Avaliação do Risco
Comunicação do risco: difusão e partilha de informação entre os decisores e os outros
intervenientes. Estas informações dizem respeito à existência, natureza, forma, probabilidade,
gravidade, aceitabilidade, tratamento e outros aspectos do risco.
– Caracterizar o risco: face ao nível atribuído à exposição, o risco é classificado como baixo,
médio ou elevado. No caso em que a apreciação da exposição é feita de modo quantificado
(monitorização ambiental), os valores obtidos através da monitorização ambiental e da
monitorização biológica são comparados com os valores limites admissíveis (valor limite e
exposição – VLE e valor limite biológico – VLB);
2
Na informação veiculada por este processo, assentam as medidas de controlo e prevenção a
adoptar, bem como a informação aos intervenientes dos riscos inerentes às suas actividades e
o modo de os prevenir e controlar. Esta acção é também determinante para a sensibilização de
toda a hierarquia para as boas práticas de trabalho
– Monitorização ambiental;
3
1-1. Monitorização Ambiental. Identificação e Quantificação
Assim, a exposição ao agente por via respiratória será uma média ponderada das
concentrações do agente, nas diferentes situações ambientais.
– Encontrar, para as situações de risco, medidas adequadas para o seu controlo e prevenção.
– Apreciar a exposição / Avaliar o risco – com base nos valores obtidos na quantificação e
tarefas desempenhadas por cada trabalhador, calcular a dose externa do agente e, por
comparação com valores de referência, classificar a situação quanto a risco para a saúde;
Identificação
Esta etapa é concretizada por consulta a bibliografia sobre a actividade industrial em causa, e
visita ao local para observação e preenchimento de um questionário que permita, de forma
sistematizada, descrever a situação observada.
Métodos de trabalho;
Caracterização;
5
6
A análise desta informação permite identificar:
Por outro lado, e depois de definidas as situações de risco, a informação recolhida nesta fase é
importante para a escolha das medidas de controlo / prevenção mais adequadas e forma de
as implementar.
Quantificação
– Métodos directos e
– Métodos directos
Estes métodos utilizam equipamentos que, de imediato, dão resposta sobre a nível de
contaminação do ar no local de medição.
Os tubos colorimétricos.
7
Equipamentos de leitura directa
A qualidade da medição, fulcral para o resultado e portanto para a decisões a tomar, depende
da calibração do equipamento e, também, da sua manutenção.
Na maioria dos locais de trabalho existe uma contaminação múltipla, muitas vezes com
substâncias do mesmo grupo químico. Nestes casos pode haver interferências, sendo, por
isso, necessário analisar com cuidado a resposta obtida com o equipamento.
Tubos colorimétricos
Os tubos colorimétricos são dispositivos analíticos integrados, constituídos por um tubo com
um enchimento que reage com o contaminante em causa produzindo um novo composto
corado, permitindo uma resposta qualitativa e quantitativa.
8
Os tubos em causa são acoplados a uma bomba manual, de fole ou de pistão.
No caso de tubos de longa duração são utilizadas bombas alimentadas a baterias ou eléctricas.
Existem tubos colorimétricos para uma gama muito alargada de gases.
As limitações deste método directo são a sua resposta, que deve ser considerada apenas
como semiquantitativa, e as interferências quando, para além da substância que se pretende
medir, estão presentes outras que reajam do mesmo modo com o enchimento, ou, pelo
contrário, anulem a reacção química em que se baseia a medição.
Métodos passivos
Este método consiste em reter o contaminante gasoso utilizando um adsorvente recoberto com
uma solução que reage com a substância a dosear.
9
Métodos activos
Nestes métodos, o ar é forçado a atravessar o colector onde se encontra o meio para retenção
da substância a estudar.
O processo utilizado para forçar o ar a atravessar o colector é uma bomba dotada de bateria
interna recarregável e de um medidor de fluxo. De referir que é também fundamental um
sistema de calibração do caudal de aspiração (fluxo de colheita).
Amostragem de ar
Existem vários tipos de colectores de acordo com o contaminante a quantificar e a técnica mais
adequada à sua retenção.
Nos métodos activos, os suportes sólidos que retêm o contaminante por adsorção estão
contidos em tubos de vidro ou metálicos, através do qual o ar circula.
10
O enchimento é disposto em duas camadas dentro do tubo: a primeira camada a ser
atravessada contém uma quantidade de enchimento dupla da camada seguinte. A segunda
camada serve para garantir que não houve saturação do meio colector e, consequente, perda
do poder de captação do contaminante.
Existem vários enchimentos adsorventes, quer de origem natural – carvão activo, sílica gel,
alumina – quer sintéticos, de que são exemplos o Chromosorb, o Tenax e a Amberlit.
A solução de colheita é contida em recipientes de vidro ou plástico que são designados por
frascos lavadores ou impingers .
Estes recipientes, com uma capacidade total de 30 – 50ml (solução de colheita de 10–20 ml),
caracterizam-se por terem uma tubuladura central que preferencialmente termina numa placa
porosa. É por esta tubuladura que penetra o ar a analisar e que é obrigado a borbulhar na
solução. Lateralmente existe uma outra tubuladura, ligada à bomba de colheita, para a saída
do ar já sem o contaminante em causa.
11
O contaminante ficou retido na solução de colheita, por reacção química com esta. O processo
é designado por absorção, estando particularmente indicado para gases, nomeadamente o
amoníaco, o ozono e o cloro e para nevoeiros ácidos.
Nos porta - filtros podem ser acoplados sistemas de separação das fracções do
empoeiramento, e.g. ciclones; nestes casos, ao filtro apenas chega a fracção que interessa
quantificar, em geral a designada fracção respirável.
Os materiais utilizados nos filtros são o papel (celulose e acetato de celulose), as micro fibras
(minerais – vidro e quartzo; orgânicas – poliestireno) e membranas (policarbonato, nitrato de
celulose, ésteres de celulose e PVC).
Considerando o objectivo das colheitas de ar, na análise do ar inalado pelo trabalhador deverá
utilizar-se como local de colheita preferencial a zona junto das suas vias respiratórias.
No caso de postos de trabalho fixos, posicionados num único local, pode optar-se pela
utilização de sistemas estacionários.
Em qualquer dos casos, o colector deve situar-se junto das vias respiratórias do trabalhador.
12
Por vezes é também conveniente realizarem-se colheitas referentes ao ambiente em geral;
neste caso, a colheita deve ser realizada a cerca de 1,5 m do pavimento.
Quando o objectivo é caracterizar a emissão de uma fonte, a colheita de ar deve ser realizada
no local de emissão.
Relativamente ao tipo e duração das colheitas, o período de recolha deve estar de acordo
com o tempo de execução da tarefa a analisar e deve cumprir os requisitos do método
analítico utilizado para o doseamento do contaminante.
Estima-se como volume mínimo a colher o que é calculado através da fórmula seguinte:
Por outro lado, o período de colheita da amostra deve ter em consideração as flutuações da
concentração e, consequentemente, a existência de picos, de forma a caracterizar
correctamente os resultados obtidos.
O sistema colector tem de ser adequado à situação que se pretende estudar e, por isso, terá
de ser analisada a possibilidade de existirem interferências ao processo de retenção e
encontrarem-se formas da sua eliminação, por exemplo através da utilização de dois sistemas
colectores em série (um filtro prévio a um frasco lavador).
Por outro lado, o caudal de colheita de ar deve ser ajustado de modo a permitir tempo
suficiente de contacto entre o contaminante e o material colector, de forma a permitir o
processo da retenção daquele.
Nos suportes sólidos activos o caudal deve ser muito baixo, inferior a 0,2ml/min, para que o
ar atravesse os grãos do enchimento, os rodeie e seja possível a retenção por adsorção;
No caso dos filtros, o caudal já pode ser mais elevado, 1,5 – 2 l/min, pois a retenção é
essencialmente um processo mecânico.
Análise laboratorial
Por outro lado, é através da análise laboratorial que se quantifica o contaminante (analito) e,
considerando o volume de ar colhido, se determina a sua concentração no ar.
13
As técnicas instrumentais utilizadas para o doseamento dos diferentes contaminantes são
muito diversificadas, dependendo do tipo de analito.
Gravimetria;
Difracção de raios X.
Os métodos analíticos utilizados no laboratório têm que estar validados e, sempre que
possível, devem ser utilizados métodos de referência, nomeadamente os propostos pelo
National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH – Manual of Analytical Methods).
Existem outros organismos credenciados na área que disponibilizam métodos validados – são
exemplos o Health Safety Executive (HSE) e o Institut National de Recherche et Sécurité
(INRS).
Estas acções (selecção dos métodos e garantia da qualidade) visam a qualidade dos
resultados emitidos.
Considerando o objectivo das análises desta área, são também importantes os seguintes
parâmetros:
14
Sensibilidade do método (possibilidade de dosear, com qualidade, quantidades reduzidas de
analito);
Face ao acima exposto, fica patente a necessidade, na área de Higiene Analítica, de se dispor
de recursos técnicos sofisticados e de recursos humanos diferenciados e tecnicamente
habilitados.
Na indústria são utilizados muitos compostos, alguns de grande toxicidade, mas nem sempre
esta situação está associada à existência de risco. Convém portanto fazer a distinção entre
estes dois conceitos. Assim temos que:
Nestas condições é possível ter um alto risco associado a uma substância de baixa toxicidade
quando, pelas condições de trabalho, são criadas oportunidades para a entrada daquela no
organismo em grandes quantidades. No entanto, é possível ter um baixo risco associado à
utilização de substâncias de alta toxicidade quando estão criadas todas as condições de
isolamento entre a substância e o trabalhador.
Em Portugal existe legislação específica que fixa os valores-limite de exposição para alguns
contaminantes químicos:
15
– Chumbo e seus compostos iónicos: Decreto-Lei n.º 274/89, de 21 de Agosto;
No que diz respeito aos outros produtos químicos existe a norma NP1796, cuja última versão
data de 1988, que fixa os valores - limite de exposição definidos como a «concentração de
substâncias nocivas que representam condições às quais se julga que a quase totalidade dos
trabalhadores possa estar exposta, dia após dia, sem efeitos prejudiciais para a saúde».
Esta norma segue os conceitos e limites fixados no documento Threshold Limit Values for
Chemical Substances and Physical Agents and Biological Exposure Indices – TLV’s publicados
pela ACGIH. Esta publicação é revista anualmente e no momento lista aproximadamente 700
entradas e inclui as substâncias químicas mais utilizadas na indústria
– VLE-CM: valor-limite expresso por uma concentração que nunca pode ser excedida, mesmo
para períodos curtos de exposição.
Por outro lado, o documento dos valores-limite de exposição também prevê as seguintes
situações:
– Toxicidade percutânea;
Quando no ar inalado estão presentes mais do que uma substância com perfis toxicológicos
semelhantes, ou seja, com acção nos mesmos órgãos ou sistemas, coloca-se a situação de os
seus efeitos se adicionarem. Assim, mesmo que, quando consideradas separadamente não se
atingirem níveis de risco, pode acontecer que a adição dos efeitos de todas as substâncias se
faça sentir. Esta situação é analisada através da seguinte fórmula:
– C1, …, Cn = nível que representa a exposição do trabalhador a cada uma das substâncias;
16
Exemplo:
xileno 65 100
tolueno 25 50
n-hexano 30 50
Embora a exposição individual a cada uma das substâncias seja inferior ao respectivo valor-
limite de exposição, a situação é de risco porque:
17
Exemplo:
– B: outros trabalhos.
A (0,5 hora) 30
B (7,5 horas) 1
Apesar da exposição do trabalhador (durante o dia de trabalhado) não ser superior ao valor-
limite de exposição,
Toxicidade percutânea
Na listagem dos valores-limite de exposição estão assinalados os casos das substâncias para
as quais existe fácil absorção pela pele. Esta característica é sublinhada pela letra P.
18
Exemplo:
Um posto de trabalho compreende três tarefas diárias: pesagem de uma matéria-prima (óxido
de titânio), transporte da mesma e enchimento de um reactor. Na quantificação dos níveis do
contaminante no ar inalado pelo trabalhador foram obtidos os seguintes resultados:
Pesagens (4) 14
Transporte (1) 2
Enchimento (3) 4
Exposição do trabalhador:
Nas situações de risco, a sequência das intervenções deve ser a seguinte: na fonte emissora,
sobre ambiente geral (arejamento) e por fim sobre o próprio indivíduo.
– Eliminar/reduzir o risco
– Circunscrever o risco
– Proteger o homem
Os dois primeiros passos implicam medidas construtivas ou de engenharia, que actuam nos
processos produtivos, nos equipamentos e nas instalações (arejamento). Esta actuação é a
mais eficaz e a que deve ser encarada na fase de concepção ou de projecto.
19
Nos casos em que, mesmo com o processo controlado, o risco de exposição está presente,
deve intervir-se no sentido de proteger o trabalhador, afastando-o da fonte de risco ou
reduzindo o tempo de exposição. Para o efeito são aplicadas medidas de carácter
organizacional, como, por exemplo, a rotação dos trabalhadores nos postos de trabalho de
maior risco.
Por fim, quando as outras intervenções não resultarem, ou quando a exposição se limitar a
tarefas de curta permanência (por exemplo: casos de manutenção e de limpeza), há o recurso
a medidas de prevenção de carácter individual, ou seja, a utilização de equipamento de
protecção individual (EPI).
– Medidas técnicas de prevenção para reduzir ou eliminar situações de risco nos locais de
trabalho, por alteração do ambiente de trabalho ou dos processos;
– Medidas que poderão ser tomadas para diminuir o risco potencial de um local de trabalho
sem efectivamente este ser alterado.
Medidas técnicas de prevenção para reduzir ou eliminar situações de risco nos locais de
trabalho, por alteração do ambiente de trabalho ou dos processos
Nota: Sempre que possível todos os potenciais cancerígenos devem ser substituídos por
outros. Deve também, sempre que possível, proceder-se à substituição dos produtos mais
tóxicos por outros de menor toxicidade.
– Localização do trabalhador.
Medidas que poderão ser tomadas para diminuir o risco potencial de um local de
trabalho sem efectivamente este ser alterado
1-4. Ventilação. Considerações Gerais
A ventilação dos locais de trabalho pode ser obtida por dois processos: ventilação geral ou
ventilação local.
Ventilação geral
Este sistema de ventilação, também designado por ventilação por diluição, consiste na
introdução de ar limpo em quantidade suficiente para que as concentrações dos contaminantes
no ar ambiente se reduzam a níveis aceitáveis.
– Quando os postos de trabalho estão localizados muito perto da fonte emissora e, portanto,
ser difícil apenas por diluição atingir os níveis aceitáveis.
Este tipo de ventilação só pode ser aplicado eficazmente quando os contaminantes em causa
são de baixa toxicidade, são libertados uniformemente e em pequenas quantidades, estando
contra-indicado no caso do controlo do empoeiramento. Como este método não é circunscrito à
fonte de poluição, mas abrange todo o local de trabalho, para garantir que os níveis de
contaminante se reduzam a valores aceitáveis o volume de ar a renovar deve ser multiplicado
por um factor de segurança. Este factor vai depender da toxicidade da substância, caudal de
libertação e pode tomar valores compreendidos entre 3 e 10.
Ventilação local
O objectivo da ventilação local é captar os contaminantes o mais perto possível da sua fonte
emissora e antes do trabalhador. Este processo necessita de movimentar quantidades de ar
muito menores que a ventilação geral e, por isso, os custos de investimento e de manutenção
são menores. Tem, contudo, um aspecto condicionador; uma vez instalado o sistema, o
processo produtivo não deve ser mudado de lugar para garantir a sua eficiência.
21
Na montagem de um sistema de ventilação por exaustão devem ser tomados em
consideração alguns aspectos:
– O trabalhador não deve estar colocado entre a captação e a fonte, ou seja, a deslocação do
ar aspirado deve estar no sentido contrário às vias respiratórias do trabalhador;
– Para uma captação eficiente, o ar aspirado deve ser compensado com entrada de ar exterior.
Recomenda-se que o ar entrado tenha um caudal 10 % superior ao caudal de aspiração;
– As saídas de ar poluído não devem ser colocadas perto das entradas do ar novo.
No estudo da ventilação também devem ser cobertos os aspectos de conforto térmico, que
podem obrigar a tratamento do ar insuflado, e de correntes de ar, que podem ser remediadas
com a colocação de anteparos.
A abordagem que aqui se vai apresentar, relativa à avaliação dos riscos derivados da presença
de agentes químicos no local de trabalho, deve ser encarada como uma ajuda,
especialmente para as pequenas e médias empresas, mas de modo nenhum deve ser usada
como se fosse o único instrumento de avaliação de riscos de exposição a agentes
químicos existente.
Será importante referir que existem alguns problemas de ordem prática na identificação da
perigosidade dos agentes químicos e, consequentemente, na avaliação dos riscos daí
decorrentes. Referimo-nos aos seguintes casos:
– Substâncias não classificadas como perigosas (devido quer à ausência de perigo, quer ao
facto de não se dispor de informação técnica suficiente, em particular sobre os efeitos a longo
prazo, que leva a que não se considerem perigosas enquanto não se dispõe de mais dados
adicionais);
– Preparações para as quais a avaliação das respectivas propriedades perigosas pode ser
menos rigorosa que a avaliação das propriedades de cada uma das substâncias que as
compõem.
A problemática que deriva destes casos não é abordada no presente documento, pelo que se
recomendam consultas mais detalhadas sobre este assunto.
22
Por agente químico entende-se qualquer elemento ou composto químico, só ou em misturas,
quer se apresente no seu estado natural, quer seja produzido, utilizado ou libertado por uma
actividade laboral, quer seja ou não produzido intencionalmente ou comercializado.
Constata-se com alguma frequência que os riscos associados aos agentes químicos são
atribuídos exclusivamente às indústrias químicas e afins, tais como a farmacêutica ou a do
petróleo, que são aquelas que basicamente produzem os agentes químicos. Ora, esta ideia
está totalmente errada, já que, hoje em dia, a utilização de agentes químicos é praticamente
universal não só no mundo do trabalho, mas, também, em actividades domésticas, educativas
e recreativas, sob a forma de produtos de limpeza, adesivos, produtos cosméticos, etc.. Por
esse motivo, os riscos ligados à utilização de agentes químicos podem encontrar-se num
grande número de postos de trabalho, tanto na indústria como na agricultura ou nos serviços.
Entre as actividades que, sem serem propriamente químicas, registaram nos últimos anos um
aumento mais significativo da utilização de agentes químicos, destacam-se as seguintes:
– Os hospitais, onde se utiliza uma grande variedade de agentes químicos, tais como
anestésicos, esterilizantes, citostáticos, etc.;
– Indústria metalomecânica;
– Oficinas mecânicas;
– Tipografias;
– Drogarias;
– Laboratórios;
encontre a 150ºC, do mesmo modo que um sólido inerte sob a forma de um pó respirável
(alguns Estados-Membros têm um valor - limite de exposição profissional para este caso, como
partículas não classificadas de outra forma).
Por outro lado, considerando as duas variáveis que entram na estimativa e valoração do risco –
o dano e a probabilidade da sua realização – deve conhecer-se não só a perigosidade
intrínseca do agente, mas, também, as condições da sua utilização e manipulação, incluindo
as medidas de protecção e prevenção existentes. Assim, pode afirmar-se, por exemplo, que,
perante a presença de ácido sulfúrico numa empresa, existirá sempre perigo. No entanto, pode
falar-se de um nível de risco quase inexistente se o ácido sulfúrico se encontrar acondicionado
em recipientes de segurança estanques, se o processo for fechado, etc..
Com o objectivo de assegurar o controlo total dos riscos para a saúde das pessoas, a entidade
patronal tem a obrigação de detectar a presença de agentes químicos perigosos no local de
trabalho, de os eliminar e, quando isso não seja possível, de avaliar os riscos que deles
possam advir.
O objectivo inicial da análise de riscos é conhecer os perigos existentes ou potenciais com o
objectivo de os evitar. Infelizmente, nem sempre é possível evitar desta forma os riscos, sendo,
por este motivo, a avaliação uma base indispensável para identificarmos as medidas
necessárias ao seu controlo e estabelecermos as prioridades adequadas na sua execução.
A avaliação de riscos constitui um processo de estudo das propriedades perigosas dos agentes
químicos presentes no local de trabalho e das condições em que se trabalha com eles, daí
devendo resultar uma objectivação dos riscos existentes, dos trabalhadores expostos, das
condições da sua exposição a tais riscos, dos possíveis danos que podem originar e da
possibilidade de esses danos se concretizarem.
24
A avaliação dos riscos deve ser efectuada com diferentes graus de profundidade. Nesse
sentido, e como alternativa às avaliações pormenorizadas e complexas, pode optar-se, em
alguns casos, por metodologias simplificadas de avaliação de riscos.
As metodologias simplificadas podem constituir uma boa ajuda (em especial para as pequenas
e médias empresas) na realização da avaliação inicial dos riscos, assim como para determinar
se é necessário implementar medidas de controlo.
O processo de avaliação dos riscos passa, então, pela elaboração, na maioria dos casos, de
uma avaliação pormenorizada, a menos que o risco detectado na primeira etapa seja reduzido.
Importa observar que estas metodologias não representam uma alternativa a uma
avaliação pormenorizada dos riscos, antes permitem efectuar um primeiro diagnóstico
da situação.
Algumas metodologias apontam recomendações sobre o tipo de medidas a implementar em
função do nível de risco e do tipo de operação ou processo produtivo em questão.
As variáveis geralmente analisadas pelas diferentes metodologias são as seguintes:
Esta metodologia foi elaborada pela Health & Safety Executive britânica para a avaliação do
risco de exposição a agentes químicos perigosos e designa-se COSHH Essentials.
É uma metodologia que determina a medida de controlo adequada à operação que se está
a avaliar e não o nível de risco existente. Este é o seu principal ponto forte, uma vez que
proporciona soluções de cariz prático.
Assumir-se-á a partir daqui que os níveis de controlo obtidos com este método
correspondem a níveis de risco «potencial», dado que, como variável de entrada do
método, as medidas de controlo existentes não são tidas em linha de conta.
Depois de categorizar o risco em quatro níveis, o método refere algumas indicações gerais
sobre o procedimento aconselhado em cada um dos níveis.
A metodologia Coshh Esssentials apresenta algumas limitações na sua aplicação que devem
ser consideradas, nomeadamente:
– É aplicável apenas a pequenas e médias empresas (PME);
– Executa um primeiro diagnóstico de situação;
25
– Não é alternativa a uma avaliação pormenorizada, a menos que o risco detectado seja
reduzido;
– Determina a medida de controlo adequada à operação que se está a avaliar, e não
propriamente o nível de risco;
– Não considera como variável de entrada do método as medidas de controlo existentes.
Este método baseia-se na consideração de três variáveis:
a) A perigosidade intrínseca da substância;
b) A sua tendência para passar para o ambiente;
c) A quantidade de substância utilizada em cada operação.
26
Além disso, algumas substâncias podem apresentar riscos quando em contacto com a pele
ou com as mucosas externas: são as substâncias às quais foram atribuídas as «frases R»
contidas no quadro que se segue.
27
Tendência dos sólidos para formar poeirasa)
28
Depois de se apurar o nível de risco (categorização do risco), o método apresenta soluções
técnicas diferentes em função da operação que se está a avaliar, e que podem ser resumidas
do seguinte modo:
29
Nível de risco 1:
De um modo geral, nestas situações o risco para a segurança e a saúde dos trabalhadores
poderá considerar-se baixo.
Como consequência, estas situações não requerem geralmente a comprovação da eficácia das
medidas preventivas mediante a realização de medições ambientais, a não ser que esta seja
exigida por alguma disposição nacional.
Normalmente, é possível controlar estas situações através de um sistema de ventilação geral.
Nível de risco 2:
Neste tipo de situações, será necessário recorrer a medidas de prevenção específicas
para controlar o risco. O tipo de instalação específica mais utilizado é a extracção
localizada, que geralmente deve ser concebida e construída por fornecedores especializados.
Ao seleccionar o fornecedor, há que ter em conta a sua experiência comprovada neste tipo de
instalações e especificar com clareza que o objectivo da instalação é conseguir que a
concentração de agentes químicos no local de trabalho se encontre o mais abaixo possível do
valor-limite de exposição (VLE).
Após a implementação das medidas de controlo, deve efectuar-se uma avaliação quantitativa
pormenorizada da exposição dos trabalhadores aos agentes químicos analisados. O resultado
da avaliação quantitativa revelará a eventual necessidade de medidas de controlo adicionais ou
mesmo de um programa de medições periódicas da exposição.
Os parâmetros associados ao correcto funcionamento das instalações deverão ser
periodicamente alvo de verificação a fim de assegurar a sua permanente eficácia. Também
a eficácia das medidas de prevenção utilizadas deve ser aferida periodicamente mediante a
quantificação das substâncias no ambiente.
Pode, ainda, ser adequado verificar outras características do sistema que forneçam
informações sobre o seu funcionamento correcto (como, por exemplo, a velocidade à entrada
de uma campânula de extracção).
No entanto, estas verificações devem ser complementares e não substitutas da quantificação
da concentração do agente no posto de trabalho.
Nível de risco 3:
Nas situações deste nível de risco será necessário recorrer à utilização do confinamento
ou de sistemas fechados que impeçam totalmente que o agente químico passe para a
atmosfera durante as operações ordinárias. Além disso, sempre que possível, o processo
deverá manter-se a uma pressão inferior à atmosférica para dificultar a fuga das substâncias
químicas.
Após a implementação das medidas de controlo, deve efectuar-se uma avaliação quantitativa
pormenorizada da exposição dos trabalhadores aos agentes químicos analisados. O resultado
da avaliação quantitativa revelará a eventual necessidade de medidas de controlo adicionais
ou, mesmo, de um programa de medições periódicas da exposição.
Os parâmetros associados ao correcto funcionamento das instalações deverão ser
periodicamente alvo de verificação para se assegurar a sua permanente eficácia. Também a
eficácia das medidas de prevenção utilizadas deve ser aferida periodicamente mediante a
quantificação das substâncias no ambiente.
30
Pode, ainda, ser adequado verificar outras características do sistema que forneçam
informações sobre o seu funcionamento correcto (como, por exemplo, a velocidade à entrada
de uma campânula de extracção).
No entanto, estas verificações devem ser complementares e não substitutas da quantificação
da concentração do agente no posto de trabalho.
Nível de risco 4:
Trata-se de situações em que se usam substâncias extremamente tóxicas ou substâncias de
toxicidade moderada em grandes quantidades que podem ser facilmente libertadas para a
atmosfera. No caso de se utilizarem agentes cancerígenos ou mutagénicos durante o trabalho,
será ainda necessário respeitar as disposições nacionais.
Nestes casos, é imprescindível adoptar medidas especificamente concebidas para o
processo em questão, recorrendo ao aconselhamento de um especialista.
Este nível de risco requer a avaliação quantitativa da exposição, assim como o aumento da
frequência da verificação periódica da eficácia dos sistemas de controlo.
Exemplo de aplicação da metodologia Coshh Essentials
Considere-se um trabalhador que, ao executar uma determinada operação, encontra-se
exposto a três agentes químicos diferentes: tolueno, xileno e ácido clorídrico a 37 %.
Tal como já foi referido, para aplicação do método Coshh Essentials será necessário munirmo-
nos da informação necessária relativa a cada um dos agentes químicos mencionados,
nomeadamente:
–
Perigosidade do agente químico: «frases R» [dado que deve constar na Ficha de
Dados de Segurança (FDS) do produto];
–
Tendência para passar para o ambiente: temperatura de ebulição, referida na Ficha
de Dados de Segurança ou em documentos similares e temperatura de operação (dado
obtido «em campo»);
–
Quantidade da substância utilizada (dado obtido «em campo»).
Após esta sistematização dos dados necessários, poder-se-á, então, aplicar a metodologia
referida. Desta forma, no exemplo dos três agentes químicos mencionados, teremos:
Perigosidade intrínseca da substância:
Sistematizando a informação contida na FDS relativo às «frases R» associadas a cada agente
químico, poder-se-á, consultando as indicações do método, atribuir a categoria do risco.
Neste exemplo, temos:
31
Agente químico Frases de risco Categoria do risco (classificação Coshh
associadas Essentials)
Tolueno R11 D
R48/20
R63
R65
R67
Xileno R10 B
R20/R21
R38
32
Agente químico Classificação Coshh Essentials
Tolueno Média
Xileno Média
Cruzando estas três variáveis referidas pelo método COSHH Essentials, obtêm-se os níveis
de risco previsíveis, aos quais está associada uma estratégia de prevenção.
Tendo em conta o método COSHH Essentials e aplicando ao exemplo referido:
33
Ácido clorídrico (37 %) – nível de risco 3
Nesta situação de nível de risco, será necessário recorrer à utilização do confinamento ou
de sistemas fechados que impeçam totalmente que este agente químico passe para a
atmosfera durante a operação. Após a implementação das medidas de controlo, deve efectuar-
se uma avaliação quantitativa pormenorizada da exposição dos trabalhadores aos agentes
químicos analisados. O resultado da avaliação quantitativa revelará a eventual necessidade de
medidas de controlo adicionais ou, mesmo, de um programa de medições periódicas da
exposição.
Os parâmetros associados ao correcto funcionamento das instalações deverão ser
periodicamente alvo de verificação para se assegurar a sua eficácia permanente. Também a
eficácia das medidas de prevenção utilizadas deve ser aferida periodicamente, mediante a
quantificação das substâncias no ambiente. Pode, ainda, ser adequado verificar outras
características do sistema que forneçam informações sobre o seu funcionamento correcto. No
entanto, estas verificações devem ser complementares e não substitutas da
quantificação da concentração do agente no posto de trabalho.
Bibliografia
–
COSHH Essentials, Health and Safety Executive, 2003 (consultado em www.coshh-
essentials.org.uk);
–
“Directrizes práticas de carácter não obrigatório sobre a protecção da saúde e da
segurança dos trabalhadores contra os riscos ligados à exposição a agentes químicos
no trabalho – Doc 1409/01/03-PT”, Comissão Europeia – ACT (Autoridade para as
Condições de Trabalho).
34