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Resumos de Introdução Às Relações Internacionais - 2019
Resumos de Introdução Às Relações Internacionais - 2019
NOTA: ESTES RESUMOS SÃO BASEADOS NOS SUMÁRIOS DA DOCENTE E NOS APONTAMENTOS DE AULA
CONCEITOS-CHAVE:
o ATENÇÃO: Nas Relações Internacionais, não existe uma teoria geral; aliás, não existe
uma só teoria.
o SOBERANIA VS AUTONOMIA
▪ A soberania representa mais do que autonomia no que diz respeito ao
grau de independência e desprendimento com que é exercido o poder.
▪ A soberania é poder político supremo, porque não está limitado por nenhum
outro poder na ordem interna, e é poder político independente, pois na
sociedade internacional não tem de acatar regras que não sejam
voluntariamente aceites.
▪ A soberania permite o exercício da autonomia, mas cuida de restringi-lo a certas
distribuições de competência.
• CIÊNCIA POLÍTICA — É a teoria e prática da política, bem como a descrição e análise dos
sistemas políticos e do comportamento político. Trata-se de um conceito operacional é
possível, difícil de definir. A ciência política abrange diversos campos, tais como a teoria e
a filosofia políticas, os sistemas políticos, ideologia, economia política e política e direito
internacionais, entre outros. Emprega, igualmente, diversos tipos de metodologia. As
abordagens da disciplina incluem a filosofia política clássica, estruturalismo, behaviorismo,
racionalismo, pluralismo e institucionalismo. Enquanto ciência social, a ciência política usa
métodos e técnicas que podem envolver tanto fontes primárias (documentos históricos,
registos oficiais, etc.) quanto secundários (artigos académicos, pesquisas, análise
estatística, etc.).
o HARD POWER — Força militar: inclui o setor militar, a força de armas e guerra e tentativas
de quedas de governos, entre outros.
o SMART POWER — Conjuga o Hard Power com o Soft Power de uma forma inteligente. Este
poder pode ser potencial quando nos referimos a países que efetivamente têm recursos que
lhes permitiriam ser bastante poderosos (por exemplo, a Alemanha e o Japão) e pode ser real
quando as potências, para além de terem os meios, os conseguem usar para seu benefício.
OUTROS CONCEITOS:
ATORES DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS — Por atores das RI entendemos todos os agentes ou
protagonistas com capacidade para decidir das relações de força no sistema internacional, isto é,
agentes com poder para intervir e decidir das Relações Internacionais nos seus mais variados níveis, de
forma a poderem atingir os seus objetivos. A política internacional depende, em grande parte, do jogo
dos atores.
NOTA: Depois do século XIX, os Estados deixam de ter o monopólio das RI, passando a ter concorrência,
por exemplo, das organizações internacionais. O Estado permanece enquanto ator privilegiado da cena
internacional, mas já não é o único. Assim, paralelamente aos atores principais, é necessários analisar
os chamados atores derivados ou secundários.
o EVOLUÇÃO:
▪ 2ª METADE DO SÉCULO XIX — Surgem as primeiras organizações
internacionais de carácter regional amplo e universal (Uniões
Administrativas).
NOTA: Juridicamente, as OI, tal como os Estados, são sujeitos do Direito Internacional, ou seja, possuem
personalidade jurídica internacional. Contudo, ao contrário dos Estados, não possuem território,
necessitando de realizar um acordo (accord de siège) com o Estado anfitrião de forma a definir as
condições, imunidades e privilégios inerentes à parcela do território onde será instalada a sede da
organização internacional.
o (2). SOCIAL — pela promoção da formação profissional, bem como pelo aumento do
nível de vida dos seus funcionários.
o (3). POLÍTICO — quer pela corrupção dos dirigentes políticos dos países de
acolhimento, quer pela pressão (possível graças ao seu peso na economia nacional)
junto das autoridades no sentido de serem tomadas medidas administrativas
favoráveis à empresa.
o IDEALISMO (=UTOPISMO)
▪ Para Carr, a maioria dos utópicos descendia intelectualmente do
otimismo iluminado do século XVIII, do liberalismo do século XIX e do
idealismo Wilsoniano do século XX. Trata-se da teoria das RI que põe a
tónica na importância das normas morais e legais e das organizações
internacionais, em oposição à teoria realista, que enfatiza o poder, o
interesse nacional e a soberana independência do Estado. O idealismo vai
buscar os seus fundamentos teóricos a autores como John Locke, que
argumentou que, apesar do estado de natureza e da inexistência de uma
soberania coletiva, os povos podiam desenvolver laços e fazer contratos
entre si, diminuindo assim a violência e a ameaça de anarquia. Esta
abordagem das RI põe acento tónico na interdependência e na
cooperação, considerando que as RI contemporâneas não correspondem
ao modelo conflitual e interestatal do paradigma realista. Efetivamente, a
dinâmica de modernização desencadeada pela Revolução Industrial
contribuiu para tecer uma teia complexa de interdependências entre as
diversas sociedades e para fazer aparecer novos tipos de atores nas RI. O
idealismo sublinha a importância do direito e das organizações
internacionais, bem como da influência da ética e da opinião pública nas
questões das nações. Concentrando-se na questão de como os
relacionamentos internacionais deveriam ser conduzidos, os utópicos
desprezavam a política da balança de poderes, os armamentos nacionais
e o uso da força nos assuntos internacionais. Pelo contrário, destacavam
as prerrogativas e as obrigações legais internacionais, a natural harmonia
de interesses na paz como regulador da preservação da paz internacional,
uma confiança extrema na razão e na sua capacidade para conduzir as
questões humanas, tal como na capacidade da opinião pública mundial
para construir a paz.
o REALISMO:
▪ O aparecimento do realismo está alicerçado na onda de contestação que
resultou do falhanço da primeira geração de escritores em RI em
atingir objetivo que eles próprios se propuseram — encontrar métodos
pacíficos para a resolução de conflitos e eliminar o recurso à guerra. Os
Estados tinham interesses irreconciliáveis e cada um procurava
promovermos seus interesses da maneira mais proveitosa para si. Nestas
circunstâncias, a velha teoria do equilíbrio de poder oferecia mais
garantias para a manutenção da paz do que esta invenção recente
chamada segurança coletiva. A ética e a moralidade, nesta perspetiva,
resultavam da prática política e da posição de cada um no sistema
internacional.
▪ O realismo vai buscar a sua designação à crença dos seus aderentes de que estão
a ser realistas e a olhar o mundo como ele é. De facto, se vamos trabalhar no
sentido de uma sociedade internacional mais pacífica, temos de reconhecer
como as pessoas realmente se comportam, mais do que manter uma versão
idealizada da realidade.
▪ TEORIZADORES:
• HANS MORGENTHAU — Sugere seis princípios que regem o
sistema político internacional:
• (1). POLÍTICA = NATUREZA HUMANA — A política
evolui e altera-se, mas os princípios nos quais se
assenta são sempre os mesmo, princípios esses com
raízes na natureza humana, considerada egoísta,
comandada pela vontade de poder e, acima de tudo,
imutável.
o BEHAVIORISMO (=POSITIVISMO)
▪ É uma abordagem metodológica que tem as suas raízes nas ciências
naturais e que chegou à disciplina das RI vindo de outras ciências
humanas, como a ciência política e a psicologia. O objetivos dos
behavioristas era a introdução de métodos mais sofisticados e rigorosos
no estudo da ciência política e das RI. Os métodos das ciências naturais
eram, segundo eles, o caminho para o desenvolvimento futuro da
disciplina e, portanto, anunciaram que tinha chegado o momento para as
análises estatísticas, as hipóteses verificáveis ou falsificáveis e as
previsões feitas com base em teorias científicas. Daí resultaram alguns
instrumentos de análise que se tornaram importantes para o
desenvolvimento da disciplina, tais como a Teoria das Decisões, as
Análises de Sistemas e o Conceito de Integração Internacional.
▪ CRÍTICAS:
• A escolha de factos a estudar representa uma opção condicionada
por determinados pressupostos e estes, por sua vez, condicionam as
conclusões.
▪ FUNCIONALISMO E NEOFUNCIONALISMO
• O funcionalismo de David Mitrany é um programa de ação para criar
um mundo melhor, sobretudo um mundo liberto de guerras.
• Esta ideia não é estática, apontando antes o caminho para uma evolução
gradual do processo de integração, dependendo da evolução das
expectativas.
▪ TRANSNACIONALISMO E INTERDEPENDÊNCIA
• Mais uma reação à imagem de anarquia internacional, onde os
Estados são os únicos atores.
o TRADICIONALISMO
▪ Por outro lado, os tradicionalistas desconfiavam de que a disciplina era
na sua essência incompatível com os objetivos práticos dos cientistas e
que o debate estava condenado a ser eterno e não um passo ultrapassável
no processo de acumulação de conhecimentos.
o Os estruturalistas são céticos da influência das organizações tendo impacto fora dos
constrangimentos estruturais. São ainda mais céticos face à influência dos indivíduos.
Contudo, isto entra em conflito com outras interpretações.
o NEO-MARXISMO
▪ Dentro do termo “estruturalismo” podemos olhar diferentes correntes,
mas geralmente identificamos estas correntes de pensamento com uma
influência marxista forte, de forma implícita ou explícita nas
metodologias, objeto de estudo e conclusões. No entanto, uma análise
estruturalista não é necessariamente uma análise marxista, pois pode
desenvolver princípios bem diferentes dos marxistas ou ir além daquilo
que Marx reconhecia.
▪ TEORIA DA DEPENDÊNCIA
• As teorias estruturais decorrentes do pensamento de Karl Marx
defendem uma grande mudança na estrutura do sistema
internacional. Uma destas é a teoria de dependência, que,
basicamente, argumenta que quando estamos na presença de atores
económicos poderosos, sejam eles multinacionais privados ou
estatais, que possam beneficiar do uso do seu poder de monopólio
ou quase monopólio para enriquecer, fá-lo-ão mesmo que isso
signifique manter pobres os países pobres. Isto não é apenas
consequência do poder de decisão de um pequeno grupo, resulta da
estrutura da economia política internacional. A estrutura política e
económica do sistema determina o padrão geral do seu
comportamento. Deste modo, os autores desta teoria entendem o
subdesenvolvimento como resultante de uma relação, como um
desenvolvimento e não simplesmente como algo que aconteceu.
▪ CRÍTICAS
• A incompatibilidade do modelo vestefaliano com as preocupações
manifestadas por Wallerstein, Galtung ou pelos outros autores da
teoria da dependência é seguramente a principal razão para a pouca
atenção dedicada à literatura de RI por escritores que se inserem
nestas tradições mais radicais. Acabam por usar exemplos
históricos escolhidos propositadamente para justificar as suas teses
e, por vezes, revelam uma visão demasiado mecanicista das relações
políticas e, em particular, do Estado.
• CRÍTICAS
• Tal como os sistemas internacionais dispõem de estruturas,
também as unidades têm estruturas suscetíveis de afetar o seu
comportamento sob a forma de diferentes estratégias de
segurança nacional e políticas externas.
▪ NEO-LIBERALISMO (=INSTITUCIONALISMO)
• Como a proposta neo-realista de Waltz atribuía importância
fundamental à estrutura anárquica do sistema internacional e à
posição relativa de cada Estado dentro desse contexto, tornou-se
importante identificar de forma mais precisa os elementos que
caracterizam as estruturas fundamentais do sistema político
internacional. Os autores que defendiam uma interpretação mais
abrangente do conceito de estrutura, interpretação essa que focasse
a normalidade e a frequência da cooperação internacional e não
apenas a natureza conflituosa do pano de fundo anárquico, foram
apelidados de institucionalistas (ou neo-liberais). O termo é
empregue para caracterizar uma abordagem que se baseia na
possibilidade de progresso internacional (incrementos de paz,
cooperação e ajuda mútua para resolver problemas comuns)
através da criação e operação de instituições (formais ou informais).
A questão central que distingue o neo-realismo do neo-liberalismo
em RI é a natureza e o papel das instituições, daí o termo
«institucionalismo».
• ORDEM — A Escola Inglesa considera que a grande maioria dos conflitos de interesse que
surgem no domínio internacional são passíveis de resolução dentro de procedimentos e
regras que são reconhecidas por todos. Enquanto que os Realistas consideram que a guerra
é a outra face da moeda da diplomacia, a Escola Inglesa chama a atenção para o facto de
muitas vezes se evitar a guerra devido ao recurso a mecanismo tendentes ao
estabelecimento da ordem. Embora a ordem internacional seja melhor para alguns do que
para outros, não se trata propriamente de um simples instrumento na mão dos poderosos.
As normas podem ser inconvenientes, mas representam contributos importantes para a
continuidade da sociedade internacional, sendo em si mesmo garantias importantes para a
maioria dos participantes, mesmo que tenham por objetivo alterar determinadas
características dessa sociedade. Para a Escola Inglesa, a ordem na sociedade internacional
é um valor em si mesmo e a compreensão da natureza dessa ordem é a chave para a
compreensão da sociedade internacional e das relações internacionais. É um valor em si
mesmo, porque é uma condição prévia para a realização de outros desideratos, como sejam
a justiça ou o bem-estar. Contudo, uma determinada ordem pode ser injusta, ou indesejável,
por alguma razão, bem como pode ser desadequada face às mudanças sociais que se
registam no mundo.
o O sentido e significado que damos às coisas tem a ver com o facto de a realidade
ser socialmente construída pelos seres humanos num contexto de interação
social. A nossa compreensão do mundo é o resultado de conceitos socialmente
construídos, não de instrumentos intelectuais derivados objetivamente.
o Para estes autores, os regimes e outras instituições são mais do que o conjunto de
regras e normas — os próprios mecanismos institucionais existentes podem
contribuir para um processo de aprendizagem que aumenta a possibilidade de
políticas de convergências entre os Estados.
o A evolução cognitiva da ação política coletiva é composta essencialmente por três
dimensões:
▪ (1). INOVAÇÃO — criação de novos valores e expectativas que são aceites no seio
de um grupo.