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UNIVERSIDADE PARANAENSE

MANTENEDORA
Associação Paranaense de Ensino e Cultura – APEC

REITOR
Carlos Eduardo Garcia
Vice-Reitora Executiva
Neiva Pavan Machado Garcia
Vice-Reitor Chanceler
Candido Garcia

Diretorias Executivas de Gestão Diretorias Executivas de Gestão Acadêmica


Administrativa

Diretor Executivo de Gestão dos Assuntos Comunitários Diretora Executiva de Gestão do Ensino Superior
Cássio Eugênio Garcia Maria Regina Celi de Oliveira
Diretora Executiva de Gestão da Cultura e da Divulgação Diretora Executiva de Gestão da Pesquisa e da Pós-Graduação
Institucional Evellyn Cláudia Wietzikoski
Cláudia Elaine Garcia Custódio
Diretor Executivo de Gestão da Extensão Universitária
Diretora Executiva de Gestão e Auditoria de Bens Materiais Adriano Augusto Martins
Permanentes e de Consumo
Diretor Executivo de Gestão da Dinâmica Universitária
Rosilamar de Paula Garcia
José de Oliveira Filho
Diretor Executivo de Gestão dos Recursos Financeiros
Rui de Souza Martins
Diretora Executiva de Gestão do Planejamento Acadêmico
Sônia Regina da Costa Oliveira
Diretor Executivo de Gestão das Relações Trabalhistas
Jânio Tramontin Paganini
Diretor Executivo de Gestão dos Assuntos Jurídicos
Lino Massayuki Ito

Diretorias dos Institutos Superiores das Diretorias das Unidades Universitárias


Ciências
Diretora do Instituto Superior de Ciências Exatas, Diretor da Unidade de Umuarama – Sede
Agrárias, Tecnológicas e Geociências Nílvio Ourives dos Santos
Giani Andréa Linde Colauto Diretor da Unidade de Toledo
Diretora do Núcleo dos Institutos Superiores de Ciências Roberto Ferreira Niero
Humanas, Linguística, Letras e Artes, Ciências Sociais Diretora da Unidade de Guaíra
Aplicadas e Educação Sandra Regina de Souza Takahashi
Fernanda Garcia Velásquez
Diretora da Unidade de Paranavaí
Diretora do Instituto Superior de Ciências Biológicas, Edwirge Vieira Franco
Médicas e da Saúde
Irinéia Paulina Baretta Diretor da Unidade de Cianorte
José Aparecido de Souza
Diretor da Unidade de Cascavel
Gelson Luiz Uecker
Diretor da Unidade de Francisco Beltrão
Claudemir José de Souza
SEMEAD – SECRETARIA ESPECIAL MULTICAMPI DE EDUCAÇÃO
A DISTÂNCIA

Secretário Executivo
Carlos Eduardo Garcia
Coordenação Geral de EAD
Ana Cristina de Oliveira Cirino Codato
Coordenador do Núcleo de Cursos Superiores nas Áreas de
Educação, Linguística, Letras e Artes e Ciências Humanas
Heiji Tanaka
Coordenador do Núcleo de Cursos Superiores da Área de
Ciências Sociais Aplicadas
Evandro Mendes de Aguiar

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da UNIPAR

Revisão de Normas Bibliográficas


Inês Gemelli

Diagramação e Capa
Sandro Luciano Pavan

* Material de uso exclusivo da Universidade Paranaense – UNIPAR com todos os direitos da edição a ela
reservados.
SUMÁRIO

LEGISLAÇÃO APLICADA

Apresentação....................................................................................................................... .......5
Introdução....................................................................................................................................9

UNIDADE I: INTRODUÇÃO À LEGISLAÇÃO, AO CONCEITO DE


DIREITO E À CIDADANIA............................................................................................ 11
Conceito de Direito ............................................................................................................................... 12
Distinção entre o Direito e a Moral............................................................................................ 14
A Dignidade da Pessoa Humana e os Valores da Liberdade, da Igualdade e
da Solidariedade ..................................................................................................................................... 16
O Conceito de Cidadania e sua Origem ................................................................................... 16
Classificação Tradicional dos Direitos Humanos ............................................................ 17
Negócios Jurídicos e Atos Jurídicos ........................................................................................... 19
Requisitos de Validade ....................................................................................................................... 20
Dos Contratos em Geral ..................................................................................................................... 23
Teoria Geral dos Títulos de Crédito .......................................................................................... 27
Os Títulos de Crédito no Código Civil de 2002 e nas Demais Normas
Especiais ....................................................................................................................................................... 29
Sites Indicados ......................................................................................................................................... 30
Atividades.................................................................................................................................................... 31

UNIDADE II: DIREITO EMPRESARIAL E SOCIEDADE


EMPRESARIAL .................................................................................................................................... 33
Direito Empresarial .............................................................................................................................. 33
Teoria Geral das Sociedades .......................................................................................................... 38
Sociedades Personificadas .............................................................................................................. 39
A Nova Lei de Falências: Recuperação Judicial ................................................................. 59
Sites Indicados ......................................................................................................................................... 64
Atividades.................................................................................................................................................... 65
UNIDADE III: DIREITO DO TRABALHO E TRIBUTÁRIO ...........................67
Noções Gerais Sobre Direito do Trabalho.............................................................................67
Principais Princípios que Regem o Direito do Trabalho ............................................68
Direito Tributário...................................................................................................................................74
Sites Indicados .........................................................................................................................................81
Atividades ....................................................................................................................................................81

UNIDADE IV: CDC – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ..............85


Direito do Consumidor .......................................................................................................................85
Conceito de Consumidor E Fornecedor ..................................................................................88
Direitos Básicos do Consumidor .................................................................................................91
Responsabilidad Civil do Fornecedor ......................................................................................99
Ônus do Consumidor ........................................................................................................................101
Práticas Comerciais ...........................................................................................................................107
Cobrança de Dívidas..........................................................................................................................109
Oferta e Publicidade ..........................................................................................................................111
Sites Indicados ......................................................................................................................................121
Atividades .................................................................................................................................................121
Referências ..............................................................................................................................................123
Apresentação
Diante dos novos desafios trazidos pelo mundo contemporâneo e o surgimento de um
novo paradigma educacional frente às Tecnologias de Informação e Comunicação
disponíveis que favorecem a construção do conhecimento, a revolução educacional
está entre os mais pungentes, levando as universidades a assumirem a sua missão
como instituição formadora, com competência e comprometimento, optando por uma
gestão mais aberta e flexível, democratizando o conhecimento científico e tecnológico,
através da Educação a Distância.

Sendo assim, a Universidade Paranaense - UNIPAR - atenta a este novo cenário e


buscando formar profissionais cada vez mais preparados, autônomos, criativos,
responsáveis, críticos e comprometidos com a formação de uma sociedade mais
democrática, vem oferecer-lhe o Ensino a Distância, como uma opção dinâmica e
acessível estimulando o processo de autoaprendizagem.

Como parte deste processo e dos recursos didático-pedagógicos do programa da


Educação a Distância oferecida por esta universidade, este Guia Didático tem como
objetivo oferecer a você, acadêmico(a), meios para que, através do autoestudo,
possa construir o conhecimento e, ao mesmo tempo, refletir sobre a importância
dele em sua formação profissional.

Seja bem-vindo(a) ao Programa de Educação a Distância da UNIPAR.

Carlos Eduardo Garcia


Reitor
Seja bem-vindo caro(a) acadêmico(a),

Os cursos e/ou programas da UNIPAR, ofertados na modalidade de educação a


distância, são compostos de atividades de autoestudo, atividades de tutoria e
atividades presenciais obrigatórias, os quais individualmente e no conjunto são
planejados e organizados de forma a garantir a interatividade e o alcance dos
objetivos pedagógicos estabelecidos em seus respectivos projetos.

As atividades de autoestudo, de caráter individual, compreendem o cumprimento


das atividades propostas pelo professor e pelo tutor mediador, a partir de métodos e
práticas de ensino-aprendizagem que incorporem a mediação de recursos didáticos
organizados em diferentes suportes de informação e comunicação.

As atividades de tutoria, também de caráter individual, compreendem atividades de


comunicação pessoal entre você e o tutor mediador, que está apto a: esclarecer as
dúvidas que, no decorrer deste estudo, venham a surgir; trocar informações sobre
assuntos concernentes à disciplina; auxiliá-lo na execução das atividades propostas
no material didático, conforme calendário estabelecido, enfim, acompanhá-lo e
orientá-lo no que for necessário.

As atividades presenciais, de âmbito coletivo para toda a turma, destinam-se


obrigatoriamente à realização das avaliações oficiais e outras atividades, conforme
dispuser o plano de ensino da disciplina.

Neste contexto, este Guia Didático foi produzido a partir do esforço coletivo de uma
equipe de profissionais multidisciplinares totalmente integrados que se preocupa
com a construção do seu conhecimento, independente da distância geográfica que
você se encontra.

O Programa de Educação a Distância adotado pela UNIPAR prioriza a interatividade, e


respeita a sua autonomia, assegurando que o conhecimento ora disponibilizado seja
construído e apropriado de forma que, progressivamente, novos comportamentos,
novas atitudes e novos valores sejam desenvolvidos por você.
A interatividade será vivenciada principalmente no ambiente virtual de aprendizagem –
AVA, nele serão disponibilizados os materiais de autoestudo e as atividades de tutoria
que possibilitarão o desenvolvimento de competências necessárias para que você se
aproprie do conhecimento.

Recomendo que durante a realização de seu curso, você explore os textos


sugeridos e as indicações de leituras, resolva às atividades propostas e participe dos
fóruns de discussão, considerando que estas atividades são fundamentais para o
sucesso da sua aprendizagem.

Bons estudos!
e-@braços.

Ana Cristina de Oliveira Cirino Codato


Coordenadora Geral da EAD
Caro(a) acadêmico(a),

Este Guia Didático é composto de informações e exercícios de análise,


interpretação e compreensão dos conteúdos programáticos da disciplina de
Legislação Aplicada do Curso de Graduação em que você se encontra
matriculado.

O Guia Didático foi elaborado por um Professor Conteudista, embasado no plano


de ensino da disciplina, conforme os critérios estabelecidos no Projeto Pedagógico
do Curso. Abaixo, apresentamos, resumidamente, o currículo do Professor
Conteudista responsável pela elaboração deste material:

Disciplina: Legislação Aplicada

Autor: Adriano Cesar Felisberto

Possui graduação em Direito, pela Universidade Paranaense (1999); especialização


em Direito Civil e Processual Civil, pela Universidade Paranaense (2001); e
Mestrado em Direito Processual e Cidadania, pela Universidade Paranaense (2007).

Além do professor conteudista, existe uma equipe de professores e tutores


mediadores devidamente preparados para acompanhá-lo e auxiliá-lo, de forma
colaborativa, na construção de seu conhecimento.

Bons momentos de estudos!

e-@braços.

Evandro Mendes Aguiar


Coordenador do Núcleo de Cursos Superiores da Área de
Ciências Sociais Aplicadas
INTRODUÇÃO

Prezados acadêmicos(as) o estudo do Direito é por si um exercício de interpretação.

Assim, desde já fique claro que existem inúmeras correntes, entendimentos e


divergências sobre os mais vários temas que envolvem este estudo.

A arte de interpretação é inerente a cada individuo, às vezes comungamos do


mesmo entendimento ou não.

Este é um material tem como objetivo o início da compreensão do que venha a ser o
Direito, sendo que, nesta primeira parte, o assunto tratado reflete uma
contextualização das noções básicas de direito, destacando a importância do
mesmo para regular a vida dos cidadãos em sociedade, de modo que não haja
conflitos e nem tão pouco os exercícios arbitrários das próprias razões, evidenciando
a importância da Norma Jurídica, da relação jurídica e fontes do direito. Destaca-se,
ainda, a divisão do Direito em Público e Privado, observando-se quais são os ramos
do direito que integram cada divisão.

Já, na segunda parte da unidade I, destacam-se para o (a) acadêmico (a) as noções
de direito das obrigações, contratos e títulos de crédito.

Na unidade II, da mesma forma interpretativa teremos noções sobre o Direito


empresarial.

Na unidade III, trataremos do Direito Trabalhista e Direito Tributário e ao finalizando


com a unidade IV que aborda o Direito do Consumidor.

Cumpre informar que para uma compreensão e conhecimentos aprofundados sobre


todos os temas aqui tratados exigirá uma leitura de doutrinas e decisões judiciais
(jurisprudências). Alertando-os novamente que para algumas situações análogas,
diversos são os posicionamentos para as decisões proferidas.
UNIDADE I: INTRODUÇAO A LEGISLAÇAO,
AO CONCEITO DE DIREITO E A CIDADANIA

Caro (a) acadêmico (a),

Muitos acham que conhecer de legislação é algo árduo, mas veremos que não é
assim, e a importância não só de conhecer alguns princípios para exercício da sua
profissão, como também exercer cidadania com conhecimento de causa.

O conhecimento da legislação é importante e fundamental, somente assim podemos


fazer com que nossos direitos sejam respeitados.

OBJETIVOS DA UNIDADE

Estimado (a) aluno (a), ao terminar os estudos desta unidade, você deverá
compreender e ser capaz de explicar os seguintes conceitos:

 Conceito de direito;

 O direito e a moral;

 Dignidade do ser humano, liberdade, igualdade e solidariedade;

 Cidadania;

 Direitos Humanos;

 Requisitos de validade;

 Contratos;

 Títulos.

Você encontra no final desta unidade, sites para pesquisa e enriquecimento dos
conhecimentos da matéria de legislação, também encontrará exercícios para fixação
dos conteúdos.

Bons estudos!!!
CONCEITO DE DIREITO

Conceituar direito não é uma tarefa muito fácil, dada a enorme quantidade de visões
ideológicas. O primeiro passo, portanto, para conseguir conceituar o direito é
reconhecer a sua característica essencialmente humana, instrumento necessário
para o convívio social.

Origina-se a palavra "direito" do latim directum, significando aquilo que é reto, que
está de acordo com a lei, que supõe a ideia de regra, de direção.

"Direito é o conjunto das normas gerais e positivas, que regulam a vida social"
(MONTEIRO, 2000, p. 1). A violação do direito, da regra, gera punição.

Podemos dizer então que, as normas de Direito asseguram as condições de


equilíbrio da coexistência dos seres humanos, da vida em sociedade.

Significa que você pode fazer algo ou não, fazer corretamente as coisas.

Como norma de conduta, o Direito atribui faculdade ou poderes a uma parte e impõe
a outra, obrigações. Assim, o Direito é a norma que liga o direito de uma parte com o
dever de outra.

O Direito é parte integrante da vida diária.

As regras de conduta ou normas obrigatórias são necessárias para extinguir


conflitos e criar certa ordem entre as diversas pessoas de uma mesma sociedade.

As normas de Direito são obrigatórias; elas determinam o que cada um pode ou


deve fazer e o que não pode ou não deve fazer.

a) Fazer o correto.

b) Agir corretamente limitadamente.

c) Conjunto de regras com obrigações ou direitos.

d) Ciência que estuda os componentes padrões necessários para se viver em


sociedade.
COSTUME: Hábito comum aos membros de um grupo social. Resulta da prática de
preservar as ideias e ações, de geração a geração. Os costumes variam muito de
um lugar para outro e de um grupo para outro. Variam também através da história de
um mesmo grupo. A pessoa que viola um costume de seu grupo pode ser punida,
embora de modo informal. Os outros membros do grupo podem evitá-la, ou excluí-la
de suas atividades. Mas não existem leis contra a violação dos costumes.

É uma prática pública e geral, reiterada com constância e uniformidade, de um modo


de agir, acompanhado da convicção de sua obrigatoriedade jurídica. O Direito foi
originariamente, e por muito tempo, formado unicamente de costumes, nascidos
antes do Estado, este também nas suas origens, realizado sob forma de costume.

LEI: São Regras sobre o comportamento padrão as quais devem ser respeitadas
pela sociedade, a lei nos permite agir limitadamente.

É expressa por escrito pelo Estado, com criação de Direito novo.

A LEI POSSUI CINCO CARACTERÍSTICAS:

1) Abstração – a Lei é abstrata. Porque a lei não se incorpora, apesar de escrita e


publicada no Diário Oficial; se nós rasgamos o jornal não estamos rasgando e
eliminando a lei, ela continua aplicável e vigente;

2) Generalidade – a Lei é uma norma jurídica geral, pois ela liga a consequência
jurídica à condição de fato de modo geral;

3) Estatalidade – Ela é uma norma jurídica elaborada pelos órgãos do Estado,


distinguindo-se do costume, que é uma norma jurídica geral elaborada fora dos
órgãos do Estado;

4) Escrita – a Lei é escrita e por isso também se distingue do costume, que não é
escrito;

5) Novidade – a Lei cria sempre um direito novo, mesmo quando modifica um


direito já existente.
DISTINÇÃO ENTRE O DIREITO E A MORAL

A vida em sociedade exige a observância de outras normas, além das jurídicas,


como as religiosas, morais, de urbanidade etc.

As normas jurídicas e morais têm em comum o fato de constituírem normas de


comportamento. No entanto, distinguem-se precipuamente pela sanção (que no
direito é imposta pelo Poder Público para constranger os indivíduos à observância
da norma), e na moral somente pela consciência do homem (traduzida pelo remorso,
pelo arrependimento, porém sem coerção) e pelo campo de ação, que na moral é
mais amplo.

Nesse contexto, podemos afirmar que a moral tem uma preocupação expressiva
com o foro íntimo, enquanto o direito se relaciona, evidentemente, com a ação
exterior do homem.

Conceito de Direitos Humanos: Os direitos humanos são os direitos e liberdades


básicos de todos os seres humanos. Normalmente o conceito de direitos humanos
tem a ideia também de liberdade de pensamento e de expressão, e a igualdade
perante a lei.

Os direitos humanos são o somatório de valores, atitudes e regras, representado por


um conjunto mínimo de direitos e garantias necessárias para assegurar uma
existência livre e digna a todos os seres humanos.

Por fim, resumimos como direitos inerentes à pessoa humana, independentemente


de normas regulamentadoras, entre estes: vida, igualdade, liberdade e segurança
pessoal. São direitos universais e indivisíveis.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, da Organização das Nações


Unidas afirma:

"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.


Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito
de fraternidade".
Historicamente, tudo gira em torno da dignidade da pessoa humana consistindo no
principal direito fundamental fixado em quatro valores interdependentes:

a) Liberdade;

b) Igualdade;

c) Segurança Pessoal; e

d) Solidariedade ou Fraternidade.

Estes quatro valores supracitados prolongam a vida social dos indivíduos dando
verdadeira dignidade à pessoa humana.

A dignidade é algo inerente a todo ser humano e dele não se desprende em


nenhuma situação ou hipótese, sempre dotada de universalidade e indivisibilidade.

A ideia base que já se tinha, até mesmo no pensamento clássico, é que a dignidade
da pessoa humana era uma qualidade intrínseca do indivíduo irrenunciável e
inalienável, constituindo elemento que qualifica o ser humano como tal e dele não
pode ser separado.

Os direitos humanos não são uma informação ou um dado, mas uma invenção, uma
construção humana, em permanente processo de construção e reconstrução.

Consoante a lição do excelso mestre italiano Norberto Bobbio (1988, p.30), na obra,
A Era dos Direitos, “os direitos humanos nascem como direitos naturais universais,
desenvolvem-se como direitos positivos particulares (quando cada Constituição
incorpora Declarações de Direitos), para finalmente encontrarem sua plena
realização como direitos positivos universais”.

Este processo de internacionalização dos direitos humanos constitui um movimento


muito recente na história, emergindo no pós 2ª Guerra Mundial, como resposta dos
povos aos crimes, atrocidades e horrores praticados pelo nazismo. Nas palavras de
Flávia Piovesan (2006, p.109), “Se a 2ª Guerra significou a ruptura com os direitos
humanos, o Pós-Guerra deveria significar a sua reconstrução [...]”.
A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E OS VALORES DA
LIBERDADE, DA IGUALDADE E DA SOLIDARIEDADE

A dignidade é tema que serviu de reflexão para diversos pensadores em todo o


mundo. Todavia, o conceito de dignidade era relativo, pois os escravos
(geralmente indivíduos de povos derrotados em guerras ou batalhas) não eram
considerados titulares ou destinatários do princípio da dignidade. Contudo, essa
concepção evoluiu.

No caso brasileiro, tal valor está gravado constitucionalmente como princípio


fundamental já no artigo 1º do Texto Magno de 1988, in verbis:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel


dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político [...].

Por fim, cabe ressaltar que alguns autores, entre eles Siqueira Júnior e Oliveira
(2010), defendem que a dignidade da pessoa humana é o mais importante
fundamento constitucional do Estado brasileiro.

O CONCEITO DE CIDADANIA E SUA ORIGEM

Cidadania seria o conjunto de direitos e deveres que permite que o indivíduo tome
parte na gestão pública, e também cria obrigações para ele em relação à sociedade
em que vive, submetendo-o ao poder de império do Estado.

Conforme Dallari (s.d.), “a cidadania expressa, um conjunto de direitos que dá à


pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo.
Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada
de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social”.
A concepção de cidadania sempre esteve vinculada à ideia de direitos e garantias,
especialmente dos direitos políticos.

Contudo, na democracia, a destinação de direitos pressupõe, automaticamente, a


contrapartida de deveres, uma vez que em uma coletividade, que no nosso caso
convencionamos denominar “povo”, os direitos de determinado indivíduo são
assegurados a partir da execução dos deveres dos demais componentes desta
“massa cidadã”.

O conceito de cidadania foi estendido, passando a compreender o rol de valores


sociais que pressupõem todos os direitos e deveres do cidadão.

A cidadania sempre esteve em constante desenvolvimento e é um dos parâmetros


de referência das conquistas feitas pela humanidade desde a antiguidade até agora.

CLASSIFICAÇÃO TRADICIONAL DOS DIREITOS HUMANOS

Entre os mais diversos critérios, a doutrina moderna optou pela nomenclatura


“dimensão de direitos”.

1) Primeira dimensão

Traduzindo o valor de liberdade, são direitos humanos de primeira dimensão as


liberdades públicas, como os direitos políticos e civis, e as liberdades clássicas
como, por exemplo, o direito à vida, à segurança, à propriedade e à liberdade,
tornando sua matéria um privilégio para o ser humano abstrato ou
descontextualizado. Tratam-se de direitos de oposição diante da abusividade do
poder estatal, circunscrevendo uma área de não intervenção do Estado perante a
independência e autonomia do indivíduo, ou seja, são liberdades negativas onde o
Estado deve permanecer no campo do não fazer ou da não interferência (omissão).

Como exemplos de direitos de primeira dimensão: vida, liberdade, propriedade,


segurança, liberdade de expressar o pensamento, liberdade de crença religiosa,
liberdade de reunião, inviolabilidade de domicílio, associação política, liberdade de
locomoção etc.
2) Segunda dimensão

A segunda dimensão trata dos direitos referentes à igualdade, que surgiram


impulsionados e inspirados pelos movimentos sociais e pela primeira Revolução
Industrial na Europa do século XIX, decorrentes das péssimas e precárias condições
trabalhistas e humanitárias em que se encontrava o proletariado.

Reclamam a igualdade material entre os indivíduos, através da intervenção positiva


do Estado, para sua efetiva concretização.

Entre alguns exemplos de direitos de segunda dimensão, há que se destacar:


saúde, educação, lazer, trabalho, alimentação, moradia, previdência social,
habitação, assistência social, proteção à maternidade e à infância etc.

3) Terceira dimensão

Cuidando dos denominados “direitos humanos globais”, a terceira dimensão


contempla direitos metaindividuais e supraindividuais materializando poderes de
titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais. Temos
como melhores exemplos desses direitos, os difusos e os coletivos, são os que não
podem ser atribuídos a um grupo específico de pessoas, pois dizem respeito a toda
à sociedade.

Os direitos de terceira dimensão consagram o princípio da solidariedade ou


fraternidade e emergem no instante em que a sociedade necessita fortalecer seus
conceitos de preservação ambiental e das dificuldades que envolvem a proteção do
mercado consumidor, por exemplo.

A terceira dimensão, além de fortemente humanizada, busca atingir valores e


princípios universais, pois não se destina apenas à proteção de interesses
individuais, nem de grupos específicos ou de um espaço temporal fixo e
determinado, mas reflete temas destinados à coletividade como um todo,
englobando tanto a atual sociedade quanto as gerações futuras.
NEGÓCIOS JURÍDICOS E ATOS JURÍDICOS

Conceito: É o ato jurídico com finalidade negocial, ou seja, com o intuito de criar,
modificar, conservar ou extinguir direitos. Para diferenciar o Ato jurídico do Negócio
jurídico, observa-se que no primeiro a vontade é simples (realizar ou não o ato) e no
segundo, por sua vez, a vontade é qualificada (realizar ou não o ato e escolher o
conteúdo/efeito do ato), ou seja, no Ato jurídico os efeitos são previstos em lei, ao
passo que no Negócio jurídico alguns efeitos decorrem das leis, podendo outros
efeitos ser acordados entre as partes.

Interpretação dos negócios jurídicos: Art.112,113,114 CC e Art. 421,422,423 CC

A vontade espontânea é o elemento principal dos negócios jurídicos, e tal vontade


deve corresponder ao desejo da pessoa (art. 112 CC); porém tal vontade pode ser
perturbada por algum vício, por algum defeito, capaz de ensejar a anulação ou até a
nulidade do negócio jurídico; tais defeitos são:

a) O erro ou ignorância: é o desconhecimento de um fato que leva o agente a


emitir sua vontade de modo diverso do que a manifestaria se tivesse
conhecimento exato daquele fato, conforme art. 139 do CC (ex.: art. 1.557,
441, 1.974).

b) Dolo: enquanto o erro decorre de equívoco da própria pessoa, que se engana


sozinha, o dolo é o erro provocado na pessoa pela outra parte do negócio; o
erro é espontâneo e o dolo é provocado; o dolo é a provocação intencional de
um erro através de ações maliciosas, ou da própria omissão (art. 147, 773).

c) Coação: quem pratica negócio jurídico sob ameaça moral ou patrimonial, tem
a vontade viciada e o negócio é anulável - 151; se sofre violência física o ato
é nulo pois a vontade inexiste (ex.: apontar arma – coação absoluta); a
coação é a ameaça injusta e séria capaz de provocar temor.

d) Estado de perigo: é semelhante ao estado de necessidade do Direito Penal;


o indivíduo, diante das circunstâncias, não possui outra alternativa e assume
obrigação excessivamente onerosa (156); ex.: prestar elevada caução
(cheque) em hospital para internar parente; o Juiz deve manter o negócio
reduzindo o valor da prestação com razoabilidade, por analogia do § 2º do art.
157.

e) Lesão: o negócio jurídico pode ser viciado quando há desproporcionalidade


nas prestações, afinal um contrato pressupõe trocas úteis e justas, e ninguém
contrata para ter prejuízo (art. 157, 421, 478); é modo de proteger a parte
economicamente mais fraca dando-lhe superioridade jurídica – dirigismo
contratual.

f) Fraude contra os credores: é a diminuição maliciosa do patrimônio para


prejudicar credores antigos (quem contrata com pessoa já insolvente não
encontra patrimônio garantidor), pois a garantia do credor quirografário é o
patrimônio do devedor (primitivamente era o próprio corpo do devedor, que
podia ser preso, escravizado ou esquartejado); credor quirografário é o credor
sem garantia real, ex.: hipoteca, penhor; ou sem garantia pessoal. A fraude à
execução é diferente, pois já existe ação judicial em curso, e ocorre nos
termos do art. 593 do CPC; o art. 1.813 do CC (renúncia à herança) também
visa coibir fraude contra os credores.

g) Simulação: é mais grave do que os demais pois é defeito que enseja a


nulidade, e não apenas a anulabilidade do negócio; há simulação quando em
um negócio se verifica intencional divergência entre a vontade (interna) e a
declaração (externa) das partes, a fim de enganar terceiros; ou seja, a
simulação é a declaração enganosa da vontade entre as partes de um
negócio para prejudicar terceiros (ex: contrato a preço vil para não pagar
imposto; atestado médico falso; compra e venda aparentando doação para
não ser aquesto, 1.659,I); enquanto no dolo uma parte engana a outra, na
simulação ambas as partes enganam terceiro; na fraude o devedor insolvente
realiza negócio verdadeiro para prejudicar credores, na simulação o negócio é
aparente, as partes, insolventes ou não, não têm intenção de praticar tal
negócio; o negócio simulado é nulo e imprescritível (167 e 169) por opção do
legislador no novo código (antes era apenas anulável).

REQUISITOS DE VALIDADE

Art. 104 CC. A validade do negócio jurídico requer:

I - agente capaz;

II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Para a realização de um ato jurídico, a lei civil impõe que sejam observados
determinados preceitos. Em alguns casos, os atos praticados pelas partes podem
não produzir os efeitos desejados, posto que realizados em desacordo com o
ordenamento jurídico.
Segundo a doutrina tradicional a expressão ineficácia (ou invalidade) é empregada
para designar o negócio que não produziu os efeitos desejados pelas partes.
Assim, abrange ele a:

a) Inexistência do Ato

b) Nulidade

b.1) Absoluta (ato nulo)

b.2) Relativa (ato anulável)

a) Ato Inexistente – é aquele inidôneo à produção de efeitos jurídicos.

Não é necessária a declaração da ineficácia por decisão judicial, porque o ato


jamais chegou a existir. Não se invalida o que não existe. Costuma-se dizer:
ato inexistente é o nada.

O vício é tão sério que o ato é considerado como inexistente.

b) Nulidade – de uma forma ampla nulidade é a sanção imposta pela lei que
determina a privação de efeitos jurídicos do ato negocial, praticado em
desobediência ao que ela prescreve.

Para que se possa declarar um negócio jurídico nulo ou anulável, é preciso


que ele ao menos tenha entrado (embora com vícios) no mundo jurídico para
surtir os efeitos manifestados.

Duas são as espécies de nulidades: nulidade absoluta e nulidade relativa


(ou anulabilidade).

b.1) Nulidade Absoluta – o ato não produz qualquer efeito por ofender
gravemente os princípios de ordem pública. O ato é absolutamente
inválido; não precisa ser anulado, pois já nasce nulo; o Juiz
somente declara o ato nulo, podendo fazê-lo de ofício (ex officio), ou
seja, sem ser provocado. A declaração de nulidade é uma penalidade
ao desrespeito da norma. Os atos nulos não podem ser convalidados,
nem ratificados. Também não se convalescem pelo decurso de tempo.
Não produzem efeito algum.

Exemplos: venda de imóvel por contrato particular; venda realizada por


absolutamente incapaz; objeto ilícito ou impossível, etc.

b.2) Nulidade Relativa – o ato é anulável. Enquanto não for declarado


como tal pelo Juiz, produz efeitos normalmente. A lei oferece aos
interessados a alternativa de requerer a sua anulação ou deixar que
continue a produzir seus efeitos normalmente. A anulação só atinge os
atos após a declaração de anulação. A parte precisa requerer a
anulação; o Juiz não pode reconhecer de ofício (ou seja, sem ser
provocado). O ato anulável pode ser convalidado, salvo direito de
terceiro. Mas os efeitos que já foram produzidos permanecem válidos.

Exemplos: venda realizada sob coação, ou por pessoa relativamente


incapaz sem assistência, etc.

SÃO NULOS OS ATOS:

 quando praticados por absolutamente incapaz (ex: venda realizada por


menor de 16 anos).

 quando for ilícito ou impossível o objeto (ex: comprar a lua).

 quando não se revestir da forma prescrita em lei (ex: pacto antenupcial


feito por contrato particular).

 quando for preterida solenidade essencial (ex: testamento sem testemunhas).

 quando o negócio jurídico for simulado (art. 167 CC) – no entanto, lembre-
se que o mesmo subsistirá no que se dissimulou, se for válido na forma e
substância.

 quando a lei declarar nulo ou lhe negar efeito (ex: casamento de pai com
filha adotiva; cláusula que permite ao credor ficar com o imóvel
hipotecado, etc.).

SÃO ANULÁVEIS OS ATOS:

 por incapacidade relativa do agente, sem assistência de seus


representantes legais (ex: venda feita por pródigo sem ser assistido).

 por vício resultante de erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo ou fraude
contra credores (ex: venda sob coação moral; com erro essencial, etc.).

 por falta de legitimação (ex: venda de imóvel sem outorga do outro


cônjuge, casados sob o regime em comunhão universal de bens).

 se a lei assim o declarar (ex: art. 496 – É anulável a venda de ascendente


para descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do
alienante expressamente houverem consentido; art. 550 – É anulável a
doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice de adultério pelo outro
cônjuge ou seus herdeiros, até dois anos depois de dissolvida a sociedade
conjugal).
Observação – Sendo o Negócio Jurídico Nulo ou Anulável é imprescindível a
manifestação do Poder Judiciário a esse respeito. Ou seja, é o Juiz quem irá
declarar se o ato é nulo, anulável ou se ele é válido, dependendo da situação em
concreto.

DOS CONTRATOS EM GERAL

Conceito: negócio jurídico resultante de um acordo de vontades que produz efeitos


obrigacionais.

Finalidade: Tem por fim criar, modificar ou extinguir um direito.

PRINCIPAIS ASPECTOS:

a) negócio jurídico: contrato é negócio jurídico, ou seja, é uma declaração de


vontade para produzir efeito jurídico. O contrato é negócio, via de regra, informal,
quer dizer, existe uma grande liberdade das pessoas na celebração dos contratos,
tanto que a maioria dos contratos podem ser verbais até para facilitar a nossa vida e
a circulação de bens (art. 107, CC). Chama-se de autonomia privada este campo do
Direito Civil justamente porque a liberdade das pessoas no contratar e no dispor de
seus bens é grande. As partes podem até criar/inventar contratos, quanto mais
celebrá-los verbalmente, sem formalidades (art. 425 CC). Recomenda-se celebrar
por escrito contratos de alto valor, mas não por uma questão de validade e sim por
uma questão de segurança, caso surja algum litígio judicial (art. 227 CC). Os
contratos verbais são provados em Juízo mediante testemunhas, que são provas
menos seguras do que os documentos. Exemplo de contrato solene é a compra e
venda de imóvel (art. 108 CC).

b) acordo de vontades: o contrato exige um consenso, um acordo de vontades.


É esse consenso que vai formar o contrato, principalmente se o contrato for verbal.
O consenso é entre pelo menos duas partes. Por isso todo contrato é no mínimo
bilateral quanto às partes, afinal ninguém pode ser credor e devedor de si mesmo.
c) efeitos obrigacionais: as obrigações têm efeitos que se aplicam diretamente aos
contratos:

c.1) a transitoriedade: os contratos, em geral, são transitórios/são


efêmeros/têm vida curta (ex: compra e venda de balcão); alguns contratos
são duradouros (ex: locação por doze meses), mas um contrato não deve ser
permanente. A propriedade sim dura anos, décadas, se transmite a nossos
filhos, mas os contratos não.

c.2) o valor econômico: todo contrato, como toda obrigação, precisa ter um
valor econômico para viabilizar a responsabilidade patrimonial do
inadimplente se o contrato não for cumprido. Em outras palavras, se uma
dívida não for paga no vencimento ou se um contrato não for cumprido, o
credor mune-se de uma pretensão e a dívida se transforma em
responsabilidade patrimonial. Que pretensão é esta de que se arma, de que
se mune o credor? É a pretensão a executar o devedor para atacar/tomar
seus bens através do Juiz. E se o devedor/inadimplente não tiver bens?
Então não há nada a fazer pois, como dito, a responsabilidade é patrimonial e
não pessoal.

REQUISITOS LEGAIS (ART. 104 CC)

a) AGENTE CAPAZ/CAPACIDADE DAS PARTES: este é o primeiro elemento (art.


104, I), pois o contrato celebrado pelo incapaz (art.3o) é nulo (166, I) e pelo
relativamente incapaz (art.4o) é anulável (171, I). Mas o menor e o louco, embora
incapazes, podem adquirir direitos e celebrar contratos, desde que devidamente
representados. Então os pais representam os filhos, os tutores representam os
órfãos e os curadores representam os loucos. Desta forma, a capacidade de direito
é inerente a todo ser humano (art. 1º), a capacidade de fato é que falta a algumas
pessoas (ex: menores, loucos) e que por isso precisam ser representadas para
celebrar contratos (art.116).

b) OBJETO LÍCITO, POSSÍVEL, DETERMINADO OU DETERMINÁVEL (art. 104,


II): é a operação, é a manobra que as partes visam realizar. O objeto corresponde a
uma prestação lícita, possível, determinada e de valoração econômica.

b.1) objeto lícito: O negócio jurídico válido deverá ter, em todas as partes
que o constituírem, um conteúdo legalmente permitido, conforme a lei, não
sendo contrário aos bons costumes, à ordem pública e à moral. Então A não
pode contratar B para matar C, nem A pode contratar B para comprar
contrabando ou drogas, pois o objeto seria ilícito. Igualmente o filho não pode
comprar um carro com o dinheiro que vai herdar quando o pai morrer, pois a
lei proíbe no art. 426 (chama-se de pacta corvina, ou pacto de corvo este
dispositivo já que é muito mórbido desejar a morte do pai, e ninguém garante
que o filho é que vai morrer depois).

Se o objeto for ilícito será nulo (art 166, II CC)

b.2) objeto possível: física ou juridicamente. Se o ato negocial contiver


prestação impossível, como a de dar volta ao mundo em uma hora ou de
vender herança de pessoa viva (art. 426, CC) deverá ser declarado nulo. (art.
104, III e 166, II).

b.3) objeto determinado ou determinável: o objeto deverá ser determinado


ou, pelo menos, suscetível de determinação, pelo gênero e quantidade, sob
pena de nulidade absoluta em caso de venda de coisa incerta, que será
determinada pela escolha.

b.4) objeto deve ter valor econômico: para se resolver em perdas e danos
se não for cumprido por ambas as partes (art. 389 CC). O valor econômico do
contrato viabiliza a responsabilidade patrimonial do inadimplente, já que não
se vai prender um artista que se recusa a fazer um show. O artista será sim
executado patrimonialmente para cobrir os prejuízos, tomando o Juiz seus
bens para satisfazer a parte inocente.

Quanto à possibilidade do objeto, seria impossível contratar um mudo para


cantar, ou vender passagens aéreas para o sol. Vide art 104, II do CC.

c) FORMA PRESCRITA OU NÃO DEFESA EM LEI (art. 104, III): a forma do


contrato é livre, esta é a regra. Existem exceções. Os contratos podem ser
celebrados por qualquer forma, inclusive verbalmente face à autonomia da vontade
que prevalece no Direito Civil (art. 107). A vontade inclusive prevalece sobre a
forma, nos termos do art 112. Quando vocês forem redigir um contrato não há
formalidades a obedecer, basta colocar no papel aquilo que seja imprescindível ao
acordo entre as partes, até porque, como dito anteriormente, os contratos podem ser
verbais. Vide art 104, III: assim salvo expressa previsão em lei, a forma do contrato é
livre. Em apenas alguns casos a lei exige determinada forma, cuja inobservância
invalidará o negócio.

EXCEÇÃO: Porém há contratos que têm forma especial e precisam ser escritos: a
doação de coisas valiosas (541 e pú), a compra e venda de imóvel (108), a fiança
(art. 819 CC). Os contratos administrativos devem ser formalizados por escrito, de
acordo com as exigências do artigo 60 da Lei nº 8.666, de 1993.

Os contratos informais podem ser verbais, enquanto os contratos solenes devem ser
por escrito, seja particular (feito por qualquer pessoa/advogado, como na fiança e
doação) ou público (feito apenas em Cartório de Notas, qualquer deles). Nos
contratos em que a lei não fizer nenhuma menção, enquanto a sua forma, esta será
facultativa, contanto que não seja forma defesa em lei. Desta forma, a validade da
declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei
expressamente a exigir.

VALIDADE DO CONTRATO

Acordo de vontades: Para que um contrato seja válido, é necessário que haja
concordância de vontades, o que pressupõe declarações negociais baseadas numa
proposta contratual - declaração de vontade de quem propõe a celebração do
contrato - e na sua aceitação - declaração de vontade de quem aceita.

A declaração negocial pode ser:

a) Expressa: quando a aceitação é feita de forma oral ou escrita

b) Tácita: quando se deduz dos fatos, a aceitação da declaração negocial.


Entre a proposta e a aceitação há um período de tempo variável, de acordo
com a maior ou menor facilidade de comunicação entre as partes
contraentes.

EXTINÇÃO DOS CONTRATOS

Se o contrato nasce do acordo de vontades, ele geralmente cessa com o


cumprimento da prestação, sendo executado pelas partes, até que os resultados
finais previstos sejam alcançados, liberando o devedor e satisfazendo o credor.

a) Resilição bilateral ou distrato: é o contrato feito para extinguir outro contrato


(art. 472), quando as partes acordam em extinguir o contrato pela mesma
forma exigida para celebrá-lo. O distrato é um acordo liberatório, desatando o
laço que prendia as partes pela vontade comum delas (ex: inquilino que
combina com o locador desocupar o imóvel antes do prazo: locação escrita e
distrato verbal).

b) Resilição unilateral: se o contrato e o distrato nascem do acordo, a resilição


unilateral tem caráter de exceção (art. 473), pois rompe o vínculo sem a
anuência do outro contratante (ex: empresto minha casa de campo para meu
irmão desempregado morar, posso pedir de volta a qualquer momento).

c) Resolução: enquanto na resilição o contrato é extinto pela vontade das


partes, na resolução o contrato se extingue pelo inadimplemento. Na
resolução cessa o contrato por ter o devedor não cumprido com sua
obrigação (art. 475). Dá-se também a resolução por excessiva onerosidade
excessiva (art. 478). Todavia se o inadimplemento decorre de caso fortuito,
ou seja, se a inexecução for involuntária, o devedor não pode ser
responsabilizado (art. 393, ex: cantor fica gripado e não pode fazer o show
contratado).

d) Arrependimento: as partes fazem prever no contrato o exercício do direito de


arrependimento para desfazer o contrato (art. 420). Exemplo cotidiano está
prevista no art. 49 do CDC.

Ainda podemos citar a morte como causa de extinção nos contratos


personalíssimos, entretanto as obrigações de dar transmitem-se aos herdeiros do
morto dentro dos limites da herança (art. 1.792).

TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

TÍTULO DE CRÉDITO - CONCEITO

É o documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo que nele se


contém.

O crédito importa um ato de fé, de confiança, do credor.

Quanto ao conceito de “crédito”, Fran Martins afirma ser “a confiança que uma
pessoa inspira a outra de cumprir, no futuro, obrigação atualmente assumida”.
CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

Três requisitos básicos do título:

a) Literalidade: os títulos são literais porque valem exatamente o valor neles


declarado. Caracterizam-se tais títulos, pela existência de uma obrigação
literal, isto é, independente da relação fundamental, atendendo-se
exclusivamente ao que eles expressam e diretamente mencionam.

b) Autonomia: o título é autônomo, porque o possuidor de boa fé exercita um


direito próprio, que não pode ser restringido ou destruído em virtude das
relações existentes entre os anteriores possuidores e o devedor.

c) Cartularidade: o título de crédito se materializa, numa cártula, ou seja, num


“papel” ou documento. Também chamada de incorporação como sendo a
materialização do direito no documento, motivo pelo qual se diz que o direito
se incorpora ao documento. O documento é necessário para o exercício do
direito de crédito.

ABSTRAÇÃO

Os títulos de crédito circulam como documentos abstratos, sem ligação com a causa
a que devem sua origem. Pela abstração, o título de crédito, quando posto em
circulação, se desvincula da relação fundamental que lhe deu origem, quer dizer, a
abstração significa a completa desvinculação do título em relação à causa que
originou sua emissão. O título não está vinculado ao negócio que lhe deu causa.

CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO:

Quanto à sua natureza:

a) Abstratos: considerados os mais perfeitos dos títulos de crédito, uma vez que
não se indaga a sua origem.

b) Causais: estes títulos de crédito estão vinculados à sua origem, e como tais
são considerados imperfeitos ou impróprios. Ex: duplicata, a qual decorre da
venda de mercadorias, considera da a sua causa da emissão da duplicata.
Quanto ao modelo:

a) Vinculados: somente produzem efeitos cambiais os documentos que


atendem ao padrão exigido. Ex: cheque e a duplicata.

b) Livres: são aqueles que por não existir padrão de utilização obrigatória, o
emitente pode, segundo a sua vontade, dispor os elementos essenciais do
título. Ex: nota promissória.

Quanto à estrutura:

a) Ordem de pagamento: o sacador do título de crédito manda que o sacado


pague certa importância. Ex: cheque e duplicata.

b) Promessa de pagamento: o sacador assume o compromisso de pagar o


valor do título. Ex: nota promissória;

Quanto à circulação:

a) Ao portador: não revela o nome do credor.

b) Nominativos: nos termos do art. 921 C.C., são os emitidos em favor de


pessoa cujo nome conste no registro do emitente, ou seja, devem identificar o
titular do crédito.

c) A ordem: são os emitidos em favor de pessoa determinada, transferindo-se


por simples endosso, sem formalidades específicas.

OS TÍTULOS DE CRÉDITO NO CÓDIGO CIVIL DE 2002 E NAS DEMAIS NORMAS


ESPECIAIS

O atual Código Civil possui nos seus artigos 887 a 926, normas gerais sobre títulos
de crédito, as quais são aplicadas somente quando compatíveis com os
mandamentos constantes em lei especial ou se esta for inexistente, nos termos
estabelecidos no art. 903.

Funciona, portanto, como normas supletivas, aplicáveis na ocorrência de lacunas em


regramento jurídico específico, ou inexistindo norma jurídica especial para
determinado título de crédito. Desta forma prevalecem as normas especiais
existentes sobre os títulos de crédito, como a Lei Uniforme de Genebra, e as
seguintes normas, dentre outras:

 a Lei do Cheque, de nº 7.357, de 02/09/1985;

 a Lei das Duplicatas, de nº 5.474 de 18/07/1968, alterada pelo Decreto lei


n° 436 de 27/01/1969;

 a Cédula Rural Pignoratícia, Decreto n° 167 de 14/02/1967;

 a Cédula de Crédito Industrial, Decreto lei n° 413 de 09/01/1969;

 a Cédula de Crédito à Exportação, Lei nº 6.313 de 16/12/1975;

 a Cédula Hipotecária, Decreto lei nº 70 de 21/11/1966;

 o "Warrant", Conhecimento de Depósito, Decreto n° 1.102 de 21/11/1903;

 o Conhecimento de Transporte, Decreto n° 19.473 de 10/12/1930

SITES INDICADOS
ÂMBITO jurídico. com. br. Disponível em: <www.ambito-juridico.com.br/site/>.
Acesso em: 14 out. 2014.

BOLETIM jurídico. Disponível em: <www.boletimjuridico.com.br>. Acesso em: 14 out.


2014.

CENTRAL jurídica: a evolução do conteúdo jurídico. Disponível em:


<www.centraljuridica.com>. Acesso em: 14 out. 2014.

CONSULTOR jurídico. Disponível em: <www.conjur.com.br>. Acesso em: 14 out.


2014.

DIREITO vivo. Disponível em: <www.direitovivo.com.br. Acesso em: 14 out. 2014.

ESTADO do Paraná. Disponível em: <www.pr.gov.br>. Acesso em: 14 out. 2014.

JUS navigandi. Disponível em: <http://jus.com.br>. Acesso em: 14 out. 2014.

PÁGINA inicial – Palácio do Planalto. Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso


em: 14 out. 2014.

TEIA jurídica. Disponível em: <www.teiajuridica.com.br>. Acesso em 14 out. 2014.


ATIVIDADES
1) João, credor quirografário de Marcos em R$ 150.000,00 ingressou com Ação
Paulina, com a finalidade de anular ato praticado por Marcos, que o reduziu à
insolvência. João alega que Marcos transmitiu gratuitamente para seu filho, por
contrato de doação, propriedade rural avaliado em R$ 200.000,00. Qual artigo
do Código Civil pode ser utilizado como fundamento para solucionar o caso? Por
que?

2) Cite dois requisitos legais de validade de um contrato.

3) Marque a alternativa incorreta:

a) As regras de conduta ou normas obrigatórias são necessárias para extinguir


conflitos e criar certa ordem entre as diversas pessoas de uma mesma
sociedade.

b) A lei possui cinco características: abstração, generalidade, estabilidade,


escrita e novidade.

c) O ramo do direito público é aquele que disciplina e organiza as relações a


serem estabelecidas entre os particulares.

d) Os direitos humanos são o somatório de valores, atitudes e regras,


representado por um conjunto mínimo de direitos e garantias necessárias
para assegurar uma existência livre e digna a todos os seres humanos.

4) Marcos, com 16 anos de idade, emancipado por seus pais, causou dano a
imóvel da União. A fim de ver-se ressarcida, a União ajuizou ação ordinária de
indenização contra Marcos e seus pais.

A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta com base na


disciplina da responsabilidade civil.

a) A emancipação de Marcos não exclui o dever de indenização dos pais.

b) A responsabilidade dos pais deverá ser considerada com base na culpa


presumida.

c) Os pais somente seriam responsáveis se estivessem na companhia de


Marcos no momento do ato.

d) É desnecessária a comprovação da culpa do filho para responsabilizar os pais.

e) Marcos não pode ser responsabilizado pelos danos.


5) Assinale a alternativa correta:

a) A qualificação dos sócios num contrato social não é requisito obrigatório do


contrato.

b) Os contratos escritos podem ser por “instrumento particular” (feito por


qualquer pessoa, qualquer advogado) e por “escritura pública” (feita por
tabelião de Cartório de Notas.

c) No instituto da despersonalização da pessoa jurídica o ato judicial não atinge


e nem alcança o patrimônio da pessoa física autora do ato abusivo.

d) Além do dano e do conluio fraudulento, para que fique configurada a fraude


contra credores exige-se que o crédito seja posterior à alienação (venda).

6) Coloque (V) para verdadeiro e (F) para Falso:

( ) Alguns exemplos de Direitos Humanos de segunda dimensão, há que se


destacar: saúde, educação, lazer, trabalho, alimentação, moradia, previdência
social, etc.
( ) Os negócios jurídicos nulos não produzem efeitos, devendo ser desconstituídos
os efeitos produzidos antes da declaração judicial de nulidade. Já os negócios
anuláveis preservam os efeitos antes da decisão judicial de anulação.
( ) As pessoas que padeçam de doença ou deficiência mental, que as torne
incapazes de praticar atos no comércio jurídico, são consideradas absolutamente
incapazes.
( ) A capacidade da Pessoa Jurídica é limitada a sua finalidade, prevista no
estatuto que a criou.
( ) Os negócios jurídicos obrigatoriamente devem ser onerosos e nunca de forma
gratuita.
UNIDADE II: DIREITO EMPRESARIAL E
SOCIEDADE EMPRESARIAL

OBJETIVOS DA UNIDADE

Estimado (a) aluno (a), ao terminar os estudos desta unidade, você deverá
compreender e ser capaz de explicar os seguintes conceitos:

 Direito empresarial;

 Sociedades: tipos, administração, dissolução e falência.

Você encontra no final desta unidade, sites para pesquisa e enriquecimento dos
conhecimentos da matéria de legislação, também encontrará exercícios para fixação
dos conteúdos.

Bons estudos!!!

DIREITO EMPRESARIAL

INTRODUÇÃO

O Direito Comercial brasileiro foi totalmente reformulado pela entrada em vigor do


novo Código Civil no ano de 2002, especialmente, por causa do artigo 2.045, que
revogou expressamente a primeira parte do Código Comercial Brasileiro (que é de
1850). O Código Civil, no seu “livro II” trata Do Direito de Empresa.

Com essa alteração convencionou-se entre os doutrinadores modernos, renomear o


direito específico que regulamenta a atividade mercantil (relativa ao comércio) no
Brasil, de “Direito Comercial” para “Direito Empresarial”.

Devemos, portanto, associar comercial com empresarial, comerciante com


empresário e assim por diante, para atualizar os novos conceitos.
CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL

É o conjunto de normas que regulam a atividade comercial, incluindo assim, a


atividade do comerciante e das sociedades comerciais, ou seja, o Direito
Comercial/Empresarial possui elementos básicos como:

 Os atos do comércio - conceituamos os atos de comércio como uma


intermediação na circulação de bens, com o fim de lucro.

 O empresário – O artigo 966, do Código Civil.

DO EMPRESÁRIO

O artigo 966 do Código Civil conceitua o empresário: “Art. 966. Considera-se


empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens ou de serviços”.

Conceito: Portanto empresário é a pessoa que tem como profissão a prática


habitual e por conta própria dos atos do comércio.

E o que significa cada um desses termos?

 Profissão é a atividade organizada.

 Prática habitual é o mesmo que habitualidade, ou seja, é a atividade


comercial/empresarial regulamentada ou não proibida, geralmente,
regulamentada pela maioria dos códigos de posturas municipais
(equivalentes a "Constituições Municipais").

 Por conta própria é o mesmo que “sem a orientação ou determinação de


outrem”, ou seja, quem assume os riscos da produção/comércio.

EMPRESÁRIO INDIVIDUAL

O empresário individual é uma pessoa humana (natural ou física) que se obriga em


seu próprio nome no exercício das atividades da empresa, respondendo com seus
bens pessoais pelas obrigações da atividade empresarial.

O patrimônio pessoal do empresário individual responde direta e ilimitadamente


pelas obrigações da atividade empresarial uma vez que não há separação entre o
patrimônio afetado à empresa e o patrimônio particular do empresário. Assim, diz-se
que o patrimônio do empresário individual é único e indivisível.

REQUISITOS PARA SER EMPRESÁRIO INDIVIDUAL

I) I. Exercício da atividade de empresa: art. 966 do CC/02

Para ser empresário, a pessoa tem que exercer a empresa, ou seja, uma
atividade econômica organizada profissionalmente para a produção ou a
circulação de bens ou de serviços com intuito lucrativo.

II) II. Capacidade Civil: art. 972 CC/02.

O empresário individual, para exercer sua profissão, deverá estar em


pleno gozo de sua capacidade civil. Assim, em princípio, qualquer pessoa
com 18 anos completos (art. 5º do NCC), mulher ou homem, nacional ou
estrangeiro, pode exercer a atividade empresária no Brasil.

OS INCAPAZES

O incapaz permanente e o menor absolutamente incapaz não podem ser


empresários individuais, porque agem por intermédio de representantes ou
assistentes, ou seja, não podem exercer em nome próprio a empresa, logo, não
podem ser empresários.

Vale dizer que o menor emancipado, por qualquer das causas previstas no
parágrafo único do art. 5º do CC, pode ser empresário haja vista que adquire a
capacidade, mesmo não deixando de ser menor. No rol das causas de emancipação
previstas no parágrafo único do art. 5º do digesto civil, ganha relevo a do inciso V,
uma vez que o menor, com dezesseis anos completos pode, ao se estabelecer no
comércio e de lá retirando seu sustento, se emancipar por ato próprio, hipótese em
que a sua inscrição no registro do comércio servirá como prova de sua emancipação
(art. 976 do CC/02).

A Continuidade das Atividades Empresariais – Art. 974 do CC/02.

Se ocorrer a incapacidade posterior ao início da atividade da empresa, ou ainda o


recebimento de empresa como herança, o incapaz, permanente ou temporário
(menor), pode continuar as atividades antes exercidas por ele quando era capaz ou
por seus antecessores, desde que, devidamente representados (incapacidade
absoluta) ou assistidos (incapacidade relativa), obtenham autorização judicial, esta
precedida de estudo da viabilidade e dos riscos do negócio, para a continuação da
empresa.

AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL.

O art. 972 do CC/02 elenca a ausência de proibição legal como requisito para o
exercício da profissão de empresário. Contudo tais proibições são personalíssimas e
só afastam o sujeito da atividade empresária quando se verificam os requisitos
legais que as impõem.

São proibidos de exercer a empresa como empresários individuais:

 Os incapazes (o ato é nulo);

 Os chefes e agentes do Poder Executivo (federal, estadual, municipal) e


os seus auxiliares (ministros e secretários);

 Os membros dos Tribunais de Contas (ministros e conselheiros);

 Os órgãos do Legislativo (deputados e senadores): art. 54, II, CRFB/88;

 Os magistrados art. 47, II, LOMAN;

 Os membros do MP: art. 36, I, lei 8625/93 c/c art. 44, III LONMP,

 Os funcionários públicos: art. 117, X, lei 8112/90, c/c art. 195, VI e VII da
lei 1711/52;

 Os estrangeiros com visto provisório: lei 6815/80;

 Os militares na ativa (das três armas) e corpos policiais: arts. 180 e 204 do
COM e art. 35 do Dec-lei 1.029/69, c/c art. 29 da lei 6.880/80 (Estatuto dos
Militares);

 Os falidos, enquanto não reabilitados (art. 102 da lei 11.101/2005).

 Os corretores oficiais: (art. 36, do dec. 2.191/32 );

 Os leiloeiros (dec. 2.198/36, art. 36);

 Os prepostos comerciais: (CLT, art. 482);

 Os devedores do INSS: (Lei 8.212/91, art. 95, §2º);


 Os cônsules remunerados, nos seus distritos: (dec.4868/82, art.11 e
dec.3529/89,art.42;

 Os médicos para o comércio farmacêutico: dec.19.606/31 c/c dec.20.877 e


lei 5991/73.

EXERCÍCIO DA EMPRESA PELO ESTRANGEIRO

É vedado ao estrangeiro não residente no país, exercer a atividade empresarial.

Não há restrição, no entanto, para que o estrangeiro, mesmo o não residente,


ostente a condição de sócio de sociedade empresária.

Por outro lado, os estrangeiros com visto permanente e os oriundos de países de


língua portuguesa que estejam há mais de um ano no país (art. 12, II, “a” CRFB),
podem exercer a profissão de empresário.

PRÁTICA DE ATO JURÍDICO PERFEITO

Por fim, o art. 104 do Código Civil traz os últimos requisitos a serem atendidos pela
pessoa que deseja ser empresário. Tal dispositivo exige a observância da forma
prescrita ou não vedada por lei, por agente capaz, para a prática de atos cujo objeto
deve ser lícito, determinado ou determinável na forma da lei civil. Assim afasta-se do
empresário toda atividade ilícita.

DIREITOS E DEVERES DOS EMPRESÁRIOS DO COMÉRCIO

Os empresários estão obrigados às determinações da lei comercial, civil, fiscal e


trabalhista, sendo os seus direitos e deveres reconhecidos ou aprovados segundo o
seu comportamento perante tais normas jurídicas.

Assim, destacamos os direitos e deveres dos mesmos:


DIREITOS DOS EMPRESÁRIOS

 matricular-se no Registro do Comércio (Juntas Comerciais dos Estados);

 comprar e vender livremente mercadorias do seu comércio, desde que


este não esteja proibido ou controlado pelo poder público;

 fazer parte dos sindicatos, na forma da lei;

 participar de concorrência pública;

 exercer o voto ativo e passivo para vogal da Junta Comercial;

 não estar sujeito a prisão com presos de crimes comuns, mas sim em
lugar reservado;

 requerer sua própria falência ou de seu devedor;

 propor concordata preventiva.

DEVERES DOS EMPRESÁRIOS

 registrar sua firma ou razão social no Registro do Comércio (Juntas


Comerciais dos Estados);

 registrar suas operações por meio de uma ordem uniforme de


contabilidade e escrituração, tendo os livros necessários para esse fim;

 conservar em boa guarda toda a documentação relativa à escrituração,


correspondência e demais papéis pertencentes ao giro do seu comércio,
enquanto não caducarem;

 fazer anualmente Balanço Patrimonial que deverá ser datado e assinado


por Contabilista e o Comerciante.

TEORIA GERAL DAS SOCIEDADES

O artigo 981 do Código Civil conceitua sociedade: “Art. 981. Celebram contrato de
sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou
serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos
resultados”.

Em outras palavras, a sociedade significa a reunião de pessoas que mutuamente se


obrigam a juntar esforços e/ou recursos para alcançarem objetivos comuns.
As sociedades adquirem personalidade jurídica depois de efetuado corretamente
seu registro no órgão destinado a tal fim, como as Juntas Comerciais de cada
Estado.

Isso equivale dizer que a sociedade passa a existir legalmente após o registro
do seu Contrato Social ou Estatuto Social, passando a existir a publicidade a
terceiros que irão se relacionar com tal sociedade.

Enquanto a sociedade não tiver seus instrumentos, devidamente registrados nas


Juntas Comerciais, não terá personalidade jurídica. Contudo sabemos que existem
comerciantes/empresários que atuam de maneira irregular e, neste caso, os sócios
de tal sociedade responderão ilimitadamente pelos negócios celebrados.

SOCIEDADE ENTRE CÔNJUGES: ART. 977 CC

Somente estão proibidos se casados sob o regime da comunhão universal de bens


ou da separação obrigatória.

TIPOS SOCIETÁRIOS NO NOVO CÓDIGO CIVIL

 Sociedades não Personificadas: Art. 986 a 989 CC. Enquanto o ato


constitutivo da sociedade (contrato) não for levado a registro na junta
comercial, não terá uma pessoa jurídica.

 Sociedades Personificadas: Contratada por escrito e tem seus atos


constitutivos inscritos no registro de empresas.

SOCIEDADES PERSONIFICADAS

DAS SOCIEDADES SIMPLES (997 A 1.038)

Conceito: p.ú. do artigo 966 do CC – é pessoa jurídica que realiza atividade


intelectual, de natureza científica, literária ou artística.
São sociedades criadas com objetivos civis, e não exercem atividades próprias das
empresas sujeitas a registro (art. 982), ou seja, atividades não empresariais ou de
empresário rural.

Ex: sociedade de atividade advocatícia, sociedade de contabilistas, médicos


que se unem em clínicas.

As regras da sociedade simples se aplicam aos demais tipos societários de forma


subsidiária em casos de omissão.

Assim, ao invés de o novo código civil tratar esse capítulo como sociedade simples,
deveria trazê-lo como regras gerais sobre o direito societário, já que os
empresários sempre optarão por utilizarem a sociedade limitada, em face da
limitação da responsabilidade dos sócios.

CONSTITUIÇÃO E CONTRATO SOCIAL: 997 E 998 CC

Após a constituição terá prazo de 30 dias para a inscrição no Registro Civil das
Pessoas Jurídicas – (art. 998), inclusive quaisquer alterações contratuais
posteriores, e criação de filiais.

CARACTERÍSTICAS:

a) simplicidade na estrutura;

b) presunção de pequeno porte;

c) atuação pessoal dos sócios.

VANTAGENS DA SOCIEDADE SIMPLES

a) é o único tipo societário que aceita sócio de serviço;

b) admite, na mesma sociedade, sócios que sejam casados entre si, ainda que
pelo regime de comunhão universal de bens ou separação total;

c) não está sujeita, para efeito de tomada de decisão social, a realização de


reuniões ou formalismo de assembleias;
d) não está obrigada a manter livros de atas e de reuniões ou assembleias, que
são indispensáveis para a sociedade limitada (art. 1062, 1067 e 1075 CC);

e) sua contabilidade é mais simples, não estando obrigada ao sistema de


escrituração contábil;

f) no tocante a tomada de contas dos administradores, segue um rito menos


formal;

g) a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada, dependendo do


que declaram no contrato social;

h) não está sujeita à falência;

i) quanto a denominação (art 997, II, CC) não é Requerido que contenha
elemento indicativo do objeto social, nem que a denominação venha
acrescida de expressão designativa da natureza ou tipo societário;

j) por ter natureza simples, não empresária, não corre o risco, sob o ponto de
vista tributário, de perder isenção fiscal, especialmente COFINS e ISS.

ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE: (1.010 A 1.021)

Se não prevista no contrato social, compete separadamente a cada um dos sócios –


(art. 1.013).

Não podem ser administradores – art. 1.011, par. 1º.

Responsabilidade dos administradores – art. 1.016.

Somente podem ser destituídos judicialmente quando nomeados pelo contrato social
– art. 1.019, e os nomeados por documento separado são revogáveis os poderes –
(1.019 par. único).

DAS SOCIEDADES LIMITADAS (1.052 A 1.087)

CONCEITOS

É aquela formada por duas ou mais pessoas, em que todas elas assumem de forma
subsidiária, responsabilidade solidária pelo total do capital social (MARTINS, 2011).
Para Borges (1959, p. 119), sociedades limitadas “são aquelas nas quais todos os
sócios assumem, quer perante a sociedade, quer perante terceiros, uma
responsabilidade limitada”.

Todos os sócios respondem solidariamente pela integralização do capital declarado


no contrato.

NOÇÕES

É constituída de forma híbrida, ou seja, é ao mesmo tempo uma sociedade de


pessoas e de capital;

É regida supletivamente pelas normas da sociedade simples. Pode ser regida


supletivamente pela Sociedade Anônima se constar no contrato (art. 1.053 par. único).

Então: Capítulo IV – arts. 1.052 e seguintes/ LSA (se estipulado no contrato) e


disposições da sociedade simples se não estipulado no contrato.

O contrato social deve ser formulado de acordo com as normas do art. 997 (art.
1.054).

CARACTERÍSTICAS

Simplicidade para sua formação.

Responsabilidade dos sócios restrita ao total do capital social.

Está dispensada da publicação de balanços e outros atos como no caso das S.A.

Opção pelo uso da firma entre firma social ou denominação. Ex: Santos, Souza &
Cia = firma social ou então: Sorvetes Kneve Ltda.

USO DA FIRMA OU RAZÃO SOCIAL – (ART. 1.064) V. 1.158

Pode ser constituído somente pelo nome dos sócios administradores com poderes
no contrato social, através de firma ou razão social e por denominação.
Dessa forma pode ser formada com o nome abreviado ou por extenso dos sócios ou
alguns dos sócios, ou então por um nome fantasia, sempre seguidos da expressão
“Limitada ou Ltda.”.

Se usar o nome de um sócio ou alguns sócios deixando de constar um ou alguns,


usa-se a expressão “& Cia Ltda.”.

Exemplos: Firma ou razão social: Souza e Silva Ltda. – Souza, Silva & Cia Ltda.

Denominação: Sorvetes Kneve Ltda. (v. art. 1158, par. 3º)

DO CONSELHO FISCAL. (ARTS. 1.066 A 1.070)

O Novo Código Civil Brasileiro faculta aos sócios instituir um Conselho Fiscal
composto de três ou mais membros e respectivos suplentes eleitos em assembleia.
Havendo o Conselho Fiscal os sócios minoritários que representam 20 % (vinte por
cento) do capital social, terão o direito de eleger um membro e respectivo suplente
do Conselho (Art. 1066).

EXCLUSÃO DO SÓCIO

O Novo Código Civil Brasileiro determina que a exclusão possa ser via judicial
mediante iniciativa da maioria dos sócios por falta grave no cumprimento das
obrigações do sócio ou ainda por incapacidade superveniente ou ainda a via
extrajudicial onde aplica-se ao sócio que colocar em risco a continuidade da
empresa, em virtude de atos de inegável gravidade mediante deliberação da maioria
dos sócios. Pode ainda ser por justa causa (Art. 1030 e 1085).

Somente se opera, se decidido em reunião ou assembleia convocada para esse fim,


dando ciência ao sócio acusado para comparecer e formular sua defesa.

CESSÃO DE QUOTAS SOCIAIS

O Novo Código Civil Brasileiro estabelece no artigo 1057 que na omissão do


contrato, o sócio poderá ceder suas quotas, total ou parcialmente, a quem seja
sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver
oposição de titulares de mais de 20 % (vinte por cento) do capital social. Até 2 anos
depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente
com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha
como sócio (parágrafo único do art. 1.003).

ASSEMBLEIA GERAL DE SÓCIOS COTISTAS (art. 1.071 a 1.080)

O novo Código Civil Brasileiro obriga a realização de assembleia geral anual de


cotistas, o que deve ocorrer quatro meses depois do fim do exercício social, (1.078),
cujas deliberações são obrigatórias quando o número de sócios for superior a 10. v.
1.072 par. 1º.

MODIFICAÇÃO DO CONTRATO SOCIAL e INCORPORAÇÃO, FUSÃO e A


DISSOLUÇÃO, OU CESSAÇÃO DO ESTADO DE LIQUIDAÇÃO – decisão por
assembleia – sócios que representem ¾ do capital social (art. 1.076, I).

DESIGNAÇÃO, DESTITUIÇÃO E REMUNERAÇÃO DE ADMINISTRADORES, E


PEDIDO DE CONCORDATA – decisão em assembleia – sócios que representem
mais da metade do capital social (art. 1.076, II).

Não é necessária reunião ou assembleia geral, se todos os sócios decidirem por


escrito sobre a matéria que seria decidida (art. 1.072, par. 3º).

A recuperação judicial pode ser requerida com a permissão de sócios que representem
mais da metade do capital social, no caso de urgência (art. 1.072, par. 4º).

ADMINISTRAÇÃO GERAL. (art. 1.060 a 1.065)

ADMINISTRAÇÃO POR NÃO SÓCIO – Art. 1.061

Depende da aprovação da unanimidade se o capital ainda não estiver todo


integralizado, e depois de integralizado, de 2/3. Estará investido no cargo somente
após assinatura do termo de posse no livro de atas da administração (art. 1.062).
ADMINISTRAÇÃO POR SÓCIO

Se a administração for por nomeação de sócio no contrato social, somente pode ser
destituído por sócios que representem no mínimo de 2/3 do capital social, se o
contrato não designar forma diversa (art. 1.063, par. 1º).

DELIBERAÇÕES DOS SÓCIOS

Na Quinta Seção envolvendo os artigos 1071 a 1080 do Novo Código Civil Brasileiro
temos as deliberações dos sócios a respeito de aprovação das contas da
administração, da designação e da destituição dos administradores, do modo de
remuneração, de modificação do contrato social, da incorporação, fusão e a
dissolução da sociedade, da nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento
das quotas e do pedido de concordata.

AUMENTO OU REDUÇÃO DO CAPITAL SOCIAL

Na Sexta Seção envolvendo os artigos 1081 a 1084 do Novo Código Civil Brasileiro
temos as questões envolvendo o aumento e a redução do capital social

SOCIEDADE LIMITADA E OS SÓCIOS MINORITÁRIOS

Na Sétima Seção envolvendo os artigos 1085 e 1086 do Novo Código Civil Brasileiro
temos as questões envolvendo a resolução da sociedade em relação a sócios
minoritários, com a possibilidade de exclusão em caso de risco da continuidade da
empresa.

BALANÇO PATRIMONIAL, INVENTÁRIO E RESULTADO

Ao término de cada exercício – art. 1.065.

DISSOLUÇÃO – (art. 1.087)

PRAZO DE READEQUAÇÃO AO NOVO REGIME LEGAL

Terão as sociedades, o prazo de 01 ano para se adaptarem ao novo CC a contar da


sua entrada em vigor (art. 2.031).
SOCIEDADES COOPERATIVAS (LEI N. 5.764 DE 16 DE DEZEMBRO DE 1971)
(ARTS. 1.093 A 1.096 NOVO CC)

Conceito: Sociedade de pessoas, com capital variável, que se propõe, mediante a


cooperação de todos os sócios, um fim econômico.

V. conceito do art. 3º da Lei. Art. 3° Celebram contrato de sociedade cooperativa


as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o
exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro.

São sociedades de pessoas, com forma e natureza próprias, de natureza civil, não
sujeitas à falência, constituídas para prestar serviços aos associados.

COOPERATIVAS

As cooperativas são sociedades sem objetivo de lucro, constituídas em benefício


dos associados, podendo operar em qualquer ramo de atividade. Regulam-se pela
Lei 5.764 de 1971, são sempre consideradas como sociedades simples, qualquer
que seja o seu objeto (Art. 982, p. único do CC).

A cooperação faz parte da natureza do ser humano. As pessoas se unem para


satisfazer suas necessidades: cooperação é a união de esforços entre pessoas que
buscam, em uma ação coletiva, a realização de ações e resultados dificilmente
alcançáveis individualmente.

Por outro lado, cooperativismo é a ferramenta pela qual a sociedade se organiza,


por meio da ajuda mútua, para resolver diversos problemas comuns relacionados ao
dia a dia.

FINALIDADE: ART. 4º. DA LEI

Uma cooperativa se diferencia de outros tipos de associações de pessoas por seu


caráter essencialmente econômico. A sua finalidade é colocar os produtos e
serviços de seus cooperados no mercado, em condições mais vantajosas do
que eles teriam isoladamente. Desse modo, a cooperativa pode ser entendida
como uma “empresa” que presta serviços aos seus cooperados.
Art. 4º: As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica
próprias, de natureza civil, não sujeitas à falência, constituídas para prestar
serviços aos associados, distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes
características:

I) adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade


técnica de prestação de serviços;

II) variabilidade do capital social representado por quotas-partes;

III) limitação do número de quotas-partes do capital para cada associado, facultado,


porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade, se assim for mais
adequado para o cumprimento dos objetivos sociais;

IV) incessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranhos à sociedade;

V) singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e


confederações de cooperativas, com exceção das que exerçam atividade de
crédito, optar pelo critério da proporcionalidade;

VI) quórum para o funcionamento e deliberação da Assembleia Geral baseado no


número de associados e não no capital;

VII) retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações


realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembleia Geral;

VIII) indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência Técnica Educacional e


Social;

IX) neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social;

X) prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos estatutos, aos


empregados da cooperativa;

XI) área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle,


operações e prestação de serviços.

Pode ser constituída para as mais diversas finalidades:

 De produção agrícola;

 De produção industrial;

 De trabalho;

 De beneficiamento de produtos;

 De compras em comum;
 De vendas em comum;

 De consumo;

 De abastecimento;

 De crédito;

 De seguros;

 De construção de casas populares;

 De editoras e de cultura intelectual.

CARACTERÍSTICAS: ART. 4º DA LEI E ART. 1094, NOVO CC.

 Número limitado de associados;

 Variabilidade do capital social, que é dividido em quotas-partes;

 Limitação do número de quotas partes do capital social para cada


cooperado;

 Impossibilidade de cessão das quotas a terceiros;

 Singularidade de voto;

 Estorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações


realizadas pelo associado;

 Indivisibilidade dos fundos de reserva e de assistência técnica educacional


e social;

 Neutralidade política, religiosa, racial e social;

 Prestação de assistência aos associados e funcionários.

CONSTITUIÇÃO (ART. 14 E SEGS.)

Para criar uma cooperativa, o primeiro passo é determinar os seus objetivos e


escolher uma comissão e um coordenador dos trabalhos.
A cooperativa pode ser dirigida e controlada pelos próprios associados, que
participam do planejamento e obtém vantagens na obtenção de crédito, com menor
custo operacional em relação aos bancos.

Art. 14. A sociedade cooperativa constitui-se por deliberação da Assembleia Geral


dos fundadores, constantes da respectiva ata ou por instrumento público.
Pode ser constituída de 3 formas:
a) Por deliberação da assembleia geral dos fundadores;

b) Por instrumento particular (art. 135 Código Civil);

c) Por escritura pública.

O ATO CONSTITUTIVO DEVE CONSTAR: (ART. 15)

Art. 15. O ato constitutivo, sob pena de nulidade, deverá declarar:

I) a denominação da entidade, sede e objeto de funcionamento;

II) o nome, nacionalidade, idade, estado civil, profissão e residência dos


associados, fundadores que o assinaram, bem como o valor e número da quota-
parte de cada um;

III) aprovação do estatuto da sociedade;

IV) o nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos associados


eleitos para os órgãos de administração, fiscalização e outros.

O ESTATUTO DEVE CONTER: (ART. 21)

Art. 21. O estatuto da cooperativa, além de atender ao disposto no artigo 4º, deverá
indicar:

I) a denominação, sede, prazo de duração, área de ação, objeto da sociedade,


fixação do exercício social e da data do levantamento do balanço geral;

II) os direitos e deveres dos associados, natureza de suas responsabilidades e as


condições de admissão, demissão, eliminação e exclusão e as normas para sua
representação nas assembleias gerais;

III) o capital mínimo, o valor da quota-parte, o mínimo de quotas-partes a ser


subscrito pelo associado, o modo de integralização das quotas-partes, bem
como as condições de sua retirada nos casos de demissão, eliminação ou de
exclusão do associado;

IV) a forma de devolução das sobras registradas aos associados, ou do rateio das
perdas apuradas por insuficiência de contribuição para cobertura das despesas
da sociedade;

V) V - o modo de administração e fiscalização, estabelecendo os respectivos


órgãos, com definição de suas atribuições, poderes e funcionamento, a
representação ativa e passiva da sociedade em juízo ou fora dele, o prazo do
mandato, bem como o processo de substituição dos administradores e
conselheiros fiscais;
VI) as formalidades de convocação das assembleias gerais e a maioria requerida
para a sua instalação e validade de suas deliberações, vedado o direito de voto
aos que nelas tiverem interesse particular sem privá-los da participação nos
debates;

VII) os casos de dissolução voluntária da sociedade;

VIII) o modo e o processo de alienação ou oneração de bens imóveis da sociedade;

IX) o modo de reformar o estatuto;

X) o número mínimo de associados.

O CAPITAL SOCIAL: (ART. 22)

Sendo o capital das cooperativas variável, não há um capital fixo, podendo entrar e
sair associados a qualquer momento, ocorrendo assim constantes oscilações.
Mesmo sendo variáveis, os estatutos, quando da constituição deve fixar o mínimo do
capital social e a forma por que ele é ou será integralizado.

Art. 22. A sociedade cooperativa deverá possuir os seguintes livros:

I) de Matrícula;

II) de Atas das Assembleias Gerais;

III) de Atas dos Órgãos de Administração;

IV) de Atas do Conselho Fiscal;

V) de presença dos Associados nas Assembleias Gerais;

VI) outros, fiscais e contábeis, obrigatórios.

Parágrafo único. É facultada a adoção de livros de folhas soltas ou fichas.

RAMOS DO COOPERATIVISMO

O modelo cooperativo tem sido usado para viabilizar negócios em vários campos de
atuação. Para efeito de organização do Sistema Cooperativo, eles estão
organizados por ramos conforme a área em que atuam. São eles:
Cooperativas Agropecuárias – Reúnem produtores rurais ou agropastoris e de
pesca, que trabalham de forma solidária na realização das várias etapas da cadeia
produtiva: da compra de sementes e insumos até a colheita, armazenamento,
industrialização e venda no mercado da produção. Para assegurar eficiência, a
cooperativa pode, também, promover a compra em comum de insumos com
vantagens que, isoladamente, o produtor não conseguiria.

Cooperativas de Consumo – Caracterizam-se pela compra em comum de artigos


de consumo para seus cooperantes, buscando diminuir o custo desses produtos. Na
prática, muitas funcionam como supermercados, proporcionando conveniência e
oferecendo diversidade de produtos aos seus cooperados.

Cooperativas de Crédito – São sociedades de pessoas destinadas a proporcionar


assistência financeira a seus cooperantes. Funcionam mediante autorização e
fiscalização do Banco Central do Brasil, porque são instituições financeiras. Para
atingir seus objetivos, podem praticar as operações passivas típicas de sua
modalidade, como obter recursos no mercado financeiro, nas instituições de crédito,
particulares ou oficiais, através de repasses e refinanciamentos. Podem captar
recursos via depósito à vista e a prazo de seus cooperados; fazer cobrança de
títulos, recebimentos e pagamentos, mediante convênios correspondentes no país,
depósitos em custódia e outras captações típicas da modalidade.

No que se refere às operações ativas, diferem dos bancos, fundamentalmente,


porque só podem contratar essas operações, isto é, empréstimos de dinheiro,
com seus cooperantes, ao contrário dos bancos, que operam com o público
em geral.

Cooperativas Educacionais – Surgiram como uma solução para a crise que


enfrentavam as escolas brasileiras. Pais e alunos se uniram para enfrentar a falta de
estrutura do ensino público e o alto custo das mensalidades das escolas
particulares. Essas cooperativas podem oferecer todos os níveis de ensino, ou,
concentrar o serviço apenas em um tipo de atendimento, como educação infantil, por
exemplo. Outras oferecem cursos profissionalizantes. Há ainda as escolas agrícolas.
A escolha do nível de ensino em que a cooperativa vai atuar depende, também, das
necessidades das pessoas cooperadas. A vantagem desse modelo é a de que os
pais dos alunos participam da definição da proposta pedagógica da escola e dos
custos necessários para viabilizá-la.

Cooperativas Especiais – São cooperativas constituídas por pessoas que precisam


ser tuteladas. A Lei nº 9.867, do dia 10 de setembro, de 1999, criou a possibilidade
de se constituírem cooperativas “sociais” para organização e gestão de serviços
sóciossanitários e educativos, mediante atividades agrícolas, industriais, comerciais
e de serviços, contemplando as seguintes pessoas: deficientes físicos, sensoriais,
psíquicos e mentais, dependentes de acompanhamento psiquiátrico permanente,
dependentes.

ORGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO: (ART. 38 E SEGS.)

Diretoria, Conselho Fiscal e Assembleia Geral.

DIRETORIA: (art. 47 a 55)

03 membros eleitos em assembleia geral, com mandato de quatro anos, com


reeleição.

CONSELHO FISCAL: (art. 56)

03 membros efetivos e 03 suplentes, eleitos em assembleia geral com mandato de


01 ano, vedados a reeleição para a gestão seguinte.

ASSEMBLEIA GERAL: (art. 38 a 46)

Órgão supremo da cooperativa, com poderes para decidir todos os negócios


relativos ao objeto da entidade.

LIQUIDAÇÃO DAS SOCIEDADES: (art. 1.102 a 1.112)

Os artigos 1102 a 1112 tratam da Liquidação da Sociedade. O procedimento de


liquidação das sociedades deve ser simplificado e instaura-se após a ocorrência de
uma das causas dissolutórias previstas na lei ou no contrato.
O supra artigo 1102 define que "Dissolvida a sociedade e nomeado o liquidante,
procede-se à sua liquidação, ressalvado o disposto no ato constitutivo ou no
instrumento da dissolução".

A dissolução e a extinção, esta resultante de liquidação regular, devem ser


traduzidas no distrato, cujo arquivamento na Junta Comercial importa na eficácia
das operações, perante terceiros.

Consiste a liquidação na apuração do ativo da sociedade e no pagamento de seu


passivo, podendo ser extrajudicial ou judicial, sem relação direta com a forma em
que se deu a dissolução da sociedade; ou seja, os sócios podem ter chegado à
conclusão da causa dissolutórias, mas terem divergido quanto ao procedimento
liquidatório, ou, ainda, a sociedade pode ter sido alcançada por dissolução judicial,
não obstante seus integrantes chegam a adotar a liquidação amigável. Devemos
expor que a regra é a seguinte: Os sócios podem resolver, por maioria de votos,
antes de ultimada a liquidação, mas depois de pagos os credores, que o
liquidante faça rateios por antecipação da partilha na medida em que se
apurem os haveres sociais. É de se retratar que "no caso de liquidação judicial,
será observado o disposto na lei processual" e "no curso de liquidação judicial, o juiz
convocará, se necessário, reunião ou assembleia para deliberar sobre os interesses
da liquidação, e as presidirá, resolvendo sumariamente as questões suscitadas."

TRANSFORMAÇÃO, INCORPORAÇÃO, FUSÃO E CISÃO DAS SOCIEDADES

O Capítulo X trata nos artigos 1113 á 1122 da Transformação, da Incorporação, da


Fusão e da Cisão das Sociedades.

TRANSFORMAÇÃO SOCIETÁRIA – (art. 1.113 a 1.115)

A Transformação societária é uma forma de alteração contratual pela qual uma


sociedade passa - independentemente de dissolução ou liquidação - de uma espécie
para outra. Não se confunde com a incorporação, a fusão, a cisão ou a sucessão.
Devemos expor que "A transformação depende do consentimento de todos os
sócios, salvo se prevista no ato constitutivo, caso em que o dissidente poderá retirar-
se da sociedade, aplicando-se, no silêncio do estatuto ou do contrato social, o
disposto no art. 1.031".

INCORPORAÇÃO SOCIETÁRIA – (art. 1.116 a 1.118)

É uma operação em que uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que
lhes sucede em todos os direitos e encargos. A incorporação (merger, no direito
inglês) é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra,
que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. A incorporação não dá origem a
uma nova sociedade, pois a incorporadora absorve e sucede a uma ou mais
sociedades. Por outro lado não ocorre, na incorporação, uma compra e venda, mas
a agregação do patrimônio da sociedade incorporada ao patrimônio da
incorporadora, com sucessão em todos os direitos e obrigações.

FUSÃO – (art. 1.119 a 1.120)

A Fusão determina a extinção das sociedades que se unem, para formar sociedade
nova, que a elas sucederá nos direitos e obrigações. A fusão será decidida, na
forma estabelecida para os respectivos tipos, pelas sociedades que pretendam unir-
se. Em reunião ou assembleia dos sócios de cada sociedade, deliberada a fusão e
aprovado o projeto do ato constitutivo da nova sociedade, bem como o plano de
distribuição do capital social, serão nomeados os peritos para a avaliação do
patrimônio da sociedade.

Apresentados os laudos, os administradores convocarão reunião ou assembleia dos


sócios para tomar conhecimento deles, decidindo sobre a constituição definitiva da
nova sociedade. É vedado aos sócios votar o laudo de avaliação do patrimônio da
sociedade de que façam parte. Constituída a nova sociedade, aos administradores
incumbe fazer inscrever, no registro próprio da sede, os atos relativos à fusão.

CISÃO SOCIETÁRIA – (art. 1.122 e par. 3º)

Ocorre a cisão societária quando uma sociedade transfere parcelas de seu


patrimônio para outra(s) sociedade(s), constituída(s) para tal fim ou já existente(s),
extinguindo-se a sociedade cindida, em caso de versão de todo o seu patrimônio, ou
dividindo-se o seu capital, se parcial a versão.

É uma reorganização de sociedades na qual a companhia transfere parcelas de seu


patrimônio a outras sociedades já existentes ou criadas para tal fim, extinguindo-se a
companhia cindida, se houver transferência total do patrimônio ou dividindo-se seu
capital se a transferência for parcial.

A cisão, bem como a incorporação e a fusão, tem seus requisitos apontados no art.
223 e seguintes da Lei 6.404/1976 (Lei de Sociedades por Ações).

SOCIEDADE NACIONAL, DEPENDENTE DE AUTORIZAÇÃO E SOCIEDADE


ESTRANGEIRA (art. 1.123 a 1.141)

As sociedades estrangeiras passam a depender de autorização do Poder Executivo


para poderem funcionar no território brasileiro. Impõe a lei que a empresa tem de
funcionar no prazo de 12 meses, sob pena de ser considerada caduca a autorização
(art. 1.123 e 1.124). Fica ressalvado que, o Poder Executivo pode, a qualquer
tempo, cassar a autorização concedida à sociedade nacional ou estrangeira se
infringir disposição de ordem pública ou praticar atos contrários aos fins declarados
no seu estatuto. (art. 1.125)

SOCIEDADE NACIONAL – (art. 1.126 a 1.133).

É aquela organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a


sede de sua administração (art. 1.126).

SOCIEDADE ESTRANGEIRA – (art. 1.134 a 1.141)

É aquela que qualquer que seja seu objeto, não pode funcionar no País, ainda que
por estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos
expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira (art. 1.134).
DAS SOCIEDADES EM NOME COLETIVO (1.039 A 1.044) – (POUCO
UTILIZADA)

Subsidiariamente regida pelas regras da sociedade simples.

Tipo societário pouquíssimo utilizado, pois exige que os sócios sejam pessoas
físicas, com responsabilidade solidária e ilimitada por todas as dívidas da empresa,
podendo o credor executar os bens particulares dos sócios, mesmo sem ordem
judicial.

A Sociedade em Nome Coletivo está em franco desuso, devido ao fato dos sócios
poderem ser compelidos a responderem solidária e ilimitadamente com os seus
patrimônios particulares, frente às dívidas contraídas pela pessoa jurídica da
empresa (= obrigações sociais), sem que sequer haja a necessidade de se decretar
a desconsideração da personalidade jurídica da sociedade em foco.

Conceito: é uma sociedade personificada, pois é registrada na Junta comercial


(sociedade empresária) ou no Cartório de Pessoas Jurídicas (sociedade
simples), dependendo se o objeto é ou não empresarial. Formada
exclusivamente por pessoas físicas com uma só categoria de sócios, em que todos
os sócios respondem de forma solidária e ilimitadamente pelas dívidas da
sociedade.

Entretanto por ser uma sociedade registrada (personificada), o patrimônio dos sócios
somente podem ser atingidos depois de esgotados os bens da empresa (art. 1024,
CC).

Assim sendo, o nome empresarial deverá ser formado pelo nome dos sócios que a
integram ou apenas por alguns deles, aos quais seguirá a expressão “& Companhia”
ou “& Cia”. - Ex: Vieira, Oliveira & Cia.

Lembramos que a firma social (= razão social) deverá ser constituída sob a
observância do critério da veracidade ou autenticidade, com o nome de um ou mais
sócios seguido da designação “& Companhia” ou “& Cia”.
CARACTERÍSTICAS

 Contrato social nos termos do art. 997, CCB; (art. 1041).

 Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente com seus bens


particulares.

 Os sócios têm que ter capacidade civil (maior de 18 anos ou emancipado),


que possa exprimir validamente suas vontades (mentalmente sãos), sem
impedimento legal (ex: juízes, certos funcionários públicos, etc.).

 Nome empresarial sob firma, contendo o nome de um ou mais sócios


acompanhado da expressão “& Companhia (ou Cia.)”; (art. 1041).

 Administração cabe exclusivamente aos sócios, sendo vedada a nomeação


de terceiros para tal função; (art. 1042) – o contrato social deve designar o
sócio-gerente. (Mister observar ainda que o Contrato Social poderá não
declinar quais os sócios têm poderes para empregar a firma social; ocorrendo
tal omissão presumir-se-á que todos têm direito de fazê-lo.)

 Os sócios podem estipular limites de responsabilidade pelas obrigações


sociais entre si, o que, todavia, não tem qualquer eficácia perante
credores; (art. 1039, parágrafo único)

 A sociedade se dissolverá nos termos do art. 1033 do CCB ou pela


declaração de falência, apenas no caso de ser sociedade empresária;

A ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE

O uso da firma e a administração e gerência da sociedade é feita pelos sócios com


poderes para tanto designados no contrato social (art. 1.042 final).

Em casos omissos é regida pelo disposto para as sociedades simples.

DAS SOCIEDADES EM COMANDITA SIMPLES

(1.045 A 1.051) Subsidiariamente Regida pela Sociedade em Nome Coletivo.

Antes de abordarmos este tipo de sociedade, examinemos o verbo comanditar.


Segundo o Dicionário do Aurélio, comanditar tem dois significados: a) entrar com
fundos para, ou gerir os negócios de (uma sociedade em comandita); e b)
encarregar da administração dos fundos de uma sociedade em comandita.
Pelo próprio significado do verbo comanditar, percebe-se que existem dois tipos de
pessoas que participam da sociedade, sendo um tipo caracterizado como investidor
e outro como gestor dos negócios.

Conceito: A reunião de duas ou mais pessoas, com o propósito de combinarem


esforços e bens, e com o intuito de repartirem entre si os lucros, sendo constituída
por duas categorias de sócios, comanditados e comanditários (art. 1.045).

Ou ainda...

A sociedade em comandita simples é uma sociedade composta pelos sócios


comanditados (pessoas físicas), que entram com o capital e o trabalho, assumem a
gerencia da empresa e respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais, e pelos
sócios comanditários (pessoas físicas ou jurídicas) que respondem apenas pela
integralização das cotas adquiridas, portanto, no limite de suas cotas.

CARACTERÍSTICAS

Duas espécies de sócios:

a) sócios comanditados – É a pessoa física que administra a sociedade e seus


ativos e por isso responde de forma solidária e ilimitada pelas obrigações
sociais – entram com capital e trabalho. Somente pessoas físicas, os quais
respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais e são encarregados
da administração da sociedade.

b) sócios comanditários – É o sócio investidor e capitalista, que responde


pelas obrigações sociais somente até o limite de suas cotas sociais. Tem
responsabilidade limitada ao capital subscrito – mero prestador de capital.
Que respondem apenas nos limites do capital investido, e não tem
poderes para participar da gerência. (art. 1.045)

 O contrato de sociedade em comandita simples deve discriminar quem


são os sócios comanditados e comanditários.

 O nome dos sócios comanditários (prestadores de capital) não pode


constar da firma social – sob pena de ter responsabilidade como
comanditado. (art. 1.047);

 Os sócios comanditários não podem gerir a sociedade, porém podem


participar dos negócios internos da sociedade, mas sem exercer cargo de
gerência. Podem ainda serem constituídos como procuradores. (art. 1.047
par. único)
 A firma ou razão social é constituída apenas pelo nome dos sócios
comanditados, seguido da expressão “& Companhia” ou “& Cia.”.

Interessante: O sócio comanditário não é obrigado à reposição de lucros recebidos


de boa-fé e de acordo com o balanço. (art. 1.049)

EXTINÇÃO DA SOCIEDADE: (ART. 1.051)

A sociedade em comandita simples pode ser empresária, dedicando-se à exploração


de atividade típica de empresário, a exemplo de indústria, comércio, etc., ou não
empresária quando explora trabalho de natureza civil, a exemplo de atividade
científica, literária ou artística.

Embora não tendo poder de gerência, o sócio comanditário, em negócios


determinados, pode atuar como procurador da sociedade com poderes especiais,
sem, contudo, perder sua condição originária de sócio comanditário.

MORTE DE UM SÓCIO – (ART. 1050 CC.)

Se um sócio comanditário vier a falecer, salvo disposição em contrato, a sociedade


permanecerá com seus sucessores, que nomearão quem os represente e na falta de
um sócio comanditado os sócios comanditários poderão nomear um administrador
provisório, desde que não ultrapasse o período de 180 dias, sem nova nomeação.

A sociedade em comandita simples dissolve-se pelas regras do artigo 1044, que


remete ao artigo 1033 do Código Civil, bem como se ficar sem as duas categorias de
sócios por um período superior a 180 dias.

A NOVA LEI DE FALÊNCIAS: RECUPERAÇÃO JUDICIAL

INTRODUÇÃO

Em 10 de fevereiro de 2005 foi aprovada a Lei nº 11.101, substituindo a Lei nº 7.661


(Lei de Falências) que vigorava desde 1945. A Lei nº 11.101/2005 entrou em vigor
em 09 de junho de 2005 e vem sendo apelidada de “Nova Lei de Falências”. Essa lei
trouxe importantes modificações no sistema falimentar brasileiro, tornando-o mais
flexível e menos burocrático, trazendo uma expectativa de crescimento nos
investimentos internos e externos do país, já que foi conferido ao investidor um
ambiente institucional mais seguro que o anterior.

FINALIDADE DA NORMA

Da leitura dos dispositivos concernentes à recuperação judicial, vê-se claramente


que possui a finalidade de viabilizar a superação de dificuldades financeiras do
devedor, permitindo a manutenção de empregos e da fonte de produção de
riquezas. Dessa forma, busca-se o incentivo à preservação da empresa, no sentido
de fazê-la cumprir sua função social, bem como estimular a atividade econômica,
preservando, por conseguinte, os valores constitucionais do trabalho e da livre
iniciativa.

A nova lei também retirou da ordem jurídica brasileira o instituto da concordata, em


ambas as modalidades (suspensiva e preventiva). Nesse contexto, vedou-se, a partir
de sua vigência, a concessão de concordata suspensiva nos processos falimentares
em curso, sendo possível a alienação dos bens da massa falida imediatamente à
sua arrecadação, o que resguarda os direitos dos credores.

INOVAÇÕES

Uma importante figura trazida pela nova legislação falimentar é a recuperação


extrajudicial, procedimento através do qual a empresa procura se reestruturar por
meio da execução de um plano apresentado e negociado pelo devedor com seus
credores.

Cabe mencionar que a recuperação extrajudicial possui o mesmo objetivo da


recuperação judicial, permitindo que a empresa supere a crise econômico-financeira,
mantendo os empregos, preservando os interesses dos credores e resguardando o
funcionamento da atividade. Assim, percebe-se que o instituto da recuperação
extrajudicial confere a característica da informalidade às negociações nesse âmbito.
O Poder Judiciário, nesse caso, imiscui-se no procedimento precipuamente para
homologar os acordos feitos entre credor e devedor.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA NOVA LEGISLAÇÃO FALIMENTAR

São princípios fundamentais da nova legislação falimentar brasileira:

Preservação da empresa: em razão de sua função social, a empresa deve ser


preservada sempre que possível, pois gera riqueza econômica e cria emprego e
renda, contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento social do País.

Além disso, a extinção da empresa provoca a perde do agregado econômico


representado pelos chamados intangíveis como nome, ponto comercial, reputação,
marcas, clientela, rede de fornecedores, know-how, treinamento, perspectiva de
lucro futuro, entre outros.

Separação dos conceitos de empresa e empresário: a empresa é o conjunto


organizado de capital e trabalho para a produção ou circulação de bens e serviços.
Não se deve confundir a empresa com a pessoa natural ou jurídica que controla.
Assim, é possível preservar uma empresa, ainda que haja a falência, desde que
logre aliená-la a outro empresário ou sociedade que continue sua atividade em
bases eficientes.

Recuperação das sociedades e empresários recuperáveis: sempre que for


possível a manutenção da estrutura organizacional ou societária, ainda que, com
modificação o Estado deve dar instrumentos e condições para que a empresa se
recupere, estimulando, assim, a atividade empresarial.

Retirada do mercado de sociedades ou empresários não recuperáveis: caso


haja problemas crônicos na atividade ou na administração de empresa, de modo a
inviabilizar sua recuperação, o Estado deve promover de forma rápida e eficiente
sua retirada, a fim de evitar a potencialização dos problemas e o agravamento da
situação dos negócios com pessoas ou sociedades com dificuldades insanáveis na
condição do negócio.
Proteção aos trabalhadores: os trabalhadores, por terem como único ou principal
bem sua força de trabalho, devem ser protegidos, não só com precedência no
recebimento de seus créditos na falência e na recuperação judicial, mas com
instrumentos que, por preservarem a empresa, preservem também seus empregos e
criem novas oportunidades para a grande massa de desempregados.

Redução do custo do crédito no Brasil: é necessário conferir segurança jurídica


aos detentores de capital, com preservação das garantias e normas precisas sobre a
ordem de classificação de créditos na falência, a fim de que se incentive a aplicação
de recursos financeira a custo menor nas atividades produtivas, com o objetivo de
estimular o crescimento econômico.

Celeridade e eficiência dos processos judiciais: é preciso que as normas


procedimentais na falência e na recuperação de empresas sejam, na medida do
possível, simples, conferindo-se celeridade e eficiente ao processo e reduzindo-se a
burocracia que atravancava seu curso.

Segurança jurídica: deve-se conferir às normas relativas à falência, à recuperação


judicial e à extrajudicial tanta clareza e precisão quanto possível, para evitar que
múltiplas possibilidades de interpretação tragam insegurança jurídica aos institutos
e, assim, fique prejudicado o planejamento das atividades das empresas e de suas
contrapartes.

Participação ativa dos credores: é desejável que s credores participem ativamente


dos processos de falência e de recuperação, a fim de que, diligenciando para defesa
de seus interesses, em especial o recebimento de seu crédito, otimizem os
resultados obtidos com o processo, com redução da possibilidade de fraude ou
malversação dos recursos da empresa ou da massa falida.

Maximização do valor dos ativos do falido: a lei deve estabelecer normas e


mecanismos que assegurem a obtenção do máximo valor possível pelos ativos do
falido, evitando a deterioração provocada pela demora excessiva do processo e
priorizando a venda da empresa em bloco, para evitar a perda dos intangíveis.
Desse modo, não só se protegem os interesses dos credores de sociedades e
empresários insolventes, que têm por isso sua garantia aumentada, mas também se
diminui o risco geral das transações econômicas, o que gera eficiência e aumento da
riqueza geral.

Desburocratização da recuperação de microempresas e empresas de pequeno


porte: a recuperação das micro e pequenas empresas não podem ser inviabilizadas
pela excessiva onerosidade do procedimento. Portanto, a lei deve prever em
paralelos às regras gerais, mecanismos mais simples e menos onerosos para
ampliar o acesso dessas empresas à recuperação.

Rigor na punição de crimes relacionados à falência e à recuperação judicial: é


preciso punir com severidade os crimes falimentares, com o objetivo de coibir as
falências fraudulentas, em função do prejuízo social e econômico que causam. No que
tange à recuperação judicial, a maior liberdade conferida ao devedor para apresentar
proposta a seus credores precisa necessariamente ser contrabalançando com punição
rigorosa aos fraudulentos praticados para induzir os credores ou juízo a erro.

A nova legislação falimentar trouxe sensíveis inovações, como enfatizado acima,


tem dentre os princípios fundamentais a recuperação econômica da empresa, a fim
de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos
interesses dos credores, promovendo assim, a preservação da empresa.

A lei de falências deve, então, criar um ambiente formal de negociação e de


cooperação, estimulando credores e devedor no sentido da solução mais eficiente,
seja ela a tentativa de recuperação ou, se não for possível, a falência da empresa.
Mas para isso é fundamental o estabelecimento de incentivos corretos, a partir de
um balanceamento adequado de direitos entre devedor e credores e de uma justa
divisão de risco. Se a lei for excessivamente favorável ao devedor, mantendo em
funcionamento empresas viáveis ou legitimando a quebra de contratos, a
possibilidade de desrespeito aos direitos de propriedade e de execução de garantias
comprometerá o sistema econômico como um todo, reduzindo o número de
negócios e transações e restringindo o funcionamento do mercado de crédito, com
os consequentes impactos negativos sobre o desenvolvimento econômico e social
do país.
Por outro lado, uma legislação falimentar totalmente pró-credor incentiva a
liquidação de empresas que, mediante uma reorganização de seus negócios,
poderiam voltar a se tornar lucrativas.

Observa-se, portanto, que a Lei nº 11.101/2005 procurou viabilizar a continuidade


das empresas enquanto unidades importantes para a economia, pois são entes
produtivos e geradores de empregos e postos de trabalho. Nesse cenário, entende-
se que, para se valer de tal objetivo delineado pelo legislador, a empresa deve
possuir o requisito da viabilidade, o que será determinado a partir da negociação a
ser travada entre credores e devedores.

Deve-se ressaltar que, apesar das importantes implicações que a submissão da


minoria à maioria relativamente à decisão de aprovação do plano de recuperação
extrajudicial pode causar, tanto no aspecto econômico quanto na esfera jurídica, o
tema não foi devidamente valorizado, seja pela doutrina, seja pela jurisprudência.

CONCLUSÕES

Não se deve duvidar de que a existência de uma legislação falimentar eficiente é


vital para a área econômica (Lisboa, Damaso, Carazza e Costa, 2005, p. 1); desta
sorte, verifica-se que andou bem a legislação em tela, ao criar os institutos da
recuperação judicial e extrajudicial e inserindo os credores no processo de decisão.
Vê-se que a legislação falimentar preocupou-se efetivamente com a manutenção da
empresa viável e com a celeridade do processo falimentar, resguardando o
trabalhador e buscando maximizar os ativos da empresa falida.

SITES INDICADOS

ÂMBITO jurídico. com. br. Disponível em: <www.ambito-juridico.com.br/site/>.


Acesso em: 14 out. 2014.

BOLETIM jurídico. Disponível em: <www.boletimjuridico.com.br>. Acesso em: 14 out.


2014.
CENTRAL jurídica: a evolução do conteúdo jurídico. Disponível em:
<www.centraljuridica.com>. Acesso em: 14 out. 2014.

CONSULTOR jurídico. Disponível em: <www.conjur.com.br>. Acesso em: 14 out.


2014.

DIREITO vivo. Disponível em: <www.direitovivo.com.br. Acesso em: 14 out. 2014.

ESTADO do Paraná. Disponível em: <www.pr.gov.br>. Acesso em: 14 out. 2014.

JUS navigandi. Disponível em: <http://jus.com.br>. Acesso em: 14 out. 2014.

PÁGINA inicial – Palácio do Planalto. Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso


em: 14 out. 2014.

TEIA jurídica. Disponível em: <www.teiajuridica.com.br>. Acesso em 14 out. 2014.

ATIVIDADES
1) Drogba e Eto'o são sócios de uma Sociedade Limitada, com o objeto social de
vendas ao consumidor de roupas e acessórios em uma loja alugada em Rio de
Janeiro. Possuem o registro regular na Junta Comercial e dispõem do
Estabelecimento empresarial “Paraíso Tropical Modas”. Em junho deste ano
foram executados por fornecedores por inadimplência de dívidas sociais. Em
tese, os sócios responderão com seu patrimônio pessoal?

2) Julio Cesar Materiais de Construção Ltda. propõe execução, fundada em título


executivo judicial em face de Maradona & Messi Mármores e Granitos Ltda..
Diante da insuficiência de bens de propriedade da executada, a exequente
requer a desconsideração da personalidade jurídica para atingir os bens dos
sócios, pois, com abuso de gestão, a sociedade foi utilizada para frustrar o
cumprimento das obrigações com a parte credora. Aduz, ainda, que a sociedade
não passa de entidade de existência meramente formal, utilizada como meio de
exercício no mundo dos negócios com limitação das responsabilidades pelas
obrigações que, na realidade, são dos sócios. O exequente apresenta, através
de prova documental, elementos que confirmam o abuso de gestão. Trata-se de
situação que ensejaria a aplicação da Teoria da Despersonalização da Pessoa
Jurídica?

3) Em 10 de janeiro de 2012, Rosa Salles resolveu criar uma atividade econômica


de confecção de bijuterias. Começou sozinha abrindo uma EIRELI, passou a
necessitar de ajudantes para fazer em face de demanda de pedidos e contratou
cinco pessoas para ajudá-la na confecção das bijuterias. Com o sucesso do
negócio passou a vender, não só para clientes pessoas físicas, como também,
para lojas. Em 20 de dezembro do mesmo ano resolveu abrir uma filial em outra
cidade. É possível que Rosa Salles abra outra EIRELI em seu nome? Em caso
negativo, o que Rosa Salles deveria fazer para abrir outra empresa em seu
nome?

4) Assinale a alternativa correta:

a) Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é sempre ilimitada.

b) O capital social, na sociedade limitada, obrigatoriamente, divide-se sempre


em quotas iguais.

c) No que tange a administração da sociedade limitada, pode ser ela administrada


por uma ou mais pessoas designadas no contrato social ou em ato separado.

d) Os sócios não serão obrigados à reposição dos lucros e das quantias


retiradas, a qualquer título, mesmo quando tais lucros ou quantias se
distribuírem com prejuízo do capital.

5) “A operação pela qual uma ou mais sociedades anônimas são absorvidas por
outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações”, é a definição de qual
dos institutos abaixo indicados:

a) Fusão.

b) Transformação.

c) Incorporação.

d) Cisão.

6) Coloque (V) para verdadeiro e (F) para Falso:

( ) Para abertura de uma EIRELI, o legislador obrigou o empreendedor a


integralizar um capital social de, no mínimo, 50 (cinquenta) vezes o valor do maior
salário mínimo vigente no país.
( ) Em análise ao art. 1.104 do Código Civil, é correto afirmar que o liquidante
nomeado, responde pelos atos da liquidação, como se fosse um dos
administradores da sociedade em liquidação.
( ) Nas Sociedades em Comandita Simples (Artigos 1.045 a 1.051 do Código Civil)
o sócio comanditado é a pessoa física que administra a sociedade e seus ativos e
por isso responde de forma solidária e ilimitada pelas obrigações sociais, podem
entram com capital e trabalho, todavia é mais comum que entrem com o trabalho.
( ) Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
UNIDADE III: DIREITO DO TRABALHO E
TRIBUTARIO

OBJETIVOS DA UNIDADE

Estimado (a) aluno (a), ao terminar os estudos desta unidade, você deverá
compreender e ser capaz de explicar os seguintes conceitos:

 Direito do Trabalho;

 Princípios que regem o Direito do Trabalho;

 Contratos e Jornada de Trabalho;

 Direito Tributário;

 Tipos de impostos.

Você encontra no final desta unidade, sites para pesquisa e enriquecimento dos
conhecimentos da matéria de legislação, também encontrará exercícios para fixação
dos conteúdos.

Bons estudos !!!

NOÇÕES GERAIS SOBRE DIREITO DO TRABALHO

CONCEITO DE DIREITO DO TRABALHO: é o ramo da ciência do direito que tem


por objeto as normas, as instituições jurídicas e os princípios que disciplinam as
relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações
destinadas à proteção desse trabalho em sua estrutura e atividade.

Visa assegurar ao trabalhador melhores condições de trabalho e sociais, por meio


de medidas de proteção (normas jurídicas protetivas) tendo em vista o trabalhador,
em razão de sua inferioridade econômica, ser o lado mais fraco na relação
trabalhista.
NATUREZA DO DIREITO DO TRABALHO: as normas do Direito do Trabalho
pertencem ao direito privado, pois está ligada a regulamentação das relações
individuais e coletivas de trabalho do setor privado. Ainda que se reconheça a
existência de regras de direito público e privado dentro do direito do trabalho, há
uma preponderância de regras privadas ante as regras de direito público.

As relações entre os servidores públicos são reguladas pelo direito administrativo


com suas leis de natureza estatutária.

Como o próprio nome diz a Consolidação das Leis Trabalhista é a reunião de leis
esparsas existentes, incluindo-se algumas novas, vale ressaltar que em comparação
com alguns países a CLT é tida pela doutrina como arcaica e desatualizada,
devendo ser alterada, para se adequar a nova realidade.

PRINCIPAIS PRINCÍPIOS QUE REGEM O DIREITO DO TRABALHO

Irrenunciabilidade dos direitos: É vedado, por meio deste princípio, todo ato
destinado a desvirtuar ou ignorar a norma trabalhista, causando, por conseguinte, a
não observação de um direito a ser atribuído a determinado interessado.

Condição mais benéfica: Estabelece tal princípio que uma condição mais vantajosa
já conquistada na relação de emprego não deve ser reduzida. Benefícios
conquistados não podem ser retirados.

Princípio da norma mais favorável ao trabalhador: caso surja obscuridade,


conflito hierárquico entre normas ou simples dúvida na elaboração ou interpretação
de normas jurídicas, este princípio estabelece que deva prevalecer sempre a
interpretação mais favorável ao trabalhador.

Princípios constitucionais específicos: são inúmeros, vejamos os principais:


liberdade sindical; não interferência do Estado na organização sindical; direito de
greve (artigo nono); representação dos trabalhadores na empresa; e reconhecimento
de convenções e acordos coletivos.
DO CONTRATO DE TRABALHO

O contrato de trabalho (artigo 442) é o acordo, tácito ou expresso, celebrado entre o


empregador (artigo 2º, CLT) e empregado (artigo 3º, CLT), correspondente à relação
de emprego.

“Empregado é toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual, sob
a dependência do empregador e mediante salário” (art. 3º, CLT).

Empregador é o ente, dotado ou não de personalidade jurídica, com ou sem fim


lucrativo, que tiver empregado; “considera-se empregador a empresa. individual ou
coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige
a prestação pessoal de serviços” (CLT, art. 2º).

Para que ocorra o vínculo empregatício, dando ao empregado os vários direitos


trabalhistas, o contrato de trabalho deverá ter os seguintes requisitos:

CONTINUIDADE: A continuidade é a não eventualidade do serviço, isto é, o


empregado deve comparecer à empresa repetidamente, por força do contrato de
trabalho.

SUBORDINAÇÃO: Para a caracterização do vínculo exige-se a subordinação do


empregado ao empregador, ou seja, o empregado deve cumprir ordens e ser
subordinado economicamente, mediante remuneração.

ONEROSIDADE: A onerosidade relaciona-se com a contraprestação pecuniária


fornecida pelo empregador ao empregado, em virtude do contrato de trabalho.

PESSOALIDADE: Pessoalidade é outro requisito inerente ao contrato de trabalho,


pois este é personalíssimo, isto é, o empregado não pode fazer-se substituir por
outra pessoa.

ALTERIDADE: Por último, o vínculo empregatício para ser caracterizado deve ter
alteridade, o que consiste na prestação de serviço por conta e risco do empregador.
Trata-se de uma proteção ao empregado, visto que este até pode participar dos
lucros da empresa, porém, não pode participar dos prejuízos.
ESPÉCIES DE CONTRATOS DE TRABALHO

Os contratos de trabalho podem ser:

a) por prazo determinado (artigo 443, §1º, CLT): O contrato por prazo
determinado é aquele cuja vigência depende de termo prefixado ou da
execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo
acontecimento suscetível de previsão aproximada. O prazo máximo do
contrato de trabalho por prazo determinado é de 2 (dois) anos.

b) por prazo indeterminado: pode ser quando o contrato de trabalho tiver como
objeto serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação
do prazo, quando se tratar de atividades empresariais de caráter transitório,
quando se tratar de contrato de experiência.

SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DO CONTRATO

A suspensão do contrato de trabalho é a paralisação temporária dos seus principais


efeitos. Ex: falta injustificada, greve, auxílios pagos pelo INSS.

Na interrupção do contrato de trabalho, a empresa continua pagando salários ao


empregado e o período será computado como tempo de serviço. Ex: as férias, o
DSR e o afastamento do empregado por doença até o 15º dia.

FALTAS AO SERVIÇO

Justificadas são as faltas que o empregado pode dar, sem prejuízo da remuneração
e dos demais direitos (DSR, férias); são justifica das as faltas dispostas no art. 473,
da CLT.

JORNADA DE TRABALHO

A jornada normal de trabalho é o tempo durante o qual o empregado deverá prestar


serviço ou permanecer à disposição do empregador, com habitualidade, excetuadas
as horas extras; nos termos da CF, art. 7º, XIII, sua duração deverá ser de até 8
horas diárias, e 44 semanais.
Nos casos de empregados que trabalhem em turnos ininterruptos de revezamento, a
jornada deverá ser de 6 horas, no caso de turnos que se sucedem, salvo negociação
coletiva.

As jornadas de trabalho podem ser classificadas da seguinte maneira:

a) quanto à duração: é ordinária ou normal, extraordinária ou suplementar,


limitada, ilimitada, contínua, descontínua, intermitente.

b) quanto ao período: diurna (entre 5 e 22 horas), noturna (entre 22 horas de um


dia e 5 do outro), mista (tanto diurno como noturno), em revezamento (num
período há trabalho de dia, em outro à noite).

c) quanto à condição pessoal do trabalhador: homens/mulheres, menores e


adultos, portadores de necessidades especiais.

d) quanto à profissão: há jornada geral, de todo empregado, e jornadas especiais.

e) quanto à remuneração: a jornada é com ou sem acréscimo salarial.

CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL

A Carteira de trabalho e previdência social (CTPS) é a prova do contrato de trabalho;


tanto nas relações de emprego verbalmente ajustadas como naquelas em que há
contrato escrito, nenhum empregado pode ser admitido sem apresentar a carteira, e
o empregador tem o prazo legal para as anotações (art. 29 CLT).

A legislação ainda obriga o empregador a efetuar o registro de todo empregado em


fichas, livros ou sistema eletrônico (art. 41 CLT).

DIREITOS BÁSICOS DE TODO TRABALHADOR REGIDO PELA CLT

Registro na CTPS: É o direito que garante todos os outros. O registro serve como
meio de prova da relação de emprego, de cláusulas não usuais do contrato de
trabalho e do seu tempo de duração.

Salário mínimo: deve respeitar o piso da categoria, quando existir, ou o salário


mínimo nacional ou estadual.
Jornada de trabalho e horas extras: Deverá ser de até 8 horas diárias, e 44 horas
semanais. Ultrapassado esse período, o trabalhador tem direito a fazer no máximo
duas horas extras por dia, que deve ser remunerada, no mínimo, em 50% acima do
valor da hora normal.

Descanso semanal remunerado: Deve ser de 24 horas consecutivas e coincidir,


preferencialmente, com o domingo. Nos serviços que exigem trabalho aos
domingos, o descanso deverá ser efetuado em sistema de revezamento.

FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço): O Fundo de Garantia por Tempo


de Serviço, por seu nome já se explica, trata-se de um fundo formado pelos
depósitos mensais que são efetuados pelo empregador, em conta bancária certa e
específica aberta para cada empregado. É direito de todos os empregados, seja
urbano ou rural e inexistente para os servidores públicos.

Multa de 40%, prevista legalmente na Constituição Federal, é devida quando o


empregado for dispensado sem justa causa.

Adicional de Insalubridade e Periculosidade: Em atividades legalmente


classificadas insalubres, por deixarem o trabalhador exposto a agentes nocivos à
saúde, o empregador deve pagar ao empregado um adicional mensal compensatório
correspondente a 10%, 20% ou 40% do salário mínimo.

Trabalho Noturno: No trabalho noturno é aquele executado entre dez horas da


noite de um dia e cinco horas da manhã do dia seguinte. A hora de trabalho noturno
dá ao trabalhador urbano o direito de receber um adicional mínimo de 20% sobre o
valor da hora diurna.

Licença-maternidade: Tem duração de 120 dias e é devida a partir do 8º mês de


gestação (comprovado através de atestado médico), ou a partir da data do parto,
com apresentação da certidão de nascimento. As mães adotivas têm direito ao
benefício pelo mesmo período (verificar jurisprudências).

Férias: Todo empregado possui direito a gozar de um determinado período de


férias, anualmente, sem prejuízo de sua remuneração. A cada doze meses, o
empregado tem direito ao referido período. Os doze meses trabalhados, que geram
o período de férias, chama-se período aquisitivo. Vale lembrar que faltas
injustificadas reduzem proporcionalmente o tempo de férias.

1/3 Adicional de Férias: Todos os trabalhadores têm o direito de receber um


adicional de 1/3 sobre a remuneração mensal normal, na época das férias anuais.

13º salário: Corresponde a um mês de serviço prestado. Pode ser pago em duas
parcelas. Trata-se de salário extra, oferecido ao trabalhador ao final de cada ano,
sendo calculado com base na remuneração integral, e não tão somente sob o
salário.

Verbas rescisórias: o trabalhador demitido sem justa causa tem direito a receber
13º proporcional, férias vencidas acrescidas de 1/3, férias proporcionais, saldo de
salários e aviso prévio, entre outras. O empregador ainda deve pagar uma multa de
40% sobre o saldo total do FGTS depositado.

JUSTIÇA DO TRABALHO

É o órgão do Poder Judiciário estruturado em 3 níveis, as Juntas de Conciliação e


Julgamento, que conhecem e decidem conflitos individuais mediante sentenças, os
Tribunais Regionais do Trabalho, que apreciam originariamente dissídios coletivos
depois de esgotadas as tentativas de negociação coletiva entre as partes,
diretamente ou com a mediação do Ministério do Trabalho, e o Tribunal Superior do
Trabalho, que também aprecia dissídios coletivos, originariamente ou em grau de
recurso das decisões dos Tribunais Regionais do Trabalho.

Está disciplinada na Constituição Federal de 1988, artigo 114, alterado pela EC


45/2004.

Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar (Art. 114): As ações oriundas da


relação de trabalho, a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as
ações decorrentes da relação de trabalho e não mais da relação de emprego
somente. Ressalte-se que a relação de trabalho é mais abrangente, por se tratar de
gênero, que comporta várias espécies, entre elas, a relação de emprego, que se
refere aos conflitos existentes entre empregado e empregador.
DIREITO TRIBUTÁRIO

O CONCEITO LEGAL

“Art. 3°- Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor
nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.” (art. 3º do CTN).

Já na Lei 4.320/64, que estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração
e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do
Distrito Federal, a definição é a seguinte: “Art. 9 - Tributo é a receita derivada
instituída pelas entidades de direito público, compreendendo os impostos, as taxas e
contribuições, nos termos da Constituição e das leis vigentes em matéria financeira,
destinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou específicas
exercidas por essas entidades.”.

PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO DIREITO TRIBUTÁRIO

Princípio da Legalidade (art. 150, I, da CF/88): É vedado à União, aos Estados, ao


Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o
estabeleça.

Princípio da Igualdade ou da Isonomia (art. 150, II, da CF/88): Não deve haver
tratamento desigual a contribuintes que se encontrem em situação equivalente.

Princípio da Irretroatividade (art. 150, III, “a” da CF/88): É vedado a cobrança de


tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que
os houver instituído ou aumentado.

Princípio da Anterioridade (do exercício e nonagesimal) (art. 150, III, “b” e “c” da
CF/88): É vedada a cobrança de tributos no mesmo exercício financeiro (ano) e
antes de decorridos noventa dias em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou.

Princípio da Capacidade Contributiva (art. 145, §1º da CF/88): Sempre que


possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte. Tratar os iguais de maneira igual e os
desiguais de maneira desigual.

Princípio da Vedação do Confisco (art. 150, IV da CF/88): É vedada a utilização


do tributo com efeito de confisco, impedindo que o Estado, com o pretexto de cobrar
tributo, se aposse dos bens do contribuinte.

Princípio da Liberdade de Tráfego (art. 150, V da CF/88): É vedado estabelecer


limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou
intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias
conservadas pelo Poder Público.

Princípio da Uniformidade Nacional (Art. 151,I da CF/88): É vedado à União


instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique
distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em
detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a
promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes
regiões do País.

Princípio da Não-Diferenciação Tributária (Art. 152 da CF/88): É vedado aos


Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre
bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.

Princípio da Não-Cumulatividade (Art. 155, §2º, I, art. 153, §3º, II, e art. 154, I da
CF/88) Quanto ao ICMS, IPI e Impostos Residuais da União deve-se compensar o
que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação
de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou
pelo Distrito Federal.

FATO GERADOR

A definição consta nos art. 114 e 115 CTN.

Art. 114. “Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como
necessária e suficiente a sua ocorrência”.
Art. 115. “Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da
legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure
obrigação principal”.

SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO

Sujeito Ativo – Definição - art. 119 do CTN: “Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é
a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu
cumprimento”.

Regra geral: é sujeito ativo aquele que detém a competência tributária (capacidade
de instituir o tributo).

Sujeito ativo é aquele que tem capacidade para figurar no polo ativo da relação
jurídica tributária, que pode exigir o tributo.

Sujeito Passivo – Definição: é a pessoa obrigada a pagar tributo ou multa tributária


e pode ser ele:

 Contribuinte (sujeito passivo direto): é aquele que possui relação


pessoal e direta com o fato gerador.

 Responsável (sujeito passivo indireto): é quem, sem ser contribuinte


(possuir relação pessoal e direta), é obrigado a recolher o tributo, em
razão de expressa disposição de lei. Ex.: a empresa (fonte pagadora) é
obrigada a recolher o IRRF (imposto de renda retido na fonte) de seus
funcionários.

EVASÃO E ELISÃO FISCAL

Evasão Fiscal: falta de pagamento do tributo utilizando-se de meios ilícitos. Quem


comente evasão comente um ilícito.

Elisão Fiscal: não pagamento ou pagamento a menor de tributo utilizando-se de


meios lícitos. Elisão é igual planejamento tributário.
COMPETÊNCIAS

Compete à União instituir impostos sobre (art. 153 da CF/88):

I) importação de produtos estrangeiros;


II) exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
III) renda e proventos de qualquer natureza;
IV) produtos industrializados;
V) operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores
mobiliários;
VI) propriedade territorial rural;
VII) grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

A União poderá instituir (art. 154 da CF/88):

I) mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que
sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios
dos discriminados nesta Constituição (Competência Residual);

II) na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,


compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão
suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação (Competência
Extraordinária).

Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre (art. 155 da
CF/88):

I) transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;

II) operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços


de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as
operações e as prestações se iniciem no exterior.

III) propriedade de veículos automotores.

Compete aos Municípios instituir impostos sobre (art. 156 da CF/88):

I) propriedade predial e territorial urbana;


II) transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por
natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de
garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;

III) serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em
lei complementar.

Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território


não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito
Federal cabem os impostos municipais (art. 147 da CF/88).

ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS

Critérios para diferenciar uma espécie da outra:

 Fato gerador vinculado, ou não, a uma atividade estatal em favor do


contribuinte;

 Destinação do valor arrecadado a uma determinada finalidade prevista


em lei;

 Circunstância que levou a entidade federada a criar o tributo;

IMPOSTO

O Código Tributário Nacional conceitua imposto como: “Art. 16. Imposto é o tributo
cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer
atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.”

Tributo não vinculado a uma atividade estatal; é o contribuinte quem pratica o fato
gerador deste tributo.

Impostos federais: art. 153, CF; impostos estaduais: art. 155; e impostos municipais:
art. 156, CF; a União ainda tem competência para criar “outros” impostos: art. 154.
TAXAS

O Código Tributário Nacional conceitua imposto como: “Art. 77. As taxas cobradas
pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de
suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de
polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível,
prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição”.

Tributo vinculado a uma atuação estatal (exercício do poder de polícia ou prestação


de um serviço público específico e divisível).

Competência comum das entidades federadas: “no âmbito de suas atribuições”.

Não pode ter base de cálculo própria de imposto (art. 145, §2º, CF).

Deve levar em conta o “custo estimado” do serviço ou da fiscalização, no momento


de fixar seu valor.

EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO

As características são as seguintes: só podem ser criados por lei complementar; só


a União tem competência para criá-los; os contribuintes têm direito de devolução do
dinheiro arrecadado no prazo e na forma previstos na LC (“empréstimo”); não possui
fato gerador especificado na CF; o valor arrecadado deve ser obrigatoriamente
destinado às finalidades previstas nos incisos I e II do art. 148 da CF (ver parágrafo
único).

CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS

As características são as seguintes: valor arrecadado deve ser destinado a uma


finalidade “social” previamente estabelecida em lei; finalidades sociais: educação,
saúde, previdência, interesse das categorias profissionais e econômicas,
intervenção no domínio econômico etc.; competência da União (art. 149, caput,). Os
estados, DF e Municípios podem criar contribuições de custeio de suas próprias
previdências; como regra, basta uma lei ordinária para sua criação e majoração.
Excepcionalmente, a CF exige uma LC.

TIPOS DE IMPOSTOS

Impostos Federais:

a) II (Imposto de Importação);

b) IE (Imposto de Exportação);

c) IR (Imposto de Renda);

d) IOF (Imposto sobre Operações Financeiras);

e) ITR (Imposto Territorial Rural);

f) IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

Impostos Estaduais: O art. 147 e 155 da CF/88 estabelece a atribuição dos


Estados para criar e majorar os seguintes tributos:

a) ICMS (imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços);

b) IPVA (imposto sobre a propriedade de veículos automotores);

c) ITCMD (imposto sobre a transmissão causa mortis e doação), de quaisquer


bens ou direitos.

Impostos Municipais: O art. 149-A da CF/88 estabelece a atribuição dos


Municípios para criar e majorar tributos. São eles:

a) IPTU (Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana)- art. 156, inc.
I, da CF e art. 32 do CTN;

b) ISSQN (Imposto sobre a Prestação de Serviço de qualquer Natureza);

c) ITBI (Imposto de Transmissão inter vivos de Bens Imóveis)


SITES INDICADOS

JUS navigandi. Disponível em: <http://jus.com.br>. Acesso em: 14 out. 2014.

ÂMBITO jurídico. com. br. Disponível em: <www.ambito-juridico.com.br/site/>.


Acesso em: 14 out. 2014.

BOLETIM jurídico. Disponível em: <www.boletimjuridico.com.br>. Acesso em: 14 out.


2014.

CENTRAL jurídica: a evolução do conteúdo jurídico. Disponível em:


<www.centraljuridica.com>. Acesso em: 14 out. 2014.

CONSULTOR jurídico. Disponível em: <www.conjur.com.br>. Acesso em: 14 out. 2014.

DIREITO vivo. Disponível em: <www.direitovivo.com.br. Acesso em: 14 out. 2014.

ESTADO do Paraná. Disponível em: <www.pr.gov.br>. Acesso em: 14 out. 2014.

PÁGINA inicial – Palácio do Planalto. Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso


em: 14 out. 2014.

TEIA jurídica. Disponível em: <www.teiajuridica.com.br>. Acesso em 14 out. 2014.

ATIVIDADES
1) Cite dois impostos que são de competência dos Municípios, dois de competência
dos Estados e dois de competência da União ?

2) O dispositivo da Constituição Federal que determina que nenhum tributo será


exigido ou aumentado sem que a lei o estabeleça, consagra o princípio da:

a) formalidade do tributo;

b) causalidade do tributo;

c) independência do tributo;

d) legalidade do tributo.
3) O prazo inicial de 05 anos para efetuar o lançamento do tributo denomina-se
prazo de:

a) extinção do crédito tributário;

b) constituição da obrigação tributária;

c) decadência;

d) prescrição.

4) Após ser acometido por uma doença por esforços repetitivos que impossibilita
Pedro de trabalhar, o mesmo passou a receber auxílio doença do INSS. Assinale
a alternativa que indica o efeito desse fato no seu contrato de trabalho.

a) o contrato de Pedro será interrompido;

b) o contrato de Pedro será suspenso;

c) o contrato de Pedro será extinto;

d) o contrato de Pedro continuará em vigor e ele terá todos os direitos


trabalhistas assegurados.

5) Com fundamento na CLT − Consolidação das Leis do Trabalho e na CF −


Constituição Federal, as horas extraordinárias não podem exceder de:

a) três horas diárias e devem ser pagas com adicional de, no mínimo, 50%
superior à hora normal.

b) duas horas diárias e devem ser pagas com adicional de, no mínimo, 25%
superior à hora normal.

c) três horas diárias e devem ser pagas com adicional de, no mínimo, 25%
superior à hora normal.

d) duas horas diárias e devem ser pagas com adicional de, no mínimo, 50%
superior à hora normal.

6) Coloque (V) para verdadeiro e (F) para Falso:

( ) A equiparação salarial entre empregados tem como pressuposto único a


exigência de que o serviço seja prestado ao mesmo empregador e na mesma
localidade.
( ) Para jornada de trabalho de até seis horas contínuas, é obrigatória a concessão
de intervalo de uma hora para descanso.
( ) Nos termos da legislação pátria, especialmente a CLT, é admissível a
contratação de trabalhador com dezessete anos de idade para exercer a função de
porteiro noturno em edifício residencial.
( ) Ao que se extrai da Súmula 291 do TST, é correto afirmar que as horas extras
realizadas com habitualidade incorporam-se ao salário do empregado.
( ) Mesmo que o empregado falte até 5 (cinco) dias no serviço terá ele direito a 30
(trinta) dias de férias.
( ) O empregador deverá pagar em dobro a respectiva remuneração, caso não
conceda férias ao empregado, no período concessivo correto.
UNIDADE IV: CDC – CODIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR

OBJETIVOS DA UNIDADE

Estimado (a) aluno (a), ao terminar os estudos desta unidade, você deverá
compreender e ser capaz de explicar os seguintes conceitos:

 Direito do Consumidor;

 Relação de Fornecimento e Consumo;

 Regras das Ofertas e Publicidades.

Você encontra no final desta unidade, sites para pesquisa e enriquecimento dos
conhecimentos da matéria de legislação, também encontrará exercícios para fixação
dos conteúdos.

Bons estudos!!!

DIREITO DO CONSUMIDOR

DAS RELAÇÕES DE CONSUMO

INTRODUÇÃO

O Código de Defesa do Consumidor tutela as relações de consumo, e a sua


abrangência está adstrita às relações negociais, das quais participam,
necessariamente, o consumidor e o fornecedor transacionando produtos e serviços,
excluindo destes últimos os gratuitos e os trabalhistas.

A relação jurídica é um vínculo que une duas ou mais pessoas caracterizando-se


uma como o sujeito ativo e outra como passivo da relação. Este vínculo decorre da
lei ou do contrato e, em consequência, o primeiro pode exigir do segundo o
cumprimento de uma prestação do tipo dar, fazer ou não fazer.
Definição de relação de consumo

Definimos a relação de consumo como o vínculo jurídico por meio do qual uma
pessoa física ou jurídica denominada consumidor adquire ou utiliza produto ou
serviço de outra pessoa denominada fornecedor.

Disto conclui-se que, para que seja amparada pelo Código de Defesa do
Consumidor, a relação tem que possuir todos estes aspectos. Ou seja, uma relação
de negócios que visa a transação de produtos e/ou serviços, feita entre um
fornecedor e um consumidor.

CONCLUSÃO: NÃO HÁ “CONSUMIDOR” SE NÃO HOUVER UMA “RELAÇÃO DE CONSUMO”.


A relação de consumo forma-se quando uma pessoa (física ou jurídica) adquire determinado
produto na condição de destinatária final, comprando-o de quem o fornece no pleno
exercício de sua atividade.

Ex.: Aquisição de um veículo em uma garagem. (relação de consumo)

Ex.: Aquisição de um veículo de um particular. (Relação Civil)

QUADRO 1 - Elementos da relação de consumo

ELEMENTO ELEMENTO ELEMENTO


ELEMENTO FINALISTICO
SUBJETIVO OBJETIVO SUBJETIVO
SUJEITO
PRODUTO ou Intenção de adquirir o
SUJEITO ATIVO: PASSIVO:
SERVIÇO serviço ou produto na
CONSUMIDOR (arts. FORNECEDOR
(art. 3º, §§ 1º e condição de CONSUMIDOR
2º, 17 e 29 do CDC) (art. 3º CDC)
2º, CDC) FINAL.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tipos de Consumidores

 Conceito Progressista: O “conceito legal” de “consumidor” é um conceito


progressista que vai do restrito ao mais amplo. No início era consumidor
apenas o “destinatário final” (comprador) (art. 2º), depois se admitiu como
consumidor, a “vítima do evento” (art. 17), atualmente também é tratada
como tal, a “pessoa exposta” ao vício (art. 29).
 Toda Pessoa Física ou Jurídica que UTILIZA ou ADQUIRE um Produto ou
Serviço como DESTINATÁRIO FINAL (art. 2º, CDC).

Destinatário Final: É quem retira o produto da cadeia de mercado, ou seja, quem o


adquire sem o ânimo de submetê-lo a nova negociação onerosa. Adquirir o produto
como destinatário final implica uso próprio, privado, individual, familiar ou doméstico,
e até para terceiros, desde que o repasse não se dê por revenda.

Ex.: ADQUIRENTE: Consumidor que comprou um produto no Mercado.

Ex.: UTENTE: Empregada doméstica que manuseou o produto comprado pela patroa.

Relações não Amparadas pelo CDC

 Doação: porque ocorrerá de forma gratuita e não onerosa.

 Aquisição de Insumos: produtos que serão agregados na fabricação de


outro produto que será comercializado pelo adquirente (RESP. 733560/RJ).

Ex.: Aquisição de ureia por uma fábrica de rações e suplementos animais.

OBS.: Se o garagista, agindo como pessoa física, adquire o veículo da concessionária para seu
uso pessoal, haverá relação de consumo amparada pelo CDC. Porém, se o veículo foi
adquirido para uso do dia-a-dia da garagem, a relação também existirá.

Assim, não basta a existência de um consumidor numa determinada transação para


que ela seja caracterizada como relação de consumo. É preciso também, a
existência de um fornecedor que exerça as atividades descritas no artigo 3º do
Código de Defesa do Consumidor.

Nesse diapasão, o Código de Defesa do Consumidor, em seus artigos 2º e 3º, trata


da conceituação do que, para os seus efeitos, vêm a ser consumidor, fornecedor,
produtos e serviços, cujos temas serão abordados nos tópicos seguintes.
CONCEITO DE CONSUMIDOR E FORNECEDOR

CONSUMIDOR

Conceitos doutrinários de Consumidor:

 J. M. OTHON SIDOU: “Qualquer pessoa, natural ou jurídica, que contrata,


para sua utilização, a aquisição de mercadoria ou a prestação de serviço,
independentemente do modo de manifestação da vontade; isto é, sem
forma especial, salvo quando a lei expressamente a exigir” (SIDOU, 1977,
p.2).

 HUGO NIGRO MAZZILLI: “Todo aquele que, para seu uso pessoal, de
sua família, ou dos que se subordinam por vinculação doméstica ou
protetiva a ele, adquire ou utiliza produtos, serviços ou quaisquer outros
bens ou informação colocados a sua disposição por comerciantes ou por
qualquer pessoa natural ou jurídica, no curso de sua atividade ou
conhecimentos profissionais” (MAZZILLI, 2004, p.147-148).

Conceito Legal: Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como destinatária final, equiparando-se a este a coletividade de
pessoas, ainda que indeterminadas, que haja intervindo nas relações de consumo,
bem como todas as vítimas de danos causados por defeitos do produto ou relativos
à prestação de serviços, além das pessoas expostas às práticas comerciais na
condição de consumidores potenciais, sejam elas determináveis ou não (art. 2º,
caput e parágrafo único, art. 17 e art. 29, do CDC).

ELEMENTOS QUE INTEGRAM O CONCEITO DE CONSUMIDOR

 Elemento Subjetivo: Constituído pelas Pessoas FÍSICAS ou JURÍDICAS


tuteladas pelo CDC. Sejam elas portadores de interesses difusos
(indeterminadas), coletivos (determinadas) ou individuais homogêneos
(determinadas), bem como pelo próprio fornecedor.

 Elemento Objetivo: Representado pelo PRODUTO ou SERVIÇO,


tutelado pelo CDC.

 Elemento Finalístico: Aquisição de determinado produto ou serviço pelo


consumidor na condição de destinatário final, mediante fornecimento por
quem o faz no pleno exercício de sua atividade. Relação de Consumo.
TEORIAS QUE BUSCAM DEFINIR O DESTINATÁRIO FINAL

 Teoria Finalista: Para os finalistas, destinatário final é aquele destinatário


FÁTICO e ECONÔMICO do bem ou serviço, seja pessoa jurídica ou física.
Logo, segundo esta interpretação teleológica não basta ser destinatário
fático do produto, retirá-lo da cadeia de produção, levá-lo para o escritório
ou residência, é necessário ser destinatário final econômico do bem, não
adquiri-lo para revenda, não adquiri-lo para uso profissional, pois o bem
seria novamente um instrumento de produção cujo preço será incluído no
preço final do profissional que o adquiriu.
Ex.: Por esta corrente, o TAXISTA não seria destinatário final do veículo
que adquiriu de uma concessionária, para o seu trabalho.
Ex.: Idem para o DENTISTA que adquiriu os equipamentos de seu
consultório.
Ex.: Idem para o ADVOGADO que adquiriu uma DOUTRINA.

 Teoria Maximalista: Para os maximalistas, destinatário final é o


destinatário fático do produto, aquele que retira o produto do mercado e o
utiliza, o consome, pouco importando o tipo de utilização, se pessoal ou
profissional.
Ex.: Posto de Combustível que adquire uma bomba de combustível do
fabricante.
Ex.: Exemplos anteriores.

Corrente adotada pelo CDC: As regras contidas no CDC e as interpretações


levadas a efeito pelo STJ levam à conclusão de que a Teoria predominante é a
MAXIMALISTA de forma LIMITADA. Cabendo ao Julgador analisar cada caso
concreto e observar se naquela relação há vulnerabilidade do consumidor.

 Consumidor Vítima do Evento (BYSTANDER) (art. 17 do CDC): É aquele


que mesmo não tendo comprado o produto acabou usando o mesmo. É
consumidor por equiparação (sofreu os efeitos do uso).
Ex.: CASO DO MALOTE – Avião de uma transportadora de malote caiu na
casa de uma Mulher (RESP 540235/SP) – A mulher é equiparada a
consumidora.
Ex.: ATROPELAMENTO – pedestre que foi atropelado por um veículo que
estava desgovernado por força de uma avaria mecânica.
 Pessoa Exposta à Prática – Consumidor Potencial (art. 29 do CDC): É
aquele que na condição de possível adquirente do produto ou serviço,
participa de uma relação de consumo meramente potencial.
Ex.: Destinatário de uma Propaganda Publicitária (Não comprou o produto,
mas poderá ser ludibriado se a propaganda for enganosa).
Ex.: PUBLICIDADES ENGANOSAS OU ABUSIVAS

 A Pessoa Jurídica como Consumidora: A pessoa jurídica também pode


ser considerada “consumidora”, segundo a definição legal, contudo,
apenas quando adquirir produtos na condição de destinatária final.
Ex.: Comprar um computador ou qualquer outro equipamento para ser
utilizado no estabelecimento.

OBSERVAÇÃO: Se a Pessoa Jurídica adquire produtos e os transforma em insumos


necessários ao desempenho de sua atividade lucrativa, deixa de ser Consumidora. (STJ RESP
1.014.960/RS e RESP 541.867/BA).

FORNECEDOR

Conceito: É toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,


bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços (art. 3º, caput, CDC).

Ex.: ÁLCOOL COMBUSTÍVEL - São fornecedores: A “USINA”, a “DISTRIBUIDORA” e


o “POSTO DE ABSTECIMENTO”.

PESSOA

 Física: Qualquer pessoa que desenvolva alguma atividade profissional.


Ex.: Corretor, Costureira, Cabeleireiro, etc...

 Jurídica: Empresas nacionais, estrangeiras, públicas e privadas, com ou


sem fins lucrativos, desde que desenvolvam determinada atividade cujo
destinatário final seja o consumidor.
Ex.: Fundação sem fins lucrativos (APAE – quando fornece cartões de
natal), Sociedade de Economia Mista (PETROBRAS) e COPEL.
 Despersonalizada: Uma sociedade de fato também pode ser considerada
como fornecedora.
Ex.: Uma empresa de fundo de quintal sem CNPJ, sacoleiros, e um
revendedor de carros não regulamentado.

Atividade: Somente caracterizará se for reiterada e profissional.

Ex.: Você vende um notebook ao colega (Regido pelo CC).

Ex.: Sua loja vende um notebook ao seu Colega (Regido pelo CDC).

DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR

Fundamento Legal: Art. 6º do CDC.

DIREITO À VIDA, SAÚDE E SEGURANÇA: Proteção da vida, saúde e segurança


contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços
considerados perigosos ou nocivos; (art. 6º, I).

 Proteção da incolumidade física ou psíquica do Consumidor: Está


prevista expressamente em princípios descritos nos art. 8º a 10 do CDC.

 Medidas que deverão ser tomadas pelo Fornecedor: Deverá informar


de maneira ostensiva e adequada a respeito da nocividade ou
periculosidade do produto ou serviço (art. 9º, CDC).

 Descumprimento da norma: Configura CRIME (art. 63, CDC).

 Descoberta da nocividade ou periculosidade quando o produto já


está no mercado: O fornecedor deverá informar aos consumidores
através de ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS (art. 10, §§ 1º e 2º, CDC).

 Dever de informação das Autoridades Públicas: O dever de informação


também se estende ao Poder Público (art. 10, § 3º, CDC).

Atitudes que poderão ser determinadas ao fornecedor:

 Retirada do Produto do mercado (indenizando os consumidores);

 Substituição do Produto;

 Recall: Estipulação de prazo para que os fornecedores venham até a


assistência técnica do fornecedor para a substituição da peça.
OBSERVAÇÕES:
A realização de RECALL pelo fornecedor não afasta sua responsabilidade civil.
E o desrespeito do prazo pelo consumidor não altera o prazo decadencial ou prescricional,
definido expressamente no CDC.

DIREITO À EDUCAÇÃO: A educação e divulgação sobre o CONSUMO ADEQUADO


dos produtos e serviços, asseguradas a LIBERDADE DE ESCOLHA e IGUALDADE de
Contratações; (art. 6º, II).

Ex.: CASO DO CELULAR NO CARREGADOR – Consumidor que sofreu queimaduras


graves porque celular explodiu.

Ex.: CASO DO CABELEIREIRO (prova OAB) – O Cabeleireiro informou a cliente


quanto à forma de aplicação do produto (xampu), porém, a mulher optou por correr o
risco, aplicando-o de forma diversa.

DIREITO À INFORMAÇÃO: A informação adequada e clara sobre os diferentes


produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características,
composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (art. 6º, III).

 Requisitos da Informação: Estão delineados no art. 31 do CDC.

 Defeito ou falha na informação: Caracteriza falha ou defeito no produto


ou serviço, sujeitando o fornecedor às sanções administrativas e civis (art.
12 e 14 do CDC).

 Informação por publicidade: Obriga o fornecedor e integra o contrato


(art. 30 CDC)
Ex.: CASO DO LABORATÓRIO – FALSO POSITIVO - SÍFILIS: O
Laboratório deixou de informar a consumidora quanto à imprecisão do
resultado do exame, com a possibilidade de ocorrer o fenômeno do “falso
positivo”. Mulher era casada e quase se separou por conta disso.
Posteriormente em outro exame constatou-se a falha, o resultado foi
negativo (acórdão 265729/DF).

PROTEÇÃO CONTRA A PUBLICIDADE ENGANOSA OU ABUSIVA: Confere ao


Consumidor o direito de proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos
comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas
ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; (art. 6º, IV).

Ex.: ACP proposta pelo MP buscando obter nulidade de cláusula abusiva de


contrato de adesão (STJ – RESP 292.636/RJ e RESP 208.068/SC).

Ex.: Mensagem Subliminar;

Ex.: Propaganda do Saveiro carregando uma PEDRA na carroceria – Será que


suportaria?

DIREITO AO EQUILÍBRIO CONTRATUAL: Confere ao Consumidor o direito à


modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações
desproporcionais, ou a sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem
excessivamente onerosas; (art. 6º, V).

Características:

 Afastamento da Cláusula PACTA SUNT SERVANDA (Os pactos devem


ser respeitados).

 Relativização dos princípios da “Autonomia da Vontade” e da “Força


Vinculante do Pacto”.

 Aplicação da Cláusula REBUS SIC STANTIBUS (deixar as coisas como


estavam), desvinculada, contudo, da Teoria da Imprevisão (art. 478
CC).

 Teoria aplicável: “Teoria da Base Negocial”: configurada quando há


desequilíbrio das prestações ou quando estas se tornem grosseiramente
desproporcionais, isto é, quando nem de longe ocorre a proporcionalidade
aproximada das prestações, suposta pelas partes.
Ex.: Contrato de financiamento que sofre desequilíbrio por CRISE.

Medidas que poderão ser tomadas:

 Modificação do Contrato: para a retirada ou readequação das cláusulas


que estabeleçam prestações desproporcionais.

 Revisão do Contrato: para reequilibrar as obrigações contratuais.


Pressupostos para a aplicação da Cláusula REBUS SIC STANTIBUS:

 Onerosidade Excessiva: Que o contrato traga grande ônus para o


consumidor, de natureza desproporcional.

 Fato Superveniente: Fato Novo.

OBS.: IMPREVISIBILIDADE – dispensada, daí a desvinculação da Teoria da Imprevisão.

Onerosidade excessiva por fato novo em desfavor do FORNECEDOR: O


Fornecedor não está amparado pelo CDC, logo, deverá provar a IMPREVISIBILIDADE,
fazendo uso do art. 478 do Código Civil (Teoria da Imprevisão).

DIREITO À “PREVENÇÃO” E INTEGRAL REPARAÇÃO DOS DANOS: O


consumidor faz jus à efetiva prevenção e a reparação de danos patrimoniais e
morais, individuais, coletivos e difusos; (art. 6º, VI).

Ex.: Passageiro de Avião (Os passageiros tem à sua disposição as regras fixadas
pela ANAC que estabelecem necessidade de indenização, contudo, em valores pré-
fixados, pouco importando o tipo de dano. Tem, também, um Tratado Internacional
(Convenção de Varsóvia) que também estabelece a necessidade de indenização
por prejuízos causados aos passageiros, porém, igualmente em preços pré-fixados).

Características:

 O Fornecedor deve tomar medidas PREVENTIVAS para evitar a


ocorrência dos danos.
Ex.: Empresa de Ônibus que ao parar em um Restaurante de beira de
estrada para um lanche, segue viagem deixando um dos passageiros para
trás. (O motorista tinha o dever de confirmar o número de passageiros do
ônibus antes de seguir viagem).

 Adoção do princípio da restitutio in integrum (restituição integral);

 O dispositivo ressalta as três formas de reparações transindividuais


(individuais homogêneas, coletivas e difusas).

 O dispositivo também prevê o direito de indenização tanto patrimonial


quanto moral;

 O dispositivo também afasta qualquer limitação, ainda que legal, no que


tange à indenização de danos causados pelo FORNECEDOR.
 Ex.: Fixação de valores pelo Código Brasileiro de Aeronáutica, para a
indenização por extravio de bagagens. (ilegal)

Teoria do Risco do Empreendimento: O fornecedor responde pelos riscos


decorrentes do seu empreendimento.

Conclusão: Por esta teoria poder-se-ia até mesmo dizer que mesmo não havendo violação
ao art. 6º, inciso II, do CDC (INFORMAÇÃO CORRETA), a Empresa responderia pelos danos
causados ao consumidor, porque tal responsabilidade decorreria da Teoria do Risco do
Empreendimento.

Ex.: CIGARRO – Há quem sustenta que as empresas de cigarros ficam obrigadas a


indenizar a vítima que tenha morrido por força do fumo.

Ex.: CASO DE UMA EMPRESA DE MERGULHO COM TUBARÕES – O risco faz


parte da atividade. Em caso de acidente a empresa é obrigada a indenizar.

Ex.: SAFARI NA ÁFRICA – A empresa assume o risco da atividade. Também terá


que indenizar o consumidor eventualmente atacado.

Ex.: BUNGEE JUMP – A empresa é obrigada a indenizar se eventualmente a corda


arrebentar.

Acesso à Justiça: O consumidor deve ter assegurado livre acesso aos órgãos
judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção
Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; (art. 6º, VII)

Características:

 Regulamentação do princípio fundamental do acesso à justiça insculpido


no art. 5º, inciso XXXV, da CF;

 Acesso assegurado aos órgãos administrativos também.


Ex.: PROCON
Direitos processuais e a inversão do ônus da prova: o consumidor tem direito
à facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências; (art. 6º, VIII).

 Adoção de princípios processuais diferenciados com o objetivo de


facilitar a defesa do consumidor em juízo;

 Foro Privilegiado:

 Competência do domicílio do Autor para o ajuizamento de ação (art.


101, I, CDC).

 Competência para execução, tanto do juízo da liquidação da sentença,


quanto da ação condenatória, no caso de execução individual (art. 98,
§ 2º, I, CDC).

 Adoção de qualquer tipo de ação para a defesa dos interesses


decorrentes das relações de consumo (art. 83, CDC).

 Coisa julgada com efeitos ERGA OMNES ou ULTRA PARTES (art. 103,
CDC).

 Possibilidade de opção pela ação individual ao invés da coletiva (art.


103, § 3º, CDC).

 Opção pela liquidação de sentença e execução nas ações civis públicas


julgadas procedentes em favor do consumidor (art. 103, § 3°, CDC).

INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA: Um dos principais benefícios postos à


disposição do consumidor, no curso da ação civil.

 Decisão acerca da Inversão: Não é direito do consumidor, mas uma


faculdade do juiz (“... a critério do juiz...”) (RESP 171.988/RS e RESP
122.505/SP).

Obs.: Este entendimento não é pacífico na doutrina e no Judiciário. Há quem defenda que
a inversão, desde que configurado um dos requisitos, é direito do consumidor.
 Inversão de Ofício: Não há qualquer impedimento para que o Juiz defira
de OFÍCIO.

 Dificuldade de realização pelo próprio fornecedor: NÃO IMPORTA, se


a prova é de difícil realização pelo fornecedor, certamente será ainda mais
para o consumidor, que geralmente não detém de conhecimentos técnicos
sobre o assunto.

 Inversão em favor do fornecedor: IMPOSSÍVEL, a regra do dispositivo


somente beneficia o Consumidor.

 Cláusula que afaste a possibilidade de inversão: NULA DE PLENO


DIREITO, por força do disposto no art. 51, VI e XV do CDC.

 Os direitos indisponíveis e a inversão do ônus da prova:


Diferentemente do que estabelece o PARÁGRAFO ÚNICO do art. 333 do
CPC, que só admite a inversão desde que consensual e sobre direitos
disponíveis, o CDC não fez qualquer restrição.

 Extensão da Inversão: Deve abranger apenas as provas que sejam


difíceis de serem produzidas pelo Consumidor. As demais ele deve
produzir.

 Momento para a aplicação da Inversão: A norma é omissa e o


Judiciário, bem como a Doutrina são controversos quanto a isso.

OPINIÃO DO PROFESSOR: O ideal é que a inversão ocorra no SANEAMENTO PROCESSUAL,


porém, alguns juízes acabam aplicando a inversão na ocasião da sentença. ENTENDO,
portanto, que o momento oportuno será aquele em que o Juiz terá convicção de que o
Consumidor é realmente a parte hipossuficiente da relação e, por isso, não lhe foi possível
produzir a prova. (É que não raras as vezes, é impossível ao magistrado verificar a
hipossuficiência ou prova inequívoca que justifiquem a inversão, ainda na fase de
saneamento.)

SURPRESA AO FORNECEDOR: não ocorrerá, posto que o fornecedor conhece o teor do art.
6º, VIII, do CDC, portanto, sabe do risco de uma eventual inversão futura, podendo desde já
produzir tais provas em sua defesa.

STJ: O posicionamento do STJ é o de que o Juiz poderá inverter o ônus da prova na


SENTENÇA (independentemente de pedido da parte), contudo, neste caso, antes de
sentenciar, terá que dar oportunidade à parte contrária para que proceda à produção da
prova.

JUÍZES: Alguns juízes têm intimado as partes acerca da necessidade de ambas (autor e réu)
produzirem tais provas, alertando-os acerca da possibilidade de inverter o ônus da prova por
ocasião da sentença. (OPINIÃO DO PROFESSOR: Neste caso, entendo ser desnecessária nova
intimação do réu para produção das provas, haja vista que já fora alertado por ocasião do
saneamento processual).
Requisitos para a inversão:

 Verossimilhança da alegação (PRESUNÇÃO DE VERDADE) ou

 Hipossuficiência do consumidor (INCAPAZ DE PRODUZIR A PROVA)

Diferença entre Vulnerabilidade e Hipossuficiência:

 VULNERABILIDADE: É objeto de presunção absoluta, tanto é que a


proteção do consumidor é Garantia Constitucional (art. 5º, XXXII,CF) e tem
previsão expressa no CDC (art. 4º, I).

 HIPOSSIFICIÊNCIA: Esta deve ser efetivamente constatada pelo Juiz,


analisando caso a caso, segundo as “regras de experiência”. Afinal, nem
todo consumidor poderá ser considerado como hipossuficiente em uma
relação.
EX.: Cobertura de Sinal Telefônico: compete a empresa demonstrar a
existência de cobertura do sinal.
EX.: Efetiva ocorrência de ligação telefônica questionada pelo usuário.

Formas de Hipossuficiência:

 ECONÔMICA: quando o consumidor é economicamente vulnerável


perante o fornecedor (Uma grande empresa).
Ex.: CASO DO OLHO - O consumidor de uma GARRAFA DE COCA-
COLA alegava que havia encontrado um olho dentro da garrafa.

 TÉCNICA: quando o consumidor não dispõe de conhecimentos técnicos


acerca do produto ou serviço.
Ex.: CASO DO ANTICONCEPCIONAL – A consumidora comprou
anticoncepcional que era “placebo” e acabou engravidando. (Neste
caso havia tanto hipossuficiência econômica quanto técnica)

Adequada e eficaz prestação do serviço público em geral: Caracterizados como


relação de consumo apenas aqueles serviços públicos divisíveis que não possuam
conotação tributária. Geralmente aqueles cobrados por TARIFA; (art. 6º, X)

 Serviços de Consumo:

 Água

 Luz
 Telefone (privatizado)

 Gás (privatizados)

 Esgoto

 Pedágio

 Transporte Urbano

 Coleta de Lixo (Só será se for terceirizado pelo Município)

 Serviços não configurados:

 Taxas (tributo – art. 145, CF)

 Saúde (SUS – indivisível)

 Segurança Pública (Indivisível)

 Gás (privatizados)

RESPONSABILIDAD CIVIL DO FORNECEDOR

DO FATO E DO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO

 FATO: É o evento decorrente de um defeito do produto ou serviço, que


põe em risco ou causa danos físicos e psíquicos ao consumidor.

 VÍCIO: É apenas o defeito do produto ou serviço, que não põe em risco a


integridade física do consumidor, porém, comporta tutela jurisdicional.

DO FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO:

Previsão Normativa: Artigos 12 a 17 do CDC.

Bem Jurídico Tutelado: Incolumidade física e psíquica do consumidor, ou seja,


PROTEÇÃO À VIDA e a SAÚDE do Consumidor.

Exemplos:

 CASO DAS CRIANÇAS QUE FORAM ARREMESSADAS DE UM


BRINQUEDO EM UM PARQUE DE DIVERSÕES EM CURITIBA:
Algumas crianças morreram quando foram arremessadas para fora do
brinquedo, que foi sacudido por uma rajada de vento.
 CASO DO VEÍCULO COM DEFEITO DE FÁBRICA: Em decorrência do
defeito o motorista acabou se envolvendo em um acidente.

Fundamento Principiológico: PRINCÍPIO DA SEGURANÇA: é aquele que


preserva a incolumidade físico-psíquica do consumidor (o produto é seguro? O
serviço é seguro?).

Fundamento Fático: Ocorrência de risco ou dano à integridade física e psíquica do


consumidor.

TIPOS DE DEFEITOS

 De Concepção: Defeito na Fórmula do Produto.


Ex.: Compra de óleo lubrificante cujo conteúdo não corresponda às
especificações do rótulo.

 De Execução: Defeito na montagem, na forma de manuseio do produto


ou uso do serviço.
Ex.: Choque elétrico por falha na informação, etc.

 De Comercialização: Defeito na comercialização e acondicionamento.


Ex.: Acondicionamento de gêneros alimentícios perecíveis, fora da
refrigeração adequada. (CASO DO SALSICHÃO – ALTO PIQUIRI)

Efeitos do Fato de Consumo: DEVER DE INDENIZAR os danos sofridos pela


vítima, sejam eles materiais, morais ou em potencial. (ART. 6º, VI, CDC)

Teoria do Risco: Por tal teoria, independentemente de culpa, haverá


responsabilidade do fornecedor.

Tipo de responsabilidade:

 Fato do Produto: RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA –


Desnecessidade de demonstração da existência de dolo ou culpa. (art. 12,
CDC)
EX.: Defeito nos Freios de Um veículo ZERO KM.
 Fato do Serviço: RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA –
Desnecessidade de demonstração da existência de dolo ou culpa. (art. 14,
CDC)

PROFISSIONAIS LIBERAIS: (art. 14, § 4º, CDC): A responsabilidade dos


profissionais liberais será, em regra, SUBJETIVA, contudo, dependerá do tipo de
obrigação vinculada à atividade.

 Obrigação de MEIO: Neste caso a responsabilidade será SUBJETIVA


(art. 14, § 4º, CDC) estando alicerçada na TEORIA DA CULPA.

OBS.: Logo, o § 4º, do art. 14 diz respeito apenas às obrigações de MEIO.

Ex.: Médico, Contador, Engenheiro, Arquiteto, Fisioterapeuta, etc.

Ex.: ACÓRDÃO 192556/DF (Médico)

 Obrigação de RESULTADO: Neste caso a responsabilidade voltará a ser


OBJETIVA, seguindo a regra do art. 14, caput, CDC.

Ex.: Cirurgião Plástico, Dentista, etc...

OBS.: Valendo lembrar que tais profissionais (cirurgião buco-maxilo-facial, p. ex.) quando
acionados para intervenções cirúrgicas emergenciais, assumirão OBRIGAÇÃO DE MEIO.
(CASO BIMBO).

ÔNUS DO CONSUMIDOR

 Responsabilidade Objetiva: Em que pese haja responsabilidade objetiva


em favor do consumidor, incumbe a este demonstrar a OCORRÊNCIA DO
DANO e o NEXO CAUSAL (acórdão 118801/DF)

 Exceção: INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA (art. 6º, VIII, CDC)

Ex.: EXTRAVIO DE BAGAGEM: Invertido o ônus, o Juiz poderá


determinar à empresa área, inclusive, que demonstre o conteúdo da
própria bagagem (extensão do DANO, portanto) (observar que este
exemplo é de VÍCIO, não de FATO).
 Responsabilidade Subjetiva: Deverá demonstrar o DANO, CULPA (ou
dolo) e NEXO CAUSAL.

 Exceção: INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA (art. 6º, VIII, CDC).

Ex.: Inversão do ônus da prova que obrigue o MÉDICO OBSTETRA a


demonstrar que não agiu com culpa (imperícia) em um parto onde o bebê
faleceu.

Legitimidade Passiva:

 Fornecedores Reais: São os detentores da “Técnica de Produção”:

 Fabricante

 Produtor

 Construtor

 Fornecedores Presumidos: São equiparados aos Fornecedores Reais


porque também integram a CADEIA DE FORNECIMENTO:

 Importador

 Atravessador

 Comerciante – nos casos do art. 13 do CDC:

 Falta de Identificação do Fornecedor ou Importador.

 Quando o produto for fornecido sem identificação clara do


Fornecedor ou Importador.

 Quando não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

Consumidor em potencial: Consumidor exposto aos riscos do FATO DO


PRODUTO OU SERVIÇO. (art. 29, CDC)

Ex.: CASO DO MALOTE: Avião de uma Empresa de Malotes que cai sobre uma
casa. Os moradores da casa são equiparados a “CONSUMIDORES”, segundo a
dicção do art. 17 do CDC.
Definição Legal de Defeito do Produto: (art. 12, § 1º, CDC) O produto é defeituoso
quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em
consideração sua “apresentação”, o “uso”, a “época em que foi colocado em circulação”
e os “riscos inerentes” (aqueles que razoavelmente se espera).

Tipos de riscos:

 Inerente: Este não é indenizável porque decorre da razoabilidade do que


se espera por força do uso.
Ex.: PRESERVATIVO: Trata-se de risco inerente, porque não é 100%
seguro.
Ex.: VACINA DA GRIPE: Trata-se de risco inerente, porque não é 100%
eficaz.

 Adquirido: Este é indenizável porque não é esperado pelo consumidor.


Ex.: RAIO-X: Risco Adquirido, porque é obrigação do profissional
perguntar se a paciente está grávida.
Ex.: CHOQUE ANAFILÁTICO: Risco Adquirido, porque o profissional teria
condições de testar o medicamento com antecedência.
Ex.: VEÍCULO ZERO KM: Que meses após a aquisição começa a
apresentar inúmeras avarias e ruídos. – DEVER DE INDENIZAR (acórdão
184304/DF)

Definição Legal de Defeito do Serviço: (art. 14, § 1º, CDC) O SERVIÇO é


defeituoso quando não oferece a segurança que dele o consumidor dele pode
esperar, levando-se em consideração “o modo de seu fornecimento”, o “o resultado”,
a “época em que foi fornecido” e os “riscos inerentes”.

Ex.: SPC: Uma empresa envia os dados de Joaquim dos Anzóis para que seja
negativado e o SPC inclui o nome de Joaquim dos Anzóis, bem como da Esposa.

Ex.: CASO GOL: AVIÃO CAI – Responsabilidade Objetiva da Empresa mesmo que
a aeronave tenha sido atingida por outra.

Evolução Técnica: (art. 12, § 2º e 14, § 2º, CDC) O fato de surgirem produtos ou
serviços novos, com resultados melhores, não torna defeituoso o velho.

Ex.: MP3 – MP4 – MP7 – MP10, etc.


Excludentes de Responsabilidade: (art. 12, §3º e 14, § 3º, CDC) Os dispositivos
supracitados são taxativos ao utilizar o termo “SÓ”, deixando interpretação dúbia:

OBS: Há DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL e DOUTRINÁRIA quanto ao fato das excludentes


contidas no ordenamento serem ou não taxativas.

Ônus da Prova das Excludentes: FORNECEDOR (art. 12, § 3º e o art. 14, § 3º,
CDC).

Fatos modificativos e extintivos do direito: O Fornecedor deverá adotar a regra


do art. 333, II, do CPC.

Excludentes em Espécie:

 Não colocação do produto no mercado ou em circulação (art. 12, § 3º,


I, CDC): Há uma presunção legal de que o produto tenha sido posto no
mercado pelo fornecedor, presunção esta que poderá ser ilidida pela
contraprova.
Ex.: CASO SONY: Logo quando foi lançado, um consumidor ingressou
com ação contra a SONY pleiteando indenização porque seu Vídeo Game
Playstation tinha apresentado defeito. A SONY se defendeu dizendo que
ainda não havia colocado o produto a venda no Brasil.
Ex.: PRODUTO FURTADO ou ROUBADO: Se o fabricante demonstrar
que o produto defeituoso teria sido alvo de FURTO ou ROUBO
anteriormente, alegando não ter sido ele, portanto, quem colocou o
produto no mercado? TRATA-SE DE UMA EXCLUDENTE também, a
menos que seja caso de CULPA IN VIGILANDO ou ELIGENDO.

 Inexistência de Defeito (art. 12, § 3º, II, e 14, § 3º, I, CDC): O dever de
indenizar, tratando-se do fato do produto ou de serviço, tem como
pressupostos a existência de um “defeito” e a ocorrência de um “dano”
relacionado ao defeito apontado. Por conseguinte, se o produto não
apresentar nenhum defeito que possa diminuir-lhe as qualidades ou
quantidades, não causando nenhum dano ao consumidor, não se poderá
falar em indenização.

 Culpa da Vítima (art. 12, § 3º, III, e 14, § 3º, II, CDC): Se ficar provado
que o acidente de consumo se deu em razão da culpa exclusiva DA
VÍTIMA, porquanto não haveria nexo de causalidade entre o dano sofrido
pelo consumidor e a atividade do fornecedor do produto ou serviço.
Ex.: CASO DOS SURFISTAS FERROVIÁRIOS: A empresa ferroviária, em
que pese possua responsabilidade OBJETIVA (art. 734, CC), não pode ser
responsabilizada pela morte de cidadão que viaja sobre o vagão do trem.

Ex.: SECAR UM GATO EM UM MICRO ONDAS: Obviamente a culpa


será exclusiva da vítima.

 Fato de Terceiro (art. 12, § 3º, III, e 14, § 3º, II, CDC): O terceiro terá que
ser, necessariamente, uma pessoa completamente estranha à relação de
consumo.

Obs.: O Terceiro NÃO poderá ser, portanto, nenhuma daquelas pessoas


equiparadas como fornecedores.

Ex.: CASO DE PASSAGEIRO QUE MORREU CARBONIZADO NO


INTERIOR DE ÔNIBUS NO RIO DE JANEIRO: A empresa pode ser
responsabilizada pela morte do passageiro, por ataque de traficantes que
atearam fogo no ônibus? DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA E
JURISPRUDENCIAL: 1ª Corrente: NÃO, tendo em vista que o dano
não decorre dos riscos inerentes à atividade. 2ª Corrente: SIM, Teoria
do Risco Integral, além do que a excludente não estaria inserida no
rol contido no CDC.

Outras excludentes não previstas no CDC: Como dito alhures, muitos doutrinadores
entendem somente ser possível a adoção das excludentes catalogadas no CDC. No
entanto, a corrente majoritária tem admitido também a aplicação de outras excludentes, a
exemplo do CASO FORTUITO, da FORÇA MAIOR e da CULPA CONCORRENTE.

 CULPA CONCORRENTE: A culpa concorrente do ofendido deverá ser


valorada no momento da fixação do valor da indenização.

 CASO FORTUITO e FORÇA MAIOR: O caso fortuito e a força maior são


entendidos pela doutrina majoritária como CAUSAS EXCLUDENTES DA
RESPONSABILIDADE CIVIL DO FORNECEDOR.

FUNDAMENTO: Em que pese o CDC não tenha arrolado tais excludentes, as


mesmas são típicas causas excludentes do dever de indenizar, posto que afastam o
NEXO DE CAUSALIDADE entre o dano e o produto. Além do mais, o CDC não
busca proteger ilimitadamente o consumidor, mas a “relação de consumo”.

EX.: CASO DO CARRO QUE FOI ALAGADO POR ENCHENTE: O fornecedor do


produto não é obrigado a indenizar os prejuízos sofridos pelo proprietário.

Obs.: Talvez poderia imputar alguma responsabilidade ao ESTADO, não ao fornecedor.

EX.: ELETRODOMÉSTICO DANIFICADO POR UM RAIO: O fornecedor do produto


não é obrigado a indenizar os prejuízos sofridos pelo proprietário.

Obs.: A empresa de Energia elétrica poderá ser responsabilizada, porque compete a


ela instalar os equipamentos de prevenção (para-raios).

RISCOS DE DESENVOLVIMENTO: o limite da previsibilidade exclui a obrigação de


reparar aqueles eventos danosos que no momento da comercialização do produto
eram imprevistos de acordo com o nível de conhecimento científico e técnicos
existentes nesse momento, chegando mesmo a possibilitar que se afirme tratar de
hipótese de caso fortuito, liberador da responsabilidade.

Ex.: CASO DOS TRANSGÊNICOS: Cidadão desenvolve câncer e resolve processar


o fabricante de determinado produto transgênico sob o argumento de que por
consumir diariamente o produto o mesmo foi o causador da doença.

Ex.: CASO DAS GARRAFAS PET: Há um estudo que tem apontado que o plástico
das garrafas pet quando em contato com o produto pode causar câncer (ex.: Coca-
cola) – Estudos anteriores não comprovaram isso.

EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO: Também tem o condão de excluir o dever de


indenizar.

Ex.: INCLUSÃO DE CONSUMIDOR INADIMPLENTE NO SPC: Em que pese a


inclusão traga danos evidentes ao consumidor, neste caso, o fornecedor age no
limite do seu direito.

Ex.: PROTESTO DE TÍTULO NÃO PAGO: Mesmo fundamento.


PRÁTICAS COMERCIAIS

ROL LEGAL: É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras


práticas abusivas: (art. 39, CDC).

 Venda Casada: Condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao


fornecimento de outro produto ou serviço (I);

 Limitação Quantitativa de Produtos e Serviços: Limitar a quantidade de


produtos e servidos ofertados ao consumidor, sem justa causa (I);

 Recusa ao atendimento das demandas dos consumidores: Recusar


atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas
disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e
costumes (II);

 Prestação de serviço ou Envio de produtos ao consumidor sem


prévia solicitação: enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação
prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço (III);

OBS.: Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao


consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras
grátis, inexistindo obrigação de pagamento (parágrafo único, 39, CDC);

 Ludibriar o consumidor para vender produtos e serviços: prevalecer-


se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade,
saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos
ou serviços (IV);

 Exigir vantagem excessiva: exigir do consumidor vantagem


manifestamente excessiva (V);

 Executar serviços sem prévio orçamento e autorização do


consumidor: executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e
autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de
práticas anteriores entre as partes (VI);

 Repassar informação depreciativa do consumidor: repassar


informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no
exercício de seus direitos (VII);

 Colocar no mercado produtos e serviços em desacordo com as


normas técnicas: colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou
serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais
competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo
Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(Conmetro) (VIII);

 Recusar venda a vista ao Consumidor: recusar a venda de bens ou a


prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los
mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação
regulados em leis especiais (IX);

 Elevar indevidamente os preços: elevar sem justa causa o preço de


produtos ou serviços. (X);

 Aplicar fórmula ou índice de reajuste ilegal ou não contratado: aplicar


fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente
estabelecido. (XI);

 Deixar de estipular prazo para o cumprimento de obrigações: deixar


de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a
fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério (XII).

OUTRAS PRÁTICAS ABUSIVAS CORRIQUEIRAS

 Cobrança de taxa para pagamento com Cartão de Crédito ou Débito:


Ilegal, porque o cartão pressupõe pagamento à vista.

 Condicionamento do valor da compra para pagamento com cartão: Ilegal,


porque o consumidor não pode ser obrigado a levar mais do que aquilo
que pretende para o seu consumo.

 Recusa de pagamento por Cartão de Crédito ou Cheque: Legal, desde


que o fornecedor deixe a informação em local visível na entrada do
estabelecimento comercial.

 Recusa de pagamento por Cheques de não são da Praça ou pertencentes


a Contas Novas: Ilegal, a partir do momento em que a empresa se
compromete a receber pelo fornecimento de produtos e serviços pelo
cheque, deve receber a todos eles, sendo-lhe facultado consultar o título.

 Limitação do tempo de internamento por planos de saúde: Ilegal, conforme


Súmula 302, STJ: abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que
limita o tempo de internação do consumidor/paciente.

ORÇAMENTO PRÉVIO

Requisitos: O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor


orçamento prévio discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e
equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as
datas de início e término dos serviços (art. 40).

Prazo de validade do orçamento: Salvo estipulação em contrário, o valor orçado


terá validade pelo prazo de dez dias, contado de seu recebimento pelo consumidor
(art. 40, § 1º).

Vinculação do orçamento: Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento


obriga os contraentes e somente pode ser alterado mediante livre negociação das
partes (art. 40, § 2º).

Execução do serviço por terceiro: O consumidor não responde por quaisquer


ônus ou acréscimos decorrentes da contratação de serviços de terceiros não
previstos no orçamento prévio (art. 40, § 3º).

COBRANÇA DE DÍVIDAS

Requisitos: Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto


a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça
(art. 42).

Repetição em Dobro: O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à


repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido
de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável (art. 42,
p. único).

BANCOS DE DADOS E CADASTROS DE CONSUMIDORES

Informação cadastral: O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá


acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e
de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes (art.
43, CDC).
Conteúdo dos cadastros: Os cadastros e dados de consumidores devem ser
objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo
conter informações negativas referentes a período superior a cinco anos (art. 43, § 1º).

Cadastros atualizados de reclamações contra fornecedores: Os órgãos públicos


de defesa do consumidor manterão cadastros atualizados de reclamações
fundamentadas contra fornecedores de produtos e serviços, devendo divulgá-lo
pública e anualmente. A divulgação indicará se a reclamação foi atendida ou não
pelo fornecedor (art. 44).

PROTEÇÃO CONTRATUAL

Necessidade de conhecimento prévio do conteúdo do contrato: Os contratos


que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes
for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os
respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu
sentido e alcance (art. 46).

Interpretação das Cláusulas Contratuais: As cláusulas contratuais serão


interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor (art. 47).

Declarações de vontade que vinculam o contrato: As declarações de vontade


constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de
consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução específica, nos
termos do art. 84 e parágrafos (art. 48).

Desistência da contratação: O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de


7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço,
sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do
estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio (art. 49).

Direito à devolução do preço em caso de desistência: Se o consumidor exercitar


o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a
qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato,
monetariamente atualizados (art. 49, p. único).
Garantia contratual x legal: A garantia contratual é complementar à legal e será
conferida mediante termo escrito (art. 50).

Conteúdo do termo de garantia: O termo de garantia ou equivalente deve ser


padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma garantia,
bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo
do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor,
no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso
do produto em linguagem didática, com ilustrações (art. 50, p. único).

OFERTA E PUBLICIDADE

Previsão Normativa:

 Regras Gerais: Artigos 6º, IV, 30 a 35, do CDC.

 Regras Específicas: Artigos 36 a 38.

 Regras Penais: Artigos 67 a 69.

Natureza Jurídica: Espécie de prática comercial, pré-contratual, caracterizada como


“oferta”.

Propaganda ≠ Publicidade

 Propaganda: É apenas a divulgação de ideologias, crenças e valores,


sem fins lucrativos, onde o objetivo não é a venda de produto.

Ex.: CAMPANHA DO GOVERNO PARA USO DE PRESEVATIVO NO


CARNAVAL: PROPAGANDA PORQUE NÃO TEM FINS LUCRATIVOS.

 Publicidade: É a divulgação através da qual o fornecedor pretende


convencer um possível consumidor a adquirir o produto ou serviço.

Ex.: COMERCIAL DA JONTEX conscientizando o uso do seu


preservativo no CARNAVAL: PUBLICIDADE, porque busca induzir o
consumidor.
 Merchandising: É uma variante da publicidade, contudo, executado no
contexto de uma imagem ou programa.
Ex.: Merchandising da BRAHMA na Novela da Globo: Com a Novela
Viver a Vida há uma estimativa de que a Globo tenha faturado 70 milhões
em merchandising.

Princípio: Princípio da Identificação Imediata da Publicidade (art. 36, CDC).

Publicidade Ilícita: É toda publicidade que tem como objetivo ludibriar o


consumidor, através de informações enganosas ou abusivas (art. 37, CDC).

Ex.: MENSAGEM SUBLIMINAR: Publicidade da MALBORO no carro da Ferrari.

PUBLICIDADE ENGANOSA

 Previsão Legal:

 Proteção: Toda publicidade enganosa é PROIBIDA (art. 37, caput).

 Definição: ART. 37, §§ 1º e 3º.

 Extensão: TOTAL ou PARCIAL.

Ex.: PARCIAL: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO: A universidade divulga


um curso de pós-graduação com PROFESSORES RENOMADOS.
Posteriormente, substitui a grande maioria por professores de pouca
expressão.

Ex.: TOTAL: CASO DOS CURSOS DE MESTRADO SEM


RECONHECIMENTO PELO MEC: Algumas Universidades ofereceram
cursos de mestrado, porém, não informaram que o mesmo não havia sido
reconhecido pelo MEC. Quem fez não conseguiu o reconhecimento.

 Interesse Tutelado: PATRIMÔNIO DO CONSUMIDOR.

 Núcleo da Ilegalidade: Capacidade de “Induzir em Erro” o Consumidor.


Ex.: COMERCIAL DO RED BULL. – “Red Bull te dá asas”
Ex.: COLCHÃO SAN KENKO – “Cura tudo, até mau olhado”.
Espécies de Publicidades Enganosas:

 Enganosa por AÇÃO: Quando a publicidade é mentirosa quanto a


natureza, características, qualidade ou preço do produto (art. 37, § 1º).
Ex.: COLCHÃO SAN KENKO – O vendedor inventa mil e uma mentiras
apenas para induzir o consumidor.

 Enganosa por OMISSÃO: Quando a publicidade deixa de trazer


informação essencial para a contratação ou não do produto (art. 37, § 3º e
6º, III – informação clara e precisa).
Ex.: TV DIGITAL: Muitos consumidores são induzidos a comprar a TV
DIGITAL (LCD, por exemplo) sem saber que nem todas as emissoras de
TV já estão disponibilizando tecnologia DIGITAL. Resultado: A imagem
sai destorcida.

PUBLICIDADE ABUSIVA

 Previsão Legal:

 Proteção: Toda publicidade abusiva é PROIBIDA (art. 37, caput).

 Definição: ART. 37, § 2º.

 Interesse Tutelado: Valores éticos, morais e sociais do consumidor.

Ex.: COMERCIAL VOLKS – Onde os alunos estão em uma sala de aula


fazendo prova e algumas meninas tentam colar de dois alunos e eles
escondem a prova, outro deixa elas olharem. A publicidade sugere que
aquele será um futuro engenheiro da VOLKS. (“Tecnologia ao Alcance de
Todos”). Educadores criticaram dizendo que a propaganda incitava a
COLA.

Ex.: COMERCIAL DA VOLKS – CROSS FOX – Homem estava lavando


seu carro e estava imaginando como seria o mundo sem Fábricas
Poluidoras. Na sua visão não haveria emprego. Sem emprego não haveria
dinheiro. Sem dinheiro não haveria consumo. Sem consumo ele não
poderia ter um carro. A Volks fez um acordo judicial e colocou na CAPA
DO ESTEPE imagens de animais silvestres etc...

Ex.: COMERCIAL DAS HAVAIANAS – VOVÓ conversando com a NETA


em um banco quando se aproxima um ATOR GLOBAL. A publicidade
sugere que SEXO CASUAL É COISA NORMAL NOS DIAS ATUAIS.
Ex.: SUCO LARANJA CASEIRA – COCA-COLA – Teve que alterar o
rótulo porque o suco não é igual àquele feito em casa.

EX.: COMERCIAL DA BRAHMA COM O RONALDO – foi questionado


porque induz o consumidor que a Brahma está ligada a SUCESSO.

 Núcleo da Ilegalidade: DISCRIMINAÇÃO ou INSTIGAÇÃO A PRÁTICAS


ILEGAIS ou IMORAIS ou que possam induzir o Consumidor a práticas
prejudiciais à SAÚDE ou SEGURANÇA (art. 3º, IV, CF e art. 37, § 2º,
CDC).

Sanções: art. 37, caput, CDC.

 Proibição: Retirada de Circulação (art. 37, caput);

 Contrapropaganda: Sanção Administrativa (art. 56, XII);

 Sanções Penais: art. 67, 68 e 69, CDC (JECRIM);

 Sanções Civis: DANOS MATERIAIS e MORAIS.

Ônus da Prova da Veracidade dos Anúncios:

 Previsão Legal: art. 38, CDC.;

 Sujeito Passivo: ANUNCIANTE (quem as patrocina);

 Natureza: INVERSÃO LEGAL DO ÔNUS DA PROVA;

 Veículo de Informação: Somente será responsável em caso de DOLO ou


CULPA.

PUBLICIDADE RESTRITIVA

 Previsão:

 Constitucional: Art. 220, § 4º, CF.

 Legal: Lei 9.294/96.

 Objeto: Definir regras para a publicidade de determinados produtos que


podem ser nocivos à saúde.

 Tabaco: O anúncio só poderá constar na parte interna dos


estabelecimentos comerciais (art. 3º, Lei);
 Bebidas Alcoólicas: A publicidade só é limitada para aquelas com
TEOR ALCOÓLICO SUPERIOR A 13º. (art. 1º, p. único, Lei);

 Agrotóxicos: Deverá trazer informações precisas sobre os riscos e


forma de uso. (art. 8º, Lei);

 Medicamentos: Somente para aqueles de venda livre (art. 7º, Lei);

A PROPAGANDA

Proteção Constitucional do Cidadão: A CF/88 estabelece sejam definidos meios


legais para que as pessoas possam defender-se de PROPAGANDA ENGANOSAS
ou ABUSIVAS, práticas e serviços nocivos à saúde e ao meio ambiente, em
especial, a propaganda comercial do TABACO, BEBIDAS ALCOÓLICAS,
AGROTÓXICOS, MEDICAMENTOS e TERAPIAS (art. 220, § 3º, II e § 4º, CF).

Normas Infraconstitucionais:

 Lei 9.294/96 – Disciplinou a norma Constitucional (art. 220, § 3º, II e § 4º)

 Lei 10.167/00 – Alterou a norma anterior.

 Lei 10.702/03 – Alterou a norma anterior.

 Lei 11.705/08 – Alterou a norma anterior.

 Lei Estadual: 16.239/2009 – Lei ANTI-FUMO.

 Lei Municipal: 3.431/2009 – Lei ANTI-FUMO.

Proteção pelo CDC: As propagandas ENGANOSAS ou ABUSIVAS são proibidas


pelo CDC. (art. 6º, IV e 36/38).

 Propaganda ENGANOSA: É qualquer modalidade de informação ou


comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por
qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o
consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade,
propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e
serviços (art. 37, § 1º, CDC).

Ex.: RED BULL

Ex.: STRADA ADVENTURE no meio de florestas, etc...


 Propaganda ENGANOSA POR OMISSÃO: É aquela que deixa de
informar o consumidor sobre dado essencial do produto ou serviço (art.
37, § 1º, CDC).

Ex.: TVs de LCD quando ainda não existia imagem digital consolidada no
Brasil.

 Propaganda ABUSIVA: É abusiva, dentre outras, a publicidade


discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o
medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e
experiência da criança, desrespeite valores ambientais, ou que seja capaz
de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à
sua saúde ou segurança. (art. 37, § 2º, CDC). Em suma, é a propaganda
ANTIÉTICA.

Ex.: RED BULL – ereção do consumidor.

Ex.: CROSS FOX – incitação à poluição e degradação do meio ambiente.

Ex.: STRADA ADVENTURE – “Existe vida após o asfalto” – sugere


atropelamento de um iguana.

Ex.: MARLBORO – “Venha para o Mundo de Marlboro”.

Crimes decorrentes de Propaganda Enganosa ou Abusiva: O CDC arrola alguns


casos que poderão ser considerados crimes dolosos ou culposos ligados à
propaganda enganosa ou abusiva (art. 36/38, 64/64 e 66/68).

 Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade


dos produtos, tanto na publicidade quanto nas embalagens, invólucros ou
recipientes; (art. 63)

 Deixar de alertar, mediante recomendações escritas ostensivas, sobre a


periculosidade do serviço a ser prestado; (art. 63, § 1º).

 Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a


natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho,
durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços; (art. 66).

 Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa


ou abusiva; (art. 67).

 Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de


induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a
sua saúde ou segurança (art. 68).
TUTELA COLETIVA NAS RELAÇÃO DE CONSUMO

A TUTELA COLETIVA dos Direitos Transindividuais:

 A necessidade de uma tutela coletiva: Por estarem situados numa


posição intermediária entre o interesse público e o interesse privado, os
interesses transindividuais exigem mecanismos jurisdicionais específicos,
capazes de permitir que o acesso individual à Justiça possa ser
substituído por um acesso coletivo.

 A deficiência dos mecanismos judiciais primitivos: Os mecanismos


processuais inicialmente contidos no ordenamento jurídico não eram
capazes de proteger a contento os interesses transindividuais tendo em
vista a sua peculiaridade.
EX.: Cobrança indevida de encargo em uma conta telefônica.

CASO PRÁTICO: Ação ajuizada para restituição de valores cobrados a título de


PIS e CONFINS nas contas telefônicas. Muitas vezes, o valor cobrado é
extremamente baixo tornando inviável o ajuizamento de uma ação objetivando este
ressarcimento. Contudo, quando somados os milhões e milhões de clientes lesados,
percebe-se que o dano deve ser tutelado.

CASO PRÁTICO: Cobrança de TAXAS ILEGAIS pelo Município. Tais taxas são
cobradas conjuntamente com o IPTU, portanto, o contribuinte não conseguirá
administrativamente pagar apenas o IPTU. Caso queira se livrar das taxas terá que
ingressar com ação, o que muitas vezes não se torna viável tendo em vista o valor.
Trata-se, obviamente, de direito a ser tutelado coletivamente. Ex.: TAXA DE
ILUMINAÇÃO PÚBLICA.

Divisão dos Interesses Transindividuais ou “Coletivos em Sentido Amplo”:


Tais interesses podem ser subdivididos em três grupos:

 Interesses DIFUSOS;

 Interesses COLETIVOS em Sentido Estrito;

 Interesses INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS.


INTERESSES DIFUSOS

CONCEITO: São aqueles transindividuais de natureza indivisível, de que sejam


titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato. (art. 81,
parágrafo único, CDC):

Ex.: Dano ambiental causado pela devastação da Floresta Amazônica.

Ex.: Dano causado por um vazamento de petróleo.

Ex.: Dano causado por um veículo sem catalisador.

Ex.: Telespectadores de uma Propaganda Enganosa.

Ex.: Moradores de uma região ou cidade, expostos a poluentes expelidos por uma
Fábrica.

Obs.: Nestes dois últimos exemplos o “Direito” somente será “DIFUSO” se o sujeito (ou
grupo) não sofrer efetivamente o dano, pois se isso ocorrer o “Direito” passará a ser
“Individual Homogêneo”.

Características:

 Indivisibilidade do objeto (Impossibilidade de proteção de um Sujeito


sem a proteção dos demais).

 Indeterminabilidade do Sujeito (quaisquer das pessoas que


eventualmente possam ter contato com o fato danoso);

 Ligação dos Sujeitos por um vínculo fático e não jurídico;

INTERESSES COLETIVOS EM SENTIDO ESTRITO

CONCEITO: São aqueles transindividuais de natureza indivisível, de que seja titular


grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
uma relação jurídica base (art. 81, II, CDC).

Ex.: Consumidores que se submetem à mesma cláusula ilegal em contrato de


adesão (consórcio). MULTA DE 20%.
Características:

 Indivisibilidade do objeto (o efeito da coisa julgada será “ultra partes”);

 Sujeitos determinados ou determináveis (quaisquer das pessoas que


eventualmente possam ter contato com o fato danoso);

 Ligação dos Sujeitos ou com a parte contrária (causador do dano)


por uma RELAÇÃO JURÍDICA.

Ex.: CONTRATO em um Consórcio em que existam cláusulas abusivas.

INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS

CONCEITO: São aqueles transindividuais de natureza divisível, de que sejam


titulares pessoas determinadas ou determináveis e uma origem comum, de natureza
fática (art. 81, III, CDC).

Ex.: Consumidores que adquirem produtos de série com o mesmo defeito.

Obs.: Obviamente haverá relação jurídica entre os sujeitos e o responsável pelo dano,
contudo, a origem do problema não é o “contrato”, mas sim o produto defeituoso.

 Divisibilidade do Objeto;

 Sujeitos determinados ou determináveis (quaisquer das pessoas que


eventualmente possam ter contato com o vício);

 Ligação dos Sujeitos ou com a parte contrária (causador do dano)


por uma RELAÇÃO COMUM.

QUADRO COMPARATIVO ENTRE OS INTERESSES TRANSINDIVIDUAIS

QUADRO 2 - Interesses Transindividuais

INDIVIDUAIS
DIFUSOS COLETIVOS
HOMOGÊNEOS
OBJETO Indivisível Indivisível Divisível
SUJEITO Indeterminável Determinável Determinável
Relação Relação Relação
LIAME DE LIGAÇÃO
FÁTICA JURÍDICA COMUM
Fonte: Elaborado pelo autor
Objeto: Poderá ser divisível ou indivisível. Será indivisível quando não for possível
proteger apenas um dos sujeitos, sem que o direito dos demais também seja
protegido.

Ex.: Fechamento de uma fábrica poluente.

Sujeitos: Poderão ser “DETERMINADOS, DETERMINÁVEIS, INDETERMINADOS


ou INDETERMINÁVEIS.

Ex.: Vítima de uma propaganda enganosa (indeterminado).

Ex.: Vítima de um contrato de consórcio com cláusula abusiva (determinado)

Liame de Ligação: Obviamente todas as formas de interesses transindividuais terão


uma relação fática ou jurídica subjacente, contudo, para a definição do tipo de
interesse dever-se-á levar em conta, aquela responsável pela definição do direito.

Ex.: Veículo com defeito de fabricação. (Obviamente, todas as pessoas que adquiriram
o veículo defeituoso mantém com o vendedor uma relação jurídica comum (contrato de
compra e venda), contudo, o que os une é a relação fática (DEFEITO DO CARRO).
Este direito individual homogêneo somente será passível de ressarcimento se
eventualmente o sujeito sofrer algum acidente por conta da avaria.

OCORRÊNCIA DE MAIS DE UM INTERESSE TRANSINDIVIDUAL EM UM


MESMO FATO: Nada impede que estejam presentes dois ou os três tipos de
interesses transindividuais em um mesmo fato.

EX.: Ação Civil Pública que tenha como objeto a impugnação de cláusula que
estabelece multa com valor excessivo em contrato de adesão.

 Pedido de anulação da cláusula nos celebrados: Interesse Coletivo


(AINDA NÃO HOUVE O PREJUÍZO)

 Pedido de abstenção de inclusão da respectiva cláusula em contratos


futuros: Interesse Difuso.

 Pedido de restituição àqueles que pagaram a multa no valor excessivo:


Individual homogêneo (JÁ HOUVE O PREJUÍZO)

 Critério definidor: PEDIDO FORMULADO PELO AUTOR.


SITES INDICADOS

ÂMBITO jurídico. com. br. Disponível em: <www.ambito-juridico.com.br/site/>.


Acesso em: 14 out. 2014.

BOLETIM jurídico. Disponível em: <www.boletimjuridico.com.br>. Acesso em: 14 out.


2014.

CENTRAL jurídica: a evolução do conteúdo jurídico. Disponível em:


<www.centraljuridica.com>. Acesso em: 14 out. 2014.

CONSULTOR jurídico. Disponível em: <www.conjur.com.br>. Acesso em: 14 out.


2014.

DIREITO vivo. Disponível em: <www.direitovivo.com.br. Acesso em: 14 out. 2014.

ESTADO do Paraná. Disponível em: <www.pr.gov.br>. Acesso em: 14 out. 2014.

JUS navigandi. Disponível em: <http://jus.com.br>. Acesso em: 14 out. 2014.

PÁGINA inicial – Palácio do Planalto. Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso


em: 14 out. 2014.

TEIA jurídica. Disponível em: <www.teiajuridica.com.br>. Acesso em 14 out. 2014.

ATIVIDADES
1) Qual o tempo que um produto novo pode permanecer em assistência técnica em
seu prazo de garantia? Fundamente através do Código de Defesa do
Consumidor:

2) No caso de compra via internet, fora do estabelecimento comercial (um


vendedor de porta em porta), ou via telefone, qual o prazo que o consumidor tem
de arrependimento?

3) Qual a diferença entre oficina (assistência) especializada e autorizada?

4) Assinale a alternativa INCORRETA.

a) Equipara-se a consumidor, a coletividade de pessoas ainda que


indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

b) Se uma empresa adquiriu equipamentos para o refeitório de seus


funcionários, esta não é considerada consumidora.
c) Consumidor é toda a pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos
ou serviço como destinatário final.

d) O escritório de advocacia que adquire um computador para uso deve ser


considerado consumidor.

e) NDA.

5) A Política Nacional de Relações de Consumo tem por objetivo.

a) atendimento das necessidades dos não consumidores.

b) o respeito a sua dignidade, saúde e insegurança do consumidor.

c) a proteção dos interesses políticos e particulares.

d) a melhoria na qualidade de vida dos consumidores e fornecedores, bem como


a transparência na política.

e) a transparência e harmonia na relação de consumo.

6) Quando se tratar da responsabilidade pelo fato do produto ou serviço o


construtor não será responsabilizado quando provar.

a) que construiu o imóvel de acordo com as solicitações do consumidor.

b) que a culpa também é do consumidor.

c) a culpa é exclusiva do consumidor ou de terceiro.

d) somente as questões “b” e “c” estão corretas.

e) NDA.

7) Coloque (V) para verdadeiro e (F) para Falso:

( ) Elemento subjetivo da relação jurídica de consumo são os sujeitos da relação


de consumo, ou seja, as partes envolvidas na relação jurídica – o consumidor e o
fornecedor;

( ) É fornecedor quem desenvolve atividade de prestação de serviço;

( ) O fabricante é quem desenvolve atividade econômica extrativa ou agropecuária,


ou seja, no âmbito do CDC é fornecedor de produtos não industrializados;

( ) Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, sem


remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
REFERÊNCIAS

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Campus, 1988.

BORGES, J. E. Curso de direito comercial terrestre. Rio de Janeiro: Forense,


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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm>. Acesso em: 07 out. 2014.

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______. Consolidação das leis de trabalho. Disponível em:


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______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil:


promulgada em 5 outubro de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>.
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DALLARI, D. Direitos e deveres da cidadania. Disponível em:


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<http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Sistema-Global.-Declarações-e-
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MAZZILLI, H. N. A defesa dos interesses difusos em Juízo. São Paulo: Saraiva,


2004.

MONTEIRO, W. B. Curso de direito civil. São Paulo: Saraiva, 2000.

OLIVEIRA, M. A. M.; SIQUEIRA JUNIOR, P. H. Direitos humanos e cidadania. 3.


ed. Curitiba: Revista dos Tribunais, 2010.

PIOVESAN, F. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. São


Paulo: Saraiva 2006.
SIDOU, J. M. O. Proteção do consumidor. Rio de Janeiro: Forense, 1977.

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