em 1970 por
não conseguisse pcnctrá~la. 0 csposo lbi instruídu n thzcr o que cstivcssc ao scu
u..
Maslers e lohnson lem muims pomos em comum com a técníca de tratamento
alcance a ñm dc vcncer essa rc.s*i.s'tência. Uma senmna mais tardm ambus rclornam
que acabamos de esboçar, c por nós publicada em l947. Ilustremos, a seguir, nossa
para informar~me que, pcla primeira vcz cm sua vidu nmtrimuan o ato scxual
exposiçâo com alguns casosz
ocorrera livre das dores. Não houvc rccidívas por regístra r.
Do mesmo modo que a derretlexão reagc contm a ln'perref1exa'o, a pmibição
Isso mostra, portanto. que cm certo sentidu nño sc dcvc intcnciomr dire-
ao ato sexual acaha com a hiperimenção. No cnlanto, esse nosso “truque" só podc
tamente algo cnmo a díslcnsào, mus se p0dc. por nutro ladn. lcnlnr 0 caminho de
OwWLMm_
ser usado quando ncm um nem outro dos parceiros 0 conhece. O scguinte relat0,
uma intcnção paradoxaL ou seja, da inlençâo nposm à di.s*tcn.~a.1'*o. Rctiro dc um
. 4
nk.,
que dcvo a um antigo cstudante meu, Myron I. Horn, esclarece quão engenhosa~
trabalho de David Iu Norris, um dc mcus alunos califbrnianns. n seguinlc epi-
4
mente precísamos proccder ncssa situaçãoz
sódioz no âmbito de um trabalho dc pesquisa c inves11'gaç.1"o, Norris tevc dc fazcr
'1 wn
Um jovcm casal procurou-mc prcocupado com a impoténcía do cspu- alguns experimentos com pessoas conectudas n um clctmmiógrafo a ñm de medir
so. Sua mulher lhc havia dito rcitcradas vezes quc elc era um amante mí- -lhes 0 grau de distemã0. Entre clas huviu um homem quc rcpctidas vczes Ievnvu
serável (“a lousy lover"), c que agora pemava em procurar outros humens o aparclho dc medição à escala dc 50 microampêrc Ncm com u mclhor dus von-
para ñnalmcnte semir~sc salisfeita. Sugeri que ao longo dc uma semama. tades - ou se deveria dizer pur musa dc uma vomadc lbrçudu. pur musu dc umn
todas as noitcs c durantc au mcnos uma hora, clcs se deitassem jumos, nus, lúperintençãU? -. 0 sujeito COIISCEUÍH dislcndcrsc dc mamcira .'\dcquadn. Até que
c ñzessem n que lhes agradassc; a única coisa não permitida sob ncnhu- o diretor do experimento pcrdcu a pacíêncim “Slcvc, junmis conscguírás dlcançar
ma ckcunslàncm cra que manlivessem rclaçócs sexuais. Uma semana mais uma distensão decentéí Stcvc então cstourou dc raivaz “Cnm os Lliubos lodo csle
tardc, reenconlrci-os. Tinham tentado, disseram~me. seguir mínhas instru- palavreado de dislensà0. Estou me 11'xando. sc o scnhor qucr sabcr!" Após u que
ções, mas, “infelizmente',' por trés vezes acabaram chegando ao alo sexuaL a agulha do aparelho desccu de 50 pA para 10 pA - c com tama vclncidudc quc o
diretor pensou que a energia elétrica linhu cuídu
" Willinm S. Sahakium Barbam Iacquelyn Salmkian, “Logotherapy as a Personality Thcory." Ismel
Annals ofPsyrhialry, n. lO, 197Z, p. 230.
5
A vontade de sentído
mesm.1. a um prazer em si n1esmo. Como estava certo Kierkegaard ao añrmar que F im Efcito
a porta du felicidadc sc abrc para fora e que, quando alguém tema arronlbá-la. nào
fnz mais do que fechá-1a.
Ml//ciu
Mmivo Efcito
__--___-›
que 0 homem só é capaz de realizar-sc à medida que cumpre um sentida O impe- não cxislc mais ncnhum mnlivo pnra sc csmr s.c'.\uulmcmc lullu'do. E tcnws 0
ralivo de Píndaro, .s'cgundo o qual o homem deve tornar~se qucm ele é, requer um podcr - basta lão smncnlc lançarmm um nlhar suhrc us pulíliCm '.\nwric.mos,
complemcnto, que encomro nas palavras de Iaspersz “O que 0 hnmem é, 0 é através quc cstrcmeccm diantc da jovcm gcruçàu. comn sc cxuwçxsun a cunfromar a
da coisa que faz sua'.' Como o bumerangue volta para o caçador que 0 arremessou, Guarda Vcrmclha da Chi|1a. Mas Framkl dil quc .1.~ pcssms vivcm huic cm um
quando fhlha o alv0. assim também só propende para a autorrealização o homem valiiu cxislcncíaL c quc csw vazio c.\'i›tcncial sc manífcsLL solm~ludu, pulu lédiu
quc, anles de tud0. fracassou no cumprimento do semido, e que talvez nem sequer Tédio - isso sua, cnmudo, imcimmcmc ditbrcmm não é mcsmo? Muilu mais fu~
tbssc capaz de cncontrar o sentído que vale a pena realízar. nu'liar. não é vcrdade? Ou n scnhur conhccc puuquissinms pcssms au scu rcdur
F
70
72
74 0 SÚFRIMENTO DE UMA VIDA SEM SENTIDO “ (› \I-N I Ilm hu sol RIMI NYU ".'\
disposiçâo com que lida contra essa doença. Em uma palavraz o que imeressa é Com esse par de calegorias, contudo. o Homo puliens colnca~sc vcrlicalmemc
a atitude adequada, o sofrimento sinccro de um destino auténtico. O modo de na linha da ética do êxim, uma vez que a realimçào c o duscspem pcrlcnccm a uma
suportar o sofrimento neccssário encerra um pnssivel sentido. É o que nos faz re- outra dimensào. Dessa dikrença dimensinnal rcsulla uma superioridadc igualmcn-
cordar aquele poema de Iulius Sturm, que Hugo Wolftão bem musicouz te dimensionaL porque 0 Homo paticns podc realiln'r-5c. ainda. nu mais agudo in~
sucesso ou fr.1-casso. A expcriôncia então mostra que a realização e o insuccsso sáo
Naite após Iwitc vêm a alegria c a d0r.
perfeitamente compall'vci.s", não dilbrcnlc llO éxito em rclaçào ao descspem Mas
E untcs que se perccbu aband0nun1-nus as duas
isso não deve ser comprecndido apenus a purtir da diíbrcnça dimcnsional dos duis
E vãn conlara Dcus
pares de categorias. Sem diwidaz sc pmjctá.sscmos o lriunfo do lwmo puücns. seu
Como as suportamos ao dizer-Ihcs adeus.
cumprimento de sentído e sun autorrca1izaç.1"o no sofrinlenlo. na linha da ética do
Porque assim é, efetivamentez o que importa é como se suporta o destíno logo êxito, ler-se-ia então de represcnlá~lo puntualmcntc sobrc a busc da dilbrença d1'-
que nos escapa das mãos. Em outras palavrasz quando não é mais possível moldar mensionaL quer dizer, semelhante a um nad¡1,a um absurdo 1'mponc¡1te. L"m outras
0 destino. então se faz necessário ír ao encontrp desle destino com a atitude certa. palavrasz aos olhos do Homojàbcr o triunfo do Homo paticns é loucura e cscândala
Fica clam agora com que direito Goelhe póde añrmar: “Nã0 existe nenhu-
ma siluação que não possa ser enobrecida seja agínd0, seja aceitanddÍ SÓ que po- Rcal imção
demus completá-lo: a aceitação, ao menos no sentido de que csta nos faz suportar
um s.'ofr1'mento de forma correta e leal a um destíno autêmico, é por si mesma uma Êxito + Frncasso
ação - maís do que isso, a maís elevada ação c a mais elevada realí'/,aça'o permiti~
da a um h0mem. E compreendemos igualmente as palavras de Hermann Cohen: Dcscspcm
“A“ suprema dignidade do homem é o sofrimentdÍ
Tentemos agora responder à seguinte perguntaz por que o sentido que 0 ho- Em tudo isso, ñca~nos claro quc a possibilidndc dc rcalimr valorcs crinlivos.
mem pode encontrar no sofrimento é o mais elevado de quantos podemos conce- ou seja, de lomarmos as rédeas du deslinu por mcio dc umu uçào corrcla. assegu-
ber? Bem, os valores de atítude m03tram~se aqui mais excelentes do que os valores ra a primazia sobrc a nccessidadc de accitar 0 dcslinn com u miludc correla. ou
de criação e de vívêncía, enquanto o sentído do sofrímento é superior, dimensio- seja, de realizar os valores dc at1'tudc. Iãm sumaz mesmo quando a possibilidade dc
nalmente, ao sentido do trabalho e ao sentido do amor. E por que é ass¡m? Parta- sentido que sc encerra no sofrimenlo c'. scgundo uma cscala dc vulorcs. supcrior
mos da ideia de que 0 Homo sapiens se articula no Homofaber, que cumprc seu à possibilidade de sentiducn'.'1d0r,qucr di7.er, por mais que a primnzia corrcspom
semido existencial ao criar; no Homo amans, que enriquece o sentido de sua vída da ao sentido do sofr1'ment0, a prioridade recai sobre 0 sentido criudor: dc íhta
ao experimenlar, ao encontral o outro e ao amar, e no Homo patiens, 0 homem aceitar um sofrimento que vem neccssariamentc murcudo pclo dcsn'no, um sofri-
que sofre e rende serviço ao sofrimenta O Homojàber é aquele que podemos com mento desnecessár1'0, não scria nenhum scrviço, scnão atrevimento. O sofrimcnto
desnecessário é - para usarmos uma exprcssào de Max Brod - uma desgraçn “or-
razão chamar de um homem de éx1't0; conhece somente duas categorias, e só nelas
pensaz 0 sucesso e 0 fracassa Sua vída agita-se então entre esses dois extremos, na dínária” e não uma "nobre" infe11'cidade.
linha de uma ética do êxito, ao contrário do Homo patíensz as categorias deste não Como se rctletem então essus relaçócs no quadro da prática médicaf ch,
o que aqui foi dilo equivaleria a añrman por cxempkn quc um carcinumn passível
são o sucesso 0u 0 fracassa mas a realização c o desespem
lb 0 SOFRIMENTO DE UMA \'IDA SFM SE\.'Tll)() ' u xl NTIDU Dn SOPRIMENTo
de uma intervcnção cirúrgica não é uma doença cujo sofrimento lenha sentido. Não podín ncm um pouco mudur o dcslinm mns tinha mudadn dc ntiludc! 0 dcs~
Pclo contr;1'rí0, lratar-se-ia de um sofrimento inúliL O adoentado leria que recor- tino lhc linha retirado a possibilidadc dc cumprir um scnndo alravés du nmon Mas
rer à coragem de submeter~se à 0pcração. enquanto aquele quc se defroma cego lhe reservara a possibilidade dc adolar, dianle dcssc dcsnna a atiludc adc~quada.
de fúría com um carcínoma incurável a ser operado deveria recorrcr à humll'dade. Ou poderia citm a carla quc mc cscrevcrmn os prcsidiários da pcnilenciária
E tampouco são as dores, em geraL um sofrimento supe'rf1u0, uma necessidade da Flóridaz “Enc0mrei 0 scntido de minha vida .'lg(›m. aqui na prisào. c só lenho de
irremediável do dcstinu. De fato, é scmprc possível dentm dc limites mais amplos esperar algum tcmpo até ter a oportunidadc dc rcpurar tudo n quc ñL c de fazcr
atenuá-las. A renúncia hcroica à narcose ou à anestesia locaL ou também, no caso tudo melhorÍ O 11L'1n1er00-19246 c.s'creveu›me: “Aqui, na prisãa não faltam oportu~
de uma doença impossível de operar, a renúncia a um medicamento sedativo, nidades de se fazer alguma coisa e dc se crcscer além dc si mcsmo. Tenho dc dizcr
não é para qualquer um, ainda que estivessc ao alcance de Sigmund Freud. Ele que de algum modo sou mais feliz como nuncu fui'.' IE u númcro 552›022 escrcvcuz
se permitiu renunciar, de modo heroico e até o ñm, a lodo tipo de analgésicos -
Prezado duulor! Nos últimus mcws um grupo dc prc.~.(›s \'cm lcndo scus
literalmente "pcrmitiu-se” renunciar (como é sábio o idioma!). No entanto. não
livros e tem esculado suas gravaço'cs. Quc verdaldc csl.1: quc sc possa lnm~
é a qualquer um que se pode exigir tal renúncia. Náo cumpro nenhuma renúncia
bém cnconlrar no sofrimcntn um .scmido... De ulguma muncira posso dizcr
válida, se renuncio por capr1'cho, a tudo aquilo que poderia .'mes.'tesiar a dor.
que a minhn vida comcçou agurn ~ quc scnlimcntu cspléndidnl É cnlcrnc~
O médico tcm frequememente oportunidade de observar como um pa-
cedor vcr comu mcus irmàos, cm n0.sso grup(›. cnchcm ns olhos dc lágrimas
cientc faz uma mudança de rumoz passando da possibilidade de dar um sentido
ao pcrceber quc sua vida, aqui c agnrm ganhou um scmídn quc anlcs c0n~
a própria vida com a atividade - po.s*sibilidade que está em primeiro plano na
sidcravam impossích 0 quc aconlccc aqui chcga a scr quasc um milagru
consciência habituaL na exísléncia quolidiana - à necessidade de realizar 0 sen~
Homens quc ames sc scntiam dcaamparados c dcscqwrados vccm agora um
tido da própria cxisténcia através do sofrinmnto. a aceitação de um dcslino dolo~
novo semido em suas vidas. AquL ncsta prisãm govcrnada pchs nmis rígidas
roso. Dispomos aqui de um caso concreto quc nos permite mostrar como não só
mcdidas de segurança de loda Flúridu - aqui, a somcnlc um ccm mctms da
a renúncia ao trabalho e à possibilidade de sentido nele existente mas também a cadeira clétrica -, prccisnmente aqui us nossus sonhos turnamm-sc vcrdu~
renúncía ao amor pode levar o ser humano a perceber que esse empobrecimento dciros. Estamos à véspcm dc Nulak nms, pma nós. a logotcrapin .s'ignih1*n a
também nas possibilidadcs de sentido imposlo pelo destino traz em si ainda PáscmL Sobre 0 Gólgmu dc Auschwitz lcvunla-sc. ncsta nmnhà dc Páscuau U
possibílídades mais altas de sentídoz soL Que novo dia se aproxima de nós!
Recorreu a mim um médíco idoso. que. por muito tempo. exercem as fun›
çócs de clínico geraL Um ano ames falecera sua esposa, a pcssoa que amava mais
do que tud0. e não conseguia, no entant0, afastar a dor da perda. Perguntei a esse
meu paciente, fortemente deprímíd0, se já havia refletido sobre o quc poderia ter
acomecido se tivesse falecido antes da esposa. "Nem pensar',' respondeu. "minha
mulher teria ñcado totaJmente desesperada'.' Só precisei então chamar-lhc a aten-
çãoz "Veja 0 senhor, tudo isso acabou por poupar a sua esposa, ainda que ao preço,
sem du'vida, de que seja o senhor quem deve agora suportar a saudadeÊ Seu sofrí-
mento adquiriu um semído naquele mesmo instantez o sentido de um sacrifício.
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Pastoral me'dica
Podemos qualíñcar aquclcs casos untcs citados como uma pastoml médica.
uma pastoral com que se confronta o médico dialrmmentc em suas consulta~›, c quc
represema um dever legítimo no âmbito das atividades médicas. "Pasloml médica" é
0 objeto do proñssional que tem de lidar com doenças incura~'vc¡'s, do genatra quc sc
dedíca aos idosos enfermos. do dermatologism quc sc ocupa dc pcssoas desñgum-
das. do ortopedisla que cuida de pessoas com deformidndcs locomotoras ou até do
cirurgião, obrigado muitas vezes a mulilar um pacicnte pur causa dc uma intervem
ção cirúrgica. Enñm, todos aqucles que trubalham com pacicntcs quc se encommm
diame de um destino que não se pode allcrar ou que é, talveL ineviláveL L~' nessas
situaçóes, naquelas que não se pode mais~ curar e ncm sequer mitigan resta-nos so-
mente o recurso ao consolo. Que isso vem a propósito du ofício médico pode ser
testemunhado pela inscrição que ostema a entrada pn'ncipal do Hnspital Gernl de
Viena, e com a qual o impcrador Iosé ll dcdicou ao público cssa instituiçáo hospitn~
lar: saluti et solatio aegrorum - não apenas curar, mas mmbém consolar os cnfcrnms.
Encontramos também uma indicação semelhanle na disposição regulamentar da
American Medical Associationz “O médico deve igualmente conforlar u alma. lsto
não é de modo algum uma tarcfa só do psiquiatraL É, muito 51'mp1esmenle. tarctà de
todo médico que pratique a sua proñssão'.' Ev1'dentemente. é possível ser médico sem
se preocupar com i550; mas aqui valc entào 0 que dixs;e. num comexto ana'log0, Paul
Dubois: a única coisa, a saber, que os dite'rencia de um veterinário. é a clicnlela.
HZ U \.()I'l'\ln\1lN.'H) l|l L'\.l \ \ HH H~M Sl N l'l[!() -< l'\'~›4m\1 \II||1( k n
cspírila Abstraímos aqui dos extremismos da noossomál1'ca, como aquele que añr- Em vcz de íllzcr uqui considerawócss lcóricaxm gosmria muilo mnis dc rcporlabmc
ma que um cànccr represema não apenas um suicídio inconsc¡'emc, senào, direta~ a expcriéncius prátiwsg purlicularmcmc a cxpcriências concrclas e rcaisz umJ di.1.
mentc, uma execuçào inconsciente da pena capital por algum complexo de culpa. tapei com uma scssào de tcrapiu de grupo organilñada por mcu ass¡'slcntc. 0 Dr. K.
Aindu que o homem seja um ser essencialmente espirituaL não deixa de Kucourek O grupo discutia 0 caw dc uma mulhcr quc acnbara dc pcrdcr o ñlhn
ser uma criatura ñnita; essa limilação reílete a condição do ser humano, que é só de onze anos, vitímado pnr uma '.\pcndícilc agudm rcst:mdn-Ihc um ñlho dc vinlc
facultativamcme incondicionad0, mas quc, de falo, permanece condicionado. Por anos, que sofria dc parulisía ccrchral c prccisuva nwvcmc numa cadeira de rnd;¡s.
conscgu1'nte, a pcssoa espiritual não pode impor-se incondícionalmente - atra~ A mãe havia tcntado 0 suicídiu Lx pnr comcgun'nle. fum conduzida c imernuda cm
Vés das camadas psicoñsicas, Nem sempre é perceptível a pessoa espiritual através minha clínich Inscri›me na discussñu do C¡1S0, escolhcndo do grupo uma jovcm a
dessas camadas, nem tampouco operantc. É certo que o organismo psícofísico é o quem dc improvíso pedi que se imaginassc aos oitcnln anos. próxima da n10ne. c
conjumo dos órgãos, dos 1'nstrumenlos, ou seja, dos meios para um ñm; mas esse que lançasse um olhar retrospcclivo sobrc a própria vida. uma vida cheia de pres~ A1
mcio é inleiramentc sombrio em rclaçâo à sua função exprcssiva e inteíramente tígio sucial c succsso amor0$0, mas também nada maús du que issuz
indoleme em relação à sua função inslrumentaL
O quc dirias u ti mcsmu? 'l'ivc ludu dc hom na vidu. fui ríuL n1imada. dci›
É verdade que toda docnçn tem um “selnlid0"; mas 0 semido real de uma
xei os homcns loucos dc p.-u'xào, cnquanln llcrmva cmn clcsn c n.|'(›.1h.1ndom-i
doença não está ali onde 0 procura a ínvcstigação psicossomátíca - não no “que" do
nenhuma tbrma dc prazcn Mas agum csluu vclhm nàu livc íilhus c lcuho dc
eslar doente, antes no “como" do sofrimento; e assin1, p0is, é um sentido que já deve
admitir quc, rigorosnmcntc tMauIdm minha vida lbi um fracassm viatu quc
estar dado na docnça, e isso acomece sempre que o homcm sofrido, o Homo patiens,
não posso lcvnr nnda comigu ao túmula Pam que cstivc nn mundo?
cumpre no sofrimemo autênlico, e marcado por um deslino autênt1'co, 0 sentido
possível de um sofrimemo neccssar'io e inevítáveL Mas não cabe ao médíco designar Convidei emão a mãe do dcñcíemc físico a COIOCJFSC na mesma situação e
esse sentido mediaute inrerpretações psicossomáticasz que nos dissesse 0 que pensava:
A esse respe1'to. é evidente que o “que” do estar doente também possui um
Eu scmprc descjei ter ñlh()s, c cstc meu Llescjn rcdl'il.'ou›se. O mais jn-
sentido. Trat.'1-se, todavia, de um suprassenñdo, isto é, de algo que ultrapassa todo
vem fuleceu. c ñquei sozinhu com o mais vcllm Sc nâu fosse cu. o quc lhc
o senlido de comprecvnsão humana. É algo que se encontra além dos límites de
leria acontccido... provávcl que tivcssc xido lcvudu a uma ínsliluíçào pam
toda temática psicoterapêutica legítÍma. A ultrapassagem desses limiles, a ten-
deñcicntes mcnmis; mus cra cu qucm csmva ali c pudc ajudáJo n faurwsc
tativa persistente de tbrjar uma patodiceía ou, até mesm0, uma teodiceia, leva 0
homan Minhu vidu nãn foi umjrAucusm É posmívcl quc tivcssc sidu diliuL
médíco ao fracassa No mínimo, levá-lo-a' a um embaraço semelhame ao daquele
havia muims larcfus pura cumprir, mus conscgui .s'upcr¡í-I.Ls c tornar a minhu
homem que, indagado pelo ñlho até que ponto Deus é amor, respondeu-lhe com
vida plcna dc scnlida Agora posso morrcr cm paz.
um exemplo: “Bem, foi Ele qucm te curou do sarampdÍ Ao que o ñlho replicouz
“Sim, mas primeiro me envíou o sarampdÍ Somcmc emrc soluços cla conscguíu prolbrir cssas pulavras. Pudcram delas
Assim, o médico deve conhecer não só a vontade de sentido, senão 0 sentido então tirar os outros pacientcs a lição de quc 0 que impurlu nào é tumo que a vida
do sofr1'memo, e, nesta época de dúvida quanto ao sentido, é maís do que nunca de um ser humano seja do|0rosa ou pruzcrom mas que scja carrcgada dc scntidu
Logoterapia e religião1
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Para a logoterapia, a religião pode scr um objeto « não umu posiç.1-'o. A rcli-
gião é um fenómeno do homan do p.1'cicnlc, um fcnômcno cntrc oulms fen(›1ne-
nos que cnconlra a logoterapia. Nu cmanm pura a lugmcrup¡'u, tunlo a c.\1“slc'ncia
religiosa como a irreligiosa são, cm pr¡ncípí(›, fcnômcnos c0c.\'islcnlcs. Em oulras
palavras, a logotcrapia devc assumir pcruntc clcs uma aliludc ncutnL A logolcrapia
y ~.,
deve cuidar para que seu método c técnica (Iog<›lcrapéuticos) scjam aplicudus a to-
.4. x
* Confcréncia pmferida em l964. organizada pcla Sociedadc “Medicina e Paslornl" de StuugurL n(›
Colóquio de Elmauen
MI 0 SOFRIMENTO Dh UMA VlDA SIÉM ShNTIDU 'l IUGOTTRAPIA F RHIGHO
dizer, mais abrangenle do que a dimensâo na qual sc move a psicotcrap1'a. PorénL pacientes. Senlimo~nos iguulmcntc satisfel'ms dc quc não se aprescntc Dcus cnmo
esse avunço numa dimensão clevada não se dá no conhecimemo, mas na fé. um “nada mais que" uma ímagem~de-Pai e a religiãn como um "nada mnis quc"
Se pretendcmos agora determinar a relação da dimensão humana com a di- uma neurose da humamidadtx nem de quc os rcb3ixc. assinL aos olhos do pacicntc.
vina. ou seja, com n dimensão supra-humana, devemos entâo recorrer a um símbo~ Ainda que a rclig1'.1'-o, como dito antcriormente, não scja para a lngolcrapia
lo da proporção áurea. Como se sabe, essa proporção matemática preconiza a ideia mais do que um objcto, ela. contudo, Ihc ó muíto cara. c pur uma razão muito sím›
de que a parte menor sc rclaciona com a parte maior assím como a parte maior plcsz no contcxto du logotcrap1'a. logos signiñcn cspírito c, além disso, scnlida Por
com o todo. Como também se sabe. 0 animal vive no ambícnte da própria espécie, espírito entendemos a dimensão dos íbnómcnos cspcciücanlcmc humanos. e. em
enquanto 0 homem “tem o mundo" (Max Scheler); mas o mundo humano se rela- contraposíção ao reducionismm a logotcrapía sc rccusn a reduzi<los a lbnómcnos
ciona com o mundo sobrenaturaL assim como o mundo animal se relaciona com 0 sub-humanos ou a dcduzi-los destcsx
mundo human(›. O que quer dizerz do mesmo modo que o animal nâo é capaz de Na dimensão especificamcntc luumma lmvcriamos dc luculiznn cntrc
entcnder, a partir de seu amb1'entc, o homcm c o seu mundo, tampouco é possível 0 oulros. os fenómcnos da aututranscendéncia dn exislência cm direçãu ao l0-
homem lançar um olhar no mundo superior. gos. Com efeito, a estlência humana aponta scmprc pnra além dc si mcsnm',
Tomemos o exemplo de um macaco em que sc aplicam injeçóes dolorosas aponta sempre para um sent1'do. Ncsse aspcclm a cxisléncia não é para o ho-
com o íntuíto de obter um soro capalz de curar numemsas doenças. O macaco pode mem um empenho pelo prazer ou pelo podcn nem tampoucu pclu aulorrcali-
compreendcr por que tem de sofrer? A partir do seu ambiente ele é incapaz de com- zaçã0, mas antes pclo cumprimcmu dc um scntída Na logotcrapia lhlamos dc
preender as intençócs do homem empregadas em scus cxpcr1'n¡entos, uma vez que o uma vontade de sentid0.
mundo humano lhe é ínacessích Ele não alcança esse mundo, nâo consegue penetrar Uma vez que podemos detinir 0 homem como um scr responsách 0 ho-
em sua dímensão; não podemos entào supor que 0 mundo humano é também, por mem é responsável pelo cumprimento de um scmid0. Contudo, em vez de ta'zcr-
seu tum0, superado por outro mund0. que, por sua ve/.', não é acessível ao homem, mos a pergunta do “para que" na psicotcrapi.'1, é preciso colocar-se c deixar em
um mundo cujo sentido, cujo suprassentid0, é o único capaz de dar semido à sua dor? abcrto a pergunta do “dianle dc que" dc nosso scr«rcspL111s."d'\“Ll. prcciso deixar ao
No entant0, o passo executado pcla te" na dimensão supra-humana funda- pacienle a decisão de cumo imerpretar o seu scr-rcsponsávch como ser~respon-
menta~se através do amor. Em princípio, isso é uma realidade bem conhecida. sável diante da soc1'edade, diamc da humanidadu diantc da wnsciéncia ou diante
Menos conhecido, contud0, é 0 fato de que para essa realidade existe uma pré- não de algo, mas díante dc alguém, diante do divino.
-formação infra-humana. Quem já não viu um caclwrro que, conduzido ao vete~ Poderia levanlar-se a objeção de que não sc deve dcixar ahcrtu cssu pergunta
rinário e submetido a um tratamento doloroso em seu benef1'cio, clevou 05 olhos do “diantc de que" do scr-re.s*ponsávcl d(› paci011t0. Scnãu quc u rcspostu seja dadu
cheios de conñança para o d0no? Sem poder "saber” qual sentido deve ter sua d0r, já há muim tempo sob a forma de revclaçã0; a prova. purénL claudicn. Cmn eíc"i-
o animal “acrcdita),) enquanto conña em seu d0no, ele cré exatamente porque 0 tu, essa aponta para uma petitio principiL uma vcz que 0 fmo dc quc reconheço a
ama - sit venia anthropomorphismo. revelação enquanto tal prcssupóc sempre uma decisão dc te". Não thria o mínimo
No que diz respeilo ao "passo para a dimensão supra-humana'l não podemos efeit0, portanto, sc diante de um incrédulu se aludissc ao 111to de que cxisle uma rc›
forçar o homem, muito menos pela psicoterapia. Sentimo-nos já satisfeitos de não velação; porquc se o paciente a aceitassc como mL 10rnur~se~ia enlão um crc'dulo.
encontrar a porta do supra-humano bloqueada pelo reducionísmo seguido por uma A psicoterapia deve mover-se, portanlo, aquém da fé nn rcvelaçãu, e a per~
psicanálise mal compreendida e vulgarmeme m'terpretada, e logo apresentada aos guma do sentído deve dar uma resposla aquém da linha que sepura de um lado a
'J l(\(¡0HR^l'lA E RHJGÍAO l9
HB 0 SUILRIÀÍPNJTU l)]- l \.1.\ \'H)z\ SLM M \.H|)()
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mão, um ser voltado para o sentido, meshlo que ainda não o conheçaz existe. existênciiÍ Ludwig Wittgcnstein utbrecenos u scguintc deñniçãoz “(Ircr cm Dcus
de qualqucr modo, algo assim como um conhecimento prévio do sentid0. Um signiñca ver que a vida tem um sentido" (Diu'ric›s. l914~ 1916). Em todo cas0, po~
-›:
1d_~4›~". \-
de-sc dizer que a logoterapm - que é scmprc c primordialmeme uma psicotcrapia e
mos "vontade de sentiddÍ Quer ele o queíra ou nã0. quer ele o admita ou não, que, enquanm taL pcrtcnce ao âmbilo da psiquíatria e da medicina - está legítun'a~
o homem crê num sentido até seu derradeiro suspir0. O suicida também crê da a ocupar-se não só com a “v0ntade de scnlid0'.' comu a lugotcrapia o dcsigna,
num semído, aínda que não de vida, de continuação da vída, mas ao menos no mas também com a vontade de um sentido últímo, com um suprassenlida como
_.:~z=-.w_
sentido da morte. Se não acreditasse realmente cm nenhum sentid0, não teria costumo chama'-lo; e a fé religiosa c'. aíinul de contas, uma te" nessc suprawsemido ~
. .~ - ~.- Aa a'_.;-4~l.-
tbrças sequer para mover um dedo e, portanlo, cometer 0 suicídi0. uma conñança no mlprasscntidu
Vi morrer ateus convictos que durante Ioda a vida se horrorizavam com a É verdade que a nossu concepção de religião tcm. considerand0-a de ma-
crença em “um ente superíor” ou em algo semelhante, em uma acepção dimensio- neira afetuosa, muito pouco que ver com a estrcitczn conteÃssionaL c sua conse«
nal do Sentido elevado da vida. No entanto, no leito de morte, tíveram algo que não quéncia, a miopia religiosa, que tende a vcr em Deus um entc que só se intcressa,
foram capuzes dc viver ao longo de décadasz testemunharam uma segurança fundamcnlalmente, por istoz o númcro dc pcssoas que Nele acredile dcve ser
não só contrária à sua concepção de mundo, mas que também não se pode 0 maior possích e, a par disso, exammentc como prescreve uma delerminada
intclectualizar e racionalízar. De projímdis irrompe alg0, impõe algo, aflora uma conñssão. Pessoalmente, não consigo imaginar quc Dcus possa ser lào mesqLu'-
confiançu ílimitada que não se sabe 0 que ou contra 0 que se manífesta, nem tam- nh04 Não consigo igualmente imaginar, como algo sensalq que uma ígreja me
pouco em que ou quem conña, mas que resisle ao conhecímento do infauslo prog~ exüa que creia. Também não posso qucrcr crer. do mcsmo modo que nào posso
nósticu Quem bate nessa mesma tecla é Walter von Baeyer, quando escrevez obrigar-me a nmar ou, do mesmo modo, obrignr-mc a ler esperança. ainda mais
quando sei que isso é inútiL Há coisas que não se dcixam lcvar por um qucrcr
Detemo~nos nos pcnsamcntos e observaçóes pronunciados por Plu"gge.
ou não querer ~ lumpouco se dcixam produzir por meio de uma c.\'ígéncia ou
No emanto. em tcrmos objeliv05, já não existe mais nenhuma esperança.
por meio de uma ordem. Para aprcsentar um simples excmplo2 não posso rir por
O doente que conserva plenamente sua Iucidez deve ler percebido há muito
0 snl klMl NlU DL L'\.|›\ \'IDA 51 \.| NJN l'|lN) v Il3tul||l|(\|'l\í RllthÀÚ Il
meío de uma ordem. Se alguém deseja que eu ria, lem emão de se esforçar para que gnzcmus de pr().s'pcridndc, null'os, contmlo. padcccm dc carcslia. Gnlamus dc
me contar uma boa piada. |ibcrdade. mas ondc sc cncontra a rcspnnsubilidadc para com os dcmai›? An Iongo
E de maneira análoga acontece com o amor e a fé; amor e fé não sc deixam dos séculos. a lnunanidade vcnceu os obstáculos a favor dc uma fé cm um Deus
manípular. Como te'nómenos intencionais que são, só se manífestam quando se dá único. do n101wteísmo, mas onde ñca o conlwcimcnlo de uma humnnidadc u'nic.1,
um conteúdo e um objeto adcquados. um conhccimcmo quc gostarin dc dcnominur monantrupisnw? O conhecimemo
Certa ve7,, fui entrevistado por uma repórter da revista americana Time, que em torno da unidadc da humam'dndc. uma unidade quc rompa todas as difcren~
me pergunlou se a tendência da época era de afastamento da religiãa Respondi ças, quer da cor da pcle quer da cor dos partidom
que a tendência não era afastar-se da relig1'ão, mas, sim, daquelas conñssóes quc
não tinham outra coisa que thzer senáo lutar entre si e atiçar os ñéis uns contra os
oulros. A repórter perguntowmc enlão sc isso qucria dizer que, mais cedo ou mais
._ ._ ,.
larde, se chegaria a uma religião unívcrsaL 0 que de pmnto neguei. Muito pelo con-
.
trári(›, disse. Caminhamos, muito mais, cm direção não a uma religião universaL
mas a uma religião pessoal - profundamente personalizadm uma religiosidade a
partir da qual cada indivíduo encontrará o seu próprio idioma, pessoal e originaL
ao se dirigír a Deus.
-.»,_ A_4
Mas isso nem de longe signiñca que não haverá mais rituais e símbolos co-
lctív05. Existe igualmeme uma pluralidade de idiomas e, no entanto, não há para
muitos entre eles um alfabeto em comum?
De uma forma ou de 0utra, em sua d1'versidade, as religióes sc parecem com
os diferentes idiomasz ninguém pode dizer que o seu idioma é superior ao dos
demais - em todos os idiomas o homem pode aproximar~se da verdade, da única
verdade, e em todos os idiomas pode ele cnganar-se e até memixz E, assim, pode
também encontrar, por meio de qualquer religiâ0, a Deus - ao úníco Deus.
Resta~nos perguntar se, cm geraL se pode falar de Deus, c não antes com ele.
A frase de Ludwíg Wittgensteinz “whereof one cannot spcak, thcreof one must be
silent” - sobre aquilo que não se pode falar, deve-se sílenciar - não só podemos
traduzir do inglés para o alemão, mas também do agnosticismo para o teísmoz do
que não se pode falar, a este se deve rezar.
Hoje em dia os paciemes dirigem-se ao psiquiatra porque duvidam do sen-
tido de suas vidas, ou porque sc desesperam de não encontrar scja que sentido fon
A dizer a verdade, nínguém pode queixar-se, atualmente, de que falta um semido
à vida, visto que só precisa alargar 0 próprio horízonte para perceber que. ainda
94 0 SOFRIMENTO DE UMA VIDA SEM SENTIDO IO A CRÍTICA DO PSICOLOGISMO DINÀMILO 95
Iá na añrmução dada, implícita na indicação à qual se entrega a associa- psicanalítica dos acontecimentos passados. lsto é, ev1'dentementc. ir longe dcmais;
çã0|1'vrc.de que é permitido entrcgar-se ao jogo livre da própria imaginação. contud0, não menos evidente é a resposta do analista nova-i0rquino ], Marmor~'
há uma tal dec1'sãn,quc está longe de ser evidcnte, sobre o poder e o dever do quando chama u atenção para o hábito que todo analista tem de ínlerpretar toda
homem; csta conslítui cm si mcsma uma resposta parcíal à pergunta sobre o crítica à sua pessoa ou à psicanálise como expressão de uma resistência por parte
que é o homem e qual scja 0 scu ideal c o seu ñm.' do paciente. Gostaria, neste ponto, de ir mais longe ao submeter à Vossa reflexão
o fato de que o fenómeno contrário da resisténcia, a saber. não uma transferém
Bem, um homem de tão reconhecida reputaçã0, como 0 conhecido psica-
cia negativa, senão uma positiva ou - se devo assim me expressar ~ a auséncia
nalista Emil A. Gutheil (Nova York), editor do American Iournal ofPsycotherapy,
de resistência do paciente. traz em si uma atitude acrítíca perante a psicanálise.
eleva sua voz admoestandoz
Isso pode ser apropriad0, portanto, à análise d1'dáu'ca. 0 psicólogo londrino H.
Hoje em dia são poucos os casos de pacientes cujas associações são re- ]. Eysenck declarou, de maneira estr1'ta, que todo aquele que se submete a uma
almente espontâneas. A maíor parte das associações que 0 pacieme produz análise didát1'ca“torna-seincapaz de julgar objetivamente e de um modo absoluta-
no curso de um tratamento prolongado são qualquer coisa menos "!ivres"; mente imparcial as concepções psicanalíticas'.' “Quando o psicanalísta añrma que
muilas vezes são avaliadas para transmitír a0' analista determinadas ideias. 0 'psiquiatra com formação purameme teór¡ca' que não tbi ele mesmo analisado,
as quais o pacieme supõe que são bem›vindas ao analista. Em tais casos, não pode, apesar da melhor boa vontade, interpretar psicologicamente de maneira
os pacientes trazem à tona um material associativo previamente calculado, correta, então é chegado o ponto em que o diálogo cientíñco se enccrra, scndo
ou seja. determinado a agradar o analista. Aparemelnente, os pacicnlcs da substituído por uma decisão de fé“ - explica H. ]. WeitbrechL Durante a discussão
psicologia adleriana sofrem somente dc problemas de poder, e seus conflitos cientíñczu 0 partícipante não analisado é íntimidado com o recurso à censura, sob
o título de “na'o-ser›analisado',' e, portanto, incapaz de tomar parte na discussão,
encomram~se, ao que parece, exclusivamenle condicionndos pcla ambiçã0.
senão que também se manipula, de maneira anál()ga. a opinião pública à medida
pela aspiração à superioridade c coisas do gênero. Os paciemes dos discípu~
Ios de Jung inundam seus médicos de arquétipos e de vários símbolos ana- que se inocula no público o sentimento dc culpa. Procede-se assim como se aquele
gógícos. Os frcudíanos escutam dc seus pacientes a conñrmação da presença que é contra a psicanálise fosse de antemão suspeito de scr neurótico ou repressivo,
reacionári0, um antissemila ou até um nacionaLsocíalista.
de complexos de castração, de traumas dc na›c1'mento ou algo equivalente.
É da esséncia do psícologismo extrair, da génese de um ato espirituaL con-
Não seria possível pensarmos que a análise didática ajuda a impedir os juí- clusões sobre a validade de seu conteúdo - em outras palavrasz ao psicologísmo
zos de valor inconscientes? Bem, parece-me que essas análises por sua natureza importa menosprezar algo de modo lógico ao mcsmo tempo que 0 deduz psi-
são mais capazes de contribuir para o surgimento de tais juízos de valor incons- colog1'camente. No caso especíñco de S. Freud, diz H. Kunzz *A( imprudéncia de
cientes. Ninguém aqui precísa ír tão Ionge como William Sargant, que em seu livro Freud ao introduzir 0 psiwlogismo, qucr dizer, o recurso, na luta pcla psicanálise.
A Conquisla da Mcnte aponta para o fato de que muitas vezes a psicanálise se a tendências de lipo desconhecido pode, quem sabe, encomrarse enraizada numa
consídera encerrada quando o paciente acolhe inteirameme para si as opiniões do ànsia extracientíñcãí O ínteresse por motivações psicológicas. diz Dietrich von
psicoterapeuta c se tenha quebrado toda a resistência com respeito à interpretaçâo Hildebrand, ou seja, por saber por que alguém manítewsla uma opin1'ào, faz uma
' A. Gôrres. Metlmde und Erfahrungen der Psychounalyse. Munique, KõseL l958. " J. Marmor, 'Ihe American Iaurnal ofPsychiatry, n. 110. 1953, p. 370.
96 0 SOFRIMENTO l)[<. L'.\|.-\ \'lI)A 5E\.15P\¡”I'll)0 IO. A CRITICA DO PSICOLOGISMO DINÀMKLO 9,'
añrmação, assume um ponto de vista diante de uma teoria - tudo isso suplanta é um mero meio para o ñm, então esta tendéncia ao desvendamento nào é senão
mais e mais o imeresse pela questão de se essa opinião, añrmação ou teoria é ou uma tendéncia a desvalorizar~5e. Perante as árvores das mentiras da vida, o psicó-
não verdadeíra; logo que assim se procede, continua Dietrich von Hildebrand, co- logo, que desvenda, já não vê mais 0 bosque da própria vida, uma vez que a ànsia
meça a propagar-se uma perversão devastadora (“a dísustrous perversion"). de desmascarar, de desvendar. termina por desembocar em cinismo, lornando~se
Para dar um exemploz Sigmund Freud apresenta a ñlosoña como “uma das ao ñm e em si mesma uma ma'scara, a máscara do niilismo.
formas mais decentes de sublimação da sexualidade reprimida, nada mais'Í3 Pode- A u'1tima coisa que a psicoterapia pode permitir-se é ignorar a vontade de
mos entenden destarte, por que Scheler falava da psicanálise como uma “alquimía'2 sentido e, em vez de deter~se díante dela como algo originário, julga'-la uma sim-
segundo a qual seria possível desprender dos instintos coisas como bondade, amor ples máscara, segundo os ditames de uma psicologia que se considera a si própria
etc. Muito menos, añrma M. Boss, aquela que desmascara_. Certa vez, fui procurado por um chefe diplomático ame-
ricano que se encontrava há nada menos do que cinco anos em Nova York sob
se pode deduzir de meros instintos uma existéncia lão exemplar como a que
tratamento psicanalítico. Sentia~se tentado por um único anseioz desistir de sua
o próprio Freud supôs exemplarmeme conduzir. Uma transformação dos
carreira diplomática. No entant0, o psicanalista que o vinha tratando todo aquele
instintos a partir de si mesmos, em um dever humano de veracidade e em
tempo procurava movê~lo a ñnalmente reconc1'líar-se com o pai: o chefe não seria,
um autossacrifícío a serviço da ciência como, por exemplo, se dístingue no
pois, “nada mais” do que uma imugo do pai, e todo o seu ressentimento e rancor
destino de Frcud, é algo que permanece para sempre inimagináveL
provinham justamente de sua luta irreconciliável com essa imagem. A questão
É óbvio que pode haver casos em que a inquietação e a preocupação do importante, se o chefe realmente merecia ser reje1'tado, ou se não seria melhor
homem com o sentído últímo e majs elevado de sua vida, digamos assim, não re- largar a carreira diplomática e trocar de proñssão, não foi colocada uma única vez
presentem “nada mais” do que uma sublimação dos instintos reprimidos, e pode durante todo aquele tempo de tratament0, que consistia numa desenfreada con-
igualmente haver casos nos quais os valores realmente represemem “formações tenda, braço a braço, do psicanalista com 0 pacieme contra aquela imagem Tudo
de reação e racionalizações secundárias'Í Para autores como Ginsburg e Herma, isso como se não houvesse nada que valessc a pena levar em consíderação, como
são, de fat0, nada mais do que isso; mas se trata provavelmente de simples casos se só a pessoa imaginária merecesse atenção e cuidado, e não a real... A verdade
de exceçã0, e. de modo geraL a luta por um sentido de vida é um fator primári0, é que não havia mais nenhuma realidade para antepopse a essa imagem, que se
e mais aindaz a característica mais primária. E, se podemos chamá-la assím, um tinha desvanecido havia muito tempo da presença da dupla psicanalista›pac1'ente.*
constitutivo da existência humana. não existia um chefe reaL nem tampouco um posto diplomático de fato. muito
Pode ser necessário desmascarar e desvendan Mas é preciso parar diame do menos o mundo independente de toda essa imagenn um mundo cujos problemas
auténtico; e esse ofício de desvendar sÓ pode ser um meio para o ñm de fazer sobres- e exigências esperavam uma solução. A psicanálise tinha arrastado o paciente
sair 0 que é autêntico, de distingui-lo do inautêntico e, assin1, fazer que o autêntico para uma espécie de autointerpretação e uma visão de si mesmo, e arriscaria a
se destaque mais ainda. No entanto, onde 0 desmascaramento e o desvendamen- dizerz para uma espécie de imagem monadológica do homem, uma vez que
to se tomam um ñm em si mesmo, onde não se detém diante do auténtico - a linguagem analítica se concemrava excessivamente naquela obstinação irrecon-
o que, precisamente, não se pode desmascarar -, então esse desvendamento já não ciliável do paciente em relação à imago do pai. Mas não era nem um pouco difícil
salientar que o serviço diplomático e a carreíra do paciente lhe haviam frustrado ~
3 Ludwig Binswanger. Erinnerungen arl Sigmund Freud Berna, Francke, l956. se assim posso expressar-me - a vontade de sentido. No momento em que o
100 O SOFRIMENTO DE UMA VlDA SEM SENTIDO
\.\_
.
' "'!¡ .ç¡"- ~, .'-'-°w~›v-':_-..U ':~ .': EL .-' ›'r. '- -.. m- z- -
' Conferência pmnunciada cm língua 1'ng|esn, em 18 de novembro de 1975, com 0 lítulo “A Psychiatrist
Looks al l.i|cralur<.",' n convite do PL"N-Club ImernalionaL
104 O SOFRIMENTO DE UMA VIDA SEM SENTIDO
saco 0 que existe de humano no homem e o que existe de doente nele. Em outras
palavras, o que se nos pede é um diagnóstico diferencial entre um estado psíquico
adoentado e um estado de necessidade espirítual - aquela necessidade espiritual
que resulta, por exemplo, do desespero de um homem diante da apareme ausência › Tornou~se moda em nosso tempo avaliar a literatura não só a partir de
uma perspectíva psiquiátrica, senão, em particular, a partir de uma psicodinâmi~
ca ínconsciente, na qual supostamente se fundamenta. Em consequéncia, a assim
chamada psicologia profunda considera que sua príncipal tarefa consiste em des~
1
de sentído em sua existência ~, e quem poderia negar que estamos a tratar aqui de mascarar as motivaçóes secretas ou reprimidas no inconscieme. O mesmo vale.
um dos temas favoritos da literatura contemporânea? evidememente, para a produção literária. O que disso resulta. quando a obra de
Pois bem, assim se manifestou Sigmund Freud numa carta à princesa Bona- um poela é estendida sobre um “leito de Procusto',' podeis julgar pela crílica literá«
partez uNo instanle em que alguém se pergunta sobre o senlido ou valor da Vida, ria escrita por um dos mais ilustres psicanalistas e publicada numa revista amerí-
está doente. Nesses casos, simplesmeme a pessoa mostra que tem uma carga de cana em uma obra de dois volumes sobre Goelhe2
libido 1'nsatisfeita'Í Entretamo, pessoalmeme. inclino-me a pensar que é justamen-
Ao longo de l.538 páginas. 0 autor retrala um gênío com sinais parti-
lc neste momento que o homem evidencia uma única coísa, a saberz que é um
f
cularcs de perlurbação maníaco-deprcssiva, paranuica c epileptoidc, dc hOA
homem verdadeirameme auténtico. Nenhum animaL porlanto. jamaís se colocou
n1(»*sexualid.1'de, incesta voyeurisnm, exibicionisnw. fetichismo, impmén-
a questão do sentido de sua existéncia. Nem sequer um dos gansos de Konrad Lo-
cia, narcisisn10, ncurosc obsessivu, hlslcr1'a, n¡cg.'\lomanía, elc.
renz. Mas é 0 homem que se aflíge com essa questã0. Não 0bstante, não se deve ver
1<
nela o sinloma de uma neurose; pelo comrário, considero uma realização humana. O autor parece tbcalizar quase exclusivameme a dinámica instintiva que
uma vez que é próprio do homem não apenas perguntar-se pelo sentido da vida, servc de aliccrce à obra artística. Ele nos quer fazcr crcr quc a obra dc Goethe não
mas também questionar tal sentido. é mais do que 0 resultado de ñxações pré-genitais. Sua luta c esforço não seriam
Mesmo se em algum caso particular sc Concluísse que 0 autor de uma obra por um ideaL pela belcza ou por oulros valorcs, mas. na rca11'dade, pretenderiam
literária estava realmente doeme - que talvez até sofresse de uma psicose e não superar o problema de uma ejaculação precocc Como Freud foi sábio ao añrmar,
apenas de uma neurose -, isso implicaria uma objeçã0, ainda que mínima, contra certa vez, que nem sempre se deve imerpretar um charuto como um símbolo fálico
0 valor e a verdade de sua obra? Creio que na'0. Dois mais dois sâo quatro, aindu - às Vezes, um charuto pode signiñcar simplcsmcntc um charuta
1I
que seja um esquizojrfnico quc o ajirme. E, de maneira similar, creio que em nada Diria que há um ponto no qual o desmascarumento deve paran isto é, exa-
avilta a poesia de Hõlderlin e a Verdade da ñlosoña de Nictzschc 0 fato dc que o tamente ali onde o psicólogo depara com um tewnómeno em que simplesmeme não
primeiro sofria de esqui7.ofrenia, e o segundo, de pamlisia cerebraL Pelo contra'rio, há por que desmascarar, porque é autêntico. Se 0 psiaãlogo seguc adianle com seu
estou Convencido de que as obras de Hõlderlin c Nietzsche conlinuam sendo lidas, trabalho de desmaxaramcnm acaba, é verdadc. por revelar algo, o seu próprio
enquamo o nome dos psiquiatras que escreveram volumes inteiros a rcspeito des- motivo inconsciemez desvalorizar 0 que há dc humano no human
ses “casos" há muito tbi esquecid0. Perguntemomos então o quc torna esse desmascaramento lão alrativu
1I
Todavia, embora seja verdade que a patologia está longe dc dizcr algo contra Bem, parcce que aos medíocrcs causa prazer ouvir diler que Goethe era, afmal
o valor de uma 0bra, não é menos verdade que diga algo a favor. Mesmo no caso de contas, um neurótico, um ncurótico como tu e eu, sc é quc posso expressar-me
de um escritor que seja um doeme psíquico, veriñcamos que uma obra importante assim. (E quem estiver 100% livre de neurose, que atire a primeira pedra.) Apa~
sua jamais surgiu por causa dc uma psicose, mas apesar dela. A doença nunca é. rentemente, e por alguma razão estra'nha, agrada-lhcs quando alguém añrma que
por si só, criativa. 0 homem não é nada mais que um simples macacm 0 campo de batalha do id. do
106 O SOFRIMENTO DE UMA VIDA SEM SENTIDO ANEXO - O QUE DIZ O PSIQUIATRA A RESPEITO DA LlTERATURA MODERNA? IO 1
ego e do superego, o joguete de instintos, o produto de processos de aprendizagem, Emretanto, a linguagem do homem normal é e permanece, sempre, uma
vítima de condições e circunstâncias socioeconómicas Ou de pretensos comple- reíêréncia a um objeto, isto é, aponta para algo além de si mesma. Numa palavra,
xos. Apesar desse determinismo e desse fatalismo, lão amplameme difundidos, a linguagem se distíngue pela autotranscendénc1'a. E o mesmo se pode dizer, de
escreveu-me uma vez uma leitora do Alabamaz “O único complexo que me afeta é modo geraL da existéncia humnmL O ser humano está sempre voltado para algo
o pensamento de que eu devería ter com efeíto algum complexo. De1x'ei para trás que não é ele mesmo - para algo ou para alguém, para um sentido que o homem
uma infância medonha e, contudo, estou convencida de que do terrível pode tam- cumpre, ou para outro ser humano que venha a encontran
bém resultar algo posilivdÍ Essa autolranscendência da cxistência humana pode ser mais bem exph'«
A mim parece que esse desmascarament0, que antecipadamente põe em cada se recorremos ao exemplo do olh0. Haveis alguma vez vos dado conta do
prática 0 reducionismo, com sua frase estereotipada do unada mais que',' pro- paradoxo de que a capacidade do olho de apreender o mundo depende de sua
porciona a muitas pessoas uma pronunciada alegría masoquista. Acrescentese a incapacidade de ver a si mesmo? Quando 0 olho vé a si mesmo uu algo de si mes-
isso o que disse o psiquíatra londrino Brian Goodwim 'A(s pessoas se semem bem mo? Só quando adoece. Se sofro dc catarata, percebo-0 sob a forma de uma nu-
quando são levadas a crer que não são mais do que (1'sto' ou (aquilo,' do mesmo vem; vejo então, em volta das fontes luminosas, uma auréola de cores do arco-ín's.
modo quc muitas são aquelas que acrcditam que um remédio, para ter efeit0, deve De um modo ou de outro, à medida quc o olho vê algo de si mesmo, nessa mesma
ter gosto amargdÍ proporção perturbmse a visa'o. O olho devc ter a capacidade de não reparar em
Retomando, contud0, o tema do desmascaramento literári0, diremos o se- si mesmo. E o mesmo acontece ao homem. Quamo menos repara em si mesmo.
guintez seja qual for 0 fenómeno ao qual 0 reducionismo atribui a produção 1iterá- quanto mais esquece a si mesm0, ao emregar-se a uma causa ou a outras pessoas,
ría - seja um fenômeno normal ou anormaL consciente ou inconsciente -, tende-se mais ele é 0 próprio homem, mais se realiza a si mesmo. SÓ 0 esquecimento de si
hoje em dia a interpretar a produção literária como um ato de autoexpressa'o. Em conduz à scnsibilidude e só a enlrcga de si amplia a cr1'atividadc.
contrapart1'da, defendo a opinião de que o escrever nasce do 'fdlar e todo falar, por O homem é, em virtude dc sua autotranscendência, um ser em busca de
seu turno, do pensar. E não existe pensamemo sem algo pensado, sem algo a que sentida No fundo, é dominado por uma vontade de sentid0. No entanto, hoje
se referir, sem síntese, sem um objeto. E o mesmo se pode dizer do escrever e do em dia essa vontade de semido encontra-se em larga medida frustrada. São cada
falar, uma vez que ambos estão ligados a um sentido - 0 semido justameme de vez mais numerosos os pacientes que recorrem a nós, os psiquiatras, acometidos
querer comunicar algo. E se a linguagem nào tem um sentído, se não tem nenhu- de um semimento de vazio. Esse semimcnto de vazio tornou~sc, em nossos dias.
ma mensagem para comun1'car, então não é de modo algum h'nguagem. É um erro uma neurose de massa. Hoje o homcm não sofre muis tanto. como nos tempos de
enorme a añrmação (contida no título de um livro bastante conhecido): “O meio Freud, de uma frustraçào sexuaL mas sim de uma frustração existenciaL E hoje
é (em si) a mensagenfÍ Pelo contrári0, penso que é a mensagem que transforma 0 náo 0 anguslia tamo, como na época de Alfred Adler, um semimento de 1'nte'-
meio transmissor da mensagem em verdadeiro meio. rior1'dade, sena'o, bem mais, um senlimcmo dc faltu de sentido, acompanhado
Para todos os efeitos, a linguagem é a expressão de uma realidade; é algo de um sentimento de vazio, dc um vazio existenciaL Se me pergumais como eu
mais que mera autoexpressã0. Com uma exceção. Faz parte da verdadeira es- explico a génese desse sentimento de vazio, só posso dizer que. ao contrário do
séncía da línguagem dos esquizofrênicos, como pude demonstrar anos atrás, animaL o homem não tem ncnhum instimo que lhe diga o que tem dc ser, e. ao
a não referência a um 0bjet0. De fato, ela é sempre, e tão somente, a expressão contrário do homem de tempos anteriores, não há mais uma tradiçào que lhe diga
de um estad0. 0 que dcve ser - e, aparentemente, não sabe sequer 0 que quer ser de verdade.
108 O SOFRIMENTO DE UMA VIDA SEM SENTIDO ANEXO - 0 QUE DIZ O PSIQUIATRA A RESPEITO DA LlTERATURA MODERNA! 109
Por conseguinte, cle só quer 0 que os outros fazem - e então nos encontramos pelo sofrimenta de uma vida sem sentido - a supera'›lo, mesmo que seja para mos-
diante do conformismo -, ou só faz o que os outros querem dele - e emão nos trar~lhe que não se encontra só. Em outras palavras, ajudá-lo a lransformar o sen-
encontramos diame do totalitarismo. timento de absurdidade em sentimento de soliduríedude. Nesse caso. a alternativa
E se não soar tão frívolo, diria que esse sentimento de vazio tem algo que não é mais “sintoma ou terapia',' senão que o síntoma é uma terapia!
ver com o tema geral deste encontro, e com o fato de que justameme as três dé- Sem du'vida. se a literatura deve exercer essa função terapéutica ~ ou seja.
cadas de paz que se tem concedído ao homem de hoje possib¡'h'tam-lhe o luxo realizar seu potencial terapêutico -, deve renunciar a entregar-se, numa prálica
de elevar-se acima da luta pela sobrcvívência, acima da mera subsistência, para sadomasoqu1'sta, ao niilismo e ao cinismo. Ainda que o escritor possa provocar
pergumar-se pelo “para que” da sobrevivência, pelo derradeiro sentido da exis- no leitor - ao comunicar e compartilhar com ele seu sentimento de auséncia dc
lêncía. Em outras palavras, quanto a esses trima anos, deixemos que nos fale sentido - uma reação catártica, não deixa, contudo, de agir irresponsavelmente
Ernst Bloch: 'A'os homens são concedidas preocupações que antcs só o confron- quando lhe prega tão somente o absurdo da existéncia. Se o escritor não for capaz
tavam na hora da morteÍ de imunizar o leitor contra 0 desespero. deveria ao menos evitar infectá~lo com seu
Seja como for, o sentimemo de vazio é também 0 pano de fundo do aumen- próprio niilism0.
to generalizado de fenómenos como a agressividade, a críminalídadcx a dependén- Mínhas senhoras e meus senhores, amanhã terei a honra de fazer o pro~
cia de drogas e o suicídio - particularmente emre a juvemude uníversitária. nunciamento de abertura da Semana Austríaca do Livro. O título que escolhi éz
“O livro como terapia'Í Nesse context0, comunicarei aos meus ouvintes alguns ca-
Parte das obras da literatura contemporànea também pode ser interpretada
como sintoma da neurose de massa. Precisamente quando o escritor se limíta a sos nos quais um livro mudou de maneira decísiva a vida do leitor. díssuadind0-
uma mera autoexpressão ou se contenta com um expressar de si - um exibicionís- -o de cometer suicídia Como médíco, conheço alguns casos nos quais um livro
ajudou homens no leito de morte ou no cárcere. E contar-vos-ei agora a história
mo Iiterário que não díz nada - é que traz à tona a expressão de seu sentimento de
de Aaron MitchelL O diretor da mal afamada colónia penal de San Quentin, que
vazio e falta de sentido. Maís do que íssoz nào apenas traz à tona, senão que põe em
se encontra nas proximidades de San Francisco, convidou-me para proferir uma
cena o absurdo, o contrassrznsa E ísso é completamente compreensíveL De fato,
palestra aos presos - todos réus de delitos graves. Ao ñm de mínhas palavras,
o senlído autémico precisa ser descoberto, pois não pode ser inventado. Sentido
aproximou~se de mim um dos ouvintes e me disse que haviam impedido os con-
nâo pode ser produzido. Não é tecnicamente exequível. No entanto, o absurdo e
denados ao death row, retidos em sua cela à espera da execução, de assistir à pa~
o contrassenso podem ser criados, e deles fazem uso generoso alguns escritores.
lestra. Perguntou-me então se eu não poderia dizer algumas palavras, ao menos
Tomados pelo sentimento de auséncia de semido, expostos c entrcgues a um vazio
pelo m1'crofone, a um delcs, o Sr. MitchelL que seria executado na câmara de gás
completo de sentído, atiram-se sem hesitar à aventura de prcencher 0 vazio com o
dentro de poucos dias. Senti-me impotente. Mas não podería furtar~me àquele
contrassenso e o absurdo.
pedido. lmprovisei, portamoz
A literalura, porém, tem uma escolha. Não precisa conlinuar sendo um sin-
toma da atual neurose de massa, mas pode muilo bem contribuir para o seu tra- Acredite em mim, Sn MitchelL dc alguma maneira posw entender a sua
tament0. Com efeíto, os homens que passaram pelo inferno do desespero, através s¡'tuaçào. Añnal de comas. eu também tive de viver, durante algum tempo, à
da aparente falla de sentido da existéncia, são precisamente aqucles que podem sombra de uma câmara dc gás. Mas, acred1'te-me, Sr. MitchelL nem sequer
oferecer aos outms homens, como um sacrifíc1'o, seus sofrimcntosx justameme emâo renunciei por um só momento à minha convicção de que scjam quaís
a autoexpressão de seu desespem que podc ajudar o leitor - igualmente atingido forem as condições e as c1'rcunstan'c¡'as, a Vida tem um sentido. Porque ou a
112 0 SOFRlMENTO DE UMA VlDA SEM SENTIDO BIBLIOGRAHA DE VIKTOR E. FRANKL lll
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Índice onomástico
A C
Adler, 9, 33-34, 36~37, 67-68, 99, Caruso, 38
107 Casciani, 27
Adorno, 24 Cohen, Hermann, 74
AppelL 38 27
Cushing, Harvey, 70
B
D
Bacon, Yehuda, 30
Dansarl, 27
Baeyer, Walter von, 88
Dubois, PauL 79
Bailey, PercivaL 70
Durlak, 27
Bally, Gustav, 80
Dusen, W. Van, 93
Barber, 17
Berze, Iosef, 40, 70 E
Binswanger, Ludwig, 45, 96 ECkartsberg Rolf V0n, 10
Black, 17 Ehrenwald, I., 40
Bloch, Ernst, 68, 108 Eibl-Eibesfeldt, 21
Boss, Medard, 33› 96 Einstein, Albert, 23, 27, 88-89
Bmd Maxy 75 Eysenck, H. I.. 95
45, 67-68, 76, 93, 95-96, lO4-05, Klitzka LA L., lO, 68 Pavlov, 68 Smith, 27
107 Kocourek, K., 46, 58, 83 Petrilowitsch, Nikolaus, 14, 44 Soly0m, C., 58
bfrm
Go"rres, A., 80, 94
Lham0n, 39 Qualtinger, Helmut, 71 V
Gregson, 17
Lifton, Robert Iay, 20 Vanderpas, J. H. R., 45
GutheiL Emil A., 40, 94 R
Lorenz, Konrad, 18-19, 6l, 104 V()lhard, 12
Richmond, 27
~7w -
H VymetaL Osvald, 10, 68
Lukas, Elisabeth, 12, 14, 16, 27
Rotthaus, 41
Harvey, 39, 70
M Ruch, 27 W
Herma, 96
Maeder, Alphons, 45, 80 Weitbrecht. H. J., 38, 80, 95
Hess, W. R., 18 S
Maholick, Leonard T., l4-15 Werner. 12
Heyer. G. R., 45, 80 Sadiq, Mohammed, 52, 54
Maki, B. A., 17 Wertheimer, 24
Hildebrand, Dietrich von, 95-96 Sahakian, B. ]., 62
MandeL Ierry, 28 Wittgenstein, 27, 89-90
Hoff, Hans, 70 Sahakian, W. S., 62
Marmor, I., 95 Wust, Peter, 25
Horn, Myron ]., 62 Sallee, 27
Maslow, 15›16,28 Sargant, William, 94 Y
I Mason, 27 Schaltenbrand, 39 YarnelL 27
Iachym, Franz, 45 Masters, W., 62 Scheler, Max, 35, 86, 96 Young, ll, 27
Jaspers, KarL 66, 80 Meier, 27 Schilder, PauL 93
Ioelson, Edith, 43 Murphy, 27 Schmid, 38
Johnson, V., 62 Myers, 39 Schopenhauer, 69
Jung, 33-34, 37-38, 94 Schultz, I. H., 44, 58
N
Selye, 40
K Norris, David L., 63
Shapiro, 61
Kant, 65, 88 Novalis, 24
124 O SOFRIMENTO DE UMA VIDA SEM SENTIDO INDICE ANALITICO 125
Espiritualidade, 34 Morte, 12, 25, 28, 68, 83, 88, 108-10 S Vazio existenciaL 9, l I, l7, 20. 22, 26,
Estado de bem›estar sociaL 28-29 Satisfação insuñcieme, 12 28-29,67-71,107
N
Estatística, ll-12 Sensíb1'lidade, 44, 107 Verdade, 25, 28, 90. 99
Necessidade, 12, 15, 23, 28-29, 69, 72,
Estresse. 40 Sentid0, 9›30, 34, 37-38, 43, 65-77. 80, Vontade de poder. 65. 67, 71
76, 104
Experiment0, 18, 63, 86 82-83, 86›90, 96-99, 104, 106-10 Vontade de prazer, 59, 65-67, 69
Neurose dominicaL 28, 70
F Sexualidade, 18, 20-22, 35, 50. 61, 63, 96 Vontade de sentido, l3-18, 23, 27-
Neurose fóbica, 49
Sintoma substituto, 50 29, 51, 65-69, 7l-72, 82, 87-89,
Frustração exístencíaL 9-12, 16-18, 67, Neurose noogénica, ll-12
Sofrimento, 9, 27-30, 37, 73-77, 80, 97-98, 104
69-72, 80-81, 107 Neurose obsessiva, 46, 49, 58, 105
82, 98-99, 108409
Neurose sexuaL 20›24, 59-64
G Sonho, 35, 39›40, 42, 77
Noolog1'smo, 81
Gestalt, 24 Sugestã0, 40›41
P Suicídi0, 12, 69, 82783. 88, 108-09
H
Pastoral médica, 79-83 Suprassemido, 82, 86, 89
Hiperintençã0, 59-63, 66
Patodiceia, 82 T
Hiperreflexão, 59-62. 66
Poder, 40, 65, 67-68, 7l, 87, 94
Homeostase, 35-36 Teatro do absurdo, 25
Pornograña, 61
Homo patiens, 74-75, 82 Técnica, 22, 29, 42. 61~62, 85
Prazer, 16, 20-22, 50, 59, 61, 65-69, 80,
Tédi0, 67-69, 98
I 83. 87, 105 Tempo livre, 28-29, 70-7l
Inconsciente, 34, 37, 56, 72, 82, 93~94, Psicanálise, 18, 34-35, 39-47, 59, 65, Terapia breve, 58
105-06 86, 93«97 Terapia do comportamento, 44, 57
Intenção paradoxaL 48, 51-58, 60, 63 Psicologia analítica, 34, 37 Teste, 11412, l4, 39
Investigação da paz, 18- l9, 23 Psicologia das alturas, 13 Tolerância, 26
L Psicologia individuaL 34, 37, 65, 68 Totalitarism(), ll, 26, 108
Liberdade, 22, 49, 9l, 98-99, 110 Psícologismo, 33, 37-38, 93, 95 Tradição, ll, 107
L1'nguagem, 69, 97, 106-07 Psicosc, 49, 99-100, 104 Transferénc1'a, 4l, 44, 95
Logoterapia (ver também “Derreflexão" Psíquiatria, 9, 12, 58, 70, 89, 103 Transpirar, 52, 55
e “Intenção paradoxal”), 55-56, 58, Trauma, 39-40, 46, 59, 94
R
60, 69, 72, 77, 85-91, 98 Trem0r, 52v55
Reducionismo, 86-87, 106
Logoterapia de grupo, 17 Tríade trágica, 28
Religiã0, 38, 85-9I
Tristeza, 28, 98
M Repressão, 35