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Desgaste O desgaste pode ser definido como a mudanga cumulativa indesejdvel nas dimens6es, promovida pela remogao gradual de particulas discretas de superficies em movimento, devido predominantemente & ago mec&inica. A corrosio freqiientemente interage com o processo de desgaste, mudando as carac- terfsticas das superficies das particulas do desgaste por meio da reacZio com o ambiente. De fato, o desgaste no € um tinico proceso mas um niimero de diferentes processos que podem ocorrer independentemente ou simultaneamente. Em geral, se aceita que existam pelo menos cinco subcategorias principais de desgaste,* incluindo desgaste adesivo, desgaste abrasivo, desgaste corro- sivo, desgaste por fadiga superficial e desgaste por deformagio. Acomplexidade do processo de desgaste pode ser mais bem apreciada reconhecendo-se que muitas varidveis est4o envolvidas, incluindo dureza, tenacidade, ductilidade, médulo de elasticidade, limite de escoamento, propriedades de fadiga ¢ estrutura e composigio das superficies em contato, assim como geometria, pressio de contato, temperatura, estado de tensao, distribuicao de tensdes, coefi- ciente de atrito, distincia de deslizamento, velocidade relativa, acabamento superficial, lubrificantes, contaminantes e atmosfera ambiente na interface de desgaste. Em alguns casos, folga versus histéria do tempo de contato das superficies de desgaste também pode ser um fator importante. O desgaste adesivo é freqiientemente caracterizado como a subcategoria mais basica ou funda- mental do desgaste, uma vez que ocorre em algum grau sempre que duas superficies s6lidas esti- verem em contato com fricgao, e permanece ativo mesmo quando todos os outros modos de desgaste forem eliminados. O fenémeno de desgaste abrasivo pode ser mais bem entendido lembrando que todas as superficies reais, nao importando o quio bem foram preparadas e polidas, exibem uma ondulagao usual sobre a qual € sobreposta uma distribuicao de protuberancias locais ou asperezas. Dessa forma, quando duas superficies so colocadas em contato, na realidade somente um nimero relativamente pequeno de asperezas se tocam. Assim, mesmo sob cargas aplicadas muito baixas, as pressées locais nas regides de contato tornam-se suficientemente elevadas a ponto de excederem 0 limite de escoamento de uma ou ambas as superficies, resultando no escoamento local. Se as super- ficies de contato esto limpas e sem corrosao, o contato bastante proximo produzido por este escoa- mento local faz com que os étomos das duas superficies de contato fiquem suficientemente proximos para causar a soldagem a frio. Em seguida, se as superficies so submetidas a um movimento de deslizamento relativo, as jungdes soldadas a frio devem ser rompidas. Se elas se rompem na inter- face original ou em outro lugar dentro da aspereza, vai depender das condicées da superficie, distri- buig&o de temperatura, caracteristicas de encruamento, geometria local e distribuigao de tensfo. Se a jung € quebrada fora da interface original, uma particula de uma superficie é transferida para a outra superficie, marcando um evento no proceso de desgaste adesivo. Interagdes de deslizamento posteriores podem desalojar a partfcula transferida tornando-a uma partfcula de desgaste solta, ou ela pode permanecer fixa. Se for adequadamente controlada, a taxa de desgaste adesivo pode ser baixa autolimitada, sendo freqlientemente explorada no processo de “desgaste” para melhorar as superfi- cies em contato, como em mancais ¢ engrenagens, de modo que a lubrificago com filme completo possa ser efetivamente utilizada. ‘Uma estimativa quantitativa do desgaste adesivo pode ser feita da seguinte forma: Se dy € a profundidade de desgaste média, A, a Area de contato aparente, L, a distancia total de deslizamento e Wa fora normal que pressiona uma superficie contra a outra, “i ene = keel, (2-117) onde p,, = W/A, € a pressao de contato nominal média entre as superficies em contato € ka = K/9S;y 6 0 coeficiente de desgaste, que depende da probubilidade da formagdo de um fragmento transfe~ tido e do limite de escoamento (ou dureza) do material mais macio. Valores tipicos da constante de desgaste k (constante de Archard) para diversos pares de materiais so mostrados na Tabela 2.9, ea influéncia da lubrificag&o na constante de desgaste k é indicada na Tabela 2.10. ou SVejareis 41 42. % Voja rof. 41 e Caps. 2 © 6 da ref. 43. A Perspectiva de Prevensao da Falha / 93 TABELA 2.9 Constante de Desgaste Adesivo de Archard k para Varios Pares de Materiais sem Lubrificacao em Contato com Deslizamento' Par de Materiais Constante de Desgaste k Zinco sobre zinco 160 x 10% ‘Ago de baixo carbono sobre ago de baixo carbono 45 X 10° Cobre sobre cobre 32x 10° Ago inox sobre aco inox 21 x 10° Cobre (sobre ago de baixo carbono) 1,5 X 10° Ago de baixo carbono (sobre cobre) 0,5 x 10° Baquelite sobre baquelite 0,02 x 10° Do Cap. 6 da ref. 43, Copyright © 1966, reimpresso com a permissio da John Wiley & Sons, Ine Considerando de (2-117) que ade ” Dabs pode-se observar que (2-117) deve ser vAlida se for verificado experimentalmente que a 1az30 dyi/ (PL) € constante. Evidéncia experimental tem sido acumulada* de modo a confirmar que para um dado par de materiais esta razo € constante até valores de pressio de contato nominal média apro- ximadamente iguais ao limite de escoamento uniaxial. Acima deste nfvel, 0 coeficiente de desgaste adesivo aumenta rapidamente, com a presenca de desgaste por contato ¢ aderéncia. Assim, a profundidade de desgaste média para condigdes de desgaste abrasivo pode ser estimada como Kade (2-118) oie = KaiePrbs PAA Py < Sip 2-119) desgaste por contato (galling) e aderéncia (seizure) instéveis para p,, = Syy Os trés métodos principais de controle do desgaste sto definidos como®: principio das camadas protetivas, incluindo protegao por lubrificante, por filme superficial, por tinta, por galvanizacao, por fosfatizagtio, quimica, aspersto térmica, ou outros tipos de camadas de interface; princfpios de conversdo, nos quais o desgaste é convertido de niveis destrutiveis para permissiveis por meio de uma escolha adequada dos pares de metais, da dureza, do acabamento superficial ou da pressio de contato; princtpio do desvio, no qual o desgaste € desviado para um elemento de desgaste econo- micamente substitufvel que periodicamente descartado e substitufdo a medida que “se desgasta”. Esses métodos gerais de controle do desgaste esto associados nao somente ao desgaste adesivo, mas também ao desgaste abrasivo. No caso do desgaste abrasivo, as partfculas resultantes do desgaste sflo removidas da superficie pela aco de sulcar e goivar as asperezas da superficie mais dura, ou pelas particulas duras presas entre as superficies de atrito. Este tipo de desgaste se manifesta por um sistema de ranhuras e riscos superficiais, freqiientemente chamado riscos de atrito. A condigio de desgaste abrasivo na qual as asperezas duras de uma superficie desgastam a superficie emparelhada € freqiientemente chamada desgaste de dois corpos, ¢ a condig&o na qual o desgaste é produzido por particulas duras abrasivas entre duas superficies € chamada desgaste de trés corpos. TABELA 2.10 Valores de Ordem de Grandeza para a Constante de Desgaste Adesivo k sob Varlas Condicdes de LubrificacSo! Metal (sobre metal) Condigao de ————_

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