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ARTE, INCLUSÃO, TECNOLOGIAS E INTERDISCIPLINARIDADE: o

desenvolvimento de potencialidades na educação contemporânea.

Simone Helen Drumond Ischkanian¹


Adriana Alves de Lima2
Marli Balta Ferreira3
Sandro Garabed Ischkanian4
Gabriel Nascimento de Carvalho5
Terezinha Almeida de Lima6

1. INTRODUÇÃO
Arte, inclusão, tecnologias e interdisciplinaridade, o desenvolvimento de
potencialidades na educação contemporânea permeia o acesso à educação e o direito ao
estudo, que são garantias constitucionais universais, ou seja, obrigação estatal e familiar
de todos os brasileiros. A diversidade de experiências, habilidades, contextos e
habilidades dos alunos reflete uma realidade que deve ser celebrada por meio do ensino
inclusivo.
A fotografia artística (fine art) ou as belas artes são obras de arte, de qualquer
nível artisitico, criadas para atingir um nível estético de excelência para que sejam
reconhecidas pela beleza que representam.
A insistência em modelos pedagógicos padronizados tem se mostrado ineficaz
nas últimas décadas, de modo que o presente e o futuro da educação residem na
promoção da diversidade como um valor inegociável. Quanto mais suas diferenças são
valorizadas, mais alunos e professores progridem, com ou sem deficiência.
1
ISCHKANIAN, Simone Helen Drumond - Doutoranda em Educação, Professora SEMED,
UEA e IFAM – Autora do Método de Portfólios Educacionais (Inclusão – Autismo e
Educação). SHDI é autora de artigos e livros. E-mail simone_drumond@hotmail.com
2
LIMA, Adriana Alves - Autora de artigos e livros, é citação e referencia em artigos de livros
pela Editora Schreibe. Professora. Pós-graduada em Especialização em Tecnologias
Educacionais para a Docência em Educação Profissional e Tecnológica, pela Universidade do
Estado do Amazonas (UEA). Bacharel em Engenharia Elétrica, pela Uninorte-AM.
E-mail: adriana.alveseng@gmail.com
3
FERREIRA, Marli Balta - Autora de artigos e livros, é citação e referencia em artigos de
livros pela Editora Schreibe. Mestranda em Ensino na Saúde - MEPS/UFG, Especialista em
Gestão Pública pela FFOCUS, Graduada em Letras Português/Espanhol pela FABRAS e
Graduada em Tecnologia em Sistema de Informação pelo CEFET/GO, Coordenadora de
Inovação em Educação em Saúde - SESG-GO. E-mail: arsjatai@gmail.com
4
ISCHKANIAN, Sandro Garabed. Especialista em Comunicação (COMAER) e Matemático
(UFAM). Autor do Método de Portfólios Educacionais (Inclusão – Autismo e Educação).
5
CARVALHO, Gabriel Nascimento. Administração (UNIP) e Direito (IAMES).
6
LIMA, Terezinha Almeida. Graduada em Engenharia Civil (UTAM – Instituto de Tecnologia
da Amazônia, Atual UEA), Especialista em Docência Superior (Faculdade UNYLEYA), pós-
graduada em Tecnologias Educacionais para Docência em Educação Profissional e Tecnológica
(UEA); engenheira e instrutora de cursos técnicos CETAM. E-mail: tal.edificacao@gmail.com
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Arte e inclusão para o desenvolvimento de potencialidades na educação
contemporânea.
A arte como meio de inclusão social pode e deve ser vista como um fator a
mais nas diversas formas de desenvolver aprendizagens relacionadas às diversas áreas
do conhecimento. Marli Balta Ferreira evidencia que “essa questão é claramente
abordada por meio da interdisciplinaridade, ou seja, do diálogo entre uma ou mais
disciplinas”, com o objetivo de potencializar o aprendizado por meio de oportunidades e
formas diferenciadas de compreensão e contextualização dos conteúdos educacionais.
Nesse sentido, o objetivo é tentar aumentar a expressão artística dos alunos para
melhorar a sua compreensão face à aprendizagem.
O desenvolvimento de potencialidades na educação contemporânea, no que
tange a arte e a educação especial deve, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB), nº 9.394/96, art. 58, da educação nacional, ser entendida
como “modalidade da educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de
ensino, para educandos portadores de necessidades especiais” na Lei, vê-se instituído as
Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, a promoção de uma
proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais,
organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns
casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação
escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que
apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da
educação básica.
2.2 Arte e fotografia.
A fotografia artística (fine art) é um gênero de fotografia que visa expressar um
sentimento ou percepção do fotógrafo. Não tem obrigação de representar a realidade e
por isso, tem um forte caráter subjetivo. A relação entre arte e fotografia é algo
transcendente na educação. A fotografia não é arte, é um processo, mas pode e deve ser
utilizada para fins artísticos. O que distingue uma fotografia comum de uma fotografia
artística é o conceito de sua produção. Se existe um conceito, uma ideia, um significado,
a fotografia é apenas um meio para expressar o propósito do artista.
A fotografia aproximou os meios de produção e reprodução da realidade,
característica da mimese, ou imitação da realidade. Nesse sentido, a arte, que até então
buscava a reprodução na representação de figuras, pessoas e natureza, teve que se
reinventar, criar novas formas de representar o mundo real e o mundo artístico.
O planejamento sobre: “Fotografia como arte e crítica social”, evidencia que na
educação, a fotografia é mais que um registro, quando relacionada a fatos históricos, é
um bem valioso. Isso nos
ajuda a entender o mundo
de diferentes perspectivas.
A fotografia pode ser
usada como meio de
registro ou mesmo como
arte, ela é extremamente
importante para o ser
humano comunicar o seu
mundo pessoal, social e
profissional.
Fonte: Adriana Alves de Lima (imagem autorizada para publicação neste artigo)

PLANEJAMENTO: FOTOGRAFIA COMO ARTE E CRÍTICA SOCIAL

Conteúdo Fotografia como arte e crítica social


(UD) Artes visuais - Artes Integradas às demais disciplinas do currículo
(EF69AR05) Experimentar e analisar diferentes formas de expressão
artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura,
Habilidades modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance, etc.).
(EF69AR31) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões
da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.
(EF69AR35) Identificar e manipular diferentes tecnologias e recursos
digitais para acessar, apreciar, produzir, registrar e compartilhar
práticas e repertórios artísticos, de modo reflexivo, ético e responsável.
 Conhecer a produção de reconhecidos fotógrafos e fotógrafas
nacionais.
 Refletir sobre as motivações que levaram tais artistas a produzir e
Objetivos como a arte pode tratar de assuntos de interesse coletivo.
 Relacionar os problemas sociais à produção imagética.
 Entrar em contato com a Declaração Universal dos Direitos
Humanos.
 Sensibilizar o olhar dos estudantes e estimular o pensamento crítico.
Recursos Computador - Apresentação em power point
didáticos Projetor (para aulas presenciais) - Celulares, máquinas fotográficas ou
outro recurso de captar imagens.
 Iniciar o plano conversando sobre a linguagem fotográfica e como
ela pode transmitir sentimentos e suscitar reflexões sobre as formas em
que as sociedades estão organizadas.
 Conversar sobre o fotojornalismo e sobre trabalhos autorais de
fotógrafos e fotógrafas comprometidas com denúncias sociais.
 Estimular a percepção de elementos da linguagem fotográfica como:
Metodologia enquadramento, simetria, cor, textura e, sobretudo, o assunto tratado.
 Selecionar, apresentar e debater alguns artigos da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, elaborada pela ONU em 1948.
 Relacionar as fotografias anteriormente apresentadas com os direitos
humanos.
 Propor aos alunos e alunas que escolham um dos 30 artigos da
declaração e, inspirados por ele, que elaborem uma fotografia (com as
câmeras dos celulares), buscando se comunicar e passar uma
mensagem.
A avaliação acontece por meio da observação do processo e
Avaliação comprometimento de cada estudante.
O texto sobre a atividade e a própria fotografia elaborada também serão
materiais avaliativos.
Referências Declaração Universal dos Direitos Humanos
Fonte: Adaptado de Toda Matéria (2022) pelos autores (2023).

2.3 Arte e tecnologias.


Terezinha Almeida de Lima destaca que a “arte e Tecnologia é uma
perspectiva que possui ampla expressão dos conhecimentos pessoais, para evidenciar as
inúmeras formas de expressão” utilizando múltiplas tecnologias para o universo da arte.
A contigüidade entre arte e ciência pode ser observada de diversas formas ao
longo do contexto da história de diversos artistas. O escultor, pintor, engenheiro e
cientista Leonardo da Vinci, defendia que a ciência e a arte se complementam,
formando uma atividade em espiritual crescente de possibilidades infinitas que
abrangem a mente, corpo, universo e cosmo. Em contraste, a ficção científica é a arte
vista por muitos intelectuais como uma antecipação das futuras conquistas da ciência.
Em ambos os casos, um ponto comum bastante evidente é a proximidade entre arte e
ciência, seja por complementaridade ou por influência mútua.
Na 25ª Bienal de São Paulo, Goifman apresentou “Cronofagia” com Jurandir
Müller, onde ao clicar em um site, aparentemente nada acontece. No entanto, cada
clique do botão do mouse era contado e um determinado número de cliques produzindo
uma nova imagem. Esta obra incluía: o uso excessivo da Internet evidencia a ideia de
uma imagem insustentável de consumismo e uma crítica ao caráter quase comercial da
Internet.
A história da arte não é apenas a história das ideias estéticas, como se
costuma ler nos manuais, mas também e sobretudo a história dos meios que
nos permitem dar expressão a essas ideias. Tais mediadores, longe de se
configurarem dispositivos enunciadores neutros e inocentes, na verdade
desencadeiam mutações sensoriais e intelectuais que serão, muitas vezes, o
motor de grandes transformações estéticas (Machado, 1996).

No teatro, destaca-se mais a relação entre arte e ciência e a revelação da


ciência. É o caso de peças teatrais originadas pela Estação Ciência da USP, como
Cosmic Connections, que reúne diferentes teorias sobre a criação e evolução do
universo.
Gabriel Nascimento de Carvalho enfatiza que “a divulgação da ciência por
meio do teatro tem sido bastante comum nos últimos anos”. Peças como Einstein ou a
peça brasileira em Copenhague tiveram um sucesso inesperado de público e criaram
uma nova forma de divulgar a ciência. Outro pioneiro dessas iniciativas foi o grupo
coordenado pelo bioquímico Leopoldo de Meis, que encenou a peça “O Método
Científico”, a experiência foi tão bem recebida pelo público que já são organizadas até
apresentações de teatro científico, como na Universidade Federal do Espírito Santo
(UFES).
Para uma melhor inserção em tal debate, é fundamental examinar o significado
de alguns termos para entender melhor essa relação entre arte e tecnologia na História da
Arte. Segundo Hauser (2003), na Antiguidade, sobretudo entre os gregos, arte era
entendida como tekhné, que abrangia qualquer prática produtiva, inclusive a produção
artística, acentuando o aspecto de execução da obra de arte:
Os gregos não faziam qualquer distinção de princípio entre arte e técnica, e
esse pressuposto atravessou boa parte da história da cultura ocidental, até pelo
menos o Renascimento. Para um homem como Leonardo da Vinci, pintar uma
tela, estudar a anatomia humana e a geometria euclidiana e projetar o esquema
técnico de uma máquina constituíam uma única atividade intelectual
(Machado, 1996).

A palavra técnica aparece na língua portuguesa somente no século XIX e passa


a substituir parcialmente a palavra arte.

Fonte: Terezinha Almeida de Lima (imagem autorizada para publicação neste artigo)

O português, o francês, o italiano, o alemão e o russo têm estabelecido uma


distinção entre técnica e tecnologia. No inglês, essa distinção é mais tênue e o termo
technology engloba muito do que entendemos como técnica. A palavra tecnologia tem
origem no grego tekhnologia (tekno + logos); significa o conhecimento científico das
operações técnicas ou da técnica (Japiassu, 2006). Tecnologia, assim como técnica, tinha
ligação com a arte até o século XIX. O Dicionário Oxford de 1933 ainda registra como
um dos significados de technology o discurso ou tratado sobre uma arte ou sobre as
artes.
2.4 Arte, educação e interdisciplinaridade.
A interdisciplinaridade apresenta uma nova possibilidade de aprofundamento
do conhecimento da arte, relacionando saberes de outras disciplinas que ajudarão a
compreender e expressar-se na linguagem artística para a construção do aprendizado na
educação.
O aluno que conhece a arte e que exercita sua imaginação está mais habilitado
para:
CONSTRUIR UM SOLUCIONAR EXPLORAR NOVAS
TEXTO PROBLEMAS HABILIDADES

COMPREENDER O COMPREENDER O VALOR COMPREENDER O


VALOR MEIO DO SER HUMANO VALOR DE SI E DO
AMBIENTE MUNDO

PROJETAR A RESPEITAR AS DESENVOLVER


CRIATIVIDADE DIFERENÇAS ESTRATÉGIAS
Fonte: Autores (2023)
A interdisciplinaridade evidencia uma educação de qualidade. Fazenda (2011)
ressalta que ela é uma possibilidade de reflexão crítica e profunda sobre a forma de
ensinar e tratar o conhecimento.

A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico, que


caracteriza um modo particular de dar sentido às experiências das pessoas:
por meio dele, o aluno amplia a sensibilidade, a percepção, a reflexão e a
imaginação. Aprender arte envolve, basicamente, fazer trabalhos artísticos,
apreciar e refletir sobre eles. Envolve, também, conhecer, apreciar e refletir
sobre as formas da natureza e sobre as produções artísticas individuais e
coletivas de distintas culturas e épocas (BRASIL, 1997a, p. 15).
O processo de ensino e aprendizagem pautado na perspectiva interdisciplinar
justifica-se pela necessidade de educar os alunos de forma a prepará-los para um mundo
cada vez mais complexo e inter-relacionado, seu conhecimento perpassa pelas conexões
que as pessoas devem realizar entre as diferentes áreas do conhecimento para
compreender os fenômenos (BACHILLERATO INTERNACIONAL, 2013).
A proposta de ensino interdisciplinar tem pontos positivos para alunos e
docentes:
VANTAGENS PARA OS ALUNOS:
Permite que os alunos usem as áreas de conhecimento de forma criativa
para adquirir uma nova compreensão;
Desenvolve nos alunos uma flexibilidade mental que os prepara para
continuar a aprender ao longo da vida;
Incentiva o rigor intelectual, questões de estudo abordando de forma
holística e ideias complexas;
Exemplifica a importância da colaboração e trabalho em equipe entre
as diferentes disciplinas (uma habilidade valiosa para a vida); e
Facilita e promove a transferência de conhecimento para novos
contextos.
Fonte: Adapatado de (Bachillerato, 2013) pelos autores (2023)

VANTAGENS PARA OS PROFESSORES:


Desenvolve uma compreensão holística dos conceitos e contextos de
disciplinas;
Aumenta a colaboração entre grupos de sujeitos e incentiva
companheirismo;
Permitem que professores, de diferentes grupos de sujeitos,
compartilhem a responsabilidade de desenvolver os conteúdos, habilidades
e processos (organização do tempo de forma eficaz); e
Oferece excelentes oportunidades verdadeiras para o desenvolvimento
profissional com os colegas de outras disciplinas ou grupos de indivíduos.
Fonte: Adapatado de (Bachillerato, 2013) pelos autores (2023)

Para Guerson (2010), a Arte é singular e também plural, ou seja, possui caráter
único e múltiplo, mas esses aspectos não se diferenciam muito de outras áreas, pois
essas, geralmente, se constituem nas complexidades dos limites e das generalidades.

A autora completa dizendo que

[...] os campos de conhecimento se desdobram entre si, por um natural


diálogo interdisciplinar; ligam-se na justificativa de algo maior do que
suas delimitações, ou seja, a existência humana, entre natureza,
sociedade e cultura. O caráter múltiplo das Artes decorre de suas
diversificadas formas de manifestação ou subáreas: Artes Visuais,
Audiovisuais, Teatro, Dança, Música e Literatura, mas cada qual
possuindo conteúdos próprios, pois multiplicidade difere de
polivalência. (GUERSON, 2010, p.11)
A arte para a compreensão exerce um papel fundamental, uma vez que uma
obra de arte pode servir de tópico gerador para realizar estudos que visem a desenvolver
elevados níveis de reflexão e compreensão sobre arte, história, antropologia e sobre a
vida individual e social dos educandos.

2.5 O desenvolvimento de potencialidades na educação contemporânea.


Arte na educação contemporânea é um conhecimento construído pelo ser
humano através dos tempos, sendo uma das formas de comunicação entre indivíduos,
possibilitando a compreensão do mundo das culturas e do nosso, em particular.
A concepção histórico cultural de aprendizagem associa a incorporação das
tecnologias na prática pedagógica como instrumentos mediadores no aprendizado.
O Ensino de Arte está instituído na LDB 9.394/96 e em outros documentos
legais, tendo como foco abordar e propor o desenvolvimento das linguagens artísticas,
indicadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN): Artes Visuais, Dança, Música
e Teatro, no contexto da Educação Básica. O que acontece é que, muitas vezes, o
trabalho com as quatro linguagens artísticas não tem ocorrido na prática escolar. “[...] é
onde a política é sujeita a interpretações e recriações é onde ela produz efeitos e
consequências que podem representar mudanças e transformações significativas na
política original” (MAINARDES, 2007, p. 30).
Com relação à Música, especificamente, é possível perceber que ela vem sendo
trabalhada nas escolas conforme os dados das pesquisas revisadas. No entanto, o modo
como essa linguagem está sendo desenvolvida caracteriza-se, principalmente, por
atividades de canto e de audição.
Na pintura, música, dança e nas diversas formas de expressar arte a
interdisciplinaridade é um fenômeno contínuo, que está em constante movimento.
No livro “A imagem no ensino da arte”, Barbosa (1991) já afirmava ser
necessário articular as disciplinas que fazem parte das ações de ensino:

Quando falo de conhecer arte falo de um conhecimento que nas artes visuais
se organiza inter-relacionando o fazer artístico, a apreciação da arte e história
da arte. Nenhuma das três áreas sozinha corresponde à epistemologia da arte.
O conhecimento em artes se dá na interseção da experimentação, da
decodificação e da informação. [...] Só um fazer consciente e informado torna
possível à aprendizagem em arte (BARBOSA, 1991 apud MONTEIRO, 2005
p. 318)

Essa forma de ensino de Arte abrange os momentos mais importantes e os


componentes básicos de articulações das Artes que são: a produção (fazer artístico), a
observação (fruição), a análise conceitual, cultural, social e o julgamento de seu valor.
A Arte é um objeto de conhecimento dinâmico, de vida, de significados, de
criação e de sensibilização. E a música se faz presente desde muito cedo em nossa vida,
nascemos num mundo rodeado de sons. Durante a história da humanidade, ela esteve
presente nas festividades, nos rituais, nos protestos, como uma forma de expressão e de
comunicação. Assim é possível dizer que elas estão intimamente ligadas, se completam
e se fundem. Trabalhar de forma interdisciplinar as aulas de Arte é necessário, pois não
existe um efetivo ensino se ele não proporcionar ao aluno a reflexão, a experimentação
e a criação.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ensino da arte pautado na perspectiva interdisciplinar, apesar de trazer
muitas discussões sobre a efetividade da sua aplicação, é uma prática possível e
necessária de ser realizada, pois possibilita uma visão profunda e ao mesmo tempo
ampliada dos conteúdos discutidos no ambiente escolar.
A realidade da educação no país é que faltam professores de muitas áreas.
Então, alguns docentes são remanejados para atuar em áreas para as quais nem sempre
têm formação. Essa é a realidade em grande parte das escolas de Educação Básica.
Pesquisas apontam ser fácil encontrar professores com formação em uma área
específica das Artes, vivendo o compromisso de trabalhar com todas as linguagens
indicadas pelos PCNs (Artes Visuais, Dança, Música e Teatro). A questão fica mais
delicada quando o professor é formado em outra área do conhecimento e se encontra
assumindo aulas de Artes apenas para ter regência de classe e cumprir a carga horária
mínima referente ao seu contrato profissional, evidenciando que na prática o ensino
ainda estava submetido à multiplicidade das Artes.
É factível apontar que as tendências pedagógicas do ensino da Arte se se
associam à história dos movimentos artísticos e às relações da obra, a partir de
características sociais e culturais de cada época.

REFERÊNCIAS

ADORNO, Theodor. Teoria Estética. Lisboa: Edições 70, 2006.

BARBOSA, A. M. A imagem no Ensino da Arte. 4ª ed. São Paulo: Perspectiva, 1991.

__________________. Tópicos utópicos. Belo Horizonte: Companhia da Arte,


1998.

__________________. Arte-Educação no Brasil: Realidade hoje e expectativas


futuras. Tradução de Sofia Fan. 3 ed. São Paulo: Perspectiva, 1990.

BARBOSA, A. A. Interdisciplinaridade. In: BARBOSA, Ana Mae (org.). Inquietações


e mudanças no ensino da Arte. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2003. p. 105-110.

BACHILLERATO INTERNACIONAL. Promoción de Ia ensefianza y el aprendizaje


interdisciplinarios en el PAI. (versión preliminar). Programa de los anos intermédios,
IB, 2013.

BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas v. 1 e v. 2. São Paulo: Brasiliense, 1994.

BRASIL. LDB : Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei nO9.394, de


20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
[recurso eletrônico]. 8. ed., Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2013.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:


arte. Brasília: MEC/SEF, 1997.a

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:


arte. Brasília: MEC/SEF, 1998.a

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:


educação física. Brasília: MEC/SEF, 1997.b

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:


educação física. Brasília: MEC/SEF, 1998.b

BRASIL. Secretaria de Ensino Médio. Parâmetros curriculares nacionais: Parte


11- linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: MEC/SEM, 2000.

FAZENDA, L C. A. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro:


efetividade ou ideologia. 6a ed., São Paulo: Edições Loyola, 2011.

GUERSON, Milena. Ana Mae Barbosa e Luigi Pareyson – Um diálogo em prol de


“re-significações” sobre ensino/aprendizagem de Artes-Visuais. Portal repositório da
UFSJ. Edição 5. 2013.

HAUSER, Arnold. História Social da arte e da literatura. São Paulo: Martins Fontes,
2003.

MACHADO, Arlindo. Máquina e imaginário: o desafio das poéticas tecnológicas.


São Paulo: Edusp, 1996.

MAINARDES, J. Abordagem do ciclo de políticas: uma contribuição para análise de


políticas educacionais. Revista Educação & Sociedade, Campinas, São Paulo: Cedes,
v. 27, n° 94, p. 47-69, jan/abr 2006a.

JAPIASSU, Hilton Ferreira. Dicionário básico de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge


Zahar, 2006.

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