Você está na página 1de 376

Aulas de PI – Gran Cursos

Sumário
1. Teorias de Relações Internacionais............................................................................................................................4
Introdução às teorias das Relações Internacionais....................................................................................................4
Liberalismo Clássico (Idealismo)................................................................................................................................7
Realismo Clássico........................................................................................................................................................9
Liberalismos no pós-guerra......................................................................................................................................12
Realismo – Novas Abordagens e Escola Inglesa.......................................................................................................15
Construtivismo e outras teorias...............................................................................................................................17
Marxismo e Feminismo............................................................................................................................................19
2. Política Externa Brasileira (PEB)...............................................................................................................................24
Governo Dutra (1946-51)..........................................................................................................................................24
Governo Vargas (1951-54)........................................................................................................................................26
Governo Café Filho (interregno ou hiato Café Filho) - (1954-55).............................................................................28
Governo JK (1956-60)...............................................................................................................................................29
Governo Jânio Quadros (1961).................................................................................................................................32
Governo João Goulart (1961-64)..............................................................................................................................35
Governo Castello Branco (1964-67)..........................................................................................................................37
Governo Costa e Silva (1967-69)..............................................................................................................................39
Governo Médici (1969-74)........................................................................................................................................41
Governo Geisel (1974-79).........................................................................................................................................42
Governo Figueiredo (1979-85)..................................................................................................................................45
Governo Sarney (1985-1990)....................................................................................................................................46
PEB Anos 1990..........................................................................................................................................................51
Governo Fernando Collor de Mello (1990-1992)..................................................................................................52
Governo Itamar Franco (1992-95)........................................................................................................................53
Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2003).............................................................................................53
3. O Brasil e a América do Sul.......................................................................................................................................53
CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe..............................................................................54
ALALC – Associação Latino-Americana de Livre-Comércio......................................................................................54
ALADI – Associação Latino-Americana de Integração..............................................................................................54
ACEs – Acordos de Complementação Econômica....................................................................................................54
Pacto Andino - Comunidade Andina de Nações.......................................................................................................54
CAN – Comunidade Andina de Nações (1996).........................................................................................................55
CARICOM - Comunidade do Caribe (1973)...............................................................................................................55
TCA / OTCA – Tratado de Cooperação Amazônica (1978)........................................................................................55
ALCA – Área de Livre Comércio das Américas..........................................................................................................55
ALBA – Alternativa Bolivariana para as Américas....................................................................................................55
IIRSA – Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana......................................................56
CASA – Comunidade Sul-Americana de Nações.......................................................................................................56
UNASUL – União de Nações Sul-Americanas...........................................................................................................56
CDS – Conselho de Defesa Sul-Americano...............................................................................................................57
PROSUL – Fórum para o Progresso da América do Sul............................................................................................58
CALC – Cúpula da América Latina e do Caribe..........................................................................................................58
CELAC – Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos......................................................................58
Aliança do Pacífico....................................................................................................................................................59
Organismos regionais de financiamento..................................................................................................................59
MERCOSUL................................................................................................................................................................60
4. Argentina: política externa e relações com o Brasil.................................................................................................71
Relações Brasil-Argentina - Trajetória histórica (1945-hoje).....................................................................................72
Relações Brasil - Argentina (atualidades)..................................................................................................................75
5. Relação do Brasil com os demais países da América Latina....................................................................................79
Uruguai.................................................................................................................................................................. 79
Paraguai.................................................................................................................................................................80
Chile...................................................................................................................................................................... 81
Bolívia.................................................................................................................................................................... 82
Peru....................................................................................................................................................................... 83
Equador................................................................................................................................................................. 84
Colômbia...............................................................................................................................................................85
Venezuela..............................................................................................................................................................87
Guiana................................................................................................................................................................... 90
Suriname...............................................................................................................................................................91
México................................................................................................................................................................... 91
Cuba...................................................................................................................................................................... 92
Haiti....................................................................................................................................................................... 92
Canadá................................................................................................................................................................... 92
Brasil-Hemisfério (Comércio)................................................................................................................................93
6. Estados Unidos da América: política externa e relações com o Brasil.....................................................................94
Oriente Médio e Terrorismo (Fundamentalismo Islâmico).......................................................................................94
China e Indo-Pacífico.................................................................................................................................................96
A Guerra Comercial de Trump...................................................................................................................................99
Europa..................................................................................................................................................................... 100
América Latina.........................................................................................................................................................102
África....................................................................................................................................................................... 104
Brasil e a Política Externa dos EUA..........................................................................................................................105
Histórico e características....................................................................................................................................105
Intensificação da Cooperação Bilateral – Agenda dos 10 pontos........................................................................106
Principais Mecanismos de Diálogo......................................................................................................................113
7. União Europeia: origens, evolução histórica, estrutura e funcionamento, situação atual, política externa e
relações com o Brasil..................................................................................................................................................114
Estruturas Europeias...........................................................................................................................................114
Histórico de Integração.......................................................................................................................................119
Situação Atual e Política Externa.........................................................................................................................122
Política Externa e de Segurança Comum (PESC) e Política Comum de Segurança e Defesa (PCSD).....................127
Crises................................................................................................................................................................... 132
Relações com o Brasil..........................................................................................................................................134
Negociações MERCOSUL e UE e Reuniões Regionais...........................................................................................140
8. Rússia: política externa e relações com o Brasil....................................................................................................142
Conceitos e questões fundamentais.......................................................................................................................142
Relações bilaterais e regionais................................................................................................................................144
O espaço pós-soviético............................................................................................................................................149
Organizações regionais............................................................................................................................................150
Política voltada aos polos........................................................................................................................................152
Crises e conflitos.....................................................................................................................................................152
Relações bilaterais com o Brasil..............................................................................................................................157
9. Brasil e África..........................................................................................................................................................161
10. Brasil e Ásia...........................................................................................................................................................165
China....................................................................................................................................................................... 165
Relações Brasil – China........................................................................................................................................179
Índia........................................................................................................................................................................ 185
Relações Brasil – Índia.........................................................................................................................................193
Japão....................................................................................................................................................................... 198
Relações Brasil – Japão........................................................................................................................................203
11. O Brasil e o Oriente Médio...................................................................................................................................206
Questão israelo-palestina....................................................................................................................................209
Síria......................................................................................................................................................................... 215
Iraque.................................................................................................................................................................. 217
Irã........................................................................................................................................................................ 220
Arábia Saudita.....................................................................................................................................................221
Egito.................................................................................................................................................................... 222
12. Comunidade dos Países de Língua Portuguesa....................................................................................................224
13. O Brasil e a Agenda Internacional........................................................................................................................227
O multilateralismo de dimensão universal: a ONU; as conferências internacionais; os órgãos multilaterais.........227
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável....................................................................................................236
Pobreza e ações de combate à fome.......................................................................................................................254
Comércio internacional e Organização Mundial do Comércio (OMC).....................................................................258
Sistema Financeiro Internacional............................................................................................................................271
Desarmamento e não-proliferação.........................................................................................................................278
Armas Nucleares.................................................................................................................................................278
Programa nuclear norte-coreano........................................................................................................................285
Programa nuclear iraniano..................................................................................................................................286
Armas Biológicas.................................................................................................................................................289
Armas Químicas...................................................................................................................................................289
Regimes transversais...........................................................................................................................................290
Armas convencionais...........................................................................................................................................291
Guerra Cibernética..................................................................................................................................................297
Terrorismo...............................................................................................................................................................299
Reforma da ONU.....................................................................................................................................................305
Crimes de guerra e crimes contra a humanidade: genocídio, holocausto e a Tribunal Penal Internacional...........308
Operações de paz das Nações Unidas.....................................................................................................................314
14. O Brasil e o Sistema Interamericano....................................................................................................................320
O Brasil e o Sistema Interamericano.......................................................................................................................328
15. O Brasil e a formação dos blocos econômicos, a negociação de acordos comerciais e a promoção comercial. 336
Acordo de Associação MERCOSUL-União Europeia.............................................................................................338
Promoção Comercial...........................................................................................................................................344
Investimentos......................................................................................................................................................345
Comprehensive and Progressive Agreement for Trans Pacific Partnership (CPTPP)...........................................346
TTIP ou TAFTA (Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento EU-US).....................................................347
17. O Brasil e as coalizões internacionais: o G20, o IBAS e o BRICS...........................................................................350
G20 (Financeiro)......................................................................................................................................................350
IBAS......................................................................................................................................................................... 353
BRICS....................................................................................................................................................................... 354
18. O Brasil e a Cooperação Sul-Sul............................................................................................................................358
Cooperação Sul-Sul e o Brasil..................................................................................................................................360
19. Criptomoedas, Blockchain e impactos na economia mundial.............................................................................366
Manuais

Globalization of World Politics – Owen, Smith, Baylis

1. Teorias de Relações Internacionais

Introdução às teorias das Relações Internacionais

Conceitos Básicos

Relações Internacionais (RI) vs. relações internacionais

 O primeiro termo é o campo de saber, o segundo são as interações entre as unidades políticas básicas da
cena internacional
 Como disciplina, surgiu após a 1ª Guerra Mundial – como evitar a guerra para que se alcance a paz. Surge
como forma de entender a guerra para se obter a paz. A guerra precisa ser evitada.

Teorias Clássicas (guerra e paz)

O realismo passa a confrontar o liberalismo

As teorias são importantes porque buscam descrever, explicar, prever e prescrever a realidade

Níveis de análise (Kenneth Waltz)

 Homem – nível individual ou primeira imagem


 Estado – nível doméstico ou segunda imagem
 Guerra – nível sistêmico ou terceira imagem

Soberania

 Dentro de suas fronteiras, o Estado é autoridade máxima e detém o monopólio do uso legítimo da força
 Fora de suas fronteiras, o Estado não se subordina a nenhuma outra autoridade política

Estado

Anarquia

 Sistema político que opera na ausência de autoridade política superior


 Não é sinônimo de caos
 O sistema internacional é anárquico (Estados soberanos)

Sistema Internacional

 Dimensão política
 Anárquico
 Atores internacionais (conceito amplo)
 Formas: unipolar, bipolar, multipolar – na guerra fria o sistema era bipolar

Ordem internacional

 Dimensão jurídico-normativa.
 É o padrão normativo e institucional da relação entre os Estados.
 Elementos: soberania, formas de diplomacia, direito internacional, o papel das grandes potências, códigos
que delimitam o uso da força etc.
 Sujeitos internacionais (conceito restrito). Atores que têm legitimidade
 Formas: unilateral, bilateral, plurilateral, multilateral
Liberalismo Clássico (Idealismo)

Também conhecido como idealismo, alcunha dada por teóricos que viriam a contestar o pensamento liberal clássico,
sobretudo os realistas

Origens

 Pós 1ª GM
o Crítica à maneira como os Estados estavam interagindo no cenário internacional. Práticas que não
levavam em consideração a manutenção da paz
o Foram os arcos de aliança na Europa que levaram à guerra; conflagração de proporções nunca antes
vistas
o Repensar a forma como os Estados se relacionam entre si; é no pensamento liberal clássico que irá
emanar as primeiras teorias para manutenção da paz

 Pensamento liberal do século XVIII e XIX


o Immanuel Kant
 Ideia de que as repúblicas constitucionais não entram em guerra entre si. Princípios morais
comuns. É de Kant o conceito de paz perpétua

o Jeremy Bentham
 O objetivo dos Estados é o maior nível de felicidade para todos

o Adam Smith & David Ricardo


 Pensamento econômico que ajudou a fundamentar o sistema capitalista mundial
 Dever do Estado a garantir as liberdades
 Importância do livre-comércio nas relações entre países

 “Ressurgimentos do liberalismo nas RI – nova forma do pensamento liberal


o Pós II GM
o Anos 1990

Base Conceitual

 Conceitos do liberalismo político (lógica doméstica = o que ocorre dentro do Estado) aplicados às Ris –
reproduz para a relação dos Estados o que ocorre na interação humana
o Razão humana
 Análise de custo-benefício; lógico da razão e maximização do bem-estar
 Razão humana conduz os indivíduos a cooperarem; a cooperação produz mais ganhos que a
competição, além de promover a paz

o Cooperação
 Associada à razão humana

o Progresso humano
 O progresso é inerente à natureza humana; portanto, as relações humanas estão em
constante evolução e o mesmo ocorre na relação entre os Estados, que se tornam cada vez
mais cooperativos

o Estado constitucional
 Gera estado de direito – normas fundamentais que regulam a relação entre indivíduos; ideia
de normatização de regras fundamentais. É um conceito fundamental para a teoria liberal
 Garante liberdades
Premissas

A ordem liberal essencialmente traria a paz segundo os liberais uma vez que a cooperação tem o poder de evitar a
guerra. Eles acreditam que os Estados são racionais e que a paz é o estado natural e não a guerra, esta é uma
anomalia.

Ganhos compartilhados advêm da cooperação. Vai de encontro ao pensamento realista, que defende que ganhos
compartilhados não é possível dentro de um sistema anárquico

Direito como o conjunto de normas acordadas, que orientam a relação entre os Estados

Principais autores

Norman Angell (A grande ilusão, 1910)

 Superação da visão hobbesiana


 Exercício do poder militar
o Não implica prosperidade – expandir impérios deixa de ser visto como forma de gerar prosperidades
o Gera problemas econômicos – em função da interdependência econômica, as disputas territoriais
causam mais danos que prosperidade
o Não favorece o comércio – é fundamental para a prosperidade econômica

 Norman desconstrói a ideia de prosperidade fruto da expansão territorial com o conceito de


interdependência econômica

Woodrow Wilson (Os Quatorze Pontos, 1918)

 Liberdade de navegação
 Abolição das barreiras econômicas – liberalização do comércio
 Redução dos armamentos
 Revisão da política colonialista – conflito com o pensamento europeu; defende a independência e
autodeterminação dos povos
 Fim da diplomacia secreta – gerava conflitos e esquemas complexos de aliança, além da falta de
transparência
 Liga das Nações (LDN)
o Wilson foi idealizador da Liga, embora os EUA não tenham feito parte dela
o Privilégio do DIP e das instituições como elementos fundamentais

Repercussão na ordem internacional

Liga das Nações (1920)

Pilares da Liga das Nações para acabar com o flagelo da guerra

 Organização internacional (1920-46)


 Criada pelos Aliados (vencedores da I Guerra Mundial)
 Por meio da cooperação entre os países, buscava manter a paz mundial
 Não alcançou seus objetivos
o Crise sistêmica
o EUA não adere – perde significância, apesar de continuar existindo juridicamente até 1946
o Crise de 1929 e a “Grande Depressão”
o Ascensão do nazifascismo

 O fracasso da Liga e a eclosão da II GM acabou por colocar em xeque os preceitos liberais clássicos, o que fez
com que os realistas denominassem os liberais de idealistas

Repercussão na ordem Internacional


Pacto Briand-Kellog (1928) - liderado por França e EUA e uma prescrição do pensamento liberal
 Pacto multilateral – vários países assinaram
 Condenação do recurso à guerra
 Renúncia da guerra como instrumento político
 Prescrição de métodos pacíficos

Realismo Clássico

Origens

 Vencedor do 1º Grande Debate das Ris


o Realistas x Liberais
o Liberalismo fracassou, pois a segunda guerra aconteceu
o Liberalismo é tido como idealista

 Pessimismo do entreguerras
o Reforça a competição e a lógica de poder entre os Estados
o Não existe a questão de cooperação, a guerra pelo poder é algo real
o Pacto Briand-Kellog falhou

 Base filosófica clássica


o Tucídides
 Pensador grego que escreve sobre a história da guerra cujo objetivo é a luta pelo poder
o Maquiavel
 Autor de O Príncipe
 Tido como a pessoa que institucionalizou a diplomacia
 Cidades-estados da Itália viviam em conflito
 Estado não atua por princípio, mas por necessidade
o Hobbes
 Pensador inglês que trata a natureza humana como algo instável

Premissas

 Estado é a unidade básica de análise e o único participante; indivíduos, empresas, organizações


internacionais são irrelevantes
 Bola de bilhar – Estado age na lógica de poder do sistema internacional. Para o pensamento realista o Estado
age como uma unidade, não importa a complexidade interna, qual o sistema de governo, por exemplo, ou
qual partido é mais forte
 O poder está no centro, o Estado busca acumular poder para sobreviver; ele quer segurança interna
 Autoajuda porque cada um age por si; não há problema em romper um determinado acordo se assim lhe
convier. Tudo vai depender do interesse do Estado
 Anarquia do sistema internacional; cada busca a sua autoajuda
 Razão de Estado é a busca dos seus interesses, sua sobrevivência e segurança. Pode se aliar a outro Estado
desde que ele tenha questões morais em comum

Pensadores Clássicos

Principais pensadores realistas das relações internacionais

E. H. Carr (Vinte anos de crise, 1939)

 Contexto: Entreguerras ➔Fracasso da política de apaziguamento


o Os vintes anos de crise está no contexto do entreguerras
o Retoma o realismo clássico para questionar o pensamento liberal clássico
o Mostra que são os Estados são os atores mais relevantes e que são os interesses destes e as relações
de poder entre os Estados que define o Sistema Internacional e a Ordem Mundial
 Crítica ao que chamou de “idealismo” do pensamento liberal (ser x dever ser)
o Critica o idealismo dos liberais e defende a análise da realidade e a realidade é que os Estados estão
preocupados com a sobrevivência e segurança

 Estado:
o Único ator relevante do sistema
o Motivado por poder
o Preocupado com sua sobrevivência

Hans Morgenthau (Política entre as nações, 1948)

 Contexto: Pós-guerra
o Traz o pensamento do pós II GM
o Influenciado pelo contexto da Guerra Fria
o Perspectiva liberal ganha espaço com o desenho do sistema ONU, mas o advento da Guerra Fria
acaba por fazer com que o Realismo passe a ser mais expressivo. Antigos aliados passaram a
competir – EUA e URSS lutaram juntos na guerra
o Discurso de Churchill sobre a cortina de ferro já havia sido proferido

 Política baseada na natureza humana (egoísmo, interesse próprio)


o Influência das ideias de Tucídides, Hobbes e Maquiavel

 Política como “esfera autônoma de ação” ➔ economia (marxistas) e moral (kantianos) não são
determinantes.
o Estados querem acumular poder; economia, bem-estar e questões morais não são essenciais na
atuação dos Estados internacionalmente

 Política internacional = arena de interesses conflitantes (self-help➔ segurança e sobrevivência)


o Contexto de duas guerras que corroboravam a ideia

 A ética da política internacional é circunstancial e desconectada da ética individual ou de valores universais


o Está relacionada com as lógicas de poder no plano internacional
o No caso de um acordo vier a se virar contra os interesses do Estado ele não terá puder em romper o
acordo; relações se dão pelo interesse e não por princípios morais

Exemplo de repercussão no sistema internacional

MAD - Mutually Assured Destruction (Robert McNamara)

Os ataques não seriam mais a pontos estratégicos, mas relacionado com a destruição total. Com isso, a guerra se
torna convencional, pois nenhum dos lados tem coragem de usar as armas nucleares

 Contexto – é influenciado pelas ideias e interações humanas


o Corrida armamentista no pós-guerra
o Guerra Fria
o Acumulação de poder bélico nuclear = segurança e sobrevivência

 A crise dos Mísseis de Cuba (1962)


o Mudança na política de dissuasão
o Retaliação automática de cidades
o Mútua destruição assegurada
Liberalismos no pós-guerra

Liberalismo sociológico

 Autores: Karl Deutsch e James Rosenau

 Relações Internacionais envolvem relações transnacionais


o Significa que vai além da lógica de atuação única de bola de bilhar; as relações se dão entre
indivíduos, empresas e outras instituições internas

 Há mais cooperação nas redes transnacionais


o Indivíduos são racionais e buscam cooperar
o Quanto maior o número de redes transnacionais, mais pacífico será o mundo

Liberalismo da interdependência

 Autores: Richard Rosencrance, David Mitrany e Ernest Haas

 Mais relações transnacionais geram mais interdependência


o Transações transnacionais: fluxo de bens, de pessoas, de ideias acabam se refletindo na economia
internacional, o que gera maior interdependência o que por sua vez reduz os conflitos

 É o desenvolvimento econômico que gera prosperidade segundo Rosencrance e o conflito deixa de ser
interessante; casos de Alemanha e Japão
 Mitrany defende uma ideia funcionalista da integração; a paz é fruto da interdependência e deve ser feita
por técnicos e não por políticos. O bem-estar aumenta com o processo de integração e os próprios
indivíduos passam a a apoiar a dinâmica internacional para além dos Estados; tem relação com o processo
de integração europeu

 Haas também está inserido no contexto de integração europeia, porém de forma mais profunda; afirma que
pode ser em qualquer área. É menos otimista que o Mitrany e não concorda com a separação entre técnicos
e políticos

Interdependência Complexa

Joseph Nye e Robert Keohane (1977)

Não rejeitam a possibilidade de conflito, tampouco rejeitam o pensamento realista e as dinâmicas de poder, mas
trazem a ideia de que as relações são mais complexas e o poder militar é insuficiente para explicar a relação entre os
Estados; a explicação realista é incompleta para eles

Questões diferentes geram coalizões distintas por isso a complexidade; a política transcende fronteiras e em muitos
casos a força militar é menos importante ou mesmo irrelevantes; cresce a importância da capacidade de negociação
na obtenção do bem-estar; high politic = segurança; low politic = bem-estar

Há uma especialização de diferentes recursos de poder em diferentes áreas; com a valorização das organizações
internacionais; países com menor poder bélico podem exercer mais influência

Liberalismo Institucional

 Autores: Robert Keohane e Stephen Krasner


o São menos otimistas que Woodrow Wilson, não acreditam que as instituições irão acabar com os
conflitos, mas que são elementos importantes na busca pela cooperação e consequentemente pela
paz
o Instituições internacionais são fruto da vontade dos Estados, mas possuem autonomia. Não existem
apenas para defender os interesses dos estados e reduzem significativamente a anarquia existente
no sistema internacional, pois compensam o medo mútuo e a falta de confiança entre os Estados ao
servir de foros para negociação e de promoção da cooperação; inibe o caráter conflituoso
o Instituições inibem a anarquia ao prover estabilidade

 Instituições são molduras dentro das quais a cooperação se torna possível, ao gerarem previsibilidade
o Organizações internacionais
o Regimes internacionais

Liberalismo republicano

 Autores: Michael Doyle e Francis Fukuyama


o Pensamento otimista em torno da queda do Muro de Berlim; valores democráticos ganhariam o
mundo como fim da URSS
o Escrevem no contexto do fim da Guerra Fria
o Influenciados pelo princípio kantiano de que democracias não entram em guerra entre si

 Resolução pacífica de conflitos é um valor democrático


 Democracias nunca entram em guerra contra democracia
Realismo – Novas Abordagens e Escola Inglesa

Grandes Debates das Ris

Ontológico = essência

Primeiro debate é de essência, ao passo que o segundo é de metodológico

Behaviorismo = método científico aplicado às ciências sociais; perspectiva positivista quantitativa, com forte análise
estatística. Até então a lógica tradicional preconizava o estudo das bases históricas, as diferentes correntes,
dimensão moral era mais filosófica, portanto.

Realismo Estratégico - Thomas Schelling

Realismo estratégico mais focado nas dimensões estratégicas do processo decisório; o que leva os países a agirem de
tal forma

Não se preocupa com valores e motivações; não é foco dele de estudo

Age porque quer atingir seus objetivos; oferece instrumentos analíticos para o processo decisório. Schelling é muito
influenciado pela Teoria dos Jogos

Ameaça é fundamental na forma como atua, demonstrar poder é uma forma de levar o país a barganhar. A
acumulação de poder não necessariamente está ligada à guerra, mas também ao poder de barganha

Neorrealismo / Realismo estrutural

Kenneth Waltz (realismo defensivo)

 Enfoque nas estruturas do sistema internacional (estruturalismo) => “terceira imagem”


 A estrutura do sistema depende da distribuição de poder relativo
 O comportamento dos Estados no sistema é resultante da estrutura do sistema
 O poder é um meio (para a segurança), não um fim em si mesmo => “security maximizer”
 A maximização do poder gerar um resultado subótimo porque enseja formação de coalizões para
contrabalançar a proeminência do “power maximizer”
 Sistemas bipolares > multipolares

A Estrutura, ou seja, a Forma como o poder é distribuído entre as unidades do sistema internacional é definidora da
ação dos Estados. A estrutura é fundamental para definir a ação dos países

A acumulação de poder não é um fim em si, a busca pelo poder está relacionada com a segurança, defesa.
Argumenta que um poder acima do ótimo pode se voltar contra si, outros países se alinham para te atacar, o que
põe a segurança, objetivo último, em perigo.

Relação com o Concerto Europeu e de equilíbrio de poder

O sistema de governo não é relevante, o comportamento deriva de como o Estado observa as relações de poder no
sistema internacional. É por isso que a terceira magem é a mais importante para o Waltz

O pensamento de Waltz tem base behaviorista

John Mearsheimer (realismo ofensivo)

 Parte dos conceitos estruturalistas de Waltz


 Os Estados são maximizadores de poder, em detrimento dos demais
 O sistema internacional será sempre caracterizado pela competição entre as grandes potências
 “The Tragedy of Great Power Politics”

Estados são maximizadores de poder e estará sempre em busca de mais poder

A Tragédia está no fato de que as relações serão sempre conflituosas, porque os Estados são maximizadores de
poder; contrata com a teoria liberal, uma vez que esta entende o sistema como anárquico, mas enxerga nas
instituições uma maneira de impor freios no ímpeto expansionista dos Estados bem como a estabelecer cooperação.
Mearsheimer, por sua vez, entende que isso não é possível.

Escola Inglesa

 Principais pensadores:
o Martin Wight e Hedley Bull

 Abordagem: histórica, humanista, racionalista grociana, interpretativa,

 Oposição à abordagem behaviorista



 Ênfase no conceito de sociedade internacional

 Entre o pessimismo realista e o otimismo liberal

 Martin Wight discorda da dicotomia realismo/liberalismo


o São três as tradições no pensamento das Ris: Realista, Racionalismo e Revolucionismo
o Não se pode privilegiar apenas uma abordagem

A novidade é a abordagem metodológica. Entende que o behaviorismo não responde à complexidade humana, que
envolve princípios que são inerentes aos seres humanos que não podem ser quantificáveis

Traz elementos dos pensamentos liberal e realista e o racionalismo costume predominar e foco na Sociedade
Internacional com possibilidade de coexistência pacífica. Existe uma evolução contínua, o progresso leva á sociedade
internacional, sem, no entanto, defender um pensamento utópico de paz perpétua (esperança sem ilusões)

Revolucionismo porque uma vez que adota os valores há mudanças significativas na Sociedade Internacional;
antiestatal porque os indivíduos estão no centro das interações entre os países

Diante da complexidade, não há como adotar uma única abordagem

Visão racionalista/kantiana predomina na Escola Inglesa

Conceito de Sociedade Internacional para a Escola Inglesa

 Os Estados soberanos são a base da política mundial


 Política como atividade humana => Estado como organização humana
 A interação entre os Estados leva em consideração aspectos normativos (Direito Internacional)
 Baseia-se nos interesses e intenções dos agentes => passível de ser transformada (Bull)
 “Pode modificar o funcionamento da política de poder” (Wight) => visão racionalista
 Depende dos princípios sistêmicos de legitimidade (Bull)
 Refere-se tanto à questão da ordem quanto à da justiça

Estados são soberanos, mas a política é humana e, portanto, complexa. Os Estados agem com base em interesses e
intenções passíveis de mudanças

Valoriza a existência de instituições como o direito internacional e organizações internacionais

Construtivismo e outras teorias

Construtivismo

 Principais autores: Alexander Wendt, John Ruggie e Nicholas Onuf


 Resposta ao debate metodológico (NEOrealimo-NEOliberalista)
 Pós-Guerra Fria
Com o fim da guerra Fria, as teorias existentes eram insuficientes para endereçar a complexidade das relações
internacionais

As relações internacionais são construídas a partir da relação entres os diferentes elementos

Waltz defendia que o sistema bipolar era mais estável, só que este sistema se rompeu

Principais Ideias

 Sistema Internacional em constante construção


 Interesses estatais são construídos através da noção de identidade
 A identidade é construída pela interação
 “Anarchy is what states make of it” (Wendt)
o Anarquia é o que os Estados fazem dela

Identidade é formada com o arcabouço social e cultural dos diferentes setores e interesses

A maneira como os Estados agem diante da anarquia também é fruto da interação entre os Estados

Culturas de anarquia: existe uma cultura conflitiva (Hobbes); competitiva (Locke) e outra de cooperação (Kant)

Escola de Copenhagen

 Principais autores: Barry Buzan e Ole Waever


 Análise e crítica da “Securitização”
 Complexos regionais de segurança

Securitização está relacionada com a segurança internacional, principal tema da Escola

Securitização é um conceito também relacionado à construção a partir da relação entre os atores; qualquer tema
pode vir a se tornar uma questão de segurança internacional. É um processo discursivo de que um determinado
tema pode se tornar questão de segurança internacional, como no caso de combate às drogas posto a cabo por
Reagan nos anos 1980, que passou considerar a questão um tema de segurança nacional (Guerra as Drogas).

O processo de securitização é o processo de transformar uma ameaça em tema de segurança internacional.


Legitimar o uso da Força Militar (questões humanitárias, ambientais, terrorismo, drogas. Por trás da securitização
pode estar a questão econômica, como a interpretação em torno da invasão do Iraque pelos EUA, que estaria mais
interessado no petróleo iraquiano sob um discurso securitizado de guerra ao terror.

Complexos regionais de segurança também podem ocorrer, não precisa ser global necessariamente

Marxismo e Feminismo

Marxismo

 Base conceitual
o Materialismo dialético (histórico)
o Infraestrutura (Marx) e Superestrutura (Gramsci)
o Conflito de classes

Conflito entre tese e antítese para gerar a síntese; na interpretação de Marx o conflito entre burguesia e
proletariado, que levaria ao comunismo. Parte de bases econômicas para explicar a sociedade. Pensamento que será
utilizado para analisar as relações internacionais

Meios de produção são influenciados e influencia os meios políticos, legal, cultural etc. que é o que forma a
superestrutura

 Principais ideias
o Imperialismo como última etapa do capitalismo (Lenin)
o Teoria da dependência: centro-periferia (Raúl Prebisch e FHC)
o Teoria do Sistema-Mundo (Immanuel Wallerstein)
Imperialismo é um estágio do capitalismo, sendo a Primeira Guerra um conflito entre países imperialistas pela
hegemonia global. A disputa por mercados levou à guerra

Teoria da dependência desenvolvida no âmbito da Cepal por Prebiscsh, mas também por Fernando Henrique
Cardoso. O que explica a ação dos Estados nas relações internacionais é a forma como os Estados se inserem na
economia – centro ou periferia.

Wallerstein em teoria do sistema-mundo divide o mundo em centro (governos democráticos, importadores de


matéria-prima, exportam produtos de alto valor agregado, possuem bem-estar) periferia (governos autoritários ou
fracos, exportam bens primários, muito baixo nível de bem-estar, péssimas condições de salário) e semiperiferia
(governos autoritários, exportam matérias-primas e produzem com algum nível de processamento, baixo bem-estar
e níveis salariais)

Feminismo

 Principais autoras: Ann Tickner e Cynthia Enloe


 Principais ideias
o Abordagem pós-positivista => reflexiva e subjetivista
o Gênero como construção social
o Critica as bases patriarcais nos processos decisórios da agenda internacional e no pensamento das
Ris
o Defesa do poder de agência da mulher no sistema (empoderamento)➔ mulher como agente, não
como objeto da agenda internacional.

Análise vai além da análise fria dos números positivistas/behaviorista para adotar uma leitura mais reflexiva; o
gênero passa a ser questão central e entende que são construções sociais. Hegemonia masculina nas interações fez
com que o mundo fosse moldado a partir de uma visão masculina sem levar em consideração o papel da mulher. A
agenda feminista contesta a hegemonia masculina e luta por condições de igualdade entre homens e mulheres

Defesa de que o olhar feminino traz ganhos para o debate, análise e construção do sistema internacional. A mulher
deve estar envolvida em todas as etapas de decisão.

Exercícios
Questão 1 - (Diplomacia 2013) Considerando conceitos e paradigmas teóricos empregados na análise das relações
internacionais, assinale a opção correta.

(A) Embora suas origens remontem à Antiguidade Clássica, como se verifica especialmente na obra de Tucídides, o
realismo estrutural só se projetou ao ter reiterada, na obra de Hans Morgenthau publicada durante a Guerra Fria, a
sua utilidade no exame da influência do processo decisório da política externa nas interações entre os Estados.

Realismo estrutural é de Kenneth Waltz (Neorrealismo). Morgenthau é realista clássico. A parte de Tucídides está
correta. Sistema de cidades-estados definia a forma de agir dessas cidades-estados

(B) Após a Guerra Fria, cujo desfecho representou desafio à interpretação das principais correntes na teoria das
relações internacionais, o construtivismo fortaleceu-se como paradigma de interpretação dessas relações.

(C) Emprega-se o conceito de política internacional, equivalente ao de política externa, em referência à interação das
grandes potências entre si, reservando-se o conceito de sociedade internacional para referência à interação das
grandes potências com as organizações internacionais.

Sociedade Internacional remonta à Escola Inglesa e está relacionada com fluxos transnacionais, que vai além da
relação entre Estados, muito menos entre grandes potências apenas.

(D) O debate entre neorrealismo e neoliberalismo institucional marcou os anos 60, especialmente devido à
influência das teorias cibernéticas, que empregavam os conceitos neorrealistas, na formulação da política externa da
ex-União Soviética.

Debate nos 1960 foi metodológico (behaviorismo x tradicionalismo). Conceitos neorrealistas surgem nos EUA

(E) A interdependência complexa surgiu como paradigma de análise das relações internacionais por influência da
Teoria da Dependência, que reinterpreta as teses liberais, no marco das instituições de Bretton Woods, para explicar
o que veio a ser conhecido como processo de globalização econômica

Teoria da Dependência deriva do pensamento marxista das relações internacionais, ao passo que a teoria da
interdependência complexa se insere no contexto da tradição neoliberal.

Questão 2 -(Diplomacia 2017) A respeito de alguns dos principais paradigmas teóricos referentes ao estudo das
relações internacionais, julgue (C ou E) os itens que se seguem.

(1) Nas teorias feministas das relações internacionais é comum o argumento de que questões relativas à
reflexividade e à subjetividade devem ser excluídas das pesquisas, de modo a evitar prejuízos ao ideal da
objetividade do conhecimento.

E – reflexividade e subjetividade estão no cerne do feminismo

(2) Um argumento importante desenvolvido pelo teórico idealista Norman Angell é o de que a guerra não é
economicamente proveitosa para os países agressores.

(3) A metodologia eclética e pluralista típica da escola inglesa decorre das especificidades das seguintes categorias
analíticas: sistema internacional, sociedade internacional e sociedade mundial.

C – valoriza os aspectos normativos, a historicidade, a ordem e a justiça

(4) Um dos princípios do realismo político de Hans Morgenthau é o de que o interesse dos Estados nunca pode ser
definido exclusivamente em termos de poder

E – é o contrário do que prega Morgenthau; poder está no centro do pensamento de Morgenthau; o poder em si

Questão 3 -(Diplomacia 2016) Quanto a conceitos básicos e escolas teóricas das relações internacionais, julgue (C
ou E) os seguintes itens.
1) A teoria da interdependência complexa, desenvolvida por institucionalistas liberais como Robert Keohane e
Joseph Nye, é caracterizada pela não hierarquização de temas de política internacional.

C – supera a ideia de que apenas a high politic é importante; não há hierarquização na interdependência complexa

(2) De acordo com o liberalismo institucional, as instituições internacionais, como as Nações Unidas, a Organização
Mundial do Comércio e a União Europeia, ajudam a promover a cooperação entre os Estados, mitigando, assim, as
consequências da anarquia do sistema internacional.

C – síntese do pensamento do liberalismo institucional

(3) Para os teóricos da Escola de Copenhague, o sucesso de um processo de securitização independe de real ameaça
à existência do Estado.

E – é o contrário, a securitização é criada a partir da ameaça; a questão foi anulada em função da ambiguidade dos
termos teóricos e real ameaça

(4) As teorias das relações internacionais formuladas por Hans Morgenthau e, mais recentemente, por John
Mearsheimer, ao postularem a promoção da segurança como finalidade última da ação dos Estados, caracterizam-se
pelo realismo defensivo.

E – Mearsheimer é caracterizado pelo realismo ofensiva – maximização do poder. Morgenthau está inserido no
realismo clássico. Kenneth Waltz que é caracterizado pelo realismo defensivo

Questão 4 -(Diplomacia 2011) De acordo com a perspectiva construtivista no estudo das relações internacionais,
julgue (C ou E) os itens a seguir.

(1) Elementos de instabilidade no cenário internacional, tais como guerras, degradação ambiental, desrespeito aos
direitos humanos e grandes disparidades econômicas, decorrem da compreensão deficiente que os agentes têm do
sistema internacional, não podendo ser atribuídos à defesa de interesses políticos e econômicos egoístas ou
particulares.

E – Construtivismo parte do princípio de que são a construção de identidade que constituem a estrutura, uma
determinada sociedade pode ser egoísta sim.

(2) O cenário internacional é caracterizado por agentes políticos e instituições sociais que predeterminam o
resultado das interações entre esses agentes e instituições. Desse modo, o formulador de políticas dispõe de
limitado leque de opções de política externa ou internacional.

E – a relação diversa permite um leque limitado de opções de política externa

(3) O comportamento dos agentes políticos internacionais — Estados, organismos internacionais e organizações não
governamentais, por exemplo — pode ser previsto pela análise racional e dedutiva, sendo as instituições dotadas
dos mesmos atributos psicológicos e cognitivos dos indivíduos.

E – a lógica e transposição de motivos da razão humana para o comportamento do Estado está na teoria clássica; a
complexidade que forma o sistema é tamanha que muitas vezes decisões não são racionais

(4) O caráter anárquico do sistema internacional pode ser superado pelo uso criterioso da razão e pela formação de
novas identidades resultantes de esforços em prol da cooperação e da interdependência.

C – anarquia é o que o Estado faz dela

Questão 5 -(Diplomacia 2012) De acordo com a perspectiva racionalista da Escola Inglesa das Relações
Internacionais, assinale a opção correta.

(A) Deve-se crer no valor da cooperação em um mundo marcado por uma tradição que se vale fortemente tanto das
noções de legitimidade democrática quanto do direito natural como fontes para o funcionamento das instituições e
do sistema internacional.
C – tradição racionalista (valor grociano)

(B) O Estado nacional representa o ator por excelência das relações internacionais, sendo as demais instituições
meras derivações dos interesses e interações do governo no plano internacional.

E – a lógica é pluralista

(C) A ação internacional dos Estados e dos demais atores é pautada pela perspectiva teleológica da realização de
objetivos, sendo a moral um conceito subjetivo de quem exerce o poder.

E – lógica é racional e o conceito de moral é abrangente que pode levar à cooperação

(D) Diversos atores, além do Estado nacional, articulam-se em alianças com o propósito de construir uma hegemonia
no sistema internacional.

E – conceito de sociedade internacional não envolve hegemonia

(E) As relações internacionais devem-se pautar pelo pacifismo de líderes como Gandhi e por doutrinas como a dos
“Quakers” norte-americanos ou dos cristãos primitivos, e nunca pelo uso da força.

E – não nega o uso da força


2. Política Externa Brasileira (PEB)
Referências bibliográficas
• História do Brasil Nação: 1808 – 2010, Volume 4 – Olhando para dentro (1930 – 1954), direção de Lilia Schwarz;
• História da política exterior do Brasil, Amado Luiz Cervo e Clodoaldo Bueno;
• A diplomacia na construção do Brasil (1750 – 2016), Rubens Ricupero;
• Cronologia das Relações Internacionais do Brasil, Eugênio Vargas Garcia;
• O sexto membro permanente – O Brasil e a criação da ONU, Eugênio Vargas Garcia;
• Os sucessores do Barão, Fernando de Mello Barreto
• Política Externa Brasileira – Da independência aos desafios do século XXI, Clóvis Brigagão e Gilberto Rodrigues;
• Relações Internacionais do Brasil, Paulo Afonso Visentini

Governo Dutra (1946-51)

Conceitos introdutórios

Política externa

 Conjunto de ações formuladas e executadas por um Estado, visando criar, manter e desenvolver relações
internacionais.

Diplomacia

 Diplomacia, no sentido estrito da palavra, é técnica, ou seja, é um instrumento usados por qualquer Estado
organizado para conduzir suas RI.

Política Externa Brasileira

 Art. 4º e 84, VII e VIII, CRFB/88 – Primazia do Poder Executivo; competência privativa do Presidente da
República
 Decreto nº 9.683/19 – responsabilidades do MRE

Governo Dutra
A ordem é multilateral, mas o sistema é bipolar
A ordem que surge é de caráter liberal, de prevalência do livre-comércio
A ONU surge como mecanismo de manutenção da paz
A relação do Brasil com a URSS foi intermediada pelos EUA
Brasil lutou na II GM e conseguiu barganhar durante o processo. Ao final, acaba por lutar ao lado dos aliados.
Conseguiu reequipar as forças armadas e conseguiu financiamento para montar uma indústria da base
A maneira como a nova ordem se construiu reduziu a possibilidade de equidistância pragmática

Configuração do Sistema Pan-americano


 Avanços na construção do sistema interamericano, dominado pelos EUA:
 Conferência Interamericana sobre os problemas da Guerra e da Paz: Ata de Chapultepec (solidariedade
continental).
 Carta econômica das Américas (princípios liberais de Bretton Woods).
 Consolidação e aprofundamento da hegemonia estadunidense na região (econômica, militar e cultural)

Contexto interno
 Fim da Era Vargas (1930-45)
 Redemocratização do país com eleições presidenciais livres (aumento considerável da participação popular
no processo eleitoral)
 Vitória do General Dutra
 Brasil assemelha-se a outras nações latino-americanas do período em três tendências interligadas:
democratização, avanço da esquerda comunista e acirramento dos conflitos trabalhistas.
 Anticomunismo
 Crise econômica no pós-Guerra
o Inflação, perdas de divisas, crise na balança de pagamentos
o Dificuldade de atrair investimentos privados e escassez de capital para investimentos públicos
 Instabilidade política

“Alinhamento automático”
 Em temas estratégicos de política e segurança internacionais, acompanha o voto dos EUA em reuniões
multilaterais (ONU) e regionais (sistema interamericano);

 Apoio à contensão do comunismo internacional;

 Ruptura de relações diplomáticas com a URSS em 1947 (sem que houvesse pedido ou pressão dos EUA):

 Não reconhece a República Popular da China liderada por Mao (1949);

 Conferência Interamericana para a Manutenção da Paz e da Segurança no Continente:


o Assinatura do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR). Agosto de 1947; Tratado de
segurança coletiva
o Truman visitou o Brasil por ocasião da assinatura.

 Conferência de Bogotá (1948)


o Assinatura da carta de Criação da Organização dos Estados Americanos (OEA), com sede em
Washington.
o Institucionalização da lógica de poder com hegemonia dos EUA; Brasil apoiou

 Primeira visita oficial de um chefe de Estado Brasileiro aos EUA (1949).


o Quando D. Pedro II foi aos EUA o fez de caráter pessoal e não de Estado

Alinhamento sem Recompensas

 Novas prioridades da PEX americana vs. Expectativas da PEB:

o EUA => Reconstrução da Europa + conter a expansão do comunismo; Japão, Península Coreana,
avanço dos comunistas na China

o Brasil => espera uma “relação especial” que garantisse recursos para o seu desenvolvimento:
 Frustração;
 Dificuldade de Barganha => Dutra; fortemente anticomunista, não se aliaria com a URSS.

 No plano da diplomacia econômica e comercial, o Brasil manifestará posições divergentes da dos EUA, como
em negociações do GATT e da OIC:
o Necessidades especiais dos países em desenvolvimento;
o Bilateralmente, buscará financiamentos para o investimento

 Brasil (toda a América Latina) de fora do Plano Marshall, que destinaria USD 19 bi para reerguer as
economias europeias.

 Brasil e América Latina de fora do Mutual Defensa Act (1949), que destinaria USD 1,3 bi para os aliados;

 Entre 1947-1950, toda a América Latina recebeu USD 400 mi, valor equivalente ao recebido por Bélgica e
Luxemburgo;

 Um aceno dos EUA ao Brasil:


o Missão Abbink (1948), que levaria à Criação da Comissão Técnica Mista Brasil-EUA
o A missão era uma Consultoria, sem garantir financiamentos. Não atendia os interesses da diplomacia
brasileira

 Nova tentativa de obter recursos:


o Contexto: Programa do Ponto IV de assistência técnica;
o Por gestões brasileiras, foi criada, em dezembro de 1950 a Comissão Mista Brasil-Estados Unidos:
o Possiblidade de financiar projetos com recursos públicos dos EUA por meio do Eximbank e do Banco
Mundial;
o Gera frutos após a saída de Dutra

Expectativas frustradas

 Em janeiro de 1950, Raul Fernandes encaminha ao Embaixador dos EUA no Brasil o chamado “memorando
da frustração”, que refletia o descontentamento brasileiro com a pouca cooperação dos EUA, a despeito das
dificuldades econômicas brasileiras.

Chanceleres
João Neves da Fontoura, Samuel Souza Leão, Raul Fernandez (maior tempo)

Governo Vargas (1951-54)

 Alinhamento negociado e Pragmatismo impossível


 Bases de uma “nova ilusão americana”
o Relações com EUA seguem dando o tom da inserção internacional do Brasil
o Início da Comissão Mista => possibilidade de alavancar recursos
o Apoio brasileiro à intervenção da ONU (leia-se EUA) na Coreia – Brasil não enviou tropas, mas apoiou
a medida
 Crescente debate interno: “Entreguistas” x Nacionalistas
 Tentativa de retomar a “barganha nacionalista” da II Guerra
 Chanceleres: João Neves da Fontoura (1951-53) e Vicente Rao (1953-54)

 Guerra da Coreia
o Resolução Unidos para a Paz (1950): Apoio do Brasil (Dutra)
o Solicitação de envio de tropas (1951): Recusa de Vargas
 Não tinha apoio para o envio de tropas
 É um alinhamento, mas não automático

 IV Reunião de Consulta de Chanceleres Americanos (1951)


o Desenvolvimento econômico como elemento essencial na defesa contra o comunismo
o Brasil vai à reunião pregar que o desenvolvimento da região seria um remédio contra ideologias
exógenas (João Neves da Fontoura) – representa um alinhamento negociado; tenta obter frutos para
o nacional-desenvolvimentismo

 Tratado de Assistência Militar BR-EU (1952)


o Fornecimento de armas ao Brasil em troca de materiais estratégicos
 Missão de Góis Monteiro em 1951
 Contrapartida brasileira: fornecer minerais estratégicos
 Foi aprovado com o apoio da UDN, alguns setores militares se opuseram
o Acordo é visto como “entreguista” pelos nacionalistas
o Brasil não tinha como barganhar como antes da II GM. Geograficamente, o Brasil está no mesmo
hemisfério dos EUA, se alinhar à URSS poderia inclusive trazer problemas de segurança. A Europa
estava destruída, não tinha muito a quem se alinhar.

 CMBEU (1950)
o Funcionamento: jul/1951 – Dez/1953
 Possibilidade de angariar investimentos – foram 41 projetos em áreas de transporte e
energia principalmente
o O Brasil se prepara para executar os projetos:
 BNDE (1952)
 Eletrobras
 Plano Nacional de Eletrificação
o Resultados aquém do esperado:
 Dificuldades de negociar créditos
 Havia déficit no BP; Brasil negocia créditos ao Eximbank
 Eisenhower e a mudança de prioridade da pauta
 Republicano que advoga que os financiamentos deveriam ser realizados pelo BM e
não por capital público dos EUA
 BM e FMI aversos à política macroeconômica brasileira
o Fim da CMBEU em 1953
 Ricúpero: Nova ilusão americana

 X Conferência Internacional Americana (Caracas, 1954)


o Penetração do comunismo é uma questão de segurança e deve ser repelido; Brasil apoiou a tese
o Questões
 Guatemala de Jacobo Arbenz (apoiou os EUA)
 Militar nacionalista que tinha simpatia pelo sistema soviético; intervenção
americana foi apoiada pelo Brasil
 Expropriou terras da United Fruit (bananas)
 Malvinas (não apoiou a inclusão na conferência => tema ONU)
 Perón queria incluir o tema na agenda da X Conferência e Brasil diz que o tema
deveria ser tratado no âmbito da ONU

o Relações com a Argentina de Perón


 Preocupação com a influência da diplomacia peronista na região
 Preocupação de que a diplomacia argentina estivesse buscando hegemonia na
América do Sul
 Desconfiança dos projetos de integração (Reavivamento do Pacto ABC)
 Brasil rejeita; havia oposição interna no Brasil quanto dúvidas sobre Vargas
implementar uma política sindicalista tal como Perón. Apesar de semelhanças entre
Vargas e Perón, havia muitas desconfianças o que fez com que as relações não se
adensassem

o Pressões econômicas e medidas nacionalistas/protecionistas


 Vargas caminha para políticas protecionistas e nacionalista
 Instrução 70 da SUMOC (1953)
 Impede importação com similares produzidos no país (estimular a indústria
nacional)
 O petróleo é nosso (1953)
 Criação da Petrobrás
 Limitação de remessa de lucros (1954)
 Limita a 10% ao ano a remessa de lucros e dividendos ao exterior

Governo Café Filho (interregno ou hiato Café Filho) - (1954-55)

 Retorno ao alinhamento automático de Dutra e abandono da barganha (nacionalista-desenvolvimentista) de


Vargas
 Conferência de Ministros das Finanças dos Países Americanos (1954)
o Sede no Rio de Janeiro
o Alinhamento com os EUA ao adotar uma política econômica liberal, instrução 113 é exemplo

 Instrução nº 113 da SUMOC (1955): abertura para importações de maquinário, mesmo com similares
nacionais
o Abre o mercado para equipamentos estrangeiros sem cobertura cambial

 Cooperação BR-EU para uso civil da energia atômica (contexto: “Atoms for Peace”)
o Enriquecimento de urânio no Brasil para fins pacíficos
o Criticado pelos nacionalistas

 Distanciamento do “terceiro mundo”


o Não integra o MNA (Movimento dos Não-alinhados)
 Não integra os não-alinhados em Bandung
o Apoio ao colonialismo português
 Brasil mantinha relação com Portugal, não criticava as colônias portuguesas

(Diplomacia 2016) Nos governos de Gaspar Dutra (1946-1951) e de Getúlio Vargas (1951-1954), o Brasil teve de se
posicionar em relação à nova realidade mundial determinada pela Guerra Fria. No que se refere à política externa
brasileira no período mencionado, julgue (C ou E) os itens seguintes.

(1) Em 1947, o Brasil rompeu relações diplomáticas com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

Certo; episódio da cassação do Partido Comunista, críticas da imprensa oficial soviética; Brasil pede retratação, o que
não ocorreu

(2) Na IV Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores das Américas, em 1951, o chanceler brasileiro
defendeu a necessidade de promoção do desenvolvimento como melhor forma de impedir o avanço da ideologia
comunista na América Latina.

Certo; evitar ideologias exógenas: João Neves da Fontoura

(3) Sob a justificativa de que o caso grego seria um reflexo da guerra política desenvolvida pelo comunismo
internacional nos diversos países, com o objetivo de dominar o mundo, o Brasil apoiou a intervenção de potências
ocidentais na guerra civil grega.

Certo; do ponto de vista multilateral o Brasil vota com os EUA; crise na Grécia é vista como palco da Guerra Fria (que
pensamento político vai dominar?) Brasil apoia intervenção contra o avanço comunista

(4) O Brasil absteve-se na votação da resolução da ONU que, em 1950, declarou ser a República Popular da China
culpada pela agressão da Coreia do Norte à Coreia do Sul

Errado; Brasil não se absteve. Votou com os EUA

Governo JK (1956-60)

Contexto externo
 Comércio exterior em estagnação e, posteriormente, declínio (queda no preço do café)
 Créditos oficiais escassos (EUA, BM e FMI)
 Breve Distensão da Guerra Fria (Eisenhower recebe Kruchev)

Principais características

 Programa de metas
 “Diplomacia Desenvolvimentista”
 Duas fases (antes e depois da OPA)
 Alinhamento aos EUA como forma de receber apoio financeiro
 Mas com inciativas autonomistas (bases para a PEI)
 Chanceleres: José Carlos de Macedo Soares (1956-58); Negrão de Lima (1958-59) e Horácio Lafer (1959-61)

1ª fase: Maior alinhamento aos EUA e Europa Ocidental (1956-58)

 Retórica de combate ao comunismo – Brasil sempre se posicionou como um país ocidental inserido no
capitalismo liberal

 Acompanha o posicionamento dos EUA nos organismos multilaterais


o Composição da I Força de Emergência da ONU na crise de Suez
 Brasil enviou contingente ao Egito no contexto de nacionalização do Canal do Suez – EUA se
alinham à URSS contra Inglaterra e França
o Coordenação, por nota oficial, da Revolução Húngara
 Brasil se posiciona condenando a revolução húngara

 Acordo BR-EUA para a base americana em Fernando de Noronha


o Base para rastreamento de foguetes e mísseis

 Brasil mantém apoio ao colonialismo português


o Período de descolonização afro-asiático, mas Brasil mantém apoio a Portugal

2ª Fase: Ensaios autonomistas (1958-61)

Não significa ruptura com os EUA, mas busca certa diversificação alinhado com a política desenvolvimentista de
cunho mais autônomo

Contexto:

 Desgaste macroeconômico
 Déficits crescentes
 Crise cafeeira
o Convênio do México (1957)
 Brasil e outros produtores se juntam para tentar conter a queda dos preços
o Conferência internacional do café (1958)
 Coordenar ações pra conter a queda do preço, sediada no Rio de Janeiro
 Grupo que representava 93% das exportações do produto

Operação Pan-americana (OPA, maio de 1958) - marco divisório

 Desenvolvimento econômico = segurança hemisférica


o Iniciativa diplomática por parte de JK – envio de uma carta a Eisenhower pedindo apoio para o
desenvolvimento (áreas economicamente atrasadas) da região com o objetivo de conter o
comunismo. Atrelar o desenvolvimento à questão da segurança. Evitar ideias exógenas

 Grande insatisfação da América Latina com a política hemisférica dos EUA


o Nixon, então vice de Eisenhower, vem à AL e é recebido de forma hostil
 Carta de JK a Eisenhower => Desenvolvimento para fortalecer a democracia

 Reconhecimento americano, com ênfase no anticomunismo


o JK se recusa a assinar uma carta contra o comunismo; insiste na ideia do desenvolvimento
econômico como forma de conter o comunismo

 Originou o Comitê dos 21 (OPA no seio da OEA)

o Multilateralização da questão do desenvolvimento no hemisfério

 Problemas:
o Revolução Cubana (1959)
o Aliança para o Progresso (1961)

 Resultados:
o BID (1959)
o Primeira ação coordenada em PEX dos países da região
o Facilitação para negociação da ALALC

Operação Brasil – Ásia

 Brasil estabelece relações diplomáticas com países do Sudeste asiático

Acordos de Roboré (1958) – Brasil e Bolívia

 Exploração do petróleo boliviano


 Feito através de notas reversais
o Não foi via tratado, mas cartas reversais, gerando protestos no Congresso, que se sentiu alijado

Ruptura com o FMI (1959) – manifestação autonomista

 Brasil busca créditos externos para combater a inflação


 A austeridade exigida pelo FMI prejudicaria o plano de metas
o Reatam em fevereiro de 1960, quando da visita de Eisenhower ao Brasil, em 1960

Missão comercial Brasil – URSS (não estabelece laços diplomáticos)

 Ideia de diversificação; não se trata de reatar relações diplomáticas, mas estabelecer comércio
 Eisenhower e Krushev se encontraram, os constrangimentos eram menos nítidos; Brasil envia missão
comercial a Moscou

Criação da ALALC (1960)

 É um iniciativa latino-americana; postura autonomista sem romper com os EUA


 Tratado de Montevidéu
 Objetivo: estabelecimento de uma zona de livre comércio em 12 anos
o Antecessora da ALADI
o Não avançou no livre-comércio, mas avançou na integração

Apoio do Brasil à Declaração de Garantia de Independência dos Países Coloniais, no âmbito da XV AGNU

 Acentuação do processo de libertação colonial de país africanos


 Não significa ruptura com Portugal
o Brasil não condena o colonialismo português

Questões de Prova
(Diplomacia 2017) O governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960) foi caracterizado pela ênfase nos projetos de
desenvolvimento econômico, por meio de ações voltadas para a industrialização e de investimentos em
infraestrutura. Essa agenda interna influenciou também a formulação de sua política externa. A respeito da atuação
externa do Brasil durante a gestão de Juscelino Kubitschek (JK), julgue (C ou E) os próximos itens.

(1) O debate sobre a Operação Pan-Americana acabou contribuindo para que fosse concretizada uma das aspirações
dos países latino-americanos: a criação de uma instituição para financiar projetos de desenvolvimento na região, o
Banco Interamericano de Desenvolvimento, cujas operações tiveram início em 1960.

Certo

(2) O governo de JK buscou ativamente o apoio norte-americano para o desenvolvimento da América Latina, por
meio da Operação Pan-Americana. Seus esforços, porém, encontraram resistências nos Estados Unidos da América e
nas instituições financeiras internacionais. A dificuldade em obter acesso a financiamentos externos levou, inclusive,
ao rompimento do Brasil com o Fundo Monetário Internacional em 1959.

Certo; argumento das instituições financeiras era que a política macroeconômica dos países da AL afastava os
investidores

(3) No âmbito multilateral, o Brasil alterou sua posição tradicional e passou a criticar, na ONU, a política colonialista
de Portugal.

Errado; apoiou a descolonização africana com exceção da África portuguesa

(4) O governo de JK reatou relações comerciais com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, sem, no entanto,
restabelecer as relações diplomáticas em sua plenitude.

Certo; contexto de distensão entre EUA e URSS

(Diplomacia 2008) Em 2008, comemoram-se cinquenta anos do lançamento da Operação Pan-Americana (OPA), que
teve início com a troca de cartas pessoais entre os presidentes Juscelino Kubitschek e Eisenhower, em 28 de maio e 5
de junho de 1958. A respeito da OPA, julgue (C ou E) os itens seguintes.

(1) O objetivo central da OPA foi o combate ao subdesenvolvimento econômico da América Latina, visto como o
principal problema do continente.

Certo; pobreza abre caminho para ideias exógenas

(2) A OPA era uma proposta de cooperação internacional baseada na tese de que o fim da miséria e o
desenvolvimento seriam as maneiras mais eficazes de se evitar a penetração de ideologias exógenas e
antidemocráticas.

Certo

(3) No entendimento de seus formuladores, a OPA poderia servir de paradigma para iniciativas semelhantes fora do
hemisfério, com base na tese de que, também em outras regiões do mundo, a promoção do desenvolvimento
serviria ao propósito de conter o comunismo.

Certo

(4) Desde o seu lançamento, a OPA teve seus objetivos encampados por Washington, o que assegurou o êxito
imediato dessa operação diplomática.

Errado; inicialmente os EUA resistiram

Governo Jânio Quadros (1961)


Apesar de ficar no poder por apenas alguns meses, Jânio Quadros inova na questão da política externa ao
estabelecer a PEI, termo cunhado pelo próprio presidente

Contexto Interno

 Instabilidade econômica
o Inflação, déficit fiscal, dívida externa alta
 Ortodoxia macroeconômica (austeridade)
 Desvalorização do câmbio para estimular exportações
 Redução de subsídios

 Voluntarismo de Jânio Quadros

 Elemento mais desestabilizador do governo: PEX


o PEX passou a ocupar papel relevante nos debates internos
o Não podia ousar na política econômica, então ousou na política externa (Rubens Ricúpero)

 Chanceler: Afonso Arinos de Melo Franco

Contexto externo

 JFK e preocupação com a revolução cubana

 Acirramento das tensões com URSS


o Construção do Muro de Berlim
o Revolução Cubana (comunismo no quintal dos EUA)

 Aliança para o Progresso (iniciativa dos EUA – mais assistencialista que investimento em infraestrutura)
o Resposta à OPA
o Desenvolvimento social: foco em saúde e educação
o Sem programas de investimentos em Infraestrutura e indústrias de base (era o desejo do governo
brasileiro)
o Tentativa de oferecer uma resposta econômica e política à questão cubana
o Washington procurou retirar Cuba do sistema político interamericano representado pela OEA
o No mesmo ano em a Aliança para o Progresso foi lançada, é criada Escola das Américas, no Panamá,
para treinamento de militares latino-americanos em “guerra interna revolucionária”.

Universalismo e autonomia

 Princípios (nas palavras de Jânio)


o Respeito à posição tradicional do Brasil no mundo livre (Brasil se coloca como um país capitalista
ocidental)
o Ampliação dos contatos com todos os países, inclusive os socialistas
o Expansão do comércio exterior (Brasil não tinha fonte de financiamento, era necessário receber
divisas)
o Apoio decidido ao anticolonialismo
o Luta a favor do desenvolvimento econômico.
o Fidelidade ao Sistema Interamericano
o Íntima e completa cooperação com as repúblicas irmãs da América Latina, em todos os Planos
o Apoio constante à ALALC (Tratado de Montevidéu de 1960)
o Continuidade e intensificação da OPA (institucionalizada na OEA, que tinha o domínio dos EUA,
acabou por esvaziar a OPA, mas teve sua importância)
o Apoio à ONU (multilateralismo)
o Relações de sincera colaboração com os EUA, em defesa do progresso democrático e social das
Américas (não era uma declaração de inimizade com os EUA, só pregava autonomia)

 Redefinição da relação com os EUA => esvaziamento do mito da aliança especial

 Disposição para buscar outras áreas de atuação diplomática

 Porém...
o A autonomia tinha a dependência econômica aos EUA como obstáculo
o Não há ruptura justamente porque o Brasil era dependente economicamente dos EUA; mas não
impede se aproximar comercialmente de outros países

 Aprofundamento das relações com os países latino-americanos como princípio da PEI


o Aproximação da Argentina:
 Encontro de Uruguaiana entre Jânio Quadros e Arturo Frondizi (Espírito de Uruguaiana).
Semente da integração que levaria no futuro o Mercosul
 Convênio de Amizade e Consultas
 Retirar tropas estacionadas na fronteira e superar a rivalidade bilateral

 Relações do Brasil com os países socialistas


o Se aproximar e conversar não implica apoiar, negociar não significa se alinhar; os países têm
interesses e do Brasil era desenvolver-se
o Missão João Dantas (jornalista) à Europa Oriental (cunho comercial para abertura de novos
mercados e importação de tecnologia)
o Representação diplomáticas criadas na Albânia, Bulgária, Hungria e Romênia (todos comunistas) –
autodeterminação dos povos; regime político dos países é uma questão interna
o Missão comercial à China (chefiada pelo vice-presidente João Goulart)
o Missão comercial à URSS
 Kruschev manda carta a Jânio: “reatamento diplomático seria bem recebido “
 Jânio dá instruções ao chanceler para as providências do reatamento
 Ocorre em 23 de novembro de 1961, já no governo Jango.

 Relações com os países africanos Brasil como ponte entre a África e Ocidente
o Primeira visita de um chanceler brasileiro à África.
o Abertura de representações diplomáticas na Etiópia, na Nigéria e na Costa do Marfim, além daquela
no Senegal (países recém-libertos)
o Raimundo Souza Dantas, escritor negro, foi nomeado embaixador em Acra, capital de Gana
o Criação da Divisão da África no MRE (chefiada por Ítalo Zappa)

 Movimento dos Países Não-Alinhados


o Brasil envia o embaixador Araújo Castro com observador
 Compromissos com o sistema interamericano e acordos com EUA limitavam a participação
no bloco neutralista
 Equilibrar a autodeterminação com o regime democrático: “não podemos aceitar, na
América, o comunismo internacional” (Afonso Arinos ao Congresso Nacional).

 Ambiguidades
o Colonialismo português
 Retórica anticolonialista “Portugal pode perder a África; mas o Brasil não”!
o Apoiou a Declaração de Garantia de Independência dos Países Coloniais (Resolução da AGNU)
o Mas...não foi além de votos de abstenção da ONU nos casos de Angola e Argélia
 A questão cubana
o Adolf Berle Jr, ex-Embaixador dos EUA, visita o Brasil:
 Oferecer crédito e pedir apoio do Brasil contra Fidel ➔ reação: “empréstimo insuficiente e
respeito à autodeterminação dos povos”. O problema de Cuba é dos cubanos
o Vasco Leitão da Cunha, Secretário Geral do MRE, visitou Cuba duas vezes
 Entrega carta a Castro em que Jânio elogiava o anti-imperialismo do líder cubano
 A carta também exortava Fidel a abandonar a influência soviética
o Invasão da Baía dos Borcos
 Expressou “profunda apreensão”, mas...
 Absteve-se na votação de resolução da ONU que condenava a invasão
o Outorgou a Che Guevara a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul (trouxe inquietações à oposição)

Resultados da diversificação da PEI de Jânio Quadros e Afonso Arinos

 América Latina
o Acordos com Chile e Argentina sobre temas cambias e financeiros
o Acordo de cooperação pacífica de energia atômica com o Paraguai
o Os presidentes do Peru, Manoel Prado, e da Argentina, Arturo Frondizi, visitaram o Brasil

 África
o Embaixadas abertas no Senegal, Nigéria, Gana, Etiópia.
o Visita de Afonso Arinos ao Senegal
o Raimundo Souza Dantas, escritor negro, nomeado embaixador em Gana

 Leste Europeu
o Reestabeleceu relações diplomáticas com Romênia, Hungria e Bulgária
o Negociou acordos comerciais com a União Soviética

 Ásia
o Missão comercial do vice-presidente João Goulart à China

Brazil’s new foreign police (artigo na Foreign Affairs)

Questões de Prova

(CACD -2016) A Política Externa Independente, lançada no breve governo de Jânio Quadros, sob liderança de
Santiago Dantas, embora atenuada no período de João Goulart, foi um dos símbolos da polarização ideológica
naquele contexto histórico, chegando mesmo a suplantar, em importância e na intensidade do debate, o explosivo
tema da reforma agrária.

Errado: o chanceler era Afonso Arinos de Melo Franco. Santiago Dantas veio depois. É acentuada e não atenuada. Foi
símbolo de polarização ideológica

(CACD-2015) Durante o seu curto governo, o presidente Jânio Quadros conciliou inciativas simpáticas à esquerda em
política externa com medidas simpáticas aos conservadores em política econômica.

Certo; foi ortodoxo na economia e ousado na política externa. Condecorar Che Guevara, reatar relações com o Leste
Europeu

(CACD – 2014) A Política Externa Independente consistiu na adaptação da política externa brasileira às
transformações do sistema internacional em fins da década de 50 e início da década de 60 do século passado, tais
como recuperação da Europa Ocidental e do Japão, o processo de descolonização, principalmente da África, o
fortalecimento dos países socialistas, o surgimento do Movimento dos Países Não-Alinhados, a Revolução Cubana e
mudança da estratégia norte-americana para os países da América Latina, particularmente o Brasil.

Errado; contexto externo permitiu adaptações – recuperação da Europa e Japão e descolonização africana, revolução
cubana, não-alinhados e mudança da estratégia dos EUA, Aliança para o Progresso.

Governo João Goulart (1961-64)

Contexto Interno

 Crise política: Parlamentarismo como forma de evitar a luta armada ➔ acirramento da polarização política;
 Crise econômica

Contexto Externo

 Acentuação da Guerra Fria


 Muro de Berlim
 Ideologização da revolução cubana

Chanceleres – não gerou alteração na orientação da política externa

 San Tiago Dantas (Setembro de 1961 – Julho de 1962)


 Afonso Arinos (Julho de 1962 - Setembro de 1962)
 Hermes Lima (Setembro de 1962 - Junho de 1963)
 Evandro Lins e Silva (Junho de 1963 - Agosto de 1963)
 João Augusto de Araújo Castro (Agosto de 1963 – Março de 1964)

San Tiago Dantas (1961-62)

 Refinou e aprofundou os conceitos da PEI; explicou para a sociedade


 Para San Tiago Dantas, a política externa deve buscar o desenvolvimento econômico, a reforma social e a
consideração exclusiva do interesse nacional;
 Brasil pertence ao Ocidente, mas não integra blocos e age de forma autônoma em busca de seus interesses.

Relações com a Argentina

 Encontro entre Jango e Arturo Frondizi, no Galeão;


 Visita de San Tiago Dantas a Buenos Aires:
 O aprofundamento das relações termina com a deposição de Frondizi, em maio de 1962 ➔ fim do “espírito
de Uruguaiana.”

I Conferência dos Países não Alinhados (1961, Belgrado)

 Afonso Arinos participa como representante brasileiro;


 Brasil mantém status de observador no MNA;
 O neutralismo da PEI não significa adesão ao MNA.

A questão cubana

 VIII Reunião de Consulta de Ministros das Relações Exteriores Americanos (Punta del Este, 1962
o Expulsão de Cuba da OEA?!
 Brasil defende posição conciliatória com Cuba ➔ princípio da não intervenção ➔ abstenção
junto Argentina, Bolívia, Chile, Equador e México (outer six);
 Enfrenta forte oposição interna.

A Carta da OEA não previa expulsão. Um grupo de ex-chanceleres escreve uma carta no jornal O Globo pedindo
que o Brasil apoie a expulsão, mas Brasil se abstém
 Crise dos Mísseis de Cuba
o Posicionamento contrário à ingerência extracontinental soviética nos assuntos americanos;
o Oposição à interferência militar e a sanções econômicas;
o Apoia o bloqueio naval:
 Convergência de interesses com Washington.
o Missão Albino:
 Durante a crise, a pedido dos EUA, o general Albino Silva, chefe da Casa Militar, é enviado a
Havana para oferecer a Fidel Castro os bons ofícios do governo brasileiro

Diversificação de parcerias

 Restabelece relações diplomáticas com a URSS (1961)


 Firma acordo de comércio com a RP China (1962):
o Em continuidade à missão de Jango (vice) em 1961;
o Não representava um reconhecimento da RP China (relação comercial, não diplomática)
 Criação da Comissão de Coordenação do Comércio com Países Socialistas da Europa Oriental (COLESTE) ➔
colegiado interministerial, com sede no MRE

A questão angolana

 Apoiava Angola na busca pela autodeterminação ➔ na AGNU, votou a favor da resolução 1.742, que
exortava a criação de instituições livres em Angola e transferência de poder para os Angolanos
 MAS...
 Laços históricos de amizade com Portugal:
o Não condenou expressamente ➔ aguardava Portugal aderir ao processo de transferência de poder
para os angolanos.

“Guerra das Lagostas” (1961 - 1963)

 Contencioso entre Brasil e França ➔ navios franceses pescam sem autorização no litoral nordestino;
 Breves tensões ➔ contratorpedeiro Tartu

Relações Brasil-EUA

 “Antiamericanismo”?
o Os EUA atuaram no sentido de modificar a PEI, vista como antiamericana;
o Em 1961, Brizola nacionaliza a Companhia Telefônica do Rio Grande do Sul, subsidiária da ITT no RS:
 Obs: Brizola, cunhado e aliado político de Jango, havia desapropriado a American & Foreign
Power Company (Amforp) em 1958;
 Aumentam as desconfianças nos EUA e o interesse de derrubar Jango.
o Visita de Jango aos EUA (1962): Não afasta a alegação de “antiamericanismo”;
o Visita de Bobby Kennedy ao Brasil (1963): buscar reverter o “antiamericanismo” de Jango e reclamar
indenizações pelas expropriações.

 Acordo Bell-Dantas (San Tiago Dantas como ministro da fazenda)


o Obtenção de créditos em 1963 vinculados à implementação de receituário ortodoxo na economia
(FMI) e à resolução do caso Amforp.

 PEX dos EUA atua para derrubar Jango (1963)


o Bloqueiam recursos da Aliança para o progresso;
o Continuam firmando acordos com governadores anti-Jango, como Carlos Lacerda;
o Diminuem os investimentos estrangeiros;
o A CIA começa a desenvolver atividades secretas de desestabilização, coordenadas por Vernon
Walters;
 EUA passam a considerar os militares como essencial na estratégia para conter Goulart
o Operação Brother Sam (1964) – não chegou a ser executada, mas foi gestada. Apoio aos
“revolucionários de 1964”; no caso de haver conflito interno

Araújo Castro – desenvolvimento como cerne; solidariedade terceiro-mundista

 XVIII AGNU: Discurso dos três Ds: Desenvolvimento, desarmamento e descolonização

“O que estamos aqui presenciando é a emergência de uma articulação parlamentar no seio das Nações
Unidas e uma articulação parlamentar de pequenas e médias potências que se unem, fora ou à margem das
ideologias e das polarizações militares, numa luta continuada em torno de três temas fundamentais:
Desarmamento, Desenvolvimento econômico e Descolonização. É fácil precisar o sentido de cada um dos
termos desse trinômio.”
Governo Castello Branco (1964-67)

 Chanceleres:
o Vasco Leitão da Cunha (1964-66) e
o Juracy Magalhães (1966-67)

 Fronteiras ideológicas (bipolaridade Leste-Oeste):


o Crítica ao neutralismo da PEI;
o Ocidentalismo;
o Interdependência (desenvolvimento associado);
o Segurança coletiva hemisférica;
o Círculos concêntricos – ideia da ESG
 Retomada do alinhamento automático aos EUA.
 América do Sul -> América -> Mundo

 Abertura ao capital estrangeiro:


o Aplicação do receituário macroeconômico do FMI em troca de financiamentos dos EUA.

“Correção de rumos” (“passo fora da cadência”)

 Mas...

O contexto internacional era de “détente”

 no qual Kennedy, Johnson e Nixon promoveram a limitação de armas nucleares, maior cooperação e
aproximação comercial com a URSS de Nikita Kruschev (1953-1964) e de Leonid Brejnev (1964-1982).

Clivagens dentro dos polos

 França (De Gaulle) se afasta da OTAN


 Ruptura entre China e URSS – cisma sino-soviético

Avanço da descolonização na África e na Ásia

 Fortalecimento do Terceiro Mundo

Relações com os EUA

 Buscou eliminar atritos com os EUA no plano político (Embaixador dos EUA, Licoln Gordon, como ator
relevante na política brasileira ➔ vários encontros com o PR;
 No quadro da Aliança para o Progresso, recebeu recursos da US Agency for International Development
(USAID) e do Banco Mundial; investimentos públicos desejados chegam após adotar o receituário americano
 Também recebe créditos do FMI;
 Revogação de medidas econômicas do governo anterior:
o Reformulou a lei de remessa de lucros;
o Ajuste macroeconômico nos termos do FMI.
 Compensações pelos casos AMFORP e ITT.

Relações Hemisféricas

 Segurança coletiva”
 Rompimento de relações diplomáticas com Cuba (maio de 1964)
o IX Reunião de Consultas dos MREs da OEA (Washington, maio de 1964)
 Isolamento de Cuba, com base no TIAR (descarregamento de armas cubanas na Venezuela)
 Suspensão do comércio, do transporte marítimo e descontinuação de relações
diplomáticas e consulares

Intervenção na República Dominicana (abril de 1965)

 OEA cria a Força Interamericana de Paz (FIP) ➔comandada pelo general Hugo Panasco Alvim;
 Brasil envia 1.100 homens;
 Na ocasião, o Brasil apoia a criação de uma FIP permanente (ideia dos EUA, mas não teve apoios suficientes)

Relações com a América do Sul

 Retorno ao interesse geopolítico do Prata (Golbery do Couto e Silva):


o Adoção dos “ciclos concêntricos” do interesse nacional (Região platina, América do Sul e Hemisfério
Ocidental);
o Ata das Cataratas com Paraguai (1966) => ponto de partida “diplomacia das Cachoeiras” na bacia do
Prata. Aproveitamento energético das águas da região. Argentina estava à jusante e se sentiu
prejudicada

 Venezuela rompe relações com Brasil em 1965 (Doutrina Betancourt), mas reata em 1966; não reconhecer
regimes que chegarem por movimento antidemocrático

Relações com a África

 Aproximação com a África do Sul


o Parceria estratégica para garantir segurança atlântica
o Principal parceiro comercial no continente (90%)
o Condenação genérica ao apartheid, mas não apoia sanções

 Envio de missão comercial (diversificar mercados e reduzir a concentração na África do Sul)

 Alinhamento com o colonialismo português

Relações com o polo socialista.

 Envia missão econômica à Iugoslávia e à URSS no mesmo ano


 Início da Comissão Mista BR-URSS

Governo Costa e Silva (1967-69)

Contexto

 Interno
o “Linha dura” no poder (saem os “americanistas” e os castelistas da “Sorbonne”);
o Recrudescimento da ditadura (AI-5)
 Externo
o Détente
o Avanço do antagonismo Norte-Sul (emergência do “terceiro mundo”)
 Chanceler
o José de Magalhães Pinto
 “Diplomacia da Prosperidade”

Diplomacia da Prosperidade

 “Retorno da PEI”
 Autonomia (Abandono do “alinhamento automático”)
 Afirmação da soberania nacional diante do sistema bipolar
 PEB volta ter o desenvolvimento nacional como principal eixo
 Nacionalismo apoiado no multilateralismo e na diversificação de parcerias.
 Clivagem Norte/Sul
o Obs: não significou ruptura com o colonialismo português na África, nem o combate ao apartheid na
África do Sul. Da mesma forma, não se opôs a expansão de Israel sobre terras palestinas.
 Questões ainda tratadas sob o prisma do conflito Leste-Oeste

Relação com os EUA

 “Fim da lua de mel” ➔ afastamento mútuo, com o endurecimento do regime


 Crítica do Brasil à Aliança para o Progresso
 Departamento de Estado condena o AI-5 e suspende ajuda financeira.
 Irritantes comerciais
o Café solúvel
o Têxteis
o Açúcar

Crítica ao “Congelamento do Poder Mundial”➔ a questão da tecnologia nuclear


(Araújo Castro)

 Brasil não adere ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP, 1968)


 “injusto e discriminatório” ➔ restringe disseminação horizontal, mas não impede aumento vertical dos
arsenais
 Privilégios para os membros permanentes do CSNU ➔ congelamento da distribuição de poder estabelecida
na Carta de São Francisco, no imediato pós-guerra.
 Em 1967, Brasil já havia assinado o Tratado de Tlatelolco para a Proscrição das Armas Nucleares na América
Latina e Caribe (1967) ➔ também foi criado o Organismo para a Proscrição de Armas Nucleares na América
Latina e Caribe (OPANAL)
 Firma acordos para utilização pacífica de tecnologia nuclear
o França (1967), Espanha e Índia (1968)
 Fornecimento de urânio enriquecido

Diversificação de parcerias comerciais e políticas

 II Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD)


o Atitude reivindicatória diante dos países desenvolvidos
o Reforma da ordem econômica para reduzir as desigualdades entre desenvolvidos e
subdesenvolvidos
o “Segurança econômica coletiva”
o Apoio à criação do Sistema Geral de Preferências (tratamento diferenciado para os países em
desenvolvimento: princípio da “não reciprocidade”)
 Brasil no G-77 – defender as causas do desenvolvimento dentro da ONU
o Aproximação da Índia
 Acordos sobre comércio e cooperação cultural
 Visita de Indira Gandhi ao Brasil
 Visita de Magalhães Pinto a Nova Dheli
 Assinatura de acordo de cooperação para usos pacíficos de energia nuclear; se
desfaz no futuro quando a Índia desenvolve armamento nuclear
o Reestruturação da COLESTE e criação da COARABE (adensar laços comerciais com países árabes

Relações Regionais

 Oposição do Brasil à FIP da OEA - Brasil se afasta da ideia de círculos concêntricos. Mudança de posição que
diminui a visão dos vizinhos de que o Brasil era subimperialista quando defendia a ideia de defesa coletiva da
OEA
 Busca aproximação com vizinhos
o Aproximação comercial com a Argentina
o Visita de Strossner (PR Paraguai) a Costa e Silva
 Comissão Especial de Coordenação Latino-Americana (CECLA, 1969).
o Reunião convocada pelo Brasil ➔ reforçar unidade regional
o Aprovação do Consenso de Viña del Mar
 Condensa as principais reinvindicações da região ➔ levado ao conhecimento do presidente
Richard Nixon
 Tratado da Bacia do Prata – 1969 (Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai)
o Promover a integração física e o desenvolvimento harmônico dos países platinos

Adensamento de relações com a Europa Ocidental

 República Federal da Alemanha


o Acordos de cooperação em ciência, tecnologia e cultura
 Reino Unido
o Programa britânico de cooperação econômica com a América Latina
o Visita de Elizabeth II ao Brasil
 Portugal
o Vista do PM Marcelo Caetano ao Brasil
o Política pró-Portugal na ONU sobre o colonialismo na África

Governo Médici (1969-74)

Contexto

 Interno (“Anos de chumbo”):


o Exacerbação da repressão (AI-5);
o Luta armada➔ combate às guerrilhas

 MAS... “Milagre Econômico”


o Fortalecimento interno do regime
 Exortação nacionalista por meio de forte aparelho de propaganda oficial
o Meta de “fortalecer o Poder Nacional” e transformar o Brasil em “Grande Potência”.

 Externo:
o Détente;
o 1º Choque do Petróleo (1973);
o Doutrina Nixon (desengajamento relativo dos EUA)
o Fim do sistema Bretton Woods (1971)
 Maré econômica começa a virar no final do governo Médici

 Chanceler:
o Mario Gibson Barboza
o “Diplomacia do Interesse Nacional”
 Brasil quer se colocar como potência, passa a negar o discurso terceiro-mundista

Diplomacia do Interesse Nacional

 Diplomacia voltada para o desenvolvimento nacional


o “Brasil Grande Potência”
 Negação do discurso terceiro-mundista de Costa e Silva
 Mantém a contestação das estruturas desiguais do comércio e das finanças internacionais
 Relações fluidas com os EUA, sem alinhamento automático (pragmatismo). ➔ obs: alguns irritantes
permanecem
 Priorização das relações bilaterais ➔ redução do engajamento multilateral
 Aprofundamento da diversificação de parcerias econômico-comerciais
 Continua a defesa da “segurança econômica coletiva”

Relação com os EUA

 “Relações fluidas” (Fernando de Mello Barreto)


 Relações satisfatórias (Vizentini)
 Convergência política com divergências pontuais (Doratioto e Vidigal) ➔ Permanecem alguns irritantes
 Ampliação unilateral do mar territorial brasileiro para 200 milhas (1970), a despeito das pressões americanas
(exemplo de irritante)
 Visita de Médici aos EUA (1971)
o Brasil como key country: “Para onde for o Brasil irá a América Latina” – Nixon
 Reconhecimento do Brasil como país emergente: desconfiança latino-americana
“subimperialismo”
 Permanecem os irritantes comerciais

Relações Regionais

 O discurso de grande potência e regime ditatorial gera desconfianças


 Apoio aos golpes militares na Bolívia, Equador, Uruguai e Chile => suspeitas de uma diplomacia militar
paralela (Operação Condor)
 Promoção da integração física (ferroviária e rodoviária) com vizinhos

Questão energética na Bacia do Prata

 Oposição argentina às negociações entre Brasil e Paraguai sobre Itaipu


 IV Reunião de Chanceleres da Bacia do Prata (1971)
o Argentina expressa preocupação de hidrelétrica em Sete Quedas,
 Brasil barra esforço da Argentina de levar a questão à ONU
o Aprovada declaração sobre o aproveitamento dos internacionais de curso sucessivo (desde que não
prejudicasse sensivelmente outro Estado)
 Tratado de Itaipu (1973), a despeito das críticas argentinas➔ atrapalharia a construção da Usina de Corpus

Relações com a África

 Ampliação da presença diplomática brasileira na África, apesar das hesitações contra o colonialismo
português e o apartheid
 “Périplo Africano” de Mário Gibson Barboza: 9 países, nenhum dos quais em guerra de independência ➔
não vista Angola e Moçambique
 Em vez do confronto com Portugal na questão colonial no âmbito multilateral, promove a aproximação
bilateral:
o “Comunidade Luso-Brasileira”
o Retorno dos restos mortais de Dom Pedro I ao Brasil (Festa dos 150 anos da Independência ➔
participação e Marcelo Caetano)
 Visita de Médici a Lisboa e celebração de acordos direitos mútuos para cidadãos de ambos os países

Relações com o Oriente Médio

 Apoio às teses palestinas no conflito árabe-israelense


 Aproximação dos países árabes
o Criou-se o Grupo de Coordenação do Comércio com os Países Árabes para incentivar o
estreitamento de laços diplomáticos e comerciais com a região
Governo Geisel (1974-79)

Contexto Externo

 1º Choque do Petróleo (1973)


o Crise energética no mundo
o Aumento da importância dos fornecedores (árabes, petrodólares)

 Doutrina Nixon (desengajamento, realismo/pragmatismo)


o Aproximação EUA-China (Kissinger-Nixon)
o Key-countries. ➔ Brasil como “key-country”
o Mas... Jimmy Carter (1977-1981) ➔ ênfase nos direitos humanos
 Fortes críticas ao Brasil

 Revolução dos Cravos (Portugal, 1974)


o Abandono do colonialismo português

Contexto Interno

 Retorno dos “Castelistas” ➔ saída da “linha dura” ➔Abertura lenta, segura e gradual”
 Fim do milagre econômico, a principal ferramenta de legitimação do regime ➔ impactos severos do choque
do petróleo
o Modelo de desenvolvimento baseado em energia importada barata, afluxo de investimentos
estrangeiros e utilização de tecnologia também importada
 Resposta foi dobrar a aposta no modelo do “milagre” com o II PND (1974)

Chanceler

 Antônio Francisco Azeredo da Silveira


 “Pragmatismo Ecumênico e Responsável”

Pragmatismo Ecumênico e Responsável

 “A maior tradição do Itamaraty é saber renovar-se” – Azeredo da Silveira


 Retorno de princípios da PEI
 Aprofundamento da diversificação de parcerias
o Busca de uma inserção internacional autônoma para promover o desenvolvimento (crise econômica
e energética)
 Superação das “fronteiras ideológicas” da Guerra Fria
 Intenso engajamento multilateral

Relações com os EUA

 Com o fim do governo Nixon, (1969-1974) o relacionamento vai se tornando mais difícil.
 Durante o governo Gerald Ford (1974-1977),
o Com Kissinger ainda no comando da PEX dos EUA, as relações não sofrem deterioração abrupta
 Memorando de Entendimento Brasil – EUA para Consultas Mútuas (1976)
 Acordo para a Aplicação de Salvaguardas entre Brasil, RFA e Agência Internacional de
Energia Atômica
 Brasil ainda visto como “key-country” no mundo ocidental
o MAS...
 Aumentam os irritantes comerciais
 Oposição dos EUA ao Acordo Nuclear entre Brasil e RFA
 Dificuldades aumentam ainda mais com o início do governo Carter (1977-1981)
o Fortes críticas ao Brasil sobre a situação de direitos humanos
o Aumentam as pressões no contexto do acordo nuclear com a RFA
 Brasil denuncia o Tratado de Assistência Militar com os EUA (II Vargas, 1952)
 Reforça a busca de maior autonomia estratégica e a expectativa de
desenvolvimento de indústria bélica nacional

Diversificação de parcerias

Alemanha

 Acordo de Cooperação assinado em junho de 1975.


o Cooperação em minério de urânio, prospecção, extração, enriquecimento; produção de reatores
nucleares;
 Acordo de Salvaguardas (1976) ➔ garantia de fins pacíficos do programa nuclear
o Visita de Geisel em mar 1978 ➔ assinatura de ajustes relativos ao Acordo Nuclear e de novos
acordos de cooperação

Japão

 Adensamento das relações econômicas e da cooperação técnica


o Crescimento do investimento japonês, sobretudo em áreas como siderurgia, mineração, energia
hidrelétrica, cultivo de soja, portos e corredores de exportação (infraestrutura)
o Programa de apoio da Japanese International Cooperation Agency e instituições brasileiras
(EMBRAPA e CPCA) para possibilitar o cultivo da soja no cerrado ➔ transformação tecnológica da
agricultura de exportação.
 Primeiro-ministro japonês visita o Brasil (1974)
 Geisel visita o Japão (1976)

França

 Visitas de Geisel à França e ao Reino Unido (sintomaticamente, não visitou os EUA). Mostra que o Brasil
busca outros vetores para se projetar internacionalmente

Países árabes

 Aumento da presença diplomática e impulso às trocas comerciais (principalmente Arábia Saudita e países do
Golfo)
 Reconhecimento da Organização para a Libertação Palestina (OLP), que recebe permissão para abrir
escritório em Brasília (não é embaixada); contra os interesses de Israel
 Apoio à Resolução 3379 da AGNU que condena o sionismo (forma de racismo a ser combatida); contra a
posição dos EUA e Israel, mostra disposição de se aproximar dos países árabes
 Estreitou a cooperação com o Iraque e a Arábia Saudita para a prospecção de petróleo por meio da
Braspetro
 Via nos países árabes um importante mercado para o desenvolvimento da indústria bélica nacional

Relações regionais

Países Amazônicos

 Rumores nos anos 70 sobre a “internacionalização da Amazônia”


 Tratado de Cooperação Amazônica (1978)
o Marco para cooperação no desenvolvimento da região
o Reafirma as soberanias nacionais

Argentina

 Tensões (questão de Itaipu) ➔ fronteiras chegam a ser fechadas (1977)

Relações com os países socialistas


 Incremento comercial com países que o Brasil já tinha vínculos
 Acordo comercial com URSS (1975)
o Aquisição de turbinas soviéticas para hidrelétrica de Sobradinho, Bahia.
 Reconhece a República Popular da China, estabelecendo relação diplomática com Pequim
o “Uma só China”➔ rompe relações diplomáticas com Taiwan (relações comerciais são mantidas)

Relações com os países africanos

 Reitera apoio à descolonização, principalmente após a Revolução dos Cravos (1974)


 Distanciamento da África do Sul do apartheid (1975) ➔ condena o apartheid na ONU
 Primeiro país a reconhecer oficialmente a independência de Angola, sob o governo marxista da MPLA. EUA
apoiavam o grupo rival
 Reconhece a independência Moçambique, sob o governo da Frelimo.
 Criação de novas embaixadas na África

Relações com a Índia

 Esfriamento da cooperação nuclear para fins pacíficos ➔ Índia realiza teste de explosivo nuclear (1974), em
desacordo com a cooperação para fins pacíficos firmada com o Brasil em 1968

Governo Figueiredo (1979-85)

Contexto Externo

 Revolução Islâmica no Irã, 2º Choque do Petróleo e Guerra Irã-Iraque


 Revolução Sandinista na Nicarágua => recrudescimento da política hemisférica norte-americana
 Fim da détente ➔ retorno da bipolaridade (Ronald Reagan 1981-1989) ➔ reengajamento dos EUA nas
“proxy wars”
o Invasão Soviética no Afeganistão

Contexto Interno

 Continuação da abertura ➔Fim do regime militar


 Crise econômica
o Drástica desaceleração do crescimento
o Crise da dívida externa
o Descontrole inflacionário

Chanceler

 Ramiro Saraiva Guerreiro


 “Diplomacia do universalismo”

Diplomacia do universalismo

 Mantém a linha de atuação do período anterior


 Diplomacia “sóbria e profissional” (Rubens Ricupero)
 Aprofundamento do pragmatismo e diversificação de parcerias mundiais
 Cooperação como forma de redução das disparidades de desenvolvimento Norte-Sul
 Frequente diplomacia presidencial (presidente como agente diplomático)

Argentina - Aproximação definitiva

 Resolvida a questão da compatibilização Itaipu-Corpus ➔ Acordo Tripartite (1979)


 Acordos de cooperação nuclear e militar
 Troca de visitas presidenciais
 Guerra das Malvinas (1982)
o Brasil declara neutralidade na guerra, mas reconhece o direito de soberania argentina
o Proíbe o uso ou sobrevoo no território nacional de aviões britânicos com destino às Malvinas
o Representa diplomaticamente os interesses argentinos em Londres até 1990.
 “Estabilidade estrutural pela cooperação” (Alessandro Candeas)

América Latina

 Uma das principais prioridades: “nossa convivência regional deve ser exemplar” (Figueiredo, 1980)
 Contexto de aprofundamento da crise econômica na região (crise da dívida externa)
 Aprofundamento da cooperação com os países da região
 Intensifica a aproximação dos países andinos e amazônicos
o I Reunião de I Consultas entre Brasil e Conselho Andino
 Visitas presidenciais ➔ Chile, Venezuela, Colômbia, Peru, Paraguai, Argentina
 Criação da ALADI (1980)
 Apoio ao Grupo de Contadora em 1983 (México, Panamá, Colômbia e Venezuela): contra o uso da força
(EUA) na América Central ➔ defende solução negociada
o Brasil condena a intervenção militar dos EUA em Granada.
 Consenso de Cartagena (1984)
o Declara a necessidade de ação conjunta para o problema da dívida externa

EUA

 Relações serenas e posições distintas (Fernando de Mello Barreto)


 Um bom perfil das relações não significa fim dos atritos no âmbito comercial
o Lei de Informática (1984) ➔ EUA considera a reserva de mercado brasileira uma “prática desleal de
comércio”.
 Retomada da cooperação militar interrompida em 1977
o Assinado MdE sobre Cooperação Industrial-Militar, por ocasião da visita do George Schultz ao Brasil

África

 Continuidade da intensa agenda africana na diplomacia brasileira


 PR Figueiredo visita a África (Nigéria, Senegal, Guiné-Bissau, Cabo Verde e Argélia)
o Primeira visita de PR brasileiro ao continente
 Firmeza na condenação do apartheid na África do Sul (apartheid)

China

 Primeira visita de um presidente brasileiro a Beijing (1984)


 Aproximação com acordos de cooperação, inclusive para o uso pacífico de energia nuclear
Governo Sarney (1985-1990)

Contexto Externo

 Transições democráticas no mundo


 Enfraquecimento do regime soviético
o Perestroika
o Queda do Muro de Berlim 1989
 Consenso de Washington (1989)

Contexto Interno

 Redemocratização (período de transição e incertezas)


 Agravamento da crise da dívida externa
 Aumento do descontrole inflacionário

Chanceleres

 Olavo Setúbal (1985 – 1986)


 Abreu Sodré (1986 – 1990)

América Latina

 PR Sarney visitou todos os países da América do Sul


 Restabelecimento das relações com Cuba (1986; rompidas desde 1964)
 Formação do Grupo de Apoio a Contadora - Brasil, Argentina, Peru e Uruguai (1985)
 Grupo de Contadora + Grupo de Apoio a Contadora => Grupo do Rio (1986)
o Compromisso de Acapulco para Paz, o Desenvolvimento e a Democracia (1987)
o Vai além do contexto interamericano com os EUA à frente; parte dos países latino-americanos
 Região amazônica
o Prioridade estratégica (oposição aos rumores de “internacionalização”)
 Integração do território amazônico
 Primeira Reunião de Presidentes dos Países Amazônicos (1989)
o Declaração da Amazônia (fortalecer vínculos de cooperação e reafirmar soberania)

Argentina

 Encontro entre Sarney e Alfonsín na fronteira ➔Declaração de Iguaçu (1985)


o cooperação pacífica sobre energia nuclear.
 Ata de Integração Brasileiro-Argentina
o Programa de Integração e Cooperação Econômica (PICE) (1986)
o Protocolo de Cooperação Nuclear
 Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento (1988)

EUA

 Auge da virada conservadora de Reagan


 Recrudescimento das disputas comerciais (com retaliações dos EUA)
o Produtos de informática, farmacêuticos, aço
 Inflexibilidade nas negociações da dívida
 Pressões para liberalização na economia brasileira (Consenso de Washington, 1989)

Multilateral

 Participação ativa nos debates no âmbito do GATT ➔ defesa dos interesses dos países em desenvolvimento,
sobretudo liberalização em agricultura.
o Obs: Lançamento da Rodada Uruguai (1986)
 Retorno ao CSNU (1988)
 Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS) - 1986
o Reconhecida pela AGNU; zona desmilitarizada e desnuclearizada
o Os EUA se opuseram à resolução

China

 Sarney visita Pequim (1988)


o China-Brazil Earth Resources Satellite (CBERS)
 Acordo para a construção conjunta de satélites de monitoramento de recursos terrestres

URSS

 Sarney visita Moscou (1988) com 120 empresários (primeira visita de um PR brasileiro)
o Assinados acordos comerciais e de cooperação científico-tecnológica

África

 Busca incrementar a exportação de bens de maior valor agregado para África e para o Oriente Médio.
 Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS) – 1986
o Resolução da AGNU aprovada pelo Brasil
o Cooperação para manutenção da paz no Atlântico Sul (em contraposição à securitização com
presença militar americana)
 Criação de embaixadas
 I Cúpula dos Países Lusófonos (seminal para CPLP) - 1989

Questões

(Diplomacia 2016) Nas décadas de 60 e 70 do século passado, o Brasil tomou a iniciativa de explorar o potencial
hidrelétrico da bacia do rio Paraná, o que gerou repercussões na Argentina e no Paraguai. No que se refere a esse
assunto, julgue (C ou E) os seguintes itens.

(1) O Tratado do Rio da Prata, assinado em 1979 por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, disciplinou o uso dos rios
internacionais da região para a produção de energia elétrica e irrigação agrícola.

Errado, não envolveu o Uruguai. Trata de compatibilização dos projetos de Itaipu e Corpus

(2) Com a Ata das Cataratas, de 1966, o Brasil, para atender às necessidades energéticas de industrialização da
região Sudeste, comprometeu-se a comprar o excedente de energia paraguaia gerado pela represa hidrelétrica de
Yacyretá, pelo prazo de dez anos.

Errado, a hidrelétrica é fruto de um tratado entre Argentina e Paraguai

(3) Em 1973, Brasil e Paraguai assinaram um tratado para o aproveitamento hidrelétrico do rio Paraná, desde Sete
Quedas até a foz do rio Iguaçu. Os termos do contrato determinavam a criação da empresa binacional Itaipu e a
participação dos dois países, em condições de igualdade, na construção e operação da hidrelétrica e na divisão da
energia gerada.

Certo; fez crescer problemas com a Argentina

(4) O governo argentino defendeu que, antes da construção de represas na bacia do rio Paraná, deveria haver
consulta prévia obrigatória aos países ribeirinhos do curso inferior de rios internacionais de curso sucessivo, para
evitar prejuízos em seus territórios.

Certo; era a maior preocupação argentina

(Diplomacia 2016) Vistas sob a perspectiva histórica, as relações entre Brasil e China foram definidas como um
demorado encontro. De 1843, quando foi instalado o consulado brasileiro em Cantão, aos dias de hoje,
afastamento e aproximação deram a tônica desse relacionamento. A respeito desse assunto, julgue (C ou E) os
itens que se seguem.

(1) Sob a vigência da Política Externa Independente, em 1961, o Brasil enviou à República Popular da China uma
missão comercial chefiada pelo vice-presidente João Goulart, o que agravou a desconfiança dos militares e da direita
brasileira para com Goulart.

Certo

(2) Fernando Collor de Melo foi o primeiro presidente brasileiro a empreender visita oficial à China e à Ásia
continental.

Errado, Sarney já havia ido à China. O primeiro foi Figueiredo

(3) No Brasil, a rigidez ideológica do regime militar, ainda sob o influxo da Guerra Fria, impediu que o país
normalizasse suas relações com Pequim, o que somente se deu com a redemocratização, ocorrida em 1985.

Errado, Geisel reconheceu a República Popular da China e Figueiredo visitou.

(4) Em 1952, no auge da Guerra da Coreia, emblemática de um sistema mundial bipolar, o Brasil oficializou seu apoio
à China Nacionalista, instalando embaixada em Taipé.

Certo

(Diplomacia 2013) Na política externa adotada no governo de Ernesto Geisel (1974-1979), destaca-se como
característica proeminente

(A) a continuidade, em suas principais vertentes, da política externa do governo Médici (1969-1974).

Errado; Geisel adota o pragmatismo responsável. Há linhas de continuidade, mas não é a principal vertente

(B) a reaproximação com a Argentina, em contraposição ao período de discórdias e controvérsias do período Médici.

Errado; houve disputas inclusive com fechamento temporário das fronteiras em 1977

(C) a resistência em celebrar o acordo de cooperação tecnológica ou militar com os países industrializados, do que
foi exemplo a denúncia do acordo nuclear com a Alemanha.

Errado; foi assinado acordo de cooperação nuclear com a Alemanha. Denunciou o acordo militar com os EUA de
1952

(D) o alinhamento com os interesses norte-americanos no cenário internacional.

Errado; Brasil divergiu com os EUA no caso de Angola

(E) o princípio do pragmatismo responsável, que resultou no reatamento das relações diplomáticas com a China e no
reconhecimento de Angola.

Certo

(Diplomacia 2011) Assinale a opção correta acerca da política externa brasileira durante o período militar (1964-
1985).

(A) O Brasil recusou-se, nessa época, a aderir ao Tratado de Não Proliferação Nuclear, tendo denunciado nas Nações
Unidas o chamado congelamento do poder mundial pelas duas superpotências à época — EUA e União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) —, o que, então, refletiu o distanciamento brasileiro em relação ao conflito
leste-oeste.

Certo; defesa feita pelo Araújo Castro

(B) O Brasil manteve elevado grau de autonomia em relação ao conflito Leste-Oeste, privilegiando, à época, as
relações sul-sul, por meio, por exemplo, do exercício da liderança, nas Nações Unidas, do Movimento dos Países não
Alinhados e do G-77.
Errado; Brasil participou como observador na Conferência de Bandung

(C) Durante esse período, o país manteve-se incondicionalmente alinhado com os EUA, tendo rompido relações
diplomáticas com Cuba e com a China continental, no governo Castello Branco, e tendo votado, no governo Médici,
contra a admissão da China no sistema das Nações Unidas.

Errado; não esteve incondicionalmente alinhado

(D) O Brasil privilegiou, no período militar, as relações hemisféricas, notadamente com os países da América do Sul.

Errado; retoma princípios da PEI com Geisel e de universalismo. Houve tensões com a Argentina

(E) A autonomia do Brasil em relação ao conflito Leste-Oeste evidenciou-se quando, no governo de Castello Branco,
o país se recusou a destacar tropas para a Força Interamericana de Paz na República Dominicana, ação de interesse
norte-americano em sua luta contra o comunismo na América Latina

Errado; é o contrário
PEB Anos 1990

Contexto Externo

 Fim da Guerra Fria


o Momento unipolar das RI;
o Consenso de Washington.
 Avanço da democracia representativa:
 Primeiro presidente civil eleito por voto direto desde 1961;
 Crise econômica.

PEB DOS 1990: “autonomia pela participação” – Gelson Fonseca Jr.

 Três pilares
o Integração regional;
o Renovação de credenciais;
 Resgate das hipotecas – mostrando-se como ator responsável e legítimo; de forma a ser
aceito internacionalmente após a redemocratização
o Multilateralismo
 Não é uma inovação; ao longo do século houve ênfase por diversos momentos ao
multilateralismo; a diferença foi o adensamento. Brasil é uma potência média sem
excedente de poder; para se inserir de forma autônoma e legitimada é dentro do plano
multilateral, onde há relações horizontais

Regionalismo no contexto internacional

 Reação ao aprofundamento da globalização para gerar inserção competitiva;


 Criação de blocos regionais de livre comércio (regionalismo aberto):
o Mercosul (Tratado de Assunção, 1991);
o União Europeia (Tratado de Maastricht, assinado em 1992);
o Zona de livre comércio da Associação de Nações do Sudeste Asiático - ASEAN (implantada a partir de
1992);
 Tratado Norte-Americano de Livre Comércio - NAFTA (fundado em 1994).

Integração regional latino-americana:

 Criação do Mercosul (1991) por impulso de Collor e Menem:


o Aprofundamento de laços com outros blocos da região.
 Lançamento do projeto Área de Live Comércio da América do Sul - ALCSA (1993);
o Não prosperou;
 Negociações da Área de Livre Comércio das Américas - ALCA (proposta pelos EUA em 1994):
o Minou a ALCSA;
o Não prosperou.
 I Cúpula de países sul-americanas em Brasília (2000):
o Criação da Iniciativa de Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana – IIRSA
o Vai além da questão comercial; integração física e energética
Renovação de Credenciais

 Direitos Humanos:
o Pacto de Direitos Humanos da ONU de 1966 (1992);
 Direitos civis, sociais e econômicos
o Pacto de San José da Costa Rica de 1969 (1992);
o Protagonismo brasileiro na Conferência de Viena sobre DH (1993);
 Embaixador Saboya foi muito ativo
o Reconhecimento da jurisdição da CIDH em 1998.

 Meio ambiente:
o Brasil sediou a CNUMAD (Cúpula da Terra, Rio 92);
o Adesão ao Protocolo de Kyoto (1997).

 Não-proliferação
o Criação da Agência Brasileira-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC)
e acordo Quadripartite (Argentina, Brasil, ABACC e AIEA) de salvaguardas (1991);
 Verificação e contabilidade mútua
o Adesão plena ao Tratado de Tlatelolco (1994);
 Brasil retira as ressalvas
o Assinatura (1996) e ratificação (1998) do Tratado de Interdição Completa de Ensaios Nucleares -
CTBT;
o Adesão ao Tratado de Não-Proliferação - TNP (1998)
 Brasil muda o discurso de congelamento de poder; com a adesão ao TNP e ao regime de
controle de armas nucleares se posiciona como uma nação contrária ao armamento nuclear

Multilateralismo

 Ferramenta para assegurar a legitimidade e a coerência da PEB


 Empenho nas operações de paz:
o Moçambique, Angola, Timor Leste
 Defesa da reforma do CSNU:
o Brasil cumpre dois biênios no CSNU.
 Participação ativa na Organização Mundial do Comércio, criada em 1995

Governo Fernando Collor de Mello (1990-1992)

 Abertura brasileira (“Dança dos Paradigmas”, “Estado normal” – Amado Cervo):


o Mercosul e ABACC (1991);
o Regaste das “hipotecas” de Direitos Humanos e Meio Ambiente;
o Aplicação do Consenso de Washington.

 Maior atuação na ONU (autonomia pela modernização):


o Endosso à guerra do Golfo (não participação).

 Chanceleres:
o Francisco Rezek (1990 - 1992);
o Celso Lafer (1992
Governo Itamar Franco (1992-95)

 Integração regional e inserção global:


o Resgate da “hipoteca” da não-proliferação (1994);
o Consolidação do MERCOSUL (Protocolo de Ouro Preto, assinado em 1994), proposta da ALCSA e
negociações da ALCA;
o Conclusão da Rodada Montevidéu e criação da OMC (1994/95).

 Chanceleres:
o Fernando Henrique Cardoso (1992 – 1993);
o Celso Amorim (1993 – 1995)

Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2003)

 Auge da “autonomia pela participação”:


o Aperfeiçoamento do Mercosul (Protocolos de Ushuaia, assinado em 1998, e Olivos, assinado em
2002);
o Aproximação da Rússia, Índia e China;
o Adesão ao TNP (1998);
o Apoio à guerra do Afeganistão (2001).
 Guerra ao terror
o Diplomacia da lusofonia (criação da CPLP, 1996);

 Chanceleres:
o Luis Felipe Lampreia (1995 – 2001);
o Celso Lafer (2001 – 2003)

3. O Brasil e a América do Sul


 Integração na América do Sul
 As iniciativas de integração física, energética, política, econômica e de defesa na América do Sul

Teoria da Integração

 Desde meados do século XX, o surgimento de blocos econômicos esteve essencialmente ligado a questões
políticas de construção de confiança, como demonstram os exemplos da atual União Europeia e do
MERCOSUL.

 Os blocos comerciais favorecem a promoção de comércio entre seus membros, mas permitem políticas
discriminatórias contra terceiros. O art. XXIV do GATT autoriza a criação de blocos econômicos como
exceção ao princípio da nação mais favorecida

Tipos de integração econômica

 Área preferencial de comércio: bloco com acesso preferencial a certos produtos de determinados países,
geralmente pela redução (mas não eliminação) de tarifas. Ex: acordos EU e ACP (África, Caribe e Pacífico).
 Área ou zona de livre comércio: redução de barreiras tarifárias e não tarifárias entre os membros, mas são
livres para comercializar com os demais países como quiserem. Ex.: NAFTA e EFTA
 União aduaneira: redução de barreiras tarifárias e não tarifárias, com estabelecimento de tarifa externa
comum (TEC). Ex: CAN, CARICOM, SACU, MERCOSUL (união aduaneira imperfeita).
 Mercado Comum: redução de barreiras tarifárias e não tarifárias, com estabelecimento de uma TEC e a
liberdade de circulação de bens, serviços, capitais e trabalho. Ex: União Europeia.
 União econômica e monetária: mercado comum com uma moeda única. Ex: zona do euro, que inclui 19
países da UE.

Integração latino-americana

CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe - vinculada ao ECOSOC (1948)
 Missão: estudar os principais desafios econômicos e sociais da América Latina e do Caribe. Enfoque histórico
estruturalista.

 Economista argentino Raúl Prebisch, secretário-executivo da CEPAL de 1950 a 1963, defendia a


industrialização por substituição de importações (ISI) como mecanismo para sair da deterioração dos termos
de troca. O brasileiro Celso Furtado também foi importante nome no pensamento cepalino do período.

 Década 1960-1970: CEPAL propunha a integração regional como estratégia para pôr fim à crescente
dependência da América Latina com base na complementaridade econômica

Obs.: A CEPAL é uma espécie de think tank dos dias atuais

ALALC – Associação Latino-Americana de Livre-Comércio


 Tratado de Montevidéu de 1960
 Países da América do Sul + México
 Baseada em ideias cepalinas
 Princípio da nação mais favorecida e do tratamento nacional
 Obrigação de integração pelo livre-comércio
 Proibição de acordos de integração parciais
 Inflexibilidade, regimes militares e protecionismo geraram fracasso da ALALC
o Não permitia acordo parcial; governos militares trouxeram desconfiança e protecionismo

ALADI – Associação Latino-Americana de Integração


 Tratado de Montevidéu de 1980, substitui a ALALC.
o Permanece existindo e é tida como um caso de sucesso
 13 membros: Cuba, México, Panamá e todos os países da América do Sul, com exceção de Guiana e
Suriname.
 Marco jurídico e institucional para integração econômico-comercial entre países da América Latina.
 Princípios:
o Flexibilidade; cada país definiu seu ritmo de integração
o Convergência progressiva de ações parciais para a criação de um mercado comum latino-americano;
o Tratamento diferenciado com base no nível de desenvolvimento dos países.
 Espécie de contrato guarda-chuva para qualquer tipo de acordo de integração

Obs.: permitiu maior acesso aos produtos brasileiros de maior valor agregado

ACEs – Acordos de Complementação Econômica


 Entre as modalidades de acordos de alcance parcial, figuram os ACEs, que constituem pilar essencial das
relações econômico-comerciais entre os países membros da ALADI, a exemplo do ACE-18, que regulou os
laços de comércio do MERCOSUL, criado pelo Tratado de Assunção de 1991.
 Outros exemplos: ACE-35 (MERCOSUL-Chile), o ACE-36 (MERCOSULBolívia), o ACE-55 (MERCOSUL-México:
setor automotivo).
 A América do Sul alcançou uma virtual área de livre-comércio em 2019, em vista dos compromissos
assumidos no âmbito da ALADI.

Pacto Andino - Comunidade Andina de Nações


 Acordo de Cartagena (1969) cria o Pacto Andino
o Alternativa à ALALC
 O Objetivo era criar regras flexíveis para países diferentes
o Priorizaria o desenvolvimento de maneira mais simétrica
o Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru
o Chile retira-se e Venezuela entra em 1976
 Contexto do governo Pinochet
o Adoção de TEC em 1995
 Ao adotar a TEC se transforma na CAN, que é uma união aduaneira

CAN – Comunidade Andina de Nações (1996)


 Pacto Andino se torna a Comunidade Andina de Nações
o Venezuela retira-se em 2006
o Brasil é estado associado à CAN desde 2005
o Membros da CAN (2021): Colômbia, Equador, Peru, Bolívia

CARICOM - Comunidade do Caribe (1973)


 Membros: 15 países do Caribe
o (Haiti, Jamaica, Belize, Bahamas, Guiana, Suriname, Barbados, Santa Lúcia, Trinidad e Tobago, etc.)
 Objetivo: integração econômica com livre-comércio, coordenação política, cooperação educacional, cultural
e industrial.
 Banco de Desenvolvimento do Caribe (CDB)
 Adoção de TEC (1991), tornando-se, portanto, união aduaneira

TCA / OTCA – Tratado de Cooperação Amazônica (1978)


 Tratado de Cooperação Amazônica (TCA): 1978
o Todos os países da Amazônia, com exceção da Guiana Francesa
o Foi uma iniciativa brasileira
 Membros: 8 países amazônicos (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela)
 Objetivo: promover o desenvolvimento harmônico da Amazônia, com base no que atualmente se conhece
como desenvolvimento sustentável.
 Secretaria Permanente (1995): administração do tratado, com personalidade jurídica e sede em Brasília.
o Única OI com sede em Brasília
 Protocolo de Emenda ao TCA (1998): cria a OTCA como OI.
 Atuação: desenvolve projetos de interesse para a sustentabilidade ambiental da Amazônia em áreas como
monitoramento da cobertura florestal, preservação da qualidade dos recursos hídricos e promoção dos
direitos dos povos indígenas.

ALCA – Área de Livre Comércio das Américas


 I Cúpula das Américas (Miami, 1994): projeto de ALCA
 Propostas abrangentes de cooperação econômica, desenvolvimento social e financiamento de
infraestrutura.
 Divergências quanto aos propósitos.
 Brasil, em 2003, propõe “ALCA possível”, em um processo negociado em três trilhos:
o i) acordo “guarda-chuva” com conjunto de direitos e obrigações equilibrados;
o ii) acesso a mercados para bens, serviços e investimentos, negociado bilateralmente;
o iii) acordos plurilaterais em temas e setores específicos.
 IV Cúpula das Américas (2005): impasse e suspensão das negociações. ALCA sai de pauta

ALBA – Alternativa Bolivariana para as Américas


 2004: Bolívia, Cuba e Venezuela formam a ALBA
 Posteriormente, aderiram Equador (que deixou a ALBA em 2018), Nicarágua, entre outros. Bolívia deixou a
ALBA em 2019.
 Contrária às políticas de livre-comércio, como a ALCA.
 Rebatizada "Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos"
 Promove a assinatura de Tratados de Comércio dos Povos (bem-estar social e mútuo auxílio econômico).
 2010: criação da moeda regional ”sucre” (cesta de moedas).
o Espécie de cesta de moedas cujo objetivo é reduzir a dependência do dólar

IIRSA – Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana


 I Reunião de Presidentes da América do Sul (Brasília, 2000). Iniciativa brasileira.
o Primeira vez que chefes de Estado sul-americanos se reúnem sem a presença de governantes de
países da América Central e do Norte
o Declaração final ficou conhecida como Comunicado de Brasília
 Diagnóstico: gargalos de infraestrutura no subcontinente.
 Cria-se a IIRSA para promover a integração econômica, política e social por meio da integração física.
 Plano de Ação 2000-2010 com projetos em:
o energia
o transportes
o comunicações (roaming)
 Financiamento do BID, da CAF (Corporação Andina de Fomento) e do BNDES.
 2011: IIRSA foi incorporada ao trabalho do Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento
(Cosiplan) da UNASUL.
o A IIRSA não deixou de existir. A Cosiplan é um conselho composto por ministros da infraestrutura
 Em funcionamento pleno desde 2011, a Estrada do Pacífico (Rodovia Interoceânica), é uma estrada
binacional que liga o Brasil (Acre) a portos no litoral sul do Peru

o São dez projetos de integração: ferrovia, rodovia, hidrovia

CASA – Comunidade Sul-Americana de Nações


 III Reunião de Presidentes da América do Sul, Cuzco (2004)
 Proposta brasileira de criação da CASA
o compartilhamento de crenças e valores para a promoção de uma identidade sul-americana
 Objetivo: promoção do comércio (regionalismo aberto), concertação política e integração física, social e
produtiva;
 Aproximação com CAN, MERCOSUL e Chile, por meio de uma zona de livre-comércio.
 A CASA ampliou a concertação política dos países no diálogo entre si e com outras regiões, como nas cúpulas
da América do Sul com países africanos (ASA) e árabes (ASPA)

UNASUL – União de Nações Sul-Americanas


 Na I Cúpula Energética Sul-Americana (Isla Margarita, VE, 2007), a Venezuela propõe que a CASA seja
substituída pela UNASUL. (mais estruturado e com mais força)
 Tratado de Brasília (2008), em vigor desde 2011, confere personalidade jurídica à UNASUL.
o UNASUL se torna uma OI
 Sede: Quito
 Membros iniciais: 12 países sul-americanos (todos)
o México e Panamá são observadores

 Objetivo: integração regional, com base na convergência de interesses em torno da consolidação de uma
identidade própria e do desenvolvimento econômico e social da região. São os mesmos pilares da CASA:
comércio, infraestrutura e concertação política, com maior ênfase social à integração.
o Comércio é importante, mas não é o foco

 Estrutura institucional
o Conselho de Chefes de Estado e de Governo;
o Conselho de Ministros das Relações Exteriores;
o Conselho de Delegados;
o Secretaria-geral.

 Conselhos ministeriais (12):


o a) Energia; b) Saúde; c) Defesa Sul-Americano; d) Infraestrutura e Planejamento; e)
Desenvolvimento Social; f) Problema Mundial das Drogas; g) Educação; h) Cultura; i) Ciência,
Tecnologia e Inovação; j) Economia e Finanças; k) Segurança Cidadã, Justiça e Coordenação de Ações
contra a Delinquência Organizada Transnacional; l) Conselho Eleitoral.
 Cosiplan está no conselho de Infraestrutura e Planejamento
 CDS está no conselho de defesa

CDS – Conselho de Defesa Sul-Americano


 Os países sul-americanos, pela primeira vez, passaram a dialogar sobre temas de defesa fora de instituições
com participação dos EUA (como OEA e TIAR).
 Objetivos do CDS: promoção de políticas de defesa conjunta, intercâmbio de pessoal entre as foças armadas,
realização de exercícios militares conjuntos, integração de bases industriais de material bélico, participação
em operações de paz da ONU e troca de análises sobre cenários mundiais de defesa.
 Sua atuação está voltada para a concertação política e transparência.
o É diferente da OTAN
o Objetivo é ser transparente para mostrar que não representa uma ameaça; por isso o
compartilhamento de ações e treinamentos (transparência)
 2015: Escola Sul-Americana de Defesa (ESUDE): Centro de Altos Estudos do CDS para formação e
capacitação de civis e militares em matéria de defesa e segurança regional.

UNASUL ontem

 Em seus anos iniciais, a UNASUL atuou para a solução pacífica de controvérsias regionais e para o
fortalecimento da proteção da democracia na América do Sul:
o Crise separatista na Bolívia em 2008;
o Crise institucional no Equador em 2010;
o Ruptura da ordem democrática no Paraguai em 2012.

 2010: assinatura do Protocolo de Georgetown sobre compromisso democrático na UNASUL.

 Por muito tempo, houve incremento comercial do Brasil com os demais membros da UNASUL, com superávit
brasileiro com praticamente todos os vizinhos (única exceção é a Bolívia, em razão das importações de gás
boliviano)

UNASUL hoje
 2018: impasse sobre a indicação do novo secretário-geral da UNASUL (cargo vago desde 2017). Venezuela
barra o único candidato apresentado (nacionalidade argentina).
 Abril/2018: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e Peru decidiram, de forma conjunta, suspender a
sua participação da UNASUL,”em função da prolongada crise no organismo, quadro que, desde então, não se
alterou” (NOTA MRE).
 2018: Colômbia notifica denúncia do Tratado de Brasília.
 2019: Argentina, Brasil, Chile, Equador, Paraguai e Peru notificam a denúncia do tratado

PROSUL – Fórum para o Progresso da América do Sul


 O que é? Um fórum regional de diálogo
o Substituir a UNASUL em termos de concertação política
 Membros: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai e Peru (da AS faltam apenas
Uruguai,
Bolívia, Suriname e Venezuela)
 Ato constitutivo: “Declaração Presidencial sobre a Renovação e o Fortalecimento da Integração na América
do Sul” (ou Declaração de Santiago), assinada em março/2019.
o Iniciativa chilena
 Valores fundamentais: democracia, Estado de direito e direitos humanos.
 Estrutura leve, flexível e desburocratizada. Reuniões anuais de presidentes e MREs.
o Reuniões anuais de cúpula (alto nível) e uma outra de chanceleres
 Presidência pro tempore, que coordenará as atividades de seis Grupos de Trabalho:
o Infraestrutura, energia, saúde, defesa, segurança e combate ao crime e desastres.
o Pro tempore é cuidar do local, logística, pauta etc; primeiro foi Chile, em 2021 será Colômbia e
depois Paraguai em 2022

CALC – Cúpula da América Latina e do Caribe


 2008: I CALC sobre Integração e Desenvolvimento (Costa do Sauipe)
o Proposta brasileira
 Pela primeira vez, as 33 nações latino-americanas e caribenhas reuniram-se em torno de uma agenda
própria.
o Todos os países menos EUA e Canadá
 Tema central: relação entre integração e desenvolvimento sustentável.
o O tema do desenvolvimento sustentável estava muito em voga
 O documento final da CALC (Declaração de Salvador) reconheceu posição comum sobre a crise financeira e
reafirmou o compromisso com a cooperação em energia e infraestrutura e combate à fome e à pobreza

CELAC – Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos


 2010: fusão do Grupo do Rio* e da CALC para criar a CELAC.
 O que é? Um mecanismo informal de concertação política e integração que inclui todos os 33 países da
região. Não possui tratado constitutivo nem é uma OI.
 Temas: democracia, direitos humanos, concertação política para impulsionar o desenvolvimento
sustentável.
 Sócios extrarregionais: China, Rússia e União Europeia.

 *Em 1986, da fusão dos grupos de Contadora e de Apoio a Contadora surgiu o Mecanismo Permanente de
Consulta e Concertação Politica da América Latina e do Caribe, conhecido como “Grupo dos Oito” e, a partir
de 1990, denominado Grupo do Rio

Fim da participação brasileira na CELAC

 2020: o Brasil comunicou a decisão de suspender sua participação na CELAC diante da incapacidade do
mecanismo em meio às recentes crises e polarização política na região, sobretudo em Cuba, Nicarágua e
Venezuela.
 Na perspectiva do governo brasileiro, a CELAC vinha promovendo duplicação de esforços em relação a
outras iniciativas regionais (como a OEA), sem resultados práticos que justificassem sua manutenção

Aliança do Pacífico
 2012: Chile, Colômbia, Peru e México
o Proposta peruana
 Objetivo: integração econômica e comercial.
o O foco está no comércio com a China
 Vinculação comercial com a Ásia-Pacífico para desenvolvimento e competitividade.
 Discutem medidas de flexibilização migratória e mobilidade acadêmica.
 O MERCOSUL e a Aliança do Pacífico têm avançado no processo de convergência e integração.
 2018: 1ª Cúpula de presidentes do MERCOSUL e da Aliança do Pacífico (Puerto Vallarta, México).
Debateram-se facilitação de comércio e investimentos, cooperação regulatória, redução de barreiras não
tarifárias, agenda digital, mobilidade acadêmica e de pessoas, comércio inclusivo, turismo e cultura

Alguns pontos sobre Integração na América Latina e América do Sul

O que deu certo

 Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), 1980;


 Pacto Andino (1969) → Comunidade Andina de Nações (CAN), 1996;
 Comunidade do Caribe (CARICOM), 1973;
 Tratado de Cooperação Amazônica (TCA e OTCA), 1978 e 1998;
 Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), 1991;
 Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA), 2004;
 Aliança do Pacífico, 2012;
 Fórum para o Progresso da América do Sul (PROSUL), 2019.

Projetos que não prosperaram

 Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC), 1960;


 Área de Livre Comércio Sul- Americana (ALCSA), 1993-1994;
 Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), 1994-2005.

Prosperou por algum tempo, mas não mais atualmente (para o Brasil)

 IIRSA e CASA-UNASUL;
 Cúpula da América Latina e do Caribe sobre Integração e Desenvolvimento (CALC);
 Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).

Organismos regionais de financiamento

BID

 1959: criação do Banco Interamericano de Desenvolvimento


o Maior banco regional de desenvolvimento do mundo
o Nasceu no contexto da OEA, mas não tem relação com esta; tampouco com o Banco Mundial ou FMI
 48 membros
o 22 mutuários e 22 não-mutuários
o Os mutuários podem receber projetos financiados
o Não-mutuários não recebem financiamentos, como os EUA, mas suas empresas sim
o Japão, Suíça, Israel, União Europeia são membros financiadores
 Financia projetos de desenvolvimento econômico, social e institucional para integração na América Latina e
no Caribe.

CAF – Bando de Desenvolvimento da América Latina

 1966: Colômbia, Chile, Venezuela, Equador e Peru decidiram constituir a Corporação Andina de Fomento
(1968).
 19 países + 14 bancos privados (América Latina (inclusive o Brasil), Caribe e Europa (Portugal)
 Financia projetos públicos e privados de desenvolvimento sustentável e integração regional.
 Atualmente, denomina-se Banco de Desenvolvimento da América Latina, mas mantém a sigla CAF.

Fonplata

 1974: Fundo Financeiro para o Desenvolvimento dos Países da Bacia do Prata é criado por ARG, BOL, BR, PY
e UY.
 Promover o desenvolvimento e a integração na Bacia do Prata.
 Foco recente em infraestrutura, indústria, educação e saúde

Organismo regional de financiamento não operativo

Banco do Sul

 2009: Proposta venezuelana


 Alternativa ao FMI e ao Banco Mundial
 Objetivo: concessão de empréstimos para programas sociais e de infraestrutura e ao fomento ao
desenvolvimento.
 Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela assinaram o convênio constitutivo do
Banco em 2009, mas não foi ratificado por Brasil nem Paraguai.
 O Banco do Sul ainda não está operacional.

MERCOSUL

 Origens do processo de integração no Cone Sul


 Objetivos, características e estágio atual de integração

Origens

 1966: Ata das Cataratas entre Brasil e Paraguai (região das Sete Quedas)
o Prevê construção de uma usina hidrelétrica com divisão da energia produzida em partes iguais para
os dois países.
o Inaugura a “diplomacia das cachoeiras”.

 1969: Tratado da Bacia do Prata (ARG, BOL, BR, PY, UY)


o Facilitar a navegação nos rios da bacia do Prata, promover uso racional da água, preservar vida
animal e vegetal e realizar projetos de interesse comum.
o Criou o Comitê Intergovernamental Coordenador dos Países da Bacia do Prata (não é OI, apenas
acordo-quadro).

 1973: Tratado de Itaipu entre Brasil e Paraguai.

 1979: Acordo Tripartite Itaipu-Corpus (ARG, BR, PY)


o Resolveu as queixas argentinas relativas ao aproveitamento hidrelétrico regional.
 Histórico de rivalidade recíproca entre Argentina e Brasil; o marco da aproximação é o
Tratado tripartite
 Aproximação Brasil-Argentina
o 1979: Acordo Tripartite
o 1980: Acordo nuclear
o 1982: Apoio do Brasil à causa argentina na Guerra das Malvinas

 Aproximação a partir de Sarney e Alfonsín:


o 1985: Declaração de Iguaçu aprofundamento de relações econômicas e comerciais e novo acordo
nuclear, permitindo inspeções mútuas Integração em todos os níveis, principalmente segurança,
tema sensível)

o 1986: Programa de Integração e Cooperação Econômica (PICE) (1986): desgravações tarifárias


progressivas com flexibilidade, gradualismo, simetria.

o 1988: Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento: prazo de 10 anos para a formação de


um mercado comum bilateral.

o 1990: Ata de Buenos Aires (Collor): antecipa metade do prazo previsto no TICD (31/12/94) para a
formação de um mercado comum

o Até 1990, o processo de integração é fundamentalmente bilateral.

o A partir de 1990 e com o avanço das negociações comerciais no sistema multilateral de comércio,
Brasil e Argentina passam a favorecer a liberalização com mais países da região, de modo a
incrementar a competitividade e a economia de escala.

o Dez./1990: Brasil e Argentina firmam o ACE-14 (Acordo de Complementação Econômica), que


consolidou os acordos anteriores e estabeleceu regras para o mercado comum.
 Firmado no âmbito da ALADI

o Dez./1990: adesão de Uruguai e Paraguai às negociações

o 26/03/1991: assinatura do Tratado de Assunção, que cria o MERCOSUL


 Velocidade na evolução acabou por gerar descompasso e assimetrias.

o Culminação de processo iniciado ainda na década de 70 e acelerado com a redemocratização, de


superação da lógica de rivalidade pela da cooperação entre os vizinhos.
 Ligado ao contexto da queda do muro de Berlim e a ascensão da globalização

o MERCOSUL ainda não é um mercado comum. É uma união aduaneira imperfeita.

Objetivos

 Abertura comercial por meio da constituição de um mercado comum;

 Ampliar os fluxos de comércio (regionalismo aberto);


o Regionalismo aberto é aquele autorizado pelo sistema multilateral de comércio regulado pelo artigo
24 do GATT; desde que aumente o fluxo comercial não apenas intra, mas também extrabloco

 Atrair investimento direto no País (IED);

 Maior articulação entre as cadeias produtivas dos sócios;


 Promover a inserção competitiva na economia global (caráter instrumental do Mercosul)

Características

 O Tratado de Assunção estabeleceu um modelo de integração profunda, que visa à formação de um


mercado comum (art. 1º), que implica:
o livre circulação interna de bens, serviços e fatores produtivos;
o estabelecimento de uma tarifa externa comum (TEC);
o adoção de uma política comercial comum;
o coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais;
o a harmonização de legislações nas áreas pertinentes.

 Fase de implementação da etapa de união aduaneira, cujo principal instrumento é a Tarifa Externa Comum
(TEC).

 A TEC exclui dois setores (automotivo e açucareiro) e possui listas de exceção, chamadas ”perfurações da
TEC”, razão pela qual o MERCOSUL é considerado uma união aduaneira imperfeita
o Por isso é uma União Aduaneira Imperfeita
o Setor automotivo inclui autopeças
o São onze níveis tarifários e alíquotas variam de 0% a 20% e obedece um princípio geral de escalada
tarifária (insumos possuem tarifas mais baixas, ao passo que produtos de maior valor agregado
possuem tarifas maiores. Setor automotivo chega a 35% e não está na TEC

Acordos da Estrutura Institucional

 1991: Protocolo de Brasília - solução de controvérsias ad hoc

 1992: Protocolo de Las Leñas - regula a cooperação judicial (eficácia extraterritorial das sentenças e dos
laudos arbitrais)

 1994: Protocolo de Ouro Preto


o Confere personalidade jurídica ao bloco;
o Regra de tomada de decisões por consenso;
o Vigência simultânea (quando a decisão necessita de internalização);
o OI intergovernamental (não há supranacionalidade);
 Diferente da União Europeia
o Definição da estrutura do bloco.

Obs.: Assunção e Ouro Preto são os tratados fundacionais do Mercosul

 1998: Protocolo de Ushuaia: cláusula democrática. Assinado e ratificado por todos, além dos associados
Bolívia e Chile. Já foi aplicado duas vezes (2012 – Paraguai - e 2017 - Venezuela).
o Suspensos até que a ordem democrática seja reestabelecida

 2002: Protocolo de Olivos reforma o mecanismo de solução de controvérsias e cria o Tribunal Permanente
de Revisão (TPR).
o A decisão do TPR não é apelativa

 2005: Protocolo de Assunção: compromisso com a promoção e a proteção dos direitos humanos e das
liberdades fundamentais.

 2011: Protocolo de Montevidéu (ou "Ushuaia II"): reforça os compromissos de Ushuaia e estabelece linhas
de ação para fortalecimento e preservação da institucionalidade democrática. Foi assinado, mas ainda não
está em vigor. Foi rechaçado no parlamento paraguaio
o Prevê sanções mais duras que o protocolo de Ushuaia; como fechamento de fronteira, rompimento
do fornecimento de energia elétrica. Ushuaia prevê como sanção mais pesada a suspensão
o Como a negativa paraguaia não pode entrar em vigor, dada a necessidade de vigência simultânea
o Costuma ser cobrado em prova, mesmo não estando em vigor

Membros

 Membros fundadores: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai

 2012: Venezuela (suspensa em dez./2016, por descumprimento do Protocolo de Adesão, e ago/2017, por
ruptura da ordem democrática).
o O protocolo de adesão previa a internalização de diversas cláusulas, visto que cada país-membro
deve incorporar todas as cláusulas do Tratado; em dez/2016, a Venezuela foi punida por não
respeitar o cronograma de adesão
o Em ago/2017, entenderam que houve rompimento da cláusula democrática.
o Foi suspensa duplamente; para retornar como membro-pleno precisa ser reestabelecida a ordem
democrática e também internalizar as cláusulas do Mercosul em seu ordenamento jurídico

 2013/2015: Protocolo de Adesão da Bolívia (falta ratificação do Brasil e da Bolívia).


o Em 2013, o Paraguai estava suspenso, portanto, não assinou o Protocolo de Adesão da Bolívia; o que
foi feito em 2015
o Bolívia está aguardando ratificação do Brasil para fazer a sua ratificação

 Adesão ao MERCOSUL: possível a todos os membros da ALADI, inclusive na qualidade de estado associado.

 Estados Associados: podem participar, na qualidade de convidados, das reuniões dos órgãos da estrutura
institucional do MERCOSUL para tratar temas de interesse comum, apenas com direito a voz.

 Não existe a figura de “membro observador” no MERCOSUL


o Protocolo de Ushuaia, por exemplo, foi aderido por Bolívia e Chile; assim como o acordo de
cooperação consular

Estrutura institucional

 O MERCOSUL tem presidência pro tempore rotativas, com duração de um semestre cada, seguindo a ordem
alfabética de seus membros.
o Organizar agenda, coordenar, prover logística e segurança para reuniões
o É propositivo da agenda; pode pautar a agenda

 Foros decisórios
o Conselho do Mercado Comum (CMC): caráter decisório, nível ministerial, emite decisões ou
recomendações.
 As decisões são vinculantes, algumas precisam ser internalizadas

o Grupo Mercado Comum (GMC): função executiva, com iniciativa legislativa, lança propostas que
serão apreciadas pelo CMC e emite resoluções.
 As resoluções também são vinculantes

o Comissão de Comércio do MERCOSUL (CCM): caráter técnico; a partir de suas conclusões, o GMC
pode elaborar propostas para o CMC; emite diretrizes
 Caráter mais técnico, diretrizes são vinculantes
 Órgão político
o 1994-2006: Comissão Parlamentar Conjunta (representação equitativa – 18 cada)

o 2005: assinatura do Protocolo Constitutivo do Parlamento do MERCOSUL (vigor em 2007): órgão de


representação dos povos do MERCOSUL.
 PARLASUL é órgão unicameral, independente e autônomo.
 Não é dotado de capacidades legislativas
 Sede própria em Montevidéu, onde são realizadas sessões mensais
 Atua em diferentes temáticas (dez comissões permanentes) e pode emitir
declarações e propor recomendações ao CMC
 Em 2020 propôs uma recomendação que veio a se tornar uma decisão do CMC; mas
no geral emite muitas declarações

 COMPOSIÇÃO
o Até 2010, cada Estado Parte era representado por 18 parlamentares.
o 2010: Decisão CMC Nº 28/10 cria o critério de representação cidadã no PARLASUL (BR 37, ARG 43,
UY e PY 18 cada).
 Bancada do Brasil é de 37 e não de 75 porque o Brasil ainda não internalizou a questão da
eleição direta para deputado do Mercosul
o Composição final das bancadas (BR 75) está condicionada à realização de eleições diretas.
o 2019: Protocolo Adicional ao Protocolo Constitutivo do PARLASUL
 Argentina e Uruguai já tinham internalizado e podiam realizar eleições, mas Brasil e Paraguai
não, voltou a proporcionalidade anterior, mas o senado argentino não aceitou
 Rechaçado no congresso argentino.
o 2020: Decisão CMC Nº 09/20 prorroga até 2030 prazo para eleições diretas ao PARLASUL

 Órgãos sociais e de direitos humanos


o Instituto Social do MERCOSUL (2008)
 Elabora e executa projetos, estudos e atividades que fortalecem a dimensão social da
integração.
 Sede em Assunção

o Instituto de Políticas Públicas de Direitos Humanos (2009)


 Fortalece os mecanismos para gerar consenso em torno de políticas pública em direitos
humanos; desenvolve sistemas de medição, informação e acompanhamento dos direitos
humanos na região; promove capacitação.
 Sede em Buenos Aires

 Foro social
o Foro Consultivo Econômico e Social (FCES): órgão de representação da sociedade civil, para discutir
temas econômicos e sociais; só se manifesta se consultado.

 Órgãos administrativos
o Secretaria do MERCOSUL (Montevidéu)
o Secretaria do TPR (Protocolo de Olivos) – sede em Assunção
o Tribunal Administrativo-Laboral
 Não é físico, solução de controvérsias em relação a funcionários e um Estado do bloco

Fundo para a Convergência do Mercosul (FOCEM)

 Dec. CMC Nª 45/04. Entrou em funcionamento em 2007.


 Destina-se a “financiar programas para promover a convergência estrutural, desenvolver a competitividade e
promover a coesão social, em particular das economias menores e regiões menos desenvolvidas; apoiar o
funcionamento da estrutura institucional e o fortalecimento do processo de integração”.

 Aportes: USD 100 milhões (BR 70%, ARG 27%, UY 2%, PY 1%).

 Beneficiários: PY (48%), UY (32%), BR e AR (10% cada)

o Corrigir assimetrias

 Mais de 40 projetos aprovados em setores como habitação, transportes, incentivos à microempresa,


biossegurança, capacitação tecnológica e aspectos sanitários.

 2015: Decisão CMC 22/15 renovou o FOCEM, mas ainda não está em vigor (Brasil ainda não internalizou).
o Também chamado de FOCEM II; Brasil ainda não internalizou. Continua funcionando porque ainda
há recurso dos USD 100 milhões iniciais

 2020: FOCEM destinou USD 16 milhões para projeto de combate coordenado à COVID-19 (“Pesquisa,
Educação e Biotecnologias aplicadas à Saúde”)

Organograma do MERCOSUL

 Estágio profundo de integração para além da área econômica.


o Possui raízes profundas que tratam de diversos temas

 No decorrer do processo de integração, a agenda do MERCOSUL foi paulatinamente ampliada, passando a


incluir temas políticos, sociais e de cidadania. Os dois marcos na área social e cidadã do MERCOSUL são,
respectivamente, o Plano Estratégico de Ação Social (2011) e o Plano para a Conformação de um Estatuto da
Cidadania do MERCOSUL (2010).

 O MERCOSUL é instrumento fundamental para a promoção da cooperação, do desenvolvimento, da paz e da


estabilidade na América do Sul. É o principal instrumento com que o Brasil conta para cumprir o disposto no
parágrafo único do art. 4º da Constituição Federal, segundo o qual “a República Federativa do Brasil buscará
a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma
comunidade latino-americana de nações”.

Dados básicos do MERCOSUL atualmente

 67% do território da América do Sul (quase 3x a área da União Europeia);


 62,2% da população sul-americana (3,5% da população mundial)
 69,2% do PIB da América do Sul em 2019
 O MERCOSUL representa o 8º maior PIB mundial (US$ 2,38 tri em 2019).
 As trocas dentro do bloco multiplicaram-se em sete vezes desde sua criação, passando de US$ 4,5 bilhões
em 1991 para US$ 33,5 bilhões em 2019, levando-se em conta apenas o comércio entre os sócios
fundadores.
 O MERCOSUL é o principal receptor de IED na região. Segundo dados da UNCTAD, o MERCOSUL recebeu, em
2019, 67,3% dos IED na América do Sul
Relações Comerciais MERCOSUL – MUNDO

 MERCOSUL é superavitário com o mundo; China é o maior exportador e importador, seguida por União
Europeia, Estados Unidos e o restante da América Latina
 Brasil exporta bens industrializados para o bloco e é superavitário

Produtos – Comércio Internacional


 Importação é mais pulverizada enquanto que as exportações são mais concentradas em poucos produtos

Liberalização comercial

 Dec. CMC Nº 32/00: reafirma que os estados partes do MERCOSUL devem negociar, de forma conjunta,
acordos de natureza comercial com terceiros países ou blocos de países extrazona nos quais se outorguem
preferências tarifárias.
o Reafirma, vem desde o tratado de Assunção

 O MERCOSUL negociou acordos de livre-comércio com todos os países da América do Sul, com exceção da
Guiana e do Suriname.

 Como consequência, completou-se, em janeiro de 2019, uma área de livre-comércio de fato com os países
da região.

 2007: CMC aprovou o “Sistema de Pagamento em Moedas Locais”. Em funcionamento para operações entre
Brasil e Argentina e entre Brasil e Uruguai.
o Sem depender do dólar ou de oscilações cambiais

 2010: Aperfeiçoamento da união aduaneira com a conclusão de um Código Aduaneiro do MERCOSUL,


prevendo-se, ainda, o fim da bitributação em três etapas (2012, 2014 e 2019).

Posicionamento externo

 A partir dos anos 2000, o MERCOSUL concluiu seus primeiros acordos comerciais com países de fora da
região latino-americana:
o Acordos de Preferência Comercial (ACP) – reduz barreira tarifária e não-tarifária para alguns setores
e produtos. Não significa livre-comércio
 2004: Índia (em vigor desde 2010)
 2008: União Aduaneira da África Austral (SACU) (em vigor desde 2016)

 Acordos de livre-comércio
o 2007: Israel (em vigor desde 2010)
o 2010: Egito (em vigor desde 2017)
o 2011: Palestina (ainda não está em vigor)

 Negociações concluídas (mas acordos ainda não assinados):


o 2019: Acordo de Associação entre o MERCOSUL e a União Europeia
o 2019: Acordo de Livre-comércio entre o MERCOSUL e a Associação Europeia de Livre Comércio
(EFTA)
o Os acordos com a UE e a EFTA, atualmente em fase de revisão técnica e jurídica, são os primeiros
acordos extrarregionais do MERCOSUL com parceiros do mundo desenvolvido.
 Significa que a negociação do texto do acordo foi concluída, mas que o Acordo ainda não foi
assinado

 Negociações de acordos de livre-comércio em curso:


o 2018: Canadá, Coreia do Sul e Singapura.
o 2019: retomadas as negociações de acordo de livre-comércio com o Líbano.
o 2019: tratativas para a expansão do acordo com Israel.
o 2020: MERCOSUL lançou proposta de negociação de acordo livre-comércio para América Central e
Caribe
o Há negociações com Tunísia e Marrocos também

 2020: MERCOSUL enviou oferta de acordo de facilitação de comércio e marco regulatório à Aliança do
Pacífico e aguarda resposta.

Acordo de Associação MERCOSUL-UE

 1992: Acordo de Cooperação Institucional entre Mercosul e a Comissão Europeia.


o Não focava comércio, mas cooperação institucional. Mercosul tinha acabado de nascer

 1995: Acordo-Quadro de Cooperação Inter-regional Mercosul-Comunidade Europeia iniciaram negociação


para acordo de livre-comércio.

 1995-2004: negociações via Comitê de Negociações Birregionais. Negociações perdem ímpeto até 2010,
quando são retomadas. MERCOSUL agressivo na área agrícola, e UE em bens industriais e serviços.

 Negociação concluída em 2019.

 TRÊS PILARES: i) diálogo político, ii) cooperação e iii) livre-comércio.

 O acordo comercial é composto por capítulos e anexos, relativos aos seguintes temas:
o 1) acesso tarifário ao mercado de bens (compromissos de desgravação tarifária);
o 2) regras de origem;
o 3) medidas sanitárias e fitossanitárias;
o 4) barreiras técnicas ao comércio (anexo automotivo);
o 5) defesa comercial;
o 6) salvaguardas bilaterais;
o 7) defesa da concorrência;
o 8) facilitação de comércio e cooperação aduaneira (protocolo de assistência mútua e cláusula
antifraude);
o 9) serviços e estabelecimento;
o 10) compras governamentais;
o 11) propriedade intelectual (indicações geográficas);
o 12) integração regional;
o 13)diálogos;
o 14) empresas estatais;
o 15) subsídios;
o 16) pequenas e médias empresas;
o 17) comércio e desenvolvimento sustentável;
 oposição à assinatura capitaneada pela França em função de dúvidas quanto ao
compromisso brasileiro em relação ao desenvolvimento sustentável e proteção da Amazônia
o 18) anexo de vinhos e destilados;
o 19) transparência;
o 20) temas institucionais, legais e horizontais; e
o 21) solução de controvérsias.

 Além do comércio de bens, incluem:


o ofertas de liberalização dos setores de compras governamentais e do comércio de serviços e de
investimentos.

o Componente ambiental, social e de sustentabilidade.

o Capítulos de desenvolvimento sustentável reforçam os compromissos ambientais e sociais


assumidos pelas partes na esfera multilateral, a exemplo do Acordo de Paris sobre a Mudança do
Clima, da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres
Ameaçadas de Extinção e das Convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho
 É ambicioso na temática do desenvolvimento sustentável; a oposição europeia está mais
relacionada a questões internas e se apoia na questão ambiental para dificultar a conclusão
do Acordo

O MERCOSUL na atualidade (âmbito interno)

 Revigoramento da vertente econômico-comercial do bloco com resgate da vocação original do MERCOSUL


para a abertura e a integração com o mundo.

 Reforço da democracia e do livre-comércio.

 Revisão integral dos principais instrumentos de política comercial comum: a TEC e o Regime de Origem.
o Site do MRE sai o comunicado conjunto dos presidentes; julho e dezembro

 Retomada do diálogo sobre os setores automotivo e açucareiro, que estava paralisado havia,
respectivamente, 15 e 19 anos.
o Não negociação para colocar os setores automotivos e açucareiro na TEC; todavia, retomou o
diálogo, antes nem isso

 Fortalecer o livre-comércio no interior do bloco: acordos de facilitação do comércio e de reconhecimento


mútuo de indicações geográficas de origem.

 Modernização das estruturas organizacionais do bloco, com a racionalização orçamentária e institucional e


aperfeiçoamento dos métodos de gestão

O MERCOSUL na atualidade (âmbito externo)

 MERCOSUL tem buscado negociar acordos mais abrangentes e profundos com parceiros mais competitivos.

 Tônica de flexibilidade nas negociações com atores externos (mensagem à Argentina).


o Brasil e Uruguai estão sendo incisivos na questão, ao passo que a Argentina está reticente apesar da
retórica de que está a favor de acordos mais agressivos
o Pressão para flexibilizar a regra de que negociações comerciais precisam ser feitas em conjunto

 Na América do Sul: aprofundar os vínculos nos temas chamados "não tarifários", como comércio de serviços,
investimentos, compras governamentais, facilitação do comércio e comércio eletrônico.

 Desde 2014, o MERCOSUL aproxima-se da Aliança do Pacífico (Chile, Colômbia, México e Peru) em temas
como facilitação do comércio, barreiras não tarifarias com objetivo estratégico de buscar maior inserção na
região da Ásia-Pacífico.
o Em 2018 houve a primeira cúpula Mercosul e Aliança do Pacífico; em 2020, Mercosul propôs
facilitação de comércio

Acordos recentes na área comercial (intra-MERCOSUL)

 2017: Protocolo de Cooperação e Facilitação de Investimentos


 2017: Protocolo de Contratações Públicas do MERCOSUL
o Empresas brasileiras podem participar de processo licitatória em todos os países do bloco e vice-
versa
 2018: Acordo de Boas Práticas e Coerência Regulatória
 2019: Acordo sobre Facilitação de Comércio do MERCOSUL
 2019: Acordo para a Proteção Mútua das Indicações Geográficas dos Estados Partes do MERCOSUL

Acordos recentes na área cidadã e de cooperação policial

 2018: Acordo sobre Revalidação de Títulos ou Diplomas de Ensino Superior em Nível de Graduação no
MERCOSUL

 2019: Acordo para a Eliminação da Cobrança de Encargos de Roaming Internacional aos Usuários Finais de
Serviços de Telefonia Móvel no MERCOSUL

 2019: Acordo sobre Mecanismo de Cooperação Consular


o Prevê que cidadãos dos estados-partes se beneficiem das representações consulares mundo afora

 2019: Acordo sobre Localidades Fronteiriças Vinculadas


o Integração de cidades gêmeas (circulação de pessoas, veículos, trabalho etc)

 2019: Acordo de Cooperação Policial Aplicável aos Espaços Fronteiriços (hot pursuit);
o Prevê que havendo perseguição pode ultrapassar a fronteira sem que configure violação de
soberania. Ainda não está em vigor

 2019: Acordo sobre Reconhecimento Recíproco de Certificados de Assinaturas Digitais do MERCOSUL

MERCOSUL 30 Anos

 Cúpula de Presidentes do MERCOSUL, a ser realizada em 26/3/21, em comemoração dos 30 anos do Tratado
de Assunção.

 Lançamento do Estatuto da Cidadania do MERCOSUL, documento que compila direitos e benefícios


garantidos pelo bloco aos cidadãos (Dec. CMC nº 64/10).
o Consolida e sistematiza direitos que já estão em vigor, possui caráter informativo
o É um compêndio, não é uma OI, não amplia direitos. São onze eixos
 Função informativa, consolidando e sistematizando os direitos e garantias já em vigor.

 O ECM não tem natureza de tratado, senão de um compêndio dos direitos advindos de acordos, protocolos
e decisões em vigor (Acordo de Residência, de Seguridade Social, de isenção de visto, de documento de
viagem, Declaração Sociolaboral, Placa comum de identificação veicular do MERCOSUL, etc.).

 O Estatuto terá capítulos temáticos em linha com a execução dos onze eixos do Plano de Ação, tratando dos
diferentes temas relacionados à cidadania no MERCOSUL: circulação de pessoas e direitos reconhecidos em
matéria de fronteiras, identificação, documentação e cooperação consular, trabalho e emprego, seguridade
social, educação, transporte comunicações, defesa do consumidor e direitos políticos
4. Argentina: política externa e relações com o Brasil

Elementos centrais da Política Externa argentina

 Dinâmicas de aproximação e afastamento (Prata, EUA e Europa)


o Relação com os EUA levaram o Brasil a se afastar dos portenhos quando estes se aproximavam de
Washington e vice-versa
 Reivindicações territoriais (sobretudo Malvinas)
o Inclui Antártida, inclusive
 Histórico de rupturas políticas e busca de estabilidade
o Foram cinco rupturas: 1930, 1943, 1955, 1966 e 1976; crise institucional em 2001 com cinco
presidentes em uma semana
 Política econômica e o debate agro x indústria
o Debate polarizado acerca da política econômica
 Multilateralismo seletivo
o Participação ativa, mas em menor grau que o Brasil

Conceitos fundamentais da política externa argentina

 Autonomia heterodoxa
o Aceita a liderança dos países centrais
 “Terceira posição” de Perón
o Posição parecida com a PEI
 Realismo periférico de Carlos Escudé
o Argentina deve priorizar o que é melhor pra si, mas deve fazer concessões

Questão das Malvinas

Contexto Histórico

 Em 1766, a Espanha ocupou e com a independência, a Argentina fica com o território em 1820
 Em 1831, EUA bombardeiam e destrói o povoado argentino no local
 Em 1833, Reino Unido invade arquipélago e inicia povoamento; Argentina contestou e o Brasil apoiou
 Questão reconhecida como colonial pela ONU (Res. 2065); não cabia autodeterminação para configurar
como território britânico
 Tensões e negociações entre 1966 e 1982
o Em 1976, resolução 31/49 instou as partes a não escalarem o conflito

A Guerra (abril-junho de 1982)

 Em abril de 1982, Argentina invade e retoma arquipélago


o Resolução 502 do CSNU exigiu o fim das hostilidades
 Reino Unido reage e recupera controle
 Argentina invoca TIAR, mas EUA apoia britânicos
o Argumento dos EUA foi que Argentina iniciou o ataque
 Brasil e a “neutralidade pró-argentina”
o Não permitiu que aeronaves britânicas utilizassem o território brasileiro

O pós-conflito

 Vitória britânica e derrocada do regime militar argentino


 Fim das negociações bilaterais sobre o arquipélago
 Tema debatido em foros do continente americano e na ONU
o Debates na CELAC, OEA e ONU
 Brasil: defende a soberania argentina
o Brasil chegou a representar a Argentina em Londres

Relações Brasil-Argentina - Trajetória histórica (1945-hoje)

A Era Perón-Vargas (1945-54)

 Difícil relação no pós-guerra; boicote dos EUA à Argentina; ONU


o Houve resistência à entrada da Argentina na ONU como mebro fundador; o que garantiu foi a Ata de
Chaputepec, que pôs fim ao isolacionismo argentino
 “Terceira posición” de Perón vs Dutra e o “alinhamento sem recompensa”
o Posição autônoma, não queria alinhamento à URSS ou EUA; diferente do Brasil, que se alinhou com
os EUA
o Brasil não ratificou acordo comercial com a Argentina em 1946
o Em 1953, Brasil rejeitou o pacto ABC proposto pelo Perón; denúncia de que seria contra os EUA
 Por outro lado, convergências: TIAR e OEA
o TIAR: Rio de Janeiro em 1947
o OEA: Carta de Bogotá de 1948

Período de inflexões (1955-65)

 Regime militar na Argentina (1955-1958); alinha-se aos EUA


o No Brasil, governava JK entre 1956-61; que adotou postura menos alinhada aos EUA
o Em 1957, a Conferência da Bacia do Prata foi uma tentativa de aproximação das duas partes. JK
visitou a Argentina e firma acordos comerciais
 Ensaio de integração com Arturo Frondizi; Acordos de Uruguaiana
o Aproximação de Jânio Quadros; espírito de Uruguaiana; se encontraram para superar rusgas e
promover maios integração; ambos apoiaram a ALALC firmada em 1960
o Com João Goulart continuou
 Queda de Frondizi e período de impasse na integração
o Abstenção de Argentina e Brasil na questão cubana
o Frondizi saiu em 1962
o Argentina em crise de 1963 e 1966
o No Brasil, regime militar em 1964
o Em 1965, foi estabelecida a Comissão Especial Brasil-Argentina de comércio (CEBAC); governo
Castello Branco

Competição e descompressão (1965-76)

 Alessandro Candeas: instabilidade conjuntural com rivalidade


o Momento de idas e vindas e de competição; não foi de aproximação, mas houve tentativas de
aproximação
 A dança das cadeiras: alinhamento e autonomia com poucos encontros
o Ora o Brasil buscava mais autonomia, ora a Argentina
o No governo Médici, predominou o afastamento; ideia de Brasil potência
 Novo governo Perón, persistem tensões bilaterais no Prata
 Novo regime militar argentino em 1966; relações se deterioram
 Contencioso de Itaipu e tratados com países da Bacia do Prata
o Acordo firmado em 1973 com o Paraguai em torno de Itaipu gerou protestos da Argentina
o Argentina chegou a fazer alianças com Bolívia e Uruguai
o Tensões levaram ao malogro da proposta de união aduaneira proposta por Roberto Campos
 Novo governo Perón, persistem tensões bilaterais no Prata

Rivalidade autoritária (1976-79)


 Novo regime militar argentino, relações no pior momento
o Brasil inicia o processo de abertura; pior momento das relações
o Momento de crescimento do nacionalismo argentino e de isolamento do país na região
o Em 1978, conflito com o Chile por Beagle
 Fechamento parcial da fronteira em 1977, no contexto de Itaipu
 Acordo Tripartite com Paraguai (1979) dá início à reconciliação

Início da estabilidade (1979-85)

 Alessandro Candeas: estabilidade estrutural pela cooperação


 Hipótese de conflito torna-se obsoleta nessa nova fase
 Imperativo econômico: países em crise apelaram à integração
o Argentina isolada e Brasil em grande problema financeiro; reduziu qualquer possibilidade de conflito
 Figueiredo e Videla trocam visitas em 1980
o Tentativa de construção de confiança
o Inauguração da ponte Tancredo Neves (da Amizade) que liga Puerto Iguazu e Foz do Iguaçu (1983) já
não era Videla
 Acordo para o Uso Pacífico da Energia Nuclear
 “Neutralidade pró-Argentina” na Guerra das Malvinas

Democracia e integração (1985-89)

 Redemocratização nos dois países; aumento da integração


o Sarney e Alfonsín trabalham por maior integração
 Ata de Iguaçu (1985), PICE (1986), Tratado de Integração (1988)
o PICE = Programa de Integração e Cooperação Econômica; primeiros passos do MERCOSUL
o Uruguai se aproxima no contexto do PICE, tornando as assimetrias mais complexas
o Tratado de Integração previa dez anos para a formação de um Mercado Comum
 Concertação: ZOPACAS, Apoio à Contadora e G-Rio.
o ZOPACAS em 1986
o G-Rio (1986) daria origem à CELAC

A década neoliberal (1989-2002)

 Contexto mundial que favorecia a integração e de adoção dos preceitos do Consenso de Washington
 Argentina alinhada aos EUA; dolarização da economia
o Relações carnais com os EUA; Argentina apoiou a guerra do Golfo, ao passo que o Brasil se manteve
neutro; ademais, apoiou a ALCA
o Fundadora da OMC, tentou ingressar na OCDE, na OTAN e na APEC;
o Enviou tropas para o Chipre
 MERCOSUL (Tratado de Assunção, 1991); ABACC (1991); Aliança Estratégica (1997)
o Aprofundamento da Integração; Ata de Buenos Aires de 1990, reduziu de dez anos para quatro anos
o prazo para estabelecimento do Mercado Comum
o Em 1991, há o ACE-14, da ALADI pouco antes do Tratado de Assunção que deu vida ao MERCOSUL
o ABACC
 Em 1990, houve uma declaração sobre questões nucleares em conjunto
 Compromisso de Mendoza de 1991 tratou sobre o desarmamento
 Adesão à ASPAC – armas químicas
o Tratado de Tlatelolco passou a vigorar nos dois países em 1994 de forma mais ampla, após
levantamento de reservas quando da ratificação
o Ambos aderiram ao TNP e ao regime de controle de mísseis
o Em 1997, Aliança Estratégica é formada e um acordo de defesa internacional foi firmado (Tratado de
Itaipava)
o Comissão de Cooperação e desenvolvimento fronteiriço (CODEFRO)
 Desvalorização do real atinge Argentina; tensões comerciais
o Deterioração na relação dos termos de troca
o Desde 2001, a Argentina sente a questão cambial
o Dualde tenta retomar o MERCOSUL em 2002
o Fim da dolarização e empréstimos internacionais

Virada desenvolvimentista (2003-15)

 Kirchner e inflexão à esquerda; alinha-se a emergentes


o Inclinação mais aguda que no Brasil
o Houve recuperação econômica acompanhada de surto inflacionário; tentativa de nacionalizar
empresas
 Diálogo político bom com Brasil, mas dificuldades comerciais; MERCOSUL perde força comercial
o Aproximação de Venezuela, Rússia e China
o Algum afastamento do Brasil em prol da Venezuela, que estabelecia uma concorrência com o Brasil
por influência na região
 Cooperação na ONU, mas apoio a propostas distintas para o CSNU
o MINUSTAH teve apoio da Argentina, inclusive com tropas
o Mecanismo de Integração e Coordenação bilateral Brasil-Argentina
o Em 2012, as chancelarias instituíram os diálogos de integração estratégica
o Além de outros avanços institucionais
o Ata de Copacabana, na qual os dois países fizeram intercâmbio no CSNU
o Proposta de reforma do CSNU são distintas
 Brasil defende a proposta do G4 – Brasil, Índia, Japão e Alemanha
 Argentina defende a tese do unidos pelo consenso

Convergência à direita (2015-19)

 Macri se afasta de bolivarianos e se aproxima dos EUA


o Brasil enfrentou problema com Dilma Rousseff com ascensão de Temer
o 2017 é criado o mecanismo de coordenação política Brasil-Argentina; inclui debates em defesa,
energia, defesa e comércio, C&T
o Plano de Ação Brasil-Argentina no governo Temer, além de cooperação consular, políticas
fronteiriças, cooperação em diplomacia pública e digital e cooperação mútua de investimentos
o Chanceler argentino esteve no Brasil em julho de 2017
o O mecanismo de coordenação política teve a segunda reunião em abril de 2018
 Visitas de Estado recíprocas: Macri e Bolsonaro (2019)
o Macri perde a reeleição e com a vitória de Alberto Fernandes houve uma menor intensidade nas
relações; o temor de retórica à esquerda de Fernandes não se confirmou, que adotou disposição
para o diálogo
 Ressignificação da integração regional: PCFI e Grupo de Lima

Desencontros e tentativas (2019-hoje)

 Com Alberto Fernández, país adota “kirchnerismo mitigado”


 Distancia-se do Grupo de Lima, mas não deixa iniciativa
o Argentina solicitou a saída do Grupo de Lima, alegando que não tinha função; causou racha entre
Brasil e Argentina; ponto caro à diplomacia brasileira em função das violações à cláusula
democrática por parte da Venezuela
 Chanceler argentino em Brasília em fevereiro de 2020

Resumo

 Peron e Vargas
o Brasil esteve ao lado dos aliados e Argentina ficou neutra; quase não entrou na ONU
o Terceira posição de Perón gerou problemas com o alinhamento automático de Dutra
o Convergências com TIAR e OEA
 Regime militar na Argentina em 1955 leva à inflexão à direita, o que levou a atritos com o governo JK
 Com Frondizi em 1958, há uma reaproximação e início de uma integração, refletida no espírito de
Uruguaiana com Jânio Quadros e continuada com João Goulart
 Queda de Frondizi em 1962 e de Goulart em 1964 leva à instabilidade nos dois países
 Regime militar no Brasil a partir de 1964 foi marcado por desconfianças mútuas, embora tenham tentado
alguma aproximação
o Impacto da Ata das Cataratas
 Com Costa e Médici o Brasil adota postura mais autônoma, menos alinha com os EUA e buscando ampliar a
relação com outros países do mundo enquanto a Argentina se aproximou dos EUA. Ademais, Brasil
endureceu seu regime internamente, enquanto a Argentina distensionava
 Na década de 1973 teve o acordo com o Paraguai sobre Itaipu, quando as relações se deterioraram e a
Argentina chegou a ameaçar a levar o caso para a ONU; a deterioração levaria ao fechamento das fronteiras
em 1977, enquanto nos EUA assumia Jimmy Carter, que passou a cobrar sobre questões relacionadas aos
direitos humanos
 Enquanto o Brasil passava pelo processo de abertura com Geisel, a Argentina enfrentava a fase mais dura de
seu regime; passou a se isolar e se aproximar da URSS; Brasil buscou mais autonomia
 Na década de 1980, há aproximação de Figueiredo e Videla e o Acordo Tripartite em 1979, pondo fim à
questão de Itaipu. Construção de estabilidade pelo processo de confiança. Teve a questão das Malvinas em
1982 e, em 1985, o Brasil voltaria à redemocratização, que na Argentina tinha ocorrido pouco tempo antes
 Sarney e Alfonsín fazem a a Ata de Foz do Iguaçu em 1985, o PICE em 1986 e o Tratado de Integração em
1988. Uruguai é incorporado à iniciativa de integração em 1986 e o Paraguai no final da década
 Em 1991, o ratado de Assunção institui o MERCOSUL; há também a ABACC; países se abrem para o mundo
Argentina chega a dolarizar a economia, algo que o Brasil não fez
 Em 1999, há uma forte desvalorização cambial no Brasil que prejudica as relações de troca e levou a crises
comerciais. Em 2001, Argentina passaria por forte crise institucional e financeira com cinco presidentes em
uma semana
 A partir de 2003, com a ascensão de Lula e Kircher, há uma inflexão à esquerda com a Argentina sendo mais
incisiva na projeção internacional. Brasil apostou em uma projeção valorizando o multilateralismo, ao passo
que a Argentina as relações bilaterais. Argentina não queria o Brasil como protagonista, queria ela também
ser destaque e o apoio ao Brasil era dúbio
 Em 2015, vence Macri e em 2016 assume Macri, levando a nova inflexão, agora mais liberal. Argentina se
aproxima dos EUA.
 Vitória de Bolsonaro aproxima o Brasil ainda mais da Argentina de Macri, mas a derrota deste leva a um
distanciado, após a vitória de Alberto Fernandes
 Em 2020, tem-se o kirchenismo mitigado; a Argentina deixa o Grupo de Lima em 2021. Apesar dos atritos, há
tentativas de aproximação. Brasil e Uruguai defendem que o Mercosul seja mais aberto, com foco na união
aduaneira, enquanto que a Argentina defende maior integração

Relações Brasil - Argentina (atualidades)

Comércio

 Argentina é terceiro maior parceiro do Brasil; Brasil é maior parceiro da Argentina

 Corrente total em 2020: USD 16,6 bilhões (queda de 20% em relação a 2019); ápice em 2011 (USD 39,6
bilhões)

 Salvo 2019 (pequeno déficit), Brasil é superavitário desde 2004

 Manufaturas dominam comércio bilateral (95% das exportações e 78% das importações)
 Sistema de pagamento em Moedas Locais (SML) em 2008

 Acordos e Memorandos de Entendimento


o Em 2018, houve memorando técnico em relação ao mercado de automóveis

Balança Comercial (2020)

 Brasil é historicamente superavitário e 2011 foi o ápice

Corrente Comercial – Série histórica 2010-2020


Exportações – Visão Geral dos Produtos (2020)

 Brasil exporta energia elétrica excedente produzida em uma usina no RS

Importações – Visão Geral dos Produtos (2020)

 Brasil importa energia elétrica da Argentina

Investimentos

 Brasil é grande investidor na Argentina; setor privado atuante: mineração, bancos, automóveis, siderurgia
 Parceria BNDES/Banco de Inversión y Comercio Exterior
 Convênio APEX/AAICI

Defesa e Segurança

 Acordo-Quadro de Cooperação em Defesa assinado em 2005


o Documento geral que a partir dele desenvolve outros acordos

 Aliança Estratégica em Indústria Aeronáutica, estabelecida em 2014

 Cooperação militar: projetos binacionais, exercícios e intercâmbios entre oficiais; missões de paz
(UNFICYP/Chipre e MINUSTAH/Haiti)

 Acordo político de debate em estratégia militar em 2011

Fronteiras
 Aprofundamento da cooperação em assuntos de segurança fronteiriça
 Comissão de Cooperação e Desenvolvimento Fronteiriço (CODEFRO)
 Acordo sobre Localidades Fronteiriças Vinculadas

Cooperação energética

 Energia nuclear: ABACC; Acordo Quadripartite (com ABACC e AIEA); Comitê Permanente de Política Nuclear
(CPPN) e Comissão Binacional de Energia Nuclear (COBEN); projetos de reatores binacionais – em 2017, foi
assinado um acordo para a construção de um reator multipropósito brasileiro; em 2018 houve reunião de
cooperação nuclear empresarial em Montevidéu

 Estudos de viabilidade de hidrelétricas binacionais no Rio Uruguai; exportação do excedente de Uruguaiana


(termelétrica)
o Garabi/Panami (Argentina/Brasil) – impacto na balança comercial dos países

Ciência, Tecnologia e Inovação

 Centro Binacional de Nanotecnologia (CBAN); Centro Brasil-Argentina de Biotecnologia (CBAB) e Centro


Latino-Americano de Biotecnologia (CABBIO, com Uruguai)
 Satélite Argentino-Brasileiro de Observação dos Oceanos (SABIA-MAR) – não foram lançados ainda e não há
previsão; cooperação na Antártida 9Argentina reivindica soberania em parte do território)
 Padrão ISDB-T (nipo-brasileiro) de TV Digital
o Desenvolvido pelo Japão, mas o Brasil expandiu para alguns países em desenvolvimento
 Cooperação em Diplomacia Pública e Digital

Cultura e Educação

 Centro Cultural Brasil-Argentina (Buenos Aires) e Casa Argentina (São Paulo)


 Intercâmbio entre o Instituto Rio Branco e o ISEN (Instituto del Servicio Exterior de la Nación), academia
diplomática argentina (ligação dos corpos diplomáticos dos dois países)
 Ampla rede de Consulados-Gerais e Consulados

Desafios e possibilidades

 ONU: diferenças quanto à reforma do Conselho de Segurança (G4 vs Unidos pelo Consenso)
o G4: Índia, Alemanha, Brasil e Japão
o Argentina defende a proposta de Unidos pelo Consenso (UFC)
 OCDE: candidaturas paralelas (mas perspectivas de avanço remotas em curto prazo)
o No caso argentina por orientação do novo governo, que quer maior distanciamento; no caso do
Brasil, óbice por parte de alguns países
 Questões ideológicas (embora haja tentativas de diálogo)
o Grupo de Lima era uma tentativa para discutir a questão venezuelana, mas a Argentina se retirou
 Arrefecimento comercial (contexto de crise econômica)
o A crise econômica na Argentina é mais severa que no Brasil
5. Relação do Brasil com os demais países da América Latina

Uruguai

Uruguai – Histórico desde 1945

 Países buscaram a integração latino-americana: Tratados de Montevidéu (1960 e 1980) deram origem,
respectivamente, à ALALC e à ALADI.
 Comissão Mista para Aproveitamento da Lagoa Mirim (1963)
o Fundamental para a questão hidroviária
 Tratado de Amizade, Cooperação e Comércio (1975)
 Uruguai é fundador do MERCOSUL (1991), e segundo maior beneficiário do Fundo de Convergência
Estrutural do MERCOSUL (FOCEM, desde 2005)
o FOCEM visa a reduzir assimetrias entre os membros do bloco

Concertação política

 Grupo de Alto Nível Brasil-Uruguai (GAN): criado em 2012, primeira reunião em 2013. Seis subgrupos
(integração produtiva; CTI; comunicação e informação; integração da infraestrutura de transportes; livre
circulação de bens e serviços; e livre circulação de pessoas)
 Plano de Ação para o Desenvolvimento Sustentável e a Integração e Comissão de Comércio Bilateral,
aprovado em 2013 na Reunião Plenária do GAN
 GAN viabilizou o Acordo sobre Residência Permanente com o Objetivo de Alcançar a Livre Circulação de
Pessoas, que simplifica concessão de residência permanente a brasileiros e uruguaios. O acordo entrou em
vigor em 2017

Cooperação fronteiriça

 Elemento importante das relações bilaterais. Fronteira de 1.069 km, expressivamente povoada dos dois
lados (Santana do Livramento e Rivera são as principais fronteiras)
 Nova Agenda para a Cooperação e o Desenvolvimento Fronteiriço (2002). Dez Reuniões de Alto Nível (última
em 2016), em nível de vice-chanceleres
 Acordo para Permissão de Residência, Estudo e Trabalho a Nacionais Fronteiriços (2004). Plano Integrado de
Trabalho para a Fronteira Brasil-Uruguai (2016).

Economia e investimentos

 Brasil é segundo maior parceiro comercial do Uruguai (atrás da China); fluxo bilateral de USD 2,8 bilhões em
2020 (-20% em relação a 2019; auge em 2014, USD 4,9 bi). Superávit de USD 650 milhões em 2020.
Concentração em manufaturas: 83% das exportações e 87% das importações.
 Exportações: petróleo bruto, automóveis, carne bovina e suína, mate
 Importações: cereais, farinhas e amido, laticínios, arroz e automóveis
 Brasil investe em frigoríficos, energia (solar e eólico), finanças, construção civil e mineração
 Comissão Bilateral de Planejamento Estratégico e Integração Produtiva

Cooperação em diversas áreas

 Infraestrutura: projeto da segunda ponte sobre o Rio Jaguarão, estruturação da hidrovia Uruguai-Brasil
(Lagoa Mirim e dos Patos)
 Via FOCEM, linha de transmissão San Carlos-Candiota e projeto de saneamento integrado Aceguá-Aceguá
 Energia: Parque Eólico Artilleros (parceria Eletrobrás-UTE, 2015)
 Cooperação técnica: HIV/AIDS, governo eletrônico (Brasil é referência na América Latina), biocombustíveis
(Brasil é referência mundial), educação. Convênio Interinstitucional para Implementação de Transferência da
Tecnologia e Conhecimento da Plataforma “Consumidor.gov.br” (2020)
Multilateral e visitas de alto nível

 Brasil e Uruguai integram G-20 Comercial na OMC, criada após Rodada Uruguai do GATT (1986-94)
 Concertação multilateral: CSNU (Uruguai apoia G4), missões de paz da ONU (tropas uruguaias na MINUSTAH
e MONUSCO) e ZOPACAS
 Convergência de posições recentes no MERCOSUL, em contraponto à Argentina. Atuação no Grupo de Lima
e no PROSUL
 Frequentes visitas de alto nível (Presidentes e Ministros das Relações Exteriores); Jair Bolsonaro presente na
posse de Luis Lacalle Pou (2020).

Paraguai

Paraguai – histórico desde 1945

 Marco da aproximação foi a Ponte da Amizade, sobre o Rio Paraná, ligando Foz do Iguaçu a Ciudad del Este
(1965).
 Discussões hídricas protagonistas: Ata das Cataratas (1966), Tratado de Itaipu (1973), Tratado Corpus-Itaipu
(1979) e inauguração de Itaipu (1984), além do Tratado da Bacia do Prata (1969).
 Tratado de Amizade e Cooperação (1975) e Acordo de Cooperação Técnica (1987).
 Paraguai é fundador do MERCOSUL (1991) e principal beneficiário do FOCEM (2005)

Concertação política e fronteiriça

 Fronteira extensa (1.339 km) e bastante povoada, sobretudo Foz do Iguaçu/Ciudad del Este, Guaíra/Salto del
Guairá e Ponta Porã/Pedro Juan Caballero. Mais de 300 mil brasileiros no Paraguai, com forte presença no
agronegócio
 Integração fronteiriça escolas de fronteira, postos de saúde.
 Desde a entrada paraguaia no MERCOSUL, Brasil defende a democracia no país vizinho: em 1996, tentativa
de golpe inspira criação do Protocolo de Ushuaia (1998); deposição de Fernando Lugo (2012) leva à
suspensão paraguaia do MERCOSUL, que perdurou até 2013

A importância de Itaipu

 Itaipu produz aproximadamente 15% da energia consumida no Brasil e cerca de 85% da consumida no
Paraguai
 Via FOCEM, BNDES financia linha de transmissão Itaipu-Villa Hayes (2013)
 Renegociações do Anexo C do Tratado de Itaipu, para que o valor pago ao Paraguai pela produção excedente
seja elevado: em 1992 e 2005, fator de remuneração foi reajustado; dívida paraguaia será paga até 2023, e a
partir de então o país poderá exportar energia elétrica a outros países

Cooperação em infraestrutura

 Financiamento, por meio da Itaipu Binacional, de ponte sobre o Rio Paraguai (Porto Murtinho-Carmelo
Peralta) e da segunda ponte sobre o Rio Paraná (Ponte da Solidariedade), entre Foz do Iguaçu e Presidente
Franco
 Declaração Presidencial sobre Integração Física (2018)
 Cooperação em estudos para obras da Hidrovia Paraguai-Paraná; envolve Argentina também

Economia e investimentos

 Brasil é principal parceiro comercial do Paraguai; fluxo bilateral de USD 5,1 bilhões em 2020 (-3% em relação
a 2019; auge em 2014, USD 6,1 bi). Déficit de USD 818 milhões em 2020. Exportações: 96% em manufaturas.
Importações, por sua vez, têm 50% de energia elétrica, 33% manufaturas e 17% agropecuários.
 Exportações: automóveis, adubos, cervejas, fungicidas e máquinas agrícolas.
 Importações: energia de Itaipu, soja, milho, arroz, carnes, fenóis e plásticos
 Brasil tem 2º maior estoque de investimentos no Paraguai (USD 1 bilhão)
 Ata sobre Comércio Fronteiriço (2020); ACE-74 e Acordo Automotivo (2020).

Cooperação técnica e em segurança e defesa

 Cooperação técnica: vigilância sanitária, escolas técnicas, desenvolvimento agrário, cursos para diplomatas
(convênio com IRBr)
 Acordos de Cooperação Militar (1995) e de Cooperação em Defesa (2007). Mecanismo 2+2 de Ministros das
Relações Exteriores e da Defesa (2016).
 Parceria no combate ao narcotráfico e ao crime organizado; cooperação nas áreas de segurança e
inteligência.
 Aviação: Brasil doa três aviões T-27 Tucano ao Paraguai em 2010. Em 2016, países firmam Acordo sobre
Serviços Aéreos.

Multilateral e visitas de alto nível

 Brasil e Paraguai integram G-20 Comercial na OMC.


 Concertação multilateral: missões de paz da ONU (tropas paraguaias na MINUSTAH).
 Convergência de posições quanto à crise venezuelana (Grupo de Lima e PROSUL); no MERCOSUL, Paraguai
inclina-se para Brasil e Uruguai contra Argentina.
 Visitas frequentes de alto nível: presidente Mario Abdo Benítez visita o Brasil três vezes em 2018 e uma em
2019. Michel Temer presente na posse de Abdo Benítez em agosto de 2018

Chile

Histórico desde 1945

 Em 1953, o Pacto ABC foi denunciado pelo chanceler brasileiro Nevess da Fontoura, não favorável a uma
aproximação da Argentina
 João Goulart é primeiro presidente brasileiro a visitar o Chile (1963)
 Expressivo número de dissidentes brasileiros asilados no Chile (1964-1973); Allende foi destituído em 1973
 Chile ingressa no MERCOSUL como Estado associado (ACE-35, 1996)
o Chile adotou critério de inserção diferente, acha a estrutura muito rígida, queria mais liberdade para
firmar acordos bilaterais
 Brasil e Chile lançam Ação Global contra a Fome e a Pobreza (2004)
 “Aliança Renovada”: termo usado pela presidente Michelle Bachelet para indicar o esforço de estreitamento
de relações com o Brasil (2006)

Concertação Política

 Comissão Bilateral de Chanceleres (primeira reunião em 2010)


 Diálogo Político-Militar Brasil Chile (Mecanismo 2+2, primeira reunião em 2018): países firmam Protocolo
sobre Intercâmbio de Dados e Serviços de Catalogação de Defesa na ocasião. Relação com governança e
Segurança
 Brasil, juntamente do PROSUL, dá apoio a Sebastián Piñera no contexto dos protestos de novembro de 2019.
 Países compartilham entendimento de que deve haver convergência entre iniciativas de integração
econômica regional: promoção de diálogo MERCOSUL-Aliança do Pacífico. É mais recente e segua alinha de
maior independência do Brasil junto ao Mercosul

Economia e Investimentos

 Brasil é o terceiro parceiro comercial do Chile (atrás de EUA e China); fluxo bilateral de USD 6,7 bilhões em
2020 (-19% em relação a 2019; auge em 2011, USD 10 bi). Superávit de USD 950 milhões em 2020.
Concentração em manufaturas: 82% das exportações e 87% das importações.
 Exportações: petróleo, carnes, automóveis, ônibus e autopeças.
 Importações: cobre, salmão, vinhos e frutas/nozes.
 Brasil recebe o maior estoque de investimentos chilenos no mundo (USD 35 bilhões, concentração em papel
e celulose, varejo e energia). Por sua vez, o Brasil tem estoque de USD 4,5 bilhões em investimentos no Chile
(energia, serviços financeiros, alimentos, mineração, siderurgia, construção e fármacos).
 Acordo de Comércio e Facilitação de Investimentos - ACFI (2015). Reduzir assimetrias nos acordos bilaterais
em substituição aos BITs – geralmente firmados entre países ricos e pobres e muito favorável às empresas
dos países ricos. Protocolo de Compras Públicas e Protocolo de Investimentos em Instituições Financeiras
(2018). Documentos que ajudam a aprofundar a relação entre os dois países com maior acesso a ambos os
mercados
 Acordo de Livre Comércio Brasil-Chile (ALC, 2018): quando em vigor, incorporará os instrumentos acima,
com arcabouço normativo moderno e de amplo alcance, abrangendo temas de natureza não tarifária, como
política de concorrência; facilitação de comércio; comércio eletrônico; questões sanitárias e fitossanitárias;
gênero; meio ambiente; propriedade intelectual; roaming telefônico; micro, pequenas e médias empresas; e
assuntos trabalhistas.

Cooperação em diversas áreas

 Corredor Interoceânico Brasil-Bolívia-Chile e Corredor Rodoviário Bioceânico Porto Murtinho-portos do


Norte do Chile (Declaração de Assunção sobre Corredores Bioceânicos, em 2015, com Paraguai e Argentina).
Falta a ponte entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta; asfaltar o trecho entre Carmelo Peralta e a fronteira
com a Argentina (trecho paraguaio) e asfaltar o trecho de 100 km na Argentina. Aumentará a capacidade de
escoamento da exportação brasileira
 Ciência, Tecnologia e Inovação: cooperação na Antártida; Brasil em consórcio do E-ELT (telescópio europeu
no Atacama); Chile adere ao padrão nipo-brasileiro de TV digital (ISDB-T). Memorando de Entendimento
sobre Cooperação em Telecomunicações e Economia Digital (2020).
 Memorando de Entendimento sobre Cooperação entre o Instituto Rio Branco e a Academia Diplomática
Andrés Bello (2020). Possibilidade de intercâmbio

Multilateral e visitas de alto nível

 Chile integra G-20 Comercial na OMC, e busca aproximação do MERCOSUL por meio da Aliança do Pacífico.
 Atuação na criação do PROSUL e concertação para crise venezuelana pelo Grupo de Lima.
 Brasil e Chile protagonistas na condução da MINUSTAH, no Haiti (2004-2017). Brasil ocupou o comando
durante quase todo o tempo; o Chile comandou por um pequeno período de forma interina
 Visitas de alto nível frequentes: Jair Bolsonaro em Santiago (março de 2019); Sebastián Piñera em Brasília
(agosto de 2019).

Bolívia

Histórico desde 1945

 Bolívia tem importância geopolítica; localização central com acesso às bacias amazônica e do Prata; recursos
naturais (heartand da América do Sul)
 Cooperação energética protagonista das relações: insumo para o Brasil e fonte de renda vital para a Bolívia.
Notas Reversais de Roboré (1958) sobre gás e petróleo bolivianos. Acordo de Cooperação e
Complementação Industrial (1972) estabelece compra pelo Brasil de gás boliviano.
 Bolívia signatária do Tratado da Bacia do Prata (1969). Pelo ACE-36, Bolívia se associa ao MERCOSUL (1996).
Em processo de aceitação ao Merccosul
 Em 1992, Acordo de Compra de Gás Natural Boliviano e início da construção do Gasoduto Brasil-Bolívia
(GASBOL, operante em 1999).
 Por referendo popular, Bolívia nacionaliza seus hidrocarbonetos (2005)
 A convite do governo boliviano, Brasil integra “Grupo de Amigos da Bolívia”, que facilitou a superação da
crise política do Pando (2008).
 Protocolo de Adesão da Bolívia ao MERCOSUL (2012).
o Fará a ratificação após todos os países ratificarem seu ingresso e então internalizar o arcabouço
jurídico do Mercosul
 Crises e atritos políticos: asilo do senador Roger Pinto Molina (2012-13); Bolívia não reconhece impeachment
de Dilma Rousseff, retira seu embaixador temporariamente, sem ruptura de relações (2016); após renúncia
de Evo Morales, Brasil reconhece governo de Jeanine Áñez e apoia convocação de novas eleições
presidenciais, adiadas em virtude da pandemia (2019-2020); Brasil preocupado com eventos que levaram à
prisão de Áñez em março de 2021, após eleição e posse de Luis Arce, do partido de Evo Morales.

Cooperação fronteiriça e infraestrutura

 Maior fronteira do Brasil (3.423 km), com Comitês de Integração Fronteiriça desde 2011. Importância
geoestratégica da Bolívia, país platino e amazônico.
 Diásporas numerosas em ambos os países; agricultores brasileiros produzem 40% da soja boliviana. Muitos
bolivianos em São Paulo
 Importância da infraestrutura regional: projetos hidrelétricos binacionais no Rio Madeira; Corredor
Rodoviário Interoceânico Brasil-Bolívia Chile e Corredor Ferroviário Bioceânico-Brasil Bolívia-Peru.
 Comissão Bilateral de Planejamento Estratégico e Integração Produtiva

Economia e Investimentos

 Brasil é principal parceiro comercial da Bolívia; fluxo bilateral de USD 2,8 bilhões em 2020 (-20% em relação
a 2019; auge em 2014, USD 4,9 bi). Superávit de USD 650 milhões em 2020. Concentração em manufaturas:
83% das exportações e 87% das importações – gás é processado.
 Exportações: ferro e aço, bebidas, condutores elétricos, turbinas e calçados.
 Importações: gás natural.
 Brasil é importante fonte de investimentos (frigoríficos, energia, finanças, construção civil e mineração),
além de mercado consumidor dos insumos bolivianos (gás)

Cooperação em diversas áreas

 Cooperação militar: FAB doa quatro helicópteros BelL H-1H Iroquois para a Força Aérea Boliviana (2012).
 Combate a ilícitos transnacionais: agenda de cooperação trilateral com Peru (além de UNODC e EUA);
Comissão Mista sobre Drogas e Temas Conexos; acordo de cooperação policial contra o crime organizado
transnacional (2017).
 Cooperação técnica: saneamento, formação profissional e saúde; Acordo entre Ministérios da Saúde em
matéria de Cooperação em Saúde na Fronteira (2017). Estudantes brasileiros de medicina na Bolívia
 Biodiversidade: Brasil e Bolívia são Países Megadiversos Afins.

Multilateral e visitas de alto nível

 Bolívia integra G-20 Comercial na OMC.(interesses de países em desenvolvimento)


 Concertação multilateral: CSNU (Bolívia apoia G4) e missões de paz da ONU (tropas bolivianas na
MINUSTAH).
 Bolívia adere ao Grupo de Lima em 2019, com governo Áñez; apesar de mudança com Arce, país não se
retira da iniciativa. Arce defende diálogo com Madduro, mas não saiu do Grupo de Lima. País é observador
no PROSUL, não chegando a firmar a Declaração de Santiago.
 Visitas frequentes de alto nível: Evo Morales esteve na posse de Jair Bolsonaro, em janeiro de 2019

Peru

Histórico desde 1945


 Relações distantes até a década de 1980: Figueiredo faz primeira visita de um presidente brasileiro ao Peru;
Acordo sobre Interconexão Rodoviária (1981).
 Países integraram Grupo de Amigos da Contadora (1985).
 Grupo de Trabalho Binacional sobre Cooperação Amazônica e Desenvolvimento Fronteiriço (GTB, 1987).
 Após reinício de hostilidades entre Peru e Equador, Brasil coordena processo que supera disputa pelo Vale
do Cenepa/Cordilheira do Condor (negociações de 1995 até a assinatura da Ata de Brasília, em 1998).

Concertação política

 Brasil e Peru lançam Aliança Estratégica (2003), fundada no ACE-58 (que deu ao Peru condição de membro
associado do MERCOSUL) e no Memorando de Entendimento em Matéria de Proteção e Vigilância da
Amazônia.
 Brasil se torna observador da Comunidade Andina de Nações (2005).
 Cooperação no Conselho de Segurança (Peru integrou CSNU em 2018-2019). Peru envia tropas para
MINUSTAH (2004 a 2017).
 Peru integra G-20 Comercial na OMC, e se aproxima do MERCOSUL por meio da Aliança do Pacífico. Brasil e
Peru integram Grupo de Lima e PROSUL.

Economia e Investimentos

 Fluxo bilateral de USD 2,4 bilhões em 2020 (-36% em relação a 2019; auge em 2018, USD 4 bi). Superávit de
USD 930 milhões em 2020. Concentração em manufaturas: 95% das exportações e 70% das importações.
Indústria extrativa representa 25% das importações.
 Exportações: automóveis, petróleo, papel, barras de ferro e aço, polímeros.
 Importações: cobre, naftas, fertilizantes brutos, prata, zinco e têxteis.
 Acordo de Ampliação Econômico-Comercial Brasil-Peru (2016), o primeiro acordo bilateral de compras
governamentais firmado pelo Brasil.

Cooperação em diversas áreas

 Integração fronteiriça: países dividem fronteira de 2.995 km. Acordo cria a Zona de Integração Fronteiriça
Brasil Peru (2009) e a Comissão Vice-Ministerial de Integração Fronteiriça (CVIF, 2009).
 Infraestrutura: ponte no Rio Acre (primeira entre os países); rodovia interoceânica entre Rondônia e
Arequipa, Cusco e Madre de Diós; projeto de Conexão Ferroviária Bioceânica entre Brasil, Bolívia e Peru.
 Cooperação técnica: mais extenso programa do Brasil com um país sul-americano, abrangendo áreas de
saúde, recursos hídricos, sistemas agroflorestais, desenvolvimento social, trabalho, entre outras.
 Biodiversidade: Brasil e Peru são Países Megadiversos Afins

Equador

Histórico desde 1945

 Relações distantes até década de 1980: Osvaldo Hurtado é primeiro presidente equatoriano no Brasil (1982);
José Sarney é o primeiro brasileiro no Equador (1988).
 Após reinício de hostilidades entre Peru e Equador, Brasil coordena processo que supera disputa pelo Vale
do Cenepa/Cordilheira do Condor (negociações de 1995 até a assinatura da Ata de Brasília, em 1998).
Remonta a 1942
 Equador torna-se membro associado do MERCOSUL (ACE-59, 2004).
 Atritos políticos: Brasil concede asilo a ex-presidente Lúcio Gutiérrez (2005); dívida do Equador com BNDES,
relativo a financiamento de hidrelétrica em 2008, é superada no ano seguinte.

Concertação Política

 Brasil e Equador estabelecem Mecanismo de Consultas Políticas de Chanceleres, à margem da XI Reunião de


Chanceleres da OTCA (2011).
 Dilma Rousseff presente na inauguração da sede da UNASUL, em Mitad del Mundo (2014).
Breve atrito político: Equador não reconhece impeachment de Dilma e, a exemplo da Bolívia, retira
temporariamente seu embaixador, sem ruptura de relações, que não tardam a ser normalizadas (2016).

Economia e Investimentos

 Fluxo bilateral de USD 686 milhões em 2020 (-25% em relação a 2019; auge em 2010, USD 1,03 bi). Superávit
de USD 512 milhões em 2020. Concentração em manufaturas: 96% das exportações e 91% das importações.
 Exportações: papel, laminados de ferro e aço, automóveis, polímeros e calçados.
 Importações: chumbo, pescados, madeira e resíduos de metais/sucatas.
 Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI) assinado (2019).

Cooperação em diversas áreas

 Sistema financeiro: Brasil representa Equador nos Conselhos Diretores de FMI e Banco Mundial
 Defesa: Brasil coloca à disposição do Equador um avião turboélice C-115 Buffalo em 2011, mas equatorianos
desistem de receber a aeronave, levando ao cancelamento da doação em abril de 2014.
 Cooperação técnica: gestão de recursos hídricos; bancos de leite humano; padrão nipo-brasileiro de TV
digital (ISDB-T); biocombustíveis; medicamentos genéricos; capacitação para combate a incêndios florestais;
gestão de empresas estatais; medicamentos genéricos; combate ao trabalho infantil.
 Biodiversidade: Brasil e Equador são Países Megadiversos Afins

Colômbia

Histórico e concertação política

 Acordos de Cooperação Técnica (1972) e Amazônica (1981)


 Figueiredo é primeiro presidente brasileiro na Colômbia; assina Tratado de Amizade e Cooperação (1981).
 Relação ganha força nas últimas décadas: MdE estabelece Comissão Bilateral de Chanceleres (2009)
 UNASUL debate possível presença militar dos EUA na Colômbia, não efetivada (2008); Brasil apoia processo
de paz colombiano (desde 2011)
 Brasil foi contrário ao Plano Colômbia na década de 1990 que previa a intervenção dos EUA na região

Cooperação fronteiriça

 Fronteira extensa (1.642 km) ao longo da Amazônia; cooperação e intercâmbio de informações para
combate ao crime transnacional
 Comissão Binacional Fronteiriça (COMBIFRON): troca de experiências entre forças dos dois países acerca de
operações na fronteira
 Comissão de Vizinhança e Integração (1994): desenvolve projetos de capacitação de servidores públicos
(2017) e de inclusão financeira (2019) na região de Tabatinga e Leticia (povoado mais significativo)

Economia e Investimentos

 Fluxo comercial de USD 3,6 bilhões em 2020 (-20,7% em relação a 2019, quando chegou ao auge com USD
4,5 bi). Brasil apresenta superávit de USD 976 milhões.
 Exportações: automóveis e partes, café, papel, barras de ferro e aço, milho.
 Importações: coques, polímeros, carvão, outras matérias plásticas.
 Novo Acordo de Complementação Econômica MERCOSUL-Colômbia 2017 (ACE 72; atualiza e expande
anterior)
 Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos e Acordo Automotivo (2015)
 Colômbia é importante destino de investimentos brasileiros: mais de cem empresas em setores
diversificados: agribusiness e AgTech; finanças; cosméticos; infraestrutura; siderurgia; tecnologias da
informação e comunicação. Estoque de investimentos supera USD 6 bilhões.
 Relação ganha força, mas potencial econômico e comercial ainda é pouco explorado: Colômbia é a terceira
economia sul-americana
 Acordo de Serviços MERCOSUL-Colômbia (2018); negociações em curso para assinatura de Acordo Brasil-
Colômbia para evitar a Dupla Tributação.

Cooperação em diversas áreas

 Cooperação técnica: agricultura familiar e desenvolvimento rural; agropecuária; propriedade intelectual;


urbanismo; entre outras áreas.
 Biodiversidade: Brasil e Colômbia são Países Megadiversos Afins
 Aproximação entre MERCOSUL e Aliança do Pacífico.
 Convergência sobre crise venezuelana: ênfase humanitária, defesa da restauração da democracia e do
estado de direito
 Membros fundadores do PROSUL e do Grupo de Lima; Brasil e Colômbia defendem o retorno do Estadao de
Direito na Venezuela

Conflito Armado

 Guerra assimétrica de baixa intensidade entre várias partes governo da Colômbia, paramilitares de extrema
direita, sindicatos do crime e guerrilheiros de extrema esquerda, a exemplo das Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia (FARC-EP) e do Exército de Libertação Nacional (ELN)
 Conflito iniciado em 1964 com mais de 220 mil mortos, em sua maioria civis, e mais de cinco milhões de
deslocados internos
 Negociações de paz entabuladas desde setembro de 2012 em Havana, entre o governo colombiano e as
FARC EP Cuba e Noruega escolhidos mediadores, e Chile (escolha do governo) e Venezuela (escolhido pelas
FARC) escolhidos “acompanhantes facilitadores” pelas duas partes

Processo de paz – FARC-EP

 Questões discutidas para o acordo desenvolvimento agrícola participação política fim do conflito (incluindo
cessar fogo bilateral e definitivo, com cessação de hostilidades, e deposição das armas) solução para o
problema das drogas ilícitas e vítimas ratificação, implementação e verificação (discutido entre 2012 e 2016)
 Setembro/ 2015 governo e FARC chegam a acordo que cria a Jurisdição Especial para a Paz, tribunal de
transição
 Agosto/ 2016 negociações concluídas acordo assinado (Cartagena) e entregue a SGNU e CSNU
 Outubro/ 2016 acordo final foi rejeitado em referendo por 50,2% do eleitorado partes se juntam e assinam
acordo revisado, mais rígido acerca da restrição de liberdade e narcotráfico, aprovado pelo Congresso em
novembro/2016
 Conteúdo do acordo: desenvolvimento agrícola abrangente; participação política das FARC EP; combate ao
tráfico de drogas; reparações às vítimas (verdade e justiça)
 Acordo deu ao presidente Juan Manuel Santos o Nobel da Paz de 2016
 Junho/ 2017: FARC EP concluem desarmamento, tornam-se partido político e disputam eleições de 2018
 Alguns membros da FARC, sob ameaça da extradição para os EUA (a exemplo de Jesús Santrich) são foco de
tensões ocasionais

Processo de paz – FARC e ELN

 Pós-acordo: conflito não chegou ao fim (dissidentes das FARC e outros grupos, assim como paramilitares de
direita, se enfrentam em episódios pontuais).
 2019: governo Duque lança ofensiva contra as FARC e tensões retomam: em 2018, embates entre grupos de
direita e esquerda levam à intervenção do Exército.
 2020: novos focos de conflito entre dissidentes das FARC e milícias de direita.
 Processo de paz com ELN: origem das negociações em 2002, mas apenas em 2016 há avanços, com cessar-
fogo anunciados em setembro de 2017. Porém, diálogo é suspenso em 2018 e desde então persistem os
conflitos e atentados. Em março de 2020, o ELN declara cessar-fogo unilateral de vido à pandemia. Brasil é
uma espécie de fiador do processo de paz

Missão política da ONU (2016-2017)


 Estabelecida pela Resolução 2261 (2016) do Conselho de Segurança a missão iniciou suas atividades em
setembro de 2016, sendo o ramo internacional do mecanismo tripartite de supervisão do cessar fogo e da
entrega das armas das FARC. Por meio da missão, a ONU dava apoio político ao processo de paz
 A missão era composta de 450 observadores militares, desarmados, tendo como representante Especial o
francês Jean Arnault e Tânia Patriota (brasileira)
 A missão foi encerrada em setembro de 2017, após a conclusão das atividades ligadas à deposição completa
das armas das FARC-EP

Missão de Verificação da ONU (2017-)

 Criada pela Resolução 2366 (2017) do Conselho de Segurança iniciando atividades imediatamente após a
conclusão da primeira Missão, de 2016
 A missão tem o propósito de acompanhar a reincorporação econômica, política e social dos ex membros das
FARC EP, além de verificar a implementação de medidas de proteção e segurança para ex-combatentes e
comunidades afetadas
 A Resolução 2381 (2017) do CSNU autoriza a Missão a acompanhar o cessar fogo entre governo e ELN é uma
missão política especial, não operação de paz

Engajamento nos processos de paz

 Brasil coopera (bilateral e OEA) em temas como desminagem humanitária e agricultura (desde 2006 oficiais
designados para colaborar em missões, que também atuam na desmobilização e reintegração de ex-
combatentes
 Hoje dezenas de militares brasileiros em missões de monitoramento, instrução e assessoramento em
diversos pontos do território colombiano
 País apoia o processo de paz com as FARC EP desde o início Grupo de Amigos do Brasil para a Paz na
Colômbia 2016
 Brasil é país-garante dos diálogos de paz entre governo colombiano e ELN cujo processo encontra-se
suspenso

Venezuela

Relações políticas e cooperação

 Parceria Estratégica firmada em 2005, com reuniões presidenciais frequentes antes de 2016; desde então,
crises bilaterais, mas relações não foram rompidas. Houve rebaixamento de relações, mas não ruptura
 Venezuela adere ao MERCOSUL em 2012, mas é suspensa em 2016 (descumpriu acordos e tratados do
bloco); segunda suspensão em 2017 (Ushuaia).
 Cooperação técnica: educação, saúde, urbanismo (metrô) e agricultura.
 Biodiversidade: Brasil e Venezuela são Países Megadiversos Afins
 Escritórios de Embrapa, ABDI, IPEA e CAIXA abertos em Caracas

Economia e Investimentos

 Comércio de USD 850 milhões em 2020 (+86% em relação a 2019, mas ainda muito distante do auge, USD 6
bilhões em 2013). Aumento da corrente ligada às exportações – Venezuela exporta muito pouco para o
Brasil no presente. Grande superávit relativo (USD 706,1 milhões).
 Exportações: açúcares e melaços, gorduras e óleos vegetais, arroz, cereais.
 Importações: fenóis, fertilizantes químicos e alumínio.
 Investimentos brasileiros: ampliação do metrô de Caracas (2005); segunda ponte sobre o rio Orinoco (2006);
estaleiros, cabos de fibra ótica.

Crise venezuelana – origens e contexto

 Crise política e socioeconômica que remonta a 2010, quando Hugo Chávez declarou “guerra econômica” em
contexto de carestias no país. Crise se intensificou durante o governo de Nicolás Maduro, pela queda no
preço do petróleo em 2015 e pela redução da produção no país, devido à falta de manutenção e
investimentos.
 Condução política chavista se baseava no petróleo: gastos excessivos e controle de preços levaram a um
quadro econômico catastrófico, com quedas sucessivas no PIB e aumento progressivo da pobreza, da
inflação e da falta de bens e serviços.

Crise venezuelana – problemas políticos

 A crise levou a crescente descontentamento com o governo, o que impactou no resultado das eleições
parlamentares de 2015, nas quais a oposição obteve maioria na Assembleia Nacional. Antes da posse dos
novos deputados, a legislatura antiga, composta majoritariamente de chavistas, indicou vários aliados de
Maduro para o Supremo Tribunal de Justiça.
 Em 2016, a Venezuela teve uma taxa de inflação de 800%; em 2017, 4.000%; em 2018, chegou a 1.700.000%.
Desde então, não houve mais produção de números oficiais: o FMI estima que em 2019 a inflação tenha
alcançado 10.000.000%

Crise venezuelana (2016)

 Venezuela manifesta-se sobre impeachment de Dilma, Brasil rejeita. Confirmado o impeachment, Caracas
“congela” relações e chama embaixador para consultas. Não houve ruptura, mas congelamento
 OEA, por meio do G-15 (Argentina, Belize, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, EUA, Guatemala,
Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai) pede diálogo político e referendo revocatório, que
não é realizado na Venezuela.
 MERCOSUL: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai decidem que PPT será rotativa no 2º semestre; Venezuela
suspensa por não internalizar acervo normativo.
 Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Guatemala, México, Paraguai e Uruguai apoiam diálogo governo oposição,
acompanhado pelo Vaticano

Crise venezuelana (2017)

 EUA: sanções chegam a vice-presidente e PDVSA; Trump aventa uso da força.


 Maduro convoca por decreto eleições para Assembleia Nacional Constituinte (usurpa competência da AN).
Em outubro, eleições regionais, acusações de irregularidades.
 MERCOSUL: constatando ruptura da democracia (usurpação das competências da AN), fundadores do bloco
exigem separação dos poderes, cronograma eleitoral e direitos humanos (abril). Acionado Protocolo de
Ushuaia: nova suspensão venezuelana.
 Na OEA, após aplicada a Carta Democrática, Venezuela anuncia saída da organização. Países do hemisfério
formam o Grupo de Lima, para debater soluções para a crise.
 Venezuela declara persona non grata embaixador do Brasil; Brasil aplica reciprocidade

Crise venezuelana (2018)

 Cúpula das Américas (Lima): declaração presidencial apoia AN e pede assistência humanitária,
restabelecimento da democracia e recuperação econômica; Venezuela não é convidada.
 Maduro reeleito; eleições não reconhecidas por Brasil e Grupo de Lima.
 OEA: resolução aprovada para iniciar processo de suspensão da Venezuela (teria que ficar dois anos depois
de sair – ficou suspensa no período). Argentina, Chile, Colômbia, Paraguai, Peru e Canadá pedem que TPI
investigue Venezuela.
 ONU: CDH aprova primeira resolução sobre situação humanitária e de DH no país.
 Declaração de Quito sobre a Mobilidade Humana dos Cidadãos Venezuelanos na Região; Brasil pede
investigação sobre morte suspeita de vereador venezuelano

Crise venezuelana (2019)

 Crise presidencial: expira mandato de Maduro (eleição de 2018 não foi reconhecida externamente);
presidente da AN, Juan Guaidó, proclamado presidente encarregado interino, reconhecido por mais de 50
países (Brasil, Grupo de Lima, EUA, Canadá, maioria da UE e da América Latina. Maduro mantém suporte de
China, Rússia, Cuba, Nicarágua, Irã e Turquia.
 Grupo Internacional de Contato: iniciativa de latino-americanos neutros e europeus, busca mediação entre
Guaidó e Maduro, pede eleições e ajuda humanitária. Uruguai, México e Bolívia além de alguns países
europeus
 Negociações em Oslo: Guaidó pede retorno das atribuições da AN, Maduro oferece somente antecipar
eleições parlamentares. Não houve avanço
 BID e OEA aprovam nomeação de representante de Guaidó. Embaixadora de Guaidó apresenta credenciais a
Jair Bolsonaro (junho).
 Tentativas de sublevação militar e de assistência humanitária transfronteiriça.
 Reuniões de emergência do CSNU sobre Venezuela: sem aprovação de resoluções. Rússia e China vetaram

Crise venezuelana (2020)

 Brasil-Venezuela: Brasil fecha embaixada em Caracas, remove servidores e ordena saída dos funcionários da
embaixada venezuelana em Brasília (março e abril). Brasil declara personae non gratae representantes de
Maduro em Brasília (setembro).
 Moldura Institucional para a Transição Democrática na Venezuela: proposta dos EUA com apoio brasileiro
(março):
o Renúncia concomitante de Maduro e Guaidó; criação de um Conselho de Estado, eleito pela
Assembleia Nacional, para organizar eleições livres e justas, sob observação internacional; garantia
de participação no processo de transição de todas as forças políticas comprometidas com a
democracia; repúdio ao crime organizado; libertação de presos políticos; restauração das
imunidades parlamentares; reestruturação do Conselho Nacional Eleitoral; restabelecimento de uma
Corte Suprema de Justiça sem aparelhamento.

Crise venezuelana (2020-21)

 Declaração Conjunta de Apoio à Transição Democrática na Venezuela: lançada em agosto por 31 países,
pede governo de transição e restabelecimento das instituições democráticas.
 ONU: relatório publicado pela Missão de Apuração de Fatos do CDH acusa regime Maduro de graves
violações (setembro).
 Eleições para AN: em dezembro de 2020, boicotadas pela oposição e sem reconhecimento do Grupo de
Lima; vencedores empossados em janeiro de 2021.
 Subsistem tensões entre atores extrarregionais, a exemplo de EUA, China e Rússia (antagonismos
geopolíticos e militares). Questão do petróleo pesa e grupos mercenários russos na região

Grupo de Lima – o que é

 Coalizão de chanceleres de países do continente americano, formado em gosto de 2017 (Declaração de


Lima), com o intuito de abordar a crise venezuelana e explorar maneiras de contribuir para a restauração da
democracia no país através de saída pacífica e negociada.
 Conta com 15 membros: Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Haiti,
Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia. (Venezuela e Guaidó também)
o Guiana e Santa Lúcia aderiram em janeiro de 2019; Bolívia aderiu em dezembro de 2019; Haiti aderiu
em janeiro de 2020. Argentina, membro fundador, retirou-se em março de 2021 alegação de que
nada valeria isolar o governo venezuelano, pois prejudica o diálogo.
o Barbados, EUA, Granada, Jamaica e Uruguai dão suporte ao Grupo, assim como a OEA e a União
Europeia

Grupo de Lima – documentos de 2017

 Condenação à ruptura da ordem democrática; não reconhece Assembleia Nacional Constituinte; apoia
Assembleia Nacional eleita; repúdio à violência e violações de direitos humanos.
 Afirma que Venezuela não cumpre requisitos para integrar o CDH; apoia aplicação da Carta Democrática
Interamericana e do Protocolo de Ushuaia; não apoia candidaturas venezuelanas em órgãos multilaterais;
adia Cúpula CELAC-UE.
 Reitera intenção de dar assistência humanitária; condena irregularidades em eleições regionais e pede
revisão do sistema eleitoral; exige libertação de presos políticos.
 Pede que ONU e SGNU acompanhem crise; preocupação com êxodo de venezuelanos; afirma que acordo
negociado é única saída; insta oposição a manter sua unidade.

Grupo de Lima – documentos de 2018

 Não reconhece eleições presidenciais venezuelanas; apoia Assembleia Nacional e reitera ilegalidade da
Assembleia Nacional Constituinte.
 Respalda esforço de mediação da República Dominicana; preocupação com crises migratória e humanitária.
 Endossa não convite à Venezuela para Cúpula das Américas em Lima; rebaixa relações diplomáticas com
Caracas; busca nova resolução na OEA.
 Reuniões de autoridades migratórias e de saúde pública sobre crise; coordena inteligência financeira para
coibir lavagem de dinheiro, corrupção e financiamento do terrorismo; descarta hipótese de intervenção
militar.

Grupo de Lima – documentos de 2019

 Reconhece Juan Guaidó como presidente e pede apoio das Forças Armadas venezuelanas.
 Pede investigação de crimes contra a humanidade para CDH e TPI.
 Restringe o ingresso de funcionários de Maduro; suspende cooperação militar, congela ativos e limita
empréstimos.
 Busca assistência humanitária; insta Rússia, China, Cuba e Turquia a deixarem de apoiar Maduro.
 Pede transição democrática (fim do diálogo com Maduro) e eleições livres; busca convergência com Grupo
Internacional de Contato (países neutros)

Grupo de Lima – documentos de 2020 e 2021

 Apoio à Moldura Institucional para a Transição Democrática na Venezuela (proposta dos EUA); rejeição às
eleições para Assembleia Nacional; renovam apoio a Guaidó.
 Pede que relatório da Missão Internacional Independente possa ser objeto de exame preliminar sobre
situação na Venezuela conduzido pela Promotoria do TPI.
 Reconhecimento da dimensão da crise humanitária, econômica, política, ambiental e social na Venezuela,
agravada pela pandemia; destaca acolhida de migrantes e refugiados venezuelanos na região.
 2021: não reconhece AN eleita em dezembro; reconhece Comissão Delegada criada pela AN presidida por
Guaidó; insta comunidade internacional a não reconhecer AN ilegítima e pede solução pacífica e
constitucional.

Repercussões internas e externas

 Colapso econômico (hiperinflação, ainda que mitigada em 2020, aumento da pobreza e desemprego);
impactos humanitários. Seguidas quedas do PIB: 5,7% (2015) e 18,6% (2016), antes do governo não divulgar
mais dados. Estimativas do FMI apontam quedas de 15,7% (2017), 19,6% (2018), 35% (2019) e 30% (2020).
 Mais de 3 milhões de migrantes e refugiados venezuelanos em países vizinhos; no Brasil, são mais de 100
mil, reconhecidos como migrantes (não refugiados). Peso sobre sistemas públicos em Roraima.
 Colapso de mecanismos de concertação (UNASUL, CELAC e ASPA). Surge PROSUL.
 Temor de conflito armado e risco de tensões entre potências extrarregionais se aplicarem à América do Sul.
(EUA, Rússia e China).

Guiana

Relações políticas e cooperação


 Relações estabelecidas em 1968; Gibson Barboza visita em 1971 (país de independência tardia)
 Fronteira extensa (1.605 km), contingente de brasileiros na Guiana. Acordo de Alcance Parcial (2004) para
desgravação tarifária. Ponte sobre o Rio Tacutu (2009).
 Comitê de Fronteira Brasil-Guiana (sete reuniões até 2018)
 Guiana ingressa no MERCOSUL como Estado Associado (2012)
 Fluxo comercial de USD 58,1 milhões em 2020, com superávit de US$ 24,1 milhões em favor do Brasil. Em
2018, Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI).

Suriname

Relações políticas e cooperação

 Relações estabelecidas em 1975.


 Acordo Básico de Cooperação Científica, Técnica e Tecnológica (1976): agricultura, geologia,
desenvolvimento institucional, meio ambiente e saúde.
 Fronteira de 593 km, pouco povoada e sem ligações viárias (barreiras naturais e áreas de preservação).
Cooperação em defesa e segurança.
 Suriname ingressa no MERCOSUL como Estado Associado (2013)
 Fluxo comercial de USD 34 milhões em 2020, com superávit de US$ 28,8 milhões em favor do Brasil. (Brasil
importa arroz: 100%)

México

Histórico desde 1945

 As duas maiores economias da América Latina, somam 65% do PIB regional.


 João Goulart é primeiro presidente brasileiro a visitar o México; Grupo Misto de Cooperação Industrial
(1962).
 México abrigou negociações do Tratado de Tlatelolco (1968); a Organização para a Prescrição das Armas
Nucleares na América Latina (OPANAL) fica na Cidade do México. Embaixador Flávio Roberto Bonzanini
eleito Secretário-Geral da OPANAL (2019).

Coordenação política, multilateral e visitas de alto nível

 Comissão Binacional de Chanceleres para diálogo político (2007).


 Brasil e México entre os protagonistas das negociações para Tratado sobre Proibição das Armas Nucleares
(2017)
 Brasil e México integram G-20 Financeiro e G-20 Comercial (OMC).
 Aproximação por meio de MERCOSUL e Aliança do Pacífico. López Obrador tem menos convergência com os
demais países da Aliança do Pacífiico
 Países são reconhecidos por sua atuação na Cooperação Sul-Sul; discussão para iniciativas trilaterais na
América Latina e Caribe.

Economia e investimentos

 Comércio equilibrado: em 2020, corrente de USD 7,7 bilhões (-23% em relação a 2019; auge em 2012, USD
10,1 bi), déficit ínfimo brasileiro (USD 33 milhões). Prevalência de manufaturas: 79% das exportações e 96%
das importações.
 Exportações: motores de pistão, automóveis e suas partes, madeira, soja e milho.
Importações: automóveis, máquinas de processamento de dados, motores.
 Brasil é 2º destino de investimentos mexicanos no exterior (telecomunicações); Gerdau, BRASKEM e
Odebrecht no México (polo petroquímico Cd. do México)
 Acordos de complementaridade econômica (égide da ALADI): ACE-55 (veículos) e ACE-53 (abrangente). Em
2019, primeira reunião do Conselho Empresarial Brasil-México (Cidade do México)
Cooperação em diversas áreas

 Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos (2015, vigora desde 2018)


 Acordo para o Reconhecimento Mútuo da Cachaça e da Tequila como Indicações Geográficas e Produtos
Distintivos (2016)
 Acordo de Cooperação e Assistência Administrativa Mútua em Assuntos Aduaneiros (2018)
 Ciência, Tecnologia e Inovação: Centro Brasil-México de Nanotecnologia (2009)
 Cooperação bidirecional: educação técnica e profissional, bancos de leite humano, saúde ambiental,
irrigação e melhoramento genético

Cuba

Histórico desde 1945 e relações políticas

 Brasil reconhece governo revolucionário de Fidel Castro (1959) e se abstém na votação que levou à
suspensão de Cuba da OEA (1962). Brasil foi um dos seis que se abstiveram
 Rompimento de relações em 1964, retomadas somente em 1986, governo Sarney.
 ACE-62 entre Cuba e MERCOSUL (2006).
 Brasil e Cuba têm redes diplomáticas extensas na África.
 Atritos com impeachment no Brasil (2016); os dois países eleitos para o CDH (2017-2019); distanciamento
com governo Bolsonaro e agravamento da crise na Venezuela. Há contingente militar cubano na Venezuela

Haiti

Cooperação técnica

 Brasil encabeça contingente militar da MINUSTAH durante a integralidade da missão (2014 a 2017), com 37
mil militares brasileiros enviados. Argentina e Chile deram grande suporte
 Engajamento do Brasil na MINUJUSTAH (cooperação na justiça), missão de apoio à justiça, que sucedeu a
MINUSTAH; acordo para capacitar policiais e engenheiros militares haitianos
 Cooperação técnica: saúde, capacitação institucional, alimentação escolar, coleta de resíduos sólidos,
biocombustíveis, recursos hídricos, entre outros. Participação direta da ABC. Ao capacitar no Haiti, as tropas
brasileiras aprendem e podem aplicar o conhecimento em outras missões

Política migratória

 Assistência humanitária após terremoto de 2010 (USD 55 milhões)


 Desde 2012, o Brasil tem adotado política migratória especial de caráter humanitário para haitianos.
 Nova Lei de Migração (2017) e Portaria interministerial (abril de 2018) deram guarida à política de acolhida
humanitária de cidadãos provenientes do Haiti. Não são considerados refugiados

Canadá

Relações políticas e cooperação

 Temas centrais do relacionamento bilateral: parcerias em educação, ciência, política agrícola, tecnologia e
inovação.
 Diversos mecanismos de coordenação e diálogo bilateral: Diálogo de Parceria Estratégica, Diálogo Político-
Militar, Conselho Conjunto Econômico-Comercial e Comitê Conjunto Brasil-Canadá para Cooperação em
Ciência, Tecnologia e Inovação.
 Canadá abriga o maior número de estudantes brasileiros (estudo de inglês e francês durante curtos períodos
de tempo)

Economia e investimentos
 Em 2020, o comércio bilateral totalizou US$ 6,2 bilhões (+25% em relação a 2019). Exportações brasileiras
somaram US$ 4,2 bilhões, importações US$ 1,9 bilhão. Balança foi favorável ao Brasil, superávit de US$ 2,3
bilhão. Predomínio de manufaturados: 94% das exportações e das importações.
 Exportações: ouro, alumina, produtos semiacabados de ferro ou aço. (indústria de transformação; há algum
processamento)
 Importações: fertilizantes químicos, aeronaves (há contenciosos na OMC), motores e medicamentos.
 Canadá é grande destino de investimentos brasileiros no exterior (estoque superior a USD 20 bilhões),
sobretudo no setor de mineração. Investimentos canadenses no Brasil (US$ 15 bilhões) em áreas como
engenharia civil, tecnologia e mineração

Brasil-Hemisfério (Comércio)

Comércio: tabela resumida (2020 – USD milhões)

Algumas observações

 O esforço diplomático brasileiro empreendido a partir de 2009 com o propósito de impulsionar as relações
com os países do Caribe não produziu resultados expressivos no campo comercial, tendo tanto as
exportações quanto as importações brasileiras sofrido acentuado declínio. A intenção era ampliar a
influência política

 Recentemente, no âmbito da sua política externa, a maior aproximação do Brasil com os países da América
Central teve amparo, inicialmente, em projetos de cooperação técnica (reciprocidade difusa; abrir
mercados) e em iniciativas para a expansão do comércio e a promoção de investimentos

 Missão das Nações Unidas de Estabilização no Haiti (MINUSTAH) encerrou-se em 2017 e sua composição
contou com uma notável maioria de países latino-americanos. O Brasil liderou o comando do componente
militar da missão tendo a Argentina e o Chile importante participação na missão. O Chile assumiu de forma
interina por alguns dias apenas; a Argentina nunca comandou.
6. Estados Unidos da América: política externa e relações com o Brasil

Oriente Médio e Terrorismo (Fundamentalismo Islâmico)

Governo Bush

 Atentado ao World Trade Center


o Foco da agenda de segurança
o Política intervencionista, que levou à derrubada de governos

Governo Obama

 Início do primeiro mandato: Tentativa de Rebalanceamento


o Retirada de tropas: Iraque (total) e Afeganistão (parcial)
o Revolução energética
o A ideia de rebalanceamento está associada à redução do papel do terrorismo na inserção dos EUA
no mundo; teve por consequência a retirada de tropas, o que foi possível graças à revolução
energética proporcionada pela exploração do xisto. Deu autonomia ao reduzir a dependência do
petróleo, o que permitiu diminuir o foco para a região

 Fins do primeiro mandato


o Crises no Oriente Médio e Norte da África
o Região exigiu – e recebeu – atenção norte-americana
o Com a eclosão da Primavera Árabe, a política do rebalanceamento precisou ser revista; se viram
obrigados a voltar atenção para a região. Situação agravada pelo surgimento do Estado Islâmico

 Síria: engajamento menos energético


o Treinamento e apoio a grupos oposicionistas
o Críticas Arábia Saudita
 Recusa assento rotativo no CSNU
o Armas químicas: “Linha vermelha” cruzada.
o Engajamento menos energético porque não teve a intervenção dos nos Bush, se deu mais com
treinamentos e apoio político. Presença menos enérgica dos EUA incomodou a Arábia Saudita que
era sunita e que via na deposição do governo xiita/alauítas de Assad algo positivo. Arábia Saudita
recusou o direito de assento rotativo no CSNU como forma de protesto. Queria a intervenção contra
a Síria, o que não ocorreu mesmo com a utilização de armas químicas por parte do regime de
Damasco. Obama optou por uma solução diplomática com o governo sírio

 Irã: Joint Comprehensive Plan of Action – JCPOA


o Críticas Israel
o Tentativa pragmática de reduzir a carga de sanções e trazer algo mais construtivo ao mesmo tempo
que resguardava seus interesses securitários. A proposta se deu no âmbito do P5 + 1 (5 membros
mais a UE). Traz nova dinâmica ao reduzir a capacidade de enriquecimento por parte do Irã em troca
de maior relaxamento nas sanções. O acordo levou a críticas por parte de Israel

 Apesar de manter uma atuação em prol de “regime change” (houve treinamento de grupos oposicionistas),
os EUA não adotam medidas concretas (intervencionismo) contra líderes que permanecem no poder

 Em resumo, Obama foi impedido em função dos fatos a por em prática a política do rebalanceamento
Governo Trump

 Continuidade: tendência menos intervencionista


o Redução da presença militar americana na Síria e no Afeganistão

 Síria
o Ofensiva exitosa contra o Estado Islâmico (2017)
o Retirada de tropas do nordeste da Síria (2019)
 Curdos
o Assassinato de Abu Bakr al-Baghdadi (2019) – líder do Estado Islâmico
o Quando assume, a questão da Síria não estava resolvida, principalmente em relação ao Estado
Islâmico, que ocupava parte do território sírio. As tropas americanas eram em pequeno número,
atuou mais com treinamento, mas após a vitória contra o Estado Islâmico, as tropas estadunidenses
deixam a Síria. Os curdos, que eram os principais aliados dos americanos, ficaram à mercê dos
turcos, que acabaram ocupando a região e diminuir a autonomia curda no Nordeste da Síria.

 Afeganistão (Taliban)
o Agreement for Bringing Peace to Afghanistan (2020)
 Retirada de tropas x controle al-Qaeda / diálogo político
 A contrapartida é o Taliban evitar a participação da al-Qaeda e garantir diálogos com
Washington

 Rupturas: reaproximação de aliados históricos


o Obama via o Irã como oportunidade e Israel como um desafio na região. Trump inverte a perspectiva

 Israel
o Processo de Paz:
 Mediação dos acordos com Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão.
 Expansão dos assentamentos: silêncio
 Plano de Paz no Oriente Médio (2020)
o Até então apenas Egito e Jordânia mantinham relações diplomáticas com Israel. Trump consegue
ampliar o leque ao mediar acordos que levaram Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão
a estabelecer relações diplomáticas com Israel.
o O que os EUA ofereceram? Para o Marrocos foi a questão do Saara Ocidental, Trump reconhece a
soberania marroquina na região; Sudão teve muitos atentados terroristas, EUA exclui o Sudão da
lista de países que abrigavam o terrorismo
o Trump foi silente quanto à expansão dos assentamentos israelenses sobre territórios palestinos
o O Plano de paz para o Oriente Médio era calcado em dois eixos: segurança de Israel e
desenvolvimento econômico da Palestina
 Simbolismo político
o Embaixada em Jerusalém
o Reconhecimento da soberania de Israel sobre as colinas de Golã – era território sírio; foi tomado na
guerra dos seis dias e está além da linha verde que definia a fronteira pacificada em termos
internacionais; há uma resolução do CSNU reconhecendo que Golã é da Síria
o Fechamento escritório de representação palestino
o Suspensão do financiamento de projetos humanitários nos territórios ocupados levados a cabo pela
Autoridade Palestina e ONU
o Retirada do Conselho de Direitos Humanos da ONU – justificativa de que o Conselho tem um
preconceito histórico contra Israel e também de que não há um filtro na organização ao permitir que
Venezuela e China façam parte do Conselho, EUA se recusava a dividir o Conselho com esses países
que violam direitos humanos em seus territórios
 Irã
o Retirada do Acordo Nuclear
o Imposição de novas sanções
o Assassinato do general iraniano Qasem Soleimani
o A retirada do Acordo foi acompanhada por imposição de novas sanções. Classificou a Guarda
Revolucionário Iraniana como uma entidade terrorista. Ademais, impõe uma sanção em que a
empresa que compra petróleo do Irã pode sofrer sanções dos EUA
 Assassinato de Soleimani se deu na sequência do atentado à embaixada dos EUA no Iraque. Ataque contra
Soleimani se deu no Iraque

 Arábia Saudita
o Veto a propostas do Congresso contrárias aos interesses sauditas; principalmente no Iêmen, onde
sunitas locais eram apoiados pela Arábia Saudita. A proposta do Congresso era de que os EUA não
poderiam mais intervir ou contribuir no conflito, seja por meio de treinamentos, seja pelo envio de
armas.
o Envio de tropas, jatos e compartilhamento de tecnologia balística; ocorre na esteira do ataque a área
de produção petrolífera atribuída a rebeldes iranianos

Governo Biden

“We’re also stepping up our diplomacy to end the war in Yemen, a war which has created humanitarian and strategic
catastrophe. I’ve asked my Middle East team to ensure our support for the United Nations led initiative to impose a
cease fire, open humanitarian challenges and restore long dormant peace talks”.

“At the same time, Saudi Arabia faces missile attacks, UAV strikes, and other threats from Iranian supplied forces in
multiple countries. We’re going to continue to support and help Saudi Arabia defend its sovereignty, and it’s
territorial integrity and its people”. (Joe Biden, “America is Back”)

 Retomada da ajuda financeira à Palestina e a U.N. Relief and Works Agency


 Volta ao Acordo Nuclear?

China e Indo-Pacífico

Anos 2000

 Ascensão chinesa
 Sul e sudeste asiático são regiões globalmente importantes
o Potências nucleares
o 50% do PIB mundial até 2050
o Maior parte dos principais parceiros comerciais dos EUA

Governo Obama

 Asia-Pacific Pivot” – seria o cerne da política de rebalanceamento que o Obama tentou levar a cabo

The “strategic pivot” or rebalancing, launched in 2010, is premised on the recognition that the lion’s share of
the political and economic history of the 21st century will be written in the Asia-Pacific region.

 Visitas presidenciais ao Sul-Sudeste da Ásia


o Acordos comerciais, de cooperação e transferência de tecnologia, militares.
 Compromisso claro com o engajamento militar na região
o Conflitos territoriais da China com Japão, Coreia do Sul, Malásia e Filipinas
o Desde a II GM havia um compromisso com a defesa da região – Japão e Coreia do Sul sob proteção
dos EUA. A diferença é que agora há uma tendência de a China querer resolver as questões de forma
unilateral os problemas territoriais que ela tem com os vizinhos, principalmente no Mar do Sul da
China

 Parceria Transpacífica (TPP) (2015)


o 12 países
o 40% do PIB Mundial
o “Rule making” vs “Rule taking”
 "espinha dorsal econômica" da "virada" diplomática do presidente Barack Obama para a
Ásia
o Seria o maior acordo de livre comércio do mundo; não envolvia a China, seria capitaneado por EUA e
Japão. O Acordo envolveu questões amplas, era calcado em preceitos liberais de livre comércio,
envolvia controle de atuação de empresas estatais, preocupações trabalhistas e ambientais. Todo
um arcabouço para tentar mudar a dinâmica de relações dos países na região de forma a conter a
influência chinesa

Governo Trump

 Continuidade
o “competição estratégica” entre China e Estados Unidos
 Estratégia Nacional de Defesa: competição entre potências*
 Porém...
o Política mais dura
 Tarifas
 Propriedade intelectual; acusações de roubo de propriedade intelectual; EUA determinou o
fechamento do consulado chinês em Houston sob acusação de espionagem industrial
 Manipulação de câmbio
 Mares do Sul e do Leste da China
 Xinjiang, Taiwan e Hong Kong – questões de direitos humanos
 COVID-19 – EUA adotaram posição crítica em relação à origem do vírus e também da
postura da OMS; anunciam saída da entidade, mas Biden recua
o “Communist China and the Free World’s Future” (Mike Pompeo)
 Relações exigem uma nova dinâmica

 Aliados Tradicionais
o i. Cooperação / Alinhamento
 Iniciativa Cinturão e Rota; ameaça que necessita ser contida pelos EUA e seus aliados
 5G; tecnologia chinesa precisa ser contida; EUA quer implementar sua tecnologia
o Japão, Filipinas, Coreia do Sul, Malásia – pautada na cooperação e alinhamento (reconhecimento de
que não há como sozinhos conter a assertividade chinesa na região), mas também por um impulso
unilateral por parte dos EUA ao estabelecer disputas comerciais, retirar tropas e buscar
compensações financeiras. Visão de mundo próprio (America First), não se preocupa muito com
alianças tradicionais

 Versus
o ii. Impulso unilateralista
 Denúncia TPP / “America First”; denuncia logo no início de seu governo e deixa claro que a
política comercial dos EUA será feita para atender única e exclusividade os interesses
americanos (discurso na APEC, 2017)
 CPTPP; mudança de nome; Japão atuou para que continuasse valendo
o Disputas comerciais
o Compensações financeiras / ameaças de retirada de tropas
 A proteção oferecida deve ser remunerada

 Índia e o Quadrilateral Security Dialogue – QUAD (Índia, EUA, Japão e Austrália) – democracias que se
preocupam com a ascensão chinesa; mas foi criado dez anos antes pelo Japão; ganha força com o Trump
o Exercise Malabar (2020)
 Exercício militar no golfo de Bengala, maior baía do mundo, conduzido pela Índia
 Envolveu os quatro membros do QUAD
 Austrália foi vocal em acusar a China sobre a pandemia de COVID-19; em 2020, abriu guerra
comercial com a China
 Exercício militar naval; uma resposta à ascensão naval chinesa em um contexto de projeção
sobre a região do Mar do Sul da China; é relevante e tem uma simbologia importante esse
treinamento

 Coreia do Norte (2017-2019)


o Acirramento de tensões
o Reunião bilateral em Singapura (2018) – primeira vez que presidentes de EUA e Coreia do norte se
encontram
 Declaração conjunta: do confronto à cooperação, mas sem “dentes” (sem mecanismos
capazes de fazer o acordo acontecer). Foi uma meta de longo prazo de desnuclearização da
Coreia
 Sanções foram mantidas
o Reunião bilateral no Vietnã (2019)
o Reunião bilateral na Coreia do Norte (2019); primeira vez que um presidente dos EUA entra em
território norte-coreano
o Retomada testes expõe o fracasso da aproximação; em 2021, volta ao status quo de antes da
aproximação

Governo Biden

“American leadership must meet this new moment of advancing authoritarianism, including the growing ambitions
of China to rival the United States and the determination of Russia to damage and disrupt our democracy”.

“(…) we’ll also take on directly the challenges posed by our prosperity, security and democratic values by our most
serious competitor, China. We’ll confront China’s economic abuses, counter its aggressive course of action to push
back on China’s attack on human rights, intellectual property and global governance.”

“But we are ready to work with Beijing when it’s in America’s interest to do so.” We’ve also re-engaged with the
World Health Organization, that way we can build better global preparedness to counter COVID-19 as well as detect
and prevent future pandemics, because there will be more.

 Fortalecimento do Quad; elemento de continuidade


o Reunião de Cúpula

 China
o Sanções renovadas em função de Xinjiang – violação de direitos humanos; maioria muçulmana –
produção de algodão na região com base em trabalho escravo (EUA, Canadá, UE e Reino Unido)
o Tarifas impostas por Trump não foram levantadas
o “Alaska Summit” (Antony Blinken - Yang Jiechi) secretário de estado dos EUA e seu homólogo chinês
 Desacordos: críticas de ambos os lados
 Comércio
 Direitos humanos e liberdade política
 Assertividade da China
 Resultado positivo:
o Grupo de trabalho sobre mudança do clima; ambos estão dispostos a cooperar
o EUA querem voltar ao protagonismo na questão climática/ China tenta reduzir emissões e passar por
revolução verde; Trump era um crítico do Acordo de Paris, inclusive se retirou

“On day one, I signed the paperwork to rejoin the Paris climate agreement. We’re taking steps led by an example of
integrating climate objectives across all of our diplomacy and raising the ambition of our climate targets.”

“I’ll be hosting a climate leaders summit to address the climate crisis on Earth Day of this year. America must lead in
the face of this existential threat, and just as with the pandemic, it requires global cooperation.”

A Guerra Comercial de Trump

 Mudança de paradigma na política comercial; liberdade econômica que remontava o consenso de


Washington muda de paradigma ao defender maior protecionismo
o Déficit comercial e geração de empregos
o Protecionismo: tarifas/quotas/metas
 Seção 232: Segurança nacional; importações estrangeiras podem provocar insegurança
doméstica
 Seção 301: Propriedade intellectual; aplicar as leis em caso de violação por parte dos
parceiros
o Retaliações

 Primeira batalha: painéis solares e máquinas de lavar


o Imposição de salvaguardas globais; contra importações desses produtos, estão prejudicando a
economia doméstica
o Coreia do Sul e China
 OMC; contestaram a salvaguarda na OMC
 Direitos antidumping contra sorgo; é um cereal, China aplicou tarifas antidumping
argumentando que o produto americano estava muito barato

 Segunda Batalha: aço e alumínio


o Aumento de tarifas → Seção 232 do Trade Expansion Act de 1962; interpretação de que a indústria
de aço é importante para a defesa americana e não pode ficar dependente do produto de terceiros;
impactou muitos países
o Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, UE, México, Coreia do Sul, China, Turquia, Índia e União
Europeia.
o Isenções → diferentes níveis de acordo com os países; quem foi impactado foi China, Turquia e Índia
 Retaliações
 OMC
 Subsídios contra tarifas retaliatórias; muitas tarifas afetaram produtos agrícolas dos
EUA, governo ofereceu subsídio ao setor
o Biden: EAU
 No último dia de governo Trump retirou o Emirados Árabes Unidos das tarifas majoradas,
mas Biden reinseriu

 Terceira batalha: propriedade intelectual


o Tarifas (seção 301 do Trade Act de 1974); mecanismos de aplicação das leis contra países que violam
leis americanas; foco foi a China
o China
 Retaliação.
 Maior impacto sobre o comércio bilateral → sucessivas rodadas de tarifas retaliatórias.
 Trégua
o Fase I do Acordo EUA e China
 US$ 200 bilhões adicionais durante 2020 e 2021; período base é
2017; em 2020, 60% da meta foi cumprida
 Propriedade intelectual, Agricultura, Moeda, Serviços
Financeiros fizeram parte do acordo
 Tarifas retaliatórias; não acabaram, mas foram suspensas
tarifas adicionais
 Empresas estatais; não entrou no acordo. empresas
chinesas são controladas pelo governo e não permite
regulação do mercado

 Quarta batalha: automóveis e autopeças


o Segurança nacional
o Foco foi México e Canadá; indústria automotiva passando por problemas; argumento de que foi o
NAFTA; entrou na questão de segurança interna
 Assinatura de “Side Letters” → Novo NAFTA

 USMCA/CUSMA/T-MEC; cada país chama de uma forma


 Novas áreas: Propriedade intelectual
 Regulação do comércio; comércio controlado, com regras que diminuem o livre
comércio; harmonização de padrões trabalhistas e ambientais para fortalecer a
indústria dos EUA. Salário mínimo comum na indústria automobilística dos três
países
 Harmonização de padrões
o Proteção indústria norte-americana
 solução de controvérsias investidor-Estado; foi cancelada

 Quinta batalha: imigração illegal


o Ameaça de tarifas adicionais; aargumento de que tem muito gasto para controlar a fronteira por
causa da imigração ilegal e precisa ser ressarcido
o México
o Compromisso de reduzir ou eliminar a imigração ilegal

 Sexta batalha: semicondutores


o Restrições sobre operações comerciais e financeiras (Entity List) (Export Control Reform Act)
o China
 ZTE
 Huawei
o Empresas que entram na lista não podem comercializar com os EUA sem autorização prévia do
governo americano; primeira foi a ZTE, depois foi retirada. Alguns produtos foram considerados
sensíveis e precisavam de autorização para ser exportado. Com a Huawei, tem a questão da
espionagem e disputa em torno do 5G

Europa

Governo Trump

 Relações tencionadas
o OTAN: críticas de Trump e questões estratégicas; Europeus criticavam postura leniente diante da
Rússia
o Brexit: Trump fazia críticas ao programa de integração e era favorável ao rompimento
o Dossiê iraniano: EUA saem do programa nuclear com o Irã
o Relações Comerciais: batalhas da guerra comercial impactaram a Europa
o Reflexos da "competição entre grandes potências"
 5G: UE ficou entre EUA e China; há pressão americana para não adoção da tecnologia
chinesa
 Cinturão e Rota da Seda: Itália aderiu formalmente o projeto, EUA viram com maus olhos
 China-CEEC: Acordo de Cooperação Econômica entre China e Europa Central e Oriental,
inclusive alguns pertencentes à União Europeia

 OTAN
o Críticas
 Meta: 2% do orçamento em defesa; compromisso geral que se aplica a todos, mas apenas 8
dos 29 estavam cumprindo, o que gerou crítica por parte dos EUA. Trump conseguiu
negociação para reduzir a participação, o que levou a um aumento por parte de Canadá e UE

 Alemanha
o 1,2% do orçamento em defesa; Alemanha foi a mais criticada por Trump
o Retirada de tropas; anunciou a retirada de 12 mil de 35 mil soldados do território alemão
o Sede do Comando Europeu dos Estados Unidos de Stuttgart para Mons (Bélgica)
 Medidas suspensas por Biden

 Polônia
o Contrato militar de US$ 4,75 bilhões (2018); maior da história da Polônia (antimíssil), gerou críticas
por parte da Rússia
o Acordo de cooperação em defesa (2020)
 100 anos da vitória da Polônia na guerra Polaco-Soviética de 1920
o Tropas remanejadas da Alemanha para a Polônia
 Somar-se-iam às 4.500 já presentes (2014); foram enviados no contexto da anexação da
Crimeia pela Rússia em 2014, governo Obama

Transferência de parte da presença dos EUA/OTAN no continente da “velha Europa” (Donald Rumsfeld)
(Bonn, Paris) para o leste europeu.

o Caso da Polônia é sintomático da frase acima

 Grécia
o Acordo de Cooperação e Defesa Mútua (2019); permitiu a expansão da rede de bases dos EUA na
Grécia, sendo a maior delas a de Alexandrópolis. Importante em função da aproximação de Putin e
Erdogan. EUA remanejou parte do contingente da Turquia para a Grécia
 Base aérea e naval em Alexandrópolis

 Comércio
o Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP)
 2013 → Reposicionamento geopolítico e geoeconômico; projeto do governo Obama cuja
meta era finalizar as negociações em 2015; inseridas no reposicionamento geopolítico do
Atlântico para o Pacífico, especialmente para a Ásia. Não foi possível, houve uma série de
desentendimentos e em 2018 Trump suspende as negociações
 2018 → Suspensão das negociações

o Disputa Airbus – Boing


 Medidas compensatórias (US$ 7,5 bi vs US$ 4 bi); tanto EUA quanto UE levaram ao Órgão de
Solução de Controvérsias da OMC subsídios estatais dados à aviação civil por ambos os
lados. As decisões saíram em 2019 para os EUA e 2020 para a União Europeia. Avaliações é
que as medidas compensatórias por parte dos EUA seriam de US$ 7,5 bi, enquanto que para
a UE US$4 bi. Adotadas na remoção de preferências tarifas. País que ganhou pode aumentar
o patamar da tarifa. Decisão dos EUA saiu antes e coincidiu com a pandemia; indústrias já
estavam sofrendo e as medidas por parte dos EUA pioraram a situação. Foram aplicadas a
itens importantes da pauta europeia como queijos e vinhos
 Governo Biden
 Comunicado conjunto (abr.2020)
o Congelamento das tarifas por 4 meses
 Rússia
o Obama-Medvedev versus Obama-Putin; relação entre Obama e Medvedev era boa e piora com a
volta de Putin (ataques a rebeldes sírios, alguns foram treinados pelos EUA; caças russos invadiram
espaço aéreo turco, que faz parte da OTAN.
 Ataque a rebeldes sírios
 Invasão do espaço aéreo turco/OTAN

o Governo Trump
 Manutenção da política de linha-dura
 Sanções (agosto/2017); Trump aprovou sanções estabelecidas pelo congresso dos
EUA contra a Rússia (relacionadas com espionagem, Ucrânia). Mais tarde armas
químicas, russos romperam acordo em relação a armas químicas
 Ucrânia; EUA participaram de treinamentos militares conjuntos com os ucranianos,
o que gerou críticas da Rússia
 Acordo sobre Forças Nucleares Intermediárias (INF) e Treaty on Open Skies; com a
deterioração das relações EUA deixam os dois tratados, que fazem parte do
arcabouço bilateral, que se integra ao arcabouço multilateral de não proliferação de
armas nucleares. EUA alega que Rússia não estava cumprindo sua parte nos acordo
 Dependência energética da UE; EUA criticam a dependência dos europeus em
relação à Rússia; há um projeto que ligará um gasoduto (Nord Stream - retorno das
obras em 2020) entre Rússia e Alemanha (faz uso da tecnologia 5G da China)
 Belarus (governo do socialista Alexander Lukashenko); EUA é a favor da queda do
governo, que é aliado da Rússia

o Governo Biden
 Sem perspectivas de mudanças substanciais
 Novas sanções estabelecidas já no começo do governo
o Foco: economia russa; já tinha ocorrido na época da anexação da Crimeia.
Títulos da dívida russa não puderam ser negociados no mercado financeiro
americano
 Regime internacional de controle de armas
o renovação do START; acordo de controle de armamento que foi renovado
por Biden; não haveria controle da produção doméstica

“That’s why yesterday the United States and Russia agreed to extend the new START treaty for five years to
preserve the only remaining treaty between our countries, safeguarding nuclear stability. “

“We will not hesitate to raise the cost on Russia and defend our vital interest in our people.

“The politically motivated jailing Alexei Navalny (opositor de Putin) and the Russian efforts to suppress
freedom of expression”

América Latina

 Região de “menor densidade” desde o final da Guerra Fria; foco é o Indo-Pacífico e Europa
o Revolução cubana; trouxe o conflito ideológico para o continente, o que forçou maior atenção por
parte dos EUA. Com o fim da guerra Fria isso deixou de ser premente
o Collor e Menem; se aproximam da retórica dos EUA com a adesão ao Consenso de Washington, o
que torna a região mais estável do ponto de vista dos americanos

 Anos 2000
o Crescimento de governos de esquerda; postura mais nacionalista e centralizadora. EUA adota a
postura de esquerda responsável, que é o reconhecimento de que alguma ortodoxia e o livre
mercado é importante no combate à pobreza e desenvolvimento econômico, além de valorização da
democracia e rotatividade de poder
 “Esquerdas Responsáveis”; principais casos são Lula e Bachelet
 Compartilhamento de valores
 Exemplo às demais

 Governo Obama
o Normalização das relações diplomáticas com Cuba
 Participação na 7ª Cúpula das Américas; primeira vez que Cuba participa desde de que a
Cúpula foi institucionalizada na década de 1990

Na América Latina e na África, os EUA mais reagiam do que agiam e buscavam não perder ou recuperar
espaços para China, Rússia e Índia.

 Governo Trump
o Baixo engajamento propositivo, porém maior atenção aos desafios provenientes da região; desafios
vindos de fora (presença de China, Rússia e Índia) e de dentro (instabilidades e governos contrários
aos EUA, como Cuba, Nicarágua e Venezuela (troica da tirania), tidos como a maior ameaça aos
valores e interesses dos EUA no continente

o “Visitas”
 Buenos Aires, 2018 → G20; única vez que veio à América Latina, não foi uma visita bilateral,
mas uma cúpula do G20
 Visitas oficiais apenas pelo VP ou pelo Secretário de Estado

o “Troica da tirania”
 Cuba, Nicarágua e Venezuela
 Ameaça aos interesses norte-americanos
o Cuba
 Reversão parcial; não houve rompimento das relações diplomáticas, mas houve acirramento
 Restrições a viagens; Obama tinha flexibilizado, Trump impõe restrições
 Limites de remessas por cubanos que têm família em Cuba
 Proibição de transações comerciais e financeiras
 Redução pessoal da Embaixada em Havana
 Título III da Lei Helms-Burton (1996); lei de 1996 que foi retomada. Há uma diáspora
cubana localizada principalmente na Flórida. Permite que essas pessoas possam
reclamar perda de bens quando da encampação de bens durante a Revolução
Cubana

o Venezuela
 Juan Guaidó como presidente interino
 “Todas as opções estão sobre a mesa“, mas preferência pelo desenlace pacífico.
 Medidas de pressão política, diplomática e econômica (imposição de sanções que
restringem a capacidade econômica do governo).
 Concertação regional e internacional; OEA com evocação do TIAR e apoio ao Grupo
de Lima; reconheceu a participação/contribuição do Brasil no processo; levou a
questão aos europeus para aumentar a pressão

 Imigração; elemento central da política externa de Trump


o “Meetering”; limitação da quantidade de pessoas que poderiam solicitar asilo aos EUA; houve
redução drástica

o “Northern Triangle”; países que representam a maior ameaça em termos de imigração, não apenas
como nacionais, mas também como porta de entrada. Trump ameaça a romper a ajuda para
desenvolvimento econômico e ajuda humanitária caso as imigrações não fossem contidas
 El Salvador, Honduras e Guatemala
 Ajuda ao desenvolvimento
o México
 “Remain in Mexico”
 Muro; projeto simbólico
 Único grande país da região com fortes laços econômicos com os Estados Unidos

 Imigração – governo Biden

“I’m approving an executive order to begin the hard work of restoring our refugee admissions program to help
meet the unprecedented global need.”

“This executive order will position us to be able to raise the refugee admissions back up to 125,000 persons for
the first full fiscal year”

 Celeridade/Volume
o Abertura total; haverá o cuidado, não ocorrerá uma abertura total, o que Biden está propondo é
maior celeridade nas admissões; não haverá rompimento na ajuda, a cooperação é importante para
lidar com as causas da imigração

 Segurança e Combate ao Crime Organizado (narcoterrorismo)


o Versus promoção do desenvolvimento; governos locais preferem o desenvolvimento, ao passo que
historicamente o foco dos EUA está na segurança

 Governo Trump
o Aumento do orçamento da DEA
o Colômbia
 “The 1980s and 1990s drug war playbook” (Plano Côlômbia)
 Fumigação química das plantações de coca e maconha (feita por aviões pode
contaminar pessoas, rios e regiões) + repressão/enforcement (Trump mandou 800
pessoas da força americana para ajudar na repressão do crime; Colômbia como
principal foco, parceiro antigo
 Juan Orlando Hernández da Honduras e Rodrigo Duterte das Filipinas; presidentes que se
favoreceram da mesma política implementada na Colômbia

 Governo Biden
o Críticas a Trump por não conseguir fazer face à crescente influência chinesa.
 É uma retórica, pois desde o início do século que há um distanciamento americano da
região. Biden foi vice de Obama

África
 Nova Estratégia para África (2018)
o Objetivos
 Contenção da presença chinesa e russa; tanto China, principalmente, quanto Rússia estão
investindo na região
 OBOR; Financiamento (Zambia, Djibuti)
 Contenção terrorismo
o Focos
 Comércio e investimentos
 Segurança
 Democracia
o Seletividade
 Missões de Paz
 Oportunidades para os americanos

Brasil e a Política Externa dos EUA

Histórico e características

 Parceiro tradicional e inescapável; tradicional porque são dois séculos de relações e inescapável porque se
trata das duas maiores democracias no continente
o Dois séculos de relações
 1824: José Silvestre Rebello; primeiro a apresentar cartas referenciais no Império
 1905: Joaquim Nabuco; primeira embaixada brasileira em Washington, sendo Nabuco o
primeiro embaixador

 Duas maiores democracias e economias do Hemisfério Ocidental

 PEB e PEEUA: uma diferença fundamental


o Desenvolvimento nacional; chave-mestra da política externa brasileira:
o Segurança/Defesa; objetivo dos EUA
 “America First” → "Make America Great Again"; ideias nacionalistas dos EUA, associados
também com o componente de segurança; noção de que estão sendo ultrapassados pela
China. Trump questionou a ordem internacional e as relações multilaterais, focou na relação
bilateral sempre favorável aos EUA; quando não implementada conforme sua vontade gera
conflitos, como a Guerra Comercial
 Reflexos nas relações multilaterais e nas bilaterais.

 Possibilidade de conflitos
o Espionagem; governo Obama ao governo Dilma
o Guerra comercial

 PEB e PEEUA: Foco geográfico


o Universalismo seletivo com foco na América do Sul; Brasil se relaciona com todos os países, mas dá
foco à América do Sul
o Indo-pacífico; EUA dão foco para a Ásia

 Desafio da China: realidade inédita? A Ascensão chinesa é mundial e traz impactos na relação dos países com
os EUA. Pode abrir caminho para um estreitamento nas relações entre Brasil e EUA

Obs.: Diferenças, porém, são compatíveis com um bom nível geral de relacionamento político-diplomático; é a tônica
da relação entre Brasil e EUA
 Brasil: interlocutor necessário na região sul-americana; Brasil como interlocutor para resolver questões no
continente
o MINUSTAH
o UNASUL; não foi vista com maus olhos pelos EUA; houve ascensão de governos de esquerda que
visava o desenvolvimento regional, o que traz estabilidade à região e por consequência menor
ameaça aos EUA
o Grupo de Lima; Trump apoiou o grupo. Em 2019, à margem das reuniões da AGNU ele se reuniu com
presidentes membros do grupo de Lima e houve reconhecimento do protagonismo brasileiro

 Brasil: parceiro importante em nível global


o G20 (2008); transformou o G20 financeiro, que era um encontro de ministros das finanças, em um
fórum de alto nível; Brasil teve papel central
o COP 21 (2015); acordo de clima de Paris. Impasse nas negociações e reconhecimento por parte de
Obama de que o Brasil teve atuação central (palyer importante)
o OCDE (2019); Trump apoia formalmente a entrada do Brasil no contexto da visita de Bolsonaro;
amarrar o Brasil nas regras do livre comércio e princípios democráticos e ortodoxia econômica
o OMC; organização internacional sob forte pressão dos EUA para ser reformada; algumas mudanças
desejadas pelos EUA estão em linha com os anseios brasileiros
 Level Playing Field; ideia de que OMC deve cumprir seu papel de favorecer economias de
mercado, que iniba subsídios estatais. China como competidor desleal. Ao Brasil também
interessa a redução de proteções de políticas estatais que distorcem os mercados. Setor
agrícola é menos regulado que o industrial na OMC; é de interesse do Brasil maior regulação
que evite a concessão de subsídios ao setor agrícola
 TED; tratamento especial e diferenciado para futuras negociações; Brasil recebeu bem a
retirada das concessões dadas ao país. Coreia do Sul e Singapura também abriram mão

 Grupo de Trabalho Internacional sobre Créditos à Exportação (IWG)


o Brasil e Estados Unidos, junto com Austrália, Canadá, Coreia, Japão, Noruega, Nova Zelândia, Suíça,
Turquia e União Europeia emitiram declaração conjunta sobre a suspensão temporárias (nov.2020)
das negociações técnicas;
 Pode gerar subsídios, que são muito danosos

 Compartilhamento de valores

“Defending freedom, championing opportunity, upholding universal rights, respecting the rule of law and
treating every person with dignity. That’s the grounding wire of our global policy, our global power”.

 Dimensão da agenda bilateral

 Cooperação trilateral; assentado no compartilhamento de valores


o Diálogo Trilateral Brasil-Estados Unidos-Japão (JUSBE) (2020)
 i. intensificação da coordenação de políticas sobre questões regionais;
 ii. busca de uma prosperidade econômica compartilhada; e
 iii. fortalecimento da governança democrática

 Pragmatismo: interesses do Brasil


o Fonte de investimentos; EUA é um grande investidor do país (produtos, infraestrutura, importador
de manufaturados brasileiros)
o Mercado estratégico
o Problemas regionais e globais de interesse brasileiro

Intensificação da Cooperação Bilateral – Agenda dos 10 pontos


 Período entre 2008 e 2016 é marcado pela consolidação da visão do Brasil como um player global que pode
ter sinergias com os EUA. 10 pontos são aqueles identificados pela embaixada brasileira em Washington que
poderiam gerar resultados de curto prazo

 Agenda dos 10 pontos: identificação e promoção de projetos passíveis de implementação em prazo curto
I. Facilitação de Comércio e Convergência Regulatória
II. Investimentos
III. Aviação
IV. Espaço
V. Infraestrutura e Energia
VI. Agricultura
VII. Súde
VIII. Economia Digital e Manufatura Avançada
IX. Defesa
X. Segurança

I. FACILITAÇÃO DE COMÉRCIO E CONVERGÊNCIA REGULATÓRIA

 Proposta original
o Acordo de Reconhecimento Mútuo entre os programas de Operador Econômico Autorizado
 Maior interessado no Brasil era a Receita Federal em acordo firmado com sua homóloga
americana; procedimentos alfandegários, tratamento de bens na fronteira, facilitar,
desburocratizar

 Aprofundamento das negociações


o Visita Bolsonaro (2019) – em visitas de alto nível busca-se uma agenda robusta.
 Comissão de Relações Econômicas e Comerciais Brasil-EUA

 Resultado Final
o Protocolo sobre Regras Comerciais e Transparência (2020)
 Atualiza o ATEC (Acordo de Cooperação Econômica e Comercial) com a adoção dos três
anexos abaixo; ideia de comércio justo
 Facilitação de comércio e administração aduaneira;
 Boas práticas regulatórias;
 Anticorrupção
o Complementa reformas domésticas; lei de agências reguladoras e liberdade econômica realizadas no
começo do governo Bolsonaro

Comércio Geral

 Economias complementares – Brasil importa carvão utilizado na produção do aço e exporta aço
semiacabado para os EUA
 Principal parceiro comercial → 2008 → Segundo principal parceiro comercial do Brasil
 Exportações: 10%
o Principal destino de manufaturados; China compra produto primário
 Importações: 17%

 Superávit comercial → 2008 → Déficit comercial


 Pauta de exportação (2020); é diversificada, nenhum produto chega a 10%
1. produtos semimanufaturados de ferro ou aço (8,8%);
2. aeronaves e outros equipamentos (7,7%);
3. óleos brutos de petróleo (6,3%);
4. celulose (4,4%);
5. café em grão (4,3%).

 Pauta de importação (2020):


1. óleo combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (diesel e gasolina) (19%);
2. motores e máquinas (partes de turborreatores ou turbopropulsores) (8%);
3. instalações e equipamentos de engenharia civil (máquinas de sondagem/perfuração) (5,2%);
4. demais produtos da indústria de transformação (4,6%)
5. fungicidas, herbicidas, inseticidas (3,3%).

Fonte: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/comex-vis

 Desafios da pauta bilateral


o Volume comercial; aumentar o fluxo comercial
o Déficit comercial; reduzir o déficit
o Abertura de mercados; mercado dos EUA é fechado a produtos do agronegócio brasileiro
o BT e NBT; barreira tarifárias e não-tarifárias. A média da tarifa americana é baixa na média, mas há
picos tarifários e quotas que limitam a venda de produtos.
o Remover barreiras e reduzir custos [convergência regulatória]: está sendo endereçado
o Investigações de ameaça à segurança nacional
 Aço – encerrada com acordo
o Investigações de dumping
 Molduras de madeira/madeira processada – encerrada sem medidas antidumping (2020)
 Alumínio – em curso
 Mel – em curso
o Investigações de subsídios à exportação
 Alumínio – encerrada sem medidas compensatórias (2020)
o Quotas de exportações de aço semiacabado
o Sistema Geral de Preferências dos Estados Unidos (SGP); países concedem benefícios a países em
desenvolvimento, está na regra da OMC. EUA revisaram e Brasil foi mantido, mas com alteração de
produtos

 Principais Mecanismos/Acordos Recentes


o Tratado de Cooperação Econômica e Comercial (TECA).
 Reunião da Comissão de Relações Econômicas e Comerciais do TECA.
 Protocolo sobre Regras Comerciais e Transparência.

 Acordo Quadro de Comércio e Investimento (TIFA)

 Diálogo Comercial MDIC-DoC (Departamento de Comércio)


 Acordo de Livre Comércio? Bolsonaro iniciou a conversa com Trump; precisa incluir o Mercosul; Democratas
são mais avessos, não deve avançar
o “Parceria para a Prosperidade”

II. INVESTIMENTOS

 Reativação do Fórum de CEOs; ministro da economia e casa civil participam


o Nova composição empresarial
 Até 10 empresas de cada país
 Stefanini, Petrobras, Gerdau, Embraer, WEG, Minerva, Natura, Movile, Stone e
Cutrale
 Função:
o Apresentar recomendações conjuntas aos governos de cada país

 Duas reuniões
o 2019: 10ª; Washington
o 2020: 11ª; Brasília
 Antecedentes
o 2007
o 2015; foi a nona

Investimentos Geral

 China e EUA têm revezado no posto de principal investidor estrangeiro no Brasil ano a ano .
 Os EUA detêm o maior estoque: US$ 68 bi.
 3.000 empresas americanas atuam no Brasil em áreas diversas, como petróleo, gás, energia elétrica, bancos,
telecomunicações, atividades imobiliárias, automóveis, metalurgia e agricultura.
o Filiais de empresas norte-americanas no Brasil empregam diretamente quase 700 mil pessoas e são
responsáveis por quase US$ 9 bilhões em exportações.
 Estoque brasileiro de investimento nos EUA está estimado em US$ 43 bi.
o Estima-se que os investimentos brasileiros empreguem 100 mil pessoas nos EUA.
 Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos (CEBEU)
o 1976: maior e mais antigo mecanismo empresarial de diálogo entre os dois

III. AVIAÇÃO

 Acordo de Céus Abertos


o 2010
o 2018
 Retira o limite de frequência de voos entre os dois países.

IV. ESPAÇO
 Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST); possibilita a utilização comercial do Centro de Alcântara
o Utilização comercial do Centro Espacial de Alcântara para lançamentos de satélites e outros objetos
espaciais que contenham tecnologia norte-americana. Significa que a tecnologia americana será
preservada nos objetos que serão lançados da base
 2001: começou a ser negociado no governo FHC; preocupação do Congresso em relação à
soberania nacional
 2018: negociação finalizada
 2019: ratificado
o Antedeu a preocupações brasileiras:
 Uso dos recursos provenientes da exploração comercial de Alcântara no programa espacial
brasileiro; rendimentos podem ser utilizados no programa espacial brasileiro
 áreas restritas se encontram dentro da jurisdição territorial do Brasil
 EUA devem informar sobre a presença de materiais radioativos ou nocivos ao meio
ambiente ou à saúde humana
o Mercado espacial mundial - segmento de lançamentos; Brasil terá mais contato, possibilita
transferência de tecnologia, estimula o desenvolvimento científico

 Acordo-Quadro sobre Cooperação nos Usos Pacíficos do Espaço Exterior


o 2011: assinado
o 2018: ratificado
o Projetos bilaterais em ciências espaciais e iniciativas comerciais e civis

 Acordo de Consciência Situacional do Espaço


o Intercâmbio de informações orbitais; evitar colisão no espaço

V. INFRAESTRUTURA E ENERGIA
 Memorando sobre o intercâmbio de informações científicas e técnicas; memorandos são assinados por
ministros
 Eventos técnicos/regulatórios em aviação, transporte e energia;
o Memorando de Cooperação para o Desenvolvimento da Infraestrutura

 Fórum Brasil-EUA sobre Energia (USBEF)


o Governo, agências regulatórias e setor privado
 Rio de Janeiro, maio de 2019
 Prioridades: petróleo, gás e energia nuclear

Energia Geral

 Marcos
o 2003: MoU para Cooperação em Energia.
o 2007: MoU para Cooperação em Biocombustíveis; expandir o consumo de etanol
o 2011: MoU para Cooperação em Biocombustíveis para aviação.
o 2011: Diálogo Estratégico de Energia (uniu os dois trilhos).
 Plano de Ação sobre Cooperação Energética Brasil-EUA

VI. AGRICULTURA

 Competição, mas sinergia. Guerra comercial entre EUA e China favoreceu inicialmente as exportações
brasileiras para a China, mas a imposição de quotas aos chineses causa preocupação aos produtores
brasileiros
o Reativação do Comitê Consultivo Agrícola
o Grupo Agrícola do Hemisfério Ocidental; Brasil, Argentina, EUA, Canadá e México – inovação no
setor agrícola (insumos, variedade de sementes, biotecnologia)

 Acesso a Mercados
o Carne bovina in natura (interesse do Brasil)
 2016:
 2017-2020: exportações brasileiras foram suspensas em 2017 e retornaram em 2020
(contexto da operação carne fraca)
o Carne suína (interesse dos EUA)
o Trigo
 TRQ = quota tarifária; Brasil havia se comprometido em 1996 com a quota de 10%, mas os
sócios do Mercosul passaram a exportar mais para a Ásia e colocar em risco o abastecimento
brasileiro. Brasil então reviu a tarifa possibilitando a entrada de uma quota de 750 mil
toneladas a taxa zero. É revisada anualmente. EUA e Canadá devem se beneficiar, mas
também União Europeia e Rússia

o Etanol-Açúcar
 2010: etanol na lista de exceções à TEC
 2011: fim das barreiras e subsídios protecionistas dos EUA contra etanol importado; Brasil
passou importar muito mais
 2017: estabelecimento de quota de importação; 1,2 milhão de litros
 EUA: retorno ao livre comércio.
 Brasil: vinculação etanol-açúcar
 EUA queriam o fim da quota, que venceria em 2019, houve a prorrogação por mais
um ano. Brasil queria vincular a negociação ao açúcar
o 2020:
 Declaração Conjunta
 Discussões orientadas a aumentar o acesso ao mercado de etanol, açúcar e milho
 Renovação da quota de etanol por três meses
 Aumento da quota brasileira para exportação de açúcar
 Em 2020, voltaria a viger a TEC de 20%; EUA aceitaram a incluir a negociação do milho e
açúcar. Não chegou a um acordo, está na agenda

VII. SAÚDE

 Potencial: nada muito concreto


o Transferência de tecnologia;
o Formação de pesquisadores;
o Cooperação e investimentos na produção de vacinas;
o Relação com CDC e entre agências reguladoras

 Reunião ministerial (2017 e 2019)

 Doação de medicamentos para combate à COVID e de ventiladores; foi o que teve de mais concreto

VIII. ECONOMIA DIGITAL E MANUFATURA AVANÇADA

 Reativação da Comissão de Cooperação Científica e Tecnológica


o 2015: 4ª Reunião
o 2020: 5ª Reunião

 Acordo de Cooperação em Ciência e Tecnologia (1984); foi a origem do que veio a ser as comissões de 2015
e 2020

 Temas:
o observação da Terra
o ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM)
o manufatura avançada
o pesquisa em física de partículas

 Plano de Trabalho em Ciência e Tecnologia (2020-2023)

 Acordos de cooperação na área de cooperação científica em Física de Partículas de Alta Energia


o Fermilab e FAPESP
o Fermilab e UNICAMP
IX. DEFESA

 Mecanismos de coordenação política e empresarial bilateral;


o Diálogo Político-Militar (POL-MIL Talks) (2017 e 2019)
o Diálogo da Indústria de Defesa (DID) (2016, 2017 e 2019)

 Visitas
o Brasil: Presidente da República, de ministros da Defesa, dos comandantes das três Forças Armadas,
do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas
o EUA: vice-presidente Mike Pence, o secretário de Defesa, o chefe do Estado Maior Conjunto das
Forças Armadas, comandantes das Forças Armadas e o comandante do Comando Sul dos EUA

 “Aliado Prioritário Extra-OTAN" (Major Non-NATO Ally - MNNA); reconhecimento por parte dos EUA de o
Brasil é um parceiro estratégico em temas de interesse dos americanos. Aumenta a possibilidade de
parcerias e intercâmbio. Facilita a participação em processo licitatório do governo dos EUA
o Intercâmbio e de assistência militar;
o Compra de material de defesa/acesso a equipamentos;
o Treinamentos conjuntos

Defesa Geral

 Marcos:
o Acordo de Cooperação em Defesa (a.2010) (r.2015); troca de informação, exercícios militares,
facilitar compra de equipamentos, transferência de tecnologia
o Acordo Geral sobre Proteção de Informações Militares (a.2010) (r.2015); salvaguardas
o Diálogo de Cooperação em Defesa (2012)
o Embraer venceu concorrência LAS – Light Air Support da Força Aérea dos EUA para fornecimento de
20 aviões de ataque “A-29 Super Tucano” que serão usados pela Força Aérea afegã

X. SEGURANÇA

 Envolve ilícitos transnacionais


 Foro Permanente de Segurança (FPS) (2018)
o Grupos de Trabalhos
 tráfico de drogas e de armas, delitos cibernéticos, lavagem de dinheiro e combate à
corrupção, crimes financeiros e terrorismo
 2019: I Reunião Plenária
 Antecedente
o Cooperação no contexto da realização dos megaeventos esportivos no Brasil
o Negociação de entendimentos entre as agências de segurança

EXTRA: MEIO AMBIENTE

 Antecedentes
o Declaração Conjunta sobre Mudança de Clima (2015); pré-COP21, reforço dos compromissos de
Brasil e EUA
 Iniciativa Conjunta Brasil-Estados Unidos sobre Mudança do Clima
o Uso da terra
 Práticas de baixo carbono em terras agrícolas e pastagens; pecuária é muito poluidora
o Energia limpa
o Medidas da adaptação

Governo Biden:

 EUA: ações para liderar os esforços globais sobre mudança do clima


o Volta ao Acordo de Paris
o Cúpula Global sobre Mudança Climática (abr/2021)

 Brasil
o Apresentação de NDC revisada à UNFCCC (dez.2020)
o Ratificação do Protocolo de Nagoya sobre Acesso e Repartição de Benefícios da Convenção de
Diversidade Biológica (mar.2021); biodiversidade implica recursos genéticos, são bens que devem
ser preservado. A utilização do açaí brasileiro por outro país deve ser remunerado e ser revertido
para as comunidades locais produtoras
o "Agriculture Innovation Mission for Climate (AIM-C)"; iniciativa de EUA e Emirados Árabes Unidos;
inovação tecnológica no setor agrícola para reduzir a poluição; integração lavoura-pecuária-floresta
(sequestrar o carbono)

 Reunião virtual com enviado presidencial para o clima, John Kerry (MRE e MMA)
o Possibilidades de cooperação e diálogo na área de mudança do clima e de combate ao
desmatamento

 Carta de Bolsonaro a Biden


o Renovação das credenciais de sustentabilidade do Brasil; 66% do território preservado, agricultura
ocupa espaço pequeno relativamente
o Implementação dos compromissos financeiros; UNFCCC (Convenção das Nações Unidas sobre
mudança de clima) quanto Acordo de Paris trazem mecanismos financeiros para recompensar países
que adotam políticas avançadas em temas ambientais, como o mercado de crédito de carbono
o Compromisso brasileiro de eliminar desmatamento ilegal até 2030
o Criação de oportunidades socioeconômicas; população na Amazônia é grande, não pode pregar o
fim da exploração econômica na região

Principais Mecanismos de Diálogo

 Mais de 30 mecanismos bilaterais permanentes de consulta, diálogo e concertação

 Diálogos de Nível Ministerial

o i) Diálogo de Parceria Econômica e Financeira (2007) → Reunião entre ministro da Fazenda do Brasil
e secretário do Tesouro norte americano.
o ii) Diálogo de Parceria Global (2010) → Reuniões entre ministro das Relações Exteriores e Secretário
de Estado.
o iii) Diálogo Estratégico sobre Energia (2011) → Reuniões entre o Ministério de Minas e Energia e
Departamento de Energia dos EUA.
o iv) Diálogo de Cooperação em Defesa (2012) → Reuniões entre ministro de Defesa e secretário da
Defesa.

 Diálogo de Parceria Estratégica (2019) → Reuniões entre ministro das Relações Exteriores e Secretário de
Estado. É uma novidade que ocorreu com a visita de Bolsonaro aos EUA em 2019
o Reunião inaugural: 2019
o Objetivos
 intercâmbio de opiniões e a coordenação sobre temas regionais e globais
 acompanhamento dos projetos prioritários (10 pontos); concluir negociações
 seguimento de visitas presidenciais
 identificar novas oportunidades de cooperação

 Pilares
o i. apoio à governança democrática,
o ii. promoção da prosperidade econômica e
o iii. fortalecimento da cooperação em segurança e defesa

7. União Europeia: origens, evolução histórica, estrutura e funcionamento,


situação atual, política externa e relações com o Brasil

Estruturas Europeias

Âmbitos supranacional e intergovernamental: dois âmbitos de construção, nível comunitário, que se impõe aos
estados-membros e horizontal, que ocorre entre os Estados, não sendo hierarquizado

 Supranacional:
o Nível comunitário
o Processo decisório hierarquizado

 Intergovernamental
o Negociações horizontais
o Processo decisório não hierarquizado

Tratado de Lisboa (2009)


 É a estrutura da União Europeia

Conselho Europeu

O Conselho Europeu não participa do processo legislativo da União Europeia, mas é o órgão político mais alto, pois
reúne chefes de estado e de governo e determina as principais prioridades e políticas da União Europeia, o que
baliza o trabalho da UE

 Criação: 1974
o Objetivo: proporcionar aos Chefes de Estado ou de Governo uma instância informal de debate

 Estatuto formal: 1992 (Tratado de Maastrich)

 Instituição da UE: 2009 (Tratado de Lisboa)


o Passa a ter estrutura formal com o tratado de Lisboa

 Mais alto órgão político da UE


o Em regra, por consenso.

 Intergovernamental; são 27 membros atualmente


o Presidente: Charles Michel (ex-primeiro Ministro belga) (2 ½ x 2; máximo de cinco anos)
 Representar a UE no exterior nos assuntos externos e da segurança
o Presidente da Comissão integra o Conselho Europeu

Conselho da União Europeia/Conselho dos Ministros

Pode fazer uma paralelo com o Senado, é onde os Estados estão representados; é composto por ministros de Estado
por área temática. O Parlamento Europeu é como se fosse a Câmara dos Deputados

 Intergovernamental

 Se reúnem os representantes dos governos dos Estados-Membros com competência sobre um domínio
específico.

o Justiça, Meio Ambiente, Defesa, Política Externa, Economia e Finanças, Agricultura, Educação,
Telecomunicações e etc.

 Órgão legislativo
o Em codecisão (vota) com o Parlamento Europeu

 Define e executa a política externa e de segurança da EU


o Segue orientações formuladas pelo Conselho Europeu
o Confere mandato à Comissão para negociar
o Assina, em nome da União, acordos internacionais

 Coordenação das políticas dos Estados-Membros


o Áreas não sujeitas à competência supranacional

 Presidência rotativa semestral


o Alemanha, Portugal e Eslovênia
o Desde 2007 ficou estabelecido que a presidência seria exercida em trio, pois seis meses é um
período muito curto, assim são 18 meses

Comissão Europeia
 Órgão executivo
o Interesses da União Europeia
 Participa da “Troika” – criada quando houve a crise da dívida soberana, principalmente
Grécia; meio pelo qual Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o FMI puderam
supervisionar a maneira com que a Grécia estava gerindo a sua dívida.

 Funções
o Propor projetos de lei
o Gerir o orçamento que foi previamente aprovado; escolhe os projetos
o Assegurar o cumprimento das políticas e do direito europeu (guardiã dos tratados)
o Representar a UE no exterior (assina acordos como o assinado com o Mercosul; OMC; G7; G20 etc)
 Acordos, Ois e agrupamentos.

 Formação
o Comissários: um por país (mandatos de 5 anos); espécie de ministérios
o Presidente: Ursula von der Leyen
 Dividida em direções e serviços

Parlamento Europeu

 Evolução histórica
o 1952: Assembleia Comum da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA)
o 1958: Assembleia Parlamentar Europeia
o 1962: Parlamento Europeu
o 1979: primeiras eleições diretas
o 2019: 2020-2024
o 2020: Redução de 751 para 705 parlamentares; em função do Brexit houve a redução, mas não igual,
alguns países ganharam algumas vagas
 Distribuição entre os Estados-Membros: Critério da proporcionalidade degressiva
 6 / 99; mínimo de seis e máximo de 99 por país; atenua o desequilíbrio população
(população da Alemanha é muito maior que a população de Malta)
 Organização
o Grupos Políticos
 7 Grupos
 Eleições de 2019
 Maioria Centro (45%), mas avanço tanto dos partidos liberais e verdes quanto dos
de direita e eurocéticos
o Atribuições
 Gradual aumento das atribuições como colegislador
 2009: Tratado de Lisboa
o 40 novas áreas; cobre todo o campo produtor de norma da UE
o Participação no processo de aprovação de tratados
 Fiscaliza o trabalho da Comissão
 Aprova o orçamento da EU
 Centr-esquerda = EPP e S&D

Banco Central Europeu

 Autoridade monetária da zona do euro


o 19 países-Membros
 Os 11 membros originais (1999) são: Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália,
Luxemburgo, Países Baixos e Portugal. Os últimos membros a aderirem foram: a Grécia, que aderiu à área do
euro em 2001, seguindo-se a Eslovênia em 2007, Chipre e Malta em 2008, a Eslováquia em 2009 e Estônia
em 2011, a Letônia em 2014 e, por último, a Lituânia em 2015

 Adotar critérios de convergência para poder ingressar


o Taxa de câmbio e inflação

 1998: Funcionamento
 1999: Euro como meio de pagamento eletrônico
 2002: Euro como papel-moeda.

 Eurossistema: é o banco central europeu mais os bancos centrais da zona do euro


 Sistema Europeu de Bancos Centrais: Eurossistema mais demais bancos centrais dos países da UE que não
adotam o Euro

 Reino Unido saiu, mas nunca adotou o Euro


 Em verde: Mônaco, Vaticano, San Marino, Andorra
 Em amarelo: Kosovo e Montenegro

Tribunal de Justiça da União Europeia

 Interpreta o Direito da UE
 Resolve litígios que envolvam as instituições europeias
o Envolvendo tanto empresas quanto casos trazidos pelos Estados

 Composição
o Um juiz de cada país-Membros
o 8 “advogados-gerais”
 Competências
o Pedidos de decisão a título prejudicial; significa pedir explicação da norma, quando tribunais locais
vão aplicar uma norma internamente
o Ações por incumprimento;
o Ações por omissão; contra instituições da própria UE
o Recursos de anulação; legislação nacional contrária às comunitárias
o Ações diretas; pessoas físicas jurídicas têm acesso ao tribunal

Conselho da Europa?? Não é da União Europeia

 Criação
o 1949: mais antiga instituição europeia em funcionamento

 Função
o Defesa dos direitos humanos, do desenvolvimento democrático e do Estado de Direito na Europa
 Convenção Europeia dos Direitos Humanos e o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos

 Estados-Partes
o 47 Estados, incluindo os 27 que formam a União Europeia
 Apenas Belarus está fora
 União Europeia não está presente, mas incorporou as normas de Direitos Humanos

Histórico de Integração

Por que a União Europeia foi criada?

a) Pôr termo às frequentes guerras sangrentas entre países vizinhos


b) Erigir uma alternativa de poder face ao sistema bipolar da Guerra Fria

1945 – 1959 -> UMA EUROPA PACÍFICA – INÍCIO DA COOPERAÇÃO


Antecedentes:

 1944: BENELUX
o Criar uma zona de livre comércio entre eles
 1948: Organização Europeia para Cooperação Econômica (OECE)
o Organização para gerir os recursos do Plano Marshall
 1950: Robert Schumann, ministro francês dos Negócios Estrangeiros, apresenta o seu plano para uma
cooperação aprofundada (visão kantiana). Bebe de ideias liberais
o Confederação de Estados
o O dia 9 de Maio passou a ser o "Dia da Europa"
 Dia que o projeto foi apresentado
 1951: Tratado de Paris → CECA
o Mercados de carvão e aço sob uma única organização. Indústrias estratégicas para recuperar a
Europa depois da guerra. Outra questão é colocar sob o mesmo arcabouço institucional as regiões
da Alsácia e Lorena, marcada por conflitos entre Alemanha e França. Evitar competição entre
Estados para atuar de forma cooperada
o Alemanha, a França, a Itália, a Bélgica, Luxemburgo e os Países Baixos
 Colocar as suas indústrias do carvão e do aço sob uma autoridade comum
 1952: Comunidade Europeia de Defesa
 1957: Tratado de Roma → CEE & CEEA
o Europa dos 6 (mesmos que assinaram o Tratado de Paris)
o Marco inicial do processo de integração da EU
 Atribui personalidade jurídica tanto à Comunidade Econômica Europeia quanto à
Comunidade Europeia de Energia Atômica (Euraton)
o Primeiros traços de supranacionalidade da integração e formação de um mercado comum europeu
até então limitado ao carvão e aço

1960 – 1969 -> OS ANOS 60 – UM PERÍODO DE CRESCIMENTO ECONÔMICO

 1961: construção do Muro de Berlim


 1962: Política Agrícola Comum
o Organização da produção alimentar:
 Regularizar o Preço
 Renda
 Não só trouxe autossuficiência como gerou excedentes; baseada em subsídios
 No anos 200 teve que reduzir por pressões para regularizar oferta e demanda
 1962: Parlamento Europeu
 1963: Acordo ACP
o Tratado com África, Caribe e Pacífico: ex-colônias europeias
 1967: Tratado de Fusão: CE = CEE + CEEA + CECA
 1968: Supressão total dos direitos aduaneiros
o Bens passam a fluir livremente entre os Estados
 Veto à entrada do Reino Unido
o General De Gaule veta a primeira tentativa de entrada do Reino Unido (relação próxima entre EUA e
Reino Unido).

1970 – 1979 -> UMA COMUNIDADE EM EXPANSÃO - O PRIMEIRO ALARGAMENTO

 1972: Mecanismo de Taxas de Câmbio (MTC)


o Início da coordenação em torno das políticas inflacionária e cambial que resultaria no Euro anos
depois
 1979: Sistema Monetário Europeu
 1973: Europa dos 9
o Dinamarca, Irlanda e Reino Unido
 1974: Conselho Europeu
 1974: Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER)
o Ideia de que o crescimento econômico é importante para manutenção do sistema democrático e
deve atingir toda a União Europeia para reduzir diferenças
 1975: Plano Davignon
o Relançamento da integração siderúrgica que tinha nascido com a CECA

 Redemocratizações:
o 1974: Revolução dos Cravos (Portuga) e fim da Ditadura dos Coroneis (Grécia)
o 1975: morte do General Franco

 Conferências de Lomé
o 1975 e 1979
 Realizada entre a União Europeia e suas ex-colônias

1980 – 1989 -> A FISIONOMIA DA EUROPA EM MUTAÇÃO – A QUEDA DO MURO DE BERLIM

 1981: Europa dos 10


o Grécia
 1986: Europa dos 12
o Portugal e Espanha
 1985: Tratado de Schengen
o Não é no âmbito da União Europeia, mas é importante para regular a questão da movimentação
livre de pessoas; é incorporado às normas da UE
 1986: Ato Único Europeu
o Concluir o estabelecimento do Mercado Comum em 6 anos.
 Criar condições para a livre movimentação de pessoas, capitais e bens
 Harmonizar legislações, inclusive trabalhistas e outras questões domésticas
o Criar uma união monetária e econômica
o Fortalecimento do Parlamento Europeu
 Lidar com as críticas de falta de democracia, de que as instâncias europeias são dominadas
por tecnocratas, sem relação com as demandas populares

1990 – 1999 -> UMA EUROPA SEM FRONTEIRAS

 1990: RDA integra a CEE


 1992: Tratado da União Europeia (Maastrich)
o Estabelece as bases jurídicas para a União Monetária e Econômica
 Medidas finais para consecução do projeto do Mercado Comum (jan/1993 começa a
funcionar o mercado comum)
 Concluir a união monetária (1999)

 Introdução de elementos para uma União Política (Maastrich)


o Cidadania europeia
o Fundou a União Europeia (repartição de competências)
 I. Comunidades Europeias (CECA, Comunidade Econômica Europeia e EURATOM) – pilar
supranacional
 II. Política Externa e de Segurança Comum (PESC); e – pilar intergovernamental
 III. Cooperação Polícia e Judiciária – pilar intergovernamental
 A despeito de ser intergovernamental inaugura uma política externa da União
Europeia, inclusive com atuação em missões de paz
 Maastrich é marco de mecanismo de defesa comum

 Introdução do procedimento de codecisão


o Conselho de Ministros ou Comissão Europeia e Parlamento Europeu

 1993: “lançamento” do Mercado Comum Europeu, com suas quatro liberdades

 1995: Europa dos 15


o Áustria, Finlândia e Suécia

 1997: Tratado de Amsterdã


o Reformar as instituições europeias
 consolidação dos tratados UE e CEE
o Dar mais peso à Europa no mundo
 Alto Comissário para Política Externa e Segurança Comum (PESC)
 Consagrar mais recursos ao emprego e aos direitos dos cidadãos
o Fortalecimento do Parlamento
 1997: Pacto de Estabilidade e Crescimento
o Metas macroeconômicas (fiscais)
 1998: BCE
 1999: Adoção do Euro para transações comerciais e financeiras
 O crescimento precisa ser equilibrado entre os países e a política econômica precisa ser
harmonizada
 Em 1999, congela as taxas de câmbio com o intuito de evitar guerras comerciais

2000 – 2009 -> MAIS EXPANSÃO

 2000: Incorporação da Carta de Direitos Fundamentais da UE ao corpo jurídico da União Europeia


o Nasce como instrumento jurídico não-vinculante, mas é incorporada em 2000

 2001: Tratado de Nice


o Reforma das instituições
 Alterar composição da Comissão Europeia aumentando o número de comissários
 Redefinição do Sistema de Votação do Conselho

 2002: introdução das moedas e notas em euro

 2003: missões de manutenção da paz na região dos Balcãs


o Substitui tropas da OTAN

 2004: Europa dos 25


o Estônia, Letônia, Lituânia, República Checa, Eslováquia, Eslovênia, Hungria, Polônia + Chipre e Malta.
 Fim da divisão da Europa decidida em Ialta
 Novas demandas ao processo de integração; adesão de regiões mais pobres: fundo regional
tem que ser revertido para os países mais pobres, assim como a política agrícola comum

 2004:
o Constituição Europeia
 Ordenamento jurídico com regras básicas, mas não deu certo; Holanda e França não
aceitaram em plebiscito local
 2007: Europa dos 27
o Bulgária e Romênia

 2007: Tratado de Lisboa


o aumentar a democracia, a eficácia e a transparência da EU
o entra em vigor em 2009
Situação Atual e Política Externa

Membros e Expansão Horizontal

 1957: Alemanha; Itália, França, Holanda, Bélgica e Luxemburgo;


 1973: Reino Unido, Irlanda e Dinamarca;
 1981: Grécia;
 1986: Espanha e Portugal;
 1995: Áustria, Finlândia e Suécia;
 2004: Estônia, Eslováquia, Eslovênia, Hungria, Letônia, Lituânia, Polónia e República Checa (Europa Central e
Oriental) e Chipre e Malta;
 2007: Bulgária e România.
 2013: Croácia.
 Reino Unido nunca aderiu o Euro e o Acordo de Schengen

Cenário atual

 Desafios
o Candidaturas existem, mas avançam de forma desigual

 Cinco candidaturas (foram aceitos como candidatos)


o Turquia (2005), Montenegro (2012) e Sérvia (2014).
o Macedônia do Norte (2005) e a Albânia (2014)

 Dois potenciais candidatos (ainda não são reconhecidos como candidatos)


o Bósnia e Herzegovina e Kosovo

Candidaturas Delicadas

 Montenegro: candidato mais próximo à adesão

 Sérvia: candidatura avançada


o Normalização das relações com Kosovo em 2013; houve mediação da União Europeia e está
avançando.
o Crimes de guerra

 Macedônia do Norte
o Veto grego levantado em 2019; ligado ao nome. Grécia entende que o nome não poderia ser
adotado, porque remete à Grécia antiga. Com a mudança para Macedônia do norte a Grécia para de
obstruir
o Veto francês; entende que a institucionalidade do Estado ainda é frágil, instituições precisam
fortalecer-se

 Kosovo
o Espanha, Romênia, Eslováquia, Grécia e Chipre (não reconhecem a independência declarada de
forma unilateral pelo Kosovo).
o Acordo de Estabilização e Associação entre UE e Kosovo (2014)

Política Europeia de Vizinhança (PEV)

 Inventivo à modernização econômica e à consolidação democrática


 Pressão da Rússia dificulta uma adesão ao bloco

 Parceria Oriental
o Belarus, Ucrânia, Moldávia
o Geórgia, Armênia, Azerbaijão (Cáucaso)

 Acordo de Associação entre União Europeia e Ucrânia


o Assinado em 2014; contexto de protestos e invasão russa do leste do território ucraniano

Candidaturas comprometidas ou abortadas

 Turquia (possui relações desde 1959)


o Acordo de Associação de Ancara (1963):
 União Aduaneira
o Manifestação de interesse (1987)
o Considerada elegível (1997)
o Início das negociações (2005)
o Suspensão das negociações (2010)

o Complicações
 Situação política: regime de Erdogan busca o fechamento, além da aproximação com a
Rússia
 Curdos, reconhecimento do genocídio armênio e redução das liberdades
democráticas
 Peso demográfico
 É um estado secular, mas a religião predominante é a dos muçulmanos sunitas. Por
sua população, a Turquia se tornaria o membro com o maior número de
representantes no Parlamento Europeu, o que traz um peso. A Europa não se
enxerga como de cultura muçulmana. Emborra os representantes do Parlamento
Europeu não representem os seus estados, mas todos os europeus
 Relações com Chipre
 Possui duas origens populacionais: gregos e turcos
 Golpe de estado em 1974; gregos tomam o poder. Turquia invade como reação a
parte Norte do Chipre. A divisão persiste e há uma declaração unilateral do Chipre
do norte, pouco reconhecido internacionalmente, apenas pela Turquia
 Imigração
 União Europeia quer que a Turquia funcione como um ferrolho; Turquia exige
compensação financeira
 Marrocos (1987)
o Pedido de adesão recusado
o Recebe pacote de ajuda financeira

 Noruega
o Referendos em 1972 e 1994
o População negou

 Suíça
o Referendo em 1995
o População negou

 Islândia
o Decisão em 2015
o Política Comum para Pesca da União Europeia
 Países têm cotas de pesca, ideia é evitar a competição. Islândia e Noruega têm na pesca
importante fonte de renda e não querem aderir ao sistema de cotas
o Desigualdades
o Sistema financeiro foi destruído em 2008; em 2013, partido social-democrata que pediu o ingresso
perde a eleição e é substituído por um partido de centro-direita, que não era adepto da tese
o Só poderá candidatar-se novamente se tiver apoio popular

Tratado de Lisboa

 Assinatura: 13.dez.2007
 Entrada em vigor: 1º.dez.2009

 Objetivos: tornar a UE mais democrática e eficaz e mais apta a resolver problemas em nível mundial, como
as alterações climáticas, permitindo-lhe falar a uma só voz.

 Principais mudanças

Institucional
o Uma amálgama de tratados e de emendas a tratados anteriores (consolidação de legislações)
 "Tratado da União Europeia" e "Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia “

o Cria a personalidade Jurídica da União Europeia


 Passa a poder assinar acordos

o Reconhecimento da possibilidade de um Estado Membro sair da União


 Ocorreu com o Reino Unido

o Carta dos Direitos Fundamentais da UE torna-se vinculante


 “Opt out” (optar para ficar de fora) e ressalvas (alguns pontos dos Tratados, interpretação
diferente. Ex.: aborto)
 Alguns tratados permitem que não haja adesão completa (Euro, Shengen, Cartas
Sociais etc.)
 Cardápio de direitos que os cidadãos europeus passam a ter acesso

Legislativo

o Reforço dos poderes do Parlamento Europeu


 Processo legislativo ordinário (codecisão com o Conselho da União Europeia se torna a
regra)
 Na elaboração do orçamento
 Na assinatura dos Acordos internacionais

o Introdução da iniciativa de cidadania/iniciativa popular


 Se um grupo de um milhão de pessoas apresentar um projeto à comissão europeia é
mandatório que dê início ao processo legislativo

o Alteração dos procedimentos de votação no Conselho da EU (Tratado de Nice)


 Aumento das hipóteses de votação por maioria qualificada
 Dupla maioria (55% dos Estados e 65% da população); minoria de bloqueio é
formada por 4 membros e 35% da população
o Não se aplica à política fiscal, a política externa, defesa e segurança social

o Criação do cargo de Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de


Segurança
 Fusão dos cargos de Alto Comissário da PESC (Amsterdã/97) e do Comissário Europeu para
Relações Exteriores
 Chefe do Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE);
 Vice-Presidente da Comissão Europeia
 Presidente do Conselho de Negócios Estrangeiros;
 Presidente da Agência Europeia de Defesa.

o Criação do cargo de Presidente Permanente do Conselho Europeu (maior estabilidade e ecoesão)


o Possibilidade de criação do cargo de Promotor Público Europeu
 9 Estados precisam aprovar (ainda não ocorreu)

Sistema de repartição de competências

 Em Maastricht, falava-se em pilares, jáa Lisboa a ideia é de domínios, com diversas competências

Tratado de Maastricht Tratado de Lisboa (TFUE)


Comunidades Europeias Competência Exclusiva
Política Externa e Segurança Comum Competência Partilhada
Cooperação Policial e Judiciária Competência de Apoio

 Competência Exclusiva
o Comércio, política monetária, pesca

 Competência Partilhada; reparte a competência, mas a proeminência é da UE, poderá atuar livremente
quando não houver legislação por parte da UE
o segurança e justiça, políticas sociais, PAC (política agrícola comum), energia

 Competência de Apoio; UE atua para complementar


o turismo, cultura, esporte, promoção industrial

Competências particulares

 A coordenação das políticas econômicas e de emprego (artigo 5.º do Tratado de Funcionamento da UE).
 Define e implementa a Política Externa e de Segurança Comum

Princípio para exercícios das competências

 Princípio da Atribuição
o “Cláusula de flexibilidade” (artigo 352.º do Tratado de Funcionamento da UE),

 Princípio da Proporcionalidade
o tem a ver com o sentido de necessidade. O que é necessário para atingir o objetivo.

 Princípio da Subsidiariedade
o Supervisão dos parlamentos nacionais. Relação com a competência partilhada;

Resumo do atual processo legislativo

O procedimento legislativo na UE inicia-se por projeto apresentado pela Comissão Europeia. Cada projeto é
analisado pelo Parlamento e pelo Conselho da UE e deve haver aprovação em ambos. No Conselho, a aprovação
depende da chamada dupla maioria, i.e., aprovação de 55% dos membros e que representem mais de 65% da
população da UE. Ademais, quatro Estados podem bloquear as votações. Há, porém, projetos que somente são
aprovados por unanimidade. No Parlamento, basta maioria simples.

Política Externa e de Segurança Comum (PESC) e Política Comum de Segurança e Defesa (PCSD)

PESC

 Diplomacia europeia vs. Diplomacia da União Europeia


 Há uma questão intergovernamental que está centralizado no Conselho Europeu e no
Conselho da UE. Nesse nível, a Comissão Europeia ou Tribunal de Justiça não possuem
ingerência
o Conselho Europeu e Conselho da UE
o Unanimidade
 Cláusula ponte: o Conselho autoriza a Comissão Europeia execute uma determinada política
com base em um processo de maioria qualificada, mas temas de segurança e defesa estão
excluídas

o Serviço Europeu de ação Externa (SEAE)


 Serviço diplomático da UE
 Executar as políticas externa e de segurança comum da União
 Prover estrutura para ao alto representante da UE

PCSD

 É parte da PESC, mas possui especificidades próprias


 Implementação progressiva de uma defesa europeia comum
o Cláusula de defesa/assistência mútua – país sob ataque ou ameaça, os demais países devem sair em
apoio. Essa solidariedade não pode sobrepor-se aos compromissos firmados com a OTAN ou ferir as
vontades de Estados tradicionalmente neutros
 “Tradicionalmente neutros” (Suécia, Irlanda estão fora da cláusula de solidariedade)
 OTAN

 Agência Europeia de Defesa

 Coordenação Estruturada Permanente (CEP)


o Cooperação é um campo a ser explorado e ocorre no âmbito da Agência Europeia de Defesa e a CEP

 Missões militares ou humanitárias; Maastricht já previa, mas Lisboa fortalece e aprofunda


o Conselho da UE define os objetivos e as modalidades gerais de execução das missões
 Pode delegar a missão a um específico de Estados-Membros
o Financiamento e os meios operacionais são assegurados pelos Estados-Membros
o Forças multinacionais
 EUROFOR: Espanha, França, Itália e Portugal
 EUROCORPS: Alemanha, Bélgica, Espanha, França e Luxemburgo

o Cúpula de Bratislava (2016)


 Impulso à segurança externa e à defesa
 Plano de execução em matéria de segurança e defesa
o Dar resposta aos conflitos e crises externos;
o Desenvolver as capacidades dos parceiros;
o Proteger a UE e os seus cidadãos
 Cooperação entre a UE e a OTAN

o Plano de Ação Europeu de Defesa (2016)


 Criar um Fundo Europeu de Defesa;
 Incentivar os investimentos na indústria da defesa;
 investir na indústria de defesa (para ser eficiente precisa de escala; privilegiar a
cooperação e não a competição para ganhar escala)
 Reforçar o mercado único da defesa

Eixos de Atuação

 Contribuição para a Paz


o Balcãs
o Quarteto do conflito Árabe-Israelense
o P5+1: intermediou o acordo com o Irã para restringir o programa nuclear iraniano

 Força para Segurança Global

 Está presente na Europa, Ásia e África;

Política Europeia de Vizinhança

 Acordos de Parceria e Cooperação e de Acordos de Associação


o Geralmente com um segundo país

A. Parceria Oriental (PO) - 2009

o Armênia, Azerbaijão, Belarus, Geórgia, Moldávia e Ucrânia.

B. União para o Mediterrâneo (UM)

o Substituiu a Parceria Euro-Mediterrânica (Euromed)


o Albânia, Argélia, Bósnia-Herzegovina, Egito, Israel, Jordânia, Líbano, Mauritânia, Montenegro,
Mónaco, Marrocos, Palestina, Síria, Tunísia e Turquia
 A estabilidades desses países é importante para a segurança da União Europeia

Parceiro para o Desenvolvimento

 Maior doador de ajuda para desenvolvimento

Resposta a crises e ajuda humanitária

 Maior doador de ajuda humanitária para vítimas de desastres

Parceiro da ONU

 Relação com a ONU está prevista no Tratado de Lisboa


o Itália chegou a propor que a UE deveria ter um assento em um CSNU estendido. Seria muito
complicado porque as decisões envolvendo segurança tem caráter intergovernamental. Dessa
forma, qualquer um dos 27 membros poderia bloquear qualquer ação no caso de falta de consenso

Defensor de medidas sobre mudança climática

 Tratado de Paris; UE foi um interlocutor importante na elaboração do Tratado de Paris

Bloco Comercial

 Maior bloco comercial do mundo


 Espaço Econômico Europeu (EEE)
o Junta países que quase entraram como Suíça, Islândia e Lichtenstein, que não são membros da
União, mas que adotam medidas similares e que se beneficiam e vivem em harmonia com a UE. Na
teoria, a Suíça não é membro da EEE, mas assinou diversos acordos que na prática a colocam nessa
condição. Tendo, portanto, o benefício do livre trânsito de pessoas e mercadorias.
o Noruega, Lichtenstein e Suíça formam o EFTA – Associação Europeia de Livre Comércio

Obs.: além do site da Comissão Europeia (fatos), o site da diploweb é muito bom (análise) para assuntos europeus

Autonomia Estratégica
 Poder? Integração como forma de evitar a potência de defesa; relegado a OTAN, ela faria a defesa das
fronteiras europeias
o Objetivo original da construção institucional da Europa: garantir a paz via integração
 Potência econômica e ideológica
 Potência militar e de defesa
 A ideia é se defender sem precisar depender da OTAN ou dos EUA para poder garantir a
ideia de potência econômica e ideológica

 Autonomia estratégica é um elemento do poder europeu

 Presidência Trump
o Catalisador, mas debate não é novo; remonta a 2013 (crise da Síria que teve uso de armas químicas
e EUA preferiram a via diplomática, quando a UE queria a intervenção)
 Estratégia Global para a Política Externa e de Segurança da UE

« Il s’agit de penser les termes de la souveraineté et de l’autonomie stratégique européennes, pour pouvoir penser
par nous-mêmes et non pas devenir le vassal de telle ou telle puissance et ne plus avoir notre mot à dire ».

« Sur le plan géostratégique, nous avons oublié de penser car nous pensions par le truchement de l’OTAN nos
relations géopolitiques »

« l’Europe retrouve les voies et les moyens de décider pour elle-même, de comptersur elle-même, de ne pas
dépendre des autres (…) et de pouvoir coopérer avec qui elle choisit »

Emmanuel Macron

 Implementação do conceito
o Campo Econômico
o Grau aceitável de dependência de fornecedores externos versus nível necessário de autossuficiência
de certos produtos
 quanto precisa desenvolver sua tecnologia e alimentos para não depender do exterior
(autossuficiência)
 European Battery Alliance of batteries (2017)
 European Raw Materials Alliance (2020)

o Campo da Segurança Externa


 Proteção contra ameaças externas em solo europeu; cláusula da solidariedade; ainda está
no guarda-chuva da OTAN. Quando os EUA não quiserem envolver-se a UE pode fazer por
sua conta
 Defesa “ofensiva”

o Papel da parceria transatlântica


 China
 “um parceiro de negociação, um competidor econômico e um rival sistêmico” (Ursula von
der Leyen)

 The Brussels Effect


o “Poder normativo" (Ian Manners) e “força pela norma" (Zaki Laïdi)
 Porém... "imperialismo regulatório” (Wall Street Journal)
o Soft Power; influenciar a comunidade internacional por meio de seu poder econômico

Crises
Crise do Euro

 Crise bancária nos EUA (2007-2008)

 Processo autocentrado de deterioração europeu


o Fragilidades macroeconômicas internas
 Incompletude no processo de integração econômica; a questão da dívida saiu do controle
porque os países podiam emitir títulos da dívida de forma independente
 Assimetrias estruturais

 Reação dos Estados-Membros e das instituições europeias


o Cria coordenação macroeconômica e estabelece restrições fiscais e patamar para a dívida pública.
Pode ensejar em multa de até 0,2% do PIB se não for cumprido
o Tratado sobre Estabilidade, Coordenação e Governança na União Econômica e Monetária (Pacto
Fiscal Europeu) (2010)
o Mecanismo Europeu de Estabilidade (2012)
 Criação da Troika: BCE, FMI e Comissão Europeia – avaliar os pedidos de resgate por parte
dos países; estabeleceu medidas de austeridade
o Pacto Euro Plus (2011)
o Novas autoridades europeias de supervisão financeira (2011):
 Autoridade Bancária Europeia;
 Autoridade Europeia dos Seguros e Pensões;
 Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados
 União Bancária (2012 →) complementa a união monetários; estabelece regras
comuns para o sistema bancário. Criar maior estabilidade ao sistema

o Plano Junker
 Pacote de estímulos de mais de € 1 trilhão até 2016; proporcionar liquidez

 Recorreram aos mecanismos de estabilidade financeira: Islândia, Portugal, Espanha e Grécia


Terrorismo e Crise dos Refugiados

 Ataques terroristas entre 2015 e 2018


o Estado de emergência
 Controle temporário de fronteiras

 Migração
o Síria, Iraque, Afeganistão, Líbia
o Política comum de asilo: distribuição proporcional

 Reação
o Fortalecimento da cooperação judiciária e policial
 Missão Sophia
 Missão Triton
 Força Eunavfor Med

COVID-19

 Queda do PIB; quebrou 7 anos seguidos de crescimento


o 6,4%
o 6,8%

 Reação
o Consciência sistêmica de que o patrimônio institucional da UE precisa ser resguardado
o Next Generation EU (7/2020); aumentar a integração é preciso
 € 750 bilhões; foram divididos em empréstimos e subsídios; contribuição começa em 2028 e
todos os países deverão contribuir

o Orçamento Plurianual 2021-2027


 € 1,1 trilhão; não diminuiu mesmo com a saída do Reino Unido

o Programa de recompra de ativos do Banco Central Europeu (3/2020)


 € 750 bilhões

o Recursos para empréstimos/financiamentos privados (4/2020)


 € 540 bilhões

 Teoria neofuncionalista do "spillover" / “l’engrenage” (engrenagem)


D’une communauté européenne du charbon et de l’acier, on est passé à une politique agricole commune et
à un marché commun, d’un marché commun à un marché unique et à une politique redistributive de
développement régional, d’un marché unique à une monnaie unique, d’une monnaie unique à une politique
monétaire supranationale et à présent à une dette (dívida) publique européenne. A chaque crise, l’Europe
communautaire s’est renforcée (Maxime Lefebvre)

 “Efeito catraca” « effet de cliquet »

 A União Europeia confirmou nesta crise vários princípios fundamentais da sua história.

o L’axiome de Jean Monnet : « l’Europe se fera dans les crises et sera la somme des solutions
apportées à ces crises ».

o L’axiome de Herman van Rompuy : « le choix n’est pas entre la méthode communautaire et la
méthode intergouvernementale, il est entre une solution européenne et pas de solution du tout ».

o Et l’axiome de Jacques Delors : « l’Europe, c’est la compétition qui stimule, la coopération qui
renforce, la solidarité qui unit. »

Relações com o Brasil

Primeiras Impressões

 Temor de desvio de comércio;


o Brasil viu o processo de criação do mercado único com desconfiança. Era um grande mercado para o
Brasil, mas as colônias africanas, que concorriam com o Brasil, tinham acesso privilegiado

 Eixo de conflito em questões comerciais


o Momento de criação nas relações bilaterais
 Implica Tarifa Externa Comum (TEC) conduzidas pela União Europeia
o Principal parceiro comercial do Brasil em 1987, a despeito dos irritantes. Ultrapassa os EUA

Institucional/Mecanismos de Diálogos

 1960: Estabelecimento de Relações Bilaterais


o Missão brasileira em 1961

 1980: Acordo de Cooperação entre Brasil e CEE


o Cria uma Comissão Mista como principal mecanismo de diálogo que fica valendo até 2007, quando é
criada a Cúpula Brasil-UE

 1992: Acordo-Quadro de Cooperação Brasil-Comunidades Europeias


o Logo depois de Maastricht

 2007: Cúpula Brasil-UE


o Parceria Estratégica – ocorreu em Lisboa, dá maior peso nas relações bilaterais. Diálogo constante e
institucionalizado fazendo aumentar sistemas de interesse bilateral, mas também proporcionar
maior cooperação e coordenação em termos regionais e global
 VII Cúpula: Bruxelas, 2014;

o Diálogo Político de Alto Nível Brasil-EU


 Plano de Ação Conjunta adotado na II Cúpula (2008)
 VI Reunião: Brasília, 2019
 VII Reunião: Virtual, 2020
o Crise sanitária
o Recuperação econômica
o Sustentabilidade e questões ambientais
o Diálogos/Consultas setoriais
 Direitos humanos, meio ambiente e sustentabilidade, segurança cibernética e drogas ilícitas
etc.

Comércio

 2020: não considera Reino Unido


o X: US$ 27,6 bi
o M: US$ 30,3 bi

 Ponto máximo foi em 2011


o Com o Reino Unido foi de USD 99 bilhões, sem, foi de USD 90 bilhões
 Levando em consideração o Reino Unido, o déficit começa apenas em 2013, sem o Reino Unido ocorreria em
2012
 Recentemente, está diminuindo e representa um déficit

Exportações por setor econômico


 Em amarelo são os produtos agrícolas
 Em cinza claro minérios
 Em cinza escuro manufaturados e serviços
 A pauta é diversificada

Pauta de Exportação

 O farelo de soja representa algum nível de processamento

Pauta de Importação
 Quase toda a pauta de importação é de industrializados, mas há diversificação não há dependência excessiva
de um produto

Principais destinos das exportações

 Influência de Roterdã e Antuérpia

Desafios e controvérsias
 Protecionismo agrícola: é muito difícil acessar o mercado europeu – medidas tarifárias e não-tarifárias. Há
muitas quotas
o Quotas; Entry Price System; Medidas SPS

 UE identifica o Brasil como o 7º país que mais impõe barreiras contra produtos europeus
o Report From the Commission to the Parliament and the Council on Trade and Investment Barriers

 Exclusão do SGP (2014)


o Brasil foi excluído do Sistema favorável a países em desenvolvimento

 DS472: Brazil — Certain Measures Concerning Taxation and Charges (AB, 2018)
o (i) a Lei de Informática (programa iniciado em 1991) e legislação derivada; (ii) o Programa de Apoio
ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Equipamentos para a TV Digital (PATVD); (iii) o
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (PADIS); (iv) o
programa Inclusão Digital; (v) o programa Inovar-Auto; (vi) as suspensões da cobrança de tributos
nas aquisições de insumos por "empresas predominantemente exportadoras" (PEC na sigla em
inglês); e (vii) o Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras
(RECAP).
 Considerou as sete medidas brasileiras, sob a alegação de que o país estava adotando
medidas proibidas pelas OMC. O painel foi desfavorável ao Brasil, mas o Órgão de Apelação
foi mais favorável e aceitou boa parte do argumento da defesa brasileira e muitas das
condenações foram revertidas: como PEC e RECAP, mas as políticas de estímulo à produção
doméstica foi condenada como os itens I, II, II, IV e V por exigirem componentes nacionais,
ferindo os artigos 1 e 3 do GATT. Brasil teve que alterar sua política industrial

 Salvaguardas contra produtos de aço (jan.2019-jun.2021)


o Pedido de compensação brasileiro (fev.2019)

Investimentos

 Estoques
o Em 2015, o estoque de IED da UE no Brasil chegou a € 327,1 bilhões
 48,5% da UE na América Latina
 81%% da UE no Mercosul
 Terceiro maior destino de IED extra-EU
o Perde apenas para Suíça e EUA

 Fluxos (2006-2015)
o 1ª posição na América Latina
o 1ª posição entre os países do BRICS, com exceção de 2012 – China com Hong Kong

 Entre 2006-2015
o Atividades econômicas: pauta de alto valor agregado
 Manufatura (51,1%);
 TIC e infraestrutura de internet (16,2%)
 Serviços de negócios (9,9%)

 Empregos
o 278 mil empregos
 Automotivo, metais e comunicações

 Investimentos do Brasil na UE
o Estoques:
 EUR 127,6 bilhões
 Brasil foi a quinta origem mundial fora da União Europeia
 2006-2015

https://www.mzv.cz/file/2573046/mapa_de_investimentos_brasil_ue_versao_portugues_final_1.pdf

https://ec.europa.eu/trade/policy/countries-and-regions/countries/brazil/

Ciência, Tecnologia e Inovação

 Acordo de Cooperação Científica e Tecnológica


o É de 2004, é renovado a cada 5 anos, a última renovação foi em 2018

 9ª Reunião do Comitê Diretivo de Cooperação Científica e Tecnológica Brasil-União Europeia (2019)


o Avalia as prioridades da cooperação bilateral em ciência, tecnologia e inovação
o Supervisiona as atividades de cooperação
o Perspectivas do futuro da cooperação
 “Horizonte Europa” (2021-2027)
 Faz parte do plano plurianual europeu

 Acordo de Cooperação entre o Brasil e a Comunidade Europeia de Energia Atômica (EURATOM)


o Joint European Torus (JET).
 Brasil tem acesso à tecnologia

Meio Ambiente

 Diálogo entre Ministro do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles, e o Comissário do Meio Ambiente da EU,
Virginijus (jul.2020)

 8º Diálogo Político de Alto Nível União Europeia-Brasil sobre a Dimensão Ambiental do Desenvolvimento
Sustentável (out.2020)
o Biodiversidade, bioeconomia, gestão sustentável dos recursos naturais, florestas e seus desafios;
o Economia circular, no contexto de padrões de produção e consumo sustentáveis, e eficiência de
recursos e
o Cooperação bilateral em água e saneamento básico

 Diálogo com Embaixadores da UE no Brasil: crescimento, sustentabilidade e políticas públicas (out.2020)


o Apresentar a política econômica do Brasil em contexto de crise e de recuperação da economia:
concessões, credenciais do agronegócio brasileiro; embaixadores da união mostraram o que a
Europa estava fazendo

 European Green Deal


o Plano dedicado às políticas de mitigação e de adaptação
 Emissões líquidas zero até 2050
o Iniciativas e estratégias.
 Farm-to-fork
 Estratégia de Biodiversidade
 Ambas trazem elementos e metas que impactam a cadeia de produção alimentar

 Preocupação com “vazamento de carbono”, com o “desmatamento importado” e com “competição desleal”.
o Due dilligence
 Exige do setor privado europeu que os produtos importados sejam sustentáveis
o Carbon Border Adjustment Mechanism
 Aplica-se a bens industriais e está relacionado a sobretaxa no caso de emissão de carbonos.
È questionado pela OMC, não tem base jurídica para ser adotado

 Redução de antibióticos, pesticidas, fertilizantes e aumento da agricultura orgânica


 Reduzir o uso da terra para fins agrícolas em 10%
 Não quer importar carbono

Negociações MERCOSUL e UE e Reuniões Regionais

Antecedentes

 Acordo de Cooperação Interinstitucional (1992)

 Acordo Quadro Inter-regional de Cooperação UE-MERCOSUL (1995)

 Comitê de Negociações Birregional UE-MERCOSUL - CNB (1999)


o Objetivo: Acordo de Associação Inter-Regional
 Pilar Político – relações internacionais (meio ambiente, desenvolvimento etc)
 Pilar Comercial – livre comércio
 Pilar de Cooperação – cooperação técnica

Negociações

 Até 2004: 16 Reunião do CNB

 2010: Retomada das negociações


o Tomada em reunião de cúpula

 Dificuldades
o Valor estratégico para EU
 Quando as discussões iniciaram, estava em debate a questão da Alca. UE tinha receio de
ficar com acesso desprivilegiado se comparado com o que os EUA teriam. Com o fim da
possibilidade de instalação da Alca a UE perde o ímpeto em fechar um acordo
o União Aduaneira Imperfeita
 Limita muito as ofertas do Mercosul
o Estruturas produtivas/Protecionismo agrícola
 Mercosul é potência no agronegócio, está com a indústria encolhendo e os serviços são
razoavelmente competitivos
 Setor agrícola europeu é fortemente subsidiado e os setores industrial e de serviços são
muito competitivos; mercados locais não querem enfrentar a competição

 2019: Conclusão das negociações


Rumo à ratificação

 Revisão legal
o Não é de âmbito comercial, mas legal

 Críticas do Parlamento Europeu e dos Estados Membros


o “não aceitarão o acordo em sua presente forma”
o França, Áustria e Bélgica; têm interesse na questão da política agrícola internamente e ameaçam não
ratificar o acordo. Estão preocupados com as exportações brasileiras

 MERCOSUL
o Não cogita renegociar ou reabrir o acordo
 Equilíbrio negociador – se aumentar eventuais compromissos o equilíbrio seria rompido
(europeus querem regras mais estritas na questão ambiental e social). Mercosul afirma que
as negociações ocorreram no âmbito da Comissão Europeia e os países tinham acesso ao
que era discutido. Portanto, vê a atitude de alguns países europeus como medida
protecionista
 Compromissos mais avançados sobre desenvolvimento sustentável – poucos acordos da UE
são tão avançados
 Compromissos internacionais na área do meio ambiente: foram reafirmados
 Diálogo e cooperação
 Princípio da precaução – uma das partes do acordo pode adotar medidas destinadas
à proteção ainda antes de haver comprovação técnica ou científica
 Magnitude do que foi negociado
 Mercosul e UE representam 25% do PIB global – muitas oportunidades de negócio
que podem ser impulsionadas

Obs.: o silogismo europeu é o de que o Brasil irá exportar mais carne e alimentos, que são fruto de desmatamento e
de incremento da emissão de poluentes. Para o Brasil, a expansão se dá majoritariamente pelo aumento da
produtividade e por razão tecnológica e não por aumento da área plantada. Pelo contrário, havia área degradada e
foi recuperada por uma produção sustentável; a ideia de quotas foi replicada, não haverá um crescimento muito
expressivo. Legislação ambiental brasileira é muito avançada, com obrigação de preservação em área de
propriedade privada sem indenização por isso. 66% do território é de vegetação nativa. Muito associado à guerra de
imagens; Verdes cresceram no parlamento Europeu

Outras Cúpulas com a UE

 Diálogo com América Latina


o Anos 1980:
 Grupos de Contadora e de Apoio à Contadora (1984)
 Grupo do Rio (1986)
 Expande a cooperação e o diálogo

 Anos 1990
o I Reunião Ministerial UE-Grupo do Rio
o I Cúpula UE-AL/C
 Rio de Janeiro (1999), Madri (2002), Guadalajara (2004), Viena (2006), Lima (2008) e Madri
(2010)
 Retomada da negociação UE- Mercosul se deu depois dessa Cúpula

 Anos 2010
o I e II Cúpula CELAC-UE
 II Reunião de MREs da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos e da EU
(2018)
 Foi a última grande reunião

 Anos 2020
o Reunião Ministerial América Latina e Caribe – União Europeia
 Painel temático III: Aliança Digital/ Cooperação Digital
 Chanceler brasileiro participou; pode servir como cooperação
 Sistema global precisará ser seguro; crimes cibernéticos, proteção de dados

Cúpulas Ibero-Americanas (Portugal, Espanha e Andorra)

 Secretaria Geral Ibero-americana (Acordo de Santa Cruz de la Sierra, 2004)

 Reunião Extraordinária de Chanceleres da Conferência Ibero-Americana (nov.2020)

 XXVII Cúpula ocorreu em Andorra (abr.2021)


o Tema foi “Inovação para o Desenvolvimento Sustentável - Objetivo 2030". Ibero-América face ao
desafio do coronavírus”

8. Rússia: política externa e relações com o Brasil

Conceitos e questões fundamentais

Um gigante geográfico – A Federação Russa em alguns números

 Área: 17,1 milhões de km² (1º do mundo).


 População: 146,1 milhões (143,7 mi sem a Crimeia).
 Fusos horários: 11 (onze).
 Entes federativos: 85 (83 sem a Crimeia), em seis classificações distintas.

Conceitos e objetivos centrais

 Documento-base: Foreign Policy Concept of the Russian Federation (2016)

https://www.mid.ru/en/foreign_policy/official_documents/-/asset_publisher/CptICkB6BZ29/content/id/2542248

 Objetivos: segurança nacional, soberania e integridade territorial (complexidade administrativa); defesa do


estado de direito e democracia (segundo conceito russo); criar ambiente externo favorável ao
desenvolvimento nacional; recuperar a condição de potência em um mundo multipolar (legado do Império
Russo e da URSS; país se vê como força reemergente, não como emergente); proteção de russos étnicos em
países ex-soviéticos; promoção do idioma e da cultura russa; definição e defesa de sua identidade nacional
(clivagem entre eurasianistas e ocidentais); fortalecer veículos de comunicação (RT e Sputnik) russos e
disseminar visões russas à comunidade internacional

 Atributos: geografia (território extenso, acesso a águas frias (ártico) e quentes (Mar Negro)); energia (maior
produtor e exportador mundial de gás; maior produtor e segundo maior exportador de petróleo); arsenal
nuclear (em termos quantitativos é o maior arsenal do mundo, mais de 6 mil); poder de veto no Conselho de
Segurança; capacidade de articulação diplomática (multilateralismo via ONU e multipolaridade via
agrupamentos como BRICS, G-20, OCX e RIC). O primeiro é uma institucionalidade, o segundo não.

 Questões estruturais: tensão inerente a um Estado centralizador em um território vasto; cultura política
patrimonialista; a “ditadura da lei” de Putin; capitalismo de Estado em uma democracia não liberal.

 Impacto traumático da década de 1990: caos pós-dissolução soviética, divisão de estatais entre oligarcas,
crise financeira de 1998, guerras separatistas (Chechênia e Daguestão)

Despertar do gigante após a hibernação

 O Urso do Norte: com a dissolução da URSS, a superpotência hibernou, mas tendo despertado, buscará
retomar o lugar que julga merecer na nova ordem global.

Desafios e tensões contemporâneas

 Crise demográfica: de 1992 a 2008, população cai de 148 para 142 milhões. Em 2006, leis facilitam imigração
de russos étnicos. Crescimento tímido desde 2008 (desde 2014, estatísticas incluem a Crimeia, com cerca de
3 milhões); em 2018, declínio de volta – hoje são 146 milhões. A disparidade entre sexos é grande (86
homens para 100 mulheres; homens vivem em média 10 anos a menos – 66,5 contra 76,4; alcoolismo,
violência).

 Economia pouco diversificada: alta dependência de recursos energéticos (em 2019, 24% do PIB e 62% das
exportações); União Europeia é destino relevante (recente aumento da China); após crises em 2008 e 2014-
16, ensaio de recuperação.

 Tensões domésticas: guerras secessionistas envolvendo a Chechênia, Daguestão e Inguchétia; presença de


extremistas domésticos islâmicos gera temores (Cáucaso e Ásia Central)

Poder Energético - A diplomacia dos gasodutos para a Europa

Rússia depende da UE e vice-versa (interdependência)

 Soyuz/Brotherhood (1973/1984): Rússia-Europa Central via Ucrânia; impacto das crises entre russos e
ucranianos; Rússia busca alternativas desde 2019, para não depender da Ucrânia.

 Yamal-Europe (1997): Rússia-Belarus-Polônia; primeiro gasoduto russo pós-Guerra Fria.

 Nord Stream (2011) e Nord Stream 2 (previsto para 2021): gasodutos entre Rússia e Alemanha.

 TurkStream (2020): Rússia-Turquia; sucedeu o malogrado projeto South Stream; projetos de conexão para
Grécia e Bulgária
Relações bilaterais e regionais

Prioridades e dinâmicas com países e grupos

Rússia – China

Convergência sem aliança formal

 Visão oficial: parceria com base em confiança mútua e cooperação estratégica crescente em todas as áreas;
países veem a adoção de posições similares diante de temas da agenda multilateral como base para
estabilidade regional e global. Aprofundamento da relação suplementa a integração da Eurásia e estabiliza o
sistema internacional.

 Multipolaridade: BRICS é o maior exemplo, mas há iniciativas como a OCX (Rússia e China) e o RIC (fórum de
cooperação trilateral que também inclui a Índia)

 Conselho de Segurança: frequente concertação em contraponto a o P-3 de EUA, França e Reino Unido;
convergência de posições sobre temas como terrorismo, separatismo e extremismo; países também
alinhados quanto a tecnologias da informação (proteção da informação).

Investimentos e cooperação regional

 Investimentos/energia: China é a maior parceira comercial da Rússia [corrente de USD 108 bi (2020),
superávit chinês]. Rússia exporta petroquímicos e minérios: aprofundamento da parceria energética,
expansão do fornecimento de gás por 30 anos e gasoduto (Power of Siberia) funcionando a partir de 2019,
eleva cooperação energética a um novo nível.

 Concertação regional: por meio da OCX, países buscam estabilizar a Ásia Central, para viabilizar o
desenvolvimento da região (inclusive por meio da Rota da Seda); há coordenação de ações entre a UEE e a
Nova Rota da Seda, que pode acelerar o progresso entre os países envolvidos. Concertação para um Plano
de Ação sobre a Península Coreana (Rússia está a 50 Km da Coreia do norte (Vladivostok)

Disputas e potenciais obstáculos

 Questões de fronteira: cerca de 4.200 km de fronteira; acordo de demarcação em 1994 dirimiu dúvidas
acerca do pequeno trecho da fronteira entre os países (entre Cazaquistão e Mongólia); última pendência
resolvida em 2008. (não há mais pendências territoriais)

 Assimetria econômica: PIB chinês equivale a sete Rússias; implicações de ordem material (orçamento militar
três vezes maior, por exemplo), como a Nova Rota da Seda (incursão sobre a Ásia Central; esfera de
influência russa, pode ser uma ameaça para os russos o avanço chinês) e projetos chineses no Ártico, ainda
que Moscou seja um aliado geopolítico e estratégico central para Pequim.

 Dilema migratório: presença chinesa no pouco povoado Extremo Leste russo cria temores (ainda que o
envelhecimento tenha reduzido a presença recentemente). Receio de pleito por secessões. Estão
retornando para a China.

Rússia – Índia

Parceria estratégica tradicional

 Visão oficial: prioridades compartilhadas em política externa, laços históricos e confiança mútua; cooperação
multilateral e busca de aprofundamento bilateral, sobretudo comércio, economia e programas de
cooperação.

 Marcos históricos: relação desde a URSS (visita de Khrushchev em 1955; Tratado de Amizade e Cooperação
de 1971); conexão com contenção da China por Moscou à época.

 Relações políticas: Parceria Estratégica (2000), cúpulas anuais; no multilateral, Rússia apoia Índia no CSNU e
deu apoio à acessão do país à OCX; também apoia a Índia no Grupo de Supridores Nucleares (NSG) e na
APEC (Ásia-Pacífico, apesar de a Índia não ser do Pacífico).

Cooperação em temas diversos

 Segurança e defesa: Rússia é principal fornecedor de armas convencionais à Índia, além de joint-ventures
para construção de helicópteros e navios de guerra; países conduzem exercícios militares e navais conjuntos;
em 2018, Índia adquire sistema S-400 de defesa antiaérea, mesmo diante de ameaças de sanções dos EUA.
Cooperação no setor aeroespacial, como na construção de aviões de caça. Em 2020, Conferência Russo-
Indiana de Indústrias de Defesa.

 Energia: acordos para expansão do comércio energético, incluindo gás, petróleo e energia nuclear; acordo
(2008) para construção de mais de 20 reatores na Índia.

 Interesses regionais: estabilização da Ásia Central (Paquistão) e do Oriente Médio

Rússia – Japão

Conflitos e divergências ao longo da história

 Visão oficial: busca relações amistosas e cooperação com vistas a garantir segurança e estabilidade na região
da Ásia-Pacifico.

 Histórico de conflitos: Guerra Russo-Japonesa (1904-05) com vitória japonesa e II Guerra Mundial (1939-
1945); nunca houve tratado de paz (Declaração Conjunta de 1956 deu fim ao estado de guerra); disputa
pelas Ilhas Curilas do Sul, anexadas pela URSS em 1945, segue. É interessante para os russos para acesso ao
Pacífico por águas quentes. Rússia propôs divir, mas o Japão negou.

 Pós-Guerra Fria: Rússia tenta diálogo na década de 1990, mas sanções japonesas após o episódio da Crimeia
(2014) esfriam relação. Nova tentativa de retomada: negociações para gasoduto, MdE de cooperação e
retomada das negociações para a formalização do tratado de paz da II Guerra Mundial
Rússia – EUA

Discurso oficial e deterioração recente

 Visão oficial: busca relações mutuamente benéficas; consideração da grande responsabilidade dos dois
países na manutenção da estabilidade e da segurança internacional, e do potencial para comércio,
investimentos e cooperação bilateral em outros assuntos. Diálogo deve ser conduzido de forma previsível e
respeitosa (governo Trump não era previsível); Rússia não reconhece políticas de jurisdição extraterritorial
aplicadas pelos EUA, que desrespeitam o direito internacional (aplicar leis em outros territórios).

 Deterioração bilateral: em 1999, bombardeio da OTAN na Iugoslávia inicia processo de desgaste, agravado
em 2014 com a crise ucraniana e as diferenças na Guerra da Síria; acusações de interferência russa nas
eleições de 2016 e de 2020. Eleição de Joe Biden aumenta incertezas (declarações e histórico de Biden).

Relações políticas bilaterais

 Mecanismos bilaterais: com Trump, busca de diálogo político (em 2018, cúpula com Putin em Helsinque,
criticada pelo Parlamento); porém, crise doméstica nos EUA torna erráticas as ações de Trump, que alterna
críticas contra os russos a acenos como o convite para o G-7 em 2020.

 Desarmamento: tensão bilateral após denúncia do Tratado INF (mísseis nucleares de alcance intermediário)
pelos EUA em 2019; Moscou produz mais mísseis e os EUA adotam doutrina nuclear mais assertiva; por
outro lado, em janeiro de 2021 é definida a prorrogação do Novo START até fevereiro de 2026.

Relações políticas – foros multilaterais

 ONU/CSNU: Rússia apoiou invasão do Afeganistão em 2001 (terrorismo islâmico é tema central para Putin);
em 2003, embora contra operações dos EUA no Iraque, Rússia não vetou resolução; em 2014, Rússia veta
resolução dos EUA que declara ilegal o referendo da Crimeia;

 Outras instâncias: EUA apoia acessão russa à OMC; Trump se reúne informalmente com Putin em cúpula da
APEC (2017).

 Cooperação aeroespacial: colaboração entre a Sociedade Planetária (ONG dos EUA) e a Rússia (Cosmos 1,
2005); astronautas dos EUA e cosmonautas russos na ISS (Estação Espacial Internacional), cooperação que
envolve NASA e Roscosmos

Tensões e diferenças substanciais

 Europa e Leste Europeu: impacto da OTAN; EUA instala sistema antimísseis na Polônia e radares na
República Tcheca (2008); no mesmo ano, a relação piora após guerra russa contra a Geórgia (houve vitória
rápida da Rússia, mas os EUA deram apoio à Geórgia); interregno cooperativo (2009-14) com OTAN, mas
nova escalada de tensões desde a questão envolvendo a anexação da Crimeia. Apoio dos EUA à expansão da
OTAN (Montenegro em 2017 e Macedônia do Norte em 2020), além de contingente militar adicional na
Romênia, Bulgária e Polônia; tentativa da OTAN de atrair Ucrânia e Geórgia é motivo de duras críticas de
Moscou; EUA buscam exportar gás natural para a Europa (relação com sanções contra Nord Stream 2);

 Oriente Médio: na Síria, divergências sobre controle de armas químicas (questão central do conflito); crise
em 2018 após bombardeio dos EUA com mortes russas; por outro lado, há tentativa de cooperação na
negociação da paz (Processo de Astana); Rússia atua com EUA na negociação do acordo nuclear iraniano –
JCPoA (2015).
 América Latina: relação bilateral para a região marcada por reiteradas críticas de Washington ao apoio russo
ao regime de Nicolás Maduro, que inclui contingentes militares e paramilitares apoiados por Moscou na
Venezuela.

Atritos e tensões constantes

 Espionagem e acusações de interferência: pivô de escândalo de espionagem dos EUA, Edward Snowden
recebeu asilo político em Moscou, onde está desde 2013; em 2016, acusações de interferência de Moscou
nas eleições presidenciais, pró-Trump; em 2016, EUA expulsam diplomatas russos, e Rússia retalia no ano
seguinte. Em março de 2021, revelada nova acusação de interferência eleitoral.

 Sanções dos EUA: em 2012, sanções a cidadãos russos, Rússia retalia; sanções em 2014 (Crimeia) e
suspensão da participação russa no G-8; em 2015, expansão das sanções após intervenção russa na Síria;
sanções após envenenamento de Sergei Skripal (agente duplo que estava no Reino Unido) em 2018; em
2019, os EUA sancionam empresas envolvidas na construção do gasoduto russo-alemão Nord Stream 2

Perspectivas com Joe Biden

 Histórico: no Senado, Biden foi autor de resoluções contra ações militares russas em seu entorno; em 2018,
em artigo para a revista Foreign Affairs, afirmou que a Rússia era um “Estado populista-nacionalista
cleptocrático, que via na democracia ocidental uma ameaça existencial”.

 Tensões e acenos: possibilidade de avanço russo sobre o Donbass (2021); por outro lado, Biden é visto como
um interlocutor mais confiável e pragmático do que Trump.

 Primeiras ações: Biden e Putin prorrogam Novo START (limitação de armas nucleares) até 2026; governo dos
EUA condena violações de direitos humanos pela Rússia (prisão de Alexei Navalny, ativista e dissidente) e
impõe novas sanções a autoridades russas; possibilidade de novas sanções após episódio de espionagem
cibernética (SolarWinds, 2020); relatório da inteligência dos EUA, em março de 2021, é revelado e confirma
que Irã e Rússia tentaram interferir nas eleições presidenciais de 2020. Em abril, Biden propõe uma cúpula
com Putin para discutir assuntos de interesse mútuo

Rússia – União Europeia

Fundamentos e evolução

 Visão oficial: parceiro político, econômico e comercial (gás) relevante; interesse em cooperação com base na
igualdade e no respeito aos interesses de cada parte. A Rússia percebe a UE como parte do problema
sistêmico vivido pela Europa dos últimos anos, ao lado da OTAN (expansão geopolítica vista como ameaça).
o Estônia, Letônia e Lituânia (Bálticos); Estônia é central na OTAN

 Evolução política e diplomática: Acordo de Parceria e Cooperação (2004); Parceria Estratégica (2011, mas
cúpulas suspensas desde 2014).

 UE no espaço pós-soviético: Rússia cria UEE – União Econômica Euroasiática (2014) e tenta convencer
vizinhos a aderir, e cessar diálogos com a UE. Moldova e Geórgia ignoram e se aproximam do bloco
comunitário; Ucrânia se afasta de europeus, o que levaria a grave crise

Interdependência e desgaste de relações

 Impacto da crise ucraniana (2014): UE impõe sanções à Rússia, que adota contramedidas agrícolas; russos
voltam-se à China (Power of Siberia, OCX, por exemplo).
 Clivagem interna entre países da UE: entre os países de postura mais moderada estão Alemanha, França e
Itália; o bloco reticente inclui Polônia, Romênia e os três países do Báltico (Estônia, Letônia e Lituânia), estes
com minorias russas.

 Interdependência econômica: UE depende do gás natural russo; por outro lado, UE é um grande parceiro
comercial da Rússia (mas há crescimento recente da China, como parte dos esforços russos de reduzir a
dependência ocidental)
o Alemanha depende do gás russo

Rússia – países europeus

Dinâmicas bilaterais distintas

 Visão oficial: aprofundar relações bilaterais com França, Alemanha, Itália, Espanha e outros países europeus,
promovendo interesses nacionais russos.

 Alemanha: herança histórica; grande parceiro na UE; comércio e investimentos; diálogo fluido entre Merkel
e Putin; mediação em crises; gasoduto Nord Stream 2.

 França: mediação em crises ao lado da Alemanha (Geórgia e Ucrânia); cooperação contra o Estado Islâmico
(ataque conjunto, apesar de OTAN).

 Reino Unido: tensões sérias; envenenamento de Litvinenko e Skripal; discordância acerca de Ucrânia e Síria;
asilo a dissidentes russos.

Rússia – Oriente Médio/Árabes

Relações no Oriente Médio e no Norte da África

 Visão oficial: busca ajudar a estabilizar a região, reprimindo o terrorismo e respeitando integridade e
soberania territoriais. Rússia é o único país a ter boas relações com todas as partes na região, apesar das
rivalidades entre si. Ceticismo com Primavera Árabe.

O Amigo de todos na região

 Diálogo com “inimigos” do Ocidente: na Líbia, apoiou o grupo de Tobruk (e não o de Trípoli); na Síria,
mantém apoio a regime de Assad; relações com Irã (cooperação militar, reatores nucleares – caráter
pacífico) se estreitam à medida que tensões entre Washington e Teerã se exacerbam; cooperação em
inteligência com o Iraque.

 Relação com aliados do Ocidente: tentativa de aproximação com Israel (encontro entre Putin e Netanyahu
em 2019), mas hoje há um equilíbrio frágil, por conta de relações russas com Irã e Turquia (ambos hostis a
Israel); com a Turquia, superada a crise de 2015-16, cooperação se aprofunda (militar e nuclear); relações
cordiais e em evolução com Egito e Arábia Saudita (relações cordeais em evolução)

Rússia - África

Aproximação e cooperação recente

 Busca de interação multidimensional: Rússia busca ir além de temas de segurança e terrorismo. Objetivo de
expandir relações com países africanos em estruturas bilaterais e multilaterais; estreitamento de laços
econômicos e comerciais, além de iniciativas de cooperação guiadas por interesses mútuos; aproximação
com a União Africana e organizações sub-regionais.

 Cúpula Rússia-África: primeira edição em 2019. Cerca de 50 acordos comerciais foram assinados em Fórum
Econômico realizado em paralelo à Cúpula. Estabelecimento do Fórum de Parceria Rússia-África
O espaço pós-soviético

Rússia e seu “exterior próximo”

 Visão oficial: cooperação bilateral e multilateral com países do espaço pós-soviético (sobretudo membros da
CEI); integração mais profunda com Belarus (união estatal – há soberania, mas atuam em conjunto na
formulação de diversas políticas. Diante da diferença de poder, Belarus costuma submeter-se); maior
integração dentro da UEE (Armênia, Belarus, Cazaquistão e Quirguistão); no campo da integração militar,
concepção da OTSC (Organização do tratado de Segurança Coletiva) como foro adequado para enfrentar
desafios atuais (contraponto à OTAN); busca de resolução do conflito com a Ucrânia (mas tensões recentes);
busca de solução política e diplomática para conflitos entre países ex-soviéticos (no caso da Geórgia, busca
da normalização “em áreas de interesse recíproco”); cooperação com países do Mar Negro (BSEC) e do Mar
Cáspio (Cúpula do Cáspio, discussões para institucionalizar a cooperação)

 As 15 antigas repúblicas soviéticas.

 Bálticos: Estônia, Letônia e Lituânia. (Azul no mapa)

 Ásia Central: Cazaquistão, Turcomenistão, Tajiquistão, Uzbequistão e Quirguistão. (verde) há proximidade


cultural relativa. Tajiquistão (influência do Irã, são persas); Turcomenistão (influência da Turquia)

 Cáucaso: Armênia, Geórgia e Azerbaijão. (rosa)

 Europa Oriental: Belarus, Moldova (etnia romena) e Ucrânia. (amarelo)

Prioridades no “exterior próximo”

 Prioridades da Rússia: região concebida como “esfera de influência” russa (noção de “exterior próximo”);
proteção dos russos étnicos fora do país (securitização do tema (Escola de Copenhagen); Moscou estima em
30 milhões contingente russo no exterior), sobretudo Ucrânia (Crimeia - é considerada russa - e Donbass),
Cazaquistão (norte), Belarus, Uzbequistão e países do Báltico (em declínio, políticas adotadas pera expulsar o
russo étnico, com a supressão da língua russa; Estônia tem proximidade com Finlândia). Tentativa de manter
a hegemonia geopolítica explica envolvimento em disputas territoriais, além da presença de bases militares
e missões de paz russas na região.

 Ameaças na ótica russa: avanço da OTAN ao leste; apoio do Ocidente às “revoluções coloridas” (laranja na
Ucrânia, mas houve outras na região); instabilidade na Ásia Central (sobretudo Afeganistão); crime
organizado, terrorismo e separatismos (seguindo exemplo da tentativa chechena).
Organizações regionais

Institucionalização do espaço pós-soviético

 Trama complexa: à direita, diagrama de Euler indica as relações entre as várias organizações supranacionais
dentro do espaço pós-soviético, incluindo mesmo os Estados não reconhecidos.

 Exceção neutra: o Turcomenistão, após deixar a CEI em 2005 (hoje é membro associado), optou por
permanecer fora de quaisquer organizações da região.

 União estatal com Belarus


 União Econômica Euroasiática com Armênia, Quirguistão e Cazaquistão
 Organização do tratado de Segurança Coletiva inclui o Tajiquistão,
 Comunidade de Estados Independentes com Azerbaijão, Moldova e Uzbequistão; área de livre comércio da
CEI abrange a Ucrânia, mas não aderiu à CEI oficialmente. Ao mesmo tempo, o Azerbaijão não integra a área
de livre comércio
 GUAM – acrônimo de Geórgia, Ucrânia, Azerbaijão e Moldova; são países que buscam contrabalançar a
influência russa na região
 Assembleia Báltica, que envolve Estônia, Lituânia e Letônia
 Comunidade para a democracia e direitos das nações, que envolve Abkhazia, Ossetia do Sul, Transnistria e
Artsakh; movimentos separatistas que possuem certa autonomia na região
 Turcomenistão está isolado que optou por permanecer de fora, permanecendo neutros oficialmente

Comunidade de Estados Independentes (CEI)

 Origem: formada em 1991, concebida como, na prática, organização sucessora da URSS, porém, hoje apenas
nove membros (Estônia, Letônia e Lituânia nunca aderiram; Geórgia saiu em 2008; Ucrânia e Turcomenistão
nunca ratificaram, jamais tendo sido efetivos).

 Objetivos: cooperação econômica e política; coordenação comercial, financeira, judicial e em segurança.


Integração monetária e militar foram deixadas de lado (temas foram encampados por outras organizações –
UEE (integração monetária) e OTSC (integração militar), respectivamente).

 Estrutura da CEI: Secretaria Executiva, Assembleia Parlamentar; Conselho de Ministros de Defesa; área de
livre comércio (integração comercial - CISFTA); em 1993, forças de paz da Rússia no Tajiquistão em contexto
de instabilidade política.

União Econômica Eurasiática (UEE)


 Origem: criada em 2015, hoje com cinco membros (Rússia, Armênia, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão).
Integração econômica, sucede a EurAsEc (2000-2014, sob a égide da CEI). Cuba, Moldova e Uzbequistão
observadores (Uzbequistão em processo de adesão).

 Estrutura: união econômica em formação, inspirada na União Europeia (Conselho Econômico Eurasiático
Supremo, com Chefes de Estado; Comissão Econômica Eurasiática, órgão executivo dividido em Conselho e
Colegiado; Tribunal da UEE; ideia de Parlamento em discussão). Espaço Econômico Eurasiático (mercado
comum) e Banco de Desenvolvimento Eurasiático (infraestrutura).

 MERCOSUL: memorando (2018) lança negociações para acordo comercial; incipiente

Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC)

 Origem: estabelecida em 2002, origem em 1992 (Forças Armadas Unidas da CEI); é aliança militar e tratado
de defesa recíproca. Seis membros (Armênia, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tajiquistão); Sérvia
e Afeganistão observadores.

 Atividades: abstenção do uso ou da ameaça de uso da força, mas agressão contra um membro pode ser
percebida como agressão contra todos. Exercícios militares conjuntos anuais; integração de indústrias de
defesa; Força Coletiva de Resposta Rápida criada em 2009 para reduzir a possibilidade de ações da OTAN na
região. OTSC é organização observadora na Assembleia-Geral das Nações Unidas

Org. de Cooperação Econômica do Mar Negro (BSEC)

 Origem: A BSEC foi criada em 2002; origem na Declaração do Bósforo (1992) e no Secretariado Permanente
(Istambul, 1994). Membros: Albânia, Armênia, Azerbaijão, Bulgária, Geórgia, Grécia, Macedônia do Norte,
Moldova, Romênia, Rússia, Sérvia, Turquia e Ucrânia. Membros não precisam ser banhados pelo Mar Negro
(acesso pode ser por rios, caso da Sérvia).

 Objetivos e Estrutura: foco econômico e político; cooperação, paz e estabilidade na região do Mar Negro.
Cúpulas a cada cinco anos; Conselho de Ministros de Relações Exteriores (órgão decisório, reuniões
semestrais); Conselho de Ministros (reuniões para buscar consenso em temas específicos); outros órgãos
subsidiários. Incentivo a pequenas e médias empresas e ao empreendedorismo é faceta relevante

Contrapontos à influência regional da Rússia

 GUAM: Organização GUAM para Democracia e Desenvolvimento Econômico (2001). GUAM: Geórgia,
Ucrânia, Azerbaijão, Moldova. Grupo de países pós-soviéticos que busca contrabalancear a influência russa.
Uzbequistão saiu em 2005. Concertação diplomática e apoio recíproco na aproximação com o restante da
Europa.

 Assembleia Báltica: criada em 1990, reúne Estônia, Letônia e Lituânia. Cooperação intergovernamental e
busca de posições consensuais em temas internacionais (decisões não são vinculantes). Conselho de
Ministros; políticas comuns sobre economia, educação e tecnologia da informação; convergência de
legislações com o arcabouço da União Europeia; cooperação com Benelux e Conselho Nórdico

Política voltada aos polos


Rússia e o Ártico

 Visão oficial: busca de cooperação com o Canadá (os dois países, juntos, somam três quartos da costa
ártica); preservação da paz, da estabilidade e da cooperação construtiva com outros países; arcabouço
jurídico atual suficiente para resolver qualquer questão via negociação (incluindo plataformas continentais –
cordilheira que se estenderia até o polo Norte). Exploração sustentável de recursos naturais e da Rota do
Mar do Norte para transportes.

 Atividades: pesquisas científicas; mapeamento do leito marítimo (busca extensão da plataforma


continental); presença militar (justificativa é capacitar para combate em condições extremas); transporte
marítimo (mudanças climáticas reduzem cada vez mais a calota polar); prospecção e exploração de gás e
petróleo

 Política para o Ártico (2020-2035): estratégia de desenvolvimento (abundância de recursos naturais,


sobretudo petróleo e gás); estabelecimento da Rota do Mar do Norte como nova artéria global de
transporte; busca assegurar segurança diante de vulnerabilidades territoriais ao Norte; preservação do
equilíbrio ecológico.

 Conselho do Ártico: Rússia presidirá foro no biênio 2021-2023. Busca de documento pan-Ártico
juridicamente vinculante que garanta o desenvolvimento sustentável da região ártica (quer evitar novos
conflitos). Consulta com a China para que ratifique o Acordo sobre Prevenção de Pesca Não Regulada nas
Águas do Ártico Central.

Rússia e Antártida

 Visão oficial: manter e expandir presença na Antártida, respeitando o Tratado da Antártida de 1959 (Rússia
não fez reivindicações territoriais, mas reserva seu direito a fazê-lo).

 Pesquisa: cinco estações permanentes ativas (mais algumas que operam durante o verão)
o Estação de Vostok é a mais difícil de acessar; temperatura mais fria do Planeta (-89º)

Crises e conflitos

Conflitos pós-soviéticos - Dinâmicas oriundas da dissolução da URSS

 Origens: fatores econômicos, políticos, sociais, nacionais e militares; divisões étnicas incubadas antes da
dissolução soviética vêm à tona.

 Movimentos nacionalistas: Donetsk e Luhansk (Donbass, Ucrânia); Transnístria (Moldova); Artsakh (Nagorno-
Karabakh, Armênia e Azerbaijão); Ossétia do Sul e Abecásia (Geórgia). Além destes, o caso da Crimeia
também merece atenção pela importância geopolítica
o Fruto de uma união forçada da União Soviética
Ucrânia

Contexto da crise

 Contexto doméstico: Ucrânia vive condição ambígua quanto à sua identidade: Leste russófono, mas Oeste
mais próximo da Europa Central (Lapônia). No início da década, era crescente a insatisfação popular, por
conta de crises econômicas, desemprego e corrupção, além da ascensão de movimentos nacionalistas e
xenófobos (dentro da Ucrânia).

 Contexto bilateral: Rússia percebe Ucrânia como parte de sua esfera de influência; eventual adesão
ucraniana à OTAN seria risco à segurança nacional russa. Divisão da Frota do Mar Negro (Sevastopol –
importante desde a Guerra da Crimeia no século XIX); a Revolução Laranja (2014), com um político pró-
Ocidente eleito em detrimento de um candidato pró-Rússia; ameaças russas a eventual aproximação
ucraniana com a União Europeia

Regiões com grande presença russa étnica

 Auge da crise: no mapa, pode-se identificar as áreas nas quais as forças pró-russas tiveram maior
mobilização: hoje, a Crimeia está sob controle de facto da Rússia, enquanto as duas províncias do Leste
(Donetsk e Luhansk) são palco de um conflito separatista ainda em desenvolvimento.

 O porto de Savastopol na Crimeia é chave para acesso ao Mar Negro


Antecedentes da crise: o Euromaidan

 Euromaidan: presidente Viktor Yanukovich adia Acordo de Associação com a UE, optando pela aproximação
econômica com a Rússia; protestos irrompem em Kiev pedindo pela renúncia de Yanukovich (2013); após
fracasso em tentativa de mediar a questão, Yanukovich é deposto pelo Parlamento e asila-se na Rússia
(fevereiro de 2014).

 Nacionalismos ucranianos e ataques étnicos: o sudoeste ucraniano vive episódios de violência, a exemplo do
massacre de Odessa; russo é revogado como segunda língua oficial; ascensão do sentimento separatista na
península da Crimeia (95% de russos) e no Leste ucraniano (grande parte de russos); sentiram-se alijados ao
terem sua língua abolida, por isso as revoltas nacionalistas.

Reunificação ou anexação?

 Histórico: a Crimeia foi anexada pelo Império Russo em 1783, permanecendo com a Rússia até 1954, quando
foi transferida para a Ucrânia por decreto do Soviete Supremo da URSS (problema, pois península tinha
maioria russa). Com a dissolução soviética, torna-se República Autônoma na Ucrânia (não sem antes tentar
independência). Importância estratégica (Frota do Mar Negro e Base Naval de Sevastopol).

 Tensões: deposto Yanukovich, reação anti-Euromaidan e prédios públicos são tomados por forças pró-russas
em Sevastopol; em março de 2014, referendo (83% de presença) é amplamente favorável (96,7%) à
reunificação com a Rússia, mas reconhecimento é limitado na comunidade internacional

 Reações: sanções unilaterais de EUA, UE, Austrália e Japão; latino-americanos e o BRICS se mantêm
equidistantes. No CSNU, Rússia veta projeto de resolução contra o referendo levado a cabo pelos EUA;
projeto é aprovado (mesmo texto, mas não é vinculante) na AGNU, sem caráter vinculante. Ucrânia busca
levar a disputa para outros foros, como UNESCO e CDH. Conselho da Europa suspende direito a voto da
Rússia (restabelecido em 2019).

 Eventos subsequentes: Rússia busca integrar a Crimeia; inaugura ponte em 2018 e instala uma cerca de
segurança para marcar a fronteira com a Ucrânia; no fim de 2018, marinheiros ucranianos são detidos pela
Rússia, levando à decretação de lei marcial pela Ucrânia; marinheiros são libertados após alguns meses

Obs.: o Brasil se abstém da questão da Crimeia, defende uma solução negociada entre as partes. Defende a
integridade territorial da Ucrânia e nunca declarou expressamente de que é território russo

Leste da Ucrânia (Donbass)

Conflito e acusações de ingerência russa

 Contexto: na esteira do Euromaidan, protestos de grupos separatistas pró-Rússia se disseminam pelas


províncias de Donetsk e Luhansk (região do Donbass), que logo evoluem para conflito armado entre
separatistas e o governo ucraniano.

 Evolução: separatistas avançam território, governo responde com contraofensiva antiterrorismo; rebeldes
aventam confederação russófila (Novorossiya), mas ideia é abortada com menos de um ano; ausência de
diálogo. Em julho de 2014, avião da Malaysian Airlines é derrubado sobre território ocupado por rebeldes.
Em agosto, tropas russas são identificadas e capturadas em território ucraniano. Iniciam-se várias tentativas
de diálogo para colocar fim ao conflito.
Foros para negociações de paz

 Quarteto da Normandia: Rússia, Ucrânia, França e Alemanha (junho de 2014); reuniões cessam em 2016, e
são retomadas em 2019 (cúpula de 2020 adiada por conta da pandemia). Grupo de Contato Tripartite:
Rússia, Ucrânia e OSCE (envolve cerca de sessenta países que debatem questão de segurança) (maio de
2014).

 Acordos de Minsk I (2014) e Minsk II (2015): preveem cessar-fogo, deposição de armas pesadas, eleições
livres, anistia, entre outras medidas, que seguem pendentes. Acordos são endossados pelo CSNU e OSCE
acompanha cumprimento com Missão de Monitoramento (porém, não há consenso entre Rússia e Ucrânia
acerca de parâmetros do acordo).

 Fórmula Steinmeier (2019): proposta do presidente alemão, prevê eleições locais e concessão de autonomia
às províncias do Leste da Ucrânia, além da retirada das tropas dos dois lados. Após quase trinta tentativas,
cessar-fogo é alcançado em julho de 2020.

Paz tênue e retomada das tensões

 Cessar-fogo delicado: após 29 dias sem mortes, soldado ucraniano é abatido em setembro de 2020; mortes e
ataques se reduzem, mas sentimento de que a paz é tênue impera.

 As tensões voltam: no fim de março de 2021, exército russo desloca armas e tropas para a Crimeia e para
regiões de fronteira com a Ucrânia, sem anúncio prévio. Cerca de 85 mil soldados russos estão a postos;
governo russo alerta que qualquer escalada no Donbass pode levar a reações em defesa dos cidadãos russos
na Ucrânia. Rússia se recusa a participar de reunião com Ucrânia, França, Alemanha e OSCE; Angela Merkel
contata diretamente Vladimir Putin para que a movimentação russa seja revertida.

Geórgia

Separatismos e ruptura com a Rússia

 Abecásia e Ossétia do Sul: regiões autônomas da RSS Georgiana sob a URSS; após dissolução soviética,
contam com apoio russo para vencerem conflitos em 1991-92 (Ossétia) e 1992-93 (Abecásia); desde então,
são independentes de facto. Em 1998, tentativa de insurgência georgiana na Abecásia é facilmente
neutralizada.
o A população da Ossétia do Sul é de 50 mil pessoas, sendo 20% de forças armadas russas; não há
recursos naturais

 Guerra Russo-Georgiana (2008): após “Revolução das Rosas”, em 2004, ascensão de governo nacionalista na
Geórgia, que tenta retomar a Ossétia do Sul pela força em 2008; Rússia responde via militar e sai vitoriosa,
reconhecendo a soberania das duas repúblicas separatistas na ocasião (poucos países seguiram o exemplo
russo, como Venezuela, Nicarágua e Síria). Primeiras menções do uso de guerra cibernética em um conflito
militar (hackers atacaram sites georgianos).

O pós-guerra na Ossétia e na Abecásia

 Consequências e o pós-guerra: a Geórgia anunciou ruptura de laços diplomáticos com a Rússia (até hoje não
restabelecidos) e deixa a CEI; país se aproxima da UE e da OTAN, mas não há perspectiva de ingresso em
curto prazo.
 Presença militar russa: Rússia mantém tropas nos dois territórios; em janeiro de 2009, expira mandato da
OSCE para monitoramento, e em junho expira mandato da UNOMIG (missão observatório da ONU), missão
observadora da ONU; nos dois casos, a Rússia veta a extensão.
 Reações externas: Parlamento Europeu, em 2011, aprova resolução que considera a Ossétia do Sul e a
Abecásia territórios georgianos sob ocupação. EUA mantêm presença naval no Mar Negro (assistência
humanitária); negociações políticas e humanitárias em Genebra.

Moldova

Conflito congelado na Transnístria

 Transnístria: região originalmente romena, anexada pela URSS na II Guerra, pelo Pacto Ribbentrop-Molotov
(Alemanha e Rússia dividiriam territórios); anexação não é revertida, vira território de maioria ucraniana e
russa na atual Moldova.

 Guerra de secessão (1992): forças russo-ucranianas vencem moldavo-romenos. Após cessar-fogo,


Transnístria independente de facto, mas sem reconhecimento.

 Militares na região: presença do Exército russo; UE mantém missão de monitoramento das fronteiras
(Romênia é da União Europeia).

 Multilateralização: Moldova teme nova Crimeia; tema na AGNU desde 2018; busca de mediação (5+2), com
Rússia, Ucrânia e OSCE (EUA e UE observadores) fracassa.

Armênia-Azerbaijão

A questão de Nagorno-Karabakh

 Contexto: Nagorno-Karabakh é uma região montanhosa ocupada por armênios, cercada de distritos que
eram ocupados por azeris, expulsos durante a primeira guerra (1991-1994). Armênia ocupa o território (que
proclama independência, sem reconhecimento) e parte do território do Azerbaijão, que serve como
corredor. Em 2017, referendo local aprova a adoção do nome República de Artsakh.

 Partes: Armênia conta com apoio velado da Rússia, enquanto Azerbaijão sustenta laços históricos e culturais
com a Turquia, e hoje se desenvolve rapidamente com base no petróleo, se rearmando. Nunca houve acordo
de paz (apenas um cessarfogo em 1994), e países não têm relações diplomáticas

Tensões sem o fim do conflito

 Cessar-fogo e tensões incubadas: após cessar-fogo em 1994, embora houvesse relativa estabilidade (sem a
Armênia afirmar soberania sobre a região), o quadro se deteriorou à medida que o Azerbaijão, contrariado
com o que entende como ocupação de seu território, ganhou força econômica com o petróleo. Em 2016,
novo conflito eclode, levando a episódios pontuais de confronto entre os dois lados.

 Instabilidade armênia e escalada: em 2018, a “Revolução de Veludo” (sem nenhuma morte) leva à queda do
presidente armênio, mas quadro político se deteriora; em julho de 2020, uma série de enfrentamentos entre
os dois países em regiões de fronteira (não apenas em Nagorno-Karabakh).

Nova guerra e a busca da paz

 Azerbaijão parte para retomada: em setembro de 2020, ofensiva azeri com intuito de retomar as regiões
menos montanhosas do sul de Nagorno-Karabakh; guerra com uso de drones e equipamentos de alta
tecnologia, além da chamada guerra informacional, por redes sociais e propaganda. Cessar-fogo após um
mês e meio, com o Azerbaijão mantendo controle das áreas retomadas e ganhando corredor para acessar o
exclave de Nakhchivan (que faz fronteira com Turquia e Irã).

 Iniciativas de diálogo: Grupo de Minsk da OSCE (1992), encabeçado por França, EUA e Rússia, contando com
Armênia, Azerbaijão, Belarus, Alemanha, Finlândia, Itália, Suécia e Turquia. Princípios de Madrid (2009)
propõem medidas para a região no pós-conflito, incluindo uma operação de paz.
Situação atual em Nagorno-Karabakh

 Situação pós-cessar fogo: em azul-claro, áreas retomadas pelo Azerbaijão; em verde mais escuro, áreas
devolvidas ao Azerbaijão como parte do acordo de cessar-fogo; em laranja, território em Nagorno-Karabakh
que permanece sob controle de facto da República de Artsakh

 Artsakh antes era toda a área, agora é apenas a área laranja

Relações bilaterais com o Brasil

Relações políticas

 Histórico: relações estabelecidas em 1828 (em 1876 D. Pedro II visita Rússia em caráter particular, não foi de
Estado); ruptura em 1917, retomada em 1945 após a guerra, nova ruptura em 1947, EUA não romperam e
ficaram responsáveis pelos assuntos brasileiros junto a Moscou; restabelecimento em 1961, mas até a
década de 1980, essencialmente comerciais; em 1988, Sarney é o primeiro presidente a fazer visita oficial.

 Comissão de Alto Nível de Cooperação (CAN, 1997): reuniões entre vice-presidente brasileiro e primeiro-
ministro russo (bienais).

 Comissão Intergovernamental de Cooperação (CIC, 1997): substitui Comissão Mista Brasil-URSS (1981). 7
subcomissões Econômica e Comercial; Científica e Tecnológica; Espacial (muito importante para a PEX russa);
Energética; Técnico-Militar; Assuntos Agrícolas; Cooperação entre Estados (para-diplomacia) e Regiões de
Brasil e Rússia

 Outros marcos bilaterais: Parceria Estratégica (2002); Aliança Tecnológica (2014); Diálogo Estratégico e Plano
de Consultas Políticas 2018-2021 (2017).

 Visitas presidenciais: Vladimir Putin esteve no Brasil em 2004, 2014 e 2019 (Cúpula do BRICS); Dmitry
Medvedev em 2008 e 2010. Dilma Rousseff esteve na Rússia em 2012 e 2015; Michel Temer em 2017. Jair
Bolsonaro iria em 2020 (Cúpula do BRICS), mas crise sanitária tornou o encontro virtual.

 Visita de autoridade religiosa: em 2016, Cirilo I, Patriarca de Moscou e de toda a Rússia, primaz (Papa) da
Igreja Ortodoxa Russa, esteve no Brasil (encontro com Dilma).
Convergências multilaterais

 Reforma da governança global: países defendem sistema internacional pautado na multipolaridade e na


cooperação, condizente com a realidade contemporânea (BRICS é exemplo); defesa do multilateralismo, mas
sem submissão total, violando soberanias nacionais (ONU). Rejeição do uso da força sem autorização do
Conselho de Segurança.

 Apoio em processos: Brasil apoiou acessão russa à OMC; nas discussões sobre reforma do CSNU, Rússia
apoia Brasil (embora não apoie G-4 como um todo, sobretudo com o Japão; não oposição à Índia e
Alemanha).

 Privacidade na era digital: Rússia apoia iniciativas brasileiras na AGNU e no CDH. Regulamentar questões de
privacidade na internet

Defesa e segurança

 Acordo sobre Cooperação em Defesa (2012): reciprocidade e interesse comum. Em 1993, Conceito de
Política Externa russo revela interesse em cooperar com Brasil.

 Equipamentos militares: em 1994, Brasil recebe primeiro lote de mísseis antiaéreos Iglá (três vendas
subsequentes); em 2008, compra de 12 helicópteros Mi-35; veículos blindados Tigr em 2010 (segurança para
eventos esportivos); negociações sobre nova aquisição de sistemas de defesa antiaéreo.

 Outros mecanismos: consultas entre Ministérios da Defesa, intercâmbio de oficiais; cooperação policial, em
segurança e inteligência (via bilateral e no BRICS).

Ciência, Tecnologia e Inovação

 Inovação: visita de parques tecnológicos brasileiros a Moscou (2018) para prospectar destinos de
internacionalização de “startups” na Rússia (Diplomacia da Inovação; Rede de Parques e Incubadoras de
Negócios Tecnológicos do BRICS). Cooperação com Parque Tecnológico de Skolkovo (aeroespacial, nuclear,
biomedicina, energia).

 Brasil tem quatro estações do GLONASS – é o GPS russo (duas em Brasília, uma em Santa Maria e uma no
Recife); discute-se expansão da rede. Em 2017, inaugurada estação russa de monitoramento de detritos
espaciais (Observatório Pico dos Dias, Itajubá).

 Cosmonauta e ministro Marcos Pontes vai à Estação Espacial Internacional pela Soyuz (2006); parceria com
ROSCOSMOS (Base de Alcântara e VLS brasileiro)

Cooperação energética

 Energia nuclear: Rosatom abre escritório no Rio e fecha acordo com Nuclebrás sobre reator para fins
pacíficos (2015). Possibilidade de construção de uma Angra III

 Transmissão de energia: acordo de cooperação (Eletrobras/Inter RAO EES, 2011).

 Exploração de petróleo: acordo de cooperação (Petrobras/Rosneft, bacia do Solimões).

 Gás natural: Brasil importa GNL russo (Novatek); parceria trilateral com Bolívia para exploração de jazidas
naquele país.
Outros temas

 Esportes: países sediam grandes eventos (Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi e Copa do Mundo no Brasil
(2014); Jogos Olímpicos do Rio (2016); Copa do Mundo na Rússia (2018); cooperação, legado e segurança.

 Turismo: acordo de isenção de vistos (2008).

 Cultura: em 2001, filial da Escola do Teatro Bolshoi em Joinville; desde 2008, edições anuais do Festival
Brasileiro de Cinema na Rússia. Diálogo para expansão de escolas de idiomas nas principais universidades
dos dois países

Relações econômicas e comerciais

 Origens: Tratado Brasil-URSS sobre Comércio e Pagamentos (1959); evolução no pós-Guerra Fria.

 Fluxo comercial: USD 4,3 bi em 2020 (queda em relação a 2019; ápice de USD 8 bi em 2008). Após superávits
até 2017, desde 2018 Brasil tem déficit (em 2020, USD 1,22 bi). Brasil exporta soja, carnes, amendoim e café;
importa fertilizantes, carvão e alumínio. Recente queda nas importações russas de carnes do Brasil (questões
fitossanitárias ainda em debate, com cooperação recente neste campo).

 Desafios: ampliar a pauta comercial e torná-la mais diversificada, além de estimular investimentos das duas
partes.

 Iniciativas: Plano de Ação da Cooperação Econômica e Comercial (2014). Programa de estímulo a


investimentos e eliminação das barreiras ao comércio, Mecanismo de intercâmbio de informações
alfandegárias, Protocolo para facilitar desembaraço aduaneiro (2017). Fórum e Conselho Empresariais Brasil-
Rússia; Câmara Brasil-Rússia de Comércio, Indústria, Cultura e Turismo (que atende também aos países da
CEI e à Ucrânia).

Exportações, Importações e Balança Comercial (2020)

 Há relativo desequilíbrio; os russos são mais importantes para os brasileiros


Fonte: ComexVis (MDIC): http://comexstat.mdic.gov.br/pt/comex-vis

Exportações e Importações – Série histórica 2010-2020


 Tendência de déficit a partir de 2017

Corrente comercial – Série histórica 2010-2020

Exportações – Visão Geral dos Produtos (2020)

Importações – Visão Geral dos Produtos (2020)

 Pauta de importação é menos diversificada


9. Brasil e África

 Herança cultural
o Vasta população que veio à força para o Brasil
o Até o século XIX havia negação da cultura africana no Brasil, muda no século XX, mas ainda há muito
preconceito em relação aos negros, além de seres eles os mais pobres e possuírem menor acesso a
direitos historicamente em comparação com os brancos

 Relação entre o Brasil e a África tem graus variáveis de aproximação ao longo do tempo
o Depende da política de governo e a independência é relativamente recente, antes a relação se dava
por intermédio da metrópole

Alguns marcos históricos na Relação Brasil-África

 1922 - Estabelecimento de Relações Diplomáticas com o Egito


 1948 - Estabelecimento de Relações Diplomáticas com a África do Sul
o Até o final da década de 1940, muitos países africanos não existiam, pois eram colônia de potências
europeias. A partir da década de 1950, o Brasil aumenta sua aproximação, mas com a África do Sul
em especial há um afastamento decorrente do apartheid
 1957 - Receio em torno das preferências tarifárias concedidas (Tratado de Roma – criou a CEE) a territórios
não autônomos de potências europeias do Mercado Comum Europeu (MCE)
o Metrópoles concediam preferências tarifárias às colônias, que eram concorrentes do Brasil
 1958 - Conferência Internacional do Café: coordenação com países africanos
o Brasil coordenou em conjunto com países africanos – governo de JK
 1961 - Criação da Divisão de África do Itamaraty - PEI
o PEI é um ponto de inflexão importante na relação entre Brasil e África
 1961 - Criação do Instituto Brasileiro de Estudos Afro-asiáticos (IBEAA) – PEI
o Criada por influência de Cândido Mendes, assessor do presidente; em 1964, com o rompimento da
ordem democrática, deixa de existir, mas volta depois
 1961 - Abertura de Embaixadas na Nigéria, em Gana e no Senegal
 Raymundo de Sousa Dantas, o primeiro embaixador negro do Brasil (Gana)
 Política Externa Independente (1961- 1964): maior atenção à África na Pext. brasileira, mas ainda havia
dubiedade devido à relação com Portugal
 1964 - Primeiro Acordo Comercial firmado entre o Brasil e um país africano (Senegal) - Governo Castello
Branco
 1965-1966 - Duas Missões Comerciais a 11 países africanos
 1972 - Périplo do Chanceler Mário Gibson Barbosa por Senegal, Costa do Marfim, Gana, Togo, Daomé
(Benim), Nigéria, Camarões (Cameroun), Gabão e Zaire (República Democrática do Congo))- Governo Médici
 1974 - Reconhecimento de Guiné-Bissau - Governo Geisel (pragmatismo ecumênico e responsável)
 1975 - Reconhecimento de Angola - Governo Geisel
o Primeiro país a reconhecer Angola, se afasta da dubiedade que existia em relação às colônias
portuguesas
 1983 - Figueiredo torna-se o primeiro presidente a visitar a África (Nigéria, Senegal, Argélia, Cabo Verde e
Guiné Bissau)
o Década de 1980 é marcada por crises políticos e econômicas que reduziram a relação entre Brasil e
os países africanos
 1986 - Criação da ZOPACAS
o Iniciativa concretizada no governo Sarney

A Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS)


 Criada por meio da Resolução Da AGNU n° 41/11 de 1986
o Importante instrumento de concertação política envolvendo Brasil, Uruguai e Argentina na América
e países africanos que banham o Atlântico
 Ideia de preservar o Atlântico Sul de tensões extrarregionais
o Contexto de guerra fria, ideia era não transbordar para o Atlântico Sul
 Atlântico Sul: área do entorno estratégico brasileiro
 2013 - Declaração de Montevidéu
o Foi a última reunião e não há previsão de ocorrer outra
o A despeito disso, vale o destaque de que a estratégia de defesa do Brasil considera o Atlântico Sul
como importante para a sua política de defesa sendo, portanto, área estratégica para o Brasil

CPLP: elo entre o Brasil e a África

 As relações com a África foram adensando-se independentemente da política externa adotada. Começou em
1948, com o Egito, passou pela ZOPACAS e tem importante elo com a CPLP, criada durante o governo FHC.
São seis países africanos. A herança cultural e a língua, sobretudo, favorecem a aproximação
 Brasil possui representação diplomática em todos os países da CPLP

Cúpula América do Sul - Países Árabes

 Fórum birregional de cooperação política


 Cúpulas América do Sul- Países Árabes (ASPA) – países da Liga Árabe (Oriente Médio e Norte da África)
o 2005 - Brasília
o 2009 - Doha
o 2012 - Lima
o 2015 - Riade
 Atualmente não há previsão de novas cúpulas ASPA; não está ativo

Cúpula América do Sul – África

 Fórum birregional de cooperação política


 Proposta do Brasil e da Nigéria (Lula e o presidente nigeriano)
 Cúpulas América do Sul-África
o 2006 – Abuja (Nigéria)
o 2009 - Ilha Margarita (Venezuela)
o 2013 - Malabo (Guiné Equatorial)
o Atualmente não há previsão de novas cúpulas ASA

O Brasil e a União Africana

 Foi criada em 1963, como Organização da Unidade Africana, no começo dos anos 2000 é que passa a ser
União Africana
 2004 - Criação de Embaixada em Adis Abeba (capital da Etiópia e sede da União Africana)
 2007 - Acordo de Cooperação Técnica com a UA
o Serviu de base para programas de cooperação
 2013 - Participação do Brasil na Cúpula comemorativa de 50 anos da União Africana
o Brasil representou a América Latina
 2018 - Proposta de criação de um fórum regular de reuniões políticas
o Em 2019, a questão avançou sob Bolsonaro; o que mostra a importância da relação a despeito do
viés ideológico do governo brasileiro

Cooperação Técnica

A cooperação técnica tem o efeito de transbordamento sobre outras áreas da relação entre estados e pode
redundar em maior cooperação política. Portanto, muito importante para além da questão do desenvolvimento e
troca de experiências

 Agricultura (EMBRAPA): Cotton 4 (Benin, Burkina Faso, Chade e Mali) e programa de alimentação escolar no
Senegal (agricultura familiar, o que permite segurança alimentar e fomento da economia regional, além de
manutenção da criança na escola)
 Administração Pública: sede do SENAI em Guiné-Bissau
 Saúde (FIOCRUZ): fábrica de antirretrovirais (HIV) em Moçambique
 Trilateral: Alemanha e o plantio do caju em Gana; Japão e o combate ao HIV em Moçambique

Cooperação em defesa

 Defesa - Acordos-Quadro com 12 países. Marinha da Namíbia e Missão Naval em São Tomé e Príncipe
o Acordo-quadro abre espaço para negociações futuras
o Namíbia não tinha Marinha formada e na formação e oficiais, tem efeito até hoje
 Exercícios militares IBSAMAR e Obangame
o O primeiro está relacionado com o IBAS (Brasil – Índia e África do Sul)
o O segundo com exercícios militares praticados pelos EUA no Golfo da Guiné, que teve a participação
do Brasil

Relações Comerciais

 Ápice da corrente de comércio em 2013: US$ 28,5 bi


 Ponto baixo da corrente de comércio em 2020: US$ 11,5 bi
o pandemia influenciou, mas 2019 já tinha sido fraco, a corrente de comércio está caindo desde 2013
 Desde 2015, Brasil vem acumulando saldos positivos. Em 2020, foi de US$ 4,2 bi

Principais destinos das exportações brasileiras (2020) – fonte Comexvis

 Egito (22%)
 Argélia (15%)
 África do Sul (12%)
 Marrocos (8,5%)
 Nigéria (7,5%)

Origem das importações brasileiras (2020)

 Marrocos (31%)
 Argélia (21%)
 África do Sul (17%)
 Nigéria (12%)
 Egito (5,8%)

Obs.: são os mesmos países, só muda a posição

Pauta do comércio bilateral (2020)

 Exportações: açúcares (36%), milho (11%), carne bovina (6,3%) e carnes de aves (5,6%) .
o Juntos somam quase 60% (África é importante para o agronegócio brasileiro)
 Importações: adubos e fertilizantes (32%), prata e platina (13%), alumínio (8,3%), óleos brutos de petróleo
ou de minerais (7,6%) e cacau (6,7%)
o Também estão relacionados ao agronegócio, há complementariedade

Desafios ao comércio

 Concentração de parceiros econômicos (cinco parceiros concentram parte significativa da corrente e


comércio)
 Baixa complementaridade entre o Brasil e algumas economias
o Brasil vende produtos agrícolas, assim como os países africanos; dificuldade em expandir
 Subaproveitamento de oportunidades de mercado
o Especialmente em relação á zona de livre comércio da África
 Concorrência com países de presença comercial estabelecida no continente
o Antigas metrópoles, além de EUA e China dificultam a competição por parte do Brasil

O “Renascimento” da Economia Africana (Agenda 2063 – The Adrica we want)

 2001: criação da Nova Parceira para o Desenvolvimento da África (NEPAD)


o Ideia do renascimento africano; década de 1990 foi marcado por guerras civis. Ideia de que os anos
2000 seriam de consolidação e desenvolvimento econômico
 2015: lançamento da Agenda 2063 da União Africana
o Marcada para comemorar os 100 anos da União Africana; tem por meta erradicar a pobreza e
promoção do desenvolvimento
 Em 2019, 5 das 10 economias que mais cresceram no mundo foram economias africanas

A Zona de Livre Comércio Continental Africana (ZLCCA)

 Criada em 2018 e entrou em vigor recentemente (maior zona de livre comércio do mundo)
 54 países e 1,2 bi de habitantes
 Em linha com a Agenda 2063
 Oportunidades para o Brasil
o Ver artigo de Sérgio Danesi no Valor Econômico

Oportunidades para o Brasil na África

 Exportações agrícolas
o população africana cresce rapidamente
 necessidade de alimentos
o Nigéria: Green Imperative Initiative
 Iniciativa bilionária, possibilidade de empresas brasileiras do agronegócio participarem
 Energia, Infraestrutura, Transportes e Telecomunicações
o Possibilidade de participar nesses investimentos
 Produtos de Defesa
o Egito, Nigéria e África do Sul: mercados importantes
o Compradores dos aviões Super Tucano: Gana, Mali, Mauritânia, Senegal, Burkina Faso, Angola e
Nigéria

Acordo Mercosul-SACU (vigente desde 2016)


 SACU = Southern African Customs Union
 União Aduaneira da África Austral é formada por África do Sul, Namíbia, Botsuana, Lesoto e Essuatini (antiga
Suazilândia)
 Acordo de Comércio Preferencial
o Preferências tarifárias
 A discussão sobre ampliação do acordo
o Não trouxe incremento na corrente de comércio

Acordo Mercosul-Egito (em vigor desde 2017)

 Acordo de Livre Comércio


o Diferente do SACU, que é de preferência tarifária
o O acordo trouxe resultados; Egito é o principal destino das exportações brasileiros na África
(agronegócio principalmente)
 2019: Egito aprovou o Certificado Sanitário Internacional, que aceita exportações brasileiras de produtos
lácteos

Investimentos

 Principais parceiros brasileiros: Angola, África do Sul e Nigéria


o Infraestrutura, energia, mineração
 Acordos de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFIs) já assinados: Angola, Marrocos, Malaui e
Moçambique
 ACFIs em negociação: Nigéria e Tunísia
 Acordos para evitar Dupla Tributação: já firmado com a África do Sul, em negociação com Angola
o Auxilia a promoção de investimentos futuros
 Acordos de Serviços Aéreos: em 2019, foi promulgado acordo deste tipo com a Etiópia
o Quanto mais linhas aéreos, maior a possibilidade de investimentos

10. Brasil e Ásia

China

Panorama Histórico

Civilização milenar

 Uma noção de continuidade


 protagonismo econômico
 Império do Meio
o China se via como superior
o Protagonismo chinês se perde no século XIX
o No século XVI optou-se por fechar-se; quando o Ocidente chegou não teve como lutar por igual

Século da Humilhação (c.1839-1949)

 1839-42 - Primeira Guerra do Ópio


o Primeira derrota expressiva
 1856-60 - Segunda Guerra do Ópio
o "Acordos" com Reino Unido, França, Rússia e EUA
 Não teve o território tomado, conseguiu manter coesão social e territorial, com certa
autonomia. Huve diversas revoltar (Taiping, Boxers etc)
o Consolida o imperialismo ocidental

Convulsão social

 Rebelião Taiping (1851-64); Revolta dos boxers (1899-1901)


o Simbolizou perda de valor da sociedade chinesa

1911 – Revolução Xinhai

 Queda do Império → 1912 fundação da República: Sun Yat-sem


o Yat-sem é unificador, mas não lidera a China durante a República

Ascensão de dois grupos:

 Kuomitang (1911)
o Vai dar origem a Taiwan
 Partido Comunista Chinês (1921)

Chiang Kai Shek (KMT) (1928-1945)

 Foi o líder da China continental até a Revolução de 1949

PCCh: Longa Marcha (1934-35)

 Comunistas migram para o interior fugindo dos nacionalistas: como resultado, a Revolução começa pelo
campo

Frente Unida contra invasão japonesa (1937-1946)

 Durante a Segunda Guerra Mundial os dois lados dão trégua na guerra civil e lutam unidos contra o Japão

1949 – Revolução Chinesa

Era Mao Tsé-Tung (1949-1977) – marcado por turbulência, caos interno e necessidade de se posicionar
internacionalmente. Por ser comunista, teve uma aproximação inicial com a URSS, mas o perfil imperialista dos
russos acabou por afastar os chineses, que leva ao cisma sino-soviético

 Independência diante da URSS


o Guerra da Coreia
o Bomba nuclear (1964)
o Cisma Sino-Soviético

 Relações ambíguas com os EUA


o Taiwan
 Nacionalistas fogem para a Ilha de Formosa, teve o apoio dos EUA para manter-se
independente. China não tinha condições de invadir a ilha e tomar o território

 1957-58 – Grande Salto


o Coletivização agrícola e industrialização forçada
 China era muito rural e com população muito grande; o Grande Salto não saiu como o
planejado e houve declínio da população por causa da fome
 Legitimidade do Mao é questionada e encontra na Revolução Cultural uma saída. Foco na
juventude e perseguições à oposição

 Revolução Cultural (1966-69)


o Estabelecer uma nova sociedade socialista
o Guarda Vermelha aplicaria políticas da revolução

 Inflexão
o 1971: RPC assume a vaga na ONU
 Taiwan era o representante oficial quando a ONU foi criada
o 1972: Presidente Nixon visita Pequim
 Reinserção chinesa teve o apoio dos EUA; forma de enfraquecer a URSS
 Uma só China, relações diplomáticas com China ou Taiwan
o 1976: morte de Mao Tsé-Tung
 Deng Xiaoping assume em 1978, os dois anos anteriores foi de conflito

1978 – Reforma e Abertura

China Contemporânea: Deng Xiaoping

 Impacto negativo da Revolução Cultural


o Dividiu a população

 Necessidade de desenvolvimento econômico

 As quatro modernizações: agricultura, indústria, defesa, ciência e tecnologia

 Lições de desenvolvimento com Japão e Coreia do Sul


o Japão cresceu muito nas décadas de 1960/70 a ponto de disputar a hegemonia econômica com os
EUA na década de 1980

 Criação das ZEE (Zonas Econômicas Especiais)


o Estratégia exportadora e política de portas abertas
o IED na ZEE
 Mão-de-obra barata
 Câmbio desvalorizado
 Plataforma de exportação
 Localização privilegiada

 Na agricultura:
o Cota do governo e restante livremente comercializado

 Abertura de empresas privadas de capital chinês

 Anos 80:
o Produtos intensivos em mão de obra e de baixo valor unitário
 Processo de aprendizado e conhecimento
o Poupança elevada
o Cópia/pirataria
o Joint ventures/tecnologia (absorção de tecnologia) •

 Sustentabilidade do modelo
o China deflaciona o mundo
o Reinvestimento em Educação / C&T
o Gradual salto tecnológico

 Crescimento econômico puxado pelas exportações


o Vale como argumento para a prova discursiva
Economia

PIB chinês

 2º PIB nominal: USD 15,69 trilhões em 2020 (National Bureau of Statistics - China)
 Expectativa que ultrapasse o PIB dos EUA antes de 2030.
 Maior PIB PPP do mundo desde 2014: USD 17,21 tri (FMI) em 2020

Comércio Exterior

 Maior exportador (USD 2,490 tri) e 2º maior importador (USD 2,24 tri)

Investimentos

 Principal destino de investimentos estrangeiros diretos (IED) USD 163 bilhões em 2020 (UNCTAD)

Reservas Internacionais

 Maiores reservas em moeda estrangeira (USD USD 3.205 tri / Fev 2021)
o Construído a partir do robusto processo de exportação

Economia em fase de amadurecimento e transição

 Crescimento desacelera de 10% /11% nos anos 2000 para 6% /7% em 2015
 Reorientação do crescimento: das exportações para o consumo interno: Circulação Dual (palavra de ordem
do governo Xi Jinping)
 Reformas graduais para elevar produtividade e combater corrupção
 Esforço para evitar “armadilha da renda média”
o Renda per capita é de país em desenvolvimento
o Brasil está preso, conseguiu dar um salto em sua renda per capita, mas não conseguiu dar o salto
seguinte, como fez a Coreia do Sul
o Desafio chinês é não estancar o crescimento e incrementar a renda per capita
 Eliminou a pobreza extrema em 2021 (anúncio formal)
 Grande esforço para reduzir poluição e investir em energias renováveis: grande apoiador do Acordo de Paris
 Promessa de zerar emissões até 2060
 Busca de autonomia tecnológica:
o Made in China 2025 – quer ser também o lugar do design e não apenas a fábrica
 China standard 2035: Domínio do 5G, inteligência artificial, big data e internet das coisas (IoT).
 China moderadamente desenvolvida até 2049
 Desafios: superar a armadilha da renda média, envelhecimento acelerado.
o Política do filho único foi flexibilizada em 2015, mas a urbanização tende a não trazer os resultados
esperados, pois tradicionalmente famílias urbanas têm menos filhos
o Chinesa é pautada na ideia de que a geração mais nova sustenta a mais velha, com a política do filho
único, isso se torna um fardo, pois uma pessoa tem que sustentar dois, três, quatro idosos

Política Interna

 Liderança política coletiva, mas Governo


 Xi Jinping é o mais centralizador em décadas Xi Jinping:
o Pensamento expresso na constituição – até então apenas Mao e Deng Xiaoping
o Paramount Leader
o Fim do limite de dois mandatos
o Fim do limite de idade (67 anos)
o Maior assertividade interna e externamente
 Fortalecimento do nacionalismo (legitimidade ideológica do PCCh, ao lado do crescimento econômico)
 População de 1,37 bi, mas baixo crescimento populacional e disparidade entre gêneros; política de filho
único abandonada em 2015;
o Sem resultados ainda
o Preocupação com envelhecimento acelerado
 Majoritariamente urbana desde 2010
 Modernização das FFAA sob Xi
o Conselho de Segurança Nacional (2013);
o 2 º orçamento militar mundial (USD 143 bi no mínimo);
o construção do 1 º porta-aviões chinês (2012);
o redução em 300 mil militares (não-combatentes)

Política Externa

Objetivos

 Preservar integridade territorial e estabilidade política interna


 Separatismos/autonomismos: Tibete, Xinjiang, Taiwan
o Tensões étnicas, religiosas e políticas (Hong Kong)
 Rejeita tentativas (EUA) de impor modelo único desenvolvimento ou governo
 Prosperidade e harmonia (“sonho chinês” – Xi Jinping)
o China “forte, civilizada, harmoniosa e bela”; meta dos “Dois 100s” (bom nível de vida em 2021;
desenvolvida em 2049)
 Preponderância (não hegemonia) em região complexa/fragmentada
o Alianças bilaterais chinesas na Ásia (RPDC, Paquistão, Mianmar, Camboja, Sri Lanka) para equilibrar
aliados dos EUA e Japão
o Estabelecer instituições multilaterais alternativas às lideradas pelos EUA
 Obter influência geoeconômica global e autonomia tecnológica
 BRICS, OCX (Organização de Cooperação de Xangai), G-20, AIIB (Banco de Infraestrutura da Ásia), NDB...
(revisionismo ou win-win?). Forma de conter a hegemonia dos EUA
 BRI: megaprojeto de infraestrutura e investimento
 Soft power chinês: Institutos Confúcio (2004), CCTV e outros veículos, “panda diplomacy”, Olimpíadas de
Pequim 2008
 Covid-19: diplomacia da vacina e da saúde

China – EUA

 Relação ambígua e complexa; elementos de cooperação (“G-2”), competição e conflito


o Cúpulas frequentes e Diálogo Econômico e Estratégico 2009
o Interdependência econômica; porém, iniciativas econômicas rivais e tensões sobre câmbio,
propriedade intelectual e espionagem (um depende do outro)
o Déficit de confiança militar
 críticas à postura de Pequim no Mar do Sul da China (liberdade de navegação e passagem
inocente; EUA fora da UNCLOS) e suposta contenção militar da China no Pacífico; falta de
progresso sobre Taiwan e Coreia do Norte;
o Críticas a abusos de DDHs em Xinjiang e Hong Kong
 EUA e aliados adotam sanções contra indivíduos e entidades chinesas (23/03/2021), China
retalia
o Potencial convergência em meio ambiente
 Defendem Acordo de Paris sobre mudança do clima
o 18/03/2021 - 1˚ encontro de alto nível da Adm Biden entre China e EUA (chanceleres)
 Falaram mais para o público interno que uma forma de buscar a cooperação

Maior comércio bilateral do mundo

 8,4% das importações chinesas são dos EUA


 20% das exportações chinesas vão para os EUA (Banco Mundial)
 Comércio bilateral:
o 2019 - China obtém superávit de US$ 345 bi
o 2020 - 283,6 bi - 18% inferior a 2019

China - EUA

Guerra Comercial

Acusações americanas

 Dumping cambial
 Dumping social
o Exploração do trabalhador
 Dumping ambiental
 Preços predatórios
 Subsídios via empresas estatais (SOE – State Own Enterprise)
o Competição desleal com empresas privadas mundo afora

Ações americanas:
 Retaliar a China é uma reparação pela “desonestidade comercial chinesa”
o Argumento do Trump
 Bloqueio na OMC

Histórico

 06/07/18: Começo da vigência de tarifas impostas por Trump em 15/06, que atingiriam US$ 34 bi em
produtos
 23/08/18: Mais US$ 16 bi em produtos taxados em 25% e Pequim também adota 25% sobre US$ 16 bi de
bens
 24/09/18: EUA impõem mais tarifas, desta vez de 10%, sobre US$ 200 bi em produtos chineses
 10/05/19: Trump aumenta de 10% para 25% das tarifas impostas em setembro/09 e os dois lados seguirão
conversando
 15/05/19: China aumenta tarifas de 5% a 25% para mais de 5 mil produtos e divulga lista de empresas
estrangeiras consideradas "não confiáveis

Negociação

 14/12/2019: Acordo Fase 1 - concessões por parte de Pequim: compra adicional de US$ 200 bilhões em
produtos norte-americanos até 2021, com base nos montantes importados pela China em 2017
 25/08/20: EUA e China confirmam compromisso com acordo: China está cumprindo a maior parte do acordo

Guerra Tecnológica

Acusações americanas
 EUA classificaram as empresas chinesas Huawei e ZTE como empresas que representam ameaça à segurança
nacional.
 Acusações de que a tecnologia chinesa usaria “backdoor” para roubar dados
 Huawei seria, de fato, administrada pelo PCCh
o A presença do partido é uma preocupação para o EUA em termos de liberdade de sua população
 Pressionam aliados a banir empresas chinesas de instalação de 5G
o Austrália e Reino Unido baniram
 Lança o “5G Clean Network Initiative”: 60 países
o Programa dos EUA
 Brasil oficialmente demonstrou simpatia, mas não adesão

China – Rússia

 Discurso chinês não é hegemônica, o objetivo é econômico; não quer implementar seu modelo . defende um
mundo multipolar

Forte convergência diplomática (não aliança formal)

 Anos 1990: superadas as disputas fronteiriças sino-soviéticas


 2019 - parceria estratégica abrangente de coordenação para a nova era
 Campanha por mundo multipolar (BRICS)
 Concertação frequente no CSNU (contrapeso ao P-3 ocidental
o Crítica a sanções unilaterais e ao uso da força sem aval do CSNU no Oriente Médio
o Visão convergente sobre terrorismo, extremismo e separatismo (“três males”)
 Rússia versa do mesmo problema que a China

Cooperação bilateral em defesa, investimentos e energia

 2014: acordo de fornecimento de gás por 30 anos (USD 400 bi), gasoduto Power of Siberia (2019)
 Coordenar UEE (Rússia) e Cinturão Econômico da Rota da Seda (China)
 Ação conjunta para estabilizar/desenvolver Ásia Central (OCX)

Possíveis obstáculos futuros:

 Assimetria econômica crescente (PIB chinês é 5 vezes maior)


 Questões migratórias e temor russo de vácuo demográfico na Sibéria
o É próximo à China, gera tensão
 China não reconhece incorporação da Crimeia (integridade territorial é sacrossanta)
o Questão territorial que a China sofre

China – Japão

 Japão é aliado dos EUA, tem a questão da Segunda Guerra, além de disputas territoriais

Relações políticas: padrão de ambiguidade

 Passado conflituoso: Questão dos crimes japoneses na II Guerra (“comfort women”, templo de Yasukuni,
massacre de Nanquim)
 Novo PM Yoshihide Suga (2020): continuidade à política de Shinzo Abe (recolocação japonesa, com foco na
questão da defesa japonesa)
 Em 2019, Xi Jinping realizou a sua primeira visita ao Japão como presidente
 Disputa territorial das ilhas Senkaku/Diaoyu
o Não importante do ponto de vista econômico e geopolítico, mas é uma questão territorial
 O Japão tem intensificado sua reação ao que considera a "crescente assertividade marítima chinesa nos
Mares do Sul e do Leste da China
o JPN defende: "Free and Open Indo-Pacific (FOIP)".
 "Quadrilateral Security Dialogue” (QUAD), reativado em 2017, 2019, nível ministerial 1º cúpula em 2021 x
China acusa o QUAD de ser uma OTAN para Ásia.
o Mecanismo de concertação entre Índia, EUA, Japão e Austrália para tentar contrapor o
expansionismo chinês no Pacífico
 China explicitamente contra pleito do Japão ao CSNU
 Comércio em patamar alto
 China é maior parceiro comercial do Japão
 Japão segundo maior comprador das exportações chinesas.
 Ambos membros do RECEP (The Regional Comprehensive Economic Partnership)

China – Índia

Relacionamento ambíguo, recentemente conflituoso

 Nacionalismo na Índia tornou o relacionamento ambíguo e conflituoso


 Visão comum de mundo multipolar (BRICS, G-20)
 Convergência em temas multilaterais (clima, desenvolvimento, OMC)
 China não veta abertamente (embora não apoie) candidatura indiana ao CSNU
o Índia está no G4 com o Brasil

Pendências bilaterais

 Disputas territoriais (Aksai Chin/Caxemira e Arunachal Pradesh/”Tibete do Sul”);


 Guerra em 1962, compartilham 3.488 km de fronteiras separadas pela Linha de Controle Efetivo (LAC)
o Escaramuça recente: conflito no vale de Galwan, deixando 20 soldados indianos mortos e China
reconhece 4 soldados mortos (2021)
 Excelente relacionamento China-Paquistão irrita Índia
 Índia abriga Dalai Lama e liderança tibetana
o Demanda a independência do Tibete, que é território chinês
 Rede de portos/possíveis bases navais da China no Índico (“Corrente de Pérolas”)

Nacionalismo Indiano (Nahrenda Modi)

 Índia busca diminuir a participação chinesa em sua economia, inclusive como parte de sua estratégia de
reinserção econômica pós-pandemia.
 Evitar hegemonia econômica chinesa na região

Medidas recentes:

(i) banimento de aplicativos chineses;


(ii) restrições a investimentos da China;
(iii) obstáculos à participação chinesa em projetos de infraestrutura; e
(iv) aplicação de controles alfandegários mais estritos a produtos originários do país vizinho.
o Receio de que China domine economicamente a Índia

China – Oriente Médio

 Tradicionalmente pelo pragmatismo e pelo baixo perfil


o Fornecem cerca de 44% das importações chinesas de petróleo; é importante para o
desenvolvimento econômico chinês
 Busca equilibrar-se entre os diversos polos de poder e influência na região
 Boas relações tanto com a Arábia Saudita (segunda principal fonte de petróleo para a China) quanto com o
Irã;
o Irã: Programa de Cooperação Irã-China de 25 anos ou Parceria Estratégica Abrangente: cooperação
financeira e militar) assinado em março 2021
 Apoia abertamente a solução de dois estados e a causa palestina nas Nações Unidas. Ao mesmo tempo em
que busca aprofundar suas relações com Israel
 Fator que afeta a política externa chinesa para o Oriente Médio: a situação dos uigures, minoria étnica de fé
muçulmana residente em Xinjiang, na China
 Síria
o Discrição no cenário de guerra, preocupação com Terrorismo (Estado Islâmico)
o Em 2020, China afirmou que Pequim continuará a manter seu apoio a Damasco (contraponto aos
EUA)

China – África

 Cooperação Sul-Sul desde anos 1960, com grande expansão recente


 G77 + China
o China é principal parceiro comercial da África (USD 210 bi) e maior apoiador externo da UA
(financiou sede da União Africana)
 Obtenção de recursos naturais e fornecimento de cooperação sem condicionalidades políticas e de DH;
investimentos em infraestrutura.
o Diferencial favoreceu a China
 Bolsas de estudo para estudantes africanos na China
 46 Embaixadas chinesas na África (atrás apenas dos EUA – 50)
 Busca eliminar laços de Taiwan (apenas Suazilândia)
 1ª base militar chinesa no exterior: Djibuti, no Chifre da África
 Compete com influência residual das ex-metrópoles, mas também enfrenta acusações de neocolonialismo
 Fórum China-África (FOCAC, 2000)
o 3 Cúpulas (Pequim 2006, Johannesburgo 2015, Pequim 2018)

Separatismos

 Principais ameaças à integridade territorial da RPC (regiões extensas, mas pouco povoadas – importância
simbólica e estratégica, recursos)
o Xinjiang (Sinkiang/”Turquestão Oriental”)
 Região autônoma de maioria muçulmana e turcófona (uigures)
 Maioria da população chinesa é da etnia Han
 Brevemente independente durante guerra civil chinesa (1933 e 1944-46)
 Acusações de existência campos de reeducação forçada (concentração), China repudia
veementemente
o Tibete (Xizang)
 Região autônoma de maioria budista e tibetana; história ambígua
 Tibetanos nas províncias de Xizang, Qinghai e Sichuan
 Dalai Lama (na Índia) líder moral, mas não mais político
o Estratégias chinesas para inviabilizar separatismos
 Política de colonização/migração interna para atrair chineses han
 Forte presença do aparato de segurança
 Sem diálogo com separatistas/autonomistas (“terroristas”)
 Investimentos maciços (subsídios, infraestrutura – ferrovias)

China – Taiwan
 Pendência da Revolução Chinesa de 1949
 Política de “uma só China” – impossível ter relações com RPC e Taiwan simultaneamente
o RPC substitui Taiwan (Rep. da China) na ONU em 1971
o 22 países (Haiti, Paraguai, Santa Sé) reconhecem Taiwan; maioria (inclusive Brasil) só mantêm
relações comerciais
 Taiwan é aliado militar dos EUA, embora não haja relações diplomáticas – risco de conflagração
 Redução das tensões na última década; China propõe modelo de “um país, dois sistemas” (como Hong Kong)
 Sociedade taiwanesa dividida sobre relações com RPC
o KMT é pró-RPC, mas DPP é independentista
 EUA envia subsecretário de Estado para Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente, Keith Krach a
Taiwan (Set/2020)
o China responde com exercícios militares
 2020: TSMC - uma das maiores fornecedoras mundial de chips se afasta da Huawei - Taiwan no meio do
conflito tecnológico entre EUA e China
o Taiwan é grande produto de semicondutores

China – Hong Kong

 Ocupação Britânica
o Primeira Guerra do Ópio (1839-42)
 Ocupação Japonesa 1941-45
 Negociações sino-britânicas (1982-84)
o 1997 - Handover
o “Um país, dois sistemas”
 Peso na economia chinesa
o 1997: 18,4% do PIB chinês
o 2019: 2,7% do PIB chinês
o 2011: Xangai ultrapassa Hong Kong
 Relação muda de patamar e China passa a depender menos de Hong Kong
 Porta para o fluxo de capital
o Uma das economias mais abertas do mundo
o Acordos comerciais e de investimento independentes de Pequim
o Empresas internacionais usam HK para se expandir para a China continental.
o Maiores empresas da China, listaram suas ações em HK como um trampolim
 Autonomia de Kong Kong
o Judiciário
o Finanças e moeda
o China não aceita perder o território e age para conter a autonomia de Hong Kong
 Identidade própria
o identificação com valores ocidentais
 2014 - Umbrella Movement
o Chefe do Executivo deve ser aprovado por Pequim
 reclamam Democracia: direito de eleger chefe do Executivo
 Protestos contra Lei de Extradição
o 2019 - Nova Lei de Segurança Nacional (versa sobre os temas abaixo)
 Terrorismo
 Separatismo
 Forças estrangeiras (não pode conspirar contra o Estado chinês)
 China argumenta que Hong Kong é questão interna e que nações estrangeiras não
devem se envolver
o Críticas estrangeiras são vistas como ingerência em assuntos internos
 Reino Unido facilita imigração
Mares do Sul e do Leste da China

 Centenas de ilhotas, corais e atóis escassamente povoados; 410 mil km2


 Reivindicações da RPC têm base histórica, não UNCLOS (extra-ZEE, 200 milhas náuticas)
 Mar do Sul da China
o Importância estratégica (militar, transporte) e econômica (petróleo, gás, pesca)
o China reivindica 90% do mar (“nine-dash line”) contra Brunei, Filipinas, Malásia, Taiwan e Vietnã;
o Constrói ilhas artificiais e bases militares; busca resolver disputas bilateralmente apenas
o Spratly (controladas por China, Filipinas, Malásia, Taiwan e Vietnã)
o Paracel/Xisha/Hoàng Sa (controladas pela China; Taiwan e Vietnã reivindicam)
o Pratas/Dongsha (controladas por Taiwan; China reivindica)
o Recife de Scarborough (controlado pela China; Filipinas e Taiwan disputam)
o Atol de Macclesfield/Zhongsha (submarino; China e Taiwan disputam)
o Filipinas vence em tribunal arbitral (UNCLOS), China ignora (2016)
 Não reconhece a competência do tribunal
 Consequências
o Militarização do leste/sudeste da Ásia; falta de organização regional eficaz para apaziguar tensões
o China e ASEAN têm Declaração sobre a Conduta das Partes no Mar do Sul da China (2002), não-
cumprida
o Ascensão do nacionalismo (instrumentalizado pelos líderes) nos países envolvidos; temor da China
o Filipinas vence disputa na Corte Permanente de Arbitragem examine disputa; China recusa jurisdição
o EUA (apoiam adversários da China; defendem livre passagem) reforçam presença; risco de conflito

BRI – Rota da Seda

 Uma estratégia de expansão econômica e de atrair parceiros

Iniciativa “Cinturão e Rota” (Belt and Road, 2013)


 Inscrita, em 2017, na constituição do Partido Comunista
 143 países parceiros
o Brasil não participa, entende que COSBAN atende necessidades
 Cinturão Econômico da Rota da Seda
o Corredor logístico-comercial entre Xinjiang e Europa
o Investimentos na Ásia Central e Europa Oriental: ferrovias, gasodutos e oleodutos
 Nova Rota da Seda Marítima
o Modernização de portos e ferrovias no Índico
o Complementa Corredores Econômicos China-Paquistão e Bangladesh-China-Índia-Mianmar
 Incomoda a Índia
 Rota Polar da Seda
o Passa pelo ártico; cada vez mais viável pelo aquecimento global
 Rota da seda digital
 Fórum Internacional de Alto Nível da BRI (2 edições, 2017e 2019)
 Fundo da Rota da Seda
o Estimado USD 1 trilhão para viabilizar projetos da Belt and Road
OCX

Organização da Cooperação de Xangai (2001)

 Herdeira do “Shanghai Five” (1996)


 Membros: Rússia, China, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão (ausente: Turcomenistão
neutro)
 dois órgãos permanentes: 1) Secretariado da SCO com sede em Pequim e o Comitê Executivo da Estrutura
Regional Antiterrorista (RATS), com sede em Tashkent
 Em 2017: Índia e Paquistão se tornam membros
 Observadores: Afeganistão, Belarus, Irã e Mongólia
 Cúpulas anuais desde 2001 (2020: Cúpula virtual)
 Áreas de cooperação: contraterrorismo (RATS), militar, de inteligência, energia e de investimentos
o Rússia prefere vertente política; China, vertente econômicaenergética
 Combate aos “três males” (terrorismo, extremismo e separatismo) e concertação política regional
 Prioridade: impedir alastramento da instabilidade do Afeganistão
 Não é aliança militar (“anti-OTAN”= OTSC, não OCX)

AIIB

Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (2014)


 Banco de desenvolvimento (como o NDB/BRICS)
 Começa a operar em 2016 (capital de 100 bilhões USD)
 Sede em Pequim
 57 fundadores (Brasil é o único das Américas)
o 103 membros
 Liderado pela China (30% das ações e 26% dos votos)
o Brasil ratifica entrada em 22/11/2020
 Compete com ADB (liderado pelo Japão)
o Banco de desenvolvimento da Ásia, liderado pelo Japão

RCEP

Parceria Econômica Regional Abrangente


 Após 8 anos, concluído em novembro de 2020
 Maior bloco comercial do mundo
 10 membros da Associação de Nações do Sudeste Asiático mais China, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova
Zelândia
o Países que a despeito da disputa econômica cooperam do ponto de vista comercial
 Mais de 2 bilhões de consumidores e cerca de 30% de todo o PIB mundial.
 Consolida a mudança de eixo econômico do Atlântico para Ásia Pacífico
o RCEP X TPP/CTTP
 EUA saíram do TPP; RCEP surge como alternativa, e passa a ser liderado pela China
China – Paquistão e a nova rota da seda

Algumas questões sobre o Paquistão

 Paquistão tem população parecida com a do Brasil, mas com território muito menor
 Paquistão é vizinho da Índia e tem conflito histórico
 Único país muçulmano que tem a bomba atômica
 Posição geográfica do Paquistão permite uma saída para o mar do Índico, relativamente próximo ao Estreito
de Ormuz, região por onde passa navios carregados de petróleo
 Paquistão faz fronteira com a China na região da Caxemira com Xijiang
 Paquistão é um país que está em uma área de conflitos potenciais: é vizinho do Afeganistão, do Irã, da Índia,
da China
 China liberou acesso a seu satélite de posicionamento global para fins militares ao Paquistão, único país no
mundo. O GPS é americano, que libera gratuitamente para outros países, mas não o de precisão militar
 Paquistão permitiu que a China construísse algumas bases em território paquistanês e está aprofundando
laços na questão espacial, inclusive para fins militares

Rota da Seda Original

 Saía da China e passava por territórios da Ásia Central até chegar ao mediterrâneo; havia uma alternativa
passando pelo Paquistão
 Era o meio de a China acessar os mercados europeus na idade média
 Permitia chegar à Europa sem precisar navegar

Nova Rota da Seda

 China tem dificuldades de saída para o mar, pois seu litoral pode ser bloqueado por potências inimigas, além
de ter uma dificuldade em função do Estreito de Malaca
 Ao recriar a rota, a China consegue contornar um eventual problema de acesso ao mar e o Paquistão é
essencial nesse sentido, devido à posição geográfica privilegiada de acesso ao Índico
 É justamente a vulnerabilidade da China no Mar do Sul da China – cadeia de ilhas (Japão, Taiwan, Filipinas e
o Estreito de Malaca), que pode sofrer bloqueio naval, por isso a vulnerabilidade
 Ao acessar o Índico através do Paquistão ela não apenas foge do problema de acesso ao mar como também
encurta a distância, além de ter acesso favorecido ao petróleo produzido no Oriente Médio. Diminuição em
85% da distância do Oriente Médio até a costa da China
 Porto chinês em Djibuti não é tão estratégico quanto o do Paquistão, pois este faz fronteira com a China,
enquanto aquele está isolado na África
 O porto chinês no Paquistão foi construído na cidade de Gwadar (terceiro maior porto no país), próximo à
fronteira com o Irã (80 km)
o 400 km até o Estreito de Ormuz
o Do porto à China (Xinjiang) são 1400 km
o Encurta a distância para o Oriente Médio em 12 mil quilômetros, o que impacta não apenas o
comércio com o Oriente Médio, mas com a América do Sul. Redução do preço do frete
 Além do encurtamento, é uma forma de a China fazer-se mais presente em Xinjiang, região muçulmana na
China, onde o país asiático é acusado de violação aos direitos humanos. Ademais, tem a própria Caxemira,
que é área de disputa entre China, Paquistão e Índia. É importante ter o domínio do que acontece na região.
A conexão da China com a Ásia Central
 Outra coisa é criar um contrapeso da influência da Índia
o Paquistão é inimigo da Índia; laços entre Paquistão e China fortalecem o Paquistão e cria um
problema para a Índia. Os três são potências nucleares. A China ajudou o Paquistão na construção da
bomba
 Para o Paquistão, há o ganho com o desenvolvimento da infraestrutura – todo um corredor logístico que
ajudará o país a desenvolver-se. Pode tornar-se um hub para países próximos que não têm saída para o mar
como Afeganistão, Turcomenistão, Tajiquistão, Uzbequistão e Quirquistão
Desafios

 O porto está instalado em uma região instável – quer autonomia, há ataques terroristas contra as obras (15
mil soldados para garantir as obras que iniciaram em 2002 e terminaram em 2006), pouco habitada e com
clima inóspito
 São 122 projetos aprovados, mas apenas ¼ foi realizado até o momento; dos 87 bilhões, apenas 20 bilhões
estão em andamento
 O Paquistão é um território montanhoso e a região do porto é de difícil acesso e o território é muito árido
 O porto ainda não tem grande representatividade na operação portuária do Paquistão, 95% concentrado nos
outros dois portos. Mostra que ainda não está servindo ao propósito em si
 A cidade onde está o porto pertence ao Paquistão desde 1958, comprou de Omã. Tentou utilizar a região
como plataforma industrial, mas não deu certo.
 Do porto à fronteira com Xinjiang são 2400 km. Precisa construir estradas, ferrovias e infraestrutura em um
terreno montanhoso com mais de 4000 mil metros de altitude
 A infraestrutura ainda é incipiente e até mesmo desastres naturais estão destruindo estradas
 Paquistão está se endividando com a China e não tem capacidade de pagamento, o que o torna dependente
economicamente da China, elevando o poder de barganha do país asiático


Relações Brasil – China

Histórico

 Essencialmente comerciais no século XIX – Tratado de Amizade (1881) e Consulados em Cantão (1883) e
Xangai (1883);
 Visita de Chiang Kai-Chek ao Rio em 1946 – chefe de Estado até 1949; depois de Taiwan
 Relação rompida após Revolução comunista em 1949.
o Brasil reconhecia apenas Taiwan até 1974
 Interesse de restabelecer laços comerciais na década de 1960 (PEI)
 Missão comercial de Jango em 1961 (Acordo de Comércio e Pagamentos);
 Brasil votou contra admissão da RPC na ONU em 1971
 Reestabelecidas com a RPC em 1974 (Brasil reconhece RPC e não mais Taiwan)
o MRE tem Escritório Comercial em Taipé, mas sem status diplomático
 Defesa da extensão de zonas econômicas exclusivas para 200 milhas
o Brasil e China defendiam. Montego Bay viria a institucionalizar a questão em termos de DIP em 1982
 1974 – (Re)Estabelecimento de relações diplomáticas (agosto)
 1982 – Visita do Ministro de Estado das Relações Exteriores Ramiro Saraiva Guerreiro à China (março)
 Aproximação comercial desde anos 1980 e política na última década
o 1984 – Visita do Presidente João Baptista Figueiredo à China (maio)
o 1984 – Visita do Ministro dos Negócios Estrangeiros Wu Xueqian ao Brasil
o 1985 – Visita do Primeiro-Ministro Zhao Ziyang ao Brasil (novembro)
o 1988 – Visita do Presidente José Sarney à China (julho)
 1988 – Início do Programa CBERS - China-Brazil Earth Resource Satellites (julho)
o Dá início a uma próspera cooperação em CTI

Governos Collor, Itamar e FHC


 Gradual intensificação das relações: China aposta no Brasil
o 1990 – Visita do Presidente Yang Shangkun ao Brasil (maio)
o 1992 – Visita do Primeiro-Ministro Li Peng ao Brasil (junho)
o 1993 – Visita do Conselheiro de Estado e Ministro dos Negócios Estrangeiros Qian Qichen ao Brasil
(março)
o 1993 – Visita do Primeiro-Ministro Zhou Rongji ao Brasil e estabelecimento da Parceria Estratégica
Brasil-China (maio/junho)
 A primeira do Brasil com um país em desenvolvimento
o 1993 - Visita do Presidente Jiang Zemin ao Brasil
o 1995 – Visita do Presidente Fernando Henrique Cardoso à China
o 1995 – Brasil declara apoio à entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC)
 Entrada da China na OMC é ponto de inflexão para a economia chinesa
o 1996 – Visita do Primeiro-Ministro Li Peng
o 1999 – Lançamento do satélite CBERS-1
o 2000 – China torna-se o maior parceiro comercial do Brasil na Ásia
 Japão tinha laços fortes com o Brasil
o 2001 – Visita do Presidente Jiang Zemin ao Brasil (abril)

Obs.: Collor e Itamar não foram à China, todos os demais depois de Figueiredo, incluindo este, foram

Governo Lula
 Adensamento das relações bilaterais, visitas de alto nível frequentes, mecanismos políticos e econômicos,
concertação no plano internacional
o Aproximação política – reformas de instituições internacionais para abrigar países em
desenvolvimento
 2004 – Visita do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China (maio)
o Criação da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação – COSBAN
 Essencial para a prova discursiva; é muito importante citar, pois é o principal mecanismo de
concertação entre Brasil e China
 2004 – Visita do Presidente Hu Jintao ao Brasil.
 2004 - Governo brasileiro assinou memorando de entendimento com o Governo Chinês pelo qual reconhecia
status de economia de mercado do país asiático. O reconhecimento, que dependia de regulamentação
específica da CAMEX, nunca foi efetivado.
o A partir de 2016 o reconhecimento passou a ser automático
 2009 – Visita do Vice-Presidente Xi Jinping ao Brasil (fevereiro)
 2009 – Visita de Estado do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China
 2009 – China torna-se o principal parceiro comercial do Brasil
 2010 – Visita de Estado do Presidente Hu Jintao ao Brasil, participação na II Cúpula do BRICS, em Brasília e
assinatura do Plano de Ação Conjunto Brasil-China 2010-2014 (abril)

Governos Dilma e Temer

Visita de Estados
 2011 – Dilma Rousseff
 2014 - Xi Jinping
 2017 – Temer; foi em 2016 como interino
 2012 – Assinatura do Plano Decenal de Cooperação 2012-2021
o Elevação das relações ao nível de Parceria Estratégica Global
 Em 1993 era uma parceria estratégica, portanto houve uma elevação em 2012, o
relacionamento sobe de nível e passa a ser estratégico em nível global
o Criação do Diálogo Estratégico Global entre Chanceleres
 2012 – A China tornou-se o principal importador de produtos brasileiros
 2015 – Visita do Primeiro-Ministro da República Popular da China, Li Keqiang, ao Brasil

Governo Bolsonaro

 2019 – Visita do Vice-Presidente Hamilton Mourão à China e realização da V Sessão Plenária da COSBAN (23
de maio)
 2019 – Terceira Reunião do Diálogo Estratégico Global
 2019 – Comemoração dos 45 anos de relações diplomáticas bilaterais entre o Brasil e a República Popular da
China (15 de agosto)
 2019 – Visita de Estado do Presidente Jair Bolsonaro à China (24 a 26 de outubro) [Declaração conjunta]
[Seminário empresarial Brasil-China]
o Reconhecimento da importância do parceiro
 2019 – Visita do Presidente Xi Jinping ao Brasil, no contexto da XI Cúpula do BRICS (13 e 14 de novembro)

Mecanismos políticos

 Parceria Estratégica (1993), elevada a Parceria Estratégica Global (2012), com Diálogo Estratégico Global
entre Chanceleres, periodicidade anual (2012)

 Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN, VPRs, criada em 2004)
o Comércio e COSBAN são as questões mais importantes da relação bilateral entre Brasil e China
 A Comissão é o principal órgão decisório do Plano de Ação Conjunta Brasil-China 2015-2021 (PAC) e do Plano
Decenal de Cooperação 2012-2021 (PDC)
o Não uma organização internacional, não tem personalidade, tampouco sede. É um mecanismo que
tem formalizações flexíveis

o Sessão Plenária: mais alta instância de diálogo regular com a China, presidida pelos Vice-Presidentes
de ambos os lados.

o Secretaria Executiva: reúne-se anualmente, é exercida, do lado brasileiro, pelo Secretário-Geral das
Relações Exteriores e, do lado chinês, pelo Vice-Ministro do Comércio responsável pelas Américas.
 I COSBAN Pequim 2006
 II COSBAN Brasília 2012
 III COSBAN Cantão 2013
 IV COSBAN Brasília 2015
 V COSBAN Pequim 2019
 Aprovou a reestruturação da Comissão e a preparação de novo documento para
orientar as relações bilaterais no período de 2022 a 2031 para substituir os Plano
Decenal de Cooperação (PDC) 2012-2021 e Plano de Ação Conjunta (PAC) 2015-2021
 Formato até 2019: 11 Subcomissões: Política; Econômico-Financeira; de Inspeção e
Quarentena; Educacional; de Cooperação Espacial; Econômico-Comercial; de Agricultura;
Cultural; de Ciência e Tecnologia; de Energia e Mineração; e de Indústria e Tecnologia da
Informação

Relações Comerciais
 China é principal parceiro comercial do Brasil desde 2009, superávit brasileiro desde então.
 8º maior exportador para a China e 20º destino das exportações chinesas
 Expansão no intercâmbio comercial de 4 bi USD (2002) para US$ 101,8 bilhões (2020), com superávit recorde
em 2020, de US$ 33,8 bilhões.
 Pauta de exportação brasileira é pouco diversificada: basicamente comodities agrícolas e minerais

 Brasil importa manufaturados e a pauta é mais diversificada

Investimentos

 China foi o segundo maior investidor no Brasil entre 2003 e 2019, com estoque estimado em US$ 80 bilhões
ao final desse período
 Maior investidor estrangeiro no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), com cerca de 22% do total
vindo do exterior.
 Investimentos chineses no Brasil (energia, mineração, setor bancário, automóveis e telecomunicações) e
brasileiros na China (aeronáutica, autopeças, siderurgia, mineração e alimentos);
 Investimentos brasileiros na China: volume tem crescido e o estoque já passaria dos 350 milhões.
 Conselho Empresarial Brasil-China
 Novos bancos de investimentos: AIIB e NDB (BRICS)
 Fundo Brasil-China de Cooperação para a Expansão da Capacidade Produtiva (2015): USD 20 bi (15 bi China e
5 bi Brasil)
o Desenvolver a capacidade produtiva do Brasil nos setores de logística e infraestrutura, energia e
recursos minerais, tecnologia avançada, agricultura, agroindústria, armazenagem agrícola,
manufatura, serviços digitais e outros de interesse comum a ambas as partes
o Paralisado desde 2018

Investimentos chineses no Brasil


 Aviação civil
o Embraer tem fábrica em Harbin (ERJ-145 e ERJ-190) e joint-venture com AVIC;
 China busca conhecimento

 Mineração
o China é principal mercado da Vale (exporta desde 1973, escritório desde 1994) – ferro, aço, carvão,
coque, níquel

 Serviços bancários
o Compra de participação no Nubank pela Tencent, por US$ 180 milhões

 Transporte
o BYD pela responsável pela construção e operação do VLT do Subúrbio de Salvador e pela Linha 17-
Ouro do metrô de SP; chassis de ônibus elétricos
o Didi Chuxing comprou controle da startup brasileira 99pop (app de transporte)

 Energia
o CNOOC e CNODC participaram nos consórcios vencedores da rodada de licitações do excedente da
cessão onerosa do pré-sal em 2019
o Grupo Três Gargantas e State Grid investem em hidroeletricidade e energia eólica no Brasil

Telecomunicações e 5G

 Edital do Leilão foi publicado e não exclui Huawei ou qualquer nacionalidade (Fev 2021)
 Huawei possui centro de distribuição em Sorocaba (SP) e um Centro de Treinamento em São Paulo. É líder
no mercado nacional de banda larga fixa e móvel, por meio das parcerias estabelecidas com as principais
operadoras de telecomunicações
 80% das antenas de celular em operação no país foram fabricadas pela Huawei.
 A posição oficial brasileira é pública e tem como eixo central a promoção de um ambiente cibernético
aberto, interoperável, confiável e seguro e a utilização de redes 5G transparentes, seguras e baseadas na
livre e justa concorrência e no primado do direito, em linha com a legislação doméstica, prioridades na
formulação de políticas públicas e obrigações internacionais
Ciência, tecnologia e inovação

 Diálogos de Alto Nível Brasil-China sobre C,T&I, última edição 2019, em Brasília
 Centros Brasil-China:
o Mudanças Climáticas e Tecnologias Inovadoras para Energia
o Nanotecnologia
o Biotecnologia
 Memorando de entendimento entre MCTI e o Ministério de Ciência e Tecnologia chinês (MOST) chinês sobre
cooperação em pesquisa e inovação
 “Memorando de Entendimento para o Intercâmbio de Jovens Cientistas (2019)
 Brasil adere ao INBAR (“International Network for Bamboo and Rattan”), sediada em Pequim

Cooperação espacial

 Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (1988)


o Lançados em Taiyuan (China) com foguete Longa Marcha
 CBERS-1 1999
 CBERS-2 2003
 CBERS-2B 2007
 CBERS-3 2013 – acidente
 CBERS-4 2014
 CBERS-4A 2019
 CBERS-5 e CBERS-6 em desenvolvimento
 CBERS for Africa: distribuição gratuita das imagens a países africanos
 Estações de recepção: Egito, África do Sul e Ilhas Canárias
 Plano Decenal de Cooperação Espacial 2013-2022
 Centro Brasil-China para Aplicação de Dados de Satélites Meteorológicos
 Laboratório Sino-Brasileiro de Clima Espacial
 Cooperação Observatório Nacional (RJ) – Observatório Astronômico de Xangai

Saúde

 Memorando de Entendimento entre o Ministério da Saúde e a Administração Nacional de Medicina


Tradicional da República Popular da China no campo da Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa
(2019)
 Parceria entre o laboratório chinês SINOVAC e o Instituto Butantan para teste, importação e
desenvolvimento de vacina contra a COVID-19.
 Missão da Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) visitou a China em dezembro de 2020

Educação e cultura

 Expansão da rede de Institutos Confúcio no Brasil


 Cooperação educacional: “Memorando de Entendimento entre a CAPES e a National Natural Science
Foundation of China (NFSC)”, em 2019,
 2019, foi assinado Memorando de Entendimento entre o Ministério da Cidadania e o China Media Group,
com o objetivo de promover o intercâmbio audiovisual entre Brasil e China.
 Difusão da língua portuguesa na China, por meio do programa de leitorados
Divergências pontuais

 Reforma do CSNU
o China não apoia Brasil e é principal obstáculo à campanha do G-4 (considera inaceitável Japão no
CSNU); apoia indiretamente Unidos pelo Consenso, sem dele fazer parte, e estimula UA a manter
maximalismo do Consenso de Ezulwini
o "A China atribui alta importância à influência e ao papel que o Brasil, como maior país em
desenvolvimento do hemisfério ocidental, tem desempenhado nos assuntos regionais e
internacionais, e compreende e apoia a aspiração brasileira de vir a desempenhar papel mais
proeminente nas Nações Unidas”
 Posição oficial chinesa

 Desarmamento nuclear
o China é reconhecida como Estado nuclear pelo TNP; evita desarmamento
o China não assinou Tratado para Proibição de Armas Nucleares (BR 1˚ a assinar)

 Questões comerciais
o Concorrência chinesa enfraquece indústria leve no Brasil (calçados, brinquedos)
o Brasil não reconhece China como economia de mercado (decisão política anunciada em 2004, mas
jamais implementada; depende de portaria Secex/MDIC); com isso, pode impor barreiras
antidumping e contestar manipulação cambial; China alega que reconhecimento será automático ao
completar 15 anos na OMC (dezembro de 2016), o que é contestável

Obs.: Brasil não tem parceria com a China no que tange tecnologias sensíveis: energia nuclear, armamento

Obs.: em 1952, Brasil reforçou apoio à China nacionalista, instalando embaixada em Taipei. Em pleno contexto de
Guerra da Coreia

Índia

Histórico

 Civilização milenar
o É mais diversa que a China – étnica e culturalmente
 Séc. XIX: Joia da Coroa Britânica: Vice-Reino do Império Britânico
o Parte do Império Britânico (joia da Coroa) – cultivo de ópio na Índia e venda na China levou à
derrocada da China no século XIX

 Luta pela independência: Gandhi - Não violência


o Processo que ganha força depois da II GM
o Índia tenta escapar da lógica bipolar e se coloca como líder do terceiro-mundismo

 Independência - 1948
o Herda certa tradição política liberal dos britânicos: divisão de poderes, parlamentarismo
o Processo de descolonização indiano não foi tão sangrento como na África; nasce com sistema
democrático relativamente consolidado

 Transição indiana vista como modelar


o “A força espiritual da independência da Índia e o experimento do parlamentarismo lá adotado
tornariam a transição indiana modelar.” Sombra Saraiva
 Divisão étnico-religiosa: hindus e mulçumanos é motivo de disputa
o Índia, Paquistão e Paquistão Oriental Independência de Bangladesh

 Guerras entre Índia e Paquistão


o Na década de 1960, o desentendimento entre os dois países iniciara-se com a progressiva anexação
indiana da Caxemira.
 Divisão surge em função da questão étnica-religiosa (hindus e muçulmanos)

 Corrida nuclear
o A Índia, em maio de 1974, quatro anos após o TNP entrar em vigor, realizou sua primeira explosão
nuclear, dita "pacífica" pela primeira-ministra Indira Gandhi
o Brasil criticou o TNP – congelamento do poder; Índia não só não assinou como criou sua bomba.
Ideia de que apenas as cinco potências poderiam manter seu arsenal e que paulatinamente se
desfariam; não se confirmou
o Índia desenvolve o programa para se defender em um ambiente turbulento e de disputas com o
Paquistão e a China

Política Interna

 População de 1,28 bi, ainda 68% rural, ultrapassará China em breve; não há controle populacional

 Gradual fragmentação político-partidária desde anos 1970


o Fim do monopólio do Partido do Congresso
 Era o partido hegemônico depois da independência
o Ascensão de partidos com base étnica, de casta, linguística ou provincial
o Fortalecimento do nacionalismo hindu sob BJP Bharatiya Janata Party (partido do povo indiano) -
(hindutva): N. Modi
o Crescente influência da sociedade civil organizada (movimentos pela igualdade de gênero, contra a
corrupção e pelos direitos das minorias)

 PM Narendra Modi: nacionalismo étnico-religioso (hindutva) – pilar de que a etnia hindu é fundamental e
originária; põe minorias em xeque
o Acusações de islamofobia: Índia é o lar da 2ª maior população islâmica do mundo, embora minoria
o RSS: organização voluntária paramilitar, “supremacia hindu”, Modi já foi membro
 Espécie de organização político-militar não oficial, que comunga da visão do BJP
o Alteração do artigo 370 da Constituição que dava que garantia de direitos especiais a Jammu e
Caxemira, único estado com população majoritariamente muçulmana do país (2019)
 Em 2014, Modi era mais moderado, na segunda eleição em 2019 ficou mais extremado em
defesa do hinduísmo
o Lei de Alteração da Cidadania (CAA) e Registro Nacional de Cidadãos (NRC): exclui mulçumanos
o Estado de Uttar Pradesh, chefiado por político do BJP, aprovou lei que considera casamentos inter-
religiosos ilegais se o objetivo for a conversão religiosa da mulher (2020) → love jihad (guerra santa
do amor – manter a pureza étnica)

 Múltiplos desafios de segurança interna


o Elevado risco de terrorismo doméstico (Parlamento 2001, Mumbai 2008) relacionado às disputas
com Paquistão.
o Ameaças separatistas: Caxemira e estados do nordeste
Economia

 Crescimento econômico acelerado e favorecido pela queda dos preços do petróleo, mas desigual: foco em
tecnologia e serviços, não em indústria básica ou agricultura
o Serviços: 60% PIB
o Agricultura, silvicultura e pesca 12%, mas empregam mais de 50% da força de trabalho
o Indústria 15% PIB
 Parte do motivo do sucesso atribuída à liberalização econômica que começou em 1991.
 O crescimento do PIB desacelerou nos últimos anos, em parte devido ao aumento da inflação.
 A força de trabalho da Índia está se expandindo nos setores de indústria e serviços, crescendo parcialmente
devido à terceirização internacional - um empreendimento lucrativo para a economia indiana.
 O setor agrícola da Índia ainda é uma potência global, produzindo mais trigo ou chá do que qualquer outra
no mundo, exceto a China.
 No entanto, com a mecanização de muitos processos e o rápido crescimento da população, a taxa de
desemprego da Índia permanece relativamente alta.
 De 2011-2019, o número de pessoas pobres na Índia foi estimado ter caído de 340 milhões para 78 milhões,
embora a pandemia tem elevado esse número novamente

Alguns indicadores
 6º PIB nominal (2020)
 3º PIB PPP (2020)
 148˚ PIB per capita: c. USD 2.099
o Brasil: c. USD 8.707

PIB
PIB per capita

Índice de desemprego

Balança Comercial – déficit persistente


Importação
 A Índia importou US$ 474 bilhões (2019);
 11º destino comercial do mundo;
 Principais produtos da pauta de importação: petróleo bruto ($ 92,7 bilhões), ouro ($ 33,8 bilhões), briquetes
de carvão ($ 24,9 bilhões), diamantes ($21,4 bilhões) e gás de petróleo ($ 16,4 bilhões);
 Principais parceiros de importação: China, Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Iraque.

Exportação
 A Índia exportou um total de US$ 330 bilhões (2019);
 15º exportador mundial;
 Principais produtos da pauta exportadora: petróleo refinado, diamantes, medicamentos embalados, joias e
carros;
 Principais destinos são Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, China, Hong Kong e Cingapura

Política Externa

Objetivos centrais
 Artigo 51 da Constituição indiana: princípios.
o Promover a paz e a segurança internacionais; Manter relações justas e honrosas entre as nações;
o Promover o respeito ao direito internacional; Incentivar a resolução de disputas internacionais por
arbitragem (solução pacífica de controvérsia)
 Preservar unidade e integridade de país extremamente heterogêneo (22 línguas principais, 13 alfabetos e
700 dialetos)
 Buscar desenvolvimento (PIB per capita ainda baixo, IDH 130˚)
 Afirmar-se como polo de influência em mundo multipolar (G-4, BRICS, G-20)
o Parecido com o discurso brasileiro; arranjo criado depois da II GM esgotou-se e precisa ser
reformado
o Nos três grupos (G4, BRICS e G20) o Brasil também está presente

Evolução da política externa desde 1947

 Da independência aos anos 1960:


o noções de autogoverno político (swaraj) e autossuficiência econômica (swadesh);
o liderança dos não-alinhados;
o retórica diplomática anticolonial, idealista e pacifista (Doutrina Nehru), mas pró-soviética (com
cautela)

 Décadas de 1970 e 1980:


o viragem pragmática e nacionalista (Indira Gandhi);
o intervencionismo regional (guerra de independência de Bangladesh 1971);
o programa nuclear (“explosão pacífica” de 1974 e testes militares de 1998) – deu origem ao grupo
dos não-supridores

 Desde anos 1990:


o abertura econômica gradual e diversificação diplomática (aproximação com EUA, Japão, África, IBAS
e BRICS), desenvolvimento econômico

Multilateralismo
 Forte envolvimento com ONU
o 3 º contribuinte de tropas para missões de paz (7800), principalmente RD Congo (MONUSCO) e
Sudão do Sul (UNMISS)
o Campanha pela reforma do CSNU (G-4) e pela Agenda de Desenvolvimento Pós-2030; eleita 6 vezes
para o Conselho
 Tem atuação consistente no cenário multilateral
 Atuação importante entre os países em desenvolvimento – começou com o movimento dos
não-alinhados e depois na Cooperação Sul-Sul
o Articulação do mundo em desenvolvimento (MNA e G77)
o Exceção: impede que Caxemira volte à agenda do CSNU
 Entende que deve ser tratado de forma bilateral

 Postura defensiva sobre mudança do clima


o Não prejudicar o desenvolvimento econômico

 Liberalização comercial multilateral (OMC)


o Índia evita barreiras a seu desenvolvimento
o Ideia de a questão ambiental não virar entrave para o desenvolvimento econômico

 Rejeição de certos tratados de não-proliferação (TNP e CTBT) e desarmamento (Dublin, Ottawa, ATT)
o Índia é 2º maior importador mundial de armas

 Esforços para reformar instituições de Bretton Woods


o Sistema pós-II GM está defasado

Relação Índia – Ásia Meridional

 Tensões com maioria dos vizinhos


o Paquistão – trauma da partição e intensa rivalidade
 Disputas territoriais (Caxemira e Siachen), por recursos hídricos e influência regional;
questão do terrorismo ligado ao processo de partilha

 Quatro guerras (1948, 1965, 1971, 1999):


o Primeira Guerra da Caxemira (48) - território
o Segunda Guerra da Caxemira (65) - território
o Guerra de Independência de Bangladesh (71)
o Conflito de Kargil (99) – território
 Equilíbrio nuclear (testes em 1998)
 Antagonismo identitário (laicidade x sectarismo)
 Estado nasceu laico e liberal, com influência britânica, mas o crescimento do
nacionalismo pode alterar isso
o Sri Lanka, Nepal e Bangladesh
 Rejeição à suposta ingerência indiana em assuntos domésticos e em guerras civis (Sri Lanka
1983-2009, Nepal 1996-2006); disputas territoriais com Bangladesh
o Regionalismo (SAARC - Associação Sul-Asiática para a Cooperação Regional) pouco eficaz
o Baixíssimo comércio intrarregional
 Principais parceiros não estão na região, exceção é a China

Caxemira

 Estado principesco durante Raj indo-britânico, com maioria muçulmana


 Importância estratégica (fronteira sino-paquistanesa no Himalaia), identitária e de recursos hídricos (fonte
do rio Indo e seus tributários); justifica preponderância do Exército na política paquistanesa
o Relacionado à defesa e recursos hídricos
 Palco de guerras e rebeliões sucessivas:
o 1947-48: Paquistão apoia revolta muçulmana contra decisão do marajá hindu de aderir à Índia;
guerra sem vencedores; partição de facto da Caxemira (Linha de Controle); ONU envia missão
observadora (UNMOGIP) e CSNU pede referendo que nunca ocorre
o 1962: China vence guerra sino-indiana no Aksai Chin (norte da Caxemira)
o 1965: Paquistão invade Caxemira indiana; impasse e retorno ao status quo
o 1971: Intervenção militar da Índia assegura independência do Paquistão Oriental
o (Bangladesh); Acordos de Simla; fim do envolvimento do CSNU
o Anos 1980 e 1990: Paquistão apoia rebelião separatista na Caxemira indiana, sem sucesso; ambos
desenvolvem armas nucleares
o 1984: Índia ocupa parcialmente geleira de Siachen (parte da Caxemira mas não delimitada);
Paquistão reage; impasse militar desde então
o 1999: Índia repele nova ofensiva paquistanesa (“miniguerra” de Kargil)
o 2003: Acordo de Cessar-fogo - padrão pendular de aproximações e crises entre Paquistão e Índia;
Acusações mútuas de quebra do cessar-fogo de 2003
o 2021: Reafirmação do pacto de cessar-fogo e possível abertura ao diálogo (Paquistão)

Relações Índia – Rússia

 Principal aliança estratégica de Nova Delhi durante Guerra Fria (tratado de 1971, apoio indiano à
intervenção soviética no Afeganistão); parceria renovada desde então (Cúpulas anuais)

 Cooperação energética, aeroespacial e em defesa; Rússia é principal fornecedor de armas para Índia;
exercícios militares conjuntos (INDRA) e projetos binacionais de defesa
o Dez/2015: Modi visita Moscou; acordos para 6 reatores nucleares russos adicionais na Índia (12
total) e construção de helicópteros Ka-226 na Índia; possível compra de defesa aérea S-400 (USD 6 bi
total)

 Interesses comuns na Ásia Central (Afeganistão) e no Oriente Médio (Irã, parcialmente Síria)

 Rússia apoia candidaturas indianas ao CSNU e ao Grupo de Supridores Nucleares (NSG)


 Rússia apoiou entrada da Índia na OCX

 Índia condena sanções contra Rússia durante crise ucraniana e ajuda a impedir isolamento de Moscou

Relações Índia – EUA

 Relacionamento em evolução
o Distância durante Guerra Fria (EUA aliados do Paquistão, Índia não-alinhada e pró-URSS)
o Aproximação desde anos 1990 (política americana para Ásia Meridional)
o Índia busca atrair investimentos americanos e diversificar dependência de armamentos russos
o EUA veem na Índia possível contrapeso à China; retiram rapidamente sanções por testes nucleares
de 1998; Acordo Nuclear Civil de 2005 e apoio a Índia no NSG
o Obama anuncia apoio a Índia no CSNU em 2010
o Crises ocasionais (caso Khobragade em 2013, Modi banido dos EUA até 2014, episódios de
intolerância na província de Gurajat)
 Modi foi negligente no trato a perseguições desferidas contra muçulmanos enquanto era
governador

 Quad com EUA, Japão e Austrália (2007, 2017): contenção da China

Relações Índia – China

 Aproximação recente
o Visão comum de mundo multipolar (BRICS, G-20)
o Convergência em temas multilaterais (clima, desenvolvimento, OMC)
o China não veta abertamente (embora não apoie) candidatura indiana ao CSNU
o Convergência econômica: China é principal parceiro comercial da Índia (USD 70 bi, forte déficit
indiano), que é 2o maior cotista do AIIB liderado pela China

 Pendências bilaterais
o Disputas territoriais (Aksai Chin/Caxemira e Arunachal Pradesh/”Tibete do Sul”);
o Excelente relacionamento China-Paquistão irrita Índia
o Índia abriga Dalai Lama e liderança tibetana
o Disputas hídricas (Brahmaputra/Yarlung Tsangpo)
o Rede de portos/possíveis bases navais da China no Índico (“Corrente de Pérolas”)
 Passa ao redor da Índia
o Nacionalismo Indiano (Nahrenda Modi)
o Índia busca diminuir a participação chinesa em sua economia, inclusive como parte de sua estratégia
de reinserção econômica pós-pandemia; Evitar hegemonia econômica chinesa na região; bloqueio
de apps chineses e restrições a investimentos chineses

Relações Índia - África

 Laços humanos e econômicos antigos; diásporas indianas na África Oriental e Austral, comércio via Índico
 Índia importa commodities e petróleo da África; USD 70 bi de comércio bilateral (maior parceiro após China,
EUA e UE) e USD 30 bi de investimentos indianos na África, sobretudo mineração
 Cooperação técnica, projetos de educação e iniciativas para combater pirataria no Índico (Somália e golfo de
Áden)
 Convergência na ONU e em foros multilaterais
o Índia fornece grandes contingentes para missões de paz na África
 Cúpulas Índia – África
o Nova Delhi 2008
o Adis Abeba 2011
o Nova Delhi 2015

 O Corredor de Crescimento Ásia-África (2017)


o É um acordo de cooperação econômica entre 10 países asiáticos e 7 países africanos, lançado em
2017 pelos governos da Índia e do Japão
o Resposta ao BRI (Nova Rota da Seda chinesa)
 Países membros asiáticos (10): Bangladesh, Índia, Irã, Japão, as Maldivas, Mongólia,
Mianmar, Singapura, Sri Lanka, Tailândia
 Países membros africanos (7): Quénia, Madagáscar, Maurícia, as Seicheles, Tanzânia,
Zâmbia, Zimbábue

Relações Brasil – Índia

Relações política

 Semelhanças estruturais (grandes democracias multiétnicas e em desenvolvimento) e diplomáticas


(interesse comum em tornar governança global mais eficaz e legítima). Duas maiores democracias do Sul
Global.
o Desenvolvimento é o vetor da política externa dos dois países
 Relações estabelecidas em 1948; cordiais mas distantes na Guerra Fria
o 1961: Brasil critica anexação indiana de Goa (antes colônia de Portugal)
o 1968: Indira Gandhi no Brasil; assinado Acordo de Comércio
o Aposta comum na UNCTAD (foco no desenvolvimento econômico) e contra o TNP;
o Brasil observador do MNA
 Índia liderou o movimento
 Forte aproximação desde anos 1990 e Parceria Estratégica em 2006
 Visitas de alto nível
o Bolsonaro em 2020; Temer em 2016; Dilma em 2012; Lula em 2004, 2007 e 2008; FHC em 1996
o PM Modi no Brasil em 2019, 2017, 2014; PM Singh em 2006, 2010 e 2012
 Brasil tem Consulado-Geral em Mumbai (2006); Índia em SP

Cronologia das Relações Bilaterais (tem no site do Itamaraty – costuma cair na prova)

1948 – Estabelecimento de relações diplomáticas entre o Brasil e a Índia

1954 – Visita ao Brasil do vice-presidente S. Radhakrishnan

1968 – Firmado o primeiro Acordo de Comércio entre o Brasil e a Índia (3 fev); Visita da primeira-ministra Indira
Gandhi ao Brasil; Acordo de cooperação para a utilização pacífica da energia nuclear

1992 – Visita do primeiro-ministro Narasimha Rao ao Brasil (Rio-92)

1996 – Visita do presidente Fernando Henrique Cardoso à Índia

1998 – Visita oficial do presidente K.R. Narayanan ao Brasil

2002 – Criação da Comissão Mista de Cooperação Política, Econômica, Científica, Tecnológica e Cultural

2004 – Visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Índia

2006 – Estabelecimento da Parceria Estratégica Brasil-Índia; Governo Lula

2007 – Visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Índia; III Reunião da Comissão Mista (Nova Delhi); I Reunião do
Diálogo Estratégico Brasil-Índia (Nova Delhi)
2008 – Visita da presidente Pratibha Patil ao Brasil; criação do Mecanismo de Monitoramento do Comércio Brasil-
Índia

2009 – IV Reunião da Comissão Mista (Brasília); abertura da adidância militar do Brasil em Nova Delhi; I Reunião do
Mecanismo de Monitoramento do Comércio Brasil-Índia; entrada em vigor do Acordo de Comércio Preferencial
entre o Mercosul e a Índia. Passo seguinte é o livre-comércio, mas hoje não há

2011 – V Reunião da Comissão Mista (Nova Delhi); III Reunião do Diálogo Estratégico Brasil-Índia; I Reunião do
Diálogo Econômico e Financeiro

2012 – Visita da presidente Dilma Rousseff à Índia; III Reunião do Mecanismo de Monitoramento do Comércio Brasil-
Índia; I Reunião da Comissão Mista sobre Cooperação Científica e Tecnológica;

2014 – Visita do primeiro-ministro Narendra Modi ao Brasil, por ocasião da VI Cúpula do BRICS

2015 – VII Reunião da Comissão Mista (Nova Delhi); IV Reunião do Diálogo Estratégico Brasil-Índia; I Reunião de
Consultas Políticas Brasil-Índia; I Reunião do Mecanismo de Consultas Consulares e Mobilidade (Brasília); Visita da
ministra da Agricultura Kátia Abreu à Índia

2016 – Visitas do presidente Michel Temer à Índia; IV Reunião do Mecanismo de Monitoramento do Comércio Brasil-
Índia

2017 – Encontro do presidente Michel Temer com o primeiro-ministro Narendra Modi (à margem da IX Cúpula do
BRICS, em Xiamen)

2018 – II Reunião da Comissão Mista Brasil-Índia sobre Cooperação Científica e Tecnológica (30 de maio)

2019 – Visita do primeiro-ministro Narendra Modi ao Brasil, por ocasião da XI Cúpula do BRICS

2020 – Visita de Estado do presidente Jair Bolsonaro à Índia; V Reunião do Mecanismo de Monitoramento do
Comércio Brasil-Índia [Comunicado conjunto] [Documentos adotados] [Plano de ação] [Acordo de Cooperação e
Facilitação de investimentos

2020: Visita de Estado do presidente Jair Bolsonaro à Índia

 Foram assinados 15 documentos, entre acordos de cooperação e memorandos de entendimento em


diversas áreas
o 1. Plano de Ação para Fortalecer a Parceria Estratégica entre o Brasil e a Índia
o 2. Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI)
 Importante para atração de investimentos
o 3. Memorando de Entendimento sobre Cooperação na Área de Segurança Cibernética
o 4. Acordo de Previdência Social
o 5. Memorando de Entendimento sobre Cooperação em Bioenergia
 Brasil tem papel importante
o 7. Memorando de Entendimento sobre Cooperação na Área de Saúde e Ciências Médicas
 Índia é um polo importante
o 12. Programa de Cooperação Científica e Tecnológica (2020-2023)
o 13. Acordo de Cooperação Jurídica Mútua em Matéria Penal
o 15. Colaboração na área de Pecuária e Produção Leiteira

 Convergência político ideológica: nacionalismo religioso


o "A parceria estratégica entre Índia e Brasil se baseia na nossa ideologia e nos valores comuns, apesar
da distância geográfica", disse Modi.
o Existe uma proximidade histórica de Estado, mas sob Bolsonaro e Modi a aproximação tem sido
também ideológica (ascensão nacionalista na Índia e no Brasil, bem como a influência religiosa). Na
prova, é melhor citar como valores comuns a questão do desenvolvimento econômico

Mecanismos políticos
 Comissão Mista de Cooperação Política, Econômica, Científica, Tecnológica e Cultural Brasil–Índia (2002),
com reuniões bienais de Chanceleres:
o I Comista Nova Delhi 2003
o II Comista Brasília 2006
o III Comista Nova Delhi 2007
o IV Comista Brasília 2009
o V Comista Nova Delhi 2011
o VI Comista Brasília 2013
o VII Comista Nova Delhi 2015
o Diálogo Estratégico (MRE brasileiro e Assessor de Segurança Nacional da Índia) (2015, 2011, 2010,
2007)
o Existem também comissões bilaterais temáticas, como a de defesa, a de ciência e tecnologia e o
mecanismo de monitoramento do comércio.
o IBAS e BRICS – três grandes democracias do Sul Global
 IBAS é um eixo do Sul – Brasil, África do Sul e Índia; segurança alimentar, democracias,
países importantes do Sul Global. Tem como foco a cooperação no desenvolvimento,
agricultura e segurança alimentar

Convergências multilaterais

 Ambos têm potencial para construir consensos entre Norte e Sul


 Coalizão para reforma do CSNU e apoio recíproco (G-4)
 Mecanismos de cooperação sul-sul (IBAS e seu Fundo)
 Busca de sistema internacional multipolar e cooperativo nos âmbitos político e econômico (BRICS, G20)
 Postura similar em direitos humanos – a favor da universalidade, mas evitando seletividades (CDH e AGNU)
 Atuação conjunta na OMC por medicamentos genéricos e pela quebra de patentes do coquetel antiAIDS
(2001; embrião do IBAS)
 Posição comum sobre mudança do clima (BASIC)
 Co-liderança do G-20 da Rodada Doha da OMC desde 2003
 Caxemira: Brasil defende que disputa seja solucionada no âmbito bilateral entre Índia e Paquistão (como
prefere a Índia), e não em instâncias multilaterais (como prefere o Paquistão)

Brasil – Índia (Comércio)

 O intercâmbio comercial entre o Brasil e a Índia totalizou 6,83 bilhões em 2020, queda de 2,9% em relação a
2019,
 Com exportações brasileiras no valor de US$ 2,88 bilhões e importações provenientes da Índia no valor de
US$ 3,94 bilhões.
 Índia é 7º parceiro em importações e 15º destino das exportações do Brasil
o Oportunidade para o Brasil, apesar de a Índia ser uma potência agrícola
 Brasil teve déficit de USD 1,62 bilhões em 2020
 Há um certo equilíbrio, com variações de tempos em tempos de déficit de um lado ou para outro

 Brasil exporta petróleo, soja, açúcar, ouro, cobre e aeronaves;


 Brasil importa produtos químicos, medicamentos, petróleo/combustível, maquinário
o Índia é polo de refinamento
o Brasil exporta petróleo bruto e importa o combustível

Educação, cultura e ciência, tecnologia e inovação

 Comissão Conjunta em C&T


 Pesquisas binacionais em doenças infecciosas, biotecnologia, conhecimentos tradicionais associados,
energias renováveis e computação
 Índia integrou Ciência sem Fronteiras desde 2012
 Centro Cultural da Índia em SP criado em 2011
 Covid-19: Vacinas do Instituto Serum (COVAXIN)

Temas consulares e de turismo

 Mecanismo de Consulta Consular criado em 2015

Defesa

 Comitê Conjunto de Defesa (4 reuniões desde 2010): intercâmbio de aspirantes e oficiais, diálogo em
assistência humanitária e defesa civil
 Possíveis futuros projetos submarinos conjuntos (classe Scorpène)

 É diferente da China, que o Brasil não tem muita cooperação na área de defesa

Cooperação aeroespacial

 Acordo sobre uso pacífico do espaço exterior


 Troca de imagens de satélites de monitoramento terrestre
 Índia pode cooperar com Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (Pese) do Brasil
 Índia adquire Embraer Legacy 600 para o transporte de autoridades
o Produto de valor agregado
 Acordo sobre serviços aéreos (ambição de estabelecer voo direto)
Acordos e Investimentos

 Acordo de Comércio Preferencial Mercosul-Índia (assinado em 2004, vigora desde 2009; Brasil busca
expandir de 450 para 2000 itens) e diálogo sobre possível Acordo Tripartite Mercosul-SACU-Índia
o Preferência de comércio, mas não livre-comércio
o SACU é formado por países da África
 Investimentos indianos no Brasil nos setores de transmissão de energia, defensivos agrícolas e fabricação de
veículos pesados. No sentido contrário, destacam-se investimentos brasileiros em setores como motores
elétricos, terminais bancários e componentes de veículos pesados
 Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI), assinado em 2020

Divergências pontuais

 Não-proliferação nuclear
o Índia não adere ao TNP e ao CTBT; Brasil critica testes de 1998
o (suspende cooperação nuclear) e Acordo Nuclear EUA-Índia de 2005
 Negociações comerciais na OMC
o Brasil contra proposta da Índia e África do Sul de suspensão dos dispositivos de propriedade
intelectual sobre patentes de medicamentos, vacinas e outros produtos ligados ao combate ao novo
coronavírus (2020/2021). Brasil defendia que a quebra poderia ser contraproducente para o
surgimento de novos medicamentos
 Direitos humanos
o Posturas distintas em certos temas de DDHH (pena de morte, orientação sexual e identidade de
gênero). Vale mais para o histórico que atualmente

Observações

 A política externa da Índia possui como importantes vetores, em sua dimensão global, a promoção da
governança, o acesso a recursos energéticos em bases estáveis, a promoção da segurança alimentar e, no
plano regional, a cooperação com a China, no âmbito do BRICS e na construção de novas instituições
econômicas, todavia, há conflitos no que tange a relação da China com o Paquistão e o traçado marítimo da
Nova Rota da Seda (colar de pérola) que circunda o território indiano
Japão

Política Interna

 Monarquia constitucional bicameral;


o Japão abriu-se no século XIX
o Na Primeira Guerra, lutou ao lado dos vencedores
o Após a Primeira Guerra, desenvolveu um projeto imperialista e lutou a Segunda Guerra ao lado do
Eixo
o Entre 1945-47 há um período de ocupação; Imperador foi poupado. EUA atou para remodelar as
instituições do país, que passaram a ser calcadas em instituições democráticas e não mais militares

 Após hiato do LDP (partido liberal democrata) (2009-2012) e período de instabilidade (6 PMs em 6 anos),
LDP volta ao poder com Shinzo Abe em 2012;

 Crise demográfica em curso, com envelhecimento e baixa natalidade; pouca imigração (homogeneidade
cultural);

o Salto tecnológico permitiu que o Japão enriquecesse antes de envelhecer, mas o envelhecimento
tem gerado desafios importantes

 Fortalecimento do nacionalismo “anti-chinês”;

 Debate sobre reforma constitucional para mudar artigo 9, decisão do gabinete em mudar interpretação da
constituição para permitir “direito de defesa coletiva”;
o Preocupação de que haja autonomia, pois precisa do apoio americano

 Abenomics: tentativa de recuperar dinamismo econômico perdido desde anos 1990, com “três flechas”;
o Crescimento expressivo nas décadas de 1960 e 1970, modelo usado pela China atualmente; abertura
econômica, absorção de tecnologia; reengenharia reversa para cópias; incorporação tecnológica
o Chegou a rivalizar com os EUA pela liderança econômica, mas perdeu força a partir de 1990 e deixou
de crescer
o A diferença para a China é que a rivalidade é apenas econômica; Japão é parceiro estratégico dos
EUA

 Desastre de Fukushima (2011) causa suspensão quase total dos 54 reatores nucleares japoneses; primeiro
(Sendai) reativado em 2015;
o É dependente da energia nuclear, mas cresce as críticas ao modelo

 PM Shinzo Abe renuncia (2012-2020): mais longevo PM;


o Novo PM Yoshihide Suga: continuidade

Economia

 3ª maior economia do mundo, 2ª da Ásia


 População de 125 milhões e com alto poder aquisitivo
 Estagnação
o Sem crescimento real nos últimos 20 anos
 PIB real é virtualmente o mesmo há vinte anos
o Abenomics: tentativa de recuperar dinamismo econômico perdido desde anos 1990, com “três
flechas”:
 Política monetária agressiva (reverter deflação)
 Política fiscal expansionista (estímulos orçamentários)
 Política pró-crescimento e competitividade (reformas estruturais e adesão ao TPP/CPTPP –
Parceria Transpacífico; Trump saiu em 2016 e RCEP – maior área de livre comércio do
mundo, inclui Índia e China)

 Altíssimo endividamento público: Relação dívida/PIB de 224.9 % em 2020 (sem risco de default, todavia)
o Possui solidez econômica de longo prazo; o problema é a retomada do dinamismo econômico

 Demografia: Envelhecimento é desafio


o 28,7% da população tem 65 anos ou mais, com as mulheres formando a maioria: alta expectativa de
vida e baixa taxa de fertilidade; capacidade de desenvolvimento tecnológico ajuda com a falta de
mão de obra, mas não é suficiente
o A população do Japão deve encolher de 127 milhões em 2015 para 88 milhões em 2065.
o Japão conseguiu enriquecer antes de envelhecer, é um feito. Desafio para China e Brasil

Política Externa

 Pilar central: aliança estratégica com EUA


o Parcerias bilaterais complementares: Coreia do Sul, Taiwan, Índia, Austrália, Indonésia e Filipinas
 Ausência de mecanismos regionais eficazes na Ásia Oriental;
o dependência do bilateralismo

 Poder econômico como ferramenta diplomática


o Investimentos, comércio, assistência ao desenvolvimento e
o cooperação técnica/JICA
o Dependência da importação de commodities (energia)

 Pacifismo oficial – mas sob pressão revisionista


o Intensificação da rivalidade com China
o Atritos com Presidente da Coreia do Sul Moon Jae-in
o As divergências sobre o passado de guerra do Japão e "mulheres de conforto" estão impedindo os
esforços para melhorar as relações bilaterais
 Principalmente nos países que o Japão invadiu e cometeu crimes de violação aos Direitos
Humanos

 Multilateralismo
o Eleito 11 vezes para o CSNU (recorde); busca afirmar credenciais para assento permanente
 G4 desde 2004 (com Brasil)

o Evita engajamentos militares, mas é grande doador humanitário, para missões de paz e para o
desenvolvimento (checkbook diplomacy)

o Engajamento pela não-proliferação (trauma de Hiroshima e Nagasaki)


 Yukiya Amano dirigiu a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) de 2009 a 2019
 Grande preocupação com programa nuclear da RPDC (Coreia do Norte)

o Regionalismo apenas econômico (BAD (banco de Desenvolvimento da Ásia) – Japão é principal


acionista, ASEAN Regional Forum, APEC, TPP), mas não em segurança
 RCEP (incluso China) em 2020

o QUAD (Quadrilateral Security Dialogue)


 Iniciado em 2007, paralisado em 2012, retomado em 2017 (governo Trump)
 Articulação em matéria de defesa na região da Ásia-Pacífico
 Não se declara oficialmente anti-China
 Exercícios militares entre os 4 membros em Nov 2020
 1ª reunião com Governo Biden - Mar/2021

Japão – EUA

 Acordo de Paz (Tratado de São Francisco) e aliança estratégica desde 1951


o Antes: ocupação aliada para desarmar e democratizar o Japão, 1945-52
o Doutrina Yoshida: Japão aceita bases dos EUA em troca de proteção militar – pode priorizar a busca
do desenvolvimento
o Até hoje, 84 bases militares dos EUA, sobretudo Okinawa
 Defesa japonesa é garantida pelos EUA, mas cresce a pressão por autonomia

 Intensas relações econômicas (USD 180 bi de comércio);

 QUAD (com Índia e Austrália): articulação em defesa de Indo-pacífico livre (“contenção” da China)
o Defesa é da livre circulação e navegação, não necessariamente uma contenção à China, embora
analistas vejam dessa forma

Japão – China

 Japão ocupou a Manchúria em 1931


 Relações políticas em deterioração
o Crescente déficit de confiança entre Governos e sociedades
o Acusações mútuas de militarismo
o Questão dos crimes japoneses na II Guerra (“comfort women” – mulheres abusadas pelos japoneses,
templo de Yasukuni (templo da discórdia – resto mortais de militares que participaram da II GM),
massacre de Nanquim)
o Alianças problemáticas (China-RPDC; Japão-Taiwan)
 Coreia do Norte detentora de bomba nuclear e Taiwan um território chinês
o China explicitamente contra pleito do Japão ao CSNU

 Comércio em patamar alto (USD 296 bi) China é maior parceiro comercial do Japão
o Busca redirecionar seu comércio para outros parceiros (EUA, maior destino das exportações
“empatado” com China em 2019; contava com o TPP para direcionar para os EUA, mas a saída do
acordo por parte do EUA frustrou os planos, embora continue com o movimento

Disputa territorial das ilhas Senkaku/Diaoyu

 Depósitos de gás natural; anexadas pelo Japão após Guerra Sino-Japonesa em 1895, depois vendidas para
comerciantes japoneses e readquiridas pelo Governo do Japão em 2012;
 China reivindica

 Importância geopolítica, próxima a Taiwan é estratégica em termos de defesa e menos em importância


econômica
 Além da zona econômica exclusiva é importante
Japão – Rússia

 Relações historicamente conflituosas


o Guerra Russo-Japonesa de 1904-05
o II Guerra Mundial 1945
 Nunca houve tratado de paz (apenas declaração conjunta em 1956) – disputa pelas ilhas
Kurilas do Sul (Territórios do Norte), anexadas pela URSS em Yalta mas reivindicadas pelo
Japão
 Diversas tentativas de solucionar contencioso após Guerra Fria, sem sucesso; Rússia oferece
dividir arquipélago, mas Japão exige todas as ilhas

 Apoio soviético (e parcialmente russo) à RPDC é visto como ameaça pelo Japão; ambos nas negociações
hexapartites (envolve a discussão nuclear da Coreia do Norte)

 Tentativa de reaproximação recente


o Abe buscou finalizar tratado de paz com Putin. (II GM)

 Sanções japonesas contra Rússia desde crise ucraniana


o Rússia apoia críticas chinesas ao revisionismo japonês da II Guerra
Japão – Coreias

Coreia do Sul

 Convergências geopolíticas, econômicas (70 bi USD de comércio) e políticas (Japão reconhece RoK -
República das Coreias - como único Governo das Coreias)
 Profunda cooperação cultural e esportiva (Copa do Japão-Coreia) em 2002
 Ressentimento sul-coreano com ocupação da Península pré-1945 e revisionismo
 japonês (templo de Yasukuni, templo xintoísta com restos de mortos na 2a Guerra) – mesma questão que
incomoda a China; espécie de amainar os feitos do imperialismo japonês
o Dez/2015: resolução parcial da questão das “comfort women”, com indenizações
o Ascensão de Moon Jae-in reacende tensões sobre “confort women”
 Não alcançou resultado satisfatório
 Disputa territorial das ilhas Dokdo/Takeshima (controladas pela Coreia do Sul, reivindicadas pelo Japão)

Coreia do Norte (RPDC)

 Ausência de relações formais; hostilidade e desconfiança recíprocas


 Japão integra negociações hexapartites sobre programa nuclear da RPDC
 Pendências: japoneses abduzidos pela RPDC, bases dos EUA no Japão, sanções econômicas japonesas e
programas nuclear e missilístico norte-coreano

Relações Brasil – Japão

 Relações cordiais desde Tratado de Amizade, Comércio e Navegação (1895) e início da migração japonesa ao
Brasil (1908, navio Kasato Maru, Kobe-Santos; 189 mil migrantes até 1941), exceto hiato 1942-52 (contexto
da II GM)
o Brasil tem proximidade cultural mais forte – desenhos animados
o Papel japonês na industrialização brasileira

 Investimentos japoneses para industrializar Brasil (anos 1960 e 1970):


o 1ª fábrica da Toyota fora do Japão

 Mecanismo de Consultas Políticas (2004) e Diálogo Anual de Chanceleres (2014) e Parceria Estratégica e
Global (2014);
o Em 2012, com a China; não tem com a Índia. Reitera que o Brasil enxerga o Japão com parceiro
importante e vice-versa

 Diálogo Trilateral Brasil-Estados Unidos-Japão (JUSBE) em 2020 (Novembro) 3 pilares:

o 1) intensificação da coordenação de políticas sobre questões regionais;


o 2) busca de uma prosperidade econômica compartilhada; e
o 3) fortalecimento da governança democrática (criar contraponto de certa forma à China)

 Fortes convergências multilaterais (G-4, FOCALAL, TNP)


o Países mais vezes eleitos ao CSNU: Japão (11 mandatos) e Brasil (10)

 Visitas de alto nível


o Lula em 2005 e 2008; FHC em 1996, Visita de Dilma (adiada em 2013 e 2015); Temer em 2016
o PM Abe no Brasil em 2014 e 2016; Príncipes Akishino em 2015 e Naruhito em 2008; Imperador
Akihito em 1997
o Encontro entre o Presidente Jair Bolsonaro e o Primeiro-Ministro Shinzo Abe à margem do Fórum
Econômico Mundial de Davos em 2019
o 2019 – Visita do Presidente da República, Jair Bolsonaro a Tóquio (Japão) para a cerimônia de
entronização do imperador Naruhito (21 a 23 de outubro)

 Contatos humanos e temas consulares


o 1,6 milhão de nipo-brasileiros (maior diáspora japonesa no mundo) e 175 mil brasileiros
(dekasseguis) no Japão (desde mudança na lei de imigração do Japão, em 1990)
o Fórum Consular e Programa Conjunto sobre a Comunidade Brasileira no Japão
o Acordos de previdência social (em vigor) e extradição (em tramitação)
o Brasil tem Consulados em Tóquio, Nagoya e Hamamatsu; Japão, em Belém, Manaus, Rio, SP e
Curitiba, mais escritórios em Recife e Porto Alegre
o Museu Histórico da Imigração Japonesa (Bunkyo) em SP
o Associação Brasil-Hibakusha pela Paz em SP (sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki)

 Cooperação técnica
o Bilateral: JICA apoia Brasil desde Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento
dos Cerrados (PRODECER) 1974;
 Adaptação da soja ao Cerrado
o Triangular: projetos em agricultura, saúde, formação profissional, saneamento e meio ambiente na
África, América do Sul (Paraguai e Bolívia), América Central e Timor-Leste
 Principal: Moçambique (ProSAVANA no Corredor de Nacala) – iniciativa ligada ao
desenvolvimento tecnológico agrícola

 Cooperação esportiva
o Jogos Olímpicos do Rio 2016 e Tóquio 2020: parceria sobre segurança e legado

 Educação, ciência, tecnologia e inovação


o Comitê Conjunto sobre Cooperação em Ciência e Tecnologia
o Padrão Nipo-Brasileiro de TV digital (ISDB-T)
o Pesquisas marítimas conjuntas entre Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia Marítima e Terrestre
(JAMSTEC) e Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas e Hidroviárias (INPOH); expedição de
pesquisa “Iatá-Piúna”
o Japão participou do Ciência sem Fronteiras
o Min. das Telecomunicações, Fabio Faria, visita Japão para conhecer tecnologia 5G do país (NEC e
Fujistsu) (Fev/2021)

 Cooperação cultural
o 2008 (Centenário da Imigração Japonesa) foi Ano do Intercâmbio Brasil-Japão
 Relações econômicas - Comércio
o Japão foi o 6º parceiro comercial do Brasil (2º na Ásia) em 2020
o Expansão do intercâmbio bilateral de
o USD 4,5 bi (2002) para USD 7,9 bi (2020), com ápice de USD 17,3 bi (2011)

 Tendência é e superavit

Brasil importa veículos, autopeças, motores e partes industriais (manufaturas e tecnológicos)

Brasil exporta frango, ferro, milho, café, alumínio, soja e nióbio (produtos básicos)

 Relações econômicas – Investimentos


o Japão é 6º maior investidor no Brasil, com fluxo anual de USD 3,7 bi e estoque de investimentos
japoneses de USD 25 bi;
o Setores principais são automóveis, energia, infraestrutura e siderurgia
o País prioritário do PPI (Programa de Parceria de Investimento)
o Acordo entre BNDES e o Japan Bank for International Cooperation para pequenas e médias
empresas
o japonesas no Brasil
o Comitê Econômico Conjunto Brasil-Japão (CNI-Keidanren)
o Comitê Conjunto para a Promoção do Comércio, Investimentos e Cooperação Industrial (MECON-
METI)
o Diálogo para o Fortalecimento das Relações Econômicas Mercosul-Japão
 Potencial para Acordo de Livre Comércio no futuro próximo
11. O Brasil e o Oriente Médio

Oriente Médio

 Há quem diga que incluiria também o Egito, na margem do Mar Vermelho


 Região que compreende: Líbano, Irã, Iraque, Israel, Síria, Arábia Saudita, Afeganistão e Paquistão Iêmen,
Turquia, Palestina, Catar, canal do Suez: região de muito conflito e diferentes alianças; grande produtora de
petróleo
 Programa Átomos para Paz de Eisenhower propiciou o programa nuclear do Irã
 Obs.: apenas EUA e Guatemala transferiu a embaixada para Jerusalém
 Turquia tem conflitos com os curdos (envolve parte da Síria, do Irã, do Iraque e da Turquia)

Império Otomano

 Império Otomano deu origem aos estados que deram origem à configuração atual do Oriente Médio

Oriente Médio

 Cooperação
o Brasil coopera do ponto de vista tecnológico – desertificação, degradação do solo, defesa,
energética, cultural, comercial, troca de conhecimentos em diversas áreas.

 Importância política

 Importância geopolítica e estratégica


o Região situada entre Oriente e Ocidente, com grande produção de hidrocarbonetos
o Conflitos na região geram problemas para toda a comunidade internacional, dada a importância da
região no mundo

 Comunidades árabes e judaicas


o Brasil tem presença significativa de árabes (maior no mundo fora do Oriente Médio) e judeus

 Complementaridade de mercados
o Brasil exporta e importa de forma complementar (Brasil importa derivados de petróleo e adubo e
exporta frangos e comodities agrícolas)

 Convergência política
o Brasil atua junto ao Oriente Médio por longo tempo

 Desenvolvimento
o Discurso em comum no âmbito da cooperação Sul-Sul (países em desenvolvimento)

Oriente Médio

 1969: Comissão de Coordenação do Comércio com os Países Árabes


 1974: reconhecimento de Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã
 2003: Brasil como observador na Liga dos Estados Árabes - LEA (criada em 1945, contexto de panarabismo
do Nasser)
 2005: LEA decide reabrir sua missão no Brasil e designa representante
 2009: reabertura da missão da LEA em Brasília
 2014: embaixador do Brasil no Egito como representante especial do Brasil junto à LEA
 2015: Memorando para o Estabelecimento de Cooperação e Consultas Políticas; esforço diplomático e
político para aumentar a cooperação

Oriente Médio

 2005: I Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da América do Sul e dos Países Árabes (ASPA), em Brasília;
evidencia desejo de cooperação

 ASPA: cooperação inter-regional e política → defesa de interesses em comum, coordenação política,


cooperação em diversas esferas (cultural, econômica, técnica, em ciência e tecnologia, meio ambiente, etc.)

 Continuidade das cúpulas (2009, 2012 e 2015)

 Fóruns empresariais
o Ocorre de forma paralela às cúpulas

 Combate à desertificação e à degradação do solo

Oriente Médio

 ASPA: 34 países + SG da LEA + UNASUL


 Paralisação desde 2015 (a próxima ocorreria na Venezuela)
 Biblioteca e Centro de Pesquisas América do Sul-Países Árabes
o Compartilhamento de produção cultural
 Festival Sul-Americano da Cultura Árabe

Oriente Médio

 2006: conflito entre Israel e Líbano → Brasil retira seus nacionais


 Forte relação do Brasil com Líbano: compartilhamento de cultura, descendentes de libaneses no Brasil
(começaram a chegar em 1880). Reconhecimento da independência libanesa em 1944. Embaixada brasileira
e visita libanesa em 1954. Houve, ainda, nova onda de imigrantes com a guerra civil libanesa, a partir de
1975.
 Líbano: participação brasileira na UNIFIL desde 2011.
o Comando marítimo brasileiro

Oriente Médio

 Atuação brasileira no caso da Líbia:


o Apoio à suspensão da Líbia no Conselho de Direitos Humanos da ONU (retornou ainda em 2011)
o Condenação da violência
o Defesa da liberdade de expressão
o Busca de solução pacífica e diálogo
o Apoio à resolução 1970 do CSNU: embargos, congelamentos de bens do Gadhafi e de membros do
seu governo, caso no TPI)
o Abstenção na resolução 1973 do CSNU: uso da força não acaba com a violência → R2P e RwP
 Responsabilidade ao proteger: uso da força deve ser contemporizado para avaliar se não irá
piorar a situação

Oriente Médio

 Brasil como um parceiro privilegiado do Egito após 2011 (contexto da Primavera Árabe)
 Acordos de livre comércio do MERCOSUL com Israel (2007), Egito (2010), Palestina (2011). Diálogos
exploratórios com Síria, Jordânia e CCG.
 Acordos de cooperação econômica do MERCOSUL com Líbano e Túnisia (2014)
 Brasil: fornecimento de commodities agrícolas, frango, minério de ferro, milho, açúcar.
 Brasil importa petróleo, combustíveis e adubo, entre outros

Oriente Médio

 Arábia Saudita como principal parceira comercial do Brasil na região


 Importância da questão energética (alta reserva de hidrocarbonetos)
 Cooperação em variados temas
 Investimentos
 Potencial de maior cooperação e de mais investimentos (relação comercial é boa)
 2019: Bolsonaro visita Arábia Saudita, Catar, EAU e Israel → celebração de acordos em diveras áreas
o Mostra a importância estratégica da região para o Brasil

Oriente Médio

 2019: Conferência Ministerial para um Futuro de Paz e Segurança no Oriente Médio (EUA e Polônia) →
Processo de Varsóvia (GTs em DH; segurança cibernética; segurança energética; mísseis; questões
humanitárias e refugiados; transporte marítimo e aéreo).
 Brasil: presidente do GT sobre questões humanitárias e refugiados.
o Reunião em Brasília (2020)
o Mostra a importância em uma área que tem uma bandeira forte que é a questão da proteção ao
direito dos refugiados, do direito internacional humanitário, questões humanitárias; defensor de
saídas negociadas, políticas, defensor do diálogo, de soluções pacíficas e de negociação
o Brasil já tem boas relações, mas tem potencial para aprofundar os laços comerciais, de cooperação
técnica e de investimentos, com bom intercâmbio entre as regiões
Questão israelo-palestina

Evolução histórica

 Antissemitismo (vide caso Dreyfus)


o Presente na França, na Rússia após o assassinato do Czar Alexandre II e em outras regiões da Europa
o Judeus acreditavam que precisavam de uma terra onde era a Palestina, para viver em paz
 Sionismo político
o Sionismo como movimento que defende um estado para os judeus
 1897: Congresso Sionista de Basileia → Herzi e o retorno à Palestina
o Já no século XIX havia a vontade de retornar e criar um estado judeu
 1917: Declaração Balfour → Reino Unido promete a criação de Estado judaico na região da Palestina
(Rothschild)
 1916: Sykes-Picot (Reino Unido ficaria com Israel e Palestina)
 1920: Conferência de San Remo – cria mandato britânico sobre o território onde hoje estão Israel e Palestina
 1919: Pacto da Liga das Nações
 1923-1948: mandato do Reino Unido sobre a Palestina
 1939: Livro Branco do Reino Unido (limitando imigração de judeus; defesa da independência palestina com
governo proporcional)
o Governo de árabes a judeus que fosse proporcional à população de cada povo
 1939-1945: II Guerra Mundial, Holocausto e aumento da imigração
 1946: Atentado do Hotel King David
o Protesto contra o mandato britânico e a maneira como estavam conduzindo o conflito entre
palestinos e judeus
 1947: Resolução 181 da AGNU, Oswaldo Aranha – Plano de Partição da Palestina; dois Estados; Jerusalém
como corpus separatum.
o Um brasileiro presidiu a seção e o Brasil apoiou o plano de partição da palestina, que prevê dois
estados. Jerusalém com regime especial
 1948: resolução 194/AGNU: retorno dos refugiados palestinos
o Brasil votou a favor.
 1948: criação do estado de Israel
 1948-1949: I Guerra Árabe-Israelense (independência de Israel) – Cisjordânia e Jerusalém Oriental ficam com
Jordânia, até 1967) e a Faixa de Gaza fica com o Egito
o Vitória de Israel
 1949: Conferência de Lausanne: Israel rejeita a proposta de corpus separatum e prefere dividir Jerusalém
com proteção internacional para os lugares sagrados.
 1949: Jerusalém como capital eterna (declaração por parte de Israel)
 1949: Knesset (parlamento israelense) e órgãos do governo israelense vão para Jerusalém Ocidental
 1949: Israel entra para a ONU (resolução 273/AGNU).
o Brasil abstém-se (havia apoiado resolução pedindo que Israel explicasse a administração de
Jerusalém e os refugiados palestinos)
 1956: II Guerra Árabe-Israelense ou Crise do Suez: invasão israelense no Sinai; UK e França participam –
UNEF I (United for Peace, resolução 377/1950, AGNU).
o Brasil: voto a favor de resolução do CSNU condenando a restrição egípcia da passagem de navios
israelenses.
o Brasil participou da operação de paz com envio de batalhão
o UK e França tinham interesse no Canal do Suez
o Contexto é de Guerra Fria, por isso a resolução da AGNU
 1964: Organização para a Libertação da Palestina (OLP), criada pela Liga Árabe de 1945.
 1965: Fatah, Yasser Arafat
o Movimento de cunho político cujo objetivo é assegurar os direitos dos palestinos
 1967: III Guerra Árabe-israelense ou Guerra dos Seis Dias.

 Evolução da ocupação territorial

 Mostra o deslocamento no contexto da guerra dos seis dias; Egito estava atuando para impedir a passagem
de navios israelenses no Mar Vermelho; Israel logrou ocupar territórios em seis dias
 Mostra a força militar de Israel
 1967: CSNU, resolução 242 aprovada com voto favorável brasileiro
o Quando o Brasil reconheceu a Palestina fez com base nas fronteiras de 1967
 1970: Setembro Negro: massacre de palestinos na Guerra Civil da Jordânia
o Jordânia recebe muitos imigrantes palestinos
o Gerou o movimento terrorista chamado Setembro Negro, que levou ao ataque contra israelenses na
Olimpíada de Munique
 1972: Atentado contra israelenses nas Olímpiadas de Munique
o Desfecho trágico com a morte dos reféns israelenses, de palestinos do Setembro Negro e um policial
alemão
 1972: resolução 3034 da AGNU (terrorismo) – conceito e causas, Comitê Especial sobre Terrorismo (35).
o Brasil vota contra a resolução.
 1973: IV Guerra Árabe-Israelense ou Guerra do Yom Kippur → Egito e Síria x Israel (ajuda dos EUA) = I
Choque do Petróleo
o Feriado religioso para os judeus; Israel consegue reagir e consegue vencer
o Desencadeia o primeiro choque do petróleo; países árabes queriam retaliar os EUA pelo apoio dado
a Israel. A consequência foi o aumento do preço do produto no mercado internacional
 1974: Resolução 3237/AGNU: OLP como observadora.
o Reconhece a OLP como ator internacinal capaz de defender os interesses dos palestinos
o Brasil a favor.
 1975: Resolução 3379/AGNU: sionismo como racismo.
o Brasil a favor da resolução 3379
o Brasil a favor → revogação em 1991 (Conferência de Paz de Madri),
 Pedido de Israel para participar da Conferência e Paz de Madri
 1975-1990: Israel e OLP na guerra civil do Líbano
 1978: Acordos de Camp David (Jimmy Carter, PM Begin e Sadat) – Nobel
o Tentativa de buscar uma solução pacífica; ganharam o Nobel da Paz (Begin e Sadat)
 1979: Tratado bilateral de paz (Egito e Israel):
o Egito recebeu a Península do Sinai de volta
 1980: Lei Básica de Jerusalém (completa e unificada, capital) x resolução 478/CSNU – violação do DIP e
embaixadas em Tel Aviv
o Lei israelense que prega que Jerusalém é a capital de Israel, sendo ela única, completa e unificada.
Vai contra a resolução 478 do CSNU, violaria o DIP. Recomendação de que os Estados não tenham
embaixadas em Jerusalém, mas Tel Aviv
 1981: assassinato de Sadat por muçulmanos contrários à entrega da Faixa de Gaza para Israel
o É uma questão delicada, que mexe com os mais extremados
 1982: invasão israelense ao Líbano, expulsão da OLP, cerco a campos de refugiados palestinos (Sabra e
Shatila), mortes de civis e Hezbollah
o Israel invade o Líbano pelo sul e expulsa membros da OLP na região sob o argumento de que estava
sendo atacada por eles
o Hezbollah surge na esteira desses acontecimentos
 1987-1993: Primeira Intifada palestina contra a ocupação israelense
o Série de protestos violentos contra a ocupação de Israel aos territórios
 1987: criação do Hamas na Faixa de Gaza
o Movimento político atuando na Faixa de Gaza
o Também é força militar
 1988: independência unilateral do Estado Árabe da Palestina, pelo Conselho Nacional Palestino, com base na
resolução 181/CSNU
o Força à criação do estado palestino
 1991: Conferência de Madri (EUA e URSS): paz entre Israel, Palestina, Jordânia, Síria e Líbano
o Iniciativa de EUA e URSS
o Busca de solução pacífica para Israel e seus vizinhos
 1993: I Acordo de Paz de Oslo (Declaração de Princípios): Bill Clinton, PM Rabin e Yasser Arafat (ANP),
o Acordo de Oslo I
 1993
 Faixa de Gaza e Cisjordânia: saída das forças armadas de Israel
 Passaria ao autogoverno palestino provisório, que duraria cinco anos
 Faixa de Gaza e Cisjordânia: autogoverno palestino interno (5 anos)
 Autoridade Palestina (autogoverno temporário) → Autoridade Nacional Palestina.
 Brasil adota o nome ANP
 Não prevê Estado palestino

 1994: Acordo de Paz (Israel e Jordânia)


o Jordânia desistiu de suas pretensões na Cisjordânia
 1994: Acordo Gaza-Jerico – Autoridade Palestina
 1994: Protocolo de Paris sobre Relações Econômicas (Israel e OLP) – controle alfandegário
o Israel faz o controle alfandegário na região da Palestina
 1995: II Acordo de Paz de Oslo: Conselho Palestino, segurança, ampliação de áreas e cronograma para a
retirada das tropas israelenses dos territórios ocupados
o Divisão administrativa em áreas A, B e C
o West Bank = Cisjordânia

 1995: assassinato do PM Rabin


o Extremistas eram contra o acordo de Oslo
 2000: II Intifada palestina, problemas no processo de paz e ida de Ariel Sharon ao Monte do Templo
o Local sagrado para cristãos, muçulmanos e judeus; visita ao templo gerou animosidade
 2000: Cúpula Camp David ou Cúpula para a Paz no Oriente Médio
o Mais uma tentativa de buscar uma saída para o impasse
 2002: Roadmap for Peace (EUA, Rússia, UE e ONU): Estado palestino independente + Israel
o Mapa do caminho para a paz
o Quatro players importantes: proposta de dois estados
 2002: construção do muro da Cisjordânia (Israel) – segurança. CIJ (2004): violação do direito internacional
humanitário e dos DHs.
o Em 2004, a CIJ afirmou que se tratava de violação de direitos humanos
 2002: Iniciativa Árabe para a Paz (Liga Árabe, Cúpula de Beirute) – retirada de Israel dos territórios ocupados
e solução justa para os refugiados palestinos
 2005: Israel sai da Faixa de Gaza, mas controla o espaço aéreo e marítimo, e os pontos de travessia
 2006: guerra entre Israel e Líbano – UNIFIL (desde a guerra civil, 1978).
o Brasil no comando marítimo da UNIFIL
o UNIFIL existia desde a guerra civil de 1978 e atuou para mediar o conflito
 2006: eleições parlamentares para a ANP: Hamas ganhou do Fatah.
o Cisjordânia: controlada pelo Fatah
o Faixa de Gaza: controlada pelo Hamas
 2007: separação entre Fatah e Hamas
 2007: Conferência de Annapolis (Mapa do Caminho para a Paz de 2002 e novo tratado de paz, que não foi
celebrado).
o Brasil participou.
 2010: reconhecimento brasileiro do Estado da Palestina nas fronteiras de 1967 (carta de Lula para Mahmoud
Abbas)
o Fronteiras de 1967, âmbito da guerra dos seis dias
 2011: Palestina como Estado membro da UNESCO.
o Brasil apoia; desde 201 reconhecia a Palestina como Estado
 2011: Acordo de Reconciliação Fatah-Hamas, governo de unidade em 2014 e eleições – fracasso.
 2012: Palestina como Estado observador não membro da ONU.
o Brasil apoia essa decisão da AGNU.
 2015: Palestina adere ao TPI
o Em 2019, TPI inicia investigações contra violação de direitos humanas praticadas por israelenses e
palestinos em territórios palestinos ocupados
 2016: resolução 2334/CSNU (condena assentamentos israelenses, com abstenção dos EUA)
o Governo Obama se absteve de uma resolução que condenava Israel; mudança de posição
 2017: Israel e EUA anunciam saída da UNESCO (motivos: tratamento israelense e dívida norte-americana)
o Palestina atuando desde 2011, legislação americana não permite que os EUA contribuam para
organizações que tenham a Palestina como membro
 2017: EUA reconhecem Jerusalém como capital israelense.
o Brasil: reafirma status de Jerusalém e negociações entre dois Estados, fronteiras de 1967, paz e
segurança, com livre acesso aos locais sangrados (resolução 478/1980, CSNU).
 2017: Rússia (Jerusalém Ocidental como capital de Israel e Jerusalém Oriental como capital do futuro Estado
da Palestina)
 2017: Novo Acordo de Reconciliação Fatah—Hamas (o de 2011 tinha fracassado): Fatah/ANP (Mahmoud
Abbas) no controle administrativo da Faixa de Gaza e relaxamento do bloqueio econômico
 2018: EUA e Guatemala transferem suas embaixadas para Jerusalém (Jerusalem Embassy Act de 1996).
o Paraguai transferiu, mas depois desistiu e voltou para Tel Aviv.
 2018: Austrália (Jerusalém Ocidental como capital de Israel e reconhecimento futuro de um Estado da
Palestina com capital em Jerusalém Oriental)
o Mesma declaração da Rússia
 2018: EUA saem do Conselho de Direitos Humanos da ONU
o Argumento de viés pró-Palestina
 2019: Honduras (Jerusalém como capital de Israel e escritório comercial)
o Não alterou a embaixada, criou escritório comercial
 2019: Brasil abre escritório comercial, administrado pela Apex, em Jerusalém. Embaixada continua em Tel
Aviv.
 2019: EUA reconhecem soberania israelense sobre Colinas de Golã (ocupadas em 1967 e anexadas em 1981)
o Defesa e segurança israelense
 2019: TPI vê base razoável para crer em crimes de guerra no território palestino ocupado
 2020: Brasil atua como amicus curiae na apuração preliminar acerca da “Situação no Estado da Palestina”,
em análise no TPI
 Proximidade entre o Governo brasileiro atual e Israel. Brasil reconheceu Israel em 1949
o Disposição para atuar como amicus curiae; deve ser resolvido por cunho político e não por uma
roupagem judicial do tribunal; negociação pacífica entre os dois estados

A questão israelo-palestina

 Questões históricas e religiosas e políticas do conflito


 Sionismo, migração (questão histórica em defesa de um Estado judeu)
 Sentimento árabe em torno da identidade palestina
 Êxodo palestino (nakba): refugiados na Jordânia
 UNRWA: agência da ONU para assistência aos refugiados palestinos
 Direito de retorno dos refugiados?
 Territórios palestinos ocupados (resolução 242/CSNU)
o Ocupação é condenada pelo CSNU e pela AGNU; CSNU pediu a retirada das tropas israelenses
 Hamas: da extinção de Israel ao fim dos ataques contra civis em 2016 e à aceitação do Estado da Palestina
nas fronteiras de 1967 em 2017
 Hamas: grupo político ou terrorista (EUA)
o Internacionalmente o Hamas é visto como um grupo político, mas para os EUA é um grupo terrorista
 Jordânia: apoia solução de dois Estados nas fronteiras de 1967
o Prioridade da política externa da Jordânia
 Questões pendentes desde os Acordos de Oslo: situação dos refugiados palestinos; assentamentos
israelenses; fronteiras; status de Jerusalém, entre outros
 Prêmio Nobel (1994) – PM Rabin, Chanceler Peres e Yasser Arafat
 Resoluções na AGNU e no CSNU
o São várias que versam sobre o tema
o Defende a existência de dois Estados vivendo em harmonia, como estava no plano de partilha de
1947
 Jerusalém: divididas em linhas de armistício (1948-1967); “reunificada”; valor histórico, político e religioso.
 2019 e 2020: Paz para a Prosperidade: uma visão para melhorar as vidas dos povos palestino e israelense
(Trump, Acordo do Século)

Acordo do Século

 Crítica da ANP e da Liga Árabe: beneficia Israel


 Apoio israelense
 Segurança
 Dois Estados
 Estado palestino
 Capital palestina em região de Jerusalém Oriental (Al-Quds)
 Soberania de Israel sobre o vale do Rio Jordão, ocupado em 1967
 Soberania de Israel sobre assentamentos na Cisjordânia
 Integração física e trânsito facilitado de pessoas e produtos
 Direito de retorno dos refugiados palestinos
o Escolher ficar onde estão ou voltar para os territórios ocupados por Israel

Síria

Histórico

 Síria como Estado independente sujeito a um mandato francês (Conferência de San Remo, 1920) – 1923 –
1943 (duas décadas; França enfraquecida no contexto da II GM, foi quando a Síria obteve sua
independência)
 Criação do partido nacionalista Baath depois da I Guerra Mundial (bandeira da Síria como estado secular
independente e influência do pan-arabismo)
 Independência em 1943 – França enfraquecida na II Guerra Mundial
 Participação na I Guerra Árabe-Israelense (1948) – Egito, Jordânia, Iraque, Síria e Líbano x Israel
 Criação da República Árabe Unida (RAU) – Egito (Nasser) + Síria + Iêmen (1958-1961)
 Perda das Colinas de Golã para Israel (1967 – Guerra dos Seis Dias) – importante recurso hídrico; foi anexada
por Israel em 1981 e EUA reconheceu a soberania de Israel, indo contra resolução do CSNU e da AGNU
 Ataque sírio e egípcio contra Israel (1973 - Guerra do Yom Kippur)
 Participação na Guerra Civil do Líbano (1975-1990) – deu origem a UNIFIL
 Atualmente apoia o grupo Hezbollah, criado em 1985 no Líbano. Desde 2011, com a guerra civil síria, o
governo do país tem tido apoio do Hezbollah no combate ao ISIS.

Cronologia

 1991: Participação na Conferência de Madri


 1990/2000: Abertura econômica, reformas, facilitação de investimentos, redução de gastos públicos e
inflação (medidas de modernização e de aproximação com o Ocidente; eclosão da crise em 2011 tornou as
questões de segurança mais importante
 2000: morte de Hafez al-Assad (1971-2000) → Bashar al-Assad assume a presidência
 Governo autoritário (contestado no contexto da Primavera árabe)
 Armas de destruição em massa? (EUA, 2002 – grupo além do eixo do mal -- > Hamas, Jihad Islâmica e
Hezbollah como terroristas). Acusação de que operam em território sírio.
 2004: sanções econômicas dos EUA
 2010: sanções (argumento de que dá apoio a terroristas, armas de destruição em massa e fornecimento de
armamento para o Hezbollah)
 2011: AIEA – suspeita de programa nuclear não declarado (CSNU)

Panorama após a Primavera árabe

 Primavera Árabe (a partir de 2010/2011): rebelião civil e protestos; pedido de deposição de Bashar al-Assad
(família há quase 5 décadas no poder); violência e conflitos sectários
 Reformas políticas e econômicas restritas + influência conservadora (tentativas para fazer reformas foram
limitadas por influências conservadoras)
 Conflitos religiosos: minoria alauita x maioria sunita
 Conflitos na Síria: Arábia Saudita e Irã em lados contrários (divergem)
 2011: Guerra Civil Síria (oposição não era unida – grupos lutando por causas próprias)
 Exército do Irã + Bashar al-Assad + Hezbollah (grupo xiita do Líbano) x oposição (apoio da Arábia Saudita) +
rebeldes + ISIS
 Síria como aliado do Irã – afinidades religiosas
 Síria: caminho para armas iranianas enviadas ao Hezbollah
 2011: Síria foi suspensa da Liga dos Estados Árabes + sanções econômicas → afastamento
 Síria suspensa da Organização da Cooperação Islâmica
 Síria distante dos Estados do Golfo, que apoiaram a oposição síria
 2013: ataque de gás sarin – governo sírio? Intervenção militar? Feito contra a população civil, debate se foi
ou não o governo sírio; surge a possibilidade de intervenção militar, CSNU não aprovou, Rússia vetou
 2013: Síria na Convenção sobre Armas Químicas de 1993
 OPAQ: prêmio Nobel em 2013 e retirada de armas químicas da Síria em 2013-2014 (mostra esforço do
governo)
 2012: Frente al-Nusra = Estado Islâmico no Iraque + grupos contra Bashar al-Assad. Terrorista, jihadista e
salafista. Al-Qaeda na Síria ou al-Qaeda no Levante
 2013: Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Da`esh, EI ou ISIS): jihadista, califado islâmico no leste da Síria
e no norte do Iraque, defesa da Sharia e perseguição de infiéis
 2014: resolução 2178, CSNU → impedir movimentação de terroristas
 2015: resolução 2249, CSNU → Estados adotem medidas contra o EI, que ameaça a paz e a segurança
internacionais --> retirar o controle do EI sobre partes da Síria e do Iraque, deter idas de combatentes e
acabar com seus financiamentos
 2014: militares dos EUA na Síria (Coalizão Global contra o EI) – ilegal? Sem mandato das Nações Unidas e
sem convite sírio (consider ilegal pelo governo sírio)
 EUA + Unidades de Proteção Popular (curdos das Forças Democráticas Sírias) x ISIS
 Turquia: critica apoio dos EUA aos curdos na Síria → PKK, terrorista (Turquia tem grupo curdo em seu
território que reivindica independência)
 Coalizão Global contra o EI: militar e não militar, estabilização e segurança, combate dentro e fora da Síria e
do Iraque
 2014: Staffan de Mistura (comissário da ONU) assume o posto de Lakhdar Brahimi como enviado especial do
SGONU (secretaria geral da ONU) para a Síria
 Staffan de Mistura: freeze zonas + diálogo político multilateral (GTs)
 2015: Rússia intervém militarmente na guerra, depois de pedido formal de Bashar al-Assad → combate aos
rebeldes, ao ISIS, ao Exército da Conquista e à Frente Al-Nusra.
 2015: Rússia + Síria + Irã + Iraque = coalizão RSII ou 4+1 (Hezbollah) – compartilhar e coletar informações e
inteligência sobre o ISIS
 2015: resolução 2554, CSNU – solução pacífica, negociações entre governo e oposição, transição política
dirigida pelos sírios, monitoramento do cessar-fogo
 CSNU: integridade do território, soberania e independência da Síria (China e Rússia vetam resoluções mais
críticas, evitando intervenções contra o governo sírio e sanções
 Processo de Genebra (ONU, político-institucional – Resolução 2554/CSNU) e Processo de Astana – capital do
Cazaquistão, país considerado neutro (Rússia, Turquia e Irã, de cunho militar). Ambos buscam uma solução
do conflito
 Síria como aliada do Irã desde 1979 --> apoio iraniano na guerra
 2016: cidade de Palmira recuperada pelas forças sírias + russas
 2016: separação da Al-Qaeda e da Frente al-Nusra → Frente para a Conquista do Levante (Jabhat Fateh al-
Sham) – vinculação permanece? Não está claro se permanece
 2016: novo cessar-fogo (Rússia e Irã -→ Síria, oposição, ISIS, Frente al-nusra e YPG)
 2017: Processo de Astana – monitoramento conjunto do cessar-fogo (Rússia, Turquia, Irã)
 2017: ISIS derrotado militarmente no Iraque
 2017: união da Frente com outros grupos terroristas = Organização para a Liberação do Levante (Tahrir al-
Sham)
 2018: denúncia de ataque contra civis com armas químicas em Duma → governo sírio? → EUA, França e
Reino Unido atacam Síria (alvos científicos e militares)
 2018: EUA anunciam que retirarão suas tropas da Síria --> objetivo de vencer o ISIS da Síria teria sido
alcançado → responsabilidade seria, agora, de Arábia Saudita (reconstrução da Síria) e Turquia (combate ao
ISIS)
 2019: EUA reconhecem soberania de Israel sobre as Colinas de Golã, território que a Síria reclamava.
 2019: fim do califado do ISIS (havia sido derrotado no Iraque em 2017) na Síria e retomada dos territórios –
coalizão liderada pelos EUA
 2019: Comitê Constitucional da Síria (Processo de Genebra): governo + oposição (High Negotations
Committee) + sociedade civil
 Apoio militar e político da Rússia e do Irã + Hezbollah
 ISIS: estratégia de guerrilha nos novos ataques
 Violações de direitos humanos e crimes de guerra (governo sírio e grupos rebeldes) → condenações pela
AGNU e pelo CSNU
 Síria não é parte do TPI → precisaria de demanda do CSNU
 Crise na economia: guerra + embargo econômico (EUA e UE)

Questão cultural

 População e religião: sociedade parcialmente setorial (70% sunitas e 30% divididos entre cristãos maronitas,
drusos, curdos, muçulmanos, xiitas e alauitas) → alauitas (seita xiita) estão no comando do exército e no
poder político. Bashar al-Assad é alauita.
 Estado secular – partido Baath
 Influência do pan-arabismo
 Curdistão (curdos) – Irã, Iraque, Síria e Turquia
 Curdos – minoria na Síria, no Irã e na Turquia – nacionalismo e autonomia

Síria e Brasil

 Crise securitária e humanitária da Síria


 Refugiados, deslocados
 Brasil: solução política para o conflito (diálogo inclusivo conduzido pelos sírios, sem grupos tidos como
terroristas pelo CSNU) → unidade, integridade territorial e soberania síria + DIP (respeito às resoluções do
CSNU e da AGNU)
 Brasil: Apoio à reconstrução síria (assistência humanitária, doações), participação nas Conferências de
Bruxelas de 2017 e 2018 (em prol da assistência humanitária).
 Brasil: Defesa da reconciliação nacional e condenação de violações de direitos humanos (a favor de
resoluções nesse sentido)
 Brasil: Apoio a Pedersen, enviado especial da ONU à Síria e à transição política (resolução 2254/CSNU –
marco de solução pacífica para o conflito)
 Brasil: acolheu a maior diáspora síria no mundo (presença síria no Brasil é forte historicamente)
 Emissão de vistos com bases humanitárias para pessoas que foram afetadas pelo conflito na Síria →
resolução normativa 17/2012 do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE)
 Reconhecimento de sírios como refugiados
 Evacuação da embaixada em Damasco em 2012, com retorno das atividades em 2018
o Não fechou a embaixada, mas reduziu atividades

Iraque

Histórico

 1916: Acordo Sykes-Picot: norte do Iraque com a França e sul do Iraque com o Reino Unido
 1921: Monarquia no Iraque
 Mandato britânico na Mesopotâmia após o fim do Império Otomano
 1932: Independência e entrada na Liga das Nações (fronteiras estabelecidas em 1920, com o Tratado de
Sèvres): Rei Faisal pede independência ao Reino Unido → ocupação britânica permanece e monarquia está
vinculada à monarquia do Reino Unido
 1941: golpe de Estado (Golpe do Quadrado Dourado, 4 generais iraquianos para chegar ao poder) – Rashid
Ali (nacionalista, pró-nazista e contra Reino Unido) como Primeiro-Ministro do Iraque
 1941: Guerra Anglo-Iraquiana – Abdulla no poder
 1947: saída das tropas britânicas do Iraque
 1948-1949: Iraque participa da Primeira Guerra Árabe-Israelense
 1958: deposição da monarquia iraquiana pelo general Kassem (Revolução de 14/07) → Instaura a República
 1969: criação da OPEP, na Conferência de Bagdá (coordenação e unificação das políticas de petróleo entre os
países membros, para estabilizar preços internacionais e eliminar flutuações desnecessárias e prejudiciais)
 1967: Iraque, assim como a Jordânia, adere ao pacto militar entre Síria e Egito no contexto da Guerra dos
Seis Dias (III Guerra Árabe-Israelense)
 1968: golpe de Estado pelo general al-Bakr
 Desordem (curdos ao norte, os xiitas ao sul, ambições ocidentais e soviéticas sobre os recursos petrolíferos
do país); ambiente de instabilidade política e disputas de cunho cultural
 1968: Baath (partido socialista, fundado na Síria em 1942 - panarabismo) na presidência
 1969: catorze pretensos conspiradores sionistas são enforcados numa praça de Bagdá e seus corpos ficaram
expostos durante dias (sentimento árabe contra os judeus)
 1972: al-Bakr e Saddam nacionalizam os recursos petrolíferos (seu exemplo é seguido pelos Emirados Árabes
e pela Arábia Saudita)
 1979: al-Bakr, doente, retira-se. Saddam Hussein assume a totalidade do poder e torna-se oficialmente o
presidente da República iraquiana.
 1979: Saddam manda executar membros do Conselho da Revolução
 Saddam Hussein: sustentado pela minoria sunita, desprezava os curdos e menosprezava a maioria xiita,
próxima do Irã
 1980: relatório da CIA revela que Irã apoia grupos xiitas contra o governo do Iraque → ascensão do Irã
ameaça Iraque
 1980-1988: Guerra entre Irã e Iraque → questões de fronteira, política e petróleo → Saddam ataca o Irã.
Apoio da Arábia Saudita ao Iraque. Resultado: ambos enfraquecidos (trincheiras, armas químicas), sem ceder
território.
 1990-1991: Primeira Guerra do Golfo → Saddam ataca o Kuwait (território + petróleo). Resultado: boicote
financeiro, militar e econômico ao Iraque (CSNU) + autorização do uso da força – cap.7 da Carta da ONU
(CSNU) + Operação Tempestade no Deserto (coalizão, EUA, Argentina) + efeito CNN (transmissão ao vivo dos
combates)
 1999: surgimento do Estado Islâmico
 Anos 2000: EUA desejam tirar Baath do poder (Saddam não cumpria resoluções do CSNU).
 2002: Iraque, Irã e Coreia do Norte no “eixo do mal” (EUA, Bush)
 2002: Resolução 1441, CSNU – última oportunidade para o Iraque se desarmar (não autoriza o uso da força)
 2003: Operação Iraqi Freedom (EUA, 2003-2010). EUA, Reino Unido e outros Estados invadem o Iraque.
Guerra do Iraque ou Segunda Guerra do Golfo. Saddam Hussein (presidente de 1979 a 2003) é capturado.
Seu governo chega ao fim, graças à coalizão chefiada pelos EUA. Invasão não aprovada pelo CSNU –
resolução 4441 não previa o uso da força → EUA: ação preemptiva, ameaça iminente, evidências de armas
de destruição em massa no Iraque (Estratégia de Segurança Nacional da Doutrina Bush) – violação ao DIP
(sem previsão de ataque preemptivo na Carta da ONU)
 Pós-2003: mais instabilidade na região (Iraque como Estado tampão entre Arábia Saudita e Irã); dificuldade
em estabelecer o novo governo no Iraque pós-Saddam; insegurança; milícias; terrorismo; lutas sectárias;
guerra civil.
 Milícias sunitas (apoio da Arábia Saudita) e milícias xiitas (apoio do Irã).
 Grupos mais radicais atuando no território iraquiano.
 Falta de segurança pública; criminalidade; instabilidade econômica e social; resistência contra estrangeiros;
conflitos sectários; disputas étnicas; demissão de funcionários públicos; instabilidade política e fragilidade
institucional
 2003: UNAMI (Missão de Assistência das nações Unidas para o Iraque, autorizado pelo CSNU, a pedido do
Iraque para obter assistência humanitária) → assistência humanitária, desenvolvimento, reconciliação
nacional, direitos humanos, diálogo, reformas no governo, eleições, reestruturação administrativa;
Constituição de 2005
 2004: Estado Islâmico + Al-Qaeda = Al-Qaeda no Iraque
 Al-Qaeda no Iraque x coalizão dos EUA
 2006: Estado Islâmico no Iraque (criado pela Al-Qaeda no Iraque)
 2010: Operação New Dawn (renovação da operação de 2003)
 EUA: apoio político, militar, humanitário econômico pós-Saddam
 2010: Primavera Árabe: protestos contra o governo iraquiano, que era frágil e instável
 2011: tropas dos EUA saem do Iraque
 2011: Estado Islâmico no Iraque + oposição ao Bashar al-Assad (guerra civil síria) = Frente al-Nusra
 2013: Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS no Iraque + ISIS na Síria) ou Da`esh → jihadista, califado
islâmico no norte do Iraque e no leste da Síria (lei da Sharia, perseguição, protoestado – chegou a dominar a
região)
 2014: ISIS assalta o Banco Central do Iraque, para financiar ataques e seu califado (assaltos, contrabando de
petróleo, etc.)
 2014: ISIS assume o controle de partes do norte do Iraque
 Aumento da violência, ISIS como grupo terrorista ligado à Al-Qaeda (CSNU entende que é grupo terrorista)
→ crimes de guerra e violação de direitos humanos → EUA, UE, Liga Árabe x ISIS
 2014: resolução 2178, CSNU (impedir terrorismo, sem autorizar uso da força)
 2015: resolução 2249, CSNU (combater o ISIS na Síria e no Iraque, prevenir ataques, deter a ida de
combatentes e acabar com seu financiamento)
 2014: Coalizão Global contra o Estado Islâmico (EUA, 79 Estados, militar, assistência, segurança e
estabilização) + Iraque + Curdos x ISIS. Lembrando que: Iraque tem maioria Xiita, assim como Irã, e os Curdos
reclamam o Curdistão, que engloba partes do Iraque, do Irã, da Turquia e da Síria)
 2015: Iraque, Rússia, Síria e Irã = coalizão RSII ou 4+1 (Hezbollah) x ISIS
 Coalizão chefiada pelos EUA
 2017: Iraque afirma a derrota militar do ISIS no território iraquiano (Norte do Iraque)
 Iraque: governo xiita, perseguição aos sunitas, ataques sunitas
 2018: eleições parlamentares (Adil Abdul-Mahdi como PM, independente)
 Divisão do poder: xiitas, sunitas e curdos (inspiração no Líbano)
 Constituição de 2005: participação política (presidente curdo, PM xiita e presidente do parlamento sunita)

Iraque e Brasil

 1972: Petrobrás + State Oil Marketing Organization


 Especial relação política e comercial desde 1973
 1974: Iraque como maior fornecedor de petróleo cru para o Brasil (superou a Arábia Saudita)
 Déficit comercial brasileiro; Brasil buscou compensar diversificando a pauta de exportação
 Exportação brasileira de eletrodomésticos, veículos e itens bélicos + obras de infraestrutura e engenharia
com empresas brasileiras (desenvolvimentismo de Saddam)
 1978: Grupo Mendes Júnior e Intelbrás na ferrovia Bagdá-Akashat, com garantia do Banco do Brasil -->
Iraque inadimplente com a guerra de 1980, obras reiniciam, mas param com o embargo do CSNU na I Guerra
do Golfo
 Diversidade do comércio bilateral Iraque-Brasil (esforço da década de 1970)
 1975: voto brasileiro favorável à Resolução 3379 da AGNU, que considera o sionismo como racismo e
discriminação → revogada em 1991 com voto favorável brasileiro
 1980: Neutralidade brasileira na Guerra entre Irã e Iraque → Brasil forneceu manufaturas, armas e alimentos
para o Iraque
 1990-1991: I Guerra do Golfo → condenação brasileira à invasão iraquiana do Kuwait. Brasil não fez parte da
coalizão militar chefiada pelos EUA.
 2003-2011: II Guerra do Golfo (Guerra do Iraque) -> condenação brasileira à invasão norte-americana, ao uso
da força e à violação do DIP → defesa da soberania iraquiana, da autoridade iraquiana e da retirada das
tropas estrangeiras no Iraque.
 Brasil: Brasil defende que a negociação entre Israel e Palestina pode ajudar na solução da crise política no
Iraque e na Síria
Irã

 Irã não é árabe! Irã é persa, fez parte do Império Persa e era chamado no ocidente de Pérsia até 1935
 1906: Revolução Constitucional Persa, monarquia constitucional e parlamento iraniano
 1907: invasão do Reino Unido
 1935: adoção do nome Irã no mundo
 1941: invasão do Reino Unido (sudoeste) e da URSS (norte)
 1951: Mohammad Mosaddegh como PM → nacionaliza a indústria do petróleo
 1953: golpe de Estado (Operação Ajax, CIA e MI6 + xá Mohammed Reza Pahlavi – tentou ocidentalizar o Irã)
 Membro fundador da OPEP, criada em 1960
 1963-1978: Revolução Branca (Reza Pahlavi) → reformas econômicas, políticas, agrária e sociais, para
ocidentalizar o Irã → destaque para o voto feminino, além do avanço tecnológico
 Irã como Estado secular (maioria xiita)
 Crise: problemas econômicos, problemas agrários, diminuição das exportações de petróleo, aumento da
dívida, inflação, corrupção, perseguição contra o regime do xá (EUA e UK, SAVAK), presos políticos,
secularização, ausência de reformas democráticas maiores, oposição das elites no campo, oposição dos
marxistas e do clero (xiita) → xá Reza Pahlavi sai do poder (1979)
 1979: Revolução Iraniana → xá Reza Pahlavi sai do poder, fim da monarquia → início da República Islâmica
no Irã → governo islâmico e popular
 1979: Segundo Choque do Petróleo (Revolução iraniana contribuiu para o 2º choque do petróleo)
 1979: referendo sobre o regime político iraniano: república islâmica (98%)
 Constituição iraniana: tutela do jurisconsulto islâmico (autoridade absoluta do líder supremo) → aiatolá
Ruhollah Khomeini retorna do exílio e vira chefe de Estado vitalício
 Líder supremo (aiatolá) → xiita, Conselho de Guardiães, Conselho de Discernimento, árbitro dos poderes e
comandante das forças armadas, pode exonerar presidente, declarar guerra e celebrar paz.
 Eleições diretas: presidente, parlamento unicameral e Assembleia dos Sábios (especialistas no Islã que
“controlam” o líder supremo)
 Guarda Revolucionária Iraniana + forças armadas
 IRGC: cooperação no âmbito militar, controle de empresas, combate de manifestações e ameaças terroristas
 Tensão com os EUA (atuação contra Mosaddgeh, apoio ao xá e tratamento médico de Pahlavi) → crise dos
reféns (1979-1981)
 1980: relatório da CIA → Irã apoia grupos xiitas no Iraque, na Arábia Saudita e no Afeganistão
 1980: EUA rompem relações diplomáticas com o Irã
 1980-1988: Guerra entre Irã e Iraque → contexto de ascensão do Irã na região → Arábia Saudita apoiou o
Iraque no conflito
 1989: aiatolá Khamenei assume após a morte de Khomeini
 Irã: majoritariamente xiita (curdos são grupo minoritário de tamanho significativo, parte do Irã estaria no
chamado Curdistão)
 Oposição à Arábia Saudita, especialmente após 1979
 Após 2003: Irã e Arábia Saudita apoiam milícias e grupos radicais islâmicos no Iraque, após invasão dos EUA
 Síria: Irã dá suporte a Bashar al-Assad e ao Hezbollah contra ISIS e rebeldes
 Irã e Síria aliados: Bashar al-Assad é xiita alauita. Irã vê a Síria como meio para enviar armas para o
Hezbollah.
 Supostamente apoia os houthis no Iêmen, em conflitos que começaram em 2014, após a Revolução de 2011-
2012 e a queda de Ali Saleh

Programa nuclear

 Criado nos 1950 – Átomos para a Paz (EUA, Eisenhower) – fins pacíficos
 1970: Irã é parte do TNP
 Irã assina a Convenção sobre Armas Biológicas de 1972 e a Convenção sobre Armas Químicas de 1993
 Até 1979: EUA e países europeus auxiliavam
 Revolução Iraniana de 1979: turning point
 2002: descoberta de programa não declarado oficialmente pelo Irã
 2003: resolução da AIEA (Conselho de Governadores) → suspensão do enriquecimento de urânio, pede que
o Irã faça uma declaração e permita inspeção)
 2003: Irã assina documento concordando com as determinações da AIEA → mas não cumpre
 2006: AIEA leva o caso para o CSNU (Brasil apoia) → reação iraniana, manifesta descontentamento
 2006: resolução do CSNU sobre o caso iraniano (suspensão do enriquecimento)
 2006: proposta de acordo-quadro (P5+Alemanha) recusada pelo Irã
 2006, 2007, 2008, 2010 e 2012: sanções contra o Irã (CSNU)
 2009: Grupo de Viena (EUA, França, Rússia e AIEA) + Irã → proposta não tem seguimento
 2010: Declaração de Teerã (Brasil, Irã e Turquia) – envio de urânio levemente enriquecido e recebimento de
combustível nuclear (fuel swap) → confiança e cooperação para uma solução pacífica e duradoura →
ativismo brasileiro na negociação
 2010: Brasil e Turquia votam contra sanções do CSNU → Declaração de Teerã não é efetivada
 2012: negociações entre Irã e P5+1
 2013: Hassan Rohani eleito no Irã → reaproximação e ligação para Obama (ponto de maior aproximação
desde 1979)
 2013: Acordo Nuclear Irã e P5+1 → Plano Conjunto de Ação de Genebra → programa nucelar congelado →
sanções econômicas relativizadas
 2015: Plano de Ação Conjunto Abrangente (JCPOA, P5+1 e Irã, com mediação da UE) → resolução 2231 do
CSNU (sanções → restrições); Irã se comprometendo poderia reduzir as sanções
 2016: sanções por motivos nucleares são levantadas (por Direitos Humanos e terrorismo não, as sanções
continuavam) → Dia da Implementação (EUA, UE e CSNU)
 2018: EUA saem do JCPOA e adotam sanções unilaterais (pressão)
 2019: Instrumento de Apoio a Trocas Comerciais ou veículo de propósito especial (UE) – sem passar pelos
EUA (sem dólar)
 2019: EUA consideram a IRGC como terrorista
 2020: EUA assassinam general Qasem Soleimani (retaliar, dissuadir e prevenir) → Irã ataca bases dos EUA →
Brasil apoia os EUA na luta contra o terrorismo (Irã protesta)
 Diminuição dos compromissos do JCPOA
 Desestabilização no Oriente Médio
 Apoio ao Hezbollah
 Apoio a Maduro na Venezuela
 Recebimento de refugiados afegãos como resultado da Guerra do Afeganistão
 2016: Irã e Rússia acordam cessar-fogo no conflito sírio
 Irã e Rússia apoiam política e militarmente a Síria

Obs.: em abril/2021, chanceler iraniano pediu para que Biden reconsidere as sanções e voltem ao acordo de 2016

Eleições de jun/2021 no Irã, assumiu um governo mais conservador, menos disposto a negociar

Arábia Saudita

 1916: revolta de Hachemita de Meca contra os otomanos (apoio britânico)


 Família Saud fortalecida com apoio tribal conquista a região central (wahabismo, movimento islâmico sunita
ortodoxo e conservador)
 1932: Reino da Arábia Saudita (dinastia Saud)
 1939: exportação de petróleo prosperidade → importância energética e geopolítica → membro da OPEP
 Prosperidade → Maior economia árabe
 Meca e Medina: lugares sagrados
 Atuação na Organização da Cooperação Islâmica, com sede em Jedá
 Reformas culturais e sociais (mesmo marcada pelo conservadorismo da religião houve algum avanço)
o Maior participação na Comissão de Direitos das Mulheres e no Conselho de Direitos Humanos (ONU)
 Membro da Liga dos Estados Árabes e do Conselho de Cooperação do Golfo
 Visão 2030: plano de desenvolvimento econômico lançado em 2016 pelo rei Salman e pelo príncipe
Mohammed bin Salman (maior dinamismo à economia saudita) → privatizações, atração de investimentos,
dinamismo econômico, zonas econômicas especiais, redução da dependência de exportação de petróleo
 Enxerga o Irã como desestabilizador e ameaça
 Arábia Saudita como monarquia secular com apoio do mundo ocidental (maioria sunita)
 1980: relatório da CIA → Irã apoia grupos xiitas no Iraque, na Arábia Saudita e no Afeganistão →
aproximação de Arábia Saudita com EUA
 1981: CCG (Arábia Saudita + monarquias do Golfo Pérsico)
 Primavera Árabe: protestos
 2015: lidera coalizão para o Iêmen (EUA e UK) → Coalizão Árabe para Restaurar a Legitimidade no Iêmen →
ilegal, segundo o Irã
 2016: Rompimento de relações diplomáticas com Irã, depois de atos violentos contra a embaixada saudita
na cidade de Teerã
 Arábia Saudita e Irã: divergências (Iêmen, Síria, Bahrein) – nunca entraram em conflito direto, mas apoiam
grupos opostos, que é a guerra por procuração (guerras indiretas)
 Guerras por procuração ou proxy wars: apoios a grupos contrários em conflitos na região, guerras indiretas
 2017: rompimento de relações diplomáticas com o Catar + sanções ao Catar, fechamento de fronteiras,
expulsão e retirada de diplomatas do Catar → Arábia Saudita, Bahrein, Egito e EAU → Motivos: Catar
próximo do Irã; ingerência do Catar em assuntos internos de outros Estados; apoio do Catar a grupos
terroristas e extremistas como o Hezbollah, o ISIS, a Irmandade Muçulmana, etc. (vistos como terroristas
pela Arábia Saudita) → Ultimato: 13 pedidos (saída de tropas turcas do Catar; fechamento da Al-Jazeera
(noticiou a Primavera árabe, denunciado violações de direitos humanos e por isso a ingerência do catar em
países da região; menos cooperação com o Irã; não cooperar com grupos terroristas alegadamente
vinculados ao Irã) --> mediação do Kuwait
 Irmandade Muçulmana, fundada em 1928, ameaça a monarquia saudita. → organização islâmica mais
radical, aplicação da Sharia, fundamentalismo religioso; seria contra a posição saudita de estado secular e
mais próximo ao ocidente
 Apoio à queda do presidente egípcio em 2013
 Aproximação com Israel (contra Irã)
 Política externa direcionada para estabilidade e segurança na região
 Aliança com os EUA desde os anos 1940 (fornecimento de armas) → petróleo por segurança (acordo
informal)
 Obama: Plano de Ação Conjunto Abrangente com o Irã → reação saudita, criticou o acordo
 Obama (2016): Justice Against Sponsors of Terrorism Act (JASTA) --> sancionar a Arábia Saudita por alegado
suporte financeiro ao ataque terrorista de 11 de setembro
 Trump: retorno a uma relação mais próxima depois de certo distanciamento de Obama
 Visita de Trump à Arábia Saudita – venda de produtos militares, luta contra o terrorismo e afastamento do
Irã
 Trump: Middle East Strategic Alliance (OTAN árabe: Golfo + Jordânia e Egito x Irã)
 2019: complexo petrolífero atacado por drones (rebeldes houthis do Iêmen)
 2019: Acordo de Riade (mediação por parte da Arábia Saudita entre Iêmen e Conselho de Transição do Sul)

Egito

 1953: independência
 Ward: partido nacionalista egípcio
 1914-1922: protetorado britânico → bases de aliados na II GM
 1952: Revolução Egípcia (23 de julho) → deposição do rei Farouk
 1953: fim da monarquia e independência
 1956: Crise do Suez (II Guerra Árabe-Israelense): nacionalização do canal por Nasser (presidente de 1956 a
1970) → UNEF I (Brasil participou na operação e paz no contexto da Guerra do Suez – Batalhão de Suez)
 1958-1961: República Árabe Unida (Egito, Síria, Iêmen) – pan-arabismo
 1967: Guerra dos Seis Dias (perda da península do Sinai, recuperada em 1979 – Tratado de Paz entre Israel e
Egito)
 1973: Guerra do Yom Kippur (Egito e Síria atacam Israel)
 1979: Egito participa dos Acordos de Camp David
 1979: Tratado de Paz entre Egito e Israel
 1995: II Acordo de Oslo assinado em Taba, no Egito
 2010: Primavera Árabe: saída de dois líderes do poder, protestos urbanos, divulgação na Internet, fim do
governo de Mubarak (1981-2011), problemas sociais, pobreza, desemprego, corrupção
 Mohamed Morsi: Irmandade Muçulmana (organização islâmica sunita, pan-islâmica, legalizada no Egito em
2011 – criada em 1928): reconhecimento constitucional da Sharia → conflitos, poderes extraordinários na
Constituição de 2012 (presidente fortalecido). Vitória da Irmandade Muçulmana (Morsi) foi transitória
(2011-2013), representou um retrocesso em relação a Mubarak, que já era um governo conservador
 2013: Morsi sai do poder (golpe militar, com apoio saudita – é contra a Irmandade Muçulmana) → força dos
generais e boas relações com os EUA
 2014: nova Constituição
o Presidente com mandato de 4 anos: Abdel al-Sisi
 Parlamento
 Islã como religião e liberdade religiosa
 Irmandade Muçulmana como grupo terrorista no Arábia Saudita e no Egito
 Relação entre Estado e religião, mesmo após a Primavera Árabe
 2017: Egito aderiu ao rompimento de relações diplomáticas e às sanções econômicas contra o Catar
 Egito faz parte da Aliança Estratégica do Oriente Médio (OTAN árabe)

Obs.: comunidade árabe no Brasil é grande, Brasil participou de operações de paz no Suez; Egito é um grande
parceiro comercial do Brasil
12. Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

Língua Portuguesa e Diplomacia

 Mais de 260 milhões de falantes nativos


 9ª língua mais falada no mundo
 Língua mais falada no Hemisfério Sul

Obs.: o poder se manifesta de diversas formas no mundo e a língua é uma delas

História da CPLP

 1989 – Cúpula de São Luís - 1º Encontro dos Chefes de Estado e de Governo dos países de Língua Portuguesa
o Criação do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP)
 Sede do IILP em Praia (Cabo Verde)
 1994 – Cúpula de Brasília (Ministerial)
o Sete países no processo inicial
 1996 – Cúpula de Lisboa (Chefes de Estado e de Governo)
o Criação oficial da CPLP
 Sede do secretariado em Lisboa

Atenção: IILP e CPLP têm sede em locais diferentes

Membros

 1996 - Fundadores: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe
 2002 - Timor-Leste
o Único fora da América, África e Europa; entrou depois da independência da Indonésia
 2014 - Guiné Equatorial
o Último país a entrar na CPLP
o Não há uma grande população falante da língua; críticas a violações de direitos humanos

Estrutura

 Órgãos de Direção e Executivos


o Conferência de Chefes de Estado e de Governo
o Conselho de Ministros
o Comitê de Concertação Permanente
o Secretariado Executivo

 Órgão Consultivo
o Assembleia Parlamentar
 Outros órgãos
o Reuniões Ministeriais Setoriais
o Reunião de Pontos Focais de Cooperação
o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP)

Conferência de Chefes de Estado e de Governo

 Nível estratégico
 Reúne-se de dois em dois anos
 Presidentes de Conferência
o A cada dois anos um país preside a CPLP; toca a agenda da CPLP, dá ênfase às suas prioridades

Conselho de Ministros da CPLP

 Coordena as atividades da CPLP


 Define e adota políticas e programas de ação da CPLP
 Formula recomendações à Conferência
 Reúne-se uma vez por ano
 Representada pelos chanceleres de cada país

Comitê de Concertação Permanente

 Composto por representantes da CPLP acreditados junto ao Secretariado Executivo


 Acompanha o cumprimento pelo Secretariado Executivo das decisões de outros órgãos da CPLP
 Reúne-se ordinariamente uma vez por mês

Secretariado Executivo

 Implementa decisões da Conferência, do Conselho de Ministros e do Comitê de Concertação Permanente


 Planeja e assegura a execução de programas da CPLP
 Organiza e participa das reuniões dos diversos órgãos da CPLP
 O Secretário Executivo tem Mandato de dois anos, podendo ser reeleito
o Francisco Ribeiro Telles é o atual Secretário-Executivo da CPLP

Assembleia Parlamentar

 Instituída em 2007
o Não estava prevista quando da criação da CPLP em 1996
 Órgão Consultivo

Reuniões Ministeriais Setoriais

 Coordena em nível ministerial ações de concertação e cooperação em relação a uma área governamental
específica (saúde, educação, turismo, etc.

Reunião de Pontos Focais de Cooperação

 Assessora os demais órgãos da CPLP em todos os assuntos relativos à cooperação para o desenvolvimento
no âmbito da Comunidade
 Reúne-se, ordinariamente, duas vezes por ano
o Tema variado, o que proporciona a participação de técnicos de diversas áreas

Os 3 Pilares da CPLP (art. 4º do Estatuto)

 Concertação Político-Diplomática
 Cooperação em todos os domínios
 Promoção e difusão da Língua Portuguesa
1. Concertação Político-Diplomática

 Participação dos membros da CPLP em fóruns internacionais


 Defesa de valores comuns como primado da paz, da democracia e dos direitos humanos e promoção do
desenvolvimento sustentável (art. 5º do Estatuto Constitutivo)
o Em fóruns internacionais
 Atuação brasileira: Missões de Observação de Eleições, Pleitos eleitorais na ONU, Assento Permanente no
CSNU

Obs.: Reunião Informal de Ministros da CPLP à Margem da 75ª Sessão Ordinária da AGNU

Missões de Observação Eleitoral

 Formadas por parlamentares, diplomatas e outros representantes dos países-membros da CPLP


o 2019: MOE-CPLP nas eleições de Guiné-Bissau

Pleito brasileiro no CSNU

 Declaração de Santa Maria (Cabo Verde), 2018: “(...) 23. Reiteramos o seu apoio à aspiração do Brasil e de
África em ocuparem assentos permanentes em um Conselho de Segurança ampliado (...)”
o Todos os países da CPLP apoiam o pleito brasileiro por um assento permanente do CSNU

2. Cooperação ampla em todos os domínios

 Espaço para a cooperação mútua entre os Estados-Membros


 Planos Estratégicos: Educação, Saúde, Turismo, Cultura, Segurança Alimentar e Nutricional, Meio Ambiente,
etc.
 Atuação brasileira: programas PEC-G e PEC-PG (intercâmbio de estudantes), desenvolvimento da agricultura
e no combate à fome e à pobreza (EMBRAPA; bancos de leite, agricultura familiar, técnicas de plantio),
doações de insumos médico-hospitalares, etc.

Obs.: Buscam ajudar-se em diversas áreas. Vale pesquisar os planos para entender como funciona

3. Promoção e Difusão da Língua Portuguesa

 Papel do IILP
o Criado em 1989, antes da CPLP, tem sede em Cabo Verde. Tem autonomia científica e de estratégia,
mas sofre influência dos membros da CPLP, em especial o comitê de concertação permanente. Além
de influência da concertação política
 Atuação brasileira na promoção da língua portuguesa:
o “Rede Brasil Cultural”
o Sede de organizações que promovem a língua portuguesa
 Universidades faculdades de letras, ABL, instituições públicas e privadas
o Instituto Guimarães Rosa (2019)
 Ainda não está em execução; deve ficar vinculado ao MRE; promoção da língua e cultura

Promoção e Difusão da Língua Portuguesa – Rede Brasil Cultural

 Presença em 44 países
 24 Centros Culturais
 40 Leitorados
o Professores que dão aula de língua portuguesa e de cultura brasileira
 5 Núcleos de Estudo
Economia: possível quarto pilar da CPLP?

0bs.: expectativa de um quarto pilar, o econômico; Angola encabeça a discussão

 Em julho de 2021, espera-se que Angola preside a CPLP, após Cabo Verde. Angola já demonstrou interesse
em impulsionar a consolidação de um pilar econômico na organização
 2ª Edição Conferência Econômica do Mercado da CPLP – Porto 2019
o Evento ligado ao possível quarto pilar

Observadores na CPLP

 As categorias de Observador Associado e Observador Consultivo foram estabelecidas na CPLP em 2005

 Observadores Associados: “Estados, OIs, organismos intergovernamentais e entidades territoriais dotadas de


órgãos de administração autônomos”,

 Observadores Consultivos: “organizações de carácter público ou privado que gozem de autonomia”

 São observadores associados: Argentina, Chile, Geórgia, Grão-Ducado de Luxemburgo, Eslováquia, Hungria,
Itália Japão, Reino Unido, França, Geórgia, Namíbia, República da Maurícia, República Tcheca, Principado de
Andorra, Uruguai, Senegal, Sérvia, Turquia Organização dos Estados Ibero-americanos.

 Exemplos de Observadores consultivos: ABL, FUNAG, Conferência Econômica do Mercado da CPLP, UNILAB,
FGV, UNICAMP, UFBA, FIOCRUZ

13. O Brasil e a Agenda Internacional

O multilateralismo de dimensão universal: a ONU; as conferências internacionais; os órgãos multilaterais.

Conceito de multilateralismo

 Keohane (1990) → “a prática de coordenar políticas nacionais em grupos de três ou mais Estados por meio
de arranjos ad hoc ou de instituições”;
o “Reciprocidade difusa” → expectativa de que, ao longo do tempo, o arranjo gere benefícios
equivalentes aos Estados-membros;

 Ruggie (1992) → conjunto de regras constitutivas que ordenam relações em dados domínios da vida
internacional → “coordenação de relações entre três ou mais Estados de acordo com certos princípios”.
o Indivisibilidade → implicação lógica da generalização de princípios organizadores, determinando o
comportamento que deve prevalecer entre os Estados-membros de uma coletividade.

 Caporaso (1992) → 3 propriedades:


o Indivisibilidade: escopo - tanto geográfico, quanto funcional – por meio do qual custos e benefícios
são distribuídos;
o “Reciprocidade difusa”: atores esperam obter benefícios no longo prazo e em relação a muitos
assuntos, e não todas as vezes em relação a todos os assuntos;
o Princípios de conduta generalizados: normas incentivando modos gerais, se não universais, de
relacionamento entre Estados.

Congresso de Viena (1815)

 Plano de paz de longo prazo para o continente europeu → contexto político conturbado após as Guerras
Napoleônicas;
 Substituição do projeto hegemônico de Napoleão Bonaparte pela emergência de ordem multipolar → evitar
eventuais projetos expansionistas europeus;
 Entendimento entre as potências (condomínio de poder) para a estabilidade; o equilíbrio entre o poder e a
legitimidade; e a gestão compartilhada e negociada das relações internacionais;
 Nova pentarquia europeia: Grã-Bretanha, França, Áustria, Prússia e Rússia;
 Concerto de Viena ou Europeu: sistema inovador de concertação e consultas plurilaterais entre as 5
potências, com base na realização de conferências ad hoc (convocadas por iniciativa de um ou mais Estados);
 Início do século XX → ordem internacional do Concerto Europeu já não atende aos desafios da nova época →
eclosão da IGM e fim desse sistema

Liga das Nações

 Segurança coletiva → contraponto ao balanço de poder via sistema de alianças entre as potências →
mudança do cálculo racional dos Estados por meio de sistema baseado na confiança → "indivisibilidade da
paz“;
 1918: 14 Pontos de Wilson:
o Transparência nas relações internacionais (fim de acordos secretos);
o Abolição das barreiras econômicas e igualdade de condições de comércio entre os países;
o Redução dos armamentos nacionais ao mínimo; e
o Criação de associação geral de nações→ garantia de independência e integridade territorial dos
Estados
 Organização internacional criada em abril de 1919 → Conferência de Paz de Versalhes → pacto fundador,
inscrito em todos os tratados de paz;
 A Conferência reúne 27 países, mas as grandes potências (EUA, FRA, GBR, ITA, JAP) se encontram à parte das
sessões oficiais para tomar decisões mais importantes;
 Exclusão dos vencidos e da URSS;
 Divisão dos vencedores entre o idealismo de Wilson e o revanchismo de Clemenceau.
 1920: início do funcionamento
 Composição: Secretaria-Geral permanente, sediada em Genebra; Assembleia Geral e Conselho Executivo;
 Assembleia Geral: reuniões anuais dos representantes de todos os países membros da organização, com
direito a voto;
 Conselho: principal órgão político e decisório, com membros permanentes (Grã-Bretanha, França, Itália,
Japão e, posteriormente, Alemanha e URSS) e não permanentes, escolhidos pela Assembleia Geral;
 Brasil foi membro rotativo do Conselho de 1920 a 1926, quando se retirou da Liga, após a incorporação da
Alemanha como membro permanente;
 Brasil buscou, sem sucesso, a sua admissão como membro permanente do Conselho;
 Corte Permanente de Justiça Internacional – CPJI (1922): papel de julgamento de casos e emissão de
opiniões consultivas sobre temas de direito internacional → CIJ.
 Decisões da Assembleia e do Conselho tomadas por consenso e com caráter não-vinculante → inexistência
de mecanismos obrigatórios de sanção + dificuldades operacionais;
 Legitimidade em xeque → falta de potências importantes, como EUA (com assento permanente reservado,
mas não ratificaram o acordo), Alemanha (admitida em 1926 , mas se retirou em 1933), e URSS (admitida em
1934, mas expulsa em 1939);
 Capacidades limitadas para garantir a segurança coletiva → incapacidade de conter os conflitos das décadas
de 1920 e 1930;
 Autodissolução em abril de 1946 → transferência das responsabilidades que ainda mantinha para a recém-
criada Organização das Nações Unidas.

Antecedentes da ONU

 Ao longo da IIGM, além da experiência da Liga das Nações, outros marcos importantes serviriam de base
para a posterior criação da ONU:
a) Carta do Atlântico (1941): PM britânico Winston Churchill e presidente estadunidense Franklin Delano
Roosevelt estabelecem princípios como a cooperação global para promover melhores condições econômicas e
sociais, a liberdade de navegação, o abandono do uso da força e o desarmamento dos agressores.

b) Declaração das Nações Unidas (1942): Roosevelt cunha o termo “Nações Unidas”. Assinada por 26 países que
se comprometeram com a Carta do Atlântico e com a luta contra o Eixo. Outros países, como o Brasil, aderem
posteriormente (quando entrar na guerra)

c) Conferência de Moscou (1943): EUA, Reino Unido, URSS e China reconhecem a necessidade de criação de
organização internacional baseada na soberania igualitária dos Estados “amantes da paz” → manutenção da paz
e segurança internacionais.

d) Conferência de Dumbarton Oaks (1944): os “quatro policiais” (EUA, Reino Unido, URSS e China) aprovam
propostas para o estabelecimento de nova organização internacional, definindo estrutura e funcionamento dos
órgãos principais. Formação do CSNU e a capacidade de enforcement são discutidas → Delegação dos EUA
propõe o acréscimo de um 6º assento permanente para o Brasil, por seus “tamanho, recursos e participação
ativa na guerra”, mas a ideia não prospera.

e) Conferência de Ialta (1945): EUA, Reino Unido e URSS definem sistema de votação e veto no CSNU e acordam
a criação do Conselho de Tutela (importante no processo de descolonização).

Criação da ONU

 Impacto devastador da IIGM;


 Conferência de São Francisco (1945) → assinatura do tratado constitutivo da ONU (26/6);
 Propósito fundamental: garantir pacto de segurança internacional para evitar novas guerras;
 Brasil ratificou a Carta da ONU em setembro de 1945 → membro desde o 1º dia de funcionamento;
 Insuficiência da manutenção da ordem como objetivo único da organização e da força militar como forma de
garantir a paz → preocupações éticas e princípios de conduta → sociedade internacional mais justa;
 Ampliação das atribuições da AGNU → direito de discutir quaisquer questões enquadradas nos objetivos da
Carta e de fazer recomendações aos Estados-membros e ao CSNU.

Obs.:

 “A ONU não foi criada para levar as pessoas ao paraíso, mas para salvar a humanidade do inferno”. Frase
proferida pelo segundo secretário-geral das Nações Unidas, Dag Hammarskjöld, em discurso em maio de
1954.

A delegação brasileira e a contribuição de Bertha Lutz

 “Nunca haverá paz no mundo enquanto as mulheres não ajudarem a criá-la”. Bertha Lutz, São Francisco,
1945.
 Bióloga, ativista feminista e parlamentar (1894-1978) → contribuição à defesa de princípios e valores do
Brasil (igualdade entre Estados, que vinha desde a II Conferência de Paz da Haia – Rui Barbosa);
 Dominada por homens, apenas 3% dos 160 participantes da Conferência de São Francisco eram mulheres;
 Uma das 4 mulheres e a única mulher brasileira a firmar a Carta da ONU;
 Promoveu o princípio da igualdade jurídica dos Estados - na tradição da diplomacia brasileira;
 Participou ativamente dos trabalhos da 1ª Comissão (disposições gerais) → buscou salvaguardar a
perspectiva do Brasil e de outros países diante da prevalência dos interesses das grandes potências;
 Destacou-se no esforço exitoso de inclusão da igualdade de direitos entre homens e mulheres na Carta;
 Com apoio da delegada da República Dominicana, Minerva Bernardino, logrou incluir - no preâmbulo e no
artigo 8 - referências específicas a esse princípio

Objetivos da Carta da ONU

 “Artº. 1 Os objetivos das Nações Unidas são:


1. Manter a paz e a segurança internacionais e para esse fim: tomar medidas coletivas eficazes para prevenir e
afastar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão, ou outra qualquer rutura da paz e chegar, por meios pacíficos,
e em conformidade com os princípios da justiça e do direito internacional, a um ajustamento ou solução das
controvérsias ou situações internacionais que possam levar a uma perturbação da paz;

2. Desenvolver relações de amizade entre as nações baseadas no respeito do princípio da igualdade de direitos e da
autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal;

3. Realizar a cooperação internacional, resolvendo os problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural
ou humanitário, promovendo e estimulando o respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais
para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião;

4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses objetivos comuns.”

Princípios da Carta da ONU

“Artº. 2 A Organização e os seus membros, para a realização dos objetivos mencionados no Artº. 1, agirão de acordo
com os seguintes princípios:

1. A Organização é baseada no princípio da igualdade soberana de todos os seus membros;

2. Os membros da Organização, a fim de assegurarem a todos em geral os direitos e vantagens resultantes da sua
qualidade de membros, deverão cumprir de boa fé as obrigações por eles assumidas em conformidade com a
presente Carta;

3. Os membros da Organização deverão resolver as suas controvérsias internacionais por meios pacíficos, de modo a
que a paz e a segurança internacionais, bem como a justiça, não sejam ameaçadas;

4. Os membros deverão abster-se nas suas relações internacionais de recorrer à ameaça ou ao uso da força, quer
seja contra a integridade territorial ou a independência política de um Estado, quer seja de qualquer outro modo
incompatível com os objetivos das Nações Unidas;

5. Os membros da Organização dar-lhe-ão toda a assistência em qualquer ação que ela empreender em
conformidade com a presente Carta e abster-se-ão de dar assistência a qualquer Estado contra o qual ela agir de
modo preventivo ou coercitivo;

6. A Organização fará com que os Estados que não são membros das Nações Unidas ajam de acordo com esses
princípios em tudo quanto for necessário à manutenção da paz e da segurança internacionais;

7. Nenhuma disposição da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervir em assuntos que dependam
essencialmente da jurisdição interna de qualquer Estado, ou obrigará os membros a submeterem tais assuntos a
uma solução, nos termos da presente Carta; este princípio, porém, não prejudicará a aplicação das medidas
coercitivas constantes do capítulo VII.”

Membros da ONU

 A ONU tem 193 Estados-membros e 2 Estados observadores não membros (Palestina e Santa Sé);
 Dois períodos marcados por acentuado aumento do número de membros:
 Década de 1960, em razão da descolonização (43 novos membros); e
 Década de 1990, em função do desmembramento da URSS, entre outros fatores (33 membros);
 Últimos países a tornarem-se membros da ONU:
 Tuvalu e Sérvia, em 2000;
 Suíça e Timor-Leste, em 2002;
 Montenegro, em 2006; e
 Sudão do Sul, em 2011 (193º membro da ONU)

Órgãos Principais
Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU)

 Reúne todos os membros da organização → a cada Estado corresponde um voto


 Funções: indicar o secretário-geral da organização (mediante a recomendação do CSNU), escolher os quinze
juízes da CIJ (juntamente com CSNU), escolher os membros rotativos do CSNU, escolher os membros do
Conselho de Tutela, escolher os membros do ECOSOC, admitir novos membros à organização e considerar e
aprovar o orçamento da organização, entre outras;
 Aprova resoluções recomendatórias sobre quaisquer temas previstos na Carta, inclusive paz e segurança,
desde que a controvérsia não esteja sendo tratada pelo CSNU e a não ser que o CSNU o solicite (Artigo 12);
 Uniting for Peace (Resolução 377, de 1950): permitiu que, caso o CSNU não seja capaz de cumprir suas
funções no tratamento da paz e da segurança internacionais devido à falta de unanimidade entre seus
membros permanentes, a AGNU considere a matéria e emita recomendações para restaurar a paz e a
segurança;
 Reúne-se anualmente, por período de 3 meses de sessões ordinárias;
 Entre 1947, com Oswaldo Aranha, e 1954, o Brasil foi o 1º país a discursar na abertura do debate geral da
AGNU em três ocasiões. A partir de 1955, passou a abrir todos os debates, após os discursos do SGNU e do
presidente da AGNU.

Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU)

 Composto por 15 membros, 5 deles permanentes (direito a voto e veto) e 10 não permanentes (direito a
voto) eleitos para mandatos bianuais, sem possibilidade de reeleição
 P-5: China, França, Rússia, Reino Unido e EUA;
 Funções principais: indica o nome do secretário-geral da ONU, a ser aprovado pela AGNU, elege, juntamente
com a AGNU, os juízes da CIJ e aprova resoluções vinculantes e resoluções não vinculantes sobre temas de
paz e segurança internacionais;
 Japão e Brasil são os dois membros que mais vezes foram eleitos para ocupar um assento não permanente
do CSNU;
 Brasil já foi eleito para dez biênios. Os anos de mandato do Brasil como membro não permanente foram:
1946-1947; 1951-1952; 1954-1955; 1963-1964; 1967- 1968; 1988- 1989; 1993-1994; 1998-1999; 2004-2005;
2010-2011; 2021
 Brasil é candidato a vaga a assento não permanente para o biênio 2022-2023;
 Membros eleitos para os assentos não permanentes → critério geográfico, de modo que sempre haja
representantes de todas as regiões do mundo;
 Do grupo formado pela América Latina e pelo Caribe (GRULAC) é eleito um representante ao ano, de modo
que sempre há dois países do GRULAC como membros não permanentes do CSNU

Conselho Econômico e Social (ECOSOC)

 Formado por 54 países → 18 membros eleitos anualmente, com mandato de três anos renovável por igual
período;
 Funções: aprovar recomendações e iniciar atividades sobre temas econômicos e sociais, bem como
coordenar as atividades das agências funcionais da ONU, como OIT, Unesco, OMS, FAO, etc.;
 Principal órgão para assuntos de desenvolvimento econômico e social e de coordenação do Sistema das
Nações Unidas;
 Papel na integração dos três pilares do desenvolvimento sustentável (social, ambiental e econômico) e na
implementação da Agenda 2030.

Corte Internacional de Justiça (CIJ)

 Formada por 15 juízes de diferentes nacionalidades, que não representam seus próprios países, e são eleitos
pela AGNU e pelo CSNU, trienalmente, para mandatos de nove anos, com renovação pelo terço a cada 3
anos;
 Sediada no Palácio da Paz, Haia;
 Início das atividades em 1946 → estatuto anexado à Carta da ONU, tornando-se um dos órgãos principais da
organização;
 Duas funções básicas: função contenciosa (resolução de questões jurídicas entre Estados) e consultiva
(invocada pela AGNU, pelo CSNU ou por outros órgãos da ONU e entidades especializadas que forem
devidamente autorizadas pela AGNU);
 Emite decisões vinculantes, no marco de sua jurisdição contenciosa, apenas para os Estados que
expressarem consentimento em remeter o caso à CIJ;
 Consentimento pode dar-se por declarações ad hoc, por disposição de um tratado que preveja o recurso à
CIJ em caso de controvérsia sobre seu objeto ou pela cláusula facultativa de jurisdição obrigatória (“cláusula
Raul Fernandes”);
 Brasil não aceita a jurisdição obrigatória da CIJ

Conselho de Tutela

 Herdeiro da administração dos mandatos criados pela Liga das Nações;


 Funções: garantir o progresso da população dos territórios tutelados e a criar condições para sua
independência e para o estabelecimento de governo próprio no período de transição de colônia para Estado
independente;
 Não foi eliminado formalmente da estrutura institucional da ONU, mas teve suas atividades suspensas em
1994

Secretariado

 Cerca de 40 mil funcionários da organização → assistência aos demais órgãos principais, suas políticas e
programas;
 Secretário-geral é eleito para mandato de cinco anos, renovável pelo mesmo período;
 Nomeado pela AGNU, depois de ter sido recomendado pelo CSNU;
 SGNU pode chamar a atenção do CSNU sobre "qualquer assunto que, em sua opinião, possa ameaçar a
manutenção da paz e da segurança internacionais";
 Duplo papel: administrador da ONU e mediador de disputas entre os Estadosmembros para alcançar
consensos

Agências especializadas

 Organizações separadas → ligadas à ONU por acordos internacionais;


 Dotadas de estruturas intergovernamentais autônomas e de orçamentos e funcionários internacionais
próprios;
 Trabalham com a ONU e entre si, em geral, por meio do ECOSOC;
 Secretariados trabalham sob a direção dos chefes executivos → não respondem diretamente ao SGNU;
 Exemplos:
o Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO);
o Organização das Nações Unidas para Educação,
o Ciência e Cultura (UNESCO);
o Organização Mundial da Saúde (OMS);
o Organização Internacional do Trabalho (OIT);
o Fundo Monetário Internacional (FMI);
o Banco Mundial; entre outras.

Programas e Fundos

 Financiados por contribuições voluntárias dos Estados-membros e criados pela ONU com propósitos
específicos;
 Respondem à AGNU de forma direta ou por meio do ECOSOC;
 Em questões administrativas, chefes executivos dos programas e fundos respondem ao SGNU;
 Exemplos
o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD);
o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF);
o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA);
o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR);
o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA);
o Programa das Nações Unidas para Assentamentos
o Humanos (ONU-HABITAT);
o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC);
o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS).

Década das conferências

 Última década do século XX → período de intensa mobilização dos foros diplomáticos parlamentares →
enfrentamento a ameaças iminentes e localizadas à paz + busca de soluções para problemas de longo prazo;
 Distensão Leste-Oeste → fortalecimento das sociedades civis → grandes conferências sob os auspícios da
ONU no campo social;
 Legitimação da presença na agenda internacional dos “temas globais”, antes reputados matérias da alçada
exclusiva das jurisdições nacionais;
 “Década das conferências”: esforço diplomático de aperfeiçoar o ordenamento internacional mediante a
negociação de instrumentos capazes não só de proteger a humanidade, como também de melhorar suas
condições de vida, e o seu habitat;
 Avanço nos padrões de convivência e de respeito aos direitos humanos, de condenação de práticas
predatórias, de atenção aos mais vulneráveis → inclusão dos temas sociais na agenda internacional
 Grandes conferências sobre temas globais como estágios consecutivos de um mesmo ciclo → processo de
retroalimentação;
 Tratamento abrangente e sistêmico aos temas globais em consideração → adoção de decisões sobre o
acompanhamento e verificação de sua implementação → previsão de novas reuniões após 5 anos
 Compromisso de apresentar relatórios sobre os esforços nacionais empreendidos nas matérias tratadas;
 Reconhecimento pelos Estados, de maneira consensual, do dever de prestar contas à comunidade
internacional sobre sua atuação doméstica nesses temas que antes consideravam de sua competência
soberana irrestrita.

Cúpula Mundial das Nações Unidas para a Infância (Nova York, 1990):

 Declaração de Sobrevivência, Proteção e Desenvolvimento das Crianças e Plano de Ação;


 159 países;
 Plano de Ação → metas para o ano 2000: redução da mortalidade e da desnutrição; ampliação da
infraestrutura; do acesso a mecanismos de planejamento familiar; e da rede educacional básica; além da
proteção a crianças que vivem em locais perigosos;
 Convenção sobre os Direitos da Criança, assinada em 1989 → em vigor desde 1990.

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento - CNUMAD, Cúpula da Terra ou Eco-92
(Rio de Janeiro, 1992):

 1ª grande conferência da era pós-bipolar;


 172 países e mais de 2 mil ONGs;
 Diretrizes e conceito de desenvolvimento sustentável → elementos de conteúdo social (compromisso dos
países com a erradicação da pobreza e com a relevância da mulher para as questões de desenvolvimento); •
Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento;
 Consagração do desenvolvimento como um direito dos Estados → responsabilidades comuns, mas
diferenciadas

Conferência Mundial sobre Direitos Humanos (Viena, 1993):


 Consagração da premissa de que todos os direitos humanos (civis, políticos, econômicos, sociais e culturais)
são indivisíveis, interdependentes e interrelacionados, sendo, portanto, função do Estado protegê-los e
assegurá-los;
 171 países e cerca de 800 ONGs;
 1ª conferência sobre o tema no pós-Guerra Fria, precedida pela Conferência de Teerã (1968);
 Tensão Norte-Sul → ênfase em direitos político-civis em detrimento dos socioeconômicos;
 Declaração e Programa de Ação → codificação da validade universal dos direitos humanos, antes postulada
sem consenso e sem participação representativa pela Declaração de 1948;
 Objetividade e não seletividade;
 Postura brasileira → direitos humanos, desenvolvimento e democracia estão vinculados e superam
especificidades culturais;
 Levou à criação do Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos no mesmo
ano.

Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (Cairo, 1994):

 Inovação considerável à discussão dos assuntos populacionais, reconhecendo o direito reprodutivo como
parte dos direitos humanos e não dissociado do direito ao desenvolvimento → Programa de Ação;
 182 países e 2 mil ONGs;
 Metas acordadas: educação primária universal e maior acesso à educação às mulheres; redução da
mortalidade infantil e materna; e acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo planejamento
familiar.

Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Social (Copenhague, 1995):

 Temas sociais como prioridade na agenda internacional → discussões sobre combate à pobreza, busca do
pleno emprego e integração social (sociedades justas, estáveis e seguras);
 Pessoas no centro do desenvolvimento;
 185 países e quase 2.500 ONGs;
 Programa de Ação e Declaração → reconhecimento do papel da sociedade civil;

IV Conferência Mundial sobre a Mulher (Pequim, 1995):

 Tema central: “Ação para a Igualdade, o Desenvolvimento e a Paz”;


 Plataforma de Ação de Pequim: Consolidação dos direitos das mulheres como direitos humanos → ações
específicas para garantir o respeito a esses direitos;
 Definição do conceito de gênero para a agenda internacional, empoderamento das mulheres e
transversalidade das políticas públicas com a perspectiva de gênero;
 189 países e mais de 2 mil ONGs;
 Cúpulas anteriores: Cidade do México (1975), Copenhague (1980) e Nairóbi (1985);
 Transformação fundamental em Pequim → reconhecimento da necessidade de mudar o foco da mulher para
o conceito de gênero → reestruturação da sociedade e de suas instituições para que mulheres possam
atingir igualdade em relação aos homens em todos os aspectos da vida → igualdade de gênero como
questão de interesse universal, beneficiando a todos

Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos – Habitat II ou Cúpula das Cidades (Istambul, 1996):

 Objetivo central: recomendar políticas e programas que visassem à melhoria das condições de vida das
pessoas, em especial das mais pobres e vulneráveis;
 Problemas ocasionados pelo processo de urbanização intensificado nas décadas anteriores;
 127 países;
 Última grande conferência da década de 1990;
 Conferência de Vancouver (1976) como antecedente;
 Impasse conceitual → direito de moradia (sem apoio inicial dos EUA, em função da tensão Norte-Sul).

III Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas (Durban, 2001)
 3ª reunião sobre essa temática (anteriores realizaram-se em Genebra, em 1978 e 1983),
 173 países;
 Declaração e Programa de Ação de Durban;
 Reivindicação de compensações interestatais pela escravidão pelo Grupo de Estados Africanos → doações
financeiras, esquecimento da dívida ou assistência aumentada → oposição do Grupo Ocidental;
 Reconhecimento de que o colonialismo levou ao racismo, à discriminação racial, à xenofobia e a formas
correlatas de intolerância;
 Reconhecimento do direito inalienável do povo palestino à autodeterminação e ao estabelecimento de um
Estado independente e, simultaneamente, do direito à segurança de todos os Estados da região, inclusive
Israel;
 Tráfico de seres humanos e escravidão como crimes contra a humanidade

Conferência Mundial sobre Financiamento para o Desenvolvimento (Monterrey, 2002):

 1ª reunião quadripartite sobre o tema: 50 chefes de Estado ou Governo e mais de 200 ministros; setor
privado; sociedade civil; e altos funcionários de todas as principais organizações financeiras, comerciais,
econômicas e monetárias intergovernamentais;
 6 Eixos:
o Mobilização de recursos financeiros domésticos para o desenvolvimento;
o Mobilização de recursos internacionais para o desenvolvimento (IED e outros fluxos privados);
o Comércio internacional como motor de desenvolvimento;
o Aumento da cooperação financeira e técnica internacional para o desenvolvimento;
o Dívida externa;
o Aumento da coerência e consistência dos sistemas monetário, financeiro e comercial internacionais
em apoio ao desenvolvimento;
 “Consenso de Monterrey” → recomendação de aplicação, por parte dos países desenvolvidos, de 0,7% do
seu PIB em programas de ajuda ao desenvolvimento → muitos países – inclusive os EUA – não cumprem.

O Brasil e a agenda multilateral onusiana

 Brasil compartilha os princípios e objetivos das Nações Unidas na sua atuação internacional;
 Desde 1988: autodeterminação, não intervenção, solução pacífica dos conflitos, defesa da paz e prevalência
dos direitos humanos → princípios inscritos na Constituição Federal;
 Busca contribuir de forma ativa para o tratamento equilibrado das bases que sustentam as atividades da
ONU: a manutenção da paz e da segurança internacionais, a promoção dos direitos humanos e o
desenvolvimento sustentável;
 Multilateralismo como “sustentáculo político-jurídico” da multipolaridade (Celso Amorim).

Obs.:

“O Brasil sempre foi ator relevante no amplo espaço do diálogo multilateral. Isso não significa, como é evidente,
aderir a toda e qualquer tentativa de consenso que venha a emergir, nas Nações Unidas ou em outras instâncias.
Não precisa ser assim e não pode ser assim. O que nos orienta, antes de tudo, são nossos valores e interesses. Em
nome desses valores e interesses, continuaremos a apostar no diálogo como método diplomático. Método que abre
possibilidades de arranjos e convergências que sempre soubemos explorar em nosso favor. O consenso multilateral
bem trabalhado também é expressão da soberania nacional.”

Trecho do discurso de posse do senhor Ministro de Estado das Relações Exteriores, Embaixador Carlos Alberto
Franco França – Brasília, 06/04/2021.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

Agenda

 Histórico internacional
 Meio ambiente, desenvolvimento e mudança do clima
 Posições
 Atualidades

Histórico Internacional

 Década 1960
o “The Silent Spring”, de Rachel Carson, em 1962
 Bióloga marinha dos EUA publica a obra: a primavera silenciosa – efeitos do uso de
pesticidas no meio ambiente
o Conservacionismo e preservacionismo
 Cunho era preservar as espécies ameaçadas de extinção e conservar o habitat natural dessas
espécies
 Década 1970
o Estocolmo, 1972: crescimento econômico e demográfico e exaustão de recursos naturais
 Marco – Conferência de Estocolmo – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
Humano – elevou o patamar das discussões acerca do tema. Embaixador André Corrêa do
Lago definiu como um nível antes reservado a temas com longa tradição diplomática
 Para entender o contexto é preciso voltar à década de 1960: guerra fria – polarização EUA x
URSS; havia o questionamento de valores e padrão de consumo de um lado e de outro. Em
1968, nos EUA, havia protestos sociais por direitos civis e contra a guerra do Vietnã; na
URSS, movimentos como o de Praga entre outros
 É quando alguns setores da sociedade civil de países desenvolvidos passam a mencionar o
tema do meio ambiente. Casos de intoxicação de pescadores japoneses por mercúrio entre
os anos 1950 e 1970. Mais tarde levaria à regulação do mercúrio. Início de consciência
ecológica fruto da industrialização: poluição do ar, sonora
 Obra: os limites do crescimento – publicada pelos membros do Clube de Roma (grupo de
intelectuais e cientistas que passaram a reunir-se a partir de 1968 com o patrocínio de
grandes empresas. Nos encontros, começaram a ser discutidas além de temas econômicos,
temas ecológicos. O viés da obra sobre a questão ambiental era muito pessimista em função
do modelo de produção da época – excesso de crescimento econômico e demográfico
levaria à exaustão e colapso dos sistemas. Colocava em xeque os pressupostos do
crescimento econômico e era fortemente influenciada pelas obras malthusianas. Defendiam
o controle populacional de países com menor desenvolvimento relativo. O desenvolvimento
dos países pobres era visto como uma ameaça à humanidade. Fez com que os países em
desenvolvimento se organizassem para responder à questão. Surge uma nova clivagem, a
Norte-Sul. O debate da questão ecológica passa a ser integrado com temas políticos e
econômicos. Principal resultados da Conferência de 1972: lançou o tema da questão
ambiental na agenda do sistema internacional; criou o Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente – PNUMA; estímulo aos países para criarem órgãos ambientais;
engajamento da sociedade civil no tema, que passou a cobrar e ser vigilante. A Rio-92 é fruto
de avanços que ocorreram na década de 1980 – em 1983, criação da comissão mundial sibre
meio ambiente e desenvolvimento (ou comissão Brundltand); que deu origem ao relatório
Brundtland – marco importante – era constituída por 23 países, inclusive o Brasil. Objetivo
era produzir estudos sobre questões ambientais e de desenvolvimento
 Década 1980
o Convenção de Viena e Prot. Montreal: camada de ozônio
o Relatório Brundtland: desenvolvimento sustentável
 Finalizado em 1987, o relatório não poupou ninguém. Contextualiza o meio ambiente em
um cenário de desenvolvimento e estabeleceu o fundamento conceitual para que a
Conferência do Rio ocorresse mais tarde. Apontava para áreas em que processos poderiam
ser feitos. A grande contribuição do relatório ao lançar o tema do desenvolvimento
sustentável (não prejudicar no presente as gerações futuras) foi criar as bases para atrelar o
crescimento econômico a temas ambientais e sociais
 Outra questão específica que se enquadra no cenário multilateral foi o tema do buraco na
Camada de Ozônio. Estudos mostraram os efeitos danosos dos CFCs que causavam
problemas na camada de ozônio. Foi exitoso ao ponto de que os países cogitassem uma
conferência de cunho mais amplo. Foi assim que o Brasil se candidatou em 1989 para sediar
a Conferência do Rio – CNUMAD (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento). Foram definidos 23 objetivos pela AGNU divididos em quatro grupos –
identificação de estratégias regionais e locais com vistas à recuperação do meio ambiente;
relação entre degradação ambiental e crescimento econômico com a mobilização de
recursos financeiros para fazer avançar a agenda; recursos humanos e cooperação técnica;
aspectos institucionais para fazer valer os acordos
 Década 1990
o Rio 92: fim da Guerra Fria e maior peso das discussões ambientais.
 Rio - 92 consagra o conceito de desenvolvimento sustentável e também o papel central do
ser humano na discussão ambiental. Estabeleceu os marcos regulatórios dos dois principais
regimes ambientais da atualidade (UNFCCC e CDB)
 Era tempos de fim da guerra fria; questões transversais passaram a englobar diversos temas,
inclusive o meio ambiente como direito
 Maio evento organizado pela ONU até então – 172 países, sendo 108 em níveis de Chefes de
Estado ou de Governo; foram credenciados mais de 10 mil jornalistas e representantes de
mais de 1000 organizações, além de cerca de 7 mil ONGs
 Permanecia a clivagem Norte-Sul
 Posição brasileira: aceitava discutir, desde que o tema estivesse inserido em um
contexto de desenvolvimento econômico
 Brasil, após décadas de desenvolvimentismo, era criticado pela maneira como o país
lidava com o desmatamento. Ademais, estava em transição de um processo
ditatorial para o democrático. Problema ambiental – poluição de rios e mares, má
conservação de parques e áreas verdes nos centros urbanos – passaram a juntar-se
às mazelas sociais do país como saúde, educação, alimentação. Foi nesse contexto
que o governo Sarney decidiu apresentar a candidatura do Brasil, por avaliar que o
país poderia renovar suas credenciais e que assim teria mais a ganhar que a perder
o Resultados:
 Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (contendo 27 princípios);
 Agenda 21 – plano de ação para o meio ambiente e o desenvolvimento no século XXI
baseado em uma série de contribuições especializadas de governos e organismos
internacionais;
 UNFCCC e CDB;
 Rio-92 deu origem às duas principais convenções que originaram os grandes regimes
ambientais atuais – A Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a mudança do
clima (UNFCCC) e a Convenção sobre a Diversidade Biológica
 A Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS);
 Monitorar os progressos realizados na implementação da agenda 20/30 e das
atividades relacionadas com a integração dos objetivos de meio ambiente e
desenvolvimento em todo o sistema da ONU
 Acordo para convenção sobre a desertificação; e
 Declaração de Princípios para o Manejo Sustentável de Florestas.

o 1993: Conferência Mundial dos Direitos Humanos (Viena);


 Marcou o universalismo dos direitos humanos; influenciou toda a década em temas que
viriam a ser discutidos nos anos seguintes. Todas as conferências que discutiram temas
sociais foram classificadas como de direitos humanos, justamente pelo caráter universalista
o 1994: conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (Cairo);
o 1994: conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável dos Pequenos Estados Insulares
em Desenvolvimento, (Bridgetown);
o 1995: Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Social (Copenhague);
o 1995: Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher (Pequim);
o 1996: Conferência Mundial das Nações Unidas sobre os Assentamentos Humanos (HABITAT II)
(Istambul);
o 1996: Cúpula Mundial da Alimentação (Roma);
o 1997: COP 3 (Quioto)
 Adoção do Protocolo de Quioto – muito importante para o regime ambiental

Obs.: A década das Conferências 1990-99 (Embaixador José Augusto Alves); outra obra é a do embaixador André
Corrêa do Lago – Estocolmo, Rio, Johanesburgo; o Brasil e as três conferências da ONU.

Segundo Augusto Alves, nunca os encontros de escopo aparentado de magnitude semelhante haviam sido realizados
em ordem lógica e sequencial tão próxima por mais correlatos que fossem (espécie de linha lógica que conecta todas
as conferências realizadas na década de 1990.

 Década de 2000
o “Rio+10”: Johanesburgo (2002)
 Convocada pela resolução 55/1999 da AGNU – revisão decenal do progresso alcançado na
implementação dos resultados da CNUMAD de 1992
 Apesar do enriquecimento jurídico e da institucionalização houve uma série de dificuldades
para implementar os objetivos
 O clima pré-Johanesburgo diferia do clima da Rio-92. Havia ceticismo com os resultados que
poderiam ser obtidos. Predominava em função do descompasso das negociações e o ritmo
de adoção de novas medidas
 O fim da Guerra Fria fez com que, de certa forma, o estilo de vida ocidental fosse
universalizado, bem como o modelo de desenvolvimento. Esse modelo não é marcado pelo
desenvolvimento sustentável. Ademais, década de 1990 foi marcada por crises econômicas
em diversas regiões do globo, com destaque para a crise russa, dos tigres asiáticos e da
América Latina, quadro agravado pela globalização que cada vez mais aumentava. Isso
somado, fez com que houvesse pessimismo antes de Johanesburgo
 Houve também dois eventos que se certa forma influenciaram a conferência de
Johanesburgo, que foi o lançamento da Rodada Doha na OMC e a Conferência de
Monterrey, em 2002 sobre o financiamento para o desenvolvimento. Tiveram grande
repercussão na mídia e opinião pública mundial – reestruturação do comércio internacional
e regras financeiras; foram considerados tímidos. Em Monterrey, por exemplo, houve
confirmação dos preceitos do Consenso de Washington, resultando no consenso de que os
países desenvolvidos deveriam destinar 0,7% do PIB para ODA (ajuda oficial ao
desenvolvimento). Muito aquém do que desejavam os países em desenvolvimento. Em 2008
(Doha) e 2015 (Adis-Abeba) a meta de 0,7% foi confirmada, apesar de não ter sido
implementada, salvo alguns poucos países.
 Outro evento que contribui como pessimismo foi o ataque terrorista aos EUA em 11 de
setembro de 2001
 Algo de positivo foi a adoção unilateral por parte de empresas de mecanismos sustentáveis e
mesmo de financiamento de práticas sustentáveis
 EUA nunca adotaram o Protocolo de Quioto
 Conferência acabou sem grandes acordos, houve apenas reiteração do que já havia sido
definido

o COP 15: Acordo de Copenhague (2009)


 Protocolo de Quioto foi aprovado em 1997, mas só entrou em vigor em 2005
 Países do Anexo I tinham que reduzir em 5,2% em relação ao ano base de 1990 as
emissões no período entre 2008-2012
 Havia expectativa de que uma redução ambiciosa ocorresse com a COP 15
 China não fazia parte do Anexo I; EUA e China são os maiores poluidores e nenhum
queria aumentar sua contribuição para não prejudicar o crescimento econômico
 Não houve um acordo sucessor de Quioto, a partir de 2013, o que gera grandes
frustrações. O que teve foi um acordo pequeno, Acordo de Copenhague, firmado
por um grupo de 26 países, entre eles o BASIC – Brasil, África do Sul, Índia e China,
formado por essa ocasião. Países que ficaram de fora sentiram-se excluídos. Não há
compromisso vinculativo para redução de CO2
 Países desenvolvidos comprometem-se a contribuir com 10 bilhões de dólares por
ano entre 2010 e 2020 e 100 bilhões ao ano a partir de 2020 por via de climate
finance, que é diferente de mercado de carbono ou instrumento de mercado. É uma
operacionalização de responsabilização comum, porém diferenciadas. Auxílio
financeiro a países em desenvolvimento para adoção de medidas mitigatórias
(redução de emissões) e adaptação contra a mudança do clima
 Obs.: desde a COP realizada em 2019, os países em desenvolvimento estão
convergindo no âmbito do G77 para tirar do papel a promessa do climate finance a
partir de 2020 (clivagem Norte-Sul permanece importante)
 Brasil teve participação ativa no evento, inclusive com o presidente; atuação em
concerto no âmbito do BASIC, com compromissos voluntários chamados NAMAS –
Nationaly Apropriate Mitigation Action
o Brasil, reduzir entre 36.1% e 38,9% a emissão de gases do efeito estufa até
2020 – foi transformada em lei, a Lei 12.187 (2009)
o Meta setorial de desmatamento da Amazônia de 80% até 2020
o Consagra a posição brasileira como ator incontornável na questão do clima
o BASIC costuma se encontrar antes das COPs e procuram se coordenar em
temas comuns. Última foi em abril de 2021, presidência é rotativa (vale
olhar as últimas declarações).
o Foi no final de 2008 que o Brasil lançou um plano nacional para a mudança
do clima. A participação em Copenhague veio a coroar o alinhamento entre
política interna e externa
 COP = Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas para a Mudança do
Clima; são instâncias de deliberação máxima da Convenção-Quadro e ocorrem anualmente.
A COP 26, que ocorreria em Glasgow em 2020, foi adiada por causa da pandemia

 Década de 2010
o Green Climate Fund (GCF): criado em 2010
 Sede na Coreia do Sul, propósito é captar recursos de países desenvolvidos
 Ainda está aquém para que os países em desenvolvimento invistam em medidas efetivas e
sustentáveis, principalmente de adaptação, pois por serem países com economias pequenas,
com baixa emissão de carbono, mas que sofrem com os efeitos do aquecimento global
 A meta de 10 bilhões anuais não foi cumprida, o GCF captou 10 bilhões na primeira rodada
de captação de recursos
 Brasil apoiou a criação do GCF
o Rio+20: geometria global pós-2008
 Realizada em 2012; momento de impulso ao multilateralismo após a maior proeminência
dos países em desenvolvimento com a crise financeira de 2008;
 A proposta brasileira para sediar a conferência é de 2007, decorreu de discurso presidencial
na AGNU; ponto de inflexão entre a postura de 1992 e a de 2012; enfatiza a questão do
desenvolvimento humano e de justiça social como mecanismo de mudança da relação com o
meio ambiente. Em 1992, Brasil atuou como uma ponte entre os países ricos e pobres
pautado em três pilares: econômico, ambiental e social. Brasil se aproxima do G77, ao
defender que a igualdade social seria a melhor pré-condição contra a degradação ambiental
do planeta. Brasil passa a dar maior ênfase na questão social, ao passo que, em 1992, os
pilares econômico, social e ambiental não se sobrepunham
 O Futuro que nós queremos – ler o documento
 Integração dos três pilares como paradigma para o século XXI
 Erradicação da pobreza como pré-requisito para a questão ambiental
 Em 2012, houve a realização da COP-18, que ocorreu em Doha. Sem acordo novo, cria-se
uma emenda – Doha – ao Protocolo de Quioto estendendo a validade deste para o período
2013-2020
o REDD+: arcabouço normativo para recompensar os países por atividades que visavam à redução das
emissões
 REDD = Reduzir emissões do desmatamento e degradação (marco de Varsóvia)
 Importante para o Brasil, pois trata sobre cobertura florestal
 Consiste em pagamento por resultados
 Brasil foi um dos primeiros a se tornar elegível para receber os REDD+

o Acordo de Paris: 2015 (COP 21)


 Na COP-20, em 2014, em Lima, o Brasil sugeriu a tese de círculos concêntricos – graus
distintos de responsabilidade. Proposta não vingou, era necessário que os EUA integrassem
 Protocolo de Paris tem uma forma Top-Down, todos devem se comprometer e também
bottom-up, pois cada país tem a liberdade de definir seus próprios compromissos
 Complica porque os compromissos dificultam a comparação dos esforços, pois muitos têm
bases diferentes.
 Politicamente, foi o que foi possível
 Brasil apresentou sua INDC em 2015 (contribuição pretendida), que em 2016, com a
ratificação, virou a NDC. Em 2020, Brasil atualizou o compromisso perante o Acordo de Paris
 Entrou em vigor já em 2016 ao atingir o número mínimo de ratificações necessárias
 Para os artigos funcionarem, era necessário fechar os livros de regras, algo que
ainda não foi definido por completo
 Década de 2020
o Emenda de Doha: ação pré-2020
 Conferência de 2012, só entrou em vigor em 2020, após a ratificação do 144ª país (Nigéria)
 Países que têm compromissos (desenvolvidos) sob o Protocolo de Quioto (EUA nunca
aderiram e Rússia, Canadá, Nova Zelândia e Japão não estão no segundo período) terão que
comprovar resultados referentes ao período 2013-20
o Implementação do Acordo de Paris: pós-2020
 Em relação ao desenvolvimento sustentável, tem os objetivos do milênio que vigoraram de
2000 a 2015 e que foram substituídos pelos objetivos de desenvolvimento sustentável – ODS
– 2015-2030. Denominador comum: série de compromissos em diversos temas no sentido
de formar um programa global cujo o objetivo é acabar com a fome, reduzir desigualdades,
garantir educação e saúde, promover sociedades mais pacíficas e que protegem o meio
ambiente entre outros
 Convenção de diversidade biológica: abarcar direta ou indiretamente a biodiversidade –
arcabouço político e legal para outras convenções (são convenções guarda-chuva – CDB e
UNFCCC)

Obs.: ao ler sobre notícias, é importante ler as declarações e prestar atenção à linguagem e princípios que norteiam
a discussão

Regimes - UNFCCC
 Convenção-Quadro das Nações Unidas para a Mudança do Clima (UNFCCC) – biênio 2020/21 é um marco;
inicia oficialmente o Acordo de Paris (a pandemia atrapalhou). COP-26 prevista para nov/21 em Glasgow há
expectativa de negociações para por o Acordo de Paris em marcha
o Origem: 1992
o Guarda-chuva:
 Protocolo de Quioto (1997, vigor em 2005): 2008-2012 (primeiro período de compromisso –
países do Anexo I precisam mostrar que tiveram redução na emissão de CO2)
 Emenda de Doha (2012, vigor em 2020): 2013-2020 (estende Quioto)
 Acordo de Paris – COP-21 (2015, vigor em 2016): pós-2020; não substitui o Protocolo de
Quioto, o que encerra é o período de compromisso iniciado em 1997 e depois postergado
pelo acordo de Doha. Os países estão livres para estabelecerem metas de redução de
emissão de CO2
o Responsabilidades comuns, porém diferenciadas
 Países de industrialização tardia possuem menor responsabilidade que os países que se
industrializaram desde a Revolução Industrial

 Artigo 2 (UNFCCC): Objetivo


o O objetivo final desta Convenção e de quaisquer instrumentos jurídicos (característica de guarda-
chuva) com ela relacionados que adote a Conferência das Partes é o de alcançar, em conformidade
com as disposições pertinentes desta Convenção, a estabilização das concentrações de gases de
efeito estufa na atmosfera num nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema
climático. Esse nível deverá ser alcançado num prazo (não determina um prazo) suficiente que
permita aos ecossistemas adaptarem-se naturalmente à mudança do clima que assegure que a
produção de alimentos não seja ameaçada e que permita ao desenvolvimento econômico prosseguir
de maneira sustentável.

 Artigo 3 (UNFCCC): Princípios


o Em suas ações para alcançar o objetivo desta Convenção e implementar suas disposições, as Partes
devem orientar-se inter alia (entre outros), pelos seguintes:
1. As Partes devem proteger o sistema climático em benefício das gerações presentes e futuras da
humanidade com base na equidade e em conformidade com suas responsabilidades comuns mas
diferenciadas e respectivas capacidades. Em decorrência, as Partes países desenvolvidos devem
tomar a iniciativa no combate à mudança do clima e a seus efeitos negativos

Atenção: quem deve liderar os esforços são os países desenvolvidos, que possuem maior responsabilidade histórica
de acordo com o princípio 3 da Convenção-Quadro, que é o regime multilateral responsável por regrar as questões
envolvendo a mudança do clima

 Anexo I: “países desenvolvidos e outras Partes"


Alemanha, Austrália, Áustria, Belarus*, Bélgica, Bulgária*, Canadá, CE, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos,
Estônia*, Federação Russa*, Finlândia, França, Grécia, Hungria*, Irlanda, Islândia, Letônia*, Lituânia*,
Luxemburgo, Noruega, Nova Zelândia, Países Baixos, Polônia*, Portugal, Reino Unido, República Tcheco-
Eslovaca*, Romênia*, Suécia, Suíça, Turquia, Ucrânia*

 Anexo II: “Países desenvolvidos e outras Partes desenvolvidas”


Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, CE, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França,
Grécia, Irlanda, Islândia, Luxemburgo, Noruega, Nova Zelândia, Países Baixos, Portugal, Reino Unido, Suécia,
Suíça, Turquia

 Não-Anexo I:
Países em desenvolvimento
 Protocolo de Quioto e Emenda de Doha:
o Obrigações quantificadas de redução de emissões para Partes listadas no Anexo B do Protocolo de
Quioto que são os países do Anexo I da UNFCCC
o Reduzir as emissões globais em, pelo menos, 5,2% abaixo dos níveis registrados em 1990, no período
entre 2008 e 2012 (Doha: 2013-2020)
o Mecanismos de flexibilização: Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) – país do Anexo I pode
fazer um investimento em um país em desenvolvimento que não tenha meta obrigatória no sentido
de mitigar os efeitos do efeito estufa e dessa forma beneficiar a ambos; o que importa é o agregado
global -, Implementação Conjunta – mesma lógica do MDL, mas países de anexo I com Anexo I;
sofreu críticas e Comércio de Emissões (sugestão brasileira e dos EUA)
o Estados Unidos não ratificam; Japão, Rússia, Canadá e Nova Zelândia não participam do segundo
período de compromisso
 Maior emissor fora torna a medida inócua

 Acordo de Paris:
o Compromissos nacionalmente determinados – formato híbrido (top-down => todos têm
compromisso e também bottom-up => cada país determina sua meta/NDC)
o Ratificações em tempo recorde

 Artigo 2 (Acordo de Paris): Objetivo


1. Este Acordo, ao reforçar a implementação da Convenção-Quadro, incluindo seu objetivo, visa fortalecer a
resposta global à ameaça da mudança do clima, no contexto do desenvolvimento sustentável e dos esforços
de erradicação da pobreza, incluindo:
(a) Manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2ºC em relação aos níveis pré-industriais,
e envidar esforços para limitar esse aumento da temperatura a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais,
reconhecendo que isso reduziria significativamente os riscos e os impactos da mudança do clima;
(mitigação)
(b) Aumentar a capacidade de adaptação (os efeitos já são sentidos) aos impactos negativos da mudança do
clima e promover a resiliência à mudança do clima e um desenvolvimento de baixa emissão de gases de
efeito estufa, de uma maneira que não ameace a produção de alimentos; e
(c) Tornar os fluxos financeiros compatíveis com uma trajetória rumo a um desenvolvimento de baixa
emissão de gases de efeito estufa e resiliente à mudança do clima. 2. Este Acordo será implementado de
modo a refletir equidade e o princípio das responsabilidades comuns porém diferenciadas e respectivas
capacidades, à luz das diferentes circunstâncias nacionais.

 Artigo 4 (Acordo de Paris): Progressão (ideia de que não pode regredir, sarrafo aumenta constantemente)
2. Cada Parte deve preparar, comunicar e manter sucessivas contribuições nacionalmente determinadas que
pretende alcançar. As Partes devem adotar medidas de mitigação domésticas, com o fim de alcançar os
objetivos daquelas contribuições

 Conferências das Partes:


o COP 3: Quioto. Protocolo de Quioto. (1997)
o COP 15: Copenhague. NAMAs (compromissos voluntários de países não-anexo I – Brasil apresentou
em 2009) e financiamento climático (USD 10 bi/ano 2010-2020; USD 100 bi/ano após 2020). Há
resistência por parte dos países desenvolvidos
o COP 18: Doha. Emenda de Doha
o COP 19: Varsóvia. Marco para REDD+.
o COP 20: Lima. Compromissos pós-2020?
o COP 21: Paris. Acordo de Paris (2015)

 Brasil e NAMAs:
o Compromisso voluntário nacional de reduzir entre 36,1% e 38,9% a emissão de gases de efeito
estufa até 2020; resultados estão sendo aferidos pelo MCTI
o Redução do desmatamento na Amazônia em 80% até o ano de 2020

 Brasil e NDC no acordo de Paris


o 2015: reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025 e indica uma redução de
emissões de 43% até 2030;
o Dez/2020: confirma as metas para 2025 (37%) em comparação com o ano base, que é 2005, e 2030
(43%); nova meta indicativa de longo prazo, 2060.
o Mostra a ambição do Brasil

Regimes – Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CDS, ODM, ODS)

 Artigo 1 (CDB): Objetivos (CDB foi assinada na Rio-92)


 Os objetivos desta Convenção, a serem cumpridos de acordo com as disposições pertinentes, são a
conservação da diversidade biológica, a utilização sustentável de seus componentes e a repartição justa e
equitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos, mediante, inclusive, o acesso
adequado aos recursos genéticos e a transferência adequada de tecnologias pertinentes, levando em conta
todos os direitos sobre tais recursos e tecnologias, e mediante financiamento adequado
o Ecossistemas, espécies e recursos genéticos (reconhecimento da importância da diversidade
biológica)

 Artigo 3 (CDB): Princípio


 Os Estados, em conformidade com a Carta das Nações Unidas e com os princípios de Direito internacional,
têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos segundo suas políticas ambientais, e a
responsabilidade de assegurar que atividades sob sua jurisdição ou controle não causem dano ao meio
ambiente de outros Estados ou de áreas além dos limites da jurisdição nacional.
o 2/3 dos recursos genéticos do mundo concentrados nos países em desenvolvimento – problema:
não detinham financiamento e tecnologia para explorar essa diversidade
o No caso da CDB, o componente geográfico é importante; diferentemente da questão da emissão e
climática, pois o que importa é o agregado global
o CDB foi ratificada no Brasil pelo Decreto 2519/1998
o CDB é um tratado guarda-chuva, assim como UNFCCC
o Protocolo de Nagoya (2010) COP10; Brasil ratificou em 2020 e o depósito em 2021 – oferece maior
segurança jurídica e transparência em relação ao uso de recursos genéticos e desestimula a
biopirataria. Brasil mostrou vontade política de negociar, mas demorou a ratificar
o Vale olhar a política nacional de biodiversidade – decreto 4339/2002. São sete componentes
 Conhecimento da biodiversidade, conservação, uso sustentável, avaliação e mitigação dos
impactos sobre a biodiversidade; acesso a recursos genéticos; repartição de benefícios;
informação, conscientização e educação relativa à biodiversidade e marco jurídico-
institucional para gestão da biodiversidade
 Ver a lei 13123/2015 – marco regulatório da biodiversidade
 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)
o Estabelecidos em 2000 – declaração do milênio das Nações Unidas; são oito objetivos – direitos
humanos, das mulheres, meio ambiente, igualdade social e racial - criar agenda global de
desenvolvimento sustentável
o Metas a serem cumpridas até 2015 (21 metas e 60 indicadores)
o Brasil: desafios, porém avanços significativos
 ODM 1 - Acabar com a fome e a miséria: Brasil saiu do Mapa da Fome da FAO em 2014;
indicador de maior êxito foi em relação à desnutrição infantil
 ODM 2 - Educação básica de qualidade para todos: Avanços significativos, porém altas taxas
de evasão e repetência
 ODM 3 - Igualdade entre sexos e valorização da mulher: Educação: perspectivas positivas;
Violência doméstica como desafio; houve avanços no arcabouço jurídico como a Lei Maria
da Penha
 ODM 4 - Reduzir a mortalidade infantil: Queda drástica nos indicadores; Brasil apresentou a
segunda maior redução entre 68 países
 ODM 5 - Melhorar a saúde das gestantes: Desafios, mas tendência de queda; alto índice de
partos cesários é um problema e gera riscos para mães e bebês. Melhoria na investigação de
óbitos e do pré-natal
 ODM 6 - Combater a AIDS, a malária e outras doenças: Casos exitosos: HIV (crescente até
2002), tuberculose também caiu e malária sob controle no Brasil; Desafios: dengue, Zika,
Chikungunya
 ODM 7 - Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente: Conservação de cerca de 80% da
cobertura vegetal amazônica; NAMAs: indicadores de resultados promissores; Meio
ambiente urbano e saneamento básico – houve avanços na população urbana
 ODM 8 - Todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento: Intensificação de diálogos
bilaterais; Implementação de políticas públicas – vertente da política desenvolvimentista da
política externa; compartilhamento de experiência – saúde, capacitação e segurança
alimentar em ambiente multilateral e bilateral; promotor de operações de natureza
financeira e comercial ao perdoar dívidas de países pobres ; programa de cooperação
técnica como o da Fiocruz que construiu uma fábrica para a produção de retrovirais em
Moçambique; cooperação triangular no âmbito da FAO; compartilhamento de experiências
agrícolas (EMBRAPA) entre outras iniciativas – objetivo era evitar assimetrias e dar caráter
assistencialista, mas entabular conversas estruturantes e horizontais
 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2030 (ODS)
o Continuidade e ampliação (de 8 ODM para 17 ODS)
o Estabelecidos em 2015
o 169 Metas a serem cumpridas até 2030
o Brasil: Relatório de Desenvolvimento Sustentável de 2020 tem Brasil na 53a posição, de 166 países
(subiu 4 posições)

Atores Importantes

 EUA:
o Resistências internas
 Nunca ratificaram as CDBs; argumentam que possuem ações internas que cobrem o escopo
 São parte da UNFCCC
 Não ratificaram Quioto – incompatível com o crescimento econômico
 Compromissos bottom-up favoreceu a entrada no Acordo de Paris; Trump se retirou e Biden
voltou – um dos primeiros atos após eleito; busca retomar o protagonismo americano –
designa John Kerry como assistência da presidência para o clima. Muitos diálogos bilaterais;
instiga os países a serem mais ambiciosos – 40 líderes participaram da cúpula de líderes
convocada por Biden para abril/2021. EUA apresentam revisão da NDC
 UE
o Liderança
 Aproveitam vaco deixado por Donald Trump
o EU ETS – comércio de emissões de carbono
o Alemanha é uma grande emissora; se comprometeu a acabar com usinas a carvão em 2038 apenas
o Polônia levanta a questão do emprego na indústria de carvão
o Países desenvolvidos não são adeptos da ideia de responsabilidade comum, porém diferenciada
o Transição energética custa tempo e dinheiro
o Dez/2019 Europa lança o green deal (pode ter implicação para além do clima e afetar o comércio
externo)
 China
o Posição ambígua
o Crescimento econômico robusto; é a maior emissora de gases do efeito estufa do mundo
o Há concertação no BASIC, mas também com países desenvolvidos; perfil diferente do que tinha em
2019
o Vai sediar a COP-15 da CDB (o evento é promissor)
 BRICS
o Consenso difícil
 Não é um agrupamento como o BASIC que teve a agenda ambiental na essência; BRICS
possui outra proposta e surge em outro contexto
 Países com perfis diferentes – Rússia está lista em outro anexo
 BASIC
o Financiamento e outras obrigações
o Alinhados e defensores do regime de responsabilidade comum, porém diferenciada

Atualidades

 Acordo de Paris
o COP 24 (Katowice, 2018): previa-se a conclusão do “Livro de Regras”. Negociações chegaram a
impasse em temas centrais, como abordagens cooperativas baseadas em mercado.
o COP 25 (Madri, 2019): expectativas sobre a finalização das questões pendentes. Novo impasse. Era
para ter ocorrido no Brasil, que pediu para não sediar; Chile aceitou a presidência, mas estava
envolta a protestos e Madri aceitou sediar, embora com a presidência chilena
o COP 26 (Glasgow, 2021): da negociação à implementação do Acordo de Paris. Expectativa para
entrar no módulo implementação
o Dez/2020: Brasil submete sua NDC revisada. Reafirma o compromisso de 2025 e 2030 (antes
indicativa) e estabelece uma nova meta indicativa de longo prazo para 2060 (neutralidade climática
– Bolsonaro disse seria em 2050; zerar o desmatamento ilegal até 2030 e aumentar o orçamento do
Ministério do Meio Ambiente para fiscalização)
o Fev/2021: diálogo de alto nível entre Brasil e Estados Unidos

 Emenda de Doha
o Entrada em vigor em dezembro de 2020, após atingir a 144ª ratificação (Nigéria)
o Operacionaliza o segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto; países que têm
compromisso obrigatório precisam provar que reduziram até 2023

 Impactos da pandemia sobre emissões globais de gases de efeito estufa


o Emissões globais com tendência decrescente, mas não em virtude da ação climática (política de
redução de gases do efeito estufa – não foi deliberado, foi uma decorrência da queda do nível da
atividade econômica)
o Build back better
 Voltar melhor que antes – reconstruir a economia de forma mais sustentável
 Brasil não é contra, mas há carência de investimentos que precisam ser resolvidas. Os
esforços de reconstrução não devem competir com os recursos já prometidos aos países em
desenvolvimento
o Esforços de reconstrução não devem reduzir o montante de recursos alocados ao auxílio a países em
desenvolvimento para a a promoção de ações de combate à mudança do clima

Atualidades da CDB

 Protocolo de Nagoia (regula a questão do patrimônio genético)


o Ratificação do Brasil (Dec. Leg. 136/2020, de 12 de agosto de 2020)
o Carta de ratificação entregue em 4 de março de 2021 à ONU
 Conferência das Partes da CDB (COP 15)
o Prevista para ocorrer em Kumming em outubro de 2021
o Discussões sobre arcabouço normativo internacional pós-2020
o Pressão para convergências entre agendas relacionadas a mudança do clima e biodiversidade
 Estruturas e princípios orientadores diferentes: UNFCCC = responsabilidade histórica; CDC
tem pegada de maior soberania
o Criação da estrutura global de biodiversidade pós-2020
 Estrutura que deve delinear o que os países precisam fazer para colocar a humanidade para
consecução da visão da CDB – horizonte temporal é 2050 (Uganda e Canadá produziram
esboço inicial da estrutura – 5 metas de longo prazo (2050); com marcos intermediários e 20
metas para serem alcançadas até 2030
o Quem presidiu a COP 14 foi o Egito, que está com a presidência até a COP15, quando passará para a
China

Notícias da área de imprensa do Itamaraty


 Brasil não favorece a securitização do tema ambiental, ou seja, sanções no âmbito do CSNU
 Olhar a questão ambiental sob o prisma do desenvolvimento sustentável

Algumas observações importantes

 Meio ambiente é um tema transversal, tem relação com direitos humanos, financiamento, crescimento
econômico

 O que costuma cair na prova sobre meio ambiente


o Histórico internacional do tema
o Atualidades
o Posição do Brasil
o Posições de outros países

 No plano multilateral, a primeira vez que o tema do meio ambiente é debatido é na Conferência de
Estocolmo, 1972 sem ainda uma associação entre desenvolvimento econômico e meio ambiente. Nos anos
1960, já estava em discussão a questão da poluição

 A Conferência de Estocolmo não determinou diretrizes de comércio internacional, tampouco consagrou o


meio ambiente saudável como direito da humanidade. A discussão ainda era incipiente

 CNUMAD do Rio de Janeiro, em 1992, foi uma discussão ampla que envolvia um conceito mais rebuscado de
desenvolvimento sustentável, o que implica que a Conferência do Rio não se pautou apenas na questão
conservacionista ou de degradação ambiental

 O Protocolo de Quioto fixou as metas de redução de emissão de gases que provocam o efeito estufa, a
serem cumpridas pelos países industrializados e não fixou metas para os países que não eram do Anexo I.
Pautava-se na responsabilidade comum, porém com responsabilidade distinta. Apenas no Acordo de Paris,
de 2015, é que a progressividade com adoção de metas de redução por parte dos países em
desenvolvimento seria adotada

 Os resultados da COP-15 em Copenhagen (2009) foram considerados insatisfatórios pela comunidade


internacional. O Brasil teve de destaque na Conferência ao negociar ativamente (BASIC) e defender a
constituição de um fundo de financiamento para aplicação de recursos, em países pobres, - origem do GDF –
por meio de organismos multilaterais, inclusive no sistema das Nações Unidas, ações que se empreguem
tecnologias concernentes ao aquecimento global

 O Brasil defende os princípios de responsabilidade comum, porém diferenciada e vem praticando medidas
da agenda ambiental internacional. A matriz elétrica brasileira é majoritariamente composta por fontes
renováveis, mas a matriz energética não, pois a participação dos combustíveis fósseis representam metade
da matriz

 O governo se comprometeu a desenvolver ações para diminuir a emissão de CO2 no país e a adotar um
Plano de Mudanças Climáticas. Quanto à redução do desmatamento da Amazônia, existe um plano próprio
para tal.

 Os países amazônicos defendem a soberania de explorar seus recursos em consonância com os preceitos da
agenda do desenvolvimento sustentável. Não uma proeminência brasileira na decisão desses países, o tema
é complexo e nem sempre há consenso.

 A Conferência Internacional das Nações Unidas para Financiamento ao Desenvolvimento, realizada em 2002,
aprovou o documento intitulado Consenso de Monterrey, entre cujos dispositivos consta a recomendação
de aplicação, por parte dos países industrializados, de 0,7% do seu produto interno bruto em programas de
ajuda ao desenvolvimento, o que não vem sendo cumprido, de maneira geral, por grande parte desses
países.

 Desde que a questão ecológica adquiriu importância econômica, as estratégias de gestão ambiental
passaram a ser de competência exclusiva do Estado por meio de legislação pertinente. Há soberania do
Estado para implementação de projetos em seu território

 O modelo de gestão característico da política brasileira de recursos hídricos elegeu a bacia hidrográfica como
unidade espacial de planejamento, visando à resolução de conflitos entre usuários, à solução de problemas
de poluição das águas e à restrição, de modo a conservar a cobertura vegetal, do desmatamento de áreas de
mananciais.

 A proteção do Cerrado, prevista nas metas do plano estratégico da Convenção sobre Diversidade Biológica,
justifica-se pela necessidade de recuperação de áreas desmatadas ou degradadas pelas pastagens.

 Brasil é defensor da tese do desenvolvimento sustentável, que possui três vertentes: a econômica, a social e
a ambiental

 A associação dos objetivos da política externa brasileira à promoção do desenvolvimento econômico e da


inclusão social, marcada pelo histórico discurso de Araújo Castro na abertura da Assembleia Geral da ONU,
há meio século, passou a incluir, nas últimas décadas, também a questão ambiental, como ilustram a Rio 92
e a Rio+20

 A Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), cujo órgão supremo é a Conferência
das Partes, foi designada Convenção-Quadro porque serve de base para a assinatura de outras convenções
internacionais que versem sobre mudança climática.

 Estabelecida durante a Rio-92, a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) funciona como espécie de
arcabouço legal e político para acordos ambientais mais específicos, a exemplo do Protocolo de Cartagena
sobre Biossegurança

 Signatário, junto com quase 200 países, da chamada Convenção das Nações Unidas de Combate à
Desertificação e Mitigação dos Efeitos das Secas, o Brasil, atuando em iniciativas bilaterais e multilaterais, é
considerado uma das grandes lideranças globais na implementação dessa Convenção.

 A Conferência de Estocolmo de 1972 não representou convergência entre países desenvolvidos e em


desenvolvimento. Houve Influência do Clube de Roma, com a tese de que o crescimento demográfico e
econômico do sul global levaria a uma degradação dos recursos. Países desenvolvidos não aceitavam reduzir
o dinamismo econômico

 Dica para lembrar das Conferências da Partes: o Acordo de Paris foi firmado na COP-21, que ocorreu em
2015. Basta então avançar ou retroceder um ano para identificar qual o número da COP. A COP-18, por
exemplo, foi 2012, quando o Protocolo de Quioto foi prorrogado

 A COP adota decisões por consenso. A COP-18 prorrogou o Protocolo de Quioto por consenso, no entanto,
alguns países não ratificaram, a exemplo de EUA, Japão, Nova Zelândia, Rússia e Canadá

 A COP-20 (2014), em Lima, iniciou o debate acerca das INDC (intenção de contribuições nacionais)

 Em 2015, dados da NASA e da agência norte-americana NOAA (Administração Atmosférica e Oceânica


Nacional) indicam que, na primeira década deste século, houve relativa estabilidade na temperatura média
mundial, tendo as emissões de gases de efeito estufa continuado a aumentar, estimulando as negociações
internacionais sobre o assunto.

 A III Conferência das Partes (COP-3) adotou, em 1997, o Protocolo de Quioto, que estabelecia o
compromisso dos países desenvolvidos listados em seu Anexo I em reduzir, até 2012, 5,2% das suas
emissões de gases de efeito estufa, em relação aos níveis de 1990

 Uma das principais inovações do acordo de Paris é o fato de ele não estabelecer metas uniformes (vertente
top-down, todos devem contribuir, e bottom-up, cada país determina como irá contribuir) para todos os
signatários, tendo cada país indicado metas voluntárias que pretende cumprir, as chamadas Pretendidas
Contribuições Nacionalmente Determinadas

 A NDC brasileira tinha um anexo explicativo com exemplos não exaustivos com as ações a serem adotadas
para atingir as metas. Inclui compromissos tanto na questão do aumento do uso de energias renováveis
quanto redução do desmatamento

 Como decorrência do conceito denominado “responsabilidades comuns, porém diferenciadas” (artigo 2 do


Acordo), defendido por países como o Brasil, um dos aspectos-chave do Acordo de Paris é o financiamento
às ações de mitigação e adaptação em países em desenvolvimento. Retomou a ideia aventada na COP-15 de
um fundo comum. No caso de Paris, houve a previsão de um fundo comum no valor mínimo de US$ 100
bilhões por ano a partir de 2020 que havia sido prometido na COP-15

 O Acordo de Paris entrou em vigor em tempo recordo e já em 2017 estava valendo

 A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) representa, no presente,
importante espaço de apoio aos países em desenvolvimento no que diz respeito ao seguimento e à
implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que conformam a Agenda 2030 para o
desenvolvimento sustentável e, de modo particular, daqueles voltados para a dimensão econômica.

Dicas para questões discursivas

CACD 2010 - Questão 2: A partir de uma perspectiva da mudança global do clima como uma questão de
desenvolvimento, comente:

a) a evolução da posição brasileira no processo preparatório da COP-15 e durante a Conferência;

b) desafios e vantagens, do ponto de vista doméstico e internacional, que o país terá nas próximas negociações
multilaterais sobre o tema.

 Enquadramento:
o Geral: mudança do clima e desenvolvimento
o Específicos:
 Evolução da posição do Brasil na preparação (1) para e durante a COP-15 (2)
 Desafios e vantagens (3), nas perspectivas domésticas e internacional (4), nas próximas
negociações (5)
 Elementos textuais:
o Introdução (sinalizar que entendeu o enquadramento) e conclusão
o Parágrafos temáticos (de 1 a 5 dos temas pedidos como conteúdo)
o Argumentos e exemplos

Elementos para resposta (itens de 1 a 5)

 Brasil como ator protagônico e incontornável


o Panorama interno: país em desenvolvimento megadiverso, com matriz energética fortemente
baseada em energias renováveis (ativos internos importantes)
o Rio-92 como marco histórico (gênese do regime acontece no Brasil, UNFCCC e CDB)
o Brasil foi construtor de consensos e criador de pontes entre extremos
 Clivagem entre países desenvolvidos e em desenvolvimento que parecia intransponível e
que o Brasil contribuiu estabelecendo pontes, o que permitiu os resultados exitosos
 COP-15
o Internacional: Protocolo de Quioto-1 + Protocolo de Quioto Q-2;
 Havia alta perspectiva de que a COP-15 dotaria novas diretrizes após o fim do Protocolo de
Quioto que se encerraria
o REDD; florestas (COP-14, com grande participação da diplomacia brasileira – redução do
desmatamento)
o NAMAs; Brasil não tinha metas estabelecidas por Quioto e ainda assim voluntariou-se
o GCF; fundos para financiar países em desenvolvimento
o Polarização Norte-Sul
o Doméstico: Política Nacional para Mudança do Clima – aprovada pouco antes da COP-15; perfil de
emissões do Brasil (economia brasileira é pouco carbonizada em função da matriz elétrica ser
majoritariamente de fontes renováveis), sendo assim, o perfil brasileiro de emissão está mais
voltado para o desmatamento e uso da terra para agricultura e pecuária

CACD 2012 - Questão 3: Uma das principais características do atual cenário internacional reside no crescente peso
relativo de países emergentes nas relações comerciais, financeiras e políticas internacionais. Tal tendência se
refletiria, com particular intensidade, no exemplo da China, que deverá tornar-se a principal economia mundial
(conforme critério de “Paridade de Poder de Compra”) a curto prazo. Discorra sobre as oportunidades e desafios da
ascensão relativa da China, sob a perspectiva da política externa brasileira, nos planos comercial e financeiro.
Indique, ainda, eventuais pontos de convergência e de divergência entre a China e o Brasil quanto à agenda
ambiental multilateral (mudanças climáticas) e à reforma do Conselho de Segurança da ONU.

Enquadramento:

o Geral: mudança do clima como tema da agenda bilateral BR-CH


o Específicos:
 Pontos de convergência (1)
 Pontos de divergência (2)
 Elementos textuais:
o Introdução e conclusão
o Parágrafos temáticos (1 e 2)
o Argumentos e exemplos

Elementos para a resposta

 BR-CH: ambos são países em desenvolvimento


o BASIC (convergência) – defende os princípios de que países com menor responsabilidade histórica
não devem pagar o mesmo preço que aqueles com maior responsabilidade histórica pelo problema
da mudança do clima; países desenvolvidos se beneficiaram de uma industrialização precoce e
possuem economia mais carbonizada
o Responsabilidades comuns, porém diferenciadas (convergência)
o COSBAN (convergência) – comissão se encontra com regularidade; cooperação para além do BASIC
o Os dois países convergem na questão multilateral pela situação de ambos na condição de países em
desenvolvimento; são economias emergentes
 Contextos internos significativamente diferentes podem levar a distanciamentos em pontos específicos
o Padrão de emissão dos países é diferente
CACD 2014 - Questão 4: A Declaração Final da Conferência Rio+20 ressalta a necessidade de uma melhor integração
dos aspectos econômicos, sociais e ambientais do desenvolvimento sustentável. Da perspectiva brasileira, como esse
objetivo deve ser perseguido nas negociações da Agenda de Desenvolvimento pós-2015?

Elementos para resposta

Declaração “The Future We Want” (2012)

 1. We, the Heads of State and Government and high-level representatives, having met at Rio de Janeiro,
Brazil, from 20 to 22 June 2012, with the full participation of civil society, renew our commitment to
sustainable development and to ensuring the promotion of an economically, socially and environmentally
sustainable future for our planet and for present and future generations.
 2. Eradicating poverty is the greatest global challenge facing the world today and an indispensable
requirement for sustainable development. In this regard we are committed to freeing humanity from
poverty and hunger as a matter of urgency.
 3. We therefore acknowledge the need to further mainstream sustainable development at all levels,
integrating economic, social and environmental aspects and recognizing their interlinkages, so as to
achieve sustainable development in all its dimensions. (enunciado é a cópia desse item 3)

http://www.rio20.gov.br/documentos/documentos-da-conferencia/o-futuro-que-queremos/at_download/the-
future-we-want.pd

Enquadramento

 Geral: desenvolvimento sustentável


 Específicos:
o Perspectiva brasileira sobre a integração dos pilares econômico, ambiental e social (1)
o Posição brasileira nas negociações sobre a Agenda 2030 (2)
 Elementos textuais
o Introdução e conclusão
o Parágrafos temáticos (1 e 2)
o Argumentos e exemplos

Elementos para a resposta

 Contextualização da Conferência Rio+20


o Um dos principais resultados foi consagrar a dimensão social no centro do desenvolvimento
sustentável (perspectiva brasileira)
o Participação brasileira fundamental: pobreza como elemento de pressão sobre o meio ambiente
(elemento humano como fator central na associação com o elemento ambiental)
 Agenda 2030 (origem dos ODM que deram lugar aos ODS)
o Lançada em 2015
o Pressão sobre temas globais
o Brasil:
 Interdependência entre os três temas (econômico, social e ambiental)
 Contrário à securitização de temas multilaterais (evitar intervenções do CSNU – temas
transversais não devem ser securitizados)
 Responsabilidades históricas e cooperação internacional
 Respeito a prerrogativas nacionais

CACD 2018 - Questão 4: O desenvolvimento sustentável exige uma considerável ação coletiva. Uma agenda
como a que estamos acordando exige “descolonizar” os acordos multilaterais de desenvolvimento, já que a
governança global deve ser universal e inclusiva e refletir os interesses, as necessidades e os objetivos da
comunidade internacional em seu conjunto. Isto é um desafio ainda maior se consideradas questões relativas a
mudanças climáticas e à assimetria da arquitetura financeira internacional.
Alicia Bárcena. Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável: o elo entre o curto e o longo prazo. Santiago,
CEPAL, 2016 (com adaptações).

Considerando que o texto precedente tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo a respeito
da promoção do desenvolvimento como tema da agenda global. Em seu texto, aborde necessariamente os
seguintes aspectos:

1. os marcos históricos que levaram à inserção do desenvolvimento como tema da agenda da organização das
nações unidas (ONU);

2. as principais conferências e iniciativas no âmbito da ONU que passaram a incluir a promoção do


desenvolvimento como prioridade, e as iniciativas e a agenda da ONU a partir dos anos 2000;

3. o posicionamento histórico da diplomacia brasileira na ONU com relação à promoção do desenvolvimento.

Enquadramento

 Geral: desenvolvimento sustentável e governança global


 Específicos:
o Histórico sobre o tema do desenvolvimento sustentável (1)
o Contextualização sobre a governança global do tema (2)
o Principais conferências e iniciativas até 2000 (3)
o Principais conferências e iniciativas pós-2000 (4)
o Histórico da posição brasileira no tema (5)
 Elementos textuais:
o Introdução e conclusão
o Parágrafos temáticos (de 1 a 5)
o Argumentos e exemplos

Elementos para resposta

 Histórico multilateral do tema:


o Origem e desenvolvimento do tema – desenvolvimento sustentável surge na década de 1980 e é
consagrado na Rio-92
o Crescimento baseado na industrialização x sustentabilidade
 Antes do tema do desenvolvimento sustentável era visto como um trade-off
 Marcos temporais até 2000:
o Rio 92 (1992)
o Copenhague (1995) – temas afeitos ao desenvolvimento sustentável
o Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (2000)
 Marcos temporais pós-2000:
o Agenda 2030 e ODS
 Brasil:
o Ativismo
o Responsabilidades históricas
o Redução de assimetrias
o Visão interdependente dos três temas: economia, social e ambiental

Pobreza e ações de combate à fome

Temas sociais na agenda internacional

 1945: criação da FAO;


 1964: criação da UNCTAD;
 1965: criação do PNUD;
 Década de 1980: muitos países em desenvolvimento enfrentando graves problemas de dívida → políticas de
estabilização e ajuste estrutural introduzidas pelo FMI e pelo Banco Mundial;
 Estudo “Ajuste com rosto humano”, UNICEF, 1985 → ações para evitar o retrocesso nas condições de vida
das populações e restabelecer o crescimento econômico e o desenvolvimento;
 1º “Relatório de Desenvolvimento Humano”, PNUD, 1990 → pessoas no centro de estratégias de
desenvolvimento (Mahbub ul Haq e Amartya Sen);
 Década de 1990 em diante: incorporação da temática social às novas concepções e estratégias de
enfrentamento aos desafios do desenvolvimento

UNCTAD

 Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento - UNCTAD (1964): resultado das
exigências dos países com menor nível de desenvolvimento;
o Grupo dos 77 (G77): coalizão de países em desenvolvimento → “Declaração conjunta dos setenta e
sete países em desenvolvimento na conclusão da primeira sessão da Conferência da Nações Unidas
para o Comércio e Desenvolvimento”;
 UNCTAD é o principal órgão do sistema ONU para o tratamento integrado entre comércio e
desenvolvimento, assim como de assuntos correlacionados às áreas de finanças, tecnologia, investimento e
desenvolvimento sustentável;
 Fórum intergovernamental permanente → integra o secretariado da ONU e responde à AGNU e ao ECOSOC;
 Tem seus próprios membros (195 países – mais que a ONU), liderança e orçamento;
 Promove encontros, pesquisas e programas de cooperação técnica que visam auxiliar os países em
desenvolvimento a integrarem-se de mais positiva na economia mundial

FAO

 Criada em 1945: criação da Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO);


 Agência especializada das Nações Unidas que lidera os esforços internacionais para erradicar a fome no
mundo;
 194 países-membros;
 Objetivo principal: alcançar a segurança alimentar para todos e garantir que as pessoas tenham acesso
regular a alimentos de boa qualidade e em quantidade suficiente para terem uma vida ativa e saudável;
 Objetivos estratégicos:
o Ajudar a eliminar a fome, a insegurança alimentar e a má nutrição;
o Tornar a agricultura, a silvicultura e a pesca mais produtivas e sustentáveis;
o Reduzir a pobreza rural;
o Promover sistemas agrícolas e alimentares inclusivos e eficientes;
o Aumentar a resiliência dos meios de subsistência diante de catástrofes (naturais ou decorrentes de
conflitos)

“O Estado da Insegurança Alimentar e Nutricional no Mundo” (2020) – é um relatório que pode ser baixado no site
da FAO

 Quase 690 milhões de pessoas passaram fome em 2019 – aumento de 10 milhões em relação a 2018 e de
aproximadamente 60 milhões em cinco anos;
 A Ásia continua sendo o lar do maior número de desnutridos (381 milhões);
 A África vem em segundo lugar (250 milhões), seguida pela América Latina e o Caribe (48 milhões);
 As pessoas passando fome são mais numerosas na Ásia, mas esse número aumenta mais rapidamente na
África. Pela tendência atual, em 2030, a África abrigará mais da metade das pessoas com fome crônica no
mundo;
 Desde 2014, a fome cresceu em sintonia com o crescimento da população global;
o Esforços de erradicação não crescem na mesma velocidade que o aumento da população
 À medida que o progresso no combate à fome estanca, a pandemia de Covid-19 está intensificando as
vulnerabilidades e inadequações dos sistemas alimentares globais;
 A estimativa era de que, no mínimo, outros 83 milhões de pessoas, e possivelmente até 132 milhões,
poderiam passar fome em 2020 como resultado da recessão econômica desencadeada pela Covid-19;
 Uma dieta saudável custa muito mais que US$ 1,90 por dia, o limiar de pobreza internacional.

PMA

 1961: criação do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA) pela AGNU e pela FAO;
 Maior organização humanitária do mundo → financiada por contribuições voluntárias de governos,
organizações e indivíduos;
 O PMA trabalha para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas de erradicar
a pobreza e a fome; ODS 1 e 2
 2019: forneceu assistência alimentar de emergência em 88 países e trabalhou em uma perspectiva de longo
prazo para aumentar a produção local de alimentos e atender às necessidades nutricionais de mulheres e
crianças;
 2020: recebeu o Prêmio Nobel da Paz por seus esforços para combater a fome, promover a paz em áreas
afetadas por conflitos e prevenir o uso da fome como arma de guerra e conflito;
o O Comitê Nobel da Noruega já havia concedido Prêmios da Paz por esforços que podem prevenir a
guerra e promover a paz por meio do combate à fome → 1949: diretor-geral da FAO, John Boyd Orr;
e 1970: Norman Ernest Borlaug, “o pai da Revolução Verde”.

PNUD

 1965: criação do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD);


 Objetivo: melhorar os níveis de desenvolvimento humano, garantindo o crescimento inclusivo e sustentável,
de forma contínua e em bases democráticas;
 Atualmente presente em 170 países e territórios; inclusive no Brasil
 Publica anualmente um RDH Global, com temas transversais e de interesse internacional, bem como o
cálculo do IDH de grande parte dos países do mundo;
 Plano Estratégico do PNUD (2018-2021) → 3 âmbitos de desenvolvimento: erradicação da pobreza em todas
as suas formas e dimensões, aceleração de transformações estruturais e construção de resiliência a crises e
conflitos

ODMs

 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) → 8 objetivos internacionais de desenvolvimento para


2015;
 Estabelecidos no contexto da Cúpula do Milênio das Nações Unidas (2000), após a adoção da “Declaração do
Milênio das Nações Unidas”;
1. Erradicar a fome e a pobreza extrema;
2. Oferecer educação básica de qualidade para todos;
3. Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres;
4. Reduzir a mortalidade infantil;
5. Melhorar a saúde materna;
6. Combater a AIDS, a malária e outras doenças;
7. Garantir qualidade de vida e respeito ao meio ambiente;
8. Desenvolver uma parceria global para o desenvolvimento.

ODS

 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) → 17 metas globais que se desdobram em várias outras;
 Objetivos são amplos e interdependentes, mas cada um tem uma lista separada de metas a serem
alcançadas;
 Parágrafo 54 da Resolução A/RES/70/1 da AGNU, de 25 de setembro de 2015, contém os objetivos e metas;
 Amplo acordo intergovernamental para a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 ou Agenda 2030;
 ODS baseiam-se nos princípios acordados na Resolução A/RES/66/288, intitulada "O Futuro que Queremos”
→ documento não vinculante divulgado como resultado da Conferência Rio+20 (2012)
 1. Erradicação da pobreza: acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares;
 2. Fome zero e agricultura sustentável: acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da
nutrição e promover a agricultura sustentável.

Origens do estudo da fome no Brasil

Josué de Castro (Recife, 1908 – Paris, 1973) – “geógrafo da fome”

 Médico, nutrólogo, professor, geógrafo, cientista social, político, escritor e ativista brasileiro do combate à
fome;
 Brasil: “Geografia da Fome” (1946) → fome e sua relação com as condições naturais, econômicas, sociais e
políticas brasileiras → reorientação via educação e novas estratégias de desenvolvimento→ rejeição à ideia
de subdesenvolvimento como uma etapa; (relação da fome no Brasil e as condições naturais, políticas e
sociais do país)
 Mundo: “Geopolítica da fome” (1951) → mudanças políticas e econômicas fundamentais para impedir o
processo de espoliação do mundo subdesenvolvido e a propagação do flagelo da fome;
 Delegado do Brasil na “Conferência de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas” (1947);
 Presidente do Conselho-Executivo da FAO (1952-56);
 Representante permanente do Brasil na ONU, em Genebra (1963-64).
o Se exila na França depois do golpe militar, nunca mais voltou ao Brasil

Internacionalização dos programas sociais brasileiros

 Reunião de líderes mundiais por uma “Ação contra a Fome e a Pobreza” (NY, 2004):
o Iniciativa brasileira, em conjunto com França, Espanha e Chile, e apoio do então SGNU, Kofi Annan;
o Interesse da comunidade internacional em atacar o problema da fome em bases globais;
 Experiência brasileira de combate à fome e à pobreza → demanda de inúmeros países e organizações
internacionais → cooperação técnica via ABC – Agência Brasileira de Cooperação, que integra o MRE;
o Reconhecimento da política de proteção social implementada no país;
o Desenho institucional e componentes fundamentais transferíveis e aplicáveis em contextos variados;
 Cooperação internacional - foco na agenda social e cooperação Sul-Sul → dimensão estratégica na PEB,
sobretudo a partir da década de 2000 → “internacionalização” de programas sociais brasileiros, como Fome
Zero, Bolsa Família, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), etc.;

 Purchase from Africans for Africa (PAA Africa) → criado em 2012 por Etiópia, Malawi, Moçambique, Níger e
Senegal, com apoio de Brasil, FAO e PMA → foco na transferência de conhecimento e na implantação de
projetos-pilotos → inclusão de pequenos agricultores em sistemas de compras públicas e fortalecimento das
compras locais de alimentos; (mesmo nome do programa brasileiro)

 Rede de Alimentação Escolar Sustentável (2018): criada no marco da Década de Ação pela Nutrição das
Nações Unidas (2016-2025), busca apoiar países (América Latina e Caribe principalmente) na implementação
e reformulação de programas de alimentação escolar, com base no acesso e na garantia do direito humano à
alimentação adequada

Graziano na FAO
 Agrônomo e professor, José Graziano da Silva foi Ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate
à Fome (2003-2004) → responsável pela implementação do Programa Fome Zero;
 Ocupou o cargo de diretor-geral da FAO de 2011 a 2019;
 Sua eleição e recondução ilustram os efeitos da dinâmica cooperativa entre o Brasil e o conjunto dos demais
países em desenvolvimento, em especial os africanos, no tema do combate à fome.

Fundo IBAS de Alívio à Fome e à Pobreza (Índia – Brasil – África do Sul)

 O Fundo IBAS foi criado em 2004, após iniciativa brasileira na 58ª Reunião da AGNU, em setembro de 2003,
por meio do Plano de Ação;
 Iniciativa de cooperação internacional, nos moldes Sul-Sul, para financiamento e intercâmbio de melhores
práticas de projetos nas áreas de saúde, educação e segurança sanitária e alimentar que visem ao combate à
fome e à pobreza;
 Administrado por um Conselho Diretor: representantes governamentais dos três países e representante do
PNUD → responsável pela direção estratégica do órgão, seleção e aprovação de projetos encaminhados,
captação e alocação de recursos;
 Financiamento dos projetos provém das contribuições anuais dos países IBAS, outros países doadores,
fundações filantrópicas e organizações da sociedade civil;
 Foco em projetos de pequeno porte localizados em algumas das regiões mais pobres do mundo
o Projetos em diversos países e de todo tipo; no site da organização é possível verificar quais são os
projetos implementados

Cúpula de Sistemas Alimentares (2021)

 Setembro de 2021, durante a semana de Alto Nível da AGNU;


 Resultados do processo de consultas da Cúpula deverão ser consolidados pelo SGNU em declaração de ação;
 Trabalhos da Cúpula organizados em torno de 5 linhas de ação:
1) Garantia do Acesso a alimentação saudável, segura, sustentável para todos;
(2) Padrões de consumo saudáveis e sustentáveis;
(3) Produção em escala de alimentos positivos para a natureza;
(4) Promoção do sustento e da distribuição de valor equitativa; e
(5) Construção de resiliência contra vulnerabilidades, choques e tensões;
 Brasil tem participado das consultas e discussões centradas em Nova York, Roma (sede da FAO) e Genebra
para a preparação da Cúpula;
 No âmbito do processo preparatório, o governo brasileiro decidiu realizar diálogos nacionais → promover
discussão sobre os sistemas alimentares domésticos e definir propostas a serem submetidas à ONU

Comércio internacional e Organização Mundial do Comércio (OMC)

Histórico
GATT - GENERAL AGREEMENT ON TRADE AND TARIFFS

 Resultado possível das negociações comerciais no pós WWII


 1946 Resolução do ECOSOC (Conselho Econômico e Social da ONU), convocando uma conferência para tratar
sobre temas comerciais
 1947: Genebra
o Carta/Estatuto da OIT
o Acordo sobre redução de tarifas (GATT)
o Acordo sobre regras de negociações

 1948: Conferência de Havana sobre Comércio e Emprego


o Assinatura do Estatuto da OIT/Carta de Havana
 Porém, Congresso Americano recusa a ratificação
 Principal potência e responsável por quase metade do comércio internacional. Não
fazia sentido criar uma organização internacional sem os EUA
 Sobraram, no entanto, o GATT e o Acordo sobre regras de negociações
 GATT 47
o 23 países (Brasil esteve presente)

 Acordo Executivo (trata-se de um acordo executivo e provisório; não se entendi definitivo para regular o
comércio internacional)
o Base para o sistema de comércio internacional por 50 anos
 Embora provisório, funcionou bem e muitas das suas bases existem ainda hoje

 Princípios basilares
o Princípio da não discriminação (art. I) – cláusula da nação mais favorecida., ou seja, deve estender os
benefícios concedidos a um país às demais nações
o Princípio dos Benefícios Mútuos (art. XVIII) – buscar o equilíbrio entre as ofertas de cada um dos
lados

 Dispositivos relevantes
o Proibição de restrições quantitativas (art. XI)
o Princípio da não redução das concessões e regras para solução de diferenças (art. XXIII)
o Formação de áreas de livre comércio (art. XXIV)

Rodadas de Negociação

 Formas de funcionamento do sistema é por meio de rodadas de negociação


 As quatro rodadas iniciais eram mais simples e o consenso foi mais fácil de se obter. Com o tempo, aumenta
o número de países e de temas, o que tornou mais complexo o consenso
 Rodada Dillon
o Primeira depois da criação da CEE
o Início da (des)regulamentação sobre comércio de têxteis
 Intenso em mão de obra e não precisa de muita tecnologia; houve transferência da
produção para países em desenvolvimento

 Rodada Kennedy
o Início do período de transição
 Complexificação
 Partes contratantes (ficam mais intensas as diferenças entre países em
desenvolvimento e desenvolvidos)
 Temas (antidumping)
 Rodada Tóquio
o Momento histórico delicado (choque do petróleo, aumento da inflação, desemprego, crescimento
econômico; países ricos aumentam o protecionismo)
o 102 países representando 90% do comércio mundial (mais difícil em obter consenso)
o Tarifa média dos produtos industrializados dos PDs foi reduzida à 4,7% (mostra evolução)
o Cláusula de Habilitação
 Preferências tarifárias por parte dos países desenvolvidos em prol dos países em
desenvolvimento sem que se configure como violação à regra da nação mais favorável, sem
ser tratamento discriminatório.
o GATT À LA C ARTE
 Consenso é difícil, mas acordos plurilaterais foram alcançados sem envolver todos os países
 Acordo sobre normas técnicas (evitar que sejam feitas barreiras em função de
questões técnicas)

Em resumo:

Sob o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, em vigor entre 1947 e 1995 transcorreram diversas rodadas de
negociação, que redundaram em redução substancial e consolidação das tarifas de bens industriais de grande
número de países de maior expressão no comércio internacional O regime também estipulou disciplinas gerais para
temas como subsídios e medidas compensatórias e antidumping Na Rodada Tóquio (1973-1979) essas disciplinas
foram aprofundadas na forma de Códigos Plurilaterais Na área agrícola, por outro lado, os resultados sob o GATT
foram menos expressivos, na medida em que as principais potências comerciais do mundo desenvolvido (União
Europeia e Japão) levantaram obstáculos à negociação de um processo mais significativo de redução da proteção e
dos subsídios concedidos à agricultura

Rodada Uruguai

 Fatores levaram à convocação da Rodada Uruguai e a subsequente criação da OMC


 Muito longa, foi difícil obter consenso

1. Fragilidade do GATT
o Baixa juridicidade para um comércio cada vez mais complexo
o Natureza contratual
o Acordo provisório
o Cláusula do Avô – se um país tivesse legislação anterior poderia não cumprir o que estava no GATT
o “GATT à la Carte”Carte”(pluralidade normativa)
o Mecanismo de solução de controvérsias ineficaz (consenso positivo, o que torna mais frágil. A parte
que perdeu tem que aceitar)

2. Nova Realidade no comércio internacional e na economia política internacional


o Diversificação dos fluxos internacionais (investimentos transnacionais, etc
o Novo paradigma produtivo (modelo pós fordista) caracterizado pelo desmembramento da cadeia de
produção e do comércio de peças e componentes
o Barreiras não tarifárias (medidas sanitárias ou fitossanitárias, normas técnicas)
o Inovação tecnológica torna se grande vantagem comparativa e gera preocupações com propriedade
intelectual
3. Crise no comércio internacional entre as décadas de 1970/80.
o Rompimento do padrão dólar ouro
o Crise do petróleo
o Euroesclerose – UE crescia, mas não gerava empregos e inovação
o Ascensão de países recém-industrializados (tigres asiáticos)
o Década perdida na AmLat

 Rodada Uruguai (1986 1994)


o Declaração de Punta del Este
 Contexto mais cooperativo das relações internacionais, porém marcado por Divergências
entre PDs e PEDs
 Participação de 123 países
 Complexidade e abrangência e abrangência temática
 Ata Final da Rodada Uruguai
 Tratado de Marrakesh – ato constitutivo da OMC; traz princípios básicos. As regras estavam nos Covered
Agreements
o Covered Agreements:
 AoA; Acordo de Agricultura – disciplinas específicas para redução tarifária, limites para
subsídios, tratamentos diferenciados (tratado muito importante para o Brasil). Redução
ficou aquém do desejável, mas foi um avanço
 ASMC; Acordo de Subsídios e Medidas Compensatórias – investigação sobre a prática de
subsídios e define como adotar as medidas compensatórias
 AS; Acordo de Salvaguardas – direito de aplicar tarifa adicional no caso de a indústria
nacional estar muito prejudicada; depois tem que compensar
 AD; Acordo de antidumping
 ASMC, AS e AD juntos formam o trio de defesa comercial
 GATT 94; atualiza o GATT de 1947
 GATS; versão de serviços do acordo de bens; não é tão liberalizado quanto o GATT
 TRIPS; Propriedade Intelectual (patente, licenciamento, marcas etc)
 TRIMS; Investimentos
 ATV; Acordo de Têxteis
 SPS; Medidas sanitárias e fitossanitárias
 TBT; barreiras técnicas
o Plurilaterais: Compras governamentais, aviação civil, lácteos e carne bovina.
 Não foram multilateralizados
 Brasil aderiu ao de compras governamentais a pouco tempo
 Aviação civil continua valendo e lácteos e carnes bovinas deixaram de existir

A Organização Mundial do Comércio (OMC)

Uma Organização Internacional para supervisionar o corpo de tratados firmados na Rodada Uruguai

 Entrou em operação em 1995


 Personalidade jurídica, órgãos permanentes, secretariado e Estados Membros (antes eram estados
contratantes).
 Objetivo permitir um comércio internacional livre de barreiras e tratamentos discriminatórios, impedindo
que haja desequilíbrio de condições para comerciar entre países

 Acordo Constitutivo e os Covered Agreements


o Princípio do single undertaking (todos os estados-membros são parte de todos os tratados – Covered
Agreements. A exceção são os quatro que não foram multilateralizados
 Fim da “cláusula do avô”
o Lista de concessões – baliza as ofertas de acesso ao mercado (lista com todos os produtos
comercializados e a tarifa aplicada)
o Regras mais específicas acordos regionais
 Acordo de comércio bilateral para ser exceção à regra deve abranger número substancial
das linhas tarifárias (comércio amplo). Ideia é ampliar o comércio como um todo

 Principais tarefas específicas OMC:


o i. Velar pelo cumprimento dos tratados comerciais celebrados sob sua égide; (covered agreements)
o ii. Servir de foro para negociações comerciais internacionais;
o iii. Monitorar tanto as correntes de comércio internacional e as políticas comerciais internas;
o iv. Oferecer cooperação e assistência técnica em matéria de comércio internacional;
o v. Administrar o Sistema de Solução de Controvérsias da OMC;
o vi. Administrar o Mecanismo de Revisão de Política Comercial;
o vii. Cooperar com as organizações internacionais e não governamentais.

Para além do comércio... aumentar renda, a qualidade de vida, permitir bem-estar, uso dos recursos naturais em
consonância com os preceitos do desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento foi trazido para dentro da OMC

Recognizing that their relations in the field of trade and economic endeavour should be conducted with a
view to raising standards of living, ensuring full employment and a large and steadily growing volume of real
income and effective demand, and expanding the production of and trade in goods and services, while
allowing for the optimal use of the world’s resources in accordance with the objective of sustainable
development, seeking both to protect and preserve the environment and to enhance the means for doing so
in a manner consistent with their respective needs and concerns at different levels of economic
development,
(…) (Marrakesh Agreement Establishing the World Trade Organization)
o Preâmbulo do acordo que estabeleceu a OMC; não confundir com a ata final da Rodada Uruguai
o Vai além do comércio ao tratar questões como o aumento do emprego, uso ótimo de recursos
naturais, proteção ao meio ambiente, desenvolvimento econômico para os países pobres

Estrutura Institucional

 Site da OMC tem muitas informações interessantes

Conferência Ministerial

 Principal órgão político


 Reúne-se a cada 2 anos

Conselho Geral

 Principal instância permanente


o Adoção do orçamento anual e dos regulamentos financeiros
 Reúne-se a cada 2 meses
 Reúne-se no formato do Órgão de Solução de Controvérsias (DSB) e do Órgão de Revisão de Política
Comercial (TPRB)

Conselhos especializados

 Conselho para o Comércio de Bens


 Conselho para o Comércio de Serviços
 Conselho de TRIPS

Comitês e Grupos de Trabalho

 Monitoramento dos Acordos

Órgãos quase judiciais e órgãos não políticos


 Painéis ad hoc para solução de controvérsias e o Órgão de Apelação

Secretariado

 Órgão Administrativo
o Diretor-Geral (Ngozi Okonjo-Iweala), nomeado pela Conferência Ministerial
 Secretariado é Independentes, mas OMC é Member-driven (quem toma as decisões são os
Estados)
 “intermediador honesto”
o Fornecer apoio técnico
o Monitorar e analisar os avanços no comércio mundial
o Apoio administrativo e jurídico aos Membros

Membros

 Duas maneiras de tornar-se membro


o Associação Original
o Associação por Acessão (depois da Rodada Uruguai; precisa se submeter à regra de single
undertaking e abrir o seu mercado, já que terá acesso a mercados diferenciados em termos de
acesso a tarifas
 China / 15 anos / Protocolo de Acessão de 900 páginas
 Rússia / 18 anos
o Maioria dos membros é de Países em Desenvolvimento
 Figura dos Países de Menor Desenvolvimento Relativo (cerca de 50 países; 35 são membros
da OMC – listagem é da ONU). Se é desenvolvido ou em desenvolvimento é autodeclaração

Grupos

Regionais

 ACP – ex-colônias da União Europeia


 Grupo Africano
 SVE – economias pequenas e vulneráveis (ilhas)

Acessão

 Membros do Artigo XII – países que fizeram acessão depois da Rodada Uruguai

Agricultura

 Grupo de Cairns – principal grupo para o Brasil; visa a maior liberalização do comércio agrícola
 Produtos Tropicais
 G10 – países desenvolvidos – defendem que a questão agrícola não deve levar em consideração questões
comerciais. Há elemento histórico e cultural que precisa ser protegido (Japão, Suíça, Noruega...)
 G33 – países em desenvolvimento que solicitam acesso a mercados (redução tarifária para determinados
produtos). Países desenvolvidos defendem que não podem abrir muito porque há impacto na economia
doméstica
 Cotton 4 – países africanos que defendem maior liberalização e redução de subsídios

Industriais

 NAMA 11 (Non Agricultural Market Access) – interesse protecionista na abertura de mercados industriais.
Países em desenvolvimento (fomento à indústria local)
 Amigos da Ambição – países desenvolvidos; cobram redução tarifária por parte dos países em
desenvolvimento

 Amigos das Negociações AD - antidumping


 Friends of Fish (FoFs) – subsídios à pesca é foco

 Patrocinadores da W52 – sigla de como os documentos são circulados. Condições geográficas

WTO | Doha Development Agenda: Negotiations, implementation and development - Groups in the negotiations

Tomada de Decisão

 Em regra, por consenso (Artigo IX:1 ) como era feito no GATT 47, mas há as exceções abaixo
o Interpretação de acordos (3/4);
o Emendas a acordos (2/3);
o Inclusão de novos membros (2/3);
o Aplicação de waiver sobre uma obrigação assumida sob acordo multilateral (3/4).

Princípios basilares

 A - Não discriminação
o O princípio da Nação mais Favorecida (Artigo 1 do GATT). Se conceder benefício a um terceiro país,
todos os membros da OMC devem beneficiar-se do tratamento

Exceções

 Artigo 24 do GATT – acordos regionais de comércio (união aduaneira e acordos de livre


comércio). Deve ser amplo e a redução de tarifas deve ser significativa
 SGPC – Sistema Geral de Preferências Comerciais - tratamento especial conferido aos países
em desenvolvimento
 Preferências históricas (Artigo I do GATT)
 Medidas Antidumping e Medidas Compensatórias – não é considerado violação

o O princípio do Tratamento Nacional (Artigo 3 do GATT) – importado não pode sofrer tratamento
distinto ao nacional (questões comerciais, barreiras, impostos diferentes)

Exceções

 Compras Governamentais; é um acordo plurilateral, não está no âmbito da OMC. Pode ser
dada preferência a alguém
 Subsídios; se permitida, não precisa estender o subsídio ao produto importado
 Medidas de controle de preço interno máximo;
 Filmes para cinema – mais benéfico para produções domésticas

 B - Maior Liberalização e Previsibilidade do Comércio

o Redução e consolidação de tarifas;


 Tarifas consolidadas & tarifas aplicadas

o Eliminação das barreias quantitativas (no quotas at the border)


 Tarifas & Quotas tarifárias
Exceções:
 Prevenir ou aliviar escassez crítica de alimentos ou outros produtos essenciais
(Artigo XI do GATT)
 Balanço de pagamentos

o Redução de barreiras não tarifárias;

 C – Transparência
o Políticas comerciais e normas de comércio devem ser acessíveis a governos e importadores
 Comitês e TPR

 D – TED
o Embora o comércio tenha um importante papel para o crescimento econômico e redução da
pobreza, muitos membros podem enfrentar dificuldades para se beneficiar da liberalização do
comércio

O pós-Rodada Uruguai

As Primeiras Ministeriais

 Singapura, 1996
o Acordo sobre Tecnologia da Informação; é um acordo plurilateral, não faz parte do single
undertaking
o “Temas de Singapura”
i) Comércio e Investimentos;
ii) Políticas de Concorrência;
iii) Transparências nas Compras Governamentais;
iv) Facilitação do Comércio

o Propostas sobre o estabelecimento de uma cláusula social e uma cláusula ambiental


 Parte dos países desenvolvidos, que acusam os países pobres de possuírem vantagens
competitivas por normas mais frouxas em relação a questões sociais e ambientais

 Genebra, 1997
o Preparatória para o lançamento da rodada do milênio
o Discussões Sobre Comércio Eletrônico

 Seattle, 1999
o Desacordo sobre o mandato negociador da “rodada do milênio”
o Manifestações contra a globalização,

 Doha, 2001
o Contexto de ataque terrorista aos EUA, favoreceu a cooperação internacional
o Acordo de Doha sobre Propriedade Intelectual e Saúde Pública – questão de propriedade de patente
em relação à produção de medicamentos para combate a AIDS, Malária, tuberculose. Brasil foi
favorecido (genéricos)
o Lançamento da Rodada de Desenvolvimento de Doha (DDR).
 “Déficit de desenvolvimento” no sistema multilateral de comércio
 Comércio é um instrumento para o desenvolvimento econômico e diminuição da
pobreza.

[...] continuaremos nossas iniciativas concretas, planejadas para garantir que os países em desenvolvimento,
e especialmente os menos desenvolvidos entre eles, assegurem a sua parcela de participação no
crescimento do comércio mundial, proporcional às necessidades de suas economias em expansão. Nesse
contexto, acesso favorecido ao mercado, regras equânimes, assistência técnica com financiamento
sustentável e com objetivos bem formulados, e programas de capacitação têm importante função a cumprir.
(Conferência Ministerial Da Organização Mundial Do Comércio, 2001, p. 1).

 Mandato Negociador
o Bens/Serviços:
 Abertura de mercados e redução dos subsídios à agricultura
 Acesso a mercados para produtos não agrícolas & liberalização dos serviços

 Regras
o Defesa comercial, áreas de livre comércio e uniões aduaneiras, facilitação do comércio, propriedade
intelectual, regras sobre tratamento especial e diferenciado (TED), relação entre comércio e meio
ambiente

A Rodada Doha

 Cancun, 2003 (contexto de valorização da cooperação Sul-Sul por parte da política externa brasileira – Brsil
com capacidade de liderar temas agrícolas; tinha vencido contenciosos importantes no tema; Brasile índia
estiveram à frente)
o Criação do G20 Comercial
 Regulamentação equilibrada do comércio agrícola
 Subsídios à exportação (mais distorsivo)
 Apoio Doméstico (subsídio para produção interna)
 Acesso a Mercados (tarifas)

Obs.: para além da questão da exportação, há países como Egito, China, África do Sul e Índia que têm interesse em
subsidiar a produção interna, o que gera conflitos e dificuldades em fechar consensos; dificuldade em saber o que é
fomento e o que é protecionismo puro e simples

 “Motley Crew”

 Mudança na natureza das negociações da RDD e de protagonismo


 G4 da Rodada Doha vs. Quad da Rodada Uruguai
o Quad = EUA, Comunidades Europeias, Canadá e Japão
o G4 = EUA, União Europeia, Brasil e Índia

 Negociações entraram em um dead lock


 Seria necessário um melhor acordo em agricultura para avançar em temas como
serviços e NAMAS e propriedade intelectual

 O Pacote de Julho (2004 – Conferência Ministerial em Genebra)


o Conjunto de medidas conciliatórias – países desenvolvidos fazem concessões para acesso ao
mercado agrícola

 Hong Kong, 2005


o Grandes Expectativas
 PDs assumiram o compromisso de eliminar completamente os subsídios agrícolas de caráter
distorsivo até 2013
 Aprofundar a facilitação do acesso aos mercados dos PDs para os PMDR pelo princípio do
duty free quota free
o Novos desafios
 Mecanismo Especial de Salvaguarda (demanda dos países desenvolvidos; causou problemas)

 Genebra, 2008 (contexto de crise financeira do subprime; protecionismo reforçado por parte dos países
ricos)
o A Rodada Doha entrou em compasso de espera, pois não se logrou definir as bases da negociação
em agricultura e NAMA
o Proposta de redução de subsídios agrícolas e de cortes tarifários tanto de PDs quanto de PEDs,
embora com prazos e magnitudes diferenciadas, não foi aceita por China e Índia
o Falta de acordo sobre elementos do SSM: gatilho (volume do crescimento de importações em
relação ao ano anterior que permitiria a aplicação da salvaguarda – havia proposta de 40%, mas
Índia queria 10% - e elevação tarifária (não proponentes queriam que se respeitasse as tarifas no
nível consolidado, países em desenvolvimento queriam além do nível consolidado)

o Atuais motivos do impasse


 Protecionismo reforçado dos PDs; crise financeira
 Rigidez da Índia na questão dos gatilhos da SSM (mecanismo especial de salvaguarda);
 Reforma do PAC; Política Comum Agrícola da UE (pressão do setor é muito forte na União
Europeia). UE costuma assumir políticas externas depois que tem consenso interno. Havia
expectativa de fechar acordo internamente em 2008, mas não ocorreu. Limitou a
capacidade da União de negociar um acordo em nível global. Assume compromissos
internacionais depois de determinar sua política interna e depois tenta multilateralizar
 Single undertaking: para a rodada ser concluída, todas as negociações deveriam ser
concluídas

A Agenda Negociadora Limitada

 Genebra, 2011 (buscar acordo onde era possível)


o Aprovação da Acessão da Rússia (concluído em 2012)
o Conjunto de diretrizes para acessão dos PMDRs (países de menor desenvolvimento relativo)
o Avançar onde possível

 Bali, 2013 (dez acordos aprovados; Azevedo teve papel importante)


“Bali foi um sucesso: os acordos obtidos na Conferência Ministerial têm grande valor econômico e
simbólico”, Roberto Azevedo

o O simbolismo
 Braço negociador – mostrar que novos acordos eram possíveis
 Construção de confiança – relações de ganha-ganha
 Acordos regionais – é quando grandes acordos como o TPP estão sendo negociados; pontos
mais avançados que o da OMC; mostrar que a OMC ainda era relevante

“What’s at stake is the ability of this institution to support growth and development ... is the cause of
multilateralism itself. The multilateral trading system was never the only option for trade negotiations. It
has always coexisted, and benefited from, other initiatives – whether regional or bilateral” R. Azevedo,
Bali, 2013.

o O “Early Harvest” de Bali (colheita antecipada)


 4 Pilares
 Facilitação do Comércio – estimava trazer 1 trilhão de dólares ao comércio global;
redução de 14% nos custos de comércio; Tratamento Especial e Diferenciado (TED)
cobrou postura ativa dos países em desenvolvimento – prazo para adoção das
medidas, promessa de transferência de tecnologia e financeira para ajudar
 Dimensões do Desenvolvimento – principalmente aos países de menor
desenvolvimento relativo (avanços específicos para o algodão – aceitação sem
quotas, waiver em serviços – países pobres oferecer serviços a países ricos)
 Temas de Agricultura – políticas de estoques públicos para segurança alimentar
(PSH) – permitiu que países em desenvolvimento fizessem estoques garantindo os
preços, mas sem afetar a segurança alimentar de terceiros; quotas tarifárias –
acesso a mercados e caixa-verde (subsídios considerados não distorsivos – políticas
de emprego rural, proteção contra secas)
 Compromissos políticos – avançar na Rodada Doha
 Nairóbi, 2015
o Pacote de Nairóbi
 Concorrência nas Exportações – maior avanço em agricultura: quatro pilares:
 Proibição de subsídios
 Créditos e garantis de exportação (regulou o prazo, o prêmio)
 Ajuda alimentar (muitas vezes disfarçadas de subsídio, pois compra de produtores
locais e manda para um outro país)
 Estatais (regular a ação de estatais exportadoras agrícolas)

 Disciplinas sobre regras de origem para mecanismos de preferência tarifária em favor de


PMDR.
 Prolongamento do “waiver” que permite conceder preferências no comércio de serviços
para os PMDR.
 Prolongamento da moratória de abertura de controvérsias denominadas de “não violação”
na área da propriedade intelectual.
 “Waiver” para PMDR na implementação de certos dispositivos do Acordo de Direitos de
Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio da OMC.

o Libéria e Afeganistão
 Tronam-se membros em 2015 (acessão)

o Expansão do ITA (Acordo plurilateral sobre Tecnologias da Informação)


 Brasil não faz parte. Regula o mercado de TI e trata sobre redução tarifária de diversos
produtos

 Buenos Aires, 2017


o Declaração Presidencial de apoio à OMC do Mercosul, porém houve fracasso em chegar a acordos
substantivos
o Resultados
 a) Decisão Ministerial sobre Subsídios à Pesca
 Focos:
o Sobrecapacidade e sobrepesca (peixe de captura é finita)
o Pesca INDNR (ilegal, não declarada e não regulamentada)
 Meta 14.6 do ODS (quando os ODS foram implementados em 2015 os países se
comprometeram a acabar com o subsídio à pesca)

 b) Programa de Trabalho e Moratória sobre Comércio Eletrônico – impostos sobre


transmissões eletrônicas

 c) Programa de Trabalho sobre Pequenas Economias – permitir que integrem a cadeia global
de valor
 CGV
 Facilitação de Comércio

 d) Grupo de Trabalho para a Acessão do Sudão do Sul

o Joint Statement Initiatives (JSIs) – são plurilaterais


 Joint Ministerial statement on services domestic regulation requisitos e procedimentos de
licenciamento, requisitos e procedimentos de qualificação e padrões técnicos
 Declaração Conjunta sobre Comércio Eletrônico
 Aspectos relacionados ao comércio
 77% do comércio global
 Declaração Conjunta sobre Facilitação de Investimentos para o Desenvolvimento
 Estrutura multilateral sobre facilitação de investimentos
 73% do comércio e 66% do investimento estrangeiro direto
o Declaração Conjunta sobre o Estabelecimento de um Programa de Trabalho Informal para MSMEs
 Obstáculos relacionados às operações de comércio exterior
 78 por cento das exportações mundiais

 Trade In Food And Agricultural Products Joint Statement Of Undersigned Ministers


o Brasil, Canadá, Uruguai, Costa Rica, Madagascar, Colômbia, Panamá, República Dominicana, Peru,
Chile, Quênia, Uganda, Argentina, Japão, Guatemala, Paraguai, USA

Importância da OMC para o Brasil

 Atuação tradicional nas negociações sobre o comércio internacional


o Brasil é fundador do Gatt e da OMC; teve um diretor-geral, Roberto Azevedo, por dois mandatos.
Mostra o compromisso brasileiro com o sistema multilateral de comércio

 Patrimônio normativo – bem essencial no processo a despeito dos problemas que enfrenta atualmente
o Guerras comerciais – países afetados se juntam
o Crises – existência de acordos multilaterais em bases normativas internacionais ajudam a superar a
crise

 Multilateralismo como a base do regime comércio internacional


o Divisão mais equânime e eficaz dos benefícios do comércio internacional – países se juntam e
definem as normas;
o Proliferação de normas e padrões tende a multiplicar custos
o Assimetria de agenda e insuficiência temática – membros com o mesmo poder de voto permite um
equilíbrio nos temas; a dificuldade está na obtenção de consensos

 Os dois processos – multilateral e plurilateral – devem avançar em paralelo para termos os efeitos de
redução de custos e contenção do protecionismo.
o “Gap” normativo – OMC deve ser capaz de lidar com novos temas; em 1994, quando terminou a
rodada Uruguai, a Internet era incipiente e a China o 11º exportador do mundo; o mundo está em
constante evolução e a OMC precisa ser capaz de criar uma base geral, embora menos avançada que
um acordo bilateral ou plurilateral

 Complemento às reformas domésticas – multilateralizar e disciplinar os diferentes mercados

Desdobramentos Recentes

 Proposta para superar impasse do Órgão de Apelação na OMC (mar.2019); parou de julgar em dez/2020 –
não há quórum mínimo e na prática inviabiliza o Órgão de Apelação. EUA argumenta que está indo além do
que deveria nos julgamentos e parou de aprovar novos juízes
o Diretrizes para a atuação dos painéis e do Órgão de Apelação
 DSU; direitos e obrigações; prazos; precedente

 Esforço de preservação do mecanismo de solução de controvérsias


o Somos um dos principais usuários e beneficiários.
 Contencioso contra a Índia sobre subsídios ao setor açucareiro (2019). Brasil é o maior
exportador global de açúcar
 Relatório final do Painel de Implementação iniciado pelo governo brasileiro contra barreiras
comerciais da Indonésia à importação de carne de frango (2020); Indonésia apelou e não
tem quem julgue

 Tratamento Especial e Diferenciado da OMC (abr.2019); acordos futuros; Brasil quer que Índia e China façam
o mesmo. Algo que se justifica a pequenas economias
o Começar a abrir mão de TED em negociações futuras
o TED é dinâmico e evolutivo

 Comércio eletrônico; iniciou em Buenos Aires, eram 71 membros e já são 76


o No âmbito da JSI de BsAs
 Ministerial em Davos: lançamento das negociações
o Proposta de disciplinas(maio.2019) (out.2019); código de defesa do consumidor brasileiro é bem
avançado
 Proteção do consumidor e de dados pessoais
 Questões tributárias
 Segurança cibernética
 Cooperação tecnológica

 Facilitação do comércio por meio de tecnologias digitais


o Boas práticas do uso de tecnologias para implementação do ACFI

 Framework para Negociações em Apoio Doméstico (jan.2020)


o Princípios para processo negociador para ser concluído entre a MC-12 e a MC13
 Proporcionalidade
 Todas as formas de apoio distorsivo
 Necessidades individuais dos Membros

 Facilitação de Investimentos (jul.2020)


o Plurilateral
o Complemento à proposta de 2018
 Transparência
 Agilidade e simplificação
 Assimetria de informação e incertezas institucionais
 Preservação do Policy Space – capacidade de regulação interna, mas com mínimo
denominador comum

 Declaração de Compromisso de Isenção de Restrições a Exportações para o Programa Mundial de Alimentos


(jan.2021)
o 79 Membros, representando 70% das exportações agrícolas mundiais
o Impacto da COVID-19 sobre a segurança alimentar
 Número de pessoas em situação de insegurança alimentar aguda nos países em que opera
terá aumentado para 270 milhões até o fim de 2020.
 ODS 2 – acabar com a fome (comércio conversa com desenvolvimento sustentável)

 Oferta inicial brasileira para adesão ao Acordo sobre Contratações Governamentais (fev.2021)
o Oferta em acesso a mercado
 Órgãos e as entidades da Administração Pública
 Bens, serviços e obras públicas
o Etapa do processo de acessão (maio.2020)
o Plurilateral
 48 países - mercado de contratações públicas estimado em US$ 1,7 trilhão anual

 Framework para Negociações em Acesso a Mercados para Produtos Agrícolas (mai.2021)


o Princípios para processo negociador a ser lançado após a MC-12
o Modalidades para cortes nas tarifas consolidadas, redução de picos tarifários e da ´”agua”,
simplificação tarifária, escalada tarifária e revisão de TRQs
 Brasil adota o modelo de Ad Valoren (mais transparente), percentual sobre o valor do
produto para taxação, mas há países que adotam sistemas baseados no peso, quantidade,
tamanho etc.

Sistema Financeiro Internacional

HISTÓRICO E PADRÃO-OURO

 Sistema financeiro internacional atual: origem após Guerras Napoleônicas (1803-1815), quando o aumento
do comércio permitiu a ampliação dos capitais disponíveis para empréstimo em países exportadores.
(Poupadores -> Investidores/Gastadores)
 A partir do início do século XIX: países passaram do uso de moedas de ouro ao uso de papel-moeda, com a
indicação de que era conversível em ouro.
 ~1880: maioria das principais nações comerciantes havia adotado esse sistema monetário, conhecido como
“padrão-ouro”

FUNCIONAMENTO DO PADRÃO-OURO

 Banco central de cada país definia o valor de sua moeda em ouro;


 Taxa de câmbio entre duas moedas: definida pela relação entre o preço da onça de ouro em cada uma das
respectivas moedas é que determinava a taxa de câmbio
 Bancos centrais não podiam emitir mais papel-moeda do que suas reservas em ouro. O padrão-ouro gerava
um mecanismo de ajuste automático entre as economias: Superávits/déficits no balanço de pagamentos
financiados por carregamentos de ouro entre os bancos centrais.
 Déficit no BP -> redução das reservas de ouro -> redução da quantidade de moeda na economia -> redução
nos preços domésticos, favorecendo as exportações e desfavorecendo as importações, o que compensava o
déficit inicial. (auto

DECADÊNCIA DO PADRÃO OURO

 I Guerra Mundial (1914-1918): Altas despesas de guerra impossibilitaram os países de manter a


conversibilidade de suas moedas em relação ao ouro, diante da insuficiência do metal. Começaram a
imprimir papel-moeda para pagar pelas despesas.
 Pós-guerra: altas taxas de inflação e grande estoque de moeda.
 Retorno ao padrão-ouro só seria possível induzindo a contração monetária, como praticado pelos britânicos.
Só que a Libra supervalorizada prejudicava a competitividade (recessão).
 Final da década de 1920: Reino Unido já não tinha condições de manter o padrão-ouro, que foi, então,
abandonado, com desvalorização da Libra (1931).
 A desvalorização por um país levava à desvalorização por outro país, para recuperar sua competitividade
relativa: EUA (1933), França (1936)

A CRISE DE 1929 E O NEW DEAL

 Após a I Guerra Mundial, exportações dos EUA para a Europa aumentam.


 Recuperação europeia na década de 1920 -> caíram exportações, lucros e produção industrial dos EUA ->
crise de superprodução que culminou na quebra da bolsa de Nova York (24out1929) e na consequente
Grande Depressão.
 Herbert Hoover (presidente 1929-1933): Smooth Hawley Act aumentou tarifas alfandegárias para proteger a
economia nacional. (Hoover era liberal, foi a única medida mais protecionista)
 Em 1933, Franklin Delano Roosevelt (presidente 1933-1945): New Deal (série de políticas de promoção do
estado de bem-estar social caracterizadas pela intervenção estatal na economia)

CONFERÊNCIA DE BRETTON WOODS (1944)

 44 países aliados (inclusive BR): definir os rumos da nova ordem econômica mundial.
 Diagnóstico: Política de aumento de tarifas alfandegárias e desvalorização cambial dos anos 1930 (para
aumentar a competitividade da indústria nacional e das exportações) -> queda da produção, desemprego e
redução do comércio internacional.

 Solução: Liberalismo + segurança econômica levariam à paz (Cordel Hull – Secretário de Estado). Sentimento
comum de que era necessário algum grau de intervencionismo doméstico (welfare state) e regulação
internacional em prol do livre comércio (redução de tarifas).

 Propostas de John Maynard Keynes (líder da delegação britânica) x Harry White (Tesouro dos EUA):
o “Plano Keynes” (Câmara de Compensações Internacionais para centralizar o pagamento de
exportações e importações entre os bancos centrais / moeda escritural bancor) X “Plano White”
(Mecanismo de fiscalização de variações cambiais e de financiamento de curto prazo de
desequilíbrios no balanço de pagamentos, como um fundo de estabilização – FMI espelha a medida
de White).

ACORDOS DE BRETTON WOODS

 Acordos de Bretton Woods:


o Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Internacional para a Reconstrução e o
Desenvolvimento (BIRD) – ambos com sede em Washington-DC e tradicionalmente chefiados,
respectivamente, por um europeu e um estadunidense.
o Ideias iniciais (livre comércio) que estimularam a assinatura do Acordo Geral sobre Tarifas e
Comércio (GATT, da sigla em inglês), em 1947.

 Decidiu-se, ainda, indexar o valor das moedas nacionais ao dólar (var. máx. 1%). O dólar, por sua vez, teria
seu valor fixado em ouro -> Padrão dólar-ouro

O PADRÃO DÓLAR-OURO

 Estabelecia o dólar como única moeda conversível em ouro a uma cotação fixa (US$35 por onça)
 Todas as demais moedas tinham uma cotação aproximadamente fixa em relação ao dólar (banda de
flutuação de 1%).
 FMI: órgão multilateral para monitorar a implantação do acordo de Bretton Woods, garantindo o respeito ao
câmbio fixado (evitando-se a desvalorização competitiva) e assegurando o equilíbrio dos balanços de
pagamentos.
 Arcabouço para cooperação que evitasse a repetição das políticas econômicas que levaram à Grande
Depressão e à II Guerra Mundial

FMI

 Propósitos: (1) auxiliar, temporariamente, os países-membros a corrigir desequilíbrios de balanço de


pagamentos; e (2) propiciar cooperação monetária internacional, fornecendo estabilidade ao sistema
monetário.
 190 membros. Participação cotas (fórmula com base em PIB, abertura econômica, reservas internacionais,
etc.) -> Direitos Especiais de Saque (DES), que é a unidade de conta do FMI (uma cesta das moedas mais
líquidas).
 Estrutura decisória: Assembleia de Governadores (ministros da economia) > Conselho de Diretores.
Diretrizes políticas definidas pelo Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC).

BIRD (BANCO MUNDIAL)

 Objetivos iniciais: reconstrução das economias europeias (acabou ficando a cargo do Plano Marshall), e
promoção do desenvolvimento -> capital para investimentos (elevar produtividade, padrão de vida e
condições de trabalho nos países-membros).
 Membros aportam capital e têm poder de voto proporcional a sua participação no capital total.
 2010: poder de voto revisto, favorecendo PEDs. Maior poder de voto: EUA (“poder de veto” – possui mais de
16%; decisões precisam de 85% dos votos), Japão e China. Comitê de Desenvolvimento (nível ministerial)
decide diretrizes políticas.
 O BIRD é a instituição original do “Grupo Banco Mundial”, que hoje reúne, além do BIRD, outras quatro
agências afiliadas criadas entre 1957 e 1988

GRUPO BANCO MUNDIAL

 O Grupo Banco Mundial é composto por:


(1) BIRD (1945) – usualmente chamado de Banco Mundial;
(2) Corporação Financeira Internacional – CFI (1956), crédito à iniciativa privada dos países em
desenvolvimento para financiamento de obras de infraestrutura;
(3) Associação Internacional de Desenvolvimento – AID (1960), voltada ao oferecimento de crédito sem juros
a países de menor desenvolvimento relativo;
(4) Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimento - CIADI ou ICSID (1965), para
solução de controvérsias entre investidores privados e Estados receptores de investimentos (única entidade
do Grupo Banco Mundial de que o Brasil não faz parte – nunca ratificou acordos tradicionais de
investimentos - APPIs, apenas os ACFIs bem recentemente (2010)); e
 Brasil descorda da ideia de uma empresa privada acionar um Estado
 Brasil chegou a assinar APPI (bilateral) na década de 1990, mas não foi internalizado
 ACFIs – acordo de cooperação e facilitação de investimentos; Brasil propôs o modelo, que já
foi assinado por diversos países, principalmente com países em desenvolvimento e também
no Mercosul (Protocolo de Cooperação e facilitação de investimentos); foca a cooperação, a
facilitação
(5) Agência Multilateral de Garantias de Investimento - AMGI (1988), provê seguros contra certos tipos de
riscos, incluindo riscos políticos, sobretudo ao setor privado

OCDE

 1948: criada a Organização para a Cooperação Econômica Europeia (OECE), para administrar os fundos do
Plano Marshall.
 1961: OECE foi formalmente transformada na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico (OCDE ou OECD, na sigla em inglês), com a adesão inicial de Canadá e EUA. Posteriormente,
outros países desenvolvidos (e também países em desenvolvimento, como México, Turquia e Chile)
adeririam à organização, que atualmente conta com 36 membros.
 Objetivos principais: ampliação do comércio, manutenção da estabilidade financeira, crescimento
econômico duradouro e provisão de cooperação para o desenvolvimento de outros países.
 Lema: “Políticas melhores para melhores vidas”
 Obs.: Brasil solicitou adesão em 2017 (processo demora); já cumpre diversos dos mecanismos, mas não
todos
 Obs.: Monitoramento Brasil – criação de um monitoramento por parte da OCDE para monitorar a questão da
corrupção no Brasil)

SURGIMENTO DOS BANCOS REGIONAIS

 Anos 1950-1960: tendência do BIRD era financiar basicamente projetos de infraestrutura.


 Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID (1959): Primeiro banco regional do mundo. Criado, em
parte, como reação da América Latina à política de empréstimos do BIRD, que não outorgava importância
suficiente ao financiamento dos setores agrícola e social. JK com a OPA teve papel importante na criação do
BID
 Corporação Andina de Fomento - CAF (1968) -> Banco de Desenvolvimento da AL; em 20110 passou a
chamar-se de Banco de Desenvolvimento da América Latina (Brasil faz parte)
 Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata - Fonplata (1974)

O FIM DO PADRÃO DÓLAR-OURO

 Oferta crescente de dólares no mundo (Plano Marshall e outros)


 Gastos governamentais (Guerra do Vietnã, 1955-75): emissão de moeda -> inflação crescente e recessão nos
EUA em 1970.
 Problema de confiança -> títulos em dólares detidos pelos países excediam a quantidade de ouro disponível
no FED. Países passaram a trocar dólares por ouro como reserva.
 “Choque Nixon” (1971): abandono do sistema (fim da conversibilidade dólar-ouro e elevação das alíquotas
de imposto de importação).
 Acordo Smithsonian: os EUA se comprometiam a eliminar essas medidas protecionistas, e foram alteradas as
paridades entre as principais moedas, com desvalorização de fato do dólar.
 1973: FMI determina que ouro é apenas uma mercadoria (não mais um meio de pagamento) -> Países
permitem que suas taxas de câmbio flutuem em relação ao dólar

CHOQUES DO PETRÓLEO

 Guerra do Yom Kippur (1973): Primeiro Choque do Petróleo (preço quadriplicou) -> estagflação (combinação
de estagnação econômica e inflação elevada) nos países importadores. EUA -> políticas monetárias
expansionistas, levando à brusca depreciação do dólar.
 Revolução Iraniana (1979): II Choque do Petróleo -> Maior inflação leva à política monetária restritiva nos
EUA, o que reduziu a liquidez internacional .
 Políticas monetárias contracionistas (redução da oferta de moeda e aumento dos juros básicos) ->
valorização do dólar -> crescimento vertiginoso das taxas de juros de curto prazo.
 PEDs que haviam se endividado a juros flutuantes no I Choque do Petróleo viram crescer sua dívida,
especialmente na América Latina. (Crise da Dívida dos anos 1980)

PLANO BRADY E CONSENSO DE WASHINGTON

 Plano Brady (1989): abatimento do encargo da dívida, por meio da redução de seu principal e do alívio de
juros. Além de emitir novos bônus, os países deveriam promover reformas liberais em seus mercados.
 “Consenso de Washington” como condicionalidades obrigatórias pelas OIs econômicas: “receituário
neoliberal” (disciplina fiscal, reforma tributária, juros de mercado, câmbio livre, abertura comercial,
eliminação de restrições aos investimentos, privatizações, etc.)

CRISES FINANCEIRAS DOS ANOS 1990

 Colapso cambial gerado pela perda de confiança na moeda nacional (com fuga de capitais), levando a rápida
depreciação.
 Círculo vicioso: medo da desvalorização levava à venda de ativos, provocando desvalorização ainda maior.
Países afetados enfrentaram dificuldades de pagamento dos compromissos internacionais:
 “Crise tequila” no México (1994); Crise asiática (1997); Crise russa (1998);
 Brasil (1999): Com essas crises, gerou-se grande pressão pela desvalorização do real -> permitiu-se a
flutuação do câmbio (-70% em 2 meses).
 Desvalorização do real -> exportações argentinas prejudicadas (câmbio fixo 1=1) -> alto desemprego e
estagnação econômica (recessão). Default Argentino (final de 2001) -> Fim da paridade com o dólar e queda
de 10% do PIB.

EVOLUÇÃO RECENTE DO SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL

 A partir de meados da década de 1970, com os choques do petróleo e o colapso do sistema de câmbio fixo
definido em Bretton Woods, criou-se o G7 para discutir os desafios econômicos internacionais.
 Composição: Alemanha, EUA, França, Japão, Reino Unido, Canadá e Itália.
 1998: Rússia ingressou -> duas estruturas distintas em paralelo: cúpula de chefes de Estado e de governo do
G8 e reuniões de ministros do G7 financeiro)
 G8 passou a incluir outras questões globais e transnacionais (meio ambiente, crime, drogas, terrorismo) ->
espécie de “comitê diretor global” para temas de impacto internacional.

CRIAÇÃO DO G20 FINANCEIRO

 Crises da década de 1990 mostraram que crises financeiras em mercados emergentes podem ter sérios
efeitos de transbordamento nos mercados desenvolvidos. Mercados emergentes não podem ser excluídos
das discussões.
 1999: Ministros das Finanças e presidentes dos Bancos Centrais das 19 maiores economias do mundo (G7,
Rússia, África do Sul, Argentina, Arábia Saudita, Austrália, Brasil, China, Coreia do Sul, Índia, Indonésia,
México, Turquia) + União Europeia conformaram o G20 (Financeiro).
 90 % do PIB, 80 % do comércio e 2/3 da população mundial.
 G20 abriu espaço para participação de países que, antes, não tinham voz em temas econômico-financeiros,
conferindo maior legitimidade e eficácia a suas decisões

IMPORTÂNCIA DOS EMERGENTES

 Anos 2000: Aproximação dos emergentes à reunião de cúpula do G8.


 Outreach 5 -> Cúpula de Evian do G8 (2003): África do Sul, Brasil, China, Índia e México (então chamados G5)
convidados a participar de reuniões do G8.
o Cúpula = chefes de estado e de governo
 2007: “Processo de Heiligendamm” -> o G5 e o G8 institucionalizaram seu contato permanente.
 Apesar disso, não previram a inclusão dos cinco países como membros plenos do grupo.
 Obs.: Rússia foi suspensa do G8 em 2014, após a crise da Crimeia -> G7

CRISE FINANCEIRA DE 2008-2009

 Fragilidades na supervisão do mercado financeiro: bancos norte-americanos ofereciam créditos subprime a


pessoas sem comprovação de renda e com histórico ruim de crédito (“NINJA” – sem renda, sem emprego,
sem ativos; não havia controle sobre quem estava comprando).
 Boom na inadimplência a partir de 2007 -> crise do crédito hipotecário -> desconfiança geral no sistema
financeiro. Em 2008, a crise chegou ao auge e à quebra do banco Lehman Brothers -> efeito dominó de
falências.
 G20 se transformou no principal foro de cooperação econômica internacional: Coordenar retomada do
crescimento global. (mais legítimo, maior representatividade)
 2008: G20 passou a organizar Cúpulas de líderes (Washington)
o Quando criado em 1999, era organizado no nível de ministros da economia
 2009: G20 declarado como o principal foro para a discussão de temas econômicos e financeiros (Pittsburgh),
substituindo o G8.

ALGUNS RESULTADOS:

 Reforma das instituições financeiras internacionais (como o FMI e o Banco Mundial);


 Regulamentação do sistema financeiro internacional, junto com medidas anticíclicas;
 Compromisso de que os membros não aumentariam ou imporiam barreiras comerciais em resposta à crise
(renovado em Toronto);
 Capitalização dos bancos multilaterais de desenvolvimento e do FMI.
 Reforma do sistema financeiro internacional: aumentar resiliência, diminuir risco das instituições ”too big to
fail", tornar mercados de derivativos mais seguros, reduzir alavancagem, regular agências de classificação de
risco -> Recomendações do G20 de criar o Conselho de Estabilidade Financeira (FSB) e reformular o Comitê
da Basileia para Supervisão Bancária (BCBS).
 Inclusão de outras pautas econômicas como tributação internacional e reforma da OMC

REFORMA DAS INSTITUIÇÕES DE BRETTON WOODS

 Foi recomendada pelo G20 a introdução de mudanças na missão e na governança do FMI e do Banco
Mundial, para refletir as alterações ocorridas nos pesos econômicos da economia mundial, aumentando sua
representatividade e legitimidade.
 FMI: deveria revisar fórmula de cálculo das cotas, dando maior peso ao tamanho das economias, transferir
pelo menos 5% das quotas dos países super-representados para países sub-representados e aumentar a
representação desses países no Conselho Executivo.
 BIRD: recomendou-se uma realocação das cotas para aumentar em, pelo menos, 3% do poder de voto dos
PEDs e das economias em transição e a adoção de nova fórmula de cálculo (tamanho da economia e
contribuição financeira como únicas variáveis).
 2010: concluída a reforma da governança do Banco Mundial (PEDs passaram a somar 47% das cotas em seu
conjunto).
 Em meio às turbulências da crise financeira global eclodida em 2008, a Cúpula do G20 emitiu declaração em
2009, na qual seus líderes se comprometeram com reformas na governança do Fundo Monetário
Internacional (FMI) e do Banco Mundial. No primeiro, por meio de mudança na quota de participação no FMI
de, no mínimo, 5% em favor dos mercados emergentes e países em desenvolvimento; no segundo, pela
adoção de uma fórmula que refletisse o peso econômico dos países em desenvolvimento e que acarretasse
o aumento de seu poder de voto em pelo menos 3%, neles incluídos os países em transição.

O BRASIL NAS REFORMAS DO FMI

 O Brasil e outros emergentes defendem a transferência de poder de voto dos países desenvolvidos para os
PEDs
 2008: concluída primeira reforma do FMI, com majoração das quotas e do poder de voto brasileiros. Em
2009, o Brasil tornou-se credor do FMI. Em 2010, o G20 chegou a um acordo sobre a reforma do FMI, e a
participação do país foi mais uma vez majorada.
 2016: Reforma de 2010 entra em vigor, após aprovação dos países-membros. Os EUA detêm 17,46% das
quotas e 16,52% dos votos no âmbito do FMI (“poder de veto”)
 China, Índia, Rússia e Brasil entre os dez maiores quotistas do FMI -> Passo significativo
 Brasil: 2,32% das cotas e 2,22% dos votos (Passou de 14º para 10º);
 Mais de 6% das quotas passaram a EME (emerging market economy) e PED e o Conselho do FMI se tornou
inteiramente constituído por diretores executivos eleitos.
 Em 2020, o Conselho de Governadores do FMI adotou uma resolução concluindo a 15a RGC (Reforma Geral
de Cota) do FMI, que não resultou em aumento nem redistribuição de cotas. EUA não estavam dispostos a
ceder
BRASIL E O CLUBE DE PARIS

 2016: Brasil passou a integrar o Clube de Paris - reconhecido como o principal fórum para a reestruturação
de dívidas soberanas pelo G20 (Declaração de Hangzhou). Brasil é credor internacional, inclusive de países
em desenvolvimento (CPLP, AL etc.). Negociação conjunta no âmbito do Clube para cobrar os devedores
 Brasil almeja aumentar sua influência na agenda financeira internacional e nas futuras renegociações de
dívidas soberanas.
 Criado em 1956, o Clube de Paris tem 22 membros permanentes e segue os princípios de solidariedade,
consenso, troca de informações, condicionalidades, abordagem caso a caso e tratamento isonômico.
 Clube informal, sem base legal ou status jurídico, mas seu trabalho está baseado em regras e princípios
acordados pelos Estados credores, o que facilita tomada de decisões e conclusão de acordos sobre dívidas
soberanas.

CRISE DA COVID-19

 2020: Com a pandemia, vários países passaram a adotar restrições à movimentação de pessoas, no esforço
de contenção do vírus.
 Elevaram-se preocupações sobre o grau de desaceleração econômica global: quedas nas bolsas de valores,
deterioração das expectativas de crescimento econômico. (Debate em foros como G20 e FMI)
 RESPOSTA: Reforços orçamentários à saúde pública e políticas monetárias e fiscais expansionistas: redução
das taxas de juros (em alguns casos, chegando a zero), ampliação de acesso ao crédito, redução de encaixes
compulsórios, programas de auxílio a desempregados e a PMEs, apoio a setores mais afetados,
isenção/adiamento das cobranças de impostos, etc.
 Recuperação mais rápida nos mercados financeiros, seguida de recuperação industrial e lenta recuperação
dos serviços
 Recuperação melhor que esperado (FMI): Brasil (-9,1% -> -4,1%)
 2021: Recuperação mais lenta, com novas ondas (Dependência de vacinas), OCDE (Monitoramento Brasil –
criação de um monitoramento por parte da OCDE para monitorar a questão da corrupção no Brasil); G20 e
IFIs recuperação (DES, DSSI)
Desarmamento e não-proliferação

Armas de destruição em massa

 Regimes internacionais
 Categorias e seus regimes internacionais
o Armas nucleares: principal instrumento é o TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear), assinado em
1968.
o Armas biológicas/bacteriológicas: tratado central é a CPAB (Convenção sobre a Proibição de Armas
Biológicas e Toxínicas), assinada em 1972.
o Armas químicas: principal instrumento é a CPAQ (Convenção sobre Proibição das Armas Químicas),
concluída em 1993.
o Armas sem tratado/regime específico: armas radiológicas (“bombas sujas”), armas que combinam
explosivos convencionais com material radioativo. Há controvérsia sobre sua classificação enquanto
ADMs.

Armas Nucleares

 Regime internacional e o Brasil


 Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP)
o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (1968/1970): Conferência em 1995 (25 anos após
entrada em vigor, conforme texto do tratado) prorroga TNP indefinidamente. Depositários são EUA,
Reino Unido e Rússia.
o Estrutura: prêambulo e onze artigos. Três pilares: não proliferação (Estados signatários não armados,
inspeção de instalações e estoques); desarmamento (Estados nuclearmente armados, na prática
compromisso político sem datas definidas); cooperação para uso pacífico da energia nuclear (papel
da AIEA – há parceria entre a AIEA e a Abacc).
o Quase universal: grande número de acessões no pós-Guerra Fria (França e China acedem em 1992).
Hoje são 191 signatários (Israel, Paquistão, Índia e Sudão do Sul não assinaram; Coreia do Norte se
retirou em 2003).
o Conferências de Revisão a cada cinco anos: (2015 não chega a documento final; 2020 adiada para
2021 por conta da pandemia)
 TNP – contexto e antecedentes
o Advento das armas nucleares (1940s): primeiro uso (Hiroshima e Nagasaki, 1945) é sinal de alerta
para debater o tema; Comitê de Energia Atômica criado pela primeira resolução da AGNU
[A/RES/1(I), 1946]; EUA propõem organização para regular tema (Plano Baruch, 1946), URSS rejeita
(não tinha bomba ainda).
o Década de 1950: EUA propõe iniciativa “Atoms for Peace” (AGNU, 1953) e pede a criação de uma
organização internacional; AIEA é estabelecida (Viena, 1957); em 1958, iniciativa da Irlanda dá início
a negociações de um tratado universal
o Década de 1960: Comitê das Dez Nações sobre Desarmamento (TNDC, 1960); Comitê das Dezoito
Nações sobre Desarmamento (ENDC, 1962-1969; incluindo Brasil e outros países que não dispunham
de armas nucleares). Em 1963, EUA, URSS e Reino Unido assinam o PTBT (Primeiro Tratado de
Proibição de testes), mas França e China não aderem
 TNP – categorias e casos particulares
o Estados nuclearmente armados (bomba atômica antes de 1967): EUA (1945), Rússia (URSS, 1949),
Reino Unido (1952), França (1960) e China (1964).
o Demais Estados partes: não armados; por conta de acordos secretos firmados entre EUA e OTAN
durante as negociações do TNP, cinco países abrigam armas dos EUA (Alemanha, Bélgica, Itália,
Países Baixos e Turquia).
o Estados não partes armados: Israel (1960s*), Índia (1974), Paquistão (1998) e Coreia do Norte
(2006).
o Estados que renunciaram às armas nucleares: adesão ao TNP nos anos do imediato pós-Guerra Fria
(Belarus, Cazaquistão e Ucrânia, detinham armas desenvolvidas pela URSS; África do Sul, único país a
ter desenvolvido armas nucleares e desmantelado seu arsenal em processo verificado pela AIEA).
 Estimativa de arsenais nacionais (2021)
o Rússia/EUA: maiores arsenais, grande parte está instalada em mísseis e bombas; quantidade
considerável “aposentada”.
o França/Reino Unido: arsenais menores, parte está instalada.
o China/Paquistão/Índia: sem detalhes sobre ogivas instaladas.
o Coreia do Norte: montante de ogivas estimado potencialmente

 Ápice na história foram 70 mil ogivas, mas as atuais são muito mais potentes

 Protocolo Adicional ao TNP


o Protocolo Adicional ao TNP (1997): modelo debatido desde 1993, em contexto de dificuldades de
inspeção na Coreia do Norte, na Romênia e no Iraque. É um sistema de acordos bilaterais entre cada
Estado parte do TNP e a AIEA, busca ampliar a capacidade de verificação do uso pacífico de materiais
nucleares; inspeções ficam mais detalhadas e há menor antecedência para aviso de visitas em
instalações nucleares. Além disso, atividades de pesquisa nuclear civil devem ser informadas à AIEA.
o Situação atual: 136 países ratificaram acordo; também foi assinado protocolo vigente com a
EURATOM. Entre os países que não assinaram, estão Brasil e Argentina (Acordo Quadripartite
abrange todos os dispositivos do Protocolo), além de Egito, Irã, Síria e Venezuela.
 ABACC (cooperação Brasil-Argentina)
o Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (Acordo de
Guadalajara, 1991): fruto da “construção da estabilidade estrutural pela cooperação”, termo de
Alessandro Candeas.
o Estrutura: sede no Rio, subsede em Buenos Aires; Comissão (define diretrizes políticas, dois
membros de cada país); Secretaria (órgão executivo, representa a ABACC perante autoridades
nacionais, com quatro setores técnicos).
o Sistema de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (SCCC): conjunto de procedimentos
gerais e manuais específicos para instalações nos dois países; hoje, 77 instalações (51 argentinas, 26
brasileiras) sujeitas a inspeção.
o Acordo para Aplicação de Salvaguardas (1991): Acordo Quadripartite (Brasil, Argentina, ABACC e
AIEA); supre Protocolo Adicional ao TNP
o Cooperação com órgãos dos dois países: Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); Comisión
Nacional de Energía Atómica (CNEA); Ente Nacional Regulador Nuclear (ENREN/ARN);
o Acordos de Cooperação com outros órgãos de controle e gestão nuclear: OPANAL (1993); Depto. de
Energia dos EUA (1994); AIEA (1998); EURATOM (1999); Instituto Coreano de Controle e Não
Proliferação Nuclear (2006).

 Zonas livres de armas nucleares (ZLANs)


o Definição: pela ONU, ZLAN é um acordo firmado de livre vontade por tratado ou convenção que
proíbe ações relacionadas a armas nucleares.
o ZLANs habitadas: América Latina e Caribe (Tratado de Tlatelolco, 1967); Pacífico Sul (Rarotonga,
1985); Sudeste Asiático/ASEAN (Bangkok, 1995); África (Pelindaba, 1996); Ásia Central (Semei, 2006).
o Mongólia: declara seu território livre de armas nucleares em 1992 e pede que a AGNU endosse a
decisão, o que ocorre com a Resolução A/RES/55/33. (2001)
o ZLANs não habitadas: Antártida (1959), Espaço Exterior (1967), Leito marítimo e fundo do mar
(1971), Lua (1979).
o Possibilidades: Oriente Médio (negociações desde a década de 1970, porém não há perspectiva de
conclusão no curto prazo) e Ártico (ainda incipiente).

 Zonas livres de armas nucleares e tratados


o 1. Tlatelolco (1967) – há ilhas que pertencem a EUA, França e Reino Unido na região; não há uso de
armas nucleares no mar do sul dos EUA
o 2. Rarotonga (1985) – há ilhas que pertencem a EUA, França e Reino Unido na região
o 3. Bangkok (1995)
o 4. Pelindaba (1996)
o 5. Resolução A/RES/55/33 (2001)
o 6. Semei/Semipalatinsk (2006)
o 7. Antártida (1959)
o 8. Espaço Exterior (1967)
o 9. Leito marítimo/fundo do mar (1971)
o 10. Lua (1979)
 Testes nucleares
o Tratado de Proibição Parcial de Testes Nucleares (PTBT, 1963): proíbe testes terrestres, submarinos,
no espaço exterior e na atmosfera. Hoje, 126 Estados ratificaram o instrumento; França e China não
são partes.
o Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT, 1996/não vigora): partes da PTBT buscam
conversão em tratado de interdição abrangente. Em 1993, Conferência de Desarmamento assume
tratativas, texto é finalizado com rapidez, mas sem consenso: hoje, 170 Estados ratificantes e 15 que
assinaram. Entrada em vigor depende da ratificação dos 44 Estados detentores de tecnologia
nuclear – Brasil é detentor da tecnologia (Anexo 2): China, Egito, EUA, Irã e Israel não ratificaram;
Coreia do Norte, Índia e Paquistão sequer assinaram. Caso entre em vigor, contará com uma
organização para fiscalizar seu cumprimento, a CTBTO. (Não há perspectiva de entrada em vigor)

 Material físsil
o Tratado de Redução do Material Físsil (FMCT, proposta): instrumento para proibir a produção de
materiais físseis para armas nucleares ou outros dispositivos explosivos; desde 2009, Conferência de
Desarmamento busca implementar um comitê de negociação, mas o Paquistão impede qualquer
avanço, alegando desvantagem em relação à Índia para bloquear qualquer proposta que não
mencione expressamente estoques pré-existentes (ideia encampada pelos países sem arsenais).
o Proposta do Brasil: em 2017, país apresenta possível solução intermediária (um tratado-quadro que,
de forma progressiva, combinaria as posições das potências armadas e dos países sem arsenais
nucleares)

 Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares - TPAN


o Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares (TPAN, 2017/2021). Primeiro instrumento
multilateral juridicamente vinculante para o desarmamento nuclear desde CTBT – não está em vigor
- (1996). Veda desenvolvimento, teste, produção, fabricação, aquisição, posse ou estocagem de
armas e explosivos nucleares (sem exceções ou categorias especiais, ao contrário do TNP). Abarca
quase a totalidade do CTBT
o Características: prevê sistema de salvaguardas (com AIEA) e mecanismos para eliminar armas
nucleares já existentes.
o Situação atual: 86 signatários e 54 ratificações; entrou em vigor em janeiro de 2021, 90 dias após o
depósito do 50º instrumento de ratificação. Brasil é 1º a assinar tratado na ONU (20/9/2017), mas
ainda não ratificou; texto está em trâmite no Congresso Nacional.

 TPAN – processo de negociação


o Antecedentes: grupo de países (Coalizão da Nova Agenda, 1998), liderado por África do Sul, Brasil,
Egito, Irlanda, México e Nova Zelândia, com apoio da sociedade civil, busca discutir tratado
abrangente e sem exceções para colmatar lacunas do TNP, evitando efeitos humanitários,
ambientais e sanitários das armas nucleares. Em 2013 e 2014, três conferências (Oslo, Nayarit e
Viena) sobre impacto humanitário dessas armas.
o Negociações: Resolução 71/258 (2016) convoca negociações; tratado concluído e adotado em julho
de 2017 (122 votos a favor, um contra e uma abstenção); tratado é aberto para assinaturas em 20 de
setembro, durante 72ª AGNU.
o Nobel da Paz de 2017: Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares (ICAN), que atuou em
parceria com Brasil e demais líderes das discussões.

 Partes e signatários do TPAN


o 86 signatários (amarelo) e 54 ratificações (verde);
 Na AL, Argentina não assinou
o Entrou em vigor em janeiro de 2021, 90 dias após 50ª ratificação.
o Brasil é 1º a assinar tratado na ONU (20/9/2017), mas ainda não ratificou; texto encaminhado ao
Congresso em setembro de 2018.

 Segurança física nuclear (cuidados no manuseio do material)


o Grupo de Supridores Nucleares (NSG, 1974): busca coordenar políticas e diretrizes nacionais sobre
enriquecimento de urânio, reprocessamento de combustível nuclear e controle de exportações de
bens e tecnologia nuclear. Tem 48 membros (Brasil adere em 1996 – já presidiu o NSG); Índia e
Paquistão são candidatos.
o Cúpulas de Segurança Nuclear (NSS). Iniciativa dos EUA, buscam reduzir estoques globais de urânio
enriquecido e prevenir terrorismo nuclear; quatro edições (Washington/2010, Seul/2012, Haia/2014,
Washington/2016).
o Convenção sobre a Proteção Física do Material Nuclear (CPFMN, 1979/1987): obrigações sobre
proteção física do material nuclear usado para fins pacíficos; emenda (2005/2016) reforça controle
de materiais nucleares. Brasil ratifica em 1985 (emenda tramita no Congresso).
 Episódio do Césio, em Goiânia, 1987, mostra a importância de medidas de segurança
o Resolução 1540 (2004) CSNU: não proliferação para atores não estatais e comitê subsidiário
(também trata de armas biológicas, químicas e radiológicas).
 Resolução guarda-chuva para armas de destruição em massa (atores não estatais =
terroristas)

 Evolução histórica da postura nuclear do Brasil


o Antecedentes: atuação na Comissão de Desarmamento da ONU (1952) e membro fundador da AIEA
(1957); Comitê de 18 Nações (1962-1969).

o Desnuclearização da América Latina: declaração à AGNU (1963), ao lado de Chile, Bolívia, Equador e
México, propondo que nações da região considerem conclusão de tratado que as obrigue a não
fabricar, armazenar ou usar armas nucleares. Processo leva a Tlatelolco (1967, Brasil ratificou em
1968 – havia a pendência do artigo 28, que só ocorreu em 1994 -, entra em vigor em 1994, após
depósito de declaração de dispensa do artigo 28).
o Negociações do TNP: Araújo Castro enviado a Genebra, chefiou delegação brasileira. Costa e Silva via
o tratado com desconfiança (esforço de EUA e URSS para evitar que novos países desenvolvessem
tecnologia nuclear). TNP como instrumento de instituição da desigualdade entre dois tipos de
nações; leva a rejeição inicial em 1968 (congelamento do poder mundial).

o Os 3 Ds de Araújo Castro: discurso na Assembleia-Geral da ONU (1963); três temas que demandam
progressos reais, clivagem Leste-Oeste perde espaço para Norte-Sul, alinhamentos dão lugar a
reivindicações comuns.

o Desarmamento: luta pela paz e pela igualdade jurídica (legado de Rui Barbosa – Conferência de Paz
da Haia) de estados que desejam ficar a salvo do medo e da intimidação. Desenvolvimento: luta pela
emancipação econômica e pela justiça social. Descolonização: luta pela emancipação política, pela
liberdade e pelos direitos humanos.

o Resistência aos 3 Ds: corrida armamentista prossegue, apesar das resoluções da ONU. Problema de
poder, e deve-se resolver isso não pelo mecanismo de poder, mas por negociações e diálogo.

o Programa Nuclear Paralelo (1979): origem em frustrações com limitações a um acordo que desse ao
país maior autonomia nuclear; meta era desenvolver um submarino de propulsão nuclear,
eliminando vulnerabilidades nas áreas sensíveis e de materiais pela substituição das importações de
equipamentos, materiais, instrumentos e radioisótopos.

o Domínio do ciclo nuclear (1987): testes na Serra do Cachimbo desde 1980; Usina de Demonstração
de Enriquecimento (Centro Experimental Aramar, em Iperó/SP), manejo de hexafluoreto de urânio;
Brasil detentor de reservas de urânio e potencial explorador. Desde a década de 1990, cooperação
com a Argentina, hoje voltada ao desenvolvimento de reator binacional.

o Energia nuclear no Brasil: participação pequena na matriz energética, salvo o Rio de Janeiro (cerca
de 40% da geração é proveniente de Angra).

o Brasil e o regime internacional: adere a TNP e CTBT em 1998 (mas não adere ao Protocolo Adicional
do TNP – acordo quadripartite Brasil, Argentina, Abacc e AIEA cobre os temos do Protocolo
Adicional). Membro do Grupo de Supridores Nucleares, preside em 2006; preside a Conferência do
Desarmamento em 2010; criação de representações na Conferência e na AIEA.

o Coalizão da Nova Agenda (1998): formada por África do Sul, Brasil, Egito, Irlanda, México e Nova
Zelândia (Eslovênia e Suécia deixam grupo), buscam alternativa às lacunas do TNP.

o TPAN (2017): protagoniza negociações, é o primeiro país a assinar. Embora ainda não tenha
ratificado

o “Desarmamento e não proliferação são as duas faces de uma mesma moeda”: desarmamento
nuclear deve ser prioritário na agenda internacional. (posição brasileira – põe a humanidade em
risco)

 Papel nas doutrinas de segurança nacionais

o EUA: redução do risco nuclear para os EUA, aliados e parceiros; busca prevenir terrorismo nuclear e
proliferação de armas nucleares; entendimentos com a Rússia para redução de estoques; dissuasão
de adversários potenciais (Irã).
o Rússia: proteção à existência nacional; dissuasão de conflitos e manutenção da estabilidade
estratégica; uso de armas como resposta a outro ataque atômico ou com ADMs, mas brecha para
reação a ataques convencionais.

o China: com os EUA, aprofundar laços de interdependência e responsabilidades compartilhadas,


diante de terrorismo e ADMs; preocupação com o entorno (Índia, Paquistão e Rússia); busca de um
arsenal definido como mínimo

o Reino Unido: plena consciência de que o país não pode, nem deve, agir sozinho no contexto
internacional; proximidade com EUA, atuação em ONU, OTAN, OSCE e, até o Brexit, UE. Armas como
vetores de dissuasão mínima.

o França: proteção, percepção, prevenção, dissuasão e intervenção; para a França, capacidade nuclear
bélica está ligada à autonomia estratégica e militar do país.

Países não-TNP

o Índia: dissuasão contra uso ou ameaça de uso de armas nucleares; Índia advoga conceito de “não
primeiro uso”, e veda uso contra países desarmados.

o Paquistão: defesa contra agressão da Índia, sobretudo pela superioridade bélica convencional desta;
uso nuclear viria por retaliação massiva a ataque indiano.

o Israel: postura sigilosa quanto à posse de armas nucleares; confiança israelense no poderio
convencional para dissuadir países do entorno de buscarem armas.

o Coreia do Norte: preservação do regime no poder e temor percebido de ataques de regimes


ocidentais; mísseis de longo alcance são preocupação (capacidade de atingir o território dos EUA)

 Iniciativas entre Estados nuclearmente armados

o Acordos de limitação de armamentos entre EUA e URSS: SALT I (1969), conversas para limitar
sistemas de lançamento de mísseis de alcance intercontinental; SALT II (1979), não ratificado, mas
países comprometidos a honrar dispositivos.

o Categorias específicas de sistemas: ABM – Sistema antimísseis - (1972-2002), acordo sobre sistemas
antimísseis (denunciado pelos EUA em 2002); INF (1987-2019), instrumento sobre mísseis de alcance
intermediário (EUA se retiram do tratado em 2019).

o Redução de arsenais: START I (1991), negociado desde 1982; START II (1993) não entra em vigor e
START III não chega a ser assinado; SORT (2002), sobre redução de ogivas estratégicas, substituído
pelo Novo START (2010), em vigor desde 2011 e renovado até 2026 por Biden e Putin.

 Iniciativas trilaterais e plurilaterais

o Iniciativa Trilateral EUA-Rússia-AIEA (1996-2002): meta era sistema de verificação ao qual os países
submeteriam informações sigilosas sobre materiais físseis de bombas desmanteladas. A iniciativa foi
abandonada em 2002, após revelação de diretiva dos EUA que incluiu armas nucleares como forma
de retaliar ataques com armas de destruição de massa.

o QUAD (2015): Reino Unido, Noruega, Suécia e EUA, origem no UKNi (2007, NOR/UK). Formula
cenários de verificação de desarmamento sem risco de proliferação, promove entendimento entre
armados e não armados sobre mecanismos de verificação e discute boas práticas, acesso gerenciado
e construção de confiança

o Outras iniciativas: Exercício Conjunto sobre Verificação de Desarmamento Nuclear (NuDiVe, 2019)
com França e Alemanha; Parceria Internacional de Verificação do Desarmamento Nuclear (IPNDV,
2014), entre o Departamento de Estado dos EUA e o think tank Nuclear Threat Initiative, hoje com
25 países

Programa nuclear norte-coreano

 Razões: sustentação do regime político e dissuasão a intervenções externas; relação de desconfiança com os
EUA, falta de acordo de paz com a Coreia do Sul desde a guerra da década de 1950; legitimação interna de
Kim Jong-un e forma de obtenção de recursos financeiros, energéticos e alimentos.

 Fundamentos políticos e ideológicos: Juche (autossuficiência, ideologia oficial do país); Songun (forças
armadas em primeiro); Byungjin (desenvolvimento simultâneo da economia e das armas nucleares)

 Origens: processo de fortificação militar remonta a 1962, tenta obter ajuda da URSS para desenvolver armas
nucleares, mas Moscou recusa (aceita ajudar a estabelecer um programa pacífico – primeiro reator de
pesquisa operante em 1965). Em 1974, país adere à AIEA; em 1985, ratifica o TNP

 Programa nuclear ofensivo: remonta à década de 1980; reatores de Yongbyon passam a ser usados para
enriquecimento de urânio (1986); AIEA conclui que declaração de salvaguardas da Coreia do Norte entregue
quando da adesão ao TNP está incompleta, requer inspeção especial e é barrada (1993); evento leva ao
anúncio de retirada norte-coreana do TNP, que acaba suspensa antes de ter efeito (em 2003, país retira a
suspensão e deixa o tratado).

 Regime Kim Jong-il: assume em 1994, país deixa AIEA, Acordo com os EUA, pelo qual a Coreia do Norte
recebe combustível em troca do congelamento do programa nuclear (fim da cooperação em 2002). Coreia
do Sul busca aproximar-se do vizinho do Norte (Sunshine Policy, 1998-2007)

 Programa nuclear norte-coreano – 2003-2017

o Saída do TNP, negociações e testes: após Coreia deixar TNP (2003), Negociações Hexapartites têm
início (Coreias, China, EUA, Japão e Rússia), fora da égide da ONU. Primeiro teste nuclear (2006);
programa suspenso (2007) em troca de combustível e ajuda econômica. Com segundo teste (2009),
Negociações de 2003 são suspensas em caráter indefinido.

o Kim Jong-un e escalada nuclear: com novo chefe de Estado, programa nuclear é acelerado; terceiro
teste nuclear (2013), quarto e quinto testes (2016), além do lançamento de satélites e mísseis, levam
a recrudescimento de sanções de outros países e do CSNU. Sexto teste (2017), alegadamente de
bomba de hidrogênio (termonuclear) e lançamento de míssil intercontinental; mesmo países como a
China buscam contribuir com a efetividade de sanções impostas pelo CSNU

 Coreia do Norte – sanções do CSNU

o Resoluções do CSNU (2006-2017): 1695 (2006); 1718 (2006); 1874 (2009); 2087 (2013); 2094 (2013);
2270 (2016); 2321 (2016); 2356 (2017); 2371 (2017); 2375 (2017) e 2397 (2017).

o Sanções impostas pelas resoluções: limitações e restrições contra membros do alto escalão do
regime norte-coreano; limitações a comércio de minérios, cooperação em aviação civil, comércio de
veículos de potencial uso militar, restrições a atividades bancárias e diplomáticas; em 2017,
ampliação dos itens cujo comércio foi restrito ou mesmo proibido, desde minério de ferro até frutos
do mar; vedação a exportações de gás natural e restrição ao comércio de petróleo; navios em alto-
mar suspeitos de envolvimento com programa norte-coreano poderiam ser inspecionados

 Programa nuclear norte-coreano – diálogos


o Auge da escalada retórica (2017): após instalação de sistema antimísseis na Coreia do Sul, Trump
fala em destruição completa da Coreia do Norte; Rússia e China buscam solução intermediária
(duplo congelamento); eleição de Moon Jae-in na Coreia do Sul sinaliza abertura a diálogo (nova
Sunshine Policy).

o Redução de tensões (2018): Coreia do Norte anuncia restabelecimento da linha direta entre os dois
governos; equipes nacionais participam unificadas nos Jogos de Inverno de Pyeongchang. Em março,
Kim faz primeira visita ao exterior (Cúpula com Xi Jinping em Pequim),

o Cúpulas intercoreanas: em abril e maio, em Panmunjom (fim de hostilidades, canais de diálogo,


busca de acordo de paz permanente, unificação de fuso horário, cooperação econômica); em
setembro, terceira Cúpula em Pyongyang (remoção de minas terrestres, compromissos mútuos).

 Programa nuclear norte-coreano – cúpulas

o Cúpula Coreia do Norte-EUA (Singapura, junho/2018): declaração conjunta, compromisso abstrato


com relações bilaterais pacíficas e desnuclearização da Península Coreana; retorno dos restos
mortais de combatentes da época da Guerra das Coreias, redução de exercícios militares conjuntos
entre EUA e Coreia do Sul.

o II Cúpula Coreia do Norte-EUA (Hanói, fevereiro/2019): interrompida após um dia, sem declaração
conjunta (Pyongyang buscava redução de sanções, mas EUA exigiam desnuclearização irreversível e
verificável). Coreia do Norte retoma de forma parcial atividades com mísseis.

o III Cúpula Coreia do Norte-EUA (zona desmilitarizada, junho/2019): encontro conta com presidente
sul-coreano; negociações retomadas, mas não há resultados concretos.

o Cúpula Coreia do Norte-Rússia (Vladivostok, abril/2019): Putin busca ampliar a influência russa no
processo de desnuclearização norte-coreano

 Programa nuclear norte-coreano – recente

o Novos testes da Coreia do Norte (2019): mísseis de curto alcance disparados; de outro lado, EUA e
Coreia do Sul fazem exercícios militares conjuntos, o que gera críticas de Pyongyang. Em encontro na
AGNU/2019, Trump e Moon Jae-in expressam apoio à continuidade de negociações.

o Pessimismo em 2020: Coreia do Norte discute ampliação do arsenal nuclear para dissuasão;
momento de trégua em setembro, com troca de cartas em tom amigável entre chefes de Estado
coreanos, no contexto da pandemia e de uma série de tufões que atingiu a península

o Novo míssil intercontinental (outubro/2020): durante desfile militar, Coreia do Norte apresenta
míssil balístico de dimensões sem precedentes dentro de seu arsenal; Kim afirma que fortalecimento
da dissuasão é estratégia para autodefesa nacional, e que não haverá uso preemptivo das armas

Programa nuclear iraniano

 Origem e antecedentes: programa lançado na década de 1950, em parceria com os EUA (Atoms for Peace);
cooperação ocidental até a Revolução de 1979 (Irã ratifica TNP em 1970, submetendo seu programa a
inspeções da AIEA).
 Pós-revolução: cooperação internacional interrompida, mas relatos de que alguns países seguiram parceiros
clandestinamente na década de 1980, como urânio fornecido pelo Paquistão; busca de ADMs na guerra
contra Iraque
 Década de 1990: cooperação com Rússia e China; em 1992, convite a inspetores da AIEA para visitar
instalações iranianas.

 Atividades não declaradas: relatório da AIEA, publicado em 2002, suspeita de enriquecimento ilegal de
urânio em instalações não declaradas; Conselho de Governadores debate assunto entre 2003 e 2006.

 Programa nuclear iraniano – sanções

o CSNU e sanções contra o Irã: após presidente Ahmadinejad anunciar que o Irã conseguiu enriquecer
urânio (abril/2006), CSNU adverte Teerã para que suspenda atividades; recusa iraniana leva a série
de sanções: 1737 (2016) veda exportação de tecnologia nuclear e restringe bens e viagens de
indivíduos e empresas ligados ao programa iraniano; 1747 (2007) expande lista de sanções; 1803
(2008) tem nova expansão na lista de indivíduos e entidades; 1929 (2010) impõe um embargo
abrangente de armas ao Irã, proíbe quaisquer atividades relativas a mísseis balísticos, limita o
processamento de minérios nucleares e expande sanções a novos grupos políticos e sociais do país
asiático

o Cooperação venezuelana (2009): Hugo Chávez anuncia que o Irã ajudou o país na exploração de
urânio; suspeitas de que o regime chavista estaria ajudando Teerã a contornar sanções
internacionais

 Programa nuclear iraniano – negociações

o Declaração de Teerã (2010): carta de Obama a Lula e Erdogan, reedita proposta de 2009 do P5+1; Irã
enviaria 1.200 km de urânio pouco enriquecido a Brasil e Turquia, em troca de 120 kg de urânio a
20% (para pesquisa médica); Grupo de Viena (AIEA, EUA, França e Rússia) supervisiona.

o P5+1 (E3+3, 2006): P5 do CSNU mais Alemanha. Início em 2003 (França, Reino Unido e Alemanha já
negociavam com o Irã); em 2006, EUA, Rússia e China se juntam; Alemanha é parceiro-chave
(relações comerciais sólidas com o Irã).

o Acordo Interino de Genebra (JPoA, 2013): congelamento em curto prazo de partes do programa
nuclear, em troca da redução das sanções econômicas. O JPoA e as negociações subsequentes
levariam a um acordo-quadro (2015) e, pouco depois, a um acordo final (Acordo de Viena, JCPoA,
2015)

 Programa nuclear iraniano – Acordo de Viena

o Acordo de Viena (JCPoA, 14/7/2015): acordo com vigência inicial de 15 anos; em dez anos, estoque
de urânio a até 5% reduzido de 10.000 kg para 300 kg; estoque de urânio a até 20%, de 200 kg, deve
ser zerado; centrífugas limitadas (locais, quantidades e tipos); redução da produção de água pesada
e plutônio no Reator de Arak; implementação provisória do Protocolo Adicional do TNP pelo Irã;
inspeções em minas de urânio; Irã tem direito a programa nuclear pacífico. De outro lado: fim das
sanções do CSNU (condicionantes temporais). Caso haja sinais de descumprimento do Irã, sanções
podem ser restabelecidas (mecanismo de snapback pode ser acionado por qualquer um dos países
do P5+1). Irã recupera acesso a bens congelados (USD 100 mi), e programa nuclear iraniano deixará
agenda do CSNU após dez anos (2025).
o Verificação do acordo: até o momento, ONU, AIEA e todas as partes do P5+1 atestam que atividades
iranianas cumprem o JCPoA (apenas EUA discordam)

 Programa nuclear iraniano


o Reator de Arak
 Reator de água pesada capaz de produzir alta quantidade de armas; núcleo será destruído.
o Centrífuga de Natanz
 9.156 centrífugas operantes e sem limite de enriquecimento de urânio; redução a 5.060
centrífugas, e enriquecimento limitado a 3,67%.
o Instalações de Fordo
 Instalações secretas usadas para enriquecer urânio; fim de atividades de enriquecimento e
materiais físseis
o Minas (Saghand/Gachin)
 Acesso a inspeções limitado pelo Irã; agora, acesso será irrestrito a atividades ligadas à
cadeia produtiva nuclear e fiscalização contínua por 25 anos.

 Irã: consequências e desafios


o Impactos geopolíticos: moderados ganham espaço no Irã, vencendo eleições legislativas em 2016;
presidente Rouhani reeleito em 2017; aproximação entre Irã e Ocidente; reinserção iraniana no
mercado do petróleo (com grande queda nos preços em 2015); retomado debate sobre ZLAN no
Oriente Médio.

o Desafios e resistências: setores ultraconservadores (EUA e Irã) contrários a acordo, que é rejeitado
por Israel; não houve retomada de relações diplomáticas entre Irã e EUA, e sanções unilaterais
foram mantidas.
o Retirada dos EUA (2018): em 2017, governo Trump não certifica acordo; no ano seguinte, EUA se
retiram de forma unilateral do acordo e impõem novas sanções (acordo segue em vigor); UE cria
mecanismo de proteção a investidores no Irã e buscam alterar termos do acordo, com mais
restrições, mas iranianos rejeitam. Em 2020, EUA tentam novas sanções via CSNU, mas não logram
êxito. Em 2021, Irã avisa AIEA que voltará a enriquecer urânio
Armas Biológicas
 Regime internacional e o Brasil

 Particularidades e antecedentes
o Características: sem registro de uso massivo em conflitos no século XX, por limitações técnicas (uma
vez no ambiente, dificuldade em conter efeitos de agentes biológicos); países tentaram desenvolver
arsenais biológicos (com agentes como antrax e o vírus da varíola). Na agricultura ou em cursos de
água, agentes podem causar graves problemas ambientais e alimentares.

o Antecedentes: Convenção da Haia (1899) veda armas venenosas; Protocolo de Genebra (1925)
proíbe agentes biológicos. EUA (1969) anuncia fim de seu programa de desenvolvimento de armas
biológicas e destruição de estoques, ação que inicia debate para uma convenção (CPAB, 1972).

o 1990s: após Guerra do Golfo, Comissões da ONU para inspecionar ADMs do Iraque (UNSCOM, 1991-
1999; UNMOVIC, 1999-2007).

o Uso por atores não estatais: preocupação recente; em 2001, envelopes com antrax foram enviados
a congressistas e jornalistas nos EUA).

 Convenção sobre Proibição de Armas Biológicas


o Convenção sobre a Proibição de Armas Biológicas e Toxínicas (CPAB, 1972): veda desenvolvimento,
produção, armazenamento, aquisição e uso de armas biológicas e toxinas, e obriga partes a
destruírem estoques e vetores (porém, não há mecanismo de verificação ou órgão fiscalizador
vinculante).

o Irrestrita: a CPAB foi o primeiro instrumento adotado, no desarmamento, que baniu uma categoria
inteira de armas de destruição em massa.

o Situação atual: 183 Partes (Egito, Haiti, Israel, Namíbia, Síria e Sudão do Sul são principais exceções);
não há categoria diferenciada de membros autorizados a manter seus arsenais.

o Conferências de Revisão: a cada cinco anos; oitava edição ocorre em 2016.

Armas Químicas
 Regime internacional e o Brasil

 Particularidades e uso indiscriminado


o Características: armas químicas têm uso relativamente limitado, pela dificuldade no controle das
emanações dos compostos químicos; se usadas em conflitos urbanos, afetam de forma
indiscriminada a população, inclusive civis, o que contraria o direito humanitário.

o No século XX: armas químicas usadas de forma sistemática na I Guerra (gases de cloro, fosgênio ou
de mostarda); indignação leva governos a iniciar negociações para proibi-las, o que leva ao Protocolo
de Genebra (1925), ainda que isso não tenha impedido o uso dessas armas durante a década de
1930 e nos campos de concentração nazistas, no Holocausto. Na década de 1980, Iraque emprega
armas químicas na guerra contra o Irã e contra minorias curdas em seu próprio território.

o Uso por atores não estatais: preocupação recente, como ataques terroristas com gás sarin no metrô
de Tóquio (1994 e 1995).

 Conformação do atual regime internacional


o Antecedentes: Convenção da Haia (1899) veda uso de gases asfixiantes; busca-se negociar
instrumentos para proscrever armas químicas desde a década de 1950, em esforço que ganhou o
apoio da Conferência de Desarmamento (1979).
o Avanços: Acordo Químico EUA-URSS (1990); após Guerra do Golfo, Comissões da ONU para
inspecionar ADMs do Iraque (UNSCOM, 1991-1999; UNMOVIC, 1999-2007).

o Convenção sobre Proibição das Armas Químicas (CPAQ, 1993/1997): considerada, a rigor, o único
instrumento multilateral de “desarmamento” propriamente dito, pois determina que os Estados
partes devem destruir seus estoques em dez anos, com órgão de verificação (OPAQ). A CPAQ lista
compostos proibidos por não terem uso pacífico, e compostos que servem a fins pacíficos e bélicos

o Quase universal: 193 Partes (Coreia do Norte, Egito, Israel e Sudão do Sul fora); não há categoria
diferenciada de membros autorizados a manter seus arsenais

 Organização para a Proibição das Armas Químicas


o Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ): com sede na Haia, passa a operar com a
entrada em vigor da CPAQ; promove e fiscaliza se a Convenção é cumprida, por avaliação de
relatórios e inspeções presenciais. Diretor-Geral é o espanhol Fernando Arias (desde 2018);
brasileiro Maurício Bustani foi o primeiro Diretor-Geral (1997-2002)

o Estoques declarados e destruídos: Albânia, Coreia do Sul, Índia, Iraque, Líbia e Rússia. A Síria pode
não ter declarado seu estoque inteiro. EUA projeta para 2023 a conclusão da destruição de seus
estoques (prazo original era 2012).

o Conferências dos Estados partes: encontros anuais de uma semana

o Conferências de Revisão: ocorre a cada cinco anos, desde 2003. Quarta edição (2018) é a primeira
sem declaração final: impasse entre Ocidente e bloco sinorusso (além de Irã, Síria e países da OTSC)
acerca de mecanismo de investigação da Secretaria da OPAQ

 Desenvolvimento contemporâneo do tema


o Armas químicas na Guerra Civil Síria (2012-): uso no conflito desde 2012; em 2013, Síria adere à
CPAQ e se compromete a destruir arsenal (tarefa supostamente concluída em 2014). Em 2015,
Conselho de Segurança estabelece mecanismo conjunto ONU-OPAQ para apurar ataques químicos,
que conclui em 2016 que atos vieram do regime de Assad e do autoproclamado Estado Islâmico. Em
2017, novo incidente químico motiva ataque aéreo dos EUA a base aérea síria; no mesmo ano,
Rússia e China passam a obstruir ações no CSNU, vetando resoluções contrárias a Assad e impedindo
a renovação do mecanismo com a OPAQ. Em 2018, possível incidente químico leva a bombardeios
de EUA, França e Reino Unido

o Rússia destrói seu arsenal (2017): supervisão da OPAQ; apenas EUA pendentes

o Caso Sergei Skripal (2018): envenenamento de ex-agente duplo russo e sua filha no Reino Unido;
OPAQ encontra evidências de composto desenvolvido por URSS e Rússia; crise entre russos e
britânicos (e outros 29 países); ataques e expulsões recíprocas de diplomatas; OTAN também
expulsa diplomatas russos

Regimes transversais
 Interseção entre ADMs e armas convencionais

Vetores e transportes de ADMs

 Regime de controle de mísseis


o Regime de Controle de Tecnologias de Mísseis/MTCR (1987). Acordo político informal estabelecido
pelos países do G7, para conter a disseminação de sistemas não tripulados de transporte de armas
de destruição em massa, em especial mísseis e veículos aéreos não tripulados. O MTCR não é um
tratado e não impõe nenhuma obrigação vinculante a seus parceiros

o Membros: MTCR conta hoje com 35 países (Brasil aderiu em 1995). Ausências: China, Coreia do
Norte e Paquistão (Índia foi o último país a aderir, em 2016).

o Código de Conduta da Haia sobre Mísseis Balísticos (ICOC, 2002): instrumento normativo que
complementa o MTCR; com menos restrições, o ICOC tem hoje 138 signatários, incluindo a Santa Sé;
Brasil não adere

Conferência de Desarmamento

 Debates sobre novos tratados


o Objetivo: criada em 1979, a Conferência é a principal instância multilateral que versa sobre novos
tratados sobre desarmamento (ADMs ou convencionais); suas decisões demandam consenso. Conta
com 65 membros e 37 observadores, sede em Genebra.

o Origens: é possível voltar ao Ato de Bruxelas (1890), mas debate sobre o tema ganha tração com as
Nações Unidas (Comitê das 10/18 Nações, 1960-69; Comitê da Conferência do Desarmamento
(1969-78).

o Instrumentos concluídos: TNP, CPAB, CPAQ, CTBT (esta não entrou em vigor até hoje). Desde a CTBT
(1996), não consegue avançar mais debates (entre os temas debatidos estão acordos sobre corrida
armamentista no espaço (PAROS) e sobre sistemas de armas autônomos letais (LAWS)

Armas convencionais
 E outros regimes internacionais
o Não há um regime internacional sobre o tema, é muito complexo, o que há são acordos em diversos
temas
o Danos causados por armas convencionais são muito maiores historicamente que ADMs

 O que são? Importância e impactos


o Conceito: armas convencionais são aquelas que não são armas de destruição de massa (ADMs). Elas
incluem (rol não exaustivo): veículos blindados de combate, helicópteros e aviões de combate,
navios de guerra, armas portáteis, minas terrestres, munições agregadas, munições convencionais e
artilharia.

o Relevância: essas armas são as principais ferramentas usadas em guerras até hoje. Embora sejam
capazes de causar danos substanciais, frequentemente recebem menos atenção quando
comparadas às ADMs.

o Impactos: humanitários (mortos, feridos, mutilados, deslocados de seus lares, entre outros);
econômicos (destruição de infraestruturas, enfraquecimento da estabilidade econômica); políticos
(mudança de dinâmicas entre países, uso de armas por interesses nacionais, entre outros)

 Política externa e comércio de armas


o Mercado de armas: Estados investem muito em armas convencionais, o que fortalece interesses
comerciais relacionados a esse tipo de arma, desviando recursos que seriam aplicáveis a
necessidades básicas do ser humano (educação, saúde, infraestrutura).
o Armas e relações externas: o simples ato de negociar compra de armas causa disrupções políticas.
Exemplo recente: a Turquia, ao anunciar que negociava a compra de um sistema de defesa da China,
que não integra a OTAN, levou os membros da aliança atlântica a debater o tema (no fim, os turcos
adquiriram um sistema da Rússia).

o Armas convencionais como indutoras de arsenais nucleares: o Paquistão teve como principal razão
para desenvolver seu arsenal nuclear a superioridade militar convencional da Índia (após derrota na
guerra em 1971).

 Formação do regime internacional

o Marco inicial: Convenção da ONU sobre Armas Convencionais – CCAC - (1980/83), primeiro ato que
proscreve/restringe uso de armas que causam sofrimento desnecessário ou injustificável a
combatentes, ou que afetam civis de forma indiscriminada.

o Controle: Rede Europeia Contra o Comércio de Armas (ENAAT, 1984); Arranjo de Wassenaar (1996)
– Brasil não faz parte -, primeiro arranjo global para controle de exportações de armas e de
produtos/tecnologias sensíveis de uso dual; prevê revisão periódica das estatísticas de comércio. Na
década de 2000, campanha leva a resolução que inicia negociações de acordo vinculante sobre
comércio de armas (TCA).

o Registro de Armas Convencionais das Nações Unidas (1991): mandato para lidar com desafios
conexos à proliferação dessas armas; promoção de maior transparência no comércio de armas;
desencoraja sua acumulação

 Convenção sobre Certas Armas Convencionais


o Convenção sobre Proibições ou Restrições ao Emprego de Certas Armas Convencionais, que
Podem Ser Consideradas como Excessivamente Lesivas ou Geradoras de Efeitos Indiscriminados
(CCAC, 1980/1983): primeiro instrumento jurídico do atual regime.

o Propósito: a CCAC busca banir ou restringir o uso de tipos específicos de armas que podem ser
consideradas como causadoras de sofrimento desnecessário ou injustificado, ou que afetam civis de
forma indiscriminada.

o Estrutura flexível: convenção-quadro com provisões gerais sobre o tema e regras acerca da adesão
ao regime e da possibilidade de negociar e adotar novos protocolos. A parte substantiva da CCAC
está nos protocolos anexos, que estabelecem proibições e restrições para cada tipo de armas: I
(armas de fragmentação não detectável), II (minas e armadilhas), III (incendiárias), IV (armas a laser
que causam cegueira) e V (explosivos remanescentes)

 Convenção sobre Certas Armas Convencionais


o Armas convencionais: armas de fragmentação não detectável; minas e armadilhas; armas
incendiárias; armas a laser que causam cegueira; explosivos remanescentes. São concebidas para
uso em campos de batalha abertos; conflitos cada vez mais urbanos, o que torna civis alvos
indiscriminados (cerca de 90% dos mortos e feridos).

o Conflitos domésticos: escopo original era interestatal, mas em 2001, 75 Estados concordaram em
ampliar o escopo para conflitos armados internos.

o Situação atual: 125 Estados partes e quatro signatários sem ratificação. Na V Conferência de Revisão
(2016), partes atestam necessidade de universalização. Baixa adesão na África, no Sudeste Asiático e
no Oriente Médio.
o Brasil: deposita sua adesão em 1995, internalização por decreto em 1998; país adere a todos os
Protocolos da CCAC.
 Tratado sobre o Comércio de Armas

o Tratado sobre o Comércio de Armas (TCA, 2013/2014): regulamenta comércio internacional de


armas convencionais, leves ou pesadas; combate tráfico de armas e proíbe exportação para regiões
em conflito ou que violem DH.

o Propósito: governos são provedores centrais de segurança (direito e dever soberanos, exercidos
conforme o estado de direito). Assim, forças armadas e de segurança empregam legitimamente uma
gama de armas, adquiridas via produção nacional ou importação. Cada Estado deve assegurar que
essas armas serão negociadas de forma segura, não acabando em mãos erradas

o Complementos: relatórios do SGNU e resoluções do CSNU sobre armas leves; Registro de Armas
Convencionais da ONU; e instrumentos como a Convenção de Palermo (2000), que tem no crime
organizado transnacional seu foco, mas um de seus Protocolos trata do combate à fabricação e ao
tráfico ilícito de armas de fogo, suas peças, componentes e munições.

o Situação atual: 110 Estados partes e 31 signatários com ratificação pendente (EUA); Rússia, Índia e
Arábia Saudita não assinaram. Assim como na CCAC, ainda falta muito para que o TCA se torne um
tratado universal; grande dificuldade está no tema ter grande relevância comercial: desde 1995, o
fluxo comercial de armas no mundo manteve-se estável, com EUA e Rússia sendo grandes
exportadores de armas, ao passo que países como Arábia Saudita e Índia figuram entre os principais
destinos

o Brasil: o país é signatário original do documento, em junho de 2013, mas só deposita seu
instrumento de ratificação em agosto de 2018. Assim, está vinculado em âmbito internacional ao
instrumento desde novembro de 2018. Observação: o Brasil ainda não internalizou o TCA, faltando a
promulgação de Decreto por parte do Executivo (obrigado em âmbito internacional, mas não no
doméstico). E não houve encaminhamento de relatórios em 2019 e 2020

 Convenção de Ottawa
o Convenção sobre a Proibição do Uso, Armazenamento, Produção e Transferência de Minas
Antipessoais e sobre sua Destruição (1997/1999): bane minas antipessoais; foi negociada em
grande parte fora da ONU, com engajamento de ONGs.

o Objeto da Convenção: as minas terrestres antipessoais foram fonte de sofrimento ao longo das
últimas décadas, sendo alvo de proibição pela Convenção. O impacto do instrumento foi imediato,
com grande redução de mortos e feridos, assistência a vítimas, estoques destruídos e um número
cada vez maior de Estados livres de minas. Mas ainda não há regulação do uso de minas antiveículos,
que tiram a vida de muitos civis, além de restringir o movimento de pessoas e comboios
humanitários, deixar largas porções de terra impróprias para cultivo e impedir acesso das pessoas a
água, comida, serviços médicos e comércio

o Situação atual: a Convenção tem 164 Estados partes, sendo a de maior adesão dentro do regime de
armas convencionais; entre os 32 que ainda não assinaram, estão EUA, Rússia, China, Índia, Israel,
Irã, Coreia do Sul e Coreia do Norte. A última resolução da AGNU (A/RES/75/52) sobre a
implementação da Convenção foi adotada com 169 votos a favor e nenhum contra (17 abstenções).

o Brasil: signatário original do documento, depositou a ratificação e internalizou a Convenção via


decreto em 1999. País foi grande produtor de minas, em especial nas décadas de 1970 e 1980,
exportadas para América Latina e África. Com a CCAC, Brasil reduziu a produção, mas só deixou de
exportar na década de 1990; em 2003 o país completou a destruição de seus estoques
remanescentes.

o Brasil e desminagem: expertise destacada; especialistas militares atuaram na detecção e remoção


de minas na Colômbia desde 2006.

 Convenção de Oslo/CCM
o Convenção sobre Munições Agregadas (CCM, 2008/10): proíbe uso, desenvolvimento, produção,
aquisição, estoque e transferência de munições agregadas, assim como assistência ou
encorajamento para esses atos; assim como a Convenção de Ottawa, foi negociada em grande parte
fora da ONU, com engajamento de ONGs

o Objeto da Convenção: as munições agregadas (“cluster munitions”) se caracterizam pela divisão em


fragmentos (submunições ou miniexplosivos), que atingem uma área mais ampla; assim, são pela
sua própria natureza pouco precisas quando de seu uso. Muitos dos fragmentos acabam não
explodindo, permanecendo no solo e se tornando perigo extremo aos civis, tanto durante quanto
muito depois do fim do conflito em suas comunidades.

o Situação atual: 111 Estados partes e dois signatários sem ratificação. Entre os que não assinaram,
estão Brasil, Argentina, China, EUA, Índia, Irã, Israel e Rússia. Questões comerciais são óbice para
universalização do instrumento

o Brasil: país não participou das negociações da CCM, não assinou o instrumento e não aderiu a ele.
País é produtor e exportador de munições agregadas; à época da conclusão das negociações, havia
um esforço de promover a indústria de defesa via exportações bélicas. Brasil também argumenta
que o foro legítimo para o tema seria o Protocolo V da CCAC (mais universal e não discriminatório).
Finalmente, o Brasil aponta que um dispositivo da CCM abre brecha para que Estados partes,
quando em operações militares conjuntas com Estados não partes, usem munições agregadas

 Dispositivos Explosivos Improvisados (IEDs)

o Terror improvisado: IEDs são usados em ataques que matam e ferem milhares de pessoas todos os
anos, danificam infraestruturas e espalham medo pelas comunidades afetadas.

o Dificuldade de controle: ao contrário das demais armas convencionais, IEDs são produzidos à
margem de controles governamentais; assim, acaba ineficaz a tentativa de regular produção,
comércio e uso dessas armas por intermédio de um instrumento multilateral convencional.

o Atuação doméstica: governos devem conciliar suas políticas de fiscalização e controle em setores
distintos (mineração, desenvolvimento urbano, gestão de estoques militares, agricultura e segurança
da aviação, por exemplo), em abordagem abrangente a uma ameaça que, embora aparente ser
interestatal, é eminentemente doméstica

 Tratamento em âmbito hemisférico

o OEA: a Comissão de Segurança Hemisférica é o órgão que trata do controle do comércio de armas
convencionais no âmbito hemisférico.

o Convenção Interamericana contra a Fabricação e o Tráfico Ilícitos de Armas De Fogo, Munições,


Explosivos e Outros Materiais Correlatos (1997/1998): busca combater produção e tráfico ilícitos
dessas armas; cooperação e intercâmbio de informações e experiências. Previa, a cada cinco anos,
Conferência dos Estados Partes, o que ocorreu apenas duas vezes, a última em 2008, na Cidade do
México. Brasil deposita ratificação em 1999 e é parte atuante nos debates sobre o tema.

o Convenção Interamericana sobre Transparência nas Aquisições De Armas Convencionais


(1999/2002): abertura e transparência na aquisição de armas (intercâmbio de informações sobre
aquisições); construção de confiança mútua. Prevê relatórios anuais sobre comércio de armas
convencionais; Conferência dos Estados Partes (2009). Brasil deposita ratificação em 2006.

 Tratamento em âmbito regional

o MERCOSUL: Grupo de Trabalho sobre Armas de Fogo e Munições do MERCOSUL e Estados


Associados (GTAFM), vinculado ao Foro de Consulta e Concertação Política (FCCP); reuniões
semestrais (última sob a PPT do Brasil foi a 34ª Reunião, em Foz do Iguaçu. Conta com Subgrupo
Técnico; coordenação de políticas conexas à prevenção e fortalecimento do combate para
erradicação da fabricação e do tráfico ilícito de armas de fogo, munições, explosivos e outros
materiais relacionados, além de harmonizar legislações nacionais e compartilhar e intercambiar boas
práticas.

o Brasil no GTAFM: anfitrião da XXXIV Reunião Ordinária do GT; busca participar de iniciativas de
cooperação de políticas relacionadas ao tema, além de reforçar a ação concertada em matéria penal,
que inclui, entre outros delitos a serem combatidos, o tráfico de armas

Além do Planeta Terra

 Instrumentos relativos ao espaço

o Tratado do Espaço Sideral (1967): proíbe a colocação de armas nucleares no espaço e limita o uso
da Lua e dos demais corpos celestes a fins pacíficos; espaço livre para exploração por todas as
nações, mas veda reivindicações de soberania sobre o espaço sideral ou qualquer corpo celeste; não
proíbe atividades militares, salvo o uso de ADMs no espaço. Conta com 111 Estados parte, (incluídas
as potências espaciais e o Brasil).

o Tratado da Lua (1979/1984): jurisdição sobre Lua e corpos celestes submetida ao direito
internacional; contudo, baixa adesão (18 Estados parte, nenhum dos que já enviou voos tripulados
ao espaço ou tem planos de fazê-lo).

o Corrida Armamentista no Espaço Sideral (PAROS): tema discutido desde o Tratado do Espaço
Sideral de 1967; Resolução A/RES/36/97C da AGNU (1981) reafirma fundamentos do tratado
espacial e defende banimento das armas no espaço. Discussão de possível tratado na Conferência de
Desarmamento desde 1985: Comitê Ad Hoc sobre Prevenção de Corrida Armamentista no Espaço
Sideral, mas nunca houve mandato permanente por resistência, sobretudo, dos EUA.

o Acordos de Ártemis (2020): acordo internacional entre governos participantes do Programa Ártemis
(2017), iniciativa de missões tripuladas à Lua liderada pelos EUA (governo Trump criou o programa,
que foi endossado pela gestão Biden em fevereiro de 2021); estabelece estrutura para cooperação
no uso pacífico e exploração civil da Lua, de Marte e outros corpos celestes. Agências espaciais de
nove países já aderiram; Brasil formalizou intenção de adesão em dezembro de 2020. Rússia critica
(foco excessivo nos EUA)

CACD 2017 – PI – Questão 2

No dia 7 de julho de 2017, foi adotado, no âmbito da Organização das Nações Unidas, o Tratado sobre a Proibição de
Armas Nucleares. Esse tratado complementa o arcabouço jurídico existente na área de desarmamento, uma vez que
as outras armas de destruição em massa — químicas e biológicas — já haviam sido banidas. O Brasil foi um dos
proponentes — ao lado de África do Sul, Áustria, Irlanda, México e Nigéria — da resolução da Assembleia-Geral das
Nações Unidas que convocou a conferência internacional para negociar o texto do tratado.

À luz dos compromissos brasileiros no âmbito do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), dos princípios do
direito internacional humanitário e do preceito constitucional relativo à atividade nuclear em território nacional,
discorra sobre as razões que levaram o Brasil a exercer papel de liderança na convocação da conferência
negociadora e na adoção do Tratado sobre Proibição de Armas Nucleares. (90 linhas – 30 pontos)

Padrão de resposta

1. Descrição dos antecedentes e da evolução da participação do Brasil no regime de não proliferação, desde a
década de 1960 até os dias de hoje, com foco na posição brasileira a respeito da necessidade de equilíbrio na
implementação dos três pilares fundamentais do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) – desarmamento, não
proliferação e uso pacífico. É imprescindível que o candidato explique a posição brasileira quanto à obrigação do
artigo 6º do TNP e o esforço do Brasil e dos países afins com o intuito de lograr a implementação desse artigo, que se
refere ao desarmamento nuclear, ao lado dos outros dois pilares (uso pacífico da energia nuclear e não proliferação).
(...)

(...) Espera-se que o candidato inclua, na descrição do papel desempenhado pelo Brasil nesse contexto, referência ao
apoio e à adesão do Brasil aos tratados internacionais de proibição de outras armas de distribuição em massa
(químicas e biológicas), assim como à participação do Brasil nas Conferências de Exame do TNP, na Coalizão da Nova
Agenda e em instrumentos jurídicos e arranjos relevantes na área nuclear, em particular o Tratado de Tlatelolco, a
Agência Brasileiro-Argentina de Controle e Contabilidade de Materiais Nucleares (ABACC) e o Acordo Quadripartite
(Brasil, Argentina, ABACC, AIEA), o Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT – não está em vigor) e
o Grupo de Supridores Nucleares. (...)

(...) Nesse contexto, o candidato deverá discorrer sobre a reação do Brasil (3D’s) diante dos argumentos geralmente
utilizados pelos países nuclearmente armados para defender uma perspectiva gradualista no tema do
desarmamento. O candidato deverá discorrer, em particular, sobre frustração com a falta de disposição dos países
nuclearmente armados em dar passos concretos rumo ao desarmamento nuclear, fator determinante para buscar
complementar TNP por meio da negociação e da adoção do TPAN

2. O candidato deverá discorrer sobre a argumentação utilizada pelo Brasil e por outros países com visão semelhante
a respeito da incompatibilidade das armas nucleares com os seguintes princípios consagrados pelo direito
internacional humanitário: distinção entre civis e combatentes, proibição de ataques contra os que estão fora de
combate ("hors de combat"), proibição de causar sofrimento desnecessário, noção de necessidade, princípio da
proporcionalidade e princípio da humanidade (direito humanitário da Haia). É importante que o candidato
demonstre conhecer, ainda que em linhas gerais, o debate mais recente sobre armas nucleares no âmbito da Corte
Internacional de Justiça (opinião consultiva sobre a legalidade da ameaça de uso de armas nucleares, de 1996, e
decisão sobre objeção de jurisdição no caso Ilhas Marshall contra Índia, Paquistão e Reino Unido, de 2016). (...)

(...) Mais do que discorrer em pormenores sobre esse debate jurídico, espera-se que o candidato seja capaz de
vincular tanto os argumentos de natureza humanitária quanto as dificuldades de avanços judiciais na proibição de
armas nucleares como importantes fatores que contribuíram para levar o Brasil e os outros países a buscar a via da
negociação e a adoção do TPAN com o intuito de promover a proibição desse tipo de armas. Nesse contexto, o
candidato deverá demonstrar conhecer a participação brasileira na "Iniciativa Humanitária", que levou à organização
de três conferências recentes sobre o impacto humanitário das armas nucleares em Oslo (2013), Nayarit (2014) e
Viena (2014)

3. O candidato deverá demonstrar conhecimento sobre o conteúdo do artigo 21, inciso XXIII, letra "a", da
Constituição Federal como um dos fundamentos das posições adotadas pelo Brasil em matéria de não proliferação
(Brasil defende desarmamento e não proliferação), uso da energia nuclear para fins pacíficos e desarmamento
nuclear. Ao discorrer sobre esse ponto, espera-se que o candidato seja capaz de correlacionar o artigo mencionado
com os princípios que regem o Brasil em suas relações internacionais (artigo 4º da Constituição Federal) e que
demandam, diante da conjuntura internacional contemporânea, com o crescimento da tensão da Península Coreana
e o acirramento da rivalidade geopolítica entre os países detentores de arsenais nucleares, a busca de alternativas
que levem ao desarmamento nuclear e um mundo mais pacífico. (...)

(...) Embora não se espere que o candidato apresente uma análise pormenorizada da importância da opinião pública
e do papel das ONGs no avanço da causa de um mundo livre de armas nucleares, o candidato deverá demonstrar ter
presente esses aspectos no contexto da explicação sobre a liderança brasileira no tema, uma vez que a sociedade
civil foi uma aliada importante do Brasil e dos demais países proponentes da conferência negociadora do TPAN

 Pode servir de pressão interna; alguns estados nos EUA proscreveram armas nucleares

Observação de TPS

 SCCC é um mecanismo de controle a a ABACC, criada em 1991, não foi parte da estratégia do Brasil para
adesão ao TNP, mas de construção de confiança com a Argentina

 Entre os órgãos que integram a estrutura da OEA, figura o Comitê Interamericano contra o Terrorismo, entre
cujas funções estão o apoio aos países-membros para desenvolver sua capacidade de defesa cibernética, de
proteção de seus domínios marítimos e de combate à proliferação de armas de destruição em massa, no
marco da Resolução 1.540 do Conselho de Segurança da Nações Unidas.

Guerra Cibernética

 Formação incipiente de um novo regime

 O uso de armas no meio digital


o Conceito: modalidade de guerra que envolve uso de ataques digitais contra um Estado, causando
danos informacionais comparáveis aos de guerras físicas e/ou prejudicando sistemas
computacionais relevantes. Países como EUA, Índia, China, Rússia, Israel, Irã e Coreia do Norte
desenvolveram capacidades cibernéticas ofensivas e defensivas. Cada vez mais as operações
cibernéticas mesclam suas particularidades com elementos de guerras convencionais, o que
aumenta o risco de uma operação gerar confrontações físicas e violência
 Pode fazer um ataque cibernético para desativar o sistema de defesa antiaérea e com isso
fazer um ataque militar tradicional

o Impacto político: “guerra cibernética é a continuação da política por ações no ciberespaço de atores
estatais, ou atores não estatais com apoio ou orientação significativa de seus Estados, que
constituem séria ameaça à segurança de outro Estado, ou uma ação da mesma natureza adotada
como resposta a uma ameaça à segurança deste Estado, seja esta ameaça verdadeira ou percebida”
(Paulo Shakarian)

 Impactos e modalidades
o Modalidades de ciberguerra: ciberataques podem ser usados como suporte em uma guerra
tradicional (desativar sistemas de defesa para facilitar ataque aéreo); a ciberespionagem não é ato
de guerra, mas é fonte de tensões entre nações (escândalo da NSA em 2013; EUA espionando países
como Brasil e Alemanha). Outra modalidade explora vulnerabilidade de componentes de um
sistema, como computadores e satélites, para interceptar informações, ordens e comunicações, ou
registrar comandos maliciosos para danificar e mesmo inutilizar um sistema (caso Stuxnet, software
malicioso supostamente usado como arma cibernética para causar a queda da capacidade
operacional da centrífuga iraniana de Natanz, utilizada para enriquecimento de urânio)

 Tentativa de conformação de um regime


o Impactos: ataques podem prejudicar infraestruturas de todo tipo, incluindo fornecimento de
energia, água, combustível, comunicações e transportes. Até mesmo o mercado de ações pode ser
alvo de atos de guerra cibernética.
o Busca de um regime: não há arcabouço legal com abrangência e aceitação global; tenta-se definir o
que é aceitável e o que não é na guerra cibernética.

o Convenção contra a Criminalidade Cibernética (Convenção de Budapeste, 2001/2004): sob a égide


do Conselho da Europa; cooperação internacional para combate ao crime cibernético, busca política
criminal comum e adoção de legislação adequada. 62 Estados partes, Brasil oficialmente convidado a
aderir em 2019 (prazo para definir adesão é de três anos); texto tramita no Congresso desde julho
de 2020

 Relação com o crime organizado

o Centro de Excelência de Ciberdefesa Cooperativa da OTAN (CCDCOE): Tallinn (Estônia), construído


em 2008 após ciberataques russos contra o país báltico; busca melhorar a interoperabilidade entre
as defesas cibernéticas relacionadas à OTAN, aperfeiçoar segurança da informação, educação e
capacitação relacionadas à ciberdefesa, analisar aspectos legais da defesa cibernética.

o Manual Tallinn (2013 -1ª edição-/2017 – 2ª edição): documento acadêmico não vinculante; estuda
como o direito internacional se aplica a conflitos cibernéticos. Apoio do CCDCOE, primeira edição em
2013 e segunda (Tallinn 2.0) em 2017, com escopo ampliado (relação entre segurança e paz
internacional e atividades cibernéticas). Em curso processo de revisão e expansão (Tallinn 3.0), sem
data prevista de publicação, mas que deve incluir temas como mecanismos de responsabilização e
solução de ambiguidades

 Outras instituições e estruturas

o Agenda Global de Cibersegurança (GCA, 2017): na União Internacional de Telecomunicações (UIT),


agência especializada da ONU; estrutura legal de cooperação, construção de confiança e segurança
informacional. Cinco pilares: medidas legais; medidas procedimentais e técnicas; estruturas
organizacionais; construção de capacidades; cooperação internacional
o Índice Global de Cibersegurança (GCI): referência confiável para medir o comprometimento dos
países com a cibersegurança em nível global. Edição mais recente do GCI (GCIv3) em 2018; Brasil em
70ª posição (175 países avaliados), sexto lugar no continente americano.

o Equipes Nacionais de Resposta a Incidentes Computacionais (CIRTs): pontos focais para coordenar
respostas a ciberataques de forma imediata e eficiente. Cerca de 120 CIRTs no mundo; na América
do Sul, apenas Bolívia, Guiana e Suriname não dispõem de equipe.

 Debates sobre o tema no Brasil

o Pouca integração: ao contrário de boa parte dos países, o Brasil tratou ideias de defesa cibernética e
segurança cibernética separadamente ao longo dos últimos anos; temas devem ser integrados, com
ações coordenadas. Política Nacional de Segurança da Informação (2018) é tentativa de colmatar
lacuna, citando a necessidade de articulação entre as ações de segurança e defesa cibernética e de
cooperação com outros países.

o Exemplo da abordagem pouco integrada: órgãos diferentes são responsáveis pela gestão da
segurança cibernética (GSI) e da defesa cibernética (MDef). Mas há iniciativas no sentido de
aumentar a cooperação, como o exercício Guardião Cibernético (parceria entre as duas pastas),
treinamento de ações de proteção cibernética com técnicas virtuais de simulação e práticas de
gestão de incidentes.
o Programa de Defesa Cibernética Nacional (2013): busca incrementar atividades de capacitação,
ciência, doutrina, tecnologia e inovação, inteligência e operações no âmbito da defesa nacional;
pacifismo cibernético, sem intenção de lançar ataques a outros países.

o Estratégia Nacional de Segurança Cibernética (E-Ciber, 2020): tentativa de estabelecer um


arcabouço autóctone e abrangente de segurança cibernética.

o Centro de Defesa Cibernético (CDCiber, 2012): vinculado ao Exército; proteger sistemas de


informações e neutralizar fontes de ataques, prevenindo possíveis ataques digitais

o Outros instrumentos conexos: Marco Civil da Internet (2014); Lei de Proteção de Dados (2018)

Terrorismo

 É uma questão contemporânea

Definição e motivações

 Dificuldade para definição: não há definição universal de terrorismo, e variam muito as referências na
literatura sobre o tema. Global Terrorism Index (GTI): “a ameaça ou uso de força ilegal e violência por um
ator não estatal (há estados que atuam como financiadores ou mesmo como ativista) para alcançar uma
meta política, econômica, religiosa ou social por meio do medo, da coerção ou da intimidação”. Para chegar
ao objetivo aterroriza as pessoas

 Terroristas: os que perpetram atos terroristas podem ser indivíduos, grupos não estatais, estejam eles fora
do aparato estatal ou com apoio financeiro ou logístico de Estados; *polêmica conceitual acerca de
“terrorismo de Estado”.

 Motivações: táticas político-militares com fins ideológicos, com razões diversas (sentimento de exclusão
econômica e social; privação de direitos; alienação identitária; resposta a ocupações estrangeiras, entre
outros).

Global Terrorism Index (2020)

 Amostragem: 164 países analisados; considera-se indicadores como mortos, feridos e número de incidentes,
além do impacto psicológico dos ataques.
 Regiões afetadas: Oriente Médio e Ásia Central; África Subsaariana vive crescimento recente; Índia e
Filipinas.
 América Latina: Colômbia sofre com problema desde década de 1960 (atuação de traficantes ligados a
grupos de esquerda e de direita); nos demais países da região, é dinâmica secundária. Brasil ocupa a 68ª
posição em 2020 (subiu seis colocações).
Origens do arcabouço internacional hodierno

 Antecedentes históricos: primeiro uso do termo por Graco Babeuf (1794), no marco do Terror de
Robespierre (1793-1794). Tema é renovado na década de 1970 (conflito entre Israel e Palestina; Irlanda do
Norte e o IRA; País Basco e o ETA; Grupo Baader-Meinhof na Alemanha – grupo extremista de esquerda que
surgiu na década de 1970).

 Ataques de 11 de setembro: tema, candente nas décadas de 1980 e 1990, torna-se central após ataques
contra o World Trade Center e o Pentágono (2001). A “Guerra ao Terror” engendrada pelos EUA como
resposta aos ataques.

 Arcabouço jurídico: embora o tema esteja na agenda internacional desde a Liga das Nações, hoje o conjunto
de dispositivos relacionados ao tema consiste de 15 convenções sob a égide da ONU (todas em vigor) e
disposições em Resoluções do CSNU sobre o combate a certos grupos terroristas

 Convenção Abrangente sobre Terrorismo Internacional: ainda em negociação; divergências conceituais


impedem a conclusão do instrumento.

Arcabouço jurídico internacional – convenções

 Tentativa de regime: hoje, mais de uma dezena de convenções internacionais sobre combate ao terrorismo,
setoriais, elaboradas sob os auspícios da ONU, de suas agências especializadas e da AIEA:
o Convenção Relativa às Infrações e Outros Atos Cometidos a Bordo de Aeronaves (Convenção de
Tóquio, 1963);

o Convenção para a Repressão ao Apoderamento Ilícito de Aeronaves (Convenção da Haia, 1970) e seu
protocolo (Protocolo de Pequim, 2010);

o Convenção para a Repressão de Atos Ilícitos contra a Segurança da Aviação Civil (Convenção de
Montréal, 1971) e seu Protocolo para a Repressão de Atos Ilícitos de Violência em Aeroportos que
Sirvam à Aviação Civil Internacional (1988);
o Convenção sobre a Prevenção e Punição de Crimes contra Pessoas que Gozam de Proteção
Internacional (Convenção sobre Agentes Diplomáticos, 1973);
 Mais convenções
o Convenção Internacional contra a Tomada de Reféns (1979);

o Convenção sobre a Proteção Física do Material Nuclear (1979);

o Convenção para a Supressão de Atos Ilícitos contra a Segurança da Navegação Marítima (1988) e seu
Protocolo para a Supressão de Atos Ilícitos contra a Segurança das Plataformas Fixas Situadas na
Plataforma Continental (1988)

o Convenção sobre Marcação de Explosivos Plásticos para Fins de Detecção (1991);

o Convenção sobre a Segurança das Nações Unidas e Pessoal Associado (1994);

o Convenção Internacional sobre Supressão de Atentados Terroristas com Bombas (1997);

 Mais convenções
o Convenção Internacional para Supressão do Financiamento do Terrorismo (1999);

o Convenção Internacional para a Supressão de Atos de Terrorismo Nuclear (2005)

o Convenção para a Repressão de Atos Ilícitos Relacionados com a Segurança da Aviação Civil
(Convenção de Pequim, 2010) – única ainda não ratificada pelo Brasil.

 Lacuna principal: está em negociações proposta de convenção abrangente a respeito do tema, que possa
suplementar ou mesmo substituir as convenções setoriais existentes. Atual definição do crime de terrorismo
usada nos debates (Resolução 51/210 da AGNU) trata da questão do dano e do propósito da ação, mas há
controvérsia quanto à aplicação do conceito a movimentos de autodeterminação ou forças armadas de um
Estado.

Arcabouço jurídico internacional – CSNU

 Resolução 1373 (2001): adotada sob o Capítulo VII da Carta da ONU (vinculante a todos os membros);
resposta institucional aos atentados de 11 de setembro, considerada a faceta normativa da “guerra ao
terror”. Estados devem adotar legislação sobre o tema, tipificando os crimes relacionados ao terrorismo, e
insta partes à cooperação em inteligência. Cria o Comitê contra o Terrorismo (CTC); Resolução 1535 (2004)
cria Comitê Executivo do CTC (CTED).

 Comitês de sanções contra terroristas: embargo de armas, congelam bens e vedam viagens. Dois comitês:
ISIL, al-Qaeda e indivíduos associados, com base nas Resoluções 1267 (1999), 1989 (2011) e 2253 (2015);
Talibã, base na Resolução 1988 (2011), que separa membros antes incluídos na Resolução 1267. Lista para
ISIL e al-Qaeda inclui 260 indivíduos e 89 entidades (abril/2021); listas do CSNU são as únicas
internacionalmente reconhecidas de grupos terroristas aceitas pelo Brasil

Resoluções recentes do CSNU

 Resoluções 2170 e 2178 (2014): ameaças à paz e à segurança internacionais (ISIL e Frente al-Nusra).

 Resolução 2249 (2015): sobre o ISIL; autoriza uso da força para prevenção a atos terroristas em territórios
sob controle do grupo.

 Resoluções 2253 e 2255 (2015): expansão do regime de sanções contra grupos terroristas (ISIL e al-Qaeda,
respectivamente).
 Resolução 2309 (2016): ameaças à paz e à segurança internacionais: proteção da aviação civil internacional.
 Resolução 2322 (2016): ameaças à paz e à segurança internacionais: insta Estados para cooperação judicial
internacional.

 Resolução 2341 (2017): conclama Estados para que lidem com ameaças de atentados contra infraestruturas
críticas.

 Resolução 2370 (2017): prevenção para que armas não cheguem às mãos de grupos terroristas.

 Resolução 2462 (2019): sobre combate ao financiamento do terrorismo.

 Resolução 2560 (2020): insta Estados a imporem sanções de forma mais ativa contra indivíduos e grupos
ligados ao ISIL e à al-Qaeda

Nações Unidas e iniciativas globais

 Estratégia Global das Nações Unidas contra o Terrorismo (A/RES/60/288, 2006): com quatro pilares: abordar
condições que propagam o terrorismo; prevenção e combate; fortalecer capacidades dos Estados e da ONU
para prevenir e combater o terrorismo; garantir a todos o respeito aos direitos humanos e o Estado de
direito como base da luta contra o terrorismo

 Escritório de Contraterrorismo das Nações Unidas (2017): coordena ações de contraterrorismo da ONU
(incluindo a Estratégia Global)

 Exemplos fora da ONU: Grupo de Trabalho sobre Contraterrorismo (BRICS); Centro Europeu de Luta contra o
Terrorismo (CELT/Europol/UE)

Regime hemisférico/interamericano

 OEA: Convenção para Prevenir e Punir os Atos de Terrorismo Configurados em Delitos Contra as Pessoas e a
Extorsão Conexa, Quando Tiverem Eles Transcendência Internacional (1971/1973); Convenção
Interamericana Contra a Fabricação e o Tráfico Ilícitos de Armas de Fogo, Munições, Explosivos e Outros
Materiais Correlatos (1997/1998); Convenção Interamericana contra o Terrorismo (2002/2005); Comitê
Interamericano contra o Terrorismo (CICTE).

 Conferências Ministeriais Hemisféricas de Luta contra o Terrorismo: três edições (Washington/2018, Buenos
Aires/2019 e Bogotá/2020; condenam ou expressam preocupação com ISIL, al-Qaeda, Hezbollah (Líbano) e
ELN (Colômbia). Os últimos dois não figuram na lista do CSNU

Ciberterrorismo

 Definição: ciberterrorismo é o uso de meios digitais para perpetrar atos violentos que resultem em, ou
ameacem, a perda de vidas ou ferimentos, para que se aufiram ganhos políticos ou ideológicos pelo medo
ou pela intimidação. Também são atos de ciberterrorismo atividades como a interrupção de redes
computacionais por meio de vírus e outros softwares maliciosos

 Exemplos: a al-Qaeda * ISIL usa a internet para comunicar-se com apoiadores e até para recrutar novos
membros. Em 2007, a Estônia foi um dos primeiros campos de batalha do ciberterrorismo após disputas
sobre a retirada de uma estátua soviética da Segunda Guerra em Tallinn – ataques de hackers russos.
Atualmente, a Estônia é considerada um centro de defesa contra ataques cibernéticos

Posições do Brasil

 Constituição: repúdio inequívoco a todos os atos terroristas, independentemente das motivações (Artigo 4º)
 Grandes eventos: medidas preventivas para Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016, embora não houvesse
precedentes de atos terroristas no país.
 Abordagem: o tema deve ser enfrentado de forma multilateral, no marco do Direito Internacional, sem
restrição de liberdades; deve ser prioritário o combate às causas subjacentes do terrorismo

 Lei 13.170/2015: disciplina no Brasil ação de indisponibilidade de bens, direitos ou valores em virtude de
resolução do CSNU.

Lei Antiterrorismo

 Lei 13.260/2016: tipifica o crime de terrorismo: “prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste
artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando
cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio,
a paz pública ou a incolumidade pública”; inclui uso, ameaça de uso e porte de ADMs, sabotagens, ataques
contra a vida e financiamento de organizações terroristas

 Excludentes: não se aplica a manifestações políticas, movimentos religiosos, sindicais, sociais, de classe ou
de categoria profissional, com objetivos reivindicatórios, que contestem, critiquem, protestem ou apoiem, e
que defendam direitos, garantias e liberdades constitucionais (evitar que se enquadre movimentos sociais
como terroristas)

Extremismo Violento

 Conceito e regime em desenvolvimento

 Um tema em formação
o Definição: extremismo violento é uma forma de extremismo que tolera e estimula a violência com
intenção ideológica ou deliberada, a exemplo de religião ou política. Porém, ainda não há definição
universal e vinculante

o Questões conexas: o extremismo violento se manifesta em conjunto com uma gama de razões,
como política, religião e relações de gênero. O uso do termo guarda respeito com a adoção da
violência por um indivíduo ou grupo como meio desejável e legítimo de ação, dentro de seu
pensamento (ISIL, al-Qaeda, grupos separatistas como na Ucrânia)

o Causas: não há um perfil ou caminho único para a radicalização, tampouco padrão de ritmo no qual
isso acontece; não há correlação confiável entre educação e vulnerabilidade a radicalização. Mas há
fatores socioeconômicos, psicológicos e institucionais: fatores de indução, de atração e de contexto

o Fatores de atração: são fatores que atraem indivíduos ao extremismo, como marginalização,
desigualdade, discriminação, perseguição ou a percepção de perseguição; acesso limitado a
informação de qualidade; negação a direitos e liberdades civis; outras mágoas ambientais, históricos
e socioeconômicos

o Fatores de indução: são fatores que potencializam o apelo do extremismo, como a existência de
grupos extremistas violentos organizados, que tenham discursos atraentes e programas efetivos que
forneçam serviços, salários e empregos aos que a eles aderem. Há grupos que atraem novos
membros ao darem válvulas de escape para mágoas e prometerem aventura e liberdade;
finalmente, oferecem conforto espiritual, “um lugar de pertencimento” (pessoas se sentem
acolhidas).

o Fatores de contexto: estabelecem um terreno favorável ao surgimento de grupos extremistas


violentos, como Estados frágeis (Iraque e Síria deram origem ao ISIL), a falta de Estado de direito,
corrupção ou criminalidade.
 Um regime incipiente
o Ausência de regime internacional específico: Plano de Ação para Prevenir o Extremismo Violento
(SGNU, 2015); Resoluções 2178 e 2250 (CSNU); educação de qualidade voltada à paz pode ajudar a
prevenir a radicalização.

o Objetivo: prevenção da radicalização que leva ao terrorismo.

o Outras instâncias que debatem o tema: UNESCO (ênfase na Global Citizenship Education) –
coincidência de cidadania; G20 (Plano de Ação para Prevenir o Extremismo Violento); OSCE
(Campanha para Combate ao Extremismo Violento lançada em 2015).

 Brasil e o tema
o Prevenção: prevenção ao extremismo violento deve ser prioritária, e não uma abordagem militarista
e belicosa.

o Direitos: enfrentamento não deve violar direitos humanos, nem estimular xenofobia

o Foco não deve ser superficial: causas subjacentes devem ser encontradas e abordadas, mesmo em
questões sem resolução.

o Não confundir termos: Brasil não considera que o extremismo violento deva ser equiparado ao
terrorismo (no estágio prévio, não é ameaça à paz e à segurança internacionais)

Como aparece no CACD

CACD 2018 – PI – Questão 3

Defender nossa nação contra seus inimigos é o primeiro e fundamental compromisso do Governo Federal. Hoje, essa
tarefa mudou dramaticamente. Inimigos no passado precisaram de grandes exércitos e grandes capacidades
industriais para ameaçar a América. Agora, redes obscuras de indivíduos podem trazer grande caos e sofrimento
com menos do que um único tanque. O terrorismo está organizado para penetrar em sociedades abertas e para
utilizar o poder de tecnologias modernas contra nós. (contexto de guerra ao terror)

Considerando que o fragmento de texto precedente tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo
acerca:

1 do contexto histórico estadunidense em que foi anunciada a doutrina Bush; 11/09, Afeganistão,

2 da política externa estadunidense no período imediatamente posterior ao anúncio da doutrina Bush; Oriente
Médio, UE, ONU

3 das consequências, no âmbito multilateral universal, da política externa estadunidense desse período; formação de
regime de combate ao terrorismo

90 linhas (30 pontos)

Observação

A preocupação do Brasil em não se converter em palco ou alvo de ações terroristas fundamenta sua opção de, na
cooperação internacional para o enfrentamento ao terrorismo internacional, privilegiar iniciativas de caráter
preventivo, a cooperação jurídica e o intercâmbio de informações policiais e de inteligência por meio de instâncias e
instrumentos multilaterais
Entre os órgãos que integram a estrutura da OEA, figura o Comitê Interamericano contra o Terrorismo (CICTE), entre
cujas funções estão o apoio aos países-membros para desenvolver sua capacidade de defesa cibernética, de
proteção de seus domínios marítimos e de combate à proliferação de armas de destruição em massa, no marco da
Resolução 1.540 do Conselho de Segurança da Nações Unidas

Logo após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, Vladimir Putin apoiou a invasão do Afeganistão pelos
Estados Unidos, pois considerou que a contenção do radicalismo islâmico do Talibã afegão resultaria na diminuição
desse mesmo problema na Ásia Central, região estratégica para a Rússia.

Reforma da ONU

 Não confundir Reforma da ONU com a reforma do Conselho de Segurança da entidade


 AGNU, ECOSOC, CSNU, etc

A ONU em 1945 e em 2021

 1945: 51 membros
 2021: 193 membros
o Representa uma mudança significativa, por isso a necessidade de reforma
o O mundo mudou também, quando da fundação imperava a bipolaridade da Guerra Fria

A Reforma do CSNU

 Ideia de que também deve refletir as mudanças que ocorreram no mundo desde 1945
 Os cinco membros permanentes são: EUA, URSS, Reino Unido, França e China – países que saíram
vencedores na II GM

Alterações históricas do CSNU


 1965 - Aumento do número de membros não permanentes de 6 para 10
o A Resolução foi proposta em 1963 (aprovada em 1965), forma de integrar os países que tinham se
tornado independentes
o Na AGNU, a maior parte dos membros permanentes foi contrária à reforma; quando passou pelo
CSNU mudaram de opinião em função da pressão exercida
o A reforma do CSNU deve passar primeiro na AGNU e depois no próprio CSNU

 1971 - República Popular da China sucede a República da China (Taiwan)

 1991 - Rússia sucede a União Soviética

O debate sobre reforma do CSNU na década de 90

 1992 - “An Agenda for Peace” – relatório de um antigo secretário-geral da ONU


o ONU deveria exercer papel mais proeminente nos conflitos internacionais
o Fortalecer a diplomacia preventiva; ONU resguardar os Estados ao promover operações de paz

 EUA: proposta de um “quick-fix” (adesão de Japão e Alemanha)


o Medida não seria suficiente para tornar o CSNU mais representativo

Os grupos de negociação atuais

 Atualmente, os países negociam no âmbito do Fórum de Negociações Intergovernamentais (IGN), com base
na Decisão 62/557 da AGNU; negociações que embasam a reforma da ONU

 G4: formado por Brasil, Alemanha, Índia e Japão, defende aumento do número de assentos do CSNU nas
duas categorias (permanentes e não-permanentes), tal como proposto durante a Cúpula Mundial da ONU
em 2005.
o Não há proposta fechada quanto ao veto, mas defende que seja debatido

 Unidos pelo Consenso: congrega países que não concordam com a proposta do G4 e defendem a expansão
do número de assentos não permanentes, bem como consideram a ideia de haver uma extensão da duração
dos mandatos.
o Fazem parte Argentina, Turquia, Itália, Espanha

 L.69: grupo composto por países em desenvolvimento que defendem a expansão do Conselho de Segurança
da ONU em ambas as categorias, bem como a reforma de métodos de trabalho.
o Brasil faz parte do L69
o Métodos de trabalho: reuniões do CSNU não são transparentes; decisões; P5 é muito fechado entre
eles

 ACT (Accountability Coherecene Transparency): busca promover formas de haver maior cooperação entre o
CSNU e os demais órgãos da ONU, em especial, a AGNU. Defende a reforma de métodos de trabalho, por
meio de avaliações de implementação das decisões e de formas de restringir o uso do veto
o Restringir o uso do veto ao pedir que o país justifique a posição

Grupos Regionais

 Grupo de países africanos: congregados em torno da chamada Posição Comum Africana, tal como previsto
no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte, ambos de 2005. Defendem que haja a o aumento do
número de assentos do CSNU de 15 para 26, aí incluídos dois membros permanentes e cinco membros não
permanentes africanos.
o Não há consenso de quem assumiria o assento, há vários postulantes para assumir as duas cadeiras:
Egito, Angola, África do Sul, Nigéria, Etiópia, Marrocos
 CARICOM: defendem a expansão do CSNU em suas duas categorias.

 Países Árabes: defendem ao menos uma cadeira permanente para um país da região, além de maior
transparência nos métodos de trabalho do CSNU.

O Brasil e a Reforma do CSNU

 G4 (Brasil, Alemanha, Índia e Japão) – ideia do assento permanente e da defesa de não-permanentes, além
do uso do veto
 Brasil também faz parte do L.69 – países em desenvolvimento que questionam os métodos de trabalho do
CSNU

A experiência brasileira em assuntos de segurança

 Brasil tem tradição em operações de paz (1956-Suez); Angola, Congo, Moçambique, Haiti
 Tem diplomacia sólida, defende a paz junta aos vizinhos

Campanha brasileira ao CSNU

 Brasil assumiu o 11º mandato como membro não permanente a partir de 2022 (dois anos de mandato)

Reforma da AGNU – a tomada de decisão é difícil quando há 193 membros; ampliar o poder da AGNU

 2005 – Relatório “In Larger Freedom” (Kofi Anan)


o Na busca de um mínimo denominador comum há perda de efetividade das medidas
o As resoluções da AGNU não são vinculantes, é preciso empoderar as resoluções da AGNU
 2020 – Resolução 74/303: criação de grupo de trabalho sobre a revitalização da AGNU
o Gestão e Guterres

Reforma do ECOSOC – coordena ações econômicas e sociais no âmbito da ONU; possui maior abrangência, é difícil o
gerenciamento

 1965 - Aumento do número de membros de 18 para 27


 1973 - Aumento do número de membros de 27 para 54
 Complexidade no gerenciamento: 14 agências especializadas, dez comissões funcionais e cinco comissões
regionais

As reformas da gestão Guterres

 “Uma ONU mais focada em pessoas e menos em processos, mais em entrega e menos em burocracia”
 Gestão mais moderna e simplificação de processos
 Reestruturação do Pilar de Paz e Segurança da ONU (coordenação de esforços)

Sobre a legitimidade da ONU

 A ideia é que a ONU seja legítima e representativa, que possa representar um ambiente de concertação e
cooperação para os diversos países do mundo. A distância entre a conformação de poder no mundo
diferente do que ocorre na ONU gera debates acerca da efetividade da ONU
 A ONU é o que os países fazem dela

Observação

CACD – 2018 A segurança se incorporou à agenda da política externa brasileira no século XXI, em decorrência do
ativismo do país em espaços e iniciativas de caráter multilateral e de alcance global, constituindo exemplo dessas
ações o maior engajamento em operações de paz e nos debates sobre segurança humana e intervenção humanitária
e sobre a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas
Errado; a diplomacia brasileira não faz isso do termo ativismo. Ademais, o Brasil não defende intervenção
humanitária

Crimes de guerra e crimes contra a humanidade: genocídio, holocausto e a Tribunal Penal


Internacional.

Crimes de Guerra

 Parte integrante de um plano ou de uma política ou parte de uma prática em larga escala desse tipo de
crimes

 Atos dirigidos contra pessoas ou bens protegidos nos termos das Convenções de Genebra de 1949
o Conflito terrestre
o Conflito marítimo
o Prisioneiro de guerra
o Vítimas
o Protocolos adicionais: domésticos e internacionais

 Outras violações graves das leis e costumes aplicáveis em conflitos armados internacionais no âmbito do
direito internacional

 Em caso de conflito armado que não seja de índole internacional, as violações graves do artigo 3o comum às
quatro Convenções de Genebra, de 12 de agosto de 1949

 Violação do jus in bello (direito internacional humanitário): direito de Genebra + direito de Haia

 Direito de Genebra: quatro Convenções de Genebra de 1949 e seus respectivos protocolos adicionais;
proteção às vítimas de guerra, sejam elas militares ou civis; proteção de pessoas fora de combate (civis,
feridos, doentes, náugrafos, prisioneiros de guerra, etc.)

 Direito de Haia: Convenções de Haia de 1899 (revistos em 1907); meios e métodos que devem ser
respeitados nos combates e conflitos armados; condução das operações militares (exemplo: proibição de
certas armas)

Exemplos de crimes de guerra

 Tortura ou tratamento desumano


 Destruição de propriedade sem ganho militar efetivo
 Deportação ilegal
 Ataques intencionais contra prestadores de assistência humanitária
 Bombardeio de cidades ou construções que não são objetivo militar
 Emprego de veneno ou armas venenosas
 Estupro, escravidão sexual e prostituição forçada
 Uso de armas que causem sofrimento desnecessário

Crimes contra a humanidade

 Cometidos no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, havendo
conhecimento desse ataque

 Ações deliberadamente cometidas no âmbito de um ataque sistemático ou generalizado contra qualquer


população civil.
 Rol aberto, podendo incluir outros crimes

 Interpretação restritiva dos crimes

Exemplos de crimes contra a humanidade

 Assassinato
 Extermínio
 Escravidão: direito de propriedade sobre uma pessoa
 Deportação ou transferência forçada da população
 Tortura
 Violência sexual grave
 Perseguição contra grupo ou coletividade em bases políticas, nacionais, raciais, étnicas, culturais, religiosas
ou de gênero
 Desaparecimento forçado de pessoas
 Apartheid: opressão e domínio sistemático
 Outros atos desumanos que causem grande sofrimento
 Deslocamento forçado da população;
 Prostituição forçada;
 Escravidão sexual;
 Esterilização forçada;
 Massacres;
 Experimentaçao humana;
 Uso militar de crianças;
 Prisões injustas, sem amparo legal;
 entre outros.

Genocídio

 Objetivo de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso

 A destruição deve ser intencional

 Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio (1948)

 Estatuto de Roma

 Ruanda se enquadra, mas tinha tribunal com competência exclusiva (Tribunal Penal Internacional para
Ruanda – violência sexual como genocídio).

 Armas de destruição em massa, arma nuclear?

Exemplos de genocídio

 Assassinar membros de grupo específico


 Causar dano físico ou psicológico severo a membros do grupo
 Provocar deliberadamente condições de vida ao grupo destinadas a ocasionar a destruição física, total ou
parcial, do agrupamento
 Impor medidas para evitar nascimentos no grupo
 Transferir forçadamente crianças do grupo a outro grupo

Holocausto
 Genocídio na Alemanha nazista

 Grupos minoritários perseguidos e morte de 6 milhões de judeus, mas também ciganos, deficientes físicos

 Relacionado ao antissemitismo
 Extermínio em campos de concentração

 Gera as bases dos conceitos de genocídio e crimes contra a humanidade


o Guerra acaba em 1945, em 1948 surge a Convenção cujo obtivo é evitar que isso ocorra novamente

 Os “justos entre as nações”, como Aracy de Carvalho Guimarães Rosa (esposa de Guimarães Rosa),
ignoraram ordens e salvaram judeus (concessão de vistos e passaportes)

Tribunal de Nuremberg

 1945-1946
 Origem do Direito Internacional Penal e base para criação do TPI
 Responsabilização dos crimes na Alemanha nazista: julgamento de 24 líderes da Alemanha nazista
 Julgamento no Tribunal Militar Internacional, em Nuremberg
 Parte dos esforços de formação de uma nova ordem mundial (Sistema ONU), pautada nos direitos humanos
 Excludente de responsabilidade por cumprimento de ordens não acatada
o Argumento de que estava cumprindo ordens não foi acatado
 Condenações: prisão perpétua, prisão, morte por enforcamento e absolvições

Tribunal Penal Internacional

Antecedentes do TPI

 1872: Gustave Moynier, fundador da CICV: propôs estabelecer, por tratado internacional, um tribunal de
natureza permanente para lidar com casos de violações do então nascente direito humanitário, que seria
ativado automaticamente no caso de guerra entre as partes

 1919: Tratado de Versalhes e a tentativa de responsabilização penal do kaiser Guilherme II. Art. 227: “ofensa
suprema contra a moral internacional e autoridade sagrada dos tratados”. Países Baixos se negam a
extraditar o monarca deposto

 1920: Barão Descamps e o comitê para elaborar um Estatuto da Corte Penal Internacional de Justiça.
Rejeitado pela Liga das Nações, sob alegação de que não existia um Direito Penal Internacional reconhecido
por todas as nações; mas há avanços já em 1928 (Pacto Briand-Kellog) e em 1929 (Convenção de Genebra)

 1937: Liga das Nações convoca conferência que cria uma Corte Internacional Criminal. Treze assinaturas,
nenhuma ratificação.

 1943: Declaração sobre Atrocidades (Declaração de Moscou). EUA, Reino Unido e URSS denunciaram os
massacres perpetrados pelos nazistas e sinalizaram que “os grandes criminosos”, cujas ofensas transcendiam
contextos geográficos específicos, seriam punidos por decisão conjunta dos aliados.

 1945: Tribunal de Nuremberg: Crimes contra a paz; Crimes de Guerra; Crimes contra a humanidade

 1946: Tribunal de Tóquio: julgou líderes japoneses por crimes contra a paz, crimes de guerra e crimes contra
a humanidade

 1947: CDI encarregada de formular os Princípios de Nuremberg e preparar projeto de Código de Crimes
contra a Paz e a Segurança da Humanidade
 1948: Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio.

 Nos anos 1950, verificou-se pouco interesse dos países de avançar no tema do Código de Crimes e na
instituição de uma corte penal internacional.
 Apenas em 1981, os trabalhos sobre o projeto de Código foram retomados

Antecedentes recentes

 1993: Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia (estabelecido em cumprimento da resolução
827/1993 do CSNU para dar uma resposta às vítimas dos crimes cometidos durante as guerras iugoslavas e a
decorrente fragmentação da antiga Iugoslávia)

 1994: Tribunal Penal Internacional para Ruanda (julgamento dos responsáveis pelo genocídio e outras
violações das leis internacionais acontecidas no território nacional de Ruanda em 1994)

 1995: AGNU retoma a matéria

 1996-98: seis sessões do Comitê Preparatório

 1998: Estatuto de Roma

Estatuto de Roma

 Base da jurisdição do TPI


 Instituído pelo Estatuto de Roma (assinado em 1998, entrou em vigor em 2002)
 EUA e Rússia: assinatura, sem ratificação
 China: sem assinatura
 123 Estados-partes do Estatuto de Roma
o Fato de potências como EUA, Rússia e China não estarem inseridos é um ponto fraco do sistema
 Brasil: ratificou em 2000 e depósito do instrumento de ratificação em 2002
 Internalizou o conteúdo do Estatuto de Roma através da EC 45/2004: artigo 5, parágrafo 4, CF/88
 O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão

Tribunal Penal Internacional

 Sede em Haia
 2002: início das atividades quando entrou em vigor após as ratificações necessárias
 Julga somente indivíduos
o Estados são julgados na CIJ
 Punição e prevenção
o Ideia é punir os responsáveis de forma a prevenir que novos crimes ocorressem
 Direito internacional humanitário, direitos humanos, paz e segurança
 Prevalência dos direitos humanos nas relações internacionais
 Primazia da jurisdição internacional
 Crimes imprescritíveis
 Imunidade não é admitida

Estrutura do TPI

 O TPI é composto por quatro órgãos:


o Presidência
o Câmaras, divididas em três:
 Seção de Recursos (Appeals Division)
 Seção de Julgamento (Trial Division)
 Seção de Instrução (Pre-Trial Division)
o Gabinete do Procurador
o Secretaria (Registry)
 Além disso, há a Assembleia das Partes.
 Limites temporais da jurisdição: crime ocorrido após 1° de julho de 2002 (exceto crime de agressão, que veio
depois) ou, caso o país tenha aderido ao Tribunal após 1° de julho, o crime tiver ocorrido depois de sua
adesão, exceto no caso de um país que já tivesse aceito a jurisdição do Tribunal antes da sua entrada em
vigor.

Tribunal Penal Internacional

 Princípio da inerência: prerrogativa de atuação automática (Estado aceitou ser parte), tendo como
pressuposto apenas que o Estado onde ocorreu o crime ou onde o suposto criminoso foi detido tenha
aderido ao Estatuto de Roma.
 Jurisdição automática não dependerá da autorização dos Estados para iniciar um julgamento (julgamento de
ofício)
 Interests of justice
 Gravity of the crime e interests of victims
 “Substantial reasons to believe”
 “Reasonable basis to believe” (que houve a violação)
 Princípio da subsidiariedade e complementariedade: sistema judicial doméstico investiga e processa crimes
cometidos no território do Estado.
 TPI: competência subsidiária; apenas se o Estado não julgar
 Jurisdição: acusado é nacional de Estado-parte do TPI; crime cometido em território de Estado-parte; ou por
decisão do CSNU
 Matérias de competência do TPI:
o (i) crime de genocídio;
o (ii) crime contra a humanidade;
o (iii) crime de guerra;
o (iv) crime de agressão
 A corte tem jurisdição quando os crimes acima, exceto crime de agressão, foram cometidos por nacionais de
Estados-partes e/ou no território de um Estado-parte.
o Quem e/ou onde

Crimes de agressão

 Não há definição no Estatuto de Roma. Surgiram depois, na Conferência de Campala (2010)


 Também chamado de crime contra a paz
 Conferência de Revisão de Campala (2010):
o (i) perpetrado por uma pessoa competente para efetivamente dirigir a ação política de um Estado,
um líder político ou militar; líder político ou militar
o (ii) perpetrador deve estar comprovadamente envolvido no planejamento, na preparação ou na
execução da agressão;
o (iii) ato de agressão deve ser uma violação manifesta da Carta da ONU
 Gravidade
 Escala
 Uso ilegal da força estatal

Crime de agressão e competência do TPI

 TPI terá jurisdição sobre crimes de agressão a partir de 17 de julho de 2018 (data simbólica na qual o
Estatuto de Roma completava vinte anos de existência) e somente em relação aos países que ratificaram as
emendas de Campala (Brasil ainda não ratificou)
 Competência temporal limitada do TPI.
 O TPI só tem competência para julgar crimes que tenham ocorrido após a sua entrada em vigor, em 2002
(não pode retroagir, salvo se o Estado de origem do indivíduo que praticou o crime, tenha feito uma
declaração específica em sentido contrário).

Exemplos de crimes de agressão

 Invasão ou ataque por parte das forças armadas de um Estado contra o território de outro;
 Ocupações militares, ainda que temporárias;
 Anexação territorial feita por meio do uso da força;
 Bombardeio pelas forças armadas de um Estado contra o território de outro Estado ou o uso de quaisquer
armas por um Estado contra o território de outro;
 Bloqueio dos portos ou do litoral de um Estado pelas forças armadas de outro;
 Envio, por um Estado, de grupos irregulares ou mercenários armados ao território de outro país com a
finalidade de realizar atos militares sérios.

O Brasil e o TPI

 Apoio à criação do TPI (Tribunal que prezasse pela eficiência, imparcialidade e independência)
 Contra a impunidade
 Busca por justiça nos crimes internacionais
 Participação no processo preparatório e na Conferência de Roma (1998)
 Participação no processo de revisão do Estatuto de Roma (exemplo: Conferência de Revisão de Campala,
Uganda, em 2010 - crime de agressão)

O Brasil e o TPI

 2020: Atuação como amicus curiae na apuração preliminar "A Situação no Estado da Palestina” – interesses
da justiça (crimes praticados por Israel em território ocupado)

 Discurso brasileiro: "O Brasil acredita que, se o Promotor abrir uma investigação, o procedimento criminal
não será propício para facilitar a retomada do diálogo, algo que pela sua natureza é altamente político, entre
israelenses e palestinos. Pelo contrário, o início de uma investigação iria prejudicar a busca por uma justa e
negociada solução política no sentido de alcançar uma duradoura paz no Oriente Médio”
o Tratamento político e não judicial no conflito entre Israel e Palestina

 Artigo 53 do Estatuto de Roma: o procedimento não serviria o interesse da justiça, consideradas todas as
circunstâncias, tais como a gravidade do crime, os interesses das vítimas e a idade ou o estado de saúde do
presumível autor e o grau de participação no alegado crime
o Alegação brasileira no caso de amicus curiae

 Brasil deve cooperar plenamente, implementando legislação que auxilie no processo de julgamento e
condenação dos indivíduos que cometem os crimes elencados pelo Estatuto de Roma

 Caso haja um pedido de entrega de um nacional para ser julgado pelo Tribunal Penal Internacional, o Brasil
deve cooperar.

 O brasileiro nato como qualquer indivíduo pode ser julgado perante o Tribunal Penal Internacional, desde
que respeitadas as regras concernentes à extradição

Críticas ao TPI

 Investigações de casos africanos: críticas à seletividade do Tribunal


 Recorrente saída de países africanos do TPI. Representantes desses países vêm alegando que há uma
perseguição política por parte do TPI
 Burundi, África do Sul e Gâmbia saíram em 2016
 Em 2015, a África do Sul recusou-se a deter o presidente do Sudão, Omar al-Bashir, durante sua estadia no
território sul-africano (Lei de Imunidade Diplomática, adotada pela África do Sul em 2001).
 Contraponto: Fatou Bensouda, da Gâmbia, como promotora-chefe do TPI (2012-2021 – o atual promotor é o
britânico Karim Khan)
 EUA: Donald Trump impôs sanções financeiras e proibição de visto a alguns membros do TPI. Atualização:
fim das sanções dos EUA a funcionários do TPI. Em abril de 2021, Joe Biden decidiu levantar as sanções de
Donald Trump contra Fatou Bensouda e um jurista do Lesoto, além de outros funcionários do TPI, por
investigação sobre crimes de guerra dos EUA no Afeganistão.
 Israel: críticas ao TPI, que não teria jurisdição sobre crimes perpetrados na Palestina, porque a Palestina não
seria um Estado. Israel rejeitou a decisão do Tribunal e acusou o TPI de ser uma instituição política e não
legal.
o Brasil reconhece a Palestina como Estado e, portanto, não pode acatar o argumento de Israel
o Israel argumenta que o Tribunal está dando roupagem jurídica a uma questão política em defesa da
Palestina

Questões de concurso

1. O multilateralismo consolidou-se no cenário internacional pós-Segunda Guerra Mundial, favorecendo o


desenvolvimento de normas e instituições que contribuem para a solução pacífica de controvérsias e a gestão
relativamente concertada dos processos políticos globais. A esse respeito, julgue o item a seguir.

O Tribunal Penal Internacional tem competência para investigar e, face a evidências, julgar indivíduos acusados de
crimes considerados graves pela comunidade internacional, tais como crimes de guerra e crimes de agressão.

Certo; crimes de guerra desde 1998 e crimes de agressão desde 2018

2. No que se refere à solução pacífica das controvérsias, incluindo-se os tribunais internacionais, julgue (C ou E) o
item que se segue

O Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional, exige que o acusado esteja presente durante o seu
julgamento.

Certo; não pode julgar o acusado à revelia, tem que estar presente

Atos de escravidão, em determinadas circunstâncias, podem constituir crimes contra a humanidade

Certo

Operações de paz das Nações Unidas

Operações de paz

 Sistema de segurança coletiva da ONU: capítulos VI (solução pacífica de controvérsias) e VII (uso da força
autorizado pelo CSNU) da Carta
 1992: Uma Agenda para a Paz
 1995: Suplememento à Agenda para a Paz
 CSNU: paz e segurança internacionais
 CSNU: decide diante de ameaças à paz (exemplos: sanções, embargos de armamento, autorização para
intervenções armadas, etc.) → independem do consentimento dos Estados envolvidos no conflito
 Operações de paz: sem previsão original na Carta da ONU.
 Secretário-geral da ONU, Dag Hammarskjöld (1953-1961): poderes implícitos da Carta da ONU (“Capítulo VI
e meio” – ficção jurídica)
 Aspecto militar x não coercitividade e respeito à soberania estatal

Carta da ONU
 Artigo 43, Carta da ONU: Todos os Membros das Nações Unidas, a fim de contribuir para a manutenção da
paz e da segurança internacionais, se comprometem a proporcionar ao Conselho de Segurança, a seu pedido
e de conformidade com o acordo ou acordos especiais, forças armadas, assistência e facilidades, inclusive
direitos de passagem, necessários à manutenção da paz e da segurança internacionais

 Artigo 47, Carta da ONU: Será estabelecida uma Comissão de Estado Maior destinada a orientar e assistir o
Conselho de Segurança, em todas as questões relativas às exigências militares do mesmo Conselho, para
manutenção da paz e da segurança internacionais, utilização e comando das forças colocadas à sua
disposição, regulamentação de armamentos e possível desarmamento

 Na prática: o envio de tropas é ad hoc. Não existe uma força armada permanente da ONU

Operações de Paz

 Diplomacia preventiva
 Cinco gerações de Operações de Paz

Primeira geração:

 Consentimento, imparcialidade e legítima de defesa/não uso da força.


o A questão envolvendo consentimento foi relativizada com o passar do tempo
 Contexto: Guerra Fria
 Exemplos: UNEF I (Egito), ONUC (Congo), UNSF (Nova Guiné Ocidental), DOMREP (República Dominicana),
UNIPOM (Índia e Paquistão), UNFICYP (Chipre)

 1948: UNTSO (1a operação de manutenção da paz)


o Guerra Árabe-israelense
o Quem: observadores militares desarmados (acompanhar os acordos de armistício, cessar-fogo)
o Objetivo: assistir um mediador da ONU nas negociações de paz no pós-guerra árabe-israelense
(Israel, Egito, Jordânia, Líbano e Síria). Até hoje fiscaliza o cessar-fogo, vigia acordos de armistício e
assiste outras operações de manutenção da paz.

 1950: CSNU recomenda que os Estados auxiliem no combate aos norte-coreanos em território sul-coreano
(Resolução 83/1950) e autoriza força de apoio à Coreia do Sul com bandeira da ONU (Resolução 84/1950) –
Brasil não participa. (contexto de Guerra Fria – travado pelo poder de veto entre EUA e URSS; URSS estava
afastava em protesto à participação de Taiwan no CSNU. Foi nesse contexto que a Resolução foi aprovada).
Mandado ficou a cargo dos EUA, não chegou a ser coletivo

 1956: UNEF I (Crise do Suez) – AGNU (Uniting for Peace, resolução 377/1950), força armada, armas de
autodefesa, 11 anos, conflito entre israelenses e egípcios, capítulo VI da Carta da ONU. Brasil participa
(Batalhão de Suez)

 1960: ONUC (Congo) – grande escala, criada pelo CSNU, peace-enforcement (imposição da paz –
desconsidera o consentimento - vai muito além do conceito de observadores. Enviou tropas armadas –
capacetes azuis), capítulo VII da Carta da ONU, morte do secretário-geral Hammarskjold.
o Gera um debate acerca do uso da força, pois põe em risco as tropas da ONU

Aumento da incidência no pós-Guerra Fria – CSNU ficou mais destravado

Segunda geração:

 1980/1990, Guerra do Golfo. Não demanda consentimento.


o Paz negativa → paz positiva. Mandato militar + civil. Multidimensionalidade. Mais que acabar com o
conflito, é importante criar uma estrutura duradoura
 Contexto: anos 1980/1990
 Exemplos: UNAVEM I, II e III (Angola), MONUA (Angola), ONUCA (América Central), ONUSAL (El Salvador),
MINURSO (Saara Ocidental/Marrocos), ONUMOZ (Moçambique), UNTAC (Camboja), UNOMSA (África do
Sul), UNAMIR (Ruanda), UNOMUR (Ruanda e Uganda), UNOMIL (Libéria), UNPROFOR (ex-Iugoslávia),
UNCRO, UNTAES e UNMOP (Croácia), UNPREDEP (Macedônia), MINUGUA (Guatemala)
 Busca por paz duradoura e pela solução efetiva dos conflitos
 Intervenção militar antes dos resultados das sanções
 1991: Resolução 687 (CSNU) – não proliferação e desarmamento
 1991: Resolução 688 (CSNU) – direitos humanos e segurança
 1992: Rússia ocupa a vaga da URSS no CSNU
 1992: relatório “Uma Agenda para a Paz” → diplomacia preventiva, peacemaking e peacekeeping +
peacebuilding / peace enforcement
 Consentimento? Caso da Somália nos anos 1990 (UNOSOM I, UNIFAT e UNOSOM II)
o Recebeu uma série de missões; não conseguiram cessar os conflitos; Estado enfraquecido
o UNIFAT começou como humanitária e evoluiu para operação de paz (UNOSOM II)
o Em 1995, as tropas da ONU deixaram o país sem resolver a questão
 Linha de Mogadício: diplomacia e uso da força
o Local onde ocorreu a batalha que levou à morte de 18 militares americanos
o Até onde vai a diplomacia e o uso da força
 Síndrome Somália - Mission creep e o caso da guerra civil na Líbia (2011)
o mission creep (= ir além do que fora determinado – aplicado também na Líbia em 2011; não tinha
mandato para destituir o Kadaf)
 1994: Ruanda. Abstenção do Brasil – Operação Turquesa (Resolução 929/1994, CSNU). Argumentos
brasileiros: UNAMIR, Acordo de Paz de Arusha, intenções de outros Estados
o Argumento brasileiro de que o país já estava envolvido em uma missão (UNAMIR) e que seria difícil
angariar recursos para uma outra operação de paz; além disso, interesses escusos envolvendo
outros países

Terceira geração

 Contexto: anos 1990


 Imposição da força em situações de conflito em prol do mandato
 Consentimento relativizado
 Exemplos: UNTAET e UNMISET (Timor-Leste), UNMIK (Kosovo)
 1999: Intervenção da OTAN no Kosovo sem autorização do CSNU
o Brasil não participou
 2000: Relatório Brahimi: mandato claro e específico, recursos suficientes, consentimento das partes –
Capítulo VII (amparado pelo Cap. VII, pois exige intervenção do CSNU por meio do uso da força)
 Reforma do Departamento de Operações de Manutenção da Paz

Quarta geração

 Construção da paz, anos 2000


 UNMEE (Etiópia e Eritreia), UNMIL (Libéria), ONUCI (Côte d’Ivoire), MINUSTAH e MINUJUSTH (Haiti), UNMIS
(Sudão), UNISFA (Abyei, Sudão e Sudão do Sul), UNMISS (Sudão do Sul), UNMIT (Timor-Leste), MONUSCO
(Rep. Dem. do Congo), MINUSCA (Rep. Centro-Africana), MINURCAT (Rep. Centro-Africana e Chade), UNSMIS
(Síria), UNIFIL (Líbano)
 2006: Peace operations 2010 (DPKO)
 2008: Doutrina Capstone: peacekeepers, planejamento e condução de operações
 2005: Cúpula Mundial → Comissão de Consolidação da Paz
o Configuração específica a depender do Estado
 2003: Painel de Alto Nível das Nações Unidas sobre Ameaças, Desafios e Mudanças. Participação do
Embaixador Baena Soares (atuante na questão multilateral).
 2004: relatório do painel → dez ameaças (doenças infecciosas, pobreza, guerras entre Estados, degradação
ambiental, guerras civis, genocídios, armas de destruição em massa, crime organizado transnacional,
terrorismo e outras atrocidades).
 2005: In Larger Freedom, relatório acerca da Declaração do Milênio – ODS, segurança e direitos humanos.
Comissão de Consolidação da Paz. Responsabilidade de Proteger – Estado não é capaz de proteger; último
caso, intervenção, com anuência do CSNU (genocídio, limpezas étnicas e crimes contra a humanidade).

Quinta geração (híbrida): ONU + organismos regionais, anos 2000.

 Exemplo: UNAMID (Darfur/Sudão; ONU + União Africana)


 2014: painel independente de alto nível para avaliar as operações de paz da ONU
 2015: Relatório High-Level Independent Panel on Peace Operations (HIPPO): senbilidade política;
planejamento e adaptação; relações mais sólidas e inclusivas; atuação das tropas
 2017: reestrutução; surge in diplomacy; Departamento de Assuntos Políticos e de Construção da Paz;
Departamento de Operações de Paz
 2018: Action for Peacekeeping: compromisso político
 A evoluçao do conceito de Peacekeeping
 ONU: Peacebuilding Commission, Peacebuilding Support Office e Peacebuilding Fund → consolidação da paz
(2005)

Comissão de Consolidação da Paz das Nações Unidas (CCP)

 31 Estados-membros
 Burundi, Gâmbia, Guiné, Guiné-Bissau, Ilhas Salomão, Libéria, República CentroAfricana, Sahel, Serra Leoa
 Brasil: presidente da Configuração Guiné-Bissau desde 2007 e presidência da CCP entre 2014 e 2015

Mulheres, Paz e Segurança

 2000: Resolução 1325/2000 do CSNU


 Questões de gênero e conflitos armados
 Participação das mulheres em operações de manutenção da paz e em processos de paz para que seja
duradoura
 Proteção de mulheres em situação de conflito
 Prevenção da violência de gênero em situação de conflito
 Planos Nacionais de Ação

O Brasil e as operações de paz

 CCOPAB (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil)


o Presente nas Forças Armadas do Brasil

 Participação em mais de 50 operações de paz e missões (desde 1948)


o Primeiro foi em Suez
o 55 mil militares, policiais e civis

 Atualmente: 1300 militares e policiais em nove operações de paz: MINURSO (Saara Ocidental); MINUSCA
(República Centro-Africana); MINUSTAH (Haiti); UNFICYP (Chipre); UNIFIL (Líbano); UNISFA (Abyei); UNMIL
(Libéria); UNMISS (Sudão do Sul); UNOCI (Costa do Marfim)

 Principal contribuinte de tropas da MINUSTAH (exerceu comando militar entre 2004 e 2017).
 UNIFIL: nau-capitânia (Fragata Independência) na Força Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas
no Líbano.
o UNIFIL: comando da Força Tarefa Marítima da UNIFIL, por contra-almirante brasileiro desde 2011.

 MONUSCO: RDC, comando militar (2013-2015, 2018, general Costa Neves em 2020)

 MINURSO (Saara Ocidental, Marrocos)

 MINUSCA (República Centro-Africana)

 UNAMID (Darfur, Sudão)


 UNFICYP (Chipre)

 UNISFA (Abyei, Sudão-Sudão do Sul)

 UNMHA (Iêmen)

 UNMISS (Sudão do Sul).

 Militares, especialistas, policiais, staff.

 Mandatos das operações de manutenção de paz: interdependência entre segurança e desenvolvimento →


paz sustentável
o Paz, segurança e desenvolvimento para que a paz seja duradoura

 Necessidade de proteger a população que está sob ameaça de violência


o Vinculada à posição brasileira e responsabilidade ao proteger

 Ênfase em prevenir conflitos

 Defesa da busca por uma solução pacífica de controvérsias

 Haiti: comando militar da MINUSTAH (2004-2017) + programas de cooperação técnica em diversas áreas
(capacitação profissional, segurança alimentar, saúde, agricultura, infraestrutura, segurança, entre outras).
o Muito mais que uma operação militar; atuação em frente multidimensional

Haiti

 1991: Golpe de Estado em 1991


 1993: Missão conjunta ONU-OEA (híbrida)
 1993: CSNU aprova a UNMIH, primeira operação de manutenção da paz no Haiti
o Problemas da UNMIH: falta de cooperação das autoridades militares haitianas
o Resultado: UNMIH não cumpriu seu mandato
 1994: CSNU aprova força multinacional para o Haiti
 1995-2000: missões de manutenção da paz
 2004: conflito armado → CSNU reconhece ameaça à paz e à segurança internacionais
 2004: MINUSTAH (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti), criada pela resolução 1542 do
CSNU, ao amparo do Capítulo VII da Carta da ONU (a ameaças à paz, ruptura da paz e atos de agressão).
 Eleições presidenciais (2006, 2010, 2015/2016)
 Aprofundamento das crises humanitárias
o Terremoto em 2010: crise humanitária
o Furacão Matthew em 2016
 Polícia Nacional Haitiana
 Comando civil: representantes indicados pelo secretário-geral da ONU
o Brasil possuía o comando militar
 Brasil: tropas e policiais na MINUSTAH durante treze anos (2004-2017); comando das forças militares (“Force
Commander”) exercido por generais brasileiros durante toda a missão.
 Brasil: garantia dos direitos humanos; desenvolvimento sustentável; estabilidade política; governo de
transição; formação da força policial do Haiti (projetos de cooperação com o Brasil)
 Brasil: maior contribuição de tropas + promoção do desenvolvimento + benefícios para as FFAA
o Bom para a imagem, projeção internacional, atua junto à ONU para promover a segurança e a paz;
solidificação das instituições de um país; atuante na agenda de segurança, promoção de paz;
militares aprendem a como lidar com conflitos do tipo, além de treinar e adquirir experiência em
ambiente distinto ao que está acostumado a atuar
 Cooperação militar, técnica, humanitária
 Companhia de Engenharia Militar do Brasil atuou no Haiti
 Cooperação sul-sul (Brasil, Cuba e Haiti): 3 hospitais de referência e laboratório vinculado a questões
médicas
 Contribuição financeira: US$ 55milhões depois do terremoto de 2010
 Brasil: CSNU (2004/2005 e 2010/2011), Core Group de Porto Príncipe, Grupo dos Amigos do Haiti
o Brasil é membro de grupos de apoio ao Haiti
 CSNU: quick impact projects e diminuição da violência
o Resolver problemas rapidamente; Brasil esteve engajado
 MINUSTAH: projetos sociais foram elaborados
 2017: fim da MINUSTAH
 Nova missão: MINUJUSTH (sem caráter militar) – Missão das Nações Unidas para o Apoio à Justiça no Haiti
 Objetivos da MINUJUSTH: fortalecer a Política Nacional do Haiti, o estado de direito, a situação dos direitos
humanos e o diálogo político (fortalecimento das instituições)
 Brasil: apoio, relação bilateral, cooperação técnica e suporte internacional

Responsabilidade de proteger (R2P)

 Cúpula Mundial de 2005


 Responsabilidade estatal e, subsidiariamente, da comunidade internacional – age quando o Estado não é
capaz de proteger o seu cidadão
 Genocídio, crimes de guerra, crimes contra a humanidade e limpezas étnicas
 2011: responsabilidade ao proteger (RwP) – iniciativa brasileira – se vai atuar junto ao país, é preciso uma
análise se a atuação irá causar mais malefícios ou benefícios; os impactos para a população; operações
podem causar mortes de inocentes, atingir pessoas. Avaliar se é possível atuar de outra forma, se pode
buscar uma saída diplomática preventiva
o Diplomacia preventiva
o Uso da força: último recurso, criterioso, proporcional e restrito

Outras iniciativas de limitar a expansão dos conflitos

 2013: Solidariedade Trilateral para a Construção da Paz (Brasil, Suécia e Turquia)


o Reafirmar o compromisso da busca por solução pacífica, defesa de direitos humanos, paz
sustentável, construída e duradoura de modo a auxiliar os Estados
 2013: Tratado sobre o Comércio de Armas (ratificação brasileira em 2018)

Conceitos-chave

 Diplomacia preventiva
 Peacemaking ou promoção da paz – Capítulo VI (solução pacífica de controvérsia)
 Peacekeeping ou manutenção da paz – deve ter o consentimento (envio de agentes armados)
 Peace-enforcement ou imposição da paz = Capítulo VII (uso da força com autorização do CSNU)
 Peace building ou consolidação da paz (Comissão de Consolidação da Paz de 2005 – atuação
multidimensional; ideia de uma segurança humana, que envolve um conceito mais abrangente do que é
segurança; muito mais que o envio de tropas; é preciso construir instituições e resolver problemas
estruturais para que haja desenvolvimento e defesa dos direitos humanos)
o ONU = paz, direitos humanos e desenvolvimento

Contribuições brasileiras em missões correntes

14. O Brasil e o Sistema Interamericano

A Organização dos Estados Americanos

Antecedentes

 Congresso do Panamá (1826)


o Contexto de independência da América Espanhola; oficialmente não é considerada como embrião da
OEA, mas a Primeira Conferência Interamericana realizada em Washington

 Primeira Conferência Internacional Americana (Washington, 1889-1890)


Objetivos da Conferência:
o discutir e recomendar a adoção de um plano de arbitragem para a solução de controvérsias e
disputas que possam surgir entre os governos;
o considerar questões relativas ao melhoramento do intercâmbio comercial e dos meios de
comunicação direta entre os países;
o incentivar relações comerciais recíprocas que sejam benéficas para todos e assegurem mercados
mais amplos para os produtos de cada país.
o Criação da União internacional das Repúblicas Americanas, futura União Pan-Americana
o disposições sobre extradição;
o declaração de que conquista territorial não cria direitos;
o orientações para tratado sobre arbitragem, de modo a evitar o recurso à guerra como meio de
resolver controvérsias entre Estados americanos; (meio pacífico de solução de controvérsias)
o bases do Sistema Interamericano: interesses comerciais, maior integração, questões jurídicas;
fortalecimento do vínculo entre Estados, sociedade civil e setor privado; cooperação; segurança
regional/hemisférica; criação de instituições especializadas.
 Tratado para Evitar ou Prevenir Conflitos entre Estados Americanos (Tratado de Gondra, adotado na Quinta
Conferência Internacional Americana, no Chile, em 1923).

 Convenção sobre os Direitos e Deveres dos Estados, adotada na Sétima Conferência Internacional Americana
(Montevidéu, Uruguai) em 1933. Essa Convenção determina que “os Estados são juridicamente iguais,
desfrutam iguais direitos e possuem capacidade igual para exercê-los”; proíbe a intervenção em assuntos
internos ou externos de outro Estado e sublinha a obrigação de todos os Estados para que as divergências de
qualquer espécie que entre eles se levantem sejam resolvidas pelos meios pacíficos reconhecidos.

 Conferência Interamericana sobre Problemas da Guerra e da Paz (Cidade do México, 1945)

Instituições regionais

 Organização Pan-Americana da Saúde (1902), que depois se tornou o escritório regional da futura
Organização Mundial da Saúde. É a agência especializada em saúde do sistema interamericano.

 Comissão Jurídica Interamericana (1906): hoje serve de corpo consultivo da OEA em assuntos jurídicos;
promove o desenvolvimento progressivo e a codificação do Direito Internacional; e analisa os problemas
jurídicos referentes à integração dos países com vistas ao desenvolvimento do Hemisfério.

 Instituto Interamericano da Criança (1927): atualmente serve como organismo especializado da OEA. Busca
respostas inovadoras e sustentáveis perante os diversos problemas da região, apoiando os Estados no
fortalecimento de suas capacidades tendentes a garantir o exercício pleno dos direitos das crianças e
adolescentes de maneira integral.

 Comissão Interamericana de Mulheres (1928): entidade especializada, encarregada de supervisionar o


trabalho da Organização em seus esforços para promover a igualdade de gênero na região.

 Instituto Pan-Americano de Geografia e História (1928): possui sede no México, contribui para o
desenvolvimento técnico-científico e conta com comissões de geografia, história, geofísica e cartografia, que
visa a produzir e transferir conhecimento. Projeto GEOSUR (iniciativa do CAF, Banco de Desenvolvimento da
América Latina, em coordenação com o IPGH). Mapeamento geofísico da América Latina

 Instituto Indigenista Interamericano (1940): Brasil aderiu em 1943, por influência do Marechal Rondon. A
Convenção sobre o Instituto Indigenista Interamericano, concluída em Patzcuaro, México, em fevereiro de
1940, foi promulgada em 1954.

 Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (1942): Atua em temas como: financiamento
verde, digitalização do campo, pesquisa e organização coletiva, tecnologia e inovação para a agricultura,
sanidade agropecuária e inocuidade dos alimentos, comércio agropecuário internacional, agricultura
familiar, desenvolvimento rural, gestão dos recursos naturais e bioeconomia. Organismo especializado em
agricultura do Sistema Interamericano que apoia os esforços dos Estados membros em sua busca pelo
desenvolvimento agrícola e pelo bem-estar rural.

 A Junta Interamericana de Defesa (1942): Criada no Rio de Janeiro, Brasil, durante a Terceira Reunião de
Consulta dos Ministros das Relações Exteriores das 21 Repúblicas Americanas, que então integravam a União
Pan-Americana. Brasil estava na Comissão Especial original. Sede em Washington. Desde 2006, é entidade da
OEA e conta com: o Conselho de Delegados; a Secretaria e o Colégio Interamericano de Defesa.

 Banco Interamericano de Desenvolvimento (1959) - BID


 Comissão Interamericana de Direitos Humanos

 Corte Interamericana de Direitos Humanos

 Comissão Interamericana para o Controle do Abuso de Drogas (1986): busca prevenir e tratar o abuso de
drogas; reduzir a oferta e disponibilidade de drogas ilícitas; fortalecer as instituições e mecanismos para o
controle de drogas; melhorar as leis de controle e sua aplicação relativa à lavagem de dinheiro; e auxiliar os
Estados membros a melhorar a análise de dados sobre as drogas. Trata do problema das drogas de maneira
integral, considerando o impacto do comércio de drogas na saúde, desenvolvimento econômico, coesão
social e o Estado Democrático de Direito. Grupo de Peritos para o Controle da Lavagem de Dinheiro
(GELAVEX): vinculado à CICAD, o GELAVEX foi criado em 1990, tendo como objetivo debater, analisar e
extrair conclusões acerca da luta contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo.
 Reunião de Ministros da Justiça ou de outros Ministros ou Procuradores-Gerais das Américas (REMJA):
Tendo começado suas atividades em 1997, as reuniões da REMJA ocorrem, geralmente, a cada dois anos.
Seus temas perpassam muitas vezes pela cooperação jurídica internacional. Recentemente, seus Grupos de
Trabalho têm discutido (i) crimes cibernéticos; (ii) proteção e assistência a vítimas e testemunhas; (iii)
políticas penitenciárias e carcerárias; (iv) investigação forense; (v) tráfico de pessoas; (vi) fortalecimento dos
sistemas de justiça; (vii) Centro de Estudos das Américas; (viii) cooperação jurídica em matéria de família e
infância; (ix) crime organizado transnacional; e (x) acesso à justiça.

 Comissão Interamericana de Telecomunicações: integrar os Estados americanos na sociedade mundial de


informação e na economia digital; estimular e acelerar o desenvolvimento social, econômico, cultural e
ambientalmente sustentável, por meio desenvolvimento das telecomunicações e das tecnologias da
informação e comunicação (TIC); facilitar e promover o desenvolvimento integral e sustentável de
telecomunicações/TIC interoperáveis, inovadoras e confiáveis nas Américas, sob princípios de
universalidade, equidade e acessibilidade.

 Comissão Interamericana de Portos: fórum interamericano permanente dos Estados membros para o
fortalecimento da cooperação hemisférica no desenvolvimento do setor portuário, com a participação e
colaboração ativas do setor privado.

 Centro de Estudos da Justiça das Américas (1999): com sede em Santiago, busca modernizar instituições
judiciais e apoiar reformas judiciais.

 Corte Centro-Americana de Justiça (1907-1918). Uma Corte Interamericana de Justiça foi proposta em 1923,
mas nunca se materializou.

Surgimento da OEA (1948)

 Nona Conferência Internacional Americana (Bogotá, 1948)


 21 Estados (Brasil)
 Carta da Organização dos Estados Americanos
 Tratado Americano sobre Soluções Pacíficas ("Pacto de Bogotá“ - mediação, investigação e conciliação, bons
ofícios, arbitragem e recurso à Corte Internacional de Justiça de Haia)
 Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem (antecessora da Convenção Americana de Direitos
Humanos ou "Pacto de San José", adotado na Costa Rica em 1969)
 Acordo Econômico de Bogotá (não entrou em vigor)

Membros da OEA

 Principal fórum governamental político, jurídico e social do Hemisfério


 35 Estados-membros
 69 Estados-observadores + União Europeia
 21 Estados-membros fundadores (Brasil)
 Cuba: Em 3 de junho de 2009, os Ministros de Relações Exteriores das Américas adaptaram a Resolução
AG/RES.2438 (XXXIX-O/09), que determina que a Resolução de 1962, a qual excluiu o Governo de Cuba de
sua participação no sistema interamericano, cessa seu efeito na Organização dos Estados Americanos (OEA).
A resolução de 2009 declara que a participação da República de Cuba na OEA será o resultado de um
processo de diálogo iniciado na solicitação do Governo de Cuba, e de acordo com as práticas, propósitos e
princípios da OEA.

Carta da OEA

 Os Estados americanos consagram nesta Carta a organização internacional que vêm desenvolvendo para
conseguir uma ordem de paz e de justiça, para promover sua solidariedade, intensificar sua colaboração e
defender sua soberania, sua integridade territorial e sua independência. Dentro das Nações Unidas, a
Organização dos Estados Americanos constitui um organismo regional.
 Artigo 2º: propósitos (garantir a paz e a segurança continentais; promover e consolidar a democracia
representativa, respeitado o princípio da não-intervenção; assegurar a solução pacífica das controvérsias
entre seus membros; organizar ação solidária em caso de agressão; procurar a solução dos problemas
políticos, jurídicos e econômicos entre os Estados-membros; promover, por ação cooperativa, o
desenvolvimento econômico, social e cultural; erradicar a pobreza crítica; alcançar efetiva limitação de
armamentos convencionais)

 Artigo 3º: princípios (direito internacional; ordem internacional; soberania; independência dos Estados; boa-
fé; solidariedade; não ingerência em assuntos internos de outro Estado; eliminação da pobreza; condenação
da guerra de agressão; solução pacífica de controvérsias; justiça e segurança sociais como base da paz
duradoura; cooperação econômica; prosperidade; direitos fundamentais da pessoa humana; personalidade
cultural dos países americanos; justiça; liberdade e paz.

 Modificações à Carta (04 ocasiões): Buenos Aires, 1967; Cartagena das Índias, 1985; Washington, 1992;
Manágua, 1993.

Os quatro pilares da OEA (desenvolvimento, direitos humanos, democracia e segurança)

 Em 2014, a Assembleia-Geral da OEA aprovou a Declaração da “Visão Estratégica da OEA” (AG/RES. 2814/14)
 Democracia (Carta Democrática Interamericana)
 Direitos humanos (Comissão Interamericana de Direitos Humanos e Corte Interamericana de Direitos
Humanos)
 Segurança (JID, TIAR, Comissão de Segurança Hemisférica)
 Desenvolvimento (Conselho Interamericano para o Desenvolvimento Integral, Comissão de Políticas de
Cooperação Solidária para o Desenvolvimento, Comissão de Assuntos Migratórios, Carta Social das Américas
de 2012 para tratar de trabalho; proteção social; saúde; alimentação e nutrição; educação; moradia e
serviços públicos básicos; e cultura).

Funcionamento da OEA

 Diálogo político (Assembleia-Geral, Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores, Conselho
Permanente, Conselho Interamericano de Desenvolvimento Integral, Reuniões Ministeriais, Cúpula das
Américas)
 Cooperação (missões de observação eleitoral -o país precisa aceitar -, negociações comerciais, atenuação de
desastres naturais – muito útil no CARICOM -, bolsas de estudo, governança municipal, projetos de
desenvolvimento)
 Mecanismos de acompanhamento (Mecanismo de Avaliação Multilateral - baseado no princípio da
responsabilidade partilhada na abordagem do problema das drogas; Mecanismo de Acompanhamento da
Implementação da Convenção Interamericana contra a Corrupção; Mecanismo de Seguimento da Convenção
de Belém do Pará; Grupo de Revisão da Implementação de Cúpulas; Sistema de Acompanhamento das
Cúpulas das Américas.
 Patrimônio Jurídico (direito internacional, cooperação jurídica, programas jurídicos especiais)

Assembleia-Geral da OEA

 Órgão supremo da OEA


 Artigo 57 da Carta
 Reuniões anuais
 Sede escolhida conforme o princípio da rotatividade
 Em circunstâncias especiais e com a aprovação de dois terços dos Estados membros, o Conselho Permanente
poderá convocar um período extraordinário de sessões da Assembleia-Geral.
 Decisões adotadas pelo voto da maioria absoluta dos Estados-membros, salvo nos casos em que é exigido o
voto de dois terços, conforme determinação da Carta e dos regulamentos
 Presença de chanceleres (nas Cúpulas quem participa são os chefes de Estado, mas a Assemblei Geral são os
chanceleres)

Principais atribuições da Assembleia Geral da OEA

a) Decidir a ação e a política gerais da Organização, determinar a estrutura e funções de seus órgãos e considerar
qualquer assunto relativo à convivência dos Estados americanos;

b) Estabelecer normas para a coordenação das atividades dos órgãos, organismos e entidades da Organização entre
si e de tais atividades com as das outras instituições do Sistema Interamericano;

c) Fortalecer e harmonizar a cooperação com as Nações Unidas e seus organismos especializados;

d) Promover a colaboração, especialmente nos setores econômico, social e cultural, com outras organizações
internacionais cujos objetivos sejam análogos aos da Organização dos Estados Americanos;

e) Aprovar o orçamento-programa da Organização e fixar as quotas dos Estados membros; Brasil é um grande
contribuidor; EUA é o maior

f) Considerar os relatórios da Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores e as observações e
recomendações que, a respeito dos relatórios que deverem ser apresentados pelos demais órgãos e entidades, lhe
sejam submetidas pelo Conselho Permanente, conforme o disposto na alínea f, do artigo 91, bem como os relatórios
de qualquer órgão que a própria Assembleia Geral requeira;

g) Adotar as normas gerais que devem reger o funcionamento da Secretaria-Geral; e

h) Aprovar seu regulamento e, pelo voto de dois terços, sua agenda.

Cúpula das Américas

 Sem previsão expressa na Carta


 Ocorrem desde 1994 (Miami, contexto de surgimento da Alca)
 Cúpulas de Chefes de Estado e de Governo das Américas (em paralelo ocorre uma reunião empresarial)
 Emitem decisões e recomendações, geralmente na forma de uma Declaração e Plano de Ação, sobre
objetivos a serem atingidos pelas organizações do Sistema Interamericano, especialmente a OEA.
 Presença de Chefes de Estado
 Diálogos nacionais e participação da sociedade civil
 Diálogo Empresarial das Américas (impulsionado pelo BID) e a Cúpula Empresarial das Américas que ocorre
em paralelo da Cúpula das Américas

Obs.: a Assembleia aprova resoluções, a Cúpula declarações; tem viés mais político

Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores

 Considera problemas de natureza urgente e de interesse comum para os Estados americanos,


 Serve de Órgão de Consulta
 Qualquer Estado membro pode solicitar a convocação de uma Reunião de Consulta. A solicitação deve ser
dirigida ao Conselho Permanente da Organização, o qual decidirá, por maioria absoluta de votos, se é
oportuna a reunião.
 Em caso de ataque armado ao território de um Estado americano ou dentro da zona de segurança
demarcada pelo tratado em vigor, o Presidente do Conselho Permanente reunirá o Conselho a fim de
determinar a convocação da Reunião de Consulta, sem prejuízo do disposto no TIAR no que diz respeito aos
Estados-partes no referido instrumento.
 Fica estabelecida uma Comissão Consultiva de Defesa para aconselhar o Órgão de Consulta a respeito dos
problemas de colaboração militar, que possam surgir da aplicação dos tratados especiais existentes sobre
matéria de segurança coletiva.

Conselho Permanente

 Constituído por um Representante Permanente de cada Estado-membro (embaixador).


 Os Estados podem designar representantes suplentes, assessores e, se necessário, acreditar um
representante interino.
 Comissão Geral
 Comissão de Assuntos Jurídicos e Políticos
 Comissão de Segurança Hemisférica
 Comissão sobre Gestão de Cúpulas Interamericanas e Participação da Sociedade Civil nas atividades da OEA
 Comissão de Assuntos Administrativos e Orçamentários
 Comissões ad hoc
 O Conselho Permanente agirá provisoriamente como Órgão de Consulta, conforme o estabelecido no
tratado especial sobre a matéria.
 O Conselho Permanente velará pela manutenção das relações de amizade entre os Estados membros e, com
tal objetivo, ajuda-los-á de maneira efetiva na solução pacífica de suas controvérsias, de acordo com as
disposições que se seguem.
 Compete também ao Conselho Permanente:
a) Executar as decisões da Assembleia Geral ou da Reunião de Consulta dos Ministros das Relações
Exteriores, cujo cumprimento não haja sido confiado a nenhuma outra entidade;

b) Velar pela observância das normas que regulam o funcionamento da Secretaria-Geral e, quando a
Assembleia Geral não estiver reunida, adotar as disposições de natureza regulamentar que habilitem
a Secretaria-Geral para o cumprimento de suas funções administrativas;

c) Atuar como Comissão Preparatória da Assembleia Geral nas condições estabelecidas pelo artigo
60 da Carta, a não ser que a Assembleia Geral decida de maneira diferente;

d) Preparar, a pedido dos Estados membros e com a cooperação dos órgãos pertinentes da
Organização, projetos de acordo destinados a promover e facilitar a colaboração entre a
Organização dos Estados Americanos e as Nações Unidas, ou entre a Organização e outros
organismos americanos de reconhecida autoridade internacional. Esses projetos serão submetidos à
aprovação da Assembleia Geral;

e) Formular recomendações à Assembleia Geral sobre o funcionamento da Organização e sobre a


coordenação dos seus órgãos subsidiários, organismos e comissões;

f) Considerar os relatórios do Conselho Interamericano de Desenvolvimento Integral, da Comissão


Jurídica Interamericana, da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da Secretaria-Geral, dos
organismos e conferências especializados e dos demais órgãos e entidades, e apresentar à
Assembleia Geral as observações e recomendações que julgue pertinentes; e

g) Exercer as demais funções que lhe atribui a Carta.


Conselho Permanente e o TIAR

 Nota à imprensa de 11/09/2019:


 Os Estados Partes no Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), no Conselho Permanente da
Organização dos Estados Americanos (OEA), aprovaram hoje uma resolução para constituir o órgão de
consulta do Tratado e convocaram na segunda quinzena de setembro a Reunião de Ministros de Relações
Exteriores

Conselho Interamericano de Desenvolvimento Integral

 Composição: um representante titular, no nível ministerial ou seu equivalente, de cada Estado membro,
nomeado especificamente pelo respectivo governo.
 Finalidade: promover a cooperação entre os Estados americanos, com o propósito de obter seu
desenvolvimento integral e, em particular, de contribuir para a eliminação da pobreza crítica, segundo as
normas da Carta, principalmente nos campos econômico, social, educacional, cultural, e científico e
tecnológico.
 Formula diretrizes e planos estratégicos; coordena a execução de programas e projetos de desenvolvimento;
coopera com órgãos do Sistema ONU e com entidades nacionais e internacionais; avalia periodicamente as
entidades de cooperação para o desenvolvimento integral

Carta Democrática Interamericana

 Aprovada pela Assembleia-Geral da OEA em 2001; não é um Tratado


 A democracia representativa é indispensável para a estabilidade, a paz e o desenvolvimento da região.
 Os povos da América têm direito à democracia e seus governos têm a obrigação de promovê-la e defendê-la.
 A democracia é essencial para o desenvolvimento social, político e econômico dos povos das Américas.
 Democracia representativa, direitos humanos, desenvolvimento integral, combate à pobreza, fortalecimento
e preservação da institucionalidade democrática, missões de observação eleitoral promoção da cultura
democrática.

Segurança Hemisférica
 Junta Interamericana de Defesa (JID), criada em 1942
 Conferência Interamericana para Manutenção da Paz e Segurança no Continente (Rio de Janeiro, 1947) –
adoção do TIAR (autodefesa coletiva, ações conjuntas e princípio da solidariedade continental)
 Segurança hemisférica (Comissão de Segurança Hemisférica da OEA, 1995)
 Segurança humana (PNUD, 1994) → 07 dimensões: econômica, alimentar, da saúde, do meio ambiente,
pessoal, comunitária e política.
 Segurança multidimensional - Secretaria de Segurança Multidimensional (OEA)
 Declaração sobre Segurança nas Américas (México, 2003) – valores compartilhados e enfoques comuns;
ameaças tradicionais e novas ameaças; cooperação
 Comitê Interamericano contra o Terrorismo (criado pela AGOEA) → cooperação interamericana para
prevenir, combater e eliminar o terrorismo; cooperação técnica.

OEA e Covid-19

 Tema da última Assembleia-Geral, em 2020: Enfrentando os desafios da COVID-19 no Hemisfério: um


enfoque colaborativo para abordar vulnerabilidades e construir resiliência em tempos de crise, com base nos
quatro pilares da OEA.
 Conselho Permanente aprovou, em fevereiro de 2021, resolução sobre a distribuição equitativa de vacinas
contra a Covid-19

Atualidades

 Venezuela
o Governo Maduro sai da OEA em 27 de abril de 2019, sob o argumento de que a OEA serviria a
“interesses hegemônicos imperiais”)
o OEA reconhece Gustavo Tarre como representante venezuelano, nomeado por Juan Guaidó em 9 de
abril de 2019 (resolução do Conselho Permanente da OEA, aprovada com 18 votos a favor, 09 contra
e uma abstenção).
o Crise multidimensional
o Invocação do TIAR – não é autorização para uso de força; busca de uma solução
o Responsabilidade de proteger – conceito normativo que surge no contexto de intervenções
militares: se o Estado não é capaz de prover segurança, a comunidade internacional deveria fazê-lo
o Grupo G14+ (grupo informal) – busca de solução pacífica para a Venezuela
 Cuba (resolução de 2009)
 Nicarágua (crise política, Grupo de Trabalho do Conselho Permanente para a Nicarágua, composto por 12
Estados-membros)
 Bolívia (Missão de Observação Eleitoral, fraude nas eleições de 20 de outubro de 2019, nota à imprensa da
SGOEA sobre a prisão da ex-presidente autoproclamada Jeanine Áñez – “abuso de mecanismos judiciais”)
 Haiti (Resolução do Conselho Permanente sobre a situação no Haiti com oferecimento de bons ofícios da
OEA, para facilitar diálogo de modo a intermediar eleições livres e justas) → o Brasil é membro do Grupo de
Amigos do Haiti.

Algumas observações

 Entre os órgãos que integram a estrutura da OEA, figura o Comitê Interamericano contra o Terrorismo, entre
cujas funções estão o apoio aos países-membros para desenvolver sua capacidade de defesa cibernética, de
proteção de seus domínios marítimos e de combate à proliferação de armas de destruição em massa, no
marco da Resolução 1.540 do Conselho de Segurança da Nações Unidas.

 A OEA tem como principais pilares a democracia, os direitos humanos, a segurança e o desenvolvimento.

 A OEA permite estados-observadores, inclusive a União Europeia. Há mais observadores que membros

 Não há representação da OEA no Brasil

 A Assembleia Geral se reúne anualmente com sede rotativa; Cúpula das Américas não está prevista na Carta
da OEA e ocorre em intervalos maiores

 Apesar de ser um órgão eminentemente político, a Organização dos Estados Americanos (OEA) ofereceu o
marco institucional para as negociações comerciais que objetivavam criar a Área de Livre Comércio das
Américas (ALCA). Fato ocorrido na Primeira Cúpula das Américas

O Brasil e o Sistema Interamericano

Conferências Pan-Americanas (1889-1954)

 Washington, 1889-1890
o Fundador da ideia de integração americana, que daria, em 1948, origem à OEA
 México, 1901-1902
 Rio de Janeiro, 1906 – participação dos países latino-americanos na Conferência de Paz da Haia em 1907
 Buenos Aires, 1910
 Santiago, 1923 (Tratado para Evitar ou Prevenir Conflitos entre Estados Americanos ou Pacto Gondra).
 Havana, 1928 (Convenções sobre estrangeiros, asilo, agentes diplomáticos e consulares)
 Montevidéu, 1933 (Convenção sobre os Direitos e Deveres dos Estados - Estado é sujeito de direito
internacional com população permanente, território determinado, governo e capacidade de ter relações
com os demais Estados.
 Lima, 1938
 Bogotá, 1948 (Pacto de Bogotá, Carta da OEA)
 Caracas, 1954 (Convenções de Caracas sobre Asilo Diplomático e sobre Asilo Territorial)

Reuniões de Consulta de Ministros das Relações Exteriores

 Contexto: II Guerra Mundial


 Panamá, 1939 (guerra pode prejudicar a paz no hemisfério americano?)
 Havana, 1940
 Rio de Janeiro, 1942 (após ataque japonês a Pearl Harbor – criação da Junta Interamericana de Defesa).
Lógica de defesa hemisférica diante de ameaça externa
 Continuidade após a II Guerra Mundial; ocorre até a atualidade
 Finalidade: considerar problemas de caráter urgente e de interesse comum para os Estados americanos e
para servir de Órgão de Consulta.
 Qualquer Estado Membro poderá pedir que se convoque a Reunião de Consulta. A solicitação deverá ser
dirigida ao Conselho Permanente da Organização, o qual decidirá por maioria absoluta de votos se a Reunião
é procedente.
 Quando um ou mais Estados membros que tiverem ratificado o TIAR solicitarem a convocação da Reunião de
Consulta de acordo com o artigo 13 desse Tratado, o Conselho Permanente, por maioria absoluta dos
Estados que tiverem ratificado o TIAR decidirá se a reunião é procedente.
 A agenda e o regulamento da Reunião de Consulta são preparados pelo Conselho Permanente da
Organização e submetidos à consideração dos Estados membros. A atuação do Conselho Permanente como
Órgão de Consulta rege-se pelo disposto no TIAR.
 Se, excepcionalmente, o Ministro das Relações Exteriores de qualquer país não puder concorrer à Reunião,
far-se-á representar por um Delegado Especial.
 Em caso de ataque armado ao território de um Estado americano ou dentro da região de segurança
delimitada pelo tratado vigente, o Presidente do Conselho Permanente reunirá o Conselho sem demora para
determinar a convocação da Reunião de Consulta, sem prejuízo do disposto no Tratado Interamericano de
Assistência Recíproca (TIAR) no que diz respeito aos Estados Partes nesse instrumento.
 O Secretário-Geral Adjunto atuará como Secretário da Reunião de Consulta dos Ministros das Relações
Exteriores quando assim o dispuser o Regulamento da Reunião.

Histórico regional

 Guerra Fria: interesses dos EUA, tolerância da OEA e regimes ditatoriais e antidemocráticos (Brasil,
Argentina, Chile, Haiti, Peru, etc.) interesses norte-americanos
 Plano Condor: operação coordenada com o objetivo de neutralizar grupos de esquerda, como a Ação
Libertadora Nacional (Brasil), os Tupamaros (Uruguai), os Montoneros (Argentina), o Movimento de
Esquerda Revolucionária (Chile) e que se opunham aos regimes militares.
 Operação Pan-Americana (1958), lançada pelo Brasil, durante o Governo JK. Programa multilateral de
assistência ao desenvolvimento econômico da América Latina. Criação de um mecanismo financeiro
multilateral — que viria a se transformar no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) — e o projeto
de um mercado comum latino-americano, embrião da Associação Latino-Americana de Livre Comércio
(ALALC).
 Aliança para o Progresso (1961): o Plano Marshall da América Latina
 Encontro de Uruguaiana (1961): Jânio Quadros e Arturo Fondizi

Cuba e o sistema interamericano

 A suspensão de Cuba do Sistema interamericano: Conferência de Punta del Este, VIII Reunião de Consultas
dos Ministros das Relações Exteriores Americanos, 1962, para considerar “as ameaças à paz e à
independência política dos Estados Americanos” - Cuba suspensa da Junta Interamericana de Defesa e da
OEA, sendo que esta última decisão não obteve votos favoráveis dos maiores Estados latinoamericanos. A
delegação brasileira, chefiada por San Tiago Dantas, opôs-se às sanções contra Cuba e, juntamente com
Argentina, México, Chile, Bolívia e Equador, absteve-se da resolução que suspendeu o governo cubano da
OEA.
 O retorno de Cuba: 39ª AGOEA (2009), resolução apresentada pelo Brasil, sem nenhum pedido de
contrapartida. Cuba deveria respeitar de forma ampla os preceitos da OEA; Cuba não mostrou interesse até
o momento

Cuba e a OEA

 A Assembleia Geral:
Reconhecendo o interesse partilhado na plena participação de todos os Estados-membros;
Guiada pelos propósitos e princípios estabelecidos da Organização dos Estados Americanos contidos
na Carta da organização e em seus demais instrumentos fundamentais relacionados à segurança, à
democracia, à autodeterminação, à não-intervenção, aos direitos humanos e ao desenvolvimento;

Considerando a abertura que caracterizou o diálogo dos chefes de Estado e de Governo na 5ª Cúpula das
Américas, em Port of Spain, e que, com esse mesmo espírito, os Estados-membros desejam estabelecer um
marco amplo e revitalizado de cooperação nas relações hemisféricas; e

Tendo presente que, em conformidade com o artigo 54 da Carta da Organização dos Estados Americanos, a
Assembleia Geral é o órgão supremo da Organização,

Resolve: 1. Que a resolução VI adotada em 31 de janeiro de 1962 na 8ª reunião de consulta de ministros das
Relações Exteriores, mediante a qual se excluiu o Governo de Cuba de sua participação no Sistema
Interamericano, fica sem efeito na Organização dos Estados Americanos.

2. Que a participação de Cuba na OEA será o resultado de um processo de diálogo iniciado por solicitação do
Governo de Cuba e em conformidade com as práticas, os propósitos e princípios da OEA.

Instituições regionais

 Organização Pan-Americana da Saúde (1902), que depois se tornou o escritório regional da futura
Organização Mundial da Saúde
 Comissão Jurídica Interamericana (1906)
 Instituto Interamericano da Criança (1927)
 Comissão Interamericana de Mulheres (1928)
 Instituto Pan-Americano de Geografia e História (1928)
 Instituto Indigenista Interamericano (1940)
 Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (1942)
 Junta Interamericana de Defesa (1942)
 Banco Interamericano de Desenvolvimento (1959)
 Comissão Interamericana de Direitos Humanos
 Corte Interamericana de Direitos Humanos
 Comissão Interamericana para o Controle do Abuso de Drogas
 Comissão Interamericana de Telecomunicações
 Comissão Interamericana de Portos
 Centro de Estudos da Justiça das Américas
 Corte Centro-Americana de Justiça (1907-1918). Uma Corte Interamericana de Justiça foi proposta em 1923,
mas nunca se materializou.

Organização dos Estados Americanos

 Finalidades: construir uma ordem de paz e de justiça no continente americano; promover a solidariedade e a
cooperação mútua entre os Estados da região; defender a soberania, a integridade territorial e a
independência de seus membros.
 Quatro pilares: democracia, direitos humanos, desenvolvimento e segurança.
 Carta da OEA: aprovada na IX Conferência Internacional Pan-Americana, (Bogotá, 1948) e entra em vigor em
1951.
 Assembleia Geral: instância suprema da OEA, órgão plenário com sessões ordinárias anuais (ministros das
relações exteriores).
 Conselho Permanente
 Conselho Interamericano de Desenvolvimento Integral

Carta da OEA e democracia


 Compromisso democrático regional: promoção da democracia e defesa dos regimes democráticos dos
Estados-membros.
 Democracia: conceito único ou diferentes tipos? Pode ser trabalhado em uma eventual questão discursiva
 Guillermo O'Donnell: democracia delegativa
 1991: Resolução 1080 da AGOEA (poder de ação da OEA em situações de ruptura da ordem democrática),
Compromisso de Santiago (defesa e promoção da democracia representativa como limites da não
intervenção)
 2001: Carta Democrática Interamericana (fortalecimento e preservação da institucionalidade democrática)
 2002: primeira invocação da Carta Democrática Interamericana (tentativa de golpe na Venezuela) - Grupo do
Rio (1986, substitui Grupo de Contadora e Grupo de Apoio a Contadora) solicitou a convocação urgente do
Conselho Permanente da OEA
 2009: Honduras (Manuel Zelaya) - suspensão imediata do direito de Honduras de participar da OEA
(readmitida em 2011, Acordo para a Reconciliação Nacional)

Tratados interamericanos

 Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem (1948, IX Conferência Internacional Americana
realizada em Bogotá)
 Convenção Americana sobre Direitos Humanos em Matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais,
("Protocolo de São Salvador", 1988, em El Salvador) e Protocolos Adicionais
 Carta Democrática Interamericana (aprovada em 11 de setembro de 2001, em sessão especial da AGOEA em
Lima, Peru);
 Carta Social das Américas (aprovada na 42ª AGOEA, em 2012, na Bolívia);
 Tratado Americano de Soluções Pacíficas (“Pacto de Bogotá”, 1948, IX Conferência Internacional Americana);
 Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas de Intolerância Correlatas
(aprovada na 43ª AGOEA, em 2013, na Guatemala).

Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos

 Em abril de 1948, a OEA aprovou a Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem, em Bogotá,
Colômbia, o primeiro documento internacional de direitos humanos de caráter geral.
 O SIDH iniciou-se formalmente com a aprovação da Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem
na Nona Conferencia Internacional Americana realizada em Bogotá em 1948.
 1948: Carta da OEA (1948)
 Carta da OEA: “direitos fundamentais da pessoa humana” como um dos princípios fundadores da
Organização.
 Carta da OEA: “o sentido genuíno da solidariedade americana e de boa vizinhança não pode ser outro que o
de consolidar neste Continente dentro do marco das instituições democráticas, um regime de liberdade
individual e de justiça social, fundado com respeito aos direitos essenciais do homem”.
 1969: Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto San José da Costa Rica) – entra em vigor em
1978
 Brasil ratificou ambos regimes.
 Instituições: CIDH e Corte IDH
 Defesa brasileira em casos: AGU (Departamento de Direito Internacional) que atuam de maneira
complementar

Comissão Interamericana de Direitos Humanos

 Criada em 1959 (atenção: CIDH não foi criada pela Convenção Americana, mas foi fortalecida por ela)
 Primeira reunião em 1960
 Carta da OEA estabelece a Comissão como órgão principal da OEA para temas de direitos humanos
 Órgão autônomo (7 membros independentes, que atuam de forma pessoal, não Estados)
 Sede em Washington, D.C.
 Objetivo: promoção e proteção dos direitos humanos, promoção da observância dos direitos humanos no
hemisfério.
 Atua como órgão consultivo da OEA.
 Três pilares: sistema de petições individuais, monitoramento da situação de direitos humanos nos Estados-
membros e atenção às áreas temáticas prioritárias.
 Proteção dos direitos de toda pessoa sob jurisdição dos Estados americanos.
 Atenção às populações, às comunidades e aos grupos historicamente submetidos à discriminação.
 Princípio pro homine: a interpretação de uma norma deve ser feita da maneira mais favorável ao ser
humano
 Necessidade de acesso à justiça
 Incorporação da perspectiva de gênero em todas suas atividades.
 1961: a CIDH começou a realizar visitas in loco para observar a situação geral dos direitos humanos em um
país, ou para investigar uma situação particular. A respeito de suas observações sobre a situação de um país,
a CIDH publica informes especiais
 1965: a CIDH foi autorizada expressamente a receber e processar denúncias ou petições sobre casos
individuais nos quais se alegavam violações dos direitos humanos.
 Convenção Americana sobre Direitos Humanos define os direitos humanos que os Estados ratificantes se
comprometem internacionalmente a respeitar e a dar garantias para que sejam respeitados. Ela cria,
também, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, e define atribuições e procedimentos tanto da Corte
como da CIDH. A CIDH mantém, além disso, atribuições adicionais e anteriores à Convenção e que não
derivam diretamente dela, sendo estes, entre outros, de processar petições individuais relativas a Estados
que ainda não são parte da Convenção
 Órgão representativo dos Estados-membros da OEA
 Já teve 06 comissários brasileiros
 Membros eleitos por mandatos de 4 anos (com uma possível reeleição)
 Emite relatórios e comunicações para os Estados-membros
 Recebe denúncias e petições do indivíduo cujos direitos foram violados ou de quem o represente
 Casos mais emblemáticos envolvendo o Brasil: Maria da Penha, Carandiru e Candelária
 2011: CIDH pede ao Brasil medidas para garantir a vida e a integridade pessoal dos povos indígenas
alegadamente afetados pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Brasil: caráter subsidiário ou
complementar do sistema interamericano. Estudos de impacto ambiental e de natureza antropológica;
solicitações da CIDH eram precipitadas e injustificáveis. O Brasil retirou seu embaixador junto à OEA, mas
não saiu da organização. Em 2015, o embaixador Machado e Costa foi designado novo RP do Brasil junto à
OEA.
 Admissão de solução amigável. Constata a violação de direitos humanos e a falta de solução amigável, é
emitido relatório com recomendações para os Estados. Se as recomendações não forem cumpridas, a CIDH
pode encaminhar o caso para a Corte Interamericana.
 Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não-governamental legalmente reconhecida em um ou
mais Estados membros da Organização pode apresentar à Comissão petições em seu próprio nome ou no de
terceiras pessoas, sobre supostas violações dos direitos humanos reconhecidos, conforme o caso, na
Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, na Convenção Americana sobre Direitos Humanos
“Pacto de San José da Costa Rica”, no Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos
em Matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais “Protocolo de San Salvador”, no Protocolo à
Convenção Americana sobre Direitos Humanos Referente à Abolição da Pena de Morte, na Convenção
Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, na Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento
Forçado de Pessoas, e na Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a
Mulher, em conformidade com as respectivas disposições e com as do Estatuto da Comissão e do presente
Regulamento. O peticionário poderá designar, na própria petição ou em outro instrumento por escrito, um
advogado ou outra pessoa para representação perante a Comissão.
 Artigo 25. Medidas cautelares
o 1. Em situações de gravidade e urgência a Comissão poderá, por iniciativa própria ou a pedido da
parte, solicitar que um Estado adote medidas cautelares para prevenir danos irreparáveis às pessoas
ou ao objeto do processo relativo a uma petição ou caso pendente.
o 2. Em situações de gravidade e urgência a Comissão poderá, por iniciativa própria ou a pedido da
parte, solicitar que um Estado adote medidas cautelares para prevenir danos irreparáveis a pessoas
que se encontrem sob sua jurisdição, independentemente de qualquer petição ou caso pendente

Casos na CIDH

 Maria da Penha: Brasil foi condenado em 2001 por omissão, negligência e tolerância. Violência doméstica e
de tolerância pelo Estado definidas na Convenção de Belém do Pará (Convenção Interamericana para
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, assinada em 1994, em vigor desde 1995).
Necessidade de criação de uma lei adequada a este tipo de violência contra a mulher: Lei Maria da Penha
(2006)
 Carandiru (2000): recomendações da CIDH (investigação completa, imparcial e efetiva; identificar e
processar os responsáveis pelas violações de direitos humanos; identificar as vítimas; indenizar
adequadamente as famílias das vítimas; descongestionar as casas de detenção; etc.
 Candelária (2015): recomendações da CIDH (investigação das mortes, identificação dos responsáveis e seu
devido processo)

Corte Interamericana de Direitos Humanos

 Criada pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1959


 Instalada em 1979
 Sede em San José, na Costa Rica
 Jurisdição: julga casos contra os países que reconheceram sua jurisdição
 Órgão judicial
 Pode conceder medidas provisórias em caso de comprovada e extrema urgência
 Audiências públicas com possibilidade de amicus curiae (conhecimento a agregar)
 O quorum para as deliberações da Corte é de cinco juízes.
 A Corte é composta de sete juízes, nacionais dos Estados membros da OEA, eleitos a título pessoal dentre
juristas da mais alta autoridade moral, de reconhecida competência em matéria de direitos humanos.
 Não deve haver mais de um juiz da mesma nacionalidade.
 Os juízes da Corte serão eleitos para um mandato de seis anos e só poderão ser reeleitos uma vez.
 Juiz ad hoc: O juiz que for nacional de um dos Estados Partes num caso submetido à Corte, conservará seu
direito de conhecer do caso.
 Já teve dois juízes brasileiros: Cançado Trindade e Roberto Caldas
 Convenção Americana sobre Direitos Humanos: somente os Estados-partes e a Comissão (CIDH) têm direito
de submeter um caso à decisão da Corte.
 Artigo 25. Medidas Provisórias (regulamento da Corte)
o 1. Em qualquer fase do processo, sempre que se tratar de casos de extrema gravidade e urgência e
quando for necessário para evitar prejuízos irreparáveis às pessoas, a Corte, ex officio ou a pedido de
qualquer das partes, poderá ordenar as medidas provisórias que considerar pertinentes
 Brasil: depósito da declaração de aceitação da competência obrigatória da Corte Interamericana de Direitos
Humanos em 1998 – atenção: sob reserva de reciprocidade e para fatos posteriores à declaração.
 O Governo da República Federativa do Brasil declara que reconhece, por tempo indeterminado, como
obrigatória e de pleno direito a competência da Corte Interamericana de Direitos Humanos, em todos os
casos relacionados com a interpretação ou aplicação da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, em
conformidade com o artigo 62, sob reserva de reciprocidade e para fatos posteriores a esta declaração.
 Primeiro caso brasileiro: caso Damião Ximenes Lopes (a demanda trazida pela Comissão em 2004, Brasil
condenado em 2006).
 Outros casos trazidos pela Comissão: trabalhadores da Fazenda Brasil Verde (2015), Favela Nova Brasília
(2015), Povo Indígena Xucuru e seus membros (2016) e Vladimir Herzog (2016).

Casos na Corte Interamericana de Direitos Humanos

 Trabalhadores da Fazenda Brasil Verde (2015): Brasil foi condenado em 2016 por tolerar formas modernas
de escravidão e tráfico de pessoas (escravidão é crime de direito internacional)
 Fazenda Nova Brasília (2015): Brasil foi condenado em 2017: “Estado deverá conduzir eficazmente a
investigação em curso sobre os fatos relacionados às mortes ocorridas na incursão de 1994, com a devida
diligência e em prazo razoável, para identificar, processar e, caso seja pertinente, punir os responsáveis, nos
termos dos parágrafos 291 e 292 da presente Sentença. A respeito das mortes ocorridas na incursão de
1995, o Estado deverá iniciar ou reativar uma investigação eficaz a respeito desses fatos, nos termos dos
parágrafos 291 e 292 da presente Sentença”.
 Povo Indígena Xucuru e seus membros (2016): Brasil foi condenado em 2018. “O Estado deve garantir, de
maneira imediata e efetiva, o direito de propriedade coletiva do Povo Indígena Xucuru sobre seu território,
de modo que não sofram nenhuma invasão, interferência ou dano, por parte de terceiros ou agentes do
Estado que possam depreciar a existência, o valor, o uso ou o gozo de seu território”.
 Vladimir Herzog (2016): Brasil foi condenado em 2018. Crime contra a humanidade. O Brasil não pode
invocar a existência de prescrição ou aplicar o princípio de bis in idem, a lei de anistia ou qualquer outra
disposição para escusar-se de seu dever de investigar e punir os responsáveis. A Corte ordenou medidas de
reparação, como reiniciar, com a devida diligência, a investigação e o processo penal, para identificar,
processar e, se for o caso, punir os responsáveis pela tortura e pelo assassinato de Vladimir Herzog.

Outros casos na Corte Interamericana de Direitos Humanos

 Caso Ximenes Lopes (2006): casa de repouso Gararapes. Primeira condenação brasileira na Corte.
 Caso Guerrilha do Araguaia (2010): Brasil foi condenado a obrigações de investigar os fatos, julgar e, se for o
caso, punir os responsáveis, e de determinar o paradeiro das vítimas; além de outras medidas de
reabilitação, satisfação e garantias de não repetição, indenizações, custas e gastos.
 Caso Garibaldi (2009): Brasil foi condenado. Proteção Internacional ao Direito Humano de Prestação
Jurisdicional em Prazo Razoável.
 Caso Escher (2009): Brasil foi condenado por interceptações telefônicas ilegais.
 Caso Nogueira de Carvalho (2006): arquivado. Não ficou demonstrado que o Estado tenha violado no
presente caso os direitos às Garantias Judiciais e à Proteção Judicial.

A Venezuela no sistema interamericano de proteção dos direitos humanos

 2013: Venezuela denunciou a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto San José da Costa Rica,
1969). Casos de violação de direitos humanos ocorridos até a data de entrada em vigor da denúncia poderão
ser conhecido pela Corte
 2016: Secretário Geral da OEA, Luis Almagro, convocou sessão urgente do Conselho Permanente para
discutir a situação na Venezuela, invocando a Carta Democrática Interamericana, o que foi rechaçado por
Maduro.
 Secretaria Geral da OEA e CIDH criticam Maduro por violações de direitos humanos
 2019: CIDH outorgou medidas cautelares de proteção em favor de Juan Guaidó.
 Venezuela: Grupo de Lima (2017, objetivo declarado de "abordar a crítica situação da Venezuela e explorar
formas de contribuir para a restauração da democracia naquele país através de uma saída pacífica e
negociada”) e tratamento na OEA

O Brasil no sistema interamericano de proteção dos direitos humanos

 Fortalecimento da democracia, defesa dos direitos humanos, promoção do desenvolvimento e da segurança


no continente.
 Reconhecimento da importância do sistema e de seu papel histórico na defesa dos direitos humanos
 Brasil defende a necessidade de aperfeiçoamento do sistema de forma a trazer mais equilíbrio, sem viés
político
 CIDH deve atuar de maneira transparente, previsível, objetiva e eficaz, com decisões fundamentadas e
medidas cautelares com critérios objetivos, definidos e claros
 Brasil: defende maior equilíbrio
 CIDH: relatório sobre a situação dos direitos humanos no Brasil (fevereiro de 2021)
Segurança hemisférica

 Junta Interamericana de Defesa (1942): organização militar que, em 2006, se tornou órgão especializado da
OEA
 Conferência de Chapultepec (1945): segurança regional
 TIAR (1947): denúncias (México em 2002; Bolívia, Nicarágua, Venezuela e Equador em 2012). Ultrapassado
diante da conjuntura atual
 Brasil: posicionamento na OEA atuação no seu entorno geográfico mais próximo (exemplo: Conselho de
Defesa Sul-americano (CDS), de 2008, que está enfraquecido pela crise da UNASUL – Brasil deixou a UNASUL,
para fazer parte do PROSUL, criado oficialmente em março de 2019).

Algumas observações

 Nos termos da Convenção Americana de Direitos Humanos, apenas os Estados-partes e a Comissão


Interamericana de Direitos Humanos podem submeter casos à decisão dessa corte

 O Sistema Regional Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos adota um modelo de justiça de
transição que inclui a persecução penal de autores de atos de afronta a direitos humanos durante períodos
de autoritarismo, de ditadura, de conflitos ou de graves lutas civis na América Latina (Caso Vladimir Herzog,
no Brasil)

 A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, órgão da Organização dos Estados Americanos, criado para
promover a observância e a defesa dos direitos humanos e para servir como órgão consultivo da
Organização nessa matéria, compõe-se de sete membros, que devem ser pessoas de alta moral e de
reconhecido saber em matéria de direitos humanos.

 Em relação ao Sistema Internacional de Promoção e Proteção dos Direitos Humanos há nove convenções
internacionais de direitos humanos, sendo o mais recente sobre desaparecimentos forçados, que entrou em
vigor em 23 de dezembro de 2010. Existem atualmente dez órgãos de monitoramento das Convenções,
formados por comissões de peritos independentes. Nove destes órgãos monitoram a implementação,
enquanto o décimo órgão, o Subcomitê de Prevenção da Tortura, criado no âmbito do Protocolo Facultativo
à Convenção contra a Tortura, monitora os centros de detenção dos Estados Partes que aderiram ao
Protocolo Facultativo

 A jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos reconhece a responsabilidade do Estado por


violações de direitos humanos não apenas como resultado de uma ação ou omissão a ele diretamente
imputável, mas também em virtude da falta de devida diligência do Estado em prevenir uma violação
cometida por particulares

 O quórum para deliberação da Corte Interamericana de Direitos Humanos é de cinco juízes. Conta com sete,
mas para deliberação o quórum é de cinco

 A Corte Interamericana de Direitos Humanos é competente para emitir parecer, a pedido de Estado-membro
da Organização dos Estados Americanos, sobre a compatibilidade entre quaisquer das leis internas desse
Estado e a Convenção Americana de Direitos Humanos.

 No continente americano, o Sistema Interamericano de Direitos Humanos é composto por dois órgãos
permanentes, um com sede em Washington, a Comissão Interamericana, que examina reclamações de
indivíduos contra supostas violações aos direitos humanos, e outro com sede em San josé da Costa Rica, a
Corte Interamericana de Direitos Humanos, que julga determinados casos de violações
15. O Brasil e a formação dos blocos econômicos, a negociação de acordos
comerciais e a promoção comercial

Cadeias Globais de Valor

 Definição
o Normalmente, a GVC envolve a combinação de bens intermediários importados e de bens e serviços
domésticos em produtos que são então exportados para uso como intermediários no estágio
subsequente de produção. (várias empresas/países participando)
o Atividades de design, produção, marketing, distribuição e suporte ao consumidor final

 Reflete a fragmentação internacional da produção


o Comércio internacional de bens finais incorpora, cada vez mais, importações de bens intermediários

 Relação entre comércio internacional, política internacional e política comercial


o Políticas ambientais, subsídios, serviços, propriedade intelectual

 Os países que participam das redes globais de valor registram taxas de crescimento da economia e da
produtividade, mas não necessariamente a participação em CGV trará ganhos.
o Investimentos e transferência de tecnologia e de conhecimento
 Planejamento e competitividade
o Especialização vertical
 Reprimarização – fornecedor de commodities no caso de não conseguir se incluir na CGV

The benefits to industry, business, exporters and consumers from participation in GVCs are manifold. GVCs provide
scope for firms to enter markets by specialising in niche intermediate activities within a chain and allow suppliers to
upgrade production into higher-value segments of their industries. GVCs also allow business to learn new processes,
meet standards that enhance their access to new markets, facilitate exports and imports in intra-firm trade,
encourage the utilisation of network technology, and tap into new sources of capital. At the national level, GVCs
enable countries to specialise in areas of comparative advantage, thus enhancing productivity growth and
supporting wages and incomes.

 Não são fenômeno novo, mas cresceram rapidamente entre 1990 e 2007
o Avanços tecnológicos
o Redução das barreiras comerciais (Rodada Uruguai)

 Em que e onde?
o Setores que se beneficiaram da CGV
 máquinas, eletrônicos e transportes
 maneira como um avião, um carro, um telefone celular são produzidos; o design é
feito em um loca, a produção em outra, para ser vendida em outra
o Regiões:
 América do Norte, Europa Ocidental e Leste Asiático
o E as demais regiões?
 commodities para processamento posterior em outros países – América Latina, África, Ásia
Central
 houve maior demanda, foram beneficiados, cresceram de forma acelerada, mas
agregam pouco valor em termos tecnológicos. Estão nas fases mais primárias da
cadeia
 Nos últimos anos o comércio e o crescimento das CGV desaceleraram
o Declínio do crescimento econômico global e do investimento
o Desaceleração do ritmo das reformas comerciais (Rodada Doha não caminhou)
o Fragmentação da produção nas regiões e setores mais dinâmicos consolidou-se

 Pandemia de COVID-19
o Riscos associados à fragmentação dos processos de produção
 Escassez de produtos médicos
 Gargalos de infraestrutura das CGV

o Discursos em prol de intervenções para reorganizar as cadeias de valor


 Limitar a dependência de importações
 Limitar a dependência de importações

o Risco de que a economia internacional se afaste de políticas comerciais guiadas por considerações
econômicas e seja orientada por considerações políticas
 Especialização
 Escala
 Spillovers
 Diversificação

o Culpa da pandemia?
 Objetivos políticos pré-existentes
 Beggar-thy-neighbor policy – países olhando para seus objetivos, criando uma espiral
negativa no comércio internacional; foi o que ocorreu no entre guerras e que os países
reproduziram durante a pandemia. Um país se fechou para o outro. Aumentam-se custo e
inflação; reduz a capacidade produtiva, não consegue acessar o mercado internacional e
ganhar escala
o Necessidade de coordenação/cooperação internacional
 Compartilhamento de informação: produção, estoques
 Reconhecimento mútuo de padrões internacionais; ISO é um padrão internacional
 Prevenir escassez; fazer o produto chegar aonde precisa chegar

o OMC/FAO/OCDE/ALCs
 Limitação às restrições às exportações
 Monitoramento de políticas comerciais
 Coordenação sobre o setor de logística
 Desenvolver ambiente regulatório sobre comércio digital

Diplomacia Comercial

 Sentido amplo:
o Elaboração e implementação de políticas de comércio exterior (multilateral e plurilateral)
 O foco no multilateralismo se dá porque um país em desenvolvimento consegue melhores
condições de negociações

 Sentido estrito
o Atividades de promoção e apoio à realização de negócios

Negociações de ALC

 O Atlântico Sul não é um centro geopolítico ou geoeconômico mundial, mas o Brasil em si é um país
importante e extremamente significativo.

 O movimento em direção à participação nas cadeias globais de valor não depende apenas de decisões de
política comercial

 “área em que estamos mostrando resultados, em que pretendemos continuar mostrando resultados,
engajados nas negociações correntes e em novas negociações”

 Coordenação é do Itamaraty em consulta aos demais ministérios

 Negociações entre governos (DIP sendo formado)

 Objetivos:
o Melhorar o acesso para os nossos produtos
o Abrir o nosso mercado à competição
o Atração de investimentos

 Parte do processo de transformação econômica no Brasil


o Free trade is the extension of free markets across political borders

Acordo de Associação MERCOSUL-União Europeia


 Três pilares: diálogo político, cooperação e livre comércio
 Compromisso com a abertura econômica e fortalecimento das condições de competividade
 25% do PIB mundial e um mercado de 780 milhões de pessoas
 Acordo mais amplo e de maior complexidade já negociado pelo MERCOSUL
o Temas tarifários e
o Temas regulatórios
 Acesso a insumos de elevado teor tecnológico e com preços mais baixos; redução de barreiras; maior
segurança jurídica e transparência de regras; produtos a preços competitivos
 Envolve 21 acordos

1) acesso tarifário ao mercado de bens (compromissos de desgravação tarifária);

2) regras de origem;

3) medidas sanitárias e fitossanitárias;

4) barreiras técnicas ao comércio (anexo automotivo);

5) defesa comercial;

6) salvaguardas bilaterais;

7) defesa da concorrência;

8) facilitação de comércio e cooperação aduaneira (protocolo de assistência mútua e cláusula antifraude);

9) serviços e estabelecimento (compromissos em matéria de acesso);

10) compras governamentais (compromissos em matéria de acesso);

11) propriedade intelectual (indicações geográficas);

12) integração regional;

13) diálogos;

14) empresas estatais;

15) subsídios;

16) pequenas e médias empresas;

17) comércio e desenvolvimento sustentável;

18) anexo de vinhos e destilados;

19) transparência;

20) temas institucionais, legais e horizontais; e

21) solução de controvérsias.

 Desgravação tarifária
o Antes do acordo:
 24% das exportações brasileiras, em termos de linhas tarifárias. Com taxa de 0%

o Depois do acordo:
 92% das exportações do MERCOSUL em termos de volume
 99% das exportações se considerada a desgravação parcial
 95% das linhas tarifárias; com taxa 0%
 91% das importações da UE e das linhas tarifárias com taxa de 0%

 Produtos Agrícolas
o Tarifa 0%: suco de laranja, frutas e café solúvel
o Ampliação de acesso: carnes, açúcar e etanol (quotas)
 No comércio agrícola, o MERCOSUL liberalizará 96% do volume de comércio e 94% das
linhas tarifárias. A UE liberalizará 82% do volume de comércio e 77% das linhas tarifárias
 Produtos industriais
o A UE eliminará 100% de suas tarifas (cesta de desgravação) em até 10 anos, sendo cerca de 80% na
entrada em vigor do acordo. O MERCOSUL liberalizará 91% do comércio em volume e linhas
tarifárias será desgravado.

 Propriedade Intelectual
o Reconhecimento de produtos, como cachaças, queijos, vinhos e cafés como distintivos do Brasil.

 Serviços
o Comunicação, construção, distribuição, turismo, transportes e serviços profissionais e financeiros
o Direito de regulamentar para alcançar objetivos legítimos; técnicos e pessoas de negócios que
podem exercer temporariamente atividade; transparência

 Compras Públicas
o Acesso ao mercado de licitações da UE, estimado em US$ 1,6 trilhão
 Acesso mais amplo do que o concedido de empresas europeias ao mercado brasileiro
 Salvaguardadas políticas públicas em desenvolvimento tecnológico, saúde pública,
promoção das micro e pequenas empresas e segurança alimentar

 Regras de Origem
o Acumulação bilateral de origem
 Integração da economia brasileira nas cadeias de valor bilaterais, regionais e globais
 Produto importado da União Europeia e reprocessado no Mercosul poderá ser exportado
para o bloco europeu sem que isso fira a regra de origem

 Diálogos
o BEA (Bem-estar animal); biotecnologia agrícola (engenharia genética); AMR (combater o uso
excessivo de antibióticos na criação animal); LMRs (limites de resíduos e de defensivos).

 Facilitação de Comércio
o Compromisso de rever e melhorar regulamentos e práticas de desembaraço de bens
o Processos eletrônicos nas operações aduaneiras

 Estimativas para os próximos 15 anos (2035)


o Crescimento do PIB somente em função da desgravação
 US$ 87,5 bilhões
 US$ 125 bilhões
o Investimentos
 US$ 113 bilhões
o Comércio bilateral
 US$ 100 bilhões de ganhos (praticamente dobrar)
Acordo de livre comércio entre o MERCOSUL e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA)

 Países europeus que não entraram na União Europeia; adotam muitas medidas comuns à União Europeia
 Lançadas em janeiro de 2017 e finalizadas após dez rodadas.

 EFTA
o PIB de US$ 1,1 trilhão;
o População de 14,3 milhões de pessoas;
o 9º maior ator no comércio mundial de bens;
 Brasil-EFTA X: ouro, produtos químicos como óxido de alumínio, café, soja, carnes e
preparações alimentícias diversas
 Brasil-EFTA M: produtos farmacêuticos e químicos orgânicos, máquinas e equipamentos,
petróleo e gás, peixes e crustáceos (indústria pesqueira na Noruega é muito forte)
o 5º maior no comércio de serviços;
 Brasil-EFTA: US$ 4 bilhões
o Elevado PIB per capita

 Compromissos de desgravação tarifária e de natureza regulatória

 Acesso ao mercado de bens


o Anexos com compromissos de desgravação tarifária assumidos pelo MERCOSUL, Suíça e
Liechtenstein, Noruega e Islândia
 Facilitação de Comércio e Cooperação Aduaneira
 Regras de Origem
 Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT)
o Anexo sobre Equipamentos Eletroeletrônicos
 Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS)
 Serviços
o Anexos com compromissos assumidos por cada um dos Estados Partes do MERCOSUL e pelos países
da EFTA
 Investimentos
o Anexos com compromissos assumidos por cada um dos Estados Partes do MERCOSUL e pelos países
da EFTA
 Compras Governamentais
o Anexos com compromissos assumidos por cada um dos Estados Partes do MERCOSUL e pelos países
da EFTA
 Propriedade Intelectual
o Anexo sobre Indicações Geográficas
 Concorrência
 Comércio e Desenvolvimento Sustentável
 Solução de Controvérsias
 Medidas de Defesa Comercial e Salvaguardas Globais
 Salvaguardas Bilaterais

 Desgravação tarifária
o 100% do universo industrial e do setor pesqueiro
o Acesso preferencial para os principais produtos agrícolas exportados pelo Brasil
 Carne bovina, carne de frango, milho, farelo de soja, melaço de cana, mel, café torrado,
arroz, frutas e sucos de frutas
o Sem “cestas” de desgravação;
o Suíça e Liechtenstein alcança mais de 98% das importações originárias do MERCOSUL e, no caso de
Noruega e Islândia, mais de 99% das importações.
o O MERCOSUL liberalizará aproximadamente 97% do comércio com a EFTA em livre comércio ou via
desgravação parcial, como quotas e preferências fixas.
 Setor industrial: 96%
 Setor agrícola: 98%
 quota para todos os tipos de queijos, com exceção de muçarela, com volume de 990
toneladas; quota para chocolates
o Serviços
 Comunicação, construção, distribuição, turismo, transportes e serviços profissionais e
financeiros

o Compras públicas
 Acesso ao mercado de compras públicas da EFTA, avaliado em cerca de US$ 85 bilhões
 Obrigações de transparência

o Barreiras técnicas ao comércio


 Boas práticas regulatórias

 Estimativas para os próximos 15 anos


o Crescimento do PIB
 US$ 5,2 bilhões
o Comércio bilateral
 US$ 5,9 bilhões X
 Eliminação ou redução de tarifas agrícolas representará economia de US$ 319,7
milhões para o MERCOSUL e US$ 19,5 milhões para a EFTA
 US$ 6,7 bilhões M
o Investimentos
 US$ 5,2 bilhões
 Suíça é o 5º maior investidor direto no Brasil (estoque de US$ 24,4 bilhões em 2017,
cerca de 5% do total)
o Setores financeiro, de seguros, da indústria de transformação e comércio

 Setores industriais que mais deverão se beneficiar


o equipamentos de transportes (exceto setor automotivo), metais não-ferrosos, veículos motorizados
e peças, equipamentos eletrônicos e minerais não-metálicos

Acordo amplo de livre comércio Brasil e Chile

 Negociações iniciadas em abr.2018 e acordo assinado em nov.2018

 Moderniza o ACE 35 (Acordo de Complementariedade Econômico – nome que os acordos econômicos


recebem no contexto da ALADI)

 Incorpora os acordos bilaterais sobre:


o Compras públicas e investimentos no setor financeiro (2018)
o Cooperação e Facilitação de Investimentos (2015).

 Compromissos em 24 áreas não tarifárias


o Facilitação de comércio
 buscar a interoperabilidade de seus portais únicos de comércio exterior
 intercâmbio de documentos eletrônicos, como certificados de origem digital
 reconhecimento mútuo dos Operadores Econômicos Autorizados
o Telecomunicações
 eliminação de cobrança de roaming internacional para dados e telefonia móvel
o Indicação geográfica: cachaça versus pisco.
o SPS e TBT

 Foi a primeira vez que o Brasil, em acordos bilaterais, se comprometeu com temas como:
o Comércio eletrônico;
 Não cobrança de direitos aduaneiros sobre transmissões eletrônicas
 Proteção ao consumidor no comércio
o Boas práticas regulatórias;
o Transparência em anticorrupção;
o Cadeias regionais e globais de valor
o Comércio e gênero,
o Comércio e meio ambiente
o Comércio e assuntos trabalhistas

 A Decisão 32/00 impede a negociação de preferências tarifárias de modo unilateral pelos países do
MERCOSUL. A decisão não inclui, todavia, medidas não tarifárias
o Brasil pôde negociar sozinho, ou seja, sem o Mercosul, porque a degravação tarifária já tinha sido
implementada

Acordo de Ampliação Econômico-Comercial Brasil-Peru

 Assinado em abril de 2016


 Era considerado mais amplo acordo temático bilateral já concluído pelo país
o temas relacionados a investimentos e serviços
o compras governamentais
 Primeiro acordo internacional brasileiro a envolver esse setor.
 Aprofundamento das relações com os países do Pacífico
 Antecipação da desgravação para o comércio de veículos leves e picapes ACE 58

Promoção Comercial
 “Utilização simultânea de ferramentas diplomáticas de inteligência e de marketing, com vistas à obtenção de
ganhos na esfera comercial, nas áreas de estímulo às exportações, de promoção do turismo, de atração de
investimentos externos ou de apoio à internacionalização de empresas nacionais.”

 Itamaraty
o Setores de Promoção Comercial (são 120 setores – SECOM)
 Presença permanente no mercado receptor
 Estabelecimentos de redes de contato (networking)
 Na promoção comercial, o papel do Itamaraty é ligar o setor privado doméstico ao
estrangeiro; nos acordos comerciais a relação é entre estados

 Apex-Brasil – Agência de Promoção à Exportação (comércio e investimentos)


o Decreto nº 8.788, de 21 de junho de 2016
 Ministério das Relações Exteriores recebeu a incumbência de supervisionar a gestão da
Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
o Trabalham em parceria na execução de programas de promoção comercial e atração de
investimento

 Esforço junto ao setor privado


o Organização de missões empresariais brasileiras ao exterior;
o Realização de eventos de promoção de produtos brasileiros
 Comemoração do Dia Internacional do Café e do Dia Internacional do Algodão
o Organização da participação brasileira em feiras internacionais;
o Organização de missões compradoras/investidoras ao Brasil;
o Cooperação com câmaras de comércio

 Abertura de mercados
o Redução das barreiras ao ingresso das exportações brasileiras
o Negociações produto a produto
Investimentos
 Acordos de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI – modelo preparado pelo governo brasileiro)
o Consultas a diversos setores do governo e da iniciativa privada
o Subsídios de importantes organismos internacionais
o Objetivo
 Oferecer segurança jurídica aos investidores
 Impulsionar a internacionalização dos investimentos brasileiros e o recebimento de
IED
 Ser uma alternativa aos Acordos de Proteção e Promoção de Investimentos (APPI ou BIT);
muito não passaram no Congresso; muito comum na década de 1990; investidor poderia
argumentar que expectativas futuras de ganhos foram frustradas por uma política de
governo (expropriação de ganhos) e com isso pedir indenizações
 Restrições à liberdade regulatória; (limitação à aplicação de políticas públicas)
 Tratamento mais favorável do investidor estrangeiro em relação ao investidor
nacional;
 Elevado custo econômico e político dos procedimentos arbitrais; solução se dava
entre investidor privado e o Estado brasileiro; muito desfavorável aos países
o Onerosas indenizações;
o Falta de transparência das decisões arbitrais
 Definição ampla de “investimentos”

 ACFI: um novo modelo (ideia de colaboração institucional com ambiente seguro)


o Ombudsman (ponto focal entre investidor e governo)
 facilitador na relação entre investidores e governos
 burocracias, processos; alguém para consultar
 Comitê conjunto
o Fortalecer diálogos técnicos para prevenção de controvérsias
 Medidas para reduzir a exposição do investidor a riscos
o Garantias de não discriminação, (BIT favorecia o investidor; no ACFI o tratamento entre estrangeiro
e nacional é o mesmo)
o Transparência,
o Regulação da expropriação direta com possibilidade de compensação financeira por prejuízos (é
quando o Estado faz uma encampação); expropriação indireta está fora do modelo de ACFI
o Cláusulas sobre transferência de divisas (empresas podem remeter os lucros para a matriz no
exterior)
 Arbitragem entre Estados (equilíbrio nas regras do jogo)
 Angola, Chile, Colômbia, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Maláui, Marrocos, México, Moçambique, Peru,
Suriname, Guiana, Equador e Índia (países com quem o Brasil firmou ACFI)
 Protocolo de Cooperação e Facilitação de Investimentos (PCFI) com os sócios fundadores do Mercosul
o Mesmos termos do ACFI
 MCS-EFTA
o Adotou o modelo de ACFI no acordo entre Mercosul e EFTA

(Mega) Acordos comerciais

 Ceticismo sobre a capacidade da OMC manter seu papel de governança do comércio internacional levou aos
acordos comerciais mais amplos
o RDD -> coincide com a crise de 2008; países adotam medidas mais protecionistas
o Novos temas e novos objetivos de política comercial -> padrões trabalhistas, de segurança, meio
ambiente, saúde
 Diferente tipo de negociação
o Obrigações de não fazer → Regulação do “como fazer”
 Deixa do não aplicar tarifas restritivas desnecessárias para a busca de uma harmonização
regulatória

 Evitar discriminação
o Regulação do como fazer não pode ser uma barreira ao comércio

 Coerência e convergência regulatórias


o Cooperação regulatória; a coerência busca a equivalência de medidas, é algo mais horizontal. A
convergência é mais vertical, adoção de modelo unificado, reduz a autonomia dos países

 Acordos de Terceira Geração


o Primeira geração = redução de tarifas
o Segunda geração = redução de barreiras não-tarifárias
o Terceira geração = deixa de ser apenas um acordo de livre comércio; envolve outras medidas como
trabalho, saúde, segurança, harmonização

Comprehensive and Progressive Agreement for Trans Pacific Partnership (CPTPP)


 TPP
o 2008-2015
o 12 países
 5 americanos (EUA, Canadá, México, Peru e Chile);
 EUA saiu no governo Trump e Japão assume a liderança
 5 asiáticos (Japão, Malásia, Vietnã, Singapura e Brunei) e
 2 da Oceania (Austrália e Nova Zelândia)

 CPTPP
o Entrou em vigor em 2018 para Austrália, Canadá, Japão, Nova Zelândia, México e Singapura
o Entrou em vigor em 2019 para o Vietnã.
o 500 milhões de consumidores e 13,5% do PIB global
o Cláusula de Acessão
 Está aberto a outros países; em 2021, Reino Unido pediu para fazer parte do bloco

 Textos normativos e compromissos


o Comércio em bens
 Produtos agrícolas: prevalência do regime de quotas
 Produtos industriais: cobertura próxima de 100%

o Comércio em serviços
 Mobilidade de trabalhadores (vistos provisórios)
o Investimentos
o Compras governamentais (processo licitatório em condição de igualdade)

o TBT e SPS
o Subsídios e Defesa comercial
 Medidas antidumping, compensatórias; subsídios à pesca são suprimidos

o Facilitação de Comércio e Regras de Origem


 Facilitar questões aduaneiras
 Harmonização da regra de origem, com certificado único
o Comércio eletrônico
o Abertura do Serviço financeiro
o PI – proteção intelectual
 Padrão regional de regulação e controle
o Comércio e meio ambiente e comércio e padrões trabalhistas
 Pode gerar controvérsias
o Estatais
 Tanto no que tange ao subsídio quanto na questão da não-discriminação
o Combate à corrupção
 Ratificação da Convenção das Nações Unidas Contra Corrupção
o Joint Declaration of the Macroeconomic Policy Authorities of Trans-Pacific Partnership Countries

 Impactos do CPTPP no Sistema Multilateral de Comércio


o Acordo abrangente em cobertura e alcance, mas que incorpora diversas exceções e flexibilidades
o Não parece haver risco de que o acordo contribua para uma fragmentação do sistema
 Integração comercial entre os países participantes já é bastante elevada
 Compatível com um regime de “multilateralismo multipreferencial” (regras da OMC servem
de base)
 Precursor de novas áreas

 Impactos do CPTPP para o Brasil


o Maior risco de desvio de comércio para produtos agrícolas
o Normas OMC-Extra não necessariamente são negativas
o Vínculos da região com a Ásia-Pacífico.

TTIP ou TAFTA (Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento EU-US)

 Seria um dos mais amplos e decisivos acordos comerciais da história


o Harmonização regulatória
 800 milhões de pessoas
 40% do PIB mundial
 1/3 do comércio global

 Crise econômico-financeira iniciada em 2008


 Paralisia multilateral na Rodada Doha
 Razões geopolíticas e geoeconômicas
 Reação aos esforços revisionistas de potências ascendentes
 Impactos do TTIP para o Brasil
o Desvio de comércio de produtos agrícolas
o Posição de rule-taker
 Etapa inicial para a imposição das regras acordadas aos demais países
o Destravar negociações multilaterais

CUSMA - Canada-United States-Mexico Agreement (CUSMA ou TMEC ou USMCA)

 Mantém as condições de acesso a mercados livre de tarifas do NAFTA, mas inclui novos capítulos para lidar
com desafios e oportunidades modernas, em áreas como:
o Agricultura
 Condições de acesso e biotecnologia
o Comércio automotivo
 Conteúdo norte-americano
 62,5%-75% deve ser produzido na América do Norte
 40% dos empregados devem receber mais de 16 dólares a hora
 Conteúdo de aço 70% produzido na América do Norte

o Solução de Controvérsias
 Painéis bilaterais para defesa comercial
o Padrões trabalhistas e Padrões ambientais
 “Level the playing field”
 Mecanismo de resposta rápida (resolver problemas de forma mais rápida)
 7 MEAs 0 acordos multilaterais de meio ambiente
 comércio ilegal de animais selvagens, pesca ilegal, espécies em risco, diversidade biológica,
substâncias que destroem a camada de ozônio e poluição marinha
o Compras governamentais
 GPA para EUA e CPTPP para México e Canadá
o Comércio Digital
o Serviços financeiros
o Energia
 Fim da “proportionality clause” – poderiam impor restrições a este tipo de comércio
o Propriedade Intelectual
 direitos autorais, marcas, indicações geográficas, desenhos industriais, patentes, proteção
de dados para produtos químicos farmacêuticos e agrícolas, segredos comerciais e aplicação
de direitos de propriedade intelectual.
o Políticas Macroeconômicas e Temas Cambiais

Regional Comprehensive Economic Partnership (RCEP)

 2012-2020
o 15 Membros
 Índia
o 30% da população
o 29-30% do PIB
o 29% das exportações

 Vigor
o 1 ano após a ratificação por 6 ASEAN + 3 Não ASEAN
o ASEAN possui dez membros, países entre China e Japão e Austrália e Nova Zelândia
o Primeiro acordo plurilateral envolvendo a China, mas é um processo centrado na ASEAN
 Objetivo:
o Expandir e aprofundar a parceria econômica entre os Membros

 Bases:
o ASEAN Plus One FTAs
 Facilitação de Comércio
 Acesso a Mercados para Serviços
 Investimentos
 Regras

 Pontos centrais
o Eliminação de tarifas em 90% dos bens
o Unificação sob um padrão único das RoO (regras de origem; padrão único)
o Simplificação de procedimentos alfandegários (não demorar mais que 48 horas nas aduanas)
o Aumento da participação de estrangeiros em 65% do setor de serviços
 Serviços financeiros, telecomunicação e serviços profissionais
o Facilitação de investimentos
 Programa de trabalho para estabelecimento de um “investor-state dispute settlement”
 Não tem algo parecido como a ACFI no Brasil
o Propriedade Intelectual
o E-Commerce

 RCEP versus CPTPP


o Status de Desenvolvimento dos Membros
 PMDR: Laos e Camboja. (países com baixo desenvolvimento relativo)
 2ª e 3ª maiores economias do mundo: China e Japão.
o Nível de ambição
 Escopo, profundidade e velocidade de implementação tanto de eliminação tarifárias quanto
de “behind the border measures”
 Harmonização de barreiras versus estabelecimento de padrões de alto nível.
 RCEP não trata de direitos trabalhistas, de proteção ambiental, SOE (empresas
estatais de comércio), anticorrupção.
 RCEP is both wider and more shallow, while the CPTPP is narrower but deeper
o RCEP é amplo em PIB e população, mas restrito no estabelecimento de padrões
17. O Brasil e as coalizões internacionais: o G20, o IBAS e o BRICS

Coalizões de geometria variável (G20, IBAS e BRICS)

 Agrupamentos informais e flexíveis de países (não precisam ser permanentes) em torno de um ou mais
temas de interesse comum.
 Não se nega possibilidade de cooperação em um tema “A” pelo simples fato de haver divergência no tema
“B”. -> Diferentes coalizões de geometria variável não representam iniciativas excludentes, mas
complementares.
 Inúmeros "Gs" (G4, G5, G7, G8, G15, G20 comercial, G20 financeiro, G77, etc.), bem como agrupamentos
como o BRICS, o IBAS e o BASIC, são exemplos de “plurilateralismo” ou “minilateralismo”, de abrangência
restrita.
 O IBAS e o BRICS, p. ex., não são organizações internacionais, ou seja, não foram instituídos por tratados
constitutivos, com estrutura formal, sede, secretariado fixo, etc.
 Isso não impede o estabelecimento de instituições formais no âmbito desses mecanismos, como
demonstrado pela constituição do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS (Cúpula de Fortaleza, 2014).

G20 (Financeiro)

 Não confundir com G20 Comercial (OMC – negociações Rodada Doha)


 Crises da década de 1990 demonstraram que crises financeiras em mercados emergentes podem ter sérios
efeitos de transbordamento nos mercados desenvolvidos. Mercados emergentes não podem ser excluídos
das discussões.
 1999: Ministros das Finanças e presidentes dos Bancos Centrais das 19 maiores economias do mundo (G7,
Rússia, África do Sul, Argentina, Arábia Saudita, Austrália, Brasil, China, Coreia do Sul, Índia, Indonésia,
México, Turquia) + União Europeia conformaram o G20 Financeiro.
 90% do PIB, 80% do comércio e 2/3 da população mundial. (legitimidade maior que o G7)
 G20 abriu espaço para participação de países que, antes, não tinham voz em temas econômico-financeiros,
conferindo maior legitimidade e eficácia a suas decisões.
Funcionamento

 Presidências anuais rotativas, com sistema de Troika (presidência imediatamente anterior + presidência
atual + presidência imediatamente posterior):
 Presidência atual: Itália
 Troika: Arábia Saudita (2020), Itália (2021) e Indonésia (2022)
 Próximas presidências previstas: Índia (2023) e Brasil (2024)
 Não há sede -> Reuniões principais normalmente ocorrem presencialmente em cidades do país que preside.
 Reuniões de GTs normalmente nos países Co-chairs.
 Ministros também se reúnem sempre às margens das Reuniões do FMI e BIRD.

Crise Financeira de 2008-2009

 Fragilidades na supervisão do mercado financeiro: bancos norte-americanos ofereciam créditos subprime a


pessoas sem comprovação de renda e com histórico ruim de crédito (“NINJA” – Non Income – No Job – No
Asset).
 Boom na inadimplência a partir de 2007 -> crise do crédito hipotecário -> desconfiança geral no sistema
financeiro. Em 2008, a crise chegou ao auge e à quebra do banco Lehman Brothers -> efeito dominó de
falências.
 G20 se transformou no principal foro de cooperação econômica internacional: Coordenar retomada do
crescimento global. (Brasil na Presidência, 2008)
 2008: G20 passou a organizar Cúpulas de Líderes (Washington)
 2009: G20 declarado como o principal foro para a discussão de temas econômicos e financeiros (Pittsburgh),
substituindo o G8.

RESPOSTA DO G20 À CRISE DE 2008-2009:

G20 E A REFORMA DAS INSTITUIÇÕES DE BRETTON WOODS

 Crise de 2008-2009: G20 recomenda mudanças na missão e na governança do FMI e do Banco Mundial, para
refletir as alterações ocorridas nos pesos econômicos da economia mundial, aumentando sua
representatividade e legitimidade. (Cúpula de Londres, abr/2009)

Cúpula de Pittsburgh (set/2009):

 FMI: deveria revisar fórmula de cálculo das cotas, dando maior peso ao tamanho das economias, transferir
pelo menos 5% das quotas dos países super-representados para países subrepresentados e aumentar a
representação desses países no Conselho Executivo.
 BIRD: recomendou-se uma realocação das cotas para aumentar em, pelo menos, 3% do poder de voto dos
PEDs e das economias em transição e a adoção de nova fórmula de cálculo, incorporando o tamanho da
economia e a contribuição financeira de cada país membro como únicas variáveis.
 O ritmo de implementação das recomendações tem variado.

G20 E OUTROS TEMAS

 O G20 (financeiro) também tem adentrado em outras temáticas e competências que vão além daquelas
exclusivamente econômicas, especialmente a partir da Cúpula de Antália (2015): segurança alimentar;
energia; refugiados; terrorismo, mudança do clima (reforço com a saída dos EUA do Acordo de Paris, em
2017), economia digital, envelhecimento populacional, saúde, formação de capital humano,
empoderamento das mulheres, agricultura e combate à corrupção.

 Trabalhos divididos em 2 Tracks: Track de Finanças e Track de Sherpas (demais temas)

TRACK DE FINANÇAS (vertente principal)

 Reuniões Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais, seus Vices (Deputies), além das reuniões
inferiores (temas financeiros e econômicos): políticas monetária, fiscal e cambial, investimentos em
infraestrutura, regulação financeira, inclusão financeira, tributação internacional, além da reforma do
sistema financeiro internacional.

 GTs de Arquitetura Financeira Internacional – IFA (reforma das estruturas dos organismos internacionais de
finanças), Infraestrutura – IWG (Brasil co-chair), Framework - FWG (estrutura econômica), além da Parceria
Global para Inclusão Financeira (GPFI), do Grupo de Assessoramento da África (AAG)

TRACK DE SHERPAS

 Sherpa: guias alpinistas do Everest


 Os Sherpas são os Deputies dos Ministros de Relações Exteriores -> Guiam seus ministros e Chefes de Estado
no progresso do G20
 Cuidam dos demais temas (políticos/gerais), que não estão no Track de Finanças: GTs de Saúde,
Desenvolvimento, Educação, Emprego, Cultura, Turismo, Transição Energética e Sustentabilidade Climática,
Anticorrupção, Agricultura, e outras reuniões eventuais.
 Grupos de Engajamento: Business 20, Civil 20, Labour 20, Science 20, Think 20, Women 20 e Youth 20.

CÚPULAS RECENTES

 Hangzhou (2016): combate à evasão fiscal; promoção do comércio internacional, inovação para o
crescimento econômico; apoio a refugiados. Levando em consideração a Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável, a Agenda de Ação de Adis Abeba e o Acordo de Paris.
 Hamburgo (2017): cooperação econômica e financeira internacional; combate ao protecionismo; mudança
do clima (isolamento EUA sobre o Acordo de Paris); desenvolvimento sustentável; migrações e refugiados;
saúde; terrorismo.
 Buenos Aires (2018): infraestrutura para o desenvolvimento; futuro alimentar saudável; questões de gênero.
 Osaka (2019): comércio; CT&I; economia digital; infraestrutura de qualidade; mudança do clima; combate ao
lixo plástico no mar; cobertura universal de saúde; envelhecimento populacional; desenvolvimento
sustentável

CÚPULAS NA PANDEMIA DE COVID-19

Riyadh (2020):

 Formato virtual. Focada essencialmente no combate à crise de COVID-19.


 Plano de Ação: fortalecimento dos sistemas de saúde, vacina e equipamentos médicos, estímulos fiscais e
monetários para recuperação econômica, necessidade de capitalização do FMI para ajudar países em crise
de BP (linhas emergenciais e para países pobres) e suspensão de dívida de países pobres
 Nota: EUA contra nova alocação de DES no FMI, como defendido pela maioria. Houve expansão de outras
formas de recursos.

PRESIDÊNCIA ITALIANA DO G20 (2021)


 Primeiras reuniões já em dezembro/2020
 Prioridades:
o Continuação da recuperação da pandemia (Plano de Ação atualizado) e do fortalecimento das
instituições financeiras internacionais (possibilidade de alocação de DES grande),
o Saúde como bem global (preparação e resposta),
o Finanças sustentáveis,
o Solução global para tributação da economia digital,
o Tratamento e sustentabilidade de dívida (DSSI)

IBAS
 2003: Declaração de Brasília lança o Fórum de Diálogo Índia, Brasil, África do Sul (IBAS), sem sede ou
secretariado fixo
 3 países emergentes, democracias multiétnicas e multiculturais -> contribuir para a construção de uma nova
arquitetura internacional, unir vozes em temas globais.
 Cooperação Sul-Sul
 Valores compartilhados (ex.: desenvolvimento social inclusivo e o multilateralismo).
 Guarda-chuva de diversas iniciativas diplomáticas.

FUNCIONAMENTO DO IBAS

 Coordenação em diferentes níveis:


o reuniões de Chefes de Estado e de Governo,
o encontros de chanceleres (presidem as comissões ministeriais).
o pontos focais (altos funcionários das chancelarias).
 16 GTs: administração pública; administração tributária e aduaneira; agricultura; assentamentos humanos;
ciência e tecnologia (e pesquisa antártica); comércio e investimentos; cultura; defesa; desenvolvimento
social; educação; energia; meio ambiente e mudança do clima; saúde; sociedade da informação; transporte;
e turismo
 3 pilares: concertação política, a cooperação setorial e o Fundo IBAS.
o Coordenação em foros multilaterais, tais como a ONU, o G20, OMC e OMPI, reforçando a voz dos
PEDs.
o Cooperação técnico-científica, comercial e cultural entre os membros (ex: medicamentos).
o Cooperação e projetos em terceiros países (Cooperação triangular – Fundo IBAS)

“FUNDO IBAS” PARA O ALÍVIO DA POBREZA E DA FOME

 Criado por decisão dos chefes de Estado e de governo (2004)


 Solidariedade, para superar a pobreza (base: experiências nacionais exitosas de combate à fome e à
pobreza).
 Objetivo: financiar projetos autossustentáveis e replicáveis, voltados, sobretudo, para as necessidades dos
PMDR ou em situação de pós-conflito. (sem condicionalidades: projetos devem ser baseados na necessidade
e geridos localmente)
 Aporte de US$1mi de cada anualmente.
 2017: firmado acordo que formalizou a constituição do Fundo IBAS, que operava em bases voluntárias desde
sua criação.

RESULTADOS FUNDO IBAS

 Recursos são administrados pelo Escritório de Cooperação Sul-Sul (ECSS) da ONU, vinculado ao PNUD, e já
foram destinados a: África, Caribe, sudeste asiático e Oriente Médio (Palestina).
 Projetos de cunho econômico-social em educação, eletrificação rural, saúde, segurança alimentar, etc.
 Ex.: projetos de recuperação de infraestrutura hospitalar na Faixa de Gaza, desenvolvimento agropecuário
na Guiné-Bissau e coleta de resíduos sólidos no Haiti.
 Prêmios internacionais
DESTAQUES DAS CÚPULAS

 I Cúpula do IBAS (Brasília, 2006): compromisso de reforçar o comércio trilateral (passou a ganhar, também,
um contorno comercial).
 III Cúpula (Nova Délhi, 2008): reforçou necessidade de reformar CSNU e avançar na rodada Doha (acesso a
mercados e redução de subsídios agrícolas). Parcerias em infraestrutura e transportes (aumentar número e
frequência de rotas marítimas e de voos e melhorar estrutura portuária e aeroportuária).
 IV Cúpula (Brasília, 2010): compromisso de fabricação de dois satélites IBAS para o clima e os oceanos, com
benefícios positivos para agricultura, navegação, transporte aéreo e telecomunicações.
 V Cúpula IBAS (2011): Declaração de Tshwane (apoio às aspirações mútuas por assentos permanentes em
um CSNU reformado).

IBAS ATUALMENTE

 Próxima Cúpula? Não há previsão, mas o IBAS permanece em diálogo


 Exercícios navais conjuntos das marinhas dos três países a cada 2 anos (IBSAMAR): 6ª edição foi realizada em
2018; ocorreria outra em 2020, mas foi adiada por conta da pandemia de COVID-19
 Reuniões periódicas de ministros das Relações Exteriores do IBAS à margem da abertura da AGNU (2019).
 Reiteram firme compromisso de promover uma arquitetura internacional mais inclusiva (reforma do sistema
multilateral – ONU e CSNU, OMC e as instituições financeiras internacionais).

BRICS

 Acrônimo BRIC (2001): estudo “Building Better Global Economic BRICs” (Jim O ́Neil, G . Sachs), sobre Brasil,
Rússia, Índia e China.
 PIB dos BRIC deveria ultrapassar o dos países do G7 até 2032
 26 % do território, 46 % da população, 45 % da força de trabalho e 27 % PIB (PPC) do mundo. Além dos EUA,
só os BRIC combinam território > 2 mi km2, população > 100mi e PIB nominal > US $ 1 tri.
 2006: 1 ª reunião de chanceleres dos BRIC, às margens da 61 ª AGNU.
 2009: 1 ª Cúpula de chefes de Estado e de governo do BRIC, em Ecaterimburgo
 2011: Cúpula de Sanya - incorporação da África do Sul (agrupamento ampliou sua representatividade
geográfica - > BRICS.
 Informal sem tratado constitutivo ou secretariado fixo, alternando presidência a cada ano. Presidência do
Brasil em 2019

FUNCIONAMENTO DO BRICS

 Tornou-se entidade político-diplomática, bem mais complexa que o conceito original (apesar de a frente
econômico-financeira ainda ser a mais desenvolvida).
 Cúpulas e reuniões de chanceleres -> diversas instâncias ministeriais e de altos funcionários governamentais,
empresários e acadêmicos. (Institucionalização horizontal)
 Reuniões de Ministros de finanças e presidentes de BCs à margem das reuniões do G20, do FMI e BM.
 2 eixos principais:
o Coordenação em foros multilaterais (concertação)
o “Cooperação intra-BRICS”.

CONCERTAÇÃO

 Ênfase na governança econômica e política:


 Coordenação para reforma das estruturas de governança mundial, principalmente na área econômica – G20,
FMI, Banco Mundial –, mas também em instituições políticas (ONU).
 Reformas de regulação e de supervisão do sistema financeiro, bem como na seleção de diretores e
executivos (representatividade e transparência).

COOPERAÇÃO INTRA-BRICS
 3 pilares:
o (i) economia e finanças;
o (ii) paz e segurança; e
o (iii) intercâmbio entre pessoas.
o Inclui: Fórum Financeiro (Bancos nacionais de desenvolvimento); Fórum Empresarial e Conselho
Empresarial (CEBRICS), Fórum Acadêmico, Fórum Jurídico, além de temas como agricultura e
segurança alimentar; CT&I; comércio; defesa civil; infraestrutura, energia; estatísticas; meio
ambiente; saúde; segurança e combate a crimes transnacionais (incluindo corrupção, lavagem de
dinheiro, narcotráfico e terrorismo); etc.

CÚPULAS

 1ª Cúpula – Ecaterimburgo (2009): reforçar coordenação relacionada à reforma da governança mundial,


sobretudo no plano econômico-financeiro.

 2ª Cúpula – Brasília (2010): anteriores + novos temas de cooperação (acordo de cooperação sobre
financiamento de obras e projetos de energia e infraestrutura. Entendimento dos Bancos de
desenvolvimento para ampliar concessão de crédito entre os BRIC.

 3ª Cúpula – Sanya (2011): entra África do Sul (BRICS). Reafirma-se a necessidade de reforma da governança
global, inclusive do CSNU. Outros: economia e finanças; condenação ao terrorismo; incentivo ao uso de
energias renováveis e ao uso pacífico de energia nuclear; compromisso com os ODM. (em 2015 vira ODS)

 4ª Cúpula – Nova Délhi (2012): Defesa de candidatura de representantes de PEDs para a presidência do
Banco Mundial -> indicação de chefes do FMI e do BIRD deveria ser transparente e meritocrática. Início das
discussões para criação do Novo Banco de Desenvolvimento. Assinado acordo para facilitação de crédito em
moeda local (promover comércio entre membros).

 5ª Cúpula – Durban (2013): tema "BRICS e África: Parceria para o Desenvolvimento, Integração e
Industrialização". Marcou o início do exercício de diálogo externo do BRICS, conhecido como outreach, para
maior cooperação com economias emergentes, PEDs e OIs.

 6ª Cúpula – Fortaleza (2014): tema “crescimento inclusivo, soluções sustentáveis”. Criação do Novo Banco
de Desenvolvimento (NDB), com objetivo de mobilizar recursos para o financiamento de projetos de
infraestrutura e desenvolvimento sustentável em PEDs, e do Arranjo Contingente de Reservas (ACR), fundo
de reserva para apoio mútuo aos BRICS em eventuais cenários de crise no BP.

 7ª Cúpula – Ufá (2015): tema "Parceria BRICS – Um fator pujante de desenvolvimento global”. Entrada em
vigor dos acordos do NBD e do ACR, após ratificações pelos cinco países. Aprovou-se a "Estratégia para a
Parceria Econômica dos BRICS” (para diversificação das trocas comerciais e de investimento entre os
membros). Assinados acordos de cooperação cultural e de cooperação entre os Bancos de Desenvolvimento
dos países do BRICS e o NBD.

 8ª Cúpula – Goa (2016): Tema "Construindo Soluções Inclusivas e Coletivas". Discussão sobre recuperação
econômica mundial, incluindo: responsabilidade fiscal e social, desenvolvimento do NDB, atração de
investimentos, combate ao terrorismo e crescimento econômico.

 9ª Cúpula – Xiamen (2017): Tema "BRICS: Parceria mais Forte para um Futuro mais Brilhante". Assinados
Plano de Ação para Cooperação em Inovação (2017-2020), Plano de Ação do BRICS sobre Cooperação
Econômica e Comercial, Estratégia do BRICS para Cooperação Aduaneira e MoU entre o NDB e o Conselho
Empresarial do BRICS. Referendou-se a criação da Rede de Pesquisa em Tuberculose do BRICS.
 10ª Cúpula – Joanesburgo (2018): Tema "BRICS: Colaboração para o crescimento inclusivo e prosperidade
compartilhada na 4ª Revolução Industrial". Assinados o Acordo relativo à instalação da Sede do Escritório
Regional das Américas do NBD em São Paulo e o MoU sobre a Parceria em Aviação Regional. Criação da Rede
de Inovação do BRICS, a iBRICS.

 11ª Cúpula – Brasília (2019): Tema “BRICS: crescimento econômico para um futuro inovador”. Compromisso
com comércio internacional transparente, não discriminatório, aberto, livre e inclusivo (com maior
participação dos PEDs nas cadeias globais de valor). Resultados: MoU entre Agências de Promoção de
Comércio e Investimento, Rede de Inovação do BRICS (iBRICS); Nova Arquitetura em Ciência, Tecnologia e
Inovação (CT&I), Aliança Empresarial de Mulheres do BRICS; Programa de Pesquisa Colaborativa em
Tuberculose, Termos de Referência da Plataforma de Cooperação em Pesquisa Energética do BRICS;
Seminários do BRICS sobre Estratégias para Combate ao Terrorismo e sobre Bancos de Leite Humano.
(Fórum Empresarial do BRICS reuniu cerca de 500 empresários).

 12ª Cúpula – Moscou (virtual, 2020): Tema “Parceria do BRICS para a Estabilidade Global, Segurança
Compartilhada e Crescimento Inovador”. Celebraram o 75º aniversário da ONU, seus princípios e valores
(inclusive multilateralismo). Reiteraram o chamado por reforma na ONU e seu CSNU. Cooperação para
enfrentar ameaças, como a COVID-19, reconhecendo a importância da imunização. Necessidade de um
instrumento multilateral vinculante para uso do espaço exterior para fins pacíficos (Medidas de
Transparência e Construção de Confiança – TCBMs podem contribuir). Saudaram esforços para apoio aos
países de baixa renda (DSSI, etc.). Apoio à reforma da ONU e ao processo de expansão o NDB (equilibrado
geograficamente).

 13ª Cúpula – Índia: Tema “BRICS @ 15: Intra-BRICS Cooperation for Continuity, Consolidation and
Consensus”. Celebração de 15 anos do BRICS. Política e Segurança: Reforma do Sistema multilateral e
cooperação para conter o terrorismo; Economia e Finanças: Implementação da Estratégia de Parceria
Econômica do BRICS, Operacionalização da Plataforma de Pesquisa Agrícola do BRICS, Cooperação em
resiliência a desastres, Cooperação em inovação, Saúde Digital e Medicina Tradicional; Cultura: Enriquecer e
valorizar qualitativamente os contatos intra-BRICS de pessoas para pessoas nas áreas cultural, acadêmica,
juvenil, esportiva, empresarial, por meio de intercâmbios regulares. Também são realizados intercâmbios
entre parlamentares, jovens cientistas, etc.

ARRANJO CONTINGENTE DE RESERVAS (ACR)

 Finalidade: prover recursos temporários aos membros que enfrentarem pressões em seus BPs. Contribui
para promover a estabilidade financeira internacional. Reforça a confiança dos agentes econômicos e
financeiros mundiais, mitigando o risco de contágio de eventuais choques que possam afetar as economias
dos BRICS
 Total de recursos inicialmente comprometidos ao ACR é de US$100 bi: US$41 bi da China, US$18 bi do Brasil,
US$18 bi da Índia, US$18 bi da Rússia e US$5 bi da África do Sul.
 Estrutura de governança: Conselho de Governadores e Comitê Permanente.
 Instrumentos: (1) instrumento de liquidez, para apoio em resposta a pressões de curto prazo no BP; e (2)
instrumento preventivo, destinado a prestar apoio em casos de potenciais pressões no BP
 Em 2018, foi realizado teste bem-sucedido do ACR.

NOVO BANCO DE DESENVOLVIMENTO (NDB)

 É o 1º banco multilateral universal pós-Bretton Woods


 Objetiva mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável no BRICS e em
outras economias emergentes e PEDs (dado o hiato existente, complementa os recursos de outros bancos
multilaterais, regionais e nacionais de desenvolvimento).
 Os membros fundadores do NBD são os BRICS, mas a participação no banco está aberta aos membros da
ONU, como tomadores ou não tomadores de empréstimos. Com eventual ingresso de membros adicionais,
os países fundadores deverão manter poder de voto conjunto de pelo menos 55%, e nenhum outro país
poderá deter poder de voto acima de 7% do total. Países desenvolvidos somente poderão aceder ao NBD na
condição de membros não tomadores de empréstimos, e sua participação conjunta não poderá exceder 20%
do poder de voto total.
 Capital subscrito inicial de US$ 50 bilhões e capital autorizado inicial de US$ 100 bilhões. Cada membro-
fundador deve integralizar US$ 10 bilhões ao NBD até 2022. O poder de voto será igual à participação
subscrita no capital

ORGANIZAÇÃO DO NDB

 Com sede em Xangai, inclui: Conselho de Governadores, de Diretores, um presidente e 4 vices.


 O presidente deve ser eleito entre nacionais dos BRICS de forma rotativa, e deve haver pelo menos um vice
de cada um dos demais fundadores (mandatos de 5 anos, não renováveis).
 Indiano K. V. Kamath foi escolhido como primeiro presidente, seguido por M. Troyjo (Brasil).
 Tem firmado parcerias com outros bancos multilaterais de desenvolvimento, como BIRD, CAF e Banco
Asiático de Desenvolvimento, com vistas a explorar possibilidades de financiamentos conjuntos e outras
formas de cooperação.
 2016: o NBD aprovou o financiamento dos primeiros 5 projetos, todos de energia renovável, um em cada
país membro. O Brasil já foi contemplado com empréstimos para projetos em áreas como energia eólica,
infraestrutura, transportes, logística, desenvolvimento urbano, melhorias ambientais de refinarias,
adaptação e mitigação dos efeitos da mudança do clima.
 NDB comprometeu-se a mobilizar recursos nas moedas de todos os seus membros, a começar pela China.
 2019: Escritório Regional das Américas do NDB (São Paulo e Brasília): deverá contribuir para prospectar
novos projetos públicos e privados no Brasil e aumentar a participação nacional no portfólio do NDB. Em
2019, BNDES e NDB assinaram um MoU para troca de informações e cofinanciamento de projetos voltados
ao desenvolvimento sustentável.

Algumas observações

 Não obstante seu caráter inicial de fórum de diálogo, que rapidamente evoluiu no sentido de se transformar
em um mecanismo de cooperação em áreas com potencial de gerar resultados concretos para os países-
membros, o BRICS já logrou criar duas instituições: o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), que prioriza
destinar recursos ao financiamento de projetos de infraestrutura, e o Arranjo Contingente de Reservas
(ACR).

 As relações diplomáticas entre Brasil e Rússia foram estabelecidas em 1828, culminando em diversos
acordos bilaterais ao longo dos anos. Em 2002, as relações entre os dois países foram alçadas ao patamar de
parceria estratégica.

 A coordenação dos BRICS tem como mecanismo tanto a esfera da governança econômico-financeira quanto
de governança política. Atualmente, o BRICS possui pauta multissetorial

 O Arranjo Contingente de Reservas (CRA) e o Novo Banco de Desenvolvimento constituem passos


importantes na criação de uma arquitetura financeira conjunta do BRICS. Com função similar à do FMI, o
CRA pretende complementar a rede global de proteção financeira, ajudando a prevenir pressões de curto
prazo, reais ou potenciais, sobre o balanço de pagamentos dos países do grupo. Para isso, cada país
contribuirá, incialmente, respectivamente com US$41 bi da China, US$18 bi do Brasil, US$18 bi da Índia,
US$18 bi da Rússia e US$5 bi da África do Sul de forma a somar US$ 100 bi. 1/5 ocorreu no caso do NDB

 A criação do NDB e do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB) liderado pela China
circunscreve-se a contexto no qual o papel dos bancos de desenvolvimento voltou ao debate, seja por sua
atuação anticíclica em momento de crise, seja pela função que exercem como canalizadores de recursos
(públicos e privados) para financiamento de projetos de longo prazo. Nessa direção, os mandatos do NDB e
do AIIB vão ao encontro dos compromissos assumidos pelo G20 em 2016 com a Agenda 2030 do
Desenvolvimento Sustentável
 O BRICS, o BASIC e o IBAS, embora tenham membros em comum e discutam temas transversais recorrentes,
como mudança do clima e desenvolvimento sustentável, resultam de iniciativas distintas, com lógicas
institucionais diferentes

 O BRICS teve posição divergente com relação às abstenções relativas às intervenções no Oriente Médio
decididos pelo CSNU que arrefece o conflito de interesses entre EUA, Israel e Irã

 O BRICS não atua de forma consensual em todos os temas

 O conflito entre Índia e China não atrapalham a coordenação e negociações do BRICS

 O interesse do Brasil na consolidação do G-20 como principal foro internacional para o diálogo político sobre
coordenação econômica, em substituição ao G-8, está embasado na maior representatividade e na crescente
importância que o G-20 vem assumindo em questões relacionadas à cooperação econômico-financeira e à
estabilidade econômica global

18. O Brasil e a Cooperação Sul-Sul

Cooperação internacional Modelos

 Cooperação tradicional
o “Ajuda ao desenvolvimento” por parte do mais rico
o Relações verticais (Norte-Sul)

 Cooperação Sul-Sul
o Busca de benefícios mútuos.
o Relações horizontais.
o Cooperação triangular
 2 + 1 => dois estados cooperando para auxiliar um terceiro, normalmente um país em
desenvolvimento

Cooperação Sul-Sul – Definição

 “A cooperação Sul-Sul é uma ampla estrutura de colaboração entre os países do Sul nos domínios político,
econômico, social, cultural, ambiental e técnico. Envolvendo dois ou mais países em desenvolvimento, pode
ser bilateral, regional, intrarregional ou inter-regional. Os países em desenvolvimento compartilham
conhecimento, habilidades, experiência e recursos para cumprir suas metas de desenvolvimento por meio
de esforços conjuntos. Desenvolvimentos recentes na cooperação Sul-Sul assumiram a forma de aumento do
volume de comércio Sul-Sul, fluxos Sul-Sul de investimento estrangeiro direto, movimentos em direção à
integração regional, transferência de tecnologia, compartilhamento de soluções e especialistas e outras
formas de intercâmbio.”
 Escritório da ONU para Cooperação Sul-Sul

A Cooperação Sul-Sul - Perspectiva Histórica

 Conferência de Bandung (1955)


o 29 países africanos e 42 asiáticos
o Sem a participação dos Estados europeus, dos EUA e da URSS
o Agenda própria
o 1a manifestação de identidade própria do TM → Dez princípios de Bandung, acordados no
comunicado final:
 9 - Promoção de interesses mútuos e da cooperação entre os países (ideia de cooperação
Sul-Sul em gestação)
 Movimento dos Não Alinhados – 1961
o 23 países afro-asiáticos, um latino-americano – Cuba – e um europeu, a Iugoslávia.
o Amplia o escopo da noção de 3˚ mundo (e sul global)

 UNCTAD – 1964
o Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento
o Institucionalização da solidariedade dos povos do Sul
o Reconhecimento das assimetrias econômicas

 G77 – 1964
o Novo quadro do comércio internacional compatível com as necessidades de industrialização
acelerada
o Nova etapa na crescente institucionalização das demandas do sul global

 Conferência da ONU sobre a Cooperação Técnica entre Países em Desenvolvimento – 1978


o Plano de Ação de Buenos Aires (PABA) – marco da formação da cooperação Sul-Sul; processo de
institucionalização
o Conceito de Cooperação horizontal

 TRATADO DE COOPERAÇÃO AMAZÔNICA (1978) – salvaguarda da soberania da Amazônia


o Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela
o Cooperação em navegação na bacia amazônica, estudos hidrográficos e climatológicos,
infraestrutura de transportes e telecomunicações, saúde, intercâmbio de experiências em matéria
de desenvolvimento regional e pesquisa tecnológica e ecológica

 1980-1990 - Globalização e frustração


o Relativa fragmentação do movimento Sul-Sul; fim da bipolaridade põe em xeque a temática de
subdesenvolvimento e de terceiro-mundismo. Países em escala diferente de desenvolvimento
o Crescente heterogeneidade de situações entre os PEDS
o Questionamento ao conceito de 3˚ Mundo
o Agenda norte-sul / Unipolaridade; EUA é o hegemon

 Unidade Especial do PNUD para cooperação Sul-Sul (SU/SSC) – 2003


o 19/12 como dia das Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul

 IBAS – 2003 (participação brasileira mais efetiva)


o Três potências médias, democráticas, em desenvolvimento
o Multilateralismo, promoção da paz e da segurança, desenvolvimento sustentável e combate à fome
e à pobreza
o Fundo IBAS (2004): combate à fome e à pobreza

 G20 Comercial – 2003


o 20 países em desenvolvimento
o 65% da população agrícola do mundo
o Implementação do mandato de Doha

 BRICS – 2006
o NDB
o ACR
 BASPA + 40 -2019
o A Segunda Conferência de Alto Nível das Nações Unidas sobre Cooperação Sul-Sul

Cooperação Sul-Sul e o Brasil

Cooperação brasileira – histórico

 1950 - Comissão Nacional de Assistência Técnica (CNAT)


o Sistema de Cooperação Técnica Internacional
o Priorizar áreas de necessidade técnica dos órgãos brasileiros: cooperação
 Vertical com desenvolvidos; Brasil era receptor de ajuda

 1960-70 – PRODECER
o Desenvolvimento da soja no cerrado, projeto que foi implementado com o apoio do governo
japonês, por meio da JICA (Agência Japonesa de Cooperação Internacional).

 1984-1987: transição para o modelo de agência


o Fusão das Divisão de Cooperação Técnica do Itamaraty e a Subsecretaria de Cooperação Econômica
e Técnica Internacional (SUBIN)
o PNUD auxilia
o Transição para foco na Cooperação Sul-Sul (estratégia de inserção externa do Brasil)

Cooperação brasileira – ABC

 Agência Brasileira de Cooperação (ABC) – 1987


o criada em setembro de 1987, por meio do Decreto Nº 94.973, como parte integrante da Fundação
Alexandre de Gusmão (FUNAG), do Ministério das Relações Exteriores (MRE).
o compete à Agência Brasileira de Cooperação (decreto de 2012)
 planejar, coordenar, negociar, aprovar, executar, acompanhar e avaliar, em âmbito nacional,
programas, projetos e atividades de cooperação para o desenvolvimento em todas as áreas
do conhecimento, recebida de outros países e organismos internacionais e aquela entre o
Brasil e países em desenvolvimento, incluindo ações correlatas no campo da capacitação
para a gestão da cooperação técnica e disseminação de informações
o Brasil não se chama doador, mas pretende ter relações horizontais e buscar benefícios mútuos.
o Em 30 anos (completados em 2017), mais de 7000 projetos em mais de 100 países.
o Prioritariamente à África e à América Latina e Caribe.
o Agricultura, saúde, educação, meio ambiente e administração pública.

Cooperação Sul-Sul brasileira

 Princípios
o Reação a demandas.
o Sem modelos pré-fabricados.
o Não condicionalidade.
o Sem exigência de contrapartidas.
o Respeito à soberania.
o Tratar os temas em fóruns específicos
 Áreas
o Cooperação técnica
o Cooperação humanitária

Cooperação técnica brasileira

 Coordenada pela ABC/MRE, mas envolve diversas áreas de Governo, universidades, setor privado e
sociedade civil
o Principais parceiros: Ministérios, EMBRAPA, SENAI e FIOCRUZ
 Responde a prioridades e demandas do país recipiendário
 Não impõe condicionalidades políticas
 É horizontal (aprendizado mútuo)
 Prioriza a capacitação (projetos estruturantes) e o intercâmbio de políticas, não o mero repasse de recursos
 Pode ser bilateral ou trilateral com outros parceiros externos
 Brasil se tornou contribuinte líquido de cooperação técnica em 2005/6, mas ainda recebe programas

Áreas geográficas prioritárias da Cooperação Sul-Sul

 América Latina e Caribe


o Haiti é principal beneficiário da cooperação brasileira
 África
o Sobretudo, mas não apenas, países lusófonos (proximidade cultural e contexto da CPLP)
o 53,5% dos recursos dedicados à Gerência de África, Ásia e Oceania e por 37,6% do total dos recursos
executados na Agência
 Ásia e Oceania
o Principalmente Timor Leste

Principais setores e projetos da Cooperação Sul-Sul

 Agricultura, desenvolvimento agrário e segurança alimentar


o Exemplos: escritórios da EMBRAPA em Acra, Panamá e Venezuela, Programa Mais Alimentos África,
fazenda-modelo de algodão no Mali para o Cotton-4 (Benin, Burkina Faso, Chade e Mali), Pro-
SAVANA em Moçambique, desenvolvimento da rizicultura em Senegal, Mali e Guiné-Bissau,
segurança alimentar no Haiti
 Saúde
o Exemplos: escritório da FIOCRUZ em Maputo, fábrica de antirretrovirais em Moçambique, centro de
hemoterapia e doenças falciformes em Gana, escola de saúde pública no Haiti, contribuições contra
o Ebola
 Educação e formação profissional
o Exemplos: centros de formação profissional em Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde,
Paraguai, Bolívia, Haiti, Guatemala, Jamaica e Timor Leste
o Fora da ABC: PEC-G e PEC-PG; UNILA, UNILAB e UAB; convênios das agências de fomento e
universidades (são autônomas)
o IRBr e vários países para intercâmbio de diplomatas

 Segurança pública e defesa


o Exemplos: Centro de Formação das Forças de Segurança na Guiné-Bissau, criação de Corpo de
Engenharia Militar no Haiti e Corpo de Fuzileiros Navais na Namíbia, Missão Naval do Brasil em São
Tomé e Príncipe, redução da violência comunitária e capacitação policial no Haiti

 Justiça e administração pública


o Exemplos: capacitação do Judiciário em Moçambique e Timor Leste, acesso a justiça para vítimas de
violência sexual na RDC, registro civil e Comissão Nacional dos DH na Guiné- Bissau, cooperação
eleitoral via CPLP, treinamento de diplomatas no IRBr
 Meio ambiente e saneamento
o Exemplos: coleta de resíduos sólidos e construção de cisternas no Haiti, gestão de recursos hídricos e
recursos florestais na Bolívia, controle biológico de pragas em Cuba

 Cultura e esportes
o Exemplos: capoeira como ferramenta de reintegração social no Haiti e na RDC, treinamento de
técnicos de futebol em diversos países e promoção do esporte para combater o racismo e promover
a paz (Resolução da Trégua Olímpica da AGNU)

Cooperação Humanitária

 De 2017-2019: Coordenação-Geral de Cooperação Humanitária (CGCH) da Agência Brasileira de Cooperação


(ABC) do Ministério das Relações Exteriores (MRE) foi criada pelo Decreto nº 9.110, de 27 de julho de 2017
 A partir de 2019: Grupo de Trabalho Interministerial sobre Cooperação Humanitária Internacional
coordenado pelo MRE (Decreto nº 9860)
o I - coordenar as ações de cooperação humanitária internacional empreendidas pelo Brasil; II - propor
iniciativas para ampliar a capacidade e a eficácia das ações humanitárias internacionais
empreendidas pelo Brasil; e III - formular propostas de atos normativos para viabilizar ações
humanitárias internacionais empreendidas pelo Brasil.
 Bilateral ou via agências da ONU (FAO, PMA, ACNUR, FIDA, UNICEF, UNISDR, etc)
 Contribuições financeiras ou de gêneros essenciais, como alimentos e medicamentos
 Mais de US$ 330 milhões em contribuições desde 2007 em benefício de mais de 50 países afetados por
catástrofes naturais ou conflitos armados

BRICS

 Principal coalizão de países emergentes; agrupamento (não é OI – flexibilidade institucional) formado em


2006.
 Objetivos: concertação (reforma da governança) e cooperação (interesses comuns); ponte entre Sul e Norte
o BRICS almejam aperfeiçoar (não confrontar) a ordem global
 Originalidade: inspiração exógena (categoria analítica criada por Jim O’Neill/Goldman Sachs em 2001)
 Atenção: BRICS não se limita a perspectivas de expansão econômica; é grande projeto geopolítico e
diplomático
o Impossível comparar BRICS a outras categorias meramente econômicas ou de investimento e sem
existência política (“MINT”, “CIVETS”, “TICKS”, “Next 11”, etc)
o Stuenkel: BRICS já “esqueceram” (superaram) O’Neill e desenvolveram identidade diplomática
autônoma
 “Apesar de diferenças históricas, culturais, políticas e geográficas, a aposta dos governos dos BRICS foi de
que seus países devem encontrar agendas que lhes permitam agir como um coletivo de maneira tão ampla
quanto possível. (...) O eixo fundamental de convergência é a visão da necessidade de um ordenamento
multipolar, mais equânime e equilibrado.” (Celso Amorim)

Alguns dados

 Representam mais de 20% do PIB global (30% em PPC), 40% das reservas monetárias, 45% da população
mundial e 60% da expansão econômica da última década
 Comércio Brasil-RICS cresce de USD 10 bilhões em 2003 para USD 98 bilhões em 2014
 Convergência de interesses e perspectivas é muito mais importante do que disparidades superficiais entre
BRICS

O BRICS e a projeção internacional do Brasil

 A agenda do BRICS – democratização dos fóruns multilaterais e desenvolvimento – aprofundam as recentes


orientações da política externa Brasileira.
 Capacidade dos BRICS de formulação de agenda dá ao Brasil possibilidade de aumentar o alcance de sua
capacidade de exercer soft power.
 Formação de um sistema internacional mais pacífico, democrático e justo é benéfica para todos os atores.
 Coalizão fortalece pleito brasileiro para um assento no Conselho de Segurança da ONU, não obstante as
dificuldades.

Acordos de cooperação multissetorial:

 Acordo entre Bancos Nacionais de Desenvolvimento dos BRICS (2010 – evolui para NBD em 2014)
 Mecanismo Interbancário de Cooperação, com Acordo para Facilitação de Confirmação de Cartas
Multilaterais de Crédito e Acordo de Facilitação de Crédito em Moeda Local (2012)
 Arcabouço de Facilitação do Comércio e do Investimento (2013)
 MdE sobre Cooperação entre Agências de Seguro de Crédito à Exportação (2014)
 Acordo em Inovação entre Bancos de Desenvolvimento (2014)
 Acordo de Cooperação em Cultura (2015)
 MdE sobre Ciência, Tecnologia e Inovação (2015)
 Iniciativa para Cooperação em Direitos de Propriedade Intelectual (2015)
 Rede de Universidade dos BRICS (2015)
 Possível facilitação do regime de vistos intra-BRICS no futuro

Concertação (posições conjuntas)

 Reformar instituições financeiras internacionais


o G-20 de Seul 2010 endossa reforma de quotas do FMI, com 6% de transferência para países em
desenvolvimento; vigora desde 2015
 Promover a solução política de disputas
 ONU: coalizões (de acordo com o tema) na AGNU, UNESCO, CDH e FAO
 Apoio recíproco em candidaturas a organismos internacionais

Temas sem posição comum, embora debatidos nas Cúpulas:

 Mudança do clima (coalizão é BASIC, não BRICS)


 Não-proliferação (China e Rússia são nuclearmente armados)
 Reforma do CSNU (porém, China e Rússia “compreendem e apoiam aspiração de Brasil, Índia e África do Sul
de desempenhar papel mais protagônico nas Nações Unidas”)

2019: XI Cúpula- Brasília

 BRICS: crescimento econômico para um futuro inovador


 PRIORIDADES
o Fortalecimento da cooperação em ciência, tecnologia e inovação;
o Reforço da cooperação em economia digital
o Adensamento da cooperação no combate aos ilícitos transnacionais, notadamente ao crime
organizado, à lavagem de dinheiro e ao tráfico de entorpecentes;
o Incentivo à aproximação entre o Banco do BRICS e o Conselho Empresarial do agrupamento.

2020: XII Cúpula – Rússia

 PRIORIDADES
1. Fortalecimento dos princípios multilaterais na política global e promoção dos interesses compartilhados
dos países do BRICS em fóruns internacionais;
a. aprofundar a cooperação entre os países do BRICS no combate ao terrorismo, extremismo, corrupção,
crime transfronteiriço e tráfico ilícito de drogas e armas;
b. fortalecer a cooperação na exploração espacial e no uso pacífico do espaço sideral; (CBERS data de 1988 –
cooperação com a China e também com países africanos)
c. continuar o diálogo sobre a segurança no uso das TIC e o combate ao cibercrime;
d. aprimorar os mecanismos de coordenação dos países do BRICS nos principais fóruns internacionais;

2. Desenvolvimento da cooperação em comércio, economia e finanças:


a. promover a cooperação no domínio da energia;
b. desenvolver a cooperação na economia digital e nas inovações;

3. Cooperação nas esferas cultural e humanitária e fortalecimento dos contatos interpessoais:


a. aprofundar a cooperação nos esportes e realizar os Jogos BRICS;
b. promover a cooperação em formatos de diplomacia pública
c. desenvolver a cooperação interparlamentar;
d. promover a cooperação cultural;
e. aumentar a cooperação no domínio da educação;

BRICS Outreach - Lançado em 2013 pela África do Sul, Durban

 Provisão mencionada na declaração de Sanya, 2011


o “Estamos abertos a aumentar o engajamento e a cooperação com países que não são membros do
BRICS, em particular países emergentes e em desenvolvimento, e organizações internacionais e
regionais relevantes”.
 2018 – BRICS in Africa: Working towards the realisation of the African Aspirations.
 2020 - Menção no plano de trabalho do chair (Rússia), mas não na declaração fina

BRICS Plus - Lançado em 2017 pela China, Xiamen

 Plataforma para maior interação e parcerias entre países do Sul Global para moldar a agenda para efetuar
mudanças na economia global.
 Desenvolvimento e crescimento econômico por meio de integração de comércio e investimento.
 Cooperação em governança global instituições financeiras, econômicas e políticas
 Visto com ressalvas pelo Brasil
 Sem continuidade

IBAS

 Fórum (não é OI – baixa institucionalidade) criado em 2003 (Declaração de Brasília)


o Antecedente: cooperação na OMC em genéricos

 3 grandes democracias multiétnicas e em desenvolvimento, com política externa convergente


 Objetivos
o Concertação política
o Cooperação setorial
o Fundo IBAS para o alívio da fome e da pobreza
o Foros paralelos/temático
 Almeja Acordo de Livre Comércio (Mercosul - SACU -Índia)

Concertação política

 Cúpulas
 Comissão Mista Trilateral (Chanceleres)
 Reuniões de altos oficiais (pontos focais)
 Concertação em órgãos multilaterais
o Posições conjuntas no CSNU em 2011: Palestina, Síria (missão se reúne com Assad), Líbia
o Discursos conjuntos no CDH, OMS e OMPI

Cúpulas
 I Brasília 2006
 II Pretória 2007
 III Nova Délhi 2008
 IV Brasília 2010
 V Pretória 2011
 Fórum de Diálogo IBAS – Comunicado Conjunto - 2018

16 Grupos de Trabalho

 Administração Pública
 Administração Tributária e Aduaneira
 Agricultura
 Assentamentos Humanos
 Ciência, Tecnologia e Pesquisa Antártica
 Comércio e Investimentos
 Cultura
 Defesa
 Desenvolvimento Social
 Educação
 Energia
 Meio Ambiente e Mudança Climática
 Saúde
 Sociedade da Informação
 Transporte
 Turismo

Fundo IBAS

 Fundo IBAS para o Alívio da Fome e da Pobreza (2004) – beneficia países de menor desenvolvimento relativo
ou pós-conflito
 Cada país contribui com US$ 1 milhão por ano
 Fundos administrados pelo Escritório de Cooperação Sul-Sul do PNUD
 Critérios de seleção dos projetos:
o Potencial para reduzir a fome e a pobreza
o Apropriação/prioridades nacionais do recipiendário
o Uso das capacidades e experiências dos países do IBAS
o Sustentabilidade
o Fortalecimento de capacidades locais
o Impacto identificável
o Replicabilidade
o Inovação
o Período de realização (idealmente 12 a 14 meses) e dimensões do projeto

7 Foros paralelos/temáticos:

 Mulheres
 Acadêmicos
 Empresários
 Pequenos e médios empresários
 Editores
 Governos locais
 Parlamentares
19. Criptomoedas, Blockchain e impactos na economia mundial

Satoshi Nakamoto

 Artigo de 2008 intitulado “Bitcoin: a peer-to-peer electronic cash system”


 A busca de exclusão do intermediário bancário de transações
 O uso de “prova criptográfica” em vez de confiança em uma instituição

O que é Blockchain?

 Sistema que permite aos usuários o rastreio do envio e recebimento de informações.


 Caracteriza-se pela descentralização, uma vez que o registro de transações não é feito por uma autoridade
única
 Tipo de livro contábil público e distribuído que registra transações de forma imutável e verificável por muitos
indivíduos ao mesmo tempo

Criptoativos

 Ativos são bens, direitos ou créditos que podem ser contabilizados como patrimônio. Os criptoativos, na
definição do Financial Stability Board (G-20), são tipos de ativo que dependem da criptografia e da
tecnologia de livro razão distribuído como parte de seu valor inerente ou percebido

Exemplo do funcionamento

 Hash: código único gerado quando uma transação é realizada

Tipos de criptoativos

 Criptomoedas: criptoativos que têm o propósito de serem alternativas a moedas tradicionais. Ex.; Bitcoin
 Tokens: não têm o intuito de serem como moedas. Garantem aos seus investidores direitos e valores
baseados em tecnologia blockchain (de onde derivam os smart contracts)

Impactos potencialmente positivos para a economia mundial

 Possibilidade de ampliação do número de pessoas com acesso ao sistema bancário


o Diminuição de Custos de transação
o De 2011 a 2017, o número de pessoas com acesso a serviços bancários já passou de 31% para 49%

 Inovação do Setor Financeiro


o Criação de novos sistemas de confiança
o Os Smart Contracts

 Proteção a fraude
o O Papel das hashes (código único; proteção criptográfica)
o A verificação por pares

Riscos para a economia mundial

 Alta volatilidade dos criptoativos


o Mercado ainda pequeno (grande player pode mexer de forma significativa no mercado)
o Pouca regulação
o Especulação (mais vulnerável que o mercado financeiro como um todo em função do tamanho
menor do mercado e pouca regulação)

Relatório “Taxing Virtual Currencies”

 A regulação efetiva visaria trazer maior estabilidade econômica no futuro


 O dinheiro físico tem sido menos usado no mundo, o que abre espaço para o crescimento do blockchain
o Processo acelerado pela pandemia da Covid-19

 Riscos de Segurança
o Ataques hackers
o Baixa cobertura de contratos de seguros
o Receio de “contágio” dos mercados tradicionais

Ataques de Ransomware (=resgate)

 Hackers pedem um resgate - “Ransom”


o Caso Wannacry (2017)
 Mais de 200.000 pessoas afetadas em 150 países
 Pagamentos de resgates em Bitcoins; as transações são verificáveis, mas o possuidor não

 Utilização indevida e/ou criminosa da tecnologia Blockchain


o Terrorismo e Lavagem de Dinheiro
o Forte descentralização geográfica das transações
o Baixa regulamentação

Algumas observações

 O Brasil já utiliza a tecnologia blockchain com países do MERCOSUL para conectar as aduanas nacionais, de
forma a garantir a autenticidade e segurança dos dados aduaneiros compartilhados (intermediado pelo
SERPRO)

 O Banco Central Europeu tem considerado a possibilidade de criar o “euro digital”, proposta de forma
eletrônica de moeda de amplo acesso que, entretanto, não seria um criptoativo, haja vista a presença do
BCE como instituição intermediária de confiança (há uso da tecnologia blockchain, mas há a intermediação
do BCE)

 Uma preocupação comum de autoridades que buscam regular o uso de criptoativos é o potencial de sua
utilização para o cometimento de crimes como lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo
(transações ocorrem de forma anônima)

 Os Direitos Especiais de Saque (DES), instrumentos criados no âmbito do FMI entre o final da década de 1960
e início da década de 1970, não podem ser considerados criptomoedas porque a emissão está centralizada
no FMI. Desde 2016, as moedas que compõem o valor dos DES são o Dólar, o Euro, o Renminbi, o Iene e a
Libra Esterlina, o que não garante a descentralização na emissão e circulação de DES visto que os países não
emitem o DES, apenas o FMI o faz

Você também pode gostar