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RELAÇÕES

INTERPESSOAIS NO
CONTEXTO EDUCACIONAL
Curso Andragogia e Formação de Adultos
Disciplina 2: Relações Interpessoais no Contexto
Educacional

Equipe Gestora

Diretor geral: Me. Eber Liessi


Diretora acadêmica: Me. Lilian Anabel Becerra de Oliveira
Coordenador da Pós-graduação: Me. Mérlinton Pastor de Oliveira

Coordenação do programa

Esp. Caio Beck., Andragogia Brasil


Me. Cláudio Silva de Sousa

Professor

Ana Marar

Núcleo de Tecnologias Educacionais- FADBA

Esp. Jean Magno Rodrigues do Ouro


Esp. Emerson Kiekow de Britto Rodrigues Alves

Produtores e Revisores

Produção e edição de vídeo: Juliano Luts Antunes


Revisão de língua portuguesa: Dr. Maria Rita Sousa Barbosa
Revisão de texto e vídeo: Me. Daniella Barbosa Silva
Revisão da diagramação: Esp. Kézia Ferreira Campos

Diagramação

Anthony Gregory Alves de Abreu


Teorias do desenvolvimento – Psicanálise
Aula 02

Prof. Ana Marar

Apresentação

Nesta aula abordaremos o indivíduo na visão da psicanálise de


Sigmund Freud e os mecanismos de defesa.

Teorias do desenvolvimento

Para estudar as teorias do desenvolvimento não podemos deixar de


estudar o pioneiro pensador das teorias psicodinâmicas, Sigmund
Freud. As teorias psicodinâmicas estudam o comportamento como
produto de forças psicológicas que atuam dentro da pessoa e,
muito frequentemente, fora da percepção consciente.

Freud cunhou o termo a partir dos conhecimentos de Física, assim


como a termodinâmica é o estudo do calor, da energia mecânica e
da transformação de um em outro, a psicodinâmica é o estudo da
energia psíquica e de sua transformação e manifestação no
comportamento. A natureza exata dessa energia é uma das
discordâncias entre os teóricos, porém todos compartilham a ideia
de que os processos inconscientes determinam primariamente a
personalidade.

Sigmund Freud, médico neurologista, nasceu na região da Morávia,


atual República Tcheca em 1856 e faleceu em 1939.

Para compreender o desenvolvimento humano, como se forma seu


conhecimento, sua personalidade e emoções, temos que estudar
um pouco a teoria do pai da Psicanálise. O objetivo é dar uma
compreensão básica dessa teoria que revolucionou o estudo da
mente humana.
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Para Freud, os conflitos fazem parte do desenvolvimento humano. É


através deles que o indivíduo se percebe, se organiza e se
determina como pessoa.

O sistema psíquico funciona como um iceberg, somente uma


pequena parte, o consciente, está exposta, a maior parte está
submersa e não é voluntariamente controlada.

A Mente e Suas Divisões, Modelo Topográfico

A consciência do ser humano é descrita por Freud em três níveis: o


consciente, o pré-consciente e o inconsciente.

O consciente – Envolve todos os fenômenos que em determinado


momento podem ser percebidos de maneira consciente pelo
indivíduo, todas as ações, comportamentos e linguagens
realizadas. É responsável pela ligação com o mundo externo e é
apenas uma pequena parte do todo da mente.

O pré-consciente – Refere-se aos fenômenos que não estão


conscientes em determinado momento, mas podem tornar-se, se o
indivíduo desejar se ocupar com eles. Está acessível como
memória, é a parte do inconsciente que pode ser acessada
rapidamente. Faz parte, assim como o consciente, da vida
cotidiana.

Estas duas estruturas da mente, consciente e pré-consciente,


adormecem.

O inconsciente – Ele compõe a maior parte da mente, diz respeito


aos fenômenos e conteúdos que não são conscientes e somente
sob circunstâncias muito especiais podem vir a tornar-se
consciente. É um outro sistema, onde estão todos os instintos e
também os conteúdos reprimidos. Contém toda a memória da
pessoa, tendências e preferências. Está inacessível pela vontade,
para poder acessá-lo é necessário vencer a resistência.
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O esquema abaixo mostra como a mente se divide em uma analogia


a um iceberg, somente uma pequena parte, a consciência, é visível
e detectável:

Acima falamos em vencer a resistência para acessar o conteúdo do


inconsciente, mas o que é a resistência? Segundo Freud, trata-se
de uma força que se opõe à percepção consciente de algum
acontecimento e isso ocorre provavelmente porque a lembrança de
determinado evento traumático ou vergonhoso para a pessoa lhe
causa dor.

Essa falta de lembrança de determinado conteúdo acontece para


proteger o indivíduo da dor e do sofrimento que tal memória possa
causar. Quanto maior a dor a ser vivida com a recordação, mais a
resistência é mobilizada, tornando-se mais difícil a recordação do
trauma.

Mas a descoberta da resistência leva a outra questão: se há a


necessidade de uma força tão grande para impedir que o trauma se
torne consciente, se a resistência deve ser aumentada na
proporção em que o trauma é maior, é sinal que o processo não
quer permanecer inconsciente, mas tem uma força maior ainda,
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que em um momento de crise, mobilizou-se para negar este


conhecimento à consciência. A essa força que se mobiliza para que a
pessoa não seja ferida, que tira da consciência a percepção dos
fatos, pois se a tivesse não suportaria o sofrimento, Freud chamou
de repressão.

Na prática clínica o que se observa é a resistência, a repressão fica


demonstrada como consequência lógica da resistência. Percebam
que quando falamos de resistência e repressão estamos falando de
um jogo de forças. Muda-se a perspectiva do olhar para um trauma,
a pessoa não é mais vista como um ser fraco traumatizado, mas
como um ser forte que se mobilizou para afastar uma angústia, dor,
sofrimento. A aparente fraqueza decorre da imobilização dada pelo
jogo de forças contrárias, é uma eterna luta entre trazer à
consciência o acontecimento ou mantê-lo no esquecimento. Essa
luta exaure a pessoa e diminui seu rendimento, por isso vemos
pessoas com enormes potenciais sem conseguir utilizá-los. A
descoberta da resistência e da repressão introduz outro conceito: os
mecanismos de defesa.

Estruturas da Personalidade

Os conceitos de consciente e inconsciente, embora pudessem


explicar como funciona o conflito interno, não puderam responder a
todas questões levantadas. Por esse motivo Freud define o modelo
dinâmico da estruturação da personalidade – O Id, Ego e Superego.

Id – é o reservatório de energia do indivíduo. É constituído pelo


conjunto dos impulsos instintivos inatos, que motivam as relações
do indivíduo com o mundo.

Conforme o corpo vai se formando e evoluindo, busca a satisfação


do que necessita para seu desenvolvimento. Por exemplo, quando o
bebê tem fome, sente uma carência que o impulsiona a chorar para
receber o alimento ou, quando maior, ir em busca do alimento para
satisfazer a carência, que gera, consequentemente, prazer.
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Freud afirmou: “(O id) desconhece o julgamento de valores, o bem e


o mal, a moralidade” (FREUD, 1933, p. 74). As forças do Id buscam a
satisfação imediata, sem tomar conhecimento das circunstâncias da
realidade. Funcionam de acordo com o princípio do prazer,
preocupadas em reduzir a tensão mediante a busca do prazer e
evitando a dor.

O Id é responsável pelo processo primário. Diante do desejo, ou seja,


de uma carência, se forma no plano imaginário o objeto que
permitirá a satisfação desse desejo, ou seja, gerará prazer. Funciona
pelo princípio do prazer, busca a satisfação imediata das
necessidades. Não questiona qualquer aspecto da adaptação do
desejo à realidade, seja ela física, social ou moral.

O Id não funciona no princípio da realidade, então dois desejos


totalmente opostos podem coexistir, como por exemplo, querer estar
em dois lugares ao mesmo tempo. Aliás, tempo é uma coisa que
também não existe, será sempre presente, não há passado nem
futuro. Por esse motivo, um trauma do passado pode ser vivido como
se estivesse acontecendo neste momento. Assim como há a
antecipação do futuro, a pessoa pode se ver usufruindo do prêmio
de uma mega sena, por exemplo.

Ele está no campo das imagens, quando tentamos descrever o que


acontece nesse plano, já utilizamos uma elaboração secundária ao
falar a respeito. O Id funciona basicamente pelos processos de
condensação e deslocamento, processos básicos do inconsciente,
são mecanismos de defesa que serão explicados mais adiante.

Ego – O Ego, para Freud, surge se diferenciando do Id, servindo de


intermediário entre o desejo e a realidade. O Ego se estrutura como
uma nova etapa de adaptação evolutiva do sujeito. Esta constatação
leva Freud a afirmar que o Ego é, acima de tudo, corporal, biológico.
Nesse ponto Piaget e Freud são similares nas origens, há uma
formação instintiva inicial que se desdobra em estruturas mais
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complexas e sofisticadas a partir da percepção e elaboração da


realidade.

Se o Id é o nível instintivo, o princípio do prazer, ou seja, envolve


processos primários, o Ego é definido como funcionando pelo
princípio da realidade e pelos processos secundários, dá o juízo da
realidade. O Ego partirá do desejo, da imagem formada pelo
processo primário, para tentar construir na realidade caminhos que
possibilitem a satisfação do desejo.

Essa noção da realidade do Ego nos protege de fazermos algo


perigoso para nossa segurança, como por exemplo, atravessar uma
rua correndo, sem olhar para os lados, ou nos jogarmos de um
penhasco, guiados pela vontade de voar. Ele é um intermediário
entre os processos internos (Id e o Superego, que veremos a
seguir) e a realidade.

É função do Ego o domínio da motilidade, ou seja, das ações do


corpo. Por esse domínio estar situado no Ego, os distúrbios
afetivos irão impactar na atuação corporal, e aí temos os mais
diversos distúrbios, como rigidez corporal, tiques, os sintomas
presentes na depressão, histeria, para citar somente alguns
exemplos. Ainda é a sede da angústia, sendo o responsável pela
detecção de perigos reais e psicológicos que ameaçam a
integridade do indivíduo.

A organização da simbolização, a linguagem e as funções lógicas


do funcionamento mental, para a psicanálise, são atributos do Ego.
A memória e o desenvolvimento do pensamento lógico e operatório
estão aqui contidos.

Devemos lembrar que o conhecimento epistemológico da


construção do real é obra de Piaget. Para a psicanálise, a
organização dessas funções só interessa no nível individual,
quando perturbações afetivas interferem em seu funcionamento.
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Como a não organização delas pode interferir no aprendizado,


vamos também estudar os mecanismos de defesa descritos na
psicanálise.

Mecanismos de Defesa

Chamamos de mecanismos de defesa os diversos tipos de


processos psíquicos, cuja finalidade consiste em afastar um evento
que traga angústia ao se tornar consciente. Esses mecanismos são
funções do Ego, e, por definição, inconscientes. Lembre-se que o
Ego se situa parte no consciente e parte no inconsciente mental.
Como sede da angústia, ele é mobilizado diante de um sinal de
perigo e desencadeia uma série de mecanismos inconscientes para
que o evento doloroso não seja percebido; nesse intento,
tampouco, o mecanismo de defesa será detectado pelo consciente.

Os principais mecanismos de defesa são os seguintes:


1. Repressão – Já explicado quando falamos de resistência. É a
retirada de ideias, afetos ou desejos dolorosos ou perigosos da
consciência, pressionando- -os para o inconsciente. É o
principal mecanismo de defesa, do qual derivam os demais. Ex.:
Trauma de infância que o adulto não lembra.
2. Formação reativa – Caracteriza-se por uma atitude ou hábito
psicológico com sentido oposto ao impulso inconsciente temido.
Esse impulso é sentido como perigoso, pois se sente que se
perderia o controle caso cedesse a ele. Ex.: uma pessoa que tem
muitos desejos sexuais e os transforma, pois os considera
“sujos”, imorais, em uma conduta extremamente puritana.
3. Projeção – Quando a pessoa projeta sentimentos próprios
indesejáveis em outra pessoa que, a seu ver, assumirá as
características do que não pode ser visto nela mesma. O
extremo do funcionamento por mecanismos projetivos é a
paranoia, onde o sujeito se destrói tanto por dentro que é
obrigado a projetar tudo que se julga culpado e, a partir daí,
passa a ver os outros como perseguidores. Ex.: um aluno que
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não consegue entender a matéria por se julgar burro e a mãe


culpa a ineficiência do professor quando vai mal na prova.
4. Regressão – Retorno a níveis anteriores de desenvolvimento,
devido a conflitos que surgem da frustação evolutiva. Se crescer
pode provocar frustações, volta a um modelo infantil onde se
sentia feliz. Ex.: uma criança que quando nasce um irmão
retorna a usar chupeta e urinar na cama.
5. Racionalização – Substituição do verdadeiro motivo do
comportamento por fragmentos da realidade que justifiquem a
conduta. A racionalização é um mecanismo típico do neurótico
obsessivo. Ex.: uma pessoa que sai de casa atrasada para um
compromisso, pega um engarrafamento e culpa o trânsito por
seu atraso.
6. Negação – Recusa consciente de aspectos que possam magoar
comportamento por fragmentos da realidade que justifiquem a
conduta. A racionalização é um mecanismo típico do neurótico
obsessivo. Ex.: uma pessoa que sai de casa atrasada para um
compromisso, pega um engarrafamento e culpa o trânsito por
seu atraso.
7. Deslocamento – Redirecionamento de um impulso para um alvo
substituto. Após censura, modifica o foco de um elemento
relacionado ao desejo inconsciente para outro elemento
aparentemente sem importância, são assim descarregados
sentimentos acumulados, em geral sentimentos agressivos, em
pessoas ou objetos menos perigosos. Uma maior quantidade de
conceitos deslocados é reduzida e condensada em um símbolo
unificado. Todos os sintomas psiconeuróticos acabam tendo
participação do deslocamento. Ex.: em cadeia, o chefe briga com
o funcionário, que chega em casa e briga com a esposa que, por
sua vez, irá brigar com o filho que chutará o cachorro.
8. Identificação – Diante de sentimentos de inadequação, o sujeito
internaliza características de alguém valorizado, passando a
sentir-se como ele. A identificação é extremamente importante
no início da vida, quando a criança está assimilando o mundo.
Mas permanecer em identificações impede a aquisição de uma
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identidade própria. Ex.: A criança que finge ser um super-herói e os


movimentos fanáticos são um exemplo de identificação de grupo.
9. Isolamento – Consiste em se isolar um pensamento, atitude ou
comportamento, das conexões que teria com o resto da
elaboração mental. O comportamento, assim isolado, passa a
não ameaçar, porque está separado e não conectado aos
desejos iniciais. Ex.: Pessoas com TOC (transtorno obsessivo
compulsivo) com suas rotinas e rituais do dia a dia.
10.Divisão ou cisão – Quando um objeto ou imagem com o qual nos
relacionamos tem simultaneamente características que
despertam nosso amor e nosso ódio ou temor. Então esse objeto
é dividido em dois. Uma parte será o objeto bom, ou seja,
portador das características de amor, e com o qual se preserva
o bom relacionamento. O outro será o objeto mau, que
negaremos ou poderemos atacar sem vivenciar culpas, uma vez
que aspectos positivos já foram isolados no objeto bom. Ex.: o
bebê recém-nascido percebe o seio da mãe como bom e mau,
pois o seio “mau” que lhe “nega” o leite quando está com fome;
em contrapartida, quando ele suga o leite, esse passa a ser o
TEORIAS DE AQUISIÇÃO DO
CONHECIMENTO
seio “bom”, pois lhe deu o alimento que pedia.
11.Sublimação – Considerado o mecanismo de defesa mais
evoluído e é característico do indivíduo normal. Os desejos
afetivos, quando não podem ser realizados, são canalizados pelo
Ego para serem satisfeitos em atividades simbolicamente
similares e socialmente produtivas. Ex.: desejo pelas mulheres
canalizado para a fotografia, o indivíduo torna-se fotógrafo.

Superego – É responsável pela estruturação interna dos valores


morais, produto da internalização dos valores recebidos dos pais e
da sociedade. Assim, a moral e os ideais são funções do superego.
O conteúdo do superego refere-se a exigências sociais e culturais.

O sentimento de culpa estará presente quando o superego se faz


presente. O indivíduo sente-se culpado por alguma coisa errada
que fez ou que não fez e desejou ter feito. Esse sentimento vem
porque alguém importante para ele, como o pai, por exemplo, pode
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puni-lo por isso. E a principal punição é a perda do amor e do


cuidado desta figura de autoridade. Portanto, por medo dessa
perda, deve-se evitar fazer ou desejar fazer a coisa má; mas o
desejo continua e, por isso, existe a culpa.

Com o desenvolvimento da pessoa, uma mudança importante


acontece quando esta autoridade externa é internalizada pelo
indivíduo. Ninguém mais precisa lhe dizer “não”. Essa proibição
está internalizada. Agora, não importa mais a ação para sentir-se
culpado: o pensamento, o desejo de fazer algo mau se encarrega
disso. E não há como esconder de si mesmo esse desejo pelo
proibido. Com isso, o mal-estar instala-se definitivamente no
interior do indivíduo. A função de autoridade sobre o indivíduo será
realizada permanentemente pelo superego.

Unindo-se na topografia da mente à imagem de inconsciente, pré-


consciente e consciente com ID, Ego e Superego, temos a seguinte
figura:
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Leituras Recomendadas

Para Reflexão

Freud Antipedadodo

Não encontraremos na obra de Freud tratado algum de educação.


Seria inclusive inútil procurar elementos disso. É verdade que
Freud se lança a uma crítica severa às práticas educacionais de sua
época; mas é pródigo em conselhos sobre esse domínio.

Trata-se de negligência ou falta de interesse pessoal? Neste caso,


teríamos simplesmente que recorrer a outros autores para indagar
sobre as relações da psicanálise com a educação e sua
contribuição a esta última. Nós pensamos, pelo contrário – e
esperamos demonstrá-lo – que a carência de prescrições
pedagógicas em Freud tem causas ligadas mais essencialmente às
próprias descobertas da psicanálise, particularmente no que se
refere aos processos do desenvolvimento individual e ao
funcionamento psíquico, por um lado, e vinculadas à posição do
psicanalista, por outro.

Não pretendemos tampouco constituir um tratado de pedagogia


freudiana. Em vez disso, nos dedicamos a demonstrar como essas
descobertas conduzem a um questionamento da própria pedagogia
como ciência dos meios e fins da educação. Interrogamos a obra de
Freud para tentar responder a questão da possibilidade de fundar,
sobre as descobertas da psicanálise, uma pedagogia que delas
extraísse consequências tanto no nível dos fins atribuíveis à
educação quanto seus métodos.

Será possível uma “educação analítica”, no sentido, por exemplo,


de que teria um objetivo profilático com relação às neuroses,
extraindo assim uma lição de experiência psicanalítica no que
concerne ao valor patogênico da repressão das pulsões, geradora
de recalque? Veremos como Freud, que durante certo tempo
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pensou ser possível depositar esperanças em tal função profilática


da educação, foi levado mais tarde a enterrá-las.

Pode-se conceber uma pedagogia “analítica”, no sentido de que


teria os mesmos fins que a cura analítica – resolução do complexo
de Édipo e superação do “rochedo de castração”? Ou talvez no
sentido de que se inspiraria no método analítico para transpor à
relação pedagógica? Pode haver, nesse sentido, uma aplicação da
psicanálise à pedagogia?

Estas são as perguntas que tentaremos responder a partir da


releitura dos textos de Freud.

Fonte: MILLOT, Catherine, Freud Antipedagogo. Tradução Ari Roitman. Rio de Janeiro: Editora
Jorge Zahar, 2001.

O texto colocado acima é provocativo no sentido de fazê-lo, caro


aluno, refletir a respeito da educação e como o entorno pode afetar
o rendimento de um estudante. Será que a psicanálise pode ser
uma ferramenta a ser utilizada na educação? Se você não tem uma
resposta e sua curiosidade foi aguçada, leia o livro!

Livros

BETTELHEIM, Bruno – Freud e a alma humana, Editora Cultrix, 1993

Autor conhecido mundialmente, demonstra que as traduções


inglesas da obra de Freud não só distorcem alguns dos conceitos
centrais da psicanálise, mas ainda impossibilitam o leitor de
reconhecer que a preocupação principal de Freud era a alma
humana, o que ela é e como se manifesta em tudo o que fazemos
ou sonhamos. O Dr. Bettelheim torna claro que Freud criou a
psicanálise não tanto como um método de analisar o
comportamento dos outros, mas como um meio de cada um
conquistar o acesso ao seu próprio inconsciente e, quando
possível, controlá-lo.
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FREUD, Sigmund – Conferências introdutórias à psicanálise, 1916,


várias editoras ao longo dos anos. Publicação de conferências na
Universidade de Viena, onde era “professor extraordinário”. O livro
se divide em três partes. A explicação psicanalítica para fenômenos
insólitos, mas comuns a todas as pessoas, que são os atos falhos
na primeira parte, os sonhos na segunda, e sua abordagem das
neuroses, apresentando a terapia psicanalítica na terceira parte.

MILLOT, Catherine - Freud Antipedagogo, Editora Jorge Zahar,


2001 A autora é psicanalista lacaniana e professora da
Universidade de Paris VIII. Faz uma análise de como as
descobertas psicanalíticas levam inevitavelmente a um
questionamento da própria pedagogia como ciência dos meios e
fins da educação.

Filmes Recomendados

A Filha de Deus (título original - Exposed) 2016. Uma jovem


testemunha um milagre na mesma noite em que um policial é
assassinado. Intrigante filme para a discussão dos mecanismos de
defesa que uma pessoa pode construir para se proteger de um
trauma. Identifique qual mecanismo está atuando.

Melhor é Impossível (título original – As good as it gets) 1998


Escritor em Nova York se relaciona com dois vizinhos e tem uma
maneira muito estranha de viver. Identifique qual é o mecanismo
de defesa.

Freud, Além da Alma (título original – Freud, the secret passion)


1963 Filme a respeito do início dos trabalhos de Freud. Para ter
contato mais próximo com o como a psicanálise se desenvolveu.

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