MOTORA
ADAPTADA
Deficiência
intelectual: déficit
de atenção (TDAH)
Ana Paula Maurilia dos Santos
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperativi-
dade (TDAH). Você vai verificar quão heterogêneo é esse transtorno e conhecer
os seus diversos sintomas, que incluem a tríade desatenção, hiperatividade e
impulsividade. Você também vai ler sobre os fatores de risco associados ao sur-
gimento do TDAH.
Como você vai ver, o diagnóstico do TDAH é complexo. Ele considera a combina-
ção de diversos padrões de comportamentos, que necessitam ser persistentes a
longo prazo e gerar prejuízos significativos às atividades diárias, como as realizadas
na escola e no ambiente familiar.
2 Deficiência intelectual: déficit de atenção (TDAH)
Não há marcador biológico que seja diagnóstico de TDAH. Como grupo, na com-
paração com pares, crianças com TDAH apresentam eletroencefalogramas com
aumento de ondas lentas, volume encefálico total reduzido na ressonância mag-
nética e, possivelmente, atraso na maturação cortical no sentido póstero-anterior,
embora esses achados não sejam diagnósticos. Nos raros casos em que há uma
causa genética conhecida (p. ex., síndrome do X-frágil, síndrome da deleção 22q11),
a apresentação do TDAH ainda deve ser diagnosticada (AMERICAN PSYCHIATRIC
ASSOCIATION, 2014, p. 61).
Diagnóstico do TDAH
A principal característica do TDAH é um padrão persistente de desatenção
e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento ou no
desenvolvimento do sujeito (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). Um
ponto de suma importância a se considerar no diagnóstico do TDAH é que
os sintomas não se apresentam de forma isolada; eles se fazem presentes
durante a trajetória de vida do indivíduo e prejudicam significativamente as
suas atividades diárias, como as realizadas na escola e no ambiente familiar.
8 Deficiência intelectual: déficit de atenção (TDAH)
O diagnóstico do TDAH é clínico, uma vez que não existem exames labo-
ratoriais que comprovem tal distúrbio. Isso justifica a vulnerabilidade do
diagnóstico e também a importância de realizá-lo criteriosamente. Afinal,
qualquer criança pode facilmente receber o diagnóstico de TDAH e uma pres-
crição para tratamento medicamentoso. No âmbito escolar, os professores
devem tomar cuidado para não “rotular” os estudantes como sujeitos com
TDAH quando eles apresentarem características mencionadas no DSM–5.
O diagnóstico de TDAH é realizado quando há uma combinação específica
de sintomas, nunca de forma isolada. Além disso, para realizar um diagnóstico
preciso, é fundamental atentar às comorbidades, já que muitos sintomas do
TDAH estão presentes em outros transtornos. Uma avaliação neuropsicológica,
que utilize uma série de processo avaliativos além do DSM–5 (como entre-
vistas, análise comportamental e testes psicológicos), é fundamental para o
diagnóstico correto do TDAH. Portanto, é interessante obter o parecer de uma
equipe multidisciplinar, composta, por exemplo, por psicólogo, neurologista
e psiquiatra (profissionais habilitados para diagnosticar o TDAH).
Como você sabe, a escola é um lugar em que ocorre a identificação de
comportamentos inadequados. Logo, os professores envolvidos na educação,
quando notarem indícios significativos de TDAH, devem aconselhar os pais a
encaminhar seus filhos a uma avaliação profissional especializada. Afinal, o
diagnóstico preciso é essencial; ele deve levar em consideração os subtipos e o
grau de prejuízo ao indivíduo, de modo a determinar o tratamento apropriado.
Tratamento do TDAH
No tratamento do TDAH, os fármacos têm predominado. Nesse contexto, tem
aumentado o número de medicamentos disponíveis no mercado, bem como
o consumo desses medicamentos, principalmente nos Estados Unidos. Os
medicamentos mais recomendados, de acordo com as diretrizes de diver-
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(Continuação)
melhora da atenção;
melhora da competência motora;
melhora do desempenho de leitura e cálculo;
redução da desatenção;
redução dos indicadores de depressão em adolescentes com TDAH;
melhora do humor ao realizar atividades antes do início das aulas;
redução de hiperatividade, impulsividade e comportamento opositor;
melhora do humor em casa (relatada pelos pais).
Referências
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mentais: DSM–5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
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Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/. Acesso em: 9 nov. 2020.
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Leitura recomendada
PAIANO, R. et al. Programas de intervenção para alunos com TDAH no contexto escolar:
uma revisão sistemática de literatura. Revista Educação Especial, v. 32, 2019. Disponível em:
https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/28255. Acesso em: 9 nov. 2020.