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__.26jami,de grande importancia para sua prova. Procedimentos @ serem observados ao wtilizar livros: Nao manusear livros au documentos com as méos sujas; Mantélos fonge de plantas aquaticas, guarda- chuvas, capas molhadas ou qualquer tipo de liquido; Nao fumar ou realizar refeigdes junta aos livros; Nac usar fitas adesivas, colas pldsticas, grampos e clipes| metélicos nos documentos; Nunca usar carimbos. Jamaig usar caneta marca-texto, esferogratica ou lapis, para tar anotagbes, ot sublinhar partes do texio-Lembresne c livro ¢ da comunidade endo de usg.exnlupive seu. Sugs anotacbes somente. interassamn a vocs & ndo ao préximo aluno que Fa. Nao fazer anotacdes particulares em papéis avulsos & colicé-los entre as paginas de um livro. Eles deixarao marcas; Néo dobrar o papel {orelhas), pois o¢asiona o ron dag fibras use marcadores proprics para dail, nce om iste lin sana Fasgue vaginas dos livros. Nao carregar 6 livro de qualquer forma, jogado dentro do arto ou machilas; Nunta mother os dedos com liquidos para virar as paginas do livro, especialmente com 2 saliva, que é acida @ deteriors o papel com 0 tempo.0 ideai é virar pela parte superior da folha, Néorapoiar os colovelos sobre os documentos; Néo colar informagées adicionais aos livros, mesmo que __.26jami,de grande importancia para sua prova. Procedimentos @ serem observados ao wtilizar livros: Nao manusear livros au documentos com as méos sujas; Mantélos fonge de plantas aquaticas, guarda- chuvas, capas molhadas ou qualquer tipo de liquido; Nao fumar ou realizar refeigdes junta aos livros; Nac usar fitas adesivas, colas pldsticas, grampos e clipes| metélicos nos documentos; Nunca usar carimbos. Jamaig usar caneta marca-texto, esferogratica ou lapis, para tar anotagbes, ot sublinhar partes do texio-Lembresne c livro ¢ da comunidade endo de usg.exnlupive seu. Sugs anotacbes somente. interassamn a vocs & ndo ao préximo aluno que Fa. Nao fazer anotacdes particulares em papéis avulsos & colicé-los entre as paginas de um livro. Eles deixarao marcas; Néo dobrar o papel {orelhas), pois o¢asiona o ron dag fibras use marcadores proprics para dail, nce om iste lin sana Fasgue vaginas dos livros. Nao carregar 6 livro de qualquer forma, jogado dentro do arto ou machilas; Nunta mother os dedos com liquidos para virar as paginas do livro, especialmente com 2 saliva, que é acida @ deteriors o papel com 0 tempo.0 ideai é virar pela parte superior da folha, Néorapoiar os colovelos sobre os documentos; Néo colar informagées adicionais aos livros, mesmo que BIBLIOTECA 0 Introdugao a sO el “a Introducao a (BIBLIOTECA, i SO ClO 2? EDICAO Reinaldo Dias ‘© 20)0by Reinaldo Dias ‘Todos os direitos reservades. Nenhuma parte desta publicagao poderd ser reproduzida bu tranemitida de qualquer modo ou por qualquer outro me, eletrOnico ou mecAnico, ‘neluinds fotocdpia, gavecto ou qualquer outo tipo de sisterna de armazenemento « trensmissio de informagao, sem previa autorizagz0, po! esciita, da Pearson Education do Brasil Diretor eaitorik Foger Trimmer Gerente edtoriotr Sabina Celso “Superviscr de producdo editorial Marcelo Frangozo Editora: Thelma Babsoke Preparacdo: fenata Siqueira Campos Fevsde: rica Alvin ¢ Opportunity Translations usteagoest Eduardo Borges Copa: Axaneie Meda Profeto grafico eedtorasdo eletrdnica: Figurative Arte Projeto Eatin Lt Dados internactonals de Catalogaco na Publicagée (CIP) (Cémara Bracileira do Livro, $?, Brasil) ‘Bias Reinaldo Introducte a cociologia / Retnaldo Dias. ~ 2. ed, ~ S30 Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. Bibilograts 'SBN 978-85-7605-268-2 1. Sociologia 2. Sociologia Historia LTitulo. 09-06830 copaor Indice para catélogo sistema 1.Sociologia 301 48 relmpressio - setambro 2013, Deets exclusives paraa lingua portuguesa cedidas & Pearson Education do Brasil Lida, uma empresa do grupo Pearson Ecucation Rua Nelson Francisca, 26 (CEP 2712-100 ~ Sao Paulo ~ 5P ~ Bresit Fone: 11 2178-8086 — Fax: 11 2178-8588 ‘esmais vendasepearson.com t A meméria de meu filho Rodrigo, que nos deixou aos dezenove anos de dade. Faco minhas todas as palavras de Kar! Mane “Bacon diz que os grandes homens tém relagdes ta diversas com a natureza @ com 0 mundo, tém tantos objetivos a reter-thes a atencdo, que thes € facil esquecer a dor de qualquer perda. Pois hem: néo sou um desses grandes homens, A morte de meu iilho me abalou profundamente 0 coracso €a cabega. F continuo a sentir-dhe a falta com a mesma intensidade que no primeico dia.” BIBLIOTECA - UNIEUR¢ Apresentacéo. Parte 1 O estudo da sociedade e da vide social ... Capitulo 1A perspectiva sociolégica. 1.3 O queé sociologia.... 1.2. Aimaginacio sociolégi 1.3. A visto sistémica.. 1.4. De problemas pessoais ¢ esiruluras sociis (a explicasdio sociolégica do svicidio 1,5 Os fundamentos da agéio secial... Capitulo 2. A questdo social e a aasassideds de uma ciéncia social 2.1 A Revolugdo Industrial © as mudangas na sociedade. 2.2. Coractristicas fundementais dos novas formas dle organiza... 23° Aquesiéo social 2.4 OQ desenvolvimento da sociclogia 2.5 O papel do positivismo. 2.6. Asbeses de constitigaio da socicbogia moderna 2.7 A sociologia no Brosi " Capitulo 3. A sociologia e a busca da verdade 3.1 As fonies do verdade 3.2. Pensamento cientifico & néo cienti senso crilico © © senso comum.... 3.3 Coracierisficas do conhecimento cientifico.. 3.4 Q método cientifico de investigacdo 3.5. A sociologia como ciéncia Parte Il © individuo e a sociedade Copitulo 4 A cultura ea sociedade 4.1 Introduséo.. 42 43 44 45 46 AZ 48 Ao 4.10 4.11 412 413 Capitulo § Globalizagio e dversidade culural 5.1 52 53 54 55 56 57 Capttulo 6 © proceso de socializastie 61 6.2 63 64 65 66 67 68 69 6.10 Capitulo 7 Desvio social, crime e controle social . 71 72 73 74 7.5 Copitulo 8 Sociedade e estrutura social .... 8.1 8.2 As origens do cultura, Conceito de cultura... Cultura de massas...... Cultura popular. Folclore Corecteristicas da culture Elementos culturais .. Etnocenirismo e relatividade al Contracultura Estrutura da cultura .. Transmisséo de cultura, Identidade cultural. O significado do terme ‘globalizagio’ Homogeneizactio ou fragmentao: uma falsa questdo. As diversas faces da cultura global A construdo de ume nova diversidade cultural... O sistema de referéncias global A aproptiogto diferenciada de cultura global Globalizagéio ¢ locelizagéio como processo.. O ser humana como ser social .. O individuo e as interasdes sociais... Interoctio e identidade social. Os processos sociais basicos.. Sodalizartio « cotikugée da idenidade pew. Personalidade e sociclizacdo Posicéio, papel social e status Os principais agentes de secializacao .. © papel dos meios de comunicagtio de massa Sociedade e controle social. Normas e costumes .. O controle social.. Desvio social Anonia.. Conceito de estruiura social .., Conceito de sociedade.. viii tnvoducdo a sociclogia 8.3 Sociedade tradicional e sociedade industrial 8.4 Cultura, sociedade e civilizacéio .. 8.5. Sociedade potica (0 Estado} © sociedad ¢ 8.6 Organizacdes no govemmameniais (ONGs} Copitulo 9 Grupos sociais e organizacdes 9.1 A importincia dos grupos sociais 9.2. Agregagies, colegorias e grupos .. 9.3. Grupos pessouis ¢ grupos externos 9.4 Grupos de releréncia @ estereétipos 9.5 Grupos primétios ¢ secundérrios 9.6 Comunidade e sociedade..... 9.7 Grupos de interesse e lobby 9.8 Organizagdes formais 9.9 Grupos informais ... Parte lll A desigualdade social Capitulo 10 A estratificagéo social 10.1 A desigualdede social : 10.2. © concoio de esiratficagto soca. 10.3 A estratificagdo social em Karl Marx 10.4 A estratificaséio social em Max Weber: 10.5 Os estamenios.. : 10.6 As castos socials. oo Copitulo 11 Desigualdade social no mundo eno Brasil 11.1 Adesigualdade mundial...... aE aarEe Naas 11.2 A consiruséo da desigualdade mundial: o colonialismo ». impertalismo 11.3 As diversas formas de dependéncia nos dias de hoje... 11.4. Desigualdade ne América Latina i 11.5. Desigualdade social no Brasil Capitulo 12 Desigualdade de raga e dle ehig 12.1 Os conceitos de re 12.2. Os grupos minor a 12.3 O preconcsito @ « discriminagéo 12.4 Formas de perseguicio éinica ¢ racial. 12.5 Formas de integragée. Capitulo 13 Desigualdade de género e de idade. 13.1 Conceituando género e sexo . 13.2 A dosigualdede de género — masculine e feminine 13.3 A perspective feminine global... 13.4 O idose e a desigualdade social ...... } ae etnia 8 i sumivio ix Parte IV _Inslitvicdes sociais..... x 235 Capitulo 14 As instituices socials ..... 14.1 A importancia des institvicies sociais 14.2. Conceiio de instituicdo social. 14.3 O proceso de institucionalizecéo.. 14.4 Os simboles institucionais .... 14.5. Coracteristicas das instituigdes... 14.6 Fungdes basicas das instituigoes .. Capitulo 15 A familia. 15.1 Aestrutura familiar 15.2. Endogamia e exogamia. 15.3. As funcées da familia 15.4 Relacées familiares... 15.5. Familia, parentesco e sociedade, Capitulo 16 A religido. 16.1 A importéncia da reli F 16.2 Atendéncia & secuiarizacio .... 16.3 As fungoes do religiéo 16.4 Modalidades de orgonizaréo ign 16.5. As religiées no Brasil... Capitulo 17 A educacto 17.1 A educagtio como instituicao.... 17.2. Fungdes dos instituicdes educacionais .. 17.3 Aeducagde no Brasil. Capitulo 18 As instituicdes pola. 18.1. Aesirutura do institvicte politica... 18,2 O conceito de poder... 18.3. Os principais componentes do pela 18.4 O conceito de dominaséio e seus Hipes. 18.5 Aselites...... a 186 As insivigdes polticos 18.7 Aglobalizacde e a fungdo social do Estaclo 18.8 Giobolizagéo eo Estadonacéo Capitulo 19 Economia e trabalho. 238 238 19.1. A instituicdo econdmica 19.2 Tipos de sistemas econémicos. 19.3. O significado do trabalho... 19-4. Diletencs enre as vsdes cnc e social do rabol 19.5 A construgdo da identidade operdria..... Introducdo @ sociologia 19.6 Os reflexes da clivisdio técnica do trabalho na sociedade industrial essseneens BOD 19.7 Onovo tipo de rabalhaclor 311 19.8 Asnovas realidades © as emprese: 312 Parte VY Dinémica e mudanca social .. .317 Capitulo 20 Populasio, urbanizacao e meio ambiente 20.1 A populagéo como um problema social 20.2 O problema populecionel no Brasil 20.3 Malthus e o crescimento populacional 20.4 As migrocées.... 20.5 Osurgimenio do problema ambiental... 20.6 Acidadania e 0 meio ambiente... Copitulo 21 Comportamento coletivo e movimentos sociais 21.1 © comportamento coletive 21.2 Opiblico 21.3 Amul 21.4 Os movimentos sociais. 21.5 Principios dos movimentos sociais. 21.6 Alguns tipos de movimentos socials... Capitulo 22 A mudansa social 22.1. Conceituande mudanga social... 22.2. Natureza do mudanga social. 22.3. A mudanga social e « mudanca cultural 22.4 Cavsas do mudanea social 22.5 Teorias der mudenga sociel sa. 22.6 Mudanga social os problemas socicis... E 22.7 Aevolucéo social....... Glossdrio........ | i | E i ' | Bibliografia........ Biografia Indice remissivo..... i Indice onomastico...... Sumario xd niece ee eee - _ Apresentactio Escrever um livro de sociologia no momento em que esto ocorendo as mais profundas mudancas experimen. tadas pela humanidade ao longo de toda sua hist6ria néo ¢ tarefa das mais faceis, principalmente se pretendéssemos transformé-lo em um compéndio do conhecimenta sociolégico. Felizmente, rac foi esse 0 nosso cbjetivo. Ao contrario, buscamos produrir urn texto bastante introdut6rio, que seja ttle esteja em sintonia com a rea- lidade de estudantes e professores; para tal, foi preciso doté-lo da flexibilidade necessaria para que se adaptasse 08 mais diversos ambientes sociais. E é nesse sentido que o livro atencleré plenamente 2s expectativas, pois os conceitos bésicos discutidos 20 longo do texto poclem ser enriquecidas com o estudo da comunidade om que os leitores vivem ou ainda com outros livtos, jomais e revistas que retratam 0 cotidiano e que fornecerdo intimeros exemplos de casos concretos que facilitarao 0 aprendizado. Nosso objetivo explicito neste iva & fomecer aos estudantes universitétios, e inclusive aos do ensino médio, © instrumental minimo necessario para que possam compreender o ambiente social que 05 eavolve € a fungso social da carreira que escolheram. Para tanto, é necessério contextualizar seu dia a dia, inser-los no cotidiano da realidade social em que vivem sob uma outra petspectiva — a de estud-la de um ponto de vista cientifico, para compreendé-a e, na medida do possivel, transforma-la £m fungao desse objetivo ¢ do piiblice diversificado que se pretende atingir, buscames ao maximo utilizar luma linguagem didética, voltadla para as mais diferentes reas, obiendo-se um texto de fécil eitura, tanto pata socidlogos comp para (e principalmente) nao socidlogos. Procuramos fazer com que @ exposigao do tema em cada capitulo fosse o mais breve possivel para faciltar 4 compreenséo, principalmente por parte daqueles que estuclam sociologla pela primeira vez, Tornamos o texto bastante dindmico, evitando mulias chagoes bibliograficas em seu intericr ¢ nas notas de rodapé, privilegiando, assim, 0 fundamental, que ¢ a citago dos cléssicos das ciéncias socials. A maioria clos conceitos abordados fol ilustreda com exemplos, casos concretos que os situarn no contexto mundial atual , particularmente, em sintonia ‘com a realidade brasileira, Os destaques ¢ as omissdes de alguns pensadores que contribuiram para a consolidago da sociclagia como: cléncia sé0 0 resultado cia opcao do autor deste texto, que, de qualguer modo, nfo poderia tratar de todos 0s autores, nem mesmo da maioria, pelo pouco espaco que se tem em um livto didatico. O eviténo de escolha deste ‘ou daquele autor bascou-se nz contribuicio que poderia oterecer mio s6 para as ciéncias sociais de um modo geral, mas para a compreenséo cle outras disciplinas, Lim outro motivo foi sua condicao de cldssico, tornando-se ecessdrio para 0 aluno/leitor um minimo entendlimento de suas propostas, dada sua importancia para o conheci- mento de um modo geral; €0 caso de autores como Karl Marx, Emile Durkheim e Max Weber, cujas contribuicdes para o entendimento dos processos sociais extrapolam, em muito, os limites da sociologia. No final de cada capitulo, temos um resurno do que foi abordado e um conjunto de perguntas a ele relacionado. ‘AS perguntas devem ser entendidas como um roteiro para o estudo do capitulo: elas contribuem para ciganizar o ‘aciocinio e para consolidar 0 que fol aprendido, © resumo apresenta as linhas gerais do capitulo e alguns pontos ue julgamos fundamentals serem retidos para que se continue a leitura sem dificuldades. Para complementar.a aprendizagom, o livro conta com © apoio de um site exclusive (www. pearson.com.br/dias), em que professores ¢ estudantes podem acessar materia's adicionais que auxilierdo a exposigao das aulas © o aprendizado. Para professores + Apresentagéies ern PowerPoint para utilizago om sala de auta © Manual do professor Esse material & de uso exclusivo para professores e esté protegico por senha. Para ter acesso a eles, 05 pro- fessores que adotam o livio devem enirar ern conato Com seu represezwante Pearson ou enviar e-mail para Uni- vetsitarios@pearson.com br Para estudantes © Links tteis, * Alividades complementares. Em suma, buscamos adequar as exigéncias contidas em ementas € contedidos programaticos que os professores ‘estdo obrigados a cumprir com as novas exigéncias de um mundo em transformagao, que requer de todos postures condizentes com essas novas realidades. E, para conhecé-las, nada melhor que discuti-las a partir de um roteito proposto per este livro, que tem como premissa a racionalidade do métode cienitfico. Reinaldo Dias xiv inuodugte asociotogia CAPITULO 1 CAPITULO 2 CAPITULO 3 0 estude da sociedade e da vida social A PERSPECTIVA SOCIOLOGICA A QUESTAO SOCIAL E A NECESSIDADE DE UMA CIENCIA SOCIAL A SOCIOLOGIA E A BUSCA DA VERDADE A perspectiva sociologica APRESENTACAO i Neste capitulo veremos 0 objeto de estudo da sociotogia 2 como deve ser a fomade persed sceages a abrsgum dor soterassoces sae gies Camprcander marian inetnsr erenareoncavonemtmassaascogcown jensen | __Cctteminom ar oiesnictastcomo vaio recprocr ence afer," gIweeD eae Inbtsosonsttutzeem arabes dearest serps tec + cmecanism do pensamenta ze ‘socioligica, E + queck endnienos sti esto TOPICOS PRINCIPAIS interelacionados. 11 Oque ésociologia * que sho fatos sods este : 12 Aimagiragéo socolégice foraccercva, 13 Aviso sistamica * come ocotiem as aces sociais © - 14 De problemas pessoas a estruturas sociais (a explicagdo sociolégica do ‘seus diferentes tipas. suicidio} 15 Os fundamentas da acao social afl S2ciclogia & uma discipina relativamente nove, que surgiu com o objetivo de sistematizar 0 estudo dos fenémenos __ Seeles identificando suas causas @ apontando formas de solucioné-los quendo se consttuissem em problemas pa'a a _{Reedade. Desse modo, fo! sando construido, ao longo dos anos, um modo de pensar que estabelece naturalmente a {92¢io entre os diferentes incivduos que formam as scciedades humans, visualizando, asi, as estrutures soa em Que em. Os socidlogos, ou aqueles que utlizam a forma de pensar destes busca compreender as diferentes interacoas __ fitte as pessoas, para que possam estabelecerrelacBes de cause e efeito dos diferentes fenémenos sociaso, assim, indlcar ~ £8" as organizacoes publicas ¢ prvadas maneiras de atender 3s necessidades dos indviduos, buscar os seus diteitcs, Glabelecer os seus ceveres ou 0 que quer cue seja cara que a humanicade como um todo avance em busea de melhor = ditidade de vida 1.1. Oque é sociologia Poclemos estabelecer, com bastante tranquilidade, o sugimento da socialogia no século XIX como deconéncia da necessidade dos homens de compreender o> indimeros problemas sociais que estavam aparecendo, em proporgdes nunca vistas, em razao da industrializacao iniciada no século XVII. Partindo de una realidade rural, em que as funcdes e relagées sociais apresentavam pouca complexidade, as sociedades europeias (primeiramente 2 inglesa) depararam, no século XIX, com estruturas sociais mais complexes, que se desenvalveram em torno da nova rear lidade industrial. Como veremos adiante, os problemas advindos dessa subita mudlange avolumaram-se, constituindo-se em assunto abordado nos meios inte- ectuais, os quals passaram a formular varias hipdteses para explicar a situay0 veja Figura 1.1). ‘No entanto, as disciplinas existentes apresentavam instrumental insuticiente para explicar 05 novos fenOmenos soctals. Surge dat a necessidade de uma nova Giéncia, para, utilizando-se do instrumental das ciéncias naturais ¢ exatas, tentar explicar a realidade, Constituisse assim a secialogie, em seu inicio, com 0 objetive especitico de estudar sistematicamente 0 comportamenta social dos grupos @ as terages humaaas, bem como 0s fatos saciais que geram e sua inter-relacdo. ‘A sociologia consolidou-se ao longo do tempo como um clos ramos das ciéncias humanas, pols surgiram inmeras ciéncias para estudar cada dimensio do social, aprofundando 9 conhecimento espectfico de determinadas relagdes sociais. No ‘enianto, a sociologia permanece como a unica que tem como tema central de estudo as interagbes soctais propriamente dita, Outras disciplinas podem estudar aspectos sociais da vida do hamem; entre- tanto, nenhuma apresenta como tema particular e especifico o fato social no seu todo (veja Figura 1.2). Para 0 socidlogo, 0 fato social é estudado no porque econdmico, jurdico, politico, turstico, educacional ou religioso, mas porque todos ‘20 mesmo tempo sa0 ‘socials’, ndependentermentis da especificidade de cada urn, ‘embora esta permita que possam ser abordados por disciplinas espectficas, ‘A vida dos seres humanos apresenta, assim, varias cimensées: econdmica, jutidica, politica, moral, religiosa etc., que ocorrem e se desenvolvem durante a texisténcia social do homem, ou seja, quando os seres humanos esta interagindo uns corn 08 outros, $80 essas interagdes, indepencentemente do aspecio que jos sam assumir, que so 0 objeto central de estuco da sociologia, Logo, a Sociologia estuda a dimensao social da conduta humana, as relagdes socivis que 2 ela estéo associaclas. Para 0 soc'dlogo e para todos aqueles que pensarn socioiogicamente, o comportamento hurnano € ordenado, padronizado e estruturado socialmente e, assim, passivel de um estudo sistemstico. Ao compreendermos que podemos entender 2 sociologia coro um estilo ce pensar, estaremos adquirindo Uma visio sistémica de enxergar a realidadle social. Veremos que todas as interaces esto relacionadas, de uma iorma cu de outra, entre si, € que quando isolamnos um Conjunto delas em particular, 0 fazemos por dois motives: Figura 1.1 __Problemas advindos de ertraturas soci mis complexas . Urbanizagao \ Epidemlss: ~. - prdblerias Necessidade de ‘boctologia. Alcoolismo. oo ‘Soctals, Compreenséo. Violéncia 4 Introducto a zociologis ra 1.3 Aspectos sociais abordados pele saciclogia Sociologia’ Aspedts soc kcondmico {i> Politico eos. papa EK ) xq Educacional Para estudar isoladamente um grupo de interagdes espectficas que constituem uma dimensdo do social, como os fatos econdmicas, juridicos, educacionais, turisticos, religiosos e assim por diante. Para estabelecer os limites dos relacionamentos sociais que compéem a nossa existéncia, constituindo-se uma rede social da qual fazemos parte, O entendimento dessa realidade para aqueles que apresentam o modo de pen- Sar sociolégico permite campreender os fendmenos ern sua totalidade, estabele- endo ligacGes de fatos cotidianas com a evolugao da sociedade como um todo. Constitul um exemplo desse mado de pensar o estabelecimento de uma relagso entie a abertura de espagos de sociabilidade com a terceira revolucio cienitfico- tecnolégica eo aumento de violencia, \Nas grandes cidades esto sendo abertos novos espagos de sociabilidade, onde as pessoas de varias faixas de idade e com diferentes motivagées se encontram para se conhecer e estabelecer relagdes saciais. Sao padarias que abrem espagos para ‘café ou sopa noturna; cafés em locadoras de DVD; espags de conversacao e cafés em livrarias elc.; ou seja, espagos que apresentam 2 caracteristica de receber um publico diferenciado, 0 qual muitas vezes nao se conhecia entre si e que passou a Se relacionar, em um primeiro momento, por melo do espaco virtual (a internet, participando de grupos de interesse especificos, e que, para estabelecer 0 cantata inicial, necessita de um jugar seguro. Esses novos espagos, que substituem, de certo modo, 0s espagos peblicos tra- dicionals, so criados para oferecer, além de seguranga, meios de as pes30as esta rem frente a frente, estabelecendo relagées amisiosas, conhecendo-se e desenvat vendo afinidades em iuneao de um interesse comum, que pade ser uma colegio qualquer, um determinado tipo de jogo interativo, uma caracteristica comurn otc. (eja Figura 1.3) Desse modo, podemos explicar o surgimento de novos espagas de sociabili- dade, que substituer os tradicionais (pragas, parques ¢ jardins), em vista do au ‘mento da violéncia, que faz com que as pessoas evitem os espagos pliblicos, © também da terceisa revolicdo cientilico-tecnolégica, que aproxima, via Internet, abordados pela sociologia ANTIGOS ESPACOS DE NOVOS EsPAGOs DE SOCIABILIDADE SOCIABILIOADE co Sy Shopbing Gattis |= Patques * Caleterias * Jardins Livrarias Capitulo ~ Aversnectiva socoldaica 5 A sociologia ¢ 0 estado das relagies humans. “Figure 1 | Sociologia Exquoma de denise da socologia pessoas com interesses comuns, qué em daterminado momento necessitam ter um contata social direto. ‘Muitos socidlogos definiram 2 sociologia e, no entanto, analisando essas mu'- tas definigdes, Rumney € Maier (1966, p. 20) encontracam bastante convergéncia entre elas no que diz respeito a seu campo de estudo ¢ a seus deveres como disc pina, As principais definigoes anolisadas por esses autores foram: "Sociologia é 0 estudo das interagdes ¢ inter-relagties humanas, suas condicées ¢ clrcunstancias.” (M. Ginsberg) “0 assunto da sociologia 6 2 interacdo dos espiritos humanos.” (LT. Hobhouse) “6 a ciéncia do comportamento coletivo.” (R. E. Parke E. W. Burgess) "€ a ciéncia da sociedade ou dos fenomenos sociats.” (Ward) “A sociologia geral é, em conjunta, a teorta da vide humana em grupo. Ténnies) “E uma ciéncia social especial que se concentra no comportamenta Inter-humano, nos processos dle soctatizag0, ina associagao e dissociaco como tas.” {von Wiese) “Sociologia é a ciéncia geral © coordenacora por ser a cléncia socia! fundamental, Longe de ser apenas a soma das ciéncias sociais, cla é antes a sua base comum.* (Giddings) “A sociologia pergunta 0 que acontece com o3 homens e quals as regras de seu comportamento, no no que se refere ao desen valvimento perceptivel de suas cexisténcias individuais como um todo, porém, na nedida evn que formam izos @ sio influenciades, devido as interagces, por sua vide grupal.” Simmel) “A sociologia busca descobrir os principios de coesdo e ordem dentro da ‘estrutura social, os mods pelos quals esta se radica e cresce em umn dado ambiente, 0 equilbrio instavel da estrutura mutével e do ambiente transformavel, as tendéncias principals da madanca incessant, as forcas que determinam sua dire;ao em dedo mamerto, as harmonias € contlites, os ajustamentos ¢ cesajustamentos no fntimo da estrutura conforme se revelarm uz dos desejas humanes, ¢. assirn, a eplicagao pratica dos metos aos fins nas atividades criadoras Uo homem social.” (Maclves) Como observaram Rumney e Maier (1966, p. 21), as diferengas entre as varias definigdes encontradas sao, essencialmente, variagbes de énfase. O substrato comum a todas elas € a ideia de que 2 sociolagia se ocupa das relagdes humanas, da compartamenta do homem com seus semelhanies. Em resumo, podemos definir inicialmente sociotogia como o estudo sistemético do compartamento social, dos grupos ¢ das interacées humanas (veja Figura 1 4). Preocupa.se, particularmente, em explicar como as afitudes € os compartamentos das pessoas S40 influenciados pela sociadade mais geral e pelos diferentes grupos humanos em particular, e, em uma perspectiva mais ampla, qual é a dinamica social ‘que mantém as sociedades estiveis ou provoca a mudanga social. A viséo sociolégica ‘compreende abservar alm das aparéncias das agGes humanas e das organizag&i Esiudas sistemsticos, do comaortamenta. social, dos grupos € das interacoes hamanas: Estudos slstomaticoe da sociedade 6 Introdugio 8 seciotogia vn ‘A gociologia @ 0 estudio cientifico da sociedade. © estudo da sociologia também pode ser compreendido como o estudo cien« tifico da sociedade € sua influéncia sobre © comportamento humano. Para este estuda, 0s sociétogos utilizam métodos cientificos para 3 abordagem dos diversos fendmenos socials existentes nas diferentes sociesiacies humanas entra dessa perepectiva, um dos principais objetivos ests em identificar aquilo que nao esta evidente, ndo parece claro, e quais os pacrées e as influ&ncias do Comporiamento social Um exemplo prético & 0 que aconteceu na Franca e, de um modo geral, em toda a Evropa, no verfo de 2003. Milhares de pessoas morreram em raza0 do aumento excessivo da temperatuta. Para as pessoas de um modo geral, 0 mative principal das mortes esté na elevacio da temperatura na auséncla de condigocs da sade pdiblica em enfrenté-fa, Embora cssas explicagées possam estar corrétas, S40 insuficientes para a compreensao da fenémeno. As pesquisas realizadas de- monstraram que a maior parte das mortes era de pessoas idosas, que viviam isola das © que muitas vezes néo tinham condigdes de reconer a alguém solicitands aunilio. Para aquele que apresenta 0 pensar sociol6gico, uma anslise do fenémeno social — caracterizado pelo aumento excessivo de mortes causadas pelo calor — revela gue as sociedades europeias apresentam um alto percentual de pessoas idosas e que o sistema de satide na realidade nao estd em condigées de atender a essa parcela da sociedade, que se tornou bastante significativa nos Giltimos anos. Novas necessidades sociais surgiram na sociedade francesa e no foram identifi cadas pelos servigos pablicos, mas tomaram-se tansparentes pela situacao criada em virtude do aurnento da temperatura. Ou seja, 0 problema nao & lanto o aumenio do calor, mas.o envelhecimento significative da sociedade e a falta de mecanismos para o atendimento dessa nova realidade social. Um problema que provavelmente seria enfrentado 20 longo dos préximes anos e que, devide ao fenémeng climatico, precipitou-se, gerando problemas socials e politicos para a sociedade francesa, No exemplo citada, o fendmeno das mortes durante o aumento da temperatura poderd ser explicado pela sociclogia como produto do aumento da expectativa de vida das populagies, geranda necessidades na sistema de satide e crianelo situacies novas que nao estavam sendo devidamente enfrentadas pela sociedade, © isola- mento social das pessoas de mais idade, por exemplo, deve gerar no sistema pix blico @ necessidade de criacio de espacos de sociabilidade, para que os idosos aumentem sua interagdo social, fendmeno climético precipitou o surgimento de um problema social, cuja origem & uma mudanca da estrutura da sociedade fran- esa, © ue néo foi ainda suticientemente compreendide pelos cientsias socials, que consequentemente no geraram explicagées que poderiam ser absorvidas pela burocracia estatal, que poderia atuar eriando estruturas especificas de atendimento a essa categoria social. AS pessoas mais idosas, por sua ver, provavelmente edo encentraram meios de organizagao que levassem as autoridades suas demandas, transformando-se em nova forga social. No Brasil, por exemplo, as aposentados criaram varias assccia- Ses em muitas cidacles, onde obtiveram varias prerrogativas; hd até um partido Constitufdo para atender 2 essa categoria espectfica, E claro que o problema social, quando devidemente estudado, apresents uma complexidade muito maior: estabelecemos as relacdes possiveis a partir de infor magoes dispersas somente a titulo de exemplo de como funciona o modo de pensar dos sociélogos. Concluindo, podemos afirmar que, ra tealidade, o Unico ponto de concordéncia entre as diversas correntes da soclotogia ¢ que esta, fundamentalmente, dedica-se a0 ‘estudo das relacdes ¢ interaciies humanas,, sendo este, portanto, o conteddo essencial da cisciplina A questio ‘O que é sociologia?” 4, portanto, vérias respostas possiveis; enite- tanto, todas elas terdo um contetido comum, que 6 0 estudo das interagies sociais, Os socidlogos, de modo geral, examinam as forgas socials e observam as ten danclas @ os padrdes que padem ser generalizados. A essa habilidade para ver a Capitulo ~ Aperspectva socoligica 7 conexto ante as dificuldades particulates dos individuos e os problemas sociais, © socidlogo Charles Wright Mills chamou de ‘imaginagio sociol6gica’. Sp -8: e. en 1.2 A imaginagéio sociolégica ‘A habilidade que 0s socidtogos desenvolvem pare ver 2 conexdo entie a via cotidiana dos individuos ¢ 05 problemas sociais, Charles Wright Mills (1916-1962) denominou “imaginacao sociolégica’ {veja Figura 1.5). Esta pode ser caracterizada como um tipo incomum de pensamento criativo, que consegue estabelecer relagies cenite umn individuo e a sociedade mais ampla. Um elementc fundamental para ‘obter a imaginacao sociolégica & desenvolver a habilidade para ver sua propria sociedade (ou seu grupo social) como um estranho o faria, procurando, assim, diminuit sua prdpria influéncia (carregada de valores cultutais obtidos ao longo de sua vida) na andlise. Nes palavras de Mills (1972, p. 17): "Ter consciéncia da ideia da estrutura social ¢ ufilizé-la com sensibilidade é ser capaz de identiicar as ligagdes entre uma grande variedade de ambientes de pequena escala. Ser cajaz de usar isso é possuit 2 imaginagio sociolégica’, ‘Aquele que possui a imaginagdo sociolégica esta capacitado a compreender 0 cenério histérico mais amplo, seu significado para a vida particular de cada um © para a carreira de numesosos individuos, Torna-Ihe possivel compreender também ‘como os individuos, envolvidos com as atribulaces da vida didria, adiquirem fre- Gharles Wright Mills, sceidlogo norte- americana; naseeu emt Waco, Texas, em 28 de agosto de 1916, ¢ momen ‘em Nyack, Nova York, ram acident= ‘automobilistico, emi 20 Ge margo de 1962, com 46 avis. Considerado tm intoleetual radical, quentemente uma consciéncia falsa de suas posicdes sociais publisou varios trabathos Para Mills (1972, p. 12], “o primeiro fruto dessa imaginagao —e a primeira sobre a estratificagic: ligdo da ciéncia social que a incorpora — é a ideia de que o indivicuo 6 pode social nos BUA. Entre, sas principals obcas stot The new men of. power ant America's labor Ices (1948), White collar andl the American riddle closses (1981), Tho power alite (1956) The sociological imagination (3958). ‘compreendet sua prépria experiéncia e avaliar seu préprio destina localizando-se 160; 56 pode conhecer suas possibilidades na vida tornando-se lidades de todas as pessoas, nas mesmas circunstincias que ele’. Eassim que a imaginacZo sociuldgica possibilita compreender a historia © a biografia ¢ as relagoes entre ambas, dentro da sociedade (vela Figura 1.6). Para ‘ills (1972, p. 12), "nenhum estudo social que nao volte a0 problema da biogratio, da hist6ria e de suas interligacées dentro de uma sociedade completou 2 sua jor- nada intelectual’. E todos 08 analistas socials cléssicos, quer tenha sido objeto do exame uma grande poténcia ou uma passageira moda literéria, uma familia, ‘uma prisio ou um credo, formularam repetida ¢ coerentemente trés séries de per- guntas (veja Quacro 1.1), que so feitas, segundo Mills, “por qualquer espirito que possua uma imaginacdo socioldgica” QUADRO 1.1 Pemuntes basicas formuladas por aqueles que L ‘apresentam a imaginacto seciolégica, segundo C. Wright Mills 1. Qual a estrutura dessa sociedad como um tod? Quais seus componentes exsencias, e coma se corelacionarné Como‘difere ddecutras varieddes de orem social? Dentro dela, qual o sentido de qualquet catecteristica particular para sua continyacio € para sa transtormacok 2. Qual a posi dessa sociedade a historia humana? Qual a mecinica que a faz mocificar® Qual é seu Tugar no desenvol- vimenta d humanidade como ann todo, © que sentido tem para esse deserwvolvimentot Como qualquer caractersica particular que examinemos afta 0 periodo histérico em que existe, e como ¢afetada por ele? E esse perfodo — quals suas Caractersticas exsenciaist Como clifere de outros perfodos? Quals seus provessos carecteriticos de fazer a histéia? 3. Que variedades de homens predominam nessa sociedade e nessé periodo? E que variedadesirdo predominar? De que forma slo selecionadas,fonmadas,liberadas e reprimidas, fomadas sersfveis ou impermedyeis? Que tipos de “natureza humana” se evelam mia conduta © caréter que observamos nessa sociedade, nesse prfoco} E qual é 0 sentido que para a “nauroza ‘humana’ tem cada uma das caractessticas da sociedede que examinammos? Fonte MILLS, CW. A iaginacssocilégien, 3 ed. Rio de janeiro: Zaha, 1972, 9.13, 8 Inoducio a sociologia 4 © Figura 1.5 socidlago eo jm wv Socisloge NX Sociedade (problemas soci Infiagao -Violencia - ‘Aborto = Habjtagdo-- Fore inasGo sociolégica Individuo Vida-cotidiana A imaginasia sociolégica Jmaginasto eet sociolégica _—— Blografia do Historia da individu sociedace 1.3 A viséio sistemica ‘© conceito de imaginagio sociol6gica proposto por Mills faz parte de um con- texto de abordagem sistémica dos problemas sociais. Ter uma ‘visio sistémica’ & idemtficar as ligagGes dos fendmenos patticulares, de um ponto de vista microsso- ioldgico, a0 sistema social como ur todo. Em suma, estabelecer ligagdes entre as aG6ES sOCiAIS € 0 sistema cle relagdies sociais que forma a sociedade mais geral Um exemplo de visio sistémica & 0 professor em sala de aula compreeneer quee seu papel no se esgota na relayau professor-alun, e sim est inserido em um con- texto mais amplo, em que um nimero indeterminado de relagées semnelhantes forma tum sistema de relagdes que integram o sistema edhucacicnal, ¢ este, por sua vez, presenta seu conjunte de interagées intearado ao sistema de relagdes que formam a sociedade brasileira (veja Figura 1.7). O professor que no tem visio sistémica considera que seu papel se esgota na sala de aula; aquele que possul tal visio com- preende gue as relagdes que estabelece com as alunos no ambiente escolar fazem parte de um todo complexo de relaces que integram uma sociedad, a qual apre- sents determinados valores sustentados pelo conjunto de relacdes existentes, das quais as que estabelece se integram no todo como urna de suas partes constitut vas. igure 1.7 A visio sistémico do sociedade Capitulo - Apetspecive sciotégica 9 10 & Sociedade > Os subtistemos que complem ¢ sociedade 1.3.1 A abordagem sistémica dos fendmenos sociais Podemos definir ‘sistema’ como um conjunto de elementos interligados que sofrem influéncia reciproca. Ha uma interdependéncia entre as partes de um sis tema, de tal mode que @ alteracdo em uma de suas paries provoca efeitos nas ‘outras, podendo modificar todo o conjunta, Compreendido desse modo, as socie- dades hurmanas formarn um sistema social no qual o conjunto de relagées entre as pessoas formam um todo, cujes partes epresentam uma interdependéncia rec (praca @ qualquer alteracdo provacaré algum tipo de modificacao no todo, que, ern um primeiro momento, pode ser impercepteel Em sociedades humanas que apresentam um maior grau de complexidade, podemos identificar subsistemas, que formam um conjunto interligado com 0 sistema mais geral. Para a sociologia, 2 possibilidade de identificacdo de subsis- temas menores & bastante dtil como procedimento metodoldgico no estuda das sociedades, pois facilita o entendimento das partes pelo pesquisador, que desse modo poderé tornar-se cada ver mais especializado no estudo desse setor. Muitas vezes, novas disciplinas surgem em virtude da importancia desses s Entre 0s mais importantes subsistemas, podemos citar 0s econémicas, os politicos, 05 religiosos, a8 educacionais e os turisticos. Podemos ainda dvidit esses subsistemes em outros subsisternas para facilitar sua compreensio (weja Figura 1.8). De acordo com © ponto de vista de um pesquisador, a sociedade pode ser dividida em intimeros sistemas, que estardo intertigados. Assim, uma manifestagao politica pode provocar mudangas econémicas; ou uma agao econémica pade provocar problemas no sistema educacional, ‘Assim como os advogados dedicam-se 20 estudo do subsistema juridico, os ‘economistas, do econémico ¢ assim por diante, um sociélogo pode dedicar-se ¢ cestudar o subsistema turistico, 0 educacional ou 0 politica ete. (veja Figura 1.9). ‘que cada profissional deve compreender é que cada subsistema est em permanente intera¢o cam ouitos ¢ que, ers seu conjurto, formam a sociedade maior, onde os subconjuntos esto insetides. Os sistemas sociais constituemese em sisternas aber tos © permanentemente cofrem influéncias externas, sejam estas de outros sistemas sociais, sejam do meio ambiente. ‘A visio sistémica pode ser definida como a capacidade que o pesquisador adquire de compreendes que cada ago social nao esté isolada na sociedade, faz parte de um todo interligado, assim interferindo e sofrendo interferéncias. Sob esse aspecto, muitas agdes que néo podem ser compreendidas por si mesmas podem ser explicadas pelo papel que desempenham no todo ou pelas influéncias que recebem, _-» Pattdatio Polftiéo Subsistomes do Bletor 5. uv Jusidico: NS sistema politico LEO Parlamentar _» Turlstico Sistema 2 — . Educacao Se primaria ~ i Fducacio Suibeistomas do Educacional secunda sistema educacional Religioso: Educacao. superio: Introducdo a sociologie f te [Figura 1.9 ‘Asociedade Esquema da sociedade composio por vérios sistemas Outrov sistemas ef ™ Sisteme jutidica ———————— Sistema poled NN J ~~ Susi education: \ Sitar eo / . ee ‘Sietema turisticg <———____—»; economnico agg Sisteina idoolonico Por outro lado, 0 individuo que possui uma visio sistémica compreenderé que suas ages cotidianas refletem 0 todo, de algum mado, ou sd0 por ele infiuen- ciadas. A visto sistémica constitul-se em uma abordagem holistica das ages humanas. © pensamento holistico nao s6 procura compreender as acbes sociais inseridas em um todo mais complexo — no caso, a sociedade —, mas prioriza o "entendimento Integral dos fenémenos, em oposigéo a0 procedimentos analiticos em que seus Componentes sao tontados isoladamente” (Houaiss, 2001), Tanto a visdo sistémica como a holistica estabelecem conexées entre o todo e as partes, Diferenciam-se no estabelecimento de prioridades, pois a abordagem holfstica prioriza a andlise a partir da sociedace mais geral, ¢ no de um contexto particular ou mesmo de uma rela¢go social espectfica. J4 a abordagem sistémica pode partir do individuo e estabelecer as conexées com o sistema em que esta integrado. No entanto, as duas abordagens dao imporlancia ao todo em relagio 3s partes © muitas vezes S20 utilizadas como sindni mos De todo modo, tanto uma como outra s8o imprescincliveis para a compreensio a sealidade, principalmente neste inicio do século XXI, em que cada vez mais fortemente se demonstram as interconexdes entre diferentes disciplinas. O direito com a biologia cria um novo campo de estudo, o direito ambiental; a fisica ea biologia, a bioffsica; hé 0 desenvolvimento de computadores biol6gicos etc. 1.4 De problemas pessoais a estruturas socicis (a explicaséio sociologica do svicidio) Foi Emile Durkheim quem desenvolveu o método de andlise utilizado pelas cineias sociais, por meio do estudo sisiemdtico de um ato gocial aparentemente simples © que as pessoas explicam de um mado geral camo um compartamento esstritamente pessoal, O suicitlio é um aio em que as pessoas & 0 proprio noticidrio fendem a focar na pessoa em particular que 0 cometeu, nao buscam sua relagio com outros fatos sociais, preocupanco-se mais com os mativos pesscais que a le- varam a isso. Assim, focam a explicacio ro individuo, e nao buscam ag razbes sociais que 0 levaram ao ato. © sacidlogo francés Durkheim, em um estudo clissico, ilusttou 0 tipo de abor- dagem adequaco dentro da perspectiva sociolégica. Durkheim usou o método so- clol6gico pata testar as rnuitas explicagSes alternativas de suicfdto que estavam sendo debatidas na ocasiZo. Examinando todas as variaveis pertinentes, Durkheim chegou a uma conclusao e formulou uma explicag3o efetiva. Sua andlise revelou Copitulol = Aperspectivasocinligice 41 12 DURKHEIM Intmdiese & cocialoaia igure 1.10 Os quatro tipos de suicidie, segundo Durkheim que variages nas taxes de suicidio entre grupos diferentes nao podiam ser explica- das por enfermidacke mental, fundo éinico ou racial, ou até mesmo pelo clima—~ ele cconeluiu que havia algo sobre o prOprio grupo em si que encotajaria ou desenco- rajaria 0 suicidio. Chegou a identificar quatro tipos diferentes de suicidio, todos uma relagao entre o individuo @ 0 grupo social (veja Figura 1.10) O primeico deles, 0 ‘suicidlo egotsta’, acontece sob condigaes de isolamento ‘excessivo, quando a pessoa é separada do grupo que poderia ter abtido sua tealdade € participagao. Um exempio & quando o individuo € posto & margem de seu grupo de parentesco e que, por qualquer motivo, nfo consegue ser aceito nevamente, mantendo-se em osracismo — para uma pessoa nessas condicGes poderé nao fazer nenhum sentido viver fora do grupo. ‘© segundo, 0 ‘suicidio altrufstico’, ern contraste, acontece sob condigdes de apego excessivo, quando o¢ individuos se identficam to de perto com um grupo ‘Ou comunidade que suas préprias vidas nao tm nenhum valor independente. $40 ‘exemplos desse tipo de sulcidio 0 fendmeno dos pilotas japoneses — os camicases ha Segunda Guerra Mundial, que se jagavarn com seus avides nos navias norte- americanos, & 0 fendmeno dos terroristas suicidas no Oriente Méclio. Tetroristas suicidas perpetraram um dos maiores ataques contra 05 Estados Unidos, em setembro de 2001 . Lira grupo de homens pertencentes & rede Al-Qaeda, de fundamentalistas istimicos, sequestrou quatro avioes de companhias norte- ramericanas e langaram dois deles contra 0 World Trade Center, destruindo-o completamente e matando milhares de pessoas, e um outro contta o Pentigono, sede de poder militar norte-americano. Fsses atentados suicidas poder ser consiclerados os maiores que jé ocorreram até entio no munda, ¢ 56 foram possiveis pela piofunda identificagdo dos seus autores com as idetas do grupo do qual faziam parte, grupo este que se caracteriza pela interpretacao rigorosa, radical e deturpade do livre sagrado do Islamismo, Aicorto. © terceiro tipo, o ‘suicidio andmico’, acontace debaixo de condicées de ano- tia, ou auséacia de normas, quando os valores tradicionais ¢ as diretrizes para o comportamenta desmoronaram, consituindo-se em momentos de descrganizagao social. Um exemplo € 0 suicidio cometido por jovers adolescentes que tém suas famflias desfeitas abruptamente pela separago dos pals. No lapio, no dia 17 de janeiro de 1995, houve um grande terremoto ¢ as vidas das pessoas foram completamente alteradas pelo fendmeno fisica, implicando ruclangas nas relagdes soctais e quebras de valores, Q estado de anomia que se criou levou muitas pessoas ao suicidio — pessoas que sentiam falta de privacidade com 0 consequente aumento do estresse, como afirmou um morador: “Quanto mais pensamos no nosso futuro, mais ficamos preocupados. Sem emprege, sem cass e sem dinhelro”.! (Os suicidios cometidos pelos jovens fnelios de tribos mato-grossenses so um outro exemelo de suicidio andmico. Os fndios possuem valores © nonmas que so Seguidos hé séculos; com 9 contato com 05 homens brancos, perder a referencia nos valores, as normas e nos costumes tradicionais € ao mesmo temipo nao incor Egotsta Btuds sobe Tipos de ao A: ‘0 suicidio: suicidio —e Andimica: Fatalista poram, em prazo curto, a cultura das brancos. Assim, durante um determinado tempo, os indiosFicam ser entender dito quai as nosmas que develo sorte gutidas. Os suicidios ocorrem em maior ntimero com os adolescentes da tbo, pais € justamente o perfado em que fazem maior contato com a cultura do branco, perdenddo a referencia nos valores tradicionais da tribo que foram transmitidas no convivio familiar (veja Quadro 1.2), ‘© quanto tipo 6 0 ‘suicidio fatalista’, que provavelmente acontece em socieda- des e grupos sociais nos quais ocorre um alto grat: dle controle sobre as emogdes fe motivagées de seus membros, que so levados a tomar atliudes que em outras circunstincias ndo 9 fariam. © exemplo s40 5 suicidios coletivos cometidos por membros de seitas religiosas. © caso mais conhecico foi 0 do pastor americano Jim Jones e sua seita, O Templo do Povo, Mais de 900 pescoas morreram a0 inge- rem suco de laranja com cianureto, no dia 18 de novernbro de 1978, na Guiana Em 1994, a seita Ordem do Templo Solar, tundada par um médico suigo, levou 48 pessoas a morte no mesmo dia em lugares diferentes. A seita pregava a iminéncia do apocalpse com a entrada da humanidade na era de Aquirio, Podemos observar que, em cada caso, Durcheim explicou as taxas de suicidio fem termos das caracteristicas dos grupos ¢ das comunidades nas quais as pessoas viviam, ndo ern termos de fatores psicolégicos ou bioldgicos. Ele demonstrou que explicar padres de comportamento social em termos de matives individuais se assemelha a tentar entender 0 corpo humano descrevendo células individuals. A soctedade mais que a soma de seus membros individuais, Dursheim escolheu © suicidio como tema poraue ilustra como forgas sociais sia fatas sociais, e como fessas forgas influenciam um modo de comportamento que a maioria de nés con. sidera intensamente particular. Durkheim provou que forgas socials influenciam cada comportamento, consolidando, a partir daf, este como um prinefpio basico da sociologia Para Emile Durkheiin (1973, p, 391), 0 objeto de estudo da sociologia sto oF fatos socials, que “apresentam caractesisticas muito especiais: consistern em maneiras de agit, pensar e sentir exteriores ao individuo, e dotadas de um poder coercitive em virtude do qual se Ihe impdem’” (vefa Figura 1.11), Sejam elas cren- ‘gas € prdticas constitufdas (regras juridicas ou morais, dogmas religiosos, sistemas financeiros etc.) ou correntes sociais, que sao manifestagdes (de entusiasmo, de indignacio, de piedade etc.) que “chega a cada um de nés do exterior € que sé0 Suicidio indigena No ano de 1985 foi ce 52.0 ndimero de indios guaranis-kalowde que cometeram sulcidio. Segundo dedos da Puna, foi am sos anos mais criticos de autoesterminio ent 0s kai as, De I962.a 1995 foram 233 suicidios, ftudo do antrop logo Antonio Brand aponta que a sucessio de suicidios & resultado do processo de confinamento 80s fais os fro foram incuz'dos. Segundo ele, a superpopulacio indigona nessa teas obriga o> indos a trabathar como bois ras em fazenlas e usinas de agar alcool em traca de seléri babes € jornadas de trabalho de at seis meses sem imtecrupgzo, ‘les ndo sto boias-(ras ¢ ext8o percendo a identidade indigena, uma das causas dos suicidios, ao lade da misétia nas aldeias, arma o antropélogo, Fonte: Sobe para 52.0 ncmero da suicides de Kalowss, Fofha de Paco, 12.602. 1995, O objeto de estudo do sociclogia, segundo Duckeim ree bie a ids Pai alee pate arans LDORROEIN SS et sociologia {ue se impoem a0 individue: Capitulo? ~ A perspectia sciodgica 13 susceptiveis de nos arastar, mesmo contra a nossa vontade”, 0 que poderia nos Jevar a uma ilusdo gue nes faria acreditar termos sido nds que elaboramos aquilo que se nos imps do exterior. Fssas manifestagies, que podem ser passageiras fe que sSo susceptiveis de nos conduzir 2 agdes que poderiam contrariar nossa propria nalureza, apresentam um principio que "aplics-se também aos movimen- tos de opinigo mais duradouros que se produzem incessantemente & nossa volta, mesmo em circulos mais restites, sobre questes religiosas, polfticas, literérias, attisticas etc.” (1973, p. 392) esse modo, para Durkheim, o fenémeno social constiui-se co fato social, que pode ser religiosa, politica, literério, artistisea ete. e que € externo ao individuo doterminador de suas agbes. A sociedade, que é externa aos individuos, determina as interagdes socials (veja Figura 1.12 Assim, para Durkheim, a socledade € 05 grupos sociais exercem um coergio sobre 0s individuos, fazendo-os assurmir panes relacionados com um fenémeno em particular. Ao assumir 0 papel de torcedor de um determinado time, por exemplo, © individuo toma alitudes que no seu dia a dia no assumiria, Tais atitudes apresen- tam, portanto, maneiras de agir, pensar e sentir que so exteriores 2o individuo e que se the impdem, pois so dotadas de um poder cozrcitivo especifico. Da mesma forma, todas as interages que ocorrem no campo esportivo compoer-se de acbes provocadas pelo poder coercitivo de um tipo de fato social particular, que denomi- amos esportivo, Em outras palavras, os técnicos, os dirigentes, os jogadores € es torcedotes assumem um comporlamento que Ihes é impingido pelo poder coercitivo que exerce o ato esportivo enguante fato social, atitudes essas que sdo diferentes daquelas que assumem quando integram outros thpos de fendmenos sociais, como a raligido, a politica, 0 sistema financeita Ptc., no qual assumem posturas que s¢ identificam com cada tipo em particular. 1.5 Os fundamentos da agéio social Enquanto Durkheim prioriza a sociedade na anélise dos fendimenos soctais, considerando-a externa aos indivicuos e determinadora de suas agdes, Max Weber priotiza 0 papel dos atores e as suas agdes individuais reciprocamente referidas, A sociedade, para Weber, deve ser compreendida a partir desse conjunto de intera- es socials ‘A sociologia, para Weber (1991, p. 3), significa: “uma ciéncia que pretende compreencer interpretativamente a acao social ¢ assim explicé-la causalmente em SEU Curso e em seus efeitos" A ‘acio secial! toma o significado de uma ago que, quanto ao sentido visado pelo incividuo, tem come referéncia o comportamento de autres, orientando-se por estes ern seu curso (veja Figura 1.13). Como exemplo: o simples ato de comprar sapatos é realizado tendo como referencia um conjunto de opinides de outras pes- s0as, entre as quais 0 vendedor, a namorada, a mide, os amigos e assim por diante. esse modo, a aco social — af incluidas a omissdo ou a tolerncia —~ oriente- se pelo comportarento de outros, sela este passado, presente au esperado como futuro. Os ‘outros! podem ser individuos e conhecidos ou uma multiplicidade de pessoas completamente desconhecidas. Por outro lado, “nem tode tipe de contato entre pessoas tem caréter social, send apenas um comportamento que, quanto 20 [Figura 1.12 __Fatos sociais determinam as inieractes sociais, segundo Durkheim Fendmends| ee Se Deteiminar as “socials Fated interaqpen sis, 14 ntroducio 8 sociotegia Agpes social Feciprocamente: teleridas. Objeto de estudo da'sociologia sentido, se orienta pelo comportamento de ouira pessoa” [Weber, 1991, p. 14). O autor fornece um exemplo do que afirma ao explanar sobre 0 choque enise dois ciclistas, que, quando ocorre, trata-se de um acontecimento do mesmo carater de 5 um fendmeno natural, ¢, a0 contrario, tratar-se-ia dé um fenémeno social, consti- ‘ tuindo-se de agdes sociais, as tentativas de desvio de ambos, 0 xingamento, ou uma discuss3a pactfica ap65 0 chaque. Fica estabelecida uma relacgo social entre ambos. Nessa interpretacio, a interacao torcedor e jogador constitui-se em um fend- meno social, pois sews agentes tém um ao outro como referencia para seus atos. ‘Do mesmo modo, podem ser tratadas tadas as interacties existentes no Ambito do ‘esporte, que, no geral, tomam 0 comportamento do jagador como referéncia, orientando seus atos 2 partir desse pardmetro. Uma vez estabelecida a definicio de aco social, podem-se encontrar seus diferentes tipos agrupando-os de acordo com 0 modo pelo qual os individuos drientar suas agées. &, segundo Weber (1991, p. 15), a acao social pode ser de- {erminada de quatro modos: racional referente a fins; racional referente a valores; afetivo, especialmente emocional; tradicional (veje Figura 1.14). A aso social racional referente 20s fins’ 6 determinada pelo célculo racional que estabelece os fins e organiza 05 meios necessérios. Por exemplo: ao fazer a aquisicao de um aparetho de televisdo, o comprador levard em conta 0 custo, $e © tamanho do aparetho € adequado para 0 alojamento onde ficard instalado, se é colorido, e assim por diante. Um jovem escolherd uma namorada levando em consideragio se ela é comunicativa, se esté vestida adequadamente, seu nivel de escolaridade etc. © torcedor decidird se ird a0 campo levando em consideragao a3 acomodacies, 0 prego, as facilidades de acesso etc. A ‘aco social referente a velores’ € determinada pela importancia do valor, ndo sencio considerado 0 éxito que se posse obter assumindo-se esse vator. E uma gio social valorizada socialmente, ¢ 6 relevante a opinio do grupo social ao qual 0 individua pertence. Por exemplo: na aquisigao de um aparelho de televisio, o comprador dard imporlancia 3 marca, os outtos fatores que determinam a escolha e serdo secundétios. A namorada serd escolhida tendo em conta 03 valores que pre- daminam na sociedade da qual faz parte, que terdo papel preponderante na esco- tha, ficando os demais em uin segundo plano. Se a beleza feminina € 0 valor fundamental, este sera o critério predominante na ago: se hé uma valorizacao de papel da mulher como dona de casa, a beleza ficara em urn plano secundério. oF 1.14 A agte social, segundo Weber ~ Racionalroferenteaving . - oe ae “Mak Weber oe ‘Acae social ne : = Aletivo Jenvocional Tidicional Capitulo - Aperspectva socolécics 15 16 Inteodugio a socialogia ‘Acscolha de essistr ou no ao jogo no campo de futebol ou em casa, por parte do torcedor, levaré em consideragao os valores do grupo social ao qual pertence. Por exemplo: pode ser dle funcka mental impart&ncia para seu grupo social a ida 20 campo, constituindo-se em um motive de aumentar os contatos socials e valorizar sua presenca nos grupos durante @ semana, pois seré portador de imagens que nao foram mostradas pelos meios de comunicaco. A ‘aco social de modo aietivo’ ¢ aquela que € determinada pelos afeios ou estados emocionais, a relaco entre os incividuos se expressa em termos de leel- dade e antagonismo, Por exemple: ¢ comprador adquitird 0 modelo de televisor de que mais goste, Ou n30 comprar um determinada modelo em hipstese n= nhuma. A namorada ser’ escolhida ou rejeltada de modo emocional, inctutdas af manifestacdes de paixo ou rancor. ‘A escalha da ida ao campo de futebol serd motivada pela emocto, pelos sen- timentos etc. Poderd ir porque foi humilhadlo em um jogo anterior com o mesmo time e quer se vingar; ou por ser 0 time que desperta suas mais fortes emogdes; ou porque ésté urn dia muita bonito para ir ao campo etc. ‘\ ‘aco social de modo tradicional’ & aquela determinada pelas tradigées, pelos costumes arraipacios. Por exemplo: porleré adquiir um televisor da mesma marca da que foi 0 dos seus pais ou de sua famflia. A namorada poderd ser escolhida baseada em uma tradicao familiar de se escolherem “mogas de familia", esterestipo passado de pai para filho ‘Aida ao campo, nesse caso, sera decidida em funcdo dos costumes € das tra- dices adquiridas. Poderé nfo faltar @ jogos com deferminado time. Vai sempre a0 campo porque é tradicéo de pai para filho etc. Estd claro que as acdes sociais mio so determinadas, de modo geral, por um Unico t po, No caso da escatha da namorada, 0 jovem pode levar em consideragio lanto a tradiga (a moya de familia), como os valores precorsinantes na sociedade ‘em que vive (bonita, magra etc). Do mesmo modo, as diversas ages sociais que ‘ocorrem em qualquer Ambito podem ser determinacas por varios tipos. A ida a um ‘campo de futebol pode ser motivada pelo dia bonita, por ser um jogo em que n&o pode faltar por envolver um time adversério espectfico, pelo bsixo prego dos ‘gressos naquele dia ete ‘A ago social, para Weber, € um componente universal ¢ espectfico na vida social e fundamental para a organizagdo da sociedad humana, RESUMO DO CAPITULO. Neste capitulo aprendemos que ha diversas visdes de qual seja 0 objeto de extudlo da, sociologia; no entanto, hd umia concordéncia entre a maioria dos socislogos de que o estudo das relagdes e interacdes humanas constiuise no contetido essenciel da disciplina. Que os Sociélogos adotam um modo de pensar que relaciona o particular com o geral,considerando 0 processo histrco erm que se dau o estabelecimento das estruturas socials. A essa forma de pensar, C. Wright Mills chamou de “maginacio sociolégica’e s@ aproxima da abordagem sistémica dos fendmenos sociais, que considera que 08 diversos elementos Incerligaos sofrem infludncia reciproca. O pesquisador que tem uma visdo sstémica adquire a cepacidade de ccompreender que cata acao social ndo ext isoladla da socielade, mias faz parte de urn todo interligado, no qual sore influéncias ¢ infuencia, ao mesmo ternpo, ‘Vimos como Durkheim demonstrou que problemas aparentemente individuais, como o sulfa, tem urna motivaedes que vode ser explicada a partr da anise da estutura social, Nota pois esta possui um poder coercive que se impo sobre as vontades individuais. E, em umn sentido oposto, come Weber priotiza as acies interpessoais para compreender a sociedace, orsiderando-as como um componente universal ¢ particular da vida social, fundamental para conhecer o juncionamento das sociedades humanas, PERGUNTAS Por que surgiu a sociologia no sécuto XIX? 2. Como poderiamos detinir sociologia, tendo coro base © comportamente'e 0s grupos socials? 3. Ea definigdo da sociologia tendo como base a sociedade poderia ser feta de que modot 4, Qual o conteddo essenciat de todas as detinigdes co que € sociologia eo seu objeto de estado? 5. O que é2 imaginagéo sociolégica? 6. O-que é uma visio sinémica? 7. O que é um sistema? E um subsistemat Exemplifique 8, Oque éuma abordagem holistica das agdes humanas? 9, O que € um suicidio egolsta? Lim altuisico? Um andmico® E um fatalist? 10. 0 que séo fats sociais para Durkheim? 11, 0 que sto acts soclais para Weber? 12, Quais sio os tipos ideais cle ago social que Weber identificos? 1 Fonte: "Suid eesvesse teem vlenas do tevemoto pi ui picolgico”,Fatha de $.Paul, 26 jon. £938, Capitulo 1 ~ A perspectva socolégica 17 A questio social e a necessidade de _ APRESENTACAO Este capluloesté dedicado ee histérco do surglmento da zociologla, Mostra tomo as circias que exstam até ontao ndo conseguiam evplicat o: orandee Compreender: Frolemas soca que estavan stgindo em virtue co aan dalrdusuilzaG30; rustica dala uals foram as carecteristicas das novas relacdes de procucgo que alteraram a vide Lean {bela provocando © surgimerte de numerozos problemas; como a soctolegia : desenvolveu em sau inicio; quais séo seus principais representantes © quais foram como a dimensio da questio suas contribuigGes mais relevantes, Traz também um breve nistorico dos mais Sl colocou a sociedad an, ‘rhportantes soci6iogos brasilatros, tm glano de anise + opiccesn de surimerto€ Assenelvinento dasccilogia + osyicado do posts pra = ices SRINIRAS as clincas soci. TOPI INCIP, * aimpartnca do pape! 21 A Revolucto Industrial eas mudangas na saciedade Assempentode pcr Man, 22 Caracteristicas fundamentais das novas formas de organizacao. Durham © Weber 23 Aquestio social + aimgontni ec socisoncs 24 0 desenvolvimento da saciologia Dial Garo Fee 25 0 papel do postivismo Fran ras, 26 As bases de consttuigao da Sociologia moderna 23 Asociologia no Bresi A Sociologia surgiu como decorréncia de um processo histérico que culminau com a Revolugée Industrial que se iciou na Inglaterra © a Revoluczo Francese de 1789. Esses dois acontecimentos geraram probleras scciais que os Bensacoras da paca naa conseguiem explicar; foi nacessario que surgisse uma nova abordagem dessas questées gue SAvolvesse 0 métoda cientifico ja desenvolvide nas demais ciéncias, Assim, com 9 social tornendo-se um problema de Elmensdes nunca vistas, estavam dads as condlgSes que fizeram que se gerasse a necessidade de criar uma nova disciplina entice ne daQins Obs Qe 2.1 A Revolucdo Indusiricl e as mudancas na sociedade ene Considerandonse as grandes mucangas que acorreram na histéria da humani- dade, aquelas que aconteceram no século XVIII —e que se esienderam ao século XIX — 86 foram superadas pelas grandes transformacdes do final do século XX. As mudangas provocadas pela revolugéo cientifico-tecnolégica, que denominamos Revolugao Industrial, marcaram profundamente 2 organtzacio social, alierando-a por completo, criando novas formas de organizacao e causando modificagGes culturais duradouras que perduram até os dias aluais (veja Figura 2.0). Em um prazo relativamente curto, 2 humenidade presenciou uma das maiores ‘raneformagdes em sua histéria: “em cerca de cem anos, a Europa de sitios, rendciros € aitesios fornou-se uma Europa de cidades aberamente Incustziais. Os utersilios anuais e 0s dispositivos mecAnicos simples foram substitufdos por maquinas; 2 fo- jinha do artifice, pola fbrica, O vapor @ a eletricidade suplentaram as fonts traicio- ais de energia — Agua, vento mtisculo, Os aldedos, come suas antigas ocupaqtes se tornavam supérfluas, emigravam para as mictas e para as cidades fabris, tamando- 52.08 operdrios da nova era, enquanto uma classe profissional de empreiteins, finan- ceitos ¢ empresétios, cientstas, inventores € engenheitos se salientava e se expandia rapidamente. Era a revolucao industrial” (Henderson, 1979, p. 7) Do ponto de vista da organizaczo da sociedad, 0 homem se deparou com novos problemas, que 9&0 poderiam ser solucionados pela antiga forma de ver 0 mundo. A realidade social sofreu transformagoes, que exigiam uma nova forma de 4 mutta disssto tre pensar, bem como nova teoies que buscassem solugdes para 0s problemas que Rewlagie asta; rpramemfuneso do avenco Houta. Enieen cman aur as CAS Heer reactor S06%28 &, em primeito lugar, a sociologia sitnd-la entre 08 anos de 1780 € 1840, havendo. A Revelucée Industrial uaa intrgretagéesqae ‘ ‘ aa cao eel Denominamos Revolugao Industrial 0 perioco em que um conjunto de inven- dune portdiengen, (Goes € inovacSes relacionadas entre si permitiram alcangar uma enorme aceleragio : da produgao de bens € assegurar um crescimento que foi se tornando rapidamente independente da agricultura, Esse fendmmeno, também conhecido como Primeira avanigo da Revolugio Revolucio Industrial, iniciou-se na Inglaterra, no século XVII, entre os anos de Industrial para os 1760 ¢ 1820, quando se afirmou e converteu-se em fato irteversivel, posteriormente demais paises europeuse se estendendo a outros paises da Europa e aos Estados Unidos (veja Figura 2.2). asaos Faas Unidos 8. Newse periods se intersficou a transformagio da economia inglesa, que passou de eee de ciate 6 predominantemente agrécia a uma economia industrial, caracterizada pela produ ‘go em larga escala © pela generalizac3o do uso da maquina para reduzir tempo ‘ee e custos de produgao. 41914, € conhecido por Sequiida Revolulo ‘As modificagdes sociais desse perlodo s6 sdo compardveis &s que aconteceram Tnlustilal, spresentando ante a revolugao agricola acortida de 5 mil a 8 mil anos atrés.' Nesse perfodo, catacteristicas que a conhecido como ‘primeira revolucao cientifico-tecnotigica’, os homens deixaram diferenciam do primeiro de ser némades — cacadores ¢ coletores de sementes e frutos — e se fixaram em perfodo. locais onde constitufram as primeiras aglameragSes urbanas. 1380 foi possivel por: © Figura 2.1 __Tronsformagses na organizactio social decorrentes do Revolusio Industriel Lo net Revolucas Aceleiaga0 de Croscimento > Incustrial produgié de bens intensificado Se. tnovacees 20 Intioducao # sociologia A Rovolugio Industrial Prlineira’ Sogunda metade S = : Revoluuciio Industrial do século Xvi) (later. Revolugao ° | Industrial ~m Segunda x, ‘Segunda metade Restantante da Furopa Revolucao Industria do século IN * @ fstados Usidns ‘que animais foram domesticados e houve uma melhorta na qualidade das semen- tes, propiciando colheitas mais abundantes e um excedente que possiblitou que muitas pessoas deixassemn de ser cagadores ou coletores, criando-se, assim, novos oficios e novas necessidades, os quais possibilitaram um avanco importante da ‘organizagao social como um toda. Os avangos que aconteceram nesta primeira revolugdo cientffico-tecnoldgica 36 forarn equiparados quando da ocorréncia da segunda, também conhecida como Revolugdo Industrial (veja Figura 2.3). A Revalucio Industral inglesa deve sua ascensio inicial A industria algodoeita, que multiplicou extraordlinariamente a producio de tecidos com a introducdo de teares mec&nicos. Mas foi a siderurgia que, ao revolucionar sus tecnologia de produc, gerou um impacto ainda mais decisivo, pois repercutiu em todo o desenvolvimento industrial posterior, tornando-o possfvel. Com efeito, uma série cde aperieigoamentos em fornos e sistemas de fundicao permitiu obter fetro de alta qualidade, capaz de substituir vantajosamente outias materiais para melhorar muitas técnices existentes e construir novas maquinas, Somente 0 ferro permitiv 0 desenvolvimento das ferrovias, que vieram somar-se as importantes transtormactes no sistema de transporte, as quais jé haviam comecado a aparecer, como técnicas modernas de pavimentacao de estradas e abertura de redes de canais. A diminuigao do tempo de destocamento e o intercambio, que assim se tornou possivel,iniciou a ruptura das relagdes de lependéncia entre os nticleos urbanos e os rurais, préprias <& sociedade agricola anterior. Com a Revolugao Industrial houve um enorme crescimento da economia in lesa, 0 que provocou um aumento da necessidade de matérias-primas para as indiistrias, que @ Inglaterra no tinha e que era obrigada a buscar no mercado ex terno, © a necessidade de ampliar o mercado consumidor de seus prodtos, Em decorréncia desses dois fatores, tornou-se inevitivel um aumento do controle das col6nias, além de um creseimenio da disputa com outras poténcias da época pela obtengio e manutenczo dos mercados (veja Figura 2.4). De acorda com Marx e Engels (197), a grande industria criou um mercado mundial que acelerou 0 desenvolvimenta do comércio, da navegacao e das meios de transporte por terra, particularmente as ferrovias. Esse desenvolvimento, por sua vez, iniluenciou a expansio industrial Durante o perfodo ds Revolugzo Industrial, a Inglaterra dependia cada vez mais do comércio externo para escoar sua produc3o — esta, na realidade, era a éondicia a2. As revolucdes cientfico-lecnolégicas Dita vow - Revolucdo agricola que ocorreu por volta de ou 10 eres revolucto clentfco-recnolégiea | il anos ats no continente europeu _ Revolugio Industrial no século XVIN (inglaterra) ¢ século XIX (demals pafses europeus ¢ Estados Unido Revolucio do conhecimento no final do sécula XX e 1 Curs@ no infcio do século XX! | Segunda revolucao cienitfico-tecnolégica Terceira revolugao cientifica-tecnoligica Cepitulo 2 ~ A.questio social es necessidade de uma céscia social 21 igura 2.4 Transformagéio econémics criada pela Revolugéio Industrial = Chien Grande Revolucao Mercado inddswia Industrial mundial 4 Influenciou Desevlierte dco di eis i de transporte (naveyacao @fetravias) <——— Promoveu preponderante para a continuidade da Revolugio Industrial. A expans3o do comér- tio externa era feita com tecidos e escravas Capturacios na Arica € direcionados para os centros produtores de matéria-prima de que as indsirias necessitavam. 2 ae 2.2 Caracteristicas fundamentais das novas formas de organizacéio E importante compreendes as novas formas de organizagéo social que surgiram ‘em decorréncia da industrializacdo, pois, em um curto espaco de tempo, firmaram- “se e modificaram o modo de vida de grandes contingentes humanos. As mudangas que se deram naquele periodo, e seus reflexos na sociedlade, pocem ser comparadas 20 que esté acantecendo no momento atual — final do século XX e inicio do século XX1 =, em que outa grande trarsformagSo cientfice-tecnokégica esta ocorrendo & flueniciando profundamente a vida das pessoas, que, por estarem vivendlo-a, ainda no conseguem, em sua raioria, perceber a dimensdo dessas alteragbes. Tentar campreender 0 que se deu na vide social do século XIX em funcio das modificagées introduzidas pela Revolugao Industrial contribuirg, certamente, para entender 0 que acontece nas dlias de hoje, ‘As mudancas que ocorteram no século XVIII — e que se estenderam 2o século XIX — caracterizam © que convencionames chamar de Revolucio Industrial (veja Figura 2.5), Esse processo apresenta uma série de tragos, ou tendénckas gerzis, que ‘diferencia claramente do sistema anterior de artesanato & de trabalho doméstico. Entre os mais importantes, poclemos citar: a substituicdo progressiva do trabsiho hhumano por maquinas; a ‘civisio do trabelho" ¢ a necessicade de sua coordenacio; a5 mudangas culturais no wabatho; a produgae maciga de bens; o surgimento de novas funces (empresérios ¢ operdrios); entre outros. - Figura 2.5 A Reyolugdio Industrial ¢ suas consequéncios ituigdo’progressiva do if trabalho humano por maquinas & ‘Adivis20 do trabalho ea necessidade de sua coordenagao Rewclugo, ‘Mudangas ocotridas Indust nos sculog XVILe XIX Mudinas euiturals no abatho Produc de bens om NN grande cuantidade suugimerto de hoves pantie sociais (Gpersrios © empresarias eapitalistes) 22 Introduedo a sociologla a iain iti 3) Substhuigdio progressiva do trabalho humana por méquinas A méquina assume fungéies antes dese mpenhadas pelo homem, multipticando 2 capacidade deste e executando com vantagem tarefas que artes eram exer- Igualdade, ~ dominacao da nobreza. fraternidade igura 2.11 Acrgonizasto da sociedad Evoliigao dos modos de _ponsar= uso da tazd0— Revolugao. “ads obsetvacio 9 Prancesa, [racionalismo e ifurniriismo) 2 ‘oleae atin Fu ‘Questio social’ Surgimento: Sociologia Uso da maquina a vapor na. : ¥ ings eo aperieigoarnento fone dos siétodos produtives = 28 — Introducio & sorioloaia - p85 Bey 2.5 O papel do positivismo e ia ood Do ponto de vista intelectual surgiu uma reagZo conservadora as uansiorma- : es desencadeadas pela Revolucia Francesa ¢ pela industrial. Como vimos, essas transformagdes provocaram profundas alteragdes na sociedade, novas situagbes que ndo eram “explicacias’ pelos filésofos da época, como © aumento da urban zacio, do niimero de suicidios, das epidemias e outras. Esses conservadores inicialmente consttufram suas obras contra a heranca iluminista, No procuravam justificar a nova sociedade por suas realizagies poli- ticas e econdmicas; a0 contrdrio, a inspiracdo do pensamento conservador era a sociedade feudal, com stra estabilidade e acentuada hierarquia social, Consideravam 9s iluministas “aniquiladores’ da propriedade, da autoridade e da religizo. A saciedade modema, na visio conservadora, estava em france declinio. Nao. viam nenhum progtesso em uma sociedade urbanizada, na indistria, na tecnologia, na ciéncié € no igualitarismo. Lamentavarn o enfraquecimento da familia e da re. ligido. Consideravam que a sociedsde modema era dominada pelo csos social, pela desorganizacdo ¢ pela anarquia Preocupados com a ordem, a estabilidade ¢ a coesdo social, enlatizariam a importancia da autoridade, da hierarquia, da tradi¢do e dos valores morais para a conservacaa da vida social, Ao estudarem as instituices— como a familia, a religizo, © grupo social —, proocupavam-se com a contribuigao que poderlam presiar para a manutencao da ordem social (veja Figura 2.12). ‘As idelas dos conservadores constituiram-se em uma referdncia para cs pionel tos da sociologia, particularmente os ‘positivistas’, interessados na preservaco da nova ordem econ6mica e politica que estava sendo implantada. Os positivistas foram bastante influenciados pelas ideias dos conservadares, pois também consideravam qué na saciecade francesa pés-revoluciondria reinava um clima de ‘desordem' e ‘anarquia’, visto que todas as relagées sociais tinham se tornado instéveis, e 0 problema a set enfrentado era o de restabelecer a ordem. A motivagSo da obra de Auguste Comte, o fundador da doutrina positivista (veja, Quadro 2.2), repousa nesse estado de ‘anarquia’ e ce ‘desordem’ de sua época his- toriea. Segundo ele, as sociedades europelas se encontravam em estado de cacs social. Para que houvesse coestio e equilibria na sociedade, seria necessério resta- belecer a ordem nas ideias e nos conhecimentos, criando um conjunto de crencas comuns a toclos os homens, 2 que deu o nome de ‘filosofia positiva’. Para Comte, a filosofia iluminista somente criticava, abordava 0s aspectos, negativas; em oposicdo a ela, © espfrito positive ndo possufa carster destrutivo, preocupando-se apenas em organizar a sociedade (veja Figuea 2.13). 2.12 Areasto conservadora no inicio de século XOX Daya importancia pare: ss : Preocupeia-se com: x -Reacio conservadora = Ordem Ataris 19 do. século XIX) Estabilidade ¢ «+ as sich . q Ss updlese Coesio social ‘*-Valotes morais © positivismno de Auguste Comte (1798-1857) Auguste Comte Progressa (1758-1857) Postivismo, ‘com oFdent Capitulo 2 - A quastio social ea nscessidade de wma céncia social 29

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