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José Murilo de Carvalho A construcao da ordem A elite politica imperial Teatro de sombras A politica imperial 2 edigdo CIVILIZAGAO BRASILETRA Rio de Janeiro 2006 Introdugao Ao estudarmos o Brasil do século XIX deparamos com um fato de cuja im- portancia os contemporneos brasileiros tinham consciéncia mais nitida do que 0s analistas posteriores. Trata-se da grande diferenga verificada na liber- tagio das colénias espanhola ¢ portuguesa da América que tho profundamente afetaria o futuro dos paises da regido. A busca renovada de fatores explicativos do fenédmeno podera contribuir para a melhor apreensio da natureza do processo politico brasileiro. No campo politico, a diferenga concentra-se em dois pontos principais, O primeiro refere-se 4 manutengiio da unidade politica em um caso ¢ A frag- mentag4o no outro, A dimensao dramética da diferenga pade ser visualizada nos graficos 1 e 2. No inicio do século XIX a colénia espanhola dividia-se administrativamente em quatro vice-reinados, quatro capitanias-gerais ¢ 13 audiéncias, qué no meio do século se tinham transformado em 17 paises in- dependentes. Em contraste, as 18 capitanias-gerais da colénia portuguesa, existentes em 1820 (excluida a Cisplatina), formavam, jd em 1825, vencida a Confederagao do Equador, um tinico pais independente, © segundo aspecto da diferenga diz respeito ao tipo de sistema politico implantado, Ao passo que a grande maioria dos paises oriundos da ex-colé- nia espanhola passava por longo perfodo anarquico ¢ muitos s6 chegavam a organizar o poder em bases mais ou menos legitimas gragas a liderangas de estilo caudilhesco, a ex-colénia portuguesa, se no evitou um perfodo inicial de instabilidade e rebeliées, nao chegou a ter uma tinica mudanga irregular e violenta de governo (nao considerando como tais a abdicagao e a antecipa- gio da maioridade), ¢ conservou sempre a supremacia do governo civil. © fato é reconhecido por todos as estudiosas mas as explicagées até aga- ra oferecidas sAo insatisfatdrias. Explicagées administrativas ndo convencem, pois as diferengas que certamente existiam entre os estilos coloniais portugués 13 JOSE MURILO DE CARVALHO ¢ espanhol nao cram de manta a justificar 0 resultado. A maior centralizagio da administragao portuguesa era aparente. No tiltimo quartel do século XVIII, por exemplo, a autoridade do vice-rei sobre os capities-generais era mais nominal do que real, excetuadas apenas as capitanias diretamente ligadas ao Rio de Janeiro (Sao Pedro, Santa Catarina ¢ Calénia do Sacramento). Os capitaes-generais cram nomeados diretamente pela Coroa ea ela respondiam. Parecia ser tatica explicita do governo colonial permitir conflitos de autori- dade e poder entre vice-reis ¢ capities-generais como mecanismo de contrale', Note-se ainda que entre 1624 e 1775 a colénia portuguesa esteve dividi- da formalmente em dois Estados distintos, o Estado do Brasil ¢ o Estado do Maranhao e Grao-Par4, com administragées totalmente independentes. Mesmo apés a chegada da Corte, em 1808, Para e Maranhao continuaram a tratar diretamente com Lisboa. E € sintomatico que uma das mais importan- tes medidas tomadas pelas cortes portuguesas em 1821, no sentido de parar © movimento de independéncia, foi ordenar a todos os governos de capita- nias que abedecessem a Lisboa e nfo ao principe D, Pedro. A situagio ao final do perfodo colonial foi assim descrita por Saint-Hilaire, que viajara longamente por varias capitanias: “Chaque capitainerie avait son petit trésor; elles comuniquaient difficilement entre elles, souvent méme elles ignoraient réciproquement leur existence. IT n’y avait pus aut Brésil de centre comuin: c’était un cercle immense, dont les rayons allaient converger bien loin de la circonférance”, ‘Outra explicacio geralmente apresentada é de natureza politica, Atribui- se a diferente evolugao das duas colénias ao ato da transmigragao da corte bragantina para o Rio de Janeiro, A presenga da Corte nos tiltimos anos do periodo colonial teria tornado possivel a solugdo mondrquica no Brasil e em conseqiiéncia a unificago do pafs e um governo relativamente estavel, Nao h& como negar a importancia do fato. A tendéncia mondrquica de varios dos libertadores, Bolivar e San Martin inclufdos, leva a cret que, se houvesse candidatos dispontyeis, outras experiéncias mondrquicas seriam tentadas. Os argentinos chegaram a planejar o seqiiestro de um principe europeu que os governasse, Scria inutil especular sobre os provaveis resultados dessas hipoté- ticas experiéncias. Sabe-se apenas que o corcamento de elementos nativos redundou em fracasso no México e no Haiti, Mas, de qualquer maneira, apesar de inegdvel importancia da presenga da Corte para tornar mais vidvel 14 A CONSTRUCAD DA ORDEM a solucdo mondrquica, a presenga nao garantia essa solugio. A independéncia viria com ou sem o rei e a monarquia, O faro de ter vindo com ambos deveu- se fundamentalmente a uma ap¢ao politica entre outras alternativas possiveis, Ha ainda tentativas, embora pouco elaboradas, de explicar as diferengas por fatores de natureza social ¢ econémica. O declinio do ciclo mineratorio nas coldnias espanholas ainda no século XVII ¢ o refluxo para a agricultura tetiam levade ao maior isolamento dos varios centros coloniais, ao passo que o surto mineratério brasileiro, vindo mais tarde, teria proporcionado maior integragao*. Nao ha divida de que o ciclo do ouro foi um poderoso fator de criagdo de lagos econdmicos entre varias capitanias. Mas é preciso lembrar também que ele jf comegara a declinar no inicio da segunda metade do sécu- lo XVIIL. Ao final do século, o mesmo refluxo verificado nas colénias espa- nholas se produzira na parte portuguesa. Andlises mais elaboradas mosteam que as tentativas integracionistas de homens como Bolivar tinham base na existéncia prévia de relag6es econdmi- cas € comerciais entre as varias unidades que formavam a coldénia espanhola, Centros coloniais como o Peru, baseados em economia mineratéria, vincu- lavam-se a economias agricolas de subsisténcia como as do Chile, Equador e norte da Argentina, No século XVIII, a crise da mineragao e o maior libera- lismo da dinastia Bourbon teriam levada mesmo ao enfraquecimento dos lagos com a metrépole ¢ A maior liberagio do comércio intracolonial. A anélise, no entanto, se torna inconclusiva ao dizer que ao lado de elementos de uniao- havia também conflitas de interesses entre as varias unidades que, afinal, de- terminaram, com o apoio da Inglaterra, a fragmentagao da colénia espanho- la. No caso do Brasil a explicagdo para a unidade volta a velha tese politica da manutengdo da monarquia, garantia da integridade territorial ¢ da estabi- lidade institucional’, Para o Brasil € também posstvel apontar fatores econémicos de integragdio e de desintegragao. O pais nao era um arquipélago econémico, havendo flu- xo interno de mercadorias ¢ de linhas de comunicagao, mas esse fluxo estava longe de abranger toda a colénia, e era certamente de peso secundério em telagio ao comércio externo que era a base do sistema colonial. Assim, se € possivel dizer que havia base concreta de interesses econémicos para manter unidos, por exemplo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, o mesmo nio pode ser dito em relagao a Pernambuco ¢ Rio de Janeiro, oua Maranhio e $io Paulo!. 15 ‘SCBT we sauopwadapur 2e-nauser (Fenian) wueydsr> wisuLsaNd Y “s/c 1 © FEIT ap HOaNp ‘1814 Op oprura Op opesedas "TIEI-OLI a aRYUEZEPY OP OpEIsy K "MONT IMS Op apueis ony —————_ing op apues ong eure enurg S410) ossorg ane FY sea Seu one O85 Yo | rseag ouppur[ ap ory onsuef 9p ony ——_____ op opaisg opquereyy ———_____ovyuezepy yey —————__ op opusy surapuadepuy sieq sqenag seer) stesary-semerdesy soprisy seTUgIOD Seat ozst TAX 018925 op e3omoy sjeq & SeIUg}OZ ap resandmaog eIUQUNY < oo1yaD “EO6T ta ‘puEMeY o > ZOET Wa s1Usptsdspur s3-nowsE) EqN> ZION TenBeTey rengnay) ee , ss souang, (eunustry) somny 2.80280) ty 20 eurry: oo oan, (yereurg) ————— purrueg, sopenby ——————— oan a eIquug|ey 86 (exqrepo9) ‘epanz9u93, —§£ i see ———____——— genau, euestuiuog “day ————— ofymog ‘015 fh oon oxy oo EOIED EAN] ony P19) ilps ee 9 = eewareng ————_ seuss [eS == seinp94] seougipay srerary-serreande 3) sopeuray-ao1,, smquspuadapuy sosteg semugyory osst * XTX ofmap§ op aSaur03, ‘Ssasing F SEIUQ]OD Sp ‘ejoyuedsy esujuTy booyup JOSE MURILG DE CARVALHO As explicagées apenas por fatores econdmicos serao sempre inconclusivas no que se refere A fragmentag&o ou nao das ex-colénias. Para cada aspecto que favoreca a unidade poderd ser aduzido outro que favoreca a desuniao. Em menor escala o mesmo pode ser dito com relagio ao peso que esses fato- res tiveram na construgao dos Estados nacionais. Aqui o peso foi sem dtivida maior, mas mesmo assim pafses que Sunkel e Paz colocam no mesmo. tipo, como Brasil, Venezuela ¢ 0 Caribe, tiveram evolugdo totalmente distinta, salientando-se 0 contraste entre o Brasil ¢ a Venezuela, esta exemplo tipico de caudilhismo, Cardoso e Faletto sugerem a presenga de outros fatores: “As possibilidades de éxito pata impor uma ordem nacional estiveram condicionadas tanto pela ‘situagao de mercado’, regida pelo grupo que con- trolava as exportagdes — monopdlio dos portos, dominio do setor produti- vo fundamental ete. —, como pela capacidade de alguns setores das classes dominantes de consolidar um sistema politico de dom{nio”®, Mas nao elabo- ram sobre © que significa essa “capacidade” de setores das classes dominan- tes, como era ela adquirida e exercida, e mesmo sobre que setores seriam esses, Um fator social importante deve ser mencionado, a escravidao, Hermes Lima, no prefacio que escreveu em 1947 para um volume das Obras Com- pletas de Rui Barbosa, argumentou que a centralizagio favorecia a manu- tengéo da escravidio, de vez que evitava iniciativas abolicionistas nas provincias’. Pode-se expandir o argumento e propor que a unidade da ex- coldnia também favorecia a manutengao da escravidao por evitar uma pos- sivel justaposig&o de paises escravistas e nao-escravistas, provocada por eventual fragmentagio. De fato, testemunhos da época deixam claro que havia entre elite receio de revolta escrava, tendo-se cunhado a expressfio haitianismo, referéncia 4 violenta revolta dos escravos da colénia francesa de Santo Domingo. Uma luta pela independéncia ao estilo da que se veri- ficara e ainda se verificava nos paises oriundos da antiga colénia espanhola, que redundara em fragmentagao politica, era vista por muitos como peri- gosa para a manutengao da ordem social e, portanta, da escravidao. Nesse sentido, o interesse em manter a escravidao pode ter ajudado na manuten¢io da unidade do pas. A unidade, avalizada pela monarquia, era meio eficaz de preservar a ordem. 18 A CONSTRUCAD DA ORDEM O argumento € plausfvel, mas pede qualificages. A primeira é quea frag- mentagio em si poderia também fortalecer a eseraviddo nas provincias em que ela tivesse mais peso econ6mico, O medo nao era da fragmentagio em si, mas da guerra civil, A segunda € que a aspiragdo de manter unida a ex- col6nia para se construir no Brasil um poderoso império antecedia a preocu- Pagao com a preservacio da escravidao, ja vinha de antes da chegada da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro. Estava nos planos de D, Rodrigo de Souza Coutinho ¢ de seus seguidores. Um dos mais ilustres desses seguidores era José Bonifacio, que tanta influéncia exerceu no processo da Independéncia. Pode-se dizer que José Bonifacio, um conhecido inimigo da escravidio, in- vertia os termos da relacio colocada acima. Ele nao buscou preservar a uni- dade do pais para manter a escravidao. Ao contrério, recusou medidas abolicionistas mais radicais pedidas pelos ingleses para manter a unidade. Para ele, a manuten¢do da escravidao era o preco a pagar pela unidade e nfo vice- versa, Sabia que medidas abolicionistas radicais naquele momento, tomadas pelo governo central, teriam reptidio imediato de provincias em que a pre- senga escrava fosse significativa, a comecar por Rio de Janeiro, Minas e S30 Paulo, que formavam a base de sustentagao de D. Pedro, Sem ser abolicionistas como José Bonifacio, muitos outros politicos da época sonhavam com a idéia do grande império. A probabilidade de um império unido e centralizado fa- vorecer a manutengao da ordem e da escravidao podia constituir um reforgo Para sua convicgdo, mas nfo era sua motivagio tinica, talvez nem mesmo a principal. Isso nos leva a tese central deste livro, qual seja, sugerit uma explicagdo alternativa, ou melhor, uma explicagio que dé peso maior, embora nao ex- clusivo, a um fayor até agora desprezado, Parte-se da idéia de que a decisio de fazer a independéncia com a monarquia representativa, de manter unida a ex-colénia, de evitar o predominio militar, de centralizar as rendas publi- cas, foi uma opgio politica entre outras possfveis na época, Se em alguns pontos nao havia muita liberdade de escolha, como na questdo da escravi- dao ou do livre comércio, esses constrangimentos nfo determinavam os for- matos politicos nem garantiam o éxito ou fracasso na organizagao do poder, isto é, nao havia nada de necessdrio em relacdo a varias decisées politicas importantes que foram tomadas, embora algumas pudessem ser mais vidveis do que outras, Sendo decisdes polfticas, escolhas entre alternativas, elas 19 JOSE MURILO DE CARVALHO sugerem que se busque possivel explicacdo no estudo daqueles que as toma- ram, isto é, na elite politica. Ecom certo constrangimento que s¢ pronuncia hoje no Brasil essa pala- vra. Lemos € ouvimos diariamente tantas diatribes contra o que diz ser (e muitas vezes é) uma deturpacio elitista da explicagio histérica, ignorante do papel das forgas sociais, que quase nos sentimos forgados a pedir desculpas por falar de elites. Que fiquem, por isso, claros alguns pontos. Em primeira lugar, quando falarmos aqui de elites nao nos referimos a grandes homens € as teorias que, & moda de Carlyle, procuram explicar os acontecimentos em fungio de sua atuagao. Falamos de grupos especiais de elite, marcados por caracteristicas que os distinguem tanto das massas como de outros grupos de elite, Em segundo lugar, em nenhum momento se dird que esse elemento por si sé pode dar conta da explicagio de fenémenos tio complexos como os que se referem 4 formagao de Estados nacionais. As préprias clites, qualquer socidlogo 0 sabe, si0 condicionadas por fatores sociais e mesmo politicos sobre os quais elas muitas vezes tm pouco ou nenhum controle. Além disso, é outra obviedade, elas sempre atuam dentro de limitagdes mais ou menos rigidas, oriundas de fatores de natureza varia, entre os quais estio sem diivi- da em primeiro lugar os de natureza econémica, Atribuir influéncia a atua- ao de elites polfticas significa apenas negar o determinismo de fatores no-palitices, sobrettde econémicos, nas decisées politicas. HA sempre maior ou menor grau de liberdade nas decisdes ¢ o exercicio dessa liberdade pode ser mais ou menos eficaz dependendo dos atores, Em terceiro lugar, 0 fato de se ser contra o monopélio de decisées por grupos minoritarios, ¢ creio que todas o somos, nao deve obscurecer © outro fato de que existem grupos minoritarios que realmente tém influéncia decisiva em certos acontecimentos. A prépria grita contra o elitismo na histéria brasi- leira € reconhecimento técito de que as elites de faro tiveram e tém grande influéncia, Se é verdade que a historiografia tende a magnificar esse papel, seria ingénuo achar que se pode resolver o problema reformando a historiografia. O que tem que ser mudado é a histéria, ¢ para isto é importante inclusive re- conhecer o que de real existe no papel das elites. Lembre-se, aliés, que mudar a histéria freqtientemente dependeu também da atuagao de determinados gru- pos de elites. Se existiram os mandarins chineses, também existiram os jovens turcos de Nasser e os revoluciondrios profissionais de Lénin, 20 A CONSTRUGAS DA ORDEM Argumentaremos, portanto, que a adocgio de uma solugio monérquica no Brasil, a manutengao da unidade da ex-colénia ¢ a construg3o de um governo civil estavel foram em boa parte conseqiiéncia do tipo de elite polf- | tica existente a Epoca da Independéncia, gerado pela politica colonial portu- Guesa. Essa elite se caracterizava sobretudo pela homogeneidade ideoldgica de treinamento. Havia sem divida certa homogeneidade social no sentido de que parte substancial da elite era recrutada entre os setores sociais domi- nantes. Mas quanto a isto nao haveria muita diferenga entre o Brasil e os ‘outros pafses. As elites de todos eles yinham principalmente de setores do- minantes da sociedade, Ocorre que nas circunstancias da época, de baixa participagao social, os conflitos entre esses setores emergiam com freqitén- Mineradores chocavam-se com fazendeiros, produtores para o mercado externo com produtores para o mercado interno, latifundidrios de uma re- giao contra seus semelhantes de outra, A homogeneidade ideoldgica e de treinamento é que iria reduzir os conflitos intra-clite ¢ fornecer a concepgio e acapacidade de implementar determinado modelo de dominagio politica. Essa homogeneidade era fornecida sobretudo pela socializagio da elite, que serd examinada por via da educagda, da ocupagio ¢ da carreira politica. Na medida do possivel, sera feita comparagao com outros pafses, particularmente com os da América Latina, embora para o tiltimo caso os estudos disponiveis scjam raros. Os dados sobre a origem social da elite sio muito menos satisfatérios do que os de socializagio e treinamento. Seremos forgados freqiientemente a recorrer a evidéncias menos rigorosas, embora nem por isso inadequadas, como sejam as interpretagGes ¢ afirmages dos contemporancos. Na realida- de, esse tipo de evidéncia € indispensavel mesmo como complemento de dados quantitativos, pois s6 gracas a ele poderemos interpretar corretamente 0 que significava na época ser, por exemplo, um magistrado filho de senhor de engenho, ou um padre fazendeiro. A publicagao em dois volumes distintos do trabalho original levou-nos a concentrar no presente texto a andlise da elite, de sua formagiio e composi- ¢40, deixando para o segundo o estudo de sua atuagdo na construgiio do Estado imperial. Assim, apés um capitulo introdutério, trataremos da edu- cagdo, da ocupagdo e da carreira polftica da elite imperial. Seguir-se-4 um capitulo especial sobre a burecracia, categoria social que em boa parte se a4 JOSE MURILO DE CARVALHO confundia com a elite, ¢ outro em que serao examinados separadamente al- guns setores mais representativos da elite e da burocracia. Finalmente, antes de concluiz, faremos uma andlise de como a elite se dividia entre os partidos politicos, NOTAS Ver, a respeito, o trabalho de Dauril Alden, Royal Government in Colonial Braxil, With Special Reference to the Administration of the Marquis of Lavradio, Vice Roy, 1769-1779, especialmente cap. XVI, e também C, R, Boxer, The Golden Age of Brazil, 1695-1750. Growing Pains of a Colonial Society, especialmente cap, XIL - Citado em J. B de Almeida Prado, D. Jodo Vie 0 Inicio da Classe Dirigente do Brasil, p. 134, 3. Ver Celso Furtado, Ecouomie Development of Latin America, 4, Ver Osvaldo Sunkel ¢ Pedro Paz, Swbdesarrollo Latino-Americano y la Teorta del Desarrallo, p. 275-343, ¢ especialmente p. 300-¢ 328. 5. Antonio de Barros Castro vé a situagde brasilelra como um arquipélago de com- plexos exportadores, sem motivagao econémica para entrelagamento, Ver seu trabalho Rates Histéricas dos Desequilibrios Regionais em Regites Subdesen- volvidas (mimeo). Sobre a situagio do Brasil ao final do perfodo colonial, ver J. Capistrano de Abreu, Capitulos de Histdria Colonial (1500-1800), especialmente 9 resumo “Trés Séculos Depois”, p. 269-302. Ver também Caio Prado Junior, Histéria Econdutica do Brasil, p. 115-21, 6, Fernando Henrique Cardoso ¢ Enzo Faletto, Dependéncia e Desenvolvimento na América Latina. Ensaio de Interpretagdo Socioldgica, p. 43. 7. “Preficio”, in Obrts Completas de Rui Barbosa, Vol. XVI. 1889, tomo I. Queda do Impétio, p. XIV-XVIL be 22

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