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- Indicação da bibliografia essencial e outros elementos de trabalho, incluindo o Guião disponibilizado na pasta da disciplina.
- Desmistificação, com estatísticas, da falsa representação de Portugal como um país "laxista" e pouco punitivo
2. Os novos perfis “transnacionais” do direito penal (bibliografia complementar: Pedro Caeiro, Fundamento, Conteúdo e Limites da Jurisdição P
Português, Wolters Kluwer / Coimbra Ed., 2010, p. 47-52, 203-211).
a) as obrigações de punir (vg., nas “convenções de supressão” da ONU) e de não punir (vg., em virtude dos tratados sobre direitos humano
internacional público;
b) o direito internacional penal como direito imediatamente aplicável; os tribunais penais internacionais e a aplicação pelos tribunais nacionais (jurisd
c) as relações entre o direito penal e a experiência de integração na União Europeia (o chamado “direito penal europeu”).
4. O direito penal perante os outros ramos do direito. Autonomia e dependência do direito penal
4. Um exemplo de aparente colisão entre a política criminal e a dogmática: o "direito penal do inimigo" (Feindstrafrecht). Bibliografia complementar:
considerações sobre a dimensão substantiva do chamado 'direito penal do inimigo' e a sua incidência na investigação criminal", in III Congresso de Inv
Investigação Criminal - Novas Perspetivas e Desafios, Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária / Universid
125-136
5. Síntese conclusiva
4. O problema dos fins das penas e a doutrina do Estado, nomeadamente à luz da sua evolução em Portugal
NB: A matéria contida na p. 67-73 das lições não será objeto de exame; relativamente à matéria contida
nas páginas. 74-89, é exigido apenas o conhecimento dos traços principais da evolução da lei penal portuguesa,
TEORIAS ABSOLUTAS
Assentam numa ideia de retribuição. Retribuição por culpa. Segundo KANT, a
pena é algo que se impõe por si mesma, qualquer desconsideração, é rejeitar a
autonomia da pessoa. KANT fala num direito à pena. Se um dia uma sociedade
se dissolvesse, tem de ser executado até ao último criminoso. Aplica ao direito penal a
sua dialética. O crime é a negação do direito. A pena funciona aqui como uma
necessidade dialética.
O respeito pelo princípio da culpa. Censurar o praticante do crime cometido.
Atualmente, perante um estado laico. Que garante uma liberdade consciência. O estado
não tem competência para castigar ninguém em virtude de não seguir certos valores.
Nenhum de nós deu ao estado o poder de nos castigar pelo infringir de um
categórico ético. [18º, nº2 CRP]
Como crítica, a incompatibilidade entre o desligamento de fins sociais e a CRP.
TEORIAS RELATIVAS
Qual o ponto comum de todas as teorias relativas? Todas elas visam a prevenção de
crimes. Teorias da prevenção. Podemos distinguir entre a prevenção geral
e por outro lado a prevenção especial. Em ambas, a procura de um fim
essencialmente útil. Proteção para evitar crimes. Um sentido prospetivo.
Fundamentação jurídico-constitucional assente no 18º da CRP. Importância do
Iluminismo. Primeiro passo no sentido da laicização do estado. Em que é que consistem
estas duas correntes?
A prevenção especial onde a pena deve ter um efeito sobre o próprio ator.
Não dirigir o conteúdo comunicativo da pena a uma generalidade de pessoas, mas
sim apenas ao infrator. Outra dimensão da prevenção especial, pode ser positiva, a
ressocialização do agente. Reabilitação do agente.
Como critica, a instrumentalização do ódio.
[4. Sinopse da História do Direito Português]
Código de 1886 partia de uma convenção de prevenção geral. Uma prevenção geral
ainda limitada pela culpa e pela prevenção social.
De seguida o Estado Novo. Em Portugal, o regime autoritário nunca influenciou
muito a lei penal aplicada. Nunca teve essa feição, com exceção do tratamento dos
presos políticos. Fora desse âmbito, procurava-se também uma compatibilização da
ideia de culpa com ideias de prevenção especial. Reformas de 1936 e 1954, a referir.
Como objeto a criminalidade especialmente perigosa. A segunda reforma, que na
mesma senda, trazia a chamada pena de segurança.
Em 1963-65, encomendo ao Prof. Eduardo Correia um projeto de um novo CÓDIGO
PENAL. Um homem do princípio da culpa. Dos efeitos da prevenção
especial/reabilitação no tratamento dos reclusos. Um democrata. Da resistência. O
projeto que delineou não corresponde aquilo que o regime esperava, em termos de
soluções. Apesar deste projeto ser de 63, não foi aprovado durante a ditadura. Só viria a
ser aprovado em plena democracia, 1982. Um código descomprometido com as
finalidades das penas. Não se comprometia com a retribuição, nem com a
prevenção geral.
Por último a revisão do Código Penal em 1995. Prof. Figueiredo Dias. Direito penal
para proteger bens jurídicos. Respeito pelo princípio da culpa.
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Como é que se protegem bens jurídicos a partir do Direito Penal? Se as penas tiverem
finalidades preventivas. Evitar crimes futuros.
Quando temos um crime, procurar um limite da culpa. Esse exercício vai levar o
tribunal a encontrar uma medida da culpa. Um homicídio de média gravidade. Pena de
13 anos. Superior seria desproporcionada. Seguidamente procurar se naquele caso
concreto, esse limite ainda cumpre os limites mínimos de prevenção geral. Mas pode
acontecer que um determinado caso, pode acontecer que o tribunal diga não. O limite
mínimo são X anos. Dentro dessa moldura ver qual a prevenção especial. Se essas
exigências forem diminutas a pena aproximar-se-á do mínimo, a prevenção especial faz
variar a pena na moldura do princípio da culpa.
MEDIDAS DE SEGURANÇA [continuação na aula seguinte]
Como é que se protegem os bens jurídicos contra pessoas especialmente perigosas?
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Aula Data Hora de Início Duração Docentes
4 2022-10-26 15:15 3h Pedro Caeiro
5.º Capítulo - Fundamento, sentido e finalidades da medida de segurança criminal
3. O relacionamento da pena com a medida de segurança: a questão do “monismo” ou “dualismo” do sistema (ver diagrama disponibilizado no materia
SISTEMAS DUALISTAS
[esquema]
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O nosso sistema é monista. Formalmente. Se nós entendermos que para este efeito,
monalismo/dualismo só interessam as medidas detentivas. Não afeta o sistema monista
o facto de algumas medidas de segurança serem imputáveis a […] só se aplicam penas a
agentes imputáveis. Não se aplicam medidas de segurança a imputáveis. É possível
aplicar uma medida de segurança de cassação da licença de condução a uma pessoa
imputável. O tribunal pode considerar como imputável para um determinado
crime, mas não imputável para outro crime, mesmo dentro do mesmo processo.
Quando se trata de fatos diferentes, não é um problema de monismo ou dualismo. Se o
sistema português se apresenta como formalmente monista, temos de facto dois casos de
alguma forma especiais. A pena indeterminada pode passar a medida de segurança.
Eduardo Correia: Sistema português é monista porque o dualismo pressupõe: 1)
cumulação de penas e medidas de segurança 2) detentivas 3) pelo mesmo facto
Figueiredo Dias: para a caracterização do sistema de reações criminais, a natureza
detentivas das reações criminais é irrelevante; basta que se cumulem penas e medidas
de segurança pelo mesmo facto para que se esteja perante um sistema dualista
[ESQUEMA]
Temos na base da pirâmide milhares de interesses. Bens. Valores. Alguns desses
interesses são elevados à categoria de bens jurídico-constitucionais.
Dentro deste esquema encontramos valores dignos de tutela penal. Pode haver certos
bens constitucionais que não são suficientemente importantes, em que o seu atentado
não resulte numa pena para o agente infrator.
No topo, bens jurídicos que têm de ser protegidos pelo direito penal. Não é necessário
apenas que um bem tenha o direito e/ou seja digno de tutela penal. Existem bens que
necessitam também dessa proteção. Quando encontramos esse leque de bens jurídicos
que carecem de tutela penal, encontramos bens homólogos aos Direitos
Fundamentais. Os DLG. E os Direitos Sociais. O Direito Penal secundário.
Impossibilidade de criminalizar condutas com caráter fundamentalmente moral.
Aula Data Hora de Início Duração Docentes
5 2022-11-02 15:15 3h Pedro Caeiro
1. O conteúdo material do conceito de crime (continuação: bem jurídico, sistema social e sistema constitucional)
1. Direito penal e direito de mera ordenação social (direito das contraordenações): penas criminais e coimas
A constituição delimita o universo de bens jurídicos que podem ser protegidos pelo
direito penal. De forma negativa. Também se projeta em dois ramos do Direito Penal.
Os dois ramos. O Direito Penal Clássico, de Justiça, e o Direito Penal Secundário. O
que subjaz a cada um destes ramos de direito são os Direitos Fundamentais. Os DLG e
os Direitos Sociais. [AULA ANTERIOR]
Não podem ser objeto da tutela penal meras proposições morais. Em 1995 este regime
dos crimes sexuais teve uma revolução. Deixaram de ser vistos como crimes contra a
sociedade, e passaram a ser vistos como crimes contra a pessoa. Proteção dos bens
jurídicos da liberdade e da autonomia das pessoas. Rejeição da criminalização com base
em conceções puramente morais.
Também a rejeição da criminalização baseada em conceções puramente
ideológicas. Também não é admissível utilizar o Direito Penal como forma de
comunicar à sociedade certos propósitos.
Por último, não se pode admitir a utilização do direito penal para a proteção de
valores de mera ordenação. Num estado atual, muito regulador. De Direito. O estado
de hoje é muito regulador. O que subjaz a estas regras são valores de ordenação da vida
social. Não basta infringir uma regra destas para que haja um crime.
Esta perspetiva da exigência de um bem jurídico como princípio da legitimidade
do Direito Penal, tem sido acolhida pelo nosso Tribunal Constitucional, de forma
reiterada. Outro Acórdão importante [2021] sobre a inconstitucionalidade da norma
prevista no Artigo 169º do Código Penal [Lenocínio] o TC considerou como
inconstitucional essa norma. Não exige uma situação de vulnerabilidade da vítima. O
simples auxílio à prostituição não atinge o bem jurídico da liberdade sexual da pessoa.
Esta norma viria a ser revertida. No Acórdão do Plenário, venceu a tese da não
inconstitucionalidade, mantendo-se a norma em vigor.
Para que haja um crime legítimo, é necessário que essa conduta, lese um bem
jurídico digno de proteção do Direito Penal.
Contudo não basta um bem jurídico digno de proteção penal. Além disso, a conduta
que se quer criminalizar tem de ser digna do Direito Penal. A propriedade e o
património são protegidos pelo Direito Penal. Isto não significa que todas as condutas
que atinjam a propriedade e o património estejam legitimadas pelo Direito Penal.
Quem não paga renda, afeta o património da contraparte. Isto não significa que esta
conduta, deva ser criminalizada, embora atinja um bem jurídico. É necessário que a
conduta seja digna no Direito Penal. Aqui, depois de falarmos da Fragmentaridade em
Primeiro Grau, a Fragmentaridade do Segundo Grau, onde nem todas as condutas que
atinjam um bem jurídico digno de proteção, são passíveis de ser criminalizadas pelo
Direito Penal. Só algumas são selecionadas.
Como é que se distingue o Direito Penal de outros ramos do Direito. [OS LIMITES
DO DIRIETO PENAL EM FACE DE OUTROS RAMOS DO DIREITO
SANCIONATÓRIO]
Direito de Mera Ordenação Social – até às revoluções liberais o estado era muito
interventivo. O Estado Polícia.
Com as revoluções liberais, a instauração do princípio liberal segundo o qual as
restrições dos direitos das pessoas devem ser as menores possíveis. Contrário ao
estado polícia. Segundo ponto, a administração deve obediência à lei. A
administração em vez de ter aquela função de promoção do estado de vida social,
passa agora a ter uma função de mera prevenção de perigo. Essas regras
administrativas passam a assumir a natureza das chamadas contravenções. O Direito
Português nunca assumiu as mesmas. Contravenções eram infrações criminais que
atentavam contra interesses sobretudo administrativos. Surgiu a partir do século XIX e
XX.
No fim da Segunda Guerra Mundial, a necessidade da reconstrução do continente
europeu depois da guerra. Estabeleceram-se metas. Programas. Com dinheiros
públicos. Para fazer cumprir essas regras utilizar o Direito Penal. Aqui a
administração se torna interventiva. Contrário da atuação da administração liberal.
Guarda noturno. Esta nova administração juridificada, mais próxima do estado polícia.
Resulta daí uma HIPER-CRIMINALIZAÇÃO. Tudo era crime ou contravenção.
Consequências nefastas. Em primeiro lugar o Direito Penal perdeu alguma da sua
autoridade. Se tudo é crime, nada é crime. Além disso, dificuldades teóricas, porque
era posto em causa o princípio da subsidiariedade da lei penal, isto é utilizada
somente em última instância. Em termos práticos e processuais, também pois a hiper-
criminalização aumentou a carga de trabalho dos tribunais.
3. Direito penal e direito processual: penas criminais e sanções (medidas) de ordenação ou conformação processual
1.1. O DP como ‘escudo’ (a partir da distinção sword and shield): a função de defesa
contra o poder punitivo e o arbítrio; a exigência de lei prévia (lex praevia), escrita (lex
scripta, parlamentaria),estrita (lex stricta) e certa (lex cærta);
1.2. Antecedentes históricos e fontes internacionais: Magna Carta (1215), Bill of Rights
(1689);DDHC 1787; DUDH (1948); CEDH (1950); PIDCP (1966); CDFUE (2007)
1.3. O art. 29º, nº 1, da CRP;
1.4. O art. 29º, nº 2, da CRP (vd. também art. 7º, nº 2, da CEDH): a aplicabilidade direta
das normas de direito internacional penal costumeiro pelos tribunais portugueses (cf.
também art. 8º, 1, da CRP); os ‘limites da lei interna’ (penas e processo); o princípio da
legalidade no direito internacional penal;
1.5. Fundamentos: externos (princípios liberal, democrático e separação de poderes)
e internos (prevenção e culpa);
1.6. Nullum crimen sine lege (29º-1, 2 CRP): significado
1.7. Nulla poena sine lege (29º-3 CRP): extensão (incl. medidas de segurança) e
significado
3. O PLANO DA FONTE
3.1. Reserva relativa de lei formal (art. 165º-1, c) CRP); a questão da competência
concorrente do Governo e da AR para a descriminalização ou atenuação das penas: a
jurisprudência do TC; [crítica];
3.2. As chamadas ‘normas penais em branco’ (remissão); em particular: o relevo das
normas de direito europeu;
4. Leis intermédias
10.º Capítulo – O âmbito de eficácia (aplicabilidade) da lei penal (a “aplicação da lei no espaço”)
Aplicáveis quando a prática do facto ilícito e a perigosidade. Qual a lei que se aplica?
Nos factos normais, todos os pressupostos se verificam no momento da realização do
facto. Nas medidas de segurança, a perigosidade não se avalia no momento da
prática do facto. Nem a apreciação da mesma pelo juiz. Por isso se entende, que a
lei aplicável, é a lei que vigora no momento da prática do facto. Qual a lei que se
aplica na avaliação da perigosidade? Mesmo que a lei mude, uma dupla referência.
Considerar o agente perigoso, no momento da prática do facto, e considerar o
agente perigoso no momento do julgamento. Quando a medida de segurança é
aplicada. Durante muito tempo, entendia-se que as medidas de segurança, não eram uma
reação criminal. Benéficas para o agente. Esse entendimento mudou completamente.
Hoje as medidas de segurança, são inequivocamente reações criminais.
Não está sujeito às garantias do PRINCÍPIO DA LEGALIDADE, os entendimentos
dos tribunais relativamente a certas questões. Se estes têm uma certa corrente
jurisprudencial, e depois, mudam de opinião, essa outra interpretação, pode ser
aplicada, aos novos casos. Quando os tribunais se desviam na interpretação de uma
norma, num sentido mais gravoso, devem ter particular atenção aos efeitos que essa
mudança de orientação vai ter. A interpretação não é lei, logo não está sujeita ao
princípio da ilegalidade.
Segundo problema, relativo à RETROATIVIDADE DA LEI. Qual o problema de
atribuição de retroatividade à lei? Um corte, entre a norma de comportamento, a norma
que orientou o comportamento das pessoas, no momento da prática e a norma de
valoração. A norma que orientou as condutas não vai ser norma de valoração. Que
significa o conflito entre duas espécies de interesses que o legislador tem de
proteger. Aplicar a norma de valoração, satisfaz o interesse na estabilidade. As
expetativas das pessoas. Quando se aplica uma norma retroativamente, faz-se uma
preterição dessa estabilidade por um interesse na adaptação. Existem melhores
alternativas. No direito penal temos a proibição da retroatividade desfavorável
devido ao princípio da legalidade. Devido à particular gravidade das sanções penais.
Impedir o interesse da adaptação à custa do interesse da estabilidade.
DESCRIMINALIZAÇÃO
Fundamento: PRINCÍPIO DA NECESSIDADE DA LEI PENAL (promoção
do interesse na adaptação ao invés do princípio da estabilidade) Se no momento
presente o legislador entende que determinada conduta que era punível no momento da
sua prática não deve continuar a sê-lo (descriminalização, art. 2.º, n.º 2), ou se as
finalidades de proteção dos bens jurídicos e de prevenção criminal podem ser
conseguidas através de um regime menos restritivo dos direitos individuais
(despenalização, art. 2.º, n.º 4), deve aplicar-se o novo regime.
Portanto, a imposição de aplicação retroativa in melius tem um fundamento
completamente diferente (até: o inverso!) da proibição de retroatividade desfavorável:
privilegia-se o interesse na adaptação porque não se desprotege dessa forma o
interesse na estabilidade, pela simples razão do agente infrator, deter a expetativa
de sanção quando pratica o ato ilícito. Mesmo que essa sanção seja depois
descriminalizada.
Consequentemente, a imposição de retroatividade favorável não é uma “exceção”
ao princípio da legalidade, pois a proibição de retroatividade que deste decorre
cobre apenas as normas desfavoráveis (contra reum, contra libertatem). A
irretroatividade das leis só não releva relativamente a leis desfavoráveis.
Vamos supor que A PRÁTICA UM CRIME DE ABORTO EM 2000. E EM 2002, ENTRA EM VIGOR UMA
LEI QUE DESCRIMINALIZA AQUELE FACTO , NAS CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE ELE FOI PRATICADO . V AMOS
SUPOR QUE A PRATICA UM CRIME DE BRANQUEAMENTO COM PUNIÇÃO A 12 ANOS , MAS QUANDO O
CASO É JULGADO A PENA É DE 6 ANOS . Qual o fundamento desta aplicação retroativa da lei
penal? Não tem a ver com o princípio da legalidade, mas sim com o princípio da
necessidade da lei penal. Se quando o agente é julgado, o legislador entende que
não se justifica a criminalização daquela conduta, torna-se incompreensível, quando o
facto não é crime, o porquê de criminalizar a pessoa. O fundamento desta aplicação
retroativa da lei mais favorável é quase o contrário da proibição da retroatividade da lei
mais desfavorável. Adaptação contra estabilidade. Consequência importante também,
pois o a retroatividade da lei mais favorável, não é uma exceção ao princípio da
legalidade.
A análise de casos em que muda o bem jurídico protegido por certas normas. Quando
existe uma mudança a nível da conceção de bens jurídicos, podemos falar de
descriminalização. VAMOS SUPOR QUE EM 1994, ALGUÉM COMETIA UM CRIME DE VIOLAÇÃO , E O
BEM JURÍDICO PROTEGIDO NA SOCIEDADE ERA OS VALORES DA VIDA EM SOCIEDADE . EM 1995, ESSA
CONCEÇÃO MUDA , E OS CRIMES SOCIAIS PASSAM A SER CRIMES CONTRA AS PESSOAS .
Bens jurídicos
pessoais. O bem jurídico mudou. Passam de conceções gerais, para bens jurídicos
pessoais.
Supondo que esta pessoa venha ser julgada em 1996, podemos dizer que houve uma
descriminalização porque houve uma mudança do bem jurídico? NÃO. a conduta
continua a ser crime, independentemente da mudança de bem jurídico.
Casos onde o legislador transforma um crime numa contraordenação. A conduta
nunca deixou de ser proibida. A DOUTRINA É MUITO DIVERGENTE NESTE TEMA. A jurisprudência,
embora seja mais uniforme no sentido de se aplicar a lei nova. Não podemos
fundamentar a aplicação da lei nova no Art.º 2º, nº4. Só prevê a sucessão de leis penais.
Não podemos aplicar a lei antiga. Mas podemos aplicar a contraordenação
retroativa? Sim. Afastamos as expetativas. Não existem. Ele ainda tem a expetativa de
ser sancionado. Aplica-se a lei nova. A solução pode ser, que a lei nova,
contraordenacional, preveja expressamente a sua própria aplicação retroativa.
Preciso avaliar se a retroatividade nestas circunstâncias ainda é compatível com o
princípio da legalidade na ordenação social. Não de Direito Penal.
Interpretação do Artigo 2º, nº4. […] lei nova com disposições diferentes, mais
favoráveis ao novo agente. Como saber se a lei nova é mais favorável? Aplicar as duas
normas ao facto, simuladamente, e ver o resultado a que chega, a termos de pena, com
cada uma dessas normas. Assim estabelece se a lei nova, é mais favorável.
Pode o tribunal construir ele próprio a lei mais favorável? EM PRINCÍPIO NÃO. O
tribunal tem de encontrar a norma em bloco. Não pode recortar a norma.
Separação de poderes, ao substituir o legislador, ao criar uma norma que não existe
na lei. Até 2007, só se aplicava o regime mais favorável, se a sentença não tivesse
transitado em julgado.
Uma lei que está no meio da lei que vigorava quando o facto foi praticado, para a lei
que vigora no julgamento. É preciso haver pelo menos três leis. Não está em
contacto com nenhum dos momentos supramencionados. Não vigorava no momento
do facto. Nem no momento do julgamento. Sendo mais favorável que as restantes, pode
ser aplicada? SIM. Aplicamos esta lei como regra de valoração de comportamentos.
O que fundamenta a aplicação de uma lei que não cria expetativas?
Não aplicar essa lei ao agente seria admitir uma certa aleatoriedade das normas
penais muitas vezes imputáveis ao estado. Também o respeito pelo princípio da
igualdade. IMAGINEMOS DOIS AGENTES QUE PRATICARAM O FACTO . O MESMO CRIME. UM DELES É
JULGADO , NA VIGÊNCIA DE L EI 2 E OUTRO NA VIGÊNCIA DE L3. Mesmo facto, processos
diferentes. Penas diferentes. Se deve entender, por força do princípio da igualdade,
mesmo período, julgar com a lei mais favorável e a mesma lei. Aplica-se tanto nos
termos do Art.º 2º, nº2 bem como nos termos do nº4.
4. A aplicação incondicionada:
a) a regra-base da territorialidade
b) a regra do pavilhão
5. A aplicação condicionada:
b) a "nacionalidade dupla"
d) a universalidade
e) a administração supletiva da justiça penal e a sua diferente natureza em face das restantes (normas aplicadas como puras regra
a) o respeito pelo ne bis in idem internacional (material) e o instituto do desconto (art. 82.º); o regime obrigatório no âmbito da U
(2003) (ne bis in idem processual); a extensão (constitucionalmente comandada: art. 27º-5 CRP) do ne bis in idem (material) aos
estrangeiros;
b) a aplicação da lei estrangeira (lex loci) concretamente mais favorável e as suas excepções;
Bibliografia específica:
- Pedro Caeiro, Fundamento, Conteúdo e Limites da Jurisdição Penal do Estado (excerto disponibilizado no UCStudent);
O ÂMBITO DE EFICÁCIA
(APLICABILIDADE) DA LEI PENAL (A
“APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO”)
REGRAS DE APLICABILIDADE
INCONDICIONADA
REGRAS DE APLICABILIDADE
CONDICIONADA
REGRA DA NACIONALIDADE
[Art. 5º, nº1 e)] No momento de a prática do facto saber qual a nacionalidade do agente.
NACIONALIDADE ATIVA. De acordo com a doutrina, a ideia de que quando um
nacional viaja para o estrangeiro, como que levasse a sua lei nacional com ele. De
alguma forma, uma ideia ultrapassada, tendo-se instituído liberdades que ultrapassam
esta ideia. Particularmente importante, dentro da União Europeia; segunda explicação,
temos de punir factos praticados no estrangeiro, porque não extraditamos internacionais.
Também não é convincente. Desta forma, aplicaríamos de forma supletiva a lei
nacional.
III. Posição adoptada: fundamentos de uma construção teleológico-funcional ("racional") do conceito de facto punível
1. Preliminares
1. O autor
1º Distinção entre Direito Penal do Agente e Direito Penal do Facto
PARTE II – Construção da Infração: o Crime como conceito jurídico | Questões
Fundamentais
QUESTÕES FUNDAMENTAIS
Se a ação tem em si a sua finalidade e o seu sentido, o dolo; a ação típica já é orientada
para uma finalidade. Do ponto de vista do ilícito [IMPORTANTE] esta conceção
leva a uma rutura ao conceito tradicional de ilicitude. Todo o ilícito é ação de uma
pessoa. Ação pessoal de disparar, por exemplo. Todo o ilícito é pessoal. Só penal, se
a ação for dolosa ou negligente. Daí a doutrina do ilícito pessoal. O [---] está na
tentativa. WELTZEL via na tentativa o paradigma do crime. O resultado não é o
elemento do crime.
A CULPA transforma-se num puro juízo de censura, semelhante ao que se sucedia
com a Escola Normativista. O dolo e a negligência são elementos de ação típica,
não fazendo parte da categoria de culpa.
Na construção do crime a política criminal é importante. Todas as categorias que
compõe o conceito de crime, desempenham uma função útil. Não são conceitos vápidos.
Compreensão funcional do sistema de crime.
O conceito de ação é quase impossível de cumprir as exigências a ele pedido
porque fazemos exigências contraditórias. Quando se fala em conceitos de ação com
base no crime. Vários conceitos de ação não cumprem estas funções de delimitação.
Como por exemplo a omissão dentro de um conceito pré-determinado? A negação de
valores a Eduardo Correia não cumpre estas exigências de ação. Ação de matar
uma pessoa, afirma valores? Negação de valores. Como dizer que a omissão é ainda
algo independente de um juízo jurídico. Trazemos para este domínio determinações
jurídicas que não queremos considerar. Conceito pré-jurídico é o que queremos. O
crime é uma construção normativa. Qualificação de uma conduta humana, mas o
subsuntivo não pode ser determinado pelo direito. Conceito de crime pela conduta
ou pela realização típica. A construção de conceito de crime é um produto somente
jurídico.
O conceito de ação, negativo, de mera delimitação para exprimir os casos em que
certos comportamentos humanos não são crime, porque não é conduta humana.
Casos de pessoas que praticam certos comportamentos humanos, que não são crime. A,
sonâmbulo, parte vaso de B. Este ato não é considerado como crime, pois não é conduta
humana. Casos de pessoas que praticam certos atos em estado de hipnose. Pessoas que
praticam crimes em estado epilético. Isso não é uma conduta pessoal. Humana. não é
um tipo de realização crime. Mas se o agente sabe que é epilético. Não toma
comprimidos, aí pode haver a determinação desta conduta, outrora não humana,
como crime. O mesmo ato pode ser configurado como não conduta humana, mas
como infração. A materialidade dos atos não importa.
[ESQUEMA]
De acordo com Figueiredo Dias, não existe uma autonomia total entre o TIPO e a
ILICITUDE. Caminham para o mesmo fim. De acordo com a doutrina tradicional,
dois degraus. Figueiredo Dias, diz que a função do Direito Penal é dar orientação à
pessoa para saber se o facto concreto é conduta ilícito ou não. Dado pelo tipo e não
pela categoria de ilícito. O que é específico ao Direito Penal é que o crime se exprime
através de tipos. Auxiliada pelo ilícito. Se concretiza em tipos. Outros argumentos
em que o tipo só por si não tem autonomia no Direito Penal. Se o agente pratica um tipo
de crime de forma ilícita, desencadeia consequências penais, se for perigoso, como por
exemplo, medidas de segurança. A primeira categoria relevante é o ilícito. Só o
procedimento deste gera consequências legais. Em si mesmo não tem relevância.
Autonomia no Direito Penal. A ilicitude se exprime através de tipos incriminadores
ou justificadores do confronto entre estes dos tipos, chegando à conclusão se a
conduta em causa foi ou não ilícita.
TIPOS DE CULPA
A culpa consiste numa censura pessoal dirigida ao agente por violação das normas.
Não há pena sem e para além da culpa. Culpa dolosa ou culpa negligente. Elementos
que relevam essas categorias são diferentes.
PUNIBILIDADE
Para além da ação, do tipo, da culpa, a última categoria da construção do categórico
crime. [DESENVOLVER]
Dentro do tipo incriminador temos o tipo objetivo e o tipo subjetivo. O tipo tem aqui
várias aceções. Tipos de garantia. Onde se agrupam condições de garantida aos cidadãos
do estado. Normas que desenham a aplicação da lei no espaço e no tempo.
Tipos de Erro – Elementos do tipo relevantes para o erro;
Tipos de Ilícito – Confronto entre tipos incriminadores e tipos justificadores.
(continuação)
3. O bem jurídico. Crimes de dano e crimes de perigo; crimes simples e crimes complexos
1. Sentido do problema
5. Problemas práticos e aplicação das regras de exclusão da imputação do resultado (risco permitido, diminuição do risco, compo
alternativo e âmbito de aplicação da norma)
5. O AUTOR
6. A CONDUTA
7.2.
8. A IMPUTAÇÃO OBJECTIVA DO
RESULTADO À ACÇÃO
O facto tem de ser uma ação. Típico e ilícito. A tipicidade aliada à licitude. Que tipo
de ilícito é que figueiredo dias fala. Objetivo e subjetivo. O primeiro, não apreciamos o
porquê de a pessoa fazer aquilo ou não. Apreciamos objetivamente se foi ação ou
omissão daquela pessoa que produziu aquele resultado. Crimes de resultado, onde a
consumação exige a produção de um resultado. Se for crime de atividade, onde não
hã resultado, não hã imputação à conduta. Neste âmbito, os casos mais recorrentes,
são os casos de homicídio. Furto. Dano. Isto não significa que só sejam essas as
hipóteses possíveis. Com base nisto, para fazermos esta imputação, três teorias.
TEORIA DO NEXO CAUSAL, primeiro filtro para apurar se aquela conduta
foi a causa daquele resultado.
2. O momento intelectual
(4. O erro sobre proibições legais: remissão para a matéria da UC Direito Penal II)
5. O momento volitivo: as modalidades de dolo. Em especial: a distinção entre dolo eventual e negligência consciente
Encerramento do Curso
O TIPO INCRIMINADOR: TIPO
SUBJETIVO DOLOSO
DOLO DO TIPO
No caso anterior temos um erro no golpe. Na execução. Aqui o agente pratica o ato
sobre a pessoa errada. Existe uma irrelevância do erro, pois o crime de homicídio a
identidade da vítima é irrelevante. Crime doloso consumado. Não se aplica aqui o art.
16º. Quando os objetos são tipicamente diferentes. Tentativa de crime projetado e
eventual concurso com o crime consumado negligente (por exclusão do dolo). Como se
o erro não contasse, o agente é punido pelo dolo. O erro aqui não conta pois estaria
associado ao crime projetado. Contudo a consumação deste não se realiza devido a
um erro de identidade. Mas a mesma, ou o erro de identidade, não releva relativamente
a crimes como o homicídio. Logo o erro não releva, punindo-se por dolo, associado
ao crime consumado.
A vontade do agente. Começamos com o art. 14º que enuncia várias modalidades do
dolo: o DOLO DIRETO OU INTENCIONAL, onde o agente se representa no e
quer praticar o crime; [não é relevante aqui se o agente deseja aqueles factos ou não.
Irrelevância dos motivos ou fins mediadores do agente]; o DOLO NECESSÁRIO,
onde o agente não quer aquele resultado, mas sabe que vai praticar e prossegue
com essa ação. O agente dirige a sua ação para uma certa finalidade, mesmo
sabendo e reconhecendo os efeitos colaterais da mesma; o DOLO EVENTUAL,
onde o agente se representa no facto como consequência meramente possível. O
agente conforma-se com essa possibilidade. Esta forma levanta vários problemas. Há
uma figura, a negligência consciente, muito próxima do dolo eventual. Nem
todos os crimes são puníveis por negligência. É necessário saber se o agente atua com
dolo ou negligência. São importantes estas duas figuras, nesta distinção. A negligência
é sempre menos punida que o dolo virtual.
Existem várias tentativas de constituir a diferença entre estas duas figuras. A primeira
relacionada com as TEORIAS DA PROBABILIDADE. Esta teoria não pode ser
acolhida. O posicionamento do agente perante o facto é a forma principal de distinguir
entre estas duas figuras; a segunda teoria, onde há dolo se perante a representação, o
agente aceita o facto, há dolo direto. Punir o agente por algo que ele teria feito “se”
[CRÍTICA] [Olhar para o que ocorreu, não para aquilo que teria ocorrido]. Eduardo
Correia propõe a fórmula da DUPLA NEGATIVA. O agente pratica o facto e não
confia que não se vai reproduzir. O agente representa o facto como possível e não
confia na sua não produção. Assunção do risco de produção do facto. Na teoria da
dupla negativa, preconizada por Eduardo Correia o agente se representa no facto,
contudo não confia que o mesmo não se vai reproduzir. Este é um elemento
caracterizador do dolo eventual. O dolo eventual representa, o agente age com
desprezo perante a produção do facto. Assume o risco de produção do ato.
Talvez a distinção entre estas duas figuras se configure na culpa.
[ENCERRAMENTO DO CURSO]
DIREITO PENAL I – P9
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4 2022-10-26 10:00 2h Ana Rita Alfaiate
Sumário Não inserido
[CASO PRÁTICO]
1. A, cleptomaníaca, furta a carteira que B deixa em cima da mesa de um bar. Quando se
prepara para sair do local, na posse da dita carteira, A apercebesse que C, segurança
desse bar, vem atrás de si, insistindo que aquela carteira pertence a B e que, por isso, A
tem de a devolver. A tira, então, uma faca que traz no bolso e dá um golpe na perna de C,
que fica, de imediato, imobilizado pelo ferimento.
Julgada e condenada, entendeu o Tribunal que A devia cumprir 2 anos de prisão pelas
ofensas à integridade física produzidas em C e 1 ano de internamento pelo furto. Quid
iuris quanto ao modo de cumprimento destas sanções por parte de A? Justifique a sua
resposta à luz da classificação do nosso sistema como sendo tendencialmente monista.
a) Refira-se à possibilidade de A ser punido com uma PRI. Em que termos? Justifique a
sua resposta.
Facto atual. Burla. Pena superior efetiva superior a 2 anos. Fatos anteriores? 3. Têm de
ser dois ou mais factos dolosos com penas superiores a 2 anos. Personalidade […
agredir de forma gratuita]. A PRI será de 2 a 9 anos. Cumpre até aos 3 anos a pena
devido à sua culpa. A partir daí devido à sua personalidade.
b) Considere agora que A foi condenado em todas aquelas três primeiras penas, mas
ainda só cumpriu dois anos de prisão e tem apenas 23 anos. Quid iuris?
Neste caso o máximo da PRI será de 7 anos em vez de 9 anos.
c) Considere agora que, pelo crime de burla, A deveria ser condenado numa pena de 1
ano de prisão. Poderá ser punido com uma PRI? Justifique.
Pelo Artigo 83º? Não. Terá de ser mais de 2 anos. Pelo Artigo 84º? Não. Os factos
anteriores necessitam de ser mais de 3, cada um com pena efetiva com mais de dois
anos.
Condenamos o arguido com a pena concreta de 1 ano.
Quais os factos que não contam para o cálculo de uma PRI? Os que não são crime
[meras contraordenações ou praticados por inimputáveis]; crimes negligentes [todos os
crimes têm de ser crimes dolosos] e crimes para os quais não se aplica uma pena de
prisão.
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Exceção à aplicação retroativa do tratamento mais favorável [Art.º 2º, nº3] Leis
temporárias ou leis de emergência. Por vezes o legislador aprova uma lei para valer
somente durante determinado período. Quem pratica o facto durante a lei temporária, é
punido após a vigência desta. Mesmo que a lei não esteja em vigor o agente ainda é
punido, pois, temporárias, o julgamento possa ultrapassar a vigência destas leis.
Situação onde o estado de exceção é tão anómalo que não é possível determinar o fim
da lei temporal. Perceber se existe só uma lei temporária. Se sim, o agente é só punido
por essa lei temporária. Mas uma situação de sucessão de leis temporárias. Dentro deste
leque de leis temporárias, qual a que vamos aplicar ao caso. Ou uma sucessão de leis
temporárias se realizou, mas houve alterações pequenas de circunstâncias. Neste caso,
aplicamos a lei temporária que estava em vigor no momento de prática do facto ilícito.
Se diferentemente, a sucessão de leis temporárias, ocorreu por mera alteração de
conceção do legislador, mas as circunstâncias se mantiveram as mesmas, aplicamos ao
agente, a mais favorável, dentro das leis temporais.
4. Em virtude de um período de sucessivas greves na CP, foi aprovada uma lei que punia
com pena de prisão até seis meses quem circulasse naqueles transportes sem bilhete
para o efeito. A decidiu, ainda assim, viajar num comboio para o qual já não existiam
bilhetes disponíveis e fazer, de pé, a viagem entre Coimbra e Braga. Três meses depois foi
aprovada uma nova lei, segundo a qual a circulação sem bilhete passou a ser punida com
pena de prisão de seis meses a um ano.
Sabendo que, quando A é levado a julgamento, está em vigor a lei nova, diga como será
punido A. Justifique a sua resposta.
Em ambos os casos aplicamos a Lei 1. Por ser a lei em vigor no momento da prática do
facto, bem como ser a lei mais favorável. A mudança de circunstâncias não altera o
facto de que vou utilizar a Lei 1.
5. SUPONHA QUE, EM ABRIL DE 2020, E TENDO EM CONTA A SITUAÇÃO DE PANDEMIA QUE SE
COMEÇARA A VIVER , FOI APROVADA UMA LEI SEGUNDO A QUAL PASSOU A SER PUNIDO COM PENA DE
PRISÃO ATÉ UM ANO “QUEM , INTENCIONALMENTE , TOSSIR SEM MÁSCARA E NUM ESPAÇO FECHADO ”.
EM JULHO, E POR CAUSA DO ABRANDAMENTO DA TAXA DE CONTÁGIO , FOI APROVADA UMA NOVA LEI
PELA QUAL AQUELE COMPORTAMENTO PASSOU A SER PUNIDO COM PENA DE MULTA . E M OUTUBRO ,
NUMA FASE DE NOVO AUMENTO DO NÚMERO DE CASOS DE INFETADOS EM PORTUGAL , FOI APROVADA
UMA TERCEIRA LEI , FIXANDO COMO PENA PARA AQUELA CONDUTA PRISÃO ATÉ 6 MESES . T ODAS AS LEIS
FIXAVAM O SEU PERÍODO DE VIGÊNCIA DESDE A DATA DA PUBLICAÇÃO ATÉ AO FINAL DA PANDEMIA . A
TOSSIU , SEM MÁSCARA, DENTRO DE UMA SALA DE AULA , NO DIA 8 DE MAIO DE 2020 E É JULGADO EM
NOVEMBRO DESTE MESMO ANO . Q UAL A LEI APLICÁVEL AO CASO ? J USTIFIQUE .
Neste caso, segundo FIGUEIREDO DIAS, o agente deve ser punido por
contraordenação. Art.º2, nº4. O facto deixou de ser crime, mas continua a não ser
neutro. Continuidade no juízo de ilicitude entre direito penal e direito de mera
ordenação social. Embora ramos diferentes, são muito próximos. Comportamentos que
refletem este juízo de continuidade. A jurisprudência, e PEDRO CAEIRO, dizem que o
agente não pode ser punido. Relativamente ao direito penal, houve uma
descriminalização, a norma passando de crime para mera contraordenação. Ramos
diferentes, mesmo que próximos. Também não podemos por contraordenação. Não
podemos aplicar as normas do crime, porque houve descriminalização. Não podemos
aplicar a norma de contraordenação, pois seria menos favorável, pois seria a diferença
entre não ser punido e pagar uma coima.
Quanto à sanção, a coima e a pena são razões diferentes. A coima é uma sanção neutra.
A pena, não. A pena, mesmo quando é uma pena de multa, nunca é uma sanção
puramente pecuniária. Se eu não cumprir esta multa, pode funcionar a prisão
subsidiária. Vou cumprir a pena não a título de multa, mas com uma pena de prisão. A
coima é uma sanção puramente pecuniária. O máximo que pode acontecer se eu não
cumprir uma coima, no máximo, sou penalizado através do meu património. A pena só
pode ser aplicada pelos tribunais. A coima pode ser aplicada, quer pelos tribunais, quer
pelas entidades administrativas.
Quanto à aplicação da lei no espaço.
Responsabilidade das pessoas coletivas. Não está relacionado com o Direito Penal. Só
recentemente. [Art. 11º do Código Penal]. Só nestes casos. Por outro lado, a
responsabilidade contraordenacional, está pensada para as entidades coletivas.
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8 2022-11-23 14:15 1h Ana Rita Alfaiate
Sumário Não inserido
1. Durante o mês de Agosto, A, casado com B, envenenou a mulher com intenção de
a matar durante as férias que gozavam no Funchal. Detido imediatamente pelas
autoridades, A foi acusado do crime de homicídio qualificado na forma tentada pois B
acabou por sobreviver.
a) Sabendo que ambos são alemães, poderá A ser julgado pelos tribunais
portugueses? Será a lei penal portuguesa aplicável ao caso?
b) E se, em vez disso, A enviou um manuscrito envenenado, ainda na Alemanha,
para o hotel onde se hospedaria com a mulher e com a indicação de que lhe fosse
entregue no segundo dia de estadia, o que veio a acontecer, tendo B, no entanto, ainda
assim, sobrevivido graças à rápida intervenção de um médico que se encontrava no
mesmo hotel?
a) Começar pelo Art. 7º e Critério da AÇÃO. Art. 4º a), princípio da territorialidade.
b) Facto praticado, ainda em Portugal, critério do resultado esperado. Art. 4º, Princípio
da territorialidade.
2. A PORTUGUÊS VIAJA NUMA AERONAVE PORTUGUESA COM DESTINO A ESPANHA. APÓS
ATERRAR EM M ADRID , A, AINDA A BORDO , AGRIDE B, ESPANHOL , CAUSANDO -LHE OFENSAS À
INTEGRIDADE FÍSICA GRAVES (ART. 144º CP). P ODEM OS TRIBUNAIS PORTUGUESES JULGAR ESTE FACTO ?
CRITÉRIO DO PAVILHÃO . AERONAVE PORTUGUESA , COMPETÊNCIA PORTUGUESA .
_________________________________________________________________
30.12.2022 [ CADERNO ]
07.12.2020 [ NÃO HOUVE AULA]
14.12.2022
IMPUTAÇÃO DO RESULTADO À CONDUTA . O FACTO TEM DE SER UMA AÇÃO . TÍPICO E
ILÍCITO . A TIPICIDADE ALIADA À LICITUDE . QUE TIPO DE ILÍCITO É QUE FIGUEIREDO
DIAS FALA . OBJETIVO E SUBJETIVO . O PRIMEIRO , NÃO APRECIAMOS O PORQUÊ DA
PESSOA FAZER AQUILO OU NÃO . APRECIAMOS OBJETIVAMENTE SE FOI AÇÃO OU
OMISSÃO DAQUELA PESSOA QUE PRODUZIU AQUELE RESULTADO . CRIMES DE
RESULTADO , ONDE A CONSUMAÇÃO EXIGE A PRODUÇÃO DE UM RESULTADO . SE FOR
CRIME DE ATIVIDADE , ONDE NÃO HÃ RESULTADO , NÃO HÃ IMPUTAÇÃO À CONDUTA .
NESTE ÂMBITO , OS CASOS MAIS RECORRENTES , SÃO OS CASOS DE HOMICÍDIO .
FURTO . DANO . ISTO NÃO SIGNIFICA QUE SÓ SEJAM ESSAS AS HIPÓTESES POSSÍVEIS .
COM BASE NISTO , PARA FAZERMOS ESTA IMPUTAÇÃO , TRÊS TEORIAS . TEORIA DO
NEXO CAUSAL , PRIMEIRO FILTRO PARA APURAR SE AQUELA CONDUTA FOI A CAUSA
DAQUELE RESULTADO . MAS MESMO QUANDO DEPURADA NA SUA VERTENTE MAIS
VIRTUAL , TEORIA DA CONDIÇÃO SINE -QUANON . MUITAS COISAS QUE PASSAM . QUE
NÃO DEVIAM SER IMPUTADAS AO AGENTE. TEORIA MUITO AMPLA . EXIGIU QUE O
LEGISLADOR FOSSE CRIANDO OUTRAS TEORIAS . ESSAS TEORIAS AFUNILAM OS CASOS
ONDE VAI SER POSSÍVEL A IMPUTAÇÃO À CONDUTA . EXCLUIR TODAS AQUELAS
SITUAÇÕES , ONDE A CONDUTA DO AGENTE FOI IRRESPONSÁVEL, MAS É INJUSTO
O DIREITO PENAL APRECIAR O AGENTE . TEORIAS CADA VEZ MAIS EXIGENTES ; TEORIA
DA CAUSALIDADE ADEQUADA [10º, Nº1] O RESULTADO DEVE SER IMPUTADO À
CONDUTA DO AGENTE, QUANDO NORMAL E PREVISÍVEL , SEGUNDO REGRAS DA
EXPERIÊNCIA COMUM , E DA NORMALIDADE REALIZAR A CONDUTA AQUELA
CONSEQUÊNCIA . NÃO PRECISO PASSAR PELA EXPERIÊNCIA PARA SABER QUAL A
CONSEQUÊNCIA NORMAL DA MESMA ; SEGUNDA TEORIA DA CONEXÃO DE RISCO .
DETERMINADOS RISCOS PERMITIDOS QUE TEMOS DE CORRER. APRECIEMOS SE O
AGENTE CRIOU OU POTENCIOU UM RISCO NÃO PERMITIDO PARA O BEM JURÍDICO
PROTEGIDO PELO ÂMBITO DE PROTEÇÃO DA NORMA E QUE SE MATERIALIZOU NO
RESULTADO TÍPICO .
[ART. 6º, Nº1 Nº2] COMO JULGAR O AGENTE? SEGUNDO QUE LEI? SE JULGARMOS
E
O AGENTE NO NOSSO PAÍS . S E NÃO FOR JULGADO . F OI JULGADO MAS NÃO CUMPRIU
TEMPO NENHUM DA CONDENAÇÃO . C UMPRIU PARTE MAS FUGIU . O QUE FAZER?
PODEMOS JULGÁ -LO A PARTIR DO REGIME DO DESCONTO, PREVISTO NO ART. 82º
DO C ÓDIGO PENAL. [ART . 6º, Nº2]. REGRA É, APLICAR A LEI MAIS FAVORÁVEL AO
AGENTE EM SITUAÇÕES DE COMPETÊNCIA . S E A LEI DO LOCAL ONDE O AGENTE
PRATICOU O CRIME FOR MAIS FAVORÁVEL , APLICAMOS ESSA LEI AO AGENTE. [A RT.
6º, Nº1].
3. A, ESPANHOL , E B, PORTUGUESA , COMEMORAVAM MAIS UM ANIVERSÁRIO DE NAMORO, EM
PARIS , QUANDO SE ENVOLVERAM NUMA VIOLENTA DISCUSSÃO , TENDO B ACABADO POR ESBOFETEAR A
COM VIOLÊNCIA . S ABENDO QUE AMBOS REGRESSARAM A PORTUGAL DOIS DIAS DEPOIS DO EPISÓDIO DE
VIOLÊNCIA , DIGA EM QUE CONDIÇÕES PODERÃO OS TRIBUNAIS PORTUGUESES SER COMPETENTES PARA
JULGAR A SITUAÇÃO
5. NA SEQUÊNCIA DE UMA MEGA INVESTIGAÇÃO , ENCONTRARAM -SE VÁRIAS PROVAS DE QUE A,
PORTUGUÊS , RESIDENTE NO L ÍBANO , SE HAVIA JUNTADO A UM GRUPO ARMADO QUE PROJECTAVA
VÁRIOS ATAQUES SUICIDAS NA EUROPA , REVELANDO DOCUMENTOS DOS S ERVIÇOS S ECRETOS
PORTUGUESES , RELATIVOS À SALVAGUARDA DA POPULAÇÃO EM TERRITÓRIO NACIONAL . REFIRA -SE À
POSSIBILIDADE DE ESTE SER PUNIDO PELA LEI PENAL PORTUGUESA ( ART . 316.º - VIOLAÇÃO DE SEGREDO
DE ESTADO )?
NÃO EXTRADIÇÃO POR SE TRATAR DE UM CRIME DE CARIZ MILITAR . SITUAÇÃO DE DEFESA DOS
INTERESSES NACIONAIS . APLICAMOS AQUI O PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE. N OMEADAMENTE A
ALÍNEA C) DO ART. 5º, REFERENTE À PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS TRANSVERSAIS . A ALÍNEA D),
REALIZA DISTINÇÃO ENTRE VÍTIMA E TIPO DE CRIME . VÍTIMA MENOR E DE CARIZ SEXUAL , ONDE SÓ É
NECESSÁRIA A REALIZAÇÃO DE UM DOS CRITÉRIOS PARA A MOBILIZAÇÃO DESTE REGIME .
5) A ENCONTRAVA -SE EM CASA QUANDO SOFREU UM AVC. F OI CHAMADA UMA AMBULÂNCIA PARA O
TRANSPORTAR PARA O HOSPITAL . B, CONDUTOR DA AMBULÂNCIA REALIZA UMA MANOBRA PERIGOSA E
PROVOCA UM ACIDENTE DE QUE ADVEIO A MORTE DE A. P ODE A MORTE DE A SER IMPUTADA À
CONDUTA DE B?