Você está na página 1de 33

Excipientes para

cápsulas e absorção
de fármacos
Prof. Luis Antonio Paludetti
www.rxsuporte.com.br – 11 9 4489 5070
A Anatomia do Excipiente
Entendendo Excipientes

▪ Função dos Excipientes


▪ Completar o volume da cápsula
▪ Melhorar o fluxo do pó
▪ Reduzir a aderência do pó
▪ Proporcionar qualidade à formulação
▪ Estabilidade
▪ Garantir a estabilidade química, física e microbiológica, dos produtos
▪ Proteger da umidade
▪ Segurança
▪ Evitar que a cápsula sofra reações indesejáveis
▪ Eficácia
▪ Liberar o fármaco na dose e velocidade corretas
Composição dos Excipientes
Componentes básicos Componentes opcionais *

▪ Diluente ▪ Molhante
▪ Sub. inertes utilizadas para preencher a cápsula ▪ Facilita o umedecimento dos p.a’s e sua dissolução
▪ Docusato sódico, LSS, Lecitina de Soja
▪ Lactose, amido, talco, celulose microcristalina
▪ Superdesintegrante
▪ Lubrificante, deslizante
▪ Facilita o rompimento do invólucro
▪ Reduzir o atrito e melhorar o escoamento do
pó ▪ Aumenta a área de contato entre o fármaco e os
líquidos do Trato gastrointestinal
▪ Sílica coloidal, talco, estearato de magnésio ou de
zinco ▪ Glicolato sódico de amido (AGS), Croscarmelose
Sódica)
▪ Dessecante ▪ Revestimento
▪ Melhorar o equilíbrio hídrico entre a cápsula e ▪ Visam reduzir os efeitos do meio externo (umidade)
o meio ambiente.
▪ Melhorar a palatabilidade (odor, sabor)
▪ Reduzir o efeito de materiais deliquescentes
▪ Modificar a liberação
▪ Dióxido de silício coloidal, Fosfato de cálcio
Propriedades dos pós
▪ Fluxibilidade
▪ Consiste na medida da capacidade de um pó escorrer
▪ Relacionada com o formato das partículas

▪ Porosidade
▪ Medida da “lisura” da superfície da partícula
▪ Formato
▪ Oval, redondo, felpudo, pedregulo
▪ Aderência
▪ Relaciona-se com grupamentos químicos da superfície da partícula
▪ Ângulo de repouso
▪ Consiste na capacidade de um pó escorrer livremente por ação da gravidade
▪ Esta propriedade é uma síntese de todas as outras

▪ Densidade Aparente
Propriedades dos pós
▪ Densidade Aparente
▪ Propriedade mais importante para a farmácia
▪ Cuidados na determinação
▪ Compactar ou não compactar?
▪ Densidade ideal de um excipiente
▪ Entre 0,4 e 0,6 g/mL
▪ Usualmente 0,4 g/mL
▪ Um bom excipiente, ao ser colocado num béquer, comporta-se quase como um
líquido, é fluido.
▪ Um bom excipiente modifica a densidade aparente e o fluxo do pó dos fármacos,
tornando-os mais próximos do exipiente.
Tipos de pós

Aerosil
Tipos de pós
Tipos de pós

Celulose Microcristalina
Tipos de pós

Amido de Milho
Tipos de pós

Talco
Tipos de pós

Lactose
Tipos de pós

Estearato de Magnésio
Tipos de pós

Enalapril (maleato)
E então professor:
como eu escolho o excipiente?
Ao escolher o excipiente devemos considerar também...

▪ O material de preenchimento pode influir na liberação dos p.a.'s a partir de cápsulas


▪ A influência é crítica
▪ Fármacos pouco solúveis (< 5mg/mL)
▪ Volume de dissolução (Do) Maior que 250 mL
▪ Velocidade de dissolução lenta (< 50% em 30min ou 80% em 45 min)

▪ Relação fármaco-excipiente desfavorável (< 1/5)


▪ Fármacos heroicos (potentes)

▪ Substâncias de baixo índice terapêutico


Conclusões • Um excipiente que atenda às
▪ Um bom excipiente deve: necessidades de um fármaco
Emclasse
da resumo, nós precisamos
IV atende também às de:
▪ Preencher o espaço que falta na necessidades de fármacos das
cápsula outras classes, visto que essa
classe é a menos favorável
▪ Melhorar o fluxo do pó para absorção
▪ Acelerar a desintegração
• Às vezes, precisamos usar um
▪ Melhorar a estabilidade, excipiente ou técnicas que
principalmente a questão da melhorem a estabilidade de
higroscopia fármacos higroscópicos

▪ Facilitar a solubilização, melhorando • Eventualmente um excipiente


o contato entre os fluidos do TGI e as para modificar a liberação
partículas do fármaco
Filosofia da composição de um bom excipiente
Componente Quantidade Exemplos
Diluente 40 a 60 % Celulose microcristalina
Manitol
Amido de Milho
Lactose
Deslizante/Lubrificante 5 a 10 % Estearato de Mg ou Zn
Dióxido de silício coloidal
Talco (Diluente em higroscópicos até 40%)*
Dessecante 5 a 10 % Dióxido de silício coloidal
Fosfato de cálcio (Diluente em higroscópicos > 30%)*
Caolim
Molhante 1 a 2% Docusato sódico
LSS*
Lecitina de soja
Polissorbato 80
Superdesintegrante 10 a 30 % Glicolato sódico de amido*
Croscarmelose sódica*
Exemplo de Excipiente Universal para Não Higroscópicos
Componente Quantidade Exemplos
Diluente 69 % Celulose microcristalina

Deslizante/Lubrificante 5% Estearato de Magnésio


Dessecante 5% Dióxido de silício coloidal
Molhante 1% Polissorbato 80
Superdesintegrante 20 % Croscarmelose sódica

Técnica de Preparo

Utilizando misturador em “V”, misture os componentes até completa homogeneização.


Passar por um tamis 60 e reprocessar se necessário, até que não haja mais retenção

Uso
Como excipiente para fármacos não higroscópicos de qualquer classe. Utilizar pelo menos
30% do volume da cápsula.
Exemplo de Excipiente Universal para Higroscópicos
Componente Quantidade Exemplos
Diluente 40% Fosfato tricálcico
Deslizante/Lubrificante 30% Talco
Dessecante 10% Dióxido de silício coloidal

Molhante 5% Polissorbato 80

Superdesintegrante 15% Croscarmelose sódica*

Técnica de Preparo

Utilizando misturador em “V”, misture os componentes até completa homogeneização.


Passar por um tamis 60 e reprocessar se necessário, até que não haja mais retenção

Uso
Como excipiente para fármacos higroscópicos, associados ou não a outros de qualquer
classe. Utilizar pelo menos 50 % do volume da cápsula.
Excipientes para fármacos em grande volume
Componente Quantidade Exemplos
Deslizante/Lubrificante 35 % Estearato de Mg ou Zn

Dessecante 35% Dióxido de silício coloidal


Molhante 5% Polissorbato 80

Superdesintegrante 20 % Croscarmelose sódica*

Técnica de Preparo

Utilizando misturador em “V”, misture os componentes até completa homogeneização.


Passar por um tamis 60 e reprocessar se necessário, até que não haja mais retenção

Uso
Como excipiente para fármacos que ocupam mais que 70% do volume da cápsula. Usar entre
10 e 30% do volume da cápsula
Aditivação de Excipientes prontos?
Componente Quantidade Exemplos
Deslizante/Lubrificante + 2,5 a 5% Estearato de Mg ou Zn

Dessecante + 2,5 a 5 % Dióxido de silício coloidal


Molhante + 2, a 5 % Polissorbato 80

Superdesintegrante + 10% Croscarmelose sódica*


Excipiente pronto 82,5% (qsp 100%)
Excipientes para cápsulas sublinguais liberação imediata
Função Componente Concentração
Superdesintegrante Croscarmelose sódica 10%
Dessecante Dióxido de silício coloidal 10%
Estimulante da saliva I Ácido cítrico 5%
Estimulante da Saliva II Mentol: 0.05%
lecitina de soja hidrogenada 5%
Adoçante e mascarador de Esteomatin (attivos magisttrais) 0,5 a 1%
sabor:
(esteomatin é uma mistura de esteviosídeo e
taumatina, confere dulçor e reduz o amargor.

Aromatizante Aroma em pó 0,4%

Diluente Hidrossolúvel (maltodextrina, manitol) qsp 100%


Excipientes para cápsulas sublinguais bioadesiva
Função Componente Concentração
Aglutinante Pectina 20 %
Adesivo Goma Xantana 20 %
Adesivo CMC sódica 10 %
Lubrificante Estearato de Magnésio 2%
Deslizante / Dessecante Aerosil 2%
Aromatizante Aromatizante em pó 2%

Estimulante da saliva Ácido cítrico 2%

Adoçante Esteomatin 1%

Maltodextrina ou celulose Diluente Qsp 100 %


microcristalina
Posso usar apenas um excipiente para todas as fórmulas?
▪ SIM, desde que o excipiente proporcione estabilidade, segurança e eficácia.
▪ Pense em ter um excipiente para fármacos em geral:
▪ Diluente hidrofílico
▪ Lubrificante
▪ Superdesintegrante
▪ Dessecante
▪ Pense em ter um excipiente para fármacos hidroscópicos
▪ Diluente + Diluente hidrofóbico
▪ Dessecante em alta concentração
▪ Lubrificante
▪ Superdesintegrante
▪ Dessecante em baixa concentração
▪ Molhante
Sempre é preciso usar excipientes?
▪ Nem sempre é necessário usar um excipiente com todos os componentes.
▪ Muitas vezes podemos remover o diluente hidrofílico do excipiente, ficando apenas com o
lubrificante e o dessecante...
▪ ... Eventualmente adicionamos um superdesintegrante ou molhantes

▪ Exemplos

Exemplo 1 Exemplo Exemplo 3 Exemplo4


Aerosil : 50% Aerosil: 33% Fosfato TriCa: 40% Fosfato TriCa: 40%
Estearato Mg: 50 % Estearato Mg: 33 % Talco: 30% Talco: 30 %
Talco: 34% Aerosil: 10% Aerosil: 15 %
Croscarmelose Na: 20% LSS: 5%
Croscarmelose Na: 10%
Quando o excipiente é necessário, qual a quantidade ideal
▪ O primeiro ponto é lembrar que a proporção entre fármaco e excipiente deve ser 1/5
▪ O segundo ponto é que a quantidade deve ser suficiente para dar estabilidade à
formulação
▪ Então, a quantidade de excipiente deve ficar entre 1/3 e 2/3 do volume da cápsula
▪ Nem sempre é necessário usar excipiente completo

Como faço com produtos higroscópicos e extratos?


▪ O ideal é usar um excipiente apropriado para substâncias higroscópicas
▪ É muito importante usar uma quantidade que estabilize os fármacos
▪ Pode ocorrer das cápsulas dobrarem ou triplicarem
E quando as classificações biofarmacêuticas são diferentes?
▪ Neste caso, como vimos, use sempre o excipiente que resolva melhor o problema da
liberação e absorção dos fármacos.

Posso copiar excipientes industrializados?


▪ Excipientes dos industrializados devem ser usados apenas como uma ORIENTAÇÃO
▪ Excipientes industrializados tem componentes que favorecem o processo industrial
▪ Conservantes: usados para garantir a estabilidade microbiológica em processos de compressão
por via úmida. Não são necessários em cápsulas.
▪ Antioxidantes e sequestrantes: usados para garantir estabilidade química em processos de
compressão em geral. Não são necessários em cápsulas.
▪ Ceras, polissorbato, etc
▪ Bicarbonato em enalapril
Liberação modificada?

120

100

80

60

40

20

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Comum Retardada Repetida Sustentada


Efeito dos agentes de liberação em cápsulas de morfina 10mg

350
300
250
200
150
100
50
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Adaptado de Bogner, et Al.
117-53 0-169 0-127 (P) IJPC, 2001, 5:401-405
Como estimar a quantidade de adjuvantes para modificar a liberação?
▪ Zur, E. IJPC 2013. 17:11-22
▪ Methocel E4M premium (Hidroxipropil-metilcelulose) 30 - 40% do volume do PESO dos
pós
▪ Calcular o peso dos fármaco e do excipiente para preencher uma cápsula.
▪ Calcular o peso de HPMC (impondo que fique entre 30 e 40%).
▪ A partir do cálculo do HPMC, calcular a nova quantidade de excipiente e verificar qual
capsula comportará o novo pó.
▪ Misturar e encapsular.
Como posso ajudar....

▪ Rx Consultoria
▪ Suporte farmacotécnico
▪ Revista Rx (Via Internet)
▪ Rx Suporte
▪ Desenvolvimento, otimização e estudo farmacotécnico de formulações
▪ Treinamentos “in company”
▪ Treinamentos e cursos a distância
▪ Material científico para visitação médica

▪ WWW.rxsuporte.com.br

▪Whatsapp e Fone: 11 9 4489 5070

Você também pode gostar