Aula 2 As histéricas já não são as mesmas de Freud, o
corpo já não é tão atormentado como antes, em
Método Psicanalítico
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Profª Juliana dos Santos Lourenço
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Conversa Inicial
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Sejam bem-vindos!
Vamos dar início à aula de hoje, mas antes
quero lembrar a vocês que a psicanálise
trouxe um avanço para a sociedade ao
instaurar a ideia de que o homem não se
restringe ao seu biológico
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Contudo, ela segue sendo alvo de ataque por 6
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parte daqueles que pretendem substitui-la
por tratamentos químicos julgados mais
eficazes por inibir os sintomas, os quais
ninguém quer nada saber
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seu lugar surge um ser angustiado, com um
sofrimento psíquico em forma de depressão, um
inimigo invisível e silencioso que devasta a alma
Temos de um lado o saber da psicanálise, que dá
voz aos sintomas da atualidade, por outro lado,
temos o saber científico que não exerce eficácia
sob o sujeito da psicanálise, pois a eles é o corpo
biológico que importa
Eis, então, a pergunta por que a psicanálise
hoje?
Psicanálise e Ciência
A psicanálise propõe uma ruptura com os
“saberes oficiais”, e reconhece de forma
racional os fenômenos que outrora fora
marginalizados
Freud recusou-se tornar a psicanálise uma
ciência demasiadamente positivista, mas teve
todo o cuidado de construir uma lógica, assim
“existe em sua doutrina um pacto original
que liga a psicanálise à filosofia do
iluminismo e, portanto, a uma definição de
um sujeito fundamentado na razão”
(Roudinesco, p. 126)

No texto
Sonhos e ocultismo, Freud (1932), ao
afirmar o caminho estreito que a
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psicanálise trilha, verificamos os seus
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critérios
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“O ocultismo afirma que existem, de fato,
‘mais coisas no céu e na terra do que sonha a
filosofia’”
Pois bem, não precisamos nos sentir
amarrados pela estreiteza de vistas da
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filosofia acadêmica; estamos prontos a
acreditar naquilo que nos é demonstrado de
forma a merecer crédito
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Propomos lidar com essas coisas da mesma
forma como fazemos com qualquer outro
material científico
Antes de mais nada, estabelecer se se pode
realmente demonstrar que tais eventos
acontecem, e então, e somente então,
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quando sua natureza factual não pode ser
posta em dúvida, dedicar-nos à sua
explicação” (Freud, 1932, p. 39)
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Então, se Freud em algum momento foi
tentado a integrar a psicanálise as ciências
da natureza, em sua obra não vemos nenhum
passo dado a essa direção
Ao invés disso, elaborou um modelo
especulativo e passível de dar conta de uma
conceituação não restritiva a experiência
10 clínica, mas que se amplia a metafisica do
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ramo da filosofia que trata das coisas
especulativas, do ser ou da imortalidade da
alma, a esse modelo nomeou de
metapsicologia
A Especificidade da Psicanálise
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Para tomarmos a responsabilidade sobre o futuro
da psicanálise, é imprescindível que
mantenhamos o rigor daquilo que caracteriza a
sua especificidade
Assim, decidimos dividir o que a psicanálise
revela como sua especificidade em duas partes
para obtermos uma melhor compreensão
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A primeira, quanto à especificidade da clínica, ou
seja, sobre o tratamento; a segunda, quanto à
formação do psicanalista, sobre aquilo que
concerne a especificidade para a sua prática

O termo ‘psicanálise’ foi usado pela primeira
vez por Freud em 1896, mas, o que
precedera, foi a publicação do livro Estudo
sobre a histeria, que traz o caso da Anna O.,
uma paciente que se tornou referência para a
psicanálise por evidenciar um método – o
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tratamento fundamentado na fala
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A fala para a psicanálise é um agente de cura
– a cura pela fala, vindo desde o método
catártico que a principio visava à ab-reação,
e depois se revelou a principal via de acesso
à psique humana
Foi ao escutar o sofrimento de seus
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pacientes que Freud pôde descobrir o
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funcionamento do inconsciente, elaborar o
conceito de resistência, recalque,
transferência, dentre outros conceitos-base
da psicanálise
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“A descoberta de Freud é a do campo das
incidências, na natureza do homem, de suas
relações com a ordem simbólica, e do remontar
do seu sentido às instâncias mais radicais da
simbolização no ser. Desconhecer isso é
condenar a descoberta ao esquecimento, a
experiência à ruina” (Lacan, 1953, p.276)
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Quando se fala o que entra em jogo é o
inconsciente, mesmo quando se depara apenas
como o silêncio, diz Lacan, se tiver um ouvinte, aí
está o cerne da função da análise (1953, p. 249)
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Ao incidir com a linguística sob o conceito de
inconsciente, Lacan pôde identificar algumas
evidências que o levaria ao entendimento –
“o inconsciente é estruturado como uma
linguagem”, logrando ampliar o
entendimento sobre a fala do analisante,
destacando que toda produção é da ordem do
sentido, portanto, da ordem simbólica, ou
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seja, um sistema de representação baseado
na linguagem, cujos signos e significações
determinam o sujeito
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A fala, como linguagem concreta na
experiência psicanalítica, revela ao sujeito o
seu inconsciente, um inconsciente não
caótico ou biológico, mas estruturado como
uma linguagem, ou seja, com elementos
materiais simbólicos que desembocam em
17 significantes engendradores de sentido,
50
mesmo não portando sentidos constituídos
em si, mas que faz produzir sentidos, faz
significar (Luciano Elias, 2004)
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A especificidade da formação do analista
Quanto à especificidade da formação do
psicanalista, cuja direção é lacaniana, existe
uma frase que nos orienta tanto quanto nos
desorienta
“O analista só se autoriza de si mesmo”
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Ao fazer essa declaração, Lacan conseguiu,
mais do que nunca, e mais do que qualquer
outra pessoa, implicar o sujeito em sua
formação
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 Retomemos um pouco a história
A Associação de Psicanálise Internacional (IPA)
foi inicialmente fundada para normatizar a
análise e formar os profissionais de psicanálise
A necessidade surgiu pela iminente expansão
da teoria psicanalítica pelo mundo
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Mas, no mesmo passo que a IPA exportava os
modelos de formação, com intuito de manter-
se fiel às doutrinas freudianas, ela foi se
tornando uma fábrica de produção de grandes
notáveis
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Sobre esse acontecimento, Roudinesco
(2000) entende que pela força de cultivar
mais a norma do que a originalidade, e de
cultivar a globalização em detrimento do
internacionalismo, o terreno do debate
político e intelectual foi banido e pelo
caminho foram se desinteressando pelo
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50
mundo real para se voltar para sua fantasia
de intocáveis
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Lacan (1964) com o movimento de “Retorno
a Freud”, fundou a sua escola de psicanálise
ao não aceitar a rigidez da IPA
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50
21
Dominique Fingermann (2016) declara que a
sua eficiência específica (referindo-se à
formação do psicanalista) não é a autoridade
de sua teoria, o pertencimento a uma
associação de pares ou a aplicação de uma
cartilha técnica, menos ainda a conformidade
à demanda de quem solicita sua presença e
sua escuta, e incluo na lista as universidades
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Pois o que institui um sujeito analista é, em
primeiro lugar, a sua experiência com o seu
próprio inconsciente, apreendida em sua
análise
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Portanto, “o analista não opera a partir do
senso comum, mas a partir do ponto fora do
comum” (Fingermann, 2016)
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No entanto, a análise pessoal como
especificidade da formação do analista não
esgota a resposta à questão sobre a
formação do psicanalista, a ela se acrescenta
o compromisso ético com o estudo teórico e a
supervisão
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Sendo este o tripé que estabelece a
especificidade da formação do analista
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A Práxis Psicanalítica
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O que é psicanálise?
Lacan responde que a psicanálise é o
tratamento que se espera do psicanalista, tal
resposta recolocando a questão da formação
do analista ao mesmo tempo em que devolver
26 a responsabilidade da psicanálise aos seus
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operadores, fazendo-os lembrar,
iminentemente, que a psicanálise é um
tratamento ou como diz Lacan – uma cura
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Traremos algumas reflexões
“É de meus analisandos que aprendo tudo,
que aprendo o que é psicanálise” (Lacan
citado por Coutinho Jorge, 2017)
A psicanálise não é uma ciência, visto que
não tem o propósito de transmitir tudo sem
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50
resto, pois sabe que a verdade jamais será
dita por inteiro por conta do recalque
originário, ela se sustenta pela lógica do não
todo (Quinet, 2009)
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A psicanálise se funda como uma práxis, uma
práxis delimitada no campo da experiência
psicanalítica, onde o que está em tratamento é o
sujeito do inconsciente, sendo esta a invenção
freudiana
Assim, podemos entender que a psicanálise
tampouco se reduz a uma simples técnica, mas
parece ser mais um tipo de trabalho inspirado
pelo seu analista durante a análise
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Desse modo, a práxis que instaura a
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experiência psicanalítica decorre de seu
procedimento próprio, que transforma a dor e
o mal-estar em fala dirigida ao psicanalista
(Imbriano, 2010)
28
Com os autores citados, observamos que a
psicanálise é o trabalho psicanalítico que, por
sua complexidade, ninguém jamais
conseguirá abranger a sua totalidade, mas
apenas apreendê-la pela experiência
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Desse modo, quem poderá garantir a sua
prática?
29
Freud (1926) em Análise Leiga, tenta
responder à sociedade quem poderia exercer
a psicanálise. E o acento dado foi que
“A análise é leiga: é uma experiência
subjetiva, singular, que implica uma ética
peculiar”, pois a psicanálise poderia ser
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exercida por qualquer campo do saber,
desde que o sujeito em questão assumisse
um compromisso ético com a sua práxis
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 Portanto
Do próprio exercício da transmissão da
prática clínica depende a formação
permanente da analista
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A práxis da teoria é o exercício do analista, o
qual põe à prova o seu saber, não o seus
conhecimentos (Fingermann, 2016)
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Para Além da Clínica
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Lacan em a Proposição sobre o analista da
Escola (1967), insere o termo – Psicanálise
em extensão e psicanálise em intensão
A primeira diz respeito a toda função da
Escola cujo objetivo é presentificar a
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psicanálise no mundo; a segunda refere-se à
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afirmação dos conceito aos seus operadores,
pelo qual depende da qualificação da
primeira (psicanálise em extensão)
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A psicanálise em extensão diz respeito à ética
política da Escola em sua transmissão, cujo
viés que a orienta a experiência original, isto
é, a psicanálise em intensão, visto que
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somente a prática funda a teoria e o lugar da
Escola
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Desse modo, a psicanálise em intensão é
anterior à experiência da psicanálise em
extensão, que por sua premissa implica na
destituição de um mestre, visto que é só num
depois que ela acontece
O dualismo se configura com uma banda de
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moebius, onde dentro e fora constituem-se
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um só, como o funcionamento de uma
engrenagem que promove o avanço da
psicanálise em sua intensão (sua prática) e
extensão em sua pólis
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A Noção de Sujeito
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 Quando se fala em sujeito logo pensamos em
uma persona, ou uma espécie de construto, pois
o termo sujeito não diz respeito a um conceito no
sentido filosófico ou científico, mas trata-se de
uma categoria
A categoria de sujeito se impõe na elaboração da
teoria psicanalítica a partir de Lacan que o
37 aborda pela sua constituição, sendo assim sua
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tese se baseia nas concepções freudianas sob a
constituição do aparelho psíquico, pelo qual o
sujeito não nasce ou se desenvolve, mas se
constitui no campo da linguagem
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Em A Subversão do Sujeito e Dialética do
Desejo, Lacan (1960) demarca uma distinção
entre a concepção de sujeito da ciência e da
fenomenologia hegeliana, com o sujeito da
psicanálise
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Diz
“Nossa dupla referência ao sujeito absoluto
de Hegel e ao sujeito abolido da ciência dá
o esclarecimento necessário para formular
em sua verdadeira medida a dramaticidade
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de Freud: reingresso da verdade no campo
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da ciência, ao mesmo tempo em que ela se
impõe no campo de sua práxis: recalcada,
ela ali retorna” (Lacan, 1960, p. 813)
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O sujeito da ciência e o da psicanálise
O sujeito da ciência surge a partir do nascimento
da ciência moderna com Descartes, no que
confere o chamado Cogito, onde se inaugura um
“ancoramento no ser”, pelo qual o ato de pensar
determina a existência do sujeito – penso, logo
sou (ou penso, logo existo)
40 No entanto, a ciência não opera com ele nem
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sobre ele, ao contrário disso, a ciência o excluir
do seu campo operatório, ou seja, “o sujeito é
posto pela ciência para, no mesmo ato, ser dela
excluído, ou, mais exatamente, ser excluído do
campo de operação da ciência”
40
Ao passo que a ciência exclui o sujeito, é
sobre ele que a psicanálise opera, isso
significa que a psicanálise não opera sobre
uma pessoa humana ou um indivíduo, mas
sobre o mesmo sujeito da ciência, e aí está a
subversão declarada pela psicanálise, em
criar condições de operar nesse sujeito
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através da regra fundamental da psicanálise
– fale o que lhe vier a mente
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Na Prática
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 Autorizar-se psicanalista é uma posição ética
e não institucional, visto que não há um lugar
que forme psicanalista a não ser pela
implicação do sujeito com o seu desejo
A escola de psicanálise ou as universidades
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jamais podem ser o lugar de garantia da
prática da psicanálise, ainda que ofertem o
título
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O que garante a práxis do psicanalista é a
psicanálise pura, ou seja, a experiência que
inclui o tripé da formação: análise pessoal,
supervisão, estudo teórico
Na escola não se ensina, só “se copia”,
parafraseando Estamira, no documentário
que levava o seu nome
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O modelo pensado por Freud e Lacan
considera o sujeito na sua peculiaridade e
leva até as últimas consequências o seu
saber na experiência
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A responsabilidade de não permitir que a
psicanálise seja sucumbida aos anseios de se
fazer ciência, cabe a cada um que se
pretende psicanalista, sustentar as suas
especificidades com o mesmo rigor
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estabelecido por Freud, e para isso, Lacan
nos deixou advertidos para um permanente
retorno aos textos freudianos
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Finalizando
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Podemos agora retomar a nossa questão inicial
Por que a psicanálise hoje?
A psicanálise é a ciência que toma o sujeito
como objeto e se coloca como testemunha de
sua verdade, talvez essa seja a forma mais
resumida de expressar a sua práxis, mas o que
decorre numa sessão de análise é território
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50
infinito de possibilidade, visto que ao devolver
a fala ao sujeito faz emergir em seu ser todo
emaranhado de sua fantasia que dá suporte
aos seus sintomas
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A psicanálise hoje e sempre será a cura para o
sujeito, o sujeito da qual a ciência não alcança,
pois ele não faz parte de seu campo de
experiência
A invenção de Freud
A psicanálise, como uma experiência do
discurso, visa alcançar o bem-dizer da ética do
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desejo ao tocar no singular do sujeito, sem
que, com isso, deixe de reconhecer o caminho
da ciência e as mudanças sociais, pois a
psicanálise anda ao seu tempo em extensão e
intensão (transmissão e tratamento)
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 A garantia de sua prática será sempre um
lugar problemático, pois é assim que deve se
manter, no debate
É essa a estranheza da psicanálise em
relação às outras disciplinas e à própria
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civilização, e, é aí que Lacan situa o âmago
de sua Escola, escreve Antonio Quinet
(2009)

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Até a próxima, pessoal

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