Você está na página 1de 9
Trabalho Pratico N°: ...ssesseseeseeesesess ‘Técnica Operatéria da Soldagem SMAW 1. Objetivos: ‘+ Familiarizar-se com 0 arranjo ¢ a operago do equipamento utilizado na soldagem manual com eletrodos revestidos. ‘+ Familiarizar-se com os consumiveis utilizados ¢ 0 procedimento para a selegdo de pardmetro de soldagem, ‘+ Familiarizar-se com a téenica operatéria, 2. Revisio: ‘A soldagem com eletrodos revestidos obtém a unido das pegas pelo seu aquecimento localizado com um arco elétrico estabelecido entre um eletrodo metilico consumivel, recoberto com um fluxo (elettodo revestido), e as pegas (figura 1). O revestimento é consumido junto com o eletrodo pelo calor do arco desempenhando uma série de fungdes fundamentais a0 processo de soldagem como, por exemplo, a estabilizago do arco, a protecdo do metal fundido pela formagao de escéria e de gases e a adigao de elementos de liga ¢ de desoxidantes a poga de fusdo. Revestimento, Alma, Metal de Adigao Eletrodo Escéria Revestido Poga de Fusio Figura | — Regido do arco na soldagem SMAW. Os equipamentos ¢ materiais de um posto de soldagem com cletrodos revestidos compreendem, em geral: mesa de soldagem, fonte de energia (CC ou CA) com controle do nivel de corrente de soldagem, cabos, porta-eletrodo, eletrodos, ferramentas € material de seguranga (figura 2). A fonte de energia pode apresentar diversas variagSes, em termos de projeto ¢ caracteristicas operacionais, de acordo com o scu fabricante © capacidade Contudo, esta deve saida do tipo corrente constante com capacidade e tipo de corrente adequados para os eletrodos utilizados (figura 3). Os cabos, 0 porta-cletrodo ¢ a lente de protegdo também devem adequados para o nivel de corrente utilizado, Modenesi = Técnica Operatiria da Soldagem SMAW 1 Faixa aproximada © de operagio Figura 3 - Curvas de saida tensdo (V) x corrente (1) tipica de uma fonte para soldagem com eletrodos revestidos, A correta selegdo dos parimetros de soldagem & essencial para a obtengdo de uma junta soldada de qualidade. O termo pardmetro de soldagem abranger’ neste documento todas as caracteristicas do processo de soldagem necessérias para a execugao de uma junta soldada de tamanho, forma e qualidade desejados que sio selecionadas pelo responsivel pela especificagio do procedimento de soldagem. Na soldagem manual com eletrodos revestidos, estas caracteristicas compreendem, entre outras, 0 tipo e didmetro do eletrodo, o tipo, a polaridade e o valor da corrente de soldagem, a tensio e 0 comprimento do arco, a velocidade de soldagem e a técnica de manipulagao do eletrodo. Para um dado tipo de eletrodo, o seu diémetro define a faixa de corrente em que este pode ser usado. A selecdo deste didmetro para uma dada aplicagdo depende de fatores sensiveis 4 corrente de soldagem, como a espessura do material (tabela 1) e a posicdo de soldagem, € de fatores que controlam a facilidade de acesso do eletrodo ao fundo da junta, como 0 tipo desta o e chanfio sendo usado. Modenesi - Téenica Operatéria da Soldagem SMAW -2 Tabela 1 - Relagdo aproximada entre a espessura da pega (e) © 0 didmetro (d) recomendado do eletrodo para a deposigao de cordées na posi¢do plana sem chanlro (mm) 15 2 3 as 7 68 [ 92 | <2 d(mm) 16 2 23 [24 [25 [3s [36 A soldagem fora da posi¢do plana exige, em geral, eletrodos de diémetro menor do que os usados na posigio plana devido a maior dificuldade de se controlar a poga de fusio. Na soldagem em chanfro, as varidveis deste so muito importantes para a escolha do diametro do elettodo. Por exemplo, na execugio do passe de raiz, 0 didmetro do eletrodo deve permitir que este atinja a raiz da junta minimizando a chance de ocorréncia de falta de penetrago ¢ de outras descontinuidades nesta regio. Em principio, para garantir uma ‘maior produtividade ao processo, deve-se utilizar, em uma dada aplicagdo, eletrodos com 0 maior didmetro possivel (e a maior corrente) desde que nfo ocorram problemas com a gcometria do cordao ou com as suas caracteristicas metalingicas, Para um dado didmetto de eletrodo, a faixa de corrente em que este pode ser usado depende do tipo ¢ da espessura do seu revestimento, A tabela 2 ilustra faixas usuais de corrente em fungdo do didmetro para eletrodos celuldsicos, rutilicos © bisicos. O valor minimo de corrente é, em geral, determinado pelo aumento da instabilidade do arco, o que toma a soldagem impossivel, ¢ 0 valor maximo, pela degradacao do revestimento durante a soldagem devido ao seu aquecimento excessivo por efeito Joule. A forma ideal de se obter a faixa de corrente para um eletrodo & através da consulta do certificado do eletrodo emitido por seu fabricante. ‘Tabela 1 - Tipo e faixa de corrente ilustrativa para diferentes eletrodos revestidos. Tipode | Tipode Bitola |_Faixa de corrente (A) Eletrodo_| corrente_| (mm) [Minimo [Maximo 25 60 80 E6010 cc 32 80 140 Celuldsico 40 100 180 5,0 120 250 2, 60 100 E6013 CA 250A 3.2 80 150 Rutilico CCH ou- 40 105 205 50 155 300 25 65 105 E7018 CA2 0A, 3,2 110 150 Basico cet 40 140 195 50 185 270 Para a soldagem vertical ¢ sobre-cabeca, a corrente de soldagem deve ser inferior a usada na posigdo plana, situando-se na porgdo inferior da faixa de corrente recomendada pelo fabricante. A corrente de soldagem deve ser escolhida de modo a se conseguir uma fusio e penetragio adequadas da junta sem, contudo, tornar dificil 0 controle da poga de fusio. Modenesi - Técnica Operatiria da Soldagem SMAW-3 Uma maior corrente de soldagem aumenta a taxa de fustio do eletrodo, 0 volume da poga de fusdo, a penetragao e a largura do cordao. 0 tipo de corrente ¢ a sua polaridade afetam a forma ¢ as dimensdes da poga de fusio, estabilidade do arco e o modo de transferéncia de metal de adigdo (figura 4), Em geral, a soldagem manual com polaridade inversa produz uma maior penetragao enquanto que, com polatidade direta, a penetragdo ¢ menor, mas a taxa de fusdo ¢ maior. Com corrente alternada, a penctrago ¢ a taxa de fusdo tendem a ser intermediirias, mas a estabilidade do processo pode ser inferior. Por outro lado, a soldagem com CA apresenta menos problemas de sopro magnético, sendo melhor para a soldagem com eletrodos correntes maiores Deve-se lembrar, também, que nem todo tipo de eletrodo permite o uso de diferentes tipos de corrente e polaridade (ver, como um exemplo, os tipos mostrados na tabela 4), Qi @y imax (0,5+0.6)h hg= (0,8-0,9)hy @ cy © Figura 4 ~ Influéncia da polaridade e do tipo de corrente na penetragao: (a) Polaridade inversa (CC+), (b) polaridade direta (CC-) e (c) corrente alternada (CA). A tensio do arco varia entre cerca de 18 © 36V dependendo do tipo de eletrodo, das caracteristicas de seu revestimento, do valor da corrente e do comprimento do arco. Maiores valores de diémetro, corrente e do comprimento do arco implicam em um aumento da tensdo, ‘Na soldagem manual, o controle do comprimento do arco € feito pelo soldador, refletindo, assim, a habilidade, conhecimento ¢ experiéncia deste. A manutengao de um comprimento do arco adequado é fundamental para a obtengdo de uma solda aceitével. Um comprimento ‘muito curto causa um arco intermitente, com interrupgdes frequentes, podendo ser extinto, “congelando” o eletrodo a poga de fusdo. Por outro lado, um comprimento muito longo causa um arco sem ditego © concentragio, um grande nimero de respingos © protegao deficiente, O comprimento do arco correto em uma aplicagdo depende do didmetro do eletrodo, do tipo de revestimento, da corrente e da posicdo de soldagem. Como regra geral,, pode-se considerar o comprimento ideal do arco varie entre 0,5 ¢ 1,1 vezes 0 didmetro do eletrodo. A velocidade de soldagem deve ser escolhida de forma que arco fique ligeiramente & frente da poga de fusio, Uma velocidade muito alta resulta em um cordio estreito com um aspecto superficial inadequado, com mordeduras ¢ escéria de remogdo mais dificil. Velocidades muito baixas resultam em um cordio largo, convexidade excessiva © eventualmente de baixa penetracao. -Modenesi ~ Téenica Operatéria da Soldagem SMAW- 4 ‘A manipulagdo correta do eletrodo é fundamental em todas as etapas da execugio da solda, isto &, na abertura do arco, na deposigao do cordao e na extingao do arco. Para a abertura do arco, o eletrodo é rapidamente encostado ¢ afastado da pega em uma regido que sera refundida durante a soldagem e fique préxima ao ponto inicial do cordzo (figura 5). A abertura fora de uma regido a ser refundida pode deixar na pega pequenas reas parcialmente fundidas, com tendéncia a serem temperadas ¢ de alta dureza. Este tipo de defeito ¢ conhecido como “marca de abertura do arco”. Além de seu aspecto pouco estético, estas areas podem originar trincas em agos mais temperaveis. O agarramento do cletrodo na superficie da pega é comum em tentativas de abertura do arco por soldadores ‘menos experientes. Neste caso, 0 cletrodo pode ser removido com um rapido movimento de torgdo da ponta do cletrodo. Caso este movimento no seja suficiente, o fonte deve ser desligada ou 0 eletrodo separado do porta-cletrodo (menos recomendavel) ¢, entéo, removido com auxilio de uma talhadeira Arco Arco acesso acesso @ o Figura 5 — Técnicas para a abertura do arco. Durante a deposigao do cordao, o soldador deve executar trés movimentos principais: 1. Movimento de mergulho do eletrodo em diregdo a poga de fusio de modo a manter 0 comprimento de arco constante. Para isto, a velocidade de mergulho deve scr igualada A velocidade de fusdio do eletrodo, a qual depende da corrente de soldagem. 2, Translagdo do eletrodo ao longo do eixo do cordio com a velocidade de soldagem. Na auséncia do terceiro movimento (tecimento), a largura do corddo deve ser cerca de 2 @ 3mm maior do que 0 didmetro do eletrodo quando uma velocidade de soldagem adequada € usada, 3. Deslocamento lateral do eletrodo em relagdo a0 eixo do cordio (tecimento). Este movimento é utilizado para se depositar um cordao mais largo, fazer flutuar a escéria, garantir a fusdo das paredes laterais da junta e para tornar mais suave a variagdo de temperatura durante a soldagem. O tecimento deve ser, em geral, restrito a uma amplitude inferior a cerca de 3 veres o didmetro do eletrodo, O nimero de padres de tecimento é muito grande, alguns exemplos sao ilustrados na figura 6. Modenesi ~ Técnica Operatiria da Soldagem SMA 5 Figura 6 — Exemplos de padrées de tecimento. Grande parte da qualidade de uma solda dependeré do perfeito dominio, pelo soldador, da execugdo destes movimentos. Além disso, & importante um posicionamento correto do eletrodo em relagdo a pega. Este posicionamento varia com 0 tipo e espessura do revestimento, com as caracteristicas da junta e a posigdo de soldagem © tem como objetivos: Evitar que 2 escéria flua a frente da poga de fusio, 0 que facilitaria 0 seu aprisionamento na solda; Controlar a repartigao de calor nas pegas que compéem a junta (importante na soldagem de juntas formadas por pecas de espessuras diferentes) Facilitar a observagao da poga de fusio; e Minimizar os efeitos do sopro magnético (quando presente). © posicionamento do eletrodo © sua movimentagdo em uma aplicago dependerdo das caracteristicas desta e da experiéneia do proprio soldador. As figuras 7 a 11 mostram alguns exemplos. 5-10° Diregdo de Soldagem 90° = Figura 7 —Posicionamento do eletrodo para a soldagem na posigo plana. Modenesi - Técnica Operatiria da Soldagem SMAW-6 ae |< 45° @ 3) Figura 8 — Posicionamento para a soldagem de juntas em T de (a) chapas da mesma Figura 9 — Sequéncia de deposi espessura e (b) chapas de espessuras diferentes 1o de passes na soldagem de uma junta em Diregao de Soldagem oe Figura 10 — Posicionamento recomendado para a execugo de uma solda de filete. Modenesi - Técnica Operatiria da Soldagem SMAW -7 @ © Figura 11 — Posicionamento do eletrodo para a soldagem nas posigio vertical (a) ascendente e (b) descendente.. Para se interromper a soldagem, o cletrodo ¢ simplesmente afastado da pega, apagando-se © areo, Entretanto, para se evitar a formago de uma cratera muito promunciada, o eletrodo deve ser mantido parado sobre a poga de fusio por algum tempo permitindo o seu enchimento antes da interrupgo do arco. Para se evitar desperdicio, procura-se, sempre que possivel consumir 0 maximo do eletrodo, nao se aproveitando apenas cerca de 25 mm de comprimento de sua parte final ‘Apés uma interrupgdo, a escéria deve ser removida e limpa pelo menos na regido em que a soldagem sera continuada. Ao final da soldagem, o restante da escéria é removido e a solda inspecionada visualmente para a detec¢do de eventuais descontinuidades. 3, Procedimento: ‘+ Inicialmente, os alunos © o instrutor discutem os objetivos, a parte teérica © a metodologia do trabalho. O instrutor mostra o equipamento a ser usado ¢ demonstra 0 seu funcionamento, As regras de seguranga so relembradas. Os eletrodos a serem usados e suas caracteristicas so também discutidos, ‘+ Os alunos ajustam 0 equipamento de acordo com o eletrodo escolhido e treinam, em chapas de ago na posigao plana, 2 manutengdo do comprimento do arco a sua extingdo sem transladar 0 eletrodo (figura 12), ‘* Os alunos treinam a realizagio de cordées na posigdo plana, com e sem tecimento. ‘+ Os alunos treinam a realizagio de corddes em outras posigdes de soldagem, ‘+ Os alunos variam os pardmetros de soldagem (principalmente o tipo, polaridade e valor da corrente de soldagem) ¢ observam a sua influéncia na soldagem. Eletrodos de diferentes classes e didmetros so avaliados. + Ao finial do trabalho, os alunos ¢ o instrutor discutem os resultados, Modenesi - Técnica Operatiria da Soldagem SMAW 8 Eletrodo Figura 12 — Treinando a abertura e manutengao do arco. 4, Resultados e Discussi Escreva, em uma folha separada, os aspectos mais importantes deste trabalho, suas conclusdes e sugestdes. Responda também as questdes do item 5. 5. Questa 1. Cite algumas precaugdes bisicas de seguranca na soldagem com eletrodos revestidos. 2, Discuta as caracteristicas dos diferentes eletrodos usados neste trabalho. 3, Discuta o efeito da alteragio dos pardmetros de soldagem nas. caracteris operacionais no aspecto dos cordées de solda depositados neste trabalho. tomar 4, Em sua opinido, quais as caracteristicas necessdrias a uma pessoa que deseje s um soldador? Quais as dificuldades iniciais que esta pessoa encontrar e como superé- las? Bibliografia: 1, GETMANETS, S.M., Are Welding Technology — for Carbon and Low Alloy Steels Kiev (Ucrinia), Naukova Dumka, 1983. 2. QUITES, A.M., DUTRA, 1.C., Tecnologia da Soldagem a Arco Voltéico, Florianépolis, EDEME, 1979, pp. 129-171 ‘ITH, D., Welding — 364-419, ills and Technology, Nova Iorque, Me Gi -Hill, 1984, pp. 4, MARQUES, P.V., MODENESI, PJ, BRACARENSE, A.Q, Soldagem — Fundamentos e Tecnologia, Belo Horizonte, Editora UFMG, 2007, pp. 181-208. Modenesi - Técnica Operatiria da Soldagem SMAW-9

Você também pode gostar