Você está na página 1de 27

PEDRO BANDEIRA: A LITERATURA POLICIAL E A FORMAÇÃO DO

LEITOR INVESTIGATIVO

1
Autora: Janete Guedes Kuller Zanoni
2
Orientador:Jayme dos Reis Sant’Anna

RESUMO

Este artigo apresenta-se, essencialmente, como um relato de uma experiência


de ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa, desenvolvida com alunos de
5ª série/6º ano do Ensino Fundamental, o propósito principal deste projeto foi
promover nos alunos a utilização de estratégias que permitissem interpretar e
compreender de forma autônoma os textos lidos. E com isso, favorecer a
familiaridade com as histórias e a ampliação de seu repertório. Isso só foi
possível por meio do contato regular dos mesmos com os livros de literatura e
de sua participação frequente em situações diversas de leitura. A experiência
proporcionou aos alunos desenvolverem e compreenderem conhecimentos
linguísticos, dando significados aos conteúdos trabalhados, e a capacidade de
criarem estratégias considerando seus conhecimentos prévios. Num segundo
momento disponibilizamos o nosso trabalho aos professores inscritos no GTR,
os quais puderam conhecer e aplicar nosso projeto com tutoria online.

ABSTRACT

This article presents itself essentially as an account of an experience of learning


and teaching of Portuguese Language, developed with students from grade
5/6years of elementary school, the main purpose of this project was to promote
the students' use of strategies that allow interpret and understand texts read
independently. And with that, foster familiarity with the stories and expand your
repertoire. This was only possible through regular contact with the same books
of literature and their frequent participation in various reading situations. The
experience gave students understand and develop language skills, giving
meaning to the content worked, and the ability to create strategies considering
their previous knowledge. In a second phase of our work to provide teachers
enrolled in the GTR, which could learn and apply our design with online tutoring.

1
Professora de Língua Portuguesa, graduada em Letras-Português e Inglês, na Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória (FAFI), Pós-graduada em Língua Portuguesa e
Literatura; Administração, Supervisão e Orientação Educacional também pela Universidade
Norte do Paraná (UNOPAR).
2
Bacharel em Filosofia; bacharel em letras; licenciado em letras; mestre e doutor em letras.
Tudo pela FFLCH-USP. Professor da Universidade Estadual de Londrina e autor de Literatura
e ideologia: estudo intertextual de Gil Vicente, Almeida Garrett e Sttau Monteiro. (São Paulo,
Novo Século Literário, 2003) e O sagrado em José Saramago: em que creem os que não
creem (São Paulo, Fonte editorial, 2009).
Palavras – chaves: estratégias de leitura; leitor investigativo; motivação.

INTRODUÇÃO

Enquanto professora de Língua Portuguesa, observei que grande parte


de meus alunos não gostavam de ler. E, o resultado de recentes pesquisas a
respeito do desempenho dos alunos em competência de leitura demonstra que
o Brasil ficou com a 53ª colocação entre 65 países no Programa Internacional
de Avaliação de Alunos (Pisa), elaborado pela Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O ranking é divulgado a cada três
anos. Em 2009, avaliaram-se 470 mil estudantes. Desse total, 20 mil eram
brasileiros.
Segundo o site do INEP, o PISA avalia o letramento em Leitura,
Matemática e Ciências. O termo “letramento” foi escolhido para refletir a
amplitude dos conhecimentos, habilidades e competências que estão sendo
avaliados. Assim, o PISA procura verificar a operacionalização de esquemas
cognitivos em Leitura, Matemática e Ciências.
Como principal meta de qualidade, o Brasil deve atingir a nota seis no
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) até 2021. No ano de
sua última aferição, em 2009, a média brasileira era de 4,6 numa escala que
vai de zero a dez. Esta notícia foi publicada em 21/03/2011 no sítio do
Ministério da Educação (MEC).
Esses dados, novamente trazem à tona questões que envolvem
habilidades no ato de ler e a capacidade do professor em desenvolver uma
aprendizagem significativa através desta ferramenta de ensino.
Acreditando ser função essencial do professor de Língua Portuguesa
ensinar a ler; ampliar o domínio dos níveis de leitura e escrita. Sentimo-nos
desafiados a propor ou criar exercícios inovadores que permitissem às crianças
uma apropriação dos textos.
Então, repensando o ensino de leitura no ensino fundamental, buscamos
teorias que abordassem a formação de um leitor crítico. As Diretrizes
Curriculares de ensino confirmam essa necessidade. Para Silva (2005, p. 24),
“[...] a prática de leitura é um princípio de cidadania”. Compartilhando com a
concepção de diversos autores com pesquisa neste âmbito, Solé (1998) define

2
que para ler necessitamos simultaneamente manejar com destreza as
habilidades de decodificação e aportar ao texto nossos objetivos, ideias e
experiências prévias (...).
No presente projeto, procuramos responder os seguintes
questionamentos: Como desenvolver a habilidade do ato de ler? A escola tem
efetivado a sua função de proporcionar estratégias de leitura levando o leitor a
abstrair o sentido de um texto e compreender as relações de poder a ele
inerente? Pretendemos encontrar diferentes formas de trabalhar com o ensino
da leitura. Seu propósito principal é promover nos alunos a utilização de
estratégias que permitam interpretar e compreender de forma autônoma os
textos lidos. Enfatizando sempre que o ato de ler é um processo complexo,
utilizando um texto simples e agradável de ser lido, como por exemplo: o
gênero conto, buscando explicitá-lo dentro de uma perspectiva construtivista da
aprendizagem.
Tais considerações nos levam a considerar que orientar a leitura dos
alunos de modo sistemático pode representar uma valiosa contribuição para
melhorar o seu desempenho. Por isso achamos relevante realizar um estudo
por meio do qual possamos promover nos alunos do 6º ano do Ensino
Fundamental, a utilização de estratégias que permitam interpretar e
compreender de forma autônoma os textos lidos. E fomentar possibilidades de
intervenção, na tentativa da superação ou minimização das mesmas,
apontando caminhos que possam auxiliar o trabalho do professor de português
a ter um melhor posicionamento como interlocutor na interação entre a criança
e a leitura.
Após a leitura apliquei um questionário e as respostas vieram de
encontro com nossas expectativas, pois a maioria declara que gostou de ler por
ser uma história de investigação e também acrescentam que foi interessante a
estratégia de leitura, pois fizemos leitura dramatizada onde cada um podia ser
um personagem. E o aluno que interpretava bem os próprios colegas já o
indicava para o ser a personagem, sendo que preferiam trocar o narrador.

2. CITAÇÕES / FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3
Segundo o site do INEP, o PISA avalia o letramento em Leitura, que apresenta
a seguinte proposta:
Os alunos devem realizar uma ampla gama de tarefas com diferentes
tipos de textos. As tarefas abrangem desde a recuperação de
informações específicas até a demonstração de compreensão geral,
interpretação de texto e reflexão sobre seu conteúdo e suas
características.
O Letramento em Leitura é avaliado em três
dimensões:
1. A forma do material de leitura. Os textos utilizados
incluem não somente passagens em prosa, mas também vários tipos
de documentos como listas, formulários, gráficos e diagramas. Essa
variedade baseia-se no princípio de que os indivíduos encontrarão
uma série de formas de escrita na vida adulta e, desse modo, não é
suficiente ser capaz de ler um número limitado de tipos de textos
tipicamente encontrados na escola.
2. O tipo de tarefa de leitura, o que corresponde às
várias habilidades cognitivas próprias de um leitor efetivo. Avalia-se a
habilidade em identificar e recuperar informações, em desenvolver
uma compreensão geral do texto, interpretando-o, refletindo sobre o
conteúdo e a forma do texto e construindo argumentações para
defender um ponto de vista.
3. O uso para o qual o texto foi construído. Por
exemplo, um romance, uma carta pessoal ou uma biografia são
escritos para uso “pessoal”; enquanto documentos oficiais ou
pronunciamentos são para uso “público” e um manual ou relatório,
para uso “operacional”. Alguns alunos apresentam melhor
desempenho em uma situação de leitura do que em outra, o que
justifica a inclusão de diversos tipos de leitura nos itens de avaliação.”

Tais considerações nos levaram a reflexão que deveríamos iniciar um


trabalho diferenciado de leitura no 6º ano do ensino fundamental.
Durante nossas aulas observamos que os alunos do 6º ano liam pouco,
fato esse que se agravava mais nos anos finais do ensino fundamental.
Considerando que para melhorar o desempenho dos alunos em competência
de leitura era primordial que se fizesse um estudo de quais concepções
poderíamos nos fundamentar, para fomentar possibilidades de intervenção que
permitissem fazer dos nossos alunos bons leitores, e que sentissem prazer e

4
gosto pela leitura.

Segundo Solé (1998), para uma pessoa se envolver em qualquer


atividade de leitura, é necessário que ela sinta que é capaz de ler, de
compreender o texto, tanto de forma autônoma, como apoiada em leitores mais
experientes.
De acordo com Diretrizes Curriculares Estaduais, (2009, p.57)
Ao ler, o indivíduo busca as suas experiências, os seus
conhecimentos prévios, a sua formação familiar, religiosa, cultural,
enfim, as várias vozes que o constituem. [...] Esse processo implica
uma resposta do leitor ao que lê, é dialógico, acontece num tempo e
num espaço. No ato de leitura, um texto leva a outro e orienta para
uma política de singularização do leitor que, convocado pelo texto,
participa da elaboração dos significados, confrontando-o com o
próprio saber, com a sua experiência de vida.

Para Smith (1999) os professores devem saber muito mais sobre o


processo que envolve a leitura do que propriamente o seu fazer.
Segundo ORLANDI (1987, p.180):
O texto não é uma unidade completa, pois sua natureza é intervalar.
Sua unidade não se faz nem pela soma de interlocutores nem pela
soma de frases. O sentido do texto não está em nenhum dos
interlocutores especificamente, está no espaço discursivo dos
interlocutores; também não está em um ou outro segmento isolado
em que se pode dividir o texto, mas sim na unidade a partir da qual
eles se organizam. Daí haver uma característica indefinível no texto
que só pode ser apreendida se levarmos em conta sua totalidade.

A aprendizagem da leitura para KLEIMAN (1997, p.61) é um


empreendimento de risco, se não estiver fundamentado numa concepção
teórica firme sobre os aspectos cognitivos envolvidos na compreensão do
texto. Tal aprendizagem pode, facilmente, desembocar na exigência de mera
reprodução das vozes de outros leitores, mais experientes ou mais poderosos
do que o aluno.
Dessa maneira, a análise de nível sociológico nos textos foi fundamental para
um ensino que busca a formação de leitores críticos, porque acreditamos que por meio

5
de atividades de leitura/análise linguística privilegiadoras do estudo das características
das situações de enunciação relacionadas às marcas linguístico-enunciativas dos
textos, as aulas de língua portuguesa podem vir a superar a “passividade diante da
palavra”.

3. DESENVOLVIMENTO

O presente artigo científico é parte integrante ao Programa de


Desenvolvimento Educacional – PDE, do Estado do Paraná, como forma de
efetivação de um processo ensino e aprendizagem que garanta uma
resignificação das relações didáticas, pedagógicas e metodológicas para as
salas de aulas, principalmente na relação dos conteúdos com as ações
cotidianas e científicas para a formação dos alunos.
A proposta de aprendizado e construção do Projeto de Pesquisa,
Caderno Pedagógico e Artigo Científico estruturou-se entre os anos de 2010 à
2012, através do departamento de Letras da Universidade Estadual de
Londrina, e a Equipe PDE vinculada a Secretaria Estadual de Educação, com
uma equipe multidisciplinar proporcionaram desde o reconhecimento de
diferentes instrumentos de aprendizado a formalização de um conhecimento
científico capaz de propor uma construção de um saber que pudesse ser
inovador e transformador as diferentes realidades e contextos em que os
professores PDEs estavam inseridos.
A análise final para esse artigo ocorreu por meio da implementação do
Projeto de Intervenção Pedagógica, o qual foi desenvolvido no Núcleo
Regional de Educação – Londrina, Colégio Estadual Professor Paulo Freire,
sendo um estabelecimento de porte médio com aproximadamente 800 alunos,
localizado na Região Sul de Londrina e como público selecionamos a turma da
5ª série/6º ano do Ensino Fundamental, no ano de 2011. Por tratar-se de um
período de escolaridade que as crianças aprendem progressivamente a utilizar
a leitura com fins de informação e aprendizagem. O propósito principal deste
projeto é promover nos alunos a utilização de estratégias que permitam
interpretar e compreender de forma autônoma os textos lidos. Favorecendo a
familiaridade com as histórias e a ampliação de seu repertório. Possibilitando o
contato regular dos mesmos com os livros de literatura e de sua participação

6
frequente em situações diversas de leitura. Na escolha e apresentação dos
textos fizemos uma graduação quanto as suas dificuldades de leitura, partindo
de textos com um nível de dificuldades acessíveis ao aluno. Como professores
devemos ter a sensibilidade e o conhecimento para identificar em qual nível de
leitura encontra-se cada aluno e buscar estratégias que permitam torná-lo um
leitor eficiente. Pois, para Fulgêncio (1992, p.13) antes de tudo é preciso
conhecer o processo da leitura. A compreensão de textos é um processo em
que interagem diversos fatores como conhecimento lingüístico, conhecimento
prévio a respeito do assunto do texto, conhecimento geral a respeito do
mundo, motivação e interesse na leitura, entre outros. A leitura não é uma
atividade apenas visual, ainda que o aluno consiga ler um texto por estar
escrito em uma língua que ele domine se ele não dominar o assunto a sua
leitura torna-se comprometida. Apresentamos algumas atividades que
contemplam a interação desse processo. Iniciamos pela motivação por
acreditarmos que parte do sucesso dessa proposta esta vinculado ao interesse
do aluno. Os objetivos da leitura devem estar bem claros, para que o aluno
sinta que é capaz de fazê-la e que tem recursos necessários e a possibilidade
de pedir e receber ajuda.

3.1 Articulando as ações

Inicialmente fizemos um estudo dos autores conforme indicações do


orientador e com o intuito de aprofundar o conhecimento nos processos e
estratégias que envolvem a leitura. Pois, as DCEs (2008, p. 71) nos orientam
que somente uma leitura aprofundada, em que o aluno é capaz de enxergar os
implícitos, permite que ele depreenda as reais intenções que cada texto traz.
“Desenvolver estratégias de leitura que possibilitem ao aluno percepção
e reconhecimento – mesmo que inconscientemente – dos elementos de
linguagem que o texto manipula (Lajolo, 2001, p.45)”. Tornando-o um leitor
proficiente.
Em nossa busca por estratégias de leitura tivemos muito cuidado em
primeiramente identificar esse leitor aprendiz, pois não basta encontrar uma
estratégia é preciso encontrar um ponto em comum com a maioria dos alunos

7
leitores. Pesquisamos as características desse leitor. Trata-se de aluno da 5ª
série (6º ano) cuja idade varia de 10 a 12 anos.
Piaget subdivide o desenvolvimento intelectual em quatro estágios: os
nossos alunos estão oscilando entre o “Estágio das Operações Concretas” (dos
7 aos 11/12 anos) e o “Estágio das Operações Formais” (dos 11/12 anos aos
15/16 anos). A sucessão é fixa, mas nela intervêm fatores diversos, tais como a
hereditariedade, a experiência, a cultura e a educação. O conhecimento é um
processo presente na capacidade humana de reagir e interagir com o seu
meio. Mesmo as operações mais abstratas e formais do pensamento, resultam
de uma capacidade de auto-organização progressiva do psiquismo humano
que evolui do simples para o complexo: para uma criança, certas operações
lógicas dos adultos não são evidentes. O conhecimento é uma construção
progressiva. O desenvolvimento cognitivo constroi-se através de um processo
de adaptação ao meio, resultante da interação entre sujeito e meio.
Para Freud, o desenvolvimento humano e a constituição da mente
explicam-se pela evolução da psicossexualidade. Um dos conceitos mais
importantes da teoria psicanalítica sobre o desenvolvimento é a existência de
uma sexualidade infantil. Então, define em cinco estágios do desenvolvimento
psicossexual: localizamos o nosso aluno entre o “Estágio de Latência (5/6 anos
- puberdade)” e o “Estágio Genital (depois da puberdade)”.
Na Teoria Psicossocial do Desenvolvimento Erikson propõe oito estágios
de desenvolvimento tendo em conta aspectos biológicos, individuais e sociais.
Cada estágio é atravessado por uma crise psicossocial: 4ª idade –
“Indústria/Mestria versus Inferioridade (6 - 12 anos)” e a 5ª idade – “Identidade
versus Difusão/Confusão (12 - 18/20 anos)”. Cada estágio contribui para a
formação da personalidade total (princípio epigenético), sendo por isso todos
importantes. Cada criança tem um ritmo cronológico específico, não se deve
atribuir uma duração exata a cada estágio. (Calvin S. Hall; Lindzey Gardner;
John B. Campbell, 2000: p.168).
Fizemos essas colocações apenas para ressaltar quanto o professor
dessa série deve ter uma preocupação a mais, além de preocupar-se com
estratégias de leitura deverá também atentar-se por identificar seu aluno
observando seu estágio cognitivo de desenvolvimento. Pelos estudos acima
relatados podemos concluir que nosso público leitor esta numa faixa etária

8
transitória ora ainda encontra-se completamente dominado pela fantasia, ora
encontra-se no estágio das operações formais.
Segundo Bettelheim, (1980, p.77) “A fantasia preenche as enormes
lacunas na compreensão de uma criança que são devidas à imaturidade de
seu pensamento e a sua falta de informação pertinente.”
Bettelheim, (1980, p.77)
O conto de fadas, a partir de seu começo mundano e simples,
arremessa-se em situações fantásticas. Mas por maiores que sejam
os desvios – à diferença da mente não instituída da criança, ou de um
sonho, - o processo da história não se perde. Tendo levado a criança
numa viagem a um mundo fabuloso, no final o conto devolve à
criança a realidade, da forma mais reasseguradora possível. Isto lhe
ensina o que mais necessita saber neste estágio de desenvolvimento:
que não é prejudicial permitir que a fantasia nos domine um pouco,
desde que não permaneçamos presos a ela permanentemente. No
final da história o herói retorna a realidade – uma realidade feliz, mas
destituída de mágica.

Após toda essa investigação decidimos por apresentar aos alunos a


série “Os Karas” de Pedro Bandeira, como já mencionamos em outros
momentos. E sem dúvidas esse material pôde oferecer ao aluno desafios
estimulantes, levamos em conta o conhecimento prévio com relação à literatura
em questão e de oferecemos ajuda quando necessário para o aluno sentir-se
envolvido e sua atuação ser eficaz, assim foi elaborando sua própria
interpretação do texto. As situações de leitura mais motivadoras, segundo Solé
(1998, p.91), “são as mais reais: isto é, aquelas em que a criança lê para se
libertar, para sentir prazer de ler. [...] aquelas com um objetivo claro: resolver
uma dúvida e ou adquirir uma informação”.
O livro foi mostrado com dimensão do prazer e da alegria, para o aluno
perceber que ler é uma viagem maravilhosa e não apenas mais uma das
atividades da escola.
No primeiro momento, exploramos na leitura os conhecimentos prévios
que o aluno já possuía e que costumam envolver o reconhecimento global.
Depois, proporcionamos atividades para aumentar seus conhecimentos,
buscando o significado de palavras desconhecidas; fizemos inferências para
interpretar o texto; juntos identificaram o que não entenderam e esclarecemos.
9
Utilizamos integrada e simultaneamente todas as estratégias em atividades que
dessem sentido ao texto. E, como nessa série/ano o conteúdo a análise e a reflexão
sobre o enredo, os recursos linguísticos e o contexto das obras literárias passam a
serem objetos de ensino fomos gradualmente apresentando-os aos alunos.
Realizamos com os alunos uma reflexão sobre a própria leitura.
Questionando-os, por exemplo: Qual o título do texto que estão lendo? O que
imaginaram que seria o assunto a ser tratado, quando o leram? Por que
levantaram tais hipóteses? A leitura até esse ponto tem confirmado suas
hipóteses iniciais ou não? Quais as palavras-chave até esse ponto da leitura?
Compreendem perfeitamente o sentido delas? Que marcadores foram usados
de modo a orientar a leitura (como subtítulos, negrito, itálico, etc.)?
Ao buscarmos estratégias eficientes para ensinarmos o aluno a ler
tivemos o cuidado de transmitir o gosto pela leitura, como nos orienta Solé
p.19.
Durante a leitura do livro “A droga da obediência” de Pedro Bandeira o
aluno foi orientado a produzir um portfólio. Com esse trabalho ele desenvolveu
sua capacidade criativa e teve a oportunidade de refletir sobre suas
experiências e seus êxitos.
Segundo Villas Boas (2008, p. 46) A avaliação com o portfólio funciona
como um aliado, pois promove a aprendizagem.
[...] O portfólio serve para vincular a avaliação ao trabalho pedagógico
em que o aluno participa da tomada de deciões, de modo que ele
formule suas proprias ideias, faça escolhas e não apenas cumpra
preescrições do professor e da escola. Nesse contexto, a avaliação
se compromete com a aprendizagem de cada aluno e deixa de ser
classificatória e unilateral. O portfólio é uma das possibilidades de
criação da prática avaliativa comprometida com a formação do
cidadão capaz de pensar e de tomar decisões. [...]
A relevância da utilização do portfólio na finalização desse projeto está
no fato de que o aluno pode demonstrar sua aprendizagem de diversas formas
de linguagens: escrita, oral, gráfica, estética, corporal e outras.
Seguindo as estratégias de leitura consideramos mais adequado sugerir
como primeira atividade o que o que parece mais trivial, a motivação.

10
a) Motivação
Para motivar os alunos, foram sugeridas outras linguagens que
interagem com as obras literárias, como por exemplo, adaptações de obras
literárias para a linguagem cinematográfica. (Afinal, quem não gosta de ver um
bom filme?). Foram de grande apoio didático, pois suscitaram o interesse e a
curiosidade dos alunos para a obra literária que se pretendíamos ler. Claro que
poderíamos citar uma lista de filmes dessa temática, porém em nossa pesquisa
observamos que o filme mais assistido com essa temática contém cenas
impróprias para essa faixa etária (5ª série/6º ano). Como atividade de pré-
leitura, assistimos um dos filmes do “SCOOBY-DOO”, no qual até nos já
ajudamos a Velma a desvendar os mistérios em que a turminha se envolve?
Com essa atividade estabelecemos previsões sobre o tema proposto e fizemos
atualização do conhecimento prévio. Fulgêncio (1992, p.18) “o leitor eficiente
utiliza seu conhecimento prévio, linguístico e não linguístico, para fazer
previsões durante a leitura”, o que a torna mais eficiente, pois o leitor não
precisa buscar informações apenas no material escrito.

b) Apresentando o escritor

Nada mais motivador do que ouvir o próprio escritor falar sobre sua
experiência com a literatura. Para isso no site: http://revistaescola.abril.com.br/
lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/literatura-escola encontra-se disponível a
entrevista com o escritor Pedro Bandeira no tópico “A literatura na voz do
escritor”, ele e outros autores brasileiros contam como se tornaram leitores
literários, falam sobre a relação com os textos na escola e apresentam alguns
de seus contos e poemas.

11
A Droga da Obediência, de 1984, direcionado
para o público adolescente, no qual ele se
especializou. Essa obra é a primeira da série que
ficou conhecida como Os Karas.
Hoje este escritor é um dos que mais vende
livros na faixa adolescente – pelo menos 8,6
milhões de exemplares até 2002. Além disso, ele
também realiza conferências em todo o país,
especialmente para professores, sobre leitura e
alfabetização. Bandeira publicou, até agora, mais
Pedro Bandeira de Luna Filho nasceu na de 50 obras, entre as quais se destacam: A
cidade de Santos, em São Paulo, no dia 9 marca de uma lágrima, A Hora da verdade,
Descanse em paz, meu amor, Prova de Fogo,
de março de 1942. entre outros.

http://www.infoescola.com/biografias/pedro-bandeira/, acesso dia 08/08/2011.

c) Apresentando o livro

Para a leitura apresentaremos aos alunos o livro “A Droga da Obediência”


de Pedro Bandeira. Esse livro iniciou a série “Os Karas”.
Podemos dizer que uma das razões pelas quais o aprendizado da leitura
pode ser tão difícil para os alunos é o fato deles, às vezes, possuírem pouca
informação não-visual relevante. Se, ler depende de utilização de estratégias
eficientes é possível ensinar e treinar o uso de estratégias. Ao apresentar o
livro, “A Droga da Obediência”, fornecemos ao aluno todo o conhecimento prévio,
linguístico e não-linguístico. Fazendo com que os alunos ao lerem brinquem de
detetives tornando-se sensíveis observadores. É preciso ensinar essa arte de
observar dados e fazer associações. Durante a leitura estrategicamente
estabelecemos previsões ora questionando-os ora deixando-os fazer
questionamentos. Além do mais, quando os alunos formulam perguntas
pertinentes sobre o texto, não só está utilizando o seu conhecimento prévio
sobre o tema, mas conscientizam-se do que sabem e do que não sabem sobre
o assunto, talvez inconscientemente sem esse objetivo. Solé, (1998, p, 110).

12
Livro: A DROGA DA OBEDIÊNCIA

Autor: Pedro Bandeira

Editora Moderna

Sinopse do livro: “Uma turma de adolescentes que enfrenta o mais diabólico


dos crimes! Num clima de muito mistério e suspense, cinco estudantes - os Karas - enfrentam
uma macabra trama internacional: o sinistro Doutor Q.I. pretende subjugar a humanidade aos
seus desígnios, aplicando na juventude uma perigosa droga! E essa droga já está sendo
experimentada em alunos dos melhores colégios de São Paulo. Este é um trabalho de
investigação para os Karas: o avesso dos coroas, o contrário dos caretas”!

3.2 Conhecimento prévio


Para essa etapa cada aluno já estava com o seu exemplar do livro de
literatura “A Droga da Obediência” de Pedro Bandeira.
Ao apresentar o livro, oferecemos informações que serviram para
contextualizar a leitura a ser feita e despertar o desejo ou interesse em
conhecer seu conteúdo e, ainda, justificar a escolha feita. Além disso, como a
leitura em capítulos consiste na etapa inicial de uma sequência prevista para
durar mais tempo, falamos sobre as etapas subsequentes, compartilhando com
os alunos os rumos traçados para o trabalho e seus propósitos didáticos.
A proposta de ler textos narrativos mais extensos do que aqueles
habitualmente usados em classe, coloca para os alunos da 5ª série/6º ano do
Ensino Fundamental alguns desafios novos relacionados à interpretação do
que é lido, uma vez que o processo de leitura se configura de modo diferente:
por isso foi feito em várias sessões, separadas por capítulos.
Toda aula de leitura, compartilhávamos com eles seu comportamento
leitor (isto é: explicitamos diferentes aspectos do que faz enquanto lê) e
asseguramos um espaço para que eles se manifestassem a respeito do
conteúdo do texto, buscamos dialogar sempre que surgiu alguma dúvida,
ficando mais fácil construir coletivamente um sentido. Isso só foi possível

13
porque antes de iniciarmos a leitura com eles elaboramos questões para que
cada ouvinte compartilhasse com os demais aquilo que desejasse: as
lembranças, sentimentos e experiências suscitadas durante a leitura; os
trechos que acharam mais marcantes; alguma característica do texto que tenha
reparado; uma dúvida que lhe ocorreu; uma hipótese individual que se
confirmou ou não durante o desenvolvimento da leitura.
Não apenas o conteúdo do texto foi posto em foco através do diálogo
coordenado pelo professor, mas também os aspectos retóricos, isto é, a forma
pela qual os acontecimentos são narrados e que confere a eles um significado
especial, por meio dos quais o autor, sutilmente, direciona a interpretação que
deseja imbuir sobre uma determinada passagem. O uso da ironia ao realizar
uma crítica social e o tom humorístico empregado para discutir um tema
importante, como a amizade, são exemplos de recursos usados com essa
intenção.
Para contribuir com a consolidação da aprendizagem de
comportamentos do leitor, destacamos algumas atividades que precisam
colocamos em prática e, em alguns casos, não só ensinados, mas vivenciados:
-Comentar o que se leu;
- Compartilhar com outros os efeitos que os textos produzem;
- Confrontar interpretações e pontos de vista;
- Relacionar o conteúdo de um texto com os de outros conhecidos;
- Reparar na beleza de certas expressões ou fragmentos de um texto;
- Ler durante um período prolongado, interrompendo a leitura quando
necessário;
- Localizar o lugar em que a leitura foi interrompida;
- Recordar os últimos acontecimentos narrados, podendo ler alguns parágrafos
anteriores, se achar conveniente;
- Antecipar o que segue no texto e controlar as antecipações de acordo com o
desenrolar da narrativa;
- Adequar a modalidade de leitura aos propósitos que se perseguem.

3.3 Orientações

14
A nossa indicação é que o professor prepare com antecedência a leitura
do 1º capítulo, ensaiando em voz alta, planejando suas intervenções (o que
dirá ou perguntará antes de ler, durante a própria leitura e também ao final
dela), decidindo como arrumará o espaço da classe e organizará o
posicionamento dos alunos e, ainda, determinando o momento estratégico em
que a interromperá, procurando criar suspense, despertar ou manter a
curiosidade de seus alunos. Para estabelecer previsões, podemos questionar
os alunos sobre: o título, ilustrações, pois cada capítulo inicia com esses
aspectos.
Seguindo algumas estratégias de Solé, (2002 p.107), transcrevo a seguir
um fragmento do 1º capítulo: “[...] Miguel mostrou rapidamente a palma da mão
esquerda. Nela, alguém viu um K desenhado a tinta.” Por exemplo podemos
questionar os alunos sobre:
a) Qual a relação da letra K (desenhada na mão de Miguel) com o título do
1º capítulo?
b) Após ver a letra K desenhada na mão de Miguel, Calu diz estar com dor
de cabeça, Crânio abandona uma partida de xadrez e Magrí queixa-se
de uma torção. Por quê?
c) No final do 1º capítulo Chumbinho diz: “Eu quero ser um dos Karas, é
lógico?” Você acha que a turma vai aceitá-lo?
d) Às vezes, para alguém fazer parte de um grupo deverá passar por uma
cerimônia. Será que Chumbinho terá que passar por uma cerimônia para
iniciante? Qual?
e) O professor comunica que, em virtude da extensão do livro escolhido, a
leitura não poderá ser concluída em uma única sessão. Então,
estabelece que todos terão ler o 2º capítulo em casa para a próxima
aula. E deverão formular uma pergunta, sobre o 2º capítulo, a qual
deverá ser lida na próxima aula e respondida por um colega.

3.4 Avaliação
Segundo as Diretrizes Curriculares Estaduais (2009 p. 81), “É
imprescindível que a avaliação em Língua Portuguesa e Literatura sejam um
processo de aprendizagem contínuo e dê prioridade à qualidade e ao

15
desempenho do aluno ao longo do ano letivo.” Portanto, a utilização do portfólio
como recurso de avaliação contempla as DCEs, pois se baseia na ideia da
natureza evolutiva do processo de aprendizagem. Sua função apresenta-se
como facilitadora da reconstrução e reelaboração, por parte de cada estudante,
de seu processo ao longo do ano. Oferecendo aos alunos e professores uma
oportunidade para refletir durante o seu desenvolvimento, ao mesmo tempo em
que possibilita introduzir mudanças. (Hernández, 2000)

a) Preparando o portfólio
Apresentamos alguns modelos de portfólio aos alunos. Após a leitura
eles deveriam representar através de desenhos o primeiro capítulo. Por
exemplo: pedimos para que eles desenhem o que mais lhes chamou a atenção
nesse capítulo e assim sucessivamente. Ao termino da leitura do livro o aluno
apresentou todos os desenhos seguindo as orientações abaixo ou optou por
representá-lo de outra forma.
O portfólio final foi organizado assim:
a) Capa: Deve conter informações como instituição, título, nome completo
do aluno, cidade e ano;
b) Folha de rosto: Apresenta os elementos necessários à identificação do
trabalho e deve conter nome do professor, título e finalidade do portfólio;
c) Sumário: É a enumeração das divisões e capítulos, na ordem em que
encontram- se no trabalho e com indicação da página inicial
correspondente;
d) Introdução: É uma justificativa em que o aluno explica o que é o
trabalho, a importância e a finalidade da elaboração deste documento;
e) Desenvolvimento: Pode ser dividido em partes com as atividades de sala
e as de casa.
f) Dedicatória: Folha opcional, na qual o aluno dedica o seu portfólio;
g) Agradecimento: É opcional, nesta folha são registrados os
agradecimentos;
h) Auto-avaliação da classe: A opinião da turma sobre seu próprio
desenvolvimento e dos colegas, pode ajudar numa avaliação mais
criteriosa pelo professor e no aperfeiçoamento dos próximos trabalhos;

16
i) Avaliação do professor: O professor deverá fazer a sua própria avaliação
estabelecendo os critérios antecipadamente com os alunos.

3.5 Atividades complementares

Preparamos uma sacola com livros de diferentes gêneros literários.


Junto com os livros incluímos um caderno “Diário de Bordo”. O aluno sorteado
levou para a casa a sacola com os cinco livros diferentes, a família escolhia um
dos livros e fazia a leitura. Após isso, o aluno registrava o título da história e
algum comentário no “Diário de Bordo”. Na sala de aula, o aluno comentava a
história e passava a sacola para outro.
a) Sacola de livros:
Na “Sacola de Livros” que preparei pra minha turma da 5ª série/6º ano,
coloquei um “Diário de Bordo”, marcador de livro, adesivos e canetas coloridas.

Na primeira página do caderno “Diário de Bordo” escrevi:

“Olá, sou a Professora Janete. Passo boa parte do meu tempo buscando meios
que desperte em meus alunos o gosto pela leitura. Resolvi criar esse caderno para você
fazer as suas anotações sobre o livro que você leu e assim poder repassar aos seus
amigos. Espero que gostem, comentem e participem deixando sua opinião. Abraços!”

3.6 Resultados obtidos com a Implementação do Projeto

Com os estudos e aplicação desse projeto tivemos uma realização


profissional gratificante, pois era emocionante chegar a sala de aula e os
alunos (alguns) já estarem com seus livros nas mãos escolhendo quem seria o
narrador e os persongens. E nem víamos o tempo passar quando soava o sinal
era uníssono, o ahhh que pena! Declaravam que liam em casa por curiosidade
mais era muito gostosa a leitura dramatizada. E assim, leram o livro todo e nem
perceberam.
Para adquirir os exemplares tivessemos muito trabalho. O aluno que
tinha condições comprou livro novo e para os outros alunos arrecadamos o

17
valor e compramos usados em sebos de nossa cidade, e até pela internet nos
sebos do Rio de Janeiro e São Paulo.
Claro que sabíamos que não conseguiriamos o envolvimento de 100%
dos alunos, porém o propósito de fazê-los ler ou ter contato com os livros foi
cumprido, pelo menos na sala de aula. Ainda assim, ouve poucos alunos
resistentes a continuar a leitura em casa, mas essa intervenção ficará para o
próximo PDE.

3.7 Discussões no Grupo de Trabalho em Rede – GTR

O objetivo da atividade: Promover uma discussão sobre o Projeto de


Intervenção Pedagógica, para que haja interação entre os participantes e tutor,
o que contribuirá para ampliação das ideias relacionadas à temática proposta.

Encaminhamento para essa atividade: Professor cursista, após a sua


leitura e análise do meu Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, em sua
opinião: "A escola tem efetivado a sua função de proporcionar estratégias de
leitura levando o leitor a abstrair o sentido de um texto e compreender as
relações de poder a ele inerente? Justifique”.
Não se esqueça de interagir com dois colegas, justificando o seu
posicionamento.

Re: Fórum 1
por VILSON FERREIRA DA SILVA - segunda, 14 novembro 2011, 20:57

Olá profª Janete, penso que não, e digo que é pela falta de entendimento e momentos
para debates e busca de estratégias dos professores não só de português como de outras
disciplinas para que se tenha uma leitura efetiva e prazerosa na escola e é por isso que
me interessei por esse curso.

Re: Fórum 1
por JUSSARA LACERDA SILVA RESOLEN - quarta, 2 novembro 2011, 22:27

Concordo com você, professora Janete, ler por prazer.


Não é fácil passar para os alunos o quanto podemos viajar em uma leitura, tirando a
essência da história. Acredito que é possível quando temos que fazer a leitura

18
representando, e até deixando que eles imaginem o que vai acontecer no decorrer da
história e até como irá terminar.

Re: Fórum 1
por NAIR PECETTI - segunda, 31 outubro 2011, 23:14

Olá concordo com você em partes acredito que a escola não deve apenas priorizar os
clássicos, mas também motivar o aluno tendo em vista o seu contexto e os assuntos de
seu interesse.

Re: Fórum 1
por IRENE ESCARVALHAR DINIS - quarta, 26 outubro 2011, 13:04

Lendo a colocação de todas as colegas, o bom é que de uma maneira ou de outra, fica
claro que a leitura é matéria preponderante na formação do ser. Que a mesma tem que
acontecer, pois dela depende o desenvolvimento das demais disciplinas. O colégio que
trabalho conta com um alunado onde a maioria dos pais trabalha na informalidade. Já me
deparei com alunos que nunca tiveram nas mão uma revista em quadrinhos. Não
conhecem a turma da Mônica. Livros em suas casas não existem. Então, meu trabalho é
fazer com os mesmos entre no mundo dos livros. Levo, mostro, tenho uma coleção de
Gibis, Palavras Cruzadas, trabalho muito com poesias e utilizo muito outros livros da
biblioteca. Dá para se dizer que temos um percentual até bom de leitores.

Re: Fórum 1
por MARILSA DE SOUZA LIMA - quarta, 26 outubro 2011, 10:04

Olá Regina!
Acredito que a escola é apenas o início e que sem outros incentivos, a leitura fica em
segundo plano. Porém cabe a nós educadores, desenvolver nos alunos o senso crítico,
para que estes cobrem dos pais. E estes cobrem do poder público a democratização da
leitura e que as localidades que ainda não tenham acesso a bibliotecas, sejam inseridas
neste contexto.

Re: Fórum 1
por MARILSA DE SOUZA LIMA - quarta, 26 outubro 2011, 09:58

Olá!
Neste caso, acredito que trazendo para os alunos conteúdos da internet, e mostrando a
eles que também é possível praticar a leitura na rede. Isso os aproximaria dos livros em
papel, mas também dos livros digitais, que já podem ser encontrados no Brasil.

19
Re: Fórum 1
por REGINA MARIA FERNANDES STUANI - domingo, 23 outubro 2011, 17:32

A escola tem tentado, por meio de projetos variados, proporcionar estratégias de leitura. O
que vemos? Escolas que pertencem a bairros cujo nível cultural é mais alto conseguir
alguns bons resultados. Porém, em escolas que não encontram, por parte de pais e
comunidade geral, a valorização do saber, as iniciativas sempre são fadadas ao insucesso
ou a desenvolver um número ínfimo de leitores. A leitura, hoje, não é mais restrita a quem
pode comprar livros. A leitura, pelo menos no Paraná, tornou-se democrática e acessível,
no entanto, ela ainda continua sendo privilegiada por poucos, porque não bastam
campanhas e projetos de incentivo a leitura junto ao alunado, é preciso toda uma
consciência e um desenvolvimento cultural de uma comunidade. No meu entender a
escola não tem dado conta destas atividades, até mesmo porque, infelizmente ela não tem
poder para tal.

Não se esqueça de interagir com dois colegas, justificando o seu posicionamento.


REGINA MARIA FERNANDES STUANI Última edição: quinta, 3 novembro 2011, 20:12

Gostei muito da Produção Didático-Pedagógica. É um material palpável, bom de por em prática. O ponto
alto do PDP de Janete é a variedade de atividades, todas elas envolvendo leitura, afinal, este é o foco. É
senso comum que para escrever bem é preciso escrever muito, assim como para ler. Na proposta de
Janete há sugestão de várias leituras com o cuidado especial de levar o aluno, além de ler muito, a fazer
uma leitura motivadora, apreciável e impulsionadora de mais leitura.
A proposta de leitura envolvendo o romance policial é muito significativa, diz muito ao universo infanto-
juvenil, pois o aluno torna-se um detetive e quer desvendar o mistério. A curiosidade nos move a querer
saber e assim para saber é preciso levar a cabo a leitura do livro. Depois, o aluno que se sentiu tão
motivado a ler aquela história, saberá que existe outra e mais outra com o mesmo teor de mistério e
investigabilidade. Eis que surge um leitor.

3.7.1 Síntese do professor tutor

Nosso projeto parece bastante simples, pois nos propusemos a


responder os nossos questionamentos: “Como desenvolver a habilidade do ato
de ler? A escola tem efetivado a sua função de proporcionar estratégias de
leitura levando o leitor a abstrair o sentido de um texto e compreender as
relações de poder a ele inerente? Para isso, apresentamos um breve relato
levando os cursistas a conhecer o processo de leitura e apresentamos algumas

20
estratégias, as quais pela interação nos fóruns e diários foram fáceis de serem
aplicadas. Os cursistas relataram suas experiências. Fala de uma das
professoras cursistas, “O romance policial pode contribuir de maneira relevante
com a formação do leitor, pois o aluno leitor passa a fazer a investigação,
estabelecer relações, enfim exercita o raciocínio dedutivo, pois desvenda
pistas, passa por grandes sustos, intempéries da natureza, sai do
convencional, sem dizer, da perseguição ferrenha do antagonista. A leitura de
um romance policial apresenta todos esses elementos. E o melhor é que às
vezes, o desfecho quebra toda a expectativa imaginada por parte do leitor. Isso
faz com que o leitor quando arguido tente até mesmo interferir no que acabou
de ler. Está aí um caminho aberto para outras leituras.”
Meu grupo de GTR sugeriu como outra forma de motivação apresentar
aos alunos o jogo “Detetive” da Estrela. Sem dúvidas esse é o caminho.

Relato de uma professora cursista sobre o nosso projeto:


Leitura dramatizada por MARILSA DE SOUZA LIMA - quarta, 9 novembro 2011, 09:37
Junto com os alunos, separamos alguns capítulos do livro para serem dramatizados em sala de
aula. Para isso, dividimos a classe em grupos. Cada grupo definiu qual integrante seria o
narrador e quais seriam personagens. Nessa fase tivemos alguns problemas, pois alguns
alunos não queriam participar da atividade, ou por timidez ou por não gostarem de trabalhar em
grupos. Resolvemos este problema com muito diálogo e com um acordo entre todos: ninguém
poderia ridicularizar o outro e todos deveriam trabalhar e respeitar a opinião do colega de
grupo. Após, acertados os detalhes, começamos o trabalho e foi realmente divertido, pois os
alunos se dedicaram e mergulharam de cabeça na atividade. No fim, eles quiseram terminar a
leitura do livro e pediram para realizarmos mais vezes atividades neste formato.
Posso afirmar que o trabalho foi muito proveitoso tanto dentro quanto fora da sala de aula, já
que os alunos sugeriram a formação de um grupo de leitura e um de teatro na escola.

4. GRÁFICOS E TABELAS

Após a leitura do livro e a apresentação do portfólio pedimos aos alunos


para responder o seguinte questionário:

1. O que facilitou a leitura do livro “A DROGA DA OBEDIÊNCIA” de Pedro


Bandeira ?”

21
a) Assistir a entrevista do escritor PEDRO BANDEIRA. (Para isso no site:
http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/literatura-
escola.
b) Assistir ao filme “Scooby-Doo! O mistério começa”.
c) Leitura dramatizada em sala de aula.

a
b
c

2. APRESENTAR UM PORTFÓLIO SOBRE O LIVRO, EM SUA OPINIÃO:


a) Fez com que você fosse obrigada a ler o livro, mesmo não gostando.
b) Foi uma atividade prazerosa e você procurou formas diferentes de
demonstrar como você gostou de ler.
c) Nenhuma das alternativas apresenta a minha opinião.

a
b
c

3. O QUE É PRECISO O PROFESSOR FAZER PARA INCENTIVAR A


LEITURA E O CONTATO COM OS LIVROS:
a) Contar história para que os alunos construam o hábito de gostar dos livros.
b) Proporcionar o uso da biblioteca da escola, favorecendo a circulação de
livros.
c) Possibilitar a integração dos pais com os filhos através de um projeto de
leitura, para que se torne um hábito familiar.
d) Instigar a curiosidade do aluno, lendo alguns trechos de diferentes gêneros
literários (romances, contos de mistério,...) em sala de aula.

a
b
c
d

22
4. Faça um relato sobre sua experiência de leitura:

Abaixo, coloco a opinião dos alunos do jeitinho que eles escreveram:

23
5. CONCLUSÃO/Considerações finais

Dessa maneira, ao conhecimento e aplicação das estratégias de leitura


é fundamental para um ensino que busca a formação de leitores críticos,
porque acreditamos que por meio de atividades de leitura/análise linguística
privilegiadoras do estudo das características das situações de enunciação
relacionadas às marcas linguístico-enunciativas dos textos, as aulas de língua
portuguesa podem vir a superar a “passividade diante da palavra”.
Reiteramos que as discussões presentes neste artigo são resultados
parciais de um projeto de pesquisa, visto ser a partir dessa configuração social
e verbal da formação do leitor pretendemos continuar a proposta pedagógica
de estratégias de leitura e análise linguística para o ensino. E, nessa
perspectiva, há a necessidade de garantirmos, no espaço dialógico, como se
imagina a sala de aula, que os alunos externem e confrontem suas leituras e
de que o professor, como mediador entre sujeito e objeto de ensino-
aprendizagem, busque observar suas caminhadas interpretativas. Inclusive, ao
professor cabe procurar recompor a caminhada discente, (GERALDI, 1991),
sobretudo, acreditamos que devemos buscar sempre novos métodos ou
estratégias para obtermos sucesso de leitura, sempre levando em conta as
condições de recepção do grupo de alunos para determinar o gênero.

24
6. Documentos consultados

ASSOCIAÇÃO BRASILERIA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR


6023:2002. Informação
e documentação – Referência – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002.
____________ABNT. NBR 6024. Numeração progressiva das seções de um
documento:
procedimento. Rio de Janeiro, 1989.
____________ABNT. NBR 6028. Resumos: procedimento. Rio de Janeiro,
2003.
____________ABNT. NBR 6029. Informação e documentação: livros e
folhetos. Rio de Janeiro,
2002.
____________NBR 14724. Informação e documentação: trabalhos
acadêmicos. Rio de Janeiro,
2005.
____________ABNT. NBR 10520. Informação e documentação:
apresentação de citações em
documentos. Rio de Janeiro, 2002.
____________NBR 15287. Informação e documentação: projeto de
pesquisa. Rio de Janeiro,
2005.

6.1 Referências

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fada. 8ª ed. Rio de


Janeiro: Paz e Terra, 1980.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: Teoria – Análise – Didática. 5ª ed.
São Paulo: Ática, 1991.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 10 ed. São Paulo: Autores
Associados Cortez, 1985.
FULGÊNCIO, Lúcia; LIBERATO, Yara. Como facilitar a leitura. São Paulo:
Contexto, 2003.

25
FURTADO, O.; BOCK,A.M.B; TEIXEIRA, M.L.T. Psicologias: uma
introdução ao estudo de psicologia. 13.ed. São Paulo: Saraiva, 1999
KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor. Aspectos Cognitivos da Leitura. 4.ed.,
Campinas: Pontes, 1995.
KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda. M. Ler e compreender: os sentidos do
texto. 2.ed. São Paulo: Contexto, 2006.
LAJOLO, Marisa. Leitura em crise na escola, Porto Alegre: Mercado Aberto,
1987.
. Literatura: Leitores & Leitura. São Paulo: Moderna, 2001.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Diretrizes
Curriculares de Ensino de Língua Portuguesa, 2009.
ROCCO, Maria T.F. Viagens de Leitura - Brasília, Ministério da Educação e do
Desporto, Secretaria de Educação à Distância, (1996). (Cadernos da TV
Escola)
SILVA, Ezequiel T. O Ato de Ler: fundamentos psicológicos para uma nova
pedagogia da leitura. 9ª ed., São Paulo: Cortez, 2002.
SMITH, Frank. Leitura Significativa. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 1999.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6.ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
TODOROV, Tzvetan. Introdução à Literatura Fantástica. 1ª ed., São Paulo:
Perspectiva, 1975.
VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas. Portfólio, avaliação e trabalho
pedagógico. 5 ª ed. Campinas,SP: Papirus, 2004

Site consultado

http://www.inep.gov.br/basica/saeb/default.asp: acesso em 20/03/2011


http://afilosofia.no.sapo.pt/11.piagetconhecimento.htm: acesso em 20/04/2011
http://teoriaspersonalidade.no.sapo.pt/indice1.htm: acesso em 20/04/2011

26

Você também pode gostar