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INSTITUTO DA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA

RESERVA NATURAL DAS DUNAS DE S. JACINTO

Plano de Estágios do ICN 2002/2003

Inventariação das espécies de invertebrados presentes


na Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto

Ana Cristina Francisco Rufino

S. Jacinto, Maio de 2004


Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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Plano de Estágios do ICN 2002/2003

“Inventariação das espécies de invertebrados presentes na Reserva Natural Dunas de S. Jacinto”

Autor: Ana Cristina Francisco Rufino


Coordenador/Orientador: Eng. Gilberto Mendes da Silva
Orientador externo: Dr. José Vingada
Colaboração científica: Prof. Dr.ª Mª Manuela da Gama Assalino
Dr. António Keating
Ernestino Maravalhas
Prof. Dr. José Paulo Sousa
Prof. Dr.ª Galina Bushmakiu
D.ª Esmeralda Bonifácio
Outros colaboradores: Pessoal do Laboratório de Solos do IAV
Vigilantes da Natureza da RNDSJ
Ana Cristina Francisco Rufino
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Para o Pedro,
Uma pessoa muito especial por quem tenho muito carinho.
Sem ti não teria concorrido a este estágio e não tinha descoberto a minha paixão.
Contigo aprendi imensas coisas, agradeço-te tudo o que fizeste por mim.
Graças a ti tornei-me uma pessoa mais forte e mais confiante, enfim, tornei-me numa pessoa
melhor.
Desejo tudo de bom para ti e para os teus.
Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho só foi possível devido ao apoio, colaboração e orientação de


diversas pessoas, às quais agradeço, realçando:

Ao Dr. José Vingada (Universidade do Minho) sem o qual não seria possível a realização
deste trabalho. Pela orientação, apoio, quer a nível pessoal, quer a nível de bibliografia, material de
campo e reagentes, imprescindíveis para dar início ao trabalho de campo. Por todos os
esclarecimentos prestados ao longo de todo o estágio e a preciosa ajuda na finalização do relatório
final.

Ao Eng. Gilberto Mendes da Silva (RNDSJ/ICN) pela coordenação e orientação deste


estágio.

Ao Prof. Dr. José Paulo Sousa (Instituto do Ambiente e Vida (IAV) do Departamento de
Zoologia da Universidade de Coimbra) pela disponibilização do laboratório de Solos e todo o
material necessário à realização deste estágio. Pela ajuda no tratamento estatístico e por me integrar
no grupo.

À Prof. Dr.ª Mª Manuela da Gama (Universidade de Coimbra) pela disponibilidade sempre


demonstrada, pela disponibilização do seu gabinete e material para identificação das amostras, pela
ajuda preciosa na identificação dos Collembola, na cedência de bibliografia, e na elaboração de
textos para integração neste relatório.

Ao Dr. António Keating (Instituto do Ambiente e Vida (IAV) do Departamento de


Zoologia da Universidade de Coimbra) por me ensinar a identificar aranhas e por me transmitir a
paixão que tem pelas aranhas. Por toda a informação que me transmitiu e por me ajudar no
tratamento estatístico.

Ao Ernestino Maravalhas pela ajuda na identificação de Lepidópteros e Odonata e pelo livro


que me presenteou que tanto me ajudou na elaboração deste trabalho. E, pela sua simpatia.

À D.ª Esmeralda Bonifácio (Museu Zoológico da Universidade de Coimbra) pela ajuda na


identificação dos Coleoptera, e por me facilitar a consulta da colecção de coleópteros do museu.
Ana Cristina Francisco Rufino
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Aos vigilantes da RNDSJ, em especial ao Raúl, por tudo o que fez por mim e pelo árduo
trabalho durante as saídas de campo.

Ao Pessoal do Lab (IAV-UC) pelo acolhimento caloroso, por toda a simpatia e amizade.
Por toda a ajuda e disponibilidade para a resolução de tão variados problemas.

À Amélia, pela sua amizade tão especial. Pelas nossas conversas tão proveitosas e por todo o
tempo que passámos juntas em S. Jacinto.

Por fim, mas não menos importante, quero agradecer aos meus pais e amigos, pelo amor e
carinho demonstrado e pelo apoio e por toda a força que me deram ao longo destes meses.
Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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ÍNDICE

1 - Introdução…………………………………………………………………..... 1
2 - Metodologias…………………………………………………………………. 3
3 - Resultados……………………………………………………………………. 7
3.1 - Amostragem por busca activa………………………………………………... 7
3.2 - Amostragem por pitfall………………………………………………………. 8
3.2.1 - Análise estatística……………………………………………………………... 9
3.2.1.1- Análise da diversidade da Ordem Araneae……………………………………. 12
3.2.1.2- Análise da diversidade da Ordem Coleoptera………………………………… 15
4 - Descrição dos taxa inventariados……………………………………………... 18
I - Filo Mollusca………………………………………………………………… 18
II.- Filo Arthropoda……………………………………………………………… 23
II - A Classe Arachnida……………………………………………………………... 23
II - B Classe Chilopoda……………………………………………………………... 37
II - C Classe Diplopoda …………………………………………………………...... 38
II - D Subfilo Crustacea……………………………………………………………... 39
II - E Classe Collembola……………………………………………………………. 40
II - F Classe Insecta………………………………………………………………… 45
5 - Conclusão…………………………………………………………………...... 77
Bibliografia…………………………………………………………………… 78
Outras fontes………………………………………………………………… 83
Anexos………………………………………………………………………... 84
Ana Cristina Francisco Rufino
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1 - INTRODUÇÃO

A Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto (Anexo 1) com uma área terrestre aproximada de
700 ha, encontra-se situada à latitude 40º 39’ N e longitude 8º 44’ W. É definida a Norte pelo limite
das freguesias de S. Jacinto e Torreira (Concelhos de Aveiro e Murtosa), a Sul pela “Estrada da
Areia”, a Oeste pelo Oceano Atlântico e a Leste pela Estrada Nacional 327.
O clima da região onde se insere apresenta características mediterrâneas, com uma forte
influência atlântica.
Apresenta um tipo de solo arenoso, constituído na totalidade por areias soltas. O solo é
muito pobre em matéria orgânica, que é essencialmente de origem vegetal, nomeadamente da
caruma e ramos de pinheiros e das folhosas existentes neste local.
O trabalho do qual resultou o relatório agora apresentado, integrado no Plano de Estágios
do Instituto da Conservação da Natureza (I.C.N.) 2002/2003, teve início em Março de 2003 e
prolongou-se até Fevereiro de 2004. Com ele iniciou-se o primeiro trabalho de inventariação
sistemática da fauna de invertebrados presentes na Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto.
Pretende-se recolher informação relativa aos invertebrados presentes na Reserva Natural, mais
concretamente, inventariação das espécies e recolha de informação sobre a biologia e ecologia dos
taxa existentes, dada a quase inexistência de informação, de modo a contribuir para uma gestão mais
correcta e eficaz dos valores naturais presentes na área e assim garantir os objectivos de conservação
da natureza; bem como contribuir para colmatar uma das lacunas mais importantes do actual sistema
de monitorização de biodiversidade, que é a falta de informação de base sobre a ocorrência e
distribuição das espécies da fauna de invertebrados. Esta lacuna resulta da falta de investigadores
dedicados ao estudo deste grupo faunístico, a reduzida disponibilidade de bibliografia e de chaves
taxonómicas, contribuindo assim para aumentar as dificuldades em identificar as inúmeras espécies
existentes.
Sob o ponto de vista entomológico, toda a área da RNDSJ reveste-se de um elevado
interesse em termos conservacionistas, pois, além da riqueza estrutural existente, importa também
conservar a diversidade dos grupos funcionais presentes, elementos imprescindíveis para o
funcionamento equilibrado do sistema.
A elaboração de inventários ou listagens de espécies de mamíferos ou aves é uma tarefa que
se pode considerar razoável, quando realizadas para áreas protegidas ou áreas com algum estatuto de
conservação, de modo a poder aceder à sua representatividade, grau de conservação e aplicar
medidas de gestão. Estas listagens são de extrema importância, por exemplo, como ferramentas de
comparação de modo a poder estruturar as áreas em termos de necessidade de conservação ou

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estabelecer prioridades na urgência de aplicação de medidas de gestão. No entanto, a preparação


deste tipo de listagem para invertebrados é virtualmente impossível uma vez que constituem um
grupo taxonómico extremamente vasto. Apesar disso, com algum esforço, torna-se aceitável a
elaboração destas listagens para alguns grupos mais conhecidos como os Lepidoptera, Coleoptera,
Odonata, Araneae, entre outros (NEW, 1998).
Actualmente, a taxonomia de invertebrados em Portugal passa por uma fase de grandes
dificuldades, pois são escassos os projectos financiados e são poucos os responsáveis científicos que
acham que é uma área de investigação que merece um grande investimento. Na verdade, ao
contrário do que se passa em Espanha, em Portugal não existe um esforço de sistematização e, por
isso, a compilação da Fauna Ibérica está a ser totalmente coordenada pelos espanhóis.
Uma forma de colmatar este problema, é o recurso ao trabalho em equipa e com
correspondentes estrangeiros. Na verdade, uma boa relação com investigadores estrangeiros, tem
permitido criar uma rede de troca de amostras, que assim evita a necessidade da existência de todos
os tipos de especialistas em todas as equipas. Esta é a estratégia usada pela equipa da Universidade
de Coimbra, liderada pela Prof. Dr.ª Manuela da Gama Assalino, e pela equipa da Universidade do
Minho, liderada pelo Dr. José Vingada, que colaboraram neste trabalho. A inventariação dos
invertebrados do Sítio PTCON0055-Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas (Rede Natura 2000)
iniciada acerca de 2 anos, a inventariação da fauna cavernícola do Parque Natural das Serras de Aire
e Candeeiros e a inventariação da fauna de invertebrados do Parque Nacional da Peneda-Gerês são
três dos exemplos mais actuais do recurso à rede de colaboradores nacionais e estrangeiros,
permitindo desta forma garantir uma rápida identificação das amostras.
Muitos destes trabalhos baseiam-se na construção de uma possível colecção de mostruário.
Contudo, actualmente é uma técnica que está a cair em desuso, devido ao melhoramento
significativo das técnicas de aquisição de imagem. Simultaneamente, tem havido um
desencorajamento para o uso desta técnica, porque, por vezes, a colheita de espécimens para
insectários tem contribuído para a diminuição dos efectivos de espécies ameaçadas.

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2 - METODOLOGIAS

Sendo este um trabalho de inventariação, procedeu-se à recolha de informação existente em


trabalhos anteriores. No entanto, a informação relativa a este tema era praticamente inexistente, por
isso, este trabalho deu início ao estudo dos invertebrados da Reserva Natural das Dunas de S.
Jacinto, servindo assim como ponto de partida para trabalhos futuros.
Numa primeira fase, efectuou-se uma pesquisa bibliográfica de modo a caracterizar a área de
estudo e a proporcionar um melhor conhecimento dos métodos mais adequados a utilizar e seu
modo de emprego, para cada grupo e para cada habitat a ser estudado.
Numa segunda fase, procedeu-se à selecção e caracterização dos locais de amostragem que
foram georreferenciados (em UTM 1 x 1 Km), para que se pudessem escolher os métodos de
amostragem adequados aos diferentes tipos de habitats.
Os métodos escolhidos foram: i) registos fotográficos; ii) registos das localizações (em
coordenadas UTM) da macro e mesofauna; iii) busca activa com redes para a fauna arbustiva e
voadora e para espécies com algum estatuto de protecção; e iv) utilização de armadilhas pitfall para a
fauna intersticial e epigeal do solo.
Efectuou-se ao longo dos meses de Abril, Maio, Junho, Julho e Setembro de 2003 os
registos fotográficos e a busca activa com redes de captura. Esta foi feita por talhão 500m X 450m,
tendo como base uma carta já existente da Reserva Natural. As observações e registos fotográficos
foram todos georreferenciados, recorrendo a GPS (Global Positioning Sistem), e mapeados,
recorrendo a um Sistema de Informação Geográfica (programas ArcView e MF.Works3).
De forma a poder relacionar as espécies identificadas com as diferentes unidades de
paisagem recorreu-se a cartografia do coberto vegetal da RNDSJ (elaborada por A. GUIMARÃES
no âmbito do Plano de estágios do ICN 2002/2003) (ANEXO 1).
A amostragem da fauna intersticial e epigeal foi efectuada recorrendo à utilização de “pitfall”
(ANEXO 2 – Localização das armadilhas tipo “pitfall” na RNDSJ). Embora tivesse sido planeada
uma amostragem bianual, tal não foi possível devido à inexistência de reagentes, realizando-se
apenas uma amostragem durante o ano.

A área de estudo depois de caracterizada foi dividida em sete habitats distintos:

1 – Duna Primária (para facilitar, no decorrer do trabalho foi utilizado o termo “Duna”
quando nos referimos à Duna Primária): Zona que sofre influência directa do mar, onde é visível a
vegetação própria das areias litorais. Podem ser observadas as seguintes espécies: Estorno

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(Ammophila arenaria (L.) Link), Cordeirinho-da-praia (Otanthus maritimus (L.) Hoffmanns. & Link),
Couve-marítima (Calystegia soldanella (L.) R. Br.), Cardo-marítimo (Eryngium maritimum L.), Eruca-
marítima (Cakile maritima Scop.), Narciso-das-areias (Pancratium maritimum L.), Madorneira (Artemisia
campestris L.), Morganheira-das-praias (Euphorbia paralias L.), Granza-da-praia (Crucianella maritima L.),
etc..

2– Zona Interdunar ou Interduna: Depressões interdunares húmidas onde a etapa madura é


constituída por uma comunidade de Salix atrocinerea Brot. e Salix arenaria L.. É uma comunidade em
equilíbrio com a toalha freática próxima da superfície. O solo corresponde à etapa mais desenvolvida
do ecossistema.

3 – Gramíneas e Arbustivas: Zona constituída por um número variado de gramíneas e com a


presença de algumas arbustivas. Ao nível do estrato arbustivo, nota-se a presença da Camarinheira
(Corema album (L.) D. Don), Murta (Myrtus communis L.), Lentisco-bastardo (Phillyrea angustifolia L.),
Tojo (Ulex europaeus L.), Sanganho-mouro (Cistus salvifolius L.), Sanganho (Cistus psilosepalus Sweet),
Folhado (Viburnum tinus L.), Sabina-das-areias (Juniperus turbinata Guss.), Rosmaninho (Lavandula
stoechas L.), Gilbardeira (Ruscus aculeatus L.), Giesteira-das-sebes (Cytisus grandiflorus DC.), Urze-branca
(Erica arborea L.), Trovisco-fêmea (Daphne gnidium L.), Silva (Rubus ulmifolius Schott), Madressilva
(Loricera periclymenum L.), etc..

4 – Resinosas ou Coníferas: Zona ocupada por povoamentos de pinheiro-bravo (Pinus


pinaster Aiton).

5 – Folhosas: Áreas ocupadas por espécies arbóreas como Choupo-negro (Polupus nigra L.),
Amieiro (Alnus glutinosa (L.) Gaertner), Salgueiro-preto (Salix atrocinerea Brot.) – estas espécies
surgem nas zonas mais baixas, em que se verifica acumulação frequente de água – , Samouco (Myrica
faia Aiton) e Medronheiro (Arbutus unedo L.).

6 – Misto: Zonas onde estão presentes, em simultâneo, espécies resinosas e folhosas.

7 – Charcos ou Zona Ripícola – Zona ocupada pela vegetação ripícola encontrada nas
imediações dos charcos, tal como: Tabua-larga (Typha latifolia L.), Caniço (Phragmites australis (Cav.)
Trin. ex Steudel), Lírio-dos-charcos (Iris pseudacorus L.), Junco (Juncus sp.) e Salgueiro-anão (Salix
arenaria L.)

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A amostragem efectuou-se do seguinte modo: foram feitas três réplicas de cada habitat, e
cada réplica continha três pseudo-réplicas, obtendo-se assim um total de 63 amostras. Em Abril
colocaram-se as pitfall (Fig. 1) em cada réplica. A maneira mais correcta de distribuir as pseudo-
réplicas por cada réplica, foi dispondo-as em forma de triângulo, distando cada uma entre si 10 a 20
metros. Em todos os habitats procedeu-se desta maneira, excepto nos Charcos, em que as pseudo-
réplicas foram colocadas logo acima da zona da água, ao longo da margem de cada charco. As pitfall
permaneceram nos locais durante cinco dias. Ao fim deste tempo, foram recolhidas as amostras,
sendo estas transportadas para o laboratório, para proceder à sua triagem, em sacos de plástico e
frascos de vidro e identificadas com os dados da colheita e georreferenciadas.

Figura 1 – Pitfall colocada no campo.

A triagem das 63 amostras decorreu durante o mês de Maio até meados do mês de Junho
(Fig. 2).

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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Figura 2 – Triagem das amostras em grandes grupos de invertebrados.

Os indivíduos obtidos foram conservados em fixador (álcool a 70% ou 80% e para a Classe
Annelida em formol a 4%) para posteriormente serem identificados.
Os dados obtidos foram integrados num Sistema de Informação Geográfica. Desta forma
será possível contribuir para a sistematização da colheita de dados de forma a contribuir para a
elaboração de um futuro plano de acção ou conservação.

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Ana Cristina Francisco Rufino
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3 - RESULTADOS

3.1 - Amostragem por busca activa

Durante este trabalho foram recolhidos registos de 102 taxa (Anexo 17). Contudo, devido à
dificuldade em ter disponíveis chaves de identificação e colaboração de especialistas de todos os
grupos, um grande número de taxa ficou por identificar até à espécie. Na verdade, as carências
científicas ao nível da taxonomia fazem-se sentir com mais intensidade quando é necessário
desenvolver projectos como este.
Efectuou-se uma amostragem por busca activa ao longo da Primavera e Verão. As espécies
com maior distribuição e maior abundância encontradas, foram as que são apresentadas a seguir:
Argiope brunnichi (Scopoli, 1772) (Fig. 14) (ANEXO 3)
Arguipe lobata (Pallas, 1772) (Fig. 13) (ANEXO 3)
Coccinella setempunctata (Linnaeus, 1758) (Fig. 67) (ANEXO 15)
Hispella sp. (Fig. 69) (ANEXO 16)
Melolontha melolontha (Linnaeus, 1758) (ANEXO 13)
Tropinota hirta (Poda, 1761) (Fig. 66) (ANEXO 14)
Thyridanthrax fenestratus (Fallén, 1814) (ANEXO 11)
Ammophila sabulosa (Linnaeus, 1758) (Fig. 59) (ANEXO 12)
Leptotes pirithous (Linnaeus, 1767) (ANEXO 9)
Colias croceus (Fourcroy, 1785) (ANEXO 8)
Pararge aegeria (Linnaeus, 1758) (Fig. 51) (ANEXO 10)
Anax imperator Leach, 1815 (ANEXO 5)
Sympetrum fonscolombii (Selys, 1840) (ANEXO 6)
Sympetrum sanguineum (Müller, 1764) (ANEXO 7)

Em termos de distribuição por habitats, verificou-se uma clara concentração de taxa nos
habitats: Folhosas, Misto e Ripícola. Encontrando-se apenas a espécie Melolontha melolontha
(Linnaeus, 1758) predominantemente na Duna Primária. Podemos destacar a importância destas
manchas na preservação da biodiversidade da Reserva Natural. É também evidente a fraca
ocorrência de invertebrados nas zonas cobertas com acacial, o que vem comprovar os efeitos
negativos que este tipo de plantas invasoras provoca na diversidade de invertebrados.

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3.2 - Amostragem por pitfall

Do total de 63 pitfall amostradas, foram triados 17309 invertebrados, distribuídos por 19


grandes grupos taxonómicos: Ordem Oligochaeta, Subclasse Acari, Ordem Araneae, Ordem
Opiliones, Ordem Pseudoscorpiones, Classe Chilopoda, Ordem Isopoda, Classe Diplopoda, Classe
Collembola, Ordem Hymenoptera, Ordem Coleoptera, Ordem Diptera, Ordem Hemiptera, Ordem
Orthoptera, Ordem Dictyoptera, Ordem Siphonaptera, Ordem Dermaptera, Ordem Trichoptera e
Ordem Stylommatophora (Anexo 3). A Ordem Araneae, Classe Collembola, Ordem Coleoptera e
Ordem Stylommatophora são os grupos onde foram encontrados o maior número de taxa (Gráfico
1).

Neste tipo de amostragem também houve grande dificuldade na identificação dos


exemplares até à espécie, pelas mesmas razões anteriormente apresentadas, por isso recorremos a
um método de identificação que consiste em comparar as características morfológicas dos espécimes
e agrupar os que possuem caracteres semelhantes em morfoespécies.
Verificou-se que a Ordem Coleoptera apresenta 80 taxa diferentes, incluindo 16 espécies
identificadas e 64 morfoespécies, a Ordem Araneae apresenta 66 espécies diferentes, a Ordem
Stylommatophora contém 16 espécies diferentes incluindo uma morfoespécie, e a Classe Collembola
é representada por 18 espécies diferentes (Gráfico 1). Nesta Classe foi encontrada uma espécie ainda
não descrita para Portugal (Spatulosminthurus lesnei), apenas 2 exemplares, que foram capturados, um
na “Zona Interdunar” e outro no habitat “Gramíneas e Arbustivas”, e uma espécie nova para a
ciência (Entomobrya sp. n.e.) (ANEXO 4), capturada em quase todos os habitats da Reserva Natural
(Mapa 2). Assim, será importante que seja dada a atenção necessária para a protecção destes habitats,
visto o carácter muito restrito da ocorrência destas espécies em Portugal.

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Nº de Taxa
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0

la
a

ra
e

er

bo
ea

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Ar

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ol
C

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Nº de Taxa

yl
St
Gráfico 1 – Distribuição do número de taxa por unidade taxonómica.

3.2.1 - Análise estatística

Apenas se efectuou uma análise estatística mais pormenorizada da ordem Araneae e


Coleoptera, visto terem sido os taxa mais abundantes nas “pitfall”.
¾ Distribuição da abundância que consiste na contabilização do número total de
indivíduos;
¾ Distribuição de taxa, que consiste na contabilização do número de taxa;

Índices de Equitabilidade

Alguns dos índices mais conhecidos sobre diversidade baseiam-se principalmente no conceito de
equitabilidade (MORENO, 2000).

1. Índice de Shannon-Wiener

H’=-∑pi ln pi
Donde:
pi é proporção da espécie na amostra

Expressa a uniformidade dos valores de importância através de todas as espécies da amostra.


Mede o grau promédio de incerteza em prever a que espécie pertencerá um indivíduo escolhido ao

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acaso de uma colecção (MAGURRAN, 1998; PEET, 1974; BAEV e PENEV, 1995 in MORENO,
2000). Assume que os indivíduos são seleccionados ao acaso e que todas as espécies estão
representadas na amostra. Adquire valores entre zero, quando há uma só espécie, e o logaritmo de S,
quando todas as espécies estão representadas pelo mesmo número de indivíduos (MAGURRAN,
1998 in MORENO, 2000).

2. Equitabilidae de Pielou

J’= H’/H’max
Donde:
H’max =ln (S)
S= número de espécies

Mede a proporção da diversidade observada em relação à máxima diversidade esperada. O


seu valor varia entre 0 e 0.1, de forma que 0.1 corresponde a situações onde todas as espécies são
igualmente abundantes (MAGURRAN, 1998 in MORENO, 2000).

Índices de Dominância

Os índices baseados na dominância são parâmetros inversos ao conceito da uniformidade ou


equitabilidade da comunidade. Tomam em consideração a representatividade das espécies com
maior valor de importância sem avaliar a contribuição do resto das espécies (MAGURRAN, 1998 in
MORENO, 2000).

Índice de Simpson
λ=∑pi2

Donde:
pi = abundância proporcional da espécie i, isto é, o número de indivíduos da espécie i dividido entre
o número total de indivíduos da amostra (MORENO, 2000).

Manifesta a probabilidade dos indivíduos tomados ao acaso de uma amostra serem da


mesma espécie. É fortemente influenciado pela importância das espécies mais dominantes

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(MAGURRAN, 1998; PEET, 1974 in MORENO, 2000). Como o seu valor é o inverso do da
equitabilidade, a diversidade pode calcular-se como 1- λ (LANDE, 1996 in MORENO, 2000).

Medição da Riqueza Específica

A riqueza específica (S) é a forma mais sensível de medir a diversidade, já que se baseia
unicamente no número de espécies presentes, sem ter em consideração o valor de importância das
mesmas. A forma ideal de medir a riqueza específica é ter um inventário completo que nos permita
conhecer o número total de espécies (S) obtido pelo conhecimento da comunidade. Isto só é
possível para certos taxa bem conhecidos e de maneira pontual no tempo e no espaço. A maioria das
vezes temos que recorrer a índices de riqueza específica obtidos a partir de uma amostra da
comunidade (MORENO, 2000). Neste trabalho foi utilizado o Índice de diversidade de Margalef.

Índice de diversidade de Margalef


DMg=(S-1)/lnN
Donde:
S= número de espécies
N= número total de indivíduos

Transforma o número de espécies por amostra numa proporção, a qual as espécies são
adicionadas por expansão da amostra. Supõe que existe uma relação funcional entre o número de
espécies e o número total de indivíduos S=k√N em que k é constante (MARRUGAN, 1998 in
MORENO, 2000). Se este não se mantém, então o índice varia com o tamanho da amostra de uma
forma desconhecida. Usando S-1, em vez de S, dá DMg=0, quando existe uma só espécie
(MORENO, 2000).

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3.2.1.1. - Análise da diversidade da Ordem Araneae

Em relação à ordem Araneae, verifica-se uma maior abundância no habitat “Gramíneas e


Arbustivas”, seguido do habitat “Charcos”, “Interduna” e “Misto” e uma menor abundância na
“Duna”, “Coníferas” e “Folhosas” (Gráfico 2).
No entanto, é nas “Folhosas”, no “Misto” e nos “Charcos” que se verifica um maior número
de taxa (Gráfico 3). Este facto, coloca em evidência que a zona das “Gramíneas e Arbustivas” é um
habitat que proporciona condições para uma grande abundância de aranhas devido, talvez, à
abundância de presas. Contudo, não é um habitat muito diversificado em termos de espécies,
conforme se pode confirmar pelos gráficos 4, 5 e 6. Assim, em termos de diversidade os habitats
mais importantes são: “Coníferas”, “Folhosas”, “Misto” e “Charcos”.
Comparando os gráficos 3, 4, 5 e 6 verifica-se que embora o maior número de taxa se
encontra no habitat “Misto”, não ocorre uma distribuição homogénea dos espécimes dentro dos
taxa, sendo esta mais homogénea nas “Coníferas” e “Folhosas”, o que leva a uma alteração dos
diferentes índices de diversidade.
Com base nos diferentes índices de medição da riqueza específica (Gráfico 6), conclui-se que
existe uma maior riqueza nas zonas das “Folhosas”, “Misto” e “Charcos”.

Abundância

500 300
450
250
400
350
Nº de Indivíduos

200
300
Média

250 150
200
100
150
100
50
50
0 0
Duna Interduna Gramíneas Coníferas Folhosas Misto Charcos

Habitat

Abundância Média

Gráfico 2 – Distribuição da abundância de aranhas pelos diferentes tipos de habitat.

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Taxa

25 16

14
20
12

10
15
Nº de Taxa

Média
8

10
6

4
5
2

0 0
Duna Interduna Gramíneas Coníferas Folhosas Misto Charcos

Habitat
Nº de Taxa Média

Gráfico 3 – Distribuição dos taxa dentro da ordem das aranhas nos diferentes tipos de habitat.

Diversidade de Shannon-Wiener

3,00 0,70

2,50 0,60

0,50
2,00
0,40
H' 1,50 J’
0,30
1,00
0,20
0,50 0,10

0,00 0,00
Duna Interduna Gramíneas Coníferas Folhosas Misto Charcos

Habitat
H' J’=Pielou

Gráfico 4 – Diversidade das aranhas de acordo com o Índice de Shannon nos diferentes tipos de
habitat.

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Diversidade de Simpson

3,50

3,00

2,50

2,00

1,50

1,00

0,50

0,00
Duna Interduna Gramíneas Coníferas Folhosas Misto Charcos

Habitat
λ=Simpson

Gráfico 5 – Diversidade das aranhas de acordo com o Índice de Simpson nos diferentes tipos de
habitat.

Diversidade de Margalef

5.00
4.50
4.00
3.50
3.00
2.50
2.00
1.50
1.00
0.50
0.00
Duna Interduna Gramíneas Coníferas Folhosas Misto Margalef
Charcos

Habitat
Margalef

Gráfico 6 – Diversidade das aranhas de acordo com o Índice de Margalef nos diferentes tipos de
habitat.

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Ana Cristina Francisco Rufino
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4.2.1.2 - Análise da diversidade da Ordem Coleoptera

No que se refere à ordem Coleoptera, verifica-se que existe uma maior abundância nos
habitats “Coníferas” e “Folhosas”, seguidos dos “Mistos” e “Charcos” (Gráfico 7). O habitat com a
menor abundância foi a “Duna”. Contudo, em termos de diversidade de taxa a situação é bastante
diferente. Assim, é nos “Charcos” que se presencia o maior número de taxa (Gráfico 8), sendo que
os restantes habitats apresentam uma quantidade de taxa mais baixa e bastante similares entre si
(Gráficos 9 e 10).
A análise em termos de diversidade (Gráficos 9, 10, e 11) veio contrariar o observado no
gráfico 8, dado que se verifica uma clara homogeneidade entre habitats, sendo os “Charcos” o único
habitat que mais se evidencia (Gráfico 11). Daqui se conclui que nos “Charcos” existem muitas
espécies de coleópteros, e muitas delas estão apenas representadas por um único exemplar, ao passo
que, nas zonas das “Coníferas” e das “Folhosas” existem poucas espécies, mas estas ocorrem com
um elevado número de espécimes.

Abundância

1000 700
900 600
800
500
700
Nº de indivíduos

600 400
Média

500 300
400 200
300
100
200
100 0
0 -100
Duna Interduna Gramíneas Coníferas Folhosas Misto Charcos

Habitat
Nº de indivíduos Média

Gráfico 7 – Distribuição da abundância de coleópteros nos diferentes tipos de habitat.

15
Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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Taxa

60 40
35
50
30
40
Nº de Taxa

25

Média
30 20
15
20
10
10
5
0 0
Duna Interduna Gramíneas Coníferas Folhosas Misto Charcos

Habitat

Nº de Taxa Média

Gráfico 8 – Distribuição dos taxa dentro da ordem Coleoptera nos diferentes tipos de habitat.

Diversidade de Shannon-Wiener

4,00 0,9

3,50 0,8

0,7
3,00
0,6
2,50
0,5
H' 2,00 J’
0,4
1,50
0,3
1,00
0,2
0,50 0,1

0,00 0,0
Duna Interduna Gramíneas Coníferas Folhosas Misto Charcos

Habitat H' J’=Pielou

Gráfico 9 – Diversidade dos coleópteros de acordo com o Índice de Shannon-Wiener nos diferentes
tipos de habitat.

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Ana Cristina Francisco Rufino
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Diversidade de Simpson

8,00
7,00
6,00
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
Duna Interduna Gramíneas Coníferas Folhosas Misto Charcos

Habitat
λ=Simpson

Gráfico 10 – Diversidade dos coleópteros de acordo com o Índice de Simpson nos diferentes tipos
de habitat.

Diversidade de Margalef

9,00
8,00
7,00
6,00
5,00
D
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
Duna Interduna Gramíneas Coníferas Folhosas Misto Charcos

Habitat
D

Gráfico 11 – Diversidade dos coleópteros de acordo com o Índice de Margalef nos diferentes tipos
de habitat.

17
Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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4 - DESCRIÇÃO DOS TAXA INVENTARIADOS

I - FILO MOLLUSCA

I- a) CLASSE GASTROPODA
Corpo em geral assimétrico. As quatro regiões do corpo, saco visceral, cabeça, pé e manto
em geral bem distintas. Concha quase sempre em espiral, por vezes reduzida. Quase sempre com
rádula. Gónada ímpar (KÜKENTAL, 1986).

I- a-1- Subclasse Pulmonata


I- a-1.1- Ordem Stylommatophora

1 - Família Arionidae
Lesmas com concha interna, a qual normalmente degenera (nalguns casos fica reduzida a
alguns grânulos calcários). Nenhum tem quilha, e todos possuem uma glândula caudal de muco,
mesmo acima da ponta da cauda.
Distribuição Holártica, mas membros típicos desta família (subfamília Arioninae) estão
virtualmente confinados à Europa. Todas as nossas espécies, excepto uma, pertencem ao Género
Arion Férussac, 1819. São geralmente herbívoros, no entanto, também se podem alimentar de lixo e
animais mortos, e alguns, por exemplo, Arion hortensis são pestes (KERNEY, 1994).

Figura 3 - Arion lusitanicus Mabille, 1868, espécie encontrada na RNDSJ.


Foto retirada de http://www.mollusca.host.sk

18
Ana Cristina Francisco Rufino
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2 - Família Helicidae
As conchas são usualmente de tamanho médio a muito grande, espessas e frequentemente
com cores coloridas, mas existe uma grande amplitude de tamanho, forma e coloração entre e, às
vezes, dentro da mesma espécie. Os membros desta família são encontrados nos mais diversos
habitats, têm tamanhos muito diferentes e possuem hábitos de vida também muito diversos
(KERNEY, 1994).

Lista de espécies de Helicidae existentes na RNDSJ:


Arianta arbustorum (Linnaeus, 1758)
Candidula gigaxii (Pfeiffer, 1850) (Fig. 4)
Cepaea nemoralis (Linnaeus, 1758) (Fig. 5)
Cepaea vindobonensis (Férussac, 1821)
Chilostoma zonatum (Studer, 1820)
Cantareus aspersa (O F. Müller, 1774)
Theba pisana (O F. Müller, 1774) (Fig. 6)

Figura 4 - Candidula gigaxii (Pfeiffer, 1850)


Foto retirada de http://www.mollusca.host.sk

Figura 5 - Cepaea nemoralis (Linnaeus, 1758)


Foto retirada de http://www.mollusca.host.sk

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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Figura 6 - Theba pisana (O F. Müller, 1774)

3 - Família Limacidae
Lesmas com uma concha pequena assimétrica, provida de quilha, mas não logo a seguir ao
manto. O manto é anterior e coberto por dobras concêntricas finas, assemelhando-se a uma
impressão digital (KERNEY, 1994).
Limax maximus Linnaeus, 1758 (Fig. 7), espécie existente na RNDSJ.

Figura 7 - Limax maximus Linnaeus, 1758


Foto retirada de http://www.mollusca.host.sk

4 - Família Milacidae
Lesmas com uma concha interna assimétrica, com quilha desde a cauda até ao manto, com
um manto áspero anterior, que é caracteristicamente sulcado. São herbívoras e algumas espécies são
consideradas pragas (KERNEY, 1994).
Milax nigricans (Philippi, 1836) , espécie existente na RNDSJ.

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5 - Família Vertiginidae
Nesta família a concha é muito pequena, oval ou sub-cilíndrica, e a boca contém
frequentemente dentículos. A concha pode ser lisa, ou finamente enervada ou estriada. Existem nos
mais variados habitats (KERNEY, 1994).
Columella edentula (Draparnaud, 1805) (Fig. 8), espécie existente na RNDSJ.

Figura 8 - Columella edentula (Draparnaud, 1805)


Foto retirada de http://www.mollusca.host.sk

6 - Família Vitrinidae
Nesta família a concha é muito fina, brilhante, pálida e translúcida, e consiste em poucas
voltas expandidas. O corpo é muito grande comparando com a concha, e normalmente não se retrai
completamente (Kerney, 1994).
Vitrina pellucida (Müller, 1774) (Fig. 9), espécie existente na RNDSJ.

Figura 9 - Vitrina pellucida (Müller, 1774)


Foto retirada de http://www.mollusca.host.sk

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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7 - Família Zonitidae
A concha é normalmente fina, translúcida, lustrosa, discoidal e com uma periferia
arredondada (KERNEY, 1994).
Espécies presentes na RNDSJ:
Oxychilus alliarius (Miller, 1822)
Oxychilus cellarius (Müller, 1774) (Fig. 10)
Oxychilus clarus (Held, 1837)

Figura 10 - Oxychilus cellarius (Müller, 1774)


Foto retirada de http://www.mollusca.host.sk

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II - FILO ARTHROPODA

II- A- CLASSE ARACHNIDA


Os aracnídeos (do grego arachne, aranha) incluem oito ordens, entre as quais Scorpionida,
Pseudoscorpionida, Opiliones, Acari e Araneae.
A classe compreende animais com quatro pares de patas, no entanto, alguns ácaros podem
ter menos. Não possuem asas nem antenas, contudo os palpos podem-se assemelhar a antenas. O
corpo está dividido apenas em duas regiões (cefalotórax e abdómen) e estas estão fundidas em
alguns grupos (BARRIENTOS, 1998).

II- A- 1- Ordem Pseudoscorpionida


O prossoma com escudo dorsal único, que pode apresentar um ou dois sulcos transversais.
Abdómen com inserção larga e segmentado. Pedipalpos desenvolvidos com pinças, como nos
escorpiões. Respiração por traqueias. Formas anãs (BARRIENTOS, 1998).

II- A- 2- Ordem Opiliones


Corpo ovóide (Fig. 11), sem reentrância entre cefalotórax e abdómen. Palpos diferenciados
parte em palpos, parte em patas com garras. Respiração por traqueias fortemente ramificadas
(BARRIENTOS, 1998).

Figura 11 – Exemplar da ordem Opiliones.

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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II- A- 3- Ordem Acari


Formas anãs extremamente multiformes. Geralmente corpo dividido em duas partes.
Normalmente são parasitas de vegetais e animais (BARRIENTOS, 1998).

II- A- 4- Ordem Araneae


São conhecidas mais de 30000 espécies de aranhas. Vivem em vários habitats, desde o nível
do mar até às montanhas mais altas, desde as praias marinhas e pântanos de água doce até ao deserto
mais seco, entre rochas, dentro ou sobre solos arenosos ou de outros tipos, em florestas, arbustos,
ervas e perto de edificações.
As aranhas são de vida livre, solitárias e predadoras, alimentando-se principalmente de
insectos. As caçadoras esperam pelo alimento ou preambulam à procura dele, subjugando-o (Lycra)
ou saltando sobre ele (Saltites). Outras aranhas aprisionam as presas em teias. Presas de pequenas
dimensões são agarradas, mortas por uma picada rápida do acúleo que contém o veneno e
“comidas”- realmente, enquanto está a ser segurada, ela é parcialmente digerida por enzimas secreta
das pelo intestino. Alimentos de maiores dimensões podem ser circundados por uma cobertura de
seda ou presas na teia e depois mortas. O veneno mata invertebrados rapidamente e o de algumas
aranhas grandes (Eurypelma) mata pequenos vertebrados. Quando há disponibilidade de alimento, as
aranhas comem frequentemente, mas, em cativeiro, algumas podem jejuar durante muitas semanas.
Na maioria das espécies, os indivíduos vivem somente cerca de um ano, mas, em cativeiro, algumas
“tarântulas” grandes têm chegado a viver durante 20 anos. Os inimigos das aranhas são
principalmente pássaros, lagartos e certas vespas; alguns himenópteros põem os seus ovos em sacos
de ovos das aranhas, as suas larvas eclodem rapidamente e consomem muitos ovos das aranhas.
A seda das aranhas é uma secreção proteica de glândulas abdominais especiais que sai pelos
muitos tubos microscópicos das fiandeiras que, em contacto com o ar, solidifica num fio; tem
muitas finalidades. Aranhas caçadoras terrestres deixam um rasto à medida que caminham. Também
servem como forma de dispersão de pequenas aranhas, estas tecem um longo fio no qual são
carregam ao sabor do vento. As teias mais primitivas são pouco mais que fios irradiando um retiro
de aranha (Segistra). Algumas (Amaurobius) adicionam uma camada de seda fina produzida por uma
placa (cribelo) anterior às fiandeiras e outras formam uma camada em forma de rede de dormir
apoiada numa moldura definida (Tegenaria). Algumas teias são redes irregulares de fios (Latrodectus).
Argiope, Epeira, Miranda, esboçam um arcabouço chato rectangular dentro do qual fios radiados são
espaçados ordenadamente; e então uma espiral de seda, contendo gotículas pegajosas, é fixada para a
captura da presa. As teias são separadas ou renovadas em intervalos frequentes. Armadilhas,

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esconderijos, ninhos para hibernação ou acasalamento e casulos para ovos são fiados com tipos de
seda pelas diferentes espécies. Os fios de seda de aranha são usados nos retículos de telescópios.

Reprodução
O macho, quando adulto, tece uma pequena teia na qual deposita uma gotícula de líquido
contendo espermatozóides, que depois é inserida nas cavidades dos seus pedipalpos. Então, o
macho, procura uma fêmea e depois pode efectuar um ritual de acasalamento antes de transferir os
espermatozóides dos seus pedipalpos para a abertura genital da fêmea. Esta pode matar e comer o
macho após o acasalamento, mas isto nem sempre acontece. Mais tarde ela tece um casulo
almofadado, no qual os ovos são depositados. Nalgumas espécies, as fêmeas, prendem os sacos de
ovos na teia ou próximo dela e outras carregam-no, A Lycosa carrega os jovens no seu abdómen
durante alguns dias após a eclosão. A viúva-negra (Latrodectus mactans), por exemplo, põe de 25 até
900 ovos num saco de ovos e produz entre um a nove deste por estação. Os seus ovos eclodem em
10 a 14 dias e os jovens permanecem no saco durante 2 a 6 semanas, abandonando-o após a
primeira muda. Os machos passam por cerca de 5 mudas antes de se tornarem sexualmente maduros
e as fêmeas passam por 7 ou 8 mudas. Nas mudas sucessivas, as aranhas, aumentam de tamanho e
mudam a forma, proporções e padrão da coloração.

1 - Família Agelenidae Koch, C. L. , 1837


Quelíceras pouco ou nada geniculadas. Artelho apical das fiandeiras posteriores igual ou mais
comprido do que o basal. Aranhas de tamanho variado; patas compridas e elegantes (ROBERTS,
1996).
Lista de espécies da família Araneidae presentes na RNDSJ:
Agelena sp. Walckenaer, 1805 (Fig. 12)
Agelena gracilens C. L. Koch, 1841
Agelescape livida (Simon, 1875)
Malthonica lusitanica Simon, 1998
Tegenaria sp. Latreille, 1804

Figura 12 - Agelena sp. Walckenaer, 1805

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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2- Família Araneidae Latreille, 1806


Côndilo das quelíceras claramente aparente. Quelíceras fortes, mas não divergentes. Lâminas
maxilares curtas, quase quadradas. Órgãos genitais complexos: nos machos o paracímbio adere-se à
base do tarso, tal como uma apófise; nas fêmeas o epigínio é complexo, e em muitos casos com um
gancho. Placas pulmonares com algumas estrias bem marcadas (ROBERTS, 1996).
Lista de espécies da família Araneidae presentes na RNDSJ:
Araneus sp. Clerck, 1757 (Fig. 15)
Argiope bruennichi (Scopoli, 1772) (Fig. 14) (ANEXO 3)
Argiope lobata (Pallas, 1772) (Fig. 13) (ANEXO3)
Zygiella sp. Pickard-Cambridge, F. O., 1902

Figura 13 - Argiope lobata (Pallas, 1772)

Figura 14 - Argiope bruennichi (Scopoli, 1772)

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Figura 15 - Araneus sp. Clerck, 1757

3- Família Clubionidae Wagner, 1888


Oito olhos heterogéneos, nacarados e esmaltados. Quarto par das patas mais comprido.
Segunda linha ocular mais larga que a primeira; os olhos laterais anteriores e posteriores claramente
separados (ROBERTS, 1996).
Espécies presentes na RNDSJ:
Clubiona comta (C. L. Koch, 1839)
Clubiona terrestris Westring, 1851

4- Família Dictynidae Pichard-Cambridge, O., 1871


Oito olhos medianos anteriores transparentes, de fundo negro. Tarsos com um só
tricobótrio. Os bordos internos das lâminas maxilares são convergentes para a frente (ROBERTS,
1996).
Espécies presentes na RNDSJ:
Altella lucida (Simon, 1874)
Nigma flavescens Walckenaer, 1830 (Fig. 16)

Figura 16 - Nigma flavescens Walckenaer, 1830


Foto retirada de http://www.faunistik.net

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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5- Família Dysderidae Koch, C. L., 1837


Área lateroventral da placa external esclerosada, de modo que o externo se prolonga entre as
patas. Olhos agrupados em semicírculo junto ao bordo frontal do escudo. Tegumento quase ou
totalmente glabro e de cor avermelhada no protossoma. Quelíceras muito desenvolvidas e
proeminentes, também avermelhadas (ROBERTS, 1996).
Espécies encontradas na RNDSJ:
Dysdera crocota C. L. Koch, 1838
Dysdera erytrina (Walckenaer, 1802) (Fig. 17)
Rhode scutiventris Simon, 1882

Figura 17 - Dysdera erytrina (Walckenaer, 1802)


Foto retirada de http://www.faunistik.net

6- Família Gnaphosidae Pocock, 1898


Oito olhos heterogéneos, escuros e nacarados. Olhos posteriores em linha recta; recurva, ou
levemente procurva. Os olhos anteriores em linha recta. Unhas das patas pectinadas; o trocânter
menor que a coxa. Fiandeiras anteriores nada ou ligeiramente separadas, mas claramente cilíndricas e
bastante desenvolvidas e bastante mais desenvolvidas que as posteriores (ROBERTS, 1996).
Espécies encontradas na RNDSJ:
Drassodes cupreus (Blackwall, 1834)
Haplodrassus dalmatensis (C.L. Koch, 1866)
Haplodrassus signifer (C.L. Koch, 1839)
Micaria sp. Westring, 1851
Phacocedus braccatus (Koch, L., 1866)
Pterotricha simoni Dalmas, 1921
Zelotes pussilus (C.L. Koch, 1833)
Zelotes rusticus (L. Koch, 1872) (Fig. 18)

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Ana Cristina Francisco Rufino
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Figura 18 - Zelotes rusticus (L. Koch, 1872)


Foto retirada de http://www.faunistik.net

7- Família Hahniidae Bertkau, 1878


As seis fiandeiras estão inseridas praticamente ao mesmo nível, em linha transversal. Estigma
traqueal ímpar consideravelmente afastado da base das fiandeiras, entre estas e o sulco epigástrico.
Formas diminutas (3 a 4mm) (ROBERTS, 1996).
As espécies encontradas na RNDSJ:
Antistea elegans (Blackwall, 1841)
Hahnia montana (Blackwall, 1841)

8- Linyphiidae Blackwall, 1859


Clípeo mais largo que a superfície ocupada pelos olhos medianos, ou pelo menos tão largo.
Oito olhos heterogéneos, com ou sem capa reflectora nacarada. Quelíceras sem côndilo aparente e
com uma série de estrias (de desenvolvimento variado) na sua face externa (ROBERTS, 1996).
Lista de espécies encontradas na RNDSJ:
Araneoncus humilis (Blackwall, 1841)
Bathyphantes gracilis (Menge, 1841)
Ceratinella brevipes (Westring, 1834)
Ceratinella brevis (Wider, 1881)
Ceratinopsis romana (O. P. - Cambridge, 1872)
Cnephalocotes obcurus (Blackwall, 1834)
Diplocephalus connatus Bertkau, 1889
Erigone arctica (White, 1852)
Erigone atra (Blackwall, 1841)

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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Gongylidiellum vivum (O. P. - Cambridge, 1875)


Lepthyphantes ericaeus (Blackwall, 1833)
Lepthyphantes tenebricola (Wider, 1834)
Lepthyphantes tenuis (Blackwall, 1852)
Lepthyphantes zimmermanni Bertkau, 1890
Lepthyphantes sp. Menge, 1866 (Fig.19)
Macrargus rufus (Wider, 1834)
Milleriana inerrans (O. P. - Cambridge, 1875)
Neriene sp. Blackwall, 1833
Oedothorax fuscus (Blackwall, 1834)
Panamomops mutilus Denis, 1962
Pelecopsis parallela (Wider, 1834)
Pocadicnemis pumila (Blackwall, 1841)
Rhaebothorax morulus (O. P. - Cambridge, 1873)
Walchenaeria acuminata (Blackwall, 1833)
Walchenaeria monoceros (Wider, 1834)
Walchenaeria nodosa (O. P. - Cambridge, 1873)

Figura 19 - Lepthyphantes sp. Menge, 1866


Foto retirada de http://www.andalucia.net

9- Família Liocranidae, 1897


Largura da segunda linha ocular inferior à metade da largura da zona torácica. Peça labial de
comprimento e largura quase iguais, de modo que não ultrapassa o meio das lâminas maxilares
(ROBERTS, 1996).
Espécie encontrada na RNDSJ:
Scotina celans (Blackwall, 1841)

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10- Família Lycosidae Sundevall, 1833


Frente levemente trapezoidal, quase quadrada na maioria dos casos, com um clípeo exíguo.
Os olhos posteriores muito distorcidos(três linhas); os laterais posteriores separados entre si uma
distância inferior ao dobro da que as separa dos medianos posteriores. Unhas pares dos tarsos com
poucos dentes. Machos adultos sem apófises tibiais (ROBERTS, 1996).
Lista de espécies da família Lycosidae encontradas na RNDSJ:
Arctosa leopardus (Sundevall, 1833)
Arctosa perita (Latreille, 1799) (Fig. 20)
Hogna sp. Simon, 1885
Pardosa hortensis (Thorell, 1872) (Fig. 21)
Pirata piraticus (Clerck, 1758)
Trochosa sp. C. L. Koch, 1847 (Fig.22)

Figura 20 - Arctosa perita (Latreille, 1799).


Foto retirada de http://www.faunistik.net

Figura 21 - Pardosa hortensis (Thorell, 1872)


Foto retirada de http://www.andalucia.net

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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Figura 22 - Trochosa sp. C. L. Koch, 1847


Foto retirada de http://www.faunistik.net

11- Família Miturgidae Simon, 1895


Oito olhos heterogéneos, nacarados e esmaltados. Primeiro par das patas mais comprido.
Segunda linha ocular ligeiramente mais larga que a primeira; os olhos laterais anteriores e posteriores
quase em contacto (ROBERTS, 1996).
Espécie encontrada na RNDSJ:
Cheiracantum erraticum (Walckenaer, 1802)

12- Família Oonopidae Simon, 1892


Seis olhos, formando um grupo compacto, de modo característico. Tíbias anteriores com
espinhas bisseriadas. As lâminas maxilares, no seu lado interno, convergem para a linha média,
encerrando a peça bucal. Tamanho pequeno (de 2 a 5 mm) (ROBERTS, 1996).
Espécie encontrada na RNDSJ:
Oonps pulcher (Templeton, 1835)

13- Família Philodromidae Thorell, 1870


Tarsos das patas anteriores claramente escopulados e com fascículos unguinais de pêlos
espatulados. Tegumentos com pêlos suaves formando um revestimento contínuo e algumas crinas
erguidas. Promargem das quelíceras com um ou dois pequenos dentes (ROBERTS, 1996).
Espécie encontrada na RNDSJ:
Tibellus oblongus (Walckenaer, 1802) (Fig. 23)

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Figura 23 - Tibellus oblongus (Walckenaer, 1802)


Foto retirada de http://www.faunistik.net

14- Família Salticidae Blackwall, 1841


Escudo prossómico subrectangular, com a parte frontal cefálica larga e recta, para alojar a
linha de olhos anteriores. A disposição ocular é típica, em três linhas (4, 2, 2): a linha anterior, que
ocupa toda a face frontal, apresenta quatro olhos contíguos e grandes, em particular os medianos; os
olhos posteriores, mais pequenos, são dispostos em rectângulo (ROBERTS, 1996).
Espécies encontradas na RNDSJ:
Euophrys herbigrada (Simon, 1871)
Salticus sp. Latreille, 1804

15- Família Theridiidae Sundevall, 1833


Patas armadas de espinhos débeis e isolados. Machos providos de um órgão estridulante
prossómico-opistossómico (o prossoma desenvolve duas zonas de estrias concêntricas na parte
posterior do escudo, ao mesmo tempo o opistossoma desenvolve um arco quitinizado de pequenos
dentes no seu bordo antero-dorsal). Machos adultos sem paracímbio. Lâminas maxilares de bordo
interno convergente. Peça labial sem um rebordo anterior aguçado (ROBERTS, 1996).
Espécie encontrada na RNDSJ:
Episinus truncatus Latreille, 1809 (Fig. 24)

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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Figura 24 - Episinus truncatus Latreille, 1809


Foto retirada de http://www.faunistik.net

16- Família Thomisidae Sundevall, 1833


Patas anteriores claramente mais compridas e grossas que as posteriores, e os seus tarsos sem
escópulas nem fascículos unguinais. Opistossoma geralmente mais largo no seu terço posterior que
no anterior. Tegumento com pouca pilosidade (ROBERTS, 1996).
Espécies encontradas na RNDSJ:
Diaea dorsata (Fabricius, 1777) (Fig. 25)
Runcinia grammica (C. L. Koch, 1837)
Synaema globosum (Fabricius, 1775) (Fig. 26)
Xysticus cristatus (Clerck, 1757) (Fig. 27)

Figura 25 - Diaea dorsata (Fabricius, 1777)

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Figura 26 - Synaema globosum (Fabricius, 1775)

Figura 27 - Xysticus cristatus (Clerck, 1757)


Foto retirada de http://www.faunistik.net

17- Família Titanoecidae Lehtinen, 1967


Família de aranhas com calamistro e cribelo. Calamistro constituído por uma só fileira de
pêlos. Oito olhos homogéneos, de reflexo branco nacarado. Tarsos com uma fileira de tricobótrios.
Os bordos internos das lâminas maxilares são paralelos. Aranhas de tamanho pequeno a médio (<
10mm) (ROBERTS, 1996).
Espécies encontradas na RNDSJ:
Nurscia sp. Simon, 1874 (Fig. 28)
Titanoeca sp. Thorell, 1869 (Fig. 29)

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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Figura 28 - Nurscia sp. Simon, 1874


Foto retirada de http://www.faunistik.net

Figura 29 - Titanoeca sp. Thorell, 1869


Foto retirada de http://www.faunistik.net

18- Família Zodariidae Thorell, 1881


Oito olhos com distribuição particular. As fiandeiras anteriores estão reunidas na base por
um suporte comum membranoso bastante amplo. Fiandeiras médias e posteriores rudimentares ou
nulas. (ROBERTS, 1996).
Espécie encontrada na RNDSJ:
Zodarion fuscum (Simon, 1870) (Fig. 30)

Figura 30 - Titanoeca sp. Thorell, 1869


Foto retirada de http://www.faunistik.net

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19- Família Zoridae Pichard-Cambridge, F. O., 1893


Olhos posteriores em linha fortemente recurva, de modo que se poderia considerar
apresentarem três linhas. Os olhos são semelhantes no tamanho. As patas anteriores estão
normalmente armadas de numerosos espinhos bisseriados
Espécie encontrada na RNDSJ:
Zora spinimana (Sundevall, 1833) (Fig. 31)

Figura 31 - Zora spinimana (Sundevall, 1833)


Foto retirada de http://www.faunistik.net

II- B - CLASSE CHILOPODA


As centopeias são delgadas, segmentadas e achatadas dorsoventralmente. A cabeça contém
um par de longas antenas com 12 ou mais artículos, um par de mandíbulas e dois pares de maxilas.
Em espécies diferentes o corpo é composto de 15 a 181 segmentos. O primeiro segmento contém
um par de garras venenosas com 4 artículos e cada um dos outros segmentos, excepto nos últimos
dois, há um par de pequenas patas locomotoras, com sete artículos.
As centopeias vivem principalmente em países quentes, escondendo-se durante o dia
debaixo de pedras e troncos caídos e são bastante activas durante a noite.
Alimentam-se de minhocas e insectos. As espécies de maiores dimensões podem também capturar
pequenos vertebrados. A presa é morta rapidamente com o veneno, injectado pela garra venenosa, e
é mastigada pelas mandíbulas.
Algumas centopeias põem ovos e outras são vivíparas. O jovem assemelha-se ao adulto, com
o mesmo ou um menor número de segmentos. O tamanho de algumas espécies tropicais varia entre
15 a 20 cm e as suas picadas são dolorosas para o homem. A pequena e ágil centopeia doméstica

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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(Scutigera) possuí 15 pares de patas externamente longas e frágeis. Comem insectos e são inofensivas
para o Homem.
A Classe Chilopoda divide-se em 4 Ordens: Geophilomorpha (mais de 25 pares de patas),
Scolopendromorpha (21 a 23 pares de patas), Lithobiomorpha (15 pares de patas e 16 terguitos) e
Scutigeromorpha (15 pares de patas e 9 terguitos).

II- C - CLASSE DIPLOPODA

Os diplópodes têm um corpo cilíndrico com muitos segmentos e a parede do corpo incluí
depósitos de sais de cálcio. Muitos são coloridos e brilhantes. A cabeça contém dois grupos de
muitos olhos simples e um par de antenas curtas e de mandíbulas. O tórax é curto, com quatro
segmentos ímpares, todos menos o primeiro com um par de patas. O longo abdómen possuí entre 9
a 100 segmentos duplos, cada um contendo dois pares de patas com sete artículos. As centopeias
vivem em lugares húmidos e escuros debaixo de pedras debaixo de troncos em decomposição ou
dentro deles e evitam a luz. Caminham lentamente, com o corpo distendido e examinam o caminho
com as antenas. As muitas patas aparentemente movem-se numa série de ondas de trás para a frente.
Alimentam-se de matéria vegetal morta, mas também comem matéria animal. Os
Oniscomorpha enrolam-se como uma bola quando perturbados; as formas de corpo longo enrolam-
se numa espiral protectora. Membros de algumas ordens possuem “glândulas repugnatórias”, que
lançam um líquido contendo cianeto e iodo para repelir os inimigos.
A fêmea geralmente faz um ninho de excrementos para abrigar os ovos. O jovem na eclosão
tem apenas sete segmentos e três pares de patas, os outros vão sendo acrescentados à frente do
segmento anal nas mudas sucessivas (até 10) durante o crescimento.
Esta Classe divide-se em duas subclasses: Pselaphognatha e Chilognatha. Esta última
compreende a maior parte das espécies e é nela que se encontram as espécies mais comuns e as mais
abundantes.
Esta subclasse divide-se em várias ordens:

II- C - 1- Ordem Polydesmida


Tronco formado geralmente por 19 a 20 anéis com expansões aliformes que dão à maioria
das famílias um aspecto aplanado.
Possuem só um par de gonópodos.

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II- C - 2- Ordem Lysiopetalida (= Callipodida)


Não foi possível obter dados que caracterizam esta ordem.

II- C - 3- Ordem Craspedosomatida


O número de anéis varia de 26 a 32. O corpo é percorrido por um sulco dorso-mediano.
Não possuem poros repugnatórios. Possuem fiandeiras porta-sedas situadas entre as valvas anais e o
telson.

II - D - SUBFILO CRUSTACEA
Os Crustacea incluem as cracas, lagostins, camarões, caranguejos, isópodes, etc. A maioria é
marinha, mas muitos vivem em água doce ou salobra e poucos, como o bicho-de-conta, encontram-
se em lugares húmidos na terra.

II - D – 1 - CLASSE MALACOSTRACA

Subclasse Peracarida

Ordem Isopoda:
Corpo geralmente achatado dorsoventralmente. Sem carapaça. O primeiro (raramente o
segundo) segmento torácico unido com a cabeça. Telson quase sempre unido com os últimos
segmentos abdominais. Olhos sésseis. Pleópodes bifurcados. Coração encurtado, completa ou
parcialmente situado no abdómen. Em parte parasitas e então muito transformados. Geralmente
marinhos, também terrestres, mais raros na água doce. Asellus, Porcellio; Ligia; Idotea. (Kükental,
1986).

Subordem Oniscidea

1 - Família Trichoniscidae
Não possuem pulmões pleopodais e os flagelos das antenas têm uma secção cónica distinta
que vai afilando até à ponta. (HOPKIN, 1991).
Espécies encontradas na RNDSJ:
Trichoniscus pussilus (Brandt, 1833)
Porcellio scaber Latreille, 1804

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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2 - Família Armadillidiidae
Dois pares de pulmões.
Espécies encontradas na RNDSJ:
Armadillidium album Dollfus, 1877
Armadillidium vulgare (Latreille, 1804)
Eluma purpurascens Budde-Lund, 1885 (Fig. 32)

Figura 32 - Eluma purpurascens Budde-Lund, 1885


Foto retirada de http://www.faunistik.net

II – E - CLASSE COLLEMBOLA

Os Colêmbolos são insectos de pequenas dimensões, atingindo raramente 3mm de


comprimento, com o corpo coberto de sedas ou nalguns casos, de sedas e escamas, sem olhos
compostos, de forma alongada (Subclasse Arthopleona) ou globular (Subclasse Symphypleona).
Possuem colorações variadas e por vezes, apresentam padrões que lhes são característicos, chegando
mesmo à sua identificação.
Os Colêmbolos movem-se com muita agilidade, devida não só à presença da furca (órgão
saltador), mas ainda pelo facto do seu exoesqueleto se encontrar dividido em segmentos
esclerotizados, denominados escleritos, unidos entre si por membranas articulares flexíveis. Estes
segmentos agrupam-se em 3 partes principais: cabeça, tórax e abdómen.
Apresentam um desenvolvimento ametabólico (sem metamorfoses) e as mudas periódicas
continuam mesmo no estado adulto.
Os Colêmbolos ocorrem com especial abundância nos solos florestais húmidos, mas
também sob a casca das árvores, nos musgos, nas areias litorais, à superfície da água doce e ainda nas
ervas e nos ninhos das formigas e das térmitas. São saprófagos ou fitófagos, alimentando-se de grãos
de pólen, esporos ou micélios de fungos, bactérias e algas.

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Eles são a seguir aos Ácaros, os Artrópodes mais importantes da mesofauna do solo, tanto
em termos de abundância como em termos de riqueza específica, constituindo assim, um
instrumento muito eficiente para a avaliação da biodiversidade dos habitats edáficos.
Estão envolvidos nos processos de decomposição da matéria orgânica. Eles são ainda
indicadores ecológicos das qualidades dos solos, quer agrícolas quer florestais, como dos distúrbios
causados pelo Homem nesses ecossistemas (GISIN, 1955; GAMA et al., 1989, 1991, 1994a, 1994b,
1995; SOUSA E GAMA, 1994, Sousa et al. 2000). Assim, tem sido realçada a estreita relação que
existe entre estes organismos e as características dos habitats, donde resulta a sua utilização como
bioindicadores.
A nível mundial já foram identificadas cerca de 6500 espécies (HOPKIN, 1997), mas muitas
espécies ainda estão por descobrir.

II -E -1 - Subclasse Arthopleona Börner, 1901


Corpo alongado. Segmentos torácicos e abdominais normalmente bem separados, podendo
ocorrer a fusão dos últimos 2-3 segmentos (GISIN, 1960)

II -E -1.1 - Ordem Poduromorpha Börner, 1913


Tórax I com algumas pequenas sedas.

Família Neanuridae (Börner, 1901)


Tubérculos dorsais desenvolvidos na cabeça, tórax e abdómen. Sexto segmento abdominal
desenvolvido, bilobado. Antena III com sensilas pequenas. Antena IV com uma vesícula apical. O
número de ocelos varia de 0 a 5 pares. Apêndice empodial ausente. Furca, tenáculo e espinhos anais
ausentes.
Espécie encontrada na RNDSJ:
Neanura muscorum (Templeton, 1835) (Fig. 33)

Figura 33 - Neanura muscorum (Templeton, 1835)


Foto retirada de http://www.faunistik.net

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II -E -1.2 - Ordem Entomobryomorpha Börner, 1913


Tórax I sem sedas, muitas vezes escondido sob o tórax II.

1 - Família Isotomidae Schäffer, 1896


Corpo sem escamas. Segmentos abdominais separados ou por vezes com os 2-3 últimos
fundidos. Segmentos abdominais III e IV igualmente longos. Antenas relativamente curtas com 4
segmentos. Furca muitas vezes reduzida.
Espécies da família Isotomidae encontradas na RNDSJ:
Proisotoma ripicola Linnaniemi, 1912 (Fig.34)
Isotomurus palustris bimaculatus (Agren, 1903)
Isotomurus palustris maculatus (Schäffer, 1896)
Isotomurus fucicolus (Reuter, 1891) Axelson, 1906

Figura 34 - Proisotoma ripicola Linnaniemi, 1912


Foto retirada de http://www.faunistik.net

2 - Família Entomobryidae Schött, 1891


Corpo com escamas. Segmentos abdominais separados. Segmento abdominal IV quase
sempre muito mais comprido do que o segmento abdominal III. Antenas compridas. Furca sempre
bem desenvolvida
Entomobrya sp.n.e. Rondani, 1861 (ANEXO 4)
Entomobrya sp. Rondani, 1861 (Fig. 35)
Entomobrya multifasciata (Tullberg, 1871)
Heteromurus major (Moniez, 1889) (Fig. 36)
Lepidocyrtus lusitanicus da Gama, 1964 (Fig. 37)
Pogonognathellus longicornis (Müller, 1776) (Fig. 38)
Pseudosinella sp. Schäffer, 1897 (Fig. 39)
Seira ferrarii (Parona, 1888)
Tomocerus minor (Lubbock, 1862)

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Figura 35 – Entomobrya sp. Rondani, 1861


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Figura 36 – Heteromurus major (Moniez, 1889)


Foto retirada de http://www.faunistik.net

Figura 37 – Lepidocyrtus lusitanicus da Gama, 1964


Foto retirada de http://www.faunistik.net

Figura 38 – Pogonognathellus longicornis (Müller, 1776)


Foto retirada de http://www.faunistik.net

Figura 39 – Pseudosinella sp. Schäffer, 1897


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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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II -E - 2 - Subordem Symphypleona Börner, 1901


Corpo globuloso. Os segmentos torácicos e os quatro primeiros segmentos abdominais estão
fundidos. Os segmentos abdominais V e VI formam normalmente uma papila anal, separada da
parte restante do corpo. (BRETFELD, 1999)

1 - Família Katiannidae Börner, 1913


Antena IV um pouco mais comprida do que a antena III, não subdividida em segmentos.
Tibiotarso normalmente sem sedas tibiotarsais fortemente clavadas.
Sminthurinus sp. Börner, C, 1901

2 - Família Dicyrtomidae Börner, 1906


Antena IV mais curta do que a antena III.
Espécie encontrada na RNDSJ:
Dicyrtomina saundersi (Lubbock, 1862)

3 - Família Bourletiellidae Börner, 1912


Antena IV muito mais comprida do que a antena III, subdividida em numerosos segmentos.
Tibiotarso com 2-3 sedas tibiotarsais clavadas colocadas junto do unguis. Margens do mucrão lisas.
Espécie encontrada na RNDSJ:
Bourletiella sp. Banks, 1899 (Fig. 40)

Figura 40 – Bourletiella sp. Banks, 1899


Foto retirada de http://www.faunistik.net

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4 - Família Sminthuridae Lubbock, 1862


Antena IV muito mais comprida do que a antena III, sbdividida em numerosos segmentos.
Sedas tibiotarsais clavadas ou ponteagudas não colocadas junto do unguis. Margens do mucrão lisas
ou serradas.
Espécie encontrada na RNDSJ:
Spatalosminthurus lesnei Carl, in Denis, 1925

II – F - CLASSE INSECTA (HEXAPODA)


Esta Classe inclui animais caracterizados por possuírem três pares de patas (hexápodes), o
corpo está dividido em cabeça, tórax e abdómen, e normalmente possuem dois pares de asas. Esta
Classe está dividida em duas subclasses: Apterygota e Pterygota.

II – F - 1- Subclasse Apterygota
Como o nome indica, são insectos sem asas. São conhecidas cerca de 3000 espécies, mas
como são insectos diminutos e têm hábitos secretos, sem dúvida muitos mais estão por descobrir,
mesmo na Europa. (CHINERY, 1993).

II - F - 2- Subclasse Pterigota
São insectos alados ou secundariamente ápteros, sem apêndices abdominais no adulto e
passando por metamorfoses simples ou complexas.
Nos pterigotas há a distinguir os insectos Hemimetabólicos e os Holometabólicos.

Os Hemimetabólicos passam por metamorfoses simples, sendo os estados imaturos,


denominados de ninfas, semelhantes ao estado adulto (hemimetabolia). Incluem diversas ordens,
incluindo as seguintes:

1- Ordem Dermaptera
É uma ordem relativamente pequena que se divide em 10 famílias, que possuem
aproximadamente 1900 espécies. Estes insectos, têm umas asas anteriores curtas, sem veias, que
protegem as asas posteriores grandes e em forma de leque. O abdómen é móvel e telescópico, com
um par de apêndices em forma de pinça, direitos nas fêmeas e curvos nos machos. Os dermapteros
gostam de viver em espaços confinados, como debaixo de pedras e troncos caídos.

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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Figura 40 – Exemplar representativo desta Ordem.


Foto retirada de http://www.andalucia.net

2 - Ordem Odonata
Os Odonata ou libélulas têm o corpo delgado e cilíndrico, geralmente colorido com cores
vivas. As asas são compridas e estreitas com nervação complexas. Encontram-se frequentemente
perto dos cursos de água. Esta Ordem divide-se em duas sub-ordens: Zygoptera e a Anisoptera.

Subordem Zygoptera
Caracterizada por animais pequenos e finos, com um voo flutuador fraco. A maioria das
espécies quando em repouso recolhem as asas ao longo do corpo de uma maneira característica
(BROOKS, 1997).

Família Lestidae
Estas são libelinhas verde metálico de tamanho médio. Repousam com as asas meio abertas
e estão restringidas a charcos com rodeados de muita vegetação (BROOKS, 1997).

Família Platycnemididae
Estas são libelinhas de tamanho médio, com as extremidades das patas de cor branca e com
uma cabeça estreita. Vivem normalmente em zonas com ribeiros de fluxo lento (BROOKS, 1997).
Espécie encontrada na RNDSJ:
Platycnemis pennipes (Pallas, 1771)

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Família Coenagrionidae
Libelinhas azuis e pretas e vermelhas e pretas de pequeno a médio tamanho. Ocorrem um
largo espectro de meios aquáticos (BROOKS, 1997).
Espécies encontradas na RNDSJ, pertencentes a esta família:
Coenagrion scitulum (Rambur, 1842) (Fig. 41)
Erythromma najas (Hansemann 1823)
Ischnura elegans (Vander Linden, 1823)
Ischnura graellsii (Rambur, 1842)

Figura 41 - Coenagrion scitulum (Rambur, 1842)

Subordem Anisoptera
Esta subordem compreende pequenas e grandes libélulas, com um voo forte e poderoso.
Todas as espécies se caracterizam por manterem as asas abertas, em repouso (BROOKS, 1997).

Família Aeshnidae
São libélulas de tamanho médio a grande, de voo inquieto. Os olhos ocupam a maior parte
da cabeça. Ocorrem em habitats de água parada (BROOKS, 1997).
Espécies encontradas na RNDSJ, pertencentes a esta família:
Aeshna juncea (Linnaeus, 1758)
Aeshna sp. Fabricius, 1775
Anax imperator Leach, 1815 (ANEXO 5)

Família Libellulidae
Estas são libélulas de tamanho pequeno a médio, que podem ser azuis, vermelhas e amarelas.
Voam como setas e frequentemente empoleiram-se em plantas das margens dos charcos.

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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Reproduzem-se num número variado de habitats, excepto em rios de fluxo rápido (BROOKS,
1997).
Espécies encontradas na RNDSJ, pertencentes a esta família:
Libellula fulva Müller, 1746
Crocothemis erythraea (Brullé, 1832) (Fig. 42)
Sympetrum fonscolombii (Selys, 1840) (ANEXO 6)
Sympetrum sanguineum (Müller, 1764) (ANEXO 7)
Sympetrum sp. Newman, 1833

Figura 42 - Crocothemis erythraea (Brullé, 1832)

3 - Ordem Orthoptera
Os Ortópteros, englobando os gafanhotos, os grilos e os ralos, têm o corpo robusto, sendo
as patas posteriores saltadoras, nos gafanhotos, ou as patas anteriores escavadoras, nos ralos.
Possuem em geral órgãos estriduladores, tratando-se pois de formas que cantam. Os gafanhotos
apresentam hábitos muito diversos, desde o cavernícola ao arborícola, mas os grilos e os ralos vivem
em galerias subterrâneas (CHINERY, 1993).

Família Gryllidae
São omnívoros, no entanto o material vegetal, predomina na sua dieta. Os machos
estridulam roçando as suas asas, uma contra a outra (CHINERY, 1993).

Família Tetiigoniidae
Estes gafanhotos possuem umas antenas muito compridas, estão mais aparentados com os
grilos do que com os gafanhotos. Podem ser encontrados em matas e zonas cobertas com arbustos,
do que em áreas de campo aberto (CHINERY, 1993).

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Figura 42 – Exemplo da família Tettigoniidae existente na


RNDSJ

Família Acridae
Estes são os insectos que nos fazem serenatas, durante o Verão.
As antenas são curtas e fortes. Ocorrem na sua maioria, em terrenos com vegetação rasteira,
mas muitos deles desenvolveram preferências por habitats mais específico. Quase todos os
gafanhotos são puramente herbívoros, alimentando-se de ervas e de mais algumas plantas
(CHINERY, 1993).
Espécies encontradas na RNDSJ, pertencentes a esta família:
Arcyptera fusca (Pallas)
Chrothippus paralelus (Zetterstedt)
Locusta migratoria (Linnaeus, 1758)
Stenobothrus lineatus (Panzer)

Figura 43 - Locusta migratoria (Linnaeus,


1758)

4 - Ordem Phasmida
Os fasmídeos apresentam a forma de ramos com o corpo muito fino e alongado, ou a forma
foliácea. Vivem nos troncos e folhas dos arbustos, com os quais se confundem (GAMA, 19..) Esta
ordem contém cerca de 2000 espécies. Todos os fasmídeos são herbívoros. Em muitas espécies não
existem machos conhecidos e noutras os machos são muito raros. A reprodução dá-se por
partenogénese, as fêmeas depositam ovos férteis sem copularem (CHINERY, 1993).

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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Família Bacillidae
Espécie encontrada na RNDSJ:
Clonopsis gallica (Charpentier, 1825) (Fig. 44)

Figura 44 - Clonopsis gallica (Charpentier, 1825)

5 - Ordem Dictioptera
Os Dictiópteros incluem as baratas, de forma sensivelmente oval e achatada, e as louva-a-
Deus, de forma alongada e em que as patas anteriores são preensoras. As baratas podem ser
domésticas, mas a maioria das espécies vive no solo, assim como as louva-a-Deus, que também se
encontram nos arbustos (IMMS, 1964)

Subordem Blattodea
As baratas procuram sítios húmidos ou abrigados da secura, no entanto, existem muitas
espécies que vivem no mato. São omnívoras, as espécies silvestres alimentam-se de insectos mortos
ou de plantas, as espécies domésticas atacam todas as substâncias comestíveis, ocasionando grandes
danos, mais pelo que estragam do que pelo que comem.
Deslocam-se rapidamente por meio da corrida, embora algumas espécies façam uns voos
curtos, sobretudo à noite e no crepúsculo, isto deve-se a serem lucífagas e a maioria é hidrófila
(CHINERY, 1993).

Subordem Manttodea
Os mantodeos são em geral insectos termófilos que procuram locais ensolarados, vivendo
em matos. São todos predadores e atacam todos os insectos que passam perto de si, para isso
mantêm-se imóveis durante bastante tempo e perfeitamente mimetizados no substracto. Deslocam-
se de um local para outro com uma marcha lenta, alguns machos de algumas espécies podem
efectuar voos curtos com bastante facilidade (CHINERY, 1993).

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Nenhum foi capturado nas armadilhas pitfall, apenas foram observados e fotografados no
campo
Espécies encontradas na RNDSJ, pertencentes a esta sub-ordem:
Ameles decolor (Charpentier, 1825) (Fig. 45)
Mantis religiosa Linnaeus, 1758

Figura 45 - Ameles decolor (Charpentier, 1825)

6 - Ordem Neuroptera
Insectos de tamanho que pode ir desde o pequeno ao grande, normalmente são castanhos ou
verdes. Possuem dois pares de asas de igual forma e tamanho, cobertas com uma fina rede de veias,
enquanto descansam pousam asas ao longo do corpo. Antenas proeminentes. Olhos compostos,
normalmente grandes (CHINERY, 1993).

Família Chrysopidae
As veias do corpo e das asas apresentam normalmente uma cor verde, e possuem uns olhos
proeminentes de aparência brilhante metálica (CHINERY, 1993).
Espécie encontrada na RNDSJ:
Chrysopa sp. Leach, 1815

Família Myrmeleontidae
As formigas-leão são aparentemente como as libélulas, por causa das suas longas asas e dos
seus corpos compridos e elegantes, mas elas são facilmente distintas, pelas suas fortes antenas
(CHINERY, 1993).
Espécie encontrada na RNDSJ:
Myrmelon formicarius Linnaeus, 1764 (Fig. 46)

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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Figura – 46 - Myrmelon formicarius Linnaeus, 1767

7 - Ordem Hemiptera
Os Hemípteros, compreendendo as cigarras, os alfaiates, os percevejos domésticos, os
percevejos do monte, os pulgões e as cochinilhas, são insectos de forma e dimensões muito variadas,
por vezes muito modificados devido a adaptações especiais. Os Hemípteros homópteros têm asas
membranosas, enquanto que nos heterópteros as asas anteriores apresentam uma porção basal
coriácea, denominando-se semi-élitros. Têm hábitos terrestres ou aquáticos, constituindo um grupo
de grande interesse económico, pois muitas espécies são prejudiciais às plantas, e algumas são
hematófagas (IMMS, 1964).

Subordem Heteroptera

Superfamília Pentatomoidea

Família Acanthosomatidae
Diferem das outras famílias por possuírem apenas dois segmentos tarsais. Não existem
muitas espécies. Alimentam-se de frutos, mas durante a Primavera alimentam-se de folhas
(CHINERY, 1993).
Espécie encontrada na RNDSJ:
Acanthosoma sp. Curtis, 1824

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Família Pentatomidae
É a maior família de percevejos com escudo. O escutelo é geralmente triangular e o corpo é
em forma de escudo, mais do que em qualquer outra família deste grupo. Gostam do calor. Algumas
espécies são carnívoras, mas a maioria alimenta-se de seiva. Podem causar grandes prejuízos em
colheitas (CHINERY, 1993).
Espécie encontrada na RNDSJ:
Carpocoris fuscispinus (Boheman, 1851) (Fig.47)

Figura 47 - Carpocoris fuscispinus (Boheman, 1851)

Família Pyrrhocoridae
Os seus elemetos são na sua maioria comedores de sementes, podendo causar prejuízos na
agricultura (CHINERY, 1993).
Espécie encontrada na RNDSJ:
Pyrrhocoris apterus (Linnaeus, 1758) (Fig. 48)
Pyrrhocoris sp. Fallén, 1814

Figura 48 - Pyrrhocoris apterus (Linnaeus, 1758)

Família Rhopalidae
Possuem uma glândula que produz mal cheiro quando o insecto é importunado, esta abre
entre a coxa mediana e a posterior. A maioria das espécies apresentam uma coloração vermelha e/ou
preta (CHINERY, 1993).

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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Família Scutelleridae
É sobretudo uma família das zonas tropicais, a característica que melhor distingue esta
família das outras é esta possuir um escutelo muito grande, que vai desde o início do abdómen e
cobre quase completamente as asas (CHINERY, 1993).
Espécie encontrada na RNDSJ:
Eurygaster testudinaria (Geoffroy, 1785)

Os Pterigotas Holometabólicos passam por metamorfoses complexas, sendo os estados


imaturos, denominados larvas, muito diferentes do estado adulto, e entrepondo-se entre o estado
larvar e o estado adulto, existe o estado pupal (pupa) (holometabolia).
Incluem diversas ordem, sendo de salientar as seguintes:

8 - Ordem Lepidoptera
Os Lepidópteros incluem as borboletas, caracterizadas pela variedade de colorações, e as
traças de cores sombrias. As borboletas adultas não têm importância económica, mas sim as suas
larvas, algumas das quais são benéficas como o bicho-da-seda (Bombyx mori, (Linnaeus, 1758)), mas a
grande maioria é prejudicial atacando os produtos armazenados, as plantas cultivadas e o vestuário
(IMMS, 1964).

Família Papilionidae
Esta é a família que, em Portugal, menor número de espécies apresenta: 3. Os adultos são
bastante coloridos: base amarela ou branca, com manchas azuis, vermelhas ou laranja. As lagartas
são polífagas (excepto em Zerynthia rumina, (Linnaeus, 1758)), alimentando-se de plantas baixas ou de
árvores da família das rosáceas. A hibernação ocorre sempre na fase de crisálida (MARAVALHAS,
2003).
As espécies não se encontram particularmente ameaçadas, embora a Zerynthia rumina venha
regredindo em muitos locais (MARAVALHAS, 2003).
Espécie encontrada na RNDSJ:
Papilio machaon (Linnaeus, 1758)

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Ana Cristina Francisco Rufino
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Família Pieridae
Desta família são conhecidas 14 espécies em Portugal, a maioria das quais é vulgar em quase
todo o território. Há uma espécie ligada ao substrato calcário em, ambiente mediterrânico, pelo que
é conhecida apenas do Parque Natural da Arrábida e do Algarve (MARAVALHAS, 2003).
As lagartas alimentam-se de plantas baixas ou de árvores e algumas são prgas em quintais
geridos pelo homem. A hibernação ocorre, principalmente, na fase de crisálida (MARAVALHAS,
2003).
Espécies encontrada na RNDSJ:
Pieris brassicae (Linnaeus, 1758)
Pieris rapae (Linnaeus, 1758)
Colias croceus (Fourcroy, 1785) (ANEXO 8)

Família Lycaenidae
Os 30 taxa existentes em Portugal vivem à custa de plantas baixas e de árvores diversas. A
hibernação está bem repartida mas exclui a fase de fase de adulto. Há cerca de 10 espécies cuja
conservação é prioritária (MARAVALHAS, 2003).
Espécies encontradas na RNDSJ:
Cacyreus marshalli (Butler, 1898)
Callophrys rubi (Linnaeus, 1758) (Fig. 49)
Lampides boeticus (Linnaeus, 1758)
Leptotes pirithous (Linnaeus, 1767) (ANEXO 9)

Figura 49 - Callophrys rubi (Linnaeus, 1758)

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
_______________________________________________________________________________________________________

Família Nymphalidae
Família numerosa, com representantes em todos os tipos de habitats e larvas alimentando-se
das mais variadas plantas. A maioria das espécies hiberna como lagarta. Várias espécies em risco de
extinção a nível local (MARAVALHAS, 2003).
Espécie encontrada a RNDSJ:
Vanessa atalanta (Linnaeus, 1758) (Fig 50)

Figura 50 - Vanessa atalanta (Linnaeus, 1758)

Família Satyridae

Subfamília Satyrinae
Subfamília característica: adultos castanhos (excepto no género Melanargia), lagartas lisas ou
às riscas alimentando-se sempre de gramíneas. É o único grupo em que todas as espécies hibernam
como lagarta. A maior parte das populações apresenta níveis elevados e um grau de dispersão
considerável, mas há duas em risco a nível local (MARAVALHAS, 2003).
Pararge aegeria (Linnaeus, 1758) (ANEXO 10)

Figura 51 - Pararge aegeria (Linnaeus, 1758)

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Ana Cristina Francisco Rufino
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Superfamília Pterophoroidea

Família Pterophoridae
As asas são finas e cada uma é, normalmente, dividida em duas, três ou quatro plumas. São
atraídos pela luz durante a noite. As larvas alimentam-se de uma espécie de trepadeira (CHINERY,
1993).

Figura 51 – Exemplar pertencente à família Pterophoridae.

Superfamília Pyraloidea

Família Pyralidae
Possuem órgãos timpânicos abdominais. As larvas podem-se distinguir de outras, pelo seu
enroscamento característico, quando são incomodadas (CHINERY, 1993).

Figura 52 - Exemplar pertencente à família Pyralidae.

Superfamília Geometroidea

Família Geometridae

57
Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
_______________________________________________________________________________________________________

Contém um grande número de espécies, com grandes diferenças no forma e no tamanho,


mas todas apresentam uma grande fragilidade. A maioria descansa com as asas abertas. As lagartas
são compridas e esguias e só possuem dois pares de pró-patas. Muitas lagartas alimentam-se de
árvores e rebentos. As pupas podem ser encontradas no solo ou em casulos frágeis na vegetação
(CHINERY, 1993).
Exemplares, pertencentes a esta família, encontrados na RNDSJ:
Hamithaea aestivaria (Hubner, 1789) (Fig. 53)
Idaea calunetania Standinger, 1859 (Fig.54)

Figura 53 - Hamithaea aestivaria (Hubner, 1789)

Figura 54 - Idaea calunetania Standinger, 1859

Superfamília Noctuoidea

Família Lymantridae
Estas traças são muito peludas, e os pêlos muitas vezes são irritantes, sendo difíceis de
manusear. As larvas também são peludas, também de manuseamento desagradável, no entanto, com
os seus tufos de pêlo, elas estão entre as lagartas mais atractivas. Algumas são pestes (CHINERY,
1993).
Euproctis similis (Fuessly, 1775), espécie encontrada na RNDSJ

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Ana Cristina Francisco Rufino
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Superfamília Bombycoidea

Família Lasiocompidae
É a maior família desta superfamília, geralmente são grandes, peludas e com asas recortadas.
As larvas são gregárias, muitas vezes são pestes (CHINERY, 1993).
Espécie presente na RNDSJ:
Lasiocampa trifolii ([Denis & Schiffermüller], 1775) (Fig. 55)

Figura 55 - Larva de Lasiocampa trifolii ([Denis & Schiffermüller], 1775)

9 - Ordem Trichoptera
Existem cerca de 400 espécies na Europa. Podem ser de pequeno, médio ou grande
tamanho, são insectos com dois pares de asas cobertas com pequenos pêlos. Antenas compridas,
encontram-se perto da água. É a única ordem de insectos Holometabólicos em que as primeiros
estágios da sua vida são primariamente aquáticos. Tanto as larvas como os adultos servem de
alimento para os peixes e aves aquáticas (CHINERY, 1993).

10 - Ordem Diptera
Os dípteros, compreendendo as moscas, mosquitos e melgas, são essencialmente
caracterizados pela redução das asas posteriores, que estão transformadas em balanceiros.
Apresentam uma enorme variedade de hábitos, havendo espécies domésticas, parasitas, cavernícolas,
etc. (IMMS, 1964).

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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Subordem Brachycera

Família Asilidae
Esta família contém as chamadas moscas-borracha – insectos com patas muito peludas. A
característica mais distinta é uma grande depressão que possuem entre os olhos. Todas se alimentam
de insectos que capturam em pelo voo. Apesar do tamanho grande destes insectos, eles são
inofensivos para o homem (CHINERY, 1993).
Espécie presente na RNDSJ:
Eutolmus rufibarbis (Meigen, 1820)

Figura 55 - Eutolmus rufibarbis (Meigen, 1820)

Família Bombyliidae
Chamadas moscas-abelha, por serem fortes e peludas com uma grande semelhança com as
abelhas. Normalmente são vistas na Primavera, enterrando o seu grande probóscide em flores. As
suas larvas são parasitas de outros insectos (CHINERY, 1993).
Espécie presente na RNDSJ:
Thyridanthrax fenestratus (Fallén, 1814) (Fig. 56) (ANEXO 11)

Figura 56 - Thyridanthrax fenestratus (Fallén, 1814)


Foto retirada de http://www.bogon-naturfoto.de

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Ana Cristina Francisco Rufino
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Família Mydaidae
Contém um número de moscas grandes e mais ou menos desprovidas de pêlos, com antenas
clavadas. A maioria das espécies deste família vivem nos trópicos, existem algumas espécies na
Europa. Os machos são muito mais pequenos e escuros do que as fêmeas. Tanto os adultos como as
larvas são predadores ferozes (CHINERY, 1993).
Espécie presente na RNDSJ:
Leptomydas corsicanus Bequaert, 1961

Subordem Cyclorrhapha

Família Tachinidae
É uma grande família, contendo basicamente, moscas de tamanho médio, que podem ser
reconhecidas pelo pós-escutelo bem desenvolvido (CHINERY, 1993).
Espécie presente na RNDSJ:
Alophora hemiptera (Fabricius)

11- Ordem Siphonaptera


Os Afanípteros, vulgarmente chamados pulgas, são pequenos insectos ápteros, ectoparasitas
sugadores de sangue de mamíferos e aves, caracterizados pelo achatamento lateral do corpo
(CHINERY, 1993).

12 - Ordem Hymenoptera
Os Himenópteros incluem as abelhas, vespas e formigas, vivendo as formas mais evoluídas,
em que o abdómen é pedunculado, em comunidades polimórficas, constituídas pela rainha, zângões
e obreiras. Apresentam uma grande variedade de hábitos, sendo muitas espécies parasitas de plantas,
e doutros insectos; por isso, são utilizados na luta biológica contra as pragas (CHINERY, 1993).

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
_______________________________________________________________________________________________________

Subordem Apocrita

Superfamília Formicoidea

Família Formicidae
Existem 15000 espécies comuns, todas sociais.
As formigas, sendo ou não aladas, podem ser distinguidas dos outros insectos pela estrutura
do pecíolo (parte do corpo entre o tórax e o abdómen). Este é constituído por um ou dois
segmentos. Outra característica distintiva das formigas é terem as antenas em forma de cotovelo
(CHINERY, 1993).

Superfamília Scolioidea

Família Scoliidae
A esta família pertencem os maiores Hymenoptera. São peludos, frequentemente com
marcas vermelhas ou amarelas, e possuem asas bem desenvolvidas em ambos os sexos. As asas
normalmente são escuras com um brilho metálico. As larvas são ectoparasitas de vários escaravelhos
(CHINERY, 1993).

Figura 57 – Exemplar pertencente à família Scoliidae.

Superfamília Vespoidea

Família Vespidae
É uma família que contém as vespas sociais. Olhos em forma de crescente, três células
submarginais nas asas anteriores. Alimentam os juvenis com outros insectos. Os adultos são
encontrados em néctar e outras coisas doces, mas em vez de terem armaduras bucais sugadoras,

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Ana Cristina Francisco Rufino
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possuem maxilas fortes e uma língua curta. As vespas não possuem aparelho colector de pólen,
normalmente não têm tantos pêlos quanto as abelhas. Por isso a sua coloração, em vez de ser devida
aos pêlos, é devida às placas corporais e aos escleritos (CHINERY, 1993).

Figura 58 - Exemplar pertencente à família Vespidae.

Superfamília Sphecoidea

Família Sphecidae
É o maior grupo de vespas solitárias. São chamadas vespas escavadoras, por escavarem
buracos no chão que vão servir como ninhos. São carnívoras, alimentando-se de afídeos, moscas,
escaravelhos, ninfas de ortópteros e muitos outros insectos (CHINERY, 1993).
Espécie presente na RNDSJ:
Ammophila sabulosa (Linnaeus, 1758) (Fig. 59) (ANEXO 12)

Figura 59 - Ammophila sabulosa (Linnaeus, 1758).

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
_______________________________________________________________________________________________________

Superfamília Apoidea

Família Apidae
Existem cerca de 30000 espécies conhecidas a nível mundial. Esta família é constituída tanto
pelas abelhas solitárias como pelas sociais. Alimentam-se de pólen e néctar. A glossa (língua) é bem
desenvolvida, comprida, mas existem excepções. Fazem a recolha do pólen, pousando em flores e
assim o pólen adere aos seus pêlos; por este motivo são tão importantes na polinização de muitas
plantas (CHINERY, 1993).
Espécies presentes na RNDSJ:
Apis mellifera Linnaeus, 1758
Bombus lucorum (Linnaeus, 1961) (Fig. 60)

Figura 60 - Bombus lucorum (Linnaeus, 1961)

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Ana Cristina Francisco Rufino
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13 - Ordem Coleoptera
Com mais de 350000 espécies conhecidas, esta é a maior ordem dos insectos. Mais de 20000
ocorrem na Europa. Os coleópteros possuem dimensões muito variadas, podem ser os insectos de
maiores dimensões, ou possuir apenas 0,5 mm de comprimento. Existem muitas espécies e dentro
das espécies podem ser também muito numerosos, no entanto isto pode não ser muito evidente,
devido, ou ao seu pequeno tamanho, ou, quer a hábitos nocturnos ou devido a serem reservados. A
maior parte dos coleópteros pode voar e efectivamente voa, mas o tempo despendido no voo é
relativamente curto: os coleópteros são insectos do solo e vegetação baixa.
Com as limitações impostas pelas suas peças bucais, os coleópteros invadiram todos os
habitats disponíveis – incluindo o mar – e exploraram todas as fontes de alimento possível. A ordem
inclui os que se alimentam de plantas, predadores, e parasitas. Muitas espécies são pestes com grande
importância económica. Por outro lado, muitos coleópteros são aliados eficazes no combate de
outras pestes, como é o caso das joaninhas no combate aos afídeos. Os escaravelhos do estrume têm
um papel importante no ciclo do azoto, ao consumirem estrume animal e húmus.
O sucesso dos coleópteros é devido em especial aos seus élitros fortes e também à dureza
geral da sua cutícula. Os élitros permitem que estes possam viver debaixo de pedras e manta morta,
e ao mesmo tempo protege as delicadas asas membranosas. A dura cutícula torna-os resistentes ao
choque e à dissecação, para além de permitir que eles vivam em locais mais secos que a maioria dos
outros insectos. Os élitros também permitem que os coleópteros vivam na água (CHINERY, 1993).

Subordem Adephaga

Superfamília Caraboidea

Família Carabidae Latr.


Cerca de 2000 espécies na Península Ibérica. São essencialmente predadores, alimentando-se
de outros artrópodes, anelídeos ou caracóis. Poucos são fitófagos. Tanto os adultos como as larvas
de muitas espécies constituem preciosos auxiliares do homem na luta contra pragas agrícolas e
florestais (ZAHRADNÍK, 1990).

Subfamília Carabinae
Espécie presente na RNDSJ:
Carabus hortensis Linnaeus, 1758 (Fig. 61)

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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Figura 61 - Carabus hortensis (Linnaeus, 1758))


Foto retirada de: http://www.coleo.de

Subfamília Bembidiinae
Espécies presentes na RNDSJ.:
Bembidion quadraculatum (Linnaeus, 1761) (Fig. 62)
Bembidion sp.
Duas espécies não identificadas.

Figura 62 - Bembidion quadraculatum (Linnaeus, 1761)


Foto retirada de: http://www.coleo.de

Subfamília Pterostichinae
Espécie presente na RNDSJ.:
Agonum marginatum (Linnaeus, 1758) (Fig. 63)

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Ana Cristina Francisco Rufino
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Figura 63 - Agonum marginatum (Linnaeus, 1758)


Foto retirada de http://www.museum.hokudai.ac.jp

Subfamília Zabrinae
Espécie presente na RNDSJ:
Amara fulva (Müller, O. F., 1776)

Subfamília Badistrinae
Uma espécie não identificada.

Subfamília Scaritinae
Uma espécie não identificada.

Família Dytiscidae Leach.


Desconhece-se quantas espécies existem na Península Ibérica. Na Europa central são
referidas cerca de 150. Possuem adaptações á vida aquática, sendo bons nadadores. Vivem em
massas de água doce parada ou corrente, com vegetação abundante, e só excepcionalmente habitam
em água salgada. São sobretudo predadores de pequenos organismos tais como larvas de mosquitos,
embora também possam alimentar-se de cadáveres (ZAHRADNÍK, 1990).

Subordem Polífaga

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
_______________________________________________________________________________________________________

Superfamília Histeroidea

Família Histeridae Leach.


Aproximadamente 130 espécies são conhecidas na Península Ibérica. Podem encontrar-se
em meios muito diversos, tais como: sobre cadáveres e excrementos de animais, sobre fungos,
debaixo de cascas de árvores, em ninhos de aves, tocas de mamíferos ou em formigueiros
(ZAHRADNÍK, 1990).

Subfamília Histerinae
Espécies presentes na RNDSJ:
Penalister sterconarium (Hoffmann, 1803)
Platysoma compressum (Herbst, 1783)

Superfamília Staphylinoidea

Família Silphidae (Leach.)


São referidas 23 espécies na Península Ibérica. Tanto os adultos como as larvas da maioria
das espécies vivem em cadáveres de animais. Podem ainda ser encontrados em plantas em
decomposição, em excrementos ou sobre plantas vivas. Poucas espécies são predadoras
(ZAHRADNÍK, 1990).

Família Staphylinidae (Leach.)


São conhecidas mais de 1000 espécies na fauna Ibérica. Ocupam quase sempre zonas com
uma certa humidade (ZAHRADNÍK, 1990).

Figura 64 – Exemplar pertencente à família Staphylinidae.


Foto retirada de http://www.museum.hokudai.ac.jp

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Subfamília Tachyporinae
Três espécies não identificadas.

Família Pselaphidae
Existem umas 123 espécies na Península Ibérica. Em geral, são espécies predadoras, cujo
alimento se compõe basicamente de pequenos organismos (ácaros). Gostam da humidade, vivem em
plantas e madeira amolecida, substâncias apodrecidas e decompostas (ZAHRADNÍK, 1990).

Superfamília Scarabaeioidea

Família Lucanidae Leach.


Apenas 6 espécies são referidas para a Península Ibérica. Os adultos habitam em bosques,
tanto em regiões baixas como em montanhas. São fitófagos (ZAHRADNÍK, 1990).
Espécie presente na RNDSJ:
Dorcus parallelopipedus (Linnaeus, 1758) (Fig. 65)

Figura 65 - Dorcus parallelopipedus (Linnaeus, 1758)

Família Scarabaeidae Leach.


Existem cerca de 400 espécies na Península Ibérica. Vivem em bosques, prados ou campos
agrícolas. Alimentam-se de tecidos vegetais, pólen, seiva de árvores, excrementos e cadáveres de
animais. Manifestam actividade diurna e nocturna. As larvas desenvolvem-se no solo, em madeira
em decomposição ou em formigueiros. Inclui uma espécie que segundo os critérios em que se
baseou a Rede Natura 2000, é considerada prioritária (ZAHRADNÍK, 1990).

Subfamília Melolonthinae
Espécie presente na RNDSJ:

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
_______________________________________________________________________________________________________

Melolontha melolontha (Linnaeus, 1758) (ANEXO 13)

Subfamília Cetoninae
Espécies presentes na RNDSJ:
Tropinota hirta (Poda, 1761) (Fig. 66) (ANEXO 14)
Cetonia aurata (Linnaeus, 1758)

Figura 66 - Tropinota hirta (Poda, 1761)

Superfamília Eucinetoidea

Família Helodidae
Na Península Ibérica estão citadas 24 espécies. Falta a confirmação. Encontram-se perto de
zonas com água, pântanos, prados húmidos; os adultos encontram-se nas flores e folhas de plantas
herbáceas e arbustos, também ocorrem em detritos da orla do mar (ZAHRADNÍK, 1990).
Espécie presente na RNDSJ:
Microcara testacea (Linnaeus, 1767)

Superfamília Dryopoidea

Família Heteroceridae
Existem 15 espécies na Península Ibérica. Os adultos e as larvas vivem em colónias em
galerias escavadas pelos mesmos (ZAHRADNÍK, 1990).

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Ana Cristina Francisco Rufino
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Superfamília Cantharoidea

Família Cantharidae (Mars.)


Está representada por 9 géneros que englobam 103 espécies na Europa Central. Estes
insectos caracterizam-se por apresentarem cabeça bem visível e antenas com 11 segmentos. Têm
patas largas com fémur e tíbia estreitos, sendo os tarsos constituídos por 5 segmentos. No Verão
encontram-se em grandes quantidades sobre arbustos e flores (ZAHRADNÍK, 1990).
Espécie presente na RNDSJ:
Rhagonycha fulva (Scop.) Heyd., 1870 (Fig. 67)

Figura 67 - Rhagonycha fulva (Scop.) Heyd., 1870

Superfamília Anobiioidea

Família Anobiidae Latr.


Na Península Ibérica são conhecidas cerca de 70 espécies. Os adultos têm uma vida curta,
pedem ir desfazendo com a cabeça a madeira até fazerem uma série de galerias. Dentro desta família
existem muitas espécies que são pragas (ZAHRADNÍK, 1990).

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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Superfamília Cucujoidea

Família Nitidulidae
Na Península Ibérica conhecem-se mais de 110 espécies, pouco estudadas. Podem aparecer
em bosques, prados, campos, hortas; em flores, fungos, em cadáveres secos e ossos
(ZAHRADNÍK, 1990).

Subfamília Nitidulinae
Espécie presente na RNDSJ:
Epuraea depressa (Illiger, 1792)

Família Erotylidae
Na fauna Ibérica existem 10 espécies. Os adultos e as larvas encontram-se em fungos nas
árvores, debaixo de troncos amolecidos e sobre plantas em decomposição (ZAHRADNÍK, 1990).

Família Coccinelidae Latr.


Existem cerca de 80 espécies na Península Ibérica. São muito vulgares sobre plantas. Tanto
no estado larvar como no estado adulto são predadores de afídeos, ácaros ou outros pequenos
artrópodes. Poucas espécies são fitófagas ou micetófagas. Constituem, na sua maioria, auxiliares do
homem na luta contra pragas agrícolas (ZAHRADNÍK, 1990).

Subfamília Coccinelinae
Espécies presentes na RNDSJ:
Coccinella septempunctata (Linn.) Heyd. 1870 (Fig. 67) (ANEXO 15)
Tyttaspsis sp.

Figura 67 - Coccinella septempunctata (Linn.) Heyd. 1870

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Ana Cristina Francisco Rufino
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Família Tenebrionidae
Na fauna Ibérica são muito numerosos os géneros e espécies endémicas, são mais de 450 as
espécies conhecidas. Existem nos mais diversos habitats, especialmente em locais quentes. A sua
presença indica que existem fungos de árvores, na madeira velha e apodrecida, na erva, em campos
arenosos. Algumas espécies vivem em colónias (ZAHRADNÍK, 1990).
Espécie presente na RNDSJ:
Phaleria cadaverina (Fabricius, 1792) (Fig. 68)

Figura 68 - Phaleria cadaverina (Fabricius, 1792)


Foto retirada de http://www.museum.hokudai.ac.jp

Família Oedemeridae
Existem umas 40 espécies na Península Ibérica. Vivem sobre flores e herbáceas (dente de
leão, margaridas) e também em árvores, onde recolhem o pólen; nas margens dos bosques, bosques,
prados de bosques, margens e hortas (ZAHRADNÍK, 1990).
Espécies presentes na RNDSJ:
Oedemera nobilis (Scopoli, 1763)
Oedemera virescens (Linnaeus, 1767) (Fig. 68)
Chrysantia sp.

Figura 68 - Oedemera virescens (Linnaeus, 1767)


Foto de John Mason.

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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Família Anthicidae
Na fauna Ibérica existem mais de 100 espécies. Têm actividade diurna e nocturna
Uma espécie não identificada. Vivem preferencialmente em bosques e prados; alguns adultos sobre
flores, outros sobre detritos, plantas apodrecidas, debaixo de pedras, e também nas casas e em
estábulos (ZAHRADNÍK, 1990).

Superfamília Chrysomeloidea

Família Cerambicidae Leach.


Em todo o planeta existem cerca de 27000 espécies, das quais 170 a 250 estão representadas
na Europa Central e 275 pertencentes à fauna Ibérica. Geralmente vivem em bosques de latifólios e
coníferas. Alguns aparecem em prados, campos e estepes, bem como em jardins (ZAHRADNÍK,
1990).

Família Chrysomelidae Leach.


Existem cerca de 35000 espécies em todo o planeta, estando cerca de 500 na Europa Central
e cerca de 600 na Península Ibérica. Caracterizam-se por apresentarem corpo arredondado, antenas
longitudinais, cabeça bem diferenciada e pronoto arredondado lateralmente. Normalmente são
espécies diurnas com capacidade de voar, embora durante um curto espaço de tempo. Tanto os
adultos como as larvas vivem sobre as plantas (ZAHRADNÍK, 1990).

Subfamília Donaciinae
Espécie presente na RNDSJ:
Donacia vulgaris Zschach, 1788

Subfamília Chrysomelinae
Espécie presente na RNDSJ:
Chrysomela gypsophilal

Subfamília Halticinae
Espécie presente na RNDSJ:
Crepidodera p.Chevrolat,1836

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Ana Cristina Francisco Rufino
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Sub-família Hyspinae
Espécie presente na RNDSJ:
Hyspella sp. (Fig. 69) (ANEXO 16)

Figura 69 - Hyspella sp.

Superfamília Curculionoidea

Família Curculionidae
Na Península Ibérica supõe-se que existam mais de 2000 espécies. São herbívoros, com uma
actividade principalmente diurna. Muitas espécies são polífagas, outras dependem apenas de uma ou
de poucas espécies de plantas para se alimentarem. Ocupam os mais variados habitats: prados,
campos, estepas, bosques, hortas, orlas marítimas. Alguns estão por toda a parte, desde a costa até às
montanhas, outros só existem em zonas montanhosas. Muitas espécies gostam do calor
(ZAHRADNÍK, 1990).

Subfamília Hylobiinae
Espécie presente na RNDSJ:
Hylobius abietis (Linnaeus, 1758)

Figura 70 - Hylobius abietis (Linnaeus, 1758)


Foto de Jürgen Kottmann.

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Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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Superfamília Scolytoidea

Família Scolytidae
Só em Espanha existem umas 150 espécies. A maioria das espécies vivem em coníferas,
menos em latifólios e só algumas vivem em herbáceas. Parecem estar associadas com uma ou poucas
plantas que lhes servem de alimento e só muito poucas espécies são polífagas. Habitam em bosques,
jardins, plantações de frutos, parques e avenidas, desde a costa até às montanhas (ZAHRADNÍK,
1990).

Sub-família Ipinae
Duas espécies presentes na RNDSJ, mas não identificadas.

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Ana Cristina Francisco Rufino
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5 - CONCLUSÃO

Para uma área de Reserva Natural com dimensões relativamente reduzidas


(aproximadamente 700 ha de área terrestre) e fortemente influenciada pelo Homem, com elevada
ocupação pelas acácias (Acacia sp. pl.) e pelo pinheiro-bravo (Pinus pinaster Aiton), a diversidade de
invertebrados encontrada é elevada.
Assim, uma das principais conclusões que se tira deste trabalho é que as poucas manchas de
vegetação dos charcos, folhosas e mistas, são zonas de elevada diversidade que convém conservar e
expandir; enquanto que as manchas de acacial são as zonas mais pobres. A substituição deste habitat
e o controlo das acácias nas restantes unidades de paisagem é, sem dúvida, uma acção vital para
promover e conservar a biodiversidade de invertebrados na RNDSJ.
Conforme é possível verificar, pelos mapas de distribuição das espécies mais abundantes
(Anexo 2) e pela lista de observações (Anexo 4), o esforço de campo implementado neste trabalho
foi bastante elevado. No entanto, as dificuldades encontradas na obtenção de chaves de identificação
ou em contactar especialistas fez com que muitos dos taxa não fossem identificados, ou tendo sido
identificados é necessária a confirmação por especialistas. Apesar de todos os problemas foi
encontrada uma espécie nunca antes descrita para Portugal (Spatalosminthurus lesnei Carl, in Denis,
1925), e talvez, mesmo, tenha sido descoberta uma nova espécie para a ciência (Entomobrya sp. n.e.)
(ANEXO 8), mas esta confirmação passa por um processo moroso. Devido à falta de listagens
anteriores de espécies de invertebrados desta área Natural poderão, ainda, ser descobertas muitas
espécies desconhecidas para Portugal, ou mesmo, novas espécies para a ciência. Nunca é demais
referir a importância desta área, em termos conservacionistas, dado o seu estatuto de Reserva
Natural e por apresentar características únicas de um sistema dunar, para a conservação da Natureza
em geral e dos invertebrados, em particular.
Parece importante dar continuidade ao projecto iniciado, de forma a garantir que todo o
esforço de trabalho realizado até ao momento seja valorizado, com a possibilidade de continuar o
trabalho de amostragem e garantir uma maior identificação das amostras já recolhidas. Na verdade, a
continuação deste trabalho permitirá que o esforço de aprendizagem inicial (que é necessário para
conhecer os diferentes grupos faunísticos) seja optimizado e que os contactos, já estabelecidos, com
as equipas nacionais e estrangeiras, ajudem a identificar e a resolver os problemas de identificação
associados a este tipo de trabalhos.

77
Inventariação das espécies de invertebrados presentes na RNDSJ
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ANEXOS

84
N

Corta.shp
Legenda
Acacial
Acacial com presença de Pinheiro bravo jovem e Samouco
Antigos terrenos agrícolas
Área com influência de água doce
Área com influência de água salobra
Área de apoio e serviços
Areia de praia
Espécies herbáceas
Folhosas
Folhosas com regeneração natural de Pinheiro bravo e arbustivas
Herbáceas com regeneração natural de Acacia sp.
Herbáceas e arbustivas com regeneração natural de Pinheiro bravo
Herbáceas e arbustivas com Samouco e regeneração natural de Pinheiro bravo
Outras folhosas
Pinheiro bravo
Pinheiro bravo com sobcoberto de Samouco e Acacia sp.
Pinheiro bravo disperso com Acacia sp. e Samouco
Pinheiro bravo disperso com Acacia sp., Samouco e Medronheiro
Pinheiro bravo disperso com regeneração de Acacia sp.
Pinheiro bravo jovem e Samouco com presença de Acacia sp.
Regeneração natural de Pinheiro bravo com arbustivas
Regeneração natural de Pinheiro bravo com arbustivas, Samouco e Acacia sp.
Resinosas com sobcoberto de Samouco, Acacia sp. e Camarinheira
Vegetação dunar 0

8
0
0

1
6
0
0

2
4
0
0
M
e
t
e
r
s
Anexo 1
Mapa das manchas de coberto vegetal da RNDSJ.
Anexo 2
Mapa com a localização das armadilhas “pitfall” na RNDSJ.
Anexo 3
Mapa de registos da amostragem por busca activa das aranhas Argiope lobata e Argiope brunnichi na
RNDSJ.
Anexo 4
Mapa de registos da amostragem por busca activa do colêmbolo Entomobrya sp.na RNDSJ.
Anexo 5
Mapa de registos da amostragem por busca activa do odonata Anax imperator na RNDSJ.
Anexo 6
Mapa de registos da amostragem por busca activa do odonata Sympetrum fonscolombo na RNDSJ.
Anexo 7
Mapa de registos da amostragem por busca activa do odonata Symperum sanguineum na RNDSJ.
Anexo 8
Mapa de registos da amostragem por busca activa do lepidoptero Colias croceus na RNDSJ.
Anexo 9
Mapa de registos da amostragem por busca activa do lepidoptero Leptotes pirithous na RNDSJ.
Anexo 10
Mapa de registos da amostragem por busca activa do lepidoptera Pararge aegeria na RNDSJ.
Anexo 11
Mapa de registos da amostragem por busca activa do diptero Thyridanthrax fenestrtus na RNDSJ.
Anexo 12
Mapa de registos da amostragem por busca activa do himenóptero Ammophila sabulosa na RNDSJ.
Anexo 13
Mapa de registos da amostragem por busca activa do coleóptero Melolontha melolontha na RNDSJ.
Anexo 14
Mapa de registos da amostragem por busca activa do coleóptero Tropinota hirta na RNDSJ.
Anexo 15
Mapa de registos da amostragem por busca activa do coleóptero Cccinella setempuctata na RNDSJ.
Anexo 16
Mapa de registos da amostragem por busca activa do coleóptero Hispella sp.na RNDSJ.

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