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Anatomia e Função

A próstata um órgão exclusivo do sexo masculino. Está localizada abaixo da


bexiga, na frente do reto. No homem adulto, a próstata tem o tamanho
aproximado de uma ameixa, pesando cerca de 20 gramas. Ela envolve a
uretra, que conduz para fora a urina que se acumula na bexiga.

A próstata é uma glândula que faz parte do sistema reprodutor do homem,


produzindo (secretando) um líquido que se junta à secreção da vesícula
seminal para formar o sêmen (esperma) e auxiliar no transporte dos
espermatozóides, produzidos nos testículos até a sua ejaculação durante o
orgasmo. É também dentro dela que ocorre a transformação do principal
hormônio masculino - a testosterona - em diidrotestosterona, que, por sua vez,
é responsável pelo controle do crescimento dessa glândula.

A glândula prostática é dividida em várias zonas: central, periférica, de


transição, e assim por diante.
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Patologias
Sintomas

A próstata cresce pouco até a puberdade, quando passa a sofrer influências


importantes de hormônios masculinos (testosterona/ diidrotestosterona),
alcançando cerca de 20 g por volta dos 20 anos de idade. Estima-se que, a
partir dos 31 anos, ela passa a crescer 0,4 g por ano.

Está comprovado que o crescimento normal da próstata relaciona-se com o


avanço da idade do homem. Entretanto, em caso de câncer prostático ou
principalmente de HPB (Hiperplasia Prostática Benigna), esse crescimento se
torna acelerado e a próstata pode atingir volumes de 60g a 100g, necessitando
de tratamento cirúrgico.

A glândula prostática tem uma disposição anatômica que a torna


estrategicamente perigosa dentro do sistema urinário, pois seu crescimento
exagerado (hiperplasia) afeta o diâmetro da uretra, dificultando a passagem da
urina e o próprio funcionamento da bexiga, podendo também causar alterações
renais importantes.

Próstata normal Próstata aumentada

Quando associados à obstrução direta da próstata, esses problemas que


alteram o fluxo urinário normal são conhecidos como "sintomas obstrutivos".
Entretanto, quando estão relacionados às repercussões negativas deste
próprio fluxo urinário anormal sobre a bexiga, são chamados de "sintomas
irritativos" (veja as imagens de cistoscopia de uma bexiga de esforço pelo
aumento de volume da próstata).

O importante é reconhecer que tais sintomas urinários estão associados ao


aumento de volume da próstata que, por sua vez, pode ser provocado por três
tipos principais de problemas:

 Hiperplasia Prostática Benigna (HPB);


 Câncer de Próstata;
 Prostatite.
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A próstata nunca dói. Por isso, só e possível saber se ela está com problemas
por meio de exames médicos. O grande segredo para prevenir qualquer
doença ou, pelo menos, para minimizar seus problemas, é sempre procurar
orientação médica tão logo apareçam seus primeiros sinais e sintomas.

Vale ressaltar também que a partir dos 40 a 45 anos, todo homem deve
procurar um urologista anualmente para fazer uma avaliação clínica da
próstata, ainda que esteja se sentindo bem e não tenha histórico de câncer na
família.

Nos casos de enfermidades da próstata, a conduta é exatamente a mesma:


não perder tempo com especulações e procurar imediatamente um médico
quando surgirem os seguintes sintomas:

 jato urinário cada vez mais fraco;


 dificuldade ou demora para iniciar a micção;
 necessidade frequente de urinar;
 acordar à noite para urinar;
 interrupção involuntária do jato urinário;
 presença de sangue na urina;
 dor ou sensação de queimação durante a micção;
 urgência (sensação de que não pode segurar a urina);
 sensação de esvaziamento incompleto da bexiga.

Para facilitar a decisão terapêutica e determinar o grau de severidade dos


sintomas, vem sendo recomendada a tabela do "Escore Internacional de
Sintomas Prostáticos" pela Sociedade Brasileira de Urologia.
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Converse com seu médico.

ESCORE INTERNACIONAL DE SINTOMAS PROSTÁTICOS


Menos da Mais da
Menos de Metade Quase
No último mês... Nenhuma
1 vez em 5
metade
das vezes
metade
sempre
das vezes das vezes

1. Quantas vezes ficou a sensação


de não esvaziar totalmente a 0 1 2 3 4 5
bexiga?
2. Quantas vezes teve de urinar
novamente menos de 2 horas após 0 1 2 3 4 5
ter urinado?
3. Quantas vezes observou que, ao
urinar, parou e recomeçou várias 0 1 2 3 4 5
vezes?
4. Quantas vezes observou que foi 0 1 2 3 4 5
difícil conter a urina?
5. Quantas vezes observou que o 0 1 2 3 4 5
jato urinário estava fraco?
6. Quantas vezes teve de fazer 0 1 2 3 4 5
força para começar a urinar?
7. Quantas vezes, em média, teve 0 1 2 3 4 5
de se levantar à noite para urinar?
Escore total dos sintomas x x x x x x
Escore total x

Escore de sintomas prostáticos

O Escore de Sintomas Prostáticos pode ser interpretado pelo seu médico


considerando três categorias:

 Leve: 0 a 7;
 Moderada: 8 a 19;
 Severa: 20 ou mais.

Nota: A correta interpretação desses resultados somente pode ser feita com a participação
direta de seu médico.

Muitos desses sintomas podem estar presentes em diferentes doenças da


próstata:

 Prostatites infecciosas e não infecciosas;


 Hiperplasia Prostática Benigna;
 Câncer de Próstata.

Câncer de Próstata
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Produto de Prostatovesiculectomia radical para


câncer de próstata

Excluindo o câncer de pele, o câncer de próstata é, hoje em dia, comumente


diagnosticado em homens de todas as idades nos Estados Unidos. Em 1990
cerca de 100.000 novos casos de câncer de próstata foram diagnosticados,
dos quais 20.000 afetavam homens com idade superior a 65 anos. Durante
1990, ocorreram 30.000 mortes causadas por câncer de próstata, o que faz
com que esse tipo de câncer seja o segundo mais fatal para homens de todas
as idades e o mais fatal para aqueles com idade superior a 55 anos. Estudos
epidemiológicos indicam que 1 em cada 11 homens brancos nos Estados
Unidos desenvolverão câncer de próstata clinicamente significativo. O risco
entre os homens negros é ainda maior: 1 em cada 10 desenvolverão essa
neoplasia. A incidência anual de câncer de próstata vem aumentando muito
nas últimas seis décadas.

O câncer de próstata constitui, atualmente, a neoplasia mais freqüente do


homem, representando 21% do total de casos e tendo ultrapassado em
freqüência os tumores de pulmão e cólon. O comportamento biológico
inconstante desta neoplasia, com crescimento por vezes indolente e pouco
agressivo, faz com que a proporção de óbitos pela doença seja inferior a dos
casos de câncer do pulmão e cólon.

O número de casos de câncer de próstata varia geograficamente, com áreas


de maior ou menor prevalência. Na cidade de Shangai (China), a incidência de
novos casos por ano é de 0,8% por 100.000 habitantes e em algumas cidades
dos Estados Unidos, como Atlanta, a doença é identificada em 100 por 100.000
habitantes, o que corresponde a uma incidência 120 vezes maior. Na cidade de
São Paulo (Brasil) são diagnosticados 22 novos casos novos por 100.000
habitantes a cada ano. Embora nos Estados Unidos o câncer de próstata seja
duas vezes mais frequente nos indivíduos negros do que em brancos, isto não
parece se repetir nos demais países. No Brasil esta forma de neoplasia parece
ser menos comum em negros. Este tipo de câncer é bastante raro antes dos 50
anos e sua incidência aumenta progressivamente com a idade. Cerca de 60%
dos homens acima dos 80 anos apresentam neoplasia primária da próstata
quando a glândula é estudada através de cortes seriados. Apenas 5% desses
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casos manifestam-se clinicamente, indicando que os tumores descobertos


incidentalmente têm uma evolução mais benigna.

Embora exista alguma controvérsia quanto ao comportamento biológico do


câncer de próstata em indivíduos jovens, algumas observações sugerem uma
maior agressividade do tumor nesse grupo etário.

A incidência de câncer de próstata é um pouco mais elevada em famílias de


portadores da doença. Esta constatação e a maior prevalência destas
neoplasias em certas áreas geográficas, sugerem a influência de eventual fator
genético no aparecimento do câncer da próstata.

Os tumores da próstata só produzem manifestações clínicas quando a


neoplasia atinge a cápsula prostática, ou seja, quando a doença já se
apresenta relativamente avançada. Nas fases iniciais o tumor só pode ser
identificado através de exames clínicos de rotina, o que justifica a realização do
toque retal anual em todo o homem com mais de 50 anos de idade.

O toque retal representa a forma mais acurada de se identificar casos de


adenocarcinoma da próstata, sendo sua sensibilidade de 67% a 69% (chance
do exame ser positivo em caso da doença) e sua especificidade de 89% a 97%
(chance de se encontrar câncer quando o exame é positivo). Comparado a
nove outros métodos, o toque retal provou ser o mais eficiente no diagnóstico
precoce do câncer de próstata (câncer urológico).

Prostatites

É qualquer condição associada à inflamação ou infecção da glândula


prostática. Ocorre raramente em jovens, porém com muita frequência em
homens adultos, aumentando a incidência com a idade. Estima-se que a
prostatite seja responsável por cerca de 25% das consultas médicas anuais
dos homens, em consequência de queixas referentes ao aparelho gênito-
urinário. De fato, é a doença urológica mais comumente diagnosticada em
homens. Cerca de 50% dos homens adultos desenvolvem alguma prostatite
durante a vida.

A prostatite é causada por bactérias ou outros organismos infectantes que


chegam na próstata vindos da bexiga, dos rins ou de um contato sexual com
uma pessoas infectada. O uso de camisinha durante o ato sexual pode prevenir
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uma infecção. Uma outra causa da prostatite pode ser devido à hiperplasia
prostática benigna (HPB), que pode causar um refluxo da urina depois da
micção, fazendo com que esta penetre na próstata. Um químico presente na
urina irrita os tecidos da próstata, causando uma inflamação.

As prostatites podem ser classificadas como:

 Prostatites infecciosas:

1. Agudas: há sempre a participação de um agente infeccioso,


representado em geral por certos micróbios, como bactérias. Em
certos casos, podem surgir febre e calafrios, exigindo consulta
médica sem perda de tempo;
2. Crônicas: a causa é sempre constituída também por uma
bactéria. Seus sintomas, porém, são mais discretos muitas vezes
representados por infecção repetida da bexiga (cistite).

 Prostatites não-infecciosas: Embora sua causa permaneça


desconhecida, a sintomatologia é muitas vezes expressiva, requerendo
o uso de medicamentos, como os chamados "alfa-bloqueadores", que
relaxam o tecido muscular da próstata, reduzindo a dificuldade de urinar.

A glândula prostática pode infectar-se por bactérias através da:

1. Via ascendente, na qual a urina pode refluir para dentro dos dutos
prostáticos, geralmente ocorrendo após instrumentação da uretra ou
bexiga;
2. Via hematogênica, por disseminação de bactérias, como infecções
estafilocócicas agudas, tuberculose ou infecções fúngicas profundas;
3. Contaminação direta a partir do reto, através de ductos linfáticos.

De modo geral, o risco de uma prostatite aumenta em pessoas que:

1. Tiveram, recentemente, um instrumento médico inserido no trato


urinário;
2. Praticam sexo anal;
3. Possuem alguma anormalidade no trato urinário;
4. Tiveram recentemente, ou têm frequentemente, infecções de bexiga;
5. Desenvolveram HPB.

Os sintomas de uma prostatite causada por bactérias são normalmente


severos, fazendo com que a diagnose seja rápida. Incluem febre, calafrios, dor
na porção baixa das costas e na região pélvica, fatiga e micção dolorida ou
frequente. Os sintomas de uma prostatite causada por agentes não bacterianos
são semelhantes, podendo também incluir desconforto nos testículos e na
uretra, sangue na urina ou na ejaculação, dificuldades durante o ato sexual e
micção frequente.

Exames
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Além do escore de sintomas, o médico precisa reunir outras informações para


diagnosticar com certeza o tipo de problema que o paciente prostático
apresenta. Assim, se você já passou dos 40 anos e tem queixas urinárias
sugestivas de alteração prostática, sua consulta médica vai obedecer às
seguintes etapas:

1. História clínica - Interrogatório sobre suas queixas urinárias, passado


cirúrgico, medicação em uso e outras eventuais doenças (no passado
e/ou atuais);
2. Exame físico - Além do exame geral, seu principal ponto é o toque retal,
através do qual o médico pode avaliar diversos aspectos da próstata:
volume, consistência, nódulos, limites, sensibilidade. Contribui também
para orientar sobre possíveis alterações neurológicas associadas.

Uma vez detectadas alterações prostáticas que precisam ser mais bem
esclarecidas, seu médico vai encaminhá-lo para o urologista, especialista em
doenças do trato urinário e do sistema reprodutivo masculino.

Toque retal

É uma técnica simples e importante. O médico insere o


dedo no reto do paciente e sente a próstata através do
tecido retal. É um teste rápido que pode revelar o
tamanho, o formato e a textura da próstata, se ela está
dura ou não, com ou sem calosidades. Com base no
toque retal o médico decide se testes adicionais se
fazem necessários.
Figura do Miniatlas Anátomo-Patológico Gênito-Urinário da AstraZeneca
(www.astrazeneca.com.br)

Exames complementares
Os exames de sangue e de urina servem sobretudo para verificar se o
funcionamento renal já não foi comprometido pelo mal funcionamento da
próstata:

 Exame sequencial de urina: Este teste pode determinar a localização de


uma infecção. São feitas três coletas de urina: a primeira deve ter
medida certa para carregar somente bactérias que, possivelmente,
estejam contaminando a uretra; a segunda amostra deve coletar líquidos
resultantes de uma massagem prostática, para coletar fluido prostático;
a amostra final deve conter a urina que estava retida na bexiga, para
que se determinem possíveis infecções neste órgão.

 Biópsia da próstata
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 Creatinina: É importante no estudo da função renal. Estima-se que 10%


dos portadores de HPB evoluem com insuficiência renal;
 PSA (antígeno prostático específico): É considerado marcador
importante, embora não seja específico para câncer, uma vez que pode
apresentar aumentos importantes também em casos benignos, como a
própria HPB, as infecções e os infartos prostáticos;
 Ultrassonografia transabdominal: Trata-se de um método não invasivo
que permite avaliar o tamanho e a textura da próstata, resíduo urinário
na bexiga e outras alterações do trato urinário;
 Ultrassonografia transretal: É indicada quando há suspeita de câncer de
próstata, em particular para orientar a biópsia prostática;
 Outros exames com indicações específicas: Urofluxometria,
Urodinâmica, Uretrocistoscopia, Urografia Excretora, Uretrocistografia,
etc.

Hoje em dia alguns testes podem fornecer imagens da próstata. A tecnologia


usada inclui o ultrassom, raio-x com auxílio de corante que é injetado no
sangue, ressonância magnética e CAT scan. Estes dois últimos são feitos por
equipamentos bastante sofisticados que simplesmente reproduzem imagens de
tecidos moles do corpo.

Tratamento
HPB

Confirmado o diagnóstico de HPB, o primeiro ponto que você deve saber é


que, se não for tratada, essa doença, apesar de benigna, pode provocar
complicações graves:

 retenção de grandes volumes de urina;


 comprometimento dos rins;
 predisposição para infecções urinárias, etc.

A hiperplasia prostática benigna (HPB) é definida como o crescimento


glandular prostático que ocorre na maioria dos homens a partir dos 50 anos de
idade, sendo prevalente em mais de 50% após os 60 anos.

Esse crescimento é um fenômeno ainda não completamente esclarecido,


porém relacionado à atividade dos andrógenos e dos fatores de crescimento da
próstata. Os elementos estromais tem um papel na regulação de vários
aspectos funcionais do epitélio, até mesmo no crescimento.

Vários trabalhos epidemiológicos também revelaram que aproximadamente


30% dos pacientes com crescimento prostático necessitam de tratamento
cirúrgico.

A ressecação transuretral da próstata (RTU) é o padrão-ouro no tratamento


cirúrgico da obstrução provocada pela HPB, com grande satisfação do paciente
e poucas queixas no pós-operatório. A RTU da próstata é realizada usando
corrente elétrica monopolar, ressecando-se o tecido prostático por meio de
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corrente de corte, e a hemostasia é realizada pela corrente de coagulação.


Para evitar a condução de energia elétrica para outros tecidos deve-se utilizar
uma solução de irrigação não-condutora, sendo, portanto, impossível a
utilização de solução salina. Apesar da baixa incidência de complicações, a
intoxicação hídrica e a hemorragia são temidas no pós-operatório. De certa
forma, a RTU com corrente monopolar não deve se entender por mais de 90
minutos, o que limita o seu uso nas próstatas grandes (acima de 80g e 90g).

Tratamento da HPB

A necessidade de tratamento da HPB está relacionada com a intensidade dos


sintomas obstrutivos ou com a ocorrência de complicações relacionadas à
obstrução: infecção urinária de repetição, sangramento frequente e
insuficiência renal.

O tratamento medicamentoso (com a introdução na prática clínica dos


inibidores de 5-alfa-redutase e dos alfabloqueadores) tem um papel importante
na terapêutica moderna da HPB. Entretanto, com a evolução dos sintomas ou a
ocorrência de complicações, a desobstrução cirúrgica se impõe.

Novas técnicas cirúrgicas

Apesar do sucesso terapêutico do RTU monopolar e de seu aperfeiçoamento


por meio da modernização dos sistemas ópticos e dos bisturis elétricos, novas
técnicas tem sido pesquisadas no sentido de minimizar as complicações
cirúrgicas e ampliar a sua utilização para qualquer tamanho de próstata.

Várias técnicas tem sido testadas na última décadas, algumas com resultados
razoáveis, outras com pouca eficiência.

Apesar dos bons resultados e da simplicidade técnica, o de 60 W tem uma


limitação que é o tamanho da próstata tratada (não superior a 60 cc de
volume), por causa da menor velocidade de vaporização a 60 W. A fim de
melhorar a velocidade da vaporização, foi desenvolvido um equipamento de
laser que emite uma potência média de 80 W. Esse equipamento fornece uma
energia total de 200.000 Joules e é possível tratar próstatas com volume de até
80 cc. Vale salientar que uma segunda geração de laser no sistema KTP, com
potência de 120 W, está sendo introduzida, com provável aumento da
eficiência do método por sua maior capacidade ablativa. Tal dificuldade é
atualmente contornada pela retirada de fragmentos pela uretra ou seja, o laser
hollmiun não faz vaporização, apenas a enucleação, por isto as freqüentes
complicações com sangramento, retenção urinária e uso de sonda por alguns
dias, como também na RTU pode acontecer.

A dificuldade, que limita o tamanho a ser tratado e por isso e resolutividade do


método, é o comprimento de onda (absorbância). Cada comprimento de onda
tem afinidade por um elemento químico, aqui no caso da próstata, sangue e
água. Nosso organismo é 75% de água, presente em todos os tecidos. Até
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então, os laser urológicos eram focados na presença de sangue (hemoglobina).


Nas grandes próstatas, o tecido prostático periférico é rechaçado durante o
crescimento e torna-se menos vascularizado ou seja, tem menor irrigação
sanguínea. Assim, na faixa de 532nm, há grande afinidade do laser pela
presença de hemoglobina, presente no adenoma central que obstrui a uretra,
mas, na próstata periférica, o tecido que é pressionado contra a cápsula da
próstata (tecido fibroso rígido que contém a próstata) devido ao crescimento,
sofre uma diminuição da irrigação sanguínea pela menor vascularização,
tornando-se menos rico em sangue e visualmente pálido, mas, igualmente
rico em água. Os aparelhos com menor potência e comprimento de onda ao
redor dos 532nm, têm visível dificuldade para vaporizar o tecido, aumentando o
tempo da cirurgia e consequentemente, sua morbidade, sem falar do custo
adicional da fibra, que tem uma vida útil calculada em J (Joules - unidade
energia calórica) para alguns produtos.

A mais recente tecnologia a laser aplicada na Urologia, já


aprovada pelo FDA e pela ANVISA, emprega os confiáveis laser de diodo,
como potências de até 250W, que é o caso do aparelho da alemã Dornier
Medtech, Medilas D Urobeam. Com uma absorbância em torno de 940nm
(engloba, sangue e água) ele é capaz de vaporizar os tecidos ricos em
sangue, como a porção central do adenoma prostático, bem como o
tecido da porção periférica, menos vascularizado, mas, igualmente rico
em água. Esta fase da VLPA é que impõe alguma dificuldade aos laser menos
potentes e com comprimento de onda na faixa da absorbância da hemoglobina,
532nm (sangue = hemoglobina). Desta maneira, o Medilas D Urobeam pode
tratar com facilidade, próstatas maiores que 120g - 150g sem dificuldade, não
prolongando o procedimento cirúrgico.

De qualquer forma, a vaporização prostática a laser tem algumas vantagens


incontestes para quem tem indicação de operar a próstata:

 Sondagem vesical e internação entre 12 a 24 horas (day-hospital


basis);
 Dispensa da irrigação vesical pós-operatória, mesmo com a sonda;
 Menor incidência de complicações intra e pós-operatórias;
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 Ausência de sangramento, o que permite seu uso em pacientes


utilizando, com prótese ou stent vascular anticoagulantes orais ou
injetáveis;
Consulte seu cardiologista!
 Cistoscópio mais fino, com menos dano à uretra;
 Rápido retorno às atividades físicas e profissionais (down time)

Na ablação transuretral com agulha, esta transmite para o tecido prostático


ondas de rádio de alta frequência, provocando calor local, destruição do tecido
prostático e desobstrução da uretra. O processo inflamatório local provoca
muitos sintomas irritativos, e a melhora dos sintomas obstrutivos ocorre após
semanas.

A termoterapia transuretral por micro-ondas também é um processo de


desobstrução pela destruição térmica do tecido prostático. Essa técnica, além
de resultados insatisfatórios, é contraindicada em pacientes com marca-passo,
implantes metálicos e desfibriladores implantados.

Duas técnicas cirúrgicas para o tratamento da obstrução provocada pela HPB


tem revelado bons resultados iniciais e podem ameaçar a posição da RTU
monopolar como padrão-ouro, são elas: ressecção bipolar e vaporização
prostática a laser.

Ressecção transuretral bipolar

Esta nova tecnologia utiliza a energia elétrica transmitida


por um gerador bipolar. Um "bolsão" de plasma ionizado é criado, o que
permite a ressecção, a vaporização e a hemostasia ao mesmo tempo. Não há
necessidade de fio terra; a energia elétrica está contida no eletrodo, de tal
forma que o efeito é localizado, não havendo passagem de eletricidade através
do paciente.

A técnica bipolar requer um meio eletrolítico para conduzir a energia elétrica do


eletrodo ativo para o eletrodo de retorno. Portanto, a solução salina é utilizada
na irrigação do RTU bipolar, eliminando a possibilidade de síndrome pós-RTU
e também a limitação do tamanho da próstata.

O eletrodo bipolar funciona bem com solução salina aquecida. Quando o


eletrodo em alça é usado, o tecido prostático é ressecado. Quando o eletrodo
de vaporização é utilizado, não há tecido para ser removido. Regularmente
utiliza-se uma sonda de duas vias sem irrigação.
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As primeiras experiências multicêntricas internacionais com a tecnologia de


ressecção bipolar (Coblation) confirmam a viabilidade e segurança do método.
Uma avaliação subjetiva mostrou o benefício do método em relação à RTU
monopolar, com eliminação da síndrome pós-RTU, menos destruição tecidual e
redução de sangramento.

Recentes trabalhos referem-se à RTU bipolar como um dos mais significantes


avanços na ressecção transuretral da próstata, destacando o impacto positivo
na segurança do paciente e no treinamento de residentes.

Câncer de Próstata

É assustador, mas não se pode fugir da realidade de que um câncer de


próstata representa hoje o tipo mais comum de câncer no homem. Estima-se
que um em cada dez homens vai desenvolver câncer de próstata em alguma
fase de sua vida.

O tumor se inicia na maioria das vezes na zona periférica, para depois crescer
e invadir as demais áreas da próstata. Pode permanecer confinado à glândula,
mas também pode se expandir, afetando as regiões vizinhas ou, em casos
avançados, alcançar partes mais distantes, a exemplo dos gânglios (do sistema
linfático) e dos ossos. São as conhecidas "metástases".

O diagnóstico de câncer prostático, em geral, fundamenta-se nos seguintes


exames:

 Toque retal;
 Determinação do nível de PSA (antígeno prostático específico);
 Ultrassonografia transretal;
 Biópsia de Próstata.

O tratamento do câncer de próstata é quase sempre de natureza cirúrgica


(prostatectomia radical), quando diagnosticado na fase inicial.

Outros tratamentos:

 Radioterapia;
 Hormonioterapia;
 Irradiação interstical;
 Criocirurgia.

Radioterapia interna ou Braquiterapia

O prefixo médico "braqui" significa curto. Braquiterapia é o termo dado à


aplicação de fonte ou fontes radioativas o mais perto possível ou até dentro do
tumor. Isto permite que seja dada uma dose muito mais alta ao tumor sem
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expor tecidos vizinhos, o que é impossível pela radioterapia externa. Outra


vantagem da braquiterapia é que a radiação (queda de dose) ocorre muito mais
rapidamente nos tecidos vizinhos, diminuindo nestes seus efeitos deletérios (no
caso da próstata, retite, cistite e dermatite actínica).

Na indicação da braquiterapia, seu urologista concluiu que uma grande dose


radiação é a melhor opção de tratamento para um câncer de próstata
localizado. A braquiterapia é uma maneira de dar uma dose elevada de
radiação num curto espaço de tempo, o que seria impossível com a
radioterapia externa, pelas conseqüências nos tecidos vizinhos.

A braquiterapia ou radioterapia interna, coloca um implante radioativo o mais


perto possível das células cancerosas. No lugar de um grande equipamento de
radioterapia, o material radioativo é acondicionado e isolado em sementes ou
cápsulas que serão introduzidas no seu organismo por meio de cateteres,
agulhas ou tubos, colocados diretamente em contato com o tecido
cancerígeno.As substâncias radioativas mais comumente usadas são o césio,
o irídio, o iodo, o fósforo e o paládio.

A braquiterapia pode ser usada no tratamento de neoplasias malignas da


cabeça e pescoço (tireóide), seios, útero, e próstata. Pode ainda ser associada
à radioterapia convencional externa.

Você pode ainda ouvir os termos radioterapia intraluminal (tubos do corpo


como esôfago, intestinos, estômago) ou intracavitária (cavidade natural do
corpo, como a boca, vagina, narinas), mas o termo que ganhou força é a
braquiterapia, e seu implante, sementes ou cápsulas.

Para a maioria dos implantes é necessária uma forma de anestesia, que pode
ser regional ou geral. No caso da próstata, a mais utilizada é a regional
(raquianestesia ou peridural), pois haverá apenas manipulação abaixo do
umbigo. São ainda necessários equipamentos de imagem para determinar com
precisão o local o implante das sementes, sendo a ecografia (ultrassom) e a
radioscopia (RX em tempo real) os mais utilizados.

A indicação da braquiterapia para o câncer de próstata se faz em homens com


doença localizada (TMN:T1-T2a), Gleason baixo ou moderado (6 ou menos),
próstatas pequenas ou menores que 60 gramas, expectativa de vida
(condições clínicas) de pelo menos 10 anos e risco cirúrgico razoável. Algumas
situações dificultam o implante das sementes e devem ser avaliadas pelo seu
urologista antes da indicação da braquiterapia, como tratamento cirúrgico
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prévio (ressecção endoscópica ou prostatectomia transvesical),


hormonioterapia prévia prolongada (oral ou injetável). Ainda, algumas situações
contra-indicam o procedimento, como PSA elevado acima de 20ng/ml,
próstatas volumosas acima de 60 gramas, doença a distância (metástases),
cálculos prostáticos (corpos amiláceos) e algumas variações anatômicas muito
fechadas do arco púbico (osso atrás do pênis) que impedem a exata
localização das sementes. Tais considerações são para que a braquiterapia
possa trazer benefício ao cliente e não gastos desnecessários e prejuízo à sua
saúde. Como ficou bem claro, apenas alguns pacientes irão se beneficiar deste
método. Para os que não se encaixam nas condições ideais, não haverá
benefício algum. Esta seleção rigorosa é necessária para que o tratamento seja
bem sucedido.

Não é um método isento de complicações, algumas graves como veremos a


seguir. Estas podem ser agudas (logo após o procedimento) como a dor
perineal (entre o escroto e o ânus), sangramento urinário (perfuração da uretra
ou bexiga) e retenção urinária são as mais comuns. As complicações
subagudas ocorrem após 2 a 4 meses do procedimento, sendo as mais
comuns os sintomas irritativos e obstrutivos como urina frequente com pouco
volume, ardência urinária, jato urinário enfraquecido, necessidade de urinar à
noite e sensação de bexiga cheia. As complicações tardias mais comuns são
as conseqüentes à radiação, como a proctite ou retite actínica, cistite
hemorrágica (actínica) incontinência urinária e impotência sexual (disfunção
erétil) pela irradiação da inervação erigente, a mesma que tentamos proteger
na cirurgia radical durante a dissecção da próstata e vesículas seminais.

Geralmente após o procedimento o paciente volta para o quarto e não há risco


algum de contaminação do médico, enfermagem e familiares. Podem ser
instituídos cuidados com urina e fezes, dependendo do implante utilizado.
Assim, após a alta o paciente pode voltar às suas atividades normais.

RX simples de pelve mostrando Enchimento uretral na Detalhe da uretra afinada no


sementes de Braquiterapia na uretrocistografia. interior das sementes, com
topografia da próstata. início do enchimento vesical.
Note semente que migrou para o
abdômen, acima do grupo da
próstata.
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Bexiga cheia, prova miccional, Mesma imagem, lateral oposto. Resíduo pós-miccional,
note uretra afilada no centro das confirmando queixas urinárias do
sementes. cliente.

Detalhe lateral Detalhe lado oposto.


Crioterapia, Criocirurgia ou Crioablação no Câncer de Próstata

Consiste na introdução de uma sonda ou probe que produz temperaturas


baixíssimas, que destroem o tecido por congelamento. Após, haverá necrose
tecidual e o material necrótico será retirado pelos macrófagos (células que
retiram do nosso organismo células mortas ou doentes), com posterior
cicatrização do tecido normal, tendo o tecido canceroso teoricamente sido
destruído. As indicações da criocirurgia são muitos semelhantes às da
braquiterapia e as complicações mais graves, como congelamento e
perfuração do reto, bexiga, uretra e suas conseqüências. A dificuldade da
criocirurgia é ter certeza de que as margens cirúrgicas estão seguras (livres de
tumor), uma vez que não se obtém material para exame anátomo-patológico.
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Prevenção

Sobre problemas urinários...

Atualmente, o câncer de próstata já é o terceiro tumor maligno mais


diagnosticado no Brasil e o quinto que mais mata. Como a doença não provoca
sintomas em sua fase inicial, o Instituto Nacional do Câncer e a Sociedade
Brasileira de Urologia recomendam que todo homem a partir dos 40 anos faça
uma avaliação clínica anual, uma vez que, com a detecção precoce, esse tipo
de câncer tem elevado potencial de cura.

Duas ou três coisas em que


é bom todo homem se ligar...
Porque os casos de câncer de próstata vem sendo cada vez mais frequentes?

Entre 1980 e 1990 houve um aumento de 65% na incidência dessa doença,


muito provavelmente devido aos avanços dos métodos diagnósticos. Como
80% dos casos de câncer de próstata são detectados em homens com mais de
65 anos, é bem possível que a sua incidência cresça com a elevação da
expectativa de vida do brasileiro, cuja tendência é ultrapassar a barreira dos 70
anos no ano 2020, segundo dados oficiais.

Como evitar que a doença atinja cifras alarmantes de mortalidade?

O surgimento do câncer ainda não está totalmente esclarecido pela ciência,


embora já se conheçam muitos fatores de risco para seus vários tipos. Assim
sendo, a detecção precoce do câncer, ou seja, no estágio inicial da doença,
ainda á a melhor forma de prevenção, visto que, nessa fase, há um grande
potencial de cura com radioterapia ou cirurgia.

De que forma o homem deve proceder para se prevenir?

A partir dos 40 a 45 anos todo homem deve procurar um urologista anualmente


para fazer uma avaliação clínica da próstata, ainda que esteja se sentindo bem
e não tenha histórico de câncer na família. Essa avaliação consiste no toque
retal - dada a proximidade da próstata com o reto - , um exame indolor que
permite ao médico identificar possíveis lesões na região. Além disso, a
Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que, nessa faixa etária, todo
homem realize um exame de sangue para dosar o Antígeno Prostático Benigno
(PSA), substância que, quando apresenta níveis aumentados no organismo
masculino, pode indicar problemas prostáticos.

E quem tem histórico de câncer na família?


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Para homens que têm antecedentes familiares de câncer de próstata, a


preveção deve começar mais cedo, aos 40 anos, devendo incluir a avaliação
clínica e a dosagem de PSA no sangue, anualmente. O mesmo vale para
homens da raça negra, grupo no qual há uma incidência maior (37%) do câncer
de próstata.

Se os exames preventivos forem suspeitos, o diagnóstico de câncer já fica confirmado?

Não. Para a confirmação recorre-se, em geral, à ultrassonografia transretal,


que possibilita a visualização da região e de seus eventuais
comprometimentos, ainda que estes sejam imperceptíveis. O exame pode ser
associado a biópsias dirigidas ou aleatórias nas áreas suspeitas, que
consistem na retirada de minúsculos fragmentos da próstata para a análise de
suas alterações.

Como a ultrassonografia é realizada?

Uma sonda em forma de bastão, devidamente protegida por um preservativo, é


introduzida no reto do paciente. Na ultrassonografia com biópsia, a única
diferença reside no fato de que uma espécie de agulha é acoplada a essa
sonda, de forma que possa extrair fragmentos da próstata. Para evitar
sensibilidade, a região é anestesiada com xilocaína antes da realização desses
exames.

Os sintomas característicos de problemas na próstata, como dor e dificuldade para


urinar, podem ser sinais de câncer?

A maioria desses sintomas decorre do aumento da próstata e, via de regra,


está relacionada a alterações benignas. É importante salientar que o câncer de
próstata em fase inicial, com grande chance de cura, não provoca sintomas.
Daí a necessidade de avaliação anual com exame clínico e dosagem de PSA.

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