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ALGUMAS ORIGENS DO CEARA (Continuacado do ultimo numero da Revista de i901). Parte documental I Certifico que revendo es papeis que se acham em meu poder ¢ cartorio, nelle achei o inyentario e partilhas que se foz dos Lens que ficaram do defunto pae do sup- plicante, o coronel Antonio Fernandes da Piedade, tocar a0 supplicante o sitio do Mindobim com todos os seus logradores, e do mesino inventario censta ser 0 suppli- canto filho legitimo do dito defunto o coronel Antonio Fernandes da Piedade, Passo o referido na verdada @ em fé de que passei a presente certidio em virinde do despacho retro do Juiz Ordinario, aos mesmos autos me reporto. Villa da Fortaleza, 2 de Maio de 1756. O ta- bellido publico, Luiz Marreiros de Sé Desta certiddo ¢ busca 560 reis. It Manocl Goncalves Pimentel, Tenente Coronel de ca- vallos desta capifania do Ceara grande, ete. Certifico DO INSTITUTO DO CBARA 135 que sendo no mez de Agosto de 1713, tendo feito liga algumas nagdes de Tapuyos aldeiados, como fossem os Anassés, Jaguaribaras e Payacus e outras para se rebel- larem e matarem todos os brancos, sem que para isto tivessem mais motives que a m4 inclinagdo, como com effoito a puzeram por obra. dando pelos moradores que viviam desenidados fiados na sna amizade nos arredores desta fortaleza em distancia de 5 até 20 leguas com impulso tio violento e barbaro que fizeram notavel es- trago de mortes, roubos e latrociuios por darem de repente e com ‘enganos debaixo de paz em que todos viviamos, fieande com esta primeira acgio tio ufanos que publi- cavam haviam de sitiar esta fortaleza, e que nao lhe havia de escapar braneo nenhum, a quai chegando em Aviso ao eapitio.mér Francisco Duarte de Vasconcellos, que go- yerhava esta capitania, que os Anassés tinham posto cerco 4 Aldeia dos Indios da Purangaba, distante desta forta- Jeza duas leguas, e se tinham recolhido algans moradores desta fortaleza me mandou o dito capitao-mér com toda providade montar a cavallo por cabo de 16° homens de cayallo, entre og quacs mé acompanhou o Tenente Co- ronel José Bernardo Uchda a soceorrer aquella parte, o levantar o cero 30s Indios sitiados, o qual com reso- lueio @ valor marchou logo comigo, vindo a dita Aldeia e achando ser falsa aquella noticia se retirou comigo a esta fortaleza, havendo-se o dito Tenente Coronel José Bernard» Ueda, nao 6 nesta, mas nag mais diligencias nestas sublevagdes de Gentio com aquella obediencia, zelo e valor que so podia esperar do seu bom procedimento, pelo que é digna e merecedor de que S. Magestade, que Dens guarde, Ibe faca todas as honras e mercés qne o dito senhor for servido fazor-Ihe. Passo o referido na yerdade pelo juramento dos Santos Evangelos, @ por me ser pedida a presente a passei por mim assignada, Fortaleza de N. S, d'Assumpedo, capitania do CearA grande aos 14 dias do mez de Setembro de 1715, Manoel Goq- galres Pimentel, 136 REVISTA TRIMENSAL my . Regimonto que ha de seguir o Tenenta Manoel Peroira da Silva. Os religiosos missionarios desta capitania me fizeram prezente por proposta o que convinha ao servico de Deuse de §. Alteza irem em missio as terras de [biapaba a tra- tarem do bem das almas da nacio dos tabajaras, os quaes estio ha annog faltos dos sacramentos que the admivis- travam os Religiosos da Companhia, cujas noticias lhe foram ditas, como tambem a mim declaradas pelo’ prin- cipal D, Jorge da Silva, que das ditas serras ehegou a esta praga, e para esta empresa espiritual se fazer com os seguros da vida do missionario que vae me pediu escolta de soldados e Indios que S$. Alleza me ordena dé em taes occasides. Ordeno ao Toncnte Manoel Pe- reira'da Silva marche com 30 bomeus e 150 Indios das Aldeias a franqnear a campanha que este Religioso Mis- sionario fr. Francisco de Sd possa seguir sc intento. Recommendo muito ao Tenente Manoel Pereira da Silva o cuidado da Infantaria, que vio muito conformes e unidos, porque tem acontecido os referidos em outras oecasides maltratarem os Indios, nio consentindo que ag- gravem pessoa alguma, 6 quando de parte dos Indios haja culpa, receberdo a castiga da mio do dito Tenente, por- que de -outra sorte é desgosta-los, donde succede muitas yezes o fugirew. ° Assentando arraial em qualquer parte tratard de ter a Infantaria junta e os Indios pela barda de fora com sentinellas por todos os lados, assim de soldados como de Indios, os quaes sero rondados pelas pessoas de maior confianca, pois lem acontecido por descuido de uina sentinella succederem grandes ruinas. Topando alguma nado no caminho fard muito por attrahir a si com b6as praticas ndo os agravando em coisa alguma qne 6 0 que S. Alteza mais recommenda em seus Regimentos, @ querenda a nossa amizade Ihe daré de minha parte o seguro della pedindo-lhe a y9- DO INSTITUTO DO cEARL 137 nham confirmar a esta forca, e de nenhum iodo faré fuerra a aagio alguma, salvo de extrema necessidade, vendo-se perseguitos ie inimigos, pois si no tal caso & aceeita de S. Alieza a defensa, porquanto os senhores rois de Portugal fizeranm, as conguistas para attrahirem ao gremio da egreja esta gentilidade pelos moies mais saves. Chegando uo pé das serras mandard embaixala aos Tabajaras dando-lbe parte em como vae o P.* missionario a fazer sacramentes de que estan faltos ha agnos ¢ mandard dois Indios escolhidos de béas praticas eom este aviso, deixando ficar em sua companhia a D. Jorge da Silva, de maneira que udo desconfe de nossa cautela, e yindo resposta a cousaltard o dito Tenente coin o eapitio Fe- lippe Coelho de Moraes, ¢ uniformes em am ser segnirao o que mais convier a0 servicn de Dens e de 8. Alte: Sendo conveniente snbir achna o fara, por me ser presente © caminho das serras ser estreito, botara diante Tuilios @ eutre tantos Indios tantos soldados até encher o numero, e D. Jorge da Silva e mais Tabajaras que \Ao irfio junta ao dito Teneste, e assentando nas serras buscard um cancha onde se aposente, fazendo nelle corpo de armas e habiturdo o tempo que o P2 Missionario houver mister para eoyar daquellas almas, ¢ nfo conve que os soldados andem desyarrados pela Aldeia. Tem fugido desta praca alguns Tudios de que o Ca- pitio Felippe Ceelho dard noticia ou os faga vir em sta companhia, dizendo Ihe em nome de §. Alteza The perdéo a culpa que tem e fard muy por me trazer uma India a bom recalo que se chama Margarida para ser casti- gada per fora dos muilos inslutos que tem cotmmettido, Finda a missfio das serras @ quercndo 0 missionario mandar praticar a nacho dos pelo cordao das serras, achando-se a gente capaz de marehar, néo havendo difficuldade no caminho 0 acompanhario e fazendo com elles béa paz serd mejo de virem assistir al tholica, 138 REVISTA TRIMENSAL N&o tenho mais que advertir ao Tenente Manoel Pereira da Silva sinao a muita conformidade que tera com o Capitao Felippe Coelho de Moraes, ouvindo seus parecores, pois tem voto pelos muitos. annos que tem da communicacio desta gentilidade em tudo o mais que se offerecer em bem do service de S. Alteza, dou todos os mens poderes ao dito Tenente para com elles obrar como se eu fora proprio cm pesséa, pois que se assignon aqui comigo, dando-se por entregue de 30 soldados @ 150 Indios, 08 quaes desamparé som porda do sua vida. Cearé, 22 dp Novembro de 1673 annos.—Jorge Correia da Silva. iv Ao Governador de Pernambuco, Francisco de Castro, Moracs. Eu a Raitha da Gran Bretanha, Infanta de Portugal vos envio muito saudar Viu-se o que escrevestes em carta de 20 de Marco deste anno de que o capitdo-mér do Cearé vos dera conta de quo em virtude de um ro- querimento qua lhe fizeram os moradores sobre umas mortes que tinham suecedido, queixando-se de qoe os ‘Tapuyaa as haviam feito, o qne obrigara a mandar tirar devassa ao Juiz daquella capitania, de que sahiram cul- pados nus Indios do Araré, e que mandando-se prender aestes delinquentas como nao tinham ainda conhecimento da justica se pozeram em armas e pelejaram uns com outros, aprisionando-se ¢ matando-se a muites, néo sa- bendo si por acaso, se de proposito se posera fogo na Aldeia que ardera toda até a egreja, cujo procedimento Jhe mandastes estranhar ordenando-lhe que fizessa res- tituir a sua liberdade aos Indios que se haviam captivado, a que vos respondera que logo mandava. por editaes para quem os tivessc em sen poder os entregasge logo, e para gue © fizessem de molhor vontade declarara se daria 4§ rs por cada Indio, insinuando-vos Ihe remettggseis o di- nheiro para esse effeito a que respondestes qué como néo eram captivos afio deviam de pagar resgates, porem que DO tNsTITtTo DO cEARA 180 ainda vos néo tinha vindo resposta; e representando-ma tambem que a Aldeia de Payaens se achava muito di- minuta de gente a respeito das mtuitas mortes que hou- vera ua gnerra que lhe deram os moradores por lhe roubarem o sea gado, mandando-a fazer. 0 capitio-mér sew vos dar coata nem esperar que na Junta das Missdes se propuzesse, mas sé com o parecer dos vaqueiros quo nao querem que haja Tapuyas, 0 que nfo soubestes. sinio depois de tres mezes passados, ¢ que ovtras muitas coisas. tinham suceedido de que me po avisaveis por nao teres ainda averiguado a verdade, e que aitds o.que escre-- vieis era sem aquella certeza infallivel. porque naquella terra. havia muito pouca gente a que se lhe pedesse dar eredito as suas informacées, e que seria muito conve- niente que fosse uma pesdda de toda a suspeic&o aquella capitanfa para que examinasse esta materia e Ihe desse regimento para saber o modo por onde se deviam go- yernar, assim no civil como no militar: E vendo o mais que insinuaes Me pareceu dizer-vos espero me deis conta. do que se achou em virtude da ordem que mandastes ao Capitie-mér do Coaré, como tambem das. mais no- ticias que colherdes sobre o que tem succedido naquella capitania para que com a, vossa informacdo se possa tomar a resolucio que parecer mais conveniente ao servico do Deus 6 men.—-Eseripta em Lishda a 18 de Agosto de 1704,—~Rainha. v Carta a 8. Magestade, O cagitio-mér da Parahyba dd conta a Y. Magestade em como no dia 1.° de Dezembro de 1697 féra aquella cidade o eapitdo-mér das Piranhas e Pianeé, Theodosia de Oliveira Ledo, 0 informara do estado em que se achavam os sertées daquelle destricto, despovoado pelag invasdes que tinha feito o gentio barbaro Tapuya; ¢ que era eonveniente qne estes se tornassem a povoar com gadoa, carraes, etc. para o que The ere uecessarie que 146 REVISTA TRIMENSAL elle o ajudasse com alguma gente e municies para nas ditas Piranhas fazer arraial; que trouxera comsigo uma nacio de Tapuyas, chamados Arius, que estio aldeiados junta dos Cariris, onde chamam a Campina Grande, 6 queriam viver como vassallos de V. Magestade, e redu- zirem-se a wossa santa {6 catholica, dos quaes era o prin- cipal um Tapuya de muito péa trava e muito fiel, chamade Cavalcante, os quaes foram .com © dito capitio-mér e 40 cariris e 16 indios que tirara das aldeias e 10 soldados daquella praca, mandando-lhe concertar as armas @ dando- jhe 4 arrebas de polvora ¢ bala, 40 alqueires do fariuha e@ algumas carnes; ¢ partindo no 1.° de Jasieiro passado, fora com © dito capitao-mér um religioso de Santo An- tonio, a quem particularmente encommenddra a conversio daqnelle gentio. e pela carta inclusa do dito eapitdo-mér seria presente 2 V. Magestade o bom suecesso que Nosso Senhor fui servido darthe; ¢ que estava esperando pelo capitio-mér para fazer outra entrada, ¢ lhe constava se jam juntando muitos gados para irem povoar as Piranhas, oude se devia fazer o arraial para seguranca dos po- yoadores. Parahyba, 14 de Maio de 1698.—Manoel Soares de Albergaria. v1 Carta a0 Capitao-mér da Parahyba José de Froitas Serrdo. Eu El-Rei vos envio muito sandar. Por ser presente, que nos sertdcs dessa capitania se acham heje muitos indios aldciados, e ser conveniente o conservarem-se estes e fazer-se toda a deligencia para se aldetarem os que andam espalhados, dando-se-lhes tndo 0 que for neces- sario para que possam presestir nas ditas aldeiaa ¢ Ta- dicarem-se na f6, seguindo-se deste fructo nio 36 0 servico de Deus no espiritual, mas o men no temporal, Fni servido resolver que na aldeia de Camaratuba se faca uma egreja e que nella exista um Missionario para administrar os sacramentos a csles indios... com 0 fo INStIFTTO DO CHARS 14t titulo de capellao e que se Ine dé de congrua vinte @ cinco mil reis para fabriea e guisamento de hostias e yinho, e que isto mesino se obro com o que existe em Campina Grande e da mesma maneira rom o das Piranhas, pa- gando-so-the as congruas e fabricas da Fazenda Real. & para. edificagdo destas egrejas me pareceu ordenar- vos persuadaes @ obrigueis aos moradores, que s¢ acham vi- sinhos ¢ junto aos sitios destas mesmas aldeias, concorrer para as duspezas que se untende ndo poder ser de grande importancia junto assim poderem os mesmos indiog ajudar nos trabalhos destas obras, e o mais que faltar se supprité da Fazenda Real e dareis a entender aos ditos moradores o grande beneficio que logram em torem estas egrejas ¢ Padres, porque escusam ir satisfazer preceito da eyreja em maior distancia 6 sobre tudo que poderio ter com estas aldeias uma mais importante con- venioncia, como eostumam ter onde ha indios domesticos, que vivem com Juz e conhecimento da verdade e religido catholica; © do que obrardes nesta particnla me dareis conta, Rei. Para o capitao-mér da Parahyba, José de Freitas Serrao. VIE Carta do Deserubargador Christoviio Soares Reymao. Snr. José Lemos, Aqui me dizem que Vme. esté lirando uma devassa contra os Payacus por comerem algumas rezes a Francisco da Gama,e que o faziam por Gregorio de Brito os fornecer, e lhe haver feito uma petigio o anno passado quando cheguei, e elle a tez a men mandade por ter onde Ihe pusesse o despacho que se bem me lembra pediam uma lagda para a serra fron- teira a Pacatuha ou Maranguape, e o mais 6 incrivel que seja branco que mande aos Tapuyas comer gado; a devassa nio me pareco convenicnte nem eu sei se ‘Vme. tem no sea regimento que decomer uma rez seja causa de devassa, quanto mais que dos furtos que estes 142 REVISTA. TRIMENSAL Tapuyas fizerom para.comer se se pode ou 0&0 processar contra elles, por nio estarem ainda aldeiados, suppSe-se que esto no centro que masceram em qué o sustento era commum on daqielle que primeiro o achava emquanto nfo tiverem padre que thes expliqué que coisa seja furta; Finalmente veja Vme. 0 que obra, porque ae os Ta- puyas Payacu souber que tiram devassa fogem para o sertéo a se unir com o Janduim, que ha de cabir um raio sabre Vine. que por ama ou duas rezes de que os donos para outro fim nao fazem conta dard Vinc.. occasifc a que El-Rei e os seus vassallos percain tanto ou mais: fa- zenda como foi na guerra passada a doze annos, alem das mortés que hao de fazer ainda quando o Ied @ Cariri estdéo jd unidos com o Janduim, e se naquella guerra despojaram o Jaguaribe, hoje-despojardo os do Ceard, pois elles sabem tantos caminhos, veredas ha para og mettermos tanto comnosco que (60s levario a guerra passada sem attender ao futuro, desta carta me fica copia, Guarde Deus muitos annos como desojo. Aquiraz, 10 de Maio de 1707.- -Christovdo Soares Reymao. VII Ordem Regla de 4 de Margo de 1697. D. Pedro I. Faco saber -aos que esta: minha lei virem que tendo consideragao a conta que deu Fern&e. Carrilho, que foi capitéo-mér do Cearé. e o que me faz presenta o meu Conselho Ultramarino, @ as razies do que obraram os moradores daquella capitania com. os. Indios correndo e fazendo-thes grande destruigdo, sendo suas desordens a instrumento principal de que oa ditos indiog se exas- perem e levantem, movidos da muita violencia, por ata- Ibar estes damnos e evitar semelhantes temeridados, ¢ em consideracdo as pesséas que assistem em terras donde honver Indios, porque os nio corram nem maitratem para nossa conservagio, por estas missOes nevas carecerem DO INSTITUTO DO CEARS 148 de grande espirito e constancia, e néo de outra ambigdo, mas sé desejar adquerir estas e outras nagées novas semelhantes a nossa santa {6 catholica e conserva-las nellas @ nao diverti-los : fui servido com os do meu Consetho resolver s¢ fizesse lei em que se exprimam e cominem as penas condignas aos culpados que fizerem o excesso de correrem os taes Indios, por este o caso mais. grave quo se pode dar nos meus vassallos, de cujo desconcerto nasce todo o deservigo de Deus, fazendy com que se afagentem pdra os sertées e se apartem da nossa ami- zade, perdendo por aste meio.a ff em que foram con- vertidos por falta de pasto espiritual, que se Ihe nao pode continuar, mas damno de largarem os sitios que tem po- voado e de que sempre so recebe utilidade, desampa- rando-os por nfo poderem soffrer a ambigio de alguns sujeites que com protextos injustes os correm afi de Be OS @ para que cessem estas queixas e@ se observe inviolavelmente a disposicdo desta lei: Hei por bet que-todos og que faltarem na observancta della correrem os Indios tenham a pena de cinco annos de degredo para o reino de Angola 6 cincoenta mil reis para as despezas das Missdes, e cm dobro da estimagao das perdas e damnos que rausaram aos Indio, as quaes se applicardo para partes offendidas, e para que se exe- cute desta forma e venha « noticia do todos sem que se possa alegar ignorancia executar é ipfallivel- mente procedam na execugéo da dita lei 408. transgressores que incorrerem nas penas expostas della para que a experiencia do castigo impega a coutinuacio deste deticto, e o Dr. José da Rocha e Asevedo, do mew Conselho, Chanceller mér deste reino, a faga pubdlicar em minha Chancellaria, e enviar a copia della ao Estado do Brazil ea todos os julgados delle sobre meu signal o sello para que assim. o fagam executar, @ se registrard no livro do desembargo da caga da sapplicagdo e Relacho do Porto edo. Brazil, onde semethantes leis se costumam registrar. Braz de Oliveira a fez em Lisboa em 4 dg Margo. de 1697. ‘Rei, 144 REVISTA TRIMENGAL IX Carta do Governador de Pernambuco, Caetaue de Mello Castro . a 8. Magesdate, O Governador do Pernambuco esereve que seguindo © que Ihe havia ordenado sobre as coisas do Ceara, tratara de povoar a Ribeira de Jaguaribo, o que 3e the facilitara pela paz ajustada com a nacho do Gentio Payacu, @ apro- yeitando a occasiio e attendendo a que fosse menor o dis- pendio da Fazenda Real. tirara do Coari vinte homens pretos, que estava introdusido conservarcm-se naquella fortaleza com os soldados pagos dando-se-lhes tambem sua farda sem mais prestimo que servir de escravos 203 capitdes-méres, 6 no Idgar destes 20 negros acrescora dez soldados pagos dos 40 que sempre fdra estylo as- sistirem naquella praca, que ficara molhor guarnecida, que estes 50 soldados lovira Pedro Lelou, ¢ 20 mais que wunddra para Jaguaribe, elegendo ao Aleaide Jo’o da Motta para ir formar presidie e 0 ficar governanda como eapitdo e cabo delle, ficando subordinada ao capitio-mér do Ceard, a quem pertencem os limites de Jaguaribe, cujor destrictos se iam pavoando, e tnda iria melhor se o capitio-mér Pedro Lelow por seu interesse nao impe- disse fossem gades para aquella Ribeira, e retendo janta- menta na fortaleza do Ceara os 20 soldadas @ seu cabo dogo da Motta, coutra o Regimento que levow e varios requerimentos que the fizeram aquelles moraderes, mas conforme ag novas ordens que manddra achava-se for- mado o dito presidio, e lke requeria o capitag-mér lhe quizesso pér no Assu 30 soldados do Terce dos homens pretos para com elles formar presidio, visto como a obe- diencia do gentio Payacu atemorisiva ao mais geutio, que a maior parte delle Ihe pedia paz, e como a gente preta nio era paga, foram para o Assu 30 soldados, e jd no Assu ficavam alguns moradores e curraes de gade. Recife 18 de Agosto de 1696, Cactano de Mello Castro, DO INSTITUTO DO CEARS 145 x Carta Regia sobre o presidio de Jagnaribe. ¥endo @ que me eserevestes sobre a povoayio da Ribeira de Jaguarile, ¢ que neste particular tendes obrado com pono despendio da Nazeada Real, formanio o prée- sidio, elegento para capitfo o eaho delle xo Ajudante Joao da Motte, com quatru mil reis de suklo por mez, por ser © sujeite de msior cufficiepeia para conservar o que nesta materia se protende com a telhora daquellas capitanias, tomo tambem o presitia que no Assu mantastes formar com 30 solladoe, a requerimanto do capitéo-mér do Rio Grande, que pessoalmente o {6ra situar, onde ji ficavam alguns moradores ¢ curraes de gado sei mais dispeniio que o de The mandardes dar ysramentos para fabricarem por serem tirados do Tergo des H pretos, que nio yencem soldoe, ¢ os moradores do Rio Granile se obri- garam a Ihes assistir com 6 mantimenta necessario em- quanto no colherem o fructo de snas lavojras: hoave por bem de coniirmar o que desposestes sobre este pre- sidio do Jagnaribe, e do mais que obrastes para melhor seguranga da capitania do io Grande, cujas desposigées- e zelo me parece mandar-vos agradecer como por essa o fago. Eseripta em Lisboa a 22 de Agosto de 1696. Rei, XL Carta a §. Magestado. Pedro Lelou esereve a 8. Mujestade em 20 de Agosto fle 1696, fazendo-The presente que naquella capitania ha quatro aldeias de geatios Potyguares, os quaes sio domes- tieos @ mal instruidosna £6 por falta de saccr loies qne thes assistam ¢ Thos ensinem a dostrina, porque mal havia um para todos, ficando ellas distantes umas das vutras 4,6,8 legnas, e assim inais ha uma nacio de Tapuyas daguari- baras, que estio aldeiados ¢ algans delles baptisados, que 146 REVISTA TRIMENSAL outra nagéo deTapuyas Payacus, que assistem na Ribeira de Jaguaribe, pedem se querem aldeiar e baptisar seus filhos e pedem sacerdotes, ¢ ds mesma sorte os Anassés. RIL O Governador de Pernambuco, Caetano de Mello Castro, em carta de 14 de Maio de 1697, dd a S. Ma- gestade conta como o presidio de Jaguaribe se conser- vaya, e que depois que chegdra ao Ceard Jodo de Freitas da Cunha, passaram muitos moradores para os destrictos do dito presidio, e se vae povoande na forma que o es- tava antes do levantamento do Geutio, que’ se achava socegado, logranda 4 mesma felicidade o Assu, que estes dois presidios deviam ter sacerdotes, porquahto os que foram por ordem do Bispo se poseram vinte e tantas lJeguas da forga, que acresciam os moradores porquanto mandara para aquellas partes ao sargento-mér do Ter¢o dos homeus pretos com 20 soldados e alguns dos cfh- eiaes do mesmo tergo; que ne dito presidio hdo de as- sistir sempre 80 soliados pretos a que mandara prover com meia farda cada anno, que S. Magestade mandasse escrever ao Bispo para remetter 0s sacerdotes que se [ha pedisse pura esse effoite. XU Carta a §, Magostade. Senhor. Os officiaes da catmara desta villa da capi- tania do Ceara se queixam a V. Magestade de que os ‘Tapuyas Bayacus aldeiados na Ribeira de Jaguaribe: da mesma capitania roubaram os gados das moradores da- quella Ribeira, e V. Magestade foi servido deferir aquella queixa pela carta inclusa escripta pelo Conselho Ultra- marino em que ¥. Magestade foi servido mandar que por serem aquelles Tapuyas mansos, que se repatam por yas- sallos se pela justiga contra elles e os que fossem DO INsTITUTO DO cEaRs 147 culpados se prendessem ¢ que para se fazerem as pris6es © capitio-mér desta capitania desse a justica toda ajuda @ favor despois que se fez a V. Magastade a queixa de que aquelles Tapuyas furtaram gados, os mesmos Ta- puyas feriram e mataram com horrendas crueldades muitos daquelles moradores queimando algans vivos; 8 continuaram com as mesmos roubos dos gados que tem assolado as fazendas daquelles woradores © fizoram ou- tros muitos delictos, o que tudo sord presente a VY. Ma- gestade pela devassa junta que a justiga tirou; indo a justi¢a a prende-los a nao continiou a justica, e recor- ramos a ¥. Magestade representando-lhe néo s6é-os males Presentes, as que estes barbaros foram sempre a des- truicdo desta capitania reiduzindo-a a tio miseravel es- tado que os moradores daquella Ribeira largaram as fa- zendas por conservarem as vidas e se retiraram para o abrigo desta fortaleza,.donde esliveram doze annoz, aquelles barbaros com uma crael guerra pondo esta. ca- pitania om cerca, impedinda os eaminhos para a com- municasio de Pernambuco a fazendo as maiores hosti- lidades, testemunbo seré a diminuigdo do rendimento que a fazenda de V. Magestade teve nos disimos desta ca- pitania, pois se reduziram a mai limitado prego pelos Tapuyas dostruirem as fuzendas dos morados, para re- medio de tantos males com estes barbaros se fes uma paz, que foi mais danosa que conveniente, pois que de- haixo della fizeram sempre os mesmos estragos de ini- migos declarados, para impedir estes damnos se fez naquella Ribeira uma fortaleza 4 custa dos moradores, fazendo V. Magestade a despesa que custa os soldados que a guarnecem, e debaixo da mesma -paz intentaram aguelles barbaros duas vezes levar a eseala a dita for- taleza, e continuaram com os mesmos estrages qua sempre fizeram, como se prova da devassa que se remette; por todos estes fundamentos para a conscrvacdo desta capi- tania sera V. Magestade seryido mandar destruir ostes berbaros para que fiquemos livres de tio cruel jugo; em duas Aldeias deste gontio assistem Padres da Companhia 148 REVISTA TRIMENSAL gue foram jd expulsos de ostras Ald ias do sertio pela causa que a V. Magestaude fizeram presente os donos das terras onde estio aquellas Alueias; estes religiosos sao testimunhas das crucldades que estes Tapnyas tem feito nos vassallos de V. Magestade, agora infentam mudar aquelles ieligiosos estes Darbares para outros destrictos, e estando cstes moradores destruidos com tantes roubos os obrigaram spuelles religioses a que fhe dessem dois mil cruzados para mudanca daquelle gentio; as causas Gestas revolugées sio impraticaveis; sd representamos a V. Magestade que missdes com estes barbaros sao escn- sadas, porque de humaros sé-tem a forma, e que quem disser outra coisa é engano conhecido. Esperamos da cle- mencia de VY. Magestade que se lenbre destes vassallos que se acham roubados e mortos, a real pesséa de V. Magestade guarde Dous maitos annos. Em camara villa de-S, José de Ribamar 13 de Fevereiro de 1704. Do- mingos Paes Botan, Joao de Paiva Aguiar, Gabriel Bar- bosa Mendes, Manoel Pires, Jofo da Costa Monteiro, Luiz Borges Vinar. xiv Carta do Capitfio-mér ao sonado da Camara. Senhores officiaes da Camara. Vejo o que Vmes. me dizem de Gregorio de Brito Freire faser deixagio do officio do Juiz de Orphaos, por causa de se the ter aca- bado o tempo de sua provisia sem o dito primeiro me dar parte de coisa alguina, o que divia o mesmo serven- tuario fazer principalmente a quem governs, dando-lhe as eausas do seu justo impedimento. mas en o dissimulo por esta vez, e para prover este officio em pessoa bene- merita segundo a conta que Vmes. me ineuleam, respondo que esta villa onde nao ha de com casses para cima, me parece m0 se pode este officio prover em pessda sepa- rada, e como esta capitania 6 muito limitada nesta quan- tidade porque ereio que em toda ella nado se achard o numero de cincoenta casues, ¢ Tespeitando esta falta me DO INSTITUTO DO cEARS 149 parece dizer que este officio do Juiz le Orphaos por. ora tééa ao Juiz Ordinario, digo ao Juiz mais velho, e assim o poderd servir até segunda ordem minha. Deus guarde a Vmes. Fortaleza do Ceard, 16 de dulho de 1707, Ga- briel da Silva do Lago, XV Carta Regia a Luiz Cosar de Menozes Governador do Estadu do Bragil. Amigo, Eu El-Rei vos envio muito saudar. A duvida, visto 2 conta, que mo deu o Governador de Pernambuco, Sebastiio de Castro Caldas das hostilidades que os Ta- puyas de baixo ¢ outros sertdes tem feito 208 moradores daa expitanias do Rin Grande e Coard, como constava das devassas que os capities-méres lhe remetteram, e vendo tambem os pareceres que varios ministros The deram. sendo © romedio que se devia apliear a tio grande damno, pro- pondo-lhe © dito governador a causa que odrigava a con- sultar com elles esta materia; e por se conhecer ser de grande pezo e digne que se Ihe acuda.com rametio prompte, pois digsimulando-se com o castigo ser depois mais dif- ficulteso; ¢ uma total ruina de toda aquella conquista; porque ee animarde estes Gentios a emprehenderem novas tiranias alem das que tem obrado contra aquelles mora- dores, chegando. a sua fereza nfo 36 a utreverem-se a injariar @ muitos nas suas possbas, mas ainda na honra, de suas mulheres e filhos, matando muitos @ obriganda alguns a contribnigdes a que se sujeitaram por nao ca- hirem na sua indignacio: Fui servido resolver se faca guerra geral a todas as nagdes do Tadios de corgo en- trando-se por todas as partes, assim pelo sertao dessa capitania, como pelo de Pernambuco, SearA e Rio Grande, para que néo possam escapar uns sem cabirem nfo maos dos outros, ¢ dividindo-se as tropas qne forem a esta ex- pediyio sahindo para o sertiio por todas as partes, cer- tissimamente hio de encontrar com o tal inimigo, e ea- 180 REVISTA TRIMENSAL corporando-se umas com-as outras, farao mais formidavel 0 nosso poder 6 mais. seguro o estrago desses contrarios. E para que se animem os que forem a esta emprezu, hei por bem de declarar que ndo sé hio de matar a todos os que lhe resistirem, mas que hao de -ser captives os que se Ike renderem, os quaes se venderfio em praga pu- Dlica aos que mais derem por alles;-e que da importaneia que disto resultar se pague a Fazenda Real da despesa, que nesta guerra fizer; e que dos quintos. que lhe to- cam, sobrando ‘alguma coisa, se dé joia ao Governador de Pernambuco, e o mais se reparta pelos cabos, officiaes e soldados come dispde o Regimento das Fronteiras. De que vos aviso para que execnteis esta minha resolucdo pela parte que vos téca, nfo havendo inconveniente, e offerecendo-se-vos alguma, para se ado fazor esta guerra, avisareis ao Governador de Pernambuco, a qu2m ordeno a nao declare sem esperar 0s voss0s avisos, e que exe- eute o que por yés lhe for ordenado, e do que obrardes ou deizardes de fazer me dareis conta. Escripta em Lis- béa a 20 de Abril de 1708. Rei. XVI Ordem de S.Magesiade que mandou ao Governador de Pernambueo. Fago saber a vés D. Lourencgo de Almeida que na presente moncio passaes por Governador de Pernam- buco que se viram varias cartas vindag na frota do anno passado em que vosso antecessor Felix José Machado deu conta das hostilidades que os Tapuyas iizeram nos mo- radores da capitania do Cearé, juntas das Missées, que sobre este particular mandou fazer, de cujos pareceres resultaram expedir gente com cabos e ordens a fazer- The guerra e dar castigo, que as suas rebelli¢es e infi- delidades mereciam, de que precedera o feliz successo de destruir o tal Gentio, fcazde a capitania livre dos seus. DO INSTITNTO DO CEARA 15i assaltos, @ para que de todo se extingam estes barbaros vos ordeno que, considerands 0 bom estado presente e as forcas cum que vos achardes para fazer esta guerra a eontinuareis com todo o fervor para que assim ou se extingam estes barbaros ou se afugentem de nés tanto que nos fique livre o uso da terra on se faca nelle tal estrago que os intimidem em forma que a mais se no atrcvam, @ fiquem meus yassallos livres de padecerem se- melhantes hostilidades as que agora experimentaram, que 6 o mesmo que se assentou, tudo se entende per- mittindo-o agsim assim as forcas com que vos achardes, pergue o mefo das pazes tem mostrado a experiencia nunea aproveitou, antes foi muitas vezes motivo de hos- tilidades pela innata infidelidade destes barbaros ¢ que deixo no vosso arhitrio. Pelo que respeita a mudanca da villa de 8. José de Ribamar da eapitania do Ceara grande se nfo deve alterar a ordem que mandei guardar neste particular. El-Rei Nosso senbor o mandou por Jodo Telles da Silva @ Antonio Rodrigues da Costa de seu Conselho Ultramarino e se passou por duas vias. Miguel de Macedo Ribeiro a fez em Lisbéa aos 27 de Margo de 1715. Rei, XVII Carta de S. Magestade a Salvador Quaresma Dourado, Eu EbRei ete. Vin-se a vossa carta de 7 de Ou- tubro do anno passado ef que representaés 0 damno qua se segue a minha fazenda de se nio medirem e demar- carem as terras que se tem dado do sesmaria de que muitos estio de posse sem oste titulo, como tambem os qre alcangaram confirmacio minha no trataram de se demarcar ag tempo da posse como pela earta de confir- macio se Ihe ordena, me parece diver-vos obrigueis a todas as pessbas qua tiverem confirmag&o minha de datas de terras de sesmarias que a tomar posse della se de- MMarquem e que a copia da demarcacdo se registre nos 152 REVISTA TRIMENSAL livros da fazenda, como nas mesmas cartas se declara, porem nos que sio jA possuidores ou possuam mais ou nao tenham cnitivady a que se lhe deu, nfo convem al- terar coisa alguma, porque se possuem mais e tem cub tivado, a despesa e termo da cultura Ihes da algum direito, para que antes a elles que as outras se lhe dé esta maioria e- mais quando o fim da Fazenda Real é que as terras se poveem e cultivem para darem fructo ¢ baver os di- zimos, o que neste caso tem conseguido. e niio tem povoado nem cultivado, quer Ihe sejam dadas essas partes qner sejam de mais das datas ha o romedio de se diminui- rem por falta de cultura para Ihe acrem tiradas na forma da lei com o que se excusa este negocio, de que nao ha de resultar mais inquietagio. Escripta em Lisboa 19 de Maio de 1703. Rei. XVI Carte Regia ao Goveanador de Pernambneo, Sebastido de Castro Caldas. Eu El-Rei ete. O capitio-mér do Ceard, Gabriel da Silva do Lago, em earta de 27 de Junho de 1708 me dea conta de que constando-Ihe das hostilidades e in- sultos que o Gentio barbaro Iced fazia aos moradores daquella Riboira, e receioso de que estes desamparassem suas fazendas, 08 mandara soccorrer @ fazer arraial para segurancga dos povoadores, que ainda existia, sendo freio as insolencias que padeciam indo pessoalmente o dito capitiio-mér a rednzir c apasiguar aquelles barbarog, 0. que conseguira sem perda de um yassallo nem despesa de winha fazenda: E pareceu-me ordenar-vos examineis se o dito capitio-mér obteve bem neste particular e se foi preciso a persistencia desse Arraial para impedir as hos- tilidades dos Indios por ter mostrado a experiencia que se acceitam mritas vezea estes pretextos para se lhe fazer guerra menos justificadamente, Eseripta em Lisboa a 6 de Junho de L709. Rei, DO INsTITUTO DO CEARL 153 XIX Carta Regia 20 capitdo-mér Gabriel da Silva do Lago. Fu El-Rei ete. Viu-se a vossa carta de 25 de De- zembro do anno passado em que daes conta de ficarom nesta capitania as armas que por ordem minha mandon o Governador de Pernambuco para a defensa della re- presentando-se ser conveniente e repartireni-se pelos mo: radores gue as n&o tem, assim por se acharem armados na occasidéo que se offerega, como por ge nfo perderem no armazem por falta de uso, e considerate o acharem- se estes moraduras desarmados e ser conveniente que se achem prevenidos para as occasides que se offerecer, me pareceu ordenar-yos por esta fagaes dar 8 estes mora- dores as armas qué Ihe forem necessarias con’ decla- ragio que faréo termo de as eatregarem todas as vezes que Ihas pedirem da mesma marcira quo se lhe ‘deram @ ndo o fazendo assim os obrigarois a pagar em dohro ®s armas a respeito do valor da terra, Lscripta em Lis- hda a 18 de Agosto de 1706, Rei. XX Carga do Governador do Pomambnev av sonado da camara. Recebi a de Vmes. de 23 de Junho com uma jus- tificagdio junta dos moradores da Tibeira de taguaribe, que povoaram os sertées_tos Cariris e Teds do damno que lhe faziam as ditas nayoés hag’ pess6as @ gados dos moradores e que seria conveniente mudar-se o presidio para elles, de cuja conduegio faziam o gasto e 0 novo arraial a sua custa, este presidio se mandou recolher e o cabo delice esti provide cd em nova oceupagda a os soldados haviam de ser mudados, por cuja causa nunca poderia fazer-se esta mudanga, s6 quando conyerha po- derd ir de ed com novo cabo, para o que me 6 necessaria 154 REVISTA TRIMENSAL tomar todas as noticias e informagSes necessarias para resolver-mo ao que for mais conveniente a estes mora- dores. Deus Guarde a Vmes. Rocife 18 de Setombro de 1707, Schastiio de Castro Caldas, XXI Provistio de administragao. Salvador Alves da Silva, eic. Faco saber aos que esta provisto de administragaio yirem que porqaanto no Quixeld se acham agregados a paz os Tapuyas Quixelés, @ porque para o bem e regimen delles & necessario torem mma pessoa capaz e¢ de béa vida para os poder admi- nistrar ao temporal, e tendo respcito a que estas partes soncorrem na pess6a do coronel Gregorio Martins Chaves, pelo bom conecito que fago de sua pesséa, hei por bem de o cleger e nomear na dita administragdo para que como tal og consérvé na paz em que estio e os reja ¢ governe e ndo consinta sejam agravatos de pesséa al- guma, e os tera sempre promptos para o servico de 8. Magestade em qualquer occasiio, que se offerecer, e sendo necessarin aos moradoros pora bonoficios de suas fazendas Jhes dard e ter4 particular cuidado se Ihe pague o sel trabalho, por tudo assim convir ao servico de Deus e de El] Rei N. Senhor, a qual so cumpriré e guardar4. pontual e inteiramente como nella se eontem, que para firmeza da qual lhe mandei passar a presente por mim assignada nos livros da secretaria ‘deste Governo. Dada neste Ar- yaial de N. §. do O’ aos 30 de Junho de 1719, Salvador Alves da Silva. XXII Ejital do Capitéo-mér Manoel Frances. Manoel Francez, capitio-mér desta capitania do Ceard grande a cujo cargo esti o governo della por 5. Na- fo tstrttro Do CzaRt 165 pestade que Deus guarde, etc. Porquanto sho notorias as hostilidades e mortes que tem hayido nesta capitania em razio dos odies que ha tantos annos entre as par- cialidades de uns chamados Feitosas conira os Montes, ajudada esta de uma justiga imprudente nos longes de cento trinta legnas desta fortaleza, fazendo-se diffienl- tosos og remedios para se poderem atalbar estes males ainda feitos e ajndados dos Tapnyas barbaros gue nao conhecem a rasto. e como eu as sobreditas parcialidades ha tres ou quatro annos sempre pretendi para as con- servar em paz @ socego, mandando-the cartas, ordens e bandos para se absterem de fazerem hostilidades, ¢ agora povamente vejo ainda as quererem eontinnar, sendo isto tanto-em deservico de Deus e de §. Magestade, pelo que fazendo junta de alguns officiaes homens bons se yesolveu nella que os Tapoyas Genipapos, Ieds 2 Qui- xerarius pio pegassem mais em armas contra os braacos e fossem retirados para o Pianhy até resolugéo do S. Magestade a ordem do Mestre de Campo da conquista Bernardo de Carvalho de Aguiar, e faltando crua guerra como tambem ficarem fra das Ribeiras até ordem do dito senbor, ¢ as Ribeiras fiearem socegadas o coronel Joao da Fonseca Pereira, Francisco Alves Feitosa e seu filho Francireo Alves, seu irm%o Lourengo Alves Feitosa, o da oatra parcialidade Antonio Mendes Lobato, Manoel de Sousa Barballo, Theodosia Nogueira ¢ Antonio Gon- calves de Sousa, € que todes estes deixcm sens procu- yadores para a arrecadacio de suas fazendas; ontro sim mando que qualquer pessda de qnalquer qualidade ow condiglo que seja que em seu poder tiver ou souberem quem tem cavallos ou bestas de qualyuer das parcialidades ou de ontras quaesquer pesséas as restituam aos seas donos moradores daquellas Ribeiras se ponha em paz em suas casas @ guardem o que aqui lhe ordeno sob pena de lhe seresn confiseados seus hens paraa coréa e serem tides por revollosos e castigailos em pena de morte, e para que venha a noticia de todos mando se fiche nas portes mais publicas ¢ se registraré nos livrog 156 REVISTA TRIMENSAL da secretaria deste governo e nog da camara. Fortaleza de N.S d'Assumpgio 8 de Margo de 1726.—Manoel Francez. XXUL Decumentos sobre Tapuyas Canindés extrabido do 2.° livro de sosmarias pag. 81. Duarte Sudré Pereira, ete. Faco saber aos que esta carta de doacio e sesmaria virem, que por parte dos Indios da nacéo Canindé se me apresentou a peti¢io do theor seguinte: Snr. General. Diz o principal da nagio Ca- nindé que estd vivendo no gremio da egreja ha mais de vinte annos som terem tido Missionario, e que por ora recorram a V. Exc. o ao Illm. Snr. Bispo para lhe per- mittirem dat Missionario para se aldeiarem nas cabecciras do Choré, donde tem terras de plantar desertas e des- aproveitadas, onde moraram os hollandezes, paragem cha- mada Muxié, conceder-lke uma legua de terra. fazendo pido em um olho dagaa, na dita paragem Oxoyu para fazerem a sia Aldeia e viverem com o seu Missionario, outre si por detraz da serra dos Macacos est4 um olho @agua que faz campos com palmeiral, capaz de se po- derem Alfeiar e ter campos de sustentacio para o gado do seu Missionarie no dito olho d’agua, pedem outra legua, portanto,” pedem a V. Exe. lhe faga mereé em nome de 8. Magestade conceder duas leguas de terra nas partes coufrontadas por estarem desertas e desaproveitadas para se aldeiarem em qualquer das partes, onde for mais con- yeniente ao seu Missionario para elles e tada a sua des- cendencia e receberao mereé. «Despacho», Informe o ca- pitdo-mér Joao de Barros Braga, declarando a capitania a que pertence estas terras, se estio vagas @ que capa- cidade de Gentio 6 este e se ja foi aldeiado. Olinda 27 de Fuvereire de 1731. Rubrica. «Respostas. Exm. A in- formagéo que posso dar a ¥. Exe. & que estes Tapuyas fle nagio Canindé, sio nascidos e criados na Ribeira © DO INSTITUTO DO CHARS 187 daguaribe, © nunca tiveram Missionario proprio, mas por caridade sio todos baptisados e vivom no gromio da ogroja, « as terras que pretendem por mercé de V. Exc. est&o: desertas e desaproveitadas, e nao prejudicam aos mora- dores, antes em bem atilidade a Fazenda Real por: serem terras de plantar, onde se podem sifuar mutitas familias e servir aqueila Aldeia de grande bem aos -povoaderes de Quixeramobim por Ihe ficar a matriz mais de cincoente leguas, V. Exc. mandaré o que for mais conveniante a acertado. Jodo de Barros Braga. «Despacho>. O mesmo capitto-mér declare quantos casaes sio os supplicantes @ se haverd Missionario que queira ir assistir com elles por nio layer ordem fara a Fazenda Real fazer esta des- posa. Olinda 3 de Margo de 1731. Rubrica. «Resposta>. Exm. Snr. Os casaes dos Tapuyas Canindés sdo cincoenta pouco mais ou meaos, o Missionario que se offerece ir assistir com elles na Miss%o mora na cidade de Olinda, dizem é sobrinho do P.* Marcos Ferreira de Vasconcellos, o qual dizem quer ir com os mais que tem ido sem aju- torio da Fazenda Real, sé necessita de ornamentos e uma imagem para o-altar, e o padre se pode atilisar com porgdo dos moradores, como todos costumam fazer na- quellas paragens. e assim nfo despende a fazenda real. sé sim nos ornamentog, que é coisa limitada, Y. Exe. mandar4 o que for servide. Recife 7 de Margo de 1731. Joao de Barros Braga. Em virtude da faculdade que S. Magestade me concede no capitulo 15 do Regimento deste governo, attendendo a supplica e necessidade dos sup- plicantes ; Hei por bem de thes dar, como pelo presente o fago, uma legua de terra em quadro no logar acima confrontado na beira do rio Choré, chamado Muxié, fa- zendo pido no otho d'agua Oxoyu sem foro nem pensio alguma, excepto dizimo a Deus para se aldeiarem, a qual terra logrardo elles e seus descendentes ndo prejudicando a terceiro com todas a‘ suas pretengSeg e logradouros; e dardo por ellas caminhos livres para fontes, pedreiras efontes do Conselho que por frmeza de tudo ihe mandei passar a presente por mim assignada e sellada com-9 168 REVISTA TRIMENSAL sinéte de minhas armas, em. virtude da qual ordeno aos ministros de Justica e fazenda, o que tocar lhes dem posse real e natural na forma costumada, @ esta regis- trard nos livros da secretaria deste governo ¢ mais a que tocar. Dada nesta praca de Pernambuco aoe 18 diag do mez de Marco, Bento Soares Pereira a fez no anno de 4781, O socretario José Duarte Cardoso a fea eseraver. Daarte André Pereira. XXIV Patento do Indio Miguel da Silva Cardoso. Honrique Pereira Freire, do Conselho de S, Mages- tade, eapitio general de Pernambuco e mais capitanias amnexas, etc, Faco saber aos que esia carta patente vi- rem que vindo 4 minba presenga Miguel da Silva Car- doso, Indie da bacéo Genipapo pedir-me se queriam al- deiar e lhc desse Missionario para viver com 0s seus conforme a lei de Deus e de S$. Magestade, certificando- me a unide que haviam ter com os brancos, determine manda-los aldeiar com a nagdo Canindé, por serem ambos da mesma lingua ¢ parentes, no sitio de Banabuyu, des- tricto de Jagnaribe, capitunia do Ceard, e formar uma companhia de Infantaria delles na referida Aldeia, e para © posto de capitéo hei por bem nomear ao dito Miguel da Silva Cardoso, da nacio Genipapo, por me constar ser entre elles ser pessoa de maior respeito e de bom procedimento e vir a deligencia referida, e por esperar delle daqui em diante viverd com imuits quielagio e os sous officiaes.e soldados trazendo a sua Aldeia bem -doutri- nada e fazendo obedecer 20 seu Missionario, assim como devem e sio obrigados, com o qual posto nao vencerd soldo algum da Fazenda Real, mas gosaré de todas as houras, pelo que ordeno aos scus officiaes ¢ soldadas The obedegam como devem. Dada ua villa do Recife aos 21 ge Outubro de 1739. Henrique Luiz Pereira. DO INSTITCTO DO CEARA 159 XV Registro de uma portaria do Dr. Ouvidor « corregedor da comarca, Victorino Soares Barbosa, pela qual encarrega 9 euidade © jratamante das easas de S, M, Pidelissima, quo so acham ta Missio Velha, ao capitio Alexandre Corrsin Ar naud @ seus irmaos. Porquanto vindo pata a Real villa do Cyato em correigho e cobrangas da Real Fazenda por ignorar ver- dadciramente o estado em que se achavam gs casas do antigo presidio de S, Magestade Fidelissima, que se f- zeram na povoacio e arraial de 8. José de Missiio Velha, no tempo que por ordém do sobredito soberano sephor se lavraram as minas destes Cariris-novos, que por sua resolucio foi servido mandar prohibir, vindo com effeito a dita Missio achando-as quasi todas arruinadas por falta de n&o haver quem as ulugue e com a continaagdo dos invernos em distancia de 120 leguas nao podendo ser alugadas sindo por acaso a algum com- Doieiro o deva dar a precisa providencia wo caso por servigo do mesmo senhor, encarrego 20 Snr. Capitio Alexandre Correia Armand por ser o unico homem que mora de confidencia nella e seus itmaos, cujos havendo oceasiio de as alugar ¢ dobrar o gen praducto remet- tendo-a a dita Provodoria © dando-me conta com decla- ragio das pessdas, prego e tempo que as alugaram @ da mesma sorte aquellas que estio por serem 86 feitas de barro com roina e a eabirem.Jhes mandard tirar a telha e portas, pondo tudo a bom rerato em outra para que no leve descaminho @ havendo quem furtivamente tira dellas qualquer coisa me dardo parte para proceder contra elle como for de Justica. Missio Velha 7 de Junho de 1769. Barbosa. AnTosIo BBZERRA. “eR

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