Você está na página 1de 14

Tradução & Comunicação O QUE OS BLOGS DE TRADUÇÃO TÊM A DIZER

Revista Brasileira de Tradutores


SOBRE O TRADUTOR?
Nº. 23, Ano 2011

What do translation blogs have to say about


translators?

Erica Luciene Lima de Paulo


Pontifícia Universidade RESUMO
Católica de Campinas
O perfil dos tradutores do final do século XX e início do século XXI
erica.limadepaulo@gmail.com
mudou bastante, especialmente no que diz respeito ao uso de
ferramentas tecnológicas. Essas mudanças também advêm do
aparecimento de sites, redes sociais e blogs, o que trouxe, como
consequência, maior visibilidade do tradutor contemporâneo,
especialmente daquele “não visível” popularmente conhecido como
“tradutor técnico”. Esse profissional tem recorrido cada vez mais ao
blog como um poderoso recurso, tanto de marketing quanto de
divulgação de textos de sua autoria, que mostrem como ele, o tradutor,
não só sabe traduzir, mas também escrever sobre tradução. Este
trabalho pretende analisar, sob uma perspectiva discursiva e com o
auxílio do pensamento da desconstrução, algumas características de
dois blogs de tradutores reconhecidos na área e respeitados por seus
pares. Objetiva-se levantar algumas questões sobre o papel do blog
para a visibilidade do tradutor ‘técnico’, identificar os objetivos do
tradutor com o blog e iniciar uma discussão a respeito de quais
contribuições esses blogs podem ou não trazer para o aspirante a
tradutor e para a formação do tradutor iniciante. Espera-se abordar,
especificamente, questões identitárias presentes na apresentação do
perfil dos tradutores e o papel do ‘nome próprio’ do blog.

Palavras-Chave: tradutor técnico; blog; nome próprio

ABSTRACT

The profile of translators in the late 20th century and early 21st century
has undergone significant changes, particularly with regard to the use
of technology tools. These changes also stem from the emergence of
websites, social networks and blogs, which have increased the visibility
of today’s translator, particularly the ‘non-visible’ one widely known as
‘technical translator’. This professional has increasingly relied on the
blog as a powerful tool for both marketing and dissemination of his
own texts, showing that he, as a translator, can not only translate but
also write about translation. This essay seeks to analyze, from a
discourse perspective and with the help of the thinking of
deconstruction, some of the characteristics of two translator’s blogs
widely recognized in the field and respected by peers. The goals are to
Anhanguera Educacional Ltda.
raise some questions on the role of the blog for the visibility of the so-
Correspondência/Contato called ‘technical’ translator, identify what the translator is aiming at
Alameda Maria Tereza, 4266
Valinhos, São Paulo with his blog and start a discussion on what these blogs may or may
CEP 13.278-181 not add to the aspiring translator and to the training of novice
rc.ipade@aesapar.com translators. The author will specifically address identity issues in the
Coordenação profile of blogging translators and the role of the blog’s ‘proper name’.
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Keywords: technical translator; blog; proper name.
Artigo Original
Recebido em: 01/02/2012
Avaliado em: 05/03/2012
Publicação: 30 de março de 2012 79
80 O que os blogs de tradução têm a dizer sobre o tradutor?

1. INTRODUÇÃO

O perfil dos tradutores do final do século XX e o dos tradutores da primeira década do


século XXI mudou bastante, especialmente no que diz respeito ao uso de ferramentas
tecnológicas. De dicionários e glossários online chegamos até a conhecida tradução
assistida por computador (CAT), sobretudo na forma de programas de memórias de
tradução, como Trados, DéjàVu, Wordfast etc. até culminar em programas de tradução
automática (dos quais o mais conhecido talvez seja o Google Translator). Atualmente, saber
usar as chamadas CAT tools é considerado primordial para o mercado de trabalho, que,
muitas vezes, contrata ou não o serviço de um tradutor de acordo com os recursos que
este utiliza. Conseguir ou não um trabalho é uma das implicações da inserção da
tecnologia na prática tradutória. Outra implicação do mundo tecnológico é o
aparecimento de sites, redes sociais, como Twitter e Facebook, e blogs, o que traz, como
consequência, a maior visibilidade do tradutor contemporâneo, especialmente daquele
que não tem seu nome divulgado em livros publicados por editoras famosas nem em
revistas de grande circulação.

Esse tradutor anteriormente “não visível”, popularmente conhecido como


“tradutor técnico”, especialista na tradução nas mais diversas áreas como tecnologia da
informação, marketing, petróleo, medicina, economia, finanças, contratos, manuais
técnicos, química, etc., muitas vezes usa o blog com fins diversos, o que abrange desde o
marketing para conseguir mais clientes até textos que mostrem como ele, o tradutor, não
só sabe traduzir, mas também sabe escrever sobre tradução.

A própria definição “tradutor técnico” vem sendo questionada e o trabalho desse


profissional tem sido objeto de alguns estudos. Tal interesse pode ser explicado pela
importância dessas traduções no mercado, pois, como diz Heloísa Barbosa (2005):
o maior segmento do mercado da tradução é, provavelmente, o das traduções
(tradicionalmente consideradas) técnicas, seja para editoras, empresas, ou para o público
em geral. É plausível supor, na realidade, que o mercado de traduções extra-editoras seja
muito maior do que o das editoras, mas parece totalmente impraticável mapeá-lo, já que
essas traduções podem ser feitas em todos os tipos de circunstâncias possíveis. São as
traduções juramentadas, as traduções para empresas em geral, para a indústria da
localização e a tradução de websites, sem falar nas traduções para particulares, que
envolvem desde os abstracts de dissertações e teses até o manual da câmara fotográfica
nova da vizinha ou o cardápio do restaurante da esquina. (BARBOSA, 2005, p. 11).

Silvana Polchlopek e Michelle Aio (2009) acrescentam que a tradução técnica,


apesar de representar “um dos maiores segmentos do mercado de tradução” é pouco
explorada, mesmo na esfera acadêmica, e discutem a categorização e definição de textos
técnicos, bem como a crença de que, para traduzi-los, basta conhecer a terminologia
específica. Essa constatação da falta de estudos sobre os tradutores técnicos pode ser

Tradução & Comunicação: Revista Brasileira de Tradutores š Nº. 23, Ano 2011 š p. 79-92
Erica Luciene Lima de Paulo 81

observada na comparação com os demais tradutores, por exemplo, o tradutor de obras


literárias. Nesse caso, não é difícil encontrar obras em que se analisa quem é o tradutor, o
que ele diz dele mesmo e de suas concepções em notas, prefácios e posfácios, qual é o seu
compromisso histórico, literário e ideológico em relação ao autor e à obra que traduz e
como a tradução é recebida em uma determinada comunidade.

Todo esse estudo não parece ser feito em relação aos tradutores técnicos. O que
faz com que um tradutor técnico seja considerado “bom”, seja respeitado pelos seus pares
e seja procurado cada vez mais por novos clientes? Que concepções esse bom tradutor tem
de tradução, como ele vê o texto a ser traduzido, como lida com as línguas envolvidas,
quais são suas concepções sobre ética e fidelidade? Onde ele explicita essas concepções?
Tal panorama nos permite, então, justificar a opção pelo estudo dos tradutores “técnicos”,
denominação esta que adotamos para harmonizar com a autoapresentação de alguns
tradutores em seus blogs. Quem são, quais as concepções de linguagem subjacentes aos
seus comentários, quais são suas contribuições ao entendimento da profissão e do
mercado para o futuro tradutor ou tradutor iniciante?

Muitos estudos foram feitos sobre o papel do tradutor (geralmente o tradutor


literário) e sua interferência na obra traduzida, visível, por exemplo, nas notas e, por
vezes, nas correspondências trocadas com o autor da obra original, como pode ser
comprovado respectivamente em Solange Mittmann (Notas do tradutor e processo tradutório,
2003) e Guimarães Rosa (Cartas ao tradutor Edoardo Bizarri, 2003). Algumas obras também
trouxeram entrevistas com tradutores reconhecidos, também em sua maioria literários (cf.
BENEDETTI e SOBRAL, 2003), uma “fórmula” reproduzida, por exemplo, pelo blog de
Petê Rissatti, abrangendo não só tradutores de diversos campos, mas também intérpretes.
Entretanto, nenhum trabalho foi encontrado a respeito dos blogs como instrumento de
estudo como proposto aqui.

2. POR QUE BLOG?

Em primeiro lugar, cabe esclarecer que procurávamos um meio de expressão em que o


tradutor pudesse se posicionar a respeito da profissão sem que fosse direcionado a falar
sobre um assunto ou outro, como ocorre, por exemplo, em entrevistas. Interessava
também considerar a interação com o Outro como fundamental para a criação da imagem
do tradutor. O blog, com seu funcionamento de “diário pessoal na ordem cronológica com
anotações diárias ou em tempos regulares que permanecem acessíveis a qualquer um na
rede” (MARCUSCHI, 2010, p. 72), pareceu-nos a melhor escolha. Além disso, a definição

Tradução & Comunicação: Revista Brasileira de Tradutores š Nº. 23, Ano 2011 š p. 79-92
82 O que os blogs de tradução têm a dizer sobre o tradutor?

de Fabiana Komesu nos auxilia a entender a importância e o alcance dessa ferramenta nos
dias de hoje:
Blog é uma corruptela de weblog, expressão que pode ser traduzida como “arquivo na
rede”. Os blogs surgiram em agosto de 1999 com a utilização do software Blogger, da
empresa do norte-americano Evan Williams. O software fora concebido como uma
alternativa popular para publicação de textos on-line, uma vez que a ferramenta
dispensava o conhecimento especializado em computação. A facilidade para a edição,
atualização e manutenção dos textos em rede foi — e é — o principal atributo para o
sucesso e a difusão dessa chamada ferramenta de auto-expressão. (KOMESU, 2010, p.
136–7)

De acordo com Sartori Filho, os blogs podem ser considerados “uma incubadora
de internautas com interesses comuns” (apud MARCUSCHI, 2010, p. 73). Essa
“incubadora” está aberta a comentários, ou seja, é uma ferramenta interativa e
participativa que tem atualização frequente e permite relações ou, mais especificamente,
permite o atravessamento de vozes entre o tradutor blogueiro e o leitor. Por todas essas
qualidades e, acima de tudo, por não apresentar custos para o tradutor, já que também é
gratuito, o blog passou a ser adotado por tradutores com as mais diversas finalidades.

A escolha do blog como suporte material específico para a produção textual põe
em evidência algumas características do tradutor blogueiro, como a importância dada à
interatividade, tanto em relação ao usuário e à máquina, como nas relações interpessoais.
Levando em conta tais características, o processo de seleção dos blogs obedeceu aos
seguintes critérios: em primeiro lugar, buscamos os “dez mais” no Brasil: blogs escritos
em português por tradutores brasileiros, já que o interesse maior é verificar a repercussão
desses blogs no nosso país; em segundo lugar, foram considerados os blogs que tratam de
aspectos gerais envolvendo a tradução e não “soluções tradutórias” ou peculiaridades
linguísticas da língua fonte ou alvo; em terceiro lugar foram priorizados blogs com
atualizações constantes e, finalmente, mas não menos importantes, foram buscados blogs
de tradutores “famosos” na área específica de tradução, que são recorrentemente citados
por seus pares e cujo número de visitantes é significativo.

Neste texto, faremos algumas considerações sobre os dois blogs mais acessados e
com maior número de interações no período de janeiro de 2011 a janeiro de 2012. Eles
foram citados em uma página da equipe daquela que é considerada a maior comunidade
online de tradutores, o ProZ (http://blogproz.wordpress.com/translation-blogs), que,
entre outras coisas, possibilita o networking entre tradutores, além de divulgar a oferta e
procura de serviços de tradução, informações sobre programas, eventos, etc. e também
são citados e recomendados pelos pares, por exemplo, em outros blogs de tradução e em
redes sociais.

Tradução & Comunicação: Revista Brasileira de Tradutores š Nº. 23, Ano 2011 š p. 79-92
Erica Luciene Lima de Paulo 83

O blog com o maior número de acessos pertence ao baiano Fábio Said, residente
na Alemanha, tradutor do alemão e do inglês para o português:
http://fidusinterpres.com. Em número de acessos, o Fidus interpres é seguido pelo
http://www.tradutorprofissional.com, pertencente aos paulistas Danilo Nogueira e Kelli
Semolini, naturais respectivamente de São Paulo e São Carlos, tradutores de inglês e
português. Esses dois blogs têm em comum uma característica primordial para nosso
estudo: as inúmeras perguntas enviadas por tradutores iniciantes ou aspirantes a
tradutores e as “dicas” dadas pelos blogueiros. Nesse sentido, o Outro é imprescindível
para a constituição dos dois blogs.

O uso desse suporte público pode parecer paradoxal em relação ao indicado por
Rosemary Arrojo, quando afirma que o trabalho do tradutor “implica uma ética
profissional bizarra”:
um tradutor bem-sucedido é supostamente aquele profissional que propicia aos seus
leitores a ilusão de sua não-interferência na escrita que produz a partir do original. Não
é por acaso, porém, que se diz que a profissão atraia pessoas com “egos fracos”. Paul
Kussmaul oferece o exemplo de um tradutor que identifica uma relação íntima entre
prática tradutória e “estruturas de personalidade fraca”. Segundo o autor, isso se
explicaria na medida em que a tradução e a interpretação são profissões que se
caracterizam pelo serviço aos interesses alheios, “e servir geralmente não combina com
um ego bem desenvolvido” (ver BÜHLER, apud KUSSMAUL, 1995, p. 32) (ARROJO,
2007, p.41)

Essa afirmação nos leva a dois questionamentos: até que ponto podemos
concordar com a afirmação de Kussmaul relativa a “egos fracos”, trazida por Arrojo,
quando vemos a exposição dos tradutores nos blogs? Seriam os blogs exatamente uma
maneira de os “egos fortes” aparecerem, um local onde o tradutor pode ser autor, já que
não se considera como tal na prática tradutória? Em outras palavras: não seria exatamente
por se considerar “invisível” na tradução que o tradutor procura aparecer no blog? Ou, ao
contrário, não seria o tradutor dono de um “ego forte” e, por isso, aparece, expõe-se, quer
ser visto como alguém detentor de um saber?

Se considerássemos o número de acessos aos blogs (que ultrapassa, no primeiro


blog, um milhão, e no segundo, 500 mil), as inúmeras perguntas, os comentários, as
recomendações nas redes sociais e a procura pelos cursos oferecidos por esses tradutores
blogueiros1, seríamos levados a concluir, ou pelo menos a deduzir, que eles não só são
visíveis, como também têm grande repercussão no meio profissional da tradução. Caberá,
em estudo futuro, analisar posts específicos destinados a tradutores iniciantes e aspirantes

1 Em janeiro de 2012, Fábio M. Said divulgou e ministrou, por exemplo, seu curso “ATA Webinar for Language
Professionals: How to Blog for 1 Million Visitors”. Por sua vez, Danilo Nogueira e Kelli Semolini divulgaram a primeira
Oficina de Técnicas de Tradução (Inglês–Português), agendada para março do mesmo ano. Apesar de dependerem de
inscrição e pagamentos prévios, aparentemente os cursos são bastante procurados, o que é uma das comprovações da
visibilidade do blog e da influência dos blogueiros no meio.

Tradução & Comunicação: Revista Brasileira de Tradutores š Nº. 23, Ano 2011 š p. 79-92
84 O que os blogs de tradução têm a dizer sobre o tradutor?

a tradutores, bem como perguntas e respostas relacionadas ao assunto para comprovar a


influência dos blogs para esse público.

3. QUEM SÃO OS TRADUTORES BLOGUEIROS?

No texto “Discurso sobre tradução: aspectos da configuração identitária do tradutor”,


Maria José Coracini (2007) recorre a algumas noções da análise do discurso e da
psicanálise para analisar a questão da identidade do tradutor. Segundo a autora:
Da perspectiva da psicanálise [entretanto], a identidade se resume ao que o sujeito é
capaz de dizer (narrar) sobre si, ou seja, sobre o ego (eu), construído necessariamente a
partir da relação com o outro — pai, mãe, grupo social… — que o define e que ele
internalize como sendo ele próprio, no desejo de corresponder ao que o outro deseja
dele: afinal, o desejo do sujeito é ser o desejo do outro, é ser amado pelo outro, e, para
isso, não mede esforços no sentido de ser como o outro deseja que ele seja. É o que
parece acontecer com o tradutor, que constrói sua identidade por meio dos vários
discursos sobre ele, sobre sua(s) tradução(ões) e sobre a tarefa do profissional da
tradução, das imagens ou representações que outros — teóricos sobretudo, mas também
outros tradutores — deixam escapar pela linguagem. (CORACINI, 2007, p. 168)

Esse enfoque nos permite fazer um questionamento a respeito do papel dos blogs
para os tradutores aqui estudados: a que interpretações e deduções somos levados a partir
da leitura dos posts do tradutor blogueiro, a partir do que ele narra sobre si e seu trabalho?
Quais as consequências e repercussões dessas interpretações e deduções?

No perfil de Fábio Said vemos a seguinte apresentação:


Fabio M. Said é brasileiro residente na Alemanha e tradutor profissional em tempo
integral, sobretudo de textos de direito e finanças do inglês e alemão para o português.
Filiado a associações de tradutores no Brasil e nos EUA e com uma carreira de 18 anos,
fez várias traduções de livros de ciências sociais e é autor de Fidus interpres: a prática da
tradução profissional, um manual para tradutores. Fábio M. Said já escreveu 1042 artigos
neste blog desde março de 2008. (disponível em http://fidusinterpres.com, acesso em 10
set. 2011)

Ao clicar em “tradutor profissional”, teremos a formação de Said: curso técnico


de tradução, com duração de quatro anos, no Colégio Técnico da Fundação José Carvalho
de Pojuca, na Bahia. Com 38 anos de idade e 18 anos de experiência, Said afirma, em
diversos momentos, que o blog iniciado em 2008 e, três anos depois, com mais de um
milhão de visitantes, deu origem ao livro de mesmo nome, Fidus Interpres: a prática da
tradução profissional (lançado em 2010, com segunda edição em 2011).

Observa-se, no perfil do blogueiro, o uso de terceira pessoa, como se alguém o


estivesse apresentando. Os pontos destacados são o nicho de mercado no qual atua, as
associações das quais faz parte e o número de anos em que trabalha na área. Por último
aparece aquilo que acaba recebendo destaque em todo o blog: sua apresentação como
autor do livro proveniente dos posts publicados no blog.

Tradução & Comunicação: Revista Brasileira de Tradutores š Nº. 23, Ano 2011 š p. 79-92
Erica Luciene Lima de Paulo 85

Pode-se observar no discurso de Said uma preocupação em passar um


profissionalismo e uma isenção de julgamento de valor, como se não quisesse influenciar
seu leitor com a imagem que faz de si, mas deixando claro, com o destaque ao número de
visitantes, ao número de trabalhos já realizados e aos convites para palestras e eventos de
que é alguém que tem legitimidade na área.

O blog é escrito em português e inglês, mas nem sempre são duas versões de um
mesmo post. Geralmente seus comentários sobre o ofício do tradutor são em português (o
que justifica a origem do livro) e as informações mais pertinentes aos clientes de tradução
estão em inglês. As respostas aos visitantes são feitas na mesma língua da pergunta
(inglês ou português). Há casos em que há exatamente a mesma informação nas duas
línguas, por exemplo: “Fidus interpres is a blog about translation and translators. It targets
primarily at language professionals and students, as well as buyers of translation”. “O
Fidus interpres é um blog sobre tradução e tradutores. Tem como público-alvo principal os
profissionais da língua e estudantes, além de compradores de traduções.” (destaques do
autor) (acesso em 19 set. 2011).

Também em inglês, temos todas as informações sobre o curso de tradução feito


na Bahia (carga horária, áreas estudadas, estágios, etc), além da declaração: “I write on
Fidus interpres because I am very proud of being a translator, and because I want to share my
view of the translation profession with colleagues, potential clients, students and all those
who might be interested in the topics presented here. Thanks for visiting my blog!”
(destaques do autor) (acesso em 19 set. 2011).

Observa-se, tanto na apresentação como nos links para os quais essa


apresentação nos direciona, que Said considera a tradução como atividade para
profissionais capacitados e tenta abordar no blog aspectos que auxiliem o tradutor
iniciante ou o aspirante a tradutor com uma abordagem prática, a partir de questões
concretas e sempre de um ponto de vista pessoal. Esse ponto de vista aparece, por
exemplo, nas sugestões e comentários sobre a formação acadêmica do tradutor, que
sempre é encorajada (não cabe aqui nos delongarmos no assunto, que será abordado em
outra oportunidade).

Said é um exemplo do que vimos com Coracini (2007), na medida em que


constrói sua imagem no desejo de ser aceito pelo Outro (a ponto de “convencê-lo”, com a
narração de suas experiências e conhecimentos da e sobre a área, a adquirir seu livro). Sua
identidade é construída, portanto, não só por aquilo que ele mesmo declara, mas também
por meio daquilo que é declarado sobre ele (nos comentários aos posts, nas respostas às
questões levantadas pelos visitantes), o que acaba por direcionar sua postura em

Tradução & Comunicação: Revista Brasileira de Tradutores š Nº. 23, Ano 2011 š p. 79-92
86 O que os blogs de tradução têm a dizer sobre o tradutor?

corresponder àquilo que seus visitantes esperam encontrar: alguém que “sabe” sobre
tradução e sobre o papel do tradutor.

O segundo blog abordado é considerado o pioneiro no Brasil. Criado por Danilo


Nogueira, o http://www.tradutorprofissional.com nos últimos anos passou a contar com
a parceria de Kelli Semolini. Na página de apresentação, temos um pouco da história dos
blogueiros:
Nós somos Danilo Nogueira e Kelli Semolini. A criação da dupla é idéia minha e desse
mérito não abro mão. A Kelli jura que não esperava o convite.

Kelli Semolini nasceu em São Carlos, em 1983, e desde muito nova se interessa por
inglês, que começou a ensinar antes de entrar na UNESP, em Araraquara, em 2002. Na
faculdade, além de se aprofundar no inglês e no português, aprendeu a jogar truco. Ao
se formar, continuou com as aulas de inglês, mas começou a procurar serviços de
tradução e revisão.

Danilo Nogueira nasceu em São Paulo, em 1942 e, também desde muito jovem se
interessa por línguas, porém nunca fez faculdade. Teve uma vida confusa e atribulada
demais para ser narrada aqui. Em 1970, aproveitando uma oportunidade promissora,
resolveu se dedicar inteiramente à tradução, especializando-se em contabilidade,
finanças, tributação e direito societário. Um dos pioneiros da informatização da
tradução, usa programas de tradução assistida por computador desde cerca de 1995.

Nosso encontro se deu em uma comunidade do Orkut. A parceria, até porque as


personalidades, formações e experiências são bem distintas e complementares, parece
que vai dar mais certo do que nós esperávamos. (disponível em
http://www.tradutorprofissional.com, acesso em 10 set. 2011)

O primeiro ponto que gostaríamos de destacar é a apresentação da dupla: Danilo


Nogueira reivindica a si o “mérito” da criação e, mais que isso, declara que Kelli “jura”
que não esperava o convite, ou seja, não esperava ter a oportunidade de trabalhar com um
tradutor experiente e reconhecido na área. Na página de apresentação, chama a atenção a
mudança de tom e de pessoa verbal no início, em “Nós somos Danilo e Kelli” e no final,
em “Nosso encontro se deu em uma comunidade do Orkut”. Nesses dois trechos, há
nitidamente a avaliação de Danilo Nogueira sobre a criação da dupla e sobre a parceria,
expressando uma interpretação da realidade em que se encontram (ou encontravam, no
momento do post).

Nas apresentações individuais, embora cada um pareça ter feito a sua, é


assumida a terceira pessoa, sem o afastamento característico da apresentação de Said,
uma vez que, em ambas, aparecem informações voltadas para a vida pessoal (“aprendeu a
jogar truco”, em Kelli Semolini e “Teve uma vida confusa e atribulada demais para ser
narrada aqui”, em Danilo Nogueira). Há, explicitamente, referências à formação
acadêmica, embora seja necessário verificar em outros posts da dupla para descobrir que o
curso concluído por Semolini foi o de Licenciatura em Letras e que Danilo Nogueira,
apesar de não ter formação superior, cita alguns autores de tradução e conhece vários

Tradução & Comunicação: Revista Brasileira de Tradutores š Nº. 23, Ano 2011 š p. 79-92
Erica Luciene Lima de Paulo 87

profissionais “acadêmicos” de tradução, além de ter escrito artigos, inclusive para revistas
acadêmicas especializadas na área. É interessante observar que ambos destacam o
interesse por línguas desde muito novos e Danilo Nogueira enfatiza o fato de ser “um dos
pioneiros da informatização da tradução”. Não há referência a associações, a trabalhos já
realizados ou aos objetivos do blog, como ocorre no perfil de Said.

No blog Tradutor profissional não há um tópico específico em que se declare o


público específico ao qual se destina, e também não se explicita que a língua oficial é o
português, embora haja poucos posts escritos em inglês, sempre em reposta a perguntas de
visitantes feitas em inglês.

Diferentemente de Said, Danilo Nogueira e Kelli Semolini não parecem advogar


pela formação acadêmica dos tradutores iniciantes (como abordaremos em trabalho
futuro) e já na apresentação percebe-se que o enfoque é muito mais no conhecimento de
ferramentas de tradução (no caso de Nogueira) e no conhecimento da língua inglesa (no
caso de Semolini). Em Nogueira, como em Said, há o enfoque da tradução em tempo
integral, o que pode sinalizar a necessidade de ver o tradutor como um profissional que se
dedica exclusivamente à sua profissão e não a vê como uma atividade extra, um “bico”
que se faz eventualmente para complementar a renda familiar. Assim como no blog Fidus
interpres, no Tradutor profissional a identidade dos blogueiros é construída na leitura que
fazemos de seus posts, suas repostas aos aspirantes ou tradutores iniciantes, sua troca de
ideias com tradutores profissionais já estabelecidos no mercado. Nesse sentido, a
interação entre os pares é muito maior no blog de Nogueira e Semolini do que em Said, o
que indica um outro tipo de visibilidade e acaba por direcionar o tom do discurso dos
blogueiros. Semelhante ao primeiro blog aqui abordado, os parceiros do Tradutor
profissional também aparecem como quem “sabe sobre tradução e sobre o papel do
tradutor” e procuram deixar isso claro, das mais diversas maneiras e nos posts sobre os
mais diversos assuntos.

Se, de um lado, as últimas décadas foram marcadas por esse aumento da


visibilidade do tradutor e maior divulgação do que constitui o seu trabalho, de outro,
também podemos verificar um maior reconhecimento institucional dos Estudos da
Tradução no Brasil, tanto pelo estabelecimento de programas de pós-gradução e grupos
de trabalho, como pelo alto número de publicações de trabalhos teóricos sobre o ofício do
tradutor e sobre a importância da reflexão sobre a tradução. Entretanto, ao lado desse
novo perfil de tradutor e da maior visibilidade da área, podemos observar que alguns
questionamentos parecem não ter deixado as mesas de discussão ou, mais propriamente

Tradução & Comunicação: Revista Brasileira de Tradutores š Nº. 23, Ano 2011 š p. 79-92
88 O que os blogs de tradução têm a dizer sobre o tradutor?

falando, continuam a aparecer tanto nos artigos em livros e periódicos específicos quanto
em blogs e sites sobre tradução.

Um desses questionamentos diz respeito ao que se argumenta sobre a


necessidade ou não de o tradutor possuir formação acadêmica na área. Aparentemente, a
separação da teoria e prática, que faz parte dos modelos de educação adotados há séculos,
continua permeando o que se diz de nossos processos educativos, mesmo que
subliminarmente. Tecne e teoria, o saber prático e o “pensante”, a educação voltada para a
formação técnica, com ênfase no “ofício”, em contraposição à voltada para o acadêmico,
ainda parecem fazer parte das discussões dos tradutores profissionais. Isso pode ser
comprovado pelas inúmeras perguntas, tanto a Said como a Nogueira e Semolini, sobre a
necessidade (ou não) de ter formação acadêmica (tanto graduação como pós) em
tradução. De acordo com Arrojo:
a resistência em se ver a tradução como uma disciplina acadêmica ainda é muito
renitente, por exemplo, entre os tradutores profissionais, que, em geral, não conseguem
visualizar nenhuma conexão relevante entre sua prática e a maioria das afirmações
teóricas associadas à pesquisa acadêmica. (ARROJO, 2007, p. 40)

A importância (ou não) da formação acadêmica já foi assunto do artigo de Maria


Clara Castellões de Oliveira (2009), em que a autora expôs a questão: “O que vale mais —
a educação formal, adquirida nos bancos da academia, ou a experiência adquirida fora
dos muros da academia?” (2009, p. 24). Partindo do programa The Apprentice, apresentado
por Donald Trump, em que concorrem dois grupos, um chamado de descolados (sem
formação) e outro de diplomados (acadêmicos), Castellões de Oliveira mostra, no decorrer
do seu texto e com a ajuda de alguns depoimentos do livro Conversa com tradutores, que a
teoria é indispensável para a prática, o que justificaria o fato de uma diplomada ser a
vencedora do programa analisado pela autora.

Em uma primeira leitura dos blogs, observa-se que essa “problemática” continua
presente nas discussões e, mais do que isso, determina desde a forma como os tradutores
se apresentam (no perfil) até os conselhos dados aos iniciantes. Por esse motivo,
esperamos, em trabalho futuro, analisar especificamente como é tratada a importância (ou
não) da formação acadêmica nos blogs escolhidos.

4. O NOME DO BLOG

O título, o nome próprio do blog, também possibilita uma interpretação do blog e do


blogueiro. Recorrendo ao filósofo francês Jacques Derrida, diríamos que os títulos colocam
o double bind em cena, a necessidade e a impossibilidade da tradução (entendida aqui
como algo que transcende à ideia de tradução interlingual: traduzir como interpretar,

Tradução & Comunicação: Revista Brasileira de Tradutores š Nº. 23, Ano 2011 š p. 79-92
Erica Luciene Lima de Paulo 89

explicar, compreender, entender). Como traduzir o nome próprio? O que ele quer dizer?
O nome próprio mostra a singularidade do blog, pois tem a função nominal de permitir
que o blog seja reconhecido por aquele nome.

A questão do nome próprio foi tratada por Derrida em diversos textos, em


especial em Torres de Babel (2002), quando, fundamentado em sua leitura da tradução da
Bíblia e em sua leitura da tradução de um texto sobre a impossibilidade da tradução (A
tarefa do tradutor, de Walter Benjamin), trata da dispersão das línguas. O filósofo lembra
que a multiplicidade de línguas é originária da cólera de um Deus que não queria que os
homens fossem capazes de alcançá-lo, objetivo da construção da torre. Assim, semeou a
confusão, um nome comum, “tradução” do nome próprio de Babel. Como afirma Derrida
a respeito da tradução do nome próprio: “Não me traduza, isto é, respeite-me como nome
próprio, respeite minha lei de nome próprio que está acima de todas as línguas e
traduza-me, isto é, compreenda-me, conserve-me em língua universal, siga minha lei,
etc.” (DERRIDA, 1982, p.137, minha tradução).

A necessidade e impossibilidade da tradução do nome próprio é recorrente em


vários textos derridianos, especialmente no que diz respeito à escolha dos títulos, e
evidencia a singularidade do idioma, quando questiona o caráter singular, inimitável e
insubstituível do nome próprio.

A nomeação é sempre um acontecimento único e a escolha do título do blog, de


seu “nome próprio”, tanto reflete essa singularidade como cria nos visitantes uma
expectativa em relação ao blog, levando-os a pensar nas possíveis interpretações
envolvendo o “nome” do blog. Assim, não apenas o aspecto linguístico está em destaque,
mas sobretudo a constituição de sentidos e os efeitos interpretativos porventura
desencadeados pela nomeação.

Levando em consideração os “nomes próprios” dos blogs aqui abordados, temos


duas situações diversas que nos permitem duas leituras bem distintas, e diferentes efeitos
de sentidos desencadeados pela nomeação. No primeiro blog, Fidus interpres, temos a
explicação de Said a respeito do nome escolhido:
Fidus interpres significa em latim “fiel tradutor”. O termo foi usado no poema de
Horácio conhecido como Ars Poetica. Embora esse termo seja usado por Horácio com
conotações negativas, outros autores o usaram com um sentido positivo. Ele tem a ver
com a seguinte questão centenária: o tradutor deve traduzir as palavras ou os sentidos?
(Claro que essa questão evoluiu e se tornou mais complexa. Leia mais sobre isso aqui.)
Por outro lado, pode-se pensar em outra tradução para a expressão Fidus interpres:
“vosso fiel tradutor”, como se um tradutor estivesse escrevendo cartas a alguém
comentando sobre tradução e tópicos relacionados e dando dicas especializadas – e isso
é exatamente o que acontece aqui no Fidus interpres. (Disponível em
http://fidusinterpres.com/, acesso em 10 set. 2011).

Tradução & Comunicação: Revista Brasileira de Tradutores š Nº. 23, Ano 2011 š p. 79-92
90 O que os blogs de tradução têm a dizer sobre o tradutor?

Mesmo sabendo das conotações negativas de “fiel tradutor”, Said sugere que seja
considerado apenas o sentido positivo e propõe a metáfora das cartas com a assinatura do
“vosso fiel tradutor” como alguém que comenta a tradução e dá dicas especializadas, o
que pode nos remeter ao já citado Guimarães Rosa e a suas cartas com o tradutor Edoardo
Bizzarri (2003). Percebe-se que, em Fidus interpres, como explicado por Said, o nome
próprio tem o funcionamento de uma assinatura, um nome ou marca firmada em uma
tradução, ou, nesse caso, em um blog (ou livro) designando autoria e concedendo a
legimitidade necessária para o trabalho do “fiel tradutor”. E, como todo texto, pede a
contra-assinatura do Outro, representada por sua leitura.

Em Tradutor profissional não parece haver explicação no site de como o nome foi
escolhido ou do porquê da escolha. Vemos, aqui, que o nome que se diz próprio também
pode ser o desdobramento ou uma apropriação do comum a insinuar-se na língua, ou
seja, o nome comum (tradutor profissional) funciona como nome próprio. Se, por um
lado, esse “nome próprio” se refere a todo aquele que se apresenta como “tradutor
profissional” (o que, em última instância, é um ponto positivo, pois instaura uma
identificação), por outro, conserva sua característica de singularidade, que distingue o
blog dos outros e atribui a Danilo Nogueira (o criador do blog) não só um adjetivo, mas a
prerrogativa de ser o tradutor profissional.

Nos dois casos, a escolha do nome já presta a cada um dos blogs um atributo que
desencadeia leituras, gera expectativas e, mais que descrever, o nome passa a ser
indissociável daquilo que denomina. Assim, podemos ver o nome do blog como uma
predicação, que deixa ver um ponto de vista do blogueiro por trás da nomeação.

5. ALGUMAS CONCLUSÕES E PRÓXIMOS PASSOS

As crenças e ideologias do tradutor blogueiro aparecem nos seus discursos (no caso, nos
blogs), que são também uma forma de atuar, de agir sobre o outro. É primordial
reconhecer as condições de produção do blog: o contexto histórico-social, a imagem que o
blogueiro faz de si, do outro e do assunto de que está tratando, além de ser também
essencial reconhecer que todo discurso é um lugar de luta pelo poder do sentido, ou seja,
um lugar em que se travam as polêmicas.

O que os blogs de tradutores têm a dizer sobre a tradução no nosso tempo, ou a


associação entre o que os tradutores postam em seus blogs e o momento histórico e o
imaginário coletivo dos quais os tradutores fazem parte, pode nos levar a um melhor
entendimento da área, seja em relação a concepções teóricas e éticas que determinam o

Tradução & Comunicação: Revista Brasileira de Tradutores š Nº. 23, Ano 2011 š p. 79-92
Erica Luciene Lima de Paulo 91

trabalho do tradutor, seja em relação ao próprio mercado de trabalho. Nesse sentido,


parece-nos interessante iniciar uma discussão sobre a influência daquilo que é publicado e
discutido nos blogs para a área, em geral, e para os tradutores iniciantes ou aspirantes, em
particular. Afinal, o principal objetivo da formação acadêmica é dar condições não só para
enfrentar o mercado, mas para ter sucesso nele, e trazer discussões que alimentam os
blogs poderá ser válido, quer para diminuir a distância entre o que se aborda nos bancos
universitários e o que se espera no mercado de trabalho, quer para abordar as concepções
teóricas de uma maneira mais condizente com a cultura digital na qual estamos
inescapavelmente inseridos.

Considerar a produção de sentidos no espaço digital da internet é permitir um


outro modo de leitura, em que a dispersão se dá ao lado da repetição, em que o discurso
do blogueiro se dobra e desdobra, se mescla com o discurso do Outro: o leitor que
interage e até determina como, o que e sobre o que o blogueiro escreve. Nesse sentido, um
estudo mais detido das perguntas e respostas relacionadas à formação do tradutor pode
proporcionar, para os alunos, uma visão mais crítica sobre o que se diz da tradução e dos
tradutores e maior compreensão das relações da linguagem com seu exterior.

REFERÊNCIAS
ARROJO, Rosemary. A ética da tradução em abordagens contemporâneas ao ensino de tradução.
In: Kleiman, A.; Cavalcanti, M. (orgs.) Linguística aplicada: suas faces e interfaces. Campinas, SP:
Mercado de Letras, 2007. p. 39–51.
BARBOSA, Heloisa G. Tradução, mercado e profissão no Brasil. Confluências. Revista de
Tradução Científica e Técnica, n. 3, nov. 2005. p. 6–24. Disponível em:
<http://www.confluencias.net/n3/barbosa.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2011.
BENEDETTI, Ivone C.; SOBRAL, Adail (orgs.). Conversa com tradutores: balanços e perspectivas
da tradução. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.
CASTELLÕES DE OLIVEIRA, Maria Clara. A aquisição da competência tradutória ou diplomados
x descolados: o que Donald Trump pode nos ensinar sobre tradução. Tradução & Comunicação,
Brasil, n. 18, p. 23–30, 2009. Disponível em:
<http://sare.anhanguera.com/index.php/rtcom/article/view/1013/646>. Acesso em: 15 mar.
2011.
CORACINI, Maria José. Discurso sobre tradução: aspectos da configuração identitária do tradutor.
In: ____. A celebração do Outro. Arquivo, memória e identidade. Línguas (materna e estrangeira),
plurilinguísmo e tradução. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2007. p. 165–182.
DERRIDA, Jacques. ______. L' Oreille de l'autre. Otobiographies, transferts, traductions. Montréal:
VLB Éditeur, 1982.
______. Torres de Babel. Tradução de Júnia Barreto. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
GUIMARÃES ROSA, J. Correspondência com seu tradutor italiano Edoardo Bizzarri. Minas
Gerais: Editora UFMG, 2003.
KOMESU, Fabiana. Blogs e as práticas de escrita sobre si na internet. In: MARCUSCHI, L.A.;
XAVIER, A.C. (orgs.) Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção do sentido. 3.ed.
São Paulo: Cortez, 2010. p. 135-146.

Tradução & Comunicação: Revista Brasileira de Tradutores š Nº. 23, Ano 2011 š p. 79-92
92 O que os blogs de tradução têm a dizer sobre o tradutor?

MARCUSCHI, Luis Antonio. Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. In:
MARCUSCHI, Luis Antonio; XAVIER, A.C. (orgs.) Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de
construção do sentido. 3.ed. São Paulo: Cortez, 2010. p. 15–80.
MITTMAN, Solange. Notas do tradutor e processo tradutório: análise de reflexão sob uma
perspectiva discursiva. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2003.
POLCHLOPEK, Silvana; AIO, Michelle. Tradução técnica: armadilhas e desafios. Tradução &
Comunicação, Brasil, v. 0, n. 19, p. 101–114, 2009. Disponível em:
<http://sare.anhanguera.com/index.php/rtcom/article/view/1638/768>. Acesso em: 02 jul.
2011.
RISSATTI, Petê. Disponível em: <http://peterissatti.com/>. Acesso em: 15 set. 2011.
SAID, Fábio M. Fidus interpres. A prática da tradução profissional. São Paulo: edição do autor,
2010.

Erica Luciene Lima de Paulo


Graduação em Tradução pela Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1991),
mestrado em Linguística Aplicada pela
Universidade Estadual de Campinas (1996) e
doutorado em Letras pela Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho (2003).

Tradução & Comunicação: Revista Brasileira de Tradutores š Nº. 23, Ano 2011 š p. 79-92

Você também pode gostar