º 48
DIÁRIO DA REPÚBLICA
ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA
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ARTIGO 2.º
SUMÁRIO (Definição)
Assembleia Nacional O Tribunal Supremo é a instância judicial superior da
Lei n.º 2/22: hierarquia dos Tribunais da Jurisdição Comum.
Orgânica do Tribunal Supremo. — Revoga a Lei n.º 13/11, de 18 de
Março — Lei Orgânica do Tribunal Supremo. ARTIGO 3.º
Lei n.º 3/22: (Sede)
Orgânica dos Tribunais da Relação. — Revoga a Lei n.º 1/16, de 10 de
Fevereiro — Lei Orgânica do Tribunal da Relação.
O Tribunal Supremo tem a sua sede na Cidade de Luanda.
Lei n.º 4/22: ARTIGO 4.º
Das Secretarias Judiciais e Administrativas. (Jurisdição)
O Tribunal Supremo tem jurisdição em todo o território
ASSEMBLEIA NACIONAL nacional.
ARTIGO 5.º
(Poderes de cognição)
Lei n.º 2/22
de 17 de Março O Tribunal Supremo conhece, em regra, matéria de
A organização judiciária angolana ganhou nova dinâ- direito, excepto nos casos previstos por lei.
mica, do qual resultou um mapa judiciário do País totalmente ARTIGO 6.º
reconfigurado, tornando-se necessário proceder à conforma- (Competência em razão da hierarquia)
ção dos diplomas legais a essa nova realidade; 1. O Tribunal Supremo é a instância superior da jurisdi-
Torna-se assim imperioso fazer uma adequação da Lei ção comum.
Orgânica do Tribunal Supremo a esta nova realidade da 2. O Tribunal Supremo funciona como Tribunal de 1.ª ins
organização judiciária, uma vez que a Lei n.º 13/11, de 18 de tância, nas respectivas Câmaras, nos casos especialmente
Março, se mostra desajustada; previstos na lei.
A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo, ARTIGO 7.º
ao abrigo das disposições combinadas das alíneas b) do (Garantias estatutárias dos Juízes)
artigo 161.º, d) e h) do artigo 164.º e b) do n.º 2 do artigo 166.º, O Estatuto dos Magistrados Judiciais regula as garantias
todos da Constituição da República de Angola, a seguinte: de independência, imparcialidade, inamovibilidade e define
os direitos e deveres, impedimentos, avaliação e disciplina
LEI ORGÂNICA DO TRIBUNAL SUPREMO dos Juízes Conselheiros.
ARTIGO 8.º
CAPÍTULO I (Publicações dos Acórdãos)
Disposições Gerais 1. Os Acórdãos do Tribunal Supremo são de conheci-
ARTIGO 1.º
mento público, devendo ser divulgados na sua página de
(Objecto) internet, assim como em publicações oficiais do Tribunal.
A presente Lei estabelece e regula a competência, a 2. Os Acórdãos devem ser publicados na sua versão inte-
composição, a organização e o funcionamento do Tribunal gral, assim como as respectivas declarações de voto, caso as
Supremo. haja, e salvaguardar a identidade das partes, após notificação.
2084 DIÁRIO DA REPÚBLICA
g) Preparar e submeter à aprovação do Plenário a 2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, os Juízes
proposta de criação de Câmaras e respectivas Conselheiros Jubilados do Tribunal Supremo podem partici-
Secções; par nas sessões do Plenário, sem direito a voto, mediante
h) Preparar e submeter à aprovação do Plenário a convite do Juiz Presidente ou por proposta de 1/3 dos Juízes
proposta de distribuição dos Juízes Conselheiros em efectividade de funções.
pelas Câmaras do Tribunal, bem como qualquer ARTIGO 26.º
mudança ou permuta de Juízes das Câmaras, (Funcionamento)
atendendo a razões de conveniência de serviço, 1. As sessões do Plenário têm lugar de acordo com
ao grau de especialização de cada Juiz Conse- a respectiva agenda, devendo a data e hora ser fixadas na
lheiro e às preferências manifestadas; convocatória.
i) Designar Juízes para intervir nos julgamentos em 2. A convocatória deve ser distribuída com a antecedên-
substituição; cia mínima de 5 (cinco) dias úteis para as sessões ordinárias
j) Propor os turnos dos Juízes Conselheiros, a ser e de 48 horas para as sessões extraordinárias, devendo fazer-
aprovado pelo Plenário; -se acompanhar dos documentos necessários.
k) Conferir posse aos Presidentes das Câmaras; 3. O Plenário reúne-se ordinariamente uma vez por mês
l) Nomear e conferir posse aos Secretários Judiciais, e extraordinariamente sempre que for convocado por ini-
ao Secretário Geral, e aos demais funcionários ciativa do Presidente ou a requerimento fundamentado de,
do Tribunal Supremo;
pelo menos, 1/5 dos seus Juízes, em efectividade de funções,
m) Designar os funcionários em substituição do
endereçado ao Juiz Conselheiro Presidente.
Secretário Judicial e do Secretário Geral;
4. O Presidente do Tribunal não pode recusar-se a convo-
n) Orientar a tarefa do Secretário Judicial, sem pre-
car a reunião requerida nos termos da parte final do número
juízo dos poderes próprios deste, nos termos da
anterior.
lei processual;
5. O Plenário reúne-se em sala próprio, devendo os
o) Exercer acção disciplinar sobre os funcionários
Juízes Conselheiros ter assento personalizado.
administrativos e judiciais do Tribunal Supremo;
6. Os Juízes tomam assento, alternadamente, à direita e
p) Assinar contratos em representação do Tribunal,
à esquerda do Presidente do Tribunal, do Vice-Presidente e
nos termos da lei, sem prejuízo da delegação de
dos Presidentes das Câmaras segundo a ordem de antigui-
poderes;
dade na categoria.
q) Exercer as demais funções conferidas por lei.
ARTIGO 27.º
ARTIGO 23.º
(Sessões solenes)
(Substituição do Presidente)
O Plenário reúne-se em sessão solene para:
1. O Presidente do Tribunal é substituído, nas suas ausên-
cias e impedimentos, pelo Vice-Presidente. a) Receber titulares de órgãos estrangeiros em visita
2. Faltando ou estando impedido o Vice-Presidente, o oficial à República de Angola;
Presidente é substituído pelo Presidente de uma das Câmaras b) Celebrar acontecimentos de alta relevância quando
que há mais tempo exerça funções no Tribunal. convocado por deliberação do Plenário;
ARTIGO 24.º
c) Sessões de homenagem aprovadas pelo Plenário.
(Competências do Vice-Presidente) ARTIGO 28.º
(Deliberações e decisões)
O Vice-Presidente do Tribunal Supremo tem as seguin-
tes competências: 1. As deliberações e as decisões do Plenário são toma-
a) Substituir o Presidente nas suas ausências e impe- das por unanimidade ou por maioria dos membros presentes.
dimentos; 2. O Presidente do Tribunal, ou quem o substitua, dispõe
b) Exercer as demais competências estabelecidas por de voto de qualidade, em caso de empate.
lei ou determinadas superiormente pelo Presi- 3. Os Juízes podem fazer lavrar declaração de voto,
dente do Tribunal. quando divirjam apenas dos fundamentos da deliberação e
SECÇÃO II voto de vencido quando tenham votado em sentido diverso.
Plenário 4. A declaração de voto e o voto de vencido a que se
ARTIGO 25.º refere o número anterior é sempre fundamentado até ao
(Composição e quórum) momento da votação do respectivo acórdão.
1. O Plenário é constituído pelos Juízes que compõem ARTIGO 29.º
as Câmaras e só pode funcionar com a presença da maioria (Distribuição no Plenário do Tribunal Supremo)
absoluta dos Juízes em efectividade de funções, incluindo o 1. No Plenário os processos são distribuídos segundo as
Presidente do Tribunal ou quem o represente, nos termos da espécies, na primeira sessão, por sorteio entre os Juízes que
presente Lei. compõem as respectivas Câmaras.
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2. Na distribuição de processos no Plenário que tenham f) Julgar os recursos das decisões dos processos cau-
por objecto o recurso de decisões das Câmaras é excluído da telares relativos aos processos para os quais as
distribuição o Juiz Relator e os adjuntos da decisão objecto Câmaras do Tribunal Supremo são competentes
do recurso.
em 1.º grau de jurisdição;
ARTIGO 30.º
g) Julgar os recursos das decisões dos processos rela-
(Competências jurisdicionais do Plenário)
tivos à execução dos acórdãos proferidos pelas
Compete ao Plenário, no domínio jurisdicional, deliberar
sobre as seguintes matérias: Câmaras do Tribunal Supremo em 1.º grau de
1. Tribunal Pleno em 1.º grau de Jurisdição: jurisdição;
a) Conhecer e julgar os processos de uniformização h) Julgar os recursos das decisões proferidas pelas
de jurisprudência nos termos da Lei do Processo; Câmaras do Tribunal Supremo nos processos
b) Conhecer dos conflitos de competência entre as de conflitos de competência entre os Tribu-
Câmaras do Tribunal Supremo; nais da Relação e entre estes e os Tribunais de
c) Conhecer dos conflitos de jurisdição cuja aprecia- 1.ª Instância;
ção não pertença ao Tribunal de Conflitos;
i) Julgar os recursos de revisão e cassação interpos-
d) Julgar os incidentes de suspeição contra os Juízes
tos das decisões proferidas pelas Câmaras do
em processos de competência do Plenário;
Tribunal Supremo e ordenar a suspensão da sua
e) Conhecer o pedido de extradição de cidadãos
estrangeiros. execução, nos termos da Lei do Processo;
2. Tribunal Pleno de Recurso: j) Julgar os recursos interpostos das decisões proferi-
a) Julgar os recursos interpostos de decisões pro- das pela Câmara do Contencioso, Administrativo
feridas pela Câmara ou Secções Criminais do Fiscal e Aduaneiro do Tribunal Supremo nos
Tribunal Supremo, quando estas julguem em processos relativos às impugnações das delibe-
1.ª instância; rações do Conselho Superior da Magistratura
b) Julgar os recursos ordinários das decisões da Judicial;
Câmara ou Secções do Contencioso Adminis-
k) Exercer as demais competências conferidas por lei.
trativo, Fiscal e Aduaneiro do Tribunal Supremo
ARTIGO 31.º
proferidas em acções de impugnação de regula-
(Competências não jurisdicionais do Plenário)
mentos e actos administrativos, a condenação à
prática de acto devido, impugnação de normas e 1. Compete ao Plenário, no domínio interno, deliberar:
a declaração de ilegalidade por omissão, quando a) Sobre os regulamentos internos necessários ao
estas julguem em 1.ª instância; bom funcionamento do Tribunal;
c) Julgar os recursos ordinários das decisões da b) Sobre a criação de novas Câmaras e Secções, nos
Câmara ou Secções do Contencioso Adminis- termos da presente Lei;
trativo, Fiscal e Aduaneiro do Tribunal Supremo c) Sobre a distribuição dos Juízes Conselheiros pelas
proferidas em acções relativas a contratos e de Câmaras, sob proposta do Presidente do Tribu-
responsabilidade civil extracontratual, quando nal, bem como a mudança ou permuta de Juízes;
estas julguem em 1.ª instância; d) Sobre o modelo da beca, insígnias e anel do Tri-
d) Julgar os recursos ordinários das decisões da bunal;
Câmara ou Secções do Contencioso Adminis-
e) Sobre o modelo de carimbo e o logótipo do Tri-
trativo, Fiscal e Aduaneiro do Tribunal Supremo
bunal;
proferidas em processos especiais, urgentes e
f) Sobre as questões de natureza administrativa ou
cautelares, quando estas julguem em 1.ª instân-
outras apresentadas pelo Juiz Presidente do
cia;
e) Julgar os recursos das decisões dos processos rela- Tribunal e velar pelo cumprimento das mesmas;
tivos ao pedido de suspensão do cumprimento g) Sobre o mapa de férias dos Juízes Conselheiros;
ou das causas legítimas de inexecução dos h) Sobre quaisquer outros assuntos inerentes à sua
acórdãos proferidos pela Câmara ou Secções do organização e funcionamento e que não sejam
Contencioso Administrativo, Fiscal e Aduaneiro da competência do Presidente do Tribunal.
do Tribunal Supremo, quando estas julguem em 2. O Plenário exerce as demais competências previstas
1.ª instância; na Constituição e por lei.
2088 DIÁRIO DA REPÚBLICA
SECÇÃO III
3 (três) Juízes, cabendo a um Juiz a função de relator e aos
Câmaras do Tribunal Supremo outros Juízes a função de adjuntos, decidindo por maioria,
ARTIGO 33.º sendo o acórdão definitivo lavrado de harmonia com a orien-
(Composição) tação que tenha prevalecido.
A Câmara é composta por um Presidente e por um 2. A intervenção dos Juízes de cada Câmara ou Secção
mínimo de 2 (dois) Juízes.
no julgamento faz-se nos termos da Lei de Processo segundo
ARTIGO 34.º
(Colocação de Juízes nas Câmaras)
a ordem dos vistos.
1. O Plenário, sob proposta do Presidente do Tribunal, 3. Quando não seja possível obter o número de Juízes ou
fixa a distribuição dos Juízes Conselheiros nas Câmaras e número de votos exigido para decidir o processo são chama-
respectivas Secções de acordo com a hierarquia estabelecida dos a intervir como adjuntos os demais Juízes da Secção ou
nas seguintes alíneas: da Câmara, nos termos da Lei de Processo.
a) A preferência manifestada pelo Juiz, obedecendo 4. As Sessões têm lugar de acordo com a respectiva
a ordem de graduação estabelecida na lista final
agenda, devendo a data e a hora das audiências, bem como
do concurso de provimento de vagas para o Tri-
o número de cada processo a julgar na respectiva sessão,
bunal Supremo;
b) O grau de especialização; constar de tabela afixada no átrio do Tribunal e divulgada
c) A conveniência de serviço. electronicamente na página web do Tribunal, com antece-
2. Entende-se como Grau de Especialização o tempo de dência mínima de 48 horas.
serviço no exercício de funções numa jurisdição de compe- 5. Os projectos de Acórdãos para julgamentos devem ser
tência especializada ou na área de especialização no caso apresentados na Secretaria com antecedência mínima de até
dos Juristas de Mérito.
48 horas da data do julgamento, sob pena de o processo em
3. Entende-se por Conveniência de Serviço a necessi-
dade de mudança ou de aumento do número de Juízes nas tabela para julgamento.
Câmaras ou Secções derivado do volume ou complexidade 6. A versão do projecto de acórdão é facultada aos Juízes-
de processos. -Adjuntos com antecedência mínima de 48 horas, mediante
4. Sob proposta do Presidente do Tribunal, o Plenário cópia ou correio electrónico oficial.
pode autorizar a mudança de Câmara ou de Secção e a 7. Na conferência participam apenas os Juízes que nela
permuta entre Juízes, nos casos em que os interessados
devam intervir.
requeiram e por conveniência de serviço.
5. Quando o relator mudar de Câmara ou de Secção, 8. A discussão é dirigida pelo Presidente Câmara respec-
mantém-se a sua competência e a dos seus adjuntos que tiva e na ausência deste pelo Juiz que o substitui nos termos
tenham dado visto para o julgamento. previstos na presente Lei.
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2. Sem prejuízo do que dispõe a Lei do Conselho 8. Aos Juízes destacados nos termos do n.º 4 do presente
Superior da Magistratura Judicial sobre a matéria, o número artigo não lhes são distribuídos processos, enquanto durar o
máximo de processos distribuídos a cada Juiz Conselheiro destacamento.
é o seguinte: 9. O destacamento previsto nos termos do n.º 4 do pre-
a) Na Câmara do Cível, 200 processos; sente artigo é feito em regime de comissão de serviço.
b) Na Câmara Criminal, 200 processos; 10. Para os termos do disposto no n.º 1 do presente
c) Na Câmara Laboral, 250 processos; artigo, o serviço de distribuição respectiva, bem como
d) Na Câmara do Contencioso Administrativo, Fiscal o Juiz Conselheiro que tenha a seu cargo um número de
e Aduaneiro, 250 processos; processos superior a 40% do número previsto na contin-
e) Na Câmara da Família e Justiça Juvenil, 250 pro- gentação, devem informar de imediato o Juiz Presidente do
cessos. Tribunal Supremo e este deve dar conhecimento imediato
ao Conselho.
SECÇÃO II
Juiz Itinerante ARTIGO 54.º
(Diagnóstico, acompanhamento, controlo e sancionamento)
ARTIGO 53.º
(Regime jurídico) O regime de diagnóstico, acompanhamento, controlo e
1. Sempre que um Juiz Conselheiro tenha a seu cargo um sancionamento das infrações das regras de gestão processual
número de processos superior a 50% do número previsto na referidas neste capítulo é definido em Regulamento da Lei
contingentação estabelecida no n.º 2 do artigo anterior, e as Orgânica do Conselho Superior da Magistratura Judicial.
circunstâncias não justifiquem a movimentação ou o recru- CAPÍTULO VIII
tamento de novos Juízes nos termos estabelecidos na Lei Disposições Finais e Transitórias
Orgânica do Conselho Superior da Magistratura Judicial,
ARTIGO 55.º
o Conselho destaca um número determinado de Juízes (Requisitos para o concurso de ingresso no Tribunal Supremo)
Itinerantes, pelo período de tempo necessário, com vista a
1. Em caso de abertura de concurso para o preenchimento
reduzir o número de processos pendentes até atingir a cifra
prevista na contingentação. de vagas no Tribunal Supremo, no decurso dos primeiros
2. A função de Juiz Itinerante no Tribunal Supremo é 5 (cinco) anos a contar da data da tomada de posse dos pri-
exercida pelos Juízes Conselheiros do mesmo Tribunal. meiros Juízes Desembargadores dos Tribunais da Relação
3. Sempre que o número de processos a cargo do Juiz de Luanda, de Benguela e da Huíla, excepcionalmente,
Conselheiro a intervencionar exija a intervenção de um podem concorrer para Juízes Conselheiros:
número superior aos disponíveis, o Conselho Superior da a) Os Juízes Desembargadores;
Magistratura Judicial destaca, de entre os Juízes com menor b) O Procurador Geral da República, o Vice-Pro-
pendência ou menor volume processual, o número de Juízes
curador Geral da República e os Procuradores
necessários para reforçar o corpo de Juízes Itinerantes a
Gerais-Adjuntos da República;
intervir na concreta situação.
4. Alcançado o número de processos previsto na contin- c) Os Magistrados do Ministério Público que exer-
gentação, cessa a intervenção dos Juízes Itinerantes. çam funções nos Tribunais da Relação ou para o
5. Os Juízes Itinerantes têm plena jurisdição nos proces- qual tenham sido nomeados;
sos que lhes forem redistribuídos, podendo praticar todos os d) Os Advogados e Professores Catedráticos e Asso-
actos processuais previstos por lei. ciados da Faculdade de Direito.
6. Os Juízes com menor pendência a destacar nos ter- 2. Os requisitos para o concurso que se realize nos ter-
mos do n.º 4 do presente artigo têm direito, enquanto durar mos do número anterior são excepcionalmente os seguintes:
o destacamento, a mais 50% do valor do salário-base, e a) Ser Juiz Desembargador com a classificação no
os com menor volume processual a 40%, sem prejuízo do
mínimo de Bom nos últimos três anos, e apresen-
direito a ajudas de custos nos termos previsto no Estatuto
tará acórdãos em que tenha exercido as funções
Remuneratório dos Magistrados Judiciais.
de Relator no Tribunal da Relação, podendo
7. O Juiz tem menor pendência quando julgue, num
completar com sentenças ou acórdãos proferi-
ano, um número de processos superior a 50 % da cifra pre-
vista para a avaliação para efeitos de atribuição do subsídio dos na qualidade de Juiz de Direito, quando não
de estímulo. O Juiz tem menor volume processual quando reúna aquele número de acórdãos, que consti-
tenha a seu cargo um número de processos inferior a 30% tuem o objecto da avaliação curricular;
do número previsto na contingentação referida no n.º 2 do b) Ser Procurador Geral da República, Vice-Procurador
artigo anterior. Geral da República e apresentar o seu currículo;
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c) Ser Procurador Geral-Adjunto da República e 6. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, em
apresentar 6 (seis) peças elaboradas no exercício cada concurso de ingresso para o Tribunal Supremo, reser-
dessas funções, ou ser Magistrado do Ministé- vam-se 2/3 das vagas para Magistrados Judiciais de carreira,
rio Público, que exerça funções no Tribunal da sendo que para os restantes 1/3 das vagas concorrem todos
Relação ou para o qual tenha sido nomeado, os candidatos.
com a classificação de Bom ou Muito Bom nos 7. As regras para o preenchimento de vagas para o
últimos três anos, e apresentar 8 (oito) peças pro- Tribunal Supremo nos termos do n.º 1 são apenas as regula-
cessuais elaboradas no exercício das funções nos
das na presente Lei.
Tribunais da Relação, podendo completar com
ARTIGO 56.º
peças elaboradas no exercício de funções nos (Revogação)
Tribunais Provinciais ou de Comarca, quando É revogada a Lei n.º 13/11, de 18 de Março — Lei
não reúna aquele número de peças, que consti- Orgânica do Tribunal Supremo.
tuem o objecto da avaliação curricular;
ARTIGO 57.º
d) Ser Advogado e apresentar 8 (oito) peças pro- (Dúvidas e omissões)
cessuais elaboradas no exercício das funções
As dúvidas e as omissões que resultarem da interpre-
forenses.
tação e da aplicação da presente Lei são resolvidas pela
3. Os candidatos indicam por ordem decrescente de pre-
Assembleia Nacional.
ferência a jurisdição a que concorrem.
4. Com base na avaliação curricular, que consiste na ARTIGO 58.º
(Entrada em vigor)
atribuição de uma classificação, são seleccionados os con-
A presente Lei entra em vigor à data da sua publicação.
correntes admitidos pelo Júri, com a seguinte composição:
a) Presidente do Júri — o Presidente do Tribunal Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda,
Supremo; aos 17 de Novembro de 2021.
b) Presidentes das Câmaras que compõem o Tribunal O Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da
Supremo — Vogais; Piedade Dias dos Santos.
c) Um membro do Conselho Superior da Magistra- Promulgada aos 23 de Fevereiro de 2022.
tura Judicial com categoria de Juiz Conselheiro, Publique-se.
indicado por deliberação do Conselho Superior
O Presidente da República, João Manuel Gonçalves
da Magistratura Judicial — Vogal;
Lourenço. (22-1723-C-AN)
d) Um Advogado membro do Conselho Superior da
Magistratura Judicial — Vogal;
Lei n.º 3/22
e) Um Professor Universitário de Direito com a cate- de 17 de Março
goria de Professor Catedrático, indicado pelo
A Constituição da República de Angola, ao aprofundar o
Conselho Científico da Universidade que for desígnio do Estado de direito democrático, impôs alterações
escolhida pelo Conselho Superior da Magistra- à Lei do Sistema Unificado de Justiça e ao quadro legisla-
tura Judicial — Vogal. tivo vigente em matéria de organização e funcionamento dos
5. Em caso de empate, a repartição de vagas faz-se, Tribunais Judiciais, estabelecendo directrizes para um novo
sucessivamente, do seguinte modo: modelo de organização e funcionamento da justiça, onde se
a) Prefere-se o Magistrado Judicial; evidencia a existência de Tribunais da Relação.
b) Entre Magistrados Judiciais prefere-se o mais As alterações feitas à Lei Orgânica sobre a Organização
antigo; e Funcionamento dos Tribunais da Jurisdição Comum ao
reajustar o mapa judicial, consolida o cumprimento do prin-
c) Entre Magistrados do Ministério Publico prefere-
cípio do acesso ao direito e à justiça, reforçando a defesa de
-se o mais antigo;
direitos e de garantias dos cidadãos e tornando, deste modo,
d) Entre Magistrado do Ministério Público e Juristas
a justiça geograficamente mais próxima dos cidadãos e dos
de Mérito dá-se preferência àquele que faz cum- agentes económicos.
prir a quota de 2/3 ou 1/3, conforme o caso; A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo, nos
e) Entre Juristas de Mérito prefere-se o mais antigo termos das alíneas b) do artigo 161.º, d) e h) do artigo 164.º e b)
no exercício da profissão ou de idade mais avan- do n.º 2 do artigo 166.º, todos da Constituição da República
çada. de Angola, a seguinte: