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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

RAONI CASTRO MIRANDA

ESTUDO DE ASPECTOS GERAIS PARA O DIMENSIONAMENTO DE POÇOS


PROVENÇAIS E/OU CANADIANOS PARA A REGIÃO DO PARÁ

BELÉM
2015
RAONI CASTRO MIRANDA

ESTUDO DE ASPECTOS GERAIS PARA O DIMENSIONAMENTO DE POÇOS


PROVENÇAIS E/OU CANADIANOS PARA A REGIÃO DO PARÁ

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como


requisito para obtenção do grau de Engenheiro
Mecânico, à Faculdade de Engenharia Mecânica do
Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do
Pará, sob a orientação da Profa. Dra. Engª. Danielle
Regina da S. Guerra.

BELÉM
2015
RAONI CASTRO MIRANDA

ESTUDO DE ASPECTOS GERAIS PARA O DIMENSIONAMENTO DE POÇOS


PROVENÇAIS E/OU CANADIANOS PARA A REGIÃO DO PARÁ

Banca Examinadora:
_____________________________________
Prof.ª Dra. Engª. Danielle Regina da S. Guerra
Orientadora

______________________________________
Prof. Dr. Eng. Marcelo de Oliveira e Silva

______________________________________
Prof. Msc. Eng. Roger Barros da Cruz

Conceito atribuído: ______________________

Data: ____/_____/____

BELÉM
2015
Eu dedico este trabalho a mim, à minha
família, a todos os meus afetos e
desafetos, amigos, professores e a
todos e todas que passaram em minha
vida. Decerto, não seria o homem que
sou sem todas essas pessoas.
AGRADECIMENTOS
Certamente uma lauda não será suficiente para expressar a minha imensa
gratidão e satisfação em entregar ente trabalho, avançar em mais uma etapa de minha
vida rumo ao futuro que sempre sonhei. Sendo assim, deixo meus sinceros votos de
gratidão a minha família, que de maneira singular contribuiu em minha formação,
fazendo sacríficos sem iguais para me verem onde estou atualmente.

Não esquecerei de meu berço que hoje se chama Instituto Federal


Tecnológico do Pará, onde muitos professores se tornaram mestres e amigos, onde eu
aprendi a amar o que mais tarde me tornaria. Um agradecimento especial a instituição,
em especial ao Instituto de Tecnologia e a Faculdade de Engenharia Mecânica, que
por vezes foi minha segunda casa. Lugar no qual fui agraciado com muitos mestres
(que viraram amigos) e pessoas que se tornaram incríveis amigos. Sem meu
professores e professoras, não seria nada. Então este espaço eu dedico a eles e elas,
a todos e todas. Pelas grandes contribuições de caráter profissional, pessoal e
principalmente educacional no que tange a ser um cidadão crítico.

E não menos importantes, aqueles que são nossa família quando estamos
longe de casa ou perto o suficiente para simplesmente pegar um ônibus. Aqui vos
deixo um espaço que será somente de vocês, Pauline Protásio, Ronaldo Menezes,
Sávio Figueiredo e Thaís Peixoto, ótimos amigos que me acompanham desde o IFPa
(Sim, as meninas fizeram humanas, mas ainda sim são uns amores). Pedro
Mendonça, Felipe Lisboa, Marilza Viana pela amizade sem igual e Daniele Santos
(pela grande ajuda no trabalho) e outros tantos que seria impossível citá-los em uma
única página.

Não esqueci de vocês Professoras Walquiria Bernardo e Adrilayne Araújo,


pela grata oportunidade de trabalhar no Lasig com uma equipe incrível e desenvolver
certas habilidades que hoje me são de grande ajuda.

Porque não a Capes, que me proporcionou participar através de mérito


acadêmico de um intercâmbio que mudou minha vida de maneira imensamente
positiva, deixo aqui o espaço para École de Mines de Douai e todos os amigos que fiz
e ainda tenho lá, não importando a nacionalidade, a cor, o credo e orientação sexual
ou política. Todos acrescentaram ótimas ideias, valores e quebraram tabus de minha
personalidade. Por fim, não há como agradecer a todos e todas que passaram em
minha vida, mas aqui vos deixo meu muito obrigado por tudo, mesmo que tenha sido
somente um momento singular em nossas vidas.
RESUMO
Com a crescente demanda de energia global por parte dos setores industrial e
residencial, faz-se necessária a busca por fontes alternativas de energia, sendo elas
fontes primárias ou complementares, com o intuito de auxiliar a redução do consumo
da fonte principal. Neste quadro, este trabalho se propõe apresentar uma alternativa
adjacente aos grupos atuais de consumo de energia, ao que concerne à tentativa de
melhora do conforto térmico de ambientes, a energia geotérmica proveniente de
trocadores de calor do tipo ar-solo. Utilizando os conceitos e metodologias básicas
apresentados nos livros de transferência de calor e estudos de solo, podemos fazer o
estudo preliminar de viabilidade destes trocadores de calor para a região do Pará.
Logo, como resposta preliminar, obtemos uma réplica positiva para nossa região,
sendo assim, apresentamos a alternativa e objetivamos aspectos mais profundos para
um estudo bem mais preciso.

Palavras-chave: Geotermia; poços provençais; trocadores de calor ar-solo; poços


canadianos; temperatura do solo.
ABSTRACT
With the growing demand of global energy by industrial and residential sectors, the
search for alternative energy sources are necessary, these sources can be primary
sources or complementary, in help to reduce the consume of the main source. In this
context, this work presents an alternative to the current groups of energy consumption,
to regard the attempt to improve the thermal comfort of environments, the geothermal
energy, from heat exchangers of the air-ground type. Using the basic concepts and
methodologies presented in heat transfer books and soil studies, we can make
preliminary feasibility study of these heat exchangers to the Pará region. Therefore, as
a preliminary response we get a positive reply to our region, so we present the
alternative and aim deeper aspects for a much more precise study.

Key – words: Geothermic, heat exchangers air – soil, soil temperature.


RÉSUMÉ
Avec la grande demande d'énergie globale par les secteurs de l'industrie et résidentiel,
il est nécessaire cherche par sources alternatives d'énergie, soit elles primaires ou
complémentaires, avec l'objectif d'aider la réduction de la consommation de la source
principal. Dans ce cadre, cette travail a l'objective de présente une alternative adjacent
aux actuelle groupes énergétique, en ce que concerne à la tentative d'améliorer le
confort thermique des ambiants, l'énergie géothermique, provenaient des échangeurs
du type air-sol. En utilisent les concepts proposé dans les livres de transfert thermique
et en études de sol, nous pouvons faire une étude de viabilité de ces échangeur de
chaleur pour la région du Pará. À partir des résultats préliminaires obtenus, ces
résultats sont positifs pour notre région, donc, nous présentons l'alternative et des
aspects plus profonds, alors nous laissons des bonnes suggestions e aditions pour
études bien plus précise sur le sujet.

Mots – clés : Géothermie, puits canadiens, puits provençal, échangeurs de chaleur air
– sol, température en profondeur.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema da estrutura interna da terra..............................................................14


Figura 2 – Esquema do princípio de funcionamento do sistema (sistema passivo)......18
Figura 3 – Comportamento da temperatura em profundidade no solo a partir da
superfície do solo....................................................................................................................21
Figura 4 – Diagrama esquemático das temperaturas de entrada e saída e de parede.24
Figura 5 – Diagrama do corte transversal do duto com as resistências..........................26
Figura 6 – Condutibilidade térmica em função do teor de água no solo.........................27
Figura 7 – Planilha de cálculo com a metodologia de básica aplicada............................30
Figura 8 – Comprimento do duto e Temperatura média de saída do ar em função dos
arranjos.....................................................................................................................................33
Figura 9 – Vazão de Ar e Temperatura média de saída do ar em função dos arranjos.
...................................................................................................................................................34
Figura 10 – Condutibilidade Térmica do Duto e Temperatura média de saída do ar em
função dos arranjos.................................................................................................................35
Figura 11 – Diâmetro interno do duto e Temperatura média de saída do ar em função
dos arranjos.............................................................................................................................37
Figura 12 – Estrutura de funcionamento de um algoritmo genético tradicional..............45
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.........................................................................................................................11
1. ASPECTOS GERAIS......................................................................................................14
1.1. ENERGIA GEOTÉRMICA......................................................................................14
1.2. USO DA ENERGIA GEOTÉRMICA DE BAIXA DENSIDADE.........................17
1.3. USO DA ENERGIA GEOTÉRMICA EM SISTEMAS DE
CONDICIONAMENTO DE AMBIENTE............................................................................17
2. METODOLOGIA DO ESTUDO.....................................................................................19
2.1. COMPORTAMENTO GERAL DA TEMPERATURA NO SUBSOLO..................19
2.2 MODELO PARA A TRANSFERÊNCIA DE CALOR ENTRE O AR E O SOLO
21
2.3. TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO E RESISTÊNCIA
TÉRMICA POR CONVECÇÃO.........................................................................................22
2.4. TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO E RESISTÊNCIA
TÉRMICA POR CONDUÇÃO............................................................................................25
2.5. RESISTÊNCIAS EQUIVALENTES.......................................................................27
2.6. TAXA DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E TEMPERATURA DE SAÍDA
PARA O AMBIENTE..........................................................................................................28
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES..................................................................................29
3.1. ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA PROFUNDIDADE DO POÇO EM RELAÇÃO
À SUPERFÍCIE....................................................................................................................30
3.2. ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO COMPRIMENTO DO DUTO NA
TEMPERATURA MÉDIA DE SAIDA DO AR DO POÇO PROVENÇAL....................31
3.3. ANÁLISE DA VAZÃO DE AR EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA MÉDIA DE
SAÍDA DE AR DO POÇO..................................................................................................33
3.4. ANÁLISE DA CONDUTIVIDADE TÉRMICA DO DUTO EM FUNÇÃO DA
TEMPERATURA MÉDIA DE SAÍDA DE AR DO POÇO...............................................34
4. ANÁLISE DO DIÂMETRO INTERNO DO DUTO EM FUNÇÃO DA
TEMPERATURA MÉDIA DE SAÍDA DE AR DO POÇO...................................................36
5. ANÁLISE E VERIFICAÇÃO DOS MELHORES VALORES ESTUDADOS...........38
CONCLUSÕES.......................................................................................................................39
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.................................................................40
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................42
ALGORITIMOS GENÉTICOS............................................................................................45
FUNCIONAMENTO.........................................................................................................45
INTRODUÇÃO

É datado que o homem vem aprendendo a utilizar a energia de maneira


adequada e a controlá-la visando suas necessidades. Com o decorrer do tempo,
essas necessidades energéticas vêm mudando e gradualmente crescendo em escala
global, por isso se faz necessário procurar novas fontes de energia e utilizar com
eficiência e excelência as já existentes, adaptando-se as demandas industriais da
atualidade. Um grande exemplo disso foi a transição das energias de fluxo (água e
vento) para as energias de estocagem (fóssil e físsil) todas regidas por meio do curso
da demanda pelo poder energético. Igualmente como exemplos têm-se, a madeira que
foi substituída pelo carbono que por sua vez foi substituído pelo petróleo e gás natural,
todos em uma cadeia paralelamente com o surgimento de invenções como: máquinas
a vapor, motor a explosão, motor turbo-diese, etc.
Trazendo esta realidade para algo mais palpável, pode-se perceber que o
modelo energético adotado pelos países industrializados em desenvolvimento é
baseado em recursos não renováveis e poluentes, tendo como principal o petróleo. A
crise energética mundial ocorre justamente porque há escassez progressiva desses
recursos e há uma grande pressão para que as emissões de tóxicos na atmosfera
sejam diminuídas. Portanto, buscam-se alternativas para manter o abastecimento de
energia no mundo sem prejudicar o meio ambiente e sem depender de recursos
combustíveis de outras nações que poluam e que possam também ser extintos.
Em 2001 ficou evidente a crise energética brasileira, quando a falta de chuvas
e o baixo nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas – que supriam 90% da
demanda nacional – ocasionou o episódio mais conhecido como "apagão" 1. Apesar de
utilizar uma fonte limpa de produção, o Brasil não havia planejado alternativas que
permitissem distribuir energia em casos como este, principalmente com o crescimento
substancial da demanda no país desde a construção dos reservatórios. Sendo a má
distribuição da matriz energética nacional a principal responsável pela crise.
Para suprir a necessidade energética, o Brasil investiu na ativação de usinas
termoelétricas movidas a carvão, óleo e gás, mas ainda não há produção suficiente,
caso a falta de chuva persista e a água dos reservatórios continue diminuindo. Além
disso, a necessidade de importar matéria-prima para gerar a energia nessas usinas
cria um alto custo de manutenção, que é repassado aos bolsos dos brasileiros.

1
A crise do apagão. Nos anos de 2001 e 2002 o Brasil viveu uma crise energética que afetou
especialmente as regiões Sudeste e Centro-Oeste. O termo “Apagão" foi adotado como
referência às interrupções ou falta de energia elétrica frequentes, como "blecautes" de maior
duração.

11
Neste contexto surge a ideia pontual de gerar uma alternativa para reduzir o
consumo de energia das fontes primárias de aquecimento e/ou resfriamento e
introduzir outro(s) tipo(s) de energia(s), sendo esta de uma fonte limpa, ou tipicamente
chamada de energia renovável. Com esse objetivo em mente apontar-se-á a energia
geotérmica de baixíssima densidade passível ou não de implantação em nossa região.
Este trabalho tem como proposta apresentar uma metodologia simplificada
para o dimensionamento de um poço provençal e/ou canadiano, levando em
consideração a região Norte do Brasil e visando este sistema como um princípio
auxiliar de economia de energia para ajudar os já bem consolidados sistemas
primários de resfriamento e/ou aquecimento. Focando em uma ferramenta simples
para compreensão do fenômeno nesta área para nossa região.
Algumas respostas são esperadas por parte deste estudo, sendo elas a
viabilidade do sistema geotérmico para a nossa região, se o sistema atende
minimamente no período de maior calor, partindo do pressuposto que em períodos de
meia estação ela se torna ineficiente e gera despesas ao invés de benefícios, de que
maneira podemos implantá-lo e entre outras secundárias que serão expostas no
decorrer do trabalho.
De maneira objetiva a busca deste trabalho se dá, de maneira generalista,
pelo ponto de viabilidade de implementação desta tecnologia e técnica em terras
paraenses, considerando fatores morfológicos do solo e fatores climatológicos. Em
segundo plano, podem-se objetivar fatores construtivos, fatores de eficiência e fatores
que busquem uma melhor compreensão e maior abrangência de aplicabilidade da
tecnologia e técnica vinculada a ela.
Este trabalho traz uma nova possibilidade para o menor consumo de energia
de fontes primárias de aquecimento e/ou resfriamento, podendo ser no âmbito tanto
industrial como residencial, sendo ainda mais valoroso para a Região Norte na qual
não apresenta nenhum tipo de estudo semelhante nesta área de aplicação. Via de
regra, o estudo preliminar irá abrir novos horizontes e oportunidades.
Metodologicamente este trabalho é baseado em pesquisas bibliográficas
sobre o assunto abordado, para embasamento teórico e descritivo, com posterior
sugestão de um projeto base para implementação de um sistema de poço
provençal/canadiano que traga benefícios ao usuário do poço. Sendo oportuno
ressaltar que autores como Yunos Çengel, Frank P. Incropera e Pierre Hollmuller,
assim como instituições de ensino como a Université de Genève, a École Paris Tech e
a École des Mines de Douai, foram de grande importância para a fundamentação
deste trabalho, assim como outros que serão listados.

12
O dimensionamento do poço provençal e/ou canadiano é muito delicado
trazendo à tona alguns parâmetros que devem ser levados em consideração como:
comprimento, diâmetro e número de tubos, profundidade do tubo enterrado, vazão de
ventilação, entre outros. A proposta apresentada aqui para o dimensionamento tem
por objetivo apresentar critérios claros para a escolha de suas diferentes
características.
Em suma, o trabalho será apresentado em capítulos divididos em seções
como: aspectos gerais, metodologia e considerações finais, no qual cada capitulo terá
seções, se necessário, para exemplificar e explicar os aspectos discutidos.
Culminando na conclusão de que o estudo é válido e apresenta certo potencial em
nossa região.

13
1. ASPECTOS GERAIS

Ao considerarmos utilizar o subsolo como fonte e/ou reservatório de energia


na forma de calor para sistemas de condicionamento de ar é imperativo levarmos em
conta propriedades, tais quais, a de inércia térmica e capacidade térmica do solo que
o caracterizam como sendo um bom reservatório (ou fonte) de energia na forma de
calor ou não. Estas propriedades são sensíveis em sua composição, localização e
profundidade, o que nos traz a pergunta: É viável utilizar o solo na região Norte do
Brasil como fonte de energia?
Esta energia térmica estocada - ou retirada - do solo é comumente chamada
Energia Geotérmica, que é o principal foco deste trabalho, utilizando uma abordagem
mais simplória do que as que comumente estão apresentadas no nicho de estudo.

1.1. ENERGIA GEOTÉRMICA

De maneira simples podemos definir Energia Geotérmica ou Energia


Geotermal (advinda do grego, Geo: terra; Térmica: calor, energia térmica) como a
energia obtida a partir do calor proveniente do interior da Terra. O calor da terra existe
numa parte por baixo da superfície do planeta, mas em algumas partes está mais
perto da superfície do que outras, o que torna mais fácil a sua utilização.

Figura 1 – Esquema da estrutura interna da terra.

Fonte: Site Explicatorium2.

2
http://www.explicatorium.com/quimica/Planeta_Terra.php

14
Conforme Bullard (1973), a fonte de energia fundamental do planeta é gerada
por decaimento radiativo no interior deste.
Já para Lubimova (1986), os modelos mais recentes supõem que existem
gerações contínuas de calor no interior do planeta que surgem através do decaimento
radioativo dos isótopos de U, Th e K.
Somando-se a esta energia radiogênica, outras fontes concorrem em
proporções não muito claras com o aquecimento do interior do planeta (ex: a energia
primordial devida ao acréscimo de massa do planeta). De qualquer forma, sabe-se
desde os anos 80 que o calor gerado no interior do planeta e o calor dissipado da
Terra para o espaço não estão em equilíbrio, e que nosso planeta está, em escala
geológica, vagarosamente esfriando.
Mesmo que em escala geológica, este arrefecimento da Terra não é
prejudicial para o nosso objeto de estudo, logo o que nos leva a classificação da
Energia Geotérmica o que normalmente definimos como renovável e sustentável.
Renovável, pois descreve a propriedade da fonte energética, ou seja, energia que é
produzida a partir de recursos naturais que se renovam ou podem ser renovados. E
sustentável, pois descreve o modo como a fonte é utilizada, em outras palavras, é uma
energia que é usufruída em quantidade e velocidade que o meio ambiente tem
condições de restituir. Entretanto, aprofundando um pouco mais a respeito do aspecto
energético (quantidade de energia que pode ser extraída) temos uma classificação
diferente da anterior, no qual, os recursos geotermais são nominados como de baixa,
média ou alta entalpia, de acordo com o fluido existente no reservatório.
Segundo Willians et al. (2008), apresentam-se em geral três classes de
reservatórios baseados na temperatura: os de Baixa Temperatura (menores que
90°C), os de Moderada Temperatura (variando de 90 à 150°C) e os de Alta
Temperatura (maiores que 150°).
Outra classificação que é válida ressaltar e não menos importante é a
classificação segundo a ASHRAE (American Society of Heating, Refrigerating and Air-
Conditioning Engineers), na qual o uso de fontes geotermais pode ser divido também
em três categorias gerais:
1) Alta Temperatura (maiores que 150°C), usadas principalmente para
geração de eletricidade. Abaixo desta temperatura, em geral a geração de eletricidade
se torna economicamente inviável.
2) Baixa Temperatura (menor que 150°C), utilizadas em aplicações de uso
direto, como processos que requerem energia térmica compatível com as
temperaturas da fonte geotérmica.

15
3) Baixa Densidade (menor que 32°C), aplicações com bombas de calor
acopladas ao solo ou bombas de calor geotérmicas.
Tendo em mente a maneira como podemos classificar as fontes geotermais,
existe a necessidade de enquadrá-las em suas respectivas usuais possibilidades,
exemplo este que o Quadro 1 apresenta, fazendo relação com a temperatura da fonte.

Quadro 1 – Possibilidades da utilização da energia geotérmica segundo a temperatura.


TEMPERATURA
UTILIZAÇÕES POSSÍVEIS
(°C)
200
190
Evaporação de soluções concentradas.
180 Refrigeração por ciclo amoníaco.
Digestão de polpa de papel.
Fabricação de água pesada (SH2).
170 Produção de energia elétrica.
Recozimento de terras de diatomite.
Secagem de farinha de peixe.
160
Secagem de madeira para construção.
150 Preparação de alumina (processo Bayer)
Secagem de produtos agrícolas.
140
Esterilização de conservas de alimentos.
Refinação de açúcar.
130
Extração de sais por evaporação.
120 Destilação de água doce
110 Secagem de placas de cimento pré-fabricadas.

Secagem de algas e lãs.


100
Esterilização dos solos das estufas.

90 Secagem de peixe.
80 Aquecimento dos edifícios por convecção.
70 Limite inferior dos ciclos de refrigeração.
60 Aquecimento de estufas.
50 Usos em estâncias termais.
40 Aquecimento dos solos.
30 Águas para piscinas (uso direto)
20 Piscicultura (uso direto)

16
Fonte: Adaptado do diagrama de Lindal.
Um comportamento a ser salientado é o da temperatura do solo em pequenas
profundidades que sofre a influência direta de fatores externos como, o clima da
região, a temperatura média anual do ar, a temperatura do ar na superfície, o tipo de
solo, a umidade e cobertura vegetal do solo, a profundidade e a inércia térmica do
solo, além de variações de estação do ano (se a região de estudo apresentá-las).
Fazendo-se um paralelo com o coletor solar a crosta terrestre exerce uma função
semelhante, armazenando o calor que atinge sua superfície durante os dias quentes
de verão e perdendo a noite nos meses frios. No caso em questão esta energia
armazenada é chamada geotérmica de fonte solar ou energia geotérmica de baixa
densidade energética.

1.2. USO DA ENERGIA GEOTÉRMICA DE BAIXA DENSIDADE

Dominar de maneira satisfatória e conhecer as propriedades térmicas do solo


traz diversos benefícios em várias áreas da engenharia, agronomia e ciência do solo.
Um exemplo disto é a influência da temperatura e da umidade na parte limite solo-
atmosfera que determina aspectos importantes como as respostas dos processos
biogeoquímicos do solo, por exemplo, o crescimento e germinação de plantas como
Ghauman (1985) cita em seu trabalho, ademais temos Beltrami (2003) e Risk (2002),
apontando a importância das propriedades na produção de CO 2. Em áreas mais
especificas como a hidrologia de médio porte, este conhecimento mais detalhado das
propriedades termofísicas do solo contribui para o aumento da precisão de alguns
modelos, dentre eles o de Circulação Geral, como indica Mohanty (1998) em seu
trabalho.
No domínio da energética, com relevância na conservação de energia, sendo
assim o solo pode exercer a função de fonte ou reservatórios de energia térmica
voltados para o condicionamento de ambientes, dependendo de seus atributos
termofísicos.

1.3. USO DA ENERGIA GEOTÉRMICA EM SISTEMAS DE CONDICIONAMENTO


DE AMBIENTE

A utilização de trocadores de calor ar/solo, sistema que é comumente


chamado de poço canadiano (se o mesmo servir para aquecimento) e/ou poço
provençal (se o mesmo servir para o arrefecimento), vem ganhando espaço com o
passar dos anos em algumas regiões do globo. Este sistema consiste em uma entrada
de ventilação para a habitação e/ou ambiente, utilizando o ar que circula previamente

17
dentro de um conduto enterrado a certa profundidade da superfície. De posse do
conhecimento que a temperatura do subsolo tem a tendência de variar menos que a
temperatura do ar exterior, ou seja, o solo apresenta uma inércia térmica considerável,
o que possibilita uma troca de calor entre o ar externo que circula no interior do
conduto e o solo que cerca o conduto, sendo assim permitindo ter uma entrada de ar
mais temperada no ambiente. Em alguns casos o sistema pode funcionar em ciclo
dual inverso, isto é, funciona tanto no inverno (para as regiões que apresentam esta
estação) quanto no verão, portanto, durante o inverno o ar é reaquecido antes de
entrar no ambiente e no verão o ar é arrefecido. Se tratando, então, de um sistema
geotérmico dos mais simples, com um consumo de energia elétrica reduzido, consumo
que fica a cargo do ventilador utilizado no projeto.
Este sistema é utilizado tradicionalmente na América do Norte para manter as
habitações sem aquecimento durante o inverno mais rigoroso, permitindo também
compensar de maneira notável a perda de calor induzida pelas vazões de ventilação
impostas no regulamento francês de ventilação, por exemplo. No verão, ele permite
baixar a temperatura máxima em alguns graus. Para regiões que apresentam
mudança de estação é interessante que o sistema seja desativado durante as
interestações afim de não resfriar o ambiente quando procuramos aquecê-lo, neste
caso especial temos a entrada de ar diretamente ligada ao exterior, sem passar pelo
poço provençal. Na Figura 2 temos um exemplo construtivo do sistema mais simples.
Entretanto para alguns casos, o processo construtivo do sistema é mais elaborado.

Figura 2 – Esquema do princípio de funcionamento do sistema (sistema passivo).

Fonte: CETIAT3.

3
http://www.cetiat.fr/

18
2. METODOLOGIA DO ESTUDO

2.1. COMPORTAMENTO GERAL DA TEMPERATURA NO SUBSOLO

Como citado anteriormente existem alguns fatores que determinam a


temperatura do solo e que podem ser agrupados em duas categorias gerais: fatores
meteorológicos e variáveis subsuperficiais. Em larga escala as diferenças na
temperatura do solo são determinadas pelas variáveis meteorológicas como radiação
solar, temperatura do ar e precipitações. Variações em escala local ou micro local são
causadas por características subsuperficiais e propriedade termais do solo.
A propriedade do solo que determina sua resposta à mudança de temperatura
na superfície é a capacidade térmica volumétrica, ρ solo × C solo , condutividade térmica,
k t ,eff e o teor de umidade no solo. A razão, k t ,eff / ρsolo ×C solo, conhecida como
difusividade térmica, que é muito importante para o cálculo da taxa de fluxo de calor
no solo. Simulações mais detalhadas da temperatura do solo incluem muitas relações
complexas.
Como relata Williams (1976), felizmente, na natureza temos muitos fatores
que tendem a compensar um ao outro, então é usualmente possível fazer a utilização
de uma formula relativamente simples para estimar os limites no qual a temperatura do
solo irá flutuar.
De acordo com Marshall (1988), a principal característica do ar e da variação
de temperatura da superfície do solo pode ser descrita pela Equação (1) sob a forma
de:

T s ( t )=T av + A . cos
( 2 πt
t0 )
−β Eq.(1)

Em que:
Ts(t) é a temperatura da superfície do solo dada em um tempo (t) (°C);
Tav é a temperatura média para o período, envolvendo um ou mais ciclos de
variação de (t) (°C);
A é a diferença entre as temperaturas máxima e mínima do período (t) (°C);
t é o tempo (horas, dias, anos, meses);
t0 é o tempo para um ciclo completo (horas, dias, anos, meses);
β é o ângulo de fase (-).

Se o solo tem propriedades termais constantes, a temperatura induzida pela


variação cíclica foi apresentada por Hillel (1982), na Equação (2):

19
( √ ) .cos
( √ )
π
−z.
α t0 2 πt π
T ( z , t )=T av +A .e − z. −β Eq. (2)
t0 α t0
Em que:
Z é a profundidade a partir da superfície (L)
α é a difusividade térmica (L²T-¹)

O modelo sinusoidal de temperatura foi obtido derivando-se e resolvendo a


equação diferencial parcial a seguir, Equação (3):

∂T (z , t) ∂ ² T ( z , t)
=α Eq. (3)
∂t ∂ z²

As seguintes premissas foram aplicadas na derivação do modelo de


temperatura, para simplificação do problema:

1. A variação de temperatura sinusoidal na superfície do solo (z = 0)


seguirá a Equação (1);
2. Em uma profundidade infinita, a temperatura do solo é constante e igual
à temperatura média da superfície do solo;
3. A difusividade térmica é constante ao longo do perfil do solo e durante o
ano inteiro.

Neste trabalho é utilizado como referência o período de 1 de janeiro de 2014


a 1 de janeiro de 2015, totalizando 366 dias. Utilizou-se também as profundidades de
0, 1, 2, 3, 4 e 5 metros de profundidade para a visualização do comportamento da
temperatura do solo em profundidade, tendo como referência a superfície do solo
como ponto zero, logo mais a Figura 3 mostra este comportamento.

20
Figura 3 – Comportamento da temperatura em profundidade no solo a partir da superfície do
mesmo.

40.00

35.00

30.00
Temperatura [°C]

25.00

20.00

15.00
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Dia do ano

T(0,T) T(1,T) T(2,T) T(3,t) T(4,t) T(5,t)

Fonte: Elaborado pelo autor.

2.2 MODELO PARA A TRANSFERÊNCIA DE CALOR ENTRE O AR E O SOLO

Para o problema proposto vemos que o ar circula dentro do(s) duto(s) de


maneira forçada, ou seja, temos um regime de convecção forçada, devido a uma
diferença de pressão entre a entrada e saída do(s) duto(s) que induz o escoamento na
direção de maior pressão para menor pressão.
Sendo assim podemos abordar o dimensionamento do duto de ar de duas
maneiras distintas, sendo elas:
1. A determinação do comprimento do(s) duto(s) para uma variação de
temperatura do ar especificada;
2. A determinação das condições de saída do ar quando conhecidos a
temperatura de entrada do ar e as dimensões do(s) duto(s).
Para qualquer uma das situações citadas, faz-se necessário a boa
compreensão do processo de transferência de calor por convecção forçada no interior
de dutos e também do processo de condução de calor.
Não obstante, as simplórias saídas que foram apresentada acima, sendo a
segunda mais detalhada à frente, temos também metodologias mais complexas e
detalhistas como a que Hollmuller (2002) utiliza em seus trabalhos ou as metodologias
que encontramos em softwares comerciais exclusivos para o dimensionamento de

21
poços canadianos/provençais, como por exemplo, o software GAEA4 produzido pela
Universidade Alemã de Siegen. O estudo poderia partir destas metodologias e
softwares, no entanto, o objetivo é fazer uma abordagem mais elementar e de
entendimento mais abrangente, utilizando as correlações já existentes da transferência
de calor no interior de dutos, tudo visando uma estimativa inicial das condições
operacionais do poço. Sendo expressamente recomendável um novo
redimensionamento com uma metodologia mais completa e desenvolvida e/ou um
software adequado ao problema especifico.

2.3. TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO E RESISTÊNCIA


TÉRMICA POR CONVECÇÃO

Como existe o escoamento no processo devemos conhecer o tipo de regime


em que se encontra este escoamento para caracterizarmos o processo de convecção
interna entre o regime laminar e o regime turbulento. E mais adiante, se faz necessário
a separação das regiões de escoamento entre: região de entrada e região com o
escoamento plenamente desenvolvido.
Da mecânica dos fluidos temos que o regime de escoamento é avaliado pelo
número de Reynolds, como segue na expressão abaixo,
ρVm D
ℜD =
μ
Em que,
ρ – massa especifica do fluido [kg/m³] (no estudo – Ar)
Vm – velocidade média do fluido na secção transversal [m/s]
D – diâmetro do duto [m]
µ - viscosidade dinâmica do fluido (no estudo – Ar)

Para escoamentos completamente desenvolvidos, o número de Reynolds


crítico é o número no qual temos o surgimento de turbulência no escoamento, sendo
seu valor:
ℜD , crit ≈2300
Da literatura e experimentação prática temos que, a turbulência intensifica a
transferência de calor, consequentemente as dimensões e condições de operação
serão sujeitas a forçar um escoamento turbulento. No mais, para simplificação do
trabalho as correlações mostradas adiante serão desenvolvidas para essa condição
somente.

4
Graphische Auslegung von Erdwärme Austauschern.

22
Assim podemos determinar o comprimento da região de entrada
fluidodinâmica do escoamento, por meio das expressões a seguir,
Lt , lam=0,05 D ℜD Pr
Lt , turb=10 D
É importante ressaltar que na região de entrada do escoamento o regime se
caracteriza por apresentar um perfil de temperaturas que se desenvolverá ao longo do
duto. Já no fim do comprimento de entrada, temos um escoamento com perfil de
temperaturas fixo. Esta ressalva foi destacada devido a alteração nos cálculos do
coeficiente de transferência de calor por convecção que esses efeitos trazem.
Muitas propriedades físicas do fluido utilizado no cálculo do comprimento de
entrada, como o número de Prandalt e demais que serão apresentadas adiante,
dependem da temperatura do fluido. Sabendo que a temperatura do fluido se altera
tanto radialmente quanto axialmente ao longo do duto, podemos definir as
propriedades do fluido na temperatura que chamamos de temperatura de filme. Da
literatura (Incropera, 2008, p. 255) temos que, a temperatura de filme é uma média
entre a temperatura média do fluido e a média da temperatura da superfície interna do
duto, sendo expressa por,
T p +T m
T filme = [°C ]
2
No qual Tp é a média da temperatura da superfície do duto entre o seu início e
seu fim,
T p , e +T p , s
T p= [° C]
2
E Tm é a média aritmética das temperaturas de entrada e saída do fluido no
duto,
T e +T s
T m= [° C ]
2

23
Figura 4 – Diagrama esquemático das temperaturas de entrada e saída e de parede.

Fonte: Elaborado pelo autor.

De posse da temperatura de filme, é possível calcular o número de Nusselt e


o coeficiente de transferência de calor por convecção. Neste caso o número de
Nusselt determina a condição do fluido na fronteira (sendo a relação entre a
transferência de calor por convecção e condução), e para o estabelecimento do
mesmo devemos ter: a temperatura de parede do duto ou a taxa de transferência de
calor constante. Para o dimensionamento do poço provençal, utilizaremos a
temperatura da parede constante, ou seja, tanto a temperatura de parede na entrada
como a temperatura de parede na saída do duto será constante para uma camada de
terra que envolve o duto, pois como a literatura de base mostra, a terra (ou quaisquer
outros dois objetos no mínimo) tendem a manter um equilíbrio térmico após certo
tempo em regime transiente.
Então, podemos obter o número de Nusselt para escoamentos turbulentos em
tubos de seção circular com temperatura de parede constante, por meio das
expressões abaixo. A primeira correlação é delimitada a escoamentos turbulentos na
zona de entrada com temperatura de parede (Tp) ou a taxa de transferência de calor (
Q̇ p) constantes, sendo a razão L/Di maior que 10 e menor que 400, logo:

[ 10<
L
Di
<400
]
( )
0,055
4 /5 1 /3 D
Nu D =0,036 ℜD Pr
L
Para escoamentos turbulentos na zona completamente desenvolvida com
temperatura de parede (Tp) ou a taxa de transferência de calor (Q̇ p) constantes, tem-se
dois casos generalistas, um cujas variações das propriedades do fluido podem ser

24
consideradas de pequenas a médias, então fazemos a utilização da correlação de
Dittus-Boelter (1930):
4/ 5 n
Nu D =0,023 ℜD Pr

Onde, n = 0,3 para arrefecimento e 0,4 para aquecimento.

Ademais para a utilização da correlação de Dittus-Boelter (1930) devemos


estar dentro das seguintes condições:

[ ]
0,7 ≲ Pr ≲ 160
ℜD ≲10000
L
≳ 10
D
Já para grandes variações das propriedades do fluido utilizamos a correlação
proposta por Sieder e Tate (1936):

( )
0,14
4 /5 1 /3 μm
Nu D =0,027 ℜ D Pr
μp
Outrossim as condições de:

[ ]
0,7 ≲ Pr ≲ 16700
ℜD ≲10000
L
≳ 10
D
Um detalhe importante a se ressaltar nessa correlação é que o valor de
viscosidade dinâmica médio (µm) é determinada na temperatura média do fluido e a
viscosidade dinâmica da parede (µp) é determinada a partir da temperatura da parede.
As propriedades restantes são determinadas a partir da temperatura de filme.

2.4. TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO E RESISTÊNCIA


TÉRMICA POR CONDUÇÃO

Neste momento devemos observar a influência da transferência de calor por


condução, o que nos leva ao cálculo das resistências térmicas por condução
referentes ao duto e à parte da camada de solo que envolve o duto, que por
consequência, tem sua temperatura influenciada diretamente pela troca de calor com o
duto. Fazendo um corte transversal em um comprimento qualquer no duto, podemos
observar que o ar, o duto e a camada de terra adjacente apresentam condução de
calor unidimensional em regime estacionário, sendo assim, podemos construir uma
resistência equivalente total, por meio da associação em série das resistências

25
equivalentes de convecção (advinda do escoamento ar) e condução (advinda da troca
de calor entre o duto e a camada de terra). O esquema da Figura 5 mostra o corte
transversal com a exemplificação das resistências.

Figura 5 – Diagrama do corte transversal do duto com as resistências.

Fonte: Souza, 2014.

Nesta configuração temos que, para a condução radial em uma parede


cilíndrica, a resistência térmica tem a forma,
Rt ,cond , cil=ln ¿ ¿ ¿
Em que,
rext – é o raio exterior;
rint – é o raio interior;
k – é a condutibilidade térmica constituinte do duto;
L – é o comprimento do duto.

Na Tabela 1 são apresentadas algumas condutividades térmicas de possíveis


materiais para a construção dos poços, materiais comuns de engenharia. Na Figura 6
temos também a condutibilidade para alguns tipos de solo em relação ao teor de
umidade presente nos mesmo.

26
Tabela 1 – Condutividades térmicas médias de alguns materiais.

Material Condutividade Térmica (k) [W/m.°C]


Aço 50
Alumínio 237
Cobre 401
Ferro 80
Fibra de Vidro 0,03
Plástico
0,25
(Polipropileno)
PVC 0,2
Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 6 – Condutibilidade térmica em função do teor de água no solo.

Fonte: Hollmuller (2002).

2.5. RESISTÊNCIAS EQUIVALENTES

Para facilitar os cálculos posteriores de taxa de transferência de calor


unificamos todas as resistências térmicas em uma única resistência térmica
equivalente, como é de praxe em problemas de engenharia. As resistências tanto de
condução quanto de convecção das zonas de entrada e desenvolvidas do escoamento
devem formar uma resistência equivalente por meio de uma associação em série.

27
Req ,entrada =R cond , entrada+ R conv , entrada
[ ]
°C
W

[ ]
Req ,desenvolvida =Rcond , desenvolvida + Rconv ,desenvolvida
°C
W
E as resistências equivalentes da zona de entrada e da zona desenvolvida
devem ser associadas em paralelo, sendo assim, resultando na resistência
equivalente total do duto, que será usada para o cálculo da taxa de transferência de
calor da terra para o ar que escoa no interior do duto.

Req ,total = [ ]
Req ,entrada × Req ,desenvolvida ° C
R eq , entrada+ R eq, desenvolvida W

2.6. TAXA DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E TEMPERATURA DE SAÍDA


PARA O AMBIENTE

Em muitos casos para escoamentos internos admite-se a diferença de


temperatura média entre uma superfície e o fluido na entrada e na saída do tubo.
Inerente a essa definição, assumida frequentemente, de que a temperatura média do
fluido varia linearmente ao longo do duto, a qual quase nunca é o caso quando temos
a temperatura da superfície como constante. Esta aproximação muitas vezes nos
resulta em implicações aceitáveis, porém nem sempre. Portanto, necessitamos de
uma melhor maneira de avaliar esta variação de temperatura média.
Este julgamento alternativo segundo Çengel (2012) nos mostra que para
escoamentos internos com temperatura de parede constante a diferença de
temperatura entre o fluido e a superfície decai ou aumenta de maneira exponencial, na
direção do fluxo. Sendo assim, podemos definir a taxa de transferência de calor como:
∆ T ml
Q̇= [W ]
Req ,total
Em que,
∆ T ml – é a média logarítmica das diferenças de temperatura ao longo do duto,
dada por:
∆ T saída−∆ T entrada
∆ T ml= [° C ]
ln
(
∆ T saída
∆T entrada )
As variações referentes à entrada e saída são as variações entre a
temperatura (comumente notada como - T ∞) na superfície exterior do duto
(considerando o involucro de terra), e a temperatura média do fluido, conforme as
expressões abaixo,

28
∆ T saída=T ∞ −T m ,saída
∆ T entrada=T ∞ −T m , entrada
T∞ é assumida como constante e considerada como a temperatura do solo a
uma distância fora da influência do duto, já que o solo aquecido ao redor do duto tem
sua resistência térmica também considerada na análise de transferência de calor por
condução (ao considerarmos o invólucro de terra sobre o duto como um “duto de
terra”, que possui comprimento e espessuras características e estimados,
respectivamente).
Em conclusão, a temperatura média de saída do ar ao fim do duto pode ser
obtida resolvendo-se a expressão abaixo para Tm,saída,

( )
∆ T saída T s ,e −T m ,saida −1
= =exp
∆ T entrada T s , e −T m , entrada ṁC p Req , total
Para a resolução da expressão apresentada acima é necessário um processo
iterativo para desenvolver completamente o método exposto, pois o cálculo da
temperatura de filme, necessário para a determinação das propriedades do fluido na
seção (transferência de calor por convecção e resistência térmica por convecção),
envolve o conhecimento da temperatura média de saída do fluido, determinada
somente ao fim do dimensionamento.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

No que tange os tipos de análises que podemos fazer mediante este


problema temos várias opções. Entretanto, as subseções a seguir nos mostrarão com
mais detalhes o que podemos fazer para melhorar o rendimento do poço, ou pelo
menos deixá-lo em condições mínimas de funcionamento para região de interesse, em
uma planilha de cálculo desenvolvida no software Microsoft Excel® e com a
metodologia já discutida em seções anteriores deste trabalho obteremos tais análises,
a Figura 7 apresenta uma imagem resumida desta planilha de cálculo utilizada.

29
Figura 7 – Planilha de cálculo com a metodologia de básica aplicada.

Fonte: Elaborado pelo autor.

É importante objetivar que a resolução dos cálculos, e consequentemente, da


planilha foi possível através do aplicativo interno Solver® no Excel®, por meio do
método iterativo LP Simplex, para problemas lineares simples.

3.1. ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA PROFUNDIDADE DO POÇO EM


RELAÇÃO À SUPERFÍCIE

Para que não haja influência do ambiente sobre a Temperatura do solo e


consequentemente sobre a Temperatura do duto, deve-se enterrar o duto a uma
profundidade tal, que está influência seja inexistente ou mínima o possível, bem como
deve-se levar em conta o aspecto econômico para a profundidade e comprimento que
estamos interessados, por exemplo, é mais barato um poço a uma profundidade
mínima e comprimento mínimo do que um poço a uma profundidade exagerada (em
termos de engenharia) e um comprimento mínimo, devido a custos de perfuração e/ou
compra de tubulações mais resistentes a pressão da camada de terra que será posta
sobre o duto. Em pesquisas e tendo isto em mente o IBGE (Institut Bruxellois pour la
Gestion de l’Environnement) em documento aberto recomenda que os poços devem
estar a uma profundidade de 2 m a 4 m, isto é claro, levando em consideração as
condições climáticas e de solo da região Belga no caso.

30
Agora, com o intuito de transportar este conceito para a nossa região,
podemos obter uma estimativa levando em consideração o comportamento da
Temperatura em profundidade do solo, utilizando dados climatológicos do BDMEP e
INMET (Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa e Instituto Nacional
de Meteorologia), assim como, dados do solo de nossa região por meio do estudo de
“Transferência de Calor e Propriedades Térmicas do subsolo em Belém”, publicado na
Revista Brasileira de Geofísica em 1989 por José Ricardo Santos de Souza 5, Rutênio
Luiz Castro de Araújo6 e Midori Makino5 e para complementar os estudo do solo temos
também o trabalho de José Ricardo Santos de Souza 5, Rutênio Luiz Castro de Araujo 6,
José de Paulo Rocha da Costa5, Maria Cristina Negrão da Vera Cruz 5, Midori Makino5,
sobre “Difusividade Térmica em Solos de Marabá-PA”, que é mais atual.
Por mais que os dois trabalhos citados sejam em regiões distintas de nosso
Estado, morfologicamente o solo é semelhante para as regiões, sendo ele o latossolo
amarelo. Frente às informações obtidas pôde-se aplicar a metodologia citada mais
acima para o comportamento geral da temperatura do solo, observamos por meio da
Figura 3 que o subsolo não apresenta variações significativas de Temperatura para a
profundidades a partir de 5 m, já começando a ser perceptível no nível em torno de 4
m de profundidade, o que nos leva a considerar que a profundidade de 5 metros
contém as características necessárias para ser adotada como profundidade a ser
utilizada no trabalho, levando em consideração a pouca influência da temperatura
ambiente na temperatura do solo a essa profundidade e claro, não considerando
fatores econômicos ligados a perfuração.

3.2. ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO COMPRIMENTO DO DUTO NA


TEMPERATURA MÉDIA DE SAIDA DO AR DO POÇO PROVENÇAL

Para esta análise de sensibilidade da Temperatura média de saída do ar do


poço provençal mediante ao comprimento do duto, primeiramente devemos
estabelecer todas as outras variantes constantes e somente interferir no nosso
objetivo. Segundo o IBGE (Institut Bruxellois pour la Gestion de l’Environnement) em
documento aberto para auxiliar nas construções de poços provençais/canadianos, a
recomendação é que os dutos estejam na média de 15 m à 20 m de comprimento
entre a entrada e saída de ar para que as trocas de calor sejam satisfatórias. A Tabela
2 nos apresenta a interação desta variação de comprimento e como ela influencia a
temperatura média de saída do ar desde o comprimento mínimo adotado pelo IBGE
até um comprimento considerado exacerbado para os fins da alternativa.
5
Universidade Federal do Pará
6
Universidade Federal do Amazonas

31
Tabela 2 – Variação da Temperatura média de saída em função do comprimento do duto.
Propriedades Externas ao Duto Propriedades do Duto
Arranjo Tm,sai [°C]
Dia Tsolo(∞) [°C] Tent [°C] Q [m³/h] λduto [W/m°C] Di [m] De [m] L [m] Tp [°C]
1 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,3 0,35 15 29 33,33
2 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,3 0,35 20 29 32,82
3 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,3 0,35 30 29 32,01
4 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,3 0,35 40 29 31,39
5 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,3 0,35 50 29 30,92
6 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,3 0,35 100 29 29,63

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para este módulo de teste foi utilizado o dia 10/11/2014 por ter a maior
temperatura máxima registrada no período, que comumente é periódica na temporada
de calor na região de Belém para períodos diários, a temperatura do subsolo a
profundidade de 5 m foi adotada a partir do modelo de distribuição de temperatura em
profundidade no solo que nos trouxe como valor 28,43 ºC, utilizou-se também uma
vazão constante de 500 m³/h, o duto neste caso foi um duto de PVC com
condutividade térmica de 0,2 W/m°C. É importante ressaltar que a temperatura da
parede do duto (Tp) foi mantida constante para fins de simplificação do modelo.
De posse das informações anteriores pode-se afirmar que quanto maior for o
comprimento do duto, maior será a troca de calor, até o estado de equilíbrio térmico
entre a temperatura do ar interior e o duto, contudo deve-se considerar parâmetros
construtivos e financeiros para determinar qual seria a melhor saída para o problema
proposto. Se analisarmos a maneira como a temperatura média de saída do ar decai
em função do aumento do comprimento do duto (Figura 8) observamos que a partir de
certo ponto necessitamos de um comprimento de duto muito longo para satisfazer
pequenas quedas de temperatura, o que em termos de engenharia não se torna uma
alternativa viável, tanto no âmbito construtivo quanto no âmbito econômico. Sendo
assim pode-se assinalar que nesta condição o Arranjo N°5 possui uma boa alternativa
para o problema proposto em nossa região.

32
Figura 8 – Comprimento do duto e Temperatura média de saída do ar em função dos arranjos.

Temperatura média de saída do Ar [°C]


L [m] Tm,sai [°C]
100 12
90
10
Comprimento do duto [m]
80
70
8
60
50 6
40
4
30
20
2
10
0 0
1 2 3 4 5 6
Arranjo Nº

Fonte: Elaborado pelo autor.

3.3. ANÁLISE DA VAZÃO DE AR EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA MÉDIA


DE SAÍDA DE AR DO POÇO

Nesta seção utilizaremos o mesmo dia da seção anterior (dia 10/11/2014)


mantendo o comprimento padrão de 50 m para o poço, no entanto nosso objetivo
neste momento é observar como a variação da vazão de ar interna ao duto afeta a
Temperatura média de saída do ar do poço. Para tal, utilizou-se seis arranjos
diferentes no qual mudou-se somente a vazão, estes arranjos são apresentados na
Tabela 3.

Tabela 3 - Variação da Temperatura média de saída em função da vazão de ar interna ao duto.


Propriedades Externas ao Duto Propriedades do Duto
Arranjo Tm,sai [°C]
Dia Tsolo(∞) [°C] Tent [°C] Q [m³/h] λduto [W/m°C] Di [m] De [m] L [m] Tp [°C]
1 10/11/2014 28,43 35,9 50 0,2 0,3 0,35 50 29 28,55
2 10/11/2014 28,43 35,9 100 0,2 0,3 0,35 50 29 28,83
3 10/11/2014 28,43 35,9 300 0,2 0,3 0,35 50 29 30,02
4 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,3 0,35 50 29 30,92
5 10/11/2014 28,43 35,9 700 0,2 0,3 0,35 50 29 31,59
6 10/11/2014 28,43 35,9 900 0,2 0,3 0,35 50 29 32,10

Fonte: Elaborado pelo autor.

Observando a Tabela 3 atentamente temos que, quanto maior a vazão de ar


maior a Temperatura média de saída é, este fato indefere no objetivo principal do
trabalho que é tentar diminuir a Temperatura média de saída do ar no poço. Este
fenômeno ocorre devido à vazão de ar estar diretamente ligada à velocidade com a

33
qual o ar circula dentro do duto, em outras palavras, quanto maior a velocidade no
qual o ar circula dentro do duto menor será a troca de calor entre o ar e o duto e o solo
para um mesmo comprimento de duto, consequentemente a Temperatura média de
saída do ar do duto não será a menor possível para aquela configuração. É importante
ressaltar que dentre as vazões selecionadas mesmo a menor delas (50 m³/h), gera
turbulência do ar na sua passagem no interior do duto, no mais temos que atentar para
uma restrição advinda do cálculo do número de Nusselt que delimita essa vazão
mínima à um número de Reynolds de 10000, sendo assim essa condição sendo
satisfeita podemos achar a mínima vazão compatível, e esta turbulência é muito
importante para o estudo, já que como na literatura temos que a turbulência influencia
de maneira positiva nas trocas de calor por convecção, a presença desta se torna um
requisito mínimo para modelos de trocadores de calor geotérmicos. A Tabela 3
apresentada acima pode ser melhor interpretada a partir da Figura 9, que mostra
exatamente o não decaimento da Temperatura média de saída do ar com o aumento
da vazão.
Figura 9 – Vazão de Ar e Temperatura média de saída do ar em função dos arranjos.

Temperatura média de saída do Ar [ºC]


Q [m³/h] Tm,sai [ºC]
1000 33.00
900
32.00
800
31.00
Vazão de Ar [m³/h]

700
600 30.00
500
400 29.00
300 28.00
200
27.00
100
0 26.00
1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6
Arranjo Nº

Fonte: Elaborado pelo autor.

3.4. ANÁLISE DA CONDUTIVIDADE TÉRMICA DO DUTO EM FUNÇÃO DA


TEMPERATURA MÉDIA DE SAÍDA DE AR DO POÇO

Nesta seção continuaremos a tratar sobre como alguns fatores influenciam a


Temperatura média de saída do ar no poço, sendo assim será visualizado como a
condutividade térmica do duto afeta a transferência de calor até o ar interior. A Tabela
4 apresenta a interação entre as duas propriedades propostas nesta.

34
Tabela 4 - Variação da Temperatura média de saída em função da condutividade térmica do
duto.
Propriedades Externas ao Duto Propriedades do Duto
Arranjo Tm,sai [°C]
Dia Tsolo(∞) [°C] Tent [°C] Q [m³/h] λduto [W/m°C] Di [m] De [m] L [m] Tp [°C]
1 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,3 0,35 50 29 32,92
2 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,25 0,3 0,35 50 29 30,63
3 10/11/2014 28,43 35,9 500 50 0,3 0,35 50 29 29,62
4 10/11/2014 28,43 35,9 500 80 0,3 0,35 50 29 29,61
5 10/11/2014 28,43 35,9 500 237 0,3 0,35 50 29 29,60
6 10/11/2014 28,43 35,9 500 401 0,3 0,35 50 29 29,60

Fonte: Elaborado pelo autor.

Como foi feito nas seções anteriores manteve-se constante as outras


incógnitas que podem variar e mudou-se somente o objetivo da seção. Neste contexto,
pode-se observar que quanto mais aumenta-se a condutividade térmica do duto, ou
seja, o material do duto muda para materiais que apresentam índices maiores de
condutibilidade térmica, melhor apresenta-se a troca de calor entre o ar, o duto e o
solo. Porém, é importante destacar que esta troca é limitada a uma condição de
contorno do problema, a variante Temperatura de Parede, a tendência natural do ar
que circula no interior do duto é equalizar sua Temperatura juntamente com a
Temperatura de parede ou o mais próximo possível até que o “caminho” até o final do
duto seja finalizado, nessa condição pode-se optar por materiais com condutibilidade
térmica de média para pequena que ainda sim satisfazem o nosso objetivo. Esta
correlação fica mais clara na Figura 10, abaixo.

Figura 10 – Condutibilidade Térmica do Duto e Temperatura média de saída do ar em função


dos arranjos.
Temperatura média de saída do Ar [°C]

λduto [W/m°C] Tm,sai [°C]


12 12.00
Contutibilidade Térmica [W/m°C]

10 10.00

8 8.00

6 6.00

4 4.00

2 2.00

0 0.00
1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6
Arranjo Nº

35
Fonte: Elaborado pelo autor.

Neste caso foram utilizadas condutividades térmicas comuns apresentadas


na Tabela 1, a priori é fácil de visualizar na Figura 7 que o melhor arranjo seria o Nº4
ou bem próximo a ele. Entretanto, o material envolvido no Arranjo Nº4 é Ferro, por ser
Ferro aumenta o nosso fator custo, então temos que observar uma solução
economicamente mais estável e/ou viável, logo podemos verificar o Arranjo Nº3 que
apresenta o material Aço, que tem uma condutibilidade térmica um pouco menor,
porém ainda sim apresenta uma ótima condutibilidade térmica. Neste aspecto deve-se
atentar para o quesito higiene sanitária do poço que é mais importante que a
condutibilidade térmica do duto. Dessa maneira, temos que procurar uma terceira
alternativa que ainda assim seja viável, logo observamos o Arranjo Nº2 de material
plástico do tipo polipropileno7, que apesar de mostrar uma condutibilidade térmica
muito abaixo do que a apresentada para o Aço, pode baratear o poço e manter a
higiene ao mesmo tempo. É interessante também considerar o PVC (Arranjo Nº1),
porém em questão de condutibilidade térmica entre PVC e Polipropileno, a escolha a
priori fica por parte do polipropileno.
Com a pequena discussão do parágrafo anterior ficamos com uma escolha de
engenharia, que leva em consideração higiene (particulados que podem surgir a partir
do duto e/ou que dificulte a proliferação bactericida) e eficiência do poço em relação
aos custos que isso pode trazer para o projeto em geral. Outro ponto de importância é
a discussão quanto à espessura do duto para o material em questão, sabemos da
transferência de calor que a equação de condução unidimensional, que nos fornece o
fluxo de calor é inversamente proporcional ao comprimento que o calor atravessa,
sendo assim a espessura do duto irá influenciar na transferência de calor, entretanto
não de maneira significativa a ponto de nos preocuparmos com ela. No mais, podemos
afirmar que o material de que o duto é feito é uma condição que interfere diretamente
na eficiência do poço.

4. ANÁLISE DO DIÂMETRO INTERNO DO DUTO EM FUNÇÃO DA


TEMPERATURA MÉDIA DE SAÍDA DE AR DO POÇO

Nesta seção o estudo é direcionado à maneira com a qual o diâmetro interno


do duto irá interferir na Temperatura média de saída do ar do poço, com análise
preliminar da literatura, sabemos que esta interferência não é muito acentuada, no

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Polipropileno (PP) ou polipropeno é um polímero, mais precisamente um termoplástico,
derivado do propeno ou propileno e reciclável. O polipropileno é um tipo de plástico que pode
ser moldado usando apenas aquecimento, ou seja, é um termoplástico. Possui propriedades
muito semelhantes às do polietileno (PE), mas com ponto de amolecimento mais elevado.

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entanto é válida a verificação, pois em alguns casos o ganho de um grau ou mais pode
influenciar na totalidade do poço. Sendo assim seguimos com a Tabela 5 que
apresenta esta influência e variações.

Tabela 5 - Variação do Diâmetro interno do Duto em função da Temperatura média de saída do


duto.
Propriedades Externas ao Duto Propriedades do Duto
Arranjo Tm,sai [°C]
Dia Tsolo(∞) [°C] Tent [°C] Q [m³/h] λduto [W/m°C] Di [m] De [m] L [m] Tp [°C]
1 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,10 0,15 50 29 31,10
2 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,15 0,20 50 29 31,05
3 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,20 0,25 50 29 31,00
4 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,25 0,30 50 29 30,96
5 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,30 0,35 50 29 30,92
6 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,35 0,40 50 29 30,88

Fonte: Elaborado pelo autor.

Como comentado no parágrafo anterior fica visível que as diferenças de


Temperatura média da saída do duto são muito pequenas quando mudamos o
diâmetro interno do duto. Porém, é importante considerar dentro destas pequenas
variações qual delas seria interessante para tomarmos como padrão de diâmetro
interno do duto, esta escolha fica mais simples a partir do momento que vemos a
relação entre estas propriedades na Figura 11.

Figura 11 – Diâmetro interno do duto e Temperatura média de saída do ar em função dos


arranjos.
Temperatura média de saída do Ar [°C]

Di [m] Tm,sai [°C]


12.00 12.00
Diâmetro Interno do duto [m]

10.00 10.00

8.00 8.00

6.00 6.00

4.00 4.00

2.00 2.00

0.00 0.00
1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6
Arranjo Nº

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Observando tanto a Tabela 5 quanto a Figura 8 é perceptível que a partir do
diâmetro de 25 mm a diferença entre as Temperaturas médias de saída do ar não
variam mais que 0,5°C logo podemos adotar o diâmetro de 25 mm ou até mesmo o de
30 mm, como preferencial, pois se torna melhor o diâmetro de 30 mm (ou até maior
quem sabe) devido ao peso que a terra exercerá sobre o duto, dificultando assim o
seu esmagamento.

5. ANÁLISE E VERIFICAÇÃO DOS MELHORES VALORES ESTUDADOS

Neste ponto do trabalho a pergunta que mais nos interessa é “Qual seria a
melhor configuração para o poço neste contexto?”. Logo, podemos ter duas
abordagens diferenciadas neste momento, a primeira e mais usual, seria a utilização
dos melhores parâmetros encontrados nas seções anteriores e a segunda e mais
refinada seria a utilização de um algoritmo de otimização para uma solução onde os
parâmetros variantes sejam analisados simultaneamente visando o melhor resultado
possível (no capitulo em anexo faz-se uma abordagem sucinta sobre algoritmos
genéticos, uma alternativa viável ao problema e sugestão futura).
Faz-se o uso dos parâmetros considerados ideais encontrados nas seções
anteriores e faz-se a utilização da planilha de cálculo, os parâmetros e resultado são
apresentados na Tabela 6.

Tabela 6 – Melhores valores encontrados para os parâmetros estudados e resultado


encontrado.
Propriedades Externas ao Duto Propriedades do Duto
Tm,sai [°C]
Dia Tsolo(∞) [°C] Tent [°C] Q [m³/h] λduto [W/m°C] Di [m] De [m] L [m] Tp [°C]
10/11/2014 28,43 35,9 150 0,25 0,25 0,30 50 29 29,02

Fonte: Elaborado pelo autor.

Levando em conta o dia 10/11/2015 que apresentou a maior temperatura no


período, 35,9°C e uma Temperatura em profundidade (T ∞) de 28,43°C, e considerando
a Temperatura de Parede em torno de 29°C, juntando todos os parâmetros para
utilizarmos a planilha de cálculo, chegamos ao resultado da Temperatura Média de
Saída do Ar em 29,02°C, obtendo uma diferença de temperatura da entrada para a
saída de algo em torno de 7°C, o que se mostrou além das expectativas esperadas
para o projeto. Todavia, esta é somente uma análise pontual, pois é um dia num
período de 366 dias, sendo este registro o de temperatura máxima deste dia em
especial o que não perdura mais de uma hora diária, logo temos que tomar cuidado
com isso.

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CONCLUSÕES

Conforme observação dos aspectos analisados faz-se necessário esclarecer


alguns pontos para não entender o trabalho como uma tarefa que expôs uma
metodologia generalista e simplista ao extremo. Apesar de poços
provençais/canadianos apresentarem uma técnica simples e metodologias de
dimensionamento bem mais complexas que as abordadas neste trabalho (o que não
invalida a metodologia aqui aplicada) o objetivo principal é, de através dos conceitos
básicos de transferência de calor possibilitar a criação de ferramentas e/ou
metodologias para estimar aproximadamente o comportamento do poço
provençal/canadiano de maneira mais acessível, assim gerando uma resposta mais
imediata quanto a sua aplicabilidade na região a qual é destinada sua instalação.
Nesta mesma linha de raciocínio esta metodologia foi aplicada na Região
Norte do Brasil, objetivando Belém do Pará, no entanto enfrentou-se alguns
contratempos como, falta de dados meteorológicos mais precisos, ou seja, as
temperaturas em Belém são medidas somente pela Temperatura Máxima,
Temperatura Mínima e Temperatura Média Compensada o que não nos fornece um
Balanço de como o poço provençal/canadiano se comportaria num período de 24
horas e em quais horas do dia ele seria benéfico do ponto de vista energético. Outro
contratempo foi a falta de dados no que diz respeito a termos geológicos mais precisos
sobre o solo da região, forçando a utilização por aproximação, em outras palavras,
utilizou-se as propriedades térmicas do solo de Marabá – Pa, partindo-se do
pressuposto que este solo é semelhantes morfologicamente ao solo de Belém – Pa,
que também é do tipo Latossolo Amarelo.
De posse das análises feitas como nas seções anteriores chegou-se a Tabela
6, que apresenta em síntese os possíveis melhores parâmetros encontrados para
aplicação do poço provençal/canadiano na nossa região, alguns dos pontos
importantes a se discutir é a Temperatura de Parede, este parâmetro tem uma
importante influência no que concerne a eficiência de nosso poço, justamente porque
é um parâmetro no qual tem caráter simplificatório, pois não sabemos em qual
temperatura se encontra a parede do duto e a temperatura que o ar irá se equalizar
será está temperatura de parede, sendo assim necessário uma investigação mais
profunda e precisa em torno deste parâmetro. No mais, podemos aceitar que ele
esteja próximo de T∞, pois antes de o ar circular com o ar exterior o duto enterrado terá
a tendência de equalizar sua temperatura com a do subsolo após um período.
Fazendo uma análise de maneira mais abrangente sobre a compatibilidade
do poço provençal/canadiano em nossa região, podemos considerar o fator ótimo, no

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qual obtemos uma diminuição de 7°C do ar ambiente externo ao ar que é injetado no
ambiente interno, se os conceitos por trás da metodologia estão claros o suficiente em
períodos diários de maior temperatura podemos estimar que a perda de calor média
em termos de temperatura pode chegar de 3°C à 5°C, o que é um ótimo indicador,
pois em alguns sistemas que utilizam energia elétrica para climatizar o ambiente, fazer
com que o equipamento tenha uma redução de 3°C, por exemplo, pode reduzir a
longo prazo gastos com energia elétrica. Tornando-se assim uma ótima alternativa
adjacente a outros sistemas já bem consolidados no mercado.

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Nesta seção traremos discussões sobre pontos que devem ser acrescidos a
trabalhos futuros, para melhor adaptação e desempenho da técnica estudada. Um
fator que não foi abordado durante o percurso do trabalho e que é interessante
visualizar é a quantidade de dutos e como ela pode influenciar a troca de calor, o que
na literatura fica claro, que o número de dutos depende exclusivamente da vazão
desejada, ou seja, reduzir a vazão nos dutos permite reduzir o diâmetro dos mesmos e
assim favorecer a troca térmica aumentando o número de dutos.
Existem alguns pontos que o trabalho não aborda, no entanto são de extrema
importância para uma concepção adequada do poço provençal/canadiano e como
sugestão para trabalhos futuros traremos estes aspectos para uma discussão mais
próxima. Comecemos abordando o aspecto construtivo, em muitos casos, é
necessário a instalação de filtros de ar na entrada e saída do poço para manter o ar
higienizado e em alguns casos, quando se é necessário um desumidificador, durante o
projeto do poço, esses elementos assim como os joelhos e cotovelos utilizados na sua
construção devem ser considerados no cálculo da perda de carga para o
dimensionamento correto ventilador que será utilizado no sistema, tudo para se obter a
vazão satisfatória do projeto.
Por parte do aspecto sanitário, temos a implementação não só dos filtros de
ar já citados anteriormente, mas também de uma inclinação no poço para drenar a
umidade que possivelmente irá se formar no duto, para a não proliferação de fungos
e/ou bactérias, sendo também de igual importância o material do qual o duto é
composto. Adentrando no aspecto ambiental, vemos por via de estudos de órgãos
franceses que o ganho energético dos poços canadianos dependem fortemente do
fator instalação, fazendo uma aproximação grosseira, pode-se dizer que um poço
canadiano eficaz o suficiente permite uma economia de 30% sobre o aquecimento de

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ar novo, claro que sendo um sistema auxiliar a uma instalação de um recuperador de
calor de fluxo duplo. Representando em torno de 5% a 10% da demanda global de
aquecimento para o ambiente. E por fim, aspectos sociais e culturais, ao que concerne
a qualidade do ar na entrada e na saída do poço deve ser colocada. Isto é, captar o ar
mais puro possível. De outro modo, no verão, o ar exterior quente e úmido tem
grandes chances de condensar dentro do poço (mais fresco). O que é mais que
necessário para favorecer o desenvolvimento bacteriano. A falta de estudos para as
consequências de cunho sanitário para este sistema em climas úmidos, ainda é um
obstáculo. Algumas simples precauções (filtros, desnível de escoamento, qualidade
das junções entre os elementos de condução, recolhimento de condensado e quarto
de visita) devem ser tomadas.
Por fim, e não menos importante, algumas sugestões são de grande valia
para complementar este trabalho e auxiliar trabalhos futuros, duas alternativas que
serão muito bem vindas em adição a este sujeito são: a aplicação em conjunto deste
sistema com um sistema de alimentação solar para o ventilador utilizado no poço
provençal/canadiano e a utilização de uma chaminé térmica. Todos trabalhando em
conjunto para melhor atender energeticamente o ambiente em questão.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE
ALGORITIMOS GENÉTICOS
Os algoritmos genéticos utilizam conceitos provenientes do princípio de
seleção natural para abordar uma série ampla de problemas, em especial problemas
de otimização. Robustos, genéricos e facilmente adaptáveis, consistem de uma
técnica e ferramenta amplamente estudada e utilizada em diversas áreas.
FUNCIONAMENTO
Inspirado na maneira como o darwinismo explica o processo de evolução das
espécies, Holland (1975) decompôs o funcionamento dos Algoritmos Genéticos nas
etapas de inicialização, avaliação, seleção, cruzamento, mutação, atualização e
finalização (ver figura 12).
Basicamente, o que um algoritmo genético faz é criar uma população de
possíveis respostas para o problema a ser tratado (inicialização) para depois submetê-
la ao processo de evolução, constituído pelas seguintes etapas:
Avaliação: avalia-se a aptidão das soluções (indivíduos da população) — é feita uma
análise para que se estabeleça quão bem elas respondem ao problema proposto;
Seleção: indivíduos são selecionados para a reprodução. A probabilidade de uma
dada solução i ser selecionada é proporcional à sua aptidão;
Cruzamento: características das soluções escolhidas são recombinadas, gerando
novos indivíduos;
Mutação: características dos indivíduos resultantes do processo de reprodução são
alteradas, acrescentando assim variedade à população;
Atualização: os indivíduos criados nesta geração são inseridos na população;
Finalização: verifica se as condições de encerramento da evolução foram atingidas,
retornando para a etapa de avaliação em caso negativo e encerrando a execução em
caso positivo.

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Figura 12 – Estrutura de funcionamento de um algoritmo genético tradicional.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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