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IColeç30 CRIAR I

Coleç~oCr;'r. 2
Coordenaçlo Edi torial
Marina A. Souza de Oliveira t ...... ql,lem C;,tl h~o Mona
Editor R"l'~vtl
Carlos M. Aoo'eoIIi, M. Se .• Socio logia
P,ojtlo Gritico
MaY,l'a Rosa C.. n1ei,o e Sirlenoe Siqoeir~
Copy Dflk
FranciscoC. Manins
Revislo Editor;al
Terezlnha 5. GomesQuazi
EditorolçJío Eletrlln;a
José Ulon Barbosa ~ FI~vioCordeiro
Fotos da Capa
Sebasti~o EmelO de Souza

t' ediç~o
I' impresslo (19%): 5.000 exemplares
2' impresslo (2008): 1.000 exemplares
[diç.lo especial pa ra o F""""'.lt't'l1 l2007): 174 exemplares

Todos 0$ dire itos .eserv<HIOl


A reproduç.lon.lo autorizada desY publlColÇJo. no todo
ou em p.Jrte. constitui vio laç.io dos direitos ;,tutorais (lei nO9.61 O).
Dados Inte rnaciOJlais d e Catollop.ç.io na Pobl ôcolçio (CI P)
(nlbrap.J Informaç.\o TecnológiCa
Cri .....\o de pirarlJCu I Empresa Br<lSileira de PesquiSO! Agropecu~ria. Cenlfo
de Pesquisa Agrof\ore!Ut cb AmazOnia 0rient.J1; Emi, Palmeira Imbiriba;
José B,ito Lourenço Júnior; Luiz Octllvio Danin de Moura Colrvalho;
Dalb@rtoUliana;hndulfo8ritoFilho.·BrolSÔlia:EM8RAPA_SPI. 19%.
93 p. IColeç.\oCRIAR,2).
ISBN 85-85007-66-4.
I . Pirarucu-C,iaç,\o. 2. Pi'artH:1,l . P,odl,lç.k>-Manoejo. 3. PiscicuhUla .
I. EMBRAPA. Centro Nacional de PC$quiSO! Agr~toll da Amazooia
Oriental(Belém, Pi\). Il.lmbiriba, Emir Palmei,... IIl.l~o JÚnior. lo5é BriIo.
IV. Colrvalho. Luiz Oct4vÍ(I Danin deMollrol. V. Série.
CD0639.31
O E.'oIflRAl'A-I996
Coleção CRIAR

Autores
Emir Palmeira Imbiriba
Engo. Agro., B5., Agronomia
José de Brito Lourenço Junior
Engo. Agro., M:Sc., Nutrição Animal
Luiz Octávio Danin de Moura Carvalho
Engo. Agro., B5., Agronomia
Larissa Brandão Góes
Eng·. Ag!"., B5., Agronomia
Dalberto Uliana
Presidente da 0.0. Uliana Agropecuária
Industrial Uda.
Landulfo Brito Filho
Gerente da 0.0. Uliana Agropecuária
InduSlrial lida.
Coleç60 CRIAR

Apresentação
o Brasil já dispõe de um volume substancia l
de conhecimentos, gerados a partir da pesquisa agrí-
cola. A inserção desses conhecimentos junto a seg-
mentos mais amplos da sociedade tem exigido con-
siderável esforço, no sent ido de assegurar a quali-
dade técnica das informações e, ao mesmo tempo,
tornar disponíveis textos que possam ser consumi -
dos por todas as pessoas interessadas nos temas re-
ferentes à agropecuária, à agroindústria e ao meio
ambiente, independentemente de os leitores serem
ou não especialistas nesses assuntos.
A exemplo da Coleção Plantar, que tem al-
cançado grande sucesso editorial, atendendo às ne-
cessidades de informação de produtores, técnicos,
sitian tes, chacareiros, donas-de-casa e demais inte-
ressados em práticas agrícolas que lhe reduzam des-
perdícios, pemitindo-Ihes maior sucesso em suas
atividades rurais, a EMBRAPA lançou a Coleção
Criar.
ColeçOo CRIAR

Trata-se de tomar acessível, em linguagem sim-


ples, ao público já citado e também a estudantes e
técnicos, conceitos que dão fundamento às recomen-
dações originadas na pesquisa científica ou mesmo
apresentar técnicas e ' processos que podem ser
empregados em negócios agrícolas ou agroindus-
triais.
,A EMBRAPA, por meio de seus centros de pes-
quisa, do seu Serviço de Produção de Informação -
SP I e de colaboradores de tantas outras importantes
instituições de pesquisa, espera, sinceramente, es-
tar contribuindo para a melhoria do entendimento
de questões tão importantes para o desenvolvimen-
to sust,=ntável de nosso País.

Lucio Brunale
Gerente-Geral
I Cole~õo CRIAR

Sumário
Introdução ... ...... .... .... ...... .... .... .... ... ... ...... ... .. 9
Sistemática ... ... ... ........ ..... .... .... .. .. .. .. .... .......... 12
Distribuição Geográfica ... ..... .... ... ... .... ...... .... 13
Características da Espécie ..... ... .. .. .......... ... .... 15
Aspectos da Pesca ... .... ..... ..... ........ ...... ... .... .. . 18
Artes e métodos de captura ... .. .. ............. 24
Arpão...................................................... 24
Espinhei ...................................... ............ 28
Malhadeira .... ... ...................................... 29
Pescaria em águas paradas ..................... 29
Pescaria em água corrente ...................... 29
Meio Ambiente .... .. ...... .. ............................. .. . 31
Clima ...................................................... 34
Água ..... .................................... .............. 34
Manejo da Reprodução ................................. 35
In stalações ................................ .... .......... 35
Escolha dos reprodutores ........................ 35
Densidade.............................................. 36
Alimentação dos reprodutores ................ 37
Coleçó o CRIAR

Reprod ução ............................................ 38


Relação macho/fêmea ............................ 42
Desova ............................................. ...... 42
Alevinagem ............................... .... ................ 42
Captu ra dos alevinos .............................. 42
M ortal idade ............................................ 44
Transporte dos alevinos .......................... 44
Viveiros de alevinagem........................... 46
Alimentação .................................................. 47
A levinos ............................................ ..... 47
Jovens e adultos .............. .. ...................... 49
Manejo da Produção .. ................................... 52
Sistemas extensivos ................................ 52
Sistemas intensivos .............. ................ .. 57
Produção, Beneficiamento e
Comercialização .................... .. .. ................... 62
Aspectos Econômicos .................... ,....... ",.,... 72
Culinária e Receitas ........ ,.. ...... .. ,.............. ", ·· 72
Coleção CRIAR I

Introdução
o Arapaima gigas, cham ado pirarucu
no Brasil e paiche, no Peru, é conside rado um
dos maiores peixes de água doce, sendo co-
mum a existênc ia de exemplares pesando
12Skg. Chega a atingir cerca de 200kg e com-
primento de 2 a 3m.

o Arapaima é um piscívoro que nada


lentamente ou fica à espera de suas presas. A
palavra pi rarucu, de origem tupi, é formada pela
associação de pira, que significa peixe, com
urucu, que quer dizer vermelho. A coloração
vermel ha desse peixe é dada pelas escamas dos
flancos, do ventre e da cauda.

A pesca do pirarucu, na Bacia Amazôni-


ca, é realizada no rio Amazonas e afluentes,
como, também, nas vastas áreas alagáveis de
9
I Col eçõo CRIAR

várzeas e igapós ligadas a e les. Essa ati vidade é


extremamente infl uenciada pelo nível da água
dos rios, que interfere no comportamento da
espécie.

Esse pe ixe foi abunda nte nas proxi mid a-


des dos principais centros de co nsumo, como
Manaus, AM, e Santarém, PA. Até a década de
60, existi am em Belém, PA, a lgumas empresas
de po rte médi o e vários estabe leci mentos me-
nores, que comerciali zavam o pirarucu seco-
salgado.

A in te nsidade da pesca, dete rmi nada


pelo seu alto va lor comercial, tem estim ulado a
captura de exemplares jovens, c hamados de
"bodecos", prej udicando, de mane ira sensível,
o estoque natural. A partici pação do pi ra ru cu
no desembarq ue total de pescado na Amazô-
nia está sendo reduzi da drasti came nte, a cada
ano.
10
CoJeçõo CRIAR I

Apesar das med idas de pro teção, a pes-


ca do pirarucu coloca em risco a sobrevivência
da espécie, poisé prati cada de modo predatóri o.
Ademais, essa situação é agravada pelo hábito
gregário dos alevi nos, pelo longo período de
proteção à prole, dispensado pelos reprodutores,
e pela nece ssi dade fisiológica de vir à
superfície de quando em quando, para captar o
ar, no exercício da respiração aérea.

A pi scicultura dos peixes carnívoros, de


modo geral, apresenta limitações, devido ao
baixo rendimento das cadeias alimentares
(níveisde alimentação disponível num ecossistema)
e pela perda de energia em cada mudança de
nível. Entreta nto, a criação do pirarucu é viá-
vet uma vez que esse peixe apresenta extraor-
dinário desenvolvimento ponderai, chegando a
alcançar em torno de 10kg, com apenas um
ano de culti vo, e superior ru sti cidade, em am-
bientes tropi cais.

11
Coleçóo CRIAR I

No Brasi l, além da Amazôn ia, onde en-


contra seu habitat predileto, esse peixe pode
ser racionalmente cultivado nas regiões Nordeste,
Centro·Oeste e em determinados locais da Re-
gião Sudeste, onde não ocorrem gran des
variaçôes de temperatura.

Sistemática
o pirarucu pertence à família
Osteoglossidae, também chamado "peixe de
língua óssea", formado por um grupo bastante
primitivo, constituído de poucas espécies. Fa z
parte da subclasse Actinoplerygii ou "peixes de
barbatana rai ada". Pertence à superordem
OSleoglossimorpha e à ordem Osteoglossiformes.

Na Amazônia, os OSleoglossideos são


formados por dois gêneros e três espécies:
Arapaima gigas, OSleoglossum bicirrhosum e
O. fe rreirai. Na Austrália, ocorre o gênero
Sc/eropages e na África, o Heterotis nilotic us.

12
C o laç OO CRIAR I

Distribuição Geográfica
o pirarucu habita, preferencialmente, as
regiões de lagos da s Ba c ia s Amazôni c a e
Araguaia -Toca ntins, embora possa ser encon-
trado também, nos trechos de baixa correnteza
dos rios que formam essas bacias de baixa cor-
renteza. Essa espécie está confinada, também,
nos sistemas Rupunumi e Essequibo, na s
Guianas. Não existe regi stro de sua ocorrência
na Bacia do O rinoco. As cataratas podem ser
consideradas como barreiras de dispersão (Fig. 1).

Éescasso o conhecimento dos limi tes de


ocorrênc ia do pirarucu nos cu rsos superi ores
do rio Amazonas e afluentes. No estuá ri o ama-
zônico, é enco ntrado nas ilhas de Marajó,
Mexiana e Caviana, PA, e nas bacias do Médio
e Baixo Araguaia ,e Tocantins.

13
Coleç60 C RIAR

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FIG. J. Distribuição geogrófica do pirorucu

14
Col eçOo C RIAR I

Características da Espécie
o pirarucu é uma espécie estritamente
ictiófaga, isto é, alimenta-se exclusivamente de
peixes. O corpo é de forma a longada, com se-
ção circular e elipsoidal e revestido de grandes
e espessas escamas (Fig. 2). As nadadeiras pei-
torais são afastadas das ventrais, ao passo que
as dorsal e anal são próxi mas da caudal, que é
arredondada.

A c"beça do pirarucu é de pequeno ta-


manho em relação ao corpo, correspondendo
aproximadamente a 10% do peso total. A boca
é superior, grande e oblíqua. A língua é óssea, e
na boca podem ser observadas duas placas ós-
seas laterais e uma palatina, as quais funcio-
nam como verdadeiros dentes, que comprimem
a presa, matando-a antes da deglutição.

Os exemplares ad ultos apresentam os


caracteres sexuais secundários somente poucos
15
FIG, 2. Exemplo, d. pi,o,ucu. o<jundo de cu"i".,.
~<ot>do ce,co de 4kg.

dias an tes e após a realizaçlo da desova.


Qua ndo os sinilis precu rsores da desova se
tornilm api!rentes. fiCilm vislveis os cilrilCleres
sexuais seçundttrios ex1filgenitilis nos reprodu-
tores. O macho adquire acentuadi! coloração es-
rufa nil p<1rte superior di! cabeça e nil região dorsitl.

"
Coleção CRIAR

que se prolonga até quase a inserção da nadadei-


ra dorsal, enquanto os flan cos, ventre e parte
caudal adqui rem co loração vermelha. Na fê-
mea, a mudança de coloração é pouco perce p-
tíve l e todo o peixe permanece com a co r cas-
tanho-c lara.

o ovário da fêmea do pi rarucu é um


orgão ímpar e está si tu ado na cav idade abdo-
minal , em posição látero-mediana esquerda. O
testículo do macho adulto pode ser considerado,
também, um orgão ímpar. A funcionalidade se
restringe ao testículo esquerdo, pois o direito é
atrofiado.

Como nas demais espécies icti ófagas, o


tubo digestivo do piraru cu é curto. Essa espécie
apresenta dois aparelhos respiratórios, denomi -
nados brânquias, para a respiraç ão aquática, e
bex iga natatória, que se comunica com o tu bo
digestivo e funciona como pulmão. A respiração

17
Coleçô o CRIAR I

aérea do pirarucu representa um processo vital


para a espécie que, impedida de vir à superfí-
cie, acaba morrendo.

Aspectos da Pesca
Durante os últimos anos, o pirarucu vem
sofrendo os efeitos negativos da sobrepesca, o
que tem contribuído, marcantemente, para a
redução dos estoques naturais, não só pela di-
minuição da quantidade anual de carne, como,
também, pelo distanciamento, cada vez maior,
dos locais de captura.

A pesca do pirarucu, na Amazônia,


começou a ser disciplinada pela antiga
Superintendência do Desenvolvimento da
Pesca - SUDEPE -, hoje incorporada ao Instituto
Brasileiro de De~nvolvimento do Meio Ambiente
e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA -, a

18
I Coleção CRIAR

partir de 2 de setembro de 1976, através da


Portaria n" 15, que proibia sua captura, anualmente,
no período de 1o de outubro a 31 de março. A
Portaria em questão tinha como objetivo pre-
servar a espécie na época da reprodução.

o início da pesca do pirarucu, na Bacia


Amazônica, após 31 de março, deixa vulnerável
aqueles animais que ainda estão protegendo a
prole, durante os meses de abril e maio. Em razão
do desconhecimento da biologia pesqueira desse
peixe, sua pesca era permitida, a partir de abril,
em plena época de reprodução.

A época da reprodução do pirarucu co-


incide, normalmente, com o período chuvoso
que, na Amazônia, varia de dezembro a junho.
Em 4 de março de 1991 , o IBAMA publicou a
Portaria n° 480, proibindo a pesca do pirarucu,
anualmente, no período de 1° de dezembro, a
31 de maio. Assim, a legislação ficou mais

19
Coleção CRIAR

adequada às condições locais da pesca desse


peixe.

o tamanho mlnlmo de captura do


pirarucu foi definido em 1,SOm, pela SUDEPE,
na Portaria n0039, de 2 de dezembro de 1987.
Apesar disso, a fiscalização é dificultada pelo
fato do pirarucu ser comercializado,
principalmente, na forma seco-salgado, impe-
dindo, assim, uma avaliação exata do tamanho
do animal.

Não obstante a legislação existente, a


pesca do pirarucu, na Bacia Amazônica, é pra-
ticada com malhadeiras durante o ano inteiro e
de maneira não muito seletiva. A grande maio-
ria dos peixes desembarcados em Manaus, AM,
são menores que 1,SOm, chegando muitos a
medir apenas 1,00m de comprimento.

Nos açudes do Nordeste' hrasileiro, nas


décadas de 60 e 70, os instrumentos de captura

20
Coleção CRIAR I

recomendados, de modo a não comprometer a


sobrevivência do pirarucu, foram o anzol (linha
de mão, bóia e espinheI) e o arpão. A rede de
espera era considerada prejudicial à sobrevivên-
cia da espécie.

A introdução da malhadeira, sobretudo


nas matas inundáveis da Amazônia, tem provo-
cado grandes baixas nos estoques de pi rarucu.
A eficiência desses instrumentos é grande.
Uma vez malhado, o peixe dificilmente esca-
pa, pois a rede o impede de subir à superfície
para respirar.

A utilização de malhadeiras, em áreas


de mata inundável e campos alagados, na
Amazônia, é imperativa na pesca de inúmeras
espécies de porte pequeno, como forma de
garantir a sobrevivência da população ribeiri-
nha. Essa prática, entretanto, é danosa para a
preservação do pirarucu. A proibição temporá-

21
[ Col.ç60 CRIAR I

ria da pesca em certas áreas, por alguns anos,


com o objetivo de recuperar os estoques de
peixes grandes, ainda está em discussão. A rea·
lidade da pesca desse peixe, na Bacia Amazônica,
mostra o quanto é difícil impor restrições.

A pesc~a do pirarucu ocupou posição de


destaque na economia pesqueira da Amazônia.
O processo de salga marcava época na região,
chamada tempo de salga. Coincidia com os
meses de setembro e outubro, e ca racterizava·se
por grandes ajuntamentos de pescadores nos
locais de captura.

A redu çao da população dessa espécie,


na Bacia Amazônica, é conseqüência de vários
fatores:. a reprodução só ocorre após o quinto
ano de ,dade (dados de cativeiro); o grande porte
dos . animaiS, que os transformam em presas
cobiçadas; a predação que sofrem os alevinos,
após a Captura dos reprodutores, no período de
22
I Ccl.ç.\<> CRIAR I

proteção ~ prole; o processo de respiração


aérea, que loma a espécie facilmente observada
pelos pescadores e, portanto, altament~ vulne-
rável; e o uso indiscriminado de ma lhadei ras.
ou redes de malhas ut ilizadas na Amazônia para
captura de peixes.

FIG. 3. Mclhadeira de libra .int~ti= ulj'j.ada n<I


captura da piraruct/.
Cole~ã o CRIAR

-Artes e métodos de captura - a introdução das


redes de fibra sin tética, nas úl timas décadas,
intensifico u sua pesca, na Amazô nia. Devido à
grande resistênc ia desse material, os pescado-
res passaram a confeccionar redes cada vez
maiores. A introdução da malhadeira na Bacia
Amazônica permitiu a pesca intensiva na mata
inundável, onde an tes esse peixe era bem pro-
tegido.

Não existem grandes var iações e ntre os


métodos e as artes de captura utili zados pelos
pescadores de pirarucu, ao longo do rio Ama-
zo nas e tributários. Dentre os inst rumen tos
e mpregados, estão O arpão, o esp inhe i e a
malh ade ira. O emprego desses instrume ntos
depende das co ndi ções sócio-econômi cas do
pescado r.

• Arpão - a arte da pesca com arpão é bastante


primitiva, tendo sido desenvolvida pelos índi -
24
I C~1Io CR1'.R I

os. Geralmente, é realizada em pequenas em-


barcações tipo canoa (Fig. 4J, com capacidade
para dois a três pescadores. (bastante eficiente
na mata inund;')\lel, pois pelmite a pesca
direcionada. isto é. a avaliação prévia, pelo
pescador, do tamanho do exemplar que sera
arpoado. O arpão. um instrumento rústi co, é

FIG. 4. /'esc<> de piro<ucu. com orpó<>. em pequeno,


em borcoçÕe •.
Cole~60 CRIAR

fa bri cado pe los pró prios pescadores, co m


pedaços de mola ve lh a de caminh ão ou outros
mate ri ais metáli cos. É muito comum entre as
popu lações de baixo pode r aqu isit ivo.

A corda do arpão é chamada arpoeira.


Uma das pontas é amarrada ao corpo ei na outra,
prende-se uma bóia, que ind ica a localização do
pei xe. O estrovo é fe ito com linha n° 24 e serve
para amarrar a ponta da arpoei ra no arpão. O cabo
do arpão, com cerca de 3m de comprimento e
uma polegada de d iâmetro, é fei to com a
pracaúba-de-cheiro (espéc ie florestal da regiãol.
O arpão, propri amente dito, fe ito de metal, tem
cerca de 15cm (Fig. 5).

O pescador, de pé, à proa da canoa, arma-


do de arpão, agua rda o momen to em q ue o
pirarucu emerge o focinho, de boca aberta, à
superfície da água, capta a quantidade necessári a
de ar, imerge novamente a cabeça, mostrando,
e ntão, fora da água, a região dorsal. É nesse

26
Cole~60 CRIAR

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27
Coleção CRIAR I

momento que o pescador lança o arpão .


O pescador utiliza sempre dois arpões na pesca
do pirarucu. A finalidade da segunda arpoada é
garantir o peixe fisgado .

• Espinhei - normalmente a arte da pesca com


e spinhei , também chamada camuri, na
Amazônia, é realizada em igarapés (canais
naturais, estreitos, que interligam duas ilhas ou
uma ilha à terra firme) e lagos. Esse instrumento
é composto de uma I inha nO 3 , com
aproximadamente 10m de comprimento. Uma
das extremidades da linha é amarrada num
galho de árvore ou numa va ra fincada na
margem do rio. Na outra ext remidade, é
estrovado um anzol n° 1, com uma isca, que é
posicionado a uns 80cm abaixo do nível da
água. Dentre as iscas, é freqüente o uso do peixe
tamuatá (Hoplosternum litora/e) . O espinhei
'captura pirarucus de 20kg para cima.

28
Coleção CR.IAR.

• Malhadeira - O emprego da arte de pesca com


a malhadeira, na captura do pirarucu, varia em
função do tipo de ambiente.

• Pescaria em águas paradas - neste ambiente,


são usadas, normalmente, redes com oito ma-
lhas de altura. A panagem (ver Pescaria em Água
Corrente) é feita com linha nO2, de 2,Smm. As
malhas apresentam diferentes dimensões, de-
pendendo do tamanho do peixe a ser captura-
do: rede com malhas de 20cm, para captura de
peixes pequenos (20 a SOkg); rede com malhas
de 25cm, para captura de peixes médios (50 a
80kg); e rede com malhas de 30cm, para captu-
ra de peixes grandes (com mais de 80kg).

• Pescaria em água corrente - o sistema em-


pregado é a pesca com redes, em bloqueio. Em
geral, as redes utilizadas têm 18 malhas de
altura e as malhas, 30cm, também chamadas
panagens. Uma panagem ou rede com 18
malhas de altura tem as dez malhas superiores

29
I Cole.,60 C RIAR I

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Coleç60 CRIAR I

feitas com linha de 3mm e as oito inferiores,


com linha de 3,5mm. O entra lho de cima, para
arremate das redes, é feito com linha de 3mm e
o de baixo, com linha de 4mm. Uma rede com
20m de comprimento consome cerca de 5 a 6kg
de chumbo. A distância entre cada chumbada
é de 25cm (Fig. 61.

Meio Ambiente
Na natureza, o pirarucu vive preferen-
cia lmente nas regiões de lagos das bacias
Amazônica e Araguaia -Tocantins, embora possa
ser encontrado, também, nos trechos de baixa
correnteza dos rios que formam essas baci as. O
rio Amazonas e seus afluentes estão sujeitos a
grandes oscilações de níve l de água, cujos
va lores variam de 5 a 15m por ano. As áreas
alagáveis (Fig. 7) ocupam uma posição
intermediária entre os lagos e os rios, pois
mudam periodicamente de uma fase aquática
para uma fase terrestre.

31
I Coleç60 C~1il I

FJG. 7• .......,. i .... ndoda. pelos rios dwo"~ a ipaca


da. er>e,,",nle., habita I na r... ,al da pi,O'IIC",
"O Amor"'"ia.

Durante o periodo da cheia dos rios, o


pirarucu dispõe de extensa área com os mais
variados habilal5. Na época da seca (Fig.·8!. o
ambiente aqoálico lo.-na-se bastante reduzido,
obrigando-o a deslocamentos permanentes

"
entre braços de rios, lagos e áreas inundadas.
Apesar desses deslocamentos, a mof1al idade de
pirarucus é grande, nesse perlodo. Os que não
conseguem escapar das áreas inundáveis ~o
faci lmente c aplurados ou mo rrem com o
secarnenlO da mesma.

FIG. 8 . Á'eas inund6yeis. sem átlua IH> perloda do


leca, habitol nalu,al do pira'"cu dura"'e os
cheial, IH> Am... ónio.

"
I Coleç60 CRIAR I

Os lagos de várzea, habitat natural do


pirarucu, estão sujeitos a grandes variações de
extensão e de profundidade, dependendo da
conexão com o rio, que pode ser temporária ou
permanente, em função da morfologia, posição
e tamanho do lago. Todos eles influenciam, à
sua maneira, no comportamento dessa espécie .

• Clima - é considerado um peixe de clima


equatorial, cujas temperaturas são elevadas
durante todo o ano (médias de 24 a 26 .(),
amplitude térmica anual que não ultrapassa os
3 °C e precipitação pluvial anual igualou supe-
rior a 2.000mm. Éencontrado, também, em re-
giões com mais de 3.000mm de precipitação,
a exemplo do litoral do Amapá, foz do rio Ama-
zonas, e da Amazônia Ocidental.

• Água - adapta-se a todos os tipos de água,


inclusive as que apresentam barreiras químicas,
com diferentes níveis de pH e de concentração
de sais minerais. Em cativeiro, mesmo que a

34
I Coleç60 CRIAR I

água tenha baixos níveis de oxigênio dissolvi-


do, apresenta bom desenvolvimento pelo fato
de ter.que realizar a respiração aérea. Nessas
condições, porém, a boa oxigenação da água
é indispensável às espécie que servirão de
alimento ao pirarucu.

Manejo da Reprodução
• Instalações - desova em águas paradas, o que
facilita sua reprodução em açudes (Fig. 9) e
viveiros. Para reprodução, deve-se dar preferência
aos açudes .

• Escolha dos reprodutores - na escolha dos


reprodutores para o povoamento de açudes de
sistema aberto, isto é, alimentados por fontes
naturais, devem ser descartados os animais com
peso inferior a 500g, devido à presença de pei-
xes predadores nesses ambientes. Indivíduos
com peso superior a 1Okg não são recomendá-
veis, em decorrência da dificuldade de manuseio.

35
FlG. 9. "~ude u'ili rodo poro
on'e, do ordenho, e poro reproduç6o d.
piroru<:u.

Sugere.se O uso de exemplares pesando entre 5


e 10kg (Fig. t O), devido à facilidade de captura
e transporte .

• Densidade · no manejo reproduti vo, P'lra o


povoamento de açudes com matrizes e reprodu.

"
I CoI0<;40 CRIAR

aberto.

tores, a densid ade recomen dada é de um peixe


para cada 2oom1 de área inundada .

• Alimentação dos reprodutores - a alimentação


dos reprodutores é feita com os pei x~ nat ivos
do próprio açude. Caso a população desses

"
I Coleçõo CRIAR I

peixes não seja expressiva, é necessário fazer


um povoamento com espécies "forrageiras",
co mo a tilápia, pi aba, etc, ou co m outros
peixes de baixo va lor co mercial e de elevada
capacidade reprodutiva .

• Reprodução - se reproduz naturalmente em


cat ive iro. A época d a desova co in ci d e,
normalmente, com o período chuvoso que, na
Amazônia, se estende de dezembro a junho. O
piscicultor, no início de seu empreendimento,
dev e fo rmar um p la ntei d e m atri zes e
reprod utores, de modo a ter suprid a sua
necessidade de alevinos para engorda, quando
os animais atingirem a maturidade sexual.

Por ocasião da primeira desova, os pei-


xes macho e fêmea pesam em torno de 40kg
cada um e têm cerca de quatro a cinco anos de
idade. Para reproduzi r, escolhem um local de
pouca profundidade, mantendo-o livre de

38
Coleç60 CRIAR I

outros pei xes, a fim de evitar lutas pel o domí-


nio do território selecionado.

Os ninhos são construídos pelo casa l em


terra argi losa, sem vegetação, em forma de
calota esfé ri ca, co m cerca de 20cm de
profundidade e diâmetro de aproximadamente
SOem. A fêmea coloca os óvu los no ninho e o
macho os fertili za com O líqu ido seminal. Após
a eclosão dos ovos, as larvas permanecem no
ninho, durante cinco dias, até a absorção da
vesíc ula vitelina.

Ver ificou-se que a presença de bovinos


e bubalinos, pastejando e banhando-se nos
locais de desova, prejud ica a reprodu ção, ta lvez
por impedir a preparação dos ninhos, a desova
e a fe rtilização. A fim de conto rn ar esse
problema, é aconselháve l retirar os animais uns
dois meses antes do iníc io do período chu voso,
tra zendo-os de vo lta somente após a época de

39
Coleçóo CRIAR

reprodu ção, que se estende por ce rca de quatro


meses.

Durante os primeiros meses, as larvas,


pós-larvas e alevinos vivem em ca rdume prote-
gidos pelos pais. As larvas são pretas, nadam
sobre a cabeça e regi ão dorsal do pai, que as
protege, tornando-se visíveis somente após uma
se mana de vi d a. Nesse perí odo já vê m à
superfície da água, no exercício da respiração
aérea. Na fase seguinte, quando são denomi-
nadas alevinos, apresentam comportamento
gregário (Fig. 11) e seu processo de respiração
aérea (Fi g. 12), maior intermitência.

Em ambiente natural, a idade da primei -


ra maturação sexual dessa espécie ai nda não
está bem definida. Em cati vei ro, o pirarucu
inicia a reprodução a partir do quinto ano de
idade, com peso em torno de 40 a 45kg, o que
dificulta a obtenção de alevinos para engorda,

40
re.p;fQÇ<'io o~reo.

"
I Coleç60 CRI AR I

tendo em vista a necessi dade de manutenção


da infra-estrutura, durante um longo período.

• Relação macho/fêmea - a reprodução reali -


za-se na proporção de um macho para cada fê-
mea.

• Desova - a desova ocorre naturalmente, em


água parada e de forma parcelada. Pode deso-
var até três vezes por ano, produzindo cerca de
2 mil alevinos, por desova.

Alevlnagem
• Captura dos alevinos - a operação de captura
dos alevinos é facilitada, nessa fase, pelo
hábito gregário que os leva a formarem um s6
ca rdume , sob a proteção do casal de
reprodutores. Como os ninhos e os casais são
facilmente perceptíveis, basta acompanhar a
evolução da prole e capturar os alevinos, com

42
tarrala, no momento da respiraç30 aérea. Essa
operaç30 deve ser realizada quando os alevinos
atingirem um peso médio em torno de 40g
(Figs. 1J e 141.

d. P;roNCU, na 'OH
IIregório, lab° proleç6o do
cosol d. r.produtorel.
I col~40 CtIU I

p i,o,uOl com

• Mortalidade - na fase de alevi nos, a monali-


dade é baixa, pelo falO de nao ocorrer can;oo-
lismo entre os membros dessa espécie e, tam-
bém, porque os pais protegem a prole.

• r r.1msporte dos alevinos _ o transporte dos


alevinos para os viveiros de alevinagem deve
ser fe ito logo após a captura, em caixas de
isopor ou de plãsllcO, com cerca de 25% de

..
t.gua, sem tampa (Fig. 151. O transporte, a
gr.1ndes distânci.1S, é feito em S.ROS de pltlshco
cheios de tlgua e oxigênio. O número de
alevi nos por saco depende do tamanho dos
peixes e da duração do percurso. O transporte
aéreo é e fetu ado em sacos de pltlsl ico
duplos de 25kg, contendo tigua e oxigênio, com

IS. T'OMpo,te I

~o de pl ó .'ico, poro
vjvejro. de olevinogem.
l ~c ...... 1

aproximadamente 25 alevinos, de 30 a 40g de peso


médio. Para facilitar o transpOrte, essas embalagens
de\.<em ser acondicionadas em caixas de papelão.
• Vivdros d~ al ~v inag~m • os viveiros de
alevinagem têm dimensões entre 400 e 1.000m'
de :irea inundada. Essa variaç~ depende do
porte do empreendimento. O local do viveiro
deve possibilitar O controle efetivo da alimen·
taçllo, do c re scimento e da pro teçllo dos
alevinos con tra animais predadores (Fig. 16).

. pirorueu .
I Colec;60 CRIAR

Alimentação
• Alevinos - no in ício, a alime ntação dos
alevinos deve ser consti tuída de peixes de pe-
queno porte, como pós-larvas e alevinos de
tiláp ias. A captura dessas pós-larvas é fe ita com
rede de arrasto tipo mosquiteiro, que garante a
pesca de peixes menores que os alevinos de
pirarueu (Fi g. 17). O utra maneira de alimentá-
los é cortar os peixes "forragei ros" em peq ue-
nos pedaços.

o arraçoamento dos alevinos deve eq ui-


valer a 8 ou 10% do seu peso vivo e sua perma-
nência nos viveiros deve du rar até que atinj am
cerca de 100g, ou três meses de idade, aproxi-
madamente.

O ut ro processo de alime ntação dos


alevi nos é a co nsorciação prévia de suínos e
til ápi a, construindo-se um a poci lga rú sti ca

47
-

>0'0

sobre o viveiro de alevinagem, que contftn es·


ses pei.es forrageiros. Ness.e sistema, OS alcvinos
des~ espécie se ali mentam dils d~va5 das
ti lãpias. NilS condiçõesdeclima equatorial, com
lernperaluril constante e e levada, as lil:'pias

"
CoI",60 CRIAR

desovam várias vezes por ano, assegurando pro-


dução permanente de peixes pequenos para a
alimentação dos alevinos de pirarucu (Fig. 18).

FIG. 18. R~de lipo mosquiteiro contendo otevinos de


pi/olUCUJ e pÓJ·tOI"VO' e ole vinOI de ti!6pio$ .

• Jovens e adultos · os pirarucus podem ser


alimentados com peixes vivos ou mortos. No
sistema integrado com búfalos, as tilápias são

"
I Coleç60 CRIAR I

capturadas no açude dos búfalos e levadas para


o viveiro de pirarucus. A fertil ização do açude
é feita com os dejetos dos búfalos, deixados por
ocasião do banho, antes de cada ordenha, e pela
água de lavagem do estábulo, que é jogada na lagoa.

Na Região Equatorial, a fertilização dos


açudes pelos búfalos, aliada às a ltas te mperatu-
ras du rante o ano inteiro, e à capacidade
reprodutiva, cria condições favoráveis a uma
superpopulação de tilápias que, e m gera l, não
ati ngem tamanho comercial (Fig. 19). Esses
peixesl com baixo custo de produção, podem
ser aproveitados na alimentação do pirarucu 1

transformando um produto não-comercial em


outro altamente rentável .

A dificuldade na criação dessa espécie é


seu regime carnívoro l que pode ser soluciona·
da de vá rias maneiras, dependendo do método
de criação. Uma alternativa é a consorciação
com animais domésticos (bovinos, bubalinos,
suínos e aves).

50
ICoI.o;OoOloOJI

Na Regi:lo Noite do Brasil, as fazendas


normalmente dispõem de açudes que, com
frequência , sao superpovoados de peixes de
baixo valor comercial, que podem ser
aproveitados pelo pirarucu. 11 produçao do
peixe ·forrageiro·, e a do pirarucu dependem

"
I Cole~60 CRIAR I

sempre da intensidade da criação de animais


domésticos. O peixamento do açude com peixes
I'forrageiros" deve ser feito três meses antes da
introdução do pirarucu. Os dejetos dos animais
domésti cos irão fertilizar o açude, provoca ndo
o desenvolvimento da bioma ssa indi spensável
à alimentação dos peixes " forrageiros" que, por
sua vez, irão alimen tar os piraru cus, a um custo
mu ito reduzido para o produtor.

O utra alternativa para a alimen tação dos


pirarucus são as rações peleti zadas. Como não
existem informações sobre os níve is de proteí-
na e energia necessários à dieta desse peixe,
essa solução é inviável, no momento.

Manejo da Produção
• Sistemas extensivos - a maneira viável de pro-
teção da espécie baseia-se no manejo de águas

52
[ Coleçõo CRIAR

naturais e artifi cia is. Maior oferta de ca rne de


pirarucu provinda de culti vo, red unda ri a na re~
dução da pressão pesqueira sobre os estoques
natura is.
Um programa de criação dessa espécie
na Amazônia poderia sofrer, a princípio, a lgu ns
o bstácu los, tanto de ordem técnica, quanto
cultural, em razão da fa lta de tradição dessa
ati vidade na região. Em certos ri os, como no
Toca ntins, pescadores ribe irinhos mantêm em
cati veiro, próximo a suas moradias, a lguns
exemplares de pirarucus. Os animais são presos
e m instalações de madeira, alimentados com
peixes de baixo valor come rcial e abatidos de
acordo com seu ta manho ou necessidade do
pescador. Essa atividade entretanto, é mais uma
estocagem do que uma criação propriamente
dita.
o manejo dessa espécie em águas natu~
rai s pode ser feito na base de um modelo de
53
I Coleç60 CRIAR I

exploração sustentada, pelo aproveitamento do


grande potencial hídrico dos lagos de terra fi r-
me e das grandes barragens, já que a produção
nos lagos d e várzea é di ficu lta d a p elas
oscilações anuais do nível das águas, podendo
a baixa prod uti vidade do sistema ser compen-
sada pelo alto va lor da carne desse peixe.

o povoamento e repovoamento dos la-


gos selecionados com alevinos dessa espécie
podem ser feitos com exempl ares de 300 a SOOg,
a fi m de evi tar o ataque de predadores naturais.
A alimentação seriam os peixes nativos do pró-
prio ambiente. Embora a produção de peixes
carn ívoros não seja aconselhável devido ao
baixo rendimento das cadeias alimentares, a do
pirarucu toma-se viávelporapresentarextraordinário
desenvolvimento ponderai e elevada rusticidade
em ambi ente trop ical.

54
I Coleçóo CRIAR

Embora a Bacia Amazônica possua


perto de 3 mil espécies de peixes, poucas
participam no desembarque 10lal de pescado,
o que demonstra a alta seletivi dade da pesca
na região. A produção de pirarucu em açudes e
barragens seria uma alternativa de preservação
da espécie e de aproveitamento dos peixes não
aceitos pelo mercado consumidor.

o pirarucu não é co nsiderado um peixe


voraz, mas sim um carnívoro moderado, além
de ser capaz de transformar os de qualidade
inferior dos açudes em carne de superior quali-
dade. Por oulro lado, o hábilo de proleção à
prole favorece sua aclimatação, mesmo em
ambientes infestados de espécies predadoras,
como as piranhas.

A pesca do pirarucu deve ser autorizada


três ou quatro anos após comp rovada sua re-
produção nesse novo ambiente. Nesse tipo de

55
Coleção CRIAR

manejo pro posto, a arte de pesca é o arpão, que


assegu ra a avaliação prévia do peso do a nima l
a ser capturado. O peso mínimo de captura deve
ser fi xado em to rno de 50kg, que ind ica a capa-
c idade do an imal em contribuir para a preser-
vação da espécie, po r meio da reprodu ção. A
pesca deve ser autorizada de junho a novembro e
proibida durante o resto do ano, isto é, de de-
zembro ao fin a l de maio, período de desova, a
fim de preservar a espécie e garantir sua reprooução.

As hidrelétricas do Norte e Nordeste,


como a de Balbina, AM, a de Tucurui , no Bai-
xo Toca ntin s e a de Curuá-U na, e m Sa ntarém,
PA, tê m condições de aproveitar suas vastas
extensões inundadas para fomentar a produção
do pirarucu. Os alevinos, pro ve ni e ntes d as
desovas nessas represas, poderiam ser distribuídos
aos produtores com infra-estrutura para a for-
mação de p la nt e i próprio de matr izes e
reproduto res.

56
I Cole~60 CRIAR

Com 5 mil e 590 alevinos, foi possível


efetu ar peixamentos em sete açudes púb licos
do Nordeste, que se transformaram, em 1962,
no pico da produção, em 199,7t de piraru cu. A
pa rtir dessa data, não existem dados estatísticos
sobre a pesca dessa espécie, naquela região. As
causas de seu desapa reci me nto dos açudes do
Nordeste fo ram a pesca predatória, em ple na
época de reprodu ção, e o uso de equipamentos
inadequados .

• Sistemas intensivos - a piscicultura do pirarucu


é faci litada, e m pa rte, po r suas característi cas
de ru sti cidade, respiração aé rea, elevada ve lo-
cidade de crescime nto, alcança ndo perto de
10kg num ano, e a qual idade de sua ca rne. O
seu regi me carn ívoro (ver ali mentação), por
o utro lado, pode se r a te nd ido através da
co nsorciação com anim ais domésti cos (Fig. 20).

57
20. Con.ó,cio d. ~::~~~ ".
piociwltu.o do ~

Nas regiões Norte e Nordeste, a diversi-


ficação das atividades nas propriedades rorais
favorece a piscicultura desse pei)(e consorcia-
da com animais domésticos. OdesenvolYimento
dessa atividade, porém, necessita de maiofes
jrlCeflÚVO§ do Governo, via progranas especiais.

"
I Coleç60 CRIAR I

A consorciação é viável , tanto na


piscicultura extensiva quanto na intensiva. No
primeiro caso, usam-se açudes existentes
(utilizados como bebedouros, para irrigação,
etc). No segundo, os açudes precisam ser
construídos para a produção exclusiva de peixes.

De modo geral, as fazendas de pecuária


possuem açudes que, com freqüência, servem
apenas de bebedou ro para o gado. Como
recebem fertilização orgânica dos bovídeos e
apresentam expressiva população de peixes
nativos de baixo va lor comercial, podem
perfeitamente ser utilizados na produção desse
peixe (Fig. 21).

Além dos bovinos e bubalinos, a consor-


ciação pode, ainda, serfeita com suínos e aves
cujos dejetos, também, desenvolvem a flora
aquática dos açudes, fornecendo alimento aos
peixes Nforrageiros" que, por sua vez, servirão
de alimento para os pirarucus (Figs. 22 e 23).

59
'"
flG.
oulnoo com ~::::t;;;

"
I Coleçóo CRIAR I

Produção, Beneficiamento e
Comercialização
A produção de pescado na Amazônia
baseia-se, em sua totalidade, na pesca artesana l.
Dados da SUDEPE, referentes a oito municípios
amostrados, revelam que o Estado do Amazonas
produziu, em 1981 , 83,5tdo produto seco-salgado,
que é a forma mais comum de cons umo do
pirarucu na Amazônia. Entretanto, no mesmo
ano, foram exportadas para outros Estados, 686t
desse produto. Isso evidencia não a falta de
hábito do amazonense em consumir o pescado
seco-salgado, e sim a deficiência da estatística
pesq ueira na região.

o
produto seco-sa lgado, atua lme nte
elabo rado na Amazônia, apresenta péssima
qualidade, com alta oxidação, baixo teor de
cloreto de sódio, alto teor de umidade e a
presença de coloração verme lha, vu lgarmente
denominada "vermelhão",

62
I Coleção CRIAR I

Embora de fácil execução, o processo de


salga realizado na Região Amazônica é total-
mente empírico, sem nenhuma técnica e sem
critérios de higiene e sanidade, a partir da cap-
tura até o proce.ssamento, embalagem e trans-
porte, o que o caracteriza como um produto de
péssima qualidade. Após a captura, o pirarucu
é salgado e posto ao sol, para secar em va rai s,
sendo posteriormente vendido ou trocado por
gêneros de primeira necessidade. A produção
que chega aos entrepostos de comercial ização
é novamente colocada ao sol para secar e, em
seguida, embalada em sacos de fibra de juta,
geralmente para fins de exportação.

A salga é um processo de preservação


baseado na penetração de cloreto de sódio no
tecido do pescado. Quanto maior o conteúdo
de S31 nos tecidos do pescado, maior seu tem-
po de co nservação. Este é proporcional à con-
centração inicial de sal e ao período de cura.

63
Cole1;ÓO CRIAR [

Na salga seca o tempo de cu ra é importante, no


que diz respeito à deterioração oxidativa do
pescado, pois este fica exposto ao oxigênio do
meio ambiente, favorecendo a oxidação das
gorduras, razão pela qual esse método é geral-
me nte empregado para pescado magro, com
conteúdo de gordura não superior a 1%. A sal-
ga úmida é recomendada para pescado gordo,
ou seja, com teores de gord ura superiores a 1,5
ou 2,0%.

Na salga do pirarucu, o pescado é de-


sembarcado várias horas após sua captura,
quando é removida sua pele, diretamente
sobre o solo, sem nenhum preparo prévio de
limpeza. Em seguida, as "mantas" (filés) são
separadas da coluna vertebral, da cabeça e das
vísceras por cortes longitudinais, di vididas e
subd ivididas até espessuras de 3 a 4cm, man-
tendo a ventrecha (região ventral do peixe) e o
fi lé juntos. Essa operação é feita em varas

64
Coleção C RIAR I

este ndid as ho ri zo nta lm ente, a um a a ltura


co nveni ente ao pescador. A seguir, faz-se a
lavage m no ri o o u lago próx im os, se m a
preocupação com a higiene do produto que fica,
geralmente, com restos de coágulos e sujidades
adquiridas do solo.

A salga seca é reali zada sem nenhum


critério téc nico, podendo o pescado r usa r 10%
de sa l em relação ao peso da manta e, às vezes,
até menos, sem leva r em consideração o tempo
de cura que geralmente é reali zada em período
curto, não dando tempo para um a penetração
uniforme do cloreto de sódio no músc.:ul o e,
conseqüentemente, elimin ação da um idade.

o pescado salgado deve con ter um a


percentagem de cloreto de sódio de 12 a 18% e
umidade da ordem de 35%, conforme regulamento
do Departamento de Inspeção de Produtos de
Origem Animal - D IPOA, atualmente Secretaria
de Inspeção de Produtos Animal - SIPA.
65
I Coleç60 CRIAR

A secagem natural é considerada um dos


métodos mais primitivos de conservação de ali-
mentos, consistindo no processo de remoção
de água do produto, mediante a utilização de
energia proveniente da radiação solar ou ener-
gia própria do ar.

É um processo lento e depende das


condições climáticas da região que ditam a
capacidade e tempo de secagem, assim como a
qua lidade do produto final. Como essas varia-
ções climáticas são sazonais e diferentes entre
regiões, a técnica de secagem natural é altamen-
te imprevisível.

As a ltas temperaturas do cli ma tropi cal


da Amazônia, a alta umidade re lati va, a baixa
velocidade do ar, as altas preci pitações plu viais
e a insolação ins uficiente criam condições
desfavoráveis à secagem de alimentos, propici-
ando, inclusive, o desenvolvimento de microor-
ga nismos, até mesmo em produtos salgados,
66
I Coleç60 CRIAR

leva ndo-os à deterioração antes de atingir o


va lor mín imo de umidade, necessári o à sua pre-
servação, em temperatura-ambiente.

O Estado do Amazonas conta, atualmen-


te, co m três entrepostos que receberam , em
19 81 , aproxim adamente 729t de pescado
seco-sa lg ad o e ex portar am 685t para os
Estados do Pará, Cea rá e Bahia, comerc ializa ndo,
no mercado inte rno, apenas 984kg (Tabe la 1).

TABELA 1. Pr odu 4j ão e comercializa4jão de


pirarucu seco- salgado pelos entre -
postos do Estado do Amazonas.
Quantidade
Destino (kg) (%)
Amazo nas 984 0, 14
Cearó 5 1.1 50 7,46
Ba hia 57.000 8,31
Paró 576.880 84,09
Total 686.01 4 100,00
f onte: SUDEPE . AM ( 1961 )

67
I Coleç60 CRIAR

A comercialização avu lsa é controlada


pelo desembarque nos sete principais municí-
pios produtores de pescado do Estado do
Amazonas. Conforme mostra a Tabela 2, a pro-
dução de pescado salgado e seco-salgado, em
1981 , totalizou 83.499 e 984.060kg, respecti-

TABELA 2. Produçõo de pescado salgado e


seco-salgado nos principais munl-
dpios produtores do Estado do
Amazonas.

Quontidode (kg)
Município Salgado Seco-salgado
Moués 14.031 3.292
Itocootioro 29.788 1.645
Porintins 10.794 845
Tobotingo 3.700 614.076
Monocopuru 1.061 368
Tefá 24.125 222.434
Coari 141.400
Total 83.499 984.060
Fonte: $UOEPE - AM (198 1)

68
ColeçOo CRIAR I

vamente, nesses municípios. Tabatinga foi res-


ponsável por cerca de 81 % do pescado seco-
salgado produzido e utilizado no mercado in-
terno.

A produção total de pescado seco-


-salgado, em 1981, foi de 2.712,6t, não muito
superior à de 1970, de 2.121 t.

Acredita-se que a produção anua l de


pirarucu salgado e seco-salgado seja bem su-
perior à encontrada nas informações oficiais,
pois embarcações de carga e transporte de pas-
sageiros levam os produtos para Manaus sem o
devido controle. O mesmo acontece com a pro-
dução consumida pelas populações de outras
cidades do interior ou pelos ribeirinhos.

No Estado do Pará, o principal municí-


pio de desembarque de pirarucu é Santarém,
que vem apresentando crescentes va lores nos
69
I Col'"i ão CRIAR I

últimos anos. Essa produção provém, também,


dos municípios próximos e é comercializada nas
mais diferentes formas (frescal , fresco e seco·
salgadol. A Tabela 3 mostra a produção desse
pescado no período 1992/ 1994.
A importação de pescado seco-salgado,
no a no de 1981 , atingiu 165,3t vindas de outros
países, principalmente da Noruega ou Itália,
sendo o bacalhau o principal produto na pauta
de impo rtação daque le ano.
A comercialização do pirarucu seco·sal·
gado é regulamentada pela proibição de venda

TABELA 3 . Desembarque de plrarucu no MunI-


cípio de Santarém, Pará, no período
de 1992/ 1994.
Produçóo Ano
1992 1993 1994
Totol 14.943 20.129 22.735
(Fonte: IBAM.A/1ARA)

70
I Cole~õo CRIAR

da manta (filé) com comprimento inferior a 1 m,


segundo portaria da SUDENE, de n' 02 1, de 30
de novembro de 1976.

As Tabelas 4 e 5 apresen tam as caracte·


rística s corporais e a composição química des-
se pescado.

TABELA 4. Características corporais do plrarucu


e composição química de seu filé,
In nQturQ.

Pa râmetro Média
Comprimento (em) 132,50
Peso (kg) 21,80
Umidade (g%) 79,78
Proteína (g%) 18,32
Gordura (g%) 0, 18
Cinza (9%) 1,72
f onte: Dias, 1983

71
Coleçõo CRIAR

TABELA 5. Composição química da ventrecha do


pirarucu1 In natura.
Parâmetro Média (%)
Umdade 76,89
Proteína 18,22
Gordura 3,20
Cinza 1,69
Total 100,00
Fonte: Dias, 1983

Aspectos Econômicos
A Tabela 6 mostra os aspectos de
produtividade e rendimento econômico,
comparando o pirarucu com diferentes
espécies criadas racio nalmente.

Culinária e Receitas
o pirarucu é um pei xe muito apreciado
na culinária (Fi g. 24) e requer alguns cuidados

72
Coleção CRIAR

TABELA 6. Produtividade e rendimento econô-


m ico de diferentes animais criados
racionalmente, em R$ 1, 00, em
31.03.95.
Porómet", 8Vfala ao.;~ o.;~
"~~ Tambaqui
Prod"'õvidade
(kglha/ano)
R.nd;merlla de carne
8.000 5 .600 "O 390 '50

""
Pradt.AMda<:I. de corro.
(kaJhalano)
va lo< ul'litória da kg
57

4.560
50
2.800
50

2"
"
203 ..."
111.$1 ,00) 3.00 1.50 0,70 0.80 0 .80
Vgb.d. ...... ,.~
(RS$ I ,O) 13.680,00 4.200,00 157,50 162,40 115,'20

,.,
"""""- ............ 100 30,70 1, 15 1,18 0,84
Fonte: Imbi riba , E. T. e t .. I., 1994
uSS 1.00 - R$ 0,90

em seu preparo, dependendo mu ito de como


se apresenta, podendo ser fresco, frescal (com
baixo teo r de sal), ou seco-salgado. Em se tra-
tando de seco-salgado, recomenda·se deixá-lo
por doze horas de mo lho, no mínimo, trocando
a água sempre que possível, para retirar o ex-
cesso de sal. O frescal não precisa ficar mu:to
73
tempo de molho, dependendo do paladar de
quem o prepara. Ao pirarucu fresco, o sal só é
adicionado na hora do preparo, a gosto.

o pirarucu pode, também, ser usado no


fabrico de lingüiça. O peixe ~ ser fresco,
cortado e m filés recortado em pequenos

"
Coleção CRIAR I

pedaços e depois, colocado numa mistura de


água, sal, limão ou vinagre, porquinze minutos.
Em seguida, escorre-se a salmoura, prensa-se a
carne para retirar a água e misturam-se os
temperos. A cada' Okg de peixe, adicionam-se
500g de toucinho defumado, 400g de sal, 20g
de pimenta-do-reino, 20g de colorau, 40g de
goma, 20g de cominho, , cabeça de alho e 3
maços de cebolinha. O ensacamento é feito em
tripas de boi, porco ou carneiro, que devem ser
lavadas com limão, enchidas de ar e postas a
secar. Depois de cheias, devem-se fazer amarras
a cada quinze centímetros, com linha comum
e furar os locais com bolhas de ar. As lingüiças
são cozidas em água fervente, durante quinze
minutos e, em seguida, mergulhadas em água
fria, a fim de ajudar na conservação e dar maior
consistência. A lingüiça de pirarucu é um
produto de ótimo sabor, simples e fácil de
preparar, além de ser econômica, podendo servir
de alimento durante a época de entressafra.
75
I Coleç60 CRIAR I

Pirarucu à Delícia
Ingredientes: SOOg de pirarucu, 1OOml de leite
de coco, 100ml de molho de tomate, SOg de
ervilha, 50g de azeitona-preta, duas colheres
(sopa) de azeite de oliva, 10g de salsa, 30g de
alho, um pimentão, um tomate e uma cebola,
pequenos.

Modo de preparar: cozinhar a posta do pesca-


do. Em seguida, colocar o peixe cozido numa
travessa. Levar uma frigideira ao fogo com azeite
de oliva, alho picado, pimentão, tomate e
cebola - tudo cortado miudinho -, juntamente
com molho de tomate, leite de coco e ervilha.
Cobrem-se as postas com o molho resultante,
adicionam-se as azeitonas e a salsa. Rendimento:
seis porções.

76
I Coleç60 CRIAR I

Pirarucu ao Forno
Ingredientes: 500g de filé de pirarucu, uma xí-
cara (chá) de leite, sal a gosto, uma xícara (chá)
de farinha de trigo. Molho: três xícaras (chá) de
leite, quatro colheres (sopa) de amido de milho
(Maizena), uma colher (sopa) de margarina, 50g
de queijo ralado e sal a gosto.

Modo de preparar: deixe os filés de molho no


leite com sal, por cinco minutos. Tire do leite e
passe na farinha. Frite em óleo quente, dourando
dos dois lados. Retire e coloque sobre o papel
absorvente. Molho: misture os ingredientes do
molho numa panela, reservando duas co lheres
(sopa) do queijo ralado. Leve ao fogo, mexendo
sempre, até engrossar. Coloque o peixe numa
travessa refratária e espalhe o molho por cima.
Polvilhe com queijo ralado e leve ao forno
quente, por quinze minutos. Sirva quente.
Rendimento: seis porções.
77
Colaçllo C RIAR I

Bolinhos de Pirarucu
Ingredientes: 500g de pirarucu, 250g de bata-
tas cozi das, três ovos com as cl aras e gemas
separadas, sal e pimenta-da-rei no a gosto, duas
co lheres (sopa) de salsinha picada, 250g de fa-
rinh a de rosca, ó leo para fritar.

Modo de preparar: deixe o pirarucu de molho


por doze horas. Cozinhe com a água em que
fico u de mo lho. Escorra e passe na máquina de
moer ou co loque num pano e esfregue até fi car
bem desfiado. Misture co m as batatas amassa-
das. Junte as gemas, a salsinha, tempere com
sal e pi menta-do-rei no. Acrescente as cl aras
bati das em neve. Ret ire às co lheradas. Fo rme
bolin hos (passe 6 leo, mante iga ou fa rin ha nas
mãos para facili tar o manuseio) e passe na fa ri -
nha de rosca. Fri te em ó leo não muito quente e
escorra com escu madeira, coloca ndo-os em
papel absorvente antes de servi r. Rendimento:
quinze a 20 boli nhos.

78
t ColeçOO CRIAR I

Moqueca de Pirarucu
Ingredientes: 1 kg de postas de pirarucu fresco,
duas cebolas grandes, dois pimentões e quatro
tomates, co rtados em rode las, sal e pimenta a
gosto, quatro raminhos de coentro, uma xícara
(chá) de azeite-de-dendê, uma xícara (c há) de
leite de coco, meia xícara (chá) de água e dois
limões.

M odo de preparar: tempere as postas com sal,


pimenta e o suco dos limões. Coloq ue a metade
das postas numa pane la e cubra com a metade
da cebola, tomate, pimentão e coentro. Ponha
as postas restantes e cubra tudo com os legu mes
que sobraram. Regue co m o le ite de coco,
misturado com meia xícara (c há) de água e o
azeite-de-dendê. Cozin he com a panela
tampada, até o peixe ficar macio. Sacuda a
panela de vez em quando, para não grudar no
fundo. Rendimento: seis porções.
79
I Coleç60 CRIAR I

Filés de Pirarucu
Empanados e Fritos
Ingredientes: 700g de filé de pirarucu, uma xl-
cara (chã) de fa rinha de trigo, sal e pimenta-do-
reino a gosto, um ovo, dez co lheres (sopa) de
leite ou água e leite, e ó leo para fritar.

..
Modo de preparar: numa tigela, misture uma
xícara de farinha de trigo com sal, faça uma cova
e quebre o ovo dentro. Junte o líquido, batendo
até obter uma mistura lisa e cremosa. Esquente
o óleo até marcar 1 77 a 188 O( no termômetro
ou até que um cubo de pão fique dourado num
minuto. Passe os filés em farinha de trigo tem-
perada com sal e pimenta a gosto e depois na
massa preparada. Em seguida, quando o óleo
estiver quente, coloque-os no óleo e frite dois
filés dE:: cada vez, para não abaixar a tempera-
tura do ó leo. Frite-os até que estejam dourados.

80
I Coleç60 CRIAR I

Retire os filés e coloque-os para que escorram


bem sobre toalhas de papel. Mantenha-os
quentes, enquanto frita os restantes. Rendimento:
quatro porções.

Filé de Pirarucu à Milanesa


Ingredientes: 800g de filé de pirarucu, um ovo,
du as colheres (sopa) de água, sal e pimenta-do-
reino a gosto, três quartos de xícara (chá) de
farinha de rosca e óleo.

Modo de prepara r: corte o filé em porções


iguais. Num prato fundo, bata com o garfo o
ovo, a água, sal e pimenta a gosto. Coloque a
fa rinha de rosca sobre uma folha de papel de
lanche. Passe cada porção primeiro na mistura
de ovo e, em seguida, na farinha de rosca, to-
mando cuidado de envolvê-Ias bem. Aqueça
bastante óleo, numa frigideira e cozinhe o

81
I Colec;60 CRIAR

pirarucu em fogo médio, virando-o uma vez


(adicione mais óleo se for preciso). Escorra
sobre papel absorvente. Rendimento: quatro
porções.

Pirarucu ao Vinagrete
Ingredientes: 1kg de postas de pirarucu, meia
xícara (chá) de farinha de rosca, ó leo para fri-
tar, sa l e pimenta-da-reino a gosto. Ingredientes
para o vinagrete: meia xícara (chá) de azeite de
oliva, um terço de xícara (c há) de vinagre, uma
co lher (sopa) de açúcar, quatro tomates, duas
cebolas, um pimentão verde e um pimentão
vermelho, todos cortados em rodelas, e meia
xíca ra (c há) de azeitona preta picada , sal e
pimenta-da-reino a gosto.

Modo de preparar: nu ma tigela , tempere as


postas de peixe com sa l e pimenta -da-reino.

82
Coleç60 CRIAR

Passe-as na farinh a de rosc a. Numa panela


média, aqueça o ó leo e frite o pei xe em fogo
bai xo para que fiq ue cozido, mas não fique
duro e ressecado. Escorra em papel absorvente.
Prepare o vi nagrete numa tigela média, jun tan-
do o aze ite de oli va, o vinagre, o açúcar, o sal e
misture bem. Acrescente o tomate, a cebola, o
pimentão e a aze itona. Numa travessa, arrume
ca madas de peixe, altern ando-a com o molho
v inag ret e (a ú lti ma ca m ad a dever se r de
vi nagrete). Cubra com film e pl ásti co e leve à
geladeira de um d ia para ou tro. Retire 30 minu-
tos antes de servir. Rendimento: oito porções.

Pirarucu Assado
Ingredientes: 1 kg de pirarucu, 1OOg de azeito-
na, uma xícara (chá) de azeite de oli va, uma
xíca ra (chá) de vinho do porto, três ovos e um
maço de al face para decorar.

83
Coleção CRIAR

Modo de prepa ra r: coloque o peixe numa


assadeira contendo o azeite de oli va e o vi nho
e leve para assar em forno quente, tendo o
cuidado de regar de vez em quando, com o
molho da própria assadeira. No momento de
servir, coloque numa travessa guarnecida com
fol has de a lface e enfeite por cima com a
azeitona e ovo cozido, cortado em rode las.
Re ndimento: quatro porções.

Pirarucu Cozido
Ingredientes: 1kg de pirarucu, uma xícara (c há)
de azeite de oliva, uma colher (so pa) de
vinagre, oito batatas, cinco cebolas, dois
tomates, três ovos, 10g de salsa e sal a gosto.

Modo de preparar: nu ma caçarola, coloque o


azeite de oliva, o vinagre, um pouco d'água, o
sal, as cebolas inteiras, os tomates e a salsa,
84
I ColeçOo CRIAR I

cortados em pedaços, e as batatas descascadas.


Leve tudo ao fogo, e quando estiver cozido,
adicione o peixe, que já deve estar tratado e
temperado. Deixe coz inhar ligeiramente para
não ficar desfeito. À parte, cozinhe os ovos,
descasque e junte ao peixe. No momento de
servir, co loque numa travessa, adicionando as
cebolas, as batatas e os ovos ao redor, com um
pouco do molho por cima. Rendimento: seis
porções. .

Pirarucu Frito
Ingredientes: 1kg de pirarucu, 1OOg de farinha
de trigo, 200g de banha, ou uma xicara (chá)
de aze ite de oliva, sal e pimenta-do-reino a
gosto, fo lhas de alface para enfeitar e molho
picante.

Modo de preparar: tempere o peixe a gosto,


com sal e pimenta-da-reino. Corte em postas,

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Coleç60 CRIAR I

passando-as na fa rinh a de tri go e, depois, frite


na ba nha, ou aze ite de o li va bem qu en te.
Depois de fritas, coloq ue num prato fo rrado com
papel absorvente, para dese ngordurá- Ias. No
mo men to de se rvir, uti lize um a tra vessa
guarn ecida co m fo lhas de al face. Sirva co m
mol ho pica nte. Rendimento: quatro porções.

Pirarucu à Nortista
Ingredientes: 1 kg de pirarucu, meia xícara (chá)
de azeite de oli va, um coco, um a cebola, três
tomates, três cebolinhas, sal, 1Og de salsa e 250g
de fari nha de mandioca.

Modo de preparar: tempere o peixe a gosto,


corte em postas, ou deixe inteiro. À parte, tome
uma caçaro la, coloque o le ite de coco e duas
xíca ras (c há) de água morn a, o azeite de 01iva,
a cebola, os tomates, as cebolinhas e a sa lsa,

86
I Coleção CRIAR

cortados em pedaços, e leve tudo ao fogo,


mexendo continuamente com uma colher e
regando com O molho, até que comece a
ferver. Tampe então a caçarola e, quando
estiver cozido, retire do fogo. No momento de
servir, disponha numa travessa e sirva com pirão
de farinha de mandioca feito no fogo, com O
molho em que o peixe foi cozido, adicionan-
do, se for preciso, um pouco mais de leite ele
coco. Rendimento: cinco porções.

Suflê de Pirarucu
Ingredientes: 500g de filé de pirarucu, 250g de
batatas, 1OOg de queijo parmesão ralado, 50g
de manteiga, 50g de farinha de rosca, seis ovos,
meia xícara (chá) de leite, molho branco e sal a
gosto.

Modo de preparar: cozinhe o pirarucu em água


fervendo e, depois, escorra e tire as espinhas.

87
I Col eç60 CRIAR

Em seguida, passe na máquina de carne e junte


as batatas - anteriormente cozidas, descascadas
e passadas no espremedor - o leite, a manteiga,
as gemas e as claras em neve. Misture tudo,
tempere com sal e despeje em fôrma untada com
manteiga. Polvilhe por cima com a farinha de
rosca e leve ao forno para assar. No momento
de servir, desenforme, ponha numa travessa e
sirva com o molho branco. Rendimento: cinco
porções.

Pirarucu à Portuguesa
Ingredientes: SOOg de pirarucu, 200g de bata-
tas, 100g de azeitonas, meia xicara (chá) de
azeite de oliva, um pão dormido descascado,
três ovos, três cebolas, três pimentões, duas
cebolinhas e salsa.

Modo de preparar: corte o pirarucu em peda-


ços. Em seguida, coloque numa caçarola com
88
Cole~ 60 CRIAR

um pOUCO de azeite de oliva, cebola e


salsa, leve ao fogo e refogue. À parte, corte o
pão em fatias delgadas e frite em azeite de oliva
bem quente. Descasque as batatas, cozinhe em
água fervendo com sal e corte em rodelas. Tome
o azeite de oliva restante, coloque numa caça-
rola, junte os pimentões e as cebolas cortadas
em rodelas, a salsa e as cebolinhas picadas e
leve ao fogo para refogar. Cozinhe os ovos, des-
casque e corte em rodelas. Depois de tudo isso
feito, tome uma caçarola grande e arrume na
seguinte ordem: uma camada de pirarucu, uma
de fatias de pão, uma de batatas, uma do refo-
gado, uma dos ovos cozidos e azeitonas, de-
vendo a última camada ser de pirarucu. Leve
então, a caçarola ao forno quente e, quando a
última camada de pi.rarucu estiver cozida, reti -
re a caçarola do forno. Sirva na mesma vasilha.
Rendimento: quatro porções.

89
I Cole~60 CRIAR

Pirarucu à Espanhola
Ingredientes: 500g de filé de pirarucu, 500g
de batatas grandes, 250g de cebolas, 250g
de tomates redondos, az eite de oliva, sal ,
pimenta-do-reino.

Modo de preparar: escalde o pirarucu em água


fe rvendo e depois ti re as espinhas e corte-o em
pedaços, tempere com sal e pimenta, frite a
seguir em azeite de oliva bem quente. À parte,
corte a cebola em rodelas finas e ponha os
tomates e os pimentões em água quente para
tirar a pele, os quais são, também, cortados em
rodelas. Tome uma forma que possa ir à mesa e
arru me da segu inte manei ra: uma camada de
pirarucu, outra de batatas cozidas e cortadas
em rodelas, um a de cebolas, uma de tomates,
uma de pimentões, e assim por diante, até a
última camada de pirarucu. Regue tudo com
azeite de oliva, coloq ue uma tampa-forma,

90
ColeçOo CRIAR I

ajuste bem e leve ao forno para assar. Sirva na


própria foona, com salada de alface. Rendimento:
cinco porções.

Pirarucu de Casaca
Ingredientes: 500g de pirarucu seco, 250g de
batata cozida miúda, uma colher (chá) de
colorau, uma lata de ervilha, 50g de azeitonas,
dois tomates, duas cebolas, dois pimentões, 20g
de cheiro-verde cortado miudinho, banana -
comprida (pacovan) frita cortada em quadra-
dinhos, 50g de ameixas, 50g de passas sem ca-
roços, um dente de alho, três colheres (sopa) de
vinagre, 200ml de leite de coco, azeite de oli va,
250g de farinha de farofa e três ovos cozidos.

Modo de preparar: cozinhe o pirarucu, desfie e


frite-o depois no azeite de oli va com cebola,
alho e colorau. Frite as bananas em quadra-
dinhos. Depois de frias, acrescente as ameixas

91
I Coleç60 CRIAR. I

e as passas. Faça uma salada com aze ite de


o liva, vinagre, batatas, azei tonas, ervilhas e as
ve rduras. To rre a fari nh a . De pois de fria,
ensope-a com lei te de coco. Depois, misture
num a travessa os seg uintes co mpone ntes:
farinh a, piraru cu, verduras, banan a, ameixa,
passa e os ovos para enfeitar.

92
l Col eção CRIAR I

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