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racte altamente motivadas, em grupo, criatividade, normalmente sao os ite processos de selegao de candi Voltado para quem deseja tao empresarial, os programas de train formandos dos campos mais diversos 0 Postos téenivos, e nao apenas gerenciai exemp! caso, al tica buscada é de que os trainees sej m pessoas comprometidas e saibam trabalhar « Lderanga © 0 perfil empreendedor além da ens mais avaliados nos latos a esse programa, fazer carreira na area de ges. ee esto abertos a comecam a ine A Unilever, por 1a de trainee é um dos mais antigos exomplo, pode inserever-se como a procura pelas vagas é enorm enfrentam uma concorréncia alucinada, processo seletivo di DAO, ONS. Sees whe Coma ‘0 de curso aos selecionados. Nesse mesmo alguém que estudou Artes Cénicas, por © ser escolhido. No entanto, os interessados bem maior que 0 ; las principais universidades; em alguns Processos existem mil candidatos para dez vi ‘ sten ‘agas. Passemos a abordar a dinamica do mundo do trabalho. W.8. Pteneawrnes. Sats, 4, O MUNDO DO TRABALHO Seja qual for a profissio escolhida, sempre oeorre uma distingdo entre 0 mundo do trabalho ¢ 0 mundo université- rio. Com frequéncia existe uma distancia significativa entre o aprendizado teérico e 0 pratico. A rotina diéria do jovem estudante que caminha para a universidade e do estagidrio também é distinta e requer um novo aprendizado. ‘Auniversidade prepara para o exercicio profissional, porém entre 0 que o jovem busca, ou seja, sous sonhos profissionais ow 0 que imagina ser uma profissao, e o que ocorre quando ele comega a trabalhar é muito desigual. Recordando a fala de uma jovem aluna: “Eu pensava que fazer Jornalismo era 0 maximo, ser apresentador de TY, trabathar na Rede Globo. Agora nos estdgios me pego fazendo untincios de promogéo para su- permercados.” Além de ser estranho aos olhos dos jovens, 0 mundo do trabalho néo é exatamente 0 mesmo que Lhe descreveram os pais, professores e colegas. Principalmente na iiltima déeada, gracas & globalizagdo e A erescente tecnologia, o mundo do traballio passa por uma fase de transi¢éo, na qual o estatut cl, com registro em carteira ¢ iu sei que na minha drea de economia, emprego vai ser dificil... se quiser vou chegar « ser win economista daqui a dez anos, pelo menos.” Estamos vivendo um proceso de transicio e saindo d dade do emprego, do trahalho assalariado (GORZ aria Sara do Lima Oi Duce Helena Pn Soaos 1095). Se a sociedade do século XX era baseada rego, agora é baseada no conhecimento, na aquisigéo de novas ati, tudes, habilidades e competéncias, As habilidades requisitadas hoje pelo mercado de trabalho so muito distintas do passado, quando a estabilidade no emprego proporcionava seguranga 20 sujeito. Como ja dissemos, antigamente a decisio era sobre em qual emprego pensar o futuro profissional, pois a carreira era algo estavel; hoje, mesmo para quem tem escolaridade superior, 28 deciséo da carreira remete muito mais ao sujeito do que ds estru institucionais que o empregam. Se o aluno conseguisse ultrapassar a barreira do ensino social” estaria garantido. O diploma universitario trazia um significado de mobilidade social quaso ‘que como uma obra certa do destino (RIFKIN, 1996). No entanto, agora o que 0 jovem realiza durante o periodo universitario, seu Indice de Aproveitamento Académico (IAA), suas vivencias, seus interesses, seus estdgios, bem como o que faz imediatamente ‘876s 0 perfodo universitario, 6 que vai concretamente Ihe per- inserir-se mais facilmente ou nao no mundo do trabalho. ergdo diz respeito a uma forma de participar ativamen- te nao s6 como consumidor mais como produtor desse mundo, Muitos jovens, por medo do mercado de trabalho, acabam pro- Jongando sua estadana universidade, as vezes buscando mesmo ‘se qualificar cada vez mais para esse mesmo mercado, por meio de cursos de especializagio ou de mestrado, A inseguranga do jovem se reflete em falas como: “Professora, se néo sei se aproveito para continuar estu- dante e fazer 0 mestrado, com uma bolsa ou se devo comecar logo a trabathar.” “Se comecar a trabalhar, tenho medo de jd nao voltar mais para a universidade.” ‘as ainda no sei se quero comegar a trabalhar ou vou fazer algum curso.” 136 Plnejemento de eatrta: una orningSe para estuantos uversténee ‘No mundo do trabalho atual no qual as relagies trabalhistas mudam profundamente, as caracteristicas espectficas do empre- go também se transformaram e hoje um profissional qualificado, dependendo do cargo e da carreira que pretende ocupar e da empresa pode ser considerado velho aos 80 anos para iniciar sua atividade produtiva. Alguém sem experiéncia profissional sé com conhecimento te6rico e sem pritica teria, portanto, maiores dificuldades de se inserir. com oportunidades mais ou menos es! nao existe mais, Se ‘© omprego formal esta desaparecendo (GORZ, 1995, RIFKIN, 1996), ainda existe o trabalho. Ao escolher uma carreira, ojovem deseja resolver muitas de suas angtistias e davidas em relagéo a seu futuro, busca garantias de sucesso ou seguranga financeira e ainda algo que se harmonize com a sua identidade. * Bu quero fazer um concurso piiblico, nao importa qual.” “Bu preciso ter seguranca financeira, para depois poder decidir minha vida,” “No quero depender dos meus pais o resto da vida.” “Quero um trabalho que combine comigo.” Obomem, culturalmente, tem construido sua vida em torno do trabalho. Com a aceleracao das mudancas sociais © o declt nio das formas de trabalho como tradicionalmente concebido, torna-se necessério repensar tal posicionamento ante o sistema produtivo. “Hoje quem nao tem outro idioma esté fora do mercado.” “E preciso ter experiéncia profissional, e eu nunca tra- balhei.” “Ainda néo consegui fazer nenhum estigio.” ‘Um novo perfil do trabalhador esta sendo tragado no final do século XX. Segundo Antunes (2002, p. 195): 137 Mara Sara 4e Lana Dias «Duce Helena Perna So © que so 09 trabalhadores do mundo no final do séeulo XX. Por eertonao séo idénti do século XIX. Mas muito certamente, também néo este em vias de desapari¢ao, quando se olha o mundo em sua dimensio global A classe trabalhadora ou a classe que vive do trabalho eo proletariado em geral séo sindnimos. Para entender a classe trabalhadora hoje, Antunes (2002) afirma que ela é formada pelo conjunto de trabalhadores produtivos (que produzem a ‘mais-valia), improdutivos (aqueles cujas formas de trabalho so utilizadas como servicos, que no consiste num elemento vivo). Em sua reflexdo, busca entender que a classe trabalhadora deve incorporar a totalidade dos trabalhadores assalariados, quer ele realize atividades materiais ou imateriais. As trés iltimas décadas foram marcadas pelo esgotamento do modelo fordista-keynesiano de acumulagao do eapital e pela emergéncia de um novo padrao de regulacio econémica que Harvey (2005) chamou de acumulagao flexfvel. Tratase de um movimento de reestruturagdo capitalista que, acirrando a concorréncia no ambito dos processos produtivos, amplia os mecanismos de aumento da produtividade e da intensificagéo do trabalho, provocando mudangas de ordem politica, econémicae cultural. Como expresso pelos altnos: ‘A concorréncia esté muito forte. “Qs melhores alunos da engenharia, jé saem empregados.” O risco do desemprego espreita a vida dos individuos como uma epidemia que ameaca pela nao transitoriedade. Os for- mandos observam frequentemente na sua rede de relacies muitos colegas e até mesmo pais sofrendo as consequéncias desse quadro que se mantém com profundas alteragbes na logica do sistema produtivo e nas relagdes trabalhistas, Dessa forma, o emprego no futuro (j4 presente) apresenta-se cada 108 Planeaento de car: va oriontag20 para eetantes uriverstios| ‘yer mais escasso e atinge ou viré a asua volta, cada ver mais préximas, com certeza, pessoas igos e parentes, “Tenho uma amiga, que se formou hé quatro anos ¢ ia ndo conseguiu exercer a profissdo.” “Aqui na déreade humanas é muito mais complicado de se conseguir emprego.” ai Asagées governamentais com frequéncia se dividem entre solugées ortodoxas (redugao do custo do trabalho, flexibi- lizagio das regras de contratagao, qualificacio e formacao profissional, estimulo & mobilidade funcional e geogréfica dos trabalhadores) e uma visio heterodoxa, centrada numa abordagem macroeconémica - aumento dos investimentos ¢ gastos ptiblicos, principalmente com programas sociais (PO- CHMANN, 2002). Sao agées que ainda néo tém refletido uma melhora no quadro geral de desemprego, mesmo nos paises mais desenvolvidos. No contexto atual, no entanto, de grandes transformacées ¢ restrigées no mercado de trabalho, quanto mais clareza © sujeito tiver sobre seus interesses ¢ motivagées pessoais, habilidades, capacidades e potencialidades, mais facilmente poder tomar decisoes ou diregées de vida e carreira. Para Shein (1993) as pessoas entram no mercado de trabalho com muitas ambigées, esperaneas, medos ¢ ilusdes, mas com rel tivamente poucas informagées validas a seu préprio respeito, especialmente sobre sua capacidade e talento, O jovem deve, hoje, fazer a escolha consciente daquilo que retende fazer de sua vida profissional como trabalhador. Por- tanto, é necessério um empenho dos alunos no conhecimento e reconhecimento de suas capacidades e potencialidades bem como um conhecimento maior das possibilidades de sua pro- fissdo, para que possa langar mao das oportunidades que se colocam disponiveis, ‘Mars Sara do Lina Dns «Bute Helena Penna Soares Bessencial que o jovem goste do que pretende fazer, saiba para qual area se direcionar e quais as competéneias neces- sérias para se desenvolver. Além disso, mapeie quais as reais oportunidades a serem realizadas a partir dessas escolhas, buscando a adequagio de seus valores, suas habilidades ¢ seus interesses profissionais. Essa satisfagéo nem sempre é obtida com um emprego. Passaremos a relacionar a diferenca entre trabalho e emprego. 4.1 Trabalho x emprego Cabe aqui a distingdo entre trabalho e emprego, pois a perspectiva de carreira sempre esteve associada um emprego estavel em uma determinada orgai permitisse ascensio profissional nela mesma ou em res. Emprego e trabalho, no entanto, sto conceitos distintos. ‘Vamos explicitar essa diferenca. A escassez de postos ocupacionais ¢ as novas formas de organizagio do trabalho levam A necessidade de uma rede- finicéo, num nivel mais amplo, das relagies entre capital e trabalho e, num nivel mais estrito, a uma readequagao do perfil dos trabalhadores. O trabalho aparece para o homem como modo de produgio de sua prépria existéncia; isso passou a exigir do homem a convivéncia em grupos ¢o desenvolvimento da linguagem na divisio social do trabalho. O que ocorre ao homem é diferente dos outros animais porque anterior a realizagdo de seu traba- Iho, o homem é capaz de projeté-lo, ou seja, tem a capacidade de definir instrumentos ou meios que permitam o alcance de seus objetivos, possuindo a livre escolha das alternativas e dos elementos a utilizar para seguir em seus objetivos. Justamente porque o trabalho humano pode ser diferente do trabalho dos animais é que o homem modifica a natureza de acordo com suas possibilidades; a histéria humana 6 @ 140 mente de carr: ura oenta;20 par estanes univ evolucio do trabalho naquilo que corresponde & evolugio do mem e a necessidade de suprir suas necessidades perante o meio. “O homem produz a sua prépria existéncia, portanto produz a si mesmo, para tanto se relaciona com os outros, portanto produz e é produzido pelo outro.” (CODO, 2004, p. 50). Existe uma dupla relagio mediada pelo outro e por si mesmo, O homem age sobre o mundo exterior e o modi e com isso modifica a si mesmo. A minha atividade mediada pela do outro por meio da linguagem e do instrumento de trabalho é 0 que permite que a atividade se reapresente a um sujeito em um reflexo da realidade conereta 0 trabalho é, em primeiro lugar, um proceso de que participam nente o homem ea natureza, e no qual homem espontaneamente inicia, regula e controla as relagées materiais entre si proprios ea natureza. Ble se opde a natureza como uma de suas préprias forcas, pondo em movimento bragos e pernas, as forgas naturais de seu corpo, a fim de apropriar-se das produgoes da natureza de forma ajustada a suas proprias necessidades. Pois, atuando assim sobre o mundo exterior e modificando-o, a0 mesmo tempo ele modifica a sua prépria natureza. (MARX, 1986, p. 149). Ao longo da histéria da sociedade o homem se transformou pelo trabalho e transformou o significado do trabalho. 0 ho- ‘mem, um ser social e histérico, é distinto de outros animais, uma vez que é capaz de realizar trabalho e desenvolver suas atividades em grupo. Ao atribuir ao trabalho sentidos e signi- ficados diversos, este pode ser visto como atividade penosa, como fonte de prazer e satisfacéo pessoal ou como uma ati dade laboriosa e dificil, um mal necessdrio. Dependendo das apreciacdes pessoais e subjetivas que o homem faca sobre sua atividade, esta passa a ter um valor diferente para o sujeito. quilo que pretende fazer de sua vida profi va ana Sara de Lira Dies» Dulee Helena Penna Soares de trabalhador. E essencial que 0 jovem formando s iden. tifique com sua atividade futura, que goste do que vai fazer a0 longo de sua vida, Para isso deve conhecer as diferentes reas possiveis de sua atuagao profissional, por exemplo, tm Psic6logo pode atuar na érea organizacional, com empresas, na drea ica OU na Area educacional. Quanto mais conhe- cer diferentes éreas de atuagao profissional, melhor o aluno Poderd se preparar para ingressar no mercado. Com esse conhecimento do mundo do trabalho, aliado ao conhecimento desi mesmo, de suas aptidées, seus interesses e suas motive. oes profissionais, o aluno poderd construir uma identidade profissional satisfatéria e gratificante. A palavra trabalho apresenta, nas diferentes eulturas, significados distintos ¢ contetidos variados. Entretanto, nas sociedades civilizadas, o trabalho tem em comum duas dimensées principais: o sentido de realizacdo de uma obra com o xeconhecimento social e o significado de esforco, dor, sofrimento. Pode-se dizer, portanto, que o trabalho encarna duas foras: prazer e dor que movem o homem a lutar pela sua sobrovivéncia 0 emprego seria a maneira de prover a subsisténcia me- diante um ordenado, salério ou outra remuneracao a que se faz jus pelo trabalho regular em determinado servigo, offcio ou cargo (FERREIRA, 1975). Otrabalho apresenta-se, assim, como uma forma de identida- edo ser humano, seu pilar mais significativo de existéncia como ser social. Um homem sem trabalho, de alguma forma, passa ser considerado ~ e considerar-se — A margem da vida social. Para Antunes (2002, p. 205): A classe trabalhadora, virada do séeu! mais heterogénea, se refere a 18 twabalhadores do mundo na € mais explorada, mais fragmentada, ais complexificados, também no que lade produtiva: é um operério ou uma tbalhando em média com quatro, com cine, ot mais maquinas. Séodesprovidos de direito, o seu trabalho 6 desprovido de sentido, uae Planejarant de cara: una orerio¢a para etudnlesuriveriron Em conformidade com o eardter destrutivo do capital inten- sificando os niveis de exploracio, é dificil resgatar 0 sentido de portencimento de classe que o capital em suas formas de dominacao, inclusiva na esfera da cultura, procura mascarar enublar. O fenémeno do desemprego, porém, produz grandes problemas na vida das pessoas, pois sem trabalho nao tem como morar, cuidar da satide, qualificar-se e pagar as contas de todo o més, causando também depresséo nos trabalhadores, Portanto, o conceito de trabalho como & concebido atualmen- assalariado, estvel e em tempo integral, em extinggo (ANTUNES, 2005; CHANLAT, 1993). Até a alguns anos, associava-se 0 trabalho a “estabilidade” @ “protecio” caracterizando os padrées de relagdes entre empresa ¢ empregado. ‘trabalho ¢ aqui entendido como atividade ago de uma tarefa, para alcangar um fim, ou seja, uma agdo fisica ou mental da qual se ocupa o homem com vistas a um objetivo, seja ele material ow nao. O emprego pode ser extinto, mas. trabalho permanece, Nessa concepeao, © individuo 6 0 “fornecedor de trabalho”. 4.2 0 emprego O emprego, diferentemente do trabalho, ¢ compreendido como uma relagio entre aquele que emprega e 0 que é empre- gado. Ter emprego significa ter um cargo ou ma fungéio prede- terminada, envolve o trabalho, mas pressupde a subordinagao @ quem emprega, remuneragao e outros direitos pertinentes categoria “empregados”. Para Souza (2000), 0 emprego global de um pais corresponde a soma de todas as pessoas ocupadas em alguma tarefa produtiva. Essa definigéo simples inclui varias controvérsias. A pri meira 6 0 que podemos considerar como pessoas ocupadas Sera que dentro dessa faixa podemos incluir as pessoas po- 143 aris Sara do Lira Dias - Duce Helena Penna Soares tencialmente aptas para um trabalho produtivo? As pessoas podem desenvolver atividades e nem receberem remuneracéig Por seu trabalho, como no easo das atividades familiares, mas que nem por isso deixam de ser produtivas, No entanto, em se tratando de uma economia eapitalista, © nivel de emprego esta relacionado a producdo de mercado. rias ou bens e servigos que possuem valor de troca dentro de determinado padrao de produgdo. Assim o emprego formal 6 extremamente importante na dinaémica da economia capita- lista, pois integra o ritmo de acumulagao de capital, ou ej os empregados geram e alimentam a economia. Antigamente o sujeito entrava em uma organizagao, ocu- ava um posto de trabalho e desenvolvia uma carreira. Ao Tongo de sua trajetéria, a dedieagao e lealdade ao empregador cram uma virtude do bom empregado. Nessa relagio entre empregador ¢ empregado havia uma certa posicéo paterna- lista; o compromisso com o empregador era de certa forma vecompensado com algumas garantias ¢ beneficios que a empresa oferecia ao empregado. Hoje o compromisso entre as partes nio mais existe, o empregado procura novos pos- tos ocupacionais e as empresas nao pretencem a lealdade de Seus membros. Devido ao excesso de candidatos e as poucas oportunidades disponiveis, as virtudes do que seriam boas relagdes entre empregador e empregados tendem a ser uma coisa do passado, O que ocorre, na realidade, nos tiltimos anos demonstra que © quadro se modificou de forma irreversivel; esses fatos que se agravam pela constatagdo de que a auséncia de fungées a serem ccupadas, jé nao atinge setores isolados ou possa ser considerada rovis6ria. A l6gica planetaria supée a supresséo do que se chama trabalho, ou melhor, do emprego (FORRESTER, 1997) Nao € exatamente a auséncia de empregos que é funesta, mas as condigSes indecentes de vida, além da rejeicao, infligidas Aqueles que suportam o desemprego. Isso som falar na angtstia 144 Panojamenio ce care: uma oientagSo para etianesunirearios da imensa maioria que, ameagada de se juntar a eles, se vé sub- metida a constrangimentos cada vez mais opressores. Essa classe trabalhadora incorpora também os trabalhadores precarizado: subproletariado moderno caracterizado pelo trabalho tempor trabalho precério e trabalho por tempo, trabalho por hora, No entanto, como afirmam os alunos: “Algum tipo de trabalho a gente tem que ter para sobrevive “Nem que seja como vendedor a mas sem trabalho néo dé para viv dante, na praia, As lternativas apontadas para a manutengio do profissio- nal num mercado de trabalho com essas caracteristicas tém sido a busca por altas taxas de empregabilidade e qualificagio Profissional, o que significa capacitar-se continuamente, dedi- car-se ao aprimoramento pessoal, profissional e de relagées sociais como pré-requisito indispensdvel para enfrentar os novos tempos. Apesar de o pré-requisito ser um trabalhador superqualificado, nem sempre essa qualificacdo permite 0 acesso ao emprego. “Bu fiz duas faculdades, agora estou procurando fazer um curso de mestrado, mas ainda assim néo conse- gui um emprego na drea de saneamento ambiental, que eu gostaria de ter.” Consideramos empregados os trabalhadores com con- trato assinado, isto é, com carteira de trabalho. A mai Parte do contingente de mao de obra no Brasil é considerada como empregada. A grande maioria dos empregos hos tiltimos dois anos é de um a trés salérios minimos. Isso tem um grande impacto quando pensamos no crescimento sustentado do pais e na insergéo ocupacional dos jovens. 165 Maca Sera de Leva Dias «Dulce Helena Penna Sos “Eu trabalho na Prefeitura. Nao € 0 que eu gostaria exatamente, mas tenho como me sustentar e garantir para aminha familia seu sustento. Estou cursando Economia » pretendo trabathar na drea de Politicas Priblicas,” O emprego tende a se reduzir cada vex mais ¢ a com. Petitividade est exigindo empresas enxutas e simples, Com frequéncia os jovens, buscando seguranca eestabilidade, tendem a procurar 0 servigo ptiblico como uma alternative, Com maior qualidade e produtividade, as organizacées estao mudando 0 coneeito de omprego, ¢ as atividades produtivas estao se modificando conforme a evohigéo do mercado, “Trabalho em uma empresa de informatica, e Id ninguém tem carteira assinada. Ss trabalhamos por projcto, ea gente trabatha em casa.” A flexibilizagao produtiva vem promovendo uma nova rea- lidade de grande massa de pessoas excluidas. Forrester (1997) aponta para uma sociedade de excluidos, nocivos, supérfluos ¢ intiteis que néo terao razéo de viver e, ainda mais, poderao ser considerados como “peso morto” numa sociedade que ter4 de sustenté-los ou conviver com sua marginalidade e erimi- nalidade. Muitos pais reclamam de seus filhos que ainda néo conseguiram se inserir no mereado de trabalho. “Meu fitho jd esté com 25 anos e até hoje, nunca teve um emprego. Eu na idace dele jé tinha até uma familia, ¢ uma casa propria. Nao sei o que fazer para ajudar.” Asociedade tem produzido vitimas do desemprego e tam- bém tem vitimado familias inteiras que se sentem envergo- nhadas por seus filhos. Buscam desesperadamente mascara? 0 fato de estarem excluidas do proceso e encontram.se inca Pazes de buscar alternativas, 146 Panejernio de aoa: uns arena para asusants universtiin 4.3 Empregabilidade x emprego ‘Tem havido uma intensa eorrida pelo aperfeicoamento pes- soal e profissional e mesmo no caso dos profissionais de nivel superior, a crescente restrigdio do mercado de trabalho para car- i ago aponta para esse novo coneeito, que 10 para se manter no mereado de trabalho. Empregabilidade “6 0 eonjunto de capacidades e caracteristicas pessoais que levam a pessoa a conseguir empregar-se com mais facilidade do que outras” (SOARES, 2002, p. 111). Otermo surgiu da acao que comegou como um investimen- to das empresas na crescente capacitagao de sen quadro de funciondrios. Agora est cada vez mais saindo das mos do empregador e recaindo como um investimento necessario a ser feito pelo empregado, ou seja, este deve correr em busca dos requisitos e das qualificagdes impostos pelo mercado para manter a sua empregabilidade, ‘Atualmente a empregabilidade 6 vista, sobretudo, como um movimento auténomo das pessoas em diregéo a alter- nativas que possam, de alguma forma, assegurar melhores oportunidades de conseguir um trabalho, sendo algo que o sujeito carrega consigo, independentemente de sua ocupagao profissional. Isso é expresso por alunos: “Eu me preparei o tempo todo para o emprego, acredi- to que tenho 0 requisitos da empregabilidade, Tenho dominio deum idioma, sempre fui um timo aluno, acho que tenho essa “coisa” de empregabilidade. Talvez me falte experiéncia, ‘mas estou indo atrés.” A discussio sobre o termo empregabilidade ¢ relativamente recente no Brasil, mas, bastante apropriada. Tendo em vista a diversidade das mudangas que cercam 0 mundo do trabalho, ela principia em autores de administracio de empresa que reclamam de adequacao As contingéneias do mereado ut var ‘Mata Sor Ge Lima Dias «Dues Helena Penns Soares do o termo empregabilidade ou habilidade de ter emprego e, Portanto, ser empegiivel. Assim os formandos vao construind, ‘uas trajetdrias em busca de se tornarem empregaveis, Em contrapartida, « empregabilidade esta se tornando um dos majores desafios da atualidade para as pessoas, assim como se manter atualizado constantemente ante a globaliza, cio da economia e a acirrada competitividade por postos de trabalho cada vez mais escassos. Existe 0 aspecto ideoldgice envolvendo o conceito em que se passa a responsabilidade de ser empregével para o empregado. Cada vez exige-se mais de trabalhador e déi-se menos oportunidade de estudo ede acosso 4 cursos gratuitos ou profissionalizantes. “Pui a uma palestrae me falaram que a lingua do futuro €0 mandarim, mas custa caro um curso de linguas.” Primeiro surgiu a regra segundo a qual 0 profissional gue nao domina o inglés perde oportunidades. Depois veio 0 cspanhol, lingua necesséria em tempos de Mercosul. Agora, a globalizacdo e as relagées comereiais mais abrangentes fa, Zem outros idiomas serem procurados. Falar alemio, chinés, Trusso e japonés, entre outros, tornou-se 0 novo desafio para Rules jovens, na tentativa de se manterem empregéveis. Isso de qualquer forma é um desafio imposto pelo sistema produtivo aos formandos. Ha um conjunto de conhecimentos, habilidades, compor- famentos ¢ relagies que torna nevesséio ao profissional para Giese enquadre em varias organizagdes. Mais importante que apenas obter um emprego é manter-se competitive em um mercado em constante mutacéo. No entanto, ha toda uma necessidade de trabalhar para poder gerar recursos para pntinuat a pagar por sua profissionalizacao ow eapacitacdo. Para desenvolvor sua empregabilidade, de qualquer forma deve haver um investimento Pessoal que pode determinar 148 Pranojamento de cares: uma orertagto para extudaresuriverstios sus eolocagao no mereado do trabalho, Existe uma diferenga entre ser empregei lade: 1, Empregével: diz-se de um individuo que esté apto aentrar © manter-se, no mercado de trabalho, gracas & adequada qualificagéo profissional (FERREIRA, 1975), Empregabilidade: a habilidade de ter emprego; apacidade deprestar servicos ede obter traballio (MINARELLI, 1995), Para autores da adn “significa o conjunto decom. eténcias e habilidades necessérias para uma pessoa manter sua colocagéo dentro ou fora de sua empresa” (CHIAVENA. ‘TO, 2002 p. 85). Atualmente isso pode si muito elevado para a grande maior © Esse fen6meno conhecido pelo termo empregabilidade tem ‘Varios individuos & adogao de uma nova postura ante suas préprias carreiras ¢ oportunidades no mercado, condi. cionado por fatores socioecondmicos que mudaram conside. ravelmente o perfil do trabalhador. O termo empregabilidade equivale, nos Estados Unidos, a “employability: a co de dar emprego ao que se sabe a habilidade de ter empresn’” (MINARELLI, 1995, p, 37). Empregabilidade contém as hae bilidades nevessdrias para se manter empregado, Trata-se do {um esforgo para adquirir mais competéncias do que omerendo evessita, ou no fundo de tornar-se um profissional superqua. lficado, No entanto, a dificuldade vai se assentar em peresbex G que as empresas e 0 mercado estéo, na verdade, pedindo em determinada area profissional, A expresso inglesa outplacement significa “colocacéo para fora’”.Na década de 1970 quando.as empresas decidians demitic tin Runelonério graduado e que ocupava um cargo de respon. depuidade, para demonstrar 0 seu aprego pelas contribuigdes dadas a este, contratava uma agéncia de outplacement, que se {ePonsabilizava pela recolocacéo do sujeito no mercado de trabalho, 9 aria Sara do Lime Das «Dues Helena Penna Soares Desa forma, o termo foi langado por profission placement, responséveis por selecionar executivos, realiz, diagnésticos apontando qual o nivel de empregabilidade «° de recoloeagdo destes no mereado. “No Brasil em mutton ouiros paises as exigéncias decorrentes da moderniann ais de ou. O termo ampliou sua abrangéneia, atingindo rofissionais de ‘odos os nveis,no sentido de que cada um éesponsdvel pelo s bréprio autodesenvolvimento; individuo passa a ser uns fms.

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