Você está na página 1de 7

História

Vintismo
Definição: tendência do liberalismo português, instituída na sequência da Revolução de 1820 e consagrada na
Constituição de 1822. Caracteriza-se pelo radicalismo das suas posições, ao proclamar o princípio da soberania
popular, ao limitar as prerrogativas reais e ao não reconhecer qualquer situação de privilégio à nobreza e ao clero.
A Revolução vintista foi essencialmente um pronunciamento militar sucedido no Porto, a 24 de agosto de 1820, com
larga participação de negociantes, de magistrados e até de proprietários fundiários de ascendência aristocrática. Esta
união de interesses permitiu o triunfo da Revolução vintista, explicando-se pelo facto de o ressentimento contra a
presença britânica tanto afetar os militares portuguesas, preteridos nas promoções, como a burguesia comercial e os
proprietários, dependestes do tráfico e do escoamento do vinho e de outras produções. Nos destaques da revolução
encontrámos nomes como: António da Silveira, coronéis Sepúlveda e Cabreira e os burgueses Manuel Fernandes
Tomás, José Ferreira Borges e José da Silva Carvalho. Por todo o país, a revolução de 24 de agosto encontrou adesão
imediata. A Revolução vintista triunfou sem derramamento de sangue.
Causas
1º causa – o impacto das revoluções americana e francesa
Estas revoluções mostraram ao mundo, e sobretudo à Europa, que o ideário iluminista tinha possibilidade prática. Por
isso, a Revolução Americana, 4 de julho de 1776, dá origem a uma constituição em que o mais alto magistrado da
nação é eleito por sufrágio universal, ou seja, que não nasce chefe da nação. Também põe em prática o princípio da
soberania popular e o sufrágio universal. Além disso, também existe na constituição americana, o princípio da
separação de poderes.
No caso da Revolução francesa, também as diversas constituições põem em prática as ideias iluministas quando
defende o princípio da liberdade, da propriedade, da segurança e da resistência à opressão.
Estas ideias chegam a Portugal através dos estrangeirados, de portuguesas que combatiam ao lado de Napoleão,
através, também, dos jornais, enciclopédias, dos clubes literários/académicos, das academias, da maçonaria, dos cafés,
dos salões das madames.
2ª causa – as invasões francesas
São três as invasões, sendo que a primeira é comandada por Junot, em 1807, a segunda comandada por Soult, em
1809, e a terceira deu-se em 1810 comandada por Massena. Estas invasões acontecem por Portugal não ser rápido a
responder ao decreto de Napoleão que impôs o bloqueio continental (novembro de 1806). As invasões francesas
trouxeram como consequência a destruição económica, saques e expansão de ideias políticas liberais. A situação
económica foi também prejudicada pelos saques franceses durante as invasões, além disso, os portugueses eram
recrutados para combater o que os impedia de produzir.
3º causa – a fuga da família real para o Brasil
Com o tempo, a fuga da família real para o Brasil, incomodou os portugueses, já que, tendo o Brasil passado à
categoria de reino, parecia que Portugal era uma colónia.
4ª causa – a fundação do Sinédrio
É uma sociedade secreta fundada exatamente para preparar uma revolução contra os ingleses, formada no Porto com
pessoas importantes da cidade (juízes, grandes industriais e grandes comerciais). Portanto, o Sinédrio foi uma
organização cujos membros desejavam para Portugal um governo que respeitasse as ideias maçónicas do iluminismo.
5º causa – situação económica
Os burgueses e Portugal Continental ficaram prejudicados com dois tratados: o de 1808, que abria os portos do Brasil
ao comércio internacional. Este alvará prejudica a burguesia do continente porque qualquer nação tinha redução de
taxas alfandegárias para vender e comprar produtos no Brasil. Ora, nesta altura, o Brasil era uma grande fonte de
rendimento do continente. O tratado de 1810 permite aos ingleses terem relações comerciais privilegiadas com o
Brasil porque só pagam 15% da taxa alfandegária, enquanto os portugueses pagam 16% e os outros países 24%. Por
isso, a partir de 1808-1810 há uma subia das reexportações de produtos brasileiros para o estrangeiro.
6ª causa – a conspiração de 1817
Foi uma tentativa de revolta contra os ingleses que saiu frustrada. Os conspiradores, que estavam ligados ao Sinédrio,
foram castigados, sendo executados 11 oficiais do exército, incluindo o general Gomes Freire de Andrade. O
acontecimento vai mostrar aos portugueses que há militares interessados na revolução e, além disso, os portugueses
vão ficar revoltados relativamente à administração inglesa.
Objetivos
O objetivo não é atacar a Igreja nem atacar o rei, o que significa que a Revolução não é radical. Têm como objetivo
constituir um governo constitucional, logo elaborar uma constituição, isto é, o novo regime teria um rei sujeito às leis
constitucionais.
Constituição

É de iniciativa do parlamento. Nº de poderes 3, sendo que o rei tem poder de sanção sobre as
Origem Aprovada pelos representantes do decisões da corte.
povo.

Câmaras dos
Rei que assina D. João VI pares Uma câmara

Direitos “liberdade, segurança e Poder de vetar as leis. Nomear e demitir


Individuais propriedade”. Também é referida a Poderes secretários de estado e magistrados.
liberdade de pensamento e o direito do rei
à igualdade.

Em todos os lugares do reino haverá Saber ler e escrever. Cidadãos » 25 anos (não
Ensino escolas onde convier. Eleitores faz referência ao sexo, mas está subentendido
Qualquer cidadão é livre de abrir serem varões).
escolas.

Tipos de
Soberania Reside essencialmente na nação sufrágio Direto e escrutínio secreto

Conceito de nação Tempo de


Deputados eleitos legislatura 2 anos

Tipo de governo Monarquia constitucional Elegíveis O eleitor é elegível, mas tem mais restrições,
hereditária. como ter autonomia económica

A independência do Brasil
De 1808 a 1821, D. João VI e a corte residiram no Brasil. Transformada em sede da monarquia portuguesa e elevada a
reino em 1815, a antiga colónia acusou um extraordinário progresso económico, político e cultural. Com os seus
portos abertos à navegação estrangeira e dotado de indústrias, de um banco, de uma nova divisão administrativa (as
províncias), de tribunais no Rio de Janeiro para todas as causas e apelos, de instituições prestigiadas de ensino, de um
biblioteca, de um teatro e de uma imprensa local, o Brasil era o orgulho de uma forte colónia branca que ultrapassava
o milhão de habitantes.
Em 1789, devido aos anseios autonomistas provenientes do profundo sentimento de liberdade coletiva, ocorreu uma
rebelião nacionalista em Vila Rica, dirigida por estudantes e homens esclarecidos que chegaram a projetar a
independência de Minas Gerais e a formação de um governo republicano, revolta esta denominada por Inconfidência
Mineira. Outro movimento independentista sucedeu em 1817: foi a Revolução Republicana de Pernambuco que,
embora, condenada ao fracasso, defendeu o separatismo do Nordeste brasileiro.
Cortes Constituintes
A Revolução liberal de 24 de agosto de 1820 forçou o regresso de D. João VI a Portugal onde chegou a 3 de julho do
ano seguinte. Pressionado pela opinião pública brasileira a manter-se na América, o monarca sentiu a inevitabilidade
de uma independência próxima.
A independência veio, realmente, a verificar-se em 7 de setembro de 1822 e teve, como motivos próximos, a política
antibrasileira das Cortes Constituintes de Portugal. A maioria dos deputados queria, efetivamente, restituir o Brasil à
condição de colónia, rejeitando o estatuto de “Reino Unido” de que usufruía. Com esse objetivo, legislaram no sentido
de anular os benefícios comerciais atribuídos ao Brasil, ao longo da permanência de D. João VI, e de o subordinar
administrativa, judicial e militarmente a Lisboa.
A independência declarada por D. Pedro nas margens do Ipiranga, em São Paulo, a 7 de setembro de 1822, só viria a
ser reconhecida por Portugal em 1825, tendo, para o efeito, contribuído o esforço da
diplomacia britânica, sinceramente empenhada no domínio do mercado americano após ter perdido as suas colónias da
América do Norte.
Traumática para Portugal, a separação do Brasil, representou, especialmente, um rude golpe para os revolucionários
vintistas. Não só pôs em causa os seus interesses comerciais e industriais, como comprometeu a recuperação
financeira do país, fazendo crescer o descontentamento e a oposição.

A resistência ao liberalismo
Quando há uma revolução há sempre fações da população que discordam e que ficam contra e que, por isso,
participam em ações contrarrevolucionárias. No caso da revolução vintista, o clero e a nobreza vão ter sempre uma
posição reacionária e vão ter uma figura que vai dar a cara por eles, D. Miguel.
1º sinal – Vila Francada (maio de 1823)
Foi uma revolta encabeçada por D. Miguel, em que tem apoio de dois regimentos de Lisboa e em que ele faz um
manifesto aos portugueses a tentar assumir-se como antirrevolucionário, em Vila Franca, sendo que esta tentativa de
revolta foi resolvida com a intervenção do rei, que pediu ao filho que se lhe aposentasse.
2º sinal – Abrilada (abril de 1824)
É outro movimento contrarrevolucionário levado a cabo por partidários de D. Miguel, que prendem os membros do
governo. Vai ser outra vez o rei D. João VI quem vai intervir e colocar o filho na linha, sendo este obrigado ao exílio.
4º sinal – A guerra civil (1828 – 1834)
É entre absolutistas e liberais porque D. Miguel fez-se aclamar reu absoluto e convocou cortes à maneira antiga, o que
significa regressar ao absolutismo. Então D. Pedro reúne apoios no estrangeiro, sobretudo em Inglaterra, e vai reunir
um exército a partir da Ilha Terceira, vindo a desembarcar com as suas tropas na praia de Mindelo em 1832. A cidade
do Porto vai acabar por ser libertada pelas tropas liberais, D. Miguel vai acabar por depor as armas e será assinado um
acordo de paz conhecido por Tratado de Évora Monte em 1834.

3º sinal – Carta constitucional (1826)


Origem Foi outorgada por D. Pedro Nº de poderes 4: legislativo, executivo judicial e moderador.
Câmaras dos As cortes compõem-se de duas câmaras:
Rei que assina D. Pedro pares Câmaras dos Pares (composta por membros
vitalícios nobres e hereditários nomeados pelo
rei) e Câmara de Deputados.
Poder moderados: nomear os pares, convocar as
Direitos Direito à “liberdade”, “segurança” e cortes, dissolver as Câmaras dos Pares, vetar
Individuais “propriedade”. Surgem no final do Poderes definitivamente decisões das cortes, demitir o
diploma (artigo 145º) do rei governo e suspender os magistrados.

Instrução primária é gratuita a todos Muitas restrições. Ter 100 mil réis de
Ensino os cidadãos Eleitores rendimento anual (1ºgrau 200$000). Cidadãos
»25 anos (não faz referência ao sexo, mas está
subentendido serem varões)

Tipos de Eleições indiretas (com primárias), elegendo a


Soberania Não refere. Mas fala dos cidadãos e sufrágio massa dos cidadãos ativos, em Assembleia
não de súbditos nem vassalos. As Paroquiais, os eleitores de Província e estes os
terras de Portugal formam o Reino. Representantes da Nação.
Os cidadãos, a Nação. A figura do
rei é sagrada.
Conceito de nação “os representantes da Nação Tempo de
portuguesa são o Rei e as legislatura 4 anos
Cortes”

Tipo de governo Monárquico, hereditário e Elegíveis Todos os eleitores de 2º grau que tenham renda
representativo. de 400$000 réis são elegíveis.

O novo ornamento político e socioeconómico (1832/34 – 1851)


As medidas de abolição do antigo regime
1. A elaboração de uma constituição, ou seja, a instituição de um regime constitucional.
2. Constituição de cortes, ou seja, de um parlamento.
3. A extinção da Inquisição, que servia para perseguir os hereges.
4. A nacionalização dos bens da coroa e dos bens das ordens religiosas que passam a ser vendidos em hasta
pública.
5. A instituição da liberdade da imprensa e do ensino.
6. A supressão dos antigos impostos da idade média, nomeadamente, a dízima, a corveia, as banalidades, as
portagens, etc. (Dízima – décima parte que cada trabalhador deve pagar à Igreja; Corveia – imposto que cada
camponês tinha de pagar ao Senhor, sendo que um dia por semana trabalhava de graça; Banalidades – direito
que o senhor tinha de apenas ele ter posse do moinho, largar e o forno e que o camponês podia alugar pagando
a taxa definida pelo senhor).
7. A abolição da justiça privada dos nobres e dos clérigos, porque estes tinham uma justiça diferente do Terceiro
Estado.
As medidas de Mouzinho da Silveira
 A abolição dos morgadios (figura em que apenas o filho mais velho herda o património da família), os forais e
os dízimos.
 A extinção dos bens da Coroa e respetivas doações.
 Instituição do princípio da inviabilidade da propriedade.
 Extinção do uso exclusivo da Companhia do Douro de fabrico e aguardente.
 Extinção das ordens religiosas masculinas e proibição dos noticiados, no sentido de não serem formadas novas
freiras e de acabar também com as ordens religiosas femininas.
 Venda e nacionalização dos bens das ordens religiosas.
 Expulsão dos jesuítas
 Extinção das portagens e dos demais encargos sobre a circulação interna de mercadorias.
 Diminuição dos direitos de exportação.
 Supressão dos monopólios do sabão e do vinho do Porto.
As medidas de Mouzinho da Silveira pretendiam disponibilizar mais terra e trabalho para as massas rurais, esta
libertação da terra fez-se acompanhar da libertação do comércio e, de um modo geral, da eliminação de situações de
privilégio na organização das atividades económicas.

Tabela de comparação da Constituição vintista (1822) e da Carta Constitucional (1826)


Constituição Vintista Carta Constitucional Conclusão/Comparação
(1822) (1826)

Origem É de iniciativa do
parlamento. Aprovada pelos Foi outorgada por D. Pedro
representantes do povo.

Rei que assina D. João VI D. Pedro


“liberdade, segurança e
propriedade”. Também é Direito à “liberdade”, A diferente posição
Direitos Individuais referida a liberdade de “segurança” e “propriedade”. demonstra a diferente
pensamento e o direito à Surgem no final do diploma priorização dos direitos
igualdade. (artigo 145º) individuais
Em todos os lugares do reino
Ensino haverá escolas onde convier. Instrução primária é gratuita
Qualquer cidadão é livre de a todos os cidadãos
abrir escolas.

Não refere. Mas fala dos


cidadãos e não de súbditos
Soberania Reside essencialmente na nem vassalos. As terras de
nação Portugal formam o Reino. Os
cidadãos, a Nação. A figura
do rei é sagrada.

Conceito de Nação Deputados eleitos “os representantes da A Carta apresenta-se mais


Nação portuguesa são o conservadora do que a
Rei e as Cortes” Constituição
Tipo de Governo Monarquia constitucional Monárquico, hereditário e
hereditária. representativo.
3, sendo que o rei tem poder
Nº de poderes de sanção sobre as decisões 4: legislativo, executivo Mais poderes para o rei,
da corte. judicial e moderador. mais retrógrada na Carta

Poderes do rei Poder de vetar as leis. Poder moderados: nomear os


Nomear e demitir secretários pares, convocar as cortes,
de estado e magistrados. dissolver as Câmaras dos Mais conservador na
Pares, vetar definitivamente Carta, o rei é mais
decisões das cortes, demitir o
poderoso
governo e suspender os
magistrados.
As cortes compõem-se de
duas câmaras: Câmaras dos Carta mais conservadora
Câmaras dos Pares Uma câmara Pares (composta por que Constituição
membros vitalícios nobres e
hereditários nomeados pelo
rei) e Câmara de Deputados.

Eleições indiretas (com


primárias), elegendo a massa Diferentes, verificando-se
Tipo de sufrágio dos cidadãos ativos, em um maio conservadorismo
Direto e escrutínio secreto Assembleia Paroquiais, os na Carta
eleitores de Província e estes
os Representantes da Nação.

Saber ler e escrever. Muitas restrições. Ter 100 Mais restrições na Carta
Eleitores Cidadãos » 25 anos (não faz mil réis de rendimento anual em comparação com a
referência ao sexo, mas está (1ºgrau 200$000). Cidadãos Constituição
subentendido serem varões). »25 anos (não faz referência
ao sexo, mas está
subentendido serem varões)

O eleitor é elegível, mas tem Todos os eleitores de 2º grau Diferentes, Carta mais
Elegíveis mais restrições, como ter que tenham renda de retrógrada
autonomia económica 400$000 réis são elegíveis.

Tempo de legislatura 2 anos 4 anos Diferente

Projeto setembrista
A Revolução de Setembro ocorreu em Lisboa e teve um carácter eminentemente civil, verificando-se, depois, a adesão
militar. Foi uma revolução protagonizada pelas pequena e média burguesias e com largo apoio das camadas populares,
reagindo ao excesso de miséria e à atuação do governo cartista, que era acusado de corrupção e de apenas defender os
interesses da alta burguesia.
A nível institucional, é feita a Constituição de 1838, que se aproxima da revolução vintista.
A nível económico, publicou a pauta de 1837, que tem caráter protecionista, já que pretende proteger os artigos
nacionais. Tornou-se proibido o tráfico de escravos nas colónias a sul do equador.
A nível do ensino, criam Escolas Médico-Cirúrgicas, Escolas Politécnicas no Porto e em Lisboa e Conservatórios de
Artes e Ofícios. Decretou a criação de liceus, inicialmente, um por capital de distrito e, depois, nas capitais de
concelho. Estas escolas visavam instruir as classes médicas numa cultura humanista e científica, no sentido de
preparar os alunos para a Universidade.
A nível social, criou a Casa Pia de Évora, que é uma instituição que recebe crianças em dificuldades e onde lhes dá
uma introdução no sentido de as preparar para a vida.

Projeto cabralista
Em 1842, num golpe de Estado pacífico, o ministro da Justiça pôr fim à Constituição de 1838 e, consequentemente, ao
setembrismo. A nova governação ficou conhecida por cabralismo e alicerçou-se nos princípios da Carta
Constitucional e fez regressar ao poder a alta burguesia.
A nível institucional, é restaurada a Carta de 1826.
A nível económico, é criada a Companhia das Obras Públicas de Portugal para superintender a um plano de criação de
infraestruturas por todo o país. Criou-se a décima industrial (imposto sobre as indústrias) e criou-se diversas
indústrias: Companhia do Tabaco, do Sabão, das Pólvoras, da Companhia Confiança Nacional e Companhia das
Estradas do Minho.
A nível da intenção de desenvolver o país, são publicadas as Leis da Saúde. Estas leis tiveram a oposição da
população, sobretudo no Norte e vão estar na origem da revolta Maria da Fonte.
A inovação e a exigência das medidas de Costa Cabral, aliadas ao autoritarismo que rodeou a sua implementação,
estiveram na origem de uma série de motins populares. Nomeadamente, a revolta Maria da Fonte. A revolta popular
Maria da Fonte teve as suas primeiras movimentações em abril e maio de 1846, no Minho, alastrando-se mais tarde
por todo o país. Foram uma reação popular às Leis da Saúde, às Leis das Estradas e à cobrança de impostos. A
população representava o lugar da oposição ao atual governo demonstrando ódio por Costa Cabral, inclusivamente, no
hino da Maria da Fonte onde se canta “Para matar os Cabrais”.
Vive-se, portanto, em 1846-1847, um clima de verdadeira guerra civil envolvendo adeptos de diversos movimentos
desde o cabralismo, ao setembrismo, ao cartismo e ao miguelismo. A guerra civil reacendeu-se com a chamada
Patuleia, que decorreu de outubro de 1846 a junho de 1847, iniciada no Porto e percorrendo todo o país teve como
pretexto a substituição abrupta de ministros anti cabralistas recém-nomeados.

Você também pode gostar