Você está na página 1de 63

DIREITO PENAL I - T1

Aula Data Hora de Início Duração Docentes


1 2022-09-28 15:15 3h Pedro Caeiro
- Apresentação do Curso e da equipa docente. Indicações sobre o modo de realização das aulas.

- Reflexão sobre o sentido das aulas de Direito Penal.

- Indicação da bibliografia essencial e outros elementos de trabalho, incluindo o Guião disponibilizado na pasta da disciplina.

- Desmistificação, com estatísticas, da falsa representação de Portugal como um país "laxista" e pouco punitivo

Curso de Direito Penal I

Parte I – Questões fundamentais

Título I. O direito penal e a sua ciência no sistema jurídico

1.º Capítulo - O Direito Penal em sentido formal

I. O conceito de direito penal

1. Definição e designação (direito penal, direito criminal)

2. Direito penal e ius puniendi

II. O conteúdo do direito penal (lato sensu)

1. Direito penal substantivo, direito penal executivo e direito processual penal

2. A parte geral do direito penal e as suas componentes

2.º Capítulo - A localização do Direito Penal no sistema jurídico

1. A natureza tradicionalmente estatal do direito penal.

2. Os novos perfis “transnacionais” do direito penal (bibliografia complementar: Pedro Caeiro, Fundamento, Conteúdo e Limites da Jurisdição P
Português, Wolters Kluwer / Coimbra Ed., 2010, p. 47-52, 203-211).

a) as obrigações de punir (vg., nas “convenções de supressão” da ONU) e de não punir (vg., em virtude dos tratados sobre direitos humano
internacional público;

b) o direito internacional penal como direito imediatamente aplicável; os tribunais penais internacionais e a aplicação pelos tribunais nacionais (jurisd

c) as relações entre o direito penal e a experiência de integração na União Europeia (o chamado “direito penal europeu”).

3. O direito penal como parte do direito público

4. O direito penal perante os outros ramos do direito. Autonomia e dependência do direito penal

3.º Capítulo - A ciência conjunta do direito penal


1. Da “enciclopédia das ciências criminais” à “ciência conjunta do direito penal”

2. A evolução do estatuto das ciências criminais

1º CAPÍTULO | DIREITO PENAL EM


SENTIDO FORMAL

1. Direito criminal ou direito penal? Facto e consequência jurídica. Insuficiências;


importância do pensamento ‘a partir do resultado’ (vinculação teleológica); penas como
instrumento privativo do Direito Penal;
2. Mas: jurisprudência do TEDH relativamente ao conceito de ‘pena’ e ‘matéria penal’
para efeitos da CEDH (esp. arts. 5º e 6º): os ‘critérios Engel’ (1976) e os seus
desenvolvimentos; objetivo específico: extensão da proteção dos direitos humanos;
3. O âmbito do DP em sentido amplo: direito substantivo / material; direito adjetivo /
processual; direito executivo
3.1. A particular ligação entre o DP e o DPP (≠ direito civil);
3.2. O problema da classificação de certos institutos como substantivos ou processuais
(p. ex., a prescrição do procedimento); falso problema? O papel do direito
constitucional;

4. PARTE GERAL E PARTE ESPECIAL

4.1. Significado da PG: abstração e racionalização; função da PE;


4.2. PG I (arts. 1º -39º): princípios gerais, fundamentos, limites, âmbito de vigência +
construção do fato punível (doutrina geral do crime);
4.3. PG II (arts. 41º-130º): reações criminais (DP III);
4.4. O art. 40º como pivô / conexão entre a PG I e a PG II.

2º CAPÍTULO | A LOCALIZAÇÃO DO DIREITO


PENAL NO SISTEMA JURÍDICO

1. DP COMO RAMO DE DIREITO INTERNO

- Mas: novos perfis transnacionais:


A. intensificação da cooperação (judiciária e policial) internacional;
B. deveres de punir impostos pelo DIP (crimes de guerra, genocídio, etc.); deveres
de não punir;
C. normas de DIP imediatamente aplicáveis (art. 8º e 29º, nº 2, CRP);
D. tribunais internacionais penais (IMT-Nuremberga e Tóquio; Ex-Jugoslávia e
Ruanda; Timor-Leste; TPI);
E. integração europeia: incidência negativa e incidência positiva; o art. 83 do
Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia e o poder legislativo da UE
em matéria penal.

2. DP COMO RAMO DE DIREITO PÚBLICO: IUS IMPERII (IUS


PUNIENDI); SUJEIÇÃO E RESTRIÇÃO DE DIREITOS

- Mas: novo perfil: a vítima

3. AUTONOMIA E DEPENDÊNCIA DO DP PERANTE OUTROS


RAMOS JURÍDICOS:

A. a relação privilegiada com o direito constitucional: as restrições de direitos


fundamentais;
B. a pretensa unidade da ilicitude (Binding e Beling): o DP como mera cominação
de sanções; [crítica]

3º CAPÍTULO | A CIÊNCIA CONJUNTA DO


DIREITO PENAL

1. Até ao séc. XIX: tratamento puramente jurídico (normativo, dogmático) do fenómeno


criminal;
2. Séc. XIX: dois fatores de mudança: a) ciências positivas e “cientismo”; b)
massificação do crime urbano, a exigir resposta política;
3. von Liszt e a ‘gesamte Strafrechtswissenschaft’: a criminologia (estudo das causas
do crime) e a política criminal (reforma penal, de iure constituendo, para melhor
prevenção e repressão do crime) como ciências auxiliares de um DP de cariz positivista
(pura subsunção de factos a normas);

4. A SUPERAÇÃO DO ESTADO DE DIREITO FORMAL PELO


ESTADO SOCIAL: a subalternização (ou mesmo substituição) do direito e da
dogmática por uma política criminal assente em bases positivas (criminologia). O
estudo da deviance (em vez do crime legislado) e as suas consequências;

5. A situação atual: O ESTADO DE DIREITO MATERIAL (Rechtsstaat, rule of


law);
A. O quadro de validade jurídico-constitucional onde se move a política criminal;
um exemplo: a recusa dos postulados do ‘direito penal do inimigo’ (Günther
Jakobs)
B. A assunção das proposições e intencionalidade político-criminais pela dogmática
na procura da solução justa do caso; a contínua reconstrução (‘em espiral’) do
sistema (dogmático); a ‘unidade axiológico-funcional’; a transcendência da
política criminal relativamente ao direito penal / imanência ao direito
constitucional;
C. O PAPEL DA CRIMINOLOGIA (ciência empírica e interdisciplinar):
dimensão etiológica complementada pelo interacionismo (labeling approach) e
pelo estudo do processo de produção da delinquência
Aula Data Hora de Início Duração Docentes

2 2022-10-12 15:15 3h Pedro Caeiro

Sumário Não inserido

[NÃO HOUVE AULA]


Aula Data Hora de Início Duração Docentes
3 2022-10-19 15:15 3h Pedro Caeiro
3. O estatuto das ciências criminais no quadro do Estado de Direito contemporâneo e de um sistema jurídico-penal teleológico-fu

4. Um exemplo de aparente colisão entre a política criminal e a dogmática: o "direito penal do inimigo" (Feindstrafrecht). Bibliografia complementar:
considerações sobre a dimensão substantiva do chamado 'direito penal do inimigo' e a sua incidência na investigação criminal", in III Congresso de Inv
Investigação Criminal - Novas Perspetivas e Desafios, Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária / Universid
125-136

5. Síntese conclusiva

Título II - A função do Direito Penal

4.º Capítulo - Finalidades e legitimação da pena criminal

1. O problema dos “fins” da pena criminal

2. Teorias absolutas: a pena como instrumento de retribuição

3. Teorias relativas: a pena como instrumento de prevenção

4. O problema dos fins das penas e a doutrina do Estado, nomeadamente à luz da sua evolução em Portugal

5. Finalidades e limites das penas criminais

NB: A matéria contida na p. 67-73 das lições não será objeto de exame; relativamente à matéria contida

nas páginas. 74-89, é exigido apenas o conhecimento dos traços principais da evolução da lei penal portuguesa,

tal como lecionado nas aulas teóricas.

III. A CIÊNCIA CONJUNTA DO DIREITO PENAL


A dogmática como o limite numa altura, em que uma forte corrente da política criminal
era positivista que dispensava qualquer tratamento jurídico. O crime era um problema
social. Sociólogos a tratar dos problemas criminais e não os juristas.
Atendendo a esta configuração da política criminal, fora dos quadros jurídicos, o direito
e a dogmática se perfilavam com limites para os juristas que vinham do Direito Penal
esclarecido. Vimos que uma outra novidade trazida pelo séc. XIX, foi a
CRIMINOLOGIA. Não apenas o estudo do crime legislado, mas também a
deviance, não necessariamente as normas penais. O que causa não o crime, mas os
comportamentos desviantes. Uma das consequências mais importantes foi a mudança
de objeto. Deixou de estudar o homem criminoso, para começar a estudar a sociedade
criminógena. Porque é que a etiqueta de criminoso só e cumulada a certas pessoas.
Como é que a sociedade processa o crime.
A situação hoje é fundamentalmente diferente num contexto de estado de direito e
rule of law. A primeira consequência é a subordinação da política criminal aos
mandamentos constitucionais. Deixa de ser algo de pura eficácia. Passa a ser
dominada, limitada pela constituição e princípios constitucionais. Não existe nenhuma
reforma penal que vá contra a constituição. A própria produção das normas tem de se
conformar com os princípios constitucionais. Com implicações práticas importantes.
Na medida em que o Direito Penal só serve para proteger bens jurídicos, a
Constituição impõe essa função ao direito penal. O princípio da culpa. Existem certas
normas e princípios constitucionais que passam a limitar a própria política criminal.
[EXEMPLO]

O DIREITO PENAL DO INIMIGO [GUNTHER JAKOBS] A partir de 1995, uma


análise, depois uma defesa. No fundo existem dois tipos de pessoas que praticam
crimes. Dois tipos de indivíduos. Primeiro, temos os cidadãos. O Direito Penal do
cidadão. Todos estamos unidos pelo pacto social, logo o direito penal é munido para
nós.

Depois um outro grupo de indivíduos que se afastam deliberadamente do pacto. Os


terroristas. Por iniciativa própria não querem a constituição. Estes indivíduos, ao
colocarem-se fora da constituição, não beneficiam das regras que a constituição
estabelece para os cidadãos. O Direito Penal do inimigo. Contra elas o estado
não está limitado pela Constituição. Em relação a este direito penal do inimigo, o estado
pode fazer o que quiser. O estado não pode romper todas as pontes com o inimigo.
Autocontenção do estado.
Esta doutrina levantou de facto muitas críticas. Rejeitada pela maioria da literatura.
Duas ou três críticas fundamentais. A primeira, o ponto de partida de JAKOBS é
falso. Ele, um normativista, bate na objeção, […] para JAKOBS, esses indivíduos não
são pessoas. Pessoas é uma qualificação jurídica. O direito estabelece quem é pessoa.
Quem tem direitos de pessoa. Não cabe a nenhum individuo a competência de se pôr
fora do pacto. Não é uma decisão individual, algo que nos impõe. Em relação a essas
pessoas é necessária a estabilização das normas. JAKOBS, parte de uma visão do
inimigo que já não existe.
Em segundo lugar, um outro movimento que leva à aproximação da dogmática à
política criminal. Ao procurar a solução justa do caso, o juiz deve incorporar de uma
forma princípios político-criminais, como por exemplo a preferência de penas não
privativas de liberdade. Essa diretriz acaba por se consubstanciar, ao levar o juiz,
a optar por uma pena não privativa de liberdade. O sistema jurídico penal que se
vai reconstruir, absorvendo certas intencionalidades de política criminal. Uma
unidade axiológica, político-criminal. O que serve de barreira à política criminal,
não é o direito penal, mas sim a constituição. Transcende o direito penal e a evolução
dos métodos do direito penal.
O PAPEL DA CRIMINOLOGIA
As criminologias. Hoje, uma dimensão importante desta criminologia são as
neurociências. Continua a ser importante o estudo as correntes integracionistas. O
interacionismo tem uma feição mais neutra, nem tão politicamente comprometida. No
fundo estuda os processos pelos quais, a sociedade classifica certas pessoas como
criminosos e não outras.

IV. FUNÇÃO DO DIREITO PENAL – FINALIDADES E


LEGITIMAÇÃO DAS PENAS
Para que é que serve o Direito Penal?
Separar a questão da finalidade das penas e da legitimação do direito penal. Mas pensar
no Direito Penal no resultado – aplicar penas – segundo a doutrina. A este propósito, o
direito penal, não é apenas um direito que descreve os crimes que estabelece as
penas. Por outro lado, a restrição de direitos fundamentais, no direito penal faz-se a
dois níveis diferentes. Pode ocorrer logo na proibição de comportamentos. Casos de
neocriminalização. Em matéria ambiental. Antes várias condutas permitidas. Para além
dos comportamentos neo restringidos, as penas são sempre limitadoras de direitos.

TEORIAS ABSOLUTAS
Assentam numa ideia de retribuição. Retribuição por culpa. Segundo KANT, a
pena é algo que se impõe por si mesma, qualquer desconsideração, é rejeitar a
autonomia da pessoa. KANT fala num direito à pena. Se um dia uma sociedade
se dissolvesse, tem de ser executado até ao último criminoso. Aplica ao direito penal a
sua dialética. O crime é a negação do direito. A pena funciona aqui como uma
necessidade dialética.
O respeito pelo princípio da culpa. Censurar o praticante do crime cometido.
Atualmente, perante um estado laico. Que garante uma liberdade consciência. O estado
não tem competência para castigar ninguém em virtude de não seguir certos valores.
Nenhum de nós deu ao estado o poder de nos castigar pelo infringir de um
categórico ético. [18º, nº2 CRP]
Como crítica, a incompatibilidade entre o desligamento de fins sociais e a CRP.

TEORIAS RELATIVAS
Qual o ponto comum de todas as teorias relativas? Todas elas visam a prevenção de
crimes. Teorias da prevenção. Podemos distinguir entre a prevenção geral
e por outro lado a prevenção especial. Em ambas, a procura de um fim
essencialmente útil. Proteção para evitar crimes. Um sentido prospetivo.
Fundamentação jurídico-constitucional assente no 18º da CRP. Importância do
Iluminismo. Primeiro passo no sentido da laicização do estado. Em que é que consistem
estas duas correntes?

A prevenção geral evita que os outros membros da sociedade venham a


cometer crimes. Se cometerem este facto, sofrem esta consequência. Também
chamada de prevenção geral negativa ou de intimidação.

A prevenção especial onde a pena deve ter um efeito sobre o próprio ator.
Não dirigir o conteúdo comunicativo da pena a uma generalidade de pessoas, mas
sim apenas ao infrator. Outra dimensão da prevenção especial, pode ser positiva, a
ressocialização do agente. Reabilitação do agente.
Como critica, a instrumentalização do ódio.
[4. Sinopse da História do Direito Português]
Código de 1886 partia de uma convenção de prevenção geral. Uma prevenção geral
ainda limitada pela culpa e pela prevenção social.
De seguida o Estado Novo. Em Portugal, o regime autoritário nunca influenciou
muito a lei penal aplicada. Nunca teve essa feição, com exceção do tratamento dos
presos políticos. Fora desse âmbito, procurava-se também uma compatibilização da
ideia de culpa com ideias de prevenção especial. Reformas de 1936 e 1954, a referir.
Como objeto a criminalidade especialmente perigosa. A segunda reforma, que na
mesma senda, trazia a chamada pena de segurança.
Em 1963-65, encomendo ao Prof. Eduardo Correia um projeto de um novo CÓDIGO
PENAL. Um homem do princípio da culpa. Dos efeitos da prevenção
especial/reabilitação no tratamento dos reclusos. Um democrata. Da resistência. O
projeto que delineou não corresponde aquilo que o regime esperava, em termos de
soluções. Apesar deste projeto ser de 63, não foi aprovado durante a ditadura. Só viria a
ser aprovado em plena democracia, 1982. Um código descomprometido com as
finalidades das penas. Não se comprometia com a retribuição, nem com a
prevenção geral.
Por último a revisão do Código Penal em 1995. Prof. Figueiredo Dias. Direito penal
para proteger bens jurídicos. Respeito pelo princípio da culpa.
______________________________________________________________________
Como é que se protegem bens jurídicos a partir do Direito Penal? Se as penas tiverem
finalidades preventivas. Evitar crimes futuros.

PREVENÇÃO GERAL POSITIVA E PREVENÇÃO GERAL DE


INTEGRAÇÃO
Prevenção Geral Positiva, é defendida e avançada por dois professores alemães.
JAKOBS. No fundo, quando há um crime a confiança da sociedade nas normas fica
abalada. Nós todos temos expetativas. Quando essas expetativas são abaladas, é aí
que o estado tem de reintegrar a norma, aplicando uma pena. Esta sociedade,
diferente daquela sociedade da prevenção geral negativa. Vale a pena cumprir as
normas porque as mesmas valem. Uma sociedade conformista. Cumpridora. O direito
penal tem uma função de estabilização para a prática das normas. Uma sociedade que
ficou abalada, pela prática de um crime, é estabilizada a partir da imposição de uma
pena ao agente infrator. A mensagem da pena não é de intimidação, mas
simplesmente reforçar a ideia de que aquela norma continua em vigor. Na
perspetiva de ROXINE, esta estabilização das normas deve ser sempre
funcionalizada à proteção dos bens jurídicos. JAKOBS, difere, dizendo que o bem
jurídico pode ou não existir, e a estabilização das normas é suficiente.

Podemos proteger bens jurídicos, sem limites? Sempre que abalados?


NÃO [40º] respeito pelo princípio da culpa, como herança das doutrinas
retributivas. É sempre necessário que exista culpa. Um pressuposto, um limite
absoluto da pena. Não pode haver sem culpa. A culpa é um pressuposto e não pode
haver pena para além da culpa. Que exceda a gravidade da culpa do agente infrator.
Estas duas linhas de atuação podem entrar em conflito. Aquilo que seria necessário
para estabilizar a norma, seria uma pena muito mais grave. O princípio da culpa
prevalece sobre as exigências de prevenção. A culpa não é fundamento nem medida
da pena. A pena pode ser inferior à culpa. Mas a culpa é o limite e o pressuposto da
pena.
Já que punimos para proteger bens jurídicos, também é justo compensar o condenando.
PREVENÇÃO ESPECIAL DE SOCIALIZAÇÃO. Positiva. Não basta punir a
pessoa. As penas devem ser aplicadas e executada numa ótica de prevenção social
positiva ou de socialização. As penas não devem ter apenas um intuito neutralizante,
mas procurar prevenir a reincidência. Prevenir que o agente infrator cometa novos
crimes. Um direito a condenar, mas não um dever de condenar.

PREVENÇÃO GERAL POSITIVA, RESPEITO PELO PRINCÍPIO DA


CULPA e PREVENÇÃO ESPECIAL

1. PROPORCIONALIDADE EM TERMOS ABSOLUTOS; qual o tempo


que pode equivaler à privação da vida? Quando o legislador prevê menos de X
anos, a pena não satisfaz as exigências mínimas de proteção dos bens jurídicos.
E o limite máximo? A partir dos X anos, a pena não traz ganhos sociais.
2. PROPORCIONALIDADE ORDINAL OU RELATIVA. Os crimes do
CP são punidos por termos diferentes. Comparar a gravidade desses mesmos
crimes. Estabelecer uma proporcionalidade entre esses.

Quando temos um crime, procurar um limite da culpa. Esse exercício vai levar o
tribunal a encontrar uma medida da culpa. Um homicídio de média gravidade. Pena de
13 anos. Superior seria desproporcionada. Seguidamente procurar se naquele caso
concreto, esse limite ainda cumpre os limites mínimos de prevenção geral. Mas pode
acontecer que um determinado caso, pode acontecer que o tribunal diga não. O limite
mínimo são X anos. Dentro dessa moldura ver qual a prevenção especial. Se essas
exigências forem diminutas a pena aproximar-se-á do mínimo, a prevenção especial faz
variar a pena na moldura do princípio da culpa.
MEDIDAS DE SEGURANÇA [continuação na aula seguinte]
Como é que se protegem os bens jurídicos contra pessoas especialmente perigosas?
______________________________________________________________________
Aula Data Hora de Início Duração Docentes
4 2022-10-26 15:15 3h Pedro Caeiro
5.º Capítulo - Fundamento, sentido e finalidades da medida de segurança criminal

1. As medidas de segurança criminais no sistema sancionatório

2. Finalidades e legitimação da medida de segurança

3. O relacionamento da pena com a medida de segurança: a questão do “monismo” ou “dualismo” do sistema (ver diagrama disponibilizado no materia

6.º Capítulo - O comportamento criminal e a sua definição: o conceito material de crime

1. O conteúdo material do conceito de crime

V. FUNÇÃO, LEGITIMIDADE DAS MEDIDAS DE


SEGURANÇA
Como as medidas de segurança só se aplicam na realização de um facto ilícito típico, no
nosso sistema não existem medidas de segurança pré-eventuais.
Porque é que há um problema de proteção de bens jurídicos em relação em alguns
indivíduos? Caracterizam-se por ser criminosos. Primeiro não podem ser punidos por
falta de imputabilidade. Um dos pressupostos da culpa. Não são imputáveis por
razões de idade. Nesse caso o Direito Penal não se aplica. Também podem ser
inimputáveis por razões de anomalia psíquica.
Outro grupo de situações que leva a desproteção dos bens jurídicos . A perigosidade
não pode ser colmatada pelos meios comuns. [69º] proibição da condução de veículos
de motor. Esta pena acessória pode não ser suficiente para contrariar a perigosidade
especial de certos indivíduos. A pena do 69º não responde a certos casos de
perigosidade. Aqui incluem-se também os delinquentes por tendência.
Os fins das medidas de segurança estão no mesmo local que os fins das penas. Artigo
40º. No caso das PENAS, a finalidade mais importante é a de prevenção geral.
Como vamos determinar a pena concreta. Depois daí vamos enquadrar as
finalidades de prevenção especial. A secundária. Sempre numa prevenção positiva.
No caso das MEDIDAS DE SEGURANÇA a finalidade de prevenção especial. quer
na sua vertente positiva. Para além da vertente positiva, podemos também falar
em prevenção especial negativa. Quando pensamos numa vertente psicológica, não
parece legitimo, impor ao condenado este tipo de acompanhamento. O mesmo não tem
um tipo de doença. Não posso obrigá-lo a tratar-se. A ressocialização é um direito do
condenado. No caso do inimputável, embora eu não possa impor o tratamento, os
pressupostos da medida de segurança, são o facto ilícito e a perigosidade. Esta
pode determinar a reapreciação de dois em dois anos da medida de segurança, que
pode aumentar, ou ir para além da “pena”, estabelecida pela medida de segurança,
inicialmente. No caso dos inimputáveis, enquanto o condenado é considerado como
perigoso, vê-se privado da sua liberdade se necessário. Isto é suficientemente aliciante
para o condenado, para que este aceite a medida de segurança nos moldes que o estado
propõe, mesmo que a medida de segurança necessite de uma reapreciação. Não há
prevenção geral das medidas de segurança.
Os autores que defendem que não há finalidades de prevenção geral das medidas
de segurança, falam na não necessidade de reintegração do valor da norma, pois o
comum cidadão não se vê nos atos praticados pelos agentes infratores. Além do
mais, hostilizam o facto ilícito. A pessoa não se identifica com o facto praticado pelo
inimputável. Logo a norma não se vê fragilizada. Além disso, mesmo se ver que a
norma está fragilizada, o cidadão comum não irá praticar a norma, porque não se
revê na mesma.
DIAS, diz que temos de ler aquilo que está no Código. O mesmo diz claramente que há
finalidades de aplicação geral nas medidas de segurança, pelos menos quando os factos
são mais graves. Medida de Segurança de Internamento. Artigos 91ºe ss. [91º e 92º]
isto nos remete para a prevenção geral. Quando os factos forem tão graves como os
enunciados, mesmo que a prevenção especial não conste internamento, as
exigências de prevenção geral a forçam a cumprir internamento, mínimo de 3
anos. Pessoas imputáveis. O agente pode não ser perigoso, nas exigências do ponto de
vista da prevenção especial. Mas enquanto a comunidade não se sentir segura, não
posso libertá-lo. Ou seja, nestes casos mais graves, não só a prevenção geral está
presente na aplicação de uma medida de segurança, como também é a finalidade
mais importante da medida de segurança.
Quando aplicamos uma medida de segurança, à partida, a finalidade é de
prevenção especial. Mas nos factos mais graves, a finalidade da prevenção geral,
não só está presente como é a que mais de destaca.
Quando apreciamos um imputável, apreciamos a sua culpa no momento do facto.
Depois, a pessoa cumpre a sanção e não volto a apreciar a sua culpa. Quando falo de
perigosidade, não só aprecio a aprecio no momento do facto, bem como no momento
posterior. Da condenação. E mesmo, após esta, posso reapreciar a mesma
constantemente. Só é libertada se a comunidade já não a considerar como perigosa.
Uma das críticas dirigidas à reapreciação é o facto de até alguma altura, a mesma já
não é uma resposta ao facto. Quase como um instrumento de controlo social.
Dois tipos de reações criminais. Penas e Medidas de Segurança [Privativas da Liberdade
e Não Privativas da Liberdade]

CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REAÇÕES


CRIMINAIS
Duas formas de definir um sistema de reações criminais. Como designar um sistema
como dualista ou como monista. Como determinar? O sistema dir-se-á Monista, ao
mesmo agente, pelo mesmo facto se aplica uma pena de prisão ou uma medida de
segurança de internamento. Cada agente por cada facto que pratica, para ser um sistema
monista, só pode ter UMA reação privativa de liberdade. Será um sistema Dualista, ao
mesmo agente, pelo mesmo facto, pode-se aplicar uma pena de prisão e uma medida de
segurança de internamento. Logo DUAS reações privativas da liberdade.
O nosso sistema é MONISTA. Ou aplicamos uma pena de prisão, ou a analisar a sua
perigosidade aplicamos uma medida de segurança.

VICARIATO NA EXECUÇÃO | PENA RELATIVAMENTE


INDETERMINADA
Duas figuras que temos de questionar se colocam ou não em causa o monismo do
sistema. Sem estas duas figuras não podemos justificar o monismo do ordenamento
jurídico português. [CASOS PRÁTICOS NÃO SAEM]
Vicariato na Execução [99º Código Penal] [transcrever] o mesmo agente ter uma pena
de prisão para cumprir e uma medida de segurança para cumprir. O vicariato de
execução ocorre quando um agente tem uma anomalia psíquica. É apreciado enquanto
inimputável, por força da sua anomalia psíquica. Mas a mesma condiciona, limita a sua
capacidade de perceber determinado tipo de factos. Como por exemplo, o caso da
cleptomania. Uma pessoa que pratica um furto. Para o crime de furto vai ser
considerada como inimputável. A perigosidade da pessoa pode justificar o
internamento. É considerada como inimputável para este facto. Quanto ao crime de
ofensa à integridade física, a mesma tem de ser considerada como imputável, pois a
sua anomalia psíquica não justifica o facto ilícito de ofensa à integridade física.
Por força do Vicariato podemos dizer que o nosso sistema não é monista? NÃO. Factos
diferentes. Reações privativas de liberdade diferentes, consoante o facto.
[ARTIGO 99º Código Penal]
A pessoa foi condenada por dois factos. Um por pena de prisão. E internamento.
Cumpre quatro anos de internamento. Depois se as exigências de prevenção geral forem
cumpridas, pode ser colocado em liberdade condicional.
3 anos de internamento e 7 anos de prisão. Falta meio ano? Prisão? [99º] cumpre três
anos de internamento. Falta meio ano. Pode fazer um requerimento para não cumprir
pena de prisão e fazer trabalho de comunidade. Se as exigências de prevenção geral
forem cumpridas.
2 anos de internamento e 3 anos de prisão. Já cumpriu metade. Mas o tribunal diz que
as exigências de prevenção geral não foram cumpridas [nº4] mesmo que não estejam
satisfeitas as exigências de prevenção geral, a pessoa é colocada em situação em
liberdade condicional. Descontar sempre o tempo de internamento ao tempo de prisão.
Dois factos diferentes. Duas reações diferentes.
Pena Relativamente Indeterminada [83º, 84º e 85º] Três pressupostos. Primeiro, o facto
atual. Tem de ser um crime. Doloso. Com uma pena de prisão efetiva superior a dois
anos. Segundo, os factos anteriores. Tem de ser dois ou mais crimes. Todos dolosos.
Todos com pena superior efetiva de dois anos. Personalidade, que revele inclinação
para o crime após uma conciliação dos factos atuais e anteriores. Estando verificados os
pressupostos da reincidência e da pena indeterminada, favorece-se sempre a pena
indeterminada [76º, nº2].
Para o facto atual. A partir deste, cálculo a pena indeterminada. Calculada a pena
concreta em função das exigências da prevenção geral. Limite da culpa. A pena
concreta é de 12 anos de prisão. MÍNIMO DA PRI [8 ANOS] MÁXIMO DA PRI [+6]
O agente é condenado numa PRI de 8-18 anos. Só durante a execução da PRI, é que
vai saber a pena em concreto. A pena indeterminada tem características de pena e de
medida de segurança. Mas não é a mera soma de uma pena mais medida de segurança.
É o terceiro tipo de reação criminal. Não é a soma, pois assim, o nosso sistema seria
dualista. Penas [Imputáveis – Facto Típico Ilícito + Culpa] | Medida de Segurança
[Inimputáveis – Facto Típico Ilícito + Perigosidade] | Penas Indeterminadas [Imputáveis
- Facto Típico Ilícito + Fatos Atuais e Anteriores + Personalidade].
As PRI, imputáveis. Fatos atuais e anteriores. Personalidade. Cumprida num
estabelecimento prisional. PRESSUPOSTO DA CULPA. Tem um limite máximo
inultrapassável. Personalidade, avaliado como pressuposto prático autónomo e
fundamenta a privação da liberdade para lá daquilo que era a pena que concretamente
caberia ao crime [elementos que a aproxima da medida de segurança]. Não pode haver
pena para além da culpa. Até aos 12 anos ele cumpre uma pena. Princípio da
Unilateralidade da culpa não pode ser ultrapassado. Justifico o ultrapassar da culpa,
através da personalidade. Outra característica que aproxima a pena indeterminada da
medida de segurança é o facto de, pois, ser indeterminada. As penas nunca são
indeterminadas. As medidas de segurança, também são indeterminadas em factos
ilícitos muito graves.
PRESSUPOSTOS DO ARTIGO 84º para a PRI [facto atual e anterior, doloso e pena de
prisão efetiva] Facto anterior – quatro ou mais crimes, com pena de prisão efetiva
superior a 2 anos; Personalidade, que revela a inclinação para o crime. Pena concreta
que caberia ao crime + mínimo da PRI [2/3 da pena que caberia ao crime] | máximo [+4
anos]
PRESSUPOSTOS DO ARTIGO 85º, que não funciona sozinho. Regime favorável
para agentes com menos de 25 anos. Se aplica conjuntamente ou com o Artigo 83º ou
com o Artigo 84º. Quando verificados os pressupostos de um dos Artigos
supramencionados, e o agente tinha menos de 25 anos na altura da prática do facto.
Vamos sempre subtrair 2 anos ao limite máximo da PRI, quando a cálculo a partir
do Artigo 83º e do Artigo 84º. No 83º em vez de somarmos mais +6, somamos +4; no
caso do Artigo 84 em vez de +4, somamos +2.

O PRESSUPOSTO DA PERIGOSIDADE DO CRIMINAL


Efeito para o passado e para o futuro. Isto também explica que a perigosidade tenha um
reflexo particular na duração das medidas de segurança.
Não existe no nosso direito medidas de segurança pré-deliquais. Uma exceção, da
prisão preventiva no processo penal.
Esta ideia das medidas de segurança pré-deliquais, também apontava para um direito
penal diferente daquele que temos hoje. Um direito penal centrado no agente e não no
facto.
Medidas de segurança não estão sujeitas ao princípio da culpa. Mas têm limites
concedidos pelo princípio da proporcionalidade [art. 92º, nº2]. O nº3 inclui algumas
exceções à proporcionalidade.

Quais as finalidades que as medidas de segurança servem?


A principal finalidade das penas é a prevenção geral ou positiva de integração, no
direito português. A prevenção especial positiva. As medidas de segurança têm alguma
finalidade de prevenção geral? Esgotam-se na prevenção especial. No que diz respeito
aos inimputáveis a sociedade não segue o exemplo.
Este entendimento tem dois problemas. As medidas de segurança destinam-se
sobretudo aos inimputáveis, mas não se esgotam nestes. Em segundo lugar, certas
medidas de segurança podem ter um efeito de prevenção geral. Existe um receio na
comunidade de que essas possam a ser utilizadas nos atos de outros membros. Algumas
medidas de segurança podem ter um efeito de prevenção geral.
Uma norma no nosso código penal, em certos casos integrados, relativo a medidas de
segurança de internamento. [91º, nº2] introduz uma exceção às normas relativas a
medidas de segurança. Se o crime for um crime grave, a pessoa não é libertada, a
pessoa tem de ficar pelo menos 3 anos internada. Afloramento excecional de
exigências de prevenção geral. Medidas de segurança devem realizar funções de
socialização e recuperação do agente bem como de segurança. Prevenção geral positiva
de reabilitação do agente infrator. Uma exceção a este princípio no art. 254º a), nº2.
Crimes de incêndio florestal.
Reserva de juiz. As medidas de segurança só podem ser aplicadas pelo poder
judicial. Nomeadamente um juiz. A este propósito começa hoje a ganhar corpo. A
competência para a aplicação destas medidas foi sempre discutida consoante o contexto
em que essas mesmas questões foram realçadas. Contexto jurídico.

SISTEMAS MONISTAS | SISTEMAS DUALISTAS


Num sistema monista existe uma relação unívoca entre as penas e os imputáveis.
As penas são só aplicadas aos imputáveis. E os imputáveis são sujeitos a essas
penas. Num sistema dualista as penas podem ser aplicadas a imputáveis e a não
imputáveis pelo mesmo facto. - Sentidos possíveis do “dualismo” que não causam
problemas: previsão de duas espécies de reações criminais no ordenamento jurídico;
aplicação cumulativa de penas e medidas de segurança por factos diferentes.
Num sistema monista o imputável é implicado a uma pena. O não imputável é
implicado a uma medida de segurança. Sistema tendencialmente monista ou monista
prático. Aplicação co-recíproca.
DELINQUENTES POR TENDÊNCIA. O primeiro grupo está regulado [93º e ss.]
agentes multireicidentes. Os pressupostos. Alguém que cometeu um crime de média
gravidade. Cometeu no passado mais de dois crimes penalizados com prisão efetiva.
Juízo de perigosidade. Pena relativamente indeterminada. [nº2] a PENA
INDETERMINADA não é uma medida de segurança. Mas na sua aplicação e
execução tem elementos que nos remetem para as medidas de segurança.
Estamos aqui a intervir sobre a liberdade da pessoa acima do limite da culpa.
Podemos prorrogar uma pena para lá do limite máximo. A partir do momento que
passam os 16 anos, já não é uma pena, mas sim uma medida de segurança. Culpa
pela NÃO FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE. Quem tem uma elevada acentuação
para o crime, tem o dever de combater esta inclinação. Logo a pena indeterminada é
mais penosa.
Duas falácias. Primeiro, ninguém tem o dever de construir a sua personalidade de
acordo com os valores jurídicos. Esta ideia da culpa pela não formação da
personalidade para evitar uma infração especial não é hoje uma construção viável.
O segundo ponto, mais teórico ou técnico. Quando um sistema jurídico impõe certas
qualidades de pena, calcula o limite máximo de pena da restrição da liberdade como
forma de proteção da vida. Toda a censura individual que se faz a essa pessoa, tem de
seguir essa lógica. Não podemos legitimar a continuação de uma pena para lá do
momento em que expira a pena. Não é possível defender que a pena indeterminada
é legitimada pela culpa, mas sim pela perigosidade e medidas de segurança. Mas
no fim, será sempre uma pena.

[20º, nº2 e nº3] IMPUTABILIDADE DIMINUÍDA. Em geral a inimputabilidade, a


existência de uma anormalidade psíquica. Esta capacidade pode ser diminuída. Existem
casos onde o agente tem capacidade para avaliar a ilicitude do facto. Se esta
capacidade for muito diminuída, as penas serão mais leves. O juiz permite a declaração
desta pessoa imputável, como inimputável. Para o efeito de aplicar uma medida de
segurança.

Porque é que a pena indeterminada é necessária para o ultrapassar do


limite máximo daquele facto/culpa?
Porque quando o legislador calcula o limite máximo, ele está a pensar nos casos
comuns. Standard.

SISTEMAS DUALISTAS
[esquema]
__________________________________
O nosso sistema é monista. Formalmente. Se nós entendermos que para este efeito,
monalismo/dualismo só interessam as medidas detentivas. Não afeta o sistema monista
o facto de algumas medidas de segurança serem imputáveis a […] só se aplicam penas a
agentes imputáveis. Não se aplicam medidas de segurança a imputáveis. É possível
aplicar uma medida de segurança de cassação da licença de condução a uma pessoa
imputável. O tribunal pode considerar como imputável para um determinado
crime, mas não imputável para outro crime, mesmo dentro do mesmo processo.
Quando se trata de fatos diferentes, não é um problema de monismo ou dualismo. Se o
sistema português se apresenta como formalmente monista, temos de facto dois casos de
alguma forma especiais. A pena indeterminada pode passar a medida de segurança.
Eduardo Correia: Sistema português é monista porque o dualismo pressupõe: 1)
cumulação de penas e medidas de segurança 2) detentivas 3) pelo mesmo facto
Figueiredo Dias: para a caracterização do sistema de reações criminais, a natureza
detentivas das reações criminais é irrelevante; basta que se cumulem penas e medidas
de segurança pelo mesmo facto para que se esteja perante um sistema dualista

CONCEITO MATERIAL DE CRIME


Segundo o Positivismo, crime é o que está na lei. Depois começou-se a entender que
crime não é apenas aquilo que o legislador diz. Os comportamentos deviantes,
preconizados pela Criminologia. Transcender o legislado para se alcançar uma outra
noção trans jurídica. Encontrar os crimes fora dos códigos penais. DURKHEIM vem
dizer que a ideia de GAROFFOLO é muito vaga e não é real. Os vários Códigos Penais
dos vários países, os povos têm leis penais diferentes. Estes sentimentos de piedade são
muito incertos. Segundo DURKHEIM, crime tem elevadas consequências sociais. Os
crimes contrariam os valores ético-sociais de ação. Esta ideia de WELTZEL, é difícil de
aceitar pois aquilo que caracteriza as nossas sociedades é a pluralidade ética.

Todo o discurso da descriminalização é inerentemente político


Não podemos dissociar o crime da função do direito penal. Temos de olhar para o
crime numa perspetiva funcional-teleológica e funcional. Temos de olhar para o crime
do ponto de vista da função do direito penal. Aquilo adequado para que o direito
penal cumpra a sua função. Vimos já que a função do direito penal é a tutela dos bens
jurídicos.

O que é então um bem jurídico?


A noção surge no século XIX, na Alemanha, como bem para o direito. Esta noção de
bem jurídico acaba por coincidir com os direitos individuais. Direitos trazidos pelas
revoluções liberais vitoriosas. Direitos subjetivos. Das pessoas. Este conteúdo altera-se
no século XIX ao dar ao bem jurídico um conteúdo mais social. Esta mudança de
perspetiva tem consequências importantes. Permitiu compreender que há dimensões
destes bens que não são redutíveis aquilo que cada um quer fazer com estes
direitos. Numa perspetiva que estes bens não se reconduzem às capacidades que
cada sujeito de direito tem sobre eles. Casos em que o proprietário do direito
queira aniquilar o bem jurídico a sociedade pode impor limites a esse arbítrio.
FUNÇÃO HERMENÊUTICA DO BEM JURÍDICO. Aquilo que nos ajuda a interpretar
cada tipo de crime. Esta visão normativista do bem jurídico acabava por entregar
poder ao legislador de dizer o que era crime ou o que não era crime. Esta dimensão
teleológica ajuda a compreender a lei penal.

Onde é que encontramos a definição dos bens jurídicos relevantes?


Os bens jurídicos integram o corpo social. Pertencem à comunidade. Atendendo a essa
ressonância social, autores vieram falar da DISFUNCIONALIDADE SISTÉMICA.
Tudo aquilo que não permite ao social cumprir os seus objetivos. Falo de
AMELUNG E JAKOBS. Tudo é suscetível de ser disfuncionalidade sistémica. Mesmos
comportamentos de reduzido grau de animosidade.
Outros autores tentam compor a categoria de bem jurídico, recorrendo a
categorias da categoria social. Como AUGUSTO SILVARIAS. Procurou distinguir
dois mundos. O mundo da vida. E o mundo da morte.
O SISTEMA PESSOAL é constitutivo do modo de ser da pessoa. A pessoa não vive
sozinha. É alguém que exige certas prestações sociais do estado. Bens meio e bens fim.
Os bens meios são instrumentais, em relação aos bens fim, mas ainda podem reclamar
valor relativamente aos bens fim.

Onde é que vamos encontrar os bens jurídicos de interesse ao direito


penal?
NA CONSTITUIÇÃO. É aí que o Direito Penal encontra bens jurídicos de interesse ao
Direito Penal, mas também imanentes à Constituição. Não podem ser de interesse ao
Direito Penal, bens jurídicos que não são de interesse ao direito penal.

[ESQUEMA]
Temos na base da pirâmide milhares de interesses. Bens. Valores. Alguns desses
interesses são elevados à categoria de bens jurídico-constitucionais.
Dentro deste esquema encontramos valores dignos de tutela penal. Pode haver certos
bens constitucionais que não são suficientemente importantes, em que o seu atentado
não resulte numa pena para o agente infrator.
No topo, bens jurídicos que têm de ser protegidos pelo direito penal. Não é necessário
apenas que um bem tenha o direito e/ou seja digno de tutela penal. Existem bens que
necessitam também dessa proteção. Quando encontramos esse leque de bens jurídicos
que carecem de tutela penal, encontramos bens homólogos aos Direitos
Fundamentais. Os DLG. E os Direitos Sociais. O Direito Penal secundário.
Impossibilidade de criminalizar condutas com caráter fundamentalmente moral.
Aula Data Hora de Início Duração Docentes
5 2022-11-02 15:15 3h Pedro Caeiro
1. O conteúdo material do conceito de crime (continuação: bem jurídico, sistema social e sistema constitucional)

2. A definição social de crime

3. A crise atual do “direito penal do bem jurídico”*

7.º Capítulo - Os limites do direito penal

1. Direito penal e direito de mera ordenação social (direito das contraordenações): penas criminais e coimas

* Não é matéria de avaliação

A constituição delimita o universo de bens jurídicos que podem ser protegidos pelo
direito penal. De forma negativa. Também se projeta em dois ramos do Direito Penal.
Os dois ramos. O Direito Penal Clássico, de Justiça, e o Direito Penal Secundário. O
que subjaz a cada um destes ramos de direito são os Direitos Fundamentais. Os DLG e
os Direitos Sociais. [AULA ANTERIOR]
Não podem ser objeto da tutela penal meras proposições morais. Em 1995 este regime
dos crimes sexuais teve uma revolução. Deixaram de ser vistos como crimes contra a
sociedade, e passaram a ser vistos como crimes contra a pessoa. Proteção dos bens
jurídicos da liberdade e da autonomia das pessoas. Rejeição da criminalização com base
em conceções puramente morais.
Também a rejeição da criminalização baseada em conceções puramente
ideológicas. Também não é admissível utilizar o Direito Penal como forma de
comunicar à sociedade certos propósitos.
Por último, não se pode admitir a utilização do direito penal para a proteção de
valores de mera ordenação. Num estado atual, muito regulador. De Direito. O estado
de hoje é muito regulador. O que subjaz a estas regras são valores de ordenação da vida
social. Não basta infringir uma regra destas para que haja um crime.
Esta perspetiva da exigência de um bem jurídico como princípio da legitimidade
do Direito Penal, tem sido acolhida pelo nosso Tribunal Constitucional, de forma
reiterada. Outro Acórdão importante [2021] sobre a inconstitucionalidade da norma
prevista no Artigo 169º do Código Penal [Lenocínio] o TC considerou como
inconstitucional essa norma. Não exige uma situação de vulnerabilidade da vítima. O
simples auxílio à prostituição não atinge o bem jurídico da liberdade sexual da pessoa.
Esta norma viria a ser revertida. No Acórdão do Plenário, venceu a tese da não
inconstitucionalidade, mantendo-se a norma em vigor.
Para que haja um crime legítimo, é necessário que essa conduta, lese um bem
jurídico digno de proteção do Direito Penal.
Contudo não basta um bem jurídico digno de proteção penal. Além disso, a conduta
que se quer criminalizar tem de ser digna do Direito Penal. A propriedade e o
património são protegidos pelo Direito Penal. Isto não significa que todas as condutas
que atinjam a propriedade e o património estejam legitimadas pelo Direito Penal.
Quem não paga renda, afeta o património da contraparte. Isto não significa que esta
conduta, deva ser criminalizada, embora atinja um bem jurídico. É necessário que a
conduta seja digna no Direito Penal. Aqui, depois de falarmos da Fragmentaridade em
Primeiro Grau, a Fragmentaridade do Segundo Grau, onde nem todas as condutas que
atinjam um bem jurídico digno de proteção, são passíveis de ser criminalizadas pelo
Direito Penal. Só algumas são selecionadas.

Decompor o PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO


AMPLO
Primeiro, é necessário que o Direito Penal seja EFICAZ. Adequado à proteção do bem
jurídico contra essa conduta. Toda a gente considera que o feto, ou a sua proteção é
digna de proteção pelo Direito Penal. Apesar da vida intrauterina ser protegida pelo
Direito Penal, o mesmo não é capaz de prevenir certas condutas que atingem esse bem
jurídico. Por isso se descriminalizou a interrupção voluntária da gravidez até às 12
semanas. O Direito Penal é de último recurso. Nem sempre eficaz; em segundo lugar
a norma penal tem de ser NECESSÁRIA. Só quando se mostre que o direito penal é
necessário porque não existe outra forma de proteção do bem jurídico é que se
legitima o recurso ao mesmo. Antes o crime, do cheque sem provisão. Responsável
por 90% dos processos que chegavam a julgamento. O regime do cheque sem provisão,
permitia a exclusão de consequência penal se o arguido pagasse uma quantia. A questão
da necessidade da lei penal para este efeito. O que estava em causa eram quantias muito
pequenas. Ou o arguido não havia enganado o credor. A simples emissão do cheque que
depois não tem provisão, não é uma conduta que deva ser punida pelo Direito Penal,
porque existem outros meios para os credores reaverem o seu crédito. Não recurso
ao Direito Penal, porque existem outros meios para ajuizar aquela conduta.
QUESTÃO DE SABER SE A CONSTITUIÇÃO TEM IMPOSIÇÕES DE
CRIMINALIZAÇÃO
Se obriga o legislador originário a criminalizar certas condutas. Não existem
muitas normas a esse propósito, mas a Constituição pode prever as mesmas. Como
no Artigo 117º. Saber se a Constituição impõe implicitamente a consagração de certas
condutas como crime. Aqui é o legislador ordinário que tem a liberdade de decidir sobre
a criminalização da conduta. Cabe dentro da discricionariedade do legislador ordinário.
O Direito Penal atual deve seguir esta ideia de não intervenção moderada, que se opõe a
uma não intervenção radical.

DEFINIÇÃO MATERIAL DE CRIME


[ESQUEMA]
Criminalidade Real. Criminalidade Conhecida. Criminalidade Investigada. Princípio da
obrigatoriedade penal. Acusações. Nem toda a criminalidade investigada é acusada. Não
se reúne prova suficiente. Pode existir uma desistência de queixa. As acusações são em
número inferior aos crimes investigados. Condenações [crime em sentido jurídico].
Espera-se que as mesmas sejam menores que as acusações. O número de casos que
podemos chamar crime, transitado em julgado.

A CRISE DO DIREITO PENAL E DO BEM JURÍDICO


O Direito Penal e o bem jurídico aparece associado a uma certa forma de compreensão
do direito penal depois do Iluminismo. Para se punir alguém era necessário um base
de proporcionalidade, racionalidade. O que acontece hoje é que esses bens
jurídicos vindos do Iluminismo, são bens jurídicos individuais. Pessoais.
Correspondentes aos direitos subjetivos das pessoas. Surge no fim do século XX, a
chamada Sociedade do Risco, quem vem alterar de uma certa maneira, o juízo que a
sociedade faz relativamente à proteção de certos interesses. Hoje vários riscos,
diferentes daqueles provenientes da atividade industrial. Riscos difusos. Riscos que
afetam toda a Humanidade. Isto traz problemas que podem ser incompatíveis com o
Direito Penal do bem jurídico. Não podemos dizer que um acerta conduta afeta um
bem jurídico [palpável] além disso a sociedade do risco se projeta em alguns elementos
do crime. Na interpretação objetiva, necessária a um juízo que nos permite afirmar que a
conduta de A foi causa do resultado da X. O mesmo no plano da culpa.
Responsabilidade Objetiva. No caso da autora também. Grande parte destas condutas
são praticadas por empresas.

Que soluções é que se apontam para a solução destes problemas?


Escola Frankfurt, ao lado do Direito Penal, o Direito de Intervenção.
No lado oposto, o desafio do direito penal de hoje, é precisamente ter de responder
a estas novas questões. É preciso aplicar a pena do Direito Penal a estas penas. Até
é conveniente governamentalizar o Direito Penal. O Governo tem de estar dotado do
Direito Penal. Dentro desta visão, o Direito Penal do Risco, que se desliga
completamente da noção de bem jurídico. O facto é acidental. Um pretexto para
encontrar um criminoso. Nesta visão das coisas o bem jurídico é perfeitamente
dispensável. Só necessários critérios para determinar pessoas perigosas. Como nos
EUA, onde o Direito Penal, que gere indivíduos perigosos que ninguém conseguiu
gerir, logo cabe ao Direito Penal, em última instância gerir os mesmos. O Direito
Penal dever ser muito mais interventivo.
Entre estas soluções extremas algumas soluções mais moderadas. STRATWERTH. O
Direito Penal deve intervir na proteção dos bens jurídicos das gerações futuras.
Outra perspetiva trazida por SILVA SANCHÉZ, que começou por reconhecer a
expansão do Direito Penal. Há uma expansão razoável e uma expansão não razoável.
Por vezes uma expansão ditada por razões populistas e outros casos onde se justifique a
expansão do direito penal. Criar um direito penal a duas velocidades face a estas novas
condutas passíveis de criminalização. Primeiro uma velocidade do Direito Penal
Clássico e uma velocidade mais flexível, de segunda velocidade, destinada a
proteger a economia ou o ambiente, não se pode utilizar penas privativas, de
prisão. Logo, como não estão em causa bens jurídicos tão importantes como a
liberdade, se admite uma maior flexibilidade face a estes princípios menos tradicionais.
Uma terceira perspetiva, trazida por SILVA DIAS e SÉRGIO […], onde o Direito
Penal se limita aos bens individuais e aos bens jurídicos coletivos com referência
individual, como a saúde pública. O ambiente. A segurança no tráfego rodoviário. O
Direito Penal se devia limitar só a isto. Tudo o resto devia ser expulso.
ALMEIDA COSTA, proteção antecipada dos bens individuais.
Tudo isto visa responder à questão se se justifica o abandono do bem jurídico,
como forma de dar resposta eficiente e eficaz a estas novas formas de ofensa. Em
caso algum, deve o Direito Penal deve ser um instrumento de governo da sociedade. O
Direito Penal não deve ser instrumento, de promoção ou comunicação
oportunistas. Também é verdade que o Direito Penal, não pode ignorar alguns dos
problemas supramencionados.
INTEGRIDADE DO PATRIMÓNIO GENÉTICO. Aqui o Direito Penal choca com a
liberdade científica. Ela um bem jurídico constitucional.
Os bens jurídicos não são realidades estáticas. Sujeitos à evolução histórica. É possível
compreender estes bens jurídicos como o ambiente numa dimensão de futuro não
presente nos bens jurídicos tradicionais. O bem jurídico além de não ter uma vida
estática, está sujeito a mudar a sua forma. A categoria de bem jurídico pode ser mais
aberta.
[Atos praticados contra animais de companhia]
A ideia é manter o direito penal do bem jurídico. Sem prejuízo de um lado estar atento à
evolução histórica dos bens jurídicos. Ou a evolução da própria categoria de bem
jurídico. Não devemos misturar as dificuldades que podem suscitar estas novas
realidades na construção da infração. Estas dificuldades não devem ser
impeditivas no reconhecimento destas novas condutas. Com isto, terminado o
conceito material de crime. O papel fulcral do bem jurídico nesta matéria.

Como é que se distingue o Direito Penal de outros ramos do Direito. [OS LIMITES
DO DIRIETO PENAL EM FACE DE OUTROS RAMOS DO DIREITO
SANCIONATÓRIO]
Direito de Mera Ordenação Social – até às revoluções liberais o estado era muito
interventivo. O Estado Polícia.
Com as revoluções liberais, a instauração do princípio liberal segundo o qual as
restrições dos direitos das pessoas devem ser as menores possíveis. Contrário ao
estado polícia. Segundo ponto, a administração deve obediência à lei. A
administração em vez de ter aquela função de promoção do estado de vida social,
passa agora a ter uma função de mera prevenção de perigo. Essas regras
administrativas passam a assumir a natureza das chamadas contravenções. O Direito
Português nunca assumiu as mesmas. Contravenções eram infrações criminais que
atentavam contra interesses sobretudo administrativos. Surgiu a partir do século XIX e
XX.
No fim da Segunda Guerra Mundial, a necessidade da reconstrução do continente
europeu depois da guerra. Estabeleceram-se metas. Programas. Com dinheiros
públicos. Para fazer cumprir essas regras utilizar o Direito Penal. Aqui a
administração se torna interventiva. Contrário da atuação da administração liberal.
Guarda noturno. Esta nova administração juridificada, mais próxima do estado polícia.
Resulta daí uma HIPER-CRIMINALIZAÇÃO. Tudo era crime ou contravenção.
Consequências nefastas. Em primeiro lugar o Direito Penal perdeu alguma da sua
autoridade. Se tudo é crime, nada é crime. Além disso, dificuldades teóricas, porque
era posto em causa o princípio da subsidiariedade da lei penal, isto é utilizada
somente em última instância. Em termos práticos e processuais, também pois a hiper-
criminalização aumentou a carga de trabalho dos tribunais.

Por isso surge uma corrente que purificou o Direito Penal


Temos de arranjar outra forma de regulamentar estas condutas. Daí surge um forte
MOVIMENTO DE DESCRIMINALIZAÇÃO. Na Alemanha, violações da ordem.
[1949] leva também a uma divisão daquilo que se chamava o Direito Penal
Administrativo. Dividido em dois ramos diferentes. Por um lado, aquelas condutas,
mais relevantes. Mais graves. Que atentam contra bens jurídicos, passam a
integrar o DIREITO PENAL SECUNDÁRIO. Por outro lado, as condutas com menos
relevância, passam então a ser contraordenações. Meros atos ilícitos
administrativos. Já fora do Direito Penal, ramo de direito puramente
administrativo. Não aplica penas. Não tem processo penal.
Em Portugal, acontece um processo semelhante, a partir de 1969. EDUARDO
CORREIRO, Ministro de Justiça. Criar o direito de mero ordenamento social.
Purificar o Direito Penal. Assim que nasce o DIREITO DE MERA ORDENAÇÃO
SOCIAL, com o objetivo de substituir as meras contravenções. Algumas são crimes,
outras meras contraordenações sociais. Eliminar o conceito de contravenções. Na
realidade as contravenções continuaram a existir até em 2006. Só aí se concluiu o
processo de extinção das contravenções.

COMO É QUE SE CARACTERIZA O DIREITO DE MERA


ORDENAÇÃO SOCIAL?
O regime está no [Decreto-Lei 433/32] é um Direito Sancionatório externo da
Administração. O seu fim é a aplicação de sanções. Dois sentidos. Visa tutelar
essencialmente interesses administrativos. Em segundo lugar, é o direito aplicável pela
própria administração, em primeira instância.
Reserva de Assembleia da República só incide sobre o regime geral das
contraordenações. A Administração pode ela própria criar contraordenações.
Importa referir um traço relevante agora. A sua progressiva aproximação ao Direito
Penal. O legislador foi aumentando cada vez mais a gravidade das sanções. Das coimas
aplicadas. Por outro lado, as sanções acessórias. O legislador começou a consagrar
várias sanções acessórias que se aproximam muito das penas do Direito Penal com
esse conteúdo. O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos não pode dizer o que é
crime ou não, mas se as sanções forem muito graves, mesmo que as mesmas estejam
categorizadas como contraordenações, têm de respeitar determinados trâmites do
Direito Penal.
Último ponto. As Codificações Sectoriais. Distinção do Direito de Mera Ordenação
Social com o Direito Penal. Uma distinção material ou social? De qualidade ou
quantidade? Natureza? Várias perspetivas possíveis. Existe uma distinção material
entre os dois direitos. O Direito de Mera Ordenação Social, pune condutas sem
relevância ética que não protegem bens jurídicos. O Direito Penal pune condutas
com relevância ética e que protegem bens jurídicos.
Outros dizem que existe apenas uma diferença de grau. Se eu conduzir com um
determinado nível de álcool no sangue [punível com coima] é uma contraordenação; se
o meu nível de álcool for punível com pena [crime].
Aula Data Hora de Início Duração Docentes
6 2022-11-09 15:15 3h Pedro Caeiro
1. Direito penal e direito de mera ordenação social (direito das contraordenações): penas criminais e coimas (cont.)

2. Direito penal e direito disciplinar: penas criminais e sanções (medidas) disciplinares

3. Direito penal e direito processual: penas criminais e sanções (medidas) de ordenação ou conformação processual

4. Direito penal e direito privado: penas criminais e penas privadas


Título III - A lei penal e a sua aplicação

8.º Capítulo - O princípio da legalidade da intervenção penal

1. O sentido do princípio nullum crimen, nulla poena sine lege

2. O plano do âmbito de aplicação do princípio (contra reum)

3. O plano da fonte (lex scripta)

4. A determinabilidade do tipo legal (lex certa)

5. A proibição da analogia (lex stricta)

6. A proibição da retroatividade (lex praevia): remissão

VII. OS LIMITES DO DIREITO PENAL


EM FACE DE OUTROS RAMOS DO
DIREITOSANCIONATÓRIO

1. DIREITO PENAL E DIREITO DE MERA ORDENAÇÃO SOCIAL,


OU DIREITO DAS CONTRAORDENAÇÕES (DMOS)

1.1. Do Estado de Polícia ao Estado liberal;


1.2. As revoluções liberais e a subordinação da Administração ao direito: prevenção de
perigos e contravenções (como infrações criminais);
1.3. O Estado social (1945) e a intervenção conformadora da Administração: a hiper-
criminalização e o “direito penal administrativo”; hipertrofia do Direito Penal;
1.4. O DMOS (1949 na Alemanha, 1979 em Portugal) e a divisão do direito penal
administrativo: crimes (direito penal secundário, ou económico) e contraordenações;
substituição total das contravenções em 2006;
1.5. Características essenciais do DMOS (regime geral: DL 433/82);
1.6. Evolução recente: aproximação ao DP: gravidade das sanções, sanções acessórias,
garantias, incluindo constitucionais (relembrar jurisprudência do TEDH); codificações
sectoriais (instituições de crédito, sector energético, concorrência…);
1.7. A questão da distinção material ou formal, qualitativa ou quantitativa:
A. dois planos: a aplicação (art. 1º, nº 1, DL 433/82) e a decisão legislativa;
B. o critério da presença de um bem jurídico (como delimitação negativa);
C. o critério da relevância axiológica da conduta proibida (não da proibição);
D. posição adoptada: a rejeição de proposições gerais e o papel decisivo do
princípio da necessidade (ultima ratio) da lei penal; sindicância pelo TC?
1.8. Sanções: coimas (mas: art. 15º-2 L 30/2000) e interdições de direitos; a execução
1.9. O futuro: um regime (um direito?) próprio para as grandes contraordenações?

2. DIREITO PENAL E DIREITO DISCIPLINAR

2.1. As questões da relevância axiológica e da presença do bem jurídico e a sua


imprestabilidade como critério distintivo
2.2. A diferença com o DP e o DMOS: direito sancionatório interno da
administração; proteção da integridade e da confiança no serviço através da
relação de dever
2.3. Distinção em relação ao DP: a inexistência de critérios a priori; de novo: o papel
do princípio da necessidade da lei penal;
2.4. O processo e as penas (finalidades preventivas)
2.5. Cumulação de responsabilidade disciplinar e criminal: fundamentos de uma
intervenção paralela e cumulativa; intervenção do non bis in idem em certos casos, vg.,
na prisão disciplinar(remissão: a jurisprudência do TEDH sobre matéria penal e
severidade das sanções);

3. PENAS E SANÇÕES DE CONFORMAÇÃO PROCESSUAL (≠


MEDIDAS DE COAÇÃO PROCESSUAL, VG, A PRISÃO
PREVENTIVA);

3.1. O Abuso de Meios Processuais


3.2. As sanções: pagamento de quantias medidas em unidades de conta processual
(UCP=102 €)

4. PENAS CRIMINAIS E OUTRAS SANÇÕES

4.1. Multas por violação do direito financeiro (responsabilidade financeira


sancionatória)
4.2. Penas privadas (cláusula penal)
4.3. ‘Disgorgement’ e ‘punitive/exemplary damages’
https://ilr.law.uiowa.edu/print/volume-107-issue-5/on-disgorgement-and-punitive-
damages-in-trust-law/

VIII. O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

1. NULLUM CRIMEN, NULLA POENA SINE LEGE

1.1. O DP como ‘escudo’ (a partir da distinção sword and shield): a função de defesa
contra o poder punitivo e o arbítrio; a exigência de lei prévia (lex praevia), escrita (lex
scripta, parlamentaria),estrita (lex stricta) e certa (lex cærta);
1.2. Antecedentes históricos e fontes internacionais: Magna Carta (1215), Bill of Rights
(1689);DDHC 1787; DUDH (1948); CEDH (1950); PIDCP (1966); CDFUE (2007)
1.3. O art. 29º, nº 1, da CRP;
1.4. O art. 29º, nº 2, da CRP (vd. também art. 7º, nº 2, da CEDH): a aplicabilidade direta
das normas de direito internacional penal costumeiro pelos tribunais portugueses (cf.
também art. 8º, 1, da CRP); os ‘limites da lei interna’ (penas e processo); o princípio da
legalidade no direito internacional penal;
1.5. Fundamentos: externos (princípios liberal, democrático e separação de poderes)
e internos (prevenção e culpa);
1.6. Nullum crimen sine lege (29º-1, 2 CRP): significado
1.7. Nulla poena sine lege (29º-3 CRP): extensão (incl. medidas de segurança) e
significado

2. O PLANO DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO (IMPORTANTE!)

A teleologia do princípio: abrange apenas a matéria que fundamenta ou agrava a


responsabilidade do agente (disposições contra reum). Consequência: ‘aplicação
assimétrica’

3. O PLANO DA FONTE

3.1. Reserva relativa de lei formal (art. 165º-1, c) CRP); a questão da competência
concorrente do Governo e da AR para a descriminalização ou atenuação das penas: a
jurisprudência do TC; [crítica];
3.2. As chamadas ‘normas penais em branco’ (remissão); em particular: o relevo das
normas de direito europeu;

4. O PLANO DA DETERMINABILIDADE DA CONDUTA PROIBIDA

- A insuficiência de um geral neminem laedere. Primeira aproximação à categoria do


tipo: entre o conceito abstrato (p. ex., prejudicar outrem) e o conceito concreto (p. ex.,
destruir o relógio de Ana)

5. A PROIBIÇÃO DA ANALOGIA (ART. 1º-3 CP)

ANALOGIA é um método legítimo de desenvolvimento de direito. Integração de


lacunas. Um procedimento não compatível. Aplica uma norma para uma situação não
prevista para essa norma. No direito penal isso não é permitido devido ao PRINCÍPIO
DA LEGALIDADE. Expetativa dos cidadãos para não serem implicados por
condutas não previstas na lei, bem como a separação de poderes.
Nem sempre é fácil distinguir certos modos interpretativos, como a
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. Conduz o texto da norma ao sentido projetado
pelo legislador. Enquanto o resultado da interpretação se puder reconduzir a esse
quadro de possibilidades, ainda estaremos no limite da interpretação produtiva. Se
passar desse quadro, o domínio da analogia proibida.
Último ponto, todas estas consequências do PRINCÍPIO DA LEGALIDADE só
funcionam quando a sua aplicação resulta de um tratamento mais desfavorável
para a pessoa. Não existe analogia quando resultar um tratamento mais favorável. Uma
atenuação. É possível aplicar causas de exclusão da culpa, por analogia.
5.1. Interpretação e integração de lacunas: a doutrina clássica e a sua superação pela
metodologia contemporânea (‘motivo fútil’, mas também... pessoa)
5.2. A expressão literal como quadro máximo de significações possíveis; nesse quadro:
interpretação teleológica
5.3. O âmbito da proibição: analogia in malam partem, ou contra reum (não in bonam
partem, ou favorreum)
Aula Data Hora de Início Duração Docentes
7 2022-11-16 15:15 3h Pedro Caeiro
9.º Capítulo - O âmbito de validade temporal da lei penal (a “aplicação da lei no tempo”)

1. Princípio geral: tempus regit actum; determinação do tempus delicti

2. A específica proibição de retroatividade in malam partem

3. A imposição da retroatividade favor reum

4. Leis intermédias

5. Leis de emergência e leis temporárias

 Bibliografia específica: ver sumário desenvolvido disponibilizado no UCStudent

10.º Capítulo – O âmbito de eficácia (aplicabilidade) da lei penal (a “aplicação da lei no espaço”)

1. Crítica da designação tradicional ("direito penal internacional")

2. O problema e a doutrina da jurisdição

O ÂMBITO DE VALIDADE TEMPORAL DA LEI


PENAL

Doutrina tradicional e o princípio da irretroatividade da aplicação da lei mais favorável:


[Crítica] – regime particular de certas normas (desfavoráveis).
O enquadramento do problema pela doutrina tradicional: o “princípio da
irretroatividade”, o “princípio da aplicação da lei mais favorável”. Crítica: ambas as
designações supõem já uma consideração do conteúdo das normas, quando o problema
do âmbito de eficácia temporal da lei precede e é independente dele.
DUPLA FUNÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS: regras de comportamento/regras
de valoração. Uma norma jurídica, não pode aplicar-se a factos com os quais não esteja
em contacto. Do ponto de vista do tempo, uma norma jurídica não pode orientar
condutas passadas. Para além desta função de regra de comportamento, as normas
jurídicas também servem para valorar comportamentos. Quando se trata de aplicar as
normas nesta função de valoração, surge, a proteção das expetativas dos cidadãos.
Logo, o primeiro critério da aplicação da lei no tempo. Os factos devem ser valorados
de acordo com a lei que vigorava em prática, para proteger as expetativas dos
cidadãos.
Natureza preceptiva das normas jurídicas enquanto regras de comportamento 
princípio geral: princípio da não-transconexão, ou da não-transactividade (Baptista
Machado), de acordo com o qual uma norma só pode orientar os comportamentos com
os quais se encontra em contacto – que são, no âmbito temporal, os comportamentos
posteriores à sua entrada em vigor.
Normas jurídicas enquanto regras de valoração: proteção das expectativas individuais:
tempus regit actum  factos devem ser valorados à luz das normas que vigoravam no
momento da sua prática (princípio da coincidência).
Intensificação do problema no direito penal: particularidade das normas penais 
dissociação da norma de comportamento e da norma de valoração:
- no plano dos destinatários: a norma de comportamento (“não matarás”) dirige-se aos
indivíduos, cuja conduta pretende conformar, ao passo que a norma de valoração
(“quem matar outra pessoa é punido…”) se dirige aos órgãos estatais e implica
necessariamente a respetiva atuação (condenação, aplicação de uma reação criminal);
Os nossos comportamentos devem ser apreciados pela lei que vigorava no momento do
facto. No plano cronológico: a violação da norma (crime) dá-se sempre em
momento (muito) anterior à valoração do facto (procedimento criminal,
julgamento), aumentando faticamente as possibilidades de a norma se ter alterado,
entretanto. REGRA DE COINCIDÊNCIA. Uma particularidade das normas penais,
que vai fortalecer esta princípio da coincidência. Existe no direito penal, uma
dissociação entre a norma de comportamento e a norma de valoração. Os
destinatários das normas de valoração são sempre as autoridades, nunca os cidadãos.
Outra distinção, no plano cronológico. A violação da norma, aquilo que constitui o
crime, acontece sempre num momento anterior à valoração. Do ponto de vista
empírico, aumentam-se as possibilidades, de, entretanto, a norma ter sido vítima de
alterações.
Determinação do tempus delicti – Art.º 3º. MOMENTO DA AÇÃO OU DA
OMISSÃO. Grande parte dos crimes previstos no Código Penal, são compostos por
ação/omissão ou resultado. A generalidade dos crimes tem estas duas componentes.
Quando se trata de um crime material, ao facto de ter estes dois momentos, a lei vigora
quando? Quando atua ou quando o resultado de produz? No MOMENTO DA AÇÃO,
devido à possibilidade de alterações â lei, devido ao resultado poder ser tardio.
CRIMES DURADOUROS/PERMANENTES. O sequestro, por exemplo. A lei muda
durante o sequestro. Aplica-se a nova lei? Segundo a doutrina, a nova lei é aplicável,
durante o período de vigência do sequestro. Quando a lei entra em vigor ainda está a
ser cometido o facto. Estes crimes não se devem confundir com crimes de resolução
instantânea, mas com resultados permanentes, como o furto.
CRIME CONTINUADO é uma figura, para tratar um único crime, aquilo que na
realidade é um concurso de crimes, quando existam certas circunstâncias particulares.
A lei que vigora no momento do último facto é aplicável.

O PROBLEMA DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA

Aplicáveis quando a prática do facto ilícito e a perigosidade. Qual a lei que se aplica?
Nos factos normais, todos os pressupostos se verificam no momento da realização do
facto. Nas medidas de segurança, a perigosidade não se avalia no momento da
prática do facto. Nem a apreciação da mesma pelo juiz. Por isso se entende, que a
lei aplicável, é a lei que vigora no momento da prática do facto. Qual a lei que se
aplica na avaliação da perigosidade? Mesmo que a lei mude, uma dupla referência.
Considerar o agente perigoso, no momento da prática do facto, e considerar o
agente perigoso no momento do julgamento. Quando a medida de segurança é
aplicada. Durante muito tempo, entendia-se que as medidas de segurança, não eram uma
reação criminal. Benéficas para o agente. Esse entendimento mudou completamente.
Hoje as medidas de segurança, são inequivocamente reações criminais.
Não está sujeito às garantias do PRINCÍPIO DA LEGALIDADE, os entendimentos
dos tribunais relativamente a certas questões. Se estes têm uma certa corrente
jurisprudencial, e depois, mudam de opinião, essa outra interpretação, pode ser
aplicada, aos novos casos. Quando os tribunais se desviam na interpretação de uma
norma, num sentido mais gravoso, devem ter particular atenção aos efeitos que essa
mudança de orientação vai ter. A interpretação não é lei, logo não está sujeita ao
princípio da ilegalidade.
Segundo problema, relativo à RETROATIVIDADE DA LEI. Qual o problema de
atribuição de retroatividade à lei? Um corte, entre a norma de comportamento, a norma
que orientou o comportamento das pessoas, no momento da prática e a norma de
valoração. A norma que orientou as condutas não vai ser norma de valoração. Que
significa o conflito entre duas espécies de interesses que o legislador tem de
proteger. Aplicar a norma de valoração, satisfaz o interesse na estabilidade. As
expetativas das pessoas. Quando se aplica uma norma retroativamente, faz-se uma
preterição dessa estabilidade por um interesse na adaptação. Existem melhores
alternativas. No direito penal temos a proibição da retroatividade desfavorável
devido ao princípio da legalidade. Devido à particular gravidade das sanções penais.
Impedir o interesse da adaptação à custa do interesse da estabilidade.

DESCRIMINALIZAÇÃO
Fundamento: PRINCÍPIO DA NECESSIDADE DA LEI PENAL (promoção
do interesse na adaptação ao invés do princípio da estabilidade) Se no momento
presente o legislador entende que determinada conduta que era punível no momento da
sua prática não deve continuar a sê-lo (descriminalização, art. 2.º, n.º 2), ou se as
finalidades de proteção dos bens jurídicos e de prevenção criminal podem ser
conseguidas através de um regime menos restritivo dos direitos individuais
(despenalização, art. 2.º, n.º 4), deve aplicar-se o novo regime.
Portanto, a imposição de aplicação retroativa in melius tem um fundamento
completamente diferente (até: o inverso!) da proibição de retroatividade desfavorável:
privilegia-se o interesse na adaptação porque não se desprotege dessa forma o
interesse na estabilidade, pela simples razão do agente infrator, deter a expetativa
de sanção quando pratica o ato ilícito. Mesmo que essa sanção seja depois
descriminalizada.
Consequentemente, a imposição de retroatividade favorável não é uma “exceção”
ao princípio da legalidade, pois a proibição de retroatividade que deste decorre
cobre apenas as normas desfavoráveis (contra reum, contra libertatem). A
irretroatividade das leis só não releva relativamente a leis desfavoráveis.
Vamos supor que A PRÁTICA UM CRIME DE ABORTO EM 2000. E EM 2002, ENTRA EM VIGOR UMA
LEI QUE DESCRIMINALIZA AQUELE FACTO , NAS CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE ELE FOI PRATICADO . V AMOS
SUPOR QUE A PRATICA UM CRIME DE BRANQUEAMENTO COM PUNIÇÃO A 12 ANOS , MAS QUANDO O
CASO É JULGADO A PENA É DE 6 ANOS . Qual o fundamento desta aplicação retroativa da lei
penal? Não tem a ver com o princípio da legalidade, mas sim com o princípio da
necessidade da lei penal. Se quando o agente é julgado, o legislador entende que
não se justifica a criminalização daquela conduta, torna-se incompreensível, quando o
facto não é crime, o porquê de criminalizar a pessoa. O fundamento desta aplicação
retroativa da lei mais favorável é quase o contrário da proibição da retroatividade da lei
mais desfavorável. Adaptação contra estabilidade. Consequência importante também,
pois o a retroatividade da lei mais favorável, não é uma exceção ao princípio da
legalidade.
A análise de casos em que muda o bem jurídico protegido por certas normas. Quando
existe uma mudança a nível da conceção de bens jurídicos, podemos falar de
descriminalização. VAMOS SUPOR QUE EM 1994, ALGUÉM COMETIA UM CRIME DE VIOLAÇÃO , E O
BEM JURÍDICO PROTEGIDO NA SOCIEDADE ERA OS VALORES DA VIDA EM SOCIEDADE . EM 1995, ESSA
CONCEÇÃO MUDA , E OS CRIMES SOCIAIS PASSAM A SER CRIMES CONTRA AS PESSOAS .
Bens jurídicos
pessoais. O bem jurídico mudou. Passam de conceções gerais, para bens jurídicos
pessoais.
Supondo que esta pessoa venha ser julgada em 1996, podemos dizer que houve uma
descriminalização porque houve uma mudança do bem jurídico? NÃO. a conduta
continua a ser crime, independentemente da mudança de bem jurídico.
Casos onde o legislador transforma um crime numa contraordenação. A conduta
nunca deixou de ser proibida. A DOUTRINA É MUITO DIVERGENTE NESTE TEMA. A jurisprudência,
embora seja mais uniforme no sentido de se aplicar a lei nova. Não podemos
fundamentar a aplicação da lei nova no Art.º 2º, nº4. Só prevê a sucessão de leis penais.
Não podemos aplicar a lei antiga. Mas podemos aplicar a contraordenação
retroativa? Sim. Afastamos as expetativas. Não existem. Ele ainda tem a expetativa de
ser sancionado. Aplica-se a lei nova. A solução pode ser, que a lei nova,
contraordenacional, preveja expressamente a sua própria aplicação retroativa.
Preciso avaliar se a retroatividade nestas circunstâncias ainda é compatível com o
princípio da legalidade na ordenação social. Não de Direito Penal.

Interpretação do Artigo 2º, nº4. […] lei nova com disposições diferentes, mais
favoráveis ao novo agente. Como saber se a lei nova é mais favorável? Aplicar as duas
normas ao facto, simuladamente, e ver o resultado a que chega, a termos de pena, com
cada uma dessas normas. Assim estabelece se a lei nova, é mais favorável.
Pode o tribunal construir ele próprio a lei mais favorável? EM PRINCÍPIO NÃO. O
tribunal tem de encontrar a norma em bloco. Não pode recortar a norma.
Separação de poderes, ao substituir o legislador, ao criar uma norma que não existe
na lei. Até 2007, só se aplicava o regime mais favorável, se a sentença não tivesse
transitado em julgado.

APLICABILIDADE DAS LEIS INTERMÉDIAS

Uma lei que está no meio da lei que vigorava quando o facto foi praticado, para a lei
que vigora no julgamento. É preciso haver pelo menos três leis. Não está em
contacto com nenhum dos momentos supramencionados. Não vigorava no momento
do facto. Nem no momento do julgamento. Sendo mais favorável que as restantes, pode
ser aplicada? SIM. Aplicamos esta lei como regra de valoração de comportamentos.
O que fundamenta a aplicação de uma lei que não cria expetativas?
Não aplicar essa lei ao agente seria admitir uma certa aleatoriedade das normas
penais muitas vezes imputáveis ao estado. Também o respeito pelo princípio da
igualdade. IMAGINEMOS DOIS AGENTES QUE PRATICARAM O FACTO . O MESMO CRIME. UM DELES É
JULGADO , NA VIGÊNCIA DE L EI 2 E OUTRO NA VIGÊNCIA DE L3. Mesmo facto, processos
diferentes. Penas diferentes. Se deve entender, por força do princípio da igualdade,
mesmo período, julgar com a lei mais favorável e a mesma lei. Aplica-se tanto nos
termos do Art.º 2º, nº2 bem como nos termos do nº4.

EXCEÇÃO À APLICAÇÃO RETROATIVA DO TRATAMENTO


MAIS FAVORÁVEL [Art.º 2º, nº3] LEIS TEMPORÁRIAS ou LEIS DE
EMERGÊNCIA. Por vezes o legislador aprova uma lei para valer somente durante
determinado período. Quem pratica o facto durante a lei temporária, é punido após
a vigência desta. Mesmo que a lei não esteja em vigor o agente ainda é punido,
pois, temporárias, o julgamento possa ultrapassar a vigência destas leis. ULTRA-
ATIVIDADE das leis temporárias.

ÀMBITO DA EFICÁCIA REAL DA LEI PENAL


APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO
[Críticas] Já propõe um critério. Um conteúdo. Por outro lado, também se fala do
Direito Penal Internacional. Distinção entre DPI e DIP. O primeiro, o DPI, o
conjunto de normas de direito interno que regulamentam a aplicabilidade da lei,
em certos factos praticados no estrangeiro. Externo à ordem política em causa. O
DIP, um ramo do direito internacional público, que regula os crimes mais graves
do Direito Internacional. DPI, não é uma boa definição. Não é sempre direito interno.
Não são sempre normas internas. E também, não abrange todo o problema tratado
brevemente. Saber qual a delimitação da aplicabilidade de um certo ordenamento
jurídico internacional. Temos de recorrer a duas categorias de normas. Todos os
sistemas jurídicos têm as chamadas normas primárias, que estabelecem o conteúdo
das proibições. Bem como normas secundárias. Ou normas sobre normas. Que têm
por objeto não factos, mas sim outras normas. Delimitam a aplicabilidade dos
factos das outras normas. Neste caso, das normas primárias. As normas só estão
completas aquando da existência destas duas normas. Por isso mesmo, a utilização de
um conceito, mais apelativo de jurisdição.
Aula Data Hora de Início Duração Docentes
8 2022-11-23 15:15 3h Pedro Caeiro
10.º Capítulo – O âmbito de eficácia (aplicabilidade) da lei penal (a “aplicação da lei no espaço”)

1. Crítica da designação tradicional ("direito penal internacional")

2. O problema e a doutrina da jurisdição

3. As regras de aplicabilidade: factos territoriais, factos extraterritoriais e a determinação do locus delicti.

4. A aplicação incondicionada:

a) a regra-base da territorialidade

b) a regra do pavilhão

c) a regra da protecção dos interesses fundamentais do Estado Português

5. A aplicação condicionada:

a) a nacionalidade activa, a nacionalidade passiva e as respectivas condições

b) a "nacionalidade dupla"

c) a sede das pessoas jurídicas

d) a universalidade

e) a administração supletiva da justiça penal e a sua diferente natureza em face das restantes (normas aplicadas como puras regra

6. Condições gerais de aplicação da lei a factos extraterritoriais (art. 6.º):

a) o respeito pelo ne bis in idem internacional (material) e o instituto do desconto (art. 82.º); o regime obrigatório no âmbito da U
(2003) (ne bis in idem processual); a extensão (constitucionalmente comandada: art. 27º-5 CRP) do ne bis in idem (material) aos
estrangeiros;

b) a aplicação da lei estrangeira (lex loci) concretamente mais favorável e as suas excepções;

c) os casos de adaptação das penas.

Bibliografia específica:

- Pedro Caeiro, Fundamento, Conteúdo e Limites da Jurisdição Penal do Estado (excerto disponibilizado no UCStudent);

- Sumário desenvolvido disponibilizado no UCStudent

O ÂMBITO DE EFICÁCIA
(APLICABILIDADE) DA LEI PENAL (A
“APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO”)

O conceito de jurisdição significa sempre uma pluralidade de soberanos. Sempre


um problema de repartição dos poderes. Há que delimitar os vários poderes do estado
em matéria penal. O conceito de jurisdição está enraizado no Direito Internacional
Público. São estas regras, que, em último termo, ditam os pontos de contacto dos factos
com a sua ordem jurídica. Uma norma penal nunca está completa apenas com a
proibição. Os estados reconhecem mutuamente poderes de proibição. Através dos
padrões de direito do DIP. Dimensão prescritiva, judicativa e executiva da jurisdição.
Prescritiva, o poder legítimo que cada estado tem de organizar o seu sistema
penal. Circunscrever os pontos de conexão convenientes para exercer competências
sobre esses factos. Judicativa, aplicação das normas aos factos. Os tribunais.
Executiva, o poder do estado que se dedica a executar as decisões dos tribunais.
Interessa-nos a JURISDIÇÃO PRESCRITIVA. Conexões significativas. O estado
não pode escolher conexões despiciendas. Tem de escolher conexões que façam sentido.
Quando um estado estende a sua lei, sem verificar estas conexões significativas, está a
comete um ato contra o direito internacional público.

Como é que sabemos qual a competência dos tribunais portugueses em


matéria penal?
Os mesmos factos abrangidos pela lei portuguesa. PRINCÍPIO DE
COINCIDÊNCIA, entre o âmbito da aplicabilidade da lei e a jurisdição.
Jurisdição prescritiva, é um poder legitimo. O estado aprova os códigos e quadros
penais. Regras de aplicabilidade. Diferença entre factos territoriais e factos não
territoriais. O crime é sempre o facto de uma pessoa. Quando qualquer pessoa age,
por definição, sempre um enquadramento, no tempo e no espaço. Logo, toda a
ação humana tem um lugar. Os crimes praticados em território nacional, colocam
exigências de prevenção, diferentes dos crimes praticados no estrangeiro. No Art. 4º, a
nossa lei, chama ao regime da aplicabilidade, um princípio geral. Lei portuguesa,
aplicável aos factos realizados em Portugal. As extensões extra territoriais, são
sempre complementos, porque o princípio da aplicabilidade é a regra geral. Boas razões
para considerar o território como elemento fundamental para a aplicabilidade da
lei penal. Não podemos reduzir o problema à territorialidade, conquanto. Todos os
estados se assentam num princípio base de territorialidade, as coisas nem sempre foram
assim. Por exemplo, na Era Medieval/Feudal.
Se a principal distinção com que temos de lidar, é a facto territoriais e extra territoriais,
crucial perceber, onde o facto foi realizado. Qualquer problema de aplicabilidade
da lei no espaço, começa por aqui. Saber qual foi o lugar da prática do facto. Saber
se o facto foi praticado em território nacional. Regulada no Art. 7º do Código Penal.
Destes critérios, compreendemos o porquê de se chamar uma relação de ubiquidade. A
lei escolhe aqui várias conexões possíveis para conectar o facto ao território
português. Basta que uma das conexões se verifique no caso. Este critério é
diferente, daquele do momento da prática do facto, neste caso a aplicação da lei no
tempo. Só contava o momento da ação e da emissão. Aqui um leque de critérios mais
elevado, só necessitando a existência de um.

CRITÉRIOS – Ação e Omissão; Resultado; Resultado não compreendido em tipo de


crime (alguns crimes em que o legislador antecipa a tutela e deixa o resultado fora do
tipo de crime; o crime de atentado contra o estado de direito, previsto no Art. 325º). O
Art. 7º, nº2 com uma outra questão. Vamos supor que existe apenas uma tentativa, e
o agente pretende que o resultado seja projetado para Portugal. De acordo com
este Artigo, como o resultado foi projetado para território português, a
competência é portuguesa. Este artigo diz que no facto de tentativa, o facto
considera-se praticado igualmente. Casos de comparticipação. Aparentemente bastaria
que um comparticipante praticasse o crime.
Pela leitura do Art. 7º, basta que apenas um dos participantes pratique o crime em
Portugal, para se aplicar a todos os outros comparticipantes. Mas não, terá de ser
também os comparticipantes que pratiquem o crime em Portugal. Problema dos delitos
itinerantes e de trânsito.
Se a ação tiver uma conexão ligeira com Portugal, será que a competência se remete
ao território português?
No primeiro caso o contacto das injúrias não causa nenhuma exigência de prevenção.
Quando a execução do facto por si só traz possibilidade de perigo para a
comunidade nacional, exige-se competência portuguesa, mesmo que o destino não
fosse Portugal.
REGRAS DE APLICABILIDADE

…DE APLICABILIDADE INCONDICIONADA onde apenas é necessária a conexão e


DE APLICABILIDAE CONDICIONADA

A condicionada, a regra base é a de TERRITORIALIDADE. Quais os fundamentos


para escolher a territorialidade como regra base? Fundamentos jurídico-políticos e
fundamentos internos a ver com o próprio direito penal. O DIP, assenta ainda numa
base de territorialidade. Uma competência baseada exclusivamente no território não é
suficiente; os fundamentos internos, nenhuma dúvida que os factos praticados em
Portugal exigem maior necessidade de prevenção. Quando se trata de factos ocorridos
em território português, a alínea a) do Art. 4º, seja qual for a nacionalidade do agente.

REGRAS DE APLICABILIDADE
INCONDICIONADA

Alguma atenção relativamente às consequências decorrentes do conteúdo de certas


formas. Art. 131º e Art. 325º. Alteração violenta dirigida ao português. Se alguém em
Portugal procurar alterar violentamente o estado francês, a competência é francesa. Só
se protege o estado de direito português. Certas normas que são espacialmente
autolimitadas. Faz parte da própria norma, a prática em território português.
[Art- 320º] esta conduta só é punível se ocorrer em território português. Não
se pode punir se ocorrer em território estrangeiro. Isto tem a ver com a própria
estrutura da conduta típica.

Consoante o princípio da TERRITORIALIDADE (art. 4.º, al. a)); conteúdo do


conceito de “território”; fundamentos externos (jurídico-políticos) e internos
(necessidades de prevenção) da regra; distinção entre a hipótese da norma (a facti-
species) e o âmbito da sua aplicabilidade: a irrelevância da “nacionalidade” dos
interesses atingidos pelo crime (ex.: a nacionalidade estrangeira da vítima de um crime
de homicídio em território nacional), exceto quando ela faz parte do tipo de crime (p.
ex., a violação do segredo de Estado p. e p. no art. 316º protege apenas o Estado
Português).

Este princípio da territorialidade, é estendido também através da REGRA DO


PAVILHÃO, segundo a qual, a jurisdição portuguesa se aplica em crimes
praticados em navios e aeronaves portuguesa. Isto não significa que não possa
haver outros países com competência sobre os factos. Situação de concorrência de
competências. Só interessa saber se Portugal tem ou não competência. O problema
das embaixadas. O mesmo. Outro ponto. O Art. 4º, salvo tratado ou convenção
internacional contrária. Pode ser acordado entre os estados. Quando se trata de um
caso plurilocalizado. Facto praticado em vários países. Art. 7º, basta que exista um
ponto de conexão com a lei portuguesa.

O terceiro caso de aplicabilidade incondicionada é a regra de DEFESA DOS


INTERESSES NACIONAIS [Art. 5º, nº1] todos os crimes aí previstos devem
ser considerados como crimes contra o interesse do estado português. Qual a
justificação desta regra? O Art. 325º. Se um agente praticar um crime de violência e
alteração do estado de direito contra o estado português, mas praticar o crime na
Alemanha. Muitas vezes, o país onde estas ações são praticadas, não protegem o país
vítima. A regra de interesse dos interesses nacionais, autodefesa do estado.
Também problemas fácticos além dos problemas legais. A lei do país prevês proteção
aos estados estrangeiros, mas o estado onde são praticados os factos, de uma forma
patrocina estes factos. Também a necessidade de autodefesa dos estados.
Terminando assim as regras de aplicabilidade incondicionada

REGRAS DE APLICABILIDADE
CONDICIONADA

REGRA DA NACIONALIDADE
[Art. 5º, nº1 e)] No momento de a prática do facto saber qual a nacionalidade do agente.
NACIONALIDADE ATIVA. De acordo com a doutrina, a ideia de que quando um
nacional viaja para o estrangeiro, como que levasse a sua lei nacional com ele. De
alguma forma, uma ideia ultrapassada, tendo-se instituído liberdades que ultrapassam
esta ideia. Particularmente importante, dentro da União Europeia; segunda explicação,
temos de punir factos praticados no estrangeiro, porque não extraditamos internacionais.
Também não é convincente. Desta forma, aplicaríamos de forma supletiva a lei
nacional.

Qual então o verdadeiro fundamento da aplicação da lei em função da


nacionalidade?
Os factos praticados por nacionais no estrangeiro, também geram situações de
necessidade de prevenção em território português. O fundamento aí, é semelhante
aquele da territorialidade.

A NACIONALIDADE PASSIVA, completamente diferente. Já não temos aqui


cumprido os nossos deveres internacionais, mas proteger os nossos nacionais. Esta
regra, já levanta problemas muito diferentes da nacionalidade ativa. Países anglo-
saxónicos são diferentes a estas regras. Sujeitar crimes a leis que não podem ser
esperadas. Isso desencadearia uma jurisdição atípica. As razões de ser desta regra,
também com exigência de prevenção. Similar à regra da territorialidade.
Alínea e), prevê condições cumulativas para se poder mobilizar a Nacionalidade
Passiva. Por exemplo, o AGENTE SE ENCONTRAR EM PORTUGAL. Deste
modo, não possível a extradição do agente em questão. Não extraditar, nem pedir
extradição. DUPLA INCRIMINAÇÃO. É preciso que os factos sejam puníveis
em Portugal, bem como pela legislação onde os factos forem praticados. Não
podemos punir factos praticados num lugar onde eram lícitos. Quando Portugal aplica a
sua lei extra territorialmente a um holandês que matou aqui, também se pode punir,
pois, o mesmo facto é punível na legislação do país do agente. dupla incriminação. Isto
mitiga as críticas à nacionalidade passiva. Se existe dupla incriminação, pouco
importa quem tem jurisdição. Os factos têm de ser típicos e ilícitos, no lugar onde
forem praticados. Esta exigência da dupla incriminação tem uma exceção. Dupla
incriminação não quando se exige poder punitivo. Agora questão de saber se
devemos incluir aqueles casos, mas nesse estado não se exige poder punitivo devido
ao colapso de instituições. Em princípio isso não é suficiente. Não devemos retirar
daí que esse estado deixou de existir. Aquilo que a dupla incriminação pretende é
evitar a extensão do poder punitivo de um estado sobre outro estado.

Terceira condição. Os factos têm de constituir CRIME QUE HABILITA


EXTRADIÇÃO. De acordo com a Lei 144/1999 da Extradição, os crimes que não
admitem extradição são os políticos, os conexos a crimes políticos e os puramente
militares. Quando se trata destes crimes, o legislador entende que não deve haver
aplicabilidade da lei portuguesa a esses crimes, por não exigirem extradição.

RAZÕES QUE LEVAM À IMPOSSIBILIDADE DE


EXTRADIÇÃO
Agora os crimes que exigem extradição, mas a mesma não pode ser concedida. Em
várias situações, primeiro, desde logo, quando a mesma não é pedida. A extradição
supõe sempre um pedido. A grande diferença entre a expulsão e a deportação.
Outras razões que levam à impossibilidade de conceder extradição, prevista no Art. 33º
da CRP, o facto do agente ter nacionalidade portuguesa. A extradição é permitida em
crimes de terrorismo e crime internacional organizado. É necessário que o estado que
peça extradição de um agente a Portugal, também tenha a capacidade para
extraditar agentes para Portugal. A nacionalidade portuguesa é um obstáculo à
extradição.
Outra razão que pode levar à não extradição são as penas aplicadas. Aplicabilidade de
certas penas aos factos. Pena de morte, pena de prisão perpétua sem garantias de
revisão. E penas corporais.

REGRA DA “NACIONALIDADE DUPLA”: 5.º, 1, b): fundamento: residência


habitual, “fraude à lei”; exemplos; a possível desconformidade desta conexão com o
direito internacional;

SEDE DAS PESSOAS JURÍDICAS: 5.º, 1, g): réplica das regras da


nacionalidade; a necessidade de uma interpretação corretiva: subordinação à regra da
dupla incriminação;
UNIVERSALIDADE (jurisdição universal): 5.º, 1, c): fundamento; o
“esvaziamento” parcial da regra do CP com a L. 31/2004, de 22/7 – LVDH); o abuso de
jurisdição; condições (remissão). Bens jurídicos transversais. alíneas c) e d). [art. 5º].
tipos de crimes e vítimas diferenciam as duas alíneas. na alínea d), a vítima é
necessariamente um menor. tipos de crimes, os de cariz sexual praticados contra
menores [art. 144º, 163º e 164º]. relativamente à alínea d), dos três requisitos [agente e
vítima serem portugueses; residirem habitualmente em Portugal; menor residir em
Portugal] só é necessária a verificação de um destes três requisitos.

Aula Data Hora de Início Duração Docentes


9 2022-11-30 15:15 3h Pedro Caeiro
Parte II – A Doutrina Geral do Crime

Título I. A construção da doutrina do crime (facto punível)

12.º Capítulo - Questões fundamentais

I. Sentido, método e estrutura da conceitualização do facto punível

II. Sobre a evolução histórica da doutrina geral do facto punível

1. A concepção "clássica" (positivista-naturalista): exposição e apreciação crítica

2. A concepção normativista: exposição sumária e apreciação crítica

3. A concepção finalista (ôntico-fenomenológica): exposição sumária e apreciação crítica

III. Posição adoptada: fundamentos de uma construção teleológico-funcional ("racional") do conceito de facto punível

1. Preliminares

2. As formas básicas de aparecimento do crime

3. O conceito de acção e a sua impossibilidade/imprestabilidade

4. As categorias dogmáticas: o tipo de ilícito; o tipo de culpa; a punibilidade

Título II - Os factos puníveis dolosos por Acão

Subtítulo I: O tipo de ilícito

Secção I - Os tipos incriminadores

13.º Capítulo - O tipo objetivo de ilícito

A. Questões gerais de tipicidade

1. Determinações conceptuais: tipo de garantia, tipo de erro e tipo de ilícito


2. Desvalor de Acão e desvalor de resultado

3. Elementos típicos descritivos e normativos

4. Tipos abertos, elementos valorativos globais e adequação social

B. A construção dos tipos incriminadores

1. O autor
1º Distinção entre Direito Penal do Agente e Direito Penal do Facto
PARTE II – Construção da Infração: o Crime como conceito jurídico | Questões
Fundamentais

Direito Penal do Agente | Direito Penal do


Facto

Ideia do crime relacionado com o agente. Também na Alemanha Nazi. Criminosos


como figuras típicas. Como inimigos do povo. Pessoas como fonte de ilicitude. Esta
visão está ultrapassada. Construção do facto e a não identificação de um tipo
criminológico. O legislador passa a aprovar leis destinadas a enquadrar estas pessoas.
Terroristas. Criminoso sexuais. Em função de atos e não de pessoas. DIREITO
PENAL DO FACTO. Para compreender o método categorial classificativo. Divide o
crime em várias categorias. Mesmo esforço de racionalização das diferentes escolas que
estudaram este método. Olhar para todos os crimes que existam e encontrar esses
factos comuns. Certas notas comuns a todos esses mesmos factos. A todos esses
crimes. Factos comuns aos crimes de homicídio. Um esforço de indução. [SEMPRE
QUE SUSPEITA DE CRIME APLICAR ESTA GRELHA AO CASO PRÁTICO].

Agora a TIPICIDADE. O tipo. Depois temos a ILICITUDE. Ou a CULPA. Não


pode haver pena sem culpa. Por último a PUNIBILIDADE. Conduta além de típica,
também culposo. Logo punível. Uma construção em pirâmide para representar que cada
estatuto é mais diminuto que o anterior. Todas as ações humanas, só uma pequena
parte constitui crime. Várias ações humanas que não são típicas. Também algumas
típicas, mas não ilícitas. Também típica e ilícita, mas não culposa. Praticada por alguém
em inimputabilidade.

QUESTÕES FUNDAMENTAIS

PRIMEIRA ESCOLA – ESCOLA POSIVISTA


EVOLUÇÃO DA DOUTRINA DA CONSTRUÇÃO DO
CRIME
Conceção clássica. Positiva Naturalista. Porquê começar aí? As diversas conceções não
se substituem. SUPERAM-SE. Novas perspetivas. Cada constitui uma superação da
anterior. No século XIX, surgem as ciências positivistas. Naturais. Corte cultural
com a tendência das ciências humanas. Vigora um paradigma que pretende ser o
último certificado de natureza científica do saber. Ter de obedecer a um método
categorial. Um método todo suscetível de análise e conhecimento CERTO. Este
monismo científico levou ao descrédito das ciências humanas. O direito passou a ser
uma ciência que adotou uma grande parte dos postulados do Cientismo Positivista. Daí
o nascimento do jurídico-científico. Este método que resistiu até hoje, nasce aqui, neste
contexto.
CONTEÚDOS DAS CATEGORIAS ENVOLVIDAS PARA A CONCEÇÃO
CLÁSSICA. Na base, um movimento corpóreo. Com efeito, modificações do mundo
exterior. Descrição serve para o direito como para toda a ciência natural. Esta ideia era
levada tao longe que o Positivismo preconizava: _________________

O momento da TIPICIDADE. O Positivismo jurídico. Subsumir consequência


provável. Ilicitude com caráter puramente negativo. Quando não se verifica que
nenhuma causa de justificação está formada por si só. Ilicitude vista de uma forma
objetiva. A culpa era vista como uma ligação entre agente e facto, presente no dolo
e na negligência, entre a ação e o facto. daí podermos dizer que ele é culpado. Que
aquele agente é culpado, se existência deste nexo entre ação e facto.

SEGUNDA ESCOLA - ESCOLA NORMATIVISTA


Como nasce? Surge nos princípios do século XX. Atitude metodológica nova porque é
uma revolta de alguns juristas contra o Positivismo. A incapacidade do positivismo se
aplicar aos diversos casos práticos. Reais. Da atualidade. No que toca a AÇÃO em si
não existiram modificações significativas quanto à sua conceção. Ainda o
entendimento de um movimento corpóreo. Diferença surge realmente no TIPO. Uma
realização de uma ideia de unidade de sentido. Uma categoria entre o concreto e o
objetivo. Representações socialmente densas. Com a escola normativista, já existe
uma valoração. Uma expansão do juízo da danosidade social. Uma expressão de
juízo que já valora a ilicitude. O comportamento, aquele que é reprovado pelo
direito. viola normas jurídicas. Excecionalmente, a ilicitude pode incluir elementos
subjetivos. Relativamente à CULPA, uma ligação psicológica. Um juízo de censura com
vários elementos.

TERCEIRA ESCOLA – ESCOLA DA AÇÃO FINAL


WELTZEL disse que a escola clássica representa uma reação aos defeitos do
positivismo. Não podemos decompor a ação humana como objeto natural. Olhar para a
ação humana tal como ela é. O direito não pode modificar as coisas. Receber elas
como estas o são. Receber o ser tal como ele é. Ação humana não é um fenómeno
da natureza. Temos de distinguir entre dois mundos. Do ser causal. E do ser fenómeno.
Fenómenos acontecem por causalidade. A ação humana não é isto. Pelo contrário. O
homem não é regido pela causalidade como os fenómenos. Não. Ele se move. E/ou
age com um sentido. Com um objetivo. Uma finalidade. Um fim. Não age por agir.
Ação final também no sentido em que a ação aparece no fim de um processo de
autodeterminação. Por exemplo, A quer matar B. A põe ante si esse objetivo. Depois
de antecipar esse mesmo objetivo, mata B. O direito não pode recortar a ação a seu
prazo.
Que implicações trazem as várias categorias?

Se a ação tem em si a sua finalidade e o seu sentido, o dolo; a ação típica já é orientada
para uma finalidade. Do ponto de vista do ilícito [IMPORTANTE] esta conceção
leva a uma rutura ao conceito tradicional de ilicitude. Todo o ilícito é ação de uma
pessoa. Ação pessoal de disparar, por exemplo. Todo o ilícito é pessoal. Só penal, se
a ação for dolosa ou negligente. Daí a doutrina do ilícito pessoal. O [---] está na
tentativa. WELTZEL via na tentativa o paradigma do crime. O resultado não é o
elemento do crime.
A CULPA transforma-se num puro juízo de censura, semelhante ao que se sucedia
com a Escola Normativista. O dolo e a negligência são elementos de ação típica,
não fazendo parte da categoria de culpa.
Na construção do crime a política criminal é importante. Todas as categorias que
compõe o conceito de crime, desempenham uma função útil. Não são conceitos vápidos.
Compreensão funcional do sistema de crime.
O conceito de ação é quase impossível de cumprir as exigências a ele pedido
porque fazemos exigências contraditórias. Quando se fala em conceitos de ação com
base no crime. Vários conceitos de ação não cumprem estas funções de delimitação.
Como por exemplo a omissão dentro de um conceito pré-determinado? A negação de
valores a Eduardo Correia não cumpre estas exigências de ação. Ação de matar
uma pessoa, afirma valores? Negação de valores. Como dizer que a omissão é ainda
algo independente de um juízo jurídico. Trazemos para este domínio determinações
jurídicas que não queremos considerar. Conceito pré-jurídico é o que queremos. O
crime é uma construção normativa. Qualificação de uma conduta humana, mas o
subsuntivo não pode ser determinado pelo direito. Conceito de crime pela conduta
ou pela realização típica. A construção de conceito de crime é um produto somente
jurídico.
O conceito de ação, negativo, de mera delimitação para exprimir os casos em que
certos comportamentos humanos não são crime, porque não é conduta humana.
Casos de pessoas que praticam certos comportamentos humanos, que não são crime. A,
sonâmbulo, parte vaso de B. Este ato não é considerado como crime, pois não é conduta
humana. Casos de pessoas que praticam certos atos em estado de hipnose. Pessoas que
praticam crimes em estado epilético. Isso não é uma conduta pessoal. Humana. não é
um tipo de realização crime. Mas se o agente sabe que é epilético. Não toma
comprimidos, aí pode haver a determinação desta conduta, outrora não humana,
como crime. O mesmo ato pode ser configurado como não conduta humana, mas
como infração. A materialidade dos atos não importa.
[ESQUEMA]

Conduta de Ação – Para Realização Típica

De acordo com Figueiredo Dias, não existe uma autonomia total entre o TIPO e a
ILICITUDE. Caminham para o mesmo fim. De acordo com a doutrina tradicional,
dois degraus. Figueiredo Dias, diz que a função do Direito Penal é dar orientação à
pessoa para saber se o facto concreto é conduta ilícito ou não. Dado pelo tipo e não
pela categoria de ilícito. O que é específico ao Direito Penal é que o crime se exprime
através de tipos. Auxiliada pelo ilícito. Se concretiza em tipos. Outros argumentos
em que o tipo só por si não tem autonomia no Direito Penal. Se o agente pratica um tipo
de crime de forma ilícita, desencadeia consequências penais, se for perigoso, como por
exemplo, medidas de segurança. A primeira categoria relevante é o ilícito. Só o
procedimento deste gera consequências legais. Em si mesmo não tem relevância.
Autonomia no Direito Penal. A ilicitude se exprime através de tipos incriminadores
ou justificadores do confronto entre estes dos tipos, chegando à conclusão se a
conduta em causa foi ou não ilícita.

Como se constroem os incriminadores?


À volta de bens jurídicos. Do confronto entre ambos, resulta se a conduta é ilícita ou
não. Diversidade de estatutos funcionalmente complementares. Isto não significa que
não exista um método para analisar a criminalidade de uma certa conduta. Da operação
de análise do crime saber se existe preenchimento do tipo incriminador. A
primazia da ilicitude em termos teóricos, mas na análise dos casos sempre o
procedimento do tipo incriminador.
TODO O ILÍCITO PENAL É UMA CONDUTA PESSOAL. Ou dolosa. Ou negligente.
Certos elementos do dolo ou negligência podem ser de cariz subjetivo. Nunca existe
conduta ilícita sem dolo ou negligência. Sempre uma conduta pessoal.

TIPOS DE CULPA

A culpa consiste numa censura pessoal dirigida ao agente por violação das normas.
Não há pena sem e para além da culpa. Culpa dolosa ou culpa negligente. Elementos
que relevam essas categorias são diferentes.

PUNIBILIDADE
Para além da ação, do tipo, da culpa, a última categoria da construção do categórico
crime. [DESENVOLVER]

O TIPO INCRIMINADOR – TIPO


OBJETIVO

Dentro do tipo incriminador temos o tipo objetivo e o tipo subjetivo. O tipo tem aqui
várias aceções. Tipos de garantia. Onde se agrupam condições de garantida aos cidadãos
do estado. Normas que desenham a aplicação da lei no espaço e no tempo.
Tipos de Erro – Elementos do tipo relevantes para o erro;
Tipos de Ilícito – Confronto entre tipos incriminadores e tipos justificadores.

Dentro do tipo incriminador temos dois elementos. Um DESVALOR DE AÇÕES.


Alguém que pratica condutas e desobedece ao direito. E um DESVALOR DE
RESULTADOS. Um desvalor que não pode ser confundido com o resultado que
é a consequência dos crimes materiais. Desvalor de resultado em afetação dos bens
jurídicos. Certos crimes formais que afetam bens jurídicos. Crimes de corrupção.
Conduta criminal é a solicitação de dinheiro. Basta que esta peça o dinheiro para haver
um crime. Existe a lesão do bem jurídico da autonomia do estado.

ELEMENTOS DESCRITIVOS E NORMATIVOS: Matar pessoa. Elementos


normativos que exigem classificação jurídica como crime de furto. Coisa móvel ou
alheia. Recorrer ao direito civil.

TIPOS ABERTOS: Têm de recorrer a certos elementos suplementares. Elementos


valorativos globais. [art. 154º, nº3 a)]. Fim censurável e adequação social do tipo
incriminador visto já como entidade perturbadora de um sentido material de ilicitude,
que só pode existir quando se dê uma afetação mínima do bem jurídico. O tipo de crime
em todas estas determinações é que o tipo incriminador já tem um tipo de ilicitude.

O autor, o 1º elemento do tipo incriminador. Quem? Pessoas humanas.


Pessoas jurídicas
Dr. Figueiredo Dias e a Responsabilidade penal das pessoas jurídicas. Estas são criações
de direito para que as pessoas humanas possam realizar os seus interesses. Criação de
uma pessoa jurídica é o ato de liberdade, o mesmo acompanhado da responsabilidade
destas pessoas jurídicas.

Ainda do ponto de vista do agente do crime, distinção entre CRIMES COMUNS e


CRIMES ESPECÍFICOS. Os crimes comuns estão na disponibilidade de
qualquer pessoa; o crime específico pressupõe a violação de um dever especial. A
lei pressupõe uma classe de agentes com certos deveres específicos. Outros casos
uma relação interpessoal onde decorrem certos deveres. Importa saber se o crime é
específico ou não devido à matéria da autoria/participação. CRIMES DE MÃO
PRÓPRIA, onde lei exige que o agente pratique o crime com o seu próprio corpo.

6. A conduta implica uma ação voluntária, ligada à vontade do agente.


[ESQUEMA]

Crimes Materiais vs. Crimes de


Formais

Crimes de mera atividade não produzem resultado. O que se pune é a atividade de


conduzir. CRIMES FORMAIS que não necessitam de uma produção de resultado
para serem passíveis de punição.
Aula Data Hora de Início Duração Docentes
10 2022-12-07 15:15 3h Pedro Caeiro
(Aula lecionada no dia 9.12.2022, on-line, para substituir a aula de dia 7.12.2022, que não teve lugar por determ
Diretor da FDUC)

(continuação)

2. A conduta. Crimes de resultado e crimes de mera atividade

3. O bem jurídico. Crimes de dano e crimes de perigo; crimes simples e crimes complexos

4. Grupos de tipos e figuras típicas de estrutura especial

14.º Capítulo - A imputação objetiva do resultado à conduta

1. Sentido do problema

2. Primeiro degrau: a categoria da causalidade

3. Segundo degrau: a causalidade jurídica sob a forma da teoria da adequação

 4. Terceiro degrau: a conexão do risco

5. Problemas práticos e aplicação das regras de exclusão da imputação do resultado (risco permitido, diminuição do risco, compo
alternativo e âmbito de aplicação da norma)

6. A irrelevância da causa virtual para a exclusão da imputação do resultado

O TIPO INCRIMINADOR | O TIPO


OBJETIVO
1. Polissemia do “tipo”: tipo de garantia, tipo de erro e tipo de ilícito

2. DESVALOR DE ACÇÃO (conjunto de elementos subjetivos: finalismo) e


desvalor de resultado (estado exterior criado pelo agente, juridicamente desaprovado:
positivismo, normativismo). Ilícito pessoal e ilícito objetivo: a concorrência
de ambos para o tipo de ilícito... em combinações diferentes;
Distinção entre este “resultado” (afetação do bem jurídico) e o resultado-evento nos
crimes materiais (objeto da acção).

3. ELEMENTOS DESCRITIVOS E NORMATIVOS

4. TIPOS ABERTOS (necessidade de um juízo suplementar para a integração do


tipo: “intenção ilegítima”), elementos valorativos globais (154º-3, a): fim censurável) e
adequação social (a “privação da liberdade” dos passageiros de um avião); o tipo
incriminador visto já como uma entidade portadora de um sentido material de ilicitude,
que só pode existir quando se dê uma afetação mínima do bem jurídico. As menções
redundantes da ilicitude (“perturbar ilegitimamente”).

5. O AUTOR

5.1. Pessoas humanas (individuais) e pessoas jurídicas e entidades equiparadas (“entes


coletivos”: art. 11º). Fundamentação da responsabilidade (também penal!) das pessoas
jurídicas. Modelos de autorresponsabilidade (direta) e hetero-responsabilidade
(derivada). A ilegitimidade constitucional de uma distinção da natureza do ilícito
(penal/contraordenacional) a partir da natureza do agente.
O nexo: representação; interesse coletivo; posição de liderança/subordinados + violação
do dever de vigilância pelos superiores; problemas que se suscitam.

5.2. CRIMES COMUNS e CRIMES ESPECÍFICOS. Distinção: a natureza


geral ou especial do dever. Formas de surgimento: categoria de agentes (p.ex., o
“funcionário”), relação interpessoal (art. 172º-1, a) ou nomeação do dever (art. 250º-1).
Relevo da distinção para a matéria da autoria/participação; comunicabilidade de
circunstâncias (art. 28º).

5.3. CRIMES DE MÃO PRÓPRIA: definição e remissão.

6. A CONDUTA

6.1. A “acção voluntária”;


6.2. Crimes de resultado (ou materiais), incluindo a omissão impura, e crimes de mera
atividade/omissões puras (formais);
- Noção de resultado-evento. Distinção a partir do critério da consumação. Exemplos.
Não confundir com o problema desvalor de acção/desvalor de resultado!
- Relevância: imputação do resultado à acção/omissão; crimes de resultado: execução
livre (131º) e execução vinculada (217º).

O EFEITO DO CRIME SOBRE O BEM


JURÍDICO

7.1. CRIMES DE DANO e CRIMES DE PERIGO. Bem jurídico e objeto da


acção.

- CRIMES DE PERIGO CONCRETO (ex.: 289º) e CRIMES DE PERIGO


ABSTRATO (ex.: 292º); a questão da constitucionalidade das normas que preveem os
últimos. CRIMES DE PERIGO ABSTRATO-CONCRETO. CRIMES DE
APTIDÃO (exs: art. 2º e 4º da L. 52/2003 – LCT).

7.2.

7.3. CRIMES SIMPLES (203º) e CRIMES COMPLEXOS (210º);

7.4. Tipos fundamentais, qualificados e privilegiados;


7.5. Crimes instantâneos, duradouros (permanentes) e habituais;
7.6. Crimes de empreendimento;
7.7. Crimes agravados pelo resultado (art. 18º) (referência breve).

8. A IMPUTAÇÃO OBJECTIVA DO
RESULTADO À ACÇÃO

O facto tem de ser uma ação. Típico e ilícito. A tipicidade aliada à licitude. Que tipo
de ilícito é que figueiredo dias fala. Objetivo e subjetivo. O primeiro, não apreciamos o
porquê de a pessoa fazer aquilo ou não. Apreciamos objetivamente se foi ação ou
omissão daquela pessoa que produziu aquele resultado. Crimes de resultado, onde a
consumação exige a produção de um resultado. Se for crime de atividade, onde não
hã resultado, não hã imputação à conduta. Neste âmbito, os casos mais recorrentes,
são os casos de homicídio. Furto. Dano. Isto não significa que só sejam essas as
hipóteses possíveis. Com base nisto, para fazermos esta imputação, três teorias.
TEORIA DO NEXO CAUSAL, primeiro filtro para apurar se aquela conduta
foi a causa daquele resultado.

Mas mesmo quando depurada na sua vertente mais virtual, TEORIA DA


CONDIÇÃO SINE-QUANON. Muitas coisas que passam. Que não
deviam ser imputadas ao agente. Teoria muito ampla. Exigiu que o legislador fosse
criando outras teorias. Essas teorias afunilam os casos onde vai ser possível a
imputação à conduta. Excluir todas aquelas situações, onde a conduta do agente foi
irresponsável, mas é injusto o direito penal apreciar o agente. Teorias cada vez mais
exigentes;

TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA [10º, nº1] o resultado


deve ser imputado à conduta do agente, quando normal e previsível, segundo
regras da experiência comum, e da normalidade realizar a conduta aquela
consequência. Não preciso passar pela experiência para saber qual a consequência
normal da mesma. Intervenção do terceiro imprevisível, de relevância para
o direito penal e que logo afasta qualquer imputação do resultado à conduta. Neste
tipo de casos, a não teria qualquer conhecimento do eventual aparecimento de C, este
que iria consumar o resultado projetado por A. Não podemos imputar o resultado de
morte de a. Apenas o crime projetado, não o consumado. Tudo o que se sucedeu até ao
aparecimento de c, neste caso, tudo o que aconteceu até â interrupção do nexo causal,
pode ser imputado a a. Assim a seria passível de ser punido por uma tentativa de
homicídio. Situação diferente se o nexo causal fosse do tipo do terceiro
previsível. Neste caso, a e c, haviam combinado realizar o homicídio da forma
descrita. Nesta situação, não existe afastamento da imputação do resultado a A.

CONEXÃO DE RISCO. Determinados riscos permitidos que temos de correr.


Apreciemos se o agente criou ou potenciou um risco não permitido para o bem jurídico
protegido pelo âmbito de proteção da norma e que se materializou no resultado típico.
Exclusão da imputação:

O risco permitido; exemplos: a atividade médica; o desporto. O princípio da


autorresponsabilidade como gerador de riscos permitidos. NB: nas Lições: vários
exemplos que parece poderem ser resolvidos com a teoria da adequação (ex.: a
imprevisibilidade do lençol de água que causa o acidente);

A diminuição do risco para o bem jurídico ou para o seu portador; [exemplos];

O comportamento lícito alternativo: resultado produzir-se-ia na mesma e


nas mesmas condições.

COMPORTAMENTO ILÍCITO ALTERNATIVO – Processo causal em alheio


ao agente. Criou o risco de produção do resultado, mas não responde perante este.
Saber se a causa virtual que podia levar ao resultado, tem efeito sobre o processo causal
causado pelo agente. A causa virtual ao Direito Penal, não tem relevância na exclusão
do resultado. O resultado foi causado ou a coisa virtual não tem nexo com a ação ou
omissão do agente, mas sim com algo exterior a estas. Causalidade virtual. Apesar da
conduta de c realizar a morte de b, pode este ser ilibado pelo facto de,
independentemente, de agir de forma correta ou não, o resultado de b seria sempre o
mesmo, a morte? Neste contexto, c, é passível de imputação, consoante as teorias do
nexo causal e da causalidade adequada. Relativamente à 3º teoria, relativamente à
criação do risco, ou potenciar do mesmo, formalmente, ele também pode ser imputado.
Contudo, na altura em que o juiz aprecia o caso, ele realiza um juízo de postium
prognose, onde já detém estes novos factos. Visto que o incendiar de uma ala
hospitalar que eventualmente iria resultar na morte de b, é um facto exterior ao
comportamento de c, este não teria responsabilidade na morte de b.

Aula Data Hora de Início Duração Docentes


11 2022-12-14 15:15 3h Pedro Caeiro
15.º Capítulo - O tipo de ilícito subjetivo 

I. A construção do tipo de ilícito subjetivo 

II. O dolo do tipo

1. A estrutura do dolo do tipo

2. O momento intelectual

3. Os erros sobre a factualidade típica

(4. O erro sobre proibições legais: remissão para a matéria da UC Direito Penal II)

5. O momento volitivo: as modalidades de dolo. Em especial: a distinção entre dolo eventual e negligência consciente

III. Elementos subjetivos da ilicitude

Encerramento do Curso
O TIPO INCRIMINADOR: TIPO
SUBJETIVO DOLOSO

Elementos que se verificam no interior do agente. Fala-se num tipo subjetivo


doloso. A negligência [arts. 13º; 14º e 15º] codificados no Código Penal.
O dolo é uma categoria composta por vários elementos heterogéneos. Falamos em três
elementos. Dois deles pertencem ao tipo ilícito. Conhecimento =
representação e vontade de praticar um facto. Para além deste outro elemento,
o elemento emocional. Uma atitude pessoal inimizada ou de indiferença
quanto a um determinado direito.

DOLO DO TIPO

[Dolo do Facto] Conhecimento = Representação e vontade do tipo objetivo. Três


modalidades. [Dolo Direto; Dolo Necessário e Dolo Eventual].
O elemento intelectual é o agente conhecer os factos que pratica. O agente tem de se
representar integralmente nos elementos do tipo objetivo. Tem de conhecer o tipo
objetivo. Os factos que pratica. Bem como um elemento de vontade. O tipo objetivo
tem elementos descritivos e normativos. Atualmente esta descrição é posta em
causa. Mesmo os elementos descritivos podem apresentar certas definições descritivas.
Mais complicado quando elementos normativos. Implicam um juízo jurídico sobre a
coisa. O que é que é necessário que o agente represente para que pratique um em dolo.
É necessário que o agente conheça na esfera da lei. Ainda preciso que o agente
pratique o facto com dolo atual. Importante porque não basta a existência de um
conhecimento genérico de certas condições para atuar em dolo. Se o agente está
envolvido com uma menor de 16 anos, a idade é uma presença consciente na relação.
Para realizar dolo não é preciso que o agente no momento, pense na idade da menor.
Não, aqui, a consciência, sendo de caráter atual, é sempre presente. Continuamente
atualizada.
Quando o agente não representa o elemento típico?
Previsto no art. 16º, se realiza um erro. Temos dois tipos de erro. [SEPARAÇÃO
PERTINENTE NO ART. 30º] Quando o agente erra sobre a factualidade típica. Em
todos estes casos se exclui o dolo. O agente não pode ser punido por dolo.
Eventualmente podem-se verificar os elementos necessários para vir a ser punido por dolo .
Nestes casos, basta que ele não represente os factos, não os conheçam ou os
represente de forma errónea. Todos estes casos onde existe uma incongruência
entre o objetivo e o subjetivo. Preenche o objetivo, mas peca no preenchimento do
subjetivo. Em todos estes casos é necessário que o resultado seja imputável à ação.
Agora, distinção entre CRIMES DE EXECUÇÃO LIVRE e CRIMES DE
EXECUÇÃO ORIENTADA. Há dolo sempre que podemos dizer que o resultado
seja causado pela ação. Há dolo sempre que o resultado seja imputável à ação. Um erro
irrelevante. Quantos aos crimes de execução orientada. Só é crime se o agente
preencher esse processo causal. [DESENVOLVER]. Ambos são CRIMES DE
RESULTADO.

O problema do DOLOS GENERALIS. Uma pluralidade de ações que se


desembaraçam num determinado resultado e saber em que circunstância pode o
erro relevar. Aqui existe ou não erro relevante ou dolo. Se o agente previamente
planeou matar a vítima, não se deixa de relevar o dolo. O agente criou o dolo . Se o
agente dá uma facada à vítima e depois despeja o corpo num rio, aqui já não há
homicídio causado de forma dolosa. Há um homicídio doloso juntamente com
homicídio negligente.
Caso contrário, o agente praticar a primeira conduta sem dolo de resultado, mas
planear matar na sequência. Se pratica o ato posterior há homicídio doloso. Se não
pratica os atos posteriores, é mais complicado. Com este critério, se tudo o que o
agente cometer fizer parte do plano prévio, temos dolo.

ERRO NA EXECUÇÃO – [aberratio ictus vel


impetus ]

Tentativa de crime projetado e exclusão do dolo em relação ao crime consumado.


(eventual imputação a título de negligência em concerto com a tentativa). Punir o
agente pelo crime projetado. Em relação ao crime consumado, não se realiza dolo.
Não tinha intenção na realização do crime consumado. Logo não existe dolo. Aqui
aplica-se o regime do art. 16º, nº1. Este regime também se aplica quando os crimes
projetados e consumado sejam iguais. O que ocorre é tipicamente igual ao projetado.
Punir a tentativa de crime juntamente com o homicídio por negligência [crime
consumado].

ERRO SOBRE O OBJETO

No caso anterior temos um erro no golpe. Na execução. Aqui o agente pratica o ato
sobre a pessoa errada. Existe uma irrelevância do erro, pois o crime de homicídio a
identidade da vítima é irrelevante. Crime doloso consumado. Não se aplica aqui o art.
16º. Quando os objetos são tipicamente diferentes. Tentativa de crime projetado e
eventual concurso com o crime consumado negligente (por exclusão do dolo). Como se
o erro não contasse, o agente é punido pelo dolo. O erro aqui não conta pois estaria
associado ao crime projetado. Contudo a consumação deste não se realiza devido a
um erro de identidade. Mas a mesma, ou o erro de identidade, não releva relativamente
a crimes como o homicídio. Logo o erro não releva, punindo-se por dolo, associado
ao crime consumado.

TERMOS GERAIS DA PUNIÇÃO POR


NEGLIGÊNCIA

Tem de estar especificamente prevista a punibilidade desse crime, expresso na lei.


Nem todos os crimes são punidos por negligência. Segundo, tem de se verificar os
requisitos por negligência.
Até agora foi abordado o elemento intelectual do dolo.

ELEMENTO VOLITIVO DO DOLO

A vontade do agente. Começamos com o art. 14º que enuncia várias modalidades do
dolo: o DOLO DIRETO OU INTENCIONAL, onde o agente se representa no e
quer praticar o crime; [não é relevante aqui se o agente deseja aqueles factos ou não.
Irrelevância dos motivos ou fins mediadores do agente]; o DOLO NECESSÁRIO,
onde o agente não quer aquele resultado, mas sabe que vai praticar e prossegue
com essa ação. O agente dirige a sua ação para uma certa finalidade, mesmo
sabendo e reconhecendo os efeitos colaterais da mesma; o DOLO EVENTUAL,
onde o agente se representa no facto como consequência meramente possível. O
agente conforma-se com essa possibilidade. Esta forma levanta vários problemas. Há
uma figura, a negligência consciente, muito próxima do dolo eventual. Nem
todos os crimes são puníveis por negligência. É necessário saber se o agente atua com
dolo ou negligência. São importantes estas duas figuras, nesta distinção. A negligência
é sempre menos punida que o dolo virtual.
Existem várias tentativas de constituir a diferença entre estas duas figuras. A primeira
relacionada com as TEORIAS DA PROBABILIDADE. Esta teoria não pode ser
acolhida. O posicionamento do agente perante o facto é a forma principal de distinguir
entre estas duas figuras; a segunda teoria, onde há dolo se perante a representação, o
agente aceita o facto, há dolo direto. Punir o agente por algo que ele teria feito “se”
[CRÍTICA] [Olhar para o que ocorreu, não para aquilo que teria ocorrido]. Eduardo
Correia propõe a fórmula da DUPLA NEGATIVA. O agente pratica o facto e não
confia que não se vai reproduzir. O agente representa o facto como possível e não
confia na sua não produção. Assunção do risco de produção do facto. Na teoria da
dupla negativa, preconizada por Eduardo Correia o agente se representa no facto,
contudo não confia que o mesmo não se vai reproduzir. Este é um elemento
caracterizador do dolo eventual. O dolo eventual representa, o agente age com
desprezo perante a produção do facto. Assume o risco de produção do ato.
Talvez a distinção entre estas duas figuras se configure na culpa.

Para além do dolo e da negligência, a TEMERIDADE. Um híbrido entre os dois. Jã


não é relevante o dolo antecedente nem o dolo subsequente. Para além do dolo, o
tipo doloso contém os elementos subjetivos da ilicitude. Tendências e ilicitudes para lá
do tipo. Todos estes elementos de intenção são subjetivos da ilicitude, não do dolo.
Elementos subjetivos da ilicitude, não do dolo, constituídos por intenções.

[ENCERRAMENTO DO CURSO]
DIREITO PENAL I – P9
Aula Data Hora de Início Duração Docentes
4 2022-10-26 10:00 2h Ana Rita Alfaiate
Sumário Não inserido

Aula Data Hora de Início Duração Docentes

5 2022-11-03 09:00 2h Ana Rita Alfaiate

Sumário Não inserido

[CASO PRÁTICO]
1. A, cleptomaníaca, furta a carteira que B deixa em cima da mesa de um bar. Quando se
prepara para sair do local, na posse da dita carteira, A apercebesse que C, segurança
desse bar, vem atrás de si, insistindo que aquela carteira pertence a B e que, por isso, A
tem de a devolver. A tira, então, uma faca que traz no bolso e dá um golpe na perna de C,
que fica, de imediato, imobilizado pelo ferimento.
Julgada e condenada, entendeu o Tribunal que A devia cumprir 2 anos de prisão pelas
ofensas à integridade física produzidas em C e 1 ano de internamento pelo furto. Quid
iuris quanto ao modo de cumprimento destas sanções por parte de A? Justifique a sua
resposta à luz da classificação do nosso sistema como sendo tendencialmente monista.

Dois factos ilícitos, logo um caso de Vicariato. 1 ano de internamento + 1 ano de


prisão. Já cumpriu mais de metade. Cumpre pena em liberdade condicional, desde que
estejam cumpridas as exigências de prevenção geral.
2. Considere que:
A cumpriu uma pena de 10 anos de prisão efetiva por violação.
A cumpriu uma pena de 11 anos de prisão efetiva por homicídio.
A pagou uma pena de multa no valor de 2000 euros por um crime de Injúria.
A é conhecido por ameaçar e agredir de forma gratuita.
A praticou no mês passado um crime de burla, pelo qual deverá ser-lhe aplicada pena de
prisão efetiva de 3 anos.
a)     Refira-se à possibilidade de A ser punido com uma PRI. Em que termos? Justifique a
sua resposta.
b)    Considere agora que A foi condenado em todas aquelas três primeiras penas, mas
ainda só cumpriu dois anos de prisão e tem apenas 23 anos. Quid iuris?
c)     Considere agora que, pelo crime de burla, A deveria ser condenado numa pena de 1
ano de prisão. Poderá ser punido com uma PRI? Justifique.

a)     Refira-se à possibilidade de A ser punido com uma PRI. Em que termos? Justifique a
sua resposta.
Facto atual. Burla. Pena superior efetiva superior a 2 anos. Fatos anteriores? 3. Têm de
ser dois ou mais factos dolosos com penas superiores a 2 anos. Personalidade […
agredir de forma gratuita]. A PRI será de 2 a 9 anos. Cumpre até aos 3 anos a pena
devido à sua culpa. A partir daí devido à sua personalidade.
b)    Considere agora que A foi condenado em todas aquelas três primeiras penas, mas
ainda só cumpriu dois anos de prisão e tem apenas 23 anos. Quid iuris?
Neste caso o máximo da PRI será de 7 anos em vez de 9 anos.
c)     Considere agora que, pelo crime de burla, A deveria ser condenado numa pena de 1
ano de prisão. Poderá ser punido com uma PRI? Justifique.
Pelo Artigo 83º? Não. Terá de ser mais de 2 anos. Pelo Artigo 84º? Não. Os factos
anteriores necessitam de ser mais de 3, cada um com pena efetiva com mais de dois
anos.
Condenamos o arguido com a pena concreta de 1 ano.
Quais os factos que não contam para o cálculo de uma PRI? Os que não são crime
[meras contraordenações ou praticados por inimputáveis]; crimes negligentes [todos os
crimes têm de ser crimes dolosos] e crimes para os quais não se aplica uma pena de
prisão.
Aula Data Hora de Início Duração Docentes

6 2022-11-10 09:00 2h Ana Rita Alfaiate

Sumário Não inserido


[FALTA DE APONTAMENTOS]
Aula Data Hora de Início Duração Docentes

7 2022-11-17 09:00 2h Ana Rita Alfaiate

Sumário Não inserido


Ana Rita Alfaiate
1. A e B, naturais do Porto, foram casados durante 10 anos, tendo em conjunto o filho C,
nascido em 2014. Divorciados desde 2019, A e B chegaram a acordo sobre a regulação do
exercício das responsabilidades parentais relativamente ao seu filho C, tendo este ficado a
residir com a mãe, A, mas recebendo visitas frequentes do seu pai B, que acabou por se
mudar para o Algarve, mas vem frequentemente ao Norte.  Numa das visitas do B ao seu
filho C, em maio de 2021, tendo ambos saído para passear por Serralves, B acabou por
agredir com violência C, depois de este lhe ter revelado que muito certamente não passaria
de ano. Para o efeito, B usou, entre outras coisas, o seu cinto, o que provocou em C dores
fortes e equimoses variadas. Ao saber do episódio, A apresentou queixa contra B, por um
crime de violência doméstica relativamente ao filho de ambos, C, mas B acabou acusado
apenas por ofensas à integridade física, na medida em que não se preencheu o elemento
típico da coabitação entre  agente e vítima para que se pudesse falar, no caso, em crime de
violência doméstica. Sabendo que pela lei 57/2021, de 16 de agosto, se prescindiu daquele
elemento típico quando está em causa a violência praticada sobre descendente, diga se B,
que está hoje a ser julgado, pode ser punido nos termos do art. 152.º do CP. Justifique.
Só com a Lei de 2021, sempre que a violência é exercida sobre um progenitor, não é
necessária coabitação, para se considerar como violência doméstica. Aplicar a lei que
vigorava no momento da prática do facto. Regra de aplicação da lei penal no tempo. As
únicas exceções são as situações do Artigo 2º, nº2 e nº4. Não se verificou
descriminalização, nem entrada posta o facto de uma lei mais favorável.
2. S UPONHA QUE EM AGOSTO DE 2020 A PRATICOU O FACTO X, QUE CONSTITUÍA UM CRIME , PUNÍVEL
COM PENA DE PRISÃO ATÉ 3 ANOS . JULGADO E CONDENADO POR ESSE FACTO , A COMEÇOU A CUMPRIR
UMA PENA DE UM ANO DE PRISÃO NO DIA 18 DE OUTUBRO DO MESMO ANO . NO ENTANTO , UMA
ALTERAÇÃO AO CÓDIGO PENAL DE J ANEIRO DE 2021 REVOGOU A NORMA QUE PREVIA AQUELE CRIME.
QUID IURIS ?

Situação de descriminalização. A é libertado.


3. Durante um período de grande perturbação nos transportes públicos, e por essa
circunstância, foi aprovada uma lei que punia com prisão até seis meses quem circulasse
naqueles transportes sem bilhete para o efeito. A, indivíduo avesso a regras, decidiu fazer
uma viagem de Coimbra para Lisboa, no Intercidades, sem comprar bilhete, passando toda
a viagem a tentar esconder-se do responsável pela verificação dos bilhetes, B.  Perto de
Vila Franca de Xira, B encontra finalmente A e, depois de se envolverem numa grande
discussão, B faz A sair nesta estação.
Seis meses depois, quando a situação já é mais calma, é aprovada nova lei que vem agora
punir com coima quem circule em transporte público sem bilhete para o efeito.
Sabendo que, quando A é levado a julgamento, já está em vigor a lei nova, diga se e como
será punido A. Justifique a sua resposta.
 

Exceção à aplicação retroativa do tratamento mais favorável [Art.º 2º, nº3] Leis
temporárias ou leis de emergência. Por vezes o legislador aprova uma lei para valer
somente durante determinado período. Quem pratica o facto durante a lei temporária, é
punido após a vigência desta. Mesmo que a lei não esteja em vigor o agente ainda é
punido, pois, temporárias, o julgamento possa ultrapassar a vigência destas leis.
Situação onde o estado de exceção é tão anómalo que não é possível determinar o fim
da lei temporal. Perceber se existe só uma lei temporária. Se sim, o agente é só punido
por essa lei temporária. Mas uma situação de sucessão de leis temporárias. Dentro deste
leque de leis temporárias, qual a que vamos aplicar ao caso. Ou uma sucessão de leis
temporárias se realizou, mas houve alterações pequenas de circunstâncias. Neste caso,
aplicamos a lei temporária que estava em vigor no momento de prática do facto ilícito.
Se diferentemente, a sucessão de leis temporárias, ocorreu por mera alteração de
conceção do legislador, mas as circunstâncias se mantiveram as mesmas, aplicamos ao
agente, a mais favorável, dentro das leis temporais.
4. Em virtude de um período de sucessivas greves na CP, foi aprovada uma lei que punia
com pena de prisão até seis meses quem circulasse naqueles transportes sem bilhete
para o efeito. A decidiu, ainda assim, viajar num comboio para o qual já não existiam
bilhetes disponíveis e fazer, de pé, a viagem entre Coimbra e Braga. Três meses depois foi
aprovada uma nova lei, segundo a qual a circulação sem bilhete passou a ser punida com
pena de prisão de seis meses a um ano.
Sabendo que, quando A é levado a julgamento, está em vigor a lei nova, diga como será
punido A. Justifique a sua resposta.
Em ambos os casos aplicamos a Lei 1. Por ser a lei em vigor no momento da prática do
facto, bem como ser a lei mais favorável. A mudança de circunstâncias não altera o
facto de que vou utilizar a Lei 1.
5. SUPONHA QUE, EM ABRIL DE 2020, E TENDO EM CONTA A SITUAÇÃO DE PANDEMIA QUE SE
COMEÇARA A VIVER , FOI APROVADA UMA LEI SEGUNDO A QUAL PASSOU A SER PUNIDO COM PENA DE
PRISÃO ATÉ UM ANO “QUEM , INTENCIONALMENTE , TOSSIR SEM MÁSCARA E NUM ESPAÇO FECHADO ”.
EM JULHO, E POR CAUSA DO ABRANDAMENTO DA TAXA DE CONTÁGIO , FOI APROVADA UMA NOVA LEI
PELA QUAL AQUELE COMPORTAMENTO PASSOU A SER PUNIDO COM PENA DE MULTA . E M OUTUBRO ,
NUMA FASE DE NOVO AUMENTO DO NÚMERO DE CASOS DE INFETADOS EM PORTUGAL , FOI APROVADA
UMA TERCEIRA LEI , FIXANDO COMO PENA PARA AQUELA CONDUTA PRISÃO ATÉ 6 MESES . T ODAS AS LEIS
FIXAVAM O SEU PERÍODO DE VIGÊNCIA DESDE A DATA DA PUBLICAÇÃO ATÉ AO FINAL DA PANDEMIA . A
TOSSIU , SEM MÁSCARA, DENTRO DE UMA SALA DE AULA , NO DIA 8 DE MAIO DE 2020 E É JULGADO EM
NOVEMBRO DESTE MESMO ANO . Q UAL A LEI APLICÁVEL AO CASO ? J USTIFIQUE .

Aplica-se a lei em vigor na prática do facto, devido à existência de uma alteração de


circunstâncias. Ultra atividade das leis temporárias, quando as mesmas ainda realizam
pena, mesmo quando a sua vigência é ultrapassada.
6. Em abril de 2018 foi aprovada uma lei (1) segundo a qual passavam a ser punidos, com
pena de prisão até três anos, todos aqueles que ateassem fogueiras ao ar livre e em zona
de palha seca.
Em julho, a referida lei foi substituída por outra (2), passando aquele comportamento a ser
punido com pena de prisão até dois anos.
Mas, em agosto, a pena de prisão passou para até quatro anos (3).
Em outubro, porém, uma quarta lei (4) veio fixar para aquele mesmo comportamento,
novamente, a pena de prisão até três anos.
B ignorou todos os avisos da proteção civil e resolveu fazer uma queimada no seu quintal,
com palha seca, no dia 3 de junho de 2018.
Supondo que B está hoje a ser julgado, diga qual a lei aplicável ao caso. Justifique.
Supondo que não é uma lei temporária. Mas sim uma lei intermédia. Temos de escolher
a lei sem contacto com a prática do facto bem como sem contacto com o momento do
julgamento. Além disso, terá de ser a lei mais favorável. Não está em vigor em nenhum
destas situações. Leis posteriores, consideram-se, as leis intermédias; as leis em vigor
no momento do julgamento, bem como as leis em vigor após o julgamento. Quando o
julgador se refere a leis posteriores, o faz, simultaneamente a leis intermédias. Todas as
leis intermédias são posteriores. Neste caso aplicamos a Lei 2. Intermédia e mais
favorável.
Agora, supondo que é uma sucessão de leis temporárias, sem alteração de
circunstâncias. Aplicamos a Lei 2, pois não existiu alteração das circunstâncias. Se
houve alteração das circunstâncias, aplicamos a lei no momento da prática do facto.
7. SUPONHA QUE A PRATICOU DETERMINADO FACTO EM SETEMBRO DE 2020, NUMA ALTURA EM QUE
ESTE FACTO ERA PUNIDO COM PRISÃO ATÉ 1 ANO (L EI 1). E NTRETANTO , EM JANEIRO DESTE ANO ,
ENTROU EM VIGOR UMA LEI (L EI 2) QUE PASSOU A PUNIR O FACTO X COM UMA COIMA . DESDE AGOSTO ,
PORÉM, O FACTO X, DEVIDO À APROVAÇÃO DE UMA NOVA LEI (L EI 3), É PUNIDO COM MULTA .  A ESTÁ
HOJE A SER JULGADO . REFIRA , JUSTIFICANDO LEGAL E DOUTRINALMENTE A SUA RESPOSTA , QUAL A LEI
APLICÁVEL .

Neste caso, segundo FIGUEIREDO DIAS, o agente deve ser punido por
contraordenação. Art.º2, nº4. O facto deixou de ser crime, mas continua a não ser
neutro. Continuidade no juízo de ilicitude entre direito penal e direito de mera
ordenação social. Embora ramos diferentes, são muito próximos. Comportamentos que
refletem este juízo de continuidade. A jurisprudência, e PEDRO CAEIRO, dizem que o
agente não pode ser punido. Relativamente ao direito penal, houve uma
descriminalização, a norma passando de crime para mera contraordenação. Ramos
diferentes, mesmo que próximos. Também não podemos por contraordenação. Não
podemos aplicar as normas do crime, porque houve descriminalização. Não podemos
aplicar a norma de contraordenação, pois seria menos favorável, pois seria a diferença
entre não ser punido e pagar uma coima.
Quanto à sanção, a coima e a pena são razões diferentes. A coima é uma sanção neutra.
A pena, não. A pena, mesmo quando é uma pena de multa, nunca é uma sanção
puramente pecuniária. Se eu não cumprir esta multa, pode funcionar a prisão
subsidiária. Vou cumprir a pena não a título de multa, mas com uma pena de prisão. A
coima é uma sanção puramente pecuniária. O máximo que pode acontecer se eu não
cumprir uma coima, no máximo, sou penalizado através do meu património. A pena só
pode ser aplicada pelos tribunais. A coima pode ser aplicada, quer pelos tribunais, quer
pelas entidades administrativas.
Quanto à aplicação da lei no espaço.
Responsabilidade das pessoas coletivas. Não está relacionado com o Direito Penal. Só
recentemente. [Art. 11º do Código Penal]. Só nestes casos. Por outro lado, a
responsabilidade contraordenacional, está pensada para as entidades coletivas.
Aula Data Hora de Início Duração Docentes
8 2022-11-23 14:15 1h Ana Rita Alfaiate
Sumário Não inserido

8. A, DE 25 ANOS , ABUSOU SEXUALMENTE DA SUA VIZINHA B, DE 5, DURANTE O PERÍODO EM QUE ESTA


PASSOU A VIVER APENAS COM A AVÓ , NA SEQUÊNCIA DA EMIGRAÇÃO DOS SEUS PAIS . O S FACTOS
REMONTAM AOS MESES DE MARÇO , ABRIL E M AIO DE 2017. J ULGADO E CONDENADO EM D EZEMBRO
DE 2018, B CUMPRE , NESTE MOMENTO , PENA DE 9 ANOS DE PRISÃO . SUPONDO QUE O LEGISLADOR
PORTUGUÊS TIVESSE APROVADO UMA LEI , EM J ULHO DESTE ANO , SEGUNDO A QUAL O CRIME EM CAUSA
PASSARIA , NO MÁXIMO , A SER PUNIDO COM UMA PENA DE PRISÃO ATÉ 7 ANOS , DIGA EM QUE TERMOS
PODERÁ ESTA ALTERAÇÃO INFLUENCIAR A SITUAÇÃO PRISIONAL DE A. J USTIFIQUE .

(ART. 371º A) NO CASO EM QUE TEMOS SÓ UM AGENTE . CASOS DE


COMPARTICIPAÇÃO . CO AUTORES QUE JÁ CUMPRIRAM TUDO . OU APENAS PARTE .
NESSAS SITUAÇÕES , ESSA MALEABILIDADE DO SISTEMA , PODE DAR AZO A SITUAÇÃO
DE INJUSTIÇA RELATIVA . QUEM É QUE DECIDIU QUE O AGENTE DEVIA SER
CONDENADO A 9 ANOS DE PRISÃO . O LEGISLADOR DECIDIU QUE ELE DEVIA CUMPRIR
7 ANOS . VIOLA EM TESE O PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES .

9. Quid iuris se A, B e C, julgados e condenados respetivamente a 6, 12 e 14 anos de prisão


em 2015, vêm, hoje, o tipo legal de crime no qual foram subsumidas as suas condutas ser
alterado no sentido de prever como pena máxima 6 anos de prisão? Justifique.

UMA SITUAÇÃO ONDE TEMOS 3 CO AUTORES CONDENADOS E JULGADOS PELO


MESMO FACTO . A EXISTÊNCIA DESTA DISCREPÂNCIA É COM BASE NAS EXIGÊNCIAS
DE PREVENÇÃO ESPECIAL E DA CULPA . O QUE FOI CONDENADO A 12 ANOS DE
PRISÃO , SÓ SAIRIA A 2027. O QUE FOI CONDENADO A 14, SÓ SAIRIA A 2029. MAS Á
LUZ DESTA NOVA LEI, QUANDO É QUE ELES TÊM DE SAIR ? AGORA . PORQUE JÁ O ANO
PASSADO ATINGIRAM O LIMITE MÁXIMO DA MOLDURA PENAL . E M TERMOS DE
JUSTIÇA RELATIVA , ISTO PARECE INJUSTO . O A TEVE UMA CONDENAÇÃO MUITO
MAIS INFERIOR QUE OS RESTANTES . QUESTIONA-SE HOJE , SE ESTA SOLUÇÃO É
CONDICIONAL . LIMITE DO CASO JULGADO ? OU NÃO?
10. Em 2014, A e B cometeram em coautoria o crime X. Suponha que nessa data tal crime
era punido com pena de prisão de 2 a 8 anos. Perseguidos pelas autoridades, só A foi
encontrado e levado a julgamento, tendo B fugido para o estrangeiro. Em 2016, A foi
condenado numa pena de prisão de 7 anos, não tendo interposto recurso. Em 2020 a pena
aplicável ao crime cometido por A e por B passou a ser de prisão de 2 a 6 anos. Em 2020 B
foi finalmente encontrado, julgado e condenado.
a) Por que lei deve B ser punido?
b) Poderá A beneficiar do regime mais favorável da nova lei?
c) Mas imaginemos agora que B tinha afinal sido encontrado, julgado e condenado em
2019, numa pena de prisão de 4 anos. Poderá beneficiar, de algum modo, da
despenalização que, entretanto, se verificou?

A) RELATIVAMENTE A B , QUE LEI É QUE DEVE SER APLICADA ?


REGRA GERAL ,
SEMPRE APLICAR A LEI EXISTENTE NO MOMENTO DA PRÁTICA DO FACTO . T EMOS
AQUI CONDIÇÕES PARA APLICAR UMA EXCEÇÃO [ART . 2º, Nº4/1ª PARTE] NESTE CASO
A LEI DE 2020.

B) P ARA CUMPRIR , MENOS DO QUE O NOVO MÁXIMO , O IMPULSO PARA A


REAPRECIAÇÃO [ART. 371º A].
C) CONDENAÇÃO DE B É INFERIOR À MOLDURA . [ART. 371º C ÓDIGO DE PROCESSO
PENAL].

APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO

ART. 7º ARTS. 4º, 5º E 6º. N ÃO MOBILIZAR OS ARTIGOS 4º, 5º E 6º. A PÓS


E
ESCOLHER O ART. 7º, ESCOLHER UM DOS OUTROS TRÊS ARTIGOS . NUNCA
RESPONDER COM O ART . 4º COM O ART . 6º. COMO SABER QUE ARTIGO ? PRIMEIRO
TEMOS DE PASSAR PELO ART. 7º, QUE DEFINE O LUGAR DA PRÁTICA DO FACTO .
VÁRIOS CRITÉRIOS . CONTRÁRIO AO MOMENTO DA PRÁTICA DO FACTO , ONDE A
AÇÃO OU OMISSÃO SÃO OS ÚNICOS CRITÉRIOS .

[ART. 7º] CRITÉRIOS DE AÇÃO, RESULTADO E RESULTADO ESPERADO . DUAS PARTES.


ESTA DIVISÃO DÁ-SE ATÉ À VÍRGULA . PODEMOS TER AÇÃO TOTAL NO NOSSO PAÍS.
AÇÃO PARCIAL NO NOSSO PAÍS. OMISSÃO TOTAL . OU OMISSÃO PARCIAL . PODE SER
SOBRE QUALQUER FORMA DE COMPARTICIPAÇÃO .

TAMBÉM CRITÉRIOS DE RESULTADO . RESULTADO TÍPICO. O RESULTADO PODE


APENAS TER SIDO CÁ. AÇÃO EM E SPANHA , RESULTADO EM PORTUGAL . C RIMES
AGRAVADOS POR DETERMINADOS RESULTADOS . RESULTADO AGRAVANTE . POR
VEZES TEMOS UMA AÇÃO A QUE NÃO SE SEGUE RESULTADO . C ASOS DE
TENTATIVA. N ESTES CASOS , TEMOS O LUGAR DO RESULTADO ESPERADO . PODE-SE
TER PERSPETIVADO QUE O RESULTADO OCORRESSE NO LUGAR X. N OS CASOS DE
TENTATIVA , O CRITÉRIO É TUDO AQUILO NO Nº1 ATÉ AO COMO , E TAMBÉM TUDO O
QUE APARECE NO Nº2. O AGENTE ESPERAVA QUE O RESULTADO TIVESSE SIDO EM X.
CRITÉRIO DO RESULTADO ESPERADO. BASTA QUE UM DESTES CRITÉRIOS SE REALIZE
PARA QUE PORTUGAL , SEJA O LUGAR DA PRÁTICA DO FACTO . AGORA A SOLUÇÃO DO
ARTIGO 4º. C RITÉRIO DA TERRITORIALIDADE E CRITÉRIO DO PAVILHÃO , NA ALÍNEA
B). FOI CÁ QUE SE REALIZARAM AS EXIGÊNCIAS PENAIS . T AMBÉM UMA QUESTÃO DE
ORDEM PROCESSUAL PENAL . MAIS EFICAZ. ALARGAMENTO DO PRINCÍPIO DA
TERRITORIALIDADE ATRAVÉS DO CRITÉRIO DO PAVILHÃO . QUANDO O FACTO É
PRATICADO EM NAVIOS OU AERONAVES PORTUGUESES . SITUAÇÕES DE CONFLITO
POSITIVO DE COMPETÊNCIAS . A PODE SER PERUANO , BATEU NO SENHOR B, QUE FOI
PARAGUAIO , NUM AVIÃO DA TAP. O AVIÃO POUSOU EM TERRITÓRIO INGLÊS . A
PREOCUPAÇÃO É SABER SE SOMOS COMPETENTES . SE SIM, COMO JULGAR O AGENTE .
QUAL O ÚNICO CASO EM QUE O FACTO OCORRE CÁ, MAS NÃO É JULGADO PELA LEI
PORTUGUESA . QUANDO HOUVER TRATADO OU CONVENÇÃO INTERNACIONAL QUE
DIGA O CONTRÁRIO . P ROBLEMAS DA EXTRADIÇÃO , TAMBÉM .

1.              Durante o mês de Agosto, A, casado com B, envenenou a mulher com intenção de
a matar durante as férias que gozavam no Funchal. Detido imediatamente pelas
autoridades, A foi acusado do crime de homicídio qualificado na forma tentada pois B
acabou por sobreviver.
a)             Sabendo que ambos são alemães, poderá A ser julgado pelos tribunais
portugueses? Será a lei penal portuguesa aplicável ao caso?
b)             E se, em vez disso, A enviou um manuscrito envenenado, ainda na Alemanha,
para o hotel onde se hospedaria com a mulher e com a indicação de que lhe fosse
entregue no segundo dia de estadia, o que veio a acontecer, tendo B, no entanto, ainda
assim, sobrevivido graças à rápida intervenção de um médico que se encontrava no
mesmo hotel?
a) Começar pelo Art. 7º e Critério da AÇÃO. Art. 4º a), princípio da territorialidade.
b) Facto praticado, ainda em Portugal, critério do resultado esperado. Art. 4º, Princípio
da territorialidade.
2.              A PORTUGUÊS VIAJA NUMA AERONAVE PORTUGUESA COM DESTINO A ESPANHA. APÓS
ATERRAR EM M ADRID , A, AINDA A BORDO , AGRIDE B, ESPANHOL , CAUSANDO -LHE OFENSAS À
INTEGRIDADE FÍSICA GRAVES (ART. 144º CP). P ODEM OS TRIBUNAIS PORTUGUESES JULGAR ESTE FACTO ?
CRITÉRIO DO PAVILHÃO . AERONAVE PORTUGUESA , COMPETÊNCIA PORTUGUESA .

_________________________________________________________________
30.12.2022 [ CADERNO ]
07.12.2020 [ NÃO HOUVE AULA]
14.12.2022
IMPUTAÇÃO DO RESULTADO À CONDUTA . O FACTO TEM DE SER UMA AÇÃO . TÍPICO E
ILÍCITO . A TIPICIDADE ALIADA À LICITUDE . QUE TIPO DE ILÍCITO É QUE FIGUEIREDO
DIAS FALA . OBJETIVO E SUBJETIVO . O PRIMEIRO , NÃO APRECIAMOS O PORQUÊ DA
PESSOA FAZER AQUILO OU NÃO . APRECIAMOS OBJETIVAMENTE SE FOI AÇÃO OU
OMISSÃO DAQUELA PESSOA QUE PRODUZIU AQUELE RESULTADO . CRIMES DE
RESULTADO , ONDE A CONSUMAÇÃO EXIGE A PRODUÇÃO DE UM RESULTADO . SE FOR
CRIME DE ATIVIDADE , ONDE NÃO HÃ RESULTADO , NÃO HÃ IMPUTAÇÃO À CONDUTA .
NESTE ÂMBITO , OS CASOS MAIS RECORRENTES , SÃO OS CASOS DE HOMICÍDIO .
FURTO . DANO . ISTO NÃO SIGNIFICA QUE SÓ SEJAM ESSAS AS HIPÓTESES POSSÍVEIS .
COM BASE NISTO , PARA FAZERMOS ESTA IMPUTAÇÃO , TRÊS TEORIAS . TEORIA DO
NEXO CAUSAL , PRIMEIRO FILTRO PARA APURAR SE AQUELA CONDUTA FOI A CAUSA
DAQUELE RESULTADO . MAS MESMO QUANDO DEPURADA NA SUA VERTENTE MAIS
VIRTUAL , TEORIA DA CONDIÇÃO SINE -QUANON . MUITAS COISAS QUE PASSAM . QUE
NÃO DEVIAM SER IMPUTADAS AO AGENTE. TEORIA MUITO AMPLA . EXIGIU QUE O
LEGISLADOR FOSSE CRIANDO OUTRAS TEORIAS . ESSAS TEORIAS AFUNILAM OS CASOS
ONDE VAI SER POSSÍVEL A IMPUTAÇÃO À CONDUTA . EXCLUIR TODAS AQUELAS
SITUAÇÕES , ONDE A CONDUTA DO AGENTE FOI IRRESPONSÁVEL, MAS É INJUSTO
O DIREITO PENAL APRECIAR O AGENTE . TEORIAS CADA VEZ MAIS EXIGENTES ; TEORIA
DA CAUSALIDADE ADEQUADA [10º, Nº1] O RESULTADO DEVE SER IMPUTADO À
CONDUTA DO AGENTE, QUANDO NORMAL E PREVISÍVEL , SEGUNDO REGRAS DA
EXPERIÊNCIA COMUM , E DA NORMALIDADE REALIZAR A CONDUTA AQUELA
CONSEQUÊNCIA . NÃO PRECISO PASSAR PELA EXPERIÊNCIA PARA SABER QUAL A
CONSEQUÊNCIA NORMAL DA MESMA ; SEGUNDA TEORIA DA CONEXÃO DE RISCO .
DETERMINADOS RISCOS PERMITIDOS QUE TEMOS DE CORRER. APRECIEMOS SE O
AGENTE CRIOU OU POTENCIOU UM RISCO NÃO PERMITIDO PARA O BEM JURÍDICO
PROTEGIDO PELO ÂMBITO DE PROTEÇÃO DA NORMA E QUE SE MATERIALIZOU NO
RESULTADO TÍPICO .

Aula Data Hora de Início Duração Docentes


9 2022-11-30 10:00 2h Ana Rita Alfaiate
Sumário Não inserido
APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO E NO TEMPO
SITUAÇÕES ONDE NÃO HÃ LIGAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DO FACTO E TERRITÓRIO
NACIONAL . ART. 20º E 6º. P RINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE + OPTAR PELO ESTADO .

PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE NO ART . 20º PODE SER DE CARIZ PASSIVA OU ATIVA .


NACIONALIDADE ATIVA QUANDO O AGENTE É PORTUGUÊS E NACIONALIDADE
PASSIVA QUANDO A VÍTIMA É PORTUGUESA . NECESSIDADE DE TRÊS REQUISITOS
CUMULATIVOS PARA A MOBILIZAÇÃO DESTE REGIME . AGENTE EM PORTUGAL ,
DUPLA INCRIMINAÇÃO E OS FACTOS OCORRIDOS CONSTAREM NO NOSSO
ORDENAMENTO JURÍDICO [DUPLA INCRIMINAÇÃO]. O TERCEIRO REQUISITO , O
CRIME, PELA SUA NATUREZA , ADMITIR EXTRADIÇÃO . NÃO PODENDO SER UM CRIME
POLÍTICO NEM UM CRIME MILITAR . [CRP ARTS. 33º, Nº3, Nº4, Nº5, Nº6, E Nº7] PARA
ALÉM DESTES, REMISSÃO PARA O ART . 5º E). TAMBÉM REGRAS DE EXTRADIÇÃO . L EI
DA C OOPERAÇÃO JUDICIÁRIA [L EI 144/99] R EGIME GERAL DO C ONTRATERRORISMO
[ART. 371º CRP] (TRAZER PARA O EXAME).
O Nº3 DESTE ARTIGO TRATA DA EXTRADIÇÃO DE PORTUGUESES . REGRAS MUITO
APERTADAS .TRÊS REQUISITOS . (CRIME INTERNACIONAL ORGANIZADO ; GARANTIA
DE PROCESSO E […]).

O Nº4, SITUAÇÃO ONDE UM PAÍS PEDE EXTRADIÇÃO A UM CIDADÃO DELES ,


APLICAÇÃO DA PRISÃO PERPÉTUA OU DE UMA MEDIDA DE SEGURANÇA ?
GARANTIAS ? SE DISSEREM , GARANTIREM , QUE PODE SER APLICADA PENA PERPÉTUA
OU MEDIDA DE SEGURANÇA INDEFINIDA , NÃO SE EXTRADITA . PARA SE EXTRADITAR
É SEMPRE NECESSÁRIA GARANTIA DE QUE NÃO SE APLICA A PENA PERPÉTUA .

O Nº6, OU O PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE ATÍPICA OU


CUMULATIVA. AQUI UM AGENTE E VÍTIMAS PORTUGUESES . AGENTE RESIDIR EM
PORTUGAL . CONTRA O TURISMO CRIMINAL . A ALÍNEA B) SERVE PARA TODAS AS
SITUAÇÕES ONDE O CRIME PRATICADO EM P ORTUGAL É UM PORMENOR . T UDO
AQUILO É LIGADO A PORTUGAL . PORTUGUESES , AMBOS VÍTIMA E AGENTE. RESIDEM
EM P ORTUGAL . APLICAÇÃO DA LEI P ORTUGUESA .

PRINCÍPIO DA DEFESA DOS INTERESSES NACIONAIS. ALÍNEA A), ONDE


FACTOS QUE SE TRADUZEM EM ATAQUES AOS INTERESSES DO NOSSO ESTADO .

PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE. BENS JURÍDICOS TRANSVERSAIS . ALÍNEAS


C) E D). [A RT. 5º]. T IPOS DE CRIMES E VÍTIMAS DIFERENCIAM AS DUAS ALÍNEAS.
NA ALÍNEA D), A VÍTIMA É NECESSARIAMENTE UM MENOR. TIPOS DE CRIMES, OS DE
CARIZ SEXUAL PRATICADOS CONTRA MENORES [ART . 144º, 163º E 164º].
RELATIVAMENTE À ALÍNEA D), DOS TRÊS REQUISITOS [AGENTE E VÍTIMA SEREM
PORTUGUESES ; R ESIDIREM HABITUALMENTE EM PORTUGAL ; MENOR RESIDIR EM
PORTUGAL ] SÓ É NECESSÁRIA A VERIFICAÇÃO DE UM DESTES TRÊS REQUISITOS .
AGORA SITUAÇÕES ONDE NÃO É POSSÍVEL ENCAIXAR O CASO EM UMA DAS
HIPÓTESES . UM CONFLITO DE COMPETÊNCIAS . CRIMES DE EXTRADIÇÃO QUE NÃO
PODE SER DECIDIDOS .

[ART. 6º, Nº1 Nº2] COMO JULGAR O AGENTE? SEGUNDO QUE LEI? SE JULGARMOS
E
O AGENTE NO NOSSO PAÍS . S E NÃO FOR JULGADO . F OI JULGADO MAS NÃO CUMPRIU
TEMPO NENHUM DA CONDENAÇÃO . C UMPRIU PARTE MAS FUGIU . O QUE FAZER?
PODEMOS JULGÁ -LO A PARTIR DO REGIME DO DESCONTO, PREVISTO NO ART. 82º
DO C ÓDIGO PENAL. [ART . 6º, Nº2]. REGRA É, APLICAR A LEI MAIS FAVORÁVEL AO
AGENTE EM SITUAÇÕES DE COMPETÊNCIA . S E A LEI DO LOCAL ONDE O AGENTE
PRATICOU O CRIME FOR MAIS FAVORÁVEL , APLICAMOS ESSA LEI AO AGENTE. [A RT.
6º, Nº1].
3.              A, ESPANHOL , E B, PORTUGUESA , COMEMORAVAM MAIS UM ANIVERSÁRIO DE NAMORO, EM
PARIS , QUANDO SE ENVOLVERAM NUMA VIOLENTA DISCUSSÃO , TENDO B ACABADO POR ESBOFETEAR A
COM VIOLÊNCIA . S ABENDO QUE AMBOS REGRESSARAM A PORTUGAL DOIS DIAS DEPOIS DO EPISÓDIO DE
VIOLÊNCIA , DIGA EM QUE CONDIÇÕES PODERÃO OS TRIBUNAIS PORTUGUESES SER COMPETENTES PARA
JULGAR A SITUAÇÃO

CASO DE APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO . CASO DE NACIONALIDADE ATIVA , VISTO


QUE B, AUTOR DO FACTO , É DE NACIONALIDADE PORTUGUESA . B, ESTÁ EM
PORTUGAL , E É PORTUGUESA . AQUI O FACTO , VISTO QUE OCORREU EM ESPANHA ,
ESTA SENDO A REGRA PRIMÁRIA , O LOCAL DO FACTO OCORRIDO , DETERMINA ONDE
O AGENTE OU COMO VAI SER JULGADO , SERIA B, JULGADO CONSOANTE LEGISLAÇÃO
ESPANHOLA , NÃO TENDO OS TRIBUNAIS PORTUGUESES COMPETÊNCIA .
RELATIVAMENTE AO ART . 6º, Nº1 E Nº2, NÃO EXISTEM LIMITAÇÕES .
APLICAMOS A
LEI MAIS FAVORÁVEL , CONSOANTE O ART. 6º, Nº2. A LÉM DISSO , O FACTO COMETIDO
É PASSÍVEL DE REALIZAR EXTRADIÇÃO , VISTO QUE NÃO É UM CRIME POLÍTICO NEM
MILITAR .

4.              A, FRANCÊS , COMETEU 3 HOMICÍDIOS QUALIFICADOS EM FRANÇA. A POLÍCIA FRANCESA


ANDAVA À SUA PROCURA PARA O PRENDER , MAS  A CONSEGUIU FUGIR PARA PORTUGAL . SABE -SE QUE AS
VÍTIMAS SÃO PORTUGUESAS E QUE EM F RANÇA O DELINQUENTE SERIA PUNIDO COM PENA DE PRISÃO
PERPÉTUA . UMA VEZ EM PORTUGAL , A  PODE SER JULGADO PELOS TRIBUNAIS PORTUGUESES ?

Caso de Nacionalidade Passiva, visto que as vítimas são de nacionalidade portuguesa.


Podemos extraditar A? Não, porque só podemos extraditar se tivermos garantias de não
aplicação de pena perpétua ao agente. Neste caso ele seria condenado a pena perpétua,
logo não podemos extraditar, consoante o previsto no Art. 33º, nº4. Relativamente à
aplicação da lei mais favorável, prevista no Art. 6º, nº1 e nº2, não existem limitações à
mesma.

5.              NA SEQUÊNCIA DE UMA MEGA INVESTIGAÇÃO , ENCONTRARAM -SE VÁRIAS PROVAS DE QUE A,
PORTUGUÊS , RESIDENTE NO L ÍBANO , SE HAVIA JUNTADO A UM GRUPO ARMADO QUE PROJECTAVA
VÁRIOS ATAQUES SUICIDAS NA EUROPA , REVELANDO DOCUMENTOS DOS S ERVIÇOS S ECRETOS
PORTUGUESES , RELATIVOS À SALVAGUARDA DA POPULAÇÃO EM TERRITÓRIO NACIONAL . REFIRA -SE À
POSSIBILIDADE DE ESTE SER PUNIDO PELA LEI PENAL PORTUGUESA ( ART . 316.º - VIOLAÇÃO DE SEGREDO
DE ESTADO )?

NÃO EXTRADIÇÃO POR SE TRATAR DE UM CRIME DE CARIZ MILITAR . SITUAÇÃO DE DEFESA DOS
INTERESSES NACIONAIS . APLICAMOS AQUI O PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE. N OMEADAMENTE A
ALÍNEA C) DO ART. 5º, REFERENTE À PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS TRANSVERSAIS . A ALÍNEA D),
REALIZA DISTINÇÃO ENTRE VÍTIMA E TIPO DE CRIME . VÍTIMA MENOR E DE CARIZ SEXUAL , ONDE SÓ É
NECESSÁRIA A REALIZAÇÃO DE UM DOS CRITÉRIOS PARA A MOBILIZAÇÃO DESTE REGIME .

7.              A, americano, cometeu no seu país um crime punido com pena de morte e


refugiou-se em Portugal. Será a lei penal portuguesa aplicável a este caso?

Aqui a aplicação do regime previsto na alínea f), relativamente à DETERMINAÇÃO


SUPLETIVA DA JUSTIÇA PENAL.

8.               A bordo de uma aeronave espanhola e na sequência de um desentendimento


durante o voo, A, italiano, matou B, português. Assim que a aeronave aterrou em Madrid, A
foi detido pelas autoridades. Julgado e condenado em Espanha, A começou a cumprir a
sua pena de 10 anos de prisão em março de 2019.
No passado mês de dezembro, A, porém, conseguiu evadir-se da prisão, refugiando-se num
monte alentejano, propriedade de um amigo alemão.
Serão os tribunais portugueses competentes para julgar A?
Poderá a lei penal portuguesa aplicar-se ao caso?
 
Mobilizar a Nacionalidade Passiva [Art. 5º, nº1] bem como os Arts. 6º, nº1 e nº2 + 82º,
relativamente à aplicação da lei mais favorável.

Aula Data Hora de Início Duração Docentes


10 2022-12-07 10:00 2h Ana Rita Alfaiate
Sumário Não inserido
[NÃO HOUVE AULA]
Aula Data Hora de Início Duração Docentes
11 2022-12-14 10:00 2h Ana Rita Alfaiate
Sumário Não inserido
IMPUTAÇÃO DO RESULTADO À CONDUTA
O FACTO TEM DE SER UMA AÇÃO. TÍPICO E ILÍCITO . A TIPICIDADE ALIADA À LICITUDE. QUE TIPO DE
ILÍCITO É QUE FIGUEIREDO DIAS FALA. OBJETIVO E SUBJETIVO . O PRIMEIRO , NÃO APRECIAMOS O
PORQUÊ DA PESSOA FAZER AQUILO OU NÃO. APRECIAMOS OBJETIVAMENTE SE FOI AÇÃO OU
OMISSÃO DAQUELA PESSOA QUE PRODUZIU AQUELE RESULTADO . CRIMES DE RESULTADO , ONDE A
CONSUMAÇÃO EXIGE A PRODUÇÃO DE UM RESULTADO . SE FOR CRIME DE ATIVIDADE , ONDE NÃO
HÃ RESULTADO , NÃO HÃ IMPUTAÇÃO À CONDUTA . NESTE ÂMBITO , OS CASOS MAIS RECORRENTES,
SÃO OS CASOS DE HOMICÍDIO . FURTO . DANO . ISTO NÃO SIGNIFICA QUE SÓ SEJAM ESSAS AS
HIPÓTESES POSSÍVEIS . COM BASE NISTO, PARA FAZERMOS ESTA IMPUTAÇÃO , TRÊS TEORIAS .
TEORIA DO NEXO CAUSAL, PRIMEIRO FILTRO PARA APURAR SE AQUELA CONDUTA
FOI A CAUSA DAQUELE RESULTADO . MAS MESMO QUANDO DEPURADA NA SUA VERTENTE MAIS
VIRTUAL, TEORIA DA CONDIÇÃO SINE -QUANON . MUITAS COISAS QUE PASSAM. QUE NÃO DEVIAM
SER IMPUTADAS AO AGENTE. TEORIA MUITO AMPLA. EXIGIU QUE O LEGISLADOR FOSSE CRIANDO
OUTRAS TEORIAS . ESSAS TEORIAS AFUNILAM OS CASOS ONDE VAI SER POSSÍVEL A IMPUTAÇÃO À
CONDUTA . EXCLUIR TODAS AQUELAS SITUAÇÕES , ONDE A CONDUTA DO AGENTE FOI
IRRESPONSÁVEL , MAS É INJUSTO O DIREITO PENAL APRECIAR O AGENTE . TEORIAS CADA VEZ MAIS
EXIGENTES; TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA [10º, N º1] O
RESULTADO DEVE SER IMPUTADO À CONDUTA DO AGENTE, QUANDO NORMAL E PREVISÍVEL ,
SEGUNDO REGRAS DA EXPERIÊNCIA COMUM, E DA NORMALIDADE REALIZAR A CONDUTA AQUELA
CONSEQUÊNCIA . NÃO PRECISO PASSAR PELA EXPERIÊNCIA PARA SABER QUAL A CONSEQUÊNCIA
NORMAL DA MESMA ; SEGUNDA TEORIA DA CONEXÃO DE RISCO.
DETERMINADOS RISCOS PERMITIDOS QUE TEMOS DE CORRER . APRECIEMOS SE O AGENTE CRIOU OU
POTENCIOU UM RISCO NÃO PERMITIDO PARA O BEM JURÍDICO PROTEGIDO PELO ÂMBITO DE
PROTEÇÃO DA NORMA E QUE SE MATERIALIZOU NO RESULTADO TÍPICO .

1) A deu um empurrão a B. Na sequência deste empurrão, B teve um enfarte do miocárdio


e morreu. Em tribunal, provou-se que A desconhecia a doença cardíaca de B. Poderá o
resultado morte de B ser imputado à conduta de A? Justifique.
NESTE CASO HÁ IMPUTAÇÃO DO RESULTADO À CONDUTA , RELATIVAMENTE À
PRIMEIRA TEORIA DA CAUSALIDADE. AGORA O 2º CRITÉRIO [ART. 10º, Nº1].
NESTE SEMESTRE SEMPRE TRATAMOS DE SITUAÇÕES DE AÇÃO . TEMOS DE VER SE
ESSE EMPURRÃO DADO POR A É ADEQUADO A PRODUZIR O RESULTADO EM CAUSA .
NESTE CASO ESPECÍFICO , A MORTE POR ENFARTE DE MIOCÁRDIO . É NORMAL E
PREVISÍVEL . NESTE CASO , RELATIVAMENTE AO 2º CRITÉRIO NÃO HÁ IMPUTAÇÃO DO
RESULTADO À CONDUTA . CONTUDO A SITUAÇÃO SERIA DIFERENTE SE O AGENTE
INFRATOR TIVESSE CONHECIMENTO DE UMA QUALQUER CONDIÇÃO QUE PUDESSE
POTENCIAR O RESULTADO CONSUMADO . SE A TIVESSE CONHECIMENTO DA
SITUAÇÃO DE SAÚDE DE B, SABENDO ASSIM QUE UM EMPURRÃO PUDESSE
POTENCIAR O RESULTADO DE MORTE .

2) A DISPARA CONTRA B, COM INTENÇÃO DE O MATAR. MORIBUNDO E ABANDONADO NA ESTRADA , B É


ENCONTRADO POR  C  QUE , POR COMPAIXÃO , DESFERE DOIS TIROS CERTEIROS , PROVOCANDO -LHE A
MORTE IMEDIATA . QUID IURIS QUANTO À IMPUTAÇÃO DO RESULTADO MORTE DE B? J USTIFIQUE .

PELA PRIMEIRA TEORIA DA CAUSALIDADE EXISTE IMPUTAÇÃO DO RESULTADO À CONDUTA ?


SIM .
A AÇÃO DE C PROVOCA A MORTE DE B. TAMBÉM PODEMOS IMPUTAR O RESULTADO DE
MORTE A A. AQUI TEMOS UM CASO DE INTERRUPÇÃO DO NEXO CAUSAL. ALGO QUE SE
REALIZOU ENTRE A AÇÃO DE A E A MORTE DE B. DECIDIMOS ESTES TIPOS DE CASOS NA 2º
TEORIA . DIFERENTE CONSOANTE O TIPO DE NEXO CAUSAL EM CAUSA .

TEMOS DOIS TIPOS. INTERVENÇÃO DO TERCEIRO IMPREVISÍVEL , DE RELEVÂNCIA PARA O


DIREITO PENAL E QUE LOGO AFASTA QUALQUER IMPUTAÇÃO DO RESULTADO À CONDUTA.
NESTE TIPO DE CASOS, A NÃO TERIA QUALQUER CONHECIMENTO DO EVENTUAL
APARECIMENTO DE C, ESTE QUE IRIA CONSUMAR O RESULTADO PROJETADO POR A. N ÃO
PODEMOS IMPUTAR O RESULTADO DE MORTE DE A. A PENAS O CRIME PROJETADO , NÃO O
CONSUMADO . TUDO O QUE SE SUCEDEU ATÉ AO APARECIMENTO DE C, NESTE CASO , TUDO O
QUE ACONTECEU ATÉ Â INTERRUPÇÃO DO NEXO CAUSAL , PODE SER IMPUTADO A A. ASSIM
A SERIA PASSÍVEL DE SER PUNIDO POR UMA TENTATIVA DE HOMICÍDIO . SITUAÇÃO
DIFERENTE SE O NEXO CAUSAL FOSSE DO TIPO DO TERCEIRO PREVISÍVEL . NESTE CASO , A E
C, HAVIAM COMBINADO REALIZAR O HOMICÍDIO DA FORMA DESCRITA. NESTA SITUAÇÃO,
NÃO EXISTE AFASTAMENTO DA IMPUTAÇÃO DO RESULTADO A A.

3) A E B ESTÃO A CONVERSAR NA BEIRA DA ESTRADA . A DADA ALTURA , A DISTRAI-SE E NÃO REPARA


NUM AUTOMÓVEL QUE , DESGOVERNADO , VEM NA SUA DIRECÇÃO . NESSE MESMO
INSTANTE , B EMPURRA A E SALVA -O DE UMA MORTE CERTA . DEVIDO AO EMPURRÃO , A CAIU E PARTIU
UMA CLAVÍCULA , O QUE LHE CAUSOU 30 DIAS DOENÇA . P OR ISSO , A  APRESENTOU QUEIXA
CONTRA B PELO CRIME DE OFENSA À INTEGRIDADE FÍSICA (ART. 143.º DO CP). QUID IURIS  QUANTO À
POSSIBILIDADE DE IMPUTAÇÃO DESTE RESULTADO À CONDUTA DO AGENTE ?

Relativamente à 1º teoria, do NEXO CAUSAL, existe imputação do resultado à


conduta, visto que a ação de B, realizou a situação precária em que A se encontra.
Relativamente à 2º teoria, relativamente à INTENÇÃO, a razão do empurrão em causa.
A mesma é nos dita pelo enunciado. Existe também imputação do resultado à conduta.
Relativamente à 2º teoria, sobre o POTENCIAR da situação de A pelo empurrão de B,
não existe imputação do resultado à conduta, pois, o empurrão teve o objetivo contrário
ao de potenciar uma qualquer situação precária a A.
4) NUMA ESTRADA EM QUE SE PODIA CONDUZIR A 100KM/H, A IA A CONDUZIR A 80KM/H,
CUMPRINDO TODAS AS DEMAIS REGRAS DE CONDUÇÃO . INESPERADAMENTE , O PEÃO  B ATRAVESSA -SE À
FRENTE DE  A E , BATENDO NO AUTOMÓVEL DE  A, ACABA POR MORRER . PODE A MORTE DE  B SER
IMPUTADA A  A?

Relativamente à 1º teoria do NEXO CAUSAL, existe imputação do resultado à conduta. A


ação de A, de conduzir, mesmo que dentro da lei, causa a situação de B. Relativamente à
2º teoria também existe imputação do resultado à conduta. Relativamente à 3ª teoria,
existe imputação do resultado? Aqui uma situação de RISCO PERMITIDO, afastando-se
aqui a imputação do resultado à conduta.

5) A ENCONTRAVA -SE EM CASA QUANDO SOFREU UM AVC. F OI CHAMADA UMA AMBULÂNCIA PARA O
TRANSPORTAR PARA O HOSPITAL . B, CONDUTOR DA AMBULÂNCIA REALIZA UMA MANOBRA PERIGOSA E
PROVOCA UM ACIDENTE DE QUE ADVEIO A MORTE DE  A. P ODE A MORTE DE  A  SER IMPUTADA À
CONDUTA DE  B?

Quanto à 1º teoria existe imputação do resultado à conduta? Sim. Relativamente à 2º


teoria da CAUSALIDADE, existe imputação? Também sim. E relativamente à 3º teoria,
B, criou o risco ou potenciou algum com a sua conduta? Não criou um risco, mas
potenciou o mesmo, desta forma não podemos afastar a imputação do resultado a
este.
6) NO ÂMBITO DE UMA CIRURGIA , A, O ANESTESISTA DE SERVIÇO, ENGANA-SE NA DOSAGEM DO
PRODUTO ANESTÉSICO , VINDO O PACIENTE  B  A MORRER . A NALISADO O RELATÓRIO DA AUTÓPSIA ,
PROVA -SE QUE A MORTE DE  B  OCORRERIA IGUALMENTE CASO A ANESTESIA TIVESSE SIDO CORRETAMENTE
EFETUADA . NA VERDADE , EM VIRTUDE DE UMA RARÍSSIMA ENFERMIDADE CONGÉNITA — DESCONHECIDA
ATÉ DO PRÓPRIO  B — A MAIS ÍNFIMA QUANTIDADE DE ANESTÉSICO ERA ABSOLUTAMENTE INCOMPATÍVEL
COM O ORGANISMO DE  B. D EVE OU NÃO SE IMPUTAR O RESULTADO MORTE DE  B  À CONDUTA DE  A?
JUSTIFIQUE .

Aqui temos um caso de COMPORTAMENTO LICÍTO ALTERNATIVO. Há


imputação do resultado à conduta relativamente às teorias do NEXO CAUSAL e
da CAUSALIDADE ADEQUADA. Quando chegamos à 3º teoria, FORMALMENTE
também existe. O agente, A, cria o risco não permitido. Um bem jurídico no
âmbito da proteção da norma. O anestesista seria então responsável. Contudo,
na altura em que o juiz julga sobre o caso em concreto, já tem estas novas
informações. Independentemente da conduta de A, o resultado seria sempre o
mesmo. Realizasse ele um risco permitido ou não. Uma conduta certa ou não.
Se o direito não consegue antecipar o resultado em causa, não faz sentido
fazer pagar o agente por essa conduta que produziu aquele resultado. Desta
forma, A, não seria responsável, mesmo que possível, em algum caso, civil.

Aqui um caso de CAUSALIDAE VIRUTAL, onde o resultado consumado se teria


produzido independentemente do cariz da conduta. CUIDADO, que só existe
Causalidade Virtual, quando esse mesmo resultado que se iria produzir, fosse a
partir de algo EXTERIOR ao comportamento do agente.
6) A PROVOCA UM ACIDENTE DE VIAÇÃO EM QUE B, CONDUTOR DO OUTRO VEÍCULO , FRATURA UMA
PERNA . T RANSPORTADO PARA O HOSPITAL , B É SUBMETIDO A UMA INTERVENÇÃO CIRÚRGICA . P OR
LAPSO DO ANESTESIOLOGISTA  C  OCORREU UMA TROCA NA ANESTESIA O QUE PROVOCOU A MORTE
DE  B. PODERÁ O RESULTADO MORTE DE  B SER IMPUTADO À CONDUTA DE  A? E À CONDUTA DE C, SENDO
CERTO QUE LOGO A SEGUIR À OPERAÇÃO DEFLAGROU UM INCÊNDIO NA ENFERMARIA PARA ONDE  B  SERIA
LEVADO SE A INTERVENÇÃO CIRÚRGICA TIVESSE SIDO BEM SUCEDIDA , INCÊNDIO ESSE QUE PROVOCOU A
MORTE DE TODOS OS PACIENTES QUE LÁ SE ENCONTRAVAM ? J USTIFIQUE .

NESTE CASO TEMOS DIVERSAS PARTICULARIDADES .


PRIMEIRO , PODEMOS IMPUTAR O RESULTADO
DE MORTE DE B À CONDUTA DE A? CONSOANTE A 1ª TEORIA DO NEXO CAUSAL, A RESPOSTA É
SIM . CONTUDO , SOMENTE IMPUTADO POR TODA E QUAISQUER CONDUTA REALIZADA ATÉ À
INTERRUPÇÃO DO NEXO CAUSAL . I STO É, A SÓ SERIA IMPUTADO PELO QUE HAVIA REALIZADO ATÉ
AO APARECIMENTO DE C, O MÉDICO . R ELATIVAMENTE À 2ª TEORIA , DA CAUSALIDADE
ADEQUADA, TAMBÉM PODEMOS IMPUTAR O RESULTADO À CONDUTA DE A, VISTO QUE É
NORMAL E PREVISÍVEL, QUE A CONDUTA DE A GERE A SITUAÇÃO DE B. A INTERRUPÇÃO DO
NEXO CAUSAL É DE CARIZ DE TERCEIRO PREVISÍVEL OU NÃO PREVISÍVEL ? PARA A, O
APARECIMENTO DE C, É IMPREVISÍVEL . EM SUMA , TUDO O QUE A FEZ ATÉ À INTERRUPÇÃO DO
NEXO CAUSAL , PODE SER IMPUTADO AO MESMO , COMO POR EXEMPLO , OFENSA À INTEGRIDADE
FÍSICA .

OUTRA SITUAÇÃO AGORA, COMO IMPUTAR C? AQUI UMA SITUAÇÃO DE APRECIAÇÃO DA


CAUSALIDADE VIRTUAL. A PESAR DA CONDUTA DE C REALIZAR A MORTE DE B, PODE ESTE SER
ILIBADO PELO FACTO DE, INDEPENDENTEMENTE , DE AGIR DE FORMA CORRETA OU NÃO , O
RESULTADO DE B SERIA SEMPRE O MESMO, A MORTE ? N ESTE CONTEXTO , C, É PASSÍVEL DE
IMPUTAÇÃO , CONSOANTE AS TEORIAS DO NEXO CAUSAL E DA CAUSALIDADE ADEQUADA.
RELATIVAMENTE À 3º TEORIA , RELATIVAMENTE À CRIAÇÃO DO RISCO, OU POTENCIAR DO
MESMO, FORMALMENTE , ELE TAMBÉM PODE SER IMPUTADO . CONTUDO , NA ALTURA EM QUE O
JUIZ APRECIA O CASO , ELE REALIZA UM JUÍZO DE POSTIUM PROGNOSE , ONDE JÁ DETÉM ESTES
NOVOS FACTOS . VISTO QUE O INCENDIAR DE UMA ALA HOSPITALAR QUE EVENTUALMENTE IRIA
RESULTAR NA MORTE DE B, É UM FACTO EXTERIOR AO COMPORTAMENTO DE C, ESTE NÃO TERIA
RESPONSABILIDADE NA MORTE DE B.

Aula Data Hora de Início Duração Docentes


11 2022-12-16 10:00 2h Ana Rita Alfaiate
Sumário Não inserido
[AULA GRAVADA]

Você também pode gostar