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Universidade Federal do Paraná

Setor de Ciências Sociais Aplicadas


Programa de Pós Graduação em Gestão de Organizações, Liderança e Decisão
Mestrado Profissional PPGOLD

DECISÕES DE POLÍTICA MONETÁRIA E SEUS IMPACTOS NO


ENDIVIDAMENTO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA

BEATRIZ ANTUNES RIGUETE


RUTH MALUTA KUMBI

Linha de pesquisa: Decisões em Finanças e Mercados Financeiros

Curitiba, 31 de janeiro de 2023

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RESUMO

Muitas pesquisas já existem no campo da política monetária, porém nos


últimos anos, no contexto da pandemia de covid-19, pode-se perceber mais
profundamente, e de forma mais abrangente, seus impactos na economia e na
vida das famílias. Nesse sentido, surge a necessidade de estudar as relações
entre o endividamento das famílias, o cenário econômico do país e as taxas de
juros praticadas pelo governo. Enquanto 2020 foi um ano recorde em
concessão de crédito pelos bancos, 2021 foi o ano em que os bancos
reportaram maiores índices de inadimplência, e isso não acontece de forma
isolada, são reflexos de como a política monetária impacta as famílias, muitas
vezes como um efeito colateral de suas soluções.

PALAVRAS - CHAVE | Crédito, política monetária, alfabetização financeira,


taxas de juros, endividamento.

INTRODUÇÃO

Na economia ocorrem muitos eventos e cenários diferentes, que


impactam na forma como as pessoas utilizam o dinheiro e consomem produtos
e serviços. É papel então do governo de um país controlar de alguma forma
esses momentos, de modo a manter o equilíbrio da economia, é esse controle
pode ser feito através de algumas políticas, como fiscais, cambiais e
monetárias, essa última objeto do estudo. A política monetária pode ter um
impacto significante e duradouro na macroeconomia (Romer and Romer,
2004), e por isso deve ser bem executada, de modo que seus impactos sejam
positivos e contribuam para a saúde econômica de um país e sua população.

Em qualquer economia, a utilização do dinheiro impacta diretamente na


inflação. Se as pessoas têm mais dinheiro em mãos, vão consumir mais, e o
preço dos produtos em geral tende a aumentar, o que gera um aumento na
inflação. O contrário também é verdadeiro, menos dinheiro em circulação reduz
o consumo, os preços tendem a cair e a inflação também cai. É necessário ter
um equilíbrio entre os dois lados, por mais que uma inflação menor pareça
positiva, ela traz consigo outras implicações: Uma economia desacelerada é
composta por baixos níveis de atividade e emprego, o que gera impactos
negativos. Nesse contexto surgem as políticas monetárias, responsáveis por
controlar a economia, regulando a oferta de moeda em circulação para
controlar os níveis de inflação.

No Brasil, o Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão máximo do


sistema financeiro brasileiro, é o responsável por definir a meta de inflação, e a
partir dessa meta, estabelecer faixas de segurança, para que a taxa gire em
torno dos limites estabelecidos. O Banco Central do Brasil (BACEN) então,

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como órgão executor, é o responsável por exercer as políticas monetárias, de


modo a manter a taxa de inflação nos limites estabelecidos. São quatro os
mecanismos utilizados para controlar a moeda: Depósito Compulsório,
Redesconto, Open Market e Taxa de Juros Selic, essa última tema do estudo.

A Selic é a taxa básica de juros da economia, movimentações na taxa


Selic influenciam todas as taxas de juros do país, como taxas de
financiamentos, empréstimos e aplicações financeiras. Para defini-la, o
COPOM (Comitê de Política Monetária), órgão do BACEN responsável por
essa política, se reúne a cada 45 dias e define uma meta de taxa básica de
juros para a economia. Quando essa taxa se encontra em patamares mais
altos, os bancos cobram maiores taxas de juros de seus clientes na concessão
de crédito, o que impacta as finanças das famílias.

Existem as políticas monetárias expansionistas, que visam o estímulo da


economia como um todo, injetando dinheiro no sistema para estimular o
consumo, e as políticas contracionistas, que visam restringir o dinheiro em
circulação, para que haja desaceleração da economia e redução na inflação.

Durante a pandemia de COVID-19, em que as pessoas tiveram que ficar


em suas casas para evitar a circulação do vírus, houve uma significativa
desaceleração econômica, então o BACEN precisou intervir para que as
pessoas voltassem a consumir e para que a economia não fosse muito afetada.
Com isso, em 2020 o COPOM passou a exercer a política monetária
expansionista, definindo taxas consecutivamente menores, a cada reunião. Em
agosto de 2020 chegamos a taxa mais baixa da história, de 2% ao ano. Essa
taxa de juros baixa influenciou investidores a tirarem parte de suas reservas da
renda fixa para arriscar nos mercados de renda variável, que estava dando
retornos significativamente melhores. Ao mesmo tempo, estimulou muito o
consumo, taxas de juros para financiamentos e empréstimos muito baixas
estimularam os bancos a conceder mais empréstimos, as pessoas a contrair
empréstimos no mercado bancário, consumir mais, o que aqueceu a economia,
mas por outro lado trouxe uma alta inflação. Com a melhora nas condições da
pandemia e inflação muito alta, no início de 2021 o BACEN passou a exercer
uma política monetária mais contracionista, dando início ao aumento nas taxas
de juros, com objetivo de controlar a inflação.

Com base nessas informações, surgiu a necessidade de estudar a


relação entre a manutenção da taxa de juros, para mais ou para menos, e o
nível de endividamento da população brasileira, especialmente no contexto da
pandemia, visto que a redução na taxa de juros estimula a economia, aumenta
a disponibilidade de dinheiro em circulação e tende a reduzir as taxas de juros
nos bancos, o que pode contribuir com o aumento dos níveis de endividamento
das famílias.

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QUESTÕES

 Como as decisões de política monetária impactam no custo de crédito


concedido pelas instituições?

 Quais fatores são levados em consideração para a tomada de decisão


da taxa de juros?

 Qual a importância dessas decisões para o equilíbrio econômico de um


país?

OBJETIVO GERAL

Analisar o processo decisório na execução da política monetária no Brasil,


desde as variáveis consideradas até a comunicação da decisão, para, a partir
de então, definir o impacto delas no custo de crédito e endividamento do
consumidor brasileiro.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Estudar quais são as variáveis consideradas na definição da taxa de


juros
 Estudar como as áreas de crédito de grandes bancos definem a taxa de
juros a ser aplicada em suas ofertas, com base na taxa básica de juros

 Estudar o comportamento do consumidor brasileiro diante das taxas de


juros para empréstimo e sua tendência a contratar.

JUSTIFICATIVA

Após perceber que não existem muitos estudos publicados que tratem do
assunto, torna-se relevante entender o movimento causado pela manutenção
das políticas monetárias na economia nos gastos das famílias, além do
controle da inflação. A política monetária sempre é um assunto muito discutido,
por não haver um consenso de qual é o equilíbrio ideal.

REVISÃO DA LITERATURA

Atualmente nós vivemos numa era em que o acesso aos meios de


financiamentos ou financiar-se sob diferentes formas tornou-se mais acessível
do que estava sendo alguns anos atrás, talvez isso se explica pelo fato de que
as instituições financeiras facilitaram a obtenção de seus produtos e colocaram
os seus serviços mais à disposição das famílias brasileiras e que antes o valor
da renda familiar ou individual era possivelmente um dos bloqueios na
concessão de um crédito não tem mais impedido pessoas procurarem por ele.

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Em contrapartida, observa-se que essa facilidade tem provocado gastos


descontrolados por parte de muitos indivíduos, o que por consequência
provocou também um aumento de endividamento dos mesmos. É notável que
vivemos em um sistema capitalista, e a contratação de um crédito por mais
rápido ou o quanto disponível ele seja deve ser levado em consideração, pois
contratar um financiamento é uma decisão que envolve altos riscos quando não
é levado a sério. O crédito é um dos meios que utilizam os indivíduos para
atender suas necessidades e ao mesmo tempo é um comprometimento a ser
respeitado no espaço de um determinado tempo bem definido e geralmente ele
vem acompanhado de uma taxa de juros (Contani et al 2021).
Por isso torna-se necessário reaprender sobre finanças, ou melhor
dizendo, a educação financeira deve ser restabelecida no meio da população,
independentemente de nível da renda, pois há estudos que apontam a
existência de pessoas com renda elevada que gastam sem controle, isto é,
despendem mais do que ganham, e outras com renda mínima, todavia que
cuidam bem do seu dinheiro, ou seja, o problema está na falta de controle
financeiro que leva a incapacidade na hora de pagar dívidas.
A falta de planejamento faz com que as finanças sejam mal
administradas, que o dinheiro seja utilizado sem propósito favorecendo assim
escolhas não
pensadas que resultam em dívidas não honradas, ou melhor, ocasionam
inadimplência por parte de muitos, que é até mesmo um dos motivos que está
na base do endividamento.
É óbvio que contratar um crédito ou fazer empréstimos sempre fizeram
parte do cotidiano, por isso é fundamental que tenhamos uma boa educação
financeira para melhor saber usar essas finanças conhecendo bem o sujeito e
acertando nos diferentes tipos de opções que se apresentam perante a nós.
Estamos vivenciando um século em que a mídia tem provocado um consumo
incontrolável pelos os individuais, hoje em dia, a cada minuto que passa somos
bombardeados por propaganda, publicidade, envolvendo vários produtos ou
serviços e com essa facilidade digital para o pagamento, não estamos mais
conseguindo manter o equilíbrio entre os nossos desejos e necessidades,
muitos não têm mais avaliados as suas opções de compra antes de gastar o
dinheiro, outros como não planejam as suas finanças acabam comprando e se
endividando por bens que inicialmente não eram uma necessidade e ainda
mais deparam-se que não utilizaram o que foi comprado simplesmente porque
não estavam precisando e que não eram útil ou uma boa escolha, isso tudo
mostra que as escolhas de compras ou até mesmo a utilização do dinheiro tem
sido movido por impulsões ou seja não está sendo um ato intencional, muitas
das ações com o dinheiro têm sido impensado.
Assim pôde-se dizer que um dos motivos pelas quais as pessoas ficam
endividadas está também relacionado ao fato de que em certos momentos ou
ocasiões as pessoas fazem compras daquilo que não tem
necessidade/prioridade. O consumismo na atual sociedade tem impedido uma
boa gestão de finanças por este motivo, no nosso meio deve ser incentivado
desde então as boas práticas financeiras e ser ensinado noções importantes/
básicas que farão toda diferença no quotidiano das pessoas, fazendo com que
elas comecem tomar decisões conscientes em relação a suas finanças.

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Segundo Contani e al (2021), ao contrário do que se pensa, o grau da


escolaridade de um indivíduo não tem a ver diretamente com a maneira como
esse último lida com o dinheiro, pois existem pessoas com o nível escolar
avançado que infelizmente não tem usado as suas finanças adequadamente,
no sentido de projetar quando, quanto ou como, o que gastar e analisar todas
as consequências que essas escolhas nelas envolvem, riscos, possibilidade de
investimentos etc. Do outro lado nos deparamos com pessoas que não
possuem nível de ensino bem avançado, entretanto tem uma boa vida
financeira no sentido de que não gasta além da sua renda, sabem economizar
e fugir de qualquer tipo de endividamento que no final pode comprometer a
mesma.
Outro ponto em relação ao endividamento é que a ausência ou a não
alfabetização financeira vem sendo uma ponte bloqueadora quando se trata da
solicitação de alguns produtos ou serviços financeiros no mercado de crédito,
com os avanços que esse mercado vem adotando é preciso se atualizar e ficar
cada vez mais atento nessas mudanças. A abundante oferta de linhas de
crédito tem facilitado a contratação do mesmo e é por este motivo que os
indivíduos devem buscar aprender mais sobre os diferentes tipos de créditos e
buscar saber como funcionam esses sistemas de empréstimos para melhor
encontrar neles alternativas que se enquadram com a realidade de quem está
a procura (Copetti, 2018).
Acontece que às vezes a disponibilidade de crédito com custos mais
baixos na aquisição no mercado tem incentivado indivíduos a emprestar mais
dinheiro e isso pode ainda conduzir para o endividamento, vale ressaltar que
nem sempre a escolha é fácil pois as vezes o que levam indivíduos a optarem
por certas opções tais como empréstimos com juros altos não é a falta da
alfabetização financeira ou a má uso de suas finanças, ocasionalmente o
surgimento de uma forte necessidade ou certos obstáculos encontrados que
não ajudam a fazer uma melhor escolha.
As pessoas preferem emprestar dinheiro com os parentes ou
camaradas, ou seja, a falta de noção da alfabetização financeira muitas vezes
faz com que os cidadãos deixem de proceder de uma maneira formal nas
instituições financeiras deixando de lado as ofertas disponíveis no mercado
financeiro e optam por empréstimos informais, ignorando vários fatores
importantes (Santos et al, 2018).
De acordo Atkinson e Messy (2012) quando falamos de Alfabetização
em finanças estamos nos referindo a um conjunto de elementos que envolve a
conscientização dos indivíduos e essa conscientização por sua vez se dá
através do entendimento ou informação acerca de decisões em finanças e com
isso desenvolvem-se competências essenciais para escolher certo e para
manter um equilíbrio financeiro pessoal.

O fator idade é um elemento evidente quando se trata de empréstimos,


pessoas mais jovens tendem a tomar mais empréstimos do que as mais
velhas, uma das razões desse acontecimento é que pessoas novas se
endividam por conta das perspectivas, expectações porvir em relação à sua
renda e consumação, Santos et al 2018 comentam que os indivíduos que
possuem grau baixo de alfabetização financeira muitas vezes quando

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necessitam de dinheiro, preferem tomar empréstimos de uma maneira


informal, ou seja, o seu primeiro reflexo é os empréstimos informais, emprestar
dinheiro junto a pessoas de seu círculo, como parentes e amigos.
Com essa atitude ou com o déficit de alfabetização financeira, os cidadãos
limitam a sua possibilidade de escolher entre diversas alternativas que existem
e tendem a ser mais propensos a cometer falhas ou ser enganados no
mercado financeiro por não possuir conhecimento ou informações básicas para
uma tomada de decisão por esse motivo que preferem tomar emprestado com
amigos, familiares a bancos de crédito por exemplo.

Por outro lado, a política monetária é uma forma de cada Banco Central
controlar a inflação e promover o desenvolvimento econômico de seus país,
por meio da gestão e regulação da quantidade de moeda em circulação.
A inflação é o aumento de preço de bens e serviços, que implica na
desvalorização da moeda, causando diminuição no poder de compra. Uma
injeção muito grande de dinheiro na economia causaria um aumento na
inflação, pois as pessoas têm mais dinheiro em mãos e os bens e serviços
continuam os mesmos, fazendo com que haja essa compensação proporcional
nos preços, causando a desvalorização da moeda. As políticas monetárias
surgem nesse contexto, responsáveis por controlar a economia, regulando a
oferta de moedas em circulação no país para controlar os níveis de inflação.

No Brasil, a meta de inflação é definida pelo Conselho Monetário


Nacional (CMN), órgão máximo do sistema financeiro brasileiro. A partir dessa
meta, é estabelecida uma faixa de segurança, e a taxa deve girar dentro dos
limites estabelecidos. O Sistema de metas de inflação foi adotado em 1999
para dar segurança ao mercado sobre os rumos da economia. Esse sistema
prevê que a inflação medida deve ficar dentro dos limites de tolerância.
O Banco Central do Brasil (Bacen) é responsável por controlar a inflação
nesses limites estabelecidos pelo CMN, e a forma que consegue manter a
inflação nesses intervalos é através das políticas monetárias.
O Bacen utiliza 4 mecanismos para controlar a moeda, juros e inflação. São
eles: Taxa de Juros Selic; Depósito Compulsório, Redesconto e Open Market.
No contexto do estudo, o objetivo é entender como a Taxa Selic afeta no
endividamento da população. Para isso, é necessário contextualizar melhor a
definição de taxa Selic:

TAXA SELIC

A Selic é a taxa básica de juros da economia. Movimentações na taxa Selic


influenciam todas as taxas de juros do país, como taxas de financiamentos,
empréstimos e aplicações financeiras.
Dentro do Bacen, existe um comitê responsável por se reunir a cada 45 dias e
definir qual vai ser o valor da taxa Selic. É o COPOM (Comitê de Política
Monetária).
Quando a taxa Selic é elevada, as taxas cobradas pelos bancos também se
elevam, os consumidores tendem a tomar menos crédito, ou seja, consumir

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menos, o preço dos produtos diminui e com esse movimento, a inflação tende a
recuar.
O contrário também é verdadeiro. A taxa Selic é reduzida, as taxas cobradas
pelos bancos são menores, o que incentiva o consumo, estimula a economia e
consequentemente, aumenta o PIB do país. Nesse caso, a inflação aumenta.
A função do Bacen é encontrar o equilíbrio perfeito entre as taxas de juros e a
inflação, visto que se movimentam de forma contrária.

Com isso podemos ver que a política monetária tem impactado


significativamente o endividamento no mercado de crédito, ou melhor, tem uma
certa influência no endividamento da população Brasileira. As alterações
decorrentes da taxa Selic através do banco central têm repercussão ou efeito
direto nas demandas por bens e serviços financeiros, isto é, qualquer redução,
aumento ou toda variação com a taxa de juros Selic vai refletir também na taxa
de juros ao consumidor média.
Observa-se que os elevados níveis de alavancagem das pessoas no Brasil se
dão através das recessões que ocorrem no âmbito macroeconômico, como
também podemos relacionar essas variações de preços às possíveis crises
financeiras.

Quando a política monetária é contracionista, ou seja, tem objetivo de


deixar menos moedas em circulação, tende-se a ter uma tendência das taxas
de juros subirem o que no primeiro momento pode parecer uma boa opção
para a desaceleração do endividamento da população ou seja, na primeira
vista pode parecer um incentivo para que o povo tome menos empréstimos,
porém quando esse restringimento permanece durante um período um pouco
mais estendido a tendência agora se inverte e as famílias começam a procurar
por mais créditos e acabam se endividando ainda mais, já que a sua renda
não ajuda a cumprir suas obrigações com a presença do valor de taxas de
juros super alto, o que leva numa situação prejudicial para a população.
A taxa Selic, sendo uma ferramenta fundamental da política monetária, tem
influência em muitas decisões, dentre elas decisões que referem-se ao
consumo e investimento da população quando ocorre seu aumento, em
consequência as taxas de juros (reais) se elevam afetando o consumo e os
investimentos tanto de pessoas físicas quanto de pessoas jurídicas, ou seja,
esses aumentos acabam fazendo com que o consumo das famílias brasileiras
diminua até o ponto de causar também na inflação a redução da mesma, com
tudo isso entende-se que o mercado de crédito junto com os consumidores
apresentam reações que variam e por sua vez se refletem no seu
comportamento face às decisões de política monetária do País.

Quando o banco central toma a decisão de subir a taxa de juros, isso


vem acompanhado de outras medidas de política monetária, que juntas
influenciam o mercado na direção desejada pelos tomadores de decisão. São
levados em consideração dados de mercado, como índices de inflação, dados
de desemprego, curva de juros e dados de produção industrial. No começo da
pandemia, quando as pessoas começaram a ficar em casa, o comércio foi
muito enfraquecido, as pessoas não iam mais à restaurantes, não iam aos

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shoppings fazer compras nem gastavam dinheiro com lazer fora de casa.
Quando não tem demanda, os preços tendem a cair muito, ou seja, ocorre a
redução da inflação. Isso não é bom, pois sem demanda, a oferta diminui, a
economia é desestimulada e para de crescer. Portanto, nessa época, o Banco
Central do Brasil começou com sucessivas reduções nas taxas de juros e
outras medidas que injetavam dinheiro na economia através dos bancos. Ou
seja, bancos e instituições financeiras são os principais meios pelos quais a
política monetária pode ser transmitida. Dessa forma, as instituições, que tem
mais recursos disponíveis para emprestar, e tomam crédito de forma mais
barata, conseguem reduzir os custos praticados para seus clientes. Como
reflexo disso, em 2020 os bancos bateram recordes em concessão de crédito,
e já em 2021, ao reportarem balanços, notou-se recordes nos valores de
inadimplência, reflexo da falta de educação financeira e/ou mudança na
capacidade financeira das famílias entre esses dois anos. Quando ocorre
redução na taxa de juros, as pessoas são estimuladas a comprar a prazo,
tomar empréstimos, financiar carros e imóveis, o que gera uma grande
movimentação na economia. Por outro lado, não compensa mais deixar o
dinheiro guardado no banco, recebendo baixas remunerações. Isso gera um
movimento de gastar ao invés de poupar, pois quem poupa não é bem
recompensado por isso. Porém, ainda no contexto da pandemia, as pessoas
perderam os empregos, muitos provedores das famílias faleceram devido à
doença, o que torna também a necessidade de crédito maior, combinado ao
desmonte das reservas de liquidez de muitas famílias, isso gera um problema
de grandes dimensões, pois o crédito já foi tomado, com novas demandas e
problemas as famílias não têm mais a mesma capacidade financeira de
pagamento, ficam inadimplentes, e isso se torna um ciclo preocupante.

MÉTODO

O método escolhido é o de revisão sistemática da literatura. A


justificativa para tal enquadramento é a percepção da existência de vários
estudos já relacionados ao tema escolhido, de política monetária. Com base
em pesquisas na base de dados SCOPUS, notou-se a grande variedade de
estudos na área e a possibilidade de enquadramento da pesquisa no método
de revisão.

UNIDADES DE ANÁLISE E ÁREAS DE APLICAÇÃO

A unidade de análise é a Macroeconomia. As áreas de aplicação


estudadas foram tomadas de decisão em políticas monetárias e as variáveis
que impactam no endividamento da população.

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados a partir de pesquisas nas bases de dados


SCOPUS e Web Of Science.

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CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Critérios de inclusão: artigos que relacionam as decisões dos bancos centrais,


principalmente política monetária, com concessão de crédito.

Critérios de exclusão: artigos que não relacionam esses aspectos, falam sobre
impactos nos preços de imóveis ou a performance dos mercados, visto que o
foco é nos impactos ao consumidor. Artigos que tem o foco em outros países
também não serão levados em consideração.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

POTENCIAIS CONTRIBUIÇÕES PRÁTICAS E TEÓRICAS

Como potencial contribuição, é possível citar a união dos conceitos de


política monetária com os conceitos de endividamento da população brasileira,
relacionando dados públicos de grandes instituições aos movimentos do Banco
Central da definição de novas metas de taxas de juros. Existe uma relação
próxima entre o impacto das taxas de juros nas taxas cobradas por grandes
bancos, a tomada de crédito por parte dos investidores e os níveis de
inadimplência reportados nos balanços contábeis a cada trimestre. A potencial
contribuição do trabalho é demonstrar essa teoria na prática, do dia a dia no
mercado financeiro.

LIMITAÇÕES

Pode ser complexo conseguir informações de dentro das áreas de


crédito de grandes instituições financeiras, para entender melhor os efeitos da
taxa básica de juros na precificação do crédito. É possível realizar inferências
sobre esse tema com base em estudos já publicados, mas não há exatidão nas
informações referentes especificamente a esse tema.

REFERÊNCIAS

ADRIAN, Tobias; SHIN, Hyun Song. (2009). Money, Liquidity and Monetary policy. American
Economic Review, v. 99, p. 600 - 605, 2009.

BIONDI, Yuri. (2018). Banking, money and credit: A systemic perspective. Accounting,
Economics and Law, v. 8, 2018.

SANTOS, Danilo B.; SILVA, Wesley M.; Gonzalez, Lauro. (2018). Déficit de alfabetização
financeira induz ao uso de empréstimos em mercados informais. RAE – Revista de
Administração de Empresas da FGV, v. 58, n. 1, p. 44-59, 2018.

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SZYSKO, Magdalena; RUTKOWSKA, Aleksandra; KLIBER, Agata. (2022). Do words affect


expectations? The effect of central banks communication on consumer inflation expectations.
Quarterly Review of Economics and Finance, v. 86, p. 221 – 229, 2022.

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