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Então, neurose é um modo de defesa contra a castração, Existem 3 maneiras de se defender contra o gozo intolerável:
decorre do recalque. O neurótico é submetido a castração e
ao édipo, utilizando basicamente o recalque. Ele simboliza a 1) Sofrer neuroticamente, segundo o modo obsessivo, é sofrer
castração, tem a marca do édipo. conscientemente no pensamento, isto é, deslocar o gozo
inconsciente e intolerável para um sofrimento no pensar.
Ser neurótico é uma maneira de se defender transformando a
dor da angústia num sofrimento sintomático para não 2) Sofrer como fóbico é sofrer conscientemente com o mundo
sucumbir a um gozo inconsciente intolerável. Ele aceita a que nos cerca, isto é, projetar para fora, para o mundo externo,
castração se submetendo a ela, mas desenvolve uma o gozo inconsciente e intolerável, e cristalizá-lo num elemento
nostalgia sintomática diante da perda sofrida. do ambiente externo, então transformado no objeto ameaçador
da fobia.
Ao passo que na fobia, esse estado emocional é sempre de Embora Freud faça inúmeras distinções entre neurose e
angústia, de medo, que não deriva de qualquer lembrança. psicose, ressalta que a irrupção tanto de uma quanto da
Nas fobias evidencia-se o estado emocional de angústia, que outra patologia deve-se a mesma etiologia: a privação. Ou
por uma espécie de processo seletivo, traz à tona todas as seja, “a não-realização de algum daqueles desejos da
representações adequadas para se tornarem alvo de uma infância, sempre indomáveis e tão profundamente enraizados
fobia. na nossa organização psíquica. Dessa forma, o desencadear
para a neurose ou para uma psicose dependerá do
posicionamento do eu diante dessa privação.
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Se diante de uma situação tensional originária de um conflito Na neurose, a fuga é utilizada para evitar uma parte da
ele permanecerá fiel à realidade externa e tentando, de realidade, na psicose essa parte é reconstruída ... a neurose
alguma forma, silenciar o id; ou, se o eu se deixa dominar não renega a realidade, ela somente não quer tomar
pelo id e desprende-se da realidade. Dessa forma, Freud conhecimento dela; a psicose renega-a e procura substituí-la”
concebe então que na neurose há uma preservação da
realidade e na psicose, a perda da realidade estaria colocada
de antemão.
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É, pois com referência a não captação da castração materna Freud propõe ser a psicose fruto de um distúrbio na relação
que a psicose será então pensada, cujo efeito imediato é a do ego com o mundo externo, cujo resultado ressoa sobre a
ausência da anterioridade paterna. dinâmica de o sujeito ser invadido por um real de
acontecimentos que ele concebe como verídico, mas que os
Se na neurose temos um processo que ocorre a partir do outros não conseguem perceber. São construções delirantes
que visam dar um sentido subjetivo as ideias, sentimentos e
retorno do recalcado e que conduz à revelação do
inconsciente como formação simbólica, na psicose o abolido percepções que o invadem.
reaparece no real (no delírio).
Em geral, a psicose implica uma severa deterioração das Com as funções do ego lesadas, o sujeito psicótico mantém
funções egóicas de forma a causar prejuízo no contato do um contato restrito com o mundo exterior, como se este fosse
sujeito com o mundo externo, com a realidade. Nesta limitado ao seu universo interpsíquico de forma que se
estrutura, o Princípio do Prazer se sobressai em detrimento estabelece uma dinâmica na qual parece que o mundo é só
do Princípio de Realidade. seu.
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Como se dá, na subjetivação perversa, a posição do sujeito O termo perversão é bastante antigo e significa inversão,
frente à castração materna? Em primeiro lugar, teve acesso à sugerindo a noção de uma norma moral, ou de um
ausência de pênis no corpo da mãe, mas não se dispõe a comportamento natural, dos quais o perverso estaria se
fazer o reconhecimento da realidade captada uma vez que se afastando.
prontifica a desmentir (se opor, negar) a realidade de sua
percepção. Diante da angústia de castração adota uma outra Do ponto de vista freudiano, o funcionamento da perversão
saída, de modo a coexistirem nele, duas correntes na vida tem suas raízes na angústia de castração e com isso,
psíquica: uma que aceita a ausência de pênis no corpo da mobiliza permanentes mecanismos defensivos para
mãe e outra que nega. contorná-la, por exemplo, a recusa da realidade (desmentir a
diferença dos sexos) e a elaboração de uma formação
substitutiva (investir em outro objeto da realidade - fetiche).
É conveniente ressaltar que o processo defensivo não O sujeito na subjetivação perversa, apesar de não
implica, nessas circunstâncias, em uma anulação da reconhecer ter percebido a ausência de pênis na mulher,
percepção (processo que parece ocorrer na subjetivação afirma tê-lo visto à medida que cria para o pênis um
psicótica), mas em uma ação bastante enérgica para manter substituto, visando livrar-se da angústia de castração quando
desmentida uma percepção que se mostra sempre presente. soluciona essa falta, pela imposição do fetiche.
O fetiche é usado para tamponar a falta captada. É o modo Portanto, o perverso se subjetiva escolhendo uma posição
utilizado, pelo sujeito, para não reconhecer que captou uma em que desmente a castração materna e usurpa o lugar
falta no corpo da mãe. Desse modo, fica desmentida a referido a anterioridade paterna. Quer dizer, quando não se
castração materna. dispõe a reconhecer a falta no corpo da mãe, fica sem o
efeito da anterioridade paterna.
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Em outros termos, a criança se encerra na seguinte A perversão não é uma simples aberração sexual em relação
convicção contraditória: de um lado, a intrusão da figura aos critérios sociais estabelecidos e nem se restringe às
paterna deixa entrever para a criança que a mãe, que não formas psicopáticas ou manifestações bizarras.
tem o falo, deseja o pai porque ele o "é", ou porque ele o
Consiste numa presença inerente ao desejo humano que se
"tem"; por outro lado, se a mãe não o tem, talvez, no entanto,
ancora nas camadas mais primitivas do psiquismo, onde as
o pudesse ter? Para fazer isto, basta lhe atribuir e manter
memórias das vivências de satisfação infantis continuam a
imaginariamente essa atribuição fálica. É esta manutenção
alimentar e sustentar o desejo do adulto, permitindo que as
imaginária que anula a diferença dos sexos e a falta que ela
pulsões agressivas e destrutivas se atualizem.
atualiza.
O Perverso aceita a angústia de castração sob a condição de O perverso não se considera um doente e, portanto, fica
transgredi-la. Assim, ele se esgota em demonstrar, longe dos consultórios. Na maior parte do tempo, são sujeitos
regularmente que a única lei que ele reconhece é a lei respeitáveis em sua vida social, profissional e familiar,
imperativa do seu próprio desejo e não a lei do desejo do embora tenham, por outro lado, secretamente,
outro. O perverso não tem outra saída senão subscrever ao discretamente, uma vida paralela que não é vista.
desafio da lei e à sua transgressão, sendo esses os seus
traços estruturais. Ele transgride a norma porque sabe que
ela existe, mas não a aceita.
Referências do Sujeito