Você está na página 1de 13
1272 Linhas de Tendéncia e Teoria de Fluxo — Um Novo Método para Predicao de Trafego Isabella Martins de Almeida Universidade Veiga de Almeida Isabelle.martinsmb@gmail.com Ricardo Rodrigues Gomes Universidade Veiga de Almeida ricardo.rrg.tol@gmail.com 8° CONGRESO LUSO-BRASILEIRO PARA O PLANEAMENTO URBANO, REGIONAL, INTEGRADO E SUSTENTAVEL (PLURIS 2018) Cidades e Territérios - Desenvolvimento, atratividade e novos desafios Ad NCIA E TEORIA DE FLUXO ~ UM NOVO METODO PARA A PREDICAO DE TRAFEGO. Coimbra ~ Portugal, 24, 25 ¢ 26 de o LINHAS DE TENDE! ode I. M. Almeida, R. R. Gomes RESUMO Conhecida por suas belezas naturais, Cabo Frio esta entre os roteiros mais procurados pelos turistas sazonais. O municipio conta com aproximadamente 210 mil habitantes ¢ recebe cerca de um milho de visitantes no réveillon, por exemplo, Essa demanda congestiona ¢ satura os servigos basicos do local, dentre cles o sistema de transporte da cidade, Portanto, surge no s6 a necessidade de desenvolver um novo método preditivo para quantificar os vefculos que utilizam as vias, mas também realizar uma andlise de comportamento do trafego com 0 intuito de tragar novas estratégias e politicas piblicas para melhoria da fluidez do transito. Neste trabalho, os conceitos de Distribuigdo de Probabilidade e linhas de tendéncia s4o utilizados para quantificar situagGes probabilisticas para predi¢do de caracteristicas do transito, a fim de demonstrar a eficécia do método desenvolvido ¢ confrontar com os dados previamente fornecidos pela concessionaria que administra a via de acesso & cidade. 1 INTRODUCAO Situada na Regiio dos Lagos no Rio de Janeiro, Cabo Frio, cereada por praias ¢ com inameras belezas naturais, a cidade chama atengdo dos turistas de diversas regiées do Brasil e do mundo. Essa procura associada ao fato de que a cidade chega a ter sua populagdo quintuplicada durante a alta temporada fez com que ao longo dos anos 0 turismo se tomasse a principal atividade econémica do municipio. A expansio habitacional, a concentragdo de pessoas e de atividades em Cabo Frio e nas cidades vizinhas provocam uma saturago visivel dos servigos bisicos, tais como sistemas de satide, habitagdo, educagio, transporte, seguranga. Portanto, & possivel perceber a necessidade de investimentos e melhoria da infraestrutura. No que tange o sistema vidrio e os transportes, so crescentes as dificuldades de deslocamento devido o aumento progressive do fluxo de vefculos e usurios de transportes publicos. E notério que os periodos de alta temporada contribuem significativamente para a sobrecarga deste sistema 0 que dificulta o deslocamento e faz com que pequenos trajetos levem muito mais tempo para serem percorridos do que o previsto, o que demonstra que as vias de acesso A cidade jé ndo suportam a quantidade de veiculos que circulam nesta época. Neste contexto, surge 0 interesse de fazer um estudo preliminar que permita analisar 0 comportamento do trénsito de veiculos de maneira a realizar uma nova forma de predigo do fluxo e densidade de veiculos nas vias de acesso & cidade, provenientes da populagao residente e da populago flutuante da cidade. 0s conceitos estatisticos de distribuigao de probabilidade associados teoria de fluxo sdo fundamentais no desenvolvimento deste nove método de predigo de modo que ao determinar o fluxo de vefculos em uma via seja possivel estimar a densidade desta via em relagdo ao tempo em que 0 fluxo foi observado. Ao fitar graficos de densidade por tempo identificam-se linhas de tendéncia polinomiais marcantes as quais ao serem equacionadas representa bem a distribuigaio dos dados aferidos. 2. REVISAO DE LITERATURA. © planejamento de transportes objetiva desenvolver melhorias nos deslocamentos de pessoas e de cargas em centros urbanos através de uma oferta adequada dos meios de transportes disponiveis gerando maior qualidade aos usuarios e evitando desgastes socioeconémicos tanto na implantagdo de novos sistemas quanto na sobrecarga do sistema vidrio existente (CAMPOS, 2013). Compreender a dindmica do trafego é fundamental para auxiliar na escolha ¢ estratégias mais eficazes a serem adotadas para cada tipo de problema relacionado ao trafego de veiculos. E necessario ent&o que seja realizado um planejamento efetivo e abrangente uma vez que a falta deste planejamento, ou presenga de um planejamento pouco estruturado, acarrete impactos negativos em toda estrutura urbana, Para Ortazar e Willumsen (1990), a previsdo futura da demanda ¢ 0 elemento crucial para a maioria dos estudos de Planejamento de Transportes. De acordo com o Manual de Estudos de Trafego (DNIT, 2006) “a determinagdo da demanda consiste na identificagio dos volumes de trifego (e suas caracteristicas) que utilizardo 0 sistema durante 0 periodo de anilise”, Os dados coletados auxiliam na andlise dos Sistemas de Transportes © na formulagio de modelos matematicos que permitem prever o comportamento futuro da demanda por transportes (CORREA, 2009). Deste modo, é possivel programar e planejar o desenvolvimento do Sistema de Transportes, assim como 0 desenvolvimento da regido a partir do estudo da demanda. A compreensdo da dindmica do trfego é fundamental para auxiliar na escolha e estratégias mais eficazes a serem adotadas para cada tipo de problema relacionado ao trafego de veiculos. Diante disto, simulagdes que possam reproduzir o efeito que eventuais mudangas terdo no tréfego, que prediz seu comportamento, podem ser fundamentais na definigao de estratégias adequadas a serem adotadas para melhoria do trafego em questio (ZAMITH, 2013). 2.1 Teoria do Fluxo de Trafego Por definicdo, 0 fluxo ou volume de tréfego é a quantidade de veiculos que transitam em uma determinada segdo ou faixa na via ao decorrer de um determinado intervalo de tempo, que pode ser anual, didrio ou horirio. © fluxo de tréfego (f) é definido ao longo de um trecho de uma ligagio vidria, em caso de regime permanente, e esta relacionado a duas outras varidveis fundamentais que so a concentragio de veiculos ou densidade (d) e a velocidade dos veiculos (v) (CAMPOS, 2013). A relagdo entre estas varidveis é fundamental na identificagao de diversas propriedades relacionadas ao fluxo de veiculos, a relagio entre estas propriedades pode ser descrita através da Equagio 1 F=v.d wo A densidade ¢ a quantidade de veiculos que ocupam uma faixa ou segdo de comprimento unitério de uma via em um instante de tempo t (CAMPOS, 2013). Utiliza-se a unidade veiculos por quilémetro, porém pode ser baseada em larguras menores de rodovia, ou seja, pode ser para toda via ou por faixa. No tréfego, a densidade atinge o seu valor méximo quando a via est congestionada. E esti diretamente ligada ao nivel de servigo (saturago) na qual se estabelece a relagao entre “demanda” (numero de veiculos) e “oferta” (capacidade do sistema vidrio) (AKISHINO, 2005). Deste modo, é possivel compreender a equagio da densidade como uma relagio de fluxo por velocidade, de modo que a equagao seja descrita conforme a Equagao 2: d=fiv @ Segundo Campos (2013), “a premissa basica dos modelos de trafego & que a velocidade é uma fungo decrescente em relagdo & densidade, ou seja, se a densidade aumenta, o espago entre os veiculos diminui e os motoristas reagem, diminuem a velocidade” 0 que evidencia uma relagio de inversa proporcionalidade. Machado (2016) aplica a distribuigéo normal para uma quantificagao do fluxo de trafego em um estudo que relaciona veiculos por hora. Ao fitar em um grafico a densidade do tréfego pelo periodo de tempo observado é possivel verificar a presenga de curvas normais deslocadas, ou ainda mais claras, linhas de tendéncia polinomiais, que representa bem a distribuigdo dos dados aferidos. O gréfico que representa o intervalo de tempo versus densidade & mostrado na segao de metodologia. As linhas de tendéncia so uns dos instrumentos mais utilizados nas anilises ténicas convencionais de dados quer seja de forma isolada, ou inserida em padrdes mais complexos, Uma linha de tendéncia é formada pelos maximos ou minimos relativos de uma distribuigdo que, ao serem analisados em conjunto, revelam um padrio de curva a ser considerado para aproximar um comportamento histérico dos dados. 3 METODOLOGIA © trecho escothido para esta pesquisa foi a Avenida América Central localizada no municipio de Cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro ~ Brasil. A avenida qual tem 4,0 km de extensio ¢ esta localizada entre 0 Trevo de Arraial do Cabo até a subida da Ponte Deputado Wilson Mendes, através da Rodovia Deputado Marcio Correia no Km 13 da RJ 140. A via € mao dupla, contém duas faixas por sentido. O local foi escolhido por ser 0 acesso que liga a cidade de Sao Pedro 4 Arraial do Cabo e passa por Cabo Frio e por ser a rodovia onde ocorre a maior concentragdo de veiculos e turistas durante a alta temporada. A velocidade maxima permitida da via escolhida ¢ de 50 knv/h. Os dados para o estudo foram obtidos através de coletas de fluxo de veiculos realizadas na via em estudo através do método de contagem manual e direcional. A anilise foi elaborada a partir da compilagdo dos dados de fluxo de tréfego, considerou-se para esta andlise os dias iiteis e feriados prolongados. Foram coletados trés grupos de amostras em dias diferentes, divididas em perfodos de duas horas nos turnos da manhi, tarde © noite, nas seguintes datas no ano de 2017. i, Amostra I — Feriado Prolongado, dias: 07, 08, 09 ¢ 10 de setembro; ii, Amostra 2 — Feriado Prolongado, dias: 12, 13, 14 ¢ 15 de outubro; iii, Amostra 3 — Dias iteis: 30 © 31 de outubro e 01 de novembro. ‘As contagens foram realizadas através de observagio na via ¢ através da contagem de videos que capturavam a passagem dos veiculos a fim de determinar os veiculos que passavam em cada faixa da via, Coneluidas as pesquisas de tréfego, inicia-se o aporte em planitha dos dados obtidos com os levantados nos estudos preliminares. Os dados foram transferidos para uma planilha eletronica a fim de simplificar as formulagGes utilizadas para este estudo. Feito isto, foram gerados grificos no proprio programa com base nos dados coletados a fim de obter uma curva que descreva 0 comportamento desses dados. Para as amostras coletadas foram estipuladas trés velocidades diretrizes que melhor representavam 0 trafego de veiculos nas datas em estudo, so estas: |. 50 km/h, quando o tréfego de veiculos apresenta nivel de servigo A, ou seja, possui nivel de saturag%o menor do que 35% © apresenta fluidez no trifego, baixa densidade e conforto e conveniéncia dtimos. Este nivel, neste estudo representa a velocidade maxima da via: ii, 30 km/h, quando o tréfego de veiculos apresenta nivel de servigo C, ou seja, possui el de saturacdo entre 35% e 75%. Este nivel de servigo apresenta fluxo estivel, porém velocidade consideravelmente restrita e apresenta conforto e conveniéncia regular. iii, 10 kmv/h, quando o trifego de veiculos apresenta nivel de servigo entre E e F, ou seja, possui elevado grau de saturagZo (acima de 90%) © apresenta baixas velocidades, frequentes retengdes ou até formagées de filas e congestionamento nos horarios de pico quando em nivel F, e condigdes péssimas de conforto e conveniéncia. A definigio para cada valor de velocidade imposta foi determinada através da associagao entre a observagao visual do comportamento dos veiculos na via e as caracteristicas de cada nivel de servigo. O nivel de servigo foi definido com base na velocidade observada na via, A densidade serd grafada junto com o intervalo de tempo na determinago do volume de veiculos que utilizam a via, 3.1 Modelo Proposto Os dados de contagens forneceram, apés as corregdes e ajustamentos necessirios, 0 fluxo médio diétio da rodovia em estudo para os onze dias de amostras coletadas. Forneceram. ainda, a densidade calculada de acordo com a velocidade, considerou-se o horario da coleta e de acordo com o nivel de servigo estipulado. Primeiro, os dados da contagem horéria foram agrupados por dia. As amostras com o somatério dos dias dividiram-se em dias titeis ¢ feriados a fim de criar um “dia médio tipico” para cada amostra. Com os valores de cada amostra fita-se um grafico que relaciona a densidade por intervalo de tempo. Utiliza-se o conceito de linha de tendéncia estatistica, isto & a que melhor se ajusta aos dados. Verificou-se que a tendéncia polinomial de grau seis foi a que melhor fitou o comportamento dos dados encontrados. Encontra-se a equagdo que melhor descreve 0 comportamento, integra dentro do intervalo de tempo que a amostra foi tomada a fim de obter a estimativa do niimero de carros que passa pela via em diregiio & cidade de Cabo Frio. © resultado & obtido apés a multiplicagao do resultado da equagio pela velocidade média dos veiculos durante as horas obscrvadas. Assumiu 30 km como a velocidade média da via. 3.2 Amostras Andlisadas A aplicagdo do modelo proposto ¢ os resultados obtidos para cada amostra siio expostos nos itens que seguem. i. Média dos dias iteis Agrupou-se os dados coletados a partir da amostra trés e calculou-se a média de fluxo e densidade para esses dias. Assim, obteve-se os valores apresentados na Tabela 1 ¢ criou-se um “dia ditil médio”. Tabela 1 Média: densidade, velocidade e fluxo para dias uiteis MEDIA DIA UTIL (SEGUNDA-FEIRA A QUARTA-FEIRA, Fluxode —Velocidade—_ Densidade now Veiculos —Diretriz—Caleulada we (veic/h) (km/h) {veic/km) 8 TAT 30 24,9 Cc 9 663 30 211 c 10 799 50 15,98 A 12 729 50 14,58, A B 618 50 1236 A 1S 563 50 11,26 A 17 568 50 11,36, A 18 788 50 15,76 A 19 410 50 8,2 A 20 294 50 5,88 A 21 431 50 8,62 A 22 456 50 9,12 A Com os valores encontrados para 0 “dia util médio” obtém-se o grifico que relaciona a densidade por intervalo de tempo que & demonstrado na Figura 1. Encontra-se a linha de tendéncia que melhor se ajusta aos dados: a linha de tendéncia polinomial de ordem seis. Densidade Dias tteis m= DENSIDADE sh 9h 10h 12h 13h 15h 17h 18h 19h 20h 21h 22h Figura 1 Densidade calculada ¢ linha de tendéncia polinomial para dias uteis A linha de tendéncia gera uma equag%o a qual define a area abaixo da linha no grifico de densidade para dias uteis conforme a Equagao 3: -0,0007x + 0,0327x' - 0,5544x' + 4.4582x° - 17,01x" + 24,51 1x + 13,387 @) A partir desta equagao, calcula-se a integral dentro do intervalo de 0 a 12 horas. Este intervalo representa o periodo de tempo em que a amostra foi realizada. Assim, é possivel ‘obter a Equagao 4: f%(-0,0007x* + 0,0327x* -0,5544x' +4,4582x" -17,01x? + 24,51 1x+ 13,387) dx = 338,925 (4) Portanto, para saber o nimero de carros que este método prevé que passem na via em diregdo 4 cidade de Cabo Frio, multiplica-se o resultado da integral por uma velocidade meédia de veiculos durante todas as 12h. Assume-se como velocidade média da via 30 km/h a estimativa encontrada ¢ encontrada na N= 338,925 . 30 6) Logo, © nimero de carros N que passam na via durante o intervalo de tempo & de 10.168 veiculos, Nos itens a seguir aplica-se 0 mesmo tratamento para as situagdes de feriado prolongado e para a projecdo semanal. ii, Média dos fins de semana prolongados Utilizou-se o método proposto para realizar os eéleulos a partir da tabela média dos fins de semana prolongados a fim de gerar o grifico de densidade por hora e a linha de tendéncia polinomial de ordem 6 para este caso. A partir da equagao da linha de tendéneia calcula-se a integral dentro do intervalo de 0 a 14, que representa o némero de horas em que a amostra foi realizada. Dado o resultado da equagdo, multiplica-se 0 mesmo por uma velocidade média adotada ¢ determina o niimero (N) de carros que este método prevé que passem na via em diregdo cidade de Cabo Frio, representado na Equagao 6: N= 946,209. 30 © Deste modo, sabe-se que durante o feriado prolongado passaram 28.386 veiculos na via. iii, Média Semanal ‘A média semanal é obtida de acordo com os pardmetros utilizados anteriormente e a partir da tabela gera o grafico de densidade por hora que descreve 0 comportamento da via para um dia tipico semanal. Obtém-se ainda a linha de tendéncia polinomial de ordem 6 € a ‘equagio polinomial referente a densidade semanal calculada. A fim de encontrar os valores para o “dia médio” integra-se a equagio de modo a obter a area representada abaixo da linha de tendéncia no grifico, em um intervalo de 0 a 14, que foram os hordrios coletados. Multiplica o resultado da integral pela velocidade média adotada para a via, 30 knv/h, de moto a obtermos o valor de numero veiculos (N) que representa o niimero de veiculos que passam na via durante o “dia médio” semanal, dado através da Equagao 7: N=807,409. 30 a Estima-se que na via passaram 24.222 carros durante o dia médio tipico semanal. 4 RESULTADOS ‘A fim de confrontar os resultados encontrados na sego anterior com os dados obtidos pela concessionaria responsavel pela Via Lagos, principal via de passagem de veiculos para Cabo Frio, utiliza-se a Tabela 2 para apresentar os dados de forma mais simplificada. A CCR Via Lagos mede a contagem total de carros que passaram na via ¢ disponibiliza na sua pagina na internet a média dessa contagem. Entretanto, os valores obtidos a sega 3.2 deste trabalho, consideram apenas o sentido da via que vai para Cabo Frio, Para que seja possivel comparar as duas estimativas assume-se que 0 nlimero de carros direcionados a idade de Cabo Frio ¢ igual ou aproximada aos que saem, Assim, obteve-se um valor médio total para cada periodo conforme ¢ demonstrado na Tabela 2, Com os valores da estimativa pela curva de tendéncia ¢ a estimativa disponibilizada pela CCR calculou-se 0 desvio percentual (%). Tabela 2 Estimativas confrontadas a _Estimativa pela e-stimativa CCR Desvio Periodo Curva de Tendéncia (Vefeulos) Percentual (Veiculos) (%) Dia atil 20.336 19.000 +7,03 % Feriado Prolongado 56.772 58.000 -2,12% Semanal 48.444 26.286* + 84,29 % Na Tabela 2, para o Periodo Semanal, onde o valor de 26286 carros, identificado pelo asterisco, foi estimado a partir de uma concatenagdo das previsées da Concessionaria CCR pra os dias de quarta-feira 4 segunda-feira, do feriado prolongado de 01/11/2017 a 06/11/2017, considerou-se o dia sobressalente, terga-feira, 31/10/2017, como dia itil. ‘Ao confrontar as estimativas previstas a estimativa pela curva de tendéncia se mostrou uma ferramenta de predigo de volume de tréfego impressionantemente eficaz, ¢ condizente com os métodos preditivos jé existentes, ainda que com uma amostragem de dados limitada, 5 CONSIDERAGOES FINAIS Durante a coleta de dados para este estudo foi possivel identificar e ratificar informagdes muito relevantes a respeito do tréfego na via em estudo, informagées estas, j4 levantadas anteriormente através da revisio bibliografica. As caracteristicas da saturagao da via sio latentes e a falta de um planejamento aquedado reflete diretamente no comportamento ¢ na fluidez do trfego. Nesse periodo foi possivel comprovar, através de observagio visual, que a via nfo acompanha o desenvolvimento da regio que esti inserida, os polos geradores de tréfego colaboram significativamente para esta saturagdo deste servigo. Observou-se ainda, que os dados tomados para veiculos de passeio foram n-vezes maiores do que o transporte coletivo, fato este que nos leva a concluir que o investimento neste modal é muito falho e carece de atengdo urgente. Deste modo, ao realizar um levantamento da situago atual da via, conclui-se que, apesar de ter sido reestruturada a aproximadamente dez. anos, jd ndo atende aos pardmetros de conveniéncia ideias, pois nao possui acostamento, ciclo faixa e os semaforos apresentam defeitos constantemente. 0 tratamento dos dados obtidos foi realizado com o intuito de estabelecer um método de predigdo de dados que descrevesse a situagao do trifego atual de maneira quantitativa e com maior preciso possivel. Deste modo, analisou-se 0 comportamento do tréfego por dia, a média dos dias tteis, a média para os fins de semana prolongados e a média semanal Com os resultados obtidos € possivel observar na Tabela 2 que os desvios referentes aos valores calculados so pequenos, ¢ a maioria so menores do que 10%, e carecem somente de uma incompatibilidade no iltimo valor obtido, 0 periodo semanal, Este valor, ndo possui relevincia comparativa, pois contrasta valores de dias iiteis com dias de feriado, logo, ndo prediz uma semana real calculada. Dito isso, esta predi¢do que utilizou os dados semanais foi projetada mais com o intuito de teste a fim de saber se a projegdo entre varidveis diferentes ainda seria satisfatéria, Ao obter o desvio percentual abaixo de 10% € possivel concluir que os resultados encontrados através da identificagdo e integragdo da linha de tendéncia dos dados foram muito satisfatérios e animadores. Os resultados possuem uma proximidade grande com os dados previstos pela concessionaria que administra a via e mostrou que, apesar de obter uma amostra relativamente pequena de dados, 0 método foi eficaz na predigdo do nimero de veiculos que trafegam na via. Assim, 0 método pode de fato ser aprofundado ¢, com uma série de dados historica, aplicado em diversos trabalhos, e para isso utilizar os grificos de velocidade por hora (VPH) ¢ integrar suas linhas de tendéncia, as quais so bastante conhecidas da literatura da area, porém raramente utilizadas para estimar a demanda de veiculos. Dispondo de uma série histérica possivel observar que 0 comportamento desse grifico possui certo padrio, o que permite, e inclusive é citado na literatura, subsidiar estudos para tragar estratégias de planejamento ¢ investimentos de tréfego. Por exemplo, quantificar o tréfego de uma via a fim de demonstrar se investimentos na malha viaria sio vidveis e se se justificam de forma que seja possivel auxiliar as autoridades a fazerem politicas publicas ¢ investimentos de mancira a melhorar a fluidez do trafego c da populagdo daquela regio. Por fim, conclui-se que o estudo foi positive dé uma premissa satisfat6ria para o futuro. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Universidade Veiga de Almeida, Campus Cabo Frio, pelo apoio a realizago desta pesquisa. 6 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS Akishino, P. (2005) Estudos de capacidade. Departamento de Transporte, UFPR, 2005 Disponivel em: . Acesso em: 15 de Fevereiro de 2018. Campos, V. B. G. (2013) Planejamento de Transportes: Conceitos ¢ Modelos, 1* ed. Interciéneia, Rio de Janeiro, 174 p., 2013. Companhia de Concessdes Rodovidrias - CCR. (2017) Via lagos. Disponivel em: . Acesso em: 13 de Janeiro 2018. CORREBA, H. L.; CORRBA, C. A. Administrago de producdo e de operagdes: manufatura e servigos: uma abordagem estratégica. 2* ed, Sdo Paulo: Atlas, 2009. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes — DNIT (2006), Manual de Estudos de Tréfego. Rio de janeiro, 2006. 384 p. (pr. Publ., 723). Hoffmann, R., Vieira, S. (1998). Andlise de regress Editora Hucitec, 3 ed. Sao Paulo, 1998. 379 p. io, uma introdugdo 4 econometria. Kazmier, L. J. (1976) Estatistica Aplicada 4 Economia e Administragio, Sio Paulo: Schaum Megraw-Hill. 1976.376 p. Knospe, w. Et al.(2000) Towards a Realistic Microscopic Description of Highway Traffic. J. Phys. A: math, Gen., v. 33, p. L477-1485, 2000. Lemes, D. C. S. $ . (2005) Geragao e Anilise do Cendrio Futuro como um Instrumento do Planejamento Urbano e de Transportes, 2005. Dissertagdo (Mestrado em Engenharia Civil), Universidade Federal de Uberlindia, Programa de Pés-Graduagdo em Engenharia Civil, Uberlandia, Minas Gerais, 2005. 126 p. Lopes Filho, J. I. ©. (2003) Pés-avaliagio da Previsio de Demanda por Transportes no Municipio de Fortaleza. Cearé, 2003. Dissertago (Mestrado). Fortaleza: Universidade Federal do Ceara, 2003. Machado, T. B. B. R, (2016) Estudo de Impacto de Carregamento Vidrio. Uuniversidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, 2016. Ortazar, J. D. D.; Willumsen, L. G.(1990) Modelling Transport. New York: ed. Wiley, 375 p. 1990. Silva, A. N. R. (org). (1998). Ferramentas espec Geogrificas para Transportes. So Carlos, 1998. 83 p. cas de um Sistema de Informagdes ‘Zamith, M...P. M.. (2013) Um Modelo de Autémato Celular Aplicado ao Tréfego Vidrio com Miltiplos Perfis de Condutores. Tese de Doutorado em Pés-Graduagéio em Computagio, UFF, Rio de Janeiro, 2013. ANEXO 1- DAS AMOSTRAS CALCULADAS |. Média dos fins de semana prolongados Tabela 3 Média: densidade, velocidade e fluxo para feriados prolongados MEDIA FERIADO PROLONGADO (QUINTA A DOMINGO) Horério Fluxo de Velocidade —Densidade Nivel de (hy Veiculos Diretriz Calculada Servigo (veie/h) (km/h) (veie/km) 7 77 10 ThA E 8 1136 10 E 9 937 10 E 10 829 30 E 1 1158 30 Cc 12 729 30 Cc 13 766 30 c 16 892 50, A 17 903 50 A 18 913 50 A 19 616 50, A 20 365 50 A 2 348 50 A 23 246 50, A na Tabela 3, obtém-se 0 s para este caso. Com os hordrios das amostras ¢ as densidades médias encontrad grifico da Figura 2 e a linha de tendéncia polinomial de ordem s: Densidade Feriado Prolongado 120 100 80 ms DENSIDADE CALCULADA 60 —tinha de Tendeéncia 1 : | lin. 7h 8h Ob 10h 11h12h 13h 16h 17h 18h 19h 206 22h 23h, Figura 2 Densidade Feriado Prolongado A linha de tendéncia que descreve 0 comportamento da densidade do trifego para os fins de semana prolongados é representada pela equago: y = -0,0007x"+0,0482x°-1,2063x"+14,48x'-84,928x4205,85x-57,336 (8) A partir desta equagio, calcula-se a sua integral dentro do intervalo de 0 a 14, que representa o numero de horas em que a amostra foi realizada. Com isso é possivel obter a integral: [*(-o.o007 46 0.040008 - 1.2069 s+ 1448.0 ~ 84.928 * 205.85 x-87:996) x = 946 209 Dado 0 resultado da equago, multiplica 0 mesmo por uma velocidade média, a qual adotou-se a velocidade média de 30 knv/h. Deste modo, o nimero (N) de carros que este método prevé que passem na via em diregdo a cidade de Cabo Frio é descrito por: N= 946,209 x 30 (10) N = 28.386 carros. ii, Média semanal A média semanal é obtida a partir do calcul das médias de fluxo ¢ densidade dia dias viteis ¢ dos fins de semana prolongado, a fim de apresentar um “dia médio” que descreva 0 comportamento das amostras estudadas. Os dados tratados encontram-se na Tabela 4: Tabela 4 Média: densidade, velocidade e fluxo semanal. MEDIA SEMANAL ari Fluxode — Velocidade —Densidade Horario ® Veiculos Diretriz Caleulada Nivel de Servigo (veichh) (km/h) (veie/km) 7 77 10 771 E 8 942 10 94,2 E 9 800 10 80 E 10 814 30 27,133, c u 1158 30 38,6 c 12 729 30 24,3 Cc 13 692 30 23,0667 c 16 892 50 17,84 A 7 736 50 14,72 A 18 851 50 17,02 A 19 313 50 10,26 A 20 330 50 6,6 A 2 402 50 8,04 A 23 246 50 4,92 A Através das densidades médias tomadas em um intervalo de tempo descritas na Tabela 4, obtém-se o grifico da Figura 3 ea linha de tendéncia polinomial de ordem seis para a densidade semanal. Densidade Semanal a 100 fa screen 6 esrauians| — ina de Tendéncia 40 Polinomial 20 ] — 3 Lohan Figura 3: Densidade Semanal Deste modo, 0 comportamento da densidade semanal é descrito através da equagio polinomial: ‘y= -0,0026x* ~ 0,1284x" - 2,4543x! + 22,981x'- 106,89x? + 209,4x - 45,485 ay A fim de encontrar os valores para 0 “dia médio” integra-se a equagiio de modo a obter a ‘rea representada abaixo da linha de tendéncia no grafico, em um intervalo de 0 a 14, que foram os horarios coletados. ['"(-0.0026.*--0.1206.° 24548 x* «22.981 «106.89 +209-4x-48.488) x= 807.409 , «a2 Multiplica-se o resultado da integral pela velocidade média adotada para a via, 30 km/h, de moto a obtermos o valor de nimero veiculos (NV) que representa o nimero de veiculos que passam na via durante o “dia médio” semanal. N= 807,409 x 30 (13) Por fim, encontra-se N igual a 24.222 carros passando na via para um dia médio semanal.

Você também pode gostar