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2 Tm 3. 1-17. Permanece no Evangelho!

Na história bíblica era comum quando se percebia a eminência do fim da vida passar a outros suas
últimas vontades e mesmo abençoar os filhos.
Abraão fez isso, Isaque também fez. Davi quando estava para morrer deu instruções bem detalhadas a
Salomão quanto ao que ele deveria fazer após a morte de Davi seu Pai.
E agora nessa segunda carta escrita por Paulo a Timóteo iremos também encontrar instruções muito
claras de Paulo a Timóteo a cerca de grandes responsabilidades que seriam colocadas sobre seus ombros
após a morte de Paulo.
O apóstolo Paulo, já idoso, está preso numa cadeia em Roma, de onde sairira apenas para a morte. E
é da cadeia que ele escreve.
O seu trabalho apostólico está concluído. Antes de morrer ele precisa tomar providências para que, após
sua morte, a fé cristã continue sendo transmitida sem contaminações às gerações futuras.
Essa difícil missão agora é de Timóteo. Timóteo deve guardar fielmente o que recebeu, e transmitir a
outros fiéis, que por sua vez sejam também idôneos para ensinar outros.
Depois de ter sido solto da primeira prisão (a domiciliar, em Roma), Paulo novamente sai em seu
ministério de pregação. Foi a Creta, onde deixou Tito (Tt 1:5) e depois a Éfeso, onde deixou Timóteo (1
Tm 1: 3, 4).
Ele viajou até Colossos para encontrar-se com Filemom, conforme planejara (Fm 22), e chegou a
Macedônia (1 Tm 1; 3). Na Macedônia visitou Filipos (Fp 2: 24). Da Macedônia enviou a primeira carta a
Timóteo, que se achava em Éfeso, e a sua carta a Tito, que se encontrava em Creta.

1
Paulo cumpriu a promessa de visitar Timóteo em Éfeso (1 Tm 3:14,15). Depois ele passou em Mileto (2
Tm 4:20); depois foi a Trôade deixando lá sua capa e alguns livros (2 Tm 4: 13).
Em seguida foi a Corinto; e foi até Roma. Em algum lugar, nessa viagem, Paulo foi preso de novo.
Não conhecemos as circunstâncias, mas sabemos que foi novamente aprisionado e que, desta vez, teve
de suportar grande sofrimento, do qual não houve escape.
A tradição conta que Paulo foi decapitado em Roma. Pouco antes de morrer Paulo enviou a sua segunda
carta a Timóteo.
Além de ser uma comunicação muito pessoal ao seu amigo Timóteo, esta carta é também o registro de
sua última vontade, o seu testamento à Igreja.
A carreira de Paulo como obreiro do evangelho estava no fim. Por cerca de 30 anos, ele pregou as boas
novas, fundou igrejas, defendeu a fé e instruiu a muitos.
Paulo combateu o bom combate, completou a carreira e guardou a fé. Agora ele aguarda somente a
coroa da vitória. Agora um prisioneiro, depois um mártir.
Mas o que aconteceria ao evangelho depois da sua morte? O imperador Nero queria destrir a igreja
cristã. O número de hereges aumentava. Quem lutaria pela verdade do Evangelho, após sua morte? Isso
O inquietava, enquanto estava preso.
Timóteo é lembrado que agora o tesouro do evangelho lhe foi entregue, agora era a sua vez de assumir
responsabilidade por ele, de pregá-lo e ensiná-lo, de defendê-lo contra os ataques e contra a falsificação,
e de garantir a sua transmissão às gerações futuras.
Essa carta tem quatro partes: Capítulo 1: Guarda o Evangelho! Capítulo 2: Sofre pelo Evangelho!

2
Capítulo 3: Permanece no Evangelho! Capítulo 4: Prega o Evangelho! E eu quero me deter nessa noite
no capítulo 3: Permanece no Evangelho.
Paulo se preocupa com o futuro do Evangelho, com o futuro da Igreja. Sua mente pensa na maldade
dos tempos, na timidez de Timóteo. Timóteo não é muito forte, mas a oposição será forte!
1. Enfrentando tempos difíceis (vs. 1,2a)
Sabe, porém, isto: nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis; pois os homens serão egoístas,. ..
Por que Paulo inicia dando uma ordem a Timóteo: "sabe, porém, isto"? A existência de uma grande
oposição ao evangelho era evidente.
Por que, então Paulo ordena que Timóteo saiba algo que ele já sabe? O objetivo de Paulo é demonstrar
que a oposição ao Evangelho não é uma situação passageira, mas uma característica permanente.
Paulo quer evitar que Timóteo fique muito otimista, na esperança de que, se ficar quieto por algum
tempo, a situação vai melhorar. Paulo não lhe dá esta esperança.
Nós também devemos "saber isto", ficar bem cônscientes dos perigos e dificuldades que nos cercarão,
se permanecermos firmes na verdade do evangelho.
Paulo a seguir fala dos últimos dias. Paulo não fala de uma época futura perto do fim, quando Cristo
retornar. Os últimos dias já começaram com a vida, morte e ressureição de Jesus.
Estamos vivendo nos "últimos dias" e esperando o último dia, o dia do Juízo. Esses uíltimos dias se
iniciaram com Jesus Cristo, o Filho de Deus.
O que temos em 2 Tm 3 é uma descrição do presente, e não do futuro. Paulo retrata todo o período
que vai da primeira a segunda vinda de Cristo. Dentro desses últimos dias ele trata da situação da Igreja
Cristã em todos os momentos da história.

3
Timóteo já estava vivendo nos últimos dias. Nós também estamos. Estes dias podem ser piores no
futuro, mas já agora os tempos são maus e perigosos.
Nestes últimos dias, Paulo diz "sobrevirão tempos difíceis". Timóteo deve entender que os últimos dias
não é que eles sejam iguais e permanentemente maus, mas que há períodos mais perigosos. A história
da Igreja confirma que tem sido assim.
Paulo chama estes períodos de "tempos difíceis" tanto no sentido de "difícil de suportar" (como por
exemplo no caso da dor física), como também no sentido de trabalhoso, perigoso, ameaçador"
Isto nos dá uma idéia de como são os tempos que a igreja irá enfrentrar nos últimos dias. Estes serão
dolorosos e perigosos, difíceis de suportar, difíceis de serem enfrentados.
Paulo diz qual a razão disso: pois os homens serão. É preciso compreender que os homens é que são
os responsáveis pelos tempos difíceis pelos quais a igreja passará.
Homens maus, homens de natureza pervertida, de comportamento egoísta e inimigos de Deus, cujas
mentes são contrários a Deus e à sua vontade que espalham maldade, heresia e morte dentro da Igreja.
Para que não haja dúvida Paulo descreve os homens maus
2. Os homens maus são descritos (vs. 2-9).
Pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos
pais, ingratos, irreverentes, 3desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos
do bem, 4traidores, atrevidos, enfatuados, antes amigos dos prazeres que amigos de Deus.
Paulo define a conduta moral (vs. 2 a 4), a prática religiosa (v.5) e a disposição de fazer discípulos (vs.
6-9) deles.
a. A conduta moral (vs. 2-4)

4
Nestes versículos, Paulo usa dezenove expressões para descrever os homens maus responsáveis pelos
"tempos difíceis".
Chamo sua atenção à primeira e à última frase: A primeira diz que são egoístas, ou "amigos de si
próprios"; e a última (v.4) diz que não são "amigos de Deus".
Por 4 vezes Paulo refere-se a amor, indicando que o que está errado com essas pessoas é que o seu
amor está mal dirigido.
Ao invés de em primeiro lugar amarem a Deus são egoístas (amam a si mesmos), avarentos (amam o
dinheiro), amigos dos prazeres amam os parzeres (v.4).
Além dessas quatro expressões temos outras quinze que descrevem a quebra no relacionamento entre
os homens.
As três primeiras falam de um amor egocêntrico. Os homens egoístas tornam-se jactanciosos,
arrogantes e blasfemadores.
A primeira palavra significa fanfarrões, e a segunda soberbos ou vaidosos o que conduz, naturalmente,
à terceira: difamadores, porque quem têm uma opinião exagerada sobre si mesmo menospreza os outros
e fala mal dos outros.
As cinco palavras seguintes podem ser agrupadas, pois se referem à vida familiar e especialmente à
atitude que alguns jovens têm em relação a seus pais.
As primeiras são: desobedientes aos pais, a quem os filhos devem honrar, conforme a Escritura, a quem
devem obedecer e ingratos, sem amor aos pais.
Depois vem irreverentes, sem respeito com os pais. Desafeiçoados, sem amor. A última palavra é
implacáveis, que não são capazes de perdoar.

5
Essas palavras descrevem a situação de pessoas em revolta que nem ao menos pensam na possibilidade
do diálogo.
Numa sociedade ideal a atitude dos filhos para com seus pais deveria ser de obediência, gratidão,
respeito, afeição e perdão. Nos tempos difíceis estas coisas não existem.
As últimas sete palavras da lista ultrapassam a vida familiar. A primeira é caluniadores (diaboloi,
diabos), mentirosos. Eles são culpados do pecado de falar maldades e mentiras contra outros,
especialmente na sua ausência.
Eles são também sem domínio de si, ou incontroláveis sem autocontrole; cruéis ou maldosos; e
inimigos do bem ou sem amor para com os bons.
E ainda eles são traidores, atrevidos (ousados em palavras e ações) e enfatuados ou orgulhosos se
acham muito importântes. Vejam que voltamos ao pecado que iniciou essa lista: o orgulho.
Todo este comportamento errado no que se refere às relações humanas, essa atitude de desobediência,
ingratidão, desrespeito, desumanidade para com os pais, juntamente com esta falta de autocontrole, de
lealdade, de prudência e de humildade, isso é a inevitável conseqüência de um egocentrismo sem Deus.
Aquele que é presunçoso, soberbo e orgulhoso, com certeza jamais fará algo em prol dos outros. O
mandamento de Deus, é que amemos a Deus em primeiro lugar (com todo nosso coração, com toda a
nossa alma, com toda a nossa mente, e com todas as nossas forças).
E em segundo lugar, devemos amar ao nosso próximo; e, por último, a nós mesmos. Se invertermos a
ordem, pondo o eu em primeiro lugar, isto é, o ego antes de tudo e Deus no fim tudo se torna muito
complicado.

6
O que causa tempos difíceis é que os homens são egoístas ao extremo, amigos de si próprios. Somente
o evangelho oferece uma solução para este problema, somente o evangelho produz um novo nascimento,
uma nova criação.
O Evangelho leva a uma mudança radical de egoísta para altruísta, uma nova orientação da mente e da
conduta, tornando-nos centrados em Deus, ao invés de egocêntricos.
Assim estando Deus em primeiro lugar e o ego em último, amamos o que Deus ama, e procuramos dar
e servir como ele o faz.
b. A prática religiosa: 5 tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também
destes.
Por incrivel que pareça pessoas como estas que são indiferentes à lei de Deus, também são religiosas.
Mas é verdade. A Escritura nos testifica esse fato.
Ao longo da história do cristianismo em muitas ocasiões os religiosos não agradavam a Deus. Essa
pratica nos dias de Isaías fez com que Deus enviasse a seu povo o seguinte recado:
As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou
cansado de as sofrer. Pelo que, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; sim,
quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue Lavai-
vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos: cessai de fazer o mal, aprendei
a fazer o bem; Is 1:14-17.
Essa mesma prática era comum entre as pessoas que Paulo está descrevendo. Elas mantinham
exteriormente uma forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder (v.5).

7
Essas pessoas participavam do culto da igreja. Cantavam os hinos, diziam o amém às orações, e
colocavam dinheiro no gazófilacio.
Tinham aparência e palavras aparentemente piedosas. Mas era forma sem poder, aparência externa
sem realidade interna, religião sem moral, fé sem obras.
A verdadeira religião combina forma e poder. Não se trata de uma forma externa, sem poder. A
verdadeira religião promove uma adoração que é essencialmente espiritual, que nasce do coração, que
se expressa em culto público na Igreja, com conseqüências no comportamento moral.
De outra forma nossa adoração além de ser sem valor é também uma abominação ao Senhor. Por isso
Paulo acrescenta: foge também destes.
Não é que Timóteo deve evitar todo contato com os pecadores, porque Jesus mesmo foi amigo dos
publicanos e pecadores, e se fosse para Timóteo evitar associação com eles, teria então que sair do
mundo.
Paulo está aqui falando dos que estão dentro da igreja, já que está descrevendo uma espécie de
cristianismo pagão; e Timóteo deveria manter distância desses, a quem se poderia chamar de pecadores
religiosos.
c. Essas pessoas faziam discípulos (vs. 6-9) . 6Pois entre estes se encontram os que penetram
sorrateiramente nas casas e conseguem cativar mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de
várias paixões, 7que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade. 8E, do modo
por que Janes e Jambres resistiram a Moisés, também estes resistem à verdade. São homens de todo
corrompidos na mente, réprobos quanto a fé; 9eles, todavia, não irão avante: porque a sua insensatez
será a todos evidente, como também aconteceu com a daqueles.

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Essas pessoas que Paulo descreve cheias de malícia e de orgulho, totalmente afastadas de Deus, não
somente eram pessoas religiosas, mas também ativas pregadoras da sua religião.
A vontade de fazer discípulos dessas pessoas está resumido na palavra cativar. Aqui cativar significa,
aprisionar, tem o sentido de iludir, desencaminhar.
Essas pessoas agiam de forma secreta. Agiam como ladrões. Entrando escondido, esses pregadores da
heresia introduziam-se nas casas.
Escolhendo uma hora em que os homens estavam ausentes, eles concentravam a sua atenção em
mulherinhas.
Essa tática é tão velha quanto a queda do homem, pois a serpente enganou Eva primeiro. Assim também
agiam os falsos mestres.
Paulo fala das mulheres vítimas dos falsos mestres com a palavra mulherinhas, elas são mulheres sem
firmeza. A fraqueza delas tinha dois lados. Eram moralmente fracas, carregadas de pecados, afetadas por
várias paixões.
E os falsos mestres, infiltrando-se nas casas delas, tocavam nos sentimentos de culpa e de fraqueza
que elas tinham. Além disso elas eram fracas, instáveis, crédulas e ingênuas.
Eram do tipo de mulheres que aprendem sempre mas que jamais chegavam ao conhecimento da
verdade. Eram pessoas confusas.
E nesse estado de confusão mental, é fácil dar ouvidos a qualquer mestre, até mesmo a um trapaceiro.
Como exemplo de mestres falsos Paulo fala de Janes e Jambres que foram dois mágicos importantes na
corte de Faraó.

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Paulo identifica Janes e Jambres que se opuseram a Moisés e estes os falsos mestres de seus dias, que
também se opunham à verdade.
Janes e Jambres eram mágicos; os falsos mestres também eram perversos e impostores (v.13). Janes
e Jambres se opuseram a Moisés, assim também os falsos mestres da Ásia se opunham à verdade.
Paulo diz que são homens corrompidos na mente. Além disso, Paulo está certo de que tais homens não
irão avante, mas sim irão de mal a pior (v.13). Esses falsos ensinos poderiam temporariamente espalhar-
se. Mas seu sucesso seria limitado e passageiro.
Como Paulo pode ter certeza disso? Porque a sua insensatez será a todos evidente, como também
aconteceu com a de Janes e Jambres.
Em nossos dias os falsos mestres, que se opõem à verdade e perturbam a igreja estão agindo com
métodos enganosos. Mas não temamos, mesmo que algumas pessoas sejam envolvidas, mesmo que a
mentira se torne moda.
Pode ser que o erro se alastre e fique popular por algum tempo, mas não irão avante. Porque no fim a
verdade será restabelecida. Esta é uma lição muito clara na história da Igreja.
Ao chegarmos aqui vemos com clareza o que esses tempos difíceis significam, como ocorrem
periodicamente nos últimos dias em que vivemos, e como surgem.
É porque no campo de Deus (o mundo) em que ele semeou trigo, aí o diabo semeou joio. O diabo tem
os seus agentes secretos dentro da igreja. Dentro da igreja, no meio da Igreja há pessoas de caráter e
de conduta imorais, de religiosidade puramente exterior, de mentes corruptas e de fé fingida.

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Amam mais a si mesmos, ao dinheiro e aos prazeres, do que a Deus e a seus semelhantes. Retêm a
forma de religião, mas negam o seu poder. Opõem-se à verdade e procuram ganhar os fracos com seus
erros perniciosos. São perversos moral, religiosa e intelectualmente.
Este é um retrato da sociedade permissiva, que tranquilamente tolera qualquer desvio dos padrões
cristãos de justiça e verdade; este espírito já se infiltrou na igreja.
Timóteo, porém, não deve contagiar-se, mas resistir corajosamente.
3. Permanecendo firme na fé (vs. 10-15)
Tu, porém, tens seguido de perto o meu ensino, procedimento, propósito, fé, longanimidade, amor,
perseverança, 11as minhas perseguições e os meus sofrimentos, quais me aconteceram em Antioquia,
Icônio e Listra, - que variadas perseguições tenho suportado! De todas, entretanto, me livrou o Senhor.
12
Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. 13Mas os homens
perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados. 14Tu, porém, permanece
naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste. que desde a infância
sabes as sagradas letras que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus.
Nesse parágrafo Paulo usa duas vezes duas palavras que aparecem no início dos vs. 10 e 14 e são
traduzidos por "TU, PORÉM".
Em contraste à situação daquela época de declínio moral, de religião falsa, de crescimento de falsas
doutrinas, Timóteo é chamado a ser diferente e, se necessário for permanecer sozinho.
Cada cristão é chamado a ser diferente do mundo. "Que o mundo que nos rodeia não vos coloque nos
seus próprios moldes" (Rm 12:2,).

11
As pressões sobre nós para que nos conformemos com este mundo são enormes. Tanto com respeito
aos princípios tradicionais de nossa fé e conduta. Mas também com respeito ao mundanismo e secularismo
que se infiltram na igreja.
Muitos cedem. Mas a cada passo a palavra de Deus nos alerta a permanecermos inabaláveis.
Não devemos ser como a folha de bananeira agitada pelo vento, que se dobra em qualquer direção que
o vento soprar; pelo contrário, devemos ser como a rocha firme, que não se abala.
Paulo lembra a Timóteo o seu procedimento até este ponto: "tu, porém, tens seguido (ou observado)
de perto o meu ensino (v.10).
Depois ele o exorta a continuar no mesmo caminho: "permanece naquilo que aprendeste" (v.14). Os
vs. 10 a 13 descrevem o passado fiel de Timóteo a Paulo, e os vs. 14 a 17 recomendam-lhe, com
insistência, a permanecer fiel no futuro.
Os dois verbos principais resumem o propósito deste parágrafo: "Tu me tens seguido fielmente até
agora (v.10); continua, pois, a agir assim (v. 14).
a. O passado (vs. 10-13)
Até agora Timóteo seguiu a Paulo. O verbo tem o sentido de ir atrás de uma pessoa, para onde quer
que ela vá, seguindo as suas pegadas.
Paulo fala de uma entrega total da mente e da vida, como no caso de um "discípulo" ou um "seguidor
de fulano de tal".
Paulo quer que Timóteo se lembre de que ele "conheceu plenamente" a doutrina e a conduta do apóstolo
ao ponto de tornar um dedicado discípulo seu.

12
Ele se apossou do ensino, creu nele, absorveu-o e viveu de acordo com o mesmo. Ele começou
observando o modo de vida do apóstolo e depois passou a imitá-lo.
Por ser um apóstolo e seguidor de Cristo, Paulo convidou outros a segui-lo: "Sede meus imitadores,
assim como também sou de Cristo" (1 Co 11: 1). Ele até mesmo se pôs como padrão: "Irmãos, sede
imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós" (Fp 3: 17).
Assim tanto na fé como na prática, no "ensino" e no "procedimento" (v.10) Timóteo tornou-se um fiel
seguidor de Paulo. Ele o seguiu passo a passo.
O contraste com o primeiro parágrafo deste capítulo é claro. Os homens lá descritos seguiam as suas
próprias inclinações (amavam a si mesmos, o dinheiro e os prazeres).
Timóteo, por outro lado, seguia um padrão totalmente oposto, isto é, o ensino e o exemplo de Paulo,
apóstolo de Cristo.
Assim, Paulo prossegue mostrando as características de sua vida, em contraste com aquelas dos
amantes de si mesmos, a que ele se referiu nos versículos 2 a 5.
"Pois os homens serão egoístas . . . Eles serão e farão isso e aquilo. Tu, porém, Timóteo, tu (bem
diferente deles), segue a mim, o meu ensino, a minha conduta etc."
Preciso fazer uma observação aqui. Paulo não está se vangloriando. Ele tem algumas razões para
chamar a atenção para si mesmo.
Ele fala primeiro da sua doutrina, e prossegue fornecendo duas evidências bem claras da verdade da
sua doutrina: a vida que vivia e os sofrimentos que suportava.

13
Na verdade, estas são provas da sinceridade de uma pessoa, e mesmo da verdade ou falsidade de seus
princípios. Está alguém realmente convencido da sua posição, a ponto de praticar o que prega, e a se
acha preparado para sofrer pelo que crê?
Suas crenças fizeram dela uma pessoa melhor, mesmo diante dos problemas? Paulo podia responder
afirmativamente a estas duas perguntas!
Os falsos mestres viviam vidas de falsidade, e seria fora de propósito esperar deles disposição para
sofrer por seus pontos de vista; eles eram muito fracos para isto.
O apóstolo Paulo, contudo, vivia uma vida de acordo com a sua posição, uma vida de justiça, de controle
próprio, de fé e de amor, e permaneceu inabalável quanto a seus princípios, mesmo em meio a muitas e
graves perseguições.
Timóteo tinha "seguido" as perseguições de Paulo, primeiro observando-as, e depois compreendendo
que deveria delas participar, porque não poderia comprometer-se com a doutrina e com a conduta de
Paulo, sem também envolver-se com o sofrimento dele.
No v. 12 Paulo fala que a sua experiência não era privilégio só seu. Ele procurou viver piedosamente
em Cristo Jesus servindo a Deus mais do que a si mesmo, e por isso sofreu.
E Paulo diz que todos os cristãos que em Cristo Jesus querem viver piedosamente serão perseguidos.
A piedade provoca a oposição do que é mundano; sempre foi assim. Assim foi com Cristo, e ele mesmo
disse: Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim. Se vós fôsseis
do mundo, o mundo amaria o que era seu; como todavia, não sois do mundo, pelo contrário dele vos
escolhi, por isso o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: Não é o servo maior do
que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros Jo 15:18-20.

14
Cristo considera o fato de que os discípulos estariam no mundo (vivendo entre as pessoas distantes de
Deus), ao mesmo tempo não sendo do mundo (vivendo uma vida de acordo com os padrões de Deus,
em Cristo).
A perseguição é inevitável para aqueles que estão no mundo, mas que vivem uma vida de acordo com
os padrões de Deus.
Esta perseguição é explicada, no versículo 13, pelas contínuas atividades dos falsos mestres. A respeito
deles Paulo é taxativo.
Chama-os de "homens perversos e impostores". Paulo diz que são "enganadores". Tais homens "irão
de mal a pior". O único avanço que eles fazem é para trás e não para frente, "de mal a pior".
Paulo não se refere ao sucesso deles como mestres, quando diz que "não irão avante" (v.9), mas refere-
se à deterioração intelectual e moral deles. Eles irão "enganando e sendo enganados".
"Eles começam seduzindo e acabam sendo enganados pelas próprias decepções; porque o engano leva
ao engano próprio".
b. O futuro (vs.l4 e l5).
Agora, pela segunda vez, Paulo inicia uma sentença com "Tu, porém", distinguindo Timóteo dos
"homens perversos e impostores", que acabou de descrever.
Antes ele fez um contraste entre Timóteo e os falsos mestres. Agora Paulo aponta um novo contraste:
"eles irão de mal a pior" e Timóteo deve "permanecer", ou continuar, naquilo que aprendeu e creu.
Essas palavras de Paulo são muito importantes principalmente quando começam a surgir inovações
dentro da igreja, feitas por "pessoas" com pretensões progressistas, os quais rejeitam tudo o que seja
tradicional.

15
Essas palavras são necessárias hoje quando os homens se orgulham de inventar "um novo Cristianismo"
com uma "nova teologia" e uma "nova moral", tudo isso dando sinais de um" novo cristianismo".
A igreja de cada geração deve traduzir a fé para o seu idioma, fazendo com que a Palavra imutável
possa se aplicar nesse mundo em mudanças.
Uma tradução, porém, é a entrega da mesma mensagem; não se trata de uma nova mensagem.
Contudo, isto é que alguns homens modernos estão fazendo, anunciando conceitos de Deus e de Cristo,
que Jesus e seus apóstolos nunca reconheceriam como sendo seus.
Os apóstolos advertiam constantemente quanto às novidades e os chamavam sempre a retornar à
mensagem apostólica original.
Aqui Paulo manda Timóteo permanecer naquilo que aprendeu. Timóteo aprendera com Paulo muitas
coisas e agora cria nelas firmemente. Mas, ele ainda deve continuar firme nessas coisas, não permitindo
que ninguém mude esta situação.
Sua ordem a Timóteo para que permaneça firme, constante, nas verdades aprendidas, apóia-se em dois
simples e claros argumentos, apresentados nos versículos 14b e 15.
Timóteo deve permanecer naquilo que aprendeu, porque sabe de quem aprendeu. O ensino que recebeu
era garantido por seu professor. E quem era ele?
Neste caso seriam professores também a sua avó Lóide e a sua mãe Eunice (as quais de fato lhe
ensinaram desde a sua infância) e, ainda, o apóstolo Paulo.
Timóteo, além de aprender o evangelho de Paulo e conhecer a autoridade de Paulo, "desde a infância"
havia sido instruído no Antigo Testamento por sua mãe e por sua avó, e conhecia as Escrituras.

16
Timóteo cria que elas eram divinamente inspiradas. Assim, outra razão para permanecer no que
aprendera de Paulo é a harmonia com as Escrituras.
Assim as duas razões pelas quais Timóteo deveria permanecer fiel a tudo o que firmemente cria eram
que ele tinha aprendido da escritura do Antigo Testamento e do apóstolo Paulo.
Os mesmos dois motivos se aplicam ainda hoje. O evangelho em que cremos é o evangelho bíblico, o
evangelho do Velho e do Novo Testamento, autenticado tanto pelos profetas de Deus, como pelos
apóstolos de Cristo.
E devemos tomar também a firme resolução de atender à exortação que Paulo deu a Timóteo, e
permanecer no que temos aprendido, em vista dessa dupla autenticação.
4. A origem e o propósito da Escritura (vs. 15b-17)
E que desde a infância sabes as sagradas letras que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em
Cristo Jesus. 16 Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça, 17a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
habilitado para toda boa obra.
Temos aqui duas verdades fundamentais a respeito da Escritura. A primeira concerne à sua origem (de
onde ela provém) e a segunda ao seu propósito (o que ela pretende).
A primeira verdade é que "toda Escritura é inspirada por Deus"; ela é "soprada" por Deus. "Toda
Escritura inspirada por Deus é útil". Este "é" indica que Paulo está afirmando que ela é inspirada e que
ela é útil.

17
Quando Paulo fala de toda Escritura ele se refere ao AT e ao NT que estava ainda sendo escrito. E Paulo
diz que ela é inspirada por Deus. Literalmente "soprado por Deus"; e isso significa que a Escritura foi
exalada por Deus.
Não devemos pensar na Escritura como já existente quando Deus soprou nela mas, sim, como trazida
à existência pelo sopro de Deus.
O que se afirma aqui é simplesmente que toda Escritura é "dada por Deus". Ela se originou na mente
de Deus e foi comunicada pela boca de Deus, pelo sopro de Deus, ou pelo seu Espírito.
Ela é no verdadeiro sentido do termo, "a Palavra de Deus", porque Deus a falou. É como os profetas
costumavam dizer: "a boca do Senhor o disse".
A segunda verdade neste trecho refere-se a que Paulo explica o propósito da Escritura: "ela é útil ao
ensino". E isso decorre precisamente do fato de ser inspirada por Deus.
Somente a sua origem divina garante e explica a sua utilidade para o homem. Para mostrar o que isso
significa, Paulo emprega duas expressões.
A primeira encontra-se no versículo 15: as sagradas letras podem tornar-te sábio para a salvação. A
Bíblia é essencialmente um manual de salvação.
O seu propósito mais alto não é ensinar fatos da ciência, que o homem pode descobrir por sua própria
pesquisa, mas sim ensinar fatos da salvação, que nenhuma pesquisa por mais elaborada que seja pode
descobrir, mas que somente Deus pode revelar.
A Bíblia toda explica o plano de salvação: a criação do homem à imagem do Deus; sua queda em pecado
através da desobediência, e o conseqüente juízo.

18
O amor de Deus para com ele, apesar de sua rebelião; o eterno plano de Deus para salvar através da
sua graça, culminando em Cristo; a vinda de Cristo, como Salvador, que morreu para levar o pecado do
homem; a ressurreição de Cristo de entre os mortos.
Sua exaltação no céu, e o envio do Espírito Santo; e o resgate do homem, primeiro da culpa e da
alienação, depois da escravidão, e finalmente da morte. Nada disso seria conhecido sem a revelação
bíblica: "a Escritura contém o guia perfeito da salvaçao.
A Bíblia instrui para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Assim, sendo a Bíblia é um livro de salvação, e
salvação por meio de Cristo, a Bíblia é essencialmente cristocêntrica.
O Antigo Testamento prenuncia e prefigura Cristo de muitas e diferentes maneiras; os evangelhos
contam a história do seu nascimento, da sua vida, das suas palavras e obras, da sua morte e ressurreição.
Atos descreve o que ele continuou fazendo e ensinando através dos apóstolos que escolhera,
especialmente a propagação do evangelho e o estabelecimento da Igreja, de Jerusalém a Roma.
As epístolas expõem a ilimitada glória da pessoa e da obra de Cristo, aplicando-a à vida do cristão e da
Igreja; o Apocalipse descreve Cristo agora no trono de Deus, prestes a vir para consumar a salvação e
juizo de Deus.
Paulo contínua mostrando que a utilidade da Escritura tanto se refere à doutrina como à conduta (16b,
17). Os falsos mestres divorciavam essas duas coisas; nós devemos uni-las.
Quanto à doutrina, "a Escritura é útil para ensinar a fé e corrigir o erro"; quanto à conduta, ela é útil
"para orientar a vida do homem e ensiná-lo a viver".

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Queremos, em nossas vidas deixar o erro e crescer na verdade, superar o mal e crescer na santidade?
Então é para a Escritura que devemos nos voltar antes de tudo, porque a Escritura é "útil" para estas
coisas.
Na verdade, a Escritura é o principal meio que Deus usa para levar "o homem de Deus" à maturidade.
É somente através de um dedicado estudo da Escritura que o homem de Deus pode tornar-se perfeito
e perfeitamente habilitado pura toda boa obra.
CONCLUSÃO
Desejo concluir essa mensagem nessa noite ressaltando alguns aspectos que são essenciais para a vida
cristã. Eu início essaa conclusão partindo do ponto em que terminei minha mensagem.
1) A Bíblia vem de Deus. Eu quero deixar bem claro aqui uma coisa: Não é a Igreja que autentica a
Palavra por sua interpretação, como a igreja romana sustentou em diversas ocasiões;
É a Bíblia que se autentica a si mesma como Palavra autoritativa de Deus e, é Ele mesmo Quem nos
ilumina para que possamos interpretá-la corretamente.
O que as Escrituras dizem, Deus diz; o que Deus diz, as Escrituras dizem!
A única forma correta de você conhecer a Deus é através de Sua Santa Palavra, a Bíblia. A Bíblia é a
Sua Palavra, escrita para benefício nosso. É presunçoso pensar que você pode conhecer a Deus, ou amar
a Deus, ou agradar a Deus, sem submeter-se à autoridade da Bíblia! Ela tem autoridade sobre nós.
2) O nosso tempo é um tempo de confusão teológica e moral onde todos os valores centrais do cristia-
nismo são questionados e massacrados.
O Evangelho deixou de ser a notícia da salvação de Deus aos homens para se tornar um produto de
consumo rápido e imediato que atenda as nossas necessidades materiais.

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Falta aos crentes compromisso com a Palavra de Deus e a coragem de realmente fazerem diferença no
meio em que vivem.
As verdades do evangelho têm sido maquiadas e até manipuladas para serem aceitas sem causar qual-
quer tipo de "escândalo" nas pessoas, modificando assim o próprio conteúdo da mensagem de Cristo.
Tudo isso tem sido feito com a intenção de tornar o Evangelho um produto mais agradável e de fácil
consumo pelas pessoas em geral,
À nossa sociedade é pluralista e permissiva. Os "tempos difíceis", em que estamos vivendo, são
desconcertantes. Paulo já sabia disso e desde a sua primeira carta ele já começou a alertar a Timóteo.
Paulo sabia que iria chegar o dia em que os crentes não mais iriam suportar a Sã dourina e se cercariam
de mestres que iriam falar exatamente o que querem ouvir.
Um tempo em que os crentes se recusariam a dar ouvidos a verdade. Um tempo onde muitos cristãos
seriam arrastados por uma onda de pecado e de erro.
"Tu, porém", Paulo nos diz, como o disse a Timóteo, "permanece naquilo que aprendeste, ainda que a
pressão para se acomodar seja muito forte. Não importa que sejas jovem, inexperientes, tímidos e fracos.
Não importa se acontecer de ficares testemunhando sozinho.
Até aqui seguiste o meu ensino; permanece, pois, daqui para a frente, naquilo em que vieste a crer.
Conheces as credenciais bíblicas da tua fé. A Escritura é inspirara por Deus, e útil.
Mesmo em meio a estes tempos difíceis, em que os homens maus e impostores vão de mal a pior, ela
pode te suprir e te equipar para o teu trabalho. Que a Palavra de Deus te faça um homem de Deus.
Permanece fiel ao evangelho, e ele te conduzirá à maturidade cristã."

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