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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

ISCED – LUANDA
UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - FACULDADE DE ENGENHARIA DA

MEDIÇÕES E ORÇAMENTO

``APONTAMENTOS DAS AULAS TEÓRICAS´´

3º ANO, Iº SEMESTRE

TÉCNICO DE ENSINO À CONSTRUÇÃO CÍVIL

Prof. MSc. Engº. Hermenegildo Dala

Email: gildodala@gmail.com

1ª Edição

Ano

2022-2023
Apontamentos de Medições e Orçamentos

ÍNDICE GERAL

PROGRAMA DA CADEIRA .......................................................................................... 1

CAPÍTULO 1. O contexto geral da indústria de construção........................................... 2

1.1 A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................................................... - 3 -

1.2 MEDIÇÕES E ORÇAMENTO. DEFINIÇÃO ........................................................ - 5 -

1.3 PROJETOS DE ARQUITETURA ........................................................................ - 7 -

1.4 PROJETOS DE ESPECIALIDADES ................................................................. - 10 -

1.5 PEÇAS DE PROJECTO ................................................................................... - 13 -

CAPÍTULO 2. Custos de Projectos e Obras............................................................ - 15 -

2.1 ORÇAMENTOS ................................................................................................ - 16 -

2.2 CUSTOS ........................................................................................................... - 17 -

2.3. ESTRUTURA DE CUSTOS ............................................................................. - 18 -

2.4. COMPOSIÇÃO DE PREÇOS UNITÁRIOS (CPU) ........................................... - 23 -

2.5 Exemplos de Aplicação ..................................................................................... - 27 -

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PROGRAMA DA CADEIRA

1. O contexto geral da indústria de construção.


1.1 A Industria da Construção Civil
1.2 Definição de Medição e Orçamento
1.3 Projetos de Arquitetura.
1.4 Projetos de Especialidades.
1.5 Peças do projeto. Peças escritas. Peças desenhadas.
2. Custos de projetos e obras.
2.1 Medições e Orçamentos.
2.2 Medição e regras de medição.
2.3 Custos e preços de construção.
2.4 Informação sobre custos de construção.
2.5 Estimativas orçamentais na ótica do dono de obra.
2.6 Orçamentação na ótica do dono de obra.
2.7 Orçamentação na ótica do empreiteiro.
2.8 Custos diretos, custos indiretos e lucros/imprevistos.
2.9 Custos de equipamentos.
2.10 Métodos de depreciação dos equipamentos.
2.11 Financiamento de equipamentos.
2.12 Custos de fabrico e preços de venda dos trabalhos de construção.
3. Faturação e pagamentos.
3.1 Modalidades de pagamentos.
3.2 Plano de Pagamentos e Cronograma Financeiro.
3.3 Certificação dos trabalhos.
3.4 Autos de medição.
3.5 Variações de trabalhos.
3.6 Retenções.
3.7 Revisões de preços.
4. Entrega e receção da obra.
4.1 Receção provisória e receção definitiva.
4.2 Autos de receção.
4.3 Garantias nos trabalhos de construção.
Apontamentos de Medições e Orçamentos

CAPÍTULO 1. O contexto geral da indústria de


construção

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Apontamentos de Medições e Orçamentos

1.1 A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL


1.1.1 Introdução

A grande responsabilidade do engenheiro que se propõe a actuar no sector da


Construção Civil é aprofundar-se sempre, e cada vez mais, no conhecimento das
características particulares desse sector da engenharia. Esse constitui o caminho pelo
qual se adquirirá uma sólida condição de acompanhar o avanço tecnológico, tão
necessário dentro do actual quadro em que se encontra esse sector de actividade no
País e principalmente considerando-se o contexto ambiental do nosso planeta.

1.1.2 Conceito

Chamamos de Construção Civil ao conjunto de actividades, no campo da engenharia,


cuja finalidade é a realização material e intencional de planos do homem para,
segundo suas necessidades, adaptar a natureza a si ou adaptar-se a ela, através de
obras de construção.
A Construção Civil possui características particularizadas, que a tornam bastante
diversa dos outros ramos industriais, que podemos chamar de “indústria em geral”.

1.1.3 Projecto

Podemos dizer que, genericamente, Projecto é a concretização de uma ideia


concebida, fundamentada em parâmetros pré-estabelecidos e organizada segundo
planos ou passos concretos e racionalizados, que concorrem para a realização
daquele objectivo original.

Dentro dessa visão Projecto (grafado com inicial maiúscula) é, portanto, sinónimo de
empreendimento e passa por duas fases básicas: concepção e construção.

Na engenharia, o empreendimento tem sua fase de concepção descrita e ordenada


em desenhos, plantas, memoriais descritivos, especificações técnicas, orçamentos,
cronogramas, maquetes ou modelos reduzidos e outros elementos e detalhes
complementares (que usaremos a grafia Projecto, com inicial minúscula, para
diferenciação). Nesta fase o Projecto passa por processos bastante distintos que
envolvem como actividades principais:
• Estudos de viabilidade técnico-económica – EVTE;
• Estudos preliminares ou Projecto preliminar;
• Desenvolvimento do Projecto-base ou Projecto básico;
• Desenvolvimento do Projecto definitivo;
• Desenvolvimento do Projecto executivo.

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1.1.4 A Obra

A fase de construção, execução ou produção, que se segue logo que se tem o


desenvolvimento do Projecto executivo é a da construção, cuja actividade principal é a
de tornar concretos os planos pré-estabelecidos constantes dos desenhos e plantas,
obedecendo-se as especificações, detalhes, memoriais, cronogramas, previsões de
prazos e de custos e buscando-se um bom padrão de qualidade nos resultados finais
do produto. A esta actividade chama-se comumente obra.

Em uma obra de edificação, as etapas construtivas mais comuns, salvo o caso de


edificações especiais, podem ser conforme relacionadas a seguir:
1. SERVIÇOS PRELIMINARES
2. INSTALAÇÃO E LOCAÇÃO DA OBRA
3. INFRAESTRUTURA ou FUNDAÇÕES
4. SUPERESTRUTURA, SUPRA ESTRUTURA ou ESTRUTURA
5. ALVENARIA
6. TRATAMENTOS – TÉRMICOS,ACÚSTICOS E IMPERMEABILIZAÇÕES
7. COBERTURA
8. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E DE TELEFONE
9. INSTALAÇÕES HIDRO-SANITÁRIAS
10. APARELHOS E METAIS SANITÁRIOS
11. ESQUADRIAS
12. REVESTIMENTOS DE PAREDES
13. REVESTIMENTOS DE PISOS OU PAVIMENTAÇÕES
14. FERRAGENS
15. VIDROS
16. PINTURA
17. PAISAGISMO
18. INSTALAÇÕES MECÂNICAS
19. TESTES
20. DIVERSOS
21. LIMPEZAS
É indispensável um conhecimento consistente das etapas construtivas de uma obra e
de seus serviços componentes para o bom desenvolvimento da programação e do
controle das obras, pois ele permite ao engenheiro trabalhar com mais fluência e
segurança as actividades de orçamentação, elaboração de cronogramas físico, de
compras e de desembolso e no acompanhamento de obras, tão importante para o
controle dos resultados desejados.

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1.2 MEDIÇÕES E ORÇAMENTO. DEFINIÇÃO


Definição – As medições de um projecto ou de uma obra consistem na quantificação
objectiva, global e especifica dos diferentes trabalhos e encargos definidos.

De um modo geral, as medições têm os seguintes objectivos:


1. Determinação prévia de custos e orçamentação total ou parcial de uma obra;
2. Permitir a quantificação de materiais, mão-de-obra, equipamentos e outros
encargos a utilizar na base;
3. Estabelecer uma base comum para elaboração de orçamentos e de prazos de
execução, necessários a apresentação de projectos para concorrer a execução de
uma obra adjudicada;
4. Permitir a analise e controlo de custos durante a execução de uma obra,
possibilitação as empresas uma adequada gestão dos recursos financeiros;
5. Facilitar as empresas uma correctas gestão dos seus recursos humanos,
adaptando-os melhor aos trabalhos existentes em função das suas qualificações
profissionais e das disponibilidades de cada momento;
6. Permitir as empresas a elaborações em verificações de rendimentos de mão-de-
obra, materiais e equipamentos, que lhes permitem uma maior possibilidade na
análise e cálculo de orçamentos;
7. Indicar os diversos custos que constituem o preço total de uma obra
designadamente os custos directos, indirectos e de estaleiro.

1.2.1 Processos De Cálculos

As medições são efectuadas tendo como base, os elementos constituintes de um


projectos ou de uma obra nomeadamente as pecas desenhas e escritas memória
descritivas, cadernos de encargos e cálculos.

As condições técnicas, as normas e regras a observar e os materiais a utilizar nas


diferentes partes de uma obra devem ser obtidos a partir do Cadernos de Encargos,
procedendo-se a sua qualificação com base nas pecas desenhadas.

As elaborações de um mapa de medições com a sequência de acordo a ordem dos


trabalhos a executar em obra.
Por esse motivo, o empreiteiro deve exigir ao proprietário ou entidade, um caderno de
encargos pormenorizado, no qual esclarecer a natureza dos a empregar, tipo e prazos
de execução, encargos sociais, seguros e acidentes do pessoal, subempreitadas,
formas de pagamentos, multas e prémios de antecipação dos prazos estipulados,
etc…

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Para elaborar um orçamento começa-se por estudar o projecto e fazer as respectivas


medições, a fim de determinar as qualidades unitários do material, tantos em metros
lineares como em metros quadrados, metros cúbicos ou unidades, conforme a
natureza.
- Tratando-se de terras, betões, há que determinar os volumes métricos cúbicos (m³);
- Para pavimentos, revestimentos, coberturas, etc…as quantidades são em metros
quadrados (m²);
- Para canalização de água, esgoto, lancil, etc…as quantidades são em metros
lineares (m);
- Nas restantes pecas, determinamos os valores unitários como banheiras, sanitas,
Sargetas, etc…

Determinadas as qualidades dos materiais, há que averiguar na região onde será


feitas a obra, os salários praticadas, as despesas de transportes, materiais que se
possam extrair sobre tudo a pedra, areia, tijolo, etc… preços simples. Obtidos os
preços simples utiliza-se as tabelas-bases para se calcular os preços compostos de
cada unidade de trabalho; em seguida multiplica-se pela respectiva quantidade medida
obtendo-se assim o custo de cada género de trabalho que designaremos por artigo; a
soma dos artigos de cada tipo de trabalho resulta no custo da obra por capítulo. Por
fim soma-se os capítulos para obter o custo total. Ao custo total deve-se adicionar as
percentagens definidas para os encargos sociais e o lucro do empreiteiro.

1.2.2 Encargos Sociais

Deve-se ter em consideração no orçamento de uma obra os encargos sociais


relacionados com a mão-de-obra, os elementos abaixo indicados:
 Ferramentas - 5%;
 Subsídio de férias - 13%;
 Subsídio de natal - 13%;
 Caixa de providência - 19%;
 Desemprego - 3%;
 Seguros sociais - 8%;
 Doenças profissionais (medicina no trabalho) - 5%;
 Feriados pagos - 5,6%;
 Tempo chuvoso (inactividade) - 3,6%;
 Faltas remuneradas - 5,2%;
 Indeminização por despedimento - 6,6%;
 Mês de férias que não se trabalha - 13%;
 E formação profissional - 1%.

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1.3 PROJETOS DE ARQUITETURA


Este é talvez o serviço de arquitectura que mais desenvolvemos dado o seu carácter
estruturante e vinculador relativamente a todas as outras especialidades. Isto é, o
projecto de arquitectura é o elemento que coordena todos os outros entregues na
Administração Municipal respectiva. Assim, os projectos de engenharia terão
necessariamente de se ajustar em todas as suas vertentes ao que ficar neste
consagrado. Em suma, saiba aqui como fazer um projecto de arquitectura, quais as
suas fases, quanto tempo demora e o que se pretende atingir a cada momento.

1.3.1 Programa Preliminar

Após a aceitação da proposta de honorários inicia-se a primeira fase do projecto, o


Programa Preliminar. Esta fase é um resumo dos principais objectivos propostos pelo
cliente pois discrimina as características gerais pretendidas para a obra, cada um dos
espaços a projectar, as suas inter-relações e o seu modo de funcionamento.

1.3.2 Estudo Prévio

O Estudo Prévio compreende a segunda fase do processo, a qual tem como objectivo
chegar a soluções formais que se enquadrem nos objectivos propostos.

Nesta fase procura-se integrar as especificidades funcionais do programa pois


respondemos às exigências dos diferentes sistemas que ele incorpora. Isto é,
abordamos de modo expedito as estruturas, ventilações, iluminação, abastecimento e
drenagem de águas.

Desse modo, a concepção arquitectónica do edifício já aborda temas dos projectos de


especialidade futuros. São produzidas peças desenhadas (1 exemplar de cada
proposta), que comprovam a exequibilidade do projecto, ainda sem definições
construtivas. Em suma. Alcançados que estejam os requisitos do cliente o estudo
prévio dá origem a uma nova fase: o Anteprojecto.

1.3.3 Anteprojecto

A fase de Anteprojecto pressupõe o desenvolvimento do estudo prévio pela definição


de todos os factores importantes da arquitectura e das engenharias. As alternativas
estudadas terão um grau de desenvolvimento maior que no estudo prévio,
incorporando já soluções construtivas (estruturais e infra-estruturais). Esta fase
prepara todas as peças escritas e desenhadas para a entrega do Projecto Base,
sendo apenas apresentado 1 exemplar da proposta.

1.3.4 Projecto Base Ou Projecto De Licenciamento

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Apontamentos de Medições e Orçamentos

Após a aprovação do Anteprojecto procede-se à sua concretização em Projecto Base


(Licenciamento). Esta fase culmina na apresentação do projecto para Licenciamento
na Administração Municipal (peças escritas e desenhadas em número pedido pela
entidade respectiva).

1.3.5 Projeto De Execução

O Projecto de Execução constitui a quarta fase no desenvolvimento do projecto, e tem


como objectivo o desenvolvimento do Projecto Base (Licenciamento) ao nível de rigor
necessário para a construção.
O conteúdo do projecto de execução

A finalização desta etapa é atingida com a elaboração das peças escritas e


desenhadas necessárias para o início da construção da obra.
Estas compreendem um mapa de acabamentos (definição de todos os revestimentos
da construção), um caderno de encargos (discriminação de todos os procedimentos
construtivos), um mapa de medições (quantificação de cada um dos artigos do
caderno de encargos), desenhos gerais e diversos desenhos de pormenor
(representação de todos os detalhes técnicos, mapas de vãos interiores e exteriores,
mapas de casas de banho). Serão entregues 3 exemplares do projecto, um para o
cliente e dois para a obra.

Os orçamentos de obra segundo o projecto de execução


Com base nestes documentos, o cliente pode auscultar diversas propostas ou
orçamentos de diversos construtores, escolhendo a que melhor salvaguardar os seus
interesses.

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Apontamentos de Medições e Orçamentos

Perguntas frequentes sobre o Projecto de Arquitectura

Ao arquitecto são frequentemente colocadas questões sobre o desenvolvimento dos


projectos de arquitectura que tentamos aqui responder do modo mais simples
possível.

1. Vi um projecto vosso que gostei. Posso ter um igual?

Melhor que igual é ser adaptado a si e aos seus objectivos.

Não fazemos nada igual. Além do mais, pode sempre fazer-se melhor. Não é assim?

2. Eu gostava de manter o Projecto da minha casa em anonimato. Pode ser?

Claro que sim. Para isso só tem de pedir ao arquitecto e engenheiro responsável que
o seu desejo é o de não divulgar o Projecto de arquitectura e a localização.

3. O Projecto de arquitectura é a estética da casa?

Não. Pensar o Projecto de arquitectura envolve muitas mais questões.

Viabilidade Urbanística

Primeiro todos os aspectos legais da cidade e específicos do uso do imóvel.

Sustentabilidade Financeira

Segundo, todas as questões orçamentais que o cliente possui.

Exequibilidade técnica

Terceiro, todos os aspectos de funcionalidade que o cliente terá de ver satisfeitos.


Quarto, todas as questões relativas à construção e Projecto de execução. Quinto, algo
difícil de traduzir em palavras ou imagens, mas que talvez corresponda à palavra
estética, mas que nós preferimos designar como o conforto da ordem e do belo.

4. Quanto tempo demora um Projecto de arquitectura?

Depende muito do Projecto que pretende. Por exemplo, para uma casa unifamiliar, um
estudo prévio de um Projecto de arquitectura demora cerca de 20 dias, um Projecto de
licenciamento cerca de 30 dias e um Projecto de execução já demora cerca de 45
dias.

Todavia, exponha-nos o tempo que necessita e nós certamente conseguiremos atingir


o seu objectivo.

5. Quanto custa um Projecto de arquitectura?

Um Projecto de arquitectura feito por um arquitecto tem um custo que varia em função
do tipo de acompanhamento ajustado à necessidade do cliente e da obra, ao grau de
complexidade daquilo que se pretende projectar, às dificuldades inerentes ao terreno e
às condicionantes legais e ao prazo necessário para terminá-lo.

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1.4 PROJETOS DE ESPECIALIDADES


Os projectos de especialidades são um processo fundamental para o desenvolvimento
de um bom projecto. Neste particular, a compatibilização dos diferentes temas assume
um papel fundamental. Como tal é fundamental evitar que um projecto reduza o
desempenho de outro através de alguma característica. É também importante ajustar
as características de cada especialidade de modo a reduzir os custos nas outras. Ora
estes objectivos atingem-se através de um constante diálogo entre projectistas no
momento de cálculo e desenho de cada solução.

1.4.1 Coordenação De Projectos

Em todo o processo desenvolve e coordena as especialidades caso o cliente o solicite,


tanto na fase de licenciamento como de execução ou acompanhamento de obra. Em
conformidade com os projectos de especialidades habitualmente apresentamos são os
seguintes:
1. Plano de Acessibilidades;
2. Projecto de Arranjos Exteriores | Paisagismo;
3. Projecto de Estabilidade;
4. Projecto de Redes Prediais de Água e Esgotos;
5. Projecto de Águas Pluviais;
6. Projecto de Alimentação e Distribuição de Energia Eléctrica;
7. Projecto de Instalações Telefónicas e Telecomunicações;
8. Projecto de Instalação de Gás;
9. Projecto de Segurança Contra Incêndios;
10. Estudo de Comportamento Térmico;
11. Projecto Acústico.

1.4.2 Fases Dos Projectos De Especialidade

Sem prejuízo de projectos mais complexos, onde análises prévias da estrutura ou de


qualquer outro componente determinante, os projectos de Especialidades são
constituídos normalmente pelas seguintes fases de trabalho.
1. Projecto Base ou Projecto de Licenciamento);
2. Projecto de Execução;
3. Assistência Técnica de Obra.

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1.4.2.1 Projecto de licenciamento

Após a aprovação da Administração local, do projecto de Arquitectura procede-se à


elaboração dos diversos Projectos de Especialidade para licenciamento. Esta fase
prepara todas as peças escritas e desenhadas para a entrega dos Projectos Base de
Especialidades, sendo apenas apresentado 1 exemplar de cada proposta.

1.4.2.2 Projecto de Execução

Após validados todos os projectos pela Administração Municipal, pelos serviços


municipalizados competentes ou ainda pelas entidades respectivas procede-se à
próxima fase de trabalho que se designa de Projecto de Execução. Embora opcional,
este estudo consiste num conjunto de documentos que preparam todo o processo de
consulta a construtores e permitem obter propostas detalhadas e competitivas. Ao
mesmo tempo é a garantia de que a construção é preparada e executada de modo
rigoroso e com a máxima qualidade. Por fim irá permitir também um trabalho facilitado
ao Director de Fiscalização de obra.

É composto por um mapa de medições, caderno de encargos, Pormenores e


estimativa orçamental.
No mapa de medições estão discriminados todos as quantidades para cada item
específico.
No caderno de encargos está descrito como será executado cada um dos capítulos
que compõem a obra.
Nos pormenores estão evidenciados e desenhados todos os detalhes construtivos
com a respectiva legenda.
Por fim, na estimativa orçamental está descrito uma possível cotação segundo valores
de mercado, permitindo a organização de uma estratégia de negociação com o
construtor por parte do dono de obra.

1.4.2.3 Assistência técnica à obra

A última etapa no desenvolvimento do projecto é a Assistência Técnica à Obra,


durante a qual a Arquitectura e Engenharia se mantém sempre disponível para o
esclarecimento de dúvidas que possam surgir durante o período de construção da
obra.

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Dúvidas sobre o projecto de especialidade

Ao engenheiro são frequentemente colocadas questões sobre o desenvolvimento dos


projectos de especialidades e que tentamos aqui responder do modo mais breve e
simples possível.

1. Um engenheiro faz todos os projectos de especialidades?

Normalmente não. Os engenheiros estão habilitados de modo distinto e poucos estão


habituados a desenvolver estruturas, hidráulicas, electricidade e telecomunicações,
gás, comportamento térmico com certificação energética ao mesmo tempo.

O normal e aconselhável é que os projectos sejam desenvolvidos por dois ou três


engenheiros, até porque os custos são assim mais reduzidos uma vez que o
engenheiro se encontra mais treinado na tarefa que desempenha.

2. Preciso mesmo de um engenheiro?

Sim, precisa. Da mesma forma que precisa dos arquitectos, também precisa de um
engenheiro.

Os engenheiros, são essenciais para a execução de uma boa obra a custos


controlados. Os projectos de especialidade bem desenvolvidos por engenheiros e os
projectos de arquitectura bem desenvolvidos são a garantia que não ultrapassa os
custos que tem disponíveis e mantém um patamar de qualidade de construção
elevado.

3. A engenharia é menos criativa que a arquitectura?

Não. A engenharia é no fundo o engenho para responder a um problema.

O desenho e o cálculo como instrumentos de projecto

Por isso precisamos de um engenheiro para calcular. O arquitecto desenha, mas


calcula menos. O engenheiro calcula mais, mas desenha menos. O importante para a
nossa empresa de projectos é tornar todo este processo num constante diálogo
criativo entre engenheiros e arquitectos.

4. Quanto custam os projectos de especialidade?

Tal como os projectos de arquitectura, os custos dos projectos de especialidade


dependem do tamanho do investimento e do tempo em horas consequentemente
gasto pelos engenheiros projectistas.

Qual a melhor altura para começar os projectos de especialidades?

Normalmente, nós começamos a integrar logo no estudo prévio do projecto de


arquitectura as questões relativas às engenharias.

Todavia, a melhor altura para iniciar os projectos de especialidades deverá ser em


princípio após aprovação do pedido de licenciamento do projecto de arquitectura.

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1.5 PEÇAS DE PROJECTO


1.5.1 Peças Escritas

Na prática corrente, os elementos de um projecto classificam-se da seguinte forma:

 Peças escritas;

 Peças desenhadas.

As peças escritas é, conforme o nome indica, o conjunto de todos os elementos


escritos que fazem parte integrante do projecto, como, por exemplo:

 Memória descritiva e justificativa;

 Nota de cálculo;

 Medições dos trabalhos a realizar (MAPA DE QUANTIDADES);

 Orçamento da obra;

 Condições técnicas, gerais e especiais (CADERNO DE ENCARGOS).

CADERNO DE ENCARGOS - CONDIÇÕES TÉCNICAS (PROJECTO)

 Notas técnicas;

 Desenhos;

 Especificações / Listas de materiais;

 Métodos construtivos;

 Sistemas de controlo;

 Regras de qualidade;

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Apontamentos de Medições e Orçamentos

1.5.2 Peças Desenhadas

Peça desenhada integrante de um Projecto que inclui a representação em planta de


todos os elementos arquitectónicos, bem como outros elementos existentes no lote a
edificar, como muros, vedações, passeios, entre outros.

As peças desenhadas é, conforme o nome indica, o conjunto de todos os elementos


desenhados que fazem parte integrante do projecto, como, por exemplo:

Carimbo: Elemento do layout de uma peça desenhada que contém a sua identificação
e descrição.

Layout: Disposição geral dos componentes de um Projecto. Forma como os


elementos gráficos e textuais se organizam numa peça escrita ou desenhada.

Planta de implantação: Peça desenhada integrante de um Projecto que inclui a


representação em planta de todos os elementos arquitectónicos, bem como outros
elementos existentes no lote a edificar, como muros, vedações, passeios, entre outros.

Planta de edificação: Peça desenhada integrante do Projecto de construção de um


edifício que compreende a vista superior do plano secante horizontal. A altura
considerada do plano é variável de forma a poder ser possível a representação de
todos os elementos considerados relevantes.

Perfil: Peça desenhada que mostra o corte perpendicular de um objecto; termo que
define peças de metal, plásticas ou cerâmicas, produzidas por moldagem.

Corte: Peça desenhada que representa a secção de um plano vertical na


representação de um edifício, mostrando pormenores do seu interior, nomeadamente
as cotas. As plantas também são cortes efectuados por um plano horizontal.

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Apontamentos de Medições e Orçamentos

CAPÍTULO 2. Custos de Projectos e Obras

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Apontamentos de Medições e Orçamentos

2.1 ORÇAMENTOS
2.1.1 Definição de Orçamento

Orçamento é basicamente um exercício de previsão dos custos de um determinado


serviço ou produto que se deseja executar. Este levantamento de custo, de um modo
geral, é feito com base na quantificação dos insumos necessários, da mão de obra e
dos equipamentos utilizados para a execução de todos os serviços que serão
empregados. Também se deve estimar a duração da obra e cotar os preços de cada
item.

Para o construtor, o orçamento é a descrição dos insumos que serão utilizados na


construção do empreendimento somados das despesas indiretas, o seu lucro e os
impostos a serem pagos. É importante salientar que o preço de venda dos serviços é
fixo, porém o custo é variável e precisa ser monitorado em função das metas de
desempenho estabelecidas no planeamento e cronograma da obra.

Figura 1 - Fluxograma de atividades no orçamento

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Apontamentos de Medições e Orçamentos

2.1.2 Processo de cálculo de Orçamento


Para elaborar um orçamento começa-se por estudar o projecto e fazer as respectivas
medições, a fim de determinar as quantidades unitárias do material, tanto em metros
lineares (m), metros quadrados (m²), metros cúbicos (m³) ou unidades (Un), conforme
a natureza.

Determinadas as quantidades dos materiais, há que averiguar na região onde será


executada a obra, os salários praticados, as despesas de transportes, materiais em
que se possa obter tais como a pedra, areia, tijolos, cimento, etc., - Preços Simples.

Obtidos os preços simples, utiliza-se as tabelas-bases para calcular os preços


compostos de cada unidade de trabalho; em seguida, multiplica-se o preço composto
de cada unidade de trabalho pela respectiva quantidade medida obtendo-se assim o
custo de cada género de trabalho (designado por artigo). A soma dos artigos de
cada tipo de trabalho resulta no custo da obra por capítulo; por fim, somam-se os
capítulos para se obter o custo total; ao custo total deve-se adicionar as percentagens
definidas para os encargos sociais e o lucro do empreiteiro.

2.2 CUSTOS
No cálculo dos custos relativos a uma obra é necessário considerar os seguintes
elementos, que deverão ser devidamente caracterizado na fase do planeamento da
obra:
- Peças escritas;
- Peças desenhadas;
- Mapa de medições;
- Orçamento do cliente;
- Orçamento interno;
- Rendimentos:
• Rendimentos da mão-de-obra;
• Rendimento dos materiais;
• Rendimento dos equipamentos.

É necessário ainda, definir o processo de trabalho, considerando o projecto dividido


em tarefas ou actividades, referindo para cada uma o tempo e os recursos que lhe são
atribuídos.

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Apontamentos de Medições e Orçamentos

Seguidamente, deve-se quantificar os custos impostos pelas limitações físicas


existentes (associadas à construção), pelas limitações de meios e pelas limitações
devidas à segurança (por regulamentação ou por critérios de qualidade).

Com os dados atrás referidos devem estabelecer-se os seguintes elementos:


- Programas de trabalho no tempo;
- Diagramas de carga de pessoal;
- Cronogramas:
• Cronogramas de facturação previsional;
• Cronograma de custos internos (custos relativos aos recursos, custos indirectos,
custos de estaleiro e custos totais);
• Cronograma do conjunto de materiais a utilizar, do plano de stocks e do mapa de
encomendas.

MAPA MODELO PARA ORÇAMENTOS

2.3. ESTRUTURA DE CUSTOS

Uma estrutura de custos é um processo de dividir os diversos encargos que a


empresa de construção civil tem de modo a facilitar a elaboração do respectivo
orçamento.

Em construção civil, normalmente, a estrutura de custos tem a seguinte forma:

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Apontamentos de Medições e Orçamentos

 Custos Directos
São custos afectos exclusiva e directamente à obra (mão de obra, materiais e
equipamentos).
Cd = Cmo + Cmat + Ceq
Cd: custo directo
Cmo: custo de mão-de-obra
Cmat: custo de materiais
Ceq: custo de equipamentos

Estes incluem quatro tipos de consumos:

 Custos de mão-de-obra
Incluem os encargos sociais previstos na lei ou da iniciativa da empresa, tais como:
transportes, alojamento e alimentação. Para o cálculo do custo de mão-de-obra é
necessário definir o salário-hora (acrescido de vários encargos como ferias, feriados,
faltas remuneradas, inactividade por tempo chuvoso, seguros, etc.);
Os custos de mão-de-obra são calculados através da seguinte expressão:

 n – nº de operários que realizam a tarefa;


 rmoi – rendimento do operário i;
 Smoi – salário do operário i incluindo todos os encargos.

 E – percentagem dos encargos (férias, feriados, seguro, subsídio de férias,


etc.);
 Vmoi – vencimento horário do operário;
 VM – vencimento mensal;
 NHTS – número de horas de trabalho semanal.

 Custos de materiais
Incluem encargos com IVA e transporte até ao local da Obra. Para o cálculo do custo
dos materiais deve-se conhecer os seus preços simples;
Os custos de materiais são calculados através da seguinte expressão:

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Apontamentos de Medições e Orçamentos

 CMAT,j – Custo do material j necessário à realização de uma unidade da tarefa


em estudo;
 Rm,j – é o rendimento do material j, ou seja a quantidade do material j
necessário à realização de uma unidade da tarefa em estudo. Deverá incluir
um ligeiro agravamento para quebras, desperdícios, cortes e sobreposições;
 Cm,j – Custo de uma unidade do material j, incluindo transporte e colocação em
obra e excluindo IVA.

O conjunto de todos os materiais necessários à realização de uma unidade de tarefa


terá o custo representado pela expressão:

 m – Numero de materiais necessários à realização de uma unidade de tarefa.

 Custos de equipamentos
São aplicados directamente na realização dos trabalhos. Para quantificar os custos
do equipamento é preciso saber os custos relativo a sua posse, ao seu
manuseamento, ao transporte, montagem e desmontagem, desvalorização total e a
sua vida útil previsível.
Os custos de equipamentos são calculados através da seguinte expressão:

 CT – Custo total de um dado equipamento;


 K – Percentagem de imobilização em estaleiro central resultante dos períodos
em que a máquina não está afecta a qualquer obra;
 CP – Custo de posse anual;
 T – Período de tempo que o equipamento permanece na obra;
 CCRC – Custo unitário de conservação, reparação e consumos;
 H – Período de tempo que o equipamento trabalha na obra;
 CM – Custo unitário de manobra;
 t – Período de tempo que os manobradores afectos as equipamento se
encontram a trabalhar com ele;
 CTMD – Custo total de transporte montagem e desmontagem;
Naturalmente que se verifica a relação H ≤ t ≤ T

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Apontamentos de Medições e Orçamentos

Faz-se normalmente t = δH com δ ≤ 1,0 sendo δ uma constante que depende do


equipamento.

 Custos Indirectos

Os custos indirectos são uma percentagem do valor dos encargos totais gerais da
empresa, estes custos destinam-se a todas as despesas não específicas de cada
obra, necessárias à manutenção da estrutura administrativa e técnica da empresa.

Estes custos incluem:


i) Custos de estrutura da empresa, como, por exemplo:
 Vencimento do pessoal administrativo não técnico;
 Gastos de exploração e manutenção da sede social;
 Vencimento da direcção da empresa;
 Despesas de consumo corrente;
 Seguros de pessoas e bens;
 Encargos financeiros;
 Despesas comerciais;
 Contribuições, impostos e taxas (normalmente nunca imputados às obras).
 Etc.
ii) Custos industriais - são os custos de todas as secções não directamente produtivas,
que asseguram a função técnica da empresa como, por exemplo:
 Vencimento do pessoal técnico não directamente ligado às obras;
 Vencimento da direcção de pessoal;
 Encargos de amortização e exploração de viaturas do pessoal técnico;
 Despesas gerais do estaleiro central;
 Patentes e licenças.

iii) Outros custos imputáveis às obras adjudicadas como, por exemplo:


 Despesas com pessoal da empresa encarregado do estudo e apresentação
das propostas;
 Gastos de adjudicação, garantias bancárias, aquisição de projectos, etc;
 Encargos financeiros resultantes do contracto.

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Apontamentos de Medições e Orçamentos

 Custos de Estaleiro
são custos afectos à montagem, manutenção, e desmontagem do estaleiro, e que são
proporcionais aos custos directos. Custos de equipamentos – são aplicados
directamente na realização dos trabalhos.

Ce = K1 x Cd
Ce: custo de estaleiro
K1: coeficiente de proporcionalidade
Custos Indirectos: são custos afectos à estrutura da empresa (definidos em
percentagem dos custos directos e dos custos de estaleiro).
Ci = K2 x (Cd +Ce)
Ci: custo indirecto
K2: percentagem de custos directos e custos de estaleiro.

Essas despesas incluem:


 Custos com a mão-de-obra não directamente produtiva, incluindo os encargos
sociais previstos na lei o de iniciativa da empresa (pessoal dirigente, controlador,
condutor das obras, pessoal dos serviços auxiliares, etc.);
 Equipamentos não englobados nos custos directos (como gruas, central de
betão, tapumes, vedações, placas informativas, etc.);
 Viaturas (carga e pessoal), seus consumos e despesas de manutenção e
reparação;
 Despesas de montagem e desmontagem do estaleiro;
 Despesas ligadas à exploração do estaleiro (segurança, aluguer de instalações
fixas, água, luz, telefone, pavimentos, etc.).

 Margem de Lucro e Risco


A margem de lucro e risco são o valor monetário fixo que devem ser adicionados ao
montante global dos custos da obra, de modo a incluir o lucro da empresa e o risco
decorrente do investimento a efectuar ao longo da sua realização.

 Imposto Sobre o Valor Acrescentado


Todos os orçamentos deverão ser afectados de uma percentagem relativa ao I.V.A.
(conforme taxas em vigor, que podem variar em função do Dono-de-Obra).

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2.4. COMPOSIÇÃO DE PREÇOS UNITÁRIOS (CPU)

CPU: são custos unitários dos serviços e representam a maneira mais comum e
eficiente, para se calcular os custos das obras. Através da apropriação da mão-de-
obra e equipamentos empregues em serviços anteriormente executados (em uma ou
varias obras) ou da apropriação ou cálculo de consumo dos materiais gastos, são
elaboradas as Composições de Preços Unitários (CPU’s), que com relativa precisão,
irão nos fornecer o custo unitário dos serviços.
Ou denomina-se composição de custos a união de todos os insumos (materiais,
mão-de-obra, equipamentos, ferramentas) que atuam diretamente em uma
determinada atividade.

Nos orçamentos, as composições de serviços são apresentadas sob a forma de


composições de custo, onde cada um de seus insumos apresenta um índice de
consumo por unidade de serviço que, multiplicado pelo respectivo custo unitário,
resulta no valor unitário do insumo para a execução da unidade daquele serviço.
As composições de custos foram desenvolvidas no sentido de agilizar e facilitar o
trabalho do orçamentista. As composições permitem calcular todas as quantidades e
custos dos insumos componentes de uma atividade, apenas com base no
levantamento das quantidades do serviço em projeto e nos preços unitários dos
insumos.

Mas para que estas composições possam espelhar a realidade construtiva, ou por
outra, para que o planejamento técnico possa ser confiável junto ao acompanhamento,
é necessário que se saiba como obter uma composição correta ou de que forma foi
obtida a composição que estamos utilizando.

A composição de custo unitário pode ter os seguintes componentes:

a) Índice ou coeficiente de produção ou de aplicação de mão-de-obra;


b) Índice ou coeficiente de aplicação de materiais;
c) Índice de aplicação de equipamentos com o seu custo horário;
d) Preços unitários de materiais;
e) Preços unitários de mão-de-obra;
f) Taxas de encargos sociais;
g) Benefícios e Despesas Indiretas (BDI).

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Apontamentos de Medições e Orçamentos

São várias as formas possíveis de montagem de uma planilha para composição de


custo unitário.

A Figura 2, apresenta um exemplo seguindo este modelo de planilha. Seguindo o


exemplo desta figura, sugere-se que constem da planilha:

Serviço: PREPARO de Betão, com betoneira, controle tipo A, fck = 150 kgf/cm³
Código: 060504 Unidade: m³

Figura 2: Exemplo de ficha de composição de preços

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Apontamentos de Medições e Orçamentos

MAPA MODELO PARA COMPOSIÇÃO DOS PREÇOS OU CUSTOS


UNITÁRIOS

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2.4.1 Taxas de Leis Sociais e Risco do Trabalho nos Custos da Construção


Os índices aplicados sobre a mão-de-obra, a título de encargos sociais, obedecem às
disposições da Constituição. A discriminação dos fatores que as compõem podem
ajudar no estabelecimento de um critério ou orientação para a elaboração do
orçamento de cada empresa.

Salienta-se, entretanto, que alguns destes índices são fundamentados em diversos


dados estatísticos e outras considerações que podem sofrer variação, de tempos em
tempos, e, para cada região, provocando diferenças nos percentuais dos encargos.

CONCEITO DE ANO PRODUTIVO:

Jornada mensal de trabalho => 220 horas/mês


Jornada diária de trabalho => 220 horas/30 dias = 7,3333 horas/dia

1 ano => 365 dias x 7,3333 h = 2.676,65 h

Descanso Semanal Remunerado => 52 domingos x 7,3333 h = 381,33 h

Feriados ==> 13 dias x 7,3333 h = 95,33 h

Auxílio-enfermidade ==> 15 dias x 7,3333 h x 15% (*) = 2,25 dias = 16,50 h

Licença-paternidade ==> 5 dias x 7,3333 h x 19,40% (*) = 0,97 dias = 7,11 h


(A ser confirmado por lei complementar, isto é, será verificado se a previdência social
assumirá este encargo. Neste caso o empresário terá o reembolso e recalcular-se-á a
taxa de Leis Sociais.)

Dias de chuva/faltas justificadas/acidentes de trabalho/greves/falta ou atrasos na


entrega dos materiais ou serviços na obra/outras dificuldades ==> 12,96 dias x 7,3333
h = 95,04 h

Deduzindo-se do total de horas anuais (2.676,65) as não-trabalhadas, teremos horas


produtivas igual a 2081,34 h, equivalente a 283,82 dias úteis por ano (2081,34
horas/ano/7,3333 horas/dia).
(*) percentual adotado.

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2.5 Exemplos de Aplicação


1) Custo da hora de um oficial com vencimento mensal de 500 euros

2) Vencimento mensal de um servente com Cmo = 5 €/hora

3) Custo de 1Kg de cimento sabendo que 1 saco de 40Kg custa 3.80 € (incluindo IVA)
e que o comprador tem 5% de desconto.

Nota: os descontos e os impostos não devem ser incluídos nos custos simples.

4) Cálculo do rendimento dos materiais na tarefa:


“Pavimentação a cubos de granito 11x11 incluindo almofada de areia com 5cm de
espessura
média”

5) Rendimento de oficial e servente na seguinte situação:


“Um pintor e um servente pintam uma sala que tem aproximadamente 100m 2 de
parede para pintar em 2 dias de 9 horas”

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6)

No caso do nosso exemplo o serviço de alvenaria de tijolo furado e =10 cm deverá ser
associado a seguinte composição:

O que significa que todos os insumos será multiplicado pelo quantitativo do serviço, no
nosso exemplo 555 m2., assim teremos:

Mão-de-obra
Servente – 1,15 h / m2 x 555 m2 = 638,25 horas
Pedreiro – 1,10 h / m2 x 555 m2 = 610,50 horas
Materiais
Areia Comum – 0,018 m3 / m2 x 555 m2 = 9,90 m3
Cimento Portland CP-32 – 3,60 kg / m2x 555 m2 = 1998 kg
Tijolo Cerámico Furado 30x20x10 cm – 21 Und / m2 x 555 m2 = 11.655 Unidades

E assim sucessivamente, adota-se essa associação para todos os serviços da


planilha. Desta forma, obtem-se as quantidades reais dos insumos aplicáveis a uma
determinada obra.

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Cálculo de preços de venda de tarefas necessárias à execução de betão


Armado

1 – Calcular o preço unitário da tarefa


“Fornecimento e colocação de B25 em sapatas (m3)”
1º Análise tecnológica

Vamos admitir central + grua + vibração e espalhamento

2 – Decomposição em recursos

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2 – Calcular o preço unitário da tarefa.


“Fornecimento e colocação de aço em armaduras de sapatas” (Kg)
1 – Análise tecnológica
Fabrico: cortar ferros – máquinas cortar + mão-de-obra
dobrar ferros – máquinas dobrar + mão-de-obra
montar peças de betão armado
Colocação: mão-de-obra de colocação em sapatas
grua ou outro meio de transporte
Transporte: fábrica – obra – oficina armaduras (quem paga?)

2 – Decomposição em recursos
Materiais: aço em varão
Mão-de-obra: oficial e servente (corte + dobragem + armação + colocação)
Equipamento: Grua – vamos assumir que está incluída nos custos de estaleiro
Máquina de cortar
Máquina de dobrar
3 – Custos
aço em varão (varia com o diâmetro) – normalmente assume-se o custo de um
diâmetro médio - Ø10(?) – 0.37 €/Kg incluindo transporte – 15% quebras,
sobreposições e desperdícios

oficial – 6.50 €/h máquina cortar 2.50 €/h


servente – 5.00 €/h máquina dobrar 2.50 €/h
4 – Rendimentos
oficial - 0.01 h/Kg máquina cortar – 0,002h/Kg
servente - 0.01 h/Kg máquina dobrar – 0,002h/Kg
5 – Custo directo
Cd = 1,15 x 0.37 € + 0,01 x 6.5 € + 0,01 x 5.0 € + 0,002 x 2.5 € + 0,002 x 2.5 € = 0.55
€/Kg
6 – K = 1,3 (arbitrado)
7 – PV = 1,3 x 0.55 € = 0.72 €/kg

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3 – Calcular o preço unitário de tarefa


“Fabrico, montagem e desmontagem de cofragem em vigas incluído escoramento”
(m2)
1 – Análise tecnológica
Cofragens tradicionais: Escoramento tubos ou prumos madeira
Painéis de pinho com barrotes e tábuas de soalho
Outras cofragens: metálicas, moduladas (sistemas patenteados, tradicional melhorada
(ligação macho-fêmea)

Sub-tarefas
- Fabrico de painéis (cada painel dá um determinado número de utilizações)
- Montagem de painéis
- Desmontagem de painéis (descofragem)
- Limpeza de painéis para novas utilizações (escoramento à parte)

2 – Fabrico de painéis
Recursos
Materiais – Tábuas de soalho

Mão-de-obra – carpinteiro e servente

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Equipamentos – máquinas de carpintaria (serras, plainas, topia, ...); em estaleiro serra


Ficha de custos
Madeira de pinho 0,030m3/m2 x 175 €/m3 = 5.25 €
Pregos 0,1 Kg/m2 x 1.00 €/Kg = 0.10 €
Carpinteiro 2,0h/m2 x 6.50 €/h = 13.00 €
Servente 0,85h/m2 x 5.00 €/h = 4.25 €
Máquina (*) = 0.05 €/m2

Cd = 5.25 € + 0.10 € + 13.00 € + 4.25 € + 0.05 € = 22.65 €/m2

Normalmente consideram-se 5 utilizações


3 – Montagem de painéis
Recursos
- Madeira para transmitir o esforço ao escoramento e estabilizar os painéis.
Ex.

- Mão de obra
Ficha de custos
Madeira de pinho (incluída no fabrico)
Carpinteiro 0,4h/m2 x 6.50 € = 2.60 €
Servente 0,2h/m2 x 5.00 € = 1.00 €
Cd = 3.60 €/m2
4 – Desmontagem e limpeza de painéis
Análoga a montagem – vamos admitir:
Carpinteiro 0,3h/m2 x 6.50 € = 1.95 €
Servente 0,15h/m2 x 5.00 € = 0.75 €
Cd = 2.70 €/m2

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5 – Escoramento
Normalmente calculado por preço global

6 – Custo directo de 1m2 de cofragem

7 – K = 1,3

8 - PV = 1,3 x 11.33 € = 14.7 €/m2

4 – Preço de venda de 1m³ de betão armado incluindo betão, cofragem e


armaduras

Em alguns projectos, as medições não separam os artigos em betão, cofragem e


armaduras.
Nesse caso o preço do betão armado corresponde à agregação dos 3 preços atrás
determinados.

Em estimativas orçamentais é normal usar-se este preço por ser mais fácil de medir.

PV (1m³ BA) = PV (1m³ B) + dcof x PV (1m²cof) + darm x PV (1 kg arm), sendo:

- PV (1m³ BA) – preço de venda de 1 m3 de betão armado


- PV (1m³ B) – preço de venda de 1 m3de betão da classe … (classe de betão)
- PV (1m2 cof) – preço de venda de 1 m2de cofragem em .... (tipo elemento estrutural)
- PV (1Kg arm) – preço de venda de 1 kg de armaduras em ... (tipo elemento
estrutural)

Exemplo:
Qual é o preço de 1m3 de betão armado no pilar

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(valores dos preços de betão, cofragem e armaduras calculados nos exemplos atrás)

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ANEXO 1 – PERCENTAGENS REFERENCIAIS

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ANEXO 2 - PLANILHA BÁSICA PARA VISITA Á OBRA

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ANEXO 3 – ENCARGOS SOCIAIS HORISTA E MENSALISTA

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ANEXO 4 – INSTALAÇÕES PROVISÓRIAS

ANEXO 5 – MÃO-DE-OBRA INDIRETA

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ANEXO 6 – EQUIPAMENTOS

ANEXO 7 – MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO

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ANEXO 07 – ADMINISTRAÇÃO LOCAL

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ANEXO 08 – ADMINISTRAÇÃO CENTRAL

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ANEXO 09 – EXEMPLO DE PLANILHA DE ORÇAMENTO

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ANEXO 09 – EXEMPLO DE PLANILHA DE ORÇAMENTO (Continuação)

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ANEXO 09 – EXEMPLO DE PLANILHA DE ORÇAMENTO (Continuação)

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