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Desigualdade de gênero

Desigualdade de gênero é a desigualdade de poder entre homens e mulheres. Desigualdade


de poder refere-se ao acesso às oportunidades nos âmbitos econômico, político, educacional
ou cultural. Forma-se um círculo vicioso em que a ausência de mulheres nos espaços de
liderança e decisão impede que haja melhorias para elas no ambiente corporativo, na esfera
pública e no ambiente familiar.
Mulheres ganham menos, estão em menor número em posições de chefia ou em cargos
eletivos, trabalham mais no ambiente doméstico, exercem mais trabalho não remunerado. Com
a emergência do feminismo no final do século XIX, essas questões vieram ao debate público
sendo encabeçadas pela reivindicação de direito ao voto.
No século XX vários direitos foram conquistados e a participação feminina ampliou-se nos
diversos campos da vida social. A paridade de gênero é uma meta dos organismos
transnacionais e em maior ou menor medida tem sido perseguida pelos países, mas, segundo
dados do Fórum Econômico Mundial, só será realidade concreta daqui a 100 anos.

Desigualdade de gênero no Brasil

A igualdade entre homens e mulheres no Brasil foi consagrada na Constituição de 1988.


Desde então, têm sido desenvolvidas políticas públicas e legislação específica para mulheres
no âmbito político, no mercado de trabalho e no ambiente doméstico. Há avanços e uma
ampliação da participação feminina em todas as esferas, mas ainda há muitos obstáculos a
superar para que igualdade promulgada em lei seja plenamente efetiva na sociedade brasileira.
Em 2019, conforme o Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupava a 92ª posição em um
ranking que mede a igualdade entre homens e mulheres num universo de 153 países. As
mulheres brasileiras estão sub-representadas na política, têm remuneração menor, sofrem
mais assédio e estão mais vulneráveis ao desemprego. Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), o Brasil é o quinto país do mundo em número de feminicídios.
Observando dados educacionais, é possível perceber que as mulheres permanecem mais
tempo na escola e têm maior escolaridade do que os homens. De acordo com a Pesquisa
Nacional por Amostras de Domicílio Contínua de 2016, feita pelo IBGE, na população entre 25
e 44 anos, 21,5% das mulheres concluíram o Ensino Superior, enquanto entre os homens o
percentual era de 15,6%. No entanto, a maior escolaridade não se reflete no mercado de
trabalho.
Conforme o IBGE, em 2017, as mulheres brasileiras ganhavam em média 24% menos que os
homens e eram mais afetadas pelo desemprego (13.4%) do que os homens (10,5%). Quando
as pesquisas são estratificadas entre mulheres brancas e negras, observa-se que entre estas a
taxa de desemprego era ainda maior, 15,9% contra 10,6% entre as mulheres brancas.
Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) constatou que a maternidade é um
dos principais motivos de discriminação sofrida por mulheres no mercado de trabalho. A
pesquisa que acompanhou a licença-maternidade de um grande grupo de mulheres entre 2009
e 2012 apontou que metade delas foi demitida no período de até dois anos após tirarem a
licença
Conforme a pesquisadora Cecília Machado, os salários são baixos para ser possível pagar
por uma babá ou escola privada, as creches públicas não absorvem a demanda e muitas
empresas não têm um suporte para funcionárias que são mães, sendo que esse conjunto de
fatores retira muitas delas do mercado de trabalho.
Em relação ao assédio e violência, embora haja avanços, especialmente após a promulgação
da Lei Maria da Penha (2006), é necessário ampliar a proteção de mulheres por meio de
políticas públicas. Segundo pesquisa Datafolha, no ano de 2016:

● 22% das brasileiras sofreram agressão verbal;


● 10% sofreram ameaça de violência física;
● 8% sofreram agressão sexual;
● 4% sofreram ameaça com objeto cortante ou arma de fogo;
● 3% sofreram tentativa de estrangulamento ou espancamento;
● 1% levou tiros.
De acordo com essa pesquisa, 503 mulheres são vítimas de violência a cada hora no Brasil.

Quando o assunto é participação política, conforme o Mapa Mulheres na Política 2019,


relatório da ONU, o Brasil ocupa a 134ª posição entre 193 países no ranking de representação
feminina no Parlamento. O percentual de mulheres no atual Congresso Nacional é somente de
15%.

Dados sobre a desigualdade de gênero

O Fórum Econômico Mundial realiza anualmente uma pesquisa que compara a paridade de
gênero entre 153 países. Conforme dados de 2019, a equidade de gênero no mercado de
trabalho só será alcançada daqui a 257 anos se permanecermos no ritmo atual. A área
trabalhista, no ano 2019, foi a única em que houve regressão. Nas demais: saúde, educação e
política, os índices foram melhores que no ano anterior.
Conforme o relatório, na área trabalhista, a diferença salarial é decorrente do baixo número
de mulheres em cargos gerenciais e também de outros fatores, como congelamento de salários
e menor participação na força produtiva. Quando se olha a disparidade de gênero de maneira
global, envolvendo todas as variáveis, e não só o mercado de trabalho, a estimativa é que o
tempo necessário para alcançar-se a plena equidade entre homens e mulheres no mundo é
99,5 anos. Os países nórdicos são os mais igualitários do mundo. Em primeiro lugar no ranking
está a Islândia, seguida da Noruega, Finlândia e Suécia.
Outros países nas melhores posições são:
● Nicarágua
● Nova Zelândia
● Irlanda
● Espanha
● Ruanda
● Alemanha
O Brasil amarga o 92º lugar e tem uma das maiores desigualdades de gênero da América
Latina.

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