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Universidade Federal Rural do Semi-Árido

Centro de Engenharias
Departamento de Engenharia e Tecnologia

Estrutura cristalina dos materiais

Mossoró, março de 2022


Coordenadas de pontos
• Ao trabalhar com materiais cristalinos, as vezes torna-se necessário
especificar um ponto particular no interior de uma célula unitária.

• Para localizar estes pontos, foram estabelecidas convenções de


identificação;

• Para a determinação de um ponto, é utilizada a célula unitária, com um


sistema de coordenadas (x, y e z), localizado sobre um dos vértices e
coincidentes com as arestas da célula unitária.
Coordenadas de pontos
A posição de qualquer ponto no interior de uma célula unitária pode ser
especificada em termos de suas coordenadas, calculadas como múltiplos
fracionários dos comprimentos das arestas das células unitárias ( a, b e c).

q – comprimento fracionário da aresta a


ao longo do eixo x;

r – comprimento fracionário da aresta b


ao longo do eixo y;

s – comprimento fracionário da aresta c


ao longo do eixo z

Figura 01. Coordenadas de pontos


no sistema cartesiano
• Para a célula unitária na figura abaixo, localize o ponto com
coordenadas (1/4 1 e 1/2).

Figura 02. Coordenadas de pontos no sistema cartesiano

qa = 1/4 x (0,48nm) = 0,12 nm ao longo do eixo x até o ponto N;


rb = 1 x (0,46nm) = 0,46 nm ao longo do eixo y de N até até o ponto O;
sc = 1/2x (0,40 nm) = 0,20 nm ao longo do eixo z de até o ponto P.
Coordenadas de pontos
• Especifique as coordenadas de pontos para todas as posições atômicas
em uma célula unitária Cúbica de Corpo Centrado.

1 – 0 0 0 (origem)
2–100
3–110
4–010
5 – 1/2 1/2 1/2
6–001
7–101
8–111
9–011

Figura 03. Coordenadas de pontos


no sistema cartesiano
Direções cristalográficas
• Definida como uma linha entre dois pontos, ou um vetor.

Etapas para determinar os três índices direcionais:

1. Um vetor comprimento é posicionado de maneira que ele passe através da


origem do sistema de coordenadas.

2. São determinados os comprimentos das projeções do vetor sobre cada


um dos três eixos. Os eixos são medidos em termos das dimensões a, b e c
da célula unitária.

Considerar as arestas da célula unitária como sendo uma unidade.


Direções cristalográficas

3. Os três índices são multiplicados ou divididos por um fator comum, para


reduzi-los aos menores valores inteiros.

4. Os três índices, são representados entre colchetes [u v w] e sem


separação por vírgulas;

Os inteiros u, v e w correspondem as projeções ao longo dos eixos x, y e z,


respectivamente.
Direções cristalográficas

Para cada um dos três eixos existirão tanto coordenadas positivas quanto
negativas. Dessa forma, índices negativos também são possíveis, os quais são
representados por uma barra sobre o índice apropriado.

A mudança dos sinais de todos os índices produz uma direção antiparalela.

Componente (-) na direção y

é diretamente oposta a
Direções cristalográficas

Figura 4. Representação das direções [1 0 0] [1 1 0] [1 1 1] na célula unitária.


Direções cristalográficas
Determine os índices para a direção na figura abaixo

Figura 5. Representação da direção cristalográfica na célula unitária.


Direções cristalográficas
Determine os índices para a direção na figura

 O vetor passa pela origem do sistema.

 As projeções do vetor sobre os eixos são: a/2 b 0c que se tornam


1/2 1 0 em termos dos parâmetros da célula.

 Redução ao menor conjunto de números inteiros (X 2) [1 2 0].


Direções cristalográficas
Represente uma direção em uma célula unitária cúbica

As projeções ao longo dos


eixos x y e z são
respectivamente: a – a a0.

Direção definida por um vetor


que vai desde a origem até o
ponto P. Esse vetor não
possui componente em z.

Figura 6. Representação da direção cristalográfica na célula unitária.


Monocristais

Monocristal - ocorre quando o arranjo periódico e repetido dos átomos,


em um sólido cristalino, é perfeito ou se estende por toda a amostra, sem
interrupções. Todas as células unitárias interligam-se da mesma maneira
e possuem a mesma orientação.

• Os monocristais existem na natureza , mas também podem ser produzidos


artificialmente. Se permitido que as extremidades de um monocristal cresçam
sem qualquer restrição externa, o cristal assumirá uma forma geométrica
regular, com faces planas, como ocorre com algumas pedras preciosas.
Monocristais
• Os monocristais tornaram-se importantes em muitas tecnologias , em particular
nos micro-circuitos eletrônicos, que empregam monocristais de silício e outros
semicondutores.

Figura 7. Monocristal de granada encontrado na província de Fujian, China.


Materiais policristalinos

Materiais policristalinos – compostos por um conjunto de muitos cristais


pequenos ou grãos. A maioria dos sólidos cristalinos são materiais
policristalinos. Ocorrem vários estágios na solidificação de uma amostra
policristalina.
Materiais policristalinos

Figura 8. Estágios na solidificação de um material policristalino. Os retículos


quadrados representam células unitárias. a) Pequenos núcleos de cristalização; b)
Crescimento dos cristalitos; c) Conclusão da solidificação; d) Estrutura de grãos
como apareceria em microscópio.
Materiais policristalinos

• Inicialmente pequenos cristais ou núcleos se formam em várias posições.


Esses cristais possuem orientações cristalográficas aleatórias.

• Os pequenos grãos crescem pela adição sucessiva de átomos à sua estrutura.


A orientação cristalográfica varia de grão para grão.

• Além disso, existem alguns desajustes dos átomos na região onde dois grãos
se encontram. Essa área é denominada de contorno de grão.
Anisotropia

Anisotropia – característica de um material onde as propriedades físicas


são diferentes conforme as diferentes direções.

• Exemplo: módulo de elasticidade, condutividade elétrica e índice de refração


podem ter valores diferentes nas direções [1 0 0 ] e [1 1 1].

• Essa direcionalidade das propriedades é denominada anisotropia, a qual está


associada à variação do espaçamento atômico ou iônico em função da direção
cristalográfica.
Anisotropia
Tabela 1. Módulos de elasticidade para metais em várias orientações
cristalográficas
Difração de raios X em cristais

Como as estruturas cristalinas são estudadas ?

• Os átomos apresentam tamanhos que não são possíveis a sua observação


direta;

• Historicamente, o entendimento referente aos arranjos atômico e moleculares


nos sólidos resultou das investigações feitas através da técnica de difração de
raios-X.
Difração de raios X em cristais

Difração - ocorre quando uma onda encontra obstáculos, os quais estão


espaçados de maneira regular, e são capazes de espalhar a onda. Além
disso, a difração é uma consequência de relações de fases estabelecidas
entre duas ou mais ondas que foram dispersas por obstáculos.
Difração de raios X em cristais

Figura 9. a) Ondas 1 e 2 possuem o mesmo comprimento de onda (λ) e


permanecem em fase após um evento de dispersão (onda 1’ e 2’). Interferem
mutuamente de maneira construtiva. As amplitudes nas ondas dispersas
somam-se na onda resultante.
Difração de raios X em cristais

Figura 10. b) Ondas 3 e 4 possuem o mesmo comprimento de onda (λ) e


permanecem fora de fase após um evento de dispersão (onda 3’ e 4’). Interferem
mutuamente de maneira destrutiva. As amplitudes das duas ondas dispersam
cancelam-se mutuamente.
Difração de raios x em cristais

Forma de radiação eletromagnética que possui altas energias e


pequenos comprimentos de onda (de grandeza dos espaçamentos
atômicos para sólidos), que variam de 0,05 a 0,25 nm.
Difração de raios x em cristais

O método de raios-x fornece informações sobre:

• A natureza dos átomos;

• O tamanho, perfeição e orientação dos cristais;

• Identificações químicas qualitativas e quantitativas.

• A técnica de difração de raios-x possibilitou estudar a estrutura de


materiais a nível atômico.
Técnicas de difração

• Utiliza-se uma amostra pulverizada


ou policristalina composta por
partículas finas e orientadas
aleatoriamente, as quais são
expostas a uma radiação X. Cada
partícula pulverizada (ou grão) é
um cristal.

• Difratômetro - aparelho empregado Figura X. Diagrama esquemático de


para determinar os ângulos nos um difratômetro de raios X; T- fonte
de raios X; S – amostra; C- detector;
quais ocorre a difração em
O- eixo ao redor do qual giram a
amostras pulverizadas. amostra e o detector.
Técnicas de difração

Um dos principais empregos da difratometria de raios X é a determinação


da estrutura cristalina. O tamanho e a geometria da célula unitária podem
ser obtidos a partir das posições angulares dos picos de difração,
enquanto o arranjo dos átomos no interior da célula unitária está
associado às intensidades relativas desses picos.
Técnicas de difração

• Método do pó - técnica utilizada para analise de material cristalino;

• Equipamento utilizado – difratômetro, o qual detecta o ângulo e a


intensidade de feixe difratado, podendo ser usado em materiais
inteiros ou na forma de pó;

• Cada material apresenta um difratograma específico de acordo com


a sua estrutura cristalina.
Difratogramas de materiais

Figura 11. Difratogramas de alguns materiais


Difratogramas de materiais

Figura 12. Difratograma para uma amostra de ferro α


Sólidos não-cristalinos

Os sólidos não cristalinos não apresentam um arranjo atômico regular e


sistemático ao longo das distâncias atômicas relativamente grandes.
Esses materiais são chamados de amorfo (sem forma), ou de líquidos
super- resfriados, considerando que suas estruturas atômicas lembram as
de um líquido.
Sólidos não-cristalinos

Figura 12. Esquemas bidimensionais para a estrutura


a) dióxido de silício cristalino; b)dióxido de silício não-cristalino. A
estrutura é desordenada e irregular para a estrutura não cristalina.
Sólidos não-cristalinos

• O fato de se formar um sólido cristalino ou amorfo depende da facilidade pela


qual uma estrutura atômica aleatória no estado liquido pode se transformar em
um estado ordenado durante a solidificação.

• Portanto os materiais amorfos são caracterizados por estruturas atômicas ou


moleculares relativamente complexas, as quais apresentam dificuldades para
se ordenarem.
Sólidos não-cristalinos

• Os metais geralmente formam sólidos cristalinos.

• Alguns materiais cerâmicos são cristalinos, enquanto outros, os vidros


inorgânicos, são amorfos.

• Os polímeros podem ser completamente não-cristalinos e


semicristalinos.
Referências

• CALLISTER, William D. Jr. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma


Introdução 5a ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. 612 p.

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