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Percursos de evasão

Alentejo
e
Algarve

DECO PROTESTE DIGITAL


INSTRUÇÕES DE NAVEGAÇÃO

ÍNDICE GERAL

A ÍNDICE REMISSIVO

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Percursos de evasão
ALENTEJO E ALGARVE

Pesquisa e atualização: Paulo de Oliveira


Edição e coordenação editorial: Paula Sofia Silva
Revisão de texto: Ana Cristina Câmara
Capa e projeto gráfico: Alexandra Lemos
Paginação: Isabel Espírito Santo
Fotografias do miolo e da contracapa: Paulo de Oliveira
e iStock (página 99)
Fotografia da capa: iStock
Diretora e editora de publicações: Cláudia Maia

© 2011, 2022 DECO PROTESTE, Editores, Lda.


Todos os direitos reservados por:
DECO PROTESTE, Editores, Lda.
Avenida Engenheiro Arantes e Oliveira, 13.
1900-221 LISBOA
Tel.: 218 410 800
Correio eletrónico: guias@deco.proteste.pt

1.ª edição: junho de 2011


2.ª edição: junho de 2022

Depósito legal n.º 499809/22


ISBN 978-989-737-155-4

Impressão:
AGIR
Rua Particular, Edifício Agir
Quinta de Santa Rosa
2680-458 CAMARATE

Esta edição respeita as normas


do Acordo Ortográfico.

Esta publicação, no seu todo ou em parte,


não pode ser reproduzida ou transmitida
por qualquer forma ou processo, eletrónico,
mecânico ou fotográfico, incluindo fotocópia,
xerocópia ou gravação, sem autorização prévia
e escrita da editora.

deco.proteste.pt/guiaspraticos
Percursos de evasão

Alentejo
e
Algarve

DECO PROTESTE DIGITAL


A

Prefácio
Os Percursos de Evasão Alentejo e Algarve têm como principal
intenção proporcionar aos leitores a possibilidade de, por uns
tempos, largarem a azáfama do dia-a-dia e descontraírem,
a ritmo de passeio, por novas paragens. Nos percursos
que compõem esta edição encontrará muitos locais onde
é possível respirar a calma e a tranquilidade de campos a
perder de vista – ou escutar serenamente o suave bater das
ondas nos extensos areais.

À imagem dos restantes guias desta coleção, este é um


livro útil tanto para quem viaja sozinho como para quem
vai acompanhado. Nesse sentido, procurámos que cada
percurso fosse tão variado quanto possível. Incluímos
informações direcionadas para públicos diferentes e
sugestões que, esperamos, satisfaçam as necessidades de um
leque suficientemente alargado de pessoas. A si, resta-lhe
selecionar os que melhor se adaptam às suas preferências.
É até provável que descubra, nas zonas que sugerimos, pontos
de interesse adicionais.

Pretendemos que este guia seja um bom companheiro de


viagem. O nosso objetivo é levá-lo à descoberta, mas sem a
preocupação de ver tudo o que há para ver e visitar tudo o
que há para visitar. Por isso, relaxe e aproveite bem os seus
percursos de evasão.
A

Como usar este livro


O guia que tem nas mãos está dividido em menos agradáveis. De igual modo, aproveite
duas partes, uma dedicada ao Alentejo, outra a leitura para assinalar os pontos que lhe
ao Algarve. Para cada uma, apresentamos pareçam mais interessantes, fazendo, desde
um pequeno texto introdutório, logo, uma espécie de “viagem mental”
contendo observações sobre as principais pelo percurso sugerido. Tenha sempre em
características da região. No início de conta os seus gostos pessoais (e os dos seus
cada percurso, damos informação sobre eventuais acompanhantes), de modo a poder
a extensão aproximada (em quilómetros) usufruir plenamente do passeio.
e as localidades mais importantes – ou seja,
fazemos uma espécie de sumário do que • É importante programar adequadamente o
irá encontrar nas páginas seguintes. momento da viagem. O interesse de alguns
Início do Depois, apresentamos um curto resumo dos pontos propostos pode variar com o
percurso
do itinerário, antes de começarmos a clima da região e a estação do ano em que
descrevê-lo, e um qr code que permite decidir deslocar-se. Por exemplo, se o trajeto
transpor facilmente para o telemóvel as incluir estradas de terra batida, é muito
 coordenadas GPS  do ponto de partida do provável que, depois de chuvas intensas,
percurso. estas estejam completamente enlameadas
ou, nalguns casos, até intransitáveis
• Os pictogramas e as fotografias poderão (esburacadas, com troncos caídos…).
ajudá-lo a identificar os diferentes pontos de
interesse, funcionando como uma espécie • Não se esqueça, também, de preparar
de “dicionário ilustrado”, para que possa tudo o que considere útil, necessário ou
fazer mais facilmente as suas escolhas (veja aconselhável ao percurso. Naturalmente, este
Legendas dos Pictogramas, na página seguinte). ponto depende da leitura prévia do texto.
Normalmente, esses pontos aparecem no Algum equipamento (um simples caderno
texto destacados a amarelo. Por outro lado, de viagem, um impermeável, uma lanterna,
nas caixas identificadas com o pictograma binóculos ou até bicicletas ou uma canoa,
Tome nota…, o leitor terá acesso a curiosidades por exemplo) permitir-lhe-á aproveitar ao
sobre o percurso em questão. Poderão máximo os passeios sugeridos, embora estes
incluir, entre outros, dados históricos, também possam ser efetuados de forma mais
determinados aspetos da biografia de uma minimalista. Cabe-lhe distinguir entre o que
personalidade ou chamar a atenção para poderá ser útil e o que é indispensável. Mas
outro tipo de curiosidade. pensamos que uma máquina fotográfica e
um mapa detalhado da região farão parte de
Antes de efetuar um percurso, sugerimos qualquer bagagem.
que o leia atentamente. Assim, ficará com
uma boa noção daquilo que o espera e • Verifique atempadamente se o seu
poderá preparar-se adequadamente. Além automóvel está em boas condições e
de útil, isso irá ajudá-lo a evitar surpresas preparado para os percursos que vai efetuar.
A

O mesmo é válido para as caminhadas. haja pontos que não lhe interessam.
Ao sugeri-las, pressupomos que o leitor Há percursos mais históricos e culturais,
e eventuais acompanhantes estão em outros que mergulham mais na natureza e
condições físicas normais e que vão na atividade física, uns que se destacam pela
convenientemente equipados. Não corra abundância de zonas de lazer, outros pela
riscos desnecessários. O objetivo não é pôr de monumentos e museus. Serão as suas
à prova os seus limites, mas sim descontrair preferências pessoais a ditar o caminho.
das tensões do dia-a-dia, enquanto aproveita
para conhecer melhor o nosso país. • Finalmente, tenha em atenção que, apesar
dos nossos esforços, não é impossível que
• Como facilmente constatará, a informação ocorram alterações nas características dos
que damos sobre os diferentes pontos de percursos (locais que fecham para obras
interesse é, em muitos casos, extremamente ou percursos pedestres que deixam de ter
resumida. Para mais detalhes, procure a manutenção necessária, por exemplo).
contactar os postos de turismo existentes, Em caso de dúvida, use os contactos que lhe
pelo menos, nas principais cidades a visitar. disponibilizamos para se certificar de que
Tenha ainda em conta a possibilidade de determinado local continua aberto na altura
desatualização de informações relativas aos da sua visita e em que horário. Alguns locais
locais mencionados; estas poderão sofrer têm um número de telefone direto, noutros
alterações entre a data da nossa visita e aquela casos deixamos-lhe o do posto de turismo
em que o leitor visitar os mesmos locais. mais próximo, da junta de freguesia ou da
câmara municipal.
• Note que, apesar de a descrição do trajeto
ser feita de forma ininterrupta, os percursos
não foram concebidos para serem realizados Legendas dos pictogramas
num único dia. O que significa que, se quiser
seguir à risca as sugestões incluídas em Outras Artesanato
curiosidades e gastronomia
cada percurso, deverá estar preparado
para dispor, em média, de dois ou três
dias. Embora não incluamos sugestões de Miradouros Zonas de lazer
alojamento, esse é um aspeto importante
a ter em conta. Além disso, sobretudo em
Monumentos e
zonas menos povoadas ou quando fizer Museus zonas históricas
longas caminhadas, tenha em mente a hora a
que anoitece e considere se é mais prudente Passeios
Tome nota…
continuar ou voltar para trás. pedestres

Espaços Vias em mau


• Tentámos ser tão abrangentes quanto verdes e vida estado ou para
possível, de forma que é provável que animal todo-o-terreno
A

Índice
Alentejo
14 • 1 Nisa
Castelo de Vide, Marvão, Portalegre,
Crato, Alpalhão
26 • 2 Ponte de Sor
Alter do Chão, Alter Pedroso, Cabeço
de Vide, Fronteira, Ervedal, Avis
34 • 3 Montemor-o-Novo
Arraiolos, Evoramonte, Vimieiro,
Pavia, Mora, Brotas
46 • 4 Estremoz
Redondo, Terena, Alandroal,
Vila Viçosa, Borba
60 • 5 Évora
Alcáçovas, Viana do Alentejo, Alvito,
Vila Ruiva, Vila Alva, Vidigueira, Portel,
São Manços
72 • 6 Monsaraz
São Pedro do Corval, Reguengos de
Monsaraz, Mourão
82 • 7 Alcácer do Sal 
Tróia, Santa Catarina dos Sítimos,
Torrão
88 • 8 Grândola 
Lousal, Abela, Santiago do Cacém
96 • 9 Beja
Ervidel, Aljustrel, Messejana,
Ferreira do Alentejo
106 • 10 Sines
Porto Covo, São Domingues
112 • 11 Vila Nova de Milfontes
Zambujeira do Mar, São Teotónio,
Odemira
118 • 12 Almodôvar
Santa Clara-a-Nova, Ourique,
Castro Verde
A

Algarve
130 • 13 Monchique
Maria Vinagre, Rogil, Aljezur,
Marmelete, Caldas de Monchique
138 • 14 Lagos
Bordeira, Carrapateira, Vila do Bispo,
Sagres, Barão de São João
144 • 15 Silves
Portimão, Lagoa, Porches,
Armação de Pêra, Guia
156 • 16 Albufeira
Paderne, Alte, Salir, Querença, Loulé,
Almancil, Vilamoura
166 • 17 Faro
Estoi, São Brás de Alportel, Tavira,
Santa Luzia, Olhão

174 Índice remissivo


A
A

Alentejo
O suave encanto das planícies

Ocupando praticamente um terço do território português


continental, esta região destaca-se, sobretudo, pela
imensidão dos seus campos e planícies, que quase parecem
não ter fim. Este é um lugar em que ainda é bem percetível
o domínio da natureza sobre o homem: quem olha para o
horizonte alentejano depressa compreende a diferença entre
a magnitude da Terra e a pequenez dos seus ocupantes.

O Alentejo é o local ideal para aqueles que pretendem


descansar e relaxar. Contudo, desengane-se quem pense que
a região pouco mais tem para oferecer. Encantos não faltam
nas terras alentejanas, onde há múltiplos oásis a pontilhar
“o deserto das planícies”. Além disso, as paisagens, mesmo
que em grande parte minimalistas e quase monocromáticas,
estão longe de ser monótonas.

Aprecie, por exemplo, as muitas casinhas típicas, com a sua


combinação de azul ou ocre e branco, contrastando com o
amarelo seco dos campos de trigo no verão. Na primavera,
os campos cobrem-se de flores, e o amarelo dá lugar ao
verde-vivo. As habitações encerram ainda um tesouro
precioso: as simpáticas e afáveis gentes da terra.

Este imponente território, quase sempre soalheiro, sobretudo


durante os meses de verão, convida ainda a que se visitem
as águas e barragens fluviais, no interior, e as belas praias
costeiras, no recatado litoral. Apela também a agradáveis
passeios (não esquecendo as necessárias precauções),
de forma a desfrutar de tudo o que a região põe ao dispor dos
visitantes.

11
Alentejo
A
A

1 Nisa • Castelo de Vide • Marvão • Portalegre • Crato • Alpalhão • Nisa
Menir do Patalou, Barragem de Póvoa e Meadas, Chafurdão do Vale de Cales, Escusa,
Portagem, Ammaia, Barragem da Apartadura, Flor da Rosa, Anta de São Gens, Amieira do Tejo

2 Ponte de Sor • Alter do Chão • Alter Pedroso • Cabeço de


Vide • Fronteira • Ervedal • Avis • Ponte de Sor
Tramaga, Vila Formosa, Coudelaria de Alter, Albufeira do Maranhão

3 Montemor-o-Novo • Arraiolos • Evoramonte • Vimieiro • Pavia • Mora
• Brotas• Montemor-o-Novo
Santiago do Escoural, Barragem do Divor, Cromeleque Monte das Fontainhas, Cabeção,
Parque Ecológico do Gameiro, Torre das Águias, Barragem da Atabueira, Monte Selvagem

4 Estremoz • Redondo • Terena • Alandroal • Vila Viçosa • Borba • Estremoz
Serra d’Ossa, Aldeia da Serra, Candieira, Santuário do Endovélico de Rocha da Mina,
Monte da Fonte Santa, Barragem de Lucefécit, Castro do Castelo Velho

5 Évora • Alcáçovas • Viana do Alentejo • Alvito • Vila Ruiva • Vila


Alva • Vidigueira • Portel • São Manços • Évora
Anta do Zambujeiro, Cromeleque dos Almendres, Menir dos Almendres, Anta-Capela de
São Brissos, Barragem do Alvito, Barragem de Odivelas, São Cucufate, Torre de Coelheiros

6 Monsaraz • São Pedro do Corval • Reguengos de Monsaraz • Mourão • Monsaraz


Cromeleque do Xarez, Menir da Bulhoa, Menir do Outeiro, Olival da Pega, Menir da Rocha
dos Namorados, Praia Fluvial de Mourão, Praia Fluvial de Monsaraz

7 Alcácer do Sal • Tróia • Santa Catarina dos Sítimos • Torrão • Alcácer do Sal


Carrasqueira, Creiro, Comporta, Barragem de Pego do Altar, Barragem de Vale do Gaio

8 Grândola • Lousal • Abela • Santiago do Cacém • Grândola 
Azinheira dos Barros, São Bartolomeu da Serra, Moinho das Cumeadas, Miróbriga, Rio de
Figueira, Badoca Park, Salgueiral da Galiza, Lagoa de Santo André, Lagoa de Melides

9 Beja • Ervidel • Aljustrel • Messejana • Ferreira do Alentejo • Beja
Villa Romana de Pisões, Parque Fluvial dos Cinco Reis, Barragem do Roxo, Moinho do
Maralhas, Villa Romana Monte da Chaminé

10 Sines • Porto Covo • São Domingues • Sines 


São Torpes, Ilha do Pessegueiro, Barragem do Morgável, Barragem de Campilhas

11 Milfontes • Zambujeira do Mar • São Teotónio • Odemira • Milfontes


Furnas, Almograve, Cabo Sardão, Carvalhal, Parque das Águas, Pego das Pias

12 Almodôvar • Santa Clara-a-Nova • Ourique • Castro Verde • Almodôvar


Mesas do Castelinho, Fernão Vaz, Castro da Cola, Barragem do Monte da Rocha,
São Pedro das Cabeças

13
A ALENTEJO

EXTENSÃO 170 km

Nisa
•  Menir do Patalou
•  Barragem de Póvoa e Meadas
•  Chafurdão do Vale de Cales
I niciamos as nossas sugestões de percursos no
Alto Alentejo. Ao contrário das planícies imensas
que caracterizam o Alentejo, nesta sub-região
existem relevos na planície, usados pelos nossos
antepassados para se estabelecerem em
Castelo de Vide
segurança dentro de muralhas protetoras e com
• Escusa boa visibilidade sobre os arredores. É este legado
Marvão que vamos apreciar agora, visitando povoados de
• Portagem ruas íngremes e estreitas, com calçadas de lajes de
•  Ruínas romanas de Ammaia pedra e edifícios com portas e janelas pequenas
para manter o interior das casas protegido do Sol
•  Barragem da Apartadura
escaldante do verão e das baixas temperaturas
Portalegre
da invernia. Iremos também recuar no tempo para
Crato assinalar as marcas deixadas pelos romanos e,
•  Flor da Rosa muito antes deles, pelos nossos antepassados
Alpalhão pré-históricos.
•  Anta de São Gens Miradouro
Transparente
•  Passadiços de Amieira do Tejo
do Tejo
Nisa
Nisa
Menir do Patalou

Chafurdão do Vale de Cales


Anta de São Gens

Castelo de Vide
Alpalhão
Marvão
Escusa Portagem
Início Ruínas de Ammaia
do percurso
Albufeira da Barragem
da Apartadura
Flor da Rosa
Portalegre
Crato

Nisa o queijo de Nisa é a companhia ideal para um


bom tinto. Já a louça de barro é famosa pelas
O queijo, os bordados e a cerâmica são os graciosas decorações realizadas com centenas
principais estandartes desta vila fundada de pedrinhas de calcário.
por colonos franceses. Curado, de pasta
semidura, tonalidade entre o branco e o Estacione na Praça da República, ali perto do
amarelo, obtido a partir do leite de ovelha, edifício do Turismo   39.51625,-7.65046 ,

14
A P ERC U R S O 1 • N I SA

e visite a cidade a pé, sem pressas, lavrado com motivos grotescos e, em cima
assimilando o espírito da terra. Se levar deste, abrem-se duas frestas e um nicho
crianças, saiba que, do outro lado da praça, com volutas. Um belo trabalho de cantaria.
existe um pequeno jardim infantil que Passe por baixo do arco, junto da câmara
poderá dar jeito para alguns momentos de municipal, e desça pela calçada até à Porta
brincadeira. Depois siga pela Porta da Vila,
entrando no centro histórico, repare na
Torre do Relógio e, continuando pela Rua
D. Francisco Miguens, visite o Museu do
Bordado.

Museu do Bordado ou Núcleo


Museológico do Bordado
Os bordados de Nisa são anteriores ao
século xv e utilizam diversas técnicas,
destacando-se os alinhavados de Nisa. Também
conhecidos como “desfiados” ou “ramos de
pano”, são elaborados em pano de linho,
linho e algodão ou pano cru, e aplicados,
sobretudo, em roupas de cama, toalhas de
mesa e de rosto e outras peças de tecido. Praça da República, Nisa
O padrão é obtido pela remoção de fios ao
tecido. Daí o velho ditado, “rompe-se o pano,
mas fica o bordado”. Motivo adicional de
interesse: este museu está instalado numa
casa tradicional nisense.

Local: Rua D. Francisco Miguens, 27-29.


Contacto: 245 410 000 (ext. 320).

Continue pela mesma rua e, na Praça


do Município, repare na Fonte do Frade,
à direita, na esquina. No jardim ao centro da
praça aprecie o curioso e invulgar pelourinho
encimado por uma esfera armilar e uma mão
segurando uma espada. Do outro lado da
praça, no início da Rua Canto João de Évora,
está a Capela da Misericórdia, que alberga
uma exposição de arte sacra.

Ainda nesta praça, repare na bonita fachada


da Igreja da Misericórdia, construída durante
o primeiro quartel do século xvi. O arco está Porta da Vila, Nisa

15
A ALENTEJO

de Montalvão. Era parte integrante do antigo de um espaço para exposições temporárias


Castelo de Nisa, que data do século xiii e foi de cariz etnográfico.
mandado erigir pelo Rei D. Dinis. Não deixe
de visitar o Museu do Bordado e do Barro, Local: Largo da Cadeia Nova.
mesmo ao lado. Contacto: 245 410 000 (ext. 513).

Museu do Bordado e do Barro De regresso ao jardim onde iniciou este


Localizado no edifício da cadeia nova, este percurso, antes de atravessar a Porta da Vila,
museu alberga, em três pisos, uma exposição repare na igreja matriz ou Igreja de Nossa
permanente de olaria pedrada (peças de Senhora da Graça, construída pela Ordem
barro ornamentadas com pedrinhas) e os dos Templários. Sofreu várias modificações
diversos tipos de bordados. É o principal ao longo dos séculos e foi reconstruída após o
espaço museológico de Nisa e também terramoto de 1755, que deixou grande parte
aquele onde se encontram as peças mais deste templo em ruínas. Lá dentro aprecie
significativas. Se pensa que os bordados o bonito arco de cantaria ornamentado com
de Nisa são apenas paninhos brancos diversas pinturas e relevos ostentando a Cruz
com ornamentos de fio da mesma cor, de Cristo.
desengane-se: vai encontrar aqui trabalhos
policromáticos muito elaborados que vão Saia da cidade, passando pelo cemitério,
surpreendê-lo. Este museu também dispõe e siga pela M1007, em direção à Barragem de
Póvoa e Meadas. Alguns quilómetros depois
vai encontrar uma tabuleta que indica Menir
do Patalou  39.48274,-7.59391 .

Menir do Patalou

O acesso é por um caminho de campo e


tem uma cancela à entrada. Pode circular
à vontade, porque o acesso é público, mas
não se esqueça de fechar o portão quando
sair. Cerca de um quilómetro adiante vai
encontrar um menir, com cerca de quatro
metros de comprimento e sete toneladas
de peso, que terá sido talhado no quinto
milénio antes de Cristo. Foi encontrado
caído e a área que esteve em contacto
com a terra apresentava gravações com
formas onduladas, levando os arqueólogos
a acreditar que essas marcas eram ainda
mais antigas. Já a face que esteve exposta
apresenta um conjunto de covinhas
Museu do Bordado e do Barro, Nisa escavadas, resultado de ações posteriores.

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A P ERC U R S O 1 • N I SA

Barragem de Póvoa e Meadas

Continuando na mesma estrada vai passar


junto da Barragem de Póvoa e Meadas.
Existem diversos acessos à água, alguns
deles arborizados e com mesas e bancos
onde poderá tomar uma refeição. Se quiser
explorar os percursos em redor do espelho
de água, siga as indicações no local.
Continuando na M1007, em direção a Castelo
de Vide, vai encontrar, pouco depois, uma
indicação à direita para Vale de Cales.

Chafurdão do Vale de Cales

Logo ali, junto à estrada  39.46712, -7.55716 ,


existe uma construção de configuração
circular em granito e xisto. Há diversas
edificações deste tipo na região. Não se
sabe quando foram construídas, mas as
semelhanças com os castros da Idade Menir do Patalou
do Ferro não serão mera coincidência.
Foram usadas como abrigo pelos pastores
que recolhiam o gado na zona murada mais límpidos, avista-se Castelo de Vide,
anexa. Repare no bebedouro escavado na em frente; Marvão, à direita; as Portas de
pedra à entrada do edifício. Existem nas Ródão, duas formações rochosas situadas em
proximidades chafurdões de sepulturas Vila Velha de Ródão, em ambas as margens
antropomórficas (escavadas na rocha), mas do Tejo; e, mais para Norte, as serras da
não se sabe se estão relacionadas. Gardunha, Estrela e Açor.

De regresso à estrada de acesso à vila, repare,


Castelo de Vide logo à entrada, na bonita Fonte do Martinho
 39.41485, -7.46255 , com os seus peixes
Se quiser uma vista ampla sobre a vila e a talhados em mármore. Foi construída no
região circundante, pouco antes de chegar século xvii, no local onde já existia um
faça um desvio à direita para visitar o modesto chafariz. Irá encontrar esculturas
Miradouro da Ermida da Senhora da Penha de figuras aquáticas noutras fontes da vila.
 39.41060, -7.46455 . Estacione numa zona Vire as costas à fonte e aprecie a encosta de
arborizada e fresca, junto a um fontanário, casario branco encimada pelas muralhas
e prepare-se para subir uma escadaria escuras do castelo. Suba agora à vila e
considerável. O esforço será recompensado estacione no centro, junto da igreja matriz,
com um panorama soberbo. Nos dias na Praça Dom Pedro v.

17
A ALENTEJO

Igreja de Santa Maria da Devesa Continue a subir a Rua da Fonte, em direção


A Igreja Matriz de Castelo de Vide é ao castelo, e depois vire à direita na Rua da
considerada a maior do Alto Alentejo. Foi Judiaria, para visitar a Sinagoga Medieval de
concluída em 1873, no local de uma pequena Castelo de Vide. Em 1492, os Reis Católicos
capela fundada em 1311 por Lourenço Pires expulsaram os judeus do território espanhol.
e sua mulher. A igreja é constituída por Muitos escolheram, então, recomeçar as
nave, capela-mor, transepto, duas torres suas vidas nas cidades fronteiriças do norte
sineiras e duas sacristias. Lá dentro vai alentejano. Castelo de Vide foi uma das
encontrar o pequeno Museu Paroquial de mais importantes comunidades da altura.
Arte Sacra Cónego Albano Vaz Pinto. Nada de Os judeus foram remetidos para a parte mais
deslumbrante, mas interessante para quem íngreme, húmida e escura da vila, fora da
gosta do tema. proteção das muralhas.

Judiaria Local: Rua da Judiaria.


Desça a Rua Nova e vá reparando nas bonitas Contacto: 245 908 227.
ombreiras das portas, muitas delas em arco
ogival. Algumas têm mais de 500 anos e Castelo e burgo medieval
são decoradas com inscrições ou símbolos. Continue em direção ao castelo. Dentro da
A vila possui o mais importante conjunto muralha, suba à torre de menagem, a partir
de portas ogivais do País. A Fonte da Vila da qual, através de três grandes janelas, pode
 39.41720, -7.45563  foi construída por apreciar a Ermida da Senhora da Penha,
volta de 1500 pela comunidade judaica, a vila e Marvão, e o Norte, em direção ao Tejo.
e nela figuram as armas de Portugal e Castelo
de Vide. Nas colunas, estão gravadas cruzes, Ainda no castelo, visite a exposição
que representam os batismos forçados a que dedicada a Salgueiro Maia, na Casa da
milhares de judeus foram submetidos. Cidadania Salgueiro Maia. Aqui se encontra
o património doado pelo capitão de Abril,
um dos líderes militares da revolução que
pôs termo à ditadura em Portugal, à vila
alentejana onde nasceu. Entre as peças que
aqui se encontram está o megafone com o
qual, no dia 25 de abril de 1974, no Largo
do Carmo, em Lisboa, exigiu a rendição
de Marcelo Caetano e a entrega do poder
às forças democráticas. Também lá está o
uniforme militar que envergava nesse dia,
entre outros objetos e documentos que lhe
pertenceram.

Não deixe de visitar o burgo. Casas bem


conservadas, calçadas de pedras polidas
e, de novo, vista desafogada sobre hortas
Sinagoga de Castelo de Vide e quintais e toda a região circundante.

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A P ERC U R S O 1 • N I SA

Seguindo pela Rua Direita, poderá apreciar


mais portas ogivais, alguns edifícios Franceses no Alentejo
brasonados e, ao fundo, a desaguar num Em finais do século xii, D. Sancho I doou a
pequeno largo, a Igreja de Nossa Senhora da Herdade da Açafa à Ordem do Templo,
Alegria, cujo interior é revestido por azulejos um vasto território onde os cavaleiros
policromáticos do século xvii. monges edificaram fortificações.
Entretanto, o mesmo rei anunciou
a vinda de colonos franceses. Estes
fundaram aglomerados populacionais
Fornos e caleiras da Escusa
que batizaram com o nome das suas
terras de origem. Nisa, ou Nisa-a-Nova,
Saia de Castelo de Vide e siga pela N246-1,
torna-se a correspondente portuguesa
na direção de Portagem. À saída da Escusa,
de Nice. Assim terão nascido Arez (Arles),
vire à esquerda para visitar os fornos de
Montalvão (Montauban) e Tolosa
cal e as caleiras  39.38790, -7.40081 . (Toulouse). De resto, em língua d’oc,
Estas estruturas são o que resta da atividade falada no sul de França, onde todas
de exploração do calcário e de produção estas cidades se situam, Nice diz-se Nisa
de cal na região, e mantêm ainda as suas e Toulouse é Tolosa.
principais características arquitetónicas e
funcionais. A pedra era retirada da falésia
próxima e queimada nestes fornos para
produzir a cal utilizada na construção e para Se estiver na hora de almoçar, experimente
caiar as paredes. Muitos fornos estão em dar uma olhada na antiga Casa do Povo
ruína e quase irreconhecíveis, mas outros onde funciona um agradável restaurante.
encontram-se bem conservados e permitem De inverno pode comer enquanto espreita a
perceber bem as suas funcionalidades. imensa planície alentejana pela janela, e no
verão dispõe de uma ampla esplanada.
Percorrido este percurso das caleiras, volte
à aldeia da Escusa e siga para Marvão pela Local: Travessa do Chabouco, 2.
M1033-1. Contacto: 245 993 160.

Castelo
Marvão Suba até ao castelo, apreciando as ruas
estreitas de calçada antiga e, lá em cima,
Existem alguns locais onde pode estacionar descanse um pouco no pequeno jardim
do lado de dentro das muralhas, mas o ornamentado com um labirinto de sebes
espaço é limitado, e as ruas muito estreitas. de buxo, enquanto aprecia a paisagem.
Por isso, é preferível deixar a viatura no A fortaleza, que foi tomada por D. Afonso
parque que fica antes da Porta de Marvão. Henriques em 1166 e, já no reinado de
A vila é pequena e pode ser bem visitada a pé. D. Dinis, foi ampliada e reforçada, está
Se quiser ver artesãos a trabalhar, passe pela perfeitamente encaixada no alto de um
Olaria Maria Joachim, na Rua do Relógio, penhasco. Junto à entrada, encontra o acesso
onde poderá também adquirir algumas à cisterna do castelo. Desça as escadas com
peças do artesanato local. cuidado. O espaço interior é amplo, com teto

19
A ALENTEJO

abobadado. A capacidade de armazenamento os bordados com casca de castanha.


de água era muito importante em caso de De destacar são também as lápides
guerra, já que os cercos podiam durar meses funerárias medievais de origem judaica,
ou mesmo anos. A água e os víveres podiam, decoradas com a menorá (candelabro de sete
assim, decidir o curso de uma batalha. braços), raras em Portugal e encontradas no
cemitério de Marvão.
Continue a explorar o castelo, que está
dividido em dois recintos. No primeiro, Local: Largo de Santa Maria.
encontrará, à direita, uma olaria: o Forno Contacto: 245 909 132.
do Assento. No segundo, suba à torre de
menagem. Existem outras duas cisternas, Descendo do castelo, aprecie a Fonte do
mais pequenas, mas estão fechadas ao Concelho, junto da Igreja do Espírito Santo.
público. Curiosamente, esta fonte setecentista foi
originalmente construída fora dos muros da
Visite também a Igreja de Santa Maria, vila, mas, no século xix, foi trazida pedra por
construída entre os séculos xiii e xiv, que pedra para este local.
alberga o Museu Municipal de Marvão.
O espaço é pequeno, dispondo de uma Câmara velha e atual Casa da Cultura
coleção de arte sacra, vestígios arqueológicos de Marvão
(com destaque para o Menir do Corregedor) É um dos mais importantes elementos
e peças etnográficas. Este último espólio é da arquitetura civil da vila, e também o
composto por vestuário antigo, típico da edifício antigo de maiores dimensões.
zona, e outros objetos relacionados com as Construída no reinado de D. Manuel
tradições da região, como, por exemplo, (séculos xv/xvi), a Câmara velha albergou
os Paços do Concelho até 1956, ano em que
foram inauguradas as atuais instalações
camarárias. O interior da Torre do Relógio
deixa ver a escada de acesso ao topo,
constituída por degraus toscos embutidos
na parede. É também pela Torre do Relógio
que se acede às prisões do rés-do-chão da
Câmara velha, atualmente transformadas
em Oficina/Loja de Artesanato e Sala de
Exposições.

Local: Praça do Pelourinho.


Contacto: 245 909 137.

Portagem

Saia de Marvão e desça a Portagem, junto


Rua de Marvão ao Rio Sever  39.38320, -7.38195 . Pode

20
A P ERC U R S O 1 • N I SA

experimentar as frias águas da piscina


fluvial ou ficar-se pelo parque de lazer.
No primeiro caso, tem à sua disposição
um espaço aprazível, com sombras e
escadas de acesso à água. A profundidade
da piscina aumenta gradualmente.
No segundo, encontrará uma piscina
artificial, parque infantil e parque de
jogos. Num caso como noutro, não faltam
restaurantes. Ao fundo, poderá apreciar
uma ponte romana e, à direita, uma torre
militar. No século xv, os judeus expulsos
de Espanha pagavam portagem no local
para passarem para o lado português. Museu de Ammaia
Daí o nome da localidade. Nessa mesma
torre, foi colocada uma placa evocativa da
passagem dos judeus. Portalegre

Faça-se de novo à estrada, em direção a


Ruínas romanas de Ammaia Portalegre, ou faça um pequeno desvio
para espreitar a Barragem da Apartadura,
Saia de Portagem pela N246-1 e siga ali mesmo ao lado. Basta seguir as placas.
pela N359, em direção a Portalegre. Pode estacionar antes ou depois do paredão.
Ao chegar a São Salvador da Aramenha, De ambos os lados há zona de banhos.
siga a indicação de Ruínas romanas de Embora não existam estruturas de apoio, é
Ammaia. A cidade romana de Ammaia uma excelente opção em dias de calor. Tenha
foi implantada nesta encosta no final em atenção que a profundidade aumenta
do século i a.C., ocupando uma área de com rapidez. Aconselhamos sandálias de
cerca de 25 hectares, dos quais só uma borracha, dado o fundo ser coberto por
ínfima parte foi já escavada. A qualidade pedras irregulares que podem magoar os pés.
do museu monográfico surpreende.
Num espaço amplo, poderá apreciar Manufactura de Tapeçarias de Portalegre
cerâmica utilitária, moedas, lápides e um Entrando em Portalegre, dirija-se à parte
interessante moinho de cereais, de grandes mais antiga da cidade e estacione junto
dimensões. A maioria das peças está em à Praça da República. Há por aqui vários
ótimo estado de conservação. Fora do pontos de interesse. Admire a fachada
museu, visite as ruínas desta importante da famosa Manufactura de Tapeçarias de
cidade romana, nomeadamente, as portas Portalegre, fundada em 1946. O trabalho
da cidade, o fórum e as termas, ao longo de consiste numa reprodução artística de
um trajeto bem assinalado. motivos criados por pintores, com base
num sistema de nós e na escolha criteriosa
Local: Estrada da Calçadinha, 4. das cores. Existem mais de sete mil lãs de
Contacto: 245 919 089. tonalidades diferentes. O pintor Guilherme

21
A ALENTEJO

hospedou-se no edifício, à época uma


pensão. A princípio instalado num quarto
humilde, foi alugando outras dependências
à medida que a sua coleção aumentava, até
que se tornou hóspede único. Os visitantes
podem apreciar os seus objetos pessoais,
entre os quais um espólio de arte religiosa
popular, de que fazem parte centenas de
Cristos. Dispõe ainda de um acervo literário e
de um centro de estudos.

Local: Rua do Poeta José Régio.


Contacto: 245 307 535.

Café Alentejano
Volte à Praça da República e prepare-se para
andar alguns minutos até ao Café Alentejano
Café Alentejano, Portalegre  39.290879, -7.431850 . Pode parecer
um nome banal para um café localizado
em pleno Alentejo, mas a verdade é que é
Camarinha criou os primeiros motivos, o único café típico em Portalegre. Alojado
designados por cartões. No final dos anos 50 num edifício da primeira metade do século
do século passado, as tapeçarias integraram xx, com traços de arquitetura modernista,
várias exposições nacionais, onde suscitaram alberga também a tradição académica que
interesse e curiosidade antes de obterem reúne estudantes e a vida no Alto Alentejo.
reconhecimento internacional. Artistas como Repare na estátua de homenagem ao
Almada Negreiros, Menez, Nadir Afonso, jornaleiro, à frente do café.
Manuel Cargaleiro, José de Guimarães, Júlio
Pomar e Júlio Resende fizeram cartões para Local: Rua do Comércio, 96-98.
as tapeçarias de Portalegre. A fábrica dispõe Contacto: 245 201 258.
ainda de uma galeria de arte, onde são
realizadas exposições. Sé Catedral
Dirija-se, agora, à Sé Catedral. Este templo
Local: Rua D. Iria Gonçalves Pereira, 2. começou a ser construído em 1556, no local
Contacto: 245 301 400. onde se situava a Igreja de Santa Maria do
Castelo. No interior, admire os retábulos
Casa-Museu José Régio dos séculos xvi e xvii, que constituem o
Volte um pouco atrás, na mesma rua, e vire maior conjunto de pinturas maneiristas
à esquerda. Irá encontrar a Casa-Museu do País. A fachada barroca terá resultado
José Régio, onde o poeta de Vila do Conde de alterações realizadas no século xviii.
passou 34 anos da sua vida. Colocado no Em maio de 2022, a Sé encontrava-se
Liceu Mouzinho da Silveira, em Portalegre, encerrada para obras, mas prevê-se que
como professor de Português e Francês, reabra ainda este ano.

22
A P ERC U R S O 1 • N I SA

Local: Praça do Município. Museu Municipal do Crato


Contacto: 245 309 480. Está instalado num palácio setecentista que,
pela sua beleza, só por si vale uma visita.
Museu Municipal de Portalegre Apresenta uma exposição permanente sobre
Mesmo ao lado da Sé, está o museu a história da região, desde a Pré-história. Os
municipal. Criado em 1918, dentro do vestígios megalíticos, a presença romana e a
espírito reformista da Primeira República, construção do Mosteiro de Flor da Rosa (veja
dispunha à época de uma pequena coleção
de arte sacra, que hoje se encontra ampliada
e constitui o espólio mais rico do museu.
Mobiliário, pintura, cerâmica, faiança
portuguesa, ourivesaria e porcelana são
outras das coleções expostas. Existem
ainda mais de 700 peças que representam
Santo António, doadas pela viúva de um
colecionador particular.

Local: Rua José Maria da Rosa.


Contacto: 245 307 525.

Museu da Tapeçaria de Portalegre


Percorra toda a Rua da Sé e, no final,
vire à esquerda. Vai encontrar o Museu
da Tapeçarias de Portalegre. Instalado
na antiga casa nobre Castel-Branco, Museu da Tapeçarias de Portalegre
entretanto remodelada, conta com um
conjunto significativo de peças doado pela
Manufactura de Tapeçarias de Portalegre. a seguir) são alguns dos temas explorados.
O museu integra também um espaço para De destacar, ainda, a reconstituição de uma
exposições temporárias ligadas à temática da casa típica alentejana, a partir de peças
tapeçaria e às artes plásticas. oferecidas pelos habitantes. Também inclui
uma galeria de exposições temporárias.
Local: Rua da Figueira, 9.
Contacto: 245 307 530. Local: Rua da Assembleia dos Cavaleiros da
Ordem Soberana e Militar de Malta, 3.
Contacto: 245 990 115.
Crato
Repare, ali perto do museu, na imponente
Saia de Portalegre pela N18, que se inicia Varanda do Grão-Prior. Suportada por três
junto ao estádio municipal, e siga em direção arcos, fazia parte do Palácio do Grão-Prior
ao Crato. Ao chegar, estacione perto do Largo (século xvi), que se pensa ter sido destruído
Dr. Belo Morais, que fica perto da entrada da durante a Guerra da Restauração, a partir de
vila, e explore as ruelas a pé. 1640. Deste edifício resta apenas a varanda,

23
A ALENTEJO

edificada num plano avançado em relação A igreja alberga o túmulo do fundador.


à fachada do palácio. Destacamos as três De estilo gótico, foi uma importante igreja-
arcadas, assentes em colunas cilíndricas, e o -fortaleza, que também era paço e castelo.
travejamento de madeira que cobre o espaço Restaurado em meados do século xx,
interior. O varandim é decorado a toda a o monumento adquiriu a forma atual
volta com rosáceas e meias rosáceas. na década de 90, altura em que parte do
mosteiro foi transformada em pousada.
Local: Praça do Município, 7. Também encontra aqui um posto de
turismo.
No largo, espreite também o pelourinho.
Local: Rua do Mosteiro, 10.
De volta ao automóvel, espreite A Mercearia, Contacto: 245 997 341.
no n.º 6 da Rua J.M. Casqueiro, para
se inteirar das apetitosas sugestões Ali perto, veja também a Fonte Branca,
gastronómicas da terra. na Rua de São Bento  39.30575, -7.64836 .
É uma fonte medieval que pertence ao
Mosteiro de Flor da Rosa, com tanque
Mosteiro de Flor da Rosa quadrangular, com escadas e moldura em
granito.
Saia do Crato pela N245, em direção a
Alpalhão. Faça uma paragem em Flor da
Rosa, para visitar o Mosteiro de Santa Alpalhão
Maria (século xiv), mandado construir por
D. Álvaro Gonçalves Pereira, primeiro prior Siga agora para Alpalhão, continuando na
do Crato e pai de D. Nuno Álvares Pereira. N245. Se gosta de etnografia, faça uma visita

Mosteiro de Santa Maria, Flor da Rosa

24
A P ERC U R S O 1 • N I SA

à Casa Museu de Alpalhão. É um espaço


museológico modesto, mas onde encontrará
o essencial da vivência da gente desta terra.
Está representado o interior de uma casa
típica da freguesia, com todos os apetrechos
e decorações característicos. E também está
ali reunido um pequeno espólio que mostra
como era a escola primária e os utensílios
característicos de determinados ofícios,
como sapateiro e barbeiro. Visitas apenas
por marcação, através da junta de freguesia
(telefone indicado abaixo).

Local: Rua do Castelo, 55.


Contacto: 245 742 154.

Saia da vila pelo Largo da Devessa e siga


pela M1176. Alguns quilómetros depois vire
à direita, por uma estradinha de campo, Passadiços de Amieira do Tejo
quando vir indicado Anta de São Gens
 39.448069, -7.676208 . É um exemplar
megalítico funerário erguido durante o Neo- alteram a harmonia da paisagem natural, mas
calcolítico. A câmara sepulcral tem mais não lhe quebram o encanto.
de cinco metros e meio de diâmetro, e dois
e meio de altura, restando sete dos esteios O passadiço faz a ligação ao Muro de Sirga,
originais e a laje de cobertura. onde é possível, a partir do módulo Casa da
Árvore, ter uma vista única sobre a foz do
Regresse à estrada e, alguns quilómetros Rio Ocreza. No final do trajeto existe uma
depois, entre no IP2 em direção a Gardete plataforma flutuante, que faz a travessia
e Castelo Branco. Um pouco antes de do Tejo, e um espaço verde onde poderá
chegar à Barragem do Fratel vai encontrar repousar e retemperar energias.
indicação para Passadiços de Amieira do
Tejo. O percurso é fácil, mas convém acautelar a
elevada exposição solar no verão, e o piso
escorregadio, em alguns locais, no inverno.
Passadiços de Amieira do Tejo

Inicie o percurso pelo Miradouro Transparente Nisa


do Tejo, com vista para a Barragem do Fratel.
Trata-se de um percurso circular com bons Regresse a Nisa e, se não quiser sair da cidade
trilhos, um passadiço em madeira e um sem algumas recordações regionais, passe
abrigo para observação de aves. O circuito está pelo posto de turismo ou, logo em frente,
pontuado por uma série de instalações que pela Olaria Regional de Nisa.

25
A ALENTEJO

EXTENSÃO 145 km

A
Ponte de Sor
través de uma paisagem heterogénea, que
• Tramaga se estende entre a planície alentejana e os
•  Vila Formosa campos férteis do Ribatejo, propomos-lhe
Alter do Chão visitar vilas históricas como Alter do Chão e Avis.
•  Coudelaria de Alter Como as ofertas de museus são escassas, neste
Alter Pedroso percurso conta sobretudo a riqueza arquitetónica
e paisagística.
Cabeço de Vide

Fronteira Ponte de Sor

Ervedal Coudelaria
de Alter
Avis Tramaga Alter do Chão
Vila Formosa
•  Albufeira do Maranhão Alter Pedroso

Ponte de Sor
Cabeço de Vide

Albufeira Avis Fronteira


do Maranhão Início
do percurso
Ervedal

Ponte de Sor

Estacione na Avenida da Liberdade, junto


a um jardim fresco e arborizado que atrai
os visitantes na época de calor. Depois,
dirija-se à zona ribeirinha, que está muito
bem arranjada e dispõe de um ótimo parque
infantil, onde os animais forrados a relva
sintética constituem um atrativo irresistível
para os miúdos. Continuando sempre para
montante, vai encontrar uma bonita ponte
pedonal que lhe permite aceder à margem
esquerda do rio, caminhar até à ponte mais
Zona ribeirinha, Ponte de Sor a jusante e regressar de novo ao centro da

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A P ERC U R S O 2 • P O N T E D E S O R

vila. A ponte pedonal também pode ser


atravessada com uma bicicleta, desde que
levada à mão.

Continue a pé pela avenida, em direção


a norte. Dois quarteirões adiante vai
encontrar, do lado direito, um interessante
espaço museológico.

Centro de Artes e Cultura de Ponte de


Sor
Nos dez mil metros quadrados desta antiga
fábrica de moagem de cereais e descasque
de arroz coabitam diversos espaços e Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor
serviços dedicados à cultura, desde o
arquivo histórico municipal aos núcleos de
arqueologia industrial, salas de exposição
e anfiteatro. Repare no enorme painel
composto por mais de 300 mil rolhas de
cortiça retratando o rosto de José Saramago,
feito pelo artista albanês Saimir Strati.

Local: Avenida da Liberdade, 64F.


Contacto: 242 291 581.

Moinhos de Água da Tramaga


Antes de seguir para Alter do Chão, sugerimos
um pequeno desvio na direção de Tramaga Moinhos da Tramaga
e do aeródromo. Um pouco antes de chegar
à povoação, encontrará um moinho, sobre
o rio, e um açude  39.23566, -8.02171 . Regresse a Ponte de Sor e saia da cidade para
Os moinhos de água marcam a paisagem das Leste, atravessando a ponte antiga e seguindo
ribeiras de Sor e de Longomel desde, pelo pela N119, em direção a Alter do Chão. Logo
menos, meados do século xiii, e mantiveram depois de passar a ponte sobre a Ribeira de
um papel económico e social ativo até à Seda vai encontrar à direita a indicação de
segunda metade do século xx. Localizados Ponte Romana. Vire aí e desça até ao rio.
junto aos respetivos açudes, essenciais para
que a força das águas fizesse girar os rodízios, Ponte romana de Vila Formosa
constituíam uma fonte de energia com zero Esta antiga ponte romana  39.21620,
poluição e zero resíduos. Nesta paisagem -7.78503  fazia parte da estrada que ligava
verdejante podem também encontrar-se Lisboa a Mérida, passando por Ponte de Sor e
diversos tipos de aves e algumas espécies de Alter do Chão. Classificada como Monumento
peixes de rio. Nacional, encontra-se muito bem conservada.

27
A ALENTEJO

Repare nas aberturas (“olhais”) por cima Castelo de Alter do Chão


dos pilares, destinadas a aliviar a pressão Construído durante o período muçulmano,
da água em caso de cheias e evitar o colapso o castelo foi reformulado no século xiv,
da ponte. Junto à margem há um parque de no reinado de D. Pedro I. De estilo gótico,
estacionamento e um pequeno parque de a entrada principal é feita através da torre de
merendas. Se explorar a margem da ribeira menagem, formando uma espécie de túnel.
no lado oposto vai encontrar as ruínas de um Teve funções residenciais, mais tarde alcaidaria
antigo moinho que funcionava com a água da e prisão, sendo utilizado no século XX como
ribeira. loja de ferrador, oficina de carpintaria, celeiro,
cavalariças e lagar de azeite. Tem um centro
interpretativo e salas de exposições.
Alter do Chão
Local: Largo dos 12 Melhores de Alter.
Estacione no parque junto ao castelo. Contacto: 245 610 004.
Os principais pontos de interesse que lhe
sugerimos situam-se em redor do largo do Chafariz Quinhentista
castelo. Ao lado do castelo, espreite uma bonita
fonte antiga, feita em mármore branco
de Estremoz. Remonta ao século xvi e foi
mandada construir por D. Teodósio I, duque
de Bragança. Ostenta o escudo nacional e as
armas de Alter.

Palácio do Álamo
Construído no século xvii, pela família
Mendes de Vasconcelos, este palácio
barroco foi submetido a grandes obras de
melhoramento no século xviii. O edifício e o
seu jardim estão classificados como Imóvel
de Interesse Público. Comece por apreciar a
fachada. No interior destacam-se a escadaria
de pedra, os espaços e o mobiliário típicos
do estilo barroco. Poderá também apreciar
uma exposição de peças arqueológicas da
região, etnografia e arte sacra. No jardim
setecentista destaca-se um painel de azulejos
retratando cenas de caça.

Local: Largo Barreto Caldeira.


Contacto: 245 610 000.

Um pouco abaixo do Palácio do Álamo,


Castelo de Alter do Chão encontra-se a igreja matriz. Começou a ser

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A P ERC U R S O 2 • P O N T E D E S O R

construída por volta de 1877, no lugar onde já


existia um templo antigo, e só foi concluída
no século xx. Ao lado estão a Capela e o
Antigo Hospital da Misericórdia.

Passe ainda pelo jardim, para ver o Chafariz


da Barreira, que ostenta os brasões dos
duques de Bragança e da Vila. Depois, desça
a Avenida da Coudelaria de Alter e procure
a estação arqueológica atrás do edifício das
piscinas municipais, junto ao campo de
futebol.

Casa da Medusa Saída da eguada para o pasto, Coudelaria de Alter


Esta villa romana  39.19811, -7.66213  é
conhecida pelos arqueólogos desde 1954, mas
só em 2007 é que foi descoberto o mosaico objetivo com que foi fundada, em 1748,
que lhe deu nome. Datado do século iv d.C., por D. João V: preservar e aperfeiçoar o
denota, pela sua dimensão e qualidade, cavalo lusitano. Estão disponíveis diversas
o elevado estatuto social dos proprietários atividades equestres, como batismo a
da casa onde estava implantado. Este cavalo, passeio a cavalo ou de charrete,
mosaico, em bom estado de conservação (as aulas de volteio ou de equitação. A visita,
lacunas abrangem apenas cerca de 10% da guiada, passa pelas cavalariças e permite
imagem), utiliza uma quantidade invulgar apreciar os cavalos. Dá a conhecer a história
de tesselas de pasta vítrea em tons de azul, e as atividades diárias da coudelaria,
verde, bordeaux e amarelo. De acordo com mas também o Museu da Falcoaria e
a investigação mais recente, representa uma exposição de coches. Embora aqui
Alexandre Magno e Poro, rei de Paurava, existam numerosos sítios arqueológicos, de
na cena mais emblemática da batalha de diferentes períodos, não é possível visitá-los.
Hidaspes. Ao centro, Alexandre, ladeado de
soldados frígios, segura o seu escudo, com Local: Tapada do Arneiro.
a cabeça da Medusa. A seus pés, o monarca Contacto: 961 733 371 (marcação de visitas
indiano depõe as armas. guiadas).

Local: Junto ao campo de futebol. Regresse a Alter do Chão e saia para Leste
Contacto: 245 610 000. pela estrada de Pedroso, que se inicia junto
da praça de touros.
Saia da vila seguindo as indicações para
Coudelaria de Alter.
Alter Pedroso
Coudelaria de Alter
Instalada na Herdade da Tapada do Arneiro, Antes de seguir para Cabeço de Vide, faça um
numa área de 800 hectares, mantém o pequeno desvio e visite Alter Pedroso. Pelo

29
A ALENTEJO

caminho, encontra uma anta  39.19243, A vila, que parece parada no tempo, foi sede
-7.62799 , devidamente assinalada, de concelho até ao século xix. Entretanto,
que, no entanto, já não possui a pedra passou a integrar o município de Alter do
superior (chapéu). Se não é um verdadeiro Chão. Motivo de orgulho para a reduzida
apreciador de megalitismo, poderá ficar algo população é a Igreja de Nossa Senhora das
dececionado. Siga até Alter Pedroso, tomando Neves, que data do século xv e possui alguns
a direção do miradouro. Do alto do penhasco, elementos barrocos, como o altar-mor.
onde se situam as ruínas de um castelo do
século xiii, aviste Alter do Chão e aprecie Retome a N369, para Sul, em direção a
toda a região circundante. Esta construção Cabeço de Vide.
fazia parte, durante a Reconquista Cristã, da
linha defensiva do Alentejo. Acabou por ser
destruída durante a Guerra da Restauração, Cabeço de Vide
no século xvii, por uma guarnição espanhola.
Da estrutura primitiva resta um portal em Suba pelas ruelas da parte alta da vila até
estilo gótico, partes da muralha e a porta da chegar ao castelo, de onde se tem uma vista
Capela de São Bento. ampla para a planície circundante. Repare
na Torre do Relógio, no elegante pelourinho
e na igreja matriz. Depois desça à parte baixa
da vila e passe no Largo Espírito Santo, para
dar uma olhada na igreja do mesmo nome e
no cruzeiro com uma coluna de mármore.

Fronteira

Saia de Cabeço de Vide pela Rua Tanquinhos,


junto ao Largo Espírito Santo, na direção de
Fronteira. Depois de passar uma pequena
ponte, no meio de um campo, vai encontrar
um outeiro à direita com duas colunas de
pedra no topo. É o que resta da forca de
Cabeço de Vide, e escapou à destruição
de que outras foram alvo na sequência da
abolição da pena de morte em Portugal.
Como está em propriedade privada, apenas
é possível observar ao longe.

Praia fluvial
Um pouco antes de chegar a Fronteira, vai
atravessar uma ponte antiga, em granito.
À saída da ponte, vire à direita e estacione no
Castelo de Alter Pedroso parque  39.07038, -7.65110 . Trata-se de

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A P ERC U R S O 2 • P O N T E D E S O R

um espaço aprazível, com zona de banhos,


restaurante, sombras e relva. Aproveite para
andar de canoa ou fazer um dos percursos
pedestres indicados no local.

Praça do Município e arredores


Percorra a pé as ruas da vila e vá até à Praça
do Município apreciar o pelourinho, a Torre
do Relógio (século xvi), com um curioso
telhado revestido a azulejos, e a Capela do
Arco dos Santos. Construída numa posição
elevada, sobre uma passagem em arco, esta
capela permitia aos presos, na cadeia em
frente, assistir às missas. Outros tempos,
com santas preocupações! Centro de Interpretação da Batalha dos Atoleiros

Centro de Interpretação da Batalha dos


Atoleiros
Entre em Fronteira e estacione na Avenida
Heróis dos Atoleiros, junto a uma edificação
estranha, cor de barro. Trata-se de um
espaço museológico dedicado a reviver e
entender os acontecimentos da crise do
século xiv, um momento decisivo na História
do nosso país. Entre eles, a Batalha dos
Atoleiros, travada em abril de 1384, perto de
Fronteira. Foi a primeira grande operação
militar de Nuno Álvares Pereira e, apesar
da desvantagem numérica, a cavalaria
portuguesa conseguiu uma vitória expressiva
sobre a castelhana, graças às táticas militares
utilizadas. Um museu moderno e bem
concebido, a não perder.
Centro de Interpretação da Batalha dos Atoleiros
Local: Avenida Heróis dos Atoleiros.
Contacto: 245 604 023.
condições, a estação ostenta vários painéis de
Não deixe Fronteira sem visitar a antiga azulejos, em bom estado de conservação.
estação dos caminhos de ferro  39.04740,
-7.644439 . Para lá chegar, continue pela “Abale” desta vila em direção a Avis, tomando
Avenida Heróis dos Atoleiros, em direção a a N253, na rotunda ao fim da estrada de
Sul, e depois vire à direita na Rua da Estação. Santo Amaro, ou a N245, que parte do campo
Embora já não se encontre nas melhores de futebol. Depois, siga para Oeste na N243.

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A ALENTEJO

Ervedal do século xiii. Entre pela Porta do Anjo ou


pela Porta da Vila e tente estacionar no Largo
A caminho de Avis, faça uma pausa para Cândido dos Reis. Trata-se de uma das mais
visitar o Museu da Fundação Arquivo Paes imponentes zonas de Avis, junto à entrada da
Telles, dedicado à vida e obra do escritor Igreja do Convento.
Mário Saa (1893-1971). Nascido nas Caldas
da Rainha, Mário Paes da Cunha e Sá adotou Igreja do Convento
a forma arcaizante Saa, em homenagem À esquerda da igreja, passando por debaixo
aos seus antepassados mais remotos. Além da arcada, admire os antigos claustros do
de poesia, realizou estudos históricos convento, com a curiosa boca de cisterna em
e genealógicos e ensaios filosóficos, forma de estrela de oito pontas. Em frente
inserindo-se no Modernismo Português. fica a entrada para a antiga sala do capítulo e
O espólio, composto sobretudo por refeitório.
documentos, foi legado pelo próprio à Junta
de Freguesia de Ervedal, e pode ser apreciado Centro Interpretativo da Ordem de Avis
na casa onde viveu. (CIOA)
Constituído por um núcleo museológico
Local: Rua Dr. Emídio Mendes, 20. e pelo arquivo histórico, o centro
Contacto: 242 465 162. interpretativo ocupa parte do claustro de
leitura, do período manuelino, e o piso
superior desta ala do convento. A exposição
Avis é composta por cinco núcleos temáticos que
retratam a história da Ordem de Avis desde
Ao longe, Avis recorta-se no horizonte, a sua formação, passando pelo período
com as ruínas do Convento de São Bento, medieval, época de grande crescimento

Muralhas e Castelo de Avis

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A P ERC U R S O 2 • P O N T E D E S O R

e ascensão, até à sua extinção, em 1843.


Também é possível ver peças do Convento
de São Bento de Avis e da igreja matriz,
nomeadamente paramentos litúrgicos,
ex-votos e estandartes da Santa Casa da
Misericórdia usados em procissões.

Local: Largo Cândido dos Reis.


Contacto: 242 410 093.

Quando sair deste museu repare na


escadaria, junto à igreja, que permite
subir acima da muralha e desfrutar de
uma vista panorâmica da vila e da planície
circundante.

Ao lado do convento, ergue-se o antigo Paço


do Prior-Mor, onde funcionam os serviços Albufeira do Maranhão
da câmara municipal. Na Praça Serpa
Pinto, encontra a igreja matriz e um curioso
pelourinho, encimado por uma águia de asas e alentejanos de outras paragens. Pesca,
abertas, símbolo da vila. Para descansar um natação e canoagem são algumas atividades
pouco, desça pela Rua das Portas de Évora desportivas que podem praticar-se aqui.
até chegar ao Passeio do Mestre de Avis, As crianças têm ainda a possibilidade de dar
um pequeno jardim com miradouro. largas às suas brincadeiras no magnífico
parque infantil ribeirinho. Para tomar
Tente não sair da vila sem experimentar as uma refeição, pode optar pelas mesas e
famosas migas de espargos com entrecosto, bancos à sombra ou, se não lhe agradarem
por exemplo, n’ A Taberna da Muralha. os piqueniques, pelo restaurante com
esplanada.
Local: Rua da Cerca do Convento, 3.
Contacto: 242 032 691.
Ponte de Sor
Albufeira do Maranhão
Em dias de calor, será grande a tentação de Regresse a Avis e, na rotunda, vire à
fazer um desvio até à Albufeira do Maranhão, esquerda para voltar a Ponte de Sor
junto à qual está instalado o parque de pela N244. Ali poderá ter um fim de dia
campismo, que dispõe de piscina, e o clube tranquilo a deambular pela zona ribeirinha,
náutico. A estrada está bem sinalizada e ou (sobretudo se tiver trazido bicicleta)
existe também uma boa ciclovia que vem passar para a outra margem do rio e explorar
da parte baixa da cidade até à barragem. os caminhos de campo que fazem diversos e
Este espaço de lazer é usado, não só pelos agradáveis percursos circulares de extensão
habitantes, como também por turistas à escolha.

33
A ALENTEJO

EXTENSÃO 210 km

O
Montemor-o-Novo
nosso passeio começa em Montemor-o-
•  Museu Agrícola de -Novo, onde, em 1496, o Rei D. Manuel decidiu
Montemor-o-Novo
empreender a descoberta do caminho
•  Santiago do Escoural
marítimo para a Índia. Foi também aqui que, um ano
Arraiolos antes, nasceu João Cidade, o aventureiro que ficaria
•  Barragem do Divor conhecido como São João de Deus pelo seu trabalho
junto dos mais desfavorecidos e pela fundação de
Evoramonte
um hospital em Granada. Já em 1808, a cidade seria
Vimieiro saqueada pelas tropas do general Loison, aquele que
ainda hoje evocamos quando usamos a expressão
Pavia “vai tudo para o Maneta”. Loison, que perdera um
•  Cromeleque Monte braço numa batalha, destacou-se durante as invasões
das Fontainhas
francesas pela crueldade e pelas pilhagens. Alguns
• Cabeção anos depois, Montemor viria de novo a enfrentar a
•  Parque Ecológico guerra, sendo palco das Lutas Liberais.
do Gameiro

Mora Parque Ecológico


do Gameiro Cabeção
•  Fluviário de Mora
Mora
Brotas Cromeleque
Monte das Pavia
•  Torre das Águias Fontainhas

•  Ermida de Brotas
São Sebastião
Vimieiro
•  Barragem
da Atabueira Monte
Selvagem
•  Monte Selvagem Evoramonte

Montemor-o-Novo Arraiolos

Barragem
do Divor
Montemor-o-Novo
Museu
Agrícola

Início
do percurso
Gruta
do Escoural

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A P ERC U R S O 3 • M O N T EM O R- O - N OVO

Montemor-o-Novo algumas casas ainda a ostentar robustos


portais de granito.
Comece por calcorrear a zona mais antiga da
cidade, onde as casas senhoriais se misturam Castelo
com as habitações de traça mais popular. Siga as indicações para subir ao
No n.º 54 da Rua 5 de Outubro, por exemplo, Castelo e estacione no parque próximo
admire a fachada do Solar dos Mouzinhos da  38.64356, -8.21663 . Antes de visitar as
Silveira Almadanins, do século xvii. No Largo ruínas do monumento, aprecie a Casa da
Alexandre Herculano ficam os solares onde Guarda, que reforçava a segurança da Porta
viveram o conde de Safira e o visconde da da Vila, e repare, sobre o arco em granito
Amoreira da Torre. da entrada, numa lápide com o escudo
português entre duas esferas armilares
Virando à esquerda, em direção ao largo dos em alto relevo e vestígios de uma inscrição
Paços do Concelho, irá deparar com mais gótica. Chegando ao topo, aprecie a vista de
alguns pontos de interesse, como as fontes Montemor e arredores. Também é possível
de Nossa Senhora da Conceição e do Besugo. fazer agradáveis passeios a pé em torno do
Pode ainda apreciar uma curiosa lápide castelo. Se tiver tempo e disposição, não
de mármore, com elementos que se pensa deixe de explorar os recantos e os edifícios
serem de origem romana e visigótica. Mais em ruínas. Existe uma zona arborizada,
acima, encontra as ruelas do núcleo antigo, para fazer uma pausa à sombra e respirar
onde se destaca a arquitetura popular, com ar fresco.

Montemor-o-Novo vista do castelo

35
A ALENTEJO

Como muitos outros castelos, o de Montemor dentro faz as delícias dos visitantes. Por
é uma antiga fortaleza conquistada aos vezes, há concertos e cinema ao ar livre.
mouros, embora se pense que a sua origem
é ainda mais antiga. Da muralha que, Para a esquerda do convento, situa-se a Igreja
em tempos, circundava todas as construções, de Santiago, do século xiv. Algumas árvores,
pouco resta. bancos e mesas enquadram o adro. Na igreja,
funciona o Centro Interpretativo do Castelo,
Um pouco à frente da Porta da Vila, abre-se com uma exposição sobre a história da vila.
um largo onde se encontra o Convento
da Saudação, do século xvi, considerado Contacto: 266 898 103.
o monumento de maior valor artístico do
concelho, com os seus belos claustros e Atrás do convento, pode apreciar mais alguns
azulejaria. Aqui têm funcionado algumas edifícios em ruínas, mas de grande peso
iniciativas culturais desenvolvidas pela histórico. O Paço dos Alcaides, por exemplo,
associação O Espaço do Tempo, e, no verão, era o local onde D. Manuel se alojava quando
uma bela esplanada que fica aberta noite ficava em Montemor, e foi aqui que decidiu
a viagem marítima para a Índia. Lembremos
que este rei passava largas temporadas em
Évora e que Montemor, localidade vizinha,
acabou por beneficiar da proximidade da
corte. Os séculos xv e xvi marcam, de resto,
o apogeu de Montemor-o-Novo, com a
população, em crescimento, a instalar-se
cada vez mais para lá das muralhas do
castelo.

A Igreja de Santa Maria do Bispo, antiga


matriz e também em ruínas, é outro local
a explorar. Desça, agora, a rua íngreme
que parte do castelo e, no largo abaixo do
posto da GNR local, visite dois interessantes
espaços museológicos da cidade.

Museu de Arqueologia
Instalado no antigo Convento de São
Domingos, do século xvii, este museu
conta com vários núcleos, desde a olaria
à reconstituição de profissões antigas,
passando pelo brinquedo, a arte sacra
e a tauromaquia. Na sala dedicada à
arqueologia, admire alguns exemplos do
espólio pré-histórico, testemunho da fixação
Casa da Guarda, Castelo de Montemor-o-Novo de habitantes na região. Parte dos objetos

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A P ERC U R S O 3 • M O N T EM O R- O - N OVO

encontrados na Gruta do Escoural (cuja


visita também lhe propomos neste percurso)
encontra-se exposta aqui. Não deixe de
visitar a igreja e os seus belos azulejos
policromáticos.

Contacto: 266 890 235.

Do lado oposto do largo, visite o Centro de


Etnologia. Encontrará um espólio relativo a
trajos, profissões, usos e costumes ligados às
artes e aos ofícios tradicionais alentejanos,
bem como aos grupos de folclore locais.
As visitas requerem marcação prévia.

Local: Largo Professor Doutor Banha de


Andrade, 1.
Contacto: 966 532 994.

Desça ao centro da cidade e aproveite para


fazer uma pausa no Jardim Público, que Museu de Arqueologia de Montemor-o-Novo
fica entre as ruas do Calvário e Olivença.
Espaço agradável, com buxos esculpidos,
tem ainda dois pequenos lagos artificiais. Saia da cidade pela N4 e, pouco depois,
As sombras são ideais para recuperar o fôlego siga a indicação de Museu Agrícola de
perdido nas encostas do castelo. Aqui perto, Montemor-o-Novo.
encontra-se a Igreja do Calvário, com um
retábulo quinhentista alusivo a São Pedro, Museu Agrícola de Montemor-o-Novo
e a sacristia setecentista revestida a azulejo. São dois mil metros quadrados de exposição
Um pouco adiante, aprecie a arquitetura e quatro mil peças que contam a história
do Cineteatro Curvo Semedo, projeto de das máquinas usadas na agricultura, desde
Raul Lino que substituiu o antigo Teatro as caldeiras a vapor da revolução industrial
Montemorense. (1840) aos tratores. Se o tema lhe interessa,
é uma visita a não perder.
Descendo do jardim em direção ao
centro, encontra o belo edifício do Círculo Local: Estrada Nacional 4, Cruz Velha.
Montemorense, fundado no século xix Contacto: 969 024 622.
com o objetivo de criar uma nova banda
filarmónica. Mas acabou por ir mais longe. Regresse a Montemor e saia agora da cidade
Aqui se liam jornais, faziam jogos e trocavam pela N2, seguindo a indicação para Santiago
ideias, realizavam bailes, representações e do Escoural. Depois siga pela M370 e, alguns
palestras. Tem salão de baile, biblioteca e, quilómetros adiante, aí encontra bem
no verão, esplanada. sinalizada a Gruta do Escoural.

37
A ALENTEJO

Santiago do Escoural A maioria representa animais, mas também


existem figuras de interpretação complexa,
A Gruta do Escoural foi usada há 50 mil anos que podem estar relacionadas com rituais
como abrigo. Durante o período neolítico, mágico-religiosos. As formações rochosas,
transformou-se em cemitério (necrópole). estalactites, estalagmites e veios deixados
No interior, pode apreciar as primeiras pelo escorrer das águas são ainda um
gravuras rupestres encontradas em Portugal. espetáculo digno de registo. As visitas só
são efetuadas por marcação prévia e não é
permitido fotografar.

Contacto: 266 857 000.

Se, durante estas deambulações, sentir um


odor forte e agradável a madeira queimada,
é provável que tenha origem numa das
inúmeras carvoarias que laboram na zona.
Seguindo o rasto do cheiro irá encontrar
“iglus” de tijolo fumegantes onde a madeira
queimada em ambiente abafado se
transforma lentamente em carvão vegetal.

Castelo de Arraiolos Continue sempre na M370 até Arraiolos.

Arraiolos

Os tapetes de Arraiolos contribuíram,


em grande parte, para tornar esta vila
conhecida, e são um dos seus pontos de
interesse incontornáveis.

Castelo
Suba primeiro até ao castelo, com a sua
invulgar muralha em círculo. No interior,
reconhecem-se as ruínas do Paço dos
Alcaides, junto à Porta da Vila. O conjunto
é rematado pela Igreja do Salvador,
do século xvi, a construção intramuros em
melhor estado. Suba ao caminho de ronda
e percorra toda a extensão da muralha,
para contemplar uma vista desafogada da
vila e da região circundante. Saindo do
Calçada com padrão de tapete, Arraiolos castelo e virando à esquerda, para a Rua

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A P ERC U R S O 3 • M O N T EM O R- O - N OVO

dos Arcos, repare na fachada da Casa dos


Arcos, construção do século xvi, considerada Ruas floridas de tapetes
um dos mais interessantes exemplos de Ao longo de séculos, as mãos das
arquitetura civil da vila. bordadeiras de Arraiolos têm coberto os
melhores salões com as tapeçarias da
Depois desça ao centro da vila e estacione terra. Fabricadas a partir de lã branca
junto ao Jardim Público, onde existe também fiada, escavações arqueológicas apontam
um pequeno parque infantil. Repare no para que estas tapeçarias remontem a
uma época anterior ao século xv.
monumento à tapeteira de Arraiolos e, ali
perto, na estátua ao pintor Dordio Gomes No tingimento das lãs, eram usadas
 38.72311, -7.98434 , um dos mais ilustres plantas colhidas nos campos. Por
filhos da terra e de quem voltaremos a falar exemplo, o amarelo era obtido a partir
um pouco adiante. dos lírios triturados e fervidos. Já com
as cascas do pau-brasil, fazia-se o
vermelho. Para fixar as cores, usavam-se
Praça do Município
produtos naturais, como o vinagre e,
Siga para a Praça do Município, apreciando
no caso do azul, a urina humana.
nas inúmeras lojas as bonitas tapeçarias
feitas pelas artesãs da terra. Nalguns locais Todos os anos, em maio ou junho,
irá encontrar mulheres sentadas à porta de a Câmara Municipal de Arraiolos
organiza o evento O Tapete Está na
casa trabalhando nos seus tapetes. Na praça,
Rua, uma excelente oportunidade
comece por ver onde tem os pés: uma bonita
para admirar estas obras de arte,
calçada multicolor reproduz o desenho de
que, durante alguns dias, pendem das
um tapete de Arraiolos. Num dos extremos
janelas e fachadas. Organizam-se ainda
da praça encontra um elegante pelourinho
exposições de rua, espetáculos e debates.
e, no extremo oposto, um enorme painel
cobrindo a empena de uma igreja retrata
o antigo trabalho de tinturaria da lã para
os típicos tapetes da terra. Estas pinturas viveu alguns anos, tendo passado também
baseiam-se nos vestígios do complexo por outros países europeus. No regresso a
tintureiro encontrados nesta praça. Portugal radicou-se novamente no Alentejo,
onde residiu até 1932, altura em que se
Se estiverem abertos, entre nos Paços do mudou para o Porto, onde continuou a
Concelho e peça para visitar as obras de pintar e foi professor de Pintura na Escola de
Dordio Gomes que ornamentam o salão Belas-Artes.
nobre, no primeiro andar. Vai poder apreciar
naquele espaço inúmeras pinturas de Local: Praça do Município, 27.
grandes dimensões deste pintor modernista Contacto: 266 490 240.
retratando o quotidiano do povo alentejano,
sobretudo da sua faina no campo. Centro Interpretativo do Tapete de
Arraiolos
Simão César Dordio Gomes (1890-1976) É agora altura de visitar o Centro
nasceu em Arraiolos, estudou na Escola Interpretativo do Tapete de Arraiolos.
de Belas-Artes de Lisboa e em Paris, onde Este museu está instalado no edifício do

39
A ALENTEJO

Barragem do Divor

Saia de Arraiolos pela N4, na direção de


Estremoz, e, alguns quilómetros depois,
vire à direita em direção a Igrejinha. Siga
as indicações para Barragem do Divor.
Aproveite para fazer um piquenique, pescar
ou explorar os inúmeros trilhos em volta
da barragem, apreciando a calma em torno
daquele espelho de água. Se o nível da água
estiver baixo (como, infelizmente, vem sendo
usual nos últimos anos), e, sobretudo, se a
água apresentar uma coloração esverdeada,
não tome banho e evite mexer na água:
cuidado especial com os miúdos que são
irresistivelmente atraídos pela água.
A água pode conter plâncton tóxico que,
mesmo ingerido em pequenas quantidades,
pode trazer graves distúrbios intestinais.
Esta recomendação estende-se a todas as
barragens, sobretudo as mais pequenas.
A arte do bordado de Arraiolos
Siga para Leste, primeiro pela M528 e depois
pela N254-1. No cruzamento com a N18 vire à
antigo Hospital do Espírito Santo, junto ao esquerda na direção de Evoramonte.
pelourinho. Do ponto de vista arquitetónico,
a integração da parte renovada no edifício
antigo merece, por si só, a visita. Se gosta Evoramonte
de trabalhos de tapeçaria, não perca. Irá
também perceber porque é que estes tapetes Ao chegar, tome a direção do centro histórico.
artesanais atingem, por vezes, preços tão Na subida, à esquerda, encontra uma estrada
elevados. As técnicas, os materiais, os objetos que dá acesso às ermidas de São Brás, Santa
e o saber-fazer legado de geração em geração Margarida e São Sebastião, a primeira das
encontram-se aqui bem explicados. Os mais quais é a mais antiga de Evoramonte e poderá
antigos tapetes de Arraiolos que chegaram ter pertencido aos cavaleiros templários.
aos nossos dias eram bordados com lã merina Voltando à estrada principal, continue a
sobre tela de linho, estopa ou canhamaço. subir. Estacione do lado de fora da muralha e
São datados do século xvii, embora se entre pela Porta do Sol ou da Vila.
presuma que já fossem produzidos antes
dessa data. A muralha forma um triângulo isósceles e
mantém as suas quatro portas de acesso com
Local: Praça do Município, 19. elementos góticos, bem como um postigo,
Contacto: 266 490 254. que facilitava a circulação da população.

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A P ERC U R S O 3 • M O N T EM O R- O - N OVO

A Porta do Sol está virada a oeste, a do Freixo Casa da Convenção


a sul e as de São Brás e São Sebastião no Na Rua da Convenção, em frente ao paço, vai
sentido das respetivas ermidas. O edifício encontrar um imóvel discreto. Uma pequena
do paço, exemplo da arquitetura militar placa indica que aqui foi assinada, a 26 de
renascentista, é composto por uma zona Maio de 1834, a Convenção de Evoramonte,
central, de planta quadrangular, com que pôs termo à guerra civil entre liberais
um torreão circular em cada vértice. Está e absolutistas, restabelecendo a paz em
dividido em três pisos, que se distinguem Portugal. O estremocense Joaquim António
perfeitamente a partir do exterior, graças Dias Saramago, além de médico, era nessa
aos invulgares cordões e laços de pedras que época administrador do concelho e, tal como
o envolvem. Subindo ao terraço, no topo indica a placa evocativa do acontecimento,
do edifício, desfruta-se de uma paisagem o proprietário do imóvel.
magnífica. O imóvel terá sido construído
antes do terramoto de 1531, já que a sua Mais abaixo, na continuação da rua, vai
ruína avançada em 1758 faz supor que tenha encontrar uma lojinha de artesanato que
sido sujeito à devastação daquele sismo. também organiza passeios pedestres pela
No século xx, foi totalmente restaurado. região.

Local: Rua da Convenção. Local: Andar a monte, Rua de Santa Maria, 21.
Contacto: 268 950 025. Contacto: 968 756 310 e 967 916 857.

Paço de Evoramonte

41
A ALENTEJO

Vimieiro Este espaço estava encerrado, para obras de


remodelação, quando fizemos a nossa visita,
Retroceda alguns quilómetros na M18, mas prevê-se que reabra ainda em 2022.
por onde chegou até aqui, e vire à direita
na N372-1, em direção ao Vimieiro. Logo Local: Largo Prof. Doutor José Caeiro da
à entrada vai reparar na bonita Igreja da Matta.
Encarnação, a igreja matriz da terra. É um Contacto: 266 490 254.
templo de arquitetura manuelino-mudéjar,
fundado em 1557 e recuperado em 1768. Antiga moagem
Se estiver na hora de tomar uma refeição
Centro Interpretativo do Mundo Rural considere dar uma espreitadela neste
Aqui se preservam as memórias históricas restaurante-museu, onde o trigo era
do mundo rural alentejano entre as últimas separado do joio e transformado em farinha.
décadas do século xix e meados do século xx, Enquanto espera que a sua refeição seja
altura em que se iniciou a mecanização confecionada, visite o museu ou tome uma
na agricultura. Através da exposição de bebida na agradável esplanada ao ar livre.
centenas de fotografias da época e de alfaias,
equipamentos e utensílios utilizados se Local: Largo do Areal, 1.
percorre o calendário agrícola (a sementeira, Contacto: 266 467 153 e 933 494 685.
a ceifa, etc.), a intensa labuta diária da
esmagadora maioria da população e outras
atividades, usos e costumes tradicionais, Pavia
como as festas e romarias.
Saia pela extremidade oposta da vila,
pela N251, em direção a Pavia. Aqui
chegado, dirija-se ao centro. No Largo dos
Combatentes da Grande Guerra, à direita, irá
deparar com uma invulgar construção.

Anta-Capela de São Dinis


O monumento mais interessante da vila é,
sem dúvida, a Anta-Capela de São Dinis.
A cristianização de cultos pagãos não é,
de resto, incomum no Alentejo, tal como
atesta, entre outros, a Anta-Capela de São
Brissos ou Nossa Senhora do Livramento
(veja o percurso 5). Nesta adaptação, foi
deixado o aspeto bruto da pedra, tendo
sido tapadas as brechas entre os esteios e
acrescentado o portal e a torre com o sino.
Trata-se de uma das maiores antas do País,
cuja visita constitui uma experiência quase
Anta-Capela de São Dinis, Pavia mágica.

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A P ERC U R S O 3 • M O N T EM O R- O - N OVO

Casa-Museu Manuel Ribeiro de Pavia


Perto da anta-capela, visite este núcleo
museológico que acolhe uma interessante
exposição permanente de pinturas e
desenhos originais, algumas reproduções e
livros ilustrados por este artista natural da
terra e que teve o Alentejo como inspiração.
Estão ainda expostas peças de artesanato
local. Para visitar o museu, terá de contactar
a junta de freguesia.

Local: Largo dos Combatentes da Grande


Guerra, 11.
Contacto: 266 450 059 (marcação prévia).
Rio Raia, junto a Cabeção
Um pouco abaixo, do lado esquerdo, fica a
Ermida de São Sebastião ou Igreja de São
Francisco, com imponentes contrafortes e em antes de chegar a esta estrada, tem uma
cuja fachada figura a cruz da Ordem de Avis. saída à direita para Cabeção, que o levará
a um espaço agradável junto ao Rio Raia,
Suba ao Largo José Manuel Casimiro. Mesmo onde são disputados campeonatos de pesca
em frente à junta de freguesia, observe o desportiva. Dispõe de mesas e bancos de
coreto de planta hexagonal. À esquerda, cimento onde poderá descansar ou fazer um
fica a Torre do Relógio, que conserva o piquenique. Se quiser visitar os dois locais,
sino quinhentista. O edifício de gaveto sugerimos que comece pelo cromeleque e
onde assenta não possui características volte dois a três quilómetros atrás para tomar
arquitetónicas de destaque, mas foi uma esta estrada. Siga depois para Açude do
pousada dos cavaleiros da Ordem de Avis. Gameiro e Fluviário.
À direita, ergue-se a Igreja da Misericórdia.
Com elementos maneiristas, barrocos e Fluviário de Mora
neoclássicos, é provável que tenha sido No fluviário podem observar-se diversas
construída no século xvi e sofrido obras de espécies de água doce (rios e lagos). Peixes
remodelação profundas no século xvii. como os barbos, as bogas, as tainhas e os
bordalos, mas também cágados, lontras e
lagostins-de-água-doce são apenas alguns
Mora exemplos das espécies que poderá visitar.
Trata-se de um espaço museológico único no
Saia de Pavia e continue na N251 em direção nosso país, onde fica a conhecer as diferentes
a Mora. Para visitar o Cromeleque Monte espécies que povoam os nossos rios e que
das Fontainhas  38.93112, -8.12107 , vai nem sempre se conseguem observar na
encontrar, cerca de dez quilómetros depois, natureza. Representados estão também
uma indicação para virar à esquerda numa anfíbios, répteis e peixes de ecossistemas
estrada de campo em bom estado. Pouco mais longínquos, nomeadamente dos rios da

43
A ALENTEJO

Neste museu, o visitante acede de forma


interativa à informação sobre as peças
expostas, algumas com mais de seis mil anos,
fica a saber como são feitas as escavações
e alarga os seus conhecimentos sobre o
património megalítico do concelho de Mora
e o megalitismo em geral. Inaugurado em
2016, o museu integra e reabilita a antiga
Estação de Mora.

Local: Largo dos Caminhos de ferro, 1.


Contacto: 266 439 074.

Suba depois à parte velha da vila para ver


a Torre do Relógio, a igreja matriz, de 1570,
e a lojinha que vende doçaria e outras
Parque Ecológico do Gameiro, Cabeção especialidades gastronómicas locais.

América do Sul e Central, da Ásia e de lagos Brotas


africanos.
Saia de Mora pela N2, em direção a Brotas.
Local: Parque Ecológico do Gameiro. Chegado à aldeia, procure a Olaria das
Contacto: 266 448 130. Brotas. Poderá ver como se trabalha o
barro na roda, como é pintado, cozido e,
Ali mesmo ao lado fica o Açude do Gameiro, eventualmente, vidrado. As visitas guiadas
onde encontramos de novo o Rio Raia têm uma duração aproximada de 30 minutos
alargando-se por um imenso espelho de e quem o desejar pode pôr mãos à obra
água represado por uma barragem ou açude. e tentar criar a sua peça. Convém fazer
O local tem praia de areia, bar/restaurante, marcação antecipada da visita.
parque de merendas completamente
equipado e um bom parque infantil. Local: Rua Francisco Pereira Salgado, lote 18.
Um passadiço percorre a margem até um Contacto: 919 422 017.
desafogado miradouro e proporciona um
passeio agradável. Saindo da aldeia pela estrada de campo
à direita do cemitério poderá visitar um
Continue até Mora e, antes de subir à enigmático monumento desta terra.
parte velha da vila, estacione na Rua da
Estação para visitar o Museu Interativo do Torre das Águias
Megalitismo. Numa região onde abundam A estrada que leva à antiga vila de Águias
as antas, as sepulturas protomegalíticas não se encontra em grandes condições, pelo
e os menires, a investigação arqueológica que deverá circular com cuidado. O edifício,
iniciou-se na segunda década do século xx. bastante degradado, é semelhante à Torre

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A P ERC U R S O 3 • M O N T EM O R- O - N OVO

da Herdade do Esporão, em Reguengos de galinhas, burros, etc. Ou seja, divertimento


Monsaraz. Em estilo manuelino, apresenta garantido.
planta quadrangular, quatro pisos e paredes
com dois metros de espessura. As agulhas Local: Lavre, Montemor-o-Novo
cónicas no topo serviam de guaritas.  38.80049, -8.30555 
As questões da funcionalidade e época Contacto: 265 894 377.
desta torre ainda não estão perfeitamente
resolvidas. No geral, é associada a rotas Volte ao Ciborro e retome a N2 para
de tráfego viário. Neste contexto, teria Montemor.
funcionado como abrigo de cavaleiros. Mas
há também quem a ligue ao culto de Nossa
Senhora das Brotas. De qualquer modo, Montemor-o-Novo
o local está impregnado de uma energia forte
e vale uma visita. Terminado este grande percurso, de regresso
a Montemor considere usufruir de um bom
Mais ao fundo, e aflorando uma pequena jantar, com comida regional e um bom vinho
colina, ergue-se a Ermida de São Sebastião, alentejano.
o único edifício religioso da antiga vila. São
Pedro terá sido o primeiro padroeiro do templo,
que ruiu e, no século xvii, foi reconstruído,
passando a ser dedicado a São Sebastião.

Retomando a N2, siga agora para o Ciborro.


À chegada, vire à esquerda, na Rua das
Bicas, para fazer uma visita à Barragem
da Atabueira, ou, se já tiver usufruído de
suficientes barragens neste percurso, saia da
aldeia junto ao cemitério e siga a indicação
de Zoo e Monte Selvagem.

Monte Selvagem
Neste espaço de 20 hectares coexistem mais
de 60 espécies de animais domésticos e
selvagens, algumas autóctones, nenhum
oriundo do seu habitat natural: apenas
animais confiscados pelas autoridades ou
provenientes de outros parques como este.
Aberto ao público de fevereiro a outubro,
abre para grupos mediante marcação prévia
e, se o tempo o permitir, ao fim de semana,
durante o resto do ano. Além das espécies
exóticas, as crianças podem interagir com
animais domésticos como cabras anãs, Lémure-de-cauda-anelada, Monte Selvagem

45
A ALENTEJO

Estremoz
EXTENSÃO 120 km

•  Serra d’Ossa
•  Aldeia da Serra
C om início em Estremoz, cidade
onde faleceu a Rainha Santa
Isabel, este percurso leva-nos até à
Serra d’Ossa, onde D. Sebastião se deteve
antes de seguir para Alcácer Quibir,
•  Candieira e vai até ao Redondo e ao Alandroal,
povoações com fortes vestígios medievais.
Redondo
Em Vila Viçosa, terra da poetisa Florbela
•  Santuário do Endovélico Espanca e do matemático e dirigente
de Rocha da Mina
antifascista Bento de Jesus Caraça, tem
•  Monte da Fonte Santa
um dos seus pontos mais altos. Após uma
•  Barragem de Lucefécit passagem pela Borba dos bons vinhos,
Terena
regressa à cidade branca.

•  Castro do Castelo Velho Início


do percurso
Alandroal

Vila Viçosa
Estremoz

Borba

Estremoz Borba

Vila Viçosa

Aldeia Alandroal
da Serra

Santuário do Endovélico
de Rocha da Mina
Redondo Barragem de Lucefécit

Terena

Pelourinho de Estremoz

46
A P ERC U R S O 4 • E S T R EM OZ

Estremoz Quase em frente, do outro lado do


jardim, visite o Museu Berardo. Aqui está
Conhecida por cidade branca devido à representada a história do azulejo entre os
cor do casario, mas, sobretudo, às jazidas séculos xiii e xxi, sobretudo na Península
de mármore branco, esta é uma das mais Ibérica, mas também noutras partes da
cativantes cidades alentejanas. A zona antiga, Europa. O Palácio Tocha, onde o museu
talvez por causa da muralha que a cerca,
exerce fascínio imediato sobre os visitantes.
Convidamo-lo a resistir e a deixar para o fim
a cereja no topo do bolo. Dirija-se primeiro
à zona baixa, mais propriamente ao Rossio
Marquês de Pombal, com o seu grande
parque de estacionamento  38.84282,
-7.58566 , onde poderá deixar o carro.
Em redor, concentram-se algumas bancas
de vendedores, assim como os principais
estabelecimentos comerciais e os mais
importantes edifícios administrativos da
cidade.

Centro Ciência Viva de Estremoz Centro Ciência Viva, Estremoz


Neste centro, a ciência e a tecnologia vão
ao encontro dos visitantes. É um local
para interagir com o que está exposto,
tocar, experimentar, descobrir, em suma,
aprender. No Centro Ciência Viva de
Estremoz descobre-se como funciona o
planeta que habitamos, onde todos os
fenómenos estão interligados. A qualidade
científica das atividades é assegurada
pela Escola de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Évora.

Local: Convento das Maltesas.


Contacto: 268 334 285.

Contorne o Rossio, passe a Igreja de São


Francisco e, se gostar da temática militar,
faça uma visita ao pequeno museu militar no
Regimento de Cavalaria 3.

Local: Largo Dragões de Olivença.


Contacto: 268 337 600. Igreja do Convento de São Francisco, Estremoz

47
A ALENTEJO

António. No sentido oposto, como quem vai


para a praça de touros, encontra a de Santa
Catarina, uma das mais bonitas. Estando no
Rossio, se tomar a direção de Elvas, dará com
a dos Currais. Já a Porta de Évora é a entrada
e saída mais importante da zona alta.

Castelo
Para aceder ao castelo, aconselhamos este
caminho, que também passa pela Porta
de Évora: no Largo dos Combatentes da
Grande Guerra, siga pelo Rossio Marquês
de Pombal e vire à direita. Passará junto
ao Restaurante Alentejano e ao Café Águia
d’Ouro, bem típicos. No final da rua, vire
novamente à direita, seguindo a placa que
indica a Pousada. Chegará à Praça Luís de
Camões, onde pode observar um pelourinho
manuelino. Um pouco adiante, ergue-se a
Torre das Couraças, antiga estrutura militar
cuja função principal era proteger o poço que
abastecia o castelo.
Castelo de Estremoz
Mais à frente, a seguir a uma pequena
subida, fica a zona velha da cidade. Porém,
está instalado, é muito bonito, tem diversos não deverá virar logo à esquerda, na direção
elementos em mármore de Estremoz, como a do castelo. Contorne a muralha, o que
escadaria de acesso ao piso superior, e os seus permite encontrar a Igreja de Santiago.
próprios azulejos originais. No final da visita, Em frente, existe um largo com um
poderá fazer uma degustação de vinhos, miradouro. Do outro lado da igreja, parte
numa pequena loja que funciona dentro do uma das vias mais típicas de Estremoz,
palácio. a Rua Direita, que vai dar ao Arco de
Santarém, o qual dá acesso à zona do castelo.
Local: Largo Dragões de Olivença, 100. Continuando a contornar a muralha, irá
Contacto: 268 080 281. deparar com a Porta de Évora.

Portas da Cidade Passando o Arco de Santarém, chega ao


As portas da cidade são um dos pontos de recinto do castelo e ao Largo D. Dinis.
interesse. Para conhecê-las, o melhor é ir A esquerda, fica o palácio real, transformado
de carro, pois ficam afastadas umas das em pousada, com a sua torre de menagem
outras. Não terá dificuldade em encontrá-las, de 27 metros de altura. É possível subir
sobretudo se tiver a ajuda de um mapa ou ao topo, a partir do interior da pousada.
de um GPS. Perto do Rossio, fica a de Santo Do alto, a vista é grandiosa. Também vale

48
A P ERC U R S O 4 • E S T R EM OZ

a pena visitar a pousada, nem que seja O templo original foi construído a pedido
para tomar um café no bar. A decoração de D. Sebastião, na segunda metade do
é sumptuosa e, apesar das modificações século xvi, sendo um bom exemplo do
a que o edifício foi sujeito, conserva uma estilo renascentista. Ao lado, fica a Galeria
solidez impressionante. As espessas paredes de Desenho, instalada nos antigos Paços de
transpiram História. Aqui morreu a Rainha Audiência do Rei D. Dinis, e que funciona
Santa Isabel, em 1336. Na crise de 1383-85, atualmente como espaço de exposições
o alcaide-mor tomou partido por Castela e temporárias. Ao lado, pode apreciar a estátua
foi expulso pela população, que entregou da Rainha Santa Isabel. Se, entretanto, forem
a fortificação aos partidários do mestre horas de tomar uma refeição, visite A Cadeia
de Avis. Em 1384, D. Nuno Álvares Pereira Quinhentista, que tem um ambiente
instalou no castelo o seu quartel-general, agradável.
de onde as forças portuguesas partiram
para a Batalha dos Atoleiros, vencendo os Local: Rua Rainha Santa Isabel.
castelhanos. O castelo foi ainda testemunha Contacto: 268 323 400.
da crise sucessória de 1580, que culminou na
anexação de Portugal por Castela. Ainda no Largo D. Dinis, visite o Museu
Municipal Professor Joaquim Vermelho,
Junto à pousada, encontra-se a Igreja de composto por salas com coleções diversas,
Santa Maria, atual matriz de Estremoz. desde a barrística à etnologia, passando

Museu Municipal de Estremoz

49
A ALENTEJO

pela arqueologia. No primeiro piso estão as Atelier Afonso Ginja


coleções de arte popular, com trabalhos de Aqui pode ver os artesãos a trabalhar e a
artesãos como Mestre Rolo, José Vinagre, pintar o barro, fazendo as peças típicas da
António Amaral e Joaquim Velhinho, mas região. Dificilmente deixará o local sem levar
também uma reconstituição de uma casa consigo uma recordação da terra.
alentejana de finais do século xix, primeira
metade do século xx. No piso térreo estão Local: Rua Direita, 5-7.
as coleções de figurado de Estremoz, entre Contacto: 963 930 899.
o século xviii e a atualidade, e peças de
olaria local de finais do século xix e início do
século xx. Serra d’Ossa

Local: Largo D. Dinis. Saia da zona velha de Estremoz pela Porta de


Contacto: 268 339 219. Évora. Chegando à rotunda, tome a direção
de Elvas. Siga pela N4 até ao cruzamento
Se gostou dos trabalhos de olaria expostos de ligação ao Redondo. Alguns quilómetros
no museu, ao sair do castelo pelo Arco de serão suficientes para começar a sentir os
Santarém estacione logo ali à esquerda e siga primeiros sinais da serra: um intenso aroma
a pé, descendo a Rua Direita. a flores e ervas campestres. Pouco depois,
estará em plena Serra d’Ossa, conhecida na
Antiguidade como Monte de Vénus.

Ao chegar ao alto da serra, estacione. Irá


desfrutar de uma fantástica vista sobre
a região, avistando Redondo, Alandroal,
Borba e Vila Viçosa. Pouco depois de iniciar
a descida, verá, um pouco escondida do
lado esquerdo, a entrada para o antigo
Convento de São Paulo, do século xiv, hoje
transformado em hotel. Rezam as crónicas
que aqui terão pernoitado monarcas e figuras
ilustres, como D. Sebastião, a caminho do
norte de África, D. João IV, D. Catarina de
Bragança e D. Carlos. O edifício apresenta
uma das maiores coleções privadas de
azulejos do País, bem como duas fontes
florentinas e agradáveis jardins. Para visitar
o espaço, contacte previamente a receção do
hotel (Tel.: 266 989 160).

A três quilómetros, fica a Aldeia da Serra.


Mais à frente, situa-se a Candieira, local
Estátua da Rainha Santa Isabel, Estremoz onde se encontraram vestígios arqueológicos.

50
A P ERC U R S O 4 • E S T R EM OZ

Redondo

Ao chegar à vila, dirija-se ao largo da câmara


municipal, para visitar um museu que
promove a cultura, as tradições e os vinhos
alentejanos.

Museu do Vinho
Dedicado à arte do fabrico do vinho, este
museu mostra os utensílios, os processos
de produção e as diversas atividades
relacionadas com a vinicultura. Através do
quiosque multimédia poderá também obter
mais informações sobre o museu, as adegas
produtoras da região e outras atividades
relacionadas com esta temática. No mesmo
espaço funcionam o posto de turismo e Museu do Vinho, Redondo
uma loja com uma boa seleção de vinhos
alentejanos.
brancas. Logo à esquerda encontra a enoteca,
Local: Praça da República. instalada no antigo Celeiro do Povo. Prove
Contacto: 266 909 100. os vinhos alentejanos, acompanhados pelos
inevitáveis queijos, enchidos e pão.
Igreja Matriz e Museu de Arte Sacra
Continue para a Praça D. Dinis, onde se situa Local: Rua do Castelo.
a igreja matriz, dedicada a Nossa Senhora Contacto: 266 989 911.
da Anunciação. De linhas sóbrias, a igreja
apresenta paredes interiores revestidas de A meio da rua, também do lado esquerdo,
painéis de azulejos, seis capelas laterais e abre-se um largo onde se situa o antigo
um altar-mor em talha dourada. Alberga hospital e a Igreja da Misericórdia. Ao fundo,
também o pequeno Museu de Arte Sacra. ergue-se a figura imponente da torre de
menagem. No n.º 36 da mesma rua, existe
Local: Praça D. Dinis, 1. uma olaria que dá acesso direto à muralha
Contacto: 266 909 144. medieval. Aproveite para fazer um pequeno
passeio até à Porta da Ravessa, afamada
Muralhas devido ao vinho com o mesmo nome,
Ao lado da igreja, observe o Postigo do produzido pela Adega Cooperativa do
Relógio, uma das antigas portas de entrada Redondo. Está ladeada por duas pequenas
na cerca medieval, que remonta ao tempo do torres e, à esquerda de quem sai, é possível
Rei Lavrador. O campanário ostenta três sinos observar marcações na pedra que indicam
de bronze, fundidos em Estremoz. Passando as varas e os côvados, unidades que serviam
a Porta do Postigo do Relógio, siga pela para medir os panos vendidos nas feiras que
pitoresca Rua do Castelo, ladeada por casas se realizavam nas imediações.

51
A ALENTEJO

Se quiser ver um artesão a trabalhar e


adquirir artesanato regional bastará andar
uma centena de metros e visitar, ali mesmo
ao lado do museu, a Olaria Poço Velho.

Local: Sítio do Poço Velho.


Contacto: 962 238 517.

Siga pela N254 e depois pela N373. Cerca de


seis quilómetros adiante vai encontrar uma
indicação para Santuário de Endovélico de
Rocha da Mina  38.662650;-7.475103 .
Siga pela estrada de terra batida, a pé ou de
automóvel, até onde puder, sabendo que,
nalguns invernos mais rigorosos, o piso fica
muito estragado.

Museu do Barro, Redondo Por terras do Endovélico

O Santuário de Endovélico de Rocha da


Convento de Santo António da Piedade Mina encontra-se rodeado pelas águas
Desça a calçada, até uma igreja caiada serpenteantes do Ribeiro de Lucefécit,
de branco com barras azuis, ao lado do um nome eventualmente relacionado
cemitério. O convento foi construído no com a natureza do deus indígena lusitano
século xvii, para albergar uma comunidade conhecido por Endovélico. Uma ponte de
de frades franciscanos. Na parte recuperada madeira permite atravessar o ribeiro e
do convento, do outro lado do edifício, iniciar a subida. Este santuário rupestre está
funciona atualmente o Museu do Barro. implantado numa rocha onde foram talhadas
escadas e pavimentos, sendo também visível
Museu do Barro de Redondo o que resta do altar de sacrifícios e ruínas de
Este museu é dedicado à olaria tradicional habitações na plataforma inferior. Caminhar
redondense e à sua história e evolução. até ao santuário, através do bosque denso por
Aqui poderá acompanhar todas as fases do onde a luz do Sol passa apenas parcialmente,
processo, da extração das matérias-primas e ladeando o ribeiro de Lucefécit, constitui,
ao labor do oleiro e ao produto final, além ainda hoje, uma experiência algo mística.
de ver numerosas peças de cerâmica (pratos, Pensa-se que o santuário remonte ao século i.
cântaros e panelas de barro, por exemplo) Cerca de 400 anos depois, foi cristianizado,
no contexto quotidiano em que eram, ou com a edificação de um templo dedicado a
ainda são, utilizadas. São Miguel Arcanjo. O espólio escavado por
Leite de Vasconcellos, em 1890, encontra-se
Local: Convento de Santo António. no Museu Nacional de Arqueologia,
Contacto: 963 814 782. em Lisboa. Posteriormente, novas escavações

52
A P ERC U R S O 4 • E S T R EM OZ

revelaram seis esculturas romanas em Terena


mármore.
É uma típica vila alentejana, pequena e
Regresse à estrada e, junto ao Alandroal, pacata, pouco conhecida. Talvez por isso seja
vire à direita na direção de Terena. Vá com ainda mais acolhedora e autêntica. Estacione
atenção, porque, pouco depois, aparece a junto do castelo e passeie por entre o casario
quintinha Monte da Fonte Santa. No exterior, caiado de branco e debruado a azul ou
poderá ver dois enormes caracóis feitos de amarelo. Na Torre do Relógio pode apreciar
lixo, por Bordalo II, e, nas paredes das casas, o respetivo mecanismo e os contrapesos de
murais de outro conhecido artista plástico pedra. A vista que se desfruta lá de cima é
nacional, Alexandre Farto, mais conhecido excelente.
por Vhils.
Na parte baixa da vila, encontra indicações
Antes de chegar a Terena vai encontrar à para Castro do Castelo Velho. Trata-se de
direita uma indicação para Barragem de uma antiga povoação fortificada já usada no
Lucefécit. Se as chuvas do ano tiverem sido Calcolítico, na Idade do Bronze e na Idade
de feição, a barragem apresenta um vasto do Ferro. Entre as ruínas poderá ver o que
espelho de água e um ambiente tranquilo resta das casas e das torres e muralhas que
onde apetece repousar, fazer um passeio asseguravam a sua defesa. Se quiser visitar
exploratório ou um pouco de pesca. o castro, e não dispuser de um veículo

Santuário de Endovélico de Rocha da Mina

53
A ALENTEJO

reina sobre as águas abriu as bocas do mar, para que


fuja do peito a cruel sede de Tântalo.”

Vila Viçosa

Tome a direção de Vila Viçosa. À saída do


Alandroal, há uma capela rodeada por um
espaço ajardinado e algumas mesas. Trata-se
de um recanto agradável, que convida a
uma pequena paragem, sobretudo nos dias
Barragem de Lucefécit de maior calor. No caminho para a terra de
Florbela Espanca, verá, de ambos os lados da
estrada, enormes pedreiras onde é extraído
todo-o-terreno, com pneus reforçados, para o mármore. A exploração data, pelo menos,
lá chegar, tenha cuidado para não furar da época romana. Infelizmente, a extração
um pneu numa “talisca” (pedaço de xisto intensiva tem degradado a paisagem.
aguçado) mais afiada; cortam como navalhas!
Em Vila Viçosa, sugerimos que comece pela
mata municipal  38.77598, -7.41905 ,
Alandroal um jardim agradável, com denso arvoredo,
um autêntico tesouro nos verões alentejanos.
Siga agora para o Alandroal, uma localidade Um parque infantil bem equipado, um bom
relativamente pequena, onde sobressai o restaurante e arruamentos atrativos
castelo medieval. completam o cenário. Quando achar que
é o momento, pegue no carro e dirija-se
Castelo ao Museu do Mármore. No caminho,
Fortaleza do século xiii, foi mandada erigir passe pela Igreja da Lapa, de meados do
por um mestre da Ordem de Avis. Possui século xviii. Em frente, situa-se o curioso
quatro torres, incluindo a de menagem, Cruzeiro da Serpente  38.77789, -7.42372 .
com mais de 20 metros de altura. Dentro das Originalmente, pertencia ao Convento de
muralhas, encontra-se a igreja matriz. Santo Agostinho, tendo sido transferido para
aqui em meados do século xix. A serpente
Fonte alada representa o dragão das armas dos
Na praça em frente ao castelo, eleva-se uma duques de Bragança. Por detrás do cruzeiro,
fonte em mármore, em estilo barroco. Possui há um parque de jogos e um complexo de
seis bicas com os nomes de Feiticeiras, Santo piscinas.
António, São Pedro, São João, Namorados e
Reis. No topo, podem ver-se dois bustos com Museu do Mármore
inscrições. O da esquerda diz: “Aqui chora Tétis: Com exposição ao ar livre de maquinaria
Para que te lastimas, viandante sitibundo? Ela, que de transformação do mármore, este museu
te ama, verte lágrimas para que te rias. Bebe.” Já o
da direita reza o seguinte: “Aqui o Deus que Paço Ducal, Vila Viçosa �

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A P ERC U R S O 4 • E S T R EM OZ

55
A ALENTEJO

permite apreciar diferentes variedades piscando o olho ao castelo, que se perfila ao


da pedra extraída na região e perceber fundo. Mais tarde, passaremos por lá.
como se formaram os mármores e como é
efetuada a sua extração e transformação. Siga, agora, pela Rua Florbela Espanca.
O museu está situado numa pequena Aqui, numa estreita casa de dois andares,
pedreira. terá vivido a poetisa. Do outro lado da rua,
na igreja do antigo Convento de Santa
Local: Olival da Gradinha. Cruz, está instalado um pequeno museu
Contacto: 268 889 317. de arte sacra, reunindo peças oriundas de
diversos templos da região, com núcleos de
Regresse à Rua da Igreja da Lapa (a alameda ourivesaria, pintura, escultura, mobiliário
das piscinas) e, junto às piscinas municipais, e paramentaria. Continuando até ao fim da
vire à esquerda, na direção da Praça da rua, chegará ao imenso Terreiro do Paço,
República, o centro de Vila Viçosa. Para quem onde pontifica a estátua equestre do Rei
vem da Alameda Henrique Pousão, logo à D. João IV, fundador da dinastia de Bragança.
entrada, do lado direito, ergue-se a Igreja de É uma obra do escultor Francisco Franco.
São Bartolomeu, com a sua fachada revestida À esquerda, onde está instalada a Pousada
de mármore. Estacione e percorra a zona a D. João IV, era o antigo Convento das Chagas
pé. de Cristo. A igreja do convento tem sido usada
como panteão das duquesas de Bragança.
Continuando do mesmo lado, irá deparar
com uma estátua de Bento de Jesus Caraça Paço Ducal
e, um pouco adiante, com a Igreja da O monumento mais proeminente do terreiro
Misericórdia, do século xvi. Atravesse, é o Paço Ducal, de onde o Rei D. Carlos partiu
para ser assassinado, em Lisboa, em 1908.
Este extraordinário edifício comporta quatro
coleções museológicas. Uma é composta
pelas próprias salas e recheio do palácio.
Os restantes núcleos incluem o Museu de
Armaria, o Museu dos Coches e o Tesouro do
Paço. Para uma visita completa a esta que é
uma das maravilhas de Portugal, necessita,
pelo menos, de duas horas.

Local: Terreiro do Paço.


Contacto: 268 980 659.

Sai-se do palácio pelos jardins, também eles


uma pérola. No final, vai passar pela Porta
dos Nós, decorada com cordas entrelaçadas.
À esquerda, verá um recanto ajardinado, com
uma construção encimada por uma cúpula.
Fontanário da Praça da República À direita desse espaço, existe uma rampa

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Casa-Museu Bento de Jesus Caraça

que conduz à Tapada Real, onde os nobres, Anti-fascista e o Movimento de Unidade


e sobretudo o Rei D. Carlos, se dedicavam à Democrática. Resistente contra a ditadura,
caça. Não muito longe da entrada, fica o Alto foi preso pela PIDE e, em 1946, demitido do
de São Bento e um miradouro, conhecido cargo de professor catedrático. Morreu dois
como a Varanda dos Namorados. Daqui, anos depois. Nesta casa, propriedade da
tem-se uma boa perspetiva sobre parte da Fundação Casa de Bragança, evoca-se a sua
vila. vida e obra.

Casa-Museu Bento de Jesus Caraça Local: Rua Dr. Couto Jardim.


Matemático, professor, dirigente antifascista Contacto: 268 889 317.
e ilustre calipolense, Bento de Jesus Caraça
nasceu a 18 de abril de 1901. Instituiu o Voltando ao Terreiro do Paço, no sentido do
Núcleo de Matemática, Física e Química, castelo, passará pelo antigo Convento de
promoveu os estudos de Econometria Santo Agostinho. Desde o século xvi que a
e criou, com Mira Fernandes e Caetano igreja, uma das maiores de Portugal, tem
Beirão da Veiga, o Centro de Estudos de sido usada como panteão dos duques de
Matemáticas Aplicadas à Economia. Fez parte Bragança. Contornando o convento, chega
do núcleo fundador da Gazeta da Matemática e à Praça Martim Afonso de Sousa, adornada
impulsionou a Revista de Economia. Criou uma com uma bonita fonte em mármore. Suba a
biblioteca para a edição de livros científicos Avenida dos Duques de Bragança. Ao virar
e culturais, publicou obras, ganhou na primeira à esquerda, chega ao lado norte
reconhecimento internacional. A partir de da muralha. Entre pela Porta de Estremoz e
1944, destacou-se na política, integrando aprecie as casas do burgo medieval. A seguir,
o Movimento de Unidade Nacional abre-se o adro da igreja matriz, dedicada a

57
A ALENTEJO

Nossa Senhora da Conceição. No cemitério


ao lado, jazem os restos mortais de Florbela
Espanca.

Dentro do recinto do castelo, visite o


Museu de Caça e o Museu de Arqueologia,
ambos da Fundação da Casa de Bragança
(Tel.: 268 980 659). O de caça é considerado
um dos melhores do mundo. Após a visita,
saia pela Porta de Évora, que vai desembocar
na Praça da República.

Borba

Saia de Vila Viçosa em direção a Borba,


derradeira etapa do percurso. O centro
histórico é relativamente pequeno, pelo que
se aperceberá dos pontos de interesse com
Igreja Matriz de Vila Viçosa alguma facilidade. Não deixe de reparar na
calçada, que aqui não é feita de calcário,
mas sim de mármore. Repare, também, nas
inúmeras capelas com portas de madeira
espalhadas pela vila. São estações da Via
Sacra, os chamados Passos do Senhor a
caminho do Calvário. São esculpidas em
mármore branco e foram construídas
durante os reinados de D. João v e D. José i.
Se tiver a sorte de apanhar algum com
a porta aberta, não deixe de espreitar.
Têm ornamentações lindíssimas, mas,
infelizmente, em avançado estado de
degradação.

Fonte das Bicas


Digna de menção é ainda a Fonte das
Bicas, uma majestosa construção em
mármore branco, por alguns considerada
o monumento mais relevante de Borba.
Edificada no século xviii, ostenta na parte
central os bustos dos monarcas de então:
D. Maria i e seu tio e marido, D. Pedro iii.
Fonte das Bicas, Borba A cornija apresenta também o escudo

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A P ERC U R S O 4 • E S T R EM OZ

coroado da Casa Real Portuguesa. Por detrás


da fonte, fica o jardim municipal, um espaço
agradável, com um bonito coreto e um bom
parque infantil.

Lagar Museu
Trata-se de um antigo lagar, onde
permanecem a maquinaria e os utensílios
necessários à produção do azeite no início
do século xx. Fotografias relativas a esta
atividade tradicional complementam a
exposição. Visitas mediante marcação
prévia.

Local: Praça da República. Lagar Museu, Borba


Contacto: 962 057 435.

Casa-Museu Interativa de Borba


Nesta antiga adega que integra a casa
agrícola da família Rézio, do século xix,
é contada a história do vinho de talha,
uma técnica que remonta à época romana
e que, por aqui, nunca se perdeu. Aqui
foi produzido vinho de talha, para
comercialização nas tabernas de Borba e
da própria família, até à década de 1950,
quando foi criada a Adega Cooperativa
de Borba, de que a família é uma das Adega de Borba
fundadoras. No final da visita, espaço
ainda para degustação de vinhos, queijos e
enchidos. Local: Largo Gago Coutinho e Sacadura
Cabral, 25.
Local: Rua 1.º de Maio. Contacto: 268 891 665.
Contacto: 925 076 864.

Adega de Borba Estremoz


Se quiser saborear o que de melhor se
produz em vinhos da região, não deixe de De regresso a Estremoz, considere a
fazer uma visita à Adega de Borba. Fundada hipótese de rematar o percurso com um
em 1955, foi a primeira de uma série de ensopado de borrego ou um lombo de porco,
adegas constituídas no Alentejo e reúne acompanhado por tinto da região. O bolo
atualmente 270 viticultores. Visitas e provas rançoso ou a encharcada serão um doce
mediante marcação prévia. ponto final a 120 quilómetros de Alentejo.

59
A ALENTEJO

EXTENSÃO 160 km

Évora
•  Anta do Zambujeiro
•  Cromeleque dos
Almendres
T endo como ponto de partida a cidade-museu,
este percurso estende-se por cerca de
160 quilómetros. O ponto mais a sul é a vila
da Vidigueira, conhecida, sobretudo, pelo excelente
vinho. As sugestões são múltiplas, desde os atrativos
•  Menir dos Almendres
• Anta-Capela quase inesgotáveis de Évora, até à paisagem da Serra
de São Brissos de Portel, passando por interessantes monumentos
Alcáçovas
megalíticos e pelas ruínas da villa de São Cucufate.
Exploração agrícola ao tempo romano, esta foi doada
Viana do Alentejo aos monges agostinhos de São Vicente de Fora
(Lisboa) no século xiii, que transformaram o local num
•  Santuário de Nossa
Senhora de Aires convento.
Alvito Início
do percurso
•  Barragem do Alvito Cromeleque
Évora

dos Almendres
•  Barragem de Odivelas
Santiago
do Escoural
Vila Ruiva

Vila Alva São Manços

•  São Cucufate
Torre de
Coelheiros
Vidigueira Alcáçovas

Portel
Viana do Alentejo

São Manços Barragem Portel


do Alvito
•  Torre de Coelheiros
Alvito Vila Ruiva
Évora
Vila Alva
São Cucufate Vidigueira

Évora crianças queimar energias, mas sem ser a


correrem atrás dos pobres dos pavões!
À chegada a Évora, contorne a cidade e
estacione no Rossio  38.56617, -7.90686 . Vai certamente reparar nas Ruínas Fingidas.
Tal como o nome indica, não são mesmo
Jardim Público ruínas. Ou, melhor, são mais ou menos!
Comece pelo Jardim Público, tomando algo A construção é do século xix, mas utiliza
na esplanada ao ar livre ou deixando as materiais mais antigos provenientes das

60
A P ERC U R S O 5 • É VO R A

ruínas de vários monumentos da cidade Centro histórico


– sobretudo de estilo manuelino. Estão Depois de deixar o lusco-fusco da Capela
integradas numa torre e troço da muralha dos Ossos, suba a pé até à Praça do Giraldo,
medieval (século xiv) e próximas do Palácio o luminoso centro da cidade, classificado
de D. Manuel (século xvi), parte do que resta Património da Humanidade pela UNESCO,
do antigo Convento Real de São Francisco. onde é habitual ver grupos de pessoas à
Segundo os cronistas, terá sido aqui que conversa. Poderá sentar-se numa esplanada
Vasco da Gama foi investido no comando e experimentar as famosas queijadas de
da esquadra que se lançou à descoberta Évora, percorrer as arcadas dos edifícios
do caminho marítimo para a Índia. Junto ou entrar na Igreja de Santo Antão, antiga
a uma das entradas do jardim, encontrará Ermida de Santo Antoninho. Repare no
uma estátua do navegador. O palácio acolhe, bonito fontanário em frente à igreja.
esporadicamente, exposições temporárias.
A meio do jardim, existem caminhos que, Descendo a Rua de Serpa Pinto, ao lado deste
atravessando a muralha que delimita o templo, vai passar por outra fonte muito
perímetro sul, vão dar a um bom parque vistosa, de duas bicas. Logo a seguir, encontra
infantil. No mesmo local, fica o Museu do
Brinquedo.

Igreja de São Francisco e Capela dos


Ossos
Saindo do jardim, em direção ao centro da
cidade, irá dar a um largo muito agradável,
onde se situa o mercado. Poderá comprar
algumas das iguarias que fazem do Alentejo
um local famoso: queijo, enchidos, mel, doces
e compotas, bolos tradicionais, entre outros.

Em frente, fica outra parte do antigo


convento e a Igreja de São Francisco. Segundo
a tradição, trata-se da primeira casa da
ordem em Portugal. O edifício remonta ao
século xii, tendo sido renovado no século xv.
Mas o local é sobretudo conhecido devido
à capela em cujo pórtico está inscrita a
frase: “Nós ossos que aqui estamos pelos vossos
esperamos.” Construído entre os séculos xvi e
xvii, o espaço está forrado com milhares de
ossos humanos, provenientes de cemitérios
locais. O objetivo dos três monges que
conceberam a capela foi o de convidar à
reflexão sobre a morte e a efemeridade da
vida. Ruínas Fingidas, Évora

61
A ALENTEJO

Igreja de São João Evangelista, Évora Templo de Diana, Évora

Geraldo Geraldes, O Sem Pavor o Museu do Relógio. Neste polo do museu de


Caudilho militar, em nome de D. Afonso Serpa poderá ver relógios de diversas épocas,
Henriques conquistou diversas praças no desde o final do século xvii, início do xviii.
Alentejo (entre as quais Évora) e no atual São 800 exemplares em funcionamento,
território espanhol. Ibn Sahib al-Salah, entre relógios de pulso, de sala, de bolso e
cronista muçulmano contemporâneo, de parede. Na era do digital, é também uma
chamou-lhe cão e traidor, devido aos imersão sonora num mar de tiquetaques.
seus métodos nada convencionais, entre Quem necessitar de restaurar ou reparar um
os quais, ataques à noite e no inverno e relógio antigo gostará de saber que os mestres-
o recurso a armadilhas. Mesmo assim, -relojoeiros da oficina de restauro do museu
Ibn Sahib deixa transparecer admiração recuperam todos os tipos de relógio. A sala
pela sua coragem. Geraldo (ou Giraldo) de restauro exibe inúmeras ferramentas,
acompanhou o rei na célebre expedição cuidadosamente dispostas para mostrar aos
a Badajoz, em 1169, quando aquele, já visitantes a complexidade da tarefa.
sexagenário, partiu a perna direita e foi
feito prisioneiro pelas forças de Fernando ii Local: Rua de Serpa Pinto, 6.
de Leão. Poucos anos após este desastre Contacto: 266 751 434.
militar, que implicou a entrega de muitos
castelos a título de resgate dos dois
Regresse à Praça do Giraldo e suba, pelas
companheiros de armas, pôs-se ao serviço
ruas estreitas, até ao Templo de Diana,
do califa almóada. Mas o muçulmano,
provavelmente construído no século i em
ao fim de algum tempo, desconfiou de
homenagem ao imperador romano Augusto,
espionagem e mandou decapitar Geraldo,
venerado como um deus ainda em vida.
personagem que é hoje um símbolo de
Évora, figurando no seu brasão de armas Liberalitas Julia era então o nome da cidade.
de espada em punho. Ali ao lado, aprecie a entrada da Igreja de São
João Evangelista.

62
A P ERC U R S O 5 • É VO R A

Ainda no mesmo largo, visite o Museu Frei ainda assim, a cruz-relicário coberta por
Manuel do Cenáculo. Este museu tem mais pedras preciosas que se diz conter um
de 20 mil objetos, dos mais variados temas, pedaço do Santo Lenho, ou seja, da cruz de
da estatuária romana à pintura, e até túmulos Cristo. Terá sido trazido da Terra Santa pelo
da época medieval. As peças mais importantes cavaleiro hospitalário Afonso Pires Farinha.
são dois conjuntos de painéis, um relativo
à vida da Virgem, com 13 painéis, e outro, Descendo aos claustros, terá a sensação
com apenas seis, representando a Paixão de de fazer uma viagem no tempo, sobretudo
Cristo. Ambos foram pintados em meados se visitar o local já mais para o fim do
do século xv, por desconhecidos da escola de dia, quando a luz rasante do crepúsculo
Bruges. O próprio edifício merece uma visita. penetra as rosáceas e desenha caprichosas
sombras nas paredes. As gárgulas e outros
Local: Largo do Conde de Vila Flor. pormenores arquitetónicos parecem ganhar
Contacto: 266 730 480. vida. Recolha à igreja e aprecie a sucessão de
pilares, o altar-mor e o órgão. À saída, não
Ali mesmo ao lado, poderá dar uma deixe de reparar nas curiosas inscrições nos
espreitadela ao Centro de Arte e Cultura degraus que dão para a rua.
Eugénio de Almeida, para não perder uma
exposição interessante. As exposições Local: Largo Marquês de Marialva.
centram-se, essencialmente, em arte Contacto: 266 759 330.
contemporânea.

Sé Catedral
Atravesse agora o Largo Marquês de Marialva,
para visitar a Sé Catedral de Évora. Edificada
nos séculos xiii e xiv, é a maior catedral
medieval do País. De estilo românico e gótico,
destaca-se o pórtico ogival, com esculturas
dos apóstolos, e o claustro.

Dedicada a Nossa Senhora da Assunção, a Sé


inclui três espaços visitáveis: o Museu de
Arte Sacra, os claustros e a igreja. Iniciada
no século xii, a catedral só ficou pronta em
1250, à época da conquista total do Algarve
por D. Afonso iii. Teve, no entanto, vários
melhoramentos nos séculos posteriores.
O museu está instalado numa das torres, pelo
que, se resolver subir, não deixe de apreciar
a vista. Esculturas, paramentos bordados
a ouro, pinturas, relíquias de santos, joias:
é muito rico e variado o espólio desta
pequena unidade museológica. Destaca-se, Sé Catedral, Évora

63
A ALENTEJO

Anta do Zambujeiro

De volta ao automóvel, vá até à rotunda


da Porta do Raimundo e tome a direção
de Alcáçovas pela N380, passando pelo
Complexo Desportivo de Évora (entenda-se,
o campo de futebol). Alguns quilómetros
adiante, vire para Valverde e São Brissos.
Junto ao polo agrícola da Universidade de
Évora, volte para Guadalupe e Valverde.
Passe por debaixo de um aqueduto com
um bonito portal encimado por um
escudo e siga a indicação para a Anta do
Zambujeiro, à direita. Depois das instalações
universitárias, abre-se uma estrada de terra
batida que leva a um largo, perto de um
Anta do Zambujeiro regato. Circule devagar, que a estrada está
em mau estado. Estacione no largo e siga a pé
pela ponte de madeira.
Arquitetura funerária
Quase sempre implantadas num relevo A mamoa desta anta tem mais de 50 metros
proeminente e junto a cursos de água, de diâmetro. A câmara é poligonal e o
as antas eram templos funerários de uso corredor longo. Embora o aspeto geral
coletivo, construídos e utilizados pelas revele um certo descuido, é uma das
comunidades de pastores e agricultores maiores construções megalíticas europeias
dos iv e iii milénios a.C. Originalmente, do género. O templo funcionou como
apenas se via a mamoa, um monte local de culto e enterramento de mortos,
artificial de terra e pedras. O interior associado à estela-menir de grandes
assemelhava-se a uma gruta construída proporções, coberta por pequenos orifícios,
com grandes lajes de pedra: os esteios que se encontra tombada a sudoeste.
(na vertical) e o chapéu (no topo), O vasto espólio encontrado nas escavações
a fechar o conjunto. O acesso era feito dos anos 60 do século xx está guardado no
por um corredor estreito e baixo. Com a Museu de Évora.
erosão e a ação dos elementos, a terra e
as pedras foram desaparecendo. Aquilo
que hoje vemos é apenas a estrutura em Cromeleque dos Almendres
pedra, o esqueleto, dessas construções
onde os mortos eram depositados junto Regresse à estrada de alcatrão e siga para
da natureza, a Grande Deusa Mãe da
Valverde, uma bonita vila de casinhas
Fertilidade. É por isso muito comum
tipicamente alentejanas. Percorra a
encontrar-se nestes túmulos placas de
rua principal. Mais ou menos a meio,
xisto representando a deusa grávida.
vai encontrar, à direita, uma placa a
indicar o Cromeleque dos Almendres

64
A P ERC U R S O 5 • É VO R A

 38.55764, -8.06134 . A estrada é boa, Anta-Capela de São Brissos


embora de terra batida. Com tempo seco,
espere um generoso rasto de pó. Entre Regressando a Valverde, vire à direita,
Valverde e o cromeleque, ida e volta, na direção de Santiago do Escoural. À saída,
somam-se 13 quilómetros. Em conjunto repare no cemitério, com uma arquitetura
com a Anta do Zambujeiro, pode constituir invulgar. Até São Brissos, a paisagem é
um excelente itinerário para um passeio lindíssima, mas não se distraia, pois a
pedestre ou de bicicleta. estrada é um pouco estreita... Passando o
cruzamento para a vila, encontra, um pouco
Depois de atravessar Guadalupe, vire à mais à frente, do lado esquerdo, uma
esquerda e siga as placas. Sensivelmente pequena construção caiada de branco,
a meio, a estrada alarga um pouco, rematada pela inevitável barra azul.
havendo espaço para estacionar. Terá
a oportunidade de visitar o Menir dos Estes monumentos são o testemunho vivo do
Almendres, monólito bastante interessante, modo como o Cristianismo, no mundo rural,
sobretudo se recortado pela luz da manhã. foi assimilando diversas tradições populares.
Continuando até ao fim da estrada, vai dar As antas permaneceram ou foram sendo
a um espetacular conjunto de menires, integradas no imaginário popular de várias
implantados numa elevação e formando formas, desde a divisão de propriedades à
dois recintos vagamente elípticos. No total, toponímia. A Anta-Capela de Nossa Senhora
são 95 monólitos de diferentes formatos do Livramento  38.52473, -8.12898 ,
e dimensões, desde pequenos blocos como também é conhecida, é disso exemplo.
rudemente talhados a menires cilíndricos, Durante muito tempo, depois das colheitas,
fálicos ou de aspeto estelar. Persistem as populações de São Brissos, Escoural e Casa
muitas dúvidas sobre a funcionalidade Branca juntavam-se aqui para merendar.
destes monumentos, mas algumas teorias
associam-nos à observação dos astros. Já no
século vi, São Martinho de Dume, na obra a
Instrução dos Rústicos, destinada a erradicar
os cultos pagãos, associa os monumentos
megalíticos a ritos solares.

Se puder, visite o local pela manhã, quando


os raios de sol destacam as inscrições talhadas
na superfície de alguns monólitos pela mão
dos homens pré-históricos. No regresso a
Guadalupe, visite o Centro Interpretativo
dos Almendres, para obter mais informações
sobre o que acabou de visitar.

Local: Rua do Cromeleque, Nossa Senhora


de Guadalupe.
Contacto: 266 782 069 ou 964 808 337. Anta-Capela de São Brissos

65
A ALENTEJO

Na segunda-feira de Páscoa, levavam o borrego do monarca castelhano, tinha subido ao


assado. Até há pouco tempo, realizavam poder Isabel, sua irmã, entretanto casada
procissões, de natureza marcadamente pagã, com Fernando de Aragão. Ambos ficaram
a pedir chuva. O monumento está fechado, na História como os Reis Católicos. Mas as
para entrar terá de pedir a chave na junta de cláusulas mais interessantes respeitavam
freguesia (Tel.: 266 857 183). às descobertas marítimas. A Portugal, era
reconhecido o domínio sobre a Madeira,
Se quiser ir à barragem que se avista do os Açores, Cabo Verde e a costa da Guiné.
local, terá de percorrer uma estradinha de Castela recebia as Canárias, renunciando a
terra batida, num percurso de ida e volta navegar ao Sul do Cabo Bojador.
com cerca de dois quilómetros. A paisagem
é perfeita para uma refeição ligeira e, Atravesse a vila até ao centro, não sem
de sobremesa, uma sesta à sombra. antes admirar a imponente igreja matriz,
do século xvi, e visitar as curiosas ruínas da
Capela de Nossa Senhora da Conceição, mais
Alcáçovas conhecida por Capela das Conchas.

De regresso à estrada principal, siga para a Depois, parta à descoberta do Património


vila que, em 1479, assistiu à assinatura de Cultural Imaterial mais característico
um tratado de paz entre Afonso v e os Reis da zona: a arte do fabrico de chocalhos.
Católicos. Desta forma, o Rei de Portugal, Alcáçovas é o principal centro de produção
casado com a filha única do falecido destas peças artesanais, em vias de extinção.
Henrique iv de Castela, desistia das suas Na fábrica e oficina Chocalhos Pardalinho vai
pretensões ao trono vizinho. Por morte poder observar os diversos tipos de chocalhos

Chocalhos Pardalinho, Alcáçovas

66
A P ERC U R S O 5 • É VO R A

para o gado e decorativos, bem como


inteirar-se de todas as fases do seu fabrico.
Instrumento de percussão, com um som
inconfundível, tem duas funções essenciais
no pastoreio: permite localizar o rebanho
e que os animais sigam o guia – um animal
mais velho que já conhece todos os caminhos
de pastoreio e sabe regressar a casa.

Local: Zona industrial de Alcáçovas, Rua dos


Saberes e Sabores, 12.
Contacto: 266 954 427.

A cerca de um quilómetro, na Rua da


Esperança, o Museu do Chocalho tem estado
fechado desde a morte do seu mentor,
o mestre e colecionador João Penetra,
abrindo apenas ao fim de semana, mediante
marcação de visita (Tel.: 965 741 282). Castelo de Viana do Alentejo

Viana do Alentejo romaria. Entre e aprecie o belíssimo altar


em talha dourada, que se eleva para uma
Em Viana do Alentejo, destaca-se o castelo, abóbada pintada. Dirija-se depois à porta
obra iniciada ao tempo de D. Dinis. A par que está à direita do altar, onde encontra dois
com o do Alvito, é um dos mais interessantes corredores circulares. As suas paredes estão
exemplos de fortificações do gótico final. repletas de fotografias afixadas por fiéis em
Da construção primitiva restam cinco torres. busca de proteção para familiares ou amigos
As muralhas encerram ainda a igreja matriz, ou como agradecimento.
um exemplar do Manuelino, concebido pelos
arquitetos Francisco e Diogo Arruda.
Alvito
Recomendamos, de seguida, uma visita ao
Santuário de Nossa Senhora de Aires, a cerca Próxima paragem: Alvito, vila tipicamente
de dois quilómetros, à saída da vila. Ainda manuelina. O castelo, do século xv, esteve em
na estrada, assim que avistar o templo, ficará ruínas e foi depois reconstruído e adotado
boquiaberto e interrogar-se-á sobre o que como residência dos marqueses locais. Nos
faz algo de tão grandioso praticamente no nossos dias, é mais um edifício histórico
meio do nada. O conjunto arquitetónico, transformado em pousada. Apesar de a atual
do século xviii, deve-se, ao que parece, construção pouco ter que ver com a original,
a uma promessa de alguns comerciantes as janelas do torreão da fonte e o pelourinho,
face a uma epidemia que grassava na região. que se encontra em frente, podem justificar
Ainda hoje é cenário de uma importante uma visita.

67
A ALENTEJO

A igreja matriz, dedicada a Nossa Senhora Ambas têm água muito limpa e várias ilhas,
da Assunção, faz parte da Rota do Fresco. algumas com casario em ruínas. Se dispõe
Se se embrenhar nas ruelas estreitas da de barco ou caiaque, não hesite em explorar
vila, irá deparar com a câmara municipal, estes recantos. Também pode fazer ótimas
instalada num edifício com torre sineira. caminhadas ou pescar. O achigã, a carpa e o
No fim do largo da feira, ficam outros dois chanchito são as iguarias com escamas que
locais interessantes: a curiosa Ermida de aqui terá a oportunidade de apanhar.
São Sebastião, uma construção fortificada,
e a pequena Gruta do Rossio. Qualquer Se for da Barragem do Alvito para Vila Ruiva,
pessoa da terra lhe dirá como visitar. Aqui, passará por Albergaria dos Fusos, topónimo
todas as construções têm um aspeto maciço, que advém de uma antiga indústria de linho.
apresentando contrafortes e torreões, Repare na pequena escola, que parece saída
lembrando bem o papel da região nas de um conto de fadas. Vire, então, à direita.
guerras de Reconquista. Esta foi, de resto, Percorridos escassos quilómetros, passará
uma das praças conquistadas por Geraldo por uma linda ponte sobre a Ribeira de
Sempavor (veja a caixa da página 62). Odivelas. Embora seja da época romana, foi
alterada no período visigótico e muçulmano.
Perto da vila, existem duas barragens que É constituída por 26 arcos intervalados por
justificam uma visita mais demorada: a olhais de volta perfeita, contando 120 metros
do Alvito e a de Odivelas, que comunicam de comprimento. Entre os blocos que
através da ribeira com o mesmo nome. formam alguns dos pegões, encontram-se

Igreja de Nossa Senhora da Assunção, Alvito

68
A P ERC U R S O 5 • É VO R A

lápides funerárias romanas. A partir de Vila


Ruiva, também está bem indicada a estrada
que dá acesso a esta ponte e à Barragem do
Alvito.

Vila Ruiva

Nesta povoação, impõe-se uma visita


ao Insectozoo, situado por trás da igreja
matriz, cujo orago é Nossa Senhora da
Encarnação. Propriedade de João Pedro
Cappas, este insetário vivo sob a forma de
laboratório-museu acolhe várias colónias
de insetos sociais, como formigas, abelhas,
térmitas e vespas. Cappas construiu
vários ambientes naturais, para que o
visitante possa observar a organização
social e o quotidiano destes animais: Insectozoo, Vila Ruiva
alimentação, rituais de acasalamento
e morte, hierarquia, etc. As visitas são
guiadas pelo proprietário, que sabe como interessante conjunto de peças de arte sacra,
ninguém captar a atenção, descrevendo como pinturas, paramentos e ourivesaria.
todos os pormenores com entusiasmo.
A entrada é pelo Largo de Nossa Senhora da Local: Rua da Misericórdia.
Encarnação, mas terá de tocar à campainha Contacto: 284 495 177.
do n.º 40 da Rua 5 de Outubro.

Local: Rua 5 de Outubro, 40. São Cucufate


Contacto: 284 495 136 ou 966 123 676.
Voltando à estrada principal, um pouco
adiante, ficam as ruínas da villa de São
Vila Alva Cucufate. Exploração agrícola romana,
as respetivas áreas de habitação, lazer,
Continuando na direção da Vidigueira, chega trabalho e templo ainda são facilmente
ao cruzamento de Vila Alva. Se fizer um identificáveis. A maior originalidade desta
pequeno desvio, poderá visitar o Museu de construção é a de ser a única de dois pisos
Arte Sacra e Arqueologia, instalado na Igreja visíveis conhecida na Península Ibérica.
da Santa Casa da Misericórdia e na Igreja No século xiii, o conjunto arquitetónico foi
do Senhor Jesus dos Passos, que comunicam doado ao mosteiro lisboeta de São Vicente de
entre si. Aprecie os diversos achados pré- Fora pela diocese de Évora.
-históricos e românicos, bem como as pedras
tumulares medievais. Ainda encontrará um Contacto: 284 441 113.

69
A ALENTEJO

Depois, passando por Vila de Frades, Vidigueira


prove o vinho da região, numa das vendas
ou adegas tradicionais. Aqui nasceu e Comece por procurar a Torre do Relógio,
viveu Fialho de Almeida, ilustre escritor bem visível a partir de muitos pontos da
de finais do século xix, autor da obra vila. O sino terá sido oferecido em 1520 por
Os Gatos, entre outras. Redigida em três Vasco da Gama, pouco depois de receber
volumes, apresenta crónicas que criticavam, o título de primeiro conde da Vidigueira.
sobretudo, os costumes da sociedade O túmulo do navegador manteve-se na vila
lisboeta da época. Ao deixar a freguesia, até ao século xix, quando os ossos foram
na direção da Vidigueira, passe ainda pelo trasladados para o Mosteiro dos Jerónimos.
Centro Interpretativo do Vinho de Talha e Passe pela Cascata Armoreada, fontanário
descubra, através da tecnologia de realidade ornamentado com rochas marinhas e
aumentada, os cheiros e os sons da vinha, encimado por um obelisco. Por fim, suba
a história do vinho de talha e o seu ciclo à torre de menagem, estrutura integrante
produtivo, da vinha à taberna. do antigo Paço dos Gamas, residência do
descobridor do caminho marítimo para a
Local: Praça 25 de Abril, 15. Índia. Não muito longe, um pouco afastada
Contacto: 284 441 211. da vila, está a Igreja de Santa Clara, antiga
matriz da Vidigueira.

Na Praça Vasco da Gama, em frente da


estátua do navegador, vai encontrar a antiga
escola primária, entretanto transformada no
Museu Municipal de Vidigueira. Este edifício
de finais de século xix alberga uma antiga
sala de aula, onde é retratada a história do
ensino primário no concelho entre 1883 e
1991. Um segundo núcleo foca o contexto
económico, social e cultural que se vivia na
Vidigueira na primeira metade do século xx,
recriando ambientes e mostrando ofícios e
atividades económicas.

Local: Praça Vasco da Gama.


Contacto: 284 437 408.

Portel

De regresso à estrada para Évora, faça um


desvio para conhecer Portel, uma linda vila
coroada por um castelo. Pode estacionar
Ruínas de São Cucufate junto ao Parque da Matriz, por detrás da

70
A P ERC U R S O 5 • É VO R A

igreja, onde existe um agradável jardim com


esplanadas e equipamento para os mais
pequenos. Se não quiser andar a pé, outra
opção é subir na direção do castelo e deixar
a viatura num pequeno largo junto à Igreja
da Misericórdia. Pode apreciar uma vista
desafogada, como, de resto, seria de esperar
num castelo estrategicamente construído na
serra.

O Museu da Freguesia é um pequeno espaço


singelo, no centro de Portel, onde estão
expostas cerca de 300 peças oferecidas ao
município por artesãos e munícipes. Entre os
muitos objetos e antiguidades aqui reunidos,
destacamos os instrumentos musicais e os
brinquedos antigos.

Local: Rua do Espírito Santo.


Contacto: 266 612 253.

A cerca de quatro quilómetros de Portel,


visite a Ermida de São Pedro, no topo de um
cabeço de xisto. Também daqui se desfruta
de uma panorâmica desimpedida.

São Manços
Castelo de Portel
Voltando ao IP2, já perto de Évora, aproveite
para conhecer São Manços e retemperar
forças com uma refeição no restaurante- e admire esta notável construção medieval.
-bar Moagem. Como o nome indica, trata-se Como vê, propostas não faltam. A dificuldade
de uma antiga moagem de farinha, cuja será porventura escolher entre as maravilhas
maquinaria e utensílios foram mantidos. de uma região fascinante.
Poderá apreciar muitos artefactos, outrora
comuns na região, que fazem do espaço um
autêntico restaurante-museu. A comida e o Évora
vinho são ótimos, de resto, como em todo o
Alentejo. Para terminar o dia, experimente não
fazer absolutamente nada, em modo
Se ainda tiver fôlego, pouco antes de chegar “contemplação”, bem sentado numa das
ao fim da linha, vire para Torre de Coelheiros esplanadas na Praça do Giraldo!

71
A ALENTEJO

EXTENSÃO 75 km

Monsaraz
•  Convento de Nossa
Senhora da Orada

•  Cromeleque do Xarez
E ste percurso que lhe propomos por terras de
Monsaraz não é longo, mas está recheado de
sugestões que o levarão a uma viagem por
tempos remotos. A paisagem, transformada pela
Barragem de Alqueva, está salpicada de monumentos
•  Menir da Bulhoa
megalíticos, que nos fazem pensar sobre os motivos
•  Menir do Outeiro
que terão levado os nossos antepassados a escolher
•  Antas do Olival da Pega esta região. Incluímos alguns museus, pequenos,
São Pedro do Corval mas interessantes. Na Herdade do Esporão, perto de
•  Menir da Rocha Reguengos de Monsaraz, ficará a conhecer um dos
dos Namorados maiores centros enoturísticos do País. Antes de voltar
ao ponto de partida, terá ainda a oportunidade de
Reguengos de Monsaraz
subir ao Castelo de Mourão, com vista sobre as águas
•  Herdade do Esporão de Alqueva, ou passear de barco na barragem.
Mourão
•  Praia Fluvial de Mourão
•  Praia Fluvial de Monsaraz Menir do Outeiro Aldeia do Outeiro
Menir da Bulhoa
•  Observatório do Lago Casa do Barro Antas do Olival
Alqueva da Pega Convento da Orada
Monsaraz Observatório de Alqueva
Rocha dos
Reguengos Namorados
Monsaraz de Monsaraz Praia Fluvial
de Monsaraz

Mourão

Início Herdade
do Esporão
do percurso Praia Fluvial
de Mourão

Albufeira
de Alqueva

Monsaraz grandes pedras, são estreitas e, por vezes,


sinuosas, escorrendo do alto do monte
Quem visita Monsaraz pela primeira vez, pelas encostas. Raramente se ouve uma
sobretudo se chegar ao entardecer, tem a buzina, as pessoas não têm pressa, não há
sensação de estar num lugar aprisionado no anúncios luminosos nem outras formas de
tempo. As ruas, atapetadas de calçadas de poluição visual. Tudo está imerso numa

72
A P ERC U R S O 6 • M O N SA R A Z

imensa tranquilidade. Em conformidade


com o espírito reinante, a região está repleta
de monumentos megalíticos, edificações
religiosas dos homens pré-históricos. Por
todas as razões, Monsaraz é um retiro ideal
para quem pretende fugir, durante algum
tempo, à agitação das grandes cidades.

Um pequeno passeio de uma hora é


suficiente para fazer o reconhecimento dos
pontos de interesse. Entrando pela Porta da
Vila  38.44465, -7.37975 , onde se destaca
a Torre do Relógio, vire na primeira ruela
à esquerda. Depois, desça a Rua Direita.
Chegará à Praça D. Nuno Álvares Pereira,
dominada pela Igreja Matriz de Santa
Maria da Lagoa, um templo de estrutura
renascentista. No interior, encontra-se
o túmulo, em mármore de Estremoz,
de Gomes Martins Silvestre, cavaleiro da
Ordem do Templo e povoador de Monsaraz.
Os templários ajudaram Sancho ii a
conquistar definitivamente a praça, em 1232.
Este rei mal-amado, acusado de rex inutilis Porta do Castelo, Monsaraz
pelo partido do seu irmão, futuro Afonso iii,
e deposto pelo Papa, teve, no entanto, uma
importante ação de conquista. No centro da
praça, ergue-se o inevitável pelourinho e,
no lado oposto, a Igreja da Misericórdia.

Museu do Fresco
Na sala do tribunal dos Antigos Paços
de Audiência foi pintado, no século xv,
o fresco do Bom e do Mau juiz, que
retrata, alegoricamente, o tema da justiça.
O primeiro, em tons claros, brande, com
determinação, a vara reta da justiça, e é
encimado por anjos. Já o mau juiz tem
duplo rosto, por detrás do qual está a figura
esbatida do demónio, empunha uma vara da
justiça quebrada e está rodeado de símbolos
de corrupção, como as perdizes que lhe são
dadas em mãos. No painel superior, a justiça Rua de Monsaraz

73
A ALENTEJO

do Sol, podemos imaginar sem esforço os


antigos vigias a fazerem o caminho de ronda,
perscrutando o horizonte em busca de
inimigos. Saindo do castelo, vire à esquerda,
na direção da Rua de Santiago e da próxima
paragem.

Casa da Inquisição – Centro Interativo


da História Judaica
Apesar de a tradição local afirmar que
aqui funcionou um tribunal da Inquisição,
Monsaraz nunca o teve: os acusados eram
julgados no Tribunal do Santo Ofício em
Évora. Pensa-se, no entanto, que o edifício
tivesse outras funções neste contexto, como
albergue de um familiar do Santo Ofício,
arquivo ou prisão temporária dos acusados.
Trata-se de um pequeno espaço museológico
com um espólio modesto, mas que pode
sempre interessar a quem tenha curiosidade
Castelo de Monsaraz pela história da comunidade judaica em
Monsaraz.

divina é retratada pela figura de Cristo Local: Travessa do Quebra-Costas, 7.


ladeado por dois profetas que mostram o Contacto: 266 508 052 ou 927 997 316.
alfa e o ómega, símbolos, respetivamente,
do Princípio e do Fim. Igreja de Santiago
Siga pela Rua de Santiago até um
Tapado durante séculos por um tabique pequeníssimo largo com uma esplanada,
de tijolo, que o protegeu, este fresco só foi onde vai encontrar a igreja dedicada a este
redescoberto em 1958. O espaço também santo, apóstolo de Cristo apropriado de modo
alberga exposições temáticas anuais sobre a muito especial pelos povos peninsulares.
história e a cultura da região. Transformado em Santiago Matamouros, foi
presença mágica nas guerras de Reconquista
Local: Largo Dom Nuno Álvares Pereira, 12. contra os muçulmanos. Atualmente,
Contacto: 266 508 052 e 927 997 316. o edifício é um espaço cultural onde se fazem
exposições, debates e colóquios.
Castelo
Desça pela Rua José Fernandes Caeiro, Por entre ermidas
na continuação da Rua Direita, e dirija-se Continue pela mesma rua e saia do burgo
ao castelo. Lá dentro, suba a escada de amuralhado, passando novamente pela Porta
ferro e admire a antiga praça de armas, da Vila. Avistará a pequena Ermida de São
onde ainda hoje se fazem as vacadas. Ao pôr Bento, o santo que, com a sua regra da vida

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A P ERC U R S O 6 • M O N SA R A Z

em comunidade monástica, influenciou


ordens religiosas determinantes para a
cultura medieval europeia, como Cluny e
Cister. Para visitar a ermida, desça a estrada
que passa pela antiga judiaria. O seu esforço
será premiado com uma vista magnífica
sobre Monsaraz e arredores.

Antes de deixar Monsaraz, considere dar


um bom passeio pedestre ou de bicicleta
pela estrada de campo que se inicia junto
ao parque de pernoita das autocaravanas.
Encontrará primeiro as ruínas da Ermida
de São Lázaro e, um pouco depois, a Ermida
de Santa Catarina de Monsaraz, uma torre
hexagonal a que foi acrescentada uma
capela. O edifício apresenta elementos da
tradição templária associada ao culto e
memória da mártir Santa Catarina. Entre
as duas ermidas, e um pouco afastada da
estrada, para Leste, vai encontrar a sinistra Casa da Inquisição

Vista do castelo

75
A ALENTEJO

Cromeleque do Xarez
Ali perto erguem-se os 50 menires do
Cromeleque do Xarez  38.45345, -7.37093 .
Se já conhecia e estava habituado a vê-los à
direita, na estrada entre Monsaraz e Mourão,
saiba que, com a Barragem de Alqueva,
foram trasladados para este local e fielmente
montados. Ainda que nenhum monumento
megalítico valha apenas pelas pedras que
o compõem, já que a paisagem envolvente
faz parte do todo, a deslocação terá sido um
mal menor, comparada com as alternativas.
O recinto megalítico continua quadrangular,
como o original. Ao centro, aprecie o bloco de
configuração fálica com quase quatro metros
de altura e sete toneladas de peso.

Siga a Rua da Orada para Norte e vire na


segunda cortada à esquerda, junto do
Ermida de Santa Catarina Monte da Bulhoa (o primeiro núcleo de
casas que encontrar). Continue nessa
estradinha de terra batida até encontrar
Forca de Monsaraz. Tudo isto poderá ser outra via alcatroada. Aí, vire à direita e,
visitado num percurso circular com cerca de uns 300 metros adiante, vai encontrar um
dois quilómetros. caminho empedrado à esquerda. Estacione
na berma da estrada e continue a pé para
Convento de Nossa Senhora da Orada visitar outro monumento megalítico.
Saia de Monsaraz, tomando a direção de
Telheiro. Um pouco adiante, ainda na Menir da Bulhoa
descida, vê-se um enorme edifício branco, Este monólito  38.46271, -7.38283  com
o Convento de Nossa Senhora da Orada cerca de quatro metros de altura e um de
 38.45534, -7.37317 . Siga a indicação para diâmetro tem símbolos esculpidos, como,
o convento. Inicialmente, apenas haveria no por exemplo, um Sol e um bastão curvo.
local uma orada, onde, segundo a tradição, Quando foi encontrado, estava tombado e
D. Nuno Álvares Pereira se recolhia para não tinha a base, tendo sido recuperado em
rezar antes das batalhas contra os vizinhos 1970. Trata-se, na realidade, de um relógio
exércitos castelhanos. Já no século xvii, de sol. Terá sido executado entre 4000 a.C.
os monges agostinhos descalços começaram e 3000 a.C.
a erigir um convento, que só ficou concluído
em meados do século seguinte. Nos nossos Continue pela mesma estrada e atravesse a
dias, o edifício pertence à Fundação Aldeia do Outeiro. Depois vire à esquerda na
Convento da Orada, que procedeu a diversas
obras de beneficiação. Cromeleque do Xarez >

76
A P ERC U R S O 6 • M O N SA R A Z

77
A ALENTEJO

Rua de Santo António e, na primeira estrada seguir existe uma cortada de terra batida que
de terra batida, vire à direita. Quando o levará à primeira Anta do Olival da Pega.
chegar a um cruzamento, siga o caminho da No lado oposto da estrada pode ir a pé visitar
esquerda até ver o próximo menir. outro monumento funerário idêntico.

Menir do Outeiro Antas do Olival da Pega


Este enorme monólito tem quase seis metros Datadas de 3500 a 3000 a.C.,
de altura e encontra-se numa planície as Antas 1  38.45128, -7.40230  e 2
próxima de Monsaraz  38.47103, - 7.39349 .  38.45233, -7.39908  do Olival da Pega
De forma nitidamente fálica, é conhecido constituíam um enorme complexo funerário.
localmente por “penedo comprido” e Nesta necrópole coletiva estariam sepultadas,
considerado o mais impressionante menir respetivamente, 140 e 118 pessoas. Aqui
isolado da Península Ibérica. foram encontradas centenas de artefactos,
entre placas de xisto, recipientes cerâmicos,
Continue no mesmo caminho até alfinetes de cabelo em osso e pontas de seta,
encontrar de novo estrada alcatroada, já em entre outros. Um espólio volumoso e que
Barrada. Atravesse a aldeia e siga para Sul. dá bem conta da dimensão deste complexo
No primeiro cruzamento vire à direita e no megalítico. A Anta 2 tem o corredor mais
seguinte à esquerda. Na segunda curva a longo existente em Portugal (16 metros).

São Pedro do Corval

Continuando na mesma estrada, vai chegar a


um cruzamento com a M514. Vire aí à direita,
em direção a Reguengos de Monsaraz.
À entrada de São Pedro do Corval vai
encontrar uma rotunda com uma instalação
de homenagem ao oleiro. Siga pela primeira
saída e, logo a seguir, estacione na cortada de
terra batida do lado direito da estrada.

Menir da Rocha dos Namorados


Este bloco de granito, em forma de cogumelo
e com mais de dois metros de altura, continua
a ser palco de um antiquíssimo ritual pagão
assimilado pelo Cristianismo. A parte
superior está coberta de pedras soltas. Isto
porque, segundo a tradição, na segunda-feira
de Páscoa, ou seja, na primavera, época
de fertilidade por excelência, as moças
casadoiras lançam pedras para cima do
Menir do Outeiro menir para saberem se o seu casamento está

78
A P ERC U R S O 6 • M O N SA R A Z

próximo. Cada lançamento falhado significa


mais um ano de espera.

Volte à rotunda e entre em São Pedro do Corval


pela M514, virando à direita na rua do jardim
para visitar um espaço museológico local.

Casa do Barro – Centro Interpretativo da


Olaria
Centro oleiro de destaque, São Pedro do
Corval conta ainda com numerosas olarias
em funcionamento. Neste museu, instalado
numa antiga olaria, ficará a conhecer o ciclo
do barro, desde a terra aos produtos finais
trabalhados. Alberga dois fornos de lenha
antigos, onde se cozia a louça de barro,
e um tino onde o barro era coado. De vez
em quando decorrem aqui atividades que
permitem aprender um pouco da arte de
olaria manuseando o barro na roda de oleiro Praça da Liberdade, junto à igreja matriz
e sujando as mãos.

Local: Rua do Jardim, 32. Do lado oposto à igreja, já à saída da praça,


Contacto: 961 248 195. encontra o Museu José Mestre Batista,
dedicado a um dos mais conceituados
cavaleiros tauromáquicos nacionais, nascido
Reguengos de Monsaraz no concelho, na freguesia de Campo.

Continue na M514 e vá agora até Reguengos Local: Rua General Humberto Delgado, 3.
de Monsaraz. Estacione na Praça da Contacto: 266 508 040.
Liberdade ou nas redondezas. Existe ali um
ótimo Jardim Público com parque infantil, Herdade do Esporão
boas esplanadas e restaurantes. À cabeça da De regresso à viatura, ainda na Praça
praça, a igreja matriz é um exemplar único da Liberdade, de costas para a matriz,
do neogótico de finais do século xix em vire na primeira à esquerda. Se seguir
Portugal e um edifício ímpar a sul do Tejo. as indicações, chegará sem dificuldade à
Teve como arquiteto António José Dias da Herdade do Esporão. Será acolhido por
Silva, o autor da Praça de Touros do Campo mais de 500 hectares de vinha. Na herdade,
Pequeno, em Lisboa, e foi construída em visite a Torre do Esporão, um antigo solar
honra de Santo António. com aspeto de fortaleza que alberga um
pequeno museu arqueológico. Junto à torre,
Local: Praça da Liberdade. conhecida por integrar o logótipo do vinho
Contacto: 926 670 680. aqui produzido, ergue-se a Ermida de Nossa

79
A ALENTEJO

Senhora dos Remédios. Ambos os edifícios sobretudo quando passar na ponte sobre o
são do século xvi. Guadiana.

Chegando à casa do enoturismo, faça uma


visita guiada às caves, seguida, se assim o Mourão
desejar, de uma prova de vinhos. Da casa,
há uma ótima vista sobre a barragem, Antes de subir ao castelo visite a Capela da
também propriedade da herdade. Dispõe Venerável Ordem Terceira de São Francisco,
igualmente de um restaurante regional. junto ao jardim. É um monumento de
estilo barroco, com um rico portal em
Local: Herdade do Esporão. xisto aparelhado. Repare no medalhão de
Contacto: 266 509 280. mármore com o emblema da ordem da
penitência, um anjo carnudo e um simbólico
Regresse a Reguengos de Monsaraz, pelo cordão, envolvido por duas tabelas de
mesmo caminho, e entre na circular exterior mármore branco. Toda a capela-mor está
à cidade, a chamada Via do Grande Lago. decorada com ricos azulejos típicos da Real
Na última rotunda, junto a um grande Fábrica do Rato, em Lisboa.
supermercado, vire à direita e siga pela
N256 na direção de Mourão. Pelo caminho, Mais acima, integrada na muralha do
vá apreciando as vistas sobre o Alqueva, castelo, irá encontrar a Igreja Matriz de Nossa
Senhora das Candeias. A porta do castelo
está guardada por dois canhões de ferro
com as armas de Portugal gravadas em alto
relevo. No interior, poderá ver o que resta da
antiga vila, da Casa da Guarda e dos Paços do
Concelho. Das seis torres quadrangulares,
destaca-se a torre de menagem, com porta
a abrir para o pátio da praça. Aproveite para
apreciar as vistas, mas tenha cuidado com as
escadarias íngremes de pavimento irregular
e sem corrimão de proteção, especialmente
com as crianças.

Ainda na vila, reviva os tempos do


contrabando, a partir de Espanha, nestas
terras da Raia. Na loja Contrabando poderá
comprar às escondidas de ninguém alguns
dos melhores sabores e lavores da região.

Local: Rua de São Bento, 30.

Perto da vila vai encontrar uma boa praia


Herdade do Esporão fluvial com areia. Menos bem indicado está o

80
A P ERC U R S O 6 • M O N SA R A Z

caminho para a Aldeia da Luz e o seu museu.


Saia para Sul na M517 e não desista enquanto
não vir indicada a aldeia à direita.

Museu da Luz
Como é sabido, a construção da barragem
obrigou a construir uma nova aldeia,
semelhante à antiga. Este espaço
museológico  38.344275, -7.381563  conta a
história das gentes da nova e da antiga Aldeia
da Luz. As fotos, os mapas e até os utensílios
ligados às profissões que aí existiam relatam
uma parte da história; o filme partilha as Alqueva
ideias e os sentimentos daqueles que tiveram
de se mudar. Ao lado vai encontrar a pequena
igreja que dá nome ao largo. É uma réplica da Regressando pela mesma estrada, irá
antiga igreja, com o mesmo nome, submersa passar de novo pelo Observatório do
pela Barragem de Alqueva. Lago Alqueva (OLA). Neste observatório
astronómico pode fazer uma visita guiada
Local: Largo da Igreja de Nossa Senhora da Luz. ao céu noturno de Monsaraz (sob reserva
Contacto: 266 569 257. prévia), longe dos grandes centros urbanos
e da poluição luminosa. Prepare-se para
Regresse a Monsaraz e volte a sair, agora pela aprender, por exemplo, a orientar-se
rotunda do Monumento de Homenagem pela estrela polar e a identificar as
ao Cante Alentejano. Passe pelo parque de constelações. Já as observações solares
pernoita das autocaravanas e continue pela e a visita ao espaço, que abrange, entre
M514. Na rotunda seguinte, vire à direita outros, exposições fotográficas, não requer
e siga a CM1127 até encontrar, à esquerda, marcação. É uma visita para fazer à tarde
o Observatório do Lago Alqueva. Reservámos ou à noite, já que o observatório abre às
esta visita para o final do percurso. Por agora, 14h00, no inverno, e às 16h00, no verão.
continue nessa estrada até ao estacionamento
junto da margem da barragem. Contacto: 960 361 906.

Praia Fluvial de Monsaraz


Localizada na Albufeira de Alqueva, no centro Monsaraz
náutico, a cerca de quatro quilómetros de
Monsaraz, conta com 120 metros de frente de De regresso ao ponto de partida, contemple
praia. As infraestruturas do centro incluem da estrada a colina onde se ergue Monsaraz,
também piscina, bar/restaurante, zona de reduto templário perdido no tempo.
merendas, parque infantil, ancoradouro e Terminada esta aventura, sugerimos um
rampa de acesso para barcos. Os passeios jantar num dos ótimos restaurantes da vila.
de barco e as atividades náuticas são outras Se chegar ao entardecer, poderá desfrutar de
possibilidades. uma encantadora luminosidade dourada.

81
A ALENTEJO

EXTENSÃO 140 km

Alcácer do Sal
• Carrasqueira
Tróia
•  Ruínas romanas de Creiro
A lcácer do Sal é o ponto de partida. Mas,
desta vez, não lhe propomos o habitual
circuito circular. Em vez disso, sugerimos
vários trajetos que irradiam a partir desta cidade do
Sado. Pode visitar o que resta de culturas pretéritas e
• Comporta uma zona de lazer aprazível junto a uma barragem
Alcácer do Sal ou experimentar o que reservámos para esta região
Santa Catarina dos Sítimos
do Alentejo.

•  Barragem do Pego do Altar


•  Santa Susana
Tróia
Alcácer do Sal
•  Barragem de Vale do Gaio Santa Susana
Carrasqueira Barragem do
Torrão Pego do Altar
Santa Catarina
Alcácer do Sal Comporta de Sítimos
Alcácer do Sal
Torrão

Barragem de
Início Vale do Gaio
do percurso

Alcácer do Sal

Quem observa esta pacata cidade alentejana


a partir da margem oposta do Sado pressente
toda a História que tem para contar. Mas o
melhor é pôr os pés ao caminho e descobri-la
de perto. Aproveite as primeiras horas da
manhã para um passeio pela zona histórica.
Preste atenção ao rendilhado das sacadas
em ferro forjado. Junto à câmara municipal,
eleva-se a estátua de Pedro Nunes, grande
matemático e cosmógrafo, natural de
Zona ribeirinha de Alcácer do Sal Alcácer, e o museu com o mesmo nome.

82
A P ERC U R S O 7 • A LC ÁC ER D O SA L

Inventor do nónio, instrumento matemático praça: Afonso II. Mas, se pedir na receção,
usado mais tarde nos astrolábios, Pedro com certeza que o deixam visitar o claustro
Nunes teve um papel muito importante no e o jardim, onde pode percorrer o caminho
desenvolvimento das técnicas de navegação à de ronda, junto à muralha. Nos anos 90 do
época dos Descobrimentos.

Na zona ribeirinha encontra ainda agradáveis


esplanadas e pastelarias com saborosos doces
da região. Experimente, por exemplo, uma
pinhoada sobre folha de laranjeira. A vista
para o rio e o monte do castelo é muito
acolhedora.

Museu Municipal Pedro Nunes


Fundado em 1894, é um dos museus mais
antigos do País. Está instalado na Igreja
do Espírito Santo  38.37098, -8.51290 ,
um edifício com mais de 500 anos de
história. Fica perto da câmara municipal
e é um bom local para conhecer melhor
a história e o património arqueológico da
região. As civilizações que passaram por
Alcácer deixaram a sua marca, pelo que o Estátua de Pedro Nunes
acervo é muito rico, destacando-se o espólio
do período romano, mas também o da
Idade do Ferro, proveniente da necrópole
do Olival do Senhor dos Mártires, sem
esquecer a herança islâmica e a época dos
Descobrimentos portugueses.

Local: Rua do Município.


Contacto: 265 610 045.

Suba agora até ao castelo, passando pelas


ruelas típicas desta cidade.

Castelo e cripta
Aprecie a vista sobre as sinuosidades do Sado,
ladeado pelas riscas dos arrozais. A encosta
do monte é revestida pelo branco do casario.
O castelo foi transformado em Pousada de
Portugal e batizado com o nome do rei que,
em 1217, logrou a conquista definitiva da Castelo de Alcácer do Sal

83
A ALENTEJO

Igreja de Santiago
Regresse à beira-rio e dirija-se à imponente
Igreja de Santiago, que conta com duas torres
sineiras, ocupadas por ninhos de cegonhas,
e uma magnífica escadaria. Um painel de
azulejos evoca Francisco de Magalhães,
missionário alcacerense no Brasil. A ermida
medieval sofreu restruturações profundas
no século xviii, por ordem de D. João v,
na qualidade de grão-mestre da Ordem de
Santiago.

Atravesse o rio pela ponte pedonal, em frente


à Praça Pedro Nunes, e aprecie a vista da
cidade a partir da outra margem. Vai ali
encontrar um agradável parque com serviço
de restauração e um excelente Skateboard
Park.
Igreja de Santiago

Carrasqueira
século xx, a intervenção sobre o Convento
de Nossa Senhora de Aracoeli, localizado Regresse ao automóvel, atravesse a antiga
no monte do castelo, trouxe à luz do dia ponte de ferro sobre o Rio Sado e vire à
um grande espólio arqueológico. Foi ainda direita quando vir indicado Comporta
descoberto um subterrâneo, a cripta, onde e Tróia. Ao passar por Cachopos dê uma
estão expostas as peças encontradas. Poderá espreitadela na antiga escola primária, num
visitar este espaço onde se cruzam 26 séculos estilo inconfundível dos anos 50. Encerrada
de História, marcado por todos os povos que em 1982 por falta de alunos, foi transformada
habitaram a colina. em restaurante com pratos típicos em 1996.
Conta-se que a abertura do estabelecimento
Local: Rua do Convento de Aracoeli, 12. foi adiada largos meses devido a um ninho
Contacto: 265 612 058. de cegonha na chaminé. Tem uma agradável
esplanada, ótima para desfrutar de uma
Ali ao lado pode também apreciar um sítio refeição ao ar livre nos dias quentes de verão.
arqueológico com vestígios da Idade do Ferro
e do período romano. Um pouco mais abaixo, Continuando na mesma estrada, faça um
visite a Igreja do Convento de Santo António, novo desvio para visitar a Carrasqueira.
monumento do século xvi com influência Trata-se de uma pequena aldeia piscatória
da arquitetura renascentista italiana. Entre que termina num interessante cais palafítico
e aprecie a Capela das Onze Mil Virgens, em pleno sapal. Repare também nas casas
em especial a cúpula de jaspe translúcido, típicas com paredes em caniço e telhados de
que reflete a luz em jogos de cor. bracejo, espécie de mato que cresce no sapal.

84
A P ERC U R S O 7 • A LC ÁC ER D O SA L

Tróia o armazenamento nos navios. As camadas


encaixavam umas nas outras e formavam
Retome a estrada no sentido de Tróia. uma carga muito estável, mesmo com mar
Observe a rica vegetação dunar que cresce turbulento.
mesmo até à estrada. No horizonte, começa
a elevar-se a silhueta escura da Serra da Tróia fazia parte de uma rede comercial que
Arrábida, do outro lado do estuário. se estendia pelo mare nostrum, nome que os
romanos davam ao Mediterrâneo. Ainda
Ruínas romanas de Creiro é possível admirar os enormes tanques
Vire à direita, quando avistar a placa Ruínas da salga ou cetárias. O complexo também
Romanas. O que hoje conhecemos como incluía termas, zonas de enterramento,
Península de Tróia era, à época, uma ilha. um templo e núcleos habitacionais, o que
A indústria de pesca e a produção de conservas atesta bem a sua importância. No mesmo
eram prósperas. Lembremos o finíssimo gosto espaço, encontra-se igualmente uma basílica
dos romanos pelo garum, condimento à base paleocristã. As visitas são guiadas e carecem
de sangue, vísceras e outras partes do atum ou de marcação prévia.
da cavala, misturadas com peixes pequenos,
crustáceos e moluscos esmagados e ervas Contacto: 939 031 936.
aromáticas. O composto era, em seguida,
sujeito a salmoura. Quando exportado, Campo e praia
ia acondicionado em ânforas. A forma A península de Tróia conta com diversas
destes recipientes destinava-se a facilitar praias e possibilidades de caminhadas, pelo

Cais Palafítico da Carrasqueira

85
A ALENTEJO

que pode aproveitar para explorar a costa ou Villa Romana de Santa Catarina
a margem do rio. O piso é plano e a paisagem dos Sítimos
é bonita. Depois, volte ao carro e comece
a fazer o caminho de regresso, em direção Regresse a Alcácer do Sal e saia para Leste,
a Alcácer. Os amantes da praia podem pela N5. Depois de passar por baixo do
aproveitar para dar mais um mergulho no viaduto da A2, continue em frente pela N253
Atlântico. A Praia da Comporta é uma boa e, cerca de dez quilómetros adiante, vire
opção na época baixa (mas a evitar na época à direita em direção a Santa Catarina dos
alta!). Sítimos. Ao chegar à aldeia vire à direita e,
depois do Bar dos Sítimos, à esquerda. Ao fim
De novo na estrada, a povoação de Comporta da Rua da Igreja estacione ao pé da pequena
aparece um pouco mais à frente. Se tiver Igreja de Santa Catarina.
fome, pode experimentar o restaurante
Museu do Arroz, junto à estrada. Instalado Descobertas as primeiras ruínas em
numa antiga fábrica de arroz, tem a respetiva 1977, esta zona arqueológica integra
maquinaria como decoração. Serve pratos o que resta de uma importante villa
típicos de peixe e carne. romana  38.39294, -8.43251 . Aqui foi
identificada uma grande piscina (20 metros
Contacto: 265 497 555. de comprimento por 8,30 metros de
largura) com uma escada de acesso, que
se pensa ter feito parte de uma estrutura
termal. As escavações revelaram ocupação
humana desde meados do século i a.C.

Barragens de Pego do Altar e de


Vale do Gaio

De volta à N253, siga até Santa Susana e,


se for um período de seca, verifique se a
bonita Ponte de Rio Mourinho, submersa
pela construção da barragem, está a
descoberto. Faça também uma visita à
Barragem de Pego do Altar, que há uma
ou duas dezenas de anos era palco de
emocionantes, e ruidosas, provas de
motonáutica. Agora é um local tranquilo
onde poderá desfrutar de agradáveis
caminhadas junto ao espelho de água e
praticar um pouco de pesca desportiva.

Regresse a Alcácer do Sal e, à entrada da


Museu do Arroz, Comporta cidade, tome a N5 para Leste, seguindo a

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A P ERC U R S O 7 • A LC ÁC ER D O SA L

indicação de Barragem de Vale do Gaio.


Vai encontrar ali agradáveis recantos
arborizados, mesmo até à borda de
água, onde apetece relaxar ou fazer um
piquenique. Também pode tomar uma
refeição no restaurante do hotel, com ótima
vista para a barragem. Depois, siga pela N5-2
até Torrão.

Torrão

Esta vila, na margem do Rio Xarrama, é a


terra do escritor renascentista Bernardim
Ribeiro, autor da novela Saudades. A obra
é mais conhecida como Menina e Moça, por
começar com a frase “Menina e moça me
levaram de casa de minha mãe para muito longe.”
O museu etnográfico tem como protagonista Parque de merendas, Torrão
um alimento fundamental na dieta
alentejana: o pão.
Museu Etnográfico do Torrão
Calçadinha Romana Instalado num antigo lagar de azeite, num
Cerca de um quilómetro antes de chegar a edifício de final do século xviii, início do
Torrão, logo a seguir ao cruzamento da N5-2 século xix, este museu explica o ciclo do pão,
com a N2, encontra, do lado direito, o acesso ao longo do tempo, mostrando os artefactos e
para um troço bastante bem conservado de os equipamentos necessários à sua produção.
calçada romana  38.30104, -8.22927 . Com Como é sabido, o pão é um produto
cerca de 400 metros de comprimento, utiliza indispensável na mesa alentejana, e um dos
pedra da região e era parte da estrada que produtos tradicionais mais conhecidos da
ligava Pax Iulia (Beja) a Ebora (Évora). região.

Parque de merendas Local: Rua das Torres, 14.


Voltando à N2, antes de atravessar a ponte Contacto: 265 669 203.
sobre o Rio Xarrama vai encontrar um ótimo
parque de merendas  38.29963, -8.22943 
junto à Capela de São João Nepomuceno ou Alcácer do Sal
São João da Ponte. Tem mesas e bancos de
alvenaria, assadores e até uma fonte para Regresse a Alcácer e dê um passeio pela
lavar a loiça. Está também ali indicado marginal vendo o Sol a pôr-se atrás dos
o início de um percurso pedestre da arrozais. Termine a noite tomando uma
Vereda do Xarrama, com uma extensão de refeição numa das muitas esplanadas à
3,5 quilómetros. beira-rio.

87
A ALENTEJO

EXTENSÃO 130 km

Grândola
•  Azinheira dos Barros
Lousal

•  Museu Mineiro e Mina de Ciência


E ste percurso começa na célebre vila
de Grândola, que, na música de Zeca
Afonso, ganhou o epíteto de “terra da
fraternidade”. O cantor fez um trocadilho
a partir do nome da Sociedade Musical
– Centro Ciência Viva do Lousal
Fraternidade Operária Grandolense,
Abela
coletividade ainda existente. Nos anos
•  São Bartolomeu da Serra 60 do século xx, Zeca Afonso cantou aqui,
Santiago do Cacém num espetáculo em que também atuou
•  Moinho das Cumeadas o mestre da guitarra portuguesa Carlos
•  Ruínas romanas de Miróbriga Paredes. Terá ficado encantado com
•  Rio de Figueira Grândola e os seus habitantes e dedicou-
-lhes um poema. A arquitetura e a
•  Badoca Park
paisagem não enganam ninguém: estamos
•  Salgueiral da Galiza no Alentejo. Por entre aldeias típicas surgem
•  Lagoa de Santo André sítios arqueológicos, como as ruínas
•  Lagoa de Melides romanas de Miróbriga, em Santiago do
Grândola Cacém, e o antigo complexo mineiro do
Lousal. De regresso a Grândola, o itinerário
leva-o à tranquilidade das lagoas de Santo
André e Melides.

Início
do percurso

Grândola

Melides
Lagoa de
Melides

Lagoa de
Santo André
Salgueiral
da Galiza

Badoca Lousal
Park

Santiago
do Cacém
Abela

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A P ERC U R S O 8 • G R Â N D O L A

Jardim municipal, Grândola

Grândola Aqui encontrará cerca de uma centena de


obras de arte, entre pinturas, esculturas e
Começamos a visita a esta vila, artes decorativas, provenientes de várias
que pertenceu à Ordem de Santiago igrejas do concelho.
de Espada, pela Praça da Liberdade
 38.18328, -8.56779 . Repare no memorial Local: Largo de São Sebastião.
dos 25 anos do 25 de Abril, um enorme painel Contacto: 269 442 234.
de azulejos com a letra e a música de Grândola,
Vila Morena, a emblemática canção usada como Dê uma volta pelo centro da vila, apreciando
a segunda senha para os militares iniciarem as o casario baixo, de paredes caiadas e rodapés
operações da Revolução dos Cravos. em ocre ou azul. Na zona mais antiga,
visite a igreja matriz, onde se destaca o
Jardim municipal e centro retábulo‑mor, revestido a talha dourada e
Dirija-se agora ao jardim municipal e passeie azulejos. Repare no pequeno relógio de sol
à sombra do arvoredo frondoso ou junto ao na aresta da torre sineira. Ali perto, não
lago. Espaço agradável e bem cuidado, possui deixe de visitar também parte da memória
um bom retiro para merendas. Ao fundo, histórica e arqueológica do concelho.
as crianças podem divertir-se no parque
infantil. Nas laterais do jardim, tome uma Núcleo Museológico da Igreja de São
bebida ou petisque numa esplanada. Mesmo Pedro
ao lado do jardim, conheça o Museu de Arte O espólio exposto neste museu
Sacra instalado na Igreja de São Sebastião. abrange diferentes períodos históricos,

89
A ALENTEJO

e, depois, por uma estrada municipal que


acompanha uma ribeira. Em alguns locais,
surgem junto à estrada maciços rochosos
de pedra escura facetada. Volte à esquerda
quando vir a indicação de Azinheira dos
Barros. Trata‑se de uma pequena povoação
tipicamente alentejana. Nas horas de maior
calor, o branco das casas até custa a encarar.
Se aprecia este tipo de arquitetura, pare e dê
uma volta pela aldeia. Depois (re)tome o IC1
e vire à direita, ao avistar a placa de Ermidas
e Lousal.

Museu Mineiro e Mina de Ciência –


Núcleo Museológico de São Pedro, Grândola Centro Ciência Viva do Lousal
Instalado no edifício que albergou a central
elétrica da mina  38.03635, -8.42617 ,
da pré‑história ao século xx. Aqui encontrará o museu integra agora o Centro Ciência
artefactos e informação sobre monumentos Viva. Está temporariamente fechado para
megalíticos, necrópoles de cistas, minas, obras, desde março de 2022, mas quem
processos de salga e exportação de peixe para tiver interesse na temática pode visitar uma
todo o Império romano, templos, ruínas e galeria de exploração mineira dos anos 50,
naufrágios. um terceiro espaço que também pertence
ao Centro Ciência Viva e que é habitado por
Local: Largo de São Pedro. diversas espécies de morcegos!
Contacto: 269 450 129.
Local: Avenida Frédéric Velge.
Contacto: 269 750 520.
Lousal

Para sair de Grândola, tem duas alternativas: Abela


uma mais rápida, que vai por estradas
principais, e outra que atravessa uma Ao sair do Lousal, siga até à N121, na direção
paisagem de relevo moderado e arborização de Santiago do Cacém. Depois, vire para
farta. Se preferir a primeira, tome o IC1 na Abela.
direção de Ferreira do Alentejo. Depois de
passar por Canal Caveira, antes do viaduto Museu do Trabalho Rural
da autoestrada, vire para Sul, continuando No antigo edifício do posto da GNR
no IC1. Pouco depois, à direita, surge a encontra‑se agora um museu etnográfico que
placa para Azinheira dos Barros, onde deve partilha as memórias e os saberes de uma
virar. Querendo apreciar a natureza, saia de sociedade rural ainda não muito longínqua.
Grândola pela Rua das Pontes, siga em frente Siga o percurso que acompanha os trabalhos
e desça a colina. Seguirá primeiro pela N120 agrícolas e o ciclo dos cereais, desde a lavra às

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A P ERC U R S O 8 • G R Â N D O L A

mondas, regas e ceifas. Conheça também as


alfaias agrícolas e outros objetos que faziam Caçadores de abelhas
parte deste mundo. Se fizer este percurso na primavera
ou no verão, repare numas pequenas
Local: Largo 5 de Outubro. aves com bico curvo, cauda longa e
Contacto: 269 902 048. plumagem colorida. Os abelharucos
gostam de empoleirar-se nos cabos
Saindo do museu, é impossível não reparar telefónicos e espreitar à passagem
de insetos suculentos. As abelhas
na imponente Igreja de Nossa Senhora de
carregadas de pólen são um pitéu.
Abela, ao cimo da rua, com a sua torre sineira
Estes pássaros têm uma técnica
implantada na fachada.
de alimentação especial. Antes de
engolirem a presa, lançam-na contra
Local: Rua Padre Hermano de Almeida Lima.
uma superfície sólida para a matarem.
Contacto: 269 822 484. Depois, com um movimento rápido
do bico, atiram-na ao ar para a
apanharem novamente e engolirem.
Santiago do Cacém Os vistosos abelharucos fazem os
ninhos em barreiras arenosas, onde
Retome a N121, na direção de Santiago. escavam galerias que podem atingir
Passará por São Bartolomeu da Serra. Ali, 2,5 metros de profundidade. Ali, bem
dê uma espreitadela à igreja paroquial, protegidas dos predadores, as fêmeas
que ostenta um cruzamento de vários chocam os ovos e criam os filhotes.
estilos arquitetónicos, e à antiga estação
do caminho de ferro, com os seus bonitos
painéis de azulejos. Depois, continue para
Santiago do Cacém.

Moinho das Cumeadas


Logo à entrada da cidade, surge,
à esquerda, o caminho para o moinho
 38.01550, -8.68719. No interior, são
visíveis as engrenagens de madeira e as mós
de pedra. Se o vento soprar, poderá ter a sorte
de ver o moinho a funcionar e observar o
processo de moagem tradicional dos cereais.

Local: Estrada das Cumeadas.


Contacto: 964 174 982.

Ruínas romanas de Miróbriga


Na mesma estrada, um pouco adiante, ficam as
ruínas romanas 38.01046, -8.68593, num Abelharuco Merops apiaster
local habitado, pelo menos, desde a Idade

91
A ALENTEJO

petrolífero de Sines. Para a direita, ficam


as lagoas de Santo André e Melides, que
visitaremos mais tarde. Um pouco mais ao
longe, é ainda possível identificar a Serra da
Arrábida. O castelo ocupava, pois, um ponto
estratégico na vigilância da costa, estando
fortemente ligado ao de Alcácer. Quando
D. Afonso Henriques conquistou a cidade
do Sado em 1158, Kassim, nome árabe
que teria à época, também caiu. Em 1191,
no reinado de Sancho I, o califa almóada
Yaqub al‑Mansur recuperou Alcácer, pelo
que Kassim voltou para mãos muçulmanas.
Em 1217, Afonso II logrou conquistar
Ruínas romanas de Miróbriga definitivamente Alcácer e, por extensão,
Kassim. O castelo, entregue à Ordem de
Santiago, tomou o nome do apóstolo de
do Ferro. O topo da colina permite avistar Cristo. Dentro da muralha, pode também
toda a região envolvente. As habitações visitar a igreja matriz, servida por uma bela
ainda estão pouco estudadas, mas sabe‑se escadaria e ladeada por um cruzeiro.
que eram decoradas com frescos e foram
construídas ao longo de calçadas. O complexo Museu municipal
dispunha de um fórum com dois templos. Desça até à Praça do Município, onde fica o
Nas imediações, os arqueólogos encontraram museu municipal. Enquadrado pelo jardim
duas construções que parecem ser uma cúria público, está instalado no edifício de uma
e uma basílica. Estão também presentes antiga cadeia. Do espólio faz parte uma
vestígios de diversas lojas. As termas são coleção de moedas entre o século iii a.C. e a
compostas por dois edifícios com diversos implantação da República, que acompanha,
compartimentos: entrada, zonas de banhos assim, as várias fases da História de Portugal.
frios (frigidarium) e quentes ou mornos A partir de peças doadas pelos habitantes,
(caldarium e tepidarium). O pavimento era foi possível fazer a reconstituição de uma
revestido a mármore. Um pouco afastado do cozinha alentejana e de um quarto.
centro fica o hipódromo.
Local: Praça do Município.
Local: Herdade dos Chãos Salgados. Contacto: 269 827 375.
Contacto: 269 818 460.
Parque Urbano de Rio de Figueira
Castelo e piscinas municipais
Desça agora para o centro histórico e depois Já no carro, desça a avenida que passa em
suba até ao castelo, onde são visíveis as frente ao jardim e atravesse a Praça 5 de
marcas da Ordem de Santiago. Daqui, Outubro. Na Estrada do Fidalgo, vire à direita,
avista‑se a planície até ao mar. À esquerda,
elevam‑se as chaminés do complexo Castelo de Santiago do Cacém >

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A P ERC U R S O 8 • G R Â N D O L A

93
A ALENTEJO

para aceder ao parque urbano, espaço as indicações, encontra o parque de


recreativo equipado com parque infantil, estacionamento. Neste recinto com cerca de
instalações sanitárias, piscina, circuito de 90 hectares, existe um parque florestal por
manutenção e campos de jogos. Dispõe onde vagueiam, em semiliberdade, centenas
ainda de boas áreas ajardinadas, com retiros de animais das mais diversas espécies, como
muito agradáveis. Um bom lugar para tomar búfalos, suricatas, lémures, avestruzes,
contacto com a natureza. Junto ao parque, zebras, cangurus e girafas.
encontra as modernas piscinas municipais.
Um safari, orientado por guias, permite
Contacto: 269 450 083. o contacto com os animais. Em sessões
específicas, poderá descobrir as
características e os comportamentos de aves
Safari no Alentejo de rapina como águias, mochos e abutres,
ou os hábitos e outras curiosidades sobre
Para sair de Santiago, tome a direção répteis, que vão de tartarugas e iguanas a
de Lagoa de Santo André. Ao chegar ao cobras e lagartos! No jardim de aves exóticas,
cruzamento com o IP8, vire à esquerda poderá admirar papagaios, turacos, tucanos
para Sines e, já nesta via, corte logo à e outros. Outras atividades acompanhadas
direita, onde vir a placa que indica o Badoca incluem, por exemplo, interagir com os
Park  38.04177, -8.74422 . Seguindo lémures e alimentá-los.

Avestruzes e jovem zebra no Badoca Park

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A P ERC U R S O 8 • G R Â N D O L A

Local: Herdade da Badoca, Vila Nova de


Santo André.
Contacto: 269 708 850.

Salgueiral da Galiza

Saia para Norte, passe Vila Nova de Santo


André e continue pela estrada R261-5.
Depois siga a indicação de Salgueiral da
Galiza  38.07933. -8.77530 . Dispõe
ali de um percurso pedestre numa área
natural de grande beleza paisagística – a
reserva natural das lagoas de Santo André
e da Sancha – e onde poderá, com sorte,
observar diversos animais selvagens Acesso à lagoa de Santo André
no seu ambiente natural. O percurso
atravessa duas áreas com características
diferentes: a zona de montado, de maior Lagoa de Melides
altitude e declive, e a zona do salgueiral,
correspondente a uma área de várzea No cruzamento onde virou para a Lagoa de
lagunar. Santo André, vire à esquerda, em direção
a Tróia e Melides. Tome novamente a
Contacto: 269 708 400. esquerda ao avistar a placa para a Lagoa de
Melides. Mais pequena do que a primeira,
também é uma boa opção para nadar.
Lagoa de Santo André A vegetação serve de refúgio a patos, garças,
mergulhões e maçaricos: não se esqueça dos
De volta à estrada, siga agora a indicação binóculos. A praia marítima, muito próxima,
para Lagoa de Santo André. A paisagem é excelente. Vários bares e restaurantes junto
alterna entre campos de cultura, pinhal e ao estacionamento são opções para tomar
eucaliptal. Chegado à lagoa, estacione no uma bebida ou uma refeição.
largo junto aos restaurantes. Já no areal,
aconselhamos a zona mais próxima do mar,
onde a água tem sempre melhor qualidade. Grândola
Existem algumas baías pouco profundas,
ideais para as crianças brincarem em Voltando à estrada que segue para Tróia,
segurança. Na margem oposta, uma tome a direção de Melides. No centro da
grande duna convida os mais aventureiros aldeia, encontra a placa para Grândola.
a escorregar ou rebolar. Quando estiver Atravessará uma bela paisagem, dominada
cansado das águas calmas da lagoa, dê um sobretudo por enormes pinheiros mansos e
mergulho no Atlântico. Esta é também uma sobreiros. Retempere forças já em Grândola
zona privilegiada para passeios pedestres. numa esplanada do jardim municipal.

95
A ALENTEJO

EXTENSÃO 160 km

Beja
•  Villa Romana de Pisões
•  Parque Fluvial dos Cinco Reis
•  Barragem do Roxo
E stamos no coração do Baixo Alentejo, rodeados
de planícies sem fim, ora verdejantes, ora
douradas pelo Sol. Sugerimos que visite, com
toda a tranquilidade, pacatas aldeias caiadas de
branco. O silêncio e a paisagem convidam ao repouso
Ervidel
e à introspeção. Deixe-se impregnar por séculos de
Aljustrel História, em terras da antiga Ordem de Santiago
•  Moinho do Maralhas de Espada. Com a exceção de Beja, as restantes
localidades deste percurso pertenciam aos freires
Messejana
espatários. Encontrará aqui e ali o seu símbolo:
•  Villa Romana uma elegante cruz em forma de espada. Figura, por
Monte da Chaminé exemplo, no brasão de armas de Ferreira do Alentejo e
Ferreira do Alentejo transporta-nos para a época da Reconquista.
Beja

Ferreira do Alentejo

Villa Romana Cinco Reis


Monte da Chaminé Beja
Villa Romana
de Pisões
Ervidel

Aljustrel

Messejana

Início
do percurso

Mértola

Beja último monarca do reino de taifa de Sevilha,


conhecido pela sua poesia. Poderá visitar
O percurso começa e termina em Beja, o Memorial a al-Mu’tamid no agradável
a Pax Julia romana. Ao longo da História, Parque da Cidade  38.020097, -7.876009 .
figuras ilustres ficaram ligadas à cidade. Outro pacense de renome, Ibn Sahib
Aqui nasceu, no século xi, al-Mu’tamid, al-Salah, foi, no século xii, um dos mais

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A P ERC U R S O 9 • B EJ A

proeminentes historiadores do período


almóada, e documentou muito bem as
operações de Geraldo, o Sem Pavor (veja a
caixa da página 62, no percurso 5). Beja
está ainda ligada à monarquia portuguesa
através de duas figuras que ascenderam ao
trono. A primeira foi D. Leonor de Lencastre,
mulher de D. João II. Rica e poderosa, era, tal
como o marido, bisneta de D. João I, mestre
de Avis. A segunda foi o irmão da rainha,
D. Manuel. Com o falecimento prematuro do
príncipe herdeiro, o duque de Beja sucedeu
ao cunhado.
Ermida de Santo André, Beja
Seguindo para o centro pela Rua de Lisboa,
contorne a rotunda e repare na bonita
Ermida de Santo André. Foi construída no
final do século xv, num estilo
gótico-mudéjar, bem característico do
Alentejo e de outras localidades da Península
Ibérica. Com um aspeto medieval, é ladeada
por torreões cilíndricos encimados por
pináculos cónicos. Se estiver aberta, espreite
o interior e aprecie a bonita azulejaria
policromada do século xvii.

Continue, em direção ao centro da cidade,


orientando-se pela torre de menagem
do castelo. Aqui chegado, contorne as
muralhas e irá encontrar um parque de
estacionamento gratuito, onde poderá deixar
o automóvel.
Torre de menagem, Castelo de Beja
Castelo de Beja
É o monumento mais emblemático da
cidade. A sua construção teve início no meses depois, face à insustentabilidade da
século xiii, logo após a conquista cristã da sua posição: o Alentejo estava quase todo
cidade, e prolongou-se até ao século xv. Mas, dominado pelos muçulmanos. Antes de
ao tempo romano, já existia uma fortificação, saírem, arrasaram a cidade e as respetivas
de que restam as portas de Évora e Avis. muralhas. No início do século xiv, D. Dinis
Os historiadores árabes relatam a conquista mandou construir a imponente torre de
da praça pelos cavaleiros de Santarém, menagem, com quase 40 metros de altura.
em 1172, e o forçado abandono, poucos Vale a pena subir os mais de 180 degraus para

97
A ALENTEJO

observar a paisagem circundante. Atente no (século xvii), em talha dourada, os retábulos


emaranhado de ruas que se estende a partir policromados das capelas laterais e a pintura
do castelo e na planície. do altar de São José. Na capela dedicada a
Nossa Senhora da Conceição, o destaque é
Local: Largo Doutor Lima Faleiro. para os painéis de azulejos em azul e branco
Contacto: 284 311 913. (século xviii).

Dentro do castelo vai encontrar um edifício Local: Largo do Lidador, 7.


amarelo. É a antiga casa do governador Contacto: 284 323 159.
do castelo, onde agora se encontra alojado
o Museu Jorge Vieira. Dedicado à arte Desça agora pela Rua Doutor Aresta Branco,
contemporânea, este espaço alberga grande para ir visitar outro interessante espaço
parte do espólio de Jorge Vieira, um dos museológico da cidade.
mais importantes escultores portugueses do
século xx. Museu Regional de Beja
Também conhecido por Museu Regional
Logo em frente ao castelo, dê uma Rainha D. Leonor, está instalado no Convento
espreitadela à ricamente decorada Igreja da Conceição  38.014194, -7.863132  e tem
de Santiago Maior/Sé de Beja. Não deixe uma grande variedade de peças. O portal
de ver de perto o retábulo da capela-mor manuelino da entrada dá acesso a uma antiga
igreja barroca, ricamente decorada a talha
dourada. Ao passar pelo claustro, aprecie os
corredores revestidos a azulejos policromos,
ao gosto mudéjar, onde a luz penetra
suavemente, criando uma atmosfera especial.
A magnífica Sala do Capítulo ostenta ricas
pinturas no teto e, uma vez mais, azulejos de
inspiração mudéjar, do século xvi. É neste
antigo convento que se encontra a Janela da
Mariana, mencionada nas famosas Cartas
Portuguesas, da autoria da freira Mariana
Alcoforado, que aqui viveu 67 anos.
O museu oferece ainda coleções de
arqueologia e pintura portuguesa, espanhola
e flamenga. No exterior, admire as fachadas,
ao estilo manuelino, e a estátua da Rainha
D. Leonor.

Local: Largo da Conceição.


Contacto: 284 323 351.

Saindo do museu, siga, pela esquerda, a Rua


Museu Regional de Beja Conde da Boavista e, no Largo de São João,

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A P ERC U R S O 9 • B EJ A

com a sua vistosa escultura moderna ao


centro, vire de novo à esquerda para ir visitar
outro interessante espaço museológico que
faz esquina com a Rua do Sembrano.

Núcleo Museológico da Rua do


Sembrano
Beja encontra-se sobre um conjunto de
cidades que, ao longo do tempo, se foram
sobrepondo umas às outras. Na maioria dos Mértola, a vila-museu
casos, foram sendo adaptadas edificações Uma das joias do Alentejo, Mértola,
existentes e reciclados materiais de cidades a pouco mais de 50 quilómetros de Beja,
mais antigas. vale, por si só, uma visita de alguns dias,
extra percurso. Palco do festival que,
Calce as proteções do calçado, para não riscar nos anos ímpares, aqui celebra a sua
o pavimento de vidro, e paire sobre vestígios herança islâmica, esta vila medieval
do passado que vão da Pré-história à época presta justa homenagem a todas as
contemporânea. O chão de vidro permite civilizações que aqui habitaram, e está
apreciar em pormenor o que esteve muitos repleta de sítios arqueológicos onde são
desenterradas, expostas e estudadas
anos soterrado. Observe nas vitrinas os
memórias de diversos períodos da
pequenos testemunhos de diferentes épocas
História. São disso exemplo a Alcáçova
encontrados nas escavações.
do Castelo, onde, na década de 1970,
se iniciaram os trabalhos arqueológicos,
Cá fora, na parede à entrada do museu,
mas também a Casa Romana, a Basílica
aprecie o painel de azulejos da autoria do
Paleocristã, a Ermida e a Necrópole
artista plástico Rogério Ribeiro e, antes disso, de S. Sebastião. O castelo domina a
a escultura mural de Bordalo II, feita com paisagem, no topo da colina, mas, logo
lixo de plástico. abaixo, a peculiar igreja matriz, edificada
a partir de uma mesquita almóada,
Local: Rua do Sembrano. e o Rio Guadiana, são também
Contacto: 964 934 162. omnipresentes.
Aproveite ainda para explorar e relaxar
Dê um passeio pelas ruas antigas desta no Parque Natural do Vale do Guadiana
urbe, apreciando a arquitetura tradicional e travar conhecimento com a rica
e as novas pinturas murais de arte urbana. variedade de flora e fauna. A cerca de
No Jardim da Praça Diogo Fernandes poderá 18 quilómetros de Mértola, na Cascata
tomar um café ou uma refeição ligeira num do Pulo do Lobo, o Rio Guadiana é tão
ambiente agradável. Quando regressar ao estreito que, conta a lenda, nas suas
castelo, não deixe de dar uma espreitadela correrias de caça, um lobo o atravessou
ao Núcleo Visigótico do museu regional. Está de um só salto. Outra possibilidade de
instalado na Igreja de Santo Amaro, que já visita, nos arredores, são as Minas de São
foi uma basílica paleocristã e assenta sobre Domingos.
uma necrópole romana. Alberga um valioso

99
A ALENTEJO

Este complexo, ocupado dos séculos i a.C. a


iv d.C., foi acidentalmente descoberto em
1967, no decorrer de trabalhos agrícolas.
A villa era constituída por uma habitação com
mais de 40 divisões ricamente decoradas.
A fachada a sul abria para uma piscina
(natatio). Era ainda dotada de termas e
tinha água aquecida. Na zona dos serviçais,
ficavam armazéns, lagares, celeiros e áreas
de transformação de produtos agrícolas.
A água vinha da vizinha Barragem de Pisões.
Admire a zona das termas, em bom estado
de conservação, que compreendia vestiário,
fornalhas, salas para banhos quentes,
tépidos e frios, piscina e latrinas. Mas o mais
fascinante é, sem dúvida, o conjunto de
mosaicos, com formas geométricas elegantes.
Núcleo museológico da Rua do Sembrano Apesar das pilhagens, um bom número
chegou até aos nossos dias.

espólio que ilustra a evolução na arquitetura Local: Herdade da Almagrassa.


na fase de transição da ocupação romana Contacto: Visitas por marcação pelo
para a visigótica. 962 372 285.

Local: Igreja e Largo de Santo Amaro. Volte agora ao último cruzamento e siga em
Contacto: 284 323 351. frente, para visitar um agradável espaço
natural.
Villa Romana de Pisões
Está na altura de pegar de novo no Parque Fluvial dos Cinco Reis
automóvel, seguir a indicação para o Este agradável parque situa-se na margem
complexo desportivo, e sair da cidade da Albufeira dos Cinco Reis. Dispõe de
pela Rotunda das Oliveiras. Siga na N18, um amplo parque de estacionamento
em direção a Aljustrel. Cerca de três  38.011943, -7.936254 , acessos para
quilómetros adiante, vire à direita quando pessoas de mobilidade reduzida, restauração
vir a indicação de Villa Romana de Pisões. com esplanadas, parque infantil e uma
O caminho de terra batida é acessível a excelente praia de areia fina e água
qualquer automóvel, mas convém circular translúcida. O espelho de água e os tufos
devagar e tentar evitar as lascas de xisto de juncos nas margens criam um espaço
(taliscas) mais afiadas. Quando chegar a um privilegiado para a avifauna dos arredores.
cruzamento, vai encontrar de novo indicação No observatório de aves, poderá observá-las
à esquerda para este espaço arqueológico sem ser visto. Um ótimo local para, no pino
e, à direita, para uma praia fluvial, de que do verão, se refugiar durante as horas de
falaremos a seguir. calor na planície alentejana.

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A P ERC U R S O 9 • B EJ A

Regresse à N18 e continue o caminho na sentavam à lareira, além de utensílios usados


direção de Aljustrel. Se estiver na hora na apicultura e na lavoura, seguindo o ciclo
de tomar uma refeição, vire à esquerda da produção de trigo até ao fabrico do pão.
quando vir indicado Mina Juliana. Antes
de chegar à barragem vai encontrar, Local: Travessa do Lagar.
em Santa Vitória, um agradável restaurante Contacto: 284 645 143.
 37.906554, -8.03590 , onde poderá
degustar de uma forma económica a maioria Se der uma volta a pé, poderá também
das especialidades gastronómicas da terra. apreciar a igreja matriz, dedicada a São
Julião, e a Capela de São Pedro. Mesmo em
Local: Sabores do Monte, Santa Vitória. frente ao jardim, vai reparar num portão de
Contacto: 284 070 378. outro lagar de azeite, que pode ser visitado
anualmente, em laboração, no mês de
Depois poderá ir até à margem da Barragem novembro.
do Roxo fazer uma calma caminhada, para
ajudar a digestão antes de se sentar de novo
ao volante. Em períodos de seca intensa, Aljustrel
evite molhar-se e nem pense em nadar
nesta barragem, porque é frequente haver Siga pela N2, em direção a Aljustrel.
infestações de plâncton tóxico que poderá Estacione no centro, junto ao Jardim 25
provocar graves distúrbios intestinais. de Abril. Esta zona tem muita sombra,
Cuidado especial com as crianças. para descansar nos apertados dias de calor
alentejanos, e um bom parque infantil.

Ervidel

De regresso à N18, faça agora uma paragem


em Ervidel. Estacione no parque de
estacionamento do jardim e, se levar consigo
crianças, deixe-as gastar um pouco as
energias no parque infantil, ali mesmo em
frente. Continuando pela Travessa do Lagar,
a seguir à rotunda, vá visitar um espaço onde
se encontra exposta muita da história desta
terra.

Núcleo Rural de Ervidel


Instalado num antigo lagar de azeite,
já desativado, este polo do Museu Municipal
de Aljustrel pretende preservar a memória
agrícola da região. Alberga a reconstituição
de um quarto e de uma cozinha tradicionais,
com a típica chaminé onde as famílias se Núcleo Rural de Ervidel

101
A ALENTEJO

Ermida de Nossa Senhora do Castelo


Leve o carro até onde puder e prepare as
pernas para subir dezenas de degraus. Será
recompensado com uma vista desafogada
sobre a região. A ermida foi construída sobre
as fundações de um castelo muçulmano.
O exterior, dominado por um enorme
cruzeiro, é caiado de branco. No interior,
admire os azulejos do século xvii.

Contacto: 284 602 163.

Desça novamente à parte baixa da vila,


contorne o edifício da biblioteca municipal
e siga a indicação de Moinho do Maralhas
 37.873998, -8.159540 . Vai ter a um
cabeço, a sul da povoação, onde se encontra
Moinho do Maralhas, Aljustrel o último moinho de vento, dos muitos que
já existiram na zona, em boas condições de
funcionamento. Além de poder observar os
Museu Municipal de Arqueologia antigos processos de moagem e a arquitetura
Aljustrel é dotada de um vasto património característica destes moinhos, terá ainda
arqueológico e de uma tradição mineira uma bela panorâmica da vila e arredores.
de peso. Neste espaço, poderá apreciar um O local está dotado com passadiços de
pouco dos vestígios deixados pelos povos que madeira e abrigos sombreados.
aqui têm vivido. Da coleção de arqueologia,
que cobre uma faixa entre o Paleolítico e a Contacto: Visitas por marcação, através do
Idade Média, fazem parte peças delicadas 284 600 070.
como lucernas romanas, jarros e cerâmicas
vidradas. Estando numa zona de forte Saia para Sul pela N263, em direção a
exploração de minério, o museu propõe Messejana.
também uma incursão por esta atividade
económica, que remonta ao tempo dos
romanos. Outra sala reúne artefactos Messejana
encontrados em antigas necrópoles.
Não muito longe de Aljustrel, a simpática vila
Local: Rua São João de Deus, 19. de Messejana é um aglomerado de casinhas
Contacto: 284 600 070. brancas rematadas a azul, alternando aqui
e ali com edifícios de passado nobre. Entre o
Para terminar esta visita por Aljustrel, suba património arquitetónico, destaca-se a igreja
agora até às ruínas do castelo, para admirar matriz, no ponto mais alto da povoação,
a paisagem que rodeia esta vila alentejana e
a ermida. Pelourinho, Messejana >

102
A P ERC U R S O 9 • B EJ A

103
A ALENTEJO

e a Igreja da Santa Casa da Misericórdia, Villa Romana Monte da Chaminé


do século xviii, situada na Praça 1 de Julho.
Entre a igreja e a torre sineira, a cerca de Regresse a Ervidel pela N2, e continue nesta
20 metros, funciona o posto de turismo local. estrada em direção a Ferreira do Alentejo.
Cerca de três quilómetros antes de chegar
Museu Etnográfico da Messejana a Ferreira, vire à esquerda quando vir
Aqui encontrará objetos de uso comum, num indicado Villa Romana Monte da Chaminé
passado ainda recente, desde brinquedos,  38.027318, -8.113125 . Vá com atenção:
vestuário e calçado aos cântaros usados pelo vai passar por um troço de estrada ladeado
último aguadeiro de Messejana, aos cestos por grandes pinheiros mansos, cujas copas
de verga e a hábitos quase esquecidos, como cobrem a via. Quando estes ficarem para trás
tirar a água do poço, cozinhar na lareira ou e vir, mais à frente, uma ponte numa curva,
jantar à luz tremeluzente de um candeeiro a vire na cortada à esquerda. É uma estradinha
petróleo, anterior à chegada da eletricidade. de terra batida, mas, devagar, faz-se de
Expostas estão também reproduções de automóvel. Estacione quando vir à direita
divisões de casas tradicionais, como a uma zona delimitada por uma vedação de
cozinha ou o quarto, mas também da venda e rede. O portão está fechado só com um fecho
da antiga escola. de correr.

Local: Rua do Espírito Santo. Trata-se de uma villa edificada no início


Contacto: 284 655 177. do século i e que permaneceu ocupada
até meados do século vi d.C. A cerca de
150 metros, foi também identificada uma
barragem do período romano, aproveitando
um curso de água aí existente. O espólio
arqueológico encontrado neste local é
visitável no Museu Municipal de Ferreira
do Alentejo (veja a seguir). Quando acabar a
sua visita, não se esqueça de deixar o portão
fechado.

Ferreira do Alentejo

De regresso à N2, siga até Ferreira do


Alentejo. Logo à entrada da cidade, repare
no enorme marco quilométrico que se presta
a boas fotografias trompe-l’œil. Estacione
junto ao jardim municipal e ao quartel dos
bombeiros.

Siga para Norte, pela Rua Zeca Afonso,


Villa Romana Monte da Chaminé até ao Largo da Restauração 1640. Repare

104
A P ERC U R S O 9 • B EJ A

na capela circular, toda cravejada de


pedrinhas. Trata-se da Capela do Calvário,
também conhecida por Igreja das Pedras
 38.061491, -8.117517 . De arquitetura
arrojada, evocando o martírio de Cristo,
esta pequena capela, exemplar único no
nosso país, é Imóvel de Interesse Público e
tornou-se o símbolo do município. As pedras
graníticas incrustadas simbolizam o
apedrejamento de Cristo a caminho da cruz
(a Via Sacra).

Depois siga para o centro pela Rua


Capitão Mouzinho de Albuquerque. Vai
dar à Igreja Matriz de Nossa Senhora da
Assunção. Impossível não reparar no belo
portal barroco, sobre o qual duas volutas
emolduram uma elegante pedra de armas da
Ordem de Santiago de Espada. Os cavaleiros
da Ordem foram os patronos da vila a
partir do século xiii. No interior existem
ainda várias pinturas e uma imagem de
Nossa Senhora da Conceição que se diz ter
acompanhado Vasco da Gama na descoberta Capela do Calvário, Ferreira do Alentejo
do caminho marítimo para a Índia.

Local: Praça do Comendador Infante preparar as refeições. As manifestações


Pessanha, 1. religiosas também são abordadas. O edifício
inclui auditório, galeria de arte, espaço de
Contorne a igreja pelas traseiras e desça exposições temporárias, zona para projetos
essa rua para visitar um excelente espaço educacionais, pátio interior e esplanada.
museológico desta cidade.
Local: Rua do Conselheiro Júlio de Vilhena.
Museu Municipal de Ferreira do Alentejo Contacto: 284 738 703.
Espaço museológico onde poderá encontrar
uma boa exposição de arqueologia, arte
sacra e etnografia. A exposição guia-nos Beja
desde a formação do planeta e o big bang
até à Ferreira do Alentejo dos nossos dias. Regresse à capital do Baixo Alentejo pelo
Pelo caminho, passa pelo Calcolítico, IP8, para terminar o percurso. À sombra do
período romano e visigótico, entre outros. Jardim Público, prove a afamada doçaria,
Descubra como se organizavam as cozinhas inspirada nos amores de Mariana Alcoforado,
romanas, através dos utensílios usados para como o toucinho-do-céu da Soror Mariana.

105
A ALENTEJO

EXTENSÃO 155 km

Sines
•  São Torpes
Porto Covo
•  Porto de abrigo
C omeçando o percurso em Sines, procuramos
dar a conhecer uma região com um certo
grau de industrialização, é certo, mas onde
também se sentem as marcas da História e a beleza
da natureza. Nos dois últimos milénios, vários povos
•  Ilha do Pessegueiro passaram por aqui. Os árabes, por exemplo, aqui
•  Praia da Ilha permaneceram durante cerca de 500 anos e deixaram
e Praia do Queimado
uma marca indelével na arquitetura e nos costumes
•  Barragem de Morgável da zona. Vasco da Gama, que aqui nasceu em 1469,
São Domingues é homenageado em vários pontos da cidade. Depois
•  Barragem de Campilhas de revelarmos o que Sines tem de melhor para oferecer,
seguimos para Sul, percorrendo a agradável linha
Sines
costeira até Porto Covo. As praias tornam-se, então,
as estrelas do roteiro. No interior, ficará a conhecer
mais alguns locais aprazíveis, como a Barragem de
Campilhas.

Início
do percurso
Sines

São Torpes São Domingues

Barragem de Morgável

Porto Covo
Barragem de Campilhas
Ilha do Pessegueiro

Praia do Queimado

Cercal

Sines antigo que vale a pena visitar calmamente,


a pé. Sugerimos que comece pelo castelo.
Apesar da proximidade de um complexo
industrial, com os seus tubos contorcidos e Castelo de Sines
gigantescos depósitos a marcar a paisagem, Localizado no topo da falésia e com uma
a cidade conseguiu preservar um núcleo excelente vista sobre a baía, este edifício

106
A P ERC U R S O 10 • S I N E S

medieval  37.95546, -8.86627  sofreu sobretudo por sardinhas e cavalas, era depois
diversas obras de restruturação no reinado embalada em ânforas e distribuída por todo
de D. Manuel I. Essas alterações à traça o império.
original são ainda percetíveis, sobretudo
nas torres do lado poente. Repare também Adega de Sines
na torre sineira, curiosamente pintada de Sugerimos que siga agora pela Rua Gago
branco, por cima da porta de entrada. Já no Coutinho e dê uma vista de olhos à típica
século xxi, novas obras de restauro vieram
recuperar este espaço e conferir-lhe novas
utilizações. A torre de menagem foi ocupada
por uma exposição multimédia dedicada ao
navegador (de momento encerrada). Naquele
que era o Paço dos Governadores Militares,
está agora instalado o Museu de Sines. O rés-
-do-chão do museu é dedicado ao período
neolítico, à Idade do Cobre, à do Bronze e
à do Ferro, bem como às épocas romana e
visigótica. No primeiro andar, a protagonista
é a Sines do século xx.

Local: Museu de Sines, Castelo.


Contacto: 269 860 095.
Interior do Castelo de Sines
Contornando o castelo, para o lado do
mar, vai encontrar a estátua do navegador
e um miradouro, com vista para a baía,
ornamentado com uma série de canhões
de ferro antigos. Lá em baixo estende-se
uma agradável praia de areia fina e águas
translúcidas e calmas onde, se o tempo
estiver de feição, poderá ir dar um mergulho.
Também ali encontra diversos bares e
restaurantes.

Fábricas Romanas
À esquerda do castelo, de frente para o
mar, poderá apreciar umas curiosas ruínas
romanas do século i, em exposição ao
ar livre, que faziam parte de um antigo
complexo de produção de conservas de
peixe. Estas oficinas dispunham de tanques,
onde o peixe ficava a macerar em sal durante
algumas semanas. A salga, constituída Estátua de Vasco da Gama, Sines

107
A ALENTEJO

Adega de Sines, uma taberna que parece ter


parado no tempo e que é, provavelmente,
um dos locais mais frescos da cidade num
dia de verão. Ou talvez prefira visitá-la,
mais tarde, e apreciar um bom tinto da
região, servido num copo de vidro grosso.
Quando os atuais proprietários adquiriram
este espaço, era uma adega onde se vendia
o vinho dos barris que estavam em cima do
balcão. Apesar das mudanças entretanto
ocorridas, as mesas de madeira, com
tampos de mármore, as cadeiras e todas
as decorações da casa são perfeitamente
genuínas. O ambiente inimitável de uma
verdadeira tasca, onde a especialidade são
agora os grelhados no carvão, e o vinho
continua tinto e intemporal. Se nunca
entrou numa taberna portuguesa, não perca
– já há poucas assim.

Esta rua desemboca num largo onde há


Farol do Cabo de Sines um excelente parque infantil, recheado de
diversões. O local tem instalações sanitárias
e algumas mesas e bancos à sombra, onde é
possível tomar uma refeição ligeira.
A lenda de São Torpes
Conta-se que, no ano de 67 d.C., Torpes,
um oficial da casa do imperador Nero, Centro de Artes de Sines
considerado culpado da acusação de Seguindo pela Rua Cândido dos Reis, que se
ser cristão, foi decapitado e lançado inicia junto ao castelo, irá encontrar, ao fim
às águas do Rio Arno. Algum tempo de quatro quarteirões, um edifício moderno
depois, a cabeça veio a ser encontrada com as paredes forradas de lajes de pedra
na costa portuguesa, junto à foz da  37.95659, -8.86814 . O centro alberga
Ribeira da Junqueira, velada por um cão exposições, concertos, teatro e outros eventos
e um galo. Nesse local foi construído um culturais que poderá conhecer através do
templo cristão, que se pensa ter sido site da Câmara Municipal de Sines ou pelo
um dos primeiros da Europa, entretanto telefone indicado abaixo.
arrasado em 711. Diz a lenda que o
corpo do santo andou à deriva pela Local: Rua Cândido dos Reis.
costa francesa, na região de Provence, Contacto: 269 860 080.
onde fica Saint-Tropez. A praia onde
foi encontrada a cabeça passou a Se preferir uma atividade mais virada para a
chamar-se São Torpes. natureza, sugerimos-lhe um passeio por um
dos trilhos que o levam até ao farol e à costa

108
A P ERC U R S O 10 • S I N E S

norte, normalmente mais agreste do que na considerada pelos “especialistas” na matéria


baía, mas também mais “selvagem”. um ótimo local para pescar.

Saia agora de Sines pela N120-1, seguindo a Ilha do Pessegueiro


linha de costa. Se gosta de praia tem muito Siga agora na direção de Vila Nova de
por onde escolher. Na eventualidade de Milfontes. Um pouco adiante, onde a estrada
serem horas de tomar uma refeição, pare em bifurca, siga a indicação Ilha do Pessegueiro,
São Torpes e experimente um restaurante para a direita e, após alguns quilómetros,
com esplanada e ampla vista para o mar. depois de passar uma pequena praia, repare
nas proteções de rede que surgem do lado
esquerdo da via (não as confunda com as
Porto Covo cercas dos campos de pastagem). Estes
recintos protegidos pela rede albergam
Continue sempre para Sul, junto à costa, antigos cemitérios, que se pensa remontarem
vendo desfilar as praias pelo canto do olho. à época romana. Para melhor compreender
Irá seguramente encontrar uma onde o enquadramento histórico, tem à sua
vai apetecer-lhe parar. Observe, do lado disposição um pequeno painel explicativo.
esquerdo da estrada, os restos de um antigo
cordão dunar, ostentando uma flora rica, No fim do caminho, encontrará uma
típica destas regiões arenosas. Depois, repare boa praia, a chamada Praia da Ilha, por
nos vastos campos cerealíferos que vão se encontrar mesmo em frente à Ilha do
surgindo, onde se avistam frequentemente Pessegueiro. Neste local, ergue-se uma
aves de rapina a caçar, aproveitando o vento enorme fortaleza, o Forte de Nossa Senhora
para planar sobre a planície. da Queimada  37.82836, -8.79092 , que
domina a praia e de onde é possível ter uma
Pouco depois, entrará em Porto Covo, excelente panorâmica de toda a costa.
uma antiga aldeia piscatória, hoje mais
vocacionada para o turismo. Mesmo assim,
não deixa de ser uma localidade simpática e
apetecível, com o seu casario baixo e uma boa
praia, bem abrigada numa enseada. O porto
de abrigo está bem protegido, num canal
onde só o mar vindo de Oeste provoca alguma
ondulação. Se tiver sorte, irá encontrar
pequenos barcos de cores garridas fundeados
no canal apertado entre falésias altas.

A partir do porto onde agora se encontra,


poderá fazer, na época alta, uma viagem de
barco até à Ilha do Pessegueiro. Os principais
atrativos da ilha são as ruínas de uma
fortaleza do século xvii, um porto romano
e uma capela quinhentista. É também Porto de abrigo, Porto Covo

109
A ALENTEJO

Passando por detrás da fortaleza,


Lenda de Nossa Senhora e continuando por uma estrada de terra
da Queimada batida, encontrará a Praia do Queimado.
Durante séculos, a Ilha do Pessegueiro Aqui desagua um ribeiro, formando uma
terá sido utilizada como refúgio de pequena lagoa, onde as aves das redondezas
piratas. De acordo com uma lenda local, vão “matar a sede”. A praia é pequena, mas
certo dia chegou à ilha um grupo de muito convidativa. Pode ser mais uma boa
piratas berberes, que aí só encontrou um alternativa às praias muito frequentadas.
eremitão, decidido a defender a ermida
O único vestígio de civilização é um pequeno
à sua guarda e a evitar o seu próprio
alojamento de turismo rural.
cativeiro. Os piratas mataram-no,
saquearam o pouco que existia na
Barragem de Morgável
ermida e atiraram, para um silvado
Retroceda pela mesma estrada e siga,
a arder, a imagem da Virgem, tendo
partido em seguida. Chegaram então em direção a Sines, até chegar ao cruzamento
as gentes de Porto Covo em socorro, com a estrada que leva ao Cercal e a
mas nada mais puderam fazer do que Odemira. Atravesse a via e entre no caminho
dar sepultura ao eremitão. Não vendo de terra batida que se encontra mesmo em
a imagem da Virgem, procuraram-na frente. Pouco depois, chegará à Barragem de
por toda a ilha, indo descobri-la Morgável  37.89484, -8.75757 ,um enorme
intacta, sem qualquer dano, entre as espelho de água onde o vento proporciona
cinzas fumegantes do silvado. O povo excelentes condições para a prática
recolheu-a e colocou-a numa nova de windsurf. Mesmo junto ao paredão,
ermida, em terra firme, sob a invocação encontrará uma boa praia de areia. Existem
de Nossa Senhora da Queimada. ótimos recantos em que o nível das águas é
baixo, onde as crianças podem brincar em

Ilha do Pessegueiro

110
A P ERC U R S O 10 • S I N E S

relativa segurança. É também um belo local


para passear ou pescar.

Em frente à praia, existe uma ilhota com as


ruínas de uma casa antiga, que dá ao local
um aspeto pitoresco. Para completar este
cenário bucólico, por vezes aproximam-se
da água enormes manadas de vacas que aqui
vêm “matar a sede”.

Siga para Sul na N120-1 até Sonega. Aí vire à


esquerda no Largo da Liberdade e siga pela Museu da Farinha, São Domingues
Rua 25 de Abril. Continue nessa estrada em
direção a São Domingues. Desça a Rua 1.º
de Maio, que se inicia junto da igreja, até ao Retroceda pelo mesmo caminho, mas vire
n.º 36. na primeira à esquerda, depois de atravessar
o paredão. Algumas dezenas de metros
Museu da Farinha depois, existe um caminho que leva à central
Esta antiga fábrica de moagem funcionou e, do outro lado do canal de irrigação, irá
entre 1925 e 1984. Aqui será guiado numa encontrar duas mesas com bancos, sob um
visita onde lhe são contados a história e os bosque cerrado de cedros. O acesso faz-se
processos a que eram submetidos os cereais, por uma pequena ponte sobre o canal de
chegados em sacas e pesados numa balança irrigação. Embora esteja longe de ser uma
centesimal, até serem transformados em paisagem grandiosa, é um local recolhido,
farinha. As peças, únicas, estão muito bem com uma beleza muito própria, ideal para
preservadas. Abre de quarta-feira a domingo, quem aprecie tomar uma refeição ouvindo
apenas da parte da tarde. apenas o chilrear dos pássaros.

Local: Rua 1.º de Maio, 36, São Domingues. Continuando na mesma estrada vai chegar,
Contacto: 961 388 217. passados poucos quilómetros, ao cruzamento
com a N262, onde deverá virar à direita na
Volte à entrada da aldeia e vire à esquerda, direção do Cercal.
seguindo, pela Rua de Acácio Guerreiro de
Melo, para Sul.
Sines
Barragem de Campilhas
Atravesse o paredão e vire logo à esquerda, Continue pela N120, em direção a Sines.
seguindo sempre junto à água, até encontrar Aproveite o fim do dia para dar uma volta
um bom local para parar. Existem espaços pela marginal até ao porto, onde existe um
para as crianças brincarem em segurança, e a ótimo restaurante com vista panorâmica.
sombra agradável dos sobreiros e eucaliptos À noite, dê um passeio pela parte antiga
nas margens convida a ficar, sobretudo nos da cidade e aprecie os jogos de luz nas ruas
dias mais quentes. estreitas.

111
A ALENTEJO

EXTENSÃO 90 km

Vila Nova de Milfontes


• Furnas
•  Praia do Almograve
•  Cabo Sardão
E ste percurso parte de Vila Nova
de Milfontes e segue pelo litoral
alentejano, à descoberta das
praias, falésias, flora e fauna locais, numa
autêntica “cura de natureza”. Depois, inflete
Zambujeira do Mar da Zambujeira para o interior, passando
•  Praia da Zambujeira por vilas como São Teotónio e Odemira e,
e Praia do Carvalhal
finalmente, pelo Pego das Pias, um pequeno
São Teotónio oásis escondido. Regressa depois a
•  Parque das Águas Milfontes, por São Luís, para deitar um
Odemira último olhar à costa, no privilegiado ponto
de observação que é o Porto das Barcas.
•  Pego das Pias
Vila Nova de Milfontes

Início
do percurso

Vila Nova de Milfontes

Típica povoação do litoral alentejano,


Milfontes é uma antiga terra de pescadores Vila Nova de
Milfontes
onde a natureza ainda se faz sentir, apesar
do turismo maciço nalgumas alturas do Furnas
ano. Para quem não gosta de “amontoados”,
os meses de julho e agosto são de evitar.
Mas, na primavera e no início do outono,
Praia do
Almograve

Odemira
Cabo Sardão
Parque
das Águas
Zambujeira
Porto do Mar
de abrigo

S. Teotónio
Vila Nova de Milfontes

112
A P ERC U R S O 11 • V I L A N OVA D E M I L FO N T E S

aí encontrará um ambiente atrativo como


poucos.

Milfontes cresceu junto à foz do Rio Mira e


foi, durante muitos anos, um importante
porto de abrigo, ao que parece já muito
procurado no tempo em que as embarcações
fenícias, gregas e cartaginesas sulcavam
os mares. A construção do Forte de São
Clemente, também conhecido como Castelo
de Milfontes  37.723010, -8.783123 , terá
sido iniciada no final do século xvi, após
diversos ataques de piratas que puseram
a descoberto as fragilidades defensivas da
vila. Da zona do forte parte uma estrada
agradável, a Avenida Marginal, que
segue à beira-rio, ao longo das praias da
margem direita, e termina no farol. Daí
pode iniciar um passeio a pé de cerca de
30 minutos. Também pode ir pelo areal e,
se a temperatura estiver agradável, talvez Estátua do Arcanjo
até experimentar a praia, que goza de justa
fama. No largo do farol, terá uma ótima
perspetiva de toda a zona da foz do Mira e do zona de praias menos frequentadas que se
casario da vila. Repare na estátua do Arcanjo avistava de Milfontes. Antes das praias, existe
ao centro da rotunda. uma área de merendas com muita sombra,
de ambos os lados da estrada. Se forem
De regresso à zona do forte, sugerimos um horas de tomar uma refeição, considere o
pequeno passeio pelas ruas estreitas que lhe restaurante Oásis, com uma ótima esplanada
permitirá conhecer melhor a vila. Não muito e vista para a “outra margem”.
longe, encontra a igreja matriz e, ao longo
da rua que aí se inicia (a Rua de Sarmento Almograve
Beires), existem diversos bares e restaurantes Volte à N393 e continue na direção de
atrativos e lojas de artesanato. Lagos. Cerca de oito quilómetros depois,
vire à direita, para onde uma placa indica
Furnas Almograve. Pouco antes de entrar nesta
Deixe Milfontes para trás, tomando a direção povoação, a seguir à Longueira, encontrará
de Lagos. Passará a ponte sobre o Mira, outra área de merendas, pequena, mas
de onde se tem outra perspetiva, igualmente aprazível. Não muito longe, há também uma
magnífica, do rio, das praias em ambas as pequena fonte.
margens e da vila. Pouco depois, há um
entroncamento, à direita, com a indicação À entrada da vila, encontra uma rotunda.
Furnas. Vire nessa direção e chegará à Para ir para a praia, siga em frente. Algumas

113
A ALENTEJO

quando a procura da areia e do sol ainda


não é excessiva, a Praia do Almograve se
revele bastante apetecível.

Cabo Sardão
Mais tarde, quando a vontade de continuar a
explorar as redondezas falar mais alto, volte
à vila e, na rotunda logo à entrada, tome
a estrada da direita, em direção ao Cabo
Sardão. No cruzamento seguinte, siga na
direção de Zambujeira do Mar e Cabo Sardão.
Adiante, encontrará nova indicação para
Cabo Sardão, à direita.

Siga sempre em frente e ficará defronte do


farol. Aí, corte à esquerda e siga por uma
estrada de terra batida, que o levará a um
campo de futebol, ao lado do farol. Estacione
Cegonhas-brancas, Cabo Sardão e aproxime-se com cuidado da falésia:
estará diante de uma das paisagens mais
selvagens e, por isso, mais espetaculares de
centenas de metros adiante, há uma ligeira toda a costa portuguesa! De um lado e do
subida ladeada por dunas e, a seguir, outro, os penhascos escarpados sucedem-se,
começará a avistar o mar. Ao chegar ao habitados apenas por cegonhas-brancas
parque de estacionamento, junto à falésia, que aproveitam os pontos mais altos para aí
verá que existem duas praias, uma pequena fazerem os seus ninhos. Ao que parece, estas
e recatada à direita, e outra, à esquerda, são as únicas cegonhas-brancas, em todo
mais extensa. De um e outro lado, alguns o mundo, que nidificam em escarpas
caminhos, a uma distância prudente das marítimas. Por isso, não hesite: escolha um
arribas, prometem agradáveis passeios de sítio adequado, sente-se durante alguns
descoberta da flora do litoral alentejano. momentos, respire fundo e aproveite bem
esta oportunidade de reforçar os laços com a
Na praia à esquerda, o areal extenso natureza.
deixa adivinhar a possibilidade de passar
algumas horas agradáveis à beira-mar.
Na do lado direito, nalguns pontos, os Zambujeira do Mar
rochedos formam pequenas enseadas,
que, na maré cheia, se transformam em Voltando à povoação de Cavaleiro, siga
autênticas piscinas naturais, que farão as na direção de Zambujeira do Mar. Faça
delícias das crianças. Graças à proteção das uma pequena paragem no Porto da
dunas e dos rochedos, o vento sopra, quase entrada da Barca, um pitoresco abrigo de
sempre, de forma moderada. Tudo isto leva embarcações de pescadores da região, onde
a que, nos dias mais quentes da primavera, há restaurantes que têm sempre bom peixe

114
A P ERC U R S O 11 • V I L A N OVA D E M I L FO N T E S

à disposição. Alguns quilómetros depois, paragem no trajeto é a vila de São Teotónio,


chegará finalmente à Zambujeira. onde chegará depois de cruzar a N120.
É uma povoação que já acusa a interioridade
Tal como Vila Nova de Milfontes, alentejana, sem o pitoresco que caracterizava
a Zambujeira do Mar é uma vila de as vilas de pescadores. Sem a aragem
pescadores alcantilada sobre as falésias. marítima, o Sol é aqui abrasador e, no verão,
E também ela vive hoje mais do turismo todas as sombras são aproveitadas. Mesmo
que da faina. Nas ruas principais, que vão assim, ao longo das ruas de São Teotónio,
da zona do mercado em direção ao oceano, as árvores são raras. Todos os anos ímpares,
sucedem-se os restaurantes onde o cheiro o momento forte da terra é o Festival dos
a marisco predomina, tal como as lojas de Mastros, em junho, altura que as ruas são
artesanato, de gosto por vezes duvidoso. quase todas enfeitadas com flores de papel,
Mas a povoação é pacata e acolhedora e, dando-lhe uma beleza que a transfigura.
lá de cima, junto à Capela de Nossa Senhora
do Mar, o espetáculo da vista sobre a praia, Parque das Águas
as falésias e o mar interminável é imperdível. Voltando à N120, rume em direção a
Mesmo que já esteja um bocadinho farto Odemira. Passará por típicos montes
de vilas de pescadores e de falésias a pique alentejanos, de perfil ondulado, e por zonas
sobre o mar, não se esqueça de que a parte onde o arvoredo junto à estrada ameniza
seguinte do percurso abandona a costa. a monotonia da paisagem. Vire à direita
Por isso, detenha-se um pouco mais nesta quando vir a segunda placa a indicar Parque
vila que, quando não está a “abarrotar de das Águas e vá sempre por essa estrada até
turistas”, transmite uma agradável sensação chegar a um pequeno largo, onde há espaço
de bem-estar. para estacionar  37.584974, -8.661238 .
Verá um portão à direita que dá acesso a
As noites estivais, na Zambujeira, são uma pequena mas frondosa mata, com zonas
especialmente animadas, sobretudo em
agosto, altura em que aí se realiza o célebre
Festival do Sudoeste. Por isso, se prefere
ambientes mais tranquilos, evite aqui
vir durante o festival. Se lhe apetecer dar
um mergulho, mas achar que a Praia da
Zambujeira é demasiado concorrida, siga
pela estrada de terra batida que daí parte
e encontrará alternativas mais sossegadas,
como a Praia do Carvalhal.

São Teotónio
Saia da Zambujeira em direção ao interior,
passando pelo parque de campismo e,
depois, por vários campos cultivados, numa
curiosa e rápida transição da paisagem
marítima para a agrícola. A próxima Parque das Águas

115
A ALENTEJO

de merenda e muita água. Efetivamente, os campos férteis nas suas margens e o


o nome deste espaço deriva da existência de casario da povoação, que parece nascer no rio
várias nascentes no local, que, em tempos e daí invadir as colinas que a rodeiam.
idos, abasteciam a vila de Odemira.
Depois, desça ao centro da vila, passando
Existem vários painéis informativos, muito pela ponte de ferro sobre o Mira. A seguir
didáticos, que lhe permitirão ficar a saber à ponte, vire à esquerda e siga sempre
um pouco mais sobre a fauna e a flora que em frente, até chegar a uma rotunda.
ocupa este espaço. Um pequeno passeio pela Contorne-a e vire em direção ao rio.
mata, ao longo de um caminho cheio de Chegará a um largo, com um pequeno cais,
sombra, permite ainda descobrir, ao fundo, um parque de estacionamento e um bar
um pinhal e um agradável parque infantil. à beira-rio. Estacione e desfrute, durante
Na verdade, não há muitos espaços como este alguns minutos, da calma do lugar. Daí pode
no Alentejo (é uma das maiores zonas verdes ir até à zona por baixo da ponte, por um
do concelho de Odemira), por isso, não deixe passadiço de madeira, o que se traduzirá
de o visitar. num pequeno passeio ribeirinho muito
agradável.
Local: Boavista dos Pinheiros.
Já muito perto da ponte, atente no painel
informativo que aí se encontra sobre a forma
Odemira como era feita a travessia, quando a ponte
ainda não existia. Infelizmente, a barca que
Alguns quilómetros depois, chegará era utilizada já não existe, mas, em ambas as
finalmente a Odemira. A meio da descida margens, ainda se conseguem ver os locais
para a vila, há um pequeno miradouro, onde esta acostava, para que os passageiros
à direita, de onde se tem uma ótima pudessem subir e descer. Como curiosidade,
vista sobre o trajeto sinuoso do Rio Mira, repare no pilar da ponte, onde está indicado
o nível atingido pelas águas em diversas
cheias.

De seguida, suba até à estrada pela escadaria


junto à ponte e continue pela Avenida
Teófilo da Trindade. Alguns metros depois,
encontrará, à direita, um pequeno jardim
infantil, bem equipado, onde as crianças
poderão brincar. A seguir, continue o passeio
pela vila. A subida a pé é um pouco árdua,
sobretudo nos dias mais quentes, mas
permite-lhe evitar problemas de circulação
nas ruas estreitas de Odemira e conhecer
melhor esta povoação alentejana, à qual
foi atribuído, um dia, o epíteto de Vila das
Passeio ribeirinho, Odemira Flores.

116
A P ERC U R S O 11 • V I L A N OVA D E M I L FO N T E S

Siga as indicações para a junta de freguesia.


Perto, há um ótimo miradouro, junto à
biblioteca, de onde se vê bem a ponte,
toda a zona ribeirinha e uma boa parte da
vila. Como certamente notará, Odemira é,
ao contrário do que acontece noutras zonas
do Alentejo, uma vila com muitas árvores,
onde o verde está por toda a parte.

Inicie a descida para a zona baixa, por


uma escada do lado oposto ao da subida.
A determinada altura, verá placas com a
indicação Fonte Férrea. Trata-se de um
jardim bastante agradável, com abrigos à
sombra e um restaurante com esplanada. Pego das Pias
Em suma, um pequeno oásis, sobretudo nos
dias em que o tórrido calor alentejano mais
se fizer sentir. pego, preste atenção às pedras das lagoas,
pois são muito escorregadias.
Pego das Pias
Do jardim, é fácil voltar à zona ribeirinha
onde terá deixado o automóvel. Quando Vila Nova de Milfontes
estiver pronto para partir, volte à rotunda
e siga a direção Cercal e São Luís. Cerca de Regresse agora ao ponto de partida do
cinco quilómetros depois, imediatamente percurso. Quando chegar a São Luís, terá
a seguir a uma ponte sobre uma ribeira de virar à esquerda, na direção de Vila
(a Ribeira de Torgal), existe, à direita, Nova de Milfontes. Percorrida a dezena de
um caminho de terra que acompanha o quilómetros que separa as duas povoações,
curso de água. O trilho de dois quilómetros siga, mais uma vez, até à zona do forte e,
vai dar a uma clareira bastante apetecível: alguns metros depois, vire à direita, na Rua
escondidas pela vegetação e pelas D. João II. No final dessa rua, vire novamente
elevações do terreno, numa paisagem à direita. Chegando à rotunda, vire agora à
simultaneamente agreste e convidativa, esquerda, apanhando a estrada principal,
encontram-se pequenas lagoas e siga sempre em frente, até Porto das Barcas.
de água límpida, no meio de rochedos Se aí chegar ao final da tarde, poderá assistir
 37.632801, -8.626549 . Estacione junto a um magnífico pôr do Sol, enquanto a brisa
à ponte, porque o caminho pode estar lhe acaricia o rosto. Aí perto, espera-o uma
em más condições para um automóvel. boa caldeirada de peixe, num restaurante
O percurso a pé tem cerca de quatro que tem o nome do local (o contacto é o
quilómetros, ida e volta, e não apresenta 283 997 160), de onde poderá contemplar os
dificuldades. Segue junto à ribeira, pelo barcos de pescadores que estão fundeados a
que dificilmente poderá enganar-se, e tem poucas dezenas de metros, e as ondas que,
quase sempre sombra. Quando chegar ao ao longe, se abatem sobre os rochedos.

117
A ALENTEJO

EXTENSÃO 130 km

Almodôvar

Santa Clara-a-Nova
•  Estação Arqueológica
de Mesas do Castelinho
C omeçamos em Almodôvar, uma vez mais,
por terras da Ordem de Santiago de Espada,
que teve um papel muito importante na
Reconquista Cristã. Este percurso olha de longe
a serra algarvia do Caldeirão e continua pelas
Circuito Arqueológico da Cola
douradas paisagens estivais do Baixo Alentejo,
•  Fernão Vaz onde o Homem se fixou há milhares de anos.
•  Castro da Cola Testemunhos desta presença são as fabulosas
•  Centro Interpretativo epígrafes do Museu da Escrita do Sudoeste,
de Castro da Cola em Almodôvar. As nossas propostas incluem
•  Santuário de Nossa Senhora ainda dois sítios arqueológicos de peso: Mesas do
da Cola
Castelinho e Castro da Cola, escavado por Abel
Ourique
Viana há cerca de 50 anos. Dirige-se, em seguida,
•  Barragem do Monte da Rocha a Ourique e a Castro Verde, onde permanece uma
Castro Verde forte memória das campanhas militares de Afonso
•  São Pedro das Cabeças Henriques, e regressa ao ponto inicial.
•  Santa Bárbara de Padrões
Barragem
Almodôvar do Monte da Rocha Castro Verde

São Pedro das


Cabeças
Ourique
Santa Bárbara
de Padrões

Fernão
Vaz
Castro da Cola

Início Semblana
do percurso
Gomes Aires

Santana da Serra Almodôvar

Santa Clara-a-Nova
Mesas do Castelinho

Almodôvar  37.512456, -8.057306 , repare na enorme


escultura de homenagem aos bombeiros,
A vila não é grande, pelo que pode toda em ferro, na rotunda. Mostra um carro
estacionar e percorrer a pé os pontos dos homens da paz dando a ilusão de estar
principais. Por exemplo, se deixar a a dirigir-se, a toda a pressa, para o local
viatura perto dos bombeiros voluntários de um sinistro. É da autoria do escultor

118
A P ERC U R S O 12 • A L M O D ÔVA R

coimbrense Aureliano Aguiar, que, a menos


de 500 metros, noutra rotunda, dedicou
outro trabalho à figura do sapateiro. Mais ou
menos à mesma distância, mas no sentido
oposto, é homenageado o mineiro. Passará
por esta estrutura no final do percurso,
quando regressar a Almodôvar.

Dirija-se agora ao antigo Convento de São


Francisco, onde fica também o posto de
turismo. Seguindo pela rua que começa à
porta do convento, é sempre em frente até ao
centro.

Igreja matriz
Vá até à imponente igreja matriz, dedicada
a Santo Ildefonso. Com três naves,
a construção remonta ao século xvi e
tem influências barrocas, maneiristas e
neoclássicas. Na capela batismal, admire
um painel de Severo Portela. Ali ao lado,
repare no mercado municipal, caiado de
branco e debruado a azul, como manda a Igreja de Santo Ildefonso, Almodôvar
regra. Por cima da entrada, figura um painel
de azulejos que evoca ambientes agrícolas e
campestres. gentes do Alentejo. No rés-do-chão, existe
um espaço para exposições temporárias.
Saindo da igreja, siga para a Praça da
República. Ao contornar o prédio de esquina, Local: Praça da República.
encontra um enorme altar com um Cristo Contacto: 286 662 057.
pertencente à Igreja da Misericórdia.
Atravesse a praça e, do outro lado, vai Suba agora a Rua do Relógio, que desemboca
encontrar um pequeno museu. mesmo em frente a este espaço museológico
que acabou de visitar, e, depois de apreciar
Museu Municipal Severo Portela a Torre do Relógio, faça uma paragem para
Este edifício acolheu, em tempos, os Paços visitar outro interessante museu.
do Concelho. Aqui terá pernoitado
D. Sebastião, a caminho de Alcácer Quibir, Museu da Escrita do Sudoeste
em 1573. Atualmente, acolhe obras do pintor A região de Almodôvar é riquíssima em
portuense Severo Portela Júnior. Filho do achados arqueológicos. Ao longo de anos
escritor Severo Portela e irmão do jornalista de escavações, foi descoberto um grande
Artur Portela, viveu entre 1898 e 1995 e número de epígrafes (inscrições em pedra)
retratou, entre outros, o modo de vida das que dão conta da presença humana desde

119
A ALENTEJO

Alentejo, Algarve e Andaluzia (Espanha)


e sofreram influências culturais dos
egípcios e fenícios. Esta escrita, que lembra
vagamente os carateres gregos, é considerada
muito complexa, diferente das usadas pelos
povos vizinhos e impossível de decifrar.
A exposição apresenta de forma didática,
funcional e estética, a evolução da grafia e do
conhecimento escrito.

Local: Rua do Relógio.


Contacto: 286 665 357 e 961 874 140.

No regresso ao automóvel, quando passar


pelo quartel dos bombeiros desça ainda à
Ribeira de Cobres, para apreciar a bonita
Museu da Escrita do Sudoeste, Almodôvar ponte medieval. Existiu neste local uma
ponte romana, o que revela a importância
estratégica desta cidade, à época, na ligação
de Beja ao Algarve. No verão, este curso
de água é modesto ou inexistente, mas,
na época das chuvas, pode galgar a estrada e
isolar o casario que fica na margem oposta.

Santa Clara-a-Nova

Saia de Almodôvar pela N393 e, cerca de oito


quilómetros depois, vire à esquerda quando
vir a indicação de Santa Clara-a-Nova,
uma das mais antigas povoações da região.
Além da igreja matriz, com uma bonita
epígrafe na torre sineira, pode visitar o
Ponte medieval, Almodôvar museu etnográfico e arqueológico e, nas
proximidades da vila, o sítio arqueológico
de Mesas do Castelinho.
tempos imemoriais. Foram reunidas no
antigo cineteatro, junto à Torre do Relógio. Museu Etnográfico e Arqueológico
Estas placas, algumas funerárias, exibem Manuel Vicente Guerreiro
carateres da chamada escrita do sudoeste Ao entrar na aldeia, reduza a velocidade e vá
ou tartéssica, a mais antiga da Península com atenção ao lado direito da estrada. Logo
Ibérica, e que remonta à Idade do Ferro. a seguir a uma pequena praça, vai encontrar
Os tartessos viveram nas atuais regiões do uma indicação bem visível para o museu.

120
A P ERC U R S O 12 • A L M O D ÔVA R

Encontra neste espaço objetos e processos Circuito Arqueológico da Cola


relacionados com a herança cultural da
região e as suas tradições, abrangendo, Volte à N393 e siga na direção de Gomes
por exemplo, a agricultura e outras Aires e, depois, de Santana da Serra. Antes
atividades e profissões tradicionais, de aqui chegar, vire à direita, em direção a
como o abegão, o ferreiro, o latoeiro ou o Ourique, quando chegar ao IC1. A partir daí
alfaiate. Aprecie a reprodução de diversos encontrará as indicações que o levarão até
ambientes, da taberna e da casa do povo Castro da Cola.
a uma cozinha tipicamente alentejana.
Na sala dedicada à arqueologia, veja o Fernão Vaz
espólio da estação arqueológica de Mesas A caminho do castro, repare num desvio,
do Castelinho, a próxima paragem no à esquerda, para a aldeia de Fernão Vaz.
nosso percurso. A povoação é modesta, mas vale a pena
conhecê-la. As chaminés típicas da região
Local: Rua da Estrada Municipal, 29. justificam a visita. Mais ou menos a meio
Contacto: 286 662 057. da povoação, verá a indicação para uma
anta. Não muito longe – a partir de certa
Continue a descer a mesma rua e, se estiver altura, terá de ir a pé – encontra um destes
aberta, faça uma visita à bonita igreja da monumentos funerários, que data do iii
terra. Depois, continue nessa via e saia da milénio a.C.
aldeia para Sul, passando pelo campo de
futebol. Castro da Cola
Antigo povoado fortificado, foi habitado
Estação Arqueológica de Mesas do entre a Pré-história e o século xiii.
Castelinho Localizado no topo de uma colina, oferece
Saia de Santa Clara, seguindo as placas que uma magnífica vista. Segundo alguns
indicam a estação arqueológica. Tome a
estrada de terra batida, onde surgirá uma
seta para Almarjão. Em época de chuvas
fortes e contínuas, será impossível chegar
até à Herdade do Monte Novo do Castelinho,
pois a ribeira galga a estrada, provocando
uma enxurrada. Mesmo com um todo-o-
-terreno, será perigoso tentar atravessar.
À chegada, irá deparar com um castelo
muçulmano e restos da antiga muralha.
Tinha poderosas torres e um largo fosso
envolvente, e foi construído sobre as ruínas
de um povoado da Idade do Ferro, ocupado
até ao início da época romana e depois
abandonado. O local possuía uma densa
área arborizada com sobreiros e azinheiras e
forte produção cerealífera. Mesas do Castelinho, Santa Clara-a-Nova

121
A ALENTEJO

da Senhora da Cola, entretanto roubada.


A Virgem tem um figo numa mão e segura o
Menino com a outra.

Ourique

Volte ao IC1 e siga para Ourique. Para visitar


o local onde provavelmente estaria o antigo
castelo muçulmano de Orik, entretanto
desaparecido, siga as indicações Miradouro
e Igreja. Terá, naturalmente, de subir.
Um pouco antes de chegar ao topo da colina,
Castro da Cola encontra um estacionamento. Deixe o carro
e suba ao Miradouro Ramiro Sobral, também
conhecido como Miradouro do Castelo.
investigadores, a maioria das estruturas data
da época islâmica. Pode apreciar a muralha A fortificação de Orik terá sido construída em
principal, um estábulo, um forno, a cisterna 711, logo no ano da invasão da Península por
e diversas habitações e arruamentos. O local Musa b. Nusayr e Tariq b. Zyad. O historiador
começou a ser escavado em finais dos anos cordovês al-Razi, no século x, refere-se a este
50, princípios dos 60, e tem sido identificado castelo como um dos mais fortes da região de
como o Castelo de Murjiq ou Marachique. Beja. Desaparecido qualquer vestígio desta
Este castro integra um circuito de cerca de praça, foi construído um muro alto, dotado
15 sítios arqueológicos, de várias épocas, de torre e arco, a lembrar as fortificações
numa área de 15 quilómetros quadrados. medievais. O jardim do miradouro é muito
Parte do circuito apenas pode ser feita em acolhedor, com uma vista espetacular. Ao pôr
veículo todo-o-terreno ou a pé. do Sol, experimente ficar junto do parapeito,
rodeado de heras e buganvílias, enquanto
No Centro Interpretativo de Castro da Cola, aproveita a tranquilidade do entardecer.
a poucos metros de distância, pode recolher Como seria de esperar, neste espaço pontifica
informação adicional. uma estátua de Afonso Henriques.

Contacto: 286 516 259, 286 512 263 ou Desça do miradouro pela zona em frente à


963 090 894. estátua de Ibn al-Rink, como chamavam os
muçulmanos ao nosso primeiro rei, atravesse
Santuário de Nossa Senhora da Cola uma pequena calçada que corta o quarteirão
Um dos locais de maior devoção da região, e, ao fundo, à esquerda, encontrará a bonita
aqui acorrem romeiros de todo o Baixo Igreja de Santo António. Construída no
Alentejo. Supõe-se que já houvesse aqui século xvii, é a matriz da vila. Continuando
uma ermida no século xiii. A atual terá sido a descer, dirija-se à Torre do Relógio, junto
construída na centúria de xvii. No interior,
figura uma réplica da primeira imagem Santuário de Nossa Senhora da Cola >

122
A P ERC U R S O 12 • A L M O D ÔVA R

123
A ALENTEJO

da qual fica uma estátua de D. Dinis, que Castro Verde


deu foral a Ourique em finais do século xiii.
Depois, não deixe de deambular um pouco Ao entrar na vila, não deixe de reparar na
pelas ruas. rotunda, onde parecem estar porcos à solta,
entretidos a comer erva à sombra de uma
A partir de Ourique, pode fazer um desvio árvore. São esculturas de ferro, que evocam
com cerca de 25 quilómetros à Barragem do a paisagem alentejana. Mais acima, do outro
Monte da Rocha, ótimo lugar para pescar lado da vila, poderá ver outra com ovelhas.
e praticar desportos náuticos. Na rotunda
à saída da vila, tome a direção de Garvão. A caminho da Praça do Município, visite a
Se não lhe interessar esta proposta, siga Igreja de Nossa Senhora dos Remédios ou
logo para Castro Verde, onde chegará das Chagas do Salvador, adornada com os
rapidamente tomando o IP2. óleos do pintor do século xviii Diogo Magina.
Nestas obras está representada a visão que,
segundo a lenda, Afonso Henriques terá
tido antes da Batalha de Ourique, e que lhe
anunciava a vitória.

Basílica Real
O tema é retomado nos painéis da Basílica
Real de Nossa Senhora da Conceição, que
se encontra a algumas dezenas de metros,
na Praça do Município. Até lá, passará por um
agradável e bem cuidado espaço ajardinado,
onde os bancos estão decorados com painéis
de azulejos, mesmo em frente à câmara
municipal. O imponente templo, mandado
construir por D. João V sobre as fundações de
outro que remontava à época de D. Sebastião,
Museu da Lucerna, Castro Verde recebeu o título de “basílica real” em
homenagem à vitória do primeiro rei sobre as
forças muçulmanas. Quando visitámos Castro
Verde, a basílica encontrava-se encerrada,
por tempo indeterminado, para obras de
restauro. Vá até ao miradouro por detrás da
basílica, que lhe oferece uma perspetiva sobre
os campos de cultivo.

Museu da Lucerna
Nos anos 90, foram encontradas em
Santa Bárbara de Padrões, uma aldeia
próxima de Castro Verde, milhares de
Museu da Lucerna, Castro Verde lucernas romanas dos séculos i a iii. Estas

124
A P ERC U R S O 12 • A L M O D ÔVA R

pequenas candeias em cerâmica, finamente


decoradas, destinavam-se à iluminação
doméstica. Reunidas no museu, podem
agora ser admiradas pelos visitantes. Para
aqui chegar, basta descer a rua que sai da
basílica. As peças estão decoradas com os
mais diversos motivos, desde cenas da vida
quotidiana a figuras mitológicas, passando
por representações de animais e simples
objetos de uso comum.

Local: Largo Victor Guerreiro Prazeres.


Contacto: 286 327 414.

São Pedro das Cabeças

Se tiver estacionado na Praça do Município


ou na via que lhe dá acesso, desça a Rua Dom Ermida de São Pedro
Afonso Henriques até ao fundo e vire para a
pequena Rua do Poço, que desemboca na de
Mértola. Irá passar pelas traseiras da basílica. as fundações de uma mesquita. Foi junto à
Ao fundo, verá um cruzamento. Siga para a igreja que se descobriram as lucernas agora
N123, em direção a Mértola, São Marcos da expostas no Museu da Lucerna (veja a página
Atabueira e São Pedro das Cabeças. Passará anterior). Vire à direita na rotunda antes de
por uma paisagem tipicamente alentejana. chegar à povoação e, se quiser visitar a igreja,
É provável que aviste rebanhos de ovelhas vire à esquerda no cruzamento seguinte,
a pastar à beira da estrada, ou manadas de para depois virar novamente à direita, na
bois a olhar pachorrentamente para quem Rua da Igreja. Mesmo que não entre na
passa. Irá atravessar uma ribeira e, pouco povoação, irá ver a igreja de longe, mais à
depois, no cimo de um pequeno planalto, frente, ao cimo no monte.
avistará a Ermida de São Pedro, que, segundo
a tradição, marca o lugar onde terá ocorrido
a tão célebre quanto polémica batalha de Almodôvar
Ourique.
Siga agora para o ponto de partida, tomando
Volte à estrada pelo mesmo caminho e o caminho de Lombador. Pouco depois desta
continue em direção a Santa Bárbara de povoação, aparece uma indicação para
Padrões, que tem uma igreja dedicada à santa Semblana, que deverá tomar. Vire à esquerda
do mesmo nome, padroeira dos mineiros. depois de passar sobre uma linha do comboio
Não por acaso, pois as Minas de Neves Corvo e, tendo atravessado Semblana, vire à direita,
ficam muito perto. O templo terá sido para a N267, que o levará de regresso a
edificado no século xiii, provavelmente sobre Almodôvar.

125
A
A

Algarve
Praias e algo mais…
A paisagem algarvia compreende essencialmente o barrocal
(extensa zona onde afloram rochas calcárias e composta
por vegetação tipicamente mediterrânica) e a praia, com
pequenos apontamentos de serra mais a norte. O Sudeste é
dominado pelo Parque Natural da Ria Formosa, conhecido
pela diversidade da sua fauna e flora, bem como pela
variedade de habitats. A oeste é a Área de Paisagem Protegida
da Costa Vicentina que mais costuma atrair a atenção dos
visitantes.

Uma das características que distinguem esta de outras


regiões do País é a clara influência mourisca, patente não só
nos vestígios arqueológicos que se encontram um pouco por
todo o Algarve, mas também na arquitetura tradicional, com
especial relevo para as chaminés rendilhadas e as açoteias
(pequenos terraços sobre as casas).

As populações algarvias viviam sobretudo da atividade


piscatória e da indústria conserveira. Com o declínio
destas atividades, o turismo tornou-se a principal fonte de
rendimento. Contudo, apesar do que alguns guias turísticos
parecem dar a entender, o Algarve não é apenas uma zona
de veraneio dominada pela praia, onde todos os agostos se
juntam milhares de turistas, portugueses e estrangeiros,
em busca de sol e calor. Existem muitos outros pontos de
interesse que vão para além desta visão redutora.

127
Algarve
A
A

13 Monchique • Maria Vinagre • Rogil • Aljezur • Marmelete • Caldas de


Monchique • Monchique
Pico de Fóia, Barranco dos Pisões, Baía dos Tiros, Ponta da Arrifana, Parque da Mina,
Pico da Picota

14 Lagos • Bordeira • Carrapateira • Vila do Bispo • Sagres • Barão de São João • Lagos
Barragem da Bravura, Pontal da Carrapateira, Praia da Zimbreirinha, Praia do Amado,
Torre de Aspa, Praia do Castelejo, Monte dos Amantes, Cabo de São Vicente

15 Silves • Portimão • Lagoa • Porches • Armação de Pêra • Guia • Silves


Alcalar, A Rocha, Sítio das Fontes, Senhora da Rocha, Zoomarine, Lagoa dos Salgados,
Krazy World

16 Albufeira • Paderne • Alte • Salir • Querença • Loulé • Almancil • Vilamoura •


Albufeira
Grutas da Galé, Fonte Pequena, Fonte Grande, Queda d’Água do Vigário, Rocha da Pena,
Fonte de Benémola, Cerro da Vila, Parque Ambiental de Vilamoura

17 Faro • Estoi • São Brás de Alportel • Tavira • Santa Luzia • Olhão • Faro
Ruínas de Milreu, Pego do Inferno, Ilha de Tavira, Praia do Barril, Pedras d’El Rei, Torre de
Aires, Centro de Educação Ambiental de Marim

129
A ALGARVE

EXTENSÃO 140 km

Monchique
•  Pico de Fóia
•  Barranco dos Pisões
Maria Vinagre
D os picos mais elevados da Serra de Monchique,
e de toda a região a sul do Tejo, às escarpas
da Costa Vicentina, este percurso reforça a
ideia de que o Algarve é muito mais do que sol e praia.
Vegetação luxuriante, espaços de lazer agradáveis
•  Baía dos Tiros e paisagens esplêndidas são apenas algumas das
Rogil atrações que o esperam – alternadas, aqui e ali, por
Aljezur
pontos de interesse histórico e cultural que poderão
merecer uma visita.
•  Ponta da Arrifana
Marmelete Início
do percurso
Baía
dos Tiros
Caldas de Monchique
•  Parque da Mina Maria Vinagre

•  Pico da Picota
Rogil
Monchique
Barranco
dos Pisões
Portela da Viúva

Aljezur Monchique
Marmelete Fóia
Ponta da Picota
Arrifana Nave
Praia da
Arrifana Caldas de Monchique

Parque
da Mina

Monchique sobretudo, para o agradável parque


central em socalcos, onde uma grande e
Esta é a principal povoação da serra centenária araucária-de-norfolk domina a
com o mesmo nome. Aqui não faltam paisagem. Passe também pela igreja matriz
lojas de artesanato, repletas de artigos  37.319085, -8.555835  e repare no original
provenientes de todas as regiões algarvias portal manuelino, com colunas retorcidas
e de “especialidades” locais, como as prolongadas em forma de estrela. No entanto,
conhecidas cadeiras de tesoura, cujo design terá se vir a indicação Convento, sugerimos que
sido herdado dos romanos, embora hoje se a ignore. Trata-se de uma subida íngreme,
apresente muito simplificado. com mais de dois quilómetros de extensão,
que vai dar a uma ruína nada cuidada, num
A vila merece ser explorada através de local pouco apresentável e sem qualquer vista
um curto passeio pedestre, que implica digna de interesse... Gozará de melhor vista,
algum sobe-e-desce. Chamamos a atenção, sobre o convento, a vila e a área envolvente,

130
A P ERC U R S O 13 • M O N C H I Q U E

subindo ao Miradouro do Largo de São


Sebastião, junto ao posto de turismo.

Se aprecia cerâmica e quiser passar


algum tempo num ambiente agradável e
descontraído, faça uma visita à Bongard
Gallery, o estúdio de Tara e Sylvain Bongard
 37.317947, -8.559026 . O espaço é
constituído por uma pequena quintinha
organizada em socalcos, com lagos, zonas de
descanso e diversos animais. No jardim irá
encontrar cerâmicas representando animais
aquáticos ou terrestres, alguns de forma
realista, outros fantasias multicolores. Pode
visitar o estúdio e ver obras em diferentes Igreja Matriz de Monchique
estádios de acabamento.

Local: Sítio do Pomar Velho.


Contacto: 968 362 930 e 924 220 574.

Pico de Fóia

Saia de Monchique em direção ao Pico de


Fóia. Após quase seis quilómetros de subida,
encontrará as indicações Fonte e Miradouro,
no lado esquerdo da estrada. De facto, existe
aí um pequeno parque com mesas, bancos
e uma fonte com bom aspeto, onde algumas
pessoas se abastecem da água de Monchique. Pico de Fóia
A paisagem também merece ser apreciada.
No entanto, tanto a entrada como a saída
deste miradouro ficam numa curva muito Em Fóia descobriu-se um afloramento de
perigosa, pelo que é preciso prestar muita sienitos de características peculiares, a que
atenção ao trânsito. foi dado o nome de foiaíte. Ocorreu outro
afloramento do mesmo tipo no Cerro da Picota.
Pouco depois, chegará ao cimo do Pico de
Fóia, o ponto mais alto do sul de Portugal, Em dias sem neblina, a vista do alto de Fóia
com os seus 902 metros de altitude. Fóia e é fantástica, podendo abranger toda a costa,
toda a Serra de Monchique formaram-se de Albufeira e Cabo de São Vicente à silhueta
a partir de uma rocha eruptiva que, da Serra da Arrábida, perto de Setúbal!
há milhões de anos, irrompeu pelo xisto, que Dispõe ali de restauração, lojas de artesanato
é o principal constituinte da serra algarvia. e instalações sanitárias.

131
A ALGARVE

Barranco dos Pisões é o local ideal para um


piquenique ou para descansar à sombra
da densa e variada vegetação, que inclui
um plátano classificado com mais de
35 metros de altura. O parque de merendas,
devidamente equipado com mesas e bancos,
é ladeado pela Ribeira de Ceixe (ou Seixe),
o que proporciona uma frescura adicional ao
local.

Se não viaja num todo-o-terreno, informe-se


previamente sobre o estado da estrada que
indicamos a seguir e, se necessário, sobre as
alternativas. Existem troços de terra batida
Moinho de Água do Poucochinho e gravilha que poderão criar dificuldades
a veículos ligeiros, dependendo do estado
do piso. Não havendo problemas, siga em
Barranco dos Pisões direção a Zambujeira de Baixo e Maria
Vinagre, passando por Portela da Viúva e
Saia pela estrada paralela àquela por continuando em frente. Vai continuar a
onde entrou. A estrada é boa e a paisagem viajar numa paisagem idêntica à anterior
fantástica, alternando entre encostas que, a pouco e pouco, se vai transformando
rochosas, culturas em socalcos e zonas em puro barrocal. A estrada acompanha de
densamente arborizadas. Apesar de, também perto o vale onde corre a Ribeira de Ceixe,
aqui, o eucalipto e o pinheiro ganharem que desagua em Odeceixe. Este passeio
terreno, ainda é possível encontrar uma serrano termina na vila de Maria Vinagre.
grande variedade de árvores, como o
castanheiro, o carvalho, o sobreiro e o
medronheiro. Maria Vinagre

Ao fim de cerca de seis quilómetros, vire à Vire à direita quando chegar à N120 e
esquerda na direção de Foz do Farelo. Irá estacione depois de entrar em Maria Vinagre
passar pelo Peso e por Alcaria do Peso. Logo pela rua das Flores. Em anos de pluviosidade
a seguir, passando uma pequena ponte, vire normal vai encontrar ali uma enorme charca
à direita e estará em Barranco dos Pisões. cheia de vida  37.398600, -8.781806 .
Poucos metros abaixo encontrará outra Se gosta de observar aves, muna-se de
entrada, junto à tabuleta que indica Moinho binóculos e aproveite as horas de maior calor
de Água. Trata-se do Moinho do Poucochinho para ficar a ver a variada avifauna local a
e foi recuperado, embora só seja possível saciar-se à borda de água.
visitá-lo por dentro com marcação prévia na
junta de freguesia de Monchique. Continue depois pela Rua das Flores e pela
Estrada da Samouqueira, até encontrar um
Contacto: 282 912 871. parque de merendas onde poderá descansar

132
A P ERC U R S O 13 • M O N C H I Q U E

à sombra e tomar uma refeição ligeira. as dietas e experimente, por exemplo,


De baterias recarregadas, retroceda um o bolo de chocolate, batata-doce e frutos
pouco até ao cruzamento anterior e siga vermelhos, ou as mais simples, mas não
pela Rua da Baía dos Tiros. Irá ter à costa, menos deliciosas, queijadas de batata-doce.
onde poderá fazer longos percursos a pé Se for diabético, talvez seja melhor evitar esta
sobre as falésias, desfrutando de paisagens paragem do percurso!
magníficas. A extensão do percurso
dependerá apenas da sua preparação Contacto: 282 994 132.
física e disponibilidade. Evite as horas de
maior calor, já que a vegetação, embora Retomando a N120, verá o Moinho da
densa, é rasteira. Também nunca é demais Arregata, do lado esquerdo, assim que sair
recomendar prudência na aproximação do Rogil. O acesso faz-se pelo caminho de
da borda das falésias costeiras, que, nesta estrada batida a seguir ao cemitério.
região, são muitas vezes constituídas por um
xisto muito quebradiço. Se quiser experimentar algo diferente,
marque uma visita à Burros & Artes, neste
Saindo de Maria Vinagre pela N120, bonito, e escondido, recanto da serra
na direção de Aljezur, vai passar pelo Rogil, algarvia, a cerca de cinco quilómetros
uma simpática aldeia no alto de uma colina. do moinho, por caminhos e estradas
Vire à direita quando vir indicado Museu da secundárias  37.337625, -8.777766 . Aqui
Batata Doce. Nesta pastelaria-restaurante se organizam, mediante marcação prévia,
vai descobrir uma enorme exposição de passeios com os burros e aulas de cerâmica.
guloseimas feitas com aquele tubérculo
e outros produtos regionais. Esqueça Contacto: 967 145 306.

Galinha-de-água, charca de Maria Vinagre Burros & Artes

133
A ALGARVE

Vista do castelo, Aljezur

Aljezur As peças arqueológicas pertencem,


sobretudo, ao Neolítico Final/Calcolítico.
Entre agora na bonita vila de Aljezur, Outras peças são ainda mais antigas,
dominada pelo cerro onde está implantado supondo-se que pertencem ao final da
o castelo que assegurava, na Antiguidade, Idade Glaciária (7000 a.C.). Também aí se
o controlo do porto fluvial e a defesa da vila. encontram depositados objetos provenientes
Vale a pena dar uma volta a pé e explorar de escavações no Castelo de Aljezur,
os recantos. Quando subir a Rua João Dias nomeadamente um interessante conjunto de
Mendes, na direção dos museus e do castelo, cerâmicas muçulmanas.
pare primeiro no n.º 13, uma loja de traça
antiga onde são moídas farinhas, à vista da Local: Largo 5 de Outubro, antiga Câmara
clientela, com antigas mós e maquinaria. Municipal de Aljezur.
Contacto: 282 990 010 ou 282 991 011.
Museu municipal
Localizado no edifício dos antigos Paços do Depois, passando em frente à Igreja da
Concelho, este museu é constituído por Misericórdia, onde também é possível visitar
um núcleo de achados arqueológicos, uma um museu de arte sacra (a entrada é pelo
galeria para exposições temporárias e uma lado esquerdo, ao fundo), suba a calçada
exposição etnográfica da qual fazem parte, inclinada que o levará ao castelo.
entre outros, alfaias agrícolas, uma cozinha
tradicional e um quarto de dormir, um tear e Castelo
um barco-chata com os respetivos acessórios Foi construído no século x, durante o período
de pesca. árabe. É constituído, essencialmente, por um

134
A P ERC U R S O 13 • M O N C H I Q U E

espaço amuralhado, com uma torre circular passar por Marmelete. Antes e depois de
e outra quadrangular. No interior há uma Marmelete existe um parque de merendas à
cisterna cúbica, com o teto em abóbada. beira da estrada. Para uma vista panorâmica,
Para os leigos, o melhor deste castelo é, sem em vários tons de verde, opte pelo segundo
dúvida, a vista sobre a vila e os arredores que (o Parque de Merendas da Santinha).
dali se desfruta.

No n.º 2 da Rua do Castelo ainda pode


visitar a Casa-Museu José Cercas, que, além
do atelier, espólio e quadros do pintor, tem
expostas antiguidades por ele colecionadas
ao longo dos anos.

Um pouco abaixo, fica o Museu Antoniano,


uma antiga capela dedicada a Santo António
que encerra um vasto espólio de peças sobre
este santo. Interessante para quem gosta da
temática.

No inverno, as visitas a estes dois últimos


museus têm como ponto de partida o museu
municipal, que normalmente disponibiliza Praia da Arrifana
um funcionário para acompanhar os
visitantes.

Ponta da Arrifana

É um pequeno desvio ao percurso, de quase


dez quilómetros, na direção da costa. Saia
de Aljezur retomando a N120 na direção de
Lagos e, cerca de um quilómetro depois,
vire à direita no cruzamento, seguindo as
indicações para Arrifana. Existe aqui um
excelente miradouro, no topo da falésia, com
ruínas, embora parcas, de uma fortaleza do
século xvii. Mais abaixo, na direção da praia,
um pequeno porto de pesca e, na linha do
horizonte, erguida no meio do mar, marca
presença a esguia e alta Pedra da Agulha.

Volte a Aljezur e saia em direção a


Monchique. Ao fim de 15 quilómetros, irá Fortaleza da Arrifana

135
A ALGARVE

Marmelete Caldas de Monchique

Se aprecia a tradicional aguardente de Aninhada num pequeno vale, por entre


medronho, entre na vila logo na primeira o arvoredo, e repleta de edifícios de
entrada e estacione, depois de uma curva estilo vitoriano, esta tranquila vila de
apertada, no parque da Casa do Medronho termas e spa, onde são engarrafadas as
 37.311985, -8.669434 . Neste museu águas de Monchique, quase parece uma
poderá visitar a recriação de uma típica cidadela parada no tempo. Já os romanos
destilaria de medronho, com todos os frequentavam estas termas, banhando-se
utensílios necessários, e descobrir como é nas águas que brotam da terra a uma
produzida a aguardente, desde a apanha das temperatura constante de cerca de 32ºC.
bagas ao engarrafamento, passando pela Ainda hoje muitas pessoas recorrem a estas
fermentação do mosto e a destilação. Para águas medicinais na esperança de aliviar
uma visita guiada com prova (da aguardente doenças respiratórias, de pele, reumatismos
e de outros produtos regionais) ou para ou meras indigestões provocadas pela pesada
participar no processo de produção terá de gastronomia local...
fazer marcação prévia.
Comece por provar as águas borbulhantes
Local: Rua de Aljezur, 14. de gosto sulfuroso na Buvette, o pequeno
Contacto: 282 955 121. pavilhão envidraçado localizado por cima
da nascente, ou, se esta estiver fechada,
Pouco depois de sair de Marmelete chegará no spa da Villa Termal. Se quiser visitar a
à Nave, no cruzamento com a N266, onde pequena Capela de Santa Teresa, que está
irá deparar com a visão de uma enorme habitualmente fechada, aproveite para pedir
pedreira. Aí, vire à direita em direção a a chave na receção do hotel deste complexo
Caldas de Monchique. termal. No interior da capela, os painéis de
azulejo do século xviii narram a vida da santa.

Depois, sugerimos que dê uma volta


despreocupada pelo bonito bosque,
pontilhado de cursos de água e de
fontes, incluindo a Fonte dos Amores.
Aí encontrará também mesas e bancos
de pedra que convidam a uma refeição
frugal acompanhada pelo canto das aves e
o murmúrio da água a correr. O acesso ao
bosque faz-se pelo curto caminho localizado
ao lado do forno do pão.

Nas lojas de artesanato, onde se mistura uma


grande diversidade de artigos, pode comprar
frascos de mel da Serra de Monchique, garrafas
Casa do Medronho, Marmelete de aguardente de medronho e todas as suas

136
A P ERC U R S O 13 • M O N C H I Q U E

derivações licorosas. Mas, atenção: o medronho


feito na região chega a ter 50º de teor alcoólico,
o que pode constituir uma agressão demasiado
forte para os organismos mais sensíveis!
No entanto, talvez seja a única forma de se
livrar do gosto sulfuroso das águas termais...

Parque da Mina

Vire à direita na saída de Caldas de


Monchique, na direção de Portimão. Poucos
quilómetros depois, encontrará um parque
temático  37.254910, -8.539575  onde
pode visitar uma casa abastada do início
do século xviii, com todas as divisões
devidamente mobiladas, incluindo uma casa
de banho, ainda rara na época. Aqui encontra
também uma antiga quinta, com animais,
uma mina de extração de cobre e ferro Pico da Picota
desativada, que apenas poderá espreitar de
fora, e a recriação de uma carvoaria de carvão
vegetal, onde são explicadas em detalhe as Siga por uma estrada agradável, com uma
várias fases de produção. paisagem arborizada. Pouco depois, chegará
ao fim da estrada, a cerca de 100 metros do
Na adega da casa, repare na reconstituição cume do monte, onde está instalado um
de uma destilaria tradicional de alambique, posto de vigia de prevenção contra incêndios.
onde era produzida a aguardente de A vista para Sul é particularmente bonita,
medronho, bem como nas diversas permitindo contemplar, nos melhores dias,
ferramentas e alfaias que fizeram história no grande parte desta costa algarvia. Com
processo de mecanização da agricultura. os seus 774 metros de altitude, a Picota é
a segunda elevação mais alta da Serra de
Local: Vale de Boi. Monchique, a seguir ao Pico de Fóia.
Contacto: 962 079 408.
Monchique

Pico da Picota Resta-lhe agora regressar a Monchique e


pôr em dia os seus conhecimentos sobre a
Depois, retome a N266 em direção a gastronomia da região. Recomendamos-lhe
Monchique. Logo à entrada de Monchique, os enchidos, o presunto curado, o bolo de
vire à direita, em direção a Alferce. Cerca de tacho e o pudim de mel e, para finalizar,
500 metros depois, vire à direita, para onde um cálice de aguardente de medronho como
uma tabuleta indica Picota. digestivo.

137
A ALGARVE

EXTENSÃO 130 km

O
Lagos
percurso que propomos começa e termina na
•  Barragem da Bravura turística cidade de Lagos, com as suas praias
Bordeira e restaurantes de bom peixe. Pelo caminho,
•  Pontal da Carrapateira tomamos contacto com as fabulosas escarpas,
•  Praia da Zimbreirinha açoitadas pelo vento, que compõem a Costa Vicentina,
Carrapateira de que Sagres é o ponto mais marcante. Encontramos
outras formas de contacto com a natureza na
•  Praia do Amado
Barragem da Bravura ou na Mata Nacional de Barão
Vila do Bispo
de São João. Deixamos ainda um alerta: se viajar por
•  Torre de Aspa estas estradas de verão, tenha cuidado para não
•  Praia do Castelejo atropelar as cobras que podem surgir no asfalto.
•  Monte dos Amantes
Sagres Barragem
da Bravura
• Fortaleza Carrapateira
Bordeira
•  Cabo de São Vicente Estrada da Praia

Barão de São João Praia Zoo de


do Amado Lagos
Barão de
•  Mata nacional São João

•  Parque zoológico Praia


do Castelejo
Lagos Torre de Aspa
Vila do Bispo
Lagos

Início
do percurso

Cabo de
São Vicente
Sagres
Fortaleza de Sagres

Lagos

Durante quase dois séculos, Lagos foi a


capital do Algarve, de onde as caravelas
partiam para explorar os mares, regressando
carregadas de ouro e especiarias de África
e da Índia. Foi daqui que saíram Gil
Eanes, para passar o Cabo Bojador, e o Rei
D. Sebastião, para a cruzada no norte de
África que culminou com o desastre de
Rua de Lagos Alcácer Quibir. O vaivém das caravelas foi

138
A P ERC U R S O 14 • L AGOS

substituído pelos iates de luxo que entram


e saem da moderna marina, local que
proporciona um passeio agradável, com
algumas sombras e bancos de jardim. Cidade
turística, oferece um grande leque de bares,
restaurantes e lojas, com o centro a pulsar
de vida a qualquer dia da semana. Perca-se
pelas ruas, tendo o mar como referência.

Na Avenida dos Descobrimentos, encontra


uma oferta variada de viagens de barco,
propostas de visita às muitas grutas que
recortam a costa, incluindo as icónicas
Grutas de Benagil, e dias de pescaria no
mar. Basta escolher. Damos-lhe, no entanto,
um conselho: se pretende ir até às grutas,
a manhã será mais adequada, pois os reflexos
de luz são mais espetaculares.

Do outro lado da avenida, fica o mercado


municipal. No centro da cidade, admire
a imponente estátua de D. Sebastião,
da autoria de João Cutileiro; o Mercado de
Escravos, na Praça Infante D. Henrique; e o
museu municipal.

Mercado de Escravos Estátua de João Cutileiro, Lagos


Em 1444, chegaram a Lagos os primeiros
escravos trazidos de África, e foi criada a Casa
da Guiné. Em 1481, aquele que foi o primeiro Museu Municipal Dr. José Formosinho
mercado de escravos da Europa mudou-se Instalado paredes-meias com a Igreja de
para Lisboa. Como curiosidade, estima-se Santo António, aqui encontra exposições de
que, por volta do ano de 1541, entrassem arqueologia, etnografia, história natural,
na capital entre 10 e 12 mil nativos por ano. uma sala dedicada a África e uma biblioteca,
Em finais do século xvi, representavam um entre outros. A visita termina na igreja,
terço da população da capital. Durante o com a soberba talha dourada barroca e
período das Descobertas, eram capturados painéis a óleo representando a vida do santo
no continente africano e trazidos para que nasceu em Lisboa. Recomendamos as
Lagos, onde se fazia a sua comercialização. exposições de arqueologia e etnografia, mais
No edifício atual, reconstruído depois do representativas da região.
terramoto e do maremoto de 1755, que
afetaram bastante a cidade, existe agora uma Local: Rua General Alberto da Silveira.
galeria de arte. Contacto: 282 762 301.

139
A ALGARVE

Barragem da Bravura
Júlio Dantas
“Morra o Dantas, morra! Pim!” Eis a Saia de Lagos em direção a Aljezur e
frase mais conhecida do Manifesto depois siga para a Barragem da Bravura.
Anti-Dantas, escrito por Almada Pelo caminho, encontra uma paisagem
Negreiros, “poeta do Orpheu, futurista essencialmente de barrocal, marcada, aqui
e tudo”, como ataque a toda uma e ali, por plantações de pinheiros. No verão,
geração de escritores, representada pela aspire o agradável aroma das estevas
figura de Júlio Dantas.
gigantes, que crescem até à beira da estrada.
Nascido em Lagos, em 1876, Júlio O perfume intenso provém de uma espécie
Dantas foi sócio efetivo e presidente de resina, que humedece a superfície das
da Academia das Ciências de Lisboa. folhas e é altamente inflamável.
A sua produção literária estende-se por
géneros tão variados como a poesia,
Verá aparecer perante os seus olhos o
o conto, o romance, a crónica ou o
espelho de água da albufeira, encaixado
ensaio, embora, no geral, seja destacada
entre o relevo coberto por mato escuro.
a faceta de dramaturgo. As críticas
Vale a pena parar e apreciar calmamente
que lhe dedicou Almada deveram-se,
a paisagem. Entretanto, vai começar a
sobretudo, à aversão pela inovação,
descer para o paredão. Atravesse e, logo a
pois preferia manter-se fiel a um estilo
antiquado e a modelos ultrapassados e seguir, à esquerda, entre por uma estrada
buscar inspiração na lírica palaciana do de terra, que o levará até junto da água.
Cancioneiro Geral de Garcia de Resende. Mas tenha cuidado, pois o piso é inclinado
e escorregadio, e a estrada muito estreita.
Se não quiser arriscar, deixe o carro no
paredão e siga a pé ou de bicicleta. A estrada
passa perto da água e por entre boas
sombras.

Bordeira

Regresse à N120, que faz a ligação entre Lagos


e Aljezur, e vire à direita, no sentido desta
última localidade. Mais à frente, siga para a
Bordeira. Logo à entrada da povoação, fica
a igreja matriz, com um pequeno cemitério
ao lado e, lá dentro, um altar decorado em
talha dourada. A pia batismal, em pedra
branca, tem uma configuração arredondada,
bastante sóbria.

Se gosta de andar a pé, aproveite para fazer


Barragem da Bravura uma caminhada circular com cerca de três

140
A P ERC U R S O 14 • L AGOS

quilómetros de extensão, ao longo da costa,


sobre a falésia, passando pela Pontal da
Carrapateira e pela Praia da Zimbreirinha,
e regressando pelo interior.

Carrapateira

Continuando no sentido da Carrapateira,


será presenteado com uma paisagem de
barrocal, que de repente dá lugar ao pinhal,
anunciando a proximidade da costa.

No início da povoação, vire à direita,


no sentido do mar. Existe um caminho, Pontal da Carrapateira
junto às falésias, que permite serpentear
com a costa e seguir até à Praia do Amado.
Com o seu extenso e branco areal, rodeada antropológica e etnográfica, mas também
de falésias e um pequeno ilhéu ao largo, sobre a biologia marinha e o meio natural
esta praia é conhecida pelas ondas versáteis da zona da Carrapateira. Do primeiro andar
e diversificadas. É, por isso, procurada desfruta-se uma vista ótima da costa.
por praticantes de surf e bodyboard de
toda a Europa, e palco de várias provas Local: Rua do Pescador.
e competições, inclusive internacionais. Contacto: 282 970 000.
Trata-se de um local frequentado todo o ano,
pois existem escolas destas modalidades.
Vila do Bispo
Se estiver em boa condição física, siga
até à Praia do Amado a pé ou de bicicleta. Siga até Vila do Bispo. Será impossível não
No caminho, pode deliciar-se com fantásticas reparar no moderno parque eólico, que
paisagens de altas escarpas e angras de aparece do lado esquerdo da estrada.
calhau, onde, muitas vezes, só há acesso
pelo mar e em dias favoráveis. Na beira da Escarpa, campo e praia
falésia, aprecie a flora rasteira e agreste que Depois de entrar na vila, procure a direção
se desenvolve nesta linha de separação entre do Castelejo. Ao longo desta estrada, tem
a terra e o mar. Já na Carrapateira, suba à três sugestões imperdíveis. A dada altura,
fortaleza, para usufruir da bela paisagem. surge uma placa à esquerda, a indicar Torre
de Aspa, o rochedo mais elevado da costa
Museu do Mar e da Terra da algarvia. O local está assinalado por duas
Carrapateira esculturas do artista plástico Mário Miranda.
Ao visitar este museu ficará a saber um pouco O caminho é pedregoso, mas o esforço vale
mais sobre o modo de vida da população a pena. Chegará a uma falésia sobre o mar,
local, abrangendo as vertentes histórica, perfumada pelo aroma da vegetação, que o

141
A ALGARVE

vento espalha em todos os sentidos. O pôr do Infelizmente, os menires estão tombados,


Sol é soberbo. Voltando à estrada principal, o que não permite apreciá-los em toda a
um pouco mais à frente, e também do lado sua magnitude. Perto de cada monólito,
esquerdo, terá as indicações de um trilho existe uma tabuleta com a sua identificação
ambiental de três quilómetros, que pode e posição no percurso. O circuito tem
fazer mesmo com crianças, por entre um uma extensão de 1200 metros, o que se faz
denso pinhal. À entrada, existe um parque calmamente numa hora. Só precisa de uns
infantil e uma zona de merendas. bons sapatos e, se o dia estiver soalheiro,
um chapéu, pois não há sombras.
De regresso à estrada principal, em direção
ao mar, chega à Praia do Castelejo,
emoldurada por escarpas e, por isso, muito Sagres
abrigada.
Volte à N268, no sentido de Sagres.
Percurso Megalítico do Monte dos Recomendamos uma visita à fortaleza, uma
Amantes das maravilhas de Portugal. Os horizontes
De volta a Vila do Bispo, procure a saída marítimos e os extremos ocidentais do
para Sagres. Na rotunda à entrada dessa via, Continente Europeu são um tema constante
existe, do lado direito, uma estreita estrada no imaginário português. Praias, portos,
de alcatrão, paralela à N268. A cerca de dois estuários e promontórios são investidos de
quilómetros, vire à esquerda e passe por uma aura especial. Sagres, como nenhum
debaixo do viaduto. Logo a seguir, encontra outro local, concentra todas estas “forças”
um local para estacionar. e exerce fascínio.

Junto ao estacionamento, tem indicações Fortaleza


para descobrir vários menires e um túmulo. O facto de nunca ter existido uma verdadeira
O local é elevado e fustigado pelo vento. escola de navegantes não diminui em nada
a importância e a beleza do local. Depois
de ver a enorme rosa dos ventos, com
cerca de 43 metros de diâmetro, a Igreja
de Nossa Senhora da Graça e o Padrão dos
Descobrimentos, contemple a vista a partir
das muralhas. A seguir, percorra a linha
ao longo do promontório que os romanos
e outros povos anteriores consideravam
sagrado. Em dias límpidos, avista-se toda a
costa, desde o Cabo de São Vicente até Lagos.

Continuando em direção ao miradouro, irá


encontrar um estranho edifício circular,
construído sobre uma gruta. As paredes
circulares de A voz do mar, com dois metros
Rosa dos ventos, Fortaleza de Sagres de altura, servem de câmara de ressonância

142
A P ERC U R S O 14 • L AGOS

ao ruído do mar, canalizado por uma furna


vertical que desemboca no centro do edifício.
Uma experiência sensorial interessante para
quem viaja sem pressas.

Local: Fortaleza de Sagres.


Contacto: 282 620 140.

Cabo de São Vicente


Siga agora em direção a São Vicente.
Aproveite para ir espreitando alguns trilhos
que partem do lado esquerdo da estrada
e proporcionam privilegiados pontos de
observação. O Cabo de São Vicente é o ponto
mais a sudoeste da Europa Continental,
e o farol é um dos mais importantes e
potentes de toda a Europa. O feixe é visível a
90 quilómetros de distância. Fortaleza de Sagres

Barão de São João espécies de macacos, aves das mais


diversas cores, alguns répteis e animais da
Para usufruir do contacto com a natureza em quinta compõem o cartaz de um espaço
tons de verde, tome a direção de Bensafrim. bem cuidado, onde a flora e a arquitetura
Antes de chegar a esta povoação, em Barão paisagística também não foram deixadas
de São João, procure as placas que indicam a ao acaso. Os mais pequenos podem ainda
mata nacional. divertir-se no parque infantil ou a fingir que
conduzem o velho trator da quinta.
Mata nacional
Parte do património natural de Lagos, conta Embora exista bar e restaurante, se quiser
com circuito de manutenção, percursos levar o farnel, não se acanhe, pois a visita
pedestres e parque de merendas. O carro pode ser demorada.
pode ir mesmo até junto do parque, caso seja
necessário descarregar um farnel mais pesado. Local: Quinta Figueiras, Sítio do Medronhal.
Contacto: 282 680 100.
Parque zoológico
Se ainda tiver fôlego, uma proposta
interessante, sobretudo para quem tem Lagos
crianças, é o Parque zoológico, que fica mais
à frente, na estrada para Bensafrim. Termine o seu percurso em Lagos, onde lhe
sugerimos um jantar no agradável ambiente
Criado sob o lema “conservar, educar e da marina, seguido do inevitável passeio
proteger”, o parque é uma delícia. Várias noturno pelo centro da cidade.

143
A ALGARVE

EXTENSÃO 120 km

Silves
•  Quinta Pedagógica
de Silves
•  Túmulo de Alcalar
•  A Rocha
Portimão
•  Quinta Pedagógica
de Portimão
•  Sítio das Fontes
Lagoa
•  Adega Cooperativa
do Algarve
Porches
•  Ermida da
Senhora da Rocha
•  Praia da
Senhora da Rocha
E ste percurso tem como ponto de partida e de
chegada a cidade de Silves. Pelo caminho,
encontrará pontos de interesse extremamente
variados e atividades que poderão interessar a
todos os membros da família, crianças incluídas.
Armação de Pêra O mais difícil talvez seja selecioná-los. Por isso, mais
ainda do que noutros percursos, sugerimos que,
Guia
antes de se pôr a caminho, leia o texto de forma
• Zoomarine atenta.
•  Lagoa dos Salgados
Início
•  Krazy World do percurso
Silves
Quinta Pedagógica
de Silves

Alcalar Krazy
Silves World
Sítio das Fontes
Algoz

A Rocha Porches Zoomarine


Portimão Lagoa Guia

Armação
Ermida da Senhora de Pêra Lagoa dos
da Rocha Salgados

144
A P ERC U R S O 1 5 • S I LV E S

Silves

Silves durante as horas de maior calor. Sucesso


garantido se viajar com crianças.
Silves é uma cidade interior pacata, antiga
capital de um reino muçulmano e, durante Local: Sítio do Falacho de Cima.
séculos, a mais opulenta cidade do Algarve. Contacto: 282 444 044.
O castelo e a sé dominam o topo da colina.
Mais abaixo, é o correr tranquilo do Rio Castelo
Arade e as suas pontes, onde se destaca De volta a Silves, visite o castelo, no topo
a velha ponte romana, que convidam a da colina, de onde poderá apreciar toda
alguns passeios ou simplesmente a apreciar a cidade. É um dos maiores e mais bem
a paisagem de um dos muitos bancos de conservados do Algarve. Logo à entrada,
jardim existentes. repare nas pedras avermelhadas que
compõem as muralhas. Trata-se de um
Quinta Pedagógica de Silves arenito vermelho, o grés de Silves, ao qual
Para visitar a Quinta Pedagógica a luz amarelada do pôr do Sol confere uma
 37.259117, -8.439272 , contorne o coloração quase irreal. A estátua à entrada
cemitério pelo lado esquerdo e continue representa D. Sancho I, o monarca que pela
depois, durante cerca de oito quilómetros, primeira vez, em 1189, conquistou a cidade
por uma bonita estrada serrana – se for aos árabes. Pensa-se que o local onde se
primavera, abra a janela e sinta o cheiro encontra o castelo foi ocupado desde a Idade
agradável do esteval. Encontrará aqui várias do Ferro, tendo os Árabes permanecido por
espécies da fauna da região, como o javali, lá durante quase cinco séculos. Na zona
o gamo, a raposa, a gineta, a perdiz, etc., mas norte encontra-se uma grande cisterna,
também espécies exóticas, como os pavões de forma retangular, o Aljibe. Trata-se de
e as galinhas-do-mato, e típicos animais de uma estrutura abobadada, que abastecia de
quinta, entre ovelhas, cabras e vacas. É um água grande parte da cidade. Na muralha a
espaço agradável, onde sabe bem passear um norte, do lado oposto à entrada, encontra-se
pouco ou descansar à sombra do arvoredo uma entrada secundária conhecida por

145
A ALGARVE

Porta da Traição. Consta que esta porta e do grande terramoto de 1755. Iniciada
era utilizada pelos traidores para deixar em estilo gótico, que ainda predomina,
entrar o inimigo… Mais para Sul, fica a a catedral tem, por isso, também outras
Cisterna dos Cães, uma espécie de poço onde influências, nomeadamente a barroca.
foram encontrados diversos fragmentos As naves interiores são altíssimas (atingem os
de cerâmicas medievais, nomeadamente 18 metros) e iluminadas por frestas laterais.
alcatruzes que datam da ocupação islâmica.
Local: Largo da Sé.
Local: Rua do Castelo. Contacto: 915 933 097.
Contacto: 282 440 837.
Museu Municipal de Arqueologia
Sé Não deixe de visitar este excelente museu,
Pouco abaixo do castelo, encontra-se a sé, encostado a uma das muralhas da cidade,
também ela construída em grés vermelho onde se encontram, impecavelmente
da região. A sua construção, que começou expostos, os principais espólios
entre os séculos xiii e xiv, prolongou-se arqueológicos deste concelho. É nele que
por mais de cem anos e foi por diversas está, por exemplo, toda a vasta coleção
vezes retomada na sequência de sismos de cerâmica muçulmana recolhida nas
escavações efetuadas no castelo.

Um dos pontos de maior interesse do


museu reside num poço-cisterna árabe do
século xii, descoberto durante escavações
realizadas em 1979, que nada tinham que
ver com a construção do museu. De facto,
foi a própria descoberta do poço que
espoletou a ideia de desenvolver este núcleo
museológico. O poço, em ótimo estado de
conservação, tem um diâmetro de 2,5 metros
e 18 metros de profundidade. Existe uma
escada em caracol, em torno do poço, que
dá acesso ao fundo. Julga-se que seja um
exemplar único no mundo.

Durante as escavações do poço, foram


encontrados diversos artefactos de grande
interesse arqueológico, como peças de
cerâmica, moedas quadrangulares mouras e
várias joias. A exposição vai da Pré-história
ao século xvii.

Local: Rua Portas de Loulé, 14.


Museu Municipal de Arqueologia, Silves Contacto: 282 440 838.

146
A P ERC U R S O 1 5 • S I LV E S

Centro de Interpretação do Património


Islâmico
Este espaço museológico funciona
atualmente como posto turístico. Pensa-se
que aqui existiam os banhos públicos
árabes (hammam), normalmente situados
junto das mesquitas ou da entrada da
medina.

O centro está dividido em três áreas, as mais


representativas da influência islâmica nesta
região: património arquitetónico, sistemas
de captação, armazenamento e utilização da
água e, por fim, a poesia. Nesta última área Túmulo de Alcalar, Mexilhoeira Grande
podemos apreciar poemas escritos pelo rei-
-poeta Al-Mutamid (“Evocação de Silves”)
e por Ibn Ammâr. Os árabes em Silves
Mais do que com os romanos, foi com
No exterior, repare na Porta da Medina da os Árabes que Silves, ou Xelb, atingiu
época almóada. Com o seu enorme torreão, uma grandeza até então desconhecida
era o principal acesso à antiga medina, que e que, uma vez perdida, não voltou a ser
mantém o traçado medieval. recuperada. Por alturas da conquista,
em 1189, a cidade tinha cerca de 30 mil
Local: Largo do Município. habitantes, sendo considerada a capital
Contacto: 282 440 898. do Algarve muçulmano e a cidade mais
forte de toda a Hispânia árabe. Era a
A partir de Silves, pode fazer um desvio, preferida de príncipes e mercadores e
de cerca de 12 quilómetros, para visitar habitada por muitas famílias nobres
as barragens do Arade e do Funcho, onde e figuras importantes, como políticos,
historiadores, poetas e filósofos. Segundo
encontrará paisagens tranquilas e águas
testemunhos cristãos da época, estava
de temperatura amena. Também existem
mais fortificada do que Lisboa, e os seus
trilhos na margem das barragens, por
edifícios eram ainda mais grandiosos.
onde se podem fazer boas caminhadas
Não admira por isso que, após a
exploratórias.
sua conquista, D. Sancho I se tenha
proclamado “Rei de Portugal, de Silves
e do Algarve”. Também não surpreende
Túmulo de Alcalar que, pouco depois, Silves tenha sido
recuperada pelos mouros, que não
Se resolver continuar o percurso a partir poderiam deixar a sua pérola cair tão
de Silves, saia em direção a Monchique, facilmente em mãos cristãs. Só em
mas não sem antes parar no jardim do 1249 é que a cidade foi definitivamente
Largo da República, onde apetece ficar a conquistada aos muçulmanos.
preguiçar um pouco à sombra. Depois de

147
A ALGARVE

os túmulos destinados às elites, onde os


corpos eram depositados em posição fetal
e acompanhados de diversos objetos, como
placas de xisto gravadas, colares e setas.
Os sepulcros coletivos situavam-se em grutas
e criptas artificialmente escavadas nas rochas
(hipogeus).

As relíquias encontradas durante as


escavações deste sítio arqueológico estão
agora no Museu de Lagos e no Museu
de Portimão (veja as páginas 139 e 149,
respetivamente).

Cartaxo-comum, em A Rocha Local: Sítio de Alcalar, Mexilhoeira Grande.


Contacto: 282 248 594.

passar Odelouca, chegará ao cruzamento


com a estrada que vem de Portimão para A Rocha
Monchique. Vire à direita, continuando
na direção de Monchique e, ao fim de dois Volte ao último cruzamento e vire à
quilómetros, antes da placa que indica a esquerda. Pouco depois, encontrará à direita
entrada em Rasmalho, vire à esquerda, numa a indicação para Mexilhoeira Grande.
estrada alcatroada a seguir a uma estação de Siga por aí e passe a Mexilhoeira Grande,
gasolina. Esta estrada que, com exceção do visitando, eventualmente, a igreja matriz
primeiro troço, está em muito bom estado, (fica mesmo ao lado do cemitério), do século
não tem qualquer indicação, mas levá-lo-á a xvi e de estilo renascentista, mas com
Alcalar através de uma paisagem agradável. duas portas laterais manuelinas. Depois,
continuando para Sul, na direção de Alvor e
Vire à esquerda nos três cruzamentos de Portimão, irá desembocar na N125. Atravesse
estrada alcatroada que irá encontrar pelo com bastante cuidado esta via e siga por
caminho e, no terceiro, de onde verá em uma estradinha que continua a via por onde
frente um café, estará apenas a 20 metros da veio, do outro lado da estrada nacional.
entrada do Túmulo de Alcalar. Ao fim de 1300 metros numa estrada de terra
batida, vire à direita e encontrará A Rocha,
Inserido na necrópole megalítica de Alcalar, um observatório de aves do barlavento
no concelho de Portimão, o chamado túmulo algarvio. Está aberto ao público nas manhãs
n.º 7, construído entre 2000 e 1600 a.C., de quinta-feira, dia em que é efetuada a
é o único que se encontra em bom estado, anilhagem de aves, embora seja conveniente
embora as escavações continuem. Trata-se telefonar antes de aparecer.
de uma sepultura megalítica do tipo
tholo e, como tal, constituída por apenas A Rocha é uma associação internacional
uma câmara e um corredor. Estes eram de estudos e defesa do ambiente que tem

148
A P ERC U R S O 1 5 • S I LV E S

como principais objetivos promover o ligado à antiga fábrica, mas a exposição de


interesse ativo pela conservação da natureza, referência do museu é dedicada às origens
proporcionando instalações aos visitantes e à evolução da comunidade local, desde os
interessados em estudar os ecossistemas do vestígios milenares dos túmulos de Alcalar
barlavento algarvio. A sede da associação está (veja a página 147) até ao seu mais ilustre
inserida num terreno com um hectare de membro: Manuel Teixeira Gomes, Presidente
área, onde existe vegetação típica da região e, da República entre 1923 e 1925.
se não houver seca, pequenas lagoas. Possui
ótimos espaços para a observação de aves Local: Rua Dom Carlos I (zona ribeirinha).
nas imediações e existem vários percursos Contacto: 282 405 230.
pedestres já definidos para o efeito.
Fortaleza de Santa Catarina
Local: Mexilhoeira Grande, Cruzinha. Para uma panorâmica sobre o litoral,
Contacto: 282 968 380. dirija-se agora à Fortaleza de Santa Catarina.
Siga as indicações para a Praia da Rocha
e, quando lá chegar, vire à esquerda na
Portimão longa avenida que acompanha o mar e o
areal, percorrendo-a até ao final. É aí que
Regresse à N125 e dirija-se a Portimão. se ergue a fortaleza, construída no século
Apesar de bastante desfigurada e caótica, xvii para defesa da cidade e do acesso fluvial
a cidade também tem locais onde se respira
uma atmosfera mais tranquila, como o
museu e a quinta pedagógica.

No geral, parece-nos justo dizer que as


melhores coisas de Portimão ficam junto
ao rio: o tentador largo das geladarias,
as esplanadas dos restaurantes com bons
pratos de peixe fresco e a oferta de viagens de
barco, por exemplo, subindo o Rio Arade até
Silves ou visitando as grutas da zona costeira
próxima. Encontrará diversas propostas
de passeios de barco ao longo do agradável
passeio pedonal da zona ribeirinha, entre a
Praça Manuel Teixeira Gomes e o Museu de
Portimão.

Museu de Portimão
O museu da cidade situa-se junto ao Rio
Arade e ao Cais Vasco da Gama, no renovado
edifício de uma antiga fábrica de conservas
de peixe. Grande parte da exposição simula
as várias etapas do processo industrial Fortaleza de Santa Catarina, Portimão

149
A ALGARVE

ao interior algarvio. Atualmente, perdidas sendo os dias úteis vocacionados para as


as suas funções defensivas e dada a sua escolas.
posição estratégica, constitui um excelente
miradouro. Local: Rua David Gonçalves Vieira, Aldeia
Nova da Boavista.
Quinta Pedagógica de Portimão Contacto: 282 248 595.
Existem aqui  37.149727, -8.553271 
diversos animais de quinta, como ovelhas
e cabras da região, éguas e burros, vacas, Sítio das Fontes
porcos, gansos e patos e, um dos grandes
favoritos das crianças, o coelho-anão. Além Saia de Portimão em direção a Lagoa e,
dos animais, a quinta conta com uma horta e depois de passar a ponte nova sobre o Rio
um pomar, um jardim de ervas aromáticas, Arade, vire à direita para Estômbar. Ali, siga
uma zona de compostagem e um forno no caminho para Silves e vá com atenção
tradicional. às pequenas placas que indicam Sítio das
Fontes.
É possível visitar a quinta em qualquer
altura, dentro do horário de abertura, mas, Situado ao longo de um esteiro, na margem
se quiser também ter a oportunidade de esquerda do Rio Arade, este agradável parque
interagir com os animais (dar de comer, de merendas está integrado numa zona de
escovar, tosquiar, ordenhar, etc.), fazer sapal (terras húmidas sob a influência das
pão, semear ou ficar a saber mais sobre o marés) e alberga uma grande diversidade
uso das ervas aromáticas, terá de marcar de plantas e animais. É, sem dúvida, o local
previamente. As atividades para as famílias perfeito para um suculento piquenique
são programadas para os fins de semana, seguido de digestivos passeios a pé.

Quando lá chegar, estacione e siga o


pavimento empedrado, que passa junto a
uma nora e o leva até um troço da ribeira
com as margens consolidadas por muros de
pedra sobreposta. Em frente encontra-se
um bom parque infantil e, do seu lado
direito, o parque de merendas, com vista
sobre o sapal, mesas, bancos, caixotes
do lixo, assador, lavabos… enfim, todo o
equipamento necessário para desfrutar
plenamente deste espaço de lazer. Também
existe um anfiteatro ao ar livre, onde,
durante o verão, têm lugar espetáculos
diversos. Para um pouco de exercício físico,
faça o percurso de manutenção ou explore
os trilhos que proporcionam agradáveis e
Quinta Pedagógica de Portimão panorâmicos passeios.

150
A P ERC U R S O 1 5 • S I LV E S

Sítio das Fontes

Lagoa Porches

Retome a direção de Lagoa pela N125. Continuando na N125, siga agora para
A região é especialmente conhecida pelos Porches, na direção de Faro. Antes de
seus vinhos. Por isso, sugerimos que ateste entrar na povoação, encontrará, do lado
pessoalmente a sua qualidade, provando direito da estrada, a Olaria pequena de
uma seleção representativa dos melhores Porches, onde, em princípio, poderá
vinhos locais. Mas, atenção: o teor alcoólico observar os artesãos a pintar potes, pratos
da maioria dos vinhos da Lagoa ronda os 13%! e outros artigos de cerâmica. A loja está
repleta de peças da colorida louça típica da
Para quem vem de Portimão, a ÚNICA – região.
Adega Cooperativa do Algarve fica do lado
direito, antes de chegar à rotunda para Local: Rotunda de Porches, N125.
o Carvoeiro, e é bastante visível a partir Contacto: 282 381 213.
da estrada. Mediante marcação prévia,
é possível fazer uma visita guiada à adega, Ainda em Porches, se encontrar a igreja
durante a qual se fica a saber um pouco matriz aberta, vale a pena deter-se na
mais sobre os vinhos da região. A visita pode magnífica abóbada de nervuras revestida a
incluir a prova de vinhos. azulejo. Contornando a igreja, repare numa
grande chaminé de dois andares, muito
Local: N125, Lagoa. trabalhada, que constitui um autêntico
Contacto: 282 342 181. ex-líbris de Porches.

151
A ALGARVE

Ermida da Senhora da Rocha costa, que foi destruída durante o terramoto


de 1755. Ainda podemos observar as ruínas
Saia de Porches, abandonando a N125, daquela antiga construção, meio escondidas
e dirija-se à Ermida da Senhora da Rocha, pelos canaviais, no caminho de acesso ao
situada num estreito promontório sobre a promontório. Repare, ainda, na “novidade
falésia e o mar. O desvio vale a pena, mesmo turística” das conchinhas da praia assinadas
que seja só para apreciar a paisagem, e está e penduradas nas janelas da ermida…
bem indicado.
Perto da ermida, existem parques de
A ermida tem uma estrutura arquitetónica estacionamento. Para Este e Oeste há
interessante e é rematada por uma cúpula vários trilhos, junto à borda da falésia, que
octogonal. No século xv, foi construída uma convidam a pequenas caminhadas entre as
fortaleza em torno da ermida, para defesa da praias. Do lado esquerdo do promontório,
encontra-se uma praia simpática que, como
não podia deixar de ser, se chama Senhora da
Rocha, bem anichada no meio das falésias e
dispondo de diversas estruturas de apoio.

Armação de Pêra

Se parar em Armação de Pêra, não deixe


de passar pela igreja matriz, um edifício
moderno que, em si, não tem qualquer
interesse especial, mas encerra uma
curiosidade. Entre e dê uma espreitadela às
duas pias de água benta, colocadas de cada
lado da porta de entrada. Trata-se de duas
valvas de uma concha verdadeira, que vive
nos recifes coralinos e chega a atingir perto
de um metro de diâmetro e várias dezenas de
quilos de peso. Vulgarmente chamam-lhes
conchas assassinas, atendendo ao facto
de se poderem fechar sobre o pé de quem
inadvertidamente as pise durante a maré
vazia, retendo a vítima prisioneira até a
maré voltar a encher e, podendo, com isso,
provocar-lhe a morte por afogamento. Tanto
quanto se sabe, isso nunca aconteceu, mas
a ideia é suficientemente assustadora para
manter a lenda…

Ermida da Senhora da Rocha Praia da Senhora da Rocha >

152
A P ERC U R S O 1 5 • S I LV E S
A ALGARVE

Guia Zoomarine
Neste parque temático dedicado à
Siga em direção a Alcantarilha. De passagem conservação e à educação ambiental poderá
por esta vila, não deixe de dar uma olhadela ver apresentações com golfinhos, diversas
à Capela dos Ossos, situada no lado sul espécies de focas e leões-marinhos, aves
da Igreja Paroquial de Nossa Senhora da tropicais e de rapina, jacarés, crocodilos,
Conceição. Remonta ao século xvi e segue tartarugas e um aquário com diversas
a mesma linha estilística de outras capelas espécies tropicais. Dispõe de piscinas (só no
semelhantes existentes no nosso país, verão) e outras zonas de entretenimento
como, por exemplo, em Évora, Faro e Lagos. para toda a família, bem como vários
O interior está completamente revestido por restaurantes e um cinema com um filme de
mais de 1500 ossadas humanas. Pensa-se que sensibilização ambiental sobre aquecimento
terão sido ossadas de frades jesuítas. global, desflorestação e destruição dos
ecossistemas marinhos. Da infraestrutura faz
Siga agora pela inevitável N125 e continue até também parte o Porto d’Abrigo, um centro
à Guia, fazendo uma eventual paragem no de reabilitação e reintrodução em ambiente
enorme centro de diversão Zoomarine. selvagem de animais que chegam à costa
exaustos, doentes, feridos ou desorientados.

O bilhete inclui todos os divertimentos


(exceto programa de interação com
golfinhos, para o qual é necessária reserva
prévia) e é válido para o dia inteiro.

Local: N125, km 65, Guia.


Contacto: 289 560 300.

Lagoa dos Salgados


Chegando à Guia, sugerimos-lhe um desvio
de cerca de cinco quilómetros na direção de
um pequeno recanto costeiro chamado Lagoa
dos Salgados.

Vire para Sul, em direção a Vale de Parra.


A Lagoa dos Salgados, que se formou na foz
da Ribeira de Espiche, fica no extremo sul
do campo de golfe. Para lá chegar, poderá
seguir as indicações para Salgados Golfe
e Praia dos Salgados ou entrar pela Praia
Grande. A primeira opção segue sempre por
estrada, passando pelas muitas urbanizações
existentes na zona, e desemboca num grande
Zoomarine, Guia parque de estacionamento junto à praia e

154
A P ERC U R S O 1 5 • S I LV E S

à lagoa. Se for pela Praia Grande, o último


troço de acesso é em terra batida e terá
menos opções de estacionamento. O melhor
será fazê-lo de bicicleta, deliciando-se com o
panorama.

A Lagoa dos Salgados é um local tranquilo,


junto à praia com o mesmo nome. Mesmo
durante o verão, depois de um bom dia
de praia e quando tudo já estiver mais
sossegado, pode avistar diversas espécies
de aves aquáticas. Durante a época da
reprodução, o local é escolhido por muitas
aves migratórias. No total, já foram aqui
identificadas mais de 170 espécies de aves!
É uma zona agradável para passear e existem
percursos pedestres e de BTT assinalados,
contornando as dunas ou através dos juncos
e campos agrícolas. Mesmo que não siga Reserva natural da Lagoa dos Salgados
os percursos, caminhe ou pedale pelos
trilhos existentes, evitando pisar as zonas
adjacentes. no bilhete. Sucesso garantido entre os mais
pequenos!

Krazy World Local: Lagoa de Viseu, estrada de Algoz.


Contacto: 282 574 134 ou 916 441 826.
Regresse à Guia e siga para Algoz. Atravesse a
povoação, passando pelo jardim, e continue
em frente na direção de São Bartolomeu Silves
de Messines. Cerca de três quilómetros
depois siga a indicação à direita para Zoo e Regresse a Silves, passando por Algoz, depois
Krazy World. Localizado na Lagoa de Viseu, de atravessar a ponte sobre o Rio Arade. Junto
este parque temático é uma alternativa à tabuleta que indica a entrada em Silves,
interessante. Possui uma quintinha com existe um miradouro com uma vista fantástica
diversos animais (lamas, gamos, camelos sobre a cidade, onde se destacam, na linha do
e dromedários, entre outros), que podem horizonte, o castelo e a sé velha. Passe a ponte,
ser alimentados pelas crianças, e uma vire à direita e, no final da rua, circunde a
exposição de diversos tipos de répteis rotunda. Verá aí, do lado direito, um cruzeiro
(crocodilos, iguanas, serpentes, etc.), bem protegido por um pequeno telheiro. Trata-se
como um espetáculo com aves de rapina e da Cruz de Portugal, um dos mais famosos
exóticas. Dispõe também de um percurso de cruzeiros quinhentistas portugueses. Numa
minigolfe, uma pequena piscina e pista de das faces tem esculpido um Cristo crucificado
kart cross. Os passeios de pónei estão incluídos e, na outra, a Mater Dolorosa.

155
A ALGARVE

EXTENSÃO 115 km

Albufeira
•  Praia dos Pescadores
•  Grutas da Galé
Paderne
A zona de Albufeira é uma das
mais turísticas do Algarve – todos
os anos, as suas praias e as dos
arredores são invadidas por “hordas”
de turistas nacionais e estrangeiros.
Alte No entanto, o percurso que lhe propomos
•  Fonte Pequena afasta-se dessa abordagem mais
e Fonte Grande tradicional, com o intuito de lhe mostrar
•  Queda d’Água do Vigário recantos naturais ainda escondidos e locais
•  Rocha da Pena de interesse histórico que, acreditamos,
Salir vale a pena conhecer.
•  Fonte de Benémola
Querença Rocha da Pena

Alte
Queda d’Água
Loulé do Vigário Fonte de
Benémola
Almancil Querença

•  Igreja de São Lourenço


Purgatório
Vilamoura
Fonte de
•  Ruínas romanas Paderne
do Cerro da Vila
•  Parque Ambiental Loulé
de Vilamoura
Albufeira
Parque Ambiental
de Vilamoura
Vilamoura Almancil Igreja de
Albufeira São Lourenço
Quarteira

Início
do percurso

Albufeira alguns exemplos no morro, onde as águas


não chegaram. É o caso da antiga
A cidade de Albufeira apresenta uma ermida e agora Igreja de São Sebastião
arquitetura relativamente recente. Das  37.087006, -8.253995 , com a sua
construções anteriores ao terramoto cúpula de lanternim cego, semelhante aos
e ao maremoto de 1755, que afetaram que se usam em Marrocos, e o seu pórtico
consideravelmente a zona, encontramos manuelino.

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A P ERC U R S O 16 • A L B U F EI R A

Passeie pelas ruas do centro histórico


fechadas ao trânsito e aproveite para passar
pelo arco árabe da Travessa da Igreja Velha
e pelas pequenas ruelas e miradouros que
dão acesso à Praia dos Pescadores. Para
saber mais sobre a evolução histórica do
concelho, desde o período pré-histórico até
ao século xvii, visite o Museu Municipal de
Arqueologia. Fica junto à Torre do Relógio,
com a sua curiosa estrutura em ferro forjado
para suporte do sino. Na rua do museu,
espreite ainda o portal gótico da Igreja da
Misericórdia (século xv). Praia dos Pescadores, Albufeira

Local: Praça da República, 1.


Contacto: 289 599 508. Albufeira: um passado conturbado
Fosse pela ação da natureza ou pela
Outra opção é ir até à marina ou descer à mão do homem, ao longo dos tempos,
Praia dos Pescadores e acertar com um deles Albufeira foi várias vezes abalada
uma viagem de barco às Grutas da Galé, pela tragédia. Um dos episódios mais
entre Albufeira e Armação de Pêra (na praia, conhecidos aconteceu no fatídico
só de maio a setembro). A viagem dura cerca dia 1 de novembro de 1755. Durante
de hora e meia. Peça coletes flutuantes para o terramoto, formou-se uma vaga
todos os membros da família e prepare-se gigantesca que inundou totalmente
para uma viagem fantástica ao interior das a parte baixa da vila, destruindo
falésias algarvias. Um conselho: cuidado praticamente todos os edifícios.
com a cabeça – é que é bastante fácil dar Quando as águas baixaram, os poucos
uma “valente cabeçada” nos tetos baixos sobreviventes refugiaram-se na igreja
e irregulares das grutas, sobretudo na matriz, antiga mesquita árabe adaptada
ao culto cristão, que então se situava
penumbra!
perto da praia. Contudo, um novo abalo
fez com que o edifício ruísse, sepultando
as mais de 200 pessoas que aí se haviam
Paderne abrigado. Já no século xix, na época
das lutas liberais, foi o homem e não
Saia de Albufeira em direção a Paderne e a natureza a trazer a desgraça à vila.
São Bartolomeu de Messines. Logo à saída A guerrilha miguelista do Remexido,
de Purgatório, ainda antes de entrar em um chefe popular absolutista, cercou a
Paderne, encontrará à direita as indicações vila, onde se escondiam militantes da
Fonte de Paderne e Castelo. Ambos os locais guerrilha liberal. O cerco terminou com
são visitáveis de carro e estão inseridos em um incêndio devastador e a execução
áreas onde é possível dar bons passeios de quase 200 pessoas, sem distinção de
pedestres ou de BTT, seja nas proximidades idade ou condição.
da ribeira ou subindo aos pontos mais altos,

157
A ALGARVE

muito degradado. Dele restam apenas


as ruínas das muralhas e do torreão
de entrada. Ainda assim, constitui um
importante exemplar da arquitetura
militar islâmica em taipa (argila
misturada com areia e pedra). Embora
a proximidade da Via do Infante não
contribua para uma paisagem agradável e
tranquila, poderá esquecê-la rapidamente
embrenhando-se pelos caminhos que
rodeiam o castelo.

Alte
Castelo de Paderne
Para sair em direção a Lentiscais, com
destino a Alte, passe em frente à igreja
por entre a paisagem típica do barrocal de Paderne e, quando começar a descer,
algarvio. vá com atenção, porque vai ter de virar
numa ruela à direita que não tem qualquer
Fonte de Paderne indicação. Em Lentiscais, vire na direção de
Seguindo a indicação para Fonte de Paderne Esteval dos Mouros, e, um pouco adiante,
 37.167913, -8.208941 , irá encontrá-la avistará Alte, incrustada no meio da serra.
pouco depois, nessa estrada, junto a um Uma alternativa, mais direta, mas mais
pequeno parque de estacionamento. movimentada, é voltar a Purgatório e
Aí encontrará também um telheiro que cobre continuar na direção de Messines, virando
vários tanques para a lavagem de roupa. aí à direita para Alte. Aldeia pitoresca e bem
Continuando pela mesma estrada, existe logo preservada, encontrará aqui diversas lojas e
a seguir um desvio à direita que dá acesso ateliers de artesanato, sobretudo de cerâmica
ao castelo. Mais à frente, depois de passar e azulejos.
por baixo do viaduto, poderá contornar
a pé a Ribeira de Quarteira, atravessando Igreja de Nossa Senhora da Assunção
eventualmente pelo açude e/ou pela pequena Construída durante o século xiii, a Igreja
ponte romana, ou subir diretamente pelo Matriz de Alte foi reconstruída no início do
caminho íngreme que o levará ao castelo, século xvi, mantendo-se ainda o portal da
situado no cimo do cerro. Em época de entrada em estilo manuelino. Ricamente
chuvas, mesmo que apanhe uma aberta, mais decorada, no interior destacam-se a
vale evitar o percurso junto à ribeira, já que as abóbada da capela-mor, também em estilo
enxurradas são inesperadas e intensas. manuelino, os azulejos barrocos que cobrem
as paredes da mesma capela e a talha de
Castelo de Paderne estilo rococó.
O castelo, de origem árabe, foi habitado
até ao século xiv, mas encontra-se agora Local: Largo da Igreja.

158
A P ERC U R S O 16 • A L B U F EI R A

Fonte Pequena e Fonte Grande Queda d’Água do Vigário


Siga as indicações para Fontes e, pouco Continue agora pela mesma estrada,
depois, chegará à Fonte Pequena, que se em direção a São Bartolomeu de Messines,
encontra num belo parque à beira-rio. e encontrará o cemitério à esquerda.
O rio, pouco profundo, está povoado de Contorne-o e, quando chegar às traseiras,
peixes que a limpidez da água deixa apreciar estacione. No canto oposto àquele por onde
facilmente. Numa das extremidades da entrou, existe um caminho íngreme. Desça-o
ponte de madeira, encontrará também um a pé, até junto ao rio (os atalhos que ficam
restaurante. à esquerda são menos íngremes do que o
caminho principal), deixando-se guiar pelo
Contorne o restaurante a pé e continue ruído da cascata, cada vez mais próximo. Irá
até à Fonte Grande. Aqui, as margens deparar-se com uma das maiores quedas
do rio foram consolidadas por muros de d’Água do Algarve  37.231781, -8.179444 .
pedra rústica. Embora a profundidade A água precipita-se sobre uma laguna
seja baixa na maior parte do leito do rio, límpida, que convida quem saiba nadar bem
junto da parede da represa existe um a um mergulho refrescante. Quem beneficia
fundão onde mesmo os adultos não têm da “onda” de frescura proporcionada pela
pé. Como não existe qualquer proteção cascata dificilmente percebe porque é que
que mantenha as crianças na zona menos os turistas teimam em apinhar-se na linha
profunda, é conveniente estar com atenção costeira...
para que, se não souberem nadar bem,
não sejam inadvertidamente arrastadas
(apesar de a corrente do rio ser bastante
suave) para “fora de pé”. Tirando este
pormenor, trata-se de um local que
poderá proporcionar algumas horas muito
agradáveis, tanto às crianças como aos pais.
Ambas as fontes dispõem de vários bancos,
mesas e boa sombra do arvoredo denso.

Polo Museológico Cândido Guerreiro


Naquela que era a casa dos condes de Alte
encontra-se agora uma exposição dedicada
ao poeta, dramaturgo e advogado Francisco
Xavier Cândido Guerreiro, natural de Alte.
Pode ali apreciar, por exemplo, o espólio
da família, objetos da Casa do Povo de Alte
e outros doados por particulares. Aqui
funciona também o posto de informação
turística.

Local: Rua Conde de Alte.


Contacto: 289 478 058. Queda d’Água do Vigário

159
A ALGARVE

Rocha da Pena Estas muralhas, construídas para defesa de


povos primitivos, foram mais tarde utilizadas
Saia agora de Alte, em direção a Pena. por mouros que se refugiaram naquele
Quando chegar a Benafim, vire à esquerda, planalto durante a reconquista de Portugal
para Penina, e siga depois para a Rocha da pelo Rei D. Afonso III. A gruta onde consta
Pena, povoação a partir da qual iniciaremos que procuraram refúgio é, por isso, ainda
um excelente percurso pedestre, que pode hoje conhecida como Algar dos Mouros
atingir uma extensão de cinco quilómetros. (um algar é uma gruta de entrada vertical,
semelhante a um poço). No entanto, deve
A Rocha da Pena  37.250445, -8.098188  evitar explorar esta e outras cavidades que,
é um maciço rochoso que se destaca de provavelmente, encontrará pelo caminho.
todos os outros da região. Com uma altitude Por dois motivos: primeiro, porque a maioria
máxima de 479 metros, é constituído por exige conhecimentos e equipamento de
calcários muito duros que, ao longo do espeleologia; segundo, porque ali repousam
tempo, foram corroídos por processos várias espécies de morcegos muito sensíveis
físicos e químicos, dando origem a uma à presença humana, como, por exemplo,
superfície marcada por sulcos profundos e o morcego-de-peluche e o morcego-rato-
grutas. A escarpa, com cerca de 50 metros -pequeno, ambos em perigo de extinção.
de altura, é encimada por um planalto com
dois quilómetros de comprimento, onde se Além do indiscutível valor paisagístico da
encontram duas interessantes muralhas em elevação, a Rocha da Pena também apresenta
pedra sobreposta, que se pensa remontarem uma grande riqueza biológica. Encontram-se
à Idade do Ferro. aí mais de 390 espécies botânicas, algumas
das quais endémicas, e muitas aromáticas ou
medicinais, mais de 120 espécies de aves e
ainda outros animais, como coelhos, javalis,
raposas e ginetas. Se encontrar um camaleão,
limite-se a observá-lo sem lhe tocar. Trata-se
de uma espécie protegida, cada vez mais
rara, e não deve ser perturbada.

O percurso pedestre está devidamente


indicado e tem uma duração de cerca de
três horas. Suba pela escarpa sul até ao
miradouro do lado norte e depois dirija-se
ao planalto, atravessando a muralha e
apreciando a vista sobre o barrocal a partir
do marco geodésico. Depois, contorne o
cabeço até à Penina e regresse ao lugar da
Rocha da Pena, onde existe um fontanário
que o ajudará a recompor as forças após a
caminhada. Nunca será demais lembrar
Rocha da Pena que, ao efetuar o percurso, não deve sair dos

160
A P ERC U R S O 16 • A L B U F EI R A

Açude de Fonte de Benémola

trilhos, fazer fogueiras, colher plantas ou Local: Largo Pedro Dias, Castelo de Salir.
perturbar de qualquer forma os animais com Contacto: 289 489 137.
a sua presença.

Fonte de Benémola
Salir
Continue o seu caminho em direção a Loulé.
Dirija-se agora a Salir. Aqui ainda existem Cerca de cinco quilómetros depois de Salir,
vestígios das muralhas em taipa de um vire à esquerda na direção de Querença e
castelo muçulmano, por entre o casario mantenha-se nessa estrada até encontrar
branco e florido. Na zona do castelo, indicada, à esquerda, a Fonte de Benémola.
há também um miradouro e, do lado Existem, nesse local, espaço para estacionar
oposto, um polo museológico. Sob o chão e indicações sobre o percurso pedestre, que
envidraçado do museu, conseguirá ver as é circular e cobre uma distância de cerca de
ruínas reconstruídas do nível térreo das cinco quilómetros.
habitações árabes, com os silos onde se
guardavam os cereais (trigo e bolota). Nas Esta área protegida está inserida num
vitrinas, são exibidos objetos provenientes magnífico trecho do barrocal algarvio.
das escavações realizadas no local, incluindo Grande parte do trilho pedestre acompanha
cerâmicas restauradas do século xii e frascos as margens da Ribeira de Menalva, e toda a
com cereais carbonizados encontrados nos zona tem uma densa vegetação. Aqui e ali,
silos. encontram-se antigas estruturas agrícolas

161
A ALGARVE

Querença

Mantenha intacto o apetite desperto por


este saudável exercício e, depois de retomar
o carro, continue até Querença, onde
encontrará bons restaurantes e apetecíveis
especialidades locais. Também já vai sendo
tempo de provar uma boa aguardente de
medronho, apanhado nos matagais da região
e destilado nos tradicionais e insubstituíveis
alambiques de cobre.

Em Querença, visite a Igreja de Nossa


Senhora da Assunção, com o seu portal
manuelino do século xvi. A igreja e o espaço
envolvente são um ótimo ponto de partida
para explorar as pequenas e bem preservadas
ruas adjacentes. No largo da igreja, existe um
cruzeiro assente sobre uma rocha calcária.
Igreja de Nossa Senhora da Assunção, Querença Ali perto, na Rua Prof. Dr. Manuel Viegas
Guerreiro, há um pequeno museu dedicado
aos recursos hídricos da região, incluindo
(levadas, noras e moinhos de água), ainda ribeiras, noras, açudes, moinhos, etc. No Polo
que, maioritariamente, em mau estado de Museológico da Água ficará a saber mais
conservação. sobre os percursos que passam por alguns
destes pontos, como o da Paisagem Protegida
Perto do açude, fica a Fonte de Benémola, da Fonte de Benémola, bem como sobre a
onde um jorro borbulhante de água límpida fauna e a flora que habitam estes locais.
surge junto ao leito da ribeira. A água é
encaminhada para a ribeira através de uma Por fim, para uma amostra dos licores,
antiga levada, que outrora a transportava até compotas e aguardentes locais, dirija-se à
às hortas e aos pomares do Vale de Benémola. última porta do largo, ao lado do restaurante,
Experimente sentar-se mesmo por cima da e suba as escadas que o levam à Farrobinha.
nascente e verá como é agradável este jacuzzi
verdadeiramente ecológico.
Loulé
As crianças também dispõem de bons locais
para nadar, embora seja recomendada Já em Loulé, uma das maiores cidades
prudência com as brincadeiras sobre interiores do Algarve, vale a pena dar uma
as pedras, cobertas por uma camada de vista de olhos ao Museu Municipal de
algas muito escorregadias. Irá encontrar Arqueologia. Apesar de pequeno, está muito
mais informações sobre este local no Polo
Museológico da Água, em Querença. Mercado Municipal de Loulé >

162
A P ERC U R S O 16 • A L B U F EI R A

163
A ALGARVE

bem apresentado, e aí se encontram expostas árabe, no n.º 34 da Rua José Fernandes


pedras tumulares (estelas funerárias) e Guerreiro.
muitas peças pré-históricas recolhidas nas
redondezas. Recentemente, a exposição foi Mina de sal-gema de Loulé
enriquecida com um crânio de Metoposaurus Desça a 230 metros de profundidade
algarvensis, um anfíbio pré-histórico único no (30 dos quais abaixo do nível do mar) e
mundo, com cerca de 227 milhões de anos, veja de perto formações geológicas com
encontrado numa das vertentes da Rocha da mais de 200 milhões de anos. Esta mina
Pena. subterrânea tem mais de 45 quilómetros
de galerias, mas o percurso efetuado na
O museu localiza-se no centro histórico e está visita, acompanhada por um guia, percorre
instalado na antiga alcaidaria, encostada à pouco mais de um quilómetro. Fique
muralha. O bilhete de entrada permite-lhe também a conhecer as inúmeras aplicações
também visitar a reconstituição de uma deste minério e os processos de mineração
cozinha tradicional algarvia e as muralhas do atuais e antigos. A visita dura cerca de duas
castelo. horas.

Local: Rua Dom Paio Peres Correia, 17. Local: Rua dos Combatentes da Grande
Contacto: 289 400 885. Guerra, 80.
Contacto: 925 969 369.
Aproveite também para visitar o centenário
edifício do mercado municipal, de estilo
Almancil

Cerca de nove quilómetros depois de sair


de Loulé, chegará a Almancil, onde deve
procurar a saída para Faro. Chegando
à freguesia de São Lourenço, a três
quilómetros de Almancil, encontrará dois
polos de interesse.

Igreja de São Lourenço


De arquitetura barroca e construção
anterior ao século XVI, esta igreja apresenta
um interior integralmente revestido de
extraordinários painéis de azulejos azuis
e brancos, de 1730, representando cenas
da vida do santo. A capela-mor em talha
dourada e o altar de mármore de várias
cores merecem, por si só, uma visita.

Local: Rua da Igreja, Almancil.


Museu Municipal de Loulé Contacto: 289 395 451.

164
A P ERC U R S O 16 • A L B U F EI R A

Vilamoura

Depois de um pequeno, mas inevitável,


percurso na N125 no sentido de Albufeira,
vire à esquerda, para Quarteira, e fuja ao
trânsito pela Estrada de Quarteira, até
Vilamoura. Depois, siga na direção do centro,
até encontrar as placas de sinalização que
indicam as ruínas romanas.

Ruínas romanas do Cerro da Vila


No exterior desta estação arqueológica, poderá
observar as ruínas de uma casa romana nobre, Ruínas romanas de Vilamoura
a villa, constituída por balneários, tanques
de salga de peixe, fundações de uma torre
funerária e uma zona portuária que, em épocas Localizado nas proximidades da Ribeira
remotas, se encontrava ligada ao mar. Observe de Quarteira, o Parque Ambiental de
atentamente os pavimentos de mosaicos Vilamoura é uma área protegida com
policromáticos. 200 hectares e está classificado como
Reserva Agrícola e Reserva Ecológica
Já dentro do edifício do museu, estão Nacional. Poderá visitá-lo a pé, de bicicleta
expostos diversos artefactos e outras ou a cavalo (é possível alugá-lo no centro
peças arqueológicas recuperadas nas hípico). Encontrará aqui dois observatórios
escavações, algumas delas em ótimo estado de aves, de onde terá uma ótima perspetiva
de conservação. A informação disponível sobre as lagoas e as aves que as povoam.
é abundante e precisa e engloba os vários Se tiver sorte, até poderá avistar algumas
aspetos de ordem geográfica e geológica lontras e cágados. Por aqui abundam
que determinaram, na altura, a localização também os terrenos agrícolas e as zonas
da villa, que hoje parece tão absurdamente húmidas, onde predomina o caniçal. Dada
longe do mar. O espaço encontrava-se a extensão do parque (o trilho tem pouco
temporariamente fechado à data desta mais de cinco quilómetros de extensão), não
edição. Se desejar visitá-lo, confirme pelo se esqueça de levar água, chapéu, calçado
número de telefone abaixo se já reabriu. confortável e protetor solar.

Local: Avenida do Cerro da Vila, Vilamoura. Local: Estrada de Albufeira.


Contacto: 289 312 153.
Albufeira
Parque Ambiental de Vilamoura
Saia da estação arqueológica na direção da Regresse a Albufeira, evitando o tráfego da
N125 e, antes de lá chegar, vire à esquerda N125 pela Estrada de Albufeira, que segue
para a Estrada de Albufeira. Mais à frente, sempre pela costa. Para não se perder,
encontrará uma indicação para o parque lembre-se de que tem de virar à esquerda
ambiental. junto da discoteca Kadoc.

165
A ALGARVE

EXTENSÃO 90 km

Faro

Estoi
•  Ruínas de Milreu
São Brás de Alportel
E sta é uma das zonas mais atrativas de
todo o Algarve. Só pelo paraíso que é a
Reserva Natural da Ria Formosa já valia a
pena o passeio. Mas este percurso, com cerca
de 90 quilómetros, oferece-lhe mais algumas
•  Calçadinha Romana alternativas. Partindo de Faro, onde poderá visitar
•  Pego do Inferno alguns museus, o itinerário cobre uma boa parte da
Tavira
zona leste desta cidade, até Tavira, desvendando-
-lhe atrações naturais de rara beleza.
•  Ilha de Tavira
•  Praia do Barril
•  Pedras d’El Rei
São Brás Pego do Inferno
Santa Luzia de Alportel

•  Torre de Aires Tavira

Olhão
•  Centro de Educação Santa Luzia
Ambiental de Marim
Estoi
Faro Ilha de
Torre Tavira
de Aires

Olhão Centro de Educação


Ambiental de Marim

Faro
Início
do percurso

Faro cidade velha, o Arco da Vila, com uma estátua


de São Tomás de Aquino em mármore
Na Praça D. Francisco Gomes, junto à doca branco. A partir deste arco, inicie um
 37.015429, -7.935216 , existe um jardim pequeno e agradável passeio a pé pela zona
com um pequeno parque infantil e várias velha da cidade, designada por Vila Adentro
esplanadas, onde poderá passar momentos e rodeada de muralhas medievais. Irá passar,
agradáveis com toda a família. A sul deste seguramente, pela sé catedral. Do topo da
jardim, localiza-se a mais bela das portas da torre, subidos os 68 degraus, avista-se uma

166
A P ERC U R S O 17 • FA RO

bonita paisagem sobre a ria… e sobre os


ninhos das cegonhas nas torres dos sinos.
Depois, volte à doca, onde poderá explorar
dois interessantes museus: o Centro Ciência
Viva e o Museu Marítimo.

Centro Ciência Viva do Algarve


Fica junto aos Bombeiros Voluntários, num
edifício onde funcionou a Central Elétrica
de Faro. Aqui encontrará uma exposição
interativa consagrada ao mar, bem como
diversos aquários dedicados à fauna marinha
da Ria Formosa, além de microscópios para
observar o plâncton e de um minilaboratório
de aquariologia. No Apalpário é possível tocar Centro Ciência Viva do Algarve
várias espécies de peixes, moluscos, bivalves
e algas.
Embora antiquado na forma de
Em datas pré-definidas, durante o dia, apresentação, trata-se de um excelente
poderá observar o Sol com o auxílio de museu. Não é nada interativo, mas é, sem
potentes telescópios e, nas noites de verão, dúvida, muito educativo.
os restantes corpos celestes.
Local: Capitania do Porto de Faro, Rua da
Local: Rua Comandante Francisco Manuel. Comunidade Lusíada.
Contacto: 289 890 920. Contacto: 289 072 100 ou 289 072 150.

Museu Marítimo Almirante Igreja do Carmo


Ramalho Ortigão Siga agora para o centro, na direção do
No lado oposto da doca encontrará, no edifício Largo do Carmo. Partindo da praça junto à
da Capitania do Porto de Faro, o Museu doca, suba a Rua 1.º de Maio e depois vire
Marítimo. Apesar de o espaço onde está à esquerda quando chegar à Praça Ferreira
instalado ser relativamente exíguo, este de Almeida. Passe pela graciosa fachada da
museu permite obter um panorama bastante Igreja de São Pedro e siga depois para a Igreja
completo da faina marítima algarvia e de da Ordem Terceira de Nossa Senhora do
outras regiões do País. Dispõe de miniaturas Monte do Carmo, abreviadamente designada
perfeitas de barcos de pesca e outras por Igreja do Carmo. Esta majestosa
embarcações, complementadas por utensílios construção barroca domina, do alto, o largo
e aparelhos em tamanho real, como, por com o mesmo nome. A sua Capela dos Ossos
exemplo, vários modelos de redes. Ficará ainda foi construída em 1816, utilizando mais
a conhecer, entre outros, a murejona, a adiça e de mil ossadas e caveiras, desenterradas
a tarrafa. Nas paredes, encontram-se diversos do cemitério da igreja. Consta que o bispo
quadros com representações das principais considerava que os ossos eram mais eficazes e
espécies de peixes e marisco de região. baratos do que o tijolo e a argamassa.

167
A ALGARVE

Contemple com especial atenção os


mosaicos, sobretudo os que ornamentam os
muros do edifício religioso e as paredes da
banheira, representando peixes coloridos.
Note que a temática marítima está bem
patente na decoração de todo o conjunto,
em especial no templo, dedicado às
divindades aquáticas.

Local: Estoi.
Contacto: 289 997 823.

Em Estoi são também muito conhecidos


o palácio, de estilo rococó, convertido em
pousada, e os seus jardins, repletos de
estátuas e motivos de azulejaria.

Igreja do Carmo, Faro


São Brás de Alportel

Local: Largo do Carmo. Chegando a São Brás, cidade pacata que


Contacto: 289 824 490. foi, em tempos, a residência dos bispos do
Algarve e um conhecido centro de produção
de cortiça, procure a indicação Museu
Estoi etnográfico.

Saia de Faro na direção de São Brás de Museu Etnográfico do Trajo Algarvio


Alportel (indicado apenas por S. Brás) e Estoi. Está instalado na Casa da Cultura António
Bentes, antiga mansão de um rico
Ruínas de Milreu comerciante de cortiça. O próprio edifício
Passados cerca de oito quilómetros, vire à mereceria, por si só, uma visita: repare nos
direita em direção a Estoi. Pouco depois, tetos de madeira muito trabalhados e nas
começará a encontrar indicações para as gelosias de algumas portas exteriores. Mas o
Ruínas de Milreu. Há um pequeno parque de museu expõe também mais de 15 mil peças
estacionamento à entrada. Se estiver cheio, representativas dos trajos de toda a região
terá de estacionar na beira da estrada. algarvia, desde o barrocal e a serra até à orla
marítima, além de percorrer todas as classes
Classificadas desde 1910 como Monumento sociais e atividades profissionais. Ainda
Nacional, as construções da villa romana dentro do museu, não deixe de visitar a
datam do século i ao iv d.C. e eram cozinha tradicional algarvia.
constituídas por instalações agrícolas,
uma residência senhorial, um templo e Encontrará, na área exterior, uma coleção
instalações termais. constituída por veículos tradicionais,

168
A P ERC U R S O 17 • FA RO

puxados por animais, como o trem de  37.155753, -7.695965 . Passados dois ou


passeio das gentes ricas ou o carro aguadeiro. três quilómetros, vire novamente à esquerda,
Nas antigas cavalariças, hoje restauradas, seguindo a indicação para Moinhos de Rocha
estão expostos vários equipamentos próprios e Pego do Inferno. Cerca de um quilómetro
destas instalações, bem como alfaias adiante, virando à direita, encontrará um
agrícolas e outros acessórios campestres local para estacionamento, onde pode deixar
antigos. Poderá ver uma exposição e um o carro.
curto filme que ilustram todas as fases da
exploração da cortiça, desde a extração feita Após uma caminhada entre laranjais, irá
dos sobreiros até à produção de rolhas e encontrar uma esplanada e, a seguir, uma
outros objetos. ponte de madeira que atravessa a Ribeira
de Alportel, dando acesso a um caminho
Local: Rua Dr. José Dias Sancho, 61. que o levará até uma laguna, ou pego,
Contacto: 289 840 100. onde a ribeira se precipita, formando uma
magnífica cascata. A este local paradisíaco
Calçadinha Romana chamam localmente o Pego do Inferno,
Ainda em São Brás, pode fazer uma boa devido à grande profundidade da lagoa
caminhada de cerca de dois quilómetros, criada pela cascata. Um pouco abaixo,
percorrendo dois troços da calçada romana o caudal é engrossado pela Ribeira da Asseca,
que, antigamente, fazia a ligação entre Faro formando um curso de água que atravessa
e a serra algarvia. Pare o carro junto à igreja Tavira, o Rio Gilão.
matriz e encontrará, entre esta e a residência
episcopal, uma viela  37.150583, -7.887824  Se considerar que há condições para
que dá acesso à referida via, denominada tal, talvez possa aproveitar para fugir
localmente Calçadinha. É preciso caminhar
um pouco até encontrar a descoberto a
antiga calçada, que é possível seguir até à
atual estrada para Faro. O primeiro troço tem
cerca de 100 metros. Pouco depois começa o
segundo troço, com 500 metros.

Pego do Inferno

Siga viagem em direção a Tavira. A estrada


encontra-se em bom estado, com uma
paisagem que vai alternando entre a
serra muito arborizada e as planícies com
charnecas de mato pouco denso.

Poucos quilómetros depois de passar


Fonte do Bispo, vire à esquerda na
direção de Asseca e Pego do Inferno Pego do Inferno

169
A ALGARVE

ao impiedoso sol do verão algarvio, puxados para bordo dos barcos com ganchos
refrescando-se nas águas frescas da cascata. de ferro. Era um espetáculo impressionante:
No entanto, preste atenção às crianças, os peixes agitavam-se na água, cercados
ou a quem não saiba nadar bem, já que, pelos barcos com a borda cheia de homens
em algumas zonas, a laguna é bastante ensanguentados que puxavam para bordo,
profunda, ficando-se rapidamente “fora de ritmadamente, peixes maiores do que eles.
pé”. Compreende-se, por isso, que se chamasse a
esta faina a tourada do mar.
Ao longo do percurso, de densa vegetação,
encontrará vários miradouros e bancos onde Tavira mantém um charme inegável, tanto
poderá parar para descansar e apreciar a pela sua arquitetura como pela proximidade
paisagem. da ria. Tal como em Faro, os telhados
típicos, ainda muito comuns, não são as
características açoteias algarvias, mas sim
Tavira os telhados de quatro águas (do tesouro
ou de tesoura). De inspiração oriental e
Continue na direção de Tavira, se possível forma piramidal, estes telhados permitem
pela estrada que acompanha o rio. Ao chegar, aumentar a circulação de ar nas habitações,
tente estacionar perto do centro e percorrer tornando-as mais frescas no verão e isolando
a zona histórica da cidade a pé. Acompanhe o frio no inverno.
a marginal até ao antigo mercado, agora
ocupado por restaurantes e pequenas lojas. Existem também muitas igrejas
interessantes, mas a maior parte está fechada
Durante séculos, Tavira viveu dependente ao público. Quando visitámos Tavira, apenas
da pesca do atum. Os enormes peixes eram era possível entrar na Capela de Santa Ana e
apanhados com aparelhos de rede e depois na Igreja da Misericórdia. Esta última é uma
construção renascentista, do século xvi, e fica
na Rua da Galeria, junto ao acesso ao castelo
subindo a partir da Praça da República.
Os azulejos do interior representam as obras
de misericórdia.

Antes de partir, atravesse a ponte romana,


apenas para peões, e aprecie a vista sobre o
rio e a cidade. Esta ponte encontra-se na zona
de fronteira entre o Rio Gilão e o Séqua.

Ilha de Tavira

A partir de Tavira faça um passeio à ilha


com o mesmo nome, onde existe uma ótima
Tavira praia. Os barcos que asseguram a travessia,

170
A P ERC U R S O 17 • FA RO

de apenas alguns minutos, partem de Quatro


Águas e, no verão, também do porto de
pesca, no centro.

O cais de embarque de Quatro Águas fica a


uns dois quilómetros de Tavira, na direção do
mar, e o caminho faz-se por uma estrada que
atravessa parte do sapal e das salinas repletas
de aves aquáticas, que podem ser facilmente
observadas e fotografadas, estacionando
o carro à berma da estrada. Mas não tente
sair para as ver melhor – ao mínimo ruído
de abertura da porta, dá-se uma debandada Alcatruzes para apanha de polvo, Santa Luzia
geral!

Já na ilha, pode instalar-se logo na margem o efeito, utilizam-se instrumentos de pesca


virada para a ria ou andar um pouco até tradicionais, como os alcatruzes, os covos e as
à praia de mar – inevitavelmente, a mais murejonas:
concorrida. No entanto, só aí encontrará
restaurantes, balneários, bares e outras – os alcatruzes, pequenos potes de barro,
estruturas de apoio. parecem estar em declínio, devido ao preço
elevado e à escassez. É pena, porque eram
Se aprecia grandes caminhadas, tem um justamente as pilhas de alcatruzes à beira da
areal imenso para explorar: seis quilómetros avenida que davam a Santa Luzia um aspeto
até à Praia do Barril, também acessível pela pitoresco único;
pequena ponte pedestre que, a cerca de um
quilómetro e meio da praia, a liga a Pedras – os covos são armadilhas de rede, agora
d’El Rei. Por via das dúvidas, não se esqueça plástica, muito mais baratos do que os
de confirmar primeiro o horário do último alcatruzes. Apesar de feios, parece que se têm
barco de regresso a Tavira... revelado, nos últimos anos, muito eficientes;

– as murejonas são armadilhas arredondadas,


Santa Luzia fabricadas com arame de aço proveniente do
desfiamento dos cabos de velhas amarrações.
Prossiga viagem na direção de Santa Luzia.
Já na povoação, vire na segunda via à Os polvos capturados são descarregados de
esquerda, onde está indicado Lota e Praia, manhã e vendidos na lota, que fica mais ou
entrando na avenida principal, junto à ria, menos a meio da avenida, junto ao cais. Mais
onde pode estacionar. à frente, na mesma avenida, junto à rampa
do cais de embarque, estão as casinhas de
A atividade piscatória desta povoação é madeira onde os pescadores guardam os
dedicada à apanha do polvo, para consumo apetrechos de pesca e onde, durante a tarde,
interno e, sobretudo, para exportação. Para se dedicam a limpá-los e repará-los ou até a

171
A ALGARVE

incessantemente as fêmeas com uma das


Parque Natural da Ria Formosa pinças (bocas), que é muito desenvolvida,
Localizado entre o Ancão e a Manta dando a impressão de estarem a tocar violino.
Rota e limitado, a sul, por um cordão Na região, costumam apanhá-los para lhes
dunar formado por duas penínsulas e retirar esta pinça sobredimensionada,
cinco ilhas-barreira, o Parque Natural libertando depois o animal que, mais tarde,
da Ria Formosa estende-se por cerca volta a gerar uma nova pinça.
de 18 400 hectares, dos quais 3600
estão permanentemente inundados.
Há um caminho à beira-ria, que vai de Santa
Grande parte do seu interesse deve-se
Luzia a Pedras d’El Rei, com cerca de dois
ao número de habitats que aí coexistem:
quilómetros. Assim, o cheiro intenso do sapal
sapais, restingas, bancos de areia e de
e a paisagem tranquila da ria podem ser
vasa, dunas, salinas, pisciculturas, lagoas
devidamente apreciados num longo passeio
de água doce e salobra, cursos de água,
vegetação ripícola, áreas agrícolas, a pé. Há bancos ao longo de todo o percurso e
matas e pinhais. Esta riqueza reflete-se, candeeiros de iluminação pública. No final,
naturalmente, na sua flora e fauna. já junto ao aldeamento turístico de Pedras
d’El Rei, poderá atravessar a pé a pequena
A importância desta zona é confirmada
ponte que o levará até ao Barril. Do lado de
pela inclusão na lista de zonas húmidas
lá existe um minicomboio, para quem não
definida pela Convenção sobre Zonas
Húmidas de Importância Internacional, quiser caminhar mais um quilómetro e meio
especialmente como Habitat de Aves até à praia.
Aquáticas. Aqui buscam abrigo, durante
o inverno, várias espécies de aves
provenientes do norte da Europa. É uma Torre de Aires
importante zona de passagem para
as migrações entre o norte da Europa Retomando o carro e atravessando Pedras
e a África e possibilita a nidificação d’El Rei, chega-se novamente à N125. Vire
de espécies cujos habitats têm vindo a à esquerda em direção a Faro e, à saída de
regredir. Além disso, abriga espécies Luz de Tavira, torne a virar à esquerda, para
raras em Portugal, como o caimão- onde está indicada a Torre de Aires. Trata-se
-comum ou a galinha-sultana (Porphyrio de uma torre medieval restaurada, com uma
porphyrio). zona de lazer e parques de estacionamento
anexos. Fica muito próxima da estrada, mas
entre a estrada e a ria há imenso espaço para
fazer novos. Se tiver curiosidade em ver estes passear a pé ou de bicicleta.
utensílios e saber como funcionam, aproveite
para os visitar.
Olhão
Durante a baixa-mar, repare nos caranguejos
que patrulham o lodo, escondendo-se em De regresso à N125, siga na direção de Faro.
tocas subterrâneas ao mínimo sinal de Um pouco antes de chegar a Olhão, vire à
perigo. São os caranguejos-violinistas, assim esquerda, junto a uma bomba de gasolina,
designados porque os machos chamam e vá seguindo as indicações para o Parque

172
A P ERC U R S O 17 • FA RO

Natural da Ria Formosa, cuja entrada irá dos Aflitos, constituídos, essencialmente,
encontrar, do seu lado esquerdo, pouco por peças em cera, representando pernas,
depois de passar a linha de caminho de ferro. mãos, cabeças e outros órgãos, objeto de
agradecimento por eventual cura divina.
Centro de Educação Ambiental de Era aqui que vinham rezar as mulheres dos
Marim pescadores de Olhão pelos seus homens que
Com cerca de 60 hectares, o centro faz parte se encontravam no mar.
do Parque Natural da Ria Formosa e dispõe
de um trilho de descoberta da natureza Depois de calcorrear as ruas vedadas ao
com cerca de três quilómetros, que demora, trânsito, tome uma bebida numa esplanada
em média, duas a três horas a percorrer. junto ao mercado, com uma desafogada vista
É disponibilizado um mapa do percurso para o mar.
na bilheteira e as placas informativas
permitem a qualquer leigo explorar bem Junto ao Jardim Patrão Joaquim Lopes, do lado
o espaço, simultaneamente recreativo do porto, encontrará o cais de embarque
e educativo. Poderá ver os principais dos barcos que fazem a ligação com as ilhas
ecossistemas da ria, ou seja, sapal, dunas, de Armona, Culatra e Farol. Considere a
salinas, pinhais, charcos de água doce, possibilidade de fazer um agradável passeio
e ainda uma casa agrícola e uma nora. pela ria e, eventualmente, dar um mergulho
Existem também dois observatórios de aves, numa das praias aí existentes.
ruínas romanas e um centro de recuperação
de animais selvagens.
Faro
Local: Quelfes, Olhão.
Contacto: 289 700 210. Depois disto, resta regressar a Faro, onde
as esplanadas da zona das docas mantêm,
Bairro dos Pescadores ao fim do dia, toda a sua atração e animação.
Chegando a Olhão, siga em direção à zona Se ainda não provou, estreie-se num arroz de
ribeirinha, passando pelo porto. Estacione lingueirão ao jantar.
perto do mercado, dois grandes edifícios
de tijolo maciço, e dê um pequeno passeio
pelo bairro antigo, conhecido por Bairro dos
Pescadores. Preste especial atenção às casas
de forma cúbica característica, cobertas de
terraço (as açoteias), com as platibandas
muito ornamentadas, mostrando claras
influências da arquitetura mourisca.

Se passar pela Igreja de Nossa Senhora do


Rosário  37.026392, -7.840383 , junto
à Praça da Restauração, dirija-se à parte
traseira e dê uma espreitadela aos ex-votos
expostos na capelinha de Nossa Senhora Marina de Faro

173
A Arquivo Paes Telles����������������������������������(veja Museu
Abela���������������������������������������������������������������������������� 90 da Fundação Arquivo Paes Telles)
Açude do Gameiro��������������������������������������������������� 44 Arraiolos���������������������������������������������������������������������� 38
Adega Arrifana������������������������������������������������������������������������135
de Borba������������������������������������������������������������������59 Avis���������������������������������������������������������������������������������32
de Sines������������������������������������������������������������������ 107 Azinheira dos Barros������������������������������������������������ 90
do Algarve (Lagoa)����������������������������������������������151
Águias�������������������������������������������������������������������������� 44 B
Alandroal���������������������������������������������������������������������54 Badoca Park��������������������������������������������������������������� 94
Albergaria dos Fusos����������������������������������������������� 68 Baía dos Tiros����������������������������������������������������������� 133
Albufeira�������������������������������������������������������������� 156-157 Barão de São João�������������������������������������������������� 143
Albufeira Barragem
do Maranhão���������������������������������������������������������33 da Apartadura�������������������������������������������������������21
dos Cinco Reis������������������������������������������������������100 da Atabueira����������������������������������������������������������45
Alcácer do Sal������������������������������������������������������ 82-84 da Bravura������������������������������������������������������������140
Alcáçovas������������������������������������������������������������������� 66 de Alqueva (veja Alqueva)
Alcalar ������������������������������������������������������(veja Túmulo de Campilhas����������������������������������������������������������111
de Alcalar) de Lucefécit�������������������������������������������������������������53
Aldeia da Luz�������������������������������������������������������������� 81 de Morgável���������������������������������������������������������� 110
Algar dos Mouros����������������������������������������������������160 de Odivelas������������������������������������������������������������ 68
Aljezur�������������������������������������������������������������������������� 134 de Pego do Altar�������������������������������������������������� 86
Aljustrel�����������������������������������������������������������������101-102 de Póvoa e Meadas����������������������������������������������17
Almancil���������������������������������������������������������������������� 164 de Vale de Gaio���������������������������������������������������� 86
Almodôvar�����������������������������������������������������������118-120 do Alvito������������������������������������������������������������������ 68
Almograve�������������������������������������������������������������������113 do Arade����������������������������������������������������������������147
Alpalhão�����������������������������������������������������������������������24 do Divor������������������������������������������������������������������ 40
Alqueva����������������������������������������������������������������� 80, 81 do Fratel�������������������������������������������������������������������25
Alte������������������������������������������������������������������������158-159 do Funcho��������������������������������������������������������������147
Alter do Chão��������������������������������������������������������������28 do Monte da Rocha������������������������������������������� 124
Alter Pedroso���������������������������������������������������������������29 do Roxo������������������������������������������������������������������� 101
Alvito����������������������������������������������������������������������� 67-69 Barranco dos Pisões������������������������������������������������132
Ammaia������������������������������������������������������������������������21 Barril����������������������������������������������������������������������� 171, 172
Anta Basílica Real de Nossa Senhora
de São Gens�����������������������������������������������������������25 da Conceição������������������������������������������������������ 124
do Olival da Pega�������������������������������������������������78 Beja������������������������������������������������������������������������������� 96
do Zambujeiro������������������������������������������������������ 64 Boavista dos Pinheiros�������������������������������������������� 116
Anta-Capela de Borba���������������������������������������������������������������������������� 58
Nossa Senhora do Livramento�������� (veja Anta- Bordeira����������������������������������������������������������������������140
-Capela de São Brissos) Brotas��������������������������������������������������������������������������� 44
São Brissos������������������������������������������������������� 65-66
São Dinis������������������������������������������������������������������42 C
Armação de Pêra�����������������������������������������������������152 Cabeção��������������������������������������������������������������������� 43

174
Í N D I C E R EM I S S I VO

Cabeço de Vide�������������������������������������������������������� 30 Casa-Museu


Cabo Bento de Jesus Caraça����������������������������������������57
de São Vicente����������������������������������������������������� 143 de Alpalhão������������������������������������������������������������25
Sardão�������������������������������������������������������������������� 114 Interativa de Borba����������������������������������������������59
Café Alentejano���������������������������������������������������������22 José Cercas�������������������������������������������������������������135
Cais Palafítico da Carrasqueira�������������������� 84, 85 José Régio����������������������������������������������������������������22
Calçada romana Manuel Ribeiro de Pavia������������������������������������ 43
São Brás de Alportel������������������������������������������� 169 Cascata
Torrão�����������������������������������������������������������������������87 Armoreada�������������������������������������������������������������70
Caldas de Monchique�������������������������������������������� 136 do Pulo do Lobo��������������������������������������������������� 99
Câmara velha (Marvão)���������������������������������������� 20 Castelejo��������������������������������������������������������������������� 142
Candieira�������������������������������������������������������������������� 50 Castelo de Vide�����������������������������������������������������������17
Capela Castelos
da Venerável Ordem Terceira Alandroal����������������������������������������������������������������54
de São Francisco�����������������������������������������������80 Alcácer do Sal������������������������������������������������������� 83
das Conchas��������������������������������������������������������� 66 Aljezur��������������������������������������������������������������������� 134
das Onze Mil Virgens������������������������������������������ 84 Aljustrel������������������������������������������������������������������� 102
de Nossa Senhora da Conceição���������������(veja Alter do Chão���������������������������������������������������������28
Capela das Conchas) Alter Pedroso��������������������������������������������������������� 30
de Nossa Senhora do Mar���������������������������������115 Alvito�������������������������������������������������������������������������67
de Santa Ana������������������������������������������������������� 170 Arraiolos����������������������������������������������������������������� 38
de Santa Teresa��������������������������������������������������� 136 Avis����������������������������������������������������������������������������32
de São Bento��������������������������������������������������������� 30 Beja���������������������������������������������������������������������������97
de São Pedro��������������������������������������������������������� 101 Cabeço de Vide���������������������������������������������������� 30
do Arco dos Santos�����������������������������������������������31 Castelo de Vide����������������������������������������������������� 18
do Calvário�������������������������������������������� (veja Igreja Estremoz����������������������������������������������������������������� 48
das Pedras) Loul���������������������������������������������������������������������� 164
dos Ossos (Évora)��������������������������������������������������61 Marvão���������������������������������������������������������������������19
dos Ossos (Faro)������������������������������������������������� 167 Mértola�������������������������������������������������������������������� 99
dos Ossos (Alcantarilha)���������������������������������� 154 Milfontes������������������������������������������������������������������113
Carrapateira�������������������������������������������������������������� 141 Monsaraz����������������������������������������������������������������74
Carrasqueira������������������������������������������������������� 84, 85 Montemor-o-Novo������������������������������������������������35
Casa Mourão�������������������������������������������������������������������80
da Cidadania Salgueiro Maia�������������������������� 18 Ourique�������������������������������������������������������������������122
da Convenção��������������������������������������������������������41 Paderne����������������������������������������������������������� 157, 158
da Cultura António Bentes�������������������������������168 Portel��������������������������������������������������������������������������71
da Cultura de Marvão���������������������������������������� 20 Salir��������������������������������������������������������������������������� 161
da Inquisição���������������������������������������������������74, 75 Santiago do Cacém���������������������������������������������92
da Medusa��������������������������������������������������������������29 Silves����������������������������������������������������������������������� 145
do Barro�������������������������������������������������������������������79 Sines������������������������������������������������������������������������106
do Medronho������������������������������������������������������� 136 Tavira���������������������������������������������������������������������� 170
dos Arcos�����������������������������������������������������������������39 Terena�����������������������������������������������������������������������53

175
Viana do Alentejo�������������������������������������������������67 de Nossa Senhora de Aracoeli������������������������� 84
Vila Viçosa�������������������������������������������������������56, 58 de Santo Agostinho���������������������������������������������57
Castro de Santo António������������������������������������������������� 84
da Cola��������������������������������������������������������������������121 de Santo António da Piedade���������������������������52
do Castelo velho���������������������������������������������������53 de São Bento de Avis������������������������������������ 32, 33
Castro Verde������������������������������������������������������������� 124 de São Domingos�������������������������������������������������36
Centro Ciência Viva de São Francisco (Almodôvar)������������������������ 119
de Estremoz������������������������������������������������������������47 de São Francisco (Évora)�������������������������������������61
do Algarve������������������������������������������������������������ 167 de São Paulo��������������������������������������������������������� 50
do Lousal���������������������������������������������������������������� 90 Real de São Francisco������������������������������������������61
Centro de Coudelaria de Alter do Chão���������������������������������29
Arte e cultura Eugénio de Almeida�����������������63 Crato�����������������������������������������������������������������������������23
Artes de Sines�������������������������������������������������������108 Cromeleque
Artes e cultura de Ponte de Sor������������������������27 do Xarez�������������������������������������������������������������������76
Etnologia de Montemor-o-Novo����������������������37 dos Almendres������������������������������������������������������ 64
Educação Ambiental de Marim����������������������173 Monte das Fontainhas��������������������������������������� 43
Interpretação da Batalha dos Atoleiros���������31 Cruz de Portugal�������������������������������������������������������155
Interpretação do Património Islâmico����������147 Cruzeiro da Serpente������������������������������������������������54
Centro Interativo da História Judaica������������������75
Centro Interpretativo E
da Olaria�����������������������������������������������������������������79 Ermida
da Ordem de Avis�������������������������������������������������32 da Senhora da Penha������������������������������������������17
de Castro da Cola�����������������������������������������������122 da Senhora da Rocha����������������������������������������152
do Castelo���������������������������������������������������������������36 de Nossa Senhora do Castelo������������������������ 102
do Mundo Rural����������������������������������������������������42 de Nossa Senhora dos Remédios��������������������79
do Tapete de Arraiolos����������������������������������������39 de Santa Catarina������������������������������������������������75
do Vinho da Talha������������������������������������������������70 de Santa Margarida������������������������������������������� 40
dos Almendres�������������������������������������������������������65 de Santo Andr����������������������������������������������������97
Cerro da Vila���������������������������(veja Ruínas romanas de Santo Antoninho����������������������������������������������61
do Cerro da Vila) de São Bento����������������������������������������������������������74
Chafariz Quinhentista����������������������������������������������28 de São Brás������������������������������������������������������������ 40
Chafurdão do Vale de Cales�����������������������������������17 de São Lázaro��������������������������������������������������������75
Cineteatro Curvo Semedo��������������������������������������37 de São Pedro (Portel)��������������������������������������������71
Circuito Arqueológico da Cola������������������������������121 de São Pedro
Círculo Montemorense���������������������������������������������37 (São Pedro das Cabeças)�����������������������������125
Comporta������������������������������������������������������������������� 86 de São Sebastião (Águias)��������������������������������45
Convento de São Sebastião (Alvito)���������������������������������� 68
da Conceição������������������������������������������������������� 98 de São Sebastião (Brotas)���������������������������������45
da Saudação���������������������������������������������������������36 de São Sebastião (Evoramonte)��������������������� 40
das Chagas de Cristo������������������������������������������56 de São Sebastião (Pavia)���������������������������������� 43
das Maltesas����������������������������������������������������������47 Ervedal��������������������������������������������������������������������������32
de Nossa Senhora da Orada����������������������������76 Ervidel��������������������������������������������������������������������������� 101

176
Í N D I C E R EM I S S I VO

Escusa����������������������������������������������������������������������������19 Grândola��������������������������������������������������������������������� 89
Estoi�����������������������������������������������������������������������������168 Gruta do
Estremoz�����������������������������������������������������������������������47 Escoural�������������������������������������������������������������37, 38
Évora����������������������������������������������������������������������������� 60 Rossio���������������������������������������������������������������������� 68
Evoramonte�����������������������������������������������������������40-41 Grutas da Gal���������������������������������������������������������157
Guadalupe������������������������������������������������������������������65
F Guia����������������������������������������������������������������������������� 154
Fábricas romanas��������������������������������������������������� 107
Faro������������������������������������������������������������������������������ 166 H
Fernão Vaz�������������������������������������������������������������������121 Herdade
Ferreira do Alentejo�������������������������������������������������104 da Almagrassa����������������������������������������������������100
Flor da Rosa����������������������������������������������������������������24 da Badoca��������������������������������������������������������������95
Fluviário de Mora������������������������������������������������������ 43 da Tapada do Arneiro����������������������������������������29
Fóia��������������������������������������������������������������������������������131 do Esporão�������������������������������������������������������������79
Fonte
branca����������������������������������������������������������������������24 I
da Vila���������������������������������������������������������������������� 18 Igreja
das Bicas (Alandroal)������������������������������������������54 da Encarnação�����������������������������������������������������42
das Bicas (Borba)������������������������������������������������� 58 da Lapa�������������������������������������������������������������������54
de Benémola��������������������������������������������������161, 162 da Misericórdia (Albufeira)�������������������������������157
de Marvão������������������������������������������������������������� 20 da Misericórdia (Monsaraz)������������������������������73
de Nossa Senhora da Misericórdia (Aljezur)����������������������������������� 134
da Conceição��������������������������������������������������������35 da Misericórdia (Almodôvar)��������������������������� 119
de Paderne����������������������������������������������������� 157, 158 da Misericórdia (Nisa)������������������������������������������15
do Besugo���������������������������������������������������������������35 da Misericórdia (Pavia)�������������������������������������� 43
do Martinho�������������������������������������������������������������17 da Misericórdia (Portel)����������������������������������������71
dos Amores����������������������������������������������������������� 136 da Misericórdia (Redondo)���������������������������������51
Férrea������������������������������������������������������������������������117 da Misericórdia (Tavira)������������������������������������ 170
Grande������������������������������������������������������������������� 159 da Misericórdia (Vila Viçosa)����������������������������56
Pequena���������������������������������������������������������������� 159 da Santa Casa da Misericórdia����������������������104
Fortaleza de das Chagas do Senhor������������������������������������� 124
Sagres��������������������������������������������������������������������� 142 das Pedras������������������������������������������������������������ 105
Santa Catarina���������������������������������������������������� 149 de Nossa Senhora da Alegria����������������������������19
Forte de de Nossa Senhora da Anunciação������������������51
Nossa Senhora de Nossa Senhora da Assunção
da Queimada����������������������������������������������������109 (Alte)������������������������������������������������������������������� 158
São Clemente���������������������������������������������������������113 de Nossa Senhora da Assunção
Fronteira���������������������������������������������������������������������� 30 (Alvito)����������������������������������������������������������������� 68
Furnas���������������������������������������������������������������������������113 de Nossa Senhora da Assunção
(Ferreira do Alentejo)������������������������������������� 105
G de Nossa Senhora da Assunção
Galeria de Desenho������������������������������������������������� 49 (Querença)������������������������������������������������������� 162

177
de Nossa Senhora da Graça (Nisa)������������������16 Ilha
de Nossa Senhora da Graça (Sagres)���������� 142 de Tavira���������������������������������������������������������������� 170
de Nossa Senhora das Neves��������������������������� 30 do Pessegueiro����������������������������������������������������109
de Nossa Senhora de Abela�������������������������������91 Insectozoo������������������������������������������������������������������� 69
de Nossa Senhora do Rosário�������������������������173
de Nossa Senhora dos Remédios������������������ 124 J-K
de Santa Bárbara dos Padrões�����������������������125 Janela da Mariana��������������������������������������������������� 98
de Santa Catarina����������������������������������������������� 86 Judiaria de Castelo de Vide������������������������������������ 18
de Santa Clara�������������������������������������������������������70 Krazy World����������������������������������������������������������������155
de Santa Maria (Estremoz)������������������������������� 49
de Santa Maria (Marvão)��������������������������������� 20 L
de Santa Maria da Devesa�������������������������������� 18 Lagar museu���������������������������������������������������������������59
de Santa Maria da Lagoa����������������������������������73 Lagoa����������������������������������������������������������������������������151
de Santa Maria do Bispo������������������������������������36 Lagoa
de Santiago (Alcácer do Sal)��������������������������� 84 da Sancha��������������������������������������������������������������95
de Santiago (Estremoz)������������������������������������� 48 de Melides���������������������������������������������������������������95
de Santiago (Monsaraz)�������������������������������������74 de Santo Andr����������������������������������������������������95
de Santiago (Montemor-o-Novo)��������������������36 de Viseu������������������������������������������������������������������155
de Santiago Maior����������������������������������������������� 98 dos Salgados������������������������������������������������������� 154
de Santo Amaro��������������������������������������������������� 99 Lagos��������������������������������������������������������������������������� 138
de Santo Antão������������������������������������������������������61 Loulé���������������������������������������������������������������������������� 162
de Santo António (Lagos)�������������������������������� 139 Lousal��������������������������������������������������������������������������� 90
de Santo António (Ourique)�����������������������������122
de Santo Ildefonso����������������������������������������������� 119 M
de São Bartolomeu����������������������������������������������56 Manufactura de Tapeçarias
de São Francisco (Estremoz)�����������������������������47 de Portalegre�����������������������������������������������������������21
de São Francisco (Évora)�������������������������������������61 Maria Vinagre������������������������������������������������������������132
de São Francisco �������������������������������(veja Ermida Marmelete�����������������������������������������������������������135, 136
de São Sebastião, Pavia) Marvão��������������������������������������������������������������������������19
de São João Evangelista�������������������������������������62 Mata Nacional de Barão
de São Lourenço������������������������������������������������� 164 de São João���������������������������������������������������������� 143
de São Pedro (Faro)������������������������������������������� 167 Menir
de São Pedro (Grândola)���������������������������������� 89 da Bulhoa����������������������������������������������������������������76
de São Sebastião (Albufeira)�������������������������� 156 da Rocha dos Namorados��������������������������������78
de São Sebastião (Grândola)�������������������������� 89 do Corregedor������������������������������������������������������ 20
do Calvário�������������������������������������������������������������37 do Outeiro���������������������������������������������������������������78
do Carmo�������������������������������������������������������������� 167 do Patalou��������������������������������������������������������� 16, 17
do Espírito Santo (Alcácer do Sal)������������������ 83 dos Almendres�������������������������������������������������������65
do Espírito Santo (Marvão)������������������������������� 20 Mercado de Escravos��������������������������������������������� 139
do Espírito Santo (Cabeço de Vide)��������������� 30 Mértola������������������������������������������������������������������������ 99
do Salvador����������������������������������������������������������� 38 Mesas do Castelinho������������������������������������������������121
do Senhor Jesus dos Passos������������������������������ 69 Messejana������������������������������������������������������������������ 102

178
Í N D I C E R EM I S S I VO

Mexilhoeira Grande������������������������������������������������148 de Arqueologia (Silves)������������������������������������� 146


Mina de sal-gema de Loulé���������������������������������� 164 de Arqueologia (Vila Viçosa)��������������������������� 58
Miradouro de Arte Sacra (Aljezur)��������������������������������������� 134
da Senhora da Penha������������������������������������������17 de Arte Sacra (Évora)������������������������������������������63
Ramiro Sobral�������������������������������������������������������122 de Arte Sacra (Grândola)���������������������������������� 89
Transparente do Tejo�������������������������������������������25 de Arte Sacra (Redondo)������������������������������������51
Miróbriga����������������������������������������������������������������������91 de Arte Sacra (Vila Viçosa)��������������������������������56
Moinho de Arte Sacra Cónego
da Arregata���������������������������������������������������������� 133 Albano Vaz Pinto����������������������������������������������� 18
da Tramaga�����������������������������������������������������������27 de Arte Sacra e Arqueologia
das Cumeadas�������������������������������������������������������91 (Vila Alva)������������������������������������������������������������ 69
do Maralhas��������������������������������������������������������� 102 de Caça������������������������������������������������������������������ 58
do Poucochinho���������������������������������������������������132 de Évora������������������������������������������������������������������ 64
Monchique����������������������������������������������������������������� 130 de Ferreira do Alentejo������������������������������104, 105
Monsaraz���������������������������������������������������������������������72 de Marvão������������������������������������������������������������� 20
Monte de Portalegre����������������������������������������������������������23
da Fonte Santa������������������������������������������������������53 de Portel��������������������������������������������������������������������71
dos Amantes����������������������������������� (veja Percurso de Portimão��������������������������������������������������148, 149
Megalítico do Monte dos Amantes) de Santiago do Cacém���������������������������������������92
selvagem�����������������������������������������������������������������45 de Sines������������������������������������������������������������������ 107
Montemor-o-Novo����������������������������������������������������35 do Barro (Redondo)���������������������������������������������52
Mora����������������������������������������������������������������������������� 43 do Bordado de Nisa����������������������������������������������15
Mosteiro de Flor da Rosa���������������������������������� 23, 24 do Bordado e do Barro (Nisa)����������������������������16
Mourão������������������������������������������������������������������������80 do Brinquedo����������������������������������������������������������61
Museu do Chocalho����������������������������������������������������������67
Agrícola de Montemor-o-Novo������������������������37 do Crato������������������������������������������������������������������23
Antoniano��������������������������������������������������������������135 do Fresco�����������������������������������������������������������������73
Berardo��������������������������������������������������������������������47 do Mar e da Terra������������������������������������������������ 141
da Batata Doce��������������������������������������������������� 133 do Mármore�����������������������������������������������������������54
da Escrita do Sudoeste������������������������������ 119, 120 do Relógio���������������������������������������������������������������62
da Farinha����������������������������������������������������������������111 do Trabalho Rural������������������������������������������������ 90
da Fundação Arquivo Paes Telles��������������������32 do Vinho�������������������������������������������������������������������51
da Lucerna�����������������������������������������������������124, 125 dos Coches�������������������������������������������������������������56
da Luz����������������������������������������������������������������������� 81 Dr. José Formosinho������������������������������������ 139, 148
da Vidigueira���������������������������������������������������������70 Etnográfico de Abela������������������������������������������ 90
das Tapeçarias de Portalegre���������������������������23 Etnográfico da Messejana�������������������������������104
de Aljezur��������������������������������������������������������������� 134 Etnográfico de Torrão�����������������������������������������87
de Armaria��������������������������������������������������������������56 Etnográfico do Trajo Algarvio�������������������������168
de Arqueologia (Albufeira)�������������������������������157 Etnográfico e Arqueológico
de Arqueologia (Aljustrel)��������������������������������� 102 (Santa Clara-a-Nova)������������������������������������ 120
de Arqueologia (Loulé)������������������������������������� 162 Frei Manuel do Cenáculo������������������������������������63
de Arqueologia (Montemor-o-Novo)��������������36 Interativo do Megalitismo��������������������������������� 44

179
Jorge Vieira������������������������������������������������������������� 98 de Estoi�������������������������������������������������������������������168
José Mestre Batista������������������������������������������������79 do Álamo����������������������������������������������������������������28
Marítimo Almirante Tocha������������������������������������������������������������������������47
Ramalho Ortigão�������������������������������������������� 167 Parque
Militar de Estremoz�����������������������������������������������47 Ambiental de Vilamoura���������������������������������� 165
Mineiro (Lousal)���������������������������������������������������� 90 Ecológico do Açude do Gameiro�������������������� 44
Pedro Nunes���������������������������������������������������������� 83 da Mina�������������������������������������������������������������������137
Professor Joaquim Vermelho���������������������������� 49 das Águas���������������������������������������������������������������115
Rainha D. Leonor������������������������������������������������� 98 de Merendas da Santinha��������������������������������135
Severo Portela������������������������������������������������������� 119 Fluvial dos Cinco Reis�����������������������������������������100
Natural da Ria Formosa���������������������������� 172, 173
N Urbano de Rio de Figueira���������������������������������92
Nisa���������������������������������������������������������������������������������14 Zoológico de Barão de São João������������������� 143
Núcleo Zoológico de Lagos�������������������������������������������� 143
Museológico da Rua do Sembrano��������������� 99 Passadiços de Amieira do Tejo������������������������������25
Museológico do Bordado de Nisa��������������������15 Passeio do Mestre de Avis���������������������������������������33
Museológico da Igreja de São Pedro�������89-90 Pavia����������������������������������������������������������������������������� 43
Rural de Ervidel����������������������������������������������������� 101 Pedra da Agulha������������������������������������������������������135
Visigótico de Beja������������������������������������������������� 99 Pedras d’El Rei����������������������������������������������������� 171, 172
Pego
O das Pias��������������������������������������������������������������������117
Observatório do Lago Alqueva���������������������������� 81 do Inferno�������������������������������������������������������������� 169
Odemira���������������������������������������������������������������� 116-117 Percurso Megalítico do Monte
Olhão���������������������������������������������������������������������������172 dos Amantes�������������������������������������������������������� 142
Ourique������������������������������������������������������������������������122 Pico da Picota������������������������������������������������������������137
Outeiro��������������������������������������������������������������������������78 Pico de Fóia�����������������������������������������������������������������131
Picota���������������������������������������������������������������������������137
P Polo Museológico
Paço Cândido Guerreiro���������������������������������������������� 159
dos Alcaides (Arraiolos)������������������������������������� 38 da água����������������������������������������������������������������� 162
dos Alcaides (Montemor-o-Novo)�������������������36 de Salir��������������������������������������������������������������������� 161
de Evoramonte�������������������������������������������������������41 Ponta da
do Prior-Mor������������������������������������������������������������33 Arrifana�������������������������������������������������������������������135
dos Gamas�������������������������������������������������������������70 Carrapateira��������������������������������������������������������� 141
dos Governadores Militares����������������������������� 107 Ponte de Sor��������������������������������������������������������� 26, 33
Ducal������������������������������������������������������������������������56 Porches�������������������������������������������������������������������������151
Paços de Audiência (Estremoz)���������������������������� 49 Porta da Ravessa�������������������������������������������������������51
Paços de Audiência (Monsaraz)���������������������������73 Portagem�������������������������������������������������������������������� 20
Paderne�����������������������������������������������������������������������157 Portalegre���������������������������������������������������������������������21
Padrão dos Descobrimentos������������������������������� 142 Portel�����������������������������������������������������������������������������70
Palácio Portimão��������������������������������������������������������������������� 149
de D. Manuel�����������������������������������������������������������61 Porto Covo�����������������������������������������������������������������109

180
Í N D I C E R EM I S S I VO

Porto das Barcas�������������������������������������������������������117 Gilão���������������������������������������������������������������� 169, 170


Praça do Giraldo���������������������������������������������61, 62, 71 Guadiana��������������������������������������������������������������� 99
Praia Mira��������������������������������������������������������������������113, 116
da Arrifana������������������������������������������������������������135 Ocreza����������������������������������������������������������������������25
da Comporta�������������������������������������������������������� 86 Raia������������������������������������������������������������������� 43, 44
da Ilha��������������������������������������������������������������������109 Sado������������������������������������������������������������������������� 84
da Ilha de Tavira������������������������������������������������� 170 Sever������������������������������������������������������������������������ 20
da Senhora da Rocha����������������������������������������152 Tejo����������������������������������������������������������������������������25
da Zambujeira�������������������������������������������������������115 Xarrama������������������������������������������������������������������87
da Zimbreirinha���������������������������������������������������� 141 Rocha, A���������������������������������������������������������������������148
das Furnas��������������������������������������������������������������113 Rocha
de Porto Covo����������������������������������������������������� 109 da Mina������������������������������������������������������������� 52, 53
de São Torpes����������������������������������������������108, 109 da Pena����������������������������������������������������������160, 164
de Sines������������������������������������������������������������������ 107 dos Namorados����������������������������������� (veja Menir
do Almograve��������������������������������������������������������113 da Rocha dos Namorados)
do Amado�������������������������������������������������������������� 141 Rogil����������������������������������������������������������������������������� 133
do Barril��������������������������������������������������������������������171 Ruínas romanas
do Carvalhal����������������������������������������������������������115 de Ammaia��������������������������������������������������������������21
do Castelejo���������������������������������������������������������� 142 de Creiro����������������������������������������������������������������� 85
do Queimado������������������������������������������������������� 110 de Milreu����������������������������������������������������������������168
dos Pescadores����������������������������������������������������157 de Miróbriga������������������������������������������������������������91
dos Salgados��������������������������������������������������������155 de Sines������������������������������������������������������������������ 107
Fluvial de Fronteira���������������������������������������������� 30 do Cerro da Vila�������������������������������������������������� 165
Fluvial de Monsaraz��������������������������������������������� 81 Ruínas Fingidas����������������������������������������������������60, 61
Fluvial de Mora����������������������������������������������������� 44
Fluvial de Mourão������������������������������������������������80 S
Fluvial dos Cinco Reis�����������������������������������������100 Sagres������������������������������������������������������������������������� 142
Sala do Capítulo������������������������������������������������������� 98
Q Salgueiral da Galiza�������������������������������������������������95
Queda d’Água do Vigário������������������������������������� 159 Salir������������������������������������������������������������������������������� 161
Quelfes�������������������������������������������������������������������������173 Santa Bárbara de Padrões����������������������������������� 124
Querença������������������������������������������������������������������� 162 Santa Catarina dos Sítimos���������������������������������� 86
Quinta Pedagógica de Portimão����������������������� 150 Santa Clara-a-Nova��������������������������������������������������121
Quinta Pedagógica de Silves������������������������������� 145 Santa Luzia������������������������������������������������������������������171
Santiago do Cacém��������������������������������������������������91
R Santiago do Escoural���������������������������������������������� 38
Redondo������������������������������������������������������������������������51 Santuário
Reguengos de Monsaraz����������������������������������������79 de Endovélico de Rocha da Mina��������������������52
Ribeira de Quarteira����������������������������������������������� 158 de Nossa Senhora de Aires��������������������������������67
Rio de Figueira������������������������������������������������������������92 de Nossa Senhora da Cola�������������������������������122
Rio São Bartolomeu da Serra����������������������������������������91
Arade�����������������������������������������������145, 149, 150, 155 São Brás de Alportel�����������������������������������������������168

181
São Cucufate������������������������������������������������������������� 69 de Aspa������������������������������������������������������������������� 141
São Manços�����������������������������������������������������������������71 de Coelheiros����������������������������������������������������������71
São Pedro das Cabeças�����������������������������������������125 do Esporão�������������������������������������������������������������79
São Pedro do Corval�������������������������������������������������78 Tramaga����������������������������������������������������������������������27
São Salvador da Aramenha�����������������������������������21 Tróia������������������������������������������������������������������������������ 85
São Teotónio���������������������������������������������������������������115 Túmulo de Alcalar����������������������������������������������������147
São Torpes�����������������������������������������������������������������109
São Vicente��������������������������������������������������������������� 143 V
Sé Vale de Boi������������������������������������������������������������������137
de Beja�������������������������������������������������������������������� 98 Valverde����������������������������������������������������������������������� 64
de Évora�������������������������������������������������������������������63 Varanda
de Faro������������������������������������������������������������������� 166 do Grão-Prior����������������������������������������������������������23
de Portalegre���������������������������������������������������� 22-23 dos Namorados����������������������������������������������������57
de Silves��������������������������������������������������������� 145, 146 Vereda do Xarrama��������������������������������������������������87
Senhora da Rocha���������������������������������������������������152 Viana do Alentejo������������������������������������������������������67
Serra d’Ossa��������������������������������������������������������������� 50 Vidigueira���������������������������������������������������������������������70
Silves���������������������������������������������������������������������������� 145 Vila Alva����������������������������������������������������������������������� 69
Sinagoga medieval de Castelo de Vide������������� 18 Vila de Frades�������������������������������������������������������������70
Sines�����������������������������������������������������������������������������106 Vila do Bispo�������������������������������������������������������������� 141
Sítio de Alcalar�����������������������������������������������������������147 Vila Formosa���������������������������������������������������������������27
Sítio das Fontes�������������������������������������������������������� 150 Vila Nova de Milfontes���������������������������������������������112
Vila Nova de Santo Andr��������������������������������������95
T Vila Ruiva�������������������������������������������������������������������� 69
Tapada do Arneiro����������������������������������������������������29 Vila Viçosa�������������������������������������������������������������������54
Tapada Real����������������������������������������������������������������57 Vilamoura������������������������������������������������������������������ 165
Tavira��������������������������������������������������������������������������� 170 Villa de São Cucufate���������������������������������������������� 69
Templo de Diana�������������������������������������������������������62 Villa Romana de Pisões������������������������������������������100
Terena���������������������������������������������������������������������������53 Villa Romana de Santa Catarina dos Sítimos�� 86
Tesouro do Paço��������������������������������������������������������56 Villa Romana Monte da Chaminé����������������������104
Torrão����������������������������������������������������������������������������87 Vimieiro�������������������������������������������������������������������������42
Torre
das Águias������������������������������������������������������������� 44 Z
das Couraças�������������������������������������������������������� 48 Zambujeira do Mar�������������������������������������������������� 114
de Aires�������������������������������������������������������������������172 Zoomarine����������������������������������������������������������������� 154

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