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ANOMALIAS EM COBERTURAS
Coordenação Editorial de José António Raimundo Mendes da Silva
Departamento de Engenharia Civil | Faculdade de Ciências e Tecnologia | 2009
.
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CADERNOS DE APOIO AO ENSINO
DA TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO
E DA REABILITAÇÃO DE ANOMALIAS
NÃO ESTRUTURAIS EM EDIFÍCIOS
J. A. R. Mendes da Silva | Vitor Abrantes | Romeu Vicente
Pedro Gonçalves | Marta Silva | Isabel Torres | Carla Maurício
ANOMALIAS EM COBERTURAS
Coordenação Editorial de José António Raimundo Mendes da Silva
Departamento de Engenharia Civil | Faculdade de Ciências e Tecnologia | 2009
Anomalias em Coberturas.
O arranque, em finais de 2008, dá-se com 3 títulos que são resultado de trabalho de
2003 e 2004 com os alunos de 5º ano da licenciatura em Engenharia Civil
“Levantamento de defeitos e definição de estratégias de reabilitação da envolvente
dos edifícios do Pólo 2 da Universidade de Coimbra”, de ferramentas de motivação
produzidas em 2005-06 para as aulas de Tecnologia da Construção sob a
designação de “Casos da Semana” e do guião de apoio a diversos cursos de curta
duração e palestras em 2007 sobre “12 Erros na Construção de Fachadas”, que já foi
objecto de publicação em capítulo de livro e que agora é revisto e alargado, de forma
breve, à realidade das coberturas.
É firme intenção sistematizar e divulgar também por esta via algumas das mais
relevantes apresentações em formato “Powerpoint” elaboradas como suporte às
palestras realizadas, bem como materiais de avaliação comentados, de forma a que
possam constituir ferramentas de aprendizagem.
2
Preâmbulo
PREÂMBULO
Nas coberturas inclinadas, o leque é mais vasto, desde logo pela referência
ao “Manual de Aplicação de Telhas Cerâmicas”, pela sistematização dos
defeitos deste tipo de telhados em artigo científico e pela apresentação
exaustiva da caracterização das coberturas da Baixa de Coimbra. Termina-se
com a referência a um recente trabalho de mestrado que orientámos, sobre
as anomalias das coberturas de zinco, uma solução emergente na
arquitectura nacional.
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Anomalias em Coberturas.
Títulos anteriores
1 Defeitos na envolvente dos edifícios do Pólo 2
2 O caso da semana
3 12 erros na construção de fachadas
4 Observação e registo de defeitos de construção
5 Estratégias e técnicas de reparação de fissuras em alvenarias
6 Grampeamento pós-construção em paredes duplas de alvenaria
e reforço de cunhais
7 Anomalias de revestimentos de fachada e soluções de
reabilitação
8 Isolamento térmico exterior de fachadas (sistema ETICS)
9 Anomalias em revestimentos de piso
Coordenação editorial
J. A. R. Mendes da Silva | Prof. Auxiliar DEC-FCTUC
Colaboradores
Cátia Marques | Arquitecta
Victor Conceição | Eng.º Civil
Capa
Luísa Silva
4
Índice
ÍNDICE
Preâmbulo
Ficha Técnica
Índice
4 FICHAS DE PATOLOGIA
J. A. R. Mendes da Silva
ANEXOS
5
DEFEITOS DE CONCEPÇÃO
1
E EXECUÇÃO EM COBERTURAS
DE TELHA CERÂMICA
Casos de Estudo
A partir de:
SILVA, J. Mendes; ABRANTES, Vitor; VICENTE, Romeu S. – “Defeitos de concepção execução de coberturas
de telha cerâmica - casos de estudo”. 1º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação de Edifícios
(PATORREB-2003), FEUP, Porto, 18-19 Março 2003
SILVA, J. Mendes; ABRANTES, Vitor; VICENTE, Romeu S. – “Defeitos de concepção execução de
coberturas de telha cerâmica - casos de estudo”. 1º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação
de Edifícios (PATORREB-2003), FEUP, Porto, 18-19 Março 2003
Vitor Abrantes†
Correio electrónico: abrantes@fe.up.pt
Romeu S. Vicente‡
Correio electrónico: romvic@civil.ua.pt
Resumo
O presente artigo apresenta diversos casos de obra em que não foram sal-
vaguardadas elementares preocupações em termos de concepção e execução
de coberturas de telha cerâmica, comentando as consequências desses defei-
tos, sublinhando as medidas que deveriam ter sido tomadas para que tal não
tivesse sucedido e, ainda, as estratégias de reabilitação a adoptar. Apresenta,
também, de forma mais sucinta, algumas situações de patologia decorrentes
da falta de qualidade das telhas ou materiais complementares e da falta de
manutenção das coberturas.
1 Introdução
As coberturas são um elemento construtivo fundamental na protecção dos
edifícios contra a chuva, pelo que os seus defeitos representam sempre um ris-
co de patologia para o edifício.
*
Prof. Auxiliar do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Ciências e Tecnol o-
gia da Universidade de Coimbra, Laboratório de Construções.
†
Prof. Catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Secção de Con s-
truções.
†
Assistente da Secção autónoma de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro.
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Anomalias em Coberturas
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SILVA, J. Mendes; ABRANTES, Vitor; VICENTE, Romeu S. – “Defeitos de concepção execução de
coberturas de telha cerâmica - casos de estudo”. 1º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação
de Edifícios (PATORREB-2003), FEUP, Porto, 18-19 Março 2003
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Anomalias em Coberturas
DEFEITOS ORIGEM
concepção execução materiais uso
Geometria incompatível com o sistema (cobertura
(1)
de telha cerâmica)
Falta de pormenorização de pontos singulares
(1)
Falta de especificações técnicas para materiais e
(1)
execução
Falta de resistência, contraventamento ou rigidez
(1) (2) (3)
do suporte
Inclinação excessiva ou insuficiente da cobertura
(1)
Remates inadequados contra elementos construti-
(2) (1)
vos emergentes
Remates ou fixações inadequadas em bordos
(2) (1)
livres
Incumprimento do projecto
(2)
Encaixe das telhas incorrecto
(1) (2)
Sobreposição das telhas por excesso ou por defeito
(1)
Utilização inadequada de acessórios cerâmicos
(2) (1)
Uso inadequado ou falta de qualidade de acessó-
(1)
rios não cerâmicos
Desalinhamento das fiadas de telhas
(1)
Aplicação de argamassa em excesso (cumeeiras e
(1)
rincões)
Fracturas da telha, na capa, no canal, e nas nervu-
(3) (2) (1)
ras, rebordos e encaixes
Acumulação de musgos e detritos
(1)
Drenagem insuficiente (fraca inclinação e secção
(1)
de caleiras)
Descasque por acção do gelo
(2) (1)
Deslocamento ou escorregamento das telhas
(1) (2)
Falta de ventilação da face inferior das telhas
(2) (1)
Colocação incorrecta ou ausência da barreira pára-
(1) (2)
vapor
Colocação incorrecta do isolamento térmico
(2) (1)
Degradação precoce dos materiais
(1) (2)
Diferenças de tonalidade
(1)
(1), (2), (3) - Ordenação da maior para a menor probabilidade de origem do defeito.
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SILVA, J. Mendes; ABRANTES, Vitor; VICENTE, Romeu S. – “Defeitos de concepção execução de
coberturas de telha cerâmica - casos de estudo”. 1º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação
de Edifícios (PATORREB-2003), FEUP, Porto, 18-19 Março 2003
4.1 Enquadramento
São inúmeros os exemplos reais de defeitos em todos os tipos de telhados,
alguns dos quais facilmente evitáveis com pequenas precauções nas diversas
fases do processo construtivo. Não é intenção desta comunicação ilustrar todos
os defeitos identificados na Tabela 1. Deste modo, seleccionaram-se, a título
de exemplo, quatro grupos de situações de patologia:
— Degradações frequentes em telhados de edifícios históricos;
— Geometria inadequada ao sistema de cobertura em telha cerâmica;
— Pontos singulares mal concebidos ou mal executados;
— Deficiência de apoio de alvenaria e elementos pré-fabricados, numa
cobertura corrente de telha cerâmica (caso de estudo).
Os grupos de defeitos apresentados não têm, por agora, fundamentação
estatística conhecida em Portugal.
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Anomalias em Coberturas
Deformação exces-
siva ou ruína par-
cial da estrutura de
apoio e seu efeito
sobre o telhado.
Pormenor de tran-
sição entre águas
consecutivas com
soluções de recur-
so, muito degrada-
das e com total
ineficácia.
Telhado muito
inclinado argamas-
sado e com gram-
pos, submetido a
uma reparação
local da pior quali-
dade.
Degradação da
telha canudo (capa
e caleira) e falta de
limpeza e manu-
tenção.
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SILVA, J. Mendes; ABRANTES, Vitor; VICENTE, Romeu S. – “Defeitos de concepção execução de
coberturas de telha cerâmica - casos de estudo”. 1º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação
de Edifícios (PATORREB-2003), FEUP, Porto, 18-19 Março 2003
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Anomalias em Coberturas
Telhado redondo e
telhado muito
inclinado
Pequenas águas,
pouco inclinadas,
com muitos recor-
tes de difícil exe-
cução com acessó-
rios adequados
Cumeeira total-
mente desalinhada
e cumeeira com
excesso de arga-
massa.
Fiada desalinhada
e telha assente
directamente sobre
o isolante térmico,
sem possibilidade
de ventilação.
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SILVA, J. Mendes; ABRANTES, Vitor; VICENTE, Romeu S. – “Defeitos de concepção execução de
coberturas de telha cerâmica - casos de estudo”. 1º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação
de Edifícios (PATORREB-2003), FEUP, Porto, 18-19 Março 2003
Aspecto exterior
do telhado e estru-
tura de apoio em
alvenaria e perfis
de betão.
Deslocamento de
ripa, com perda do
apoio da telha e
escoramento de
recurso das pare-
des.
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Anomalias em Coberturas
que esteja garantida a estabilidade destas paredes, razão pela qual se procedeu
ao seu escoramento, uma vez que a medida recomendável seria o seu contra-
ventamento com paredes transversais, o que não é possível, face à existência
de condutas de ventilação longitudinais sobre a laje de esteira.
O apoio das varas nestas paredes de alvenaria provoca tensões localizadas
muito elevadas que conduziram, em muitos casos, à fissuração do tijolo, que
chega a atingir toda a parede.
A amarração das varas às paredes que as suportam é muito deficiente, o
pode provocar deslizamentos, impulsos excessivos e o desalinhamento pro-
gressivo do telhado. Algumas paredes de alvenaria acabaram por fissurar ou
ser parcialmente derrubadas por acção desses impulsos.
Algumas ripas não estão devidamente alinhadas ou estão deficientemente
fixadas às varas, deslocando-se – com eventual risco de queda – sob qualquer
pequena acção (por exemplo, ao levantar e recolocar uma telha). As ripas não
são contínuas e têm comprimento igual à distância entre varas, o que dificulta
a sua fixação e alinhamento.
5 Nota Final
As coberturas inclinadas de telha cerâmica em Portugal são um elemento
construtivo corrente, com grande capacidade de resposta às exigências funci o-
nais que lhe são aplicáveis, mas apresentam, actualmente, graves defeitos, com
origem, sobretudo, na deficiente concepção e execução.
As explicações para este fenómeno não são evidentes, face ao carácter tr a-
dicional da solução, à informação técnica disponível e à evolução positiva do
processo de certificação das telhas.
A ausência ou insuficiência de projecto, a reduzida formação específica da
mão de obra, a adopção de novos materiais complementares, com desconhec i-
mento do seu comportamento e princípios de utilização e a desadequação da
geometria de algumas coberturas ao sistema em análise, poderão constituir
causas principais que urge combater. Os processos de manutenção periódica e
hierarquizada das coberturas, tal como dos restantes elementos construtivos
dos edifícios, constituem a ferramenta adicional e imprescindível para dimi-
nuir as disfunções que actualmente se verificam.
6 Bibliografia
[1] APPIC, CTCV e IC (FEUP). Manual de Aplicação de Telhas Cerâmicas.
Associação Portuguesa de Industriais de Cerâmica de Construção, Coim-
bra, 1998.
[2] LNEC. Coberturas de edifícios. Curso de Formação Profissional - CPP
516 – Lisboa: LNEC, 1976.
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SILVA, J. Mendes; ABRANTES, Vitor; VICENTE, Romeu S. – “Defeitos de concepção execução de
coberturas de telha cerâmica - casos de estudo”. 1º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação
de Edifícios (PATORREB-2003), FEUP, Porto, 18-19 Março 2003
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SILVA, J. Mendes; ABRANTES, Vitor; VICENTE, Romeu S. – “Defeitos de concepção execução de
coberturas de telha cerâmica - casos de estudo”. 1º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação
de Edifícios (PATORREB-2003), FEUP, Porto, 18-19 Março 2003
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de Edifícios (PATORREB-2003), FEUP, Porto, 18-19 Março 2003
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coberturas de telha cerâmica - casos de estudo”. 1º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação
de Edifícios (PATORREB-2003), FEUP, Porto, 18-19 Março 2003
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coberturas de telha cerâmica - casos de estudo”. 1º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação
de Edifícios (PATORREB-2003), FEUP, Porto, 18-19 Março 2003
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coberturas de telha cerâmica - casos de estudo”. 1º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação
de Edifícios (PATORREB-2003), FEUP, Porto, 18-19 Março 2003
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SILVA, J. Mendes; ABRANTES, Vitor; VICENTE, Romeu S. – “Defeitos de concepção execução de
coberturas de telha cerâmica - casos de estudo”. 1º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação
de Edifícios (PATORREB-2003), FEUP, Porto, 18-19 Março 2003
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coberturas de telha cerâmica - casos de estudo”. 1º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação
de Edifícios (PATORREB-2003), FEUP, Porto, 18-19 Março 2003
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SILVA, J. Mendes; ABRANTES, Vitor; VICENTE, Romeu S. – “Defeitos de concepção execução de
coberturas de telha cerâmica - casos de estudo”. 1º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação
de Edifícios (PATORREB-2003), FEUP, Porto, 18-19 Março 2003
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PATOLOGIAS CORRENTES EM
2
COBERTURAS PLANAS EM
PORTUGAL
A partir de:
SILVA, J. Mendes; GONÇALVES, Pedro – “Patologias frequentes em coberturas planas em
Portugal”. Congresso Nacional da Construção, IST, Lisboa, Dezembro 2001
SILVA, J. Mendes; GONÇALVES, Pedro – “Patologias frequentes em coberturas planas em Portugal”.
Congresso Nacional da Construção, IST, Lisboa, Dezembro 2001
PATOLOGIAS CORRENTES
EM COBERTURAS PLANAS EM PORTUGAL
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
As coberturas planas têm tido, ao longo dos últimos anos, uma significativa aplicação em Portugal, seguindo a
evolução das correntes arquitectónicas e usufruindo do aparecimento de novos materiais de impermeabilização
e da melhoria de desempenho dos existentes.
O projecto das coberturas planas é, frequentemente, incipiente e não contempla toda a complexidade de
exigências funcionais destas coberturas, nem prevê ou descreve todos os materiais envolvidos, nem as soluções
construtivas particulares e localizadas. Além da qualidade do projecto, as coberturas planas exigem adequadas
técnicas de execução e rigorosa preparação da mão-de-obra, que nem sempre se atingem. Deste modo, são
recorrentes os defeitos das coberturas planas em Portugal, que surgem agravados pela ausência de legislação
técnica específica e pelo reduzido impacto da homologação e certificação. As actuais acções de reabilitação das
coberturas planas têm custos anuais que representam uma parcela elevada do valor da inicial dessas coberturas.
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Anomalias em Coberturas
As coberturas em terraço – também designadas por coberturas planas, embora na realidade devam apresentar
inclinações desde 1 a 2% até 8 a 15%, consoante os países e a sua legislação específica [1, 2] - podem
apresentar uma grande diversidade de camadas e suas combinações, que nas situações actuais mais correntes se
sobrepõem pela seguinte ordem: estrutura resistente, camada de forma, camada de difusão de vapor de água,
barreira pára-vapor, revestimento impermeabilizante, isolamento térmico, camada de dessolidarização,
protecção do revestimento impermeabilizante e acabamento final.
Cada uma destas camadas desempenha funções específicas, num sistema cujo funcionamento é conjunto e
depende, não apenas das características de cada camada, mas também da sua ordem relativa de colocação, da
sua compatibilidade e, de modo significativo, das soluções construtivas adoptadas para os pontos singulares. De
entre todas as camadas, assume particular destaque o revestimento impermeabilizante porque é ele o garante
principal da estanquidade da cobertura, que constitui a exigência funcional mais reclamada, não obstante o
relevo de diversas outras, consoante a função do edifício.
Revestimentos tradicionais são aqueles, em relação aos quais, existe uma prática consolidada de utilização e
cujas características e comportamento são suficientemente conhecidos, estando os restantes sujeitos a
exigências de homologação previstas pelo art.º 17º do RGEU [1]. Face à actual evolução das soluções de
impermeabilização de coberturas planas, considera-se que a maior parte deste tipo de soluções ainda ser
considerada como tradicional.
Do ponto de vista normativo, assumem particular destaque as directivas gerais da UEATC, publicadas em 1982
[3] e diversas outras directivas específicas publicadas posteriormente, relativamente a cada tipo de material e de
sistema (por exemplo para betumes do tipo APP[4]).
O Comité Europeu de Normalização criou a CT 254 que publicou entre o mês de Agosto de 1999 e Março 2000
mais de uma dezena de Normas Europeias. Em Portugal, têm sido publicadas, desde 1988, sob a
responsabilidade do IPQ, diversos Projectos de Normas Portuguesas, cujo enquadramento europeu se impõe
avaliar face a estas recentes evoluções.
Em Portugal são quase inexistentes os estudos estatísticos das anomalias da construção. Em todos os domínios
da patologia da construção – e em particular nas coberturas planas - tais estudos teriam o maior interesse, quer
em termos preventivos, quer em termos correctivos, e poderiam constituir um valioso contributo para uma
estratégia de melhoria da qualidade da construção, tanto mais que já existem obras de referência sobre a
concepção e execução [5 a 7].
O trabalho que agora se apresenta, integra-se numa tese de mestrado em que se tomou como base de trabalho a
informação relativa à inspecção e orçamentação de mais de duas centenas de casos reais de reabilitação de
coberturas planas. Estes dados dizem respeito aos pedidos de intervenção registados por uma empresa líder do
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SILVA, J. Mendes; GONÇALVES, Pedro – “Patologias frequentes em coberturas planas em Portugal”.
Congresso Nacional da Construção, IST, Lisboa, Dezembro 2001
sector da construção e reabilitação de coberturas planas, durante cinco anos (1995-2000), na zona centro do
País.
A análise das obras permitiu identificar 25 causas distintas, que se classificaram em quatro grandes categorias, e
cujo número de ocorrências se apresenta na Tabela 1. Na mesma Tabela pode ainda consultar-se a percentagem
relativa a cada grupo principal de anomalias.
Os registos utilizados forem feitos na sua maioria, por um dos autores, no âmbito da sua actividade profissional,
e posteriormente tratados durante a investigação em curso. Cada caso foi caracterizado segundo diferentes
parâmetros: ano de construção do edifício, ano de registo da anomalia, área total da cobertura em terraço, tipo
de edifício, tipo de revestimento impermeabilizante, tipo de protecção do impermeabilizante, existência ou não
de isolamento térmico, tipo de anomalia registada, estimativa de custo global e por metro quadrado de
41
Anomalias em Coberturas
reparação e, por fim, identificação da causa da anomalia. Neste artigo relatam-se apenas conclusões relativas às
causas das anomalias e aos custos da sua reparação.
Uma breve análise da Tabela 1 mostra uma grande incidência dos defeitos em zonas periféricas da cobertura,
onde, não só a execução é mais difícil, mas também a concepção dos pormenores é mais exigente, de modo a
garantir a desejada durabilidade do sistema. Repare-se nos gráficos da Figura 1, onde estes resultados são
apresentados em conjunto com a distribuição percentual da origem dos defeitos. Pode verificar-se que mais de
80% dos defeitos se fica a dever – em partes quase iguais - a erros de concepção e aplicação.
Os materiais têm sofrido melhorias técnicas significativas e são actualmente submetidos, na sua maioria, a
testes exaustivos, por exigência dos diversos processos de certificação da qualidade em vigor em muitos países.
Já os erros de utilização, apesar de surgirem como a causa menos significativa, poderiam ser francamente
reduzidos, uma vez que estão relacionados com a falta de manutenção de sistemas de evacuação de águas
pluviais e com perfurações acidentais da camada impermeabilizante, nomeadamente pela inadequada fixação de
equipamentos e acessórios diversos.
Dispositivos Pontos
de evacuação singulares
21% 13% Concepção Aplicação
38%
44%
Superfície
corrente
Zonas 28% Utilização M ateriais
periféricas 8% 10%
38%
Figura 1: Distribuição dos defeitos de acordo com as zonas da cobertura e com a sua origem
5. O CUSTO DA REABILITAÇÃO
O custo médio de reparação das coberturas analisadas foi de 6.900$00/m2 (34.42 Euro/m2); os custos de
reparação são, no entanto, muito variáveis em função do tipo de anomalia a corrigir (reflectindo, sobretudo, a
necessidade de intervenção em toda a cobertura ou apenas em zonas localizadas), da área total da cobertura a
intervencionar (com agravamento para áreas reduzidas) e das características do sistema de protecção da camada
impermeabilizante.
O custo médio mínimo foi obtido para as situações de água retida sob o revestimento impermeabilizante, com
apenas 400$00/m2 (2,00 Euro/m2), enquanto o custo máximo se obteve para situações de deficiente
regularização do suporte com o valor médio de 21.100$00/m2 (105,25 Euro/m2). Outras anomalias que
implicam a reabilitação integral da cobertura apresentam custos muito próximos do valor máximo, como é o
caso da degradação da impermeabilização por acção de raízes.
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SILVA, J. Mendes; GONÇALVES, Pedro – “Patologias frequentes em coberturas planas em Portugal”.
Congresso Nacional da Construção, IST, Lisboa, Dezembro 2001
Na Tabela 2, apresentam-se os custos médios de reparação das coberturas por metro quadrado, em função do
tipo de protecção da impermeabilização. Repare-se que os casos mais baratos correspondem, naturalmente, às
situações em que a protecção é inexistente, o que não significa que a sua utilização seja de desaconselhar, uma
vez que tal procedimento tem, em geral, consequências ao nível da durabilidade da camada impermeabilizante.
Estes valores, apesarem de merecerem toda a reserva resultante do facto de cada tipo de protecção englobar
situações de anomalia de natureza muito diversa, evidenciam uma clara relação entre o grau de dificuldade da
execução ou remoção do acabamento e o custo da reparação. A colocação de lajetas amovíveis é o processo
mais vantajoso, deste ponto de vista. Convém recordar que este revestimento pode ter custos iniciais superiores
e que a redução de custo da reparação em relação a outras soluções pode ser considerada irrisória. Todavia, não
deve subvalorizar-se, nem a importância da rapidez de actuação que este tipo de revestimento
permite, nem a possibilidade de repor o mesmo revestimento, mantendo o aspecto inalterado.
Na Tabela 2, é ainda importante observar o peso relativo do número de casos registados para cada um dos tipos
de protecção ou revestimento. A grande expressão das protecções com betonilha registadas neste trabalho pode
reflectir, não só a adopção generalizada deste tipo de protecção em Portugal, mas também o risco que lhe está
associado e que resulta, frequentemente, da ausência ou deficiência da camada de dessolidarização.
Tomando como referência as anomalias mais frequentes em coberturas planas, analisadas no presente artigo,
elaboraram-se fichas ilustrativas de cada uma dessas anomalias, com a descrição respectiva e a indicação, quer
das formas mais frequentes de manifestação, quer dos princípios de prevenção e reparação. A título ilustrativo
apresentam-se, nas páginas seguintes, duas dessas 25 fichas. Escolheram-se as situações relativas à “ausência
ou deficiente dessolidarização da protecção pesada” e ao “deficiente remate do revestimento em soleiras de
portas”. Este último é dos mais frequentes, com 26 casos registados, metade dos quais, resultado de erros de
concepção, traduzidos, maioritariamente, pela ausência do necessário desnível entre a soleira e o pavimento do
terraço.
43
Anomalias em Coberturas
Identificação da anomalia:
Em zonas de soleiras, o revestimento impermeabilizante deve atingir em todos os pontos uma cota
superior à cota máxima do pavimento final da superfície da cobertura. As soleiras devem igualmente
apresentar uma configuração adequada de modo a não permitirem a penetração de água. Quando estas
condições não se verificam ocorrem, habitualmente, infiltrações de água.
Como prevenir:
Colocando um degrau exterior de tal modo que o pavimento do terraço fique rebaixado relativamente ao
pavimento do espaço interior; prolongando a aplicação das membranas impermeabilizantes e soldando-
as à face interior da soleira; utilizando soleiras com uma configuração adequada.
Como reparar:
A reparação deste tipo de anomalia implica, habitualmente, a remoção e recolocação das soleiras
executando todos os remates necessários. Trata-se dum tipo de reparação que envolve custos
significativos, dada a necessidade de reconstituir os acabamentos interiores e exteriores. Nalgumas
situações é necessário reduzir a altura das portas de modo a poder executar a soleira a uma cota
adequada.
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SILVA, J. Mendes; GONÇALVES, Pedro – “Patologias frequentes em coberturas planas em Portugal”.
Congresso Nacional da Construção, IST, Lisboa, Dezembro 2001
Identificação da anomalia:
Quando não se procede à aplicação duma camada de dessolidarização entre o revestimento
impermeabilizante e a sua protecção pesada, os movimentos dessa protecção pesada, resultantes da
variação de temperatura ou de retracção dos materiais, são transmitidos directamente à
impermeabilização, contribuindo para a sua degradação.
Como prevenir:
Aplicando sempre uma camada de dessolidarização entre o revestimento impermeabilizante e a sua
protecção pesada, normalmente constituída por um feltro de poliester não tecido ou por manta de
geotextil, com espessura adequada.
Como reparar:
A reparação deste tipo de anomalia implica, habitualmente, a remoção e posterior aplicação da protecção
pesada e do revestimento impermeabilizante, colocando uma camada de dessolidarização entre esses dois
elementos. Se esta deficiência se manifestar apenas em zonas localizadas, pode a intervenção de
reparação ser efectuada somente em zonas pontuais.
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Anomalias em Coberturas
7. CONCLUSÕES
As coberturas planas em Portugal representam já uma parcela significativa das coberturas de edifícios mas, não
obstante os desenvolvimentos tecnológicos, as anomalias continuam a ocorrer com muito mais significado do
que seria aceitável e com custos de reparação muito próximos das coberturas de origem.
Verifica-se todavia, que os defeitos são recorrentes e facilmente elimináveis com a conjugação criteriosa do
projecto, da execução, da qualidade dos materiais e do comportamento dos utentes. A criação e adopção
progressivas de legislação Europeia no sector poderão também contribuir para o aumento da qualidade deste
tipo de coberturas.
A prevenção dos defeitos de concepção e execução carece, não só de legislação adequada, mas também de listas
de verificação e procedimentos normalizados para a revisão de projecto e para as acções de fiscalização e
controlo em obra. A difusão da informação sobre patologia das coberturas planas – nomeadamente através de
fichas de patologia, com carácter sistemático e ordenado – pode contribuir para a redução do número de casos
registados.
8. REFERÊNCIAS
1 PORTUGAL - Leis, Decretos, etc. - Regulamento Geral das Edificações Urbana. Decreto-Lei n.º 38382
de 7 de Agosto de 1951.
2 AFNOR – NF P 84-204-1 – Travaux d’étanchéité des toitures-terrases avec éléments porteurs en
maçonnerie - DTU 43.1 (Document Technique Unifié), Paris, octobre, 1981.
3 UEATC-Union Européenne pour l’Agrément Technique Dans la Construction – Directives Générales
UEAtc pour l’agrément des revêtements d’étanchéité de toitures. Paris, juillet, 1982.
4 UEATC-Union Européenne pour l’Agrément Technique Dans la Construction – Directives Particulières
UEAtc pour l’agrément des revêtements d’étanchéité en bitume polymère APP armés. Paris, janvier,
1984.
5 Gomes, Ruy José– Coberturas em terraço. LNEC, Lisboa, 1968.
6 Lopes, J. Grandão – Anomalias em Impermeabilizações de Coberturas em terraço. ITE 33, LNEC,
Lisboa, 1994.
7 Lopes, J. Grandão – Revestimentos de impermeabilização de coberturas em terraço. ITE 34, LNEC,
Lisboa, 1994.
46
SILVA, J. Mendes; GONÇALVES, Pedro – “Patologias frequentes em coberturas planas em Portugal”.
Congresso Nacional da Construção, IST, Lisboa, Dezembro 2001
47
Anomalias em Coberturas
48
SILVA, J. Mendes; GONÇALVES, Pedro – “Patologias frequentes em coberturas planas em Portugal”.
Congresso Nacional da Construção, IST, Lisboa, Dezembro 2001
49
Anomalias em Coberturas
50
SILVA, J. Mendes; GONÇALVES, Pedro – “Patologias frequentes em coberturas planas em Portugal”.
Congresso Nacional da Construção, IST, Lisboa, Dezembro 2001
51
Anomalias em Coberturas
52
SILVA, J. Mendes; GONÇALVES, Pedro – “Patologias frequentes em coberturas planas em Portugal”.
Congresso Nacional da Construção, IST, Lisboa, Dezembro 2001
53
Anomalias em Coberturas
54
CARACTERIZAÇÃO E ANOMALIAS
3
DAS COBERTURAS NA BAIXA DE
COIMBRA
A partir de:
VICENTE, Romeu - “Estratégias e metodologias de observação, registo e diagnóstico de
anomalias em edifícios - Contribuição para uma abordagem no âmbito da reabilitação urbana.
Avaliação da vulnerabilidade e do risco sísmico do edificado da Baixa de Coimbra.", Tese de
Doutoramento, Universidade de Aveiro, Aveiro Julho 2008.
Caracterização e Anomalias das Coberturas na Baixa de Coimbra
1.1. Enquadramento
No presente texto apenas será apenas apresentado trabalho relacionado com a equipa
de engenharia (e deste apenas uma pequena parte) e com os tratamento estatístico e
informático realizado no âmbito de uma tese de doutoramento [2], que não só esteve na
origem da estratégia desta parte dos levantamentos, como também veio a
consubstanciar uma das primeiras abordagens científicas dos dados construtivos.
Outros trabalhos se seguirão para um domínio mais completo da realidade.
57
Anomalias em Coberturas
58
Caracterização e Anomalias das Coberturas na Baixa de Coimbra
A inspecção dos cerca de 800 edifícios foi feita com recurso ao levantamento fotográfico
exaustivo e ao preenchimento de fichas de inspecção e diagnóstico, criadas no âmbito
deste projecto, estruturadas por elemento ou componente do edifício. Estas fichas estão
organizadas de forma hierarquizada e contêm informação exaustiva e detalhada, a
seleccionar posteriormente para melhor responder, quer aos objectivos da auta rquia,
que promoveu o estudo, solicitando apoio da Universidade de Coimbra, quer a
objectivos científicos diversos. Nestas fichas, cuja hierarquia se apresenta na Figura 2,
são registadas características gerais do edifício mas também – e sobretudo – as
características de cada tipo de elemento construtivo (materiais, estado de conservação,
anomalias, etc.)
Fichas de inspecção
A Identificação do Edifício
B
Avaliação das Coberturas
1
B
Avaliação das Paredes de Fachada
2
B
Avaliação dos Pavimentos
3
B
Avaliação das Paredes Interiores/Caixilharias/Tectos
4
D
Condições de Ventilação/Salubridade e Iluminação
1
D
Condições Térmicas e Acústicas
2
E
Eficiência das Redes de Águas e Drenagem
1
E
Eficiência das Redes Eléctrica e Telefónica
2
59
Anomalias em Coberturas
60
Caracterização e Anomalias das Coberturas na Baixa de Coimbra
2.1.1. Introdução
Como referido no capítulo anterior, foi criada uma equipa para organizar e informatizar os
dados de todas as equipas que recolheram informação no terreno. No entanto, a base de
dados que apoia todos os resultados e análises expostas nesta dissertação, foi criada
especificamente para organizar toda a informação recolhida, que foi naturalmente reavaliada
e reagrupada, para também apoiar o estudo da vulnerabilidade sísmica discutida nos
Capítulos 6 e 7. Refira-se que no processo da Baixa foi criado, por equipa própria, um
sistema de informação autónomo numa perspectiva de gestão de informação e apoio à
decisão para a autarquia.
61
Anomalias em Coberturas
62
Caracterização e Anomalias das Coberturas na Baixa de Coimbra
Nesta secção apresenta-se a base de dados desenvolvida no âmbito desta dissertação, que
inclui as características físicas dos edifícios e respectivos elementos construtivos. A base de
dados e respectiva estrutura, constituem uma primeira tentativa de gerir informação sobre o
edificado a esta escala de detalhe, ambicionando-se a sua inclusão, numa fase posterior,
numa base de dados actualizável de gestão municipal. Esta base de dados específica,
criada sobretudo para efeitos de investigação, permite correlacionar dados novos ou
existentes, bem como elaborar estatísticas e gráficos de comparação para os parâmetros
estudados neste tipo de edificado antigo. Relativamente à informação dos edifícios a incluir
nesta base de dados, procurou-se recolher a informação mais completa e rigorosa. A
qualidade da informação é condicionante, limitando o seu tratamento, e deverá ser
convenientemente pré-processada e analisada antes de ser tratada, averiguando se o
resultado ou indicador que daí advém pode ser interessante e válido. A informação recolhida
que alimenta a base de dados terá de ser actualizada de forma periódica. Um critério de
actualização poderá ser o que se propõe na Tabela 1.
63
Anomalias em Coberturas
1. Generalidades
1.1 Nível de inspecção
1.2 Classificação do edifício
1.3 Interesse arquitéctónico
1.4 Numero de pisos
1.5 Tipologia estrutural
1.6 Implantação
1.7 Edifícios em ruína
1.8 Número de fachadas com aberturas
2. Utilização do edifício
2.1 Uso
2.2 Área de compartimentos
2.3 Acessibilidades
2.4 Espaços comuns
3. Possibilidade de alteração/mutabilidade
4. Últimas intervenções de beneficiação
5. Observações
2.2.2. Coberturas
As coberturas são, por excelência, o elemento de maior fragilidade e que mais condiciona o
estado de conservação de todo o edifício. De seguida, na Tabela 3 estão indicados os
64
Caracterização e Anomalias das Coberturas na Baixa de Coimbra
Tecem-se, de seguida, comentários acerca dos vários aspectos assinalados na Tabela 11,
com o intuito de fazer a mais fiel interpretação e caracterização deste elemento da
envolvente externa. Como já referido na Secção 3.1.2, a dificuldade de acesso pelo interior,
para avaliar e registar as características das coberturas, condiciona os resultados obtidos
(ver Figura 4-a). No entanto este facto é minorado pela proximidade e semelhança de
soluções encontradas em edifícios vizinhos e ao nível do quarteirão e, ainda, pelo facto de
ser muito significativa a percentagem de coberturas observadas pelo interior (superior a
70%).
b)
Dados Cruzamento de dados Cruzamento com outras fichas
3.2 Ficha B1
2.1 Ficha B1
1.1 Ficha B2
Maior detalhe
Por zona
Geral
1. Geometria da cobertura
1.1 Tipo
2. Constituição da cobertura
2.1 Zona corrente e tipo de revestimento
2.2 Visualização pelo interior e inclinação da cobertura
2.3 Singularidades
2.4 Estado de conservação
3. Estrutura de suporte
3.1 Tipo
3.2 Estado de conservação
4. Patologias
5. Evolução das patologias no tempo
6. Últimas intervenções de beneficiação
7. Observações
A geometria da maioria das coberturas não é complexa. As coberturas inclinadas com duas
águas são as mais vulgares (ver Figura 5). A maior complexidade da cobertura, isto é, um
maior número de vertentes/águas implica sempre mais pontos singulares e remates
susceptíveis de originar problemas.
65
Anomalias em Coberturas
0%
% edifícios
40%
-15%
-30% 20%
-45% 0%
-60%
-20%
-75%
-90% -40%
Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 Z6 Z7 Z8 Total Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 Z6 Z7 Z8 Total
Zonas Zonas
a)
Número de águas
a) b) Geometria da cobertura
600 100
540 90 800 100
720 90
480 80
.
640 80
Número de coberturas
420 70
.
Número de coberturas
560 70
% coberturas
% coberturas
360 60 480 60
300 50 400 50
240 40 320 40
180 30 240 30
160 20
120 20
80 10
60 10 0 0
0 0 Não Plana ou
Inclinada
sem observado Terraço
1 água 2 águas 3 águas 4 águas 5 águas 6 águas
registo
Número 12 17 749
Número 64 115 511 54 26 3 5 % 1.5 2.2 96.3
% 8.2 14.8 65.7 6.9 3.3 0.4 0.6
Sobre as 778 coberturas analisadas, foram identificados 808 revestimentos. Isto acontece
porque existem coberturas com mais do que um tipo de revestimento. Existem casos de
utilização de dois tipos de telhas cerâmicas, fruto de reparações e correcções na cobertura e
ainda a utilização de chapas contínuas em coberturas secundárias. Em muitos casos, esta
situação corresponde à criação de fragilidades funcionais últimas.
66
Caracterização e Anomalias das Coberturas na Baixa de Coimbra
Tipo de revestimento
a)
300 100
270 90
240 80
Número de ocorrências
210 70
% acumulada
180 60
150 50
120 40
90 30
60 20
30 10
0 0
Telha Revestimento
Não Telha de Chapas Telha tipo Telha tipo
cerâmica cobertura Fibrocimento Telha tipo lusa
identificado cimento metálica/vidro canudo marselha
romana plana
Número 3 1 2 7 44 82 114 274 281
% 0.4 0.5 0.7 1.6 7.1 17.2 31.3 65.2 100.0
b) Tipo de revestimento
c) Outros revestimentos
d) Telha cerâmica
100 350
1000 100
.
80
Número de ocorrências .
Número de ocorrências
800 80 250
Número ocorrências
% acumulada
600 60 60 200
44
400 40 150
40 114
100
200 20 20
50
0 0 7
1 2
Não Telha 0 0
Outros
identificado cerâmcia Telha de Revestimento Chapas Fibrocimento Telha tipo Telha tipo Telha tipo Telha tipo
cimento cobertura metálica/vidro romana canudo marselha lusa
Número 3 134 671
plana
% 0.4 16.6 83.0
Dos edifícios com coberturas em betão armado, interessa identificar aqueles com estrutura
resistente em alvenaria. Identificaram-se cerca de 47 casos de coberturas constituídas por
elementos de betão armado em edifícios com estrutura em alvenaria resistente (ver Figura
9-a e 9-b para resultados gerais e por zona). Estes casos devem ser analisados com maior
cuidado no que diz respeito à segurança estrutural, no caso de acções sísmicas, e ainda
avaliados quais os danos que poderão ter tido origem em acções desta natureza.
67
Anomalias em Coberturas
a) b) Estruturas de betão
100
.
Número de coberturas
80 69
Tipo de estrutura de suporte 60
500 100 42
40
450 90
.
400 80 20
.
Número de coberturas
350 70
0
% coberturas
300 60
Laje betão Perfis pré-moldados
250 50
200 40 Tipo
150 30
100 20
c)
Estruturas de madeira
50 10 350
0 0 286
Não 300
.
Metálica Mista Betão Madeira
identificado 250
Número de coberturas
Número 189 8 9 111 461
200
% 24.3 25.3 26.5 40.7 100.0
150
105
100
43
50 27
0
Não identificado Apoiada em Asna aberta Asna fechada
vigas
Tipo
No que diz respeito ao levantamento das anomalias das coberturas, diversos são os
problemas que se observaram, desde problemas de humidade, degradação e
envelhecimento dos materiais, erros de concepção, negligência na execução, fissuração e
fractura do revestimentos e deformações dos sistemas de suporte. Os problemas de
formação de musgos e bolores atingem mais de 50% das coberturas, as infiltrações mais de
30% do total e os problemas de deformabilidade do suporte atingem mais de 20% (ver
número de ocorrências na Figura 10).
Na Figura 12-a e 12-b observa-se a distribuição de anomalias pelos dois grandes grupos de
revestimentos de coberturas, com telha cerâmica e outros tipos de revestimentos. A
distribuição de problemas é muito semelhante nos dois grupos.
68
Caracterização e Anomalias das Coberturas na Baixa de Coimbra
.
80 175 80 160
.
Número de ocorrências
.
70 70 140
Número de coberturas
150
% ocorrências
% coberturas
60 60 120
125
50 50 100
100
40 40 80
75
30 30 60
20 50 20 40
10 25 10 20
0 0 0 0
Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 Z6 Z7 Z8 Total Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 Z6 Z7 Z8 Total
Zonas Zonas
Não identificado
N.Identificado Betão
Não identificado Outros
Madeira Metálica
Telha cerâmica Número de ocorrências
Mista Número coberturas
35
Número de casos
Número de casos
30 8
25
6
20
15 4
10 2
5
0
0 Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 Z6 Z7 Z8
Alvenaria Betão Armado Outro
Perfis pré-moldados 2 1 0 6 4 3 1 0
Perfis pré-moldados 18 22 2
Laje maciça ou aligeirada 1 2 4 6 3 6 3 1
Laje maciça ou aligeirada 29 40 0
Total 3 3 4 12 7 9 4 1
No que diz respeito ao estado de conservação das coberturas, tanto o suporte como o
revestimento apresentam valores muito próximos (ver Figura 13-a e 13-b). Este facto
evidencia uma indissociável relação entre o estado de conservação do suporte e do
revestimento, na maioria dos casos, como indicado na Figura 13-c.
Por último, constatou-se que, de todas as coberturas inspeccionadas, apenas uma baixa
percentagem (4%) incluem na sua constituição algum tipo de isolamento térmico (em 90%
dos casos foi observado o poliestireno extrudido).
69
Anomalias em Coberturas
Para uma aplicação mais discretizada dos resultados, por exemplo, edifício a edifício,
poderá ser necessário inspeccionar com mais detalhe alguns aspectos do edificado. O
cruzamento de alguns resultados, que não é o objectivo primeiro desta dissertação, poderá
esclarecer melhor algumas causas, tendências e até estratégias num diagnóstico mais
detalhado e objectivo para determinado tipo de elemento construtivo.
Apesar de alguns resultados menos conseguidos e fiáveis (em alguns parâmetros), esta
caracterização é necessária para perceber o estado de conservação actual e o grau de
intervenção que se poderá perspectivar.
No capítulo seguinte, faz-se uma análise mais detalhada das principais soluções
construtivas e anomalias decorrentes da caracterização do edificado da Baixa de Coimbra.
Enquanto que no presente capítulo, o objectivo foi realizar uma análise quantitativa dos
resultados de caracterização, evidenciando tendências, indicadores e estados, no capítulo
seguinte faz-se um exercício mais direccionado, discutindo em detalhe as situações mais
relevantes que estão subjacentes aos resultados aqui apresentados.
Anomalias em coberturas
Geometria Inadequada
Descolagem do revestimento
Problemas de pendente
Sobreposição do revestimento
.
Anomalias
Desalinhamento do revestimento
Vegetação pioneira
Infiltrações
Musgos e bolores
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450
Número de de
Número ocorrências
occorrências
70
Caracterização e Anomalias das Coberturas na Baixa de Coimbra
50
40
% casos
30
20
10
0
Pontos singulares e
Problemas de Uso excessivo de Desalinhamento e Problemas de Deformação dos
remates mal
pendente argamassa deficiente encaixe rufagem elementos de suporte
concebidos
Potenciais origens 25.0 43.0 47.2 47.6 50.2 57.2
Chaminés Beiral
Clarabóias
Entre telhas
Remates
Empena
Empenas
Rincão/Laró
Encontros
Inexistente Cumieira
0 5 10 15 20 25 30 0 20 40 60 80 100
% ocorrências % ocorrências
Geometria Inadequada
Geometria Inadequada
Fissuração/esmagamento em asnas de madeira
Corrosão em elementos metálicos
Fractura por acção témica
Fractura por acção témica
Descolagem do revestimento
Fractura por acção humana
Corrosão em elementos metálicos
Condensações interiores (manchas)
Fractura por acção humana
Problemas de pendente
Problemas de pendente
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
% ocorrências % ocorrências
71
Anomalias em Coberturas
EC (1-5)
45
3
40 2
1
35 Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 Z6 Z7 Z8
.
.
15 4.0
5 2.5
2.0
0
1≤EC<2 2≤EC<3 3≤EC<4 4≤EC<5 EC=5 1.5
y = 0.7983x + 0.8115
Estrutura de suporte 1.2 15.6 36.0 33.6 13.5 1.0 2
R = 0.5716
Revestimento 1.8 17.3 42.2 29.0 9.7 0.5
0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0
EC=Estado de conservação
Estado de conservação do revestimento
As estruturas das coberturas são quase na totalidade em madeira, existindo muito poucos
casos de coberturas com estrutura metálica, coberturas planas ou outras geometrias. Esta
secção debruça-se sobre as coberturas inclinadas com estrutura em madeira, por
representarem mais dos 95% das coberturas do perímetro de estudo da Baixa de Coimbra.
Observaram-se diferentes soluções estruturais de coberturas, ao nível da configuração das
asnas, dos elementos de contraventamento, das mansardas, lanternins, etc. Após
observação de centenas de coberturas, verificou-se a recorrência de soluções estruturais
elementares, com casos pontuais de estruturas muito mais complexas [GECoRPA, 2000;
Tratado de Rehabilitacion, 2000] (ver Figura 14).
O facto de muitos edifícios estarem construídos em banda e terem uma largura reduzida,
conduz a que as soluções de telhado com duas águas sejam as mais utilizadas: i) a solução
estrutural é muito simples e consiste em vigas/barrotes principais de madeira paralelos à
fachada, descarregando sobre as paredes meeiras ou meãs; ii) estrutura de barrotes que
descarrega sobre um lintel no topo das paredes de fachada e uma viga de cumeeira, como
se fossem asnas desprovidas de escoras, pendural e linha; e ainda, iii) solução com uma
geometria de asna fechada simples (ver Figura 15).
72
Caracterização e Anomalias das Coberturas na Baixa de Coimbra
73
Anomalias em Coberturas
A inclinação das águas revelou-se por vezes insuficiente, o valor aceitável para edifícios
antigos seria em média, 26º a 27º para as vertentes principais (valor usual para a inclinação
das pernas das asnas), sendo ainda mais inclinada no Norte de Portugal do que no Sul.
Actualmente, sabemos que a escolha destes valores é dependente de vários factores,
desde a acção combinada do vento e precipitação, ao conceito de exposição e ao tipo de
telha e seu encaixe [MATC, 1998].
Barrotes/vigas apoiadas
directamente sobre as paredes
h l/h<20
Meia-asna simples e
asna simples
74
Caracterização e Anomalias das Coberturas na Baixa de Coimbra
As ligações, na sua maioria, são pregadas, mas nem sempre apresentam cuidados de
samblagem entre as peças de madeira e uso de ferragens (ver Figura 16). As ligações com
ferragens são apenas observadas em asnas de coberturas mais complexas e
consequentemente de maior vão. A dimensão destas ligações, suportada por critérios
empíricos, pode variar entre larguras de 3 a 6cm e espessuras de 0.5 a 1.2cm, determinada
pela dimensão da estrutura.
Figura 16: Ligações entre elementos da estrutura das asnas de cobertura (samblagens e
ferragens)
75
Anomalias em Coberturas
onde claramente se observam duas a três fiadas de telhas de meia-cana originais (ver
Figura 18-c).
a) b) c)
Figura 18: Revestimentos de coberturas inclinadas: a) Cobertura em telha tipo canudo com
assentamento do tipo “valladio”; b) Heterogeneidade de soluções; c) Coberturas com
cuidados exclusivos na zona corrente
76
Caracterização e Anomalias das Coberturas na Baixa de Coimbra
77
Anomalias em Coberturas
78
Caracterização e Anomalias das Coberturas na Baixa de Coimbra
Os problemas não estruturais, que são muitos, poderão ainda agravar as condições de
estabilidade estrutural. Os pontos singulares da cobertura são os que mais defeitos
apresentam, uma vez que são geralmente omissos. É, pois, facilmente explicável que sejam
os pontos singulares as principais fontes de infiltração das coberturas. Da configuração em
banda dos edifícios, resulta que as coberturas inclinadas têm necessidade de cuidados
especiais ao nível dos remates com paredes emergentes paralelas ou perpendiculares às
vertentes, sob pena de risco de graves infiltrações. Outras potenciais origens de infiltração
são as deficiências nos remates de cumeeiras, nos rincões, nos larós, na inclinação das
vertentes e dos beirados e ainda no encaixe e na sobreposição das telhas.
Refira-se por último, que existem outros problemas como a acção da radiação ultra-violeta
que enfraquece e origina a decomposição da estrutura interna da madeira (secagem
excessiva, decomposição da lenhina) e ainda a acção do fogo e a corrosão das peças
metálicas.
79
Anomalias em Coberturas
Descrição
Deflexão da viga de cumeeira ou fileira, das pernas das asnas e
madres. Esta deflexão afecta todo o sistema de vara e ripa e o
revestimento da cobertura.
Causas e observações
São essencialmente deformações que ocorrem pela combinação de
dois aspectos: envelhecimento natural da madeira e o efeito da fluência.
Uma vez deflectida a estrutura, é facilitada a entrada de água que
acaba por degradar ainda mais a estrutura da cobertura.
Refira-se que os espaços de desvão são normalmente espaços
fechados sujeitos a grandes amplitudes térmicas, particularmente
temperaturas muito elevadas na estação de Verão, propiciando e
amplificando os problemas de empeno, abertura de fendas e retracção
que comprometam a estabilidade da estrutura da cobertura.
Era corrente o uso de madeira de menor qualidade, com problemas de
estabilidade dimensional, isto é, madeiras com grande potencial para
empenar, abrir fendas decorrentes da secagem, etc. (a gravidade
destes fenómenos é muito dependente da própria espécie de madeira
empregue).
Outros problemas podem agravar esta anomalia: uso de secções
transversais das peças de madeira com insuficiente capacidade de
carga; o ataque xilófago e degradação biológica; deficiente
contraventamento das asnas; eventual exposição à radiação ultra-
violeta.
A deformação sofrida pode em alguns casos evoluir até à ruína parcial
de parte da cobertura.
A deformabilidade das estruturas de cobertura pode ainda provocar
impulsos sobre as paredes exteriores como já exposto na Figura 95.
80
Caracterização e Anomalias das Coberturas na Baixa de Coimbra
Causas e observações
A susceptibilidade de degradação por agentes biológicos, nomeadamente
fungos (de podridão ou azulamento) e insectos (carunchos e térmitas),
depende fortemente das condições higro-térmicas a que a madeira está
sujeita. O teor em água para desenvolvimento dos agentes biológicos terá
de ser superior a 20%. No entanto, a madeira seca pode ser atacada pelo
caruncho.
A deterioração interna provocada pela podridão (branca, parda ou branda),
desfazendo a madeira, atacando a lenhina e celulose, e o ataque dos
insectos (mais comum: caruncho e térmitas) consumindo a madeira e
criando galerias, traduzem-se em termos estruturais numa redução da
secção resistente. No caso do ataque xilófago, o aspecto exterior da
madeira pode ser bom.
Figura 23: Ataque xilófago e degradação biológica dos elementos de suporte em madeira da
cobertura
81
Anomalias em Coberturas
Descrição
Fissuração localizada sobre a própria peça de madeira ou localmente na
zona de apoio.
Causas e observações
No caso da fragilização do elemento estrutural de madeira na zona de
apoio na parede, normalmente não existe um elemento de distribuição de
carga, que poderia ser um frechal, alvenaria assente com pedra bem
talhada e de maior dimensão, ou ainda um cachorro. É comum a
fissuração originada pela concentração de tensão excessiva na zona de
apoio, associada à fraca capacidade de corte da alvenaria nesta área.
A fragilização das ligações entre elementos resistentes de madeira pode
ser despoletada pela combinação de vários problemas: ataque xilófago,
humidificação prolongada, defeitos naturais da madeira e carga pontual
excessiva, diminuindo de forma progressiva as propriedades mecânicas
da peça até à rotura.
O fenómeno da fragilização das zonas de apoio e entrega dos vigamentos
de madeira nas paredes é semelhante à dos pavimentos sobre as
paredes resistentes.
Quando se observa a rotura de algumas secções por carga excessiva
(pernas das asnas, fileira, vigamentos) é frequente na proximidade
dessas roturas, observar defeitos (nós, fissuras, empenos), que por si só,
já constituem um risco ao bom desempenho estrutural. Pode também
estar associado a problemas de corrosão de peças de ligação metálica.
82
Caracterização e Anomalias das Coberturas na Baixa de Coimbra
[Arriaga, 2002]
Descrição
Apodrecimento dos elementos de madeira nas zonas mais sensíveis à
entrada de água da chuva.
Causas e observações
As infiltrações que normalmente têm origem em deficiências e problemas
de desempenho de outros elementos do sistema da cobertura, tais como:
a deformação do suporte, desencaixe ou deficiente sobreposição das
telhas, fractura do revestimento e ainda falta de rufagem nos bordos,
chaminés e remates com paredes emergentes.
A presença de argamassa excessiva, muito vulgar nas zonas de remates,
entre telhas (no caso de tratar-se do tipo canudo) promove a
humidificação prolongada dessas zonas e do suporte subjacente.
Outros problemas como a inclinação insuficiente das vertentes face à
acção combinada do vento com a precipitação, propiciam eventuais
infiltrações. A ineficiência do sistema de drenagem pluvial pode constituir
um factor agravante.
A falta de ventilação do desvão agrava o problema descrito.
83
Anomalias em Coberturas
84
Caracterização e Anomalias das Coberturas na Baixa de Coimbra
Referências específicas:
85
FICHAS DE PATOLOGIA
4
José Ant. R. Mendes da Silva
Fichas de Patologias
Causas possíveis
Constituem as causas principais e habituais das infiltrações nas coberturas planas dotadas de
camada de impermeabilização, as seguintes:
Consequências
Estratégia de reabilitação
89
Anomalias em Coberturas
Causas possíveis
Constituem as causas principais destes defeitos o uso indevido, fortuito, da cobertura (circulação
descuidada ou excessiva) e a ausência de manutenção periódica (limpeza, verificação de fixações e
posicionamento).
Consequências
Incapacidade de resposta funcional eficaz. Risco elevado de infiltrações (em geral por transbordo).
Estratégia de reabilitação
90
Fichas de Patologias
Incapacidade do sistema de drenagem para garantir uma resposta funcional eficiente: escoamento
rápido, sem entupimentos, sem transbordos, sem perda de estanquidade e sem ruídos
significativos.
Causas possíveis
Em geral, quando não se trata de erros de projecto fortuitos e ocasionais, podem ter origem no
deficiente conhecimento do comportamento tecnológico dos materiais e dos elementos construtivos
em causa ou em atitude negligente. Muitos projectos carecem de pormenorização, o que, na prática,
se traduz num potencial erro.
Consequências
Incapacidade de resposta funcional eficaz. Risco elevado de infiltrações (em geral por transbordo)
e/ou de acumulação excessiva de água sobre a cobertura.
Estratégia de reabilitação
91
Anomalias em Coberturas
Incapacidade do sistema de drenagem para garantir uma resposta funcional eficiente: escoamento
rápido, sem entupimentos, sem transbordos, sem perda de estanquidade e sem ruídos
significativos. Os erros mais frequentes são:
Causas possíveis
Os erros de execução, tal como entendidos na presente ficha ficam a dever-se, de forma evidente à
negligência no acto da construção ou à acentuada inabilidade técnica dos executantes.
Consequências
Incapacidade de resposta funcional eficaz. Risco elevado de infiltrações (em geral por transbordo)
e/ou de acumulação excessiva de água sobre a cobertura.
Estratégia de reabilitação
92
Fichas de Patologias
Causas possíveis
Constituem as causas principais e habituais das infiltrações nas coberturas inclinadas com
revestimento descontínuo (telhas ou chapas de cobertura):
A quebra, ausência ou deslocamento de elementos de revestimento;
A deficiente execução dos remates, ligações e fixações ou a sua deterioração;
A deficiente sobreposição de diversas chapas ou telhas.
Estes fenómenos resultam, em geral, de acções mecânicas sobre a cobertura (vento, circulação
fortuita, vandalismo, queda de objectos ou ramos), erros de execução ou, ainda, deformação
excessiva ou mesmo rotura das peças suporte (ripas, varas, madres, asnas ou elementos
equivalentes).
Consequências
Estratégia de reabilitação
93
Anomalias em Coberturas
Causas possíveis
Constituem as causas principais destes defeitos o uso indevido, fortuito, da cobertura (circulação
descuidada ou excessiva, fixação inadequada de acessórios, etc.), a ausência de manutenção
periódica (limpeza, realinhamento ou substituição pontual de telhas e placas).
Consequências
Estratégia de reabilitação
94
Fichas de Patologias
Embora menos frequente, também há erros de projecto que se traduzem na deformação excessiva
do suporte, com posterior desalinhamento das chapas de revestimento.
Causas possíveis
Em geral, quando não se trata de erros de projecto fortuitos e ocasionais, podem ter origem no
deficiente conhecimento do comportamento tecnológico dos materiais e dos elementos construtivos
em causa ou em atitude negligente. Muitos projectos carecem de pormenorização, o que na prática,
se traduz num potencial erro.
Consequências
Estratégia de reabilitação
95
Anomalias em Coberturas
Causas possíveis
Os erros de execução, tal como entendidos na presente ficha ficam a dever-se, de forma evidente à
negligência no acto da construção ou à acentuada inabilidade técnica dos executantes.
Consequências
Estratégia de reabilitação
96
Fichas de Patologias
Causas possíveis
Acção isolada ou conjugada de agentes atmosféricos (chuva, sol, radiação ultra-violeta, variação da
humidade e temperatura do ar, gelo), agravada pela eventual inadequação dos materiais às suas
condições de exposição e recorrente falta de manutenção. Os materiais ou técnicas de revestimento
ou protecção (tintas e vernizes, anodização, galvanização, etc.) apresentam, frequentemente,
durabilidade e eficácia diferenciadas em zonas de ligação.
Consequências
Estratégia de reabilitação
Reabilitação local dos elementos afectados, com sua eventual substituição. Limpeza e protecção
integral da cobertura.
97
ANEXOS
Anexo I
“MANUAL DE APLICAÇÃO
DE TELHAS CERÂMICAS”
Apresentação do livro
A partir de:
"Manual de Aplicação de Telhas Cerâmicas" publicado pela APICC, através CTCV, em 1998 e
integralmente financiado pelo programa PEDIP.
Aplicação de Telhas Cerâmicas
103
Anomalias em Coberturas
104
Aplicação de Telhas Cerâmicas
105
Anomalias em Coberturas
106
Aplicação de Telhas Cerâmicas
107
Anomalias em Coberturas
108
Aplicação de Telhas Cerâmicas
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Anomalias em Coberturas
110
Aplicação de Telhas Cerâmicas
111
Anomalias em Coberturas
112
Aplicação de Telhas Cerâmicas
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Anomalias em Coberturas
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Aplicação de Telhas Cerâmicas
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Anomalias em Coberturas
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Aplicação de Telhas Cerâmicas
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Anomalias em Coberturas
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Aplicação de Telhas Cerâmicas
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Anomalias em Coberturas
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Aplicação de Telhas Cerâmicas
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Anomalias em Coberturas
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Aplicação de Telhas Cerâmicas
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Anomalias em Coberturas
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Aplicação de Telhas Cerâmicas
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Anomalias em Coberturas
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Aplicação de Telhas Cerâmicas
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Anomalias em Coberturas
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Aplicação de Telhas Cerâmicas
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Anomalias em Coberturas
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Aplicação de Telhas Cerâmicas
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Anomalias em Coberturas
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Aplicação de Telhas Cerâmicas
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Anomalias em Coberturas
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Aplicação de Telhas Cerâmicas
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Anomalias em Coberturas
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Aplicação de Telhas Cerâmicas
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Anomalias em Coberturas
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Aplicação de Telhas Cerâmicas
139
Anomalias em Coberturas
140
Anexo II
EXEMPLO DE RELATÓRIO
DE PATOLOGIA
EDIFÍCIO A
CASO DE ESTUDO
PATOLOGIAS DE TERRAÇOS
RELATÓRIO TÉCNICO DA VISITA AO LOCAL
O presente relatório diz respeito à visita realizada em (…data) ao edifício A, com o objectivo
de analisar as patologias dos terraços do mesmo edifício.
O Relatório é feito com base na referida visita, na consulta das peças desenhadas gerais de
arquitectura (plantas à escala 1:100), na observação da “maquete” e ainda na informação
oral sobre o processo construtivo utilizado e posteriores intervenções. Não foram feitas
quaisquer sondagens no local estritamente destinadas à elaboração deste relatório. Nessa
medida, não obstante a convicção do diagnóstico e soluções gerais adiante apresentadas, é
necessário esclarecer que só uma análise local, com levantamento de zonas significativas
dos terraços, pode identificar e confirmar com total certeza as situações aqui relatadas.
Este relatório inclui a descrição fotográfica de algumas zonas críticas da obra, mas não
inclui a definição ou estudo de pormenores construtivos desenhados, específicos para os
pontos singulares da cobertura.
Na visita realizada não foram visitados os terraços do primeiro grupo (pisos superiores), face
às condições atmosféricas e ao facto de as queixas serem localizadas, já estarem
143
Anomalias em Coberturas
Quer nas plantas, quer na “maquete”, os terraços do nível inferior são em número de 3, com
insignificantes perturbações. Na realidade, estes 3 grandes terraços encontram-se
subdivididos e apresentam algumas perturbações de geometria, como floreiras e muretes
(ao que se julga, vigas invertidas aparentes).
3. INFILTRAÇÕES OBSERVADAS
Numa das zonas da garagem, sob o espaço reservado à Clínica, puderam ainda observar-
se sinais de humidade junto ao solo e na parede enterrada, que tudo indica terem origem
em água livre no solo.
Não foram observadas, em geral, infiltrações em zona corrente, fora destes pontos críticos.
Os terraços são constituídos por uma laje de suporte em betão armado, com nervuras em
duas direcções e lajeta maciça de compressão superior de pequena espessura (como é
típico deste tipo de laje). Sobre esta laje, após regularização, terá sido aplicada uma tela de
impermeabilização e posteriormente um revestimento com “calçadinha” de cálcareo.
Não se sabe se a camada de forma - com a função de criar pendente de escoamento para
as águas pluviais - terá sido executada antes ou depois da impermeabilização, nem se a
impermeabilização está dessolidarizada da laje inferior e do revestimento superior.
144
Exemplo de Relatório de Patologia
Nas coberturas deste nível inferior não foi detectada qualquer camada de isolamento
térmico, que, se tivesse sido colocada por cima da impermeabilização, contribuiria para a
aumentar a sua durabilidade.
De acordo com o que se pode observar no local, existem diversos pontos críticos nestes
terraços:
As juntas de dilatação;
As paredes emergentes dos terraços;
As soleiras das portas e envidraçados exteriores;
As floreiras;
Os “muretes” de betão salientes nos terraços;
A colmatação (com folhas e outros detritos) do sistema de evacuação das águas.
145
Anomalias em Coberturas
Por seu turno, a impermeabilização interior é essencial mas pode ter uma durabilidade muito
reduzida, não só pela acção química da terra e das plantas, mas sobretudo por causa das
raízes que conseguem perfurar quase todos os materiais. Recomenda-se, por exemplo, nos
terraços-jardim, a criação de uma camada de betão sobre a impermeabilização para garantir
a sua protecção contra essas acções.
Por último, não convém esquecer que as floreiras são em betão, que é material poroso por
excelência e que se apresenta bastante degradado face às acções atmosféricas.
146
Exemplo de Relatório de Patologia
algumas floreiras.
b) Remate da impermeabilização contra “muretes” de betão e paredes de floreira, com
perfil metálico revestido a PVC e “mastique” de elevado desempenho;
c) Reparação de junta de dilatação horizontal e vertical com pintura membranosa
sintética (em curso, à data da visita).
Quanto à reparação actualmente em curso, da junta de dilatação do terraço que serve a sala
de condomínio, não nos parece adequada a solução proposta, uma vez que esta se destina
sobretudo a fachadas e outros locais onde a acção mecânica é menos intensa. Para
tratamento efectivo das juntas de dilatação, dever-se-á recorrer sem reservas aos
esquemas-tipo tradicionais, com reabertura, lira metálica, mastique de protecção e
impermeabilização solta e reforçada. Pode mesmo encarar-se a necessidade de execução
de dois muretes (um dum lado, outro do outro) ladeando a junta de dilatação, de modo a
permitir o remate vertical das telas e o uso de capeamento metálico superior independente.
É sabido, no entanto, que uma impermeabilização geral semelhante à que está aplicada tem
uma durabilidade limitada e não tardará a que posteriores patologias, desta feita, em zona
corrente, venham a constituir razão suficiente para a sua integral substituição. Não se
afigura, todavia, que essa intervenção global, apesar de recomendada, seja de imediato
exigível.
A realização de uma reparação de pontos singulares comporta diversos riscos, pelo que só
deve ser executada por empresa da especialidade, depois de observação e identificação
atenta dos trabalhos a executar, bem como da garantia de compatibilidade química entre os
velhos materiais e os novos. Nessa eventual reparação localizada devem ser tidos em conta
os diversos aspectos referidos nos parágrafos 5 e 6 deste relatório, sendo ainda
francamente desejável a correcção das zonas de pendente mais desfavorável.
147
Anomalias em Coberturas
148
Exemplo de Relatório de Patologia
149
Anomalias em Coberturas
150
Exemplo de Relatório de Patologia
151
Anomalias em Coberturas
152
Exemplo de Relatório de Patologia
Remates da ligação da
impermeabilização a muretes e
floreiras e sua deterioração
153
Anomalias em Coberturas
154
Exemplo de Relatório de Patologia
155
Anomalias em Coberturas
156
Exemplo de Relatório de Patologia
157
Anomalias em Coberturas
158
Exemplo de Relatório de Patologia
159
Anomalias em Coberturas
160
Anexo III
“COBERTURAS DE ZINCO.
ANOMALIAS E SOLUÇÕES DE
REABILITAÇÃO”
Apresentação
A partir de:
MAURÍCIO, Carla - “Coberturas de zinco. Anomalias e soluções de reabilitação”,
Tese de Mestrado em Reabilitação do Espaço Construído
, DEC – FCTUC, Coimbra, Março de 2008:
Coberturas de Zinco – Anomalias e Soluções de Reabilitação
163
Anomalias em Coberturas
164
Coberturas de Zinco – Anomalias e Soluções de Reabilitação
165
Anomalias em Coberturas
166
Coberturas de Zinco – Anomalias e Soluções de Reabilitação
167
Anomalias em Coberturas
168
Coberturas de Zinco – Anomalias e Soluções de Reabilitação
169
Anomalias em Coberturas
170
Coberturas de Zinco – Anomalias e Soluções de Reabilitação
171
Anomalias em Coberturas
172
Coberturas de Zinco – Anomalias e Soluções de Reabilitação
173
Anomalias em Coberturas
174
Coberturas de Zinco – Anomalias e Soluções de Reabilitação
175
Anomalias em Coberturas
176
Coberturas de Zinco – Anomalias e Soluções de Reabilitação
177
Anomalias em Coberturas
178
Coberturas de Zinco – Anomalias e Soluções de Reabilitação
179
Anomalias em Coberturas
180
Coberturas de Zinco – Anomalias e Soluções de Reabilitação
181
Anomalias em Coberturas
182
Coberturas de Zinco – Anomalias e Soluções de Reabilitação
183
Anomalias em Coberturas
184
Coberturas de Zinco – Anomalias e Soluções de Reabilitação
185
Anomalias em Coberturas
186
Coberturas de Zinco – Anomalias e Soluções de Reabilitação
187
Anomalias em Coberturas
188
Coberturas de Zinco – Anomalias e Soluções de Reabilitação
189
Anomalias em Coberturas
190
Coberturas de Zinco – Anomalias e Soluções de Reabilitação
191
Anomalias em Coberturas
192
Coberturas de Zinco – Anomalias e Soluções de Reabilitação
193
Anomalias em Coberturas
194
Coberturas de Zinco – Anomalias e Soluções de Reabilitação
195
Anomalias em Coberturas
196