Você está na página 1de 9

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE QUÍMICA


QUÍMICA EXPERIMENTAL - 207
ENGENHARIA QUÍMICA

PREPARAÇÃO DO ÁCIDO BÓRICO E


DETERMINAÇÃO DE SEU PONTO DE FUSÃO

Acadêmicos: RA:

Giovana Junges Pattaro 124833


Laura Andrade da Mota 123511
Maria Fernanda Rodrigues 125149
Pedro Antonio Galacci Reinert 125101
Pedro Augusto Ascencio Dalla Vecchia 124023

Prof. Paulo Cesar S. Pereira

MARINGÁ
2022
1 - INTRODUÇÃO

1.1 – Fundamentação teórica


O grupo 13 da tabela periódica, mais conhecido como ‘’Família do Boro’’, é formado
pelos seguintes elementos: boro (B), alumínio (Al), gálio (Ga), índio (In) e tálio (Tl). Os quais
possuem propriedades incomuns, pois nem o ganho, nem a perda de elétrons é vantajosa
2 1
energeticamente falando. Os membros deste grupo apresentam configuração eletrônica 𝑛𝑠 𝑛𝑝 ,
logo o número máximo de oxidação deles é +3. Tal característica é vista principalmente nos
compostos de boro e alumínio. (CUIN, 2019).
A tabela a seguir apresenta algumas características e propriedades dos elementos do
grupo 13 da tabela periódica:

Tabela 1 - Propriedades dos elementos do grupo 13 da tabela periódica

Z Elemento Massa molar Ponto de Ponto de Densidade


(g/mol) fusão (°C) ebulição (°C) (g/cm3)

5 Boro (B) 10,81 2300 3931 2,47

13 Alumínio (Al) 26,98 660 2467 2,70

31 Gálio (Ga) 69,72 30 2403 5,91

49 Índio (In) 114,82 156 2080 7,29

81 Tálio (Ti) 204,38 304 1457 11,87

Fonte: ATKINS, 2018.

Considerando as informações acima, é possível perceber que em condições ambiente de


25 °C e 1 atm, todos os membros do grupo 13 estão no estado sólido e que eles são muito mais
3
densos que a água líquida nessas mesmas condições (𝑑𝐻2𝑂 ≈ 1 𝑔/𝑐𝑚 ).

Um dos elementos mais importantes do grupo 13 é o boro, pois ele é um metalóide uma
energia de ionização relativamente alta e que realiza apenas ligações covalentes, porém, por
possuir apenas 3 elétrons na camada de valência e um raio atômico pequeno, ele forma
compostos com deficiência eletrônica. O boro elementar possui várias formas alotrópicas, sendo
normalmente encontrado na natureza como um sólido não-metálico de cor cinza escuro ou na
forma de um pó marrom escuro com estrutura icosaédrica baseada em um conjunto de 20
átomos (ATKINS, 2018).
Tal estrutura icosaédrica é representada a seguir:
Figura 1 - Estrutura icosaédrica do Boro elementar

Fonte: ATKINS, 2018.


A propriedade mais incomum do boro está relacionada com as ligações que ele realiza.
Os boranos, moléculas formadas apenas por átomos de boro e hidrogênio, são compostos com
deficiência de elétrons, isso faz com que não seja possível escrever uma estrutura de Lewis
válida, pois não há elétrons suficientes para serem compartilhados. A explicação desse
fenômeno é dada pela Teoria dos Orbitais Moleculares (TOM): alguns pares de elétrons
presentes nas moléculas de boranos estão deslocalizados, isso significa que a capacidade de
ligação deles é compartilhada por vários átomos. (ATKINS, 2018)
Um exemplo disto pode ser vista na molécula do diborano (B2H6):
Figura 2 - Representação das ligações da molécula de Diborano

Fonte: Domínio Público.1

É possível perceber que há ligações B – H com tamanhos diferentes, isso se deve ao fato
de existir elétrons deslocalizados. Por exemplo, cada ligação H – B – H possui um par de elétrons
deslocalizados, tal ligação em especial é chamada de ligação de três centros.

1
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Diborane-2D.png.
Os dois principais compostos de boro são: bórax e ácido bórico. O bórax é um um mineral
que é encontrado na forma de um pó esbranquiçado na forma anidro (Na2B4O7) ou
decahidratado (Na2B4O7.10H2O), ele é facilmente solúvel em água e possui bastante propriedade
antissépticas, antifúngicas e antivirais, o que faz com que ele possua várias aplicações médicas,
na área de limpeza e também de fertilizantes. O ácido bórico (H3BO3) é encontrado sob a forma
de cristais ou pó esbranquiçados e normalmente é obtido a partir de reações entre boratos e
ácido sulfúrico, ele possui propriedades antissépticas e adstringentes, o que o leva a ser aplicado
em esmaltes, cremes para pele, pesticidas e até produtos oftalmológicos (CARBON &
CHEMICALS, 2022)
O tetraborato de sódio (bórax) seja na sua forma anidro ou decahidratado é um sal que
sofre hidrólise, liberando o ácido bórico, o qual é fraco, pois não se ioniza bastante, devido ao
seu elevado caráter covalente. O fato do bórax ser um sal de ácido fraco faz com que ele possa
ser utilizado como base na titulação de ácidos (CUIN, 2019). A hidrólise retratada está descrita
na reação a seguir:
2− −
[𝐵4𝑂7] + 7𝐻2𝑂 → 4𝐻3𝐵𝑂3 + 2𝑂𝐻(𝑎𝑞)
(𝑎𝑞) (𝑙) (𝑎𝑞)

Dessa forma, é possível, graças a hidrólise do bórax, a preparação do ácido bórico e a


determinação de seu ponto de fusão.

1.2 – Objetivos
Os objetivos desta prática foram: estudar não só propriedades químicas e físicas dos
elementos do Grupo III-A, como também as características principais que distinguem o boro dos
demais elementos presentes em tal grupo, escrever as fórmulas de Lewis para compostos
simples de boro e para compostos descritos por ligações de três centros, relacionar a utilização
do bórax e do ácido bórico na indústria e, por fim, preparar o ácido bórico e determinar o seu
ponto de fusão.
2 - PROCEDIMENTOS

2.1 – Obtenção do ácido bórico


a) Em uma balança semi-analítica, aferiu-se 3,70 g de bórax anidro com precisão de 0,01
g, transferindo-a depois a um béquer, ao qual em seguida foram adicionados 20 mL de
água destilada;
b) Pelo fato de nem todo o bórax ter se dissolvido na água, a mistura foi colocada sobre
uma chama fraca com o auxílio do bico de Bunsen, a fim de que a solubilidade deste
aumentasse;
c) A mistura foi aquecida até 85 °C, já que a tela utilizada no aparato do bico de Bunsen é
de um material refratário;
d) Na capela, foi preparada uma solução de ácido clorídrico 1:1 (6 mL de HCl concentrado
e 6 mL de água destilada), a qual foi adicionada a mistura formada por bórax e água;
e) A solução foi resfriada à temperatura ambiente e posta sob banho de gelo. Dessa
forma, o ácido bórico formado pôde ser cristalizado e então filtrado por um funil de
Buchner;
f) Os cristais foram deixados no filtro em temperatura durante 7 dias para que a máxima
quantidade de água presente na amostra fosse evaporada. Assim, foi possível medir a
massa e calcular o rendimento da reação de obtenção do ácido bórico.

2.2 – Determinação do ponto de fusão do ácido bórico


A fim de determinar o ponto de fusão do Ácido Bórico foi montado o seguinte esquema:

Figura 3 - Esquematização da montagem experimental


Fonte: Apostila de Química Experimental, 2022.

O mesmo é composto por um tubo capilar de vidro, que contém uma pequena
quantidade do produto obtido anteriormente, o qual foi fixado por um anel de borracha
alinhado ao bulbo de um termômetro inserido no tubo de Thiele preenchido com glicerina.

a) Através do anel emborrachado, o capilar com a amostra foi fixado em contato com o
bulbo do termômetro, sendo esse posicionado de forma que ficasse na altura do braço
lateral (bypass) do tubo de Thiele;
b) O sistema foi aquecido cuidadosamente com um bico de Bunsen, e sua chama colocado
no ponto de inflexão do braço lateral (bypass);
c) Foi observado o aquecimento de modo a identificar o início da fusão do sólido, e assim
determinado o ponto de fusão do ácido bórico.

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

2.1 – Obtenção do ácido bórico


Através da equação de formação do ácido bórico:
𝑁𝑎2𝐵4𝑂7 + 2 𝐻𝐶𝑙 + 5 𝐻2𝑂 → 4 𝐻3𝐵𝑂3 + 2 𝑁𝑎𝐶𝑙 (1)

calcula-se a equação do rendimento do experimento, através da equação:


𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙
𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜% = 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜
· 100 (2)

Para isso, é preciso calcular o valor teórico da massa de ácido formado a partir de 3,70 g
do reagente de partida.
O Bórax Anidro tem massa molar de 201,22 g/mol, porém, como foi usado somente 3,70
g dessa substância, calcula-se:
3,70 𝑔 𝐵ó𝑟𝑎𝑥 𝐴𝑛𝑖𝑑𝑟𝑜 ·1 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐵ó𝑟𝑎𝑥 𝐴𝑛𝑖𝑑𝑟𝑜
𝑛𝐵ó𝑟𝑎𝑥 𝐴𝑛𝑖𝑑𝑟𝑜 = 201,22 𝑔 𝑑𝑒 𝐵ó𝑟𝑎𝑥 𝐴𝑛𝑖𝑑𝑟𝑜
(3)

E concluiu-se que foi utilizado 0,018 mol.


Segundo a Eq.(1), para cada 1 mol de Bórax Anidro utilizado, forma-se 4 mol de ácido
bórico, então:
4 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 Á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝐵ó𝑟𝑖𝑐𝑜 · 0,018 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐵ó𝑟𝑎𝑥 𝐴𝑛𝑖𝑑𝑟𝑜
𝑛Á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝐵ó𝑟𝑖𝑐𝑜 = 1 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐵ó𝑟𝑎𝑥 𝑑𝑒 𝐴𝑛𝑖𝑑𝑟𝑜
(4)

obteve-se 0,074 mol de Ácido Bórico.


Em seguida, considerando a massa molar do Ácido Bórico, 61,83 g/mol, foi feita a
conversão do valor molar para o valor mássico:
61,83 𝑔 𝑑𝑒 Á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝐵ó𝑟𝑖𝑐𝑜 · 0,074 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 Á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝐵ó𝑟𝑖𝑐𝑜
𝑚Á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝐵ó𝑟𝑖𝑐𝑜 = 1 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 Á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝐵ó𝑟𝑖𝑐𝑜
(5)

e constatado que pode ser recolhido 4,58 g de Ácido Bórico, ou seja, o valor teórico da
quantidade de ácido formado na síntese. O valor experimental medido foi de 1,25 g.
Substituindo os valores teórico e experimental da massa de Ácido Bórico na Eq. (2) tem-se que:
1,25 𝑔
𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜% = 4,58 𝑔
· 100 = 27, 29% (6)

Dessa forma, concluiu-se que o rendimento percentual do experimento foi de 27,29%. Tal
dado pode ser explicado devido os seguintes fatores:
1. O Bórax Anidro usado na reação de síntese pode ter impurezas não consideradas no
cálculo nem na reação;
2. No aquecimento da solução, para torná-la supersaturada, foi utilizado um bastão de
vidro para auxiliar na dissolução, e um termômetro para que essa não passasse de 85°C,
e alguns cristais podem ter se fixado na parede desses materiais e não sendo
considerados ao fim do experimento;
3. No processo de filtração a vácuo, alguns cristais de Ácido Bórico podem ter passado
pelos poros do filtro e outros reagido com a água, fazendo com que houvesse perdas no
produto;
4. Além disso, houve um acidente laboratorial, em que um professor ligou não
intencionalmente o exaustor, pois não havia percebido que o ácido estava naquele local,
que pode também ter prejudicado o experimento.

2.2 – Determinação do ponto de fusão do Ácido Bórico


Para determinar o ponto de fusão experimental do Ácido Bórico, tendo em vista seu
ponto de fusão teórico de 170,9 °C, foi utilizada o tubo de Thiele, para que formasse correntes
de convecção e obtivesse um aquecimento uniforme através do braço lateral desse (bypass),
preenchido com glicerina, que possui um ponto de ebulição maior do que o de fusão do Ácido
Bórico. Porém, após dar início ao experimento, percebeu-se no laboratório que só haviam
termômetros com escala de até 150°C, ou seja, eram insuficientes para atingir a temperatura de
fusão da substância, então o experimento foi interrompido e não concluído.
Apesar disso, é possível perceber que o valor experimental do ponto de fusão dessa
prática não seria igual ao valor teórico, pois, analisando a técnica utilizada, nota-se que haveria
diversas trocas de calor entre diferentes materiais de diferentes calores específicos, o que não
daria precisão ao resultado.

4 - CONCLUSÃO
Pode-se concluir que parte dos objetivos foram realizados com êxito. Foi possível através
dos procedimentos observar as propriedades químicas e físicas do boro, e também a preparação
do ácido bórico através da reação do bórax com o ácido clorídrico e a água, porém não foi
possível determinar o ponto de fusão do ácido bórico produzido devido a falta de um
termômetro com uma maior escala.
Devido a se tratar de um experimento prático pode-se dizer que ocorreu uma taxa de
erro experimental no valor de massa final do ácido bórico devido a alguns fatores como por
exemplo a amostra de bórax podendo não ser totalmente pura, perdas de cristais no processo
de filtração e no processo de aquecimento devido aos pedaços de cristais que grudaram no
bastão e no termômetro utilizados e também devido ao incidente ocorrido com o exaustor no
laboratório. Nesse aspecto, foi calculado o rendimento do ácido bórico que foi obtido da reação
considerando e comparando a massa obtida experimentalmente e a massa teórica, que foi
calculada levando em conta a massa molar do ácido bórico e a massa inicial e molar do bórax, o
que resultou em um rendimento de 27,29%.
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Apostila de Química Experimental, UEM, 2022.

ATKINS, P; JONES, L; LAVERMAN, L. Princípios de química: questionando a vida


moderna e o meio ambiente. 7. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2018. p.1094.

Catálogo de produtos de uma empresa de produtos químicos, disponível em:


https://www.carbonchemicals.com.br/. Acesso em: 9 ago. 2022.

CUIN, A; Laboratório de Química dos Elementos. Universidade Federal de Juiz de


Fora, 2019. p. 42

Você também pode gostar