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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Lincoln Nogueira Marcellos

Guarulhos: o projeto de cidade global, a reestruturação do espaço


urbano e seu impacto sobre a identidade de Guarulhos.

DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

SÃO PAULO
2012
ii

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO


PUC-SP

Lincoln Nogueira Marcellos

Guarulhos: o projeto de cidade global, a reestruturação do espaço


urbano e seu impacto sobre a identidade de Guarulhos.

DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia


Universidade Católica de São Paulo, como exigência
parcial para obtenção do título de Doutor em Ciências
Sociais, linha de pesquisa: Produção Simbólica e
Reprodução Cultural, sob a orientação da Profa. Doutora
Josildeth Gomes Consorte.

SÃO PAULO
2012
ERRATA

Folha Linha Onde se lê Leia-se

25 18 será foi
25 22 buscar-se-á buscou-se
35 11 “cidade-mercadoria” “cidade-mercadoria”
inevitáveis demonstram
demonstram
42 12 principal ícone principal responsável
responsável
44 1 Buenos Aires Ipanema
44 7 em Buenos Aires, na em Ipanema, na cidade
região central da do Rio de Janeiro.
cidade.
59 19 Paulistano Paulista
60 4 2,36% ao ano 1,31% ao ano
88 1 Municípios Município
89 9 Total Parcial
89 9 gênero sexo
125 3 o grande lapso a diferença
163 1 estão sendo podem estar sendo
promovidas por uma promovidas por uma
classe dominante que classe dominante com
gostaria de provocar a o objetivo de
desterritorialização de desterritorializar
173 3 17 25
232 9 referencial teórico referencial teórico e
sobre estudo empírico sobre
234 10 o espaço urbano o espaço urbano foi
guarulhense foi transformado
transformado
234 10 Nas palavras de Henri O espaço
Lefebvre (1996), o
espaço
255 2 questionário roteiro
ERRATA – RESUMO

Folha Linha Onde se lê Leia-se


ix 6 foi possível analisar as mudanças foi possível analisar a percepção do
simbólicas na cidade pelo poder morador de Guarulhos em relação ao
público a partir da criação do projeto projeto
de revitalização no ano de 2002 e a
percepção do morador de Guarulhos
em relação a este projeto
ix 12 após sua modificação, e investigar seu após sua modificação. Foi possível,
sentimento ademais, investigar seu sentimento

ERRATA – ABSTRACT

Folha Linha Onde se lê Leia-se


x 6 From the survey data it was possible to From the survey data it was possible to
analyze the symbolic changes analyze the perception of people
promoted by the city government
since the creation of the revitalization
project in 2002 and the perception of
people

ERRATA – RÉSUMÉ

Folha Linha Onde se lê Leia-se


ix 6 Pour la collecte des données a été Pour la collecte des données a été
possible d'analyser les changements possible d’enquêter sur la redéfinition de
symboliques promues par le l´espace du point de vue de la population
gouvernement de la ville depuis la après sa modification, et d´enquêter sur
création du projet de revitalisation de leur sentiment d´appartenance à la
la perception 2002 et résident de même.
Guarulhos dans le cadre de ce projet
de consolidation d'un nouvel espace
public central arrière pour les intérêts
de capitaux internationaux et la
création d'une ville mondiale et
d'enquêter sur la réinterprétation de
ce domaine à travers les yeux de la
population après sa modification, et
d'enquêter sur leur sentiment
d'appartenance à elle.
iii

Banca Examinadora

________________________________________

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iv

Sempre chega a hora em que descobrimos


que sabíamos muito mais do que antes julgávamos.
José Saramago
v

À minha esposa, meu eterno


amor, Christiane.

Ao meu filho Lorenzo


Marcellos, grande homem,
papai ama você!
vi

Agradecimentos

Gostaria em primeiro lugar de agradecer ao Programa de Pós-graduação em


Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, assim
como todos os funcionários desta instituição, sempre atenciosos, e ao corpo
docente que sempre tanto contribuiu para minha base informacional e
técnica.

Gostaria, em tempo, de agradecer ao Ministério da Educação do Brasil


(MEC) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –
CAPES - pela bolsa concedida no período entre 2009 e 2011, relevante para
o financiamento desta pesquisa, sem a qual não seria possível a consecução
deste trabalho.

Agradeço à minha orientadora e amiga Professora Dra. Josildeth Gomes


Consorte, por ser pessoa íntegra e cúmplice em todos os momentos do
desenvolvimento deste trabalho. Detentora de um conhecimento
extraordinário orientou e enriqueceu o estudo com atenção, empenho e
dedicação. Devo-lhe externar meu sentimento de infinda gratidão pelo
trabalho desenvolvido.

Aos professores componentes de minha banca de qualificação Dra. Ana


Amélia da Silva e Dra. Lúcia Maria Machado Bógus pelas pertinentes
considerações e sugestões para a produção deste trabalho.

A toda minha família, em especial aos meus pais Mario e Oladir e ao meu
irmão Mario, que sempre prestigiaram este trabalho.

À Dra. Flávia Silva Ferreira W ildzeiss, amiga especial, que tanto contribuiu
para a conclusão deste trabalho, aproveito a oportunidade para agradecer ao
vii

seu esposo, o grande professor José W ildzeiss Neto por ser solícito e
íntegro quanto às análises que envolveram este estudo.

Aos amigos acadêmicos: Robson Pereira dos Santos, Professor Fernando


Cezar Leandro Scramim, Professora Denise Luciana Rieg, Professor Laércio
Alves Nogueira, Professora Flávia, Professor Cido, Professora Sônia Álvarez,
Professora Fernanda Thomaz Maza e Professor Ronaldo Palaia pelo
incentivo dado ao projeto.

Aos meus amigos do mestrado: Conceição Aparecida Kaspar, Helio


Giocondo Piazzi Filho, Marcelo Okano, Alcir Gomes das Neves e Valdivo
Begali.

Aos meus amigos de tempo: Daniel Marotti Corradi (Dennet), Renato


Pelissaro (estendo ao seu filho Gustavo), Maurício Kenithi Moriyama, Cláudio
Rosa Araújo, Marcelo Daniliauskas, Bruno Henrique Gouveia dos Santos,
Felipe Gouveia dos Santos, Vinícius Moreno (Burn), Octávio Iacobelli Neto
(Netinho) e Tio W illiam.

Aos meus outros amigos: Danielzinho Ridari, Maurício (Francisco), Murilo


Fulep, Emerson Juliato, Fernando Merlini, Fernando Mysf yts, Humberto
Frederico (Humb), Daniel de Oliveira Andrade (Tio Nonô), Domingos Antonio
do Nascimento Júnior, Antonio Carlos Fernandes de Oliveira (Carlão) e
Eduardo Augusto Rafael (Dudu).

Aos amigos que já partiram: Maurício Mângia e Islan Tadeu Dantas.

Às generosas depoentes Chisako Kameoka (Maria Rita) e Elení Cavalcante,


pela gentileza e dedicação a qual foram submetidas ao transmitir
informações importantes sobre o cotidiano e sobre as respectivas relações
com o espaço público da cidade de Guarulhos.
viii

A todos os demais depoentes, solícitos e atenciosos em todos os momentos


da pesquisa.

Aos simpáticos senhores Ivo e Marta Cristina, moradores de Brusque, pela


gentileza em conceder informações para o término deste trabalho.

À Prefeitura do Município de Guarulhos, à Secretaria de Desenvolvimento


Econômico do Município e à Diretoria de Turismo vinculada a esta
Secretaria, na figura da gestora Josefa Leôncio.

Por fim gostaria de agradecer ao Centro Paula Souza, ao Centro


Universitário Fundação Santo André e ao Centro Universitário Senac por
sempre colaborarem com o estudo.

Também agradeço a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a


consecução deste trabalho, direta ou indiretamente.
ix

Resumo

O objetivo deste estudo é verificar se a população da cidade de Guarulhos,


no Estado de São Paulo, está identificada com o projeto de revitalização do
centro da cidade iniciado pela Prefeitura na década de 2.000. A metodologia
que foi utilizada na pesquisa é exploratória com o delineamento documental
em estudo de campo e entrevistas semi-estruturadas. A partir do
levantamento de dados foi possível analisar as mudanças simbólicas
promovidas na cidade pelo poder público a partir da criação do projeto de
revitalização no ano de 2002 e a percepção do morador de Guarulhos em
relação a este projeto de consolidação de um novo espaço público central
voltado aos interesses do capital internacional e à criação de uma cidade
global e investigar a ressignificação deste espaço pela ótica da população
após sua modificação, e investigar seu sentimento de pertencimento ao
mesmo. Para tanto foi necessário explorar a historia do município, a
concepção de identidade, a formação das “cidades-mercadorias” e do
empreendedorismo urbano. Para a realização das entrevistas semi-
estruturadas foram utilizados ícones (fotos) para a localização e
identificação dos depoentes em relação às transformações experimentadas
pelo espaço público central da cidade de Guarulhos.

Palavras-chave: Guarulhos; revitalização; espaço público; cidades-


mercadorias; empreendedorismo urbano
x

Abstract

The aim of this study was to verify whether the population of the Guarulhos
city, in Sao Paulo State, is identified with the project to revitalize the city
center initiated by the city in the decade of 2000. The methodology that was
used in exploratory research is the design document in field studies and
semi-structured interviews. From the survey data it was possible to analyze
the symbolic changes promoted by the city government since the creation of
the revitalization project in 2002 and the perception of people who live in
Guarulhos in relation to this project of consolidating a new central public
space facing to the interests of international capital and the creation of a
global city and to investigate the reinterpretation of this area through the
eyes of the population after its modification, and investigate their sense of
belonging to it. Therefore, it was necessary to explore the history of the city,
the concept of identity, the formation of "city-goods" and urban
entrepreneurialism. To carry out the semi-structured interviews were used
icons (pictures) for the location and identification of witnesses in relation to
the changes experienced by the central public space of Guarulhos city.

Keywords: Guarulhos, revitalization, public space, city-goods; urban


entrepreneurialism
xi

Résumé

L'objectif de cette étude est de vérifier si la population de la ville de


Guarulhos, Etat de Sao Paulo, est identifié avec le projet de revitalisation du
centre-ville initié par la Ville dans la décennie de 2000. La méthodologie qui
a été utilisé dans la recherche exploratoire est le document de conception
des études de terrain et entretiens semi-structurés. Pour la collecte des
données a été possible d'analyser les changements symboliques promues par
le gouvernement de la ville depuis la création du projet de revitalisation de la
perception 2002 et résident de Guarulhos dans le cadre de ce projet de
consolidation d'un nouvel espace public central arrière pour les intérêts de
capitaux internationaux et la création d'une ville mondiale et d'enquêter sur
la réinterprétation de ce domaine à travers les yeux de la population après sa
modification, et d'enquêter sur leur sentiment d'appartenance à elle. Par
conséquent, il était nécessaire d'étudier l'histoire de la ville, le concept de
l'identité, la formation des «villes-produits" et de l'entreprenariat en milieu
urbain. Pour mener à bien les entretiens semi-structurés ont été utilisés
icônes (images) pour la localisation et l'identification des témoins en relation
avec les changements vécus par l'espace public central de la ville de
Guarulhos.

Mots-clés: Guarulhos, la revitalisation, l'espace public, villes-produits;


entrepreneurialisme urbain
xii

Lista de Siglas

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia Econômica


PMG – Prefeitura Municipal de Guarulhos
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
CECAP – Companhia Estadual de Casas para o Povo
xiii

Lista de Ilustrações

Figura 1 – Hotel Ceasar Park Guarulhos e Hotel Caesar Park


Buenos Aires (2000) 44
Figura 2 – Rua de Guarulhos, ao fundo a capela de Nossa
Senhora da Conceição – Ano 1910 após a chegada da energia
elétrica 53
Figura 3 – Bandeira de Guarulhos 58
Figura 4 – Parque Cecap – (2011) 65
Figura 5 – Rodovia Presidente Dutra (Guarulhos) – Década
2000 70
Figura 6 – Terminais Aéreos do Aeroporto Internacional de
Guarulhos – 2005 77
Figura 7 – Terminais Aéreos do Aeroporto Internacional de
Guarulhos 79
Figura 8 – Atividades comerciais em Guarulhos e o Aeroporto 82
Figura 9 – Pagina da Prefeitura de Guarulhos na W orld W ide
W eb – 2007 83
Figura 10 – Bairros de Guarulhos 88
Figura 11 – Mapa de zoneamento instituído pelo plano
diretor de desenvolvimento urbano, econômico e social 91
Figura 12 – Legenda das Zonas de uso de acordo com o Plano
Diretor de 2004 92
Figura 13 – Mapeamento das Zonas de uso de acordo com o
Plano Diretor de 2004 93
Figura 14 – Passeios com guias rebaixadas e piso tátil para
pessoas com deficiência 110
Figura 15 – Utilização do sistema “traffic calming” para
redução de velocidade veicular 112
xiv

Figura 16 – Revitalização do comércio ambulante no centro


de Guarulhos 122
Figura 17 – Antiga Igreja Nossa Senhora do Rosário dos
Homens Pretos 126
Figura 18 – A nova Igreja do Rosário antes da Revitalização 127
Figura 19 – A nova Igreja do Rosário após a Revitalização 128
Figura 20 – Revitalização do córrego dos japoneses e
dos cavalos 130
Figura 21 – Novas faixas passantes para pedestres 132
Figura 22 – Introdução de semáforos com temporizador
Luminoso 133
Figura 23 – Intensificação das rondas das assistentes
sociais para desocupação de moradores “de rua” na região
central da cidade 135
Figura 24 – Novo calçadão nos fundos da Igreja do Rosário 136
Figura 25 - Sinalizações Turísticas em Guarulhos 138
Figura 26 – Busto da praça IV centenário 140
Figura 27 – Construção da Ponte Estaiada “Cidade de Guarulhos” 141
Figura 28 – Bosque Maia – Região central de Guarulhos 144
Figura 29 – Área do Parque Cecap que abriga o novo “Terminal
Turístico” 147
Figura 30 – Protótipo do Terminal Turístico Rodoviário da
Cidade de Guarulhos 149
Figura 31 – Mapeamento das modificações no Espaço Público 154
Figura 32 – McDonald´s instalado no cruzamento da Avenida
Tiradentes com a Avenida Paulo Faccini 158
Figura 33 - Mensagens de Natal com dizeres em idiomas
diversos 161
xv

Figura 34 – Outdoor eletrônico instalado na Avenida Paulo


Faccini 165
Figura 35 – Divisão Administrativa de Guarulhos para a
geolocalização dos depoentes 186
Figura 36 – Córrego dos Cubas entre o Parque Renato Maia e a
Vila Rio de Janeiro 195
Figura 37 – Faixa de pedestre na cidade de Giulianova (Itália) 199
Figura 38 - Cruzamento das Avenidas Juscelino Kubitschek e
Jurema no bairro Pimentas 202
Figura 39 – Guarita da guarda municipal alocada na praça IV
Centenário 206
Figura 40 - Foto da ótica de propriedade da depoente Eleni
Cavalcante, localizada na Rua Luiz Faccini no centro da cidade
de Guarulhos 217
xvi

Lista de quadros

Quadro 1 – População e gênero dos bairros em Guarulhos


(Total) 89
xvii

Sumário

Introdução 22

Capítulo 1 – A formatação do espaço urbano guarulhense 29


1.1O espaço urbano guarulhense 29
1.2 A cidade-mercadoria 35
1.3 Imaginário 37
1.4 Referências identitárias na busca por uma identidade global 40

Capítulo 2 - A cidade, a identidade e a contextualização


histórica de Guarulhos 47
2.1 - A Cidade e sua transformação 47
2.2 – A cidade de Guarulhos 51
2.3 – O Parque Cecap 64
2.4 – Via Dutra 69
2.5 – O Aeroporto de Guarulhos 71
2.6 – Avaliação estratégica da cidade de Guarulhos 84
2.7 – Demografia e mapa de zoneamento 89
2.8 – A Identidade de Guarulhos e as representações registradas
Pelos moradores sobre a cidade, na mídia local 94

Capítulo 3 - Alterações no espaço público na região


central de Guarulhos 103

3.1 – Espaço Público 103


3.2 - Fundamentos legais para a revitalização do centro e
remodelação do espaço central urbano 107
3.3 - Revitalização do centro 121
xviii

3.4 - Praça do Rosário – Rua João Gonçalves – Centro 124


3.5 - Revitalização da Avenida Tiradentes 129
3.6 - Pintura de novas faixas passantes para pedestres 131
3.7 - Introdução de semáforos com temporizador luminoso 133
3.8 - Retirada de transeuntes “mendigos” 134
3.9 - Espaço apropriado para acomodação e legalização da feira
popular 136
3.10 - Sinalizações turísticas bilíngües 137
3.11 - Revitalização da praça IV centenário e da Praça Getúlio
Vargas 139
3.12 - Criação da Ponte Estaiada - nova entrada para o centro
da cidade 141
3.13 - Regulamentação para utilização do espaço público do
Bosque Maia 143
3.14 - Retirada de placas indicativas de obras 144
3.15 - Inauguração de balcões de turismo no aeroporto
internacional 145
3.16 - Terminal rodoviário turístico de Guarulhos 146
3.17 - Criação de website voltado ao turismo corporativo 150
3.18 - Projeto para criação de um Autódromo 151
3.19 - Projeto para a criação de um centro de convenções
e eventos municipal 153
3.20 - Mapeamento das modificações no Espaço Público 153
3.21 - A mundialização do espaço público de Guarulhos 155
3.21 – Empreendedorismo Urbano em Guarulhos 166

Capítulo 4 - A abordagem metodológica 173


xix

Capítulo 5 – Análise das Entrevistas 190

5.1 – Alterações individualizadas 190


5.1.1 - Revitalização da Igreja do Rosário na Avenida João
Gonçalves 190
5.1.2 – Revitalização do córrego dos Cavalos e dos Japoneses
– Avenida Tiradentes 192
5.1.3 – Faixas passantes para pedestres pintadas em azul e
Branco 196
5.1.4 – Semáforo temporizado (com indicador luminoso de
segundos) 200
5.1.5 – Deslocamento dos moradores de rua 203
5.1.6 – Revitalização do comércio no centro 207
5.1.7 – Busto “Anjo Gabriel” cercado por grade na praça IV
Centenário 209
5.1.8 – Construção da ponte estaiada 211
5.1.9 – Terminal Rodoviário Turístico de Guarulhos 214
5.1.10 – Percepção ampla dos moradores do centro e da
Periferia sobre as alterações no espaço público 216

5.2 – Análise documental e dos depoimentos do representante


do poder público, turistas e empresários do turismo 221
5.2.1 – Poder Público 221
5.2.2 – Empresários do turismo 227
5.2.3 – Turistas 229

Considerações Finais 232

Referências Bibliográficas 239


xx

Apêndice 255
Apêndice A – Convite e Apresentação da Pesquisa
Apêndice B – Transcrição da entrevista piloto
Apêndice C – Repetição ampliada das fotos do texto

Anexos 288

(1)Prefeitura inicia obras de revitalização do centro


(2)Prefeitura apresenta segunda fase do Projeto de Revitalização
(3) Antiga igreja de Guarulhos foi um marco em homenagem aos
negros
(4) Praça do Rosário será revitalizada a partir de agosto
(5)Córregos são revitalizados na cidade
(6) PMG implementa programa de sinalização
(7) Moradores de rua são retirados, mas voltam a ocupar avenida horas
depois
(8) projeto de Requalificação da região central
(9)Prefeitura intensifica construção de áreas de lazer
(10)PL determina retirada de Placas
(11)Prefeitura inaugura balcões de turismo no aeroporto
internacional
(12)Projeto do Terminal Rodoviário Turístico de Guarulhos
(13)Iniciadas no Cecap obras de rodoviária que custará
R$ 15 milhões
(14)Guarulhos ganha site voltado ao turismo corporativo
(15)Município de Guarulhos pode abrigar um autódromo para receber
as principais competições nacionais de automobilismo e
motovelocidade.
(16)Autódromo em Guarulhos custaria R$ 279 mi
(17)Guarulhos inicia estudos para construção de autódromo
xxi

(18)Cidade poderá ter centro de convenções e eventos


(19)Guarulhos participa do 5º Fórum Urbano Mundial
(20) Obras no Viaduto Cidade de Guarulhos seguem em ritmo lento
(21) PORTARIA Nº 06/2003 - SM
21

Introdução
22

Introdução

“Se podes olhar, vê.


Se podes ver, repara“
José Saram ago

No texto de epígrafe de José Saramago conseguimos


entrever a importânci a da reflexão, no sentido de buscar a essência da
representação, a nítida impressão e a correta identificação. Ao
interpretarmos um contexto social, uma situação ou até m esmo uma
narrativa, baseando-nos em esparsas convicções da predição e do bom
senso comum, estamos mais aptos ao erro e ao equívoco.

A vertente científica, mais do que uma nova leitura permite-


nos uma ref lexão nova sobre os acontecimentos, os diversos agentes e as
diversas convicções, no nosso caso traz-nos uma nova percepção dos
indivíduos e do ambiente em que vivem e em que convivem com a
utilização e reutilização do espaço urbano.
23

Desta forma, permite-nos constatar qual a verdadeira


identidade da cidade, qual o verdadeiro sentimento de identificação dos
seus moradores, o que está no imaginário social, o que está na memória
coletiva, quais as vivências e experiências que estão presentes até o
momento atual na mente das pessoas.

Estabelecer os laços identitários mais do que um referencial


é uma forma de vivenciar a cultura, os valores, a ética, a moral, a
diversidade, a cidadania, a economia, a política e a socialização de todos
os agentes que convivem dentro deste contexto.

Se a identidade é demonstrada essencialmente pelo


imagi nário coletivo da população, necessário se faz conhecer o imaginário
do guarulhense: o que o habitante de Guarulhos pensa sobre sua cidade,
o que aprova ou desaprova, o que o influencia ou o que pode estar
influenciando-o dentro do contexto social.

Todas estas questões são importantes, para verificarmos se


a cidade é verdadeiram ente uma cidade ou um sub-distrito, um subúrbio,
um a região periférica ou um aglomerado rural. As decisões políticas,
econômicas e sociais dependem da i dentificação e da representação que
os próprios indivíduos que convivem com o espaço público fazem da
cidade. Sem estas preliminares inf ormações não há com o desenvolve r
projetos, tampouco planejam entos orçam entários públicos e privados.
24

Conf orme José Saramago não devem os apenas ver, pois


apenas vendo desconhecemos e evidentemente nos entregam os ao
equívoco. Para diminuir nossa probabilidade de erro devem os conhecer o
local em que vivenciamos cotidianamente nossas experiências. A cidade
de Guarulhos, por muito tempo cidade dormitório, no imaginário da
população paulistana e guarulhense, está passando por um processo de
intensa transformação para um a “cidade-mercadoria”. O capital
internacional está reestruturando a cidade de forma que faça parte de um
modelo único global, que im plica na venda do espaço para o mundo. Suas
sinalizações de trânsito, por exem plo, são diferentes das sinalizações
paulistanas, são turísticas. Nada m ais conseqüente a ser implementado
pela prefeitura para uma cidade “mundial”, que assume um sentimento de
identificação global já perceptível no imaginári o comum dos seus
habitantes.

A cidade de Guarulhos contempl ou durante o seu período de


crescimento e desenvolvimento a produção de outros imaginários sociais,
como centro de olarias, catequização de escravos, desenvolvimento de
indústrias e respectivas formações identitári as. A história do m unicípio
transcorreu por diversas passagens e caracteri zações, do período da
fabricação de tijolos à construção do Aeroporto Internacional.
25

Qual é a verdadeira imagem de Guarulhos? O que é


Guarulhos? Por que existe Guarulhos? Qual o destino de Guarulhos?
Quem vive em Guarulhos? Quem manda em Guarulhos? Estas são
algum as questões que vêm sendo colocadas à prova neste e em outros
trabalhos sobre a cidade. Para encontrar a devida resposta a estas
questões, partir de algumas referências com uns de forma a respaldar e
orientar toda a produção de conhecimento e informação que se fizer
necessária.

Diante das m udanças observadas, iniciam os a nossa


pesquisa com a seguinte pergunta: “A população da cidade de Guarulhos
está identificada com o projeto de construção de um espaço público gl obal
pelo poder público iniciado no ano de 2000 e respaldado pela iniciativa
privada? A população está i dentificada com a revitalização em curso do
centro da cidade e seu entorno, e a conseqüente ressignificação do
espaço prom ovida nesta região da cidade? E se não estiver identificada,
que conseqüências advi rão? Para quem?”.

Para esta pesquisa exploratóri a o caminho a ser utilizado


será da abordagem documental acom panhada de entrevistas semi-
estruturadas, com o objetivo geral de dem onstrar a percepção do m orador
de Guarulhos em relação ao projeto de consolidação de um novo espaço
público central voltado aos interesses do capital internacional e à criação
de uma identidade global. Com o objetivos específicos buscar-se-á:
investigar a ressignificação deste espaço pela ótica da população, o
sentim ento de pertencim ento ou não da população a este espaço e as
mudanças simbólicas promovidas na cidade pelo poder público a partir da
criação do projeto de revitalização.
26

No primeiro capítulo será apresentada a form atação do


espaço urbano guarulhense, os vínculos com a formação de uma
identidade global, a cidade de Guarulhos enquanto “cidade-mercadoria”, e
algum as ref erências que influenciaram a construção do imaginário da
população.

No segundo capítulo será apresentada a concepção de


cidade, alguns elementos da historicidade da cidade de Guarulhos, e o
registro de represent ações dos moradores sobre o desenvolvimento da
cidade de Guarulhos.

No terceiro capítulo serão apresentadas as principais


alterações promovidas pela Prefeitura da cidade na região central, as
justificativas legais para a remodelação, além de potenciais projetos
vinculados ao desenvolvimento econômico.

No quarto capítulo será apresentada a metodologia


científica, a escolha dos depoentes, o critério utilizado para as entrevistas
e as abordagens docum entais para levantam ento de dados.

No quinto capít ulo serão apresentados os depoimentos e as


respectivas análises dos m oradores sobre as alterações prom ovidas pela
Prefeitura no espaço central da cidade, tam bém serão apresentadas as
entrevistas e as análises documentais sobre a percepção dos
em presários, turistas e de autoridades do poder público sobre as
alterações ocorri das no espaço central da cidade.
27

Por fim serão apresentadas as considerações finais sobre a


análise dos dados coletados e a conclusão da pesquisa.
28

Capítulo 1 – A formatação do
espaço urbano guarulhense
29

Capítul o 1 – A formatação do espaço urbano guarulhense

1.1 O espaço urbano guarulhense

Carlos José Ferreira dos Santos, em seu trabalho de


doutorado denom inado “Guarulhos: espaços identitários sob a
mundialização”, apresentou duas m atrizes identitárias que representavam
a convicção do prefeito de Guarulhos José Maurício de Oliveira Sobrinho,
na década de 1920. Estas matrizes eram: a proximidade da capital “São
Paulo” e a dependência em relação ao desenvol vimento da capital
(2002, p.17).

Desta form a, conforme Santos, para o prefeito José Maurício a


cidade de Guarulhos naquel e momento representava ser uma continuação
ou um prolongam ento da capital paulista e o seu desenvolvimento estava
intimamente ligado ao desenvolvimento da cidade de São Paulo, ou seja,
quão mais próspero fosse o desenvolvimento de São Paulo, da mesma
forma seria o desenvolvimento de Guarulhos (SANTOS, 2002, p.19).

Santos destaca que o fato de o poder público sal ientar


historicam ente que a cidade de Guarulhos se apresentava como um
prolongamento da capital paulista e privilegiada pelo desenvolvimento do
município limítrofe (São Paulo), é o que permite se conceber até hoje a
identidade do município li gada a estas duas principais diretri zes. E em
suas palavras (2002, p.19):
30

Assim, tanto esse mapa como o texto


do site oficial do poder público local assinalam que
hoje a “cidade ” é apresentada por seus
administradores de forma bastante semelhante
àquela pela qual o prefeito José Maurício a
entendia em 1928. Em outras palavras, para a sua
munici palidade, Guarulhos se constitui num
prolongamento da capital paulista, definindo-se por
essa locali zação geográfica privilegi ada que
prepara seu desenvolvi mento, como revelam as
rodovias e o Aeroporto Internacional presentes em
seu território.

Santos tam bém se refere a um a outra imagem identitária de


Guarulhos enquanto município historicam ente “suburbano”. De acordo
com a visão do Governador do Estado de São Paulo, em 1928, Julio
Prestes de Albuquerque oito anos depois, os municípios de Guarul hos e
de Santo Amaro necessitavam da extensão dos serviços de água e
esgoto, provenientes da capital paulista. Em suas palavras (BARROS, 5
de dezem bro de 1928. In: Oliveira, 1928, p. 17 apud SANTOS, 2002,
p.21):

O desenvolvi mento dessas duas cidades tem sido


assim influenciado e continuará dependente do
extraordinário vertiginoso aumento da população
da nossa capital, da qual são hoje verdadeiros
subúrbios. Núcleos de população já bem
31

desenvolvidos e de crescimento fatal e rápido, não


dispõem ainda de abasteci mento de água e nem de
serviço de esgoto, estando as municipalidades a
que pertencem – pela escasse z de recursos –
impossibilitadas de dota-las desses indispensáveis
elementos de vida e de higiene.

Assim, em se tratando de cidades que são hoje


verdadeiros prolongamentos da capital, e onde
parte apreciável dos colaboradores no
desenvolvimento e progresso desta encontram
condições de vida mais adequadas às suas bolsas
menos providas, tenho como de todo o ponto
conveniente e justo, que o Estado estenda a elas o
serviço de águas e esgotos, a cargo da Repartição
de Águas e Esgotos da Capital, subordinada a esta
Secretaria

Santos mostra, ainda, que algumas outras convicções


externas, e formadoras de opinião estão no m esmo sentido de entender e
classificar Guarul hos enquanto município suburbano. Em suas palavras:

Assim, partimos da concepção de que


exist e uma tendência na construção de uma
identidade de Guarulhos que vem orientando a
atuação político-administrativa no transcorrer da
história do município e que o concebe como um
32

“apêndice e prolongamento ” de São Paulo


determi nado por sua l ocalização geográfica.

No entanto, conforme revisão da literatura sobre o tema,


observam os que a constituição da identi dade social de uma cidade não se
respalda pela convicção única de alguns representantes do poder público,
ou mesm o pel a convicção dos veículos de comunicação externos,
tam pouco pela opinião de alguns críticos, mas a constituição da
identidade respalda-se pela representação com um, a partir da
constituição e deflagração do imaginário coletivo pel as pessoas que
convivem e vivenciam dentro do espaço urbano (MARCELLOS, 2006).

Santos, em sua exposição, chega a questi onar esta posição


única e si ngular, corroborando com nosso questionam ento:

Podemos considerar adequado e


satisfatório o conceito de que Guarulhos possui um
único caráter e que este é determinado por sua
função de “periferia” e/ou “prolongament o” da
metrópole? Se é assim, não teria
imperceptivelmente se integrado a ela nos últimos
anos? Ou, ai nda, constitui de fato uma “ci dade ”
com i dentidade própria?
33

Sabemos que as identidades são dinâmicas e, portanto,


mutáveis. Deste modo, assim como Santos (2002, p. 221), também
entendemos que a historiografia do desenvolvimento do município não
vem sendo construída a partir do i maginário coletivo da região, mas a
partir de uma convicção única formada por aqueles que têm estado à
frente do poder dentro do município, não concebendo diversidades
explicitas que também estiveram presentes no seu processo de
desenvolvimento. Na convicção de Santos:

A unidade admi nistrativa que criou a “cidade” não


constitui uma unidade identitária, apesar da
atuação daqueles à frente do poder público local
priori zar suas ações nos bairros e espacialidades
consideradas exemplares da identidade de “cidade ”
desej ada (SANTOS, 2002, p. 221).

Deste modo pode-se tom ar como pressuposto do novo espaço


guarulhense o fato de que este vem sendo reorganizado e planejado de
acordo com as novas necessidades capitalistas, em que as cidades
passam a ser “vendidas” ao mundo, pois precisam estar compatíveis com
a nova dinâmica de inserção econômica das m esmas nos fluxos globais
(SANCHEZ, p. 50, 2000).

Pode-se apontar algumas características peculiares de


Guarulhos que fazem com que a cidade pretenda estar “no mapa do
mundo”, como por exem plo:
34

- A ênfase nas últimas décadas no emprego da expressão


“internacional”, concebendo-se até mesmo um Shopping Center com
tal nom enclatura, além de inúm eros estabelecimentos que adotam o
mesm o símbolo;
- A integração ou a vinculação de grandes indústrias mundiais e
nacionais ao território municipal, tais quais: Abb, Alcoa, Adams,
Bardella, Bauducco, Borlem, Cummins, Degussa, Electrolux,
Visteon, Gail, Gilbarco, Karina, Lousano, Mopa, Nec, Neobus,
Parmalat, Pfizer, Randon, Ray-O-Vac, Rdflex, Renner,
Siemens/Equitel, Toddy/Quaker, Trifil, Vdo e Yam aha;
- A integração ou a vinculação de grandes empresas turísticas
privadas (Redes de Hotéis e Flats) ao territóri o municipal, tais
quais: Caesar Business, Caesar Park, Comfort, Express Inn, Le
Canard, Marriott, Mercure, Mônaco Convention & Hotel, Mônaco
Center Inn, Ibis, Parthenon, Melliá Confort e Sol Inn, além da
adaptação do equipam ento urbano às necessidades dos seus
usuários (como a implantação de sinalização turística nos avisos de
trânsito veicular);
- A criação de uma associação “Guarulhos Convention e Visitors
Bureau” em 2003, com a incum bência de fomentar o turismo na
cidade e increm entar o marketing deste segmento;
- A criação de um com plexo admini strativo-financeiro, ou centro
“nervoso” nas imediações do centro da cidade entre as principais
aveni das (Avenida Guarulhos, Tiradentes, Paulo Faccini, Luiz
Facci ni, entre outras);
- A renovação das áreas centrais, ou revitalização das áreas
degradadas, a construção de novos espaços de lazer e consumo no
35

centro, de centros culturais (como o Centro Adamastor de Educação,


com arquitetura contemporânea);
- A atitude receptiva da população guarulhense à construção do
Aeroporto Internacional julgando-o de sum a importância para o
desenvolvimento do município, e sua conseqüente i dentificação
como um a ci dade aeroportuária; e
- O esforço do governo munici pal em reforçar a imagem de cidade
Aeroportuária Internacional, por intermédio de propagandas e de
representações específ icas nas suas ações;

As transformações pelas quais passa a cidade no sentido de


que seja identificada enquanto “cidade-mercadoria” inevitáveis
demonstram que o espaço urbano de Guarulhos está sendo ref ormulado
com reflexos sobre o imaginário da sua população (SANCHEZ, p. 50,
2000).

1.2 A cidade-mercadoria

Henri Lef ebvre assinala que em nosso mundo m oderno existe


um a tendência para a transformação do espaço urbano em mercadoria,
sendo que o uso deste mesm o espaço fica condicionado à vontade e ao
sabor do modo de apropriação capitalista, em outras pal avras, descreve e
preceitua a “vitóri a do val or de troca sobre o valor de uso” (LEFEBVRE
apud SANCHEZ, 2000, p. 44).
36

Por sua vez, dem onstra Fernanda Sanchez que a


reestruturação urbana embasada pelo novo m odelo de apropriação do
capital internacional pode, alterar profundam ente algumas estruturas
espaciais e i dentitárias das ci dades, dando como exem plo:

(...)inf ra-estrutura, operações logísticas


de otimi zação de fluxos produtivos e obras de
moderni zação tecnológica que agregam densidade
técnica aos lugares para atração de empresas
multinaci onais(...)operações vinculadas ao turismo
e lazer, operações imobiliárias e, finalmente,
operações voltadas ao consumo da cidade,
estimuladas pela publicidade (2000, p.45)

É o que parece estar acontecendo com a cidade de Guarulhos


na medida em que seus espaços estão sendo cada vez mais moldados a
partir de valores culturais e hábitos de consum o mundiais, evidenciando
um a tendência clara de homogeneização do espaço global. A
globalização, enquanto processo que intervém nas rel ações sociais e na
apropriação dos espaços, procura legitimar um modelo único, em que o
social, o cultural, o político, o urbano e a identificação passam a ser os
mesm os em todos os locais (SANCHEZ, p. 46, 2000).
37

1.3 Imaginário

A concepção do imaginário de uma determinada cidade está


vinculado ao meio físico, soci al e econômico, porém não só estes
restringem a representação. Inúmeros outros elem entos contidos na
memória social dado que form atam a representação que uma determinada
coletividade ou sociedade tem sobre o espaço que habita.

Para que seja concebido o imaginário, devemos antes


conceber a mem ória. De acordo com Maurice Halbwachs a mem ória
pessoal é originada pelas lembranças únicas e pessoais do eu e, assim,
são intrínsecas à pessoa (HALBW ACHS, 1990, p.55). A memória histórica
supõe a reconstrução dos dados fornecidos pelo presente da vida social e
projetada no passado reinventado. Essa mem ória é mais ampl a que a
coletiva, porém representa o passado de form a abstrata. A mem ória
coletiva recompõe o passado e esclarece o pensamento coletivo, não é
isolada, nem m esmo estática (HALBW ACHS, 1990, p.54).

A memória pessoal é determinada como um ponto de vista


sobre a m emória social, este ponto de vista m uda conforme o lugar que o
indivíduo ocupa e est e lugar pode mudar de acordo com as relações que
este mesmo indivíduo mantém com outros m eios (HALBW ACHS,1990, p.
54).
38

A memória está ligada à lembrança de experiências vividas,


não é o físico ou o territorial que permite a existência de determinado
grupo, mas a dimensão do pertencimento social, que mantém vivas as
lembranças comuns, essenciais para a geração de uma m emória social
(FÉLIX, 1998, p. 42). Nesse sentido, estudar a mem ória social contribui
para a abordagem de problemas que tenham fundam ento no tem po e na
história (LE GOFF, 1984, p.13).

O vínculo desta pesquisa é com a memória social, que de


acordo com a concepção de Maurice Halbwachs, é a sucessão de
lembranças, mesmo daquelas que são mais pessoais e explica-se sempre
pelas mudanças que se produzem em nossas relações com os diversos
meios coletivos (1990, p. 54).

A mem ória social está presente nas grandes questões das


sociedades desenvolvidas e das sociedades em vias de desenvolvimento,
das classes dominantes e das classes dominadas. A memória coletiva
pode ser considerada, ademais, um instrumento e um objetivo de poder
(LE GOFF, 1984, p.46).

De acordo com Félix (1998, p.35), a memória é um dos


suportes essenciais para o encontrar-se dos sujeitos coletivos, ou seja,
para a definição dos laços de identi dade. De acordo com Jacques Le Goff
(1984, p.46), a memória é um elemento essencial da identidade.
39

A memória pode apresentar vários sentidos, como de herança,


pois é herdada e não se ref ere à vida física das pessoas; de construção,
como fenômeno consciente ou não; e de identidade, no sentido da
pessoa construir sua própria imagem, de si, de outros e do meio (ODAIR,
2003, p.18).

Dentro destes sentidos, a mem ória deve ser vista como uma
forma de reconhecimento de si mesmo, de lembrar a experiência vivida,
de sit uar-se no mundo. A mem ória representa um campo político, de
formação de consciência, por um agregado de imagens que implicam em
sentim entos e dúvidas individuais, m as que está sem pre relacionada ao
passado coletivo, junto a lembranças de outros indivíduos (RODRIGUES,
2004).

Tanto a mem ória com o a identidade, necessitam ser estudadas


no contexto do grupo social, pois, conform e Machado (2003, p.56), a
representação de um grupo deve ser com um, porque é derivada de
inúmeras histórias vivenciadas em conjunto, e tam bém por saberes
comuns.

O grupo social constitui a imagem de uma totalidade integrada.


A identidade social pode ser representada pela uni dade e pelo processo
de identificação e distinção, em que cada indivíduo busca uma coesão
com iguais e uma demarcação de posição em relação aos desiguais
(MACHADO 2003, p.56). Cada grupo social empenha-se em manter uma
semelhante persuasão junto a seus m em bros, e, por isso, busca constituir
um a forma de classificar os desiguai s, de modo que todos aqueles que
fazem parte do grupo fiquem sempre coesos (HALBW ACHS, 1990).
40

A identidade associa-se também aos espaços, onde estão


fixadas as lembranças de lugares e objetos presentes nas m emórias,
como referenciais. A m emória acaba quando são rompidos os laços
afetivos e sociais de identidade, já que o suporte da identidade são os
grupos sociais (FÉLIX, 1998, p.42).

O imaginári o e a memória têm importância na formação da


identidade de Guarulhos, deste m odo as lem branças resgatadas como
referenciais, o processo de disti nção patente por classificar os desiguais,
as experi ências únicas e dinâmicas, além do sentimento de integração
são alguns elementos que caracterizam a form ação de uma identidade.
Alguns destes elementos podem ser influenciados de acordo com a
cultura e o poder de algum as entidades (LE GOFF, 1984, p.46).

1.4 Referências identitárias na busca por uma identidade global

Guarulhos pode estar buscando uma identidade gl obal, e por


esta razão a cidade está sendo vendida ao mundo de modo similar às
grandes cidades mundiais, tais quais: Roma na Itália, Nova York nos
Estados Unidos, Buenos Aires na Argentina e até m esmo São Paulo no
Brasil.

A concepção de “cidade-mercadoria”, introduzida pelos


interesses do capital internacional, vem ao encontro da concepção de
identidade definida por Manuel Castells, enquanto identidade
41

legitimadora, ou seja: aquela introduzida e influenciada pelas instituições


dominantes da sociedade, com o objetivo de expandir e racionalizar sua
dominação em relação aos atores sociais.

O poder público agiu na construção da história do m unicípio,


no sentido de promover a legitimação de concepções que faziam de
Guarulhos um município suburbano e dependente em relação ao
desenvolvimento da capital São Paulo com as quais parece que todos
concordavam, com o parte de um imaginário comum. No entanto não
parece que estas representações façam parte do planejamento at ual.

Contido no imaginário da população guarulhense está o fato de


que a construção da Via Dutra, na década de 1940, foi de extrema
importânci a para o desenvolvimento da cidade. Convém aliar tal
constatação com a percepção dos habitantes da importânci a da
localização geográfica do município. A Via Dutra, concebida para ser o elo
de ligação entre as duas princi pais metrópoles brasileiras, São Paulo e
Rio de Janeiro, foi historicamente considerada muito i mportante para o
desenvolvimento (social e industri al) do município.

A construção da Via Dutra foi diretamente legitimada pela nova


concepção progressista do governo brasileiro na década de 1950, que ao
promover a integração dos interesses brasileiros aos interesses do capital
internacional, no sentido de implementar políticas de infra-estrutura para
as grandes corporações internacionais (realização do Plano de Metas),
influenciou e racionalizou o sentimento de identificação da sociedade,
principalmente nos grandes pólos urbanos, que autom aticamente
42

compactuaram e aprovaram as mudanças governamentais implem entadas,


como ocorreu na região do grande ABC e em Guarulhos.

Outros fatos históricos (implantação do trem da Cantareira,


construção do parque Cecap e a construção do aeroporto internaci onal),
porém, de algum modo, em princípio não foram apropriados pelo
imagi nário da população guarulhense, quer pela falta de um instrum ento
legitimador para o processo de identificação – conf orme a distinção de
Castells -, quer pelo processo de reprodução da cultura local, e da
conseqüente form a de apropriação destas informações pela mem ória
coletiva dos habitantes.

O referencial teórico é preciso no que concerne à form ação de


um a identidade social, no sentido de respaldar o indivíduo, o ser social,
enquanto o principal ícone responsável por todo o processo, deste modo
somente o indivíduo pode criar o sentimento de identificação. De nada
adiant a o poder público municipal, na apropri ação e na utilização do
espaço urbano, tentar influenciar um comportamento não condizente com
o sentim ento de identificação, para a criação de uma historicidade, se
este sentimento não tem respaldo pel os indivíduos integrantes ou não da
sociedade civil.

A cidade de Guarulhos atualmente não pode ser considerada


subúrbio, tampouco prolongam ento da capital São Paulo, por ser uma
cidade autônoma, dona de um parque industrial, é considerada única com
relação à concepção de seus moradores, estes identificam-se como
guarulhenses e não com o paulistanos.
43

A vinda de grandes hotéis e de grandes redes de turismo, a


criação de um centro financeiro “nervoso” com a vinda de i nstituições
internacionais como o “Citibank” e a utilização de termos no comércio
local como “internacional” são necessários para que o cidadão do mundo
sinta empatia por um espaço tão familiar que poderia ser qualquer outra
metrópole do mundo com o Roma, Barcelona ou Nova York.

Um hotel como o “Caesar Park”, por exem plo, pode ser


lembrado com o paradigm a por manter estilo arquit etônico similar entre
suas filiais mundiais. A forma com a qual interage com o espaço público
tam bém é similar, o objetivo é reproduzir características espaciais
idênticas para toda a rede de hotéis e f azer com que o turista se sinta
familiarizado com a circunstância, a localidade e com a cultura ofertada
pelo serviço.
44

Figura 1 – Hotel Ceasar Park Guarulhos e Hotel Caesar Park Buenos


Aires (2000)

Fonte: HotelierNews (Foto por Peter Kutuchian) 1


Ovadia Saadia 2
Na primeira foto Hotel Ceasar Park na Rodovia Hélio
Schimdt, nas proximidades do Aeroporto Internacional de
Guarulhos, na segunda foto Hotel Ceasar Park em Buenos
Aires, na regi ão central da cidade.

1
http://www.hoteliernews.com.br/hoteliernews/hn.site.4/NoticiasConteudo.aspx?Noticia=22828&Midia=1, retirado
em 02/02/2010.
2
retirado de http://www.ovadiasaadia.com.br/hotelaria.cfm?id=g0zmg, em 23/02/2010.
45

As duas imagens acima, lado a lado, dem onstram o uso do


espaço público e privado diagramado para fazer com que o turista possa
se identificar com o contexto com o qual está a interagir. Os estilos
arquitetônicos similares, assim como a apresentação dos logradouros, das
vias e do comércio criam no individuo viaj ante um sentimento de
posicionamento sensorial e lógico em relação aos símbolos os quais
consegue visualizar e interagir.
46

Capítulo 2 – A cidade de
Guarulhos, sua identidade e sua
história
47

Capítul o 2 - A cidade de Guarulhos, sua identidade e sua história

2.1 – A Cidade e sua transformação

A cidade, desde seu surgimento, foi concebida como uma


forma de assentamento adotada pelos m embros de uma sociedade cuja
presença direta nas áreas de produção agrícola não era necessária.
Apresentava centros religiosos, administrativos e políticos caract erizados
pelas funções com erciais e de gestão decorrentes da concentração ou da
agregação de um determinado número de pessoas (CASTELLS, 1989,
p.42).

A formação e a formatação da cidade medieval estava


intrinsecam ente ligada ao papel da cidade no âmbito da produção, ou
seja, a maioria das atividades nestes centros condi zia com a prática de
agregar valor a determinado bem ou serviço, ou mesmo transformar
fatores de produção em mercadorias ou produtos finais (LE GOFF, 1988,
p.49; CARVALHO, 2005, p.22).

Conf orm e descreve Jacques Le Goff (1988, p.49) a cidade


representa o local onde há a valori zação do trabalho e este passa a ser
elemento fundam ental na composição da própria cidade, necessário para
sua manutenção e para sua própria existência. Infere-se que para a
concepção das cidades, o trabalho foi um dos elementos formadores
históricos na concepção deste núcleo. Toda e qualquer cidade sempre
terá o trabalho como elemento inerente às suas atividades e finalidades
(LE GOFF, 1988, p.49).
48

Após o período da Idade Média, a questão da cidade estava


ligada diretamente ao fato de se concentrar em um determinado espaço
um a numerosa população com necessidades similares e específicas, em
que o mecanism o de escambo transformou-se no único meio para suprir
tais necessidades, originando os m ercados (CARVALHO, 2005, p.22).
Desta form a a divisão do trabalho nas cidades baseava-se na
necessidade da especialização das atividades que exigiam um a m aior
produção, tendo em vista a crescente demanda da população local
(ROLNIK, 1988, p.27).

As cidades, após o período da revolução i ndustrial, atraíram as


indústrias em decorrência da existência de um mercado propício e da
oferta de m ão-de-obra, fator de produção primordial para a contemplação
de um a linha de produção. Por outro lado a indústria trouxe à cidade
novas possibilidades e expectativas, com o a diversificação dos serviços e
a criação de outros postos de trabalho (CASTELLS, 1989, p.45;
CARVALHO, 2005, p.23).

Castells (1989, p.45) destaca que a i ndústria provocou e


provoca até os dias atuais a urbanização da ci dade, adem ais a indústria
agrega a especialização e a utilização dos fatores de produção,
principalmente do fator de produção mão-de-obra.
49

Nos casos em que a indústria participou como entidade


inserida no processo histórico de desenvolvimento da cidade, como pode
ter acontecido em Guarulhos, percebe-se que a existência da indústria
tam bém provocou a organização – ou reorganização - da paisagem
urbana, ou seja, provocou o próprio m ovimento de urbanização.

Conf orm e descreve Morais (2004, p. 18) o nosso último século


– XXI - já pode ser concebido com o um século urbano 3. A cidade passou a
ser o ponto estratégico de desenvolvimento de uma economia inserida em
um permanente processo de globalização. As empresas e as unidades
manufatureiras necessitam adquirir fatores de produção cada vez m ais
especializados; a necessidade de infra-estrutura avançada somente pode
ser suprida pel a cidade. A cidade contempla a i ntegração de culturas, a
troca permanente de experiências, o desenvolvimento social e a divisão
do trabalho; desta forma as grandes cidades podem ser vistas como o
centro de decisão do mundo capitalista (SASSEN, 1998, p.75).

3
De a c or d o c o m C as t e lls ( 1 9 8 9, p . 4 0) e nt e n de - s e po r u r ba n o : “ u m a f o r m a e s p e c ia l de
o cu p a ç ã o d o e s p aç o p or u ma p o p u la çã o, a s a b e r o ag lo me r a d o r e s u lt a n t e d e um a
f o r t e c on c e nt r aç ão e d e u ma d e n s i da d e r e la t iv a m e nt e a lt a , t en d o c o m o c or r e la t o
p r ev is í v e l um a d if er e n c ia ç ã o f u nc io n a l e s oc ia l ma i or ” .
50

Nesta nova cidade global 4, algum as variáveis podem estar


presentes no imaginári o col etivo da população: desigualdade social,
qualidade de vida, industrialização, prestação de serviços, violência
urbana, desenvolvi mento sustentável, gestão cultural, entre outras. Todas
estas variáveis fazem parte do processo de desenvolvimento urbano e nos
remetem a refletir sobre a problemática da form ação social, da ocupação
do espaço e da interação com o processo de produção capitalista.

A cidade é concebida como um resultado inacabado e di nâmico


de inúmeras intervenções econômicas e sociais, pelas quais o poder
público e a sociedade civil acabam por desenvolver uma estrutura única e
própria para o contexto do mercado e da organização política
(CARVALHO, 2005, p.24; REZENDE, 1982, p.19). As intervenções sociais
e econômicas, conforme será visto adiante, produzem repercussões que
rotineiramente fixam e alteram informações no imaginário coletivo da
população 5, como no caso específico, da população de Guarulhos.

4
Cidade Global: definição formulada por Saskia Sassen (1998) para demonstrar a nova contextualização
da grande cidade e da grande metrópole no século XXI. De acordo com Morais (2004, p.19): “O peso da
atividade econômica deslocou-se de lugares baseados no setor industrial para centros financeiros e de
serviços altamente especializados, que existem em pequeno número e que são chamados de cidades
globais. Tais cidades são centros de serviços financeiros e de decisão de grandes empresas, algumas,
inclusive, sedes do poder governamental. Por serem centros conseguem atrair serviços altamente
especializados, também crescentemente globalizados e relacionados com essa centralidade”.
5
As informações geradas pelas intervenções sociais e econômicas são dinâmicas, pois o processo de
identificação de um indivíduo em um determinado contexto social sempre é dinâmico, tanto em seu
imaginário, quanto a partir do imaginário coletivo. As informações, embora dinâmicas, são duradouras.
Deste modo as repercussões das intervenções sociais e econômicas rotineiramente alteram e perpetuam
informações no imaginário coletivo da população.
51

2.2 – A cidade de Guarulhos

A fundação de Guarulhos está vinculada ao tempo da fundação da


cidade de São Paulo quando o norte da região era povoado por duas
tribos de origem tupi, sendo que um a era a dos Guarulhos, proveniente da
família guaianases, que se encontrava à margem direita do Rio Tietê,
aldeia limítrofe à São Paulo de Piratininga (IBGE,2000).

Os guaianases eram reconhecidos por sua baixa estatura e grande


barri ga, sendo por isto denominados de “guarus-por” - sem elhantes aos
peixes de água doce, os barrigudos guarus-guarus. A denominação, em
momento posterior, foi derivada para Guarulhos - pequeninos e barrigudos
(IBGE, 2000). A tribo que ocupava a margem oposta era do uraraí,
delimitada atualmente pelos bairros da Penha e de São Miguel Paulista
em São Paulo (IBGE, 2000).

No ano de 1560, os jesuítas concentraram as duas tribos. À


época, ataques e retaliações de desbravadores desconhecidos eram
constantes; foi então que, para fortalecer a defesa e dissiminar a
catequese entre aqueles que ali já estavam, os jesuít as concentraram as
duas comunidades, form ando a aldeia dos Guarulhos englobando os
Uraraí (São Miguel), nos limites das respectivas margens junto ao rio
Tietê. Guarulhos passou a ser uma das doze aldeias que com punham a
defesa de São Paulo (IBGE, 2000).

A construção da capela em Guarulhos foi levada a bom termo


pelo Padre João Álvares, sob o amparo de Nossa Senhora da Conceição,
dados históricos i nformam que a aldeia de Guarul hos foi a que mais se
52

desenvolveu. O desenvolvimento também foi fruto da descoberta de ouro


na regi ão o que acabou por potencializar a formação da com unidade
guarulhense (IBGE, 2000).

Em 1590 foram descobertas minas de ouro, atualmente


demarcadas pelo bairro de Lavras. Anteriormente, o local era denominado
“Lavras Velhas do Geraldo” por caracterizar um l ocal de mineração
pertencente a um proprietári o particular (PREFEITURA DE GUARULHOS,
2011).
53

Figura 2 – Rua de Guarulhos, ao fundo a capela de Nossa Senhora da


Conceição – Ano 1910 após a chegada da energia elétrica.

F ont e : P r ef e it u r a d e G ua r u lho s , d is p o n í v e l e m:
h t t p : / / n ov o. g u ar u lho s . sp . g ov . b r / in de x. p h p? o p t io n =c o m _ co nt e n t &v ie w =a r t ic le & id =6 1 & I t
e m id = 29 2 , ac e ss a d o e m 2 0/ 01 / 20 1 0 .

Em 1675, Guarulhos foi enquadrada com o distrito de São


Paulo, em mom ento posterior adquiriu status de freguesia. Em 24 de
março de 1880 foi elevada a categoria de Município, por intermédio da Lei
Provincial de número 34. A princípio recebeu a denominação de Distrito
de Conceição dos Guarulhos. Em 1906 recebeu a denominação de cidade
(IBGE, 2000).
54

Grande parte do trabalho escravo na região foi exercido pelos


Gegês – africanos de origem sudanesa. De acordo com dados do
tom bamento das propriedades rurais da Capitania de São Paulo em 1817,
encontravam-se registrados na região 183 escravos pertencentes a 28
lavradores das áreas de Bom Sucesso, Itaverava, Lavras, Guavirotuba e
Bom Jesus, além de Pirucaia, São Miguel, Varados e São Gonçalo.

O registro do poder público da produção do Município


publicado em 1901 - denominado súmula – indicou que a cidade tinha 30
engenhos para produção de aguardente, 12 propriedades para cultivo de
arroz, 4 propriedades para o cultivo de caf é, 200 propriedades para o
cultivo de feijão, 200 propriedades para o cultivo de milho, 1 propriedade
para o cultivo de tabaco, 10 propriedades para a produção de carvão e 2
propriedades para a fabricação de vinho (PREFEITURA DE GUARULHOS,
2011).

Guarulhos em 1915 recebeu o ramal ferroviário Guap yra que


possibilitava o tráfego e o escoamento de madeira, pedra e tijolos
fabricados em olarias da região para a capital São Paulo, o ramal era um
braço da estrada de ferro da Cantareira e trouxe i números benefícios
econômicos para a cidade no início do século. Neste ínterim ci nco
estações foram criadas para f acilitar o traslado, sendo elas: Vila Galvão,
Torres Tibagy, Gopoúva e Vila Augusta (PREFEITURA DE GUARULHOS,
2011).
55

A década de 1900 também foi um marco para a cidade de


Guarulhos por contemplar a chegada da energia elétrica, o que facilitou
em período posterior a instalação de redes telefônicas, indústrias que
necessitavam de média e alta tensão para seu processo produtivo e o
serviço de transporte público (PREFEITURA DE GUARULHOS, 2011).

A Biblioteca Municipal de Guarulhos foi inaugurada na década


de 1940, assim como o Centro Municipal de Saúde e a Santa Casa de
Misericórdia. Em 1945 a Base Aérea Militar foi e por questões
estratégicas retirada do Campo de Marte em São Paulo e transferida para
o bairro de Cum bica (PREFEITURA DE GUARULHOS, 2011).

A localização privilegiada, próxima à cidade vizinha de São


Paulo, fez com que em presários e investidores do ramo elétrico,
metalúrgico, plástico, alimentício, de borracha, calçadista, automotor,
eletrônico e de couro procurassem Guarulhos, a partir de 1950, para a
consolidação de novas estruturas i ndustriais; os empresários levaram em
consideração a abertura da rodovia Presidente Dutra em 1951 como
principal incentivo ao escoamento do processo produtivo (IBGE, 2000).

A instalação do primeiro Rotary Club da cidade se dá na


década de 1950, assim com o a promoção da primeira Feira da Indústria e
Comérci o da cidade, realizada no Parque do Ibirapuera na cidade de São
Paulo. Em 1963 foi inaugurada a Associação Comercial e Industrial de
Guarulhos, atual Associação Comercial e Empresari al – ACE – com a
proposta de estreitar relacionamento e promover a troca de experiência
entre os em presários da região (PREFEITURA DE GUARULHOS, 2011).
56

O aum ento da indústri a provocou um fenômeno imediato,


correlacionado à expansão da renda dos munícipes e ao crescimento
econômico da região, que foi a imigração de um grande número de
pessoas com o objetivo de fornecer m ão de obra para o fom ento industrial
local. A população de acordo com dados do IBGE (2000) no ano de 1950
era estimada em 35 mil indivíduos, em 1960 101 mil indivíduos, 237 mil
em 1970 e 533 mil em 1980.

Em concurso realizado em 1960, promovido pela


municipalidade, a música do Hino de Guarulhos, escolhida e premiada, foi
composta pelo m aestro Aricó Júnior e pela professora muníci pe Nicolina
Bispo, sendo a orquestra organizada pel o m aestro W enceslau Nasari
Campos (PREFEITURA DE GUARULHOS, 2011). A comemoração do IV
centenário da cidade, em 8 de dezembro de 1960, prom oveu pela prim eira
vez a audição pública do Hino referido abaixo transcrito:

Sob o céu desta Pátria querida,


Mais cem anos de luta e labor,
Cingem hoje o teu nome Guarulhos,
Que se ergueu por seu própri o valor.

Chaminés, como lanças erguidas,


Nos apontam o caminho a seguir,
Trabalhando, vencendo empecilhos,
Desfraldando o pendão do porvir.

Tuas praças são livros abertos,


Onde lemos futuro de glória,
57

Crispiniano e Bueno fulguram,


Como vultos eternos na História...

Que o teu nome em mais um centenário,


E na língua tupi procl amado,
Seja um hino de paz, de esperança,
Por teu povo feli z, entoado.

Pequenina nasceste, e João Álvares,


Jesuíta, ben zeu-te com Fé,
Tu és hoje cidade progresso,
Uma terra que vence de pé.

Eia, pois, guarulhenses, avante,


Com bravura na luta febril,
Por São Paulo e por tudo o que é nosso,
E, aci ma de tudo o Brasil!

O Hino faz referência explícita às comemorações do centenário


do município, tam bém referenci a a identidade industrial da região através
da transcrição de “chaminés”. A expressão “cidade progresso” demonstra
o crescimento econômico experimentado na ocasião da década de 1950 e
1960, assinalando os avanços ali conquistados por interm édio da
expansão da atividade produtiva (PREFEITURA DE GUARULHOS, 2011).
58

A Bandei ra foi instituída pela Lei no. 1.679, de 7 de dezembro


de 1971, produzida pelo artesão heraldista Arcinoé Antonio Peixoto Faria.
De acordo com dados históricos da Prefeitura de Guarulhos o
esquadrinham ento em Cruz rem ete à tradição heráldica portuguesa, sendo
que os quartéis azuis são separados por quatro faixas brancas ao centro
com faixas vermelhas, demonst radas duas a duas no sentido vertical e
horizontal, partindo do vértice do losango branco central, local o qual o
brasão é demonstrado (2011).

Figura 3 – Bandeira de Guarulhos

F onte: Pref eitura de Guarul hos, 2011.


59

A Cruz dem onstra o espírito cristão de Guarulhos, o brasão


designa o governo municipal e o losango a sede do governo. As faixas
demonstram que o poder público municipal está a se expandir por todos
os quadrantes do território. De acordo com dados históricos da Prefeitura
de Guarulhos as cores assim foram escolhidas:

(...)o a zul simboli za a justiça, nobreza ,


perseverança, selo, lealdade, recreação e
formosura; o branco paz, trabalho, ami zade,
prosperidade e pure za; o vermelho, amor pátrio,
dedicação, audácia, desprendimento, valor,
intrepidez, coragem e valentia. O seu uso obedece
regras que não podem ser transgredi das
(PREFEITURA DE GUARULHOS, 2011).

O Brasão da cidade foi criado em 1º de setembro de 1932 com


aprovação do prefeito major Ariovaldo Panapés. O Braão foi criado pelo
heráldico Afonso D´Escagnol e Taunay e desenhado por José Rodrigues. A
lua nascente prata representa as origens de Nossa Senhora da Conceição
dos Guarulhos, a expressão “vere paulistarum sanguis meus” representa
“O meu sangue é genuinam ente paulistano”.

Encontram-se no brasão hastes de cana e trigo, remetendo às


culturas locais agricultoras, as anhumas de asas abertas representam o
anhemby (Rio das Anhumas), antigo nom e dado ao ri o Tietê, disposto em
triângul o três cabeças humanas, na posição direita o índio guaru, à
esquerda o bandeirante e ao centro o col onizador português.
60

Segundo levantamento do Sebrae-SP (2000) Guarulhos é a segunda


cidade do Estado de São Paulo em densidade populacional, com mais de
1.218.000 habitantes e taxa de crescimento populacional aproximada de
2,36% ao ano (IBGE, 2000).

De acordo com o Sebrae-SP (2000), Guarulhos durante a década de


1990 vivenciou a transferência de algumas importantes indústrias para
outros territórios, fenômeno que foi experimentado t ambém pela região
metropolitana de São Paulo. As razões são inúmeras, tais quais: custos
operacionais m ais vantajosos, considerando-se a oferta de m ão de obra e
os tributos a serem recolhidos, trânsito livre, a permitir constante tráf ego
de mercadorias e serviços, desobstruindo a int egração l ogística entre
compradores e vendedores (2000).

Os sindicatos de classe tam bém passaram a ser um fator


preponderante para a evasão de indústrias da cidade; os benefícios
exigidos por convenções sindicais acabaram por potencializar a saída das
em presas (SEBRAE-SP, 2000).

O Sebrae-SP (2000) publicou uma pesquisa, el aborada por empresa


de consultoria idônea, com o objetivo de detectar as variáveis
contem porâneas que promovem o crescimento econômico, e o
conseqüente investimento em capacidade produtiva na cidade de
Guarulhos. Os dados colhidos revelaram que o interesse está contido na
expansão do “setor serviço”.
61

O setor serviço a partir do ano 2000 passou a f igurar entre as


principais atividades econômicas no município de Guarulhos, entre os
quais destacam-se as seguintes empresas: Supermercado Carrefour,
Supermercado Extra (Grupo Pão de Açúcar), Caesar Park Hotel, Rede
Accor de hotéis (Mercury e Íbis), entre outras (SEBRAE-SP, 2000).

Guarulhos faz parte de um pequeno grupo de cidades


brasileiras que detêm, juntas, um Produto Interno Bruto (PIB) equivalente
a 25% da economia nacional, possuindo 2.200 i ndústrias, 15.000
comércios e 45. 000 empresas prest adoras de serviço, sendo considerada
a sétim a economia do país (IBGE, 2000).

A atividade industrial é patente e concentra a fabricação de


máquinas, utensílios eletrônicos, componentes para automóveis, m ateri ais
plásticos e borracha, al ém de indústrias alimentícias, farmacêuticas e de
vestuário. A atividade industrial também é responsável pelo grande
volume de exportações do município, alcançando o quarto lugar no
ranking dentro do Estado de São Paulo (IBGE, 2000). Guarulhos também
detém um a economia de serviços, onde estão instalados bancos,
em presas de consultori as e em presas de segurança (IBGE, 2000).

A revisão da literatura 6 acerca da contextualização histórica de


Guarulhos permite a identificação de alguns fatores decisivos para o
surgimento e para o avanço industrial e social da cidade a partir da
década de 1950, entre eles: A localização geográfica, a fabricação de

6
A bibliografia utilizada para a revisão da literatura em relação à contextualização histórica de Guarulhos
encontra-se anexa ao presente trabalho.
62

tijolos, a isenção de tributos municipais, o m odelo desenvolvimentista


implantado pelo Governo Juscelino Kubitschek, a construção do Parque
Cecap, da Via Dutra e do Aeroporto Internacional de Guarulhos.

O m unicípio foi formado em um local estratégico, com


facilidade de int egração entre os Estados de São Paulo, Minas Gerais
(Regi ão Sul) e Rio de Janeiro (Região Sul). A proximidade geográfica com
a cidade de São Paulo, posicionando-se como cidade limítrof e, conseguiu
atrair investimentos e capitais própri os da m etrópole (particularmente da
região l este e norte).

A manutenção de um pólo de fabricação de tijolos, fornecendo-


os, principalmente, para a capital paulista, período em que foi construído
um porto com a finalidade de atracar barcaças que por intermédio do Rio
Tietê levavam tijolos para a região de São Paulo atualmente denominada
Ponte das Bandeiras. Implantação e manutenção do “Trem da Cantareira”,
inaugurado em 1915, que percorria os bairros de Vila Galvão, Vila
Augusta, Tibag y, Gopoúva e Praça IV Centenário (Guarulhos – Centro),
extinto em 31 de maio de 1965 (RANALI, 2002, p.154).

A proposta t ributária lançada pela ci dade na década de 1950


contribuiu para a industrialização, a Lei nº. 171 de 04 de outubro de 1951
concedeu isenção tributária municipal às indústrias que se instalassem
em Guarulhos até 31 de dezembro de 1952, pelo prazo de 3 a 6 anos. A
Lei nº. 215, de 12 de novembro de 1952, concedeu isenção tributária
municipal de 3 a 15 anos a todas as indústrias que se instalassem no
Município até a data de 31 de dezembro de 1956, similar benefício
tam bém foi concedido pela prefeitura no ano de 1961.
63

Guarulhos assumiu a partir de 1950 um padrão de acumulação


de capital tipicamente capitalista e internaci onal, igualmente vivenciado
pelo Brasil (MARCELLOS, 2006; PERAZZO, 2002, p.34). Houve a época a
transformação da estrutura econômica do país pela criação da indústria
de base, com estímulo ao capital e know-how estrangeiros (COVRE, 1982;
MARCELLOS, 2006). Segundo Ianni (1971, p.152), o Plano de Metas
representou, para os empresários e governantes dos países
desenvolvidos, que a participação do Estado brasileiro nas decisões e
realizações ligadas à economia poderia ser uma garanti a ao investidor
internacional. O Governo brasileiro não representava um risco para o
investidor, pois procurava respaldar as ações deste último dentro da
economia (MARCELLOS, 2006).

A construção do Parque Cecap em 1967, por interm édio do


BNH (Banco Nacional da Habitação) foi essencial para a acomodação de
famílias migrantes de outros locais do Brasil, no entanto não foi suficiente
para alocar todas. No mesmo período outros empreendimentos inform ais
(lot eam entos irregulares) foram estabelecidos nas regiões hoje
conhecidas como bairro Taboão, Continental, dos Pimentas, Bonsucesso,
Cocaia, Aracília, Cum bica, São João e Fortaleza.

Guarulhos era considerada até então cidade-dormitório por


aqueles que trabalhavam na capital paulista (pri ncipalmente na zona
norte), tinha um a concentração muito grande de pessoas provindas de
outras regiões do país, principalmente do nordeste brasileiro. A
possibilidade de morar próximo a capital paulista com um custo de vida
64

bem baixo foi fator preponderante para o deslocamento destas pessoas


(RANALI, 2002).

2.3 – O Parque Cecap

A construção do Parque Cecap – Companhia Estadual de


Casas para o Povo -, iniciada por vontade do Governo do Estado de São
Paulo, também passou a ser vista pelos políticos de Guarulhos como uma
possibilidade de agregar m ão de obra com pequeno custo para as
em ergentes indústrias da cidade, criadas entre a década de 1950 e 1960.
O conjunto de casas populares foi projetado pelos arquitetos Villanova
Artigas, Paulo Mendes da Rocha e Fábio Penteado, o projeto
arquitetônico das casas representava uma expressão do estilo moderno
brasileiro (FARINACI, 2011).
65

Figura 4 – Parque Cecap – (2011)

Fonte: Antonio Farinaci , disponível em


http://antoniof ari naci.blogosf era.uol.com .br/, acessad o em 20/12/201 1.

Antonio Farinaci (2011), produtor de um curta-m etragem a


respeito de famílias que moram no Parque buscou resgatar trechos
publicados na revista “Projeto e Construção, de dezem bro de 1972, época
a qual os primeiros moradores puderam ter acesso às suas residências.
As justificativas públicas para a construção dos conjuntos estão descritas
abaixo:
66

O conjunto tem grande importância para São Paulo,


na medida em que reflete a preocupação pela
sol ução de problemas habitacionais de uma
porcertagem da população. Segundo dados
relacionados no Plano Municipal de
Desenvolvimento Integrado – PMDI, na década de
70, deveriam ser construídos para uma população
de nível de renda baixa cerca de 500 mil unidades
na Grande São Paulo. A Cecap está construindo 10
mil. Portanto, se estiverem certos os dados do
PMDI, o conjunto siginifica 2% do total das
necessidades de habitação nesse período
(FARINACI, 2011).

A idéia do conjunto habitacional, a princípio, partiu da


concepção de que a região metropolitana de São Paulo tinha um grande
déficit habitacional em relação aos indivíduos de baixa renda. A proposta
foi construir moradias populares para comportar o expressivo número de
pessoas sem condições de adqui rir, a partir de financiamento bancário ou
métodos convencionais, suas casas. A idéia foi criar um bairro com
infraestrutura completa para atender aos indivíduos sem que estes
precisassem sai r de suas residências, neste sentido:

A idéia que inspirou o projeto elaborado pelos


arquitetos Vilanova Artigas, Fábio Penteado e
67

Paulo Mendes da Rocha foi a implantação de um


centro comunitário integrado, como se o conjunto
fosse realmente uma cidade com vida própria:
todos os serviços e instalações necessárias a essa
autonomia foram meticulosamente previstos:
escolas, centros de saúde, hospital, lojas,
entreposto de abasteci mento, igreja, clube, além de
um sistema vi ário conjugado com a via President e
Dutra e seus acessos à cidade de Guarulhos
(FARINACI, 2011).

O entendimento do Governo do Estado era de que se o bairro


contem plasse todos os serviços necessários para atender ao cotidiano
dos indivíduos, como hospital, lojas, igreja, clube, entre outros, o
sentim ento de confort o era maior, pois as pessoas não necessitariam sair
desta localidade para quaisquer afazeres a não ser trabalhar.

(…) Sob o ponto de vista urbanístico, (o Parque


Cecap) procura integrar todos os aspectos da
habitação ligados à vida humana, típicos nas
grandes concentrações urbanas. Não é habitação
como solução ou finalidade, mas habitação dentro
de um conjunto de áreas de educação, de compras,
esportes e recreação, considerando que a casa não
termi na na soleira da porta, mas se estende às
áreas de vida comunitária (FARINACI, 2011).
68

O projeto Cecap previa consolidar um centro de


relacionamento, serviços e entretenimento em um único lugar,
privilegiando-se a vida comunitária entre os habitantes do conjunto
popular. Um fator importante a permitir esta integração era a origem de
grande parte dos indivíduos que ali residiriam, em grande número
provindos do nordeste brasileiro, razão pela qual através da cultura e da
identidade própria poder-se-ia esperar um relacionamento harm onioso e
duradouro entre os m esm os (RANALI, 2002). A divisão do conjunt o
habitacional assim ficou estabelecida:

O conjunto terá 10.560 apartamentos distribuídos


por 6 freguesias. Cada freguesia terá num raio de
150 metros, uma escola e um pavilhão comercial
para abasteci mento de rotina. O serviço de
transporte atravessa o conjunto de forma a servir
cada moradia numa distância máxi ma de 150
metros. E cada freguesi a é composta de 32 blocos
com 60 unidades, num total de 1920 apartamentos
distribuídos em 3 andares. Os apartamentos, com
64 m2 de área, são construídos de acordo com uma
planta flexível, que permite várias alternativas de
adaptações, segundo os hábitos ou tamanho da
família (FARINACI, 2011).
69

A flexibilidade das pl antas segundo os hábitos foi motivo de


orgulho do projeto arquitetônico, pois contem plava todas as famílias,
desde as pequenas até as maiores, e a adaptação era simples.
Atualmente, os moradores do Parque Cecap já não o vêem como um
conjunto popular, mas como um conj unto de pessoas da classe m édia que
trabalham nas redondezas do bairro, particularmente no aeroporto
internacional de Guarulhos (FARINACI, 2011).

Com o tempo, a identidade do local foi alterada. Apartamentos


no Cecap tem o mesmo valor comercial de outros const ruídos nas
melhores regiões da cidade de Guarulhos, as pessoas tem orgulho de
manifestar que m oram nesta l ocalidade (FARINACI, 2011).

2.4 – Via Dutra

A inauguração da Via Dutra, ocorrida em 1951, propiciou a


expansão industrial do Município, que passou a ser um corredor de
transporte entre a capital paulista, o vale do Paraíba e a capital
fluminense. Nas palavras de João Ranali: “Foi providencial para o
increm ento do nosso progresso o traçado da Rodovia Presidente Dutra
haver cortado quase todo o Município”(2002, p.267).
70

Figura 5 – Rodo via Presidente Dutra (Guarulhos) – Década 2000

Fonte: Nova Dutra 7

Ranali, ademais, apresenta algumas razões sociais e


econômicas para que a rodovia fosse implementada, como o fato de
garantir a ascensão do setor agrícola delimitado pelo cinturão verde da
zona leste de São Paul o, garantir o escoam ento da produção dos
derivados do leite, garantir o escoamento da produção de São Paulo para
o Rio de Janeiro e para o interior paulista, garantir a comunicação entre
os dois Estados mais importantes do país, permitir a segurança da pátria,
interligando todas as unidades do Exército e da Aeronáutica (2002,
p.267).

7
http://www.novadutra.com.br/UserFiles/Image/guarulhos_depois.jpg, retirado em 02/02/2007.
71

O Estado brasileiro garantiu a transformação da estrutura


econômica do país e o Plano de Metas relacionou quatro setores básicos
a serem desenvolvidos: energia, transportes, alimentação e indústria de
base (MARCELLOS, 2006). As estratégias para desenvolver estes quatro
setores objetivavam assegurar as bases m ateriais para nivelar a
acum ulação de capital brasileiro para um patamar mai s elevado (KLINK,
2001, p.96; MARCELLOS, 2006).

2.5 – O Aeroporto de Guarulhos

Outro marco para a cidade foi a construção do Aeroporto


Internacional de São Paulo em Guarulhos (1985), Ranali destaca a
importânci a do Aeroporto para o avanço da estrutura econômica do
município de Guarulhos. Em suas palavras: “E, aqui avulta a importância
do Aeroporto, para cal ar de vez os que se opuseram e ainda se opõem
para efeito demagógico à sua presença entre nós: a com unidade
aeroportuária abriga, ao longo das 24 horas de operação, uma verdadeira
cidade” (2002, p.334).

A construção do Aeroport o Internacional e Guarulhos foi


promovida na década de 1970; neste período, por razões estratégicas, foi
interessante para o poder público aliar os interesses militares aos da
aviação comercial, decisão que levou a construção de um aeroporto que
compartilhasse no mesm o local a Base Aérea e a aviação comercial. O
principal objetivo era controlar o espaço aéreo e a infraestrutura
aeroportuária por i ntermédio da parti cipação direta dos militares à época
à frente no Governo Federal (INFRAERO, 2010).
72

Em 1940 duas famílias tradicionais de São Paulo “Sam uel


Ribeiro” e “Guinle” doaram para o exército uma grande área da “Fazenda
Cumbica”. As famílias exigiram que a área fosse utilizada para a
construção de um a Base Aérea Militar e que esta deveria ser a Base
Aérea de São Paulo – BASP. A Base Aérea de São Paulo foi cri ada no
ano de 1941 com a finalidade de defender o Estado de São Paulo contra
atos hostis de estrangeiros, período que englobou a Segunda Grande
Guerra Mundial (INFRAERO, 2010).

No ano de 1947 o Aeroporto de Congonhas recebeu grande


demanda por serviços aéreos tanto de pessoas quanto de carga, pouco
tem po depois o secretário de Vi ação e Obras Públicas do Estado de São
Paulo nomeou um a comissão para mapear e catalogar áreas possíveis
para impl antação de um novo Aeroporto; al gumas foram diagnosticadas
porém nada foi feito (AEROPORTO, 2011).

Na década de 1960 o desenvolvimento econômico forçou o


Estado a adotar políticas para a criação de infraestrutura para com portar
o processo de crescimento de empresas nacionais e multinacionais. Neste
momento foi criado o Aeroporto Internaci onal de Viracopos em Campi nas
para que aviões de grande capacidade e volume pudessem perfazer rotas
entre o Brasil e o resto do mundo (AEROPORTO, 2011).
73

O Ministério da Aeronáutica, também na década de 1960,


promoveu a criação da Comissão Coordenadora do Projeto Aeroporto
Internacional (CCPAI) da qual foi presidida pelo tenente-brigadeiro
Araripe Macedo. Este comitê, ao ser criado, teve a i ncumbência de definir
as diretri zes para implantação de infraestrutura aeroportuária
eminentem ente comercial para comportar o novo volum e de tráfego aéreo
(AEROPORTO, 2011).

A comissão considerou, via estudo de tráfego de passageiros,


que as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo eram as que tinham
maior volume de demanda por transporte aéreo, sendo que as duas juntas
comportavam 55% do tráfego doméstico e 90% do tráfego internacional no
país. Após análise dos resultados gerados pela comissão chegou-se à
conclusão de que era importante a implantação de dois aeroportos
internacionais nas duas cidades (AEROPORTO, 2011).

A comissão analisou alguns locais para comportar a nova


estrutura aeroportuária e considerou que a Base Aérea do Galeão no Rio
de Janeiro e a Base Aérea de São Paulo no bairro de Cumbica, na cidade
de Guarulhos, eram os mais privilegiados. O Estudo elaborado identificou
que o Aeroporto de Viracopos em Campinas detinha melhores condições
topográficas e m eteorológicas, mas a dist ância da cidade de São Paulo
(95 kilômetros) foi considerada uma variável negativa pois poderia causar
desconf orto ao passageiro ao ser transportado da ci dade de São Paulo à
cidade de Campinas. Adem ais, no período de 1960 a 1970, o país
passava por grave crise de petróleo, encarecendo e dificultando o serviço
de transporte rodoviário (AEROPORTO, 2011).
74

Novos estudos feitos pelo Governo do Estado de São Paulo


descartaram Campinas, verificou-se que a cidade de Ibiúna reunia
condições positivas. Por decreto estadual em 15 de setem bro de 1975 o
então governador desapropriou cerca de 60 quilômet ros quadrados na
cidade de Ibiúna. Disputas políticas foram relevantes para a instalação do
aeroporto, em 1977 o governador desapropriou nova área de 60
quilôm etros quadrados na cidade de Cotia, no entanto a reserva florestal
do Morro Grande, componente da Mata Atlântica, seria sumariamente
devastada, levantes políticos de entidades de proteção insurgiram-se face
ao Governo, o que culminou na desistência de ali instalar uma estrutura
aeroportuária (AEROPORTO, 2011).

A opção do Ministério da Aeronáutica, assim com o a do


Governo Federal, era por Guarulhos, pois o próprio ministério
anteriormente já havia doado 10 quilômetros quadrados pertencentes à
Base Aérea de São Paul o para a implementação de uma infraestrutura
aeroportuária, sem necessitar de desapropriações, por conseguinte
reduzi ndo o custo de construção (AEROPORTO, 2011).

O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro foi i naugurado em


20 de janeiro de 1977. Em São Paulo o Ministério da Aeronáutica em
acordo com o Governo do Estado estabeleceu um conj unto de etapas para
a implantação do Aeroporto. No acordo ficou estabelecido entre as dois
entes federados que o Governo de São Paulo, por intermédio do
governador Paulo Egídi o Marti ns, escolheria o l ocal para a construção e
financiaria 45% das obras, enquanto a União arcaria com 55%
(AEROPORTO, 2011).
75

A decisão pel a construção partiu do governo federal do


presidente Ernesto Geisel, mas a elaboração do proj eto ficou a cargo do
presidente sucessor João Fi gueiredo. Alguns especialistas consi deravam
que a construção em Cumbica de um Aeroporto era inviável devido à fort e
cerração provi nda da Área da Cantareira e do rio Baquirivu-Guaçu. No
entanto, os argumentos não foram suficientes para impedir o início da
construção do Aeroporto (AEROPORTO, 2011).

Em 1976 o então governador do Estado de São Paulo, Paulo


Maluf, em conversas mantidas com o governo Figueiredo demonstrou que
o Estado passava por um difícil período financeiro e não poderia compor o
investimento nos percentuais anteriorment e acordados. A Aeronáutica
então arcou com 92% dos recursos e o Estado de São Paulo arcou com
8% dos recursos financeiros totais para a completude da obra
(AEROPORTO, 2011).

O Prefeito de Guarulhos à época, Néfi Tales, comunicou ao


Governo Federal que era necessário promover um plebiscito na cidade
para conhecer a vontade dos moradores, porém, nada foi feito. A
população guarulhense não queria a instalação do aeroporto sob pena de
provocar a depreciação e degradação da cidade com a instalação de uma
estrutura para a qual não fora projetada (AEROPORTO, 2011).

Em maio de 1979, foi criada a Comissão Coordenadora do


Projeto Sistema Aeroportuário da Área Terminal de São Paulo - COPASP
– a qual foi vinculada ao Mi nist ério da Aeronáutica, encarregada de fazer
o escopo, o projeto e a construção da infraestrutura aeroportuária que
76

integrasse os aeroportos de Congonhas, Vi racopos, Cam po de Marte e


Santos (AEROPORTO, 2011).

O Plano Diretor do Aeroporto Internacional de Guarul hos foi


elaborado em 1981 e aprovado em 1983. Este novo aeroporto deveria
receber a demanda de vôos domésticos e vôos procedentes da América
do Sul, sendo que o Aeroporto Internacional do Galeão receberia os
demais vôos internaci onais, funcionando para estes vôos em sistema hub-
and-spoke 8 (AEROPORTO, 2011).

Em 28 de janeiro de 1983 um decreto estadual desapropriou


44.000 metros quadrados de área para a alocação de parte da
infraestrutura aeroportuária em Guarulhos. Foi implem entada uma
configuração que contemplava duas pistas sem que estas atrapalhassem
as operações da Base Aérea Militar de São Paulo. O projeto contempl ava
a construção de quatro terminais de passageiros e três pistas, sendo que
até o momento soment e foram consolidadas duas pistas e dois t erminais
(AEROPORTO, 2011).

A construção do novo aeroporto terminou em 20 de janeiro de


1985, m omento no qual foi inaugurado. Atualmente o aeroporto opera com
dois terminais de passageiros e 46 empresas aéreas; ao dia, em média,
são contabilizadas 650 operações de pousos e decolagens de aviões
(INFRAERO, 2010).

8
Sistema hub-and-spoke – “conjunto de vôos que pousam durante um intervalo de tempo preciso, para oferecer uma
transferência posterior a outro banco de vôos de partidas, maximizando o número de conexões possíveis, mantendo o
tempo em solo dentro de limites curtos e bem definidos” (ANAC, 2010).
77

Figura 6 – Terminais Aéreos do Aeroporto Internacional de Guarulhos


– 2005

F onte: Googl e

Da cidade de Guarulhos partem e chegam vôos com origem e em

destino a 27 países e 153 cidades nacionais e internacionais. Em relação

ao setor de logística de carga, o Aeroporto Internacional tem o maior

terminal da América do Sul com área representativa igual a 97.800 m etros

quadrados, o qual contempla serviços de movimentação de materi ais,

unitização e armazenagem de mercadorias provindas de vôos domésticos

e i nternacionais (INFRAERO, 2010).


78

Atualmente 1.700 em presas prestadoras de serviços

aeroportuários estão alocadas no Aeroporto Internacional, em pregando

juntas 28.200 pessoas que trabalham em sistema de revezam ento de

turno. A quantidade de passageiros vem aum entando em larga escala; de

acordo com dados da Infraero, os viajantes representam, atualmente, em

demanda o dobro do que representavam no início da década de 2000

(INFRAERO, 2010).
79

Figura 7 – Terminais Aéreos do Aeroporto Internacional de Guarulhos

Fonte: I nf raero, 2010.

O transporte de cargas em relação ao transporte de


passagei ros, em bora tenha aumentado, não obteve seu crescimento na
mesm a proporção; demonstra-se que o viés atual do aeroporto está
alinhavado com o transporte autônomo de pessoas. O transporte de
pessoas, por ser privilegiado, também colabora para a formação
identitária da infraestrutura aeroportuária, que em grande maioria obtêm
recursos econômicos de viajantes e turistas (INFRAERO, 2010).
80

O investimento e o aprimoramento no atendim ento ao usuário


conferiu ao Aeroporto Internacional de Guarulhos o prêmio de Melhor
Aeroporto do País pela Revista Viagem & Turismo da editora Abril. Est e
prêmio foi ganho cinco vezes seguidas; a decisão ocorre por intermédio
de viajantes que elegem a mel hor empresa ou entidade em cada setor
específico (INFRAERO, 2010).

De acordo com análise feita pel a Infraero, o Aeroporto de


Guarulhos representa ser uma m atriz para desenvolver negócios e
potencializar a economia local, al ém de um a importante referência para a
em pregabilidade na região. De acordo com a Infraero:

Para o Município de Guarul hos, o aeroporto


representa um indutor de desenvolvimento gerador
de novos negócios e oportunidades, além de ser um
dos mais importantes centros de ofertas de
empregos. Cerca de 50% dos postos de trabalho do
aeroporto são de profissionais que residem na
cidade (INFRAERO, 2010).

Para fazer com que a população local esteja integrada à


estrutura aeroportuária, a Infraero promove projetos sociais denominados:
“Afinando o futuro com arte”, “Voando para o futuro” e “Guardião dos
Ares”. Os projetos são levados para a população de baixa renda que se
encontra na região limítrofe ao aeroporto, à qual oferecem capacitação
técnica profissionalizante para a inserção de jovens ao mercado de
trabalho, aulas de música, violão, viola e contrabaixo para integração
cultural (INFRAERO, 2010).
81

A Infraero também considera que o aeroporto foi um


importante fator para o crescimento do setor hoteleiro na Cidade de
Guarulhos e desta forma sugere que exista alguma correlação entre o fato
da criação do aeroport o internacional ter influenciado o desenvolvimento
do set or serviço na cidade, princi palmente hoteleiro:

O aeroporto não pára de crescer e consolida-se


como um importante pól o indutor de
desenvolvimento sóci o-econômico e cultural. U m
bom exemplo disso, é o crescimento do setor
hoteleiro na Cidade de Guarulhos que reúne,
atualmente, 19 hotéis, tot ali zando mais de 2,7 mil
apartamentos (INFRAERO, 2010).

A Infraero está desenvolvendo, desde 2005, obras para


revitalização do aeroporto, entre elas está a m elhoria do acesso viário
exist ente, com o objetivo de tornar o trajeto mais bonito e prático, além de
compatibilizar o fluxo de carros com o volum e recepcionado.

A concepção do Aeroporto foi significativa e determinante para


a tentativa de criação de uma nova identi dade para a cidade. Até em
cham adas comerciais praticadas nos dias atuais tal al usão é feita,
associando-se a imagem do avião ao progresso e moderni dade que
determinadas organizações possam trazer ao município. A propaganda
veiculada pela Universidade de Guarulhos e a Página na rede mundi al de
computadores – internet – veiculada pela prefeitura são exem plos disto.
82

Figura 8 – Ati vidades comerciais em Guarulhos e o Aeroporto

Fonte: Diário de Guarulhos, 8 de dezem bro de 2007, p. 57


83

Figura 9 – Pagina da Prefeitura de Guarulhos na World Wide


Web - 2007

Fonte: Prefeitura Municipal de Guarulhos 9

9
http://www.guarulhos.sp.gov.br, retirado em 19/02/2007.
84

2.6 – Avaliação estratégica da cidade de Guarulhos

Utilizando o modelo de análise m atriz SW OT 10, o Sebrae-SP


(2000) desenvolveu quatro principais paradigm as que representam o
cotidiano, o desenvolvimento, as potencialidades, e os pontos fracos da
cidade de Guarulhos. O m odelo é dividido em uma análise cl assificatória
que arrola os pontos fortes e fracos – referentes ao am biente interno – e
as ameaças e oportunidades – referentes ao ambiente externo. A análise
assim foi publicamente divulgada:

Pontos Fortes
- Locali zação próxima a São Paulo, entre as
Rodovias Dutra e Fernão Dias;
- Passagem para o Vale do Paraíba, Rio de Janeiro
e sul de Minas Gerais (Belo Hori zonte);

10
Pode se compreender o modelo da análise SWOT como “(...) a combinação da análise do ambiente
(externa) e da análise interna. No entendimento dos diferentes componentes da SWOT e seus
respectivos conceitos, procuramos enfatizar dois níveis de impacto e conseqüente avaliação: a dimensão
competitiva e as questões de natureza interna, como objetivos e rentabilidade. Assim, temos os seguintes
conceitos: oportunidade é uma situação externa que dá à empresa a possibilidade de facilitar o alcance
dos objetivos ou de melhorar sua posição competitiva e/ou sua rentabilidade; ameaça é uma situação
externa que coloca a empresa diante de dificuldades para o alcance dos objetivos ou de perda de
mercado e/ou redução de rentabilidade; ponto forte é uma característica interna ou um ativo que dá à
empresa uma vantagem competitiva sobre seus concorrentes ou uma facilidade para o alcance dos
objetivos (que podem incluir rentabilidade); ponto fraco uma característica interna ou uma limitação em
um ativo que coloca a empresa em situação de desvantagem em relação com seus concorrentes ou de
dificuldade para o alcance dos objetivos(...)” (ROSSI E LUCE, 2002, p.3).
85

- Presença do Aeroporto Internacional de


Guarulhos;
- Presença de indústrias;
- Presença de transportadoras;
- Potencial de consumo de 3,5 bilhões de dól ares.

Pontos Fracos
- Faveli zação da periferia (301 favelas);
- Mão-de-obra desqualificada;
- Sistema viário deficitário e insuficiente para
comportar o volume de veículos;
- Vias de acesso precárias e constantemente
congestionadas;
- Falta de identidade da população guarulhense.

Oportunidades
- Forte cresci mento do setor de serviços e do
comércio atacadista e varejista;
- Entreposto de cargas;
- Abertura de negócios voltados à conveniência,
como lojas e serviços dentro ou fora de ruas 24
horas;
- Abertura de franquias;
- Tornar Guarulhos um pólo de consumo entre São
Paulo e São José dos Campos;
- Criar uma identidade para a população
guarulhense;
86

- Turismo de negócios e eventos;


- Empresas ligadas a atividades de comércio
exterior;
- Formação de mão-de-obra para suprir os setores
ascendentes.

Ameaças
- Fuga das indústrias;
- Proximidade de São Paul o (as pessoas saem de
Guarulhos para consumir em São Paulo);
- Ausência de uma campanha de marketing para
divulgar a ci dade, destacando seus pontos fortes.

A análise serve como parâmetro para algumas conclusões que


serão apresentadas após a análise da representação da percepção dos
indivíduos sobre as alterações ocorridas no espaço público de Guarulhos.
A princípio a pesquisa enaltece a localização privilegiada da cidade,
sendo que fica posicionada exatamente entre o eixo Rio – São Paulo e
São Paulo – Belo Horizonte, duas capitais economicam ente importantes
no País.

A análise também faz referência ao Aeroporto internacional, às


indústrias e transportadoras como paradigmas de pujança; no m ais
destaca o potencial de consum o dos indivíduos na cidade, importante
para a manutenção de um a economia local saudável em serviços.
87

A pesquisa destaca o aum ento da área de m oradias urbanas


não planejadas (favelização), a falta de treinamento de desenvolviment o
de mão de obra capacitada, um sistema viário deficitário que não
comporta o volume de veícul os que trafegam no perímetro da cidade, vias
precárias, congestionamento constante e falta de identidade da população
guarulhense.

Analisando a matriz SW OT constata-se que de acordo com a


pesquisa do Sebrae-SP o investimento em moradias urbanas planejadas é
deficitário, assim como o investimento em vias para o tráfego de veículos,
em bora no centro todas as vias foram revitalizadas.

Enquanto oportunidades pode-se conceber o crescimento do


setor serviço e do comérci o atacadista e varejista, o crescimento do
número de em presas distri buidoras e armazenadoras de produtos, a
abertura de lojas de conveniência (24 horas), abertura de franquias, o
aumento do turismo de negóci os e eventos por intermédio do fomento aos
centros de conferências e hotéis instalados na ci dade. Algumas potenciais
am eaças são vistas pel o instrum ent o, tais com o a falta de cam panhas
institucionais para divulgar os pontos fortes da cidade, a evasão das
indústrias locais e o consumo local prejudicado face ao potencial da
cidade vi zinha São Paulo.

De acordo com imagem cedida pelo laboratório de


Geoprocessamento da Universidade de Guarulhos o município está assim
dividido atualmente de acordo com os bairros abaixo, os quais fazem
divisa com as cidades de Mairiporã, Nazaré, Santa Isabel, São Paulo,
Arujá e Itaquaquecetuba.
88

Figura 10 – Municípios de Guarulhos - Bairros

Fonte: Laboratório de Geoprocessamento – Universidade de Guarulhos -


UNG
89

2.7 – Demografia e mapa de zoneamento

De acordo com o último censo coletado pelo IBGE em 2010 no


que concerne aos gêneros no município o gênero feminino tem l eve
vantagem sobre o masculino, sendo que 51% dos munícipes são
femininos e 49% são masculinos. Entre os bairros m ais habitados estão
Pimentas com população de 156.748 pessoas e Bonsucesso com 93.597
pessoas, ambos localizados no extremo leste do município e fazem divisa
com as cidades de Arujá e Itaquaquecetuba respectivamente.

Quadro 1 – População e gênero dos bairros em Guarulhos (Total)

Fonte: IBGE, 2010 (Adaptado por Diário de Guarul hos)


90

Dos bairros elencados somente a Vila Rio está próxima ao


centro da cidade, representando um total de 47.050 habitantes. O mapa
de macrozoneam ento da cidade de Guarulhos conforme a aprovação do
último plano diretor - Lei no. 6.055, de 30 de dezembro de 2004 –
distingue as zonas de proteção ambiental e de urbanização consolidada e
em desenvolvimento. O centro está contido na zona de urbanização
consolidada, enquanto o Aeroporto Internacional na zona de dinamização
econômica e urbana, assim como o corredor da rodovia Presidente Dutra.
91

Figura 11 – Mapa de zoneamento instituído pelo plano diretor de


desenvol vimento urbano, econômico e social.

Fonte: Lei no. 6.055, de 30 de dezembro de 2004 – Guarulhos


92

A figura abaixo perfaz o mapeamento feito pelo plano diretor


de 2004 das áreas consideras enquanto “zonas de uso” de acordo com
sua natureza. Dentre as áreas destaca-se o centro rachurado em
vermelho e em seu entorno as zonas de comérci o e serviço, a zona
aeroportuária é identificada pela rachura azul e a zona industrial está
alocada no corredor da rodovia Presidente Dutra em rachura rosa.

Figura 12 – Legenda das Zonas de uso de acordo com o Plano Diretor


de 2004

Fonte: Lei no. 6.055, de 30 de dezem bro de 2004 – Guarulhos


93

Figura 13 – M apeamento das Zonas de uso de acordo com o Plano


Diretor de 2004

Fonte: Lei no. 6.055, de 30 de dezem bro de 2004 – Pref eitura de


Guarulhos

O processo de revitalização conforme será visto adiante


contem plou a m odificação do espaço público nas zonas centrais, de
comércio e serviço e na zona aeroportuária.
94

2.8 – A Identidade de Guarulhos e as representações registradas


pelos moradores sobre a cidade, na mídia local.

A identidade individual pode ser considerada com o: “um


processo interno do indivíduo, que lhe permite ser reconhecido como
diferente dos demais e, concomitantem ent e, similar aos indivíduos de
determinada classe, categoria, estrato social, grupo ou com unidade”
(MARCELLOS, 2006, p.15).

A identidade caracteriza-se por inúmeras relações e


configurações, tornando-se flexível, aberta, contrastiva, múltipla e sempre
provisória, deste modo a identidade é uma construção subjetiva e ao
mesm o tempo um a inscrição social (GIUST-DESPRAIRES, 2000, p.201).
O sentimento de identificação deriva da sociedade ou da convivência
social e, antes que uma diferença seja concebida como importante, ela
deve ser coletivamente conceitualizada pela sociedade com o um todo. Ou
seja, a diferença, ou a identificação, deve ser percebida e aceita pela
sociedade, sem este aval não existirá a contextualização do diferente,
nem do diverso (GOFFMAN, 1963, p.134).

A identidade é dinâmica de acordo com o tem po e o espaço,


portanto as identidades são negociáveis, revogáveis e podem ser
construídas de maneira política, circunstancial ou, acima de tudo,
contrastiva. Nenhuma identidade se constrói no vazio, tampouco do nada,
ela será sempre uma reação ao outro, ao contrário (MARCELLOS, 2006,
p.18).
95

A identidade social é constituída não só pela representação


que o indivíduo f az dele no próprio ambi ente, mas também em
contraposição aos grupos de oposição dos quais ele não faz parte
(MACHADO, 2003, p.55). Pode, ainda, estar situada sob determinadas
categorias ou agrupam entos personalíssimos, com o a etnia, a preferência
sexual, a cl asse social, a idade, portadores de deficiências, classe
laboral, entre outros (MACHADO, 2003, p.57).

Os i ndivíduos, os grupos sociais e as sociedades reorganizam


o seu significado em função de tendências da própri a sociedade e da
própria cultura inserida em sua estrutura social (CASTELLS 1999, p.24). A
construção de um a identidade própria depende, segundo Castells (1999,
p.22) de um processo de construção de significado com base em um
atributo cultural, ou ainda um conjunto de atributos culturais inter-
relacionados, os quais prevalecem sobre outras fontes de significado.

A identidade social é expressa pela ação interativa, pois o


indivíduo é o reflexo daquilo que diz, dos signos 11 que utiliza para
subsidiar suas informações (GOFFMAN, 1963).

11
Signos: Ao estudo dos signos dá-se o nome de semiótica (parte da ciência da comunicação), a
estrutura signo compreende: signo stricto sensu, códigos e cultura; a semiótica considera o receptor ou
leitor como possuidor de um papel ativo. O signo é algo físico, perceptível aos nossos sentidos.
Consideramos para o entendimento do signo a teoria de Charles Sanders Peirce (Écrits sur le signe,
1978). Desta forma um signo é o primeiro elemento de uma relação triádica que está relacionado a um
segundo elemento chamado objeto e que pode correlacionar-se a um terceiro elemento chamado
interpretante, que também se relaciona com o objeto. O signo ou representante é aquilo que substitui
qualquer coisa por alguém, isto é, significa na ausência. O interpretante é o conceito mental do signo,
seja orador ou ouvinte. Peirce distinguiu três tipos de signos: ícones, índices e símbolos. Os signos são
96

A possibilidade de o i ndivíduo ser reconheci do por m eio de


um a ou várias identidades torna-se a fonte de significação social em um
cenário de desagregação das organizações sociais, deslegitimação das
instituições e enfraquecimento dos m ovimentos sociais, que percorre toda
a m odernidade (CORRÊA, 2004).

A busca pelo significado e pela construção identitária ocorre


no âm bito da construção de identidades defensivas em torno de princípios
comuns, em que inexistem barreiras temporais, t ampouco territoriais.
Seguindo este preceito, Castells (1999, p.24) propõe uma distinção entre
três formas e origens de construção das identidades:

- Identi dade legitimadora: aquela introduzida e i nfluenciada


pelas instituições dominantes da sociedade, com o objetivo de
expandir e racionalizar sua dominação em relação aos atores
sociais;

- Identidade de resistênci a: concebida pelos atores sociais que


se encontram em posição desfavorável ou estigmatizada pela lógica
da dominação, construindo-se, assim, formas de resistência e
sobrevivência com base em princípios diversos daqueles que estão
vinculados à sociedade; e

os representantes do conhecimento resultante de contatos e reações. O contato é o estímulo à


sensação-percepção. Reação é a ato ou pensamento decorrente do impacto do percebido. O signo é o
representante do conhecimento assim adquirido. Partindo de associações, reconhecemos objetos, as
coisas - e também os indícios de coisas.
97

- Identidade de projeto: concebi da quando os atores sociais se


utilizam de qualquer material cultural ao seu alcance, construindo
uma nova identidade capaz de redefinir sua posição na sociedade,
e, ao fazê-lo, buscar a transform ação de toda a estrutura social.

Entende-se que de acordo com a historicidade do m unicípio de


Guarulhos, a identidade legitimadora tem sido a mais utilizada para fazer
com que os habitantes possam estar alinhavados às expectativas das
instituições dominantes da sociedade.

As modificações para a renovação do espaço público


praticadas em Guarulhos, em sua maioria, ficaram a cargo do poder
público, que para garantir o interesse do capital internacional (em
sacram entar a cidade como integrante do circuito internacional de regiões
cosmopolitas), a posicionou enquanto anfitriã para alocar e hospedar
indivíduos e turistas de outros países. Por ser cidade aeroportuária tem
objetivo único econômico de expandir seus negócios e fazer com que o
volume de trocas com erciais seja alavancado (RANALI, 2002).

As representações registradas pelos moradores de Guarulhos


sobre a cidade na mídia local são expressas em opini ões contidas em
jornais tradicionais da ci dade. Em reportagem veiculada pelo jornal Diário
de Guarulhos do dia 8 de dezembro de 2007 em comemoração aos 447
anos da cidade, f oram coletadas algumas opiniões e declarações de
munícipes sobre sua vida e cotidiano na cidade. O critério utilizado foi
perfazer o recorte de todas as declarações que continham algum elem ento
de identificação com a cidade ou com a utilização do espaço público.
98

A munícipe Maria Alice 12 declara que vê Guarulhos como uma


cidade industrial e que passou por m odificações culturais e que por isso
ganhou características de cidade grande. Em suas palavras:

Hoje, Guarulhos, por sua grande za territorial ,


expansão industrial, comercial e cultural, adquiriu
características das grandes ci dades, com todos os
seus problemas também. Ainda assim, devo dizer
que Guarulhos me respeita muito como cidadã e
trabalhadora que sou. Foi aqui que ao longo dos
anos conheci pessoas que, com suas atitudes
desbravadoras e dedicação, forjaram a Guarulhos
de hoje. (Diári o de Guarulhos, 8 de dezembro de
2007, p. 46)

A munícipe acaba por definir que a transformação de


Guarulhos foi essencial para adquirir características das grandes cidades
mundiais. Outro m unícipe, de nom e Roberto Sam uel 13, cham a a atenção
para as características de diversidade da ci dade e sua f ormação
multicultural e fragm entada com pessoas do país todo e poucos
guarulhenses natos, em suas palavras:

12
O sobrenome e a qualificação não foram identificados pelo jornal.
13
O sobrenome e a qualificação não foram identificados pelo jornal.
99

Guarulhos é uma cidade de estrangeiros, de


migrantes, filhos de migrantes e de poucos
guarulhenses natos. Como amar aquilo que não se
conhece? A cidade nos é apresentada de forma
fragmentada. As pessoas amam, no máximo, o
bairro em que moram, mas quando odeiam, odeiam
a cidade por inteiro. Ou seja, não há como amar o
que não se conhece, mas é mais fácil odiar o que
não se conhece. Esta cidade é cheia de
diversidade, e pouco conhecida. Tem muitas faces
e jeitos de ser; mui tas realidades. A rique za da Vila
Galvão contrasta com as subabitações do bairro do
Cumbica, as matas da Cantareira são o oposto da
selva de pedra da região central. O primeiro mundo
no aeroporto e o terceiro, representado pelas filas
nos postos de saúde. Mas, eu a amo, apesar dos
pesares causados pel os homens. (Diário de
Guarulhos, 8 de dezembro de 2007, p. 46)

O munícipe faz um prévio diagnóstico sobre a diversidade e a


desigualdade existente na cidade de Guarulhos, onde a riqueza de bairros
pujant es e contrastada com bairros periféricos os quais têm subabitações
e filas nos postos de saúde.

A formação m ulticultural de Guarulhos é patente assim como o


fluxo migratório consolidado em seus limites. De acordo com o m unícipe
Roberto a cidade tem muitas faces, bairros pujantes e outros em situação
de penúria, além disso contempla uma grande construção como o
100

aeroporto de Cum bica e falhas no sistema de saúde, a cidade é eclética e


dinâmica.

Na visão de outro munícipe, W alter Caseli, o sucesso ou


insucesso do m unicípi o está vinculado aos governantes da cidade, e em
suas palavras:

Aqui cresci, casei com uma guarulhense, temos


duas filhas e um neto. Muita coisa mudou, como em
todo mundo; o desenvolvimento é necessário, todos
os governantes que passaram tiveram seus méritos,
uns se dedicaram mais ao centro, outros à periferi a
(...) O tempo passou. Guarulhos cresceu,
amadureceu e hoje somos conheci dos
mundialmente, graças ao Aeroporto Internaci onal.
Rede de hotelaria de primeira, mas ainda falta um
parque de exposições, um termi nal rodoviário
urbano e, claro, o metrô. (Diário de Guarulhos, 8 de
dezem bro de 2007, p. 88)

O reconhecimento internacional de acordo com o m unícipe


passa pel a figura do Aeroporto e associada a este está a cadeia de hotéis
localizada no município; todavia, retrata algumas carências existentes
como a falta de um terminal rodoviário para a população e um metrô que
ligue a capital São Paulo.
101

A munícipe Nair Raimundo 14, com maior visão crítica, aponta


algum as imperfeições da cidade e em suas palavras:

Sem motivos para amar: Por ter vários buracos


para escolher, onde você quer cair, quebrar o
tornozelo como eu quebrei por não ter calçada para
andar, por ter plantas nas calçadas ocupando o
lugar do pedestre, telefone no meio para ajudar;
por ter um prefeito que faz maquiagem na cidade
no ano da eleição. Chega ou quer mais? (Diário de
Guarulhos, 8 de dezembro de 2007, p. 92)

A munícipe vincula o progresso da cidade ao fator sazonal


das eleições; em suas palavras, quando convém aos dirigentes estes
atuam em prol da cidade, somente quanto lhes interessa.

Algum as identi dades permanecem até o momento no


imagi nário dos habitantes, outros sentimentos de identificação estão
desaparecendo paulatinam ente da memória coletiva da população.
Descobrir quais são os laços identitários contemporâneos é sem dúvida
um a árdua tarefa na medida em que tanto o imaginári o quanto os espaços
urbanos tem infinitas formas de ser influenciados ou de influenciarem uma
identificação.

14
O sobrenome e a qualificação não foram identificados pelo jornal.
102

Capítulo 3 – Alterações no espaço


público na região central de
Guarulhos
103

Capítul o 3 - Alterações no espaço público na região central de


Guarulhos

3.1 – Espaço Público

Pode-se utilizar com o principal referência a definição de


espaço público por Lavalle: “oposição com o privado lhe define as
fronteiras” (LAVALLE, 2005). O espaço público é todo o espaço que não
seja privado, que não seja objeto de propriedade ou posse particular de
um indivíduo, de acordo com Gom es: “é público aquilo que não é privado”
(GOMES, 2002, p. 159).

O espaço público pode ser definido a partir de três concepções


distintas, estas concepções levam em consideração o inverso ao privado,
a delimitação jurídica e a delimitação pelo livre acesso, de acordo com
Loboda:

1) a forma negativa de definição largament e


utilizada, ou seja, “é público aquilo que não é
privado”. Do ponto de vista conceitual, como uma
forma prática de identificação essa noção não
parece ser apropriada, visto também que existem
outros est atutos para o espaço-comum, coletivo
etc;
2) tomar o espaço público como uma área
juridicamente delimitada. Essa noção significa,
104

antes de qualquer coisa, uma inversão de


procedimentos. Os espaços públicos caracterizam-
se como locais que precedem os textos legais que
regul amentam sua existência. Além de ser o locus
de manifestações de uma variedade
fenomenológica que não obrigatoriamente é
descrita na legislação; e,
3) o espaço público é defini do pelo livre acesso.
Aqui a compreensão da noção de espaço público
fica obscura pelo fato de não diferenciar público de
col etivo ou comum, ou seja, o f ato de proporcionar
um livre acesso não configura um estatuto de
público ao espaço (LOBODA, 2009)

O presente trabalho trouxe à baila a remodelação do espaço


público iniciado por um projeto que partiu do poder público municipal, é
sensato utilizar a definição apresentada por Loboda com o principal
referência para demonstrar o conceito de “espaço público”. Embora
Loboda admita que existam alguns elem entos imprescindíveis para que
um espaço público seja identificado, neste caso a identificação acontece
por agrupam entos:

a) atividades esportivas (modalidades e


equipamentos): cami nhadas, cooper, futebol, skate,
bicicross, quadras esportivas, campinhos etc;
b) atividades lúdicas (modalidades e
equipamentos): playgrounds, espaços livres, jogos,
brincadeiras, contemplação, encontros, ler, rir;
105

c) alimentação: lanches, pipoca, sorvete,


barracas, feira, barzinhos e lanchonetes;
d) elementos paisagísticos: arbori zação,
gratuidade, o verde, a beleza, flores, gramado,
lagos e lagoas;
e) elementos arquitetônicos e urbanísticos:
monumentos, quiosques, ilumi nação, pontes,
espelhos d`água, sanitários, bancos, lixeiras;
f) segurança e manutenção: espaços seguros,
tranqüilidade, guardiões, zeladores, policiamento;
e,
g) atividades culturais: eventos, teatro,
movimentos, práticas religiosas, festividades.
(LOBODA, 2009)

Na visão de Loboda espaços públicos são aquel es que


admitem atividades esportivas abertas, atividades lúdicas, alimentação, a
concepção de elementos paisagísticos, arquitetônicos e urbanísticos,
segurança e m anutenção e ativi dades culturais (2009).

Para Carlos o espaço público é produzido e apropriado à


medida que se torna determinante para a prática da vida cotidiana em um
nível sóci o-espacial para a manutenção das relações entre os indivíduos,
em suas palavras:
106

(...)é na análise da vida cotidiana, onde a prática


sócio-espacial se desenrola dando conteúdo a vida
coti diana, enquanto nível determi nante que
esclarece o vivido, na medida em que a sociedade
produ z o espaço, apropriando-se dele, dominando-o
(2004, p. 8)

Carl os destaca que relações cotidi anas com o espaço criam


laços profundos de identidade entre os habitantes e o lugar, desta forma o
homem habita dentro da cidade lugares que formam um significado para
si, tornando-se público já que não é de sua propriedade, em suas
palavras:

(...) relações de vizinhança, o ato de ir às compras,


o caminhar, o encontro os jogos, as brincadeiras, o
percurso reconhecido de uma prática
vivida/reconhecida em pequenos atos corriqueiros e
aparentemente sem sentido que criam laços
profundos de identidades habitante - habitante e
habitante - lugar, marcada pela presença. São,
portanto, os lugares que o homem habita dentro da
cidade e que di ze m respeito a sua vida cotidiana,
lugares como condição da vi da, que vão ganhando
o si gnificado dado pelo uso (em suas possibilidades
e limites) (CARLOS, 2001, p. 35 e 36).

As relações com elementos simbólicos da cidade e com os


espaços habitados fazem com que estes se tornem públicos, permitindo
107

ao freqüentador desenvolver relações de identidade com o espaço


convivido. Qualquer alteração em quaisquer símbolos no espaço
autom aticamente causará repercussão e impacto naquele i ndivíduo que o
freqüenta, podendo desenvolver emoções diversas como euforia, gratidão,
ansiedade e frustração. Se o espaço não lhe for representativo, não
desenvolverá emoção al gum a. No entanto a alteração do espaço poderá
ressignificar seu uso, contornando novos limites às relações de interação
e pertencimento dos indivíduos consigo.

3.2 Fundamentos legais para a revitalização do centro e remodelação


do espaço central urbano

A proposta de revi talização do centro parti u do projeto de lei


de núm ero 477/2001, de autoria do então prefeito Elói Pietá. Considerada
um a das principais metas do governo, a revitalização deveria ser discutida
por uma comissão especial da qual fizessem parte todos os integrantes da
sociedade civil, a fim de julgarem soluções para o crescim ento
desordenado do centro e a implementação de soluções para a disciplina
urbana.

A Lei de número 5.770 de 7 de janeiro de 2002 foi aprovada


para revitalização do centro de Guarulhos, Deveriam ser reconfigurados o
trânsito, o transporte col etivo, o sistema viário, a infraestrutura, o
paisagismo, o desenvolvimento do com ércio, dos serviços e do “turismo”,
além da criação de princípios para a preservação do patrimônio histórico
e cultural. O seu artigo 1º aqui é transcrito ipsis litteris:
108

Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a criar a


Comissão Especial para Revitalização do Centro de
Guarulhos, objetivando a elaboração de estudos e
projetos para o disciplinamento das questões
urbanas do Centro da Ci dade, em especial
envolvendo trânsito, transporte coletivo, sist ema
viário, infra-estrutura, paisagismo, desenvolvimento
integrado do comércio, dos serviços, turismo e a
preservação do patrimônio hist órico e cultural.

A proposta da Prefeitura era criar um estudo especial para a


revitalização do centro da Cidade, baseando-se principalmente na
dificuldade de locomoção dos transeuntes, no conflito existente de tráfego
e na regulam entação dos profissionais que no centro trabalhavam
(GUARULHOS,2001):

O projeto foi dividido em 4 fases, sendo que as


duas primeiras já foram implantadas. A primeira
fase consistiu em: re-ordenamento do tráfego,
adotando-se os sistemas de rótul a e contra-rótula,
melhorando a circulação na área; re-estruturação
do sistema de transporte coletivo com novo
dimensionamento e distribuição dos pontos de
embarque e desembarque; i mplementação de nova
sinalização vertical, hori zontal, semafórica e placas
de orientação de tráfego, priori dade aos pedestres
promovi da através de ampliação dos passeios, re-
ordenamento dos mobiliários e equipamentos
109

urbanos e nivelamento dos passeios; preceitos do


desenho universal para a circulação das pessoas
com deficiência: guias rebaixadas junto às
travessias de pedestres, plataformas de embarque
e desembarque elevadas, vagas de estacionamento
destinadas às pessoas com deficiência, sinali zação
tátil destinada às pessoas com deficiência visual;
ampliação das possibilidades de atuação do
comércio, serviços e lazer.

A primeira fase contem plou algumas mudanças no paisagismo


como a implem entação de nova sinalização, novos semáforos
tem pori zados, ampliação dos passeios e construção de guias rebaixadas
para pessoas com deficiência, além do piso tátil. Aum entou-se também a
oferta de estacionamento e ampliação das áreas reservadas ao comérci o.
110

Figura 14 – Passeios com guias rebaixadas e piso tátil para pessoas


com deficiência

Foto: Lincol n Marcellos (2010).

A segunda fase implantou um sistem a de redução de


velocidade veicul ar através da elevação do piso no nível do passeio, de
acordo com o projeto:
111

A segunda fase consisti u na implantação de um


sistema de redução de velocidade veicular (“traffic
cal ming”) através da elevação do pi so no nível do
passeio e implantação de pavimento diferenciado,
reduzindo a velocidade dos veículos e oferecendo
maior segurança aos pedestres.

O sistema “traffic calming” funciona por intermédio de elevação


do piso e colocação de artifício sonoro para desestim ular o excesso de
velocidade e reduzir o ruído e os acidentes. Foi i nicialmente adotado por
alguns moradores de uma pequena cidade da Holanda na década de
1960, quando estes decidiram transform ar as ruas em espaço de
convivência, estreitando as vias, elevando a faixa para pedestres e
criando chicanes (curvas artificiais), além de pavimento com cor e
material diferenciado para destaque ao transeunte (QUATRO RODAS,
2011).
112

Figura 15 – Utilização do sistema “traffic calming” para redução de


velocidade veicular

Foto: Lincoln Marcellos (2010). Centro da ci dade, cruzamento da Avenida


Sete de Setem bro com a travessa para a Avenida João Gonçalves.

A terceira fase consistiu na int ervenção na Rua Dom Pedro II e


arredores, um dos principais centros do com ércio guarulhense:

Atualmente estamos em etapa avançada da terceira


fase do projeto, que consiste na intervenção na
Rua Dom Pedro II e entorno, e em estudos
113

preliminares para a quarta fase (diretri zes para o


centro expandido). Para o desenvolvimento do
projeto foi contratado o arquiteto de renome Paulo
Mendes da Rocha e equipe, que vem
desenvolvendo os estudos para o projeto final que
deve ser concluído no mês de mai o desse ano. Os
arquitetos primeiramente executaram um
levantamento geral do município analisando todas
as ligações e inter-relações do centro com o
restante da cidade, inclusive com o Aeroporto
Internacional. A partir desse material foi reali zado
um amplo diagnóstico da situação atual e um
prognóstico para as futuras intervenções.

De acordo com o i nstrumento oficial, foi requisitado aos


arquitetos responsáveis pelo projeto que também perfizessem um
levantamento de todas as ligações do centro com o restante da cidade,
inclusive com o Aeroporto Internacional de Guarul hos. Em um segundo
momento este m aterial serviria para futuras intervenções paisagísticas.
Alguns aspectos foram pontuados pela Pref eitura na elaboração do
instrumento: as principais diretrizes deveriam promover o beneficiamento
nas interligações e articulações viárias, valorização do patrimônio cultural
e promoção da área central para turismo e lazer:

Os preceitos básicos já estabelecidos para o centro


pela administração pública e comunidade foram
respeitados e acrescidos outros, como: articulação
regional, novos princípios de ocupação e
114

adensamento, novas possibilidades de circulação e


encontros socio-culturais, melhoria nas
interligações e articul ações vi árias, valori zação do
patrimônio cultural e promoção da área central
para turismo e lazer. Em breve a Secretaria de
Transportes e Trânsito promoverá diálogos com a
comunidade para o conhecimento dos estudos e
projetos, com o objetivo de chegar em um
consenso, onde quem ganha é a cidade em geral,
quer seja o morador comum, quer seja o investidor,
enfim a ci dade necessita de todos para o seu
desenvolvimento equilibrado! Aguarde!

A prefeitura fez menção à capacidade do proj eto estar


identificado com o morador comum além do investi dor para promover o
“desenvolvimento equilibrado” conforme relatório aci ma. Ou seja, é
pressuposto para a aplicação da revitalização, de acordo com a Lei de
número 5.770 de 7 de janeiro de 2002 que as ações promovidas pela
prefeitura estejam tam bém integradas à vontade dos m oradores comuns
da cidade e que ao mesm o tempo estas ações sejam suficientes para
promover a potencialização do investimento de particulares no município.

Para cumprir as quatro fases do projeto a Lei 5. 770/2002 criou


a “Comissão Especial para Revitalização do Centro de Guarul hos”, com as
segui ntes competências, de acordo com o art. 2º. e 3º. da referida Lei:
115

Art. 2º Compete à Comissão Especial para


Revitali zação do Centro de Guarulhos a proposição
de metas e diretri zes para a Zona Central do
Município, que será submeti da ao Sr. Prefeito para
a defi nição das prioridades e possibilidades de
implantação.

Art. 3º A Comissão Especial para Revitali zação do


Centro de Guarulhos poderá receber propostas e
sugestões dos Vereadores, das organi zações da
sociedade civil e entidades privadas, objetivando o
estabelecimento de programas que visem o melhor
desenvolvimento econômi co, social e urbano da
região central.

O artigo 3º. criou um a condição especial para recepcionar as


propostas dos vereadores, de organizações da sociedade civil e de
entidades privadas, como empresas de grande porte e multinacionais que
estejam no âmbito do m unicípio. A Lei, em seu parágrafo único do art. 4º.,
prescreveu que o comércio ambulante também deveria ser atendido pela
revitalização, sendo que propostas para melhorar o fluxo de com pras
deveriam ser contempladas.

A Lei 5.770/2002 também discriminou os m embros que


deveriam participar da Comissão responsável por apresentar estudos ao
prefeito e à Câmara Municipal. Entre os representantes destacam-se o
representante da Associação Comercial – ACIG, representante da
Federação das Indústri as do Estado de São Paulo – Fiesp, representante
116

dos Hotéis de Guarulhos, quatro representantes do Comércio Am bulante,


dois representantes de associações de bairro, um representante da
Secretaria de Turismo e um representante do Consultivo Municipal do
Patrimônio Histórico, Arquitetônico, Arqueológico e Paisagístico, conforme
se pode ler abaixo:

Art. 6º A Comissão será composta pelos segui ntes


membros e presidida pelo representante i ndicado
no inciso I deste artigo, conforme segue:
I - um representante do Conselho Municipal de
Desenvolvimento Econômico de Guarulhos;
II - um representante da Associação Comercial e
Industrial e de Serviços de Guarulhos - ACIG;
III - um representante da Associação dos
Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de
Guarulhos;
IV - um representante do Consel ho Regional dos
Corretores de Imóveis - CRECI;
V - um representante da Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo - FIESP / Centro das
Indústrias do Estado de São Paulo - CIESP;
VI - um representante dos Hotéis de Guarulhos;
VII - um representante do Sindicato dos
Empregados no Comércio de Guarulhos;
VIII - um representante da Bandeirante Energia
S/A.;
117

IX - um representante da Telecomunicações de São


Paulo S/A. - TELESP;
X - quatro representantes do Comércio Ambulante,
a serem escolhidos por diferentes entidades
representativas;
XI - um representante da Universidade de
Guarulhos - UnG;
XII - um representante da União das Sociedades
Amigos de Bairros - USABG;
XIII - um representante da Associação Democrática
das Sociedades Amigos de Bairros - ADESAB;
XIV - um representante da 57ª Subsecção
Guarulhos - Ordem dos Advogados do Brasil - OAB;
XV - um representante de cada Central Sindical
com escritóri o em Guarulhos, que representarão
seus sindicatos filiados;
XVI - um representante do Conselho Consultivo
Municipal do Patrimônio Histórico, Arquitetônico,
Arqueológico e Paisagístico;
XVII - um representante da Agência de
Desenvolvimento Econômico de Guarulhos –
AGENDE;
XVIII - dois representantes da Secretaria de
Indústria, Comércio e Abastecimento - SI;
XIX - dois representantes da Secretaria de Obras -
SO;
118

XX - um representante da Secretaria de Habitação


e Bem-Estar Social - SH;
XXI - um representante da Secretaria de Economia
e Planejamento - SP;
XXII - um representante da Secretaria de Turismo -
ST;
XXIII - um representante da Secretaria de Meio
Ambiente - S M;
XXIV - um representante da Secretaria de Serviços
Públicos - SU;
XXV - um representante da Secretaria de Relações
do Trabalho – SR;
XXVI - um representante da Secretaria da Saúde;
XXVII - um representante do Departamento da
Guarda Civil Municipal.

O centro da cidade de Guarulhos não foi o único local


contem plado com o processo de revitalização, por força da Lei no. 6.055,
de 30 de dezem bro de 2004 de autoria do então prefeito da cidade Elói
Pietá a implantação do novo plano diretor de desenvolvimento urbano,
econômico e soci al do Municípi o de Guarulhos propôs o desenvolvimento
de proj etos para a criação de infraestrutura para a área do bairro de
Cumbica, onde se encontra o Aeroporto, a criação de m edidas
urbanísticas e ambientais para a correta expansão aeroportuária, a
criação de um metrô de superfície para ligar o Aeroporto Internacional a
São Paulo, a instalação de uma rodoviária que abrigue linhas
119

interestaduais e o aumento e expansão dos acessos à via Dutra, Fernão


Dias e Ayrton Senna. De acordo com o art. 72:

Art. 72. Constituem pri oridade entre os grandes


empreendimentos públicos e/ou privados,
amplamente vinculados ao desenvolvimento
econômico, a serem desenvolvidos na cidade na
vigência deste Plano Diretor:
I - a infraestrutura completa da Cidade Satélite
Industrial de Cumbica;
II - o metrô de superfície ou trem metropolitano
ligando São Paul o a Guarulhos e ao aeroporto
internaci onal;
III - a instalação de uma rodoviária que abrigue
linhas i nterestaduais e entre ci dades;
IV - a expansão do Aeroporto com as medi das
urbanísticas e ambientais necessárias à
preservação dos interesses da cidade e de seus
habitantes;
V - o prossegui mento da Marginal do Baquirivu-
Guaçu;
VI - o prosseguimento da revitali zação do Centro da
cidade e dos centros de bairro;
VII - a conclusão dos acessos à cidade e das
transposições nas Rodovias Presidente Dutra,
Fernão Dias e Ayrton Senna;
120

VIII - a participação nos estudos, definição de


traçado e das medidas de implantação do Rodoanel
Metropolitano interligado às rodovi as e ao
aeroporto internacional;
IX - a ligação da cidade de Guarulhos a São Paulo
e ao ABC através da via Jacu-Pêssego;
X - outros empreendimentos de origem privada de
importância econômica, mediante critérios de
avaliação instituídos pelo Poder Público Municipal e
pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico.

O art. 73 destaca, ademais, que o poder público em parceria


com a iniciativa privada deverá promover o desenvolvimento do turismo
com ênfase em segmentos de negócios e eventos, além do turismo
ecológico e rural, justificando-se o turismo pelas oportunidades geradas
pelo Aeroporto Internacional e infraestrutura de acesso regional.

Em seu art. 104, as praças e locais públicos destinados a


eventos tam bém devem ser revitalizadas, assim como o patrimônio
cultural, sendo que as ações de preservação deverão ser efetivadas por
intermédio do Museu Histórico Municipal e do Museu da Aeronáutica.

O turismo de negócios e eventos vinculado às possibilidades


geradas pelo Aeroporto, enquanto alicerce para recepcionar turistas
provindos de outros países e outros locais do Brasil, deve ser fomentado
pela Prefeitura. A conservação dos parques e praças pelo art. 107 é
vinculada à acessibilidade pela população ao lazer.
121

Por fim a Lei Orgânica do Município de Guarulhos, de 5 de


abril de 1990 destaca que o Poder Público deve fom entar o turismo no
município, mantendo sempre em bom estado principais locais da cidade e
divulgando os eventos da cidade para residentes e não residentes da
cidade.

3.3 - Revitalização do centro

As obras de revitalização no centro de acordo com


pesquisas docum entais começaram a ser implementadas em 2003. Nesta
primeira e segunda fases o principal objetivo era fazer com que a flui dez
do trânsito fosse potencializada nas vias limítrofes das ruas José
Maurício, Felício Marcondes, Nove de Julho e Avenida Tiradentes.

Na ocasião, a prefeitura instalou novos semáforos,


racionalizou o fluxo de transportes coletivos e prom oveu a alteração de
mudanças de mãos de direção em algumas outras vias (SCHNEIDER,
2010, 1).

Nas pal avras de Álvaro Antonio Carvalho Garruzi, então


diretor de departamento da Secretaria de Serviços Públicos: "Esse projeto
já vem sendo formatado e discutido há praticamente dois anos, entre a
prefeitura, os comerciantes e a sociedade civil. São realizadas reuniões
periódicas com comerciantes, taxistas, fábricas e representantes de
várias entidades para discutir a melhor forma de desenvolver o projeto”
(SCHNEIDER, 2010, 2).
122

Entende-se por interm édio da fala acima que na


implementação do projeto de transformação de vias buscou-se legitimação
junto aos com erciantes, taxistas, fábricas e representantes de entidades
em geral. Neste momento o discurso da prefeitura de Guarulhos pela
revitalização do centro mostrava-se alinhado aos interesses da sociedade
civil.

Figura 16 – Re vitalização do comércio ambulante no centro de


Guarulhos

Fonte: Google Street View, retirada em 2011.


123

Na primeira fase o obj etivo da Prefeitura era reorganizar o


fluxo viário da região, de acordo com a então secretária dos Serviços
Públicos, Patrí cia Veras,: “A nova idéia é não ter ônibus em todas as ruas
do Centro. Pretendemos ampliar as possibilidades de comércio, serviço e
la zer”(2).

Na terceira fase do projeto de revitalização foi acordada entre


a Prefeitura Municipal de Guarul hos, representantes de entidades locais,
em presários, vereadores e representantes das secretarias, a audiência
pública sendo promovida no conhecido hotel Mônaco no centro da cidade.
À época o prefeito Elói Pietá destacou que foi difícil a negociação com os
am bulantes da rua Dom Pedro II (SCHNEIDER, 2004, 2).

Nas palavras do então pref eito Elói Pietá: “As modificações


não chegam a ser ideais, pois consideramos que o sustento de muitas
pessoas depende do comérci o ambulante” (SCHNEIDER, 2004, 2).
Identifica-se em seu discurso que o objetivo da Prefeitura naquele
momento era de remover efetivamente os am bulantes para áreas
periféricas, mas devido a possíveis transtornos a serem provocados via
protestos dos m esmos, preferiu mantê-los no local de revitalização. No
entanto deixou explicito que as modificações não foram ideais.
124

3.4 - Praça do Rosário – Rua João Gonçal ves – Centro

A revitalização realizada pela terceira f ase tam bém foi


implementada na Praça do Rosário que abrigava a Igreja da Irm andade
de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. A data da fundação da
Igreja é desconhecida, porém é sabido que em 1750 foi benzida pelo
religioso Antonio Joze de S. Franc ysco. Foi criada para ter os negros e
pobres como fiéis freqüentadores das missas e procissões realizadas na
cidade, conforme registro exist ente no arquivo religioso da cúria
Diocesana:

Antonio Joze de S Francysco Parocco desta


Freguezia de N. Snrª Da Conceyção dos Guarul hos
Certifico, que em virtude Rmo Snr D. Chantre e
meritíssimo Vigro Capar benzi a Capella dos
Irmaons Pretos desta Freguezia, com o titolo de N.
Snra do Rozario, cuja função se fez aos quatro de
outubro do pre zte anno. Segundo dispõem o Ritual
Romano em =Rizum (sic) Benedicendi Novam
Ecclesiam=, sem lhe faltal seremonia alguma, e só
ben zi a capella e não o Adro por não fazer delle
especial menção no seo despaxo o Rmo Snr D. Mel
de Jezus Pereyra, e pa. ato e não se perder em
outra pte fi z este termo neste Livro de Confirmação,
de minha letra e sinal. Conceyção, 7 de outubro de
1750. Vigro Antonio Jo ze de S Franco
125

Havia outras irmandades em Guarulhos entre o século XVIII e


XIX, no entanto a criação da irmandade destinada aos “Homens Pretos”
indicava o grande lapso existente entre hom ens livres e escravos, sendo
que estes últimos deveriam ter lugares de culto diferenciados. Documento
histórico resgatado pela Diretoria de Plenário da Câmara Municipal de
Guarulhos e conservado nos arquivos históricos da irmandade assim
informa:

Anno de Nascimento de N Snr Jezus Christo de mil


oitocentos e hum, aos 8 dias do mes de março do
dito anno, estando prezentes o Irmão de Me za po r
elles foi dito, uniformememte, que tinhão
consentido o terse collocado dentro desta ditta
Igrega, as Imagens de Sto Elesbão, Sta Effigenia e
Sam Benedito [...] havemos por bem conceder-lhes
as seis sepulturas dentro da dita Igreja [de Nossa
Senhora do Rosário] da grade pa baixo ao entrar da
mão esquerda pa nellas poderem ser enterrados
todos os irmãos da dita nova Irmandade [...]
(GUARULHOS, Projeto de Lei no. 128/07)

A presença de escravos negros em Guarulhos é antiga e pode


ter sido expressiva no período em que havia a mineração de ouro nas
regiões onde atualmente encontram -se os bairros de Campo do Ouro,
Monjolo de Ferro, Catas Velhas, Bananal, Tanque Grande e Lavras. Os
escravos, de acordo com as convicções da Igreja à época, necessitavam
de assistência espiritual a qual era concedida por interm édio de
associações com objetivos religiosos, configurando-se as Irmandades e
126

Confrarias (ROMÃO e NORONHA, 1980). Após o ano de 1930 a Igreja foi


demolida para dar lugar à nova pavimentação da Rua D. Pedro II.
Atualmente, onde era a Igreja do Rosário se encontra um ponto de ôni bus
(CALVO, 2010, 1).

Figura 17 – Antiga Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens


Pretos

Fonte: Olho vivo 15 -Foto ilustrada na década de 1920, antes da demolição.

15
Retirado de:
http://www.olhao.com.br/beta10/f?p=181:4:3245601411246537::NO:4:P4_ID,P4_PALAVR
AS:14350,Antiga%20igreja%20de%20Guarulhos%20foi%20um%20marco%20em%20
homenagem%20aos%20negros em 20/03/2011.
127

Uma nova Igreja foi construída, no mesm o ano de 1930 em


outro endereço, na Rua João Gonçalves para substituir a anterior,
nomeada Igreja do Rosário, perdendo a denominação dos “hom ens
pretos”, sinal da modernização da cidade e da busca pela m udança
simbólica do passado (PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARULHOS,
2008).
Figura 18 – A nova Igreja do Rosário antes da Re vitalização

Foto: Sidnei Barros/Prefeitura Municipal de Guarulhos (2004).


128

Figura 19 – A nova Igreja do Rosário após a Revitalização

Foto: Lincoln Marcellos (2011).

O espaço no entorno da nova igreja ficou intacto até o ano de


2008, quando passou pelo processo de revitalização promovido pela
Prefeitura de Guarulhos, que envolveu um novo sistema de iluminação,
am pliação da área útil ao passeio de transeuntes, troca do mobiliário
interno e novo paisagismo. A nova igreja também ganhou grades para que
ficasse protegida em horário considerado não comercial. A Prefeitura
tam bém abriu concessão para exploração da área circunscrita à Igreja a
129

fim de que empresas de estacionam ento pudessem explorar o local,


permitindo a criação de um bolsão para a parada de veículos que circulam
pelo centro (PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARULHOS, 2008).

3.5 - Revitalização da Avenida Tiradentes

A Avenida Tiradentes, princi pal portal de entrada para a cidade de


Guarulhos para quem vem da Vi a Dutra, também passou por um processo
de revitalização que foi iniciado em 2007, a partir de um projeto de
paisagismo da secretari a de Meio Ambiente envolvendo o Córrego dos
Cavalos e dos Japoneses, que com preende grande extensão desta
avenida.

A revitalização implicou em construir um a estrutura para com portar


um jardim suspenso, além da recuperação das margens com plantio de
flores e árvores, bem como a construção de um a “vazão de base” para
separar o esgoto vindo dos edifícios limítrofes da água da chuva,
diminuindo o odor para quem passe ao redor do córrego (CALVO, 2010,
2).
130

Figura 20 – Revitalização do córrego dos Japoneses e dos Cavalos

Foto: Lincoln Marcellos (2010).

Fábio Vi eira, em 2007 então diretor de Parques e Áreas de Lazer da


Secretaria Municipal do Meio Ambiente fez a respeito o seguinte
comentário:

A grande novidade é este trabal ho de paisagem


ambiental. O córrego dos Cavalos, próximo à
Avenida Tiradentes, no trecho entre a Rua Nilo
Peçanha e a Rua do Cano, haverá um jardim
131

suspenso. Em cima do córrego ficará florido(...)É


um trabalho inédito. Por ser um córrego canalizado
ninguém nunca fez algo similar (CALVO, 2010, 2).

A visão do diretor no momento da revitalização foi conceber


algo inovador, m ais do que funcional. Segundo o então secretário
municipal do Meio Ambiente, Alexandre Kise, o projeto foi concebido a
baixo custo para a Prefeitura, uma vez que as despesas estavam
vinculadas somente à folha de pagam ento dos funcionários (CALVO,
2010, 2).

3.6 - Pintura de novas faixas passantes para pedestres

As novas faixas de pedestres, pintadas em 2009, também


como parte do processo de revitalização, passaram a ser brancas com
fundo azul. De acordo com a Secretaria de Transportes e Trânsito de
Guarulhos a iniciativa teve por objet ivo melhorar o fluxo de veículos e
proporcionar maior segurança a motoristas e pedestres (ASSOCIAÇÃO
COMERCIAL E EMPRESARIAL DE GUARULHOS, 2009).

As vias contempl adas com novas faixas de pedestres na cor


branca e azul, todas localizadas na região central são: João Gonçalves,
Sete de Setembro, Luiz Gama, Oswaldo Cruz, Felício Marcondes, Gabriel
Machado, Nove de Julho, Padre Cel estino, Ram os de Azevedo e Capitão
Gabriel; e nas avenidas Esperança e Tiradentes (ASSOCIAÇÃO
COMERCIAL E EMPRESARIAL DE GUARULHOS, 2009).
132

A sinalização viária passou a ser de solo horizontal (pintura) e


vertical, por intermédio de hastes com placas indicativas. As vias
contem pladas estão todas na área central da cidade: Avenidas Pres.
Humberto de Alencar Castelo Branco, Brigadeiro Faria Lima, Tiradentes,
Paulo Faccini, Salgado Filho e Dr. Timóteo Penteado; e ruas Nossa
Senhora Mãe dos Hom ens, Onze de Agosto e Jardim Alegre
(ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE GUARULHOS,2009).

Figura 21 – Novas faixas passantes para pedestres

Foto: Lincol n Marcellos (2010).


133

3.7 - Introdução de semáforos com temporizador luminoso

A revitalização também contemplou a adequação de semáforos


com contagem regressiva, implantados na Rua Capitão Gabriel e João
Gonçalves, ambas tam bém no centro da cidade (ASSOCIAÇÃ O
COMERCIAL E EMPRESARIAL DE GUARULHOS, 2009). O projeto de lei
aprovado para a i mplantação de semáforos regressivos foi de autoria do
vereador Toninho Magalhães, o mesmo que secretariou na Câmara dos
Vereadores a Comissão de Desenvolvimento Urbano e Econômico
(ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE GUARULHOS, 2009).

Figura 22 – Introdução de semáforos com temporizador luminoso

Foto: Lincol n Marcellos (2010).


134

A Comissão de Desenvolvimento Urbano e Econômico foi a


responsável pelo início das atividades de requalificação da região central
promovida pela Prefeitura de Guarulhos, tendo entre seus obj etivos o de
reconfigurar o espaço público para que haja a implem entação de serviços
de hotelaria e correlatos visando satisfazer o público transitório naci onal
e i nternacional que passa pela cidade.

3.8 - Retirada de moradores de rua (mendigos)

A revitalização também contempla com apoio de parte da


população e dos com erciantes da região central um programa de
desocupação de m oradores “de rua” das áreas centrais. A Secretaria de
Assistência Social e Cidadania passou a prom over rondas das assistentes
sociais sem analmente, no entanto os próprios moradores “de rua”, na
visão das assistentes, dificultam o trabalho, pois nem sem pre aceitam
“ajuda” e não há am paro legal para expulsá-los do espaço público que
ocupam (JORNAL GUARULHOS W EB).

A Prefeitura pediu a intensificação do patrulhamento na região


central por parte do 15º. Batalhão da Polícia Militar de Guarulhos. As
abordagens foram implementadas, porém sem apreensões. O batalhão se
propôs a entrar em contato com os proprietários de estabelecimentos
desativados para que obstruam as suas fachadas, de modo que os
mendigos não habitem o local (JORNAL GUARULHOS W EB).
135

Além destas foram introduzidas ademais as “Rondas


Ostensivas com Apoio de Motocicletas” – ROCAM, para que façam a
segurança preventiva nas imediações das avenidas locais (JORNAL
GUARULHOS W EB).

Figura 23 – Intensificação das rondas das assistentes sociais para


desocupação de moradores “de rua” na região central da cidade

Fonte: Google Street View, retirada em 2011.


136

3.9 - Espaço apropriado para acomodação e legalização da feira


popular

A Rua Qui nze de Novembro foi unificada à praça da Igreja do


Rosário com um grande calçadão compreendendo o nivelam ento de piso e
novo paisagismo. Todos os am bulantes (ao todo trinta) deverão passar
por um cadastro da Prefeitura, cujo objetivo é reurbanizar a área para
aumentar a segurança dos transeuntes (PREFEITURA MUNICIPAL DE
GUARULHOS, 2008).

Figura 24 – Novo calçadão nos fundos da Igreja do Rosário

Foto: Lincol n Marcellos (2010).


137

3.10 - Sinalizações turísticas bilíngües

Sinalizações viárias bilíngües específicas para atividades


turísticas foram implem entadas na região central da cidade e nas
imedi ações que levam até os principai s hotéis ali localizados, via Projeto
de Lei de no. 284/2002, de autoria do Vereador Adilson Val ente
Guarulhos.

A justificativa contida no proj eto apóia-se não só no f ato de


que o emplacamento turístico é m uito utilizado em grandes cidades do
mundo com resultados positivos quanto à receptividade como no respeito
à rotatividade do Aeroporto Internacional e à rede hoteleira existente,
como se pode ler a seguir:

JUSTIFICATIVA
Apresentamos aos nobres pares esta proposta que
visa proporcionar ao cidadão guarulhense, ao
turista nacional e estrangeiro e “aqueles que
passam por nosso município, a facilidade de obter
informações bilíngües de locais turísticos da
Cidade de Guarulhos.
O emplacamento turístico é muito utilizado em
outras grandes cidades e tem resultados positivos
quanto à receptividade e utilidade do mesmo.
Guarulhos hoj e, devido à rotatividade de pessoas
pelo Aeroporto Internacional - estimado em mais de
20 milhões de pessoas que utiliza m os serviços
138

aeroportuários por ano, está se tornando uma


cidade de negócios, que expande gradativamente
seus hori zontes, a rede de hotelaria cresce, daí
então havendo a necessidade de mapear tais
horizontes.

Figura 25 - Sinalizações Turísticas em Guarulhos

Foto: Google Street View (2011).


139

3.11 - Revitalização da praça IV centenário e da Praça Getúlio Vargas

A Prefeitura de Guarulhos, em 2007, iniciou procedimento de


“recuperação” de áreas de lazer da cidade, localizadas principalmente na
área central, como é o caso da praça IV Centenário e da praça Getúlio
Vargas. Nas palavras da prefeitura: “Isso porque a atividade recreativa é,
antes de tudo, direito dos cidadãos e se constitui tam bém em uma
necessidade humana, tratada com o prioridade pela secretaria de Meio
Ambiente”(PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARULHOS, 2008).

O discurso utilizado pela prefeitura é assim o de que a


revitalização é para toda a população, pois esta é que tem prioridade na
utilização do espaço público para o seu prazer e lazer. No entanto não é o
que é observado na figura abaixo, pois o busto da praça IV centenário foi
cercado por um a grade de ferro para que as pessoas não pudessem
chegar perto dele.
140

Figura 26 – Busto da praça IV centenário

Foto: Lincol n Marcellos (2010).

O busto, identificado como “Anjo Gabriel”, foi criado pelo


artista plástico Enoc César e doado por Nahim Ibrahim Ahmad, conhecido
em presário da região. A escultura tem aproximadam ente cinco metros de
altura e o nome “Anjo Gabriel” f oi escolhido porque é o portador de boas
notícias a toda hum anidade. A pomba pousada no ombro esquerdo
simboliza a paz e o crucifixo a m ensagem de valores m orais e espirituais
a todos os visitantes (RANALI,2002).
141

3.12 - Criação da Ponte Estaiada - nova entrada para o centro da


cidade

Foi implementada pela Prefeitura de Guarulhos, no início de


2006, a construção de um a ponte estaiada sobre a via Dutra que servirá
como uma das conexões da própria via Dutra ao centro da cidade e à
aveni da Paulo Faccini, um a das de maior importância para o setor
serviços da cidade.
Figura 27 – Construção da Ponte Estaiada “Cidade de Guarulhos”

Foto: Google Street View, retirada em 2011.


142

Na visão do atual prefeito de Guarulhos, Sebastião Almeida, a


obra mais do que fundam ental para o trânsito também representará um
traço de i dentidade para aqueles que adentrarem os limites do município,
e em suas palavras: “O andamento das obras é bom e está dentro da
normalidade. Esse viaduto será um cartão-postal de nossa cidade”. Na
percepção dos dirigentes públicos a ponte estaiada indicará e sinalizará a
entrada do viajante e dos habitantes nos limites da municipalidade.
(PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARULHOS, 2010)

A ponte tem um belo projeto arquitetônico, porém é contestada


por algum as lideranças da cidade, como a Associação Comercial e
Empresarial e pelo jornal regi onal “Guarulhos hoje” (ver anexo 20), pela
velocidade de sua implantação, pelo seu custo financeiro e por sua
pretensão de subsidiar todo o trânsito de veículos que entram e saem da
cidade. Atualmente, o centro som ent e tem duas saídas pequenas para a
via Dutra, sendo a prim eira pela avenida Tiradentes e a segunda pela
Avenida Guarul hos, am bas saturadas.
143

3.13 - Regulamentação para utilização do espaço público do Bosque


M aia

A Secretaria do Meio-am biente, em 2003, por interm édio da


portaria de no. 06/2003, regulamentou a entrada de pessoas e animais no
Bosque Maia, principal parque verde da cidade situado próximo à região
central no cruzamento entre a avenida Paulo Faccini (futura conti nuação
da ponte estaiada) e a avenida Tiradentes.

A regulamentação restri ngiu o horário de permanência do


público, exceto para exposições e/ou eventos organizados que sej am de
interesse da Prefeitura. Proibiu, ademais, a entrada de animais, de
am bulantes para quaisquer tipos de com ércio, soltar “pipas”, subir em
árvores, usar churrasqueiras, filmar ou fotografar imagens do parque para
serem utilizados em material publicitário.
144

Figura 28 – Bosque Maia – Região central de Guarulhos

Foto: Silvio Siqueira - Pref eitura Municipal de Guarulhos (PMG) – (2009).

3.14 - Retirada de placas indicati vas de obras

O vereador Geraldo Celestino apresentou o Projeto de Lei no.


392/2005, com o objetivo de prom over a retirada de placas indicativas de
obras promovidas pela Prefeitura de Guarulhos no prazo de até 30 dias,
após o término das mesmas.
145

Na justificativa do projeto o vereador afirma que muitas obras


estão sendo executadas na cidade, e cada uma possui ao m enos uma
placa i ndicativa com dados técnicos e valores de execução; no entanto a
permanência das placas causa poluição visual nos principais pontos da
cidade. Nas palavras do vereador:

Estou apresentando esse Projeto de Lei, com o


objetivo de instituir na cidade a obrigatoriedade aos
órgãos públicos da retirada de placas indicativas
dessas obras, num pra zo máximo de 30 dias,
contados a partir de seu término. Não podemos
aceitar que uma placa de uma obra terminada há
anos fique enfeiando a ci dade (CÂMARA
MUNICIPAL DE GUARULHOS, 2010).

O discurso utilizado para a retirada das placas de sinalizações do


centro é de que elas enfei am a cidade; no entanto a publicização das
informações inerentes às obras praticadas pel o poder público é essencial
para o diagnóstico orçamentário feito cotidianam ente pela população.

3.15 - Inauguração de balcões de turismo no aeroporto internacional

A Prefeitura de Guarulhos via Secretaria de Turismo, inaugurou, em


2009, balcões de informações turísticas no Aeroporto Internacional; os
balcões funcionam das 6 às 24 horas nos setores de desem barque. Os
passagei ros no local têm orientações em português, inglês, espanhol,
146

francês e japonês (ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE


GUARULHOS, 2010).

Os estagiários, responsáveis pelo atendimento, passam por


treinam ento sobre o funcionam ento da Infraero e da Secretaria de
Turismo, e recepcionam os turistas com informações sobre serviços,
história, localização, cultura e lazer, hotéis da cidade, centros de
convenções, ecoturismo e turismo de negócios, todos estes desenvolvidos
em Guarulhos (ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE
GUARULHOS, 2010).

Em parceria com o “Internacional Shopping” de Guarulhos, a


Secretaria de Turismo também divulga folders e cartões-postais aos
turistas. Nas palavras do então Secretário de Turismo W aldemar Tenório,
a inauguração destes balcões: “(...)demonstra a importância dada, pela
atual administração, à abertura das portas da cidade para o Brasil e o
mundo” (ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE GUARULHOS,
2010).

3.16 - Terminal rodoviário turístico de Guarulhos

O recente terminal rodoviário inaugurado no Parque Cecap prevê


dez baias para ônibus do ti po rodoviário e plataf orma de em barque e
desem barque de passageiros, terminais urbanos para vias periféricas,
pontos de táxi e passarelas.
147

A recente inauguração em 2011 prevê compartilhar conexão com a


futura estação ferroviária da CPTM em projeto que fará a ligação entre a
capital São Paulo e a cidade de Guarulhos. A proposta integra o complexo
de obras do qual tam bém faz parte a am pliação do terceiro terminal do
Aeroporto de Guarulhos. Na visão da prefeitura a obra benef iciará a infra-
estrutura hoteleira do município e o acesso a cidades próximas (JORNAL
DIÁRIO DE GUARULHOS, 2009), e na visão do Prefeito Sebastião
Almeida: "Essa conexão com o Metrô muda as características de uma
cidade"( ALVES, W , 2009).

Figura 29 – Área do Parque Cecap que abriga o novo “Terminal


Turístico”

Foto: Google Street View (2011).


148

O projeto foi consolidado em 2010, custando m ais de R$ 15 milhões


de Reais, de acordo com informações do jornal Guarulhos Hoje: “A
previsão do governo municipal, sem explicar quem são, é que cerca de 45
mil famílias sejam beneficiadas pelo empreendimento que terá terminais
de ônibus munici pal, metropolitano e interestadual” (ALVES, W , 2009).

Outros quatro terminais urbanos serão construídos em regi ões


periféricas e estarão conectados ao terminal principal; estarão prontos até
2012, nos bairros São João, Pimentas, Taboão e Itapegica (ALVES, W ,
2009).
149

Figura 30 – Protótipo do Terminal Turístico Rodoviário da Cidade de


Guarulhos

Fotos: Silvio Siqueira – Prefeitura do Município de Guarulhos (PMG)

O m odelo da foto acima é o protóti po construído pela Prefeitura para


apresentar o projeto à sociedade, com o discurso de que
aproximadamente 45 mil famílias sejam diretamente beneficiadas com a
construção de um terminal que fica ao lado do aeroporto de Cumbica.
150

3.17 - Criação de w ebsite voltado ao turismo corporati vo

O Departam ento de Turismo, vincul ado à Secretaria do


Desenvolvimento Econômico de Guarulhos, em parceri a com a Associação
“Guarul hos Convention and Visitors Bureau” lançou, em 2009, um mini-
site para que turistas possam agendar visitas às empresas participantes
do projeto municipal “Turism o Corporativo” (ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E
EMPRESARIAL DE GUARULHOS, 2009).

Os turistas i nteressados em explorar o parque industrial da cidade


podem se increver no website “www.visiteguarulhos.com.br” e agendar
um a visita ao pólo industrial. Este conceito de visita a parques industriais
é global e está sendo veiculado por várias cidades para tornarem públicas
suas infraestruturas e condições para abrigar novos negócios.

O turista de negócios tam bém tem a oportunidade de conhecer a


tendência industrial da região e com preender quais empresas podem ser
compatíveis com seu ramo de atividade. Nas palavras do então diretor do
Departam ento de Turismo do município, Adam Kubo: “Em uma sociedade
em rede, cujas relações humanas se dão cada vez mais em ambiente
multimídia, o mini-site é a ferram enta mais apropriada para turistas e
em presas agendarem suas visitas” (ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E
EMPRESARIAL DE GUARULHOS, 2009).

A intenção da prefeitura de Guarulhos foi obviamente criar um


instrumento para prom over a divulgação da região, levando em
consideração o potencial do Estado de São Paulo e da região
151

metropolitana de São Paulo para acomodar futuras em presas


multinaci onais.

3.18 - Projeto para criação de um Autódromo

A Secretaria de Esporte, junto à secretaria de Desenvolvimento


Econômico e Urbano e ao Departamento de Turismo da Prefeitura de
Guarulhos, está analisando a possibilidade de construção de um
autódromo voltado para eventos turísticos e esportivos no município
(CRONOSPEED, 2006).

De acordo com informações divulgadas pelo portal da Prefeitura de


Guarulhos foi criada uma comissão para analisar a vi abilidade do projeto,
assim composta:

A comissão é formada pelo secretário de Esportes,


Julio César Filgueira; pelo diretor do Departamento
de Esporte Amador, Fabio Roberto Hansen; pelo
secretário de Desenvolvimento Econômico, Antonio
Carlos de Almeida; pelo diretor do Departamento
de Turismo, Adan Akihiro Kubo; pelo secretário de
Desenvolvimento Urbano, Roberto dos Santos
Moreno; pelo diretor-presidente do Convention &
Visitors Bureau de Guarulhos, Marco Oliveira
Ianoni; pelo assessor especial do Ministério do
Esporte, Marco Aurélio Klein; pelo presidente da
Confederação Brasileira de Automo bilismo (CBA),
Paulo Scaglione; pelo diretor-gerente da Interpub,
152

Tamas Rohonyi; e pelo diretor da área de esportes


da TV Globo, Ciro José Gonsales.(PREFEITURA
MUNICIPAL DE GUARULHOS, 2010)

A área apropriada no m unicípio será definida pela comissão e


deverá ter mais de um milhão de metros quadrados. Nas palavras de Júlio
Filgueira, então secretário de Esportes da Prefeitura: “Existe um grande
esforço por parte do m unicípio para modernizar os equipamentos e
ginásios esportivos e, futuramente, transform ar Guarulhos em um grande
pólo de eventos esportivos. A construção do autódromo faz parte dessa
iniciativa” (CRONOSPEED, 2006).

De acordo com projeção da Prefeitura o objetivo não é recepcionar a


Fórm ula 1, mas criar um espaço de grandes eventos internacionais,
esportivos e culturais. Um dos aspectos favoráveis apontados pela
Prefeitura para tanto é o acesso privilegiado ao município por aqueles que
moram na capital São Paulo (pel as rodovi as Dutra e Ayrton Senna), além
da proximidade com o Aeroporto Internacional (TERRA ESPORTES,
2010).

De acordo com a Prefeitura o estudo deverá ter viabilidade


esportiva, econômica, urbana, turística, social e política. Em relação aos
benefícios a serem criados para a população o Secretário Filgueira
acrescentou, em nota oficial, que “Sem contar que são criados 14 mil
em pregos diretos e indiretos por ano, com a m ontagem do circo da F1 no
Brasil” (PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARULHOS, 2010).
153

3.19 - Projeto para a criação de um centro de convenções e e ventos


municipal

A Secretaria de Desenvolvim ento Econômico, em convênio com o


Ministério do Turismo, está elaborando um estudo de viabilidade
socioeconômica e técnica para abrigar um novo centro municipal de
convenções e eventos.

O centro, de acordo com nota oficial da Prefeitura, servirá


principalmente para abrigar eventos de exposições, visto que a cidade
atualmente não contem pla nenhuma estrutura suficiente para contemplar
acontecimentos culturais e econômicos de magnitude (PREFEITURA
MUNICIPAL DE GUARULHOS, 2010, 2).

3.20 M apeamento das modificações no Espaço Público

As readequações do espaço público mostradas até aqui aparecem


no m apeamento do município de Guarulhos mostrado a seguir com as
suas referências locais; na legenda, os pontos vermelhos demonstram as
modificações centralizadas, as linhas vermelhas as m odificações lineares
e os pontos azuis os pri ncipais hotéis internacionais da cidade e em que
região estão situados.
154

Figura 31 – M apeamento das modificações no Espaço Público

Fonte: Google Maps, modificado por Lincoln Marcellos


155

Conf orme o mapeamento, consegue-se pontuar os locais onde as


transformações m ais representativas ocorreram: os principais hotéis da
cidade e as modificações feitas em rotas e vias de acesso ao centro. O
aeroporto está fora da margem do mapa, localizado na rodovia Hélio
Schmidt.

As principais alterações podem ser identificadas nos bairros Centro


e Maia, e no bai rro Cecap pela proximidade deste da rodovia Hélio
Schmidt, principal elo de ligação entre a via Dutra e o Aeroporto
Internacional de Cumbica. Historicam ente o centro de Guarulhos e o
bairro Maia sempre foram locais pujantes, em natureza de serviços –
centro - e residencial - Maia.

3. 21 - A mundialização do espaço público de Guarulhos

Jean Baudrillard afirma que o m undial e o universal não caminham


juntos. A universalidade consiste em compartilhar val ores, direitos
humanos e cultura, enquanto a mundialização consiste em compartilhar
mercados, turismo e i nformação. O mundial representa o mercado, as
trocas de bens e serviços e o fluxo monetário do sistem a econômico
(BAUDRILLARD, 1997).

O espaço público em Guarulhos está sendo concebido para tornar-


se mundial, as singulari dades cada vez mais devem estar à disposição do
global. A produção de artesanato, produtos industriais, turism o e
readequação do espaço público são essenciais para que o fluxo do capital
possa ser cada vez mais intensivo.
156

De acordo com Baudrillard pode ser que algum as resistências


apareçam para contestar as mudanças que acontecem no espaço público,
no entant o estas lideranças serão reprimidas face ao discurso da
modernidade (1997). Os agentes do poder público, conforme visto
anteriormente, legitimam suas ações tendo por base o discurso da
modernidade, quaisquer resistências contrárias sendo tidas como focos de
regresso em um sistem a “pujante”.

Renato Ortiz considera que um lugar ou mesm o um a região em


processo de mundialização já não tem m ais atribut os peculiares em
relação aos seus hábitos de origem. Uma regi ão em mundialização tem
todos os seus elementos econômicos e de com ércio definidos de acordo
com a vontade do capital internacional que delimita o que deve ser
produzido e consumido e o que deve ser devidamente extirpado do
sistema. Na visão de Orti z esta nova característica é identificada até
mesm o nos alimentos comercializados:

A comida industrial não possui nenhum vínculo


territorial. Não quero sugerir que os pratos
tradicionais tendam com isso a desaparecer. Muitos
deles serão inclusive integrados à cozinha
industrial. Mas perdem sua singularidade. Existiria
alguma “italianidade” nas pi zzas Hut, ou
“mexicanidade” nos tacos Bell? Os pratos chineses,
vendidos congelados nos supermercados, têm
algum sabor do império celestial? O exempl o de
157

McDonal d´s é a meu ver heurístico. Ele permite


compreender melhor o tema da deslocali zação.
Uma forma de analisá-lo é sublinhar sua “essência ”
norte-americana. Esta maneira de pensar fa z parte
de todo um senso comum, e supõe uma idéia
partilhada por muitos: a “americani zação” do
mundo.(1996)

Observando a leitura que Renato Ortiz faz dos alimentos consegue-


se com provar que até mesmo a figura do McDonald´s permeia o processo
de mundialização. No centro da cidade de Guarulhos há dois restaurantes
McDonald´s cada um deles representando a vontade da equalização dos
hábitos de consumo. Os dois restaurantes estão na mesma circunscrição
de modificação do espaço público, no mapeam ento dem onstrado em
momento anterior.
158

Figura 32 – M cDonald´s instalado no cruzamento da Avenida


Tiradentes com a Avenida Paulo Faccini

Foto: Lincol n Marcellos (2010).

A mundi alização tam bém contempla a americanização, na visão de


Ortiz: “Não é surpreendente constatar que a discussão sobre a
especificidade das culturas, que fizemos anteriormente, ressurja no
quadro da americanização” (1996, pg. 91). O simbolismo norte-am ericano
é uma expressão direta e correlacionada à globalização dos hábitos de
consumo dos indivíduos. O imperialismo das principais nações (inglês,
159

am ericano, francês, japonês ou mesmo italiano) impõe idéias e modos de


vida, aos quais torna-se insustentável voltar-se contra.

A maior expressão dos hábitos am ericanizados no bairro Maia e no


Centro de Guarulhos estão dem onstrados pelas empresas que ali estão
inseridas: McDonald´s, Citibank, rede de hotéis Accor (Ibis e Mercure),
Best W estern, Concessionária de veículos Ford e a rede de
supermercados W almart e Sam´s Club. Estas entidades não estão
situadas fora da circunscrição do Centro e do Bosque Maia, e só irão para
outras regiões da cidade a partir do mom ent o em que o capital
internacional conceber que estas outras regiões – e sua população -
estejam aptas a recepcionar “financeiram ente” os novos hábitos de
consumo.

No bairro dos Pimentas, ao extremo leste da cidade de Guarulhos, a


rede internacional de superm ercados W almart até o presente período não
instalou nenhuma filial, outros mercados regionais com o o “Nagumo”
ocupando o lugar no suprimento de produtos alimentares à população.

A representatividade da cultura norte-americana em Guarulhos é


marcante, a simbologia está expressa até m esmo nas sinalizações de
trânsito dispostas no centro da cidade e no trajeto ao aeroporto em
escritas bilíngües. Em nosso cotidiano (da cidade de Guarulhos) as
palavras expressas em inglês ganham um a conotação de “brevidade,
concisão, compasso e precisão” (ORTIZ, 1996, pg. 92).
160

O processo de globalização foi consagrado sobre as bases do


imperialismo político e domínio econômico, as representações devem ser
comuns para que os hábitos sejam comuns, assim o inglês passou a ser
um padrão i nternacional para que sejam identificados quaisquer hábitos
de consumo, desde produtos até mesmo espaços públicos.

As sinalizações de trânsito bilíngües demonstradas anteriormente


representam o padrão i nternacional de i dentificação e de composição do
hábito de consumo que estão sendo articuladas no m unicípio de
Guarulhos. Conforme descreve Ortiz:

(...) A entrada de novas culturas, com seus i diomas


particulares, neste mercado lingüístico, não o
debilita, pelo contrário, irá f ortalecê-lo.
Evidentemente o conflito entre língua nacional e
mundial é latente, mas, devido às posições dos
países no contexto global, ele se resolve de
maneira distinta.

Conf orme dem onstra Ortiz é possível que a população local de


Guarulhos não compreenda o porquê de representações e simbologias
estarem expressas em língua inglesa, porém é da vontade da classe
dominante que tais sím bolos estejam presentes nos principais pontos do
espaço público que estão sendo reformatados para que sejam
recepcionados pelos indivíduos globais. Um exem plo é a utilização de
mensagens de Natal com dizeres em idiom as diversos, promovida pela
Prefeitura do Município.
161

Figura 33 - Mensagens de Natal com dizeres em idiomas di versos

Foto: Lincoln Marcellos, retirada em 2011.

Ao colocar a ênfase deste trabalho na proposição de que a


rede de hotéis internacionais também representa a apropri ação e
promoção de uma identidade global da região, entende-se que tais
comércios acabam sendo essenciais para a recepção de indivíduos ao
redor do m undo. Na visão de Orti z:
162

Contrariamente aos “lugares ”, carregados de


significado relacional e identitário, o espaço
desterritoriali zado “se esva zia” de seus conteúdos
particulares. Os free-shops nos aeroportos, as
cidades turísticas (Acapulco, Aruba), os hotéis
internaci onais parecem constituir uma espécie de
“não-lugares”, locais anônimos, seriali zados,
capazes de acolher qual quer transeunte,
independente de sua idiossincrasia. Espaço que se
realiza enquanto sistema de relações funcionais,
circuito no qual o indivíduo se move. Daí a
necessidade de sinalizá-l o, para que as pessoas
não se percam no seu interior. Numa civilização na
qual a mobilidade é essencial, é necessário que
existam bali zas, um código de orientação. Um
aeroporto, uma grande estação ferroviária, ou uma
cidade são análogos a um texto semiológico,
recortado por indicações e painéis, comunicando ao
usuário um conjunto de informações que lhes
permite enveredar nesse labirinto de signos.
Espaço impessoal, no qual o indiví duo se
transforma em usuário, isto é, em alguém capa z de
decodificar a inteligibilidade funci onal da malha que
o envolve (fazer compras, passear, tomar um avião,
ir ao trabalho, etc). (1996, p. 106)
163

As transformações no espaço público central de Guarulhos estão


sendo promovidas por uma classe dominante que gostaria de provocar a
desterritorialização de alguns lugares determinados: para isso modificam
estruturas simbólicas particulares para que este espaço esteja no “m apa
do mundo”, ou seja, seja reconhecido com o global.

A sinalização bilíngüe, as ruas com paralelepípedos com cores


sortidas, a faixa de pedestres em cores especiais, a arborização, os
semáforos tem porizados, a construção de um a ponte estaiada, a
preservação de praças, devidamente sinalizadas, assi m como serviços
provenientes do comércio i nternacional, com o rede de restaurantes, rede
de hotéis, bancos, concessi onári a de veículos, entre outros, faz com que
indivíduos internacionalizados possam estar identificados aos locais.

A identificação do indivíduo ao local, representa para ele uma


associação direta à sua cultura. Não o dispersando com todas as
simbologias apresentadas, ele consegue articul ar seu m apeamento
cultural de modo que sua inteligibilidade lhe permite atuar dentro deste
contexto. Este indivíduo não precisará descobrir onde precisará dormir,
onde precisará comer, onde precisará pegar táxi, onde precisará comprar
e tampouco onde precisará estar, pois todas as suas referências já foram
fornecidas pelo próprio espaço.

Provavelmente, este indivíduo já dormiu no hotel Ibis, comeu no


McDonald´s, pegou táxi no aeroporto, com prou em Shopping Center e
esteve em outros locais com identidade global ao redor do mundo, em sua
trajetória profissional ou turística. Renato Ortiz com unga da m esma idéia,
e em suas pal avras:
164

Por isso temos a tendência em detectar a


mundialização por meio de seus sinais exteriores.
McDonal d´s, Coca-Cola, cosméticos Revlon, calças
jeans, televisores e toca-discos são sua expressão.
Nos pontos mais distantes, Nova York, Paris, Zona
Franca de Manaus, na Ásia ou na América Latina
nos deparamos com nomes conhecidos – Sony,
Ford, Mitsubishi, Phillips, Renault, Volkswagen.
Qual o significado disso? Que a mundiali zação não
se sustenta apenas no avanço tecnológico. Há um
universo habitado por obj etos compartilhados em
grande escala. São eles que constituem nossa
paisagem, mobiliando nosso meio
ambiente.(...)Sem essa modernidade-objeto, que
impregna os aeroportos internacionais (são
idênticos em todos os lugares), as ruas do comércio
(com suas vitrinas e mercadorias em exposição), os
móveis de escritórios, os utensílios domésticos,
dificilmente uma cultura teria a oportunidade de se
mundializar.

Os espaços idênticos consubstanciam uma paisagem única, a


mobília é a mesma e as representações também. Por isso que até mesmo
a revitalização do centro da cidade de Guarulhos contempla ruas que têm
paralel epípedos com cor vermelha e a Câmara Municipal com espelhos
refletores. A cultura local nestes parâmetros acaba por dem onstrar sua
globalidade.
165

Figura 34 – Outdoor eletrônico instalado na Avenida Paulo Faccini

Foto: Lincol n Marcellos, retirada em 2010.

A mobília urbana, conform e a imagem acima, acaba por contemplar


até m esmo outdoor elet rônico, objeto m undial que representa o avanço
simbólico das sociedades m ais m odernas, além de ser um parâm etro de
identificação por aqueles que buscam representações comuns com os
espaços que convivem.
166

3.22 – Empreendedorismo Urbano em Guarulhos

A década de 1970 foi um paradigma para a reestruturação do


sistema econômico global, David Harvey aponta que a parti r deste
momento as cidades passaram a apresentar novas formas de gestão,
sendo que o conceito administrativista enquanto paradigma passou para o
em preendedorismo urbano. O empreendedorismo urbano pressupõe a
transformação do espaço público para que este seja competitivo,
homogêneo e ao mesmo tempo identificado com outros modelos por todo
o mundo. A finalidade é tornar o espaço atrativo para o capital interno e
internacional (2005). Raquel Rolnik e Nádia Som ekh caracterizam e
contextualizam o que é necessário para a troca do paradigm a na gestão
urbana, segundo a visão de Harvey:

(...)a criação ou a divulgação de vantagens que


permitam a implantação de grandes
empreendimentos imobiliários ou ainda o
estabelecimento de parcerias, incentivos fiscais,
ações de marketing para 'vender' a cidade por mei o
da exacerbação de seus atributos e qualidades,
garantindo a atração de novos investimentos,
principalmente alavancada por eventos
(...)Estratégias de renovação urbana articuladas a
inovações culturais elitistas e excludentes, como é
o caso de museus e processos de requalificação
urbana com valorização imobiliárias e expulsão de
atividades e populações de menor renda.(...)luta do
poder local para assumir o controle e o comando de
167

operações financeiras fazendo pesados


investi mentos em transportes e comunicações, que
viabilizam a efetivação de grandes equipamentos
privados. (...)competição pela redistribuição de
excedentes gerados pelos governos centrais e
regionais. (ROLNIK E SOMEKH, 2003, p.97)

O poder público m unicipal passa a ter um papel preponderante


na articul ação do desenvolvimento capitalista e na proposição de novos
padrões ao comportamento dos atores l ocais, tendo por base o
desenvolvimento econômico e o conseqüente acúmulo de capital
(HARVEY, 2005). Conforme explica David Harvey, a gestão urbana
precisa congregar forças da iniciativa privada e de toda a sociedade civil
para legitimar suas ações. Este modelo de gestão pode ter sido o
pressuposto para a Lei 5.770/2002 responsável pelo projeto de
revitalização na cidade de Guarulhos, que definiu uma Comissão
responsável por apresentar estudos ao prefeito e à Câmara Municipal,
com representantes da Associação Comercial – ACIG, Federação das
Indúst ri as do Estado de São Paulo – Fiesp, hotéis de Guarulhos,
Comérci o Ambulante, associ ações de bairro, e da secretaria de turismo,
dentre outros (2005).

A parceria entre a iniciativa privada e o poder público para a


intervenção em projetos que rem odelem o espaço público é necessária
para potencializar a busca por fontes de financiam ento, por isso a
iniciativa privada representa ser um elemento preponderante para a
caract erização do em preendedorismo (HARVEY, 2005). De acordo com
Harvey as intervenções no espaço priorizam a capitalização e a economia
168

local em detrimento da economia da região com o um todo; no entanto


estas i ntervenções são resultado da reorganização dos espaços urbanos,
voltados para a atração de capital e pessoas em uma competição
interurbana, em suas palavras:

Ao que parece, as cidades e lugares hoje tomam


muito mais cuidado para criar uma i magem positiva
e de alta qualidade de si mesmos, e têm procurado
uma arquitetura e formas de projeto urbano que
atendam a essa necessidade. O fato de estarem tão
pressionadas e de o resultado ser uma repetição
em série de modelos bem-sucedidos é
compreensível, dada a sombri a história da
desendustrialização e da restruturação, que
deixaram a maioria das ci dades grandes do mundo
capitalista avançado com poucas opções além da
competição entre si, em especial como centros
financeiros, de consumo e de entreterimento. Dar
determinada imagem à cidade através da
organi zação de espaços urbanos espetaculares se
tornou um meio de atrair capital e pessoas num
certo período de competição interurbana e de
empreendimentismo urbano intensificado.
(HARVEY, 1992, p.91)

David Harvey tam bém compreende que é necessário que a


cidade empreendedora busque quatro estratégias fundam entais para sua
consolidação, sendo el as: o oferecimento de vantagens locais para atrair
169

investidores internos e externos, na forma de redução de impostos,


fomento ao crédito, entre outros subsídios, flexibilização da Lei, aum ento
e expansão da infraestrutura e m ão de obra qualificada; formação de um
mercado consumidor interno estável e desenvolvido; fomento à formação
de um centro de serviços referente ao levantamento e análise de
informações econômicas governamentais; e distribuição da receita do
município para programas sociais, como educação, habitacional e de
saneamento básico (2005).

Neste momento a cidade de Guarulhos vem cumprindo


somente um dos pressupostos para a consolidação do empreendedorismo,
qual seja, o oferecimento de vantagens para investi dores, com o redução
de impostos e expansão da infraestrutura e da mão de obra qualificada. A
melhora na infraestrutura possibilita a construção de centros turísticos, de
lazer, de exposição, o aumento do setor serviço e a revitalização de
centros históricos.

Entretanto para Argan a revitalização do centro hist órico pode


ser um conceito equívoco pois a compreensão para alguns visitantes da
cidade é a de que não existem partes históricas e não-históricas, a cidade
como um todo contempla várias formações, sendo que o turism o deveria
ser relativizado, não bastando revitalizar apenas alguns patrimônios
históricos, mas criando um processo de desenvolvimento de toda a
cidade, na com pletude. Nas palavras de Argan (1998, p. 74):

O conceito de “centro histórico” pode ter uma


utilidade pragmática, mas é um falso conceito. Por
que algumas partes da cidade deveriam ser
170

“históricas” e outras “não-históricas”? A cidade é


uma construção histórica. As próprias deformações
e mal-formações urbanas devidas à gestão
capitalista são fatos, apesar de não gloriosos, da
história da nossa época. Neste sentido, o turismo,
em si, como capacidade de geração de receitas
deveria ser relativi zado, pois, nessa visão
empreendedora de cidade, seria parte de um
processo de valorização urbana muito mais
complexo e extensivo do que as áreas patrimoniais
em si.

A cidade pode escolher, de modo geral, entre dois modelos de


gestão, aquele que torna toda mobília pública, assim como o espaço
acessível a todo e qualquer público, não necessariamente atendendo ao
interesse do capital ou um model o que formata o espaço público para
recepcionar o capital internacional e atender a grandes eventos culturais,
assim com o rem odelar sua identidade para ser competitiva em termos
econômicos em relação a outras cidades no mundo. Neste sentido para
Amêndola (2002):

Pensar e intervir estrategicamente nas cidades é


criar um ambiente competitivo a partir dos grandes
empreendimentos suscetíveis aos grandes
negócios, às transações econômicas e aos grandes
eventos culturais. Portanto o planejamento
estratégico da cidade é uma adaptação da gestão
empresarial, que toma decisões considerando o
171

ambiente externo regido pelos princípios


mercadológicos.

Os princípios mercadológicos faz com que o


em preendedorismo urbano seja consolidado de modo inequívoco,
alinhando e formatando o espaço público aos anseios daqueles que detém
o capital, com o objetivo de prom over o próprio acúmulo de capital por
meio da prestação de serviços em geral.
172

Capítulo 4 – A abordagem
metodológica
173

Capítul o 4 - A abordagem metodológica

A metodologia que será utilizada neste trabalho para a


obtenção de resposta à pergunta problem a col ocada na página 17 da
Introdução será a pesquisa exploratória. De acordo com Gil (2002, p.41),
a pesquisa exploratória tem como objetivo “proporcionar m aior
familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou
construir hipóteses”. O pl anejam ento na pesquisa exploratória é flexível,
sendo que pode considerar entrevistas com indivíduos que passaram por
experiências empíricas com o problema pesquisado e permite análise de
exem plos similares que estimulem a com preensão para responder à
problem atização sugerida (GIL, 2002)

O delineamento a ser utilizado na pesquisa é o documental e


o estudo de campo. A pesquisa documental permitirá recorrer a m ateriais
que possam ainda não ter recebido algum tratamento, ou de acordo com
Gil “ vale-se de materiais que não receberam ainda um tratam ento
analítico, ou que ainda podem ser re-el aborados de acordo com os
objetos de pesquisa (2002, p.45). Markoni & Lakatos (1996, p.57)
complem entam que “a característica da pesquisa docum ental é que a
fonte de col eta de dados está restrita a docum entos, escritos ou não,
constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas podem ser
feitas no m omento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois”.

O delineamento por estudo de cam po permitirá utilizar como


instrumento de pesquisa para avaliar e diagnosticar o objeto a ser
estudado, a entrevista semi-estruturada, de acordo com a natureza da
pesquisa a qual foi realizada. Nas palavras de Gil:
174

Os estudos de campo requerem a utilização de


variados instrumentos de pesquisa, tais como
formulários, questionários, entrevistas e escalas de
observação. Torna-se necessário, portanto, pré-
testar cada instrumento antes de sua utilização,
com vista em: a. desenvolver os procedimentos de
aplicação; b. t estar o vocabulário empregado nas
questões; e c. assegurar-se de que as questões ou
as observações a serem feitas possibilitem medir
as variáveis que se pretende medir (2002, p. 132)

Para a verificação das percepções sobre as alterações


ocorridas no cent ro de Guarul hos por parte dos depoentes, foi utilizada a
técnica da entrevista semi-estruturada. Neste caso, as perguntas aos
depoentes partiram de um a base geral, oferecendo ao pesquisador a
possibilidade de nortear o diálogo abertamente de acordo com o objetivo
final da pesquisa. Segundo Triviños (1987):

(...) a entrevista semi-estruturada, em geral, é


aquela que parte de certos questionamentos
básicos, apoiados em teori as e hipóteses que
interessam à pesquisa, e que, em seguida,
oferecem ampl o campo de interrogativas, fruto de
novas hipóteses que vão surgi ndo, à medida que
recebem as respostas do informante. Dest a
maneira, o informante, seguindo espontaneamente
a linha de seu pensamento e de suas experiências
175

dentro do foco pri ncipal colocado pelo investigador,


começa a participar na elaboração do conteúdo da
pesquisa.

A ent revista semi-estruturada será satisfatória para discorrer


sobre o tema proposto, pois combina perguntas abertas e fechadas,
permitindo ao pesquisador dirigir e enfatizar o diálogo aspectos que m ais
lhe convenham, semelhante a um a interação informal. No entanto é
importante que o pesquisador sempre esteja atento ao roteiro do diálogo,
efetuando perguntas adicionais suficientes para discernir e elucidar a
problem atização proposta (TRIVIÑOS, 1987).

Os documentos utilizados com o fontes para alcançar o objetivo


do trabalho, estão dispostos em rol aleatório:

a) Artigos de jornais: Jornal Olho Vivo de Guarulhos (atual Diário de


Guarulhos); Jornal Guarulhos Hoj e; Jornal Guarulhos W eb (base no
banco de dados da internet);
b) Publicações oficiais da Prefeitura Municipal de Guarulhos – Poder
Executivo: Divulgação de notas via website na internet e via
panfletos e folders informativos;
c) Publicações oficiais da Câmara de Vereadores da Cidade de
Guarulhos – Projetos de Lei, Justificativas de Projetos de Leis,
Legislação e notas oficiais;
d) Publicações e notas da Associação Comercial e Industrial de
Guarulhos (ACIG) atual Associação Comercial e Empresarial (ACE)
176

e Agência de Desenvolvimento do Corredor da Fernão Dias –


Unicidades;
e) Relatórios e dados estatísticos publicados pelo Sebrae-SP e IBGE
sobre a cidade de Guarulhos.

Com relação às entrevistas, participaram da pesqui sa 16


(dezesseis) depoentes. O roteiro proposto ofereceu aos depoentes,
residentes da cidade a oportunidade de responder às indagações
16
observando fotos relativas a cada parte do roteiro pré-definido.

O universo da pesquisa envolve relatos dos moradores do


centro da cidade, da região periférica da cidade, empresários do centro
da cidade, de um representante do poder público municipal, de

16
A metodologia utilizada neste trabalho tem como auxílio os estudos elaborados pelos
professores doutores Arthur Cole e Silvia Passarelli, no projeto intitulado: “Sete cidades: uma leitura
perspectiva do Grande ABC”. O projeto foi financiado pela FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo – e pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e teve como objetivo construir
uma metodologia de investigação do espaço urbano para a identificação do patrimônio cultural e
levantamento de algumas representações da identidade local. A região escolhida para a produção do
trabalho foi a do Grande ABC, que compreende as cidades de São Bernardo do Campo, Santo André,
São Caetano do Sul, Mauá, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, todas localizadas ao
sudeste da capital paulistana. O projeto foi realizado em três etapas, a primeira consistiu em produzir
desenhos e promover a captura de imagens de forma aleatória, com pessoas escolhidas sem prévio
critério de seleção. A seguir foram concebidas reflexões sobre a identidade e a utilização a partir dos
dados colhidos dos registros e dos lugares identificados. A última fase consistiu na produção de uma
paisagem e identificação do patrimônio cultural regional das cidades. O resultado possibilitou a
percepção da transformação da paisagem urbana e a leitura sobre tendências de uso e ocupação do
solo, além do modo de apropriação do espaço público e do sentimento de identificação.
177

empresários do ramo turístico ou de fom ento ao turismo e de turistas


que freqüentam a cidade. A amostra escolhi da foi “não aleatória”
compreendendo pessoas que representassem por suas características
cada grupo descrito da população a que pertenciam (MARCONI &
LAKATOS, 1996).

A entrevista semi-estruturada seguiu com pequenas alterações


o rotei ro utilizado com os moradores do centro, da perif eria e com os
em presários do centro da cidade:

1) Pergunta ao depoente sobre sua opinião sobre as segui ntes


temáticas, com apresentação concomitante de iconografias para
sua análise;

a) Instal ação no centro da cidade de sem áforo tem pori zado, com
sinalização luminosa;
b) A construção da Ponte Estaiada ligando a Avenida Paulo Faccini
à via Dutra;
c) Colocação de estacionamento e cerca de proteção no entorno da
Igreja do Rosário;
d) Colocação de cerca de proteção no entorno do busto da Praça IV
Centenário;
e) Reconfiguração do comércio no centro;
f) Criação de um terminal turístico rodoviário ao lado do Aeroporto;
g) Revitalização do córrego dos japoneses e dos cavalos na Avenida
Tiradentes;
h) Retirada dos moradores de rua – mendigos - da região central;
178

i) Faixas passantes para pedestres pintadas em azul e branco

2) Pergunta ao depoente imagem a imagem se este se identificou


com a foto (se sente pertencente ao espaço) e se o indivíduo já
freqüentou tal local demonstrado;

3) Em relação a cada foto perguntou-se ao depoente quem provocou


as m udanças observadas e se concorda com as mudanças no
espaço público;

4) Ao final foi pedido ao depoente que falasse abertam ente sobre as


fotos.

Em relação ao roteiro buscou-se, neste trabalho, em primeiro


lugar verificar, a partir da apresentação de diversas fotos, os lugares que
passaram por transformação, perguntando ao depoente se este
conseguia analisar criticamente a imagem em relação às mudanças
ocorridas. Em um segundo m omento foi perguntado ao indivíduo se estes
já haviam freqüentado os locais apresentados – para que fosse feita a
correta leitura do depoente, se este já havia estado algum a vez no local
apresentado -, em um terceiro mom ento foi perguntado ao depoente se
este concordava com as m udanças feitas no espaço público.

Em relação aos depoentes empresários do setor turístico e ao


representante do poder público a entrevista seguiu o seguinte roteiro:
179

1) Pergunta ao depoente se a revitalização do centro auxiliou o


comércio e o setor serviços;
2) Pergunta ao depoente quais foram as principais mudanças no
espaço público que fizeram com que a cidade pudesse experimentar
um maior desenvolvimento econômico;
3) Pergunta ao depoente se este considera que as mudanças no
espaço foram benéficas para toda a população.

Em relação aos depoentes turistas a entrevista seguiu o


segui nte roteiro:

1) Pergunta ao depoente se este se identifica com o espaço que está a


freqüentar;
2) Pergunta ao depoente se este identifica o espaço público de
Guarulhos com o de outras cidades ao redor do mundo.

Fez-se necessário a consulta a depoentes em presários do


setor turístico e depoentes turist as, para que fosse demonstrado a
contraposição de interesses simbólicos que existem entre alguns
moradores da cidade e aqueles que foram beneficiados com o processo
de revitalização do espaço público central. Tam bém foi feita entrevista
com representante oficial da Prefeitura para o correto diagnóstico da
visão pública sobre a revitalização.

Conf orme a pergunta problema formulada no início do


trabalho o objetivo deste é diagnosticar o sentimento de identificação
180

do morador da cidade de Guarulhos com as mudanças promovidas no


espaço público no centro da cidade às demais varreduras percepti vas –
turistas, em presários do turism o e poder público.

Considera-se que a amostragem escolhida forneceu


subsídios suficientes para desenvolver o trabalho e chegar ao objetivo
proposto no início, e se espera que o estudo seja uma contribuição para
as ciências sociais no sentido de abrir novas discussões acerca do tema
explorado e possibilidades de pesquisas futuras sobre o modo de
apropriação capitalista do espaço nas principais cidades no mundo.

A região central a ser considerada para a m etodologia dest e


trabalho condiz com o mapeamento das transformações do espaço
apresentado na figura 31, quais sejam: Centro, bairro Macedo, bairro Maia
e Paraventi, por exclusão consideraram-se todos os outros bairros
enquanto periferia.

Para a descrição dos depoentes moradores levaram-se em


consideração os seguintes atributos: nom e, sexo, origem, escolaridade,
estado civil, rendimento mensal (m enor ou maior que ci nco salários
mínimos vigente) e regi ão administrativa (m orador do centro ou da
periferia). O primeiro critério utilizado para a escolha dos depoentes foi a
localização do dom icílio (centro ou periferia), o segundo critério foram os
demais atri butos, anteriormente elencados.
181

Para a escolha dos depoentes domiciliados na periferia da


cidade, buscou-se privilegiar tanto aqueles que estão a oeste do Centro
(bairro Vila Rio), quanto aqueles que estão a leste (bairro Pimentas e
Presidente Dutra). Os grupos f orm ados demonstram que os m oradores do
Centro, em maioria, tem ensino superior e renda m aior que cinco salários
mínimos. Os moradores da periferia, em m aioria, não têm ensi no superior
e têm remuneração abaixo de cinco salários mínimos.

Para a coleta de dados foram definidas preliminarm ente


algum as análises, assim como foi elaborado um estudo-piloto para
validação do instrumento (O estudo-piloto encontra-se no apêndice deste
trabalho, integralmente transcrito tal qual aplicado). Para Yin (2001 p.
134) “a preparação final para fazer a coleta de dados é a reali zação de
um estudo-piloto. O procedimento auxilia tanto em relação ao conteúdo
dos dados quanto aos procedimentos que devem ser seguidos”. O
estudo-piloto não é um pré-teste, no entanto fornece subsídios para a
correção de anom alias procedimentais e de finalidade com relação ao
objeto do estudo em questão.

Neste trabal ho o estudo-piloto foi aplicado e validado com


sucesso, a um m orador da região periférica da cidade de Guarulhos. Os
dezesseis relatos coletados sobre a identificação e a percepção das
alterações ocorridas no espaço central da cidade de Guarulhos f oi feito
como já indicamos por intermédio de entrevistas semi-estruturadas junto a
pessoas diretamente envolvi das com a transformação do espaço,
distribuídas em seis categorias: 1) moradores do centro; 2) em presários
do centro; 3) moradores da periferia; 4) poder público municipal; 5)
em presários; e 6) turistas.
182

M oradores do centro (3)

Chisako Kameoka, feminino, 82 anos, imigrante japonesa, primeiro grau


incompleto, que prefere ser reconhecida pelo seu nom e de batismo “Maria
Rita”, vive na cidade há aproximadamente 60 anos, desde a vinda de seu
pai para o Brasil, renda mai or que cinco salários mínimos, região
administrativa número 12.

Benedito Paulo Gregório, masculino, 48 anos, casado, superior completo,


vendedor, nascido e residente em Guarulhos, no bai rro Macedo, renda
maior que cinco salários mínimos, região administrativa número 23.

Francisco Nalin Bueno, masculino, 43 anos, casado, engenheiro, nascido


em São Paulo e residente em Guarulhos há 12 anos, morador do bairro
Maia, renda maior que cinco salários mínimos, região administrativa
número 24.

Empresários do centro (2)

Eleni Cavalcanti, feminino, casada, 52 anos, soteropolitana, superior


completo, tem uma loja ótica no centro da cidade, na Rua Luiz Faccini e
neste ponto trabalha há 30 anos, região administrativa número 12.

Sérgio Andrade Bonovas, casado, 47 anos, masculino, paulistano, dono


de rotisserie na rua sete de setembro no centro da ci dade, trabalha neste
ponto há 4 anos, região administrativa núm ero 12.
183

M oradores da periferia (6)

Rosivaldo de Jesus Santos, 31 anos, masculino, guarulhense, estudante,


superior incompleto, solteiro, nasci do e residente em Guarulhos no bairro
Pimentas – Periferia, renda menor que cinco salários mínimos, região
administrativa número 31.

Regina Costa de Oliveira, feminino, 32 anos, cabeleleira, segundo grau


completo, casada, nascida e residente em Guarulhos no Bairro Vila Rio –
Periferia, renda menor que cinco salários mínimos, região admi nistrativa
número 46.

Izalina Miranda Nascimento, feminino, 23 anos, estudante, segundo grau


completo, solteira, nascida e residente em Guarulhos no bai rro Vila Rio –
Periferia, renda menor que cinco salários mínimos, região admi nistrativa
número 46.

Raimunda Dias da Silva, femini no, 53 anos, ajudante geral, primeiro grau
incompleto, casada, nascida na cidade de Petrolina na Bahia, residente
há 25 anos em Guarulhos no Jardim Presi dente Dutra, renda menor que
cinco salários mínimos, região administrativa número 34.

Luzanira Rodrigues dos Santos, feminino, 49 anos, auxiliar de limpeza,


primeiro grau incompleto, nascida e residente em Guarulhos no bairro
Pimentas, renda menor que cinco salários mínimos, região administrativa
número 31.
184

Sinval Ferreira Tavares, m asculino, 38 anos, auxiliar de produção,


segundo grau complet o, nascido e residente em Guarulhos, no bairro
Lavras, renda menor que cinco salários mínimos, região administrativa
número 22.

Poder Público M unicipal (1)

Josefa Leôncio, f eminino, gestora do Departam ento de Turismo na


Prefeitura Municipal de Guarulhos.

Empresários voltados ao fomento do turismo (2)

Gerente do Hotel “A”, não i dentificado 17, masculino, funcionári o de uma


das redes de hotéis localizadas na região central da cidade.

Gestor de Recursos Humanos do Hotel “B”, não identificado 18, masculino,


funcionário de uma das redes de hotéis localizadas na região central da
cidade.

17
O depoente não permitiu a divulgação de sua descrição no trabalho.
18
O depoente não permitiu a divulgação de sua descrição no trabalho.
185

Turistas (2)

Ivo Branchionni, 34 anos, masculino, casado, nascido e residente na


cidade de Brusque em Santa Catarina, usuário de um dos hotéis
localizados no centro da cidade.

Marta Cristina Machado Branchionni, 29 anos, fem inino, nascida e


residente na cidade de Brusque em Santa Catarina, usuária de um dos
hotéis localizados no centro da cidade.
186

Figura 35 – D i vi s ã o Ad m i ni s t r at i va ( B ai r ros ) de G ua r ul h os pa r a a
ge ol oc al i z a çã o d os de po e nt e s

Fonte: Prefeitura Municipal de Guarulhos (PMG).


187

As entrevistas que foram realizadas com os moradores do centro e


da periferia envolveram a apresentação de fotos (iconografia) de form a
concomitante ao diálogo por entender-se que as entrevistas precisam
trabalhar com a percepção poética e intelectual das relações entre arte e
cidade, natureza e cultura, históri a e memória, ao mesm o tem po trabalhar
a vivência e o cotidiano das cidades e as memórias e imagens dos que ali
habitam 19. A fotografia do modo tal qual a observam os já é al go ficto a
partir do momento em que é apresentada, pois separa em um passado o
real do imaginário. Por outro l ado a realidade, tal qual percebida por nós,
está sempre em rotação e em atividade (MOREIRA, 2004).

A fotografia apresentada enquanto ícone estático não representa o


sentim ento e a compreensão do imaginário do ser humano que nela se
identifica. Este precisa agregá-la a outros fatores em si apreciados. A
partir do momento em que posicionar a imagem representada em sua

19
Este trabalho teve como auxílio a concepção fenomenológica, neste sentido à medida em que
os dados foram coletados verificou-se a repetição de padrões que expressassem a compreensão do
fenômeno em sua essência. Na visão de Maurice Merleau-Ponty(1945):“A fenomenologia é o estudo das
essências; e todos os problemas, segundo ela, voltam a definir as essências: a essência da percepção, a
essência da consciência, por exemplo. Mas a fenomenologia é também uma filosofia que recoloca a
essência na existência, e não pensa que se possa compreender o homem e o mundo de outra forma, que
não seja a partir de sua .facticidade. É uma filosofia transcendental, que põe em suspenso, para
compreendê-las, as afirmações da atitude natural, mas é também uma filosofia para a qual o mundo já
está sempre lá, antes da reflexão, como uma presença inalienável, e cujo esforço de reencontrar o
contato ingênuo com o mundo pode lhe dar, enfim, um status filosófico.” Nas palavras de Merleau-Ponty
o que deve ser buscado e achado para que haja uma perfeita compreensão do fenômeno é a consciência
e a percepção, neste momento o trabalho abordará a busca pela percepção partindo de ícones e os
correlacionando com a vida cotidiana do indivíduo (MOREIRA, 2004).
188

realidade poderá efetivamente externalizar todos os sentimentos que


possui em sua memóri a e em suas experiências de vida, relativos ao
espaço tempo observado.

Este trabalho apresentou a fotografia e captou sentimentos


expressos pelos interlocutores; desta form a o instrumento utilizado
provocou a interação do indivíduo com o fenômeno que se pretendeu
discernir (MOREIRA, 2004). As perguntas semi-estruturadas, pautadas em
um a indagação norteadora permitiram que o interlocutor pudesse
externalizar seus sentimentos, associando suas convicções e percepções
às imagens demonstradas.

As percepções sobre as iconografias apresentadas aos depoentes,


foram elem entos essenciais para a descrição de fenôm enos comuns a
todos, rel evantes para alguns, mas que t alvez não façam sentido para a
maioria das pessoas que participaram da pesquisa. A interpretação dos
dados coletados foi feita sobre a transcrição da conversa com o depoente.
Procurou-se, ademais, à interpretação, agregar dados simbólicos obtidos
diretam ente no diálogo, com o, por exemplo, um gesto ou um a feição
apresentada em um momento oportuno pelo interlocutor (GEERTZ, 1989,
p.20).
189

Capítulo 5 – Análise das


entrevistas
190

Capítul o 5 – Análise das entrevistas

5.1 - Alterações individualizadas

5.1.1 – Re vitalização da Igreja do Rosário na Avenida João Gonçal ves

A Igreja do Rosário não sofreu mudanças em sua estrutura, no


entanto o espaço em seu entorno foi modificado, no entendim ento da
comerciante Eleni:

Sempre fui muito católica, acho que a igreja sempre


deve manter o seu estilo, gosto de ver a igreja,
gosto de estar lá, não entendo porque botaram
grades envolta, deve ser para proteger dos
mendigos que sempre passam, e ficam dormindo o
tempo todo sem fazer nada, mas sei lá (...) se por
um acaso quisermos dar uma voltinha e rezar de
perto não conseguimos, acho também que botaram
muitos carros lá dentro, é um disparate(...)

Após a revitalização da igreja do Rosário foram fixadas grades


de proteção conforme demonstrado anteriorm ente nas im agens a
Prefeitura também abriu concessão para que uma empresa de serviços de
estacionamento pudesse explorar o local, na visão da depoente
Raimunda:
191

Trabalhei sempre perto do centro, sempre passei


por ali, acho que gradear a igreja deve ser por
conta dos lesados, mas se for por segurança a
polícia também serve, pois tem uma ali, sempre
disseram que tem muito travesti neste local e que
ficavam ali, acho que era ponto, mas para afastar
fizeram isso, se fizeram deve ser bom.(...) E u
costumo rezar, vou a missa aos domingos, mas
para mim não faz diferença, eu não pulo grade, se
vej o uma igreja fechada eu vou para outra, além
disso não freqüento o centro, então tanto faz(...)

A depoente Raim unda, moradora da região periférica, faz


menção a delegacia de polícia que fica localizada a um a quadra da Igreja
do Rosário, na Avenida Monteiro Lobato, em seu depoimento correlaciona
a grade à segurança no local.

O munícipe Sinval, morador da região periférica, em seu


depoimento também faz m enção à modificação da igrej a. Em seu
entendimento:

Alguns trabalhos que faço eu faço no centro, acho


que se for para embel ezar que bote grade pois as
pessoas não respeitam mesmo, mas pelo que sei
essa igreja já é antiga e deve ser protegida, acho
que fazem bem (...) falam que a noite fica muita
gente estranha nesse lugar, deve ser por isso, mas
192

quem não tem grade hoje em casa não é


mesmo?(...)

A menção feita pelo depoente também associa a grade à


segurança do patrimônio; não a relaciona à concepção de revitalização,
mas de proteção a um bem público. No levantamento das transcrições as
menções feitas pelos outros depoentes foram relativam ente breves, porém
entendem, em sua maioria, que a questão da grade está associada a
segurança.

5.1.2 – Re vitalização do Córrego dos Ca valos e dos Japoneses –


Avenida Tiradentes

Vários depoentes disseram o que achavam da criação do


jardim suspenso na Avenida Tiradentes sobre o Córrego dos Cavalos e
dos Japoneses, na fala do depoente Benedito, morador da região central:

Puxa rapaz eu sempre passo na avenida e nunca


percebi, mas olhando para essa foto que o senhor
me mostrou agora estou vendo a diferença, acho
que ficou mais bonito, a prefeitura podia fazer isso
para todos os córregos na cidade, mas só fi zeram
no centro? (...) Acho que quando estas plantas
fecharem sobre o córrego ficará muito bonit o.

Na visão do depoente Sinval, morador da região periférica:


193

Acho que em vez de ficar floreando a avenida a


prefeitura podia ampliar el a, estamos precisando de
mais espaço para carro, o trânsito em Guarulhos
está uma calamidade e ai nda ficam pensando em
col ocar planta na avenida, podiam fazer como na
Avenida do Estado em São Paulo e botar uma faixa
sobre o córrego. (...)Acho que deve ter algum
interesse, o senhor sabe de alguma coisa? Isso é
por conta do pedido dos hotéis? tudo que é lugar
bonito aqui tem um hotel perto (...)

Na visão do depoente Francisco, morador da região central:

Eu vi que fi zera m um jardim suspenso sobre o


córrego da Tiradentes, acho que o projeto ficou
bem bonito, aliás acho que isso fe z com que
val ori zassem as casas na região central, sei disso
porque meu IPTU veio mais caro nesse ano, deve
ser por essa modificação que a prefeitura está
promovendo, revitalizando alguns lugares no centro
(...) não sei se o mesmo projeto está sendo
aplicado em outras regi ões em Guarulhos, mas vejo
com bons olhos tornar nosso ambiente mais
agradável (...)

De acordo com a depoente Regina, moradora da região


periférica, no bairro da Vila Rio:
194

O senhor está me mostrando esta foto e eu vejo


que o córrego está mais bonito, mas porque em ve z
de pensar em plantar no córrego primeiro não
pensam em i mpedir as enchentes que acontecem
com eles? Na Vila Rio onde eu moro sempre tem
enchente, a prefeitura não se interessa por cuida r
dessa enchente, não entendo, mas em vez de
pensar em florestar rio no centro podiam pensar em
acabar com essa água toda nos bairros(...)

A depoente Regina faz m enção às enchentes que


ocorrem no Córrego dos Cubas próximo ao l ocal onde reside, o córrego
atualmente é denotado enquanto área de risco por constantes enchentes
pelo Plano Diretor Municipal (PREFEITURA DE GUARULHOS, 2011).
195

Figura 36 – Córrego dos Cubas entre o Parque Renato M aia e a Vila


Rio de Janeiro

F ont e : F ol ha M et r opo lit a na , 2 009 .

A depoente Izalina, moradora da região periférica, também


coaduna com a percepção da depoente Regina, em suas palavras:

Eu vejo que está melhorando alguns lugares, mas


eu penso que a pref eitura podia fa zer algo para
evitar a enchente na região, fica muito difícil
quando chove, não tem saída aqui na Vila Rio, para
quem depende de ônibus como eu é mais difícil
196

ainda (...) Eu acho que cuidar da cidade é


importante mas precisa ser feito alguma coisa na
nossa regi ão para pelo menos poder ter uma
condição digna pra poder trabalhar(...)

As depoentes Regina e Izalina moradoras da Vila Rio, região


periférica, indicam que não existe um a rejeição à revitalização do córrego,
porém esperam que o poder público tam bém invista em infraestrutura para
a respectiva região. Na visão dos depoentes Benedito e Francisco,
moradores da região central, o novo paisagismo na região central foi bem
recepcionado, tornou o ambiente mais bonito e valorizou os imóveis que
ali se encontram.

5.1.3 – Faixas passantes para pedestres pintadas em azul e branco

Na visão do depoente Rosivaldo, m orador do bairro Pimentas,


região periférica, as novas faixas pintadas em azul e branco estão
associadas à cor da faixa do Pavilhão da cidade:

O asfalto é o mesmo, essa faixa a zul e branco deve


ter um ano e meio pra cá que eles mudaram essas
estruturas (...)Bom azul é uma das cores da
bandeira de Guarulhos, não sei se tem alguma
coisa a ver. Porque em São Paulo eu não vejo, vejo
em Guarulhos (...) É locali zado, acho que é devido
a população que reside próximo ao cent ro, e não a
população que reside nos Pi mentas, periferia que
está mais afastada.
197

O entrevistado associou a cor da faixa passante ao Pavilhão


de Guarulhos, que tem cor predominante azul. Na interpretação do
entrevistado a consolidação de f aixas na cor azul está localizada apenas
na região central da ci dade, em sua visão o embelezamento ainda não
chegou às regiões periféricas.

Na visão da depoente Eleni, com erciante do centro, as faixas


facilitam o fluxo dos pedestres:

Essa foi uma boa iniciativa, boa iniciativa, acho que


melhorou para quem anda bastante no centro, a
pessoa sabe que tem que estar no lugar cert o
senão é atropelada, foi uma boa, eu mesmo só
ando no azul (...) não sei se em outros lugares do
mundo é assim mas o que fi zeram aqui foi bom.

A depoente Eleni se i dentificou com a col ocação da faixa


passante azul, na visão da depoente Raimunda, m oradora da periferia:

Acho que pintar a faixa de pedestre é o mínimo que


se fa z, se for branco, azul, vermelho, tanto faz, que
importa que esteja lá pra poder passar para o outro
lado da rua, só isso (...). Lá nos Pimentas não tem
faixa nenhuma (sic) a única faixa é a dos buracos
que existe na calçada para alguém não cair.
198

Na visão do depoente Francisco, morador do centro:

Ah! Essa faixa ficou bem melhor, ficou mais bonito


e agradável, acho que melhorou bastante, fico
orgul hoso quando alguém de fora vem me visitar e
vê esta nova sinalização, muito legal (...) certa ve z
estive na Europa, na Itália e vi que lá tem umas
faixas parecidas, só que são vermelhas ao invés de
azul, mas acabam deixando o ambiente mais
agradável, para se localizar é muito melhor.

Na opinião da depoente Regina, moradora da periferia:

(...) antes de ficarem pintando tudo deveriam


pensar em melhorar os ônibus para as pessoas,
melhorar o acesso e melhorar a vida, não entendo
gastar dinheiro com ti nta, pinta só com branco que
tá bom (...) Será que alguém está ganhando
vendendo tanta tinta a zul para pintar o centro? Sei
lá se alguém ta ganhando podia usar esse dinheiro
para melhorar nossa vi da no nosso bairro.

Os depoentes Eleni e Francisco concebem que as faixas


passantes foram bem proj etadas para tornar a região central mais bela,
este, no entanto, não foi o entendimento da depoente Regina que
correlacionou a nova faixa ao argumento de fraude na prestação do
serviço público.
199

O depoente Francisco ainda correlacionou a existência da


faixa com outra semelhante que viu na Itália; é evidente em sua fala que a
pintura da faixa deixou o ambiente mais agradável.

Figura 37 – Faixa de pedestre na cidade de Giulianova (Itália)

Fo n t e: A b ru zzo i n b i ci 20

20
http://xoomer.virgilio.it/abruzzoinbici/corridoioverdeadriatico/giulianova/giulianovafoto1.htm
200

Acima está um a imagem da faixa passante da cidade de


Giulianova na Itália, como exemplo. Percebe-se que o paisagismo altera a
composição simbólica do espaço, fazendo com que seja associado à
beleza e harmonia.

5.1.4 – Semáforo temporizado (com indicador luminoso de segundos)

De acordo com o depoente Francisco, morador da região


central o sem áforo com indicador lum inoso de segundos melhorou o fluxo
de trânsito e diminuiu o risco de acidentes:

O senhor falou em semáforo tempori zado, já vi isso


em outros locais de São Paulo, não sei aonde, mas
vi, eu fico mais seguro quando est ou neste
semáforo, consigo antecipar minha parada e o
trajeto fica mais seguro, eu acho (...) Acho que
coordena melhor o trânsito também, se eu vi na
Itália onde visitei? Não me lembro, provavelmente
sim, mas não posso afirmar com convicção (...)

De acordo com a depoente Luzanira, moradora do bairro


Pimentas, região periférica:

Será que tem a ver com rique za? sei não moço, sei
que perto de onde moro em Itaquá também tem um
na pracinha principal, não acho que isso seja pra
201

dinheiro, sei lá, deve ser pra manter o pedestre


aceso, sei não, mas se tão botando tá bom né?
Acho isso. (...)Vão botar em mais lugar? deve botar
também aqui na Juscelino pois sai morte o tempo
todo, criança correndo sem, sabe, sem mãe nem
ninguém, faz morte, isso que acho.

Na visão da depoente Luzanira a sinalização com tem porizador


luminoso representa uma opção para o aum ento da segurança, e sugere
que se coloque o dispositivo também no local próximo a sua m oradia no
Bairro Pimentas, onde em sua opinião tem alto índice de homicídi o pelo
volume de tráfego dos veículos. A figura abaixo mostra o principal
cruzam ento do Bairro, entre as Avenidas Juscelino Kubitschek e Jurema.
202

Figura 38 - Cruzamento das Avenidas Juscelino Kubitschek e Jurema


no bairro Pimentas

Foto: Google Street View (2011).

Na visão do depoente em presário Sérgio, o sinal luminoso com


tem pori zador lembra o da cidade de São Caetano do Sul, cidade
conhecida por ter um belo paisagism o e um alto índice de
desenvolvimento hum ano. Em suas palavras:
203

Passo al gumas vezes por São Caetano, na Avenida


Goiás salvo engano, me parece igual, acho que fica
mais belo né? Antes não tinha, acho que melhora o
visual da cidade, fica mais bonita (...)ah em relação
à segurança acho que aumenta também, as
pessoas ficam mais alertas.

Os depoentes moradores no centro e na periferia acreditam


que o semáforo temporizado trouxe mais segurança, o empresário, por
sua vez, percebe o sem áforo com o algo enquadrado no projeto
paisagístico, assim como acont ece com a cidade de São Caetano do Sul
no ABC paulista.

5.1.5 – Deslocamento dos moradores de rua

Na interpretação do entrevistado Rosivaldo, morador da


região periférica, a ação de deslocar os moradores de rua em beleza o
centro, porém a mesma ação não é observada em outros pontos da
cidade:

Ol ha eu não freqüento, mas tem dimi nuído na praça


Getúlio Vargas, se você ver alguns é de passagem,
não é contínuo, quanto a esse l ocal já tem um bom
tempo que eu não passo aí. Eles não estão
residindo mais, houve uma retirada dessa
população que na verdade isso acaba mantendo o
204

aspecto de beleza da ci dade, não é legal


moradores de rua.

A depoente Eleni, empresária do centro, tem outra visão sobre


o assunto:

Aqui na rua Lui z Faccini eles sempre estão, o que


eu percebo é que tem lugares que eles foram
tirados, como na praça IV centenário, na Avenida
Paulo Faccini, perto do bosque Maia, mas aqui
ainda ficam, ficam importunando (...) outro dia
peguei um destes dormindo em frente a minha loja,
na frente da Bandeirantes, eles fa zem de tudo onde
ficam, comem, dormem, tudo, acho que não tem o
que fazer.(...) Ah com certe za eles deixam mais
feia nossa rua, não tenha dúvida, já chamaram a
polícia para tirar, mas acho que por causa daquela
lei dos direitos humanos não podem fazer nada, é o
que já ouvi falar.

A depoente Eleni destaca que houve um esforço da Prefeitura


para a retirada dos moradores de rua, porém não foi suficiente, alguns
moradores ainda estão no centro, na rua Luis Faccini. A “Bandeirantes” a
qual a depoente Eleni se refere é a concessionária de l uz de Guarulhos –
EDP Bandeirantes. O depoente Francisco tam bém tem percepção
parecida:
205

Às ve zes passo pela Praça Getúlio Vargas no


centro e percebo que existem alguns travestis e
moradores de rua que ali se encontram (...) quando
passo em frente ao hotel íbis no início da
Tiradentes não vejo ninguém (...) Ah! sim, só tem
uma guarita da guarda municipal civil no
cruzamento com a avenida Guarulhos(...) no
bosque maia tamb ém não vejo mendigos, acho que
é porque naquele local também tem uma guarita da
guarda municipal e sempre fica alguém do
departamento de trânsito para orientar os veículos,
acho que isso acaba inibindo um pouquinho
também (...) Ah! Acho ruim eles estarem no centro,
acaba por denegrir um pouco a i magem do centro
que a prefeitura está tentando implantar, poxa a
cidade fica um pouco mais bonita e ao mesmo
tempo temos isso, acho que alguém do serviço
social podia ser mandado para ajudar essas
pessoas.

O depoente Francisco morador do centro também destaca que


exist em i ndivíduos moradores de rua no centro e que isso acaba deixando
o am biente menos bel o, nas regiões onde tem uma guarita ou viatura da
guarda municipal os moradores de rua acabam não permanecendo, sendo
que os guardas ficam alocados na praça IV Centenário em frente ao hotel
Íbis e Mercury e em frente ao bosque Maia.
206

Figura 39 – Guarita da guarda municipal alocada na praça IV


centenário

Foto: Googl e Street View (2011), ao lado esquerdo hotéi s Mercure e Íbis,
à direita a guarita da Guarda Municipal Metropolitana.

Na visão da depoente Regina, moradora da periferia, a


principal questão não é remover os moradores de rua, mas oferecer
condições para que possam morar em local adequado, em suas palavras:

(...)sinceramente não me preocupo com os


moradores de rua, fico preocupada se são ladrões,
aí tento ficar longe, passo para a outra calçada,
acho que tirar para embele zar a cidade não serve,
melhor que tirem e dêem casa e moradia para eles,
melhor assim (...) isso é trabalho da Prefeitura, dar
casa sabe, eu não posso dar a minha casa para
207

eles, mas a Prefeitura pode, porque não dá,


preferem tirar de um lugar e botar em outro (...) o
negócio deles é o centro, ali podem tirar uma
grani nha limpando vidro de carro ou pegando sobra
de restaurante.

A depoente Regina indica que há uma predisposição para os


moradores de rua ficarem no centro, seja pelo fato de poderem ganhar
dinhei ro nos semáforos pedindo esmola, seja pelo fato de conseguirem
alimentos nos restaurantes da região, e que o problem a não é se
em belezam ou não a cidade.

5.1.6 – Re vitalização do comércio no centro

A colocação de paralelepípedos sortidos e a adequação dos


comerciantes ambulantes ao centro pode ter feito surgir uma nova
percepção sobre o centro. Na visão do em presário Sérgio:

A rua que fica atrás da praça do Rosário foi


remodelada, assim como o calçadão da D. Pedro,
achei bom, ali tinha muita sujeira e porcaria, não
dava para andar, depois que a prefeitura registrou
todos os camelôs e colocou em ordem acho que
ficou melhor (...) É verdade colocaram novos
paral elepípedos na cor vermelha, acho que ficou
mais bonito, é melhor, podiam fazer isso para o
centro todo.
208

Na visão da m oradora do centro Chisako Kam eoka a


organização do centro e do espaço dos ambulantes também melhorou a
imagem da ci dade, em suas palavras:

Ah! Antes tudo estava feio né? acho que mel horou,
acho que ficou melhor, muito melhor, dá pra andar
e olhar coisas, eu acho mel hor né? (...) pedras
vermelhas no chão? Ficaram bonitas né? isso fa z
tudo bonito, muito bom.

A depoente Izalina, moradora da peri feria também com pactua


com a visão da depoente Chisako e do depoente Sérgio, em suas
palavras:

Por vezes eu passo no centro para comprar alguma


roupi nha para as crianças no torra torra ou nas
lojinhas, eu achei bem melhor, está organi zado, pra
fazer as compras é mais fácil, é bom que faça isso,
antes estava um pouco sujo, agora está mais limpo,
posso trazer as crianças e não ligar muito se elas
se sujarem (...) acho sim que ficou mais bonito o
centro depois, eu gostei sim.
209

A depoente Izalina assim como os outros se identificaram com


a reorganização do cent ro; em sua percepção ficou fácil percorrer o
centro e seguro andar com seus filhos, além de ter ficado mais limpo e
com aspecto harm ônico após aa revitalização.

5.1.7 – Busto “Anjo Gabriel” cercado por grade na praça IV centenário

O entrevistado Rosivaldo, morador da periferia, entende que a


grade é um a form a de proteger o busto criado pelo artista plástico Enoc
César; o cercado é essencial para a preservação da beleza do espaço:

É feio para a cidade, é feio para a imagem do hotel,


está deixando mal cuidado e pichado de acordo
com a imagem que nós vimos da Monteiro Lobato.
E a prefeitura encontrou uma man eira de estar
preservando dessa maneira. Pro comercio e pro
turismo é ruim.

Na visão do entrevistado, o hotel acaba por interferir na ação


da Prefeitura, já que não é interessante para a atividade do hotel ter um
espaço degradado bem em frente às suas instalações. Para a depoente
Regina o f ato do busto estar cercado acaba-lhe causando um sentim ento
de incompreensão:

Ol ha essa estátua está cercada, por quê?(...)È se


for para proteger pode proteger, acho que pode
algum pichador estragar a estátua não é
210

mesmo?(...)É um pouco estranho porque nunca vi


estátua cercada, será que eles podem roubar a
estátua, deve ser por isso que deve estar cercada,
só pode mesmo, do jeito que tem maluco no centro,
só pode ser mesmo.

O morador do centro, depoente Francisco, entende que o fato


de ter cercado o busto tem correlação com a depredação por marginais:

É verdade o que o senhor falou, o busto está


cercado, agora percebi, acho que pela correria do
dia-a-dia acabamo s não percebendo, mas acho que
a prefeitura cercou para evitar a depredação do
patrimônio público (...) é pode ser que o hotel
também tenha i nfluênci a nisso para evitar que o
busto seja depredado e depreciado (...) Talve z o
objetivo da cerca seja evitar que margi nais e
moradores de rua possam ali se instalar.

O depoente Francisco embora passe todos os dias em frente


ao local não percebeu que o busto havia sido cercado, porém entende que
a i niciativa pode estar correlacionada à proteção do patrimônio público.
211

5.1.8 – Construção da ponte estaiada

Nas palavras do depoente Rosivaldo, morador da periferia, a


construção da ponte estaiada não representa um ganho para a cidade de
Guarulhos, entende que a ponte é uma tentativa de criar um novo símbolo
para a cidade. Em suas palavras:

Essa ponte? Essa ponte é polêmica, eu consigo


enxergar. Eu não consigo enxergar vi ável pelo
custo-benefício, pelo que ela custou, eu vejo como
uma maneira de embelezar a ci dade, nesse aspect o
(...) el a pode ser funci onal para mexer nos cofres
públicos, porque eu não consigo ver dessa
forma(...) vejo mai s como uma chamativa de cartão
postal de Guarulhos do que viabilizar o trânsit o
nesse sentido. Mesmo porque a gente sabe que o
rodoanel que foi inaugurado com o passar do tempo
e com o aumento da frota vai ficar sobrecarregado
e essa ponte parte dela já está funcionando, mas
mesmo com essa inauguração não surtiu efeito.

Para o depoente a ponte foi criada para ser m ais uma


referencia simbólica, não melhorou substancialmente o trânsito da cidade.
O entendimento do depoente Benedito, m orador do centro, também vai no
mesm o senti do:
212

Ol ha rapaz sinceramente acho que a ponte estaiada


não melhorou tanto assim o trânsito, acho sim que
criou mais um canal de saída para a Dutra, mas
não melhorou tanto (...) É eu acho que a ponte é
mais uma tentativa de criar um marco para o
município do que qualquer outra coisa, uma espécie
de cartão-postal, é o que acho (...) Funcional? Não
é funcional, e vou te di zer mais poderia ser
construída com menos dinheiro.

Para o depoente Francisco, m orador do centro, a ponte


tam bém é vista como referencia simbólica:

Esta foto apresenta a ponte estaiada que foi


construída sobre a Dutra? Isso mesmo, é eu acho
que esta ponte representa um símbolo para o
município, acho que é uma tentativa de criar pontos
de referência que possam ser vistos por qualquer
um que entrar dentro da cidade, assim como a
pintura das faixas para pedestres e a colocação de
um jardim suspenso sobre a Tiradentes.

Para o depoente Sinval, morador da periferia, a ponte


estaiada não representa efetivamente um a alternativa para o grande
volume de tráfego de veículos em Guarulhos. Em suas palavras:
213

Que coisa essa ponte hein? Foi uma obra pensada


e articulada, mas não vejo melhoria no trânsito,
acho que talvez desafogou um pouco a Paulo
Faccini no final e criou mais um ponto de entrada
para a Dutra, mas foi só, ela tem um estilo bonito,
ficou mais como chamari z para quem está na Dutra
do que projeto rodovi ário (...) È interessante acho
que ela representa uma espécie de aviso para
quem está na cidade, a pessoa vê a ponte e sabe
que está em Guarulhos, deve ser essa a serventia
dela, sei l á (...) Acho que em relação ao projet o
podem ter copi ado de cidades como São Paul o que
tem aquela ponte igual na marginal Pinheiros, mas
acho que ali o proj eto foi outro, não sei ao certo.

Para a depoente Raimunda, moradora da periferia, a ponte só


serviu para causar um dispêndio inapropriado para a Prefeitura. Em suas
palavras:

Por que construíram essa ponte? vou falar a


verdade para o senhor não entendo, como falei
para o senhor eu moro no Presidente Dutra, não
entendo mesmo, tenho dificuldade para chegar em
casa por falta de condução apropriada e esses
políticos ficam construindo essas coisas (...)
podiam pegar esse dinheiro e fazer coisas para nós
como mais ônibus.
214

No caso da construção da ponte estaiada, a percepção dos


depoentes é quase unânime. Nas respectivas opiniões, ela f oi criada para
ser um símbolo da cidade, principalmente para os viajantes de fora se
identificarem; no entanto, em relação ao aspecto técnico, voltado para o
tráfego, ela não f oi bem avaliada.

5.1.9 – Terminal Rodoviário Turístico de Guarulhos

A depoente Raimunda, moradora do Jardim Presidente Dutra,


na periferia, considerou benéfica a construção do terminal pois conseguirá
ter mais opções para chegar até o centro da cidade ou até o Shopping
Internacional, em suas palavras:

Eu gostei desse terminal novo tem mais uma opção


para quem sai do Presidente Dutra e de Santa
Paula, consigo fazer baldeação para pegar outro
ônibus para o centro ou fazer um passeio no
Shopping Internacional, acho bom (...) Você falou
em turístico, mas não entendo porque é turístico,
os ônibus não vão fazer turismo pelo que sei, mas
as linhas que já estão acost umados a fazer.

A depoente Raimunda não entende o porque da expressão


“turístico” que foi atribuída ao terminal, a depoente Luzanira também
entende que a construção do termi nal é benéfica à população. Em suas
palavras:
215

A construção desse novo terminal veio em boa


hora, para quem mora nos Pimentas as vezes não
tem opção para chegar até o Hospital Geral,
também sei que o pessoal tá falando que pode
chegar um trem da CPTM para Guarulhos por esse
termi nal, aí seria melhor ainda (...) acho que
turístico deve ser porque fica perto do aeroporto,
outro dia peguei um ônibus com um rapaz que
parecia ser de outro país, deve ser isso.

Para Luzanira, moradora da periferia, o benefício do terminal


no Parque Cecap é estar ao l ado do Hospital Geral de Guarulhos, sendo
que se tiver que ser atendida já tem uma linha direta de ônibus que parte
do bairro dos Pimentas para o Parque Cecap, melhorando o tráfego; no
seu entendimento, o termo turístico foi dado por causa da proximidade ao
Aeroporto. O entrevistado Rosivaldo entende que a construção de um
terminal rodoviário em Guarulhos é importante, melhor se fosse próximo
ao centro, em suas palavras:

Terminal Rodoviário Turístico da cidade de


Guarulhos. Na verdade já ouvi falar, mas o local
específico onde vai ser, mais detalhes do projeto
não tive acesso. (...) Próximo ao centro, em matéri a
de estratégia acho que seria interessante. Embora
que o acesso ao transporte em Guarulhos é um
aspecto muito precário(...)Mas totalmente longe da
população, embora na região onde eu resido no
Pimentas é uma região muito grande, e não sei se o
216

fato se estar mais próxi mo do Ri o de Janeiro seria


mais interessante no caso, se não seria uma boa
opção de local.

Para o depoente deveriam tam bém construir um terminal no


centro ou no bairro dos Pimentas, onde reside, porém de qualquer forma
aceita o terminal pela falta de opções de linhas em Guarulhos.

5.1.10 – Percepção ampla dos moradores do centro e da periferia


sobre as alterações no espaço público

A moradora da Rua Lui z Faccini, no centro da cidade, Chisako


Kam eoka de 82 anos, quando perguntada sobre alterações no centro,
assim respondeu:

Acho que eles mud aram algumas coisas, não posso


saber bem o que foi mudado, mas olho as ruas e
estão diferentes, mas estou como sempre, caminho
pelas ruas e faço minhas coisas (...) já que querem
mudar, precisa mudar também o sistema de esgoto
da rua, pois tem um monte de rato e de barata que
ficam o tempo todo, isso si m precisava ser vist o
aqui no centro.
217

Figura 40 - Foto da ótica de propriedade da depoente Eleni


Cavalcante, localizada na Rua Luiz Faccini no centro da cidade de
Guarulhos

Foto: Lincoln Marcellos (2011), na foto as depoentes Chisako Kameoka


“Maria Rita” ao centro, e El eni Cavalcanti à direita e o pesquisador à
esquerda.

A moradora não com preende todas as m udanças, todavia


tam bém não se opõe àquelas provocadas no espaço público central; em
contraposição às mudanças, a depoente reclama da Prefeitura, pois esta
não cuida do Saneam ento Básico do centro. Na visão do morador do
centro Francisco sobre as mudanças ocorridas no centro:
218

(...)estou de acordo, acho que as mudanças que


aconteceram no centro da cidade vieram para o
bem, precisamos de um lugar mais limpo e seguro
para passear e curtir nosso fi m de semana, acho
que o bosque Maia de um tempo para cá ficou
melhor, posso sair com meus dois filhos para andar
de bicicleta que vejo alguma viatura da guarda
munici pal vigiando (...) eu estou gostando, as
faixas ficaram bonitas e o semáforo com tempo
ajuda a organi zar o trânsito.

Ao morador Benedito que também mora no centro foi


perguntado se concorda com as mudanças, e em suas palavras:

(...) é realmente mudaram a Tiradentes, botaram


um jardim, mas não vejo t anta coisa nova assim,
tudo que é novo é bom, tomara que tenha mais
coisas que a prefeitura possa colocar para melhorar
nossa vida, Guarulhos é muito carente e precisa se
organi zar.

De um m odo geral os moradores do centro concordam com as


mudanças feitas no espaço público, acham que tornaram o espaço público
mais limpo e agradável, pode-se inferir que no caso do depoente
Francisco e Benedito que têm renda superior a cinco salários mínimos que
as m udanças f oram ao encontro de seus anseios e estão alinhadas aos
respectivos sentimentos de identificação e apropriação do espaço público
central.
219

Ao depoente Rosivaldo, m orador da periferia, no bairro


Pimentas, com renda m enor do que cinco salários mínimos, também foi
perguntado se concordava com as mudanças. São suas palavras:

Minha percepção ela está tentando atrair


investi dores, ela está tentando maquiar uma
irresponsabilidade dela, algo que ela tenha como
obrigação, a prefeitura sempre teve esse aspecto,
prefeitura do PT, eles embelezam, eles pintam guia,
poste, uma tintinha aqui, uma ti ntinha ali, e na
verdade não é isso que a cidade esteja precisando,
a ci dade precisa de uma medida normativa (...)
Acho ruim porque a prefeitura ela arrecada e ela
não passa aquilo como deveria, quer di zer só para
o centro, a gente não vive só de imagem, quer dizer
Guarulhos é um município imenso, nos somos acho
que a 7ª. Economia do País, ou a 8ª. Quer di zer o
centro é a 8ª. Economia? Não, o município como
um todo. (... )Um milhão e trezentas mil pessoas,
quer di zer só uma parte, a gente tem acesso
porque a gente passa aqui, se você trabalha na
periferia você nem conhece, você nem imagina,
você não tem acesso ao local, qual local? É
Guarulhos, é São Caetano? Acho que pelo que a
prefeitura arrecada e movimenta isso deixa muito a
desejar, e isso para a cidade é ruim, perde, do
mesmo jeito que o centro de Guarulhos val ori za a
220

periferia desvalori za quer di zer quem vai investir


em um local que não tem infraestrutura, não tem
transporte de qualidade, não tem um asfalto de
qualidade, saúde né?, são muitos aspectos, quer
di zer eu jogo uma tinta no chão e pra saúde?

Na opinião da depoente Regina, residente na Vila Rio,


periferia, com renda inferior a cinco salários mínimos:

(...) acho que essas mudanças não tem nada haver


com a cidade que nem o senhor mostrou aquela
foto da igreja cercada, quem entra em igrej a
cercada homem? a ponte t ambém não sei, acho que
a prefeitura tem que dar saúde pro povo, fiquei com
minha menina quase vinte dias pra marcar consulta
pro ouvido porque não ti nha como fazer particular.

Na opinião da depoente Raimunda, moradora do Jardim


Presidente Dutra, periferia, com renda menor que cinco salários:

(...)a única coisa que eu mudei de acordo com que


você falou foi o terminal de ônibus novo que dá
mais uma opção para sair do presidente Dutra, as
outras coisas eu não sei ao certo, talvez fi zeram
para ficar mais bonito (...) ah a faixa de pedestre
também não entendi ao certo porque fi zeram, é
comemorativo?(...) é se a prefeitura tá fazendo
essas mudanças ela precisa gastar mais dinheiro
221

com a gente que precisa mais, a ci dade mais bonita


deve ser por conta do aeroporto que atrai turista e
eles gostam de olhar coisas bonitas, deve ser.

Na visão dos m oradores da periferia a implantação do terminal


de ônibus foi bem aceita, no entanto as outras m udanças foram criticadas,
para eles a Prefeitura está criando condições para deixar o centro da
cidade mais belo para investidores e turistas, mas não está investindo em
condições sociais básicas para a população.

De acordo com David Harvey, as intervenções no espaço


público em cidades precárias - em estrutura econômica - provocam o
desenvolvimento e a reorganização simbólica som ente em um a região da
cidade, no caso de Guarulhos no centro, em detrimento dos outros locais,
o que determina na percepção da população o sentimento de exclusão
pelo poder público e pelo sistem a capitalista como um todo (2005).

5.2 – Análise documental e dos depoimentos do representante do


poder público, turistas e empresários do turismo

5.2.1 – Poder Público

A princípio o “Projeto Centro” consolidado pela Lei de número


5.770 de 7 de janeiro de 2002, tinha com o pressuposto a revitalização do
centro da cidade para o progresso do com ércio que apresentava uma
situação desorganizada para os munícipes; muitos ônibus e calçadas
estreitas impediam o trânsito de pedestres e dos veículos. Destaca-se
222

nota oficial publicada pela Prefeitura de Guarulhos em 2001 sobre o


projeto:

“PROJETO CENTRO”
Projeto de Revitalização do Centro do Município de
Guarulhos
Em 2001 iniciou-se um processo para a
revitalização do centro comercial do município de
Guarulhos que apresentava uma situação
desorgani zada e insegura para os usuários,
chegando a ser considerada, por ve zes, caótica. O
grande número de ônibus que passavam pelo
centro da cidade e a situação de ma nutenção das
vias e as calçadas estreitas, criavam uma situação
insustentável para pedestres e demais usuári os do
sistema de tráfego. Antiga reivindicação colocada
por setores da sociedade no município, o Projeto
de Revitalização do Centro, a partir de sua
elaboração, ganhou concomitantemente,
profundidade e compl exi dade à medida que tinha
na participação dos variados agentes envolvi dos,
um traço fundamental exigido pela administração
munici pal para a concreti zação do projeto. No
decorrer do processo criamos um sistema de
trabalho que hoje nos possibilita ter em mãos um
amplo diagnóstico com as múltiplas caracterizações
da área central e das necessidades de i ntervenções
que possam criar um espaço mais adequado e
223

harmoni zado para todos os seus agentes


(GUARULHOS).

Assim de acordo com a justificativa do “proj eto centro” a


revitalização da cidade foi legitimada havendo por base benefícios que
seriam gerados para a locom oção e para o bem-estar da população. No
entanto, em um segundo mom ento o poder público municipal desvirtuou a
justificativa inicial do projeto de revitalização, vinculando-o ao fomento do
turismo de negócios e eventos na região. O Diretor de Turismo da cidade
de Guarulhos, Adam Kubo, em encontro promovido pelo Conselho
Municipal de Turismo no dia 10 de outubro de 2007 discutiu a
revitalização do centro de Guarul hos iniciada em 2003, no sentido de
fomentar o turism o local. Nas palavras do Diretor o i nvestimento no centro
é importante, pois: “O centro é o cartão de visita da cidade e faz muita
diferença ao turista” (GRUCVB, 2007).

A cidade de Guarulhos por intermédio da Secretaria de


Desenvolvimento Econômico promove anualmente a “Conferência de
Turismo de Guarulhos”. A iniciativa da Conferência é possibilitar o
encontro e a troca de expertise entre profissionais do setor e a sociedade
civil para am pliar as oportunidades no ram o de eventos e turismo de
negócios. Algumas concessões legais da Prefeitura em 2006 permitiram o
aumento da rede hoteleira de 500 para três mil apartamentos.

Adam Kubo em entrevista ao Diário Comércio e Indústria – DCI


– declarou que os organizadores preferem realizar eventos em Guarulhos
224

por ser uma cidade que possui infraestrutura e ser próxima a cidade de
São Paulo, em suas palavras:

Não basta apenas possuir hotéi s. Queremos


mostrar que nossa cidade é interessante e que
pode abrigar eventos, feiras, congressos, fóruns,
entre outros (...) Assim, os participantes podem ir
ao evento durante o dia e passear pela capital
durante a noite. Os seminári os reali zados em
Guarulhos têm, dessa forma o atrativo da
proximidade de uma capital como São Paulo

A revitalização neste caso é importante para atrair os diversos


eventos os quais possam ser promovidos pela iniciativa privada e pelo
poder público, a alteração do espaço conforme dem onstrado
anteriormente passa a ser um fator importante que possibilita o
sentim ento de identificação do turista com a cidade (DIÁRIO COMÉRCIO
E INDÚSTRIA, de 31 de agosto de 2006).

O vereador Lamé Smeili (PTdoB), desenvolveu em 2009 um


projeto de lei o qual denominou de “rua 24 horas em Guarulhos”. De
acordo com sua explicação o projeto consist e no fato da Prefeitura
escolher vias públicas no centro para as quais será permitido o
funcionamento ininterrupto das atividades comerciais e de serviços,
inclusive aos domingos e feriados festivos. Para tanto a Prefeitura
precisará readequar as ruas com cobertura –boulevard – e nova
concepção paisagística para atrair clientes da cidade e turistas. Em suas
palavras: "O perfil desse comércio deverá incluir restaurante, cafés,
225

floriculturas, caixas eletrônicos também para atendimento 24h e outros


segm entos para ser atraente" (DIÁRIO DE GUARULHOS, de 13 de junho
de 2009).

Para Lamé, a Rua Dom Pedro II que inicialmente já fora objeto


de revitalização em 2003 deve ser o modelo piloto para esse novo modelo
de gestão:

"Essa proposta pode ser o pri mei ro passo para


mudar o perfil da cidade e o melhor lugar para
começar é o Centro, a parti r do calçadão da Rua
Dom Pedro II. Guarulhos está muito próxi ma de São
Paulo e precisa criar uma identidade própria. Afinal
é a segunda maior economia do Estado e uma das
maiores cidades da América Latina" (DIÁRIO DE
GUARULHOS, de 13 de junho de 2009).

A análise do discurso do vereador permite pensar que a


mudança é necessária para adaptar a cidade às necessidades de um novo
padrão de consumo, tipicamente global, o qual estabelece que os serviços
devem ser prestados em qualquer horário e rotina, tendo a vista as
diversas necessidades daqueles que interagem com o espaço,
principalmente os turistas (DIÁRIO DE GUARULHOS, de 13 de junho de
2009).

Sob o ponto de vista do diretor de turismo da Prefeitura, Adam


Kubo, em entrevista concedida ao Diário de Guarulhos, a proposta seria
interessante, pois seria plenam ente adaptável à nova cultura do local
226

após a consolidação do projeto de revitalização de 2003. Na visão do


então secretário municipal de segurança, João Dárcio Filho, as pessoas
ainda preferem o shopping para compras ou lazer futuro, donde
considerar a iniciativa interessante, embora lançasse dúvida sobre a
vontade dos comerciantes trabalharem a noite e madrugada, em sua
opinião: "Ainda não faz parte da cultura da cidade" (DIÁRIO DE
GUARULHOS, de 13 de junho de 2009).

Na opinião da gestora do Departamento de Turismo na


Prefeitura Municipal de Guarulhos, Josefa Leôncio, a revitalização do
centro atrairá capital e investimentos para a cidade de Guarul hos. Em
suas palavras:

É importante que possamos investir na revitalização


do centro e na ampliação do turismo em Guarulhos,
hoje é uma nova vertente que várias cidades estão
seguindo, precisamos estar prontos para fazer com
que Guarulhos siga sua tendência internacional (...)
A prefeitura está fazendo o necessário para
proporcionar ao turista todas as condições
possíveis para que se sinta a vontade em nossa
cidade.(...) a partir destas ações conseguiremos ter
uma Prefeitura forte com um alto desenvolvimento
social e alta arrecadação tri butári a.

Para a gestora, a revitalização é o ponto de partida para a


atração de investimentos e para a am pliação do consumo na cidade e
para tanto a cidade deve investi r na infraestrutura para recepcionar os
227

turistas; somente assim conseguirá ampliar seu viés “internacional”,


potencializar o desenvolvimento econômico e arrecadar mais tributos.

5.2.2 – Empresários do turismo

A Associação Com ercial e Empresarial de Guarulhos – ACE –


periodicamente debate com seus membros e com o poder público
estratégias e ações para a revitalização do centro. Para a ACE, a
intervenção contínua é importante pois mantém a revitalização revigorada,
essencial para o setor serviços e para o comércio da região. De acordo
com o Secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano, à época,
Branislav Kontic, em entrevista concedida ao periódico da ACE: "O centro
vai ser recuperado. Com a convergência do setor público e setor privado,
no caso a Associação Comerci al, atenderem os a todas as necessidades
locais".

Para o presidente da ACE, Decio Pompêo Junior, a


revitalização do centro sempre terá apoio de todos os empresários, em
sua opinião para o mesm o periódico: "Estas reuniões m ostram que a nova
Secretaria tem se esforçado para operacionalizar os macros projetos.
Essas obras imediatas darão credibilidade à Pref eitura junto ao
em presariado" (ACE, publicado em 06 de julho de 2005).

Para o gerente do hotel “A”, funcionário de um dos hotéis da


cidade, a revitalização do centro foi essencial para a adaptação,
hospitalidade e recepção aos turistas, em sua opi nião:
228

(...)foi importante a prefeitura i mpl antar o projeto


de revitali zação do centro, para nós que estamos
na praça IV centenário tem patrulhamento
constante, além de toda a infraestrutura para bem
recepcionar o turista (... ) sim, existem serviços
aqui os quais el e encontra no resto do mundo,
como uma franquia da rede subway ao lado, um
parque para que possa cami nhar e conhecer parte
da história da cidade, si nalizações bilíngües e
dedutivas, ponto de táxi (...) sim, acho que ele fica
bem hospedado, são condições essenciais que ele
teria em qualquer lugar no mundo (...) veja como
são as coisas fiquei sabendo que até contrataram
um profissional bilíngüe na loja subway do lado só
para atender aos estrangeiros.

Para o funcionário do setor de recursos humanos do hotel “B”


as m udanças também melhoraram a receptividade e a integração dos
turistas, em sua opinião:

Guarulhos é uma grande cidade, precisa ter um


centro com condições para recepcionar os turistas,
atualmente temos por volta de cinco mil
apartamentos disponíveis aos turistas, é
significativo, temos também uma condição especial
que é a proxi midade ao Aeroporto Internaci onal,
além de preços competitivos, menores do que os
229

praticados em São Paulo, é relevante que a


prefeitura invista em condições para manter o
centro da cidade limpo e hábil para ser utilizado
pelo turista.

Para os empresários, assim como para os gestores dos hotéis


da cidade, a revitalização foi importante para criar condições para a
identificação do turista com o espaço, sinalizações bilíngües, rede de
fast-food internacional, praças limpas e policiam ento constante são
condições para que o indivíduo que está em estadia provisória sinta-se a
vontade em sua interação com o espaço.

6.4 – Turistas

Na opinião do turista Ivo, empresário do setor fabril, residente


em Santa Catarina na cidade de Brusque o centro da cidade é um espaço
com o qual se sente identificado, para ele toda a infraestrutura necessária
para a estada é oferecida tanto pelo hotel, quanto pela cidade, em sua
opinião:

Ol ha digo para ti que me sinto bem nesta cidade,


ao que eu vejo parece que tem tudo uma drogaria
ao lado do hotel, assim como bons restaurantes,
não me preocupo, não sei as outras regiões da
cidade, nunca tive oportunidade de ir, fico aqui
somente dois dias a trabalho e depois volto para
230

meu Estado (...) sim, já fui para outros países,


parece igual, como você falou, tem alguns
coqueiros no canteiro central, as plantas são bem
cui dadas, sinais eletrônicos, tudo pintadinho, tem
até ciclovia, eu dei um pulo no bosque Maia, é isso
né? no final de semana e vi.

Na opinião da turista Marta Cristina Machado Branchionni,


esposa do empresário Ivo a cidade também é aconchegante:

É real mente aconchegante esta cidade, às vezes


precisamos fazer visitas rápi das a uma matri z de
fornecimento em São Paulo e ficamos sempre aqui
por conta do preço dos hotéis, mas tem tudo o que
a gente precisa (...) sim, sempre vi ajamos, para
outros lugares do Brasil e também para outros
países, é tudo parecido, fica mais fácil de se
localizar.

Tanto o turista Ivo quanto a turista Marta se identificam com o


local, existem elementos simbólicos suficientes que fazem com que se
sintam bem no centro da cidade de Guarulhos, essa referência faz com
que sem pre estejam propensos a voltar a cada nova visita que fazem à
cidade de São Paulo para compromissos profissionais.
231

Considerações Finais
232

Considerações Finais

Posiciona-se o leitor neste mom ento acerca da pergunta


problem a formulada no início do trabalho, qual seja: A população da
cidade de Guarulhos está identificada com o projeto de construção de um
espaço público global pelo poder público iniciado na década de 2000 e
respaldado pela iniciativa privada?

A tese inici al do trabal ho é a de que a população não está


identificada com o projeto de construção de um espaço público global.

Após o levantamento e análise de todo referencial teórico


sobre a form ação da cidade, de sua identidade, do sentimento de
integração da população guarulhense com seu espaço, das justificativas e
pareceres legais do poder público municipal, das entrevistas com os
moradores do centro da cidade, da periferia e com os empresários da
região, é possível dizer que a população está identificada e não está
identificada, configurando-se um paradoxo a ser explorado.

Analisa-se que a princípio a vontade da Lei que implementou o


“Projeto Centro” era criar infraestrutura suficiente para melhorar a vida da
população guarulhense e atrair investidores para a ci dade. Algumas ações
foram iniciadas a partir desta vontade legitimada por discussões
populares entre sociedade civil e poder público, sendo a primeira delas a
regulam entação e organização do comércio no centro da cidade, na rua D.
Pedro II.
233

Algum as outras ações foram implementadas e que satisfizeram


a todos, como a organização das linhas de ônibus urbano, a limpeza da
cidade e a implantação de um novo terminal, neste ponto pode-se
referenciar o depoimento da moradora Raimunda da região periférica:

Eu gostei desse terminal novo tem mais uma opção


para quem sai do Presidente Dutra e de Santa
Paula, consigo fazer baldeação para pegar outro
ônibus para o centro ou fazer um passeio no
Shopping Internacional, acho bom (...)

Entretanto o projeto tal qual foi concebido também foi usado


para l egitimar ações da prefeitura com o objetivo de criar novas
simbologias urbanas para que este espaço pudesse ser apropriado pelo
indivíduo “global”, conform e descreve Ortiz (1996). A entrada de novos
símbolos e novos paradigmas internaci onais acabam por esvaziar o
espaço com o qual nos identificamos. Neste sentido deve ser necessário
sinalizá-lo novamente para que os indivíduos não se percam:

Os free-shops nos aeroportos, as cidades turísticas


(Acapulco, Aruba), os hotéis internacionais
parecem constituir uma espécie de “não-lugares ”,
locais anônimos, seriali zados, capazes de acolher
qualquer transeunte, independente de sua
idiossincrasia. Espaço que se realiza enquant o
sistema de relações funcionais, circuito no qual o
indivíduo se move. Daí a necessidade de sinali zá-
234

lo, para que as pessoas não se percam no seu


interi or.

A entrada no município dos grandes hotéis, das redes


internacionais de bancos, das redes internacionais de fast-food, das
em presas multinacionais fez com que o poder público necessitasse criar
um conjunto de simbologias para f azer com que os locais nos quais estas
entidades estivessem instaladas estivessem devidamente identificados
com elas. O m esmo processo de identificação é feito pelas principais
cidades do m undo, transformando-as em “cidades-m ercadoria”.

Nas pal avras de Henri Lefebvre (1996), o espaço urbano


guarulhense foi transformado em mercadoria e o seu uso ficou à
disposição do modo de apropriação capitalista, vitória do valor de troca
sobre o valor de uso. A transformação do espaço em m ercadoria
representa a reestruturação urbana.

David Harvey observa que a reestruturação urbana em cidades


consideradas precárias - com baixo nível de desenvolvimento hum ano e
baixa repartição do capital - como Guarulhos tende a ser localizada em
pontos os quais possam ser reorganizados m ais facilmente, diferenciando-
os das outras regiões dentro do próprio município. Fernanda Sanchez
(2000, p.45) descreve quais são as principais simbologi as a serem
incorporadas por essa nova cidade:
235

(...)inf ra-estrutura, operações logísticas


de otimi zação de fluxos produtivos e obras de
moderni zação tecnológica que agregam densidade
técnica aos lugares para atração de empresas
multinaci onais(...)operações vinculadas ao turismo
e lazer, operações imobiliárias e, finalmente,
operações voltadas ao consumo da cidade,
estimuladas pela publicidade.

Todas estas sim bologias foram introduzidas pelo “Projeto


Centro” de 2002, embora não estivessem na sua natureza quando foi
concebido, sendo apropriadas pelos representantes do setor serviço em
parceria com o poder público para legitimar o processo de remodelação
do espaço público central na cidade de Guarulhos.

Os moradores da periferia de baixa renda não se identificaram


com esta nova concepção de cidade, não compreenderam como pode o
poder público construir uma Ponte Estaiada, pintar f aixas de pedestre no
centro na cor azul, introduzir semáforos temporizados e cercar igrejas,
além de colocar um jardim suspenso na principal rot a dos hotéis, sem ao
menos antes pensar em consolidar políticas sociais como saúde,
habitação e transporte.

A população da periferia, de acordo com a pesquisa, não


concorda com as ações praticadas pela Prefeitura para a readequação do
centro, entendendo que existem outras questões prioritárias a serem
readequadas no município. Quaisquer alterações que viessem a ser
contem pladas no centro deveriam ser introduzidas em todas as regiões da
236

cidade para que fossem legitimadas, sob pena dos indivíduos se sentirem
excluídos pelo poder público, com o foi demonstrado pelo discurso dos
depoentes.

Os moradores do centro com maior renda conseguiram se


identificar com o novo espaço público, e para alguns deles o processo foi
simples at é porque já consomem o mesmo espaço em outros lugares do
Brasil e do Mundo, conform e vimos no depoimento do m orador Francisco:

O senhor falou em semáforo tempori zado, já vi isso


em outros locais de São Paulo, não sei aonde, mas
vi, eu fico mais seguro quando est ou neste
semáforo, consigo antecipar minha parada e o
trajeto fica mais seguro, eu acho (...) Acho que
coordena melhor o trânsito também, se eu vi na
Itália onde visitei? Não me lembro, provavelmente
sim, mas não posso afirmar com convicção (...)

O presente trabalho não pretende criar um juízo de valor sobre


o em preendedorismo urbano ou sobre a criação da “cidade-m ercadoria”,
mas serve como subsídio para novas pesquisas e para ações do poder
público que pretendam transform ar o espaço sem anterior diagnóstico. Se
o diagnóstico econômico, social, cultural e de identidade não for realizado
com rigor pode-se conceber que parte da população considerar-se-á
excluída.
237

As ações implementadas pelo poder público devem ser


discutidas com a sociedade civil e legitimadas por esta. O equívoco,
conform e Harvey (2005), não está no fato de empreender, de buscar
vantagens locais para atrair investidores, de reduzir impostos, de fazer
concessões, mas resi de no fato de não desenvolver pol íticas de inclusão
e de informação à população. Deve-se divulgar amplam ente o
planej amento e os pretendidos resultados em form a de benefício para
todos. Esta é a forma correta a ser utilizada pelo poder público e a que
mais se aproxima da Democraci a.
238

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254

Apêndice
255

APÊNDICE A – Convite e Apresentação da Pesquisa

O questionário que você está recebendo faz parte de um a pesquisa


de Doutorado, realizada na Pontifícia Uni versidade Católica de São
Paulo – PUC-SP, e t em por objetivo coletar informações sobre o
imagi nário da população guarulhense sobre alterações cotidianas no seu
espaço público.

As perguntas que você irá responder têm um fim estritamente


acadêmico. Portanto, suas respostas serão mantidas em sigilo, seu
nome será trocado e a divulgação da pesquisa será realizada apenas com
caráter antropológico, isto é, no meio acadêmico e com o objetivo de
conhecer o imaginário da população.

Isto significa que sua situação, sua residência e seus dados


pessoais não serão divulgados a quaisquer órgãos governamentais e
apenas permanecerão, em sigilo, na universidade onde a pesquisa está
sendo realizada.

Se você estiver de acordo com a participação nessa pesquisa e tiver


entendido sua finalidade, por favor, assine abaixo, autorizando a
utilização de suas respostas para a elaboração da tese de dout orado
apresentada.

Data: ______/____________/_________
Nome:_____________________________
Assinatura:__________________________
256

Detalhamento do Roteiro para as Entre vistas

Bem, eu queria conversar um pouco com você sobre a sua vi da aqui em


Guarulhos, sinta-se à vontade para falar o que quiser e não fal ar sobre
algum
assunto caso se sinta desconfortável. Eu espero que seja um bate-papo e
não
algo form al...

(LIGAR O GR AV ADOR)

#1) Em primeiro lugar, fale um pouco sobre você, sua rotina, sua vida,
se
trabal ha ou estuda...
Aqui coletei inform ações sobre:
_ i dade
_ escolaridade
_ estado civil
_ se possui filhos
_ se é responsável pel o sustento da casa
_ se m ora em bairro central ou periférico
_ profissão
_ dem ais dados de identificação possíveis
257

#2) Diga para mim se você já se deparou em sua cidade com estas
imagens, o que você acha de cada uma, quem você acha que mandou
fazer? Você acha que a prefeitura tem alguma coisa a ver com isso?
Isso é bom ou ruim para a gente?

Imagens:
- Placas turísticas bilíngüe
- Semáforo tem porizado
- Ponte Estaiada
- Cerca de proteção no entorno da Igreja do Rosário
- Cerca de proteção no entorno do busto da Praça IV Centenário
- Reconfiguração do comércio ambulante no centro
- Criação de um terminal turístico rodoviário ao lado do Aeroporto
- Revitalização do córrego dos japoneses – Avenida Tiradentes
- Reti rada de mendigos da região central

#3) Você acha que essas fotos foram tiradas em algum local
específico da nossa cidade? Aonde?

#4) Você freqüenta esses locais? Você gosta de freqüentar?

#5) Agora que nosso bate papo já esta acabando...falando um pouco


sobre
o futuro, você acha que a cidade em um curto espaço de tempo vai
aplicar todas estas mudanças em todos os bairros? Sim ou Não? Por
quê?
258

Apêndice B - Transcrição da entre vi sta piloto

Entrevistador = Lincoln Marcellos (L)


Entrevistado = Rosivaldo (R)
* = textos utilizados

ENTREVISTA – ESTUDANTE ROSIVALDO

Realizada em 06/04/2010; local: centro de convivência da faculdade


Torricelli, Guarul hos, São Paulo
(Rosivaldo, masculino, estudante, superior incom pleto (cursando),
solteiro, zona urbana, proveniente e residente de Guarulhos - SP, Bai rro
Pimentas – Periferia)

Transcrição Rosivaldo

L: Rosivaldo eu vou fazer para você algum as perguntas e você responde


de acordo com as i magens que serão apresentadas.

L: (imagem #1) Você conhece esse lugar?

R: O nome não m e vem a cabeça, eu sei que a avenida é João Gonçalves,


eu conheço a praça, e a primeira percepção que eu tenho é que é um
local de descaso, abandono, conheço a praça, tem alguns moradores de
rua, que resi dem ali no local e não vejo assim por ser o centro de
Guarulhos um a atenção especial.
L: Esse local está em Guarulhos?
259

R: Guarulhos

L: (imagem #2) Você consegue identificar por exemplo esse local, será
que é o mesm o?

R: Por eu conhecer a praça de fato é o mesm o.

L: O que aconteceu aí Rosilvaldo?

R: Um a transform ação né, radical, houve uma atenção em relação ao


local, um despertar de recriar o local, de recriar aquilo que foi perdido, se
você olhar para a praça na imagem anterior é um local totalmente
abandonado, e agora não nós tivemos uma recuperação, uma atenção.
Tomaram medidas.

L: Você vê que interessante, vou voltar a imagem de novo, será que da


primeira imagem que você está observando para esta segunda imagem,
algum a coisa mudou?

R: Aproximação

L: Aproximação? Só isso?

R: Aproximação, bom a grade. Mas a grade, eu consigo visualizar a grade.

L: Consegue?
260

R: Consigo visualizar. Está próxima a entrada da igreja.

L: A grade pega toda esta extensão aqui. A igreja está toda engradeada.
Rosivaldo o que você acha que mudou com essa grade em volta da igreja,
quem você acha que fez isso?

R: Bom a proteção né. Acho que os mem bros que administram essa igreja.
Alguém é responsável por isso né.

L: A prefeitura?

R: Talvez

L: Essa igrej a você já freqüentou ou não?

R: Não. Essa igrej a não.

L: Você acharia por exemplo correto passar um a grade em volta da Igreja


da Sé?

R: Não seria correto, pel o fato de ser um órgão público né. A praça da sé.

L: O que você acha de terem passado uma grade em volta dessa igreja,
nessa situação?
261

R: Nessa situação?

L: É

R: Que f osse para preservar ou não? Errado porque é como se fosse


separar o patrimônio do público, então passar uma grade ali não achei
um a idéia l egal, mas precisa de alguns cuidados a praça, ela está
abandonada.

L: E você vê que ela foi revitalizada, está muito mudada, alguns


elementos modificados.

R: Aqui não seri a uma grade.

L: Aqui não é uma grade não, são só algum as pilastras. Você vê fecharam
toda essa extensão aqui.

R: Retiraram a banquinha.

L: Não a banquinha ainda tem, essa banca tem, só que está ao lado da
grade tudo isso aqui está em grade, e só atende em horário comerci al.

R: só em horári o comercial?

L: É se você quiser visitar é só horário comercial, se você quiser a noite


visitar a igreja não consegue.
262

R: Não consegue? A igreja fica fechada? De dia as portas estão abertas?

L: Em horário com ercial.

R: Se eu chegar 7 horas da noite eu não consigo visitar a igreja.

L: é não consegue

R: Eu não sei com o eu conseguiria alterar m eu horário de trabalho.

L: é, então

L: Rosivaldo eu vou pegar outra imagem, esse local você conhece?

R: Avenida Tiradentes? Correto?

L: Correto, você acha que tem m udança na sua percepção? Do que era
antes, pensa
na imagem de quando você sempre passou nessa avenida.

R: É não com muita freqüênci a, mas a faixa houve uma m udança m uito
mal feita como as outras, deixa eu ver se eu consigo ver mais alguma
coisa, parece que alguns prédios novos, o asfalto precário como sempre,
não é novi dade.

L: Entendi, e em relação a isso aqui ó.


263

R: O asfalto é o mesmo, essa faixa azul e branco deve ter um ano e meio
pra cá que eles mudaram essas estruturas.

L: Porque mudaram essas faixas, qual a finalidade?

R: Bom a finalidade da faixa, pelo que eu ent endo é de ter um local de


travessia seguro.

L: Primeiro quem m andou colocar essa faixa nova? E a segunda questão é


a seguinte porque essa pintura azul, eles não poderiam colocar uma
pintura norm al, ela não estava boa, teve que colocar uma pintura azul
para destacar, será que é questão de acidente?

R: Bom eu vejo um banco, talvez para os clientes (...)

L: Mas você viu que tinha faixa azul na Tiradentes

R: É tinha na Tiradentes.

L: Então porque eles colocaram faixa azul?

R: Bom azul é uma das cores da bandeira de Guarulhos, não sei se tem
algum a coisa haver. Porque em são Paulo eu não vejo, vejo em
Guarulhos.

L: El es estão colocando onde você mora?


264

R: não, não, não. É a tradicional mesmo, é a zebrinha.

L: Com esse tom acho que é localizado né?

R: É localizado, acho que é devido a população que reside próximo ao


centro, e não a população que reside nos Pimentas, periferia que está
mais afastada.

L: Coitada essa não tem nem acesso a faixinha azul.

R: Lá é branca, mal é branca (sic)

L: Então vou passar para a próxima imagem. Esse semáforo cronológico,


tem pori zado. Quem você acha que está m udando o centro? Essa região?
Aliás, até a faixa azul?

R: Ah, para mudar um pouco a imagem do centro, uma coisa diferente.

L: Quem está f azendo isso?

R: Ah a prefeitura de Guarulhos. E esse sem áforo eu só tinha visto na


cidade de São Caetano, aqui em Guarulhos é recente.

L: Você acha que esse sem áforo melhora a imagem da cidade?


265

R: Olha na foto melhora, São Caetano é uma cidade exemplo para o país,
só que em contrapartida, para efeito de foto melhora, mas você vê que o
semáforo não tem tanta importância quanto o asfalto, quer dizer eu tenho
um semáf oro bonito, m as não tenho asfalto, não sei quanto é para colocar
um semáforo desse e quanto é para recapear.

L: Você conhece esse local?

R: Local avenida monteiro lobato. Como descrever uma imagem dessa?


Lamentável. Descaso total.

L: Não sei se você percebeu na imagem pichações e mendigos.

R: Na verdade é o reduto deles ali.


L: Você consegue hoje ver m endigos na praça IV centenário e na praça
Getúlio Vargas, na própria região você consegue ver estes caras hoje.

R: Olha eu não freqüento, mas tem diminuído na praça Getulio Vargas, se


você ver alguns é de passagem, não é contínuo, quanto a esse local já
tem um bom tempo que eu não passo aí. Eles não estão residindo mais ,
houve uma retirada dessa população que na verdade isso acaba
mantendo o aspecto de beleza da cidade, não é legal moradores de rua.

L: E Rosivaldo você reside nos Pimentas

R: E nos Pim entas.


266

L: E nos Pimentas os caras fizeram essa mesma retirada.

R: Não, lá não se tem essa m esma atenção quanto aos moradores de rua.

L: Vai fica, lá os caras ficam. Quem você acha que mandou tirar esses
caras da rua?

R: Ah a prefeitura.

L: Você já viu esse novo centro de Guarulhos? Você acha que ficou
bacana?

R: Olha em vista do que era o aspecto mudou muito, tinha umas


barraqui nhas.
L: Não ainda têm, é que eu tirei essa foto no domingo.

R: Bom, m as houve uma melhora significativa, uma reforma conforme


aquela primeira f oto que você mostrou, o aspecto melhorou.

L: O paralelepípedo ficou mais bonitinho? Você vi u que eles replantaram


no centro.

R: Não ficou sim, não foi a mudança da água pro vinho com o se diz, m as
melhorou o aspecto.

L: Essa foto aí, você já passou em frente a esse busto?


267

R: Esse busto fica na IV centenário.

L: Você sabe o que el e si gnifica?

R: Ele é um marco de Guarulhos? Não sei.

L: Depois eu com ento com você.

L: Tem um aspecto que você viu na igreja do Rosário, que tam bém está
em relação a esse busto, tem um aspecto que está diferente.

R: A grade. Um a proteção.
L: Quem está colocando essas grades?

R: A pref eitura.

L: Porque ela está fazendo isso?

R: Acho que ela tem uma maneira de proteger o patrimônio, que deve ter
um a importância que não sei qual é.

L: Essa região é importante para Guarulhos?

R: Olha para prefeitura ter colocado essa grade aí deve ser.


268

L: Tem alguma coisa importante ao lado dessa praça aí? Um comércio,


um a empresa?

R: Tem, tem hotel, se não me engano o Mercury, Mercure. É feio para a


cidade, é feio para a imagem do hotel, está deixando mal cuidado e
pichado de acordo com a imagem que nós vimos da monteiro lobato. E a
prefeitura encontrou um a m aneira de estar preservando dessa maneira.
Pro com ercio e pro turismo não é ruim.

L: O que você acha dessa foto, o que você acha dessa ponte?

R: Essa ponte? Essa ponte é polêmica, eu consigo enxergar. Eu não


consigo enxergar viável pel o custo-benefício, pelo que ela custou, eu vejo
como um a maneira de embelezar a cidade, nesse aspecto.

L: Você acha ela funcional? Será que ela vai salvar o trânsito de
Guarulhos?

R: Ela pode ser funcional para mexer nos cofres públicos, porque eu não
consigo ver dessa forma.

L: Mas você acha que ela vai desafogar a entrada de veículo que
acontece na Dutra?

R: Sinceram ente?

L: Si nceramente
269

R: Nunca, não vejo essa obra com esse aspecto, eu vej o mais como uma
cham ativa de cartão postal de Guarulhos do que viabilizar o trânsito
nesse sentido. Mesm o porque a gent e sabe que o rodoanel que foi
inaugurado com o passar do tempo e com o aum ento da frota vai ficar
sobrecarregado e essa ponte parte dela já está funcionando, mas m esmo
com essa inauguração não surti u efeito.

L: Essa foto você consegue identificar aqui em Guarulhos?

R: Bosque Maia

L: Você já viu am bulante dentro do bosque m aia?

R: Ambulante? Não. Fora eu j á vi.

L: Esse bosque é bem ou mal cui dado na sua percepção, é legalzinho é


um lugar bacana de Guarulhos?

R: Olha, por el e ser o único(...)

L: Se você com parar ele com o Mikail, ele é melhor ou pior cui dado. Na
sua percepção?

R: Não acho que ele é tão bem cui dado quanto deveria, por ser um parque
poderia ser m elhor cuidado. Pode m elhorar
270

L: Você acha que ele fica aquém como o parque do Mikail?

R: Eu desconheço o parque do Mikail

L: Você acha que hoje talvez a praça Getulio Vargas ou iv centenário


está sendo melhor cuidada do que o bosque m aia? Ou está sendo cuidado
da mesm a form a?

R: Enxergo da mesma forma

L: Você já viu esta questão que estão querendo colocar aqui em


Guarulhos?

R: Terminal Rodoviário Turístico da cidade de Guarulhos. Na verdade já


ouvi fal ar, m as o local específico onde vai ser, m ais detalhes do projeto
não tive acesso.

L: Rosivaldo na sua opinião onde seria um local interessante para


colocarmos um terminal rodoviário, de ônibus interestaduais? Um ponto
legal, ponto-chave.

R: Próximo ao centro, em matéria de estratégia acho que seria


interessante. Em bora que o acesso ao transporte em Guarulhos é um
aspecto muito precário.

L: Teve um a vez que eles tentaram colocar na Fernão Dias, né?


271

R: Mas totalmente longe da população, em bora na região onde eu resido


no Pimentas é uma região muito grande, e não se o fato se estar mais
próximo do Rio de Janeiro seria mais (...)

L: i nteressante?

R: Desinteressante no caso, se não seria uma boa opção de local.

L: Você já viu que aqui em Guarulhos tem um projeto de turismo


corporativo? Você já ouvi u falar nisso?

R: não

L: Você tem idéia do que se trata?

R: Corporativo corporação, trata-se de um projeto para estar injetando a


economia de Guarulhos através do turismo, um projeto voltado para o
turismo.

L: Na sua opinião hoje dá para fazer turismo em Guarulhos.

R: Não, impossível, hoje não, porque eles não vão voltar nunca mais, só
marketing.

L: Você já viu esse projeto? O que você acha disso? Sua opinião
272

R: Eu ouvi comentar, eu acho muito barulho, eu acho fora da nossa


realidade, comparar Guarulhos com Interlagos, quer dizer, pel o que a
cidade precisa você falar em autódromo em Guarulhos, segundo eu ouvi
comentar seria nas proximidades do km 212 da via Dutra do posto
Sakam oto em diante.

L: Vão colocar em Bonsucesso (sic)

R: Pior que utopia, não vejo.


L: Deixa eu perguntar uma coisa para você, e você responde responde do
jeito que você quiser? De todos esses locais que eu mostrei tem um que
você mais gosta de freqüentar? Que você tem mais freqüência de todos?

R: Do centro de Guarulhos eu preciso ir, não que eu goste. Que eu goste


seria o bosque maia. Mas assim o centro de Guarulhos não é atrativo,
nesse aspecto não é, não tem nada de interessante, não tem como eu
falar pra você eu gosto de vir aqui, me sinto bem, eu acho bacana, é o
local que você conhece e que você freqüenta no seu cotidiano, mas
gostar essa pergunta é difícil, a não se que tenha alguém que resida
próximo ao bosque maia e tenha um amor de vizinhança.

L: Você viu aquelas imagens da praça, da f aixa, porque você acha que a
prefeitura fez isso? A intenção.

R: O incentivo? A jogada da pref eitura com o em belezamento da ci dade.

L: é
273

R: Minha percepção ela está tentando atrair investidores, el a est á


tentando maquiar um a irresponsabilidade dela, algo que ela tenha como
obrigação, a prefeitura sem pre teve esse aspecto, pref eitura do PT, eles
em belezam, eles pintam guia, poste, uma tintinha aqui, uma tintinha ali, e
na verdade não é isso que a cidade esteja precisando, a cidade precisa
de um a medida normativa.

L: Você acha que por exem plo em uma projeção de curto prazo essas
mesm as medi das que estão sendo aplicadas na região central elas vão
ser levadas ao pimentas.

R: Não, não, vejo dessa forma.

L: Pintar a faixa direitinho, colocar semáforo temporizado, revitalizar as


praças do parque jurema.

R: nossa, não (sic) não consigo enxergar, quer dizer se fosse para
acontecer a prefeitura do PT já está há 12 anos , quer dizer fica difícil na
minha percepção, acreditar nisso, próximo a eleição pode até vir, dar um
tapinha aqui outro ali, mas eu não vejo um a medida radical como essa
porque se você pegar o centro de Guarulhos há alguns anos atrás
realmente melhorou, só que o centro, para a população de renda m ais
elevada, sem que houvesse m edidas na periferia de Guarulhos.

L: Você acha que pra gente aqui de Guarulhos rosivaldo essas mudanças
que aconteceram no centro foram boas ou rui ns?
274

R: Acho ruim porque a prefeitura ela arrecada e ela não passa aquilo
como deveria, quer dizer só para o centro, a gente não vive só de
imagem, quer dizer Guarulhos é um município imenso, nos som os acho
que a 7ª. Economia do País, ou a 8ª. Quer dizer o cent ro é a 8ª.
Economia? Não, o município com o um todo.

L: um milhão e trezentas mil pessoas.

R: Um milhão e trezentas mil pessoas, quer dizer só um a parte, a gent e


tem acesso porque a gente passa aqui, se você trabalha na periferia você
nem conhece, você nem imagina, você não tem acesso ao local, qual
local? É Guarulhos, é São Caetano? Acho que pelo que a prefeitura
arrecada e movimenta isso deixa muito a desejar, e isso para a cidade é
ruim perde, do mesmo jeito que o centro de Guarulhos valoriza a periferia
desvaloriza quer dizer quem vai investir em um local que não tem infra-
estrutura, não tem transporte de qualidade, não tem um asfalto de
qualidade, saúde né?, são m uitos aspectos, quer dizer eu jogo um a tinta
no chão e pra saúde?

L: Eu agradeço a entrevista sua e isso aqui você vê que é um instrumento


de teste e você vai com eçar a perceber muito melhor a cidade de
Guarulhos depois desse bate-papo nosso.

R: Cont ri buiu para alguma coisa?


275

L: muito, muito, muito, agradeço pela atenção prestada, foi de muita valia
para a pesquisa que estou desenvolvendo, obrigado.
276

Apêndice C – Repetição ampliada das fotos do texto


277
278
279
280
281
282
283
284
285
286
287

Anexos
288

ANEXOS
Fontes documentais (notícias de jornais e documentos oficiais)

(1)Prefeitura inicia obras de re vitalização do centro


Publicado em 16/09/2003 16:36:23
por Dunia Schneider
http://www.guarulhos.org.br/content.php?m=20030916163623&m1=dunia
Com as obras, a Prefeitura pretende mel horar a fluidez no trânsito sem
prejudicar o movimento do comércio local

A primeira fase do projeto de readequação do Centro com eçou a ser


colocada em prática na última segunda-feira, 15. Até novem bro as obras
estarão situadas nos cruzamentos da avenida Tiradentes com a rua José
Maurício e rua Felício Marcondes com a rua João Gonçalves, além da rua
Nove de Jul ho. Com a revitalização do centro a Prefeitura pretende
melhorar a fluidez do trânsito na região central, instalar semáforos,
racionalizar o fluxo e os itinerários do transporte coletivo, além de
mudanças de m ãos de direção em algumas vi as. As obras recomeçam em
janeiro e serão finalizadas até o final de abril de 2004.

Durante o mês de dezem bro a Prefeitura fará uma pausa para preservar o
movimento do comércio. Segundo Álvaro Antonio Carvalho Garruzi, diretor
de departamento da Secretaria de Serviços Públicos, as mudanças
previstas pelo projeto de readequação serão feitas em etapas para não
prejudicar o andamento do comérci o local, mesmo porque outro objetivo é
am pliar as possi bilidades de comércio, serviços e l azer na região. "Esse
projeto já vem sendo form atado e discutido há praticamente dois anos,
289

entre a prefeitura, os comerciantes e a sociedade civil. São realizadas


reuniões periódicas com comerciantes, taxistas, fábricas e representantes
de várias entidades para discutir a mel hor form a de desenvolver o
projeto", acrescenta Garruzi.

No projeto está prevista, até o final de outubro, a inversão de mão da rua


Luiz Facci ni. Essa mudança será feita para viabilizar uma nova opção de
tráfego no senti do bairro-centro e aliviar o trânsito congesti onado da rua
João Gonçalves. O fluxo de ônibus da rua João Gonçalves será reduzido
em até 15%.

Outro m otivo fundamental é dar condições para que portadores de


deficiência possam transitar sem dificuldades na cidade. "Todas as obras
são pensadas no senti do de priori zar o pedestre, impl antar melhorias para
portadores de deficiência e para quem utiliza o transporte coletivo" diz o
diretor.

A população será informada através da entrega de um material explicativo


com todas as modificações e possibilidades de acesso.

Alternati vas - Para quem vier da Zona Norte a opção de acesso será a
aveni da Paulo Faccini seguindo pela Rua Olinda de Albuquerque ou pela
Siqueira Campos. Já quem vier da Zona Oeste poderá vir pel a rua Capitão
Gabriel, Sete de Setembro e Diogo de Faria.
290

As primeiras obras começam nas proximidades do Fórum, na rua José


Maurício. A Prefeitura irá cortar o canteiro central da avenida Tiradentes e
instalar um semáf oro nesse cruzamento. Com essa mudança praticamente
17% dos ônibus que descem a rua capitão Gabriel serão desviados para a
Tiradentes. A m elhoria da fluidez do trânsito local será de 10%.
291

(2)Prefeitura apresenta segunda fase do Projeto de


Revitalização
Com as alterações, as possibilidades de comércio,
serviços e lazer serão ampliados

O Projeto de Revitalização de Guarulhos, que teve início em 2003, passa


agora para uma nova etapa. No dia 29 de janeiro, no hotel Mônaco, com a
participação de entidades locais, empresári os, comerciantes, vereadores
e represent antes das secretarias, a Prefeitura Municipal apresentou as
mudanças que darão início a segunda fase do projeto. O prefeito
municipal, Elói Pietá, disse que não foi fácil implementar as primeiras
medidas, principalmente quanto à negociação realizada com o comércio
de ambulantes da rua Dom Pedro II. "As modificações não chegam a ser
ideais, pois consideramos que o sustento de m uitas pessoas depende do
comércio ambulante", esclareceu Pietá.

Da Associação Comercial, o presidente Decio Pom pêo Junior, que durante


toda a semana vem acom panhando a posição dos com erciantes de vários
bairros da cidade, tam bém esteve presente. "Estamos acompanhando todo
o processo, e principalmente, levantando o que os empresários precisam
para que o comércio local seja beneficiado", afirmou.

Nova fase - Após um balanço da


primeira fase, a secretária dos
Serviços Públicos, Patríci a Veras,
apresentou as mudanças que deverão
começar já a partir de fevereiro. "A
292

nova idéia é não ter ônibus em todas as ruas do Centro. Pretendem os


am pliar as possi bilidades de comércio, serviço e lazer". Dentre as
mudanças estão a readequação da avenida Faria Lima, que já começou e
da Praça IV Centenário onde serão racionalizados os movimentos viários
das avenidas Otávio Braga de Mesquita, Timóteo Penteado e rua Nossa
Senhora Mãe dos Homens. Ainda será implantado o Plano de Ori entação
de Tráfego (POT) que prevê a colocação de 500 placas de orientação
ainda neste ano. A aveni da Monteiro Lobato e a readequação da Vila
Augusta, serão realizada ai nda em 2004. Logo após, foi aberto um espaço
para que a popul ação pudesse questionar e tirar dúvi das.

Estiveram presentes ainda da ACE-Guarulhos, Anunciato Thomeo


Sobrinho, diretor de Relações Institucionais, Alexandre Turri Zeitune, do
Conselho Deliberativo, João Carlos Biagini, Tesoureiro, o secretário da
Indúst ri a, Comércio e Abastecimento, Antônio Carlos de Almeida, o
depurado estadual Sebastião Almeida, além de outras autoridades.

Publicado em 03/02/2004 15:05:16


por Dunia Schneider
http://www.aceg.com.br/content.php?m=20040203150516
293

(3) Antiga igreja de Guarulhos foi um marco em homenagem aos


negros
Diego Cal vo e Juliana Aguiar Carneiro

Da Redação

http://www.olhao.com.br/beta10/f ?p=181:4:3245601411246537::NO:4:P4_I
D,P4_PALAVRAS:14350,Antiga%20igreja%20de%20Guarulhos%20foi%20
um %20marco%20em%20homenagem%20aos%20negros

27 de fevereiro de 2010 • 15h57 • atualizado dia 01 de fevereiro às 22h03.

Foto restaurada da antiga igreja de Guarulhos que homenageava os


negros
294

A praça D. Pedro II é marcada por passos rápidos de pessoas atrasadas


para o trabalho, ou olhares que vagam pelas lojas do local. Mas, o
cidadão um pouco mais atencioso que parar e ol har para o chão, vai
perceber um a m arca preta em meio ao asfalto do local.
Em cada canto do negro desenho existem placas com a seguinte
informação: “A área escura do piso indica a localização provável do
edifício da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos,
demolido em 1930”.
Localizada na Praça Consel heiro Crispiniano, atual calçadão da Rua D.
Pedro II, a Igreja Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Hom ens
Pretos e os Cemitério dos Homens Pretos abrigavam as manifestações
religiosas e de tradição popular dos negros e pobres da cidade.
A igreja foi benzida em 1750, pel o pároco Antonio Joze de S. Francysco,
segundo consta no livro tombo nº 2 da Igreja Nossa Senhora da
Conceição. Mas, a data de sua f undação é desconhecida.
A construção ficava de frente a igreja matriz. Foi criada para ter os negros
como fiéis frequentadores de suas missas e evangelizações.
Após sua demolição, foi construída a Igreja do Rosário, na Rua João
Gonçalves, com o intuito de substituir a antiga construção da Igreja Nossa
Senhora do Rosário dos Homens Pretos.
Segundo o historiador Elton Soares de Oliveira, a demol ição da igreja foi
um a tentativa de apagar o passado dos negros e escravos de Guarulhos.
“Sem a igreja ali, não havia motivos para uma grande concentração de
negros bem no centro”, disse o historiador.
Da antiga igreja restou um marco simbólico, m as do Cemitério dos
Homens Pretos nada sobrou. Com a reforma do calçadão, os ossos das
pessoas que estavam ent erradas ali, conforme com provam docum entos de
responsabilidade da Igreja Matriz, foram esquecidos.
295

“Eu fiquei decepcionado com essa reform a, acho que os nossos


antepassados não foram respeitados. Tem ossos de antigos escravos
enterrados ali”, disse o coordenador da União de Negros pela Igualdade
(Unegro), Normam Ribeiro, 42 anos.
Ribeiro ainda ressalta que o m arco simbólico não tem representatividade
nenhuma, já que a pintura no chão não traz referência à cultura negra.
“Depois de 400 anos algem ados, quando vou relem brar meus
antepassados, preciso ver de cabeça baixa”, disse o coordenador.
296

Quinta-feira - 31 de Jul ho de 2008 às 17:12


(4) Praça do Rosário será revitalizada a partir de agosto

A Secretaria de Meio Ambiente vai revitalizar, a partir de agosto, a praça


do Rosário, no centro da cidade, com troca do piso, novo sistema de
iluminação, ampli ação da área de passeio, troca do mobiliário,
readequação das copas das árvores e paisagismo. A rua Quinze de
Novembro será unificada à praça com um grande calçadão e nivelam ento
de piso para acomodar mais de 30 vendedores autônomos em fila única.
Além de oferecer melhores condições para o com ércio am bulante, a
reurbani zação vai aumentar a segurança dos usuários.
A praça tem uma área de 2,8 mil metros quadrados e abriga a igreja do
Rosário que é um símbolo histórico e cultural da cidade. Aqueles que se
casarem nesta igreja contarão com um ornamento especi al: o piso terá
detalhes diferenciados dentro da praçapara entrada dos noivos.
Ser viço
A Praça do Rosário fica na rua João Gonçalves, s/nº, Centro, Guarulhos.

http://www.guarulhos.sp.gov.br/07_noticias/lenoticia.php?idSec=0&idmenu
=0&ov=&rnd=6&idnot=4727
297

(5)Córregos são revitalizados na cidade


Projeto de paisagismo ambiental realiza plantio de ár vores no entorno
dos córregos Japoneses, dos Ca valos e Queromano

ADRI ANA ARCH ANJO

Da Redação

Diego Calvo

Córrego dos Japoneses está sendo preparado para comportar jardim


suspenso

A secretaria de Meio Ambiente de Guarulhos esta desenvolvendo um novo


conceito de paisagismo na cidade com o projeto de revitalização dos
córregos dos Cavalos, dos Japoneses - nos trecho do Jardim Adriana e da
Avenida Tiradentes até o Thom eozão-; e Querom ano (Vila Augusta).
Nestes córregos está sendo feita a recuperação das margens com pl antio
298

de espécies herbívoras, além da vazão de base, que visa separar o


esgoto da água das chuvas, o que diminui o forte odor ao redor.

De acordo com o diretor de Parques e Áreas de Lazer da Secretaria


Municipal do Meio Ambiente, Fábio Vieira, o trabal ho de vazão de base já
vem sendo realizado desde 2007 e o revitalização teve início neste ano.
"A grande novidade é este trabalho de paisagem ambiental. O córrego dos
Cavalos, próximo a Avenida Tiradentes, no trecho entre a Rua Nilo
Peçanha e Rua do Cano, haverá um jardim suspenso. Em cima do córrego
ficará florido", revela o diretor.

"É um trabalho inédito. Por ser um córrego canalizado ni nguém nunca fez
algo similar", afirma Fábio Vi eira.

Segundo ele, a arborização do local permite diminuir a tem peratura, atrair


a avifauna, melhora da qualidade do ar com o sequest ro de carbono e o
aumento da umidade do ar na região.

De acordo com o diretor, os trabalhos no córrego dos Japoneses já foram


concluídos. Enquanto no Queromano está sendo finali zada a recuperação
da margem. O jardim suspenso do córrego dos Cavalos ainda está sendo
implantado, com previsão de conclusão para dezembro.

O secretário m unicipal de Mei o Am biente, Alexandre Kise, diz que o


projeto tem baixo custo para a prefeitura, uma vez que os gastos com o
projeto se restri ngem à folha de pagamento dos funcionários. "As arvores
utilizadas na revitalização são as árvores removidas durante as podas e
manutenção realizadas rotineiram ente pelo setor de manutenção e
implantação do Meio Am biente", afirma Kise.

http://www.olhao.com.br/j ornal/dgnews/jornal/materi a.jsp?id=9506&ca=33


299

(6) PM G implementa programa de sinalização

A Prefeitura de Guarulhos deu início a um programa de sinalização viária,


de sol o (pintura) e, tam bém, vertical. A medida visa melhorar a fluidez do
trânsito, proporcionando ao m esmo tem po maior segurança a m otoristas
e, principalmente, aos pedestres.

As equi pes da Secretaria de Transportes e Trânsito (STT) irão atender de


forma abrangente todas as regiões da cidade, dando prioridade aos
corredores de transporte coletivo. O trabal ho começou pela região central,
com inversão de mão nas ruas próximas ao Fórum e ao Hospital da
Criança.

Nos principais cruzamentos da cidade, as faixas de pedestres serão


sinalizadas com fundo azul, contrastando com o branco tradicional,
melhorando a visualização por parte dos m otoristas.

Segundo o diretor de Trânsito, Cláudio Attili, as equipes que estão


atuando têm possibilidade de cobrir grandes áreas, mas a intensidade das
chuvas, totalmente inesperada para essa época do ano, tem dificultado a
execução dos serviços. “Nesses di as não é possível trabalhar com
sinalização hori zontal (pintura de solo), pois são necessári os dois dias
para que o asfalto seque para poder ser sinalizado”, afirmou.

Os serviços de sinalização horizontal e vertical estão sendo executados,


inicialmente, nas seguintes vias: Avenidas Pres. Humberto de Alencar
Castelo Branco (Anel Viário), Brigadeiro Faria Lima, Tiradent es, Paulo
Facci ni, Salgado Filho e Dr. Tim óteo Penteado; e nas ruas Nossa Senhora
Mãe dos Homens, Onze de Agosto e Jardim Alegre.
300

A sinalização horizontal de faixas de pedestres na cor branca e azul serão


executadas nos seguintes locais da região central: Ruas João Gonçalves,
Sete de Setembro, Luiz Gama, Oswaldo Cruz, Felício Marcondes, Gabriel
Machado, Nove de Julho, Padre Cel estino, Ram os de Azevedo e Capitão
Gabriel; e nas aveni das Esperança e Tiradentes (trecho da avenida
Esperança até a rua Luis Faccini).

Adequação sem afórica com contagem regressiva será implantada em


diversas vias e cruzamentos, m as inicialmente na rua Capitão Gabriel com
rua Sete de Setembro e na rua João Gonçalves, tam bém com rua Sete de
Setembro.
Atualizado em 23/10/2009 09:58:46
Publicado em 23/10/2009 09:58:38
por Ass. de Imprensa/ ACE-Guarulhos
http://www.aceguarulhos.com.br/content.php?m=20091023095838
301

(7) M oradores de rua são retirados, mas voltam a ocupar avenida


horas depois

Enquanto os com erciantes e a população aguardam ações


mais concretas e eficazes por parte das autoridades, a avenida Monteiro
Lobato segue do mesmo j eito que a reportagem mostrou no final de
semana: lixo e moradores de rua acampados. Os moradores voltaram para
o l ocal poucas horas após terem sido retirados pela Pref eitura.

A comerciant e Margarete Binoto, 44 anos, que há 15 anos mantém uma


lanchonete na região, afirma que houve uma limpeza no local por parte de
funcionários da Prefeitura, m as que não surtiu efeito. "Tiraram muito lixo
pela manhã e eles (mendigos) foram embora. Mas retornaram à tarde para
o m esmo lugar", diz.
De acordo com a Secretaria de Assistência Social e Ci dadania, as rondas
das assistentes sociais foram feitas normalmente no final de semana
último e continuarão a ser feitas, porém, nem sem pre os moradores de rua
aceitam ajuda e não há com o expulsá-los daquele local.

Quanto ao patrulham ento na região, o major do 15° B atalhão da Polícia


Militar de Guarulhos, Ítalo Cauzzo, afirma que houve abordagens, m as
sem apreensões. Ele diz que a equipe entrará em contato com o
proprietári o do estabelecimento (um bingo desativado) para melhorar a
segurança do local.

"Pediremos ao dono que obstrua a fachada, de m odo que os mendi gos


302

não habitem o lugar. Assim, os policiais da Rocam (Rondas Ostensivas


com Apoio de Motocicletas) se instalarão no local, para fazer a segurança
preventiva das imediações da avenida", assegurou a autoridade.
Um com erciante lesado com os vandalismos, que não quis se identificar,
afirmou que foi informado por um a autoridade da central de
monitoramento de câm eras de segurança instaladas no Centro, que o
equipamento existente a poucos metros das ocorrências não funciona.
A Secretaria para Assuntos de Segurança Pública declarou que as
imagens da câmera de segurança deste local não capturou as imagens
dos últimos acontecimentos.

Fonte: guarulhosweb.com.br

http://www.listaoguarulhos.com.br/noti cias-arquivadas/275-moradores-de-
rua-sao-retirados-mas-voltam -a-ocupar-avenida-horas-depois
303

(8)Após reunião realizada na sede da ACE entre profissionais liberais,


comerciantes e proprietários de imóveis, chegou-se a um consenso sobre
a necessidade da revitalização do Centro, porém de uma maneira
diferente da apresentada pelo poder público

Desde que o projeto de Requalificação da região central foi apresentado


pela Prefeitura, ele vem sendo analisado por vários integrantes da
sociedade guarulhense e tem como foco e objetivo a curto prazo a
construção de um calçadão em toda a extensão da Rua D. Pedro II.
Ademais, está sendo estudada a implantação de um novo teatro para a
cidade, bem como mais uma praça no Centro.

Centro de Barcel ona

A proposta elaborada pelo grupo foi feita em cima desses tópicos


específicos contemplados no projeto, tendo por objetivo minimizar as
perdas que seriam geradas com essa implant ação. Com o fechamento da
Rua D. Pedro II, 15 estabelecim entos comerci ais, que dependem
diretam ente do acesso de veículos, (sendo 3 bancos, 1 hotel, 1 posto de
gasolina e 10 estacionamentos), localizados nas ruas Luiz Gama, Qui nze
304

de Novembro e Padre Cel esti no, seriam diretamente afetados, gerando


um a queda no faturamento e aum ento do desem prego na cidade. Haverá
gastos também com processos de perdas e danos, dos comerciantes
ati ngidos.

As desapropriações nas áreas da Rua D. Pedro II, para a construção da


praça e do teatro, seriam muito caras, gerando um aum ento considerável
na dívida do município. Tais desapropriações, assim como as
contem pladas para ligação entre as ruas Capitão Gabri el e Dr. Ramos de
Azevedo, podem ser evitadas, já que é possível desapropriar o cotovel o
da Ladeira Campos Sales, no qual existe um imóvel em péssimo estado
de conservação, com custo baixíssimo por metro quadrado e que,
inclusive, já está em fase de desapropriação pela Prefeitura.

Lombada para pedestres esquina com a Rua 15 de Novembro

Quanto às desapropriações para ligação das ruas Oswaldo Cruz e Olinda


de Albuquerque, haverá um prejuízo relacionado ao trânsito, já caótico no
305

local, pois aumentará o fluxo de veículos na Rua Oswaldo Cruz, que


possui um gargalo entre o Banespa e o cemitério.

Por fim, a desapropriação da Rua Cerqueira César, esquina com Rua Dr.
Ramos de Azevedo, pode ser evitada, pois esta é bastante larga,
comportando assi m a instalação de um ponto de ônibus (ponto 3 no
mapa).

A solução encontrada no estudo foi expandir o calçadão existente até a


esqui na com a Rua Luiz Gam a. A partir deste ponto o calçadão continua
através de duas calçadas com 6 metros de largura até a Rua João
Gonçalves. Desta forma, sobraria um a passagem de 4 metros, por onde
trafegarão carros, taxis e ônibus que precisem passar pela Rua D. Pedro
II, para ati ngir a Rua João Gonçalves.

Planta do Centro
306

Depois que a desativação do ponto da Rua D. Pedro II fosse concluída, a


antiga saída para os ônibus seria fechada. Assim, a Rua Luiz Gama seria
a única passagem para carros e táxis (som ente), que poderão atingir a
Rua Quinze de Novem bro, Rua Padre Celestino e Rua João Gonçalves.

Antes de se pensar na instalação do calçadão, é impreterível, para uma


reforma geral no visual da Rua D. Pedro II, que sejam eliminados postes,
cabos, fios elétricos, fios de telefonia e toda poluição visual existente no
local, que degrada o centro urbano pela falta de harm onia de anúncios e
propagandas.

Deve-se verificar os encanam entos de água e esgoto, como também


instalar linha para alimentação de água para os hidrantes. Tam bém é
necessário estudar a passagem para am bulâncias, carros de resgate e de
bombeiros para atender a região.

Ampliação dos Pontos de Ônibus existentes - O ponto de ônibus (5 no


mapa), localizado na Av. Monteiro Lobato, deve ser ampliado, já que a
calçada onde está localizado (lado direto de quem chega ao centro) já não
comporta o número de pessoas que pegam seus ônibus e lotações neste
local. Além disso, a ampliação se torna totalmente pertinente, j á que est a
aveni da terá m ão única no sentido centro, a partir da Rua Harry
Simonsen, conforme projeto proposto pela Prefeitura.
307

Vista aérea das calçadas

O ponto 7 (mapa), localizado ao lado da Igreja Matriz, também deveria se r


am pliado para comportar o aumento na circulação de pessoas, gerado
pelo fechamento do ponto da Rua D. Pedro II.

Foi estudada e sugerida a instalação de um novo ponto de ônibus na Rua


Sete de Setembro, (ponto 6 no m apa), pois esta área, além de não trazer
nenhum benefício para o centro de Guarulhos, está abandonada e se
degradando a cada dia. Além disso, é uma área viável para se
desapropriar. O grande benefício será trazer mais pessoas para o centro,
visto que a Rua Sete de Setembro passará a ser uma das artérias
principais para o trânsito de Guarulhos.

O grupo acredita que a retirada do ponto de ônibus da Rua D. Pedro II


não deve ser feita ant es da instalação do calçadão, nem dos novos pontos
de ônibus e nem da am pliação dos que já existem. A mudança l ogística
308

proposta deve ser gradual, para que o fluxo de pessoas no centro não
seja bruscam ente alterado.

O projeto de mais um teatro para Guarulhos poderia ser implantado em


um local de fácil acesso viário para as pessoas e que não trouxesse
maiores danos ao com ércio, ao fluxo e à dinâmica da cidade.

A desapropriação para a construção de uma praça não faz sentido, dado


que algum as praças de Guarulhos, estão sem nenhum tipo de
manutenção, descuidadas e sendo utilizadas para depósito de papelão e
para dormitório de mendigos. Além disso, o local do antigo ponto da Rua
D. Pedro II seria transformado em um a praça, sem custo de
desapropriação para o município.

O grupo é totalmente favorável a melhorar o centro de nossa cidade. No


entanto acredita que temos de avaliar, também, os custos envolvidos no
projeto da Prefeitura, pois estes afetam diretamente a dívida do governo
municipal. Estes recursos dispensados poderi am ser utilizados em obras
de maior importância e urgência para a cidade.

Diante disso, a ACE-Guarulhos continua recebendo sugestões para


melhorar o projeto de Requalificação do Centro proposto pela Prefeitura.
Foi solicitada uma audiência pública na Câmara Municipal para se debater
melhor a questão.
309

Atualizado em 12/09/2007 10:27:56


Publicado em 05/09/2007 14:31:47
por Imprensa ACE
http://www.aceguarulhos.com.br/content.php?m=20070905143147&m1=bor
a
310

(9)Prefeitura intensifica construção de áreas de lazer

Guarulhos pode ser considerado um local privilegiado em áreas públicas


de lazer para a população. Atualmente a cidade possui 445 praças, 12
parques, 46 áreas de lazer e cerca de 700 canteiros e a Prefeitura investe
cada vez m ais na construção de novas áreas de lazer, com o objetivo de
oferecer à população, m ais alternativas para a convivência em
comunidade.
Preocupada em ampliar as opções de entretenimento, a administração
pública recupera várias praças na cidade, principalmente nos bairros,
onde existe grande demanda de m oradores. Isso porque a atividade
recreativa é, antes de tudo, direito dos cidadãos e se constitui tam bém em
um a necessidade humana, tratada com o prioridade pela secretari a de
Meio Ambiente.

Muitos lugares ganharam projeto especial para revitalização: é o caso do


Parque Mikail, onde a população recebeu um a moderna pista de skate. Já
na Estrada do Cabuçu a Prefeitura construiu uma praça com quadra
poliesportiva e está implantando uma biblioteca na Praça da Lua Cheia.
No Jardim Adriana será realizada a segunda fase das obras de
revitalização, com a recuperação de um bosque e instalação de pista de
skate.

Em 2007 algumas áreas da região central, com valor histórico expressivo


tam bém foram restauradas, a exemplo da Praça IV Centenário e da Praça
Getúlio Vargas, onde foram realizadas diversas obras, tais com o troca do
revestimento, restauração dos bancos de granilite, substituição do
sistema de iluminação, rebaixamento de vegetação, restauração de
311

monumentos, acréscimo de mobiliário com desenho contem porâneo,


inserção de lixeiras, reforma do coreto e restauração da fonte luminosa.

No Gopoúva, o Bosque José de Alencar foi totalm ente revitalizado: o


campo de futebol foi reform ado, assim como os sanitários e o posto da
Guarda Civil Municipal (GCM). Na Ponte Grande, o Jardim Fri zzo receberá
tratamento paisagístico, com plantio de árvores e ajardinam ento. No
Jardim Tranqüilidade está em andamento a reforma da Praça Nossa
Senhora de Fátima, a construção de uma área de lazer no local e a
elaboração de um projeto para restaurar a Praça Manoel Maluli.
Os bosques, parques, e praças possuem atrativos diversos, como quadras
de esportes, pistas de skate, parquinhos, quiosques, trilhas, praças de
eventos, pistas para caminhada, centros de educação am biental, entre
outros.

http://www.guarulhos.sp.gov.br/07_noticias/lenoticia.php?idSec=0&idmenu
=0&ov=&rnd=12&idnot=2921

Geraldo Al ves Celestino Filho (PSDB) - 05.02.2010


312

(10)PL determina retirada de Placas

Após termino das Obras, prefeitura terá 60 di as para a retirada de placas


indicativas

O vereador Geraldo Celestino (PSDB) apresentou Projeto de Lei nº 392/05


responsabilizando a Prefeitura de Guarulhos, o Serviço Autônom o de
Água e Esgoto (SAAE) e a Progresso e desenvolvimento de Guarulhos
(Proguaru) pela retirada de Pl acas indicativas de obras executadas na
cidade. Após aprovação desse Proj eto de Lei, os órgãos terão 60 dias
para efetuar a retirada das placas.

Na justificativa do projeto, o vereador Geral do Celestino afirma que tanto


a prefeitura, quanto o SAAE e a Proguaru têm executado obras em vários
pontos da cidade e cada obra possui pelo menos um a placa com dados
técnicos da obra. No entanto, al ega o vereador, após a conclusão desses
serviços essas placas não são retiradas causando poluição visual na
cidade.

“Estou apresentando esse Proj eto de Lei, com o objetivo de institui r na


cidade a obrigatoriedade aos órgãos públicos da retirada de placas
indicativas dessas obras, num prazo máximo de 30 dias, contados a partir
de seu término. Não podemos aceitar que uma placa de uma obra
terminada há anos fique enfeiando a cidade”, critica o vereador.
http://www.camaraguarulhos.sp.gov.br/
313

(11)Prefeitura inaugura balcões de turismo no aeroporto internacional

Nesta quarta-feira, dia 18, às 16 horas, a Secretaria de Turism o de


Guarulhos vai inaugurar dois balcões de informações turísticas no
Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos (rodovia Hélio Smidt s/nº
- Cumbica).

Os balcões vão funcionar todos os dias, das 06 às 24 horas, nos setores


de desembarque 1 e 2. No local, os passageiros terão disponíveis
orientações em idiomas como português, inglês, espanhol, francês e
japonês. O serviço será fornecido por 14 estagiári os, estudantes do
penúltimo ano do curso de turismo de faculdades de Guarulhos.

Os estagiários já passaram por um treinam ento sobre a movimentação e o


funcionamento do aeroporto, oferecido pela Infraero, que colocou todo o
suporte técnico à disposição dos estudantes e da Secretaria de Turism o.

Além de recepcionar o turista nacional e estrangeiro, com inform ações


úteis de serviços, os alunos vão di stribuir folhetos contendo dados da
cidade sobre história, localização, economia, cultura e lazer, hotéis e
centros de convenções, bem com o informações de ecoturismo e turismo
de negóci os, desenvolvi dos na região.

A Secretaria de Turismo firmou tam bém uma parceria com o Internaci onal
Shopping, que confeccionará folders e cartões-postais que serão
distribuídos aos usuários do aeroporto.
314

Segundo o secretário de Turismo, W aldem ar Tenório, a inauguração dos


balcões de turismo no aeroporto internacional demonstra a importância
dada, pela atual administração, à abertura das portas da cidade para o
Brasil e o mundo.

Outras ações

Criar novas atividades que estimulem e m elhorem a qualidade da


recepção do turista no m unicípio. Com est e objetivo, foi lançado, no
último dia 12, o program a de recepção ao turista estrangeiro, denominado
"W elcome to Brazil", numa parceria entre a Infraero (Empresa Brasileira
de Infra-Estrutura Aeroportuária) e o Ministério do Esporte e Turismo,
visando "desembaraçar" os trâmites usuais de desembarque.

O programa está previsto, inicialmente, para os m eses de dezembro a


fevereiro, considerados de alta temporada, e prevê uma equi pe de apoio
composta por 10 estudantes de turismo - habilitados e treinados - com
fluência em inglês e espanhol, além de outros idiomas. Os estagiários
servirão de apoi o à Polícia Federal, que tam bém terá aumento de efetivo.

O "W elcome to Brazil" vai distri buir 300 mil guias de bolso (pochet guide)
com instruções necessárias ao turista como fusos horários, hotéis, táxis,
gorjetas e dicas de segurança, com estada mais segura para o turista. O
guia, confeccionado em português, inglês, espanhol, alemão e francês, foi
elaborado com apoio da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) e da
Polícia Federal. O program a prevê tam bém desconto na compra de
produtos em shoppings e lojas de aeroportos, que possuam os adesivos
"W elcome to Brazil".
315

http://www.aceguarulhos.com.br/content.php?m=20021217123243&m1=cu
mbica

(12)O projeto do Terminal Rodoviário Turístico de Guarulhos pode estar


finalmente saindo do papel, caso frutifiquem as articulações feitas pelo
secret ário de Transportes e Trânsito, José Evaldo Gonçalo, que foi a
Brasília pleitear R$ 6 milhões para o projeto.

O aporte f ederal é necessário e urgente para que a cidade tenha


finalmente um terminal rodovi ário à altura das necessidades de uma
população de 1,3 milhão de habitantes.

O projeto prevê dez baias para ônibus, área de embarque e desembarque


de passageiros, acesso ao estacionamento - que ficará no primeiro
paviment o -, ponto de táxi, terminal urbano, uma passarel a e outras
benfeitorias.

De acordo com a proposta, a obra deverá servir também com o sistem a de


conexão i nterm odal com a futura estação ferroviária, pela qual circulará o
trem met ropolitano que vai fazer a ligação entre Guarulhos e São Paulo.
O local escolhido fica na Al ameda dos Lírios, em frente ao Hospital Geral,
no Parque Cecap.
316

Mais do que uma estação rodoviária, o projeto integra todo o com plexo de
obras do qual fazem parte também o Terminal Três do Aeroporto e o
Expresso Guarulhos, que beneficiarão a infraestrutura hoteleira daquela
região e o acesso a cidades próximas.

Não deixa de ser paradoxal que o segundo município do estado em


população e arrecadação não tenha um terminal rodoviário, embora
abrigue o m aior aeroporto do país.

A Prefeitura está certa em usar todos os recursos políticos e gerenciais


de que dispõe para garantir a Guarulhos uma obra de tanta relevância,
que começa a vir a luz com um inexplicável atraso de m uitos anos.

05/06/2009
Diário de Guarulhos

(http://www.diariodeguarulhos.com.br/jornal/dgnews/jornal/materia.jsp?id=
5660&ca=47)
317

(13)Iniciadas no Cecap obras de rodoviária que custará R$ 15 milhões


Wellington Al ves

Começam as obras da primeira Rodoviária pública de Guarulhos que


custará R$ 15 milhões

Em 2010 os guarulhenses poderão utilizar o Terminal Turístico Rodoviário


do Parque Cecap, em frente ao Hospital Geral, na Alameda dos Lírios.
Com orçam ento de R$ 15.103.125,35 milhões, sendo R$ 3 milhões de
contrapartida pela Prefeitura e o restante do Ministério do Turism o. A
previsão do governo municipal, sem explicar quem são, é que cerca de 45
mil famílias sejam beneficiadas pelo empreendimento que terá t erminais
de ônibus munici pal, metropolitano e interestadual.

A Teto Construções, empreiteira contratada para a obra, terá 18 meses


para finalizar os trabalhos. No entanto, o secretário de Transportes e
Trânsito, José Evaldo Gonçalo, espera entregar a rodoviária antes.
"Quanto mais cedo conseguirmos, melhor. Pode ser em 12 m eses, mas o
prazo não é esse."

Futuram ente, a rodoviári a abrigará um a estação do Trem Metropolitano


que ligará Guarulhos a São Paulo por trilhos. "Essa conexão com o Metrô
muda as características de uma cidade", acredita o prefeito Sebastião
Almeida. A área da rodoviária é de 55 mil metros quadrados, cedida pela
Companhia de Desenvolviment o Habitacional e Urbano (CDHU) por 20
anos, sendo que 22 mil m² serão cobertos. "Nós quer emos que o Cecap
318

fique cada vez mais valori zado. Aqui é o coração da cidade, já que fica no
meio do municípi o, próximo ao Aeroporto e à rodovia Presidente Dutra",
entende Almeida.

Guarulhos já teve uma rodoviária particular, que recebeu invistimentos


públicos, que f uncionou entre 2005 e 2006, no Itapegica, próximo à
rodovia Fernão Dias, m as fechou devido à falta de passageiros. Almeida
aposta que a nova tentativa terá mais sucesso que a anterior. "Esse é um
terminal público. Aquele foi da iniciativa privada e ficava numa área que
não atendia aos interesses da população."

Outros cinco terminais urbanos devem ser construídos até 2012, no São
João, Pimentas, Taboão, Itapegica e Parque Cecap, segundo promete a
Prefeitura. Já o do Centro é o único que ainda está em estudo segundo
Gonçalo. "Na rua Dom Pedro haverá probl ema com as desapropriações.
Já próximo a praça IV Centenário seria bom, mas distante das pessoas."
Já o prefeito prefere não com entar sobre os novos terminais.

"A nossa meta, no mom ento, é a aprovação do Bilhete Único e da


regulam entação do transporte público na cidade." A rodovi ária, por si só,
necessitará de um a readequação viária no Parque Cecap. O vereador
Geraldo Celestino (PSDB), líder da oposição no Legislativo, apresentou
um pedido ao secretário chefe da Casa Civil, Aloísio Nunes Ferreira. "O
orçamento em torno da readequação é de R$ 17 milhões e queremos um
apoio do governo do Estado. Este é um interesse da população."

24/06/2009
Guarulhos Hoje
319

(http://www.guarul hosweb.com.br/gwebnoticia.php?nrnoticia=24977)
(14)Guarulhos ganha site voltado ao turismo corporati vo

O Departamento de Turismo, da Secretaria do Desenvolvimento


Econômico de Guarulhos, em parceria com o Guarulhos Convention &
Visitors Bureau, lançou na quarta-fei ra, 8, no Senac, um mini-site para
turistas agendarem visitas às empresas participantes do projeto Turismo
Corporativo, que tem por objetivo explorar o parque industrial da cidade,
com m ais de 2.300 indústrias, e transformá-lo em polo turístico.

As pessoas interessadas em conhecer como funci ona determinada


em presa poderão acessar o site
www.visiteguarul hos.com.br/turismocorporativo e agendar um a visita. O
passeio ocorrerá em grupos definidos pelas indústrias, que
disponibilizarão um funci onário para fazer o tour por suas instalações e
mostrar como funciona todo o processo de produção.

A primeira visita está programada para a próxima quinta-feira, dia 16,


deste mês, na em presa de ôni bus Itapemirim, e terá 40 vagas. O projeto
conta ainda com outros parceiros, como o colégio e faculdades Eni ac e a
Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária - Infraero.

“Em uma sociedade em rede, cujas relações hum anas se dão cada vez
mais em ambiente multimídia, o mini-site é a ferram enta mais apropriada
para turistas e empresas agendarem suas visitas”, explica Adam Kubo,
diretor do Departamento de Turismo do m unicípio.
320

Atualizado em 09/04/2009 12:37:19


Publicado em 09/04/2009 12:37:04

por Ass. de Imprensa/PMG


http://www.aceguarulhos.com.br/content.php?m=20090409123704
321

(15)Município de Guarulhos pode abrigar um autódromo para receber


as principais competições nacionais de automobilismo e
motovelocidade.

Uma comissão de estudos, formada por representantes da Confederação


Brasileira de Automobilismo e das Secretarias de Esporte,
Desenvolvimento Econômico e Urbano e Departamento de Turism o da
Prefeitura de Guarulhos, vai analisar se essa construção é viável.

A comissão irá avaliar os aspectos econômicos, urbanísticos, turísticos,


sociais, políticos e esportivos do projeto para dar o parecer em 120 dias.
Para a construção do autódrom o, será necessária um a área disponível
com mais de um milhão de metros quadrados, em local ainda a ser
definido.

“Existe um grande esforço por parte do m unicípio para m odernizar os


equipamentos e ginásios esportivos e, futuramente, transformar Guarulhos
em um grande pólo de eventos esportivos. A construção do autódrom o faz
parte dessa iniciativa”, afirma Julio Filgueira, secretário de Esportes da
prefeitura de Guarulhos.

O projeto não tem como objetivo principal receber a Fórmula 1, até porque
exist e um contrato que obriga a realização dessa competição em
Interlagos até 2009. Porém, a idéia é construir um espaço de excel ente
qualidade, que possa abrigar até m esmo grandes eventos internacionais.

Segundo a Confederação Brasileira de Automobilismo, existem atualmente


44 cam peonatos brasileiros e m ais de sete mil pilotos credenciados. As
322

principais provas são realizadas em São Paulo, mas não existem


autódromos suficientes para abrigar a maioria delas e Interlagos possui
um traçado antigo, de difícil acesso, sem estacionam entos suf icientes e
com necessidade de reform as para se modernizar.

http://www.cronospeed.com.br/modul es/news/article.php?storyid= 4583


Quarta, 25 de outubro de 2006, 13h52 Atualizada às 14h29
323

(16)Autódromo em Guarulhos custaria R$ 279 mi

O município de Guarulhos, na Grande São Paulo, poderá ter um


autódromo para receber as principais com petições nacionais de
automobilismo e motovel oci dade. A obra tem orçamento prévio estimado
em US$ 130 milhões (R$ 279 milhões) e deverá ser realizada pela
iniciativa privada.

Uma comissão de estudos, formada por representantes da Confederação


Brasileira de Automobilismo e da Prefeitura de Guarulhos, vai analisar os
aspectos econômicos, urbanísticos, turísticos, sociais e esportivos do
projeto.

Um dos pontos favoráveis ao autódromo é o acesso privilegiado ao


município, que conta com o Aeroporto Internacional de Cumbica, é ligado
pelas rodovi as Presidente Dutra e Ayrton Senna e está próximo da
cidade de São Paulo.

A previsão é que a obra ocupe uma área com mais de um milhão de


metros quadrados, em local ainda a ser definido pela própri a comissão.
"Existe um grande esforço para transformar Guarulhos em um grande
pólo de event os esportivos e a construção do autódromo faz parte dessa
iniciativa", avalia o secretário de Esportes, Júlio Filgueira

http://esportes.terra.com.br/automobilismo/form ula12006/interna/0,,OI121
1350-EI6458,00.html

Sexta-feira - 22 de Setembro de 2006 às 17:05


324

(17)Guarulhos inicia estudos para construção de autódromo

Guarulhos poderá abrigar, em cerca de dois anos, um autódromo para


sediar eventos automobilísticos de âmbito nacional e i nternacional. Para
desenvolver estudos técnicos de viabilidade esportiva, econômica,
urbana, turística, social e política, a Prefeitura acaba de formar uma
comissão especial, coordenada pela Secretaria de Esportes, que terá 120
dias para elaborar um parecer e apresentá-lo ao prefeito Elói Pi etá. Para
a construção do autódromo é necessária uma área com mais de 1 milhão
de metros quadrados.

A comissão é form ada pelo secretário de Esportes, Julio César Filgueira;


pelo diretor do Departamento de Esporte Am ador, Fabio Roberto Hansen;
pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Antonio Carlos de
Almeida; pelo diretor do Departam ento de Turismo, Adan Aki hiro Kubo;
pelo secretário de Desenvolvimento Urbano, Roberto dos Santos Moreno;
pelo diretor-presidente do Convention & Visitors Bureau de Guarul hos,
Marco Oliveira Ianoni; pelo assessor especial do Ministério do Esporte,
Marco Aurélio Klein; pelo presidente da Confederação Brasileira de
Automobilismo (CBA), Paulo Scaglione; pelo diretor-gerente da Interpub,
Tamas Rohonyi; e pelo diretor da área de esportes da TV Globo, Ciro
José Gonsales.

Segundo Filgueira, existe um esforço muito grande por parte do município


para moderni zar seus equipamentos esportivos nos próximos anos. Serão
325

investidos na recuperação dos cinco principais ginásios municipais R$ 3,5


milhões, da Prefeitura, e mais R$ 3,8 milhões, do governo federal.
“Querem os transf ormar a cidade num grande pól o de eventos esportivos,
e a construção do autódromo faz parte dessa iniciativa”, garantiu.

O secretário inf orm ou que a vinda da Fórmula 1 não é o principal objetivo


da i niciativa, visto que existe um contrato que obriga sua realização em
Interlagos até 2009, m as, na sua opinião, se o autódrom o puder abrigar
esse tipo de evento, poderá fazer o mesm o com relação a qualquer outro.
No aspecto econômico, ele argumentou que um estudo de impacto feito
quando da realização do Grande Prêmio Brasil dem onstrou que cada R$ 1
investido representa um retorno de R$ 3,20. “Sem contar que são criados
14 mil empregos diretos e indiretos por ano, com a montagem do circo da
F1 no Brasil”, revelou.

Scaglione declarou que existem atualmente 44 campeonatos brasileiros


de autom obilismo, que envolvem cerca de 7 mil pilotos. Na sua opinião,
as principais provas estão em São Paulo, entretanto, não existem
autódromos suficientes para abrigar a maioria delas. “Sem contar que
Interlagos é um circuito com traçado antigo, sem estacionamento, com
dificuldades de acesso, e que precisaria ser ref orm ado inteiramente para
atender as exigências modernas”, disse.

Gonsales ressaltou que os aspectos técnicos para a transmissão de uma


prova de F-1, gerada ao vivo para 214 países e com audiência de mais de
400 milhões de telespectadores, precisam ser considerados na escolha do
local para abrigar o autódrom o. Enquanto Rohonyi definiu que o segredo
326

para um bom projeto de autódrom o está no aspecto multiuso. “Guarulhos


precisará definir se quer uma praça para sediar competições esportivas
365 dias no ano, ou se será utilizada também para outros eventos
sociais”, definiu.

http://www.guarulhos.sp.gov.br/07_noticias/lenoticia.php?idSec=0&idmenu
=0&ov=&rnd=218&idnot=868
327

(18) Cidade poderá ter centro de convenções e eventos


Quinta-feira - 04 de Março de 2010 às 17:16

A cidade de Guarulhos poderá contar com um centro de convenções e


eventos. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico firmou convênio
com o Ministério do Turismo para a elaboração de um estudo de
viabilidade socioeconômica e técnica, que servirá como requisito para o
em preendimento.

Pelo convênio, o Governo Federal fará o repasse de R$ 552 mil, por mei o
do Program a Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur). A
contrapartida do m unicípio será de R$ 48 mil. O Prodetur é uma iniciativa
do Ministério do Turismo, que prevê a concessão de linhas de
financiam ento internaci onais para estados e m unicípios.

“A partir desse estudo de viabilidade, que analisará os aspectos


socioeconômicos e os impactos ambientais de uma obra desse porte,
vamos ter condições de dispor de um amplo diagnóstico que permitirá à
administração municipal ter a noção exata do que representa a construção
de um centro de exposições”, explica o coordenador do Fácil Empresarial,
Rubens Paulo da Silva, que responde pelo projeto na Secretaria de
Desenvolvimento Econômico.

De acordo com ele, o levantam ento deverá estar concluído até o final do
ano. “Estam os ainda na fase inicial desse processo, que é a abertura de
328

licitação para a contratação de uma consultoria especializada no assunto.


A partir daí, terem os condições de saber, por exempl o, qual a área mais
indicada na cidade para um investimento desse tipo”, conta.

Quinta-feira - 18 de Março de 2010 às 16:03


329

(19)Guarulhos participa do 5º Fórum Urbano Mundial

A Secretaria de Habitação participa, de 22 a 26 de março, do mais


importante evento sobre planejam ento urbano, o 5º Fórum Urbano
Mundial, que acontece no Rio de Janeiro, com a presença do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, da diretora-executiva do ONU-Habitat, Anna
Tibaijuka, e do ministro das Cidades, Marcio Fortes de Almeida.

O Fórum é um a iniciativa das Nações Unidas com o objetivo de analisar


um dos problemas mais urgentes que o mundo enfrenta hoj e: a rápida
urbanização e seu impacto nas com unidades, cidades, economias,
mudanças climáticas e políticas. O t ema desta quinta edição é “O Direito
à Cidade: Unindo o Urbano Dividido”.

São esperadas mais de 15 mil pessoas, de 160 países. As discussões


são divi didas em seis eixos: Levando adiante o direito à cidade; Unindo o
urbano dividido; Acesso igualitário à moradia; Diversidade cultural nas
cidades; Governança e participação; e Urbanização sustentável e
inclusiva.

O programa de revitalização da CIS de Cumbica (Cidade Industrial


Satélite), que será apresentado na próxima quinta-feira, dia 25, foi
enviado pela Secretaria de Habitação à organização do evento. O projeto
foi selecionado por sua qualidade, que reúne três eixos fundamentais
para moradia digna e i ncl usão social: a regularização f undiária, a
recuperação am biental e o trabalho social com as famílias. “Tenho
330

certeza de que vamos destacar Guarulhos como uma das ci dades que
mais se preocupam em promover a inclusão e a igualdade de acesso à
cidade”, disse o secretário Orlando Fantazzi ni.

http://www.guarulhos.sp.gov.br/
331

(20) Guarulhos participa do 5º Fórum Urbano Mundial

A Secretaria de Habitação participa, de 22 a 26 de março, do mais


importante evento sobre planejam ento urbano, o 5º Fórum Urbano
Mundial, que acontece no Rio de Janeiro, com a presença do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, da diretora-executiva do ONU-Habitat, Anna
Tibaijuka, e do ministro das Cidades, Marcio Fortes de Almeida.

O Fórum é um a iniciativa das Nações Unidas com o objetivo de analisar


um dos problemas mais urgentes que o mundo enfrenta hoj e: a rápida
urbanização e seu impacto nas com unidades, cidades, economias,
mudanças climáticas e políticas. O t ema desta quinta edição é “O Direito
à Cidade: Unindo o Urbano Dividido”.

São esperadas mais de 15 mil pessoas, de 160 países. As discussões


são divi didas em seis eixos: Levando adiante o direito à cidade; Unindo o
urbano dividido; Acesso igualitário à moradia; Diversidade cultural nas
cidades; Governança e participação; e Urbanização sustentável e
inclusiva.

O programa de revitalização da CIS de Cumbica (Cidade Industrial


Satélite), que será apresentado na próxima quinta-feira, dia 25, foi
enviado pela Secretaria de Habitação à organização do evento. O projeto
foi selecionado por sua qualidade, que reúne três eixos fundamentais
para moradia digna e i ncl usão social: a regularização f undiária, a
recuperação am biental e o trabal ho social com as famílias. “Tenho
332

certeza de que vamos destacar Guarulhos como uma das ci dades que
mais se preocupam em promover a inclusão e a igualdade de acesso à
cidade”, disse o secretário Orlando Fantazzi ni.

http://www.guarulhos.sp.gov.br/
333

(21) Obras no Viaduto Cidade de Guarulhos seguem em ritmo lento

As obras do Viaduto Cidade de Guarulhos seguem em ritmo lento, bem


diferente daquele verificado no final do ano passado, quando f oi entregue
a alça de acesso da avenida Paulo Faccini à marginal da rodovia
Presidente Dutra.

O Guarulhos Hoje enviou para a Prefeitura questionamentos sobre as


obras. No entanto, até o fechamento desta edição a assessoria de
imprensa não respondeu às perguntas.

Diferente do que foi anunciado em janeiro de 2007, quando foram


assinados os contratos de repasse de recursos para a construção do
viaduto, entre a Prefeitura e o governo federal, por intermédio da Caixa
Econômica Federal, a obra com pleta não foi entregue antes do f inal do
mandato do ex-prefeit o Elói Pietá (PT).

A verba prevista para a construção do viaduto, em 2008, era da ordem R$


32 milhões - sendo R$ 25 milhões repassados pelo Ministério das Cidades
e R$ 7 milhões da Administração Municipal. Pelo contrato, firmado com a
construtora Cam argo Corrêa - vencedora da licitação - o prazo de
execução foi estipulado em 24 meses.
334

Atualizado em 04/03/2009 10:16:40 Publicado em 04/03/2009 10:16:09


por Guarulhos Hoje

Boletim Oficial - sexta-feira, 26 de setembro de 2003 - Ano 2 - Nº 321 -


335

PORTARI A Nº 06/2003 - SM
Considerando:

Visando disciplinar o uso do “Recanto Municipal da Árvore” –


popularmente conhecido como Bosque Maia, o Sociólogo. Valter Medeiros
Dantas, Secretário de Meio Am biente, no uso de suas atribuições legais
RESOLVE

Artigo 1º - Fica instituído o Regulament o Interno do Recanto Municipal


da Árvore - Bosque Maia, anexo a esta.

Artigo 2º - O Regulamento a que se refere a presente portaria deverá


tornar-se público, afixado em local visível na entrada do Bosque Maia e
outros locais, a critério e responsabilidade da Secretaria de Meio
Ambiente.

Anexo a Portaria nº 06/03


REGULAMENTO
INTERNO DO RECAN TO MUNICIP AL D A ÁRVORE - BOSQUE M AI A

Artigo 1º - O presente Regulamento est abel ece normas de utilização do


"Recanto Municipal da Árvore”, conhecido popularm ente e ora
denominado Bosque Maia, a serem respeitadas pelos seus usuários.

Artigo 2º - O ingresso no Bosque Maia é franqueado ao público


diariamente, no horário das 6 (seis) às 22 (vinte e duas) horas, podendo
sofrer alterações a critério da Secretaria de Meio Ambiente.
336

Artigo 3º - Fora do horário estabelecido no artigo anteri or som ent e será


permitido o ingresso no Bosque Maia:

a) de autoridades civis e militares;

b) de servidores e funcionários de autarquias municipais, no desempenho


de suas funções.

c) de expositores, organizadores de eventos ou seus contratados,


mediante a apresentação de autorização expedida pela Secretaria de
Meio Am biente.

Artigo 4º - É vedado, a qualquer tem po, o ingresso ou permanência no


Bosque Maia:

a) de automóveis particulares e/ou motocicletas, exceto os previam ente


autorizados;

b) de vendedores, cam elôs, ambul antes ou qualquer pessoa que pretenda


praticar o comércio;

c) de pessoas conduzindo animais.

Artigo 5º - No interior do Bosque Maia é proibido:

a) praticar jogos grupais fora das áreas reservadas para esse fim;

b) utilizar "pi pas" com fios cortantes e fora da área reservada para esse
fim ;

c) nadar, caçar ou pescar;

d) colher flores, m udas ou plantas em geral;

e) subir ou escrever em árvores;

f) danificar ou subtrair bens m unicipais;


337

g) usar churrasqueiras ou fogueiras;

h) mont ar barracas ou acam pamentos;

i) importunar, de qualquer forma, os dem ais freqüentadores;

j) distribuir m aterial publicitário sem autorização expressa da Secretaria


de Meio Am biente;

k) Filmar ou fotografar, para fins publicitários ou comerciais, excetuados


os casos devidamente autorizados pela Secretaria de Meio Ambiente.

l) A circulação de veículos com velocidade acima de 05(cinco) km/h

Artigo 6º - Durante a freqüência no seu interior deverão ser:

a) respeitadas as determinações do corpo de segurança;

b) cum pridas as normas deste Regulamento;

c) com unicados imediatamente ao corpo de segurança, qualquer


irregularidade observada;

Artigo 7º - Nenhuma operação que envolva a m ontagem e desmontagem


de equi pamentos (tendas, palanques, etc.) no seu i nterior deverá ocorrer
sem autorização da Secretaria de Meio Ambiente.
Artigo 8º - As dúvidas ou casos omissos não previstos neste
Regulamento, serão resol vidos pela Secretaria de M eio Ambiente.

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