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5 - O sistema legislativo do Código Civil de 2002 consagra a tutela da 

sucessão
legítima, da quota de 50% do patrimônio de determinada pessoa em favor de seus
herdeiros necessários. Se o testador dispuser além da proteção da legítima, a disposição
somente será eficaz nos limites de sua metade, ocorrendo, assim, a redução
testamentária. (art. 1.967 do CC). O remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos,
respeitada a ordem de vocação hereditária (art. 1.966 do CC), por meio de uma ação
judicial, de rito ordinário, chamada de ação de redução. O excesso cometido pelo
testador não enseja nulidade testamentária, atinge apenas sua eficácia.
Como primeira regra da redução testamentária, se as disposições testamentárias
excederam a porção disponível, serão proporcionalmente reduzidas as quotas do
herdeiro ou herdeiros instituídos, até onde baste, e, não bastando, também os legados, na
proporção do seu valor.
A medida vale para o testamento anterior à vigência do novo Código Civil, que
“se submeterá à redução prevista no § 1.º do art. 1.967 naquilo que atingir a porção
reservada ao cônjuge sobrevivente, que foi elevado à condição de herdeiro necessário”,
conforme Enunciado n. 118 da I Jornada de Direito Civil. Ao plano da eficácia, devem
ser aplicadas as regras do momento da produção dos efeitos do ato ou negócio jurídico.
Na segunda regra fundamental da redução testamentária, temos que, o testador,
prevenindo a possibilidade de redução, pode dispor que os valores sejam reduzidos de
uma das pessoas, entre os herdeiros e legatários, observando-se, a seu respeito, a ordem
estabelecida na regra anterior, a qual é de ordem privada, pois o testador pode estipular
como deve ser feita a redução.
Se o legado é bem imóvel, o art. 1.968 dispõe que, quando consistir em prédio
divisível, a redução testamentária será proporcional, de acordo com o número de
beneficiados. Mas se a divisão não foi possível, há duas situações: se o excesso do
legado superar 1/4 do valor do prédio, o legatário deixará inteiro na herança o imóvel
legado, mas tem o direito de pedir aos herdeiros o valor que couber na parte disponível.
Se o excesso não superar 1/4, aos herdeiros fará tornar em dinheiro o legatário, que
ficará com o prédio (art. 1.968, § 1.º, do CC). 
A revogação constitui um ato unilateral de vontade, visando à extinção de um
determinado ato ou negócio jurídico, situando-se no plano da sua eficácia, o que não se
confunde com nulidade absoluta ou relativa do testamento, que se situam no seu plano
da validade.
Dispõe o art. 1.969 do Código Civil que o testamento pode ser revogado
expressamente pelo mesmo modo e forma como pode ser feito. Contudo, é possível
revogar um testamento público ou cerrado por outro testamento particular, e vice-versa,
com ampla variação e liberdade de forma na revogação. Não há exigência de que o
testamento revocatório use a mesma forma do anterior. Vale destacar que declaração de
vontade formalizada pelo testador a posteriori, mediante simples escritura pública, não
revoga testamento.
Quanto ao modo, a revogação do testamento pode ser expressa, com declaração
de vontade, ou tácita, quando houver um novo testamento em claro conflito com o
anterior ou dispor do mesmo conteúdo do anterior.
Quanto à extensão, a revogação do testamento pode ser total ou parcial,
conforme se retira do art. 1.970, caput, do CC/2002. Na revogação parcial ou no caso de
o testamento posterior não conter cláusula revogatória expressa, o anterior subsistirá em
tudo o que não for contrário ao posterior, o que privilegia o princípio da conservação do
negócio jurídico. Admite-se a revogação parcial tácita, mas não pode haver dúvidas
quanto à sua existência.
A revogação produzirá efeitos, mesmo quando o testamento, que a encerra, vier
a caducar por exclusão, incapacidade ou renúncia do herdeiro nele nomeado. Porém,
não valerá a revogação, não gerando efeitos, se o testamento revogatório for anulado
por omissão ou infração de solenidades essenciais ou por vícios intrínsecos.
O testamento cerrado que o testador abrir ou dilacerar, ou for aberto ou
dilacerado com seu consentimento, será tido como revogado (art. 1.972 do CC). Há uma
revogação tácita total. 
A doutrina atual considera o rompimento do testamento como uma revogação
presumida, ficta ou legal. O testamento não terá efeito quando o testador não tem
descendente e lhe sobrevém um descendente sucessível, ou quando o testador tem
descendente, mas não sabia que tinha, e o descendente aparece. O entendimento é que o
testador não disporia dos seus bens se tivesse descendente ou se soubesse que o tem, ou,
ao menos, não teria decidido daquele modo. A questão é a perda da eficácia do
testamento.
Conforme disposto  no Enunciado n. 643, aprovado na VIII Jornada de Direito
Civil (2018): “o rompimento do testamento (art. 1.973 do Código Civil) se refere
exclusivamente às disposições de caráter patrimonial, mantendo-se válidas e eficazes as
de caráter extrapatrimonial, como o reconhecimento de filho e o perdão ao indigno”.
O art. 1.973 dispõe: Sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não o
tinha ou não o conhecia quando testou, rompe-se o testamento em todas as suas
disposições, se esse descendente sobreviver ao testador.
Mas jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça aponta que nem sempre
ocorrerá o rompimento do testamento. “O art. 1.973 somente tem incidência se, à época
da disposição testamentária, o falecido não tivesse prole ou não a conhecesse,
mostrando-se inaplicável na hipótese de o falecido já possuir descendente e sobrevier
outro(s) depois da lavratura do testamento”. Por exemplo, se o testador com
descendentes tomou conhecimento de descendente superveniente ao testamento, e
quisesse beneficiá-lo, teria alterado para incluir o novo herdeiro, ou deixaria mais bens
disponíveis à sucessão hereditária. Se não o fez é porque não quis, e sua vontade deve
ser preservada.
O STJ também entende que o testamento não deveria ser rompido no caso de
adoção post mortem realizado pelo testador. A jurisprudência do STJ mostra que o art.
1.973 do Código Civil não deverá ser aplicado, quando já houver o resguardo da
legítima de herdeiro. 
Conforme o art. 1.974, “Rompe-se também o testamento feito na ignorância de
existirem outros herdeiros necessários”. O dispositivo complementa o art. 1973 e
contempla os ascendentes e o cônjuge (no caso de o testador achar que eles tivessem
morrido). Como o Supremo Tribunal Federal equiparou a união estável ao casamento
para todos os fins sucessórios, em 2017, há uma corrente minoritária que inclui o
companheiro no art. 1.974.
Por fim, conforme o art. 1.975 do Código Civil, não se rompe o testamento se o
testador dispuser da sua metade, não contemplando os herdeiros necessários de cuja
existência saiba, ou quando os exclua dessa parte.

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