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SISTEMAS DE

INFORMAÇÕES
GERENCIAIS
Sumário

1. Apresentação l.......................................................................07
2. Usuários da contabilidade e operações com capital próprio X
operações com capital de terceiros........................................08
3. Reorganização societária.......................................................15
4. Tipos de reorganização societária..........................................19
5. Participações societárias - Investimentos temporários..........25
6. Participações societárias - Investimentos permanentes........28
7. Investimento em coligada, em controlada e em
empreendimento controlado em conjunto.............................32
8. Influência significativa.............................................................35
9. Método de equivalência patrimonial.......................................39
10. Contabilização do método da equivalência patrimonial.........43
11. Combinação de negócios.......................................................47
12. Ágio por expectativa de rentabilidade futura (GOODWILL)...51
13. Contabilização do ágio por rentabilidade futura.....................56
14. Remuneração do capital próprio............................................59
15. Resumo I................................................................................63
16. Apresentação II......................................................................64
17. Critérios para consolidação das demonstrações
contábeis...............................................................................65
18. Papéis de trabalho consolidação das demonstrações
contábeis...............................................................................69
19. Procedimentos de consolidação das demonstrações
contábeis...............................................................................72
20. Participação de não controladores.........................................76
21. Resumo II...............................................................................80
22. Apresentação III.....................................................................81
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23. Normas internacionais de contabilidade................................82
24. Ambiente legal do Brasil.........................................................86
25. Resumo III..............................................................................91
26. Apresentação IV.....................................................................92
27. Provisões...............................................................................93
28. Provisão e reconhecimento....................................................97
29. Efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de
demonstrações contábeis....................................................103
30. Redução ao valor recuperável de ativos..............................107
31. Contabilização teste de recuperabilidade de ativos.............110
32. Arrendamentos.....................................................................114
33. Ativos biológicos e produtos agrícolas.................................119
34. Resumo IV............................................................................123
35. Apresentação V....................................................................124
36. Contabilidade ambiental.......................................................125
37. Balanço social......................................................................129
38. Demonstração do valor adicionado......................................132
39. Responsabilidade social corporativa....................................136
40. Resumo V.............................................................................143
41. Glossário..............................................................................144
42. Referências..........................................................................147

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DISCIPLINA: CONTABILIDADE AVANÇADA

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Caro estudante, bem-vindo à disciplina de Contabilidade


Avançada.

EMENTA:

• Estrutura de Capital das Empresas;

• Reorganização Societária;

• Participações Societárias;

• Combinação de Negócios;

• Consolidação das Demonstrações Contábeis;

• Eliminações das operações entre empresas do grupo, o


diferimento dos tributos e o destaque dos acionistas não
controladores;

• Remuneração do Capital Próprio;

• Operações Diversas;

• Normas contábeis internacionais;

• Balanço Social.

OBJETIVOS

1 – Compreender tópicos avançados de contabilidade, tendo


como referência questões conceituais e normativas vigentes no
Brasil.

2 – Conhecer a estrutura de capital e os aspectos societários


das organizações, visando à realização de negócios e transações.

3 - Posicionar-se criticamente produzindo informações que


sejam úteis no processo decisório das empresas.

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HABILIDADES E COMPETÊNCIAS:

Ao final da disciplina, você será capaz de:

• Desenvolver o raciocínio crítico para produzir informações


que auxiliem a tomada de decisão nas organizações;

• Dominar conceitos e realização de consolidação das


demonstrações contábeis;

• Descrever aspectos contábeis de operações societárias.

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SEÇÃO 1 – INVESTIMENTOS EM SOCIEDADES

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Olá estudante! bem-vindo à nossa disciplina de Contabilidade
Avançada. A ideia é, de fato, avançar nos estudos e
compreender como funcionam os procedimentos contábeis
nas companhias brasileiras.

Mas antes de começarmos esse aprofundamento, precisamos


recapitular alguns aspectos básicos de contabilidade, como os
usuários da informação contábil.

Contabilidade e seus usuários

Bem, para compreender o desempenho de uma empresa é


indispensável que tenhamos conhecimento contábil, afinal,
analisar os resultados de um negócio, avaliar a capacidade de
pagamento de dívidas, identificar condições para crescimento e
expansão, dentre outras, são atividades possibilitadas somente
pelo acesso à informação contábil.
De acordo com MARION (2009, p. 37):
A contabilidade é o grande instrumento que
auxilia a administração a tomar decisões. Na
verdade, ela coleta todos os dados
econômicos, mensurando-os monetariamente,
registrando-os e sumarizando-os em forma de
relatórios ou de comunicados, que contribuem
sobremaneira para a tomada de decisões. É a
linguagem dos negócios medindo o resultado
das empresas e avaliando o desempenho dos
negócios.
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Por isso, podemos dizer que, sabendo contabilidade,
conseguiremos “ler” o desempenho de qualquer empresa. E
isso é incrível! Conseguindo avaliar um negócio, torna-se
possível auxiliar uma gama de usuários interessados a tomar
decisões com base na informação que você compreende.
Você se lembra dos usuários da informação contábil? Vamos
recapitular a seguir:

Usuários internos: são pessoas ou grupos de pessoas


relacionadas diretamente com a empresa e que apresentam
maior facilidade de acesso às informações contábeis, como,
por exemplo:

(i) Gestores e administradores: para tomar decisões acerca


da empresa;

(ii) Funcionários e colaboradores: interessados em benefícios e


melhorias salariais, bem como na estabilidade e
lucratividade da empresa, tendo em vista a capacidade
de a organização prover remuneração e continuar suas
operações propiciando condições para a manutenção de
seus empregos e, até mesmo, plano de carreira;

(iii) Diretores e executivos: têm o objetivo de executar e


monitorar planejamentos organizacionais.

Usuários externos: são pessoas, ou grupo de pessoas, que


não têm a mesma facilidade de acesso às informações
contábeis, pois estão “de fora” da empresa, no entanto, as
recebem por meio de divulgação das demonstrações contábeis.

(i) Bancos: analisam a concessão de empréstimos e


financiamentos medindo a capacidade de retorno do
capital emprestado;

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(ii) Governo: atua sobre o resultado operacional no que diz
respeito à tributação e ao planejamento macroeconômico, a
fim de disponibilizar estatísticas para políticas fiscais e
econômicas e para regulamentar atividades empresariais;

(iii) Acionistas: necessitam da informação contábil para


decidir se devem comprar, manter ou vender ações, além
de avaliar a capacidade de a empresa pagar dividendos;

(iv) Clientes: se interessam na continuidade operacional


das empresas, especialmente em relações de longo
prazo, e na integridade dos contratos estabelecidos;

(v) Fornecedores: medem a capacidade de a firma cumprir


com as obrigações contratuais por meio da situação
financeira da empresa, afinal precisam receber pelo
produto ou mercadoria vendida ou serviço prestado.

Nessa disciplina, você verá os procedimentos contábeis que


norteiam o funcionamento das companhias brasileiras, como os
investimentos em outras sociedades, a consolidação e a
conversão de demonstrações contábeis. E, por essa razão, o
foco aqui é na informação gerada para os usuários externos,
em especial, para os acionistas, que são os responsáveis por
prover os recursos de capital para o desenvolvimento das
atividades em empresas de grande porte que comercializam
ações na B3 (BM&FBovespa).

No Brasil, a contabilidade dessas empresas é regida pela Lei


nº 6.404/76, também conhecida como Lei das Sociedades
Anônimas, e suas alterações. A Lei nº 11.638/07 foi responsável
por introduzir modificações na Lei das S/As, bem como a
Medida Provisória nº 449/08 convertida na Lei nº 11.931/09.
Essas alterações foram responsáveis por ajustar alguns
procedimentos contábeis e por convergir o padrão de
contabilidade seguido no Brasil ao padrão internacional (tema
que também falaremos detalhadamente mais adiante).

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Além disso, órgãos que têm o poder de normatizar, fiscalizar
e/ou disciplinar também emitiram novas normas em consonância
com o padrão internacional, como Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), Comitê de Pronunciamentos Contábeis
(CPC), Conselho Federal de Contabilidade (CFC), dentre outros.

É importante destacar que todo o conteúdo apresentado nas


30 unidades deste material está fundamentado sob os aspectos
normativos citados, especialmente nos CPCs e na Lei das S/As.
Contudo, é fundamental que você procure diretamente as
regulamentações e tenha acesso às normas na íntegra.

Antes de iniciar o próximo tópico, sugiro que você assista ao


vídeo disponível no link: https://www.youtube.com/
watch?v=tcc3yQKFAuo, onde o Prof. Dr. José Elias Feres de
Almeida trata da “Revolução Tecnológica em Contabilidade e
Auditoria” e chama a atenção para diversas mudanças que
já ocorreram e ainda devem ocorrer no exercício da profissão
contábil. Veja a importância de desenvolver seus estudos com
qualidade e estar sempre aberto a atualizações e mudanças
tecnológicas.

Depois dessa breve contextualização da contabilidade e seus


usuários, vamos dar o pontapé inicial ao conteúdo de
Contabilidade Avançada.

Operações com capital próprio x operações com capital de


terceiros

você já estudou previamente que o patrimônio é o objeto de


estudo da contabilidade e que esse patrimônio nunca deverá
ser confundido como sendo de posse de outrem que não da
entidade, correto? Você também sabe que o Balanço
Patrimonial representa a estrutura do patrimônio de uma
empresa e demonstra o equilíbrio entre as diversas fontes de
recursos que financiam as atividades empresariais e as
aplicações desses recursos, conforme quadro a seguir:

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Quadro 01 - Estrutura de capital

Balanço Patrimonial
Aplicação de
Origens de Recursos
Recursos
Capital de terceiro
(Passivo)
Ativo
Capital dos sócios
(Patrimônio Líquido)

Fonte: Elaborado pela autora.

Após essa recapitulação, fica mais fácil avançarmos os nossos


estudos em Contabilidade e compreendermos a estrutura de
capital das empresas, conceito de extrema relevância para o
desempenho de um negócio.

A estrutura de capital diz respeito à forma como uma empresa


financia suas operações utilizando diferentes fontes de
recursos. Esses recursos podem ser oriundos de dívidas e de
patrimônio dos acionistas, configurando, no caso da primeira,
uma fonte de recursos externa e, da outra, fonte de recursos
interna.

Esse conceito está intrinsecamente relacionado ao


desempenho de uma empresa, uma vez que, ao tomar uma
decisão equivocada quanto à captação de recursos, uma
empresa poderá incorrer em um alto custo de capital e, por
conseguinte, inviabilizar a execução de determinados projetos
para crescimento da organização.

Como você já estudou anteriormente, quando se trata de


ambiente empresarial, estaremos nos deparando o tempo
inteiro com situações que exigem a tomada de decisões e, por
essa razão, compreender a estrutura de capital de uma

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empresa e as formas de captação de recursos para o seu
desenvolvimento é fundamental para auxiliar na escolha pelo
recurso que gere o menor custo de capital e menos risco para a
companhia. Alguns fatores a serem considerados para a
escolha de recursos que vão financiar as atividades empresariais
podem ser:

• Tamanho da empresa: companhias de grande porte


costumam ter acesso a linhas de crédito mais vantajosas,
ou seja, mais baratas.

• Lucratividade: empresas que apresentam maior


lucratividade tendem a ter maior segurança em
investimentos financiados pelo capital de terceiros.

• Volatilidade de resultados: companhias que apresentam


menos volatilidade em seus resultados, ou seja, que
variam com menos frequência, sinalizam risco menor
para alcançar financiamento de recursos por meio do
capital de terceiros.

O capital de terceiros, ou capital de fonte externa, é composto


pelos recursos que a empresa capta em bancos por meio de
empréstimos e financiamentos. É importante ressaltar que
quem emprestou o dinheiro deve ter lucro, pois esse tipo de
operação configura-se como uma capitalização, por isso as
companhias devem pagar juros aos bancos sobre esse
montante emprestado. E é aí que entra a tomada de
decisão de que tanto falamos: em cenários de juros mais
baixos, por exemplo, a estrutura de capital por meio de
recursos externos costuma ser mais encorajada, tendo em
vista que investir com o capital de terceiros pode ser mais
barato do que utilizar o capital próprio.

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Utilizar o capital externo como fonte de recursos também pode
ser mais vantajoso do ponto de vista fiscal, pois pode auxiliar
na redução do Imposto de Renda a ser recolhido pela
companhia por meio de abatimento no momento que se
paga os juros da dívida. Além disso, uma estrutura de capital
predominantemente composta por endividamento permite uma
maior distribuição de dividendos aos acionistas, coisa que
não deveria ocorrer se a empresa fosse financiada estritamente
pelo capital próprio.

Por essas razões, a estrutura de capital de uma empresa é


considerada como parte estratégica de suas operações e, por
isso, é planejada e constantemente alterada. Nesse contexto, é
necessário que se compreenda os objetivos de investimento e
expansão de um negócio, bem como o contexto econômico em
que ele está inserido, se de alta ou queda de juros. Dessa
forma, será possível escolher qual a melhor fonte recurso para
realização dos objetivos da companhia.

Vamos a um conteúdo extra que pode ser


muito útil no seu aprendizado. Leia o texto
disponível no link: https://www.correiobraziliense.
com.br/app/noticia/economia/2020/02/06/internas_
economia,826026/bancos-acompanham-o-bc-e-
reduzem-juros-dos-emprestimos.shtml e a seguir e
reflita a respeito do seguinte questionamento:
diante do cenário exposto pela matéria
jornalística, quais os fatores devem ser
considerados por uma empresa na escolha
pela forma de captação de recursos que vão
financiar suas atividades?

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Olá estudante! Vamos à nossa segunda unidade. Você já
estudou que as empresas existem sob a suposição de que
continuarão em operação, sem a intenção de algum dia
deixarem de existir, não é mesmo? O item 3.9 da NBC TG
Estrutura Conceitual apresenta a Premissa da Continuidade
Operacional e afirma que “a entidade não tem a intenção nem a
necessidade de entrar em liquidação ou deixar de negociar”. A
ideia é que, uma vez abertas, as empresas estejam em
continuidade operacional e continuem em operação no futuro
previsível.

Levando isso em consideração, precisamos compreender que,


para se manter em operação, uma empresa nem sempre viverá
num “mar de rosas”. Pelo contrário, muitas deverão ser as
adversidades encontradas em sua trajetória e ela terá que
controlar suas atividades, adaptar-se às mudanças de
mercado, conhecer o gosto dos consumidores, compreender a
legislação tributária, realizar investimentos para se expandir,
captar recursos etc. Desse modo, dependendo da situação
vivida, a empresa demandará alguma mudança em seu
processo de gestão ou até mesmo uma alteração em sua
estrutura societária.

A reorganização societária é a alteração na estrutura ou


composição jurídica de uma sociedade que pode:

(i) mudar seu tipo societário;


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(ii) incorporar outra sociedade;

(iii) ser incorporada por outra sociedade;

(iv) fundir-se com outra(s) sociedade(s);

(v) cindir-se em duas ou mais sociedades.

Esse processo pode ocorrer por meio das modalidades de


transformação, cisão, fusão e incorporação.

A reorganização societária pode ser feita por diversas


motivações, dentre elas, interesse dos sócios, necessidade de
mercado e planejamento tributário.

A redução da carga tributária costuma ser um dos fatores mais


importantes visto que, ao reorganizar seu quadro societário, a
empresa pode repensar o regime tributário a que está
submetida e optar pelo que vai acarretar em pagamento de
menos impostos.

Leia o texto abaixo, que é de 2018 e trata da


fusão entre a Nestlé e a Garoto. Depois,
pesquise um pouco e descubra como está a
situação atualmente.

A Fusão de Nestlé e Garoto pode voltar ao Cade

Dezesseis anos depois, o Conselho Administrativo de Defesa


Econômica (Cade) poderá julgar novamente fusão.

Após uma decisão judicial e de um acordo frustrado, o


Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) poderá
julgar novamente a compra da Garoto pela Nestlé, 16 anos
depois do fechamento do negócio. A operação ocorreu em
2002, mas acabou vetada pelo Cade dois anos mais tarde.

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Na época, os julgamentos do Cade eram feitos depois de o
negócio ter sido concretizado. Inconformada, a Nestlé
recorreu à Justiça e conseguiu suspender a decisão do Cade
em 2005. Em 2009, a Justiça determinou que o Cade julgasse o
negócio novamente. A empresa voltou a recorrer em diversas
instâncias.

Na semana passada, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região


negou recurso da Nestlé, o que, na prática, mantém a decisão
de 2009, que determina novo julgamento. Segundo o Estadão/
Broadcast apurou, o Cade ainda poderia apresentar recurso,
mas não pensa em fazer isso. Com isso, um novo julgamento
deve ser marcado.

Contribui para a nova análise o fato de a Nestlé não ter


cumprido o acordo negociado com o Cade em 2017 e que
previa a venda de um pacote de dez marcas, como Chokito,
Serenata de Amor, Lollo e Sensação. O prazo inicial acabou
em outubro do ano passado, foi prorrogado até meados deste
ano, mas as marcas não foram vendidas.

Com o descumprimento, o Cade poderia até leiloar as


marcas ou determinar a revogação da compra da Garoto.
Isso significaria que as duas empresas teriam de ser separadas
mesmo tanto tempo após o negócio.

Uma das dificuldades para a venda das marcas pela Nestlé é


que, no acordo, o Cade proibiu que seja feita para um rival de
grande porte, tirando, dessa forma, a Mondelez (dona da Lacta)
do páreo.

Imbróglio

O julgamento da fusão Nestlé/Garoto é um dos casos mais


emblemáticos da história do Cade. A briga judicial que se
seguiu a ela contribuiu para mudar a legislação concorrencial,
em 2012, quando a concretização dos negócios passou a ficar
condicionada ao aval do órgão antitruste.
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Com o veto do Cade e a suspensão do julgamento na Justiça, a
Nestlé teve de manter separados os ativos da Garoto e ficou
impedida de incorporar totalmente a marca. Há dois anos, a
Nestlé procurou o Cade para apresentar uma proposta de
acordo para dar fim à disputa – o que, mais uma vez, não ocorreu.

Em 2002, a Nestlé tinha 34% do mercado de chocolate do


País – ao comprar a Garoto, chegou a 58%, ante 33% da
Lacta. Mesmo com a entrada de novas rivais, o mercado
continua a ser dominado pelas três empresas.

A Nestlé reiterou que a decisão do TRF anula o julgamento


do Cade de 2004 e determina a reavaliação da compra da
Garoto. “A decisão (do TRF) não muda nossa intenção de
resolver em definitivo a situação. A evolução do mercado de
chocolates ao longo dos anos confirma sua alta
competitividade e dinamismo, de modo que as premissas
apontadas na decisão original do Cade não se confirmaram”,
disse o vice-presidente Jurídico da Nestlé Brasil, Flávio de
Souza.

(RODRIGUES, Lorenna. Fusão de Nestlé e Garoto


pode voltar ao Cade. O Estado de São Paulo, 20/09/2018.
Adaptado.)

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Olá estudante, está acompanhando tudo até aqui? espero que
sim. Nessa aula trataremos de um tema muito importante, a
reorganização societária, que são mutações no tipo ou na
estrutura da sociedade empresária. Especificamente trataremos
dos tipos de reorganização societária. Vamos iniciar?!

Transformação

A transformação representa a operação na qual uma sociedade


passa, independentemente de dissolução ou liquidação, de
uma espécie societária para outra.

Nessa modalidade, a sociedade modifica apenas a sua


estrutura jurídica, deixando de seguir determinadas normas
relacionadas à responsabilidade dos sócios, forma de
administração e captação de recursos, destinação de lucros,
dentre outras, permanecendo-se, todavia, inalterada enquanto
pessoa jurídica.

Figura 1 - Transformação

Fonte: Elaborado pela autora.

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Na figura 1 é possível identificar um exemplo de transformação
como operação de reorganização societária. A empresa Alfa
era caracterizada como natureza jurídica de Ltda. passando a
configurar-se como uma sociedade aberta (S/A), em seguida.
Nessa alteração a empresa permanece titular de direitos e
obrigações comuns a pessoas jurídicas, no entanto, passará a
seguir padrões diferenciados dado à nova estrutura jurídica
adotada.

Incorporação

De acordo com a Lei nº 6.404/1976, a incorporação representa o


processo pelo qual uma ou mais sociedades são absorvidas
por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações.

Dessa forma, a sociedade incorporada deixará de existir,


enquanto a incorporadora permanecerá com a sua
personalidade jurídica inalterada.

Em um processo de incorporação, dentre os fatores que


poderão determinar qual sociedade será incorporadora, pode-se
destacar:

(i) a que apresentar mais prejuízos fiscais;

(ii) aquela que tiver o maior patrimônio líquido, de modo a


diminuir o reembolso;

(iii) aquele que apresentar o maior destaque no mercado; etc.

Figura 2 - Incorporação

Fonte: Elaborado pela autora.

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A figura anterior representa a incorporação da Cia. Alfa S/A pela
cia Ômega S/A. Perceba que, a partir do momento em que a Alfa
é incorporada, ela deixa de existir permanecendo apenas a
personalidade jurídica da Ômega S/A, agora incorporadora.

Fusão

O processo de fusão caracteriza a operação pela qual se


unem duas ou mais empresas a fim de formar uma nova
sociedade, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações.

Na fusão, as sociedades que se unem são extintas para que se


forme uma nova. Todavia, mesmo havendo a extinção das
sociedades, não haverá liquidação de seus patrimônios sociais,
uma vez que a nova sociedade assumirá todas as obrigações
ativas e passivas das sociedades fusionadas.

Figura 3 - Fusão

Fonte: Elaborado pela autora.

Neste caso, a figura demonstra uma fusão entre as cias. Alfa e


Ômega. Nessa operação, ambas as sociedades deixaram de
existir, criando-se uma nova sociedade, a cia. Beta S/A, que
assumirá todos os direitos e obrigações das duas anteriores.

Cisão

A cisão, contemplada pelo artigo 229 da Lei das S/As, é a


operação pela qual a companhia transfere parte de seu
patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para

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esse fim ou já existentes, levando à extinção a companhia
cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou
dividindo-se o seu capital, se a versão for parcial.

A cisão será parcial quando ocorrer a versão de apenas


parcela do patrimônio da sociedade cindida, e, por conseguinte,
seu capital social será reduzido na proporção do patrimônio
transferido.

A cisão poderá ser caracterizada como total, no entanto, se


todo o patrimônio da sociedade cindida for transferido para
outras sociedades, acarretando a sua extinção.

Figura 4 - Cisão Total

Fonte: Elaborado pela autora.

Como exemplo de cisão total, a cia Alfa foi cindida transferindo


totalmente seu patrimônio para as sociedades Gama S/A e
Delta S/A.

Figura 5 - Cisão Parcial

Fonte: Elaborado pela autora.

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Já na cisão parcial, a Cia Alfa continuou existindo, transferindo
apenas parte de seu patrimônio para as novas sociedades
Gama S/A e Delta S/A.

Pronto, finalizamos aqui a nossa descrição dos tipos de


reorganização societária. Esperamos que o texto e as imagens
tenham ajudado bastante no entendimento do conteúdo.

Vamos conhecer um pouco mais da prática?


Então leia o texto a seguir para conhecer
sobre o processo de reestruturação societária
da Gol e da Smiles.

Gol e Smiles encerram sem acordo negociação sobre


reestruturação

A Gol e a sua controlada Smiles encerraram as negociações


relacionadas à reestruturação societária proposta pela
companhia área, que incluía a incorporação da empresa de
redes de fidelidade de clientes, de acordo com fato relevante
divulgado nesta quarta-feira pela Gol.

“Após cinco meses de estudos e negociações envolvendo a


Gol e o Comitê Independente da Smiles Fidelidade S.A.,
não foi atingido um acordo quanto aos termos para
implementação da reestruturação societária proposta”, afirmou a
companhia aérea.

A Gol ressaltou que o término das tratativas com o comitê em


nada altera a decisão da aérea de não renovar o contrato
operacional e o contrato de prestação de serviços de back
office com a Smiles além da atual data de validade.

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Em comunicado separado, a Smiles disse que “está trabalhando
na revisão de seu planejamento estratégico de forma a
refletir a decisão da Gol de não renovar o contrato
operacional e o atual cenário competitivo da indústria em
que a Smiles atua.”

A companhia de rede de fidelidade disse que o resultado


desse trabalho será oportunamente submetido para deliberação
do seu conselho de administração e, caso qualquer alteração
venha a ser aprovada, o novo plano será comunicado ao
mercado.

(BRANDÃO, Raquel. Gol e Smiles encerram sem acordo


negociação sobre reestruturação. Exame. 19/06/2019.
Adaptado.)

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Olá estudante, como está o aprendizado até aqui? Lembre-se
que, se tiver dúvidas basta entrar em contato com o seu Tutor.

Bem, para manter suas operações e priorizar a premissa da


continuidade, as empresas precisam definir estratégias e
planejar ações que visam o seu crescimento por meio de
aumento da lucratividade, geração de fluxo de caixa, retorno
sobre investimentos, incentivos tributários etc.

Como forma de sustentar suas atividades e continuar em


operação, muitas empresas realizam investimentos com o
intuito de obter vantagens como retorno sobre eles e favorecer
seu crescimento.

Investimento é a aplicação de capitais em outras empresas na


compra de ações ou quotas. Empresas com sobra de caixas,
podem investir na compra de ações (S.A) ou quotas (Ltda) de
outras empresas.

Como exemplos de investimentos podemos ter:

• Participações em outras empresas (temporários ou


permanentes);

• Obras de arte;

• Imóveis não destinadas à venda e não utilizados pela


empresa etc.

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Investimentos temporários

Os investimentos podem configurar como de natureza


temporária quando uma empresa investidora adquire ações no
mercado financeiro, por exemplo na bolsa de valores, apenas
com o intuito de auferir rendimentos especulativos, sem, no
entanto, qualquer interesse em manter o investimento, muito
menos influenciar na gestão administrativa da investida. Alguns
exemplos de investimentos temporários são:

• Fundos de Aplicação Imediata;

• Fundos de Investimentos de Renda Fixa ou Variável;

• Títulos do Banco Central;

• Títulos do Tesouro Nacional;

• Depósitos a Prazo Fixo;

• Certificados de Depósito Bancário;

• Ações Adquiridas ou Cotadas na Bolsa de Valores;

• Aplicações Temporárias em Ouro;

• Letras de câmbio;

• Debêntures.

Os investimentos temporários representam aqueles adquiridos


em caráter especulativo, com a intenção de revenda por
parte da investidora. Todavia, cada aplicação possui
características particulares quanto ao prazo para resgate, nível
de rentabilidade, liquidez, taxa de rendimento etc.

Esses investimentos serão classificados como Ativo Circulante


ou Ativo Não Circulante, no grupo Realizável a Longo Prazo, a
depender do prazo para resgate. A metodologia de avaliação
dos investimentos depende do prazo esperado de suas vendas

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ou recebimentos, podendo as variações patrimoniais afetar o
Resultado do Exercício ou a conta de Ajuste de Avaliação
Patrimonial.

Veja, a seguir, um exemplo de contabilização de investimentos


temporários na Cia. Alfa S/A:

• Em t0, a Alfa S.A. adquiriu 2.000 ações da Delta S.A por


R$ 40.000 como investimento temporário, totalizando 5%
do capital social da investida.

D Ativos financeiros (A.C.)


40.000
C Disponível

• Em T1 a Alfa S.A. recebeu R$ 100,00 em dividendos.

D Disponível
100
C Receita financeira

• Em T1 as ações de Delta S/A aumentaram R$ 1,00.

D Ativos financeiros (A.C.)


2.000
C Receita na valorização de ações

Para saber mais sobre investimentos


temporários que tal pesquisar melhor sobre um
deles? A sugestão aqui é visitar o site do
Tesouro Direto e conhecer as opções de
investimento no Tesouro Nacional.

Acesse o link: https://www.tesourodireto.com.br/


titulos/tipos-de-tesouro.htm e faça uma boa
leitura!

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Olá, bem-vindo à nossa quinta unidade. Bem, se uma entidade
participa do capital de outra entidade com a intenção de
manter seu investimento, tal aplicação de capital será tratada
como investimento permanente. Alguns exemplos de
investimentos de natureza permanente podem ser:

• Participações permanentes em outras empresas;

• Imóveis não destinados ao uso pela empresa;

• Obras de arte.

Nesse contexto, os investimentos são adquiridos sob aquela


intenção de continuidade, destacada no início desta unidade. A
ideia é que essas aplicações de capital representem uma
extensão da atividade econômica da companhia investidora e
não um mero investimento com fins especulativos.

Os investimentos permanentes devem ser classificados no


grupo Investimentos no Ativo Não Circulante e avaliados pelo
Método de Equivalência Patrimonial, que será explicado na
unidade 5.

Veja, a seguir, um exemplo de contabilização de investimentos


permanentes na Cia. Gama S/A:

• Em t0, a Gama S/A adquiriu 2.000 ações da Delta S/A por


R$ 40.000 como investimento permanente, totalizando 5%
do capital social da investida.

www.esab.edu.br 28
D Ativos financeiros (A.N.C.)
40.000
C Disponível

• Em T1 a Gama S/A recebeu R$ 100,00 em dividendos.


D Disponível
1 00
C Receita financeira

• Em T1 as ações de Delta S/A aumentaram R$ 1,00.


D Ativos financeiros (A.N.C.)
2.000
C Receita na valorização de ações

• Registro dos impostos* sobre o montante do ajuste a


valor justo.
D Ajuste de avaliação patrimonial
6 80
C Passivo – Impostos Diferidos

* 34% a título de exemplo.

Leia o texto de autoria do Prof. Dr. José Elias


Feres de Almeida, intitulado: “investimentos e
fluxo de caixa em momentos ruins” transcrito
abaixo com adaptações.

Em seguida reflita: pensar estrategicamente em


investimentos deve ser uma prioridade apenas
de empresas de grande porte? Como você
acha que pequenas e médias empresas podem
garantir recursos para se desenvolverem sem
prejudicar suas atividades?

www.esab.edu.br 29
Investimentos e fluxo de caixa em momentos ruins

Todo negócio tem seus momentos de ciclos bons e ruins.


Muitas empresas enfrentam sazonalidades na demanda, na
produção ou na obsolescência dos produtos/serviços. A
situação fica ainda mais delicada quando a empresa possui
restrições financeiras (dificuldade para financiar suas atividades
com recursos próprios ou de acesso a capital externo).

Então, naturalmente surge a seguinte questão: como fazer meu


negócio crescer em ciclos ruins ou durante o período de
sazonalidade? A primeira coisa que pode vir a mente é: devo
cortar investimentos durante esse período ruim. Por exemplo,
trocar o caminhão para melhorar a logística da empresa ou
reformar o escritório. No primeiro caso faz sentido a troca do
caminhão porque pode melhorar eficiência na distribuição dos
produtos e reduzir gastos com manutenção. Já o segundo
caso, reformar o escritório, pode esperar.

Então a empresa deve cortar investimentos em períodos ruins?


Não necessariamente, mas precisa de uma profunda avaliação
da recuperação da condição do seu mercado ou negócio que
vamos explorar neste artigo.

Como faço se eu (sócio) não tenho mais recursos próprios para


aumentar capital ou emprestar temporariamente para a
empresa? Primeiro, refletir se é oportuno e o momento ideal
para buscar novos sócios, mas nunca se endividar para
emprestar à empresa. Outra alternativa é ir ao mercado de
crédito buscar recursos, mas avaliar taxas de juros e
administrativas.

E como fazer se a empresa não tem acesso a crédito (capital de


terceiros)? Primeiro, ela precisará anualizar suas receitas e
conversão delas em caixa. Isso vai ajudar a administrar
melhor a retenção de caixa durante ciclos positivos fazendo

www.esab.edu.br 30
uma boa gestão financeira (observando os indicadores de
prazos de recebimentos e pagamentos), para manter
investimentos necessários em períodos ruins.

A leitura das demonstrações contábeis trimestrais ou balancetes


mensais podem ajudar a entender melhor a movimentação dos
recursos da empesa, historicamente falando.

Para finalizar, algumas questões para reflexão:

– A empresa possui capital próprio para investir?

– A empresa possui acesso a capital de terceiros?

– Qual fonte de recursos é mais barata para a empresa,


próprio ou de terceiros?

– Tente observar em um gráfico quando ocorre o maior período


de investimentos. Em períodos (meses ou trimestres) bons ou
ruins?

– Qual expectativa de aumento da rentabilidade com os


investimentos? Ela comportará o pagamento dos custos de
eventual financiamento/empréstimo? Nem sempre o capital
próprio é o mais barato. Reflita sobre isso e se sua empresa
possui restrição financeira que normalmente impacta empresas
menores, que não distribuem dividendos/lucros aos sócios, que
apresentam prejuízos constantemente entre outros fatores.

www.esab.edu.br 31
Olá estudante! Bem-vindo à mais uma unidade. Caso tenha
ficado alguma dúvida nos estudos até aqui, lembre-se de
contatar seu tutor, pois é importante que as dúvidas não se
acumulem. O entendimento de cada uma das unidades é
importante para que as demais também sejam compreendidas.
Não de acessar também os links que estamos disponibilizando.

Então vamos lá! Para darmos continuidade ao nosso estudo


sobre participações societárias, precisamos entender alguns
conceitos importantes. Ao aplicar capital em outras empresas, a
companhia poderá ou não exercer o controle, que é o poder de
governar as políticas financeiras e operacionais da entidade de
forma a obter benefícios de suas atividades.

Além disso, o controle pode ser caracterizado das seguintes


formas:

• Controle direto: quando a investidora possui em seu


próprio nome o controle do capital votante da investida;

• Controle indireto: quando a investidora exerce o controle


de uma sociedade através de outra, que também é
controlada por ela.

Para ficar mais fácil de entender, suponha que a empresa A


tenha 100% das ações de uma empresa B, ou seja, a empresa
B é uma subsidiária integral da empresa A. Desse modo, a
empresa B é uma controlada da empresa A diretamente.
www.esab.edu.br 32
Figura 6 - Controle direto

Fonte: Elaborado pela autora.

Se a Empresa B tiver um investimento numa Empresa C, por


exemplo de 90%, a Empresa C também será uma controlada
da Empresa A, só que agora indiretamente.

Figura 7 - Controle indireto

Fonte: Elaborado pela autora


Desse modo, o CPC 18 nos encoraja a diferenciar as
companhias investidas levando em consideração controle
que a investidora exerce, ou não, sobre elas. Por essa razão
devemos chamar de controlada a entidade na qual a
controladora, diretamente ou por meio de outras controladas, é
www.esab.edu.br 33
titular de direitos de sócio que lhe assegurem preponderância
nas deliberações sociais; e coligada a entidade sobre a qual o
investidor tem influência significativa e o poder de eleger a
maioria dos administradores.

Além dos investimentos em coligadas e controladas, as


companhias podem ter negócios que se configuram como
Empreendimento controlado em conjunto, também
conhecidos como Joint Venture. Esses empreendimentos
caracterizam-se como um acordo conjunto por meio do qual as
empresas, que detêm o controle em conjunto do acordo
contratual, têm direitos sobre os ativos líquidos desse acordo.

A ideia, grosso modo, é que as empresas se unam, em


termos de recursos para desenvolver um negócio em
conjunto e, em seguida, dividam os resultados, sendo eles
lucro ou prejuízo. Esses recursos podem ser capital financeiro,
matéria-prima ou mão de obra, desde que respeite os termos
estabelecidos quando da constituição das joint ventures.

Para entender melhor os aspectos contábeis


relacionados a investimentos em coligada, controlada
e empreendimento controlado em conjunto, o que
você acha de dar uma olhada em exemplos reais?

Se você acessar o site da B3 (http://www.b3.com.br/


pt_br/) e procurar, dentre as empresas listadas,
algumas demonstrações financeiras, poderá
verificar como as companhias procedem quanto à
divulgação desse tipo de investimento em seus
demonstrativos e notas explicativas.

Sugestão: dê uma pesquisada em instituições


financeiras, como Bradesco e Banco do Brasil, e
veja quais aspectos encontra em comum.

www.esab.edu.br 34
Olá estudante, nesse nossa sétima unidade trataremos de um
ponto muito importante, a influência significativa nas
participações societárias. Tema de grande relevância, pois
dependendo da participação, pode ter a entidade que a
detém, grande influência nas decisões.

De acordo com o item 6 do CPC 18, a existência de


influência significativa pode ser evidenciada por uma ou
mais das seguintes formas:

i) representação no conselho de administração ou na


diretoria da investida;

ii) participação nos processos de elaboração de políticas,


inclusive em decisões sobre dividendos e outras distribuições;

iii) operações materiais entre o investidor e a investida;

iv) intercâmbio de diretores ou gerentes;

v) fornecimento de informação técnica essencial.

É presumida a existência de influência significativa se o


investidor mantém direta ou indiretamente 20% ou mais do
poder de voto da investida, a menos que possa claramente
representado o contrário. Destaca-se, nesse contexto, que a
propriedade substancial ou majoritária da investida por outro
investidor não necessariamente impede que um investidor
tenha influência significativa sobre ela.

www.esab.edu.br 35
O artigo 5º da Instrução 469/2008 da Comissão de Valores
Mobiliários – CVM delibera sobre alguns exemplos de
evidências de influência significativa na administração de
companhias coligadas:

• A investidora participa nas deliberações sociais da


coligada, inclusive existindo administradores comuns;

• A investidora tem poder de eleger ou destituir um ou mais


administradores da coligada;

• A coligada possui volume relevante de transações,


inclusive com o fornecimento de assistência técnica ou
informações técnicas essenciais para as atividades da
investidora;

• A coligada possui significativa dependência tecnológica


e/ou econômico-financeira da investidora;

• A investidora recebe informações contábeis detalhadas,


bem como planos de investimento da coligada;

• A coligada possui uso comum de recursos materiais,


tecnológicos ou humanos da investidora.

Atenção: nem sempre o que vai indicar que se a investidora


exerce influência significativa ou não sobre a investida será o
percentual de 20% do poder de voto. Importante considerar
também todos esses tópicos apresentados pela Instrução
469/2008 da Comissão de Valores Mobiliários – CVM.

Vamos a um exemplo para melhor compreensão:

A Cia Lírica possui 65% das ações com direito a voto da Cia
Musical, a Cia Fado possui 18% das ações ordinárias da Cia
Musical e as ações remanescentes são dispersas no mercado. A
Cia Fado é também a única fornecedora de matéria-prima
para a Cia Musical, além de ter um contrato para fornecimento

www.esab.edu.br 36
de serviços especiais de manutenção nos equipamentos da
Cia Musical. A Cia Lírica está obrigada a apresentar
demonstrações contábeis consolidadas.

Pergunta-se: A Cia Fado exerce influência significativa na Cia.


Musical?

Analisando criteriosamente, podemos concluir que a Cia


Lírica é controladora da Cia Musical, não somente pela
participação de 65%, mas por estar obrigada a apresentar
demonstrações consolidadas. Além disso, a Cia Fado detém
18% das ações da Cia Musical o que, por si só, não possibilita
inferir sobre controle ou coligação. Por outro lado, consegue-se
afirmar a existência de influência significativa da Cia Fado
sobre a Cia Musical pela dependência operacional entre elas.

Conseguiu acompanhar o raciocínio? Espero que sim. Pensar


em situações possíveis sempre nos ajudam a melhor
sistematizar o conhecimento. Abaixo apresentamos uma
reflexão com uma situação hipotética para que você possa
pensar e por meio do conhecimento alcançado até aqui, tirar
suas próprias conclusões.

Fique a vontade para contatar seu Tutor se precisar de ajuda.

www.esab.edu.br 37
A Cia Omar possui 25% do capital votante da
Cia. Peixes e tem o direito de indicar três
diretores, cuja diretoria é composta por nove
membros. Os 75% restantes das ações com
direito a voto da Cia. Peixes são mantidos por
duas empresas, cada uma com o direito de
indicar três diretores. As decisões da diretoria
são tomadas com base em maioria simples. A
Cia Omar nem sempre tem representação nas
reuniões da diretoria, em função de as reuniões
daquele órgão aconteceram, frequentemente,
com curto prazo após a convocação.
Adicionalmente, em muitas reuniões, as
sugestões do representante da Cia. Omar são
ignoradas pela diretoria. A Cia Omar apresenta
demonstrações consolidadas.

Reflita: Como o investimento da Cia. Omar na


Cia. Peixes deverá ser tratado?

www.esab.edu.br 38
Olá, vamos a nossa oitava unidade, onde discutiremos o
método de equivalência patrimonial. Bem, ao realizar
investimentos em coligada, controlada e empreendimento em
conjunto, a companhia deverá avaliar tais aplicações e estar
atenta a qualquer alteração no patrimônio líquido da investida
para fins de reconhecimento contábil. Trocando em miúdos, a
investidora deverá atualizar o valor contábil do investimento
ao equivalente à participação societária no patrimônio líquido
da investida, por isso a maneira como devemos proceder a
essa atualização se chama Método da Equivalência Patrimonial
(MEP).

O MEP, conforme o CPC 18, consiste em, inicialmente,


reconhecer pelo custo e, a partir daí, ajustar para refletir a
alteração pós-aquisição na participação do investidor sobre os
ativos líquidos da investida. Por esse método, as receitas ou as
despesas do investidor devem incluir sua participação nos
lucros ou prejuízos da investida, bem como os outros
resultados abrangentes do investidor devem conter a sua
participação em outros resultados abrangentes da investida.

O MEP é obrigatório para:

• sociedades controladas;

• sociedades coligadas, sobre as quais a sociedade


investidora tenha, ao menos, 20% do capital votante;

www.esab.edu.br 39
• sociedades coligadas, sobre as quais a investidora tenha
influência significativa;

• outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo


ou estejam sob controle comum.

Para facilitar o entendimento de quando deve-se adotar o MEP


vamos verificar o quadro a seguir:

Quadro 2 - Adoção do MEP

Tipo Método
Avalia-se pelo método de equivalência
Controlada
patrimonial no balanço individual.

Avalia-se pelo método de equivalência


Coligada patrimonial no balanço individual e
consolidado.

Avalia-se pelo método da equivalência


patrimonial no balanço individual e
Joint Venture apresentado pelo método da consolidação
proporcional nas demonstrações
consolidadas.

Outros
(Instrumentos Avalia-se pelo valor justo.
Financeiros)

Fonte: Elaborado pela autora.

Para os investimentos permanentes em outras sociedades


não sujeitas à adoção do MEP, utiliza-se o “Método do
Custo”, isso significa que, para avaliar investimentos em
empresas que não se caracterizam nem como coligadas nem
como controladas, deve-se fazer uso do método do custo.

www.esab.edu.br 40
Para saber mais a respeito do Método da
Equivalência Patrimonial e a tributação das
empresas, leia o texto a seguir:

Receitas de participações societárias compõe o valor para


opção pelo lucro presumido

Uma sociedade empresária, optante do lucro presumido tem


como atividade principal a participação em outras sociedades.
Por outro lado, os investimentos são avaliados pelo método de
equivalência patrimonial, que sofrem ajustes decorrente dessa
avaliação, a crédito ou a débito, a depender da variação do
patrimônio líquido da investida. Estes resultados são
reconhecidos na conta contábil denominada “Resultado de
Equivalência Patrimonial”.

Pretendia esclarecer se as receitas obtidas na avaliação dos


investimentos estão sujeitas ao limite legal para opção ou
manutenção do regime pelo lucro presumido, uma vez que
estas receitas não são tributáveis.

Em resposta a Cosit entendeu que o conceito adotado para


apuração do limite de opção pelo lucro presumido é a receita
total que engloba a receita bruta e as demais receitas listadas
no §1º do art. 59 da Instrução Normativa RFB nº 1.700, de
14 de março de 2017, dentre elas, demais receitas e ganhos de
capital.

Em vista disso concluiu que compõe o limite de receita total de


R$ 78.000.000,00 – setenta e oito milhões de reais – para
opção pelo regime de tributação do imposto de renda pelo
lucro presumido, as receitas obtidas pela empresa decorrentes
da participação societária em outras empresas, ainda que estas
receitas não estejam sujeitas à tributação pelo imposto de
renda da pessoa jurídica declarante.
www.esab.edu.br 41
Segue ementa da Solução de Consulta DISIT/SRRF05 nº 5009,
de 02 de outubro de 2018

“ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ

EMENTA: IRPJ. LUCRO PRESUMIDO. RECEITA TOTAL.


VALOR LIMITE PARA OPÇÃO. COMPOSIÇÃO.

Compõem o limite de receita total de R$ 78.000.000,00 –


setenta e oito milhões de reais – para opção pelo regime de
tributação do imposto de renda pelo lucro presumido, as
receitas obtidas pela empresa decorrentes da participação
societária em outras empresas, ainda que estas receitas não
estejam sujeitas à tributação pelo imposto de renda da pessoa
jurídica declarante.

NASRALLAH, Amal. Receitas de participações societárias


compõe o valor para opção pelo lucro presumido. Tributário nos
Bastidores. 08/10/2018. Adaptado.)

www.esab.edu.br 42
Olá estudante, esta unidade terá um foco na prática, para que
melhor assimile o conteúdo sobre o tratamento contábil do
Método da Equivalência Patrimonial.

Considere, a título de exemplo, que a companhia Alfa S/A


tenha o controle direto de 80% de Beta S/A, ou seja, que
Beta seja controlada de Alfa, e que o PL de Beta seja de
R$ 100.000.

Figura 8 - Controle direto (exemplo)

Fonte: Elaborado pela autora.

No momento da aquisição de 80% do PL de Beta, o


reconhecimento contábil em Alfa pode ser assim registrado:

www.esab.edu.br 43
D Investimentos (A.N.C.)
80.000
C Disponível

Agora suponha que, ao desenvolver suas atividades


operacionais, Beta tenha apresentado um lucro de R$ 40.000.
O que deverá acontecer nesse caso é um aumento no PL de
Beta, não é mesmo? E, como vimos com o CPC 18, aumentos
no PL da investida devem gerar aumentos no investimento da
investidora. Ocorre que, como Beta teve lucro de R$ 40.000 no
período, Alfa deve reconhecer o equivalente ao percentual de
sua participação societária na investida, no caso 80%. Desse
modo, o investimento em Beta no balanço de Alfa deverá sofrer
um aumento de R$ 32.000. Veja o lançamento que se segue:

D Investimentos (A.N.C.)
32.000
C Receita de Equivalência Patrimonial

Imagine que Beta faça um anúncio dizendo que, desses R$ 40.000


de lucro apresentado, ela vai distribuir R$ 30.000 de dividendos
aos seus acionistas. Nessa situação, o PL de Beta é reduzido
pois, ao informar ao mercado a intenção de distribuir
dividendos, esse valor é tirado do PL e transportado para
Dividendos a Pagar no passivo, criando uma obrigação da
investida para com seus acionistas.

Sob a ótica contábil da investidora, o lançamento contábil a ser


realizado diante desse caso é:

D Dividendos a Receber
24.000
C Investimentos (A.N.C.)

www.esab.edu.br 44
Observe que, como o PL de Beta foi reduzido por conta do
anúncio da distribuição de dividendos, o Investimento de Alfa
também diminuiu. Isso ocorre porque as alterações no PL da
investida impactam no investimento da investidora e, ademais,
os aumentos nos investimentos são frutos do regime de
competência (que você já conhece bem), devido ao fato de
serem provenientes de aumento no PL da investida por
meio de apresentação de lucro no período, como no exemplo
demonstrado.

Por fim, caso Beta fizesse de fato o pagamento dos dividendos


anunciado, o lançamento em Alfa deveria ficar assim:

D Disponível
24.000
C Dividendos a Receber

Importante destacar que os investimentos permanentes em


outras sociedades, não enquadrados nas situações de
obrigatoriedade de avaliação pelo MEP, devem ser avaliados
pelo valor justo. Não sendo possível obter o valor justo, deve-se
utilizar o custo de aquisição deduzido da provisão para perdas.

O custo de aquisição caracteriza-se pelo valor efetivamente


despendido na transação por subscrição relativa ao aumento
de capital, ou ainda pela compra de ações de terceiros,
quando a base do custo é o preço total pago.

Para determinar se uma empresa investidora tem perdas com


investimentos em outras sociedades, é necessário saber a
real situação das empresas investidas e melhor maneira é
analisando as Demonstrações Contábeis para apurar o valor
patrimonial das ações.

Se a empresa na qual foi feito o investimento está operando


com prejuízo, o valor de seu patrimônio ficará reduzido.
Assim, a comparação indicará a necessidade da constituição de
uma provisão, pois representa uma perda comprovada.
www.esab.edu.br 45
Algumas situações que comprovam perdas permanentes são:

• Investida operando com prejuízos (sem perspectivas de


recuperação);

• Investimentos em empresas falidas ou em má situação.

Finalizamos aqui nossa unidade, espero que ao trabalharmos


com esse exemplo, o conteúdo tenha ficado claro para você!

Para te ajudar a compreender melhor o método


da equivalência patrimonial, a sugestão é
fazer a leitura do material elaborado pelo
Prof. Dr. Felipe Pontes, cujo título é
“Entendendo como são classificados os
investimentos e suas peculiaridades”.

O material está disponível no link:

https://tradersclub.com.br/tc-school/contabilidade-
financeira/cpc-18-entendendo-como-sao-classificados-
os-investimentos-e-suas-peculiaridades/

www.esab.edu.br 46
Olá, estamos na nossa décima unidade. Trataremos aqui de
forma bem didática sobre a combinação de negócios. Como
costumamos fazer em nosso material, usaremos exemplos
para que melhor compreenda. Caso tenha qualquer dúvida,
retome o texto, leia os exemplos e, sempre que for o caso,
consulte o seu Tutor.

Como vimos na unidade 2, os tipos de reorganização


societária referem-se às formas jurídicas, todavia, o
exercício do controle vai além desses conceitos. Não é regra
que toda reorganização societária haverá a transferência ou
tomada de controle, no entanto é muito comum de acontecer.

De acordo com CPC 15 – Combinação de Negócios, uma


combinação de negócios é uma operação por meio da qual um
adquirente obtém o controle de um ou mais negócios,
independentemente da forma jurídica da operação.

Para determinar se uma operação ou outro evento constitui-se


como uma combinação de negócios é preciso que os ativos
adquiridos e os passivos assumidos constituam um negócio.
Se os ativos adquiridos, por exemplo, não constituem um
negócio, a entidade deve contabilizar a operação ou como
somente aquisição de ativos.

www.esab.edu.br 47
A entidade deve contabilizar cada combinação de negócios por
meio da aplicação do método de aquisição que consiste nos
seguintes passos:

(i) identificação do adquirente;

(ii) determinação da data de aquisição;

(iii) reconhecimento e mensuração dos ativos identificáveis


adquiridos, dos passivos assumidos e das participações
societárias de não controladores na adquirida; e

(iv) reconhecimento e mensuração do ágio por expectativa


de rentabilidade futura (goodwill) ou do ganho proveniente
de compra vantajosa.

Leia o texto abaixo para melhor compreender o


conteúdo dessa unidade. Provavelmente você já
ouviu falar da Kroton, não é mesmo? Vamos ao
texto:

Kroton compra mais uma rede de escolas e aumenta


aposta em educação básica

Expectativa é de que a empresa anuncie outra compra até o


fim do ano

A Saber, a holding criada pela Kroton Educacional, anunciou


nesta segunda-feira a compra de 100% do Colégio Lato
Sensu, que atua no ensino infantil, fundamental e médio do
Amazonas. O negócio, divulgado em comunicado ao mercado,
simboliza mais um movimento da empresa em direção à
educação básica.

www.esab.edu.br 48
Em abril, a Kroton criou a Saber e adquiriu o Centro Educacional
Leonardo Da Vinci, do Espírito Santo. Na época, o presidente
da empresa, Rodrigo Galindo, disse que outras duas escolas de
educação básica seriam compradas até o fim do ano.

No comunicado desta segunda-feira, a Saber disse que o


projeto pedagógico do Colégio Lato Sensu será mantido.
“Pretendemos expandir o modelo na região Norte do Brasil”.

O colégio possui quatro unidades em Manaus, capital do


Amazonas, e uma na cidade de Rio Branco, no estado do
Acre. Ao todo, são atendidos 3.806 alunos. É uma das
instituições de ensino mais conhecidas da região – o
colégio é um dos que mais aprova estudantes para
universidades com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O valor do negócio não foi anunciado. Na última semana, o


Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou
sem restrições a compra da Somos Educação pela Kroton. O
negócio foi fechado em 4,566 bilhões de reais.

Com a aquisição, a educação básica passou a representar


28% da receita líquida da Kroton – fatia que hoje
corresponde a 3%.

A Kroton é dona das marcas Pitágoras (educação básica) e


das faculdades Anhanguera, Fama, Faculdade Pitágoras, Unic,
Uniderp, Unime e Unopar, além da rede LFG, de cursos
preparatórios para concursos públicos e OAB. A Somos é
focada na educação básica por meio de escolas, sistemas de
ensino e editoras. Entre suas marcas estão a Editora Ática,
Editora Saraiva, Anglo e Red Balloon.

(https://veja.abril.com.br/economia/kroton-compra-mais-uma-rede-
de-escolas-e-avanca-na-educacao-basica/)

www.esab.edu.br 49
Após a leitura do texto proposto, reflita acerca dos seguintes
itens:

(a) A compra do Centro Educacional Leonardo da Vinci pela


Kroton Educacional configura uma combinação de negócios?

(b) Nesse caso, é possível identificar se foi uma compra


vantajosa, ou seja, se houve ganho proveniente dessa
aquisição?

www.esab.edu.br 50
Olá estudante, animado para nossa décima primeira unidade?
Vamos lá! Bem, quando uma organização faz a aquisição de
participações em outras sociedades dificilmente o valor pago é
igual ao valor nominal ou patrimonial. O que pode ocorrer é o
pagamento de um montante maior ou menor que o valor
contábil e, neste caso, a mais-valia ou sub valia é denominada
ágio ou deságio.

O item 32 do CPC 15 indica que o ágio por expectativa de


rentabilidade futura deve ser reconhecido quando o montante
de (a) for maior que o montante de (b):

(a) soma:

(i) da contraprestação transferida em troca do controle da


adquirida;

(ii) do montante de quaisquer participações de não controladores


na adquirida; e

(iii) no caso de combinação de negócios realizada em


estágios, o valor justo, na data da aquisição, da participação
do adquirente na adquirida imediatamente antes da combinação.

(b) o valor líquido, na data da aquisição, dos ativos identificáveis


adquiridos e dos passivos assumidos.

www.esab.edu.br 51
Portanto, se o valor líquido dos ativos identificáveis e dos
passivos assumidos da adquirida for menor do que a
contraprestação transferida pela adquirente, considera-se que
aconteceu uma compra vantajosa e o ganho proveniente é
atribuído à adquirente, conforme o esquema a seguir:

Figura 9 - Composição do Goodwill

Fonte: Elaborado pela autora.

A empresa adquirente deve reconhecer o ágio por expectativa


de rentabilidade futura (goodwill) no momento da aquisição. A
mensuração se dará pelo valor em que o montante da
contraprestação transferida em troca do controle da adquirida
superar o valor líquido dos ativos identificáveis adquiridos e
dos passivos assumidos mensurados a valor justo.

Funciona da seguinte forma: a empresa adquirente paga pela


capacidade de a adquirida proporcionar lucros acima do
normal, acima do que seria a remuneração normal do seu
capital total (próprio e de terceiros). Por isso, esse goodwill só é
registrado no Ativo Intangível no Balanço Consolidado. Nos
Balanços Individuais dos investidores, ele aparece como um
componente do grupo de Investimento (ANC).

www.esab.edu.br 52
Leia o texto a seguir e reflita a respeito dos
benefícios fiscais do ágio por rentabilidade
futura.

Carf define critérios para a amortização de ágio


decorrente de rentabilidade futura

De acordo com o artigo 385 do RIR/99, o contribuinte que


avaliasse o investimento em sociedade coligada ou controlada
pelo valor de patrimônio líquido — Método da Equivalência
Patrimonial (MEP) — deveria, por ocasião da aquisição da
participação, desdobrar o custo de aquisição em valor de
patrimônio líquido na época da aquisição e ágio ou deságio
na aquisição, assim entendida a diferença entre o custo de
aquisição do investimento e o valor do custo de aquisição.

O registro do ágio deveria indicar seu fundamento econômico


de acordo com o valor de mercado de bens do ativo da
investida superior ou inferior ao custo registrado na sua
contabilidade, o seu valor de rentabilidade futura, ou ainda o
fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. O
lançamento do ágio com fundamento no valor de mercado de
bens do ativo da investida ou sua rentabilidade futura deveria
basear-se em demonstração que o contribuinte arquivaria como
comprovante da escrituração.

As controvérsias debatidas no âmbito do Carf (Conselho


Administrativo de Recursos Fiscais), praticamente em sua
totalidade, dizem respeito à possibilidade de amortização do
ágio registrado em decorrência de rentabilidade futura da
investida.

www.esab.edu.br 53
O artigo 391 do RIR/99 trata da indedutibilidade das
amortizações de ágio realizadas na escrituração contábil,
determinando que as contrapartidas da amortização do ágio ou
deságio não seriam computadas na determinação do lucro real,
devendo eventuais amortizações contábeis serem controladas
no Lalur para fins de cálculo do ganho de capital em caso de
alienação do investimento.

Nesse sentido, de acordo com o artigo 426 do RIR/99, o valor


contábil para efeito de determinação do ganho ou da perda de
capital na alienação ou liquidação de investimento em coligada
ou controlada avaliado pelo MEP era a soma algébrica do
valor de patrimônio líquido pelo qual o investimento estivesse
registrado na contabilidade do contribuinte, do ágio ou
deságio na aquisição do investimento — ainda que tivesse
sido amortizado na escrituração comercial do contribuinte — e
da provisão para perdas que já tivesse sido computada, como
dedução, na determinação do lucro real.

Conforme se observa, para fins tributários, em regra, o ágio


deveria ser ativado e utilizado como custo no momento da
alienação do investimento, obviamente se essa viesse a ocorrer.

Ocorre que o artigo 386, III, e seu parágrafo 6º, II, do RIR/99,
possibilitavam a amortização do ágio decorrente de
rentabilidade futura quando a pessoa jurídica absorvesse
patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou
cisão, na qual detivesse participação societária adquirida com
ágio ou deságio, ainda que a empresa incorporada, fusionada
ou cindida fosse aquela que detivesse a propriedade da
participação societária (incorporação reversa). Tais amortizações
poderiam ser levadas a efeito nos balanços correspondentes à
apuração de lucro real, levantados posteriormente à
incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos,
no máximo, para cada mês do período de apuração.

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A controvérsia sobre o tema diz respeito à utilização de
companhia intermediária na estrutura de aquisição. A
fiscalização, em regra, questiona a utilização de empresas
“vazias” (muitas vezes até mesmo holdings) e a inocorrência de
confusão entre investida e a real investidora. Em geral, as
autuações apontam a ausência de propósito negocial no
emprego da companhia, motivadas exclusivamente por
aspectos tributários, havendo casos em que se aponta
ocorrência de simulação, e, em outros, de abuso de direito
ou de forma.

Os contribuintes, por sua vez, defendem o direito à livre


organização e a irrelevância da estrutura societária para a
efetiva geração do ágio, apontando ser lícito o modelo
societário adotado, e, por vezes, apresentando justificativas e
vantagens operacionais na estrutura que demonstrariam
propósitos negociais distintos ao mero aproveitamento fiscal do
ágio.

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Olá estudante, nessa unidade vamos apresentar tratamentos
contábeis. Para melhor compreender, continuaremos com o
uso de exemplos. Vamos lá!

Suponha que a empresa Erasmo S/A tenha sido incorporada


pela Cia. Roberto S/A em setembro de 2017.

Figura 10 - Incorporação (exemplo)

Fonte: Elaborado pela autora.

Considere os seguintes valores nessa aquisição:

Valor contábil Erasmo S/A R$ 8.500


Valor Justo dos Ativos Identificados e Passivos
R$ 10.000
Assumidos
Valor contraprestação pago por Roberto S/A R$ 12.000

Em conformidade com o disposto no CPC 15, O valor do


investimento em coligadas e controladas deve ser decomposto,
obrigatoriamente, em três partes, para efeitos tanto contábeis
quanto fiscais:
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(a) Valor do Patrimônio Líquido da empresa investida na
proporção da participação adquirida;

(b) Mais ou menos-valia, que corresponde à diferença entre o


valor justo dos ativos líquidos da investida, na proporção da
letra (a); e

(c) Ágio por rentabilidade futura (goodwill), que corresponde à


diferença entre o custo de aquisição o somatório dos valores de
que tratam (a) e (b).

Portanto, no caso da compra da cia. Erasmo pela cia. Roberto


ficaria assim:

Valor Justo dos Ativos Identificados e Passivos


R$ 10.000
Assumidos
(-) Valor contábil Erasmo S/A R$ 8.500
= Mais-valia R$ 1.500
Valor contraprestação pago por Roberto S/A R$ 12.000
(-) Valor Justo dos Ativos Identificados e Passivos
R$ 10.000
Assumidos
= Goodwill R$ 2.000

O registro contábil na cia. Roberto S/A seria indicado pelo


seguinte lançamento:

D – Investimentos em Controladas

• Valor Patrimonial ................................. 8.500,00

• Mais-Valia ........................................... 1.500,00

• Goodwill ............................................. 2.000,00

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C – Banco .......................................................... 12.000,00

Já no balanço consolidado, a mais-valia será eliminada contra


ativos e passivos que a originaram e o goodwill será transferido
para o intangível.

Segundo GELBKE et al. (2018, p. 280):


Quando o valor do investimento é inferior à
soma do valor patrimonial da investida e a
mais ou menos-valia, na proporção da
participação adquirida, não há ágio por
rentabilidade futura, mas ganho proveniente
de compra vantajosa.

Isso significa que não se usa uma conta “goodwill negativo” ou


“badwill”, mas registra-se, apenas, o ganho por compra
vantajosa.

Como visto nesta unidade, o ágio por expectativa


de rentabilidade futura indica, muitas vezes, a
compra vantajosa. Isso acontece porque o ágio
pode ser aproveitado de algumas formas pela
empresa.

Assista ao vídeo “O aproveitamento do ágio


proveniente de aquisições”, uma webinar do
Ricardo Garcia, diretor técnico da Investor
Consulting Partners, com o Roberto Salles,
sócio do Fialho Salles Advogados. Esse vídeo
vai lhe ajudar bastante a compreender o
conteúdo que estamos discutindo nessa unidade.

Siga o link: https://www.youtube.com/


watch?v=0e9lV_jM9XU

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Olá estudante, o tema desta unidade é de grande relevância e
de grande interesse, dos acionistas e também dos gestores.

Bem, dentre as maneiras de se recompensar um investimento


realizado em empresas, ou seja, de remunerar em forma de
proventos os acionistas, no Brasil duas alternativas se
destacam:

• Distribuição de dividendos;

• Juros sobre o capital próprio.

O pagamento de dividendos nada mais é do que a distribuição


de lucro aos acionistas e configura uma importante motivação
para um investidor decidir ou não comprar ações de uma
determinada entidade.

Já os juros sobre capital próprio (JCP) caracterizam outro tipo


de remuneração aos acionistas, contudo, com algumas
vantagens tributárias para a companhia.

A possibilidade de dedução da base de cálculo do Imposto de


Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
utilizando a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), como
parâmetro para remuneração do capital próprio, é prevista no
Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3.000, de 26
de março de 1999).

www.esab.edu.br 59
De acordo com Gelbcke et al. (2018), a dedutibilidade da
remuneração do capital próprio é permitida desde que:

• O valor da remuneração sobre o capital próprio seja


limitado à aplicação pro rata dia da TJLP sobre o
montante do Patrimônio Líquido subtraído do saldo da
Reserva de Reavaliação, salvo se esta tiver sido somada
às bases do IR e CSLL;

• O valor apurado seja limitado ao maior valor entre:

(a) 50% do lucro do exercício, antes da provisão para IR e


CSLL e da dedução dos referidos juros; ou

b) 50% dos saldos de Lucros Acumulados e Reservas de


Lucros de períodos anteriores.

Esse sistema consiste em um benefício para a empresa pois,


sendo contabilizado como despesa, o JCP é deduzido do lucro
líquido e a entidade não arca com tributos.

Todavia, estão sujeitos à tributação diretamente na fonte no


momento em que são transferidos ao acionista a uma taxa de
15%.

Ora, se a tributação da pessoa jurídica pelo regime de lucro


real fica na faixa entre 24% e 34%, a retenção dos 15% na
fonte certamente será benéfica para a companhia.

Por essa razão, muitas empresas fazem uso dos juros sobre
capital próprio, como forma de remunerar os investimentos
recebidos dos acionistas, com o intuito de tornar seus resultados
mais atrativos e solidificar sua atuação no mercado.
Respeitando os limites estipulados em lei e, algumas vezes,
combinando o JCP com o pagamento de dividendos, essa
modalidade caracteriza uma importante estratégia para
estimular a atividade de investimento no Brasil.

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Leia o texto a seguir, retirado de matéria cujo
título é “Banco do Brasil irá distribuir de 30% a
40% do lucro em dividendos ou JCP”, e reflita
acerca do seguinte:

• Quais fatores você acredita ser


determinantes no momento de o Banco
do Brasil decidir se deve distribuir o lucro
por meio de pagamento de dividendos ou
juros sobre capital próprio?

Banco do Brasil irá distribuir de 30% a 40% do lucro em


dividendos ou JCP

O Banco do Brasil (BBAS3) comunicou que seu conselho de


administração aprovou a distribuição de 30% a 40% do lucro
líquido da instituição em dividendos ou juros sobre capital
próprio (JCP).

O Conselho Diretor ainda precisa estabelecer o valor a ser


pago pelo Banco do Brasil aos seus acionistas. Para isso, o
banco irá considerar, além de seus resultados, as mudanças no
cenário econômico e as constantes na política. O BB salienta
que “quando a distribuição for via JCP, o montante calculado
com base no percentual de payout fixado corresponde ao
valor bruto, sobre o qual poderão incidir tributos, conforme
legislação vigente”.

O Banco do Brasil apresentou lucro líquido de R$ 5,6 bilhões


no quarto trimestre de 2019. Esse valor é equivalente ao
aumento de 49,7%, em comparação de mesmo período no
ano de 2018. Em relação ao trimestre anterior, alta de 33,8%,

www.esab.edu.br 61
quando havia registrado lucro de R$ 4,2 bilhões. Por sua vez, o
lucro líquido ajustado do Banco do Brasil ficou em R$ 4,6
bilhões, em comparação com o quarto trimestre de 2018,
esse valor é correspondente a uma alta de 20,3%. No ano de
2019, o lucro total foi de R$ 17,8 bilhões, avanço de 32,1%.

A margem financeira avançou para R$ 14 bilhões, crescimento


de 11,6% na comparação anual. As despesas com provisões
para créditos de liquidação duvidosa atingiram R$ 2,9 bilhões.
As receitas com prestação de serviços cresceram 6,4%,
“resultado da estratégia centrada no relacionamento e na
melhoria constante da experiência do cliente”. As despesas
administrativas aumentaram 11,7%.

O índice de inadimplência, INAD+90d, demonstrou redução


frente a setembro e alcançou 3,27% em dezembro de
2019. O Banco do Brasil bateu recorde em crédito de veículos
no fim de 2019. Isso porque houve uma recuperação do setor
automobilístico. O volume de desembolso do banco nessa linha
teve um aumento de 46% entre os meses de novembro e
dezembro do ano passado, em relação ao mesmo período de
2018.

(PASSARO, Juliano. Banco do Brasil irá distribuir de 30% a


40% do lucro em dividendos ou JCP. Suno Research,
13/02/2020. Adaptado.)

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Nesta seção o objetivo foi te ajudar a compreender melhor
como funcionam os investimentos das companhias em outras
sociedades. Conforme exposto unidade 1 deste material, a
Contabilidade Avançada estuda os procedimentos contábeis
em companhias, ou seja, sociedades cujo capital pode ser
aberto ou fechado.

Aqui você aprendeu como funciona a estrutura de capital


das empresas e, como forma de captação de recursos
externos, algumas empresas podem ser adquiridas por outras.
Essas aquisições podem configurar-se como reorganizações
societárias e são classificadas em fusão, incorporação e
cisão.

Você viu também a diferença conceitual entre investimentos


em controladas, coligadas e empreendimentos controlados
em conjunto e conheceu o tratamento contábil dado a esses
investimentos.

Esta seção te apresentou as definições de controle e


influência significativa e você aprendeu a utilizar o método
de equivalência patrimonial.

Ainda foi abordado como se configura a combinação de


negócios e explicado quais são os diferentes tipos de
remuneração do capital próprio.

Ocorre que essas empresas, para manterem suas atividades


operacionais, recorrem muitas vezes a investimentos em outras
sociedades, com o intuito de obter retornos e auxiliar a
operação de seus negócios.

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SEÇÃO 2 – CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS

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Olá, agora que você já assimilou os aspectos contábeis
relativos aos investimentos em sociedades e já sabe em que
situações deve aplicar o método de equivalência patrimonial,
você vai compreender melhor quais os impactos dessas
participações societárias nas demonstrações contábeis. Nesse
unidade trataremos da consolidação das demonstrações
contábeis.

A consolidação das demonstrações contábeis foi uma das


importantes inovações introduzidas no Brasil pela Lei das S/As.
Somente por meio dessa técnica é que se pode realmente
conhecer a posição financeira da empresa controladora e das
demais empresas de um grupo econômico.

Grupos econômicos podem ser formados pelas mais variadas


razões, dentre elas:

• Reduzir o risco da controladora;

• Atender de forma mais eficaz às exigências legais,


estaduais, inclusive tributárias;

• Expandir ou diversificar, com um mínimo de investimento;

• Vender uma operação não mais desejada, com um


mínimo de custos administrativos e legais.

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De acordo com a Lei das Sociedades por Ações (6.404/76), a
consolidação é obrigatória para as Companhias Abertas (art.
249) e para os grupos de sociedades formalmente constituídos,
mesmo não sendo de capital aberto (como uma Limitada, por
exemplo).

Porém, recentemente, a CVM e o CFC aprovaram o CPC 36


(R3), tornando obrigatória a consolidação para todas as
sociedades que atendem aos critérios de consolidação, embora
não seja tão comum para entidades fechadas.

Conforme o CPC 36 – Demonstrações Consolidadas,


demonstrações consolidadas são as demonstrações contábeis
de grupo econômico, em que os ativos, passivos, patrimônio
líquido, receitas, despesas e fluxos de caixa da controladora e
de suas controladas são apresentados de forma a parecer
uma única entidade econômica.

No Balanço Patrimonial, deve-se apresentar o conjunto de


ativos líquidos sob o comando da entidade controladora.
Assim, 100% dos ativos e dos passivos das entidades
controladas integram o balanço consolidado, juntamente
com os ativos e passivos da controladora, mas ajustando ao
valor da participação na controlada.

A consolidação requer que se observe as seguintes etapas:

(1) - Mensurar os investimentos com base no MEP;

(2) - Somar os saldos das contas das entidades;

(3) - Eliminar as participações de uma Entidade na outra;

(4) - Eliminar os saldos de quaisquer contas entre Entidades;

(5) - Eliminar as parcelas do Resultado do Exercício, dos


Lucros Acumulados, do Custo do Estoque e do Ativo
correspondentes a Lucros Não Realizados.

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Entendido o propósito, o procedimento básico é somar os
saldos:

• O saldo consolidado do subgrupo Disponível será a


soma do Disponível da controladora com o(s) da(s)
controlada(s);

• O mesmo se repete para Clientes, Estoques, Imobilizado,


Contas a Pagar, Fornecedores etc;

• As contas de resultado também entram nesse processo,


mas deve-se atentar às datas de aquisição do controle,
uma vez que a Demonstração do Resultado considera
um período contábil específico.

Em alguns casos, é necessário ajustar o Plano de Contas.

O passo seguinte é eliminar as operações realizadas


entre as empresas do mesmo grupo econômico para fins
de consolidação. Deve-se controlar e apurar, ao fim do período:

• Valores de Venda;

• Despesas;

• Juros;

• Comissões; e

• Outras receitas ocorridas durante o exercício.

Na data da consolidação, os eventuais itens de conciliação


devem ser eliminados por meio de sua contabilização pelas
empresas, ou de ajustes em papéis de trabalho, para que os
saldos fechem entre si.

Em resumo, temos as seguintes precauções a tomar:

• Manter controle das transações e saldos intragrupo;

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• Efetuar conciliações periódicas e ajustá-las na data da
consolidação;

• Desenvolver planos de contas e critérios de contabilização


padronizados;

• É interessante também que a entidade controladora


passe a emitir instruções para suas controladas.

Para saber mais sobre Consolidação das


Demonstrações Contábeis leia o texto “Você
sabe como fazer uma Consolidação de
Demonstrações Contábeis corretamente?” da
Renata Freitas de Camargo.

O texto está disponível no link abaixo:

https://www.treasy.com.br/blog/consolidacao-de-
demonstracoes-contabeis/

Após a leitura, certamente terá agregado mais


conhecimento, complementando assim a
unidade.

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Olá estudante! A consolidação das demonstrações contábeis
normalmente é feita por meio de papéis de trabalho, organizados
da seguinte forma:

Quadro 3 - Papel de Trabalho Consolidação de Balanço


Patrimonial

Companhia A e suas Controladas

CONSOLIDAÇÃO DO BALANÇO PATRIMONIAL

Eliminações e
Saldos de Balanço das Empresas do
Ajustes de
Grupo
Consolidação Saldos
CONTAS Consolidados
Controladora Controlada Controlada Controlada
D C
A B C D

   
ATIVO CIRCULANTE        
Disponível            

Contas a Receber            

(-) PCLD            

Estoques            

...            

...            

etc.          
 

Total do Ativo              

Fonte: Elaborado pela autora.

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A consolidação deve ser realizada para as seguintes
demonstrações:

• Balanço Patrimonial;

• Demonstração de Resultado do Período;

• Demonstração do Resultado Abrangente; e

• Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido.

Note que DFC e DVA não constam na lista, uma vez que ambas
são elaboradas com base nos valores finais de balanço e
demonstração do resultado.

O CPC 36 (R3) provê uma orientação mais ampla, envolvendo


não apenas as eliminações:

(a) Combinar (somar) itens similares de ativos, passivos, PL,


receitas, despesas e Fluxo de Caixa da controladora com os de
suas controladas;

(b) eliminar o valor contábil do investimento da controladora em


cada controlada e a parte dessa controladora no patrimônio
líquido das controladas (considerando a participação efetiva),
incluindo a reclassificação do goodwill e mais-valia;

(c) Identificar a participação de não controladores nos ativos


líquidos das controladas consolidadas, separadamente;

(d) eliminar saldos, fluxo de caixa, receitas e despesas


decorrentes de transações intragrupo, reconhecendo os
tributos diferidos no ativo;

(e) Após a consolidação do resultado, identificar a parte


pertinente à controladora e aos não controladores no lucro ou
prejuízo acumulado do exercício social.

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A dica aqui é de um filme indispensável para
conhecimento de um dos casos de
gerenciamento de resultados mais conhecidos
da história da contabilidade, o caso da Enron.

O filme é o “Enron: os mais espertos da sala” e abaixo seguem


algumas informações para te contextualizar sobre esse caso:

• Após anunciar um prejuízo de US$ 618 milhões no 3º


trimestre de 2001, a ENRON desencadeou um processo
que poderá ser considerado como o maior caso de
falência já registrado nos Estados Unidos.

• Milhares de investidores da ENRON viram suas ações


sofrer uma desvalorização de US$ 83,00 para menos de
US$ 1,00 em um ano.

• A ENRON, assim como outras empresas, criou estruturas


jurídicas denominadas “Sociedades de Propósito
Específico” (SPE), escondendo trilhões de dólares de
dívidas em itens que não constavam no Balanço.

O link do filme segue abaixo:

Link: https://www.youtube.com/watch?v=5DKwOJKHgJM

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Olá estudante, para melhor compreendermos como é feita a
consolidação das demonstrações contábeis vamos considerar
novamente um exemplo prático.

Acompanhe comigo:

• Suponha que controladora A tenha constituído, em


novembro de 20X1, uma controlada B (da qual detém
100% do capital) e que a controladora A tenha
integralizado em dinheiro todo o capital da controlada
B, que é de R$ 125.000, e que esta não tenha ainda
começado suas operações.

• A primeira eliminação a ser feita é desse investimento. É


como se fosse transferido dinheiro de um bolso para
outro da mesma entidade.
Lançamento nº 1 D C
Capital Social (Empresa B) 125.000  

a Investimentos (Empresa A)   125.000

Admita-se, ainda, que em dezembro de 20X1, a controladora A


tenha vendido mercadorias, a prazo, por $ 100.000 (que é
também o preço de custo de compras dessas mercadorias),
para sua controlada B e esta, antes do encerramento do
exercício, as tenha vendido para terceiros.

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• Essa transação entre as empresas gerou, entre outras
coisas, saldos patrimoniais (Clientes em A e Fornecedores
em B). O ajuste deve ser:

Lançamento nº 2 D C
Fornecedores (Empresa B) 100.000  

a Clientes (Empresa A)   100.000

Considerando esses eventos, o balanço consolidado ficaria


assim:

Quadro 4 - Papel de Trabalho Consolidação BP (Exemplo)

Elimin./Aj
Controladora Controlada
Consolidação Saldos
CONTAS Consolidados
A B Débito Crédito
ATIVO    
Disponível 75.000 125.000 - - 200.000
Clientes - Terceiros 150.000 - - - 150.000
Clientes - Controlada B 100.000 - - 100.000 -

Estoques 200.000 100.000 - - 300.000


Investimento na Controlada
125.000 - - 125.000 -
B

Imobilizado 350.000 - - - 350.000

Total do Ativo 1.000.000 225.000 - 225.000 1.000.000

PASSIVO + PL        

Fornecedores - Terceiros 450.000 - - - 450.000

Fornecedores - Controladora
- 100.000 - -
A 100.000

Capital Social 500.000 125.000 - 500.000


125.000

Lucros Retidos (Reservas) 50.000 -   - 50.000

Total do Passivo + PL 1.000.000 225.000 25.000 - 1.000.000

Fonte: Elaborado pela autora.

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Vale lembrar que esses lançamentos são feitos apenas no
Papel de Trabalho, e não nos livros Diário e Razão. Entretanto,
esses papéis são de natureza contábil e devem ser assinados e
arquivado pelos responsáveis.

Continuando o exemplo proposto, como houve eventos


envolvendo contas de Resultado, deve-se efetuar os registros de
ajustes:

Lançamento nº 3 D C

Receita com vendas (Empresa A) 100.000  


a CMV (Empresa A)   100.000

Nesse caso, a DRE consolidada deve ser apresentada da


seguinte forma:

Quadro 5 - Papel de Trabalho Consolidação DRE (Exemplo)

Controladora Controlada Elimin./Aj


Consolidação Saldos
CONTAS
Consolidados
A B Débito Crédito

Receita com vendas 1.300.000,00 - 100.000,00 0,00 1.200.000,00


(-) Custo das Merc.
-700.000,00 - 0,00 100.000,00 -600.000,00
Vendidas
(=) Lucro Bruto 600.000,00 -     600.000,00

(-) Despesas -400.000,00 - 0,00 0,00 -400.000,00

(=) Lucro Líquido 200.000,00   100.000,00 100.000,00 200.000,00

Fonte: Elaborado pela autora.

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Para te ajudar a compreender melhor o
procedimento de consolidação das
demonstrações contábeis segue uma dica de
videoaula do Prof. Mário Jorge demonstrando
por meio de exemplos como realizar as
eliminações pertinentes.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=9NaHKziML04

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Olá estudante, bem, no exemplo apresentado na unidade
anterior, você viu como proceder a consolidação de
demonstrações contábeis nos casos em que uma companhia
adquire 100% do capital de outra entidade.

Agora, veja esse outro exemplo:

• Em 02/01/X2, a Cia “X” adquire 100% das ações da Cia


“Y” por R$ 600.000.
A empresa “X” detém 100% do capital de “Y”
e o investimento é avaliado pela Equivalência
Patrimonial. A única eliminação a ser feita
corresponde à baixa do investimento de “X”
contra o PL de “Y”.

Após a eliminação, basta somar os saldos, conforme a seguir:

Quadro 6 - Papel de Trabalho Consolidação - Participação


100% (Exemplo)

Elimin./Aj
Controladora Controlada Saldos
CONTAS Consolidação
Consolidados
X Y Débito Crédito
ATIVO    
Disponível 1.430.000 240.000 1.880.000
Investimentos
Na Controlada Y 600.000 - 600.000 (1) -
Em outras 140.000 60.000 200.000
Imobilizado 440.000 360.000 800.000

Total do Ativo 2.820.000 660.000 2.880.000

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PASSIVO + PL    
Fornecedores - Terceiros 700.000 60.000 760.000
400.000
Capital Social 1.600.000 400.000 (1) 1.600.000

Lucros Retidos 200.000


520.000 200.000 520.000
(Reservas) (1)

Total do Passivo + PL 2.820.000 660.000 600.000 600.000 3.270.000

Fonte: Elaborado pela autora.

Nesse caso, o lançamento contábil efetuado para consolidar os


saldos do balanço foi o seguinte:
D Capital Social (Cia Y) 400.000
D Reservas (Cia Y) 200.000
C Investimentos na Controlada Y 600.000

Agora, você irá conhecer como se faz o mesmo procedimento


para as situações em que as empresas não detêm 100% do
capital da investida.

• Em 02/01/20X2 a Cia “X” adquire 70% da Cia “Z” por


R$ 210.000. O PL de “Z” equivale a R$ 300.000. Os
demais investidores são considerados acionistas
minoritários.
Nesse caso, a participação dos acionistas
minoritários é excluída do PL e passa a
figurar uma posição intermediária entre
Passivo e o PL.

Quadro 7 - Papel de Trabalho Consolidação - Participação


Não Controladores (Exemplo)

Elimin./Aj
Controladora Controlada Controlada Saldos
CONTAS Consolidação
Consolidados
X Y Z Débito Crédito
ATIVO    
Disponível 1.430.000 240.000 380.000 2.050.000
Investimentos
Na Controlada 600.000
600.000 - - -
Y (1)

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Na Controlada 210.000
210.000 - - -
Z (2)

Em outras 140.000 60.000 - 200.000

Imobilizado 440.000 360.000 220.000 1.020.000

Total do Ativo 2.820.000 660.000 600.000 3.270.000

PASSIVO + PL    
Fornecedores -
700.000 60.000 300.000 1.060.000
Terceiros
400.000
(1)

210.000
Capital Social 1.600.000 400.000 300.000 (2) -

90.000 (3)

Lucros Retidos 200.000


520.000 200.000 520.000
(Reservas) (1)

Participação Não
- - 90.000 (3) 90.000
Controladores

Total do Passivo +
2.820.000 660.000 600.000 900.000 900.000 3.270.000
PL

Fonte: Elaborado pela autora.

O lançamento contábil referente a esses ajustes é o seguinte:

D Capital Social (Cia Y) 400.000


D Reservas (Cia Y) 200.000
D Capital Social (Cia Z) 210.000
D Reservas (Cia Z) 90.000
C Investimentos em Y 600.000
C Investimentos em Z 210.000
C Participação Não Controladores 90.000

Nesse exemplo, quando a empresa não detém todo o capital


da companhia investida, é necessário ajustar os saldos do
investimento no momento da consolidação e lançar em uma
conta chamada Participação dos Não Controladores ou
Participação dos Acionistas Minoritários.

www.esab.edu.br 78
Para saber mais sobre as participações de
acionistas não controladores leia o texto do
Prof. Tiago Reis “Minoritário também tem
direitos nas empresas das quais é sócio” e
entenda quais os direitos dos investidores
minoritários. O texto está disponível no link:
https://www.sunoresearch.com.br/artigos/minoritario/

Desejo boa leitura!

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Nesta seção você aprendeu que empresas que se configuram
como grupos econômicos devem apresentar suas
demonstrações contábeis como se fossem uma única entidade
econômica.

Você viu como devem se realizar os seguintes procedimentos:

• Mensurar os investimentos com base no MEP;

• Somar os saldos das contas das entidades;

• Eliminar as participações de uma Entidade na outra;

• Eliminar os saldos de quaisquer contas entre Entidades;

• Eliminar as parcelas do Resultado do Exercício, dos


Lucros Acumulados, do Custo do Estoque e do Ativo
Permanente correspondentes a Lucros Não Realizados.

Foram apresentadas a forma de consolidar demonstrações


em que empresas adquirem 100% do capital de outras, bem
como situações em que as sociedades não detêm todo o
patrimônio da empresa investida.

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Seção 3 – NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE

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Olá estudante, chegamos na seção 3 e estamos na unidade 18,
passamos um pouco da metade do nosso conteúdo. E
espero que até aqui tudo esteja entendido. Mas quando
houver dúvidas, entre em contato com seu tutor, ele está
disponível para lhe auxiliar.

Bem, nesta unidade trataremos das normas internacionais de


contabilidade! O Tema é muito interessante! Vamos juntos!

O Brasil adota desde 2008 o padrão contábil internacional


emitido pelo IFRS – International Financial Reporting
Standards, aprovado pela Lei nº 11.638/2007. Na ocasião, o
país experimentava um crescimento econômico e havia a
necessidade de a contabilidade brasileira adotar um padrão
normativo que fosse compreensível para o mundo inteiro. As
motivações para essa convergência de normas foram:

• apresentar uma contabilidade universalmente aceita;

• estreitar o relacionamento comercial com outros países;

• evoluir o mercado de capitais nacional;

• aumentar a comparabilidade na avaliação de empresas


em nível mundial;

• facilitar o acesso das empresas aos recursos financeiros


internacionais;

www.esab.edu.br 82
• harmonizar pré-requisitos para que as empresas possam
ter seus papéis negociados em diferentes bolsas de
valores.

A convergência ao padrão internacional foi de extrema


importância para o desenvolvimento da profissão contábil no
Brasil. Como o IFRS atua sobre a premissa de garantir maior
transparência da informação contábil para os usuários externos,
os profissionais da área contábil precisaram se atualizar e se
especializar nos últimos anos para apresentar uma maior
qualificação e atuar no mercado.

O processo de mudança, contudo, não foi fácil. O Brasil


possui particularidades oriundas do ambiente legal em que
está inserido e apresenta questões culturais que dificultam seu
desenvolvimento até um certo ponto.

No Brasil, por exemplo, as regras contábeis e fiscais são


independentes, isto é, não há interação entre elas. Mas vale
lembrar que a informação fiscal depende das informações
financeiras. Isso ocorre devido ao modelo de sistema contábil
adotado no país.

A maior parte dos autores classifica os sistemas contábeis


(financial reporting) em dois grandes grupos:

• Modelo anglo-saxônico;

• Modelo da Europa Continental.

Modelo Anglo-Saxônico

Esse modelo é adotado por países como Grã-Bretanha,


Austrália, Nova Zelândia, EUA, Índia, Canadá, Malásia, África
do Sul, Cingapura. É marcado pelas seguintes características:

(1) Profissão forte e atuante;

www.esab.edu.br 83
(2) Sólido mercado de capitais;

(3) Pouca influência do Governo na definição de práticas


contábeis;

(4) Busca atender primeiro, os investidores.

Modelo Europa Continental

Adotado por países como França, Alemanha, Itália, Japão,


Bélgica, Espanha, países ex-URSS (Europa Oriental), e pela
maior parte dos países da América do Sul.

As principais características neste modelo são:

(1) Profissão fraca e pouco atuante;

(2) Mercado de capitais não é a principal fonte de captação


pelas empresas;

(3) Forte influência governamental na definição de práticas


contábeis;

(4) Bancos e Governo são os principais usuários.

www.esab.edu.br 84
A dica aqui é fazer a leitura do artigo científico
“Normatização contábil: Ensaio sobre sua evolução e o
papel do CPC” dos professores Eliseu Martins, Vinícius
A. Martins e Érick A. Martins.
O artigo foi publicado em 2007, contexto em que o Brasil
começava a ensaiar os primeiros passos rumo à
adoção das IFRS. É importante você compreender
como se deu esse processo e o que mudou de lá para cá.

O link para a leitura do Artigo está Disponível


em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/
ricontabeis/article/viewFile/7724/7810

www.esab.edu.br 85
Olá estudante, vamos pensar um pouco sobre o ambiente legal
brasileiro. O que você percebe sobre o mesmo, o que pensa
sobre o mesmo em relação à contabilidade?

Bem, o contexto que se encontra o Brasil é marcado por forte


influência governamental, onde o governo e os bancos sempre
foram os maiores usuários da informação contábil, dado o
mercado de capitais pouco evoluído.

Quando classificamos a estrutura legal de um país, podemos


entender melhor essas diferenças internacionais que tanto
influenciam a profissão contábil e os procedimentos contábeis.

• Common law (visão não legalística): Sistema legal


classificado com common law é predominante em países
como Grã-Bretanha, EUA, Canadá, Austrália, Nova
Zelândia, onde não é necessário detalhar as regras a
serem aplicadas. Presume-se que o que não é proibido é
permitido. Nesses países, há clima propício para
inovações e criatividade. Por outro lado, há possibilidade
de maior “gerenciamento” de resultados ou flexibilidade
(creative accounting).

• Code law (visão legalística, ou Direito Romano): Sistema


legal classificado como code law é predominante em
países como Alemanha, França e Japão e é requerido um
elevado grau de detalhamento de regras a serem cumpridas.

www.esab.edu.br 86
Isto não propicia maior flexibilidade na preparação e
apresentação de demonstrações financeiras. A ênfase
maior é atribuída à proteção de credores.
Veja bem: a principal diferença, do ponto de
vista contábil, entre os dois sistemas é o
foco no usuário. Em países com sistema
common law a transparência da informação é
valorizada com o intuito de favorecer usuários
como acionistas e investidores.

Já no code law predomina-se um ambiente


de pouca flexibilidade concentrando-se em
proteger outros tipos de credores.

Figura 10 - Common Law x Code Law

Fonte: Elaborado pela autora.

www.esab.edu.br 87
Na Grã-Bretanha e EUA, por exemplo, existem regras
independentes para propósitos fiscais e financial reporting.
Nesses países, a taxa de depreciação não é definida em lei,
mas é exigido que se divulgue a política contábil adotada para
depreciações.

Já na Europa Continental as regras fiscais costumam ser


incorporadas nas regras contábeis, onde predomina o
conservadorismo para fins de mensuração de ativos e
passivos, com reflexos no lucro.

Leia a notícia apresentada e, em seguida,


reflita acerca dos pontos levantados:

IASB quer Brasil mais influente na convergência contábil

O International Account Standards Board (Iasb), órgão


responsável por desenvolver as normas contábeis
internacionais (IFRS), quer que o Brasil tenha voz mais
ativa e contribua para o processo de convergência às
regras, afirmou hoje o presidente do órgão, David Tweedie.
“Trabalhamos para que as regras sejam verdadeiramente
globais”, disse.

O executivo veio ao Brasil assinar um memorando de


entendimentos entre o Iasb e as entidades responsáveis por
editar as regras contábeis no País - o Conselho Federal de
Contabilidade (CFC) e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis
(CFC). O Brasil é apenas o terceiro país a possuir um acordo
do tipo com o Iasb - os outros dois são China e Estados Unidos.

Segundo Tweedie, 117 países já se comprometeram a adotar o


IFRS, e existe a expectativa de que os EUA anunciem a
decisão de seguir os padrões internacionais no próximo ano.

www.esab.edu.br 88
“O Brasil está à frente de países como Índia, Japão, Coreia,
México e Argentina, que também já decidiram que usarão as
normas”, afirmou, durante entrevista coletiva na sede da
BM&FBovespa para anunciar o acordo entre as entidades
brasileiras e o Iasb. As empresas brasileiras de capital aberto
precisarão seguir as normas do IFRS a partir dos balanços
anuais referentes ao ano de 2010, mas estão livres para
adotar as regras antes desse prazo.

Questionado a respeito da resistência dos norte-americanos


em adotar os padrões contábeis internacionais, Tweedie
destacou que, com o crescimento acelerado de economias
emergentes, como Brasil, China e Índia - países que já
optaram por seguir a norma - a importância relativa do
mercado dos Estados Unidos tende a diminuir. “Não creio
que eles pretendam ficar isolados”, disse.

Na avaliação do ex-ministro Pedro Malan, curador da Fundação


Comitê Internacional de Normas Contábeis, vinculada ao Iasb, a
crise financeira internacional tornou o complexo processo de
convergência às regras internacionais ainda mais urgente.
“Estou convencido de que se trata de algo extremamente
benéfico para o mercado de capitais”, ressaltou. Malan
afirmou que a adoção do IFRS facilitará o acesso das empresas
brasileiras ao mercado internacional, por permitir a leitura e a
comparação com companhias de diversos países.

Além dos contatos com a Comissão de Valores Mobiliários


(CVM) e do Banco Central, o ex-ministro destacou a
participação do BNDES, que ficará responsável por
disseminar a adoção - que será voluntária - das pequenas e
médias empresas ao IFRS, em uma versão simplificada.

(PINHEIRO, Vinícius. IASB quer Brasil mais influente na


convergência contábil. O Estado de São Paulo. 28/01/2010.
Adaptado.)

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Reflita: a notícia que você acabou de ler é de 2010, ano em
que o padrão contábil internacional passou a ser obrigatório
para as empresas brasileiras. Dado o seu conhecimento em
contabilidade, o que você acredita que mudou desde aquela
época?

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Nesta seção foi contextualizado o cenário sob o qual o Brasil
passou a adotar o padrão contábil internacional. Você viu as
diferenças entre os sistemas jurídicos adotados por países
distintos e como isso pode influenciar na forma em que a
contabilidade é realizada em cada lugar.

Você conheceu o contexto econômico em que o Brasil estava


inserido quando da adoção dos padrões contábeis
internacionais e compreendeu os fatores que motivaram o
país a realizar esse processo de convergência.

www.esab.edu.br 91
Seção 4 – OPERAÇÕES DIVERSAS

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Olá estudante, bem-vindo a mais uma seção de nosso
material. O objetivo desta seção é apresentar outros tipos de
operações que dizem respeito à realidade das companhias
brasileiras, além de explicar o processo de convergência às
normas contábeis internacionais. Bem, nessa unidade, vamos
especificamente apresentar o conceito e tratamento contábil
das provisões, além de diferenciá-las dos passivos contingentes.

Para começar a estudar provisões vamos, primeiro, relembrar a


estrutura do balanço patrimonial? Dessa vez, vamos focar no
lado direito da demonstração:

Quadro 8 - Estrutura Patrimonial

Balanço Patrimonial

Passivo
Ativo
Patrimônio Líquido

Fonte: Elaborado pela autora.

O passivo representa “uma obrigação presente da entidade,


derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera
que resulte em saída de recursos da entidade capazes de
gerar benefícios econômicos” (CPC 00).

www.esab.edu.br 93
A grande mensagem relacionada ao Passivo é que em algum
momento o fluxo de caixa, ou seja, dinheiro, sairá da entidade
para quitar suas obrigações, que é o conceito de “sacrifícios
prováveis de benefícios econômicos”, que também pode ser
pelo consumo dos próprios ativos.

E já que a saída de caixa só ocorrerá no futuro, a empresa


deve reconhecer um passivo de acordo com sua probabilidade
de ocorrência e não simplesmente pela sua obrigatoriedade
jurídica.

Em muitos casos, o reconhecimento de um passivo requer um


reconhecimento concomitante de uma despesa. Então,
RECONHECER um passivo é uma etapa do processo contábil
que deve ser pensada com bastante cautela.

Por exemplo: para apurar o lucro do período, reconhecemos a


provisão do imposto de renda que não é pago naquele
momento, mas no futuro, ou seja, uma despesa no período
que está relacionada diretamente com um passivo (imposto a
pagar).

D Provisão Imposto de Renda


xxx,xx
C Imposto de Renda a Pagar

É preciso saber a importância de reconhecer ou não um


passivo em dado momento, devido à contrapartida que ele
pode requerer. Seguindo o processo contábil, mensuração é o
ponto crucial no que tange ao passivo. Como atribuir valor a
ele? Dadas as incertezas, é necessário, em muitos casos, o
julgamento do profissional contábil junto à administração da
entidade para registrar o valor do passivo.

Hendriksen e Van Breda (2007, p. 409) afirmam que “os


passivos são reconhecidos quando

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• Satisfazem sua definição;

• Mensuráveis;

• Relevantes; e

• Precisos.”

Em geral, são medidos pelo valor presente das saídas de


caixa futuras esperadas”.

Todavia, mensurar costuma remeter uma ideia de certeza,


não é mesmo? Afinal, como podemos atribuir valor a um item
sem alguma referência?

Estudando o CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e


Ativos Contingentes, você poderá identificar que esse
pronunciamento se refere à Provisão como um passivo de
prazo ou valor incertos. De cara, podemos concluir que
provisão é um passivo. Contudo, o CPC 25 destaca que seu
prazo ou valor são incertos. Ora, se são incertos, como podemos
mensurá-los?

As provisões serão assim reconhecidas toda vez que


atenderem os seguintes requisitos:

(a) a entidade tem uma obrigação presente (legal ou não


formalizada) como resultado de evento passado;

(b) seja provável que será necessária uma saída de recursos


que incorporam benefícios econômicos para liquidar a
obrigação; e

(c) possa ser feita uma estimativa confiável do valor da


obrigação.

Isso significa que, as provisões são reconhecidas como


passivo (presumindo-se que possa ser feita uma estimativa
confiável) porque são obrigações presentes e é provável que

www.esab.edu.br 95
uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos
seja necessária para liquidar a obrigação.

Para saber mais sobre o CPC 25 Provisões,


Passivos Contingentes e Ativos Contingentes,
leia o texto do Prof. Felipe Pontes no link
apresentado a seguir:

https://tradersclub.com.br/tc-school/contabilidade-
financeira/provisao-passivo-contingente-e-ativo-
contingente-entenda-o-cpc-25/

www.esab.edu.br 96
Olá estudante, nessa unidade 21 apresentaremos o conteúdo
usaremos também exemplos, para que fique mais claro e
próximo da prática o seu conhecimento. Então vamos lá!

Veja o exemplo a seguir:

• A empresa Oleomar S/A foi responsável por um


derramamento de óleo no ano passado impactando no
meio ambiente da região. A entidade, mesmo operando
em um país onde a legislação ambiental é bastante
ineficaz, possui uma política ambiental amplamente
divulgada, na qual ela assume a limpeza de toda a
contaminação que causa. Além disso, a companhia tem
um histórico de honrar essa política publicada e é
possível estimar, confiavelmente, os gastos com a
limpeza de toda a contaminação causada.

Vamos analisar o caso detalhadamente para compreender


se se configura ou não um passivo:

(a) a entidade tem uma obrigação presente como resultado de


evento passado?
A cia. Oleomar foi responsável por um
derramamento de óleo que causou sérios
impactos à região em que está inserida,
desse modo, podemos interpretar como uma
obrigação presente (ela deverá fazer alguma
coisa para mitigar esses impactos) resultado

www.esab.edu.br 97
de um evento passado (derramamento de
óleo durante a operação de suas atividades.

(b) é provável que será necessária uma saída de recursos que


incorporam benefícios econômicos para liquidar a obrigação?
Já que a empresa possui uma política
ambiental amplamente divulgada, na qual
demonstra ser socialmente responsável e é
reconhecida por assumir a limpeza de toda a
contaminação que causa, é possível concluir
que a saída de recursos é provável, visto
que a cia. Oleomar é notoriamente
comprometida em arcar com as
consequências dos danos ambientais por ela
causados.

(c) pode ser feita uma estimativa confiável do valor da


obrigação?
No caso descrito, é possível estimar,
confiavelmente, os gastos com a limpeza de
toda a contaminação causada. Isso poderá
ser feito por meio de estudos realizados por
especialistas, análises de dados históricos etc.
Desde que tenha um respaldo técnico, a
estimativa de um valor pode ser considerada
confiável.

Analise agora outro exemplo:

• Em 13 de dezembro de 2018, o conselho da cia. Game


Over S/A decidiu encerrar suas atividades. Os gastos
com o encerramento das atividades foram estimados em
R$ 2.500.000,00. Porém, antes do fechamento do
balanço de 31 de dezembro de 2018, a decisão não
havia sido comunicada a qualquer um dos afetados por ela

www.esab.edu.br 98
e nenhuma outra providência havia sido tomada para
implementar a decisão.

(a) a entidade tem uma obrigação presente como resultado de


evento passado?
Nesse caso, pode-se dizer que sim. A
empresa incorrerá em gastos (obrigação
presente) oriundos do encerramento de suas
atividades (evento passado).

(b) é provável que será necessária uma saída de recursos


que incorporam benefícios econômicos para liquidar a
obrigação?
Como até antes da data de fechamento do
balanço a decisão de encerrar as atividades
da cia. Game Over não havia sido
comunicada a nenhum dos afetados e
nenhuma providência tinha sido tomada, não
podemos afirmar que há probabilidade de
saírem recursos para liquidar essa obrigação.

(c) pode ser feita uma estimativa confiável do valor da


obrigação?
Os gastos com o encerramento das
atividades da empresa foram estimados em
R$ 2.500.000, no entanto, não há informação
a respeito da confiabilidade desses cálculos,
se foram realizados por especialistas ou se
desconsideram a realidade econômica e
financeira da cia. Game Over. Logo, não
podemos concluir que exista uma estimativa
confiável do valor dessa obrigação.

www.esab.edu.br 99
Perceba, pois, que nesse exemplo, diferente do primeiro, o
evento narrado não atendeu todos os critérios para
reconhecimento de uma provisão conforme o CPC 25,
certo? O que deve ser feito nesse caso?

Pois bem, se o evento deixa de atender a pelo menos um


desses requisitos, a empresa NÃO deve reconhecê-lo como
provisão. Entretanto, como futuro contador, você sabe da
importância de prezar pela transparência da informação
contábil, não é mesmo? Então, voltando ao caso da cia.
Game Over, se a entidade não poderá reconhecer um
passivo, como ela deverá proceder? Afinal, o encerramento de
suas atividades, mesmo não configurando uma obrigação com
saída de recursos provável e estimativa confiável, é uma
informação de extrema relevância para os seus usuários.

Nessa situação, o CPC 25 orienta a incluir esse tipo de


informação em suas notas explicativas, pois trata-se de
passivo contingente.

Passivos Contingentes não são reconhecidos como passivo


porque:

(i) Trata-se de obrigação possível (e não provável), visto que


ainda há de ser confirmado se a entidade tem ou não uma
obrigação presente que possa conduzir a uma saída de
recursos que incorporam benefícios econômicos, ou

(ii) Obrigações presentes que não satisfazem os critérios de


reconhecimento (porque não é provável que seja necessária
uma saída de recursos que incorporem benefícios econômicos
para liquidar a obrigação, ou não pode ser feita uma estimativa
suficientemente confiável do valor da obrigação).

As perdas contingentes não devem ser reconhecidas em


demonstrações financeiras, mas divulgadas numa nota
explicativa, caso a probabilidade de ocorrência do evento
futuro seja apenas razoável.

www.esab.edu.br 100
Nenhuma referência precisará ser feita à contingência se for
julgado que a probabilidade de sua ocorrência é remota.

Para passivo contingente deve-se divulgar os seguintes itens:

• Breve descrição de sua natureza;

• Quando aplicável:

• Estimativa do seu efeito financeiro;

• Incerteza relacionada ao valor ou momento de ocorrência


de qualquer saída;

• Possibilidade de qualquer reembolso (advindo da outra


parte, correspondente aos desembolsos necessários para
liquidar uma provisão).

Portanto, quando um item não atender aos critérios de


reconhecimento de passivos, mas for possível sua ocorrência
(e não provável) será um passivo contingente.

Veja o esquema abaixo quanto ao reconhecimento de passivo:

Figura 12 - Reconhecimento de Provisões

Fonte: Elaborado pela autora.

www.esab.edu.br 101
Analise o caso a seguir e responda: de acordo
com a NBC TG 25 – Provisões, Passivos
Contingentes e Ativos Contingentes, informe esse
ativo deve ou não ser reconhecido contabilmente?

A Cia. Ar Puro S.A. tem investido maciçamente,


nos últimos anos, em tecnologias capazes de
reduzir os impactos ambientais provocados por
suas atividades e, por conta disso, tem buscado
melhorar sua imagem perante a sociedade. Em
reunião dos executivos da companhia, foi
discutida a eficácia dessas medidas e analisado
o impacto financeiro positivo que a empresa tem
conquistado devido às políticas de preservação
ambiental. Tal conquista levou os executivos a
discutirem a respeito de se reconhecer o valor da
marca, visto que a imagem da cia. tem levado a
um crescimento econômico favorável. Os executivos
da Ar Puro resolveram consultar o contador para
indagar a respeito da possibilidade de se
reconhecer o valor da marca como um ativo
intangível.

www.esab.edu.br 102
Olá estudante, bem-vindo à nossa vigésima segunda unidade,
estamos caminhando para a reta final de nosso material. E
espero que esteja conseguindo acompanhar tudo até aqui!

Bem, quando as empresas possuem investimentos societários


no exterior, como filiais, coligadas ou controladas, seus
resultados são afetados pelas mudanças na taxa de câmbio.
Na verdade, o correto seria falar em Investimentos cuja moeda
funcional seja diferente da moeda funcional da investidora.

Conforme o CPC 2 – Efeito das Mudanças nas Taxas de


Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis, a moeda
funcional a moeda do ambiente econômico principal no qual a
entidade opera e servirá como parâmetro para os
procedimentos de mensuração das transações e eventos
econômicos da entidade.

A moeda funcional será aquela:

• Que mais fortemente influencia os preços dos bens ou


serviços;

• Do país cujas forças competitivas e reguladoras


influenciam a estrutura de precificação da empresa;

• Que influencia os custos e despesas da empresa;

• Na qual os fundos (financeiros) são gerados;

www.esab.edu.br 103
• Na qual os recebimentos das atividades operacionais são
obtidos.

Além disso, o CPC 2 destaca os seguintes conceitos:

• Taxa de fechamento é a taxa de câmbio à vista


vigente ao término do período de reporte;

• Variação cambial é a diferença resultante da conversão


de um número específico de unidades em uma moeda
para outra moeda, a diferentes taxas cambiais;

• Taxa de câmbio é a relação de troca entre duas moedas;

• Moeda estrangeira é qualquer moeda diferente da


moeda funcional da entidade;

• Taxa de câmbio à vista é a taxa de câmbio normalmente


utilizada para liquidação imediata das operações de
câmbio.

Para proceder à conversão das demonstrações contábeis as


etapas a serem seguidas são as seguintes:

(1) a investidora deverá verificar se os investimentos se


enquadram naqueles avaliados pelos MEP;

(2) elaborar as demonstrações contábeis da investida na


moeda funcional da mesma, porém com base nas normas e
procedimentos adotados pela investidora;

(3) Efetuar a conversão das demonstrações contábeis para a


moeda funcional da investidora;

(4) Reconhecer o resultado da investida pelo MEP;

(5) Reconhecer os ganhos ou perdas cambiais no


investimento em uma conta específica no PL;

www.esab.edu.br 104
(6) Caso seja um investimento em controlada, a investidora
deverá efetuar a consolidação.

Quadro 9 - Balanço Patrimonial x Taxa de Câmbio

Balanço Patrimonial

Passivo

Ativo
(Taxa de fechamento)

(Taxa de
Patrimônio Líquido
fechamento)

(Taxa histórica)

Fonte: Elaborado pela autora.

O item 39 do CPC 2 infere que a posição financeira da


entidade, bem como seus resultados, cuja moeda funcional
não é moeda de economia hiperinflacionária, devem ser
convertidos para moeda de apresentação diferente,
considerando-se os seguintes procedimentos:

(a) ativos e passivos para cada balanço patrimonial


apresentado (incluindo os balanços comparativos) devem ser
convertidos, utilizando-se a taxa de câmbio de fechamento na
data do respectivo balanço;

(b) receitas e despesas para cada demonstração do resultado


abrangente ou demonstração do resultado apresentada
(incluindo as demonstrações comparativas) devem ser
convertidas pelas taxas de câmbio vigentes nas datas de
ocorrência das transações; e

(c) todas as variações cambiais resultantes devem ser


reconhecidas em outros resultados abrangentes.

www.esab.edu.br 105
Para saber mais sobre o CPC 2 - Efeitos das
Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão
de Demonstrações Contábeis assista no link
abaixo um vídeo do Prof. Mario Jorge,
disponível no link: https://www.youtube.com/
watch?v=wun5eSnMJ6I

www.esab.edu.br 106
Olá estudante, com a internacionalização das normas contábeis
surgiu a necessidade de se apresentarem demonstrações
financeiras com informações mais condizentes com a
realidade das empresas, dado o enfoque na transparência.
Nesse contexto, o CPC 1 – Redução ao Valor Recuperável de
Ativos estabelece procedimentos a fim de orientar a realizar a
realização de teste de recuperabilidade de ativos, também
conhecido como teste de impairment.

O teste de impairment tem como objetivo assegurar que os


valores registrados para um ativo não excedam a sua
recuperabilidade. Isso significa que, ao sinal de que um ativo
esteja superavaliado no balanço patrimonial, é necessário
proceder a esse teste e verificar deve haver uma redução
nesse valor ou não.

Antes de apresentar algumas metodologias para realização do


teste de recuperabilidade de ativos, vamos entender alguns
conceitos importantes que o CPC 1 traz:

• Valor contábil é o montante pelo qual o ativo está


reconhecido no balanço depois da dedução de toda
respectiva depreciação, amortização ou exaustão
acumulada e outros ajustes para perdas.

• Ativos corporativos são ativos, exceto ágio por


expectativa de rentabilidade futura (goodwill), que
contribuem, mesmo que de forma indireta, para os

www.esab.edu.br 107
fluxos de caixa futuros tanto da unidade geradora de
caixa sob revisão quanto de outras unidades geradoras de
caixa.

• Valor justo é o preço que seria recebido pela venda de


um ativo ou que seria pago pela transferência de um
passivo em uma transação não forçada entre
participantes do mercado na data de sua mensuração.

• Perda por desvalorização é o montante pelo qual o


valor contábil de um ativo ou de unidade geradora de
caixa excede seu valor recuperável.

• Valor recuperável de um ativo é o maior montante


entre o seu valor justo líquido de despesa de venda e o
seu valor em uso.

• Valor em uso é o valor presente de fluxos de caixa


futuros esperados de um ativo ou de unidade geradora
de caixa.

A metodologia do teste de impairment consiste em:

(1) Estabelecer o valor justo do ativo (geralmente feito com a


emissão de um Laudo de Avaliação a Valor de Mercado);

(2) Calcular o valor em uso do ativo (para isso é necessário


encontrar o Valor Presente Líquido, fundamentado no Fluxo de
Caixa Descontado);

(3) Identificar o maior montante entre o valor justo e o valor


em uso (valor recuperável);

(4) Comparar o valor recuperável com o valor contábil: se o


valor contábil for maior que o valor recuperável deve-se
reconhecer uma perda, caso contrário, a empresa não
reconhece nada.

www.esab.edu.br 108
Para avaliar se há indicação de que um ativo possa ter sofrido
desvalorização, a entidade deve considerar, no mínimo:

i) Fontes externas de informação: indicações observáveis de


que o valor do ativo diminuiu significativamente durante o
período, mudanças significativas com efeito adverso sobre a
entidade ocorreram durante o período;

ii) Fontes internas de informação: evidência de obsolescência


ou de dano físico de um ativo, evidência disponível,
proveniente de relatório interno, que indique que o
desempenho econômico de um ativo é ou será pior que o
esperado.

Para saber mais sobre Teste de


Recuperabilidade de Ativos, leia o texto “Teste
de Recuperabilidade de Ativos com o CPC 01:
entenda o impairment” do Prof. Felipe Pontes.

O texto disponível em: https://tradersclub.com.br/


tc-school/contabilidade-financeira/teste-de-recuperabilidade-
de-ativos-com-o-cpc-01-entenda-o-impairment/

www.esab.edu.br 109
Olá estudante, nessa unidade 24 vamos tratar do teste de
recuperabilidade de ativos, e nada melhor do que ver casos
concretos e exemplos para tratarmos do assunto. Vamos lá!

Suponha que a empresa Respira Fundo S/A tenha dois


veículos em seu ativo imobilizado registrados pelo valor de
R$ 36.000 e R$ 27.000 em 01/01/2018, respectivamente.

Em 31/12/2018, diante de um indicativo de perda, a entidade


decidiu proceder aos testes de recuperabilidade dos veículos
que lhe proporcionaram as seguintes informações:

Veículo 1:

Valor líquido de venda (valor justo) R$ 38.000


Valor em uso R$ 32.000

Veículo 2:

Valor líquido de venda (valor justo) R$ 23.500


Valor em uso R$ 21.200

Como devemos proceder para identificar se há ou não perda a


ser reconhecida nesse caso? Vamos analisar cada veículo
separadamente:

Veículo 1:

(1) Estabelecer o valor justo do ativo: R$ 38.000.

www.esab.edu.br 110
(2) Calcular o valor em uso do ativo: R$ 32.000.

(3) Identificar o valor recuperável (maior entre os dois):


R$ 38.000.

(4) Comparar o valor recuperável com o valor contábil:

Valor contábil: R$ 36.000;

Valor recuperável: R$ 38.000.


Nesse caso, o valor contábil é menor que o
valor recuperável, isso significa que o valor
registrado em balanço não está superavaliado
e não excede a sua recuperabilidade, logo,
não devemos reconhecer uma perda.

Veículo 2:

(1) Estabelecer o valor justo do ativo: R$ 23.500.

(2) Calcular o valor em uso do ativo: R$ 21.200.

(3) Identificar o valor recuperável (maior entre os dois):


R$ 23.500.

(4) Comparar o valor recuperável com o valor contábil:

Valor contábil: R$ 27.000;

Valor recuperável: R$ 23.500.


Nesse caso, o valor contábil é maior que o
valor recuperável. Isso significa que o valor
registrado em balanço está superavaliado e
excede a sua recuperabilidade em R$ 3.500,
logo, devemos reconhecer uma perda nesse
valor.

No caso do veículo 2, como a empresa Respira Funda S/A


deverá reconhecer uma perda, o lançamento contábil
pertinente a esse evento seria o seguinte:

www.esab.edu.br 111
Perda Ajuste Valor Recuperável
D
(Resultado)
3.500
Ajuste Valor Recuperável (Redutora de
C
Ativo)

A entidade deve avaliar ao fim de cada período de reporte se


há alguma indicação de que um ativo possa ter sofrido
desvalorização. De acordo com o CPC 1, a empresa deve
avaliar as seguintes indicações ao considerar um indicativo de
perda:

(a) o valor do ativo diminuiu significativamente durante o


período, mais do que seria de se esperar como resultado da
passagem do tempo ou do uso normal;

(b) mudanças significativas com efeito adverso sobre a


entidade ocorreram durante o período, ou ocorrerão em futuro
próximo, no que diz respeito à tecnologia, mercado, economia ou
legislação;

(c) as taxas de juros de mercado ou outras taxas de


mercado de retorno sobre investimentos aumentaram
durante o período, e esses aumentos devem afetar a taxa de
desconto utilizada no cálculo do valor em uso de um ativo e
podem diminuir materialmente o valor recuperável do ativo;

(d) o valor contábil do patrimônio líquido da entidade é maior


do que o valor de suas ações no mercado;

(e) evidência de obsolescência ou de dano físico de um ativo;

(f) mudanças significativas como um ativo que se torna


inativo ou ocioso, planos para descontinuidade ou
reestruturação da operação à qual um ativo pertence, planos
para baixa de ativo antes da data anteriormente esperada e
reavaliação da vida útil de ativo;

www.esab.edu.br 112
(g) evidência, proveniente de relatório interno, que indique
que o desempenho econômico de um ativo é ou será pior
que o esperado.

Suponha que a empresa Águia Dourada S.A.


possuía, em 31/12/2018, em seu ativo
imobilizado, um imóvel com as seguintes
informações, após o reconhecimento da
despesa de depreciação para o ano de 2018:

− Custo de aquisição.......................1.500.000,00

− Depreciação acumulada.................550.000,00

− Perda por impairment......................250.000,00

Nesta mesma data (31/12/2018), a empresa


vendeu este imóvel por 600.000,00 à vista. O
resultado obtido com a venda representou
lucro ou prejuízo? De qual valor?

Com base nesse exemplo, reflita no impacto do


teste de impairment no resultado da entidade e
na importância de se apresentar informações
contábeis mais consistentes e próximas da
realidade.

www.esab.edu.br 113
Olá estudante! Chegamos à nossa unidade 25! Vamos ao
conteúdo!

Com o advento da adoção dos padrões contábeis


internacionais, a primazia da essência sobre a forma
passou a ser valorizada na prática profissional do contador.
Isso significa que, para uma informação apresentar
adequadamente a realidade econômica em que está inserida,
deve-se sobrepor o conteúdo da transação analisada e não
apenas a sua forma jurídica.

Como a ideia das IFRS é gerar informações úteis e fidedignas


para tomada de decisão dos usuários, retratar a realidade de
forma substancial é de extrema importância para preconizar a
transparência nos relatórios gerados. Sendo assim, a figura do
contador é dotada de cada vez mais responsabilidade e suas
decisões cada vez mais marcadas pela subjetividade.

E um dos exemplos mais recorrentes quando se fala de


essência sobre a forma é o contrato de arrendamento. De
acordo com o CPC 6 – Arrendamentos, o arrendamento é o
“contrato, ou parte do contrato, que transfere o direito de usar
um ativo (ativo subjacente) por um período de tempo em
troca de contraprestação”.

Juridicamente essa transação assemelha-se a um contrato de


aluguel, visto que, não todos os casos, o arrendatário pode ter a
posse do bem arrendado. Todavia, por exercer o controle do

www.esab.edu.br 114
bem arrendado, o CPC 6 orienta o seu reconhecimento como
ativo. Ou seja, a forma pode não conceder a posse legal,
porém a essência indica ser um ativo.

No item 22 da referida norma é destacado que, na data de


início, o arrendatário deve reconhecer o ativo de direito de
uso e o passivo de arrendamento.

Vejamos o seguinte exemplo:

· Em 31/12/2018, a empresa Alegria Ltda. adquiriu um


caminhão por meio de um contrato de arrendamento, para ser
pago em 6 parcelas anuais e consecutivas no valor de R$
100.000,00 cada, vencendo a primeira em 31/12/2019,
totalizando o montante de R$ 600.000,00. Sabe-se que:

i) o valor presente das prestações, na data de início do


contrato, era R$ 477.000,00.

ii) O valor justo a ser pago seria de R$ 490.000,00.

Conforme determina o CPC06, o reconhecimento inicial a ser


adotado deve ser o menor valor entre o valor justo e o valor
presente, portanto, a empresa deve adotar o valor presente.
Nesse caso, a contabilização inicial seria:

D Ativo Imobilizado 477.000

C Arrendamento a Pagar 600.000

Juros a Transcorrer (Retificadora de


D 123.000
Passivo)

O item 5 do CPC 6 apresenta que o arrendatário pode se


isentar de reconhecer o arrendamento como ativo em casos
que:

(a) os arrendamentos forem de curto prazo; e

www.esab.edu.br 115
(b) arrendamentos para os quais o ativo subjacente for de
baixo valor.

Além disso, o CPC 6 destaca que, para o arrendador, os


arrendamentos devem ser classificados da seguinte forma:

i) arrendamento financeiro se transferir substancialmente


todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade do ativo
subjacente;

ii) arrendamento operacional se não transferir substancialmente


todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade do ativo
subjacente.

Leia o texto a seguir e reflita acerca do


tratamento contábil conferido a ativos
arrendados.

Arrendamento e aluguel: aprenda o que são esses conceitos

O mercado imobiliário é repleto de opções e cada uma delas


tem suas particularidades. Conhecê-las é fundamental para
garantir a realização de um bom negócio e evitar problemas
futuros, seja na locação ou na aquisição de um imóvel. Por
falar nisso, você consegue identificar a diferença entre
arrendamento e aluguel?

O segundo pode ser uma ótima opção para quem deseja


adquirir um imóvel. Mas você sabe como funciona esse tipo de
contrato?

O arrendamento é um negócio jurídico que tem como objeto a


cessão do uso de determinado bem, mediante o pagamento
de uma contraprestação, que pode ser mensal ou não —
dependerá da forma de pagamento estipulada.

www.esab.edu.br 116
Durante o período de vigência, o arrendatário fica responsável
pela conservação do objeto arrendado, respondendo, inclusive,
por eventuais danos causados.

Assim como o arrendamento, o aluguel consiste na cessão dos


direitos de uso e gozo de determinado bem, em troca de uma
contraprestação, normalmente, valores monetários. Segundo a
Lei do Inquilinato, cabe ao locatário a conservação do objeto
alugado, bem como o pagamento de todas as despesas
ordinárias decorrentes de seu uso, por exemplo, luz, água etc.

Certamente, você percebeu que os conceitos são muitos


parecidos, afinal, ambos se destinam à cessão do direito de
uso. No entanto, arrendamento não se confunde com locação.
Cada um tem suas particularidades.

A principal diferença entre eles reside na possibilidade de


aquisição do objeto do contrato. Ao contrário da locação, o
arrendamento faculta ao contratante a possibilidade de
adquirir o bem, ao término do período de vigência do
documento, levando em consideração o valor pago durante o
período de uso do bem.

Assim, sempre que um contrato estiver chegando ao fim, o


arrendador tem o dever de facultar ao atual proprietário a
aquisição do objeto. Se esse tiver interesse, o valor pago pelo
uso deverá ser descontado do preço final, na forma prevista no
acordo.

Já os contratos de locação não contam com essa


possibilidade. Desse modo, se o proprietário quiser vender o
bem e o locatário tiver interesse, ele terá apenas direito de
preferência na aquisição. Nesse caso, será realizado um novo
negócio jurídico e os valores pagos a título de aluguel não
serão computados no valor final da coisa.

www.esab.edu.br 117
Em regra, a locação tem como objeto um bem imóvel ou
móvel, por exemplo, veículos automotores. Em contrapartida,
muitas coisas podem ser arrendadas. Por isso, existem diversos
tipos de arrendamento, cada um deles com regras específicas.
Veja os mais comuns:

comercial: o bem é um imóvel destinado ao exercício de


atividades comerciais;

urbano: há concessão do direito de uso de um prédio urbano


ou de apenas parte dele, por exemplo, alguma unidade
autônoma ou andar específico;

rural: o objeto é uma propriedade rural que deve ser utilizada


para exploração pecuária ou agrícola;

royalty: tem como objeto a cessão do direito de exploração de


patentes — é comum nos casos em que o inventor não dispõe
de recursos para comercializar sua criação;

mercantil (leasing): uma instituição financeira ou sociedade


mercantil compra um bem e cede o direito de uso a terceiros,
em troca do recebimento de uma quantia monetária. É muito
comum na aquisição de veículos e maquinário para empresas.

Vale lembrar que cada modalidade de arrendamento tem suas


particularidades e regras legais específicas. O mesmo vale
para os contratos de locação. Para evitar dores de cabeça, é
fundamental conhecer a legislação e ficar atento às cláusulas
contratuais.

(DOMINGUES, Donald Donadio. Arrendamento e aluguel:


aprenda o que são esses conceitos. DDAdvovogados.
01/04/2019. Adaptado.)

www.esab.edu.br 118
Olá estudante! Os conceitos de ativos biológicos e produtos
agrícolas é bastante importante para nós, tendo em vista que o
Brasil é um país cuja atividade rural e agrícola é bastante
preponderante, o que faz com que a adoção de aspectos
contábeis específicos seja necessária, ao passo que é também
desafiadora.

De acordo com Marion (2010), a atividade no campo pode ser


dividida em três categorias: Produção vegetal – atividade
agrícola; Produção animal – atividade zootécnica; Indústrias
rurais – atividade agroindustrial.

· Atividade Agrícola (reino vegetal):

Silvicultura (florestas naturais – extração ou apanha; madeiras;


florestas cultivadas – pinus, eucalipto, cacau etc.);

Fruticultura (arbórea – cajueiro, mangueira, etc.; trepadeira –


videira, maracujazeiro, etc.;

Arbustiva – gravioleira, amoreira etc.; herbácea – abacaxizeiro,


bananeira etc.)

Olericultura (beterraba, cenoura, couve, ervilha, pimentão,


repolho, mandioca, tomate etc)

Culturas de cereais (trigo, arroz, feijão etc.);

Culturas de forrageiras (capim elefante, alfafa, algaroba, etc.);

www.esab.edu.br 119
Floricultura; culturas fibráceas (algodão, sisal, etc.);

Outras culturas (café, cana de açúcar).

· Atividade Zootécnica (criação de animais - reino animal):

Apicultura;

Avicultura;

Pecuária;

Piscicultura;

Ranicultura; etc.

· Atividade Agroindustrial:

Beneficiamento do produto agrícola (arroz, café, milho, etc.);

Transformação de produtos agrícolas (cana de açúcar em


álcool e aguardente; uva em vinho e vinagre; soja em óleo,
etc.); e

Transformação de produtos pecuários (leite, mel etc.).

Por apresentar peculiaridades, a atividade rural exige


tratamentos contábeis específicos. Numa atividade zootécnica,
por exemplo, deve-se considerar:

· estoque de animais: devem ser mensurados de acordo


com a idade e com a qualidade;

· nascimentos de animais: são avaliados a partir da divisão


dos custos acumulados pela quantidade de animais nascidos;

· custos de animais: encontram-se atrelados ao valor


histórico ou valor justo, uma vez que variam de acordo com a
fase de desenvolvimento do animal.

O CPC 29 – Ativos Biológicos e Produtos Agrícolas tem como


objetivo estabelecer o tratamento contábil desse tipo de atividade.

www.esab.edu.br 120
A norma traz as seguintes definições:

· Ativo Biológico: um animal e/ou uma planta, vivos.

· Produção Agrícola: produto colhido de ativo biológico da


entidade.

· Transformação Biológica: compreende o processo de


crescimento, degeneração, produção e procriação que causam
mudanças qualitativa e quantitativa no ativo biológico.

· Plantas Portadoras: planta viva que:

(a) é utilizada na produção ou no fornecimento de produtos


agrícolas;

(b) é cultivada para produzir frutos por mais de um período; e

(c) tem uma probabilidade remota de ser vendida como produto


agrícola, exceto para eventual venda como sucata.

· Despesa de venda: são despesas incrementais


diretamente atribuíveis à venda de ativo, exceto despesas
financeiras e tributos sobre o lucro.

Veja os exemplos a seguir:

· Em uma empresa que cria gado de leite, esse gado


será classificado como ativo biológico. O leite será o produto
agrícola e o queijo será tratado como produto resultante do
processamento após colheita.

· Numa entidade onde planta-se algodão, essa plantação


será reconhecida como ativo biológico e o algodão colhido
como produto agrícola. O produto resultante do processamento
após colheita será o fio de algodão e a roupa produzida.

www.esab.edu.br 121
Para saber mais sobre Ativos Biológicos e
Produtos Agrícolas, leia o texto “Ativos
Biológicos: reconhecimento, mensuração,
divulgação e impacto para os investidores” do
Prof. Felipe Pontes, que está disponível em:
https://tradersclub.com.br/tc-school/contabilidade-
financeira/ativos-biologicos-reconhecimento-mensuracao-
divulgacao-e-impacto-para-os-investidores/

Boa leitura!

Tendo dúvidas, contate seu Tutor, ele está a sua disposição.

www.esab.edu.br 122
Nesta seção você aprendeu os conceitos de provisões e
passivos contingentes, bem como a maneira como esses itens
devem ser reconhecidos, ou não no caso dos passivos
contingentes, pela contabilidade.

Você ainda aprendeu que, quando as empresas possuem


investimentos em companhias fora do país, elas precisam
converter suas demonstrações contábeis de modo a
apresentar informações mais adequadas à realidade,
conforme o CPC 2 orienta.

Além disso, foi possível aprender também nesta seção que,


com a adoção das normas internacionais, as empresas são
obrigadas a proceder com o teste de recuperabilidade de
ativos para os casos em que estes encontram-se superavaliados.

Você viu que, com a primazia da essência sobre a forma é


possível classificar bens adquiridos por meio de contrato de
arrendamento como ativos e aprendeu o conceito de ativo
biológico e produto agrícola.

www.esab.edu.br 123
SEÇÃO 5 – BALANÇO SOCIAL

www.esab.edu.br 124
Olá estudante, você se lembra do acidente ocorrido em
janeiro de 2019 após o rompimento da barragem em
Brumadinho (MG) envolvendo a empresa Vale S/A? Uma
tragédia sem precedentes que sensibilizou muitos brasileiros e
que, até hoje, conseguimos lembrar com pesar.

Infelizmente, esse não foi o primeiro acidente com proporções


de desastre ambiental, tendo uma empresa como protagonista,
ocorrido no Brasil, e tampouco no mundo. Nos últimos anos
tivemos notícias de diversos acidentes ambientais como
derramamento de óleo, contaminação do solo por resíduos
tóxicos, incêndios florestais, poluição atmosférica, dentre outros
tipos envolvendo grandes empresas.

Buscando acompanhar esse cenário, a contabilidade tem se


posicionado como instrumento para atender as necessidades
de todos os usuários e procura também gerar informações
capazes de evidenciar a real situação de companhias que
desenvolvem atividades capazes de causar impactos
ambientais.

De acordo com Ferreira (2006) a Contabilidade Ambiental


não é diferente da contabilidade propriamente dita nem se
configura como uma nova ciência. A Contabilidade Ambiental
estuda o patrimônio, contudo com as obrigações sendo
direcionadas para a empresa e para a preservação do meio
ambiente, como uma grande valia na tomada de decisões nas
organizações.

www.esab.edu.br 125
Quadro 10 - Definições Contabilidade Ambiental

Conjunto de bens e direitos que tem a


capacidade de gerar benefícios
Ativo ambiental econômicos em períodos futuros,
visando à preservação, proteção e
recuperação ambiental.

Os benefícios econômicos ou os
resultados que serão sacrificados em
razão da necessidade de preservar,
proteger e recuperar o meio ambiente,
Passivo ambiental de modo a permitir a compatibilidade
entre este e o desenvolvimento
econômico, ou em decorrência de uma
conduta inadequada em relação a estas
questões.

Gasto envolvido com o gerenciamento


Despesa ambiental ambiental, consumidos no período e
incorridos na área administrativa.

Compreende todo aquele relacionado,


Custo ambiental direta ou indiretamente, com a
proteção do meio ambiente.

www.esab.edu.br 126
Proveniente de venda de produtos
elaborados de sobras de insumos do
processo produtivo; venda de produtos
reciclados; receita de aproveitamento
de gases e calor; redução do consumo
de matérias-primas; redução do
consumo de energia; redução do
consumo de água; participação no
Receita ambiental
faturamento total da empresa com o
reconhecimento de sua responsabilidade
com o meio ambiente, e até mesmo o
ganho de mercado que a empresa
adquire no momento de reconhecimento
da opinião pública sobre sua política
preservacionista, dando preferência a
seus produtos.

Gasto que não proporciona benefícios


para as empresas. Pode ser classificado
como normal ou anormal, sendo o
Perda ambiental primeiro definido como aqueles gastos
aceitáveis, que são previsíveis e já os
anormais, são os que acontecem
inesperadamente e de volume relevante.

Lucro apurado que não causou nenhum


Lucro ambiental
dano ambiental.

Fonte: Ferreira (2006).

Apesar de haver muitos estudiosos sobre o tema no Brasil e


no mundo, a Contabilidade Ambiental ainda encontra diversos
desafios quanto a prática no dia a dia das empresas, que
muitas vezes é voltada para maximização de resultados e
desenvolvimento acelerado.

www.esab.edu.br 127
Bergamini Júnior (1999, p.4) enumera alguns fatores que
dificultam o processo de implementação da contabilidade
ambiental:

• Ausência de definição clara de custos ambientais;

• Dificuldade em calcular um passivo ambiental efetivo;

• Problema em determinar a existência de uma obrigação


no futuro por conta de custos passados;

• Falta de clareza no tratamento a ser dado a


determinados ativos, como por exemplo no caso de
uma usina nuclear;

• Pouca transparência com relação aos danos provocados


pela empresa em seus ativos próprios, dentre outros.

Apesar de todas as dificuldades, algumas empresas entendem a


importância de evidenciar informações de cunho ambiental,
até mesmo sob o ponto de vista da imagem que será
passada para a sociedade e para os seus investidores, e
realizam o disclosure voluntário dessas informações.

Leia o texto “Vale busca ‘virar a página’ da tragédia


de Brumadinho a um custo mais alto e ação cai 4%
após balanço”, cujo link segue indicado a seguir:

https://www.infomoney.com.br/mercados/vale-busca-virar-
a-pagina-da-tragedia-de-brumadinho-a-um-custo-mais-
alto-e-acao-cai-4-apos-balanco/

Após a leitura deste texto, poderá compreender melhor


os impactos financeiros do rompimento da barragem de
Brumadinho (MG) na Vale S/A. Depois disso, pense um
pouco, será que toda empresa responsabilizada por
uma tragédia tem impactos financeiros? Que tal
pesquisar um pouco sobre isso.

www.esab.edu.br 128
Olá estudante, você já ouviu falar de balanço social? Já viu
algum balanço social sendo publicado? Bem, esse é o
assunto desta unidade. Vamos lá!

O Balanço Social é um instrumento de gestão que pode ser


visto como um auxiliar na relação de qualidade entre as
empresas e seus usuários, principalmente aqueles que são
cruciais para o seu desenvolvimento.

Entretanto, engana-se quem ouve o termo Balanço Social e o


associa apenas com os funcionários de uma organização. O
meio ambiente também tem sido fator de grande mobilização
social nos últimos tempos e consiste em informação a ser
destacada pelo Balanço Social.

A França foi o primeiro país do mundo a implantar o Balanço


Social com a Lei nº 77.769 de 12 de julho de 1977, a qual
também é conhecida como Rapport Sudreau. Na época seu
enfoque era reconhecer a importância dos empregados como
usuários da informação contábil e publicava gastos com
remuneração, encargos, benefícios e formação.

Gelbke et al. (2012) afirmam que o Balanço Social representa


uma prestação de contas à sociedade pelo uso do patrimônio
público, cujo objetivo é demonstrar o grau de responsabilidade
social assumido pela empresa no usufruto dos recursos
naturais, humanos e dos benefícios da sociedade em que atua.

www.esab.edu.br 129
De acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis,
Atuariais e Financeiras (Fipecafi, 2000, p.31), existem quatro
vertentes no Balanço Social que, resumidamente, são:

Balanço Ambiental: reflete a postura da empresa em relação


aos recursos naturais, segundo os gastos com preservação,
proteção e recuperação, os investimentos voltados à área
ambiental e os passivos ambientais;

Balanço de Recursos Humanos: visa evidenciar o perfil da


força de trabalho, a remuneração e os benefícios concedidos, os
gastos com treinamento e os gastos em benefícios à sociedade
circunvizinha;

Benefícios e Contribuições à Sociedade em Geral:


evidencia o que a empresa faz em termos de benefícios
sociais, como contribuições a entidades assistenciais e
filantrópicas, preservação de bens culturais, educação de
necessitados etc;

Demonstração do Valor Adicionado: objetiva evidenciar a


contribuição da empresa para o desenvolvimento econômico-
social da região em que está instalada, discriminando o que a
empresa agrega de riqueza à economia local e, em seguida, a
forma como distribui tal riqueza.

Importante frisar que, embora tenha balanço no nome, o


Balanço Social não tem nada a ver com o Balanço Patrimonial!

Balanço Patrimonial demonstra a posição financeira de uma


empresa em determinado período e é uma demonstração
contábil cuja publicação é obrigatória pela Lei das S/As. Já o
Balanço Social presta contas à sociedade da gestão
econômica e social de uma empresa focando no
relacionamento da entidade com a comunidade.

www.esab.edu.br 130
Veja o relatório anual da Natura S/A e busque
informações que demonstrem como a
companhia evidencia os impactos sociais e
ambientais das suas atividades:

Link:https://static.rede.natura.net/html/home/2019/
agosto/relatorio_anual_natura_2018.pdf

www.esab.edu.br 131
Olá! Vamos à nossa penúltima aula! Bem, em meio a esse
cenário de busca por relacionar as atividades empresariais à
preocupação com a sociedade e ao meio ambiente, a
contabilidade tem apresentado alguns instrumentos capazes
de gerar informações com o intuito de auxiliar a tomada de
decisão nesse sentido.

A Demonstração do Valor Adicionado – DVA, parte


integrante do Balanço Social, tem como objetivo demonstrar
de que forma as empresas geram riqueza e como elas a
distribuem.

A DVA mostra como a entidade utiliza os recursos que tem


em seu controle, os fatores de produção, comparando valores
de entrada e saída e evidencia quanto dessa riqueza gerada
foi distribuída para os empregados, o governo, os
financiadores e acionistas, além da parcela gerada para a
própria entidade.

Essa demonstração passou a ser obrigatória para todas as


sociedades de capital aberto desde a promulgação da Lei nº
11.638/07.

De acordo com o CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado,


sua estrutura deve admitir o seguinte modelo:

www.esab.edu.br 132
Quadro 11 - Estrutura Demonstração do Valor Adicionado
Em Em
milhares milhares
DESCRIÇÃO
de reais de reais
20x1 20x0
1 – RECEITAS    
1.1) Vendas de mercadorias, produtos e
   
serviços
1.2) Outras receitas    

1.3) Receitas relativas à construção de ativos


   
próprios
1.4) Provisão para créditos de liquidação
   
duvidosa – Reversão / (Constituição)
2 - INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS    

(inclui os valores dos impostos – ICMS, IPI, PIS


   
e COFINS)

2.1) Custos dos produtos, das mercadorias e


   
dos serviços vendidos
2.2) Materiais, energia, serviços de terceiros e
   
outros
2.3) Perda / Recuperação de valores ativos    
2.4) Outras (especificar)    

3 - VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)    


4 - DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E
   
EXAUSTÃO
5 - VALOR ADICIONADO LÍQUIDO
   
PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4)
6 - VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM
   
TRANSFERÊNCIA
6.1) Resultado de equivalência patrimonial    

www.esab.edu.br 133
6.2) Receitas financeiras    

6.3) Outras    

7 - VALOR ADICIONADO TOTAL A


   
DISTRIBUIR (5+6)
8 - DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO
   
(*)
8.1) Pessoal    
8.1.1 – Remuneração direta    
8.1.2 – Benefícios    
8.1.3 – F.G.T.S    
8.2) Impostos, taxas e contribuições    
8.2.1 – Federais    
8.2.2 – Estaduais    
8.2.3 – Municipais    
8.3) Remuneração de capitais de terceiros    
8.3.1 – Juros    
8.3.2 – Aluguéis    
8.3.3 – Outras    
8.4) Remuneração de Capitais Próprios    
8.4.1 – Juros sobre o Capital Próprio    
8.4.2 – Dividendos    
8.4.3 – Lucros retidos / Prejuízo do exercício    

8.4.4 – Participação dos não-controladores


   
nos lucros retidos (só p/ consolidação)

(*) O total do item 8 deve ser exatamente


igual ao item 7.

Fonte: CPC 09 - Demonstração do Valor Adicionado.

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Para saber mais sobre o CPC 9 –
Demonstração do Valor Adicionado, leia o
texto “Demonstração do valor adicionado:
como a riqueza é distribuída?” do Prof. Felipe
Pontes disponível no link a seguir:

Link: https://tradersclub.com.br/tc-school/
contabilidade-financeira/demonstracao-do-valor-
adicionado-como-a-riqueza-e-distribuida/

www.esab.edu.br 135
Olá! Bem-vindo à nossa última unidade! Como vimos na
unidade 28, a empresa pode ser vista como uma instituição
social e é sobre essa premissa que se baseia a
Responsabilidade Social Corporativa.

De acordo com Carrol (1999), as empresas costumam ter


seus objetivos estruturados em componentes econômicos e
jurídicos, onde as entidades buscam maximizar seus resultados
(componente econômico) e atender as regulações federais e
estaduais a que está sujeita (componente jurídico). No entanto,
sob a ótica da RSC, a empresa deve se preocupar também
com o social, aliando aos seus demais objetivos.

A RSC surgiu num contexto de crise econômica, entre 1930


e 1950, com a prerrogativa de legitimar o liberalismo e sistema
privado de livre iniciativa (BOWEN, 1953).

A ideia da RSC é que os negócios sejam julgados não


apenas pelo retorno dos investimentos, mas em função da
contribuição ao bem-estar coletivo. Os benefícios do
mecanismo da RSC podem ser assim classificados:

● Benefícios internos da RSC:

- Motivação dos empregados.

- Aumento de produtividade.

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- Redução do absenteísmo e da rotatividade.

- Descoberta de novas habilidades e lideranças.

- Facilidade para recrutar novos valores profissionais.

● Benefícios externos da RSC:

- Aumento das vendas.

- Fortalecimento da imagem da empresa.

- Valorização da marca e fidelização de clientes.

O papel da empresa sempre foi de produzir bens e serviços


que os consumidores precisavam e queriam, cobrar um lucro
aceitável no processo. Em dado momento, a ideia e noção do
lucro máximo, e a motivação de atingir este objetivo tem sido
de grande valia desde então.

Todavia, as empresas estão inseridas em uma sociedade que


exige, muitas vezes, uma atuação ética e responsável, que
demonstre preocupação com valores morais e, sobretudo,
com o meio ambiente.

Algumas práticas que podem ser consideradas socialmente


responsáveis são:

● redução de impactos ambientais;

● ações de voluntariado;

● transparência nas informações e atividades da empresa;

● apoio a instituições sociais;

www.esab.edu.br 137
● investimento na qualidade do ambiente de trabalho dos
colaboradores;

● relacionamento com o consumidor etc.

Leia o texto a seguir e reflita: você acredita


que investimentos em RSC amenizam os
impactos negativos causados por determinadas
atividades empresariais?

Responsabilidade Social Empresarial promove mudanças


na sociedade e agrega valor a marcas

As questões que compõem o conceito de Responsabilidade


Social Empresarial (RSE) ou Corporativa (RSC) surgiram em
meados da década de 1970, como uma resposta às
reivindicações da sociedade por ações corporativas que
buscassem enfrentar e encontrar soluções para problemas
ambientais, sociais, éticos e econômicos. O objetivo era
cobrar um retorno das empresas já que muitas ampliam ou
causam impactos relacionados a suas atividades nas
comunidades em que estão inseridas.

Desde então, para permanecerem bem posicionadas no


mercado, manterem um bom relacionamento com seus
acionistas e valorizarem suas marcas, as empresas
passaram a definir planos de crescimento sustentável
alinhados aos conceitos da RSE.

O Conselho Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável


(CEBDS) desenvolveu a plataforma Ação 2020, de acordo
com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (OSD), da
Agenda 2030 da ONU, que traz sete áreas que devem ser

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prioridade nas empresas que desejam consolidar sua
responsabilidade social:

•Mudanças climáticas;

•Água;

•Direitos e necessidades básicas;

•Produção e consumo sustentáveis;

•Biodiversidade e serviços ecossistêmicos;

•Uso da terra, mudança do uso da terra e segurança alimentar;

•Emprego e capacitação.

Para ser socialmente responsável, a corporação deve cuidar


do capital humano, e isso diz respeito não somente à maneira
como lida com as pessoas, sejam elas fornecedores, sejam
funcionários, consumidores ou pessoas da comunidade na
qual a empresa está inserida, mas também à forma como
suas atividades impactam econômica e ambientalmente todas
essas pessoas. Por isso, seja qual for o ramo da empresa, é
preciso que as ações, desde a escolha de fornecedores e
parceiros comerciais até a entrega do produto ou serviço final,
sejam pensadas para minimizar impactos negativos da atividade.

Algumas certificações e normas técnicas asseguram o


compromisso de empresas preocupadas em diminuir os
impactos ambientais e as diferenças sociais, e que incluem
práticas da RSE no dia a dia, pautando suas atividades na
manutenção dos valores humanos, na preservação dos direitos
legais e na ética das relações. Entre elas, a ISO 26000,
reconhecida internacionalmente, é atribuída a corporações que
colocam o respeito à vida como pauta importante em seu
modelo de negócio.

www.esab.edu.br 139
O modelo considera questões ecológicas, culturais, econômicas,
educacionais e de saúde, sendo capaz de atuar socialmente
propondo ações por um mundo mais justo e igualitário,
considerando os aspectos da comunidade em seu entorno,
sem pôr em risco os ganhos do próprio negócio. Para isso, é
fundamental cultivar a cultura da transparência e da ética
primeiramente dentro da organização para, então, levar esses
valores para suas ações sociais.

Para cumprir o que determina a ISO 26000, é necessário


seguir diretrizes de direitos humanos, práticas trabalhistas,
práticas justas de funcionamento, cuidados com o meio
ambiente, relações com o consumidor em todas as etapas de
venda e pós-venda, e participação efetiva no desenvolvimento
da comunidade, sem que essas ações prejudiquem as
atividades e o lucro empresarial.

Ao adotar os valores da RSE, além de beneficiar a


sociedade e o ambiente em que está inserida, a empresa
promove seu crescimento sustentável, pois, criando uma
imagem positiva para a sociedade, fideliza os clientes, gerando
maior volume de negócios.

Com as práticas de responsabilidade social internas, pode


investir na qualificação profissional dos funcionários e
manter os mais qualificados – que vão preferir trabalhar em
uma empresa que respeita seus direitos e preza pela
qualidade de vida no trabalho. A motivação profissional
aumenta o rendimento, alavancando a produção e atraindo
melhores parceiros e fornecedores, que também devem estar
empenhados em reduzir os impactos na utilização de recursos
ambientais e humanos. Essas ações geram um ciclo de
trabalho e geração de lucro que permitem um crescimento
corporativo mais sustentável, estável e contínuo.

www.esab.edu.br 140
Muitos gestores de empresas de diferentes portes já
entenderam a importância da SRE para a corporação e
para o futuro do planeta, mas ainda não sabem como aplicar
esses valores no cotidiano empresarial.

Os primeiros passos podem ser:

• reavaliar a maneira como a empresa se relaciona com todas


as pessoas que a compõem

• preocupar-se em manter os salários justos e pagos em dia

• cuidar da segurança e da saúde dos funcionários durante a


jornada de trabalho e fora do ambiente corporativo

• oferecer cuidados de saúde e opções de lazer também às


famílias dos colaboradores

• educar seus stakeholders; optar por fornecedores que prezem


pela utilização racional dos recursos

• promover a consciência ambiental entre os funcionários,


incentivando a economia de energia e água, o reuso e a
reciclagem

• promover ações sociais internas e externas, como cursos e


consultorias gratuitas, voluntariado e campanhas de doações,
de limpeza de praias ou parques, de visitas a comunidades ou
instituições.

Para a construção de um mundo socialmente mais justo, é


importante que haja uma série ações conjuntas entre
organizações dos mais diversos setores, a fim de responder
aos desafios do mercado econômico. As empresas devem
estar cientes de sua responsabilidade quanto à produção, à

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comercialização e ao consumo de seus produtos e dos
impactos socioambientais causados pelas suas atividades e
agir no sentido de minimizá-los, prezando por práticas
sustentáveis em toda cadeia produtiva e ações comunitárias,
sem deixar de lado a geração de lucro.

(G1. Responsabilidade Social Empresarial promove


mudanças na sociedade e agrega valor a marcas. G1.
07/01/2019. Adaptado.)

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Na seção 4 você conheceu um pouco do objetivo da
Contabilidade Ambiental e da importância de as companhias
evidenciarem os impactos das suas atividades tanto no meio
ambiente quanto na sociedade.

Você viu também que algumas empresas apresentam o


Balanço Social como instrumento que demonstra a relação da
empresa com a sociedade, como forma de promover uma
gestão responsável e impor uma imagem sustentável perante o
público externo.

Nesse contexto, a Demonstração do Valor Adicionado entra


como mecanismo importante para evidenciação da empresa no
contexto social por meio da publicação de informações tais
como geração e distribuição de riqueza.

Além disso você viu que a Responsabilidade Social Corporativa


atua como mecanismo integrador entre as atividades
empresariais e o bem-estar social.

Finalizamos então nossa quarta seção e também nossa


material. Esperamos que você tenha aprendido o conteúdo
proposto e desenvolvido as habilidades e competências
previstas. Lembre-se de acessar os links com os artigos,
reportagens e vídeos adicionais que foram indicados. Eles
complementarão muito bem os seus estudos.

Desejo bons estudos e até a próxima!

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Ágio por expectativa de rentabilidade futura: montante
pago a maior que o valor contábil em aquisição de
participações societárias. R

Balanço Social: instrumento de gestão que pode ser visto


como um auxiliar na relação de qualidade entre as empresas e
seus usuários, principalmente aqueles que são cruciais para o
seu desenvolvimento. R

Cisão: operação pela qual a companhia transfere parte de seu


patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para
esse fim ou já existentes, levando à extinção a companhia
cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou
dividindo-se o seu capital, se a versão for parcial. R

Coligada: entidade sobre a qual o investidor tem influência


significativa e o poder de eleger a maioria dos administradores. R

Combinação de negócios: operação por meio da qual um


adquirente obtém o controle de um ou mais negócios,
independentemente da forma jurídica da operação. R

Controlada: entidade na qual a controladora, diretamente ou


por meio de outras controladas, é titular de direitos de sócio
que lhe assegurem preponderância nas deliberações sociais. R

Controle: poder de governar as políticas financeiras e


operacionais da entidade de forma a obter benefícios de suas
atividades. R

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Demonstrações consolidadas: demonstrações contábeis de
grupo econômico, em que os ativos, passivos, patrimônio
líquido, receitas, despesas e fluxos de caixa da controladora
e de suas controladas são apresentados de forma a parecer
uma única entidade econômica. R

Demonstração do Valor Adicionado – DVA: é a


demonstração que tem como objetivo demonstrar de que
forma as empresas geram riqueza e como elas a distribuem. R

Dividendos: distribuição de lucro aos acionistas. R

Empreendimento controlado em conjunto: acordo conjunto


por meio do qual as empresas, que detêm o controle em
conjunto do acordo contratual, têm direitos sobre os ativos
líquidos desse acordo. R

Fusão: operação pela qual se unem duas ou mais empresas a


fim de formar uma nova sociedade, que lhes sucederá em
todos os direitos e obrigações. R

Incorporação: processo pelo qual uma ou mais sociedades


são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os
direitos e obrigações. R

Influência significativa: poder de participar nas decisões


financeiras e operacionais da investida, sem controlar de
forma individual ou conjunta essas políticas. R

Investimentos permanentes: quando uma entidade participa


do capital de outra entidade com a intenção de manter seu
investimento. R

Investimentos temporários: quando uma empresa investidora


adquire ações de outra empresa apenas com o intuito de
auferir rendimentos especulativos, sem, no entanto, qualquer
interesse em manter o investimento. R

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Método de Equivalência Patrimonial: método pelo qual a
investidora deverá atualizar o valor contábil do investimento ao
equivalente à participação societária no patrimônio líquido da
investida. R

Passivo contingente: obrigação possível que não satisfaz


critério de reconhecimento. R

Moeda funcional: moeda do ambiente econômico principal no


qual a entidade opera e servirá como parâmetro para os
procedimentos de mensuração das transações e eventos
econômicos da entidade. R

Provisão: passivo de prazo ou valor incertos. R

Reorganização societária: alteração na estrutura ou


composição jurídica de uma sociedade. R

Taxa de câmbio: relação de troca entre duas moedas; R

Taxa de câmbio à vista: taxa de câmbio normalmente


utilizada para liquidação imediata das operações de câmbio. R

Valor contábil: montante pelo qual o ativo está reconhecido


no balanço depois da dedução de toda respectiva depreciação,
amortização ou exaustão acumulada e outros ajustes para
perdas. R

Valor em uso: valor presente de fluxos de caixa futuros


esperados de um ativo ou de unidade geradora de caixa. R

Valor justo: preço que seria recebido pela venda de um


ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em
uma transação não forçada entre participantes do mercado na
data de sua mensuração. R

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