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Esfera comunicacional e informativa

“A Planetarização da Informação Mediática e Horizontes da Experiência


Comunicacional” (Adriano Duarte Rodrigues)
A comunicação social como o conjunto dos meios de informação (imprensa, rádio, televisão e
internet) leva a uma confusão: domínio da informação confunde-se com a experiência
comunicacional. Os conceitos de informação e de comunicação tendem a confundir-se, apesar
de terem lógicas de funcionamento opostos.

É importante saber-se que domínio da informação ≠ experiência comunicacional. Nesta


relação, a primeira sobrepõe-se sobre a segunda. Devido a esta heterogeneização, não está
perante uma aldeia global pois, para isso, era necessário que a informação fosse igual à
comunicação, isto é, que todos interpretassem a mensagem que recebem da mesma forma.

Nas sociedades fechadas é compreensível esta confusão, devido ao nível de desenvolvimento


tecnológico limitado. Por um lado, os processos de comunicação têm valor informativo; por
outro, a informação precisa da comunicação para ser difundida.

À medida que a esfera informativa se autonomiza (alcançando um nível planetário), é evidente


que a informação é realmente uma dimensão diferente das outras dimensões da experiência: uma
coisa é o modo como recebemos a informação – recebemos no mesmo formato, de igual forma
para todos – outra é o modo como a interpretamos.

Apesar da informação planetarizada (isto é, apesar de recebermos todos a mesma informação),


aumentam os fenómenos que resistem a esta informação homogénea, verificando-se pouca
homogeneidade da informação planetária. Isto porque interpretamos a informação de maneiras
diferentes, consoante a localização, a cultura, etc.

Informação ≠ Comunicação
Existem duas dimensões da experiência: a dimensão informativa e a dimensão comunicacional.
Informação Comunicação

Produto Processo

Irreversível Reversível

Um sentido (Destinador ⟶ Destinatário) Dois sentidos (Destinador ⟷ Destinatário)

Transmissão Interação

Medida pelo cálculo das probabilidades Não medida pelo cálculo das probabilidades

A esfera informativa compreende o conjunto dos acontecimentos que ocorrem no mundo e


formam o nosso meio ambiente. Tem um carácter imprevisível: são mais informativos os
acontecimentos menos previsíveis e mais inesperados.

Trata a natureza inexplicável dos fenómenos.


É um produto porque o valor informativo de um acontecimento é variável, dependendo dos
conhecimentos históricos do seio de uma dada sociedade. À medida que uma mensagem vai
integrando o mundo das mensagens socialmente aceites como prováveis e indiscutíveis, o seu
valor informativo vai diminuindo (porque já não é novo nem “chocante”). O valor informativo de um
acontecimento não é constante: depende dos conhecimentos historicamente disponíveis no seio
de uma dada sociedade (o facto da Terra girar em torno do Sol).

É irreversível (processo de transmissão unilateral): Destinador (sabe) ⟶ Destinatário (ignora).

Esfera comunicacional
É um processo de troca simbólica generalizada que ocorre entre pessoas dotadas de razão e
liberdade (aceitam ou rejeitam as mensagens) ligadas entre si pela convivência dos mesmos
quadros culturais de referência.

É um processo dotado de relativa previsibilidade, da qual depende a possibilidade de


intercompreensão um dos seus princípios fundamentais.

Não é redutível às regras da probabilidade da ocorrência dos fenómenos, mas rege-se por
princípios de natureza simbólica.

É um processo que se alimenta pela sociabilidade e que gera laços sociais, sobrepondo-se às
relações naturais com o meio ambiente.

É reversível, isto é, o destinador e o destinatário trocam de papéis: Destinador ⟷ Destinatário.

O princípio da Intercompreensão (ramo de flores): sem a liberdade de gesto do apaixonado, nem o


reconhecimento por parte da pessoa amada do significado do seu gesto, não há comunicação
nem compreensão de afeto que o ramo de flores representa.
Informação Comunicação

Produto Processo

Irreversível Reversível

Destinador (sabe) ⟶ Destinatário (ignora) Destinador ⟷ Destinatário

A informação é globalizada, generalizada, mundializada. A comunicação é particular.

MUNDIALIZAÇÃO/PLANETARIZAÇÃO SINGULARIDADE DAS PARTICULARIDADES



DA INFORMAÇÃO MEDIÁTICA DOS PROCESSOS COMUNICACIONAIS
A comunicação é uma competência prévia não só ao nível do conteúdo concreto e ao nível do das
suas manifestações, mas também ao nível do valor informativo das mensagens que os sujeitos
trocam entre si.

As realidades culturais alteram-se com grande rapidez devido aos meios de informação: ou seja, a
realidade cultural ao nível da comunicação é fortemente influenciada pelos meios de informação.
Aldeia Global?
Dispositivos sofisticados e complexos de informação definem novos horizontes da nossa
experiência, alargando a esfera da perceção e de intervenção no mundo e elaborando a nossa
própria representação da realidade.

A informação é planetária, mas a sua interpretação não o é. Há diferentes visões do mundo.

Cada cultura continua a definir o espaço de entendimento e de compreensão das mensagens e


dos acontecimentos.

Domínio da informação tecnologicamente mediática ≠ Domínio cultural da comunicação

Problemática da produção e da emissão ≠ Problemática da receção

Planetarização da informação mediática ≠ Horizontes da experiência comunicacional

Informação transnacional ≠ Partilhar uma mesma visão do mundo

Quanto mais se universalizam os fluxos informativos, mais os particularismos culturais se


manifestam com mais e mais confrontos e conflitos de interpretações.

Cada cultura define o espaço de entendimento e de compreensão das mensagens e


acontecimentos.

Relações de articulação e/ou encaixa entre informação e comunicação


Um processo informativo pode ter um processo comunicacional como objeto.

Um processo de comunicação pode incluir um valor informativo.

Informação Comunicação

Transmissão (sem subjetividade) Relação intersubjetiva (intercompreensão)

Enraizada na experiência particular e singular


Independente da experiência subjetiva
dos interlocutores

Posso transmitir uma mensagem que contém um processo comunicacional (contar uma história é
informar sobre um processo comunicacional)

processo
DESTINADOR comunica- DESTINATÁRIO
cional
O objeto da informação é relativamente independente da experiência subjetiva e pessoal dos
intervenientes no processo.

Pode informar-se os outros acerca das dimensões da experiência, mas o estabelecimento dessas
relações comunicacionais é independente e autónomo em relação a essa informação.

O valor informativo não se vai alterar com o processo comunicacional (exemplo: uma reacção
emotiva).

quadros
de referência

dimen-
sões da
A B
experiên-
cia

As relações comunicacionais têm a ver com o quadro de referência que lhes conferem sentido e
que são definidos a partir da experiência particular e singular dos intervenientes.

Recebemos uma informação do jornalista. A nossa interpretação dessa informação é um processo


comunicacional.

Cada um dos destinatários recebe só uma parcela da informação disponível no circuito mediático.
E mesmo aquela que recebe é interpretada em função dos quadros de referência que lhe são
fornecidos pela sua própria cultura.

Quanto mais se universalizam os fluxos informativos, mais os particularismos culturais se


manifestam, fruto da diversidade de interpretação.

Objetivo da informação: relativamente independente da experiência subjetiva e pessoal dos


intervenientes do processo. O estabelecimento das relações comunicacionais é independente da
informação: a informação não se altera de acordo com a subjetividade [o valor informativo da
notícia não é influenciada pelo facto do jornalista chorar ou rir].

Os quadros referências conferem sentido às relações comunicacionais e são definidas a partir da


experiência particular dos intervenientes.

Cada um dos destinatários recebe apenas uma parte da informação que recebemos, que é
também ela interpretada pelos nossos quadros de referência.
Quanto mais informação disponível mais os particularismo culturais se manifestam fruto da
diversidade de interpretações.

ALDEIA GLOBAL? Sim, no sentido que todos recebemos a mesma informação. Não, porque cada
um faz uma interpretação diferente dessa informação recebida.

Contextos comunicativos

A comunicação tem vindo a ser alvo de análise, a diversos níveis.

a) Perceção – nível teórico (canal/meio) ou sintático (código utilizado). Fazem parte deste nível as
preocupações que se prendem com a capacidade que um canal de comunicação tem para
transportar os símbolos de comunicação até ao outro (fidelidade de um canal/capacidade de um
código permitir que, através dele, certas ideias possam ser expressas. → Consiste em a
mensagem chegar ao outro. 

b) Compreensão – nível semântico. Tem como objeto o significado da mensagem e a


compreensão da mesma. 

c) Ação – fazer, saber, crer/acreditar

Tem a ver com levar o outro a agir de uma determinada maneira. Não se divulgam mensagens
das quais se esperam compreensão, mas sim condicionamento de comportamentos→nível
pragmático.

• Nível pragmático → consequências do comportamento de alguém sobre outrem →


consequências pragmáticas.

Complexificação da sociedade

Complexificação da comunicação

• Quando falamos de comunicação, falamos de uma coisa complexa e que se


complexifica ainda mais com o avanço da sociedade.
• A complexificação da sociedade, a nível interno ou ao nível da relação global, implica
a necessidade tanto maior de comunicar que acaba por ser um agente de contacto
social.

Tipos de teorias da comunicação:

• Científicas – teorias constituídas em função de estudos empíricos, segundo


metodologias devidamente preparadas, de modo a que os resultados obtidos sejam
consistentes.
• Normativas – não estudam o que é, mas o que deveria ser e o que se deveria
estabelecer a partir de certos valores.
• Operativas – constituem um saber mais específico, desenvolvem-se no interior das
organizações ou organismos, desenrolando rotinas de trabalho que passam pela
comunicação (saber fazer).
ex.: teoria do Marketing, livro de estilo do meio de comunicação.

• Do senso comum – pré-noções que se desenvolvem em cada um de nós acerca daquilo


que é a comunicação, das culturas, etc. São obstáculos que quem estuda a comunicação
tem que ultrapassar.

• As teorias são resoluções de problemas, questões que ainda não foram resolvidas por
teorias anteriores, etc. São construções e não refletem a realidade.
• Cada teoria é parcial.
• Estas teorias incidem sobre a diversidade de processos comunicacionais, diferenciáveis
em função do âmbito social-relacional de referência.

Os processos comunicativos podem ocorrer numa pluralidade de patamares (ou níveis).


Esses patamares estão organizados pressuposicionalmente.

Existe uma relação de possibilidade crescente na medida em que cada patamar possibilita a
existência do seguinte, desde que os anteriores existam. Esta última relação revela uma relação
de necessidade, que é decrescente.

A comunicação pode ser global, interorganizacional/interinsititucional, intraorganizacional/


intrainstitucional, intergrupal, intragrupal, interpessoal ou intrapessoal.

Sociedade Global
(entre toda a sociedade)

Inter-organizacional ou inter-insititucional
(entre organizações ou instituições)

Intra-organizacional ou intrainstitucional
(dentro de organizações ou de instituições)
Nº DE SUJEITOS
Intergrupal Nº DE CASOS
COMPLEXIDADE
(entre grupos) NECESSIDADE
POSSIBILIDADE
Intragrupal (dentro de grupos)

Interpessoal
(entre pelo menos 2 sujeitos)

Intrapessoal
(com o sujeito em si, pelo pensamento)

Cada patamar pode ser analisado a diversos níveis: sintático, semântico e pragmático. São os três
níveis de análise de uma comunicação.

Mosaico de conteúdos – Inventariação:

1) Signos, símbolos, códigos… (abordagem centrada nas condições de possibilidade de


comunicação numa sociedade – sistemas significantes/códigos).
2) Linguagem verbal, língua/fala, discurso, texto (substância linguística).
3) Linguagem não-verbal (substância não-linguística).
4) Relação, interação, sistema relacional (abordagem sistémica intra e interpessoal –
além da intencionalidade comunicativa dos sujeitos que isolados, não têm sentido).
5) Transferência, transmissão, transporte, processo, canal, via (abordagem tecnológica –
otimização informacional).
6) Situação, contexto, tipos de contexto.
7) Receção, compreensão, perceção seletiva, atenção seletiva, resposta discriminativa
(estratégias para produzir seleção – preocupações instrumentais).
8) Influência, persuasão, manipulação (a persuasão tem uma conotação positiva e a
manipulação uma conotação negativa → comunicação intencional).
9) Ligação, conexão, comunidade, separação, fragmentariedade, segmentariedade (a
comunicação social é comunitária e aglutinadora ou o contrário?).

Níveis de análise da comunicação


O estudo da comunicação humana pode ser dividido nas mesmas 3 áreas estabelecidas por
Morris: Sintaxe, Semântica e Pragmática, todos eles adaptados à comunicação humana.
Nível A Nível B Nível C

Técnico/teórico/sintático Semântico Pragmático

PROBLEMAS NA PROBLEMAS NO PROBLEMAS NOS EFEITOS


TRANSMISSÃO DA SIGNIFICADO DA COMPORTAMENTAIS DA
INFORMAÇÃO COMUNICAÇÃO COMUNICAÇÃO
Teoria Matemática (conceção
(conceção positivista) Conceção pragmática
positivista)

Comunicação como Comunicação como Comunicação como


transmissão da informação transmissão da informação influência/relação

O nível técnico/teórico/sintático nasceu com o Modelo Matemático. Foca-se no domínio do


código, causais, capacidade, ruído, redundância e nas outras propriedades estatísticas da
linguagem. Determina a transmissibilidade de um sinal através de um canal.

Segundo o nível semântico, os sinais ou símbolos transmitidos com exatidão sintática


permanecem desprovidos de significado se o emissor e o recetor não tivessem antecipadamente
concordado com a sua significação. Toda a informação partilhada pressupõe na convenção
semântica. Este nível é, pois, relativo ao processo de descodificação das mensagens.

A comunicação afeta o comportamento e este é o seu aspeto pragmático (nível pragmático).


Palo Alto foca a atenção ao nível da pragmática, pois os outros dois níveis se refletem neste. As
mensagens também são estudados por Palo Alto, mas são subjugadas e articuladas com a
comunicação não-verbal (gestos, olhar, etc.). É necessário um distanciamento em relação à
conceção da comunicação enquanto ato verbal, voluntário, intencional e consciente. Palo Alto
crítica o modelo conceptual da eficácia/oposição e o modelo técnico instrumental/linearidade.

Para transmitir uma melhor mensagem (com precisão e eficácia do processo comunicativo) temos
que compreender como resolver estes 3 problemas.

Conceções da comunicação
-Conceção positivista
 Escola Processual

Vê a comunicação como transmissão de mensagens. Estuda o modo como os emissores e os


recetores codificam e descodificam, o modo como os transmissores usam os canais e os meios
de comunicação. Estuda assuntos como a eficácia e a exatidão. Vê a comunicação como um
processo pelo qual uma pessoa afeta o comportamento ou o estado de espírito de outra. Define
interação social como o processo pelo qual uma pessoa se relaciona com outras ou afeta o seu
comportamento, estado de espírito ou reação emocional de outra e vice-versa. A mensagem é o
que é transmitido pelo processo de comunicação.

Modelo Teórico-Instrumental da Teoria


Matemática da Comunicação de Shannon e
Weaver
The Mathematical Theory of Communication foi a primeira tentativa de formalizar/esquematizar o
processo comunicacional (daí o seu carácter inovador) e o resultado dos estudos de Claude
Shannon e de Warren Weaver.

Nesta teoria, que foi desenvolvida aquando da 2ª Guerra Mundial nos Laboratórios Bell (EUA), a
comunicação é vista apenas como um processo de transmissão de informação, totalmente
desmontável pela matemática.

A finalidade operativa deste modelo é fazer passar o máximo de informação através de um


canal com o mínimo de distorção e com a máxima economia de tempo e energia.

O modelo centra-se no estudo quantitativo da informação em mensagens e do fluxo de informação


entre emissores e recetores. Apresenta a comunicação como um simples processo linear: A – B,
isto é, Fonte – Destino.

FONTE DE FONTE DE
E CANAL R DESTINATÁRIO
INFORMAÇÃO RUÍDO

mensagem sinal emitido sinal recebido mensagem


sem ruído
sinal emitido
com ruído

FONTE DE transmissão de informação


DESTINATÁRIO
INFORMAÇÃO

transmissão de energia
EMISSOR RECEPTOR

Neste processo comunicativo, é possível destacar 5 “atores”:

Fonte de Informação: produz uma mensagem


Emissor/Transmissor: transforma a mensagem num sinal (emitido)
Recetor: reconstrói a mensagem a partir dos sinais recebidos
Destinatário: recebe a mensagem
Canal: meio físico através do qual são transmitidos/emitidos os sinais (exemplos: o cabo do
telefone, as ondas luminosas/sonoras...)

Todo o processo se desenrola segundo este esquema, quer se verifique entre duas máquina,
entre dois seres humanos ou entre uma máquina e um ser humano.

 3 Níveis de Análise da Comunicação

John Fiske chama-lhes os problemas do estudo da comunicação. Em todos os processos de


comunicação existem três níveis de problemas, os quais estão todos interligados:

 1º Nível Técnico

Pretende analisar com que precisão se podem transmitir os símbolos da comunicação. (não
interessa o conteúdo da informação, no sentido qualitativo). Segundo esta teoria este nível é
primordial e condicionante dos outros dois.

 2º Nível Semântico

Quando os símbolos utilizados pela fonte não são entendidos pelo destinatário com o mesmo
significado inicial; com que precisão os símbolos transmitidos veiculam o significado desejado?

 3º Nível da Eficácia

Pretende analisar com que eficácia é que o significado recebido pelo recetor afeta a sua conduta
da maneira desejada pelo emissor e depois de receber a informação, que alterações é que esta
provoca no comportamento do recetor. Faz-se depender do contexto e não só da pura e simples
transmissão da informação.

Meio, Código e Ruído

Meio
O Meio compreende todos os recursos técnicos/físicos necessários para converter a mensagem
em sinais (exemplos: a voz, o telefone enquanto objeto físico...). (Note-se que “converter” é um
conceito não definido por Shannon e Weaver.)

O Meio é influenciado pelo Canal: no fundo, é este que determina o Meio que a ser utilizado. Por
outras palavras, as propriedades tecnológicas ou físicas de um Meio são determinadas pela
natureza do Canal ou Canais existentes para transmissão do sinal e essas propriedades do Meio
determinam posteriormente o leque de Códigos que o Canal pode transmitir.

• Meios apresentativos (exemplos: voz, gestos, expressões corporais...)


Usam as linguagens “naturais” das palavras faladas, das expressões, dos gestos, etc.
Requerem a presença de um comunicador. Produzem actos de comunicação.

• Meios representativos (exemplos: pintura, fotografia, escrita...)


Usam as convenções culturais e estéticas para criarem um “texto” de qualquer natureza.
Produzem um texto que pode registar os meios da categoria 1. Não requerem a presença
de um comunicador. Produzem obras de comunicação.

• Meios mecânicos (exemplos: rádio limitador pela frequência...)


São transmissores das categorias 1 e 2. Usam os canais criados pela engenharia e estão,
portanto, sujeitos a maiores limitações tecnológicas.

Estas 3 categorias de Meios estão interligadas e são impermeáveis entre si. São semelhantes
entre si e indissociáveis.

Código
O Código é um sistema de significados comum aos membros de uma cultura ou subcultura.
Existem dois tipos de Códigos: Signos e Regas/Convenções.

• Signos: são algo que está por uma coisa; sinais físicos que representam algo diferente
deles mesmos; exemplo: um logotipo (que representa uma marca).

• Regras/convenções: determinam como e em que contextos os signos são usados e de que


modo podem ser combinados para formar mensagens mais complexas; exemplo: o manual
de normas de uma marca.

O Código deve ser adaptado ao Canal: as características físicas deste determinam a natureza dos
Códigos que este pode transmitir. Por exemplo: um telefone (que realize apenas chamadas de
voz) está limitado à linguagem verbal e paralinguagem (códigos de entoação, acentuação, volume
de voz, etc...); uma mensagem escrita não pode ser transmitida por telefone.

Uma mensagem no código primário da linguagem verbal pode ser recodificada numa variedade de
códigos secundários (gestos, código morse, braille, expressões faciais...). Todos estes códigos
são determinados pelas propriedades físicas dos seus canais ou dos seus meios mecânicos de
comunicação.

Ruído
O Ruído é algo que não é pretendido pela fonte (não foi transmitido por esta), mas que afeta a
mensagem no seu destino, tornando o sinal pretendido mais difícil de descodificar.

Shannon e Weaver admitem que o conceito de Ruído de Nível A (ou técnico/de engenharia) tem
de ser alargado ao Nível B (ou semântico).

• Ruído de nível A / Ruído técnico


Está relacionado com a PRECISÃO da mensagem.
Qualquer problema de nível técnico no canal, podendo dever-se a uma perda do sinal ou a
uma informação parasitária produzida pelo próprio canal (exemplo: distorção do som,
“chuva” no ecrã de TV, interferências numa linha telefónica...).

• Ruído de nível B / Ruído semântico


Está relacionado com o SIGNIFICADO da mensagem.
Qualquer distorção de significado que ocorre no processo de comunicação (exemplo:
acrescento de informação no sinal).

O Ruído, quer tenha origem no canal, no público, no emissor ou na própria mensagem, confunde
sempre a intenção do emissor, limitando deste modo a quantidade de informação desejada que
pode ser enviada numa dada situação, num dado tempo.

Entropia, informação e redundância


Para Shannon e Weaver, informação é uma medida de incerteza ou entropia numa situação.

MAIOR INCERTEZA MAIOR INFORMAÇÃO

Quando a situação é completamente previsível, nenhuma informação está presente (exemplo: a


informação contida pela letra “u” quando esta se segue à letra “q” é nula, por ser previsível).

Informação de nível A / precisão


Informação de nível A é a medida da previsibilidade do sinal, ou seja, quantifica o número de
escolhas à disposição do seu emissor. Nada tem a ver com o conteúdo (nível B).

MAIOR NÚMERO
MAIOR INFORMAÇÃO
DE ESCOLHAS

(Exemplo: um código constituído por 2 sinais é acender uma lâmpada uma vez e acender uma

lâmpada duas vezes; a informação contida por cada um destes sinais é idêntica, isto é, 50% de
previsibilidade, independentemente do que eles significam!)

O BIT (binary digit) é a unidade de medição da informação. Significa a escolha entre sim e não.
É o número de mensagens necessárias para reduzir a incerteza. (O objetivo de enviar uma
mensagem é sempre reduzir a incerteza do outro.)

Informação é o número de mensagens necessárias para reduzir a incerteza ou o número de


escolhas ou alternativas à disposição de uma pessoa para predizer o resultado de uma situação.
Assim, tem-se:
• Numa situação complexa, de maiores resultados possíveis, existe mais informação do que
numa situação simples, com poucos resultados.

• Como a informação é uma função do número de alternativas, pode-se afirmar que ela reflete
o grau de liberdade na formulação de opções, dentro de uma situação.

• Quanto mais informação houver numa situação, mais livres estamos para escolher
alternativas nessa situação.

Informação de nível B / semântica


A informação de nível B é relativa ao estado de conhecimento do ser humano, ligando com o
elemento humano da interpretação e da compreensão relativa ao estado de conhecimento do ser
humano. Este nível de reduz a incerteza numa determinada situação.

O que acontece quando alguém recebe uma série de mensagens sobre uma situação? Existem
duas possibilidades:

• o indivíduo receber mensagens logicamente independentes (aditivas, algo que não sabe,
adicionando ao conhecimento do indivíduo);

• o indivíduo receber mensagens redundantes (não adiciona nada de novo).

Redundância é aquilo que numa mensagem é previsível ou convencional; a proporção de uma


situação que é previsível; é uma medida de certeza. Entropia é a máxima quando todas as
alternativas são igualmente prováveis; é a ausência de organização numa situação.
Mensagem entrópica Mensagem redundante

Informação Muito Pouco

Mensagem entrópica Mensagem redundante

Previsibilidade Baixa Elevada

Redundância

Funções da redundância técnica


A redundância técnica ajuda a superar os problemas práticos da comunicação. Desta forma, a
redundância ajuda a resolver/superar:

• as deficiências de um canal com ruído;

• os problemas de transmissão de uma mensagem entrópica;

• as dificuldades no canal de comunicação;

• os problemas associados à audiência;


• as dificuldades na exatidão da descodificação.

No fundo, a redundância técnica ajuda a superar os problemas práticas de comunicação que


podem estar associados à exatidão e à deteção de erros, ao canal e ao ruído, à natureza da
mensagem ou à audiência.

Redundância e convenção
Estruturar uma mensagem de acordo com padrões comuns, ou com convenções, é uma forma de
diminuir a entropia e aumentar a redundância.

MENSAGEM DE ACORDO MENOS ENTROPIA


COM AS CONVENÇÕES MAIS REDUNDÂNCIA

Redundância e relações sociais


A redundância (aquilo que se espera nas relações sociais) é geralmente uma força a favor do
status quo e contra a mudança. Dizer “olá” na rua (uma prática de bom educação) é uma
mensagem altamente redundante, sem contudo haver problemas de comunicação a resolver.

Em pessoal influência, o poder consiste em:

compelir em determinado comportamento de compra; compelir na

mudança de atitude em relação a alguns assuntos correntes.

Três tipos de efeitos: conversão, ativação, reforço.

Os mass media apenas reforçam opiniões existentes, em vez de alterarem as formas de


pensamento.

 Do Sinal ao Signo

 Código

Uma série de sinais regidos por leis de combinação interna (aspeto sintático)

Uma séria de valores correspondentes ao surgimento de vários sinais (aspeto


semântico)

Uma série de possíveis respostas comportamentais por parte do destinatário (aspeto


pragmático/comportamental)

Ex: Semáforo

Um sistema de sinais: verde; amare; vermelho


Um sistema de valores: Permissão; atenção; interdição

Um sistema comportamental: avance; prepare-se para parar; pare

 Sinal

Uma fonte física de acontecimentos possíveis em que um dispositivo seleciona, para os


transmitir, certos acontecimentos julgados pertinentes.

Um destinatário é um dispositivo maquínico, um aparelho que responde sempre de


maneira unívoca às mensagens recebidas.

O emissor e o destinatário possuem em comum o mesmo código; nem o emissor nem o


destinatário podem discutir o código.

O ser humano não comunica por sinais mas sim por signos: a partir do momento em que
não estamos perante um processo mecânico desencadeado pela acção de um estímulos
sobre um dispositivo maquínico, mas perante um processo que faz intervir agentes
humanos, deixamos o campo do sinal para entrar no campo do signo.

 Signo

Significante (presente, sensível)  o físico; o que se apresenta.

Significado (ausente, não sensível)  Representação mental; pensamento.

O signo representa algo que é diferente dele mesmo; está sempre no lugar de outra coisa;
é concebido e destinado a funcionar mesmo na ausência de qualquer estímulo sensorial;
signo suscita na pessoa uma conceção do objeto, evento ou condição; contém uma
dimensão de significação que escapa às regras que presidem aos fenómenos abrangidos
pela teoria do sinal, pois há decisões de sentido, há tradução, a qual pode ser vários
desfechos.

 Sub-códigos

A significados diferentes correspondem signos diferentes; a significantes diferentes


correspondem signos diferentes; de um falante para outro pode haver uma diferença na
complexidade da análise semântica de um termo.

Estas produzem sub-códigos com base nos quais um falante atribui aos termos
significados que outros falantes não atribuem; a posse desses sub-códigos estabelece
diferenças de classe, de cultura, etc.; pode então haver desvios entre o código de
codificação da mensagem e o código de descodificação.
No âmbito da comunicação sígnica, a informação compreende a interpretação seletiva de
dados e só através dela se transformam em informação significante.

No processo de comunicação os sinais e os signos, a informação lógico-abstrata e física e


a informação semântico-abstrata estão entrelaçadas; não se pode estabelecer uma
fronteira rígida entre o campo do sinal e o campo dos signos.

 Recetores Seletivos

Mecanismos da percepção e a sua influência na recepção de mensagens


Condicionantes da recepção Variáveis Intervenientes

 Crenças.
 Opiniões, valores, preconceitos.
 Experiências, emoções,
 Percepção Selectiva. necessidades.
 Atenção Selectiva.
 Interesses, desejos.
 Memória Selectiva
 Nível de conhecimento.

 A informação é assimilidada/filtrada (rejeitada/transformada/esquecida).

Noção socialmente dependente


Informação – ocorre no espaço de
interlocução A→B

Algo de Novo

Algo que acrescento àquilo que já sei


Surpresa

Incerteza/Certeza

Deve ir ao encontro
Informação Redundância = {Estrutura do Pensamento}

Redundância Informação/Mensagem {Modificação→Ruptura/Construção


do Pensamento}

• Quando há um máximo de informação, ela dificilmente é captada, dado os


mecanismos de recepção das mensagens → A informação não toma em
consideração a estrutura mental dos indivíduos, que a podem rejeitar.
• Se a informação for envolvida nas crenças, etc. dos seus destinatários, terá
capacidade, não só de ser recebida, mas de ser passada a outras.
Processo de Aprendizagem < -> Processo de Comunica ção

Abertura/Redundância

Paradoxo (Aparente)

Cosmos → Caos →Cosmos → Caos →…

• Existe uma relação estreita entre comunicação e aprendizagem porque esta não se
faz na ausência de comunicação e a informação, para ser recebida, necessita da
existência de abertura por parte de quem a recebe, para que haja comunicação.
• Aparentemente, se existir bastante abertura, não é necessária tanta redundância.
• Por mais aberto que alguém esteja, quando se recebe uma nova informação, esta
promove a criação de um caos, levando algum tempo a ser resposta a
ordem/harmonia. É sempre necessário um espaço de tempo para
amadurecer/integrar/compatibilizar o que se recebeu.

Repetição → Redundância → Habituação → Apropriação

• A apropriação dá-se aos poucos e poucos e daí que se possa dizer que:

“É preciso habitar longamente aquilo que se ouve antes de entender qualquer coisa.”
(Maurice Bellet)

 Longe vai o tempo em que se pensava que o espírito do recetor de informação era
inteiramente moldável pelos meios de comunicação social, através da propaganda e da
publicidade. Numerosos estudos têm mostrado, sobretudo a partir de 1940, como o
recetor assimila a informação recebida, como a filtra, a rejeita ou a transforma. Existem,
além disso, no seio dos diversos grupos sociais, mentores de opinião, mediadores entre a
fonte e o recetor. Sabemos também que o que contraria as crenças profundas de cada
um é rejeitado e não assimilado.

 De acordo com a teoria da informação, uma situação informativa corresponde àquilo


que traz um elemento novo ao conhecimento, àquilo que provoca uma surpresa ou liberta
uma incerteza. Mas o puro desconhecido não existe e toda a informação se deve enxertar
naquilo a que a teoria chama uma “redundância”.

Informações que são filtradas, selecionadas ou propostas não provocam no recetor


qualquer surpresa, limitam-se a confirmar aquilo em que ele já acreditava.

 Com efeito, para que haja informação é preciso um mínimo de abertura: a pessoa tem
que estar pronta a aprender qualquer coisa que possa modificar a sua estrutura de
pensamento.
MODELO DE GERBNER

M- emissor/indivíduo/envolvente

S|A- mensagem, são independentes e um influência o outro

Características

Meio e canal são encarados da mesma forma; não distingue qualquer tipo de problema
que possa afetar o processo comunicativo; a perceção das mensagens ou acontecimentos sobre
influências externas, que são enquadradas em padrões internos, por sua vez fundamentados no
contexto sociocultural; a forma escolhida para a transmissão de uma mensagem influencia o seu
conteúdo.

Na comunicação de massa, as sequências têm lugar em cadeira, há numerosos estágios


mediados por elementos humanos ou mecânicos. O conteúdo das mensagens posteriores não é o
evento que teve lugar, mas sim a mensagem anterior.

Elementos constituintes do modelo

Acontecimento, pessoa ou máquina que perceciona, mensagem e recetor.

Os vários elementos do modelo organizam-se segundo duas dimensões: percetual e


comunicante, relacionadas com a perceção e com o controlo dos meios de transmissão da
mensagem, respetivamente

Shannon e Weaver
Distinção entre meio e canal, sendo o meio os recursos técnicos ou físicos que convertem
a mensagem num sinal; e o canal o meio físico que transmite o sinal.

Considera três níveis de problemas no processo de comunicação: técnico (o que é


essencial ao funcionamento do processo), semântico e de eficácia.

A eficácia do processo de comunicação só é concretizada quando o destinatário recebe e


reage à mensagem da forma pretendida pelo transmissor.

Elementos constituintes do modelo: fonte de informação, transmissor, canal, recetor e


destinatário, estando a fonte de ruído relacionada com o funcionamento do canal; todos os
elementos estão organizados numa só dimensão.

Não há distinção entre a forma e o conteúdo na transmissão da mensagem.

Semelhanças com o modelo de Shannon e Weaver

São processos lineares (unidirecionais).

São modelos da escola processual, que pretendem ser universalmente aplicáveis.

Existe uma seleção do conteúdo que vai ser transmitido, embora no modelo de Shannon e
Weaver essa seleção seja feita pela fonte de informação (que seleciona uma entre várias
mensagens possíveis) e no modelo de Gerbner, a seleção seja feita através da perceção que o
emissor tem de um determinado acontecimento.

As mensagens são transmitidas por sinais.

Admitem a aplicação do modelo ao homem e à máquina

Gerbner VS Shannon e Weaver

No modelo de Shannon e Weaver não havia a importância de que o M tem uma perceção
do acontecimento e que o M2 tem uma perceção da mensagem; Shannon e Weaver acreditavam
que a mensagem se apresentava da mesma forma, do princípio ao fim.

Shannon e Weaver consideram que o significado está na mensagem, enquanto Gerbner


considera que o significado varia consoante a cultura do indivíduo e de pessoa para pessoa.

Gerbner tinha em atenção a influência das características culturais, pessoais, etc.


(principalmente na última fase) e Shannon e Weaver ignoravam tais influências.

MODELO DE JACKOBSON
Roman Jackobson: linguista fundamental, isto é, encara a língua como um sistema
funcional, como produto da catividade humana.
A finalidade da língua consiste na realização da intenção do sujeito de se expressar e
comunicar. A função primária da língua é a comunicação interpessoal; para Jackobson, esta é
complementada com outra, não menos importante, que é a comunicação Intrapessoal.

O modelo de Jackobson vai debruçar-se essencialmente sobre o nível semântico no


processo de comunicação; preocupa-se somente com a comunicação humana.

Há a transmissão de um conteúdo semântico entre dois polos definidos encarregues de


codificar e descodificar o conteúdo de acordo com as restrições de um código também ele fixo; A
e B são emissores alternadamente (A  B, B A, A  B).

Começa por delinear os fatores construtivos num ato da comunicação; depois vai delinear
as funções que o ato da comunicação desempenha para esses fatores; sendo que as funções
servem de base à comunicação verbal; todas as funções estão sempre presentes
(hierarquizadas).

O código é um sistema comum ao emissor e recetor; é pelo recetor que a mensagem é


estruturada; a mensagem requer contacto, é esse contacto que vai manter a comunicação.

Elementos constituintes do modelo

Emissor, contexto, mensagem, contacto, código e destinatário.

Cada um destes elementos vai desempenhar uma função diferente no processo de


comunicação; consoante a natureza do processo, a função dos elementos torna-se mais ou
menos importante, isto é, consoante o tipo de discurso em questão.

Fatores e funções da linguagem

Destinador – EMOTIVA: marca/elementos pessoais do destinador na mensagem.

Contexto – REFERENCIAL: determina o significado da mensagem; num tipo de comunicação


mais objetiva, é a função predominante.

Mensagem – POÉTICA: forma, construção da mensagem.

Contacto – FÁTICA: permite manter os canais de comunicação abertos; há mensagens que


existem para estabelecer/prolongar a comunicação entre as pessoas; não acrescenta informação
à mensagem (p.e., ao telefone dizemos “Sim... pois... tás a ouvir?”).

Código – METALINGUÍSTICA: identificação do código utilizado; utilização do código para nos


fazermos entender (p.e., compreendemos que alguém fala alemão, mesmo que não o
percebamos).

Destinatário – APELATIVA/CONOTATIVA: a principal função de uma mensagem é apelar para


algo a alguém; queremos chamar à atenção; é o efeito que a mensagem tem no recetor.
O modelo de Jackobson contribuiu imenso para a popularidade do modelo de Shannon e
Weaver.

O modelo de Jackobson teve uma influência notável em investigações posteriores na área


da análise da propaganda eleitoral, dos discursos ideológicos, do jornalismo informativo, etc.

Enquanto versão moderada da Teoria Matemática da Comunicação, proporcionou-lhe


grande difusão e legitimação, contribuindo para o seu êxito. Mas apesar da influência da TMC, o
modelo de Jackobson revela que a linguagem é um fenómeno complexo e que não serve só para
transmitir dados, ele descobre a riqueza comunicativa da mensagem.

Teoria da informação (Littlejohn)

 Informação é diferente de significado.


 A informação é veiculada por mensagens e produz.se num processo de realização
de escolhas.
 A informação é suscetível de ser transmitida de um ponto para outro.
 Reduz a incerteza da situação.
 A informação levanta a questão da eficácia, ou seja, se altera o estado/tem impacto
nos recetores.
 Informação é uma medida de incerteza/entropia.
 Numa situação de maior entropia há menor previsibilidade e maior informação.
 O seu oposto é a redundância que resulta de uma elevada previsibilidade e uma
reduzida entropia.
 O ruído é qualquer perturbação que intervém na transmissão do sinal (não
esquecemos que falamos da transmissão de sinal entre telégrafos); é uma
incerteza indesejável.
-Conceção pragmática

 Escola Semiótica

Vê a comunicação como uma produção e troca de significados. Estuda como as mensagens, ou


textos, interagem com as pessoas de modo a produzir significados, ou seja, estuda o papel dos
textos na nossa cultura. Usa termos como significação, e não considera que os mal-entendidos
sejam necessariamente evidência de fracasso de comunicação. O principal método de estudo é a
semiótica. Define interação social como aquilo que constitui o indivíduo como membro de uma
cultura ou sociedade determinadas. A mensagem é a construção de signos que, pela interação
com os recetores, produzem significados. O emissor, definido como transmissor da mensagem,
perde importância. A ênfase vira-se para o texto e para a forma como este é “ lido”.

A comunicação é relação → é um processo no qual cada um de nós está envolvido quer queira
quer não, podendo estar envolvido pela ausência no processo.

No interior desta conceção, estar em relação é estar em comunicação, supondo que aquilo que
esteja em causa seja de ordem não consciente e não voluntária.

O modelo orquestral da comunicação da Escola de Palo Alto (ou Colégio Invisível)

… do círculo ao segmento…
… recuperação do círculo…

Comunicação linear: transmissão Comunicação em processo


Sentido predominante: terá de Cibernética, Teoria dos

esperar por meados do séc. XX Sistemas, Palo Alto


para ser questionado

Cibernética
• Desenvolvida por Norbert Wiener.
• Introduz a noção de circularidade causal: todo o efeito reage sobre a sua causa.

Retroação do efeito sobre a sua causa ou retro alimentação do processo =


Feedback
(reação de resposta à mensagem recebida e sua influência no estímulo)

Implica

 Todo o processo dever ser concebido de acordo com um esquema circular.

• A partir a ideia de retroação, a explicação linear, torna-se antiquada.


• “A cibernética é uma forma de pensar o todo, em que olhamos para as relações entre
os elementos (…) em vez de olharmos para as separações.” – Heinz Von Forrester

 Ideia geral da cibernética: Todo o efeito retroage sobre a sua causa.

Origina a teoria geral dos sistemas, que permite estudar todos os sistemas (humanos,
animais, etc.).

“Sistema – complexo de elementos em interação, sendo as interações de natureza não


aleatória.”
- Karl Ludwing Von Bertalanffly

Princípios da teoria geral dos sistemas:

Todo e qualquer sistema apresenta as seguintes características:

 É aberto → encontra-se em interação com o meio → é influenciado pelo meio e o meio é


influenciado pelo sistema.

 É passível de evolução, possuindo progressivamente novas características.


(Morfoestase – forças de equilíbrio e gestão do sistema/Morfogénese – forças que
alteram o sistema)

 O todo é maior do que a soma das partes: princípio da totalidade.

 Tem tendência para um estado final característico: princípio da equifinalidade.

• Gregory Bateson adopta a cibernética como um dos principais instrumentos de


reflexão.
Causalidade linear e circular
Quando os sistemas causais se tornam circulares, uma mudança em qualquer parte do círculo
pode ser vista como causa, mais tarde, em qualquer variável, em qualquer sítio do círculo.

(in Mind and Nature: A necessary unit, 1978)

Colégio Invisível?

Porque estes autores começam a escrever e a interessar-se pela comunicação


sem que os una uma relação formal ou institucional, sendo que as relações

que têm entre si são todas informais, encontrando-se muitas vezes no decurso de
colóquios ou encontros.
→ Os seus textos circulam nesta rede e é daí que são tiradas conclusões.

É esta invisibilidade de relações não institucionais que os caracteriza logo à partida.

Pragmática da comunicação

“De entre os milhares de comportamentos corporais possíveis, quais são os que cada cultura
pode considerar como sendo significativos?”

Une-os um postulado consensual:

Existem códigos de comportamento → Estes códigos organizam e selecionam o


comportamento pessoal e interpessoal, regulam a sua aplicação ao contexto e, portanto, a sua
significação.

“Nunca pode haver comunicação a dois. Qualquer processo comunicacional, mesmo o intra-
individual, coloca sempre em cena uma instância terceira: a instância institucional, que vigia,
normaliza e sanciona o dizer e o fazer dos protagonistas das expressões e ações trocadas.”

- Adriano Duarte Rodrigues

• Qualquer código é da ordem do simbólico e é prévio à relação concreta e à atualização


desses códigos.
• Nunca pode haver comunicação a dois, porque para eles se relacionarem, fazem-no
através de um terceiro, que é da ordem de múltiplos códigos.

Código(s) – Instância Institucional

A -------------- B
Comunicar não é só mas também

Postura
Um act o verbal Gestualidade
conscient e Olhar
volun tário Mímica
intencional Espaço interpessoal
Relaç ão dos interlocutores
Inflex ão de voz
Ced ência, ritmo, entoaç ão das
palavras

Análise de conte údo

Análise de contexto da comunicação


 Dá a entender que o que deve ser estudado são as mensagens.
 Todos estes códigos nos remetem para a existência de uma gramática invisível, na justa
medida em que se trata da conjugação dos diversos códigos possíveis.

“Assim como é possível falar fluentemente uma língua e no entanto não fazer a mínima ideia da
sua gramática, obedecemos permanentemente a regras de comunicação, a uma “gramática” da
comunicação, de que não estamos conscientes.”

- Paul Watzlawick, in The International View

• Nós estamos constantemente, segundo estes autores, a fazer uso destes códigos,
sendo que estamos constantemente a interagir.

Todo o comportamento (e não unicamente o discurso) é comunicativo Comunicação


= Comportamento

• A aprendizagem destes códigos faz-se no “caldo” relacional/no quotidiano, através da


socialização.

Teoria afasta estes teóricos dos outros

A situação de comunicação é extremamente complexa e toda a significação da comunicação está


contida na mensagem. Para se proceder ao estudo da comunicação, pode-se fazer uma análise
do conteúdo da mensagem.

• Sendo que a comunicação supõe a existência de gramáticas invisíveis do comportamento,


não faz sentido que seja só realizado o estudo das mensagens, sendo necessário um
estudo de todo o contexto comunicacional  muito complexo → é o teórico que o tem que
fazer, deslindando as gramáticas invisíveis.
• A posição destes autores baseia-se em olhar para a comunicação como um todo num
sistema maior de interação → não faz sentido separar para um lado a comunicação
verbal/consciente e para o outro todas as outras atitudes de um ser → é como um médico
estudar fisiologia e não estudar o coração.
• Cada situação de comunicação é um espaço de tempo em que estão em ação diversos
códigos que se conjugam com gramáticas invisíveis.
 O investigador tem que deslindar como é que esses códigos se desdobram,
formando mensagens complexas.

Comunicar é participar do simbólico  Pôr os códigos em ação


A metáfora da orquestra

• Vem opor-se à metáfora do telégrafo (Módulo II).


• Entende-se que a comunicação é um sistema de múltiplos canais, no qual o ator social
participa, quer queira quer não. Ele faz parte da comunicação como um música numa
orquestra.

Que semelhanças existem entre a comunicação de Palo Alto e uma orquestra?

• Numa orquestra há músicas, instrumentos, um maestro, o conhecimento próprio de cada


pessoa e treino.
• Na comunicação, múltiplos atores sociais executam comportamentos regulados por
códigos:
 São o equivalente a um código que é o da língua musical e as execuções
particulares semelhantes às partituras.

• A comunicação é uma performance dos códigos, que estabelecem uma determinada linha
a seguir que apresentará um estilo próprio.
• Na comunicação, os códigos não são aprendidos conscientemente/não são passíveis de
serem escritos, ao contrário do que acontece numa partitura, que está objetivada.
• Numa situação de comunicação não há “maestro”.

Objetivo da metáfora da orquestra: fazer compreender que cada indivíduo participa na


comunicação e que não deve ser considerada a sua origem ou o seu fim.

Modelo da orquestra

- Presença física dos interlocutores

Cada indivíduo Não é a origem ou participa na


A
comunicação B o fim da comunicação
C

A B E/R E/R
• Não há emissor ou recetor. São todos simultaneamente emissor e recetor.
• São emitidos comportamentos a todo o momento.
 E e R não são pessoas → são lugares que as pessoas ocupam simultaneamente no
decurso de uma interação.

Embora estes autores desenvolvam uma atitude empírica (trabalhem sobre o que é observável →
comportamento), não desenvolvem a atitude positivista. Não se quantificam efeitos. A forma como
a comunicação é vista não é linear. A causalidade presente, ao invés de ser estudada pelo padrão
behaviorista, trata-se de uma circularidade causal → a resposta é, ela própria, causa.

Sujeito/Objeto ≠ Sujeitos
Há uma relação entre sujeitos, em que o próprio sujeito integra o contexto em que estuda.

Três níveis do estudo da comunicação:

Sintaxe → problemas da transmissão de informação sem ênfase no significado.


Semântica → o significado é o objeto principal.
Pragmática → os efeitos comportamentais da comunicação.

• A teoria matemática entende que o nível da sintaxe é fundamental. Preocupa-se com


questões dos canais da comunicação, com a sua rentabilidade, com os seus problemas.
• As teorias dos efeitos ilimitados estão mais preocupadas com os dois últimos níveis.
Preocupam-se em manipular.
• Palo Alto ocupa-se, essencialmente, da pragmática porque os outros elementos do nível
técnico/sintaxe se refletem e têm de ser representados aqui → uma unidade de
comportamento é relembrada por alguém.
• Por outro lado, Palo Alto considera as questões que se prendem com as palavras, com as
mensagens. Porém, elas virão a ocupar um lugar distinto, quando forem articuladas com
gestualidade, olhar, entoação, etc. Também não se ficam pelas questões da semântica.
Puxam-nas para o campo da pragmática.

Comunicação e comportamento são usados como sinónimos

Todo o comportamento é comunicação e


Toda a comunicação afeta o comportamento

Sendo que, para estes autores, a essência da comunicação residirá nos processos de
comunicação em curso, nos sistemas de interação

A essência da comunicação reside nos processos relacionais/sistemas de interação.


Axiomas da comunicação
Comunicação e comportamento enquanto sinónimos: todo o comportamento é comunicação, isto
é, tem o valor de mensagem, e toda a comunicação afeta o comportamento.

Axioma 1: não se pode não comunicar


Se todo o comportamento tem o valor de mensagem, sendo comunicação, é impossível não
comunicar. Não existe não-comportamento e comunica-se mesmo que não se queira
comunicar, isto é, comunicar não é apenas um ato consciente, voluntário e intencional.

Comunicar pode ser feito de forma inconsciente, involuntária e não intencionada. Todo o
comportamento gera comportamento, desde que seja captado.

Exemplo: um passageiro ao sentar-se sossegadamente num avião com olhos fechados não quer
comunicar, mas comunica (através dos olhos fechados) isso mesmo: que não quer falar com
ninguém nem que falem com ele. O passageiro comunicou que não queria comunicar, mas
comunicou. Os restantes passageiros do avião captam o comportamento desse passageiro (em
não querer comunicar) e comportam-se de forma a respeitá-lo. Isto é, todo o comportamento gera
comportamento, desde que seja captado.

Axioma 2: toda a comunicação tem um nível de conteúdo e um


nível de relação
Qualquer comunicação tem dois níveis:

• Conteúdo: transmissão de informação (aspeto relato);

• Relação: interação, indução do comportamento (aspeto ordem).

A comunicação não transmite apenas informação, pois, ao comunicar, implicitamente se define um


compromisso e consequentemente uma relação.

Exemplo: uma pessoa quer multiplicar dois número. Para isso precisa que lhe sejam enviados os
dados, neste caso, os dois números (conteúdo/aspeto relato). Depois, necessita de receber as
instruções de como multiplicar (relação/aspeto ordem).

NÍVEL CONTEÚDO NÍVEL RELAÇÃO

Os dois níveis complementam-se. O nível da relação classifica o do conteúdo e é, por isso,


uma metacomunicação (surge quando se deixa de usar comunicação para comunicar e passa-se
a usar comunicação para comunicar sobre comunicação).

O nível de relação nem sempre se expressa consciente e deliberadamente, podendo ser um ato
verbal ou não-verbal.
Na maior parte das comunicações, transmite-se essencialmente informação e nem sempre há um
relacionamento de forma a definir o “eu” e provocar reconhecimento por parte do “outro”.
Comunica-se muitas vezes para ganhar conhecimento apenas.

Axioma 3: a natureza de uma relação está na contingência da


pontuação das sequências comunicacionais entre os intervenientes
Qualquer interação implica uma sequência comunicativa que se estrutura implicitamente pelos
interlocutores: é uma sequência ininterrupta de trocas.

Ninguém reconhece que o seu comportamento além de ser resposta é também estímulo e reforço.

A discordância acerca da pontuação da sequência origina conflitos.

É espontâneo supor que o outro possui a mesma quantidade de informação e que se deve extrair
dela as mesmas conclusões.

Na origem destes desacordos da pontuação está a convicção de que só existe uma realidade:
“uma só realidade origina desacordos”.

Exemplo: um casal possui um problema marital na medida em que o marido se retrai


passivamente e a esposa censura-o. O marido dirá que se retrai para se defender das críticas da
mulher enquanto a esta o crítica e censura pela sua passividade. Ambas as partes mostram uma
“distorção da realidade”; nenhum assume que é além de respostas, também estímulo e reforço; e
supõem que o outro deve retirar as mesmas conclusões. Aqui é difícil metacomunicar.

Axioma 4: a comunicação pode ser analógica ou digital


A linguagem digital tem uma sintaxe lógica, complexa e cómoda, mas necessita de uma semântica
apropriada ao nível da relação (comunicação verbal). A linguagem analógica possui esta
semântica mas não a sintaxe lógica (comunicação não-verbal).

As palavras (comunicação digital) são representações segundo uma convenção. São sinais
arbitrários, manipulados segundo uma sintaxe lógica. Na comunicação analógica, a “coisa” é
representada por uma semelhança autoexplicativa, que é mais facilmente compreendida.

Exemplo: a frase “O gato apanhou o rato” é comunicação digital. Para convertê-la em


comunicação analógica, poder-se-ia apontar para o gato e para o gato, com gestos adequados,
ou, alternativamente, fazer um desenho.

Quando se ouve uma língua estrangeira, entender-se-á melhor através da presença de sinais, ou
seja, através da comunicação analógica do que ouvindo incessantemente frases faladas. Nos
relacionamentos, confia-se muito na comunicação analógica.

Os dois modos de comunicação coexistem, articulam-se e comunicam-se em todas as


mensagens, mesmo sendo possível distingui-los.
Comunicação Analógica Comunicação Digital

Não tem sintaxe lógica (sem comparações, Tem sintaxe lógica (com comparações,
adversões ou condicionais) adversões ou condicionais)

Tem semântica Não tem semântica

Nível comunicacional da relação: Nível comunicacional do conteúdo:


Interação Transmissão de informação

Não tem negação Tem negação

Expressão difícil de conceitos abstratos Expressão fácil de conceitos abstratos

Não-verbal Verbal

Não tem indicadores que reduzem a Tem indicadores que reduzem a ambiguidade
ambiguidade da interpretação da interpretação

Com perda de informação Sem perda de informação

A comunicação analógica tem interpretações digitais muito diferentes e por vezes incompatíveis,
pois cada um digitaliza conforme a sua conceção da natureza das relações, levando a
interpretações erradas. A comunicação digital, por seu lado, pode ser inconveniente e
inadequada, pois, por vezes mesmo dizendo, não se diz na realidade.

Exemplo: um casal namora (nível da relação, analógico) e decide casar, assinando o contracto
matrimonial (nível do conteúdo, digital).

Axioma 5: todas as permutas comunicacionais ou são simétricas ou


são complementares, conforme se baseiem na igualdade ou na
diferença
Quando a interação não é simétrica nem complementar, a mesma é incompatível. Um desacordo
no domínio da relação é mais importante que um desacordo ao nível do conteúdo.

Os problemas ao nível relacional surgem quando a interação muda de complementar para


simétrica. No complementar, tem-se um interveniente dominante; no simétrico, não.

Exemplo: na relação pais/filhos, esta é uma interação complementar quando os filhos são
pequenos; à medida que estes vão crescendo, os problemas surgem, ou seja, a interação muda
de complementar para simétrica.

É ao nível da relação que se situam as bases para interações saudáveis ou conflituosas. Nas
interações saudáveis não existe problemas relativos ao nível do conteúdo porque não há
conflitos ao nível da relação. Nas interações conflituosas existe uma luta constante acerca da
natureza das relações, o que faz com que o conteúdo não passe.

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