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Técnicas de Avaliação

Psicológica

Brasília-DF.
Elaboração

Renata Almeida Motta

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE ÚNICA
PSICOMETRIA......................................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 1
PSICOMETRIA: HISTÓRICO, CONCEITOS, REQUISITOS CIENTÍFICOS, UTILIZAÇÃO E
CARACTERÍSTICAS..................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 2
QUANDO E COMO UTILIZAR AS TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA ............................... 19

CAPÍTULO 3
INSTRUMENTOS PSICOMÉTRICOS............................................................................................. 22

CAPÍTULO 4
DECLARAÇÃO, PARECER, ATESTADO E LAUDO PSICOLÓGICO OU RELATÓRIO.......................... 63

CAPÍTULO 5
O PAPEL DO PSICÓLOGO PERITO NOS PROCESSOS JUDICIAIS................................................. 69

CAPÍTULO 6
TESTE DE PERSONALIDADE....................................................................................................... 73

PARA (NÃO) FINALIZAR.................................................................................................................... 102

REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 103
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos


conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos
da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional
que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-
tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

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Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
A avaliação psicológica é uma área controversa da psicologia, enquanto ciência e
profissão.

Ainda que haja críticas constantes de imperícia, mau uso de instrumentos, testes
inadequados para a realidade brasileira e laudos que favorecem indivíduos de forma
ilegal, verifica-se que, nas últimas décadas, a produção técnica e científica está
avançando bastante no país.

A teoria científica, técnicas, instrumentos, métodos, precisão, ética devem ser utilizados
de forma integrada para o desenvolvimento da avaliação psicológica.

É essencial avaliar e analisar as necessidades de avaliação psicológica no contexto


brasileiro seja para apoiar perícias judiciais, para liberações de habilitações, admissão
no serviço público, entre outros.

Pretende-se mostrar a importância da avaliação psicológica em determinados


contextos e como esta pode contribuir para uma sociedade mais equilibrada e saudável
emocionalmente.

Objetivos
»» Conhecer a psicometria, seu histórico, conceitos, requisitos científicos,
utilização e características.

»» Aproximar o aluno das técnicas de avaliação psicológica e interpretação


de resultados e contextos de aplicação.

»» Apresentar instrumentos psicométricos.

»» Estabelecer as diferenças entre documentos emitidos pelo psicólogo tais


como declaração, parecer, atestado e laudo psicológico ou relatório.

»» Apresentar o papel do psicólogo perito nos processos judiciais.

»» Apresentar ao aluno conceitos de testes de personalidade, contextos de


aplicação, limitações e padrões de avaliação.

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PSICOMETRIA UNIDADE ÚNICA

CAPÍTULO 1
Psicometria: histórico, conceitos,
requisitos científicos, utilização e
características

A psicometria nasceu da necessidade de determinação de características fundamentais


para avaliações decisivas por meio de instrumentos válidos e confiáveis.

Em seu sentido etimológico, psicometria é toda classe de medida em Psicologia


(GUTMAN, 1971).

Instrumentos psicológicos de medida precisam apresentar determinadas


características que justifiquem a confiança que é depositada nos
resultados que produzem. Para que possam ser considerados e tomados
como legítimos e confiáveis, precisam apresentar dados favoráveis de
fidedignidade e validade. (FIGUEIREDO 2012).

A estatística foi precursora e decisiva na elaboração da psicometria, pois possibilitou a


avaliação adequada das diferenças individuais das pessoas.

A psicometria deve ser definida como o ramo da psicologia que procura expressar
numericamente os fenômenos psicológicos ao invés da mera descrição verbal.

A teoria clássica dos testes, assim denominada por ser identificada com
as origens da psicometria, dá ênfase nas variáveis mensuradas, ou seja,
o foco é no comportamento e nas variáveis observadas. As pontuações
(os escores) são compostos pela soma dos valores que realmente
representam a dimensão que se pretende medir com valores que
indicam o erro cometido no processo de medida. Os resultados podem
ser representados por escores brutos ou padronizados e têm suas

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UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

análises e interpretações de confiabilidade e erro padrão de medida


calculados para a prova como um todo. (PASQUALI, 2009).

A Resolução no 2 do Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2003b) determinou


como requisitos mínimos e obrigatórios para todos os instrumentos de avaliação
psicológica a especificação do construto que o teste psicológico pretende avaliar,
a caracterização fundamentada na literatura da área e evidências empíricas de
validade, fidedignidade e das propriedades psicométricas dos itens.

A psicometria trabalha com o conceito fatorista de traço latente, que possui


também outras denominações: variável hipotética, variável fonte, fator, construto,
conceito, estrutura psíquica, traço cognitivo, processo cognitivo, processo
mental, estrutura mental, habilidade, aptidão, traço de personalidade, processo
elementar de informação, componente cognitivo e tendência. (PASQUALI, 1996).

Dessa forma, percebe-se que a psicometria enfoca como seu objetivo específico as
estruturas latentes e os traços psicológicos.

A psicometria concebe os seus sistemas como possuidores de propriedades ou atributos,


sendo estes atributos o foco imediato de observação ou medida.

A psicometria ainda considera que estes atributos são mensuráveis e considerados


dimensões. Segundo Pasquali (1996), trata-se do conceito de quantidade: os atributos
ocorrem com quantidade definidas e diferentes de indivíduo para indivíduo.

Mas como o comportamento representa os traços latentes?

A psicometria responde a esta questão pela análise de uma série de parâmetros que
os comportamentos devem apresentar. Tais parâmetros são mencionados a seguir
(PASQUALI, 1996):

»» Modalidade: em termos de conteúdo, os comportamentos podem ser de


tipo verbal ou motor.

»» Saturação: o comportamento humano se apresenta como multimotivado,


dado que fatores múltiplos contribuem para sua formação. Deste modo, é
possível dizer que somente parte do comportamento x representa o traço,
ele correlaciona com o traço. Mas esta covariação não constitui toda a
variância do x. Portanto, é importante descobrir o nível desta covariância

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Psicometria│UNIDADE ÚNICA

x e o traço latente em questão. Tipicamente tal covariância se expressa


estatisticamente por meio da sua carga ou saturação fatorial que pode
variar de zero a um (positivo ou negativo), sendo que, no caso de ser zero,
o comportamento seria uma representação equivocada, inadequada, do
traço.

»» Dificuldade (complexidade): um comportamento é mais difícil ou mais


complexo à medida que exige maior nível de magnitude do traço para ser
eficaz ou executado.

»» Discriminação: o poder discriminativo de um comportamento se define


como a capacidade que ele apresenta de separar (discriminar) sujeitos
com magnitudes próximas do mesmo traço.

»» Viés de resposta: há uma série de dificuldades que aparecem afetando


a qualidade da resposta do sujeito aos comportamentos, que provêm
de fatores subjetivos e que poderiam ser agrupadas dentro do conceito
de tendências. Tendência é uma atitude, consciente ou não, de o sujeito
responder de maneiras sistemáticas alheias ao conteúdo semântico
dos itens, ou seja, erros de resposta ao responder ao acaso, respostas
estereotipadas (nos extremos de uma escala ou no ponto neutro), respostas
em função de supostas expectativas dos outros (desejabilidade social) ou
em função de uma ideia preconcebida sobre o objeto de avaliação (efeito
de halo).

O parâmetro fundamental da medida psicométrica é a demonstração da


conformidade da representação, isto é, a demonstração do isomorfismo
entre a ordenação nos procedimentos empíricos e a ordenação nos
procedimentos teóricos do traço latente. Significa demonstrar que
a operacionalização do atributo latente em comportamentos de fato
corresponde a este atributo. Esta demonstração é tipicamente tentada
através de análises estatísticas dos itens individualmente e da escala em
seu todo. (PASQUALI, 1996).

Há dois tipos de análise de comportamentos: a análise teórica e análise empírica ou


estatística. A análise teórica dos itens visa estabelecer a compreensão dos itens por meio
da análise semântica e a pertinência dos mesmos ao atributo que pretendem medir.
Já a análise empírica, também chamada de análise de construto, procura verificar a
adequação da representação comportamental do(s) atributo(s) latente(s).

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UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

No caso da análise semântica, duas preocupações são relevantes: primeiro,


verificar se os itens são inteligíveis para o extrato mais baixo de habilidade
da população-meta e, por isso, a amostra para esta análise deve ser feita
com este extrato; segundo, para evitar deselegância na formulação dos
itens, a análise semântica deverá ser feita também comum à amostra
mais sofisticada, de maior habilidade da população-meta para garantir a
chamada validade aparente do teste. (PASQUALI, 1996).

Ressalta-se que a dificuldade na compreensão dos itens não deve se constituir fator
complicador na resposta dos indivíduos, dado que não se quer medir a compreensão,
mas sim a magnitude do atributo a que os comportamentos se referem.

A análise da dificuldade e da discriminação dos itens se faz em cima dos dados coletados
de uma amostra de sujeitos, utilizando-se de análises estatísticas. A dificuldade do
item é definida em termos da porcentagem ou proporção de sujeitos que dão respostas
corretas (testes de aptidão) ou de preferência (testes de personalidade) ao item.

A discriminação se refere ao poder que o item possui de diferenciar


sujeitos com magnitudes próximas do traço a que se refere. A dificuldade
envolvida na tarefa de avaliar o poder discriminativo dos itens consiste
na escolha dos sujeitos que servirão de base como grupos-critério que
o item deve diferenciar. A escolha dos critérios para efetuar a análise
da discriminação dos itens tem dependido, na prática, dos objetivos do
teste. Assim existem critérios externos e critérios internos ao próprio
teste cujos itens se quer analisar. Critérios externos para estabelecer
os grupos-critério podem ser, por exemplo, sujeitos psiquiátricos e
sujeitos não psiquiátricos para avaliar o poder de discriminação dos
itens em testes psiquiátricos, ou sujeitos que tiveram êxito e sujeitos que
fracassaram num curso de treinamento, ou, ainda, tipos de ocupações.
Enfim, trata-se de estabelecer grupos que se diferenciam em algum
comportamento definido como relevante com referência aos objetivos
do teste e verificar se os itens do teste são capazes de, individualmente,
diferenciá-los. (PASQUALI, 1996).

Utilizam-se também critérios internos ao próprio teste para definir estes grupos-critério.
Tipicamente é escolhido o escore total no próprio teste para determinar os grupos
extremos de sujeitos: grupo superior e grupo inferior. Em amostras grandes, selecionam-
se os 27% superiores e os 27% inferiores para comporem os dois grupos (KELLEY,
1939). Em amostras menores, este percentual deverá ser maior, visto que os grupos de
comparação devem apresentar um número suficiente de sujeitos para permitir análises
estatísticas válidas. De modo geral, algo em torno de 30% será adequado.

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Psicometria│UNIDADE ÚNICA

Existem dezenas de técnicas estatísticas para estabelecer o índice


de discriminação do item (ANASTASI, 1988), os quais produzem
basicamente resultados similares (OOSTERHOF, 1976). Os mais
utilizados são a análise da diferença de médias ou de percentagens dos
sujeitos que passaram (testes de aptidão, onde há respostas certas e
erradas) ou aceitaram (testes de personalidade, atitude) o item no
grupo superior vis-à-vis o grupo inferior, bem como coeficientes de
correlação, especialmente o coeficiente phi(ty) e a correlação bisserial.
(PASQUALI, 1996).

O índice D é um dos mais fáceis para ser computado, porque consiste simplesmente na
diferença de porcentagens de acertos no grupo superior e no grupo inferior. O índice D
tem que ser positivo, e quanto maior for, mais discriminativo será o item. Obviamente,
um D nulo ou negativo demonstra ser o item não discriminativo (PASQUALI, 1996).

Um índice de discriminação mais exato, embora mais laborioso de se conseguir, consiste


na análise da diferença entre as médias obtidas pelos grupos superior e inferior. Neste
caso, é necessário o cálculo das respectivas médias e de suas variâncias. O nível de
significância do teste ‘t’ pode ser verificado com exatidão em tabelas estatísticas próprias
(PASQUALI, 1996).

O coeficiente phi trabalha com dados dicotômicos, numa tabela de quatro cáselas, e
produz um valor que vai de -1 a +1, como qualquer coeficiente de correlação. O cálculo
deste coeficiente pode ser conseguido por meio das tabelas de Jurgensen (1947), para
o caso em que o número de sujeitos for o mesmo nos dois grupos de sujeitos, ou das
tabelas de Edgerton (1960), para o caso deste número ser diferente (PASQUALI, 1996).

O coeficiente bisserial de correlação (rb) utiliza as médias dos escores dos sujeitos que
passaram ou que não passaram o item. As formas de cálculo deste coeficiente podem
ser encontradas em livros de estatística (GUILFORD, 1973).

Independentemente da qualidade dos itens, a resposta pode ser desvirtuada


por fatores relativos ao sujeito e a como ele reage. Isto pode falsear os dados,
introduzindo correlações ilegítimas. Os erros podem ser classificados em três
categorias, em termos de suas causas:

»» cultura ou nível socioeconômico;

»» resposta aleatória;

»» resposta estereotipada.

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UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Muitas vezes, a causa de erros de resposta associados à cultura ocorre devido à


transferência e não preparação de instrumentos psicológicos para populações para as
quais eles não foram especificamente construídos e validados. Pessoas com habilidades
similares em um dado construto psicológico apresentam diferentes probabilidades de
êxito, caso sejam de culturas diferentes.

Angoff (1982) desenvolveu uma técnica de correção para este tipo de erro que consiste
em transformar as porcentagens de acertos em duas populações em valores delta e
plotá-los em coordenadas cartesianas.

No caso de as populações serem similares, esperam-se altas correlações entre as


respostas dos sujeitos de ambas as amostras, ou seja, resultados em um agrupamento
dos itens em cima ou ao longo da linha de 45° que passa pelo ponto de origem das
coordenadas.

Mas se as populações forem culturalmente diferentes, o índice geral de dificuldade dos


itens pode aparecer diferente nas linhas. Neste caso, os valores deltas não se agrupam
junto à linha de 45° e os pontos que definem os itens aparecem mais afastados desta linha.

A resposta estereotipada contém erros ou respostas tendenciosas


devidas às peculiaridades do sujeito que responde, sobretudo ocorrendo
em testes de personalidade e de atitude — são devidos a uma estereotipia
na resposta. Dois tipos aparecem salientes: a desejabilidade social e as
respostas sistemáticas. (PASQUALI, 1996).

A desejabilidade social corresponde a um traço de personalidade que afeta negativamente


a objetividade nas respostas de autorrelato. Edwards (1959) define a desejabilidade
social como “a tendência dos sujeitos em atribuir a si mesmos, em caso de autodescrição,
afirmações de personalidade com valores socialmente desejáveis e em rejeitar aquelas
com valores socialmente indesejáveis”.

Essa atitude não representa uma vontade de falsear os dados, mas é um


desejo inconsciente de se apresentar bem diante dos outros. O sujeito
não procura intencionalmente mentir sobre si mesmo, mas o faz sem
dar-se conta disso: quer simplesmente aparecer com bons olhos diante
dos outros. Esta tendência é tão comum que parece um traço universal
do ser humano. Ela é, igualmente, um problema praticamente sempre
presente em inventários de personalidade. (PASQUALI, 1996).

Uma das maneiras de controlar essa tendência tem sido a elaboração de uma escala de
desejabilidade e incluí-la no inventário como um traço a mais.

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Psicometria│UNIDADE ÚNICA

A resposta sistemática, por outro lado, representa erros de julgamento. Há uma série
deste tipo de erros de resposta: efeito de halo, leniência, tendência central, contraste,
proximidade etc.; de forma que estes erros precisam ser previstos e controlados.

O efeito de halo ocorre quando um avaliador tende a avaliar um indivíduo de modo


semelhante sobre todas as dimensões, sendo inversamente proporcional à variância
nas respostas (BORMAN, 1975), acarretando altas correlações entre diferentes fatores
(GILLINSKY, 1947; TAYLOR; HASTMAN, 1956) e reduzindo os desvios padrões
(BERNARDIN; WALTER, 1977).

O erro de leniência ocorre quando é dito “apenas coisas boas a respeito de todo o mundo”
(DUNNETTE, 1983). Estatisticamente, esta tendência gera uma mudança significativa
na média das avaliações na direção favorável de uma condição de avaliação para outra
(SHARON; BARTLETT, 1969).

A tendência central ocorre quando um avaliador hesita em proferir julgamentos


extremos e tende a colocar todos os sujeitos no centro da escala.

Erro de contraste consiste na tendência de as pessoas avaliarem os outros ao oposto


do que se avaliam a si mesmas, de forma que os outros se tornam o contraponto da
autoavaliação.

Segundo Pasquali (1996), existem algumas maneiras de contornar tais erros, eliminando,
por exemplo, o ponto central (neutro) da escala para inviabilizar a tendência central ou
eliminar aparte inferior da escala para descaracterizar a leniência.

A validade de construto de um teste pode ser trabalhada de duas formas: por meio
da análise da representação comportamental do construto e por meio da análise por
hipótese.

A validade do teste deve ser estabelecida pela testagem empírica da verificação


de hipóteses de acordo com metodologias científicas ao invés de apenas agrupar
intuitivamente uma série de itens e, só depois, verificar estatisticamente o que eles
estão medindo, de forma confusa.

Havendo confusão no campo teórico dos construtos, torna-se


extremamente difícil para o psicometrista operacionalizar estes mesmos
construtos, isto é, formular hipóteses claras e precisas para testar ou,
então, formular hipóteses psicologicamente úteis. (PASQUALI, 1996).

Duas técnicas podem ser utilizadas como demonstração da conformidade da


representação do construto: a análise fatorial e a análise da consistência interna.

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UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

A análise da consistência interna consiste essencialmente em verificar a


homogeneidade dos itens que compõem o teste. Assim, o escore total no
teste se torna o critério de decisão e a correlação entre cada item e este
escore total decide a qualidade do item. Sendo alta a correlação, o item
é retido. O índice alpha (a) de Cronbach é tipicamente utilizado como
indicador sumário da consistência interna do teste e, consequentemente,
dos itens que o compõem.

A análise fatorial tem como lógica precisamente verificar quantos


construtos comuns são necessários para explicar as covariâncias, ou
seja, as intercorrelações dos itens. As correlações entre os itens são
explicadas pela análise fatorial como resultantes de variáveis-fonte
que seriam as causas destas covariâncias. Estas variáveis-fonte são
os construtos ou traços latentes da psicometria. A análise fatorial
postula que um número menor de traços latentes (variáveis-fonte) é
suficiente para explicar um número maior de variáveis observadas
(itens). Assim, se, a partir de uma teoria, foi construído um teste que
mede um único traço latente, a análise fatorial pode verificar esta
hipótese, demonstrando se o tal teste de fato mede um único traço,
isto é, que a matriz de intercorrelações entre os itens pode ser reduzida
ou explicada adequadamente por um único fator. Neste caso, temos
uma demonstração empírica da hipótese de que o teste constitui uma
representação legítima e adequada do construto em questão, isto é, o
teste tem validade de construto. (PASQUALI, 1996).

Um teste tem validade de conteúdo se ele constitui uma amostra representativa de um


universo finito de comportamentos. Um teste é aplicável quando se pode delimitar
claramente um universo de comportamentos.

Para viabilizar um teste com validade de conteúdo, é preciso que sejam estabelecidos os
seguintes temas (PASQUALI, 1996):

»» definição do conteúdo;

»» explicitação dos processos psicológicos (os objetivos) a serem avaliados;

»» determinação da proporção relativa de representação no teste de cada


tópico do conteúdo.

O conteúdo necessita ser detalhado em termos de tópicos e subtópicos para apontar a


importância relativa de cada um destes dentro do teste. Esta definição deve ser tomada
antes da construção dos itens, a fim de garantir objetividade nas decisões.

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Psicometria│UNIDADE ÚNICA

A fidedignidade de um teste se refere a quanto os escores de um indivíduo se mantêm


semelhante em ocasiões diferentes.

A fidedignidade supõe que o traço que o teste mede se mantenha constante sob diferentes
momentos. Assim, o conceito de fidedignidade se refere ao quanto o escore obtido no
teste se aproxima do escore verdadeiro do indivíduo num traço qualquer.

A fidedignidade de um teste está intimamente ligada ao conceito da


variância erro, sendo esta definida como a variabilidade nos escores
produzida por fatores estranhos ao construto. A definição estatística
da fidedignidade é feita através da correlação entre escores de duas
situações produzidos pelo mesmo teste. Se o teste é preciso, esta
correlação deve não somente ser significativa, mas se aproximar da
unidade (cerca de 0,90). (PASQUALI, 1996).

Alguns fatores como distração e cansaço podem afetar negativamente os resultados de um


teste. No entanto, estes fatores dentre outros podem ser controlados experimentalmente
por meio da padronização das condições de testagem.

Padronização se refere à necessidade de existir uniformidade em todos os


procedimentos no uso de um teste válido e preciso, desde as precauções
a serem tomadas na aplicação do teste (uniformidade das condições
de testagem, controle do grupo, instruções padronizadas e motivar os
examinandos pela redução da ansiedade) até o desenvolvimento de
parâmetros ou critérios para a interpretação dos resultados obtidos. Em
seu sentido mais técnico de parâmetro psicométrico, a padronização
se refere a este último aspecto, isto é, como interpretar os resultados.
(PASQUALI, 1996).

De acordo com Pasquali (1996), um escore bruto produzido por um teste necessita ser
contextualizado para poder ser interpretado. Na verdade, qualquer escore deve ser
referido a algum padrão ou norma para adquirir sentido. Tal norma permite situar o
escore de um sujeito, permitindo:

»» determinar a posição que o sujeito ocupa no traço medido pelo teste que
produziu o tal escore;

»» comparar o escore deste sujeito com o escore de qualquer outro sujeito.

O critério de referência ou a norma de interpretação é constituído tipicamente por dois


padrões (PASQUALI, 1996):

»» o nível de desenvolvimento do indivíduo humano (normas de


desenvolvimento);

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UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

»» um grupo padrão constituído pela população típica para a qual o teste é


construído (normas intragrupo).

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CAPÍTULO 2
Quando e como utilizar as técnicas de
avaliação psicológica

A avaliação psicológica nasceu voltada para seleção de soldados nas grandes guerras.
No século XIX, surgiu também o interesse pela classificação, tratamento e treinamento
das pessoas mentalmente retardadas e insanas, sendo necessário para tanto, a adoção
de critérios para identificar esses casos (ANASTASI; URBINA, 2000).

A avaliação psicológica representa uma área central da ciência psicológica porque


permite a objetivação e a operacionalização de teorias psicológicas (TROMBETA, 2015).

A avaliação psicológica não é simplesmente uma área técnica produtora de ferramentas


profissionais, mas sim uma área da psicologia responsável pela operacionalização
das teorias psicológicas em eventos observáveis. Com isso, ela fomenta a observação
sistemática de eventos psicológicos, introduzido caminhos para a integração teoria e
prática (CAIXETA; SILVA, 2014).

A avaliação psicológica pode ser compreendida como processo técnico-científico


de coleta de dados, estudos e interpretação a respeito de fenômenos psicológicos
que são resultantes da relação indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para
tanto, de estratégias psicológicas, métodos, técnicas e instrumentos. (ESTRELA,
2006).

Considerando a necessidade do ser humano de conviver em sociedade, a avaliação


psicológica constitui uma habilidade importante para a própria sobrevivência,
capaz de interpretar o comportamento dos outros e, assim, possibilita a
realização das adaptações necessárias em seu próprio comportamento para se
inserir na comunidade.

Trombeta (2015) ressalta alguns contextos de aplicação e a importância de avaliações


seguras para garantir resultados confiáveis.

Com a diversificação das necessidades e das tecnologias de avaliação,


tornou-se necessária a existência de um perito na área: o psicólogo.
Realizar avaliações confiáveis é primordial, pois os resultados afetam
toda atividade humana, tomada de decisões importantes de impacto por
vezes definitivo na vida alguns dos indivíduos. Exemplos disso estão nas
avaliações psicológicas incluídas nos processos de seletivos para exercer

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UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

funções no ambiente de trabalho, em processos educacionais, para


obtenção de porte de arma e muitos outros contextos. (TROMBETA,
2015).

A avaliação psicológica é de uso restrito ao psicólogo profissional, considerando


que sua formação o habilita para essa finalidade.

Interpretação de resultados e contextos de


aplicação
A avaliação psicológica pode ser entendida como um processo de coleta de dados
técnico-científicos que visa descrever e classificar comportamentos usando para isso,
instrumentos psicológicos a fim de se obter um maior conhecimento do indivíduo
e consequentemente poder tomar determinadas decisões (PASQUALI, 2001;
WECHSLER, 1999; OTTATI et al., 2003).

A avaliação psicológica é um processo de construção de conhecimentos


acerca de aspectos psicológicos, com a finalidade de produzir, orientar,
monitorar e encaminhar ações e intervenções sobre a pessoa avaliada,
e, portanto, requer cuidados no planejamento, na análise e na síntese
dos resultados obtidos. (CFP, 2010a).

Distinta dos seus instrumentos de avaliação, a avaliação psicológica é uma atividade


mais complexa e constitui-se na busca sistemática de conhecimento a respeito do
funcionamento psicológico das pessoas, de tal forma a poder orientar ações e decisões
futuras. Esse conhecimento é normalmente gerado em situações que envolvem questões
e problemas específicos (PRIMI, 2010).

É importante salientar que todo e qualquer resultado de uma avaliação psicológica


pode interferir no processo decisório do profissional. Tais decisões trazem em si
possibilidades diversas, assim como limitações e impedimentos para o sujeito avaliado
(CAIXETA, 2014). Assim sendo, é preciso atentar para o fato de que em todos os lugares
onde a avaliação psicológica se faz presente, pode ser utilizada para ajudar pessoas ou
ser um instrumento de exclusão.

Os riscos de danos não são pequenos. Excessos e equívocos provocados


pelos profissionais ou vieses que atendem a interesses de pessoas,
grupos ou organizações precisam ser controlados e evitados, procurando
minimizar a perda de credibilidade que vem afetando a psicologia e os

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Psicometria│UNIDADE ÚNICA

psicólogos, principalmente aqueles envolvidos em processos avaliativos.


(TROMBETA, 2015).

Deste modo, a avaliação psicológica deve ser realizada com qualidade e competência,
a fim de contribuir para qualidade de vida e bem-estar de indivíduos, grupos e
organizações.

Dessa maneira, no âmbito da ciência do psiquismo, uma boa avaliação


psicológica significa colaboração – pelo diagnóstico, prognóstico,
intervenção – para o desenvolvimento de cidadãos justos como maneira
de um futuro de gerações saudáveis mentalmente. (CAIXETA, 2015).

Cabe ressaltar que a avaliação psicológica é muitas vezes confundida com testes
psicológicos. Segundo Caixeta (2015), trata-se de um reducionismo conceitual.
Apesar de os testes serem importantes e de grande valia, não são fins, mas são
meios.

A avaliação psicológica refere-se a um processo amplo. A testagem psicológica


deve ser vista como uma das etapas da avaliação.

21
CAPÍTULO 3
Instrumentos psicométricos

O homem buscou por muitos séculos compreender as diferenças individuais, os


comportamentos diferentes dos seres humanos, além de problemas mentais graves. Até
o início da compreensão desses fenômenos, o homem tentou explicar esses fenômenos
das mais variadas formas possíveis, até finalmente encarar esses processos como parte
da condição humana.

Nos séculos XVIII e XIX foram obtidos avanços nessas áreas, principalmente em
relação a procedimentos humanitários diante dos problemas mentais e das condições
dos locais que abrigavam esses indivíduos.

Na época a preocupação focou-se na mensuração das diferenças individuais. No século


XIX, conceitos e instrumentos aplicados nas humanas e exatas deram base aos testes
psicológicos.

Segundo Pasquali e Alchieri (2001), o desenvolvimento da testagem e da avaliação


psicológica no Brasil passou por cinco fases, tendo início na primeira metade do século
XIX:

»» período produção médico-científica acadêmica (1836-1930);

»» período do estabelecimento e difusão da psicologia no ensino nas


universidades (1930-1962);

»» período da criação dos cursos de graduação em psicologia (1962-1970);

»» período da implantação dos cursos de pós-graduação (1970-1987);

»» período da emergência dos laboratórios de pesquisa (de 1987 em diante).

Notamos que, na história da testagem, há mudanças e avanços


significativos: de uma visão de poder/saber centralizador e autoritário,
para uma posição relacional, social, aberta; de um caminho de
cientificismo contínuo dos testes dentro do âmbito crescente
universitário; de um consumo de testes importados para uma trilha
de adaptação à realidade brasileira, e de desenvolvimento dos mesmos
por psicólogos pesquisadores brasileiros; de institucionalização desse
segmento entendido como padronização, referencial de pesquisa,
difusão do conhecimento, controle de qualidade. Esta visão mínima

22
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

histórica leva-nos a uma visão ponderada, no sentido de que os testes em


vigor e seu uso, atualmente, corroboram positivamente para o exercício
do psicólogo e favorece a evolução da ciência psicologia com finalidade
à saúde psíquica do ser humano, sempre complexo. (CAIXETA, 2014).

Outro ponto importante histórico trata-se da fundação do Instituto Brasileiro de


Avaliação Psicológica (IBAP), que desde 1998 tem conduzido estudos relacionados à
construção, à adaptação e à validação de testes psicológicos no Brasil (CAIXETA, 2014).

O artigo 13 da Lei no 4.119 (BRASIL, 1962), que regulamenta a profissão de psicólogo,


define que constitui função privativa do psicólogo a utilização de métodos e técnicas
psicológicas com os seguintes objetivos: diagnóstico psicológico, orientação e seleção
profissional, orientação psicopedagógica, detecção e problemas de ajustamento.

Além desta regulamentação em relação à profissão dos psicólogos, a autarquia


fiscalizadora da profissão, o Conselho Federal da Psicologia (CFP) tem a responsabilidade
de garantir a qualidade técnica e ética dos serviços prestados pelos psicólogos.

O CFP é uma autarquia federal, uma entidade de direito público, instituída pela Lei no
5.766 (BRASIL, 1971) e regulamentada pelo Decreto no 79.822 (BRASIL, 1977). Seus
objetivos são orientar, normatizar, fiscalizar e disciplinar a profissão de psicólogo,
além de zelar para que os princípios éticos sejam observados e contribuir para o
desenvolvimento da Psicologia como ciência e profissão.

Em 2001, por meio da Resolução no 25 (CFP, 2001), o CFP regulamentou a elaboração,


a comercialização e o uso dos testes psicológicos, determinando os parâmetros mínimos
de qualidade aos quais os testes para uso profissional de psicologia deveriam atender.

Leia a Resolução no 25 do CFP na íntegra no link a seguir:

<http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2001/11/resolucao2001_25.pdf>

Em 2003, por meio da Resolução no 2 (CFP, 2003b), o CFP criou a Comissão


Consultiva em Avaliação Psicológica, a qual deve ser formada por especialistas, ou
seja, pesquisadores e conselheiros com experiência e produção científica na área de
psicologia, que foi incumbida de analisar e emitir pareceres sobre os testes psicológicos
encaminhados ao CFP.

Leia a Resolução no 2 do CFF na íntegra no link a seguir:

<http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2003/03/resolucao2003_02_Anexo.
pdf>

23
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Segundo a Resolução no 2 (CFP, 2003b), são requisitos mínimos e obrigatórios para


os instrumentos de avaliação psicológica que utilizam questões de múltipla escolha e
outros similares, tais como “acerto e erro”, “inventários” e “escalas”:

»» Apresentação da fundamentação teórica do instrumento, com especial


ênfase na definição do construto, sendo o instrumento descrito em seu
aspecto constitutivo e operacional, incluindo a definição dos seus possíveis
propósitos e os contextos principais para os quais ele foi desenvolvido.

»» Apresentação de evidências empíricas de validade e precisão das


interpretações propostas para os escores do teste, justificando os
procedimentos específicos adotados na investigação.

»» Apresentação de dados empíricos sobre as propriedades psicométricas


dos itens do instrumento.

»» Apresentação do sistema de correção e interpretação dos escores,


explicitando a lógica que fundamenta o procedimento, em função do
sistema de interpretação adotado, que pode ser:

›› referenciada à norma, devendo, nesse caso, relatar as características da


amostra de padronização de maneira clara e exaustiva, preferencialmente
comparando com estimativas nacionais, possibilitando o julgamento
do nível de representatividade do grupo de referência usado para a
transformação dos escores;

›› diferente da interpretação referenciada à norma, devendo, nesse caso,


explicar o embasamento teórico e justificar a lógica do procedimento
de interpretação utilizado.

»» Apresentação clara dos procedimentos de aplicação e correção, bem como


as condições nas quais o teste deve ser aplicado, para que haja a garantia
da uniformidade dos procedimentos envolvidos na sua aplicação.

»» Compilação das informações indicadas anteriormente, bem como


outras que forem importantes, em um manual contendo, pelo menos,
informações sobre:

›› o aspecto técnico-científico, relatando a fundamentação e os estudos


empíricos sobre o instrumento;

›› o aspecto prático, explicando a aplicação, correção e interpretação dos


resultados do teste;

24
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

›› a literatura científica relacionada ao instrumento, indicando os meios


para a sua obtenção.

De acordo com a Resolução no 2 (CFP, 2003b), são requisitos mínimos obrigatórios


para os instrumentos de avaliação psicológica classificados como “testes projetivos”:

»» Apresentação da fundamentação teórica do instrumento com especial


ênfase na definição do construto a ser avaliado e dos possíveis propósitos
do instrumento e os contextos principais para os quais ele foi desenvolvido.

»» Apresentação de evidências empíricas de validade e precisão das


interpretações propostas para os escores do teste, com justificativas para
os procedimentos específicos adotados na investigação, com especial
ênfase na precisão de avaliadores, quando o processo de correção for
complexo.

»» Apresentação do sistema de correção e interpretação dos escores,


explicitando a lógica que fundamenta o procedimento, em função do
sistema de interpretação adotado, que pode ser:

›› referenciada à norma, devendo, nesse caso, relatar as características da


amostra de padronização de maneira clara e exaustiva, preferencialmente
comparando com estimativas nacionais, possibilitando o julgamento
do nível de representatividade do grupo de referência usado para a
transformação dos escores,

›› diferente da interpretação referenciada à norma, devendo, nesse caso,


explicar o embasamento teórico e justificar a lógica do procedimento
de interpretação utilizado.

»» Apresentação clara dos procedimentos de aplicação e correção e das


condições nas quais o teste deve ser aplicado para garantir a uniformidade
dos procedimentos envolvidos na sua aplicação.

»» Compilação das informações indicadas anteriormente, bem como


outras que forem importantes, em um manual contendo, pelo menos,
informações sobre:

›› o aspecto técnico-científico, relatando a fundamentação e os estudos


empíricos sobre o instrumento;

›› o aspecto prático, explicando a aplicação, correção e interpretação dos


resultados do teste;

›› a literatura científica relacionada ao instrumento, indicando os meios


para a sua obtenção.

25
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Cabe salientar que a Resolução no 2 do Conselho Federal de Psicologia (CFP,


2003b) exige parâmetros psicométricos mínimos para os testes.

Por meio dessa resolução, o CFP determinou como requisitos obrigatórios para
todos os instrumentos de avaliação psicológica, os seguintes:

›› especificação do constructo que o instrumento em questão


pretende avaliar;

›› caracterização fundamentada na literatura da área;

›› evidências empíricas de validade, de fidedignidade e das


propriedades psicométricas dos itens;

›› apresentação de sistema de correção e interpretação.

Em 2003 o CFP criou também o Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos


(SATEPSI), com a finalidade de divulgar informações atualizadas sobre as análises
e a relação de testes aprovados.

Conheça mais sobre o Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (SATEPSI) no


link a seguir:

<http://www2.pol.org.br/satepsi/>

Também estão sujeitos aos requisitos estabelecidos na resolução os


testes estrangeiros de qualquer natureza, traduzidos para o português,
que devem ser adequados a partir de estudos realizados com amostras
brasileiras, considerando a relação de contingência entre as evidências
de validade, precisão e dados normativos com o ambiente cultural onde
foram realizados os estudos para sua elaboração. (CFP, 2003)

Segundo a Resolução no 2 (CFP, 2003b), a Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica


tem como objetivo analisar e emitir parecer sobre os testes psicológicos encaminhados
ao CFP, bem como apresentar sugestões para o aprimoramento dos procedimentos
e critérios envolvidos nessa tarefa, subsidiando as decisões do Plenário a respeito da
matéria.

A Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica é composta por, no mínimo, quatro


membros, podendo valer-se da colaboração de pareceristas ad hoc. Os pareceristas
ad hoc podem ser psicólogos convidados pelo CFP, escolhidos por notório saber na

26
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

área. Cabe ressaltar que o trabalho da Comissão e dos pareceristas ad hoc não será
remunerado.

Os testes recebidos terão tramitação interna de acordo com as seguintes etapas:

»» recepção;

»» análise;

»» avaliação;

»» comunicação da avaliação aos requerentes, com prazo para recurso;

»» análise de recurso;

»» avaliação final.

A recepção consiste no protocolo de recebimento, inclusão no banco de dados


e encaminhamento para análise. A análise é feita com a verificação técnica do
cumprimento das condições mínimas anteriormente citadas, realizada inicialmente
pelos pareceristas ad hoc e posteriormente, pela Comissão Consultiva em Avaliação
Psicológica, resultando em um parecer a ser enviado para decisão da Plenária do CFP.

A avaliação poderá ser favorável quando, por decisão do Plenário do CFP, o teste for
considerado em condições de uso, ou desfavorável quando, por decisão do Plenário
do CFP, a análise indicar que o teste não apresenta as condições mínimas para uso.
Nesse caso, o Parecer deverá apresentar as razões, bem como as orientações para que o
problema seja sanado.

Será considerado teste psicológico em condições de uso, seja ele comercializado


ou disponibilizado por outros meios, aquele que, após receber Parecer da
Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica, for aprovado pelo CFP. (CFP,
2003b).

Cabe ressaltar que o Conselho Federal de Psicologia considerará os parâmetros de


construção e princípios reconhecidos pela comunidade científica, especialmente
os desenvolvidos pela Psicometria. (CFP, 2003b).

Os dados empíricos das propriedades de um teste psicológico devem ser


revisados periodicamente, não podendo o intervalo entre um estudo e outro
ultrapassar: 10 (dez) 7 anos, para os dados referentes à padronização, e 20 (vinte)
anos, para os dados referentes à validade e precisão. (CFP, 2003b).

27
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Os dados empíricos das propriedades de um teste psicológico devem ser


revisados periodicamente, não podendo o intervalo entre um estudo e outro
ultrapassar: 15 (quinze) anos, para os dados referentes à padronização, e 20
(vinte) anos, para os dados referentes a validade e precisão. (CFP, 2003b).

Não sendo apresentada a revisão nos prazos estabelecidos, o teste psicológico


perderá a condição de uso e será excluído da relação de testes em condições de
comercialização e uso (CFP, 2003b).

O estudo de revisão deve concluir:

»» se houve alteração na validade dos instrumentos requerendo mudanças


substanciais no mesmo;

»» se houve alteração nos dados empíricos requerendo revisões menores


ligadas às interpretações dos escores ou indicadores como, por exemplo,
alterações de expectativas normativas;

»» se não houve mudanças substanciais e os dados antigos continuam sendo


aplicáveis:

O psicólogo que utiliza testes psicológicos como instrumento de


trabalho, além do disposto no caput deste artigo, deve observar as
informações contidas nos respectivos manuais e buscar informações
adicionais para maior qualificação no aspecto técnico operacional
do uso do instrumento, sobre a fundamentação teórica referente ao
construto avaliado, sobre pesquisas recentes realizadas com o teste,
além de conhecimentos de Psicometria e Estatística. (CFP, 2003).

Retomando a discussão sobre o significado e a importâncias dos testes psicológicos,


segundo Cronbach (1996), “teste psicológico é um procedimento sistemático para
observar o comportamento e descrevê-lo com ajuda de escalas numéricas ou categorias
fixas”.

Um teste psicológico é considerado pelos pesquisadores como um


instrumento de medida, um procedimento por meio do qual se busca
medir um fenômeno psicológico que se deseja observar e investigar.
Portanto, o teste psicológico é visto como uma medida padronizada e
objetiva de uma amostra comportamental. (MANFREDINI; ARGIMON,
2010)

28
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

Os testes psicológicos são procedimentos sistemáticos de observação


e registro de amostras de comportamentos e respostas de indivíduos
com o objetivo de descrever e/ou mensurar características e processos
psicológicos, compreendidos tradicionalmente nas áreas emoção-afeto,
cognição-inteligência, motivação, personalidade, psicomotricidade,
atenção, memória, percepção, dentre outras, nas suas mais diversas
formas de expressão, segundo padrões definidos pela construção dos
instrumentos. (CFP, 2003).

Os testes psicológicos podem representar pela medida, uma determinada ação


que equivale a um comportamento, e assim, indiretamente, mensurar este aspecto
comportamental (ALCHIERI; CRUZ, 2003).

Os testes psicológicos são instrumentos de medida em psicologia que como tal devem
apresentar certas características que justifiquem a confiança nos dados que produzem
(PASQUALI, 2001).

“Um teste é só é válido se mede de fato o que supostamente deve medir”.


Ao se medirem os comportamentos (itens), ou seja, a representação do
traço latente está se medindo o próprio traço latente. Tal suposição é
justificada se a representação comportamental for legitimada. Essa
legitimação somente é possível se existir uma teoria prévia do traço
que fundamente que a tal representação comportamental constitui
uma hipótese dedutível desta teoria. A validade do teste, então, será
estabelecida pela testagem empírica da verificação das hipóteses.
(PASQUALI, 2001).

De acordo com Tavares (2010), um teste psicológico é um instrumento ou procedimento


que precisa estar articulado a um construto psicológico, ou seja, uma fundamentação
teórica, e este construto precisa estar articulado a aspectos importantes da vida psíquica
das pessoas, o que representa a fundamentação empírica.

Para tanto, é necessária a existência de operações capazes de vincular o construto a


comportamentos, a processos afetivos ou cognitivos. Essa vinculação precisa ocorrer nos
processos de validação ou no processo de avaliação de um sujeito específico. Somente
assim será possível validar os resultados dos testes e as inferências sobre determinados
aspectos da vida psíquica do sujeito (TAVARES, 2003).

Ressalta-se que no caso de se importar instrumentos de testes psicológicos de diferentes


países para o Brasil, estes necessitam de passar por estudos adequados de padronização
e normatização.

29
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Os países de língua portuguesa e espanhola encontram-se entre o


grupo de países em que grande parte dos testes usada pelos psicólogos
foi meramente traduzida sem estudos prévios que justifiquem o uso.
(AZEVEDO; ALMEIDA; PASQUALI; VEIGA (1996).

Os testes psicológicos podem ser importados para todos os países,


desde que esteja presente a preocupação com a realização de estudos
prévios sobre a população na qual será utilizado. Os testes não podem
simplesmente ser importados e utilizados, pois isso levaria à criação
de imagens distorcidas da realidade psicossociocultural própria de
indivíduos, grupos e instituições nos países que importam instrumentos.
Cabe às Escolas e às Associações de Psicologia realizar estudos de
adaptação, e não apenas os de normalização ou padronização dos
resultados. (ALMEIDA, 1999).

A construção dos testes deve ser fundamentada em fornecer dados relevantes


ao profissional. Portanto, os dados devem ser verdadeiros, confiáveis e
fundamentados em bases científicas.

Anastasi e Urbina (2000) fazem algumas considerações sobre a publicação de manuais


de testes, no sentido de que o manual forneça as informações necessárias para aplicar,
pontuar e avaliar um determinado teste.

Desta maneira, o manual deve conter instruções completas e detalhadas, gabarito de


respostas, normas e dados sobre a confiabilidade e a validade. Além disso, o manual
deve relatar o número e o tipo de pessoas a partir das quais foram estabelecidas as
normas, confiabilidade e a validade, e os métodos empregados no cálculo dos índices
de confiabilidade e validade.

Cabe salientar que as operações matemáticas de um teste psicológico têm como


objetivo por vezes aferir as respostas para buscar compreender aspectos importantes
das operações mentais e da inteligência.

Segundo os mesmos autores (2000), a validade de um teste não pode ser relatada em
termos gerais. Portanto, é indispensável que a revisão de literatura científica a respeito
do construto que norteia a elaboração do teste seja suficiente para amparar a utilidade
do instrumento de acordo com o manual. O manual também deve se posicionar para
qual contexto aquele teste se aplica e para quais condições de testagem em que as
normas foram estabelecidas.

A questão da validade de um instrumento costuma ser pontual e específica a um contexto.


No entanto, existem testes com estudos de validade inadequados para os propósitos aos
30
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

quais se destinam, bem como normatizações válidas para as finalidades mais diversas.
Dessa forma, é importante que o psicólogo revise as pesquisas de validade para saber
quais contextos e para quais propósitos o teste é mais eficaz.

As variáveis podem se referir a medidas que avaliam o mesmo construto,


construtos relacionados ou construtos diferentes. Referem-se também à
capacidade preditiva do teste aliado a fatos de interesse direto, os quais se
denominam de critérios externos, como, por exemplo, sucesso acadêmico
ou em atividades profissionais. Evidências baseadas na estrutura
interna: referem-se a informações sobre a estrutura das correlações
entre itens. Nesse caso, investiga-se, principalmente por meio de análises
fatoriais, se as correlações obtidas entre itens e/ou escalas são adequadas
teoricamente. Além disso, esses estudos incluem evidências de precisão
do instrumento. Evidências baseadas no processo de respostas: reúnem
informações de natureza teórico-empírica sobre os processos mentais
envolvidos na realização das tarefas propostas pelo teste e a adequação
desses ao avaliar o construto desejado. (ANACHE; REPPOLD, 2010).

Para os testes psicológicos serem confiáveis, estes devem ser padronizados, bem como
atender a requisitos de fidedignidade e validade.

A padronização faz referência à existência de uniformidade na aplicação do instrumento


e nos critérios para interpretação dos resultados obtidos, enquanto a fidedignidade
baseia-se na coerência sistemática, precisão e estabilidade do teste.

Testes psicológicos são instrumentos mediante os quais se obtém uma


amostra do comportamento de um sujeito em um domínio específico,
que é, em seguida, avaliado e pontuado, usando-se procedimentos
estandardizados e fundamentados em evidências empíricas de
fidedignidade e validade. (CFP, 2010).

Segundo Ottati (2003), testes psicológicos são instrumentos importantes para a


prática profissional do psicólogo, auxiliando-o na realização de avaliação, no ensino
e na pesquisa. Por serem considerados instrumentos devem conter determinadas
características que atestem a sua confiabilidade, tais como validade e precisão.

De acordo com Anastasi e Urbina (2000), a validade é considerada um dos mais


relevantes aspectos a ser levado em conta para a construção dos testes psicológicos e
refere-se àquilo que um teste mede e a quão bem ele faz isso.

31
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

A validade de construto é considerada por Pasquali (2001) como a forma mais


fundamental de validade. Kolck (1981) entende a validade como o “grau pelo qual o
teste mede um construto teórico ou traço para o qual ele foi designado”.

A precisão de um teste psicológico é conceituada como a consistência dos escores


obtidos pelas mesmas pessoas quando elas são examinadas com o mesmo teste em
diferentes ocasiões, ou com diferentes conjuntos de itens equivalentes, ou sob outras
condições variáveis do exame (ANASTASI; URBINA, 2000).

A precisão está relacionada ao problema de estabilidade no tempo e


ao problema de consistência interna do instrumento. Ela também
considera que uma escala ou teste é fidedigno se repetidas mensurações
são obtidas em condições constantes e dão o mesmo resultado, supondo
nenhuma mudança nas características básicas, isto é, na atitude sendo
medida. (FACHEL; CAMEY, 2000).

Muitos trabalhos afirmam a importância de cuidados na padronização de instrumentos.


De acordo com Pasquali (2001), a padronização se refere à necessária existência de
uniformidade em todos os procedimentos relativos ao uso de um teste válido e preciso
que variam desde as preocupações a serem tomadas na aplicação do teste, ou seja, com
a uniformidade das condições de testagem, até com o desenvolvimento de parâmetros
ou critérios para a interpretação dos resultados obtidos.

Segundo Ottati e Noronha (2003), a padronização da testagem visa garantir o uso


adequado dos instrumentos.

As normas dos testes psicológicos não são absolutas, universais ou


permanentes. Elas representam apenas o desempenho no teste das
pessoas que constituem a amostra de padronização. Ao escolher uma
amostra, normalmente tenta-se obter um perfil representativo da
população para a qual o teste foi planejado. É importante a padronização
do teste para o grupo específico no qual será utilizado, pois se sabe que
há várias diferenças na cultura, no tecido social, na linguagem, entre
outras. (ANASTASI; URBINA ,2000; FIGUEIREDO; PINHEIROS,
1998).

Weschsler (1999) e Kolck (1981) afirmam que o aplicador deve seguir rigorosamente
as instruções e todo tipo de orientação que se encontra no manual do instrumento,
evitando improvisações que possam comprometer a validade dos instrumentos.

Já Anastasi e Urbina (2000) entendem que cabe aos construtores de testes oferecer
instruções detalhadas para aplicação de cada teste desenvolvido, que incluem limite de

32
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

tempo, instruções orais, demonstrações preliminares, maneira de manejar as perguntas


às pessoas testadas, dentre outros detalhes da situação de aplicação.

A normatização de um teste diz respeito a padrões de como se deve


interpretar um escore que o sujeito recebeu num teste. Os escores
brutos de um teste devem ser convertidos em medidas relativas, com
dois objetivos: indicar a posição relativa do indivíduo na amostra
normativa, avaliando seu desempenho em relação a outras pessoas,
e oferecer medidas comparáveis que permitam comparação direta do
desempenho do indivíduo em testes diferentes. (PASQUALI, 2001;
OTTATI; NORONHA, 2003).

Os testes psicológicos são utilizados com frequência em contexto clínico, com fins de
maior compreensão do paciente e para melhor adequação das formas de intervenção.

Atualmente há uma gama variada de testes psicológicos criados para a exploração de


diversos aspectos e processos psicológicos com diferentes vantagens e limitações.

Liporace (2009) ressalta que um teste não avalia todo o comportamento de uma pessoa
e, sim, uma amostra de todos seus comportamentos possíveis, dentro de uma área
específica. Assim sendo, em um processo de avaliação psicológica não se pode considerar
que um teste psicológico, isoladamente, proporciona uma avaliação abrangente da
pessoa como um todo.

É por isso que a avaliação psicológica, que não se baseia na aplicação de apenas um teste
psicológico, está sendo cada vez mais utilizada no dia a dia da sociedade nas escolas,
nas empresas e até mesmo esporte.

Segundo Fachel e Camey (2000), um teste pode ser um preditor presente ou do futuro.
Isso quer dizer que se podem distinguir dois tipos de validade de critério: preditiva e
concorrente.

Conforme a importância da avaliação psicodiagnóstica foi sendo


reconhecida, também foi se tornando claro o potencial para excessos,
equívocos e danos por parte de profissionais, seja por falta de preparo ou
por vieses ou interesses de pessoas, grupos ou organizações envolvidas
nas avaliações. (CFP, 2010a).

É possível perceber que esta atividade profissional pode expor a intimidade de uma
pessoa e ameaçar seus direitos na sociedade. Portanto, os riscos de danos não são
pequenos e os Conselhos Regionais de Psicologia devem estar alerta à questão, diante
do recebimento de denúncias relativas à ética, questionando direitos.

33
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Os princípios éticos preconizados pela Associação Americana de


Psicologia (APA) em 1992 e revisado em 2002 são: competência,
integridade, responsabilidade científica e profissional, respeito pela
dignidade e direitos das pessoas, preocupação com o bem-estar do
outro e responsabilidade social. (CFP, 2010a).

O Conselho Federal de Psicologia já criou quatro códigos de ética no Brasil. O primeiro


foi normatizado pela Resolução CFP no 8 de 1975, o segundo, pela Resolução CFP no 29
de 1979; o terceiro, pela Resolução CFP no 2 de 1987; e o quarto e mais recente, ainda
em vigor, pela Resolução CFP no 10 de 2005.

Para conhecer melhor o código de ética vigente do Conselho Federal de


Psicologia, clique no seguinte link:

<http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2005/07/resolucao2005_10.pdf>

Por fim, Wechsler (1999) apresenta um importante guia com orientações sobre as
condutas éticas a serem assumidas nas diferentes etapas da avaliação psicológica. São
elas:

Etapa 1 – Seleção de testes e escalas para avaliação psicológica. Ao selecionar um teste


ou escala, o psicólogo deverá:

»» definir os atributos e características a serem avaliados, investigando na


literatura especializada os melhores instrumentos disponíveis para cada
objetivo desejado;

»» avaliar as características psicométricas dos instrumentos a serem


utilizados, tais como: sensibilidade, validade, precisão e existência de
normas específicas e atualizadas para a população brasileira;

»» considerar a idade, sexo, nível de escolaridade, nível socioeconômico,


origem (rural ou urbana), condições físicas gerais, presença de deficiências
físicas, nacionalidade e necessidade de equipamentos especiais para
aplicação dos instrumentos;

»» verificar se os manuais dos testes e/ou escalas possuem informações


necessárias para aplicação, correção e interpretação dos resultados dos
testes;

»» Solicitar a ajuda de outro psicólogo para esta atividade, caso não possua
algumas das informações anteriores.

34
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

Etapa 2 − Administração de testes e escalas psicológicas. No processo de administração


de testes ou escalas, o psicólogo deverá:

»» prestar informações aos indivíduos envolvidos quanto à natureza e ao


objetivo da avaliação e dos instrumentos a serem empregados, obtendo,
por escrito o seu consentimento livre e esclarecido para participar no
processo de avaliação psicológica. No caso de menores ou pessoas em
situação de vulnerabilidade, este consentimento deverá ser obtido por
meio de seus responsáveis;

»» verificar se o ambiente no qual será realizada a avaliação possui as


condições físicas adequadas em termos de espaço, ventilação, mobiliário,
qualidade de silêncio, a fim de assegurar o melhor desempenho dos
indivíduos envolvidos;

»» organizar o material que irá utilizar antes de iniciar uma aplicação,


verificando as especificidades de cada tipo de teste envolvido, como
mesas especiais, gravadores etc.;

»» motivar os indivíduos para realizar a tarefa, tendo, entretanto, o cuidado


para não interferir no desempenho do teste;

»» desenvolver um relacionamento de confiança (rapport), visto como


essencial no processo de aplicação de instrumentos psicológicos em
forma individual;

»» atentar para os comportamentos dos indivíduos na situação de avaliação,


observando a forma de resposta e o envolvimento na situação de avaliação,
considerando que estas são variáveis influenciáveis no desempenho nos
instrumentos utilizados;

»» seguir rigorosamente as instruções, os exemplos, o tempo e outras


orientações que se encontrem no manual ou no próprio caderno do teste
ou escala, evitando quaisquer improvisações que possam comprometer a
validade dos instrumentos utilizados;

»» evitar ausentar-se da sala onde está realizando a avaliação, ou realizar


quaisquer outros comportamentos que o possam desviar do processo de
avaliação, tais como: conversar com outras pessoas, atender ao telefone
etc.;

35
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

»» responsabilizar-se pela qualidade da aplicação dos testes e escalas


psicológicas, sendo esta condição essencial para a obtenção de um
resultado fidedigno.

É vedado ao psicólogo:

»» reproduzir material de teste em forma de fotocópias ou em outras formas


que não sejam os originais do teste;

»» realizar avaliações psicológicas em situações nas quais não ocorra uma


relação interpessoal, por exemplo, correios, telefone ou internet. De
acordo com as orientações do CFP, os inventários administrados via
internet somente poderão ser utilizados com finalidades de pesquisa,
respeitando-se as normas específicas para esta situação, como a ser
apresentado posteriormente;

»» efetivar gravações de sessões de avaliação psicológica sem o consentimento


do(s) indivíduo(s) envolvido(s);

»» realizar atividades de avaliação psicológica que interfiram no trabalho de


outro colega;

»» utilizar material informatizado como substituição total da presença do


psicólogo no processo de avaliação;

Etapa 3 – Correção e interpretação dos resultados psicológicos. No processo de correção


e interpretação dos resultados colhidos na avaliação psicológica, cabe ao psicólogo:

»» corrigir os instrumentos utilizados, seguindo os critérios e as tabelas


apropriadas para cada finalidade;

»» avaliar não só quantitativamente os comportamentos e respostas do


sujeito, como também qualitativamente, integrando esses dados com
as observações realizadas durante as entrevistas ou aplicação dos
instrumentos;

»» interpretar os resultados obtidos de forma dinâmica, considerando-os


como uma estimativa de desempenho do(s) indivíduo(s) sob um dado
conjunto de circunstâncias;

»» considerar na interpretação dos resultados dos testes e escalas a


atualidade das normas nas tabelas apresentadas, assim como a finalidade
de sua avaliação;

36
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

»» utilizar a análise computadorizada dos resultados, caso assim preferir,


somente como um apoio e nunca em total substituição às informações
colhidas pelo psicólogo;

»» arquivar os dados coletados, de forma confidencial, por um período


mínimo de cinco anos, seguindo as normas estabelecidas no nosso código
de ética.

Etapa 4 – Elaboração de laudos psicológicos e entrevistas de devolução. Ao elaborar um


laudo psicológico ou realizar uma entrevista para devolução dos resultados obtidos no
processo de avaliação, o psicólogo deverá:

»» evitar ser influenciado, nas suas conclusões, por valores religiosos,


preconceitos, distinções sociais ou pelas características físicas do(s)
indivíduo(s) avaliado(s);

»» elaborar o seu relatório de maneira clara, abrangendo o indivíduo em


todos os seus aspectos, enfatizando a natureza dinâmica e circunstancial
dos dados apresentados;

»» utilizar-se de linguagem adequada aos destinatários, de modo a evitar


as interpretações errôneas das informações, devendo sempre incluir
recomendações específicas para os solicitantes;

»» evitar fornecer resultados em forma de respostas certas e esperadas


aos instrumentos psicológicos utilizados, considerando que tal
comportamento inviabilizará o uso futuro destes instrumentos;

»» respeitar o direito de cada indivíduo conhecer os resultados da avaliação


psicológica, as interpretações feitas e as bases nas quais se fundamentam
as conclusões;

»» devolver informações sobre avaliação de crianças e adolescentes para o


seu responsável, garantindo-lhe o direito previsto em lei;

»» guardar sigilo das informações obtidas e das conclusões elaboradas,


observando que o anonimato deverá ser sempre mantido, quer seja em
congressos, reuniões científicas, entrevistas a rádio ou televisão, situações
da prática profissional, ensino ou pesquisa;

»» Redigir as informações obtidas no processo de avaliação psicológica em


forma de laudo, mesmo que seja solicitado somente um parecer.

37
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Em âmbito internacional, Wechsler (1999) descreve nos países ibero-americanos, a lista


das dez deficiências mais graves no uso dos testes, apontadas por juízes e especialistas
de cada cultura:

»» fotocopiar material sujeito a direitos autorais;

»» utilizar testes inadequados na sua prática;

»» estar desatualizado na sua área de formação;

»» desconsiderar os erros da medida nas suas interpretações;

»» utilizar folhas de resposta inadequadas;

»» ignorar a necessidade de explicações sobre pontuação nos testes aos


solicitantes da avaliação;

»» permitir aplicação dos testes por pessoal não qualificado;

»» desprezar condições que afetam a validade dos testes em cada cultura;

»» ignorar a necessidade de arquivar o material psicológico coletado;

»» interpretar além dos limites dos testes utilizados.

Deste modo, verifica-se que estas deficiências requerem reflexões permanentes sobre
os códigos de ética na avaliação psicológica.

Aptidões
Aptidão se refere a uma capacidade existente ou não, ou mais especificamente, à
capacidade potencial de se realizar uma determinada tarefa.

Os testes de aptidão medem o “potencial” do indivíduo para aprender


ou realizar uma tarefa. Anteriormente, achava-se que se tratava de
capacidades “latentes”, bastando um pequeno treinamento adequado
para que fossem atualizadas. Hoje se reconhece que isso é um tanto
ingênuo. As realizações dos testes de aptidão refletem influências
acumulativas de numerosas experiências da vida diária. A aprendizagem
é realizada sob condições não controladas ou desconhecidas.
(BRIGATTI, 1987).

38
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

Testes de habilidade cognitiva é a expressão usualmente adotada na


literatura atual para designar os testes de inteligência e de aptidões
gerais e específicas. Embora variem quanto a seu conteúdo (raciocínio
abstrato, raciocínio verbal, raciocínio numérico, memória de palavras
etc.), todos esses testes possuem em comum um fator geral – fator g ou
habilidade mental geral –, que se associa à capacidade de processamento
de informação e é responsável por grande parte da variância observada
nas baterias de testes de habilidades específicas.

(ONES et al., 2005).

Os testes de aptidão cognitiva são também chamados de testes de capacidade ou


habilidade e objetivam mensurar a inteligência, ou seja, a aptidão cognitiva geral, ou
aptidões específicas (ANASTASI; URBINA, 2000; ROTHMANN; COOPER, 2009;
THADEU; FERREIRA, 2013).

Até meados dos anos 1970, a validade desses testes era bastante
questionada, devido ao fato de frequentemente um mesmo teste
apresentar diferentes resultados de validade para uma mesma ocupação,
em contextos diversos. Com o advento da meta-análise1, porém, foi
constatado que tais variações eram, em geral, decorrentes de certos
erros amostrais e que, ao contrário do que se supunha, a validade dos
testes de habilidade cognitiva costumava ser similar ou sofrer ligeiras
variações. Isto é, ela podia ser generalizada para diferentes ocupações
e contextos. (COOPER et al.; 2003; FERREIRA; DOS SANTOS, 2007).

Nas últimas décadas, os resultados das pesquisas provenientes dos estudos meta-analíticos
vêm reunindo evidências de que os testes de habilidade cognitiva apresentam validade,
especialmente no que tange à predição do desempenho no trabalho (FERREIRA; DOS
SANTOS, 2007).

Os testes de aptidão podem avaliar capacidades cognitivas tais como: conteúdo verbal
como números, julgamento, percepção e fluência e conteúdo não verbal como memória,
precisão, dimensão, partes e blocos. Apresentam-se com detalhes a seguir exemplos do
que é verificado em cada item (EDITES, 2015).

»» Memória: verifica a aptidão para reter e evocar, de forma direta e


imediata, nomes, fisionomias e detalhes, no modo de associação. Contém
condições para a memorização de detalhes em termos de diferenças e

1 Meta-análise significa uma técnica estatística que sintetiza as evidências de validade obtidas por determinado instrumento, em
diferentes situações e contextos, mediante o cálculo de um coeficiente que se converte em indicador único da validade daquela
técnica específica (FERREIRA; DOS SANTOS, 2007).

39
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

igualdades. É o único teste que apresenta claramente tanto conteúdos


verbais quanto não verbais.

»» Números: verifica a rapidez e a precisão no manejo e na compreensão de


sistemas numéricos, cálculos e códigos.

»» Julgamento: verifica a aptidão para abordar e resolver problemas em


termos de raciocínio lógico.

»» Percepção: verifica a aptidão para distinguir diferenças e semelhanças


de natureza verbal. Pressupõem fatores como atenção e perseverança,
intrínsecos ao teste, porém não implicados com o objetivo principal.

»» Fluência: testa a capacidade de vocabulário simples do candidato,


representando um aspecto da aptidão verbal, por indicar facilidade para
o uso da palavra.

»» Precisão: testa a aptidão para a percepção rápida de semelhanças ou


diferenças de natureza não verbal. É semelhante ao teste de percepção
em relação aos fatores de atenção e perseverança.

»» Dimensão: verifica a aptidão de relação espacial envolvida em aspectos


de motricidade, como por exemplo, a lateralidade, permitindo também
investigar a capacidade de visualização de objetos em duas dimensões.

»» Partes: verifica a aptidão para visualizar tamanhos, formas, e a relação do


todo com as partes, qualidades relacionadas à percepção espacial.

»» Blocos: testa o aspecto de relações espaciais ligado à capacidade de estimar


quantidades. Resultados altos neste teste combinados à inteligência acima
da média, pode ser indicação de capacidade de previsão e planejamento.

Os testes de aptidão geral (Fator G) medem a inteligência como um todo


e dão a medida geral da esfera intelectiva. São os testes que se referem,
ao mesmo tempo, a diferentes aspectos da atividade inteligente. Os
testes de aptidão geral que medem o Fator G dividem-se em testes ou
escalas que avaliam o desenvolvimento mental, ou seja, a inteligência
em seu aspecto evolutivo e testes de capacidade mental que mensuram
a função intelectiva já desenvolvida. (BRIGATTI; 1987).

40
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

O link a seguir apresenta 14 exemplos de testes de aptidão aplicados


normalmente em exames psicotécnicos. <https://aderivaldo23.files.wordpress.
com/2008/06/37527582-manual-do-psicotecnico-1.pdf>

Conheça os detalhes do teste de aptidão psicológica do Ministério da Defesa –


Comando da Aeronáutica no link a seguir.

<http://www.ciaar.com.br/ICAs/ICAs_GERAL/ICA%2038-7%202004%20EAP.
pdf>

Por fim, Brigatti (1987) faz uma crítica, afirmando que quando um teste de aptidão
estabelece o Quociente de Inteligência (Q. I.) ou aptidão psicológica de uma pessoa, ele
está tão somente reproduzindo sua posição socioeconômica cultural. No entanto, muito
psicólogos que o aplicam, o utilizam com finalidade educacional e vocacional, julgam
estar aferindo valor a uma capacidade inata (natural), atribuindo pouco ou nenhum
valor às variáveis ideológicas, responsáveis pela reprodução das classes sociais.

De acordo com pesquisa realizada por De Almeida (2005), os testes mais utilizados e
reconhecidos por psicólogos comportamentais em sua pesquisa foram:

»» Teste de Aptidão Acadêmica (TAA);

»» Bateria de Testes de Aptidão (BTAG);

»» Teste de Aptidões Específicas (DAT);

»» Teste de Aptidão a Mecânica (TAM).

Desempenho escolar

Os testes psicológicos, em especial os de cunho intelectual, foram


inseridos no âmbito educativo com o propósito principal de favorecer o
acesso à escolarização dos indivíduos oriundos das classes sociais que
economicamente tinham menos chances de estar inseridos nas escolas.
(SENDÍN, 2000).

O psicólogo pode aferir quantitativamente as características individuais e assim atender


à demanda da área educacional, por meio da avaliação da capacidade intelectual, do
rendimento escolar, bem como das aptidões e de indicadores das desadaptações infantis
(CFP, 2010a).

41
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Uma avaliação psicológica no âmbito educacional deve contar com o apoio de


instrumentos científicos para auxiliar na compreensão de algumas características
que estão vinculadas ao processo de aprendizagem, tais como capacidades de leitura,
escrita, aritmética, funções executivas, memória, atenção, inteligência, habilidades
psicomotoras, habilidades sociais, motivação para aprender, criatividade, investigação
de interesse vocacional, de sintomas de estresse, depressão, ansiedade, hiperatividade
e outras situações comuns no ambiente escolar (GONZATTI et al., 2011).

É fundamental que a avaliação psicológica esteja integrada ao processo de avaliação


escolar, a fim de contribuir para o autoconhecimento do aluno, do conhecimento de
suas potencialidades e limitações, a fim de auxiliar seu desenvolvimento.

Os fundamentos para a construção de um conhecimento psicológico


comprometido com a realidade das escolas brasileiras devem avaliar
as dimensões psicossociais de comunidades e indivíduos situados
historicamente, compreender as redes de apoio, suportes e equipamentos
públicos e privados que sustentem as ações comunitárias e a dinâmica
dos movimentos sociais presentes em determinados espaços geográficos
– quem são e como vivem estudantes, professores, pais e gestores das
instituições de ensino e da sua comunidade. (GUZZO, 2010).

Quanto mais precoce e especificada for a identificação de dificuldades e potencialidades,


maiores serão os efeitos dos programas de intervenção em relação aos déficits, assim
como, as suas relações com problemas secundários (GONZATTI et al., 2011).

É importante que os educadores escolares, psicopedagogos e familiares sejam vistos


como parceiros para que deficiências escolares possam ser avaliadas e permitir
intervenções na escola e orientações à família, a fim de melhorar o desempenho da
instituição e dos estudantes.

Por fim, a avaliação psicológica no contexto escolar deve ser vista e utilizada como uma
ferramenta de parceria com os estudantes, as famílias e os educadores para promover a
saúde, na direção contrária ao modelo vigente que estigmatiza e exclui.

Quanto a exemplos de testes de desempenho escolar, de acordo com pesquisa realizada


por De Almeida (2005), os testes mais utilizados e reconhecidos por psicólogos
comportamentais em sua pesquisa foram:

»» Teste de Desempenho Escolar (TDE);

»» Becasse Maturidade Escolar;

42
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

»» Teste Diagnóstico de Habilidade Pré-escolar (DHP);

»» Becasse Atitudes Sócio Emocionais Crianças Pré-escolares;

»» Distribuição das Frequências e Porcentagens Referentes aos Instrumentos


Psicológicos mais Conhecidos por Psicólogos Comportamentais (n=35).

Interesses, atitudes e personalidade

De acordo com Davidoff (1983), personalidade é um constructo sumário que inclui


pensamentos, motivos, emoções, interesses, atitudes, capacidades e fenômenos
semelhantes.

O estudo das características de personalidade do indivíduo permite


prever a maneira pela qual este indivíduo poderá sentir, ser, pensar
e agir em circunstâncias específicas. Segundo a psicanálise, estas
características de personalidade são definidas na infância, sob aspectos
distintos em etapas diversas da vida da criança. As defesas utilizadas pela
criança para lidar com um mundo que ela não compreende, mas é levada
a experimentar, formam determinados padrões de comportamento que
se repetem ao longo da vida. Não é à toa que os conceitos de “trauma”
(experiência impactante) e “conflito psíquico” são tão importantes na
teoria psicanalítica, pois deles derivam as defesas mais consistentes
e, por consequência, padrões de comportamento mais consolidados.
(BOHRER, 2013).

Chiavenato (2010) afirma que o conceito de personalidade serve tanto para explicar o
porquê do comportamento de uma pessoa ser estável ao longo de sua vida e em situações
diversas, quanto para entender a peculiaridade do comportamento, fazendo com que
existam diferenças entre as pessoas.

O comportamento do indivíduo não resulta exclusivamente das forças da personalidade,


mas de sua interação com o meio externo, que pode até modificar alguns traços de
personalidade. Dessa forma, não há como prever o modo como um indivíduo vai agir
em determinada circunstância. Portanto, a psicologia se empenha em levantar os traços
de personalidade de um indivíduo que, em conjunto, formam um tipo de personalidade
(BOHRER, 2013), por meio de:

»» Traço – consistência observada nos hábitos ou atos repetidos da pessoa.

»» Tipo – uma montagem dos traços numa estrutura.

43
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Os estudos psicológicos garantem apenas uma previsão sobre as atitudes de um


indivíduo, sendo que o estudo da personalidade e de seus elementos serve para
indicar tendências, antecipar dificuldades na execução de determinadas tarefas e no
enfrentamento de situações específicas.

Soto (2005) apud Carvalho e Cedraz (2015) apresentam na figura 1 o modelo dos cinco
grandes fatores da personalidade de forma esquemática.

Figura 1.

Fonte: Soto (2005) apud Carvalho e Cedraz (2015).

O modelo dos cinco grandes fatores da personalidade baseia-se em cinco dimensões:

»» Extroversão: dimensão da personalidade que é característica de alguém


sociável, comunicativo e afirmativo.

»» Afabilidade: dimensão da personalidade que corresponde a alguém de


bom caráter, cooperativo e confiável.

»» Retidão: dimensão da personalidade que corresponde a alguém


responsável, confiável, persistente e orientado ao sucesso.

»» Estabilidade emocional: dimensão da personalidade que caracteriza


alguém calmo, entusiasta, seguro (positivo), em vez de tenso, nervoso,
deprimido e inseguro (negativo).

»» Abertura à experiência: dimensão da personalidade que caracteriza


alguém imaginativo, com sensibilidade artística e intelectual.

44
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

A personalidade refere-se à consistência de quem você é, quem foi e


quem será. E isso é possível através do entendimento das questões
como características, atitudes, valores, experiências de vida, que
constituem uma pessoa fazendo com que ela seja única. (SOTO, 2005;
apud CARVALHO; CEDRAZ, 2015).

Já a atitude significa um estado mental de prontidão que é organizado pela experiência


e que exerce uma influência específica sobre a resposta da pessoa aos objetos, situações
e outras pessoas (CHIAVENATO, 2010).

As atitudes das pessoas estão relacionadas a diversos aspectos do


mundo. Como estamos estudando sobre organizações, as atitudes
no ambiente organizacional relacionam-se ao trabalho, aos colegas,
à questão da remuneração, e ainda a outros fatores organizações. As
atitudes também são importantes porque fornecem a base emocional
das relações interpessoais. Além disto, aproximam-se do núcleo da
personalidade, fazendo com que as pessoas tenham determinado
comportamento, mas é importante ressaltar que as atitudes estão
também relacionadas à mudança. (BOHRER, 2013).

Os testes de habilidade cognitiva vêm se constituindo em poderosa ferramenta de


seleção, em um mercado global cada vez mais competitivo (ONES et al., 2005).

As medidas objetivas de personalidade, também chamadas de


inventários de autorrelato, visam à identificação dos traços ou
disposições individuais subjacentes a determinados estilos de
comportamento. (COOPER et al., 2003).

A partir da introdução do modelo dos cinco grandes fatores na psicologia houve


mudanças significativas, aliada aos avanços promovidos pela meta-análise, redirecionou
as conclusões sobre a validade das medidas de personalidade.

De acordo com esse modelo, a personalidade pode ser descrita por


cinco dimensões básicas, quais sejam: extroversão (tendência a se
mostrar sociável e a fazer amizades); neuroticismo (tendência a manter
as emoções e afetos sob controle); abertura para novas experiências
(tendência à imaginação e flexibilidade de pensamento); amabilidade
(tendência à generosidade e evitação de conflitos) e conscienciosidade
(tendência à organização e obtenção de metas). (MCCRAE; COSTA,
1987).

45
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Vários inventários de personalidade foram desenvolvidos com base no modelo dos


cinco grandes fatores e outros já existentes procuraram adequar suas escalas originais
às cinco dimensões propostas (SALGADO; DE FRUYT, 2005).

O uso dos instrumentos de personalidade é capaz de identificar os interesses de um


determinado um indivíduo, bem como características e atitudes específicas para um
bom desempenho para um determinado cargo, inclusive por meio de uso de testes
vocacionais.

Admissão no serviço público

De acordo com (VITELES, 1946), o primeiro grande impulso recebido pelos testes
psicológicos para seleção de pessoal ocorreu durante a Primeira Grande Guerra Mundial,
pois durante esse período, foram necessários o a utilização de testes psicológicos para a
seleção de pessoal do Exército, especialmente nos Estados Unidos. Nesta época foram
desenvolvidos coletivos de habilidade mental geral denominados de testes Alfa para os
soldados alfabetizados e de Beta para os soldados analfabetos.

Apesar de seu caráter experimental, o programa foi bem-sucedido, tendo sido responsável
pela testagem de aproximadamente 1.750.000 soldados e posterior recomendação para
diferentes funções militares, daqueles considerados aptos (BOROW, 1944).

Terminada a guerra, e motivadas pelo sucesso obtido com o uso dos testes
no Exército, muitas empresas começaram a se interessar pelo uso desses
instrumentos em seleção e classificação de pessoal. Vários psicólogos
começaram, assim, a prestar serviços dessa natureza e a desenvolver
estudos e pesquisas sobre testes apropriados às organizações. Desta
forma, surgiram as primeiras empresas especializadas na publicação de
testes, bem como os primeiros periódicos e associações profissionais
dedicados ao assunto. (BOROW, 1944; VITELES, 1946; SCROGGINS
et al. 2008).

Com o início da Segunda Grande Guerra, houve a necessidade de selecionar recrutas


para os serviços militares, o que gerou necessidade de mais pesquisa e desenvolvimento
de testes de aptidões que foram submetidos à validação empírica (BOROW, 1944).

Ao final da guerra, o sucesso obtido pelos testes psicológicos levou o


Congresso norte-americano a apoiar a implementação de diferentes
instituições públicas de pesquisa civis e militares que, em conjunto ou
separadamente, passaram a envidar esforços para aprimorar as técnicas

46
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

de avaliação psicológica usadas em seleção de pessoal. (SCROGGINS et


al. 2008).

Desde então, o número de testes disponíveis no mercado, principalmente o norte-


americano, cresceu admiravelmente, conjuntamente com pesquisas e diferentes
técnicas de avaliação psicológica no contexto organizacional.

Em meio a esta evolução muitos debates e discussões estão ocorrendo acerca da real
capacidade dos testes, em especial os de personalidade, para prognosticar o desempenho
de futuros empregados.

O desenvolvimento de técnicas e modelos psicométricos mais sofisticados tem


recentemente contribuído para o esclarecimento de muitas das discussões associadas à
adoção da avaliação psicológica no contexto organizacional.

No Brasil, em 2002, o Conselho Federal de Psicologia publicou a Resolução no 1 (CFP,


2002) sobre a avaliação psicológica no contexto dos concursos.

Clique no link a seguir para ler a Resolução no 1 (CFP, 2002) na íntegra:

<http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2002/04/resolucao2002_1.pdf>

Considerando a necessidade de orientação aos psicólogos a respeito de procedimentos


adequados quando da sua participação em processos seletivos e considerando a
necessidade de orientar os órgãos públicos e demais pessoas jurídicas a respeito das
informações relacionadas à avaliação psicológica que devem constar nos editais de
concurso para garantia dos direitos dos candidatos, a avaliação psicológica para fins de
seleção de candidatos é um processo, realizado mediante o emprego de um conjunto
de procedimentos objetivos e científicos, que permite identificar aspectos psicológicos
do candidato para fins de prognóstico do desempenho das atividades relativas ao cargo
pretendido. Para proceder à avaliação psicológica, o psicólogo deverá utilizar métodos
e técnicas psicológicas que possuam características e normas obtidas por meio de
procedimentos psicológicos reconhecidos pela comunidade científica como adequados
para instrumentos dessa natureza. (CFP, 2001).

Optando pelo uso de testes psicológicos, o psicólogo deverá utilizar testes validados em
nível nacional, aprovados pelo CFP de acordo com a Resolução CFP no 25/2001, que
define teste psicológico como método de avaliação privativo do psicólogo e regulamenta
sua elaboração, comercialização e uso, que garantam a precisão dos diagnósticos
individuais obtidos pelos candidatos (CFP, 2001).

47
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Clique no link a seguir para ler a Resolução no 25 (CFP, 2001) na íntegra:


<http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2001/11/resolucao2001_25.pdf>

Para tanto, o psicólogo deverá (CFP, 2001):

»» utilizar testes definidos com base no perfil profissiográfico do cargo


pretendido;

»» incluir, nos instrumentos de avaliação, técnicas capazes, minimamente,


de aferir características tais como inteligência, funções cognitivas,
habilidades específicas e personalidade;

»» à luz dos resultados de cada instrumento, proceder à análise conjunta de


todas as técnicas utilizadas, relacionando-as ao perfil do cargo e aos fatores
restritivos para a profissão, considerando a capacidade do candidato para
utilizar as funções psicológicas necessárias ao desempenho do cargo;

»» Seguir sempre a recomendação atualizada dos manuais técnicos adotados


a respeito dos procedimentos de aplicação e avaliação quantitativa e
qualitativa.

O Edital deverá conter informações, em linguagem compreensível


ao leigo, sobre a avaliação psicológica a ser realizada e os critérios de
avaliação, relacionando-os aos aspectos psicológicos considerados
compatíveis com o desempenho esperado para o cargo. Será facultado ao
candidato, e somente a este, conhecer o resultado da avaliação por meio
de entrevista devolutiva. Será facultado ao candidato, e somente a este,
conhecer o resultado da avaliação por meio de entrevista devolutiva.
Na hipótese de recurso à instância competente, o candidato poderá ser
assessorado ou representado por psicólogo que não tenha feito parte
da comissão avaliadora, que fundamentará o pedido e a revisão do
processo de avaliação do recorrente, com base nas provas realizadas.
Havendo recurso para realização de perícia, ficam os membros da
comissão impedidos de participarem do processo. (CFP, 2001).

O foco da avaliação psicológica é o potencial de futuros candidatos a uma vaga


ou emprego e pode servir também para medir o desempenho de pessoas que já são
membros da organização, com o intuito de verificar as possibilidades de elas serem
mais bem aproveitadas internamente (BARTRAM, 2004).

48
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

A seleção de pessoal caracteriza-se por um processo de inferência e


tomada de decisão, cujo principal objetivo é identificar quais são os
candidatos mais apropriados a ocupar determinado cargo, em virtude
de possuírem as características (como, por exemplo, conhecimentos,
habilidades, competências, traços de personalidade etc.) consideradas
mais adequadas ao seu desempenho. (CHAN, 2005).

A seleção de pessoal pode ser conduzida em diferentes escalas. A seleção em pequena


escala normalmente é adotada em cargos de níveis hierárquicos mais altos, como os
de direção. A avaliação pode ocorrer individualmente ou em pequenos grupos. Já na
seleção em larga escala, muitos candidatos são avaliados e classificados para um cargo
ou função, normalmente com excesso de pretendentes.

Independentemente de se realizar em pequena ou larga escala, o


processo de avaliação e seleção de pessoal envolve uma série de etapas
sequenciais que incluem: a análise detalhada do cargo; a indicação dos
atributos psicológicos requeridos para o seu desempenho, elaborada
com base na referida análise; a escolha dos métodos e técnicas de
seleção consideradas mais apropriadas à avaliação de tais atributos
psicológicos; a aplicação dessas técnicas nos candidatos ao cargo e a
tomada de decisão acerca de cada candidato. (CFP ,2010a).

Segundo Robertson e Smith (2001), na seleção em larga escala, o processo pode ser
ainda complementado por preditores válidos de algum critério de desempenho, tais
como o desempenho no trabalho, o absenteísmo, a rotatividade, dentre outros.

Na seleção em pequena escala, foca-se em escolher os indivíduos com um maior


potencial de desenvolvimento de pessoal que irão trabalham na organização, com a
finalidade de desenvolvê-los no futuro. Portanto, as avaliações psicológicas realizadas
nessas situações baseiam-se na definição inicial de modelos de competência, na escolha
de instrumentos de medida psicológica destinados a avaliá-las e no direcionamento dos
indivíduos para programas específicos, de acordo com os resultados por eles auferidos
nessas avaliações (CFP, 2010a).

Nesse sentido, a avaliação psicológica para fins de desenvolvimento de


pessoal é mais direta do que a realizada para fins de seleção de pessoal,
em função de se apoiar principalmente em medidas comportamentais
e de desempenho, e não em medidas de habilidades cognitivas e
de personalidade, como em geral ocorre nos processos seletivos.
(BARTRAM, 2004).

49
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Por sua vez, as entrevistas consistem em instrumentos que podem assumir vários
formatos e ser utilizados em diferentes contextos, com objetivos distintos.

Na seleção de pessoal, as entrevistas são utilizadas como um instrumento para auxiliar


na tomada de decisão, visto que seu principal objetivo é angariar informações adicionais
sobre as competências dos candidatos para cargos específicos, que possam auxiliar na
escolha dos mais competentes.

As entrevistas de seleção distinguem-se em função de serem estruturadas


ou não estruturadas. No primeiro caso, os procedimentos para sua
condução, bem como as questões a serem feitas, são planejados, a
priori, com base nas especificidades do cargo e utilizados do mesmo
modo com todos os candidatos. No segundo, um roteiro de pergunta
inexiste ou é bastante flexível, razão pela qual elas costumam resultar
em inferências intuitivas sobre características atitudinais ou de
personalidade consideradas importantes para a função. (COOPER et
al., 2003).

A entrevista estruturada contém questões formuladas com base na descrição do cargo


para todos os candidatos, sobre competências necessárias ao desempenho de um cargo
específico. Segundo Cooper et al. (2003), tais perguntas referem-se a situações sobre
incidentes críticos, indagações sobre o que fazer ou o que foi feito no passado, cujas
respostas são avaliadas segundo padrões preestabelecidos

De acordo com Guion e Highhouse (2006), a entrevista estruturada difere, da entrevista


conduzida, “após o exame do currículo de um candidato, cujo principal interesse é
aprofundar certas informações nele contidas, isto é, cujo foco é aquele candidato em
particular”.

Durante muito tempo, as entrevistas foram apontadas como


instrumentos de baixa validade e precisão. Contudo, revisões narrativas
da literatura, empreendidas a partir dos anos 1970 sinalizaram que
tais problemas não se associavam ao instrumento, mas ao seu grau de
estrutura. Em outras palavras, as conclusões advindas de tais revisões
passaram a evidenciar que as entrevistas estruturadas constituíam boas
medidas preditoras do desempenho no trabalho e outros critérios, o
mesmo não ocorrendo com as entrevistas não estruturadas. (GUION;
HIGHHOUSE, 2006).

Cooper et al. (2003) concluem que a entrevista estruturada se tem mostrado


melhor preditora de diferentes medidas de critério, quando comparada à

50
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

entrevista com pouca ou nenhuma estrutura. Portanto, é possível que ela possa
se converter em importante instrumento de um processo seletivo.

No entanto, o que se verifica na prática são entrevistas corriqueiras não


estruturadas, muitas vezes conduzidas por pessoas inexperientes, com baixos
índices de qualidade e validade.

Os testes situacionais, também conhecidos como testes de amostras de


trabalho, caracterizam-se pela simulação de situações reais de trabalho,
isto é, de amostras de atividades rotineiramente desempenhadas pelos
ocupantes de determinado cargo ou função, a que todos os candidatos
são submetidos de maneira uniforme, com o objetivo de avaliar seu nível
de proficiência no desempenho daquelas atividades. Eles podem ser de
lápis e papel ou envolverem a realização efetiva de certas atividades.
(ANASTASI; URBINA, 2000).

Nos testes situacionais feitos a lápis, as simulações de tarefas são apresentadas sob
a forma de cenários, acompanhados por um conjunto de respostas em formato de
múltipla escolha. O indivíduo deve escolher a que melhor representaria a sua atitude
ou a que melhor se aplicaria a cada cenário.

Tais instrumentos são considerados testes situacionais de baixa


fidelidade em situações de trabalho e se parecem com as entrevistas
estruturadas, embora nestas as respostas não se encontrem disponíveis
à escolha, além de que devem ser fornecidas verbalmente e não por
escrito. Os testes que envolvem a realização efetiva de atividades visam
à avaliação do desempenho emitido em simulações de situações reais,
sendo, por essa razão, considerados testes situacionais de alta fidelidade
a situações de trabalho. (GUION; HIGHHOUSE, 2006).

Segundo Prien et al., (2003), os testes situacionais adotados na seleção de funções de


maior nível hierárquico são divididos em não interativos e interativos.

Os não interativos envolvem atividades individuais que não dependem


de interação com outras pessoas. Um dos mais conhecidos nessa
modalidade é o teste da cesta ou bandeja, que simula o material
encontrado na mesa de pessoas que desempenham funções gerenciais
ou técnicas de maior complexidade. Assim, por exemplo, os candidatos
podem ser apresentados a uma série de cartas, memorandos, relatórios e
papéis a ser assinados, sendo-lhes dada a tarefa de, em um determinado
período de tempo, avaliar todo o material, sistematizá-lo e tomar uma

51
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

atitude em relação a cada um, registrando por escrito todas as ações


empreendidas. Tais registros, entregues ao final do tempo prescrito
para a atividade, constituirão o material a ser avaliado, segundo padrões
pré-especificados. Dimensões costumeiramente avaliadas nesse tipo
de tarefa são as habilidades de supervisionar, de planejar, de resolver
problemas, dentre outras. (PRIEN et al., 2003).

Os testes situacionais interativos envolvem métodos como a execução de papéis (role


playing), as apresentações e os exercícios grupais. No desempenho de papéis, também
chamada de improvisação, cada indivíduo é solicitado a assumir explicitamente um
papel ou descrever o que faria em uma determinada situação (PRIEN et al., 2003;
ANASTASI; URBINA, 2000).

Exemplo típico desta técnica é a realização de uma entrevista hipotética


com um subordinado que vem apresentando baixo desempenho,
com os candidatos ao cargo tendo acesso prévio à documentação do
subordinado (perfil pessoal, dados biográficos, áreas em que seu
desempenho está aquém do esperado etc.) e dispondo de tempo
preliminar para examiná-la e planejar a entrevista. Na técnica de
apresentação, os candidatos são solicitados a realizar palestras sobre
tópicos em geral predeterminados e em espaço de tempo prefixado,
usando recursos tais como data-show, apresentações em power point
etc. Assim, por exemplo, pode ser-lhes dada a tarefa de preparar e fazer
uma apresentação para um dos executivos da organização sobre as mais
recentes estratégias de vendas de certo departamento da empresa. Tais
apresentações costumam ser gravadas, para serem depois avaliadas de
acordo com critérios preestabelecidos. (COOPER et al.,2003; PRIEN et
al. 2003).

Segundo Cooper et al. (2003), os exercícios grupais costumam referir-se a discussões


em grupo sem a presença de um líder, em que os candidatos discutem tópicos, sendo
todas as contribuições gravadas e observadas por avaliadores.

De acordo com Anastasi e Urbina (2000), esta técnica têm se demonstrado um valioso
instrumento de avaliação de desempenho em cargos que demandam habilidades de
comunicação verbal, resolução de problemas verbais e de aceitação pelos colegas,
principalmente quando utilizada por avaliadores submetidos a treinamento adequado.

Os exercícios grupais podem envolver também elementos físicos.


Assim, por exemplo, para se verificarem características como trabalho
em equipe, engenhosidade, iniciativa e liderança, um grupo de

52
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

candidatos pode ser levado a uma área rural, recebendo a tarefa de


transferir equipamentos de uma margem a outra de um caudaloso
rio, com o auxílio de cordas, madeira e outros materiais que lhes são
disponibilizados, em velocidade máxima e segurança. (ANASTASI;
URBINA, 2000).

Cumpre enfatizar que os testes situacionais devem atender aos mesmos


parâmetros exigidos para as demais técnicas de avaliação. Nesse sentido, sua
construção deve ser precedida por uma cuidadosa análise de trabalho e seleção
de amostras de trabalho representativas do universo de atividades associadas à
função. Por fim, eles devem apresentar índices aceitáveis de precisão e validade.
Tais testes têm sido cada vez mais utilizados, não apenas na seleção de pessoal,
mas também no desenvolvimento de pessoal, e vêm sendo considerados,
por alguns autores, como um dos mais válidos preditores do desempenho no
trabalho, quando implementados em bases científicas. Eles podem mostrar-
se úteis especialmente se usados em conjunto com outros instrumentos de
avaliação. No entanto, o tempo gasto em seu desenvolvimento costuma ser
longo, além de que cada um deles costuma ser específico a um número limitado
de funções e exigir, por vezes, investimentos substanciais em equipamentos,
espaço físico e treinamento de instrutores. (HUNTER; HUNTER,1984; SCHMIDT;
HUNTER 1998, PRIEN et al. 2003; SMITH; SMITH ,2005).

Ressalta-se que o acesso a cargo ou emprego público está exclusivamente


condicionado à realização de provas ou prova e títulos, segundo o Artigo 37,
inciso II, da Constituição Federal da República (BRASIL, 1988), sendo que a
utilização dos testes psicológicos, desde que previstos em lei, nunca poderão
ter cunho eliminatório como etapa do concurso público, mas apenas em sede
de exames admissionais.

A fim de continuar a discussão sobre este assunto que trata não apenas do caráter
eliminatório da avaliação psicológica de concursos públicos, mas também da
necessidade de testes psicológicos de acordo com o tipo de atividade a ser
desenvolvida, leia o artigo a seguir disponível na íntegra no seguinte link:

<http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_
leitura&artigo_id=11122>

53
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Até que ponto é constitucional afastar candidatos que não estejam adequados
aos padrões de personalidade eleitos para certos cargos?

Habilitação para conduzir veículos, embarcações e


aeronaves

Habilitação para conduzir veículos

A avaliação psicológica é parte integrante do processo de obtenção da Carteira Nacional


de Habilitação (CNH), sendo esta uma exigência do Código Brasileiro de Trânsito.

Segundo Guarienti (2013), a testagem psicológica, parte integrante do processo de


avaliação psicológica, constitui um instrumento fundamental para determinar se o
candidato está apto ou não para conduzir um veículo, garantindo a própria segurança e
a dos demais envolvidos no trânsito.

O uso de avaliações psicológicas em motoristas foi uma estratégia


utilizada no Brasil para restringir o acesso de pessoas propensas a se
envolver com acidentes de trânsito por estarem conduzindo algum
veículo. O marco inicial desta atividade no âmbito rodoviário foi o
Decreto-Lei no 9.545 de 1946, em vigor em 1951, que caracterizou o
exame psicotécnico para a aquisição da Carteira Nacional de Habilitação
(CNH), sendo aplicado a critério de uma junta médica e sem caráter
eliminatório. (SILVA; ALCHIERI, 2010).

Segundo Alchieri e Stroeher (2002), nesta época, em 1951, algumas características-alvo a


serem observadas nos motoristas foram determinadas, mas ainda não estavam estabelecidos
critérios de comportamento para que estes pudessem ser considerados aptos ou não para
conduzir um veículo.

Ainda assim, em 1962, o Conselho Nacional do Trânsito (CONTRAN) estendeu o exame


psicotécnico a todos os candidatos que desejavam obter a CNH do país (ALCHIERI;
CRUZ; 2003).

Os primeiros exames psicológicos foram constituídos de uma entrevista,


provas de aptidão com avaliação da atenção difusa, o uso do tacodômetro
para medir a capacidade de avaliar distâncias, a inibição retroativa
para avaliar a capacidade de adaptações a novas condições de direção
de veículos, capacidade visão noturna ou ofuscamento e o volante

54
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

dinamógrafo, que media a força muscular dos braços. (GUARIENTI,


2013).

Em 1966, os exames psicológicos para condutores de veículos foram regulamentados no


Brasil, a partir de quando as avaliações psicológicas foram reexaminadas, redefinidas
e dirigidas para avaliações de personalidade, que passaram a ser mais perceptivas,
avaliando o nível mental, a personalidade e coordenação bimanual (ALCHIERI;
STROEHER, 2002).

Atualmente a Resolução no 425 de 2012 do Conselho Nacional do


Trânsito (CONTRAN, 2012) dispõe sobre o exame de aptidão física
e mental, a avaliação psicológica e o credenciamento das entidades
públicas e privadas de que tratam os artigos 147 e 148 do Código de
Trânsito Brasileiro.

A avaliação psicológica é uma parte integrante do processo de formação


do candidato à obtenção da CNH, por meio da qual suas funções
mentais são revisadas. Através da avaliação realizada pelos psicólogos
do trânsito, são avaliados sujeitos que se encontram em diferentes fases
da vida, com diferentes características e culturas, valores próprios e
introjetados. (TONGLET, 2007).

Conheça a Resolução no 425 de 2012 do CONTRAN na íntegra. Nos anexos desta


resolução são apresentados alguns dos exames para a obtenção da CNH.

<http://www.denatran.gov.br/download/resolucoes/(Resolu%C3%A7%C3%A3o%20
425.-1).pdf>

Cabe ao Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), criar e disciplinar


o uso do formulário Registro Nacional de Condutores Habilitados (RENACH),
destinado à coleta de dados dos candidatos à obtenção da Autorização
para Conduzir Ciclomotor (ACC), da Carteira Nacional de Habilitação – CNH,
renovação, adição e mudança de categoria, bem como determinar aos órgãos
ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, no âmbito
de suas circunscrições, a sua utilização. (CONTRAN, 2012).

No exame de aptidão física e mental para a obtenção da CNH são exigidos os seguintes
procedimentos médicos (CONTRAN, 2012):

»» Anamnese:

›› questionário;

55
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

›› interrogatório complementar.

»» Exame físico geral, no qual o médico perito examinador deverá observar:

›› tipo morfológico;

›› comportamento e atitude frente ao examinador, humor, aparência,


fala, contactuação e compreensão, perturbações da percepção e
atenção, orientação, memória e concentração, controle de impulsos e
indícios do uso de substâncias psicoativas;

›› estado geral, fácies, trofismo, nutrição, hidratação, coloração da


pele e mucosas, deformidades e cicatrizes, visando à detecção de
enfermidades que possam constituir risco para a direção veicular.

»» Exames específicos:

›› avaliação oftalmológica;

›› avaliação otorrinolaringológica;

›› avaliação cardiorrespiratória;

›› avaliação neurológica;

›› avaliação do aparelho locomotor, onde serão exploradas a integridade


e funcionalidade de cada membro e coluna vertebral, buscando-se
constatar a existência de malformações, agenesias ou amputações,
assim como o grau de amplitude articular dos movimentos;

›› avaliação dos distúrbios do sono, exigida quando da renovação, adição


e mudança para as categorias C, D e E.

»» Exames complementares ou especializados, solicitados a critério médico.

O exame de aptidão física e mental do candidato portador de deficiência


física será realizado por Junta Médica Especial designada pelo Diretor
do órgão ou entidade executivo de trânsito do Estado ou do Distrito
Federal. As Juntas Médicas Especiais ao examinarem os candidatos
portadores de deficiência física seguirão o determinado na NBR no
14970 da ABNT. (CONTRAN, 2012).

56
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

Na avaliação psicológica deverão ser aferidos, por métodos e técnicas psicológicas, os


seguintes processos psíquicos (CONTRAN, 2012):

»» tomada de informação;

»» processamento de informação;

»» tomada de decisão;

»» comportamento;

»» autoavaliação do comportamento;

»» traços de personalidade.

Na avaliação psicológica serão utilizados as seguintes técnicas e instrumentos


(CONTRAN, 2012):

»» entrevistas diretas e individuais:

»» testes psicológicos, que deverão estar de acordo com resoluções vigentes


do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que definam e regulamentem o
uso de testes psicológicos;

»» dinâmicas de grupo;

»» escuta e intervenções verbais.

As entidades, públicas ou privadas, serão credenciadas pelo órgão ou


entidade executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal, de
acordo com a sua localização. Cabe ao DENATRAN criar e disciplinar
o registro das entidades credenciadas objetivando o aperfeiçoamento
e qualificação do processo de formação dos condutores, bem como a
verificação da qualidade dos serviços prestados, que conterá anotações
das ocorrências de condutores envolvidos em acidentes de trânsito,
infratores contumazes e os que tiverem sua CNH cassada. (CONTRAN,
2012).

Segundo Tonglet (2007), as avaliações psicológicas devem ser vistas como tarefas
integrantes de um estágio preparatório na formação do condutor e parte de uma
etapa preventiva na reciclagem de motoristas. Cabe ao psicólogo a responsabilidade
em reconhecer no indivíduo sua capacidade de identificar os riscos e responder
adequadamente às regras da legislação de trânsito. (MARIUZA; GARCIA, 2010).

57
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

O Conselho Federal de Psicologia elaborou em 2009 a Resolução no 7 a qual regulamenta


a prática da avaliação psicológica junto aos órgãos executivos estaduais de trânsito dos
Estados e do Distrito Federal (DETRANs), considerando a necessidade de normatização
de procedimentos relacionados à prática da avaliação psicológica de candidatos à CNH
e condutores de veículos automotores, bem como as resoluções do CONTRAN.

Para conhecer na íntegra a Resolução no 7 de 2009 do Conselho Federal de


Psicologia:

<http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2009/08/resolucao2009_07.pdf>

Das habilidades mínimas do candidato à CNH e do condutor de veículos automotores,


o candidato, independente da atividade, deverá ser capaz de apresentar (CFP, 2009):

»» Tomada de informação:

›› atenção em seus diferentes tipos, como: atenção difusa, vigilância,


atenção sustentada, atenção concentrada, atenção distribuída,
dividida, atenção alternada, conforme definidas pela literatura e pelos
manuais de instrumentos padronizados;

›› detecção, discriminação e identificação: estes aspectos fazem parte e


são recursos utilizados quando se responde a um instrumento para
avaliar a atenção. Porém, eles também devem ser aferidos por meio
da entrevista, criando situações hipotéticas vivenciadas no ambiente
do trânsito com a finalidade de identificar a capacidade de perceber e
interpretar sinais específicos do ambiente no contexto do trânsito.

»» Processamento de informação e tomada de decisão:

›› inteligência: capacidade de resolver problemas novos, relacionar


ideias, induzir conceitos e compreender implicações, assim como
a habilidade adquirida de uma determinada cultura por meio da
experiência e aprendizagem;

›› memória: capacidade de registrar, reter e evocar estímulos em um


curto período de tempo (memória em curto prazo) e capacidade de
recuperar uma quantidade de informação armazenada na forma de
estruturas permanentes de conhecimento (memória de longo prazo);

58
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

›› orientação espacial, identificação significativa, julgamento ou juízo


crítico e tomada de decisão: estes aspectos devem ser avaliados por
meio de entrevista, com o objetivo de obter informações a respeito
da capacidade de o indivíduo situar-se no tempo e no espaço, de sua
escala de valores para perceber e avaliar a realidade para, dessa forma,
identificar quais os julgamentos que levam a atitudes seguras no
trânsito.

»» Comportamento:

›› conjunto de reações de um sistema dinâmico em face das interações


propiciadas pelo meio. No caso do ambiente do trânsito, por meio da
entrevista e situações hipotéticas deverão ser aferidos comportamentos
adequados às situações no trânsito, como tempo de reação, coordenação
viso e áudio-motora, assim como a capacidade para perceber quando as
ações no trânsito correspondem ou não a comportamentos adequados,
sejam eles individuais ou coletivos.

»» Traços de personalidade:

›› equilíbrio entre os diversos aspectos de personalidade, em especial


os relacionados ao controle emocional, ansiedade, impulsividade e
agressividade.

Os instrumentos de avaliação psicológica mais utilizados são os testes psicológicos e as


entrevistas psicológicas, no entanto, também podem ser utilizados os questionários e
observações situacionais.

A entrevista psicológica é uma conversação dirigida a um propósito


definido de avaliação. Sua função básica é prover o avaliador de subsídios
técnicos acerca da conduta, comportamentos, conceitos, valores e
opiniões do candidato, completando os dados obtidos pelos demais
instrumentos utilizados. A entrevista psicológica deve ser utilizada
em caráter inicial e faz parte do processo de avalição psicológica. É
durante esse procedimento que o psicólogo tem condições de identificar
situações que possam interferir negativamente na avaliação psicológica,
podendo o avaliador optar por não proceder a testagem naquele
momento para não prejudicar o candidato. Nesse caso, o candidato
deverá retornar em momento posterior. O psicólogo deve, portanto,
planejar e sistematizar a entrevista a partir de indicadores objetivos
de avaliação correspondentes ao que pretender examinar. O psicólogo

59
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

deve, durante a entrevista, verificar as condições físicas e psíquicas do


candidato ou examinando, tais como, se ele tomou alguma medicação
que possa interferir no seu desempenho, se possui problemas visuais,
se está bem alimentado e descansado. Verificar também se o candidato
não está passando por algum problema situacional ou qualquer outro
fator existencial que possa alterar o seu comportamento, como regra
padrão, antes de iniciar a testagem, estabelecer o rapport, esclarecendo
eventuais dúvidas e informando os objetivos do teste. (CFP, 2009).

Entenda o que significa o conceito de rapport na psicologia. Acesse o link:

<https://freudexplicatudo.wordpress.com/2012/02/24/rapport/>

A entrevista psicológica realizada com candidatos à CNH e condutores de


veículos é obrigatória e individual e deve ser baseada nos seguintes indicadores
(CFP, 2009):

»» identificação pessoal;

»» motivo da avaliação psicológica;

»» histórico escolar e profissional;

»» histórico familiar;

»» indicadores de saúde/doença;

»» aspectos da conduta social.

O teste psicológico pode ser conceituado como uma medida objetiva


e padronizada de uma amostra do comportamento do sujeito, tendo a
função fundamental de mensurar diferenças ou mesmo as semelhanças
entre indivíduos, ou entre as reações do mesmo indivíduo em diferentes
momentos. Para ser utilizado adequadamente, o teste precisa ter
evidências empíricas de validade e precisão e também deve ser
normatizado. É necessário ainda que traga instruções para aplicação.
Assim, o psicólogo deve seguir todas as recomendações contidas nos
manuais dos testes, bem como atualizações divulgadas, para garantir a
qualidade técnica do trabalho. (CFP, 2009).

60
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

Habilitação para conduzir aeronaves

A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) é a responsável pela emissão de licença e


de habilitações para dirigir aeronaves.

Acesse os links a seguir para conhecer melhor o processo de solicitação de


licenças e de inspeção de saúde para dirigir aeronaves.

<http://www2.anac.gov.br/solicitacaodelicencas/>

<http://www2.anac.gov.br/habilitacao/inspecaoSaude.asp>

A ANAC (2014) exige um exame de saúde pericial para os candidatos às licenças que
tem o objetivo de certificar a aptidão física e mental de tripulantes, considerando o
exercício de cada função. Esta certificação médica visa limitar o risco à segurança do voo
decorrente de problemas de saúde, tendo validade específica de acordo com a classe,
função, idade e outras possíveis condições médicas.

As clínicas credenciadas e as Juntas Especiais de Saúde (JES) do Comando da


Aeronáutica podem realizar exames de todas as classes (ANAC, 2014).

Os requisitos de avaliação psicológica de tripulantes civis são definidos


pelos parágrafos 67.75 (e), 67.115 (e) e 67.195 (e) do Regulamento
Brasileiro de Aviação Civil no 67. A avaliação psicológica, portanto,
faz parte do processo de certificação médica e pode ser realizada por
profissionais do mercado, quando solicitada por médicos credenciados
para a emissão de CMA de 2a e 4a Classes. Ao final da avaliação, os
atestados psicológicos devem ser entregues pelos candidatos avaliados
aos médicos credenciados. (ANAC, 2015).

Clique no link a seguir para conhecer na íntegra o Regulamento Brasileiro de


Aviação Civil no 67.

<http://www2.anac.gov.br/biblioteca/rbac/RBAC67EMD00.pdf>

As avaliações psicológicas devem subsidiar todos os exames de saúde


periciais com atestados psicológicos, conforme o Manual de Elaboração
de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo, decorrentes
de avaliação psicológica. Tais avaliações devem ser realizadas por
psicólogo e devem ser subsidiadas por dados colhidos e analisados, à luz
de um instrumental técnico (entrevistas, dinâmicas, testes psicológicos,
observação, exame psíquico, intervenção verbal), consubstanciado em
referencial técnico-filosófico e científico adotado pelo psicólogo. Os

61
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

construtos a serem avaliados são os elencados (personalidade, atenção,


memória e raciocínio) ficando a cargo do profissional a escolha das
ferramentas a serem utilizadas, de acordo com o Conselho Federal
de Psicologia. A ANAC não indica testes psicológicos e, na medida do
possível, incentivamos a realização de entrevistas. Mas na utilização
de testes é impreterível a utilização de testes aprovados pelo CFP,
conforme indicados no Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos,
(Disponível em: <http://www2.pol.org.br/satepsi/sistema/pareceres/
desfavoraveis.htm>.

A ANAC não credencia psicólogos e sim clínicas médicas. Estas entidades


conveniadas à ANAC necessitam ter na sua equipe um psicólogo. A avaliação
psicológica deve ser realizada exclusivamente por este profissional.

Habilitação para conduzir embarcações

No caso da habilitação para dirigir embarcações, no ato da inscrição é solicitado um


atestado médico que comprove bom estado psicofísico, que incluem limitações, caso
existam, tais como: uso obrigatório de lentes de correção visual; acompanhado e com
uso de coletes; e uso obrigatório de aparelho de correção auditiva ou a apresentação da
CNH (MARINHA DO BRASIL, 2012).

Cabe salientar que há quatro tipos de habilitação disponíveis (MARINHA DO BRASIL,


2012):

»» Motonauta.

»» Arrais amador.

»» Mestre amador.

»» Capitão amador.

Para conhecer mais sobre os tipos de habilitação, acesse o seguinte link:

<https://www.mar.mil.br/cfb/capitao_amador.html#>

62
CAPÍTULO 4
Declaração, parecer, atestado e laudo
psicológico ou relatório

A Resolução no 7 do Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2003a) instituiu em 2003 o


Manual de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo decorrentes
de avaliação psicológica, diante das implicações sociais decorrentes da finalidade
do uso dos documentos escritos, para que o psicólogo, no seu exercício profissional,
tenha subsídios na produção qualificada de documentos escritos decorrentes de
avaliação psicológica, considerando a frequência com que representações éticas são
desencadeadas a partir de queixas que colocam em questão a qualidade dos documentos
escritos, decorrentes de avaliação psicológica, produzidos pelos psicólogos.

De acordo com a referida resolução, as modalidades de documentos reconhecidas são:

»» declaração;

»» atestado psicológico;

»» laudo psicológico ou relatório;

»» parecer psicológico.

O prazo de validade do conteúdo dos documentos escritos, decorrentes


das avaliações psicológicas, deverá considerar a legislação vigente
nos casos já definidos. Não havendo definição legal, o psicólogo, onde
for possível, indicará o prazo de validade do conteúdo emitido no
documento em função das características avaliadas, das informações
obtidas e dos objetivos da avaliação. Ao definir o prazo, o psicólogo
deve dispor dos fundamentos para a indicação, devendo apresentá-
los sempre que solicitado. Os documentos escritos decorrentes de
avaliação psicológica, bem como todo o material que os fundamentou,
deverão ser guardados pelo prazo mínimo de 5 anos, observando-se a
responsabilidade por eles tanto do psicólogo quanto da instituição em
que ocorreu a avaliação psicológica. Esse prazo poderá ser ampliado
nos casos previstos em lei, por determinação judicial, ou ainda em casos
específicos em que seja necessária a manutenção da guarda por maior
tempo. (CFP, 2003).

63
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Acesse o link a seguir para ler a Resolução no 7 (CFP, 2003a) na íntegra:

<http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2003/06/resolucao2003_7.pdf>

Declaração
É um documento que visa a informar a ocorrência de fatos ou situações objetivas
relacionadas ao atendimento psicológico, com a finalidade de declarar (CFP, 2003a):

»» comparecimentos do atendido e/ou do seu acompanhante, quando


necessário;

»» acompanhamento psicológico do atendido;

»» informações sobre as condições do atendimento (tempo de


acompanhamento, dias ou horários).

Este não é o documento adequado para registrar sintomas, situações ou estados


psicológicos.

A declaração emitida por um psicólogo deve (CFP, 2003a):

»» Ser emitida em papel timbrado ou apresentar na subscrição do documento


o carimbo, em que conste nome e sobrenome do psicólogo, acrescido de
sua inscrição profissional (nome do psicólogo/no da inscrição).

»» A declaração deve expor:

›› registro do nome e sobrenome do solicitante;

›› finalidade do documento (por exemplo, para fins de comprovação);

›› registro de informações solicitadas em relação ao atendimento (por


exemplo: se faz acompanhamento psicológico, em quais dias, qual
horário);

›› registro do local e data da expedição da declaração;

›› registro do nome completo do psicólogo, sua inscrição no CRP e/ou


carimbo com as mesmas informações;

›› assinatura do psicólogo acima de sua identificação ou do carimbo.

64
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

Parecer

O parecer tem como finalidade apresentar resposta esclarecedora,


no campo do conhecimento psicológico, através de uma avaliação
especializada, de uma “questão problema”, visando a dirimir dúvidas
que estão interferindo na decisão, sendo, portanto, uma resposta a
uma consulta, que exige de quem responde competência no assunto.
O psicólogo parecerista deve fazer a análise do problema apresentado,
destacando os aspectos relevantes e opinar a respeito, considerando os
quesitos apontados e com fundamento em referencial teórico-científico.
Havendo quesitos, o psicólogo deve respondê-los de forma sintética e
convincente, não deixando nenhum quesito sem resposta. Quando não
houver dados para a resposta ou quando o psicólogo não puder ser
categórico, deve-se utilizar a expressão “sem elementos de convicção”.
Se o quesito estiver mal formulado, pode-se afirmar “prejudicado”,
“sem elementos” ou “aguarda evolução”. (CFP, 2003a).

O parecer deve ser composto por quatro itens (CFP, 2003a):

»» Identificação: consiste em identificar o nome do parecerista e sua


titulação, o nome do autor da solicitação e sua titulação.

»» Exposição de motivos: destina-se à transcrição do objetivo da consulta


e dos quesitos ou à apresentação das dúvidas levantadas pelo solicitante.
Deve-se apresentar a questão em tese, não sendo necessária, portanto,
a descrição detalhada dos procedimentos, como os dados colhidos ou o
nome dos envolvidos.

»» Análise: a discussão do parecer psicológico se constitui na análise


minuciosa da questão explanada e argumentada com base nos
fundamentos necessários existentes, seja na ética, na técnica ou no corpo
conceitual da ciência psicológica. Nesta parte, deve respeitar as normas
de referências de trabalhos científicos para suas citações e informações.

»» Conclusão: na parte final, o psicólogo apresentará seu posicionamento,


respondendo à questão levantada. Em seguida, informa o local e data em
que foi elaborado e assina o documento.

65
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Atestado

É um documento expedido pelo psicólogo que certifica uma determinada situação ou


estado psicológico, tendo como finalidade afirmar sobre as condições psicológicas de
quem, por requerimento, o solicita, com fins de (CFP, 2003a):

»» justificar faltas e/ou impedimentos do solicitante;

»» justificar estar apto ou não para atividades específicas, após realização de


um processo de avaliação psicológica (neste caso ser guardado relatório
correspondente ao processo de avaliação psicológica realizado, nos
arquivos profissionais do psicólogo);

»» Solicitar afastamento e/ou dispensa do solicitante, subsidiado na


afirmação atestada do fato.

Embora seja um documento simples, o atestado deve cumprir algumas formalidades


(CFP, 2003a):

»» Ser emitido em papel timbrado ou apresentar na subscrição do documento


o carimbo, em que conste o nome e sobrenome do psicólogo, acrescido de
sua inscrição profissional (nome do psicólogo / no da inscrição).

»» O atestado deve expor:

›› registro do nome e sobrenome do cliente;

›› finalidade do documento;

›› registro da informação do sintoma, situação ou condições psicológicas


que justifiquem o atendimento, afastamento ou falta – podendo ser
registrado sob o indicativo do código da Classificação Internacional de
Doenças em vigor (CID);

›› registro do local e data da expedição do atestado;

›› registro do nome completo do psicólogo, sua inscrição no CRP e/ou


carimbo com as mesmas informações;

›› assinatura do psicólogo acima de sua identificação ou do carimbo.

Os registros deverão estar transcritos de forma corrida, ou seja,


separados apenas pela pontuação, sem parágrafos, evitando, com isso,
riscos de adulterações. No caso em que seja necessária a utilização de

66
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

parágrafos, o psicólogo deverá preencher esses espaços com traços.


(CFP, 2003a).

Laudo psicológico ou relatório

A finalidade do laudo psicológico ou relatório é a de apresentar os


procedimentos e conclusões gerados pelo processo da avaliação
psicológica, relatando sobre o encaminhamento, as intervenções, o
diagnóstico, o prognóstico e evolução do caso, orientação e sugestão
de projeto terapêutico, bem como, caso necessário, solicitação de
acompanhamento psicológico, limitando-se a fornecer somente as
informações necessárias relacionadas à demanda, solicitação ou
petição. Deve ser subsidiado em dados colhidos e analisados, à luz de
um instrumental técnico (entrevistas, dinâmicas, testes psicológicos,
observação, exame psíquico, intervenção verbal), consubstanciado em
referencial técnico-filosófico e científico adotado pelo psicólogo. (CFP,
2003a).

Cabe ressaltar que o laudo psicológico é uma peça de natureza e valor científico, devendo
conter narrativa detalhada e didática, com clareza, precisão e harmonia, a fim de ser
compreensível ao destinatário. Portanto, os termos técnicos devem ser acompanhados
das explicações ou conceituação retiradas dos fundamentos teórico-filosóficos que os
sustentam (CFP, 2003a).

O laudo psicológico deve conter os seguintes itens (CFP, 2003a):

»» Identificação: é a parte superior do primeiro tópico do documento com a


finalidade de identificar:

›› o autor/relator – quem elabora;

›› o interessado – quem solicita. Deverá ser indicado pelo psicólogo


o nome do autor do pedido (se a solicitação foi da Justiça, se foi de
empresas, entidades ou do cliente);

›› o assunto/finalidade – qual a razão/finalidade. Deverá ser indicado


pelo psicólogo a razão, o motivo do pedido (se para acompanhamento
psicológico, prorrogação de prazo para acompanhamento ou outras
razões pertinentes a uma avaliação psicológica).

»» Descrição da demanda: esta parte é destinada à narração das informações


referentes à problemática apresentada e dos motivos, razões e expectativas

67
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

que produziram o pedido do documento. Nesta parte, deve-se apresentar


a análise que se faz da demanda de forma a justificar o procedimento
adotado.

»» Procedimento: a descrição do procedimento deve apresentar os recursos


e instrumentos técnicos utilizados para coletar as informações à luz do
referencial teórico-filosófico que os embasa. O procedimento adotado
deve ser pertinente para avaliar a complexidade do que está sendo
demandado.

»» Análise: é a parte do documento na qual o psicólogo faz uma exposição


descritiva de forma metódica, objetiva e fiel dos dados colhidos e das
situações vividas relacionadas à demanda em sua complexidade. O
processo de avaliação psicológica deve considerar que as questões de ordem
psicológica têm determinações históricas, sociais, econômicas e políticas,
sendo os mesmos elementos constitutivos no processo de subjetivação.
O documento, portanto, deve considerar a natureza dinâmica, não
definitiva e não cristalizada do seu objeto de estudo. Somente deve ser
relatado o que for necessário para o esclarecimento do encaminhamento.
O psicólogo não deve fazer afirmações sem sustentação em fatos e/ou
teorias, devendo ter linguagem precisa, especialmente quando se referir
a dados de natureza subjetiva, expressando-se de maneira clara e exata.

»» Conclusão: o psicólogo deve expor o resultado e/ou considerações a


respeito de sua investigação a partir das referências que subsidiaram o
trabalho. As considerações geradas pelo processo de avaliação psicológica
devem transmitir ao solicitante a análise da demanda em sua complexidade
e do processo de avaliação psicológica como um todo. Após a narração
conclusiva, o documento deve ser encerrado, com indicação do local, data
de emissão, assinatura do psicólogo e o seu número de inscrição no CRP.

68
CAPÍTULO 5
O papel do psicólogo perito nos
processos judiciais

A avaliação psicológica nos processos judiciais tem sido alvo de debates nos processos
éticos, pois os resultados apresentados por alguns psicólogos peritos nem sempre são
sustentados por instrumentos e técnicas válidas.

Esta situação, que ocorre com constância, fragiliza os fundamentos para os advogados
construírem argumentos de defesa ou de acusação no processo judicial, desrespeitando
o Código de Ética Profissional e a Resolução no 7 do Conselho Federal de Psicologia (CFP,
2003a), que exige que os psicólogos, ao produzirem documentos escritos, se baseiem
exclusivamente nos instrumentais técnicos (entrevistas, testes, observações, dinâmicas
de grupo, escuta, intervenções verbais) que se configuram como métodos e técnicas
psicológicas para a coleta de dados, estudos e interpretações de informações a respeito
da pessoa ou grupo atendidos, bem como sobre outros materiais e grupo atendidos e
sobre outros materiais e documentos produzidos anteriormente e pertinentes à matéria
em questão.

No âmbito das perícias judiciais do Judiciário, com a consolidação da área de Psicologia


Jurídica, atualmente são necessárias evidências de validade e precisão dos instrumentos
utilizados.

A perícia é uma prova técnica, realizada por um perito, que se utiliza da


experiência para auxiliar o juiz. Constatando, explicando, elucidando,
revelando e assim apontando um elemento de prova. Demanda a
realização de um procedimento técnico, o qual se desdobra em vários
atos: preservação, coleta, remessa, armazenamento, guarda, adoção do
princípio cientifico, aplicação de técnica especifica, e outros. Importante
é a confiabilidade de sua análise e conclusão. (MANZANO, 2011).

De acordo com Rovinski (2007), a quantidade e a qualidade da informação, o uso de


teorias atualizadas e uma interpretação de dados baseados em pesquisas ligadas ao
tema são fundamentais para evitar problemas no judiciário.

Frizzo (2004) afirma que é nas varas de família que incidem as maiores ocorrências
de infrações éticas. Desta maneira, verifica-se a necessidade de maiores estudos e
pesquisas sobre os conhecimentos teóricos e metodológicos para a elaboração de uma
perícia psicológica.

69
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Em termos práticos, essas questões incidem sobre os seguintes aspectos:


escolha das técnicas mais adequadas, fundamentos das conclusões,
comunicação com outros profissionais da área jurídica e produção de
relatórios/laudos integrais ou parciais, nesse caso quando apenas uma
das partes está envolvida. Nos casos das infrações citadas, observa-se
o uso impróprio dos instrumentos de avaliação e a falta de adequação
quanto ao manejo clínico em situação de avaliação, os quais abrangem
descuidos na aplicação, correção e interpretação dos resultados e no
registro eivado de afirmações vagas, como, por exemplo: a pessoa
apresenta comportamentos problemáticos e comprometimento
emocional. (ANACHE; REPPOLD, 2007).

Vale enfatizar que a função dos testes, é fornecer respostas rápidas, e


por vezes muito profundas, em curto espaço de tempo, além de diminuir
certas incongruências advindas de pontos de vistas diferentes entre
vários profissionais. As indicações fornecidas pelos testes psicológicos
também contribuem com maior segurança para responder às demandas
da avaliação, aumentando a credibilidade das conclusões em situações
em que esta poderia ser questionada, principalmente quando se trata de
situações periciais, ou seja, toda e qualquer situação em que a avaliação
é feita geralmente de modo compulsório e atendendo a interesses de
terceiros ou sociais. (WERLNANG et al. 2010).

Segundo Silveira (2001), é de competência do juiz nomear um perito que seja um


profissional de sua confiança. Nomeado perito, o psicólogo deve avaliar a dinâmica
emocional do periciando, procurando esclarecer os quesitos solicitados pelo juiz. Por
fim, o perito deverá elaborar o laudo, contendo as respostas para as questões que lhe
foram solicitadas, devidamente fundamentadas e respeitando as normas éticas de sua
profissão.

O laudo realizado pelo psicólogo perito visa oferecer uma reflexão ao Magistrado sobre
a escuta do sujeito do inconsciente. O saber psicanalítico pode dar à atuação jurídica
um sentido de compreensão da subjetividade das partes envolvidas num processo com
vistas à saúde mental, além da aplicação técnica da lei (GOLDENBERG, 2015).

Aliás, as coisas no processo emergem de incontáveis subjetivismos: das


partes ao narrar os fatos aos seus advogados: destes ao peticionar; das
testemunhas; dos peritos; e, evidentemente, do julgador. Não há como
fugir disto. (CARVALHO, 1992).

70
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

Considerando que, quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou


científico, o juiz será assistido por perito, por ele nomeado e considerando o número
crescente de representações referentes ao trabalho realizado pelo psicólogo no contexto
do Poder Judiciário, a Resolução do Conselho Federal de Psicologia no 8/2010 (CFP,
2010b) dispõe sobre a atuação do psicólogo como perito e assistente técnico no Poder
Judiciário.

O psicólogo perito é o profissional designado para assessorar a Justiça


no limite de suas atribuições e, portanto, deve exercer tal função com
isenção em relação às partes envolvidas e comprometimento ético
para emitir posicionamento de sua competência teórico-técnica, a qual
subsidiará a decisão judicial. (CFP, 2010b).

O psicólogo perito deve evitar qualquer interferência durante a avaliação que possa
prejudicar o princípio da autonomia teórico-técnica e ético-profissional que constranja
o periciando durante o atendimento (CFP, 2010b).

Conforme a especificidade de cada situação, o trabalho pericial


poderá contemplar observações, entrevistas, visitas domiciliares e
institucionais, aplicação de testes psicológicos, utilização de recursos
lúdicos e outros instrumentos, métodos e técnicas reconhecidas pelo
Conselho Federal de Psicologia. Em seu relatório, o psicólogo perito
apresentará indicativos pertinentes à sua investigação que possam
diretamente subsidiar o Juiz na solicitação realizada, reconhecendo os
limites legais de sua atuação profissional, sem adentrar nas decisões,
que são exclusivas às atribuições dos magistrados. (CFP, 2010b).

Com intuito de preservar o direito à intimidade e equidade de condições, psicólogo


perito não pode estar atuando como psicoterapeuta das partes envolvidas em um litígio,
nem (CFP, 2010b):

»» atuar como perito ou assistente técnico de pessoas atendidas por ele e/ou
de terceiros envolvidos na mesma situação litigiosa;

»» produzir documentos advindos do processo psicoterápico com a finalidade


de fornecer informações à instância judicial acerca das pessoas atendidas,
sem o consentimento formal destas últimas, à exceção de Declarações,
conforme a Resolução no 7 (CFP, 2003a).

Por fim, cabe ressaltar que o psicólogo perito poderá atuar em equipe multiprofissional
desde que preserve sua especificidade e limite de intervenção, desde que não seja
subordinado técnica e profissionalmente a outras áreas (CFP, 2003a).

71
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Acesse o link a seguir para ler a Resolução no 8 (CFP, 2010b) na íntegra:

<http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2010/0701/resolucao2010_008.
pdf>

72
CAPÍTULO 6
Teste de personalidade

Verifica-se a existência de diversos testes que avaliam a personalidade de um indivíduo.


Uma das formas de se avaliar a personalidade é por meio do uso de técnicas projetivas.

Para explicar o tema da projeção, Manfredini (2010) ressalta um poema de Fernando


Pessoa que fala que “o poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir
que é dor. A dor que deveras sente”. Ou seja, a projeção é olhar-se no espelho, sem
saber que aquilo que vê é a própria imagem. A projeção ocorre quando uma pessoa vê
refletida no externo as imagens internas ou inconscientes que regem a vida, olha e acha
que aquilo que vê pertence ao outro.

A projeção é um mecanismo de defesa do ego, e geralmente ocorre


quando o indivíduo vê nos outros um traço que quer ou tem em si
mesmo e então supervaloriza aquilo no outro. De outra forma a projeção
é o ato de atribuir a outro ser ou objetos as qualidades, sentimentos ou
intenções que se originam em si próprio. É um mecanismo de defesa
pelo qual aspectos da personalidade de um indivíduo são deslocados
de dentro deste para o meio externo. A pessoa em estado de projeção
pode lidar com sentimentos reais, fora dela. Um teste projetivo tem esse
papel, fazer com que a pessoa consiga projetar conteúdos interno sem
um meio externo, sem ter a consciência plena dos significados envoltos.
(MANFREDINI, 2010).

Segundo Weiner (2000), não há dúvidas de que as técnicas projetivas geram dados
sobre a estrutura e dinâmica da personalidade, sinalizando com detalhes a qualidade
perceptiva do mundo interno e externo das pessoas. Villemor-Amaral (2006)
complementa com a afirmação de que nenhuma resposta ou atitude de uma pessoa é
isenta de conter em si, em maior ou menor grau, algo de sua história, constituindo parte
de sua personalidade.

As principais características que compõem os testes projetivos versam sobre o caráter


pouco estruturado do estímulo que é apresentado ao indivíduo e a solicitação de que a
partir do que lhe foi exibido consiga exteriorizar algo de seu mundo interno (VILLEMOR-
AMARAL, 2006).

A utilidade das técnicas projetivas está no fato de as tarefas solicitadas


permitirem liberdade de respostas que abrem espaço para a fantasia,

73
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

estimulando a projeção de conflitos, angústias e ansiedades de


conteúdos internos que estão encobertos, latentes e/ou inconscientes.
(ANASTASI; URBINA, 2000).

A maior vantagem das técnicas projetivas é o fato de possibilitarem a compreensão do


funcionamento psíquico, único e singular, das pessoas, o que inclui compreender os
recursos internos e defensivos que são utilizados frente às situações de difícil resolução.
Desta forma, as técnicas projetivas possibilitam a percepção de sinais subjetivos e
manifestações do inconsciente que não são observáveis diretamente no comportamento,
tornando o papel das teorias que estudam a psicodinâmica indispensável durante o
processo de interpretação dos dados (MANFREDINI, 2010).

O que se torna interessante nas técnicas projetivas é a capacidade de


buscar informações no interior da personalidade do indivíduo e, a
partir da transposição de um núcleo secreto para um revelador, buscar
a leitura e interpretação daquilo que está querendo ser dito. Ou seja, o
que está escondido fica assim iluminado; o latente se torna manifesto; o
interior é trazido à superfície; o que há de estável e também emaranhado
se desvenda. (ANZIEU, 1981).

O teste de técnica projetiva denominado Zulliger vem sendo utilizado como instrumento
de avaliação da personalidade na maioria das vezes em que os objetivos da avaliação
requerem um procedimento rápido e com um número elevado de indivíduos, em suas
formas de aplicação coletiva ou individual (VILLEMOR-AMARAL; PRIMI, 2009).

Em outro teste intitulado Casa-Árvore-Pessoa (House-Tree-Person (HTP)),


desenvolvido por Buck (2003), é solicitado que a pessoa desenhe uma casa, uma árvore
e uma pessoa. Considerado um teste projetivo porque envolve desenho e técnica verbal,
onde é solicitado ao indivíduo que fale sobre cada desenho, seguindo um questionário
específico para cada item, o uso do teste associado aos demais dados informativos e
instrumentos do manual pode auxiliar na identificação de conflitos, de interesses gerais
e de características do ambiente no qual o sujeito esteja inserido.

De acordo com Villemor-Amaral e Primi (2009), os princípios gerais que fundamentam


os testes projetivos mais conhecidos como o Zulliger e o Rorschach são os mesmos,
pois suas qualidades como instrumentos para análise da personalidade se baseiam em
alguns pressupostos relacionados com os processos psíquicos envolvidos na resposta a
um estímulo não estruturado. Assim sendo, verifica-se uma semelhança entre o teste
Rorschach e o Zulliger, tanto no que diz respeito às características do estímulo quanto
no que se relaciona ao procedimento de classificação das respostas e análise dos dados.

74
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

Contextualização de aplicação
O Teste de Apercepção Temática (TAT), foi criado por Murray e teve sua origem nos
Estados Unidos em 1943. No Brasil, foi publicado em 1995 e recebeu parecer favorável
quanto à sua finalidade pelo Conselho Federal de Psicologia (SATEPSI; MURRAY,
1943/2005) (VIEIRA et al., 2007).

O TAT é a técnica de construção de história mais utilizada e tem sido


largamente aplicado em pesquisas de personalidade, principalmente,
pelas suposições implícitas na sua interpretação, como por exemplo, a
autoidentificação e o significado pessoal de respostas comuns. Trata-se
de um teste projetivo temático que revela conteúdos da personalidade,
tais como: a natureza dos conflitos, desejos, reações ao ambiente
externo e mecanismos de defesa. (ANASTASI, 1976).

O TAT é composto por 31 pranchas, que apresentam figuras em preto e


branco, e uma prancha em branco. As imagens são representadas por
reproduções de quadro ou gravuras com significado sempre ambíguo, a
exceção da prancha de número 16 que está completamente em branco,
favorecendo, dentre outras, a projeção da imagem ideal que o sujeito tem
de si mesmo. Ao sujeito é solicitado criar uma história para cada uma
dessas pranchas, relatando como o acontecimento apresentado surgiu,
o que ocorre no momento, o que pensam e sentem os personagens,
qual o final da história e seu título. No que tange à prancha em branco,
o sujeito deve imaginar uma cena, descrevê-la e depois contar uma
história, realizando as mesmas solicitações das pranchas anteriores.
Alguns quadros são considerados universais, comuns a todos os sujeitos,
outros específicos para o sexo feminino ou masculino, as iniciais das
palavras impressas atrás da prancha, determinam a que sujeito se
destina cada uma: R, rapaz; H, homem; F, feminino; M, moça. Assim
as imagens são enumeradas de 1 a 20, devido às variantes. (MURRAY,
1967; MONTEIRO; LAGE, 2004).

O teste solicita que o indivíduo verbalize uma história a respeito de diversas situações.
Logo após a sua aplicação, é realizado um inquérito específico, de acordo com as
orientações apresentadas no manual do teste. A partir destas informações, é realizado
o levantamento qualitativo, envolvendo aspectos globais da personalidade como
impulsos, emoções, sentimentos, complexos e conflitos mobilizados pelo instrumento
(CRONBACH, 1996).

75
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Segundo De Souza (2006), para criar o TAT, Murray (2005) percebeu que diferentes
indivíduos, frente a uma mesma situação vital, a experimentam cada um a seu modo,
de acordo com sua perspectiva pessoal. A forma pessoal de elaborar uma experiência
revela a atitude e a estrutura do indivíduo frente à realidade experimentada, ou seja,
expõe o indivíduo a uma série de situações sociais típicas e possibilita-lhe a expressão de
sentimentos, imagens, ideias e lembranças vividas em cada uma destas confrontações,
de modo que é possível ter acesso à personalidade subjacente.

Partindo desse princípio, Murray procedeu à escolha do material que


viria a constituir o TAT: fotografias de pinturas em museus, anúncios
em revistas, fotos de filmes de cinema e de outras fontes, cujo produto
final são reproduções de situações dramáticas, de contornos imprecisos,
impressão difusa e tema inexplícito. Exposto a esse material, o indivíduo,
sem perceber, identifica-se com uma personagem por ele escolhida e,
com total liberdade, comunica, por meio de uma história completa,
sua experiência perceptiva, mnêmica, imaginativa e emocional. Dessa
forma, podem-se conhecer quais situações e relações sugerem ao
indivíduo temor, desejos, dificuldades, assim como as necessidades e
pressões fundamentais na dinâmica subjacente de sua personalidade.
(DE SOUZA, 2006).

Para Murray (2005), o indivíduo percebe o ambiente e responde ao mesmo em função


de seus próprios interesses, atitudes, hábitos, estados afetivos, ou seja, o indivíduo
estrutura a realidade de acordo com suas próprias características, necessidades, desejos
e pressões.

Necessidade é um construto que representa uma força, na região


cerebral, que organiza a percepção, a apercepção, a intelectualização,
a conação e a ação, de modo a transformá-la em certa direção, ou
seja, em uma situação satisfatória existente. Em outras palavras, a
necessidade gera um estado de tensão que conduzirá a ação no sentido
de chegar à satisfação, que por sua vez reduzirá a tensão inicial, ou seja,
restabelecerá o equilíbrio. A necessidade pode ser produzida por forças
internas ou externas e é sempre acompanhada por um sentimento ou
emoção. (DE SOUZA, 2006).

O quadro a seguir apresenta uma lista das principais necessidades do indivíduo segundo
Murray (2005).

76
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

Quadro 1. Principais necessidades dos indivíduos.

Necessidade Definição
Tornar-se íntimo a outrem, associar-se a outrem em assuntos comuns (afiliação associativa).
Afiliação
Fazer amizades e mantê-las. Ligar-se afetivamente e permanecer leal a um amigo (afiliação emocional).
Vencer a oposição pela força. Lutar, revidar à injúria. Atacar, injuriar, matar. Opor-se pela força ou punir a
Agressão
outrem.
Promover as necessidades de pessoas desamparadas, como crianças ou pessoas fracas, incapazes,
fatigadas, inexperientes, enfermas, arruinadas, humilhadas, abandonadas, aflitas e mentalmente
Altruísmo
perturbadas. Ajudar alguém que está em perigo. Alimentar, ajudar, consolar, proteger, curar, confortar,
cuidar.
Ter suas necessidades satisfeitas pela ajuda simpática de pessoa amiga; ser protegido (n.proteção),
Apoio sustentado, cercado, amado, aconselhado, guiado, perdoado, consolado. Permanecer ao lado de um
devotado protetor. Ter um defensor permanente.
Adquirir, comprar algum objeto. É aquisição social, quando o objeto adquirido é ajustado socialmente;
Aquisição enquanto que, é associal quando o objeto é para um objetivo desajustado socialmente, tal como para
agredir.
Evitar a dor, o dano físico, a doença, a morte. Escapar de uma situação perigosa. Tomar medida de
Autodefesa (física)
autoprecaução.
Evitar a humilhação. Fugir de situações embaraçosas ou depreciativas: escárnio, ridículo, indiferença dos
(Autodefesa psíquica): outros.
Reprimir a ação pelo medo do fracasso.
Libertar-se, resolver a restrição, romper o confinamento. Resistir à coerção e à restrição ou mesmo
Autonomia domínio. Romper com as convenções. Não se sentir obrigado a cumprir ordens superiores. Ser
independente e agir segundo o impulso. Não estar comprometido.
Compreensão Perguntar e responder. Interessar-se por teorias. Especular, formular, analisar, generalizar.
Conhecimento Saber os fatos, aprofundar-se.
Dominar ou vencer o fracasso pelo esforço.
Contrarreação Desfazer a humilhação pela reação. Superar a fraqueza, reprimir o temor. Defender a honra por meio de
uma ação. Procurar obstáculos e dificuldades a vencer. Manter a autoestima e o orgulho em alto nível.
Defender-se do ataque, da crítica, da censura. Ocultar ou justificar um mal feito, um fracasso, uma
Defesa
humilhação. Reivindicar o ego.
Admirar e apoiar um superior. Louvar, honrar, elogiar. Imitar um modelo. Sujeitar-se, avidamente, à
Deferência
influência de pessoa aliada. Conformar-se com os costumes.
Degradação Diminuir a autoestima, desvalorizar-se.
Controlar o ambiente. Influenciar ou dirigir o comportamento alheio, por meio de sugestão, sedução,
Domínio
persuasão ou ordem. Dissuadir, restringir ou proibir.
Agir por brincadeira, sem segundas intenções. Rir, contar anedotas. Procurar relaxar a tensão. Participar
Entretenimento
de jogos, atividades desportivas, bailes, reuniões sociais.
Deixar uma impressão. Ser visto e ouvido. Provocar, fascinar, causar admiração, divertir, impressionar,
Exibição
intrigar, seduzir.
O fato de se estimular e posteriormente eliminar ou anular a excitação através da redução da tensão,
Excitação e Dissipação
pode ser de ordem sexual.
Submeter-se passivamente à força externa. Aceitar injúria, censura crítica, punição. Render-se. Resignar-se
Humilhação ante a sorte. Admitir inferioridade, erro, fracasso, defeito. Confessar e reparar. Censurar-se, diminuir-se ou
mutilar-se. Desejar sofrimento, punição, doença, infortúnio.
Oposição Rebelar-se às normas, valores ou ainda ao domínio.
Ordem Por as coisas em ordem. Promover a limpeza, o arranjo, a organização, o equilíbrio, a precisão.

77
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Passividade Sofrer ou receber uma ação ou impressão.


Aumentar a autoestima pelo uso bem-sucedido dos seus talentos. Realizar algo difícil.

Realização Dirigir, manipular ou organizar objetos físicos, seres humanos ou ideias. Fazer isso tão rápida e
independentemente quanto possível. Vencer obstáculos e atingir um alto padrão. Superar a si mesmo.
Rivalizar com os outros, superá-los.
Reconhecimento Ato ou efeito de reconhecer-se e ser reconhecido.
Separar-se de uma influência negativa. Excluir, abandonar um objeto inferior ou tornar-se indiferente a
Rejeição
ele. Repelir ou desprezar um objeto.
Retenção Conservar posse duma coisa alheia ou pessoa.
Procurar impressões sensuais e sentir prazer nelas. Planejar e manter uma relação erótica. Intercurso
Sensitividade ou sensualidade:
sexual.

Fonte: Murray (2005) e De Souza (2006).

Pressões são os determinantes do meio externo que podem facilitar ou


impedir a satisfação das necessidades, representando a forma como o
sujeito vê ou interpreta seu meio. A pressão está associada a pessoas ou
objetos ou mesmo o ambiente que se acham envolvidos, diretamente,
nos esforços que o indivíduo faz para satisfazer suas necessidades. A
pressão é um objeto é o que pode fazer ao sujeito ou para o sujeito, ou
seja, o poder que tem para afetar o bem-estar do sujeito. Conhecemos
muito mais as possibilidades do indivíduo quando temos uma descrição
não apenas de seus motivos ou tendências, mas também a maneira pela
qual ele vê ou interpreta seu meio. (DE SOUZA, 2006).

Segundo De Souza (2006), na prática, as pressões são vistas não apenas operando
em determinadas experiências do indivíduo, mas também atribuindo uma função
quantitativa indicando sua força ou importância na sua vida. Murray (2005) organizou
várias listas de pressões, para fins específicos. o quadro 2 apresenta pressões significativas
da infância segundo murray (2005).

78
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

Quadro 2. Pressões significativas na infância.

Pressão Tipo
a) discordância cultural;
b) discordância familiar
c) disciplina instável;
d) separação dos pais;
e) ausência de um dos pais;
Falta de Apoio (família) f) enfermidade de um dos pais;
g) morte de um dos pais;
h) inferioridade de um dos pais;
i) dissemelhança (¹) entre os pais
pobreza;
l) lar desorientado.
a) desproteção física;
b) através da água;
c) abandono e escuridão;
Perigo Físico: d) intempéries, relâmpagos;
e) através do fogo;
f) através de acidente;
g) animal.
a) de alimentos;
b) de recursos;
Falta ou Perda
c) de companhia;
d) de mudança (monotonia).
a) associativa (amizades);
Afiliação
b) emocional.
a) emocional;
b) verbal;
c) física;
d) social;
Agressão e) associal;
f) destruição de propriedade;
g) mau trato de mais velhos (homem ou mulher);
h) mau trato de companheiros;
i) desavença com companheiros.
a) coerção;
b) restrição;
c) indução, sedução;
Dominação
d) proibição;
e) disciplina;
f) orientação religiosa.

79
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

a) física;
Inferioridade b) social;
c) intelectual.
a) exibicionismo;
Sexo
b) sedução (homo/heterossexual).
Apoio, dar afeto
Criação, indulgência
Decepção, ou traição
Deferência, louvor, reconhecimento
Nascimento de irmão
Rejeição, desprezo
Retenção de objetos
Rival, competidor

Fonte: Murray (2005) e De Souza (2006).

Cada prancha apresenta impressos no verso um número ou um número seguido de


uma ou mais letras, como apresenta o quadro 3. O número indica a ordem em que o
estímulo deve ser apresentado na série e as letras referem-se ao gênero e/ou idade aos
qual o estímulo se destina (DE SOUZA, 2006).

Quadro 3. Tipo de estímulo e convenção.

Tipo de Estímulo Convenção


Universal Apenas o número
Para mulheres Número seguido de F
Para homens Número seguido de H
Para crianças do sexo feminino (menina) Número seguido de M
Para crianças do sexo masculino (rapaz) Número seguido de R

Fonte: Murray (2005) e De Souza (2006).

O exame completo com o TAT envolve a aplicação de duas séries de pranchas, em duas
sessões, separadas por um intervalo de tempo mínimo de um dia e no máximo de uma
semana. Se necessário for, o examinador pode escolher as pranchas mais importantes
para a abordagem de problemas específicos.

Apresenta-se a seguir as séries do TAT (MURRAY, 2005; DE SOUZA, 2006).

Primeira série
Prancha 1: O menino e o violino

Um rapaz está contemplando um violino colocado sobre a mesa à sua frente.

»» Área explorada:

80
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

›› Dever: submissão – rebeldia.

›› Aspirações, expectativas, ambições, frustrações, ideal do ego, fantasias


vocacionais.

›› Atitude frente ao dever.

›› Imagem dos pais.

»» Interpretação dos adultos:

›› Aparecem temas que expressam a opinião que o sujeito tem de suas


atitudes e a imagem dos pais.

»» Clichês:

›› Temas que manifestam atitude do sujeito frente ao dever e com


frequência as suas aspirações:

›› Os pais, geralmente, impõem ao menino a praticar ou estudar o violino;


referido comumente pelos sujeitos como sendo dominados pelos pais.
Diante dessa exigência o menino reage com passividade, conformismo,
oposição, rebeldia ou fuga à fantasia, reação que corresponde, em geral
à do sujeito em condições semelhantes da realidade.

›› Outras histórias frequentes se referem às aspirações, objetivos,


dificuldades do herói: ordinariamente pertinentes em sujeitos
ambiciosos.

»» Distorções:

›› Interpreta o menino como sendo cego ou que está dormindo; em


relação ao violino ou o percebe mal, ou uma das cordas está solta;
confusão do objeto identificado como sendo um livro.

»» Omissões:

›› Não consegue ver o arco ou o violino, ou ambos.

»» Simbolizações:

›› O herói está preocupado porque uma corda está solta ou arrebentada,


portanto intocável: frequente em sujeitos que tem sentimento de culpa
devido à masturbação ou que sofrem de ansiedade de castração.

81
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

»» O herói analisa ou pesquisa acerca do funcionamento e do mecanismo


interno do violino: sujeitos preocupados (ansiedade de castração) ou de
curiosidade das questões de ordem sexual.

Prancha 2: A estudante no campo

Cena campestre: no primeiro plano está uma jovem com livros na mão; ao fundo, um
homem está trabalhando no campo e uma mulher mais idosa assiste.

»» Área explorada:

›› Conflitos de adaptação intrafamiliares.

›› Conflito com a feminilidade e com as formas de vida: campesina X


urbana; instintivo X intelectual; virgindade X maternidade.

›› Nível de aspiração.

›› Atitude frente aos pais.

»» Interpretação dos adultos:

›› Aspirações pessoais do sujeito e de sua situação intrafamiliar.

»» Clichês:

›› Revelam as reações do herói (a jovem do primeiro plano ou o homem do


fundo) frente ao ambiente pouco cordial ou que não a (o) estimula, ou
diante dos problemas enraizados pelas dificuldades de relacionamento
familiar. Denuncia como o paciente vê seu ambiente, seu nível de
aspiração e suas atitudes frente a seus pais.

Prancha 3: RH – Reclinado (a) no divã

No chão, encostado a um sofá, está agachado um rapaz com a cabeça reclinada sobre o
seu braço direito. Ao seu lado, no chão, há um revolver.

»» Área explorada:

›› Frustração, depressão, suicídio.

»» Interpretação dos adultos:

›› Principais frustrações do sujeito, fatores aos quais são atribuídas


reações frente aos mesmos.

82
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

»» Clichês:

›› Histórias que expressam depressão; rejeição e suicídio. O rapaz foi


injustiçado e acaba tendo mal procedimento. Mais especificamente
denunciam as situações que o sujeito considera sendo frustradores de
seus desejos, assim como suas reações e seu estilo na resolução dos
problemas.

»» Distorções:

›› O jovem é visto como moça, pelos sujeitos com fortes tendências


femininas.

›› O revolver é visto como um brinquedo ou outra coisa menos hostil,


pelos sujeitos incapazes de expressar sua agressão de forma manifesta.

»» Omissão:

›› Do revolver.

Prancha 3: MF – Jovem na porta

Uma jovem está de pé e cabisbaixa cobrindo o rosto com a mão direita. Seu braço
esquerdo está estendido para frente, apoiando-se numa porta de madeira.

»» Área explorada:

›› Desespero culpa abandono, fracasso, violentado e perdido.

»» Interpretação dos adultos:

›› Revelam os principais fatores causadores das frustrações e sua reação


frente aos mesmos.

»» Clichês:

›› Dá lugar à expressão de sentimento de desespero e culpa.

Prancha 4: Uma mulher enlaça o homem, retendo-o

Uma mulher enlaça um homem, cujo rosto e corpo estão desviados dela, como se ele
tentasse afastá-la.

»» Área explorada:

›› Abandono, ciúmes, infidelidade, competição.


83
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

›› Conflitos matrimoniais.

›› Atitude frente ao próprio sexo e ao sexo oposto.

»» Interpretação dos adultos:

›› Conflitos vivenciados pelo sujeito na vida real e a forma como o encara


e enfrenta.

»» Clichês:

›› Histórias de conflitos (discussão ou drama de um eterno triângulo


amoroso) do casal que está no primeiro plano. A figura seminua no
fundo é a amante ou noiva do homem. O homem deseja desvencilhar-
se da mulher para realizar algum plano, mas ela quer retê-lo. Traduzem
as dificuldades do sujeito em sua vida matrimonial ou suas atitudes
frente às mulheres e o sexo.

»» Omissão:

›› Da mulher semidespida.

Prancha 5: Mulher idosa à porta

Uma mulher de meia-idade está de pé no limiar de uma porta entreaberta, olhando


para dentro de um quarto.

»» Área explorada:

›› Imagem da mãe ou esposa (protetora, vigilante, castradora).

›› Ansiedades paranoides.

»» Interpretação dos adultos:

›› Inter-relações mãe-filho.

»» Clichês:

›› A mulher de idade mediana descobriu um ou mais indivíduos em


atitudes que prefere ignorar; ou inspeciona o quarto por uma ou mais
razões. Revela as atitudes e expectativas do sujeito frente a sua mãe
(visto como superprotetora, proibindo ou censurando), a sua esposa
ou às situações frente às que sente curiosidade.

84
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

»» Distorções:

›› A mulher é vista como sendo homem; a mulher examinando a parte


externa da casa; dois quartos ao invés de um; o abajur como sendo
uma cortina.

Prancha 6: RH – O filho que vai partir

Uma mulher madura e gorda está, de pé, de costas para um jovem de elevada estatura.
Este olha para baixo, com uma expressão perplexa.

»» Área explorada:

›› Atitude frente à figura materna.

›› Dependência X Independência.

›› Abandono, culpa.

»» Interpretação dos adultos:

›› Comportamento frente à situação edipiana.

»» Clichês:

›› Filho solicita a sua mãe permissão para levar ao cabo um projeto


largamente planejado, abandonar seu local para ir trabalhar numa
outra cidade; casar-se ou alistar-se no exército. Seus desejos quase
sempre estão em conflito com os da mãe. Revela a atitude do sujeito
frente à figura materna (sentimentos de culpa, dependência x
independência, superproteção) e os fatores que produzem e justificam
seu afastamento.

Prancha 6: RH – Mulher surpreendida

Uma mulher jovem, sentada na borda de um sofá, olha para trás, por cima do ombro,
para um homem mais velho, com um cachimbo na boca, que parece dirigir-lhe a palavra.

»» Área explorada:

›› Expectativas, temores, pressão, suspeita, extorsão.

»» Interpretação dos adultos:

›› Comportamento frente à figura paterna.

85
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

Prancha 6: RH – Pai e filho

Um homem grisalho está olhando para um jovem que contempla o espaço com
semblante carrancudo.

»» Área explorada:

›› Atitude frente à figura paterna (adulto, autoridade).

›› Submissão, rebeldia.

›› Necessidade de ser aconselhado, de ajuda, de apoio, orientação.

›› Ameaça de homossexualidade.

»» Interpretação dos adultos:

›› Comportamento intrafamiliar.

»» Clichês:

›› O jovem recorre ao velho em busca de conselhos; ou ambos discutem


um problema de mútuo interesse. Reflete a atitude do sujeito frente
ao pai; aos adultos e à autoridade em geral (dependência, obediência,
rejeição, desafio). Pode expressar as tendências antissociais e a atitude
do sujeito frente à terapia.

Prancha 7: MF – Moça e boneca

Mulher idosa sentada num sofá, próxima de uma menina, falando-lhe ou lendo-lhe. A
menina, que está com uma boneca no regaço olha para longe.

»» Área explorada:

›› Imagem da mãe.

›› Atitude frente à maternidade.

›› Interpretação dos adultos.

›› Comportamento intrafamiliar.

86
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

Prancha 8: RH – A intervenção cirúrgica

Um adolescente olha diretamente para fora do quadro. O cano de um rifle é visível a um


lado e, ao fundo, a cena nebulosa de uma operação cirúrgica, como a imagem de uma
divagação.

»» Área que explora:

›› Direção da agressividade.

›› Imagem do pai.

›› Medo da morte.

»» Interpretação dos adultos:

›› Nada em especial.

»» Clichês:

›› Em geral o adolescente é o herói.

›› O cenário ao fundo representa sua fantasia ou desejo de ser médico,


em cujo caso se delata a ambição do sujeito.

›› Atirou contra a pessoa que está sobre a mesa e agora aguarda o resultado
da operação: história que expressa as tendências agressivas do sujeito
em dadas ocasiões dirigidas contra uma determinada pessoa.

»» Omissão:

›› Do rifle.

»» Simbolizações:

›› Se amputar a perna da pessoa que está à mesa, geralmente, reflete


ansiedade de castração.

Prancha 8: MF – Mulher pensativa

Uma jovem está sentada com o queixo apoiado sobre a mão, seus olhos estão distantes.

»» Área explorada:

›› Problemas atuais e fantasia.

87
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

»» Interpretação dos adultos:

›› Relações com o grupo do próprio sexo nas áreas: profissional, familiar


e sexual. Conflitos atuais, tensões e esforço para solucioná-los.

Prancha 9: RH – Grupo de vagabundos

Quatro homens de macacão estão deitados sobre o gramado, repousando.

»» Área explorada:

›› Trabalho e ociosidade.

›› Relacionamento com o próprio grupo sexual.

›› Homossexualidade.

»» Interpretação dos adultos:

›› Relacionamento com o próprio grupo social nas esferas: familiar,


profissional e sexual.

»» Clichês:

›› Os homens estão descansando ou dormindo após uma dura jornada de


trabalho ou tomando um breve descanso antes de retornar ao trabalho.

›› As histórias de sujeitos mais esforçados concluem como retorno ao


trabalho.

Prancha 9: MF – Duas mulheres na praia

Uma jovem com uma revista e uma bolsa na mão, espia detrás de uma árvore outra
jovem trajada elegantemente, que corre ao longo de uma praia.

»» Área explorada:

›› Competição feminina.

›› Rivalidade feminina.

›› Espionagem, culpa e perseguição.

»» Interpretação dos adultos:

88
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

›› Relações com o grupo do próprio sexo nas atividades profissionais,


familiares e sexuais.

Prancha 10 - O abraço

A cabeça de uma mulher encostada no ombro de um homem.

»» Área explorada:

›› Atitude frente à separação.

›› Conflito do casal.

»» Interpretação dos adultos:

›› Conflitos amorosos e sexuais.

»» Clichês:

›› O homem e a mulher expressam seu mútuo afeto. Indica em geral, a


atitude do sujeito frente à separação da pessoa amada, assim como seu
grau de dependência à figura paterna. Normalmente denuncia como o
sujeito considera sua mulher ou as relações entre seus pais.

»» Distorções:

›› A idade é confundida e sexo do homem e da mulher as sombras faciais


são interpretadas de diferentes maneiras.

Segunda série

Prancha 11: Paisagem primitiva de pedras

Uma estrada à beira de um profundo desfiladeiro entre elevadas escarpas. Na estrada,


aparecem figuras obscuras à distância. De um lado da vertente rochosa assoma a longa
cabeça e o pescoço de um dragão.

»» Área explorada:

›› Ansiedade frente ao perigo.

›› Angústia frente aos instintos.

»» Interpretação dos adultos:

89
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

›› Fantasias e tendências sexuais e agressivas.

›› Dificuldade de controle e respostas a situações perigosas.

»» Clichês:

›› Em geral, reflete a atitude do sujeito frente ao perigo e sua maneira


de experimentar a ansiedade. As figuras obscuras (homens ou
animais) são vistas como se estivessem sendo atacadas pelo dragão e
normalmente descrevem suas técnicas defensivas: indica o temor do
sujeito à agressão e os meios desencadeados para vencê-lo.

›› O personagem masculino pode ser um cientista ou um explorador


das regiões desconhecidas: revela sua curiosidade ou desejo de
experimentar situações novas ou perigosas.

»» Distorções

›› Esta prancha oferece a maior quantidade de possibilidades aos erros


perceptivos: o dragão é visto como um caminho; a cabeça do dragão
como sua margem; o fundo como uma cascata; as paredes do abismo
como sendo o castelo; as pedras como sendo cabeças humanas. A
confusão do grupo de homens com o inseto é comum e não constitui
um indicador especial.

»» Omissão

›› Do dragão.

»» Simbolizações:

›› O monstro geralmente constitui uma representação simbólica das


exigências instintivas que ameaçam seu interior. As histórias que se
referem às dificuldades para dominar o animal e aquelas em que o
herói é perseguido pelos animais podem refletir dificuldades de se
controlar ou se adaptar aos impulsos e tensões sexuais.

Prancha 12: H – O hipnotizador

Um jovem está deitado num sofá com os olhos fechados. Debruçado sobre ele, a forma
esguia de um homem idoso, a sua mão estendida para o rosto da figura recostada.

»» Área explorada:

90
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

›› Relação transferencial à situação de prova.

›› Ameaça ao homossexualismo.

»» Interpretação dos adultos:

›› Atitude frente aos adultos.

›› O papel de passividade e a atitude frente ao terapeuta.

›› Tendência homossexual latente e experiências homossexuais ocultas.

»» Clichês:

›› O herói (em geral o homem que está deitado) está dormindo e o ancião
veio despertá-lo, ou é hipnotizado por este homem, ou está enfermo
e o ancião veio perguntar-lhe pela sua saúde. Geralmente revelam a
atitude do examinando frente aos homens adultos e seu ambiente, o
papel da passividade em sua personalidade e, às vezes, sua atitude
frente à terapia.

»» Distorções:

›› Com respeito aos dedos das mãos, e em casos raros ao sexo de um dos
dois homens; o jovem pode ser visto como mulher pelos sujeitos com
fortes componentes femininos.

»» Simbolizações:

›› As histórias em que o jovem que está deitado está se submetendo


ou pode ter sido forçado a ser hipnotizado pelo homem maduro,
geralmente denunciam tendências homossexuais latentes ou
experiências homossexuais encobertas.

Prancha 12: F – A celestina

Retrato de uma mulher jovem. Ao fundo uma velha misteriosa, com xale sobre a cabeça
faz caretas.

»» Área explorada:

›› Tentação instintiva e defensiva.

›› Relação mãe-filha.

91
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

»» Interpretação dos adultos:

›› Atitude da filha frente ao controle materno.

›› Tendências ao controle das irmãs.

»» Clichês:

›› Proporciona oportunidade de expressar a atitude frente à figura da


mãe ou da filha, e envelhecimento e o matrimônio.

»» Distorções:

›› Nos casos psicóticos raros, a jovem é vista como um homem.

Prancha 12: RM – O bote abandonado

Um barco a remo está parado à margem de um rio que corre entre o arvoredo de uma
floresta. Não há figuras humanas no quadro.

»» Área explorada:

›› Fantasias desiderativas (desejos).

Prancha 13: HF – Mulher sobre a cama

Um jovem de pé e com a cabeça inclinada, coberta por seu braço. Atrás dele, a figura de
uma mulher deitada numa cama.

»» Área explorada:

›› Atitude frente ao relacionamento heterossexual (ansiedade).

›› Sentimento de culpa.

»» Interpretação dos adultos:

›› Tendências sexuais, relacionamento e conflitos no amor, e matrimônio


e a vida erótica.

»» Clichês:

›› Quase sempre traduzem a atitude do sujeito frente às mulheres e ao


sexo, às vezes frente aos sentimentos de culpa e a atitude frente ao
alcoolismo. Histórias mais frequentes: temas sexuais.

92
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

›› Homem contempla ou manteve relações sexuais com a mulher (esposa,


noiva ou prostituta) na cama.

›› A mulher, esposa do herói, está morta ou enferma e se descrevem os


sentimentos do jovem, comumente representam a hostilidade, contra
a esposa ou às mulheres em geral.

»» Distorções:

›› Grande variedade, incluindo especulações acerca do fundo e dos


objetos sobre a mesa.

»» Omissões:

›› Da mulher que está sobre a cama.

Prancha 13: R – Um menino está sentado na soleira

Um menino sentado na soleira da porta de uma cabana de madeira.

»» Área explorada:

›› Carências, solidão, saudade, abandono e expectativas.

Prancha 13: M – Rapariga subindo as escadas

Uma jovem está subindo um lance de escada em espiral.

»» Área explorada:

›› Carência, solidão e expectativas.

Prancha 14: Homem à janela

A silhueta de um homem (ou mulher) contra uma janela iluminada. O resto do quadro
é totalmente negro.

»» Área explorada:

›› Homem adentro: fantasias, expectativas, evocação.

›› Homem afora: evasão, aventura sexual, roubo.

›› Choque ao negro.

»» Interpretação dos adultos:

93
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

›› Denunciam os determinantes das ambições, preocupações, expectativas


e eventualmente, fantasias de suicídio.

»» Clichês:

›› Permite a expressão das frustrações, expectativas, ambições e


preocupações, inclusive suicidas.

»» Distorções:

›› O homem é visto como uma mulher, ou que está subindo em algum


lugar.

Prancha 15: No cemitério

Um homem negro, de mãos unidas, está em pé entre sepulturas.

»» Área explorada:

›› Morte, culpa e castigo.

›› Choque ao negro.

»» Interpretação dos adultos:

›› Atitude e sentimentos do sujeito frente à morte e à perda de membros


da família.

»» Clichês:

›› A figura delgada reza ante a tumba de um morto. Descreve seus


sentimentos e atitudes, passados e presentes frente à mesma. A pessoa
morta geralmente representa a pessoa a quem dirige ou experimenta
uma forte agressividade.

»» Distorções:

›› O Homem é visto como sendo uma mulher. Em suas mãos retém uma
lâmpada ou um livro; os túmulos como sendo plateia de um teatro.

Prancha 16: Prancha em branco

»» Área explorada:

›› Relação transferencial à situação da prova.

94
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

›› Ideal do ego.

»» Interpretação dos adultos:

›› Aspirações e possessões.

»» Clichês:

›› Na maioria das vezes gira em torno dos problemas interiores de grande


importância, ou deixa manifestar a atitude frente ao examinador.

Prancha 17: RH – O acrobata

Um homem nu está suspenso em uma corda. Está para galgar ou descer pela corda.

»» Área explorada:

›› Nível de aspiração.

›› Exibicionismo ou narcisismo.

›› Masturbação.

»» Interpretação dos adultos:

›› Vontade de triunfar, nível de aspiração e tendências exibicionistas.

›› Problemas pessoais, relações interpessoais e atitudes frente às


dificuldades do mundo exterior.

»» Clichês:

›› Em geral não provoca nenhum tema significativo. O homem da corda


é visto como:

›› Está demonstrando sua habilidade atlética ou física ante um público


numeroso, o qual revela o desejo de ser reconhecido, seu nível de
aspiração ou as tendências exibicionistas do sujeito.

›› Tema que pode expressar as situações ou problemas difíceis de


resolver para o sujeito ou as reações ante as emergências. Se este tema
é repetitivo, estereotipado, elaborado em excesso e seu teor afetivo e
seu desenlace são intensos, representa as expectativas e esperanças do
sujeito em escapar-se das suas dificuldades.

95
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

»» Distorções:

›› Quanto ao fundo, ao homem.

»» Simbolizações:

›› O herói que sobe e desce pela corda: preocupação masturbatória.

Prancha 17: MF – A ponte

Uma ponte sobre a água. Uma figura feminina debruça-se do parapeito. Ao fundo estão
altos edifícios e pequenas figuras de homem.

»» Área explorada:

›› Frustração, depressão.

›› Autocastigo, suicídio.

»» Interpretação dos adultos:

›› Frustrações e reações frente ao controle familiar. Sentimentos


depressivos e tendências ao autocastigo.

»» Clichês:

›› Com frequência provoca:

›› fortes sentimentos de dúvida e a tendência do sujeito a manter a


esperança ou a ceder (suicídio);

›› atitudes frente à partida ou aparecimento de um objeto amado.

»» Distorções:

›› A ponte é vista como balcão da casa, a mulher como homem;


perspectivas equivocadas.

»» Omissões:

›› Da mulher ou do grupo de trabalhadores.

Prancha 18: RH – Atacado pelas costas

Um homem é agarrado por detrás por três mãos. As figuras dos seus antagonistas são
invisíveis.

96
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

»» Área explorada:

›› Ansiedade, culpa.

›› Ideias paranoides, ataque homossexual.

»» Interpretação dos adultos:

›› Atitudes frente às condutas socialmente desaprovadas.

»» Clichês:

›› Histórias estereotipadas relacionadas a roubos, ou à bebida, que


expressam atitudes frente aos vícios (alcoolismo ou ingestão de
drogas). Podem, assim mesmo, expressar a ansiedade do paciente
frente à agressão dirigida contra o terapeuta.

›› O herói tem bebido ou sofrido um acidente e as mãos pertencem às


pessoas que o ajudam.

›› O herói está sendo atacado pelas costas, e as mãos pertencem aos seus
agressores.

»» Distorções:

›› Os dedos das mãos como correntes; da expressão facial, posição e


estado da pessoa do fundo.

»» Simbolizações:

»» Geralmente denunciam as tendências homossexuais latentes ou


experiências homossexuais encobertas do sujeito.

Prancha 18: MF – Mulher que estrangula

Uma mulher aperta o pescoço de outra mulher, a quem parece estar empurrando sobre
o corrimão de uma escada.

»» Área explorada:

›› Agressividade e apoio.

»» Interpretação dos adultos:

›› Agressividade e relação com a figura materna e parentais do sexo


feminino.
97
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

»» Clichês:

›› Estimula as atitudes agressivas. Expressam as relações com as figuras


da filha, irmã, mãe e figuras femininas em geral; os ciúmes, sentimentos
de inferioridade e reação frente a relações submissas.

»» Distorções:

›› Da conotação agressiva; da perspectiva, e raramente, do sexo dos


personagens.

Prancha 19: Cabana coberta de neve

Quadro fantasmagórico com formações de nuvens, pairando sobre uma cabana coberta
de neve.

»» Área explorada:

›› Carência e conforto; vazio e plenitude; frustração e segurança.

»» Interpretação dos adultos:

›› Explora os sentimentos e desejos de segurança; como responde o


sujeito frente às barreiras que o interceptam.

»» Clichês:

›› Oferece dificuldade: os pacientes a consideram como fantasmagórica. A


cabana está cercada pela neve, mas seus habitantes estão acomodados.
Descreve-se o estado destes e como superam a situação, reflete o desejo
de segurança do sujeito e o modo como enfrenta as circunstâncias
frustradoras de seu próprio meio.

»» Simbolizações:

›› A preocupação pelos “olhos” (as aberturas da cabana) pode denunciar


os sentimentos de culpa do paciente.

Prancha 20: Sozinho debaixo da iluminação

Figura de um homem ou mulher iluminada de modo tênue, apoiando-se num candeeiro


de rua, numa noite escura.

»» Área explorada:

98
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

›› Preocupações, abandono, culpa, castigo.

»» Interpretação dos adultos:

›› Problemas íntimos, preocupações, tendências sexuais ou agressivas.

»» Clichês:

›› A figura medita sobre diversos problemas interiores, de relativa


importância: aguarda a noiva (ou o noivo), ou planeja o ataque a uma
vítima. Revela os temas que preocupam seus problemas, atitudes
heterossexuais e as tendências agressivas do sujeito.

Limitações

Bandeira et al. (2006) relembram a importância de não se entender projeção apenas


como um mecanismo de defesa, conforme classicamente definido na psicanálise
freudiana, mas como “o processo no qual o sujeito expressa, no meio externo, seus
conflitos, pensamentos e sentimentos”.

Discutindo a cientificidade das técnicas projetivas, alguns autores


abordam possibilidades de compreensão sobre as mesmas a partir
de outros modelos que não apenas o psicanalítico. É enfatizada
a importância dessas interpretações para a obtenção de dados
ideográficos sobre o examinando, ou seja, relativos à comparação
intrasujeito, à variação do desempenho do examinando em momentos
diferentes, relacionados à sua percepção do mundo externo, por sua
vez mediada por fatores internos. Ainda, apresentam um panorama
das críticas às técnicas projetivas como fracos índices psicométricos e
a baixa qualidade metodológica das pesquisas com tais instrumentos.
(FENSTERSEIFER; WERLANG, 2008; TAVARES, 2003).

Lilienfeld et al. (2000) sinalizam que as limitações fundamentais dos métodos projetivos
estão nos esquemas de escores e interpretações baseadas em julgamento clínico, de
forma a subestimar o rigor técnico e metodológico desses procedimentos.

Padrões de avaliação

O conflito entre as exigências do mundo externo e a elaboração das


situações de perda torna-se inevitável. Boa parte desses conflitos,
referentes ao triplo processo de luto, manifesta-se através dos

99
UNIDADE ÚNICA │PSICOMETRIA

mecanismos de deslocamento presentes na projeção, ou melhor,


do deslocamento para o exterior dos medos e angústias; através da
possibilidade de expressá-los sem resistências nas histórias contadas.
Fonte: MONTEIRO e LAGE (2004).

Os padrões de avaliação do TAT são realizados a partir dos seguintes itens:

Funcionamento cognitivo

A inteligência pode ser estimada a partir do vocabulário usado nas


histórias. A percepção da realidade pode ser avaliada verificando se o
indivíduo percebe ou não as figuras de modo adequado e se as histórias
são ou não realistas. O pensamento pode ser avaliado verificando se as
histórias são organizadas ou não.

Afeto

Analisar as principais emoções atribuídas aos personagens e as situações


que despertam essas emoções. A adequação dos afetos às situações deve
ser analisada.

Autoimagem e autoestima

As características dos heróis expressam a autoimagem do indivíduo. Os


heróis são competentes ou incompetentes para lidar com as situações?
Como reagem ao cometerem erros? Como são vistos pelos outros
personagens?

Relacionamentos interpessoais

As histórias do TAT são uma importante fonte de dados sobre os


relacionamentos interpessoais do sujeito. Além disso, considerar o
modo de o sujeito se relacionar com o examinador durante a testagem.
As atitudes frente a diferentes tipos de pessoas, tais como os pais,
companheiros amorosos, amigos e colegas de trabalho devem ser
descritas. Relações com a figura materna costumam ser expressas nas
respostas às figuras 2, 5, 6BM e 7GF. Relações com a figura paterna
costumam ser expressas nas respostas às figuras 6GF e 7 BM. Relações
com pessoas da mesma idade, do mesmo sexo e do sexo oposto,
costumam ser expressas nas respostas às figuras 9BM, 9GF, 4 e 13 MF.
(MURRAY, 2005; DE SOUZA, 2006).

A psicometria tem evoluído e tende a continuar evoluindo nos próximos anos. Para
tanto, os psicometristas devem dar mais atenção à fundamentação teórica durante a

100
Psicometria│UNIDADE ÚNICA

elaboração dos instrumentos psicológicos para resultar em medidas mais precisas e


relevantes.

Ainda ocorrem limitações devido ao uso de estatísticas inadequadas aos dados


coletados, como, por exemplo, as análises dos itens baseadas no escore total e a análise
da fidedignidade do teste baseada na correlação ou no erro de medida. Estas últimas
limitações estão sendo superadas pelo desenvolvimento de novas teorias psicométricas.

Deve ser ressaltado também o progresso da psicologia cognitiva, que dá a devida


importância aos componentes dos traços latentes.

Diante do que foi exposto, é possível perceber que o rigor científico é base para o
reconhecimento e expansão da psicologia, no entanto, é importante haver uma base
teórica filosófica para essa nova ciência. Observam-se avanços no desenvolvimento
crítico advindo das ciências sociais e nos seus métodos qualitativos, o que é importante
para o uso dos testes psicológicos, como também o seu desenvolvimento no rigor
próprio do método científico quantitativo, pois à medida que as ciências naturais se
aproximam das ciências sociais, estas se aproximam das humanas.

Os diferentes contextos de áreas da psicologia que são ainda pouco exploradas e que
envolvem a subjetividade humana exigem construções teóricas e metodológicas sobre
o fenômeno psicológico, bem como o desenvolvimento de métodos e técnicas de
diagnósticos próprios.

Entre os desafios futuros para a área de avaliação psicológica está a demanda social, que
vai além do campo da psicologia e exige uma diversidade de recursos e instrumentos
válidos.

Observa-se que a atuação do Conselho Federal de Psicologia, por meio da Comissão


Consultiva em Avaliação Psicológica e das Comissões de Orientação e Fiscalização
dos Conselhos Regionais, tem sido predominantemente orientativa, com o objetivo e
avançar na construção de métodos para qualificação dos instrumentos de avaliação
psicológica em parâmetros científicos, considerando os diversos contextos e propósitos
nos quais a avaliação é utilizada, para garantir que seu uso atenda aos princípios éticos
previstos pelo Código de Ética Profissional do Psicólogo.

101
Para (não) Finalizar

Apesar do código de ética elaborado pelo Conselho Federal de Psicologia apresentado


neste Caderno de Estudos, há ainda hoje psicólogos que interferem na validade de
instrumentos psicológicos, se propondo a ensinar a candidatos de concurso público ou
de outras formas de seleção de pessoal como responder testes de aptidão, inteligência
ou personalidade, além de emitir declarações falsas sobre a conduta, a saúde ou a
capacitação dos candidatos avaliados.

Estes profissionais que ensinam os candidatos a responder aos testes psicológicos


banalizam o seu uso e a profissão do psicólogo, gerando implicações para a sociedade,
pois habilita uma pessoa para uma função que ela provavelmente não tem condições
de exercer.

O que você acha disso?

102
Referências

ALCHIERI, João Carlos; CRUZ, Roberto Moraes. Avaliação psicológica: conceito,


métodos e instrumentos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003, 128 p.

ALCHIERI, João Carlos; STROEHER, Fernanda. Avaliação psicológica no trânsito:


o estado da arte sessenta anos depois. In: CRUZ, Roberto Moraes; ALCHIERI, João
Carlos e SARDÁ Jr, Jaimir J. (Orgs). Avaliação e medidas psicológicas: produção
do conhecimento e da intervenção profissional. São Paulo: Casa do Psicólogo,
2002, 277 p.

ALMEIDA, L. S. Avaliação psicológica: exigências e desenvolvimento nos seus métodos.


In: S. M. Weschler e R. S. L. Guzzo (Orgs.). Avaliação psicológica: perspectiva
internacional, pp. 41-55. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.

AMPLIATTA. Instituto de Psicologia e Saúde. Avaliação psicológica: formação,


teoria e prática. Disponível em: <http://www.ampliatta.com.br/cursos/avaliacao-
psicologica-formacao-teoria-e-pratica/> Acesso em: outubro de 2015.

ANAC. Informações sobre exame de saúde. Agência Nacional de Aviação Civil.


2015. Disponível em: <http://www2.anac.gov.br/habilitacao/inspecaoSaude.asp>.
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