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AO JUÍZO DA 4ª VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE PORTO

VELHO – RO

Autos n. 7062787.85.2022.822.0001

STEFANY GOMES OLIVEIRA, brasileira, nascida em 16 de fevereiro


de 2012, inscrita no CPF n. 049.599.592-40, menor impúbere, neste ato
representada por sua genitora senhora ADRIANA GOMES DE PAULA, brasileira,
casada, portadora da Cédula de Identidade/RG nº 987665, inscrita no CPF/MF sob
o nº 968.790.332-53, residentes e domiciliadas à Rua Acordeon n°2183 Bairro
Castanheira, email: adrianapvh89@gmail.com, através de seus procurador, vem à
honrosa presença de Vossa Excelência, propor

CONTESTAÇÃO C/C RECONVENÇÃO

Nos autos da ação de revisional de alimentos proposta por


FRANCISCO OLIVEIRA DA SILVA, CONTRA STEFANY GOMES OLIVEIRA, neste
ato representados por sua genitora ADRIANA GOMES DE PAULA, já qualificado
nos presentes autos, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

DOS FATOS

Trata-se de ação de revisão de alimentos em que o autor pretende a


redução da obrigação alimentar em 10% do salário mínimo atual vigente.

É um breve relato.

DO MÉRITO
Da justiça gratuita

Preambularmente, impende registrar que a parte requerida não dispõe


de recursos financeiros suficientes para pagar as custas ATUALMENTE
ENCONTRA-SE DESEMPREGADA, as despesas processuais e os honorários
advocatícios, motivo pelo qual requer que lhe seja deferida a gratuidade de todos os
atos processuais, nos moldes do artigo 98 do CPC.

DOS FATOS E FUNDAMENTOS DEFENSIVOS

DA REDUÇÃO JÁ FIXADA EM JUÍZO DE 50% PARA 35%

Cabe salientar que em 2013 foi fixado o valor de 50% sobre o salário
mínimo a título de alimentos, não satisfeito o requerente ajuizou ação pedindo uma
redução ao qual foi concedido para 35% do salário mínimo e agora mais uma vez
vem a juízo solicitar uma redução para 10%, ora excelência tão redução só vem a
prejudicar a criança, pois por tal valor irrisório mal dá pra comprar alimentação
básica a criança.

A verdade é que, o valor deve ser majorado ou mantido tendo em vista


os preços altos com custo alimentícios, sem contar com a saúde a qual o requerente
nunca honrou com compromisso de custear metade das despesas escolares,
medicamentos, tratamentos, consultas e planos de saúde.

DOS TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS

Quando o assunto é tratamento, a própria criança conforme relatório


de encaminhamento em anexo da Escola Fundamental Rio Guaporé, devido ao
total desfalque paterna, relata que a criança estava ao ponto de SURTAR!!! ISSO
MESMO SURTAR, POR AUSÊNCIA PATERNA, o que veio a ser necessário
tratamento psicológico tudo isso porque o requerente simplesmente não dá a
mínima para sua filha.
Indo mais além, no dia 17/01/2022, a criança escreveu uma cartinha
onde seria o sonho da vida dela, e nota-se que o item 10 é pedido pelo paterno.

Nota-se ausência financeira e afeta paterna, torna-se um abalo


constante na vida da criança, o que necessita não de uma redução mas sim de uma
majoração devido aos transtornos sofridos, o que é necessário realizar tratamentos
e medicação a criança.

DA AUSÊNCIA PATERNA

Destarte, o requerente desde a separação sempre foi um pai ausente,


nunca se importou quando ao estado de saúde e alimentação da criança, tanto é
que, mesmo antes do processo de alimentos nunca se quer mandou 20, 30, ,40
reais, nunca perguntou como ia a criança.

Importante frisar que, corre uma ação de comprimento de sentença


que tramita perante esta mesma vara onde o mesmo pagou para sua defesa o valor
de 7.500 (sete mil e quinhentos reais), só para não pagar a pensão à criança,
depois pediu em juízo para que fosse pago 60 vezes o valor de 120 reais sob
alegação de não ter condições financeira…

Como pode o requerente ser ruim financeiramente como diz, é custear


7.500 reais em honorários advocatícios? (prova em anexo) não que não precisa-se,
mas se estava tão ruim assim, porque não buscou a Defensoria Pública? Há muita
incoerência entre o que é dito e o fato.

DA DIFICULDADE FINANCEIRA MATERNA

Assim, tudo ao longo dos anos vem sido com muita dificuldade
suportado pela mãe QUE ESTÁ DESEMPREGADA, porque até setembro do
corrente ano o requerente nunca cumpriu seu dever, foi necessário um pedido de
prisão para que o mesmo volta-se a pagar, é importante enfatizar que o mesmo
possui emprego formal fixo, onde seu rendimento está por volta de 2400 reais,
apesar de alegar que ganha menos, o mesmo não convive com menos e sim com
valor acima referido.

DA ALIMENTAÇÃO BÁSICA A CRIANÇA

Outro importante fato é que, 10% sobre o salário mínimo e confirmar para a
requerida que a justiça é injusta, como uma criança que não tem suporte nenhum,
não recebe os valores da pensão, não tem atenção paterna e ainda ser obrigada a
conviver com 10% como ela irá no mínimo ser alimentar?

O preço da cesta básica no mês de agosto chegou a R$547,26 em


Porto Velho, representando um aumento de 0,12% em comparação com o mês de
julho, quando a cesta custava R$ 546,33, de acordo com dados disponibilizados
pelo Programa de Educação Tutorial (PET) do curso de Ciências Econômicas da
Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

Segundo o PET nos últimos doze meses ocorreu um aumento nos


preços. A cesta básica custa 14,48% a mais do que em agosto de 2021. No
acumulado do ano houve um aumento de 3,53%.

Fonte:
https://www.diariodaamazonia.com.br/preco-da-cesta-basica-em-porto-velho-tem-alt
a-de-12-em-agosto/

DA AMEAÇA DA MADRASTA A EX COMPANHEIRA SOBRE O PROCESSO

Não satisfeita a atual esposa do requerente, tem entrado em contato


com a requerida conforme print e áudio em anexo, para ficar amedrontando a
requerida, sobre alegações de que não vai pagar, e a mais horrenda de que “NÃO
QUERO VER SUA FILHA TÃO CEDO QUE A RAIVA DELE TINHA QUANDO FOI
PRESO PASSOU PARA MIM, TE JURO!!!”
O que se ver aqui é um descaso total em relação à criança, onde a
própria madrasta afirma que tem raiva, o que leva a crer que esse processo
trata-se apena de um sentimento egoísta em não pagar alimentos a criança, afinal o
requerente alegou em sua contabilidade que gasta em torno de 500,00 reais com
alimentação e pede em juízo que pague 120 a sua própria filha.

DO REQUERENTE E ATUAL ESPOSA (MÃE) AMBOS POSSUÍREM RENDA FIXA

Sabe-se claramente que, através dos contracheques que o requerente


possui emprego formal, acontece que no áudio junto aos autos é possível
comprovar que a esposa do atual requerente também possui emprego, o que não
merece prosperar o pedido formulado na inicial, ante vista que o requerente não
trouxe nenhum documento aos autos de que a esposa não possui renda.

“ CONTUDO EU TO TRABALHANDO ELE TRABALHANDO”

Fala da esposa ao áudio enviado para requerida no dia 15 de


setembro de 2022.

Em síntese, os fatos alegados na inicial não condizem com a verdade


real.

DA ALEGAÇÃO QUE CUIDA DOS ENTEADOS

Alega o requerente que possuir emprego formal estável e que além


dos dois filho cuida também dos enteados, tal alegação não merece prosperar tendo
em vista que os mesmo também possui pai para fixação de alimentos no limites
de suas necessidades, o que não tem condão para alegar que cuida dos entediados
para não pagar pensão a sua filha biológica do qual é direito da mesma o requerer o
direito de alimentos.

Nesse sentido a jurisprudência do nosso Tribunal de Justiça do Estado de


Rondônia:
Revisional de alimentos. Alteração das condições do alimentante. Constituição
de nova família. Prova. Inexistência. A prestação de alimentos deve ser fixada
com vistas às necessidades do alimentando e sob o prisma das possibilidades do
alimentante, de forma equilibrada, de acordo com o binômio
necessidade/possibilidade, não merecendo redução se o valor é razoável e o
devedor deixou de comprovar alteração em sua condição econômico/financeira.
A existência de enteado não lhe acarreta obrigação de alimentá-lo,
pois tal responsabilidade é dos pais e não do padrasto, logo o seu filho
deve ser alimentado pelo pai. (Apelação, Processo nº
0002438-65.2014.822.0019, Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, 2ª
Câmara Cível, Relator (a) do Acórdão: Des. Alexandre Miguel, Data de
julgamento: 04/08/2016) (GRIFO NOSSO)

(TJ-RO - APL: XXXXX20148220019 RO XXXXX-65.2014.822.0019, Relator:


Desembargador Alexandre Miguel, Data de Publicação: Processo publicado no
Diário Oficial em 12/08/2016.)

DO DESCONTO EM FOLHA

Outro fato importante é que mesmo após o pedido de prisão e o


requerente voltar a pagar a pensão, o mesmo comete a falta com seu compromisso,
não honrando as datas fixadas em juízo de pagamento, conforme se a data do
pagamento da pensão de outubro que somente foi paga no dia 3 de novembro do
corrente ano.

Diante disso, a requerida requer que seja os valores descontados


diretamente em folhas.

DO DIREITO

O atual Código de Processo Civil, mais precisamente em seu art. 343,


autoriza a reconvenção na própria contestação, mesmo sendo esta independente.

Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar


pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
Neste sentido, os mais diversos tribunais nacionais já autorizaram a
reconvenção em ações alimentares, tais entendimentos firmados nas mais diversas
jurisprudências:

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS -


RECONVENÇÃO - PEDIDO DE REDUÇÃO DA VERBA
ALIMENTÍCIA - DESAUTORIZADA ANTE A INSUFICIÊNCIA
DE PROVAS DAS ALEGAÇÕES - ÔNUS PROBATÓRIO -
INCUMBÊNCIA DO AUTOR DO PEDIDO REVISIONAL.
Consubstancia fato constitutivo do direito alegado pelo
alimentante, que pretende reduzir a verba alimentar em sede
de reconvenção, a prova da alteração de suas possibilidades,
conjugada, por razões objetivas, com a redução das
presumidas necessidades de sua filha que figura como credora
da verba alimentícia. À míngua de provas concretas da
diminuição das condições econômico-financeiras do
alimentante ou das necessidades da alimentanda, não procede
o pleito revisional de pensão alimentícia.

(TJ-MG - AC: XXXXX10000225001 MG, Relator: Armando


Freire, Data de Julgamento: 29/07/2014, Câmaras Cíveis / 1ª
CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 06/08/2014).

Tal autorização se vê amparada nos princípios da celeridade e


economia processual, bem como o da ampla defesa, visto que o procedimento de
reconvenção visa agilizar o que seria feito somente em uma ação autônoma a
diferente a daqui pretendida, de modo a trazer um resultado prático de forma mais
rápida e efetiva ao caso em tela.

DO MÉRITO RECONVENCIONAL

O requerente, pretende, com a ação que se segue, minorar a quantia


atualmente paga a título de pensão alimentícia, o que, primeiramente, não se vê
cabimento, uma vez que o valor atualmente NÃO SUPRE com demasia os gastos
com a manutenção da menor.
Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de
quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz,
conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.

Atualmente a obrigação alimentar encontra sua principal pilastra nos


princípios da solidariedade familiar, da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF)
e da solidariedade social (art. 3º, I, CF). No Código Civil a obrigação alimentar
decorre dos artigos 1.694 e seguintes.

Assim, o artigo 1.695 do Código Civil estabelece que “São devidos


alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover,
pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode
fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.”

Paulo Lôbo leciona que:

Sob o ponto de vista da Constituição, a obrigação a alimentos


funda-se no princípio da solidariedade (art. 3º, I), que se impõe
à organização da sociedade brasileira. A família é base da
sociedade (art. 226), o que torna seus efeitos jurídicos,
notadamente, alimentos vinculados no direito/dever de
solidariedade.

Comprovada a necessidade do alimentando, temos que averiguar as


possibilidades do alimentante.

Ressalte-se ainda que o valor atual pago pelo requerente já é


demasiadamente baixo, e uma redução levaria invariavelmente à
impossibilidade da requerida alimentar-se, estudar, realizar tratamentos, etc.

Reflexão

De um lado uma família forte e estruturada, pai e mãe com


rendimentos estáveis além de um corpo jurídico (sociedade de
advogados), outro lado uma mãe desempregada e uma filha sem afeto
e suporte financeiro do próprio pai… afinal o que é justiça no fim?
Deste modo, as alegações do requerente não merecem prosperar,
devendo-se majorar ou manter os alimentos pagos por este a requerida, por ser
medida de Justiça.

DO PEDIDO

Ante todo o exposto, requer a Vossa Excelência:

a) a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita ao requerido,


nos termos da Lei 1.060/50, por ser ele pobre na acepção jurídica
do termo, não podendo arcar com as custas processuais e
honorários advocatícios sem prejuízo de seu sustento e de sua
família, conforme declaração em anexo;

b) o recebimento da presente contestação e reconvenção e, ao


final, seja julgado improcedente o requerimento lançado na
exordial, majorando ou mantendo-se o valor dos alimentos
pagos à requerida, por ser medida de Justiça.

c) Que seja oficiado a empresa PROALVO SERVICOS DE


SEGURANCA PATRIMONIAL LTDA, localizada à Rua Dom Pedro
II,668 – Centro, Porto Velho – RO, 76801-006, CNPJ:
23.890.653/0001-99, para os respectivos descontos em folha todo
dia 10 do respectivo mês na conta ;

d) Seja o reconvindo condenado ao pagamento de custas e


despesas processuais, bem como honorários advocatícios,
conforme preceitua o art. 85, § 1º do CPC.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, em especial a prova documental e testemunhal.

Sendo atribuído à reconvenção, por ser requisito, nos termos do art.


291 do NCPC, o valor da causa em R$ 5.103,00 (cinco mil cento e três reais).

Nestes termos,
pede e espera deferimento.

PEDRO HENRIQUE PAMPLONA RODRIGUES

OAB/RO 9624

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