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FICHAMENTO:

O imposto de renda frente aos princípios da irretroatividade e anterioridade


tributária: uma análise acerca da sumula 584 do STF.

Os escritores do artigo sob examine analisaram o tema frente a sumula 584 do


STF. Apesar de a mencionada súmula ter sido editada antes da promulgação da
Constituição federal de 1988, era a mesma que regulava o tema.
Em que pese a posição dos doutrinadores ser a de oposição a edição e
manutenção da sumula pelo Pretório Excelsior, temos que a infringência aos princípios
da irretroatividade e da anterioridade restam patentes, nos moldes do art. 150 da
CFRB/88.
Portanto, o artigo confirma a posição anteriormente mencionada sob o
argumento de que a sumula não fora recepcionada pela atual constituição, devendo ter
sido declarada, revogada com a promulgação da constituição, pela sua não recepção.
Da análise do texto temos que:
O Imposto sobre a renda de pessoa física –IR é um tributo que se
sujeita aos princípios constitucionais da anterioridade do exercício e
irretroatividade tributária. Portanto, qualquer lei que o torne mais oneroso ao
contribuinte só pode ter efeito a partir do primeiro dia do exercício financeiro
seguinte ao que foi publicada. O fato gerador do Imposto de Renda
considera-se ocorrido no período-base, ou seja, aquele em que o
contribuinte auferiu lucro. A data do período-base escolhida pelo legislador é
o dia 31 de dezembro de cada ano. Isso posto, em tal data é que se considera
perfeito o fato a ser tributado, devendo, portanto, ser aplicada a lei vigente
em tal época. Todavia, em 1976, o STF editou a súmula 584, a qual trazem
sua redação uma regra em que se calcula o Imposto de Renda pela lei
vigente à época da declaração e não à época do fato gerador, podendo
causar com isso uma retroatividade imprópria, caso seja editada uma lei
antes do dia 31 de dezembro que majore tal tributo. ( FERREIRA e
GUIMARÃES, pág. 2, 2022).

A primeira crítica trazida pelos autores é a de que, a sumula do STF, com base
no que é o IR, fere a princípios constitucionalmente previstos, sob a hipótese de uma lei
editada no ano base da tributação, servir de parâmetro e aplicação ao referido imposto,
em desrespeito a anterioridade e irretroatividade.
Outro ponto introdutório que merece destaque é o problema do artigo que seria:
“Assim, a pesquisa tem como problema: a súmula 584 do Supremo Tribunal
Federal é compatível com o sistema constitucional brasileiro?”, sendo que a resposta
será desenvolvida ao decorrer do texto.
Conforme o texto, o rol previsto pelo legislador constituinte originário acerca
das limitações constitucionais sobre o poder de tributar é um rol não exaustivo, e é
também considerada como norma de caráter fundamental.
Por conseguinte, é mencionado o principio da legalidade, posto como o principal
principio do direito tributário, sendo que o mesmo reverbera a vontade de contribuinte,
ainda que de forma indireta.
Ademais, fora tratado acerca do famigerado principio da anterioridade, que teria
o escopo da segurança jurídica ou seja, uma garantia ao agente passivo da relação
tributária, para que não seja surpreendido com o novo tributo, ou uma majoração em um
já existente.
É importante mencionar que o principio da anterioridade se divide em dois, o da
anterioridade e o da anterioridade nonagesimal.
princípio da anterioridade do exercíciobusca impedir a aplicabilidade de leis
que instituamou majorem tributos até o exercício subsequente ao que a lei
seja publicada. Embora a lei criadora (ou que aumente) entre em vigor na
data de sua publicação (como, em regra, vêm consignado nessas normas), o
certo é que essas leis só poderão produzir eficácia no exercício subsequente
àquele em que forem editadas. E que pese vigentes, tais leis têm sua eficácia
protraída para o ano seguinte ao da sua publicação. (Minardi, 2015, p. 148-
149).Além disso, nos termos do art. 150, III, c, CF, é vedado aos entes
federativos cobrarem tributos antes de decorridos noventa dias da publicação
da lei que houver os instituído ou majorado(Brasil, 1988).Tal princípio visa
completar a segurança jurídica dada pela anterioridade do exercício, pois, em
caso deinexistênciada noventena tributária, seria possível que um tributo
fosse instituído no dia 31 de dezembro e já cobrado no dia 01 de janeiro,
umavez que estaria respeitando a anterioridade do exercício. (FERREIRA e
GUIMARÃES, pág. 4 2022 Apud MINARDI, 2015).

No que se refere a importância do Imposto de Renda, escreve os doutrinadores


que, o maior responsável pela arrecadação federal é o IR e que acaba por fazer a
distribuição de renda, ainda que não de forma ideal.
O fato gerador do mencionado tributa é no ano base 31 de dezembro, ou seja o
ano em que o contribuinte auferiu a renda. Contudo, somente no ano seguinte é que
acontecerá a declaração do mencionado imposto.
Quanto ao lançamento, temos que o imposto de renda é feito por homologação e
não lançado por declaração.
Nesse sentido, a sumula 584 do STF, ao definir que é possível a aplicação de lei
que influa no ano base, colide frontalmente com os princípios da anterioridade e
irretroatividade, conforme a doutrina:
Entendemos que o fato gerador do IR deve ser regido pela lei vigente
porocasião de sua ocorrência, haja vista que o tempo rege o ato (tempus
regit actum). O pensamento defendido no STF é, concessa vênia,
de duvidosa sustentabilidade, pois a lei majoradora do IR deve ser
sempre pretérita em relação aos fatospresuntivos de riqueza, cujo
conjunto comporá o fato gerador do imposto. Tal conjunto fático, assim
composto, no âmbito do aspecto material do fato gerador do IR, rimará com
os postulados da irretroatividade, da anterioridade, da confiança, da não
surpresa, e, sobretudo, com o inafastável princípio da segurança jurídica.
(FERREIRA e GUIMARÃES, pág. 9 2022, Apud, SABBAG, 2016, p. 232).

A doutrina quase que por unanimidade desacredita da mencionada sumula, posto


que, a lei “uma vez publicada a lei durante um dado exercício financeiro, ela somente
entrará em vigor no exercício financeiro subsecutivo,sendo-lhe vedada a aplicação
imediata naquele exercício dentro do qual teria sido editada”, e portanto, não seria caso
da edição da sumula que viola esse entendimento.

Nesse sentido, conclui-se que a sumula editada pelo STF, não fora recepcionada
pela legislação brasileira e pior pala Carta Constitucional, que na visão de Hans Kelsen
do positivismo constitucional, em que a constituição está no topo da pirâmide e serve de
parâmetro legal para as leis infraconstitucionais.

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