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Método dialético, José Chasin

Lênin: Ideologia burguesa x Ideologia do proletariado: a ideologia verdadeira e científica é a


do proletariado, a ideologia burguesa representa uma falsa consciência para se manter no
poder.

“Aquela igualdade esconde uma desigualdade de raiz e de essência. Esconde que o sujeito só
vai lá vender porque é a única maneira de sobreviver. Portanto, a pseudoliberdade, a aparência
fenomênica, tem uma subordinação de raiz, que ele não pode vencer a não ser pela morte. Ele
está coagido a vender, mas a aparência é de livre venda. Ora, o fenômeno aparece
objetivamente como mistificação. Não é a mistificação da palavra ou da consciência, é da
própria realidade. A realidade é mistificada. É uma realidade que em linguagem hegeliana e
mesmo marxista se pode dizer falsa. O empírico é falso. Olha como isso acaba com o
positivismo de uma vez. Se o dado empírico é o ponto de partida e de chegada, se a partir do
dado empírico eu faço ilações em termos de leis abstratas e genéricas, se toda a ciência é a
constituição de universais abstratos a partir do fenomênico, num fenomênico falso o que eu
tenho? Que a lei abstrata é a generalização da verdade falsa. E o positivismo comete esse
engano sempre”.

Metáfora do iceberg para conhecer a realidade empiricamente: os erros do positivismo estão


em achar que só aquilo que aparece é a realidade. “O empírico não está fora do concreto, mas
o concreto é muito mais amplo que o empírico”.

Dialética: lógica do real.

Para o positivismo, a consciência é finita e não permite a total compreensão do objeto. Para a
dialética, a consciência é infinita.

“(...) do ponto de vista da dialética, só a totalidade contém e revela a verdade. Fora da


totalidade não há verdade. Um exemplo: se eu pego minha orelha, corto fora e ponho em cima
da mesa, essa orelha em cima da mesa já não é mais orelha. Porque ela se define como orelha
enquanto está numa posição dentro do todo que lhe permite ser a especificidade do seu
elemento peculiar. A orelha recortada e colocada na mesa, ela não ouve mais, ela perdeu a sua
essência”.

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Parte Ana

“A gente está muito agarrado a ter noções rigidamente firmadas, como formas vazias, onde atira os
dados empíricos”, quando na verdade, o caminho deveria ser o oposto: deve-se analisar como a
realidade procede, e os conceitos são aplicados a partir da necessidade do objeto.

“Não há um requisito formal, na dialética, para dizer você chega até tal ponto, senão nós
cairíamos novamente no método formalizante. A completude formal. Como a completude não
é formal, quem rege a completude é o próprio objeto”.
Alcançar a totalidade, que é processual, só o objeto dirá.

“Alguém dirá: mas isso é inteiramente incontrolável! Absolutamente. É rigorosamente


controlável. É muito mais controlável do que a forma, porque a forma é um atendimento
artificial, ao passo que o atendimento concreto deriva de estar permanentemente revendo o
suposto da própria concreção. Isto é, o método, em cada instante, está sendo revisto. A
prova não nasce formalmente de fora, a prova se põe pela constituição concreta”.

A compreensão do objeto se dá pela práxis, mas práxis enquanto compreensão dos


resultados da prática pela lógica dos seres em movimento, não a práxis no conceito vulgar,
que implica na prática imediata empírica.

Para o positivismo, a prova está no dado empírico. Para a dialética, a prova está na
demonstração, na explicação do movimento da realidade.

A dialética não é um método, mas sim, uma ontologia. É um procedimento investigativo


rigoroso e preciso exatamente porque não há um passo-a-passo.

Compreensão dialética se dá a partir de três aspectos: (1) descobrir a gênese do sistema de


ideias; (2) a função social do grupo de ideias; (3) análise imanente das ideias.

“Para a dialética, não existe diferença entre ciência e filosofia. Ambas são apenas
momentos distintos de um mesmo saber. O saber das coisas. Então, agarrar as coisas
subentenderia a existência de um vai-e-vem entre o momento filosófico e o momento
científico – o filosófico como mais abstrato e o científico como mais concreto (...)”.

Exemplo da laranja.

O método dialético busca converter o objeto em coisa. Coisa é aquilo que ainda não entrou
numa relação com um sujeito qualquer que a transforma em objeto. Objeto, portanto, é a
designação da coisa quando há um sujeito que se relaciona com ela.

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