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CARTA SOBRE SAUDADE

Bom dia, mulher. Como você está por aí? Eu estou bem. Hoje, eu quis falar
sobre saudade com você. Saudade é um bicho que pega a gente de
surpresa, né?

Veja bem, quando você menos espera, é uma pontada no coração que
inunda os olhos… Ano passado minha avó se foi, fez aquela viagem do
mistério, a qual Ariano Suassuna chamou de “Caetana”. Pois bem, a
Caetana levou minha vó em um final de tarde, no meio da minha terapia,
mas, isso é assunto para outra carta.

Continuando sobre a saudade… quando alguém muito importante assim


morre, a gente tem que viver com esse espaço no peito que tem exatamente
o tamanho da pessoa que se foi.
Meu coração tem um vazio do tamanho da minha vó, que embora tivesse só
1,50 m de altura, é grande demais a falta que deixou no meu peito.

Quando eu era criança, passava as tardes na casa da minha vó, fazíamos


juntas gelatina, ela amava. Penso que era sua sobremesa favorita, perdendo
só para o açaí que ela amava demais da conta. A gente preparava gelatinas
de vários sabores e comíamos juntas. Aqueles momentos eram tão plenos
que fiz uma fotografia mental que guardarei para sempre na minha alma.

Que saudade, mulher!


Nesse momento em que te escrevo, fiz uma respiração profunda, aquelas
quando o peito pesa depois de você desaguar.
A saudade desagua a gente…

Esses dias eu fiz gelatina, sentei para comer, e comecei a chorar. Olhei para
a mesa e desejei com todo meu coração que minha avó estivesse dividindo
aquela gelatina de abacaxi comigo.

Você já sentiu essa impotência diante da vida, de saber que não importa o
quanto você deseje, nunca mais você terá aquela pessoa novamente ali?

(Pausa para enxugar as lágrimas e voltar a escrever essa carta)

Voltando… interessante que em 14 de Maio foi o aniversário dela, eu


lembrei, mas, não desaguei. Porque a saudade do luto é isso que chega
mesmo em momentos corriqueiros, nas miudezas (tão fundamentais) da
vida que você dividiu com quem se foi.

Na gelatina, no jeito que a pessoa entronchava a boca para desaprovar


alguma atitude alheia, nos jargões inesquecíveis, em tudo aquilo que fazia a
pessoa ser tão única no mundo e no seu coração.

A saudade aparece para cobrar a gente o preço do amor.

Encerro essa carta te dizendo que se você, assim como eu, tem um espaço
no peito do tamanho de alguém, não gaste suas forças tentando preencher,
pois, nada cabe.
Nada vai se encaixar. Nada vai substituir.
Mas, esse espaço pode ser vivenciado com amor, com o amor que ficou
apesar da morte.

O amor de quem ficou mantém viva a memória de quem se foi…

Com afeto,
Núbia Lima. 
CARTA SOBRE MEDO
Olá, mulher. Como você está? Por aqui estou bem... Pensei em te escrever
essa carta para te contar como eu estava me sentindo ontem quando estava
criando meu Telegram…

Eu senti medo, sabia? Tive medo de não conseguir ter constância, mas,
pensei que não preciso iniciar um novo projeto já me cobrando tanto.

Você também é assim, mulher? Você já se cobrou tanto a ponto de nem


iniciar algo com medo de não conseguir abarcar? Percebo o quanto nossa
humanidade aparece nessas nuances. Mas, além desse medo, também
fiquei com medo de divulgar e ninguém entrar.

Na verdade, era mesmo uma vergonha. Fiquei com vergonha de ficar


sozinha por aqui, vergonha de ninguém querer entrar, de ninguém se
interessar pela minha nova proposta. Quando a gente coloca um projeto no
mundo e as nossas expectativas não são correspondidas, a frustração vem
acompanhada por uma vergonha. Precisamos falar mais sobre vergonha
por aqui, você também acha?

Vendo aqueles meus vídeos no instagram, você imaginaria que eu estava


sentindo tudo isso? Você poderia imaginar que eu estava pensando tantas
coisas? Você pensou que meu medo estava me consumindo tanto que eu
atualizava o canal a todo instante para ver se alguém tinha se inscrito…
Até que a primeira pessoa entrou, e eu suspirei aliviada em saber que já
tinha alguém ali para me fazer companhia. Mas, você não poderia imaginar
nada disso, mulher. Porque a gente nunca sabe de fato o que as pessoas
estão sentindo ou pensando por trás das câmeras. Ninguém está imune a
sentir todos os sentimentos completamente humanos.

Mas, cá estamos. Você assistiu ao meu vídeo de boas-vindas do Telegram?


Lembra que eu falei que aqui eu gostaria de estar mais próxima a você?
Pois bem, eu quero falar, também, dos meus sentimentos. De como é
habitar naquele blazer que você me ver vestida na minha rede e na minha
clínica. Eu quero te aproximar ainda mais da minha humanidade, deste
modo, também, aproximar-me da sua humanidade.

Quero terminar essa carta dizendo que eu vi seu nome aqui, vi sua foto,
mas, não sei como você está por aí. Me conta?

Com afeto, Núbia Lima.


CARTA SOBRE VAIDADE
Ei, mulher. Como você está? Por aqui, vou bem. Pensei em te escrever hoje
sobre vaidade, esse sentimento que a gente custa admitir que também existe
em nós, que está intrinsecamente na nossa humanidade.

Às vezes, a vaidade tenta nos fisgar, às vezes, somos realmente fisgadas por
ela. Bicha danada essa tal de vaidade, né? E, enquanto você não admitir que
sente, que é em alguns momentos da vida movida por tal sentimento, não
há possibilidade de reparar os danos, nem há possibilidade de evitar ser
conduzida por esse sentimento vaidoso.

Ontem, eu escrevi sobre a necessidade de desconfiarmos de pessoas que se


fazem o tempo inteiro “necessárias” nas nossas vidas. Sabe aquela pessoa
que deseja o tempo todo ser essencial? Sabe aquela pessoa que faz questão
de te ajudar para ter algum tipo de poder sobre sua vida? Pois então, esse
tipo de postura é procedente da vaidade.

É o anseio por um pedestal na vida alheia. Pensando sobre isso, você já


parou para pensar o quanto também já habitamos esse lugar ou, pelo
menos, tentamos. É necessário, também, que desconfiemos das nossas
próprias posturas. O que você quer, de fato, com as atitudes que você toma
na vida? Quais suas reais intenções quando se coloca para “ajudar” o outro?

A vaidade, muitas vezes, vem embalada em uma caixa bonita chamada


“boas intenções”, que é capaz de enganar até mesmo quem sente. Por isso,
se faz necessário uma auto análise profunda das medidas que tomamos
diante da vida. É libertador quando a gente entende que não somos
mocinhas, nem bruxas más. Que temos nossas sombras, nossas misérias, e,
também, nossas potencialidades.

Essa compreensão nos tira do lugar de vítima ou vilã, e nos coloca em um


papel de protagonistas e responsáveis pela própria vida. Enquanto você lê
essa carta, você consegue pensar em algum momento que você foi tomada
pela vaidade? Que você se agigantou diante do outro? Sabe, quando de
repente você quis ser exclusiva na vida de alguém, movida também por
uma carência…

Por falar em carência, penso que vaidade e carência andam juntas. No


fundo, a vaidade escancara a nossa solidão. Quando não acolhemos a
nossa solidão, tentamos nos amparar em sentimentos que disfarçam essa
condição existencial. Mas, carência e solidão vão ser temas de cartas
futuras.

Voltando... Você conseguiu lembrar das suas vaidades, mulher? Feito isso,
não é para que você se diminua ou se julgue a pior pessoa do mundo (até
porque, cá para nós, isso também é um pensamento vaidoso) é para que
você compreenda que é h-u-m-a-n-a. E, o problema não é sentir, a questão
é, quais as atitudes que você toma a partir dos seus sentimentos.

Para finalizar essa carta, quero te sugerir uma música, essa canção
tornou-se minha oração desde que a conheci, o nome é “me curar de mim”
é da Flaira Ferro, uma artista incrível do meu estado. Tenta escutar? Me
despeço agora dessa carta te enviando um abraço pelo vento, segura? <3

Com afeto, Núbia Lima.


CARTA SOBRE O FIM DE ANO
Ei, como você está? Espero que você esteja bem. Por aqui eu estou bem,
viu? Está chegando o final do ano, parece que a vida fica mais corrida, né?
Principalmente quando se é empreendedora, autônoma, psicóloga, e por aí
vai... Faz tempo que falei com você através de cartas, mas, hoje decidi te
escrever. Sempre que vou escrever as nossas cartas, eu penso em uma
palavra ou tema específico para destrinchar, inclusive, você pode me
sugerir, tá? Vou adorar ouvir suas sugestões e pensar sobre elas.

Pensando em te escrever hoje, já que estamos chegando em dezembro,


surgem muitos sentimentos nessa época, sobretudo, a tal da ansiedade.
Talvez, você já esteja pensando no que precisa fazer ano que vem, no que
deixou de fazer esse ano, mas, antes disso, eu quero te convidar a pensar no
que foi feito até aqui.

O que você conseguiu fazer diferente esse ano? O que você conquistou?
Quais novos hábitos saudáveis você conseguiu incluir? Quantas pessoas
novas você se permitiu conhecer? Você apreciou a natureza? Quais as
insignificâncias da vida você conseguiu capturar? Você fez uma pausa para
o café com uma pessoa querida? Quais novos lugares você conseguiu
conhecer? E quais as coisas novas que você conseguiu visualizar em
lugares já conhecidos?

Enfim, quem você conseguiu ser até aqui? O que os teus olhos conseguiram
fotografar, o que teus lábios conseguiram saborear, o que teus dedos
conseguiram tocar?
Antes de você fazer um planejamento para o próximo ano, antes que você
liste suas metas, faça um carinho na mulher que você é hoje. Se leve para
o próximo ano sem o peso de ter que ser qualquer coisa além de você
mesma.

Antes de pensar no que precisa ser feito, pense no que já foi feito até aqui.

Com carinho, Núbia Lima.

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protagonista da sua vida.

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