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Direito Penal 4 - Parte Especial

AÇÕ ES PENAIS – UM RESUMO

Açã o Penal QUEM?


Pú blica Incondicionada Promotor de Justiça
Pú blica Condicionada Ofendido deve se manifestar
Privada Advogado oferece queixa-crime na petiçã o
inicial

CLASSIFICAÇÕ ES DE CRIMES

Crime Formal, Material e de Mera conduta: dizem respeito ao momento em que se


consuma o crime.

Formal CP descreve conduta e resultado, mas só a conduta já é punível. Ex:


extorsã o mediante sequestro. Sequestrou? Já é crime, sem importar
se houve o dano patrimonial exigido pelo tipo.
Material CP descreve conduta e resultado, mas, é necessá rio que ocorra o
resultado para haver consumaçã o. Ex. Homicídio.
De mera conduta CP descreve apenas a conduta. Ex. Invasã o de domicílio.

Crime de forma livre e de forma vinculada: dizem respeito à forma de execuçã o do


crime. Se pode ser feito de qualquer forma, ou se o CP prescreve um modo específico de
atuaçã o.

De forma livre CP nã o estipula forma de execuçã o. Ex. Homicídio.


De forma CP descreve modo de execuçã o. Ex. art 260: perturbaçã o a serviço
vinculada de estrada de ferro, destruindo os trilhos ou criando obstá culo
neles.

Instantâneo, permanente e instantâneo de efeito permanente: trata a duraçã o da


consumaçã o do crime, a duraçã o do “momento consumativo”. Deve-se analisar o verbo do
tipo. Parece, contudo, que, apesar de muito usada a classificaçã o instantâ neo de efeito
permanente parece equivocada, pois o crime se consuma com a execuçã o do verbo
tipificado, e nã o se deveria analisar o resultado.

Instantâneo Conduta acarreta imediato exaurimento do crime, sua imediata


consumaçã o. Ex. furto (subtrair).
Permanente Crime se protrai no tempo. A situaçã o criminosa perdura. Ex.
sequestro.
Instantâneo de A conduta é imediata, porém os efeitos do crime sã o perenes,
efeito permanente irreversíveis. Ex. homicídio.

Crime unissubsistente e plurissubsistente: analisa o nú mero de atos necessá rios para


consumaçã o do crime.

Unisubsistente Uma conduta consuma o delito. Ex. injú ria.


Plurissubsistente Crime consiste em vá rios atos, que perfazem uma ú nica conduta.
Ex. roubo (meio coercitivo + subtraçã o).
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Crime unissubjetivo e plurissubjetivo: diz respeito ao nú mero de pessoas necessá rios


para enquadrar a conduta ao tipo penal.

Unissubjetivo Apenas um autor, admitindo coautoria e participaçã o.


Plurissubjetivo Aqueles cujo tipificaçã o demanda duas ou mais pessoas.
Subdividido em:
- condutas paralelas: há colaboraçã o entre sujeitos.
- condutas convergentes: condutas se encontram apenas apó s
início do delito.
- condutas contrapostas: açõ es se desenvolvem umas contra as
outras.

MACETE – ELEMENTO SUBJETIVO

- O DOLO GERAL todo crime tem.

- DOLO ESPECIAL: Indicam elemento subjetivo especial (dolo específico) alguns termos
encontrados ao longo do có digo:

- Para si ou para outrem;

- Para si ou para terceiro;

- Com o fim de;

- Com o intuito de;

- Para satisfazer.

HOMICÍDIO

Título 1º: Dos crimes contra a pessoa. (BJ genérico)

Capítulo 1º: Crimes contra a vida. (BJ específico)

LEGISLAÇÃO –CP121

Art 121. Matar alguem:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Caso de diminuição de pena

§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou


moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Homicídio qualificado

§ 2° Se o homicídio é cometido:

I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;


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II - por motivo futil;

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que


dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;

V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro


crime:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Homicídio culposo

§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)

Pena - detenção, de um a três anos.

Aumento de pena

§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime


resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra
pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se


as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a
sanção penal se torne desnecessária. 

§ 6o  A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for


praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de
segurança, ou por grupo de extermínio.      

Note que a estrutura de títulos e capítulos do Có digo Penal (CP) define os bens
jurídicos (BJ) tutelados, em gênero (título) e espécie (capítulos).

DOLO: - Homícidio Simples (CP 121, caput);

- Homicídio Privilegiado (CP 121 §1º);

- Homicídio Qualificado (CP 121 §2º).

CULPA: Homicídio Culposo (CP 121, §3º).

Todos os crimes contra a vida (Tit 1º, Cap1º), com exceçã o ao homicídio culposo,
sã o julgados pelo Tribunal do Jú ri, incluindo a TENTATIVA.

No capítulo 3º, da periclitaçã o da vida e da saú de, o agente quer causar perigo à
vida de alguém.
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Para definir qual o tipo de homicídio, basta fazer por exclusã o: se nã o for nem
qualificado, nem privilegiado será simples. É como um carro... vai tirando tudo, fica
simples!

BEM JURÍDICO TUTELADO

VIDA.

SUJEITO ATIVO

Qualquer um (é um crime comum, qualquer um pode praticar).

ELEMENTO (TIPO) OBJETIVO

- Demanda 2 pessoas, 2 nascidos de uma mulher.

- É um crime de açã o livre, pois se pode matar alguém de qualquer forma, inclusive,
por omissã o.

- Por conduta DIRETA ou INDIRETA (colocar a vítima em condiçã o de altíssimo


risco, por exemplo, levá -la a um local com muitos raios).

- Omissã o: vide CP 13 §2º

LEGISLAÇÃO –CP13§2º

§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir


para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;

b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;

c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

ELEMENTO (TIPO) SUBJETIVO

Dolo direto (1º ou 2º graus) ou eventual. Vamos revisá -los?

1º grau: é aquele normalzinho, tranquilo, auto-explicativo. O cara quer o resultado,


vai lá e faz a parada. Pronto! Simples.

2º grau: é aquele que o agente deseja um resultado, mas, pratica conduta que
aumenta a abrangência dos efeitos de sua conduta. Por exemplo, cara explode um aviã o
inteiro para matar o comandante. O dolo será de 1º grau com relação ao comandante e 2º
com relação aos demais passageiros da aeronave.

O dolo eventual é aquele em que o cara toca o foda-se. Ou seja, há mais hipóteses que
não a ocorrência do crime. Por exemplo, atirar em uma maçã na cabeça de alguém. Pode-se
acertar a maçã, a pessoa ou errar ambos.
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Meio ineficaz e impropriedade absoluta do objeto (CP17) tornam o crime impossível,


não se responde por ele, portanto.

CONSUMAÇÃ O E TENTATIVA

Os crimes de homicídio ocorrem em sua forma tentada também (há consumaçã o e


tentativa).

Consumaçã o é quando todos os tipos penais estã o presentes (crime consumado).


Na consumaçã o, a morte da vítima se dá num instante só , por isso falamos em crime
instantâ neo. A vítima morrer 1 mês apó s decorrente da lesã o causada, é crime
permanente, ou seja, a consumaçã o se dá no momento da morte da vítima.

Ato de preparaçã o e ato de execuçã o.

Muito cuidado com desistência voluntária. O ato poderia causar a morte e não causou?
É tentativa!

Tentativa é quando por circunstâncias alheias a sua vontade, o sujeito não consuma o
crime. (ex.: o sujeito atira e erra, é tentativa)

No caso de um ladrão que entra em uma casa para praticar furto, porém não o faz e sai
com “as mãos abanando”, encontra com a polícia, é desistência voluntária.

O sujeito mirar no pé da vítima, acertar e não atirar mais, é desistência voluntária, pois o
ato dele não chegaria a um homicídio.

PENA HOMICÍDIO

Simples: 6 a 20 – ART 121, CAPUT

Qualificado: 12 a 30 – ART 121, P. 2º

Privilegiado: 6 a 20 diminuído de 1/6 a 1/3 – ART 121, P. 1º

Culposo: 1 a 3 – ART 121, P. 3º

Aumento de pena: ART 121, P. 4º, 5º E 6º

HOMICÍDIO PRIVILEGIADO

Este tipo de homicídio, o PRIVILEGIADO, tem um fator subjetivo muito forte.

RELEVANTE VALOR SOCIAL

O art 67, atenuantes, fala destes motivos sociais. O legislador reconhece sua nobreza, mas não
deixa o ato impune. Ex: matar perigoso bandido.

RELEVANTE VALOR MORAL

No relevante valor moral o indivíduo age com motivação pessoal nobre e a sociedade reconhece
isto. Como exemplo temos o cara que mata o estuprador de sua filha.
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VIOLENTA EMOÇÃ O

Por último, violenta emoção, que causou impacto em seu sistema inibitório, desde que
logo após injusta provocação feita pela vítima.

E o que é esta tal de injusta provocação? Pode ser qualquer simples provocação, desde
que seja injusta.

Se a provocação toma ares de agressão, enseja legítima defesa.

HOMICÍDIO QUALIFICADO

Tipo penal qualificado também é chamado de tipo penal derivado, pois deriva do
simples.

A estrututura tipoló gica é a mesma do tipo penal simples, a diferença é que no


qualificado a estrutura vem com circunstâ ncias de natureza objetiva e subjetiva, que
revelam uma periculosidade maior, por isso o aumento da pena.

Qualificam este tipo de homicídio: Motivos, meios, modos e fins (dolo de matar
decorre de outro crime).
As qualificadoras objetivas sã o as de meio, modo e fins (CP 121, §2º, III, IV e V). Já
as qualificadoras subjetivas sã o as de motivo (CP 121, §2º, I e II).

Qualificadoras objetivas x Privilegiadoras: depende de aná lise do caso concreto.


Deve-se ter atençã o, já que o crime de homicídio é julgado pelo jú ri, onde a convicçã o é o
elemento de maior importâ ncia.

Qualificadoras subjetivas (motivos: paga ou promessa de recompensa, motivos


torpe ou fú til) x Privilegiadoras: segundo Bitencourt, as privilegiadoras AFASTAM as
qualificadoras objetivas. Note, porém, que no concurso de pessoas os motivos sã o
incomunicá veis, pois a motivaçã o é individual e a condiçã o pessoal nã o faz parte do tipo
penal. Note que as privilegiadoras tem prioridade, portanto, e sã o pró prias de cada sujeito
no caso de concurso.

O homicídio qualificado é um crime hediondo, segundo a lei 8930/94.

MOTIVOS QUALIFICADORES

CP 121, §2º, I e II.

MOTIVO FÚ TIL
Ocorre por bobeira. É um motivo desproporcional, insignificante. Ex.: sujeito que
mata o garçom porque encontrou uma mosca na sopa; matar o caixa porque deu o troco
errado.

Neste ponto, CRB faz crítica, pois, motivo insignificante (fú til) é qualificadora,
enquanto ausência de motivo consiste homicídio simples. A crítica é ao fato de que um
homicídio sem motivo nã o é qualificadora.
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MOTIVO TORPE
Vil, que causa indignaçã o, ná useas, repugnante, tomando por base a consciência
média.

Ex.: matar os pais para receber a herança

O motivo torpe afasta a futilidade (CRB) e exige indícios aos quais deve manifestar-
se o magistrado durante a pronú ncia.

Em nã o houvendo elementos que comprovem a qualificadora, nã o se aplica o


disposto na lei 8072/90, logo, se nã o houver motivos para prisã o cautelar do réu, ele
aguarda em liberdade.

PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA


Trata-se de crime mercená rio, mais reprová vel pois aquele que o executa nã o tem
nem mesmo motivo pessoal para cometer o delito. Sempre há 2 pessoas (crime bilateral)
neste caso: o que paga/promete e o que recebe (executor).

Muitos doutrinadores dizem que só pode ser promessa de natureza econô mica. Ex.:
para pagar uma dívida. Porém, outros afirmam que o có digo nã o fala de natureza
econô mica, entã o seria qualquer promessa, inclusive a de casamento. O grande
fundamento dessa doutrina que o legislador, quando exigiu o tipo penal com vantagem
econô mica, o fez expressamente, como o crime de extorsã o. Portanto, a interpretaçã o é de
que seria qualquer tipo de promessa.

Nã o há necessidade de prévio acordo relativo a valores (isto pode até ser


estabelecido a posteriori e/ou pelo executor), mas, se o mandato for gratuito, nã o há
qualificadora, assim como também nã o há quando forem oferecidos benefícios nã o
combinados apó s o crime (por exemplo, um agradinho).

Circunstâ ncias comunicá veis (CP30): Só se aplicam as circunstâ ncias pessoais


quando for ELEMENTAR DO TIPO PENAL, logo, aplica-se a todos os participantes no
concurso. No caso da paga/promessa, a jurisprudência interpreta de ambos os modos
(comunica e nã o comunica):

1ª interpretaçã o: executor e mandante respondem por homicídio qualificado;

2ª interpretaçã o: executor responde por homicídio qualificado e o mandante


responde por homicídio simples ou privilegiado (professor prefere essa interpretaçã o).

Circunstâ ncia pessoal é individual, portanto, nã o se comunica.

MEIOS QUALIFICADORES

Inc III: veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura OU outro método insidioso, cruel ou
que cause perigo comum (aqui cabe interpretaçã o analó gica, pois a lista nã o é exaustiva e
há outros meios em que, na aná lise do caso, podem ser qualificadores do meio).

Da mesma forma que os motivos qualificadores, é um rol exemplificativo, sendo


que o pró prio artigo traz expressã o generalizadora. Portanto, sã o meios qualificadores:
insidioso, cruel e que possa causar perigo comum (neste terceiro caso, nã o é necessá rio o
dano, apenas a sua possibilidade). Os exemplos usados no có digo estã o elencados a seguir.
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Note que aqui tratam-se os exemplos (veneno, fogo, asfixia etc) para depois serem
tratadas as circunstâ ncias genéricas.

VENENO
No caso do veneno, além de substâ ncias nocivas a todos, aceita-se que seja
substâ ncia que represente perigo à vítima (i.e. açú car a diabéticos). Difere de outras
substâ ncias como á gua quente, ferro cadente etc. Logo, caracteriza-se por seu meio
insidioso (dissimulado, disfarçado). Pode ser pensado em meio cruel se fizer com que
traga maior sofrimento à vítima..

EXPLOSIVO E FOGO
Perigo comum (lembrando que basta causar o risco, nã o é necessá rio dano efetivo). Fogo e
explosivo sã o, classicamente, perigo comum. Mas podem ser considerados meio cruel,
dependendo do caso.

Fogo: uso de substâ ncia inflamá vel seguido de ateamento de fogo.

Explosivos: uso de qualquer material explosivo, como, dinamite, cocktail molotov,


bomba caseira.

ASFIXIA
A asfixia pode ser: mecâ nica, tó xica (gá s asfixiante). Esta qualificadora limita-se ao
homicídio, nã o sendo agravante ao crime de lesõ es corporais.

É um meio cruel.

TORTURA
Todo aquele que cause sofrimento (ex. passar com o carro vá rias vezes sobre a
vítima). A lei 9455 define TORTURA.

Pense direito penal! Lembre-se do DOLO.

- Quer matar torturando? HQ por meio.

- Quer torturar e acaba matando? Tortura com morte culposa (preterdoloso):


Bitencourt fala de aplicaçã o do disposto na lei 9455/97 (8 a 16 anos), ainda que haja o CP
129, § 3º que aplica pena de 4 a 12 anos.

- Quer torturar, muda de ideia e resolve matar? Homicídio + Tortura (responde


pelos 2 em concurso).

Classificada como meio cruel.

MEIO INSIDIOSO
Veja que o meio insidioso é aquele disfarçado, que a vítima nem tem como se
defender pois nã o percebe. Se o cara enfiar veneno goela abaixo de alguém de forma
forçada nã o é meio insidioso. Se este veneno, no entanto, causa padecimento, vira meio
cruel (e qualifica o homicídio, portanto, por MEIO). Trata-se de recurso dissimulado
utilizado pelo agente, e nã o a sua forma de agir.
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Nã o confundir com o já tratado MODO INSIDIOSO (dificulta defesa da vítima).


Neste é abordado o modo da atividade executiva do crime. O meio insidioso é o veneno, o
modo é usar de relaçã o marital para depositar um veneno na comida do cô njuge.

PERIGO COMUM
O título 8 cap 1º define os crimes de perigo comum nos art 250 a 257. Se conduta
resulta perigo comum, autor responde pelos dois em concurso formal: HQ e causaçã o de
perigo comum.

Nã o se pode confundir o dolo, no entanto. Matar utilizando meio que cause perigo
comum é diferente de querer apenas causar o perigo comum.

MEIO CRUEL
É aquele que causa sofrimento desnecessá rio. Trata-se de meio bá rbaro,
martirizante, impetuoso. Revela sadismo, brutalidade fora do comum.

Nã o qualifica o crime o meio cruel empregado apó s a morte.

Dependendo do caso: veneno socado à força na goela, fogo ou explosivo podem


constituir meio cruel (i.e. atear fogo em um mendigo).

MODOS QUALIFICADORES (INC. IV)

Como os demais, os modos qualificadores consistem em rol exemplificativo (nã o


exaustivo) de emprego de modos que dificultem ou impossibilitem a defesa da vítima.

TRAIÇÃ O
Modo sorrateiro, inesperado. Por exemplo, pegar pelas costas. Ocultaçã o moral ou
física da intençã o do agente. Caracteriza-se pela DESLEALDADE.

Se vítima pressentir a intençã o do agente, nã o será traiçã o, tampouco se houver


tempo para fuga.

EMBOSCADA
Pegar de surpresa, a tocaia, a espreita. Agente se esconde para surpreender a
vítima com ataque indefensá vel. Dificulta ou impede a defesa da vítima.

É crime PREMEDITADO, pois há planejamento anterior com relaçã o ao local e


pró ximos passos da vítima.

DISSIMULAÇÃ O
Modo disfarçado de agir. Por exemplo: vestir roupa da COPEL para se aproximar
da vítima, fingir-se de amigo, iludir a vítima etc. Modalidade da surpresa, pois visa pegar a
vítima desprevinida.

SURPRESA
Similar à traiçã o, constitui ataque imprevisível, imprevisto e inesperado. É
necessá rio que a vítima nã o tenha razã o para suspeitar da ou esperar pela açã o.
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RECURSO QUE DIFICULTE A DEFESA


Que tenha característica similar aos exemplos citados. Ou seja, o elemento-
surpresa (vítima estar desprevenida). Existe para facilitar que haja encaixe no tipo, caso
nã o seja possível encaixar a açã o nos exemplos citados.

FINS QUALIFICADORES – INC. V

Ocorre quando o homicídio é envolvido diretamente com outro crime. Pode


ocorrer:

1 – Para cometimento ou asseguramento de cometimento de outro crime. Por


exemplo, invasor de uma casa mata o proprietá rio para garantir o crime furto. O crime que
se pretende assegurar nem precisa vir a ocorrer por desistência ou circunâ ncia alheia à
vontade do agente.

2 – Para ocultar outro crime (já praticado mas desconhecido). Ex. Matar fiscal da
receita para ocultar sonegaçã o fiscal já cometida.

3 – Assegurar impunidade: crime anterior já cometido, mas cuja autoria é


desconhecida. Ex. Matar testemunha do crime anterior.

Nos itens 2 e 3 a finalidade do agente é destruir provas ou nã o receber sançã o por


crime cometido.

4 – Vantagem de outro crime: agente quer tirar vantagem de crime anterior. Ex.
agente mata comparsa quando dividem a grana de furto anterior. Neste caso o agente visa
obter vantagem de comportamento delituoso.

- Nã o se consideram as contravençõ es no inciso V, mas, elas podem qualificar o


homicídio por motivo fú til.

- Pode ser cometido em interesse pró prio ou de terceiro.

- Crimes sã o puníveis em concurso MATERIAL.

- Mesmo se extinta a punibilidade do outro crime, aplica-se esta qualificadora. É


irrelevante se o homicídio for praticado antes ou depois do outro crime, aplicar-se-á esta
qualificadora.

HOMICÍDIO CULPOSO

§4º: aumento das penas nos HC.

- Inobservâ ncia de regra técnica: nã o confundir isto com imperícia. Na


inobservâ ncia, o sujeito é apto a agir, mas nã o o faz conforme manda o figurino (vá lido
para profissõ es que possuam regras técnicas definidas). Parte da doutrina entende que o
sujeito nã o precisa ser profissional da á rea, parte entende que precisa.

- Nã o prestar socorro imediato: o agente deu causa ao resultado do homicídio


culposo e nã o presta socorro que a vítima necessita.
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- Nã o procurar diminuir consequências do ato: é uma especializaçã o da omissã o de


socorro (nã o ajuda a vítima nem comunica a autoridade).

Ainda a lei fala sobre fuga, mas isto é burrice do legislador, pois nã o há flagrante de
homicídio culposo e há fiança etc.

O final do pará grafo, falado em homicídio doloso, foi colocado em funçã o do ECA e
Estatuto do Idoso.

§5º - perdã o judicial: é a situaçã o em que a ocorrência já causa sofrimento ao


agente, e este sofrimento é considerada sua suficiente puniçã o. Ex: pai que mata
culposamente o pró prio filho.

ART 122 – INDUZIMENTO E INSTIGAÇÃ O AO SUICÍDIO

Autor é quem realiza o tipo penal, é o que mata, é o que subtrai, é o que pratica a
conjunçã o carnal, o partícipe é aquele que tem uma funçã o secundá ria, ex.: é praticado um
furto, eu nã o sou aquele que rouba, mas sou aquele que estou no carro para a fuga, logo,
funçã o secundá ria – partícipe.

A melhor forma de uma pessoa participar de um crime é auxiliar a pessoa


moralmente. Claro que a pessoa que participa tem que ter dolo. Se ele induzir alguém (ex.:
brigo com o vizinho e conto pra minha mulher, ela fala: pq vc nã o mata ele?), a mulher
responderá pelo mesmo crime que o meu, mesmo sendo participe. Instigar é eu chegar pra
minha esposa e falar: vou matar o meu vizinho, e ela falar: por que ainda nã o o fez? E
Auxiliar é o mesmo que a pessoa me arranjar meios para matar o vizinho, a esposa me dar
a arma para assassinar o vizinho.

Cuidado, entã o, para diferenciar a conduta principal do autor (art 122) e do


partícipe (art 29). Ex. a roleta russa enquadra-se no 122, logo, todos os participantes
respondem.

No 122 você nã o pratica atos de execuçã o para a morte, você só participa


moralmente ou materialmente, ex.: Brincamos de roleta russa, estamos em 6 pessoas, e no
revó lver há apenas uma bala, uma hora explode e a pessoa morre, as pessoas se
enquadram no Art. 122, agora digamos que o gatilho esteja muito duro e uma das pessoas
peça auxílio e bem essa pessoa morre, a pessoa que ajudou responde pelo Ar. 29, mas os
demais respondem por 122.

INFANTICÍDIO
Direito Penal 4 - Parte Especial

A vida começa a ser protegida com o parto, sendo que o infanticídio é uma variaçã o
desta proteçã o. Este crime tem contornos pró prios e se trata de um crime autô nomo
independente.

A proteçã o é o nascente, ou neonato, que a mulher deu à luz.

Provindas de circunstancias eminentemente subjetivas, sendo a pena 6 a 12 em


pena simples e 12 a 20 no especial.

BEM JURÍDICO

VIDA durante o parto ou logo apó s, se tutela entã o a criança que esta nascendo
durante o parto, o nascente, ou o que acabou de nascer, o neonato.

Sujeito ativo – somente a mã e pode praticar o crime, sem terceiros participando.

CRIME PRÓ PRIO

Exige condiçã o especial, é um crime que só a mãe pode praticar.

CONCURSO DE PESSOAS (ART 30)

(Ao consultar a doutrina, nã o concordo muito com o que o professor falou)

Autor  teoria restitiva: é quem faz a açã o (i.e. quem atirou).

Teoria do domínio do fato: é o autor intelectual, o mentor (art 62). É agravante.

Partícipe = auxílio moral ou material.

Concurso de pessoas é divisã o de trabalho. Se nã o houver isto, nã o é concurso, mas sim,


co-autoria.

1º a mãe mata o pró prio filho durante o estado puerperal, cometendo o


infanticídio.

2º a mãe mata e o terceiro auxilia a mã e a matar, a conduta principal é da mã e, mas


o terceiro só auxilia ela a matar, a mãe se encaixa no 123, mas o terceiro se encaixa no 121,
essa era a corrente antiga que hoje esta em desuso, mas hoje, por ser elementar, aplica-se
o art. 123 (fundamento art. 30).

3º a mãe mata o filho com dolo e o terceiro também mata, a mãe comete o
infanticídio, já o terceiro cometeria o 123 também, pois foi elementar.

4º o terceiro mata a criança e a mã e auxilia, sobre o estado/ influencia puerperal


auxilia moralmente ou materialmente, a conduta seria a de os dois cometerem o 123. Ou
seja, em todos as 4 hipó teses aplica-se o 123, mesmo sendo mais injusto aplicar o 123 para
o 3º.

SUJEITO ATIVO

Somente a mã e, sem terceiros interrompendo.


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SUJEITO PASSIVO

O nascente ou neonato.

ELEMENTO OBJETIVO/ DESCRITIVO

Matar – é o verbo que indica seifar a vida de alguiém, no caso, o filho que acabou de
nascer, de todas as formas possíveis que se imagine, seja sufocando, seja esfaqueando seja
atirando nele (FAZER).

Atençã o para omissã o penalmente relevante. Se a mãe tem por obrigaçã o de fazer
(por lei ou por omissã o na posiçã o de garante), e nã o o faz, logo, pode rolar infanticídio
por omissã o, ex.: NÃ O ALIMENTAR A CRIANÇA – NÃ O FAZER.

O que é o estado puerperal (alteraçõ es psicossomá ticas que a mulher pode sofrer
antes, durante ou apó s o parto, sendo que a mã e vai ter uma diferença abrupta no seu
temperamento e apenas a medicina vai poder falar se é ou nã o estado puerperal):
influencia a mã e em matar. Nã o confundir com dolo. As duas coisas se combinam: dolo +
estado puerperal. Se nã o rolar AMBOS nã o há de se falar em infanticídio. O estado
puerperal é uma expressã o médica, pois é elemento normativo do tipo penal de cunho
extra-jurídico. Consiste em alteraçõ es psicossomá ticas pelas quais pode passar uma
mulher. Segundo a medicina, os índios nã o possuem este estado.

Hipó teses:

 Uma mã e acaba de ter um filho, mas elas nã o tem estado puerperal, se ela mata,
ela cometeu o crime de homicídio.
 Se ela mata sobre o Estado puerperal, ela terá que ser influenciada por conta
disso para matar. Mas digamos que ela tenha o filho, mas tentou aborto, nã o
conseguiu, na hora que ela tem a criança a mata, pois ela sempre teve essa
vontade, logo ela responde por homicídio.
 Agora digamos que a mãe teve a criança, mas mentalmente fica doente por
causa desse parto e mata a criança. Ela nã o queria isso, mas por conta dessa
doença que a deixou incapaz, ela nã o responde (Art. 26).
 Se ela nã o fica incapacitada, ela só fica com a capacidade laborativa reduzida,
ela responde por infanticídio, mas com pena reduzida.

O momento do crime (elemento normativo temporal) é essencial. Deve ocorrer


durante ou logo apó s o parto. Este se inicia com o rompimento da bolsa. Mas, a
jurisprudência alargou o “logo apó s”, sendo que este deve combinar com o tempo em que
persiste o estado puerperal. Este estado acaba quando a mulher inicia os afagos com a
criança.

ELEMENTO SUBJETIVO

Dolo – a vontade de matar o pró prio filho.

CONSUMAÇÃ O E TENTATIVA
Direito Penal 4 - Parte Especial

É um crime instantâ neo, é um crime material, bem como o homicídio, consuma-se


com a morte.

Tentativa – perfeitamente possível, mas se houver circunstancias alheias a vontade


da mã e que a impeça de mata-la (a criança), ai é tentativa.

Digamos que a mã e tem o filho só que a enfermeira trá s uma outra criança por
engano, e a mã e mata achando que era a dela, responde por infanticídio. Agora digamos
que a mã e esta no estado puerperal, mas sem querer e sem vontade derruba a criança sem
querer e ela morre, uma das correntes falaria que é homicídio culposo, pois nã o se tem
onde achar qual é o verdadeiro resultado entã o colocaram como culposo. A outra corrente
falaria que o fato é atípico, mas tem todos os requisitos para ser infanticídio, só faltando o
elemento dolo, por isso fato atípico.

Com isso ela receberia o perdã o judicial.

PENA

2 a 6 anos. Crime de açã o penal pú blica incondicionada. Se a promotoria souber, já


pode dar início à açã o.

ALGUMAS COMPLICAÇÕ ES

- Gêmeos univitelinos: 2 crimes (sã o duas vidas).

- Mã e fora do estado puerperal: nã o é infanticídio, é homicídio.

- Mã e na maternidade recebe o filho errado, achando que era o seu e o mata. Erro
sobre pessoa. Considera-se infanticídio, pois a mã e queria matar seu filho, entã o, responde
por isto.

- Mã e obesa se mexe, derruba a criança e a mata. Mãe em estado puerperal, mas


nã o há dolo: alguns autores dizem que é homicídio culposo, por falta de outra opçã o para
classificar. Como é algo atípico, pode-se pedir arquivamento do processo por atipicidade.

Cená rios:

1 – Mãe mata filho sobre influência do estado puerperal: art 123, infanticídio.

2 – Mãe faz tudo aquilo (acima) com auxílio de terceiro. O terceiro é partícipe.

Para mã e aplica-se o 123.

3º: aplica-se o art 30, já que a influência do estado pessoal é ELEMENTAR DO TIPO
e se comunica. Logo, ele responde por infanticídio também.

3 – Mãe mata com ajuda de 3º. Como ambos matam, é coautoria.

Para mã e aplica-se o 123 - infanticídio.

3º: aplica-se o art 30, já que a influência do estado pessoal é ELEMENTAR DO TIPO
e se comunica. Logo, ele responde por infanticídio também.

4 – 3º mata filho com auxílio da mãe:


Direito Penal 4 - Parte Especial

3º Homicídio qualificado (no exemplo, professor falou de asfixia, que é


qualificadora).

Mã e: infanticídio, embora haja divergências. Há autores que dizem que é 121 + 29


par. 1º - homicídio qualificado por asfixia com diminuiçã o de pena. Posiçã o injusta, pois,
mã e como partícipe poderia ter pena maior que como autora.

Quando o parto é por cesariana, o parto começa a se dar quando se faz a primeira
incisã o, enquanto nada se faz, mesmo que já tenha sido dado até os anestésicos, foram
feitos apenas atos preparató rios.

ABORTOS (CP 124, 125, 126 QUALIF. 127)

Aborto natural: mulher aborta involuntariamente;

Aborto acidental: mulher é levada ao aborto por algum acontecimento, i.e. queda.

Aborto social: controle da prole muito grande (apenas em alguns ordenamentos


jurídicos);

Aborto sentimental: feto resulta de estupro.

Aborto criminoso - Só se pune quando o ó vulo fecundado se aloja na membrana


uterina.

Eugenia = purificaçã o da raça, onde o feto apresenta lesõ es físicas ou psíquicas


irreversíveis que tornem a vida extrauterina inviá vel.

Em consequência disso nosso có digo trata do auto aborto, o aborto sem o


consentimento da gestante e o aborto com o consentimento da gestante. Todas as
situaçõ es de aborto de fetos anô malos sã o punidas, com ressalva à anencefalia. Um caso
deste foi parar no STF em 2004, deu todo aquele rolo e uma lei (de ó rgã os e tecidos – Lei
9434/97, Art. 3º) foi usada para julgar o mérito da causa (aborto de anencéfalo),
considerando que nã o há vida em um feto anencefálico: isto nã o pode excluir a tipicidade
(nã o há vida), mas, por outro lado, pode excluir a culpabilidade, pois nã o se pode punir
uma mulher que tem que carregar por 9 meses um feto fadado a morrer.

O Crime é uma conduta e a conduta é uma manifestaçã o de vontade, logo, pessoa


jurídica nã o pode cometer crime. Crime é uma conduta típica, se encaixa no modelo de
ticidade, tem juridicidade e é culpá vel.

A culpabilidade tem 3 elementos: a imputabilidade (maior de 18 anos); potencial


consciência da ilicitude (ser capaz de pensar por si só ); exigibilidade de conduta diversa
(ele poderia ter feito outra coisa naquele momento? Sim, entã o é culpado).

O nome que o CP dá ao ser em evoluçã o é pessoa, pois segundo o título é dos


“crimes contra a pessoa”.

Art 124: auto-aborto ou com consentimento.

LEGISLAÇÃO –CP 124 a 128

Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho


provoque:
Direito Penal 4 - Parte Especial

Pena - detenção, de um a três anos.

Aborto provocado por terceiro

Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:

Pena - reclusão, de três a dez anos.

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:

Pena - reclusão, de um a quatro anos.

Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é


maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o
consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência

Forma qualificada

Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são


aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios
empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de
natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe
sobrevém a morte.

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:

Aborto necessário

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de


consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante
legal.

BEM JURÍDICO TUTELADO

Vida do ser em evoluçã o e a vida da gestante. É um crime de mã o pró pria.

O Có digo Penal trata o ser em evoluçã o como pessoa.

SUJEITO ATIVO

CP 124: é um crime de mã o pró pria (mã e), pois só ela pode consentir que outro lho
provoque, sendo que se o médico fizer o aborto a mã e responde pelo 124 e o médico pelo
126, pois ela consentiu que outro provocou.

CP 125 e 126: aplica-se ao terceiro, e nã o à mã e, sã o crimes comuns pois qualquer


pessoa pode praticar o aborto.

Todos estes três artigos aceitam participaçã o (auxílio moral, ajuda).


Direito Penal 4 - Parte Especial

Co-autoria: só no 125 e 126 aceitam como participaçã o em sentido estrito (ex.:


chega uma cliente e fala que quer fazer o aborto e disse que me dá 100 mil por isso. Eu
chego em casa e conto pra esposa, a hora que ela fica sabendo do valor, fica aloprando a
cabeça dizendo pra fazer... existe co-autoria)

O 124 nã o aceita co-autoria no auto-aborto, e no caso do seu consentimento,


aplica-se a disposiçã o do art 126. Logo:

124 = pune gestante.

125 e 126 = pune terceiro, defendendo a gestante.

ELEMENTO OBJETIVO

Conduta comissiva = bater na barriga com o feto dentro, colocar uma sinta apertada para
sufocar o feto no ú tero, injetar veneno etc.

Pode haver conduta omissiva? Pode, exemplo: o médico recomenda ela a tomar um
determinado remédio e ela se nega - mulher sangrando nã o procura auxílio médico, ou o
médico, na posiçã o de garante, nã o para o sangramento. A omissã o deve ser penalmente
relevante. Ou o médico recomenda ela ficar em repouso e ela ficar correndo no parque.

Aborto é um elemento normativo, começando a gravidez quando há a junçã o dos gametas


masculinos e femininos, ocorrendo a nidaçã o, que é quando o feto gruda na parede do
ú tero.

ELEMENTO SUBJETIVO

Nã o há previsã o legal de aborto culposo, exceto quando a mã e é lesionada


gravemente por alguém e esta vem a perder a criança por culpa do agressor, logo ela nã o
responde, respondendo apenas o agressor por lesã o corporal seguida de morte.

CONSUMAÇÃ O E TENTATIVA

Admite tentativa, exceto no auto-aborto (coisa de política criminal, para a mulher


nã o tentar novamente ao ser punida). O crime se consuma com a morte do feto, dentro ou
fora da mulher, se por circunstancias alheias ao agente ela nã o consegue praticar o aborto,
ela entra na condiçã o tentada.

AÇÃ O PENAL

Pú blica e incondicionada. Todos os crimes contra a vida assim o sã o. O legislador


nã o estabelece requisitos para que ela ocorra.

Em outros tipos de crime, a lei pode demandar representaçã o, em que a vítima


deve se manifestar para que o advogado entre com a açã o.

GRAVIDEZ

- Molar/Tubá ria: feto nã o está alojado no ú tero. Logo, se for abortado, nã o é crime.
Direito Penal 4 - Parte Especial

- Gêmeos: depende do dolo. Logo, se nã o souber que eram gêmeos, é só um crime


(a aná lise do elemento subjetivo).

Logo, sempre leve em consideraçã o o conhecimento do estado de gravidez + dolo

Exemplo 1: O sujeito chuta a barriga da grá vida. Responde por aborto.

Exemplo 2: cara torce dedo da grá vida, ela cai e aborta. Responde por lesã o
corporal gravíssima seguida de aborto de forma culposa.

Prado: TH com relaçã o à mãe, aborto com relaçã o ao filho.

Noronha: TH com relaçã o à mãe, H com relaçã o ao filho.

(TH = tentativa de homicídio, H = homicídio).

Exemplo 3: O sujeito atira em uma grá vida, que é hospitalizada. O feto nasce de
parto normal, mas morre alguns dias depois em decorrência dos ferimentos sofridos
enquanto feto. O sujeito sabia da gravidez. Responde por homicídio e aborto.

Exemplo 4.: O sujeito passa o pé na grá vida e ela cai, mas ele nã o sabia que ela
estava grá vida. O sujeito responderá apenas por lesã o corporal.

Exemplo 5: Agora digamos que o cara atira na mulher, sabia que ela estava gravida,
ela é salva, dez dias depois nasce a criança com vida, e cinco dias depois a criança morre
por causa das lesõ es sofridas pela mã e. A mãe sofreu tentativa de homicídio e a criança
sofreu aborto consumado.

O 127 só pune o terceiro causador. Traz resultados agravadores. Sã o crimes preter


dolosos. Tem que haver culpa (≠ dolo), pois nã o pode ter querido a morte da mulher.

O 129 e aplicá vel se resultar lesã o corporal grave da gestante. O aborto, por si só , é
considerado uma lesã o grave, mas legislador pensa em uma lesã o extraordiná ria.

Os crimes preter dolosos (art 19) consistem em resultado qualificador. Se houver


lesã o corporal grave ou morte, o crime está consumado. Nã o se fala em tentativa. (Ex: cara
queria estuprar, mas bate na vítima até a morte).

Exemplo: médico anestesia mulher para fazer o aborto, e esta morre por choque
anafilá tico. Polícia chega e salva o feto. Responde o médico por homicídio consumado (e
nã o tentativa).

ABORTO NECESSÁ RIO (CP 128)***

Nã o se pune o aborto provocado por médico, mas há condiçõ es, tem que haver a
ausência de culpabilidade, pois NÃ O SE PUNE O ABORTO, mas pode-se punir sim o médico.

Aquele que houver risco de vida da gestante, médico pode fazer. Se for risco à
saú de dela, legislador entende como estado de necessidade, nã o demandando autorizaçã o
judicial. O 128 é excludente de antijuridicidade. Mas o 128 só fala do médico. E a parteira?
Ela age em estado de necessidade também (nesta situaçã o), logo, nã o é culpá vel – Art. 24.
Direito Penal 4 - Parte Especial

O 128, II trata aborto em gravidez resultante de estupro. Demanda consentimento


da gestante ou de seu representante legal se ela for incapaz. O estupro contempla também
outros atos libidinosos? A melhor doutrina entende que sim. Lei 12015/09 juntou o
estupro e atos libidinosos no termo estupro. Isto encerrou esta discussã o. Nã o demanda
autorizaçã o judicial, porém, médico tem que tomar algumas cautelas: pode pedir para 2
testemunhas para mulher declarar o fato (estupro) ocorrido, ou fazer tal declaraçã o em
escritura pú blica. Ou pedir BO, açã o penal, comunicaçã o com outras testemunhas (pais,
irmã os etc). Neste caso, constitui erro de tipo (CP 20), excluindo culpabilidade do médico
caso ele tenha sido ludibriado (nã o foi estupro), por nã o haver aborto culposo, nada
ocorre com ele.

CAPÍTULO II: DAS LESÕ ES CORPORAIS

CP 129, caput: lesõ es leves. Lei 9099/95 – crimes de natureza leve: comporta benesses
desta lei.

Grave 129 §1º

Gravíssima: 129 §2º.

Seguida de morte: 129 §3º.

Culposa: 129 §6º

Nã o esquecer da lesã o corporal decorrente de aborto provocado por terceiro.

Consentimento do ofendido: para alguns afasta a tipicidade, outros, a antijuridicidade.


Mas, só vale para lesã o simples/leve, condutas terapêuticas (onde nã o há dolo na lesã o),
exercício regular de direito (ex. desportos), desde que se aja dentro dos limites. Se houver
dolo no ato que extrapolou os limites, é lesã o corporal.

Art. 129. Ofender a integridade corporal (olhos roxo etc) ou a saú de (a parte fisioló gica –
ó rgã os) de outrem:

Somente o médico poderá falar se houve ofensa a integridade física da pessoa.


Podiamos falar que o có digo trabalha da seguinte forma:

 Lesã o corporal leve – Art. 129, Caput


 Lesã o Corporal Grave – Art. 129, § 1º
 Lesã o corporal Gravíssima - Art. 129, § 2º
 Lesã o corporal Seguida de Morte - Art. 129, § 3º…
 Lesã o corporal Culposa – Art. 129, §6º

Quando o sujeito se auto lesionar, para nã o servir ao exército, marinha ou


aeroná utica, sendo este um meio para atingir um fim.

Na lesã o leve, o entendimento é de que nã o há crime algum com consentimento. Já


nas graves, se o agente tem interesse/ dolo de cometer aquele determinado ato, ai já se é
outro caso. Se for grave:

Ex.: A pessoa nã o gosta do meu dedo, eu reparo e dou minha mã o para cortar o
dedo fora. Ela faz, mesmo com o consentimento do ofendido ele responderá .
Direito Penal 4 - Parte Especial

No furto, roubar uma caneta é insignificante, da mesma forma como lesõ es, se for
leve, tranquilo, nada acontece, pois será classificado como insignificante, afastando-se,
desta forma, da tipicidade.

Qualquer pessoa pode cometer o crime de sessã o corporal.

BEM JURÍDICO TUTELADO

Integridade corporal, saú de.

SUJEITO ATIVO

Trata-se de crime comum, pois qualquer um pode praticar.

SUJEITO PASSIVO

Homem ou mulher, com exceçã o ao caso de aborto, cujo SP será especial: a


gestante. Na relaçã o de parto e quando surge o aborto.

ELEMENTO OBJETIVO

Qualquer ofensa que ofenda a pessoa fisicamente constitui o crime de lesã o


corporal, lesã o leve é aquela que nã o tem um resultado negativo. Faz-se por exclusã o: É
gravíssima? Nã o. É grave? Nã o. Entã o é leve.

Pelo at. 127, o agente agiu com dolo de aborto, tendo um qualificador, que é o dolo,
tendo o resultado qualificador que é o Art. 129, §1º e §2º. Sempre tterá o elemento culpa,
mas pode haver o dolo. CULPA ESTARÁ SEMPRE PRESENTE.

Lesão corporal de natureza grave

§ 1º Se resulta:

I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;

Incapacidade é a falta de capacidade. Ocupaçã o habitual é o que você faz


habitualmente (ex.: nó s alunos comparecendo a faculdade – se sofrermos algum acidente
em que fiquemos afastados por mais de 30 dias, ai é grave). O aposentado também se
aplica isso. Tudo que ele faz, se impossibilitado por 30 dias, é grave. Agora se a pessoa for
assaltante, levar uma surra e nã o poder assaltar ninguém por causa disso, por 30 dias ou
mais, nã o se trata de lesã o de grave.

II-

III -

Ex.: Existia um homem que tinha apenas um dente, mas um dia, em uma briga, ele
levou um soco que acarretou na quebra do dente.
Direito Penal 4 - Parte Especial

IV – aceleraçã o de parto

É você antecipar algo antes do tempo calculado, mas tem que a coisa antecipada
estar em condiçõ es funcionais. Ex.: o homem bate na barriga na mulher, mas dai ela entra
em trabalho de parto antes do tempo pensado. O bebe tem que sobreviver para nã o fazer
aborto. Comporta dolo. Ex.: médico faz pressã o na barriga, ele tem que saber exatamente o
que esta fazendo, caso bote em risco a vida da gestante e do bebe, ai entramos no aborto.

Art. 129, § 2º - lesã o corporal gravíssima

Quando o có digo fala para o trabalho, ele fala de trabalho em forma genérica, e nã o
específica ao trabalho que a vítima realiza (piano – dedos, dentista – mã os). Claro que essa
é uma das correntes possíveis, há outras duas, uma que se prende a apenas o serviço/
atividade exercitada entre as pessoas. E outra que se limita a algumas atividades que a
pessoa realiza com maior frequência e também atividades genéricas que nã o se prendem
apenas as atividades cotidianas. (professor nã o se importa com a corrente escolhida, mas
acredito que ele visa mais a corrente que é genérica).

Enfermidade incurá vel – processo patoló gico, em que naquele momento a


medicina nã o tem condiçõ es de curar aquela determinada doença. Ex.: Aids – onde a
pessoa tem o intuito de ofender a pessoa (≠ de matar).

perda ou inutilizaçã o do membro, sentido ou funçã o – Inutilizaçã o é quando aquele


determinado membro do corpo da pessoa, em face da atividade dolosa, fica inutilizada.
Perda se remete aos membros (mã os, pés, braços, pernas etc) e funçã o é o ó rgã o. Perda se
dá por ablaçã o ex.: foice, onde a pessoa perde parte da mã o por exemplo, mas acaba tendo
que amputar a mã o inteira - ablaçã o.

Deformidade permanente – longo/ duradouro. Sendo que a deformidade é a lesã o


corporal de relativa monta que causa constrangimento/ desconforto para quem vê e
humilhaçã o para quem sofre aquela lesã o corporal, verificando as características da
pessoa (idade, cor, sexo da pessoa). Ex.: Olho vazar – ter o olho branco, que é uma
deformidade permanente. Aqui se a vitima se submeter a cirurgia corretora, e corrigir de
fato, ai cai a qualificadora.

Necessidade de fazer diferença na vida da pessoa aquela determinada


deformidade. Ex.: Marcar a ferro as pernas de uma modelo.

Aborto – o agente criminoso pretende e agride uma mulher gravida e ela perde o
feto, e ele nã o pode agir com dolo direto e eventual, caso contrario é dois crimes aborto e
lesã o corporal.

Art. 129, § 3º “Lesã o corporal seguida de morte”

Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado,


nem assumiu o risco de produzí-lo – Consagra o homicídio preter doloso, traz o conceito de
dolo do Art. 18, III – onde nã o se queria o risco produzido.

A diferença entre homicídio e Lesã o corporal seguida de morte é que o homicídio


houve o dolo enquanto que Lesã o corporal seguida de morte nã o se teve a intençã o de
matar.

Art. 129, § 4º
Direito Penal 4 - Parte Especial

Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Lesã o corporal privilegiada, ex.: homem estupra a filha, ou é provacado no bar, ai o


juiz poderá escolher a pena que será aplicado.

Art. 129, § 5°

O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de
multa, deduzentos mil réis a dois contos de réis:

Pode substituir por multa.

 se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior – se juiz achar que houve
motivaçã o social de alto valor ou provocaçã o.
 se as lesões são recíprocas – as duas partes sofrem lesã o corporal, onde o
homem agredindo a mulher, e ela para se defender o arranha.

Art. 129, § 6°

Se a lesão é culposa

É nã o fazer a prévia verificaçã o de algo que poderia ter sido avaliado e previsto
antes de ocorrer de fato. Ex.: Bater o carro por atravessar a preferencial e a pessoa se
ferir.

Art. 129, § 7º

Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art.
121 deste Código

Fugir do flagrante.

Art. 129, § 8º

Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.

É o mesmo que o perdã o judicial, onde a pessoa é atingida de forma tã o grave que a pena
torna-se desnecessá ria.

Art. 129, § 9º

Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou


com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:

Violência é aquela que nã o resulta em lesã o corporal, agride mas nã o fica marcas.
Ex.: chuta a mulher enquanto ela faz comida, mas nã o fica marcas. Bater nas palmas da
mã o etc. Agreçã o é contra uma dessas pessoas ou com quem você conviva, ou tenha
convivido, praticando essa violência domestica dentro ou fora do lar. Ex.: Fui casado com
uma mulher, mas nos separamos. Passado um tempo vou lá e bato nela, me enquadro
nesse Art.. Pode ser também com empregada doméstica, caseiro, motorista, jardineiro etc.
coabitaçã o é viver em mesmo teto (repú blica). Hospitalidade é convidar alguém para algo
nã o sendo apenas passar um tempo em baixo do mesmo teto.
Direito Penal 4 - Parte Especial

§ 10.

Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o


deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).

Pode ser qualquer uma das penas citadas em artigos, mas se se enquadrar com o §
10, acresce 1/3.

§ 11.

Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido
contra pessoa portadora de deficiência.

Essa deficiência pode ser física ou mental, mas algumas pessoas dizem que pode
ser qualquer deficiência. Professor acha que deve ser apenas aquela que faz com que a
pessoa nã o possa se defender.

ELEMENTO SUBJETIVO

Dolo de ofensa ao bj tutelado. Se nã o for este o dolo, podemos ter crime de


homicídio. Isto é importante para separar homicídio doloso, culposo e lesõ es corporais.

CONSUMAÇÃ O/TENTATIVA

Consumaçã o: crime demanda ofensa.

Tentativa: doutrina sustenta que nã o há . Mesmo porque o crime brando nã o vai


dar nada mesmo (i.e. vítima desvia do soco).

QUALIFICAÇÃ O PELO RESULTADO

Tratam-se de crimes qualificados pelo resultado, só havendo crime se houver, no


mínimo, culpa, e, obviamente, dolo.

Exemplos:

1) Cara mete tapa na cara da aluna, que sai correndo pelo corredor e quebra
braço ao escorregar e cair. O cara responde pelo tapa.
2) O mesmo cara manda a guria correr, sabendo que o chã o está molhado: “Corre,
senã o bato mais!”. Ele responde pelo braço quebrado.

NATUREZA GRAVE (129, §1º)

I) Incapacidade para exercer ocupaçã o habitual:

Incapacidade = constatada e atestada por médico, com lauda de


incapacidade apó s 30 dias.

Ocupaçã o habitual = aquelas desempenhadas no dia-a-dia: ir para aula, ao


bar, caminhar no parque. Entã o, aposentados, bebês possuem atividades habituais.
Direito Penal 4 - Parte Especial

II) Perigo de vida: deve ser atestada diá ria e fuindamentadamente. Nã o admite
dolo, pois, se houvesse dolo de atentar contra a vida trataria-se de
homicídio.
III) Debilidade permanente de membro, sentido (os 5) ou funçã o. Cuidado!
Aqui se fala de debilidade, e nã o perda! Perda é gravíssima. Nos casos que
houver 2 ó rgã os é debilidade. A aná lise se dá frente ao caso concreto (i.e.
arrancar na porrada o ú ltimo dente de alguém).
IV) Aceleraçã o de parto: entende-se como causa de início do parto (e nã o
aceleraçã o, pois nã o se presume o parto já iniciado). Agora, o troço é
complicado já que é difícil o autor saber causar início do parto sem a morte
do feto.

NATUREZA GRAVÍSSIMA 129 §2º

Sã o 3 correntes para determinar a gravidade da lesã o levando em consideraçã o a


incapacidade laboral da vítima:

1) Deve-se analisar o caso concreto. Se houver desnível salarial, social coma ocupaçã o
que a vítima possa realizar apó s a lesã o é gravíssimo.
2) Leva em conta a incapacidade para o trabalho atual da vítima.
3) (Maioria doutriná ria) se vítima pode exercer qualquer ofício, nã o é gravíssima.

§ 2º, II: enfermidade incurá vel – aceita dolo ou culpa.

§2º, III: perda ou inutilizaçã o de membro, sentido ou funçã o: ablaçã o (que se dê por
mutilaçã o ou ato cirú rgico).

§2º, IV: deformidade permanente: é uma deformidade duradoura, nã o necessariamente ad


eternun. Tem cunho estético de grande monta, causando desconforto a quem o sofreu, e,
atençã o: é em qualquer local.

É relativo, no entanto, pois um corte nas pernas da Claudia Raia é mais grave que
um nas pernas de um peã o de obras.

Se for feita cirurgia reparadora bem sucedida que corrija a deformidade, está
afastada também a qualificadora. Mas, vítima nã o é obrigada a se submeter a tal cirurgia.
Porém, subterfú gios como olhos de vidro, aparelhos de surdez e afins nã o afastam a
qualificadora.

Também a título de dolo e culpa.

§2º, V: se resulta aborto. Crime preter doloso – dolo na lesã o corporal, culpa no aborto.
Trata-se de dolo ou culpa apenas na lesã o corporal. Se agente nã o souber do estado de
prenhez nã o se aplica a qualificadora.

§3º - Doutrina chama de homicídio preter doloso. Ex: cara dá soco na vítima que cai, bate a
cabeça e morre. Pena de 4 a 12.

§4º: reduçã o da pena (LC privilegiada): é repetiçã o do que se diz no homicídio


privilegiado, sendo circunstâ ncias incomunicá veis.

§5º: substitui-se a pena por multa se: lesã o leve, privilegiada ou LC recíprocas.
Direito Penal 4 - Parte Especial

§6º: LC culposa – pena 2m a 1 ano. Para este tipo de LC a açã o penal pú blica era
incondicionada até 95 (exemplo da mulher que derruba prato no pé do marido).
Atualmente, a vítima pode se retratar até o recebimento da denú ncia. Este tipo de lesã o
também pode ser objeto de perdã o judicial (se causar sofrimento ao agente).

§7º: aumenta-se a pena nas mesmas hipó teses de homicídio, a saber:

§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta
de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de
prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato,
ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de
2003)

§ 6o  A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado
por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por
grupo de extermínio.

§ 9º: Violência doméstica. Lei Maria da Penha. Parentesco, relaçõ es domésticas, coabitaçã o
ou hospitalidade. Aplicam-se ao H ou M que seja agente.

Violência é desforço contra o corpo de alguém, que pode chegar à morte, ou LC


(leve, grave, gravíssima), vias de fato (contravençã o penal se violência nã o causa nem
lesõ es). Mas, no local que está, legislador causou descompasso, pois se presume a lesã o
corporal (tem que haver lesã o, logo, legislador nã o está falando de mera violência, mas
sim, de ato que gere lesã o).

Entã o, só tem aplicabilidade este pará grafo se a LC for LEVE, já que o §10º trata as
demais lesõ es (neste pará grafo, as penas sã o aumentadas rm 1/3).

Portanto, temos 2 tipos de lesõ es leves, nas quais se analisam autor e vítima.

Parentesco: ascendente, descendente, irmã o, cô njuge, companheiro ou com quem


conviveu ou tenha convivido.

Relaçõ es domésticas: empregados (domésticas, motorista etc).

Hospitalidade: hó spedes.

Se vítima for deficiente e lesã o for leve em âmbito doméstico, mesmo aumento de
pena (1/3).

LEGISLAÇÃO –CP 124 a 128

Lesão corporal

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Lesão corporal de natureza grave

§ 1º Se resulta:
Direito Penal 4 - Parte Especial

I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;

II - perigo de vida;

III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;

IV - aceleração de parto:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 2° Se resulta:

I - Incapacidade permanente para o trabalho;

II - enfermidade incuravel;

III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;

IV - deformidade permanente;

V - aborto:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Lesão corporal seguida de morte

§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não


quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Diminuição de pena

§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante


valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em
seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de
um sexto a um terço.

Substituição da pena

§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de


detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:

I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;

II - se as lesões são recíprocas.

Lesão corporal culposa

§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)

Pena - detenção, de dois meses a um ano.

Aumento de pena

§ 7o  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das


hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código.        (Redação dada
Direito Penal 4 - Parte Especial
pela Lei nº 12.720, de 2012)

§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. (Redação


dada pela Lei nº 8.069, de 1990)

Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)

§ 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão,


cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido,
ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de
2006)

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela


Lei nº 11.340, de 2006)

§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as


circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a
pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)

§ 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um


terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de
deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)

OMISSÃ O DE SOCORRO (PERIGO DE VIDA OU SAÚ DE)

LEGISLAÇÃO – CP 135

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem


risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida
ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir,
nesses casos, o socorro da autoridade pública:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão


resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

BJ TUTELADO

Vida e saú de. Noronha fala da liberdade de ir e vir. Para ele, se alguém sabe de
cá rcere privado, por exemplo, pode ensejar omissã o de socorro. Mas ele é franca minoria.

SUJEITO PASSIVO

1) Criança abandonada/extraviada = é uma criança perdida. No entanto, há vá rios


entendimentos para entender o que é uma criança:
a. Ter até doze anos – o professor prefere essa definiçã o
Direito Penal 4 - Parte Especial

b. Incapaz de socorrer a si mesma, de se defender (alguém que nunca morou


na cidade, apenas em uma chácara, e vem para a cidade, é criança? nã o
para o professor)
2) Pessoa invá lida
3) Pessoa ferida (caso fortuito)
4) Pessoa desamparada = aquela largada na rua;
5) Pessoa em grave ou iminente perigo = por exemplo, alguém em uma casa pegando
fogo.

ELEMENTO OBJETIVO

Deve-se prestar assistência se nã o incorrer em risco pessoal. Caso se incorra,


chamar a autoridade pú blica. Mas, depende do caso. Se o sujeito passivo estiver muito
exposto (i.e. criança em praia deserta, ela é muito novinha), pode nã o ser aceitá vel sair
para chamar a autoridade. Mas, caso a situaçã o pareça estranha (ex. motoqueiro caído em
rodovia deserta e escura à noite, parecendo cilada) é aceitá vel evadir-se do local para
chamar a autoridade, mas a pessoa nã o pode sair do local se a situaçã o de perigo em que a
pessoa se encontra foi criada por minha causa mesmo.

SUJEITO ATIVO

Trata-se de crime comum, pois qualquer um pode omitir socorro. O tipo nã o exige
condiçõ es pessoais específicas.

Exige a presença física do agente, uma vez que o crime exige um nã o fazer. Mas, há
doutrinadores que admitem mero chamado (nã o estando em posiçã o de garante).

Ex. Médico em plantã o nã o comparece ao ser chamado. Responde por omissã o de


socorro.

Ex2. O “Batô Mú chê” (aquele barco das antigas): capitã o do outro barco foi
chamado e negou socorro.

Ex3: Cara vai ajudar alguém sendo assaltado e é repelido pelo assaltante. Ele
deveria comunicar à autoridade pú blica, logo, trata-se de omissã o.

O pará grafo ú nico diz ainda que caso resulte lesã o corporal grave ou morte, a pena
é aumentada. Agente nã o pode, neste caso, ter posiçã o de garante e nem a situaçã o de
perigo pode ter sido gerada pelo agente, senã o a resposta será por outro crime.

O partícipe é aquele que o auxilia a omitir socorro. Ex.: ligo para um amigo falando
que tem alguém precisando de socorro e ele diz: saia dai, deixe esse cara aí. Meu amigo
seria partícipe do crime.

ELEMENTO SUBJETIVO

Só dolo de perigo, pois vi que havia perigo mas nã o tomei as devidas atitudes que
deveriam ser tomadas –é instantâ neo, nã o aceita tentativa, pois ou presta auxilio ou nã o
presta auxilio, sendo assim omissã o. Nã o existe omissã o culposa.

CONSUMAÇÃ O
Direito Penal 4 - Parte Especial

É um crime omissivo pró prio. Nã o aceita forma tentada. Se consuma com a falta de
ajuda e nã o comunicaçã o à autoridade.

TENTATIVA

Nã o aceita.

DOS CRIMES CONTRA A HONRA

O que é honra? Magalhã es Noronha falava que honra é o conjunto dos atributos
que a pessoa tem perante a sociedade e a auto estima. A honra pode ser dividida em honra
objetiva que é o conceito perante a sociedade e a honra subjetiva, ou seja, a auto estima.
Calunia e difamaçã o sã o objetivas, pois está sujando a sua imagem perante a sociedade
com “falsas” verdades. Injú ria é honra subjetiva, pois afeta a sua auto estima.

Fragoso falava que honra é toda a pretensã o que temos para com a sociedade. Na
honra o sujeito pode decair o direito de queixa, o perdã o judicial é o perdã o do ofendido,
pode-se perdoar quem te ofendeu. E dizia que a discussã o entre honra objetiva e subjetiva
é meramente acadêmica. O professor prefere a divisã o, pois fica mais fá cil a diferenciaçã o
entre os crimes contra a honra.

Os crimes contra a honra é um bem disponível, em que podemos abrir mã o,


diferentemente da vida, que nã o se pode dispor. Os crimes contra a honra deve haver o
consentimento do ofendido***.

O crime é uma conduta típica, antijurídica e culpá vel. Nos novos doutrinadores, o
consentimento do ofendido afasta a tipicidade. O crime de calunia vem definido no có digo,
sendo que o bem jurídico tutelado é: a honra objetiva!

O crime contra a honra e a difamaçã o sã o crimes comuns, fazendo com que


qualquer pessoa possa praticar. No sujeito passivo, nã o há nenhuma indagaçã o a mais se a
pessoa for imputá vel.

Quando se fala em calú nia, se atribui coisas falsas as pessoas, ex.: falar que passei
embriagado em alta velocidade entre a kennedy e West east. Mas isso quando se é maior
de 18 anos. Agora se eu fosse menor de 18 anos, praticaria crime também? Sim, assim
como posso praticar, posso também ser vítima ou fazer de vítima do crime de calunia.

As pessoas jurídicas, podem ser caluniadas? Podem! Ex.: Trabalho para a Pepsi, e
acuso que a Coca Cola de estar copiando minha formula.

Anibal Bruno sustentava que as pessoas jurídicas nã o podem ser vitimas de


calunias na medida que elas nã o podem cometer crimes, poderiam sofrer difamaçõ es.
Hungria dizia: Os capítulos vã o falar de cada uma das possibilidades, dizia que nã o pode
pois o titulo primeiro para falar das pessoas físicas, sendo que nã o só ele defendia esta
tese, mas muitos outros doutriná rios defendem que a pessoa jurídica nã o pode ser
caluniada, mas pode ser difamada – PARA ANIBAL.

Aqui nos remetemos como vítima.

HONRA OBJETIVA: CALÚ NIA (CP 138) E DIFAMAÇÃ O (139)


Direito Penal 4 - Parte Especial

Título 1º - cap V – arts 138 a 140.

Lei 9099/95  pena má xima até 2 anos.

LEGISLAÇÃO – CP 138-139
Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido
como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a
propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Exceção da verdade
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido
não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art.
141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi
absolvido por sentença irrecorrível.
Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua
reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido
é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

Tratam-se de crimes contra a honra das pessoas. As Pessoas Jurídicas também sã o


consideradas como sujeito passivo na visã o de alguns doutrinadores.

Lei 5250/67: Lei da imprensa. Em seus artigos 20 a 22 trata destes crimes ocorridos em
veículos midiá ticos. Mas, STF, em 2012, deixou esta lei de lado por entender que afronta a
CF/88. Logo, toda a ofensa à honra é tratada pelo CP.

HONRA

Pode ser objetiva ou subjetiva. (Conceito importante também para injú ria, vista adiante)

Objetiva = é o conceito que a pessoa leva de frente à sociedade.

Subjetiva = relacionada à sua autoimagem (neste caso é afrontada pela injú ria).

H.L. Fragoso diz que a honra é uma pretensã o do sujeito de respeito que exigimos à
nossa pró pria personalidade.

A calú nia/difamaçã o tratam-se de imputaçã o de fatos falsos. Veremos adiante.

CALÚ NIA

Imputar = acusar/ atribuir


Direito Penal 4 - Parte Especial

Fato (considerado criminoso) = acontecimento/ocorrência criminosa. Tem


que se atribuir um fato, caso contrá rio será o mesmo que injú ria. Esse fato tem que ser
falso, pode ser a respeito de todo o fato, ou seja, pode nã o existir absolutamente nada
daquilo que esta se falando existir, ou pode ter até ocorrido, mas nã o fui eu o autor.

Falso = que nã o é verdadeiro com relaçã o à existência ou autoria

AÇÃ O PENAL

Privada (art 145). Salvo se dele resultar lesã o corporal.

BJ TUTELADO

É a honra OBJETIVA: calú nia 138 e difamaçã o 139.


Lembre-se que a honra subjetiva é afrontada pela injú ria.

SUJEITO ATIVO

Crime comum. Qualquer um pode cometer. Aliá s... encontrar gente para atentar
contra a honra alheia nã o é uma coisa das mais difíceis. Basta ir ao cafezinho da empresa.

§1º - Fofoqueiro: aquele que passa a notícia para frente também é caluniador. Por
meio verbal (propalar) ou em meio de divulgaçã o. Também há as formas disfarçadas:
“Dizem que fulano fez tal coisa...”.

SUJEITO PASSIVO

Imputá veis: se sujeito passivo for imputá vel, sem diferenças.

Inimputá veis:

1) Art 26 e 27: menores ou doentes mentais:


Para os clá ssicos eles nã o podem ser caluniados, só difamados
(corrente minoritá ria).
Atualmente, e isto sã o os majoritá rios, admite-se inimputá veis que
praticam crimes, mas nã o sã o punidos por eles. Logo, podem ser
caluniados.
Hungria: se a honra protegida é a objetiva, nã o importa o
entendimento da vítima acerca da ofensa que receba, portanto, ela
pode sim ser caluniada.

Pessoa Jurídica: maioria doutriná ria sustenta que as PJs nã o podem ser vítimas dos
crimes contra a honra, pois nã o se trata de alguém que possua vida, existência física.
Também dizem que a PJ é uma invençã o jurídica, logo, nã o tem dolo para praticar crimes.

Mortos (só no caso da calú nia).

Doutrina sustenta que consentimento afasta a tipicidade.

CONSUMAÇÃ O
Direito Penal 4 - Parte Especial

Quando chega a alguém da sociedade que nã o o ofendido.

TENTATIVA

Damá sio diz que a calú nia tentada é a escrita. Já Hungria fala que existe tentativa
na fala, mas, como ninguém ouviu, é inó cua, nã o teria como provar, mesmo que
tecnicamente possível.

EXCEÇÃ O DA VERDADE

O caluniador pode se defender caso prove que o que ele disse é verdadeiro. Há,
inclusive, interesse social na soluçã o dos crimes. Se o agente ativo da calú nia provar o
crime que imputou ao caluniado, afasta-se a tipicidade da calú nia, exceto em um dos casos
abaixo, onde é mantida a injú ria sem exclusã o de tipicidade:

I – crime de açã o penal privada se o ofendido nã o foi condenado em sentença


transitada em julgado. Se nã o houve denú ncia em açã o penal privada, nã o há crime.

II – se a calú nia for contra Presidente da Repú blica ou Chefe de Governo gringo.

III – se ofendido for absolvido, mesmo se açã o penal for pú blica.

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Elemento subjetivo

 Vontade de ofender/ de causar dano em alguém.

Se nã o tiver esse elemento, nã o se pode dizer que foi difamaçã o, tem que ser um
fato mentiroso, com o objetivo de ofender. Calunia é um crime de DANO a aquela pessoa, o
conceito que ela tem perante a sociedade, embora possa acontecer de a pessoa nã o se
ofender. A expressã o tem que ter condiçõ es de ofender a honra daquela pessoa.

Consumaçã o e tentativa

 Se consuma quando: tem a probabilidade de a pessoa se ofender. Quando


alguém da sociedade toma conhecimento daquela determinada acusaçã o.

- Divulgaçã o é uma forma mais ampla de propalar, radio, televisã o, tudo isso pode ser uma
forma de passar a informaçã o.

* o caluniador nã o cria a calunia, ele só leva a informaçã o que alguém lhe passou a diante.
É possível caluniar os mortos, sendo que a família é que serã o ofendidos, por isso que se
alguém atribui um crime a minha vó falecida posso processar porque me senti lesado.

* Quando se fala em exceçã o da verdade, se fala da prova da verdade. Quem for processado
por calunia, essa pessoa pode provar a verdade. Se for provado, cai a tipicidade, se
provado nã o é mais calunia.

* Se eu sou amigo de uma guria que perdeu o namorado para outra, e esta que perdeu
xingou a menina e depois disso eu falo pra ela que ela cometeu o crime de injuria, nã o
posso provar nada se a ofendida nã o processou e ganhou a açã o.

* o crime pode ser até de açã o penal pú blica.


Direito Penal 4 - Parte Especial

 Se a pessoa que foi acusada por um crime, e foi absolvida, nã o se pode fazer a prova da
verdade.

Quando a calunia é verbal, nã o se aceita tentativa. Se for escrita, ai poderá haver tentativa
– se interceptada por alguém, ou se chegar ao ofendido.

DIFAMAÇÃ O

Irmã gêmea da calú nia. Logo, o que foi tratado nos itens anteriores também vale
para a difamaçã o em vá rios pontos, nã o vou copiar para economizar papel. Instantâ neo e
unisubjetivo.

Trata-se de imputaçã o de FATO(S) e nã o um conceito. Ex. cara tem caso


extraconjugal é o fato, conceito seria dizer que ele é um adú ltero.

O que o legislador quis é que ninguém bisbilhotasse a vida de ninguém, nã o


importando se o fato é verdadeiro ou falso. (Note que neste caso saiu a palavra FALSO do
tipo de difamaçã o).

Difamaçã o:

Imputar = acusar

Fato ofensivo à reputaçã o = acontecimento/ocorrência ofensiva à


reputaçã o.

Falso = que nã o é verdadeiro com relaçã o à existência ou autoria (nã o


importa se verdadeiro ou falso na difamaçã o, por isto tá riscado).

-------------------------

Se o ofendido for funcioná rio pú blico, e esta estiver relacionada com suas funçõ es, tem o
direito de Estado de que aquilo seja comprovado! Mas tem que estar relacionado com as
funçõ es, ex.: Sai no horá rio de expediente, todos os dias, para ir no boteco beber.

EXCEÇÃ O DA VERDADE

Sociedade nã o tem interesse, via de regra, na apuraçã o e soluçã o do fato imputado


ao difamado pelo difamador. Apenas no caso do difamado ser funcioná rio pú blico, no
cumprimento de suas funçõ es e o fato imputado se relaciona a estas funçõ es. Neste caso,
há interesse do coletivo em solucionar o fato, por isto, admite-se o afastamento da
tipicidade da difamaçã o caso se prove que o fato alegado é verdadeiro.

A doutrina tem duas posiçõ es: 1) apenas admite-se a EV se funcioná rio pú blico
assim o era no momento da difamaçã o. 2) Nã o importa se ele era funcioná rio pú blico no
momento da difamaçã o.

SUJEITO PASSIVO

Sã o atingidos sem distinçã o os imputá veis e os inimputá veis (a diferença dos


inimputá veis com relaçã o à calú nia dava-se por conta de nã o entenderem sua conduta
criminosa). Fato ofensivo a reputaçã o na sociedade. Ex.: A pessoa “x” estava rodando a
bolsinha na rua Riachuelo./ Toda sexta feira a pessoa “y” sai torrada de bêbada do bar trix.
Direito Penal 4 - Parte Especial

HONRA SUBJETIVA: INJÚ RIA

LEGISLAÇÃO – CP 138-139
Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a
injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua
natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça,
cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora
de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de
1997)

BEM JURÍDICO TUTELADO

Honra subjetiva: a autoestima, o gostar de si mesmo.

SUJEITO PASSIVO

A ofensa deve ser dirigida a pessoa ou grupo DETERMINADO, caso contrá rio, se
for dirigido a muitos, nã o se trata de injuria. Trata-se de um conceito, mesmo que
verdadeiro, e nã o a imputaçã o de um fato.

Para se classificar como injuria, a pessoa que recebe a ofensa tem que entende-la. A
pessoa pode ser burra, mas se eu chegar lá e falar que ele é muito burro, e ele se ofender
com isso, isso será tratado como injuria.

Também nã o importa se aquilo é ou nã o verdadeiro. Portanto que haja dano a


honra da pessoa, bastando, em tese, ofender. TEM QUE VIR COM A CARGA DO ELEMENTO
SUBJETIVO.

DIGNIDADE = atributo moral.

DECORO = atributos físicos/ intelectuais.

Doentes mentais = nã o consiste injú ria dependendo de sua falta de entendimento,


porém, se entender e se ofender, trata-se sim de injú ria.

O sujeito passivo pode ser instrumento de injú ria, mesmo que nã o a compreenda,
desde que seja usado como meio para injuriar pessoa ou grupo DETERMINADO. Ex. recém
nascido é usado para injuriar a mãe.

SUJEITO ATIVO
Direito Penal 4 - Parte Especial

Crime comum. Qualquer um pode cometer, logo pode ser qualquer pessoa. Pode
ocorrer de vá rias formas: escrita, verbal, mídia, símbolos etc. Também admite meio
indireto (ex. ensinar papagaio a chamar o vizinho de corno).

OMISSÃ O

Admite-se a injú ria em forma omissa. Por exemplo, menosprezar pela falta de
cumprimento. Mas, a regra é a forma comissiva. Mesmo porque a forma omissiva é difícil
de provar.

IMPORTANTE: relembro que nã o importa se a injú ria é verdadeira. Ofendeu, se


fodeu. O ofendido pode até ser criminoso habitual, nã o importa.

ELEMENTO SUBJETIVO

Requer dois elementos, tendo que o conceito vir com o dolo de humilhar, com a
vontade de menosprezar a pessoa, se nã o vier com essa vontade, entã o ai nã o se trata de
injuria.

Ex.: Dois caras se perderam e foram achados por uma tribo indígena. Na audeia
viram que os índios tinham muitos cachorros. Peguntando o porque, a resposta foi que era
porque havia muita amizade, e a lealdade. O rapaz apontou para o amigo e falou, meu
cachorro para o amigo, aludindo ao significado. Mas depois brigaram e ele chamou o
amigo de cachorro, só que no sentido de ofensa, entã o foi condenado.

Maioria doutriná ria: Dolo específico/especial  humilhar;

Dolo geral  ofender alguém.

Minoria doutriná ria: Dolo geral abarca o específico.

Deve haver o propó sito de ofender, exceto se o ofendido for muito sensível.

CONSUMAÇÃ O

Quando o sujeito passivo toma o conhecimento da injú ria (ofensa), mesmo que ele
nã o se sinta ofendido com ela, pois é um crime que ofende a honra subjetiva. A pessoa tem
que ficar sabendo.

TENTATIVA

Nã o rola! Há autores que discordam desta tese, ex.: xinga o cara de vagabundo, mas
ele é surdo... Mas isso nã o levaria a lugar algum.

140, §1º - PERDÃ O JUDICIAL

O juiz deixa de aplicar a pena:

I - Quando o ofendido provocou a injú ria de forma reprová vel (a pessoa provocou a
injuria e dai a pessoa processa). Esta provocaçã o nã o pode tomar ares de agressã o, pois
isto ensejaria legítima defesa (CP art 25) – ex.: estou acompanhado de uma bela moça, e a
Direito Penal 4 - Parte Especial

pessoa começou a falar que é gostosa, que pegaria também, que isso e aquilo... Ai viro para
ele e peço para ele parar de ser cafajeste. Se a pessoa se sentir ofendida, entã o poderia
processar, mas se eu provasse que ele estava me provocando, entã o seria legitima defesa.

ou

II – Quando se tratar de resposta (retorsã o) IMEDIATA à injú ria anterior – se


pudesse constituir em um outro crime, o có digo teria o feito – ex.: xingamentos trocados,
injú ria em cima de injú ria

Ex.: coloca a pessoa de quatro, monta em cima e da tapas no trazeiro da pessoa.


Tira o paletó de um idoso, vira do avesso e faz a pessoa sair andando pela rua.

A pessoa quer achincalhar o direito da pessoa.

140, §2º - INJÚ RIA AGRESSIVA E VIAS DE FATO

Se a injú ria for agressiva (diz o CP violência), como, puxar barba, cabelo etc, ou seja
muito, muito ofensiva, há cú mulo de penas (3m a 1 ano, somando à pena do crime de
violência).

No caso de resultado lesã o corporal, a açã o é pú blica incondicionada.

Esse é o ú nico caso de crime complexo pois protege dois bens jurídicos tutelados.

Ex.: coloca a pessoa de quatro, monta em cima e da tapas no trazeiro da pessoa.


Tira o paletó de um idoso, vira do avesso e faz a pessoa sair andando pela rua.

A pessoa quer achincalhar o direito da outra pessoa.

AÇÃ O PENAL

Pú blica condicionada.

No caso de LC gravíssima, alguns doutrinadores falam em açã o penal pú blica


condicionada, pois a LC é cumulativa à injú ria – VERIFICAR ISTO, pois no item anterior,
fala-se que a açã o é pú blica incondicionada.

140, §3º - INJÚ RIA PRECONCEITUOSA

Pena de 1 a 3 anos mais multa: injú ria a raças, cores, etnias, religiõ es, origens,
idoso ou deficientes.

A lei 7716/89 define os crimes de preconceito de raça e cor. Ex.: negar emprego
em empresa privada porque a pessoa é de cor negra, por exemplo – tratando o sujeito
passivo de forma genérica. Tutela pessoas indeterminadas, e o CP 140 - §3º tutela pessoas
determinadas. Os juízes desclassificam algumas hipó teses da 7716 para o CP 140 - §3º.

Todo preconceito que temos com relaçã o a qualquer tipo de pessoa cai nesta
injuria. Nã o importa se o fato é verdadeiro, ou se o preconceito é verdadeiro. Se a
objetivaçã o for com relaçã o a cor, etnia e etc., com o intuito/ tom de ofender/ diminuir, ai
sim será crime de injuria.
Direito Penal 4 - Parte Especial

O legislador levou mais em conta a honra da pessoa do que a vida daquela


determinada pessoa.

DISPOSIÇÕ ES COMUNS: CALÚ NIA, DIFAMAÇÃ O, INJÚ RIA

Art. 141. do CP.

Se eu escrevi todos os três crimes contra a honra no título, quer dizer que as
disposiçõ es valem para todos eles. Entã o, nã o viajemos no momento da prova, aqui é tudo
igual para estes crimes!

Diferente de desacato, pois no desacato você esta tentando diminuir a funçã o da


pessoa. Ex.: Policial multa por excesso de velocidade, com isso eu chamo ele de
“policialzinho vadio e vagabundo”, ele pode me dar voz de prisã o por desacato.

MAJORANTES

Sã o vá rias hipó teses. Coloco a explicaçã o junto com o artigo 141.

Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos
crimes é cometido:

R: Há o aumento de 1/3 na pena cominada.

I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro:

R: Autoexplicativo.

II - contra funcionário público, em razão de suas funções;

R: Lembre-se que é em razã o de suas funçõ es, mas, há hipó teses em que se admite exceçã o
da verdade (exclusã o de tipicidade no caso de calú nia e difamaçã o ao provar que o que se
diz contra o funcioná rio, enquanto exercendo funçã o pú blica). A injú ria, nesta hipó tese
pode ser considerada desacato à autoridade pú blica (art 331), que enseja pena de 6 meses
a 2 anos ou multa. Note que no caso do desacato, a pena é maior que a injú ria e também
pode sê-lo com relaçã o à injú ria majorada.

III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da
difamação ou da injúria.

R: Nú mero de pessoas que tomarã o conhecimento da ofensa

IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de


injúria.

R: Na injú ria, esse fato é uma qualificadora

Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-


se a pena em dobro.

EXCLUSÃ O DO CRIME
Direito Penal 4 - Parte Especial

Afasta-se a antijuridicidade da injú ria ou difamaçã o (o có digo nã o fala da


CALÚ NIA), sabe por quê? Como a exceçã o da verdade é aceita, em regra, na calú nia (e na
hipó tese de difamaçã o contra funcioná rio pú blico em razã o de suas funçõ es), e temos o
interesse do Estado que o crime imputado seja solucionado, a calú nia ficou afastada de
TODO o artigo para que seja provada.

Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: - causas justificantes, nã o tendo
antijuridicidade.

I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;

R: Na discussã o da causa, pela parte ou seu procurador. Lembre-se das discussõ es em


plená rio, ou o caso Mércia, em que a defesa alegou que a vítima era uma prostituta. O
estatuto da OAB também trata do tema.

II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca


a intenção de injuriar ou difamar;

R: A critica artística nã o pode ser vista como crime. Ex.: este quadro foi pintado de olhos
fechados, ai nã o pode ser tratado como tal. Agora se falar que foi pintado por um asno, ai é
diferente.

III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação


que preste no cumprimento de dever do ofício.

R: Por exemplo, juiz dizendo a réu que ele é criminoso habitual.

Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe
dá publicidade.

R: Quem fofocou, com propó sito de injuriar/difamar alguém envolvido nestes casos
responde por injú ria. Ou seja, a fofoca dá cana. Responde-se pela ofensa.

RETRATAÇÃ O

Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da


difamação, fica isento de pena.

Note que aqui nã o se fala em injú ria. Significa desdizer, confessar que errou (negar a
autoria NÃ O é retrataçã o). Como calú nia e difamaçã o sã o ofensas à honra objetiva, o
ofensor tem sua retrataçã o aceita pela sociedade. Nã o necessita do consentimento da
vítima.

Nã o é aceita na injú ria, pois pode até mesmo aumentar o problema. Evita-se assim, que o
molho saia mais caro que o peixe.

ESCLARECIMENTOS EM JUÍZO (NOTIFICAÇÃ O JUDICIAL)

Vale para C/D/I

Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem
se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério
do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
Direito Penal 4 - Parte Especial

Se há dú vida sobre ocorrência de C/D/I, pode o ofendido exigir


informaçõ es/esclarecimentos em juízo. Se aceitas explicaçõ es, tudo certo. Se nã o aceitas,
pode entrar com representaçã o contra ofensor.

Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa (petiçã o
inicial), salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.

Os crimes contra honra e que resultem lesõ es corporais leves demandam queixa (a
queixa é demandada pelas LC leves por disposiçã o da lei 9099/99 – açã o penal
condicionada). As LC graves ou gravíssimas, ou até morte, sã o açõ es penais pú blicas
incondicionadas.

Parágrafo único.  Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I


do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II
do mesmo artigo, bem como no caso do § 3 o do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei
nº 12.033.  de 2009) – As 4 exceçõ es.

No caso do Presidente da Repú blica ou Chefe de naçã o estrangeira (majorantes),


mediante requisiçã o do Ministro da Justiça.

Se ofendido for funcioná rio pú blico (em razã o de suas funçõ es), ou se enquadrar
nas hipó teses de injú ria preconceituosa, demanda representaçã o.

FURTO (CP 155)

LEGISLAÇÃO – CP 155
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado
durante o repouso noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de
detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a
pena de multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer
outra que tenha valor econômico.
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o
crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da
coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a
subtração for de veículo automotor que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o exterior.  (Incluído
pela Lei nº 9.426, de 1996)

Nosso có digo sempre puniu o crime de furto, começando por esse e terminando no
Art. 180, que trata de receptaçã o de objetos adquiridos por meio do furto. Existe alguns
Direito Penal 4 - Parte Especial

crimes que estã o no título 2 do nosso có digo penal. Trabalha com o crime de furto.
Exemplo em um crime de lesã o, onde a pessoa consente furar a orelha, afasta-se a
antijuridicidade (pela corrente majoritá ria), o mesmo que o furto, que se consentido,
afasta-se a antijuridicidade.

BJ TUTELADO

***Patrimô nio: propriedade/posse/detenção

(é crime contra a sociedade). – porque ao ser furtado, o patrimô nio desta pessoa foi
reduzido.

SUJEITO ATIVO

Doutrina majoritá ria: TODOS (pois qualquer pessoa pode praticar o crime de furto), exceto
o proprietá rio (pois ele nã o pode se furtar).

Hungria/Regis Prado: proprietá rio também pode ser sujeito ativo caso pegue bem que foi
dado em garantia. Mas, neste caso, falam sobre o crime previsto no CP 346, que é um crime
contra a justiça.

SUJEITO PASSIVO

O proprietá rio/possuidor/detentor da coisa. Pode ser PF ou PJ. Nã o precisa ser


identificado, bastando a prova que o autor subtraiu algo de uma pessoa.

TIPO OBJETIVO

Subtrair (é o nú cleo do tipo): pegar, levar, surupiar. Nã o significa consumaçã o do crime,


na realidade, nada tem a ver o que está escrito com já ter consumado o crime.

Coisa: coisas corpó reas, que podem, mas nã o necessariamente, sejam transportadas.
Excluem-se os bens imó veis.

E o homem, pode ser subtraído? É possível furtar aquela bela garota do apartamento de
baixo? Nã o pode ser objeto do crime de furto, mas pode, neste tipo, ser classificado
extorsã o mediante sequestro, ou subtraçã o de incapaz.

E o cadá ver? Trata-se de outro tipo também, no Art. 211, pode ser vendido ou fazer o que
quiser, pois nã o se trata de patrimô nio, pois nã o houve qualquer mençã o que aquele corpo
se tornaria objeto para estudos. Só será furto se o cadá ver pertencer a alguma instituiçã o,
pois, por se tratar de um objeto de estudo, torna-se patrimô nio.

DEFINIÇÕ ES DE COISA E OBJETO DE FURTO


Direito Penal 4 - Parte Especial

ATENÇÃO!

ISTO É IMPORTANTE, POIS É BASE PARA ARGUMENTOS


ACERCA DO FURTO! ISTO PODE SER A DIFERENÇA ENTRE A
ABSOLVIÇÃO E A CONDENÇÃO.

- RES COMUNE OMNIUM = Coisa de uso comum. Nã o pode ser objeto de furto, se a coisa
for insepará vel. Se puder separar e houver subtraçã o, é furto. Ex: ar, á gua, o sol que nos
aquece. Mas, pense que a á gua nã o pode ser separada, mas se for algo separá vel, ai pode-se
tornar algo que pode ser furtado, Ex.: a á gua engarrafada pode sim ser subtraída, logo,
furtada.

- RES NULLIUS = Coisa de ninguém. Ex: aves silvestres. Nã o se trata de furto, pois a coisa
nem tem dono, pode ser crime ambiental.

- RES DERELICTA = Coisa abandonada. Já teve dono no passado, e nã o tem mais, logo nã o é
sujeito passível de crime. Nã o há furto neste caso.

- RES DE(S) PERDITA = Coisa perdida. Nã o há furto, porém, uma vez achada e nã o
devolvida, pode ensejar apropriaçã o indébita (169,II).

Nã o confundir coisa perdida com coisa esquecida. Este segundo caso (esquecida) é um
lapso de memó ria, o que foi esquecido pode sim ser objeto de furto. Ex.: Celular esquecido
pelo professor. Senhora que pega 5 mil reais em dinheiro no banco, esquece 1000 reais em
baixo da mesinha, um pia que estava vendo que a velhinha havia esquecido de pega o valor
deixado vai lá e se apropria da coisa. É furto, pois foi esquecido.

De uso comum (insepará vel)


De ninguém (sem dono) NÃ O PODE SER FURTO!
Abandonada (sem dono)
Perdida PODE SER APROPRIAÇÃ O INDÉ BITA, MAS
NÃ O PODE SER FURTO!
Esquecida FURTO!!

O objeto de furto deve ter VALOR ECONÔ MICO, se nã o nã o estaremos diminuindo o


patrimô nio de ninguém. Mesmo porque se aplica o princípio da insignificâ ncia em alguns
casos ex.: o caso da moça que furou a orelha, houve tipicidade, mas afasta-se isso por conta
da insignificâ ncia. O mesmo vale para o furto ex.: roubar um lá pis, ou um elá stico de
amarrar cabelo. Mas... e as coisas que tem valor sentimental, mesmo as quinquilharias? A
doutrina majoritá ria sustenta que estas coisas podem constituir crimes de furto – pois
integram o patrimô nio das pessoas, mas alguns autores negam esta possibilidade –
inclusive o professor defende esta tese, ressalvando que tem que haver o valor econô mico.
Direito Penal 4 - Parte Especial

No caso dos dentes de ouro de um defunto, a violaçã o da sepultura e subtraçã o do cadá ver
sã o crimes meio (princípio da consunçã o) para realizaçã o do furto, já que a finalidade é o
roubo dos dentes.

155, §3º: Qualquer tipo de energia que tenha valor econô mico é furtá vel: elétrica, nuclear,
reprodutiva (a porra do garanhã o ou a pró pria cobertura), leite da vaca, energia mecâ nica
etc. Preste atençã o: a energia furtada antes do reló gio de luz constitui crime de furto, mas,
se o reló gio for adulterado, trata-se de estelionato (induçã o da vítima ao erro).

E o gato da TV a cabo, a GATONET? A maioria da doutrina sustenta que nã o se trata de


furto de energia, pois a energia é consumida e a TV a cabo opera por sinal. A energia pode
acabar, algo que nã o ocorre com o sinal da TV a cabo. Este sinal trata-se de USO e para a
energia há â nimo de apropriaçã o definitiva. A jurisprudência nã o acompanha a doutrina,
ora diz que é furto, ora diz que nã o (a jurisprudência é bipolar quando o assunto é furto de
TV a cabo...).

ELEMENTO SUBJETIVO

Doutrina fala em elemento subjetivo especial “para si ou para outrem”: a pessoa tem que
se apoderar em definitivo do bem – tem que ter este dolo. A vontade de se apoderar é
importante, mas e o furto apenas para uso com intuito de devolver futuramente? Na vida
real, a justiça trata tudo como furto no fim das contas. Para o Direito Penal, o furto de uso
nã o é crime, pois o â nimo nã o é apoderar-se definitivamente. Por outro lado, é foda provar
o furto de uso.

CONSUMAÇÃ O/TENTATIVA

Normalmente, no furto há deslocamento da coisa, mas, nã o necessariamente. O


crime já estará consumado quando o sujeito passivo (vítima) nã o mais poder dispor da
coisa e o ladrã o possui a coisa mancipacifica do objeto. Por exemplo, criminoso enterra
objeto no quintal da casa para levá-la embora quando a poeira baixar, ou o criminoso que
perde o objeto furtado logo apó s a subtraçã o.

PENA

1 a 4 anos E multa.

+1/3: se ocorrer durante repouso noturno. Mas, o que é o tal do repouso noturno? Quando
tá todo mundo dormindo, vendo novela, jantando?
Direito Penal 4 - Parte Especial

Entendimento antigo  Casa deve ser habitada, mesmo que as pessoas nã o


estejam lá , se a pessoa estivesse viajando ou nã o residisse naquele local, ai nã o se
enquadraria nesta majorante.

Entendimento novo  Aqui nã o se fala em casa habitada, mas sim onde toda a
cidade esta “fora de vigilâ ncia” (enquanto aquele lugarejo dorme). Depende do
local e de seus costumes. Num sítio, 8 da noite. Numa capital, de madrugada. Este
prevalece no STF e STJ. Caso contrá rio, locais como: mercados, lojas, casas seriam
saqueadas e a majorante em nada acrescentaria.

Escolha do magistrado: a) Trocar retençã o por detençã o; ou, b) Diminuir pena em 2/3
(sendo esta uma obrigaçã o do magistrado em aplicar tal regra); ou, c) somente multa, se:

1 – Réu for primá rio: aquele que nã o é reincidente (art 64). Lembrar do prazo de 5
anos entre extinçã o ou cumprimento da pena, que torna o réu primá rio novamente.

2 – Coisa for de baixo valor: furtar algo que equivalha até 1 Salá rio Mínimo. Nã o
confundir coisa de baixo valor com coisa de valor insignificante.

2 a 8 anos E multa, se furto for qualificado.

3 a 8 se for de veículo automotor levado a outro país ou estado.

Energia tem valor econô mico. Se fizer gato é furto, se alterar o valor final da quantia de
energia gasta, trata-se de estelionato.

FURTO QUALIFICADO

§4º: a pena é de 2 a 8 anos, se o crime é cometido com destruiçã o ou rompimento de


obstá culo à coisa (ele tem que destruir [acabar – quebrar a porta] ou romper [afastar –
usar o pé de cabra para abrir a porta] o obstá culo), e multa se furto for qualificado
(guardou bem? Eu acabei de repetir...).

I – Destruir ou romper obstáculo à subtração da coisa. O obstá culo DEVE ser vencido
para que se pegue a coisa. Caso o obstá culo faça parte da coisa, nã o é considerado
obstá culo.

Pensar na janela de um carro.

1 – Se o vidro for quebrado para subtrair o som, entã o, é um obstá culo;

2 – Se o vidro for quebrado para subtrair o pró prio carro, nã o é um


obstá culo.

Situaçã ozinha estranha, pois, nestes casos, a pena é maior para quem furta
o som do que para quem furta o carro inteiro (desde que nã o leve o carro para
outro estado ou para o exterior), salvo se o juiz, já que o som possui valor inferior a
1SM, resolver substituir a pena, reduzi-la em 2/3 ou aplicar somente multa.

Ex.: O cara entra no terreno de uma mulher e rouba algumas coisas, mas
vendo-se impedido de fugir, pega um pé de cabra e abre a porta para poder fugir.
Obstá culo é o que impede a subtraçã o da coisa. Hungria diz que a pessoa tem que
responder com qualificadora, pois rompeu o obstá culo. Noronha diz que a pessoa
já tinha surrupiado o objeto, respondendo por furto simples e crime de dano.
Direito Penal 4 - Parte Especial

Outro exemplo é o roubo do estepe:

1 - Estepe do carro que vem de fá brica: faz parte do veículo, nã o qualifica.


2 – Estepe chique, incrementadã o que o cara comprou na loja de rodas
em 10x sem juros no Hipercard: qualifica, pois nã o faz parte do bem.

E se o obstá culo é vencido/destruído apó s a subtraçã o? Uns entendem que


qualifica, outros que nã o qualifica.

O rompimento e a destruição de algo TEM que haver dano! TEM que ter algum tipo
de prejuízo para ser classificado dentro dessa qualificadora. TEM QUE TER
VIOLENCIA CONTRA A COISA ANTES OU DURANTE A OCORRENCIA.

II – Com abuso de confiança, fraude, escalada ou destreza.

Confiança requer intimidade, credibilidade – ex.: Minha empregada roubar algo da minha
casa, ela abusou da minha confiança.

- Com abuso de confiança. Ex: empregado há 16 anos furta o patrã o. Mas e a


empregada que trabalha há 3 anos na casa de um casal? Depende se ela possui a
confiança da pessoa que manda nela (geralmente é a mulher). Nã o existe
persunçã o de confiança.

- Fraude: ardil, artifício, mentira, engodo. Usa-se disto para subtrair objeto. No
estelionato, a vítima entrega a coisa mediante a fraude, a pessoa foi ludibriada. No
furto, a coisa é subtraída. Seria aquela brincadeira: “Olha ali um aviã o caindo!”,
quando a pessoa olha, subtrai um objeto aproveitando-se que ela estava olhando
para o céu procurando o aviã o.

- Escalada: subir, trepar ou entrar por lugar anormal e que demande esforço
incomum, ou seja, se nã o tiver esse binô mio nã o se está na presença de uma
escalada. Entã o, cavar um tú nel para entrar é escalada. Exemplos:

- Subir com escada = escalada;

- Entrar por janela de difícil acesso = escalada;

- Entrar por janela baixa que dá para rua = nã o é escalada pois nã o há


esforço anormal.

- Escalar poste para subtrair fio de cobre = há divergência, mas parece que
como a escalada é essencial para o furto, nã o deveria ser considerada
qualificadora. A subida no poste nã o é qualificadora pois é o Ú NICO meio de
obter o cobre.

- Destreza: a ú nica de natureza subjetiva. Só é aplicá vel se o agente tem noçã o da


destreza como qualificadora. Trata-se de uma grande habilidade do agente junto
à vítima. Ex: habilidade de bater carteiras de bolsa.
Importante: se a vítima nã o estiver junto, nã o há de se falar em destreza.

Nem sempre que a vítima surpreende o sujeito no momento do furto afasta a


qualificadora de destreza.

Lembre-se que pode haver mais de uma qualididora: fraude + destreza, por
exemplo.
Direito Penal 4 - Parte Especial

EX1: velha vendo micro-ondas tem sua carteira batida: qualificado por destreza;

EX2: se o agente distrai a velha com conversa fiada enquanto bate sua carteira:
qualificado por destreza + fraude;

EX3: cara furta objeto com vara de pescar depois que a vítima deixa o local: nã o se
qualifica por destreza, pois esta nã o está sendo usada junto à vítima.

Também há tentativa na destreza. I.E. agente tenta bater a carteira da vítima e


policial flagra a açã o. Por outro lado, se a pró pria vítima perceber que o agente está
tentando bater sua carteira (falha do agente), nã o se trata de destreza. Agora se ela
nã o sentiu nada, mas na cagada descobriu que a pessoa tava tentando furtar, trata-
se de destreza, mas é tentativa, pois a pessoa nã o tinha percebido até acontecer a
fatalidade de pegar no pulo do gato.

NORONHA possui um ótimo livro de crimes contra o patrimônio.

III – Chave falsa

Qualquer instrumento para abertura de portas.

Noronha sustenta que o uso ilícito de instrumentos para abrir portas consiste em
qualificadora, sendo que a entrada na residência é ilícita, se o meio é ilícito entã o é ilegal.
Professor é contrá rio à tese, dizendo que chave de ser literalmente falsa. Em seu exemplo,
este falou do chaveiro que faz uma chave a mais do que é pedido por seu cliente, e usa esta
chave para furtar a casa. A qualificadora será FRAUDE.

IV – Cometimento por 2 ou mais pessoas.

Entender como o concurso (art 29). Ou seja, a divisã o de trabalhos com o fim
pretendido. Nã o há a necessidade dos dois ou mais executarem o tipo penal, basta o
concurso de duas ou mais pessoas.

§5º: 3 a 8 anos (o parágrafo não fala de multa) se veículo automotor levado para
outro estado ou para o exterior.

Segundo o professor, a lei 9.426/96 – lei do narcotrá fico – é uma lei de merda, pois
traz diversas incorreçõ es:

1) Onde foi parar a multa??


2) E o Distrito Federal? Para onde foi? Como nã o é estado, deve ser excluído do
artigo.
3) Veículo automotor é amplíssimo (barco, helicó ptero, moto... tanto que até
pagam IPVA).
4) Quando se consuma esta qualificadora? Lembre-se que no furto, a consumaçã o
é a impossibilidade de disposiçã o da coisa pela vítima. O legislador fez merda,
já queria considerar que a qualificadora só se aplica quando o veículo
atravessar a fronteira.

Um ponto que nã o me foi respondido pelo professor foi o fato de que o furto de um
som de um automó vel mediante quebra de vidro ou arrombamento da porta poder dar
pena maior que o furto do pró prio automó vel, já que no primeiro caso (o som), trata-se de
furto qualificado por destruiçã o de obstá culo para subtraçã o. No segundo caso, o
obstá culo nã o existe, pois faz parte do pró prio objeto. No primeiro caso, a pena é de 2 a 8
e, no segundo, 1 a 4. Em ambos os casos aplica-se multa.
Direito Penal 4 - Parte Especial

ROUBO

Roubo pró prio – 157, caput;

Roubo impró prio – 157, §1º;

Roubo majorado (circunstanciado) – 157, §2º;

Roubo qualificado – 157, §3º: roubo seguido de morte.

LEGISLAÇÃO – CP 157
Roubo (próprio)
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de
havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Impróprio
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a
coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim
de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa
para si ou para terceiro.
Majorado (circunstanciado)
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o
agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o exterior;  (Incluído
pela Lei nº 9.426, de 1996)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua
liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
Qualificado – seguido de morte
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de
reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte,
a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da
multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Vide Lei nº
8.072, de 25.7.90

Veremos, portanto que tudo depende contra o que se dá a violência:

- Contra a COISA = FURTO.

- Contra a PESSOA = ROUBO.

BJ TUTELADO

CRIME COMPLEXO = PATRIMÔ NIO + PESSOA (integridade física e vida).

Trata-se de um CRIME COMPLEXO (nã o esqueça disto!). É um crime contra o


PATRIMÔ NIO e contra INTEGRIDADE FÍSICA e VIDA. Há fusã o de duas ou mais condutas
que constituem o crime.
Direito Penal 4 - Parte Especial

ATENÇÃO!

IMPORTANTE: Lembrar sempre desta questão dos 2 bens


jurídicos abrangidos pelo roubo, pois isto salva vidas na hora
da prova!!

SUJEITO ATIVO

Qualquer um pode cometer em qualquer modalidade. O proprietá rio NÃ O pode


cometer roubo, já que o tipo tutela mais os bens, e nã o a posse.

Exemplo: Cara entra na favela para reaver violentamente seu aparelho de CD que
foi furtado. (Ele nã o estaria roubando o pró prio som).

SUJEITO PASSIVO

PF ou PJ, já que se pode coagir uma PF em circunstâ ncia de roubo de uma PJ (i.e.
vigilante ou cliente presentes no momento do crime). A PF coagida nã o precisa ter ligaçã o
com a PJ, mas tem que existir a PF a ser coagida.

Com COAÇÃ O quero abranger todos os meios coativos: ameaça, violência ou


reduçã o à impossibilidade dos meios de resistência. Utilizarei, adiante as abreviaçõ es A, V ,
RIR, respectivamente. Note que os meios coativos podem estar presentes ou ausentes nas
diferentes tipificaçõ es do roubo, conforme será visto adiante.

ROUBO PRÓ PRIO – 157, CAPUT

Roubo (próprio)

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência:

Presume subtraçã o e emprego de MEIO COATIVO (ameaça, violência ou reduçã o à


impossibilidade de resistência). No caso do roubo pró prio, o meio coativo vem ANTES da
ameaça.

VIOLÊ NCIA

Desforço contra o corpo da vítima. Hungria sustentatva que poderia ser indireta
(ex. retirar bengala de um cego), que é um meio de atingir uma coisa que cerceia a
possibilidade de locomoçã o de uma pessoa.

No caso do roubo, a violência pode nem causar lesã o, e mesmo assim, se tratará de
um roubo.

GRAVE AMEAÇA
Direito Penal 4 - Parte Especial

Prenú ncio de um mal, cerceamento da liberdade por conta do medo que se tem.
Ameaça deve ser VEROSSÍMIL (passível de ocorrer), no entanto, a ameaça requer aná lise
da vítima e até mesmo do local em que ocorre. Logicamente a vítima nã o precisa ser
valentona, se configurar a ameaça (i.e. cara grandã o “fechar” para um nanino), ela está
caracterizada.

REDUZIR À IMPOSSIBILIDADE DE RESITÊ NCIA

Ocorre por qualquer outro meio que nã o os dois anteriores: uso de narcó ticos,
medicamentos, embriaguez. Tem que ser meio ARDILOSO, DISSIMULADO.

Doutrina chama isto de violência impró pria.

ROUBO IMPRÓ PRIO

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência
contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da
coisa para si ou para terceiro.

Ao contrá rio do anterior (o pró prio), este, chamado impró prio ocorre depois da
subtraçã o. O legislador preveu preveu apenas a V ou GA, deixando a reduçã o à
impossibilidade de resistência de fora.

EX1. Prostituta que pega carteira do cara e DEPOIS põ e ele para dormir com um
sonífero escondido na bebida. Trata-se de FURTO com CONSTRANGIMENTO ILEGAL (art
146).

EX2. Ladrã o sobe na á rvore apó s tentativa de furtar residência e fala para o dono,
que o perseguia: “Nã o venha atrá s de mim, se nã o te mato!”. É furto + ameaça.

ELEMENTO SUBJETIVO

Roubo pró prio: 2 elementos subjetivos:

dolo (elemento sub. Geral) +

para si e para outrem (elemento sub. Especial).

Roubo impró prio: 3 elementos subjetivos:

Dolo (elemento subjetivo geral) +

para si e para outrem (elemento sub. Especial) +

impunidade (elemento sub. Especial).

CONSUMAÇÃ O E TENTATIVA

Roubo Pró prio Roubo impró prio


Meio Coativo + Subtraçã o Subtraçã o + Meio Coativo (V ou GA).
V,
GA,
RIR (violência impró pria)
Direito Penal 4 - Parte Especial

Serã o analisadas 3 correntes: clá ssica, ortodoxa e liberal.

CORRENTE CLÁ SSICA

ROUBO PRÓ PRIO (MCoativo + subtraçã o)


CONSUMAÇÃ O TENTATIVA
Se consuma com o furto (posse mansa e Aceita se houve o meio coativo (V,GA, RIR),
pacífica da coisa). mas nã o ocorreu a subtraçã o.

ROUBO IMPRÓ PRIO (Subtraçã o + MCoativo)


CONSUMAÇÃ O TENTATIVA
Consuma-se com o emprego do meio Parte dos clá ssicos nã o aceita, pois se
coativo (V, GA). trataria de furto (mera subtraçã o).
Fragozo aceita tentativa de roubo, pois
agente poderia subtrair, mas nã o empregar
meio coativo por circunstâ ncias alheias à
sua vontade.

CORRENTE ORTODOXA

Parte do roubo impró prio (consumaçã o com 2º ato).

ROUBO PRÓ PRIO (MCoativo + subtraçã o)


CONSUMAÇÃ O TENTATIVA
Se consuma com o furto (posse mansa e Aceita se houve o meio coativo (V,GA, RIR),
pacífica da coisa). mas nã o ocorreu a subtraçã o.

ROUBO IMPRÓ PRIO (Subtraçã o + MCoativo)


CONSUMAÇÃ O TENTATIVA
Consuma-se com o emprego do meio Nã o admite!
coativo (V, GA).

CORRENTE LIBERAL

ROUBO PRÓ PRIO (MCoativo + subtraçã o)


CONSUMAÇÃ O TENTATIVA
Se consuma com o furto (posse mansa e Admite.
pacífica da coisa).

ROUBO IMPRÓ PRIO (Subtraçã o + MCoativo)


CONSUMAÇÃ O TENTATIVA
Consuma-se com a subtraçã o. Admite.

TENTATIVA E CRIME IMPOSSÍVEL


Direito Penal 4 - Parte Especial

Se a vítima nã o possuir objetos? Pode-se falar de Crime Impossível?

O crime impossível ocorre por ineficá cia do meio (tomar placebo para abortar) ou
impropriedade do objeto (atirar contra defunto).

Como o roubo abrange violaçã o de 2 bens jurídicos, nã o há de se falar em crime


impossível. Logo, mesmo que a vítima nã o possua objetos para serem subtraídos, teremos
tentativa.

ROUBO MAJORADO

É majorante, e nã o qualificadora.

§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:

I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;

A lei 3688/41, lei das contravençõ es penais, em seu art. 19 trata das armas.

Armas pró prias = feitas para serem armas (armas de fogo). Exige autorizaçã o para
porte.

Armas impró prias = nã o sã o armas por natureza, mas podem vir a servir para este
fim. Ex: faca de cozinheira, machado de lenhador, foice.

A lei 9.437/1997 revogou esse artigo?

2 posicõ es doutriná rias: 1. revogou; 2. revogou em partes, no quesito de armas


impró prias.

Hungria ainda amplia conceito de arma, considerando arma “todo instrumento


capaz de intimidar a vítima” (ofensa corporal). Entã o, para ele, intimidou? É arma! E isto
inclui armas desmuniciadas, de brinquedo, velha etc. – TEORIA SUBJETIVA, pois leva em
conta apenas a intimidaçã o da vítima. O problema disso é que a intimidaçã o nã o configura
majorante, pois seria uma grave ameaça.

Mas, esta tese caiu por terra, o entendimento prevalente da doutrina e da


jurisprudência é que arma é todo instrumento que seja capaz de ofender a integridade
física ou saú de da vítima. A arma só poderá ser avaliada quanto à sua capacidade de ofensa
ou se o agente demonstrou o potencial ofensivo do instrumento (ex: deu tiro para cima).
Entã o, sã o consideradas armas: pedras grandes, barras de ferro, armas de fogo se a
ameaça for de coronhada etc.

Alguns doutrinadores dizem que nã o é necessá ria a apreensã o da arma, que a


prova testemunhal supre a apreensã o da arma. Outros entendem que, se nã o houver
apreensã o da arma, nã o pode aplicar a majorante, pois apenas com a apreensã o e a perícia
é capaz de se dizer que a arma era capaz de ofender a integridade da vítima.

A utilizaçã o de arma de brinquedo nã o majora o roubo, bem como a arma sem


muniçã o ou estragada, servindo apenas para intimidar, caracterizando o roubo, mas sem
majorar.

II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; - ler art. 29

Há mais de um entendimento:
Direito Penal 4 - Parte Especial

- Hungria/Bittencourt: ambas devem estar roubando (coautoria) para caber


majorante.

- Damá sio/Fragozo: concurso (um autor + partícipe) já cabe majorante.

Os dois respondem de qualquer forma.

III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal


circunstância;

A vítima tem que estar trabalhando em serviço de transporte de valores. Se a


pessoa estiver transportado valores pró prios, nã o cabe a majorante. Tem que haver dolo
DIRETO do agente (saber da circunstâ ncia e querer a subtraçã o dos valores).

Por valores entende-se grana, ouro, açõ es, títulos etc.

É comum funcioná rio da pró pria empresa dar informaçõ es do transporte, neste
caso, ele é partícipe.

O agente deve ter ciência do transporte de valores, deve haver DOLO DIRETO. Se
houver dolo eventual (nã o saber do transporte), nã o cabe a majorante.

EX: Caras esperando gol branco que iria transportar valores. Aparece gol vermelho,
eles, na dú vida, abordam-no e o roubam. Nã o é majorante, já que houve dolo eventual (na
dú vida, abordaram). Caiu a majorante.

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

Comentado no furto.

V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.  (Incluído


pela Lei nº 9.426, de 1996)

Todo roubo implica restriçã o de liberdade da vítima. Por outro lado, se a retençã o
da vítima for muito longa o tipo que se aplica é a extorsã o mediante sequestro.

Esse inciso deve ser entendido como o tempo maior a mercê do agente, tempo
superior ao necessá rio para a prá tica do roubo.

APLICAÇÃ O DAS MAJORANTES

3 correntes tratam da aplicaçã o das majorantes:

1) 1 majorante majora. As demais sã o agravantes/atenuantes ou circunstâ ncias


judiciais na dosimetria da pena.
2) Mais de uma majorante aumenta o percentual da pena.
3) Mais de uma majorante torna critério do magistrado.

ROUBO QUALIFICADO: SEGUIDO DE MORTE

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a


quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem
Direito Penal 4 - Parte Especial

prejuízo da multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Vide Lei nº 8.072, de


25.7.90

Neste caso, o resultado qualificador pode ser por DOLO e/ou CULPA. Lembre-se
que nos crimes qualificados pelo resultado, preterdolosos (dolo na açã o, culpa no
resultado), referem-se apenas à culpa no resultado qualificador.

LATROCÍNIO: Noronha diz que deve ser utilizado no caso que a vítima sofre lesã o
corporal de natureza grave.

ATENÇÃ O!

1. Homicídio consumado + subtraçã o consumada = LATROCÍNIO CONSUMADO

2. Homicídio tentado + subtraçã o tentada = LATROCÍNIO TENTADO

3. Homicídio consumado + subtraçã o tentada =

- LATROCÍNIO CONSUMADO (SÚ MULA 610, STF)

- LATROCÍNIO TENTADO (FRAGOSO)

- HOMICÍDIO QUALIFICADO CONSUMADO (HUNGRIA)

- HOMICÍDIO QUALIFICADO CONSUMADO EM CONCURSO FORMAL COM


FURTO

- HOMICÍDIO QUALIFICADO CONSUMADO EM CONCURSO MATERIAL COM


ROUBO

4. Homicídio tentado + subtraçã o consumada =

- LATROCÍNIO TENTADO (STF/FRAGOSO)

- HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO (HUNGRIA)

Vale aqui abrir parênteses e destacar a opiniã o de Cezar Roberto Bitencourt.


Segundo ele, os crimes preterdolosos NÃ O devem ser confundidos com os qualificados por
resultado. No primeiro, há dolo na açã o e culpa no resultado. Já no segundo, há culpa na
açã o e dolo no resultado. Logo, o que diferencia estes dois conceitos para Bitencourt é
justamente se um crime necessita de algo para ocorrer Para o professor (pará grafor
anterior), parece nã o haver distinçã o (salvo eu nã o ter entendido corretamente o que ele
falou). Vejamos os exemplos:

1. Exemplo professor: peguemos o exemplo do recolhedor que ouviu um barulho


na porta e, achando que era um bandido, posiciona-se atrá s da porta e lhe
desfere um tiro, matando-o. Ao abrí-la, percebe que matou seu filho. Ele atirou
para matar (DOLO), mas nã o atirou para matar seu filho (CULPA). O agente
deveria ter agido com cautela: acendido a luz, perguntado “Quem está aí?” para
evitar o fato.
2. Exemplo Bitencourt:
a. PRETERDOLOSO: Uma lesã o corporal seguida de morte. O agente tem
dolo da lesã o, mas, tem culpa pela morte. Para o doutrinador, o
homicídio, necessariamente demanda.
b. QUALIFICADO PELO RESULTADO: Aborto seguido de morte. O
homicídio nã o necessariamente necessita do aborto para ocorrer.
Direito Penal 4 - Parte Especial

Pode-se provar a desnecessidade uma vez que é possível matar


homens, pessoas que nã o estejam grá vidas e até grá vidas que nã o
necessariamente abortem.

Voltando ao assunto principal, o roubo qualificado, quando seguido de morte é


chamado LATROCÍNIO. Mas alguns entendem que trata-se de ROUBO SEGUIDO DE LESÃ O
CORPORAL OU MORTE.

Ex1: Agente mata comparsa que xavecava uma gata enquanto eles roubavam um
banco. Homicídio qualificado por motivo fú til.

Ex2: Durante um roubo, véia fica falando: “Vou enfartar, vou enfartar...”. E o agente
provocando. A véia capota. Trata-se de roubo normal, pois nã o foi violência que gerou o
infarto.

Ex3: Comparsa se veste de vigilante, outro comparsa vê e acha que é um vigia. Este
mata, com dolo, o que estava fantasiado de vigia. Trata-se de latrocínio, pois ocorreu erro
sobre a pessoa. Também o seria se fosse erro de execuçã o (ex. erra tiro no verdadeiro vigia
e mata comparsa).

ROUBO DE USO

Poucos autores tratam (ex: roubar carro para fuga). Guilherme Lutti diz que objeto
deve ser devolvido nas mesmas condiçõ es em que foi subtraído. Se abandonado, é roubo.
Até porque o proprietá rio foi privado de usá -lo.

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂ NCIA

Este princípio, que afasta a tipicidade, nã o se aplica ao roubo. Isto porque este é
um crime complexo. A lesã o patrimonial pode ser insignificante, mas, a lesã o ao bem
jurídico pessoa nã o é.

ATENÇÃO!

IMPORTANTE: Lembrar sempre desta questão dos 2 bens


jurídicos abrangidos pelo roubo, pois isto salva vidas na hora
da prova!!

QUADRILHA OU BANDO (CP 288)

Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer
crimes:

Pena - reclusão, de um a três anos. (Vide Lei 8.072, de 25.7.1990)

Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado.

Se uma quadrilha cometer roubo com arma (e o bando é armado), podem


responder bis in idem com majorante do bando e do roubo?
Direito Penal 4 - Parte Especial

Mais uma vez a doutrina se arrebenta: posiçã o minoritá ria diz que nã o. Já a
majoritá ria entende que sim, pois se tratam de crimes autô nomos e independentes, nã o
havendo, portanto, bis in idem.

ARREPENDIMENTO POSTERIOR

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano
ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

Como o artigo só falou da violência ou grave ameaça, só se aplica o benefício do


arrependimento posterior ao roubo pró prio por reduçã o à incapacidade de resistência da
vítima.

Ú nico que trata do assunto é Rogerio Grecco. Ele diz que o arrependimento
posterior é aplicá vel em caso de roubo. Já o professor busca intençã o do legislador,
dizendo que o art. 16 nã o se aplica nem mesmo na hipó tese de roubo pró prio mediante
reduçã o à incapacidade de resistência.

LATROCÍNIO - CONSUMAÇÃ O E TENTATIVA

Já falamos do latrocínio (roubo seguido de morte). Porém, há uma tabela importante para
entender a questã o, já que o latrocínio envolve um homicídio.

HOMICÍDIO SUBTRAÇÃ O LATROCÍNIO


C C C
T T T
C T - STF-610: C*
- Fragoso: T**
- Hungria: Homicídio
qualificado consumado.***
- Noronha: Hom. Qualificado
consumado + furto
tentado.***
- TJ/SP: Hom. Consumado +
roubo tentado.
T C - STF, Fragoso: T;
- Hungria: Hom. qualificado
tentado.

* Para STF a vida possui preponderâ ncia. Por isto que a consumaçã o do homicío já gera
latrocínio consumado. A posiçã o do STF gera 20 a 30. Veja a relaçã o das demais:

- Fragoso: 20 a 30, diminuída de 1/3 a 2/3 pela tentativa.  6,7 a 20 anos (fiz uma
conta de padeiro, diminuindo 2/3 de 20 indo até 1/3 diminuído de 30, que seria a
pena mais branda possível).

- Hungria: 12 a 30 do homicídio qualificado consumado.

- Noronha: 12 a 30 do homicídio qualificado consumado + 1 a 4 do furto tentado,


este, diminuído em 1/3 a 2/3.  12 a 30 + (8m até 2,77 anos – mesma conta de
Direito Penal 4 - Parte Especial

padeiro que fiz no Fragoso, sendo que nem precisaria fazer porque só a pena do
homicídio qualificado consumado já daria mais).

** Para Fragoso se tiver alguma tentativa na tabela, já é latrocínio tentado.

*** Hungria e Noronha sustentam estas teses por que a pena do latrocínio tentado é menor
que a do homicídio, conforme mostrei nos cálculos, apó s as setas.

EXTORSÃ O – ART 158

LEGISLAÇÃO – CP 158
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem
indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou
deixar fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com
emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o
disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
(é o resultado lesão corporal/morte – 7 a 15 anos).
§ 3o  Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da
vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da
vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12
(doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou
morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2 o e 3o,
respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009) (pena: 16
a 24 e 24 a 30).

A extorsã o é uma irmã gêmea do roubo.

Exemplo clá ssico: ligar para a mulher falando “deposita grana na minha conta
senã o te mato” ou “...senã o conto pro teu marido que você foi minha amante”.

E o caso do cara mostrar uma arma e falar para o caixa: “Põ e toda a grana num
sãco e me entrega!”. É roubo ou extorsã o? Mais tarde a resposta...

BJ TUTTELADO

Patrimô nio e ser humano (integridade física, vida, liberdade).

SUJEITO ATIVO

Trata-se de um crime comum. Qualquer um pode praticar.

SUJEITO PASSIVO

PF ou PJ. O patrimô nio violado pode ser da PJ, mas a grave ameaça é contra uma
PF.
Direito Penal 4 - Parte Especial

ELEMENTO OBJETIVO

- Constrangir, impor, intimidar. +

- Meio coercitivo: violência ou grave ameaça.

Se o agente fica insistindo, constrangendo, mas nã o ameaça, nã o se caracteriza a


extorsã o.Agora, se tomar feiçã o de violência ou grave ameaça (algo sério, verossímil, que
causa medo à vítima) já caracteriza o meio coercitivo.

EX1: Cara liga 20x para a amante pedindo grana  Nã o é extorsã o

EX2: Cara liga e fala que vai contar pro marido  É extorsã o.

- Obtençã o de VANTAGEM ECONÔ MICA INDEVIDA: Possui natureza patrimonial.

- Vítima fazer algo (i.e. depó sito na conta), tolerar que faça (i.e. vítima tolerar que agente
use seu automó vel), deixar de fazer algo que lhe é lícito (i.e. nã o participar de licitaçã o pq
foi coagida).

ELEMENTO SUBJETIVO

- Dolo geral: Constranger alguém a fazer, tolerar, deixar de fazer algo.

- Dolo especial: obter para si ou para outrem a vantagem.

CONSUMAÇÃ O

É um crime formal, se consuma com a AÇÃ O (e nã o com o resultado). Basta


constranger a vítima e já estará consumado.

TENTATIVA

Ocorre quando a vítima, constrangida, nã o faz, nem tolera, nem deixa de fazer.

Noronha sustentava que a extorsã o se consuma com a diminuiçã o do patrimô nio,


mas STJ (sú mula 96) diz que a extorsã o se consuma independentemente da obtençã o de
vantagem econô mica indevida. Logo, é crime formal para a maioria doutriná ria.

O recebimento da vantagem indevida exaure este crime.

CONCURSO DE PESSOAS (§1º)

Duas posiçõ es sobre o pará grafo.

DTN+: Inclui, além da coautoria, a participaçã o para a maioria da doutrina.

Noronha e Bitencourt nã o aceitam participaçã o, só coautoria.

RESULTADO LESÃ O CORPORAL OU MORTE (§2º)


Direito Penal 4 - Parte Especial

Se houver lesã o corporal grave ou morte resultantes deste crime, a pena é a do roubo
qualificado: 7 a 15 anos.

RESTRIÇÃ O À LIBERDADE DA VÍTIMA (§3º)

A restriçã o é necessá ria/imprescindível para a finalidade criminosa. A conduta da vítima é


fundamental, portanto. A doutrina fala que se trata de uma extorsã o qualificada, e que este
seria um tipo autô nomo enfiado no lugar errado. Vítima coagida colabora com o
criminoso.

COMPARATIVO ROUBO E EXTORSÃ O

ROUBO EXTORSÃO
Noronha/ Ameaça, mal prometido e obtençã o de Ameaça contemporâ nea, mal
Nilo Batista vantagem sã o atuais. prometido futuro, vantagem
é futura.
Hungria/ Nã o concordam com a
Bento Faria vantagem ser futura, pois
tolerar e deixar de fazer sã o
presentes.
Fragoso/ Comportamento da vítima é dispensá vel. Comportamento da vítima é
Damá sio de indispensá vel.
Jesus
Agente subtrai Vítima entrega

É importante definir, pois se houver vá rios crimes (condutas diferentes), descaracteriza-se


a continuidade delitiva, caindo-se em concurso material. Abaixo está o critério de aumento
da pena em caso de concurso de crime.

Abaixo o modo que a pena é aumentada de acordo com o nú mero de crimes na


continuidade delitiva:

Exemplo: o cara vai receber de seu devedor uma promissó ria, e vai armado. Foi solto pois
a vantagem nã o era indevida e o crime do 343 (?? Nã o tenho certeza do artigo) estava já
prescrito.

EXTORSÃ O MEDIANTE SEQUESTRO

LEGISLAÇÃO – CP 159
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para
outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do
resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90    (Vide Lei nº 10.446, de
2002)
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. (Redação dada pela Lei
nº 8.072, de 25.7.1990)
Direito Penal 4 - Parte Especial

§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o


seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta)
anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei
nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº
8.072, de 25.7.1990)
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide
Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação
dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada
pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o
denunciar à autoridade, facilitando a libertação do
seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois
terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)

SEQUESTRO OU CÁ RCERE PRIVADO X EXTORSÃ O MEDIANTE


SEQUESTRO

O art. 148 possui cará ter subsidiá rio. Quando há o animus da vantagem é o crime do 159.
O sequestro possui um pouco mais de liberdade (i.e. prender no quarto e o sequestrado
pode ir ao WC). Já o cá rcere privado é caracterizado por liberdade mais restrita (ex. ficar
acorrentado). Para o 159 considera-se ambos: sequestro e cá rcere privado.

QUALQUER VANTAGEM?

Diz-se que é uma condiçã o ou preço ($) da liberdade.

Mas... é econô mica? Só indevida?

Hungia, Noronha, Regis Prado: é de natureza patrimonial, pois, se o art 158 é patrimonial,
este artigo também é. A vantagem tem que ser indevida.

Damasio, Bitencourt, Pieangelo: CP nã o faz referência à natureza da vantagem, logo, é


qualquer vantagem (devida ou indevida, econô mica ou nã o), ressalvadas as condiçõ es que
sejam tipo de outro crime (i.e. vantagem sexual, art 213, estupro).

O dolo é de cercear a liberdade e obter a vantagem. Nã o demanda violência/grave ameaça.

ELEMENTO SUBJETIVO

“Com intuito de” (opa! Tá aqui a presença do DOLO ESPECIAL).

- Dolo geral: sequestrar (normalmente, antes do crime).

- Dolo especial: obter vantagem para si ou para outrem. Pode surgir apó s ou
durante o dolo geral (sequestro). Por exemplo, o agente nem ia pedir vantagem, sequestra
e resolve pedir.
Direito Penal 4 - Parte Especial

CONSUMAÇÃ O

Crime formal: se consuma com a açã o de sequestrar, no momento que se


sequestra. Sequestrou, consumou!

TENTATIVA

Se tentar sequestrar e nã o conseguir, já é tentativa.

Se vítima, ou uma das vítimas fugir, nã o importa, pois já está consumado. Neste
caso da multiplicidade, depende do dolo: se ia pedir um resgate para cada pessoa, é
concurso de crimes.

FORMA QUALIFICADA - §1º

Sã o formas qualificadas: duraçã o, idade (condiçã o pessoal da vítima), bando ou quadrilha,


resultado lesã o corporal grave/morte. Vamos a eles.

Segundo a lei 8072/90, trata-se de crime hediondo.

DURAÇÃ O > 24HS

Por conta do sofrimento que um sequestro gera à vítima e aqueles que sã o seus
ligados a ela: familiares, amigos etc.

MENORES DE 18 ANOS

Como sã o inimputá veis, precisam de formaçã o e ajuda. A violência psicoló gica


gerada para o menor é traumatizante e execrá vel.

MAIORES DE 60 ANOS

Sofre muito as consequências físicas do cativeiro.

BANDO OU QUADRILHA

O art 288 define: associaçã o com fins ilíticots, para cometer crimes. É o ú nico crime
que é punível antes de que algo ocorra. A mera associaçã o é punível, mesmo se nã o houver
cometimento de crime.

Noronha diz que tal qualificadora para o 159 seria bis in idem, portanto, só se pune
pelo 159.

RESULTADO LESÃ O CORPORAL GRAVE OU MORTE (§2º E §3º)

Sã o as penas mais graves do CP, crimes hediondos, segundo a lei 8072/90.

- Se resulta LC grave: 16 a 24.

- Se resulta morte: 24 a 30.


Direito Penal 4 - Parte Especial

A expressã o RESULTA diz que é um crime PRETERDOLOSO, com exceçã o do 157,


158 e 159 (roubo e extorsõ es). Nestes casos, pode haver dolo no resultado qualificador.

Mas, a lesã o corporal ou morte é de quem?

Bitencourt: de qualquer envolvido.

Restante: só o sequestrado. Outro envolvido é outro crime (crime de lc


grave/homicídio. Se for morte, qualifica homicídio por ocultaçã o de outro crime).

A morte pode se dar por caso fortuito ocorrido no local (i.e. desabamento)? O
sequestrador, neste caso, nã o responde, pois nã o deu CAUSA ao resultado que agrava o
crime (art 19). Nã o foi ele que deu causa ao desabamento.

DELAÇÃ O PREMIADA (§4º)

Entregar os comparsas reduz pena de 2/3 a 1/3 (seja concurso ou integrante de


quadrilha/bando).

PENA

Tipo Pena
Extorsã o mediante sequestro “normal” 8 a 15
Qualificada: tempo sequestro, idade da 12 a 20
vítima, bando/quadrilha.
Resulta Lesã o Corporal Grave 16 a 24
Resulta Morte 24 a 30
Reduçã o por delaçã o premiada Reduz pena de 2/3 a 1/3

APROPRIAÇÃ O INDÉ BITA

LEGISLAÇÃO – CP 168
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a
posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente
recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000)

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as


contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma
legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.  (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela
Direito Penal 4 - Parte Especial
Lei nº 9.983, de 2000)
I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância
destinada à previdência social que tenha sido descontada de
pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do
público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II - recolher contribuições devidas à previdência social que
tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à
venda de produtos ou à prestação de serviços;  (Incluído pela Lei
nº 9.983, de 2000)
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas
cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela
previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente,


declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições,
importâncias ou valores e presta as informações devidas à
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento,
antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000)

§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar


somente a de multa se o agente for primário e de bons
antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de
oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social
previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja
igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento
de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou


força da natureza
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu
poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo
ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do
prédio;
Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou
parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo
possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no
prazo de 15 (quinze) dias.

BJ TUTELADO

Patrimô nio: propriedade, posse, detençã o.


Direito Penal 4 - Parte Especial

Durante muito tempo, a AI era espécie de furto. Em 1791. A França tirou esta espécie,
tornando-a crime autô nomo. Só em 1940 isto também ocorreu no Brasil.

O bem jurídico tutelado é o direito de propriedade, é proteçã o contra eventuais abusos do


possuidor ou detentor da res.

Presume POSSE DE BOA-FÉ (posse lícita) ou detençã o e é depois desta posse que surge o
dolo. Se o dolo for anterior à posse, será estelionato. Nã o há necessidade de haver
confiança.

SUJEITO ATIVO

CACETE NA DOUTRINA!!
DTN véia: Crime comum. Qualquer um pode cometer.
DTN atual: Crime pró prio. Só possuidor/detentor pode
cometer.

Bitencourt: exclui o proprietá rio, mas admite que qquer um cometa (DTN véia). No caso de
Condomínio, só cio ou coproprietá rio nã o haverá AI desde que coisa seja nã o fungível ou
nã o exceda a parte que lhe cabe (TODO: CONFIRMAR ESTE PARÁ GRAFO).

SUJEITO PASSIVO

PF/PJ: o cessor da coisa.

Bitencourt também admite o mero possuidor da coisa cuja posse derive de direito real
(usufruto ou penhor). Logo, o usufrutuá rio ou credor pignoratício.

ELEMENTO OBJETIVO

- Apropriar-se: tomar para si, praticando ato de disposiçã o (desfazendo-se do objeto) ou


retendo-o (nã o devolver ao legítimo proprietá rio).

- Coisa alheia mó vel: mesma coisa que o furto. Bitencourt sustenta que se a coisa for
imaterial, somente se representada por coisa passível de ser apossada (coisa fungíveis sã o
passíveis de AI).

O CP nã o exige prestaçã o de contas, embora esta seja, muitas vezes, necessá ria para
produçã o de provas.

Bitencourt trata a questã o de empréstimo de $ e retençã o de valores tributá rios:

- Empréstimo de $: sendo este insuscetível de AI já que o mutuá rio vira


proprietá rio, nã o sendo, portanto, posse justa.

- Retençã o de valores tributá rios tampouco se trata de AI já que estes valores nã o


ingressam no domínio do retentor em nome de terceiros.
Direito Penal 4 - Parte Especial

ELEMENTO SUBJETIVO

Dolo geral: vontade de apropriar-se de coisa alheia mó vel.

Dolo especial: a vontade de mudar do estado de possuidor/detentor para estado de


proprietá rio. (Professor nã o concorda com esta necessidade de dolo especial, mas maioria
doutriná ria entende que sim).

O DOLO é posterior à posse justa (dolo subsequente), o recebimento, portanto, da coisa é


de boa-fé. Se o dolo for anterior é estelionato.

Exemplo: Livro do Hungria da biblioteca.

a. Leu, gostou e resolve nã o devolver: AI.


b. Pensou em pegar para nã o devolver: estelionato.

Se houver a vontade de restituir, nã o há A.I.

Desleixo também nã o é A.I. Ex. do vizinho relaxado do professor, que nunca devolvia o
guarda-chuva. Ele NÃ O está cometendo A.I.

EX2: Cara compra algo com $ da empresa para restituir, mas a $ fica em sua casa que é
furtada. Nã o é A.I. Ele tinha intençã o de devolver.

EX3: Cara gasta grana da empresa para comprar bilhete da loteria. Sorteio nã o ocorre,
entã o, quando o cara está sendo julgado, ele ganha o prêmio no concurso atrasado. Mesmo
com vontade de restituir, ela nã o é razoá vel, logo, é A.I. (seria o primeiro caso brasileiro de
um milioná rio preso?).

Logo, a possibilidade de devoluçã o deve ser plauzível (o que nã o era no caso da loteria,
com uma em um trilhã o de chances de ganhar).

EX4: Advogado nã o repassa o valor da causa ao cliente. É A.I. na cara-dura.

EX5: Advogado recebe $ para impetrar açã o de despejo (adiantamento de custas e


honorá rios), mas, advogado nã o o faz. Como a grana iria para frente, a soluçã o se dá por
outro ramo do direito (civil). Entã o, nã o há A.I., é descumprimento de obrigaçã o.

CONSUMAÇÃ O/TENTATIVA

Se dá quando se inverte a propriedade, no momento em que o agente se comporta


como se dono da coisa fosse.

- Deixar de restituir a coisa: conduta omissiva, nã o aceita tentativa.

- Dispor da coisa: conduta comissiva, para a qual Hungria admite tentativa (ex.
tentando vender a coisa é preso pela polícia). Maioria doutriná ria está aqui.

Professor prefere a posiçã o de Regis Prado (minoria doutriná ria que nã o aceita a
tentativa neste caso): ao tentar vender, o dolo já estaria suficientemente configurado e o
crime, consumado.

Posse desvigiada: enseja A.I. (ex. faca que foi cedida pelo patrã o ao caseiro para
que este usasse).
Direito Penal 4 - Parte Especial

Posse vigiada: furto (ex. ferramentas dentro da casa do empregador do caseiro).

MAJORANTES (1/3) - §1º

I) Depó sito MISERÁ VEL: O có digo cita o Depó sito necessá rio (elemento
normativo): conceito do direito civil. Pode ser: legal (obrigaçã o em virtude de
lei), judicial (decorrente de determinaçã o judicial, subdividindo-se em
sequestro, arresto e penhora), miserável (decorrente de calamidade pú blica)
e essencial (o hoteleiro, em que aquele que hospeda fica responsá vel pelos
bens do hó spede). Porém, considera-se majorante tã o somente o caso de
depó sito MISERÁ VEL Neste caso, há maior desvalor em caso de calamidade
pú blic: pois há violaçã o da solidariedade e situaçã o da vítima, já que esta nã o
teve escolha com quem deixar seus bens.
II) Tutor, curador, síndico (gestor da massa falida), liquidatá rio (gestor empresas
liquidadas, Instituiçõ es Financeiras), inventariante (gestor dos bens do de
cujus), testamenteiro (faz as ú ltimas vontades do falecido), depó sitá rio judicial
(nã o confundir com funcioná rio pú blico, pois o depositá rio judicial nã o é
funcioná rio pú blico, se fosse, seria peculato). Maior desvalor pois o agente
também viola suas funçõ es e a confiança social.
III) Em razã o de ofício, emprego ou profissã o. Nã o se trata de condiçã o do agente, e
sim aproveitamento de suas funçõ es.
Para Bitencourt, a profissã o é gênero do qual ofício e emprego sã o espécies.
a. Ofício = atividade manual, mecâ nica que requer certa habilidade. Lembre-
se daquelas sapatarias ou consertador de eletrodomésticos que dã o o
papelzinho para retirar o objeto em X dias ou este poderá ser vendido para
cobrir as despesas do conserto.
b. Emprego = vínculo CLT.

HOSPEDAGEM (DEPÓ SITO NECESSÁ RIO ESSENCIAL)

Para o BR é um furto, pois o local que deixamos nossos pertences é nosso, mesmo
que em espaço físico alheio.

OUTRAS CLASSIFICAÇÕ ES

Bitencourt: crime comum (há quem diga que é pró prio), material (diminuiçã o do
patrimô nio), comissivo/omissivo, doloso, de forma livre, instantâ neo, uni-subjetivo, pluri-
ssubisistente.

Bitencourt ainda diz que se houver obtençã o fraudulenta (má -fé), trata-se de
ESTELIONATO (agente engana). Se houver subtraçã o, é FURTO. Apenas no caso de
arbitrá ria inversã o de posse, aproveitando-se de obtençã o anterior, aí sim é AI.

APROPRIAÇÃ O INDÉ BITA E OBRIGAÇÕ ES – OBRIGAÇÕ ES

TODO: dar uma revisada nesta parte. Tá meio obscura!

O inadimplemento demanda maior cuidado de aná lise.

Segundo Fragoso:
Direito Penal 4 - Parte Especial

- obrigaçã o com prazo: só haverá crime se houver açã o que impeça devoluçã o.

- obrigaçã o sem prazo: basta solicitaçã o de restituiçã o.

- retençã o legítima: nã o há crime.

Nã o há AI ao que couber juízo civil. Porém, o ilícito civil nã o afasta o penal. Mas é o dolo, a
má -fé na inversã o da posse (e nã o a mera impontualidade ou inadimplemento) que
caracterizará o crime.

No caso de venda:

- de coisa comum (possuidor comum): agente já tem a posse anteriormente (nã o a recebe).

RELAÇÃ O MANDANTE MANDATÁ RIO

Depende do caso. A acusaçã o fica incumbida da prova de que havia dolo de


inversã o da posse com a açã o do mandatá rio (i.e. depositar $ na sua C/C).

Mandatá rio (gênero)

- Representante legal: tutor, pais, curadores;

- Representante judicial: nomeado pelo juiz, i.e. inventariante;

- Procurador: receber procuraçã o.

Lembrar da inadimplência civil: o advogado nã o recebe pagamento adiantado de


honorá rios para restituí-las, logo, nã o é AI.

168-A

Professor nã o trata aprofundadamente (9983/2000). Neste caso, é totalmente


diferente da A.I. “normal”, pois se protege arrecadaçã o da previdência social. Logo, está
protegendo fonte de custeio, e nã o o bj tutelado pela A.I.

RES HAVIDA POR ERRO, CASO FORTUITO OU FORÇA DA NATUREZA


(169)

Nã o se trata de recebimento por boa-fé, com vontade da vítima.

ERRO = falsa percepçã o da realidade, com relaçã o ao objeto ou à pró pria pessoa

EX1: Porteiro entrega carta para o Murilo errado no prédio.

EX2: professor e amiga compram uma caixa de vinho e 10 vinhos, respectivamente.


Professor recebe os vinhos da guria e, sabendo que sã o dela, nã o devolve. É A.I.

CASO FORTUITO = ocorrênia anormal. Por exemplo, caminhã o que tomba.

FORÇA DA NATUREZA = eventos naturais: desabamento, furacã o etc.

I – Se achar tesouro tem que dar PARTE ao terreno de onde o tesouro foi encontrado.
Direito Penal 4 - Parte Especial

II – Se achar algo perdido, tem que devolver ao dono, ou à autoridade pú blica. Lembre-se
coisa esquecida enseja FURTO.

PENA E AÇÃ O PENAL

Pena 1 a 4 majorada em 1/3 se aplicadas majorantes.

Açã o Penal Pú blica INCONDICIONADA (

Condicionada se art 182: cô njuges divorciados; irmã os; tios ou sobrinhos com quem
coabita.

Isenta se praticado contra cô njuge enquanto casado, ascendente ou descendente.

ESTELIONATO

LEGISLAÇÃO – ART 171


Estelionato
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro,
mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil
réis a dez contos de réis.

§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo,


o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.

§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:


Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em
garantia coisa alheia como própria;
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa
própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que
prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em
prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor
ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse
do objeto empenhado;
Fraude na entrega de coisa
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que
deve entregar a alguém;
Fraude para recebimento de indenização ou valor de
seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou
lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conseqüências da
lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de
seguro;
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder
do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
Direito Penal 4 - Parte Especial

§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em


detrimento de entidade de direito público ou de instituto de
economia popular, assistência social ou beneficência.

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:

Trata-se de crime de duplo resultado: obter vantagem ilícita + prejuízo alheio.

A primeira modalidade de estelionato trata de obtençã o de vantagem:

a. INDUZINDO A VÍTIMA AO ERRO. Isto é, colocar na cabeça da vítima que é um bom


negó cio. Normalmente, termina com um contrato (comprar gato por lebre). O dolo
é ANTECEDENTE.
b. MANTENDO O ERRO: vítima incide ao erro e agente nele o mantém. O agente
alimenta o erro da vítima. Dolo CONCOMITANTE. Ex. guria com bolsa falsificada
vende a bolsa ao professor que acha a bolsa um tesã o. Ela deixa o professor no
erro, vendendo a bolsa por um valor altíssimo, como se fosse original.
c. FRAUDE OU OUTRO MEIO FRAUDULENTO: mentira, engodo, silêncio. Mas deve-se
diferenciar a fraude civil da penal. A atividade comercial tem como natureza a
vantagem, mas, esta nã o pode ser excessiva. Há uma linha tênue entre o ilícito civil
e o penal. Deve-se analisar o dolo. Entã o, aqui, analisa-se o excesso de vantagem e
dolo.
Fragoso sustenta que se for muito grande a vantagem, trata-se de estelionaro. Ex.
carro com defeito no câ mbio = ilícito civil. Carro sem motor = ilícito penal.
d. ARTIFÍCIO (Manzini): produto de arte, feito por artesã o. A fraude é tã o bem feita
que ilude vá rias pessoas (ex. o golpe do bilhete premiado, jogo de bolinha nas
ruas). É algo mais manual.
e. ARDIL: forma mais intelectualizada, aspecto psíquico.

ELEMENTO OBJETIVO

...

ELEMENTO SUBJETIVO

Geral: induzir = dolo é antecedente; manter = dolo é concomitante.

Especial: “Para si ou para outrem”.

CONSUMAÇÃ O/TENTATIVA

Consumaçã o: obtençã o do resultado duplo: vantagem ilícita e prejuízo alheio.

Tentativa: é possível. Basta nã o conseguir a vantagem por motivo alheio à vontade do


agente.

FORMA PRIVILEGIADA
Direito Penal 4 - Parte Especial

§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena


conforme o disposto no art. 155, § 2º.

Se prejuízo for pequeno e reu for primá rio ocorre a mesma coisa do furto privilegiado.
Juiz é obrigado a aplicar este benefício. O tamanho do preju é avaliado conforme a situaçã o
econô mico financeira da vítima. Ex. para o Silvio Santos, 500 pilas nã o é nada, para um
mendigo, é muito.

OUTRAS FORMAS

Os incisos II a IV o professor diz que nunca viu. Mas, é comum ouvirmos pessoas
que tentam dar bens que nã o possuem em garantia. Ele mesmo identificou como
importantes os incisos V e VI, lá abaixo.

Disposição de coisa alheia como própria

I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria;

Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria

II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de


ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em
prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;

Defraudação de penhor

III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia
pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;

Fraude na entrega de coisa

IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém;

FRAUDAR SEGURO
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro

V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde,
ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor
de seguro;

Exemplo crá áá ssico: cortar a mã o para receber o seguro. Neste caso, é crime pró prio do
segurado. Professor também citou possibilidade de crime comissivo na ocultaçã o de coisa
pró pria.

Mas, e o terceiro que tenha causado a lesã o ao agente, o cara que meteu a serra na mã o do
segurado? Partícipe no 171, V e autor de LC gravíssima.

Neste caso, o sujeito passivo será a SEGURADORA.

FRAUDE POR PAGTO COM CHEQUE


Fraude no pagamento por meio de cheque
Direito Penal 4 - Parte Especial

VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o
pagamento.

O duplo resultado deve ocorrer, sendo o título de crédito o meio fraudulento. Colocou o
cheque em circulaçã o, pagando uma conta? Caracteriza-se o estelionato.

Frustrar o pagamento trata-se de impossibilitar o pagamento através de açõ es como


sustar o cheque, sacar todo o saldo em conta, mudar a assinatura etc.

E o cheque pré-datado? Nã o se trata de estelionato pois o cheque é ordem de pagamento à


vista. Mas, dependendo do caso, o pré-datado pode ser o meio fraudulento do caput.

E aquele que endossa o cheque? Alguns autores sustentam que, sabendo da falta de
fundos, será partícipe aquele que endossar o cheque-boi (pois nã o é emissã o de novo
documento). Outros dizem que é autor de estelionato, pois o endosso é nova emissã o de
documento.

Se o cheque for usado para pagamento de jogos, lícitos ou ilícitos? DTN sustenta que se o
jogo for lícito, configura-se o estelionato. Se o jogo for ilícito, uns dizem que é estelionato,
outros dizem que nã o é.

A QUESTÃ O DO PREJUÍZO À VÍTIMA

Cuidado com esta questã o! Por exemplo, o caso da van que ia para Paranaguá e fez
devedora pagar com cheque que nã o tinha fundos. Como a van iria de qualquer forma a
Pguá , nã o houve prejuízo à vítima do cheque sem fundo (a van), logo, nã o se configura
estelionato.

Também houve o exemplo da esposa que assinava notas no posto para o marido
passar lá depois e pagar. Neste caso, nã o lembro o que dava... :-)

TORPEZA BILATERAL

Vítima também tem má -fé. Exemplo de Hungria: Cara quer contratar pistoleiro e
faz acordo com um estelionatá rio, que mente que é Billy The Kid. O pistoleiro embolsa a
grana, vaza e nã o mata ninguém. O que ocorre? Como o contrato é ilícito, nã o existe. E se
nã o há ilícito civil, tampouco há ilícito penal.

Já Noronha diz que há crime impossível (art 17), logo, é estelionato. Aqui está a
jurisprudência.

FALSO E ESTELIONATO
Direito Penal 4 - Parte Especial

E quando o estelionato ocorre com emprego de falsidade, por exemplo,


adulteraçã o de cheque? (O falso está definido no CP 297).

CACETE NA DOUTRINA!!
DTN (e STF): Diz ser concurso de estelionato e falso.
DTN (sustentada pelo TJ 2ª regiã o): o falso de docto
pú blico absorve o estelionato, já que o primeiro tem a
pena mais grave. No caso de falso de docto particular, é
o estelionato que absorve o falso.
STJ: Quando o falso se encerra com o estelionato, é
absorvido por este, pois o cheque é usado para um
ú nico estelionato. Caso a pessoa use o mesmo
documento para vá rios estelionatos, será falso (crime
contra fé pú blica).

RECEPTAÇÃ O

LEGISLAÇÃO – ART 180


Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar,
em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de
crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba
ou oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.  (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996)
Receptação qualificada(Redação dada pela Lei nº 9.426, de
1996)
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda,
ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no
exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve
saber ser produto de crime: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de
1996)
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.  (Redação dada pela
Lei nº 9.426, de 1996)
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do
parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou
clandestino, inclusive o exercício em residência.  (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem
a oferece, deve presumir-se obtida por meio
criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as
penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento
de pena o autor do crime de que proveio a coisa.  (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz,
tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a
pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art.
155.  (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da
Direito Penal 4 - Parte Especial

União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços


públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista
no caput deste artigo aplica-se em dobro. (Incluído pela Lei nº
9.426, de 1996)

A RECEPTAÇÃ O PRÓ PRIA é aquela prevista na primeira parte do art. 180, realizada pelo
pró prio agente.

A RECEPTAÇÃ O IMPRÓ PRIA é aquela prevista no final do caput, que fala sobre a influência
sobre terceiro para que este recepte.

A RECEPTAÇÃ O QUALIFICADA é aquela prevista no pará grafo primeiro.

A REEPÇÃ O EQUIPARADA é aquela prevista no pará grafo segundo.

A RECEPTAÇÃ O CULPOSA E DOLO EVENTUAL tem fulcro no pará grafo terceiro deste
artigo.

BJ TUTELADO

Patrimô nio, abrangendo propriedade, posse e detençã o.

SUJEITO ATIVO

Crime comum. Qualquer um pode praticar.

No caso do §1º (receptaçã o qualificada), apenas comerciante e industrial poderã o


cometer.

E o proprietá rio? Pode ser receptador, já que nã o há o termo “alheio” no tipo penal,
pois a posse estava com outra pessoa. Ex. proprietá rio compra objeto dele que foi furtado
de alguém que tinha posse (i.e. um computador emprestado).

No caso do reló gio roubado do professor, quando encontra uma pessoa na rua com
ele, que comprou dos ladrõ es, e compra o reló gio da pessoa, nã o é receptaçã o.

O sujeito ativo nã o pode ter vinculaçã o com o crime antecedente, pois, se tiver tal
vínculo, cai a receptaçã o e trata-se de concurso (ou mentor intelectual).

A receptaçã o é um crime autonô mo, permanente.

SUJEITO PASSIVO

Vítima do crime precedente.

O PRODUTO DO CRIME E CONTRAVENÇÕ ES PENAIS

A exemplo do que ocorre com outras mençõ es a CRIME no CP, nã o se incluem as


contravençõ es para efeitos de determinaçã o do produto do crime. Por exemplo, comprar
bilhetes do jogo do bicho (contravençã o) nã o se trata de receptaçã o, mas, comprar um
computador furtado (crime) trata-se de receptaçã o sim.
Direito Penal 4 - Parte Especial

Veio de CONTRAVENÇÃ O? Receptaçã o NÃ O!

Veio de CRIME? Receptaçã o SIM!

O crime, por sua vez, é abrangente, podendo ser QUALQUER CRIME que diminua o
patrimô nio de alguém, nã o só os crimes do título II, já que há outros crimes que atentam
contra o patrimô nio, por exemplo, o peculato, contrabando, descaminho etc.

Os crimes praticados por menor também sã o considerados crimes para fins de


receptaçã o. (DÚ VIDA: e os demais inimputá veis?)

E as coisas alteradas/mudadas/sub-rogadas? I.E. receber carro comprado com


dinheiro de roubo.

CACETE NA DOUTRINA!!
DTN +: nã o há necessidade de ser produto direto de
crime para se tratar de receptaçã o. Logo, admite que
estas mudanças/alteraçõ es gerem repceptaçã o.
DTN – (Basileu Garcia/Bento Faria): dizem que nã o há
receptaçã o.

HONORÁ RIOS ADVOCATÍCIOS

Ter cautela, pois, o $ pode prover de crime. Neste caso, deve-se ter a cautela de nã o
querer saber a origem do $, nã o pegar objetos ou grana que tenha cara de produto de
crime (i.e. notas manchadas de tinta pois foram furto de ATM bancá ria).

BENS IMÓ VEIS

Hungria/Noronha: receptaçã o significa dar receptáculo. Para isto é necessá rio que a coisa
seja levada ao autor do CRIME precedente ao receptador.

Fragoso: CP nã o trata os tipos de bens, em muitos artigos nã o especifica se o bem é mó vel


ou imó vel. Como nã o se pode adicionar palavras ao CP, nã o há de se entender que só sã o
os imó veis. Logo, podem ser ambos os tipos.

ELEMENTO OBJETIVO

Adquirir = comprar, trocar, pegar o objeto para si.

Receber = aceitar.

Ocultar = esconder.

Transportar.

Conduzir = dirigir até.

Coisa ou produto do crime = o crime anterior pode ser qualquer crime contra o
patrimô nio; cabem objetos de valor sentimental; Hungria: diz que seria bis in idem colocar
Direito Penal 4 - Parte Especial

a expressã o “coisa mó vel”; Noronha dizia que só se pode esconder bens mó veis pelo
significado de receptaçã o (dar esconderijo, dar abrigo, esconder); Fragoso diz que o CP diz
expressamente quando é só mó vel, logo pode para bem imó vel (corrente minoritá ria); o
CP nã o diz se o produto é direto ou indireto (ex.: BMW comprada com dinheiro de crime);
quando um menor rouba uma loja e vende o objeto do roubo, é receptaçã o, pois por mais
que o ECA chame de ato infracional, é crime!

ELEMENTO SUBJETIVO

Dolo direto = ter má -fé, saber que a coisa é produto de crime.

A diferença entre a receptaçã o e o favorecimento pessoal (art 349) é quem se


deseja favorecer. No favorecimento pessoal, favorece-se o criminoso.

Caso nã o haja dolo direto, a receptaçã o é culposa, podendo também haver dolo
eventual (“vou comprar e se foda!”) – previsto no 180, §3º.

É um crime de açã o mú ltipla (misto alternativo cumulativo). Se o agente efetuar os


5 verbos, responde por apenas 1 deles.

CONSUMAÇÃ O/TENTATIVA

Quando agente efetuar um dos verbos, está consumado.

No verbo OCULTAR, nã o há tentativa, pois é um crime omissivo pró prio.

Adquirir e receber: instantâ neo.

Demais verbos: sã o permanentes, pois consumaçã o se protrai no tempo.

A tentativa, na impró pria, nã o existe.

RECEPTAÇÃ O IMPRÓ RIA

Crime formal.

Influir para terceiro de boa-fé adquirir, receber ou ocultar.

Neste caso, ao contrá rio do que ocorre em outros crimes, a participaçã o é conduta
primá ria, e nã o secundá ria.

A consumaçã o se dá com o ato de influir, nã o é necessá ria a aquisiçã o. Mas há uma


parte da doutrina que entende que é necessá rio a aquisiçã o para que se consume.

RECEPTAÇÃ O QUALIFICADA

§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,


remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de
crime:
Direito Penal 4 - Parte Especial

É uma ignorâ ncia jurídica, já que cria novo tipo (novos verbos) para a receptaçã o
comum do 180. Para Damá sio de Jesus é uma nova receptaçã o.

De qualquer forma utilizar: dar qualquer outra destinaçã o que nã o sejam os verbos
listados no pará grafo.

DTN+: receptaçã o qualificada abarca dolo direto e dolo eventual (elemento


subjetivo geral). Sendo o dolo eventual trata-se de aquisiçã o de coisa que tem toda a pinta
de ser oriunda de crime. Também há dolo especial “em proveito pró prio ou alheio”.

É necessá rio que a empresa exerça atividade comercial/industrial lícita.

Cuidado com os verbos. Uns sã o instantâ neos, outros, permanentes.

A ocultaçã o pode ser omissiva. Ele nã o recebe, mas deveria dizer onde a coisa está.
Também nã o é necessá rio recebimento para ocultar.

§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma


de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência.  

Este segundo parágrafo também inclui na receptação qualificada o comércio


clandestino (i.e. desmanche, de fundo de quintal etc), ou seja, caras que nem empresa tem.No
entanto, o legislador não fala de indústria clandestina. Neste caso, não se equipara e cai no
caput.

RECEPTAÇÃ O CULPOSA

§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o
preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso:  

Neste caso, o legislador nã o nominou expressamente o crime de receptaçã o


culposa, ao contrá rio do resto do CP. Talvez, na hipó tese de prever aqui o dolo eventual. Se
nã o agir com dolo eventual, no mínimo, deveria tomar outras cautelas, aquelas que o
homem-médio faria exigíveis para evitar crimes culposos.

Sã o indícios, podende ser mais de um ao mesmo tempo:

a. Natureza: algo no objeto, em sua natureza indica que preço deveria haver
cuidado.
b. Preço desproporcional entre valor do objeto: é ó bvio. O troço tá barato demais.
c. Condiçã o de quem oferece: por exemplo, guri de 10 anos vendendo
computador na rua.

INIMPUTABILIDADE DO AGENTE DO CRIME PRECEDENTE

§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de


que proveio a coisa. 

Consagra a independência do crime de receptaçã o. Se autor do crime precedente é


inimputá vel ou desconhecido, mesmo assim, receptador responde.

Se o cara é absolvido no crime antecedente, ou a coisa nã o é comprovadamente


produto de crime, absolvido está o receptador (pois, nã o é crime o anterior).
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ABRANDAMENTO DE PENA

§ 5º - Na hipó tese do § 3º, se o criminoso é primá rio, pode o juiz, tendo em consideraçã o as
circunstâ ncias, deixar de aplicar a pena. Na receptaçã o dolosa aplica-se o disposto no § 2º
do art. 155.

Caso seja receptaçã o culposa/dolo eventual;

Receptador for primá rio;

Circunstâ ncias do crime ensejar perdã o judicial;

Coisa tiver baixo valor (menor de 1SM, conforme já visto), pode-se:

a. Transformar retençã o em detençã o;


b. Diminuir pena, ou
c. Aplicar só multa.

AUMENTO (DOBRO) DE PENA

§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa


concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista
no caput deste artigo aplica-se em dobro. 

Mais uma pérola legislativa! Onde está o DF? Onde estã o outras entidades da adm.
Pú blica?

ISENÇÃ O PENAL EM CRIMES CONTRA O PATRIMÔ NIO

O art 181 isenta de pena os crimes deste título (contra o patrimô nio). Sã o causas de
isençã o de pena, escusas absolutó rias, imunidade penal absoluta. Isto já foi tratado,
inclusive.

Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em
prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003)

I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;

II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou


natural.

PENA E AÇÃ O PENAL

RECEPTAÇÃ O PRÓ PRIA e IMPRÓ PRIA: 1 a 4 + Multa.

RECEPTAÇÃ O QUALIFICADA: 3 a 8 + Multa.

RECEPTAÇÃ O CULPOSA E DOLO EVENTUAL: 1 mês a 1 ano, multa, ou, 1 mês a 1 ano E
multa.

Podendo ser diminuída ou convertida em virtude:


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a. do § 5º: se agente se enquadrar nos quesitos, a pena é abrandada ou


convertida;
b. do § 6º: dobrada a pena prevista no caput se coisa pertencer ao Estado (mas
leia a seçã o acima que há ressalvas);
c. isenta se praticada contra cô njuge, ascendentes e descendentes.

Açã o Penal Pú blica INCONDICIONADA, ou

Condicionada (representaçã o) se art 182: cô njuges divorciados; irmã os; tios ou sobrinhos
com quem coabita.

ESTUPRO

ART 213: constranger mulher à conjunçã o carnal, mediante violência ou grave ameaça.

Pena: reclusã o de 6 a 10 anos.

BEM JURÍDICO TUTELADO

É a liberdade sexual da mulher, ou seja, sua faculdade de escolher livremente seu


parceiro sexual, podendo recusar inclusive o pró prio marido.

SUJEITO ATIVO

Via de regra, sendo individualmente considerado, pode ser apenas o homem.

Embora o crime seja classificado como pró prio, pressupondo o autor ser um homem, nada
impede de que uma mulher seja partícipe, ou autora mediata, como quando, por exemplo,
o autor imediato (executor) sofrer coaçã o irresistível de uma mulher para a prá tica sexual
violenta. Nesta hipó tese, apenas o coautor responderá pelo crime, logo, uma mulher será o
sujeito ativo.

Como já explanado, o marido pode também ser sujeito ativo. O chamado “débito conjugal”
nã o assegura ao marido o direito de “estuprar sua mulher”.

SUJEITO PASSIVO

O sujeito passivo é somente a mulher, sendo a liberdade sexual direito assegurado à ela,
nã o importando condiçã o, conduta, vida pregressa ou qualquer outro fator.

ELEMENTO OBJETIVO

A açã o tipificada é:
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a) Constranger: forçar, compelir.


b) Mulher: somente do sexo feminino.
c) Mediante violência: vis corporalis (violência física)
d) À conjunção carnal: có pula vaginal – qualquer outra forma de coito, configura-se
atentado violento ao pudor.

 VIOLÊNCIA

O termo violência no texto legal significa a força física com finalidade de vencer a
resistência da vítima. Essa violência pode ser produzida pela pró pria energia corporal ou
por meios alheios, como fogo, á gua, choques, etc., podendo ser imediata, quando
diretamente contra o ofendido, ou mediata, quando utilizada contra terceiro ou coisa
vinculada a vitima, nã o sendo irresistível, necessariamente.

Aqui, ainda, cabem casos de grave ameaça, espécie de “violência moral”, a vis compulsiva,
que exerce força intimidativa, anulando ou minando a vontade da vítima, procurando
inviabilizar eventual resistência desta, podendo a ameaça materializar-se por meio de
gestos, palavras, atos, escritos, etc., impondo o medo, o receio e o temor na vítima.

 NÍVEL DE RESISTÊNCIA DA MULHER

Ao se estudar o caso concreto, deve-se levar em conta os princípios de proporcionalidade e


razoabilidade, recomendando-se a avaliaçã o da relaçã o de forças, especialmente a
superioridade de força do agente.

Sendo assim, para o reconhecimento de violência ou grave ameaça, nã o se faz necessá rio
que a capacidade de resistência da vítima seja totalmente esgotada, prolongando-se até o
seu desfalecimento, a ponto de colocar em risco sua pró pria vida. Para tanto, a lei exige
apenas que a resistência seja sincera.

ELEMENTO SUBJETIVO

O tipo penal tem dois elementos subjetivos: o dolo geral, que é a vontade consciente de
constranger a vítima, contra sua vontade, e o dolo específico, que é o especial fim de
constranger à conjunção carnal.

Nã o há previsã o de modalidade culposa, tampouco se faz necessá ria a finalidade de


satisfazer a pró pria lascívia para caracterizar o crime.

CONSUMAÇÃ O E TENTATIVA

O crime de estupro se consuma desde que haja a introduçã o completa ou incompleta do


ó rgã o genital masculino na vagina da vítima, independente das condiçõ es e independente
de ejaculaçã o.

Doutrinariamente é possível a tentativa, porém há extrema dificuldade em sua


constataçã o. Caracteriza-se o crime de estupro na forma tentada quando o agente,
iniciando a execuçã o, é interrompido pela reaçã o eficaz da vítima, mesmo que nã o tenha
chegado a haver contatos íntimos.
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No estupro, como crime complexo que é, a primeira açã o, ou seja, a ameaça ou a violência,
constituem início de execuçã o. Assim, para a tentativa, basta que o agente tenha ameaçado
gravemente a vítima com o fim inequívoco de coagi-la a conjunçã o carnal.

Mas, como diferencio tentativa de estupro de atentado violento ao pudor?

Simples! Basta analisar o elemento subjetivo que orientou a conduta do agente.

CLASSIFICAÇÃ O DOUTRINÁ RIA

O crime de estupro é:

a) Comum: o fato de, EM TESE, somente o homem ser o sujeito ativo nã o o qualifica
como pró prio.
b) Material: crime que exige resultado.
c) Doloso: nã o há previsã o de modalidade culposa.
d) Instantâneo: a consumaçã o nã o se alonga ao tempo.
e) Unissubjetivo: pode ser cometido por uma ú nica pessoa.
f) Plurissubsistente: a conduta pode ser desdobrada em vá rios atos.
g) Hediondo

AUMENTO DE PENA

Nas hipó teses do ART 226:

Art. 226. A pena é aumentada:


I - de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; 
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge
companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro
título tem autoridade sobre ela;

ASSÉ DIO SEXUAL

Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes
ao exercício de emprego, cargo ou função.

Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. 

Parágrafo único. (VETADO)

§ 2o  A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos.

BEM JURÍDICO TUTELADO

Aqui a proteçã o penal se estende para além da liberdade sexual, abrangendo também
outros bens jurídicos, que, embora nã o tenham a mesma relevâ ncia, elevam no contexto a
importâ ncia e, de certa forma, fundamentam a necessidade de proteçã o penal desse
aspecto da liberdade sexual. Assim, os bens jurídicos tutelados sã o:
Direito Penal 4 - Parte Especial

a) A liberdade sexual
b) A honra e a dignidade sexuais
c) A dignidade das relaçõ es trabalhista-funcionais

SUJEITO ATIVO

Pode ser qualquer pessoa, homem ou mulher, em relaçõ es hetero ou homossexuais.

Com o termo “alguém”, o tipo penal admite que o constrangimento possa ser praticado por
sujeito ativo de mesmo sexo, desde que apresente a elementar relativa à hierarquia
funcional ou ascendência. O inverso nã o acontece, ou seja, o subalterno ou subordinado
nã o pode ser sujeito ativo do crime de assédio sexual.

Coautoria e participaçã o em sentido estrito sã o perfeitamente possíveis, inclusive entre


homens e mulheres em qualquer dos polos: ativo ou passivo.

SUJEITO PASSIVO

Por ó bvio, o sujeito passivo também pode ser do mesmo sexo do sujeito ativo, desde que
atenda também à s condiçõ es do tipo: condiçã o de subalterno ou subordinaçã o. Na
hipó tese da vítima desfrutar de posiçã o semelhante ao agente, o constrangimento nã o
configura assedio sexual.

ELEMENTO OBJETIVO

Assim como no estrupo e no atentado violento ao pudor, o verbo nuclear é constranger,


porém, aqui, no seguinte sentido: constranger alguém, com o fim especial de obter
concessões sexuais, abusando de sua condição de superioridade ou ascendência decorrentes
de emprego, cargo ou função.

Destacam-se, fundamentalmente, quatro aspectos:

a) Açã o de constranger.
b) Especial fim – favores ou concessõ es libidinosos.
c) Existência de uma relaçã o de superioridade ou ascendência.
d) Abuso dessa relaçã o e posiçã o privilegiada em relaçã o à vítima.

Vale frisar que o tipo nã o exige a prá tica de qualquer ato libidinoso entre autor e vítima e,
se ocorrer, representará , em tese, somente o exaurimento da infraçã o penal. Tipifica-se
como assédio sexual com a simples açã o de constranger, podendo ser de forma livre, desde
que orientada pelo objetivo especial de obter vantagem de qualquer tipo de natureza
sexual.

ELEMENTO SUBJETIVO

Há aqui o dolo geral, vontade livre e consciente à consumaçã o do ato, e o dolo especial,
que é o fim especial “obter vantagem ou favorecimento sexual”, porém este ú ltimo nã o
precisa necessariamente acontecer, basta que seja, subjetivamente, o objetivo da açã o do
agente.

Nã o há previsã o de modalidade culposa.


Direito Penal 4 - Parte Especial

CONSUMAÇÃ O E TENTATIVA

Consuma-se o crime de assédio sexual com a prá tica de atos concretos, efetivos,
suficientemente idô neos para demonstrar à existência de constrangimento, sendo
desnecessá rias as “vias de fato”. O constrangimento tem de ser suficiente para duas coisas:
incutir medo, receio ou insegurança na vítima e, ao mesmo tempo, ferir-lhe sentimento de
honra sexual, de liberdade de escolha de parceiros, enfim, o sentimento de amor pró prio.

Doutrinariamente, a tentativa é possível, ainda que difícil sua constataçã o, como no


exemplo pouco plausível, porém possível, de o constrangimento ser feito por escrito ou
por vídeo ou por qualquer outro meio parecido e é interceptado por terceiro antes de a
vítima tomar conhecimento.

CLASSIFICAÇÃ O DOUTRINÁ RIA

Trata-se de crime:

a) Próprio: só pode ser cometido por quem ostenta a condiçã o especial


b) Comissivo: nã o é possível o cometimento por omissã o
c) Formal: independe de resultado
d) Doloso: nã o aceita a forma culposa
e) Instantâneo: a consumaçã o nã o se alonga ao tempo
f) Unissubjetivo: pode ser cometido por apenas uma pessoa
g) Plurissubsistente: a conduta pode ser desdobrada em vá rios atos

Ô NUS PROBANDI

Para a prova do cometimento do crime, a ação de constranger e o dissenso da vítima devem


ser longamente demonstrados. Nã o bastam meras alegaçõ es, acusaçõ es levianas,
infundadas ou sem provas concretas. É inadmissível, como normalmente ocorre em
determinados crimes sexuais, aceitar somente a palavra da vítima como fundamento de
uma decisã o condenató ria, que nã o venha corroborada com outros convincentes
elementos probató rios, sempre se levando em conta a presunçã o de inocência do acusado.

Ainda que o binô mio constrangimento + dissenso seja provado, ainda há a necessidade de
demonstraçã o do prevalecimento da condição de superior para a finalidade de obtenção de
favores sexuais.

O fato do assédio, por si só , nã o é proibido, visto o conceito de assédio: “Insistência


importuna junto de alguém com perguntas, propostas, pretensões, etc.”, porém, qual o limite
deste tipo de comportamento? Por exemplo, até que ponto torna-se correto e até legal um
homem apaixonado ir atrá s de sua amada? A lei nã o quer, de forma alguma, que esses
tipos de relaçõ es nã o existam, e sim evitar de que o abuso deste comportamento
prevaleça.

COMPARATIVOS

IMPORTUNAÇÃ O OFENSIVA AO PUDOR X ASSÉ DIO SEXUAL

IMPORTUNAÇÃ O ASSÉ DIO


Direito Penal 4 - Parte Especial

Lugar pú blico ou acessível Qualquer lugar (mais comum no trabalho)

Local aberto Local mais restrito

Publicidade do ato Maior discriçã o

BJ tutelado: bons costumes BJ tutelado: liberdade sexual e relaçã o laboral

Independe de relaçã o de Depende de relaçã o de hierarquia ou


hierarquia ou ascendência ascendência

CONSTRANGIMENTO ILEGAL X ASSÉ DIO SEXUAL

CONSTRANGIMENTO ASSÉ DIO

EXIGE emprego de violência, grave NÃ O TEM emprego de violência,


ameaça ou reduçã o da capacidade de grave ameaça ou reduçã o da
defesa as vítima por qualquer meio capacidade de defesa as vítima por
qualquer meio

Independe de relaçã o de hierarquia Depende de relaçã o de hierarquia ou


ou ascendência ascendência

ASSÉ DIO MORAL X ASSÉ DIO SEXUAL

MORAL SEXUAL

Objetiva a humilhaçã o, o Objetiva vantagens e favorecimentos.


constrangimento moral da vítima.

CAUSAS DO AUMENTO DE PENA

Das majorantes do ART 226, apenas duas nã o podem ser aplicadas, ante a proibiçã o do bis
in idem: “Se o agente é preceptor ou empregador da vítima.”.

Nessas hipó teses existe, em tese, relaçã o de hierarquia e ascendência inerentes ao


exercício de emprego, cargo ou funçã o, o que acaba se confundindo com as elementares do
tipo em questã o.

Ademais, qualquer das outras hipó teses em questã o é passível de aplicaçã o no assédio
sexual.

FALSIFICAÇÃ O DE DOCUMENTO PÚ BLICO

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público
verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Direito Penal 4 - Parte Especial

§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,


aumenta-se a pena de sexta parte.
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade
paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade
comercial, os livros mercantis e o testamento particular.
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:
I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova
perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;
II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva
produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter
sido escrita;
III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações
da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter
constado.
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3 o, nome do
segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de
prestação de serviços.

BEM JURÍDICO TUTELADO

O bem jurídico tutelado é a fé pública, particularmente em relaçã o à autenticidade de


documento pú blico (AH VÁ !)

SUJEITO ATIVO

Pode ser qualquer pessoa, independentemente de condiçã o especial. Tanto o servidor


pú blico como o cidadã o comum pode praticar o crime, em qualquer de suas formas. A
eventual qualidade ou condiçã o de funcioná rio pú blico pode, teoricamente, ensejar em
causa especial de aumento de pena.

SUJEITO PASSIVO

É o Estado primeiramente e, secundariamente, quem for prejudicado.

ELEMENTO OBJETIVO

As açõ es tipificadas sã o:

a) Falsificar documento
a. No todo
b. Ou em parte
b) Alterar documento
a. Modificar
b. Adulterar dizeres ou letras

Comprovando-se que o agente falsificou e usou o documento, a conduta típica é a do


crime de falsificaçã o de documento e nã o de estelionato.

 DOCUMENTO PÚBLICO
Direito Penal 4 - Parte Especial

Por documento pú blico entende-se aquele que é elaborado na forma prescrita em lei, por
funcioná rio pú blico, no exercício de suas atribuiçõ es, compreendido o documento formal e
substancialmente pú blico, observadas as “formalidades condicionantes de sua eficácia
jurídica do país”.

FALSIDADE IDEOLÓ GICA X

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