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ECA

É um microssistema jurídico que tem por finalidade dar efetividade aos artigos
226 e 227 da CF.

O ECA possui quatro princípios basilares, quais sejam:

A. Proteção Integral
B. Prioridade Absoluta
C. Condição Peculiar da Criança e do Adolescente como pessoa em
desenvolvimento
D. Melhor Interesse da Criança e do Adolescente

Proteção Integral: criança e adolescente devem ser protegidos em qualquer


situação, estejam ou não em situação de risco

Prioridade Absoluta: criança e adolescente sempre terão prioridade, seja na


elaboração de políticas públicas, seja no gasto de recursos públicos, seja em questão de
atendimento médico.

Condição Peculiar da Criança e Adolescente como pessoa em desenvolvimento:


ECA possui normas de prevenção e medidas de proteção, pois é durante esse período da vida
humana que a pessoa forma o seu caráter, ou seja, os seus atributos morais.

Melhor Interesse para a criança e ao adolescente: voltado para o juiz quando irá
proferir a sua decisão. O magistrado deve buscar decidir de acordo com o melhor interesse
para a criança ou o adolescente. ATENÇÃO: a falta de recursos financeiros não é motivo para
que o juiz retire o menor da sua família natural. O Brasil é um Estado assistencialista, e nesses
casos existem programas sociais no auxílio dessa família carente de recursos financeiros.

CUIDADO NAS QUESTÕES: Quem é criança e quem é adolescente

Critério de definição de criança e adolescente é um critério ETÁRIO criança é


qualquer pessoa menor de 12 ANOS, adolescente é qualquer pessoa MAIOR OU IGUAL A 12
ANOE E MENOS DO QUE 18 ANOS.

ATENÇÃO: como regra, o ECA será aplicado até a pessoa completar 18 anos.
Porém, em caráter de exceção o ECA pode ser aplicado até os 21 ANOS, apenas quando a lei
permitir de forma expressa. Exemplo: aplicação de medida socioeducativa e adoção de pessoa
maior de 18 anos, desde que tenha estado sob a guarda ou tutela dos adotantes enquanto era
menor de 18 anos.

CUIDADO: A emancipação civil não retira do adolescente a proteção integral do


ECA.

É dever da família, do Estado e de toda a sociedade garantir os direitos elencados


no ECA.

DIREITOS FUNDAMENTAIS DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES

A grosso modo, as crianças e os adolescentes possuem todos os direitos que as


demais pessoas possuem pela legislação. Porém, em razão dos princípios basilares do ECA, as
crianças e os adolescentes possuem uma maior proteção.
A. Direito a vida e a saúde

O Eca começa a sua proteção a partir da concepção, pois garante o direito de uma
gestação saudável e de qualidade, sendo ainda garantido os exames pré-natal de forma
gratuita pelo SUS. Ainda que a gestante decida enquanto grávida entregar seu filho a adoção,
manterá o direito de acompanhamento pré e pós-natal gratuito pelo SUS buscando diminuir
as consequências do estado puerperal

É garantido o direito de amamentação seja no serviço público seja no serviço


privado, e até mesmo para as mulheres presas por no mínimo 6 MESES

CUIDADO: O STF entendeu que quando crime praticado pela gestante não possuir
violência ou grave ameaça contra a pessoa, nem houver sido praticado contra o feto, a
gestante terá direito DE PRISÃO DOMICILIAR.

B. Direito a liberdade, dignidade e respeito

A criança e o adolescente possuem direito de liberdade (ir e vir) porém, essa


liberdade pode ser restringida todas as vezes que ela trazer risco para o menor. O ECA traz
duas importantes NORMAS DE PREVENÇÃO.

HOSPEDAGEM: Criança e adolescente só poderão se hospedar em hotel, motel,


pensão ou estabelecimento congênere se estiverem acompanhadas por pai ou mãe ou
responsável (guardião ou tutor) ou se possuírem autorização por ESCRITO, com firma
reconhecida por pai ou mãe ou responsável, ou se possuírem autorização JUDICIAL

VIAGEM: Precisamos distinguir a viagem nacional da viagem internacional.


Existem regras diferentes na viagem nacional:

I. Viagem nacional de adolescente maior ou igual a 16 anos: dentro do território nacional,


viaja livre leve e solto, ou seja, pode viajar desacompanhado e sem qualquer autorização.
Obs. Ele pode viajar, mas não pode se hospedar.
II. Viagem nacional de criança ou adolescente menor do que 16 anos: como regra só viaja
acompanhado por ascendente ou colateral MAIOR ATÉ O TERCEIRO GRAU, ou quando
estiver acompanhado de qualquer pessoa MAIOR desde que devidamente autorizada por
ESCRITO com firma reconhecida por pai, mãe ou responsável. OBS: Primo, colateral de
quarto grau, precisa de autorização por escrito. ATENÇÃO: desacompanhado a criança e o
adolescente menor de 16 anos poderá viajar em duas hipóteses:
01. Mediante autorização judicial que pode ter validade por até dois anos.
02. Quando se tratar de comarcas contíguas ou dentro da mesma região metropolitana
desde que sejam NO MESMO ESTADO DA FEDERAÇÃO. Nessa hipótese, não precisa de
autorização judicial. FOCO PROVA.

Viagem Internacional: a regra é a mesma para qualquer criança ou adolescente, só podem sair
do Brasil se estiverem acompanhadas ou autorizadas POR AMBOS OS PAIS ou RESPONSÁVEL.,
ou seja, existir autorização judicial.

DIREITO A CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA

O ECA elenca três espécies de família, quais sejam:

1. Família Natural:

É aquela formada por ambos os pais e o filho ou por apenas um deles e o filho
2. Família Extensa:

É aquela formada por parentes próximos que mantém com o menor relação de
afeto e afinidade. EX: avó e neto, tio e sobrinho.

3. FOCO. Família Substituta

É aquela formada por guarda, tutela ou adoção (GTA) – Não existe curatela de
menor. O menor tem direito de ser educado PELA FAMÍLIA NATURAL. Na impossibilidade da
família natural, o direito é da família extensa, a família substituta só existirá em caráter de
exceção.

PODER FAMILIAR: É o conjunto de direitos e obrigações que APENAS os PAIS


possuem em relação aos filhos, sendo exercido em igualdade de condições. Havendo
divergência entre os pais, a decisão será tomada pelo JUIZ DA INFÂNCIA ATENÇÃO: o Poder
Familiar pode ser suspenso, destituído ou extinto por causas naturais ou por decisão judicial,
em processo em que será garantido o contraditório.

Espécies de Família Substituta: a GUARDA convive com o Poder Familiar e


confere ao guardião o dever de assistência material, moral, educacional e jurídica. Os pais
possuem o direito de visita, bem como o dever de alimentos. A GUARDA não gera efeito
sucessório, embora gere dependência PREVIDENCIÁRIA (exemplo: pensão pós-morte INSS).
ATENÇÃO: A guarda é precária, ou seja, pode ser modificada a qualquer momento por decisão
judicial.

A TUTELA implica em guarda, mas dela se diferencia porque a tutela NÃO


CONVIVE COM O PODER FAMILIAR. A tutela também é precária, ou seja, pode ser modificada
a qualquer momento por decisão judicial. Tutor tem os mesmos deveres do guardião
(assistência material, moral, educacional e jurídica).

ADOÇÃO: Possui 12 requisitos cumulativos:

01. O adotante deve ser maior de 18 anos.


02. Diferença mínima de 16 ANOS entre adotante – adotando.
03. O adotante não pode ser ascendente ou irmão do adotando.
04. O adotante pode adotar sozinho ou em conjunto. Adoção conjunta é
aquela realizada por pessoas casadas ou que vivam em união estável.

CUIDADO: se no curso do processo de adoção conjunta o casal romper a


sociedade conjugal, o processo de adoção conjunta poderá prosseguir, desde que se
comprovem mais três requisitos:

a. Acordo em relação a guarda e a visita.


b. Que o estágio de convivência já tenha se iniciado.
c. Que o adotante não detentor da guarda comprove relação de afeto e afinidade
com o menor.

05. A adoção é ato personalíssimo, ou seja, não se admite adoção por


procuração.
06. A adoção deve se fundar em motivos legítimos, qual seja: CONSTITUIÇÃO
DE FAMÍLIA
07. Consentimento dos pais em audiência desde que ainda possuam poder
familiar.

CUIDADO: nessa hipótese os pais podem se arrepender até a PUBLICAÇÃO da


sentença de adoção.

08. Consentimento do adolescente (maior ou igual a 12)


09. Adoção por guardião ou tutor:

O juiz exigirá a prévia prestação das contas. Busca evitar a fraude, crime de
apropriação indébita majorada.

10. Estágio de Convivência

É o período que o adotante deve conviver com o adotando. Esse período é


determinado pelo juiz. Na adoção NACIONAL, não tem prazo mínimo, mas tem prazo máximo
de 90 DIAS, prorrogáveis uma única vez por mais 90 dias. ATENÇÃO: na adoção nacional, o
estágio de convivência pode ser dispensado APENAS no caso de adoção pelo guardião legal ou
pelo tutor. CUIDADO: Guarda de fato (não tem reconhecimento do poder judiciário) NÃO
despensa estágio de convivência.

11. Cadastro em juízo. ATENÇÃO: o cadastro em juízo pode ser dispensado:

Adoção Unilateral: ocorre quando o adotante adota o filho do seu cônjuge.

Adoção pela família extensa: “tio” pode furar fila para adotar.

Adoção pelo guardião ou tutor: desde que o menor já possua mais de 3 anos e
que não haja má-fé.

12. Sentença com o trânsito em julgado:

Faz com que o adotando vire filho do adotante, com os mesmos direitos de filho
biológico, sendo proibido qualquer distinção ou discriminação e haverá a retificação do
registro civil.

NATUREZA JURÍDICA DA SENTENÇA DE ADOÇÃO

É uma sentença constitutiva, pois constitui estado de criação. Por essa razão seu
efeito é como regra Ex Nunc ou seja, NÃO RETROAGE.

EXCEÇÃO: Adoção Póstuma – pós-morte: é aquela que o adotante falace no curso


do processo de adoção, após manifestação inequívoca sobre a vontade de adotar. Nessa
hipótese, a sentença produz efeito EX TUNC, ou seja, irá retroagir a data do óbito, para que o
adotando possa participar da sucessão.

Adoção Internacional: é o critério territorial (não é a nacionalidade do adotante)


ou seja, adoção internacional é aquela que os adotantes residem FORA DO BRASIL.

Os requisitos da adoção internacional são os mesmos da adoção nacional, com


três diferenças:

a. Não é permitido liminar de guarda ou tutela


b. O estágio de convivência é OBRIGATÓRIO e não pode ser dispensado, deve
ser cumprido integralmente no BRASIL. Possui prazo mínimo e prazo máximo
quais sejam: no mínimo 30 dias, no máximo 45 dias, podendo ser prorrogado
pelo juiz uma única vez, pelo mesmo prazo.
c. A adoção internacional é excepcional, ou seja, só será deferida na
impossibilidade da adoção nacional.

Observação final. Em qualquer das modalidades de adoção, desde que seja na


mesma espécie, o brasileiro terá preferência em relação ao estrangeiro.

Segundo o ECA, o processo de adoção deve terminar em 120 dias, podendo ser
prorrogado por mais 120 dias.

ATO INFRACIONAL E MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

Criança e adolescente não praticam crimes. Porém, praticam ATO INFRACIONAL.


ATENÇÃO: Criança não recebe medida socioeducativa, só podendo receber MEDIDA DE
PROTEÇÃO. (artigo 121 ECA.)

Por outro lado, o adolescente infrator além de medida de proteção, também


receberá medida socioeducativa. (artigo 112 do ECA)

Existem 6 espécies de medidas socioeducativas, quais sejam:

 Advertência
 Reparação do Dano
 Prestação de serviços à comunidade OBSERVAÇÃO: no máximo 6 meses
de duração.
 Liberdade Assistida. OBSERVAÇÃO: no mínimo 6 meses de duração.
 Semiliberdade
 Internação

OBSERVAÇÕES SOBRE A INTERNAÇÃO:

O adolescente infrator só pode ser internado em três hipóteses:

A. Ato infracional praticado grave ameaça ou violência contra a pessoa.


(máximo 3 anos que poderá ficar internado)
B. Quando houver a prática REITERADA de ato infracional de natureza grave.
(na segunda vez que praticou o ato infracional, já pode internar)
C. Quando houver o descumprimento REITERADO das outras medidas
socioeducativas. (nesse caso, o prazo máximo da internação é de 3 meses)

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