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Sumário
1. Sistema Financeiro Nacional ................................................................................... 10
1.1 Atribuições dos órgãos e agentes reguladores: Conselho Monetário Nacional
(CMN), Banco Central do Brasil, Comissão de Valores Mobiliários (CVM). ........... 11
1.1.2 Autonomia do Banco Central (Lei complementar n° 179) ................................ 13
1.2 Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ............................................................ 15
1.3 Superintendência Nacional de Seguros Privados (SUSEP) .................................. 16
1.4 Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) ................ 16
1.5 Instituições financeiras: Bancos Múltiplos, Bancos de Investimento,
Distribuidoras e Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários, de Câmbio e de Futuros
.................................................................................................................................... 17
1.6 Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) ............................................................. 21
1.7 Câmaras de Compensação/Liquidação: B3 e SELIC............................................ 22
1.8 Comitê de Política Monetária (COPOM) ............................................................. 24
1.9 Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN) ...................... 25
2. Mercado Financeiro e seus desdobramentos.......................................................... 30
2.1 Mercado de Capitais ............................................................................................. 32
2.2 Mercado Monetário ............................................................................................... 34
2.3 Mercado de Crédito .............................................................................................. 35
2.4 Mercado Cambial .................................................................................................. 35
3. Moeda e Política Monetária: políticas monetárias convencionais e não-
convencionais (quantitative easing) ............................................................................ 39
3.1 Políticas Monetárias Convencionais ..................................................................... 42
3.2 Política monetária não-convencional (Quantitative easing) ................................. 45
3.3 Taxa Selic e Operações Compromissadas ............................................................ 46
3.4 Debate sobre depósitos remunerados dos Bancos Comerciais no Banco Central do
Brasil ........................................................................................................................... 49
4. Orçamento Público ................................................................................................... 52
4.1 Títulos do Tesouro Nacional ................................................................................. 53
4.1.1 Títulos Públicos Federais: Letras do Tesouro Nacional (LTN), Letras
Financeiras do Tesouro (LFT) e Notas do Tesouro Nacional (NTN) ......................... 54
4.2 Dívida Pública....................................................................................................... 57
5. Produtos bancários: noções de cartões de crédito e débito, crédito direto ao
consumidor, crédito rural, poupança, capitalização, previdência, consórcio,
investimentos e seguros. ............................................................................................... 63
5.1 Cartões de crédito e débito.................................................................................... 63
5.2 Crédito direto ao consumidor ............................................................................... 65
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5.3 Crédito rural .......................................................................................................... 66


5.4 Poupança ............................................................................................................... 67
5.5 Capitalização ......................................................................................................... 68
5.6 Previdência............................................................................................................ 70
5.7 Consórcio .............................................................................................................. 71
5.8 Investimentos e seguros ........................................................................................ 73
6. Noções de Mercado de Capitais............................................................................... 78
6.1 UNITS – Certificado de Depósito de Ações ......................................................... 79
6.2 ADRs – American Depositary Receipts: conceituação, operacionalização,
vantagens e tipos ......................................................................................................... 80
6.3 BDRs – Brazilian Depositary Receipts: conceituação, operacionalização,
vantagens e tipos ......................................................................................................... 80
6.4 Rendimentos de Ações.......................................................................................... 81
6.4.1 Dividendos ......................................................................................................... 81
6.4.2 Juros Sobre o Capital Próprio (JSCP) ................................................................ 83
6.4.3 Direito de Subscrição ......................................................................................... 84
6.4.4 Bonificação ........................................................................................................ 85
6.4.5 Desdobramento e Grupamento .......................................................................... 85
6.4.6 Ganho de capital ................................................................................................ 86
6.5 Formador de mercado ........................................................................................... 86
6.6 Tipos de ordens ..................................................................................................... 87
6.7 Registro e Liquidação (SELIC e B3) .................................................................... 88
6.8 Mecanismos de ofertas públicas ........................................................................... 89
6.8.1 Garantia residual ou com garantias de sobras (stand-by) .................................. 90
6.8.2 Garantia de melhores esforços (best-efforts) ..................................................... 91
6.8.3 Underwriting ...................................................................................................... 91
6.8.4 Bookbuilding ..................................................................................................... 94
6.8.5 Oferta pública de aquisição (OPA) .................................................................... 95
6.9 Funcionamento da B3 ........................................................................................... 96
6.10 Venda a descoberto ............................................................................................. 97
6.11 Aluguel de ações ................................................................................................. 97
6.12 Compra de ações com uso de margem ................................................................ 98
6.13 Garantias ............................................................................................................. 98
6.14 Custos de execução ............................................................................................. 99
6.15 Negociações à vista e a termo com ações ........................................................... 99
6.16 Operações com ouro ........................................................................................... 99
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7 Noções de Mercado de Câmbio: instituições autorizadas a operar e operações


básicas. ......................................................................................................................... 105
8 Regimes de taxas de câmbio fixas, flutuantes e regimes intermediários ............ 105
9 Taxas de câmbio nominais e reais .......................................................................... 105
10 Impactos das taxas de câmbio sobre as exportações e importações ................. 105
11 Diferencial de juros interno e externo, prêmios de risco, fluxos de capitais e seus
impactos sobre as taxas de câmbio............................................................................ 105
7.1 Regimes cambiais ............................................................................................... 110
7.2 Política cambial................................................................................................... 110
7.3 Swap cambial ...................................................................................................... 112
7.4 Balanço de pagamentos e a balança comercial ................................................... 113
12 Operações Compromissadas................................................................................. 118
12.1 A taxa DI Over e o mercado interfinanceiro ..................................................... 118
13 Mercado bancário .................................................................................................. 122
13.1 operações de tesouraria ..................................................................................... 122
13.2 Varejo bancário ................................................................................................. 122
13.3 Recuperação de crédito ..................................................................................... 123
13.3.1 Cobrança de crédito ....................................................................................... 123
14 taxas de juros de curto prazo e a curva de juros; taxas de juros nominais e reais
...................................................................................................................................... 127
15 Garantias do sistema financeiro nacional ........................................................... 132
16. Dos Crimes de "Lavagem" ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores ............ 137
16.1 Das pessoas sujeitas ao mecanismo de controle (Capítulo V) .......................... 138
16.2 Da identificação de clientes e manutenção de registros (Capítulo VI) ............. 139
16.3 Da Comunicação de Operações Financeiras (Capítulo VII) ............................. 141
16.4 Da responsabilidade administrativa (Capítulo VIII) ......................................... 142
16.5. Resolução CVM nº 50 ..................................................................................... 143
16.5.1. Do âmbito, definições e finalidade ............................................................... 143
16.5.2 Da avaliação interna de risco ......................................................................... 145
16.5.3 Da identificação e monitoramento de funcionários e prestadores de serviços
relevantes .................................................................................................................. 150
16.5.4 Da identificação e cadastro de clientes .......................................................... 150
16.5.5 Do registro de transações ............................................................................... 153
16.5.6 Do período de conservação dos cadastros e registros .................................... 154
16.5.7 Do monitoramento e da comunicação das operações .................................... 154
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16.5.8 Do cumprimento de sanções de indisponibilidade de ativos impostas por


resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas – CSNU ........................ 158
17 Autorregulação bancária ...................................................................................... 163
17.1 Conselho de autorregulação FEBRABAN........................................................ 163
17.2 Comissão executiva de autorregulação FEBRABAN ...................................... 163
17.3 Diretoria de autorregulação FEBRABAN ........................................................ 163
17.4 Autorregulação Bancária ANBIMA ................................................................. 166
17.4.1 Compromisso de autorregular ANBIMA ...................................................... 167
18 Sigilo bancário ....................................................................................................... 171
19 Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) ............................................................ 179
19.1 CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES.......................................... 179
19.2 CAPÍTULO II DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS ....................... 182
19.2.1 Seção I - Dos Requisitos para o Tratamento de Dados Pessoais ................... 182
19.2.2 Seção II - Do Tratamento de Dados Pessoais Sensíveis ................................ 185
19.2.3 Seção III - Do Tratamento de Dados Pessoais de Crianças e de Adolescentes
.................................................................................................................................. 187
19.2.4 Seção IV - Do Término do Tratamento de Dados ......................................... 187
19.3 CAPÍTULO III - DOS DIREITOS DO TITULAR .......................................... 188
19.4 CAPÍTULO V - DA TRANSFERÊNCIA INTERNACIONAL DE DADOS . 190
19.5 CAPÍTULO VI - DOS AGENTES DE TRATAMENTO DE DADOS
PESSOAIS ................................................................................................................ 191
19.5.1 Seção I - Do Controlador e do Operador ....................................................... 191
19.5.2 Seção II - Do Encarregado pelo Tratamento de Dados Pessoais ................... 191
19.5.3 Seção III - Da Responsabilidade e do Ressarcimento de Danos ................... 192
19.6 CAPÍTULO VII - DA SEGURANÇA E DAS BOAS PRÁTICAS ................. 193
19.6.1 Seção I - Da Segurança e do Sigilo de Dados ................................................ 193
19.6.2 Seção II - Das Boas Práticas e da Governança .............................................. 194
19.7 CAPÍTULO VIII - DA FISCALIZAÇÃO ........................................................ 195
19.7.1 Seção I - Das Sanções Administrativas ......................................................... 195
19.8 CAPÍTULO IX - DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO DE
DADOS (ANPD) E DO CONSELHO NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS
PESSOAIS E DA PRIVACIDADE .......................................................................... 196
19.8.1 Seção I - Da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) ............... 196
19.8.2 Seção II - Do Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da
Privacidade................................................................................................................ 200
20 CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS ........................................................... 204
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20.1 CAPÍTULO II - DOS ATOS LESIVOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


NACIONAL OU ESTRANGEIRA .......................................................................... 204
20.1.1 CAPÍTULO III - DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA ....... 205
20.1.2 CAPÍTULO IV - DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE
RESPONSABILIZAÇÃO ........................................................................................ 207
20.1.3 CAPÍTULO V - DO ACORDO DE LENIÊNCIA ........................................ 208
20.1.4 CAPÍTULO VI - DA RESPONSABILIZAÇÃO JUDICIAL ....................... 209
20.1.5 CAPÍTULO VII - DISPOSIÇÕES FINAIS ................................................... 210
20.2 CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES.......................................... 212
20.2.1 - CAPÍTULO II - DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA ...... 212
20.2.1.1 - Seção I - Da investigação preliminar ........................................................ 212
20.2.1.2 Seção II - Do Processo Administrativo de Responsabilização ................... 213
20.2.2 CAPÍTULO III - DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DOS
ENCAMINHAMENTOS JUDICIAIS ..................................................................... 217
20.2.2.1 Seção I - Disposições gerais ....................................................................... 217
20.2.2.2 Seção II - Da multa ..................................................................................... 218
20.2.2.3 Seção IV - Da cobrança da multa aplicada ................................................. 221
20.3 CAPÍTULO IV - DO ACORDO DE LENIÊNCIA .......................................... 222
20.4 CAPÍTULO V - DO PROGRAMA DE INTEGRIDADE ................................ 228
20.5 CAPÍTULO VI - DO CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS INIDÔNEAS
E SUSPENSAS E DO CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS PUNIDAS .... 230
20.6 CAPÍTULO VII - DISPOSIÇÕES FINAIS ...................................................... 232
21 CAPÍTULO I - DO OBJETO E DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO ................... 236
21.1 CAPÍTULO II - DA POLÍTICA DE SEGURANÇA CIBERNÉTICA ........... 236
21.1.1 Seção I - Da Implementação da Política de Segurança Cibernética .............. 236
21.1.2 Seção II - Da Divulgação da Política de Segurança Cibernética ................... 237
21.1.3 Seção III - Do Plano de Ação e de Resposta a Incidentes ............................. 238
21.2 CAPÍTULO III - DA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE
PROCESSAMENTO E ARMAZENAMENTO DE DADOS E DE COMPUTAÇÃO
EM NUVEM ............................................................................................................. 239
21.3 CAPÍTULO IV - DISPOSIÇÕES GERAIS ..................................................... 242
21.4 CAPÍTULO V - DISPOSIÇÕES FINAIS ........................................................ 244
22 Ética aplicada: ética, moral, valores e virtudes .................................................. 248
22.1 Ética empresarial e profissional ........................................................................ 248
22.2 A gestão da ética nas empresas públicas e privadas ......................................... 248
22.3 Código de Ética do Banco do Brasil ................................................................. 250
23 Política de Responsabilidade Socioambiental do Banco do Brasil .................... 264
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Atualidades do Mercado Financeiro ......................................................................... 271


1 Os bancos na era digital: atualidade, tendências e desafios ................................ 271
2 e 3 Internet e mobile banking ................................................................................. 273
2.1 Real digital .......................................................................................................... 273
4 Open Banking (open finance) ................................................................................. 279
4.1 Informações gerais .............................................................................................. 279
4.2 Compartilhamento de dados e transações ........................................................... 281
4.3 Consentimento .................................................................................................... 282
4.4 Segurança dos dados ........................................................................................... 284
4.5 Instituições participantes..................................................................................... 285
5 Novos modelos de negócios ..................................................................................... 288
5.1 Evolução histórica do mercado de pagamentos no Brasil .................................. 289
5.2 Ampliando concorrência no mercado de pagamentos ........................................ 289
5.3 Desafios e oportunidades para o futuro .............................................................. 291
6 Fintechs de crédito e bancos digitais ...................................................................... 292
6.1 Fintechs de crédito .............................................................................................. 293
6.2 Sociedade de Crédito Direto ............................................................................... 293
6.3 Sociedade de Empréstimo entre pessoas ............................................................ 295
6.4 Bancos Digitais ................................................................................................... 296
6.5 Marketplace ........................................................................................................ 297
7 Shadow Banking no Brasil ...................................................................................... 301
7.1 Basileia I e II ....................................................................................................... 302
7.1.1 Basileia III........................................................................................................ 302
7.2 Interconectividade do shadow banking com o sistema bancário ........................ 304
7.2 Regulação e supervisão ....................................................................................... 304
9 O dinheiro na era digital: blockchain, bitcoin e demais criptomoedas .............. 308
11 Correspondentes bancários .................................................................................. 315
12 Arranjos de pagamentos ....................................................................................... 318
13 Sistema de pagamentos instantâneo (PIX) .......................................................... 323
13.1 Diferença entre Pix e outros meios de transferência e de pagamento............... 323
13.2 Regras de funcionamento do Pix: ..................................................................... 324
14 Segmentação e interações digitais ........................................................................ 328
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1. Sistema Financeiro Nacional

O sistema financeiro nacional (SFN) é formado por um conjunto de entidades e


instituições que promovem a intermediação financeira, isto é, o encontro entre credores e
tomadores de recursos. É por meio do sistema financeiro que as pessoas, as empresas e o
governo circulam a maior parte dos seus ativos, pagam suas dívidas e realizam seus
investimentos.

O SFN é organizado por agentes normativos, supervisores e operadores. Os órgãos


normativos determinam regras gerais para o bom funcionamento do sistema. As entidades
supervisoras trabalham para que os integrantes do sistema financeiro sigam as regras
definidas pelos órgãos normativos. Os operadores são as instituições que ofertam serviços
financeiros no papel de intermediários.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão normativo responsável pela


formulação da política da moeda e do crédito, ou seja, é a instância de coordenação da
política macroeconômica do governo federal. É no CMN em que se decide a meta para a
inflação, as diretrizes para o câmbio e as normas principais para o funcionamento das
instituições financeiras, entre outras atribuições.

Compete ao Banco Central do Brasil (BC) garantir o cumprimento das normas do


CMN. O BC monitora e fiscaliza o sistema financeiro e executa as políticas monetária,
cambial e de crédito.

O Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN) é um órgão


colegiado, de segundo grau, integrante da estrutura do Ministério da Economia e tem por
finalidade julgar, em última instância administrativa, os recursos contra as sanções
aplicadas pelo BC e CVM e, nos processos de lavagem de dinheiro, as sanções aplicadas
pelo Conselho de Controle de Atividade Financeiras (COAF) e demais autoridades
competentes.

A estrutura organizacional do Sistema Financeiro Nacional pode ser verificada na


imagem abaixo:
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1.1 Atribuições dos órgãos e agentes reguladores: Conselho Monetário Nacional (CMN),
Banco Central do Brasil, Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

No Brasil, as autoridades monetárias são: o Conselho Monetário Nacional (CMN) e


o Banco Central do Brasil (BC). A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é um
órgão que fiscaliza o mercado de capitais, principalmente no que tange às empresas de
capital aberto. O CMN é um órgão do Poder Executivo, enquanto o BC e a CVM são
autarquias, com a obrigação de operacionalizar as diretrizes políticas do Governo Federal.

A partir de suas funções básicas, a política do CMN objetivará:

• Orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras, quer públicas, quer
privadas; tendo em vista propiciar, nas diferentes regiões do País, condições
favoráveis ao desenvolvimento harmônico da economia nacional;
• Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros, com
vistas à maior eficiência do sistema de pagamentos e de mobilização de recursos;
• Zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;
• Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida
pública, interna e externa.
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Compete ao CMN, segundo diretrizes estabelecidas pelo Presidente da República:

• Aprovar os orçamentos monetários, preparados pelo Banco Central, por meio dos
quais se estimarão as necessidades globais de moeda e crédito;
• Fixar as diretrizes e normas da política cambial, inclusive quanto a compra e
venda de ouro e quaisquer operações em Direitos Especiais de Saque e em moeda
estrangeira;
• Disciplinar o crédito em todas as suas modalidades e as operações creditícias em
todas as suas formas, inclusive aceites, avais e prestações de quaisquer garantias
por parte das instituições financeiras;
• Regular a constituição, funcionamento e fiscalização dos que exercerem
atividades subordinadas a esta lei, bem como a aplicação das penalidades
previstas;
• Limitar, sempre que necessário, as taxas de juros, descontos, comissões e
qualquer outra forma de remuneração de operações e serviços bancários ou
financeiros,
• Determinar a percentagem máxima dos recursos que as instituições financeiras
poderão emprestar a um mesmo cliente ou grupo de empresas;
• Expedir normas gerais de contabilidade e estatística a serem observadas pelas
instituições financeiras;
• Delimitar, com periodicidade não inferior a dois anos o capital mínimo das
instituições financeiras privadas, levando em conta sua natureza, bem como a
localização de suas sedes e agências ou filiais.
• Disciplinar as atividades das Bolsas de Valores e dos corretores de fundos
públicos;
• Baixar normas que regulem as operações de câmbio, inclusive swaps, fixando
limites, taxas, prazos e outras condições

O BC é uma autarquia de natureza especial – que se caracteriza por não possuir


vinculação com ministério e com autonomia técnica, operacional, administrativa e
financeira, pela investidura a termo de seus dirigentes e pela estabilidade durante seus
mandatos - estabelecida pela Lei complementar n° 179/2021.

Compete privativamente ao Banco Central do Brasil:

• Emitir papel moeda;


• Executar os serviços do meio-circulante;
• Determinar o recolhimento de até 100% do total dos depósitos à vista e de até
60% de outros títulos contáveis das instituições financeiras;
• Receber os recolhimentos compulsórios e os depósitos voluntários à vista das
instituições financeiras;
• Realizar operações de redesconto e empréstimo com instituições financeiras
públicas e privadas;
• Efetuar, como instrumento de política monetária, operações de compra e venda
de títulos públicos federais;
• Efetuar, como instrumento de política cambial, operações de compra e venda de
moeda estrangeira e operações com instrumentos derivativos no mercado interno;
• Exercer o controle do crédito sob todas as suas formas;
• Efetuar o controle dos capitais estrangeiros;
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• Exercer a fiscalização das instituições financeiras e aplicar as penalidades


previstas;
• Conceder autorização às instituições financeiras, a fim de que possam:

o funcionar no País;
o instalar ou transferir suas sedes, ou dependências, inclusive no
exterior;
o ser transformadas, fundidas, incorporadas ou encampadas;
o praticar operações de câmbio, crédito real e venda de títulos da dívida
pública federal, estadual ou municipal, ações, Debêntures, letras
hipotecárias e outros títulos de crédito ou mobiliários;
o alterar seus estatutos.
o alienar ou, por qualquer outra forma, transferir o seu controle
acionário.

• Estabelecer condições para a posse e para o exercício de quaisquer cargos de


administração de instituições financeiras privadas
• Atuar no sentido do funcionamento regular do mercado cambial, da estabilidade
relativa das taxas de câmbio e do equilíbrio no balanço de pagamentos, podendo
para esse fim comprar e vender ouro e moeda estrangeira, bem como realizar
operações de crédito no exterior, inclusive os referentes aos Direitos Especiais de
Saque, e separar os mercados de câmbio financeiro e comercial;

1.1.2 Autonomia do Banco Central (Lei complementar n° 179)

Em 24 de fevereiro de 2021 o Presidente da República sancionou a Lei


Complementar n° 179, que define os objetivos do Banco Central do Brasil e dispõe sobre
sua autonomia e sobre a nomeação e exoneração de seu Presidente e de seus diretores; e
altera o artigo da Lei n° 4.595, de 31 de dezembro de 1964.

Art. 1º O Banco Central do Brasil tem por objetivo fundamental assegurar a


estabilidade de preços.

Parágrafo único. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental, o Banco Central do Brasil
também tem por objetivos zelar pela estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro,
suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego.

Art. 2º As metas de política monetária serão estabelecidas pelo Conselho Monetário


Nacional, competindo privativamente ao Banco Central do Brasil conduzir a política
monetária necessária para cumprimento das metas estabelecidas.

Dica do professor: o Conselho Monetário Nacional (CMN) continua ditando as


normas para o BC, mesmo com sua autonomia. Porém, alguns pontos que antes o BC
precisava de autorização do CMN, hoje já não precisa mais, tal como a emissão do
papel-moeda.

Art. 3º A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil terá 9 (nove) membros,


sendo um deles o seu Presidente, todos nomeados pelo Presidente da República entre
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brasileiros idôneos, de reputação ilibada e de notória capacidade em assuntos econômico-


financeiros ou com comprovados conhecimentos que os qualifiquem para a função.

Art. 4º O Presidente e os Diretores do Banco Central do Brasil serão indicados pelo


Presidente da República e por ele nomeados, após aprovação de seus nomes pelo
Senado Federal.

§ 1º O mandato do Presidente do Banco Central do Brasil terá duração de 4 (quatro)


anos, com início no dia 1º de janeiro do terceiro ano de mandato do Presidente da
República.

§ 2º Os mandatos dos Diretores do Banco Central do Brasil terão duração de 4


(quatro) anos, observando-se a seguinte escala:

I - 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de março do primeiro ano
de mandato do Presidente da República;

II - 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de janeiro do segundo ano
de mandato do Presidente da República;

III - 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de janeiro do terceiro ano
de mandato do Presidente da República; e

IV - 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de janeiro do quarto ano
de mandato do Presidente da República.

Esse é um ponto chave da autonomia do Banco Central, uma vez que tira o poder de
o Presidente da República indicar no mesmo ano de seu mandato um novo Presidente
para o Banco Central.

§ 3º O Presidente e os Diretores do Banco Central do Brasil poderão ser


reconduzidos 1 (uma) vez, por decisão do Presidente da República, observando-se o
disposto no caput deste artigo na hipótese de novas indicações para mandatos não
consecutivos.

§ 4º O prazo de gestão do Presidente e de cada um dos Diretores do Banco Central


do Brasil estender-se-á até a investidura do sucessor no cargo.

Art. 5º O Presidente e os Diretores do Banco Central do Brasil serão exonerados


pelo Presidente da República:

I - a pedido;

II - no caso de acometimento de enfermidade que incapacite o titular para o exercício


do cargo;

III - quando sofrerem condenação, mediante decisão transitada em julgado ou


proferida por órgão colegiado, pela prática de ato de improbidade administrativa ou de
crime cuja pena acarrete, ainda que temporariamente, a proibição de acesso a cargos
públicos;
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IV - quando apresentarem comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o


alcance dos objetivos do Banco Central do Brasil.

§ 1º Na hipótese de que trata o inciso IV do caput deste artigo, compete ao Conselho


Monetário Nacional submeter ao Presidente da República a proposta de exoneração, cujo
aperfeiçoamento ficará condicionado à prévia aprovação, por maioria absoluta, do Senado
Federal.

§ 2º Ocorrendo vacância do cargo de Presidente ou de Diretor do Banco Central do


Brasil, um substituto será indicado e nomeado para completar o mandato, observados os
procedimentos estabelecidos no art. 3º e no caput do art. 4º desta Lei Complementar,
devendo a posse ocorrer no prazo de 15 (quinze) dias, contado da aprovação do nome
pelo Senado Federal.

§ 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o cargo de Presidente do Banco Central do


Brasil será exercido interinamente pelo Diretor com mais tempo no exercício do
cargo e, dentre os Diretores com o mesmo tempo de exercício, pelo mais idoso, até a
nomeação de novo Presidente.

Art. 6º O Banco Central do Brasil é autarquia de natureza especial caracterizada


pela ausência de vinculação a Ministério, de tutela ou de subordinação hierárquica, pela
autonomia técnica, operacional, administrativa e financeira, pela investidura a termo de
seus dirigentes e pela estabilidade durante seus mandatos, bem como pelas demais
disposições constantes desta Lei Complementar ou de leis específicas destinadas à sua
implementação.

...

Art. 9º O cargo de Ministro de Estado Presidente do Banco Central do Brasil fica


transformado no cargo de Natureza Especial de Presidente do Banco Central do Brasil.

Art. 10. É vedado ao Presidente e aos Diretores do Banco Central do Brasil:

III - participar do controle societário ou exercer qualquer atividade profissional direta


ou indiretamente, com ou sem vínculo empregatício, junto a instituições do Sistema
Financeiro Nacional, após o exercício do mandato, exoneração a pedido ou demissão
justificada, por um período de 6 (seis) meses.

Art. 11. O Presidente do Banco Central do Brasil deverá apresentar, no Senado


Federal, em arguição pública, no primeiro e no segundo semestres de cada ano, relatório
de inflação e relatório de estabilidade financeira, explicando as decisões tomadas no
semestre anterior.

1.2 Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

A (CVM) é um órgão supervisor do Sistema Financeiro Nacional sendo considerada


entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério da Economia, com
personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de autoridade administrativa
independente, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus
dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária.

Compete privativamente a CVM:


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• promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado da bolsa


e de balcão, e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social de
companhias abertas sob controle de capitais privados nacionais (formação de
poupança e investimentos no mercado de valores mobiliários);
• Fixar e implementar as diretrizes e normas do Mercado de Valores Mobiliários;
• Proteger os titulares contra emissões irregulares de valores mobiliários, atos
ilegais de administradores e acionistas controladores de companhias aberta e o
uso de informação relevante não divulgada no mercado de valores mobiliários
(insider trading);
• Fiscalizar a emissão, distribuição e negociação dos títulos emitidos pelas S.A. de
capital aberto;
• Fiscalização de fundos de investimentos (Instrução CVM n°555/14);
• Regulamentar as matérias previstas na Lei 6.385/1976 (lei da criação da CVM)
e na Lei 6.404/1976 (Lei das S/A);
• Propor ao CMN a eventual fixação de limites máximos de preço, comissões,
emolumentos e quaisquer outras vantagens cobradas pelos intermediários do
mercado;
• Fiscalizar e inspecionar as companhias abertas dada prioridade às que não
apresentem lucro em balanço ou às que deixem de pagar o dividendo mínimo
obrigatório;

1.3 Superintendência Nacional de Seguros Privados (SUSEP)

A Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) é o órgão responsável pelo


controle e pela fiscalização do mercado de seguros, previdência complementar aberta
e capitalização.

Autarquia vinculada ao Ministério da Economia, foi criada pelo Decreto-Lei n° 73


de 21 de novembro de 1966, que também instituiu o Sistema Nacional de Seguros
Privados, do qual fazem parte o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), a
SUSEP, o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), as sociedades autorizadas a operar em
seguros privados e capitalização, as entidades de previdência complementar aberta e os
corretores habilitados.

O CNSP é o órgão responsável por fixar as diretrizes e normas da política de seguros


privados.

1.4 Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC)

A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) é um


órgão do Ministério da Economia responsável por fiscalizar as atividades das entidades
fechadas de previdência complementar (fundos de pensão).

A PREVIC pode ser considerada como o braço fiscalizador do Conselho Nacional


de Previdência Complementar (CNPC), que tem a função de regular o regime de
previdência complementar operado pelas entidades fechadas de previdência
complementar.
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A PREVIC se relaciona com os órgãos normativos do sistema financeiro na


observação das exigências legais de aplicação das reservas técnicas, fundos especiais
e provisões que as entidades sob sua jurisdição são obrigadas a constituir e que têm
diretrizes estabelecidas pelo CMN.

À PREVIC compete:

• propor as diretrizes básicas para o Sistema de Previdência Complementar;


• harmonizar as atividades das entidades fechadas de previdência
complementar com as políticas de desenvolvimento social e econômico-
financeira do Governo;
• fiscalizar, supervisionar, coordenar, orientar e controlar as atividades
relacionadas com a previdência complementar fechada;
• analisar e aprovar os pedidos de autorização para constituição,
funcionamento, fusão, incorporação, grupamento, transferência de controle
das entidades fechadas de previdência complementar, bem como examinar e
aprovar os estatutos das referidas entidades, os regulamentos dos planos de
benefícios e suas alterações;
• examinar e aprovar os convênios de adesão celebrados por patrocinadores e
instituidores, autorizar a retirada de patrocínio e decretar a administração
especial em planos de benefícios operados pelas entidades fechadas de
previdência complementar, bem como propor ao Ministro a decretação de
intervenção ou liquidação das referidas entidades.

Dica do professor: lembre-se que SUSEP fiscaliza previdência complementar


ABERTA, ou seja, aquela na qual o aplicador pode entrar e sair a qualquer momento,
e que é disponibilizada ao público em geral. A PREVIC fiscaliza previdência
complementar FECHADA, ou seja, os fundos de pensão – que são os planos de
previdência exclusivos para um determinado grupo de funcionários. Como por
exemplo: funcionários do Banco do Brasil, que possuem um plano de previdência
exclusivo para eles.

1.5 Instituições financeiras: Bancos Múltiplos, Bancos de Investimento, Distribuidoras e


Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários, de Câmbio e de Futuros

Os bancos múltiplos são instituições financeiras com licença para fornecer uma
ampla gama de serviços bancários comerciais, operações de câmbio, de investimento,
financiamento ao consumidor e outros serviços, inclusive gerenciamento de fundos e
financiamento de imóveis.

Os bancos múltiplos surgiram através da resolução n° 1.524 do Conselho Monetário


Nacional, de 21 de setembro de 1988, e da regulamentação pela circular do Banco Central
do Brasil n° 1.364. São bancos que podem operar simultaneamente, com autorização do
Banco Central, carteiras de banco comercial, de investimento, de crédito imobiliário, de
crédito, financiamento e investimento, de arrendamento mercantil (leasing) e de
desenvolvimento, constituindo-se em uma só instituição financeira de carteiras múltiplas
com personalidade jurídica própria, e que pode selecionar o que deseja operar, entre as
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modalidades referidas. Eles surgiram com a finalidade de racionalizar a administração


das instituições financeiras, permitindo que ela tenha personalidade própria, modificando
assim o sistema de conglomerados financeiros com razões sociais específicas que
existiam desde o final da década de 1960 no Brasil. A criação dessas instituições permitiu
a redução da burocracia das operações financeiras por concentrar em uma única razão
social diversas carteiras de atividades.

Os bancos múltiplos passaram a operar em todos os segmentos de intermediação


financeira, através das carteiras listadas a seguir, não havendo vinculação entre as fontes
de recursos captados e as suas aplicações:

• carteira comercial (BC);


• carteira de investimento (BI);
• carteira de desenvolvimento (BD);
• carteira de crédito imobiliário (SCI);
• carteira de crédito, financiamento e investimento (SCFI);
• carteira de arrendamento mercantil (SAM).

Os bancos múltiplos resultantes de conglomerados estatais podem, ainda, oferecer a


carteira de fomento (banco de desenvolvimento).

Para configurar a existência do banco múltiplo, devem-se possuir pelo menos duas
carteiras mencionadas, sendo uma delas, obrigatoriamente, comercial ou de
investimento.

Os bancos comerciais são considerados a base do sistema monetário. Segundo o


manual de organização do sistema financeiro do Banco Central, seu objetivo é
proporcionar o suprimento adequado de recursos necessários para financiar, a curto e
médio prazos, a indústria, as empresas prestadoras de serviços e as pessoas físicas.

Para tanto, podem, entre outras atividades, descontar títulos, realizar operações de
abertura de crédito simples ou em conta corrente, captar recursos à vista e a prazo fixo,
repassar aos clientes recursos de instituições oficiais e obter recursos externos para
repasse.

A captação de depósito à vista, livremente movimentáveis, é atividade típica do


banco comercial, o qual pode também captar depósitos a prazo.

Deve ser constituído sob a forma de sociedade anônima e na sua denominação social
deve constar a expressão “Banco” (Resolução CMN 2.099/1994).

Os Bancos de Investimentos são instituições financeiras privadas especializadas em


operações de participação societária de caráter temporário, de financiamento da atividade
produtiva para suprimento de capital fixo e de giro e de administração de recursos de
terceiros.

Devem ser constituídos sob a forma de sociedade anônima e adotar,


obrigatoriamente, em sua denominação social, a expressão “Banco de Investimento”
(Resolução CMN 2.624/1999).
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Captam recursos via depósitos a prazo, repasses de recursos externos, internos e


venda de cotas de fundos de investimento por eles administrados.

As principais operações ativas são financiamento de capital de giro e capital fixo,


subscrição ou aquisição de títulos e valores mobiliários, depósitos interfinanceiros e
repasses de empréstimos externos.

Fortalecem os processos de capitalização das empresas ao dilatarem o prazo das


operações de empréstimo e financiamento para a compra de máquinas e equipamentos e
da subscrição de debêntures e ações (operações de Underwriting).

Por meio de atividade de corporate finance (fusões, cisões ou incorporações),


contribuem para melhorar a ordenação da economia e uma maior eficiência das
empresas.

Não podem manter contas correntes, nem destinar recursos a empreendimentos


imobiliários.

As Sociedades de Arrendamento Mercantil (SAM) são pessoas jurídicas que


tenham como objeto principal de sua atividade a prática de operações de arrendamento
mercantil (leasing) nas modalidades financeiras e operacional. Podem ser objeto de
arrendamento bens móveis, de produção nacional ou estrangeira, e bens imóveis
adquiridos pela entidade arrendadora para fins de uso próprio da arrendatária (Resolução
CMN 2.309/1996).

Além de recursos próprios, as fontes podem ser provenientes de empréstimos


contraídos no país e no exterior, colocação de debêntures e de notas promissórias, cessão
de contratos, depósitos interfinanceiros, dentre outras formas autorizadas pelo Banco
Central.

Também podem realizar operações de leasing financeiro contratadas com o próprio


vendedor do bem ou com pessoas a ele ligadas: bancos múltiplos com carteira de
investimento, de desenvolvimento e/ ou de crédito imobiliário; bancos de investimento;
bancos de desenvolvimento; caixas econômicas; e sociedades de crédito imobiliário.

A Sociedade de Crédito Imobiliário (SCI) é uma instituição financeira voltada a


repassar recursos captados através de contas de poupança, cédulas hipotecárias, letras
imobiliárias, além de recursos de financiamento ou repasses nacionais ou estrangeiros.

O foco da SCI consiste no financiamento para construção de habitações, na abertura


de crédito para compra ou construção de casa própria e no financiamento de capital de
giro a empresas incorporadoras, produtoras e distribuidoras de material de construção.

São constituídas sob a forma de sociedade anônima e deve constar de sua


denominação social a expressão “crédito imobiliário”.

As Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento (SCFI) conhecidas


como “financeiras”, são instituições privadas que fornecem empréstimo e financiamento
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para aquisição de bens e serviços (crédito direto ao consumidor), além de outras


operações, como financiamentos a profissionais autônomos.

As financeiras não são autorizadas a captar depósitos à vista ou manter conta


correntes. A principal fonte de recursos é a colocação de Letras de Câmbio no mercado,
que são títulos emitidos pelos devedores e aceitos pela SCFI.

Muitas das financeiras não ligadas a bancos operam como braço financeiro de grupos
comerciais ou industriais. É o caso, por exemplo, de lojas de departamentos ou
montadoras de automóveis que possuem suas próprias financeiras.

Devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima, em cuja denominação


social deve constar a expressão “Crédito, Financiamento e Investimento”.

Os bancos públicos operadores de políticas governamentais são:

• BNDES: responsável pela política de investimento a longo prazo do Governo


Federal, necessário ao fortalecimento da empresa privada nacional;
• Caixa Econômica Federal (CEF): responsável pela operacionalização das
políticas do Governo Federal para habitação popular e saneamento básico.

A Caixa econômica é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Economia,


podendo captar depósito à vista, realizar operações ativas, prestação de serviços e
centraliza o recolhimento e posterior aplicação de todos os recursos oriundos do FGTS.

A CEF tem o monopólio de empréstimo com penhor dos bens pessoais e integra o
Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o Sistema Financeiro de
Habitação (SFH).

O BNDES é a principal instituição de fomento do país, e seus principais objetivos


são:

• Impulsionar o desenvolvimento econômico e social do país;


• Fortalecer o setor empresarial nacional;
• Criar novos polos de produção regionais;
• Promover o desenvolvimento agrícola, industrial e de serviços;
• Promover o crescimento e a diversificação das exportações; e
• Gerir o processo de privatização das empresas estatais.

As Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários (CTVM) e


Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM) operam com compra, venda
e distribuição de títulos e valores mobiliários (ações, ouro e câmbio, por exemplo) por
conta de terceiros, fazendo a intermediação com as bolsas de valores e de mercadorias e
futuros.

Também podem administrar carteiras e fundos de investimento, bem como custodiar


valores mobiliários, operar no mercado aberto e efetuar lançamentos públicos de ações.

Sua constituição e seu funcionamento dependem da autorização do Banco Central e


da CVM, respectivamente.
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Por meio da decisão conjunta n° 17 do Banco Central e da CVM em março de 2009,


as distribuidoras ficaram autorizadas a operar diretamente nos ambientes e sistemas de
negociação dos mercados organizados de bolsa de valores, não tendo mais diferenças
entre corretoras e distribuidoras. Elas também efetuam a subscrição e a intermediação de
títulos e valores mobiliários.

É importante destacar que a competência da CVM em relação às CTVMs e DTVMs


está limitada ao que prevê a Lei 6.385/76, ou seja, às operações com valores mobiliários.

No conceito de valores mobiliários sujeitos ao regime da referida lei incluem-se, por


exemplo, ações, debêntures, e contratos derivativos, mas, por exemplo, não são incluídos
os títulos públicos, sendo que toda a atividade relativa a esses ativos está sujeita à
regulamentação e fiscalização do Banco Central do Brasil.

1.6 Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)

Um sistema de pagamentos é um conjunto de regras e mecanismos utilizados para


transferir recursos e liquidar operações financeiras entre governos, empresas e agentes
econômicos.

No Brasil, a Lei n° 10.214/2001 determinou que os serviços de transferência de


fundos e liquidação de operações seriam veiculados por meio do Sistema de Pagamentos
Brasileiro (SPB). A grande contribuição desse sistema foi interligar não somente as
instituições financeiras ao Banco Central do Brasil, como também interligar essas
instituições com os agentes econômicos em geral. Dessa forma, um cheque dado como
pagamento no comércio ou um TED efetuado para saldar compromissos pessoais, por
exemplo, precisam ser liquidados para que a quantia neles representada chegue
efetivamente a seu destino.

O SPB possibilitou a transferência imediata do dinheiro, fazendo com que os


clientes do sistema bancário pudessem emitir os recursos a outras pessoas em qualquer
lugar do país. Tudo isso com agilidade, já que os recursos podem ficar disponíveis na
mesma hora com segurança, pois a transferência de recurso não pode ser cancelada ou
sustada como acontecia com os cheques. O Brasil passou a ter um sistema de pagamentos
similar aos melhores do mundo.

Segundo o Banco Central do Brasil, o desenvolvimento e a implantação desse


sistema possibilitaram melhora no gerenciamento e a redução dos riscos de liquidação e
de crédito nas transações financeiras, pois qualquer transferência de recursos entre contas
passou a ser condicionada à existência de saldo suficiente de fundos na conta do emitente
da correspondente ordem.

A operacionalização da diretriz de não aceitação de saldo negativo na conta de


reservas bancárias em qualquer momento do dia se deu através da estruturação do Sistema
de Transferência de Reservas (STR) e da reformulação do Sistema de Liquidação e de
Custódia (SELIC), ambos na esfera do Banco Central.

Os aspectos importantes para o funcionamento, no ambiente de liquidação em tempo


real, do SPB, são:
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a) A concessão do Banco Central, aos participantes do STR que são titulares de


conta de reservas bancárias, crédito intradia na forma de operações
compromissadas com títulos públicos federais, sem custos financeiros; dessa
forma, o preço da operação de retorno é igual ao da ida;
b) A verificação de cumprimento dos recolhimentos compulsórios é feita com
base nos saldos de final de dia, destacando que esses recursos podem ser
livremente utilizados ao longo do dia para fins de liquidação de obrigações;
e
c) O BC, se e quando julgar necessário, pode acionar rotina para otimizar o
processo de liquidação das ordens de transferência de fundos mantidas em
filas de espera no âmbito do STR.

A Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN) é uma estrutura de comunicação de


dados criada com a finalidade de suportar as mensagens entre as instituições titulares de
conta de reservas bancárias ou de conta de liquidação no BC, as câmaras e os prestadores
de serviços de compensação e de liquidação, a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e o
BC, no âmbito do SPB.

As diretrizes do SPB definiram a adaptação ou criação de sistemas de compensação


ou liquidação capazes de assegurar que eventuais riscos surgidos sejam limitados e
controlados naquele mesmo ambiente. As câmaras ou clearings privadas de ativos e de
pagamentos foram estruturadas para atender às operações nos respectivos segmentos.

Como o número de transações diárias é enorme, o grande risco refere-se à


possibilidade de, nesse emaranhado de transações, algum banco não honrar determinado
pagamento, o que pode provocar uma sequência de inadimplências dentro do sistema
bancário – é o chamado risco sistêmico. Quando materializado, o risco sistêmico pode
implicar desde pequenas perdas até a quebra do sistema bancário como um todo.

Visando diminuir esse risco, o SPB é constituído por câmaras de compensação.

1.7 Câmaras de Compensação/Liquidação: B3 e SELIC

As câmaras de liquidação e compensação são conhecidas como clearings. Elas são


instituições que proporcionam, de forma eletrônica, rápida e segura, a compensação e a
liquidação referentes às mais diversas operações que envolvam transferência de fundos.

As câmaras basicamente eliminam o risco de contraparte: o risco de uma parte pagar


e não receber o ativo; ou do vendedor entregar o ativo e não receber o pagamento. Elas
fazem isso primeiro recebendo os valores do comprador e os ativos do vendedor, para
somente depois entregar os valores ao vendedor e os ativos ao comprador.

As câmaras privadas de ativos e de pagamentos foram estruturadas com o objetivo


de promover a liquidação de operações nos respectivos segmentos, e possuem a
responsabilidade de:

a) Garantir operações por elas autorizadas;


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b) Gerenciar riscos envolvidos em operações realizadas por seus participantes;


e
c) Liberar as operações.

As mais importantes câmaras de compensação no Brasil são a B3 e a Selic.

O Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) trata-se de um sistema para


liquidação e custódia de títulos, para se compensar de forma automatizada as compras e
vendas realizadas por todas as empresas financeiras que têm o direito de negociar títulos
públicos. Ele foi criado em 1979 e é gerido pelo Banco Central e por ele operado em
parceria com a ANBIMA.

O Selic, na verdade, é um grande computador ao qual têm acesso apenas as


instituições credenciadas no mercado financeiro, como bancos comerciais, bancos de
investimento e corretoras. Por meio do Selic, os negócios têm liquidação imediata. Os
operadores das instituições envolvidas, após acertarem os negócios envolvendo títulos
públicos, transferem essas operações, via terminal, ao Selic. O computador
imediatamente transfere o registro do título para o banco que o comprou e faz o crédito
na conta do banco vendedor, e ambas as partes envolvidas têm certeza da validade da
operação efetuada.

O sistema destina-se à emissão, ao resgate, ao pagamento dos juros e à custodia dos


títulos emitidos pelo Tesouro Nacional (TN). Os principais títulos custodiados no Selic
são:

a) Letra Financeira do Tesouro (LFT) ou Tesouro Selic;


b) Letra do Tesouro Nacional (LTN) ou Tesouro prefixado;
c) Nota do Tesouro Nacional-B principal (NTN-B principal) ou Tesouro IPCA;
d) Nota do Tesouro Nacional-B (NTN-B) ou Tesouro IPCA com juros
semestrais;
e) Nota do Tesouro Nacional-F (NTN-F) ou Tesouro prefixado com juros
semestrais.

A B3 foi formada a partir da fusão entre a BM&FBovespa e a Cetip em 2017. É uma


das principais empresas de infraestrutura do mercado financeiro mundial, atuando tanto
em ambiente de bolsa, como de balcão. É constituída através de uma sociedade de capital
aberto, com ações (B3SA3) negociadas no nível de governança corporativa Novo
Mercado (NM).

A B3 desempenha as atividades de criação e administração de sistemas de


negociação, compensação, liquidação, depósito e registro para todas as principais classes
de ativos, tais como:

a) Câmara BM&FBovespa – ações, derivativos e commodities;


b) CETIP UTVM – títulos privados e operações estruturadas; e
c) Câmara de câmbio – moedas à vista.

Ainda opera como contraparte central garantidora para a maior parte das operações
realizadas em seus mercados e oferta serviços de central depositária e de central de
registro.
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As operações à vista com ações são liquidadas em D+2, ao passo que operações com
títulos de renda fixa privada possuem um ciclo de liquidação de D+0 ou D+1. Prêmios de
opções sobre ações são liquidados em D+1.

1.8 Comitê de Política Monetária (COPOM)

O Comitê de Política Monetária (Copom) é o órgão do Banco Central, formado pelo


seu Presidente e diretores, que define, a cada 45 dias, taxa básica de juros da economia –
a Selic.

As reuniões normalmente ocorrem em dois dias seguidos e o calendário de reuniões


de um determinado ano é divulgado até o mês de junho do ano anterior.

A reunião do Copom segue um processo que procura embasar da melhor forma


possível a sua decisão. Os membros do Copom assistem a apresentações técnicas do corpo
funcional do BC, que tratam da evolução e perspectivas das economias brasileira e
mundial, das condições de liquidez e do comportamento dos mercados. Assim, o Comitê
utiliza um amplo conjunto de informações para embasar a sua decisão. Depois, a reunião
é reservada para a discussão da decisão entre os membros. A decisão é tomada com base
na avaliação do cenário macroeconômico e os principais riscos a ele associados. Todos
os membros do Copom presentes na reunião votam e seus votos são divulgados. As
decisões do Copom são tomadas visando com que a inflação medida pelo IPCA se situa
em linha com a meta definida pelo CMN.

A decisão do Copom é divulgada no mesmo dia da decisão por meio de Comunicado


na internet. As Atas das reuniões do Copom são publicadas no prazo de até quadro dias
úteis após a data da realização das reuniões. Normalmente, as reuniões do Copom
ocorrem em terças e quartas-feiras e a ata é divulgada na terça-feira da semana seguinte,
às 8:00.

Uma vez definida a taxa Selic, o Banco Central atua diariamente por meio de
operações de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos federais – para
manter a taxa de juros próxima ao valor definido na reunião.

A taxa de juros Selic é a referência para os demais juros da economia. Trata-se da


taxa média cobrada em negociações com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional,
registradas diariamente no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).

Para que a política monetária atinja seus objetivos de maneira eficiente, o Banco
Central precisa se comunicar de forma clara e transparente. Além do comunicado e da ata
da reunião, o Banco Central publica, a cada trimestre, o Relatório de Inflação, que analisa
a evolução recente e as perspectivas da economia, com ênfase nas perspectivas para a
inflação.

Uma redução nas taxas de juros – política monetária expansionista - traduz-se em


maior oferta monetária e estimula investimentos, enquanto o inverso prevalece no caso
de uma política monetária contracionista.
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1.9 Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN)

O CRSFN foi criado a partir da promulgação do Decreto nº 91.152, de 15 de março


de 1985, como órgão integrante da estrutura do Ministério da Fazenda. A competência
inicial do CRSFN limitava-se ao julgamento dos recursos de decisões, em processo
administrativo sancionadores, do Banco Central do Brasil (Bacen), da Comissão de
Valores Mobiliários (CVM), do Banco Nacional de Habitação (BNH), da Carteira de
Comércio Exterior do Banco do Brasil (CACEX) e, no caso de ´trading companies´, da
Secretaria da Receita Federal.

Ao longo do tempo, foram conferidas novas atribuições ao Colegiado, sempre de


modo a reforçar seu caráter de tribunal administrativo. O CRSFN pode:

• apreciar os recursos apresentados contra penalidades aplicadas por "infrações à


legislação cambial, de capitais estrangeiros, de crédito rural e industrial", antes
exercida pelo próprio BACEN;
• julgar recursos interpostos contramedidas cautelares aplicadas pelo Bacen, no
curso de processos administrativos, em caso de afastamento de indiciados da
administração de negócios de instituição financeira ou mesmo da determinação
de substituição de auditores independentes;
• Possui competência recursal para exame das decisões do Bacen relativas à
desclassificação e à descaracterização de operações de crédito rural e industrial,
e a impedimentos referentes ao Programa de Garantia da Atividade Agropecuária
– PROAGRO;
• Competência para exame das decisões do Bacen relacionadas à retificação de
informações, aplicação de multas e custos financeiros associados a recolhimento
compulsório, encaixe obrigatório e direcionamento obrigatório de recursos.
• Em 9 de novembro de 2012, foi publicado o Decreto nº 7.835, que alterou o
Estatuto do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF),
transferindo a competência para julgamento dos recursos das decisões do COAF,
até então atribuída ao Ministro da Fazenda, ao CRSFN.

O CRSFN é órgão paritário, integrante da estrutura organizacional do Ministério


da Economia, e tem por finalidade julgar, em última instância administrativa, os recursos:

II - de decisões do Banco Central do Brasil:

a) referentes à desclassificação e à descaracterização de operações de crédito rural;


e
b) relacionadas à retificação de informações, à aplicação de custos financeiros
associados ao recolhimento compulsório, ao encaixe obrigatório e ao
direcionamento obrigatório de recursos; e

III - de decisões das autoridades competentes relativas à aplicação das sanções de


que trata a Lei nº 9.613, de 1998.

Os conselheiros titulares e suplentes são designados pelo Ministro de Estado da


Economia, com mandato de três anos, renovável por igual período por até duas vezes,
devendo ter competência reconhecida e conhecimentos especializados nas matérias de
competência do CRSFN.
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O CRSFN é constituído por dezesseis conselheiros, sendo oito membros (quatro


titulares e respectivos suplentes) indicados pelo Governo e oito (quatro titulares e
respectivos suplentes) indicados por entidades representativas dos mercados financeiro e
de capitais. A Portaria do Ministério da Economia nº 246, de 2 de maio de 2011, alterada
pela Portaria nº 423, de 29 de agosto de 2011, estabelece as entidades do setor privado
que indicam conselheiros titulares e suplentes. A composição do CRSFN é indicada
abaixo:

Governo
Indicação de membro titular Número de conselheiros
Ministério da Economia 4 (sendo 2 titulares e 2 suplentes)
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 2 (sendo 1 titular e 1 suplente)
Banco Central do Brasil (BACEN) 2 (sendo 1 titular e 1 suplente)

Entidades representativas dos mercados financeiro e de capitais


Indicação de membro titular Número de conselheiros
Federação Brasileira dos Bancos Conselho Consultivo do Ramo Crédito da
(Febraban) Organização das Cooperativas Brasileiras
(OCB/CECO)
Associação Brasileira das Entidades dos Associação Brasileira de
Mercados Financeiros e de Capitais Administradores de Consórcio (ABAC)
(ANBIMA)
Associação Nacional das Corretoras e Associação de Investidores do Mercado
Distribuidoras de Títulos e Valores de Capitais (AMEC)
Mobiliários, Câmbio e Mercadorias
(ANCORD)
Associação Brasileira das Empresas de Instituto dos Auditores Independentes do
Capital Aberto (ABRASCA) Brasil (IBRACON)

Atuam junto ao CRSFN procuradores da Procuradoria Geral da Economia Nacional


(PGFN), designados pelo Procurador-Geral, com a finalidade de zelar pela fiel
observância da legislação aplicável, de modo que opinam sobre recursos, comparecem às
sessões de julgamento e reuniões técnicas, bem como assessoram juridicamente a
presidência do Conselho. O Conselho conta também com uma Secretaria Executiva como
unidade de apoio administrativo e gestão.

Preside o CRSFN um dos conselheiros indicados pelo Ministério da Economia. O


Vice-presidente do Conselho é designado pelo Ministro de Estado da Economia dentre
os conselheiros indicados pelas entidades privadas representativas dos mercados
financeiro e de capitais.
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Exercícios de Fixação

01) No Brasil, a fixação das diretrizes e normas concernentes às políticas monetária,


creditícia e cambial, é da competência do:

a) Ministério do Planejamento, orçamento e gestão.


b) Ministério da Economia.
c) Conselho Monetário Nacional.
d) Banco Central do Brasil.
e) Banco do Brasil.

Ano: 2018 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2018 – Banco do Brasil – Escriturário

Questão comentada: https://vimeo.com/752214823/7c51113ee7

02) Periodicamente, o Banco Central do Brasil determina, nas reuniões de seu


Comitê de Política Monetária (COPOM), o (a):

a) Valor máximo do volume de operações de compra e venda de títulos públicos pelo


sistema bancário brasileiro.
b) Quantidade de papel moeda e moeda metálica em circulação, dentro dos limites
autorizados pelo Conselho Monetário Nacional.
c) Valor máximo de todas as formas de crédito no país.
d) Valor máximo do fluxo de entrada no país de capitais financeiros vindo do
exterior.
e) Taxa de juros de referência para as operações de um dia com títulos públicos.

Ano: 2015 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2015 – Banco do Brasil – Escriturário

Questão comentada: https://vimeo.com/752215274/c1ab4d7a4a

03) Admita que um empresário brasileiro, acionista majoritário de uma empresa em


situação pré-falimentar, venha a ser acusado pelos acionistas minoritários de uso de
informação privilegiada e manipulação de preços das ações negociadas na Bolsa de
Valores. O órgão responsável pelo eventual julgamento do processo administrativo
contra o empresário é o(a):

a) Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE)


b) Brasil, Bolsa e Balcão (B3)
c) Supremo Tribunal Federal (STF)
d) Supremo Tribunal de Justiça (STJ)
e) Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

Ano: 2015 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2015 – Banco do Brasil – Escriturário

Questão comentada: https://vimeo.com/752215461/89b22b45e3


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GABARITO:

1-C 2-E 3-E


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2. Mercado Financeiro e seus desdobramentos

Podemos definir os mercados financeiros como o mecanismo ou ambiente através


do qual se produz um intercâmbio de ativos financeiros e se determinam seus preços.
São mercados nos quais os recursos financeiros são transferidos desde unidades
superavitárias, isto é, que têm um excesso de fundos, até aquelas deficitárias, ou seja, que
têm necessidades de fundos. Dentro desse contexto, os mercados financeiros devem
cumprir as seguintes funções:
I. Estabelecer o contato entre os agentes superavitários e deficitários;
II. Ser um mecanismo eficiente de fixação de preços para os ativos;
III. Proporcionar liquidez aos ativos; e
IV. Reduzir os prazos e os custos da intermediação.

Com relação às características que todo mercado financeiro deve ter, podemos
agrupá-las da seguinte forma: as do tipo institucional e as relacionadas à oferta e
demanda.
As características do tipo institucional são:

• Transparência: possibilidade de obter informação relativa o mercado de forma


fácil, barata e rápida; e
• Liberdade: trata-se da não existência de limitações de entrada ou saída de
compradores e vendedores e da liberdade para negociar prazos e quantidades
desejadas e formar preço.

As características relacionadas à oferta e a demanda são:

• Profundidade: um mercado é considerado profundo quando existem ordens de


compra e venda acima e abaixo do preço de equilíbrio, ou seja, existem curvas de
oferta e demanda.
• Amplitude: um mercado é amplo quando as ordens de oferta e de demanda
existem em quantidade suficiente, ou seja, existe elasticidade nas curvas de oferta
e demanda.
• Flexibilidade: um mercado é flexível quando diante de qualquer variação no
preço de um ativo aparecem rapidamente novas ordens de compra e venda.

A classificação dos mercados financeiros é tarefa difícil em função do grande número


de parâmetros utilizados para este fim. Consideraremos aqui a classificação segundo os
tipos de ativos (monetários e de capitais) e segundo a necessidade dos clientes (crédito,
capitais, cambiais e monetários).

Classificação com base nos tipos de ativos


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Mercado Tipos Exemplos de Operações


• Desconto comercial;
• Crédito comercial;
Mercado de crédito • Crédito bancário;
Monetários • Empréstimos a curto prazo.
ou de
dinheiro • Dívida pública a curto prazo;
• Ativos de empresas;
Mercado de títulos
• Ativos bancários

• Empréstimos;
• Operações de leasing;
Crédito a longo • Operações de venda a prazo;
prazo • Operações de factoring;
• Operações hipotecárias
De capitais
• Bursátil;
Mercado de valores • Balcão.

• Operações do BNDES
Ajudas oficiais

Classificação com base nos clientes

É a forma mais comum de classificar o mercado financeiro, já que cada participante


tem necessidades diferentes dependendo da situação em que se encontra durante suas
negociações econômico-financeiras. Essas necessidades que os participantes têm podem
ser agrupadas em quatro tipos distintos, de crédito, de câmbio e monetária.

• Mercado de crédito: a necessidade de crédito vai gerar o mercado de crédito, que


é a parte do mercado financeiro, ao lado do mercado de capitais, em que se
efetivam as transferências de saldos financeiros, disponíveis e demandados a curto
e médio prazos, que se verificam em razão do desempenho entre entradas e saídas
de recursos a vista nas diferentes unidades do sistema econômico. Sua estrutura
pode ser dividida em: mercado de crédito bancário e mercado de crédito com
intermediação não bancária. O mercado de crédito envolve uma dupla parte, uma
credora e outra devedora, que normalmente estabelecem uma relação contratual
entre si, podendo ser formal ou informal.
• Mercado de capitas: a necessidade de capitais vai gerar o mercado de capitais,
que funciona de modo a captar a poupança dispersa pelas diversas unidades
econômicas para complementar a poupança interna das empresas, a fim de
financiar a formação de capital da economia.
• Mercado de câmbio: mercado de troca de moedas, no qual são realizadas
operações que envolvem a necessidade de conversão de moedas estrangeiras em
moedas locais e vice-versa.
• Mercado monetário: um dos participantes dos mercados, em função de suas
características, tem suas necessidades satisfeitas nesse mercado. Esse participante
é o governo, que necessita desse mercado para realizar políticas econômicas e
gerenciá-las. Nesse mercado são realizadas as operações de curto prazo. Nele são
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financiados os desencaixes momentâneos das instituições financeiras e as


necessidades de política monetária (expansionista ou contracionista) e rolagem de
dívida do governo.

Mercado Características e tipos de operações


De crédito Supre as necessidades de crédito de curto e médio prazos; por exemplo,
capital de giro para empresas e consumo para as famílias. Exemplos de
crédito no mercado de crédito: a) crédito consignado; b) CDC; c) cheque
especial; d) cartão de crédito; e) leasing; financiamento imobiliário; f)
financiamento de capital de giro; g) financiamento de máquinas e
equipamentos etc.
De capitais Supre as necessidades de financiamento de longo prazo; por exemplo,
investimentos para empresas e aquisição de bens duráveis para as
famílias. Exemplos de títulos no mercado de capitais: a) títulos de renda
fixa de longo prazo; b) debêntures; c) ações; d) LF, CRI, CRA, FII.
Monetário Supre as necessidades do governo de fazer política monetária e dos
agentes e intermediários de caixa. Nesse segmento são realizadas
operações de curto e curtíssimo prazo, e sua liquidez é regulada pelas
autoridades monetárias. O mercado monetário conta com dois grandes
grupos de títulos: a) público: títulos emitidos pelo Tesouro Nacional; e
b) privado: títulos emitidos por bancos e demais instituições financeiras.
Cambial Supre as necessidades quanto à realização das operações de compra e
venda de moeda estrangeira (fechamento de câmbio). Como exemplos
dessas necessidades temos as importações (necessidade de compra de
moeda estrangeira) e as exportações (necessidade de venda de moeda
estrangeira) feitas pelas empresas.

2.1 Mercado de Capitais

O Mercado de Capitais pode ser definido como um conjunto de instituições e de


instrumentos que negociam com títulos e valores mobiliários, objetivando a canalização
dos recursos dos agentes compradores para os agentes vendedores. Ou seja, o mercado de
capitais representa um sistema de distribuição de valores mobiliários que tem o propósito
de viabilizar a capitalização das empresas e dar liquidez aos títulos emitidos por elas.

O surgimento do mercado de capitais ocorreu quando o mercado de crédito deixou


de atender às necessidades da atividade produtiva, no sentido de garantir um fluxo de
recursos nas condições adequadas em termos de prazos, custos e exigibilidades. Desse
modelo, seu surgimento foi fundamentado em dois princípios:

• contribuir para o desenvolvimento econômico, atuando como propulsor de


capitais para os investimentos, estimulando a formação da poupança privada; e
• permitir e orientar a estruturação de uma sociedade pluralista, baseada na
economia de mercado, permitindo a participação coletiva de forma ampla na
riqueza e nos resultados da economia.

De acordo com sua estrutura, o mercado acionário pode ser dividido em duas etapas:
mercado primário e mercado secundário. A diferença básica entre os mercados primário
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e secundário é que, enquanto o primeiro caracteriza-se pelo encaixe de recursos na


empresa, o segundo apresenta mera transação entre compradores e vendedores de ações,
não ocorrendo assim alteração financeira na empresa.

O mercado primário de ações é onde se negocia a subscrição (venda) de novas


ações ao público, ou seja, o lugar no qual a empresa obtém recursos para seus
empreendimentos. Quando a emissão é subscrita pelos antigos acionistas, embora a
empresa seja registrada em bolsa, chama-se subscrição particular e é feita diretamente na
empresa ou por meio da bolsa de valores. Nessa etapa, ocorre a primeira negociação da
ação, e o dinheiro da venda vai para a empresa.

Assim, esse importante segmento do mercado de capitais, o mercado primário de


ações, exerce a função de canalizar recursos dos que poupam para o investimento nas
atividades produtivas.

Depois da compra de ações no mercado primário, o investidor desejará, ao fim de um


período, converter as aplicações realizadas novamente em dinheiro, vendendo suas ações
para um futuro comprador que não adquiriu as ações no momento da emissão primária,
porém deseja fazê-lo agora. Para a realização da operação, o vendedor deverá fazê-la no
mercado secundário - o da bolsa de valores.

O mercado secundário de ações é o lugar onde se transferem títulos entre


investidores e/ou instituições. Portanto, torna-se uma condição para a existência do
mercado primário, em que as empresas podem efetivamente obter recursos financeiros.
O fator fundamental na decisão do investidor quando compra ações de novos lançamentos
é a possibilidade de que, mais tarde, ao necessitar do total ou parte do capital investido,
possa desfazer-se delas e reaver seu dinheiro com lucro.

Assim, podemos concluir que a função do mercado secundário, o lugar onde atuam
as bolsas de valores, é dar liquidez ao investidor, possibilitando que, no momento que
realizar uma operação de venda, exista o comprador e vice-versa, o que viabilizará o
crescimento do mercado primário, e a consequente capitalização das empresas via
mercado de ações, para compreender melhor o funcionamento e a inter-relação dos
mercados primário e secundário.

Os mercados secundários devem possuir as seguintes características:

• transparência: acesso fácil e livre à informação pontual e exata sobre preços


e volumes negociados, oferta e demanda etc.
• liquidez: facilidade de comprar e vender ações com pouco risco de perda de
capital. Quanto menor a diferença entre o preço de compra e de venda das
ações, maior será a eficiência de mercado.
• Eficiência: quanto mais rápido se ajustarem os preços, por qualquer motivo
que seja, com maior eficiência operará o mercado.

Geralmente, as negociações do mercado secundário podem ser realizadas por meio


de dois locais distintos, que representam os mercados secundários de balcão e de bolsa de
valores.
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Podemos definir o mercado de balcão como simplesmente um mercado organizado


de títulos cuja negociação não se faz em local determinado (como o mercado de bolsa),
mas, principalmente, por telefone. Por não serem empresas registradas em bolsas, suas
ações estão fora do controle e sem as garantias de uma bolsa de valores.

As principais características desse mercado são:

• Ausência de um local de negociação centralizado fisicamente, com a


consequente dependência de um sistema de comunicação para a realização da
divulgação das informações;
• As operações realizadas nesse mercado têm pouca influência nas negociações
seguintes, em termos de preço, porque não há divulgação massificada, como
ocorre nas bolsas de valores; e
• Não há homogeneidade em termos de participantes e operações.

Nas transações com ações, os mercados de balcão, em muitos países, servem para
que empresas novas e pequenas coloquem seus papéis ao público.

O mercado de bolsa é aquele em que se compram e vendem ações e nele os clientes


(compradores e vendedores) e as instituições do sistema de distribuição de títulos e
valores mobiliários viabilizam a negociação com títulos e valores mobiliários. No Brasil,
a bolsa de valores (B3) é fiscalizada pela CVM e é uma S.A. de capital aberto que visa
lucro por meio de seus serviços. As principais características do mercado de bolsa são:

• livre concorrência e pluralidade de participações: nesse mercado, existe um


número suficiente de clientes e instituições, de modo que nenhum tenha
privilégios sobre o outro;
• homogeneidade de produto: todos os títulos negociados têm as mesmas
características, o que facilita as negociações; e
• transparência na formação de preços: proporciona credibilidade e segurança ao
mercado. Para que o processo de formação de preços seja mais transparente e
atraente, existem as práticas equitativas de mercado, segundo as quais todos
aqueles que compram e vendem ações em bolsa terão o mesmo tratamento,
obedecerão aos mesmos procedimentos e terão idêntico acesso às informações.

2.2 Mercado Monetário

O mercado monetário é um componente do mercado financeiro – tal como mostrado


nos tópicos anteriores – relativo à concessão de empréstimos de curto prazo, com prazos
de vencimento inicial de um ano ou menos. A negociação nos mercados monetários
envolve títulos do tesouro, papel comercial, aceitação dos banqueiros, certificados de
depósito, dos fundos do banco central, hipotecas de curto prazo.
Ou seja, o mercado monetário é o mercado para realização de financiamento de curto
ou curtíssimo prazo, como os bilhetes de tesouro nacional, e o papel comercial. Sendo os
títulos públicos os papéis mais negociados. Geralmente são transações:
• do banco central vendendo títulos do tesouro às instituições financeiras,
retirando moeda do mercado e diminuindo a liquidez geral;
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• do banco central comprando títulos do tesouro às instituições financeiras,


injetando moeda no mercado e aumentando a liquidez geral;
• entre instituições financeiras para ajustes internos de liquidez.

2.3 Mercado de Crédito

Mercado de crédito é o sistema financeiro onde ocorre o processo de concessão e


tomada de crédito. O mercado de crédito envolve uma dupla parte, uma credora e outra
devedora, que normalmente estabelecem uma relação contratual entre si, podendo ser
formal ou informal. Esta situação sugere que uma das partes, a credora conceda liquidez
à outra, mediante um prêmio de liquidez ou de risco, comumente intitulado de juros. Nesta
relação a parte credora oferece um bem à parte devedora, que na sociedade capitalista é a
moeda fiduciária ou escritural.
Segundo o novo dicionário do Aurélio, crédito é definido como cessão de
mercadoria, serviço ou importância em dinheiro, para pagamento futuro. Assim sendo, ao
dispormos a terceiro uma determinada mercadoria, mediante ao compromisso, formal
(contrato) ou informal, de reembolso no futuro, estamos vendendo a crédito. Quando
dispomos a terceiro uma importância em dinheiro mediante o compromisso, formal ou
informal, de pagamento no futuro, estamos emprestando a crédito.
No sistema capitalista os principais agentes de concessão de crédito são as
instituições financeiras, embora existam vários outros agentes, como as empresas para
seus clientes e as pessoas físicas para seus parentes e amigos. As instituições
financeiras são os principais agentes pelo seu poder de arregimentar recursos, e pelo grau
de especialização que alcançam no processo de emprestar e principalmente receber seus
empréstimos.
Existem muitas modalidades de crédito disponíveis ao consumidor atualmente, as
principais são: cheque especial, cartão de crédito, empréstimo pessoal, crédito direto ao
consumidor (CDC), crédito consignado, crédito habitacional, leasing.
2.4 Mercado Cambial

O mercado de câmbio com entrega escritural ou física de moeda estrangeira no Brasil


é formado pelo segmento primário – formado por operações de exportações, importações,
entradas e saídas financeiras – e acessível a qualquer pessoa física ou jurídica, e pelo
segmento interbancário, no qual operam apenas os agentes autorizados pelo Banco
Central do Brasil. Os principais participantes do mercado de câmbio local são, além do
próprio BC, bancos, corretoras de câmbio, empresas, fundos de investimentos locais e
investidores estrangeiros.
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Exercícios de Fixação

01) A reação dos mercados de câmbio ontem deu uma boa sinalização de qual pode
ser o caminho caso Washington intensifique o tom em relação às relações comerciais
dos Estados Unidos com o restante do mundo. As moedas emergentes recuaram a
mínimas em dez dias, segundo dados do Deutsche Bank, sob peso da queda de divisas
correlacionadas às matérias-primas – como o rand sul-africano e o real brasileiro
(…). No Brasil, o dólar fechou em alta de 0,90%, para R$3,290, no maior nível desde
o último 9 de fevereiro. Na máxima, a cotação beirou os R$3,30 ao tocar
R$3,2966.Em países que adotam o regime de câmbio flutuante, as mudanças diárias
observadas nas taxas de câmbio estão relacionadas a diversos fatores.
Considerando-se, no entanto, exclusivamente, a matéria jornalística, o principal
fator que explica a desvalorização do real brasileiro no movimento diário do
mercado de câmbio descrito no texto foi a(o):

a) Aumento da oferta de divisas no mercado de câmbio


b) Forte intervenção do Banco Central do Brasil no mercado de câmbio.
c) Situação política corrente no Brasil.
d) Piora das condições macroeconômicas no Brasil.
e) Incerteza futura e maior percepção de risco por parte dos investidores.

Ano: 2018 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2018 – Banco do Brasil – Escriturário

Questão comentada: https://vimeo.com/754699133/06dd9123cf

02) O mercado financeiro está basicamente segmentado em quatro grandes


mercados: mercado monetário, mercado de crédito, mercado de câmbio e mercado
de capitais. Caracteriza um mercado de capitais ser o:

a) mercado em que são negociadas as trocas de moedas estrangeiras por moeda


nacional, participando desse mercado todos os agentes econômicos que realizam
transações com o exterior, ou seja, têm recebimentos ou pagamentos a realizar em
moeda estrangeira.
b) segmento do mercado financeiro em que são criadas as condições para que as
empresas captem recursos diretamente dos investidores, através da emissão de
instrumentos financeiros (ações, debêntures, bônus de subscrição etc.), com o
objetivo principal de financiar suas atividades ou viabilizar projetos de
investimentos.
c) mercado utilizado basicamente para controle da liquidez da economia, no qual o
Banco Central intervém para condução da Política Monetária.
d) mercado para realização, registro e negociação de determinados instrumentos
financeiros, basicamente divididos em quatro produtos, como: mercado a termo,
mercado futuro, opções e swaps, com a finalidade de proteção, elevação de
rentabilidade (alavancagem), especulação e arbitragem.
e) segmento do mercado financeiro em que as instituições financeiras captam
recursos dos agentes superavitários e os emprestam às famílias ou empresas,
sendo remuneradas pela diferença entre seu custo de captação e o que cobram dos
tomadores.
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Ano: 2015 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2015 – Banco do Brasil – Escriturário

Questão comentada: https://vimeo.com/754699255/253da62af6

GABARITO:

1-E 2-B
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3. Moeda e Política Monetária: políticas monetárias convencionais e não-


convencionais (quantitative easing)

Podemos agrupar as moedas em três tipos:

a) Moedas metálicas: emitidas pelo Banco Central, constituem parcela da


oferta monetária e visam facilitar as operações de pequeno valor e/ou com
unidade monetária fracionária (troco);
b) Papel-moeda: também emitido pelo Banco Central, representa parcela
significativa da quantidade de dinheiro em poder do público;
c) Moeda escritural: representada pelos depósitos à vista (depósitos em conta
corrente) nos bancos comerciais.

A moeda é vista como um bem de uso comum em todo tipo de transação que permite
a participação de operação de troca, na qual se realiza compra ou venda simultânea de
mercadorias, em operações separadas de intercâmbio. Na economia, a moeda cumpre
quatro papéis importantes:

1) Meio de pagamento: é a capacidade que a moeda tem de diminuir dívidas


em últimas instância, ou seja, é um ativo financeiro de liquidez imediata. Em
quase todas as transações de mercado na nossa economia, a moeda, na forma
de dinheiro ou cheques, é um meio de pagamento. Ela é usada para pagar por
bens e serviços. O uso da moeda como meio de pagamento promove
eficiência econômica, eliminando muito do tempo gasto no intercâmbio de
bens e serviços;
2) Reserva de valor: a função da reserva de valor é ser um repositório de poder
de compra sobre o tempo. Uma reserva de valor é usada para poupar o poder
de compra da hora em que a renda é recebida até a hora em que ela é gasta.
Com a adoção da moeda, os indivíduos adquiriram a capacidade de
acumulação de riquezas, bem como um aliado na proteção contra a perda do
poder de compra para o futuro;
3) Unidade padrão de conta: a sua função é fornecer uma unidade de conta,
ou seja, criar medição de valor na economia. Uma unidade padrão de conta é
um instrumento que as pessoas utilizam para divulgar preços e registrar
débitos. A moeda cumpre esse papel, uma vez que todos os bens e serviços
de uma economia têm seus preços expressos em unidades monetárias;
4) Intermediária de trocas entre os agentes: sendo um meio ou instrumento
de troca geralmente aceito pelos agentes na concretização de suas transações,
a mais importante função da moeda na economia é ser intermediária de trocas
entre os agentes econômicos. Superado as dificuldades existentes no antigo
escambo (no qual se trocavam mercadorias por mercadorias e nem sempre a
pessoa que detinha um bem encontrava outro de sua preferência, na medida
e quantidade desejadas), a moeda permite que cada um se especialize na
produção de bens segundo sua capacidade.

A moeda pode ser mensurada de acordo com várias definições. Portanto, para medir
a oferta de moeda, precisamos de uma definição que nos diga exatamente quais ativos
deveriam ser incluídos. A mais restritiva incluiria apenas dinheiro (notas e moedas
metálicas – também chamado de papel-moeda em poder do público não bancário, moeda
manual ou moeda corrente) na definição de moeda. Outras definições incluiriam outros
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ativos financeiros, como depósitos a prazo, depósitos em caderneta de poupança e, ainda,


títulos públicos federais, que, apresar de não serem considerados moeda no sentido
estrito, apresentam algumas características da moeda em sentido amplo. Assim sendo,
costuma-se chamá-los de quase moeda, pois podem, sem grandes problemas, ser
transformados em moeda.

Ao classificar-se o total de moeda de um país, tornam-se necessárias definições de


medidas de oferta de moeda. A essa oferta chamamos agregados monetários ou meio de
pagamento, que são definidos como estoque de moeda disponível para uso da coletividade
(setor privado não bancário) a qualquer momento e que podem ou não incluir as quase
moedas.

Objetiva-se com esse conceito medir a liquidez, ou seja, as necessidades do setor


produtivo privado (excetuando-se o setor bancário), para satisfazer suas transações com
bens e serviços. Os agregados monetários de maior relevância conceitual são:

• Meio circulante: moeda em espécie (papel-moeda impresso e modas


metálicas);
• Papel-moeda emitido: trata-se do valor agregado que resulta na totalidade
do meio circulante expresso nominalmente, ou seja, é o total de papel-moeda
legal existente, autorizado pelo Banco Central. O papel-moeda emitido pode
estar em poder do Banco Central, dos bancos comerciais e do público não
bancário;
• Papel-moeda em circulação: engloba todas as espécies emitidas do meio
circulante. É calculado com base no papel-moeda emitido menos o que
permanece no caixa do Banco Central (encaixes dos bancos comerciais);
• Depósitos a vista no sistema bancário: também chamado e moeda
escritural, trata-se de um agregado monetário que possui uma particularidade
de alta relevância para a regulação da liquidez da economia como um todo.
Esses depósitos possuem alto poder de expansão. Pode-se dizer que a maior
parte dos saldos dos depósitos à vista é criada pelas operações ativas dos
bancos. Não têm existência física. Quanto a esse aspecto, são diametralmente
opostos aos demais agregados monetários;
• Base monetária: consiste na soma de duas parcelas: o papel-moeda emitido
e as reservas voluntárias e compulsórias, que os bancos mantêm no Banco
Central; e
• Oferta monetária: em sentido restrito e convencional, é dada pela totalidade
dos ativos monetários mantido pelo público: papel-moeda e depósitos a vista.
Em sentido amplo, é dada pelos saldos totalizados de todos os ativos
financeiros monetários e quase monetários.

O primeiro conceito de moeda é o mais restrito, composto por dois elementos:


moeda manual (moedas metálicas e notas em poder do público) e moeda escritural
(depósitos a vista em instituições financeiras). Eles constituem o conceito de 𝑴𝟏 , ou seja,
a primeira definição de moeda.

𝑀1 = moeda manual + moeda escritural

Dos dois componentes desse conceito, os depósitos a vista correspondem à maior


parte dos meios de pagamento, portanto, para se controlar a moeda torna-se necessário
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um controle estrito dos bancos e sua capacidade de multiplicar moeda por meio de
instrumentos de política monetária como o open market, o compulsório e o redesconto.

O segundo conceito de moeda, o agregado monetário 𝑴𝟐 , inclui, além dos


elementos que compõem o 𝑀1 , os títulos federais, estaduais e municipais em poder do
público, excluindo-se os títulos que compõem as carteiras de títulos dos fundos de
aplicações financeiras (FAF).

𝑀2 = 𝑀1 + títulos públicos

O terceiro conceito de moeda inclui, além dos elementos que compõem o 𝑀2 , os


depósitos de poupança mantidos pelo público em instituições financeiras.

𝑀3 = 𝑀2 + depósitos de poupança

O quarto conceito de moeda inclui, além dos elementos que compõem o 𝑀3 , os


depósitos a prazo, letras de câmbio e letras hipotecárias, excluindo-se os títulos
pertencentes às carteiras de títulos dos FAF.

𝑀4 = 𝑀3 + depósitos a prazo + letras de câmbio + letras hipotecárias

Sobre a criação e destruição de moeda, os bancos comerciais não mantêm, sob a


forma de reserva, montante igual ao total dos depósitos à vista recebidos. Parte destes
recursos é concedida como empréstimos e parte é mantida como reserva, sob a forma de
depósitos compulsórios e voluntários no Banco Central, e em caixa para fazer frente aos
saques em papel-moeda por parte dos correntistas.

Esta capacidade dos bancos de manterem em caixa apenas uma fração de seus
depósitos totais é conhecida por Sistema de reservas fracionárias. Os empréstimos
concedidos pelos bancos permitem a criação de novos depósitos à vista dentro do sistema
financeiro.

Por exemplo, Vanessa contraiu um empréstimo junto ao Banco X no valor de R$


45.000,00 e utilizou esse recurso para adquirir um carro. Para pagar esse carro, depositou
esses R$ 45.000,00 na conta da concessionária no Banco Y. A concessionária poderia
usar esses recursos para pagar seus funcionários, que possuem conta no Banco Z.

Ou seja, através desse simples exemplo, um empréstimo de R$ 45.000,00 se


“multiplicou” em R$ 135.000,00 (R$ 45.000,00 em cada banco – X, Y, Z). Fazendo isso
sucessivamente, haveria uma criação infinita de meios de pagamentos o que poderia
causar, entre outros, forte pressão inflacionária.

Para evitar esse problema, uma parcela (R) dos novos depósitos é mantida sob a
forma de reservas bancárias (compulsórias e voluntárias). Com isso, esse valor não
poderá ser emprestado para outros clientes, restando apenas a diferença entre o depósito
e o valor da reserva R para novos empréstimos.
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Em resumo, esse mecanismo, conhecido como processo multiplicador dos meios de


pagamento, tem um limitador que é justamente a parcela (R) dos depósitos que é
mantida sob a forma de reserva bancária. Através dessa imposição de depósitos
compulsórios pelas autoridades monetárias, não há criação infinita de meios de
pagamentos.

Além do processo multiplicador de meios de pagamentos, há a criação e a destruição


de meios de pagamento através de uma transação entre o setor bancário e o setor não-
bancário da economia.

Há criação de moeda quando:

• Uma empresa (setor não-monetário) desconta duplicatas (ativo não-


monetário) num banco comercial (setor monetário), recebendo um crédito
(ativo monetário) correspondente em sua conta corrente neste banco;
• O Banco do Brasil (setor monetário) compra dólares (ativo monetário) de um
exportador (setor não-monetário), creditando em sua conta corrente (ativo
monetário).

Se uma pessoa (setor não-monetário) deposita papel-moeda em sua conta corrente na


Caixa Econômica Federal (setor monetário), não há nem criação, nem destruição de meios
de pagamento, pois a transação envolve a troca de um ativo monetário (moeda manual)
por outro (depósito à vista).

Há destruição de moeda quando:

• Se a pessoa tivesse feito um depósito em sua caderneta de poupança, haveria


destruição de meios de pagamento, pois trocaria um ativo monetário (moeda
manual) por um ativo não-monetário (depósito de poupança).

3.1 Políticas Monetárias Convencionais

Os bancos comerciais também podem aumentar a oferta de moeda (meios de


pagamento) com a multiplicação da moeda escritural ou depósitos a vista.

A capacidade de multiplicar moeda dos bancos resulta da possibilidade de


manutenção de valores inferiores em espécie do total dos depósitos a vista recebidos de
clientes. Isso ocorre em função da não utilização total dos recursos de forma simultânea
por parte dos clientes e do resultado do fluxo de entrada e saída desses mesmos recursos.
Ou seja, de cada R$ 100,00 recebidos como depósito a vista, os bancos só necessitam
deixar disponível sob a forma de encaixe (moeda em espécie) de 3% a 5%. O restante
eles poderiam utilizar para realizar empréstimos para seus clientes e com isso multiplicar
a capacidade de pagamento dos mesmos depósitos iniciais.
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Encaixes
voluntários e
compulsórios Novos Novas
depósitos operações de
Injeção inicial a vista empréstimos

Operações de
empréstimo

Encaixes Novos
voluntários e depósitos
compulsórios a vista

Mecanismo de criação de moeda escritural segundo Rosseti (1997)

Exemplo do efeito multiplicador:

O cliente efetua um depósito de R$ 100,00:


• O cliente passa a possuir a capacidade de utilização dos R$ 100,00 a qualquer
momento que necessite, ou seja, sua capacidade de pagamento continua sendo
de R$ 100,00;
• O banco passa a possuir os R$ 100,00 como recursos, mas também adquire uma
obrigação financeira no valor de R$ 100,00; e
• Como o banco está sempre recebendo novos depósitos de clientes e esses
depósitos não serão utilizados simultaneamente, nem em montante nem em
prazo, surge um gap (descasamento) entre as entradas e saídas e os prazos, o
que possibilita a formação de uma “caixa-d’água” com recursos disponíveis
para a utilização do banco.
O banco empresta R$ 95,00:
• Aproveitando sua capacidade de acumulação de recursos oriundos dos
depósitos a vista, o banco utiliza R$ 95,00 dos R$ 100,00 inicialmente
depositados para emprestá-los a outro cliente; e
• Ao realizar um empréstimo de R$ 95,00 a um outro cliente, o banco multiplica
a capacidade de pagamento dos R$ 100,00 para R$ 195,00, pois:
o O cliente inicial continua possuindo capacidade de pagamento de R$
100,00 resultante de seu depósito; e
o O banco, que não possuía direitos sobre esses R$ 100,00, passa a ser
credor de um outro cliente sobre um valor de R$ 95,00 baseando-se em
recursos ociosos deixados pelos clientes.
• O poder de pagamento do depósito de R$ 100,00 passa a ser de R$ 195,00.

O Banco Central controla, por força de lei, o volume de moeda manual da economia,
cabendo a ele as determinações das necessidades de novas emissões e respectivos
volumes. A emissão desenfreada de papel-moeda compromete a credibilidade do governo
e tende a ter impactos inflacionários. Idealmente, a emissão de moeda deveria estar
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relacionada não só ao ritmo da atividade econômica, mas também a uma rigorosa


disciplina fiscal por parte do governo.

A taxa de reservas compulsórias é um instrumento de alta eficácia para controlar o


processo de multiplicação da moeda escritural.

As operações realizadas por qualquer agente econômico como uma instituição


financeira utilizam papel-moeda, cheques ou outras formas mais dinâmicas de
transferência eletrônica de recursos. A cada operação, a conta de depósitos desses agentes
na instituição se modifica.

Assim como as pessoas físicas e jurídicas e os governos mantêm depósitos a vista


numa instituição financeira, através do qual realizam pagamentos e recebimentos,
inclusive fazendo aplicações financeiras, os bancos, de forma equivalente, têm uma conta
corrente no Banco Central, por meio da qual recebem créditos e débitos das demais
instituições financeiras e das autoridades monetárias (Banco Central e Tesouro Nacional),
ou seja, é por essa conta que as instituições financeiras realizam suas operações. Essas
contas são chamadas de reservas e representam ativos para os bancos e passivos para o
Banco Central. As reservas consistem em depósitos no Banco Central mais a moeda
fisicamente mantida nos bancos, os encaixes técnicos (chamados de encaixes técnicos ou
encaixes bancários, porque estão disponíveis nas unidades bancárias para cobrir eventuais
saques contra as instituições).

A conta de reserva bancária, além de possuir os depósitos voluntários (ou reservas


livres), em que são lançados os cheques de compensação entre os bancos, também deve
manter um saldo mínimo obrigatório, denominado depósito compulsório.

O Banco Central exige que instituições depositárias (bancos comerciais, bancos


múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas) mantenham uma parte de seus
recursos a vista junto ao Banco Central na conta de reserva bancária. Dessa forma, são
obrigadas a depositar um percentual determinado pelo Banco Central sobre os depósitos
a vista, na forma de recolhimento em espécie ou ainda na forma de subscrição ou compra
de títulos federais. Basta o Banco Central aumentar ou diminuir o percentual do
depósito compulsório para influir no volume ofertado de empréstimos bancários e,
portanto, na criação de depósitos ou moeda escritural.

Depósitos Efeito
Depósitos a vista Limitam a multiplicação de moeda hoje
Depósitos a prazo Reduzem e encarecem o crédito hoje
Depósitos de poupança Reduzem e encarecem o crédito hoje

Outro tipo de política monetária são as operações de open market (mercado aberto),
que consistem em compras e vendas de títulos do governo pelo Banco Central. É o mais
importante instrumento de política monetária e o mais importante fator de determinação
de movimentos da base monetária e da oferta de moeda. Uma compra de open market
aumenta a base monetária, enquanto uma venda a reduz. Por outro lado, essas operações
afetam o preço e a taxa de juros sobre os títulos do governo (Selic). Uma compra de
open market tende a aumentar o preço dos títulos, reduzindo, portanto, a taxa de juros,
enquanto uma venda tende a reduzir os preços dos títulos e aumentar a taxa de juros.
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Ainda sobre políticas monetárias, o Banco Central realiza empréstimos, conhecidos


por empréstimos de assistência a liquidez, a instituições financeiras visando equilibrar
suas necessidades de caixa diante de um aumento mais acentuado de demanda por
recursos de seus depositantes. A taxa de juros cobrada pelo Banco Central nessas
operações é chamada de taxa de redesconto.

Essas operações englobam a liberação de recursos pelo Banco Central aos bancos
comerciais, que podem ser empréstimos ou redesconto de títulos. Existem os redescontos
de liquidez, que são empréstimos para os bancos comerciais cobrirem eventual débito na
compensação de cheques, e os redescontos especiais ou seletivos, que são empréstimos
autorizados pelo Banco Central visando beneficiar setores específicos. A mudança na taxa
cobrada pelas autoridades monetárias influi no sentido de aumentar ou diminuir o crédito
concedido aos bancos comerciais.

As operações de redesconto podem ser de dois tipos:

• Redesconto intradia: operações sem custo que não gera crédito, mas gera
liquidez; e
• Redesconto overnight: operação com custo punitivo.

Instrumentos Níveis de liquidez Taxa de juros


Controle das emissões
• Aumento do controle Diminuição Aumento
• Diminuição do controle Aumento Queda
Compulsório
• Aumento da taxa Diminuição Aumento
• Diminuição da taxa Aumento Queda
Open market
• venda de títulos Diminuição Aumento
• Compra de títulos Aumento Queda
Redesconto
• Aumento dos juros, redução de
Diminuição aumento
prazos e de limites operacionais
• Diminuição dos juros, redução
de prazos e de limites Aumento Queda
operacionais
Impactos dos instrumentos de política monetária

3.2 Política monetária não-convencional (Quantitative easing)

O Quantitative easing (QE), é uma forma de política monetária não convencional em


que um banco central compra títulos de longo prazo no mercado aberto para
aumentar a oferta de moeda e encorajar empréstimos e investimentos. A compra
desses títulos adiciona novo dinheiro à economia e também serve para reduzir as taxas de
juros ao aumentar a oferta de títulos de renda fixa. Também expande o balanço do banco
central.
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Quando as taxas de juros de curto prazo estão em zero ou se aproximando, as


operações normais de mercado aberto de um banco central, que visam as taxas de juros,
não são mais eficazes, por conta disso, o Banco Central recorre ao QE.
Principais vantagens:

• O quantitative Easing é uma forma de política monetária usada pelos bancos


centrais como um método para aumentar rapidamente a oferta de moeda
doméstica e estimular a atividade econômica;
• O QE geralmente envolve a compra de títulos do governo de longo prazo pelo
banco central de um país, bem como outros tipos de ativos, como títulos
lastreados em hipotecas;
• Em resposta à paralisação econômica causada pela pandemia COVID-19, em
15 de março de 2020, o Federal Reserve dos EUA anunciou um plano de
flexibilização quantitativa de mais de US$ 700 bilhões.
• Então, em 10 de junho de 2020, após um breve esforço de redução, o FED
estendeu seu programa, comprometendo-se a comprar pelo menos US$ 80
bilhões por mês em títulos do Tesouro e US$ 40 bilhões em títulos lastreados
em hipotecas, até novo aviso.

Principais desvantagens:

• Se os bancos centrais aumentarem a oferta de moeda, isso pode


criar inflação . O pior cenário possível para um banco central é que sua
estratégia de flexibilização quantitativa pode causar inflação sem o
crescimento econômico pretendido. Uma situação econômica em que há
inflação, mas nenhum crescimento econômico, é chamada de estagflação .
• Embora a maioria dos bancos centrais seja criada pelos governos de seus
países e tenha alguma supervisão regulatória, eles não podem forçar os
bancos em seu país a aumentar suas atividades de empréstimo. Da mesma
forma, os bancos centrais não podem forçar os tomadores de empréstimos a
buscar empréstimos e investir. Se a maior oferta de moeda criada pela
flexibilização quantitativa não chegar aos bancos e à economia, a
flexibilização quantitativa pode não ser eficaz (exceto como uma ferramenta
para facilitar os gastos deficitários).
• Outra consequência potencialmente negativa da flexibilização quantitativa é
que ela pode desvalorizar a moeda doméstica. Embora uma moeda
desvalorizada possa ajudar os fabricantes nacionais porque os produtos
exportados são mais baratos no mercado global (e isso pode ajudar a estimular
o crescimento), a queda do valor da moeda torna as importações mais
caras. Isso pode aumentar o custo de produção e os níveis de preços ao
consumidor.

3.3 Taxa Selic e Operações Compromissadas

O Comitê de Política Monetária (COPOM) é o órgão do Banco Central, formado pelo


seu Presidente e diretores, que define, a cada 45 dias, a taxa básica de juros da economia
– a SELIC As reuniões normalmente ocorrem em dois dias seguidos e o calendário de
reuniões de um determinado ano é divulgado até o mês de junho do ano anterior.
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A reunião do Copom segue um processo que procura embasar da melhor forma


possível a sua decisão. Os membros do Copom assistem a apresentações técnicas do corpo
funcional do BC, que tratam da evolução e perspectivas das economias brasileira e
mundial, das condições de liquidez e do comportamento dos mercados. Assim, o Comitê
utiliza um amplo conjunto de informações para embasar a sua decisão. Depois, a reunião
é reservada para a discussão da decisão entre os membros. A decisão é tomada com base
na avaliação do cenário macroeconômico e os principais riscos a ele associados. Todos
os membros do Copom presentes na reunião votam e seus votos são divulgados. As
decisões do Copom são tomadas visando com que a inflação medida pelo IPCA se situa
em linha com a meta definida pelo CMN.

A decisão do Copom é divulgada no mesmo dia da decisão por meio de Comunicado


na internet. As Atas das reuniões do Copom são publicadas no prazo de até quadro dias
úteis após a data da realização das reuniões. Normalmente, as reuniões do Copom
ocorrem em terças e quartas-feiras e a ata é divulgada na terça-feira da semana seguinte,
às 8:00.

Uma vez definida a taxa SELIC, o Banco Central atua diariamente por meio de
operações de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos federais – para
manter a taxa de juros próxima ao valor definido na reunião.

A taxa de juros Selic é a referência para os demais juros da economia. Trata-se da


taxa média cobrada em negociações com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional,
registradas diariamente no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).

Para que a política monetária atinja seus objetivos de maneira eficiente, o Banco
Central precisa se comunicar de forma clara e transparente. Além do comunicado e da ata
da reunião, o Banco Central publica, a cada trimestre, o Relatório de Inflação, que analisa
a evolução recente e as perspectivas da economia, com ênfase nas perspectivas para a
inflação.

Uma redução nas taxas de juros – política monetária expansionista - traduz-se em


maior oferta monetária e estimula investimentos, enquanto o inverso prevalece no caso
de uma política monetária contracionista.

Operações Compromissadas

Segundo o glossário do Banco Central, operações compromissadas são operações


de venda (ou compra) de títulos com compromisso de recompra (ou revenda) dos mesmos
títulos em uma data futura, anterior ou igual à data de vencimento dos títulos4. Essas
operações são realizadas pelas instituições financeiras entre si, ou entre as instituições
financeiras e o Banco Central ou entre as instituições financeiras e pessoas físicas e
jurídicas em geral. Os títulos utilizados podem ser públicos ou privados, embora os
primeiros predominem amplamente.

A operação compromissada pode ser vista sob duas perspectivas. Se determinada


instituição financeira realiza uma operação de venda de títulos com compromisso de
recompra, há simultaneamente um empréstimo com garantia do título utilizado na
operação, pois a instituição recebe a quantia relativa à venda temporária dos títulos.
Ademais, ela paga juros, em geral prefixados no momento que a operação é contratada,
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juros esses que não guardam relação com o rendimento dos títulos utilizados em garantia.
Aliás, os títulos permanecem em propriedade da instituição que vende os títulos, pois eles
retornarão para ela na data previamente definida. O que muda em sua contabilidade é o
aumento do passivo correspondente ao empréstimo recebido. Já a contraparte concede
empréstimo garantido por títulos que não entram em sua contabilidade, ao mesmo tempo
que seu ativo aumenta em montante equivalente ao empréstimo cedido, em troca de juros.

Uma das motivações que explicam a realização dessas operações é a distinta situação
das partes envolvidas em termos de liquidez, entendida como disponibilidade imediata de
recursos. A instituição financeira que faz uma operação de venda de títulos com
compromisso de recompra precisa de recursos e usa seus títulos como garantia para obtê-
los. Já a contraparte está com sobra de recursos e quer emprestá-los em troca de juros.
Essas operações são muito úteis, pois as instituições financeiras, em vista de sua atuação
como intermediários de recursos, ora estão com falta, ora com excesso de liquidez. Assim,
elas podem tanto suprir a falta, como aplicar o excedente, conforme o momento, por meio
dessas transações de curtíssimo prazo.

Entretanto, não basta que haja duas partes em distintas situações. Como as condições
de liquidez podem mudar rapidamente, as operações precisam ser de curtíssimo prazo,
muitas vezes por alguns ou mesmo um dia, além de realizadas rapidamente e a um baixo
custo operacional. Se demorarem, perdem a razão de ser e, se forem caras, tornam-se
inviáveis, dada a frequência com que são realizadas. A venda definitiva de títulos não se
adequa a esses quesitos, pois os prazos de vencimento dos papéis superam os prazos
pretendidos pelos que demandam operações compromissadas. Ademais, o retorno à
posição anterior é mais custoso do que no caso das compromissadas.

As características esperadas dos que realizam operações compromissadas são


propiciadas pela existência de mercados bem estruturados, com enorme quantidade diária
de transações, sistemas eletrônicos específicos de liquidação e custódia, procedimentos e
títulos padronizados utilizados em garantia, regramento próprio, etc. No caso das
compromissadas envolvendo títulos públicos, as operações são efetivadas no Sistema
Especial de Liquidação e Custódia (Selic). Há também a Central de Custódia e Liquidação
Financeira de Títulos (Cetip) para as operações com títulos privados, majoritariamente.
A taxa de juros básica da economia, a taxa Selic, resulta exatamente das transações feitas
no primeiro sistema.

Vale observar que a operação compromissada requer a participação de instituições


financeiras, mas a contraparte pode não ser, o que ocorre frequentemente, seja com
pessoas jurídicas em geral, seja com grandes investidores pessoas físicas. Por exemplo,
os fundos de investimento gerem trilhões de reais de investidores de diferentes tipos e
usualmente mantêm uma parcela dos recursos em operações compromissadas (compra de
títulos com compromisso de revenda). Assim, a instituição financeira supre sua demanda
por liquidez e o fundo mantém aplicados recursos que podem ser resgatados rapidamente
caso necessário. Com frequência, a instituição financeira pode não precisar dos recursos
que o fundo quer disponibilizar, mas os recebe para atender a demanda dos clientes
interessados. Em seguida, realiza operação compromissada com outra instituição que
precisa de liquidez. Assim, por meio das instituições financeiras, todas os agentes
econômicos interessados participam desse mercado de troca de liquidez por meio das
compromissadas, levando a uma alocação mais eficiente dos recursos.
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A situação descrita pressupõe que não haja falta, nem excesso de liquidez no conjunto
da economia. Vale dizer, os agentes econômicos que demandem liquidez não terão
problemas em satisfazer suas necessidades no mercado a uma taxa de juros razoável, do
mesmo modo que os agentes econômicos que ofertem liquidez não terão problemas em
encontrar tomadores a uma taxa razoável. Entretanto, é possível que ocorram situações
de falta ou excesso de liquidez para o conjunto da economia, situações essas que podem
ser conjunturais ou estruturais. Se o mercado fosse deixado à própria sorte, a taxa de juros
flutuaria em demasia ou tenderia para níveis indesejáveis para o bom funcionamento da
economia. Para que isso não ocorra, é preciso um agente no mercado de compromissadas
que funcione como tomador ou emprestador de última instância para as instituições
financeiras. Aí entra a atuação do Banco Central.

3.4 Debate sobre depósitos remunerados dos Bancos Comerciais no Banco Central do
Brasil

Lei n° 14.185, de 14 de julho de 2021. Dispõe sobre o acolhimento pelo Banco


Central do Brasil de depósitos voluntários à vista ou a prazo das instituições financeiras;
e altera a Lei nº 12.865, de 9 de outubro de 2013.
Art. 1º Fica o Banco Central do Brasil autorizado a acolher depósitos voluntários à
vista ou a prazo das instituições financeiras.
Parágrafo único. A remuneração dos depósitos referidos no caput deste artigo será
estabelecida pelo Banco Central do Brasil.
Art. 2º O Banco Central do Brasil apresentará, nas audiências públicas ordinárias
da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, informações detalhadas sobre
o acolhimento dos depósitos a prazo das instituições financeiras previstos no art. 1º desta
Lei.
§ 1º O Banco Central do Brasil divulgará semestralmente demonstrativo de
depósitos voluntários das instituições financeiras.
§ 2º Além do disposto no caput deste artigo, o Banco Central do Brasil prestará
contas trimestralmente ao Congresso Nacional, na forma em que regulamentar, sobre as
operações realizadas com depósitos voluntários remunerados das instituições financeiras.
Art. 3º O Banco Central do Brasil regulamentará a remuneração, os limites, os
prazos, as formas de negociação e outras condições para o acolhimento dos depósitos a
prazo das instituições financeiras previstos no art. 1º desta Lei.
Art. 4º O art. 14 da Lei nº 12.865, de 9 de outubro de 2013, passa a vigorar com a
seguinte redação:
“Art. 14. É o Banco Central do Brasil autorizado a acolher depósitos de
entidades não financeiras integrantes do Sistema de Pagamentos Brasileiro,
conforme remuneração, limites, prazos, formas de negociação e outras
condições por ele estabelecidos.” (NR)
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Exercícios de Fixação

01) As previsões para o desempenho da economia brasileira neste ano e no próximo


continuam se deteriorando. As cerca de cem instituições que consultadas para o
boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC), projetam uma queda maior para
o Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 […] quanto à inflação, os analistas
consultados pelo BC aguardam uma alta de 9,23% para o IPCA neste calendário,
acima da taxa estimada antes, de 9,15%. Nesse contexto, representa uma medida
efetiva que poderá ser adotada para conter a alta inflacionária:

a) Aumentar a taxa de juros básica da economia.


b) Reduzir drasticamente os principais impostos federais, estaduais e municipais.
c) Aumentar a emissão de papel moeda para honrar a folha de pagamento e os demais
gastos do governo, visando a diminuir os depósitos à vista nos bancos.
d) Aumentar a produção de bens na indústria.
e) Aumentar o nível geral de preços da economia.

Ano: 2015 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2015 – Banco do Brasil – Escriturário

Questão comentada: https://vimeo.com/752215587/e2d51f3a94

02) O Banco Central do Brasil é um órgão do Subsistema Normativo do Sistema


Financeiro Nacional. Ele determina, periodicamente, a taxa de juros de referência
para as operações de um dia com títulos públicos, via atuação de seu(sua):

a) Comitê de Estabilidade Financeira (COMEF).


b) Comitê de Política Monetária (COPOM).
c) Conselho Monetário Nacional (CMN).
d) Conselho de Administração.
e) Câmara de Compensação de cheques e outros papéis.

Ano: 2015 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2015 – Banco do Brasil – Escriturário - 001

Questão comentada: https://vimeo.com/754698735/8d4e68c8e0

GABARITO:

1-A 2-B
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4. Orçamento Público

O planejamento é uma das tarefas essenciais da gestão governamental. É por meio


dele que se definem as estratégias para orientar o rumo que se deseja para o país e são
definidas as prioridades do Governo Federal. Como os recursos – financeiros,
organizacionais, informacionais e tecnológicos – de um país são limitados, é preciso fazer
escolhas. E o planejamento é um espaço político decisório no qual o governo decide, em
resposta às demandas da sociedade, quais políticas públicas serão implementadas para
enfrentar problemas e aproveitar oportunidades.
Instrumentos utilizados pelo Governo Federal:

• Plano Plurianual (PPA): o PPA é um instrumento de planejamento


governamental que define as diretrizes, objetivos e metas da administração
pública federal para o horizonte de quatro anos - vigente do segundo ano do
mandato atual do presidente até o primeiro ano do mandato do próximo
presidente, quando é preparado um novo PPA. Define as grandes prioridades
nacionais e regionais com metas para cada área de atuação: saúde, educação,
saneamento, transportes, energia etc. O PPA é a grande lei de planejamento
do país. É ele que faz o vínculo entre o plano estratégico do governo e os
orçamentos de cada ano (LOA). Também é incluído no PPA os gastos
necessários para garantir a oferta permanente de determinados serviços
públicos: exemplo, distribuição de cestas básicas para populações carentes.
Cada esfera do Governo tem um PPA (Federal) PPA (estadual) e PPA
(municipal) porque eles possuem suas próprias responsabilidades.
• Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO): é ela que define o que é mais
importante e como o governo deve montar e aplicar o orçamento a cada ano.
Ela traz as regras para elaborar e executar o orçamento para o ano seguinte,
definindo também prioridades e metas do governo. Tanto a LDO quanto o
orçamento seguem um plano maior, que é justamente o PPA. A LDO
estabelece a ligação entre a LOA e a PPA. Aqui diz, por exemplo, quanto será
o reajuste do salário-mínimo e quanto o governo precisa poupar todo ano para
pagar sua dívida. Aqui são definidas as “regras do jogo”.
• Lei Orçamentária Anual (LOA): antes de fazer o orçamento, o governo
prepara a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO). A LOA estima as receitas e
programa as despesas de cada ano de acordo com as prioridades do PPA e as
regras estabelecidas pela LDO. Nenhuma despesa pública pode ser executada
sem estar prevista na LOA. O orçamento federal inclui toda a programação
de gastos da administração pública, desde o pagamento de pessoal, de
aposentadorias, saúde, educação, até os investimentos das empresas estatais.
O orçamento público na verdade é uma LEI, que é justamente a LOA. “Aqui
é a fase de aplicação dos recursos propriamente planejados seguindo as regras
da LDO”.

Receitas Despesas
Vinculadas: só podem ser usadas para Obrigatórias: pagamento da dívida
determinados fins, definidos em lei. pública; salários dos servidores;
Exemplo: salário educação – contribuição aposentadorias; benefícios como auxílio
paga pelas empresas a UNIÃO que só maternidade e auxílio doença;
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podem ser usadas para cobrir gastos com transferências que a constituição define
ensino fundamental. Outro exemplo é a para estados e municípios e etc. Acaba
contribuição chamada CIDE que vem deixando pouca margem para a despesa
embutida no preço da gasolina que só discricionária.
pode ser usada na construção e
recuperação de estradas, em infraestrutura
de transporte e em ações de proteção
ambiental.
Não vinculada: de outro lado, é aquele Discricionárias: financiamento de
em que o administrador público poderá pesquisas científicas; melhorias do
escolher, utilizando-se dos critérios da ensino; modernização de hospitais;
conveniência e oportunidade, onde aplicar construção de estradas, infraestrutura e
os valores arrecadados. etc.

4.1 Títulos do Tesouro Nacional

O único órgão emissor de títulos públicos federais é o Tesouro Nacional. O Banco


Central é o responsável por usa colocação no mercado primário por meio dos leilões. A
negociação dos títulos públicos federais pode ocorrer nos mercados primário ou
secundário.

Os títulos públicos podem ser emitidos para serem vendidos ao público ou então para
fazerem parte da carteira de títulos do Banco Central e serem vendidos posteriormente.

No leilão primário, após definidas as características, os investidores registram, no


horário estabelecido, suas propostas no Sistema Especial de Liquidação e Custódia
(SELIC) do Banco Central, cuja aceitação é analisada pelo Tesouro para definição de
quais serão aceitas.

Existem basicamente dois critérios distintos de seleção das propostas feitas num
leilão primário de títulos:

• Qual o melhor preço para o Tesouro Nacional, ou seja, após o acolhimento


de todas as propostas, o Tesouro Nacional estabelece o preço mínimo pelo
qual está disposto a vender os títulos.
• Após o acolhimento de todas as propostas, o Tesouro Nacional informa a
cotação mínima que está disposto a aceitar. Dessa forma, todas as propostas
com cotações iguais ou superiores à cotação mínima são aceitas pelo Tesouro
pelo preço mínimo estabelecido, isto é, todos os investidores compram os
títulos pelo mesmo preço, ainda que tenham proposto pagar um preço
superior ao mínimo estipulado. Esse tipo de critério recebe no mercado a
denominação de leilão holandês.

Em ambos os casos, o Tesouro se reserva o direito de não aceitar qualquer proposta,


caso considere o preço não atrativo.

Após a colocação dos títulos no mercado primário, qualquer negociação posterior


será realizada no mercado secundário, inclusive as operações de open market. Os títulos
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públicos também podem ser negociados eletronicamente por meio de ofertas de compra
e venda por meio de sistemas com o Sisbex (B3) e o Cetip trader.

No caso dos títulos emitidos pelas instituições financeiras, como os CDBs e as letras
hipotecárias, para efetuar a compra do título, basta entrar e contato com o banco ou com
qualquer outra instituição financeira para saber das oportunidades de investimento.

Já no caso das debêntures, apesar de poderem ser negociadas em bolsa de valores, na


maioria das vezes as debêntures são negociadas em mercado de balcão.

4.1.1 Títulos Públicos Federais: Letras do Tesouro Nacional (LTN), Letras Financeiras
do Tesouro (LFT) e Notas do Tesouro Nacional (NTN)

O Tesouro nacional utiliza a emissão de títulos públicos como uma das formas de
captação de recursos para financiar atividades do governo federal, tais como
investimentos em educação, saúde e infraestrutura.

Os títulos públicos representam a dívida mobiliária da União e são resgatados em


data predeterminada por um valor específico, atualizado ou não por indicadores de
mercado, como, por exemplo, índices de preços. Os títulos públicos federais são:

LTN (Letra do Tesouro Nacional ou Tesouro prefixado)

A LTN é um título com rentabilidade definida no momento da compra (prefixado),


com o resgate do valor do título (R$ 1.000,00) na data do vencimento. Cada título é
adquirido com deságio (desconto) e não para juros intermediários.

São emitidas pelo TN com o objetivo de cobrir o déficit orçamentário, bem como
para a realização de operações por antecipação de receitas.

No mercado brasileiro, a convenção adotada para as taxas é baseada em dias úteis


(ano com 252 dias úteis). As LTNs possuem prazo mínimo de 28 das, sendo seus preços
unitários (PU) negociados com seis casas decimais e as taxas calculadas na forma anual
com duas casas decimais.

Nos leilões ou no mercado primário, são negociadas em múltiplos de 50 títulos, e


com a quantidade mínima de 50 títulos, não havendo qualquer restrição de qualidade para
negociação no mercado secundário.

Na negociação desses títulos, os agentes de mercado consideram o prazo e a taxa de


juros, determinando o valor de compra ou venda do título, denominado de PU. Por serem
prefixadas, o valor das LTNs dependerá da taxa de juros praticada a cada instante pelo
mercado, já que esta será a taxa de desconto para cálculo do valor presente do título.

A LTN representa uma ótima aplicação no cenário de redução de taxa de juros, uma
vez que o preço é inversamente proporcional à taxa de remuneração, ou seja, quanto
menor for a taxa, maior será o preço unitário do título e vice-versa.

O valor da LTN é dado pela seguinte fórmula:


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1000
𝑃𝑈 = 𝑛⁄
(1 + 𝑟) 252

Onde:

• PU = preço unitário;
• 1000 = valor de face do papel;
• 𝑟 = taxa de juro anual de emissão, ou de negociação em mercado, na base de
252 dias úteis por ano;
• 𝑛 = número de dias úteis a decorrer entre a compra do título e o vencimento.

LFT (Letra Financeira do Tesouro ou Tesouro Selic)

É um título de médio e longo prazos pós-fixado com rentabilidade diária vinculado


à taxa Selic. O resgate do principal e dos juros ocorre no vencimento do título.

• O seu preço subirá quando ela for negociada com ágio, pagando uma taxa
de juros menor do que a taxa Selic;
• O seu preço cairá quando ela for negociada com deságio, pagando uma taxa
de juros maior do que a taxa Selic.

Como as LFTs são indexadas à taxa Selic, possuem uma característica inversa às das
LTNs, representando um investimento recomendável num cenário de elevação de taxa de
juros, pois sua remuneração cresce com elevação da taxa. Da mesma forma, não
representam um bom investimento num cenário de baixa de juros.

O valor da LFT é dado pela seguinte fórmula:

𝑃0 𝐶𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜
𝑃𝑈 = 𝑛⁄
(1 + 𝑎) 252

Onde:

• PU = preço unitário;
• 𝑃0 𝐶𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜 = valor pelo qual o título foi vendido, corrigido pela variação
da SELIC acumulada desde a data da venda;
• 𝑎 = ágio ou deságio em pontas da taxa de juros de mercado anualizada, na
base de 252 dias úteis por ano.
• 𝑛 = número de dias úteis a decorrer entre a venda do título e o vencimento.

Notas do Tesouro Nacional: NTN-B; NTN-B Principal e NTN-F

São títulos pós-fixados com valor nominal de emissão, em geral, escritos em


múltiplos de R$ 1.000,00. A forma de colocação pode ser direta ou por oferta pública,
com a realização de leilões pelo Bacen.

NTN-B (Tesouro IPCA com juros semestrais)


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O valor nominal do título na data-base é atualizado pela variação do Índice Nacional


de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, desde a data-base de emissão, e paga
juros semestralmente com ajuste no primeiro período de fluência quando couber.

O primeiro cupom de juros a ser pago contemplará a taxa integral definida para seis
meses, independentemente da data de emissão do título. A taxa de juros é definida quando
da emissão do título, em porcentagem ao ano, e é aplicada sobre o valor nominal
atualizado.

O prazo de resgate do título é definido pelo Ministério da economia quando da


emissão do título por oferta pública ou colocação direta em favor do interessado. O
principal é pago em parcela única na data de vencimento do título.

NTN-B Principal (Tesouro IPCA)

É um título que não paga os cupons intermediários que a NTN-B paga. O comprador
desse título receberá apenas no vencimento o rendimento da inflação mais os juros reais
negociados na compra do papel.

Analogamente, é uma LTN por pagar apenas um valor no vencimento, mas


diferentemente desse tipo de papel o rendimento total só será conhecido no fim, pois a
inflação que vai valorizar o papel só será conhecida com o passar do tempo.

NTN-F (Tesouro prefixado com juros semestrais)

É um título prefixado, sendo a rentabilidade do título definida pelo deságio sobre seu
valor nominal quando de seu lançamento. Ele paga juros semestralmente com ajuste de
prazo no primeiro período de fluência quando couber.

Tesouro Direto

O Tesouro Direto é um programa de venda de títulos públicos federais para pessoas


físicas desenvolvido pelo Tesouro Nacional em parceria com a Câmara de ações (antiga
CBLC).

O Tesouro Direto possibilita a compra de títulos da dívida pública diretamente pela


internet. Nas compras tradicionais, a parcela mínima de compra é de 1% do valor de um
título, desde que respeitado o limite financeiro mínimo de R$ 30,00.

O limite financeiro máximo de compras mensais é de R$ 1.000.000,00, tanto para as


compras tradicionais quanto para as programadas. Não há limite financeiro para vendas.

A liquidez das aplicações é garantida pelas recompras diárias feitas pelo Tesouro. Ou
seja, o investidor pode vender antecipadamente os títulos adquiridos no Tesouro Direto
ao Tesouro Nacional, diariamente.

As compras de títulos realizados no Tesouro Direto estão sujeitas ao pagamento de


duas taxas de serviços:
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• Taxa cobrada pela B3: taxa de custódia de 0,25% a.a. sobre o valor dos
títulos referente aos serviços de guarda dos títulos e às informações e
movimentações dos saldos. Essa taxa é provisionada diariamente a partir da
liquidação da operação de compra (D+1). Especificamente para os
investimentos no título Tesouro Selic, a cobrança só ocorre sobre os valores
que excedem R$ 10 mil.

4.2 Dívida Pública

A dívida pública é a soma de tudo aquilo que todos os órgãos do Estado brasileiro
devem, incluindo o Governo Federal e os estados, municípios e empresas estatais.

Setor
público

Governo Estatais
Geral

Govern Governos Governos


Financeira Não-
o Estaduais Municipa
s Financeiras
Federal is

Tesouro Nacional

Previdência Social

Banco Central

Mas o que é dívida? A dívida é uma obrigação de determinada entidade com


terceiros, gerada pela diferença entre despesas e receitas dessa entidade. Em outras
palavras, só há dívida quando há déficit (despesas maiores que receitas).

O conceito de dívida pública pode ser representado como dívida bruta – que
considera apenas os passivos do governo – e a dívida líquida – que desconta dos passivos
os ativos que o governo possui.

A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) refere-se ao total das obrigações do setor
público não financeiro, deduzido dos seus ativos financeiros junto aos agentes privados
não financeiros e aos agentes financeiros, públicos e privados. No caso brasileiro, é
importante mencionar que, diferentemente de outros países, o conceito de dívida líquida
considera os ativos e os passivos financeiros do Banco Central, incluindo, dentre outros
itens, as reservas internacionais (ativo) e a base monetária (passivo).
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Quanto à sua origem, a dívida pode ser classificada em interna ou externa. A dívida
pública mobiliária federal interna (DPMFi) é aquela denominada na moeda corrente do
país e a externa (DPMFe) é aquela denominada em outras moedas que não a moeda
corrente.

A DPMFi compõe a maior parte da dívida pública brasileira e é composta por


diferentes títulos emitidos com diferentes características de formação de taxa,
remuneração aos investidores e prazos de vencimento.

O aumento do volume da dívida aumenta os pagamentos de juros no orçamento do


governo. Se o desequilíbrio orçamentário persistir, o governo deverá empreender
novos financiamentos, agravando esta situação ao implicar pior percepção de risco por
parte dos agentes econômicos, o que se traduzirá em maiores taxas de juros e menores
prazos de vencimento dos títulos.

Em se tratando de arrecadação e gastos do governo, este pode influenciar a demanda


agregada de três maneiras básicas:

• Diretamente para a demanda por meio do seu próprio consumo de bens e


serviços;
• Política de transferência de renda, como previdência social, salários
desemprego, outros programas assistenciais etc.; e
• Tributação sobre a renda das famílias e das empresas.

A política fiscal está justamente relacionada com o gerenciamento das receitas e das
despesas do governo. Ela pode ser um instrumento de política econômica para compensar
os efeitos da política monetária.

A política fiscal é a manipulação dos tributos e dos gastos do governo de forma a


regular a atividade econômica. Ela é usada para neutralizar tendências à depressão e à
inflação. Há basicamente dois tipos de política fiscal:

• Política fiscal expansionista: é usada quando há insuficiência de demanda


agregada em relação à produção de pleno emprego (quando há capacidade
ociosa nas empresas). As medidas seriam:
o aumento dos gastos públicos;
o diminuição da carga tributária, estimulando despesas de consumo e
investimentos;
o aumento das transferências de renda (ex.: Bolsa família);
o aumento na renda nacional e possível aumento nas importações,
contribuindo assim para um déficit de balança comercial.
• Política fiscal contracionista: é usada quando a demanda agregada supera a
capacidade produtiva da economia, em que os estoques desaparecem e os
preços sobem (quando não há capacidade ociosa nas empresas). As medidas
seriam:
o Diminuição dos gastos públicos;
o Elevação da carga tributária sobre os bens de consumo,
desencorajando esses gastos;
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o Extinção de transferências de renda;


o Redução na renda nacional e possível aumento nas exportações,
contribuindo assim para um superávit na balança comercial.

Em uma política fiscal expansionista, embora haja uma elevação na demanda, o


aumento nos gastos do governo eleva a taxa de juros para equilibrar a nova demanda por
moeda (assumindo-se que o BC não altere a oferta monetária). Este aumento da taxa de
juros diminuirá a demanda de investimentos e anulará parte do aumento do PIB
provocado pela despesa do governo. Este efeito negativo sobre o investimento é chamado
de efeito de crowding-out.

Na imagem acima podemos observar que quando o governo aumenta seus gastos a
curva de demanda desloca-se de D1 para D2 (para cima), e a renda de equilíbrio (Q) sobe
de A para B. Com esse deslocamento, a renda da economia – representada pelo eixo x -
aumenta ao mesmo tempo que aumenta a taxa de juros - representada pelo eixo y. Esse
aumento da taxa de juros reduz reduzira os investimentos da economia, que também faz
parte da demanda agregada, reduzindo a renda da economia para 𝑄3 no ponto de
equilíbrio C, anulando os efeitos da política fiscal expansionista. Essa teoria faz parte da
teoria quantitativa da moeda, representada pelos economistas clássicos.

Caso o governo execute uma política fiscal expansionista e passe a gastar mais do
que está arrecadando, o orçamento público pode se tornar deficitário, ou seja, despesas
maiores que receitas, havendo a necessidade de o governo recorrer a empréstimos junto
ao setor privado via emissão de títulos pela Secretaria do Tesouro Nacional ou emissão
de moeda. Nesse último caso, a emissão monetária poderá elevar os preços na economia
(inflação).

A Necessidade de financiamento do setor público (NFSP) é o resultado final da


soma do superávit primário (S) e o pagamento dos juros (J). O superávit primário, que
mede o saldo das receitas menos despesas, entra na NFSP com sinal negativo, ou seja,
num superávit positivo, ele é computado com sinal negativo.
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𝑁𝐹𝑆𝑃 = −𝑆 + 𝐽

Superávit/déficit
Receitas primárias Despesas
primário
primárias

Superávit/déficit Superávit/déficit
Juros sobre a
primário nominal
dívida

NFS
P
O superávit primário é o resultado contábil usado pelo governo para o pagamento
de juros sobre a dívida pública e para reduzir o financiamento quando o pagamento de
juros superar o superávit. O superávit primário como porcentagem do PIB é uma medida
importante para a saúde das finanças públicas e um fator para reduzir o endividamento
público e o pagamento de juros exigido pelo mercado. O superávit pode ser atingido com
elevação da carga tributária, mas esse aumento pode acabar prejudicando a própria
arrecadação.

Parece meio intuitivo pensar o que acontece com a arrecadação se o governo eleva a
carga tributária: se um imposto tem uma alíquota de 20% e aumenta para 30%, o governo
deve arrecadar mais e, provavelmente, investir mais. Uma parcela maior da demanda
agregada seria direcionada não mais ao consumo e ao investimento privado, e sim aos
gastos do Governo. Mas segundo o economista Arthur Laffer, enquanto os agentes
econômicos forem racionais, não é isso o que deve acontecer.

Quanto mais a alíquota aumenta, menor o retorno do capitalista e, portanto, menor seu
incentivo em produzir.

𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑡á𝑟𝑖𝑎 𝑎𝑙𝑡𝑎 + 𝑖𝑛𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 + 𝑠𝑜𝑛𝑒𝑔𝑎çã𝑜 = 𝑞𝑢𝑒𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑟𝑟𝑒𝑐𝑎𝑑𝑎çã𝑜

Em casos muito elevados de carga tributária é possível que o capitalista feche sua
fábrica e saia do mercado, o que leva a arrecadação a cair. Em casos mais modernos, o
mesmo princípio pode ser visto na informalidade. Antes de sair do mercado o capitalista
pode ter incentivos a sonegar, o que também derrubaria a arrecadação. Esse fenômeno é
representado pela Curva de Laffer.
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Exercícios de Fixação

14069 - Título público do tipo zero cupom e com remuneração atualizada pelo IPCA:

a) NTN-B (principal)
b) Debêntures que pagam juros + IPCA
c) NTN-B
d) LTN

Questão comentada: https://vimeo.com/730420945/3775f2b31b

10129 - Em relação a um título público que produza rendimentos periódicos, pode


se afirmar que tais rendimentos serão submetidos à incidência de IR na fonte:

a) Somente no último dia útil de cada mês.


b) Por ocasião do resgate do valor principal do título.
c) Somente quando da apresentação da declaração de rendimentos pelo investidor.
d) Por ocasião do pagamento ou crédito dos rendimentos.

Questão comentada: https://vimeo.com/619190316/488ac18af2

14190 - Marina possui uma carteira de investimentos com diversos títulos de renda
fixa. Ele faz algumas afirmações sobre esses títulos:

I. LFT com ágio terá rendimento inferior à Selic;


II. Títulos públicos federais não contam com FGC;
III. LFT é tributado com alíquota regressiva de IR. Está correto o que se afirma
em:

a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) I, II e III

GABARITO:

14069-A 10129-D 14190-D


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5. Produtos bancários: noções de cartões de crédito e débito, crédito direto ao


consumidor, crédito rural, poupança, capitalização, previdência, consórcio,
investimentos e seguros.
5.1 Cartões de crédito e débito

O cartão de débito é uma forma de pagamento eletrônica que permite a dedução do


valor de uma compra diretamente na conta bancária do titular do cartão (conta corrente
ou poupança). O uso desse cartão assemelha-se ao cheque, por representar uma ordem de
pagamento à vista expedida sobre fundos da conta do cliente. Para a efetivação de uma
transação, o cliente deve utilizar uma senha para autorizar o acesso aos seus fundos
bancários. A transação é feita por um terminal eletrônico chamado de POS (point of sale)
instalado no estabelecimento comercial e este está conectado diretamente em rede
bancária. Um comprovante é emitido ao final da transação, e todas as transações são
listadas no extrato mensal da conta do cliente.
Vantagens:
1. Maior controle de gastos
2. Não precisa de análise de crédito
3. Não há encargos.

O Cartão de crédito também é uma forma de pagamento eletrônico. É um cartão de


plástico que pode conter ou não um chip e apresenta na frente o nome do portador, número
do cartão e data de validade (pelo menos) e, no verso, um campo para assinatura do
cliente, o número de segurança (CVV) e a tarja magnética (geralmente preta).
O CVV é uma sigla para Card Verification Value, que significa “Valor de
Verificação do Cartão”, ou, como é chamado popularmente, Código de Verificação do
Cartão. O CVV é utilizado pelos sistemas de pagamento com o objetivo de garantir que
a pessoa que está realizando o pagamento tenha o cartão fisicamente disponível no
momento da compra. Ou seja, o CVV do cartão funciona como uma forma de proteção
contra fraudes em transações feitas na internet.
A maioria de cartões de crédito tem forma e tamanho padronizados, como
especificado pelo padrão do ISO 7810. Ajuda a reduzir a quantidade de dinheiro vivo em
circulação. O titular recebe mensalmente no endereço indicado a fatura para pagamento
e pode escolher pagar o total cobrado, somente o mínimo ou algum valor intermediário,
postergando o pagamento do restante para o mês seguinte mediante cobrança de juros.
Toda conta de cartão de crédito possui um limite de compras definido pelo banco
emissor. As compras efetuadas reduzem o limite disponível até que, quando insuficiente,
novas compras são negadas. O pagamento da fatura libera o limite para ser utilizado
novamente.
Vantagens do cartão de crédito:
1. Não é preciso ter dinheiro físico ou cheque na hora da compra;
2. O cliente obtém um prazo a mais para pagar a compra;
3. Dependendo do cartão, não é necessário pagar anuidade
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4. Programas de milhagem (ou pontos)


5. Parcelamento sem juros em algumas lojas.

As operações de cartões de crédito envolvem 5 participantes:


1) Portador: pessoa interessada em adquirir bens ou contratar serviços pagando
através do cartão de crédito. Pode ser o titular da conta de cartão de crédito
(responsável pelo pagamento das faturas) ou apenas portador do cartão
adicional (atrelado a conta de algum titular);
2) Estabelecimento: Empresa interessada em vender ou prestar serviço
recebendo o pagamento feito pelos seus clientes através do cartão de crédito;
3) Adquirente: Empresa responsável pela comunicação da transação entre o
estabelecimento e a bandeira. Para isso, aluga e mantém os equipamentos
usados pelos estabelecimentos como, por exemplo, o POS. As maiores
adquirentes no Brasil são, dentre outras, Rede, Cielo, Getnet, Stone (joint de
subsidiárias do Citibank e do Citigroup) e PagSeguro;
4) Bandeira: Empresa responsável pela comunicação da transação entre o
adquirente e o emissor do cartão de crédito e pela padronização dos cartões e
tecnologias entre as empresas participantes do mercado para garantir que
todos os cartões com determinada bandeira possam ser usados em qualquer
estabelecimento que a aceite. As maiores bandeiras presentes no mercado
brasileiro são, dentre outras, Visa, MasterCard, American Express, Diners
Club International, Elo etc. Para identificar qual é o emissor do cartão, as
bandeiras usam os 6 primeiros números do cartão, chamados de "bin";
5) Emissor: também chamado de empresa administradora do cartão, Instituição
financeira, principalmente bancos, que emitem o cartão de crédito, definem
limite de compras, decidem se as transações são aprovadas, emitem fatura
para pagamento, cobram os titulares em caso de inadimplência e oferecem
produtos atrelados ao cartão como seguro, parcelamento de fatura,
empréstimos, cartões adicionais e programa de recompensas.
Transação aprovada
O equipamento do estabelecimento emite duas vias de comprovante. A primeira fica
com o estabelecimento e a outra com o portador. Em geral, nos casos de transação sem
senha, é exigido que o portador assine a via do estabelecimento. Nesse caso, os
estabelecimentos são instruídos a verificar se a assinatura no comprovante confere com a
assinatura no verso do cartão ou com algum documento de identidade do portador, porém,
pouquíssimos estabelecimentos adotam essa prática no Brasil.
Cartão com chip
As transações com cartões que possuem chip funcionam da mesma forma, mas com
mais segurança contra fraude porque dificultam o processo de clonagem de cartão. A
maioria dos emissores brasileiros, ao implantarem os chips nos cartões, também
implantaram a necessidade de o portador digitar a senha. Por essa razão algumas pessoas
relacionam o chip com a senha, mas, teoricamente, seriam funcionalidades separadas.
Parcelamento loja (sem juros)
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Significa que o valor da transação é dividido pelo número de parcelas. Nesse tipo de
transação, o estabelecimento recebe o valor da venda de forma parcelada.
Parcelamento emissor (com juros)
Significa que o titular do cartão pagará, além do valor combinado, uma taxa de juros
definida pelo emissor do cartão. Nesse tipo de transação o estabelecimento recebe o valor
da venda de uma vez e o emissor recebe os juros a serem pagos pelo titular.
Sub-adquirente
Apesar de não ser necessário no processo de autorização de uma compra, faz o papel
de facilitador entre o estabelecimento e o adquirente, provendo infraestrutura tecnológica
para auxiliar o estabelecimento e, em troca, cobrando tarifa, percentual das transações ou
oferecendo produtos de antecipação de recebíveis. Alguns casos de sub-adquirentes
atuando no Brasil são Mercado Pago (do Mercado Livre), PayPal, PicPay e PayU.
5.2 Crédito direto ao consumidor

É um financiamento destinado aos consumidores, ou seja, as pessoas que desejam


utilizá-lo podem fazer compras e aquisições de produtos, serviços ou bens duráveis de
forma parcelada.
O CDC pode ser oferecido por bancos e financiadoras de crédito, ou ainda por lojas
que possibilitam as compras por crediário. Alguns bancos oferecem o CDC como um
empréstimo pessoal pré-aprovado comum, podendo ser utilizado para qualquer finalidade
e não somente em compras parceladas.
Na prática, toda vez que você compra um produto de forma parcelada, está utilizando
o CDC. Se for feita uma compra usando o cartão de crédito, é o banco quem está
concedendo esse financiamento. Como todo empréstimo, é cobrado juros.
Vantagens:
• facilidade para encontrar e contratar o crédito;
• flexibilidade nas condições de pagamento;
• juros menores que os do cheque especial e do cartão de crédito;
• diferentes modalidades de crédito voltadas para interesses específicos, como
saúde e educação;
• possibilidade de antecipar parcelas e/ou quitar a dívida

Desvantagens:
• quanto mais parcelada for a compra, mais alto será o valor final, podendo chegar
ao dobro do preço inicial;
• Possibilidade de cobrança de IOF;
• avaliação financeira, no caso de empréstimo pré-aprovado pelo banco;
• taxa de juros maior que os rendimentos da poupança;
• facilidade de acumular dívidas.
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5.3 Crédito rural

O crédito rural é o financiamento destinado ao segmento rural. Os produtores rurais


utilizam os recursos concedidos pelas instituições financeiras nessa linha de crédito de
diversas maneiras na sua propriedade. Por exemplo, podem investir em novos
equipamentos e animais ou custear matéria prima para o cultivo. Podem ainda utilizar
esses recursos para comercializar e industrializar a produção. São as
chamadas finalidades do crédito rural.
Quais as finalidades do crédito rural?
• Crédito de custeio: destina-se a cobrir despesas normais dos ciclos produtivos,
da compra de insumos à fase de colheita.
• Crédito de investimento: destina-se a aplicações em bens ou serviços cujo
benefício se estenda por vários períodos de produção. Por exemplo na aquisição
de um trator.
• Crédito de comercialização: destina-se a viabilizar ao produtor rural ou às
cooperativas os recursos necessários à comercialização de seus produtos no
mercado.
• Crédito de industrialização: destina-se à industrialização de produtos
agropecuários, quando efetuada por cooperativas ou pelo produtor na sua
propriedade rural.

De onde vem o dinheiro que o banco empresta para o produtor rural?


• Depósitos à vista
• Depósitos de poupança rural
• Emissão de Letras de Crédito do Agronegócio (LCA)
• Fontes fiscais: BNDES e Fundos Constitucionais
• Recursos próprios das Instituições Financeiras

A quem se destina?
• Produtor rural (pessoa física ou jurídica);
• Cooperativa de produtores rurais;
• Pessoa física ou jurídica que, mesmo não sendo produtor rural, se dedique a uma
das seguintes atividades:
o Pesquisa ou produção de mudas ou sementes fiscalizadas/certificadas;
o Pesquisa ou produção de sêmen para inseminação artificial e embriões;
o Prestação de serviços mecanizados de natureza agropecuária, em imóveis
rurais, inclusive para proteção do solo;
o Prestação de serviços de inseminação artificial, em imóveis rurais;
o Atividades florestais.

Algumas exigências devem ser cumpridas para a liberação do crédito rural,


como por exemplo:
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• comprovação da idoneidade do tomador;


• apresentação de orçamento, plano ou projeto, salvo em operações de desconto;
• oportunidade, suficiência e adequação dos recursos;
• observância de cronograma de utilização e de reembolso;
• fiscalização pelo financiador;
• liberação do crédito diretamente aos agricultores ou por intermédio de suas
associações formais ou informais, ou por organizações cooperativas;
• observância das recomendações e restrições do zoneamento agroecológico

O que é o Proagro?
O Proagro é o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária. É um programa do
governo federal que garante o pagamento de financiamentos rurais quando a lavoura
sofrer danos provocados por eventos climáticos adversos ou causados por doenças e
pragas sem controle.
• O Proagro é administrado pelo BC e regulamentado pelo CMN. As instituições
financeiras (bancos e cooperativas de crédito) são os agentes do programa.
• Um pouco mais a respeito do Crédito Rural...
• O crédito rural foi institucionalizado pela Lei 4.829, de 5 de novembro de 1965.
Durante 30 anos, sua gestão coube ao Banco do Brasil, por meio da Carteira de
Crédito Agrícola e Industrial. Em 1965, o assunto passou à responsabilidade do
Conselho Monetário Nacional (CMN), com a implementação do Sistema
Nacional de Crédito Rural (SNCR). As normas sobre o crédito rural são aprovadas
pelo CMN. O Banco Central faz parte desse órgão e auxilia na tomada de decisão
sobre o crédito rural. As instituições financeiras seguem essas normas e as
colocam em prática no dia a dia com seus clientes. Existe fiscalização de todo o
processo, por determinação legal. Por isso, o BC verifica junto às instituições
financeiras se a liberação do dinheiro e o seu uso estão de acordo com as normas
publicadas, dentre outras providências.

5.4 Poupança

No Brasil, a caderneta de poupança, muitas vezes chamada apenas de poupança,


é uma forma de investimento de baixo risco cuja operação é regida por regras específicas
estabelecidas pelo governo federal para depósitos de poupança.
As cadernetas de poupança são o investimento mais tradicional do Brasil e são
oferecidas a pessoas físicas e jurídicas por instituições financeiras públicas e privadas
através de contas bancárias chamadas de conta poupança. Dessa forma, os valores
depositados na conta poupança são aplicados automaticamente na caderneta de poupança,
tem liquidez diária e sofrem remunerações mensais de acordo com as determinações feitas
pela legislação brasileira.
Para pessoas físicas e jurídicas sem fins lucrativos, os rendimentos em contas
poupança (usualmente através da caderneta de poupança) são isentos de imposto de
renda e os depósitos de poupança (assim como seus rendimentos) são assegurados
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pelo Fundo Garantidor de Créditos até o valor de R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta


mil reais).
De acordo com a legislação atual, a remuneração dos depósitos de poupança é
composta de duas parcelas:

I. a remuneração básica, dada pela Taxa Referencial - TR, e


II. a remuneração adicional, correspondente a:

• 0,5% ao mês, enquanto a meta da taxa Selic ao ano for superior a 8,5%; ou
• 70% da meta da taxa Selic ao ano, mensalizada, vigente na data de início do
período de rendimento, enquanto a meta da taxa Selic ao ano for igual ou inferior
a 8,5%.

A remuneração dos depósitos de poupança é calculada sobre o menor saldo de cada


período de rendimento. O período de rendimento é o mês corrido, a partir da data de
aniversário da conta de depósito de poupança, para os depósitos de pessoas físicas e de
entidades sem fins lucrativos. Para os demais depósitos, o período de rendimento é o
trimestre corrido, também contado a partir da data de aniversário da conta.

A data de aniversário da conta de depósito de poupança é o dia do mês de sua


abertura. Considera-se a data de aniversário das contas abertas nos dias 29, 30 e 31 como
o dia 1° do mês seguinte.

A remuneração dos depósitos de poupança é creditada ao final de cada período de


rendimento, ou seja:

• mensalmente, na data de aniversário da conta, para os depósitos de pessoa física


e de entidades sem fins lucrativos; e
• trimestralmente, na data de aniversário no último mês do trimestre, para os demais
depósitos.

5.5 Capitalização

Um título de capitalização é um título de crédito comercializado por empresas


de capitalização ou Sociedades de capitalização – entidades, constituídas sob a forma de
sociedades anônimas, que negociam contratos (títulos de capitalização) que têm por
objeto o depósito periódico de prestações pecuniárias pelo contratante, o qual terá, depois
de cumprido o prazo contratado, o direito de resgatar parte dos valores depositados
corrigidos por uma taxa de juros estabelecida contratualmente; conferindo, ainda, quando
previsto, o direito de concorrer a sorteios de prêmios em dinheiro.
Soluções de negócios com sorteios
O título de capitalização é um dos produtos mais versáteis do mercado financeiro. Na
origem, o produto, que completou 91 anos de Brasil em 2020, é um instrumento para
juntar dinheiro e participar de sorteios. Nos últimos anos, no entanto, novas demandas
dos consumidores estimularam o desenvolvimento de diversas modalidades de títulos de
capitalização:
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a) Tradicional: opção para quem quer formar uma reserva financeira e concorrer a
prêmios;
b) Instrumento de Garantia: oferecer garantias em contrato de qualquer natureza,
incluindo aluguéis e empréstimos;
c) Incentivo: realizar ações promocionais de vendas com sorteios;
d) Filantropia Premiável: apoiar projetos de caráter social;
e) Popular: para quem busca soluções de baixo custo, como o título de capitalização
Popular.

Todas as modalidades oferecem a participação em sorteios e o resgate de valores


acumulados no fim do prazo de contrato, o que varia em razão da característica de cada
produto. Essa diversificação mudou o perfil do setor: a Capitalização é hoje um conjunto
de soluções de negócios com sorteio.
A estrutura de uma capitalização pode ser verificada conforme abaixo:

Parte capitalizada

Capitalizad R$ Parte de sorteio


or
Parte de administração

Ao fim do plano, ou após o período de carência o capitalizador só terá direito a


resgatar a parte capitalizada. A parte de sorteio é destinada ao pagamento dos prêmios e
a taxa de administração é destinada a remunerar quem administra o título. Em razão disso,
a capitalização é vista por alguns como uma operação desvantajosa ao cliente, pois
geralmente o valor do saque ao final do plano é pouco ou nada maior que a soma de todos
os pagamentos feitos ao longo do tempo. Em função disso os títulos de capitalização não
devem ser considerados como aplicação financeira ou poupança, pois não se
enquadram nem como de renda fixa, já que tendem a render quase nada, nem como de
risco.
Observações:
• No Brasil, para trabalhar com capitalização, a empresa deve ter registro na
Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), órgão que normatiza e fiscaliza
o setor.
• Há duas formas de comercialização desses títulos, de pagamentos periódicos ou
único. No Brasil são chamados de PM (pagamento mensal) e o PU (pagamento
único).
a) O PM é um plano em que os pagamentos dos prêmios são periódicos,
geralmente mensais. É possível que após o último pagamento o plano
ainda se mantenha em vigor, pois seu prazo de vigência pode ser diferente
do que seu prazo de pagamento.
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b) Os planos PU são aqueles em que o pagamento é único e sua vigência fica


estipulada na proposta.
• As empresas responsáveis por essa comercialização estão reunidas na Federação
Nacional de Capitalização (FENACAP).

5.6 Previdência

Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e Vida Gerador de Benefício Livre


(VGBL) são planos abertos de previdência complementar. Eles possuem características
específicas e tratamento tributário diferenciado.

Características

PGBL: criado em 1998, o PGBL se assemelha a um fundo de investimento, com a


diferença de que inclui uma fase de concessão de benefícios de aposentadoria e goza de
incentivos fiscais.

Ele se distingue do plano tradicional nos seguintes aspectos:

• Não assegura rendimento mínimo (nem inflação);


• Há risco de mercado por não possuir garantia mínima de rentabilidade;
• Repassa ao cliente todo o rendimento líquido obtido com o investimento do
dinheiro;
• Há cotização diária do investimento gerando mais transparência;
• É possível definir com precisão a política de aplicação dos recursos, uma vez
que os diferentes PGBLs são classificados segundo esse critério.

O PGBL é oferecido por bancos, seguradoras e empresas de previdência


complementar e é dirigido principalmente para pessoas que iniciam uma previdência por
conta própria ou para funcionários de empresas sem fundo de previdência fechado.

No PGBL a forma de aplicação do dinheiro fica extremamente transparente já na


escolha de uma modalidade. São três tipos, que variam de acordo com a distribuição dos
investimentos e têm riscos distintos:

• Soberano: aplica 100% do dinheiro em títulos públicos do governo federal;


• Renda fixa: aplica 100% do dinheiro em títulos de renda fixa, que podem ser
públicos (federais, estaduais ou municipais) ou privados (como CDBs e letras
de câmbio);
• Composto: pode aplicar até 49% em renda variável, basicamente ações,
sendo que o administrador contrata o limite com seu cliente – até 10%, até
15%, até 20% e assim por diante. O potencial de ganho aumenta
consideravelmente, assim como o risco.

Do mesmo modo, a evolução do patrimônio é transparente. Pode-se acompanhar


diariamente a variação da cota de um fundo PGBL.
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No PGBL as contribuições podem ser mensais ou esporádicas, conforme o


planejamento do participante do plano. A entidade de previdência poderá estabelecer um
valor mínimo de contribuição.

A definição do valor da contribuição pelo participante dependerá da disponibilidade


de recursos, da renda pretendida no futuro e do prazo entre a entrada no plano e a idade
de aposentadoria desejada.

O incentivo fiscal oferecido por esta modalidade (12% de dedução da renda bruta
tributável anual) compõe importante fator de definição do valor de contribuição, pois
aumenta o poder de poupança do investidor que utiliza o modelo completo de declaração
de imposto de renda.

O valor da renda a ser obtida no futuro pelo participante de um PGBL dependerá


basicamente das contribuições que serão efetuadas ao longo do tempo, da rentabilidade
obtida pelo plano e da expectativa de vida na idade na qual deseja se aposentar (dada pela
tábua atuarial).

Sobre o PGBL incidem as taxas de administração financeira, para gestão do fundo, e


a de carregamento, cobrada sobre cada nova contribuição.

VGBL: apesar do Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) não ser um plano de
previdência, pois a legislação o qualifica como um seguro, vamos inserir sua definição
neste tópico por se tratar de uma modalidade de investimento também voltado para o
planejamento previdenciário.

O VGBL, criado em março de 2001 é um dos que mais cresce no Brasil. Assim como
o PGBL, ele funciona como um fundo de investimento em que é possível realizar
contribuições mensais ou não.

No final, o contribuinte pode escolher entre sacar todos os recursos do fundo ou


usufruir a fase de concessão de benefícios da aposentadoria.

A diferença fundamental entre o VGBL e PGBL é o tratamento tributário dispensado


a cada um deles. No PGBL há dedução de até 12% da renda bruta tributável anual do
contribuinte, já no VGBL não há dedução. O PGBL é indicado para quem faz declaração
do imposto de renda pelo formulário completo enquanto o VGBL para quem faz pelo
formulário simplificado. A tributação no resgate de um PGBL incide imposto de renda
tanto no aporte quanto na rentabilidade, enquanto no VGBL o IR incide somente sobre
os rendimentos.

5.7 Consórcio

Recebe o nome de consórcio o sistema que reúne grupos de pessoas, físicas ou


jurídicas, para adquirir bens ou serviços por meio de sorteios ou lances. O interessado, a
partir de um contrato de adesão, contrata uma empresa, a chamada administradora, que
deve possuir registro no Banco Central para operar normalmente neste tipo de sistema.
Ao aderir, o indivíduo irá entrar em um grupo já formado, ou em formação de interessados
no mesmo bem que ele. Seu ingresso implica na aquisição de uma cota, que o permitirá,
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através das já citadas formas lance ou sorteio, pleitear a aquisição do bem de sua
preferência. Enquanto seu lance não for aceito, ou sua cota sorteada, o indivíduo pagará
mensalidades à administradora para continuar a ter direitos naquele respectivo consórcio.
Assim, a contemplação se dá exclusivamente por sorteio ou lance, sendo que a
contemplação por lance ocorre somente após o sorteio. Caso não seja realizado o sorteio
por eventual falta de recursos, poderá realizar-se apenas a contemplação por lance.
Havendo recursos suficientes no grupo, é realizada a contemplação. Em outras palavras,
os membros daquele determinado grupo devem estar em dia com suas mensalidades e
estar em condições de honrar os valores acordados. A administradora colocará, então, à
disposição do consorciado contemplado, o respectivo crédito ao qual este foi
contemplado, destinado à aquisição do bem. Eventuais rendimentos líquidos advindos do
valor depositado pertencerão ao contemplado.
Caso o bem ou objeto tenha sua produção suspensa, a administradora deve convocar
assembleia extraordinária para deliberar sobre a substituição, no prazo máximo de cinco
dias da ciência do cancelamento da fabricação do produto.
Tipos de grupos:
• Grupo homogêneo: Quando todos os consorciados têm o interesse em
bens do mesmo valor monetário, ou seja, todos os componentes do grupo
estão interessados em uma moto da marca X e do modelo Y, por exemplo.
• Grupo misto: Quando os bens de interesse dos consorciados tem valores
monetários diferenciados, ou seja, quando existem consorciados que estão
contribuindo com o valor de uma moto da marca X e do modelo Y
enquanto outros estão contribuindo com o valor de um carro da marca A
e do modelo B, por exemplo.
Avaliação de consórcios
• As administradoras são obrigadas pelo Banco Central a iniciarem o grupo
quando este estiver com fundo para pagar a maior carta de crédito do grupo
por sorteio;
• As administradoras devem arcar com os prejuízos caso haja
contemplações onde era sabido que não havia dinheiro suficiente em caixa
para tal nos grupos;
• O consorciado tem direito a mudar o valor do bem desejado a qualquer
momento e antes da sua contemplação;
Taxas do Consórcio:
1. Taxa de administração: contempla a remuneração da administradora
pela prestação de serviços ao formar e gerir o grupo.
2. Fundo comum: é a maior parte da parcela e sua contribuição serve para
criar um fundo que será usado para que os consorciados comprem o seu
bem ou serviço pretendido, quando contemplados.
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3. Fundo de reserva: fundo para que possa suprir necessidades do grupo e


seu bom funcionamento em casos adversos, como a inadimplência dos
consorciados. No fim do grupo, caso ainda haja recursos no fundo de
reserva, ele deve ser divido proporcionalmente para cada consorciado.
4. Seguro: pode haver pagamento de seguro dependendo do que estiver
previsto no contrato da administradora. Existem vários tipos de seguro,
mas os mais comuns são o seguro de vida e seguro de quebra de garantia.

5.8 Investimentos e seguros

Planos de Seguros Existentes supervisionados pela SUSEP:


1) Seguro Rural: O Seguro Rural é um dos mais importantes instrumentos de
política agrícola, por permitir ao produtor proteger-se contra perdas decorrentes
principalmente de fenômenos climáticos adversos. Contudo, é mais abrangente,
cobrindo não só a atividade agrícola, mas também a atividade pecuária, o
patrimônio do produtor rural, seus produtos, o crédito para comercialização desses
produtos, além do seguro de vida dos produtores. O objetivo maior do Seguro
Rural é oferecer coberturas que, ao mesmo tempo, atendam ao produtor e à sua
produção, à sua família, à geração de garantias a seus financiadores, investidores,
parceiros de negócios, todos interessados na maior diluição possível dos riscos,
pela combinação dos diversos ramos de seguro.
2) Seguro Compreensivo: É um plano que conjuga vários ramos ou modalidades
numa mesma apólice.
3) Seguro de Danos: O seguro de danos é aquele por meio do qual o risco segurado
do patrimônio corresponde a indenização, e essa correspondente a eventual
sinistro, não podendo se falar em valor superior ao sinistro, eis que não pode
ocasionar o enriquecimento do segurado. A SUSEP (Superintendência de Seguros
Privados) traz em seu sítio eletrônico o objetivo do contrato de seguro de danos,
assim destacando que: “O objetivo do seguro de danos é garantir ao segurado, até
o limite máximo de garantia e de acordo com as condições do contrato, o
pagamento de indenização por prejuízos, devidamente comprovados, diretamente
decorrentes de perdas e/ou danos causados aos bens segurados, ocorridos no local
segurado, em consequência de risco coberto”
4) Seguro de Pessoas: Estes seguros têm por objetivo garantir o pagamento de uma
indenização ao segurado ou aos seus beneficiários, observadas as condições
contratuais e as garantias contratadas. Como exemplos de seguros de pessoas,
temos: seguro de vida, seguro funeral, seguro de acidentes pessoais, seguro
educacional, seguro-viagem, seguro prestamista, seguro de diária por internação
hospitalar, seguro-desemprego (perda de renda), seguro de diária de incapacidade
temporária e seguro de perda de certificado de habilitação de voo. Os seguros de
pessoas podem ser contratados de forma individual ou coletiva. Nos seguros
coletivos, os segurados aderem a uma apólice contratada por um estipulante, que
tem poderes de representação dos segurados perante a seguradora, nos termos da
regulamentação vigente.
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5) Seguro de Transportes: O seguro de transportes garante ao segurado uma


indenização pelos prejuízos causados aos bens segurados durante o seu transporte
em viagens aquaviárias, terrestres e aéreas, em percursos nacionais e
internacionais. A cobertura pode ser estendida durante a permanência das
mercadorias em armazéns.
6) Seguro de Crédito: É uma modalidade de seguro que tem por objetivo ressarcir
o SEGURADO (credor), nas operações de crédito realizadas com clientes
domiciliados no país, das Perdas Líquidas Definitivas causadas por devedor
insolvente.
7) Seguro de Automóveis: A seguradora tem a prerrogativa de analisar o risco de
cada proposta e aceitá-lo ou não, com base em seus próprios critérios.
8) Seguro de garantia estendida: O seguro de Garantia Estendida tem como
objetivo fornecer ao segurado, facultativamente e mediante o pagamento de
prêmio, a extensão temporal da garantia do fornecedor de um bem adquirido e,
quando prevista, sua complementação.
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Exercícios de Fixação

01) O mercado de seguros surgiu da necessidade que as pessoas e as empresas têm


de se associar para suportar coletivamente suas perdas individuais. Foram criadas,
então, as seguradoras, as corretoras de seguro, além de algumas instituições
encarregadas não só de fixar normas e políticas, mas também de regular e fiscalizar
esse mercado. Com o surgimento de tal necessidade, qual instituição foi criada para,
além de fiscalizar as seguradoras e corretoras, também regulamentar as operações
de seguro, fixando as condições da apólice e dos planos de operação e valores de
tarifas?

a) Seguradora Líder
b) Câmara Especial de Seguros
c) Superintendência dos Seguros Privados
d) Conselho Nacional de Seguros Privados
e) Instituto de Resseguros do Brasil

Questão comentada: https://vimeo.com/754701078/44bbfd64a3

Ano: 2012 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2012 – Banco do Brasil – Escriturário

02) Uma das medidas adotadas para mitigar os efeitos da crise financeira de 2008
foi a ampliação do acesso ao crédito, aumentando, com isso, ainda mais, o papel dos
bancos no desenvolvimento do país. O Crédito Direto ao Consumidor (CDC):

a) É um empréstimo pessoal de operação não vinculada à aquisição de bens ou


serviços.
b) Exclui as compras no cartão de crédito
c) É um crédito concedido através de bancos e instituições financeiras para aquisição
de bens e serviços.
d) É um empréstimo descontado diretamente na folha de pagamento.
e) Possui um prazo mínimo de 2 anos para o vencimento.

Questão comentada: https://vimeo.com/764971148/429626aed6

Ano: 2015 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2015 – Banco do Brasil – Escriturário

03) Os cartões de crédito são, às vezes, chamados de “dinheiro de plástico”. Seu uso
crescente como meio de pagamento implica vários aspectos, EXCETO o(a):

a) Ganho sobre a inflação para os possuidores de cartão, sendo os valores das


compras pagos apenas no vencimento do cartão.
b) Crédito automático até certo limite para os possuidores de cartão.
c) Aumento da demanda de papel moeda pelos possuidores de cartão, para
pagamento de suas transações.
d) Aumento da segurança da transação, tanto para o comprador quanto para o
vendedor.
e) Indução ao crescimento de vendas para os estabelecimentos credenciados.
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Ano: 2015 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2015 – Banco do Brasil – Escriturário – 001

Questão comentada: https://vimeo.com/754696439/4aca4062ca

GABARITO:

1-A 2-C 3-C


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6. Noções de Mercado de Capitais

As ações são títulos de propriedade de uma parte do capital social da empresa que a
emitiu. Quem tem ações, portanto, pode-se considerar sócio da empresa emissora, e são
títulos de renda variável.

Os acionistas possuem direitos a participação nos lucros da companhia. O lucro de


uma empresa em um exercício destina-se, em primeiro lugar, a compensar as perdas dos
anos anteriores, se existirem; depois, devem pagar-se os impostos correspondentes; e a
parte restante poderá destinar-se a reservas e dividendos.

As reservas são a parte do lucro que se mantém na sociedade com objetivo de


aumentar a capacidade econômica da empresa e, assim, financiar com recursos próprios
os investimentos produtivos previstos.

O dividendo é a parte do lucro que a companhia distribui entre seus proprietários,


quer dizer, seus acionistas.

Como se pode concluir, o valor dos dividendos depende do resultado de cada


companhia, assim como de sua política de distribuição de lucros; por isso, as ações são
consideradas um produto de renda variável.

Há basicamente dois tipos de ações: as ordinárias e as preferenciais. As ações


ordinárias dão direito a voto nas assembleias (assembleias gerais ordinárias e
extraordinárias) dos acionistas das companhias, em que cada ação equivale a um voto.

Os acionistas detentores de ações ordinárias e/ou preferenciais são os proprietários


da empresa. Porém, caso ocorra a falência da empresa, havendo recursos ou bens, as ações
ordinárias são o último débito a ser quitado por esta.

Os acionistas detentores de ações ordinárias, por meio das assembleias, elegem os


membros do Conselho administrativo. Os diretores eleitos desse Conselho definem o
destino da empresa bem como aprovam o balanço patrimonial e a demonstração de
resultado da empresa.

Os acionistas ordinários têm dois direitos principais:

• Participação no controle das operações ou direito a voto;


• Direito a tag along – em caso de alienação do controle de companhia aberta,
o acionista com direito a voto deve receber oferta de no mínimo 80% do valor
pago por ação com direito a voto ao integrante do bloco de controle. No caso
do Nível 2 e nível Novo Mercado de Governança Corporativa, o valor é de
100%.

Os detentores de ações preferencias têm preferência na distribuição de dividendos,


no reembolso de capital ou no acúmulo de distribuição de resultados com reembolso de
capital, em relação às ações ordinárias.
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Conforme o artigo 17 da Lei 10.303/2001 (Lei das S.As), as preferências ou vantagens


das ações preferenciais podem consistir:

1. Em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo;


2. Em prioridade no reembolso do capital, com ou sem prêmio; ou
3. Na acumulação de ambas as vantagens acima.

Contudo, a lei 10.303 estabelece que somente serão negociadas em bolsa as ações
preferenciais com pelo menos uma das vantagens a seguir, independentemente do
direito de receber ou não o reembolso de capital:

• Direito de participar de dividendo a ser distribuído de pelo menos 25% do lucro


líquido, de acordo com o seguinte critério:
o Prioridade no recebimento de dividendos correspondente a, no mínimo,
3% do valor patrimonial líquido da ação; e
o Direito de participar dos lucros distribuídos em igualdade de condições
com as ordinárias; ou
• Direito ao recebimento de dividendo de pelo menos 10% maior que o da
ordinária; ou
• Direito de serem incluídas no tag along assegurando o dividendo pelo menos
igual ao das ordinárias.

As ações preferenciais geralmente não dão direito a voto (há exceções). Em caso de
não distribuição de resultados por três exercícios consecutivos, as ações preferenciais
adquirem poder de voto, capaz de comprometer a situação do acionista controlador. O
estatuto da companhia pode conferir poder de voto às preferenciais.

De acordo com a Lei das Sociedades por Ações, uma empresa terá obrigatoriamente
que emitir, no mínimo 50% do seu capital social em ações do tipo ordinária. Essa
determinação repercute na emissão das ações no sentido de que:

• Ações ordinárias (ON) devem ter uma emissão mínima de 50%; e


• Ações preferenciais (PN) podem ter uma emissão máxima de 50%.

6.1 UNITS – Certificado de Depósito de Ações

Uma alternativa híbrida para negociação em bolsa de valores com as ações são as
units. As units são certificados de depósitos que podem combinar diferentes tipos de
ativos para negociação em conjunto. Dessa forma, mais de uma classe de ativos pode ser
comprada e vendida no mercado como uma unidade. Os ativos são negociados por lotes
e/ou unidades, e cada unidade contém tipos diferentes de ativos.

As units são ativos compostos de diferentes tipos de valores mobiliários. Portanto,


não são ações, mas um “pacote” de vários ativos.
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As units podem ser formadas por ações ordinárias, preferenciais, bônus de subscrição
etc. e são identificadas pelo número 11 no seu código.

1 ação ON
Unit 11

2 ação PN

Geralmente as units são criadas para aumentar a liquidez ou a atratividade através da


soma das características de mais de um ativo em um único ativo.

6.2 ADRs – American Depositary Receipts: conceituação, operacionalização, vantagens


e tipos
6.3 BDRs – Brazilian Depositary Receipts: conceituação, operacionalização, vantagens e
tipos

Os BDRs são conceituados como certificados representativos de valores mobiliários


de emissão de companhia aberta, ou assemelhada, com sede no exterior, emitidos por
instituição depositária no Brasil.

A instituição depositária é a instituição autorizada pelo BACEN e pela CVM a emitir,


no Brasil, com base nos valores mobiliários custodiados no exterior, os correspondentes
BDRs.

Instituição custodiante, por sua vez, é a instituição autorizada por órgão similar à
CVM a prestar serviços de custódia no país de origem dos valores mobiliários.

Assim, a instituição depositária emite BDRs lastreados em valores mobiliários


emitidos por companhias abertas estrangeiras. Estes ficam em seu país de origem, sob
custódia de uma instituição custodiante.

Somente são aceitos valores mobiliários de emissão de companhias abertas, ou


assemelhadas com sede em países cujos órgãos reguladores tenham celebrado com a
CVM acordo de cooperação, consulta, assistência técnica e assistência mútua para
troca de informações.

ADRs – American Depositary Receipts

O ADR é um recibo representativo de uma ação de empresa estrangeira que se


encontra depositada em um banco no país de origem, negociado nos Estados Unidos.

Um programa de ADR é viabilizado por iniciativa da própria empresa, com nova


emissão de ações, ou aproveitando ações já em poder do mercado. Para se ter um ADR,
determinado lote de ações (emitido pela própria empresa ou em poder do mercado) é
depositado em um banco do próprio país em que está sediada a empresa, o banco
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custodiante. Com lastro nesses depósitos, um banco no exterior, o chamado banco


depositário, ou emissor, emite o ADR, que é negociável no mercado norte-americano.
Para todos os efeitos, o ADR tem exatamente os mesmos direitos que os das ações
depositadas: dividendos, bonificações, desdobramentos e um valor cotado pelo mercado.

Ele é cotado em dólares e negociado livremente em bolsas ou mercado de balcão nos


EUA como qualquer outro valor mobiliário norte-americano. No caso brasileiro, o fluxo
de recursos inicia-se quando uma corretora ou banco norte-americano compra, no
mercado brasileiro, títulos de uma empresa e os entrega para custódia em um banco local.
Este, por sua vez, atuando como agente do banco norte-americano emissor das ADR, o
instrui a emitir os certificados, que são entregues ao investidor americano. O programa
de lançamento de ADR deve ser examinado e aprovado pela CVM no Brasil, e,
dependendo do nível da emissão, pela SEC nos Estados Unidos. A sua operacionalização
é similar à ilustração do fluxo de emissão do BDR.

Diz-se que um programa de ADR é patrocinado (sponsored ADR) quando a empresa


emissora está diretamente envolvida com seu lançamento. Mesmo assim, isso não
corresponde a dizer que todo lançamento patrocinado de ADR é, necessariamente, um
instrumento de captação de recursos para a empresa emissora. Dependendo do nível do
programa, pode não haver emissão de ações novas e, consequentemente, não haverá
ingresso de recursos para a empresa. Mas, então, qual seria a vantagem para ela? Poderia
inicialmente lançar um programa sem emissão de ações (que tem menos exigências e,
portanto, é mais barato) apenas para testar o mercado e garantir liquidez para um futuro
lançamento em condições mais vantajosas.

Já o ADR não patrocinado não conta com a participação direta da empresa emissora
dos títulos de dívida. Esses são comprados no mercado secundário e utilizados nos EUA
como lastro de um programa de ADR. Por esse motivo, os lançamentos de ADR não
patrocinados não têm sido muito usuais ultimamente.

GDRs – Global Depositary Receipts

Os GDRs funcionam de maneira semelhante aos ADRs, porém são negociados em


outros países que não os Estados Unidos. Nos GDRs o banco depositário é deste país e as
cotações são expressas na moeda corrente deste país. Ele é geralmente emitido em países
desenvolvidos para investir em empresas de mercados emergentes.

Os GDRs podem ser emitidos em qualquer mercado e, diferentemente dos


eurobonds, podem ser emitidos na mesma moeda do país em que estão sendo ofertados.
Já os eurobonds, são títulos emitidos em algum mercado cuja moeda do título é diferente
da moeda do mercado de emissão.

6.4 Rendimentos de Ações


6.4.1 Dividendos

O dividendo representa a mais importante forma de remuneração do acionista, pois


é uma quantia expressa em moeda corrente, paga pela empresa aos seus acionistas. O
estatuto de uma S/A determina o dividendo mínimo obrigatório a ser pago aos acionistas.
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Se o estatuto ou a assembleia da empresa não estabelecerem uma política de


dividendos, a legislação brasileira estabelece que o dividendo mínimo obrigatório será
de 25% do lucro líquido anual ajustado, que é o lucro líquido deduzido das reservas
de lucros permitidas em lei (5% de reserva legal, reserva para contingência e reserva
de lucros a realizar). Porém o estatuto pode estabelecer percentual inferior a 25%.

A reserva legal é uma conta do Patrimônio Líquido com a finalidade de assegurar a


integridade do capital social e somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou
aumentar o capital.

A companhia pode optar entre distribuir o montante integral do lucro líquido ou,
então, reter uma parcela desse lucro, a fim de financiar novos investimentos com recursos
próprios, recursos dos sócios.

Uma relação denominada payout, é calculada pelos analistas de investimentos e


informa que percentual do lucro líquido da empresa foi distribuído sob a forma de
dividendos:

𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑒𝑛𝑑𝑜𝑠 + 𝐽𝐶𝑃𝑠 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑠


í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑝𝑎𝑦𝑜𝑢𝑡 =
𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎 𝑛𝑜 𝑒𝑥𝑒𝑟𝑐í𝑐𝑖𝑜

Portanto, quanto maior for o índice, maior será a parcela do lucro líquido distribuída
sob a forma de dividendos. Quanto menor for o índice, maior será a parcela do lucro
líquido reinvestido na empresa, aumentando, dessa forma, a participação dos recursos
próprios em relação aos recursos de terceiros na estrutura de capital da companhia.

Os dividendos não são deduzidos da base de cálculo do imposto de renda e da


Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL) devidos pelas empresas, pois eles são
considerados após a apuração do lucro líquido do exercício. Os dividendos recebidos
pelos acionistas não são tributados pelo imposto de renda.

Após seu pagamento, o preço de mercado da ação sofre uma redução no mesmo valor
do dividendo pago por ação. Nesse caso, diz-se que a ação passa a ser negociada ex-
dividendos.
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Há três momentos importantes no processo que ocorre no intervalo entre a decisão da


empresa de pagar dividendos e o seu efetivo recebimento pelos acionistas:

• Data do anúncio: é a data em que o corpo diretivo da empresa aprova e declara


que serão pagos dividendos e, também, o dia em que a empresa se obriga a
pagar dividendos.
• Data do ajuste de preço de mercado (ex-dividendo): é a data em que o preço
de mercado se ajusta ao dividendo (ou seja, o valor de mercado será reduzido,
aproximadamente, ao valor do dividendo). A partir desta data, quem comprar
a ação não terá mais direito a este dividendo anunciado. Ou seja, se um
acionista vender suas ações a partir desta data, ainda receberá o pagamento do
dividendo, mas o comprador não.
• Data do pagamento: é a data em que a empresa efetivamente paga os
dividendos aos acionistas.

6.4.2 Juros Sobre o Capital Próprio (JSCP)

Os juros sobre o capital próprio foram criados no Brasil em 1995, pela Lei n° 9.249,
no conjunto de medidas que sucederam o Plano Real e visavam eliminar a indexação da
economia. Assim foi extinta a correção monetária de contratos, dos preços e dos balanços
das empresas.

Para substituir a correção monetária, foram criados os juros sobre o capital próprio
que remuneram o capital do acionista investido na empresa até o valor da correção da
TJLP (taxa de juros de longo prazo) sobre o patrimônio líquido, desconsiderando, deste
último, o valor da reserva de reavaliação de bens e direitos.

O valor desembolsado pode ser considerado como despesa até o limite do maior
entre:

• 50% do lucro líquido do período após a dedução da contribuição social e antes


do IR; ou
• 50% dos saldos de lucros acumulados e reservas de lucros de períodos
anteriores.

Diferentemente dos dividendos, que representam uma parcela do lucro líquido da


empresa do mesmo exercício, os juros sobre o capital próprio representam os juros
que incidem sobre os lucros não distribuídos pela empresa em exercícios anteriores e
mantidos sob a forma de reservas de lucros.

Embora não seja obrigatória a distribuição de juros sobre o capital próprio, as


empresas a realizam por considerá-la vantajosa.

A vantagem para a empresa consiste no benefício fiscal de poder contabilizá-la como


despesa, o que reduz o lucro tributável (a base de cálculo do imposto de renda) e,
consequentemente, o imposto de renda a ser pago.
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Os acionistas são tributados à alíquota de 15% de IR recolhidos na fonte. O valor dos


juros pagos aos acionistas pode ser imputado, pelo seu valor líquido de IR, ao total dos
dividendos obrigatórios.

O preço da ação, após seu pagamento ao acionista, sofre o mesmo efeito que ocorre
no pagamento dos dividendos, reduzindo seu valor de mercado no montante aproximado
dos juros sobre o capital próprio por ação, passando a ser negociada ex-juros. Portanto,
descontado do lucro tributável, diminuindo o IR a ser pago pela empresa.

6.4.3 Direito de Subscrição

A subscrição representa um direito de preferência dado aos acionistas, por um


determinado período, não inferior a 30 dias, na aquisição das novas ações, numa
proporção percentual equivalente às suas posições acionárias, a um preço preestabelecido,
geralmente inferior ao preço da ação vigente no mercado de bolsa.

Este direito é também chamado de bônus de subscrição e equivale a uma opção de


compra (call) para o investidor.

A subscrição pode surgir como um benefício aos acionistas, caso o preço de


subscrição seja inferior ao preço de mercado, de forma que os acionistas receberão uma
espécie de desconto. Caso o preço seja equivalente ou superior ao de mercado, esse direito
não representará uma vantagem, uma vez que inexistirá condição diferenciada em relação
aos não acionistas da empresa.

Quando a empresa lança uma subscrição de ações, ela anuncia uma séria de
condições, sendo as principais o número de ações colocadas à venda e o preço de
subscrição destes papéis, que resultam no valor total da operação, além do cronograma
da subscrição. Assim, o acionista acaba sendo informado de duas variáveis importantes:

• A proporção de novas ações a que sua posição já existente lhe dará direito;
• O preço a que elas estão sendo oferecidas.

O direito de preferência de subscrição do acionista tem como principal objetivo


permitir que os atuais acionistas da empresa mantenham a sua participação acionária em
caso de aumento de capital.

Caso o acionista opte por não subscrever as novas ações, pode-se dizer que sua
participação acionária foi diluída. O acionista atual não é obrigado a participar da
subscrição. Os direitos podem ser negociados de forma separada da ação, ou seja, como
mais um papel na bolsa. Assim, quem tinha um papel, a ação original da empresa antes
da subscrição, passa a ter dois: a ação e o direito, que geralmente negocia como as quatro
letras do código da ação seguido pelos números 1 e 2, e que pode ser exercido ou vendido
para outro investidor.

O acionista que não efetuar a subscrição do bônus na data ou dentro do período


estipulado perderá seu direito e não fará jus à restituição do valor pago antecipadamente.

Dessa forma, o bônus dá ao acionista que acredita no futuro da empresa em que


investiu a garantia de subscrever ações no futuro por um preço predeterminado.
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6.4.4 Bonificação

A bonificação representa um direito do acionista da empresa. Uma bonificação


ocorre quando a empresa realiza um aumento de capital via emissão e distribuição de
ações aos atuais acionistas por incorporação de reservas de lucros ou de reservas de
capital.

Ela não envolve captação de recursos. Eventualmente, a empresa pode optar por
distribuir essas reservas de lucros (ou parte delas) em dinheiro, gerando o que denomina
bonificação em dinheiro.

A participação dos acionistas nessa emissão de ações é proporcional à posição


acionária existente quando a assembleia de acionistas decide conceder a bonificação.

Como não ocorre qualquer modificação na estrutura econômico-financeira da


empresa, havendo apenas uma reclassificação contábil, a bonificação não afeta o valor da
empresa, que permanece inalterado no ato da bonificação, mas futuramente pode afetar o
preço da ação devido ao maior número de ações no mercado e consequente diluição de
lucros (dividendos mais baixos por ação).

6.4.5 Desdobramento e Grupamento

O split ou desdobramento representa uma distribuição de novas ações aos atuais


acionistas, desdobrando cada ação em uma ou mais ações. Isso aumenta a quantidade de
ações no mercado, reduzindo a cotação na mesma proporção, sem alterar a estrutura de
capital da empresa.

Geralmente, ocorre quando a cotação de uma ação ou do lote de ações está sendo
negociada a preços muito elevados, o que dificulta sua negociação. Por esse motivo, a
empresa opta por realizar o desdobramento das ações, a fim de reduzir sua cotação e
aumentar sua liquidez em bolsa.

O desdobramento é às vezes confundido com bonificação, porque nos dois casos há


um aumento do número de ações, sem que tenha ocorrido qualquer acréscimo
patrimonial.

A diferença é que na bonificação a empresa incorpora reserva de lucros ou reserva


de capital e no split não há nenhuma alteração no balanço da empresa. Veja o exemplo a
seguir:

Um split de 2 por 1 significa que, se o investidor possui 200 ações a R$ 20,00 cada,
passará a ter 400 ações a R$ 10,00 cada.

𝑝𝑟𝑒ç𝑜 split
Preço ex-split = (1 + %𝑠𝑝𝑙𝑖𝑡) = 20 / 2 = R$ 10,00.

Já o inplit ou grupamento é o contrário do split. No inplit há uma diminuição do


número total de ações, mantendo-se a proporção entre as classes de ações, não implicando
necessariamente redução da liquidez.
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Uma empresa decide realizar o inplit quando deseja reduzir a quantidade de ações
em circulação a fim de elevar sua cotação e reduzir sua volatilidade. Também não produz
qualquer efeito sobre a estrutura de capital da empresa.

É o caso de o preço da ação em bolsa ficar tão reduzido, que é necessária uma
quantidade muito grande de ações para realizar uma simples operação de venda ou de
compra com valor pouco expressivo, muitas vezes maior do que um lote padrão de 100
ações.

6.4.6 Ganho de capital

A valorização de mercado/ganho de capital é o aumento do valor da empresa em


bolsa. O ganho de capital é expresso pela variação positiva da cotação da ação em bolsa
em determinado período e depende de uma gama de variáveis, sobretudo dos fundamentos
e das expectativas que os investidores têm em relação ao futuro da companhia.

Os investidores procuram se antecipar aos eventos ou acontecimentos que irão


influenciar os resultados futuros das empresas. As principais variáveis macroeconômicas
que interferem nas expectativas dos agentes econômicos são:

• Taxa básica de juros no Brasil e nos EUA;


• Taxa de câmbio;
• Situação das contas públicas;
• Carga fiscal;
• Taxa de inflação;
• Safra agrícola;
• Preços internacionais das commodities;
• Nível de emprego;
• Renda disponível para consumo.

Todas essas variáveis estão interligadas e afetam a percepção de risco dos


investidores e da comunidade financeira sobre o valor da empresa.

6.5 Formador de mercado

Market maker, agente de liquidez, facilitador de liquidez, promotor de negócios


e liquidity provider são algumas das designações atribuídas àqueles que se propõem a
garantir liquidez mínima e referência de preço para ativos previamente credenciados,
fatores de destaque na análise da eficiência no mercado de capitais.

O papel de formador de mercado pode ser desempenhado por corretoras, bancos de


investimentos ou bancos múltiplos com carteiras de investimentos, que, ao se
credenciarem para exercer essa função, assumem a obrigação de colocar no mercado,
diariamente, ofertas firmes de compra e de venda para uma quantidade de ativos
predeterminada e conhecida por todos.

Os dois pilares sobre os quais se apoia a existência do formador de mercado são


liquidez mínima, permitindo ao investidor sair de sua posição quando desejar e preço de
referência, possibilitando a transformação rápida de títulos em dinheiro.
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A quantidade mínima de ativos de cada oferta do formador de mercado é estabelecida


pela bolsa em função da quantidade média diária negociada, no caso das ações, e das
características da emissão e distribuição, no caso das debêntures.

A oscilação nos preços das ofertas de compra e de venda do formador de mercado


deve respeitar um intervalo máximo (denominado spread), calculado para cada ativo com
base em sua volatilidade. As ações menos voláteis, que possuem um spread menor,
costumam ser mais líquidas. Já para o mercado de renda fixa, a base de cálculo
do spread é a taxa de juros do mercado.

Sempre que o mercado apresentar comportamento atípico, com oscilações fora dos
padrões regulares (decorrentes de algum fato econômico, catastrófico ou, até mesmo,
algum fato positivo totalmente inesperado que altere em demasia o preço do papel), o
formador de mercado ou terá seus parâmetros alterados, ou será liberado de suas
obrigações até que o mercado reencontre um novo nível de normalidade.

Cada formador de mercado poderá se credenciar para representar mais de uma ação
ou mais de uma debênture de empresas diferentes, podendo também representar mais de
um ativo por empresa.

Uma mesma ação ou debênture poderá ter mais de um formador de mercado. A bolsa
estabelece o limite máximo de formadores para cada ativo. Isso é o que se chama de
modelo competitivo de formador de mercado.

A importância do papel do formador de mercado é medida pelos resultados obtidos


com sua atuação, uma vez que a possibilidade de comprar e vender ativos a qualquer
momento incentiva as pessoas a investir nesses papéis. Essa situação de confiança,
acrescida ao fato de que ativos mais líquidos têm uma melhor formação de preços, confere
otimismo às operações, ideal buscado pelos mercados de valores mobiliários do Brasil e
de todo o mundo.

6.6 Tipos de ordens

Ordem a é aquela que especifica somente a quantidade e as características dos


mercado ativos ou direitos a serem comprados ou vendidos, devendo ser
executada a partir do momento em que for recebida.
Ordem é aquela que deve ser executada somente a preço igual ou melhor do
limitada que o especificado pelo cliente. Se o cliente define um preço de R$
20, a ordem só será executada por R$ 20 ou menos.
Ordem é aquela que especifica somente a quantidade e as características dos
administrada ativos ou direitos a serem comprados ou vendidos, ficando a
execução a critério da sociedade corretora.
Ordem é aquela dada por administrador de carteira de títulos e valores
discricionária mobiliários ou por quem representa mais de um cliente, cabendo ao
ordenante estabelecer as condições em que a ordem deve ser
executada. Após sua execução, o ordenante indicará os nomes
comitentes a serem especificados, a quantidade de ativos ou direitos
a ser atribuída a cada um deles e o respectivo preço.
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Ordem de é aquela constituída por uma ordem de compra ou de venda de um


financiamento ativo ou direito em um mercado administrado pela bolsa, e outra
concomitantemente de venda ou compra do mesmo ativo ou direito,
no mesmo ou em outro mercado também administrado pela bolsa.
Exemplo: uma compra à vista com uma venda a termo, somente
sendo efetivada se as duas pontas forem executadas.
Ordem stop é aquela que especifica o preço do ativo ou direito a partir do qual a
ordem deverá ser executada. Ela pode ser:
• stop de compra: será executada quando, em uma alta de
preços, ocorrer um negócio a preço igual ou maior que o preço
determinado;
• stop de venda: será executada quando, em uma baixa de
preços, ocorrer um negócio a um preço igual ou menor que o
preço determinado.
Ordem é aquela cuja execução está vinculada à execução de outra ordem do
casada cliente, podendo ser com ou sem limite de preço. Essa ordem só é
efetiva se ambas as transações forem executadas. É possível
especificar qual operação deve ser executada primeiro.
Ordens que em geral, uma ordem vale para o dia, sendo cancelada ao final do
especificam pregão.
prazos • ordem com hora: estabelece um período durante o dia em
que a ordem deve ser executada;
• ordem de abertura ou válida até cancelar: permanece
válida até que seja executada ou até o vencimento de
determinado contrato;
• ordem válida para o dia ou por tempo determinado:
expirado o prazo, a ordem é cancelada.
• ordem válida por tempo indeterminado: tem sua validade
terminada com a execução ou cancelamento da ordem. As
ordens por prazo indeterminado feitas via Home broker são
válidas por 30 dias.

6.7 Registro e Liquidação (SELIC e B3)

A principal entidade no Brasil responsável por administrar tanto mercados de bolsa


quanto mercados de balcão é a "Brasil. Bolsa. Balcão." ou simplesmente, B3 S.A. A
administração de mercados inclui também a operação de câmaras para liquidação
ou clearings, que praticamente eliminam o risco de um comprador pagar e não receber o
ativo e o vendedor entregar o ativo e não receber os recursos. Esse é o objetivo
das clearings houses: mitigar o risco de liquidação.

Cabe também realçar que a administração de mercados inclui o serviço de central


depositária. Uma central depositária guarda títulos e mantém controle atualizado dos
proprietários dos títulos.

B3 (Brasil, bolsa e balcão):

• Em março de 2017 a BM&Fbovespa se fundiu com a CETIP, dando origem à B3;


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• É a única bolsa de valores do Brasil atualmente;


• Maior depositária de títulos de Renda Fixa da América Latina;
• Maior câmara de ativos privados do país.

SELIC:

• É um sistema informatizado, no qual estão centralizados os títulos emitidos pelo


Tesouro Nacional que compõem a dívida pública federal interna. Nesse sentido,
o SELIC processa a emissão, o resgate e o pagamento de juros periódicos desses
títulos, assim como a sua custódia.
• A administração desse sistema é realizada pelo BACEN em parceria com a
ANBIMA.
• Os títulos – 100% escriturais (emitidos somente de forma eletrônica) – são
registrados e liquidados em tempo real por meio da Liquidação Bruta em Tempo
Real (LBTR).
• A liquidação financeira ocorre por meio do STR, ao qual o Selic é interligado.
Também por seu intermédio, é efetuada a liquidação das operações de mercado
aberto e de redesconto com títulos públicos, decorrentes da condução da política
monetária realizada pelo Bacen.
• Seu horário de funcionamento é das 6h30 min às 18h30min – mesmo horário de
funcionamento do STR – somente em dias úteis.

Sistema Especial de Liquidação e B3 (Brasil, Bolsa e Balcão)


Custódia (SELIC)
Ações (liquidação D+2)
Títulos Públicos Federais: LTN, LFT,
NTN-B (principal), NTN-B e NTN-F.
Títulos Privados: CDB, LCI, LCA, CRI,
(liquidação D+0)
CPR, SWAP

Derivativos: Opções, Futuro e à Termo

6.8 Mecanismos de ofertas públicas

O Underwriting é um esquema de lançamento de uma emissão de ações para


subscrição pública no qual a empresa encarrega uma instituição financeira da colocação
desses títulos no mercado, ou seja, é uma operação realizada por uma instituição
financeira mediante a qual, sozinha ou organizada em consórcio, subscreve títulos de
emissão por parte de uma empresa para posterior revenda no mercado. O termo
Underwriting (“subscrição”, em inglês) significa lançamento ou emissão de papéis para
captação de recursos de acionistas. A instituição financeira subscreve somente as sobras
da emissão, já que a lei brasileira assegura aos acionistas o direito de preferência à
subscrição das novas ações a serem emitidas, na proporção das ações que possuírem na
época.
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Underwriting é uma operação de distribuição pública primária ou secundária de


títulos em que são lançadas novas ações no mercado.

Empresa Decide entre tomar Procura uma


precisa captar um empréstimo ou instituição financeira
recursos para captar recursos via para prestar o
financiar emissão de ações. serviço de emissão
investimentos de ações
(Underwriting).

Ações da empresa
passam a ser
Emissão no mercado
negociadas no
primário.
mercado
secundário na Bolsa
de Valores

As instituições subscrevem integralmente a emissão de ações para tentar revendê-las


posteriormente ao público. Nessa forma de contrato, a empresa não tem risco algum, pois
tem certeza da entrada de recursos, já que o intermediário subscreve para si o total da
emissão.

O risco da aceitação ou não do lançamento do mercado fica por conta do


intermediário financeiro, que se compromete a subscrever todas as ações objeto da
emissão. Isso não impede que antes de cumprir essa obrigação o intermediário tente
colocar as ações junto ao público em geral.

No contrato com garantia firma, o coordenador e/ou outro(s) participante(s) assumem


a responsabilidade de subscrever os valores mobiliários não colocados no mercado, o que
não ocorre no regime de melhores esforços. Essa prática traz diferenças no custo de
contratação da operação por acrescentar às comissões de coordenação e distribuição (ou
colocação) a comissão de garantia total ou parcial. Esses custos são destacados na seção
“custos de emissão”.

6.8.1 Garantia residual ou com garantias de sobras (stand-by)

Nesse caso, o intermediário financeiro compromete-se a colocar as sobras de ações


junto ao público em determinado espaço de tempo, após o qual ele próprio subscreve o
total de ações não colocadas. Isso significa que, depois de decorrido o prazo no qual o
intermediário comprometeu-se a vender as sobras da subscrição ao público, o
Underwriting se torna do tipo firme.
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O intermediário compromete-se a subscrever as ações que não conseguir vender ao


público, em prazo fixado no contrato. A quantidade de ações objeto da garantia poderá
estar limitada a certo montante.

6.8.2 Garantia de melhores esforços (best-efforts)

O intermediário financeiro assume o compromisso de realizar seu melhor esforço no


sentido de colocar as ações ao público, não assumindo qualquer obrigação de comprar,
ele mesmo, os títulos não vendidos. Nesse caso, a empresa não tem certeza de conseguir
aumentar o seu capital na proporção pretendida nem no tempo estabelecido para sua
concretização, já que assume todos os riscos de aceitação ou não das ações lançadas por
parte do mercado. Naturalmente, a remuneração para esse tipo de serviço deve ser menor
que a destinada a um compromisso firme.

Contratos Risco de subscrição


Firme (straight) O risco é do intermediário
Residual ou com garantias de sobras (stand-by) O risco é compartilhado
Melhores esforços (best-efforts) O risco é da empresa

6.8.3 Underwriting

O Underwriting pode ser feito para atender às seguintes finalidades:

• Abertura de capital: é a operação pela qual uma sociedade oferece pela


primeira vez suas ações ou debêntures a subscrição pública por meio de uma
ou mais instituições financeiras. Em termos legais, essa abertura ocorre
quando seus valores mobiliários passam a ser admitidos para negociação em
bolsas de valores ou no mercado de balcão;
• Aumento de capital: é a operação pela qual uma empresa de capital aberto
oferece suas ações ou debêntures preferencialmente a seus acionistas e ao
público em geral;
• Abertura de capital através de block-trade: trata-se de uma operação de
leilão promovida em bolsa de valores em que são negociadas ações ou
debêntures relativas à abertura do capital de uma empresa a um preço mínimo
estabelecido; e
• Block-trade de ações ou debêntures de companhias abertas: nesse caso, o
processo é análogo ao anterior, porém está sujeito a procedimentos especiais
de negociação segundo normas da CVM e bolsa de valores.

As principais etapas do processo de Underwriting são:

• Registro da operação na CVM (instrução n° 400/2003);


• Formação do consórcio de instituições que vão coordenar e distribuir a
operação;
• Estabelecimento de garantia (se houver);
• Conteúdo da oferta, incluindo lote e forma de precificação;
• Distribuição do prospecto preliminar e definitivo (material publicitário);
• Coleta, junto aos investidores, de intenções e reserva (quantidade e preço
máximo);
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• Recebimento de reservas (quando contemplado no prospecto e no anúncio de


início de distribuição);
• Resultado da oferta, incluindo o preço final da ação.

Selecionando o underwriter

Tratando-se de emissão para oferta pública, a distribuição ou colocação no mercado


só poderá ser feita através de instituições autorizadas, vedada a oferta direta pela empresa.
Portanto, a empresa deve contratar instituições especializadas, tais como bancos de
investimento, sociedades corretoras e sociedades distribuidoras, para a colocação de
novas ações no mercado.

Pelos serviços de coordenação da operação, liderança da operação, venda de valores


mobiliários e eventual garantia de subscrição, as instituições financeiras cobram taxas
percentuais sobre o valor da operação e garantia de subscrição.

A oferta base é definida através dos fatores:

• Necessidade de capital para investimento e reestruturação de


Oferta base
passivos;
• Percentual de free float;
• Diluição de acionistas e composição acionária.

• Emissão primária;
Tipo de
• Emissão secundária; e
emissão
• Emissão mista.

Após uma análise da demanda pela oferta pelos investidores pode-se optar por
aumento do volume da oferta
• Opção da emissora de aumentar a oferta em até 20% do
montante da oferta base. Não há necessidade de novo
pedido ou modificação dos termos da oferta. As ações
Lote adicional
chamadas hot issue são vendidas a um preço acima do
(hot issue)
valor do IPO devido à alta demanda. Esse montante que
não excede 20% da quantidade inicialmente requerida é
excluído o eventual lote suplementar, se houver.
• Opção dada pela companhia aos coordenadores para
Lote
distribuição de até 15% a mais do montante da oferta base.
suplementar
Só pode ser utilizado por companhias abertas que já
(Green Shoe)
tenham registrado emissões.

Responsável Etapas da operação de underwriting


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• Preparações preliminares;
• Definição da ação a ser lançada, montante em reais e preço
Empresa
unitário; e
emissora
• Negociação e contratação de instituição coordenadora.

• Assembleia geral extraordinária (AGE) para a autorização da


emissão;
• Preparo e envio da documentação para registro na CVM;
• Formação do pool de instituições financeiras para a
Empresa
distribuição;
emissora e
• Marketing da operação e o disclosure da companhia;
instituição
coordenadora • Concessão do registro e os anúncios de início e término da
distribuição;
• Boletins de subscrição e liquidação financeira da operação; e
• Registro nas bolsas de valores.

Um underwriting pode ser executado por apenas um intermediário financeiro ou por


um consórcio formado por várias instituições financeiras. Dessa forma, a colocação das
ações é feita por um conjunto de instituições financeiras que assumem as seguintes
funções:

• Coordenador: coordena a operação, desempenhando funções como


elaboração da documentação e acompanhamento do processo, apresentação
da empresa para o mercado, controle financeiro, análise e projeções
financeiras da empresa emissora, formação do preço da ação ou debênture no
lançamento. A operação pode ser coordenada por mais de uma instituição,
originando, assim, a figura do:
o Coordenador principal: instituição que gerou a operação; portanto,
faz a interface entre a empresa e o mercado. Geralmente fica com o
maior risco (quando em regime de garantia firme) e o maior
comissionamento e também é responsável pelo registro junto à CVM;
e
o Coordenador contratado: instituição que, junto com o coordenador
principal, conduz a operação e consta do registro da CVM;
• Líder: instituição que possui algum prestígio no mercado e assume o risco
de lote significativo de ações, distribuindo-o perante os consorciados.
• Consorciado: instituição que simplesmente comprou ou subscreveu o papel,
ou seja, que faz o trabalho de varejo, colocando papel para o investidor final;
• Subcontratado/consorciado: instituição que adere ao contrato de garantia;
assim, a sua participação na eventual garantia é adequada ao seu porte ou sua
capacidade de colocação; e
• Participação especial: caracteriza-se pela participação de uma instituição
que não consta da coordenação, mas, dado o volume garantido e o seu
relacionamento com o emissor, figura na operação com destaque.
• Agência de rating: as agências de rating também são partes integrantes de
uma oferta pública. Essas agências são empresas especializadas em levantar
opiniões sobre o crédito das empresas por meio de notas. As principais
atuantes no Brasil são: Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch Ratings.
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• Agente fiduciário: é o representante dos debenturistas. Deverá ser uma


instituição financeira para debêntures negociadas no mercado de valores
mobiliários.
• Banco escriturador: é o responsável pela escrituração e guarda dos livros de
registro e transferência dos valores mobiliários escriturais. Quando as ações
e debêntures são emitidas de maneira escritural não existe cautela física, mas
apenas o registro em contas de depósitos em nome dos titulares nos livros de
registro do banco escriturador. O registro caracteriza a titularidade da ação
escritural ou da debênture escritural.
• Banco mandatário: essa função pode ser desempenhada por banco
comercial ou múltiplo que tenha carteira comercial com conta “reservas
bancárias” junto ao Banco Central do Brasil. Indicado pela companhia
emissora, é responsável pela confirmação financeira de todos os pagamentos
e movimentações realizados pelo emissor. Responsável pela existência e
validade dos valores mobiliários.
• Banco liquidante: é a instituição financeira responsável, como o próprio
nome diz, por prestar serviços de liquidação financeira das operações
registradas no Sistema de Distribuição de Títulos (SDT) e no Sistema
Nacional de Debêntures (SND), bem como pelo pagamento das taxas
relativas ao uso do SND.
• Depositário: é a instituição que presta os serviços de registro de debêntures
escriturais; custódia de valores mobiliários e agente emissor de certificados.
Essas atividades são obrigatórias em um processo de emissão de debêntures
que dependem de autorização da CVM.
• Custodiante: é uma instituição financeira responsável pela guarda e
manutenção das informações dos ativos componentes da carteira do
investidor. É o custodiante que cuida para que o investidor não perca seus
direitos (dividendos, direitos de subscrição etc.).

Geralmente os critérios utilizados para a formação do pool de instituições financeiras


são:

• Liderança de mercado;
• Capacidade de colocação; e
• Relação reciprocidade versus empresa versus banco líder.

6.8.4 Bookbuilding

Após a interação com os investidores através do roadshow a empresa passa por um


momento crítico: a definição da faixa de preços para as ações ofertadas. Após as visitas,
os investidores enviarão suas indicações de interesse com a quantidade desejada e
sensibilidade ao preço. As ordens são, em geral, colocadas nos dias imediatamente
anteriores ao fechamento do livro de ordens (book). O fechamento do livro de ordens
deverá ocorrer o mais próximo possível do encerramento do roadshow, para que o
momentum criado pelas visitas aos investidores não seja perdido. Depois da análise e
fechamento do book, o banco coordenador e a empresa definirão o preço a ser fixado,
buscando conciliar os objetivos de pulverizar a colocação e maximizar o valor da
empresa.
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O bookbuilding é o período de coleta de intenções de investimento dos investidores


institucionais para a precificação das ações. Essa coleta de intenções é permitida a
partir da divulgação do prospecto preliminar e do protocolo de pedido de registro de
distribuição na CVM, com ou sem recebimento de reservas.

Supondo um exemplo em que o coordenador da oferta determina um intervalo inicial


para o preço de lançamento entre R$10 e R$15 por ação. Resta agora saber se os
investidores estão interessados e, mais importante, a qual preço. Através de consultas a
investidores institucionais, como gestores de recursos, fundos de pensão, seguradoras e
outros, o coordenador pode obter esta informação. Vamos considerar como exemplo uma
oferta de R$ 500 milhões, e uma consulta a 100 investidores institucionais.

Cada investidor indica, formal ou informalmente, quantas ações ele quer comprar e
qual o preço que está disposto a pagar. O coordenador tabula estas informações por ordem
crescente de preço, de forma a obter qual seria a quantidade acumulada a determinado
preço.

Se somente dez investidores colocaram ordens de 2 milhões de ações cada a R$15


por ação, este não deve ser o preço da oferta. Isso ocorre porque o total de ordens seria
de 20 milhões de ações, com um total de R$ 300 milhões – que fica abaixo dos R$ 500
milhões que estão sendo ofertados.

A solução é baixar o preço, de forma que outros investidores participem da oferta.


Assim, o coordenador analisa o livro de oferta e atinge o patamar de preço pelo qual R$
500 milhões possam ser vendidos confortavelmente.

No Brasil, a B3 disponibiliza um sistema que permite a realização de processos de


bookbuilding de colocações primárias ou secundárias de ações, debêntures, notas
promissórias e quotas de fundos.

6.8.5 Oferta pública de aquisição (OPA)

Uma oferta pública de aquisição (OPA) é uma oferta de compra lançada sobre uma
empresa. Através da OPA, uma pessoa física ou jurídica, designada “oferente”, pretende
comprar uma sociedade cotada em bolsa, designada “alvo” (take over quando se busca o
controle da empresa alvo).

O anúncio público torna-se necessário porque quando uma empresa tem o seu capital
disperso em bolsa é difícil identificar todos os seus acionistas. A OPA pretende diminuir
o capital disperso em bolsa e, no extremo, a sua retirada de bolsa numa aquisição
posterior.

Dependendo das circunstâncias em que é feita, em particular do preço oferecido na


OPA face à cotação dos títulos em bolsa, o Conselho de Administração da empresa alvo
emite uma recomendação de venda ou recusa de venda aos seus acionistas.
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6.9 Funcionamento da B3

A B3 é uma companhia que oferece local, condições e sistemas necessários para a


realização de negociações de compra e venda de títulos e valores mobiliários de forma
transparente. Suas principais funções – estrutura operacional - podem ser agrupadas em
atividades ligadas à:

• Fornecer os meios e o ambiente necessário para compra e venda de valores


mobiliários, inclusive ações;
• Manter local adequado para a realização das transações de compra e venda
de títulos e valores mobiliários;
• Disponibilizar recursos técnicos e administrativos eficientes e seguros para a
realização das operações;
• Estabelecer sistema de negociação que assegure a continuidade das cotações
e a liquidez do mercado;
• Realizar registro, compensação e liquidação de ativos e valores mobiliários
negociados em seus ambientes, assim como a listagem de ações e de outros
ativos;
• Atuar como depositária central dos ativos negociados em seus pregões;
• Controlar e gerenciar riscos das operações através de uma estrutura de
clearing, de maneira a assegurar o funcionamento eficiente e seguro de seus
mercados.

Em relação a autorregulação do mercado:

• Fiscalizar o cumprimento, pelas corretoras e sociedades emissoras de títulos


e valores mobiliários, das disposições legais e regimentais que disciplinam as
operações da bolsa;
• Dar ampla e rápida divulgação às operações efetuadas em seu pregão;
• Evitar a manipulação de preços;
• Detectar movimentos anormais de mercado, acompanhando-o, e, dependendo
do caso, suspendendo negócios e negociações.

A atuação da B3 como autorregulamentação dos mercados é importante para


minimizar os efeitos de possíveis manipulações do mercado. Seguem-se exemplos de
manipulações que podem ocorrer no mercado:

• Ramping: influenciar o preço das ações de uma empresa e tirar vantagem


disso. Exemplo: comprar ações quando estão baratas para, então, dar início a
rumores de que a empresa será vendida.
• Front running: prática de uma corretora de negociar um ativo com base em
informações produzidas por seu departamento de análise antes que seus
clientes tenham recebido as recomendações. Exemplo: uma corretora pode
comprar as ações antes de soltar uma recomendação positiva sobre elas.
• Painting the tape: quando um grupo de especuladores compra e vende um
mesmo ativo entre si para criar uma artificialidade no papel que acaba
atraindo outros investidores desinformados sobre a manipulação;
• Wash trading: prática de um mesmo especulador de comprar e vender ações
de uma empresa por meio de duas corretoras diferentes. Isso cria uma
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movimentação artificial e a impressão de que alguma grande notícia a


respeito da empresa está prestes a ser publicada.

Em relação ao desenvolvimento do mercado:

• Educar pequenos e grandes investidores aos conceitos sobre o mercado


acionário para que eles conheçam a importância de formar um patrimônio
investindo em ações e mostrar os seus reflexos para o desenvolvimento
econômico do país.

6.10 Venda a descoberto

Trata-se de uma modalidade permitida apenas para realização de day-trades


(operações iniciadas e terminadas no mesmo dia). Caso o investidor opte em manter sua
posição vendida por mais de um dia, este deverá tomar em aluguel as ações vendidas a
descoberto.

Na venda a descoberto, o investidor vende ações que não possui em sua custódia
esperando que seus preços caiam abaixo do preço de venda. Ao comprar as ações mais
baratas do que as vendeu, o investidor estaria lucrando com a diferença entre o valor que
recebeu pela venda a descoberto e o valor que desembolsou para recomprar as ações, e
assim encerrar sua operação.

6.11 Aluguel de ações

O empréstimo de ações, ou aluguel, destina-se aos investidores de longo prazo em


títulos de empresas sólidas, rentáveis e com elevado índice de negócios. Ao emprestar
seus papéis os aplicadores recebem, além dos proventos das empresas, uma taxa de
remuneração pelo empréstimo.

O aluguel de ações é um contrato entre dois investidores que tem como objetivo uma
relação de ganhos para as duas partes. As ações devem ser devolvidas ao doador até a
data do vencimento. Caso contrário, ele tem direito a receber a garantia oferecida ou o
pagamento em dinheiro.

Trata-se de uma operação em que a câmara de ações atua como contraparte e garante
os negócios.

• O doador oferece os seus ativos em troca de uma remuneração fixa. Em


contrapartida, não pode negociá-los até a data do vencimento;
• O tomador utiliza o aluguel de ações para apostar na queda de um ativo.
Durante a vigência do empréstimo, caso ele não tenha vendido à vista as ações
objeto do empréstimo, passaria a deter o direito de participação em
assembleia e voto.

Existe apenas prazo mínimo, que é de um dia para os empréstimos tomados


voluntariamente sem a exigência de carência adicional. O prazo máximo depende da
vontade do doador. As taxas de empréstimo são livremente pactuadas entre as partes.

Os ativos elegíveis são:


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• Ações;
• Units;
• Cotas de fundos de índices (ETFs);
• BDRs patrocinados e não patrocinados nível I;
• Cotas de fundos de investimentos imobiliários; e
• Cotas de fundos de investimentos em participações.

O imposto de renda funciona da seguinte forma:

• O IR do doador é tributado conforme tabela de renda fixa na fonte;


• O IR do tomador é tributado conforme renda variável, a grande diferença é
que os gastos com os juros que ele pagará ao doador poderá ser descontado do
lucro junto com os outros custos operacionais da base que incidirá o IR.

6.12 Compra de ações com uso de margem

É uma forma de negociação das ações que possibilita ao investidor obter, em uma
sociedade corretora, financiamento para compra dos títulos e/ou empréstimo dos papéis
para venda. A compra de ações com uso de margem permite ao investidor pedir dinheiro
de imediato à corretora, a fim de comprar mais ações do que poderia arcar apenas com
seu dinheiro. Isso se chama alavancagem, pois lhe permite comprar mais com menos
fundos. Essas operações são feitas no mercado à vista de bolsa.

O custo e a liquidação do financiamento, bem como a remuneração do empréstimo


dos títulos e sua devolução, são pactuados diretamente entre o investidor e a corretora.
Os juros são normalmente cobrados por dia, assim não é vantajoso usar margem para um
investimento no longo prazo.

6.13 Garantias

O depósito de garantias deve ser efetuado em espécie pelos participantes dos


mercados da B3, segmento BM&FBovespa podendo ser substituído por outros ativos, a
critério da câmara BM&FBovespa. São aceitos os seguintes ativos como garantias para
compra de ações com margem:

• Ativos em espécie:
o dólar americano, para investidores não-residentes;
o Moeda nacional, para residentes.
• Outros ativos elegíveis:
o Título público federal;
o Ouro ativo financeiro;
o ações, Units, ADRs, BDRs;
o CDB, LCI, LCA;
o Títulos norte-americanos;
o Títulos do tesouro alemão;
o carta de fiança bancária;
o Cota de fundo de índice (ETF);
o Cotas de fundos referenciados DI e FIC de FI;
o Cota do fundo de investimento liquidez da câmara B3 (FILCB).
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6.14 Custos de execução

Custos incidentes sobre operações com ações:

• Corretagem: é o custo cobrado pela corretora pelo serviço de execução da


ordem ou serviço de corretagem. Usualmente, este valor é um percentual que
varia conforme o volume operado. Entretanto, as corretoras podem estipular
o valor e algumas corretoras chegam a cobrar apenas um valor fixo por
operação.
• Emolumentos: são cobrados pela B3 e variam conforme a natureza do
investidor e da operação. Por exemplo, se é uma ordem day-trade, de um
clube de investimento ou de um investidor pessoa física.
• Custódia: é um serviço de guarda das ações do cliente que a bolsa e as
corretoras prestam aos seus clientes. No serviço de custódia, a câmara de
ações é a depositária das ações das companhias abertas, e estas são
identificadas por um código (ISIN - International Securities identification
number).

6.15 Negociações à vista e a termo com ações

Toda negociação no mercado à vista possui liquidação financeira em D+2.

Já a operação a termo corresponde à venda ou compra de uma determinada


quantidade de ações, a um preço e prazo de liquidação futuro, estipulados entre as partes
negociantes.

Todas as ações negociadas na B3 podem ser objeto de um contrato a termo. O prazo


de liquidação varia livremente entre um mínimo de 16 dias e um máximo de 999 dias
corridos, conforme negociado entre ambas as partes. O preço de uma ação negociada em
contrato a termo consiste no valor cotado no mercado à vista mais uma taxa de juros,
negociada em função do prazo de liquidação.

A motivação para uma operação a termo em detrimento de uma operação à vista


surge de diversos aspectos, dentre eles se destacam:

• alavancagem: o investidor não dispõe de recursos para adquirir as ações no


mercado à vista e as compra no mercado a termo, pois necessita apenas de
recursos para a margem de garantia;
• Financiamento: o investidor quer ganhar apenas juros com a operação, então
compra a ação no mercado à vista e as vende no mercado a termo. Se o
comprador a termo liquidar a operação antes do vencimento, como o valor a
receber em juros é fixo, a taxa resultante, em geral, é maior que a de mercado.

Os proventos (dividendos, bonificação etc.) que ocorrerem durante a vigência do


contrato a termo pertencem ao comprador e serão recebidos por este, juntamente com as
ações objeto, na liquidação do contrato.

6.16 Operações com ouro


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O ouro é muito utilizado como instrumento de reserva internacional, diante da


possibilidade de deterioração das moedas por inflação ou crises econômicas geradas pelos
déficits comerciais e orçamentários. As reservas de ouro são mantidas de maneira
Escritural.

A extração do ouro bruto é feita por garimpeiros que o vendem para instituições do
Sistema Financeiro Nacional – SFN, devidamente autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil – BACEN, que adquirem o metal em seus Postos de Compra de Ouro
(PCO) localizados nas regiões garimpeiras, que por definição é a dependência de banco
múltiplo com carteira comercial e/ou de investimento, banco comercial, banco de
investimento, sociedade corretora de títulos e valores mobiliários e sociedade
distribuidora de títulos e valores mobiliários.

O ouro foi transformado em ativo financeiro pela Lei nº 7.766 de 11 de maio de 1989
que define em seu artigo 1°;

Art. 1º - O ouro em qualquer estado de pureza, em bruto, ou refinado, quando


destinado ao mercado financeiro ou à execução da política cambial do País, em operações
realizadas com a interveniência de instituições integrantes do Sistema Financeiro
Nacional, na forma e condições autorizadas pelo Banco Central do Brasil, será desde a
extração, inclusive, considerado ativo financeiro ou instrumento cambial.

O ouro depois de extraído nos garimpos pode ser transformado em ativo financeiro
mediante o pagamento do imposto sobre operações financeiras – IOF, quando o
garimpeiro ou minerador efetua a venda do minério para a instituição financeira
autorizada.

O ouro é um ativo financeiro, sendo valores mobiliários porque é fungível. Por


definição do artigo 85 do Código Civil Brasileiro, são fungíveis os bens móveis que
podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.

A Secretaria da Receita Federal do Brasil instituiu modelos de Notas de Negociação


de Ouro de uso obrigatório pelas instituições autorizadas que operam com o metal no
Mercado de Balcão, ou seja, são aquelas operações que não transitam pelas Bolsas de
Valores. As negociações efetuadas nos pregões das Bolsas de Valores não necessitam da
emissão dessas Notas de Negociação padronizadas.

As Notas de Negociação ou de remessa devem ser emitidas por séries (uma série para
cada região de garimpo) em razão do grau de pureza de cada região e para que se possam
apurar os limites de perdas no refino do ouro e também dos demais minérios que o
compõem.

Os graus de pureza são assim definidos:

• Ouro bruto (não refinado);


• Ouro remetido para a fundidora;
• Ouro fino 995;
• Ouro fino 999.
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O ouro bruto é refinado em fundidoras habilitadas pelas Bolsas de Mercadorias e de


Futuros e depois de refinado é remetido para custódia em instituição indicada pela
contratante do refino. A instituição indicada deve ser habilitada pela Bolsa de
Mercadorias e Futuros.

Recebido o metal em custódia, a Bolsa de Mercadorias e Futuros emite um


certificado, o qual é entregue à instituição depositante, que posteriormente pode ser no
futuro transferido aos demais adquirentes.
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Exercícios de Fixação

01) Para um investidor interessado em aplicar seus recursos financeiros no mercado


de ações, sua rentabilidade será positivamente afetada pela tendência de valorização
das ações na bolsa de valores. O Ibovespa, índice que acompanha a variação média
das cotações das ações negociadas na BM&F Bovespa é um dos mais importantes
indicadores do comportamento do mercado acionário brasileiro, sendo utilizado
como indicador do comportamento médio do mercado. Considerando-se que o
Ibovespa venha mostrando tendência média de alta nos últimos meses, o evento que,
supondo tudo o mais constante, poderia representar uma reversão abrupta dessa
tendência e desencadear resultados negativos no índice nos movimentos seguintes é
a(o):

a) Aumento da lucratividade média das companhias brasileiras de capital aberto.


b) Aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, para níveis superiores aos
esperados pelo mercado.
c) Continuidade do processo de recuperação econômica brasileira.
d) Redução das taxas de desemprego no Brasil.
e) Redução das taxas de juros reais no Brasil.

Questão comentada: https://vimeo.com/752216055/e18f55bef6

Ano: 2018 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2018 – Banco do Brasil – Escriturário

20154 - Quanto ao funcionamento do mercado à vista de ações, assinale a alternativa


correta.

a) A compra e a venda de ações são realizadas no mercado secundário, permitindo,


inclusive, a captação de investimento para as companhias abertas.
b) Se um cliente da corretora ABCD comprar 1.000 ações da empresa XYZW a R$
20,00 por ação e, posteriormente, vender todas essas ações por R$ 21,00, então
obterá um lucro líquido de R$ 1.000,00.
c) As negociações são usualmente realizadas em home broker, uma plataforma
eletrônica oferecida pelas corretoras, e o tempo de liquidação de uma venda de
ações é D+1, semelhante ao DOC.
d) O cliente de uma corretora participante da Bolsa de Valores somente poderá
comprar uma quantidade de ações múltipla do lote padrão de 100 unidades.
e) No mercado à vista de ações, há situações específicas em que as operações
realizadas pelo investidor não exigem o recolhimento de imposto de renda.

BRB – 2022 – BANCA IADES – ESCRITURÁRIO – PROVA TIPO A:

Questão comentada: https://vimeo.com/768509033/c587532359

20153 - Uma empresa pode recorrer ao mercado de capitais para obter recursos a
serem investidos no seu desenvolvimento ou levantar capital para as respectivas
necessidades de curto, médio ou longo prazos. Em relação ao mercado de capitais,
aos seus participantes e às operações realizadas, assinale a alternativa correta.
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P á g i n a | 103

a) As sociedades anônimas (S.A.) caracterizam-se por negociar as próprias ações na


Bolsa de valores.
b) Os acionistas ordinários têm o direito de vender suas ações quando houver a
mudança de controle da companhia, obrigando o novo controlador a pagar pelo
menos 80% do valor pago por ação.
c) Se uma empresa com ações negociadas na Bolsa de Valores apresentar prejuízo
por quatro anos seguidos, os clientes de posse de ações preferenciais (PN) dessa
empresa passam a ter direito a voto nas assembleias, implicando a conversão
dessas ações PN para ordinárias (ON-direito a voto).
d) Em função da reforma tributária aprovada no Congresso, um acionista ao receber
os dividendos relativos ao lucro líquido da companhia, proporcional às ações de
sua posse, deve declarar essa renda dos dividendos para fins de imposto de renda.
e) Uma companhia pode emitir debêntures para obter o financiamento de capital fixo
e de capital de giro.

BRB – 2022 – BANCA IADES – ESCRITURÁRIO – PROVA TIPO A:

Questão comentada: https://vimeo.com/768508959/2d4ac03ad4

GABARITO:

1-B 20154-E 20153-B


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7 Noções de Mercado de Câmbio: instituições autorizadas a operar e operações


básicas.
8 Regimes de taxas de câmbio fixas, flutuantes e regimes intermediários
9 Taxas de câmbio nominais e reais
10 Impactos das taxas de câmbio sobre as exportações e importações
11 Diferencial de juros interno e externo, prêmios de risco, fluxos de capitais e seus
impactos sobre as taxas de câmbio.

A análise das perspectivas de uma empresa deve começar com a economia global.
Ao estar inserida num contexto internacional, a empresa é afetada pela economia
internacional em seus mais diversos níveis. As perspectivas de exportação e importação,
a competição de preços em função da concorrência internacional e os ganhos obtidos com
os investimentos internacionais são alguns dos exemplos que podemos citar em que a
economia internacional afeta o desempenho de uma empresa.

No Brasil, as instituições autorizadas a atuar no mercado de câmbio são:

• Bancos múltiplos com e sem carteira comercial;


• Bancos comerciais;
• Bancos de investimentos;
• Bancos de câmbio;
• Bancos de desenvolvimento;
• Bancos cooperativos;
• Corretoras de câmbio;
• Caixas econômicas;
• Corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários.

A taxa de câmbio, que é o preço em moeda nacional, de uma unidade de moeda


estrangeira, nos permite calcular a relação de troca, ou seja, o preço relativo entre
diferentes moedas. Ela influi diretamente no desempenho das empresas e também das
bolsas de valores uma vez que afetam toda a economia.

Abaixo, algumas perguntas e respostas sobre taxa de câmbio:


1) O que é taxa de câmbio? Taxa de câmbio é o preço de uma moeda
estrangeira medido em unidades ou frações (centavos) da moeda nacional.
Por exemplo, se a taxa de câmbio do dólar é 3,10, significa que um dólar dos
Estados Unidos custa R$ 3,10. A taxa de câmbio reflete, assim, o custo de
uma moeda em relação à outra.
2) O que é taxa de compra e taxa de venda? A prática consolidada de mercado
denomina uma taxa como “de compra” ou “de venda” tendo como base a
posição da instituição financeira na transação. Assim, se uma pessoa física
deseja comprar moeda estrangeira junto a uma instituição autorizada a operar
com câmbio, a instituição estará vendendo e, portanto, a taxa ofertada será a
de venda. Se a pessoa física quer vender moeda estrangeira, a instituição está
comprando e, assim, a taxa será de compra.
3) A taxa de câmbio é fixada pelo Banco Central? Não. As taxas de câmbio
são livremente pactuadas entre as partes contratantes, ou seja, entre o
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comprador ou vendedor da moeda estrangeira e o agente autorizado pelo


Banco Central a operar no mercado de câmbio.
4) O que significam as taxas divulgadas pelo Banco Central? As taxas de
câmbio divulgadas pelo Banco Central correspondem à média aritmética das
taxas de compra e das taxas de venda dos boletins do dia (conhecida como
“taxa PTAX” de fechamento).
5) O que significam as taxas de “câmbio comercial” e “câmbio turismo”?
existe um único mercado de câmbio legal no País e as terminologias “cambio
comercial” ou “dólar comercial”, e “câmbio turismo” ou “dólar turismo” são
utilizadas pelo mercado para indicar as diferentes taxas praticadas de acordo
com a natureza da operação. As expressões “câmbio turismo” ou “dólar
turismo” são utilizadas comumente para classificar as operações relativas a
compra e venda de moeda para viagens internacionais, geralmente em
espécie. As expressões “câmbio comercial” ou “dólar comercial” são usadas
para as demais operações realizadas no mercado de câmbio, tais como:
exportação, importação, transferências financeiras.
6) As taxas podem ser diferentes para moeda em espécie e cheque de
viagem? Sim. As taxas de câmbio são livremente pactuadas entre as partes,
podendo ser diferentes de acordo com a natureza da operação e/ou a forma de
entrega da moeda estrangeira (ordem de pagamento, cheque, espécie, etc.),
clientes, entre outros fatores.
7) Qual a taxa de câmbio cobrada quando faço compras de bens e serviços
no exterior em moeda estrangeira utilizando cartão de crédito? O
pagamento da fatura deve ser realizado pelo equivalente em reais, devendo
ser utilizada, para efeito de conversão do valor devido em moeda estrangeira
para moeda nacional, a taxa aplicável pela instituição às operações de câmbio
no dia do pagamento. Contudo, se a compra no exterior foi denominada em
reais, o valor dessa compra é que deve constar na fatura, sendo vedada
qualquer indexação a qualquer moeda estrangeira. Além disso, como a fatura
do cartão de crédito é fechada com anterioridade ao dia do pagamento, na
fatura do mês seguinte pode ocorrer diferença para mais ou para menos em
função da variação da taxa praticada pela instituição entre o dia do
fechamento da fatura e o dia do seu efetivo pagamento. A instituição deve lhe
informar a taxa de câmbio utilizada.
8) O que muda, a partir de 1° de março de 2020, em relação à taxa de
câmbio cobrada quando faço compras de bens e serviços no exterior em
moeda estrangeira utilizando cartão de crédito? A partir de 1º de março
de 2020, entrará em vigor a Circular 3.918, de 2018, que determina que as
instituições deverão, obrigatoriamente, ofertar ao cliente a sistemática do
pagamento da fatura pelo valor equivalente em reais na data de cada gasto.
Nesse caso, portanto, o banco emissor do cartão de crédito estará obrigado a
te oferecer a opção de utilizar a taxa de câmbio da data de cada gasto. Para
isso, o cliente deve optar expressamente por essa sistemática. Caso não
queira, poderá pagar com base na taxa de câmbio do dia de fechamento da
fatura.
9) O que é Valor Efetivo Total (VET)? O Valor Efetivo Total (VET)
representa o custo de uma operação de câmbio em reais por moeda
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estrangeira, englobando a taxa de câmbio, as tarifas e tributos incidentes


sobre essa operação. É o VET que fornece ao cliente informações sobre o
quanto ele vai efetivamente desembolsar na operação e permite comparar os
preços disponíveis no mercado para compra e venda de moeda estrangeira.

A taxa de câmbio de uma economia depende de variáveis, como, por exemplo:

• Aumento nos preços dos produtos (inflação): uma alta da inflação provoca a
necessidade de ajustes na taxa de câmbio, para que este passe a refletir o poder de
compra real da moeda local. Podemos entender que um aumento na inflação pode
gerar uma queda na taxa de câmbio, ou seja, no poder de compra da moeda local
em relação às moedas externas;
• Balança comercial: de forma geral, a relação entre as entradas de recursos
externos (exportações) e suas saídas (importações) afeta a taxa de câmbio da
economia. Por exemplo, um aumento nas exportações gera um aumento na oferta
de moeda externa na economia, produzindo, assim, uma redução no seu preço;
como resultado, a taxa de conversão entre as moedas (taxa de câmbio) cairá,
refletindo um aumento do poder de compra da moeda local; e
• Conta de capitais do balanço de pagamentos: outra forma de entrada e saída e
moeda externa na economia é por meio dos investimentos estrangeiros que o país
recebe. Quando ocorre grande entrada ou saída de capitais em uma economia, há
um respectivo aumento na oferta e na demanda de moeda externa e, como
consequência, a taxa de câmbio se altera.

Uma queda na taxa de câmbio, ou seja, uma diminuição no poder de compra da


moeda local, induz a um aumento nas exportações da economia. Para atender a essa nova
demanda, as empresas tendem a produzir mais e a contratar mais mão de obra. Como
consequência, as empresas crescem e a economia também.

A taxa de câmbio pode ser expressa em taxa de venda ou taxa de compra. Pensando
do ponto de vista do banco (ou outro agente autorizado a operar pelo Banco Central), a
taxa de venda é o preço que o banco cobra para vender a moeda estrangeira (a um
importador, por exemplo), enquanto a taxa de compra reflete o preço que o banco aceita
pagar pela moeda estrangeira que lhe é ofertada (por um exportador, por exemplo).

A taxa de câmbio nominal (E) é o valor em moeda nacional para adquirir uma
unidade de moeda estrangeira. Cada país possui uma paridade diferente com cada uma
das moedas dos países que possuem comércio.

O câmbio nominal afeta diretamente o preço de um produto nacional em moeda


estrangeira ou afeta a rentabilidade das exportações. Por exemplo, a desvalorização reduz
o preço dos bens nacionais em moeda estrangeira, aumentando a demanda. De forma
análoga as importações.

Outro conceito muito analisado é a taxa de câmbio real (𝜃). É um valor corrigido da
taxa de câmbio nominal pelo preço estrangeiro (P*) e o doméstico (P).

𝑃∗
𝜃 = 𝐸.
𝑃
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O câmbio real mede a paridade em termos de bens dos dois países. Um câmbio real
mais valorizado significa que um bem nacional pode adquirir maior quantidade que o
similar estrangeiro. A mudança no câmbio nominal pode compensar a inflação doméstica
e, assim, manter a paridade do câmbio real. O câmbio real pode ser considerado uma
medida de competitividade para um país.

• Inflação interna > inflação externa = desvalorização cambial;


• Inflação interna < inflação externa = valorização cambial.

A taxa de câmbio real efetiva é uma medida da taxa de câmbio nominal efetiva
corrigida pelo preço doméstico e os preços vigentes em cada país.

Uma desvalorização da taxa de câmbio nominal não necessariamente significa uma


desvalorização da taxa real. Suponha por exemplo que a taxa de câmbio nominal se
desvalorize em 10% em dado intervalo de tempo, mas que nesse período o preço
interno tenha-se elevado 20% e o externo tenha-se mantido constante. Percebe-se que
apesar da desvalorização nominal de 10%, o aumento dos preços internos fez com que
a taxa de câmbio real apreciasse, ou seja, o produto nacional ficou relativamente mais
caro que o estrangeiro.

A intervenção do BC, via dealers, pode ser feita sobre o estoque de moeda da
seguinte forma:

• Se a taxa de câmbio cai, ficando muito abaixo do nível desejado pelo


governo, o que indica que a oferta de moeda estrangeira é maior do que a
procura, o BC entra no mercado e compra o excesso de divisas, o que implica
gradual elevação de taxa (a intervenção continua até que a taxa retorno ao
nível desejado);
• Se a taxa de câmbio sobe, ficando acima das expectativas oficiais, o que
indica que a oferta de moeda é menor do que a procura, o BC lança mão de
seus estoques de divisas das reservas internacionais e vende, no mercado, um
determinado montante, aumentando assim a oferta de moeda estrangeira e
fazendo cair a taxa, voltando ao nível desejado.

Em se tratando de paridade entre as moedas, paridade é a relação de preço que se


verifica entre duas moedas estrangerias. Ela é o resultado de uma equação que leva em
conta o diferencial de taxas de juros interna e externa, a desvalorização das outras moedas
de países com os quais o Brasil mantém relações comerciais e as necessidades de
pagamentos por parte do governo brasileiro aos credores.

Com isso, qualquer alteração nas taxas de juros ou nas taxas de câmbio internacionais
provoca instabilidade e opiniões divergentes sobre os rumos da economia.

Essa teoria parte da chamada lei do preço único, de acordo com a qual produtos
homogêneos devem ter o mesmo custo nos diferentes mercados, quando expressos na
mesma moeda. O exemplo geralmente utilizado é o do Big Mac, que é um produto
homogêneo, seja em New York, em São Paulo, em Paris, em Tóquio, em Moscou ou onde
quer que seja. De acordo com a lei do preço único, o Big Mac deveria ter o mesmo preço
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em São Paulo e New York, por exemplo, de tal modo que o consumidor brasileiro ou
norte-americano fosse indiferente entre comprar em qualquer um dos dois mercados.
Assim, pela lei do preço único, teríamos:

𝑅$ 𝑅$ 𝑈𝑆$
𝑃𝐵𝑅 = 𝑃𝐸𝑈𝐴 = 𝐸 𝑥 𝑃𝐸𝑈𝐴

Onde:

𝑅$
𝑃𝐵𝑅 = preço de um produto no Brasil expresso em reais;

𝑅$
𝑃𝐸𝑈𝐴 = preço de um produto nos EUA expresso em reais;

E = taxa de câmbio (R$/US$)

𝑈𝑆$
𝑃𝐸𝑈𝐴 = preço de um produto nos EUA em dólar.

Para comparar os preços do mesmo produto nos diferentes mercados, estes devem
ser expressos na mesma unidade monetária; no caso, utilizamos o R$. Para fazer a
conversão, tomamos o preço em US$ do produto e multiplicamos pela taxa de câmbio
entre as duas moedas.

A igualdade entre ambos os preços é garantida pelo funcionamento do mercado.


Inexistindo custos de transação, se o preço do mesmo produto for menor no Brasil que
nos EUA, todos os consumidores americanos direcionarão sua demanda para o produto
brasileiro, de tal modo que a elevação da demanda no mercado nacional tenderia a elevar
o preço do produto brasileiro, e a diminuição da demanda nos EUA tenderia a reduzir o
respectivo preço, até que os dois se igualassem. Se os preços nos respectivos países
refletem as condições de custo, e portanto, de competitividade dos dois países, a taxa de
câmbio de acordo com esta lei será determinada de tal forma a igualar o preço dos dois
países, quando expressos na mesma moeda, sob as hipóteses de ausência de custos de
transação e de barreiras ao comércio internacional, e considerando-se informação perfeita
e homogeneidade de bens.

Taxa de câmbio spot e Forward

A taxa de câmbio spot é aquela que mostra a relação entre duas moedas para troca
imediata, atual. Já a taxa forward mostra a taxa de câmbio para troca de duas moedas a
uma data futura, pré-estabelecida.

Se uma taxa spot está em BRL/USD 2,20 e a taxa forward está em BRL/USD 2,40,
dizemos que ela está tradando a um prêmio em relação à spot. Se estivesse mais baixa,
diríamos que está tradando a um desconto.

Taxa de câmbio cruzada

A taxa de câmbio cruzada simplesmente mostra a relação entre três moedas. Por
exemplo, podemos dizer que BRL/USD = 2,20 e que USD/GBP = 1,40. Para calcular o
câmbio entre BRL/GBP, pode-se multiplicar as duas cotações, cancelando USD do
numerador com o denominador:
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𝐵𝑅𝐿 𝑈𝑆𝐷
𝑋 = 2,20 𝑥 1,40 = 3,08.
𝑈𝑆𝐷 𝐺𝐵𝑃

Para calcular GBP/BRL, basta calcular o recíproco de 3,08 que é:

1
= 0,3247
3,08

7.1 Regimes cambiais

Existem basicamente três regimes cambiais:

• Regime com taxa de câmbio fixa: por meio de uma política monetária
passiva, o BC se compromete a ofertar moeda estrangeira para ajustar
automaticamente um nível que assegure que a taxa de câmbio de equilíbrio
se iguale à taxa de câmbio anunciada. Em outras palavras, o BC compra e
vende moeda estrangeira de forma a manter a taxa de câmbio no nível
anunciado. o Banco Central deve possuir grande quantidade de reservas para
atender a uma situação de excesso de demanda por dólar (déficit no balanço
de pagamentos por exemplo). E deve adquirir qualquer excesso de oferta de
dólares (superávit no balanço de pagamentos).
• Regime com taxa de câmbio flutuante: a taxa de câmbio flutua livremente
em função de mudanças das condições econômicas de oferta e demanda de
divisas estrangeiras. Em períodos de grande entrada de recursos externos, a
tendência da taxa de câmbio é a valorização e vice-versa. A vantagem desse
câmbio é que concede maior grau de liberdade, a desvantagem é a
volatilidade.
• Regime cambial de flutuações sujas (Dirty floating): o BC, mesmo dentro
de um regime de câmbio flutuante, intervém no mercado cambial quando a
taxa de câmbio se afasta em demasia do valor considerado adequado, o que
poderia acarretar sérias instabilidades na economia.

7.2 Política cambial

Define-se política cambial como a atuação da autoridade monetária na administração


dos ativos em moedas estrangeiras, além do ouro, visando dar estabilidade à paridade da
moeda e induzir desempenhos das transações internacionais de acordo com as diretrizes
da política econômica.

A política cambial é fortemente associada à política monetária. Por exemplo, se há


um forte ingresso de divisas em função do bom desempenho das exportações, crescimento
do volume de recursos captados pela emissão de títulos no exterior ou significativo fluxo
para aplicações em bolsas de valores, o governo é obrigado a aumentar a dívida pública
mobiliária, emitindo títulos para enxugar a moeda que entra em circulação pela troca de
dólares por reais.

Com isso, a política monetária enfrenta dificuldades para controlar os juros, dado que
o custo do governo aumenta.
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O diferencial de juros interno e externo também ocasiona oscilações nas taxas


cambiais. Um aumento do juro externo – mantendo tudo o mais constante - pode
ocasionar fuga de capital, desvalorizando o câmbio, estimulando exportações e gerando
um superávit na balança de pagamentos. O contrário é verdadeiro, ou seja, supondo juro
interno mais alto que o externo – e mantendo tudo o mais constante – há uma tendência
de entrada de capital, o que ocasiona valorização do câmbio, aumento das importações e
tendência a déficit na balança de pagamentos.

𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜
= 𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜
+ 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑐𝑡𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟𝑖𝑧𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑐â𝑚𝑏𝑖𝑜 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙
+ 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑎çã𝑜 + 𝑅𝑖𝑠𝑐𝑜 𝑝𝑎í𝑠

Reservas internacionais

Assim como as pessoas ou as empresas necessitam de reservas para atender às suas


obrigações financeiras, os países também têm necessidade de manter reservas monetárias
para atendimento de seus compromissos internacionais. É o que se denomina “liquidez
internacional”.

As reservas monetárias internacionais, também chamadas reservas cambiais ou


simplesmente reservas internacionais compreendem moedas livremente
conversíveis, bem como o ouro.

Além de permitir aos países financiar déficits temporários em seus balanços de


pagamentos, exercem papel importante na defesa da estabilidade de suas taxas cambiais.

As reservas internacionais aumentam quando há um superávit no balanço de


pagamentos (BP), ou seja, todas as transações comerciais e financeiras do país com outros
países são positivas.

Suponha que um exportador busque vender um bem no exterior e que, com a venda
realizada, tal agente vá receber dólares do comprador estrangeiro. O exportador vende
esses dólares e o Banco Central, por sua vez, compra tais dólares, pagando o
exportador em reais. Isso significa que as reservas internacionais aumentarão, uma vez
que o Banco Central comprou dólares, e o efeito disso consiste na elevação da oferta
monetária na economia. O Banco Central injeta reais na economia via pagamento em
moeda local ao exportador (expansionista).

Ainda pensando na balança comercial, pensemos na importação. O importador compra


um bem no exterior e, para isso, tem que ter dólares em mãos. A importação tem um
efeito de reduzir as reservas internacionais, uma vez que o Banco Central venderá os
dólares ao importador, enxugando a oferta monetária na economia. O Banco Central
retira reais da economia por meio desse pagamento pelo importador em moeda local
(contracionista).
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O BC classifica nossas reservas de duas maneiras:

• Reservas de caixa: representadas por haveres prontamente disponíveis;


• Reservas de liquidez: são as reservas de caixa mais os valores
representativos de títulos de exportação e outros haveres de médio e longo
prazos.

Cupom Cambial

O cupom cambial foi o elemento fundamental na política cambial de taxas


administradas vigente até 1999, passando a desempenhar um papel coadjuvante na
política cambial de taxas flutuantes.

O cupom cambial é a remuneração efetiva dos dólares convertidos em reais e


aplicados no mercado financeiro brasileiro. Seu valor expressa o interesse do investidor
estrangeiro em aplicar seus recursos no Brasil, levando em consideração o risco de crédito
soberano que passa a assumir e o retorno que teria em seu país. Sua fórmula é representada
conforme abaixo:

𝑑𝑢
(1 + 𝑝𝑟é 𝑒𝑚 𝑅$)252
𝐹𝑜𝑟𝑤𝑎𝑟𝑑 = 𝑆𝑝𝑜𝑡 𝑥
𝑑𝑐
(1 + 𝑐𝑢𝑝𝑜𝑚 𝑐𝑎𝑚𝑏𝑖𝑎𝑙 𝑥 360)

Esse cálculo simplifica quanto o investidor estrangeiro ganharia ao:

• Vender dólares e comprar reais;


• Aplicar esses reais em títulos brasileiros;
• Vender os reais e comprar dólares para repatriar os seus recursos.

O cupom é dito limpo (clean) quando incorpora a cotação corrente da taxa de câmbio.
Mas é considerado sujo (Dirty) quando a referência inicial é a taxa de câmbio de venda
(PTAX800) do dia anterior ao da compra do título.

A taxa do cupom cambial varia conforme a oferta e a demanda por dólar ou proteção
cambial. Se houver uma pressão vendedora de papéis lastreados em dólar, a tendência do
cupom é subir, pois o vendedor dará um prêmio ou juros maiores para atrair o comprador.
Se houver uma pressão compradora, a tendência é baixar o prêmio, pois os compradores
estarão à procura de papel e proteção cambial a ponto de aceitarem até um cupom cambial
negativo.

7.3 Swap cambial

A crescente demanda por proteção cambial levou o BC a oferecer o chamado swap


cambial como forma de evitar a aceleração da desvalorização cambial.

O swap é um contrato de balcão entre duas empresas de trocar fluxos de caixa no


futuro. O contrato define as datas quando os fluxos de caixa devem ser pagos e o modo
como serão calculados. Em geral, o cálculo dos fluxos de caixa envolve o valor futuro de
uma taxa de juros, taxa de câmbio ou outra variável de mercado.
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No caso do swap cambial reverso, o investidor paga, numa data futura, uma taxa de
juros (CDI) e recebe em troca a variação do câmbio, no caso de uma desvalorização do
real. Caso haja valorização, o Banco Central pagará o CDI e a apreciação da taxa de
câmbio. O objetivo da autoridade monetária é conter a desvalorização do dólar. Equivale
à compra futura de dólar.

Essas operações de swaps cambiais reversos são puramente financeiras, não


envolvendo troca efetiva de moeda. Todavia, ocorrendo variação cambial negativa, isso
resultará em ônus para o BC e ganho adicional aos bancos. A queda do preço da moeda
americana nessas circunstâncias agrega uma segunda fonte de renda, a mais expressiva,
para os bancos na operação.

Já o swap cambial tradicional o BC oferece o pagamento da oscilação do dólar,


além de um prêmio. O investidor se compromete a devolver a diferença da taxa de juros
no período. O objetivo do BC é conter a valorização do dólar. Como o investidor não
precisa sair correndo para comprar dólar à vista, a demanda diminui,

7.4 Balanço de pagamentos e a balança comercial

As contas externas medem todos os valores de todas as transações financeiras e


comerciais entre residentes e não residentes em um determinado período.

O balanço de pagamentos (BP) reflete o resultado entre remessas e entradas. Como


o BP é um fluxo variável, se ele for positivo, haverá um aumento nas reservas
internacionais e vice-versa. O valor das transações geralmente é medido em dólares norte-
americanos.

O balanço de pagamentos é composto pelas seguintes contas:

• Transações correntes (TC);


• Conta capital e conta financeira (CA);
• Erros e omissões (EO)

Como o objetivo é manter o balanço de pagamentos em equilíbrio, o déficit em


transações correntes, por exemplo, é compensado por um superávit na conta de capital e
financeiro.

Pode ser um sinal de que há excesso de investimento sobre a poupança doméstica.


Nesse caso, o país está “importando” poupança externa. Da mesma forma, se há superávit
em transações correntes, o país está “exportando” poupança doméstica.

As transações correntes (TC) medem as transações comerciais em bens, serviços e


as transferências unilaterais (sem contrapartida). Esta conta é composta pela balança
comercial (BC), pelo balanço de serviços e rendas (BSR) e pelas transferências unilaterais
(TU)

𝑇𝐶 = 𝐵𝐶 + 𝐵𝑆𝑅 + 𝑇𝑈
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A balança comercial (BC) é o saldo entre as exportações (X) e as importações (M)


de bens sem os valores dos fretes e seguros. Um saldo superavitário significa que o país
exporta mais que importa bens.

O balanço de serviços e renda (BSR) mensura as transações de dois componentes:

• Serviços: transportes, viagens internacionais, serviços governamentais,


pagamento de royalties, fretes, seguros etc.
• Renda: aluguéis, salários, lucros, juros e dividendos.

A Conta capital e conta financeira (CA) é dividida em duas contas. A primeira


(conta capital) mede o saldo da transferência de patrimônio entre migrantes. Por exemplo,
a aquisição de mercas e patentes.

Já a conta financeira é o resultado de:

• Investimento direto: venda e aquisição de participação duradoura no capital


das empresas;
• Investimento em carteira: transações em títulos mobiliários adquiridos no
mercado secundário;
• Derivativos: valores negociados no mercado de derivativos;
• Empréstimos/financiamento: transação de empresas e/ou do governo
brasileiro com empresas/investidores no exterior;
• Outros investimentos: créditos de comércio.

E a conta erros e omissões (EO) representa a diferença entre o saldo do balanço de


pagamentos e a soma das demais rubricas. É resultante da dificuldade de se compatibilizar
transações físicas e financeiras e a partir de várias fontes de informações.

Balança
Comercial Exportação Importação

Transações Balança Balança de Transferências


Correntes Comercial Serviços e rendas unilaterais

Balanço de Transações Conta capital e


Pagamentos Correntes conta financeira
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Exercícios de Fixação

01) Uma desvalorização cambial da moeda brasileira (real) frente à moeda norte-
americana (dólar), implica a(o)

a) Diminuição do número de reais necessários para comprar um dólar.


b) Diminuição do estoque de dólares do Banco Central do Brasil.
c) Diminuição do preço em reais de um produto importado dos EUA.
d) Estímulo às exportações brasileiras para os EUA.
e) Aumento das cotações das ações das empresas importadoras na bolsa de valores.

Questão comentada: https://vimeo.com/754699534/f74a57cfdb

Ano: 2015 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2018 – Banco do Brasil – Escriturário 001

02) O mercado cambial é o segmento financeiro em que ocorrem operações de


negociação com moedas internacionais. A operação que envolve compra e venda de
moedas estrangeiras em espécie é denominada

a) Câmbio manual
b) Câmbio sacado
c) Exportação
d) Importação
e) Transferência

Ano: 2012 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2018 – Banco do Brasil – Escriturário

Questão comentada: https://vimeo.com/754699758/b7110e30e2

21018 – Com a pandemia, observou-se intensa volatilidade das taxas de câmbio


cotadas nos mercados de câmbio à vista no Brasil. Segundo dados do Banco Central
do Brasil, a taxa de câmbio média negociada nos mercados à vista foi de R$5,46/US$
em agosto de 2020, comparativamente à taxa média de R$5,28/US$, observada em
julho desse mesmo ano. Sendo assim, constata-se que, entre julho e agosto de 2020,
o Real brasileiro mostrou, em relação ao Dólar norte-americano,

a) Apreciação média de cerca de 3,41%, em termos nominais.


b) Apreciação média de cerca de 3,41%, em termos reais.
c) Depreciação média de cerca de 3,41%, em termos nominais.
d) Depreciação média de cerca de 3,41%, em termos reais.
e) A mesma paridade nominal do poder de compra.

Ano: 2021 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2021 – Banco do Brasil – Escriturário – Agente Comercial – Prova C
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Questão comentada: https://vimeo.com/764971248/d7e260e303

GABARITO:

1-D 2-A 21018 - C


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12 Operações Compromissadas

Segundo o glossário do Banco Central, operações compromissadas são operações de


venda (ou compra) de títulos com compromisso de recompra (ou revenda) dos mesmos
títulos em uma data futura, anterior ou igual à data de vencimento dos títulos. Essas
operações são realizadas pelas instituições financeiras entre si, ou entre as instituições
financeiras e o Banco Central ou entre as instituições financeiras e pessoas físicas e
jurídicas em geral. Os títulos utilizados podem ser públicos ou privados, embora os
primeiros predominem amplamente.

As operações compromissadas já foram abordadas amplamente no tópico 3.3,


portanto, focaremos aqui nas operações compromissadas envolvendo títulos privados.

12.1 A taxa DI Over e o mercado interfinanceiro

A taxa DI é a taxa média dos empréstimos feitos entre os bancos. Um banco emite
um CDI, vende este papel no mercado, conseguindo assim levantar dinheiro para suas
necessidades.

A taxa do CDI (anualizada, exponencial, base 252 dias úteis) é divulgada diariamente
para operações de um dia ou prazos maiores (30, 60 ou mais dias).

A B3 faz a apuração diária das médias destas taxas, divulgando-a ao mercado como
parâmetro das taxas praticadas. A maioria das transações é negociada por apenas um dia,
estabelecendo-se um padrão de taxa média diária, o CDI over, que reflete a expectativa
de custo das reservas bancárias para a manhã seguinte à do fechamento das transações.

O CDI over é o benchmark do mercado para aplicações financeiras, sendo divulgado


pela B3 em termos percentuais ao ano no primeiro dia útil posterior ao dia de
referência.

Um benchmark é um índice de referência usado para avaliar o desempenho de uma


aplicação. Enquanto o CDI é o mais utilizado pelo mercado, ele é recomendado
especialmente para avaliar aplicações financeiras em renda fixa ou em fundos
multimercados. O Índice Bovespa, por sua vez, é o benchmark mais utilizado para avaliar
investimentos em ações.
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Banco
Central
Debita/credita
conta; calibra
oferta; evita
flutuações de juros

Bancos R Bancos
deficitários $ superavitários
Carteira própria Carteira própria
de ativos de de ativos de
liquidez: TPF e liquidez: TPF e
CDI Intermediação CDI
Sistemas de
liquidação e
custódia
(SELIC e
B3)
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Exercícios de Fixação

10147 - Em uma operação compromissada, a instituição financeira:

a) Compra um título do investidor, com o compromisso de revenda.


b) Vende um título para o investidor, com o compromisso de recompra.
c) Compra um título do investidor, com o compromisso de não o revender.
d) Vende um título para o investidor, com o compromisso de não o recomprar.

Questão comentada: https://vimeo.com/655695719/1cc098979b

10849 - O prazo de uma operação compromissada deve ser:

a) De, no mínimo, dois dias.


b) De, no máximo, cinco anos.
c) Igual ou superior ao prazo do instrumento que lhe serve de lastro.
d) Igual ou inferior ao prazo do instrumento que lhe serve de lastro.

Questão comentada: https://vimeo.com/652139506/54e6b1bc7a

10215 - O sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC): I. É a central


depositária dos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional. II. Processa as operações
compromissadas lastreadas por Títulos públicos ou privados. III. Liquida todas as
operações de depósitos interfinanceiros. Está correto o que se afirma em:

a) I, II e III
b) II e III
c) I apenas
d) I e II, apenas.

Questão comentada: https://vimeo.com/619192870/838910ddc9

GABARITO:

10147 - B 10849 - D 10215 - C


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13 Mercado bancário
13.1 operações de tesouraria

Primeiro vamos tentar entender o que vem a ser uma tesouraria. Uma tesouraria é o
órgão de uma entidade (um governo, um partido político, uma autarquia, um banco, ou
qualquer outra instituição) encarregado da contabilidade, armazenamento ou transações
de dinheiro.
As principais operações financeiras numa tesouraria são contas a receber, contas a
pagar, administração do fluxo de caixa, captação e aplicação de recursos financeiros.
Negociação com clientes e fornecedores em torno de descontos por conta de mudanças
nos prazos de recebimentos e pagamentos são operações financeiras complementares
numa tesouraria.
Todas as operações mencionadas são interdependentes e se interligam por meio do
fluxo de caixa financeiro, que é uma das principais ferramentas de apoio às decisões da
tesouraria.
No caso de instituições financeiras, o trabalho do setor de tesouraria inclui a
negociação e controle de aplicações de recursos financeiros. Ela fica responsável por
analisar a rentabilidade destas aplicações, para realocá-las se for o caso.
Além disso, é necessário fazer a análise de crédito do negócio junto às instituições
financeiras. Assim, o negócio saberá o que é possível fazer em caso de necessidade de
empréstimo bancário.
Por fim, é preciso ainda acompanhar as flutuações de câmbio, para as empresas que
atuam com comércio internacional, por exemplo. Isso inclui negociar as taxas de
fechamento de câmbio com as instituições financeiras. Em resumo, uma tesouraria
bancária realiza:
• Gestão do fluxo de caixa;
• Administração da carteira própria de títulos;
• Realização de operações no mercado interbancário;
• Contabilização das operações;
• Análise de cenários e gestão de riscos financeiros.
• Gerenciamento do recolhimento compulsório.

13.2 Varejo bancário

Um banco de varejo é um banco comercial que realiza transações diretamente com


os consumidores – pessoas físicas – e não com empresas ou outros bancos. Oferece
produtos e serviços tais como contas de poupança, contas correntes, empréstimos com
garantia hipotecária, empréstimos pessoais, cartões de débito, seguros e cartões de
crédito. Portanto, é uma instituição focada nas necessidades de pessoas físicas ao invés
de empresas.
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O banco de atacado e o banco de varejo se diferem principalmente por um fator


importante: o foco. O de varejo, conforme explicitado acima, conduz seus esforços para
pessoas físicas, enquanto o banco de atacado busca atrair principalmente pessoas
jurídicas, agências governamentais e grandes empresas.
O escopo dos produtos e serviços também muda. Isso faz com que as operações
executadas difiram de um tipo de banco para o outro. O banco de atacado, por ter um foco
em pessoas jurídicas, costuma oferecer consultoria e financiamento do capital de giro,
como exemplo.
Outra diferença entre bancos de atacado e varejo diz respeito à fonte de lucro. Para
os primeiros, o lucro está nos juros e nas taxas cobradas sobre os serviços. Já para os
segundos, a principal fonte de lucro é a diferença na margem de juros de credores e
devedores.
Vale destacar ainda que os bancos de varejo possuem processos menos burocráticos,
tornando-os promovedores da inclusão financeira.
13.3 Recuperação de crédito

Recuperação de crédito é uma tentativa de readquirir um crédito previamente


concedido, que por diversas razões o cliente deixou de cumprir, ou seja, é o processo que
se inicia quando um devedor fica inadimplente, o que, por sua vez, acontece quando ele
está há mais de 90 dias em atraso em obrigação de crédito.
A recuperação de créditos em dívida pode ser concretizada pela via judicial ou
extrajudicial. Deste modo, as soluções judiciais implicam a intervenção dos tribunais. Já
as medidas extrajudiciais passam essencialmente pela negociação voluntária (isto é, o
pagamento é feito de forma voluntária) ou por acordos estabelecidos entre a entidade e o
devedor, por exemplo através de um novo plano de pagamento ou reestruturação das
operações. (Marques et al. 2000).
O objetivo é fazer com que o inadimplente liquide da forma como puder suas dívidas.
O interesse central é receber o débito antes que a dívida atinja seu prazo de prescrição ou
seja necessário iniciar um processo de execução junto ao judiciário.
Geralmente, possuem extenso atraso e baixas perspectivas de pagamento, sendo
voltadas a consumidores endividados e cujos nomes foram inseridos em cadastros de
órgãos de proteção ao crédito.
13.3.1 Cobrança de crédito

Solicitação do pagamento da dívida contraída pelo consumidor, podendo requerer


tanto o pagamento de dívidas negativadas quanto de dívidas não negativadas. Nesse
processo não há muita flexibilidade. É quando ocorrem pequenos atrasos e altas
perspectivas de pagamento, sendo voltadas a consumidores endividados e cujos nomes
ainda não foram inseridos em cadastros de órgãos de proteção ao crédito.
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MEDIDA SIGNIFICADO
Renegociação Consiste em renegociar as condições já acordadas anteriormente e
introduzir as alterações necessárias ao contrato de crédito, que
permita ao cliente a continuação do cumprimento das suas
obrigações. Estas mudanças podem passar por alterar a taxa de
juro, conceder um período de carência de capital, alteração do
prazo definido, redução do spread aplicável ou a ponderação de
um valor residual. Mas também pode ser conseguida através da
reformulação de todo o plano de reembolso através da diminuição
das prestações mais próximas e acrescer essa diferença nas últimas
prestações.
Refinanciamento Constitui num novo contrato celebrado, para o reembolso de
capital, juros, comissões e encargos na totalidade.
Consolidação de É a junção de todos os créditos em que o cliente é interveniente
créditos num único contrato, a fim de pagar o capital, juros, comissões e
encargos na totalidade, que tem de ser de valor inferior à soma de
todas as obrigações com a instituição de crédito.
Concessão de um Traduz-se num contrato de crédito, a fim de pagamento das
empréstimo prestações e outros encargos, para afiançar a continuação de
adicional. cumprimento das obrigações.
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Exercícios de Fixação

21017 - É função precípua da Tesouraria, em um determinado banco,

a) Acompanhar as operações em atraso, visando à instauração do processo de


recuperação de crédito.
b) Estreitar o relacionamento com os clientes do banco.
c) Fixar as formas de garantias exigidas em função dos tipos de operação de crédito.
d) Gerenciar os descasamentos existentes entre os fluxos de caixa das captações e as
aplicações do banco.
e) Ativar as atividades de marketing e publicidade do banco.

Questão comentada: https://vimeo.com/763743938/1b171649cf

Ano: 2021 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO -


2021 - Banco do Brasil - Escriturário - Agente Comercial - Prova C

GABARITO:

21017-D
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14 taxas de juros de curto prazo e a curva de juros; taxas de juros nominais e reais

A estrutura das taxas de juros é fundamental na avaliação dos produtos de renda fixa.
A representação gráfica da relação entre os retornos dos títulos com a mesma qualidade
de crédito, mas com vencimentos diferentes, é conhecida como curva de juros ou yield
curve em inglês.

Esta curva geralmente é construída a partir de retornos de títulos públicos no


mercado. Dois fatores explicam esta tendência:

• os títulos do tesouro são tidos como livres do risco de inadimplência e não


apresentam diferenças na qualidade de crédito entre eles;
• estes títulos oferecem alta liquidez devido ao alto volume de negociação e,
assim, seus preços refletem as informações mais recentes.

A taxa de juros apropriada é o retorno de um título do Tesouro, com o mesmo


vencimento que o título, acrescido de um prêmio de risco adequado. Ou seja, taxa de
retorno = SELIC (taxa livre de risco) + prêmio de risco.

Para prazos muito curtos (menos de um ano), existe um mercado futuro (B3)
extremamente líquido que possibilita a obtenção direta das taxas spot. As figuras a seguir
mostram os possíveis formatos da curva de juros. Ou seja, as taxas spot, em vencimentos
sucessivos comparados ao vencimento. Essas curvas mostram as expectativas futuras de
taxas de juros no longo prazo.
Retorn
Retorn

vencimento vencimento
A curva a esquerda mostra uma curva de retornos com inclinação ascendente, ou seja,
o retorno cresce constantemente à medida que o vencimento aumenta. Este formato é
usualmente denominado curva de retornos normal ou positiva.

A curva a direita mostra uma curva de retornos inclinada para baixo, ou invertida,
em que os retornos declinam no decorrer do tempo.

Há ainda a curva de retornos plana (flat), ou seja, as taxas de juros se mantêm


inalteradas com o passar do tempo.
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Retorn

vencimento
Do ponto de vista prático, uma função-chave da curva de retornos de títulos do
Tesouro é a de servir como benchmark para a precificação dos títulos de renda fixa e
determinar os retornos em todos os demais setores do mercado de dívida: empréstimos
bancários, hipotecas, dívida corporativa e bônus internacionais.

Para se determinar o valor de cada instrumento de cupom zero, é necessário saber o


retorno de um título de cupom zero do Tesouro, com o mesmo vencimento. Este retorno
é denominado taxa spot e a representação gráfica do relacionamento entre a taxa spot e o
vencimento é denominada curva de taxa spot.

Como não existem títulos públicos de cupom zero para todos os vencimentos, não é
possível construir tal curva apenas a partir de observações da atividade do mercado de
títulos do Tesouro.

Na verdade, é necessário derivar esta curva de considerações teóricas aplicadas aos


retornos dos títulos de dívida do Tesouro efetivamente negociados. Tal curva denomina-
se curva teórica da taxa spot e é a representação gráfica da estrutura a prazo (ou a termo)
das taxas de juros.

A partir da curva de juros, podemos extrapolar as taxas spot teóricas. Além disso,
podemos extrapolar aquilo que alguns participantes do mercado denominam de consenso
do mercado de taxas de juros futuras ou a termo.

Definimos a taxa livre de risco nominal como a soma da taxa livre de risco real e
da taxa de inflação esperada.

𝑖 = 𝑟 + 𝜋𝑒

Onde:

i = taxa de juros nominal;

r = taxa de juros real;

𝜋 𝑒 = inflação esperada.
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A taxa nominal de juros é a taxa de equilíbrio entre a poupança e investimentos no


mercado.

Se a inflação esperada (𝜋 𝑒 ) for alta, as empresas esperarão um retorno maior sobre


seus investimentos, porque anteciparão preços mais elevados para a sua produção no
futuro. Ao mesmo tempo, os poupadores exigirão uma taxa maior de retorno para suas
economias, pois consideram o trade-off entre o consumo atual e o consumo futuro.

Como estão preocupados com o consumo real, exigirão uma taxa de retorno nominal
maior quando a taxa de inflação esperada é mais elevada. Assim, o consumo real que
receberão no futuro em troca de não consumir agora (poupança) é o mesmo.

Quando apresentado em termos de taxas de juros nominais, essa combinação de um


aumento na demanda de capital financeira e uma queda na oferta de capital financeiro
(poupança), aumenta a taxa nominal de juros de equilíbrio.

A taxa de inflação efetiva e eventualmente, a taxa de inflação esperada, também estão


relacionadas à taxa de crescimento da oferta de moeda.

Podemos assim concluir que as taxas mais elevadas de crescimento da oferta de


dinheiro levam às taxas de inflação mais altas, e consequentemente à maiores taxas de
juros nominais.
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Exercícios de Fixação

13790 - Se a taxa de juros nominal é de 12% a.a. e a inflação esperada é de 5% a.a.,


podemos dizer que a taxa de juros real será:

a) 6,82% a.a.
b) 7,00% a.a.
c) 6,67% a.a.
d) 6,875 a.a.

10012 - A diferença entre as taxas de juros nominal e real é data pela taxa de:

a) Câmbio.
b) Inflação.
c) SELIC.
d) Desconto.

Questão comentada: https://vimeo.com/655695623/a1e49a0e78

10582 - A taxa nominal de juros é:

a) Sempre menor que a taxa real.


b) Menor que a taxa real, se ocorrer inflação no período.
c) Maior que a taxa real, se ocorrer deflação no período.
d) Igual a taxa real, se não houver variação de preços.

Questão comentada: https://vimeo.com/723756080/a232d8decd

GABARITO:

13790-C 10012-B 10582-D


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P á g i n a | 132

15 Garantias do sistema financeiro nacional

As garantias do sistema financeiro nacional podem ser divididas em:


• Pessoais ou fidejussórias; e
• Garantias reais.
As garantias pessoais baseiam-se na confiança, isto é, se o devedor não pagar, uma
terceira pessoa (que prestou a garantia pessoal) será obrigada a pagar no lugar dele. Nesta
modalidade temos o aval e a fiança.
1) Aval: o aval é a garantia de pagamento formal e solidária firmada por terceiro
em um título de crédito, onde os intervenientes são: o avalista (aquele que
presta o aval), o avalizado (aquele que recebe o aval) e o credor. Para tanto,
basta que se lance o aval no próprio título ou na folha de pagamento. A
simples assinatura no anverso do título é suficiente para configurar o aval.
Considera-se não escrito o aval cancelado. Tratando-se de garantia solidária,
implica que o avalista é coobrigado, isto é, é codevedor principal, isso
significa que não há benefício da ordem, o avalista é tão responsável quanto
o devedor principal pela quitação do crédito.
2) Fiança: dá-se a fiança quando uma pessoa se obriga a satisfazer determinada
obrigação, caso o respectivo devedor não a cumpra. A fiança é um contrato
acessório; pode ser gratuito ou oneroso. Os intervenientes são: o devedor
(afiançado), o fiador (pessoa física ou pessoa jurídica) e o credor. Caso o
devedor principal não cumpra a obrigação e o fiador venha a ser acionado
para responder pela dívida, sem que antes tenha sido acionado aquele, poderá
alegar o benefício de ordem para que os bens do devedor sejam excutidos em
primeiro lugar, salvo se foi estipulada solidariedade no contrato de fiança. O
fiador tem prerrogativa de renunciar a este direito. A fiança só pode ser
concedida pelo cônjuge quando o outro der seu consentimento. A este
requisito se dá o nome de outorga uxória. A falta da autorização torna o ato
anulável.
3) Fiança bancária: é um compromisso contratual pelo qual uma instituição
financeira garante o cumprimento de obrigações de seus clientes. O público-
alvo são as pessoas físicas e jurídicas. A fiança bancária é uma obrigação por
escrito (carta de fiança) assumida pelo banco, responsabilizando-se por dívida
total ou parcial de cliente que queira assumir uma obrigação perante terceiros.
Regulamentação do CMN estipula o limite máximo de exposição por cliente
a ser observado pelas instituições financeiras na prestação de garantia de
fiança bancária. A vantagem de trabalhar com fiança bancária é que a garantia
oferecida pelos bancos goza de grande respeitabilidade no mundo dos
negócios. A fiança bancária está sujeita a cobrança de tarifas, mas não se
sujeita a cobrança de IOF, por tratar-se de um contrato.
As garantias reais vinculam patrimônio ao cumprimento da obrigação assumida
pelo devedor. Recaem sobre bens móveis ou imóveis do patrimônio do devedor ou de
terceiros; se ele não pagar, haverá um processo de execução em que será requerida a
venda judicial do bem, pagando-se preferencialmente o credor.
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1) Penhor: é um direito real que consiste na tradição de coisa móvel, suscetível


de alienação, realizada pelo devedor ou por terceiro ao credor, a fim de
garantir o pagamento do débito. Tem como sujeitos o devedor pignoratício
(pode ser tanto o sujeito passivo da obrigação principal como terceiro que
ofereça o ônus real) e o credor pignoratício (o que empresta o dinheiro).
2) Penhor mercantil: é caracterizado pela dispensa da tradição da coisa
onerada, ou seja, o devedor continua na sua posse, equiparando-se ao
depositário para todos os efeitos. Visa garantir obrigação comercial. Penhor
mercantil é a garantia na qual o bem empenhado faz parte integrante do
negócio comercial. Pode abranger tantos estoques de matérias-primas quanto
estoques de produtos acabados. Os estoques objeto de penhor mercantil são
confiados a fiel depositário, que se torna responsável pela guarda, existência
e conservação dos bens dados em garantia.
3) Hipoteca: A hipoteca é um direito real sobre um bem imóvel ou aos que
forem a ele equiparados, que tem por objetivo assegurar o pagamento de uma
dívida. A posse do bem gravado não se transfere ao credor. A hipoteca
abrange todas as acessões, melhoramentos ou construções no imóvel e deve
ser registrada no Cartório de Registro de Imóveis. Podem ser objeto de
hipoteca os imóveis, seus acessórios, as estradas de ferro (linhas, estações,
locomotivas e vagões), as minas e pedreiras, os navios e os aviões.
4) Alienação fiduciária: Pelo contrato de alienação fiduciária, o devedor
transfere ao credor a propriedade de uma coisa móvel ou imóvel, até que a
dívida daquele seja inteiramente paga. O devedor é chamado fiduciante e o
credor denomina-se fiduciário. Uma vez completado o pagamento, a
propriedade do bem alienado volta ao fiduciante. A alienação fiduciária de
coisas móveis rege-se pelo Decreto-Lei 911/1969. Até a entrada em vigor do
novo Código Civil os contratos de empréstimos com garantia de alienação
fiduciária de coisa móvel só podiam ser pactuados entre instituições
financeiras e o financiado, pessoa física ou jurídica. A partir de da entrada em
vigor da Lei 9.514/97, passou a existir também a alienação fiduciária da coisa
imóvel. A mora ou o inadimplemento do fiduciante possibilita ao fiduciário
requerer em juízo a busca e apreensão do bem móvel objeto do contrato, para
vendê-lo a terceiros e tornar efetiva a sua garantia. Se o bem móvel não for
encontrado na posse do fiduciante, a busca e apreensão podem transformar-
se em ação de depósito; se ele não entregar a coisa, poderá ser considerado
depositário infiel. A lei faculta a venda da coisa independentemente de leilão,
avaliação prévia ou interpelação do devedor. O credor deve aplicar o preço
da venda no pagamento de seu crédito e das despesas decorrentes, entregando
ao devedor o saldo apurado, se houver. AVAL PARCIAL (Art. 29, Lei
7.357/85
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Exercícios de Fixação

120) – O Banco do Brasil é considerado um agente financeiro especial do Governo


Federal, devido a algumas atividades que desempenha, como a(o).

a) Seguro de bens imóveis


b) Fiança bancária para investidores em bolsa
c) Execução da política de preços mínimos de produtos agropecuários
d) Extensão de crédito direto ao consumidor
e) Concessão de cartões de crédito ao público

Ano: 2014 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2014 – Banco do Brasil – Escriturário

Questão comentada: https://vimeo.com/762757846/85a27beef6

37) No mercado financeiro, além dos bancos, existem outras instituições que podem
realizar transações financeiras. Entre elas, estão as Sociedades de Fomento
Mercantil, que prestam o serviço de compra de direitos de um contrato de venda
mercantil, como, por exemplo, a compra de duplicatas de uma empresa mediante
um deságio. No mercado financeiro, essa operação é denominada

a) Aval bancário
b) Hot Money
c) Leasing
d) Factoring
e) Fiança bancária

Ano: 2012 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2012 – Banco do Brasil – Escriturário

Questão comentada: https://vimeo.com/754699796/97d4f34e97

21031 – Um cliente interessado na compra de um imóvel próprio encontra, entre


outras, as seguintes informações no website do Banco do Brasil: • Percentual
máximo financiável: até 90% do valor do imóvel, baseado no menor dos seguintes
valores: avaliação ou compra e venda; • Forma de pagamento: débito em conta-
corrente; • Prazo máximo: financiamento em até 420 meses (35 anos); • Tipos de
imóvel: novo ou usado; residencial ou comercial; edificado em alvenaria; localizado
em área urbana; • Garantia: alienação fiduciária do imóvel. A garantia informada

a) Concede ao devedor a propriedade do imóvel, assegurada por registro em cartório


logo depois do pagamento da primeira prestação
b) É um tipo de garantia, tal como a fiança, baseada na confiança
c) Possui o mesmo teor legal da hipoteca, já que proporciona ao credor o direito de
reaver o imóvel em caso de inadimplência do devedor, depois de finalizado o
processo judicial.
d) Possibilita ao credor, diferentemente da hipoteca, executar o bem sob garantia sem
que seja necessário recorrer ao poder judiciário, caso o devedor se torne
irremediavelmente inadimplente.
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P á g i n a | 135

e) Permite que o credor coloque o imóvel em leilão público em caso de


inadimplência do devedor, ficando aquele obrigado a repassar à união eventuais
diferenças, quando houver, entre o valor arrecadado e o valor da dívida.

Ano: 2015 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2015 – Banco do Brasil – Escriturário

Questão comentada: https://vimeo.com/763918739/40c3b2a0ee

GABARITO:

120-C 37-D 21031-D


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CAPÍTULO I

16. Dos Crimes de "Lavagem" ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores

Art. 1o Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição,


movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou
indiretamente, de infração penal.

Pena: reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa.


§ 1o Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens,
direitos ou valores provenientes de infração penal:

I. os converte em ativos lícitos;


II. os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem
em depósito, movimenta ou transfere;
III. importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros.

§ 2o Incorre, ainda, na mesma pena quem:

I. utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores


provenientes de infração penal;
II. participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que
sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática de crimes
previstos nesta Lei.

§ 3º A tentativa é punida nos termos do parágrafo único do art. 14 do Código Penal

§ 4o A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei


forem cometidos de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa.

§ 5o A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime

aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a


qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar
espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à
apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à
localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime

§ 6º Para a apuração do crime de que trata este artigo, admite-se a utilização da


ação controlada e da infiltração de agentes.

Dica do professor: as fases da lavagem de dinheiro em sequência são: colocação,


ocultação e integração. Lembre-se da sigla COI. A fase de colocação é onde estão
centrados todos os esforços de combate a lavagem de dinheiro por conta de o dinheiro
estar muito próximo da origem. Na fase de ocultação o criminoso tenta dificultar o
rastreamento contábil, geralmente trocando seus reais por outras moedas e enviando
para paraísos fiscais. E na fase de integração o dinheiro retorna a economia geralmente
por meio de receitas de empresas de fachada.
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Um paraíso fiscal também conhecido por refúgio fiscal, é uma jurisdição (estado
nacional ou região autônoma) onde a lei facilita a aplicação de capitais estrangeiros,
com alíquotas de tributação muito baixas ou nulas. As empresas e contas bancárias
abertas em territórios beneficiários do estatuto de paraíso fiscal costumam ser
chamadas de offshore.

16.1 Das pessoas sujeitas ao mecanismo de controle (Capítulo V)

Art. 9o Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e


jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou
acessória, cumulativamente ou não:

I. a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros,


em moeda nacional ou estrangeira;
II. a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou
instrumento cambial;
III. a custódia, emissão, distribuição, liqüidação, negociação, intermediação
ou administração de títulos ou valores mobiliários.

Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações:

I. as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e os sistemas de


negociação do mercado de balcão organizado;
II. as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência
complementar ou de capitalização;
III. as administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito,
bem como as administradoras de consórcios para aquisição de bens ou
serviços;
IV. as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer
outro meio eletrônico, magnético ou equivalente, que permita a
transferência de fundos;
V. as empresas de arrendamento mercantil (leasing), as empresas de fomento
comercial (factoring) e as Empresas Simples de Crédito (ESC);
VI. as sociedades que, mediante sorteio, método assemelhado, exploração de
loterias, inclusive de apostas de quota fixa, ou outras sistemáticas de
captação de apostas com pagamento de prêmios, realizem distribuição de
dinheiro, de bens móveis, de bens imóveis e de outras mercadorias ou
serviços, bem como concedam descontos na sua aquisição ou contratação;
VII. as filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil
qualquer das atividades listadas neste artigo, ainda que de forma eventual;
VIII. as demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização de órgão
regulador dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros;
IX. as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no
Brasil como agentes, dirigentes, procuradoras, comissionárias ou por
qualquer forma representem interesses de ente estrangeiro que exerça
qualquer das atividades referidas neste artigo;
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X. as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção


imobiliária ou compra e venda de imóveis;
XI. as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem joias, pedras e metais
preciosos, objetos de arte e antiguidades.

XII. as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto


valor, intermedeiem a sua comercialização ou exerçam atividades que
envolvam grande volume de recursos em espécie;

XIII. as juntas comerciais e os registros públicos;

XIV. as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente,


serviços de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento
ou assistência, de qualquer natureza, em operações:

a. de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais


ou participações societárias de qualquer natureza;

b. de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos;

c. de abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança, investimento ou


de valores mobiliários;

d. de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza,


fundações, fundos fiduciários ou estruturas análogas;

e. financeiras, societárias ou imobiliárias; e

f. de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a


atividades desportivas ou artísticas profissionais;

XV. Pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, intermediação,


comercialização, agenciamento ou negociação de direitos de transferência
de atletas, artistas ou feiras, exposições ou eventos similares;

XVI. as empresas de transporte e guarda de valores;

XVII. as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de alto valor de


origem rural ou animal ou intermedeiem a sua comercialização;

XVIII. as dependências no exterior das entidades mencionadas neste artigo, por


meio de sua matriz no Brasil, relativamente a residentes no País.

16.2 Da identificação de clientes e manutenção de registros (Capítulo VI)

Da Identificação dos Clientes e Manutenção de Registros

Art. 10. As pessoas referidas no art. 9º:


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I. Identificarão seus clientes e manterão cadastro atualizado, nos termos de


instruções emanadas das autoridades competentes;
II. Manterão registro de toda transação em moeda nacional ou estrangeira, títulos e
valores mobiliários, títulos de crédito, metais, ou qualquer ativo passível de ser
convertido em dinheiro, que ultrapassar limite fixado pela autoridade competente
e nos termos de instruções por esta expedidas;
III. deverão adotar políticas, procedimentos e controles internos, compatíveis com seu
porte e volume de operações, que lhes permitam atender ao disposto neste artigo
e no art. 11, na forma disciplinada pelos órgãos competentes;

IV. deverão cadastrar-se e manter seu cadastro atualizado no órgão regulador ou


fiscalizador e, na falta deste, no Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(Coaf), na forma e condições por eles estabelecidas;

V. deverão atender às requisições formuladas pelo Coaf na periodicidade, forma e


condições por ele estabelecidas, cabendo-lhe preservar, nos termos da lei, o sigilo
das informações prestadas.

Dica do professor: o COAF é o Conselho de Controle de Atividades Financeiras do


país, sendo considerado o órgão máximo no combate à lavagem de dinheiro e tem
como missão produzir inteligência financeira e promover a proteção dos setores
econômicos contra tal crime. O COAF é uma instituição vinculada
administrativamente ao BACEN. O presidente do BACEN escolhe e nomeia o
presidente do COAF. E sua estrutura organizacional é composta pela presidência,
plenário (presidente e + 12 servidores) e quadro técnico. Também pode ser chamado
de Unidade de Inteligência Financeira (UIF).

Composição do plenário do COAF: Banco central do Brasil; Comissão de Valores


Mobiliários; Superintendência de Seguros Privados; Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional; Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil; Agência Brasileira de
Inteligência; Ministério das Relações Exteriores; Ministério da Justiça e Segurança
Pública; Polícia Federal; Superintendência Nacional de Previdência Complementar;
Controladoria-Geral da União e Advocacia-Geral da União.

§ 1º Na hipótese de o cliente constituir-se em pessoa jurídica, a identificação


referida no inciso I deste artigo deverá abranger as pessoas físicas autorizadas a
representá-la, bem como seus proprietários.

§ 2º Os cadastros e registros referidos nos incisos I e II deste artigo deverão ser


conservados durante o período mínimo de cinco anos a partir do encerramento da conta
ou da conclusão da transação, prazo este que poderá ser ampliado pela autoridade
competente.

§ 3º O registro referido no inciso II deste artigo será efetuado também quando a


pessoa física ou jurídica, seus entes ligados, houver realizado, em um mesmo mês-
calendário, operações com uma mesma pessoa, conglomerado ou grupo que, em seu
conjunto, ultrapassem o limite fixado pela autoridade competente.
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Art. 10A. O Banco Central manterá registro centralizado formando o cadastro


geral de correntistas e clientes de instituições financeiras, bem como de seus
procuradores.

16.3 Da Comunicação de Operações Financeiras (Capítulo VII)

Da Comunicação de Operações Financeiras

Art. 11. As pessoas referidas no art. 9º:

I. dispensarão especial atenção às operações que, nos termos de instruções


emanadas das autoridades competentes, possam constituir-se em sérios indícios
dos crimes previstos nesta Lei, ou com eles relacionar-se;

II. deverão comunicar ao Coaf, abstendo-se de dar ciência de tal ato a qualquer

III. pessoa, inclusive àquela à qual se refira a informação, no prazo de 24 (vinte e


quatro) horas, a proposta ou realização:

a. de todas as transações referidas no inciso II do art. 10, acompanhadas da


identificação de que trata o inciso I do mencionado artigo; e

b. das operações referidas no inciso I;

IV. deverão comunicar ao órgão regulador ou fiscalizador da sua atividade ou, na sua
falta, ao Coaf, na periodicidade, forma e condições por eles estabelecidas, a não
ocorrência de propostas, transações ou operações passíveis de serem comunicadas
nos termos do inciso II.

§ 1º As autoridades competentes, nas instruções referidas no inciso I deste artigo,


elaborarão relação de operações que, por suas características, no que se refere às partes
envolvidas, valores, forma de realização, instrumentos utilizados, ou pela falta de
fundamento econômico ou legal, possam configurar a hipótese nele prevista.

§ 2º As comunicações de boa-fé, feitas na forma prevista neste artigo, não acarretarão


responsabilidade civil ou administrativa.

§ 3o O Coaf disponibilizará as comunicações recebidas com base no inciso II


do caput aos respectivos órgãos responsáveis pela regulação ou fiscalização das pessoas
a que se refere o art. 9o.

Art. 11-A. As transferências internacionais e os saques em espécie deverão ser


previamente comunicados à instituição financeira, nos termos, limites, prazos e condições
fixados pelo Banco Central do Brasil.
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As comunicações ao COAF devem ser realizadas nas seguintes situações:

I. As operações de depósito ou aporte em espécie ou saque em espécie de valor


igual ou superior a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais);
II. As operações relativas a pagamentos, recebimentos e transferências de recurso,
por meio de qualquer instrumento, contra pagamento em espécie, de valor
igual ou superior a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais); e
III. A solicitação de provisionamento de saques em espécie de valor igual ou
superior a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).

Os registros das operações devem ser realizados nas seguintes situações:

I. No caso de operações com utilização de recursos em espécie, de valor


individual superior a R$ 2.000,00 as instituições devem incluir no registro da
operação o seu tipo, valor, data de realização, nome e número do CPF ou CNPJ
do titular e do beneficiário da operação, canal utilizado pelo cliente, nome e
CPF do portador dos recursos;
II. No caso de operações de depósito ou aporte em espécie de valor individual
igual ou superior a R$ 50.000,00 as instituições devem incluir no registro, além
do tipo, valor, data de realização, nome e número do CPF ou CNPJ do titular
e do beneficiário da operação, canal utilizado, também o Nome e CPF do
portador, do proprietário dos recursos e a origem dos recursos depositados.
III. No caso de operações de saque, inclusive realizada por meio de cheque ou
ordem de pagamento, de valor individual igual ou superior a R$ 50.000,00,
as instituições devem incluir no registro, tipo, valor, data, nome e número do
CPF ou CNPJ do titular e do beneficiário da operação, canal utilizado, nome e
CPF do destinatário dos recursos, do portador dos recursos, finalidade do saque
e número de protocolo.

Dica do professor: para clientes sacadores e não clientes que realizem solicitação de
saque de valor igual ou superior a R$ 50.000,00, deve ser feito provisionamento com,
no mínimo, três dias úteis de antecedência das operações.

16.4 Da responsabilidade administrativa (Capítulo VIII)

Art. 12. Às pessoas referidas no art. 9º, bem como aos administradores das
pessoas jurídicas, que deixem de cumprir as obrigações previstas nos arts. 10 e 11 serão
aplicadas, cumulativamente ou não, pelas autoridades competentes, as seguintes sanções:

I. advertência;

II. multa pecuniária variável não superior:


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a. ao dobro do valor da operação;

b. ao dobro do lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela


realização da operação; ou

c. ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais);

III. inabilitação temporária, pelo prazo de até dez anos, para o exercício do cargo de
administrador das pessoas jurídicas referidas no art. 9º;
IV. cassação ou suspensão da autorização para o exercício de atividade, operação ou
funcionamento.

§ 1º A pena de advertência será aplicada por irregularidade no cumprimento das


instruções referidas nos incisos I e II do art. 10.

§ 2o A multa será aplicada sempre que as pessoas referidas no art. 9o, por culpa ou
dolo:

I. deixarem de sanar as irregularidades objeto de advertência, no prazo assinalado


pela autoridade competente;

II. não cumprirem o disposto nos incisos I a IV do art. 10;

III. deixarem de atender, no prazo estabelecido, a requisição formulada nos termos do


inciso V do art. 10;

IV. descumprirem a vedação ou deixarem de fazer a comunicação a que se refere o


art. 11.

§ 3º A inabilitação temporária será aplicada quando forem verificadas infrações


graves quanto ao cumprimento das obrigações constantes desta Lei ou quando ocorrer
reincidência específica, devidamente caracterizada em transgressões anteriormente
punidas com multa.

§ 4º A cassação da autorização será aplicada nos casos de reincidência específica de


infrações anteriormente punidas com a pena prevista no inciso III do caput deste artigo.

16.5. Resolução CVM nº 50


16.5.1. Do âmbito, definições e finalidade

Art. 1º São disciplinados pela presente Resolução:


I. o estabelecimento da política de prevenção à lavagem de dinheiro, ao
financiamento do terrorismo e ao financiamento da proliferação de armas
de destruição em massa – PLD/FTP, da avaliação interna de risco e de
regras, procedimentos e controles internos;
II. a identificação e o cadastro de clientes, assim como as diligências
contínuas visando à coleta de informações suplementares e, em especial, à
identificação de seus respectivos beneficiários finais;
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III. o monitoramento, a análise e a comunicação das operações e situações


mencionadas nesta Resolução;
IV. o registro de operações e manutenção de arquivos; e
V. a efetivação, no âmbito do mercado de valores mobiliários:
a. das medidas visando à indisponibilidade de bens, direitos e valores
em decorrência de resoluções do Conselho de Segurança das
Nações Unidas – CSNU; e
b. de demandas de cooperação jurídica internacional advindas de
outras jurisdições em conformidade com a legislação nacional
vigente, e demais previsões legais.
Art. 2º Para fins da presente Resolução, considera-se:
I. alta administração: órgão decisório máximo ou indivíduos integrantes da
administração, responsável pela condução de seus assuntos estratégicos
conforme previsto na política de PLD/FTP;
II. autoridade central estrangeira: órgão, entidade ou agente público de jurisdição
estrangeira responsável, conforme a sua legislação própria ou acordos
internacionais, por centralizar a interlocução com outras jurisdições sobre a
adoção de medidas de cooperação em matéria de prevenção e combate, ao
terrorismo, ao financiamento do terrorismo e ao financiamento da proliferação
de armas de destruição em massa;
III. beneficiário final: pessoa natural ou pessoas naturais que, em conjunto,
possuam, controlem ou influenciem significativamente, direta ou
indiretamente, um cliente em nome do qual uma transação esteja sendo
conduzida ou dela se beneficie;
IV. cadastro: registro, em meio físico ou eletrônico, das informações e dos
documentos de identificação de clientes com os quais a instituição mantém
relacionamento direto em função da prestação de serviços no mercado de
valores mobiliários;
V. cliente: investidor que mantém relacionamento comercial direto com as
pessoas mencionadas no art. 3º desta Resolução;
VI. cliente ativo: o cliente que nos últimos 12 (doze) meses tenha:
a. efetuado movimentação, em sua conta-corrente ou em sua posição de
custódia;
b. realizado operação no mercado de valores mobiliários; ou
c. apresentado saldo em sua posição de custódia;
VII. entidade autorreguladora: entidade responsável pela autorregulação dos
mercados organizados de que trata a regulamentação que disciplina os
mercados regulamentados de valores mobiliários;
VIII. entidade operadora de infraestrutura do mercado financeiro: entidade que
realiza, cumulativa ou isoladamente, o processamento e a liquidação de
operações, o registro e o depósito centralizado de valores mobiliários;
IX. influência significativa: situação em que uma pessoa natural, seja o
controlador ou não, exerça influência de fato nas decisões ou seja titular de
mais de 25% (vinte e cinco por cento) do capital social das pessoas jurídicas
ou do patrimônio líquido dos fundos de investimento e demais entidades nos
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casos de que tratam os incisos II a V do art. 1º do Anexo B, sem prejuízo da


utilização de cadastro simplificado de que trata o Anexo C;
X. investidor: pessoa natural ou jurídica, fundo ou veículo de investimento
coletivo ou o investidor não residente em nome do qual são efetuadas
operações com valores mobiliários;
XI. participante: pessoa jurídica, fundo ou veículo de investimento a quem uma
entidade administradora de mercado organizado tenha concedido autorização
para atuar nos ambientes ou sistemas de negociação ou de registro de
operações dos mercados por ela administrados; e.
XII. trust ou veículo assemelhado: qualquer ente despersonalizado constituído por
ativos mantidos sob titularidade fiduciária e reunidos em patrimônio de
afetação, segregado do patrimônio geral do titular.
Parágrafo único. Equivalem ao beneficiário final, para fins da presente norma,
os seus prepostos, procuradores ou representantes legais.
Art. 3º Sujeitam-se às obrigações previstas nesta Resolução, no limite de suas
atribuições:
I. as pessoas naturais ou jurídicas que prestem no mercado de valores
mobiliários, em caráter permanente ou eventual, os serviços relacionados
à distribuição, custódia, intermediação, ou administração de carteiras;
II. entidades administradoras de mercados organizados e as entidades
operadoras de infraestrutura do mercado financeiro;
III. as demais pessoas referidas em regulamentação específica que prestem
serviços no mercado de valores mobiliários, incluindo:
a. os escrituradores;
b. os consultores de valores mobiliários;
c. as agências de classificação de risco;
d. os representantes de investidores não residentes; e
e. as companhias securitizadoras; e
IV. os auditores independentes no âmbito do mercado de valores mobiliários.
§ 1º A presente Resolução não se aplica aos analistas de valores mobiliários e às
companhias abertas, desde que não exerçam outras atividades abrangidas pelos incisos I
a IV do caput.
§ 2º As instituições integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários
devem submeter os agentes autônomos de investimento e demais prepostos a elas
vinculados à sua respectiva política de PLD/FTP, bem como às regras, procedimentos e
controles internos estabelecidas nos termos da presente Resolução.
§ 3º O disposto no § 2º não exime a responsabilidade das instituições integrantes
do sistema de distribuição de valores mobiliários pelo cumprimento dos comandos
previstos nesta Resolução.
16.5.2 Da avaliação interna de risco
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Seção I – Política de Prevenção à Lavagem de Dinheiro, ao Financiamento do


Terrorismo e ao Financiamento da Proliferação de Armas de Destruição em Massa
Art. 4º As pessoas jurídicas mencionadas nos incisos I a III do art. 3º desta
Resolução devem elaborar e implementar política de PLD/FTP contendo, no mínimo:
I. a governança relacionada ao cumprimento das obrigações de que trata esta
Resolução, incluindo a descrição circunstanciada de como estão
estruturados os órgãos da alta administração, quando aplicável, assim
como a definição dos papéis e a atribuição de responsabilidades dos
integrantes de cada nível hierárquico da instituição no tocante à elaboração
e implementação do processo de abordagem baseada em risco, com
especial ênfase para as rotinas previstas nos arts. 17, 18, 20, 21, 22 e 23
desta Resolução;
II. a descrição da metodologia para tratamento e mitigação dos riscos
identificados, a qual deve amparar os parâmetros estabelecidos na
avaliação interna de risco, contemplando o detalhamento das diretrizes:
a. que fundamentaram a abordagem baseada em risco adotada;
b. para continuamente conhecer: 1. os clientes ativos, incluindo
procedimentos de verificação, coleta, validação e atualização de
informações cadastrais, bem como demais diligências aplicáveis,
de acordo com os arts. 11 e 17; e 2. os funcionários e os prestadores
de serviços relevantes;
c. utilizadas para nortear as diligências visando à identificação do
beneficiário final do respectivo cliente, conforme os incisos III e
IX e o parágrafo único do art. 2º, arts. 13 a 15 e inciso IV do art.
17;
d. de monitoramento e possível detecção das atipicidades, conforme
inciso III do art. 17 e art. 20, bem como a especificação de outras
situações de monitoramento reforçado; e
e. acerca dos critérios utilizados para a obtenção dos indicadores de
efetividade da abordagem baseada em risco utilizada para fins de
PLD/FTP;
III. definição dos critérios e periodicidade para atualização dos cadastros dos
clientes ativos, de acordo com o art. 11, observando-se o intervalo máximo
de 5 (cinco) anos;
IV. se for o caso, a descrição das rotinas que visem pautar as diligências de
que tratam os §§ 2º e 3º do art. 1º do Anexo C; e
V. as ações que envolvam a identificação das contrapartes das operações
realizadas nos ambientes de registro, quando aplicável.
§ 1º A política a que se refere o caput deve ser:
I. documentada;
II. aprovada pela alta administração; e
III. mantida atualizada.
§ 2º As pessoas mencionadas nos incisos I e III do art. 3º que pertençam a um
mesmo conglomerado financeiro devem estabelecer na política de PLD/FTP mecanismos
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de intercâmbio de informações entre suas áreas de controles internos para assegurar o


cumprimento de suas obrigações previstas neste artigo, considerando a relevância do risco
identificado em cada caso, em sua avaliação interna de risco.
§ 3º O intercâmbio de informações referido no § 2º pode contemplar, sempre que
aplicável e necessário, informações sobre o perfil do cliente detidas por sociedades
sujeitas à regulamentação específica que dispõe sobre o dever de verificação da
adequação dos produtos, serviços e operações ao perfil do cliente.
§ 4º A política de PLD/FTP elaborada e implementada pelos auditores
independentes deve abranger, no mínimo, o conteúdo definido em regulamentação
específica emitida pelo Conselho Federal de Contabilidade – CFC.
Seção II – Avaliação Interna de Risco
Art. 5º As pessoas mencionadas nos incisos I a III do art. 3º desta Resolução
devem, no limite de suas atribuições, identificar, analisar, compreender e mitigar os riscos
de lavagem de dinheiro, do financiamento do terrorismo e do financiamento da
proliferação de armas de destruição em massa – LD/FTP, inerentes às suas atividades
desempenhadas no mercado de valores mobiliários, adotando uma abordagem baseada
em risco para garantir que as medidas de prevenção e mitigação sejam proporcionais aos
riscos identificados e assegurar o cumprimento desta Resolução, devendo:
I. elencar todos os produtos oferecidos, serviços prestados, respectivos
canais de distribuição e ambientes de negociação e registro em que atuem,
segmentando-os minimamente em baixo, médio e alto risco de LD/FTP; e
II. classificar os respectivos clientes por grau de risco de LD/FTP,
segmentando-os minimamente em baixo, médio e alto risco.
§ 1º Para fins do disposto no caput deste artigo, devem ser levadas em
consideração, dentre outros fatores:
I. o tipo de cliente e sua natureza jurídica, a sua atividade, a sua localização
geográfica, os produtos, serviços, operações e canais de distribuição por
ele utilizados, bem como outros parâmetros de risco adotados no
relacionamento com os seus clientes;
II. o relacionamento com outras pessoas previstas no art. 3º, considerando,
inclusive, as políticas de PLD/FTP de tais pessoas; e
III. a contraparte das operações realizadas em nome de seu cliente, no caso de
operações realizadas em ambientes de registro.
§ 2º Os riscos de LD/FTP inerentes às seguintes categorias de clientes devem
considerar as suas respectivas peculiaridades e características, assim como ser objeto de
tratamento específico dentro da política de PLD/FTP e do processo periódico da avaliação
interna de risco:
I. pessoas expostas politicamente, bem como com seus familiares, estreitos
colaboradores e pessoas jurídicas de que participem, nos termos do Anexo
A; e
II. organizações sem fins lucrativos, nos termos da legislação específica.
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§ 3º As pessoas mencionadas nos incisos I a III do art. 3º desta Resolução que não
têm relacionamento direto com o investidor devem identificar, analisar, compreender e
mitigar os riscos de LD/FTP inerentes às suas atividades desempenhadas, considerando
os parâmetros estabelecidos nos §§ 1º e 2º do art. 17.
Art. 6º O diretor de que trata o caput do art. 8º deve elaborar relatório relativo à
avaliação interna de risco de LD/FTP, a ser encaminhado para os órgãos da alta
administração especificados na política de PLD/FTP, até o último dia útil do mês de abril,
contendo além das informações requeridas nos incisos I e II do art. 5º, o que segue:
I. identificação e análise das situações de risco de LD/FTP, considerando as
respectivas ameaças, vulnerabilidades e consequências;
II. se for o caso, análise da atuação dos prepostos, agentes autônomos de
investimento ou prestadores de serviços relevantes contratados, bem como
a descrição da governança e dos deveres associados à manutenção do
cadastro simplificado, nos termos do Anexo C;
III. tabela relativa ao ano anterior, contendo:
a. o número consolidado das operações e situações atípicas
detectadas, segregadas por cada hipótese, nos termos do art. 20;
b. o número de análises realizadas, conforme disposto no art. 21;
c. o número de comunicações de operações suspeitas reportadas para
o Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF,
conforme disposto no art. 22; e
d. a data do reporte da declaração negativa, se for o caso, conforme
disposto no art. 23;
IV. as medidas adotadas para o atendimento do disposto nas alíneas “b” e “c”
do inciso II do art. 4º;
V. a apresentação dos indicadores de efetividade nos termos definidos na
política de PLD/FTP, incluindo a tempestividade acerca das atividades de
detecção, análise e comunicação de operações ou situações atípicas; e
VI. a apresentação, se for o caso, de recomendações visando mitigar os riscos
identificados do exercício anterior que ainda não foram devidamente
tratados, contendo:
a. possíveis alterações nas diretrizes previstas na política de
PLD/FTP de que trata o art. 4º;
b. aprimoramento das regras, procedimentos e controles internos
referidos no art. 7º, com o estabelecimento de cronogramas de
saneamento;
VII. a indicação da efetividade das recomendações adotadas referidas no inciso
VI em relação ao relatório respectivamente anterior, de acordo com a
metodologia de que trata o inciso II do art. 4º, registrando de forma
individualizada os resultados.
§ 1º O relatório referido no caput deve:
I. ser elaborado anualmente até o último dia útil do mês de abril e seu
conteúdo deve se referir ao ano anterior à data de entrega;
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II. ficar disponível para a CVM e, se for o caso, para a entidade


autorreguladora, na sede da instituição.
§ 2º O relatório de que trata o caput pode ser único ou compor relatório abrangente
de supervisão de regras, procedimentos e controles internos de implementação e
cumprimento de políticas exigido pela regulamentação da CVM, observada a
compatibilidade dos prazos de entrega, conforme aplicável.
Seção III – Regras, Procedimentos e Controles Internos
Art. 7º As pessoas jurídicas mencionadas nos incisos I a III do art. 3º desta
Resolução devem:
I. adotar e implementar regras, procedimentos e controles internos
consistentes com o seu porte, bem como com o volume, complexidade e
tipo das atividades que desempenham no mercado de valores mobiliários
de forma a viabilizar a fiel observância das disposições desta Resolução,
contemplando, inclusive:
a. a análise prévia para efeitos de mitigação de riscos de LD/FTP de
novas tecnologias, serviços e produtos; e
b. a seleção e o monitoramento de administradores, funcionários,
agentes autônomos de investimento e prestadores de serviços
relevantes contratados, com o objetivo de garantir padrões
elevados de seus quadros; e
c. a forma pela qual o diretor responsável a que se refere o art. 8º
acessará as informações necessárias para o devido gerenciamento
de riscos de PLD/FTP; e
II. manter programa de treinamento contínuo para administradores,
funcionários, agentes autônomos de investimento e prestadores de serviços
relevantes contratados, destinado inclusive a divulgar a sua política de
PLD/FTP, assim como as respectivas regras, procedimentos e controles
internos.
§ 1º As regras, os procedimentos e os controles internos de que trata este artigo
devem:
I. ser escritos;
II. ser passíveis de verificação; e
III. estar disponíveis para consulta da CVM, das entidades administradoras
dos mercados organizados e das entidades operadoras de infraestrutura de
mercado em que a pessoa obrigada atue como participante e da entidade
autorreguladora, se for o caso.
§ 2º As regras, procedimentos e controles internos de que trata este artigo devem
prever que os administradores, funcionários, agentes autônomos de investimentos e
prestadores de serviços relevantes contratados, se for o caso, das pessoas jurídicas
mencionadas nos incisos I a III do art. 3º devem reportar, no limite de suas atribuições,
para a sua área responsável pelos controles internos as propostas ou ocorrências das
operações ou situações previstas no art. 20.
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§ 3º O programa de treinamento a que se refere o inciso II deve ser realizado


utilizando-se linguagem clara, acessível e ser compatível com as funções desempenhadas
e com a sensibilidade das informações a que têm acesso aqueles que participam do
programa.
§ 4º São considerados descumprimento do disposto nos incisos I e II do caput não
apenas a inexistência ou insuficiência das regras, procedimentos e controles internos ali
referidos, como também a sua não implementação ou a implementação inadequada para
os fins previstos nesta Resolução.
§ 5º Os auditores independentes devem observar os limites, os procedimentos e a
conformidade requerida na execução de uma auditoria de demonstrações contábeis ou
revisão de informações contábeis intermediárias, segundo regulamentação específica
emitida pelo CFC e as normas emanadas pela CVM.
16.5.3 Da identificação e monitoramento de funcionários e prestadores de serviços
relevantes
16.5.4 Da identificação e cadastro de clientes

Seção I – Cadastro e Identificação de Beneficiário Final


Art. 11. As pessoas mencionadas nos incisos I a III do art. 3º desta Resolução que
tenham relacionamento direto com o investidor devem identificá-lo, manter seu cadastro
atualizado de acordo com o conteúdo indicado nos Anexos B e C e nos termos da alínea
“b”, inciso II do art. 4º.
§ 1º As pessoas mencionadas nos incisos I a III do art. 3º devem continuamente
difundir perante seus clientes a importância da manutenção de seus dados cadastrais
atualizados, disponibilizando canais para que esses investidores e seus representantes,
conforme o caso, comuniquem quaisquer atualizações, observado o disposto no inciso II
do art. 2º do Anexo B.
§ 2º As entidades administradoras de mercados organizados e as entidades
operadoras de infraestrutura do mercado financeiro que não tenham relacionamento direto
com os investidores devem utilizar as informações cadastrais dos participantes para fins
de aplicação deste artigo à política de PLD/FTP.
§ 3º As pessoas mencionadas nos incisos I a III do art. 3º não devem aceitar ordens
de movimentação de contas de clientes que estejam com os cadastros desatualizados,
exceto nas hipóteses de pedidos de encerramento de conta ou de alienação ou resgate de
ativos.
Art. 12. É permitida a adoção de sistemas alternativos de cadastro, inclusive por
meio eletrônico, desde que as soluções adotadas satisfaçam os objetivos das normas
vigentes e os procedimentos sejam passíveis de verificação.
Parágrafo único. A assinatura do cliente ou de seu procurador no cadastro pode
ser efetuada por meio digital, ou, no caso de sistemas eletrônicos, suprida por outros
mecanismos, desde que os procedimentos adotados permitam confirmar com precisão a
identificação do cliente.
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Art. 13. As informações cadastrais relativas a clientes classificados nos incisos II


a V do art. 1º do Anexo B devem abranger as pessoas naturais autorizadas a representá-
los, todos seus controladores, diretos e indiretos, e as pessoas naturais que sobre eles
tenham influência significativa, até alcançar a pessoa natural caracterizada como
beneficiário final ou qualquer das entidades mencionadas no § 2º.
§ 1º As pessoas mencionadas nos incisos I a III do art. 3º devem definir, de acordo
com sua política de PLD/FTP, o percentual de participação mínimo que caracteriza o
controle direto ou indireto, observado que, exclusivamente para fins de cumprimento do
caput, o percentual não pode ser superior a 25% (vinte e cinco por cento) da participação.
§ 2º Excetua-se do disposto no caput no que se refere à obrigação de identificação
da pessoa natural caracterizada como beneficiário final:
I. a pessoa jurídica constituída como companhia aberta no Brasil;
II. fundos e clubes de investimento nacionais registrados, desde que:
a. não seja fundo exclusivo;
b. obtenham recursos de investidores com o propósito de atribuir o
desenvolvimento e a gestão de uma carteira de investimento a um
gestor qualificado que deve ter plena discricionariedade na
representação e na tomada de decisão junto às entidades investidas,
não sendo obrigado a consultar os cotistas para essas decisões e
tampouco indicar os cotistas ou partes a eles ligadas para atuar nas
entidades investidas; e
c. seja informado o número do CPF/MF ou de inscrição no Cadastro
Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ de todos os cotistas para a
Receita Federal do Brasil na forma definida em regulamentação
específica daquele órgão;
III. instituições financeiras e demais entidades autorizadas a funcionar pelo
Banco Central do Brasil;
IV. seguradoras, entidades abertas e fechadas de previdência complementar e
de regimes próprios de previdência social;
V. os investidores não residentes classificados como:
a. bancos centrais, governos ou entidades governamentais, assim
como fundos soberanos ou companhias de investimento
controladas por fundos soberanos e similares;
b. organismos multilaterais;
c. companhias abertas ou equivalentes;
d. instituições financeiras ou similares, agindo por conta própria
e. administradores de carteiras, agindo por conta própria;
f. seguradoras e entidades de previdência; e
g. fundos ou veículos de investimento coletivo, desde que,
cumulativamente: 1. o número de cotistas seja igual ou superior a
100 (cem) e nenhum deles tenha influência significativa; e 2. a
administração da carteira de ativos seja feita de forma
discricionária por administrador profissional sujeito à regulação de
órgão regulador que tenha celebrado com a CVM acordo de
cooperação mútua, nos termos dispostos no inciso III do § 3º.
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§ 3º O enquadramento de algum investidor no rol do inciso V do § 2º não isenta


as pessoas mencionadas nos incisos I a III do art. 3º de cumprir as demais obrigações
previstas nesta Resolução, naquilo que for aplicável, em especial, a condução das demais
diligências previstas nos arts. 17 e 18, devendo também ser observado se a respectiva
jurisdição de origem:
I. está classificada por organismos internacionais, em especial o Grupo de
Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do
Terrorismo – GAFI, como não cooperante ou com deficiências
estratégicas, em relação à prevenção à lavagem de dinheiro, ao
financiamento do terrorismo e ao financiamento da proliferação de armas
de destruição em massa;
II. integra alguma lista de sanções ou restrições emanadas pelo CSNU; e
III. possui órgão regulador do mercado de capitais, em especial, que tenha
celebrado com a CVM acordo de cooperação mútua que permita o
intercâmbio de informações financeiras de investidores, ou seja signatário
do memorando multilateral de entendimento da Organização Internacional
das Comissões de Valores – OICV/IOSCO.
§ 4º As pessoas mencionadas nos incisos I a III do art. 3º também devem verificar,
para efeitos do inciso V do § 2º, e sem prejuízo do inciso III do § 3º, se o respectivo
cliente em sua jurisdição de origem é regulado e fiscalizado por autoridade governamental
competente.
§ 5º Adicionalmente, para os investidores classificados na alínea “c” do inciso V
do § 2º, a respectiva dispensa somente se aplica se na jurisdição da sua respectiva sede
vigore lei ou regulamentação que exija a divulgação pública e periódica de acionistas
relevantes pessoas naturais.
§ 6º Nas situações previstas no § 2º, as pessoas listadas nos incisos I a III do art.
3º devem informar no cadastro quem são as pessoas naturais representantes dos clientes
perante seus órgãos reguladores.
Art. 14. Os auditores independentes devem identificar seus clientes e respectivos
beneficiários finais, na forma dos procedimentos definidos pela regulamentação
específica emitida pelo CFC.
Art. 15. Nas situações em que for necessária a condução de diligências visando à
identificação do beneficiário final de entes constituídos sob a forma de trust ou veículo
assemelhado, também devem ser envidados e evidenciados esforços para identificar:
I. a pessoa que instituiu o trust ou veículo assemelhado (settlor);
II. o supervisor do veículo de investimento, se houver (protector);
III. o administrador ou gestor do veículo de investimento (curador ou trustee);
e
IV. o beneficiário do trust, seja uma ou mais pessoas naturais ou jurídicas.
Parágrafo único. Para fins desta Resolução, equipara-se ao curador ou trustee a
pessoa que não for settlor ou protector, mas que tenha influência significativa nas decisões
de investimento do trust ou veículo assemelhado.
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Art. 16. As pessoas a que se referem os incisos I a III do art. 3º que tenham
relacionamento direto com o investidor devem, de forma consistente com sua política de
PLD/FTP, avaliação interna de risco e demais regras, procedimentos e controles internos,
dispensar especial atenção às situações em que não seja possível identificar o beneficiário
final, observado o disposto no § 2º do art. 13, bem como em que as diligências previstas
na seção II do Capítulo IV não possam ser concluídas.
§ 1º Nos casos descritos no caput, as pessoas lá mencionadas devem adotar os
seguintes procedimentos:
I. monitoramento reforçado, mediante a adoção de procedimentos mais
rigorosos para a seleção de operações ou situações atípicas, nos termos do
art. 20, independentemente da classificação de risco desse investidor;
II. análise mais criteriosa com vistas à verificação da necessidade das
comunicações de que tratam os arts. 22 e 27, na hipótese de detecção de
outros sinais de alerta, nos termos do inciso I do § 1º deste artigo e do art.
21;
III. avaliação do diretor responsável de que trata o caput do art. 8º, passível de
verificação, quanto ao interesse no início ou manutenção do
relacionamento com o investidor.
§ 2º Em relação aos investidores, as entidades administradoras de mercados
organizados e as entidades operadoras de infraestrutura do mercado financeiro adotarão
as medidas previstas neste artigo com base nas informações recebidas dos participantes,
observada a regulamentação em vigor.

16.5.5 Do registro de transações

Art. 25. As pessoas mencionadas nos incisos I a III do art. 3º devem manter
registro de toda operação envolvendo valores mobiliários, independentemente de seu
valor, de forma a permitir:
I. a verificação da movimentação financeira de cada cliente, consoante a
política de PLD/FTP, a avaliação interna de risco e as respectivas regras,
procedimentos e controles internos, conforme arts. 4º a 7º desta Resolução,
assim como em face das informações obtidas no processo de identificação
dos clientes previsto no Capítulo IV desta Resolução, considerando em
especial:
a. os valores pagos a título de liquidação de operações;
b. os valores ou ativos depositados a título de garantia, em operações
nos mercados de liquidação futura; e
c. as transferências de valores mobiliários para a conta de custódia do
cliente; e
II. as tempestivas análises e comunicações às quais se referem os arts. 21 a
23. Art. 26. As pessoas mencionadas nos incisos I a III do art. 3º devem
manter à disposição da CVM, durante o período mínimo de 5 (cinco)
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anos, toda documentação relacionada às obrigações previstas nos


Capítulos II a V e VII.
§ 1º A documentação referida no caput deve necessariamente contemplar, mas
não se limitar, as conclusões que fundamentaram a decisão de efetuar, ou não, as
comunicações de que trata os arts. 22 e 23.
§ 2º Em se tratando do disposto nos Capítulos IV, V e VII, o prazo a que se refere
o caput passa a contar, conforme o caso, a partir do cadastro ou da última atualização
cadastral, ou da detecção da situação atípica, podendo esse prazo ser sucessivamente
estendido por determinação da CVM.
§ 3º Os documentos e informações a que se refere este artigo, assim como os
registros de que trata o art. 25, podem ser guardados em meios físico ou eletrônico.
§ 4º As imagens digitalizadas são admitidas em substituição aos documentos
originais, desde que o processo seja realizado de acordo com a lei que dispõe sobre
elaboração e o arquivamento de documentos públicos e privados em meios
eletromagnéticos, e com o decreto que estabelece a técnica e os requisitos para a
digitalização desses documentos.
§ 5º O documento de origem pode ser descartado após sua digitalização, exceto
se apresentar danos materiais que prejudiquem sua legibilidade.
§ 6º Os sistemas eletrônicos de que trata o § 3º devem:
I. possibilitar o acesso imediato das pessoas mencionadas no art. 3º aos
documentos e informações a que se refere este artigo; e
II. utilizar tecnologia capaz de cumprir integralmente com o disposto na
presente Resolução a respeito de cadastro de clientes.
16.5.6 Do período de conservação dos cadastros e registros
16.5.7 Do monitoramento e da comunicação das operações

Art. 20. Para fins do disposto no inciso I do art. 11, da Lei nº 9.613, de 1998, as
pessoas mencionadas nos incisos I a IV do art. 3º devem, no limite de suas atribuições,
monitorar continuamente todas as operações e situações, bem como observar as seguintes
atipicidades, que podem, após detecção e respectiva análise, configurar indícios de
LD/FTP:
I. situações derivadas do processo de identificação do cliente, conforme
Capítulo IV, tais como:
a. situações em que não seja possível manter atualizadas as
informações cadastrais de seus clientes;
b. situações em que não seja possível identificar o beneficiário final;
c. situações em que as diligências previstas na seção II do Capítulo
IV não possam ser concluídas;
d. no caso de clientes classificados no inciso I do art. 1º do Anexo B,
operações cujos valores se afigurem incompatíveis com a
ocupação profissional, os rendimentos ou a situação patrimonial ou
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financeira de qualquer das partes envolvidas, tomando-se por base


as informações cadastrais respectivas; e
e. no caso de clientes classificados nos incisos II a V do art. 1º do
Anexo B, incompatibilidade da atividade econômica, do objeto
social ou do faturamento informados com o padrão operacional
apresentado por clientes com o mesmo perfil;
II. situações relacionadas com operações cursadas no mercado de valores
mobiliários, tais como:
a. realizadas entre as mesmas partes ou em benefício das mesmas
partes, nas quais haja seguidos ganhos ou perdas no que se refere
a algum dos envolvidos;
b. que evidenciem oscilação significativa em relação ao volume ou
frequência de negócios de qualquer das partes envolvidas;
c. cujos desdobramentos contemplem características que possam
constituir artifício para burla da identificação dos efetivos
envolvidos e beneficiários respectivos;
d. cujas características e desdobramentos evidenciem atuação, de
forma contumaz, em nome de terceiros;
e. que evidenciem mudança repentina e objetivamente injustificada
relativamente às modalidades operacionais usualmente utilizadas
pelos envolvidos;
f. cujo grau de complexidade e risco se afigurem incompatíveis com:
1. o perfil do cliente ou de seu representante, nos termos da
regulamentação específica que dispõe sobre o dever de verificação
da adequação dos produtos, serviços e operações ao perfil do
cliente; e 2. com o porte e o objeto social do cliente;
g. realizadas com a aparente finalidade de gerar perda ou ganho para
as quais falte, objetivamente, fundamento econômico ou legal;
h. transferências privadas de recursos e de valores mobiliários sem
motivação aparente, tais como: 1. entre contas-correntes de
investidores perante o intermediário; 2. de titularidade de valores
mobiliários sem movimentação financeira; e 3. de valores
mobiliários fora do ambiente de mercado organizado;
i. depósitos ou transferências realizadas por terceiros, para a
liquidação de operações de cliente, ou para prestação de garantia
em operações nos mercados de liquidação futura;
j. pagamentos a terceiros, sob qualquer forma, por conta de
liquidação de operações ou resgates de valores depositados em
garantia, registrados em nome do cliente; e
k. operações realizadas fora de preço de mercado;
III. operações e situações relacionadas a pessoas suspeitas de envolvimento
com atos terroristas, com o financiamento do terrorismo, ou com o
financiamento da proliferação de armas de destruição em massa, tais como
aquelas que envolvam:
a. ativos alcançados por sanções impostas pelas resoluções do CSNU
de que trata a Lei nº 13.810, de 8 de março de 2019;
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b. ativos alcançados por requerimento de medida de


indisponibilidade oriundo de autoridade central estrangeira de que
se venha a ter conhecimento;
c. a realização de negócios, qualquer que seja o valor, por pessoas
que tenham cometido ou intentado cometer atos terroristas, ou
deles participado ou facilitado o seu cometimento, conforme o
disposto na Lei nº 13.260, 16 de março de 2016;
d. valores mobiliários pertencentes ou controlados, direta ou
indiretamente, por pessoas que tenham cometido ou intentado
cometer atos terroristas, ou deles participado ou facilitado o seu
cometimento, conforme o disposto na Lei nº 13.260, de 2016; e
e. movimentação passível de ser associada ao financiamento do
terrorismo ou ao financiamento da proliferação de armas de
destruição em massa, conforme o disposto nas Leis nº 13.260, de
2016, e 13.810, de 8 de março de 2019; e
IV. operações com a participação de pessoas naturais, pessoas jurídicas ou
outras entidades que residam, tenham sede ou sejam constituídas em
países, jurisdições, dependências ou locais:
a. que não aplicam ou aplicam insuficientemente as recomendações
do GAFI, conforme listas emanadas por aquele organismo; e
b. com tributação favorecida e submetidos a regimes fiscais
privilegiados, conforme normas emanadas pela Receita Federal do
Brasil; e
V. outras hipóteses que, a critério das pessoas mencionadas no caput deste
artigo, configurem indícios de LD/FTP, cujas notificações deverão ser
acompanhadas de breve descrição da possível irregularidade, de acordo
com o § 1º do art. 22.
§ 1º As operações ou situações mencionadas no caput compreendem as seguintes:
I. aquelas objeto de negociação ou registro envolvendo valores mobiliários,
independentemente de seu valor ou da classificação de risco de LD/FTP
do investidor;
II. eventos não usuais identificados no âmbito da condução das diligências e
respectivo monitoramento que possam estar associados com operações e
situações que envolvam alto risco de LD/FTP; e
III. societárias ou de qualquer natureza identificadas e avaliadas pelos
auditores independentes no transcorrer dos trabalhos de auditoria de
demonstrações contábeis e de revisão de informações contábeis
intermediárias, pelo prazo de duração destes trabalhos, e nos limites e na
forma definidos pela regulamentação específica emitida pelo CFC e pelas
normas emanadas da CVM.
§ 2º O monitoramento deve contemplar as operações e situações que aparentem
estar relacionadas com outras operações e situações conexas ou que integrem um mesmo
grupo de operações.
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§ 3º Em relação aos investidores, as entidades administradoras de mercados


organizados e as entidades operadoras de infraestrutura do mercado financeiro devem
adotar as medidas previstas neste artigo com base nas informações recebidas dos
participantes, observada a regulamentação em vigor.
§ 4º Para fins do enquadramento das situações descritas nas alíneas “c”, “d” e “e”
do inciso III, assim como na alínea “b” do inciso IV do caput, as pessoas mencionadas no
art. 3º devem verificar se as informações disponíveis atendem os padrões mínimos
estabelecidos na política de PLD/FTP que ensejem a comunicação de que trata o art. 22.
Seção II – Análise de Operações
Art. 21. As pessoas mencionadas nos incisos I a IV do art. 3º devem estabelecer
um procedimento regular e tempestivo de análise das operações e situações detectadas
nos termos do art. 20, individualmente ou em conjunto, com o objetivo de, no limite de
suas atribuições, identificar aquelas que configurem indícios de LD/FTP.
Parágrafo único. A análise deve observar os parâmetros previstos na política de
PLD/FTP e na avaliação interna de risco, bem como observar, no que couber, as
respectivas regras, procedimentos e controles internos, conforme os arts. 4º a 7º desta
Resolução.
Seção III – Comunicação de Operações
Art. 22. As pessoas mencionadas nos incisos I a IV do art. 3º desta Resolução
devem, em conformidade com o disposto nesta seção e mediante análise fundamentada,
comunicar ao COAF todas as situações e operações detectadas, ou propostas de operações
que possam constituir-se em sérios indícios de LD/FTP.
§ 1º As comunicações referidas no caput devem conter minimamente:
I. a data do início de relacionamento do comunicante com a pessoa autora
ou envolvida na operação ou situação;
II. a explicação fundamentada dos sinais de alerta identificados;
III. a descrição e o detalhamento das características das operações realizadas;
IV. a apresentação das informações obtidas por meio das diligências previstas
no art. 17, que qualifiquem os envolvidos, inclusive informando tratar-se,
ou não, de pessoas expostas politicamente, e que detalhem o
comportamento da pessoa comunicada; e
V. a conclusão da análise, incluindo o relato fundamentado que caracterize os
sinais de alerta identificados como uma situação suspeita a ser comunicada
para o COAF, contendo minimamente as informações definidas nos
demais incisos deste parágrafo.
§ 2º As pessoas mencionadas no caput devem abster-se de dar ciência de tal ato a
qualquer pessoa, inclusive àquela a qual se refira a informação.
§ 3º A comunicação de que trata o caput deve ser efetuada no prazo de 24 (vinte
e quatro) horas a contar da conclusão da análise que caracterizou a atipicidade da
operação, respectiva proposta, ou mesmo da situação atípica detectada, como uma
suspeição a ser comunicada para o COAF.
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§ 4º As comunicações de boa-fé não acarretam, nos termos da lei,


responsabilidade civil ou administrativa às pessoas referidas no caput deste artigo.
Art. 23. As pessoas mencionadas nos incisos I a IV do art. 3º desta Resolução
devem comunicar à CVM, se for o caso, a não ocorrência, no ano civil anterior, de
situações, operações ou propostas de operações passíveis de serem comunicadas.
Parágrafo único. A comunicação de que trata o caput deve ser realizada
anualmente, até o último dia útil do mês de abril, por meio dos mecanismos estabelecidos
no convênio celebrado entre a CVM e o COAF.
Art. 24. Para fins do disposto no inciso I do art. 11 da Lei nº 9.613, de 1998, os
auditores independentes devem realizar o monitoramento, a análise e a comunicação de
que trata este Capítulo considerando, no mínimo, a aplicação dos procedimentos previstos
em regulamentação específica emitida pelo CFC.

16.5.8 Do cumprimento de sanções de indisponibilidade de ativos impostas por


resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas – CSNU

Art. 27. As pessoas mencionadas nos incisos I a IV do art. 3º devem cumprir,


imediatamente e sem aviso prévio aos sancionados, as medidas estabelecidas nas
resoluções sancionatórias do CSNU ou as designações de seus comitês de sanções que
determinem a indisponibilidade de ativos, de quaisquer valores, de titularidade, direta ou
indireta, de pessoas naturais, de pessoas jurídicas ou de entidades, nos termos da Lei nº
13.810, de 2019, sem prejuízo do dever de cumprir determinações judiciais de
indisponibilidade também previstas na referida lei.
§ 1º  As pessoas mencionadas nos incisos I a IV do art. 3º devem ainda informar,
sem demora, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e à CVM, a existência
de pessoas e ativos sujeitos às determinações de indisponibilidade referidas no caput a
que deixaram de dar o imediato cumprimento, justificando as razões para tanto.
§ 2º  A indisponibilidade de que trata o caput refere-se à proibição de transferir,
converter, trasladar, disponibilizar ativos ou deles dispor, direta ou indiretamente,
incidindo inclusive sobre os juros e outros frutos civis e rendimentos decorrentes do
contrato, conforme o previsto no inciso II do art. 2º e no § 2º do art. 31 da Lei nº 13.810,
de 2019.
§ 3º  As pessoas mencionadas nos incisos I a IV do art. 3º devem adotar os
procedimentos abaixo, sem que para tanto seja necessária a comunicação da CVM de que
trata o inciso I do art. 10 da Lei nº 13.810, de 2019:
I. monitorar, direta e permanentemente, as determinações de
indisponibilidade referidas no caput, bem como eventuais informações a
serem observadas para o seu adequado atendimento, inclusive o eventual
levantamento total ou parcial de tais determinações em relação a pessoas,
entidades ou ativos, visando ao cumprimento imediato do quanto
determinado, acompanhando para tanto, sem prejuízo da adoção de outras
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providências de monitoramento, as informações divulgadas na página do


CSNU na rede mundial de computadores; e
II. comunicar imediatamente a indisponibilidade de ativos e as tentativas de
sua transferência relacionadas às pessoas naturais, às pessoas jurídicas ou
às entidades sancionadas por resolução do CSNU ou por designações de
seus comitês de sanções, nos termos do art. 11 da Lei nº 13.810, de 2019:
a. à CVM;
b. ao MJSP;
c. ao COAF; e
III. manter sob verificação a existência ou o surgimento, em seu âmbito, de
ativos alcançados pelas determinações de indisponibilidade de que trata o
caput, para efeito de pôr tais ativos imediatamente, tão logo detectados,
sob o regime de indisponibilidade previsto no inciso II do art. 2º e no § 2º
do art. 31 da Lei nº 13.810, de 2019.
§ 4º As pessoas mencionadas nos incisos I a IV do art. 3º devem proceder ao
imediato levantamento da indisponibilidade de ativos de que trata o caput, nas hipóteses
de exclusão de pessoas, entidades ou ativos das correspondentes listas do CSNU ou de
seus comitês de sanções.
§ 5º  O cumprimento das obrigações de que trata o Capítulo VII não devem se
submeter aos parâmetros da abordagem baseada em risco de LD/FTP.
Art. 28.  Para o fim de assegurar o fiel cumprimento do disposto no art. 27, as
pessoas mencionadas nos incisos I a IV do art. 3º devem, no limite de suas atribuições,
adequar suas regras, procedimentos e controles internos no tocante a todas as relações de
negócio já existentes, ou que venham a ser posteriormente iniciadas em seu âmbito,
quanto às quais possam ser identificadas como interessadas pessoas físicas, pessoas
jurídicas ou entidades alcançadas pelas determinações de indisponibilidade de que trata o
art. 27.
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Exercícios de Fixação

101) O combate à lavagem de dinheiro tem se disseminado no mundo, tendo o rápido


desenvolvimento de sofisticadas organizações criminosas que utilizam o sistema
financeiro para legitimar as suas atuações originariamente ilícitas. De acordo com a
Lei Federal n° 9.613/1998, o crime de lavagem, atualmente, caracteriza-se, entre
outras ações, por ocultar valores decorrentes de atos consubstanciados como

a) Infrações administrativas
b) Infrações penais
c) Multas mobiliárias
d) Sanções do Banco Central
e) Ilícitos civis

Ano: 2015 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2015 – Banco do Brasil – Escriturário – 001

Questão comentada: https://vimeo.com/754815128/daedf41ff0

103) A lavagem de dinheiro é uma das ações realizadas para tentar tornar lícito um
dinheiro proveniente de atividades ilícitas. Para ajudar na prevenção e combate a
esse tipo de crime, a Lei nº 9.613/1998, dentre outras ações, determina que as
instituições financeiras devem

a) Identificar seus clientes e manter o cadastro atualizado.


b) Identificar as cédulas de dinheiro, mantendo seu registro atualizado.
c) Instalar portas eletrônicas como detector de metais.
d) Instalar câmeras nos caixas eletrônicos.
e) Proibir o uso de telefone celular nas agências bancárias.

Ano: 2012 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2012 – Banco do Brasil – Escriturário

Questão comentada: https://vimeo.com/754815245/d46e05de8f

99) Sr. X é gerente de uma agência bancária. Ele recebe o cliente, Sr. W, conhecido
empresário do ramo da constru- ção civil, com inúmeras aplicações financeiras na
agência. Com o passar do tempo, gerente e cliente tornam-se amigos e confidentes.
Em determinado dia, o empresário lhe confidencia ter recebido uma proposta de um
conhecido para legalizar valores que ele recebia, sem declarar à Receita Federal, e
que adviriam de atividades não autorizadas pela lei. Diante desse fato, o gerente
adverte seu cliente de que, caso acolhesse a proposta, estaria realizando, em termos
de lavagem de dinheiro, o que caracteriza a etapa de

a) Ocultação
b) Conclusão
c) Multiplicação
d) Integração
e) Manutenção
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Ano: 2015 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO –


2015 – Banco do Brasil – Escriturário

Questão comentada: https://vimeo.com/754698368/8d0a6455eb

GABARITO:

101-B 103-A 99-A


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17 Autorregulação bancária

Autorregulação é uma série de medidas que buscam trazer maior transparência ao


setor bancário, reduzindo reclamações, aumentando a qualidade dos serviços prestados,
protegendo o consumidor e principalmente adequando o mercado interno para que não
haja interferência externa.
A Autorregulação FEBRABAN é regida pelo Código de Conduta Ética e
Autorregulação Bancária, pelos Normativos aprovados pelo Conselho de Autorregulação
e pelas decisões da Diretoria de Autorregulação e do Conselho de Autorregulação, que
não se sobrepõem, mas se harmonizam à legislação vigente.
As normas da Autorregulação abrangem todos os produtos e serviços ofertados
ou disponibilizados pelas Signatárias a qualquer pessoa física, cliente ou não cliente e
ainda, quando expressamente previstas, à pessoa jurídica e não devem ser interpretadas
em desacordo com as disposições previstas nas normas e regulamentação vigentes,
inclusive aquelas expedidas pelos órgãos reguladores e entidades de Autorregulação
setorial.
17.1 Conselho de autorregulação FEBRABAN

O órgão normativo e de administração do Sistema de Autorregulação é o Conselho


de Autorregulação Bancária, que se reúne ao menos quatro vezes ao ano e é composto
por dezesseis membros, sendo:
• oito deles representando as Instituições Financeiras Signatárias
(“Conselheiros Setoriais”); e
• oito representando a sociedade civil (“Conselheiros Independentes").

17.2 Comissão executiva de autorregulação FEBRABAN

Subordinada ao Conselho de Autorregulação, reúne os responsáveis pelo tema da


Autorregulação nas instituições financeiras. Cabe à Comissão realizar estudos e
promover discussões relacionadas ao aperfeiçoamento da Autorregulação, incluindo
temas para futuros Normativos, bem como aprovar o Plano de Trabalho da Diretoria de
Autorregulação e decidir por eventual instauração de processos administrativos, dentre
outras atribuições. Ela é composta por 18 (dezoito) Signatárias, sendo:
• 5 (cinco) representantes indicados pelas 5 (cinco) maiores Signatárias,
segundo seu patrimônio líquido;
• 13 (treze) representantes indicados ad referendum do Conselho, em regime de
alternância.
17.3 Diretoria de autorregulação FEBRABAN
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A Diretoria de Autorregulação é o órgão executivo da Autorregulação


FEBRABAN, também subordinada ao Conselho de Autorregulação Bancária. Dentre
suas competências, está a execução das deliberações do Conselho de Autorregulação e a
elaboração de propostas para o desenvolvimento do Sistema de Autorregulação Bancária,
além do monitoramento e supervisão do cumprimento das regras da Autorregulação pelas
Instituições Financeiras.

• Código de Autorregulação Bancária;


• Normativo de regras para o relacionamento com o consumidor pessoa física;
• Normativo de conta corrente;
• Normativo de serviço de atendimento ao consumidor (SAC);
• Normativo de atendimento ao consumidor na rede de agências bancárias;
• Normativo de oferta e contratação de crédito direto ao consumidor e
arrendamento mercantil financeiro para a aquisição de veículos;
• Normativo de monitoramento de adesão às normas de autorregulação;
• Normativo de procedimentos paras as demandas registradas no canal de
atendimento “conte aqui”.
• Normativo de regras para o ensino eletrônico à distância (e-learning) da
Autorregulação;
• Normativo relativo ao Programa ABECIP de Certificação de Profissionais de
Crédito Imobiliário;
• Normativo de Crédito Responsável;
• Normativo de prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento
do terrorismo;
• Normativo de Resumo Contratual;
• Normativo de contratação de crédito por meios remotos;
• Normativo de criação e implementação de política de responsabilidade
socioambiental;
• Normativo de crédito consignado;
• Normativo de conta-salário;
• Normativo de adequação de produtos e serviços;
• Normativo de tratamento e negociação de dívidas;
• Normativo de uso consciente do cheque especial;
• Normativo dos selos de autorregulação;
• Normativo programa de integridade para prevenção à corrupção e atos lesivos
à administração pública nacional ou estrangeira;
• Normativo de ouvidorias;
• Normativo de relacionamento com o consumidor idoso;
• Normativo de relacionamento com os consumidores potencialmente
vulneráveis.

Sistema de Autorregulação Bancária (SARB): Regido pelos princípios da:


• Integridade;
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• Equidade;
• Respeito ao consumidor;
• Transparência;
• Excelência;
• Sustentabilidade; e
• Confiança.
O SARB reflete o compromisso do sistema financeiro no seu relacionamento com o
consumidor, com a livre concorrência; responsabilidade socioambiental; prevenção de
situações de conflito de interesses; prevenção à fraude; combate à lavagem de dinheiro e
com a adoção de medidas voltadas à anticorrupção.
Aliados a este Código de Conduta Ética e Autorregulação, o Sistema de
Autorregulação Bancária também é regido por Normativos de adesão voluntária pelas
Instituições Financeiras Signatárias, que se harmonizam à legislação vigente e possuem
TRÊS PRINCIPAIS EIXOS: Relacionamento com o Consumidor; Responsabilidade
Socioambiental; Prevenção à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento ao Terrorismo.
O Selo da Autorregulação reforça e torna ainda mais transparente o compromisso
assumido pelas Instituições Financeiras Signatárias da Autorregulação FEBRABAN que
aderiram voluntariamente a pelo menos um de seus eixos normativos:
• relacionamento com o consumidor;
• combate ao financiamento ao terrorismo e prevenção à lavagem de dinheiro;
e
• responsabilidade socioambiental.
Apenas as Instituições Financeiras Signatárias níveis II e III farão jus ao selo
de Autorregulação, desde que cumpridos os requisitos e percentuais de conformidade
mínimos previstos no Anexo do Normativo SARB 020/2018.
• Signatárias NÍVEL I: Todas as Instituições Financeiras associadas à
FEBRABAN são Signatárias da Autorregulação de forma automática no que
se refere ao Código de Conduta Ética - que traz disposições gerais sobre
princípios éticos, relacionamento com o consumidor, livre concorrência,
responsabilidade socioambiental, prevenção à lavagem de dinheiro, dentre
outros temas.
• Signatárias NÍVEL II: as Instituições Financeiras Signatárias que aderirem
voluntariamente a pelo menos um dos eixos normativos acima descritos
• Signatárias NÍVEL III: aquelas que aderirem a todos os eixos.
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17.4 Autorregulação Bancária ANBIMA

A autorregulação é expressa na forma de códigos de melhores práticas, criados a


partir de propostas que nascem e são aperfeiçoadas nas comissões temáticas de
representação. Assim, profissionais das instituições associadas, ou seja, do próprio
mercado, discutem, formulam e colocam em prática as regras que norteiam cada uma das
atividades nas quais atuamos.
O cumprimento dessas regras é acompanhado permanentemente por meio de uma
série de ações da área de Supervisão de Mercados.
As atividades da autorregulação são apoiadas por dois tipos de organismos: os que
orientam a atuação da área de supervisão e analisam os relatórios elaborados pelas equipes
técnicas da Associação (comissões de acompanhamento) e aqueles que instauram e
julgam processos, além de emitir deliberações e orientações sobre as nossas normas
(conselhos de autorregulação).
As atividades autorreguladas pela ANBIMA são:
1. Fundos de investimento: Administração, gestão e distribuição de fundos de
investimento, FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), FIPs
(Fundos de Investimento em Participações) e fundos de investimento
imobiliários.
2. Custódia, controladoria, escrituração e representação de investidores
não residentes: Custódia para investidores e emissores, controladoria de
ativo e passivo de fundos de investimento, carteiras administradas ou clubes
de investimento, e escrituração de ativos.
3. Private banking: Serviços de private banking oferecidos a clientes de
instituições bancárias.
4. Ofertas públicas: Coordenação de ofertas públicas de valores mobiliários -
como ações (inclusive OPA), debêntures, notas promissórias, BDR, CRI e
CRA - e atividade de agente fiduciário.
5. Análise prévia de ofertas: Emissão de ações (somente follow on),
debêntures, notas promissórias, BDR e fundos imobiliários.
6. Certificação: Qualificação dos profissionais que atuam na prospecção ou
venda de produtos de investimento; assessoram os gerentes de contas de
investidores pessoas físicas em investimentos; e desempenham atividade de
gestão de recursos de terceiros.
7. Negociação: Negociação de títulos e valores mobiliários de renda fixa e
derivativos em mercado de balcão.
8. Gestão de patrimônio: Prestação de serviços de seleção, alocação e
realocação de patrimônio financeiro por meio de fundos
exclusivos/reservados ou carteiras administradas, com foco no perfil de
investimento e nas necessidades financeiras do investidor.
9. NMRF: Emissão de ofertas de títulos e valores mobiliários no ambiente do
Novo Mercado de Renda Fixa.
10. Distribuição de produtos de investimento: Distribuição de produtos de
investimento.
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17.4.1 Compromisso de autorregular ANBIMA

Um mercado forte se faz com regras claras, que reflitam a realidade das instituições
e assegurem a busca constante pelo aprimoramento.
Nosso modelo de autorregulação é privado e voluntário, baseado em regras criadas
pelo mercado, para o mercado e em favor dele. As regras são expressas em Códigos de
Autorregulação e Melhores Práticas, aos quais podem aderir inclusive instituições que
não são associadas ANBIMA.
O cumprimento das normas é acompanhado de perto pela nossa equipe técnica,
que supervisiona as instituições, dá orientações de caráter educativo e ajuda na
condução de processos avaliados pelos conselhos de autorregulação.
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Exercícios de Fixação

313) As entidades representativas das instituições financeiras, a exemplo da


Federação Brasileira de Bancos (Febraban), têm envidado esforços para a criação e
o aprimoramento contínuo de sistemas de autorregulação destinados a reforçar
publicamente o compromisso do setor financeiro com a observância dos princípios
da integridade, equidade, transparência, sustentabilidade e confiança, orientando,
no relacionamento com o consumidor, o atendimento das necessidades e dos
interesses deste de forma justa, digna e cortês, a fim de garantir a respectiva
liberdade de escolha e a tomada de decisões conscientes, sem prejuízo da adoção de
políticas e medidas voltadas à responsabilidade socioambiental, prevenção de
situações de conflitos de interesse e de fraude, além da prevenção e do combate à
corrupção, à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo. No que se
refere aos sistemas de autorregulação mencionados, assinale a alternativa correta.

a) Podem ser revogados por ato do Banco Central do Brasil.


b) São aplicáveis a todas as instituições financeiras e demais instituições autorizadas
a funcionar pelo Banco Central do Brasil, independentemente de vínculo
associativo ou adesão voluntária.
c) Decorrem de lei.
d) Constituem-se de recomendações sem força obrigatória, não havendo previsão de
aplicação de sanções em caso de descumprimento.
e) A criação, a organização e o funcionamento desses sistemas não dependem de
autorização do Banco Central do Brasil.

Ano: 2019 Banca: IADES Órgão: BRB

Questão comentada: https://vimeo.com/746339082/46aef2daa3

108) O Sistema de Autorregulação Bancária da Federação Brasileira de Bancos


(FEBRABAN) estabelece que

a) As normas do seu código se sobrepõem à legislação vigente, inclusive ao código


de proteção e defesa do consumidor.
b) Não será processada qualquer demanda e/ou reclamação de caráter individual.
c) Todas as instituições integrantes do sistema financeiro nacional podem solicitar
para dele participar.
d) O monitoramento das condutas dos bancos será feito pelo Banco Central do
Brasil.
e) As normas do seu código abrangem apenas determinados produtos e serviços
ofertadas pelas instituições signatárias.

Ano: 2011 Banca: FCC Órgão: Banco do Brasil Prova: FCC - 2011 - Banco do Brasil
– Escriturário

Questão comentada: https://vimeo.com/754815485/ce9f7d05ee

107) O Sistema de Autorregulação Bancária da Federação Brasileira de Bancos


(FEBRABAN) dispõe que
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a) As normas do seu código abrangem produtos destinados a pessoas jurídicas.


b) Comunicação eficiente e respeito ao consumidor são princípios a serem
observados.
c) Sua administração é feita em conjunto com representantes dos clientes.
d) Suas regras são revisadas semestralmente pelo Banco do Brasil.
e) Suas regras conflitam com os princípios do Código de Defesa do Consumidor.

Ano: 2011 Banca: FCC Órgão: Banco do Brasil Prova: FCC - 2011 - Banco do Brasil
- Escriturário - Ed. 02

Questão comentada: https://vimeo.com/754815411/cda4bc6108

GABARITO:

313-E 108-B 107-B


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18 Sigilo bancário

O sigilo bancário, é um dever ou obrigação que tem as instituições financeiras de


manter resguardados os dados de seus clientes. A eventual quebra desse sigilo só pode
ocorrer mediante autorização judicial, nos casos em que houver suspeita de
movimentação ilegal dos recursos da conta do cidadão. O pedido de quebra do sigilo
bancário deve partir de autoridades competentes, como:
• o Ministério Público;
• Polícia Federal;
• COAF; ou
• Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
Art. 1o As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e
passivas e serviços prestados
§ 1o São consideradas Instituições financeiras, para os efeitos desta lei:

I. os bancos de qualquer espécie;


II. distribuidoras de valores mobiliários;
III. corretoras de câmbio e de valores mobiliários;
IV. sociedades de crédito, financiamento e investimentos;
V. sociedades de crédito imobiliário;
VI. administradoras de cartões de crédito;
VII. sociedades de arrendamento mercantil;
VIII. administradoras de mercado de balcão organizado;
IX. cooperativas de crédito;
X. associações de poupança e empréstimo;
XI. bolsas de valores e de mercadorias e futuros;
XII. entidades de liquidação e compensação;
XIII. outras sociedades que, em razão da natureza de suas operações, assim
venham a ser consideradas pelo Conselho Monetário Nacional.

§ 2o As empresas de fomento comercial ou factoring, para os efeitos desta Lei


Complementar, obedecerão às normas aplicáveis às instituições financeiras previstas no
§ 1o.

§ 3o Não constitui violação do dever de sigilo:

I. a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais,


inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas
pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil;
II. o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de
cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades
de proteção ao crédito, observadas as normas baixadas pelo Conselho
Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil;
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III. o fornecimento das informações de que trata o § 2o do art. 11 da Lei no 9.311,


de 24 de outubro de 1996;
IV. a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou
administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre
operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática
criminosa;
V. a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos
interessados;
VI. a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos
2o, 3o, 4o, 5o, 6o, 7o e 9 desta Lei Complementar.
VII. o fornecimento de dados financeiros e de pagamentos, relativos a operações
de crédito e obrigações de pagamento adimplidas ou em andamento de
pessoas naturais ou jurídicas, a gestores de bancos de dados, para formação
de histórico de crédito, nos termos de lei específica.

§ 4o A quebra de sigilo poderá ser decretada, quando necessária para apuração de


ocorrência de qualquer ilícito, em qualquer fase do inquérito ou do processo judicial, e
especialmente nos seguintes crimes:

I. de terrorismo;
II. de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins;
III. de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado a sua
produção;
IV. de extorsão mediante sequestro;
V. contra o sistema financeiro nacional;
VI. contra a Administração Pública;
VII. contra a ordem tributária e a previdência social;
VIII. lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores;
IX. praticado por organização criminosa.

Art. 2o O dever de sigilo é extensivo ao Banco Central do Brasil, em relação às


operações que realizar e às informações que obtiver no exercício de suas atribuições.

§ 1o O sigilo, inclusive quanto a contas de depósitos, aplicações e investimentos


mantidos em instituições financeiras, não pode ser oposto ao Banco Central do Brasil:

I. no desempenho de suas funções de fiscalização, compreendendo a apuração,


a qualquer tempo, de ilícitos praticados por controladores, administradores,
membros de conselhos estatutários, gerentes, mandatários e prepostos de
instituições financeiras;
II. ao proceder a inquérito em instituição financeira submetida a regime
especial.

§ 2o As comissões encarregadas dos inquéritos a que se refere o inciso II do §


o
1 poderão examinar quaisquer documentos relativos a bens, direitos e obrigações das
instituições financeiras, de seus controladores, administradores, membros de conselhos
estatutários, gerentes, mandatários e prepostos, inclusive contas correntes e operações
com outras instituições financeiras.
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§ 3o O disposto neste artigo aplica-se à Comissão de Valores Mobiliários, quando se


tratar de fiscalização de operações e serviços no mercado de valores mobiliários, inclusive
nas instituições financeiras que sejam companhias abertas.

§ 4o O Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários, em suas áreas


de competência, poderão firmar convênios:

I. com outros órgãos públicos fiscalizadores de instituições financeiras,


objetivando a realização de fiscalizações conjuntas, observadas as
respectivas competências;
II. com bancos centrais ou entidades fiscalizadoras de outros países,
objetivando:

a. fiscalização de filiais e subsidiárias de instituições financeiras


estrangeiras, em funcionamento no Brasil e de filiais e subsidiárias,
no exterior, de instituições financeiras brasileiras;
b. cooperação mútua e o intercâmbio de informações para a
investigação de atividades ou operações que impliquem aplicação,
negociação, ocultação ou transferência de ativos financeiros e de
valores mobiliários relacionados com a prática de condutas ilícitas.

§ 5o O dever de sigilo de que trata esta Lei Complementar estende-se aos órgãos
fiscalizadores mencionados no § 4o e a seus agentes.

§ 6o O Banco Central do Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários e os demais


órgãos de fiscalização, nas áreas de suas atribuições, fornecerão ao Conselho de Controle
de Atividades Financeiras – COAF, de que trata o art. 14 da Lei no 9.613, de 3 de março
de 1998, as informações cadastrais e de movimento de valores relativos às operações
previstas no inciso I do art. 11 da referida Lei.

Art. 3o Serão prestadas pelo Banco Central do Brasil, pela Comissão de Valores
Mobiliários e pelas instituições financeiras as informações ordenadas pelo Poder
Judiciário, preservado o seu caráter sigiloso mediante acesso restrito às partes, que delas
não poderão servir-se para fins estranhos à lide.

§ 1o Dependem de prévia autorização do Poder Judiciário a prestação de


informações e o fornecimento de documentos sigilosos solicitados por comissão de
inquérito administrativo destinada a apurar responsabilidade de servidor público por
infração praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as
atribuições do cargo em que se encontre investido.

§ 2o Nas hipóteses do § 1o, o requerimento de quebra de sigilo independe da


existência de processo judicial em curso.

§ 3o Além dos casos previstos neste artigo o Banco Central do Brasil e a Comissão
de Valores Mobiliários fornecerão à Advocacia-Geral da União as informações e os
documentos necessários à defesa da União nas ações em que seja parte.

Art. 4o O Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários, nas áreas


de suas atribuições, e as instituições financeiras fornecerão ao Poder Legislativo Federal
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as informações e os documentos sigilosos que, fundamentadamente, se fizerem


necessários ao exercício de suas respectivas competências constitucionais e legais.

§ 1o As comissões parlamentares de inquérito, no exercício de sua competência


constitucional e legal de ampla investigação, obterão as informações e documentos
sigilosos de que necessitarem, diretamente das instituições financeiras, ou por intermédio
do Banco Central do Brasil ou da Comissão de Valores Mobiliários.

§ 2o As solicitações de que trata este artigo deverão ser previamente aprovadas pelo
Plenário da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, ou do plenário de suas respectivas
comissões parlamentares de inquérito.

Art. 5o O Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à periodicidade e aos


limites de valor, os critérios segundo os quais as instituições financeiras informarão à
administração tributária da União, as operações financeiras efetuadas pelos usuários de
seus serviços.

§ 1o Consideram-se operações financeiras, para os efeitos deste artigo:

I. depósitos à vista e a prazo, inclusive em conta de poupança;


II. pagamentos efetuados em moeda corrente ou em cheques;
III. emissão de ordens de crédito ou documentos assemelhados;
IV. resgates em contas de depósitos à vista ou a prazo, inclusive de poupança;
V. contratos de mútuo;
VI. descontos de duplicatas, notas promissórias e outros títulos de crédito;
VII. aquisições e vendas de títulos de renda fixa ou variável;
VIII. aplicações em fundos de investimentos;
IX. aquisições de moeda estrangeira;
X. conversões de moeda estrangeira em moeda nacional;
XI. transferências de moeda e outros valores para o exterior;
XII. operações com ouro, ativo financeiro;
XIII. operações com cartão de crédito;
XIV. operações de arrendamento mercantil; e
XV. quaisquer outras operações de natureza semelhante que venham a ser
autorizadas pelo Banco Central do Brasil, Comissão de Valores Mobiliários
ou outro órgão competente.

§ 2o As informações transferidas na forma do caput deste artigo restringir-se-ão a


informes relacionados com a identificação dos titulares das operações e os montantes
globais mensalmente movimentados, vedada a inserção de qualquer elemento que permita
identificar a sua origem ou a natureza dos gastos a partir deles efetuados.

§ 3o Não se incluem entre as informações de que trata este artigo as operações


financeiras efetuadas pelas administrações direta e indireta da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios.

§ 4o Recebidas as informações de que trata este artigo, se detectados indícios de


falhas, incorreções ou omissões, ou de cometimento de ilícito fiscal, a autoridade
interessada poderá requisitar as informações e os documentos de que necessitar, bem
como realizar fiscalização ou auditoria para a adequada apuração dos fatos.
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§ 5o As informações a que refere este artigo serão conservadas sob sigilo fiscal, na
forma da legislação em vigor.

Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e
registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e
aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou
procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela
autoridade administrativa competente.

Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que


se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária.

Art. 7o Sem prejuízo do disposto no § 3o do art. 2o, a Comissão de Valores


Mobiliários, instaurado inquérito administrativo, poderá solicitar à autoridade judiciária
competente o levantamento do sigilo junto às instituições financeiras de informações e
documentos relativos a bens, direitos e obrigações de pessoa física ou jurídica submetida
ao seu poder disciplinar.

Parágrafo único. O Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários,


manterão permanente intercâmbio de informações acerca dos resultados das inspeções
que realizarem, dos inquéritos que instaurarem e das penalidades que aplicarem, sempre
que as informações forem necessárias ao desempenho de suas atividades.

Art. 8o O cumprimento das exigências e formalidades previstas nos artigos 4o, 6o e


o
7 , será expressamente declarado pelas autoridades competentes nas solicitações dirigidas
ao Banco Central do Brasil, à Comissão de Valores Mobiliários ou às instituições
financeiras.

Art. 9o Quando, no exercício de suas atribuições, o Banco Central do Brasil e a


Comissão de Valores Mobiliários verificarem a ocorrência de crime definido em lei como
de ação pública, ou indícios da prática de tais crimes, informarão ao Ministério Público,
juntando à comunicação os documentos necessários à apuração ou comprovação dos
fatos.

§ 1o A comunicação de que trata este artigo será efetuada pelos Presidentes do


Banco Central do Brasil e da Comissão de Valores Mobiliários, admitida delegação de
competência, no prazo máximo de quinze dias, a contar do recebimento do processo, com
manifestação dos respectivos serviços jurídicos.

§ 2o Independentemente do disposto no caput deste artigo, o Banco Central do


Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários comunicarão aos órgãos públicos
competentes as irregularidades e os ilícitos administrativos de que tenham conhecimento,
ou indícios de sua prática, anexando os documentos pertinentes.

Art. 10. A quebra de sigilo, fora das hipóteses autorizadas nesta Lei
Complementar, constitui crime e sujeita os responsáveis à pena de reclusão, de um a
quatro anos, e multa, aplicando-se, no que couber, o Código Penal, sem prejuízo de outras
sanções cabíveis.
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Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem omitir, retardar


injustificadamente ou prestar falsamente as informações requeridas nos termos desta Lei
Complementar.

Art. 11. O servidor público que utilizar ou viabilizar a utilização de qualquer


informação obtida em decorrência da quebra de sigilo de que trata esta Lei
Complementar responde pessoal e diretamente pelos danos decorrentes, sem prejuízo da
responsabilidade objetiva da entidade pública, quando comprovado que o servidor agiu
de acordo com orientação oficial.
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Exercícios de Fixação

118) No contexto da lei do sigilo bancário, consideram-se instituições financeiras: I


- bolsas de valores e de mercadorias e futuros; II - administradoras de cartão de
crédito; III - distribuidoras de valores mobiliários. Está correto o que se afirma em:

a) I
b) II
c) II e III
d) Todas as alternativas
e) Nenhuma das alternativas

Questão comentada: https://vimeo.com/754815872/3da3fb2804

116) A quebra de sigilo, fora das hipóteses autorizadas na Lei do Sigilo Bancário,
constitui crime e sujeita os responsáveis à pena de:

a) Um a quatro anos de reclusão e multa


b) Seis meses a um ano de reclusão
c) Dois a três anos de reclusão
d) Seis meses de reclusão e multa
e) Quatro anos de reclusão

Questão comentada: https://vimeo.com/754815825/fa58e42d2c

114) No contexto da Lei do Sigilo Bancário, consideram-se operações financeiras: I


- lances em leilões; II - emissão de ordens de crédito ou documentos assemelhados;
III - descontos de duplicatas, notas promissórias e outros títulos de crédito. Está
correto o que se afirma em:

a) I
b) II
c) II e III
d) Todas as alternativas
e) Nenhuma das alternativas

Questão comentada: https://vimeo.com/754815787/3f5502a115

GABARITO:

118-D 116-A 114-C


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19 Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)


19.1 CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios
digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com o
objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre
desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.

Parágrafo único. As normas gerais contidas nesta Lei são de interesse nacional e
devem ser observadas pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Art. 2º A disciplina da proteção de dados pessoais tem como fundamentos:

I. o respeito à privacidade;
II. a autodeterminação informativa;
III. a liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião;
IV. a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem;
V. o desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação;
VI. a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor; e
VII. os direitos humanos, o livre desenvolvimento da personalidade, a dignidade
e o exercício da cidadania pelas pessoas naturais.

Art. 3º Esta Lei aplica-se a qualquer operação de tratamento realizada por


pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado,
independentemente do meio, do país de sua sede ou do país onde estejam localizados os
dados, desde que:

I. a operação de tratamento seja realizada no território nacional;


II. a atividade de tratamento tenha por objetivo a oferta ou o fornecimento de
bens ou serviços ou o tratamento de dados de indivíduos localizados no
território nacional; ou
III. os dados pessoais objeto do tratamento tenha sido coletados no território
nacional.

§ 1º Consideram-se coletados no território nacional os dados pessoais cujo titular


nele se encontre no momento da coleta.

§ 2º Excetua-se do disposto no inciso I deste artigo o tratamento de dados previsto


no inciso IV do caput do art. 4º desta Lei.

Art. 4º Esta Lei não se aplica ao tratamento de dados pessoais:

I. realizado por pessoa natural para fins exclusivamente particulares e não


econômicos;
II. realizado para fins exclusivamente:

a. jornalístico e artísticos; ou
b. acadêmicos, aplicando-se a esta hipótese os arts. 7º e 11 desta Lei;

III. realizado para fins exclusivos de:


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a. segurança pública;
b. defesa nacional;
c. segurança do Estado; ou
d. atividades de investigação e repressão de infrações penais; ou

IV. provenientes de fora do território nacional e que não sejam objeto de


comunicação, uso compartilhado de dados com agentes de tratamento
brasileiros ou objeto de transferência internacional de dados com outro país
que não o de proveniência, desde que o país de proveniência proporcione
grau de proteção de dados pessoais adequado ao previsto nesta Lei.

§ 1º O tratamento de dados pessoais previsto no inciso III será regido por legislação
específica, que deverá prever medidas proporcionais e estritamente necessárias ao
atendimento do interesse público, observados o devido processo legal, os princípios
gerais de proteção e os direitos do titular previstos nesta Lei.

§ 2º É vedado o tratamento dos dados a que se refere o inciso III do caput deste
artigo por pessoa de direito privado, exceto em procedimentos sob tutela de pessoa
jurídica de direito público, que serão objeto de informe específico à autoridade nacional
e que deverão observar a limitação imposta no § 4º deste artigo.

§ 3º A autoridade nacional emitirá opiniões técnicas ou recomendações referentes


às exceções previstas no inciso III do caput deste artigo e deverá solicitar aos
responsáveis relatórios de impacto à proteção de dados pessoais.

§ 4º Em nenhum caso a totalidade dos dados pessoais de banco de dados de que trata
o inciso III do caput deste artigo poderá ser tratada por pessoa de direito privado, salvo
por aquela que possua capital integralmente constituído pelo poder público.

Art. 5º Para os fins desta Lei, considera-se:

I. dado pessoal: informação relacionada a pessoa natural identificada ou


identificável;
II. dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou étnica,
convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização
de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida
sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa
natural;
III. dado anonimizado: dado relativo a titular que não possa ser identificado,
considerando a utilização de meios técnicos razoáveis e disponíveis na
ocasião de seu tratamento;
IV. banco de dados: conjunto estruturado de dados pessoais, estabelecido em
um ou em vários locais, em suporte eletrônico ou físico;
V. titular: pessoa natural a quem se referem os dados pessoais que são objeto
de tratamento;
VI. controlador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, a
quem competem as decisões referentes ao tratamento de dados pessoais;
VII. operador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que
realiza o tratamento de dados pessoais em nome do controlador;
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VIII. encarregado: pessoa indicada pelo controlador e operador para atuar como
canal de comunicação entre o controlador, os titulares dos dados e a
Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD);
IX. agentes de tratamento: o controlador e o operador;
X. tratamento: toda operação realizada com dados pessoais, como as que se
referem a coleta, produção, recepção, classificação, utilização, acesso,
reprodução, transmissão, distribuição, processamento, arquivamento,
armazenamento, eliminação, avaliação ou controle da informação,
modificação, comunicação, transferência, difusão ou extração;
XI. anonimização: utilização de meios técnicos razoáveis e disponíveis no
momento do tratamento, por meio dos quais um dado perde a possibilidade
de associação, direta ou indireta, a um indivíduo;
XII. consentimento: manifestação livre, informada e inequívoca pela qual o
titular concorda com o tratamento de seus dados pessoais para uma
finalidade determinada;
XIII. bloqueio: suspensão temporária de qualquer operação de tratamento,
mediante guarda do dado pessoal ou do banco de dados;
XIV. eliminação: exclusão de dado ou de conjunto de dados armazenados em
banco de dados, independentemente do procedimento empregado;
XV. transferência internacional de dados: transferência de dados pessoais para
país estrangeiro ou organismo internacional do qual o país seja membro;
XVI. uso compartilhado de dados: comunicação, difusão, transferência
internacional, interconexão de dados pessoais ou tratamento compartilhado
de bancos de dados pessoais por órgãos e entidades públicos no
cumprimento de suas competências legais, ou entre esses e entes privados,
reciprocamente, com autorização específica, para uma ou mais modalidades
de tratamento permitidas por esses entes públicos, ou entre entes privados;
XVII. relatório de impacto à proteção de dados pessoais: documentação do
controlador que contém a descrição dos processos de tratamento de dados
pessoais que podem gerar riscos às liberdades civis e aos direitos
fundamentais, bem como medidas, salvaguardas e mecanismos de mitigação
de risco;
XVIII. órgão de pesquisa: órgão ou entidade da administração pública direta ou
indireta ou pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos legalmente
constituída sob as leis brasileiras, com sede e foro no País, que inclua em
sua missão institucional ou em seu objetivo social ou estatutário a pesquisa
básica ou aplicada de caráter histórico, científico, tecnológico ou estatístico;
e
XIX. autoridade nacional: órgão da administração pública responsável por zelar,
implementar e fiscalizar o cumprimento desta Lei em todo o território
nacional.

Dica do professor: diversas bancas já cobraram questões relativas a dados sensíveis,


portanto, fique bastante atento ao que é considerado sensível ou não.

Art. 6º As atividades de tratamento de dados pessoais deverão observar a boa-


fé e os seguintes princípios:
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I. finalidade: realização do tratamento para propósitos legítimos, específicos,


explícitos e informados ao titular, sem possibilidade de tratamento posterior
de forma incompatível com essas finalidades;
II. adequação: compatibilidade do tratamento com as finalidades informadas
ao titular, de acordo com o contexto do tratamento;
III. necessidade: limitação do tratamento ao mínimo necessário para a
realização de suas finalidades, com abrangência dos dados pertinentes,
proporcionais e não excessivos em relação às finalidades do tratamento de
dados;
IV. livre acesso: garantia, aos titulares, de consulta facilitada e gratuita sobre a
forma e a duração do tratamento, bem como sobre a integralidade de seus
dados pessoais;
V. qualidade dos dados: garantia, aos titulares, de exatidão, clareza, relevância
e atualização dos dados, de acordo com a necessidade e para o cumprimento
da finalidade de seu tratamento;
VI. transparência: garantia, aos titulares, de informações claras, precisas e
facilmente acessíveis sobre a realização do tratamento e os respectivos
agentes de tratamento, observados os segredos comercial e industrial;
VII. segurança: utilização de medidas técnicas e administrativas aptas a proteger
os dados pessoais de acessos não autorizados e de situações acidentais ou
ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou difusão;
VIII. prevenção: adoção de medidas para prevenir a ocorrência de danos em
virtude do tratamento de dados pessoais;
IX. não discriminação: impossibilidade de realização do tratamento para fins
discriminatórios ilícitos ou abusivos;
X. responsabilização e prestação de contas: demonstração, pelo agente, da
adoção de medidas eficazes e capazes de comprovar a observância e o
cumprimento das normas de proteção de dados pessoais e, inclusive, da
eficácia dessas medidas.

19.2 CAPÍTULO II DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS


19.2.1 Seção I - Dos Requisitos para o Tratamento de Dados Pessoais

Art. 7º O tratamento de dados pessoais somente poderá ser realizado nas


seguintes hipóteses:

I. mediante o fornecimento de consentimento pelo titular;


II. para o cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador;
III. pela administração pública, para o tratamento e uso compartilhado de dados
necessários à execução de políticas públicas previstas em leis e
regulamentos ou respaldadas em contratos, convênios ou instrumentos
congêneres, observadas as disposições do Capítulo IV desta Lei;
IV. para a realização de estudos por órgão de pesquisa, garantida, sempre que
possível, a anonimização dos dados pessoais;
V. quando necessário para a execução de contrato ou de procedimentos
preliminares relacionados a contrato do qual seja parte o titular, a pedido do
titular dos dados;
VI. para o exercício regular de direitos em processo judicial, administrativo ou
arbitral;
VII. para a proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de terceiros;
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VIII. para a tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado por


profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sanitária;
IX. quando necessário para atender aos interesses legítimos do controlador ou
de terceiros, exceto no caso de prevalecerem direitos e liberdades
fundamentais do titular que exijam a proteção dos dados pessoais; ou
X. para a proteção do crédito, inclusive quanto ao disposto na legislação
pertinente.

§ 3º O tratamento de dados pessoais cujo acesso é público deve considerar a


finalidade, a boa-fé e o interesse público que justificaram sua disponibilização.

§ 4º É dispensada a exigência do consentimento previsto no caput deste artigo para


os dados tornados manifestamente públicos pelo titular, resguardados os direitos do titular
e os princípios previstos nesta Lei.

§ 5º O controlador que obteve o consentimento referido no inciso I do caput deste


artigo que necessitar comunicar ou compartilhar dados pessoais com outros controladores
deverá obter consentimento específico do titular para esse fim, ressalvadas as hipóteses
de dispensa do consentimento previstas nesta Lei.

§ 6º A eventual dispensa da exigência do consentimento não desobriga os agentes


de tratamento das demais obrigações previstas nesta Lei, especialmente da observância
dos princípios gerais e da garantia dos direitos do titular.

§ 7º O tratamento posterior dos dados pessoais a que se referem os §§ 3º e 4º deste


artigo poderá ser realizado para novas finalidades, desde que observados os propósitos
legítimos e específicos para o novo tratamento e a preservação dos direitos do titular,
assim como os fundamentos e os princípios previstos nesta Lei.

Art. 8º O consentimento previsto no inciso I do art. 7º desta Lei deverá ser fornecido
por escrito ou por outro meio que demonstre a manifestação de vontade do titular.

§ 1º Caso o consentimento seja fornecido por escrito, esse deverá constar de cláusula
destacada das demais cláusulas contratuais.

§ 2º Cabe ao controlador o ônus da prova de que o consentimento foi obtido em


conformidade com o disposto nesta Lei.

§ 3º É vedado o tratamento de dados pessoais mediante vício de consentimento.

§ 4º O consentimento deverá referir-se a finalidades determinadas, e as autorizações


genéricas para o tratamento de dados pessoais serão nulas.

§ 5º O consentimento pode ser revogado a qualquer momento mediante


manifestação expressa do titular, por procedimento gratuito e facilitado, ratificados os
tratamentos realizados sob amparo do consentimento anteriormente manifestado
enquanto não houver requerimento de eliminação, nos termos do inciso VI do caput do
art. 18 desta Lei.
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§ 6º Em caso de alteração de informação referida nos incisos I, II, III ou V do art.


9º desta Lei, o controlador deverá informar ao titular, com destaque de forma específica
do teor das alterações, podendo o titular, nos casos em que o seu consentimento é exigido,
revogá-lo caso discorde da alteração.

Art. 9º O titular tem direito ao acesso facilitado às informações sobre o


tratamento de seus dados, que deverão ser disponibilizadas de forma clara,
adequada e ostensiva acerca de, entre outras características previstas em regulamentação
para o atendimento do princípio do livre acesso:

I. finalidade específica do tratamento;


II. forma e duração do tratamento, observados os segredos comercial e
industrial;
III. identificação do controlador;
IV. informações de contato do controlador;
V. informações acerca do uso compartilhado de dados pelo controlador e a
finalidade;
VI. responsabilidades dos agentes que realizarão o tratamento; e
VII. direitos do titular, com menção explícita aos direitos contidos no art. 18 desta
Lei.

§ 1º Na hipótese em que o consentimento é requerido, esse será considerado nulo


caso as informações fornecidas ao titular tenham conteúdo enganoso ou abusivo ou não
tenham sido apresentadas previamente com transparência, de forma clara e inequívoca.

§ 2º Na hipótese em que o consentimento é requerido, se houver mudanças da


finalidade para o tratamento de dados pessoais não compatíveis com o consentimento
original, o controlador deverá informar previamente o titular sobre as mudanças de
finalidade, podendo o titular revogar o consentimento, caso discorde das alterações.

§ 3º Quando o tratamento de dados pessoais for condição para o fornecimento de


produto ou de serviço ou para o exercício de direito, o titular será informado com destaque
sobre esse fato e sobre os meios pelos quais poderá exercer os direitos do titular elencados
no art. 18 desta Lei.

Art. 10. O legítimo interesse do controlador somente poderá fundamentar


tratamento de dados pessoais para finalidades legítimas, consideradas a partir de
situações concretas, que incluem, mas não se limitam a:

I. apoio e promoção de atividades do controlador; e


II. proteção, em relação ao titular, do exercício regular de seus direitos ou
prestação de serviços que o beneficiem, respeitadas as legítimas expectativas
dele e os direitos e liberdades fundamentais, nos termos desta Lei.

§ 1º Quando o tratamento for baseado no legítimo interesse do controlador, somente


os dados pessoais estritamente necessários para a finalidade pretendida poderão ser
tratados.

§ 2º O controlador deverá adotar medidas para garantir a transparência do


tratamento de dados baseado em seu legítimo interesse.
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§ 3º A autoridade nacional poderá solicitar ao controlador relatório de impacto à


proteção de dados pessoais, quando o tratamento tiver como fundamento seu interesse
legítimo, observados os segredos comercial e industrial.

19.2.2 Seção II - Do Tratamento de Dados Pessoais Sensíveis

Art. 11. O tratamento de dados pessoais sensíveis somente poderá ocorrer nas
seguintes hipóteses:

I. quando o titular ou seu responsável legal consentir, de forma específica e


destacada, para finalidades específicas;
II. sem fornecimento de consentimento do titular, nas hipóteses em que for
indispensável para:

a. cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador;


b. tratamento compartilhado de dados necessários à execução, pela
administração pública, de políticas públicas previstas em leis ou
regulamentos;
c. realização de estudos por órgão de pesquisa, garantida, sempre que
possível, a anonimização dos dados pessoais sensíveis;
d. exercício regular de direitos, inclusive em contrato e em processo
judicial, administrativo e arbitral, este último nos termos da Lei nº
9.307, de 23 de setembro de 1996 (Lei de Arbitragem) ;
e. proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de terceiro;
f. tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado por
profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sanitária;
ou
g. garantia da prevenção à fraude e à segurança do titular, nos processos
de identificação e autenticação de cadastro em sistemas eletrônicos,
resguardados os direitos mencionados no art. 9º desta Lei e exceto
no caso de prevalecerem direitos e liberdades fundamentais do titular
que exijam a proteção dos dados pessoais.

§ 1º Aplica-se o disposto neste artigo a qualquer tratamento de dados pessoais que


revele dados pessoais sensíveis e que possa causar dano ao titular, ressalvado o disposto
em legislação específica.

§ 2º Nos casos de aplicação do disposto nas alíneas “a” e “b” do inciso II


do caput deste artigo pelos órgãos e pelas entidades públicas, será dada publicidade à
referida dispensa de consentimento, nos termos do inciso I do caput do art. 23 desta Lei.

§ 3º A comunicação ou o uso compartilhado de dados pessoais sensíveis entre


controladores com objetivo de obter vantagem econômica poderá ser objeto de vedação
ou de regulamentação por parte da autoridade nacional, ouvidos os órgãos setoriais do
Poder Público, no âmbito de suas competências.

§ 4º É vedada a comunicação ou o uso compartilhado entre controladores de dados


pessoais sensíveis referentes à saúde com objetivo de obter vantagem econômica, exceto
nas hipóteses relativas a prestação de serviços de saúde, de assistência farmacêutica e de
assistência à saúde, desde que observado o § 5º deste artigo, incluídos os serviços
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auxiliares de diagnose e terapia, em benefício dos interesses dos titulares de dados, e para
permitir:

I. a portabilidade de dados quando solicitada pelo titular; ou


II. as transações financeiras e administrativas resultantes do uso e da prestação
dos serviços de que trata este parágrafo.

§ 5º É vedado às operadoras de planos privados de assistência à saúde o tratamento


de dados de saúde para a prática de seleção de riscos na contratação de qualquer
modalidade, assim como na contratação e exclusão de beneficiários.

Art. 12. Os dados anonimizados não serão considerados dados pessoais para os
fins desta Lei, salvo quando o processo de anonimização ao qual foram submetidos for
revertido, utilizando exclusivamente meios próprios, ou quando, com esforços razoáveis,
puder ser revertido.

§ 1º A determinação do que seja razoável deve levar em consideração fatores


objetivos, tais como custo e tempo necessários para reverter o processo de anonimização,
de acordo com as tecnologias disponíveis, e a utilização exclusiva de meios próprios.

§ 2º Poderão ser igualmente considerados como dados pessoais, para os fins desta
Lei, aqueles utilizados para formação do perfil comportamental de determinada pessoa
natural, se identificada.

§ 3º A autoridade nacional poderá dispor sobre padrões e técnicas utilizados em


processos de anonimização e realizar verificações acerca de sua segurança, ouvido o
Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais.

Art. 13. Na realização de estudos em saúde pública, os órgãos de pesquisa poderão


ter acesso a bases de dados pessoais, que serão tratados exclusivamente dentro do órgão
e estritamente para a finalidade de realização de estudos e pesquisas e mantidos em
ambiente controlado e seguro, conforme práticas de segurança previstas em regulamento
específico e que incluam, sempre que possível, a anonimização ou pseudonimização dos
dados, bem como considerem os devidos padrões éticos relacionados a estudos e
pesquisas.

§ 1º A divulgação dos resultados ou de qualquer excerto do estudo ou da pesquisa


de que trata o caput deste artigo em nenhuma hipótese poderá revelar dados pessoais.

§ 2º O órgão de pesquisa será o responsável pela segurança da informação prevista


no caput deste artigo, não permitida, em circunstância alguma, a transferência dos dados
a terceiro.

§ 3º O acesso aos dados de que trata este artigo será objeto de regulamentação por
parte da autoridade nacional e das autoridades da área de saúde e sanitárias, no âmbito de
suas competências.

§ 4º Para os efeitos deste artigo, a pseudonimização é o tratamento por meio do qual


um dado perde a possibilidade de associação, direta ou indireta, a um indivíduo, senão
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pelo uso de informação adicional mantida separadamente pelo controlador em ambiente


controlado e seguro.

19.2.3 Seção III - Do Tratamento de Dados Pessoais de Crianças e de Adolescentes

Art. 14. O tratamento de dados pessoais de crianças e de adolescentes deverá


ser realizado em seu melhor interesse, nos termos deste artigo e da legislação
pertinente.

§ 1º O tratamento de dados pessoais de crianças deverá ser realizado com o


consentimento específico e em destaque dado por pelo menos um dos pais ou pelo
responsável legal.

§ 2º No tratamento de dados de que trata o § 1º deste artigo, os controladores deverão


manter pública a informação sobre os tipos de dados coletados, a forma de sua utilização
e os procedimentos para o exercício dos direitos a que se refere o art. 18 desta Lei.

§ 3º Poderão ser coletados dados pessoais de crianças sem o consentimento a que se


refere o § 1º deste artigo quando a coleta for necessária para contatar os pais ou o
responsável legal, utilizados uma única vez e sem armazenamento, ou para sua proteção,
e em nenhum caso poderão ser repassados a terceiro sem o consentimento de que trata o
§ 1º deste artigo.

§ 4º Os controladores não deverão condicionar a participação dos titulares de que


trata o § 1º deste artigo em jogos, aplicações de internet ou outras atividades ao
fornecimento de informações pessoais além das estritamente necessárias à atividade.

§ 5º O controlador deve realizar todos os esforços razoáveis para verificar que o


consentimento a que se refere o § 1º deste artigo foi dado pelo responsável pela criança,
consideradas as tecnologias disponíveis.

§ 6º As informações sobre o tratamento de dados referidas neste artigo deverão ser


fornecidas de maneira simples, clara e acessível, consideradas as características físico-
motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais e mentais do usuário, com uso de recursos
audiovisuais quando adequado, de forma a proporcionar a informação necessária aos pais
ou ao responsável legal e adequada ao entendimento da criança.

19.2.4 Seção IV - Do Término do Tratamento de Dados

Art. 15. O término do tratamento de dados pessoais ocorrerá nas seguintes


hipóteses:

I. verificação de que a finalidade foi alcançada ou de que os dados deixaram


de ser necessários ou pertinentes ao alcance da finalidade específica
almejada;
II. fim do período de tratamento;
III. comunicação do titular, inclusive no exercício de seu direito de revogação
do consentimento conforme disposto no § 5º do art. 8º desta Lei, resguardado
o interesse público; ou
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IV. determinação da autoridade nacional, quando houver violação ao disposto


nesta Lei.

Art. 16. Os dados pessoais serão eliminados após o término de seu tratamento,
no âmbito e nos limites técnicos das atividades, autorizada a conservação para as
seguintes finalidades:

I. cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador;


II. estudo por órgão de pesquisa, garantida, sempre que possível, a
anonimização dos dados pessoais;
III. transferência a terceiro, desde que respeitados os requisitos de tratamento de
dados dispostos nesta Lei; ou
IV. uso exclusivo do controlador, vedado seu acesso por terceiro, e desde que
anonimizados os dados.

19.3 CAPÍTULO III - DOS DIREITOS DO TITULAR

Art. 17. Toda pessoa natural tem assegurada a titularidade de seus dados
pessoais e garantidos os direitos fundamentais de liberdade, de intimidade e de
privacidade, nos termos desta Lei.

Art. 18. O titular dos dados pessoais tem direito a obter do controlador, em
relação aos dados do titular por ele tratados, a qualquer momento e mediante
requisição:

I. confirmação da existência de tratamento;


II. acesso aos dados;
III. correção de dados incompletos, inexatos ou desatualizados;
IV. anonimização, bloqueio ou eliminação de dados desnecessários, excessivos
ou tratados em desconformidade com o disposto nesta Lei;
V. portabilidade dos dados a outro fornecedor de serviço ou produto, mediante
requisição expressa, de acordo com a regulamentação da autoridade
nacional, observados os segredos comercial e industrial;
VI. eliminação dos dados pessoais tratados com o consentimento do titular,
exceto nas hipóteses previstas no art. 16 desta Lei;
VII. informação das entidades públicas e privadas com as quais o controlador
realizou uso compartilhado de dados;
VIII. informação sobre a possibilidade de não fornecer consentimento e sobre as
consequências da negativa;
IX. revogação do consentimento, nos termos do § 5º do art. 8º desta Lei.

§ 1º O titular dos dados pessoais tem o direito de peticionar em relação aos seus
dados contra o controlador perante a autoridade nacional.

§ 2º O titular pode opor-se a tratamento realizado com fundamento em uma das


hipóteses de dispensa de consentimento, em caso de descumprimento ao disposto nesta
Lei.

§ 3º Os direitos previstos neste artigo serão exercidos mediante requerimento


expresso do titular ou de representante legalmente constituído, a agente de tratamento.
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§ 4º Em caso de impossibilidade de adoção imediata da providência de que trata o


§ 3º deste artigo, o controlador enviará ao titular resposta em que poderá:

I. comunicar que não é agente de tratamento dos dados e indicar, sempre que
possível, o agente; ou
II. indicar as razões de fato ou de direito que impedem a adoção imediata da
providência.

§ 5º O requerimento referido no § 3º deste artigo será atendido sem custos para o


titular, nos prazos e nos termos previstos em regulamento.

§ 6º O responsável deverá informar, de maneira imediata, aos agentes de tratamento


com os quais tenha realizado uso compartilhado de dados a correção, a eliminação, a
anonimização ou o bloqueio dos dados, para que repitam idêntico procedimento, exceto
nos casos em que esta comunicação seja comprovadamente impossível ou implique
esforço desproporcional.

§ 7º A portabilidade dos dados pessoais a que se refere o inciso V do caput deste


artigo não inclui dados que já tenham sido anonimizados pelo controlador.

§ 8º O direito a que se refere o § 1º deste artigo também poderá ser exercido perante
os organismos de defesa do consumidor.

Art. 19. A confirmação de existência ou o acesso a dados pessoais serão


providenciados, mediante requisição do titular:

I. em formato simplificado, imediatamente; ou


II. por meio de declaração clara e completa, que indique a origem dos dados, a
inexistência de registro, os critérios utilizados e a finalidade do tratamento,
observados os segredos comercial e industrial, fornecida no prazo de até 15
(quinze) dias, contado da data do requerimento do titular.

§ 1º Os dados pessoais serão armazenados em formato que favoreça o exercício do


direito de acesso.

§ 2º As informações e os dados poderão ser fornecidos, a critério do titular:

I. por meio eletrônico, seguro e idôneo para esse fim; ou


II. sob forma impressa.

§ 3º Quando o tratamento tiver origem no consentimento do titular ou em contrato,


o titular poderá solicitar cópia eletrônica integral de seus dados pessoais, observados os
segredos comercial e industrial, nos termos de regulamentação da autoridade nacional,
em formato que permita a sua utilização subsequente, inclusive em outras operações de
tratamento.

§ 4º A autoridade nacional poderá dispor de forma diferenciada acerca dos prazos


previstos nos incisos I e II do caput deste artigo para os setores específicos.
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Art. 20. O titular dos dados tem direito a solicitar a revisão de decisões tomadas
unicamente com base em tratamento automatizado de dados pessoais que afetem seus
interesses, incluídas as decisões destinadas a definir o seu perfil pessoal, profissional, de
consumo e de crédito ou os aspectos de sua personalidade.

§ 1º O controlador deverá fornecer, sempre que solicitadas, informações claras e


adequadas a respeito dos critérios e dos procedimentos utilizados para a decisão
automatizada, observados os segredos comercial e industrial.

§ 2º Em caso de não oferecimento de informações de que trata o § 1º deste artigo


baseado na observância de segredo comercial e industrial, a autoridade nacional poderá
realizar auditoria para verificação de aspectos discriminatórios em tratamento
automatizado de dados pessoais.

Art. 21. Os dados pessoais referentes ao exercício regular de direitos pelo titular
não podem ser utilizados em seu prejuízo.

Art. 22. A defesa dos interesses e dos direitos dos titulares de dados poderá ser
exercida em juízo, individual ou coletivamente, na forma do disposto na legislação
pertinente, acerca dos instrumentos de tutela individual e coletiva.

19.4 CAPÍTULO V - DA TRANSFERÊNCIA INTERNACIONAL DE DADOS

Art. 33. A transferência internacional de dados pessoais somente é permitida


nos seguintes casos:

I. para países ou organismos internacionais que proporcionem grau de


proteção de dados pessoais adequado ao previsto nesta Lei;
II. quando o controlador oferecer e comprovar garantias de cumprimento dos
princípios, dos direitos do titular e do regime de proteção de dados previstos
nesta Lei, na forma de:

a. cláusulas contratuais específicas para determinada transferência;


b. cláusulas-padrão contratuais;
c. normas corporativas globais;
d. selos, certificados e códigos de conduta regularmente emitidos;

III. quando a transferência for necessária para a cooperação jurídica


internacional entre órgãos públicos de inteligência, de investigação e de
persecução, de acordo com os instrumentos de direito internacional;
IV. quando a transferência for necessária para a proteção da vida ou da
incolumidade física do titular ou de terceiro;
V. quando a autoridade nacional autorizar a transferência;
VI. quando a transferência resultar em compromisso assumido em acordo de
cooperação internacional;
VII. quando a transferência for necessária para a execução de política pública ou
atribuição legal do serviço público, sendo dada publicidade nos termos do
inciso I do caput do art. 23 desta Lei;
VIII. quando o titular tiver fornecido o seu consentimento específico e em
destaque para a transferência, com informação prévia sobre o caráter
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internacional da operação, distinguindo claramente esta de outras


finalidades; ou
IX. quando necessário para atender as hipóteses previstas nos incisos II, V e VI
do art. 7º desta Lei.

19.5 CAPÍTULO VI - DOS AGENTES DE TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS


19.5.1 Seção I - Do Controlador e do Operador

Art. 37. O controlador e o operador devem manter registro das operações de


tratamento de dados pessoais que realizarem, especialmente quando baseado no
legítimo interesse.

Art. 38. A autoridade nacional poderá determinar ao controlador que elabore


relatório de impacto à proteção de dados pessoais, inclusive de dados sensíveis, referente
a suas operações de tratamento de dados, nos termos de regulamento, observados os
segredos comercial e industrial.

Parágrafo único. Observado o disposto no caput deste artigo, o relatório deverá


conter, no mínimo, a descrição dos tipos de dados coletados, a metodologia utilizada para
a coleta e para a garantia da segurança das informações e a análise do controlador com
relação a medidas, salvaguardas e mecanismos de mitigação de risco adotados.

Art. 39. O operador deverá realizar o tratamento segundo as instruções fornecidas


pelo controlador, que verificará a observância das próprias instruções e das normas sobre
a matéria.

Art. 40. A autoridade nacional poderá dispor sobre padrões de interoperabilidade


para fins de portabilidade, livre acesso aos dados e segurança, assim como sobre o tempo
de guarda dos registros, tendo em vista especialmente a necessidade e a transparência.

19.5.2 Seção II - Do Encarregado pelo Tratamento de Dados Pessoais

Art. 41. O controlador deverá indicar encarregado pelo tratamento de dados


pessoais.

§ 1º A identidade e as informações de contato do encarregado deverão ser


divulgadas publicamente, de forma clara e objetiva, preferencialmente no sítio eletrônico
do controlador.

§ 2º As atividades do encarregado consistem em:

I. aceitar reclamações e comunicações dos titulares, prestar esclarecimentos e


adotar providências;
II. receber comunicações da autoridade nacional e adotar providências;
III. orientar os funcionários e os contratados da entidade a respeito das práticas
a serem tomadas em relação à proteção de dados pessoais; e
IV. executar as demais atribuições determinadas pelo controlador ou
estabelecidas em normas complementares.
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§ 3º A autoridade nacional poderá estabelecer normas complementares sobre a


definição e as atribuições do encarregado, inclusive hipóteses de dispensa da necessidade
de sua indicação, conforme a natureza e o porte da entidade ou o volume de operações de
tratamento de dados.

19.5.3 Seção III - Da Responsabilidade e do Ressarcimento de Danos

Art. 42. O controlador ou o operador que, em razão do exercício de atividade


de tratamento de dados pessoais, causar a outrem dano patrimonial, moral,
individual ou coletivo, em violação à legislação de proteção de dados pessoais, é
obrigado a repará-lo.

§ 1º A fim de assegurar a efetiva indenização ao titular dos dados:

I. o operador responde solidariamente pelos danos causados pelo tratamento


quando descumprir as obrigações da legislação de proteção de dados ou
quando não tiver seguido as instruções lícitas do controlador, hipótese em
que o operador equipara-se ao controlador, salvo nos casos de exclusão
previstos no art. 43 desta Lei;
II. os controladores que estiverem diretamente envolvidos no tratamento do
qual decorreram danos ao titular dos dados respondem solidariamente, salvo
nos casos de exclusão previstos no art. 43 desta Lei.

§ 2º O juiz, no processo civil, poderá inverter o ônus da prova a favor do titular dos
dados quando, a seu juízo, for verossímil a alegação, houver hipossuficiência para fins de
produção de prova ou quando a produção de prova pelo titular resultar-lhe
excessivamente onerosa.

§ 3º As ações de reparação por danos coletivos que tenham por objeto a


responsabilização nos termos do caput deste artigo podem ser exercidas coletivamente
em juízo, observado o disposto na legislação pertinente.

§ 4º Aquele que reparar o dano ao titular tem direito de regresso contra os demais
responsáveis, na medida de sua participação no evento danoso.

Art. 43. Os agentes de tratamento só não serão responsabilizados quando provarem:

I. que não realizaram o tratamento de dados pessoais que lhes é atribuído;


II. que, embora tenham realizado o tratamento de dados pessoais que lhes é
atribuído, não houve violação à legislação de proteção de dados; ou
III. que o dano é decorrente de culpa exclusiva do titular dos dados ou de
terceiro.

Art. 44. O tratamento de dados pessoais será irregular quando deixar de observar a
legislação ou quando não fornecer a segurança que o titular dele pode esperar,
consideradas as circunstâncias relevantes, entre as quais:

I. o modo pelo qual é realizado;


II. o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
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III. as técnicas de tratamento de dados pessoais disponíveis à época em que foi


realizado.

Parágrafo único. Responde pelos danos decorrentes da violação da segurança dos


dados o controlador ou o operador que, ao deixar de adotar as medidas de segurança
previstas no art. 46 desta Lei, der causa ao dano.

Art. 45. As hipóteses de violação do direito do titular no âmbito das relações de


consumo permanecem sujeitas às regras de responsabilidade previstas na legislação
pertinente.

19.6 CAPÍTULO VII - DA SEGURANÇA E DAS BOAS PRÁTICAS


19.6.1 Seção I - Da Segurança e do Sigilo de Dados

Art. 46. Os agentes de tratamento devem adotar medidas de segurança, técnicas e


administrativas aptas a proteger os dados pessoais de acessos não autorizados e de
situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou qualquer
forma de tratamento inadequado ou ilícito.

§ 1º A autoridade nacional poderá dispor sobre padrões técnicos mínimos para


tornar aplicável o disposto no caput deste artigo, considerados a natureza das informações
tratadas, as características específicas do tratamento e o estado atual da tecnologia,
especialmente no caso de dados pessoais sensíveis, assim como os princípios previstos
no caput do art. 6º desta Lei.

§ 2º As medidas de que trata o caput deste artigo deverão ser observadas desde a
fase de concepção do produto ou do serviço até a sua execução.

Art. 47. Os agentes de tratamento ou qualquer outra pessoa que intervenha em uma
das fases do tratamento obriga-se a garantir a segurança da informação prevista nesta Lei
em relação aos dados pessoais, mesmo após o seu término.

Art. 48. O controlador deverá comunicar à autoridade nacional e ao titular a


ocorrência de incidente de segurança que possa acarretar risco ou dano relevante aos
titulares.

§ 1º A comunicação será feita em prazo razoável, conforme definido pela autoridade


nacional, e deverá mencionar, no mínimo:

I. a descrição da natureza dos dados pessoais afetados;


II. as informações sobre os titulares envolvidos;
III. a indicação das medidas técnicas e de segurança utilizadas para a proteção
dos dados, observados os segredos comercial e industrial;
IV. os riscos relacionados ao incidente;
V. os motivos da demora, no caso de a comunicação não ter sido imediata; e
VI. as medidas que foram ou que serão adotadas para reverter ou mitigar os
efeitos do prejuízo.
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§ 2º A autoridade nacional verificará a gravidade do incidente e poderá, caso


necessário para a salvaguarda dos direitos dos titulares, determinar ao controlador a
adoção de providências, tais como:

I. ampla divulgação do fato em meios de comunicação; e


II. medidas para reverter ou mitigar os efeitos do incidente.

§ 3º No juízo de gravidade do incidente, será avaliada eventual comprovação de que


foram adotadas medidas técnicas adequadas que tornem os dados pessoais afetados
ininteligíveis, no âmbito e nos limites técnicos de seus serviços, para terceiros não
autorizados a acessá-los.

Art. 49. Os sistemas utilizados para o tratamento de dados pessoais devem ser
estruturados de forma a atender aos requisitos de segurança, aos padrões de boas práticas
e de governança e aos princípios gerais previstos nesta Lei e às demais normas
regulamentares.

19.6.2 Seção II - Das Boas Práticas e da Governança

Art. 50. Os controladores e operadores, no âmbito de suas competências, pelo


tratamento de dados pessoais, individualmente ou por meio de associações, poderão
formular regras de boas práticas e de governança que estabeleçam as condições de
organização, o regime de funcionamento, os procedimentos, incluindo reclamações e
petições de titulares, as normas de segurança, os padrões técnicos, as obrigações
específicas para os diversos envolvidos no tratamento, as ações educativas, os
mecanismos internos de supervisão e de mitigação de riscos e outros aspectos
relacionados ao tratamento de dados pessoais.

§ 1º Ao estabelecer regras de boas práticas, o controlador e o operador levarão em


consideração, em relação ao tratamento e aos dados, a natureza, o escopo, a finalidade e
a probabilidade e a gravidade dos riscos e dos benefícios decorrentes de tratamento de
dados do titular.

§ 2º Na aplicação dos princípios indicados nos incisos VII e VIII do caput do art. 6º
desta Lei, o controlador, observados a estrutura, a escala e o volume de suas operações,
bem como a sensibilidade dos dados tratados e a probabilidade e a gravidade dos danos
para os titulares dos dados, poderá:

I. implementar programa de governança em privacidade que, no mínimo:

a. demonstre o comprometimento do controlador em adotar processos


e políticas internas que assegurem o cumprimento, de forma
abrangente, de normas e boas práticas relativas à proteção de dados
pessoais;
b. seja aplicável a todo o conjunto de dados pessoais que estejam sob
seu controle, independentemente do modo como se realizou sua
coleta;
c. seja adaptado à estrutura, à escala e ao volume de suas operações,
bem como à sensibilidade dos dados tratados;
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d. estabeleça políticas e salvaguardas adequadas com base em processo


de avaliação sistemática de impactos e riscos à privacidade;
e. tenha o objetivo de estabelecer relação de confiança com o titular,
por meio de atuação transparente e que assegure mecanismos de
participação do titular;
f. esteja integrado a sua estrutura geral de governança e estabeleça e
aplique mecanismos de supervisão internos e externos;
g. conte com planos de resposta a incidentes e remediação; e
h. seja atualizado constantemente com base em informações obtidas a
partir de monitoramento contínuo e avaliações periódicas;

II. demonstrar a efetividade de seu programa de governança em privacidade


quando apropriado e, em especial, a pedido da autoridade nacional ou de
outra entidade responsável por promover o cumprimento de boas práticas ou
códigos de conduta, os quais, de forma independente, promovam o
cumprimento desta Lei.

§ 3º As regras de boas práticas e de governança deverão ser publicadas e atualizadas


periodicamente e poderão ser reconhecidas e divulgadas pela autoridade nacional.

Art. 51. A autoridade nacional estimulará a adoção de padrões técnicos que facilitem
o controle pelos titulares dos seus dados pessoais.

19.7 CAPÍTULO VIII - DA FISCALIZAÇÃO


19.7.1 Seção I - Das Sanções Administrativas

Art. 52. Os agentes de tratamento de dados, em razão das infrações cometidas às


normas previstas nesta Lei, ficam sujeitos às seguintes sanções administrativas aplicáveis
pela autoridade nacional:

I. Advertência, com indicação de prazo para adoção de medidas corretivas;


II. multa simples, de até 2% (dois por cento) do faturamento da pessoa
jurídica de direito privado, grupo ou conglomerado no Brasil no seu último
exercício, excluídos os tributos, limitada, no total, a R$ 50.000.000,00
(cinquenta milhões de reais) por infração;
III. multa diária, observado o limite total a que se refere o inciso II;
IV. publicização da infração após devidamente apurada e confirmada a sua
ocorrência;
V. bloqueio dos dados pessoais a que se refere a infração até a sua
regularização;
VI. eliminação dos dados pessoais a que se refere a infração;
VII. suspensão parcial do funcionamento do banco de dados a que se refere a
infração pelo período máximo de 6 (seis) meses, prorrogável por igual
período, até a regularização da atividade de tratamento pelo controlador;
VIII. suspensão do exercício da atividade de tratamento dos dados pessoais a
que se refere a infração pelo período máximo de 6 (seis) meses, prorrogável
por igual período;
IX. proibição parcial ou total do exercício de atividades relacionadas a
tratamento de dados.
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§ 1º As sanções serão aplicadas após procedimento administrativo que possibilite a


oportunidade da ampla defesa, de forma gradativa, isolada ou cumulativa, de acordo com
as peculiaridades do caso concreto e considerados os seguintes parâmetros e critérios:

I. a gravidade e a natureza das infrações e dos direitos pessoais afetados;


II. a boa-fé do infrator;
III. a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;
IV. a condição econômica do infrator;
V. a reincidência;
VI. o grau do dano;
VII. a cooperação do infrator;
VIII. a adoção reiterada e demonstrada de mecanismos e procedimentos internos
capazes de minimizar o dano, voltados ao tratamento seguro e adequado de
dados, em consonância com o disposto no inciso II do § 2º do art. 48 desta
Lei;
IX. a adoção de política de boas práticas e governança;
X. a pronta adoção de medidas corretivas; e
XI. a proporcionalidade entre a gravidade da falta e a intensidade da sanção.

Art. 53. A autoridade nacional definirá, por meio de regulamento próprio sobre
sanções administrativas a infrações a esta Lei, que deverá ser objeto de consulta pública,
as metodologias que orientarão o cálculo do valor-base das sanções de multa.

Art. 54. O valor da sanção de multa diária aplicável às infrações a esta Lei deve
observar a gravidade da falta e a extensão do dano ou prejuízo causado e ser
fundamentado pela autoridade nacional.

Parágrafo único. A intimação da sanção de multa diária deverá conter, no mínimo,


a descrição da obrigação imposta, o prazo razoável e estipulado pelo órgão para o seu
cumprimento e o valor da multa diária a ser aplicada pelo seu descumprimento.

19.8 CAPÍTULO IX - DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS


(ANPD) E DO CONSELHO NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS E
DA PRIVACIDADE
19.8.1 Seção I - Da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD)

Art. 55-A. Fica criada a Autoridade Nacional de Proteção de Dados


(ANPD), autarquia de natureza especial, dotada de autonomia técnica e decisória, com p
atrimônio próprio e com sede e foro no Distrito Federal.

Art. 55-C. A ANPD é composta de:

I. Conselho Diretor, órgão máximo de direção;


II. Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade;
III. Corregedoria;
IV. Ouvidoria;

V. Procuradoria; e
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VI. unidades administrativas e unidades especializadas necessárias à aplicação do


disposto nesta Lei.

Art. 55-D. O Conselho Diretor da ANPD será composto de 5 (cinco) diretores,


incluído o Diretor-Presidente.

§ 1º Os membros do Conselho Diretor da ANPD serão escolhidos pelo


Presidente da República e por ele nomeados, após aprovação pelo Senado Federal,
nos termos da alínea ‘f’ do inciso III do art. 52 da Constituição Federal, e ocuparão cargo
em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, no mínimo, de nível
5.

§ 2º Os membros do Conselho Diretor serão escolhidos dentre brasileiros que


tenham reputação ilibada, nível superior de educação e elevado conceito no campo de
especialidade dos cargos para os quais serão nomeados.

§ 3º O mandato dos membros do Conselho Diretor será de 4 (quatro) anos.

§ 4º Os mandatos dos primeiros membros do Conselho Diretor nomeados serão


de 2 (dois), de 3 (três), de 4 (quatro), de 5 (cinco) e de 6 (seis) anos, conforme
estabelecido no ato de nomeação.

§ 5º Na hipótese de vacância do cargo no curso do mandato de membro do


Conselho Diretor, o prazo remanescente será completado pelo sucessor.

Art. 55-E. Os membros do Conselho Diretor somente perderão seus cargos em


virtude de renúncia, condenação judicial transitada em julgado ou pena de demissão
decorrente de processo administrativo disciplinar.

§ 1º Nos termos do caput deste artigo, cabe ao Ministro de Estado Chefe da Casa
Civil da Presidência da República instaurar o processo administrativo disciplinar, que
será conduzido por comissão especial constituída por servidores públicos federais
estáveis.

§ 2º Compete ao Presidente da República determinar o afastamento


preventivo, somente quando assim recomendado pela comissão especial de que trata
o § 1º deste artigo, e proferir o julgamento.

Art. 55-F. Aplica-se aos membros do Conselho Diretor, após o exercício do cargo,
o disposto no art. 6º da Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013.

Parágrafo único. A infração ao disposto no caput deste artigo caracteriza ato de


improbidade administrativa.

Art. 55-G. Ato do Presidente da República disporá sobre a estrutura regimental da


ANPD.

§ 1º Até a data de entrada em vigor de sua estrutura regimental, a ANPD receberá o


apoio técnico e administrativo da Casa Civil da Presidência da República para o exercício
de suas atividades.
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§ 2º O Conselho Diretor disporá sobre o regimento interno da ANPD.

Art. 55-H. Os cargos em comissão e as funções de confiança da ANPD serão


remanejados de outros órgãos e entidades do Poder Executivo federal

Art. 55-I. Os ocupantes dos cargos em comissão e das funções de confiança da


ANPD serão indicados pelo Conselho Diretor e nomeados ou designados pelo Diretor-
Presidente.

Art. 55-J. Compete à ANPD:

I. zelar pela proteção dos dados pessoais, nos termos da legislação;


II. zelar pela observância dos segredos comercial e industrial, observada a
proteção de dados pessoais e do sigilo das informações quando protegido
por lei ou quando a quebra do sigilo violar os fundamentos do art. 2º desta
Lei;
III. elaborar diretrizes para a Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e
da Privacidade;
IV. fiscalizar e aplicar sanções em caso de tratamento de dados realizado em
descumprimento à legislação, mediante processo administrativo que
assegure o contraditório, a ampla defesa e o direito de recurso;
V. apreciar petições de titular contra controlador após comprovada pelo titular
a apresentação de reclamação ao controlador não solucionada no prazo
estabelecido em regulamentação;
VI. promover na população o conhecimento das normas e das políticas públicas
sobre proteção de dados pessoais e das medidas de segurança;
VII. promover e elaborar estudos sobre as práticas nacionais e internacionais de
proteção de dados pessoais e privacidade;
VIII. estimular a adoção de padrões para serviços e produtos que facilitem o
exercício de controle dos titulares sobre seus dados pessoais, os quais
deverão levar em consideração as especificidades das atividades e o porte
dos responsáveis;
IX. promover ações de cooperação com autoridades de proteção de dados
pessoais de outros países, de natureza internacional ou transnacional;
X. dispor sobre as formas de publicidade das operações de tratamento de dados
pessoais, respeitados os segredos comercial e industrial;
XI. solicitar, a qualquer momento, às entidades do poder público que realizem
operações de tratamento de dados pessoais informe específico sobre o
âmbito, a natureza dos dados e os demais detalhes do tratamento realizado,
com a possibilidade de emitir parecer técnico complementar para garantir o
cumprimento desta Lei;
XII. elaborar relatórios de gestão anuais acerca de suas atividades;
XIII. editar regulamentos e procedimentos sobre proteção de dados pessoais e
privacidade, bem como sobre relatórios de impacto à proteção de dados
pessoais para os casos em que o tratamento representar alto risco à garantia
dos princípios gerais de proteção de dados pessoais previstos nesta Lei;
XIV. ouvir os agentes de tratamento e a sociedade em matérias de interesse
relevante e prestar contas sobre suas atividades e planejamento;
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XV. arrecadar e aplicar suas receitas e publicar, no relatório de gestão a que se


refere o inciso XII do caput deste artigo, o detalhamento de suas receitas e
despesas;
XVI. realizar auditorias, ou determinar sua realização, no âmbito da atividade de
fiscalização de que trata o inciso IV e com a devida observância do disposto
no inciso II do caput deste artigo, sobre o tratamento de dados pessoais
efetuado pelos agentes de tratamento, incluído o poder público;
XVII. celebrar, a qualquer momento, compromisso com agentes de tratamento para
eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa no âmbito
de processos administrativos, de acordo com o previsto no Decreto-Lei nº
4.657, de 4 de setembro de 1942;
XVIII. editar normas, orientações e procedimentos simplificados e diferenciados,
inclusive quanto aos prazos, para que microempresas e empresas de pequeno
porte, bem como iniciativas empresariais de caráter incremental ou
disruptivo que se autodeclarem startups ou empresas de inovação, possam
adequar-se a esta Lei;
XIX. garantir que o tratamento de dados de idosos seja efetuado de maneira
simples, clara, acessível e adequada ao seu entendimento, nos termos desta
Lei e da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso);
XX. deliberar, na esfera administrativa, em caráter terminativo, sobre a
interpretação desta Lei, as suas competências e os casos omissos;
XXI. comunicar às autoridades competentes as infrações penais das quais tiver
conhecimento;
XXII. comunicar aos órgãos de controle interno o descumprimento do disposto
nesta Lei por órgãos e entidades da administração pública federal;
XXIII. articular-se com as autoridades reguladoras públicas para exercer suas
competências em setores específicos de atividades econômicas e
governamentais sujeitas à regulação; e
XXIV. implementar mecanismos simplificados, inclusive por meio eletrônico, para
o registro de reclamações sobre o tratamento de dados pessoais em
desconformidade com esta Lei.

§ 1º Ao impor condicionantes administrativas ao tratamento de dados pessoais por


agente de tratamento privado, sejam eles limites, encargos ou sujeições, a ANPD deve
observar a exigência de mínima intervenção, assegurados os fundamentos, os princípios
e os direitos dos titulares previstos no art. 170 da Constituição Federal e nesta Lei.

§ 2º Os regulamentos e as normas editados pela ANPD devem ser precedidos de


consulta e audiência públicas, bem como de análises de impacto regulatório.

§ 3º A ANPD e os órgãos e entidades públicos responsáveis pela regulação de


setores específicos da atividade econômica e governamental devem coordenar suas
atividades, nas correspondentes esferas de atuação, com vistas a assegurar o cumprimento
de suas atribuições com a maior eficiência e promover o adequado funcionamento dos
setores regulados, conforme legislação específica, e o tratamento de dados pessoais, na
forma desta Lei.

§ 4º A ANPD manterá fórum permanente de comunicação, inclusive por meio de


cooperação técnica, com órgãos e entidades da administração pública responsáveis pela
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regulação de setores específicos da atividade econômica e governamental, a fim de


facilitar as competências regulatória, fiscalizatória e punitiva da ANPD.

§ 5º No exercício das competências de que trata o caput deste artigo, a autoridade


competente deverá zelar pela preservação do segredo empresarial e do sigilo das
informações, nos termos da lei.

§ 6º As reclamações colhidas conforme o disposto no inciso V do caput deste artigo


poderão ser analisadas de forma agregada, e as eventuais providências delas decorrentes
poderão ser adotadas de forma padronizada.

Art. 55-K. A aplicação das sanções previstas nesta Lei compete exclusivamente à
ANPD, e suas competências prevalecerão, no que se refere à proteção de dados pessoais,
sobre as competências correlatas de outras entidades ou órgãos da administração pública.

Parágrafo único. A ANPD articulará sua atuação com outros órgãos e entidades com
competências sancionatórias e normativas afetas ao tema de proteção de dados pessoais
e será o órgão central de interpretação desta Lei e do estabelecimento de normas e
diretrizes para a sua implementação.

19.8.2 Seção II - Do Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade

Art. 58-A. O Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade


será composto de 23 (vinte e três) representantes, titulares e suplentes, dos seguintes
órgãos:

I. 5 (cinco) do Poder Executivo federal;


II. 1 (um) do Senado Federal;
III. 1 (um) da Câmara dos Deputados;
IV. 1 (um) do Conselho Nacional de Justiça;
V. 1 (um) do Conselho Nacional do Ministério Público;
VI. 1 (um) do Comitê Gestor da Internet no Brasil;
VII. 3 (três) de entidades da sociedade civil com atuação relacionada a proteção
de dados pessoais;
VIII. 3 (três) de instituições científicas, tecnológicas e de inovação;
IX. 3 (três) de confederações sindicais representativas das categorias
econômicas do setor produtivo;
X. 2 (dois) de entidades representativas do setor empresarial relacionado à área
de tratamento de dados pessoais; e
XI. 2 (dois) de entidades representativas do setor laboral.

§ 1º Os representantes serão designados por ato do Presidente da República,


permitida a delegação.

§ 2º Os representantes de que tratam os incisos I, II, III, IV, V e VI do caput deste


artigo e seus suplentes serão indicados pelos titulares dos respectivos órgãos e entidades
da administração pública.

§ 3º Os representantes de que tratam os incisos VII, VIII, IX, X e XI do caput deste


artigo e seus suplentes:
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I. serão indicados na forma de regulamento;


II. não poderão ser membros do Comitê Gestor da Internet no Brasil;
III. terão mandato de 2 (dois) anos, permitida 1 (uma) recondução.

§ 4º A participação no Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da


Privacidade será considerada prestação de serviço público relevante, não remunerada.

Art. 58-B. Compete ao Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da


Privacidade:

I. propor diretrizes estratégicas e fornecer subsídios para a elaboração da


Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade e para a
atuação da ANPD;
II. elaborar relatórios anuais de avaliação da execução das ações da Política
Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade;
III. sugerir ações a serem realizadas pela ANPD;
IV. elaborar estudos e realizar debates e audiências públicas sobre a proteção de
dados pessoais e da privacidade; e
V. disseminar o conhecimento sobre a proteção de dados pessoais e da
privacidade à população.
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Exercícios de Fixação

21004 - Ao realizar a matrícula do seu curso, o estudante preencheu uma ficha


cadastral com os seguintes dados: nome, endereço, telefone, religião, estado civil,
raça, nome dos pais, número de filhos e sindicato ao qual era filiado. Segundo a Lei
Geral de Proteção de Dados (LGPD), consideram-se sensíveis os seguintes dados
solicitados:

a) religião, raça e filiação a sindicato


b) religião, estado civil e filiação a sindicato
c) religião, estado civil e raça
d) número de filhos, raça e religião
e) número de filhos, raça e estado civil

Ano: 2021 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO -


2021 - Banco do Brasil - Escriturário - Agente Comercial - Prova B

Questão comentada: https://vimeo.com/762758086/a144647bc3

01) De acordo com o que estabelece a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº
13.709/2018) acerca da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD),

a) os membros do Conselho Diretor da ANPD serão escolhidos dentre brasileiros


que tenham reputação ilibada, nível superior de educação e elevado conceito no
campo de especialidade dos cargos para os quais serão nomeados, com mandato
de um ano, permitida uma recondução.
b) sua natureza é de secretaria especial, vinculada ao Ministério da Justiça, dotada
de autonomia técnica e decisória, com patrimônio próprio e com sede e foro no
Distrito Federal.
c) os membros do Conselho Diretor da ANPD somente perderão seus cargos em
virtude de renúncia, condenação judicial transitada em julgado ou pena de
demissão decorrente de processo administrativo disciplinar.
d) os membros do Conselho Diretor da ANPD serão escolhidos pelo Presidente da
República e por ele nomeados, após aprovação pelo Congresso Nacional.
e) os ocupantes dos cargos em comissão e das funções de confiança da ANPD serão
indicados pelo Presidente da República, após aprovação do Senado Federal.

02) É fundamento da disciplina da proteção de dados pessoais, conforme expresso


no artigo 2º da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais:

a) a eficiência da administração pública


b) a transparência dos atos administrativos
c) o direito de disseminação de conteúdos de qualquer natureza
d) a imoralidade na disseminação de dados e informações
e) a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem.

GABARITO:

21004-A 01-C 02-E


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20 CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil de


pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou
estrangeira.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades empresárias e às


sociedades simples, personificadas ou não, independentemente da forma de
organização ou modelo societário adotado, bem como a quaisquer fundações,
associações de entidades ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede,
filial ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de direito,
ainda que temporariamente.

Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos


administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos nesta Lei praticados em seu interesse
ou benefício, exclusivo ou não.

Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade


individual de seus dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural, autora,
coautora ou partícipe do ato ilícito.

§ 1º A pessoa jurídica será responsabilizada independentemente da


responsabilização individual das pessoas naturais referidas no caput .

§ 2º Os dirigentes ou administradores somente serão responsabilizados por atos


ilícitos na medida da sua culpabilidade.

Art. 4º Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipótese de alteração


contratual, transformação, incorporação, fusão ou cisão societária.

§ 1º Nas hipóteses de fusão e incorporação, a responsabilidade da sucessora será


restrita à obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano causado, até o
limite do patrimônio transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas
nesta Lei decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão ou incorporação,
exceto no caso de simulação ou evidente intuito de fraude, devidamente comprovados.

§ 2º As sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no âmbito do


respectivo contrato, as consorciadas serão solidariamente responsáveis pela prática dos
atos previstos nesta Lei, restringindo-se tal responsabilidade à obrigação de pagamento
de multa e reparação integral do dano causado.

20.1 CAPÍTULO II - DOS ATOS LESIVOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


NACIONAL OU ESTRANGEIRA

Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira,


para os fins desta Lei, todos aqueles praticados pelas pessoas jurídicas mencionadas no
parágrafo único do art. 1º , que atentem contra o patrimônio público nacional ou
estrangeiro, contra princípios da administração pública ou contra os compromissos
internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos:
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I. prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a


agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada;
II. comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo
subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei;
III. comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para
ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a identidade dos beneficiários
dos atos praticados;
IV. no tocante a licitações e contratos:

a. frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro


expediente, o caráter competitivo de procedimento licitatório
público;
b. impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de
procedimento licitatório público;
c. afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou
oferecimento de vantagem de qualquer tipo;
d. fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;
e. criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para
participar de licitação pública ou celebrar contrato administrativo;
f. obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de
modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a
administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório
da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou
g. manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos
contratos celebrados com a administração pública;

V. dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades ou


agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das
agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do sistema financeiro
nacional.

§ 1º Considera-se administração pública estrangeira os órgãos e entidades estatais


ou representações diplomáticas de país estrangeiro, de qualquer nível ou esfera de
governo, bem como as pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder
público de país estrangeiro.

§ 2º Para os efeitos desta Lei, equiparam-se à administração pública estrangeira as


organizações públicas internacionais.

§ 3º Considera-se agente público estrangeiro, para os fins desta Lei, quem, ainda
que transitoriamente ou sem remuneração, exerça cargo, emprego ou função pública em
órgãos, entidades estatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro, assim
como em pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público de
país estrangeiro ou em organizações públicas internacionais.

20.1.1 CAPÍTULO III - DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas jurídicas consideradas


responsáveis pelos atos lesivos previstos nesta Lei as seguintes sanções:
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I. multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte por cento)
do faturamento bruto do último exercício anterior ao da instauração do
processo administrativo, excluídos os tributos, a qual nunca será inferior à
vantagem auferida, quando for possível sua estimação; e
II. publicação extraordinária da decisão condenatória.

§ 1º As sanções serão aplicadas fundamentadamente, isolada ou cumulativamente,


de acordo com as peculiaridades do caso concreto e com a gravidade e natureza das
infrações.

§ 2º A aplicação das sanções previstas neste artigo será precedida da manifestação


jurídica elaborada pela Advocacia Pública ou pelo órgão de assistência jurídica, ou
equivalente, do ente público.

§ 3º A aplicação das sanções previstas neste artigo não exclui, em qualquer


hipótese, a obrigação da reparação integral do dano causado.

§ 4º Na hipótese do inciso I do caput , caso não seja possível utilizar o critério do


valor do faturamento bruto da pessoa jurídica, a multa será de R$ 6.000,00 (seis mil
reais) a R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais).

§ 5º A publicação extraordinária da decisão condenatória ocorrerá na forma de


extrato de sentença, a expensas da pessoa jurídica, em meios de comunicação de grande
circulação na área da prática da infração e de atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta,
em publicação de circulação nacional, bem como por meio de afixação de edital, pelo
prazo mínimo de 30 (trinta) dias, no próprio estabelecimento ou no local de exercício da
atividade, de modo visível ao público, e no sítio eletrônico na rede mundial de
computadores.

Art. 7º Serão levados em consideração na aplicação das sanções:

I. a gravidade da infração;
II. a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;
III. a consumação ou não da infração;
IV. o grau de lesão ou perigo de lesão;
V. o efeito negativo produzido pela infração;
VI. a situação econômica do infrator;
VII. a cooperação da pessoa jurídica para a apuração das infrações;
VIII. a existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade,
auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de
códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica;
IX. o valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o órgão ou entidade
pública lesados; e

Parágrafo único. Os parâmetros de avaliação de mecanismos e procedimentos


previstos no inciso VIII do caput serão estabelecidos em regulamento do Poder Executivo
federal.
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20.1.2 CAPÍTULO IV - DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE


RESPONSABILIZAÇÃO

Art. 8º A instauração e o julgamento de processo administrativo para apuração da


responsabilidade de pessoa jurídica cabem à autoridade máxima de cada órgão ou
entidade dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, que agirá de ofício ou mediante
provocação, observados o contraditório e a ampla defesa.

§ 1º A competência para a instauração e o julgamento do processo administrativo


de apuração de responsabilidade da pessoa jurídica poderá ser delegada, vedada a
subdelegação.

§ 2º No âmbito do Poder Executivo federal, a Controladoria-Geral da União - CGU


terá competência concorrente para instaurar processos administrativos de
responsabilização de pessoas jurídicas ou para avocar os processos instaurados com
fundamento nesta Lei, para exame de sua regularidade ou para corrigir-lhes o andamento.

Art. 9º Competem à Controladoria-Geral da União - CGU a apuração, o processo e


o julgamento dos atos ilícitos previstos nesta Lei, praticados contra a administração
pública estrangeira, observado o disposto no Artigo 4 da Convenção sobre o Combate da
Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais
Internacionais, promulgada pelo Decreto nº 3.678, de 30 de novembro de 2000.

Art. 10. O processo administrativo para apuração da responsabilidade de pessoa


jurídica será conduzido por comissão designada pela autoridade instauradora e composta
por 2 (dois) ou mais servidores estáveis.

§ 1º O ente público, por meio do seu órgão de representação judicial, ou


equivalente, a pedido da comissão a que se refere o caput , poderá requerer as medidas
judiciais necessárias para a investigação e o processamento das infrações, inclusive de
busca e apreensão.

§ 2º A comissão poderá, cautelarmente, propor à autoridade instauradora que


suspenda os efeitos do ato ou processo objeto da investigação.

§ 3º A comissão deverá concluir o processo no prazo de 180 (cento e oitenta) dias


contados da data da publicação do ato que a instituir e, ao final, apresentar relatórios sobre
os fatos apurados e eventual responsabilidade da pessoa jurídica, sugerindo de forma
motivada as sanções a serem aplicadas.

§ 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser prorrogado, mediante ato fundamentado da


autoridade instauradora.

Art. 11. No processo administrativo para apuração de responsabilidade, será


concedido à pessoa jurídica prazo de 30 (trinta) dias para defesa, contados a partir da
intimação.

Art. 12. O processo administrativo, com o relatório da comissão, será remetido à


autoridade instauradora, na forma do art. 10, para julgamento.
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Art. 13. A instauração de processo administrativo específico de reparação integral


do dano não prejudica a aplicação imediata das sanções estabelecidas nesta Lei.

Parágrafo único. Concluído o processo e não havendo pagamento, o crédito apurado


será inscrito em dívida ativa da fazenda pública.

Art. 14. A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada sempre que utilizada
com abuso do direito para facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos
previstos nesta Lei ou para provocar confusão patrimonial, sendo estendidos todos os
efeitos das sanções aplicadas à pessoa jurídica aos seus administradores e sócios com
poderes de administração, observados o contraditório e a ampla defesa.

Art. 15. A comissão designada para apuração da responsabilidade de pessoa


jurídica, após a conclusão do procedimento administrativo, dará conhecimento ao
Ministério Público de sua existência, para apuração de eventuais delitos.

20.1.3 CAPÍTULO V - DO ACORDO DE LENIÊNCIA

Art. 16. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pública poderá celebrar
acordo de leniência com as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos atos previstos
nesta Lei que colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo,
sendo que dessa colaboração resulte:

I. a identificação dos demais envolvidos na infração, quando couber; e


II. a obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito
sob apuração.

§ 1º O acordo de que trata o caput somente poderá ser celebrado se preenchidos,


cumulativamente, os seguintes requisitos:

I. a pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar sobre seu interesse em cooperar


para a apuração do ato ilícito;
II. a pessoa jurídica cesse completamente seu envolvimento na infração investigada
a partir da data de propositura do acordo;
III. a pessoa jurídica admita sua participação no ilícito e coopere plena e
permanentemente com as investigações e o processo administrativo,
comparecendo, sob suas expensas, sempre que solicitada, a todos os atos
processuais, até seu encerramento.

§2º A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa jurídica das sanções


previstas no inciso II do art. 6º e no inciso IV do art. 19 e reduzirá em até 2/3 (dois terços)
o valor da multa aplicável.

§ 3º O acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da obrigação de reparar


integralmente o dano causado.
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§ 4º O acordo de leniência estipulará as condições necessárias para assegurar a


efetividade da colaboração e o resultado útil do processo.

§ 5º Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pessoas jurídicas que


integram o mesmo grupo econômico, de fato e de direito, desde que firmem o acordo em
conjunto, respeitadas as condições nele estabelecidas.

§ 6º A proposta de acordo de leniência somente se tornará pública após a efetivação


do respectivo acordo, salvo no interesse das investigações e do processo administrativo.

§ 7º Não importará em reconhecimento da prática do ato ilícito investigado a


proposta de acordo de leniência rejeitada.

§ 8º Em caso de descumprimento do acordo de leniência, a pessoa jurídica ficará


impedida de celebrar novo acordo pelo prazo de 3 (três) anos contados do conhecimento
pela administração pública do referido descumprimento.

§ 9º A celebração do acordo de leniência interrompe o prazo prescricional dos atos


ilícitos previstos nesta Lei.

§ 10. A Controladoria-Geral da União - CGU é o órgão competente para celebrar


os acordos de leniência no âmbito do Poder Executivo federal, bem como no caso de atos
lesivos praticados contra a administração pública estrangeira.

Art. 17. A administração pública poderá também celebrar acordo de leniência com
a pessoa jurídica responsável pela prática de ilícitos previstos na Lei nº 8.666, de 21 de
junho de 1993, com vistas à isenção ou atenuação das sanções administrativas
estabelecidas em seus arts. 86 a 88.

20.1.4 CAPÍTULO VI - DA RESPONSABILIZAÇÃO JUDICIAL

Art. 18. Na esfera administrativa, a responsabilidade da pessoa jurídica não afasta


a possibilidade de sua responsabilização na esfera judicial.

Art. 19. Em razão da prática de atos previstos no art. 5º desta Lei, a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por meio das respectivas Advocacias
Públicas ou órgãos de representação judicial, ou equivalentes, e o Ministério Público,
poderão ajuizar ação com vistas à aplicação das seguintes sanções às pessoas jurídicas
infratoras:

I. perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou


proveito direta ou indiretamente obtidos da infração, ressalvado o direito do
lesado ou de terceiro de boa-fé;
II. suspensão ou interdição parcial de suas atividades;
III. dissolução compulsória da pessoa jurídica;
IV. proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou
empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras
públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo mínimo de 1 (um) e
máximo de 5 (cinco) anos.
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§ 1º A dissolução compulsória da pessoa jurídica será determinada quando


comprovado:

I. ter sido a personalidade jurídica utilizada de forma habitual para facilitar ou


promover a prática de atos ilícitos; ou
II. ter sido constituída para ocultar ou dissimular interesses ilícitos ou a
identidade dos beneficiários dos atos praticados.

§ 3º As sanções poderão ser aplicadas de forma isolada ou cumulativa.

§ 4º O Ministério Público ou a Advocacia Pública ou órgão de representação


judicial, ou equivalente, do ente público poderá requerer a indisponibilidade de bens,
direitos ou valores necessários à garantia do pagamento da multa ou da reparação integral
do dano causado, conforme previsto no art. 7º , ressalvado o direito do terceiro de boa-fé.

Art. 20. Nas ações ajuizadas pelo Ministério Público, poderão ser aplicadas as
sanções previstas no art. 6º , sem prejuízo daquelas previstas neste Capítulo, desde que
constatada a omissão das autoridades competentes para promover a responsabilização
administrativa.

Art. 21. Nas ações de responsabilização judicial, será adotado o rito previsto na Lei
nº 7.347, de 24 de julho de 1985.

Parágrafo único. A condenação torna certa a obrigação de reparar, integralmente, o


dano causado pelo ilícito, cujo valor será apurado em posterior liquidação, se não constar
expressamente da sentença.

20.1.5 CAPÍTULO VII - DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 22. Fica criado no âmbito do Poder Executivo federal o Cadastro Nacional de
Empresas Punidas - CNEP, que reunirá e dará publicidade às sanções aplicadas pelos
órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esferas
de governo com base nesta Lei.

§ 1º Os órgãos e entidades referidos no caput deverão informar e manter


atualizados, no Cnep, os dados relativos às sanções por eles aplicadas.

§ 2º O Cnep conterá, entre outras, as seguintes informações acerca das sanções


aplicadas:

I. razão social e número de inscrição da pessoa jurídica ou entidade no


Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ;
II. tipo de sanção; e
III. data de aplicação e data final da vigência do efeito limitador ou impeditivo
da sanção, quando for o caso.

§ 3º As autoridades competentes, para celebrarem acordos de leniência previstos


nesta Lei, também deverão prestar e manter atualizadas no Cnep, após a efetivação do
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respectivo acordo, as informações acerca do acordo de leniência celebrado, salvo se esse


procedimento vier a causar prejuízo às investigações e ao processo administrativo.

§ 4º Caso a pessoa jurídica não cumpra os termos do acordo de leniência, além das
informações previstas no § 3º , deverá ser incluída no Cnep referência ao respectivo
descumprimento.

§ 5º Os registros das sanções e acordos de leniência serão excluídos depois de


decorrido o prazo previamente estabelecido no ato sancionador ou do cumprimento
integral do acordo de leniência e da reparação do eventual dano causado, mediante
solicitação do órgão ou entidade sancionadora.

Art. 23. Os órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de


todas as esferas de governo deverão informar e manter atualizados, para fins de
publicidade, no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS, de caráter
público, instituído no âmbito do Poder Executivo federal, os dados relativos às sanções
por eles aplicadas, nos termos do disposto nos arts. 87 e 88 da Lei no 8.666, de 21 de
junho de 1993.

Art. 24. A multa e o perdimento de bens, direitos ou valores aplicados com


fundamento nesta Lei serão destinados preferencialmente aos órgãos ou entidades
públicas lesadas.

Art. 25. Prescrevem em 5 (cinco) anos as infrações previstas nesta Lei, contados da
data da ciência da infração ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em
que tiver cessado.

Parágrafo único. Na esfera administrativa ou judicial, a prescrição será


interrompida com a instauração de processo que tenha por objeto a apuração da infração.

Art. 26. A pessoa jurídica será representada no processo administrativo na forma


do seu estatuto ou contrato social.

§ 1º As sociedades sem personalidade jurídica serão representadas pela pessoa a


quem couber a administração de seus bens.

§ 2º A pessoa jurídica estrangeira será representada pelo gerente, representante ou


administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil.

Art. 27. A autoridade competente que, tendo conhecimento das infrações previstas
nesta Lei, não adotar providências para a apuração dos fatos será responsabilizada penal,
civil e administrativamente nos termos da legislação específica aplicável.

Art. 28. Esta Lei aplica-se aos atos lesivos praticados por pessoa jurídica brasileira
contra a administração pública estrangeira, ainda que cometidos no exterior.

Art. 29. O disposto nesta Lei não exclui as competências do Conselho


Administrativo de Defesa Econômica, do Ministério da Justiça e do Ministério da
Fazenda para processar e julgar fato que constitua infração à ordem econômica.
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Art. 30. A aplicação das sanções previstas nesta Lei não afeta os processos de
responsabilização e aplicação de penalidades decorrentes de:

I. ato de improbidade administrativa nos termos da Lei nº 8.429, de 2 de junho


de 1992 ; e
II. atos ilícitos alcançados pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, ou outras
normas de licitações e contratos da administração pública, inclusive no
tocante ao Regime Diferenciado de Contratações Públicas - RDC instituído
pela Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011.

20.2 CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Este Decreto regulamenta a responsabilização objetiva administrativa e


civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública,
nacional ou estrangeira, de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013.
§ 1º A Lei nº 12.846, de 2013, aplica-se aos atos lesivos praticados:
I. por pessoa jurídica brasileira contra administração pública
estrangeira, ainda que cometidos no exterior;
II. no todo ou em parte no território nacional ou que nele produzam ou
possam produzir efeitos; ou
III. no exterior, quando praticados contra a administração pública
nacional.

§ 2º São passíveis de responsabilização nos termos do disposto na Lei nº 12.846, de


2013, as pessoas jurídicas que tenham sede, filial ou representação no território brasileiro,
constituídas de fato ou de direito.
Art. 2º A apuração da responsabilidade administrativa de pessoa jurídica, decorrente
do exercício do poder sancionador da administração pública, será efetuada por meio de
Processo Administrativo de Responsabilização - PAR ou de acordo de leniência.
20.2.1 - CAPÍTULO II - DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
20.2.1.1 - Seção I - Da investigação preliminar

Art. 3º O titular da corregedoria da entidade ou da unidade competente, ao tomar


ciência da possível ocorrência de ato lesivo à administração pública federal, em sede de
juízo de admissibilidade e mediante despacho fundamentado, decidirá:
I. pela abertura de investigação preliminar;
II. pela recomendação de instauração de PAR; ou
III. pela recomendação de arquivamento da matéria.

§ 1º A investigação de que trata o inciso I do caput terá caráter sigiloso e não punitivo
e será destinada à apuração de indícios de autoria e materialidade de atos lesivos à
administração pública federal.
§ 2º A investigação preliminar será conduzida diretamente pela corregedoria da
entidade ou unidade competente, na forma estabelecida em regulamento, ou por comissão
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composta por dois ou mais membros, designados entre servidores efetivos ou empregados
públicos.
§ 3º Na investigação preliminar, serão praticados os atos necessários à elucidação
dos fatos sob apuração, compreendidas todas as diligências admitidas em lei,
notadamente:
I. proposição à autoridade instauradora da suspensão cautelar dos
efeitos do ato ou do processo objeto da investigação;
II. solicitação de atuação de especialistas com conhecimentos técnicos
ou operacionais, de órgãos e entidades públicos ou de outras
organizações, para auxiliar na análise da matéria sob exame;
III. solicitação de informações bancárias sobre movimentação de
recursos públicos, ainda que sigilosas, nesta hipótese, em sede de
compartilhamento do sigilo com órgãos de controle;
IV. requisição, por meio da autoridade competente, do compartilhamento
de informações tributárias da pessoa jurídica investigada, conforme
previsto no inciso II do § 1º do art. 198 da Lei nº 5.172, de 25 de
outubro de 1966 - Código Tributário Nacional;
V. solicitação, ao órgão de representação judicial ou equivalente dos
órgãos ou das entidades lesadas, das medidas judiciais necessárias
para a investigação e para o processamento dos atos lesivos, inclusive
de busca e apreensão, no Brasil ou no exterior; ou
VI. solicitação de documentos ou informações a pessoas físicas ou
jurídicas, de direito público ou privado, nacionais ou estrangeiras, ou
a organizações públicas internacionais.
§ 4º O prazo para a conclusão da investigação preliminar não excederá cento e oitenta
dias, admitida a prorrogação, mediante ato da autoridade a que se refere ocaput.
§ 5º Ao final da investigação preliminar, serão enviadas à autoridade competente as
peças de informação obtidas, acompanhadas de relatório conclusivo acerca da existência
de indícios de autoria e materialidade de atos lesivos à administração pública federal, para
decisão sobre a instauração do PAR.
20.2.1.2 Seção II - Do Processo Administrativo de Responsabilização

Art. 4º A competência para a instauração e para o julgamento do PAR é da autoridade


máxima da entidade em face da qual foi praticado o ato lesivo ou, em caso de órgão da
administração pública federal direta, do respectivo Ministro de Estado.
Parágrafo único. A competência de que trata o caput será exercida de ofício ou
mediante provocação e poderá ser delegada, vedada a subdelegação.
Art. 5º No ato de instauração do PAR, a autoridade designará comissão, composta
por dois ou mais servidores estáveis.
§ 1º Em entidades da administração pública federal cujos quadros funcionais não
sejam formados por servidores estatutários, a comissão a que se refere o caput será
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composta por dois ou mais empregados permanentes, preferencialmente com, no mínimo,


três anos de tempo de serviço na entidade.
§ 2º A comissão a que se refere o caput exercerá suas atividades com imparcialidade
e observará a legislação, os regulamentos e as orientações técnicas vigentes.
§ 3º Será assegurado o sigilo do PAR, sempre que necessário à elucidação do fato ou
quando exigido pelo interesse da administração pública, garantido à pessoa jurídica
processada o direito à ampla defesa e ao contraditório.
§ 4º O prazo para a conclusão dos trabalhos da comissão de PAR não excederá cento
e oitenta dias, admitida a prorrogação, mediante solicitação justificada do presidente da
comissão à autoridade instauradora, que decidirá de maneira fundamentada.
Art. 6º Instaurado o PAR, a comissão avaliará os fatos e as circunstâncias conhecidas
e indiciará e intimará a pessoa jurídica processada para, no prazo de trinta dias, apresentar
defesa escrita e especificar eventuais provas que pretenda produzir.
§ 1º A intimação prevista no caput:
I. facultará expressamente à pessoa jurídica a possibilidade de
apresentar informações e provas que subsidiem a análise da comissão
de PAR no que se refere aos elementos que atenuam o valor da multa,
previstos no art. 23; e
II. solicitará a apresentação de informações e documentos, nos termos
estabelecidos pela Controladoria-Geral da União, que permitam a
análise do programa de integridade da pessoa jurídica.

§ 2º O ato de indiciação conterá, no mínimo:


I. a descrição clara e objetiva do ato lesivo imputado à pessoa jurídica,
com a descrição das circunstâncias relevantes;
II. o apontamento das provas que sustentam o entendimento da comissão
pela ocorrência do ato lesivo imputado; e
III. o enquadramento legal do ato lesivo imputado à pessoa jurídica
processada.

§ 3º Caso a intimação prevista no caput não tenha êxito, será feita nova intimação
por meio de edital publicado na imprensa oficial e no sítio eletrônico do órgão ou da
entidade pública responsável pela condução do PAR, hipótese em que o prazo para
apresentação de defesa escrita será contado a partir da última data de publicação do edital.
§ 4º Caso a pessoa jurídica processada não apresente sua defesa escrita no prazo
estabelecido no caput, contra ela correrão os demais prazos, independentemente de
notificação ou intimação, podendo intervir em qualquer fase do processo, sem direito à
repetição de qualquer ato processual já praticado.
Art. 7º As intimações serão feitas por qualquer meio físico ou eletrônico que assegure
a certeza de ciência da pessoa jurídica processada.
§ 1º Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial, excluindo-
se da contagem o dia do começo e incluindo-se o dia do vencimento, observado o disposto
no Capítulo XVI da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999.
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§ 2º Na hipótese prevista no § 4º do art. 6º, dispensam-se as demais intimações


processuais, até que a pessoa jurídica interessada se manifeste nos autos.
§ 3º A pessoa jurídica estrangeira poderá ser notificada e intimada de todos os atos
processuais, independentemente de procuração ou de disposição contratual ou estatutária,
na pessoa do gerente, representante ou administrador de sua filial, agência, sucursal,
estabelecimento ou escritório instalado no Brasil.
Art. 8º Recebida a defesa escrita, a comissão avaliará a pertinência de produzir as
provas eventualmente requeridas pela pessoa jurídica processada, podendo indeferir de
forma motivada os pedidos de produção de provas que sejam ilícitas, impertinentes,
desnecessárias, protelatórias ou intempestivas.
§ 1º Caso sejam produzidas provas após a nota de indiciação, a comissão poderá:
I. intimar a pessoa jurídica para se manifestar, no prazo de dez dias,
sobre as novas provas juntadas aos autos, caso tais provas não
justifiquem a alteração da nota de indiciação; ou
II. lavrar nova indiciação ou indiciação complementar, caso as novas
provas juntadas aos autos justifiquem alterações na nota de indiciação
inicial, devendo ser observado o disposto no caput do art. 6º.
§ 2º Caso a pessoa jurídica apresente em sua defesa informações e documentos
referentes à existência e ao funcionamento de programa de integridade, a comissão
processante deverá examiná-lo segundo os parâmetros indicados no Capítulo V, para a
dosimetria das sanções a serem aplicadas.
Art. 9º A pessoa jurídica poderá acompanhar o PAR por meio de seus representantes
legais ou procuradores, sendo-lhes assegurado amplo acesso aos autos.
Parágrafo único. É vedada a retirada de autos físicos da repartição pública, sendo
autorizada a obtenção de cópias, preferencialmente em meio digital, mediante
requerimento.
Art. 10. A comissão, para o devido e regular exercício de suas funções, poderá
praticar os atos necessários à elucidação dos fatos sob apuração, compreendidos todos os
meios probatórios admitidos em lei, inclusive os previstos no § 3º do art. 3º.
Art. 11. Concluídos os trabalhos de apuração e análise, a comissão elaborará relatório
a respeito dos fatos apurados e da eventual responsabilidade administrativa da pessoa
jurídica, no qual sugerirá, de forma motivada:
I. as sanções a serem aplicadas, com a respectiva indicação da
dosimetria, ou o arquivamento do processo;
II. o encaminhamento do relatório final à autoridade competente para
instrução de processo administrativo específico para reparação de
danos, quando houver indícios de que do ato lesivo tenha resultado
dano ao erário;
III. o encaminhamento do relatório final à Advocacia-Geral da União,
para ajuizamento da ação de que trata o art. 19 da Lei nº 12.846, de
2013, com sugestão, de acordo com o caso concreto, da aplicação das
sanções previstas naquele artigo, como retribuição complementar às
do PAR ou para a prevenção de novos ilícitos;
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IV. o encaminhamento do processo ao Ministério Público, nos termos do


disposto no art. 15 da Lei nº 12.846, de 2013; e
V. as condições necessárias para a concessão da reabilitação, quando
cabível.

Art. 12. Concluído o relatório final, a comissão lavrará ata de encerramento dos seus
trabalhos, que formalizará sua desconstituição, e encaminhará o PAR à autoridade
instauradora, que determinará a intimação da pessoa jurídica processada do relatório final
para, querendo, manifestar-se no prazo máximo de dez dias.
Parágrafo único. Transcorrido o prazo previsto nocaput, a autoridade instauradora
determinará à corregedoria da entidade ou à unidade competente que analise a
regularidade e o mérito do PAR.
Art. 13. Após a análise de regularidade e mérito, o PAR será encaminhado à
autoridade competente para julgamento, o qual será precedido de manifestação jurídica,
elaborada pelo órgão de assistência jurídica competente.
Parágrafo único. Na hipótese de decisão contrária ao relatório da comissão, esta
deverá ser fundamentada com base nas provas produzidas no PAR.
Art. 14. A decisão administrativa proferida pela autoridade julgadora ao final do PAR
será publicada no Diário Oficial da União e no sítio eletrônico do órgão ou da entidade
pública responsável pelo julgamento do PAR.
Art. 15. Da decisão administrativa sancionadora cabe pedido de reconsideração com
efeito suspensivo, no prazo de dez dias, contado da data de publicação da decisão.
§ 1º A pessoa jurídica contra a qual foram impostas sanções no PAR e que não
apresentar pedido de reconsideração deverá cumpri-las no prazo de trinta dias, contado
do fim do prazo para interposição do pedido de reconsideração.
§ 2º A autoridade julgadora terá o prazo de trinta dias para decidir sobre a matéria
alegada no pedido de reconsideração e publicar nova decisão.
§ 3º Mantida a decisão administrativa sancionadora, será concedido à pessoa jurídica
novo prazo de trinta dias para o cumprimento das sanções que lhe foram impostas,
contado da data de publicação da nova decisão.
Art. 16. Os atos previstos como infrações administrativas à Lei nº 14.133, de 1º de
abril de 2021, ou a outras normas de licitações e contratos da administração pública que
também sejam tipificados como atos lesivos na Lei nº 12.846, de 2013, serão apurados e
julgados conjuntamente, nos mesmos autos, aplicando-se o rito procedimental previsto
neste Capítulo.
§ 1º Concluída a apuração de que trata o caput e havendo autoridades distintas
competentes para o julgamento, o processo será encaminhado primeiramente àquela de
nível mais elevado, para que julgue no âmbito de sua competência, tendo precedência o
julgamento pelo Ministro de Estado competente.
§ 2º Para fins do disposto no caput, o chefe da unidade responsável no órgão ou na
entidade pela gestão de licitações e contratos deve comunicar à autoridade a que se refere
o caput do art. 3º eventuais fatos que configurem atos lesivos previstos no art. 5º da Lei
nº 12.846, de 2013.
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Art. 17. A Controladoria-Geral da União possui, no âmbito do Poder Executivo


federal, competência:
I. concorrente para instaurar e julgar PAR; e
II. exclusiva para avocar os processos instaurados para exame de sua
regularidade ou para lhes corrigir o andamento, inclusive
promovendo a aplicação da penalidade administrativa cabível.

§ 1º A Controladoria-Geral da União poderá exercer, a qualquer tempo, a


competência prevista nocaput, se presentes quaisquer das seguintes circunstâncias:
I. caracterização de omissão da autoridade originariamente
competente;
II. inexistência de condições objetivas para sua realização no órgão ou
na entidade de origem;
III. complexidade, repercussão e relevância da matéria;
IV. valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o órgão ou
com a entidade atingida; ou
V. apuração que envolva atos e fatos relacionados com mais de um
órgão ou entidade da administração pública federal.

§ 2º Ficam os órgãos e as entidades da administração pública obrigados a encaminhar


à Controladoria-Geral da União todos os documentos e informações que lhes forem
solicitados, incluídos os autos originais dos processos que eventualmente estejam em
curso.
Art. 18. Compete à Controladoria-Geral da União instaurar, apurar e julgar PAR pela
prática de atos lesivos a administração pública estrangeira, o qual seguirá, no que couber,
o rito procedimental previsto neste Capítulo.
Parágrafo único. Os órgãos e as entidades da administração pública federal direta e
indireta deverão comunicar à Controladoria-Geral da União os indícios da ocorrência de
atos lesivos a administração pública estrangeira, identificados no exercício de suas
atribuições, juntando à comunicação os documentos já disponíveis e necessários à
apuração ou à comprovação dos fatos, sem prejuízo do envio de documentação
complementar, na hipótese de novas provas ou informações relevantes, sob pena de
responsabilização.
20.2.2 CAPÍTULO III - DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DOS
ENCAMINHAMENTOS JUDICIAIS
20.2.2.1 Seção I - Disposições gerais

Art. 19. As pessoas jurídicas estão sujeitas às seguintes sanções administrativas, nos
termos do disposto no art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013:
I. multa; e
II. publicação extraordinária da decisão administrativa sancionadora.

Parágrafo único. Caso os atos lesivos apurados envolvam infrações administrativas


à Lei nº 14.133, de 2021, ou a outras normas de licitações e contratos da administração
pública e tenha ocorrido a apuração conjunta prevista no art. 16, a pessoa jurídica também
estará sujeita a sanções administrativas que tenham como efeito a restrição ao direito de
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participar em licitações ou de celebrar contratos com a administração pública, a serem


aplicadas no PAR.
20.2.2.2 Seção II - Da multa

Art. 20. A multa prevista no inciso I do caput do art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013,
terá como base de cálculo o faturamento bruto da pessoa jurídica no último exercício
anterior ao da instauração do PAR, excluídos os tributos.
§ 1º Os valores que constituirão a base de cálculo de que trata o caput poderão ser
apurados, entre outras formas, por meio de:
I. compartilhamento de informações tributárias, na forma do disposto
no inciso II do § 1º do art. 198 da Lei nº 5.172, de 1966 - Código
Tributário Nacional;
II. registros contábeis produzidos ou publicados pela pessoa jurídica
acusada, no Brasil ou no exterior;
III. estimativa, levando em consideração quaisquer informações sobre a
sua situação econômica ou o estado de seus negócios, tais como
patrimônio, capital social, número de empregados, contratos, entre
outras; e
IV. identificação do montante total de recursos recebidos pela pessoa
jurídica sem fins lucrativos no ano anterior ao da instauração do PAR,
excluídos os tributos incidentes sobre vendas.

§ 2º Os fatores previstos nos art. 22 e art. 23 deste Decreto serão avaliados em


conjunto para os atos lesivos apurados no mesmo PAR, devendo-se considerar, para o
cálculo da multa, a consolidação dos faturamentos brutos de todas as pessoas jurídicas
pertencentes de fato ou de direito ao mesmo grupo econômico que tenham praticado os
ilícitos previstos no art. 5º da Lei nº 12.846, de 2013, ou concorrido para a sua prática.
Art. 21. Caso a pessoa jurídica comprovadamente não tenha tido faturamento no
último exercício anterior ao da instauração do PAR, deve-se considerar como base de
cálculo da multa o valor do último faturamento bruto apurado pela pessoa jurídica,
excluídos os tributos incidentes sobre vendas, que terá seu valor atualizado até o último
dia do exercício anterior ao da instauração do PAR.
Parágrafo único. Na hipótese prevista nocaput, o valor da multa será estipulado
observando-se o intervalo de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$ 60.000.000,00 (sessenta
milhões de reais) e o limite mínimo da vantagem auferida, quando for possível sua
estimação.
Art. 22. O cálculo da multa se inicia com a soma dos valores correspondentes aos
seguintes percentuais da base de cálculo:
I. até quatro por cento, havendo concurso dos atos lesivos;
II. até três por cento para tolerância ou ciência de pessoas do corpo
diretivo ou gerencial da pessoa jurídica;
III. até quatro por cento no caso de interrupção no fornecimento de
serviço público, na execução de obra contratada ou na entrega de bens
ou serviços essenciais à prestação de serviços públicos ou no caso de
descumprimento de requisitos regulatórios;
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IV. um por cento para a situação econômica do infrator que apresente


índices de solvência geral e de liquidez geral superiores a um e lucro
líquido no último exercício anterior ao da instauração do PAR;
V. três por cento no caso de reincidência, assim definida a ocorrência de
nova infração, idêntica ou não à anterior, tipificada como ato lesivo
pelo art. 5º da Lei nº 12.846, de 2013, em menos de cinco anos,
contados da publicação do julgamento da infração anterior; e
VI. no caso de contratos, convênios, acordos, ajustes e outros
instrumentos congêneres mantidos ou pretendidos com o órgão ou
com as entidades lesadas, nos anos da prática do ato lesivo, serão
considerados os seguintes percentuais:

a. um por cento, no caso de o somatório dos instrumentos


totalizar valor superior a R$ 500.000,00 (quinhentos mil
reais);
b. dois por cento, no caso de o somatório dos instrumentos
totalizar valor superior a R$ 1.500.000,00 (um milhão e
quinhentos mil reais);
c. três por cento, no caso de o somatório dos instrumentos
totalizar valor superior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de
reais);
d. quatro por cento, no caso de o somatório dos instrumentos
totalizar valor superior a R$ 50.000.000,00 (cinquenta
milhões de reais); ou
e. cinco por cento, no caso de o somatório dos instrumentos
totalizar valor superior a R$ 250.000.000,00 (duzentos e
cinquenta milhões de reais).

Parágrafo único. No caso de acordo de leniência, o prazo constante do inciso V do


caput será contado a partir da data de celebração até cinco anos após a declaração de seu
cumprimento.
Art. 23. Do resultado da soma dos fatores previstos no art. 22 serão subtraídos os
valores correspondentes aos seguintes percentuais da base de cálculo:
I. até meio por cento no caso de não consumação da infração;
II. até um por cento no caso de:

a. comprovação da devolução espontânea pela pessoa jurídica


da vantagem auferida e do ressarcimento dos danos
resultantes do ato lesivo; ou
b. inexistência ou falta de comprovação de vantagem auferida e
de danos resultantes do ato lesivo;

III. até um e meio por cento para o grau de colaboração da pessoa jurídica
com a investigação ou a apuração do ato lesivo, independentemente
do acordo de leniência;
IV. até dois por cento no caso de admissão voluntária pela pessoa jurídica
da responsabilidade objetiva pelo ato lesivo; e
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V. até cinco por cento no caso de comprovação de a pessoa jurídica


possuir e aplicar um programa de integridade, conforme os
parâmetros estabelecidos no Capítulo V.

Parágrafo único. Somente poderão ser atribuídos os percentuais máximos, quando


observadas as seguintes condições:
I. na hipótese prevista na alínea "a" do inciso II do caput, quando
ocorrer a devolução integral dos valores ali referidos;
II. na hipótese prevista no inciso IV do caput, quando a admissão
ocorrer antes da instauração do PAR; e
III. na hipótese prevista no inciso V do caput, quando o plano de
integridade for anterior à prática do ato lesivo.

Art. 24. A existência e quantificação dos fatores previstos nos art. 22 e art. 23 deverá
ser apurada no PAR e evidenciada no relatório final da comissão, o qual também conterá
a estimativa, sempre que possível, dos valores da vantagem auferida e da pretendida.
Art. 25. Em qualquer hipótese, o valor final da multa terá como limite:
I. mínimo, o maior valor entre o da vantagem auferida, quando for
possível sua estimativa, e:
a. um décimo por cento da base de cálculo; ou
b. R$ 6.000,00 (seis mil reais), na hipótese prevista no art. 21; e

II. máximo, o menor valor entre:


a. três vezes o valor da vantagem pretendida ou auferida, o que
for maior entre os dois valores;
b. vinte por cento do faturamento bruto do último exercício
anterior ao da instauração do PAR, excluídos os tributos
incidentes sobre vendas; ou
c. R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais), na hipótese
prevista no art. 21, desde que não seja possível estimar o valor
da vantagem auferida.

§ 1º O limite máximo não será observado, caso o valor resultante do cálculo desse
parâmetro seja inferior ao resultado calculado para o limite mínimo.
§ 2º Na ausência de todos os fatores previstos nos art. 22 e art. 23 ou quando o
resultado das operações de soma e subtração for igual ou menor que zero, o valor da multa
corresponderá ao limite mínimo estabelecido nocaput.
Art. 26. O valor da vantagem auferida ou pretendida corresponde ao equivalente
monetário do produto do ilícito, assim entendido como os ganhos ou os proveitos obtidos
ou pretendidos pela pessoa jurídica em decorrência direta ou indireta da prática do ato
lesivo.
§ 1º O valor da vantagem auferida ou pretendida poderá ser estimado mediante a
aplicação, conforme o caso, das seguintes metodologias:
I. pelo valor total da receita auferida em contrato administrativo e seus
aditivos, deduzidos os custos lícitos que a pessoa jurídica comprove
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serem efetivamente atribuíveis ao objeto contratado, na hipótese de


atos lesivos praticados para fins de obtenção e execução dos
respectivos contratos;
II. pelo valor total de despesas ou custos evitados, inclusive os de
natureza tributária ou regulatória, e que seriam imputáveis à pessoa
jurídica caso não houvesse sido praticado o ato lesivo pela pessoa
jurídica infratora; ou
III. pelo valor do lucro adicional auferido pela pessoa jurídica decorrente
de ação ou omissão na prática de ato do Poder Público que não
ocorreria sem a prática do ato lesivo pela pessoa jurídica infratora.

§ 2º Os valores correspondentes às vantagens indevidas prometidas ou pagas a agente


público ou a terceiros a ele relacionados não poderão ser deduzidos do cálculo estimativo
de que trata o § 1º.
Art. 27. Com a assinatura do acordo de leniência, a multa aplicável será reduzida
conforme a fração nele pactuada, observado o limite previsto no § 2º do art. 16 da Lei nº
12.846, de 2013.
§ 1º O valor da multa prevista nocaputpoderá ser inferior ao limite mínimo previsto
no art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013.
§ 2º No caso de a autoridade signatária declarar o descumprimento do acordo de
leniência por falta imputável à pessoa jurídica colaboradora, o valor integral encontrado
antes da redução de que trata ocaputserá cobrado na forma do disposto na Seção IV,
descontando-se as frações da multa eventualmente já pagas.
Seção III
Da publicação extraordinária da decisão administrativa sancionadora
Art. 28. A pessoa jurídica sancionada administrativamente pela prática de
atos lesivos contra a administração pública, nos termos da Lei nº 12.846, de 2013,
publicará a decisão administrativa sancionadora na forma de extrato de sentença,
cumulativamente:
I - em meio de comunicação de grande circulação, física ou eletrônica, na
área da prática da infração e de atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, em publicação
de circulação nacional;
II - em edital afixado no próprio estabelecimento ou no local de exercício da
atividade, em localidade que permita a visibilidade pelo público, pelo prazo mínimo de
trinta dias; e
III - em seu sítio eletrônico, pelo prazo mínimo de trinta dias e em destaque
na página principal do referido sítio.
Parágrafo único. A publicação a que se refere ocaputserá feita a expensas da
pessoa jurídica sancionada.
20.2.2.3 Seção IV - Da cobrança da multa aplicada

Art. 29. A multa aplicada será integralmente recolhida pela pessoa jurídica
sancionada no prazo de trinta dias, observado o disposto no art. 15.
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§ 1º Feito o recolhimento, a pessoa jurídica sancionada apresentará ao órgão ou à


entidade que aplicou a sanção documento que ateste o pagamento integral do valor da
multa imposta.
§ 2º Decorrido o prazo previsto no caput sem que a multa tenha sido recolhida ou
não tendo ocorrido a comprovação de seu pagamento integral, o órgão ou a entidade que
a aplicou encaminhará o débito para inscrição em Dívida Ativa da União ou das
autarquias e fundações públicas federais.
§ 3º Caso a entidade que aplicou a multa não possua Dívida Ativa, o valor será
cobrado independentemente de prévia inscrição.
§ 4º A multa aplicada pela Controladoria-Geral da União em acordos de leniência ou
nas hipóteses previstas nos art.17 e art. 18 será destinada à União e recolhida à conta única
do Tesouro Nacional.
§ 5º Os acordos de leniência poderão pactuar prazo distinto do previsto no caput para
recolhimento da multa aplicada ou de qualquer outra obrigação financeira imputada à
pessoa jurídica.

20.3 CAPÍTULO IV - DO ACORDO DE LENIÊNCIA

Art. 32. O acordo de leniência é ato administrativo negocial decorrente do exercício


do poder sancionador do Estado, que visa à responsabilização de pessoas jurídicas pela
prática de atos lesivos contra a administração pública nacional ou estrangeira.
Parágrafo único. O acordo de leniência buscará, nos termos da lei:
I. o incremento da capacidade investigativa da administração pública;
II. a potencialização da capacidade estatal de recuperação de ativos; e
III. o fomento da cultura de integridade no setor privado.

Art. 33. O acordo de leniência será celebrado com as pessoas jurídicas responsáveis
pela prática dos atos lesivos previstos na Lei nº 12.846, de 2013, e dos ilícitos
administrativos previstos na Lei nº 14.133, de 2021, e em outras normas de licitações e
contratos, com vistas à isenção ou à atenuação das respectivas sanções, desde que
colaborem efetivamente com as investigações e o PAR, devendo resultar dessa
colaboração:
I. a identificação dos demais envolvidos nos ilícitos, quando couber; e
II. a obtenção célere de informações e documentos que comprovem a
infração sob apuração.

Art. 34. Compete à Controladoria-Geral da União celebrar acordos de leniência no


âmbito do Poder Executivo federal e nos casos de atos lesivos contra a administração
pública estrangeira.
Art. 35. Ato conjunto do Ministro de Estado da Controladoria-Geral da União e do
Advogado-Geral da União:
I. disciplinará a participação de membros da Advocacia-Geral da União
nos processos de negociação e de acompanhamento do cumprimento
dos acordos de leniência; e
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II. disporá sobre a celebração de acordos de leniência pelo Ministro de


Estado da Controladoria-Geral da União conjuntamente com o
Advogado-Geral da União.

Parágrafo único. A participação da Advocacia-Geral da União nos acordos de


leniência, consideradas as condições neles estabelecidas e observados os termos da Lei
Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993, e da Lei nº 13.140, de 26 de junho de
2015, poderá ensejar a resolução consensual das penalidades previstas no art. 19 da Lei
nº 12.846, de 2013.
Art. 36. A Controladoria-Geral da União poderá aceitar delegação para negociar,
celebrar e monitorar o cumprimento de acordos de leniência relativos a atos lesivos contra
outros Poderes e entes federativos.
Art. 37. A pessoa jurídica que pretenda celebrar acordo de leniência deverá:
I. ser a primeira a manifestar interesse em cooperar para a apuração de
ato lesivo específico, quando tal circunstância for relevante;
II. ter cessado completamente seu envolvimento no ato lesivo a partir da
data da propositura do acordo;
III. admitir sua responsabilidade objetiva quanto aos atos lesivos;
IV. cooperar plena e permanentemente com as investigações e o processo
administrativo e comparecer, sob suas expensas e sempre que
solicitada, aos atos processuais, até o seu encerramento;
V. fornecer informações, documentos e elementos que comprovem o ato
ilícito;
VI. reparar integralmente a parcela incontroversa do dano causado; e
VII. perder, em favor do ente lesado ou da União, conforme o caso, os
valores correspondentes ao acréscimo patrimonial indevido ou ao
enriquecimento ilícito direta ou indiretamente obtido da infração, nos
termos e nos montantes definidos na negociação.

§ 1º Os requisitos de que tratam os incisos III e IV do caput serão avaliados em face


da boa-fé da pessoa jurídica proponente em reportar à administração a descrição e a
comprovação da integralidade dos atos ilícitos de que tenha ou venha a ter ciência, desde
o momento da propositura do acordo até o seu total cumprimento.
§2º A parcela incontroversa do dano de que trata o inciso VI do caput corresponde
aos valores dos danos admitidos pela pessoa jurídica ou àqueles decorrentes de decisão
definitiva no âmbito do devido processo administrativo ou judicial.
§ 3º Nas hipóteses em que de determinado ato ilícito decorra, simultaneamente, dano
ao ente lesado e acréscimo patrimonial indevido à pessoa jurídica responsável pela prática
do ato, e haja identidade entre ambos, os valores a eles correspondentes serão:
I. computados uma única vez para fins de quantificação do valor a ser
adimplido a partir do acordo de leniência; e
II. classificados como ressarcimento de danos para fins contábeis,
orçamentários e de sua destinação para o ente lesado.
Art. 38. A proposta de celebração de acordo de leniência deverá ser feita de forma
escrita, oportunidade em que a pessoa jurídica proponente declarará expressamente que
foi orientada a respeito de seus direitos, garantias e deveres legais e de que o não
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atendimento às determinações e às solicitações durante a etapa de negociação importará


a desistência da proposta.
§ 1º A proposta deverá ser apresentada pelos representantes da pessoa jurídica, na
forma de seu estatuto ou contrato social, ou por meio de procurador com poderes
específicos para tal ato, observado o disposto no art. 26 da Lei nº 12.846, de 2013.
§ 2º A proposta poderá ser feita até a conclusão do relatório a ser elaborado no PAR.
§ 3º A proposta apresentada receberá tratamento sigiloso e o acesso ao seu conteúdo
será restrito no âmbito da Controladoria-Geral da União.
§ 4º A proponente poderá divulgar ou compartilhar a existência da proposta ou de
seu conteúdo, desde que haja prévia anuência da Controladoria-Geral da União.
§ 5º A análise da proposta de acordo de leniência será instruída em processo
administrativo específico, que conterá o registro dos atos praticados na negociação.
Art. 39. A proposta de celebração de acordo de leniência será submetida à análise de
juízo de admissibilidade, para verificação da existência dos elementos mínimos que
justifiquem o início da negociação.
§ 1º Admitida a proposta, será firmado memorando de entendimentos com a pessoa
jurídica proponente, definindo os parâmetros da negociação do acordo de leniência.
§ 2º O memorando de entendimentos poderá ser resilido a qualquer momento, a
pedido da pessoa jurídica proponente ou a critério da administração pública federal.
§ 3º A assinatura do memorando de entendimentos:
I. interrompe a prescrição; e
II. suspende a prescrição pelo prazo da negociação, limitado, em
qualquer hipótese, a trezentos e sessenta dias.

Art. 40. A critério da Controladoria-Geral da União, o PAR instaurado em face de


pessoa jurídica que esteja negociando a celebração de acordo de leniência poderá ser
suspenso.
Parágrafo único. A suspensão ocorrerá sem prejuízo:
I. da continuidade de medidas investigativas necessárias para o
esclarecimento dos fatos; e
II. da adoção de medidas processuais cautelares e assecuratórias
indispensáveis para se evitar perecimento de direito ou garantir a
instrução processual.

Art. 41. A Controladoria-Geral da União poderá avocar os autos de processos


administrativos em curso em outros órgãos ou entidades da administração pública federal
relacionados com os fatos objeto do acordo em negociação.
Art. 42. A negociação a respeito da proposta do acordo de leniência deverá ser
concluída no prazo de cento e oitenta dias, contado da data da assinatura do memorando
de entendimentos.
Parágrafo único. O prazo de que trata o caput poderá ser prorrogado, caso presentes
circunstâncias que o exijam.
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Art. 43. A desistência da proposta de acordo de leniência ou a sua rejeição não


importará em reconhecimento da prática do ato lesivo.
§ 1º Não se fará divulgação da desistência ou da rejeição da proposta do acordo de
leniência, ressalvado o disposto no § 4º do art. 38.
§ 2º Na hipótese prevista no caput, a administração pública federal não poderá
utilizar os documentos recebidos durante o processo de negociação de acordo de
leniência.
§ 3º O disposto no § 2º não impedirá a apuração dos fatos relacionados com a
proposta de acordo de leniência, quando decorrer de indícios ou provas autônomas que
sejam obtidos ou levados ao conhecimento da autoridade por qualquer outro meio.
Art. 44. O acordo de leniência estipulará as condições para assegurar a efetividade
da colaboração e o resultado útil do processo e conterá as cláusulas e obrigações que,
diante das circunstâncias do caso concreto, reputem-se necessárias.
Art. 45. O acordo de leniência conterá, entre outras disposições, cláusulas que versem
sobre:
I. o compromisso de cumprimento dos requisitos previstos nos incisos
II a VII do caput do art. 37;
II. a perda dos benefícios pactuados, em caso de descumprimento do
acordo;
III. a natureza de título executivo extrajudicial do instrumento do acordo,
nos termos do disposto no inciso II do caput do art. 784 da Lei nº
13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil;
IV. a adoção, a aplicação ou o aperfeiçoamento de programa de
integridade, conforme os parâmetros estabelecidos no Capítulo V,
bem como o prazo e as condições de monitoramento;
V. o pagamento das multas aplicáveis e da parcela a que se refere o
inciso VI do caput do art. 37; e
VI. a possibilidade de utilização da parcela a que se refere o inciso VI do
caput do art. 37 para compensação com outros valores porventura
apurados em outros processos sancionatórios ou de prestação de
contas, quando relativos aos mesmos fatos que compõem o escopo
do acordo.

Art. 46. A Controladoria-Geral da União poderá conduzir e julgar os processos


administrativos que apurem infrações administrativas previstas na Lei nº 12.846, de 2013,
na Lei nº 14.133, de 2021, e em outras normas de licitações e contratos, cujos fatos tenham
sido noticiados por meio do acordo de leniência.
Art. 47. O percentual de redução do valor da multa aplicável de que trata o § 2º do
art. 16 da Lei nº 12.846, de 2013, levará em consideração os seguintes critérios:
I. a tempestividade da autodenúncia e o ineditismo dos atos lesivos;
II. a efetividade da colaboração da pessoa jurídica; e
III. o compromisso de assumir condições relevantes para o cumprimento
do acordo.
Parágrafo único. Os critérios previstos no caput serão objeto de ato normativo a ser
editado pelo Ministro de Estado da Controladoria-Geral da União.
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Art. 48. O acesso aos documentos e às informações comercialmente sensíveis da


pessoa jurídica será mantido restrito durante a negociação e após a celebração do acordo
de leniência.
§ 1º Até a celebração do acordo de leniência, a identidade da pessoa jurídica
signatária do acordo não será divulgada ao público, ressalvado o disposto no § 4º do art.
38.
§ 2º As informações e os documentos obtidos em decorrência da celebração de
acordos de leniência poderão ser compartilhados com outras autoridades, mediante
compromisso de sua não utilização para sancionar a própria pessoa jurídica em relação
aos mesmos fatos objeto do acordo de leniência, ou com concordância da própria pessoa
jurídica.
Art. 49. A celebração do acordo de leniência interrompe o prazo prescricional da
pretensão punitiva em relação aos atos ilícitos objeto do acordo, nos termos do disposto
no § 9º do art. 16 da Lei nº 12.846, de 2013, que permanecerá suspenso até o cumprimento
dos compromissos firmados no acordo ou até a sua rescisão, nos termos do disposto no
art. 34 da Lei nº 13.140, de 2015.
Art. 50. Com a celebração do acordo de leniência, serão concedidos em favor da
pessoa jurídica signatária, nos termos previamente firmados no acordo, um ou mais dos
seguintes efeitos:
I. isenção da publicação extraordinária da decisão administrativa
sancionadora;
II. isenção da proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções,
doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicos e de
instituições financeiras públicas ou controladas pelo Poder Público;
III. redução do valor final da multa aplicável, observado o disposto no
art. 27; ou
IV. isenção ou atenuação das sanções administrativas previstas no art.
156 da Lei nº 14.133, de 2021, ou em outras normas de licitações e
contratos.

§ 1º No acordo de leniência poderá ser pactuada a resolução de ações judiciais que


tenham por objeto os fatos que componham o escopo do acordo.
§ 2º Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pessoas jurídicas que
integrarem o mesmo grupo econômico, de fato ou de direito, desde que tenham firmado
o acordo em conjunto, respeitadas as condições nele estabelecidas.
Art. 51. O monitoramento das obrigações de adoção, implementação e
aperfeiçoamento do programa de integridade de que trata o inciso IV do caput do art. 45
será realizado, direta ou indiretamente, pela Controladoria-Geral da União, podendo ser
dispensado, a depender das características do ato lesivo, das medidas de remediação
adotadas pela pessoa jurídica e do interesse público.
§ 1º O monitoramento a que se refere o caput será realizado, dentre outras formas,
pela análise de relatórios, documentos e informações fornecidos pela pessoa jurídica,
obtidos de forma independente ou por meio de reuniões, entrevistas, testes de sistemas e
de conformidade com as políticas e visitas técnicas.
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§ 2º As informações relativas às etapas do processo de monitoramento serão


publicadas em transparência ativa no sítio eletrônico da Controladoria-Geral da União,
respeitados os sigilos legais e o interesse das investigações.
Art. 52. Cumprido o acordo de leniência pela pessoa jurídica colaboradora, a
autoridade competente declarará:
I. o cumprimento das obrigações nele constantes;
II. a isenção das sanções previstas no inciso II do caput do art. 6º e no
inciso IV do caput do art. 19 da Lei nº 12.846, de 2013, bem como
das demais sanções aplicáveis ao caso;
III. o cumprimento da sanção prevista no inciso I do caput do art. 6º da
Lei nº 12.846, de 2013; e
IV. o atendimento dos compromissos assumidos de que tratam os incisos
II a VII do caput do art. 37 deste Decreto.

Art. 53. Declarada a rescisão do acordo de leniência pela autoridade competente,


decorrente do seu injustificado descumprimento:
I. a pessoa jurídica perderá os benefícios pactuados e ficará impedida
de celebrar novo acordo pelo prazo de três anos, contado da data em
que se tornar definitiva a decisão administrativa que julgar rescindido
o acordo;
II. haverá o vencimento antecipado das parcelas não pagas e serão
executados:

a. o valor integral da multa, descontando-se as frações


eventualmente já pagas; e
b. os valores integrais referentes aos danos, ao enriquecimento
indevido e a outros valores porventura pactuados no acordo,
descontando-se as frações eventualmente já pagas; e

III. serão aplicadas as demais sanções e as consequências previstas nos


termos dos acordos de leniência e na legislação aplicável.
Parágrafo único. O descumprimento do acordo de leniência será registrado pela
Controladoria-Geral da União, pelo prazo de três anos, no Cadastro Nacional de Empresas
Punidas - CNEP.
Art. 54. Excepcionalmente, as autoridades signatárias poderão deferir pedido de
alteração ou de substituição de obrigações pactuadas no acordo de leniência, desde que
presentes os seguintes requisitos:
I. manutenção dos resultados e requisitos originais que fundamentaram
o acordo de leniência, nos termos do disposto no art. 16 da Lei nº
12.846, de 2013;
II. maior vantagem para a administração, de maneira que sejam
alcançadas melhores consequências para o interesse público do que a
declaração de descumprimento e a rescisão do acordo;
III. imprevisão da circunstância que dá causa ao pedido de modificação
ou à impossibilidade de cumprimento das condições originalmente
pactuadas;
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IV. boa-fé da pessoa jurídica colaboradora em comunicar a


impossibilidade do cumprimento de uma obrigação antes do
vencimento do prazo para seu adimplemento; e
V. higidez das garantias apresentadas no acordo.

Parágrafo único. A análise do pedido de que trata o caput considerará o grau de


adimplência da pessoa jurídica com as demais condições pactuadas, inclusive as de
adoção ou de aperfeiçoamento do programa de integridade.
Art. 55. Os acordos de leniência celebrados serão publicados em transparência ativa
no sítio eletrônico da Controladoria-Geral da União, respeitados os sigilos legais e o
interesse das investigações.
20.4 CAPÍTULO V - DO PROGRAMA DE INTEGRIDADE

Art. 56. Para fins do disposto neste Decreto, programa de integridade consiste, no
âmbito de uma pessoa jurídica, no conjunto de mecanismos e procedimentos internos de
integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e na aplicação efetiva de
códigos de ética e de conduta, políticas e diretrizes, com objetivo de:
I. prevenir, detectar e sanar desvios, fraudes, irregularidades e atos
ilícitos praticados contra a administração pública, nacional ou
estrangeira; e
II. fomentar e manter uma cultura de integridade no ambiente
organizacional.

Parágrafo único. O programa de integridade deve ser estruturado, aplicado e


atualizado de acordo com as características e os riscos atuais das atividades de cada
pessoa jurídica, a qual, por sua vez, deve garantir o constante aprimoramento e a
adaptação do referido programa, visando garantir sua efetividade.
Art. 57. Para fins do disposto no inciso VIII do caput do art. 7º da Lei nº 12.846, de
2013, o programa de integridade será avaliado, quanto a sua existência e aplicação, de
acordo com os seguintes parâmetros:
I. comprometimento da alta direção da pessoa jurídica, incluídos os
conselhos, evidenciado pelo apoio visível e inequívoco ao programa,
bem como pela destinação de recursos adequados;
II. padrões de conduta, código de ética, políticas e procedimentos de
integridade, aplicáveis a todos os empregados e administradores,
independentemente do cargo ou da função exercida;
III. padrões de conduta, código de ética e políticas de integridade
estendidas, quando necessário, a terceiros, tais como fornecedores,
prestadores de serviço, agentes intermediários e associados;
IV. treinamentos e ações de comunicação periódicos sobre o programa
de integridade;
V. gestão adequada de riscos, incluindo sua análise e reavaliação
periódica, para a realização de adaptações necessárias ao programa
de integridade e a alocação eficiente de recursos;
VI. registros contábeis que reflitam de forma completa e precisa as
transações da pessoa jurídica;
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VII. controles internos que assegurem a pronta elaboração e a


confiabilidade de relatórios e demonstrações financeiras da pessoa
jurídica;
VIII. procedimentos específicos para prevenir fraudes e ilícitos no âmbito
de processos licitatórios, na execução de contratos administrativos ou
em qualquer interação com o setor público, ainda que intermediada
por terceiros, como pagamento de tributos, sujeição a fiscalizações
ou obtenção de autorizações, licenças, permissões e certidões;
IX. independência, estrutura e autoridade da instância interna
responsável pela aplicação do programa de integridade e pela
fiscalização de seu cumprimento;
X. canais de denúncia de irregularidades, abertos e amplamente
divulgados a funcionários e terceiros, e mecanismos destinados ao
tratamento das denúncias e à proteção de denunciantes de boa-fé;
XI. medidas disciplinares em caso de violação do programa de
integridade;
XII. procedimentos que assegurem a pronta interrupção de irregularidades
ou infrações detectadas e a tempestiva remediação dos danos
gerados;
XIII. diligências apropriadas, baseadas em risco, para:

a. contratação e, conforme o caso, supervisão de terceiros, tais


como fornecedores, prestadores de serviço, agentes
intermediários, despachantes, consultores, representantes
comerciais e associados;
b. contratação e, conforme o caso, supervisão de pessoas
expostas politicamente, bem como de seus familiares,
estreitos colaboradores e pessoas jurídicas de que participem;
e
c. realização e supervisão de patrocínios e doações;

XIV. verificação, durante os processos de fusões, aquisições e


reestruturações societárias, do cometimento de irregularidades ou
ilícitos ou da existência de vulnerabilidades nas pessoas jurídicas
envolvidas; e
XV. monitoramento contínuo do programa de integridade visando ao seu
aperfeiçoamento na prevenção, na detecção e no combate à
ocorrência dos atos lesivos previstos no art. 5º da Lei nº 12.846, de
2013.
§ 1º Na avaliação dos parâmetros de que trata o caput, serão considerados o porte e
as especificidades da pessoa jurídica, por meio de aspectos como:
I. a quantidade de funcionários, empregados e colaboradores;
II. o faturamento, levando ainda em consideração o fato de ser
qualificada como microempresa ou empresa de pequeno porte;
III. a estrutura de governança corporativa e a complexidade de unidades
internas, tais como departamentos, diretorias ou setores, ou da
estruturação de grupo econômico;
IV. a utilização de agentes intermediários, como consultores ou
representantes comerciais;
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V. o setor do mercado em que atua;


VI. os países em que atua, direta ou indiretamente;
VII. o grau de interação com o setor público e a importância de
contratações, investimentos e subsídios públicos, autorizações,
licenças e permissões governamentais em suas operações; e
VIII. a quantidade e a localização das pessoas jurídicas que integram o
grupo econômico.

§ 2º A efetividade do programa de integridade em relação ao ato lesivo objeto de


apuração será considerada para fins da avaliação de que trata o caput.
20.5 CAPÍTULO VI - DO CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS INIDÔNEAS E
SUSPENSAS E DO CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS PUNIDAS

Art. 58. O Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS conterá


informações referentes às sanções administrativas impostas a pessoas físicas ou jurídicas
que impliquem restrição ao direito de participar de licitações ou de celebrar contratos com
a administração pública de qualquer esfera federativa, entre as quais:
I. suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de
contratar com a administração pública, conforme disposto no inciso
III do caput do art. 87 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993;
II. declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
administração pública, conforme disposto no inciso IV do caput do
art. 87 da Lei nº 8.666, de 1993, e no inciso IV do caput do art. 156
da Lei nº 14.133, de 2021;
III. impedimento de licitar e contratar com a União, os Estados, o Distrito
Federal ou os Municípios, conforme disposto no art. 7º da Lei nº
10.520, de 17 de julho de 2002, no art. 47 da Lei nº 12.462, de 4 de
agosto de 2011, e no inciso III do caput do art. 156 da Lei nº 14.133,
de 2021;
IV. suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de
contratar com a administração pública, conforme disposto no inciso
IV do caput do art. 33 da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011;
V. declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
administração pública, conforme disposto no inciso V do caput do
art. 33 da Lei nº 12.527, de 2011;
VI. declaração de inidoneidade para participar de licitação com a
administração pública federal, conforme disposto no art. 46 da Lei nº
8.443, de 16 de julho de 1992;
VII. proibição de contratar com o Poder Público, conforme disposto no
art. 12 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992;
VIII. proibição de contratar e participar de licitações com o Poder Público,
conforme disposto no art. 10 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de
1998; e
IX. declaração de inidoneidade, conforme disposto no inciso V do caput
do art. 78-A combinado com o art. 78-I da Lei nº 10.233, de 5 de
junho de 2001.
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Parágrafo único. Poderão ser registradas no CEIS outras sanções que impliquem
restrição ao direito de participar em licitações ou de celebrar contratos com a
administração pública, ainda que não sejam de natureza administrativa.
Art. 59. O CNEP conterá informações referentes:
I. às sanções impostas com fundamento na Lei nº 12.846, de 2013; e
II. ao descumprimento de acordo de leniência celebrado com
fundamento na Lei nº 12.846, de 2013.

Parágrafo único. As informações sobre os acordos de leniência celebrados com


fundamento na Lei nº 12.846, de 2013, serão registradas em relação específica no CNEP,
após a celebração do acordo, exceto se sua divulgação causar prejuízos às investigações
ou ao processo administrativo.
Art. 60. Constarão do CEIS e do CNEP, sem prejuízo de outros a serem estabelecidos
pela Controladoria-Geral da União, dados e informações referentes a:
I. nome ou razão social da pessoa física ou jurídica sancionada;
II. número de inscrição da pessoa jurídica no Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica - CNPJ ou da pessoa física no Cadastro de Pessoas
Físicas - CPF;
III. tipo de sanção;
IV. fundamentação legal da sanção;
V. número do processo no qual foi fundamentada a sanção;
VI. data de início de vigência do efeito limitador ou impeditivo da sanção
ou data de aplicação da sanção;
VII. data final do efeito limitador ou impeditivo da sanção, quando
couber;
VIII. nome do órgão ou da entidade sancionadora;
IX. valor da multa, quando couber; e
X. escopo de abrangência da sanção, quando couber.

Art. 61. Os registros no CEIS e no CNEP deverão ser realizados imediatamente após
o transcurso do prazo para apresentação do pedido de reconsideração ou recurso cabível
ou da publicação de sua decisão final, quando lhe for atribuído efeito suspensivo pela
autoridade competente.
Art. 62. A exclusão dos dados e das informações constantes do CEIS ou do CNEP se
dará:
I. com o fim do prazo do efeito limitador ou impeditivo da sanção ou
depois de decorrido o prazo previamente estabelecido no ato
sancionador; ou
II. mediante requerimento da pessoa jurídica interessada, após
cumpridos os seguintes requisitos, quando aplicáveis:
a. publicação da decisão de reabilitação da pessoa jurídica
sancionada;
b. cumprimento integral do acordo de leniência;
c. reparação do dano causado;
d. quitação da multa aplicada; e
e. cumprimento da pena de publicação extraordinária da decisão
administrativa sancionadora.
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Art. 63. O fornecimento dos dados e das informações de que trata este Capítulo pelos
órgãos e pelas entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de cada uma das
esferas de governo será disciplinado pela Controladoria-Geral da União.
Parágrafo único. O registro e a exclusão dos registros no CEIS e no CNEP são de
competência e responsabilidade do órgão ou da entidade sancionadora.
20.6 CAPÍTULO VII - DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 64. As informações referentes ao PAR instaurado no âmbito dos órgãos e das
entidades do Poder Executivo federal serão registradas no sistema de gerenciamento
eletrônico de processos administrativos sancionadores mantido pela Controladoria-Geral
da União, conforme ato do Ministro de Estado da Controladoria-Geral da União.
Art. 65. Os órgãos e as entidades da administração pública, no exercício de suas
competências regulatórias, disporão sobre os efeitos da Lei nº 12.846, de 2013, no âmbito
das atividades reguladas, inclusive no caso de proposta e celebração de acordo de
leniência.
Art. 66. O processamento do PAR ou a negociação de acordo de leniência não
interfere no seguimento regular dos processos administrativos específicos para apuração
da ocorrência de danos e prejuízos à administração pública federal resultantes de ato
lesivo cometido por pessoa jurídica, com ou sem a participação de agente público.
Art. 67. Compete ao Ministro de Estado da Controladoria-Geral da União editar
orientações, normas e procedimentos complementares para a execução deste Decreto,
notadamente no que diz respeito a:
I. fixação da metodologia para a apuração do faturamento bruto e dos
tributos a serem excluídos para fins de cálculo da multa a que se
refere o art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013;
II. forma e regras para o cumprimento da publicação extraordinária da
decisão administrativa sancionadora;
III. avaliação do programa de integridade, inclusive sobre a forma de
avaliação simplificada no caso de microempresas e empresas de
pequeno porte; e
IV. gestão e registro dos procedimentos e sanções aplicadas em face de
pessoas jurídicas e entes privados.

Art. 68. O Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Advocacia-Geral da União e


a Controladoria-Geral da União:
I. estabelecerão canais de comunicação institucional:
a. para o encaminhamento de informações referentes à prática
de atos lesivos contra a administração pública nacional ou
estrangeira ou derivadas de acordos de colaboração premiada
e acordos de leniência; e
b. para a cooperação jurídica internacional e recuperação de
ativos; e
II. poderão, por meio de acordos de colaboração técnica, articular
medidas para o enfrentamento da corrupção e de delitos conexos.
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Art. 69. As disposições deste Decreto se aplicam imediatamente aos processos em


curso, resguardados os atos praticados antes de sua vigência.
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Exercícios de Fixação

01) A Lei nº 12.846/2013 dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e


civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública. O
prazo concedido para a defesa da pessoa jurídica no processo administrativo para
apuração da responsabilidade é de:

a) 15 (quinze) dias, contados a partir da intimação.


b) 30 (trinta) dias, contados a partir da intimação.
c) 45 (quarenta e cinco) dias, contados a partir da intimação.
d) 15 (quinze) dias, contados a partir da decisão administrativa.
e) 30 (trinta) dias, contados a partir da decisão administrativa.

02) Com fundamento na Lei Anticorrupção, analise as afirmativas abaixo a respeito


do acordo de leniência:

1. Incumbe à autoridade máxima de cada órgão ou entidade pública celebrar acordo


de leniência.

2. A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa jurídica da sanção de


publicação extraordinária da decisão condenatória.

3. O acordo de leniência exime a pessoa jurídica da obrigação de reparar


integralmente o dano causado.

4. O acordo de leniência celebrado reduzirá em até 1/3 o valor da multa aplicável.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.

a) É correta apenas a afirmativa 1.


b) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
c) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.
d) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.

GABARITO:

01-B 02-B
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21 CAPÍTULO I - DO OBJETO E DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO

Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre a política de segurança cibernética e sobre os


requisitos para a contratação de serviços de processamento e armazenamento de dados e
de computação em nuvem a serem observados pelas instituições autorizadas a funcionar
pelo Banco Central do Brasil.
Parágrafo único. O disposto nesta Resolução não se aplica às instituições de
pagamento, que devem observar a regulamentação emanada do Banco Central do Brasil,
no exercício de suas atribuições legais.

21.1 CAPÍTULO II - DA POLÍTICA DE SEGURANÇA CIBERNÉTICA


21.1.1 Seção I - Da Implementação da Política de Segurança Cibernética

Art. 2º As instituições referidas no art. 1º devem implementar e manter política de


segurança cibernética formulada com base em princípios e diretrizes que busquem
assegurar a confidencialidade, a integridade e a disponibilidade dos dados e dos sistemas
de informação utilizados.
§ 1º A política mencionada no caput deve ser compatível com:
I. o porte, o perfil de risco e o modelo de negócio da instituição;
II. a natureza das operações e a complexidade dos produtos, serviços,
atividades e processos da instituição; e
III. a sensibilidade dos dados e das informações sob responsabilidade da
instituição.

§ 2º Admite-se a adoção de política de segurança cibernética única por:


I. conglomerado prudencial; e
II. sistema cooperativo de crédito.

§ 3º As instituições que não constituírem política de segurança cibernética própria


em decorrência do disposto no § 2º devem formalizar a opção por essa faculdade em
reunião do conselho de administração ou, na sua inexistência, da diretoria da instituição.
Art. 3º A política de segurança cibernética deve contemplar, no mínimo:
I. os objetivos de segurança cibernética da instituição;
II. os procedimentos e os controles adotados para reduzir a vulnerabilidade da
instituição a incidentes e atender aos demais objetivos de segurança
cibernética;
III. os controles específicos, incluindo os voltados para a rastreabilidade da
informação, que busquem garantir a segurança das informações sensíveis;
IV. o registro, a análise da causa e do impacto, bem como o controle dos efeitos
de incidentes relevantes para as atividades da instituição;
V. as diretrizes para:
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a. a elaboração de cenários de incidentes considerados nos testes de


continuidade de negócios;
b. a definição de procedimentos e de controles voltados à prevenção e
ao tratamento dos incidentes a serem adotados por empresas
prestadoras de serviços a terceiros que manuseiem dados ou
informações sensíveis ou que sejam relevantes para a condução das
atividades operacionais da instituição;
c. a classificação dos dados e das informações quanto à relevância; e
d. a definição dos parâmetros a serem utilizados na avaliação da
relevância dos incidentes;
VI. os mecanismos para disseminação da cultura de segurança cibernética na
instituição, incluindo:
a. a implementação de programas de capacitação e de avaliação
periódica de pessoal;
b. a prestação de informações a clientes e usuários sobre precauções na
utilização de produtos e serviços financeiros; e
c. o comprometimento da alta administração com a melhoria contínua
dos procedimentos relacionados com a segurança cibernética; e
VII. as iniciativas para compartilhamento de informações sobre os incidentes
relevantes, mencionados no inciso IV, com as demais instituições referidas
no art. 1º.
§ 1º Na definição dos objetivos de segurança cibernética referidos no inciso I do
caput, deve ser contemplada a capacidade da instituição para prevenir, detectar e reduzir
a vulnerabilidade a incidentes relacionados com o ambiente cibernético.
§ 2º Os procedimentos e os controles de que trata o inciso II do caput devem abranger,
no mínimo, a autenticação, a criptografia, a prevenção e a detecção de intrusão, a
prevenção de vazamento de informações, a realização periódica de testes e
varreduras para detecção de vulnerabilidades, a proteção contra softwares
maliciosos, o estabelecimento de mecanismos de rastreabilidade, os controles de
acesso e de segmentação da rede de computadores e a manutenção de cópias de
segurança dos dados e das informações.
§ 3º Os procedimentos e os controles citados no inciso II do caput devem ser
aplicados, inclusive, no desenvolvimento de sistemas de informação seguros e na adoção
de novas tecnologias empregadas nas atividades da instituição.
§ 4º O registro, a análise da causa e do impacto, bem como o controle dos efeitos de
incidentes, citados no inciso IV do caput, devem abranger inclusive informações
recebidas de empresas prestadoras de serviços a terceiros.
§ 5º As diretrizes de que trata o inciso V, alínea "b", do caput, devem contemplar
procedimentos e controles em níveis de complexidade, abrangência e precisão
compatíveis com os utilizados pela própria instituição.
21.1.2 Seção II - Da Divulgação da Política de Segurança Cibernética
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Art. 4º A política de segurança cibernética deve ser divulgada aos funcionários da


instituição e às empresas prestadoras de serviços a terceiros, mediante linguagem clara,
acessível e em nível de detalhamento compatível com as funções desempenhadas e com
a sensibilidade das informações.
Art. 5º As instituições devem divulgar ao público resumo contendo as linhas gerais
da política de segurança cibernética.
21.1.3 Seção III - Do Plano de Ação e de Resposta a Incidentes

Art. 6º As instituições referidas no art. 1º devem estabelecer plano de ação e de


resposta a incidentes visando à implementação da política de segurança cibernética.
Parágrafo único. O plano mencionado no caput deve abranger, no mínimo:
I. as ações a serem desenvolvidas pela instituição para adequar suas estruturas
organizacional e operacional aos princípios e às diretrizes da política de
segurança cibernética;
II. as rotinas, os procedimentos, os controles e as tecnologias a serem utilizados
na prevenção e na resposta a incidentes, em conformidade com as diretrizes
da política de segurança cibernética; e
III. a área responsável pelo registro e controle dos efeitos de incidentes
relevantes.

Art. 7º As instituições referidas no art. 1º devem designar diretor responsável pela


política de segurança cibernética e pela execução do plano de ação e de resposta a
incidentes.
Parágrafo único. O diretor mencionado no caput pode desempenhar outras funções
na instituição, desde que não haja conflito de interesses.
Art. 8º As instituições referidas no art. 1º devem elaborar relatório anual sobre a
implementação do plano de ação e de resposta a incidentes, mencionado no art. 6º, com
data-base de 31 de dezembro.
§ 1º O relatório de que trata o caput deve abordar, no mínimo:
I. a efetividade da implementação das ações descritas no art. 6º, parágrafo
único, inciso I;
II. o resumo dos resultados obtidos na implementação das rotinas, dos
procedimentos, dos controles e das tecnologias a serem utilizados na
prevenção e na resposta a incidentes descritos no art. 6º, parágrafo único,
inciso II;
III. os incidentes relevantes relacionados com o ambiente cibernético ocorridos
no período; e
IV. os resultados dos testes de continuidade de negócios, considerando cenários
de indisponibilidade ocasionada por incidentes.

§ 2º O relatório mencionado no caput deve ser:


I. submetido ao comitê de risco, quando existente; e
II. apresentado ao conselho de administração ou, na sua inexistência, à diretoria
da instituição até 31 de março do ano seguinte ao da data-base.
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Art. 9º A política de segurança cibernética referida no art. 2º e o plano de ação e de


resposta a incidentes mencionado no art. 6º devem ser aprovados pelo conselho de
administração ou, na sua inexistência, pela diretoria da instituição.
Art. 10. A política de segurança cibernética e o plano de ação e de resposta a
incidentes devem ser documentados e revisados, no mínimo, anualmente.
21.2 CAPÍTULO III - DA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE PROCESSAMENTO
E ARMAZENAMENTO DE DADOS E DE COMPUTAÇÃO EM NUVEM

Art. 11. As instituições referidas no art. 1º devem assegurar que suas políticas,
estratégias e estruturas para gerenciamento de riscos previstas na regulamentação em
vigor, especificamente no tocante aos critérios de decisão quanto à terceirização de
serviços, contemplem a contratação de serviços relevantes de processamento e
armazenamento de dados e de computação em nuvem, no País ou no exterior.
Art. 12. As instituições mencionadas no art. 1º, previamente à contratação de serviços
relevantes de processamento e armazenamento de dados e de computação em nuvem,
devem adotar procedimentos que contemplem:
I. I - a adoção de práticas de governança corporativa e de gestão proporcionais
à relevância do serviço a ser contratado e aos riscos a que estejam expostas;
e
II. II - a verificação da capacidade do potencial prestador de serviço de
assegurar:

a. o cumprimento da legislação e da regulamentação em vigor;


b. o acesso da instituição aos dados e às informações a serem
processados ou armazenados pelo prestador de serviço;
c. a confidencialidade, a integridade, a disponibilidade e a recuperação
dos dados e das informações processados ou armazenados pelo
prestador de serviço;
d. a sua aderência a certificações exigidas pela instituição para a
prestação do serviço a ser contratado;
e. o acesso da instituição contratante aos relatórios elaborados por
empresa de auditoria especializada independente contratada pelo
prestador de serviço, relativos aos procedimentos e aos controles
utilizados na prestação dos serviços a serem contratados;
f. o provimento de informações e de recursos de gestão adequados ao
monitoramento dos serviços a serem prestados;
g. a identificação e a segregação dos dados dos clientes da instituição
por meio de controles físicos ou lógicos; e
h. a qualidade dos controles de acesso voltados à proteção dos dados e
das informações dos clientes da instituição.
§ 1º Na avaliação da relevância do serviço a ser contratado, mencionada no inciso I
do caput, a instituição contratante deve considerar a criticidade do serviço e a
sensibilidade dos dados e das informações a serem processados, armazenados e
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gerenciados pelo contratado, levando em conta, inclusive, a classificação realizada nos


termos do art. 3º, inciso V, alínea "c".
§ 2º Os procedimentos de que trata o caput, inclusive as informações relativas à
verificação mencionada no inciso II, devem ser documentados.
§ 3º No caso da execução de aplicativos por meio da internet, referidos no inciso III
do art. 13, a instituição deve assegurar que o potencial prestador dos serviços adote
controles que mitiguem os efeitos de eventuais vulnerabilidades na liberação de novas
versões do aplicativo.
§ 4º A instituição deve possuir recursos e competências necessários para a adequada
gestão dos serviços a serem contratados, inclusive para análise de informações e uso de
recursos providos nos termos da alínea "f" do inciso II do caput.
Art. 13. Para os fins do disposto nesta Resolução, os serviços de computação em
nuvem abrangem a disponibilidade à instituição contratante, sob demanda e de maneira
virtual, de ao menos um dos seguintes serviços:
I. processamento de dados, armazenamento de dados, infraestrutura de redes e
outros recursos computacionais que permitam à instituição contratante
implantar ou executar softwares, que podem incluir sistemas operacionais e
aplicativos desenvolvidos pela instituição ou por ela adquiridos;
II. implantação ou execução de aplicativos desenvolvidos pela instituição
contratante, ou por ela adquiridos, utilizando recursos computacionais do
prestador de serviços; ou
III. execução, por meio da internet, de aplicativos implantados ou desenvolvidos
pelo prestador de serviço, com a utilização de recursos computacionais do
próprio prestador de serviços.

Art. 14. A instituição contratante dos serviços mencionados no art. 12 é responsável


pela confiabilidade, pela integridade, pela disponibilidade, pela segurança e pelo sigilo
em relação aos serviços contratados, bem como pelo cumprimento da legislação e da
regulamentação em vigor.
Art. 15. A contratação de serviços relevantes de processamento, armazenamento de
dados e de computação em nuvem deve ser comunicada pelas instituições referidas no
art. 1º ao Banco Central do Brasil.
§ 1º A comunicação mencionada no caput deve conter as seguintes informações:
I. a denominação da empresa contratada;
II. os serviços relevantes contratados; e
III. a indicação dos países e das regiões em cada país onde os serviços poderão
ser prestados e os dados poderão ser armazenados, processados e gerenciados,
definida nos termos do inciso III do art. 16, no caso de contratação no exterior.

§ 2º A comunicação de que trata o caput deve ser realizada até dez dias após a
contratação dos serviços.
§ 3º As alterações contratuais que impliquem modificação das informações de que
trata o § 1º devem ser comunicadas ao Banco Central do Brasil até dez dias após a
alteração contratual.
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Art. 16. A contratação de serviços relevantes de processamento, armazenamento de


dados e de computação em nuvem prestados no exterior deve observar os seguintes
requisitos:
I. a existência de convênio para troca de informações entre o Banco Central do
Brasil e as autoridades supervisoras dos países onde os serviços poderão ser
prestados;
II. a instituição contratante deve assegurar que a prestação dos serviços referidos
no caput não cause prejuízos ao seu regular funcionamento nem embaraço à
atuação do Banco Central do Brasil;
III. a instituição contratante deve definir, previamente à contratação, os países e
as regiões em cada país onde os serviços poderão ser prestados e os dados
poderão ser armazenados, processados e gerenciados; e
IV. a instituição contratante deve prever alternativas para a continuidade dos
negócios, no caso de impossibilidade de manutenção ou extinção do contrato
de prestação de serviços.

§ 1º No caso de inexistência de convênio nos termos do inciso I do caput, a instituição


contratante deverá solicitar autorização do Banco Central do Brasil para:
I. a contratação do serviço, no prazo mínimo de sessenta dias antes da
contratação, observado o disposto no art. 15, § 1º, desta Resolução; e
II. as alterações contratuais que impliquem modificação das informações de que
trata o art. 15, § 1º, observando o prazo mínimo de sessenta dias antes da
alteração contratual.

§ 2º Para atendimento aos incisos II e III do caput, as instituições deverão assegurar


que a legislação e a regulamentação nos países e nas regiões em cada país onde os serviços
poderão ser prestados não restringem nem impedem o acesso das instituições contratantes
e do Banco Central do Brasil aos dados e às informações.
§ 3º A comprovação do atendimento aos requisitos de que tratam os incisos I a IV do
caput e o cumprimento da exigência de que trata o § 2º devem ser documentados.
Art. 17. Os contratos para prestação de serviços relevantes de processamento,
armazenamento de dados e computação em nuvem devem prever:
I. a indicação dos países e da região em cada país onde os serviços poderão ser
prestados e os dados poderão ser armazenados, processados e gerenciados;
II. a adoção de medidas de segurança para a transmissão e armazenamento dos
dados citados no inciso I do caput;
III. a manutenção, enquanto o contrato estiver vigente, da segregação dos dados
e dos controles de acesso para proteção das informações dos clientes;
IV. a obrigatoriedade, em caso de extinção do contrato, de:

a. transferência dos dados citados no inciso I do caput ao novo prestador


de serviços ou à instituição contratante; e
b. exclusão dos dados citados no inciso I do caput pela empresa
contratada substituída, após a transferência dos dados prevista na
alínea "a" e a confirmação da integridade e da disponibilidade dos
dados recebidos;
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V. o acesso da instituição contratante a:


a. informações fornecidas pela empresa contratada, visando a verificar
o cumprimento do disposto nos incisos I a III do caput;
b. informações relativas às certificações e aos relatórios de auditoria
especializada, citados no art. 12, inciso II, alíneas "d" e "e"; e
c. informações e recursos de gestão adequados ao monitoramento dos
serviços a serem prestados, citados no art. 12, inciso II, alínea "f";

VI. a obrigação de a empresa contratada notificar a instituição contratante sobre


a subcontratação de serviços relevantes para a instituição;
VII. a permissão de acesso do Banco Central do Brasil aos contratos e aos acordos
firmados para a prestação de serviços, à documentação e às informações
referentes aos serviços prestados, aos dados armazenados e às informações
sobre seus processamentos, às cópias de segurança dos dados e das
informações, bem como aos códigos de acesso aos dados e às informações;
VIII. a adoção de medidas pela instituição contratante, em decorrência de
determinação do Banco Central do Brasil; e
IX. a obrigação de a empresa contratada manter a instituição contratante
permanentemente informada sobre eventuais limitações que possam afetar a
prestação dos serviços ou o cumprimento da legislação e da regulamentação
em vigor.

Parágrafo único. Os contratos mencionados no caput devem prever, para o caso da


decretação de regime de resolução da instituição contratante pelo Banco Central do
Brasil:
I. a obrigação de a empresa contratada conceder pleno e irrestrito acesso do
responsável pelo regime de resolução aos contratos, aos acordos, à
documentação e às informações referentes aos serviços prestados, aos dados
armazenados e às informações sobre seus processamentos, às cópias de
segurança dos dados e das informações, bem como aos códigos de acesso
citados no inciso VII do caput que estejam em poder da empresa contratada;
e
II. a obrigação de notificação prévia do responsável pelo regime de resolução
sobre a intenção de a empresa contratada interromper a prestação de serviços,
com pelo menos trinta dias de antecedência da data prevista para a
interrupção, observado que:
a. a empresa contratada obriga-se a aceitar eventual pedido de prazo
adicional de trinta dias para a interrupção do serviço, feito pelo
responsável pelo regime de resolução; e
b. a notificação prévia deverá ocorrer também na situação em que a
interrupção for motivada por inadimplência da contratante.

Art. 18. O disposto nos arts. 11 a 17 não se aplica à contratação de sistemas operados
por câmaras, por prestadores de serviços de compensação e de liquidação ou por entidades
que exerçam atividades de registro ou de depósito centralizado.
21.3 CAPÍTULO IV - DISPOSIÇÕES GERAIS
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Art. 19. As instituições referidas no art. 1º devem assegurar que suas políticas para
gerenciamento de riscos previstas na regulamentação em vigor disponham, no tocante à
continuidade de negócios, sobre:
I. o tratamento dos incidentes relevantes relacionados com o ambiente
cibernético de que trata o art. 3º, inciso IV;
II. os procedimentos a serem seguidos no caso da interrupção de serviços
relevantes de processamento e armazenamento de dados e de computação em
nuvem contratados, abrangendo cenários que considerem a substituição da
empresa contratada e o reestabelecimento da operação normal da instituição;
e
III. os cenários de incidentes considerados nos testes de continuidade de negócios
de que trata o art. 3º, inciso V, alínea "a".

Art. 20. Os procedimentos adotados pelas instituições para gerenciamento de riscos


previstos na regulamentação em vigor devem contemplar, no tocante à continuidade de
negócios:
I. o tratamento previsto para mitigar os efeitos dos incidentes relevantes de que
trata o inciso IV do art. 3º e da interrupção dos serviços relevantes de
processamento, armazenamento de dados e de computação em nuvem
contratados;
II. o prazo estipulado para reinício ou normalização das suas atividades ou dos
serviços relevantes interrompidos, citados no inciso I do caput; e
III. a comunicação tempestiva ao Banco Central do Brasil das ocorrências de
incidentes relevantes e das interrupções dos serviços relevantes citados no
inciso I do caput que configurem uma situação de crise pela instituição
financeira, bem como das providências para o reinício das suas atividades.

Parágrafo único. As instituições devem estabelecer e documentar os critérios que


configurem uma situação de crise de que trata o inciso III do caput.
Art. 21. As instituições de que trata o art. 1º devem instituir mecanismos de
acompanhamento e de controle com vistas a assegurar a implementação e a efetividade
da política de segurança cibernética, do plano de ação e de resposta a incidentes e dos
requisitos para contratação de serviços de processamento e armazenamento de dados e de
computação em nuvem, incluindo:
I. a definição de processos, testes e trilhas de auditoria;
II. a definição de métricas e indicadores adequados; e
III. a identificação e a correção de eventuais deficiências.

§ 1º As notificações recebidas sobre a subcontratação de serviços relevantes descritas


no art. 17, inciso VI, devem ser consideradas na definição dos mecanismos de que trata o
caput.
§ 2º Os mecanismos de que trata o caput devem ser submetidos a testes periódicos
pela auditoria interna, quando aplicável, compatíveis com os controles internos da
instituição.
Art. 22. Sem prejuízo do dever de sigilo e da livre concorrência, as instituições
mencionadas no art. 1º devem desenvolver iniciativas para o compartilhamento de
informações sobre os incidentes relevantes de que trata o art. 3º, inciso IV.
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§ 1º O compartilhamento de que trata o caput deve abranger informações sobre


incidentes relevantes recebidas de empresas prestadoras de serviços a terceiros.
§ 2º As informações compartilhadas devem estar disponíveis ao Banco Central do
Brasil.
21.4 CAPÍTULO V - DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 23. Devem ficar à disposição do Banco Central do Brasil pelo prazo de cinco
anos:
I. o documento relativo à política de segurança cibernética, de que trata o art.
2º;
II. a ata de reunião do conselho de administração ou, na sua inexistência, da
diretoria da instituição, no caso de ser formalizada a opção de que trata o art.
2º, § 2º;
III. o documento relativo ao plano de ação e de resposta a incidentes, de que trata
o art. 6º;
IV. o relatório anual, de que trata o art. 8º;
V. a documentação sobre os procedimentos de que trata o art. 12, § 2º;
VI. a documentação de que trata o art. 16, § 3º, no caso de serviços prestados no
exterior;
VII. os contratos de que trata o art. 17, contado o prazo referido no caput a partir
da extinção do contrato;
VIII. os dados, os registros e as informações relativas aos mecanismos de
acompanhamento e de controle de que trata o art. 21, contado o prazo referido
no caput a partir da implementação dos citados mecanismos; e
IX. a documentação com os critérios que configurem uma situação de crise de
que trata o art. 20, Parágrafo único.

Art. 24. O Banco Central do Brasil poderá adotar as medidas necessárias para
cumprimento do disposto nesta Resolução, bem como estabelecer:
I. os requisitos e os procedimentos para o compartilhamento de informações,
nos termos do art. 22;
II. a exigência de certificações e outros requisitos técnicos a serem requeridos
das empresas contratadas, pela instituição financeira contratante, na prestação
dos serviços de que trata o art. 12;
III. os prazos máximos de que trata o art. 20, inciso II para reinício ou
normalização das atividades ou dos serviços relevantes interrompidos; e
IV. os requisitos técnicos e procedimentos operacionais a serem observados pelas
instituições para o cumprimento desta Resolução.

Art. 25. As instituições referidas no art. 1º que, em 26 de abril de 2018, já tinham


contratado a prestação de serviços relevantes de processamento, armazenamento de dados
e de computação em nuvem devem adequar o contrato para a prestação de tais serviços:
I. ao cumprimento do disposto no art. 16, incisos I, II, IV e § 2º, no caso de
serviços prestados no exterior; e
II. ao disposto nos arts. 15, § 1º, e 17.
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Parágrafo único. O prazo previsto para adequação ao disposto no caput não pode
ultrapassar 31 de dezembro 2021.
Art. 26. O Banco Central do Brasil poderá vetar ou impor restrições para a
contratação de serviços de processamento e armazenamento de dados e de computação
em nuvem quando constatar, a qualquer tempo, a inobservância do disposto nesta
Resolução, bem como a limitação à atuação do Banco Central do Brasil, estabelecendo
prazo para a adequação dos referidos serviços.
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Exercícios de Fixação

01) Crime cibernético é todo crime que é executado online e inclui, por exemplo, o
roubo de informações no meio virtual. Uma recomendação correta de segurança aos
usuários da internet, para se proteger contra a variedade de crimes cibernéticos é

a) usar a mesma senha (composta por letras maiúsculas e minúsculas, números e


símbolos) em todos os sites com conteúdo de acesso restrito, mantendo esta senha
protegida em um aplicativo de gerenciamento de senhas.
b) manter os softwares atualizados, exceto os sistemas operacionais, pois estes já
possuem mecanismos de segurança como firewall, antivírus e antispyware.
c) gerenciar as configurações de mídias sociais para manter a maior parte das
informações pessoais e privadas bloqueadas.
d) proteger a rede wireless com senha que utiliza criptografia Wired Equivalent
Privacy − WEP ou com uma Virtual Protect Network − VPN.
e) usar uma suíte de segurança para a internet com serviços
como firewall, blockwall e antivírus, como o LibreOffice Security Suit.

GABARITO:

01-C
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22 Ética aplicada: ética, moral, valores e virtudes

A conduta ética é o reflexo da conduta de todos os profissionais, fortalecendo as


relações interpessoais, o desenvolvimento, o sucesso e a imagem da organização.
A ética é nas palavras de Megale (1989, p. 169), o que de mais justo existe. Por
conseguinte, a ética e as organizações, tornam-se indissociáveis estando diretamente
ligadas a relações, a comportamentos, que nas ciências sociais, não esquecendo a sua
dimensão teórica ou cognitiva, assumem medidas que contemplam as observações
empíricas.
A literatura tem produzido uma vasta investigação na área da ética. Toda esta
literatura aponta para uma forma proativa da organização, pois procura perceber através
dos comportamentos, dos valores, da moral, da consciência ética, quais as formas e as
preocupações com a colaboração entre todos os saberes dos participantes, como podem
comprometer-se e contribuir para o seu bem-estar, mas também, para o prestígio e o
sucesso da organização.
A ética no seu sentido etimológico é uma palavra que vem do grego ethos e define-
se por duas formas. A primeira êthos, refere-se ao modo de ser, ao caráter, à realidade
interior donde provêm os atos humanos. A segunda éthos, indica os costumes, os hábitos
ou o agir habitual; atos concretos que indicam e realziam o modo de ser da pessoa.
Enfatizando a ligação entre moral e ética, poder-se-á dizer que a moral aparece mais
ou menos como institucionalização da ética. A ética investiga a fundamentação do agir,
os princípios e valores, a dimensão da interioridade dos atos, aquilo que é mais pessoal.
A moral indica ações e normas concretas, ou seja, a aplicação das regras que são objeto
da ética. Por seu turno, a ética é o modo como determinada pessoa ou sociedade se
comportam. A ética estuda o ser e o sentido das normas morais, ou seja, explica o bem
moral e as suas características.
Se a ética é indissociável da moral, confundindo-se muitas vezes com ela, também
outros conceitos estão igualmente ligados, como por exemplo: os valores, os
regulamentos, as normas, as leis que regem os comportamentos das pessoas na sociedade
e, neste caso, as condutas das pessoas nas organizações. Se a moral significa agir de
acordo com os bons costumes, ou a capacidade de distinguirmos entre o bem e o mal,
também sabemos que ela é dentro de uma determinada sociedade transmissível no tempo.
22.1 Ética empresarial e profissional
22.2 A gestão da ética nas empresas públicas e privadas

Nesta perspectiva a ética nas organizações remete para os deveres relacionados com
a responsabilidade que cada membro da organização tem no seu trabalho. Não ter uma
atitude ética é ir contra os deveres profissionais, é não cumprir compromissos assumidos,
por escrito ou verbalmente, perante as suas funções e estatutos nas organizações (Ferreira
& Dias, 2005, p.25). A organização não é uma abstração, é uma estrutura física e são as
pessoas concretas, é também por isso que a ética se prende com comportamentos
concretos.
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Parece-nos que estas considerações, sobre a ética em relação com a organização,


demonstram bem o sentido de que as organizações são muito mais do que simples
recursos financeiros ou equipamentos. As organizações além de uma estrutura física e
financeira são também compostas por estruturas ou sistemas humanos, o que exige a
integração de pessoas diferentes, com uma vida própria. Esta observância obriga a uma
integração harmoniosa de todos os seus membros com objetivos de sucesso das
organizações. É nesta perspectiva que entendemos o fenómeno da interdependência entre
uma organização e a ética, no seu sentido mais significativo, tanto para a dignidade das
pessoas como para o sucesso da organização. Este reconhecimento justifica a análise, o
enquadramento e a relação entre estes dois conceitos que são a ética e a organização.
Podemos concluir, sem alguma dificuldade, que uma organização é um sistema
complexo, onde as pessoas são o centro, por isso os seus métodos e as suas dinâmicas
devem ser baseados na multidisciplinaridade e interdisciplinaridade, as suas prioridades
devem estar sempre nas pessoas. A ética é condição necessária nas relações interpessoais,
o que só é possível quando há confiança entre as pessoas que direta ou indiretamente
estão relacionadas com a organização.
O envolvimento das pessoas nas organizações é impossível sem uma ética de
responsabilidade individual e coletiva, apoiada na moral e nos valores defendidos pelas
regras universais. As funções e os papéis das pessoas nas organizações tornam-se efetivas
quando todos se envolvem no seu conjunto, pondo de parte o individualismo, os interesses
pessoais e se adotam comportamentos éticos em consonância com os valores presentes
nas realidades que as integram.
Os valores associados à ética exigem critérios de coerência, empenhamento,
comprometimento e verdade na e com a organização. Os valores são indispensáveis para
o desenvolvimento e a confiança entre todos os participantes da organização, cada um
sabe qual a sua posição e por isso havendo a obrigação de se comportar conforme as
funções e os papéis que possui na estrutura da organização (Rego, 2000).
Quanto mais altas as posições na hierarquia da organização, maior é a
responsabilidade destas pessoas, maior atenção deve prestar aos valores e aos
comportamentos éticos, pois o exemplo é mais forte do que as palavras por mais corretas
que elas sejam têm pouco efeito, quanto muito tornam-se inúteis. Por conseguinte, a ética
tem sempre forte ligação aos valores considerados como exemplares no envolvimento
globalizado da organização (Pinto, 2003).
Neste sentido a ética é cada vez mais pensada, quando o fenómeno organizacional é
analisado, tendo merecido uma crescente e especial atenção por escolas e autores que
estudam estas matérias. Neste entendimento os valores não são uma opção, são sim uma
necessidade sentida pelas pessoas, assim como também a ética. Podemos afirmar que
ninguém pode viver bem e feliz quando tanto os valores como a ética são postos em causa
através de qualquer método não aceite universalmente.
A ética tem como objetivo integrar de forma harmoniosa os recursos humanos,
técnicos e financeiros, de modo a otimizar os valores pessoais e sociais da e na
organização. De facto, a ética é a base de toda a atividade seja ela económica, política ou
social. A ética e a moral são um exercício nos negócios, os valores sustentam o
envolvimento das relações nas organizações onde as responsabilidades se distribuem em
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função do lugar que ocupam. A conduta de um chefe, diretor ou responsável é muito


maior que aquela de um subordinado. É por isso que os critérios nas suas eleições ou
nomeações não devem por em causa a organização. Estudos sobre a ética (Moreira,
1996a) revelam que por vezes os chefes são escolhidos por favores, amizades, interesses
particulares e menos competência científica ou humana. Ora isto não dignifica em nada
as pessoas nem as organizações.
Os defensores e preocupados com os valores, com a ética e a moral, adotam atitudes
que se identificam com a dignidade humana, assumem a responsabilidade das suas ações.
Estes comportamentos respeitam os valores dos outros, aplicam o humanismo, há um
envolvimento em causas coletivas dando respostas aos apelos individuais nas
organizações, mas também na comunidade. De facto, a ética e os valores, nas sociedades
atuais, exigem muito no seu seguimento, porém dão um conforto considerável, uma
tranquilidade, às pessoas que investem em pô-los em prática.
22.3 Código de Ética do Banco do Brasil

O Código de Ética do Banco do Brasil pode ser encontrado no seguinte link:


https://www.bb.com.br/docs/pub/siteEsp/ri/pt/dce/dwn/Codigoetica.pdf
Crença
Uma sociedade melhor exige espírito público em cada um de nós.
Missão
Banco de Mercado com Espírito Público. Ser um banco rentável e competitivo,
atuando com espírito público em cada uma de suas ações, junto a clientes, acionistas e
toda sociedade.
Visão
Ser o banco mais confiável e relevante para a vida dos clientes, funcionários e para
o desenvolvimento do Brasil.
Valores:
• Espírito público: consideramos simultaneamente o todo e a parte em cada
uma de nossas ações para dimensionar riscos, gerar resultados e criar valor.
• Ética: ética é inspiração e condição de nosso comportamento pessoal e
institucional.
• Potencial humano: acreditamos no potencial de todas as pessoas e na sua
capacidade de se realizar e contribuir para a evolução da sociedade.
• Eficiência: otimizamos permanentemente os recursos disponíveis para a
criação de valor para todos os públicos de relacionamento.
• Inovação: cultivamos uma cultura de novação como garantia de nossa
perenidade.
• Visão cliente: conhecemos os nossos clientes, as suas necessidades e
expectativas e proporcionamos experiências legítimas Banco do Brasil que
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promovem relações de longo prazo e que reforçam a confiança na nossa


marca.
Introdução
1.1. O Código de Ética do Banco do Brasil apresenta os compromissos e diretrizes da
Empresa em relação ao seu público de relacionamento.
1.2. As Normas de Conduta apresentam deveres e comportamentos esperados no
ambiente de trabalho, facilitando a aplicação dos compromissos assumidos no Código de
Ética.
1.3. Os documentos são revisados a cada três anos, ou extraordinariamente, a qualquer
tempo.
1.4. Anualmente funcionários do Brasil, do exterior, aprendizes e estagiários registram
ciência e concordância com os documentos direcionadores da ética corporativa do Banco
do Brasil.
1.5. A Diretoria Gestão de Pessoas é responsável por propor a atualização do Código de
Ética e das Normas de Conduta e promover a aplicação dos documentos.
1.6. O Conselho de Administração é responsável por aprovar a atualização do Código de
Ética e das Normas de Conduta.
1.7. Todas as áreas do Banco do Brasil são responsáveis por garantir a aplicação do
Código de Ética e das Normas de Conduta no cotidiano do trabalho.
1.8. Anualmente são disponibilizadas ações educacionais sobre o Código de Ética e as
Normas de Conduta.
Público-alvo
2.1. O Código de Ética e as Normas de Conduta são aplicados:
2.1.1. à Alta Administração – Conselheiros, Presidente, Vice- Presidentes e Diretores,
inclusive de empresas controladas;
2.1.2. aos funcionários do Brasil e do exterior;
2.1.3. aos colaboradores – estagiários, aprendizes, dirigentes e empregados de empresas
contratadas;
2.1.4. àqueles que estejam atuando ou prestando serviços em nome do Banco do Brasil
ou para o Banco do Brasil.

Código de Ética
3.1. Clientes e Usuários

3.1.1. Oferecemos produtos, serviços e informações para o atendimento das necessidades


de clientes e usuários de cada segmento de mercado, com inovação, qualidade, segurança
e tempestividade.
3.1.2. Oferecemos tratamento digno, cortês, justo e equitativo respeitando os interesses e
os direitos do consumidor.
3.1.3. Oferecemos orientações e informações claras, confiáveis e oportunas, para permitir
aos clientes a melhor decisão nos negócios.
3.1.4. Estimulamos a comunicação dos clientes e usuários com a Empresa e consideramos
suas manifestações no desenvolvimento e melhoria das soluções em produtos, serviços e
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relacionamento, propiciando a convergência de interesses e a consolidação de imagem


institucional de credibilidade, segurança e competência.
3.1.5. Asseguramos o sigilo das informações bancárias, ressalvados os casos previstos em
lei.
3.1.6. Não impomos barreiras, critérios ou procedimentos que dificultem a extinção da
relação contratual relativa a produtos e serviços, bem como para a transferência de
relacionamento para outra instituição, a pedido do cliente.
3.1.7. Promovemos um modelo de relacionamento cooperativo e equilibrado com
clientes.

3.2. Alta Administração, Funcionários e Colaboradores

3.2.1. Zelamos pelo estabelecimento de um ambiente de trabalho digno e saudável,


pautando as relações entre superiores hierárquicos, subordinados, pares e colaboradores
pelo respeito e pela cordialidade.
3.2.2. Repudiamos condutas que possam caracterizar assédio de qualquer natureza.
3.2.3. Respeitamos a liberdade de associação sindical e buscamos conciliar os interesses
da Empresa com os interesses dos funcionários e suas entidades representativas de forma
transparente, tendo a negociação como prática permanente.
3.2.4. Asseguramos a cada funcionário o acesso às informações pertinentes à sua
privacidade, bem como o sigilo destas informações, ressalvados os casos previstos em
lei.
3.2.5. Incentivamos o autodesenvolvimento dos funcionários, disponibilizando
treinamentos adequados para o desempenho das suas atividades no âmbito da
organização.
3.2.6. Reconhecemos, aceitamos e respeitamos a diversidade do conjunto de pessoas que
mantém relacionamento com o Banco.
3.2.7. Estimulamos a disseminação interna do Código de Ética, das Normas de Conduta
e das Políticas Gerais, que regulam os aspectos comportamentais da organização.
3.2.8. Repudiamos práticas ilícitas, como suborno, extorsão, corrupção, propina, lavagem
de dinheiro, financiamento do terrorismo, em todas as suas formas.
3.2.9. Valorizamos o diálogo, mantendo canais aptos a recepcionar e processar dúvidas,
denúncias, reclamações e sugestões, bem como garantimos o anonimato.
3.2.10. Consideramos os impactos socioambientais no planejamento de nossas atividades,
negócios e práticas administrativas.

3.3 Fornecedores

3.3.1. Adotamos critérios de seleção, contratação e avaliação, de forma imparcial e


transparente, que permitam pluralidade e concorrência entre fornecedores.
3.3.2. Requeremos, no relacionamento com fornecedores, resguardadas as limitações
legais.
3.3.2.1. o cumprimento da legislação trabalhista, previdenciária e fiscal;
3.3.2.2. o cumprimento da legislação e das regulamentações relativas à prevenção e ao
combate à corrupção;
3.3.2.3. a não utilização de trabalho infantil ou escravo;
3.3.2.4. a adoção de boas práticas de preservação ambiental;
3.3.2.5. a não adoção de prática de atos de corrupção contra governos, administração
pública, brasileira ou estrangeira, em qualquer uma de suas esferas.
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3.3.3. Requeremos das empresas fornecedoras de serviços que seus empregados,


enquanto prestarem serviços para o BB, sejam orientados a respeitar as diretrizes deste
Código de Ética.
3.3.4. Não autorizamos a realização de qualquer negócio em nome do Banco do Brasil,
de maneira imprópria, que configure atos criminosos ou ilícitos, tais como corrupção,
lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo e fraudes.

3.4. Acionistas, Investidores e Credores

3.4.1. Pautamos a gestão da Empresa pelos princípios da legalidade, da impessoalidade,


da moralidade, da publicidade e da eficiência.
3.4.2. Somos transparentes e ágeis no fornecimento de informações aos acionistas, aos
investidores e aos credores.
3.4.3. Consideramos toda informação passível de divulgação, exceto a de caráter restrito
que coloca em risco o desempenho e a imagem institucional, ou a que está protegida por
lei.
3.4.4. Elaboramos nossas demonstrações financeiras em conformidade com a lei e com
os princípios e normas de contabilidade, para representar adequadamente o resultado das
operações, os fluxos de caixa, e a posição patrimonial e financeira da Empresa.
3.4.5. Adotamos procedimentos e controles internos para assegurar o detalhamento, a
veracidade e a transparência de nossas demonstrações financeiras.
3.4.6. Vedamos a realização de transações com partes relacionadas em condições diversas
às de mercado.

3.5. Parceiros

3.5.1. Consideramos os impactos socioambientais na realização de parcerias, convênios,


protocolos de intenções e de cooperação técnico-financeira com entidades externas,
privadas ou públicas.
3.5.2. Estabelecemos parcerias que asseguram os mesmos valores de integridade, ética,
idoneidade e respeito à comunidade e ao meio ambiente.
3.5.3. Mantemos relacionamento negocial com instituições que possuam práticas para a
prevenção e o combate à corrupção, a qualquer tipo de ilícito, à lavagem de dinheiro e ao
financiamento do terrorismo.
3.5.4. Orientamos as Entidades Ligadas ao Banco do Brasil a definirem seus
direcionamentos pelos princípios éticos do BB, para que seus representantes pautem seu
comportamento nesses princípios.

3.6. Concorrentes

3.6.1. Temos a ética, a integridade e a civilidade como compromisso nas relações com a
concorrência.
3.6.2. Conduzimos a troca de informações com a concorrência de maneira lícita,
transparente e fidedigna, preservando os princípios do sigilo bancário e os interesses da
Empresa.

3.7. Governos
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3.7.1. Somos parceiros do poder público na implementação de políticas, projetos e


programas socioeconômicos voltados para o desenvolvimento sustentável do Brasil e dos
países em que atuamos.
3.7.2. Articulamos os interesses e as necessidades da Administração Pública brasileira
com os vários segmentos econômicos das sociedades em que atuamos.
3.7.3. Relacionamo-nos com o poder público independentemente das convicções
ideológicas dos seus titulares.
3.7.4. Atuamos em conformidade com as diretrizes internacionais no que diz respeito à
evasão fiscal, prevenção e combate à corrupção, lavagem de dinheiro e financiamento do
terrorismo.
3.7.5. Repudiamos quaisquer atos de corrupção praticados contra governos,
administração pública, brasileira ou estrangeira, em qualquer uma de suas esferas, a fim
de:
3.7.5.1. garantir, prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, qualquer vantagem
indevida a agente público, ou a terceiro a ele relacionado;
3.7.5.2. financiar, custear, patrocinar, ou de qualquer modo subvencionar a prática de
qualquer ato ilícito;
3.7.5.3. induzir a realizar ou deixar de realizar qualquer ação em violação à sua obrigação
legal;
3.7.5.4. obter, manter ou direcionar negócios de maneira indevida;
3.7.5.5. afetar ou influenciar qualquer ato ou decisão;
3.7.5.6. utilizar intermediário, pessoa física ou jurídica, para ocultar ou dissimular o
interesse ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados;
3.7.5.7. frustrar, fraudar, obter vantagem ou benefício indevido, impedir, perturbar ou
manipular o caráter competitivo de procedimento licitatório;
3.7.5.8. dificultar atividade de investigação ou fiscalização ou intervir em sua atuação.
3.7.6. Não financiamos partidos políticos ou candidatos a cargos públicos, no Brasil e nos
países em que atuamos.

3.8. Comunidades

3.8.1. Valorizamos os vínculos estabelecidos com as comunidades em que atuamos e


respeitamos seus valores culturais.
3.8.2. Reconhecemos a importância das comunidades para o sucesso da Empresa, bem
como a necessidade de retribuir à comunidade parcela do valor agregado aos negócios.
3.8.3. Apoiamos iniciativas de desenvolvimento sustentável e participamos de
empreendimentos voltados à melhoria das condições sociais da população.
3.8.4. Zelamos pela transparência no financiamento da ação social.
3.8.5. Afirmamos nosso compromisso com a erradicação de todas as formas de trabalho
degradante: infantil, forçado e escravo.
3.8.6. Adotamos a responsabilidade social como premissa na definição de políticas,
normas e procedimentos voltados à prevenção e combate à corrupção, à lavagem de
dinheiro e ao financiamento do terrorismo.

3.9. Órgãos Reguladores

3.9.1. Trabalhamos em conformidade com as leis e demais normas do ordenamento


jurídico brasileiro e dos países em que atuamos.
3.9.2. Atendemos nos prazos estabelecidos às solicitações originadas de órgãos externos
de regulamentação e fiscalização, e de auditorias externa e interna.
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3.9.3. Asseguramos informação completa, legítima, objetiva, atual e clara nos relatórios
e documentos que disponibilizamos aos órgãos reguladores nos diversos países em que
atuamos e nas demais divulgações públicas que realizamos.

NORMAS DE CONDUTA
4.1. Aspectos Gerais

4.1.1. É dever de todos:


4.1.1.1 cumprir o Código de Ética e as Normas de Conduta, bem como observar os
padrões e os princípios contidos nas Políticas do BB, no Código de Governança
Corporativa e nos demais regulamentos internos.
4.1.1.2. cumprir as leis e as normas regulamentares do Brasil e dos países em que o BB
atua.
4.1.1.3. contribuir para o alcance da Missão e Visão do Banco do Brasil.
4.1.1.4. praticar os Valores corporativos nas atividades diárias.
4.1.1.5. repudiar condutas delituosas que suscitem repulsa ou severa reprovação
organizacional e social, tais como:
4.1.1.5.1. crimes contra a liberdade sexual, inclusive assédio sexual;
4.1.1.5.2. crimes contra o sistema financeiro ou contra a Administração Pública, brasileira
e estrangeira;
4.1.1.5.3. fraudes e atos ilícitos;
4.1.1.5.4. condicionar a prestação de serviço ao recebimento de qualquer valor,
recompensa, presente ou brinde;
4.1.1.5.5. submissão de alguém a condição análoga à de escravo;
4.1.1.5.6. sonegação de impostos, evasão de divisas e demais crimes fiscais;
4.1.1.5.7. agiotagem, câmbio não autorizado e demais crimes contra o sistema financeiro
nacional.
4.1.1.6. abster-se de praticar, facilitar ou permitir atos que configurem evasão fiscal,
lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo, corrupção, bem como a utilização dos
produtos e serviços do Banco para a prática desses e de outros ilícitos.
4.1.1.7. manter movimentação e situação econômico-financeira compatível com a
ocupação e renda comprovadas.
4.1.1.8. abster-se de utilizar subterfúgios como forma de simular o alcance de resultados.
4.1.1.9. garantir que todas as transações e decisões sejam autorizadas pela instância que
possui a competência e a alçada para deliberação.

4.2. Conflito de Interesses

4.2.1. Exercer sua função de forma isenta, eximindo-se de fazer uso da condição de
funcionário para obter vantagem para si ou para terceiros.
4.2.2. Comunicar imediatamente qualquer conflito de interesses, ou a presunção de sua
existência, ao superior hierárquico.
4.2.3. Privar-se de deliberar assuntos sobre os quais tenha interesse conflitante com o do
Banco ou nas decisões, controle ou liquidação de negócios com as pessoas a seguir
indicadas, bem como com Empresas onde figurem como dirigentes ou sócios:
4.2.3.1. o próprio funcionário;
4.2.3.2. o cônjuge ou o companheiro do funcionário;
4.2.3.3. parentes do funcionário de até 3º grau.
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4.2.4. Declarar-se impedido de conduzir assuntos ou negócios com agente público com
poder decisório no âmbito dos órgãos e entidades do governo, com o qual tenha relação
de parentesco, em linha reta ou colateral, por consanguinidade ou afinidade, até 3º grau.
4.2.4.1. São considerados parentes: Consanguíneos – pai, mãe, filho(a), avô(ó), neto(a),
bisavô(ó), bisneto(a), irmão(ã), tio(a) e sobrinho(a). Afinidade – sogro(a), genro, nora,
madrasta, padrasto, enteado(a), cunhado(a); do cônjuge ou do companheiro(a): avô(ó),
neto(a), bisavô(ó), bisneto(a), tio(a), sobrinho(a).
4.2.5. Zelar para que as atividades internas estejam restritas ao negócio e interesses da
Empresa.
4.2.6. Eximir-se de desempenhar atividades externas que possam constituir prejuízo ou
concorrência à Empresa.
4.2.6.1. Comunicar o exercício de atividade profissional paralela ao serviço no Banco ao
superior hierárquico, e consultar ou solicitar autorização ao órgão competente.
4.2.7. Contribuir, nas atividades diárias, para a manutenção do caráter laico e apartidário
da Empresa.
4.2.8. Zelar para que no exercício de seus direitos políticos não haja envolvimento do
nome da Empresa.
4.2.9. Conduzir sua carreira no Banco sem recorrer à intermediação de terceiros.
4.2.10. Somente tomar decisão, em nome do cliente, mediante autorização formal deste.
4.2.11. Abster-se de manter relacionamento negocial com pessoas e organizações
envolvidas em atividades ilícitas.
4.2.12. No exercício de atividade ligada ao mercado de capitais, eximir-se de utilizar
informação privilegiada sobre ato ou fato relevante ainda não divulgado no mercado, em
proveito próprio ou de terceiros.
4.2.12.1. É considerado ato ou fato relevante qualquer deliberação do acionista
controlador, da Assembleia Geral, do Conselho de Administração, do Conselho Diretor
ou de qualquer outro ato ou fato ocorrido nos negócios do Banco que possa influir de
modo ponderável:
4.2.12.1.1. na cotação dos valores mobiliários de sua emissão ou a eles referenciados;
4.2.12.1.2. na decisão dos investidores de comprar, vender ou manter aqueles valores
mobiliários;
4.2.12.1.3. na decisão dos investidores de exercer quaisquer direitos inerentes à condição
de titular de valores mobiliários emitidos pelo Banco ou a eles referenciados.
4.2.13. Eximir-se de utilizar da condição de funcionário para obter empréstimo pecuniário
junto a cliente, fornecedor ou prestador de serviços.

4.3. Presentes e Favores

4.3.1. Abster-se de solicitar ou aceitar, sob qualquer circunstância:


4.3.1.1. valor monetário;
4.3.1.2. presente ou brinde de valor superior a R$ 100,00;
4.3.2. Recusar presente ou brinde, ainda que no valor permitido, se sua característica ou
circunstância indicar a intenção de influenciar a imparcialidade do processo decisório.
4.3.3. Doar à Fundação Banco do Brasil ou à instituição beneficente sem fins lucrativos,
presente ou brinde que não atenda aos requisitos anteriores, mas que tenha sido recebido
em virtude da impossibilidade de devolução imediata ou posterior.
4.3.3.1. As doações destes presentes e brindes devem ser comunicadas ao Banco.
4.3.4. Somente é permitido receber valor monetário, presente ou brinde acima do limite
estabelecido, quando procedente do programa de reconhecimento interno do Banco e de
suas coligadas.
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4.3.5. Para oferecer brindes e presentes em nome do Banco para agente público, observar
os limites existentes na legislação local, nas legislações que tratam de suborno
transnacional e nas regras e políticas da instituição daquele que receberá a cortesia.

4.4. Ambiente de Trabalho

4.4.1. Atender às normas de segurança e colaborar para a prevenção de acidentes.


4.4.2. Manter a apresentação pessoal adequada à função exercida e à norma social e
cultural da comunidade.
4.4.3. Prevenir constrangimentos e prejuízos à própria imagem e à imagem do Banco,
eximindo-se do consumo imoderado de bebida alcoólica.
4.4.4. Abster-se de consumir drogas ilícitas.
4.4.5. Contribuir para o bom andamento do controle e organização do trabalho.
4.4.6. Atuar de modo positivo na dinâmica de funcionamento da dependência e da
prestação de serviços.
4.4.7. Zelar pelo próprio desenvolvimento profissional, correspondendo às oportunidades
de aprendizado proporcionadas pela Empresa.

4.5. Relacionamento Interno

4.5.1. Pautar suas relações com colegas pelo respeito e pela cordialidade.
4.5.2. Abster-se de fazer ou reproduzir comentários que possam prejudicar a convivência
harmoniosa no ambiente de trabalho.
4.5.3. Abster-se de fazer ou divulgar, em qualquer meio, interno ou externo, críticas
ofensivas à honra ou calúnias que exponham a imagem ou a honra do Banco, da diretoria,
de superiores hierárquicos ou de colegas.
4.5.4. Abster-se de conduta que possa caracterizar:
4.5.4.1. preconceito e discriminação;
4.5.4.2. indução, coação, constrangimento;
4.5.4.3. desrespeito às atribuições funcionais de outrem;
4.5.4.4. assédio de qualquer natureza;
4.5.4.5. desqualificação pública, ofensa ou ameaça.
4.5.5. Respeitar a diversidade do grupo de pessoas que formam o ambiente de trabalho.

4.6. Bens e Recursos do Banco do Brasil

4.6.1. Abster-se de utilizar as instalações, equipamentos, materiais de trabalho e rede


eletrônica de comunicações para assuntos político-partidários, religiosos ou de interesse
comercial próprio ou de terceiros.
4.6.2. Obedecer às normas que regem a propriedade intelectual de livros, textos, imagens
e outros produtos protegidos por direito autoral.
4.6.3. Somente instalar, usar ou permitir o uso de programa de computador (software)
licenciado para o Banco.
4.6.4. Preservar a identidade institucional, evitando usar o nome do Banco, suas marcas
e seus símbolos privativos, em publicidade ou na denominação de qualquer entidade.
4.6.5. Abster-se de divulgar, sem prévia autorização, estudos, metodologias, técnicas ou
modelos realizados para o Banco.
4.6.6. Observar a competência restrita dos porta-vozes para atender a demanda de
informações pela mídia, conforme as diretrizes do Discurso Institucional do BB.
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4.6.6.1. São porta-vozes do Banco os gerentes gerais, superintendentes, gerentes


executivos, diretores e integrantes do Conselho Diretor.

4.7. Segurança e Tratamento da Informação

4.7.1. Proteger a informação de forma a garantir sua integridade, confidencialidade e


disponibilidade.
4.7.2. Resguardar o sigilo das informações relativas a ato ou fato relevante às quais tenha
acesso privilegiado em razão do cargo, posição ou função que ocupa.
4.7.3. Preservar a segurança da informação, abstendo-se de tratar de assuntos sigilosos,
de uso interno do Banco, em salas de conversação, redes sociais e aplicativos com acesso
pela internet.
4.7.4. Prestar esclarecimentos fidedignos, quando solicitado, nos prazos estabelecidos,
mesmo quando cedido a órgão externo.
4.7.5. Abster-se de consultar o cadastro, as contas e aplicações de funcionários e
correntistas sem que seja por necessidade do serviço, preservando o sigilo cadastral,
bancário, empresarial e profissional.
4.7.6. Assegurar que os registros contábeis e as demonstrações financeiras sejam
verdadeiros, completos, precisos, claros e em conformidade com a legislação, os
princípios e as normas de contabilidade, e os controles internos.

4.8. Público Externo

4.8.1. Abster-se de depreciar ou emitir juízo de valor a respeito de produtos e serviços da


concorrência.
4.8.2. Manter com o poder público brasileiro e dos países em que atuamos relacionamento
cortês, independentemente do posicionamento ideológico de seus titulares.
4.8.3. Prestar informações negociais corretas, completas e oportunas aos clientes,
usuários, acionistas, investidores e fornecedores.
4.8.4. Eximir-se de utilizar práticas inadequadas na oferta de produtos e serviços, como
qualquer forma de imposição para a efetivação de negócios.
4.8.5. Conduzir com lisura, ética, integridade e imparcialidade os processos de licitação,
contratação e de formalização de acordos, convênios e parcerias sob sua responsabilidade.
4.8.6. Abster-se de dar, oferecer, prometer ou autorizar que se dê qualquer coisa de valor
a funcionário do governo brasileiro ou estrangeiro, diretamente ou por meio de um
intermediário, a fim de influenciar qualquer ação para obter vantagem imprópria.

4.9. Responsabilidade do Segmento Gerencial

4.9.1. Também é dever do segmento gerencial:


4.9.1.1. disseminar o conhecimento, cumprir e fazer cumprir leis, normas regulamentares,
políticas, o Código de Ética e as Normas de Conduta do Banco;
4.9.1.2. abster-se de praticar qualquer ato que possa acarretar ação cível ou trabalhista,
ou que cause prejuízo de qualquer natureza para o Banco, valendo-se, se preciso, de
orientação técnica adequada;
4.9.1.3. supervisionar e adotar medidas inibidoras de irregularidades, valorizando
métodos administrativos de controle e organização do trabalho;
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4.9.1.4. favorecer a civilidade e a ação formativa para corrigir desempenho ou conduta de


subordinado;
4.9.1.5. manter acessíveis os critérios de avaliação de desempenho, mérito e competência,
pautando-se por eles nas decisões relativas a retribuição, reconhecimento e ascensão
profissional;
4.9.1.6. comunicar à Diretoria Segurança Institucional alterações na situação econômico-
financeira de funcionário e demais colaboradores, ou se estes mantêm relacionamento
negocial com pessoa ou organização envolvida em atividade ilícita;
4.9.1.7. abster-se de manter, sob sua subordinação hierárquica direta cônjuge,
companheiro(a) ou parente em linha reta ou colateral, por consanguinidade ou afinidade,
até o 3º grau;
4.9.1.8. disseminar a cultura de cuidado e zelo com o patrimônio e com a imagem do
Banco;
4.9.1.9. abster-se de utilizar, para fins particulares, bens ou serviços exclusivos da
administração;
4.9.1.10. controlar o acesso e o uso da informação corporativa por funcionário e demais
colaboradores;
4.9.1.11. assegurar a autenticidade, fidedignidade, clareza e objetividade nos relatórios,
prestações de contas e acordo de trabalho.

4.10. Responsabilidade da Alta Administração

4.10.1. Também é dever da Alta Administração:


4.10.1.1. observar as normas jurídicas que lhe são aplicáveis no exercício da função,
inclusive as de direito público, quando o Banco se encontra investido de função pública
e nos casos em que esteja sob encargo do Banco a gestão do dinheiro, bens e valores
públicos;
4.10.1.2. cumprir o Código de Conduta da Alta Administração Federal, naquilo que for
compatível à legislação reguladora das sociedades anônimas de economia mista.

5.1. Dúvidas

5.1.1. Em caso de dúvida quanto à aplicação do Código de Ética e das Normas de


Conduta, conversar com o superior hierárquico ou consultar o Comitê Estadual de Ética,
por meio de registro no Portal da Ouvidoria Interna.
5.1.2. Em caso de dúvida quanto ao exercício de atividade paralela ao Banco, os
funcionários do Brasil podem encaminhar ao Ministério da Transparência, Fiscalização e
Controladoria-Geral da União, por meio do Sistema Eletrônico de Prevenção de Conflito
de Interesses (SeCI), consulta ou solicitação de autorização.

5.2. Denúncias e Descumprimento dos Documentos

5.2.1. Reportar à Ouvidoria Interna, inclusive de maneira anônima, eventual desvio de


conduta ou irregularidade observado.
5.2.1.1. A denúncia deve apresentar o autor da irregularidade, a descrição verídica dos
fatos e a indicação de provas ou testemunhas, de forma a viabilizar a apuração da
ocorrência.
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5.2.3. Reportar à Diretoria Segurança Institucional, por meio do Canal de Denúncia


Empresa Limpa, disponível no Portal BB, inclusive de maneira anônima, eventual
suspeita de ato lesivo, qualificável como corrupção, praticado por pessoa jurídica contra
o Banco, ou contra a administração pública, brasileira ou estrangeira, praticado por
funcionário ou terceiro que esteja agindo no interesse ou no benefício do Banco.
5.2.4. As denúncias são conduzidas por instâncias autônomas e especializadas, como, por
exemplo, Auditoria Interna, Diretoria Segurança Institucional, Ouvidoria Interna, e
Gerência Regional de Risco Operacional.
5.2.5. O Banco trata com sigilo as denúncias recebidas e garante o anonimato, como
forma de proteger o autor contra qualquer tipo de retaliação.
5.2.6. Aquele que descumprir o Código de Ética e as Normas de Conduta está sujeito às
penalidades estabelecidas nas instruções normativas do Banco do Brasil, e poderá ser
responsabilizado na esfera judicial.
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Exercícios de Fixação

20170 - Srª K é aprovada em concurso para ingresso em um determinado Banco.


Sendo pessoa extremamente ambiciosa e calculista, programa a sua carreira
estabelecendo, em cada momento temporal, o nível que deveria ser alcançado no
plano de cargos e salários da instituição financeira. Não existem limites para o seu
projeto e, para isso, utiliza todas as armas possíveis, inclusive o complexo jogo da
sedução. Não basta apenas convencer os superiores, mas, também, os subordinados,
estes para convencê-los a cumprir, em prazos curtos, as metas estipuladas pela alta
gerência. Essas atitudes devem ser consideradas, sob a perspectiva ética,

a) Naturais, uma vez que são inerentes à progressão na carreira.


b) Admissíveis, pois não existe locupletamento pessoal.
c) Adequadas, uma vez que, socialmente diante do universo empresarial são
estimuladas.
d) Rejeitáveis, diante do claro assédio moral.
e) Impugnáveis, diante da utilização de critérios de metas.

Ano: 2015 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO


2015 - Banco do Brasil - Escriturário – 001

20171 - A empresa QQ apresenta ao Banco MM um projeto de financiamento para


atividade industrial a ser realizada em área rural. Após as rotinas tradicionais, a
instituição financeira verifica que contra a empresa QQ já houve condenação em
definitivo por atividade violadora do meio ambiente e que a empresa não possui as
necessárias licenças ambientais para o seu novo projeto. Por força disso, a instituição
financeira nega o empréstimo pretendido. Nos termos do Código de Ética do Banco
do Brasil, verifica-se que os

a) Projetos de financiamento devem ser analisados sob a perspectiva do lucro futuro


b) Acionistas devem ser privilegiados na busca de projetos alternativos
c) Eventuais efeitos colaterais ao meio ambiente não interferem no financiamento a
projetos.
d) Aspectos socioambientais são relevantes para a decisão de fornecer crédito aos
clientes.
e) Clientes tradicionais têm excepcional tratamento nos seus projetos industriais.

Ano: 2014 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO -


2014 - Banco do Brasil - Nível Médio - Conhecimentos Básicos - Todos os Cargos

21001 - Considere as informações contidas no Código de Ética do Banco do Brasil:


O propósito assumido pelo Banco é cuidar do que é valioso para as pessoas,
mantendo a visão de ser a empresa que proporciona a melhor experiência para a
vida das pessoas e promove o desenvolvimento da sociedade de forma inovadora,
eficiente e sustentável. Nesse Código de Ética, a consideração do interesse coletivo
na tomada de decisões refere-se diretamente ao seguinte valor:

a) Inovação
b) Eficiência
c) Confiabilidade
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d) Espírito público
e) Senso de dono

Questão comentada: https://vimeo.com/762757891/64be883241

Ano: 2021 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO -


2021 - Banco do Brasil - Escriturário - Agente Comercial - Prova B

GABARITO:

20170 - D 20171 - D 21001 - D


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23 Política de Responsabilidade Socioambiental do Banco do Brasil

Esta Política orienta o comportamento do Banco do Brasil e é pautada pelos


princípios da relevância, proporcionalidade e eficiência.
• Periodicidade de revisão: no mínimo anualmente, ou extraordinariamente, a
qualquer tempo.
• Introdução: Esta Política considera as demandas dos nossos públicos de
relacionamento e orienta o comportamento do Banco do Brasil em relação à
responsabilidade socioambiental e ao risco socioambiental e seus princípios
também estão inseridos nas demais políticas vigentes.
PARA FINS DESTA PÓLITICA
a) consideramos responsabilidade socioambiental a incorporação dos aspectos
sociais e ambientais nos negócios e nas práticas administrativas, com o
objetivo de gerar valor para os públicos de relacionamento e minimizar
eventuais impactos negativos da atuação empresarial no meio ambiente e na
sociedade. A responsabilidade socioambiental abrange, ainda, a gestão ética e
transparente da empresa com seus públicos de relacionamento.
b) conceituamos o risco socioambiental como a possibilidade de perdas
decorrentes da exposição a danos socioambientais gerados pelas atividades do
Banco do Brasil, de forma direta e indireta.
PRINCÍPIOS
• Atuamos com responsabilidade socioambiental a partir das nossas definições
estratégicas, alinhadas às leis e normas que disciplinam o assunto, aos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), à Agenda 2030 Global da
Organização das Nações Unidas (ONU) e ao Acordo de Paris.
• Atuamos em bases social e ambientalmente responsáveis, considerando a
ética, a promoção dos direitos humanos, dos direitos fundamentais do
trabalho, o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável e a contribuição
para universalização dos direitos sociais e da cidadania.
• Respeitamos, incentivamos e valorizamos a diversidade e a equidade nas
relações.
Estimulamos, difundimos e implementamos práticas sustentáveis na nossa cadeia de
valor.
• Adotamos estrutura de governança da responsabilidade socioambiental e
gestão de riscos socioambientais compatíveis com o nosso porte, a natureza
do negócio, a complexidade dos produtos e serviços, e as relações
estabelecidas com os diversos públicos de relacionamento.
• Buscamos continuamente a melhoria de nosso desempenho socioambiental.
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DIRETRIZES
• Consideramos os impactos socioambientais no planejamento de nossas
atividades, negócios e práticas administrativas.
• Buscamos desenvolver ações voltadas para a gestão socioambiental, a
ecoeficiência e a prevenção da poluição e das emissões de carbono em
produtos, serviços e processos, bem como o zelo pela adequada destinação
dos resíduos gerados.
• Apoiamos iniciativas e firmamos parcerias que contribuam para a mitigação
dos efeitos das mudanças climáticas e que visem à redução das emissões ou à
estabilização da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.
• Adotamos critérios de exclusão na realização de negócios, contratação de bens
e serviços, investimentos ou parcerias societárias com terceiros que submetam
trabalhadores a formas degradantes de trabalho ou a condições análogas a de
escravo; que pratiquem a exploração sexual de menores e/ou de mão-de-obra
infantil; e que sejam responsáveis por dano doloso ao meio ambiente.
GESTAO DO RISCO SOCIOAMBIENTAL
• Adotamos estrutura de gerenciamento integrado de riscos que tem por objetivo
identificar, mensurar, avaliar, monitorar, reportar, controlar e mitigar o risco
socioambiental.
• Definimos critérios de público-alvo e de Análise Socioambiental,
considerando os princípios da relevância e da proporcionalidade.
• Avaliamos o risco socioambiental na realização de negócios, contratação de
garantias, assessoria, investimentos ou parcerias societárias com terceiros, e
nas atividades com maior potencial de causar danos e, quando cabível,
aplicamos os critérios dos Princípios do Equador.
• Adotamos o modelo referencial de linhas de defesa, envolvendo diversos
níveis hierárquicos no controle do risco socioambiental.
• Registramos as perdas do risco operacional, com ocorrências geradas e
identificadas por eventos socioambientais.
• Avaliamos previamente os riscos, inclusive o risco socioambiental e de
reputação, na criação e na revitalização de produtos e serviços.
• Definimos a tolerância ao risco socioambiental por meio de limite
estabelecido na Declaração de Apetite e Tolerância a Riscos.
• Monitoramos continuamente o processo de gestão do risco socioambiental.
• Realizamos o sensoriamento de alterações no ambiente legal e regulatório que
nos impactem.
RELAÇÃO COM A ALTA ADMINISTRAÇÃO, FUNCIONÁRIOS E
COLABORADORES
• Repudiamos condutas que possam caracterizar assédio de qualquer natureza.
• Promovemos a qualidade de vida no trabalho, priorizando a saúde e a
segurança no trabalho, considerando o indivíduo nas suas dimensões
biológica, psicológica e social.
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• Buscamos continuamente o aprimoramento das relações profissionais,


pautadas pelo respeito e confiança mútuos, visando à manutenção de um bom
ambiente de trabalho.
• Valorizamos o diálogo, mantendo canais aptos a recepcionar e processar
dúvidas, denúncias, reclamações e sugestões, bem como garantimos o
anonimato.
• Contribuímos para que o potencial dos funcionários e demais colaboradores
possa ser compartilhado com a sociedade.
• Engajamos e capacitamos a alta administração e o nosso público interno, em
todos os seus níveis, para o cumprimento desta Política.
RELAÇÃO COM ACIONISTAS E INVESTIDORES
• Atuamos em consonância com as melhores práticas de governança corporativa
reconhecidas pelo mercado.
• Comprometemo-nos com a transparência e a equidade de nossas ações,
disponibilizando ao mercado todas as informações que entendemos gerar
valor para a organização e para os nossos públicos de relacionamento, de
forma objetiva, clara, confiável e tempestiva, conferindo, assim, tratamento
isonômico aos nossos acionistas.
RELAÇÃO COM CLIENTES
• Buscamos a geração de valor para clientes e sociedade por meio da nossa
atuação negocial estimulando a educação financeira, a inovação, o
empreendedorismo e a inclusão socioprodutiva.
• Oferecemos orientações e informações claras, transparentes, confiáveis e
oportunas, para permitir aos clientes a melhor decisão nos negócios.
• Priorizamos o diálogo e a busca de soluções para as demandas dos clientes e
usuários, de forma rápida e precisa, visando garantir a sua satisfação com
nossos produtos e serviços.
RELAÇÃO COM PARCEIROS
• Consideramos os impactos socioambientais na realização de parcerias,
convênios, protocolos de intenções e de cooperação técnico-financeira com
entidades externas, privadas ou públicas.
• Estabelecemos parcerias que asseguram os mesmos valores de integridade,
ética, idoneidade e respeito à comunidade e ao meio ambiente.
RELAÇÃO COM FORNECEDORES
• Trabalhamos com fornecedores que cumprem com as legislações vigentes e,
obrigatoriamente, declarem e se comprometam a:
a) adotar boas práticas de preservação ambiental, protegendo o meio ambiente,
prevenindo práticas danosas e executando seus serviços em observância à
legislação vigente, principalmente no que se refere aos crimes ambientais;
b) repudiar condutas que possam caracterizar assédio de qualquer natureza;
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c) respeitar a Declaração Universal dos Direitos Humanos combatendo a


discriminação;
d) obedecer e fazer com que seus empregados, representantes e fornecedores
obedeçam a toda legislação, normas e regulamentos aplicáveis à condução dos
projetos sociais;
e) disseminar práticas de responsabilidade socioambiental na cadeia de
fornecedores;
f) reconhecer, aceitar e valorizar a diversidade do conjunto pessoas que
compõem a empresa;
g) adotar práticas para a prevenção e o combate à corrupção, suborno e qualquer
tipo de ilícito.
RELAÇÃO COM GOVERNO E SOCIEDADE
• Afirmamos nosso compromisso com a erradicação de todas as formas de
trabalho degradante: infantil, forçado e escravo.
• Estabelecemos parcerias com o poder público na implementação de políticas,
projetos e programas socioeconômicos voltados para o desenvolvimento
sustentável do Brasil e dos países em que atuamos.
• Atuamos em conformidade com as legislações vigentes, com ética e
transparência.
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Exercícios de Fixação

21013 - Com o intuito de incentivar o desenvolvimento de novos negócios voltados


às futuras gerações, determinada instituição financeira estabeleceu convênio com
duas renomadas instituições nacionais de ensino e pesquisa, possuidoras de
organismos internos que incentivam empreendimentos inovadores. Ao final de cada
ano, os projetos escolhidos devem receber aporte de recursos para desenvolvimento
dos seus produtos. Nos termos da Política de Responsabilidade Socioambiental do
Banco do Brasil, o critério que deve ser preponderante na escolha dos vencedores
consiste em analisar o mais bem apresentado

a) Custo
b) Rendimento
c) Benefício ambiental
d) Influxo geracional
e) lucro

Ano: 2021 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO


2021 - Banco do Brasil - Escriturário – Agente Comercial – Prova C

Questão comentada: https://vimeo.com/763918232/cad67f9359

21005 - Um jovem atua em uma organização social com inúmeros projetos em


comunidades carentes situada em região metropolitana de uma grande capital
brasileira. A organização possui vários empregados, recrutados diretamente nas
comunidades, e conta com financiamento de pessoas físicas e jurídicas. Com o intuito
de ampliar sua base de colaboradores, agenda diversos compromissos com
empreendedores que tenham interesse na região. Nos termos da Política de
Responsabilidade Socioambiental do Banco do Brasil, seria adequado que houvesse

a) percentual de funcionários que exercesse atividade remunerada decorrente de


atuação nas organizações sociais.
b) Incentivo aos funcionários do banco para que desempenhassem atividades
voluntárias no projeto.
c) Colaboração não consistente em financiamento de programas e projetos sociais.
d) Integração de outras instituições financeiras como requisito de participação.
e) Neutralidade na intervenção em projetos sociais em comunidades carentes por
ausência de recursos para todos.

Ano: 2021 Banca: CESGRANRIO Órgão: Banco do Brasil Prova: CESGRANRIO -


2021 - Banco do Brasil – Escriturário – Agente Comercial – Prova B

Questão comentada: https://vimeo.com/762758153/4bb236ee21

GABARITO:

21013 - C 21005 - B
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Atualidades do Mercado Financeiro


1 Os bancos na era digital: atualidade, tendências e desafios

Para começar a falar sobre atualidades, nada melhor do que demonstrar uma linha
temporal, ou seja, as mudanças que ocorreram no mercado financeiro ao longo do tempo.
1945 Criação da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC)
1962 Início da era da automação bancária no Brasil, com a aquisição dos primeiros
computadores pelos bancos.
1964 Lei 4.595/64 estabelece novas regras para o mercado bancário, criando o
Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central do Brasil (BACEN)
1967 Fundação da Federação Brasileira de Bancos (Febraban)
1971 A FEBRABAN cria o Centro Nacional de Automação Bancária (CNAB), para
apoiar os esforços tecnológicos do setor.
1975 A padronização chega aos boletos de cobrança, aumentando a eficiência do
processamento e permitindo pagamento em qualquer agência bancária.
1979 O Banco Central e a ANDIMA criam o Sistema Especial de Liquidação e
Custódia (SELIC), substituindo títulos físicos por lançamentos eletrônicos.
1983 Criação da Compensação Nacional e instalação do primeiro caixa eletrônico e
da primeira Unidade de Resposta Audível (URA) do Brasil.
1988 CMN altera a regulamentação do setor bancário, permitindo a operação de
bancos múltiplos.
1992 Surgimento do débito automático para algumas contas (água, luz, gás e
telefone) e o sistema de pagamentos de aposentados e pensionistas por meio
de cartão magnético.
1994 Itamar lança o plano real. Bancos ajustam-se à estabilidade da moeda. O Bacen
passa a enquadrar os bancos brasileiros nas regras de basileia.
1996 Lançamento do primeiro serviço de internet Banking do Brasil. Criação do
Comitê de Política Monetária (COPOM).
1999 Criação da figura de correspondente bancário e da Cédula de Crédito Bancário
(CCB).
2000 Lançamento do primeiro serviço de mobile banking do Brasil.
2001 Criação do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e da Câmara
Interbancária de Pagamentos (CIP)
2002 O SPB entra em operação, processando inicialmente TEDs com limite mínimo
de R$ 5 milhões.
2009 Implantação do Débito Direto Autorizado (DDA), sistema eletrônico que
utiliza a estrutura do SPB para substituir por documentos digitais os boletos
impressos.
2010 Quebra da exclusividade das bandeiras de cartão de crédito.
2011 A compensação por imagem substitui em todo o território nacional a
compensação física de cheques.
2013 A lei 12.865/13 democratizou o acesso dos brasileiros a diversos serviços,
viabilizando a inclusão financeira no país. Mesmo sem conta corrente, pessoas
podem fazer pagamentos e transferências por meio de outras empresas,
fazendo uso dos seus telefones celulares.
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2014 Pagamento via NFC – Near Field Communication – pagamento por


aproximação, que dependendo do valor da compra nem precisa de senha.
2020 Lançamento oficial do PIX – pagamento instantâneo – com funcionamento 24
horas por dia e sete dias por semana.
2021 Open banking. É um conjunto de regras sobre o uso e comportamento de dados
e informações financeiras entre instituições (hoje chamado de Open finance).
2022 Outras inovações como inteligência artificial, bigdata, a internet das coisas,
computação em nuvens, robótica, cibersegurança, biometria, webchat, chatbot
(BIA), startups, fintechs, bigtechs, innovation, labs, coworking etc.
2023 Conceitos de ASG – Investimentos sustentáveis, títulos verdes etc.

Investimento ASG é aquele que incorpora alguma questão, seja ambiental, social ou
de governança, em sua análise de investimento e leva em consideração a sustentabilidade
de longo prazo. Frequentemente, são identificados outros nomes que remetem a esse
mesmo tipo de investimento: investimento responsável, investimento sustentável,
investimento de impacto social, investimento ético, títulos verdes (green bonds),
investimentos na área de infraestrutura, entre outros.
A pesquisa com clientes do World Retail Banking Report 2021 destacou que, em
média, 65% dos clientes desejam que seus bancos reduzam sua pegada de carbono
seguindo processos sem papel, consumindo energia renovável e oferecendo cartões
biodegradáveis. A mesma pesquisa também indicou que quase um terço dos
consumidores estão dispostos a pagar uma taxa adicional por produtos e serviços
bancários verdes ou mudar para um novo fornecedor de produtos ambientalmente e
socialmente amigáveis.
Lista de algumas questões que podem ser consideradas em cada fator ASG:

Atualmente, os diversos mercados vêm registrando crescimento expressivo no


volume de investimentos com uma ótica ASG. Os números podem variar segundo a forma
de identificação desses investimentos nos diversos países e os diferentes conceitos
adotados. Utilizando como referência o relatório bianual publicado em 2021 pela GSIA
(Global Sustainable Investment Alliance), o estoque total de investimentos ASG alcançou
US$ 35,3 trilhões em 2020, o que representou um aumento de 15% em relação a 2018.
Tomando por base os mercados externos contemplados no relatório (Europa, Estados
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Unidos, Canadá, Japão, Austrália e Nova Zelândia), esse volume responde por 36% de
todos os ativos geridos profissionalmente.
Já no contexto local, a sustentabilidade corporativa e as finanças sustentáveis não são
um tema novo no Brasil. No final da década de 1970, empresas brasileiras começaram a
publicar relatórios de sustentabilidade, chamados na época de balanço social. Os
mercados financeiro e de capitais acompanharam a tendência e, no início dos anos 2000,
foram lançados vários fundos que investiam em ações de empresas com boas credenciais
em sustentabilidade corporativa ou que repassavam uma fatia da taxa de administração
para organizações sociais ou ambientais, uma prática atualmente em desuso. Esses fundos
ganharam, no mercado e na imprensa especializada, a nomenclatura de “fundos
socialmente responsáveis”, “fundos éticos” ou “fundos do bem”. Em 2021, mais gestoras
de investimentos afirmaram ter uma política de investimento responsável ou um
documento que formalize o tratamento ao tema.

2 e 3 Internet e mobile banking

Os canais tradicionais de atendimento de um banco compreendem as agências


bancárias, tidas como ponto fixo e de livre acesso dos clientes e usuários; as máquinas de
autoatendimento (em inglês, automated Teller machine – ATM); as centrais de
atendimento telefônico (contact centers); e os correspondentes bancários (empresas
terceirizadas, vinculadas ao comércio que por meio de convênio, prestam serviços
bancários).
Já os canais digitais representam smartphones ou tablets, nominados de mobile
banking e computador pessoal, nominado de internet banking; além dos points of sale
(POS) que estão distribuídos nos mais diversos negócios e são popularmente chamados
de “maquininha” de débito e crédito.
Os canais digitais representaram 74% do total das transações pesquisadas em abril
de 2020:

2.1 Real digital


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O tema moeda digital do banco central (da sigla em inglês CBDC, Central Bank
Digital Currency) tem chamado a atenção da comunidade global de bancos centrais. Uma
parte significativa deles, representando quase a totalidade do PIB mundial, está
estudando, explorando ou testando projetos, aspectos operacionais e tecnológicos de um
sistema de CBDC.
A maior parte dos países vê nas CBDCs o potencial de melhorar a eficiência do
mercado de pagamentos de varejo e de promover a competição e a inclusão financeira
para a população ainda inadequadamente atendida por serviços bancários. A crise da
pandemia evidenciou a importância de os instrumentos digitais de pagamentos chegarem
aos segmentos mais vulneráveis e afetados da população.
No Brasil, o BC vem acompanhando o tema há alguns anos e em agosto de 2020
organizou um grupo de trabalho, constituído pela Portaria nº 108.092/20, para a realização
de estudos sobre a emissão de uma moeda digital pela instituição.
O grupo teve representantes de todas as áreas do BC e contou com o envolvimento
direto dos departamentos de Assuntos Internacionais, Estudos e Pesquisas, Meio
Circulante, Monitoramento do Sistema Financeiro, Operações Bancárias e de Sistema de
Pagamentos, Promoção da Cidadania Financeira, Regulação, Supervisão e Conduta e,
ainda, de Tecnologia da Informação, além da Procuradoria do BC.
Resultados preliminares foram apresentados à Diretoria Colegiada, que determinou
o estabelecimento de um fórum regular para a discussão do tema com o corpo técnico do
BC. As discussões conduzidas nesse fórum motivaram:
• a publicação das diretrizes do Real Digital em maio de 2021;
• e realização de uma série de webinars para discutir com a sociedade as
potenciais aplicações do Real Digital; e
• o Lift Challenge Real Digital.

Abaixo as principais perguntas e respostas a respeito do real digital:


1) Qual a diferença entre o CBDC de atacado e o de varejo? Uma CBDC de
atacado é voltada apenas para transações de elevados valores, normalmente
entre participante do sistema financeiro – bancos, cooperativas, instituições
de pagamento etc. – e eventualmente envolvendo grandes empresas. Já uma
CBDC de varejo é voltada para atender às necessidades de pagamento e
liquidação de indivíduos e empresas de todos os portes, podendo ser utilizada
para pagamentos e para operações financeiras cotidianas em quaisquer faixas
de valores.
2) As transações com real digital serão cursadas utilizando-se as mesmas
estruturas hoje à disposição do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)?
Será possível fazer um PIX com o real digital? E pagar contas? Uma das
diretrizes para o desenvolvimento de um Real em formato digital é a
interoperabilidade entre essa nova forma do Real e os meios de pagamento
hoje disponíveis à população. Com isso, além dos novos usos que
imaginamos para o Real digital, as formas atuais de uso deverão ser também
disponíveis. Assim, você poderá fazer pagamentos em lojas, através do seu
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prestador de serviço de pagamentos – banco, IP ou outra instituição que venha


a ser autorizada pelo BC para tal –, ou mesmo através do Pix. Poderá também
transferir Reais Digitais para outras pessoas, transformar seus Reais Digitais
que estarão em custódia de um banco em depósito bancário convencional,
sacar seus Reais Digitais passando para o formato físico, pagar contas,
boletos e impostos. Ou seja, poderá movimentar seus Reais Digitais da
mesma forma que você movimentaria seus recursos hoje depositados nos
bancos.
3) Como um usuário tem acesso ao real digital na prática? O usuário final
terá uma carteira virtual em custódia de um agente autorizado pelo BC – como
um banco ou uma instituição de pagamento.
4) O real digital estará sujeito às mesmas regras da política monetária que
os reais “tradicionais”? ele será considerado um agregado monetário? O
Real Digital será uma representação digital do Real físico hoje em circulação.
E a política monetária será a base de sustentação de seu valor. Assim, quando
o BC movimenta a liquidez da economia, em sua missão de garantir a
estabilidade do valor de compra do Real, a quantidade de reais digitais em
circulação será levada em conta. De fato, o Real Digital irá compor a medida
de agregado monetário de maior liquidez disponível, similar a depósitos
bancários e à moeda física em poder das pessoas.
5) Qual será o impacto do real digital na emissão do papel-moeda? A
emissão de papel moeda se dá por diversas necessidades e hábitos da
população. A versão inicial do Real Digital será uma opção adicional ao uso
de cédulas, mas – por ter foco no uso online – seu impacto sobre a demanda
por papel-moeda não deve ser relevante a princípio.
6) Será possível realizar pagamentos offline através do real digital? As
tecnologias para garantir que pagamentos offline sejam feitos com segurança
para os indivíduos e integridade para o sistema ainda estão em
desenvolvimento, mas têm evoluído muito rapidamente. Então o BC tem
acompanhado essa evolução para decidir sobre a eventual incorporação dessa
funcionalidade ao Real Digital.
7) A moeda virtual do BC teria que tipo de lastro? A moeda digital do BC é
Real. É apenas uma forma diferente de representá-lo.
8) O real digital é mais seguro? Uma diretriz estabelecida para o Real Digital
é que ela mantenha os elevados níveis de segurança e privacidade hoje
disponível nas operações realizadas no sistema bancário e de pagamentos.
9) O real poderá ser convertido em cédulas? O uso do Real Digital será
transparente, podendo ser convertido para qualquer outra forma de
pagamento hoje disponível – como depósito bancário convencional ou em
real físico – e também poderá ser utilizado para pagamentos do dia a dia.
10) Quais os principais desafios que o BC enxerga para a implantação do
real digital? O maior desafio à implantação de um real digital decorre do fato
de o sistema de pagamentos brasileiro já ser moderno, com boas soluções
implantadas tanto para pagamentos no atacado quanto no varejo. Nosso
sistema de pagamentos instantâneos, o Pix, é um sucesso de adesão e tem
ajudado a mudar a maneira como pequenos negócios fazem suas transações.
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Assim, o desafio é ir além dos serviços já prestados à nossa sociedade e


fomentar o desenvolvimento de novas funcionalidades, novos serviços e
novas formas de prestação de serviços financeiros. O mercado brasileiro
ainda não está completamente maduro para esses novos modelos, mas a
transformação digital está se acelerando, e não podemos ter certeza de o quão
rápido a demanda por esses novos serviços vai se intensificar. O Banco
Central deve estar preparado para desenvolver instrumentos para atender às
demandas da sociedade e para garantir a eficácia de suas políticas de
estabilidade monetária e financeira, conforme expresso em sua missão. O real
digital parece ser a ferramenta ideal para essas tarefas. Além disso, a questão
tecnológica é também muito importante. As tecnologias envolvidas na
implantação de moedas digitais de bancos centrais estão amadurecendo
rapidamente, mas vários testes ainda serão necessários para estabelecer os
níveis de eficiência, segurança e privacidade dessas soluções tecnológicas.
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Exercícios de Fixação

20172 - O dinheiro digital entrou no radar de bancos centrais de todo o mundo


recentemente, inclusive do brasileiro. Também chamado de CBDC (Central Bank
Digital Currency ou moeda digital do banco central, na tradução livre), o ativo tem
o mesmo valor do dinheiro físico. (Fonte: www.cnnbrasil.com.br). Sobre a moeda
digital, analise as seguintes afirmativas:

I. Os bancos centrais estão buscando digitalizar moeda de cada país para dar
mais eficiência às economias locais.
II. No caso do Brasil, a tecnologia está em fase de estudos pelo Banco Central.
III. A implantação do real digital não traria mudanças radicais na rotina das
pessoas, isso porque, os brasileiros já estão acostumados a fazer transações
digitais.

Está(ão) correta(s):

a) I, apenas
b) II, apenas
c) II e III
d) I e III
e) I, II e III

20173 - No contexto de moedas virtuais, o Bitcoin mitiga o problema de gastar uma


mesma moeda mais de uma vez (o problema de double-spending), empregando:

a) Blockchain.
b) Criptografia simétrica centralizada.
c) Criptografia assimétrica centralizada.
d) Autenticação do gasto e sua validação por um comitê central.
e) Registro em tempo real no livro contábil digital da entidade mantenedora do
bitcoin.

GABARITO:

20172 - E 20173 - A
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4 Open Banking (open finance)


4.1 Informações gerais

O open Finance ou Sistema Financeiro Aberto é a possibilidade de clientes


compartilharem seus dados cadastrais e transacionais entre instituições autorizadas a
funcionar pelo Banco Central, bem como terem acesso a serviços relacionados a
pagamentos e à contratação de operações de crédito no âmbito do ecossistema.

Dica do professor: o compartilhamento sempre depende da sua autorização prévia,


devendo conter a finalidade e o prazo de compartilhamento.

As partes envolvidas no Open finance estão de acordo com a tabela abaixo:


Parte Atuação
- Definição dos objetivos, principais regras e
diretrizes (participantes e responsabilidades,
Banco Central (BC)
dados mínimos, experiência do cliente); e
- Supervisão das instituições participantes.
- Cumprimento das determinações do BC, tanto
Instituições participantes
com relação ao Open Finance quanto a temas
(bancos, financeiras, cooperativas
relacionadas (como segurança cibernética e
de crédito, instituições de
gerenciamento de riscos);
pagamento e outras autorizadas
- Observância da legislação vigente, inclusive
pelo BC)
sobre proteção de dados.
- Proposição ao BC de padrões técnicos para a
Estrutura de Governança do implementação do Open Finance.
Open Finance (formada e - Manutenção da infraestrutura de suporte aos
mantida pelas instituições participantes, a exemplo do diretório de
participantes) participantes e o portal do Open Finance no
Brasil.
Clientes pessoas físicas e
jurídicas que possuam conta,
- Consentimento para o compartilhamento de
empréstimos ou algum tipo de
dados para finalidades e prazo determinados.
relacionamento com as
instituições participantes

As instituições podem desempenhar um ou mais papéis a seguir:


• Receptora de dados: pede o compartilhamento de dados à instituição
transmissora, com o consentimento do cliente;
• Transmissora de dados: compartilha com a instituição receptora os dados
pedidos, com o consentimento do cliente;
• Detentora de conta: mantém conta corrente, de poupança ou conta de
pagamento pré-paga de livre movimentação pelo consumidor;
• Iniciadora de transação de pagamento: inicia transação de pagamento sem
ter os valores transferidos na prestação do serviço;
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• Contratante de serviços de encaminhamento de proposta de crédito:


mantém contrato com correspondente no País por meio digital para
possibilitar ao consumidor solicitar proposta de operação de crédito por meio
de plataforma eletrônica mantida pela contratada.
Com o compartilhamento de informações você pode:
• Saber quais são os produtos e serviços oferecidos pelas instituições e compará-
los;
• Compartilhar suas informações de cadastro e de transações com a instituição
que você quiser, desde que ela também seja participante do Open Finance;
• Ter acesso a diversas soluções que são desenvolvidas pelas instituições
participantes, a exemplo de gerenciadores financeiros, que poderão ajudar no
seu planejamento familiar ou de sua empresa; e
• Tornar seu perfil conhecido a instituições que você não é cliente ainda, o que
pode permitir a eles ofertar produtos que tenham mais a ver com você.
• Além disso, o Open Finance permitirá que você inicie um Pix ou outra
transação de pagamento por meio da plataforma de um iniciador de transação
de pagamento. Entre outras soluções, poderá ser possível começar esse
pagamento no portal de um comércio eletrônico por exemplo, sem precisar
usar cartão ou abrir o aplicativo do banco.
A Governança do Open Finance possui uma estrutura privada, sem fins lucrativos,
que é responsável por definir questões importantes para a implementação do Open
Finance. A estrutura inicial da Governança do Open Finance, foi definida com base na
regulamentação vigente e está dividida em três níveis conforme imagem abaixo.
As instituições participantes devem apresentar ao BC, por meio dessa Estrutura de
Governança, propostas de padrões técnicos para:

• Implementação de interfaces;
• Leiaute dos dados e serviços; e
• Resolução de disputas entre participantes, entre outros.
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4.2 Compartilhamento de dados e transações

O compartilhamento de dados é realizado de forma gratuita. Mas apesar disso, as


instituições participantes podem cobrar tarifas por outros serviços relacionados ao
compartilhamento, como serviços relacionados à agregação de dados compartilhados no
Open Finance (aconselhamento financeiro, por exemplo).

Dica do professor: a tarifa só pode ser cobrada se o serviço for contratado pelo
consumidor e se a informação sobre a cobrança esteja prevista na tabela de tarifas da
instituição.
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Atualmente já é possível o compartilhamento de:


• Seus próprios dados atualizados de cadastro, desde que você autorize, como
nome completo, CPF/CNPJ, telefone, endereço; e
• Informações de transações relativas aos produtos e serviços relacionados à sua
conta, cartão de crédito e operações de crédito.

Além disso, as instituições participantes também já disponibilizam dados


padronizados sobre seus canais de atendimento, produtos e serviços que podem ser
contratados em contas corrente ou de poupança, contas de pagamento ou operações de
crédito. Essas informações estão publicadas em formato aberto e acessíveis a
desenvolvedores e desenvolvedoras. Isso permite que elas criem e ofereçam soluções
como comparadores de tarifas, por exemplo. As próprias instituições participantes
também podem usar os dados para acompanhar a concorrência e melhorar seus serviços.

Está em processo de implementação a iniciação de transação de pagamento no


ambiente de Open Finance. O primeiro meio de pagamento a ser implementado foi o Pix.
Outros, como débito em conta e boleto, também estão previstos futuramente.

Os próximos dados e serviços com previsão futura de implementação são:

• Solicitação de propostas de crédito padronizadas e comparáveis por meio de


plataformas eletrônicas.
• Compartilhamento de dados referentes a transações de investimento, seguros,
previdência, câmbio e credenciamento.

Os dados sobre transações que podem ser compartilhados entre as instituições


participantes são os de:

• Contas corrente, de poupança e pré-pagas; e


• Cartão de crédito e operações de crédito (como financiamentos e
empréstimos).

O serviço de iniciação de transação de pagamento no Pix depende de autorização


prévia do usuário em uma instituição diferente daquela onde possui conta. Esser serviço
trata-se de uma comodidade uma vez que a instituição que prestar o serviço de iniciação
facilita a realização de pagamento criando uma jornada única ao usuário.

4.3 Consentimento

Os participantes do Open Finance precisam da autorização do usuário para


compartilhar as suas informações. A autorização deve:
• Ser clara, objetiva e adequada;
• Dizer para qual finalidade os dados serão utilizados; e
• Ter prazo de validade que não pode ser superior a 12 meses.
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Dica do professor: esse prazo não pode ser renovado automaticamente pela
instituição. Ao término do prazo, é necessária uma nova autorização do cliente.

A autorização não pode ser feita:


• Por meio de contrato de adesão;
• Por meio de formulário com opção de aceite previamente preenchida; ou
• De forma presumida, sem manifestação ativa pelo cliente.
Importante! O consentimento para compartilhamento dos dados ocorre em ambiente
próprio nos canais eletrônicos das instituições participantes.

Depois de compartilhado os seus dados, a instituição detentora de seus dados


somente poderá compartilhar suas informações com a instituição para a qual você deu o
consentimento. Importante saber que, caso você faça transações sucessivas para um
mesmo recebedor e decorrentes de um mesmo negócio jurídico ou relação jurídica, você
poderá definir que a autorização valerá por mais de 12 meses ou até que essas transações
acabem.
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Dica do professor: caso queira alterar seus dados ou o objetivo do compartilhamento,


você precisará dar nova autorização para a instituição.

Como funciona o compartilhamento de dados de uma conta conjunta?


Se o compartilhamento for:

• De dados cadastrais: a instituição que transmite os dados só pode


compartilhar aqueles relacionados ao titular da conta que autorizou o
compartilhamento;
• De dados transacionais da conta conjunta: o compartilhamento vai
depender dos poderes de cada titular para acesso à conta. No caso de uma
conta conjunta com dois titulares, se é preciso autorização dos dois para
acessar a conta normalmente, também será necessária a autorização de ambos
para o compartilhamento dos dados transacionais. Porém, se o acesso à conta
pode ser feito por um dos titulares sem necessitar da anuência do outro titular,
basta somente a autorização de um deles para o compartilhamento no Open
Finance.

Caso você queira cancelar a autorização de compartilhamento de dados você pode


realizar assim que desejar. Os prazos para que a solicitação seja efetivada pelas
instituições são:

• No caso de iniciação de transação de pagamento: em até um dia, contado


a partir do pedido de cancelamento;
• Outros casos: imediatamente, tanto na instituição de origem dos dados
(instituição transmissora), quanto na de destino (receptora).

O cancelamento de uma autorização de compartilhamento pode ser feito tanto no


ambiente da instituição receptora quanto no da instituição transmissora de dados.
Inclusive, você pode solicitar o cancelamento pelo mesmo canal de atendimento usado
para autorizá-lo.

Dica do professor: em casos de suspeita de fraude, a instituição que detém seus dados
pode cancelar o compartilhamento sem sua solicitação.

4.4 Segurança dos dados

As instituições compartilham os dados por meio da integração de seus sistemas,


mediante a disponibilização de Application Programming Interface (API) padronizado.
O Banco Central definiu normas rígidas, que devem ser seguidas por todos os
participantes. O compartilhamento dos dados é feito de forma criptografada, garantindo
o sigilo e a segurança.
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Caso a instituição não cumpra as normas estabelecidas pelo Banco Central, poderá
sofrer punições. A troca de informações está protegida pela Lei do Sigilo Bancário e pela
Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
As normas sobre Open Finance determinam que as instituições participantes devem:
• Acompanhar e controlar o compartilhamento de dados e serviços;
• Seguir regras de responsabilização da instituição e de seus dirigentes.
4.5 Instituições participantes

Somente as instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central podem fazer


parte do Open Finance. Para compartilhamento de dados: as instituições dos Segmentos
1 (S1) e 2 (S2), mencionadas na Resolução CMN 4.553, de 2017.
Para compartilhamento de iniciação de pagamento:

• As instituições que mantêm contas de depósitos à vista e de poupança (conta


corrente ou conta poupança) ou de pagamento pré-paga de livre
movimentação pelos consumidores; e
• As instituições iniciadoras de transação de pagamento.

Para compartilhamento de encaminhamento de proposta de crédito:

• As instituições reguladas que possuam contrato com correspondente para


receber e encaminhar propostas de operações de crédito por meio de
plataforma eletrônica.

As instituições podem participar como voluntárias: as demais instituições


autorizadas a funcionar pelo BC que não sejam obrigadas, desde que:

• Publiquem APIs na condição de transmissora de dados; e


• Registrem sua participação no diretório de participantes mantido pela
Estrutura de Governança.

As instituições não autorizadas pelo banco central podem participar do open


Finance?

Não, mas elas podem fazer parcerias com as instituições autorizadas pelo Banco
Central para compartilharem dados de clientes comuns a elas, desde que os clientes
autorizem antes.

Atenção! A parceria não pode acontecer se:

• As duas instituições forem autorizadas pelo BC; ou


• A empresa for uma empresa terceirizada, contratada para fins de prestação de
serviços a ela relacionados ao Open Finance (ex.: serviços de tecnologia, de
suporte, de atendimento, entre outros). A parceria no âmbito do Open
Finance requer um contrato específico diferente do contrato de terceirização
de serviços.
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Dica do professor: as instituições que contratarem parcerias com entidades não


autorizadas a funcionar pelo Banco Central para compartilhar dados também devem
observar as regras do BC e do Conselho Monetário Nacional, inclusive quanto às
responsabilidades pelo compartilhamento.

Exercícios de Fixação

309) Por meio do Comunicado nº 33.455/2019, o Banco Central aprovou os requisitos


fundamentais para a implementação do Sistema Financeiro Aberto (open banking)
no Brasil. De acordo com o modelo proposto, o conceito de open banking refere-se à
(ao)

a) integração de plataformas e infraestruturas de sistemas de informação para fins de


compartilhamento de produtos e serviços entre as instituições financeiras, sendo
vedada a identificação do cliente.
b) atribuição de uma nota de crédito ao cliente (credit score), que poderá ser
consultada por qualquer instituição financeira, mediante prévio consentimento.
c) compartilhamento de dados cadastrais, produtos e serviços pelas instituições
financeiras, mediante prévia autorização, por meio de sistemas de informações
integrados que garantam uma experiência simples e segura ao cliente.
d) inclusão do nome do cliente em um cadastro positivo para fins de
compartilhamento de dados, produtos e serviços pelas instituições financeiras,
garantindo ao cliente acesso a taxas de juros menores.
e) implementação de uma interface de integração digital para compartilhamento de
dados entre instituições financeiras, com base no princípio de que os dados
pertencem às instituições, e não aos usuários.

Ano: 2019 Banca: IADES Órgão: BRB

Questão comentada: https://vimeo.com/745540650/58737c4658

GABARITO:

309-C
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5 Novos modelos de negócios

A transformação tecnológica no setor financeiro tem como uma de suas principais


vertentes a inovação dos meios de pagamento. Verifica-se que, em grande medida, a
expansão e evolução do mercado de pagamentos estão relacionadas à digitalização dos
instrumentos e das redes de comunicação.
Com modelos de negócio baseados em uso intensivo de tecnologia, as fintechs vêm
ocupando cada vez mais espaço no mercado, dado seu potencial de oferecer produtos e
serviços inovadores mais direcionados ao atendimento às necessidades dos clientes.
No Brasil, a Lei 12.865, de 9 de outubro de 2013, regulamentou as primeiras fintechs
na área de pagamentos, denominando-as instituições de pagamento, e inseriu-as no
universo sob regulação e supervisão do Banco Central do Brasil (BCB). Definiu-se IP
como pessoa jurídica que viabiliza transações comerciais ou financeiras e
movimentação de recursos, no âmbito de um arranjo de pagamento , contudo sem a
possibilidade de conceder empréstimos e financiamentos a seus clientes.
Inicialmente, a Circular 3.885, de 26 de março de 2018, estabeleceu que as IPs
autorizadas pudessem atuar nas seguintes modalidades:
• emissor de moeda eletrônica: IP que gerencia conta de pagamento do tipo
pré-paga, na qual os recursos devem ser depositados previamente;
• emissor de instrumento de pagamento pós-pago: IP que gerencia conta de
pagamento do tipo pós-paga, na qual os recursos são depositados para
pagamento de débitos já assumidos; e
• credenciador: IP que não gerencia conta de pagamento, mas habilita
estabelecimentos comerciais para a aceitação de instrumento de pagamento e
participa do processo de liquidação das transações de pagamento como credor
perante o emissor.
Cada modalidade possui limites operacionais próprios para efeito de autorização e
há, ainda, a possibilidade de funcionamento sem a prévia autorização do BCB, conforme
os parâmetros estabelecidos na Circular 3.885, de 26 de março de 2018, observado o
disposto na Lei nº 12.865/2013. Tratando-se de segmento ainda não plenamente
consolidado, o BCB monitora sua dinâmica e necessidades de forma a promover
eficiência e segurança na atuação das IPs.
Nesse sentido, o segmento é avaliado continuamente quanto, entre outros aspectos, à
adequação das modalidades de IPs disponíveis e de seus parâmetros de autorização e
gerenciamento de risco.
A atuação do BCB tem se pautado em criar condições propícias para a evolução do
mercado de pagamentos e o desenvolvimento de novos modelos de negócios. Isso
envolve considerar os impactos tanto sobre as instituições que já estão no mercado,
quanto sobre o funcionamento do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e do Sistema de
Pagamentos Brasileiro (SPB), demandando a adequação do ambiente regulatório e da
supervisão.
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5.1 Evolução histórica do mercado de pagamentos no Brasil

• 2002: projeto institucional do BC para modernização dos pagamentos de varejo;


• 2013: marco Lei 12.865;
• 2014: padronização de recebíveis;
• 2015 a 2017: abertura e credenciamento; centralização do gerenciamento de risco
financeiro; interoperabilidade; liquidação centralizada;
• 2018: bancos: prestar serviços de pagamentos para IPs; limite intercâmbio débito;
proteção crédito com base em recebíveis de cartões.
• 2019: registro de recebíveis; cadastro positivo.
• Caminho adiante: mais tecnologia e mais competição: Open Finance e
Pagamentos Instantâneos.
Uma pluralidade de modelos de negócio de IPs já se encontra no mercado e, dentre
eles, destacam-se os que atuam como centralizadores financeiros, os focados em nichos
e os que agregam valor ao serviço financeiro.
No modelo de negócio que atua como centralizador financeiro, busca-se agregar
produtos ao serviço original de acordo com as necessidades de seus clientes. Entre as
soluções oferecidas, estão a conta digital, a automatização de operações financeiras, a
conciliação de pagamentos, a verificação de recebimentos e os serviços de transferência.
O objetivo principal da instituição com esse modelo é se estabelecer como uma
prestadora de serviços, soluções e plataformas, de maneira que ela possa se manter como
gestora financeira central de seus clientes. A rentabilidade dessas instituições está atrelada
à capacidade de diferenciação dos produtos e serviços complementares aos de pagamento,
fidelizando e obtendo receitas adicionais correspondentes aos serviços prestados.
Por sua vez, as instituições que usam os modelos de negócio focados em nichos
buscam direcionar seus produtos e serviços de acordo com delineamentos demográficos
específicos. A viabilidade desses modelos se baseia no desenvolvimento de novas
tecnologias e de configurações regulamentares favoráveis ao oferecimento de serviços
em menor escala, tais como a interoperabilidade.
Por fim, os modelos que utilizam os serviços financeiros como agregação de valor
permitem a adição de serviços tipicamente bancários – como serviços de pagamento,
cartões de crédito e aplicativos de gestão financeira – à prestação dos serviços principais
de um determinado ramo econômico não financeiro, como aplicativos de transporte,
comércios ou serviços de entrega.
Dessa forma, ramos que operavam necessariamente com a contratação de uma
instituição financeira (IF) atualmente já começam a oferecer meios de pagamento
fornecidos por IPs. Constata-se que, para atingir esse objetivo, as IPs geralmente optam
por realizar parcerias com IFs ou, alternativamente, constituem IFs, que podem realizar
operações de crédito, formando um conglomerado prudencial liderado pela IP.
5.2 Ampliando concorrência no mercado de pagamentos
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As IPs têm ganhado espaço no mercado devido ao baixo grau de formalismo,


inexistência de sistemas legados, maior dinamicidade e, por vezes, por proporcionarem
atendimento diferenciado aos clientes, principalmente no varejo e aos
microempreendedores. Além desses fatores, a exploração de nichos de mercado, por meio
da customização de produtos e serviços financeiros e a reformulação da “experiência do
usuário”, tornam-se elementos propulsores na expansão de mercado.
Segundo a edição de junho de 2019 do Radar FintechLab, as fintechs de pagamento
foram o motor do crescimento desse ecossistema no Brasil. Em 2018, o segmento, que
reunia 106 empresas, passou a contar com 151, o que equivale a 29% do total de fintechs
brasileiras em junho de 2019. Entre as empresas com diversos focos de negócio
relacionados a meios de pagamento, dezenove atuavam, em dezembro de 2019, nas
modalidades previstas pela Circular 3.885/2018, e atingiram o volume necessário para
serem autorizadas pelo BCB, sendo quatro ligadas a conglomerados bancários e quinze
independentes.
O segmento segue em expansão também em relação aos ativos, com aumento de 42%
entre dezembro de 2017 e dezembro de 2019. Não só a magnitude do segmento vem
crescendo, mas também a participação das IPs independentes em relação às IPs associadas
a conglomerados bancários, consequência do robustecimento das instituições que já estão
em operação e de novas entrantes. Abaixo os ativos total das instituições de pagamento:

Outra dimensão da expansão das IPs pode ser observada pelo crescimento do saldo
de moeda eletrônica de cartões pré-pagos, que atingiu R$9,8 bilhões em dezembro de
2019, representando 92% do total de moeda eletrônica emitida por todas as instituições
autorizadas pelo BCB.
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A entrada de novos participantes no mercado de pagamentos, tanto os arranjos de


pagamento como IPs credenciadoras, associada à interoperabilidade (possibilidade de
qualquer entrante associar-se a qualquer arranjo de pagamentos, atendendo às regras
estabelecidas), tem proporcionado maior competição e redução de taxas cobradas aos
comerciantes, como o Merchat Discount Rate (MDR) e a taxa de antecipação de
recebíveis. As credenciadoras não pertencentes a conglomerados bancários mais que
dobraram seu espaço no mercado desde 2017.
5.3 Desafios e oportunidades para o futuro

No cenário atual, os principais desafios para as IPs incluem as mudanças


regulatórias com impacto nos negócios e o aumento da competitividade do mercado de
pagamentos. A concorrência pode se dar com novos players, com perspectivas de ganho
de participação decorrente do processo de inclusão de clientes no mercado, com seus
pares no SFN e com a atuação das IFs, como financeiras e fintechs de crédito, as quais,
além de emitirem moeda eletrônica como as IPs, também propiciam a realização de
operações de crédito. Adicionalmente, as perspectivas de ganho de participação
decorrente do processo de inclusão de novos clientes no mercado incentivam a entrada de
novos participantes
Os desafios também se voltam ao BCB, que, para estimular a evolução do mercado
de pagamentos, tem criado um arcabouço regulatório propício à competição e ao
desenvolvimento ordenado do mercado. Para tanto, há regulamentos que observam as
características e o porte das diferentes instituições – relativos à exigência da estrutura de
gerenciamento de riscos relevantes e de governança de forma proporcional ao risco
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incorrido –, e o tratamento do risco cibernético e da segurança da informação, que são


indispensáveis para manter a higidez do SFN e a adequada proteção do consumidor.
O BCB, por meio da Agenda BC#, inclui as IPs e sua variedade de modelos de
negócio como parceiros relevantes no alcance de seus objetivos, principalmente nas
dimensões Inclusão e Competitividade. Entre as ações da Agenda BC# que trarão
oportunidades para esse segmento, estão o Open Banking, que trata do
compartilhamento de dados, produtos e serviços entre as diferentes instituições do SFN;
o Sandbox Regulatório, que flexibiliza os requisitos regulatórios por um período
limitado para permitir que empresas testem serviços e produtos financeiros inovadores; e
a implementação do ecossistema de Pagamentos Instantâneos, que permitirá que
operações financeiras sejam executadas sete dias por semana, 24 horas por dia. Dessa
forma, as atividades da Agenda BC# propiciarão condições para que os novos modelos
de negócios oriundos das instituições de pagamento contribuam para o constante
dinamismo e evolução do SFN, por meio do estímulo à competição, com foco no usuário
dos produtos e serviços financeiros, bem como no desenvolvimento de um sistema mais
inclusivo.

6 Fintechs de crédito e bancos digitais

Os modelos de negócio dessas instituições baseiam-se em tecnologia inovadora


(e.g. plataformas on-line, inteligência artificial, big data, protocolos de comunicação e
armazenamento de dados) e no relacionamento com os clientes por meio de canais
eletrônicos, sem necessidade de presença física.

Dica do professor: um banco digital é aquele que não há agência bancária, ou seja,
não existe a possibilidade de o cliente ser atendido na presença física. Um banco
digitalizado possui agência, e pode atender tanto de forma digital quanto presencial.

As fintechs de crédito compreendem as Sociedades de Crédito Direto (SCD) e as


Sociedades de Empréstimo entre Pessoas (SEP), regulamentadas pela Resolução 4.656,
de 26 de abril de 2018. Em relação aos bancos digitais, cabe ressaltar que o arcabouço
regulatório não estabeleceu regulamentação específica sobre essa modalidade, não
havendo também essa modalidade específica entre os tipos de instituição bancária que
são autorizadas pelo BCB.
Assim, na hipótese de constituição de um banco digital, a depender do modelo de
negócio que se deseja implementar, deve-se obter autorização para funcionamento como
uma instituição bancária, ou seja, como banco comercial ou de investimento ou, ainda,
como banco múltiplo, autorizado a operar com pelo menos duas carteiras operacionais,
devendo pelo menos uma delas ser carteira comercial ou de investimento.
A categoria de banco digital é autodenominada, como estratégia operacional e
mercadológica, tendo como ponto comum entre as instituições que assim se apresentam
o relacionamento exclusivamente remoto e diferenciado com os clientes, normalmente
ligado a vantagens e melhores experiências em termos de custos de serviços, facilidade
de acesso e integração com outras conveniências e demandas do público.
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O ingresso de novas instituições financeiras no Sistema Financeiro Nacional (SFN)


tem o potencial de trazer uma contribuição positiva à economia. Há a expectativa de que
as fintechs de crédito e os bancos digitais aumentem a concorrência no sistema, por meio
da expansão da oferta de produtos e serviços devido ao uso de recursos tecnológicos mais
avançados e especializados.
Adicionalmente, espera-se que elas estimulem as instituições tradicionais a
aprimorarem seus processos de funcionamento e a se estabelecerem em novos nichos de
negócio e segmentos de mercado. Também se espera que eventuais parcerias e
compartilhamento de atividades e custos com as instituições tradicionais tragam ganhos
à sociedade.
6.1 Fintechs de crédito

As SCDs e as SEPs compõem o primeiro tipo de licenciamento no SFN específico


para os modelos de negócio baseados em tecnologia inovadora e atuação exclusivamente
digital. Antes da prerrogativa de integrarem o sistema financeiro por meio de autorização
específica, muitas fintechs de crédito atuavam como correspondentes de instituições
financeiras, mas com características diferenciadas em termos de tecnologia, experiência
proporcionada ao cliente e relacionamento contratual com o parceiro. Atualmente,
algumas fintechs ainda funcionam sob esse modelo de negócio, presumindo-se que o
consideram mais vantajoso em termos de custos de funcionamento e gestão de riscos.
As normas para autorização e funcionamento das SCDs e SEPs apresentam diversas
inovações em relação às demais instituições financeiras, dentre as quais destacam-se:
i. limite mínimo de R$1 milhão de capital social e patrimônio líquido, valor
sensivelmente mais baixo do que o exigido das demais instituições
autorizadas a funcionar pelo BCB;
ii. possibilidade de participação direta de fundos de investimento no grupo de
controle;
iii. processo de autorização mais simples, com proposta de negócio no formato
de Justificativa Fundamentada e dispensa de entrevista técnica e inspeção pré-
operacional, sendo a autorização concedida simultaneamente para se
constituir e entrar em funcionamento;
iv. opção pelo enquadramento no segmento S5, que possui regime de regulação
mais simplificado e menos oneroso dentre os cinco níveis admitidos às
instituições financeiras; e
v. dispensa, no curso de funcionamento, de obrigações comuns às demais
instituições mais complexas
6.2 Sociedade de Crédito Direto

O modelo de negócio da SCD caracteriza-se pela realização de operações de


empréstimo, financiamento e aquisição de direitos creditórios exclusivamente por
meio de plataforma eletrônica e com a utilização de recursos financeiros próprios.
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Além de realizar operações de crédito, a SCD pode prestar ainda os seguintes


serviços: (i) análise de crédito para terceiros; (ii) cobrança de crédito de terceiros; (iii)
atuação como representante de seguros na distribuição relacionada com as operações de
crédito; (iv) emissão de moeda eletrônica; e (v) emissão de instrumento de pagamento
pós-pago.
Por outro lado, é vedado à SCD captar recursos do público, exceto mediante
emissão de ações, bem como participar do capital de instituições financeiras. Assim, a
abrangência e os impactos de eventual descontinuidade da SCD tendem a ser restritos
comparativamente a outros tipos de instituições que captam recursos junto ao público,
limitando-se as perdas aos seus próprios acionistas.
Embora sejam impedidas de captar recursos do público, as SCDs podem ceder
operações de crédito para outras instituições financeiras, companhias
securitizadoras e fundos de investimento em direitos creditórios. Nos dois últimos
casos, há a condição de que os investidores finais sejam classificados como investidores
qualificados, conforme regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Essa prerrogativa de cessão, especialmente para fundos de investimento em direitos
creditórios, amplia o escopo operacional das SCDs, que, na prática, conseguem mobilizar
recursos para operações de crédito além do capital próprio, por meio da originação e
cessão para investidores qualificados, que possuem melhor capacidade de avaliar riscos
e são, portanto, menos dependentes da proteção regulatória. Por essa razão, a atuação em
parceria com fundos de investimento tem predominado nos modelos de negócio das SCDs
já autorizadas, sem que isso seja considerado uma exposição a risco superior à prevista
pelo modelo de autorização e regulação mais simplificado constituído para esse
segmento.
A Resolução 4.792, de 26 de março de 2020, trouxe também a possiblidade das SCDs
obterem recursos para concessão de créditos em operações de repasses e de empréstimos
originários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Além da receita com juros sobre os recursos próprios aplicados em sua carteira
de operações de crédito, as receitas das SCDs advêm de tarifas sobre serviços
prestados a pessoas naturais. Outras possíveis fontes de receita são a prestação de
serviços de análise de crédito para terceiros e atuação como representantes de seguros na
distribuição desse produto relacionado com as operações de empréstimo, as quais também
estão sujeitas à cobrança de tarifa.
A emissão de moeda eletrônica também é autorizada às SCDs que informarem
essa opção no pleito de licenciamento. Essa possibilidade permite-lhes ter maior
eficiência operacional, oferecer maior diversidade de produtos, ter menor dependência
em relação a serviços de terceiros e, em consequência, mais garantias de sustentabilidade
e crescimento.
Para a pessoa natural, as operações de crédito são majoritariamente destinadas
a financiamento de bens e empréstimo pessoal. No segmento pessoa jurídica,
predominam operações de crédito destinadas a financiar a continuidade das
atividades empresariais, como capital de giro, expansão dos negócios,
refinanciamento de dívida, antecipação de recebíveis, aquisição de equipamentos,
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entre outros. Há casos de modelos de negócio que buscam oferecer crédito às pessoas e
empresas envolvidas com as atividades do grupo.
Embora as SCDs continuem concentrando suas operações de crédito vinculadas a
garantias reais como bens imóveis, veículos, consignado e até outros bens em processo
de teste e validação, como painéis solares, observa-se uma tendência ao uso de
inteligência artificial e técnicas de big data para originar operações desvinculadas de
garantias tradicionais, com base no histórico comportamental do cliente.
6.3 Sociedade de Empréstimo entre pessoas

As operações de empréstimo direto entre pessoas mediadas por plataformas


eletrônica, chamadas na literatura internacional de peer-to-peer lending (P2P), surgiram
na Grã-Bretanha em 2005. No ano seguinte, a atividade começou também a ser exercida
nos Estados Unidos, seguido por China e Austrália. Mesmo nesses países pioneiros, o
mercado ainda é pequeno quando comparado com os empréstimos tradicionais, mas tem
crescido rapidamente à medida que novos modelos de negócio estão surgindo
As plataformas de empréstimos P2P promovem conexão direta entre