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INSTITUTO DE TECNOLOGIA
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
BELÉM
2015
RAONI CASTRO MIRANDA
BELÉM
2015
RAONI CASTRO MIRANDA
Banca Examinadora:
_____________________________________
Prof.ª Dra. Engª. Danielle Regina da S. Guerra
Orientadora
______________________________________
Prof. Dr. Eng. Marcelo de Oliveira e Silva
______________________________________
Prof. Msc. Eng. Roger Barros da Cruz
Data: ____/_____/____
BELÉM
2015
Eu dedico este trabalho a mim, à minha
família, a todos os meus afetos e
desafetos, amigos, professores e a
todos e todas que passaram em minha
vida. Decerto, não seria o homem que
sou sem todas essas pessoas.
AGRADECIMENTOS
Certamente uma lauda não será suficiente para expressar a minha imensa
gratidão e satisfação em entregar ente trabalho, avançar em mais uma etapa de minha
vida rumo ao futuro que sempre sonhei. Sendo assim, deixo meus sinceros votos de
gratidão a minha família, que de maneira singular contribuiu em minha formação,
fazendo sacríficos sem iguais para me verem onde estou atualmente.
E não menos importantes, aqueles que são nossa família quando estamos
longe de casa ou perto o suficiente para simplesmente pegar um ônibus. Aqui vos
deixo um espaço que será somente de vocês, Pauline Protásio, Ronaldo Menezes,
Sávio Figueiredo e Thaís Peixoto, ótimos amigos que me acompanham desde o IFPa
(Sim, as meninas fizeram humanas, mas ainda sim são uns amores). Pedro
Mendonça, Felipe Lisboa, Marilza Viana pela amizade sem igual e Daniele Santos
(pela grande ajuda no trabalho) e outros tantos que seria impossível citá-los em uma
única página.
Mots – clés : Géothermie, puits canadiens, puits provençal, échangeurs de chaleur air
– sol, température en profondeur.
LISTA DE FIGURAS
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................11
1. ASPECTOS GERAIS......................................................................................................14
1.1. ENERGIA GEOTÉRMICA......................................................................................14
1.2. USO DA ENERGIA GEOTÉRMICA DE BAIXA DENSIDADE.........................17
1.3. USO DA ENERGIA GEOTÉRMICA EM SISTEMAS DE
CONDICIONAMENTO DE AMBIENTE............................................................................17
2. METODOLOGIA DO ESTUDO.....................................................................................19
2.1. COMPORTAMENTO GERAL DA TEMPERATURA NO SUBSOLO..................19
2.2 MODELO PARA A TRANSFERÊNCIA DE CALOR ENTRE O AR E O SOLO
21
2.3. TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO E RESISTÊNCIA
TÉRMICA POR CONVECÇÃO.........................................................................................22
2.4. TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO E RESISTÊNCIA
TÉRMICA POR CONDUÇÃO............................................................................................25
2.5. RESISTÊNCIAS EQUIVALENTES.......................................................................27
2.6. TAXA DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E TEMPERATURA DE SAÍDA
PARA O AMBIENTE..........................................................................................................28
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES..................................................................................29
3.1. ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA PROFUNDIDADE DO POÇO EM RELAÇÃO
À SUPERFÍCIE....................................................................................................................30
3.2. ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO COMPRIMENTO DO DUTO NA
TEMPERATURA MÉDIA DE SAIDA DO AR DO POÇO PROVENÇAL....................31
3.3. ANÁLISE DA VAZÃO DE AR EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA MÉDIA DE
SAÍDA DE AR DO POÇO..................................................................................................33
3.4. ANÁLISE DA CONDUTIVIDADE TÉRMICA DO DUTO EM FUNÇÃO DA
TEMPERATURA MÉDIA DE SAÍDA DE AR DO POÇO...............................................34
4. ANÁLISE DO DIÂMETRO INTERNO DO DUTO EM FUNÇÃO DA
TEMPERATURA MÉDIA DE SAÍDA DE AR DO POÇO...................................................36
5. ANÁLISE E VERIFICAÇÃO DOS MELHORES VALORES ESTUDADOS...........38
CONCLUSÕES.......................................................................................................................39
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.................................................................40
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................42
ALGORITIMOS GENÉTICOS............................................................................................45
FUNCIONAMENTO.........................................................................................................45
INTRODUÇÃO
1
A crise do apagão. Nos anos de 2001 e 2002 o Brasil viveu uma crise energética que afetou
especialmente as regiões Sudeste e Centro-Oeste. O termo “Apagão" foi adotado como
referência às interrupções ou falta de energia elétrica frequentes, como "blecautes" de maior
duração.
11
Neste contexto surge a ideia pontual de gerar uma alternativa para reduzir o
consumo de energia das fontes primárias de aquecimento e/ou resfriamento e
introduzir outro(s) tipo(s) de energia(s), sendo esta de uma fonte limpa, ou tipicamente
chamada de energia renovável. Com esse objetivo em mente apontar-se-á a energia
geotérmica de baixíssima densidade passível ou não de implantação em nossa região.
Este trabalho tem como proposta apresentar uma metodologia simplificada
para o dimensionamento de um poço provençal e/ou canadiano, levando em
consideração a região Norte do Brasil e visando este sistema como um princípio
auxiliar de economia de energia para ajudar os já bem consolidados sistemas
primários de resfriamento e/ou aquecimento. Focando em uma ferramenta simples
para compreensão do fenômeno nesta área para nossa região.
Algumas respostas são esperadas por parte deste estudo, sendo elas a
viabilidade do sistema geotérmico para a nossa região, se o sistema atende
minimamente no período de maior calor, partindo do pressuposto que em períodos de
meia estação ela se torna ineficiente e gera despesas ao invés de benefícios, de que
maneira podemos implantá-lo e entre outras secundárias que serão expostas no
decorrer do trabalho.
De maneira objetiva a busca deste trabalho se dá, de maneira generalista,
pelo ponto de viabilidade de implementação desta tecnologia e técnica em terras
paraenses, considerando fatores morfológicos do solo e fatores climatológicos. Em
segundo plano, podem-se objetivar fatores construtivos, fatores de eficiência e fatores
que busquem uma melhor compreensão e maior abrangência de aplicabilidade da
tecnologia e técnica vinculada a ela.
Este trabalho traz uma nova possibilidade para o menor consumo de energia
de fontes primárias de aquecimento e/ou resfriamento, podendo ser no âmbito tanto
industrial como residencial, sendo ainda mais valoroso para a Região Norte na qual
não apresenta nenhum tipo de estudo semelhante nesta área de aplicação. Via de
regra, o estudo preliminar irá abrir novos horizontes e oportunidades.
Metodologicamente este trabalho é baseado em pesquisas bibliográficas
sobre o assunto abordado, para embasamento teórico e descritivo, com posterior
sugestão de um projeto base para implementação de um sistema de poço
provençal/canadiano que traga benefícios ao usuário do poço. Sendo oportuno
ressaltar que autores como Yunos Çengel, Frank P. Incropera e Pierre Hollmuller,
assim como instituições de ensino como a Université de Genève, a École Paris Tech e
a École des Mines de Douai, foram de grande importância para a fundamentação
deste trabalho, assim como outros que serão listados.
12
O dimensionamento do poço provençal e/ou canadiano é muito delicado
trazendo à tona alguns parâmetros que devem ser levados em consideração como:
comprimento, diâmetro e número de tubos, profundidade do tubo enterrado, vazão de
ventilação, entre outros. A proposta apresentada aqui para o dimensionamento tem
por objetivo apresentar critérios claros para a escolha de suas diferentes
características.
Em suma, o trabalho será apresentado em capítulos divididos em seções
como: aspectos gerais, metodologia e considerações finais, no qual cada capitulo terá
seções, se necessário, para exemplificar e explicar os aspectos discutidos.
Culminando na conclusão de que o estudo é válido e apresenta certo potencial em
nossa região.
13
1. ASPECTOS GERAIS
2
http://www.explicatorium.com/quimica/Planeta_Terra.php
14
Conforme Bullard (1973), a fonte de energia fundamental do planeta é gerada
por decaimento radiativo no interior deste.
Já para Lubimova (1986), os modelos mais recentes supõem que existem
gerações contínuas de calor no interior do planeta que surgem através do decaimento
radioativo dos isótopos de U, Th e K.
Somando-se a esta energia radiogênica, outras fontes concorrem em
proporções não muito claras com o aquecimento do interior do planeta (ex: a energia
primordial devida ao acréscimo de massa do planeta). De qualquer forma, sabe-se
desde os anos 80 que o calor gerado no interior do planeta e o calor dissipado da
Terra para o espaço não estão em equilíbrio, e que nosso planeta está, em escala
geológica, vagarosamente esfriando.
Mesmo que em escala geológica, este arrefecimento da Terra não é
prejudicial para o nosso objeto de estudo, logo o que nos leva a classificação da
Energia Geotérmica o que normalmente definimos como renovável e sustentável.
Renovável, pois descreve a propriedade da fonte energética, ou seja, energia que é
produzida a partir de recursos naturais que se renovam ou podem ser renovados. E
sustentável, pois descreve o modo como a fonte é utilizada, em outras palavras, é uma
energia que é usufruída em quantidade e velocidade que o meio ambiente tem
condições de restituir. Entretanto, aprofundando um pouco mais a respeito do aspecto
energético (quantidade de energia que pode ser extraída) temos uma classificação
diferente da anterior, no qual, os recursos geotermais são nominados como de baixa,
média ou alta entalpia, de acordo com o fluido existente no reservatório.
Segundo Willians et al. (2008), apresentam-se em geral três classes de
reservatórios baseados na temperatura: os de Baixa Temperatura (menores que
90°C), os de Moderada Temperatura (variando de 90 à 150°C) e os de Alta
Temperatura (maiores que 150°).
Outra classificação que é válida ressaltar e não menos importante é a
classificação segundo a ASHRAE (American Society of Heating, Refrigerating and Air-
Conditioning Engineers), na qual o uso de fontes geotermais pode ser divido também
em três categorias gerais:
1) Alta Temperatura (maiores que 150°C), usadas principalmente para
geração de eletricidade. Abaixo desta temperatura, em geral a geração de eletricidade
se torna economicamente inviável.
2) Baixa Temperatura (menor que 150°C), utilizadas em aplicações de uso
direto, como processos que requerem energia térmica compatível com as
temperaturas da fonte geotérmica.
15
3) Baixa Densidade (menor que 32°C), aplicações com bombas de calor
acopladas ao solo ou bombas de calor geotérmicas.
Tendo em mente a maneira como podemos classificar as fontes geotermais,
existe a necessidade de enquadrá-las em suas respectivas usuais possibilidades,
exemplo este que o Quadro 1 apresenta, fazendo relação com a temperatura da fonte.
90 Secagem de peixe.
80 Aquecimento dos edifícios por convecção.
70 Limite inferior dos ciclos de refrigeração.
60 Aquecimento de estufas.
50 Usos em estâncias termais.
40 Aquecimento dos solos.
30 Águas para piscinas (uso direto)
20 Piscicultura (uso direto)
16
Fonte: Adaptado do diagrama de Lindal.
Um comportamento a ser salientado é o da temperatura do solo em pequenas
profundidades que sofre a influência direta de fatores externos como, o clima da
região, a temperatura média anual do ar, a temperatura do ar na superfície, o tipo de
solo, a umidade e cobertura vegetal do solo, a profundidade e a inércia térmica do
solo, além de variações de estação do ano (se a região de estudo apresentá-las).
Fazendo-se um paralelo com o coletor solar a crosta terrestre exerce uma função
semelhante, armazenando o calor que atinge sua superfície durante os dias quentes
de verão e perdendo a noite nos meses frios. No caso em questão esta energia
armazenada é chamada geotérmica de fonte solar ou energia geotérmica de baixa
densidade energética.
17
dentro de um conduto enterrado a certa profundidade da superfície. De posse do
conhecimento que a temperatura do subsolo tem a tendência de variar menos que a
temperatura do ar exterior, ou seja, o solo apresenta uma inércia térmica considerável,
o que possibilita uma troca de calor entre o ar externo que circula no interior do
conduto e o solo que cerca o conduto, sendo assim permitindo ter uma entrada de ar
mais temperada no ambiente. Em alguns casos o sistema pode funcionar em ciclo
dual inverso, isto é, funciona tanto no inverno (para as regiões que apresentam esta
estação) quanto no verão, portanto, durante o inverno o ar é reaquecido antes de
entrar no ambiente e no verão o ar é arrefecido. Se tratando, então, de um sistema
geotérmico dos mais simples, com um consumo de energia elétrica reduzido, consumo
que fica a cargo do ventilador utilizado no projeto.
Este sistema é utilizado tradicionalmente na América do Norte para manter as
habitações sem aquecimento durante o inverno mais rigoroso, permitindo também
compensar de maneira notável a perda de calor induzida pelas vazões de ventilação
impostas no regulamento francês de ventilação, por exemplo. No verão, ele permite
baixar a temperatura máxima em alguns graus. Para regiões que apresentam
mudança de estação é interessante que o sistema seja desativado durante as
interestações afim de não resfriar o ambiente quando procuramos aquecê-lo, neste
caso especial temos a entrada de ar diretamente ligada ao exterior, sem passar pelo
poço provençal. Na Figura 2 temos um exemplo construtivo do sistema mais simples.
Entretanto para alguns casos, o processo construtivo do sistema é mais elaborado.
Fonte: CETIAT3.
3
http://www.cetiat.fr/
18
2. METODOLOGIA DO ESTUDO
T s ( t )=T av + A . cos
( 2 πt
t0 )
−β Eq.(1)
Em que:
Ts(t) é a temperatura da superfície do solo dada em um tempo (t) (°C);
Tav é a temperatura média para o período, envolvendo um ou mais ciclos de
variação de (t) (°C);
A é a diferença entre as temperaturas máxima e mínima do período (t) (°C);
t é o tempo (horas, dias, anos, meses);
t0 é o tempo para um ciclo completo (horas, dias, anos, meses);
β é o ângulo de fase (-).
19
( √ ) .cos
( √ )
π
−z.
α t0 2 πt π
T ( z , t )=T av +A .e − z. −β Eq. (2)
t0 α t0
Em que:
Z é a profundidade a partir da superfície (L)
α é a difusividade térmica (L²T-¹)
∂T (z , t) ∂ ² T ( z , t)
=α Eq. (3)
∂t ∂ z²
20
Figura 3 – Comportamento da temperatura em profundidade no solo a partir da superfície do
mesmo.
40.00
35.00
30.00
Temperatura [°C]
25.00
20.00
15.00
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Dia do ano
21
poços canadianos/provençais, como por exemplo, o software GAEA4 produzido pela
Universidade Alemã de Siegen. O estudo poderia partir destas metodologias e
softwares, no entanto, o objetivo é fazer uma abordagem mais elementar e de
entendimento mais abrangente, utilizando as correlações já existentes da transferência
de calor no interior de dutos, tudo visando uma estimativa inicial das condições
operacionais do poço. Sendo expressamente recomendável um novo
redimensionamento com uma metodologia mais completa e desenvolvida e/ou um
software adequado ao problema especifico.
4
Graphische Auslegung von Erdwärme Austauschern.
22
Assim podemos determinar o comprimento da região de entrada
fluidodinâmica do escoamento, por meio das expressões a seguir,
Lt , lam=0,05 D ℜD Pr
Lt , turb=10 D
É importante ressaltar que na região de entrada do escoamento o regime se
caracteriza por apresentar um perfil de temperaturas que se desenvolverá ao longo do
duto. Já no fim do comprimento de entrada, temos um escoamento com perfil de
temperaturas fixo. Esta ressalva foi destacada devido a alteração nos cálculos do
coeficiente de transferência de calor por convecção que esses efeitos trazem.
Muitas propriedades físicas do fluido utilizado no cálculo do comprimento de
entrada, como o número de Prandalt e demais que serão apresentadas adiante,
dependem da temperatura do fluido. Sabendo que a temperatura do fluido se altera
tanto radialmente quanto axialmente ao longo do duto, podemos definir as
propriedades do fluido na temperatura que chamamos de temperatura de filme. Da
literatura (Incropera, 2008, p. 255) temos que, a temperatura de filme é uma média
entre a temperatura média do fluido e a média da temperatura da superfície interna do
duto, sendo expressa por,
T p +T m
T filme = [°C ]
2
No qual Tp é a média da temperatura da superfície do duto entre o seu início e
seu fim,
T p , e +T p , s
T p= [° C]
2
E Tm é a média aritmética das temperaturas de entrada e saída do fluido no
duto,
T e +T s
T m= [° C ]
2
23
Figura 4 – Diagrama esquemático das temperaturas de entrada e saída e de parede.
[ 10<
L
Di
<400
]
( )
0,055
4 /5 1 /3 D
Nu D =0,036 ℜD Pr
L
Para escoamentos turbulentos na zona completamente desenvolvida com
temperatura de parede (Tp) ou a taxa de transferência de calor (Q̇ p) constantes, tem-se
dois casos generalistas, um cujas variações das propriedades do fluido podem ser
24
consideradas de pequenas a médias, então fazemos a utilização da correlação de
Dittus-Boelter (1930):
4/ 5 n
Nu D =0,023 ℜD Pr
[ ]
0,7 ≲ Pr ≲ 160
ℜD ≲10000
L
≳ 10
D
Já para grandes variações das propriedades do fluido utilizamos a correlação
proposta por Sieder e Tate (1936):
( )
0,14
4 /5 1 /3 μm
Nu D =0,027 ℜ D Pr
μp
Outrossim as condições de:
[ ]
0,7 ≲ Pr ≲ 16700
ℜD ≲10000
L
≳ 10
D
Um detalhe importante a se ressaltar nessa correlação é que o valor de
viscosidade dinâmica médio (µm) é determinada na temperatura média do fluido e a
viscosidade dinâmica da parede (µp) é determinada a partir da temperatura da parede.
As propriedades restantes são determinadas a partir da temperatura de filme.
25
equivalentes de convecção (advinda do escoamento ar) e condução (advinda da troca
de calor entre o duto e a camada de terra). O esquema da Figura 5 mostra o corte
transversal com a exemplificação das resistências.
26
Tabela 1 – Condutividades térmicas médias de alguns materiais.
27
Req ,entrada =R cond , entrada+ R conv , entrada
[ ]
°C
W
[ ]
Req ,desenvolvida =Rcond , desenvolvida + Rconv ,desenvolvida
°C
W
E as resistências equivalentes da zona de entrada e da zona desenvolvida
devem ser associadas em paralelo, sendo assim, resultando na resistência
equivalente total do duto, que será usada para o cálculo da taxa de transferência de
calor da terra para o ar que escoa no interior do duto.
Req ,total = [ ]
Req ,entrada × Req ,desenvolvida ° C
R eq , entrada+ R eq, desenvolvida W
28
∆ T saída=T ∞ −T m ,saída
∆ T entrada=T ∞ −T m , entrada
T∞ é assumida como constante e considerada como a temperatura do solo a
uma distância fora da influência do duto, já que o solo aquecido ao redor do duto tem
sua resistência térmica também considerada na análise de transferência de calor por
condução (ao considerarmos o invólucro de terra sobre o duto como um “duto de
terra”, que possui comprimento e espessuras características e estimados,
respectivamente).
Em conclusão, a temperatura média de saída do ar ao fim do duto pode ser
obtida resolvendo-se a expressão abaixo para Tm,saída,
( )
∆ T saída T s ,e −T m ,saida −1
= =exp
∆ T entrada T s , e −T m , entrada ṁC p Req , total
Para a resolução da expressão apresentada acima é necessário um processo
iterativo para desenvolver completamente o método exposto, pois o cálculo da
temperatura de filme, necessário para a determinação das propriedades do fluido na
seção (transferência de calor por convecção e resistência térmica por convecção),
envolve o conhecimento da temperatura média de saída do fluido, determinada
somente ao fim do dimensionamento.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
29
Figura 7 – Planilha de cálculo com a metodologia de básica aplicada.
30
Agora, com o intuito de transportar este conceito para a nossa região,
podemos obter uma estimativa levando em consideração o comportamento da
Temperatura em profundidade do solo, utilizando dados climatológicos do BDMEP e
INMET (Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa e Instituto Nacional
de Meteorologia), assim como, dados do solo de nossa região por meio do estudo de
“Transferência de Calor e Propriedades Térmicas do subsolo em Belém”, publicado na
Revista Brasileira de Geofísica em 1989 por José Ricardo Santos de Souza 5, Rutênio
Luiz Castro de Araújo6 e Midori Makino5 e para complementar os estudo do solo temos
também o trabalho de José Ricardo Santos de Souza 5, Rutênio Luiz Castro de Araujo 6,
José de Paulo Rocha da Costa5, Maria Cristina Negrão da Vera Cruz 5, Midori Makino5,
sobre “Difusividade Térmica em Solos de Marabá-PA”, que é mais atual.
Por mais que os dois trabalhos citados sejam em regiões distintas de nosso
Estado, morfologicamente o solo é semelhante para as regiões, sendo ele o latossolo
amarelo. Frente às informações obtidas pôde-se aplicar a metodologia citada mais
acima para o comportamento geral da temperatura do solo, observamos por meio da
Figura 3 que o subsolo não apresenta variações significativas de Temperatura para a
profundidades a partir de 5 m, já começando a ser perceptível no nível em torno de 4
m de profundidade, o que nos leva a considerar que a profundidade de 5 metros
contém as características necessárias para ser adotada como profundidade a ser
utilizada no trabalho, levando em consideração a pouca influência da temperatura
ambiente na temperatura do solo a essa profundidade e claro, não considerando
fatores econômicos ligados a perfuração.
31
Tabela 2 – Variação da Temperatura média de saída em função do comprimento do duto.
Propriedades Externas ao Duto Propriedades do Duto
Arranjo Tm,sai [°C]
Dia Tsolo(∞) [°C] Tent [°C] Q [m³/h] λduto [W/m°C] Di [m] De [m] L [m] Tp [°C]
1 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,3 0,35 15 29 33,33
2 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,3 0,35 20 29 32,82
3 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,3 0,35 30 29 32,01
4 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,3 0,35 40 29 31,39
5 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,3 0,35 50 29 30,92
6 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,3 0,35 100 29 29,63
Para este módulo de teste foi utilizado o dia 10/11/2014 por ter a maior
temperatura máxima registrada no período, que comumente é periódica na temporada
de calor na região de Belém para períodos diários, a temperatura do subsolo a
profundidade de 5 m foi adotada a partir do modelo de distribuição de temperatura em
profundidade no solo que nos trouxe como valor 28,43 ºC, utilizou-se também uma
vazão constante de 500 m³/h, o duto neste caso foi um duto de PVC com
condutividade térmica de 0,2 W/m°C. É importante ressaltar que a temperatura da
parede do duto (Tp) foi mantida constante para fins de simplificação do modelo.
De posse das informações anteriores pode-se afirmar que quanto maior for o
comprimento do duto, maior será a troca de calor, até o estado de equilíbrio térmico
entre a temperatura do ar interior e o duto, contudo deve-se considerar parâmetros
construtivos e financeiros para determinar qual seria a melhor saída para o problema
proposto. Se analisarmos a maneira como a temperatura média de saída do ar decai
em função do aumento do comprimento do duto (Figura 8) observamos que a partir de
certo ponto necessitamos de um comprimento de duto muito longo para satisfazer
pequenas quedas de temperatura, o que em termos de engenharia não se torna uma
alternativa viável, tanto no âmbito construtivo quanto no âmbito econômico. Sendo
assim pode-se assinalar que nesta condição o Arranjo N°5 possui uma boa alternativa
para o problema proposto em nossa região.
32
Figura 8 – Comprimento do duto e Temperatura média de saída do ar em função dos arranjos.
33
qual o ar circula dentro do duto, em outras palavras, quanto maior a velocidade no
qual o ar circula dentro do duto menor será a troca de calor entre o ar e o duto e o solo
para um mesmo comprimento de duto, consequentemente a Temperatura média de
saída do ar do duto não será a menor possível para aquela configuração. É importante
ressaltar que dentre as vazões selecionadas mesmo a menor delas (50 m³/h), gera
turbulência do ar na sua passagem no interior do duto, no mais temos que atentar para
uma restrição advinda do cálculo do número de Nusselt que delimita essa vazão
mínima à um número de Reynolds de 10000, sendo assim essa condição sendo
satisfeita podemos achar a mínima vazão compatível, e esta turbulência é muito
importante para o estudo, já que como na literatura temos que a turbulência influencia
de maneira positiva nas trocas de calor por convecção, a presença desta se torna um
requisito mínimo para modelos de trocadores de calor geotérmicos. A Tabela 3
apresentada acima pode ser melhor interpretada a partir da Figura 9, que mostra
exatamente o não decaimento da Temperatura média de saída do ar com o aumento
da vazão.
Figura 9 – Vazão de Ar e Temperatura média de saída do ar em função dos arranjos.
700
600 30.00
500
400 29.00
300 28.00
200
27.00
100
0 26.00
1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6
Arranjo Nº
34
Tabela 4 - Variação da Temperatura média de saída em função da condutividade térmica do
duto.
Propriedades Externas ao Duto Propriedades do Duto
Arranjo Tm,sai [°C]
Dia Tsolo(∞) [°C] Tent [°C] Q [m³/h] λduto [W/m°C] Di [m] De [m] L [m] Tp [°C]
1 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,2 0,3 0,35 50 29 32,92
2 10/11/2014 28,43 35,9 500 0,25 0,3 0,35 50 29 30,63
3 10/11/2014 28,43 35,9 500 50 0,3 0,35 50 29 29,62
4 10/11/2014 28,43 35,9 500 80 0,3 0,35 50 29 29,61
5 10/11/2014 28,43 35,9 500 237 0,3 0,35 50 29 29,60
6 10/11/2014 28,43 35,9 500 401 0,3 0,35 50 29 29,60
10 10.00
8 8.00
6 6.00
4 4.00
2 2.00
0 0.00
1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6
Arranjo Nº
35
Fonte: Elaborado pelo autor.
7
Polipropileno (PP) ou polipropeno é um polímero, mais precisamente um termoplástico,
derivado do propeno ou propileno e reciclável. O polipropileno é um tipo de plástico que pode
ser moldado usando apenas aquecimento, ou seja, é um termoplástico. Possui propriedades
muito semelhantes às do polietileno (PE), mas com ponto de amolecimento mais elevado.
36
entanto é válida a verificação, pois em alguns casos o ganho de um grau ou mais pode
influenciar na totalidade do poço. Sendo assim seguimos com a Tabela 5 que
apresenta esta influência e variações.
10.00 10.00
8.00 8.00
6.00 6.00
4.00 4.00
2.00 2.00
0.00 0.00
1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6
Arranjo Nº
37
Observando tanto a Tabela 5 quanto a Figura 8 é perceptível que a partir do
diâmetro de 25 mm a diferença entre as Temperaturas médias de saída do ar não
variam mais que 0,5°C logo podemos adotar o diâmetro de 25 mm ou até mesmo o de
30 mm, como preferencial, pois se torna melhor o diâmetro de 30 mm (ou até maior
quem sabe) devido ao peso que a terra exercerá sobre o duto, dificultando assim o
seu esmagamento.
Neste ponto do trabalho a pergunta que mais nos interessa é “Qual seria a
melhor configuração para o poço neste contexto?”. Logo, podemos ter duas
abordagens diferenciadas neste momento, a primeira e mais usual, seria a utilização
dos melhores parâmetros encontrados nas seções anteriores e a segunda e mais
refinada seria a utilização de um algoritmo de otimização para uma solução onde os
parâmetros variantes sejam analisados simultaneamente visando o melhor resultado
possível (no capitulo em anexo faz-se uma abordagem sucinta sobre algoritmos
genéticos, uma alternativa viável ao problema e sugestão futura).
Faz-se o uso dos parâmetros considerados ideais encontrados nas seções
anteriores e faz-se a utilização da planilha de cálculo, os parâmetros e resultado são
apresentados na Tabela 6.
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CONCLUSÕES
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qual obtemos uma diminuição de 7°C do ar ambiente externo ao ar que é injetado no
ambiente interno, se os conceitos por trás da metodologia estão claros o suficiente em
períodos diários de maior temperatura podemos estimar que a perda de calor média
em termos de temperatura pode chegar de 3°C à 5°C, o que é um ótimo indicador,
pois em alguns sistemas que utilizam energia elétrica para climatizar o ambiente, fazer
com que o equipamento tenha uma redução de 3°C, por exemplo, pode reduzir a
longo prazo gastos com energia elétrica. Tornando-se assim uma ótima alternativa
adjacente a outros sistemas já bem consolidados no mercado.
Nesta seção traremos discussões sobre pontos que devem ser acrescidos a
trabalhos futuros, para melhor adaptação e desempenho da técnica estudada. Um
fator que não foi abordado durante o percurso do trabalho e que é interessante
visualizar é a quantidade de dutos e como ela pode influenciar a troca de calor, o que
na literatura fica claro, que o número de dutos depende exclusivamente da vazão
desejada, ou seja, reduzir a vazão nos dutos permite reduzir o diâmetro dos mesmos e
assim favorecer a troca térmica aumentando o número de dutos.
Existem alguns pontos que o trabalho não aborda, no entanto são de extrema
importância para uma concepção adequada do poço provençal/canadiano e como
sugestão para trabalhos futuros traremos estes aspectos para uma discussão mais
próxima. Comecemos abordando o aspecto construtivo, em muitos casos, é
necessário a instalação de filtros de ar na entrada e saída do poço para manter o ar
higienizado e em alguns casos, quando se é necessário um desumidificador, durante o
projeto do poço, esses elementos assim como os joelhos e cotovelos utilizados na sua
construção devem ser considerados no cálculo da perda de carga para o
dimensionamento correto ventilador que será utilizado no sistema, tudo para se obter a
vazão satisfatória do projeto.
Por parte do aspecto sanitário, temos a implementação não só dos filtros de
ar já citados anteriormente, mas também de uma inclinação no poço para drenar a
umidade que possivelmente irá se formar no duto, para a não proliferação de fungos
e/ou bactérias, sendo também de igual importância o material do qual o duto é
composto. Adentrando no aspecto ambiental, vemos por via de estudos de órgãos
franceses que o ganho energético dos poços canadianos dependem fortemente do
fator instalação, fazendo uma aproximação grosseira, pode-se dizer que um poço
canadiano eficaz o suficiente permite uma economia de 30% sobre o aquecimento de
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ar novo, claro que sendo um sistema auxiliar a uma instalação de um recuperador de
calor de fluxo duplo. Representando em torno de 5% a 10% da demanda global de
aquecimento para o ambiente. E por fim, aspectos sociais e culturais, ao que concerne
a qualidade do ar na entrada e na saída do poço deve ser colocada. Isto é, captar o ar
mais puro possível. De outro modo, no verão, o ar exterior quente e úmido tem
grandes chances de condensar dentro do poço (mais fresco). O que é mais que
necessário para favorecer o desenvolvimento bacteriano. A falta de estudos para as
consequências de cunho sanitário para este sistema em climas úmidos, ainda é um
obstáculo. Algumas simples precauções (filtros, desnível de escoamento, qualidade
das junções entre os elementos de condução, recolhimento de condensado e quarto
de visita) devem ser tomadas.
Por fim, e não menos importante, algumas sugestões são de grande valia
para complementar este trabalho e auxiliar trabalhos futuros, duas alternativas que
serão muito bem vindas em adição a este sujeito são: a aplicação em conjunto deste
sistema com um sistema de alimentação solar para o ventilador utilizado no poço
provençal/canadiano e a utilização de uma chaminé térmica. Todos trabalhando em
conjunto para melhor atender energeticamente o ambiente em questão.
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REFERÊNCIAS
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"International Sustainable Energy Organisation Geneva". Disponível em
<http://www.academia.edu/11234125/GeoEnergy__Safe_Free_sustainable_Energy_fo
r_Future_Generations_-_Ritesh_Arya>. Genebra - SWZ. 2012.
BOULARD, T., E. RAZAFINJOHANY and A. BAILLE. Heat and water vapour transfer
in agricultural greenhouse with an underground heat storage system, part 1 and
2, Agricultural and Forest Meteorology., p. 175-194. 1989.
42
HOLLMULLER, Pierre. LACHAL, Bernard. PAHUD, Daniel. Rafraîchissement par
geocooling – Bases pour um Manuel de dimensionnement. 2005.
JELINKOVA, H., Solar water collectors and passive solar system for the heating
of greenhouses, in: 2nd CNRE Workshop on Solar Heating of Greenhouses,
Thessaloniki, Roma, FAO, 1986.
PEREIRA, Enio Bueno et al. Atlas Brasileiro de energia solar. São José dos
Campos: INPE, 2006.
SCHILLER, G., Earth tubes for passive cooling, the development of a transient
numerical model for predicting the performance of earth-to-air heat exchangers.
M.Sc. thesis, MIT, Mechanical Engineering, 1982.
43
STAFFEL, Iain. A Review of Domestic Heat Pump Coefficient of Performance.
Disponível em
http://www.academia.edu/1073992/A_review_of_domestic_heat_pump_coefficient_o
_performance>. Reino Unido. 2009.
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APÊNDICE
ALGORITIMOS GENÉTICOS
Os algoritmos genéticos utilizam conceitos provenientes do princípio de
seleção natural para abordar uma série ampla de problemas, em especial problemas
de otimização. Robustos, genéricos e facilmente adaptáveis, consistem de uma
técnica e ferramenta amplamente estudada e utilizada em diversas áreas.
FUNCIONAMENTO
Inspirado na maneira como o darwinismo explica o processo de evolução das
espécies, Holland (1975) decompôs o funcionamento dos Algoritmos Genéticos nas
etapas de inicialização, avaliação, seleção, cruzamento, mutação, atualização e
finalização (ver figura 12).
Basicamente, o que um algoritmo genético faz é criar uma população de
possíveis respostas para o problema a ser tratado (inicialização) para depois submetê-
la ao processo de evolução, constituído pelas seguintes etapas:
Avaliação: avalia-se a aptidão das soluções (indivíduos da população) — é feita uma
análise para que se estabeleça quão bem elas respondem ao problema proposto;
Seleção: indivíduos são selecionados para a reprodução. A probabilidade de uma
dada solução i ser selecionada é proporcional à sua aptidão;
Cruzamento: características das soluções escolhidas são recombinadas, gerando
novos indivíduos;
Mutação: características dos indivíduos resultantes do processo de reprodução são
alteradas, acrescentando assim variedade à população;
Atualização: os indivíduos criados nesta geração são inseridos na população;
Finalização: verifica se as condições de encerramento da evolução foram atingidas,
retornando para a etapa de avaliação em caso negativo e encerrando a execução em
caso positivo.
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Figura 12 – Estrutura de funcionamento de um algoritmo genético tradicional.
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