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Universidade Federal Rural do Semi-árido

Disciplina: Ética e Legislação


Docente: Daniel Araújo Valença
Discente: Francisco Erimar Cavalcante Neto
Turma: 01 Matutina
Objetivo: Fichamento do Capitulo 5 – Responsabilidade moral,
determinismo e liberdade.
- Livro De Ética 30ª (Adolfo Sánchez Vázquez)
1. Condições da Responsabilidade Moral
O enriquecimento – ou progresso – da vida moral acarreta o aumento da
responsabilidade pessoal, e, portanto, a determinação das condições dessa
responsabilidade adquire importância primordial.
A chave da questão consiste em saber quais são as condições necessárias para
poder imputar a alguém uma responsabilidade moral por determinado ato, e elas
são duas:
a) Que o sujeito conheça as circunstâncias e as consequências da sua ação –
ou seja, seu ato deve ser consciente;
b) Que a causa dos seus atos seja interior, e não exterior, ou seja, em outro
agente que o force a agir de certa maneira, isto é: sua conduta deve ser livre.
Pelo contrário, a ignorância de um lado e a falta de liberdade do outro,
permite eximir o sujeito da responsabilidade moral.
Assim, portanto, tão-somente o conhecimento, de um lado, e a liberdade, do outro,
permitem falar legitimamente de responsabilidade. Pelo contrário, a ignorância, de
uma parte, e a falta de liberdade, de outra (entendida aqui como coação), permitem
eximir o sujeito da responsabilidade moral.

2. A Ignorância e a Responsabilidade Social


A ignorância das circunstâncias, da natureza ou das consequências dos atos
humanos autoriza a eximir um indivíduo da sua responsabilidade pessoal, mas essa
isenção será justificada somente quando, por sua vez, o indivíduo em questão não
for responsável pela sua ignorância; ou seja, quando se encontra na impossibilidade
subjetiva (por motivos pessoais) ou objetiva (por motivos históricos e sociais) de ser
consciente do seu ato pessoal. Para ilustrar esta questão, cita-se o caso de
Aristóteles, que não poderia ser responsabilizado pela sua ignorância em saber que
o escravo também era um ser humano e não um simples instrumento.

3. Coação Externa e Responsabilidade Moral


A coação externa pode anular a vontade do agente moral e eximi-lo da sua
responsabilidade pessoal, mas isto não pode ser tomado num sentido absoluto,
porque há casos em que, apesar das suas formas externas, sobra-lhe certa margem
de opção, e, portanto, de responsabilidade moral. Um exemplo de exceção é o caso
do processo de Nurenberg contra os principais dirigentes do nazismo alemão, em
que eles não podiam ser absolvidos de sua responsabilidade moral.

4. Coação Interna e Responsabilidade Moral


Aqui há as hipóteses de doenças mentais, em que seu portador sente uma vontade
irresistível de agir de certo modo, sobre o qual o agente não tem controle, como na
cleptomania. Mas falando de pessoas normais – a maioria, estas sempre têm
controle sobre seus atos, por mais que sintam um ou outro impulso.
5. Responsabilidade Moral e Liberdade
A responsabilidade moral pressupõe a possibilidade de decidir e agir vencendo a
coação externa ou interna. Somente haverá responsabilidade moral se existir
liberdade.

6. Três Posições Fundamentais no Problema da Liberdade


1ª) O determinismo é incompatível com a liberdade.
2ª) A liberdade é incompatível com qualquer determinação externa ao sujeito.
3ª) Liberdade e necessidade se conciliam.

7. O Determinismo Absoluto
A tese central é a seguinte: tudo é causado, e, portanto, não existe liberdade
humana nem responsabilidade social.

8. O Libertarismo
Ser livre significa decidir e operar como se bem desejar. A característica desta
posição é a contraposição entre liberdade e necessidade causal. A liberdade de
vontade, longe de excluir a causalidade – no sentido de romper a conexão causal
ou a negação total desta (indeterminismo) – pressupõe inevitavelmente a
necessidade causal.

9. Dialética da Liberdade e da Necessidade


As três tentativas mais importantes de superar dialeticamente a antítese entre
liberdade e necessidade causal foram elaboradas por Spinoza, Hegel e Marx-
Engels. Para Spinoza, não se pode conceber a liberdade independentemente da
necessidade. Hegel o complementa, afirmando que além desse fator há de ser
considerado o fator do desenvolvimento histórico quando se fala da liberdade – a
historicidade. Marx e Engels aceitam as duas teorias acima, e partem do princípio
que a liberdade é a consciência histórica da necessidade.

10. Conclusão
O ideal é a conciliação dialética entre a necessidade e a liberdade, em conformidade
com a solução de Marx e Engels. A responsabilidade moral pressupõe
necessariamente certo grau de liberdade, mas esta, por sua vez, implica também
inevitavelmente a necessidade causal. Responsabilidade moral, liberdade e
necessidade estão, portanto, entrelaçadas indissociavelmente no ato moral.

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