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Pesquisa

Participante
Definição
➔ Pesquisa participante: processo de pesquisa no qual o pesquisador se aproxima
do objeto pesquisado. Nela um determinado grupo social participa na análise de
sua própria realidade com objetivo de promover uma transformação social.
➔ Principal finalidade: desvelar as contradições existentes na sociedade
capitalista, evidenciando as condições de vida e de opressão dos sujeitos.
➔ Oposição ao positivismo
➔ Envolvimento dos sujeitos pesquisados no processo de investigação

★ Outras formas de pesquisa que também aproximam o pesquisador do


fenômeno investigado: pesquisa-ação, entrevista observação, grupo focal,
história de vida ou história oral e sociometria.
Origens e teóricos
Primeiros teóricos:

➔ Bronislaw Malinowski (1884-1942): antropólogo polaco, fundador da escola


funcionalista, que instituiu a observação participante na pesquisa como elemento
inerente a essa proposta. Registros contidos no diário de campo do antropólogo, contém
que escreveu que seu método de trabalho pressupunha a convivência com os nativos e a
proximidade com seus estilos de vida.
➔ Karl Marx (1818 - 1883): é com ele que se inicia a participação direta dos sujeitos na
pesquisa. Em 1880, a pedido da Revue Socialiste, na França, Marx organiza uma enquete,
por meio de um questionário contendo 101 perguntas, para levantar e analisar as
condições de trabalho dos operários e para impulsioná-los a refletir sobre suas condições.
A proposta era a de que esse questionário fosse aplicado por todos os sindicatos da
Europa e o seu resultado servisse de base à ação do movimento operário internacional.
Primeiras pesquisas: começaram a ter destaque na década de 1960 com grupos
latino-americanos, asiáticos e africanos.

No Brasil, década de 1970 com Paulo Freire (1921-1997): introduz a ideia de que a
pesquisa deve servir aos sujeitos envolvidos, propondo com isso o estabelecimento
de uma relação de horizontalidade. Seu desenvolvimento foi ativado com o
florescimento das comunidades eclesiais de base, com o movimento sindical, com o
surgimento de novos partidos políticos de oposição e com os movimentos sociais
ocorridos a partir da década de 1970, culminando com o processo de
redemocratização no país.
Teóricos atuais: Antônio Carlos Gil (1946); Carlos Henrique Rodrigues Brandão
(1940); Pedro Demo (1967–1971); Michel Thiollent (1947).

Modelo básico proposto por Antônio Carlos Gil (2002):

1ª fase - Montagem institucional e metodológica

2ª fase - Estudo preliminar da região e da população

3ª fase- Análise crítica dos problemas

4ª fase - Plano de ação.


Características
➔ Pesquisa que parte da perspectiva da qualidade;
➔ Conhecimento: produto histórico e cultural que se constrói coletivamente;
➔ Parceria entre pesquisador e sujeito pesquisado;
➔ Formulação do problema, objetivos, hipóteses, coleta e tratamento de dados são
discutidos em conjunto.
Papel do pesquisador: Papel dos sujeitos:

★ Identificar-se ideologicamente com ★ São estimulados a participar da


os sujeitos, a comunidade e as pesquisa como protagonistas,
demandas sociais. construindo o conhecimento e
★ Preservar o caráter científico da intervindo na realidade social.
pesquisa na análise sistemática e ★ A pesquisa lhes permite fazer
crítica da realidade. escolhas e lutar por seus interesses
e necessidades cotidianas.
Pesquisa Tradicional x Pesquisa Participante

➔ Distanciamento do objeto de ➔ Sucessivas aproximações do


estudo; pesquisador com o objeto de
estudo;

➔ O pesquisador assume a ➔ Esclarecer junto aos sujeitos


responsabilidade de eleger o envolvidos as múltiplas
objeto de estudo, decidir a questões levantadas ;
metodologia, coletar e analisar
➔ Produção coletiva do
os dados e propagar os
conhecimento , metodologias e
resultados. propagações do estudo.
Vantagens x Desvantagens
➔ Defende a construção coletiva do ➔ Metodologia alvo de críticas, pois seus
conhecimento; criadores declaram explicitamente que
➔ Evidencia as contradições de vida dos ela não tem como propósito a construção
sujeitos através de histórias e de um conhecimento neutro e objetivo;
experiências; ➔ O envolvimento do pesquisador com a
➔ Desvela as contradições da sociedade realidade observada constitui sério
capitalista a partir das experiências obstáculo para que essa modalidade de
pesquisadas; pesquisa seja reconhecida como
➔ Parte das angústias e necessidades dos científica, segundo a perspectiva do
profissionais e dos grupos sociais positivismo, ainda dominante em
envolvidos. algumas áreas do conhecimento.
Crítica
Thiollent (1984) ressalta que a pesquisa participante encontrava marcada por traços
pragmáticos e conformistas e que a pesquisa voltava principalmente para resolução
de problemas no campo social. A pesquisa participante surge em oposição ao
tradicional postulado das ciências sociais, organizado em torno do positivismo no
qual se propõe um conhecimento neutro . Objetivos livres de juízos de valores e de
implicações sócio políticas pautado no distanciamento sujeito objeto. Por que a
pesquisa participante não é neutra pesquisador e pesquisado interagem. A pesquisa
participante apesar da variedade de coleta cada qual guarda para si em
particularidades, por que outros métodos de pesquisa como história oral, grupo
focal, a história de vida são formas de aproximar o pesquisador do fenômeno
pesquisado.
Trabalho Científico: A produção de áudio para fins educativos: o
uso do aparelho celular como mediador da aprendizagem e como
recurso didático (2015).

Problemática: quais as potencialidades didáticas dos aparelhos celulares para a


formação de professores em contextos de ensino e aprendizagem híbrida?

Montagem institucional: desafios experienciados na disciplina de Educação e Novas


Tecnologias da Informação e da Comunicação ofertada aos alunos do 5º período de
Pedagogia da Universidade Federal de Alagoas- Campus Arapiraca, no segundo
semestre de 2014, na qual foi proposta a produção de conteúdo em áudio no
formato de radiodramas.

Metodologia: caráter qualitativo e de abordagem centrada na pesquisa participante,


em que a coleta de dados se deu por meio de observação direta e de grupo focal com
os alunos e a análise das falas dos sujeitos.
Objetivos: explorar o aparelho celular para o desenvolvimento e análise de
estratégias didáticas com alunos da turma acima citada e compreender os limites e
possibilidades do celular como recurso didático em contextos de aprendizagem
híbrida.

Estudo preliminar: Relações entre aluno, professor e celular em sala de aula; o


professor não é mais o centro das atenções em uma aula; a necessidade da inserção
das TICs ( tecnologias da informação e comunicação ) na didática docente;
resultados significativos das metodologias ativas nesse processo.

Produção de radiodramas: grupo focal realizado com os 9 alunos e o professor da


disciplina presentes no dia, as perguntas pré estabelecidas foram respondidas e
gravadas no aparelho celular. O áudio da gravação teve duração de 23 minutos e foi
posteriormente transcrito. A partir da transcrição do áudio possibilitou apontar
categorias para os resultados em relação a produção do radiodrama pelos alunos.
Resultados: proporcionou a eles perceber que pode-se realizar trabalhos
significativos e que promovam uma aprendizagem efetiva tanto para o professor
como para o aluno com o uso de uma aparelho celular; preocupação com o ouvinte
para ter um bom resultado; dificuldades em alguns dos participantes não saberem
editar e colocar efeitos sonoros na gravação e timidez de alguns; pretensão de novos
projetos em áudios.

Considerações principais concluídas em coletivo: ao invés do professor estar


disputando com as novas tecnologias, deve sim trazê-las para incrementar sua
didática e proporcionar aos alunos experiências inovadoras. Só que para isso
acontecer é preciso que os professores pensem na tecnologia como um auxiliador
para suas aulas e não como um vilão.
Referências
FAERMAM, L. A.. A Pesquisa Participante: Suas Contribuições no Âmbito das
Ciências Sociais. Revista Ciências Humanas. Universidade de Taubaté. V. 7, N. 1,
2014.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo, Editora Atlas S.A., 2002.

PINHEIRO, A. V. B.; SILVA, K. I. N. M.; CORDEIRO, M. R. L. O.; SILVA, T. O. A produção


de áudio para fins educativos: o uso do aparelho celular como mediador da
aprendizagem e como recurso didático. In: I Congresso de Inovação Pedagógica em
Arapiraca. perspectivas atuais dos profissionais da educação: desafios e
epossibilidades. I, Arapiraca- AL,Universidade Federal de Alagoas, 2015

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