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DIREITO DOS TRATADOS

->PRINCÍPIOS
Pacta sunt servanda
● “Os pactos devem ser cumpridos”.

Ex consensu advenit vinculum


● “Do consentimento advém o vínculo [jurídico]”.

Pacta tertiis nec nocent nec prosunt


● “O pacto a terceiros não beneficia nem prejudica”.

->PACTA SUNT SERVANDA


Artigo 26
Pacta sunt servanda
Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa fé.

Artigo 27
Direito Interno e Observância de Tratados
Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o
inadimplemento de um tratado.

-Os tratados devem ser cumpridos, ainda que à custa do direito interno do Estado-parte.
-É qualificado pela boa-fé

->CONDIÇÕES DE VALIDADE
1. Agente capaz
2. Forma adequada
3. Objeto lícito
4. Vontade livre

1- AGENTE CAPAZ

-Chefes de Estado e de governo


● Possuem autoridade ilimitada e originária
● Sua competência independe do regime constitucional interno

-Plenipotenciários:
● Ministro das Relações Exteriores (Chanceler)
❖ Chefe da diplomacia do Estado
❖ Plenipotenciário de caráter especial
❖ Goza de presunção de sua qualidade de plenipotenciário
-Chefes de missões diplomáticas (para tratados bilaterais celebrados com o Estado
acreditado).

-Chefes de missões junto a Organizações Internacionais (para tratados com a respectiva OI).

-Chefes de delegações nacionais (para a fase negocial de um tratado em conferências


internacionais).

-Qualquer outra pessoa dotada de uma carta de plenos poderes.

-Teoria da Aparência:
Artigo 47, CVDT
Restrições Específicas ao Poder de Manifestar o Consentimento de um Estado.

Se o poder conferido a um representante de manifestar o consentimento de um Estado em


obrigar-se por um determinado tratado tiver sido objeto de restrição específica, o fato de o
representante não respeitar a restrição não pode ser invocado como invalidando o
consentimento expresso, a não ser que a restrição tenha sido notificada aos outros Estados
negociadores antes da manifestação do consentimento.

-Tratados celebrados por agente não autorizado pelo direito interno do Estado serão válidos e
vinculantes para aquele Estado.

-Esta regra visa a proteger o terceiro de boa-fé (no caso, os demais Estados que consentiram
como tratado)

-Exceção: terceiros Estados agem de má-fé

A vinculação do Estado não prejudica eventual responsabilização do agente na esfera interna


do Estado.

2- FORMA ADEQUADA

Os tratados podem ser:


● Solenes (ou longos): sua conclusão é composta por 3 fases:
❖ Negociação: inclui todas as fases de conclusão do tratado; termina com a
assinatura (consentimento prenunciativo)
❖ Internalização: procedimento interno de cada Estado-parte de incorporação ou
referendo do tratado negociado
❖ Ratificação: ato jurídico pelo qual o Estado manifesta seu consentimento
definitivo com o tratado
● Não-solenes (ou breves): tratados cuja conclusão depende apenas da 1a fase acima
❖ São finalizados com a assinatura do tratado
❖ Não é necessária sua internalização ou ratificação (neste caso, a ratificação é
imediata ou antecipada)
❖ Cabe ao direito interno de cada Estado definir quais tratados não dependerão
de aprovação congressual

3- OBJETO LÍCITO

Artigo 53, CVDT

Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens).

É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de
Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de
Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional
dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só
pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.

-Jus cogens:
● “Normas peremptórias de direito internacional geral (jus cogens) refletem e protegem
valores fundamentais da comunidade internacional, são hierarquicamente superiores
às demais normas de direito internacional e são universalmente aplicáveis.” (CDI)
● Estão associados à noção de “ordem pública internacional”
● Impõem limites ao poder de pactuar dos Estados
● Exemplos de normas de jus cogens (CDI):
❖ Proibição da agressão
❖ Proibição do genocídio
❖ Proibição de crimes contra a humanidade
❖ “Normas básicas” (basilares) de direito internacional humanitário
❖ Proibição da discriminação racial e do apartheid
❖ Proibição da escravidão
❖ Proibição da tortura
❖ O direito à autodeterminação

Jus cogens ≠ direitos humanos

4- VONTADE LIVRE

-Vícios de consentimentos:

● Erro (art. 48, CVDT): ocorre quando um Estado supõe equivocadamente existir um
fato ou situação que constitui base essencial de seu consentimento; o erro é decorrente
do próprio Estado prejudicado por ele;
● Dolo (art. 49, CVDT): ocorre quando um Estado induz, de má-fé, outra parte
contratante a celebrar um tratado de forma fraudulenta; é motivado por conduta de
terceiro;
● Corrupção de representante do Estado ou da OI (art. 50, CVDT): ocorre quando um
Estado corrompe um agente de outra parte contratante, levando-o a assinar um tratado
não pretendido pelo Estado por ele representado;
● Coação sobre representante (art. 51, CVDT): ocorre quando um Estado coage o
representante de outro Estado a assinar um tratado;
● Coação sobre o Estado (art. 52, CVDT): ocorre quando um Estado coage outro
Estado, através da ameaça ou do uso da força, a celebrar um tratado.

-> ENTRADA EM VIGOR

Artigo 24, CVDT

Entrada em vigor:
1. Um tratado entra em vigor na forma e na data previstas no tratado ou acordadas pelos
Estados negociadores.
2. Na ausência de tal disposição ou acordo, um tratado entra em vigor tão logo o
consentimento em obrigar-se pelo tratado seja manifestado por todos os Estados
negociadores.
3. Quando o consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado for manifestado
após sua entrada em vigor, o tratado entrará em vigor em relação a esse Estado nessa
data, a não ser que o tratado disponha de outra forma.
4. Aplicam-se desde o momento da adoção do texto de um tratado as disposições
relativas à autenticação de seu texto, à manifestação do consentimento dos Estados
em obrigarem-se pelo tratado, à maneira ou à data de sua entrada em vigor, às
reservas, às funções de depositário e aos outros assuntos que surjam necessariamente
antes da entrada em vigor do tratado.

- Contemporânea ao consentimento
● Quando o tratado entra em vigor imediatamente após a expressão definitiva do
consentimento
❖ Tratados não-solenes: momento da assinatura
❖ Tratados solenes: momento da ratificação (após aprovação legislativa)

-Deferida
● Quando as partes postergam a entrada em vigor (“vacatio legis”)
● Muito comum em tratados multilaterais
● Visa a garantir um espaço de tempo para que o ato seja internalizado e publicizado
internamente a fim de que o tratado entre em vigor simultaneamente nos planos
internacional e interno dos Estados-partes
Artigo 84, CVDT

Entrada em Vigor

1. A presente Convenção entrará em vigor no trigésimo dia que se seguir à data do


depósito do trigésimo quinto instrumento de ratificação ou adesão.

2. Para cada Estado que ratificar a Convenção ou a ela aderir após o depósito do
trigésimo quinto instrumento de ratificação ou adesão, a Convenção entrará em vigor
no trigésimo dia após o depósito, por esse Estado, de seu instrumento de ratificação
ou adesão.

Artigo 18, CVDT

Obrigação de Não Frustrar o Objeto e Finalidade de um Tratado antes de sua Entrada


em Vigor.

Um Estado é obrigado a abster-se da prática de atos que frustraram o objeto e a finalidade de


um tratado, quando:

a) tiver assinado ou trocado instrumentos constitutivos do tratado, sob reserva de ratificação,


aceitação ou aprovação, enquanto não tiver manifestado sua intenção de não se tornar parte
no tratado;

b) tiver expressado seu consentimento em obrigar-se pelo tratado no período que precede a
entrada em vigor do tratado e com a condição de não ser indevidamente retardada.

-> AMPLIAÇÃO DO NÚMERO DE ESTADOS-PARTES

-Assinatura diferida:
● Possibilidade de qualquer Estado assinar um tratado após sua conclusão, mas antes de
qualquer processo de autenticação de seu texto.

-Adesão:
● Processo pelo qual um Estado manifesta sua vontade de se tornar parte de um tratado
(aberto) já em vigor.
● O ato de adesão produz os mesmos efeitos que a assinatura e a ratificação.
● Os tratados podem vedar adesão, limitá-la por qualquer critério (p. ex.: circunscrição
geográfica) ou, ainda, impor condições à adesão.

-> EFEITOS SOBRE TERCEIROS ESTADOS

-Regra geral: princípio pacta tertiis


Artigo 34
Regra Geral com Relação a Terceiros Estados.
Um tratado não cria obrigações nem direitos para um terceiro Estado sem o seu
consentimento.

-Exceções:
Efeitos relativos (terceiro Estado é objeto do tratado) (arts. 35 e 36, CVDT):
● Um tratado pode estabelecer direitos e obrigações a terceiros Estados
● Em ambos os casos, o terceiro Estado deve aceitar o direito ou a obrigação
● No caso de direitos, a ausência de aceitação expressa implica anuência tácita
(presunção de aquiescência)
● Já no caso de obrigações, a ausência de aceitação expressa significa não
consentimento
-Efeitos aparentes:
● Quando um Estado é beneficiado por um tratado celebrado entre outros 2 Estados por
força de um tratado prévio celebrado com um deles
❖ O novo tratado não produz efeitos jurídicos para o terceiro Estado, mas
funciona como mero fato que lhe ativa um direito previsto em tratado prévio
(do qual ele – terceiro Estado – é parte)
❖ P. ex.: cláusula de nação mais favorecida
❖ O novo tratado não produz efeitos jurídicos para o terceiro Estado, mas
funciona como mero fato que lhe ativa um direito previsto em tratado prévio
(do qual ele – terceiro Estado – é parte)

- Efeitos difusos:
● São aqueles tratados que criam regimes jurídicos objetivos(ou situações objetivas):
❖ P. ex.: tratados de limites/fronteiras e tratados sobre navegação entre Estados
condôminos de águas interiores
● Neste caso, mesmo terceiros Estados são obrigados a aceitar e obedecer esses
tratados.

-> INTERPRETAÇÃO

-Tipos:
● Autêntica: feita pelos próprios Estados-partes em conjunto
● Não autêntica: feita por um Estado-parte (individualmente) ou por quaisquer outros
órgãos (inclusive pela CIJ), internacionais ou estatais

-Princípios:
● Literalidade do texto: os tratados devem ser interpretados com base nos seus textos.
● Sentido natural e corrente: palavras e expressões devem ser interpretadas com o seu
sentido normal, natural e corrente de acordo com o contexto em que se inserem
● Integração: interpretação sistemática (interna e externa)
● Efetividade: os tratados devem ser interpretados de acordo com seus objetivos e
finalidades declarados ou aparentes; em caso de dúvida, deve ser aplicada a
interpretação que garanta o maior efeito possível às disposições convencionais.
● Prática ulterior: a prática dos Estados posterior à entrada em vigor do tratado pode ser
levada em consideração na interpretação de seus dispositivos
● Contemporaneidade: palavras e expressões devem ser interpretadas de acordo com o
seu uso linguístico corrente no momento da conclusão do tratado.

Artigo 31, CVDT


Regra Geral de Interpretação

1. Um tratado deve ser interpretado de boa fé segundo o sentido comum atribuível aos termos
do tratado em seu contexto e à luz de seu objetivo e finalidade.

2. Para os fins de interpretação de um tratado, o contexto compreenderá, além do texto, seu


preâmbulo e anexos:
a) qualquer acordo relativo ao tratado e feito entre todas as partes em conexão com a
conclusão do tratado;

b) qualquer instrumento estabelecido por uma ou várias partes em conexão com a conclusão
do tratado e aceito pelas outras partes como instrumento relativo ao tratado.

3. Serão levados em consideração, juntamente com o contexto:

a) qualquer acordo posterior entre as partes relativo à interpretação do tratado ou à aplicação


de suas disposições;

b) qualquer prática seguida posteriormente na aplicação do tratado, pela qual se estabeleça o


acordo das partes relativo à sua interpretação;
c) quaisquer regras pertinentes de Direito Internacional aplicáveis às relações entre as partes.

4. Um termo será entendido em sentido especial se estiver estabelecido que essa era a
intenção das partes.

-Critérios ou métodos:
● Literal: interpretação do sentido comum das palavras
● Contextual: análise do contexto das palavras e do próprio tratado
❖ Obs.: interpretação sistemática (art. 31(3)(c))
● Teleológico: investigação do objeto e dos propósitos do tratado

-Meios suplementares (art. 32, CVDT):


● Trabalhos preparatórios (drafts ou travaux préparatoires): consiste em analisar a
história da norma e as discussões travadas durante as negociações (mens legislatoris)
● Circunstâncias: exame das circunstâncias em que o tratado foi negociado e concluído

-Conflito entre textos autênticos:


● Ocorre quando o tratado possui mais de um texto autêntico em línguas diferentes
● Formas de solução:
❖ Interpretação teleológica: análise do objeto e dos propósitos do tratado
❖ “Efeito útil”: busca encontrar.

-> MODIFICAÇÃO

-Antes da vigência:
-Reserva:
Artigo 2, CVDT
Expressões Empregadas

1. Para os fins da presente Convenção: (...)


d)“reserva” significa uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou denominação,
feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo
de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse
Estado

Artigo 19, CVDT


Formulação de Reservas

Um Estado pode, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, formular
uma reserva, a não ser que:
a) a reserva seja proibida pelo tratado;
b) o tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas, entre as quais não
figure a reserva em questão;
ou
c) nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja incompatível com o objeto e a
finalidade do tratado.

-Antes da vigência:
Reserva:
● É uma declaração unilateral por meio da qual um Estado “exclui pura e simplesmente
do seu compromisso as disposições que não merecem a sua concordância, ou que
entende atribuir-lhes, no que lhe diz respeito, um significado particular, suscetível de
sua aceitação.” (Dinh, Daillier e Pellet)
● É um qualificador do consentimento expressado pelo Estado
● Pode ser formulada tanto no momento da assinatura (consentimento prenunciativo)
quanto no momento da ratificação ou adesão (consentimento definitivo)
● Apenas tratados multilaterais podem ser objeto de reserva
● O próprio tratado pode vedar a formulação de reservas ao seu texto, no todo ou em
parte
● As reservas, mesmo que, a princípio, não vedadas, devem estar em conformidade com
os propósitos, objeto e finalidade do tratado
❖ v. Opinião Consultiva da CIJ sobre Reservas à Convenção para Prevenção e
Punição do Crime de Genocídio

-Efeitos (lógica relacional) (art. 21, CVDT):


● O tratado entra em vigor, excluindo-se ou modificando-se as cláusulas que foram
objeto de reserva, entre o Estado que as formulou e os Estados que as aceitaram
● Não se modificam as relações entre os demais Estados-partes entre si
● O Estado que não aceitar as reservas é livre para definir se considera o tratado em
vigor com relação ao Estado que formulou as reservas:
❖ Regra geral: a objeção a uma reserva não impede a entrada em vigor entre os
Estados, excluindo-se ou modificando-se as cláusulas objeto da discussão na
medida da reserva
❖ Exceção: o Estado que não aceitou a reserva pode, de maneira expressa, se
opor à entrada em vigor do tratado com relação ao Estado que as formulou

Artigo 22

Retirada de Reservas e de Objeções às Reservas

1. A não ser que o tratado disponha de outra forma, uma reserva pode ser retirada a
qualquer momento, sem que o consentimento do Estado que a aceitou seja necessário
para sua retirada.

2. A não ser que o tratado disponha de outra forma, uma objeção a uma reserva pode
ser retirada a qualquer momento.

3. A não ser que o tratado disponha ou fique acordado de outra forma:


a) a retirada de uma reserva só produzirá efeito em relação a outro Estado contratante
quando este Estado receber a correspondente notificação;

b) a retirada de uma objeção a uma reserva só produzirá efeito quando o Estado que
formulou a reserva receber notificação dessa retirada.

-Declaração interpretativa:
● Não está prevista na CVDT
● Declaração unilateral por meio da qual um Estado expõe como entende
(interpreta) uma determinada obrigação constante no tratado
● Tem caráter meramente explicativo
● Somente é possível em tratados multilaterais
● Pode ser feita no momento da assinatura, ratificação ou adesão
● Outros Estados podem aderir a essa declaração interpretativa, hipótese em que
ela passa a ser chamada de acordo interpretativo

-Declaração interpretativa x reserva:


Reserva: altera o escopo da obrigação convencional; precisa do consentimento
dos demais Estados contratantes.
Declaração interpretativa: objetiva apenas expor como o Estado interpreta a
obrigação com a qual consentiu; em regra, não demanda concordância dos demais
Estados contratantes.

-Depois da vigência

Revisão:
● Procedimento de modificação geral do tratado
● Salvo disposição expressa em contrário, demanda unanimidade entre os
Estados contratantes
❖ Caso seja admitida a revisão por maioria, o texto revisado não
será aplicável aos Estados recalcitrantes, aplicando-se o texto
não revisado.

Emenda:
● Procedimento de modificação parcial do tratado
● Pode reduzir, excluir ou acrescentar obrigações ao tratado
● Deve seguir os mesmos procedimentos (nacionais) de conclusão dos tratados
● A emenda valerá para todos os Estados que a propuserem e a aceitarem

Costume superveniente:
● Esta possibilidade não foi incluída no texto final da CVDT
● Contudo, é uma hipótese admitida atualmente

Jus cogens superveniente:


● O texto final da CVDT apenas prevê a extinção de um tratado que conflite
com norma de jus cogens superveniente (art. 64).
● Entretanto, é possível que essa norma imperativa conflite com apenas parte de
um tratado, o que resultaria em sua modificação, e não em sua completa
extinção.

-> EXTINÇÃO E SUSPENSÃO


Extinção (art. 70, CVDT):
Efeito exclusivamente negativo
O tratado perde sua vigência e deixa de produzir efeitos
Extingue as obrigações decorrentes do tratado
Não afeta direitos, obrigações e situações jurídicas criados pela execução do tratado
antes de sua extinção

-Suspensão (art. 72, CVDT):


● O tratado continua em vigor, mas suas normas deixam temporariamente de produzir
efeitos.
● Libera as partes entre as quais a execução do tratado está suspensa da obrigação de
cumprir o tratado nas suas relações mútuas durante o período de suspensão
● Não afeta as relações jurídicas estabelecidas entre as partes
● Durante o período de suspensão, as partes devem se abster de praticar atos tendentes a
obstruir o reinício da execução do tratado.

-Pela vontade das partes:


Cláusula resolutória:
● Termo: extingue o tratado em um determinado momento
● Condição: extingue o tratado em determinada situação
Extinção pela execução: ocorre quando um tratado é adimplido
Vontade comum: ocorre quando os Estados-partes acordam em
extinguir (ab-rogação) ou suspender um tratado
Tratado posterior: ocorre quando um tratado expressa ou
tacitamente suspende a execução ou extingue um tratado anterior

-Denúncia (art. 56, CVDT):


● Retirada unilateral de um tratado
● Extingue os tratados bilaterais
● Nos tratados multilaterais, representa apenas a retirada do Estado denunciante
(recesso)
● Salvo disposição em contrário, múltiplas denúncias de modo que o tratado passe a
contar com um número de Estados-partes inferior ao mínimo estabelecido para sua
entrada em vigor não implica extinção do tratado (art. 55)
● Geralmente, é estabelecido um “período de carência” entre a notificação da denúncia
e a efetiva retirada do Estado denunciante.

-Por circunstâncias não previstas no tratado:


Inexecução faltosa (exceptio/terminatio non adimplet) (art. 60, CVDT):
❖ Ocorre quando um Estado viola substancialmente um tratado
❖ Nesse caso, outra parte contratante pode invocar essa violação como
causa de suspensão ou extinção da execução do tratado no todo ou em
parte.

● Revogação: por costume ou norma de jus cogens superveniente


● Desaparecimento do objeto: ocorre quando o objeto do tratado desaparece ou é
perdido, tornando impossível o cumprimento da obrigação convencional
Cláusula rebus sic stantibus (art. 62, CVDT):
● Teoria da imprevisão
● Aplica-se quando fatos imprevistos ou imprevisíveis alteram fundamentalmente as
circunstâncias existentes durante a fase de negociações de modo a tornar o
adimplemento do tratado demasiadamente oneroso para uma das partes.
● Visa a resguardar o equilíbrio (sinalagma) entre as partes.

● Condições:
❖ A alteração das circunstâncias deve ser fundamental (i.e., as circunstâncias
alteradas devem ter constituído base essencial do consentimento do Estado a
se vincular ao tratado)
❖ A alteração deve ter por efeito a transformação radical do alcance das
obrigações
● Exceções:
❖ Tratados de limites/fronteiras
❖ Quando o próprio Estado prejudicado provocou a alteração das circunstâncias em
violação a normas de direito internacional (fortuito interno).

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